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Cabe salientar que a análise do conteúdo coletado pelo instrumento não se valeu da
mesma leitura de representações sociais propostas por Aiello-Tsu (1997), mas sim Tardivo
(1997, p.118-121) que, através de estudos comparativos, faz reagrupamentos das categorias
propostas por Trinca (1997). A estrutura desse é a seguinte: Grupo I – atitudes básicas: inclui
tanto as atitudes básicas em relação a si próprio, como em relação ao mundo, as quais foram
agrupadas nos traços 1 a 5: 1. Aceitação: são incluídas nesse traço as necessidades e
preocupações com: aceitação, êxito, crescimento, atitudes de segurança, domínio, autonomia,
auto-suficiência e liberdade; 2. Oposição: atitudes de oposição, desprezo, hostilidade,
competição, negativismo, não-colaboração, desconsideração e rejeição aos outros; 3.
Insegurança: necessidade de proteção, abrigo e ajuda; atitudes de submissão, inibição,
isolamento e bloqueio; percepção do mundo como desprotetor; medo de não conter os
impulsos; dificuldades em relação ao crescimento; 4. Identificação positiva: sentimento de
valorização, auto-imagem e autoconceito reais e positivos, busca de identidade e identificação
com o próprio sexo; 5. Identificação negativa: opondo-se ao traço 4, referem-se a sentimentos
de menos valia, incapacidade, desimportância, identificação com o outro sexo, auto-imagem
idealizada ou negativa e problemas ligados à imagem corporal. Grupo II – Figuras
Significativas - foram reunidos aspectos referentes às relações com as figuras significativas.
Para isso, os autores demonstram conceitos da teoria psicanalítica, especialmente de Melanie
Klein, a respeito das relações de objeto. Aqui são incluídos os traços 6 a 11: 6. Figura
materna positiva: mãe sentida como presente, gratificante, boa, afetiva, protetora, facilitadora;
objeto bom e sentimentos positivos em relação à mãe; 7. Figura materna negativa: mãe
vivida como ausente, omissa, rejeitadora, ameaçadora, controladora, exploradora; objeto mau,
atitudes e sentimentos negativos em relação à mãe; 8. Figura paterna positiva: pai sentido
como próximo, presente, gratificante, afetivo, protetor, além de outros sentimentos amorosos
e atitudes favoráveis em relação ao pai; 9. Figura paterna negativa: à semelhança do traço 7,
pai ausente, omisso, ameaçador, autoritário, além de outros sentimentos negativos em relação
ao pai; 10. Figura fraterna (ou outras) positivas: aspectos de relacionamento com os irmãos e
com outros iguais (companheiros, amigos, etc.); ou seja, cooperação, colaboração, igualdade
etc.; 11. Figura fraterna (ou outras) negativa: da mesma forma que o traço 10, aqui se refere
aos aspectos negativos nas relações, isto é, competição, rivalidade, conflito, inveja, falsidade,
etc. Grupo III – Sentimentos Expressos - partindo da descrição de Trinca (1987), a autora
procura agrupar os itens em três traços. Para isto, parte da teoria kleiniana, que configura a
existência dos instintos de vida e de morte, os quais são constitucionais, como o são, também,
os conflitos daí decorrentes. Assim, agrupa os sentimentos expressos, de acordo com os