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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Avaliação Diferencial de Fatores Fisiológicos e Cinéticos
em Cultivos de Linhagens de Células Selvagem e Recombinante
de Drosophila melanogaster S2
Clóvis Sacardo da Silva
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Alberto Torres Suazo
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal de São Carlos como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de mestre em Engenharia Química,
área de concentração em Pesquisa e
Desenvolvimento de Processos Químicos.
SÃO CARLOS –SP
2006
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
S586ad
Silva, Clóvis Sacardo da.
Avaliação diferencial de fatores fisiológicos e cinéticos
em cultivos de linhagens de células selvagem e
recombinante de Drosophila melanogaster S2 / Clóvis
Sacardo da Silva. -- São Carlos : UFSCar, 2006.
109 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2005.
1. Engenharia bioquímica. 2. Drosophila melanogaster. 3.
Aminoácidos. 4. Apoptose. 5. Velocidade específica de
respiração. I. Título.
CDD: 660.63 (20
a
)
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Cláudio Alberto Torres Suazo pela orientação, durante esses dois
anos de trabalho.
À doutoranda Kamilla Swiech pela valorosa colaboração e apoio durante a realização
desta pesquisa.
À equipe do Laboratório de Imunologia Viral do Instituto Butantan (SP) por
possibilitar o desenvolvimento do trabalho com infraestrutura e fornecimento de material para
pesquisa.
Ao Amadeus pela importante ajuda prestada, atenção e paciência, à Sheila, Rodrigo
Bettega e Álvaro, pelo companheirismo e amizade, e a todos os demais amigos do laboratório
Latecc, Patrícia, Marina, Marcelo, Mabel, Douglas, Luiz Cláudio.
Agradeço por tudo e a todos que me ajudaram de alguma forma neste trabalho.
À CNPq pela bolsa concedida e à FAPESP pelo auxílio financeiro.
SUMÁRIO
Lista de Figuras
i
Lista de Tabelas
vi
NOMENCLATURA
viii
LISTA DE SÍMBOLO
ix
RESUMO
x
ABSTRACT
xi
1. INTRODUÇÃO
1
1.1 Objetivo 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3
2.1. Desenvolvimento da vacina anti-rábica 3
2.2. Sistemas de expressão de proteínas recombinantes 4
2.3. Características da célula de inseto Drosophila melanogaster Schneider S2 6
2.4. Meio de cultivo para células de inseto 8
2.5. Cultivo celular 12
2.6. O estado fisiológico da célula 15
2.5.1. Morte celular 16
2.5.2. Necrose e apoptose 16
2.7. Consumo de nutrientes das células de insetos 19
2.8. Acúmulo de subprodutos no cultivo de células de inseto 20
2.9. Oxigênio no cultivo 21
2.4. Comentários gerais
24
3. MATERIAIS E METODOS
26
3.1. Materiais 26
3.1.1. Células utilizadas 25
3.1.2. Meio de cultura 26
3.1.3. Corantes para determinar viabilidade celular 26
3.1.4. Solução tampão salina
27
3.1.5. Equipamentos
28
3.1.5.1. Câmara asséptica
28
3.1.5.2. Microscópio 28
3.1.5.3. Autoclave 28
3.1.5.4. Frasco Schott modificado 28
3.1.5.5. Câmara de incubação rotatória 29
3.2. Procedimento experimental para o cultivo de células 29
3.3. Avaliação de métodos para análise de viabilidade 31
3.3.1. Determinação da concentração e viabilidade celular 31
3.3.2. Quantificação de apoptose e viabilidade celular usando corantes
fluorescentes
32
3.4. Avaliação da influencia do inóculo no crescimento das células S2 32
3.5. Métodos analíticos 35
3.5.1. Concentração de glicose e aminoácidos 35
3.5.2. Medida da transferência de oxigênio 36
3.5.3. Método para determinação Q
O2
37
3.5.4. Variação do oxigênio durante o cultivo das células S2 em frasco Schott 38
3.6. Programação e estratégia experimental seguida nesta pesquisa 39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
41
4.1. Definição de uma metodologia para quantificação viabilidade das células S2 41
4.2. Consumo de nutrientes e viabilidade celular 45
4.3. Análise da influência do inóculo no crescimento das células S2 e rS2 54
4.4. Análise do planejamento fatorial 57
4.5. Análise da oxigenação do meio no crescimento celular 59
4.5.1. Transferência de oxigênio no frasco Schott 59
4.5.2. Características de respiração das células S2 e rS2 61
4.5.3. Estudo da velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) das células
rS2 em Schott de 100 mL
71
5. CONCLUSÕES
80
6. SUGESTÕES
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83
APÊNDICE
96
i
Lista de Figuras
Figura 2.1. O crescimento da célula de inseto Sf-9 em vários meios livres de soro
(SFM) e meio suplementado com soro fetal bovino (FBS). Figura adaptada da
INVITROGEN (2003).
10
Figura 2.2. Esquema do frasco spinner para cultivo de células de inseto.
13
Figura 2.3. Esquema geral da diferença entre apoptose e necrose em células animais
(BioAgengy, 2004).
19
Figura 3.1. Representação esquemática do frasco Schott modificado para realização
de cultivo envolvendo células de inseto S2.
29
Figura 3.2. Representação esquemática do procedimento seguido nos experimentos
de cultivos das células inseto.
30
Figura 3.3. Exemplo de gráfico para determinação da produtividade máxima de
células.
35
Figura 3.4. Variação da concentração de O
2
dissolvido com tempo durante a
utilização do método dinâmico para determinar Q
O2
.
37
Figura 3.5. Esquema do sistema experimental utilizado para a determinação da queda
do oxigênio no frasco Schott. (1) Entrada de ar; (2) Saída de gás; (3) Frasco
Schott modificado.
39
Figura 4.1. Resultados dos experimentos E1-S2 e E2-rS2 utilizando as células S2 e
rS2, respectivamente, para comparação de porcentagem das células viáveis
totais entre o método de exclusão corante azul de Trypan e método de
fluorescência.
42
ii
Figura 4.2. Evolução da viabilidade celular no experimento E1-S2.
43
Figura 4.3. Evolução da viabilidade celular no experimento E2-rS2.
44
Figura 4.4. Identificação de várias populações de células em microscópio de
fluorescência durante o cultivo de células S2 e rS2. a) Células viáveis não
apoptóticas (VNA). b) Células necróticas (Nec). c) Células livres de
cromatina (CF). d) Células viáveis apoptóticas (VA). e) Células não viáveis
apoptóticas (NVA).
45
Figura 4.5. Resultados de crescimento celular no cultivo das células S2 e rS2 nos
experimentos E3-S2 e E4-rS2.
46
Figura 4.6. Evolução da viabilidade celular no experimento E3-S2 monitorada com o
método da fluorescência.
47
Figura 4.7. Evolução da viabilidade celular no experimento E4 -rS2 monitorada com
o método da fluorescência.
47
Figura 4.8. Consumo de aminoácidos no cultivo das células S2 no experimento E3-
S2 em frasco Schott de 100 mL a 28°C e 100 rpm.
48
Figura 4.9. Consumo de aminoácidos no cultivo das células rS2 no experimento E4-
rS2 em frasco Schott de 100 mL a 28°C e 100 rpm.
49
Figura 4.10. Porcentagem do consumo de aminoácido das células de inseto S2 e rS2
após 216 h de cultivo nos experimentos E3-S2 e E4-rS2.
50
Figura 4.11. Consumo de aminoácidos correlacionado com a porcentagem de células
S2 apoptóticas no experimento E3-S2.
51
Figura 4.12. Consumo de aminoácidos correlacionado com a porcentagem de células
rS2 apoptóticas no experimento E4-rS2.
51
iii
Figura 4.13. Consumo de glicose durante os experimentos E5-rS2 e E6-S2 com as
células rS2 e S2, respectivamente, cultivadas em frasco Schott de 100 mL,
com meio Sf-900 II em correlação com a viabilidade e a concentração celular.
52
Figura 4.14. Consumo de glicose e glutamina durante os experimentos E5-rS2 e E6-
S2 das células rS2 e S2, respectivamente, cultivadas em frasco Schott de 100
mL com meio Sf-900 II correlacionado com a porcentagem de células
apoptóticas no cultivo das células rS2 e S2.
53
Figura 4.15. Resultados do crescimento das células rS2 em experimentos realizados
com diferentes concentrações de inóculo (C
ino
) e idades inóculo (I
ino
) em
frasco Schott de 100 mL, agitação 100 rpm e meio Sf-900 II.
56
Figura 4.16. Efeitos padronizados dos experimentos do planejamento fatorial de 2
2
considerando a resposta das variáveis: (A) Velocidade específica máxima de
crescimento (µ
max
);
B) Concentração máxima de células (C
max
) e C)
Produtividade de célula (P
max
).
58
Figura 4.17. Variação da concentração do oxigênio dissolvido no frasco Schott de
250ml com volume de trabalho de 50 mL, durante a utilização do método
dinâmico oxigenando água a: a) 1 vvm, b) 2 vvm, c) 3 vvm e o meio Sf-900
II a: 1 vvm.
60
Figura 4.18. Resultados do crescimento e viabilidade celular das células S2 e rS2 nos
experimentos realizados com diferentes vazões de ar com vazão de ar 1 vvm
para oxigenação superficial do frasco Schott de 250 mL, com agitação orbital
de 100 rpm e temperatura de 28°C.
62
Figura 4.19. Consumo de glicose nos cultivos das células S2 e rS2 com diferentes
vazões de ar com vazão de ar 1 vvm para oxigenação superficial do frasco
Schott de 250 mL, com agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
63
iv
Figura 4.20. Consumo de glutamina nos cultivos das células S2 e rS2 com diferentes
vazões de ar com vazão de ar 1 vvm para oxigenação superficial do frasco
Schott de 250 mL, com agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
63
Figura 4.21. Curvas de crescimento celular e variação de oxigênio dissolvido nos
experimentos E7-rS2 e E8-S2 com as células rS2 e S2, com vazão de ar 1
vvm para oxigenação superficial do frasco Schott de 250 mL, agitação orbital
de 100 rpm e temperatura de 28°C.
65
Figura 4.22. Curva de crescimento celular e variação de oxigênio dissolvido no
experimento E9-S2 com as células S2 no frasco Schott de 250 mL, com
agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
66
Figura 4.23. Estado morfológico das células S2 no E9-S2 em sistema com excesso de
oxigênio (120%) inicial: A) 48 h e C) 118 h. E sistema sem oxigenação no
E4-rS2: B) 48 h e D) 118 h de cultivo.
67
Figura 4.24. Curvas de Q
O2
em função do tempo dos experimentos E7-rS2, E8-S2 e
E9-S2 com as células S2 e rS2 utilizando vazão de ar 1 vvm para oxigenação
superficial no frasco Schott de 250 mL, agitação orbital de 100 rpm e
temperatura de 28°C.
68
Figura 4.25. Curvas de Q
O2
e crescimento celular das células High Five
TM
(Tn-5) e
Sf-9, ambas as células cultivadas em meio Sf-900 II, biorreator Applikon,
com volume de trabalho de 1,4 L em função do tempo de cultivo celular.
Gráfico adaptado dos estudos realizados por RHIEL et al. (1997).
69
Figura 4.26. Variação Q
O2
com a concentração de oxigênio dissolvido (C
O2
)
das
células S2 e rS2 em experimentos com vazão de ar 1 vvm para oxigenação
superficial em frasco Schott de 250 mL, com agitação orbital de 100rpm e
temperatura de 28°C.
70
v
Figura 4.27. Resultados do experimento E11-rS2, com vazão de ar 1 vvm para
oxigenação superficial do frasco Schott de 100 mL, com volume de trabalho
de 20 mL, meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e agitação orbital de 100 rpm.
73
Figura 4.28. Variação Q
O2
com a concentração de oxigênio dissolvido (C
O2
) das
células rS2 no experimento E11-rS2, com vazão de ar 1 vvm para oxigenação
superficial do frasco Schott de 100 mL, com volume de trabalho de 20 mL,
meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e agitação orbital de 100 rpm.
74
Figura 4.29. Variação de pH, agitação, viabilidade e crescimento celular das células
rS2 cultivadas em meio Sf-900 II no biorreator Applikon, com volume de
trabalho de 0,75 L em função do tempo de cultivo celular. Gráfico adaptado
dos estudos realizados por SWIECH (2005).
75
Figura 4.30. Variação de Q
O2
das células rS2 e oxigênio dissolvido em função do
tempo de cultivo celular do experimento realizado por SWIECH (2005) e o
experimento E11-rS2 e E7-rS2.
76
Figura 4.31. Resultados do crescimento e viabilidade celular das células rS2 nos
experimentos realizados com diferentes agitações (90, 100 e 120 rpm)
utilizando o frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e
com volume de trabalho de 20 mL.
78
vi
Lista de Tabelas
Tabela 2.1. Lista das nove linhagens de células de inseto investigado com potencial para
sistema de expressão de proteínas recombinante.
6
Tabela 2.2.
Proteína recombinantes expressa por células de Drosophila melanogaster.
7
Tabela 2.3. Meios suplementados com soro fetal bovino (FBS) para cultura de inseto.
9
Tabela 2.4. Meios livres de soro (SFM) comercialmente disponíveis para cultura de
células de inseto.
10
Tabela 2.5. As vantagens e desvantagens do uso de SFM (CARTWRIGHT, 1994).
11
Tabela 2.6. Vantagens e desvantagens para os métodos de cultura em monocamada e
suspensão.
14
Tabela 2.7. Indução de apoptose em condições de cultura de células animais.
17
Tabela 2.8. Características dos experimentos no biorreator para investigar o efeito da
oscilação da concentração do oxigênio dissolvido (RHEIL & MURHAMMER,
1995).
23
Tabela 3.1 Concentração de componentes identificados em trabalhos que utilizaram o
meio Sf-900 II.
27
Tabela 3.2. Composição da solução tampão salina.
27
Tabela 3.3. Ensaios realizados e suas principais características.
40
Tabela 4.1. Resultados dos experimentos de cultivo com células rS2 em meio Sf-900 II
variando a concentração e idade do inóculo.
56
Tabela 4.2. Valores de k
L
a, para diversas vazões de ar no espaço gasoso de um frasco
Schott de 250 mL.
60
vii
Tabela 4.3. Característica dos experimentos realizados para monitoramento do oxigênio
dissolvido no caldo de cultivo no frasco Schott de 250 mL.
61
Tabela 4.4. Resultados obtidos nos experimentos utilizando as células S2 e rS2 realizados
com vazão de ar de 1vvm no espaço gasoso do frasco Schott de 250 mL, em
relação µ
max
e concentração máxima de células.
67
Tabela 4.5. Características dos experimentos utilizando frasco Schott de 100 mL, para
monitoramento do oxigênio dissolvido e influência da rotação.
71
Tabela 4.6. Valores de Q
O2
no início e final da fase de crescimento exponencial das
células rS2 na presença do eletrodo de oxigênio dissolvido para diferentes
volumes de trabalho.
75
Tabela 4.7. Resultados obtidos nos experimentos utilizando as células rS2 utilizando
frasco Schott de 100 mL e diferentes condições de agitação, em relação µ
max
e
concentração máxima de células.
79
viii
NOMENCLATURA
Ala Alanina
Asp Aspartato
Arg Arginina
Bm-5 Célula Bombxy mory linhagem 5
BVDV Bovine Viral Diarrhea Vírus (Vírus da Diarréia Viral Bovina)
Cys Cisteína
EMEA Agência européia para o desenvolvimento de produtos medicinal
FBS Soro fetal bovino
FDA Agência americana de gerenciamento de alimentos e medicamentos
Gly Glicina
Glu Glutamato
His Histidina
Leu Leucina
Lys Lisina
Ile Isoleucina
Met Metionina
Phe Fenilalanina
Pro Prolina
rADN ADN (ácido desoxirribonucléico) recombinante
rS2 Células recombinante Schneider linhagem 2
Ser Serina
SVEB Sistema vetor de expressão baculovirus
S2 Células Drosophila melanogaster Schneider linhagem 2
SFM Meio livre de soro
Sf-9 Célula Spodoptera frugiperda linhagem 9
Tn Célula Trichoplusia ni
Thr Treonina
Tyr Tirosina
Val Valina
ix
LISTA DE SÍMBOLO
abrev. nome unidade
µ
máx
Velocidade específica de crescimento celular máxima h
-1
P
máx
Produtividade máxima células/mL.h
C
s
Concentração de saturação de oxigênio mmol/mL
Q
O2
Velocidade específica de respiração mmol/célula.h
µ
Velocidade específica de crescimento h
-1
k
L
a
Coeficiente volumétrico de transferência de O
2
s
-
1
OD Oxigênio dissolvido mmol/L
C
O2
Concentração de oxigênio dissolvido mmol/L
I
ino
Idade do inóculo h
C
ino
Concentração de célula do inóculo células/mL
C
max
Concentração máxima de célula células/mL
Viab. Viabilidade celular %
t Tempo de cultivo h
x
Resumo
Nos últimos 10 anos a célula de inseto Drosophila melanogaster Schneider S2 tem se
destacado nos estudos de proteínas recombinantes. Entretanto, encontra-se na literatura pouco
estudo dos parâmetros relacionado ao uso da célula de inseto Drosophila melanogaster em
bioprocessos. O presente trabalho foram avaliados fatores fisiológicos importantes no do
cultivo das células de inseto Drosophila melanogaster S2 (S2) e recombinante S2 (rS2)
através de cultivos em frasco Schott e meio livre de soro a 28°C. Realizaram-se experimentos
nos quais foi acompanhada a viabilidade celular das células de insetos pelos métodos de
exclusão de corante azul de Tripan e de corantes fluorescentes. Ambos os métodos utilizados
nos experimentos para acompanhar a viabilidade do cultivo das células S2 e rS2 se mostraram
confiáveis para identificação da porcentagem de células viáveis. Os estudos demonstraram que
o crescimento das células S2 e rS2 não foram limitados pelo consumo total de aminoácidos e
glicose.
Nos experimentos utilizando as células rS2 para verificar a influência da idade e
concentração do inóculo, verificou-se que ambos os parâmetros não tem influência na
velocidade específica de crescimento máxima.
Foram realizados experimentos em frasco Schott de 250 mL com volume de trabalho
de 50 mL, nos quais foram monitoradas as concentrações de oxigênio dissolvido (OD) nos
caldos de cultivo das células S2 e rS2. Os resultados demonstraram que o cultivo atingiu a fase
estacionária com nível muito baixo de oxigênio dissolvido. Sendo este um fator limitante do
crescimento das células. A velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) demonstrou um
decréscimo acentuado na fase exponencial de crescimento exceto para fase estacionária. O
excesso de oxigênio na fase inicial do cultivo foi prejudicial para o crescimento das células.
Entretanto, nos experimentos realizados em frasco Schott de 100 mL com volume de trabalho
de 20 mL, Q
O2
das células rS2 apresentou-se 10 a 15 vezes menor que realizados no frasco
Schott de 250 mL.
Os experimentos realizados em frasco Schott de 100mL com diferentes agitações
demonstraram que para baixa agitação, a transferência de oxigênio deve ser um fator limitante
no crescimento celular. A viabilidade celular para todos os experimentos realizados em
diferentes agitações se manteve entre 95 e 99% de células viáveis, indicando que as células
estavam em bom estado fisiológico.
xi
ABSTRACT
In the last 10 years the insect cell Drosophila melanogaster Schneider S2 has been
increasingly used for studies of proteins recombinants. However, there is a lack of studies that
involved parameters related to the use of the insect cell Drosophila melanogaster in
bioprocess. The aim of this work was to study the factors physiologies important in the
cultures of the insect cells Drosophila melanogaster S2 (S2) and recombinant S2 (rS2),
through cultures in Schott flask, serum free medium at 28°C. There were performed
experiments with the purpose of monitoring the viability cellular of insect cells by the methods
of exclusion of Trypan blue and of fluorescent dyes. Both methods used in the experiments to
monitor the viability of the cultures of the cells S2 and rS2 were shown reliable for the
identification of the percentage of viable cells. The studies revealed that growth of S2 and rS2
cells was not limited by the total consumption of amino acids and glucose.
In the experiments utilizing the rS2 cells to verify the influence of the age of the
inoculum and concentration of the inoculum, it was verified that both parameters did not have
influence in the growth specific rate.
Experiments done in Schott flask of 250 mL with a working of 50 mL, in which were
monitored the concentration of dissolved oxygen (DO) in the broths of cultivation of the cells
S2 and rS2. The results demonstrated that the cultivation reaches the stationary phase with
very low level of dissolved oxygen, whit DO being a limiting factor of the growth of the cells.
The specific oxygen consumption rate (Q
O2
) demonstrates an accentuated decrease in the
exponential phase of growth, except for stationary phase. The excess of oxygen in the initial
phase of the cultivation was harmful to the growth of the cells. However, in the experiments
done in Schott flask 100 mL with a working volume of 20 mL, Q
O2
of the cells rS2, revealed
10 to 15 times smaller than these performed in the Schott flask of 250 mL.
The experiments done in Schott flask of 100 mL with different agitations demonstrated
that for low agitation the transfer of oxygen should be a limiting factor in the cellular growth.
The cellular viability for all of the experiments performed in different agitations stayed
between 95 and 99% of viable cells indicating that the cells were in good physiologic state.
Introdução -1-
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento rápido da biotecnologia durante os últimos 20 anos se deve
principalmente aos avanços conseguidos em engenharia genética. Vários sistemas de
expressão têm sido desenvolvidos em bactérias, leveduras, células de plantas e células animais
para uso na produção de proteínas de grande interesse para a humanidade. A seleção de um
sistema ótimo de expressão é muito importante para obter alto rendimento na produção da
proteína com alto grau de pureza e baixo custo de produção. Porém, a escolha do sistema de
expressão está baseada na funcionalidade da proteína expressa, pois muitas proteínas requerem
modificações pós-traducionais como a glicosilação, por exemplo, fundamentais para a correta
atividade biológica.
A utilização de células animais para expressão de biomoléculas vem sendo cada vez
mais escolhida pelas indústrias farmacêuticas, devido à qualidade das proteínas obtidas com
esse tipo de células. Comercialmente, as proteínas provenientes de células recombinantes
animais devem ocupar 10% do mercado mundial de produtos farmacêuticos, tornando-se um
setor de multi-bilhão de dólares na biotecnologia (AL-RUBEAI, 2004).
Nos últimos 10 anos a célula de inseto de Drosophila melanogaster tem sido
destaque na expressão e estudos de proteínas recombinantes, incluindo moléculas de adesão de
células (BELLOSTA et al., 1994), antígenos virais (BRIGHTY et al., 1991; BRIGHTY &
ROSENBERG, 1994; DEML et al., 1999), oncogenes (GETLER et al., 1995), anticorpos
(KIRKPATRICK et al., 1995), receptores (JOHANSON et al., 1995; TOTA et al., 1995) e
fatores de transcrição (COUREY & TJIAN, 1998). Na maioria dos casos, as proteínas testadas
foram processadas confiadamente e biologicamente ativas. Entretanto, há pouca informação
disponível sobre parâmetros cinéticos relacionados ao uso da célula de inseto Drosophila
melanogaster em bioprocessos, gerando a necessidade de uma adaptação e aperfeiçoamento de
Introdução -2-
conhecimentos concernentes à engenharia de bioprocessos para satisfazer esta nova demanda
tecnológica.
Porém, é importante levar em consideração que qualquer estratégia de investigação
ou de desenvolvimento de bioprocessos envolve formulação de meio de cultura, otimização
das condições operacionais e estudos de aumento de escala, exigindo o conhecimento de
alguns parâmetros como a velocidade específica de crescimento celular, de respiração, de
consumo ou produção de metabólitos chaves, que permitem comparar entre si diferentes
bioprocessos, mesmo que conduzidos de formas diferentes (NEVES et al., 2001).
Neste contexto, uma interação entre o Laboratório de Tecnologia de Cultivo Celular
(LATECC) do Departamento de Engenharia Química da UFSCar e o Laboratório de
Imunologia Viral do Instituto Butantan vem sendo realizada com o objetivo de desenvolver o
bioprocesso do cultivo de células de inseto Drosophila melanogaster Schneider S2 para
produção de vacina anti-rábica em larga escala. O trabalho consiste na modificação genética e
seleção das células de inseto recombinante S2 (rS2) pelo Instituto Butantan e comparação
fisiológica de ambas células de inseto S2 e rS2 pelo LATECC, pois as células não
recombinantes normalmente apresentam características de crescimento celular diferentes em
relação às células recombinantes, devido à modificação genética (KEITH et al., 1999).
1.1. Objetivo
O presente trabalho teve como objetivo estudar parâmetros fisiológicos do cultivo das
células de inseto Drosophila melanogaster S2 e rS2 como velocidade específica de
crescimento celular, consumo de nutrientes (glicose e aminoácidos), velocidade específica de
respiração e viabilidade celular, através de cultivos em frasco Schott e meio livre de soro,
visando à obtenção de dados importantes para o desenvolvimento do bioprocesso.
Revisão Bibliográfica - 3 -
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Desenvolvimento da vacina anti-rábica
O vírus da raiva causa uma forma fatal de encefalomielite, que constantemente
produz vítimas tanto em seres humanos como em animais domésticos e selvagens. A maioria
das vacinas de raiva humana é produzida de cultivo de tecido infectado. Podemos destacar
cultivos em células diplóides humanas (CDH) e células VERO, cujas vacinas podem ser
admitas para uso profilático sem preocupações de efeitos colaterais com os que tinham sido
associados o vacinas de produzida em cérebro de camundongo. As vacinas da raiva humana
são usadas normalmente como um agente terapêutico pós-exposição das pessoas mordida por
animal raivoso, mas países em desenvolvimento não são auto-suficientes na produção de
vacinas da raiva para uso humano. Além disso, o processo da produção da vacina da raiva
inclui passos perigosos em controlar quantias grandes de materiais infecciosos (COSTA et al.
2000).
No entanto, com desenvolvimento da engenharia genética está sendo possível o
desenvolvimento de vacinas recombinante preparadas a partir da glicoproteína do vírus da
raiva. A glicoproteína do vírus da raiva é antígeno de superfície, responsável pela formação de
anticorpos neutralizantes (COLL, 1995).
Vários sistemas têm sido estudados para expressão da glicoproteína do vírus da raiva
tais como bactérias, leveduras e células eucariontes. A proteína expressa pelo sistema de
bactéria (Escherichia coli) não protegeram os ratos nos teste realizados em laboratório, divido
a falta da glicosilação não realizado pelas as bactérias (YELVERTON et al., 1983).
O sistema com levedura (Saccharomyces cerevisiae) nem toda forma de glicoproteína
do vírus da raiva pode ser produzida. SAKAMOTO et al. (1998) investigaram duas formas de
glicoproteína do vírus raiva (designadas como yGI e yGII, peso molecular 66 e 56 kDa).
Revisão Bibliográfica - 4 -
Ambas formas yGI e yGII foram produzidas, mas somente yGII induziu imunidade protetora
em porcos da guiné. Além disso, a forma yGII foi produzida em baixa quantidade 30-40
ng/mL.
A produção da glicoproteína do vírus da raiva em células eucariontes tem se
demonstrado eficiente imunogenicamente e antigenicamente. GUPTA et al. (2005) utilizando
células de mamífero MDBK (Madin Darby bovine kidney), demonstraram que as células
expressam a forma solúvel da glicoproteína do vírus da raiva.
O estudo em células eucariontes tem a vantagem de que não há nenhuma manipulação
vírus vivo, assim o antígeno da glicoproteína do vírus da raiva pode ser produzido sem risco
de infecção para humano ou animais. Além disso, a proteína da recombinante é expressa
continuamente no sobrenadante da cultura de células que pode ser purificado usando
cromatografia de afinidade sem contaminantes celulares.
2.2. Sistemas de expressão de proteínas recombinantes
Nas últimas duas décadas inúmeros sistemas de expressão de proteínas recombinantes
altamente eficiente têm sido desenvolvidos com base na utilização de bactérias, leveduras,
células de mamíferos e insetos.
O sistema de expressão de proteínas recombinantes com bactéria mais comum é
Escherichia coli, devido a sua simplicidade para manipulação e custo do meio de cultivo mais
barato. Entretanto, Escherichia coli não tem sido satisfatoriamente aprovado para a produção
de proteínas grandes e complexas, como enzimas, antígenos virais e anticorpos monoclonais.
Isto é porque, muitas proteínas produzidas em células passam por umas inúmeras
modificações químicas pós-traducionais, como glicosilação, fosforilação, carboxilação,
amidação, acetilação e formação de ligações de enxofre (BANEYX, 1999; CARTWRIGHT,
Revisão Bibliográfica - 5 -
1994). Leveduras como Pichia pastoris e Sacharomyses cerevisiae são organismos mais
complexos que a Escherichia coli e executam algumas modificações pós-traducionais tal
como glicosilação, mas os processos com levedura costumam ser mais complexos que os
microbianos (CEREGHINO & CREGG, 1999). No entanto, as células de mamíferos tais como
CHO e BHK efetuam modificações pós-traducionais semelhantes às das células humanas, mas
a manutenção dessas células em cultura tem custo mais elevado, exigindo cuidados rigorosos
em relação à contaminação (GOOSEN, 1993).
Por outro lado, as células de inseto são capazes de promover os vários tipos de
modificações pós-traducionais já mencionados. A glicosilação (adição de açucares a cadeia
protéica) uma das mais importantes é basicamente similar à realizada por células de
mamíferos, pois esta modificação permite a correta atividade da proteína.
A célula de inseto em conjunto com o sistema vetor de expressão baculovirus
(SVEB) tem sido alvo de inúmeros estudos tanto na produção de bioinseticidas quanto na
produção de proteínas recombinantes de interesse industrial. No entanto, SANDERSON et al.
(1999) lista algumas dificuldades com o SVEB como a produção de proteases, não secreção de
produto, lise da célula e incompleta glicosilação.
KEITH et al. (1999) destacam em seu trabalho nove linhagens (Tabela 2.1) de células
de inseto com potencial para o sistema de produção de proteína recombinante que podem ser
obtidas comercialmente. Eles detiveram seus estudos em apenas cinco linhagens (Bm-5, High-
Five, IPLB-LdFB, IZD-MB-0503, Sf-21), com destaque para linhagem de célula High-Five
cultivada em meio IPL-41 suplementado com 10% de soro fetal bovino que atingiu uma
concentração final da proteína (GM-CSF, Granulocyte–macrophage colony-stimulating
factor) desejada de 22,8 mg/L em cultura em suspensão e 46 mg/L em cultura estática.
Revisão Bibliográfica - 6 -
Tabela 2.1. Lista das nove linhagens de células de inseto investigadas com potencial
para sistema de expressão de proteínas recombinantes.
Linhagem de células Espécies
Bm-5
Bombyx mori
Bm-N4
Bombyx mori
Hihg-Five
Trichoplusia ni
IAL-PiE
Plodia interpuntella
IPLB-HvE6
Heliothis virencens
IPLB-LdFB
Lymantria dispar
IZD-MB-0503
Mamestra Brassicae
Schneider´s line 2
Drosophila melanogaster
Sf-21
Spodoptera frugiperda
2.3. Características da célula de inseto Drosophila melanogaster Schneider S2
As células de inseto Drosophila melanogaster Schneider-2 (S2) são derivadas de uma
cultura primária de estágio tardio (20-24 horas) de embriões de Drosophila melanogaster
(SCHNEIDER, 1972 apud INVITROGEN, 2003), e têm sido usadas progressivamente para
expressão de proteínas heterólogas.
Umas das características é a estabilidade da célula S2 transfectada, que pode ter
também a estabilidade pela co-transfecção de expressão de dois plasmídeos. Um aspecto único
das células de inseto S2 é a possibilidade de completar perto de 1000 cópias de células
transfectadas em um evento de transfecção–seleção. Portanto, um longo período de
amplificação plasmídica e seleção de células clones não são requeridos (DEML et al., 1999).
No referente à expressão de proteína as células de Drosophila apresentam uma clara vantagem
sobre as células de mamíferos, já que estas requerem meses de seleção para conseguir um alto
número de cópias de gene alvo e altos níveis de produção de proteína.
Revisão Bibliográfica - 7 -
IVEY-HOYLE (1991) relata em seu trabalho a versatilidade e conveniência da
flexibilidade das células de Drosophila, tendo como destaque o crescimento em suspensão
para alta densidade celular (1 a 2 x 10
7
células/mL). A Tabela 2.2 mostra algumas proteínas que
foram expressas de maneira satisfatória em células de Drosophila melanogaster.
Outra característica importante é que as células Schneider S2 podem tanto ser
cultivadas em meio suplementado com soro fetal bovino (FBS – fetal bovine serum) como
serem adaptadas para cultivo em meio livre de soro (SFM – serum free medium) (ARANTES,
2004).
Tabela 2.2. Proteínas recombinantes expressadas por células de Drosophila
melanogaster.
Proteínas
Concentração
(mg/L)
Referência
Glicoproteína envelope recombinante
(gp 120)
1 –35 IVEY-HOYLE (1991)
Antígeno de superfície do vírus da
hepatite B (HbsAg)
1,8 – 4,75 DEML et al. (1999)
Proteína citosólica anexina XIIb (Anx
XIIb)
1,6
BENTING et al. (2000)
Forma truncada da proteína VIP36 0,5
BENTING et al. (2000)
Proteína menin humana 1
VALLE et al. (2001)
Proteína verde fluorescente (GFP) -
CHA et al. (2003)
Interleucina humana 2 (HIL-2) 2,3
CHA et al. (2003)
Revisão Bibliográfica - 8 -
2.4. Meio de cultivo para células de inseto
Através da história da cultura de células de inseto, melhoramentos no projeto de
meios de cultura têm levado ao aumento da produtividade das células na produção de vírus e
proteínas recombinantes. Inicialmente, meios contendo FBS mostraram-se particularmente
benéfico para a cultura de células de inseto. Contudo, devido às dificuldades apresentadas nas
operações de purificação do produto e o conseqüente aumento no custo do processo, meios de
cultivos não contendo soro foram desenvolvidos, os quais têm apresentado bom desempenho
na produção de proteínas (CHAN et al., 1998). Além da dificuldade que o soro apresenta no
momento da purificação do produto (SILVA, 2004), HENSLER et al. (1994) e CRUZ et al.
(1998) ressaltam a preocupação com possíveis agentes contaminantes no soro, por exemplo: a
presença do Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV - Bovine Viral Diarrhea Vírus) no FBS
pode interferir na produção de vacina animal e processos de produção com uso de soro podem
ter uma variabilidade na composição de lote para lote, uma vez que o soro representa uma
mistura indefinida componente.
As necessidades nutricionais das células de inseto, como as de outras células animais,
são extremamente complexas. Isto tem levado ao desenvolvimento de vários meios de cultura,
desde o primeiro sucesso com o meio Grace’s no cultivo de tecidos de célula de inseto. A
composição do meio Grace foi baseada na hemolinfa de inseto a 5% (w/w). Contudo foi
verificado que a hemolinfa de inseto poderia ser substituída por soro fetal bovino como fonte
de vitaminas, fatores de crescimento e outros componentes não definidos.
Pelo fato de ser mais fácil de obter grandes quantidades de FBS sob condições
controladas, este foi o suplemento escolhido. Meios de cultura para o cultivo de células de
inseto passaram a ser suplementados com 4 a 20% de FBS (MARANGA et al., 2002). Na
Tabela 2.3 estão listados os principais meios desenvolvidos suplementados com FBS.
Revisão Bibliográfica - 9 -
Tabela 2.3. Meios suplementados com FBS para cultura de células de inseto.
Meios Formulação
Grace’s Insect Medium
Mistura nutritiva de aminoácidos, vitaminas, carboidratos,
suplementos orgânicos, inorgânicos e sais.
Grace’s Insect Medium –
Vaughn’s Modified
Original Grace’s Insect Medium com aumento na
concentração de cloreto de potássio e um correspondente
decréscimo na concentração de cloreto de cálcio.
Hink’s TNM-FH Insect
Medium
Original do meio Grace’s suplementada com lactalbumina
hidrolisada (LAH) e extrato de levedura (yeastolate)
TC-100 Insect Medium
Meio de cultivo de menor complexidade, não contém
hemolinfa de inseto e albumina.
Schneider’s Drosophila
Suplementado com L-Glutamina. Este meio é geralmente
suplementado com soro (5-10% FBS).
Quando componentes de origem humana ou animal são adicionados ao meio de
cultura, há um risco potencial de transferência de vírus como Encefalopatia Espongiforme
Bovina precursor da doença da “Vaca Louca” (BSE - Bovine Spongiform Encephalopathy)
que causa a degeneração cerebral. Recentemente agências reguladoras, como o FDA (Food
and Drug Administration) ou EMEA (Europe Agency for the Evaluation of Medicinal
Products), estão banindo o uso de soro, e assim, o SFM tem se tornado o padrão preferido na
fase de desenvolvimento de processos (VAN DER POL & TRAMPER, 1998; MARANGA et
al., 2002).
No entanto, o desenvolvimento bem sucedido do meio livre de soro para cultivo de
células de inseto como demonstra a Figura 2.1, tem resultado em várias formulações de meios
comercialmente disponíveis não requerendo adição de soro para cultivo das células inseto Sf-
9.
Revisão Bibliográfica - 10 -
0246810
0
20
40
60
80
100
120
140
GIBCO SF-900 II SFM
JRH EXCELL 400SFM
JRH EXCELL 401SFM
SIGMA SFM
WHITTAKER SFM
GRACES+10% FBS
Concentração Celular (células/mL (x10
5
))
Dias de Cultivo
Figura 2.1. O crescimento da célula de inseto Sf-9 em vários meios livres de soro
(SFM) e meio suplementado com soro fetal bovino (FBS). Figura adaptada da
INVITROGEN (2003).
Na Tabela 2.4 estão listados alguns meios disponíveis comercialmente para cultura
células de inseto e para tecnologia de rADN. Deve-se ressaltar que há inúmeros meios livres
de soro (SFM) no mercado.
Tabela 2.4. Meios livres de soro (SFM) comercialmente disponíveis para cultura de
células de inseto.
Meios Composição Aplicação Célula de inseto
Sf-900 II
Livre de
proteína e soro
Usado para sistema de vetor de
expressão baculovirus (SVEB)
para cultivo em monocamada ou
suspensão.
Sf-9, Sf-21, Tn-368,
adaptado para S2.
EX-CELL™ 420
L-Glutamina,
Pluronic-F68 e
glicose.
Sistema de suspensão ou
monocamada.
Sf-9 e Sf-21
Schneider S2
(Drosophila)
Drosophila-SFM
Livre de
proteína e soro
Sistema de suspensão ou
monocamada.
Drosophila (D.Mel-
2, Schneider S2)
Insectgro™
Livre de
proteína e soro
Crescimento de Drosophila S2
Schneider S2
(Drosophila)
Revisão Bibliográfica - 11 -
Os problemas com o uso do SFM surgem do não conhecimento total das necessidades
nutricionais das células, sendo impossível preverem todos os componentes necessários em um
meio quimicamente definido. Outros inconvenientes incluem a perda do efeito de proteção
exercido pelo soro contra forças de cisalhamento e o longo tempo de adaptação para alguns
tipos de célula. Além disso, as condições de crescimento da célula tornam-se mais críticas na
ausência de soro (ex: menores variações no valor do pH do meio são toleradas pelas células)
(CARTWRIGHT, 1994). A Tabela 2.5 resume as vantagens e desvantagens do uso de SFM no
cultivo de células animais.
O esgotamento de nutrientes no meio de cultura tem sido apontado como a principal
limitação em relação ao crescimento e à formação do produto em culturas de células de inseto
(WU et al., 1998; ZHANG et al., 1998; DOVERSKOG et al., 1997). Para atingir o objetivo de
altas densidades de células e maiores produtividades na expressão de proteínas, várias
estratégias têm sido utilizadas, entre elas, o melhoramento do meio de cultura, operação da
cultura em batelada alimentada e cultura em perfusão (CARON et al., 1994; BÉDARD et al.,
1997; ELIAS et al., 2000).
Tabela 2.5. As vantagens e desvantagens do uso de SFM em cultivos de células
animais (CARTWRIGHT, 1994).
Vantagens Desvantagens
- Sem riscos de contaminação viral;
- Composição do meio constante;
- Garantia de suprimento de nutrientes;
- Ambiente nutricional definido;
- Maior facilidade de purificação de produto.
- Cada tipo de célula pode requerer um meio
diferente;
- Pode ocorrer dificuldade em adaptação das
células;
- Perda dos efeitos positivos do soro.
Revisão Bibliográfica - 12 -
Além das altas densidades de células, deve haver a preocupação com a produtividade
do sistema. Uma importante característica do sistema célula de inseto é que a produtividade
específica (isto é, produção por célula) diminui com o aumento da densidade celular. É o
chamado “efeito da densidade celular”. Alguns autores sugerem como causas desse efeito à
limitação de nutrientes, a exaustão do precursor ou o acúmulo de componentes tóxicos no
meio (CARON et al., 1994; TATICEK & SHULER, 1997).
Como estratégia para reverter parcial ou totalmente o “efeito da densidade celular”
pode ser realizada a completa renovação do meio de cultura gasto com meio fresco
(AGATHOS, 1996; HENSLER & AGATHOS, 1994) ou simultânea renovação do meio e
suplementação de nutrientes (AGATHOS, 1996; REVEUNY et al., 1993).
2.5. Cultivo celular
São várias técnicas para o cultivo de células animais como cultura em monocamada,
suspensão e aderidas a partículas (microcarregadores) (RIZZO et al., 1983).
As culturas em monocamadas são culturas onde as células aderem a uma superfície
sólida e usa-se meio de cultura líquido. Para células de inseto S2 este tipo de cultivo é
realizado normalmente em frascos T. Células em suspensão podem sobreviver e proliferar sem
a necessidade de estarem aderidas a um substrato. Culturas em suspensão é o método preferido
para aumento de escala por ser mais fácil e de menor custo, requer menos espaço, o
crescimento celular pode ser monitorado e os parâmetros ambientais podem ser controlados
mais facilmente (FRESHNEY, 1994).
Células de inseto não são geralmente dependentes de ancoramento (adesão a um
substrato), elas se adaptam facilmente a condições de cultura em suspensão. Para o cultivo de
Revisão Bibliográfica - 13 -
células de inseto em suspensão são utilizados normalmente frascos Schott, spinners e
biorreatores (DREWS et al. 1995; KAMEN et al., 1996). O frasco spinner possui uma haste
rotatória ligada a tampa do recipiente. Além disso, há a presença de braços laterais para a
adição de células, troca de meio ou de gás (Figura 2.2) (DOYLE, 1998).
Figura 2.2. Esquema do frasco spinner para cultivo de células de inseto.
Cada forma de cultivo de células animais tem fatores que a tornam vantajosa ou
desvantajosa em relação à outra. A Tabela 2.6 lista os mais importantes fatores de cada forma
de cultivo.
Os biorreatores utilizados em cultura de células animais normalmente são os
operados em batelada, batelada alimentada e de perfusão. O processo de perfusão é empregado
há muito tempo no cultivo de células animais. São ensaios contínuos onde as células são
constantemente nutridas com meio fresco.
Células de inseto S2 crescem bem tanto em cultivos em monocamada (frascos T)
como em suspensão (frascos Erlenmeyers, Schotts, spinners e biorreatores)
(SONDERGAARD, 1996; VALLE et al., 2001; ARANTES, 2004; CHA et al., 2005).
Revisão Bibliográfica - 14 -
Tabela 2.6. Vantagens e desvantagens para os métodos de cultura em monocamada e
suspensão.
Vantagens Desvantagens
Cultura em
Monocamada
(aderidas)
- Manutenção fácil e de baixo custo;
- Permite uma fácil inspeção visual com o
uso do microscópio invertido;
- Facilidade na troca de meio de cultivo;
- A razão meio/célula é mudada mais
facilmente durante um experimento.
- Manipulação mecânica
(passagens) pode diminuir a
viabilidade;
- Requer múltiplos frascos para
expressão em larga escala;
- A densidade de células é
limitada devido à monocamada.
Isto pode limitar a
produtividade de proteína por
unidade de volume de cultura
celular.
Cultura em
Suspensão
- Facilita o aumento de escala de expressão
de proteínas;
- Requer menos espaço;
- Mais alta densidade de células. Isto pode
aumentar a produtividade volumétrica de
cultura celular;
- Maior oxigenação e manipulação mínima
podem aumentar a viabilidade. As
viabilidades são normalmente maiores que
98%;
- Células S2 não requerem adaptação e
prontamente passam de culturas aderidas à
suspensão e vice-versa.
- Requer spinners, incubadoras.
O start up pode ser de maior
custo;
- Requer diariamente a
contagem de células e
determinação da viabilidade
para seguir padrões de
crescimento;
- Pode ser difícil manter a
esterilidade.
Fonte: Adaptado de Growth and Maintenance of Insect Cells Lines. Insect Cell Lines
Invitrogen Life Technologies (2002).
SONDERGAARD (1996), trabalhando com as células Drosophila melanogaster
linhagem S2 analisou o crescimento da célula em alta densidade (5,7 x 10
7
células/mL) em
cultivos em batelada e em batelada alimentada. Usando meio Schneider’s suplementado com
10% FBS, os autores obtiveram um rendimento de 1,7 x 10
7
células/mL, operando o biorreator
em batelada alimentada, enquanto que no cultivo em batelada o rendimento foi de 8,3 x 10
7
células/mL. Estudos realizados por VALLE et al. (2001) com as células Drosophila
Revisão Bibliográfica - 15 -
melanogaster recombinante S2 para produção da proteína menin humana usando um
biorreator de 10 L operando em batelada alimentada obtiveram uma concentração celular final
de 1,2 x 10
7
células/mL. O alto rendimento obtido com as células de inseto S2 e rS2
demonstra a viabilidade desse processo em biorreatores.
2.6. O estado fisiológico da célula
O termo estado fisiológico é quantificado por um vetor composto de várias variáveis
de processo que fornecem informações significativas sobre o estado celular. Estas variáveis
podem ser selecionadas entre diferentes classes, incluindo velocidades metabólicas
específicas, razões entre velocidades metabólicas e outras.
A eficiência do bioprocesso é fortemente influenciada por mudanças no estado
celular, o qual deve ser monitorado, interpretado e, se possível, propriamente manipulado. O
monitoramento e controle da fisiologia celular são considerados as questões mais desafiantes
da engenharia de processo moderna. (KONSTANTINOV, 1996).
O ponto central do processo da otimização é o estudo das interações entre células e os
componentes químicos, bioquímicos e físicos do ambiente da cultura, e o impacto destes
fatores na produtividade da proteína, na proliferação e morte das células. Entretanto a
determinação do total de células e sua viabilidade estão entre as mais importantes medidas
durante ambas as fases, de crescimento e de produção, em cultivos com células de inseto
(AGATHOS, 1996).
Revisão Bibliográfica - 16 -
2.6.1. Morte celular
Previamente, como com a maioria das áreas de pesquisa biológica, o termo necrose
foi usado constantemente por cientistas da cultura de células para designar morte celular.
Entretanto, pesquisas demonstram que muitas das linhagens de células de mamífero e
linhagens de células de inseto, que são usadas na produção de proteínas recombinantes em
escala industrial submetem-se realmente à morte programada (apoptose) no ambiente do
biorreator (AL-RUBEAI & SINGH, 1998; COWGER et al., 1998; MENESES-ACOSTA et
al., 2001). Fatores como a consumo total dos nutrientes chaves (aminoácidos, glicose, soro,
oxigênio), e o uso de sistemas baseado em vírus para expressão da proteína e de agentes
citostáticos foram identificados como potenciais indutores de apoptose em culturas industriais,
limitando assim a duração da cultura e a produtividade (SINGH et al., 1994; SIMPSON et al.,
1997; GOSWAMI et al., 1998; SIMPSON et al., 1998).
2.6.2. Necrose e apoptose
A morte das células é um processo fisiológico normal, totalmente regulado. A morte
é patológica ou "acidental" quando a célula é impedida de manter seus processos vitais por
lesões físicas ou químicas causadas por fatores externos, como temperatura, traumas, produtos
tóxicos e falta de oxigênio. As lesões podem ter ainda origem biológica, como nas infecções
por bactérias ou vírus. Esse tipo de morte celular é chamado de necrose.
A necrose é claramente visível por microscopia eletrônica: a célula incha e as
organelas do citoplasma, em particular as mitocôndrias, são danificadas, mas o núcleo não
sofre alterações significativas. Tais lesões impedem o controle do equilíbrio interno: a água e
alguns íons (em especial sódio e cálcio), normalmente bombeados para fora, fluem livremente
Revisão Bibliográfica - 17 -
para dentro da célula, que incha e se rompe. A ruptura libera no tecido vizinho o conteúdo
celular, rico em proteases e substâncias danosas (ABASTADO, 1996).
O termo apoptose foi criado para descrever somente as mudanças morfológicas que
ocorrem durante a morte celular. Durante a apoptose as células encolhem drasticamente, a
membrana plasmática e o retículo endoplasmático formam vacúolos, a cromatina é
condensada ao longo da membrana nuclear, depois forma esferas em formas crescentes.
Subseqüentemente a célula é fragmentada em estruturas membranosas compactas chamadas de
corpos apoptóticos. Como já foi mencionado no item 2.6.1, inúmeras são as causas
relacionadas às células apoptóticas no biorreator. SINGH et al. (1996) lista em seu trabalho as
principais causas que induzem apoptose em culturas de células e seus níveis de importância
(Tabela 2.7).
Tabela 2.7. Fatores indutores de apoptose em cultivo de células animais (SINGH et
al., 1996).
Tipos de estresses Nível de apoptose
Esgotamento do soro Muito Alto
Esgotamento de glicose Muito Alto
Esgotamento da glutamina Muito Alto
Oxigênio baixo Muito Alto
Oxigênio alto Alto
Nível moderado de estresse hidrodinâmico Moderado
Alto nível de estresse hidrodinâmico Nenhum
Alta concentração de amônia Baixo
Revisão Bibliográfica - 18 -
A Figura 2.2 demonstra a diferença entre os dois processos: necrose e apoptose. A
expressão de vários genes tem sido associada à indução de morte celular em bioprocesso com
células animais. Há um grande interesse em definir quais são os genes que bloqueiam e os que
ativam a morte celular programada. A relação entre estes genes e as principais vias de
sinalização celular envolvidas neste processo tem como finalidade futuras aplicações práticas
nos cultivos de células animais e também na terapia de doenças como tumores malignos.
Em relação à célula de Drosophila melanogaster foram identificados alguns genes
que podem causar apoptose:
Gene reaper (rpr):
controla a morte celular programada apoptótica. Experimentos
demonstraram que o gene rpr é transcrito no início da morte das células sendo, portanto,
necessário neste processo (WHITE et al., 1995; ABRAMS, 1999).
Gene hid (Head Involution Defective
= Defeito da involução da cabeça): este gene é
expresso no embrião e durante o desenvolvimento do olho de Drosophila e parece ser um
regulador positivo de morte celular (ABRAMS, 1999).
Entretanto, para cultivo de células de inseto as pesquisas estão focadas em determinar
os fatores chaves que possam estar associados ao aparecimento de apoptose no biorreator sem
estar relacionado ao gene.
Revisão Bibliográfica - 19 -
Figura 2.2. Esquema geral da diferença entre apoptose e necrose em células animais
(BioAgency, 2004).
2.7. Consumo de nutrientes por células de insetos
O conhecimento do metabolismo da célula de inseto é vital para desenvolvimento de
novos meio de cultura e produção de proteínas recombinantes. STAVROULAKIS et al.
(1991) estudando culturas de células de inseto Bm-5 em meio IPL-41 suplementado com 10%
de soro fetal bovino concluíram que os açúcares, incluindo glicose, frutose e sacarose
juntamente com o aminoácido glutamina são consumidos pelas células.
BÉDARD et al. (1993) trabalhando com as linhagens de células Sf-9 e BTI-EAA
verificaram que estas linhagens utilizam maltose e frutose, mas não sacarose. A glicose,
frutose e maltose são usadas como fontes de carbono (REUVENY et al., 1992 apud
Revisão Bibliográfica - 20 -
IKONOMOU et al., 2003) e a frutose é consumida somente depois da exaustão da glicose
(BÉDARD et al., 1993). Entretanto, o carboidrato que é considerado mais importante para o
crescimento da célula de inseto Sf-9 é a glicose (BÉDARD et al., 1997; DREWS et al., 1995;
MENDONÇA et al., 1999). Glicose foi identificada como sendo a fonte de energia e fonte de
carbono preferida (DREWS et al., 1995).
No estudo realizado por IKONOMOU et al. (2004) com a linhagem de inseto High-
Five
TM
verificou-se que a queda de viabilidade coincide com a exaustão da glicose. Entretanto,
em alguns trabalhos observou-se que o excesso de glicose reduz o rendimento celular e
acúmulo de subprodutos, tais como alanina (MENDONÇA et al., 1999; IKONOMOU et al.,
2004).
Aminoácidos como glutamina, glutamato, aspartato, serina, arginina, asparagina e
metionina são usados para produção de energia (DREWS et al., 1995). A maioria destes
aminoácidos não é sintetizada por células de inseto. A suplementação dos aminoácidos
metionina e tirosina foram usadas para retardar a morte celular em cultura de células de inseto,
verificando-se que suplementação de glutamina no meio de cultivo pode afetar a velocidade de
crescimento de células de inseto Sf-9 (MENDONÇA et al., 1999).
2.8. Acúmulo de subprodutos no cultivo de células de inseto
A cultura de células de inseto em larga escala é afetada por vários fatores chaves que
incluem o fluxo contínuo no biorreator, resistência à transferência de massa no transporte de
nutrientes, parâmetros biofísicos e biológicos que controlam o crescimento das células.
As células alteram o ambiente do meio de cultura pela remoção de nutrientes e adição
de produtos e subprodutos, que são produtos liberados do metabolismo como o lactato e a
amônia que são tóxicos para as células (VAN DER POL & TRAMPER, 1998).
Revisão Bibliográfica - 21 -
Os acúmulos destas moléculas juntamente com o esgotamento de nutrientes causam a
paralisação do crescimento e o declínio da viabilidade celular (CARTWRIGHT, 1994).
Contudo, em culturas de células de inseto não ocorre acúmulo significante de amônia e lactato
durante a fase de crescimento (BÉDARD et al., 1993; RADFORD et al., 1997; RHIEL et al.,
1997; MENDONÇA et al., 1999).
STAVROULAKIS et al. (1991) estudando a produção de amônia durante o cultivo
das células de inseto Bm-5 observaram que a mesma foi consumida no meio de cultura
acompanhada de um acúmulo de acido úrico sugerindo que a amônia é convertida para ácido
úrico. Contudo, um estudo realizado por DONALDSON et al. (1999) demonstrou o efeito
negativo da amônia na produção da proteína SEAP (secreted alkaline phosphatase) pela célula
Trichoplusia ni.
Os subprodutos podem estar relacionados à adição de nutrientes requeridos pelas
células. Esta adição pode ter efeito negativo na densidade celular, pois o metabolismo do
inseto resulta na formação de subprodutos que podem ter um efeito inibidor na atividade
metabólica da célula. STAVROULAKIS et al. (1991) observaram que o excesso de glutamina
no meio de cultivo resultou em uma baixa densidade celular, devido provavelmente ao alto
nível de lactato encontrado no meio.
2.9. Oxigênio no cultivo
O oxigênio é considerado essencial na cultura de célula animal e, portanto, deve ser
considerado como um nutriente do meio de cultura. O controle da concentração de oxigênio
dissolvido (OD) assegura que o crescimento célula não seja limitado pelo oxigênio e que a
Revisão Bibliográfica - 22 -
formação de radicais livres, especialmente prejudiciais para células animais, é evitada
(KAMEN et al., 1995; AGATHOS, 1996; SCHMID, 1996).
JIAO et al. (1997) trabalharam com células de insetos da linhagem Sf-21 em frasco
spinner modificado com 500 mL de volume de trabalho para estimar on line a taxa de
respiração. Realizaram dois testes, em experimento em batelada com diferentes concentrações
de oxigênio dissolvido (OD), a 10% e 50% de saturação de ar. Na concentração 10% de OD o
oxigênio mostrou-se um fator limitante para cultivo da célula Sf-21, pois a máxima
concentração celular foi de apenas 1,80 x 10
6
células/mL e a velocidade máxima de consumo
de oxigênio de 0,289 mmol/L.h em 108 h. Com 50% de OD a densidade celular foi de 7 x 10
6
células/mL e a velocidade máxima de consumo de oxigênio alcançada de 0,593 mmol/L.h em
132 h. Os autores do trabalho ainda enfatizam a importância da velocidade de consumo de
oxigênio para a determinação do estado fisiológico da Sf-21.
RHEIL e MURHAMMER (1995), buscando um melhor entendimento do efeito da
concentração de OD no metabolismo das células de inseto, investigaram efeitos da oscilação
da concentração de OD no metabolismo da célula de inseto. O trabalho foi desenvolvido
utilizando a célula de Spodoptera frugiperda IPLB-Sf-21-AE e biorreator com capacidade 3 L
(operando com volume de 1,4 L). As características dos ensaios estão resumidas na Tabela
2.8. Os ensaios consistiram em ciclos de 30 min a 15% de saturação de ar, seguido de 30 min
de anoxia. Para uma condição constante de oxigênio dissolvido (Tabela 2.8 e ensaio G9) a
velocidade específica de crescimento celular foi de 0,022 h
-1
, enquanto que para uma condição
de oscilação de oxigênio dissolvido (Tabela 2.8 e ensaio G10) ocorreu uma redução
significativa na velocidade específica de crescimento celular de 0,0098 h
-1
. Os resultados
demonstraram claramente que a célula exposta a esta oscilação de concentração de OD com
Revisão Bibliográfica - 23 -
período de anoxia e concentração de oxigênio dissolvido insuficiente afeta significativamente
o metabolismo da célula e conseqüentemente o crescimento celular.
Tabela 2.8. Características dos experimentos no biorreator para investigar o efeito da
oscilação da concentração do oxigênio dissolvido (RHEIL & MURHAMMER,
1995).
Número do ensaio Características do ensaio
G9 OD constante a 15%
G10 OD oscilando entre 15% e 0% desde 32 h até o fim do ensaio; fluxo
descontínuo de nitrogênio a 0% de OD, período de anoxia
“aparentemente”.
G11 OD oscilando entre 15% e 0% desde 56 h para 131 h; OD constante a
15% desde 131 h até o fim do ensaio; fluxo descontínuo de nitrogênio a
0% de OD, período de anoxia “Verdadeiro”.
G15 OD oscilando entre 15% e 0% desde 53 h para 115 h; OD constante a
15% desde 115 h até o fim do ensaio; fluxo descontínuo de nitrogênio a
0% de OD, período de anoxia “Verdadeiro”.
GOTOH et al. (2002) analisaram a dependência da velocidade específica de consumo
de oxigênio (Q
O2
) das células de inseto Sf-9. Para regiões de alta concentração de OD os
valores de Q
O2
se mantêm constantes, mas os valores decrescem rapidamente com o
decréscimo de OD na região de baixa concentração. Geralmente a variação de Q
O2
com a
concentração de oxigênio dissolvido é descrita com uma cinética do tipo Monod ilustrada na
Equação 2.1.,
2
2max2
2
OS
OO
O
CK
CQ
Q
+
×
=
(2.1)
Revisão Bibliográfica - 24 -
onde Q
O2max
é velocidade específica máxima de consumo de oxigênio, K
S
é a constante de
saturação e
C
O2
é concentração de oxigênio dissolvido. Os ensaios demonstraram que a
concentração OD crítico para células Sf-9 foi de 2,5% da saturação e sua constante de
saturação
K
S
foi 2,0 µM com velocidade específica máxima de respiração Q
O2max
de 0,62
µmol/10
6
células.h.
As velocidades específicas de consumo de oxigênio (
Q
O2
) para as células de inseto
são similares as células de mamíferos, variando de 0,08 a 0,48 mmolO
2
/10
9
célula.h para
células as de inseto comparadas com as células de mamífero que varia de 0,023 a 0,54
mmolO
2
/10
9
célula.h (SCHIMD, 1996; RUFFIEUX et al., 1998).
Entretanto, alguns fatores como densidade do inóculo e temperatura podem
influenciar na velocidade específica de consumo de oxigênio. GOTOH
et al. (2004)
demonstraram que a densidade celular do inóculo não provoca mudança significativa na
velocidade de consumo de oxigênio das células de inseto Sf-9, mas a diminuição da
temperatura provoca um decréscimo na velocidade específica máxima de consumo de
oxigênio e na constante de saturação.
2.10. Comentários gerais
Os vários tópicos abordados nesta revisão bibliográfica proporcionaram uma idéia
dos vários fatores que podem influenciar no cultivo das células de inseto.
Apesar do grande número de pesquisas realizadas com células de inseto, a maioria
está relacionada aos cultivos das células de insetos de
Bombyx mori, Spodoptera frugiperda e
Trichoplusia ni.
No que diz a respeito ao cultivo utilizando células de inseto de Drosophila
melanogaster
, poucos trabalhos foram realizados, dentre os quais se podem destacar os
Revisão Bibliográfica - 25 -
trabalhos de SONDERGAARD (1996) e VALLE et al. (2001). Ambos os trabalhos analisaram
apenas a viabilidade do cultivo das células S2 e rS2 em biorreator sem definir parâmetros
fisiológicos como consumo de nutrientes e velocidade específica de respiração celular, os
quais são fundamentais para desenvolvimento do bioprocesso.
Neste contexto, o presente trabalho foi realizado com as células de inseto S2 e rS2 a
fim de se avaliar as possíveis mudanças ocorridas no metabolismo das células devido à
modificação genética realizada nas células e determinar parâmetros que permitam o
desenvolvimento deste bioprocesso.
Materiais e Métodos - 26 -
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais
3.1.1. Células utilizadas
Foram utilizadas duas linhagens de célula
de Drosophila melanogaster, a linhagem
selvagem
Drosophila melanogaster Schneider-S2 (SCHNEIDER, 1972) e a linhagem
recombinante
Drosophila melanogaster Schneider-rS2 GPV (Glicoproteína do vírus da raiva
ou
rabies vírus glycoprotein) ambas as linhagens foram cedidas pelo Laboratório de
Imunologia Viral do Instituto Butantan de São Paulo.
3.1.2. Meio de cultura
O meio de cultura utilizado em todos os experimentos foi o meio comercial livre de
soro Sf-900 II SFM da Gibco. Na Tabela 3.1 estão representadas as concentrações de alguns
componentes identificados em trabalhos que utilizaram o meio Sf-900 II, uma vez que a
composição deste meio não é disponibilizada pelo fabricante.
3.1.3. Corantes para determinar viabilidade celular
Foi utilizada uma solução aquosa de 0,4% azul de Tripan (Trypan Blue) (Sigma T-
6146), como corante para método de exclusão de corante para acompanhar a viabilidade
celular durante os cultivos.
Também foram utilizados os corantes fluorescentes: Brometo de Etídio (C
21
H
20
N
3
Br)
e Laranja de Acridina (C
17
H
20
ClN
3
.1/2ZnCl
2
), da marca Sigma, na análise de células
apoptóticas pelo método da fluorescência .
Materiais e Métodos - 27 -
Tabela 3.1 Concentração de componentes identificados em trabalhos que utilizaram o
meio Sf-900 II.
Componentes Concentração (g/L) Referência
Carboidratos
Glicose 9,73-10,0
RHIEL
et al. (1997); ARANTES et al. (2004)
Trealose 1,00 MARQUES (2005)
Aminoácidos
Glutamina 2,18 RHIEL et al. (1997)
Asparagina 1,65 RHIEL et al. (1997)
Glutamato 1,66 ARANTES (2004)
Serina 0,89 ARANTES (2004)
Glicina 1,00 ARANTES (2004)
Histidina 0,61 ARANTES (2004)
Arginina 0,60 ARANTES (2004)
Treonina 0,18 ARANTES (2004)
Alanina 0,45 ARANTES (2004)
Prolina 0,55 ARANTES (2004)
Tirosina 0,23 ARANTES (2004)
Valina 0,62 ARANTES (2004)
Metionina 0,82 ARANTES (2004)
Cisteína 0,031 ARANTES (2004)
Isoleucina 0,53 ARANTES (2004)
Leucina 0,34 ARANTES (2004)
Fenilalanina 0,85 ARANTES (2004)
Lisina 0,59 ARANTES (2004)
3.1.4. Solução tampão salina
A solução tampão (pH 7,4) da marca Cultilab, apresentando a composição para 1 L
que está representada na Tabela 3.2. A solução foi utilizada para diluir a concentração celular
da amostra retirada do cultivo com a finalidade de fazer a contagem de células.
Tabela 3.2. Composição da solução tampão salina.
Composto Quantidade(g)
NaCl 80,0
KCl 2,0
Na
2
HPO
4
11,5
KH
2
PO
4
2,0
Materiais e Métodos - 28 -
3.1.5. Equipamentos
3.1.5.1. Câmara asséptica
Foi utilizado câmara asséptica de fluxo laminar Sterilgard III, classe II da Baker
Company (USA), contendo lâmpada germicida UV, em todas as etapas nas quais eram
manipuladas as células.
3.1.5.2. Microscópio
Para a contagem de células e determinação da viabilidade por exclusão de corante foi
utilizado o microscópio de campo invertido da marca Olympus modelo CK3.
O microscópio óptico Olympus BX 50 (campo direto), acoplado a uma câmera de
vídeo SONY CCD-Iris DXC–107A com placa de aquisição de imagens vídeo modelo Blaster,
foi utilizado para obter imagens da cultura para quantificar células necróticas e apoptóticas
através do método de fluorescência.
3.1.5.3. Autoclave
As vidrarias e demais utensílios envolvidos na realização dos cultivos de células
foram esterilizados em autoclaves da marca FABBE LTDA, por 25 minutos a 121°C.
3.1.5.4. Frasco Schott modificado
Um frasco do tipo Schott de 250 mL (vide Figura 3.1) foi modificado para a
realização dos experimentos de cultivos envolvendo células de inseto S2. A modificação foi
feita na tampa do frasco Schott, onde foi incorporado um eletrodo de oxigênio dissolvido
Materiais e Métodos - 29 -
autoclavável, para monitoramento da concentração de oxigênio no meio de cultivo e uma
entrada de ar e saída de gás com filtros acoplados para evitar contaminação do cultivo.
Eletrodo
Filtros de ar
Entrada de ar
Saída de gás
50 mL de meio de cultura
Figura 3.1. Representação esquemática do frasco Schott modificado para realização
de cultivo envolvendo as células de inseto S2.
3.1.5.5. Câmara de incubação rotatória
Foi utilizado em todas as etapas de cultivos o no incubador rotatório (shaker) marca
Superohm. Um suporte foi acoplado na parte interna do equipamento com capacidade para 8
frascos T de 25 cm
2
, uma vez que os frascos T de cultura não devem ser agitados e, no
entanto, devem ter sua temperatura controlada.
3.2. Procedimento experimental para o cultivo de células
O seguinte procedimento foi seguido nos cultivos com células de inseto S2.
Materiais e Métodos - 30 -
Descongelamento
do criotubo
Cultivo do frasco T
na incubadora a 28°C,
por 72h
Transferência
Inóculo: Cultivo em
frasco Schott incubado
em shaker a 100rpm
e 28°C, por 72
h
Experimentos: Cultivos em
frascos Schotts em
shaker a 100rpm e 28°C
Centrifugação
das células
Inóculo
Figura 3.2. Representação esquemática do procedimento seguido nos experimentos
de cultivos das células inseto S2.
As células estocadas em nitrogênio líquido (–196ºC) foram ativadas e, depois de
recuperar sua atividade normal, foram inoculadas em 5 mL de meio Sf-900 II em frasco T de
25 mL de capacidade. O meio de cultura (normalmente conservado em geladeira,
aproximadamente 4
°C) usado nos cultivos foi levado à temperatura ambiente (25°C) antes do
uso.
As células foram colocadas para incubação em frasco T à temperatura de 28ºC sem
agitação. Depois de incubadas durante 3 dias para que pudessem recuperar completamente sua
atividade normal, a seguir as células foram centrifugadas e ressuspendidas em meio novo e
em seguida foram transferidas para frasco Schott de 100 mL contendo 15 mL de meio Sf-900
II para o preparo do inóculo. O frasco Schott foi colocado para incubação no Shaker a
temperatura de 28ºC e rotação de 100 rpm. Após 72 horas um volume de meio contendo
células suficientes foi transferido para inocular o frasco Schott do experimento com uma
concentração inicial entre 4 x 10
5
a 5,5 x 10
5
células/mL. A seguir, foram retiradas
diariamente amostras de 0,1 mL, através de micropipetas para fazer as determinações da
concentração celular através de método de contagem por exclusão de corante.
Materiais e Métodos - 31 -
3.3. Avaliação de métodos para análise de viabilidade
3.3.1. Determinação da concentração e viabilidade celular
As contagens de células foram realizadas pelo através do método de exclusão de
corante azul de Tripan (Trypan Blue Sigma) (FRESHNEY, 1994). Neste método as
concentrações de células viáveis e não viáveis foram determinadas pela contagem em câmara
de Neubauer. Era retirada alíquota de 0,1 mL de cada frasco Schott, a qual era diluída com 0,9
mL de solução tampão salina, totalizando 1 mL de amostra diluída. Em seguida retirava-se 90
µL da amostra diluída e acrescentavam-se 10 µL de uma solução etílica 0,4% de azul de
Tripan, completando um volume 100
µL. Com ajuda de uma micropipeta colocava-se uma
alíquota de 10
µL da amostra corada na câmara de Neubauer. A contagem era realizada em
microscópio OLYMPUS CK3, utilizando a objetiva de 10x.
A concentração total das células era dada pela somatória do número de células não
coradas (viáveis) mais o número de células coradas (não viáveis) e multiplicado pelo fator de
diluição (Equação 3.1).
Cálculo:
Concentração total de células:
4
10)( ××+ Dnn
dV
= células/mL
(3.1)
Concentração de células viáveis:
4
10×× Dn
V
= células viáveis/mL
(3.2)
Porcentagem de células viáveis:
100×
+
dV
V
nn
n
= % células viáveis
(3.3)
Materiais e Métodos - 32 -
Onde: n
V
= número total de células viáveis
n
d
= número total de células não viáveis
D = fator de diluição para células S2: D = 10/9
3.3.2. Quantificação de apoptose e viabilidade celular usando corantes
fluorescentes
A distribuição das células necróticas e apoptóticas na cultura foi determinada com
base no protocolo utilizado por MERCILLE
et al. (1994).
Uma amostra de célula em suspensão era misturada com corantes fluorescentes que
aderem ao ADN (Ácido Desoxirribonucléico) e examinada em microscópio fluorescente para
visualizar a contagem de células com organização anômala da cromatina.
Uma solução da mistura de corante de 100
µg/mL de laranja de acridina (AO) e 100
µg/mL brometo de etídio (EB) era preparada com em solução tampão salina livre de Ca
2+
e
Mg
2+
. Um volume de 4 µL de esta mistura de corante foi adicionado a uma amostra de 100 µL
de suspensão de células contendo 5 x 10
5
a 5 x 10
6
células/mL.
Após adição da solução do corante a amostra, a câmara de Neubauer foi preparada e
examinada no microscópio BX50 Olympus (Melville, NY) com uma objetiva de 40x de
magnificação e a combinação de filtros: faixa de excitação 470-490 nm; emissão de 515 nm.
O laranja de acridina atravessa a membrana das células viáveis e não viáveis. O
corante reage com a cromatina, formando um composto esverdeado.
O brometo de etídio somente atravessa a membrana das células não viáveis (não pode
atravessar a membrana intacta da célula viável). Este, interagindo com a cromatina, gerando
um composto laranja-vermelho.
Materiais e Métodos - 33 -
Foram contadas, no mínimo 200 células por amostra, registrando o número de células
de cada amostra seguindo a classificação do estado celular utilizada originalmente por
MERCILLE
et al. (1994):
(i)
VNA: células viáveis com núcleo não apoptótico;
(ii)
VA: células viáveis com núcleo apoptótico;
(iii)
NEC: células necróticas, células não viáveis com núcleo normal;
(iv)
NVA: células não viáveis com núcleo apoptótico;
(v)
CF: células livres de cromatina.
A porcentagem de cada estado celular em relação ao total de células foi obtida da
seguinte maneira, similarmente para os outros quatro estados celulares:
%VNA = (VNA/(VNA + VA + NEC + NVA + CF))
× 100
(3.4)
3.4. Avaliação da influência do inóculo no crescimento das células S2
Para os experimentos onde foram avaliados os efeitos do inóculo no cultivo das
células de inseto S2 foi utilizado um planejamento fatorial 2
2
(4 experimentos + 2 pontos
centrais) objetivando as quantificações dos efeitos das variáveis independentes concentração
do inóculo e idade do inóculo na variável dependente velocidade especifica máxima de
crescimento celular (
µ
max.)
Os níveis das variáveis independentes foram de 2,5 x 10
5
e 7,5 x
10
5
células/mL para a concentração de inóculo e 48 e 96 horas para a idade do inóculo.
Os resultados obtidos de concentração celular em função do tempo nos experimentos
foram analisados através de softwares Origin 5.0 e Statistic 5.0, podendo assim traçar os
gráficos dos resultados obtidos.
Materiais e Métodos - 34 -
A partir dos gráficos foi possível determinar:
Velocidade específica máxima de crescimento celular:
µ
máx
Produtividade máxima em células: P
máx
Para a determinação da velocidade específica máxima de crescimento celular
podemos considerar-se a seguinte equação:
dt
dX
X
1
=
µ
(3.5)
onde:
µ
é a velocidade específica de crescimento celular; X é a concentração de células e t é
tempo de cultivo.
Na região exponencial de crescimento da célula tem-se que:
máx
cte
dt
dX
X
µ
==
1
(3.6)
Integrando a equação anterior na fase exponencial,
(
)
imáxi
ttXX
×
+
=
µ
lnln
(3.7)
onde o índice i indica o início da fase exponencial e o valor de
µ
máx
é o coeficiente angular do
gráfico lnX versus t.
A produtividade máxima de células de uma cultura é uma medida do número de
células produzidas por volume de cultura e por unidade de tempo que permite avaliar o
desempenho de um bioprocesso (SCHMIDELL et al., 2001). Essa produtividade pode ser
determinada traçando uma linha a partir da origem, tangenciando o gráfico da concentração de
células versus tempo, no ponto de maior inclinação, como indicado na Figura 3.3.
Materiais e Métodos - 35 -
t
f
C
Xmáx
t
C
X
C
Xi
tempo
Figura 3.3. Exemplo de gráfico para determinação da produtividade máxima de
células.
Essa produtividade máxima em células pode ser determinada através da equação:
t
CC
P
XiX
máx
=
(3.8)
onde:
C
X
é a concentração de células no tempo t, C
Xi
é a concentração de células inicial e t
tempo de cultivo para se atingir a concentração de célula
C
X
.
3.5. Métodos analíticos
3.5.1. Concentração de glicose e aminoácidos
As concentrações de glicose e glutamina no sobrenadante do cultivo foram realizadas
enzimaticamente usando o YSI
Biochemical Analyzer modelo 2700 (Yellow Spring
Instruments). As concentrações de aminoácidos foram determinadas pelo sistema Pico-tag
usando uma coluna de água de fase reversa HPLC marca Waters.
Materiais e Métodos - 36 -
3.5.2. Medida da transferência de oxigênio
Para determinação do k
L
a (coeficiente volumétrico de transferência de O
2
) foi
utilizado o método dinâmico descrito por SCHMIDELL
et al. (2001).
O método consiste em inicialmente borbulhar nitrogênio no líquido, a fim de eliminar
todo o O
2
dissolvido, até que o eletrodo indique o valor zero.
A seguir, inicia-se a aeração e a agitação do meio líquido, nas condições em que se
pretende obter o valor de
k
L
a, passando-se então a registrar o sinal do eletrodo. O sinal sai do
valor zero e aumenta até atingir a saturação.
Nessas condições a Equação 3.9 do balanço da concentração de oxigênio dissolvido,
pode ser integrada, conhecendo-se condição inicial (
t = 0; C = 0), pois é possível separar as
variáveis:
)( CCak
dt
dC
SL
=
(3.9)
Integrando, obtém-se:
tak
CC
C
L
S
S
=
ln
(3.10)
onde o C
S
concentração de saturação O
2
dissolvido no líquido e o valor de k
L
a é o coeficiente
angular do gráfico
CC
C
S
S
ln
versus t.
Materiais e Métodos - 37 -
3.5.3. Método para determinação Q
O2
As determinações das velocidades específicas de respiração (Q
O2
) foram feitas pelo
método dinâmico. Com o eletrodo de oxigênio dissolvido imerso no meio de cultivo com
células, num dado instante (t
0
) interrompeu-se a alimentação de ar no frasco Schott, com o
intuito de anular a transferência de oxigênio. Neste instante foi desligada agitação do shaker, a
fim de reduzir ao máximo a transferência de O
2
na superfície do líquido. A resposta do
eletrodo era quase imediata, sendo o processo representado pela Figura 3.4 que segue:
t
1
t
o
Temp
C
o
C
o
C
o1
Conc. Oxig ê nio Dissolvido
Figura 3.4. Variação da concentração de O
2
dissolvido com tempo durante a
utilização do método dinâmico para determinar
Q
O2
.
Como se observa na Figura 3.4, depois da interrupção da agitação a concentração de
oxigênio dissolvido inicial (
C
0
) começa a diminuir. Ao se atingir um certo valor C
01
(instante
t
1
), foi retomada a agitação e a aeração, nas condições que estavam sendo praticadas,
observando-se então, o aumento da concentração de O
2
dissolvido até atingir novamente o
valor inicial (
C
0
).
Materiais e Métodos - 38 -
O procedimento demorava um tempo relativamente curto variando entre 1 a 1,5
minuto. Supondo que neste intervalo de tempo não haja mudança no sistema (concentração
celular (
X), metabólitos e substratos permanecem constantes), e o valor de Q
O2
seja mantido
constante, a equação de balanço de oxigênio simplificava-se a:
XQ
dt
dC
O2
=
(3.9)
Devido às hipóteses assumidas, o produto
Q
O2
X deve ser constante durante este
intervalo de tempo, permitindo a integração da Equação 3.8, obtendo-se:
)(
020
ttXQCC
O
=
(3.10)
A Equação 3.10 prevê que a partir do instante
t
0
(C = C
0
) deve ocorrer uma variação
linear de
C com o tempo, obtendo-se uma reta cujo coeficiente angular é igual a (-Q
O2
X),
permitindo, assim, a determinação do valor de
Q
O2
(SCHMIDELL et al., 2001).
3.5.4. Variação do oxigênio durante o cultivo das células S2 em frasco Schott
A concentração de oxigênio dissolvido no caldo de cultivo contido no frasco Schott
de 250mL e 100mL foi determinada
indiretamente, através da leitura dos sinais emitidos pelo
eletrodo galvânico (modelo M.1016.500) e eletrodo polarográfico (modelo: 405-M3-S7/60),
marca Meteller Tolledo, respectivamente, conforme esquematizado na Figura 3.5. Durante
todo o experimento era registrada a queda do oxigênio em relação ao tempo.
Materiais e Métodos - 39 -
3
T=28ºC
100 rpm
Bomba
Shaker
Analisador de OD
1
2
Figura 3.5. Esquema do sistema experimental utilizado para a determinação da queda
do oxigênio no frasco Schott. (1) Entrada de ar; (2) Saída de gás; (3) Frasco
Schott modificado.
Durante o cultivo de células em frasco Schott, efetua-se a transferência de oxigênio
da fase gasosa para a fase líquida, enquanto que, simultaneamente, a célula consome o
oxigênio dissolvido. Assim sendo, o balanço de oxigênio no meio líquido é representado pela
equação que segue:
()
XQCCak
dt
dC
OSL 2
=
(3.11)
A Equação 3.11 indica que a variação da concentração de oxigênio dissolvido no
líquido (
dC/dt) é o resultado da diferença entre as quantidades de O
2
que se consegue dissolver
k
L
a.(C
S
- C) e a de oxigênio consumido pelas células Q
O2
X.
3.6. Programação e estratégia experimental seguida nesta pesquisa
Para facilitar a compreensão e a justificativa do trabalho experimental realizados
nesta pesquisa são listados os 19 experimentos realizados e as respectivas características dos
Materiais e Métodos - 40 -
mesmos. Nas Tabelas A1 a A19 do apêndice A encontram-se os valores das principais
variáveis, ao longo dos cultivos.
Tabela 3.3. Experimentos realizados nesta pesquisa e suas principais características.
Experimento
Célula
utilizada
Frasco Schott
(mL)
Volume de
trabalho(mL)
Principal objetivo
E1-S2 S2 100 20
Análise da metodologia para
quantificar a viabilidade celular.
E2-rS2 rS2 100 20
Análise da metodologia para
quantificar a viabilidade celular.
E3-S2 S2 100 20
Análise do consumo de
aminoácidos, como substratos
limitantes.
E4-rS2 rS2 100 20
Análise do consumo de
aminoácidos, como substratos
limitantes.
E5-S2 S2 100 20
Análise do consumo de glicose e
glutamina, como substratos
limitantes.
E6-rS2 rS2 100 20
Análise do consumo de glicose e
glutamina, como substratos
limitantes.
E 1 a E6 rS2 100 20
Análise da influência da idade e
concentração do inóculo no
crescimento celular.
E7-rS2 rS2 250 50
Avaliação das características de
respiração das células rS2
E8-S2 S2 250 50
Avaliação das características de
respiração das células S2
E9-S2 S2 250 50
Análise do excesso de oxigênio
(hiperoxia)
E10-S2 rS2 250 50
Analise do crescimento celular
sem oxigenação superficial.
E 11-rS2 a
E14-rs2
rS2 100 20
Análise da influencia da
agitação no oxigênio dissolvido
e no crescimento celular.
Resultados e Discussão - 41 -
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Definição de metodologia para quantificação da viabilidade das células S2
Devido à inexistência de uma metodologia consolidada para quantificar a viabilidade
de células de inseto optou-se neste trabalho por fazer uma análise comparativa dos dois
métodos mais comumente utilizados no âmbito de tecnologia de cultivo de célula animal,
quais sejam, o método de exclusão do corante azul de Tripan (FRESHNEY, 1994) e o método
que utiliza corantes fluorescentes para discriminação de células apoptóticas e necróticas
(MERCILLE
et al., 1994). Inicialmente foram realizados experimentos utilizando as células
de inseto S2 (E1-S2) e as células de inseto rS2 (E2-rS2). Ambos os experimentos em Schotts
de 100 mL contendo um volume de trabalho de 20 mL de meio de cultura Sf-900 II,
concentração inicial de células de 5 x 10
5
células/mL, a temperatura de 28°C e 100 rpm de
rotação, com o objetivo de comparar a porcentagem de células viáveis identificadas pelo
método de exclusão de corante e o método de corantes fluorescentes. Os resultados obtidos
nos experimentos encontram-se na Figura 4.1.
Como pode ser observado na Figura 4.1 ambos os métodos, exclusão de corante e
fluorescência, mostraram-se capazes de prever a porcentagem de células viáveis nos
experimentos E1-S2 e E2-rS2. Entretanto, no E1-S2 pode-se observar que o método
fluorescente apresentou uma tendência em antecipar a queda da viabilidade celular, pois o
método é capaz de identificar as células apoptóticas. O corante fluorescente evidencia mais
rapidamente a perda de viabilidade pela célula que o método de exclusão de azul de Tripan
(MENESES-ACOSTA
et al. 2001). Na Figura 4.1 pode se observar uma concentração
máxima de célula de 2,55 x 10
7
células/mL no E1-S2, superior à concentração celular máxima
Resultados e Discussão - 42 -
de 1,64 x 10
7
células/mL do E2-rS2, evidenciando que a modificação genética realizada nas
células S2 alterou o crescimento celular da mesma.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
3,5x10
7
4,0x10
7
Tempo(h)
Concentração celular (células/mL)
Concentração Celular
E1-S2 - conc. celular
E2-rS2 - conc. celular
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Viabilidade (%)
Viabilidade Celular
E1-S2 - Azul de Trypan
E1-S2 - Fluorescência
E2- rS2 - Azul de Trypan
E2- rS2 - Fluorescência
Figura 4.1. Resultados dos experimentos E1-S2 e E2-rS2 utilizando as células S2 e
rS2, respectivamente, para comparação de porcentagem das células viáveis
totais entre o método de exclusão corante azul de Tripan e método de
fluorescência.
A evolução da porcentagem da viabilidade celular seguindo os critérios de
MERCILLE
et al. (1994) identificado pelo método de florescência nos experimentos E1-S2 e
E2-rS2 está demonstrada nas Figuras 4.2 e 4.3. As células não viáveis apoptóticas
representaram uma baixa porcentagem durante o cultivo (0,4%), e no final (0,3%) do
experimento E1-S2 (Figura 4.2), entretanto, este tipo de célula não foi observado no
experimento E2-rS2 com a célula recombinante, como pode ser observado na Figura 4.3.
As células livres de cromatina aparecem no início do cultivo do experimento E1-S2,
entretanto o experimento E2-rS2 não apresentou este tipo de célula no início do cultivo
Resultados e Discussão - 43 -
(Figura 4.3). O fato do experimento E1-S2 apresentar 3,6% de células livres de cromatina no
início do cultivo pode ser atribuído à presença de células necróticas provenientes do inóculo
(MERCILLE
et al., 1994), uma vez que esta porcentagem diminui durante o cultivo chegando
a 0%, como pode ser observado na Figura 4.2.
Os experimentos E1-S2 e E2–rS2 não apresentaram índices elevados de células
viáveis apoptóticas, 5,6% para o E1-S2 e 6,5% para o E2-rS2, respectivamente, como pode ser
observado nas Figuras 4.2 e 4.3.
0 50 100 150 200 250
0
10
20
80
90
100
Células viáveis não apoptóticas
Células apoptóticas
Células não viáveis apoptóticas
Células necróticas
Células livre de cromatina
% de células S2
Tempo(h)
Figura 4.2. Evolução da viabilidade celular no experimento E1-S2.
Resultados e Discussão - 44 -
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300
0
10
20
80
90
100
% de células rS2
Tempo(h)
Células viáveis não apoptóticas
Células viaveis apoptóticas
Células necróticas
Figura 4.3. Evolução da viabilidade celular no experimento E2-rS2.
As características observadas nas células de inseto S2 e rS2 utilizando o método de
fluorescência apresentaram-se semelhantes entre si e similares às observadas em trabalhos
com as células de hibridoma e células de inseto da linhagem Sf-9 (MERCILLE
et al., 1994;
MENESES-ACOSTA
et al., 2001). As células viáveis apresentaram coloração esverdeada
devido à reação do corante de laranja de acridina com a cromatina (Figura 4.4 (a)). As células
necróticas apresentaram a cromatina condensada com a coloração vermelha alaranjada devido
à interação do brometo de etídio com a cromatina da célula (Figura 4.4 (b)).
Os núcleos apoptóticos das células S2 e rS2 apresentaram forma fragmentada e cor
amarela (Figura 4.4 (1d, 2d, 3d)). Estas características morfológicas já foram observadas por
COWGER
et al. (1999) e MENESES-ACOSTA et al. (2001) nas células de inseto da
linhagem Sf-9.
Resultados e Discussão - 45 -
a) b)
c)
1d) 2d) 3d)
e)
VNA
N
ec
CF
VA VA VA
N
V
A
Figura 4.4. Identificação de várias populações de células em microscópio de
fluorescência durante o cultivo de células S2 e rS2. a) Células viáveis não
apoptóticas (VNA). b) Células necróticas (Nec). c) Células livres de cromatina
(CF). d) Células viáveis apoptóticas (VA). e) Células não viáveis apoptóticas
(NVA).
4.2. Consumo de nutrientes e viabilidade celular
Com intuito de analisar o consumo de nutrientes chaves como aminoácidos e glicose
no cultivo e comparar o metabolismo das células de inseto S2 e rS2, foram realizados os
experimentos E3-S2, E4-rS2, E5-rS2 e E6-S2 em frasco Schott de 100 mL contendo um
volume de trabalho de 20 mL de meio de cultura Sf-900 II a temperatura de 28° C e 100 rpm
de rotação. A viabilidade celular em ambos os experimentos foi acompanhada pelo método de
Resultados e Discussão - 46 -
exclusão de corante e de corante fluorescente. No entanto, devido ao baixo volume de trabalho
(20 mL) optou-se em realizar nos experimentos E3-S2 e E4-rS2 análise dos consumos de
aminoácidos e os experimentos E5-rS2 e E6-S2, análises dos consumos de glutamina e
glicose, pois a soma dos volumes das amostras (950
µ
L) retiradas num único experimento para
análises de aminoácidos, glicose e viabilidade celular, poderia interferir nas características do
experimento durante os cultivos a ser realizados.
As curvas de crescimento e viabilidade celular dos experimentos E3-S2 e E4-rS2
estão apresentadas na Figuras 4.5 e as curvas da evolução da viabilidade estão na Figura 4.6
para o E3-S2 e na Figura 4.7 para o E4-rS2. Para ambos os experimentos observam-se o
mesmo comportamento em relação à viabilidade celular, tal como descrito no item 4.1
(Figuras 4.1, 4.2 e 4.3).
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
3,5x10
7
4,0x10
7
Concentração Celular (células/mL)
Tempo(h)
Concentração Celular
E3-S2 - conc. células
E4-rS2 - conc. células
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Viabilidade (%)
Viabilidade Celular
E3-S2 - Azul de Trypan
E3-S2 - Fluorescência
E4-rS2 - Azul de Trypan
E4-rS2 - Fluorescência
Figura 4.5. Resultados de crescimento celular no cultivo das células S2 e rS2 nos
experimentos E3-S2 e E4-rS2.
Resultados e Discussão - 47 -
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0
10
20
80
90
100
Células necróticas
Células livre de cromatina
% de células S2
Tempo (h)
Células viáveis não apoptóticas
Células viáveis apoptóticas
Células não viaveis apoptóticas
Figura 4.6. Evolução da viabilidade celular no experimento E3-S2 monitorada com o
método da fluorescência.
0 50 100 150 200 250 300
0
10
20
60
70
80
90
100
% de células rS2
Tempo (h)
Células viaveis não apoptóticas
Células viáveis apoptoticas
Células necróticas
Figura 4.7. Evolução da viabilidade celular no experimento E4-rS2 monitorada com o
método da fluorescência.
Resultados e Discussão - 48 -
As Figuras 4.8 e 4.9 mostram os perfis de consumo e produção de aminoácidos em
ambos os experimentos E3-S2 e E4-rS2. Os aminoácidos mais consumidos em ambas culturas
foram cisteína, serina, prolina e histidina. No experimento E3-S2 (Figura 4.8), os aminoácidos
serina, prolina e cisteína foram consumidos completamente, entretanto, apenas o aminoácido
prolina teve consumo por completo pelas células rS2 no experimento E4-rS2 (Figura 4.9).
Analisando o perfil de aminoácidos em ambos os experimentos E3-S2 e E4–rS2
(Figuras 4.8 e 4.9) pode-se observar uma alta de produção de alanina. De acordo com
BHATIA
et al. (1997), a produção de alanina é alta em culturas de células de inseto que
apresentam uma alta concentração inicial de glicose. Como neste trabalho os cultivos foram
realizados com o meio Sf-900 II que possui uma alta concentração de glicose (
10 g/L), a
concentração de alanina alcançada com 168 h no experimento E3-S2 foi de 4,01 g/L e para o
experimento E4-rS2 de 2,62 g/L.
Asp Glu Ser Gly His Arg Thr Ala Pro Tyr Val Met Cys Ile Leu Phe Lys
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Concentração (g/L)
0 h
95,8 h
119,7 h
167,0 h
215,5 h
Figura 4.8. Consumo de aminoácidos no cultivo das células S2 no experimento E3-S2
em frasco Schott de 100 mL a 28°C e 100 rpm.
Resultados e Discussão - 49 -
Asp Glu Ser Gly His Arg Thr Ala Pro Tyr Val Met Cys Ile Leu Phe Lys
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Concentração (g/L)
0 h
92,0 h
168,8 h
214,5 h
260,8 h
Figura 4.9. Consumo de aminoácidos no cultivo das células rS2 no experimento E4-
rS2 em frasco Schott de 100 mL a 28°C e 100 rpm.
Por outro lado, observa-se o consumo alanina com 215,5 h e 260,8 h nos experimentos
E3-S2 e E4-rS2, respectivamente. Tal observação pode indicar o consumo deste aminoácido como
fonte de carbono na reposição de piruvato, intermediário da glicólise, o que também foi observado
nos estudos de BÉDARD
et al. (1993) e ARANTES (2004).
Na Figura 4.10 pode-se observar as diferenças nos metabolismos dos aminoácidos
nas culturas das células S2 e rS2, considerando consumo de aminoácidos pelas células após
215,5 h de cultivo. Os aminoácidos que se apresentaram com maior diferença no consumo
entre as células S2 e rS2 foram: glutamato 68,9% para as células S2 e 14,5% para as células
rS2, valina 54,6% para as células S2 e 13,8% para as células rS2, isoleucina 80,4% para as
células S2 e 24,5% para as células rS2. Estas diferenças de consumo de aminoácidos entre as
células podem estar relacionadas a modificações genéticas, contudo, ainda não foi possível
obter informações sobre as mudanças ocorridas na rota metabólica quando comparadas às
células S2 e rS2.
Resultados e Discussão - 50 -
AspGlu Ser Gly His Arg Thr Pro Tyr Val MetCys Ile Leu Phe Lys
0
20
40
60
80
100
Consumo (%)
E3-S2
E4-rS2
Figura 4.10. Porcentagem do consumo de aminoácido das células de inseto S2 e rS2
após 215,5 h de cultivo nos experimentos E3-S2 e E4-rS2.
Estudos indicam que a exaustão de aminoácidos é uma das causas do aparecimento
das células apoptóticas no cultivo de células animais (SIMPSON
et al., 1996, SINGH et al.,
1996, MERCILLE
et al., 1994). Nas Figuras 4.11 e 4.12 estão relacionados os aminoácidos
mais consumidos (consumo acima de 80%), para os experimentos E3-S2 e E4-rS2. No
experimento E3-S2 as primeiras células apoptóticas apareceram com 96 h de cultivo,
coincidindo com o esgotamento total de prolina no caldo de cultivo. A concentração de células
apoptóticas alcançou o seu valor máximo de 5,4% com 215,5 horas, quando os aminoácidos
serina e cisteína foram totalmente esgotados pelas células S2 (Figura 4.11). No experimento
E4-rS2 as células apoptóticas apareceram após 120 horas de cultivo. A concentração de
células apoptóticas atingiu seu máximo valor (11%) com 236 horas de cultivo, verificando-se
um consumo próximo do total dos aminoácidos prolina e serina pelas células rS2 no E4-rS2
(Figura 4.12).
Resultados e Discussão - 51 -
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Células viáveis apoptóticas
Aminoácido serina
Aminoácido prolina
Aminoácido histidina
Aminoácido leucina
Aminoácido glutamina
Tempo(h)
Concentração de aminoácido (g/L)
0
10
20
30
40
50
% de Células apoptóticas
Figura 4.11. Consumo de aminoácidos correlacionado com a porcentagem de células
S2 apoptóticas no experimento E3-S2.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Tempo (h)
Concentração de aminoácido (g/L)
Aminoácido glutamina
Aminoácido serina
Aminoácido prolina
0
10
20
30
40
50
% de Células apoptóticas
Células viáveis apoptóticas
Figura 4.12. Consumo de aminoácidos correlacionado com a porcentagem de células
rS2 apoptóticas no experimento E4-rS2.
Resultados e Discussão - 52 -
O consumo de glutamina também foi analisado em ambos os experimentos E3-S2 e
E4-rS2, uma vez que estudos realizados por MENESES-ACOSTA
et al. (2001) com as células
Sf-9 demonstram que o esgotamento da glutamina do caldo de cultivo está associado à
apoptose. Entretanto, observa-se nas Figuras 4.11 e 4.12 que a glutamina não foi totalmente
consumida nos experimentos E3-S2 e E4-rS2.
A Figura 4.13 apresenta os resultados obtidos nos experimentos E5-rS2 e E6-S2, de
consumo de glicose em relação à viabilidade celular. Como pode se observar, a queda da
viabilidade celular coincidiu com o esgotamento da glicose.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360 384
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
3,5x10
7
Tempo (h)
Concentração de células (células/mL)
E5-rS2-conc. celular
E6-S2-conc. celular
30
40
50
60
70
80
90
100
E5-rS2-Azul de Tripan
E5-rS2-Fluorescência
E6-S2-Azul de Tripan
E6-S2-Fluorescência
Viabilidade (%)
0
2
4
6
8
10
12
Concentração de glicose (g/L)
E5-rS2-conc. glicose
E6-S2-conc. glicose
Figura 4.13. Consumo de glicose durante os experimentos E5-rS2 e E6-S2 com as
células rS2 e S2, respectivamente, cultivadas em frasco Schott de 100 mL, com
meio Sf-900 II em correlação com a viabilidade e a concentração celular.
O aparecimento de células apoptóticas para ambos os experimentos com 94 h de
cultivo não está relacionado com os esgotamentos de glicose ou glutamina, uma vez que
Resultados e Discussão - 53 -
ambos os nutrientes se encontram em alta concentração no experimento E5-rS2, 9,17 g/L e
1,82 g/L respectivamente, e no experimento E6-S2, 9,02 g/L e 1,74 g/L, respectivamente,
como pode ser observado na Figura 4.14. O fato das células
de Drosophila melanogaster
apresentarem células apoptóticas com 94 horas de cultivo pode estar relacionado ao processo
de morte natural das células, uma vez que a porcentagem de células apoptóticas não
apresentou um índice muito alto durante os experimentos.
Na Figura 4.14 pode-se observar o aumento das células apoptóticas após o
esgotamento da glicose. Tal constatação foi também observada nos estudos realizados por
MENESES-ACOSTA et
al. (2001) com a linhagem de células Sf-9 em meio TNM-FH
suplementado com 10% v/v de soro fetal bovino, observando um aumento na porcentagem de
células apoptóticas, quando há esgotamento da glicose do meio de cultura.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo(h)
% células apoptóticas
E5-rS2 Células apóptoticas
E6-S2 Células apóptoticas
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Concentração (g/L)
E5-rS2- conc. glicose
E5-rS2- conc. glutamina
E6-S2- conc. glutamina
E6-S2- conc. glicose
Figura 4.14. Consumo de glicose e glutamina durante os experimentos E5-rS2 e E6-
S2 das células rS2 e S2, respectivamente, cultivadas em frasco Schott de 100
mL com meio Sf-900 II correlacionado com a porcentagem de células
apoptóticas no cultivo das células rS2 e S2.
Resultados e Discussão - 54 -
4.3. Análise da influência do inóculo no crescimento das células S2 e rS2
Os fatores principais que asseguram crescimento adequado em um determinado meio
de cultura dependem do estado quantitativo e qualitativo do inóculo usado. Pode-se esperar
que a fase de crescimento das células no inóculo, assim como a concentração celular possa
influenciar significativamente o crescimento celular da nova cultura (KIOUKIA
et al., 1995).
A exigência de uma concentração mínima de célula no inóculo pode ser explicada, por
exemplo, pela existência de metabolitos que promovem o crescimento junto com o inóculo
(TATICEK
et al., 2001).
Desta maneira foram realizados ensaios para verificar a influência da idade (I
ino
,) e
concentração do inóculo (C
ino
) no crescimento das células rS2. As curvas de crescimento
obtidas para experimentos estão apresentadas na Figura 4.15. As viabilidades de todos os
experimentos os ficaram entre 90 e 100%. Levando em conta a duração da fase lag, os
experimentos 3 e 4 (C
ino
= 2,5 x 10
5
células/mL e I
ino
= 96 h; C
ino
= 2,5 x 10
5
células/mL e I
ino
= 48 h, respectivamente) ambos com 2,5 x 10
5
células/mL no inóculo apresentaram uma
tendência em apresentar uma fase lag maior. A idade do inóculo parece não ter nenhum efeito
na duração de fase lag. Esta tendência da fase lag mais prolongada para o inóculo de 2,5 x 10
5
células/mL está de acordo com outros estudos da literatura que recomendam inocular células
de inseto em densidades de pelo menos 5,0 x 10
5
células/mL para evitar atrasos significativos
no crescimento (CLEM, 1992; MILLER
et al., 1986; SUMMERS & SMITH, 1987).
TATICEK
et al. (2001) cultivando células de Sf-21 em meio Ex-CELL 400-SFM em frasco
spinner mostraram que uma concentração de inóculo abaixo de 3,0 x 10
5
células/mL resultou
em uma fase lag prolongada.
As culturas que alcançaram maiores concentrações de células e produtividade foram
às iniciadas com uma concentração de inóculo de 7,5 x 10
5
células/mL e idade 48 horas. Na
Resultados e Discussão - 55 -
Figura 4.15 e Tabela 4.1 pode ser visto que para inóculo de baixa idade, a cultura teve
características de crescimento semelhantes, não sendo este influenciado pela concentração de
inóculo. Por outro lado, aumentando da idade do inóculo, as células estavam limitadas pela
alta concentração inicial de células. Esta situação pode ser explicada pelo fato de que em
inóculo novo (48 horas), as células estavam possivelmente na fase inicial ou média de
crescimento exponencial. Com uma idade de inóculo de 96 horas, as células estavam perto do
fim da fase exponencial, sendo mais sensível a altas concentrações de células.
TATICEK
et al. (2001) estudando a cultura de células Sf-21 em meio Ex-CELL 400
SFM em frascos spinner a 150 rpm, observaram que a concentração de inóculo de 5,0 x 10
5
células/mL foi a que rendeu valores maiores na velocidade específica de crescimento,
concentração de célula máxima e produtividade de célula. No mesmo estudo, utilizando
células Tn 5B-1-4, a maior velocidade específica máxima de crescimento foi obtida com um
inóculo de cerca de 2,4 x 10
5
células/mL, enquanto a produtividade máxima em célula ocorreu
com aproximadamente 5,0 x 10
5
células/mL. KIOUKIA et al. (1995) trabalhando com a
linhagem de inseto Sf-9 demonstram que para o inóculo proveniente da fase estacionária, a
velocidade específica de crescimento foi insatisfatória em relação ao inóculo derivado da fase
inicial e final da exponencial. Quando o efeito da concentração do inóculo foi examinado, os
resultados obtidos mostraram que, baixas concentrações de inóculo, resultaram em períodos
maiores da fase lag em relação ao inóculo com alta concentração de células.
Resultados e Discussão - 56 -
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288
0,0
2,0x10
6
4,0x10
6
6,0x10
6
8,0x10
6
1,0x10
7
1,2x10
7
1,4x10
7
E1 - C
ino
=7,5x10
5
células/mL I
ino
=48h
E2 - C
ino
=7,5x10
5
células/mL I
ino
=96h
E3 - C
ino
=2,5x10
5
células/mL I
ino
=48h
E4 - C
ino
=2,5x10
5
células/mL I
ino
=96h
E5 - C
ino
=5,0x10
5
células/mL I
ino
=72h
E6 - C
ino
=5,0x10
5
células/mL I
ino
=72h
Tempo(h)
Concentração celular(células/mL)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Viabilidade(%)
Figura 4.15. Resultados do crescimento das células rS2 em experimentos realizados
com diferentes concentrações de inóculo (C
ino
) e idades inóculo (I
ino
) em frasco
Schott de 100 mL, agitação 100 rpm e meio Sf-900 II.
Tabela 4.1. Resultados dos experimentos de cultivo com as células rS2 em meio de
cultivo Sf-900 II variando a concentração e idade do inóculo.
Experimento Descrição
µ
max
(h
-1
)
C
max
(células/mL)
Produtividade
máxima em
células, P
máx
(células/mL.h)
E1 C
ino
= 7,5 x 10
5
, I
ino
= 48 0,0485 1,35 x 10
7
1,44 x 10
5
E2 C
ino
= 7,5 x 10
5
, I
ino
= 96 0,0341 1,19 x1 0
7
1,03 x 10
5
E3 C
ino
= 2,5 x 10
5
, I
ino
= 48 0,0418 1,22 x 10
7
1,02 x 10
5
E4 C
ino
= 2,5 x 10
5
, I
ino
= 96 0,0490 1,15 x 10
7
1,13 x 10
5
E5 C
ino
= 5,0 x 10
5
, I
ino
= 72 0,0347 1,33 x 10
7
1,16 x 10
5
E6 C
ino
= 5,0 x 10
5
, I
ino
= 72 0,0380 1,05 x 10
7
9,91 x 10
4
Resultados e Discussão - 57 -
4.4. Análise do planejamento fatorial
A influência da concentração do inóculo e idade do inóculo como variáveis
independentes foi analisada com relação à velocidade específica máxima de crescimento
(
µ
max
), concentração máxima de células (C
max
) e máxima produtividade em células (P
max
)
estabelecendo um planejamento fatorial 2
2
com dois pontos centrais.
Fazendo uma análise estatística dos valores obtidos para
µ
max
e C
max
utilizando o
Software Stastic 5.0, como pode ser visto nas Figuras 4.16 A e B, o efeito do inóculo segundo
a classificação das variáveis concentração e idade do inóculo, a interação destas duas variáveis
não teve resultado expressivo em
µ
max
e em C
max
. Na Figura 4.16 C, pode ser visto que a
variável idade do inóculo teve um efeito significativo na produtividade máxima em células.
A variável idade do inóculo (I
ino
) não tem nenhum efeito significativo na velocidade
específica máxima de crescimento e na concentração máxima de células. DOVERSKOG
et al.
(2000) mostraram que a variação da concentração do inóculo de 3,0 a 10,0 x 10
5
células/mL
na cultura das células Sf-9 em meio Sf-900 II não teve nenhum efeito na avaliação do
µ
max
Resultados e Discussão - 58 -
-,605156
-,689205
-1,81547
p=,05
I
ino
C
ino
C
ino
e I
ino
0,0
0,5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
A)
Estimativa do efeito
Velocidade específica máxima de crescimento (
µ
máx
)
.
-,314007
,5931235
-,802461
p=,05
C
ino
e I
ino
C
ino
I
ino
-0,5
0,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
B)
Estimativa do efeito - Concentração máxima de células (C
máx
)
,8899712
3,610149
-4,69822
p=,05
C
ino
e I
ino
C
ino
I
ino
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
C)
Estimativa do efeito -Produtividade de célula, P
max
.
Figuras 4.16. Efeitos padronizados dos experimentos do planejamento fatorial de 2
2
considerando a resposta das variáveis: (A) Velocidade específica máxima de
crescimento (
µ
max
);
B) Concentração máxima de células (C
max
) e C)
Produtividade de célula (P
max
).
Resultados e Discussão - 59 -
4.5. Análise da oxigenação do meio no crescimento celular
Os resultados dos experimentos realizados para avaliar o consumo de nutrientes
(aminoácidos e glicose) demonstraram que as curvas de crescimento das células S2 e rS2
entram na fase de desaceleração de crescimento com altos níveis de nutrientes solúveis no
meio de cultivo Sf-900 II. O fato de o crescimento celular desacelerar pode estar relacionado à
escassez de oxigênio no meio de cultivo celular, pois uma concentração de oxigênio dissolvido
não limitante pode ser decisiva para um ótimo crescimento e produção da proteína.
4.5.1. Transferência de oxigênio no frasco Schott
Esse ensaio teve como objetivo determinar o coeficiente volumétrico de transferência
de oxigênio (
k
L
a) no frasco Schott de 250 mL com volume de trabalho de 50 mL de líquido
(água e o meio Sf-900 II) , em condições de cultivo 100 rpm e temperatura de 28°C.
Para determinação do
k
L
a foi utilizado o frasco Schott com a tampa modificada como
descrito no item 3.1.5.4 (Figura 3.1) e o método dinâmico (item 3.6.2). A alimentação de ar no
espaço gasoso do frasco Schott foi realizada através de bomba peristáltica (Ismatec, modelo
BVP) possibilitando trabalhar com várias vazões de ar. A Figura 4.17 mostra a variação do
oxigênio dissolvido com diversas vazões de ar.
Resultados e Discussão - 60 -
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0
20
40
60
80
100
água (1VVM)
água (2VVM)
água (3VVM)
meio SF900II-SFM (1VVM)
C
O
2
(%)
Tempo(mim)
Figura 4.17. Variação da concentração do oxigênio dissolvido em frasco Schott de 250
mL com volume de trabalho de 50 mL, durante a utilização do método
dinâmico oxigenando água a: a) 1 vvm, b) 2 vvm, c) 3 vvm e o meio Sf-900 II
a: 1 vvm.
Na Tabela 4.2 estão apresentados os valores obtidos de
k
L
a para o sistema composto
por água e para o composto por meio Sf-900 ІІ. Podemos verificar que as diferenças entre os
valores de
k
L
a não se apresentaram muito significativas, mesmo sabendo que no meio de
cultivo estão incorporados nutrientes que poderiam dificultar a transferência de oxigênio.
Tabela 4.2. Valores de
k
L
a, para diversas vazões de ar no espaço gasoso de um frasco
Schott de 250 mL.
Líquido Vazão de ar (vvm)
k
L
a (s
-
1
)
Água 3
1,72 x 10
-3
Água 2
1,08 x 10
-3
Água 1
7,73 x 10
-4
Meio Sf-900 ІІ 1
7,38 x 10
-4
Resultados e Discussão - 61 -
4.5.2. Características de respiração das células S2 e rS2
Para os estudos das características da respiração das células S2 e rS2 foram realizados
experimentos cujas características estão apresentadas na Tabela 4.3.
Todos os experimentos foram realizados em frasco Schott de 250 mL com volume de
trabalho de 50 mL de meio Sf-900 II com uma agitação de 100 rpm a temperatura de 28°C.
Tabela 4.3. Características dos experimentos realizados para monitoramento da
concentração do oxigênio dissolvido no meio de cultivo em frasco Schott de
250mL.
Ensaio Células Características
E7 rS2 Meio inicialmente com 100% de oxigênio dissolvido, com vazão de ar
1vvm para oxigenação superficial.
E8 S2 Meio inicialmente com 100% de oxigênio dissolvido, com vazão de ar
1vvm para oxigenação superficial.
E9 S2 Meio inicialmente com 100% de oxigênio dissolvido, após a inoculação
foi bombeada em conjunto uma vazão de ar de 0,95 vvm e 0,05 vvm de
oxigênio puro. Etapas realizadas durante o experimento: A) diminuição
na vazão de oxigênio puro na entrada de 0,05 para 0,04 vvm B)
fechamento da entrada do oxigênio puro e diminuição na vazão de ar
para 0,5 vvm C) diminuição na vazão de ar para 0,25 vvm D)
fechamento da alimentação de ar pela bomba.
E10 rS2 Sem oxigenação superficial
Na Figura 4.18 pode se observar às curvas de crescimento e viabilidade celulares dos
ensaios E7-rS2, E8-S2, E9-S2 e E10-rS2. A viabilidade celular nos experimentos manteve-se
entre 99 e 97% durante 187 horas de cultivo, independentemente das características dos
experimentos como definidas na Tabela 4.3. Como se pode ser observar na Figura 4.18, a
queda da viabilidade celular ocorre após 187 horas de cultivo no ensaio E7-S2. Este fato está
relacionado ao esgotamento da glicose do caldo de cultivo como se observa na Figura 4.19.
Resultados e Discussão - 62 -
Para os experimentos E8-S2 e E9-rS2 observa-se o mesmo comportamento em relação à queda
da viabilidade celular ocorrendo após o esgotamento total da glicose (Figura 4.18 e Figura
4.19).
Os consumos de glicose e glutamina para ambos os experimentos E7-rS2, E8-S2 e
E9-S2 tiveram os mesmo comportamentos já observados nos experimentos E5-rS2 e E6-S2 no
item 4.2 (Figura 4.19 e 4.20).
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
3,5x10
7
4,0x10
7
4,5x10
7
Tempo (h)
Concentração celular (células/mL)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
E10-rS2 ("Sem entrada de Ar")
Viabilidade (%)
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
Figura 4.18. Resultados do crescimento e das viabilidades celular das células S2 e rS2
nos experimentos realizados com vazão de ar 1 vvm para oxigenação
superficial do frasco Schott de 250 mL, com agitação orbital de 100 rpm e
temperatura de 28°C.
Resultados e Discussão - 63 -
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Tempo(h)
Concentração de glicose(g/L)
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
E10-rS2 ("Sem entrada de Ar")
Figura 4.19. Consumo de glicose nos cultivos das células S2 e rS2, com vazão de ar
de 1 vvm para oxigenação superficial do frasco Schott de 250 mL, com
agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
Concentração de glutamina (g/L)
Tempo (h)
Figura 4.20. Consumo de glutamina nos cultivos das células S2 e rS2 com vazão de
ar de 1 vvm para oxigenação superficial do frasco Schott de 250 mL, com
agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
Resultados e Discussão - 64 -
Nos experimentos E7-rS2 e E8-S2, os inícios das desacelerações dos crescimentos
coincidem com o nível muito baixo de oxigênio no caldo de cultivo. No experimento E7-rS2 a
concentração de oxigênio dissolvido atinge 6% da saturação (0,013 mmol/L), enquanto que no
experimento E8-S2 atinge 2% da saturação (0,004 mmol/L) (Figura 4.21). Estudos de
GOTOH
et al. (2004) realizados com linhagem de células Sf-9 demonstram que a
concentração crítica de oxigênio dissolvido está em torno de 2,5% no meio de cultivo.
Entretanto os experimentos E7-rS2 e E8-S2 onde o oxigênio aparentemente foi o fator
limitante para crescimento celular, a viabilidade manteve-se alta, entre 99 e 95%, somente
ocorrendo queda da viabilidade após 194 horas para o experimento E7-rS2 e 186,5 horas para
o experimento E8-S2 devido ao esgotamento da glicose no meio de cultivo (Figura 4.21, 4.18
e 4.19). Esta alta tolerância à falta de oxigênio nas células S2 e rS2 pode estar relacionada com
a resistência da
Drosophila melanogaster a anoxia. Os mecanismos de tolerância desse inseto
à escassez de oxigênio ainda não estão bem definidos. Estudo recente tem demonstrado que na
fase embrionária, a
Drosophila melanogaster tem um mecanismo natural de proteção das
células diante do estresse causado por anoxia (CHEN
et al., 2002; CHEN et al., 2003).
Entretanto, RHEIL & MURHAMMER (1995) demonstraram que anoxia (falta de
oxigênio) em qualquer momento do cultivo das células Sf-9 influencia o crescimento celular.
Este fato causa a desaceleração do crescimento e a diferenças no
µ
max
e na concentração
xima de células como demonstrado na Tabela 4.4 e Figura 4.21.
Resultados e Discussão - 65 -
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
2,5x10
-1
Oxigênio Dissolvido
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
C
O
2
(mmol/L)
Tempo (h)
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
Concentração celular (células/mL)
Concentração celular
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2
(
OD
inicial
=100%
)
Figura 4.21. Curvas de crescimento celular e variação de oxigênio dissolvido nos
experimentos E7-rS2 e E8-S2 com as células rS2 e S2, com vazão de ar de 1
vvm para oxigenação superficial do frasco Schott de 250 mL, agitação orbital
de 100 rpm e temperatura de 28°C.
No entanto o excesso de oxigênio dissolvido (hiperoxia) no início do experimento
E9-S2 também afetou o crescimento celular como pode ser observado na Figura 4.22. Devido
ao efeito negativo da alta concentração de oxigênio dissolvido no meio de cultivo na célula S2
como pode se observar na Figura 4.23.(A), optou-se em fazer a oxigenação superficial em
etapas como descrito na Tabela 4.3. O fato de diminuir o fornecimento de ar enriquecido de
oxigênio fez com que as células crescessem até 232 horas atingindo uma concentração de 1,86
x 10
7
células/mL. Na observação no microscópio com o método de fluorescência foi verificado
que as características externas das células foram afetadas no início do experimento quando o
meio estava com uma concentração de oxigênio dissolvido de 120% ao ser comparado com
experimento em que o meio não foi oxigenado (E10-rS2, Figura 4.23.(B)). A recuperação das
Resultados e Discussão - 66 -
células ocorreu somente após 70 horas, depois da interrupção da entrada de ar enriquecido
com oxigênio (Figura 4.23.(C)).
A exposição à hiperoxia causou um efeito negativo muito forte no crescimento
celular como está demonstrado na Tabela 4.4. Estudos recentes realizados por HETZ &
BRADLEY (2005) demonstram a existência de mecanismos que regulam a concentração de
oxigênio no tecido da mosca
Drosophila melanogaster, pois a concentração de oxigênio em
condições atmosféricas normais tem efeito tóxico para este inseto, este fato pode estar
relacionado com o decréscimo acentuado da velocidade específica de respiração celular no
início dos experimentos onde há uma concentração de oxigênio acima de 60% de oxigênio
dissolvido.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
2,5x10
-1
3,0x10
-1
Concentração celular (células/mL)
Oxigênio Dissolvido
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
C
O
2
(mmol/L)
Tempo (h)
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
3,0x10
7
Concentração Celular
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
Figura 4.22. Curva de crescimento celular e variação de oxigênio dissolvido no
experimento E9-S2 com as células S2 no frasco Schott de 250 mL, com
agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
Resultados e Discussão - 67 -
Tabela 4.4. Resultados obtidos nos experimentos utilizando as células S2 e rS2
realizados com vazão de ar 1 vvm para oxigenação superficial do frasco Schott
de 250 mL, em relação à
µ
max
e concentração máxima de células.
Ensaios Células
µ
max
(h
-1
)
Concentração máxima de células
(células/mL)
E7 rS2 0,0534 1,65 x1 0
7
E8 S2 0,0431 2,59 x 10
7
E9 S2 0,0337 1,86 x 10
7
E10 rS2 0,0323 1,06 x 10
7
48h 48h
118h
118h
A
)
B
)
C
)
D
)
E9-S2
E9-S2
E10-rS2
E10-rS2
Figura 4.23. Estado morfológico das células S2 no E9-S2 em cultivo com excesso de
oxigênio (120%) inicial: A) 48 h e C) 118 h e cultivo sem oxigenação no E4-
rS2: B) 48 h e D) 118 h de cultivo.
Na Figura 4.24 observa-se o decréscimo da velocidade específica de respiração
celular (
Q
o2
) das células S2 e rS2 durante a fase de crescimento exponencial. No experimento
E7-rS2 o decréscimo da velocidade específica de respiração celular (
Q
o2
) das células rS2 foi
de 6,08 x 10
-9
para 1,22 x 10
-10
mmol/célula.h. O decréscimo da velocidade específica da
respiração celular (
Q
o2
) das células S2 no experimento E8-S2 foi de 4,82 x 10
-9
para 1,17 x 10
-
10
mmol/célula.h e para o experimento E9-S2 foi de 7,69 x1 0
-9
para 1,22 x 10
-10
Resultados e Discussão - 68 -
mmol/célula.h. Estudos realizados por RHIEL
et al. (1997) com as células High Five
TM
(Tn-5)
e Sf-9 ambas cultivadas em meio Sf-900 II com o oxigênio dissolvido controlado a 50% da
saturação do ar, identificaram aproximadamente o mesmo formato no perfil da velocidade
específica de respiração celular na fase de crescimento exponencial. Os pesquisadores
verificaram um decréscimo da velocidade específica de respiração celular (
Q
o2
) na fase de
crescimento exponencial para a as células High Five
TM
(Tn-5) de aproximadamente 5,40 x 10
-9
para 2,88 x 10
-9
mmol/célula.h (Figura 4.25). Para as células Sf-9 o decréscimo da velocidade
específica de respiração celular (
Q
O2
) na fase de crescimento exponencial foi
aproximadamente de 1,8 x 10
-9
para 0,72 x 10
-9
mmol/célula.h (Figura 4.25).
Entretanto, podemos notar que este decréscimo da velocidade específica de respiração
celular (
Q
O2
) na fase de crescimento exponencial foi mais acentuado para as células S2 e rS2
em relação às células High Five
TM
(Tn-5) e Sf-9.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288
0,0
1,0x10
-9
2,0x10
-9
3,0x10
-9
4,0x10
-9
5,0x10
-9
6,0x10
-9
7,0x10
-9
8,0x10
-9
E7-rS2 (OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
Q
O2
(mmol/célula.h)
Tempo(h)
Figura 4.24. Variação de
Q
O2
nos experimentos E7-rS2, E8-S2 e E9-S2 com as
células S2 e rS2 utilizando vazão de ar de 1 vvm para oxigenação superficial do
frasco Schott de 250 mL, agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28° C.
Resultados e Discussão - 69 -
0 50 100 150 200 250 300
0,0
1,0x10
-9
2,0x10
-9
3,0x10
-9
4,0x10
-9
5,0x10
-9
6,0x10
-9
7,0x10
-9
Concentração de célula viável (células/mL)
Respiração celular (Q
O2
)
Tn-5 em Sf900 II
Sf-9 em Sf900 II
Q
O2
(mmol/célula.h)
Tempo(h)
10
5
10
6
10
7
Concentração de célula viável
Tn-5 em Sf900 II
Sf-9 em Sf900 II
Figura 4.25. Variação de
Q
O2
e crescimento celular das células High Five
TM
(Tn-5) e
Sf-9, ambas as células cultivadas em meio Sf-900 II, biorreator Applikon, com
volume de trabalho de 1,4 L em função do tempo de cultivo celular. Gráfico
adaptado dos estudos realizados por RHIEL
et al. (1997).
Geralmente o oxigênio dissolvido no meio de cultivo é dependente da velocidade
específica de consumo de oxigênio. Esta é descrita em estudos realizados com as células Sf-9
como sendo do tipo Monod (Equação 4.1) (GOTOH
et al., 2002; GOTOH et al., 2004),
mostrada a seguir:
2
2max2
2
OS
OO
O
CK
CQ
Q
+
×
=
(4.1)
onde,
Q
O2max
é velocidade específica máxima de consumo de oxigênio e K
S
é a constante de
saturação.
Contudo, pode-se observar na Figura 4.26 que experimento E7-rS2 e E8-S2 não
apresentam o perfil descrito pelo modelo do tipo Monod em relação à velocidade específica de
respiração celular (
Q
O2
). O ensaio E9-S2 mesmo sendo mais oxigenado não apresentou um
perfil do tipo Monod.
Resultados e Discussão - 70 -
Nos experimentos E7-rS2 e E8-S2 os perfis da velocidade específica de respiração
celular (
Q
O2
) apresentaram uma queda acentuada até próximo de 60% (0,132 mmol/L) de
oxigênio dissolvido e uma faixa aproximadamente constante, 60% (0,132 mmol/L) e 20%
(0,044 mmol/L) de oxigênio dissolvido isto pode ser observado na Figura 4.26. O resultado do
experimento E9-S2 demonstra que o perfil da velocidade específica de respiração celular
(
Q
O2
) é aproximadamente constante após o crescimento exponencial celular, independente da
faixa de oxigênio dissolvido registrada no caldo do cultivo neste experimento (E9-S2).
Os resultados obtidos nos experimentos E7-rS2, E8-S2 e E9-S2 demonstram que um
estudo mais minucioso da velocidade específica de respiração celular (
Q
O2
) deve ser realizado
em um sistema onde se permita um controle mais rigoroso do oxigênio dissolvido no caldo de
cultivo para podermos obter um modelo da velocidade específica de respiração celular (
Q
O2
)
em função da concentração de oxigênio dissolvido.
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
2,5x10
-1
3,0x10
-1
0,0
1,0x10
-9
2,0x10
-9
3,0x10
-9
4,0x10
-9
5,0x10
-9
6,0x10
-9
7,0x10
-9
8,0x10
-9
E7-rS2(OD
inicial
=100%)
E8-S2 (OD
inicial
=100%)
E9-S2 (OD
inicial
=120%)
Q
O2
(mmol/célula.h)
C
O
2
(mmol/L)
Figura 4.26. Variação de
Q
O2
com a concentração de oxigênio dissolvido (C
O2
) das
células S2 e rS2 nos experimentos E7-rS2, E8-S2 e E9-S2 com vazão de ar de 1
vvm para oxigenação superficial no frasco Schott de 250 mL, meio Sf-900 II,
com agitação orbital de 100 rpm e temperatura de 28°C.
Resultados e Discussão - 71 -
4.5.3. Estudo da velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) das células
rS2 em Schott de 100 mL
Com intuito de estudar mais a fundo as características de respiração da célula rS2
foram realizados experimentos adicionais em frasco Schott com oxigenação superficial. No
entanto, não foi mais possível à utilização do eletrodo galvânico para as medidas do oxigênio
dissolvido, devido à quebra do mesmo. Então se optou por um eletrodo polarográfico,
contudo, não foi possível realizar os experimentos no frasco Schott de 250 mL em razão do
comprimento do eletrodo polarográfico ser menor que do eletrodo galvânico. Como as tampas
dos frascos Schott são padronizadas independente do volume (100 mL, 250 mL, 500 mL e
1000 mL), fez-se uso nos novos experimentos do frasco Schott de 100 mL com volume de
trabalho 20 mL de meio Sf-900 II, a temperatura de 28°C no cultivo de células rS2. As
principais características dos experimentos realizados estão apresentadas na Tabela 4.5.
Tabela 4.5. Características dos experimentos adicionais com a célula rS2 utilizando
frasco Schott de 100 mL, com volume de trabalho de 20 mL, meio Sf-900 II,
temperatura de 28°C e oxigenação superficial.
Experimentos Características Objetivos
E11-rS2 Vazão de ar 1 vvm,
agitação orbital de
100rpm, com eletrodo.
Monitorar oxigênio dissolvido,
velocidade específica de respiração
celular (
Q
O2
) e influência do eletrodo no
cultivo.
E12-rS2 Sem eletrodo, agitação
orbital de 100 rpm e sem
oxigenação superficial.
Avaliar a influência da agitação no
crescimento celular.
E13-rS2
Sem eletrodo, agitação
orbital de 90 rpm e sem
oxigenação superficial.
Avaliar a influência da agitação no Q
O2
e
no crescimento celular.
E14-rS2
Sem eletrodo, agitação
orbital de 120 rpm e sem
oxigenação superficial.
Avaliar a influência da agitação no Q
O2
e
no crescimento celular.
Resultados e Discussão - 72 -
Inicialmente foram realizados experimentos com o intuito de analisar a velocidade
específica de respiração celular das células rS2 cultivadas no frasco Schott de 100 mL. No
entanto, os experimentos apresentaram um baixo crescimento celular no início, então se optou
por interromper os cultivos. A primeira hipótese era que o inóculo provinha de um frasco
Schott em estoque com 18 passagens, com isso às células estariam perdendo a sua capacidade
de crescimento. A segunda hipótese foi que a presença do eletrodo estaria influenciando o
crescimento celular, pois houve uma diminuição no volume de trabalho de 50 mL para 20 mL
e no diâmetro interno do frasco Schott, aproximadamente passou de 5,9 para 4,5 cm, no
entanto, se manteve o diâmetro do eletrodo, isto poderia estar causando cisalhamento em
níveis prejudiciais as células.
Diante destas hipóteses optou-se em descongelar um novo criotubo de células rS2,
para que não houvesse problema com o número de passagens e realizar experimentos com o
objetivo de avaliar a influência do eletrodo e da agitação no crescimento celular.
Pode se notar na Figura 4.27 os resultados obtidos no experimento E11-rS2, cujo
inóculo foi realizado com células provindas de um frasco Schott estoque de uma passagem. A
Figura 4.27 demonstra que a concentração de oxigênio dissolvido para os experimentos E11-
rS2 manteve se em níveis altos, entre 0,18 mmol/L (82%) a 0,04 mmol/L (20%) durante a fase
de crescimento exponencial. Assim sendo, a concentração de oxigênio dissolvido não foi um
fator que poderia estar limitando o crescimento das células.
A curva da velocidade específica de respiração celular (
Q
O2
) em relação ao tempo de
cultivo (Figura 4.27) e em relação à concentração de oxigênio dissolvido no meio de cultivo
(Figura 4.28) apresentaram formatos semelhantes à queda do experimento anterior realizado
no frasco Schott de 250 mL com eletrodo galvânico (Figura 4.24 e 4.26). Entretanto, a ordem
de grandeza da velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) foi 15 vezes menor em
Resultados e Discussão - 73 -
relação ao experimento (E7-rS2) realizado no frasco Schott de 250 mL. Comparando o
experimento E11-rS2 com o experimento E7-rS2 do item anterior (Figura 4.24), percebe-se
que após 2 horas do início do cultivo o experimento E11-rS2 apresentou uma velocidade
específica de respiração celular (
Q
O2
) aproximadamente igual a 3,85 x 10
-10
mmol/célula.h e o
experimento E7-rS2 realizado no frasco Schott de 250 mL apresentou uma velocidade
específica de respiração celular (
Q
O2
) aproximadamente igual a 6,08 x 10
-9
mmol/célula.h.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
2,5x10
7
C
O
2
(mmol/L)
Concentração e Viabilidade celular
Concentração celular
Concentração celular (células/mL)
Tempo (h)
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
2,5x10
-1
Oxigênio Dissolvido e Q
O2
Concentração de oxigênio dissolvido
50
60
70
80
90
100
Viabilidade celular
Viabilidade (%)
0,0
5,0x10
-11
1,0x10
-10
1,5x10
-10
2,0x10
-10
2,5x10
-10
3,0x10
-10
3,5x10
-10
4,0x10
-10
Q
O2
Q
O2
(mmol/célula.h)
Figura 4.27. Resultados do experimento E11-rS2, com vazão de ar de 1 vvm para
oxigenação superficial do frasco Schott de 100 mL, com volume de trabalho de
20 mL, meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e agitação orbital de 100 rpm.
Resultados e Discussão - 74 -
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
0,0
1,0x10
-10
2,0x10
-10
3,0x10
-10
4,0x10
-10
Q
O2
(mmol/célula.h)
C
O
2
(mmol/L)
Figura 4.28. Variação
Q
O2
com a concentração de oxigênio dissolvido (C
O2
) das
células rS2 no experimento E11-rS2, com vazão de ar de 1 vvm para
oxigenação superficial do frasco Schott de 100 mL, com volume de trabalho de
20 mL, meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e agitação orbital de 100 rpm.
Estudos realizados por SWIECH (2005) com a linhagem recombinante das células de
Drosophila melanogaster Schneider S2 utilizando um biorreator Applikon com volume de
trabalho de 0,75 L, cultivadas em meio Sf-900 II com oxigênio dissolvido variando de 58 a
50% da saturação do ar na fase exponencial e com agitação crescente, demonstram que a
viabilidade celular não foi afetada com o aumento da agitação (Figura 4.29). No entanto, como
o volume de trabalho no biorreator é de 15 e 37,5 vezes maior que nos frascos Schott de 250
mL e 100 mL respectivamente, a interferência do eletrodo na velocidade específica de
respiração celular foi menor que nos frascos Schott, com isso a velocidade específica de
respiração celular inicial foi muito superior às obtidas nos frascos Schott (Figura 4.30). Por
outro lado, apresentou o mesmo formato de decréscimo da velocidade específica de respiração
celular durante a fase de crescimento exponencial (Figura 4.30). Na Tabela 4.6 estão
representados os valores de velocidades específicas de respiração celular e velocidades
Resultados e Discussão - 75 -
específicas máximas de crescimento celular referentes aos experimentos E11-rS2, E7-rS2 e o
trabalho de SWIECH (2005).
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
0,0
5,0x10
6
1,0x10
7
1,5x10
7
2,0x10
7
Viabilidade (%)
Concentração celular (célula/mL)
Tempo (h)
Concentração
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
pH
pH
100
110
120
130
140
150
160
Agitação (rpm)
rpm
0
20
40
60
80
100
Viabilidade
Figura 4.29. Variação de pH, agitação, viabilidade e crescimento celular das células
rS2 cultivadas em meio Sf-900 II no biorreator Applikon, com volume de
trabalho de 0,75 L em função do tempo de cultivo celular. Gráfico adaptado dos
estudos realizados por SWIECH (2005).
Tabela 4.6. Valores de
Q
O2
no início e final da fase de crescimento exponencial das
células rS2 na presença de eletrodo de oxigênio dissolvido para diferentes
volumes de trabalho.
Experimento
Volume de
trabalho (mL)
Q
O2
inicial
(mmol/célula.h)
Q
O2
final
(mmol/célula.h)
µ
max
(h
-1
)
E7-rS2(*) 50 6,08 x 10
-9
0,122 x 10
-9
0,053
E11-rS2(**) 20 0,39 x 10
-9
0,043 x 10
-9
0,032
SWIECH (2005) 750 22,9 x 10
-9
4,71 x 10
-9
0,051
(*) com eletrodo galvânico.
(**) com eletrodo polarográfico.
Resultados e Discussão - 76 -
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312
0,0
5,0x10
-9
1,0x10
-8
1,5x10
-8
2,0x10
-8
2,5x10
-8
Exp. realizado por SWIECH (2005)
E11-rS2
E7-rS2
Q
O2
(mmol/célula.h)
Tempo (h)
0,0
5,0x10
-2
1,0x10
-1
1,5x10
-1
2,0x10
-1
2,5x10
-1
Exp. realizado por SWIECH (2005)
E11-rS2
E7-rS2
C
O
2
(mmol/L)
Figura 4.30. Variação de
Q
O2
das células rS2 e oxigênio dissolvido em função do
tempo no experimento realizado por SWIECH (2005) e o experimento E11-rS2
e E7-rS2.
Como os resultados iniciais dos experimentos não foram satisfatórios e havendo a
hipótese da interferência do eletrodo no crescimento celular, optou-se em realizar
paralelamente experimentos com diferentes agitações como demonstrado na Tabela 4.5 com
objetivo de avaliar o estresse por cisalhamento das células rS2 durante o cultivo.
Neste conjunto de experimentos com diferentes agitações, realizados paralelamente
com experimento E11-rS2, pode-se observar (Figura 4.31) que durante a fase exponencial a
viabilidade celular se manteve alta, entre 95 e 99% independente da agitação utilizada. Para o
Resultados e Discussão - 77 -
experimento E13-rS2 na qual agitação foi de 90 rpm observa-se na Figura 4.31 e Tabela 4.6
que a velocidade específica máxima de crescimento celular (
µ
máx
) e a concentração máxima de
células foram inferiores aos demais experimentos. Segundo estudos realizados por CRUZ
et
al.
(1998) com as células Sf-9, cultivadas em frasco Wheaton com volume de trabalho de 125
mL, meio Sf-900 II e uma agitação orbital de 80 a 250 rpm. O fato das células apresentarem
uma baixa velocidade específica máxima de crescimento celular para baixa agitação (80 rpm)
pode ser atribuído à baixa transferência de oxigênio e alta concentração de gás carbônico no
meio de cultivo. No entanto, o experimento (E13-rS2) manteve-se com a viabilidade alta, entre
95 e 99%, durante 408 horas (17dias) de cultivo. Como a velocidade específica máxima de
crescimento celular foi baixa em relação aos outros experimentos (E11-rS2, E12-rS2 e E14-
rS2) provavelmente o experimento E13-rS2 deve ter atingido a fase estacionária com um nível
de concentração de nutrientes solúveis ainda altos no meio de cultivo, assim permitindo a
longa duração do experimento E13-rS2.
No experimento E14-rS2 com agitação orbital de 120 rpm observa-se na Figura 4.31
e Tabela 4.6 que a velocidade específica máxima de crescimento celular foi superior aos
demais experimentos realizados paralelamente, este fato deve estar relacionado a uma melhor
transferência de oxigênio para o meio de cultivo devido à agitação (120 rpm). A viabilidade
celular monitorada pelo método de exclusão de corante azul de Tripan não apresentou nenhum
indicativo de que as células estariam sofrendo algum tipo estresse por cisalhamento, também
não foi observado no microscópio fragmento de células no caldo de cultivo que seria um
indicativo de cisalhamento ou lise de células. Entretanto, pode-se observar na Figura 4.31 uma
menor duração com 308 horas (12,8 dias), provavelmente devido ao esgotamento de algum
nutriente importante (glicose) do meio de cultivo.
Resultados e Discussão - 78 -
Nos experimentos E11-rS2 (com eletrodo) e E12-rS2 (sem eletrodo) observa-se que
as velocidades específicas de crescimento celular foram praticamente iguais (Tabela 4.7). No
entanto, as concentrações máximas de células foram diferentes, logo se observa uma menor
duração do cultivo E11-rS2 (289 horas) em relação aos demais experimentos. Este fato deve
estar relacionado ao esgotamento de nutriente (glicose) no meio de cultivo, pois não foi
observada uma queda na viabilidade ou fragmentos de células que pudesse indicar
cisalhamento devido à presença do eletrodo.
O experimento E12-rS2 apresenta o mesmo crescimento celular do experimento E10-
rS2 realizado (Figura 4.18 e Tabela 4.4) no frasco Schott de 250 mL com agitação de 100 rpm.
Indicando provavelmente assim, uma limitação por uma baixa concentração de oxigênio
dissolvido no meio de cultivo no final da fase exponencial.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
0,00
2,50x10
6
5,00x10
6
7,50x10
6
1,00x10
7
1,25x10
7
1,50x10
7
1,75x10
7
2,00x10
7
2,25x10
7
2,50x10
7
E13-rS2 (90rpm)
E14-rS2(120rpm)
Tempo (h)
Concentração celular (células/mL)
E11-rS2 (100rpm e eletrodo)
E12-rS2 (100rpm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Viabilidade (%)
Figura 4.31. Resultados do crescimento e viabilidade celular das células rS2 nos
experimentos realizados com diferentes agitações (90, 100 e 120 rpm)
utilizando o frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, temperatura de 28°C e
com volume de trabalho de 20 mL.
Resultados e Discussão - 79 -
Tabela 4.7. Resultados obtidos nos experimentos com células rS2 utilizando frasco
Schott de 100 mL e diferentes condições de agitação, em relação a
µ
max
e
concentração máxima de células.
Experimentos Características
µ
max
(h
-1
)
Concentração máxima de
células (células/mL)
E11-rS2
Vazão de ar 1 vvm para oxigenação
superficial, agitação orbital de 100 rpm,
com eletrodo.
0,032 1,33 x 10
7
E12-rS2
Sem eletrodo, agitação orbital de 100 rpm
e sem oxigenação superficial.
0,031 1,05 x 10
7
E13-rS2
Sem eletrodo, agitação orbital de 90 rpm e
sem oxigenação superficial.
0,024 0,87 x 10
7
E14-rS2
Sem eletrodo, agitação orbital de 120 rpm
e sem oxigenação superficial.
0,040
1,29 x 10
7
O conjunto de experimentos realizado demonstra que a concentração de oxigênio
dissolvido no meio de cultivo foi um fator limitante para o crescimento celular das células rS2.
No entanto, outro fator não identificado deve estar limitando o crescimento celular das células
rS2, pois os cultivos apresentam uma fase estacionária longa entre 140 e 240 horas com
viabilidade celular alta, entre 95 e 99%. No entanto, a hipótese de cisalhamento das células e
que seria a mais provável, não foi possível ser confirmada pelo método de exclusão do corante
azul de Tripan. Logo a utilização de outro método como o que utiliza o substrato azocaseína
para detecção de protease celular, proveniente do cisalhamento de células poderia ser
empregado para identificar o efeito do cisalhamento celular durante no crescimento celular e o
estresse celular.
Conclusões - 80 -
5. CONCLUSÕES
Como conclusões relevantes da pesquisa realizada pode-se dizer que:
1.
Na tentativa de definir uma metodologia para quantificar a viabilidade celular das
células de insetos, ambos os métodos utilizados nos experimentos para acompanhar a
viabilidade do cultivo das células S2 e rS2, o de exclusão de corante azul de Tripan e o de
corantes fluorescentes, se mostraram rápidos, simples e confiáveis para identificação da
porcentagem de células viáveis. Entretanto, à diferença do método de exclusão de corante, o
método de corantes fluorescentes é capaz de identificar apoptose, logo, pode identificar com
antecedência fatores adversos ao crescimento das células, como hipoxia ou esgotamento de
algum nutriente que possa limitar a longevidade da cultura da célula de inseto.
2.
O estudo do consumo de aminoácidos e glicose pelas células S2 e rS2 mostrou
que estes nutrientes não estão relacionados à desaceleração do seu crescimento, pois se
encontram em altas concentrações no meio de cultivo Sf-900 II ainda na fase estacionária.
Sendo assim, a falta de oxigênio pode ser considerada a causa mais provável dessa
desaceleração.
3.
Nos experimentos realizados para verificar a influência da idade e concentração
do inóculo, verificou-se que ambos os parâmetros não tem influência na velocidade específica
de crescimento (
µ
). A influência ocorre na fase lag do crescimento celular; quanto menor a
concentração do inóculo mais prolongada é a fase lag do cultivo. Em função disso, a idade do
inóculo apresentou efeitos substanciais apenas na produtividade máxima das células rS2.
4.
Os experimentos onde foi monitorada a concentração de oxigênio dissolvido no
meio de cultivo das células S2 e rS2 demonstraram que o cultivo atinge a fase estacionária
com nível muito baixo de oxigênio, sendo o fator limitante do crescimento das células. O
Conclusões - 81 -
excesso de oxigênio na fase inicial do cultivo também foi prejudicial para o crescimento das
células.
5.
Os resultados dos experimentos com medidas da velocidade específica de
respiração celular (
Q
O2
) demonstram que este parâmetro, para as células S2 e rS2, apresenta
decréscimo acentuado durante a fase exponencial de crescimento celular.
6.
A velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) obtida em cultivo realizado
em frasco Schott de 100 mL apresentou-se 15 vezes menor que em cultivos realizados no
frasco Schott de 250 mL evidenciando uma interferência do eletrodo no cultivo das células.
7.
Os experimentos de cultivo realizados em diferentes agitações (90, 100 e 120
rpm) demonstraram que para baixa agitação a transferência de oxigênio é um fator limitante
no crescimento celular. A viabilidade celular para todos os experimentos realizados em
diferentes agitações se manteve alta, entre 95 e 99% de células viáveis indicando que as
células aparentemente estão em bom estado fisiológico.
Sugestões - 82 -
6. SUGESTÕES
Para os futuros trabalhos que venham a ser desenvolvidos sobre o estudo da fisiologia
celular do cultivo das células S2 e rS2 são propostas as seguintes sugestões:
1.
Reavaliar a concentração de células apoptóticas após 96 horas de cultivo das
células S2 e rS2, utilizando outros métodos de identificação de células apoptóticas como o de
citometria de fluxo.
2.
Estudar o consumo de outros componentes como carboidratos (trealose, frutose,
maltose) e a produção de lactato, amônia e da proteína recombinante. No quais podem ser
limitantes para o crescimento das células das células rS2.
3.
Avaliar o efeito do cisalhamento celular nos cultivos em frasco Schott de 100 mL
e 250 mL, com a presença do eletrodo e sem a presença do eletrodo, através do método de
espectroscopia utilizando o substrato azocaseína, para identificar protease provindas das
células lisadas.
4.
Determinar um modelo para velocidade específica de respiração celular (Q
O2
) em
função da concentração de oxigênio (
C
O2
) para concentração deste, entre 0 e 50%.
Referências Bibliográficas - 83 -
Referências Bibliográficas
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v. 147: p. 443 - 456, 1996.
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AL-RUBEAI, M.; SINGH, R. P.. Apoptosis in Cell Culture. Current Opinion in
Biotechnology, v. 9: p. 152 - 156, 1998.
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Drosophila melanogaster
S2 Visando à Realização de Cultivo com Alta Produtividade Celular. Programa Unificado de
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Escherichia coli. Current Opinion in
Biotechnology. v. 10: p. 411 - 421, 1999.
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Apêndice - 96 -
APÊNDICE
Valores experimentais referentes aos experimentos realizados
Apêndice - 97 -
Tabela A1 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E1-S2 utilizando as
células S2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Concentração celular
(*10
6
células/mL)
Viabilidade celular
Método azul de Tripan
(%)
Viabilidade celular
Método fluorescência
(%)
0,0 0,46 95,6 95,6
27,5 0,85 96,0 93,3
50,0 3,95 96,3 94,2
74,5 10,20 96,8 94,8
99,0 12,70 97,2 97,8
120,3 21,50 98,9 95,6
143,7 25,50 97,0 96,6
167,7 25,40 97,3 93,8
195,5 25,40 95,7 90,7
220,0 19,50 82,9 85,2
Tabela A2 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E1-S2 utilizando o
método de corantes fluorescentes.
Tempo
(h)
VNA (*)
(%)
VA
(%)
NVA
(%)
NEC
(%)
CF
(%)
0,0 95,7 0,0 0,0 0,7 3,6
27,5 93,3 1,7 0,0 5,0 0,0
50,0 94,2 2,1 0,0 3,7 0,0
74,5 94,8 0,3 0,0 4,9 0,0
99,0 97,8 0,9 0,0 1,3 0,0
120,3 95,3 2,0 0,4 2,0 0,0
143,7 96,2 3,0 0,4 0,4 0,0
167,7 93,8 5,6 0,0 0,6 0,0
195,5 90,7 5,0 0,0 4,3 0,0
220,0 85,3 5,3 0,3 9,1 0,0
(*) Símbolo definido em materiais e método.
Apêndice - 98 -
Tabela A3 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E2-rS2 utilizando as
células S2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação 100 rpm,
temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Concentração Celular
(*10
6
células/mL)
Viabilidade Celular
Método azul de Tripan
(%)
Viabilidade Celular
Método fluorescência
(%)
0,0 0,34 98 98,3
23,5 0,70 94,8 96,5
47,8 3,98 97,2 95,9
68,8 10,00 95,2 97,0
96,8 16,20 96,6 97,9
121,0 16,30 96,8 98,1
144,5 16,30 97,4 100
167,5 16,10 96,5 95,4
186,3 15,00 90,6 93,2
210,7 16,40 90,9 89,8
236,5 14,40 80,6 75,9
Tabela A4 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E2-rS2 utilizando o
método de corantes fluorescentes.
Tempo
(h)
VNA
(%)
VA
(%)
NEC
(%)
0,0 96,3 0,0 3,7
23,5 96,5 0,0 3,5
47,8 95,9 0,0 4,1
68,8 97,0 0,0 3,0
96,8 97,9 0,0 2,1
121,0 98,1 0,0 1,9
144,5 100 0,0 0,0
167,5 95,4 2,6 2,0
186,3 93,2 2,9 3,9
210,7 89,8 4,5 4,5
236,5 75,9 6,5 18,0
Apêndice - 99 -
Tabela A5 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E3-S2 utilizando as
células S2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Concentração Celular
(*10
6
células/mL)
Viabilidade Celular
Método azul de Tripan
(%)
Viabilidade Celular
Método fluorescência
(%)
0,0 0,47 95,2 95,6
24,5 0,90 95,0 96,5
47,0 4,21 94,2 94,0
70,5 9,19 96,8 97,3
95,8 12,7 98,8 98,1
119,7 21,6 95,4 96,9
143,0 23,9 97,2 96,7
167,0 23,5 97,2 94,1
191,5 24,3 96,4 93,8
215,5 20,3 85,0 87,8
Tabela A6 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E3-S2 utilizando o
método de corantes fluorescentes.
Tempo
(h)
VNA
(%)
VA
(%)
NVA
(%)
NEC
(%)
CF
(%)
0,0 95,6 0,0 0,0 0,7 3,7
24,5 96,5 0,6 0,3 1,5 1,1
47,0 94,0 0,2 0,2 4,4 1,2
70,5 97,2 0,0 0,2 2,6 0,0
95,8 98,1 1,0 0,0 0,7 0,2
119,7 96,9 2,8 0,0 0,3 0,0
143,0 96,7 2,7 0,0 0,0 0,6
167,0 94,1 5,1 0,0 0,8 0,0
191,5 93,8 3,8 0,2 1,7 0,5
215,5 87,8 5,4 0,5 6,3 0,0
Apêndice - 100 -
Tabela A7 - Valores dos dados experimentais do consumo e produção de aminoácidos obtidos
no experimento E3-S2 utilizando as células S2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio
Sf-900 II, agitação orbital de 100 rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20
mL.
Tempo (h)
Aminoácido (g/L)
0 95,8 119,7 167 215,5
Asp 1,415 1,110 1,330 0,836 0,909
Glu 1,769 1,190 0,875 0,503 0,550
Ser 0,727 0,130 0,086 0,041 0,005
Gly 0,621 0,483 0,431 0,398 0,384
His 0,699 0,169 0,129 0,127 0,106
Arg 0,825 0,830 0,754 0,681 0,650
Thr 0,263 0,231 0,171 0,119 0,113
Ala 1,262 3,130 3,620 4,012 2,660
Pro 0,386 0,001 0,000 0,000 0,002
Tyr 0,216 0,187 0,162 0,126 0,111
Val 0,609 0,548 0,443 0,315 0,276
Met 0,862 0,898 0,830 0,778 0,768
Cys 0,024 0,009 0,000 0,000 0,000
Ile 0,804 0,551 0,409 0,210 0,157
Leu 0,301 0,168 0,102 0,029 0,017
Phe 0,848 0,904 0,830 0,770 0,755
Lys 0,635 0,622 0,546 0,493 0,456
Apêndice - 101 -
Tabela A8 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E4-rS2 utilizando as
células rS2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Concentração Celular
(*10
6
células/mL)
Viabilidade Celular
Método azul de Tripan
(%)
Viabilidade Celular
Método fluorescência
(%)
0,0 0,53 96,2 96,3
22,0 1,34 94,0 95,7
46,0 6,12 94,8 97,5
73,8 12,8 97,5 98,3
92,0 14,5 97,6 98,4
121,0 14,6 96,0 97,7
144,2 14,3 95,9 96,8
168,8 14,4 97,4 95,2
191,8 14,4 91,3 92,4
214,5 14,2 90,1 87,3
236,3 14,9 89,3 83,0
260,8 14,3 72,5 68,8
Tabela A9 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E4-rS2 utilizando o
método de corantes fluorescentes.
Tempo
(h)
VNA
(%)
VA
(%)
NEC
(%)
0,0 96,3 0,0 3,7
22,0 95,7 0,0 4,3
46,0 97,5 0,0 2,5
73,8 98,3 0,0 1,7
92,0 98,4 0,0 1,6
121,0 97,7 0,0 2,3
144,2 96,8 0,0 3,2
168,8 95,2 4,8 0,0
191,8 92,4 3,5 4,1
214,5 87,3 6,1 6,6
236,3 83,0 11,0 6,0
260,8 68,8 8,6 21,6
Apêndice - 102 -
Tabela A10 - Valores dos dados experimentais do consumo e produção de aminoácidos
obtidos no experimento E4-rS2 utilizando as células S2 cultivadas em frasco Schott de 100
mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100 rpm, temperatura de 28°C e com volume de
trabalho de 20 mL.
Tempo (h)
Aminoácido (g/L)
0 92 168,8 214,5 260,8
Glu 1,769 1,420 1,160 1,196 0,891
Ser 0,727 1,780 1,300 1,477 1,440
Gly 0,621 0,524 0,054 0,038 0,035
His 0,699 0,397 0,408 0,397 0,435
Arg 0,825 0,699 0,142 0,129 0,139
Thr 0,263 0,795 0,712 0,727 0,713
Ala 1,262 0,227 0,177 0,169 0,181
Pro 0,386 1,800 2,620 2,584 2,280
Tyr 0,216 0,292 0,002 0,013 0,010
Val 0,609 0,215 0,168 0,169 0,143
Met 0,862 0,600 0,520 0,524 0,525
Cys 0,025 0,860 0,800 0,829 0,826
Ile 0,804 0,019 0,011 0,012 0,013
Leu 0,301 0,785 0,639 0,607 0,594
Phe 0,848 0,274 0,181 0,164 0,147
Lys 0,635 0,833 0,809 0,841 0,836
Apêndice - 103 -
Tabela A11-Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E5-rS2 utilizando as
células rS2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Glutamina
(g/L)
Glicose
(g/L)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
VNA
(%)
VA
(%)
Nec
(%)
0,0 2,26 10,70 0,38 100 98,1 0,0 1,9
19,5 2,27 10,50 0,74 99,6 98,2 0,0 1,8
43,0 2,00 10,50 1,46 96,2 98,2 0,0 1,8
68,0 1,91 10,00 2,43 97,3 97,2 0,0 2,8
94,5 1,82 9,17 4,58 95,9 97,4 1,9 0,7
111,8 1,64 8,97 7,36 97,8 96,3 1,8 1,9
140,0 1,22 7,06 9,21 97,1 94,4 3,9 2,2
172,0 1,37 5,54 9,66 98,6 95,3 2,5 1,7
192,0 1,14 4,33 9,05 97,9 95,4 3,3 1,3
216,0 0,90 3,54 9,21 97,9 96,4 1,9 1,7
235,5 1,00 2,12 8,69 97,6 97,0 1,9 1,1
260,0 1,02 1,53 8,77 98,7 96,1 2,2 1,7
283,8 1,02 0,51 9,30 97,0 95,4 2,8 1,8
308,8 0,76 0,06 8,55 95,7 93,8 1,9 4,3
334,0 0,60 0,03 9,32 76,0 70,8 6,5 22,7
Tabela A12-Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E6-S2 utilizando as
células rS2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Tempo
(h)
Glutamina
(g/L)
Glicose
(g/L)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
VNA
(%)
VA
(%)
Nec
(%)
0,0 2,16 10,60 0,47 97,0 96,3 0,0 3,7
20,0 2,04 10,30 0,85 99,2 97,3 0,0 2,7
44,5 2,03 10,00 1,38 98,9 98,0 0,0 2,0
67,8 1,90 9,82 3,10 98,8 98,9 0,0 1,1
95,0 1,74 9,02 4,80 99,8 97,3 1,9 0,8
116,0 1,63 8,48 10,00 97,0 94,2 3,4 2,4
140,0 1,09 5,39 11,00 99,4 96,5 1,3 2,2
172,5 1,00 4,49 11,10 99,5 97,2 2,2 0,6
192,5 1,00 3,09 12,10 97,7 96,2 1,9 1,9
216,5 0,85 2,53 11,80 99,3 96,3 2,2 1,5
236,0 0,99 0,59 11,60 98,7 97,8 1,1 1,1
260,0 0,69 0,32 12,20 98,9 97,6 1,4 1,0
284,0 1,00 0,06 13,40 98,6 98,5 0,8 0,7
303,5 0,65 0,06 13,60 96,0 95,5 2,5 2,0
333,5 0,62 0,02 12,00 83,6 85,5 7,0 7,5
Apêndice - 104 -
Tabela A13-Valores dos dados experimentais obtidos nos experimentos com planejamento
fatorial utilizando as células rS2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II,
agitação orbital de 100 rpm, temperatura de 28°C com volume de trabalho de 20 mL.
Tabela A
E1 E2
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
0,0 0,62 99,6 0,0 0,78 99,1
21,5 2,41 96,3 24,0 1,34 96,6
46,0 5,80 96,0 44,7 5,16 97,6
77,0 11,70 96,9 68,0 7,29 98,5
96,0 10,90 98,7 92,0 7,50 96,7
118,0 11,60 97,5 115,3 10,10 95,4
144,0 11,00 97,6 146,5 9,87 97,4
168,0 12,10 97,9 163,5 10,80 97,8
192,0 13,30 94,4 192,0 10,40 96,4
216,0 10,90 94,0 216,0 11,90 97,7
240,0 13,50 95,3 240,0 10,90 95,7
264,0 11,90 94,9 264,0 10,70 96,9
Tabela B
E3 E4
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
0,0 0,58 97,2 0,0 0,22 98,8
21,0 1,08 96,2 21,7 0,38 98,1
44,5 2,26 94,8 46,0 1,27 97,3
67,7 6,23 97,5 77,0 4,92 93,9
91,3 9,05 95,3 96,0 10,20 95,3
115,0 13,30 99,0 118,0 9,35 97,6
144,0 11,20 97,8 144,0 11,00 97,4
166,5 11,50 97,1 168,0 9,80 99,4
185,0 10,60 95,2 192,0 11,0 97,5
216,0 12,90 97,5 216,0 11,80 93,2
240,0 10,80 97,4 240,0 10,80 97,2
264,0 11,30 93,9 264,0 12,20 94,8
Apêndice - 105 -
Tabela C
E5 E6
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
Tempo
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
0,0 0,50 97,6 0,0 0,27 99,5
18,0 1,26 97,4 23,5 0,47 95,6
46,5 4,4 95,0 48,0 1,24 91,2
67,0 6,6 98,1 72,5 5,13 97,9
89,7 9,38 98,4 95,3 11,00 97,9
112,0 10,50 95,7 120,0 11,00 98,8
144,0 10,20 96,8 144,0 10,10 95,3
168,0 8,10 98,5 168,0 11,50 91,3
192,0 9,98 98,4 - - -
216,0 9,46 97,9 - - -
240,0 10,20 96,6 - - -
264,0 10,70 95,61 - - -
Tabela A14 -Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E7-rS2 utilizando as
células rS2 cultivadas em frasco Schott de 250 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 50 mL.
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
C
O2
(mmol/L)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
0,0 0,51 99,5 2,0 6,08 0,20 6,08
24,0 1,11 98,2 24,0 4,67 0,18 4,67
36,0 2,12 99,5 36,0 2,04 0,16 2,04
47,0 3,52 98,0 47,0 1,09 0,13 1,09
52,0 4,18 97,5 52,0 0,83 0,11 0,83
65,5 8,48 96,6 65,5 0,38 0,08 0,39
81,0 12,40 97,0 68,8 0,20 0,04 0,21
94,0 12,60 96,7 72,0 0,18 0,04 0,18
118,5 13,70 98,8 78,5 0,12 0,02 0,12
143,0 13,80 98,0 90,0 0,00 0,00 0,00
167,5 13,30 94,0 - - - -
194,0 13,90 94,8 - - - -
219,0 16,50 81,5 - - - -
238,5 13,10 83,3 - - - -
Apêndice - 106 -
Tabela A15 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E8-S2 utilizando as
células S2 cultivadas em frasco Schott de 250 mL, meio Sf-900 II, agitação de 100 rpm,
temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 50 mL.
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
C
O2
(mmol/L)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
0,0 0,59 99,4 1,5 4,82 0,19 4,82
24,0 2,12 98,3 13,0 1,49 0,17 1,49
38,0 4,82 99,0 18,0 1,17 0,15 1,17
50,0 8,22 99,5 24,0 1,06 0,14 1,06
71,5 13,40 99,2 36,0 0,46 0,11 0,46
93,0 16,00 97,2 38,0 0,41 0,10 0,41
111,5 21,50 98,0 42,0 0,28 0,09 0,28
134,0 25,90 97,3 44,0 0,26 0,07 0,26
158,0 22,50 96,5 48,0 0,14 0,06 0,14
186,5 21,20 98,0 50,0 0,17 0,06 0,17
213,5 21,30 66,6 57,0 0,12 0,04 0,12
239,0 13,60 49,5 71,5 0,10 0,01 0,10
- - - 84,0 0,00 0,00 0,00
Tabela A16 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E9-S2 utilizando as
células S2 cultivadas em frasco Schott de 250 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 50 mL.
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
C
O2
(mmol/L)
Q
O2
(*10
-9
mmol/célula.h)
0,0 0,47 99,1 0,0 7,69 0,26 7,69
16,5 0,58 99,8 16,5 6,14 0,26 6,14
27,5 0,85 99,5 27,5 4,02 0,23 4,02
39,5 1,19 99,6 39,5 3,09 0,26 3,09
48,0 1,62 97,0 48,0 2,00 0,26 2,00
65,0 2,73 98,5 65,0 0,94 0,24 0,94
72,0 4,05 98,6 72,0 0,50 0,21 0,50
88,5 5,48 98,5 88,5 0,32 0,20 0,32
96,0 6,75 98,1 96,0 0,29 0,19 0,29
118,0 10,30 99,0 118,0 0,18 0,18 0,18
138,0 12,20 99,5 138,0 0,12 0,16 0,12
161,5 14,10 98,7 161,5 0,10 0,13 0,10
185,5 16,80 97,5 185,5 0,08 0,11 0,08
211,5 17,60 98,7 211,5 0,04 0,09 0,04
232,5 18,60 96,9 232,5 0,01 - -
262,0 16,70 92,0 262,0 0,01 - -
281,0 11,40 66,4 - - - -
Apêndice - 107 -
Tabela A17 - Valores dos dados experimentais obtidos nos experimentos, E7-rS2, E8-S2 e E9-
S2 utilizando as células S2 e rS2 cultivadas em frasco Schott de 250 mL, meio Sf-900 II,
agitação orbital de 100 rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 50 mL.
E7-rS2 E8-S2 E9-S2
t
(h)
C
O2
(mmol/L)
t
(h)
C
O2
(mmol/L)
t
(h)
C
O2
(mmol/L)
0,0 0,220 0,0 0,220 0,0 0,264
2,0 0,202 1,0 0,198 2,5 0,264
21,0 0,180 2,5 0,194 16,5 0,264
26,0 0,176 13,0 0,165 27,5 0,231
29,0 0,172 18,0 0,158 39,0 0,255
33,0 0,167 17,0 0,154 48,0 0,238
35,0 0,163 20,0 0,150 65,0 0,216
36,0 0,158 24,0 0,143 72,0 0,216
36,0 0,163 27,5 0,136 88,5 0,216
38,0 0,158 36,0 0,110 94,5 0,194
40,0 0,154 37,0 0,106 96,0 0,194
42,0 0,150 39,0 0,097 118,0 0,185
44,0 0,143 40,0 0,092 136,0 0,158
45,0 0,140 42,0 0,086 138,0 0,158
46,0 0,136 43,0 0,079 161,5 0,125
48,5 0,131 43,5 0,075 185,5 0,110
51,5 0,106 44,0 0,070 185,5 0,132
53,0 0,123 45,5 0,066 211,5 0,092
53,5 0,110 46,5 0,062 232,0 0,154
58,0 0,101 48,0 0,057 262,0 0,220
59,0 0,097 49,5 0,053 281,0 0,220
62,0 0,092 50,0 0,066 - -
63,0 0,088 50,5 0,055 - -
64,3 0,084 52,5 0,044 - -
64,7 0,079 54,0 0,040 - -
65,1 0,077 57,0 0,035 - -
66,0 0,079 58,0 0,031 - -
66,8 0,070 60,0 0,026 - -
67,0 0,066 70,0 0,004 - -
67,3 0,062 72,0 0,018 - -
67,4 0,057 93,0 0,000 - -
68,2 0,053 93,0 0,013 - -
68,3 0,048 111,5 0,000 - -
69,3 0,040 111,5 0,020 - -
74,5 0,031 134,0 0,000 - -
75,3 0,026 134,0 0,000 - -
76,5 0,022 158,0 0,000 - -
79,5 0,017 158,0 0,013 - -
81,0 0,013 186,5 0,000 - -
81,0 0,026 213,5 0,000 - -
Apêndice - 108 -
92,0 0,000 213,5 0,048 - -
94,0 0,000 213,5 0,070 - -
118,5 0,022 239,0 0,128 - -
118,5 0,057 - - - -
143,0 0,042 - - - -
143,0 0,057 - - - -
167,0 0,046 - - - -
167,0 0,057 - - - -
194,0 0,066 - - - -
194,0 0,081 - - - -
219,0 0,092 - - - -
219,0 0,101 - - - -
238,5 0,114 - - - -
Tabela A18 - Valores dos dados experimentais obtidos no experimento E11-rS2 utilizando as
células rS2 cultivadas em frasco Schott de 100 mL, meio Sf-900 II, agitação orbital de 100
rpm, temperatura de 28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
t
(h)
X
(*10
6
cell/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
Q
O2
(*10
-10
mmol/célula.h)
C
O2
(mmol/L)
Q
O2
(*10
-10
mmol/célula.h)
t
(h)
C
O2
(mmol/L)
0,0 0,44 100 2,0 3,85 0,211 3,85 0,0 0,220
23,0 1,03 99,6 23,0 1,43 0,191 1,43 2,0 0,211
48,0 1,44 97,5 48,0 1,26 0,183 1,26 23,0 0,191
71,0 3,05 100 71,0 0,60 0,163 0,60 48,0 0,183
95,0 6,41 99,8 95,0 0,46 0,117 0,46 71,0 0,163
119,0 10,00 99,8 119,0 0,43 0,079 0,43 73,0 0,176
143,0 13,10 99,0 143,0 0,35 0,058 0,35 95,0 0,117
167,0 13,30 97,5 167,0 0,38 - - 97,0 0,128
191,0 13,50 95,4 191,0 0,48 - - 119,0 0,079
215,0 13,20 95,8 215,0 0,46 - - 121,0 0,099
242,0 13,70 95,1 242,0 0,42 - - 143,0 0,058
265,0 11,70 86,0 265,0 0,30 - - 167,0 0,059
289,0 11,60 78,3 289,0 0,32 - - 191,0 0,072
- - - - - - - 215,0 0,073
- - - - - - - 242,0 0,090
- - - - - - - 265,0 0,114
- - - - - - - 289,0 0,136
Apêndice - 109 -
Tabela A19 - Valores dos dados experimentais obtidos nos experimentos E12-rS2 (100 rpm),
E13-rS2 (90 rpm) e E14-rS2 (120 rpm) utilizando a célula rS2 cultivada em frasco Schott de
100 mL, meio Sf-900 II, diferente agitação orbital (100 rpm, 90 rpm, 120 rpm), temperatura de
28°C e com volume de trabalho de 20 mL.
Experimento E12-rS2 Experimento E13-rS2 Experimento E14-rS2
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
t
(h)
X
(*10
6
células/mL)
Viab.
(%)
0 0,44 100 0,0 0,44 100 0,0 0,47 99,5
23 1,03 99,7 23,5 0,67 99,6 20,0 1,12 98,0
48 2,17 98,3 47,5 1,06 98,9 44,0 3,04 98,1
71 4,70 99,2 72,0 2,15 98,6 67,0 6,67 98,9
95 8,06 99,7 96,0 4,48 97,3 90,7 10,60 98,6
119 10,50 99,7 120,0 6,26 98,7 114,8 12,90 98,9
143 9,77 98,4 144,0 6,95 99,7 138,5 11,15 99,2
167 10,40 99,1 169,0 8,18 99,1 164,5 11,20 99,5
191 10,60 99,0 192,0 7,11 99,3 192,8 12,70 98,9
215 10,60 99,8 216,0 8,65 98,5 210,0 10,45 98,9
241 10,60 99,2 240,0 8,85 99,1 235,1 11,30 99,4
265,5 10,70 99,2 264,0 8,76 97,0 259,3 12,00 97,7
288 10,10 98,1 288,3 8,59 97,7 283,3 11,50 96,5
312 10,90 98,5 312,3 8,37 97,7 308,1 9,04 85,7
335 9,49 98,8 336,0 8,09 98,7 330,0 6,41 83,6
359 10,90 98,5 359,4 8,81 98,0 - - -
383,5 10,60 93,5 383,8 9,04 96,2 - - -
407 9,90 90,4 407,8 8,20 96,5 - - -
432 9,90 79,8 432,6 7,16 84,1 - - -
- - - 456,0 7,83 50,0 - - -
- - - - - - - - -
- - - - - - - - -
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