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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Educação Física
Linha de Pesquisa em Biodinâmica do Movimento Humano
ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO SOBRE
A FUNÇÃO DOS MÚSCULOS
MULTÍFIDOS LOMBARES
RENATA ORTIZ DE ASSIS
São Paulo SP - Brasil
Abril - 2008
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Educação Física
Linha de Pesquisa em Biodinâmica do Movimento Humano
ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO SOBRE A
FUNÇÃO DOS MÚSCULOS MULTÍFIDOS
LOMBARES
Renata Ortiz de Assis
Orientador: Prof. Dr. Rubens Corrêa Araujo
Dissertação de Mestrado
apresentado ao Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu da
Universidade São Judas Tadeu,
como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Educação Física.
São Paulo SP - Brasil
Abril 2008
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ii
Assis, Renata Ortiz de
Estudo Eletromiográfico sobre a função dos músculos multífidos
lombares / Renata Ortiz de Assis. - São Paulo, 2008.
98 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade São
Judas Tadeu, São Paulo, 2008.
Orientador: Prof. Dr. Rubens Corrêa Araujo
1. Eletromiografia . 2. Reabilitação 3. Dor lombar I. Título
CDD- 616.74
Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
iii
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a três pessoas que sempre estiveram do meu lado,
que me inspiraram, me consolaram, me ensinaram a lutar por todos os meus
sonhos e que quando mais precisei me estenderam os braços e me acolheram.
Amo vocês.
Aos meus pais Sara e Mauro
e minha irmã Samara
iv
AGRADECIMENTOS
"Muitas das coisas mais importantes do mundo foram conseguidas por pessoas
que continuaram tentando quando parecia não haver mais nenhuma esperança
de sucesso."
Dale Carnegie
Ao Prof. Dr. Rubens Corrêa Araujo meu orientador e grande amigo. Obrigada
pelas oportunidades ao longo destes anos, pelos ensinamentos diários e por
fazer parte da minha evolução pessoal e profissional. Orgulho-me muito de ser
sua orientanda.
Ao Prof. Dr. Luis Mochizuki pela paciência e dedicação que sempre teve comigo.
Pelos questionamentos sempre tão valiosos e surpreendentes.
Ao Prof. Dr. Mauro Gonçalves por toda colaboração durante minha formação,
por toda ajuda que foi dada para a elaboração desta tese e por ser esta pessoa
tão humilde e tão sábia.
Ao Prof Dr. Julio Cerca Serrão que sempre com tanta didática, irreverência e
paixão pela Biomecânica me faz querer saber sempre um pouco mais. Saiba
que suas palavras são muito importantes para mim. Obrigada por todo auxílio.
Ao Prof. Dr. Ulysses Ervilha por todo carinho e ajuda ao longo de todo trabalho,
em especial aos ensinamentos sobre dor experimental.
Ao Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza por minha formação na graduação e
por me incentivar a pesquisa. Obrigada por todos os ensinamentos em especial
as aulas de dessecação de tronco.
Aos colegas do curso de mestrado (Juliana Valente, Marcio Tubaldini, Paulo
Ricardo Guerreiro, Marcelo Veloso, Íris Calado e Regina Urasaki) pelos bons
momentos e pela ajuda ao longo destes dois anos. Parabéns a todos vocês.
A todos os membros do laboratório de Biomecânica da Universidade São Judas
Tadeu. Obrigada pelos ensinamentos diários, pela troca de experiências e pelas
boas risadas. Admiro muito todos vocês.
Aos membros do laboratório de Biomecânica da Universidade de São Paulo
onde sempre fui tão bem recebida. Saibam que os considero muito.
vi
Ao Prof. Ailton Pereira da Costa responsável pelo laboratório de anatomia da
Universidade São Judas Tadeu que disponibilizou peças anatômicas para que
eu pudesse aprender as técnicas de dessecação.
Aos colegas professores da Universidade São Judas Tadeu e da Universidade
Bandeirantes por todo apoio e incentivo a realização deste sonho.
A toda equipe do Instituto Vita que sempre esteve ao meu lado neste
aprendizado. Agradeço em especial à equipe de Reabilitação de Higienópolis
por toda compreensão durante minha ausência. Saibam que são muito especiais
para mim.
Ao Dr. Alexandre Sadao que sempre com sua ética clínica me proporcionou
grande crescimento profissional e pessoal. Obrigada por todos os ensinamentos
sobre a coluna vertebral.
A todos os voluntários participantes da pesquisa que disponibilizaram tempo e
compreenderam a importância deste estudo para mim. Sem o empenho e
colaboração de vocês isto não seria possível.
Á Érika Lincoln uma grande amiga que sempre me mostrou o lado bom e
oportunista das coisas da vida. Obrigada por toda colaboração.
Ao Fábio Rodrigues José por todo seu carinho, paciência, conselhos e ajuda nos
momentos mais árduos destes anos. Saiba que te tenho dentro do meu coração
e que você é a pessoa mais iluminada que conheci. Obrigada por fazer parte
do meu caminho.
A essa Luz que me guia diariamente e que me faz, sempre apaixonada pela
vida, acreditar que posso mais e melhor.
vii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ________________________________________________________ iii
AGRADECIMENTOS ______________________________________________________ iv
LISTA DE FIGURAS ___________________________________________________ ix
LISTA DE TABELAS __________________________________________________ xii
RESUMO ____________________________________________________________ xiii
ABSTRACT __________________________________________________________ xiv
1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 1
2. APRESENTAÇÃO ____________________________________________________ 8
3. OBJETIVOS_________________________________________________________ 9
4. JUSTIFICATIVA____________________________________________________ 10
5. ESTUDO 1 _________________________________________________________ 12
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 13
MÉTODOS _______________________________________________________________ 18
RESULTADOS____________________________________________________________ 24
DISCUSSÃO ______________________________________________________________ 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________ 35
6. ESTUDO 2 _________________________________________________________ 40
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 41
OBJETIVOS ______________________________________________________________ 47
MÉTODOS _______________________________________________________________ 48
RESULTADOS____________________________________________________________ 55
DISCUSSÃO ______________________________________________________________ 63
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS______________________________________________ 73
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 76
ANEXO I ____________________________________________________________ 86
ANEXO II ____________________________________________________________ 87
ANEXO III ___________________________________________________________ 90
viii
ANEXO IV ___________________________________________________________ 91
ANEXO V ____________________________________________________________ 93
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Representação das formas de análise do sinal eletromiográfico. A
figura da esquerda representa a variação angular (gráfico inferior) e os sinais
EMG dos diferentes músculos (gráficos superiores). A figura da direita
representa uma projeção aumentada do início do movimento a partir da variação
angular e a relação deste tempo com o sinal EMG. Pode-se notar que todos os
músculos apresentam pré-ativos com relação ao início do movimento angular. 16
FIGURA 2 - Representação do posicionamento dos eletrodos de superfície nos
músculos multífidos lombares L5 bilateralmente. ..................................................... 19
FIGURA 3 - Representação da condição experimental de posicionamento e da
tarefa do voluntário no dinamômetro isocinético. ..................................................... 21
FIGURA 4 - Esquema do procedimento utilizado para padronizar o tempo de
pré-ativação (TPA) muscular a partir do sinal retificado. A linha verde mostra o
sinal suavizado. A linha vermelha mostra a variação angular. O retângulo
superior emonstra a intensidade máxima do sinal e o retângulo inferior mostra o
valor de 10% do valor máximo indicando o início da contração muscular. .......... 23
FIGURA 5 - Comparação entre os músculos deltóide (DELT), multífido lombar
direito (MULTD) e multífido lombar esquerdo (MULTE) em relação ao tempo de
pré-ativação (TPA) determinado pela variação angular. Todos os músculos
apresentaram diferença (
*
). O MULTD apresentou maior TPA (#) (p<0,05). ....... 25
FIGURA 6 - Comparação entre as velocidades 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210,
240, 270 e 300°/s em relação ao tempo de pré-ativação dos músculos Multífido
lombar direito (MULTD), Multífido lombar esquerdo (MULTE) e deltóide (DELT).
A velocidade de 30°/s apresentou diferenças significativas em relação a todas as
outras velocidades angulares (p<0,05). ..................................................................... 27
FIGURA 7 - Comparação da atividade eletromiográfica (EMG) normalizada pela
média, em valores RMS para o multífido lombar direito (MULTD) e multífido
lombar esquerdo (MULTE) nas diferentes velocidades angulares. A velocidade
de 30
0
/s apresentou maior intensidade EMG (#). O MULTD apresentou maior
intensidade EMG se comparado com MULTE (
*
) (p<0,05). .................................... 29
FIGURA 8 - Esquema de um eletrodo fio e demonstração da implantação de sua
implantação. Adaptado de Noraxon Inc USA, 2005. The ABC of EMG. ............... 44
FIGURA 9 figura esquerda - Visualização do treinamento de colocação de
agulhas nos músculos Multífidos lombares. Figura direita - Dissecção de
cadáveres frescos e confirmação da agulha no ventre muscular. ......................... 49
FIGURA 10 - Demonstração da colocação dos eletrodos fio em L1. .................... 50
FIGURA 11 - Posicionamento dos eletrodos de superfície e eletrodos fio. ......... 50
FIGURA 12- Diagrama representativo dos procedimentos metodológicos. ......... 54
FIGURA 13 Comparação do tempo pré-ativação (TPA) entre os músculos
Deltóide (DELT), Multífido Lombar 5 direito (ML5D), Multífido Lombar 5 esquerdo
(ML5E), Multífido Lombar 1 direito (ML1D) e Multífido Lombar 1 esquerdo
(ML1E) em relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-
dor (3). Foram encontradas diferenças entre ML5D e ML5E (†>*>‡) (p<0,05). .. 57
xi
FIGURA 14 - Comparação do tempo pré-ativação (TPA) entre Multífido Lombar
5 direito (ML5D), Multífido Lombar 5 esquerdo(ML5E) em relação as diferentes
situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3). Foram encontradas
diferenças com maior TPA para ML5D († > *> ‡) (p<0,05). ................................... 58
FIGURA 15 Comparação da intensidade do sinal EMG normalizado pela média
(RMS) para o músculo MULT lombar1 D (ML1D), MULT Lombar 1 E (ML1E),
MULT Lombar 5 direito (ML5D) e MULT Lombar 5 esquerdo (ML5E) com relação
as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3). Diferenças
significativas foram encontradas para ML5D (‡ > †> *) (p<0,05). ......................... 60
FIGURA 16 Comparação da intensidade do sinal EMG normalizado pela média
(RMS) para o músculo MULT Lombar 5 D (ML5D), MULT Lombar 5 E (ML5E),
com relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3).
RMS para MULT5D maior na situação 1 seguida da situação 3 e 2. (p<0,05). .. 61
FIGURA 17 Média da intensidade da dor avaliada pela escala visual analógica
(EVA) com relação ao tempo pós-indução de dor experimental. para os
diferentes voluntários. ................................................................................................... 62
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Médias e valores de tempo de pré-ativação para as diferentes
velocidades angulares através do critério de variação da posição angular e início
da atividade eletromiográfica do deltóide. (* = p<0,05). .......................................... 28
TABELA 2 Resultado da revisão da literatura sobre diferentes procedimentos
metodológicos para a colocação de eletrodos fios nos músculos multífidos
lombares. ......................................................................................................................... 46
xiii
RESUMO
Esta dissertação consta de dois estudos. O primeiro teve como objetivo verificar
a existência da pré-ativação dos músculos multífidos lombares (MULT).
Verificou-se o efeito da velocidade angular através de um dinamômetro
isocinético. Também foi analisado o critério para se observar o início do
movimento, e a intensidade do valor EMG pré-movimento. Para dez diferentes
velocidades pré-selecionadas, vinte sujeitos realizaram movimentos de flexão do
ombro. O início da atividade EMG dos MULT no nível de L5 de ambos os lados
foi mensurado de acordo com o início da ativação do sculo deltóide anterior
direito e com o início da variação angular. Para ambos os critérios adotados os
MULT apresentaram-se mais pré-ativos, sendo que o lado direito apresentou-se
ativo mais precocemente e com uma intensidade EMG maior que o esquerdo.
Durante a velocidade de 30°/s esses músculos apresentaram-se mais pré-ativos,
independente do critério adotado e com maior intensidade EMG pré-movimento.
O segundo estudo avaliou o tempo de pré-atividade e a intensidade do sinal
RMS do MULT em diferentes níveis vertebrais em indivíduos com dor induzida
experimentalmente. Avaliou-se a atividade muscular através da flexão do ombro
com a utilização de um dinamômetro isocinético em 13 voluntários. A tarefa foi
reavaliada imediatamente após indução de dor no MULT em L5 do lado direito e
repetida após 30 minutos de repouso. Nenhuma diferença foi encontrada para o
nível vertebral de L1 em relação ao tempo de pré-ativação e intensidade do valor
RMS. Diferenças significativas foram encontradas para os MULT de L5 do lado
direito apresentando um valor de tempo de pré-ativação maior na situação pós-
dor. A situação pré-dor demonstrou maior valor RMS seguido da situação após o
repouso e imediatamente após indução de dor respectivamente. O estudo
mostra que o tempo de pré-ativação não parece ser alterado em condições de
dor muscular aguda.
Palavras chave: Eletromiografia, Reabilitação, Dor lombar
ABSTRACT
This thesis consists of two studies. The first aimed to verify the existence of pre-
activation of the lumbar multífidus muscles (MULT). It was analyzed the effect of
angular velocity through isokinetic dynamometer. Also, it was discussed the
criterion to observe the beginning of the movement, and the pre-movement EMG
intensity. For ten different angular velocities, twenty subjects performed shoulder
flexion movements. The initial EMG activity of MULT at L5 level on both sides
was measured according to both conditions: the early activation of the anterior
portion of the right deltoid muscle and the beginning of angular variation. For
both criteria adopted MULT was pre-active. The right MULT was activated earlier
and with higher intensity than left MULT. At 30°/s these muscles were more pre-
active than other velocities, independent upon the criterion adopted. The pre-
movement EMG intensity was also higher at this velocity. The second study
assessed the pre-activation time and RMS intensity of the EMG signal acquired
from MULT at different vertebral levels (L5 and L1) in subjects with experimental
induced pain. It was evaluated the muscular activity during the shoulder flexion at
controlled velocities by using an isokinetic dynamometer in 13 volunteers. The
same task was repeated immediately after induction of pain in MULT at L5 level
on the right side. Finally, it was repeated again after 30 minutes post induced
pain. There was no significant difference between sides of the values at L1 level
related to the pre-activation time and to the pre-movement EMG intensity.
Significant differences between sides were found for the MULT at L5 level. Also,
along the pain period the right side showed greater pre-activation time. By
another side, the signal intensity was higher according to the following sequence:
before induced pain, with pain and after rest. This study shows that the pre-
activation time does not change under acute muscle pain conditions.
Key-words: Electromyography, Rehabilitation, Low Back Pain.
1. INTRODUÇÃO
A dor nas costas é um problema social muito comum [Kader et al,
2000] distribuído em diferentes segmentos da coluna vertebral. A localização
anatômica da dor na coluna na população geral é a seguinte: 36% no segmento
cervical, 2% no torácico e 62% no lombar, sendo que os níveis vertebrais L4-L5
e L5-S1 são os mais frequentemente afetados na área lombar [Valkenburg &
Haaner, 1982].
O maior custo da dor lombar tem sido identificado em dois grupos
distintos: indivíduos que desenvolvem dor lombar e aqueles que apresentam
recorrentes episódios incapacitantes de dor lombar [Frymoyer, 1988].
Dor lombar é geralmente baseada em diferentes categorias: duração,
localização e causa dos sintomas. Através da duração dos sintomas do paciente
pode-se diferenciar a dor lombar em quadro agudo, subagudo e crônico. A
localização da dor lombar é referida na coluna lombossacra e região vertebral.
As diferentes causas de sintomas de dor podem estar relacionadas com
processos nociceptivos, neuropáticos e mecânicos, ou até mesmo à combinação
destes fatores [Grabois, 2005].
A lombalgia afeta 70 a 80% da população em alguma época da vida,
sendo a causa mais comum de atividade limitada em pessoas com 40 anos ou
menos. Esta patologia é um problema comum com inadequada correlação entre
exame físico, sintomas clínicos e estratégias de tratamento [Kader et al, 2000].
Sabe-se que pode ocorrer regressão do quadro álgico geralmente em
poucas semanas, com ou sem tratamento, porém, é muito comum constatar que
um grande número de pacientes apresenta quadro de recidivas da lombalgia
[Richardson et al,1999].
Atualmente, os programas de reabilitação em pacientes que sofrem de
dor lombar m exercícios específicos como uma prática estabelecida [Foster et
al, 1999; Hides et al, 1996]. Um fator fundamental para o entendimento destes
programas é que a atividade dos músculos do tronco é necessária para controlar
e estabilizar a coluna lombar, e que em quadros álgicos esta atividade deve ser
restaurada e otimizada [Macdonald et al, 2006; Richardson et al, 1999]. Estes
exercícios terapêuticos parecem apresentar um importante papel na prevenção
de futuros episódios de dor lombar e podem auxiliar o indivíduo a modificar a
percepção de dor, buscando a promoção de um recondicionamento muscular
recuperando força e resistência dentro de uma amplitude de movimento neutra.
Desta forma, eles também promovem um alívio da dor e uma melhor qualidade
de vida [Grabois, 2005].
Para o devido controle de músculos da coluna vertebral e manutenção da
estabilidade das articulações vertebrais, o sistema nervoso necessita estar
ciente sobre as maiores mudanças súbitas da coluna vertebral. Este senso de
posição subconsciente é uma importante parte do treinamento do controle
automático de músculos estabilizadores para a realização de diferentes tarefas
[Jemmett, 2001].
Esta sensibilidade subconsciente oriunda da coluna vertebral envia
informações para o sistema nervoso de forma a posicionar as articulações em
uma posição neutra, respeitando os limites fisiológicos das articulações da
coluna vertebral. Assim, o sistema nervoso é capaz de ajustar a tensão muscular
que é necessária para estabilizar a coluna vertebral [Richardson et al, 1999].
Sabe-se que este controle pode estar diminuído ou ausente na presença
de dor, o que provoca a perda da automatização da contração muscular que, por
sua vez, torna a coluna vertebral sujeita a lesão. O treinamento deste senso de
posição subconsciente faz com que estes músculos passem a atuar de forma
curativa e/ou preventiva nas disfunções da coluna vertebral [Richardson et al,
1999; Jemmett, 2001].
Diversos estudos têm sido feitos nas últimas décadas demonstrando que
o exercício específico para os mm. Multífidos (MULT) e transverso do abdômen
(TrA), também conhecido como exercício de estabilização segmentar lombar,
auxilia no tratamento da dor lombar [Hodges & Richardson, 1999; Arokoski et al,
2001; Hides et al, 1994; Hodges et al, 1999; Richardson et al, 1999; Richardson
et al, 1992]. Estes estudos enfatizam que determinados músculos lombares
promovem a estabilidade da coluna vertebral, e que estes programas visam
aperfeiçoar o controle do movimento segmentar [MacDonald et al 2006], a
estabilidade vertebral, a força muscular, a orientação da coluna vertebral, ou até
mesmo uma combinação dessas características, que tais músculos (MULT e
TrA) apresentam-se alterados em condições dolorosas [Hides et al, 1994;
Hodges & Richardson, 1998].
Os MULT apresentam um importante papel na estabilidade da coluna
lombar devido às suas características de ação, morfologia e inervação
peculiares, de maneira que esse grupo muscular parece ser o responsável pelo
suporte e controle segmentar [Mosely et al, 2002; Hides et al, 1996; Kay, 2000;
Bajek et al, 2000]. Estudos mostram que uma disfunção segmentar localizada
nos músculos MULT pode ocorrer após o primeiro episódio de dor lombar aguda
e que uma rápida atrofia desta musculatura pode ser mostrada do lado ipsilateral
ao local da dor [Hides et al, 1994]. Sabendo de sua importante função
estabilizadora e de sua rápida perda funcional em quadros álgicos da coluna
lombar, uma gama de exercícios específicos tem sido reportada para diminuir as
dores lombares [MacDonald et al, 2006].
Os MULT são os músculos mais mediais da coluna lombar e apresentam
uma organização de ligação de uma vértebra com relação à outra [Macintosh et
al, 1986]. As suas fibras musculares apresentam fascículos que se originam no
processo espinhoso e lâmina de cada vértebra lombar e descendem em direção
caudolateral de 3, 4 ou amesmo 5 níveis inferiormente [Lewin et al, 1962,
Moseley et al, 2002]. Segundo Lewin et al [1962] cada fascículo dos MULT é
inervado pelo ramo dorsal do nervo espinal correspondente, sugerindo que este
músculo pode ajustar ou controlar um segmento vertebral particular durante a
aplicação de uma carga [Aspeden, 1992].
Estudos mostram que os MULT apresentam fibras superficiais e
profundas e que estes apresentam diferentes funções, sendo que as fibras
superficiais apresentam maior atividade durante a rotação e extensão da coluna
lombar, enquanto que a fibras profundas apresentam principal função durante o
controle da estabilização da coluna lombar [MacDonald et al, 2006; Richardson
et al, 1999]. Moseley et al [2002] verificaram a ativação do MULT durante um
determinado movimento do braço e concluíram que fibras mais superficiais deste
músculo contribuem para o controle motor da coluna no espaço, e que fibras
mais profundas apresentam um papel relacionado ao controle intervertebral.
Através destes achados a literatura apresenta um gama de trabalhos com
foco nos músculos estabilizadores lombares. Estes trabalhos mostram as mais
diversificadas formas metodológicas de avaliação e tratamento destes músculos.
Dentre estas formas podem-se destacar estudos que observam o tempo de
ativação muscular através da eletromiografia (EMG) correlacionando-os com
outros músculos, com diferentes movimentos corporais e com indivíduos que
apresentam dor lombar [Hodges et al, 2001; Hodges & Richardson, 1999;
Vasseljen et al, 2006; Moseley et al, 2002; Kuriyama, 2005; Danneels et al,
2002; Hodges et al, 1999]. Outras formas de avaliação e tratamentos de
músculos lombares são através da utilização da ultrassonografia, que permite
avaliar e fornecer feedback em tempo real sobre o início da contração muscular
[Van et al, 2006; Hides et al, 1996; Kiesel et al, 2006; Vasseljen et al, 2006],
além da área de secção transversa muscular [Kelleret al, 2004; Hides et al,
1994; Barker et al, 2004; Pressler et al, 2006].
Como relatado, sabe-se que os músculos estabilizadores apresentam
uma considerável alteração em pacientes portadores de dor lombar. Vários
experimentos sugerem que pessoas com disfunção lombar apresentam o
recrutamento muscular lombar específico alterado em resposta a distúrbios da
coluna vertebral e durante a realização de tarefas dinâmicas provocando
mudanças no controle motor [Hodges & Richardson, 1998]. Quando um
determinado segmento corporal é movido, a configuração do corpo é alterada e
forças de reação iguais, mas em direção opostas, o impostas para que o
corpo mantenha-se em equilíbrio. Em pessoas saudáveis movimentos rápidos
dos membros superiores e inferiores promovem a contração antecipada de
músculos estabilizadores da coluna vertebral [Hodges et al, 1997; Hodges &
Richardson, 1997; Cresswell et al, 1992]. Já não podemos observar este mesmo
fenômeno em indivíduos portadores de dor lombar. O que se pode verificar
neste grupo de indivíduos é um atraso no início da atividade muscular dos
músculos estabilizadores (Hodges et al, 1999; Hodges& Richardson , 1998).
Segundo Bernstein [1967] o corpo deve ser visto como um todo, um
sistema mecânico sujeito a forças internas e externas, no qual um único
comando central pode gerar diferentes movimentos, e diferentes comandos
podem resultar em movimentos similares baseado nas forças internas e
externas aplicada ao corpo. Assim, o controle motor é resultado de uma série de
interações do sistema nervoso.
O controle motor engloba duas visões básicas: a primeira é o controle
do corpo com respeito à estabilidade (postura e equilíbrio). A segunda visão está
relacionada com os movimentos do corpo em relação ao espaço. Para entender
o controle motor é necessário entender a íntima relação existente entre a ação
(controle dos movimentos musculoesqueléticos), percepção (informação sobre a
interação do corpo e meio ambiente) e cognição (atenção, motivação, impulsão)
[Garred, 2000].
Desta forma é possível supor que em uma determinada alteração de
músculos estabilizadores dinâmicos na coluna vertebral, podem-se gerar
alterações no controle motor, ou seja, implicações relacionadas à estabilidade
frente a uma determinada tarefa e comprometimentos relacionados com a
percepção do corpo em relação ao espaço. Porém, é possível, mesmo com
determinadas alterações musculares, que o movimento ocorra, mas que a
coluna vertebral neste caso, esteja desprotegida, podendo assim implicar em
processos dolorosos.
A dor muscular pode apresentar influência sobre o controle motor através
de numerosos mecanismos reflexos e centrais. Segundo Graven-Nielsen et al
[1997] a dor muscular pode afetar a atividade muscular sob três condições:
durante o repouso, durante contrações estáticas e durante contrações
dinâmicas. O estudo do efeito da dor nessas diferentes condições tem sido
amplamente estudado e, para isso, diversos pesquisadores m utilizado
substâncias que promovam dor induzida [Svensson et al, 1998; Graven-Nielsen
et al, 1997; Ervilha et al, 2005; Babenko et al, 1999].
Sabendo da importância de estudos relacionados à estabilidade da
coluna lombar e especificamente dos músculos profundos vertebrais, neste caso
os MULT, torna-se de extrema importância o entendimento da função muscular
em diferentes situações e diferentes níveis vertebrais. Conhecendo a função dos
MULT e sua alteração na presença de dor, podem-se aprimorar ferramentas
diagnósticas e terapêuticas em indivíduos portadores de lombalgia.
A contribuição que o presente estudo pretende trazer nessa área de
pesquisa é de avaliação eletromiográfica dos referidos músculos com eletrodos
de superfície para os níveis lombares inferiores (L4 e L5) e com eletrodos tipo fio
para os níveis mais superiores, que, nesses, os MULT são recobertos por
outras camadas de músculos [Fattini & Dangelo, 2007].
Esses estudos podem ser feitos em condições de velocidade de
execução de uma tarefa controlada, que é utilizado, de forma sincronizada
com o eletromiógrafo, um dinamômetro isocinético. Com esses instrumentos de
investigação biomecânica e de controle motor, uma outra condição de
investigação de interesse é a questão da dor experimentalmente induzida.
Ao se estudar o efeito da dor em pacientes há uma série de fatores
envolvidos que tornam a padronização do quadro clínico dificultada, como o tipo
de lesão, o seu grau, o tempo de instalação do quadro clínico, os tratamentos
realizados anteriormente e os fenômenos de adaptação do sistema nervoso
central à dor. Como uma forma de diminuição de viés quando se apresenta uma
amostra mais heterogênea, a dor experimentalmente induzida parece ser um
procedimento em que se pode controlar melhor a amostra. A dor
experimentalmente induzida é uma técnica utilizada na literatura científica
[Ervilha et al, 2005; Graven-Nielsen et al, 1997] que tem a vantagem de
padronizar o agente que provoca a dor, em termos de quantidade da substância
algogênica, sua concentração e velocidade de infusão. Dentre essas
substâncias, destaca-se a solução salina hipertônica a 5,8%, que provoca dor
aguda com uma duração média de 10 minutos e é isenta de efeitos colaterais
[Graven-Nielsen et al, 1997].
2. APRESENTAÇÃO
Para se obter um melhor entendimento sobre a função dos MULT
lombares, através da sua atividade eletromiográfica, esse projeto desenvolveu
dois estudos, a saber:
1) O efeito da velocidade angular na pré-ativação dos MULT
lombares.
2) Avaliação do tempo de ativação dos músculos MULT em
indivíduos com dor experimentalmente induzida.
3. OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho foi de avaliar a atividade dos MULT
através da utilização da Eletromiografia, a fim de se conhecer o papel
estabilizador desse grupo muscular.
Como objetivos específicos este trabalho buscou:
Avaliar a atividade EMG dos MULT em um determinado movimento
articular através de diferentes velocidades angulares com a
utilização de um dinamômetro isocinético;
Avaliar a atividade elétrica dos MULT em diferentes níveis
vertebrais e comparar os diferentes lados;
Comparar a atividade EMG dos MULT antes e após a indução
experimental de dor lombar e;
Utilizar e comparar as diversas formas de análise do sinal
eletromiográfico.
10
4. JUSTIFICATIVA
Muito se estuda a respeito da função estabilizadora dos MULT. Esta
tendência mostra um forte interesse pela pesquisa devido ao grande número de
lesões e alterações musculares que podem desencadear diversas formas de
lombalgia. Desta forma, o entendimento da função deste grupo muscular,
considerado estabilizador, torna-se muito importante. Uma das formas de
entendimento da função destes músculos é através da análise da atividade
elétrica muscular.
Para se conhecer melhor a função estabilizadora dos MULT deve-se,
primeiramente, verificar qual forma de análise do sinal EMG é mais adequada
como, a intensidade do sinal EMG e o tempo de ativação muscular.
A partir daí torna-se possível verificar a função estabilizadora deste grupo
muscular em diferentes tarefas e comparar esta função com relação a diferentes
velocidades de execução de atividades dinâmicas.
11
Uma vez alcançada tal etapa será possível estudar a ação dos MULT em
termos de presença ou ausência de dor e se a dor experimentalmente induzida
pode alterar o comportamento muscular em termos de simetria e níveis
vertebrais afetados.
Tais respostas se bem sucedidas poderiam fornecer novas bases de
exercícios para prevenção e/ou tratamento da lombalgia.
12
5. ESTUDO 1
O EFEITO DA VELOCIDADE ANGULAR NA
PRÉ-ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS MULTÍFIDOS
LOMBARES
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo verificar a existência da pré-ativação dos
músculos multífidos lombares (MULT). Verificou-se o efeito da velocidade
angular executada no membro superior através de um dinamômetro isocinético
para se encontrar esta pré-atividade. Também foi analisado o critério para se
observar o início do movimento, e a intensidade do valor EMG pré-movimento
para cada velocidade angular. Sabe-se que um atraso na ativação desse
músculo acarreta diminuição da estabilidade provocando lesões localizadas.
Para dez diferentes velocidades pré-selecionadas, vinte sujeitos realizaram
movimentos de flexão do ombro. O início da atividade EMG dos MULT no nível
de L5 de ambos os lados foi mensurado de acordo com o início da ativação do
músculo deltóide anterior direito e com o início da variação angular. Para ambos
os critérios adotados os MULT apresentaram-se mais pré-ativos, sendo que o
lado direito apresentou-se ativo mais precocemente e com uma intensidade
EMG maior que o lado esquerdo. Durante a velocidade de 30°/s esses músculos
apresentaram-se mais pré-ativos, independente do critério adotado e, durante
esta velocidade, estes músculos apresentaram maior intensidade EMG pré-
movimento.
Palavras Chave: Coluna Vertebral, Dor Lombar, Eletromiografia
13
INTRODUÇÃO
A lombalgia afeta 70 a 80% da população em alguma época da vida,
sendo a causa mais comum de limitação da atividade em pessoas com 40 anos
ou menos. Esta doença é um problema comum com inadequada correlação
entre exame físico, sintomas clínicos e estratégias de tratamentos [Kader et al,
2000].
evidências de disfunções em músculos paravertebrais em indivíduos
com dor lombar, e isto tem sido detectado através de mensurações de atividade
elétrica muscular, fadigabilidade, composição muscular, tamanho e consistência
muscular. Os músculos extensores têm-se mostrado alterados em indivíduos
com dor lombar, mas, particular atenção tem sido dada aos músculos multífidos
lombares (MULT) [Richardson et al,1999].
Estudos individualizados dos MULT em diferentes níveis apontaram
diferenças do sinal elétrico obtido em cada músculo [Valencia & Munro, 1985].
Com estas conclusões McGill [1997] sugere que um atraso no tempo de
ativação de apenas um MULT durante o movimento da coluna lombar poderia
diminuir a estabilidade e provocar uma lesão localizada.
Diante das características necessárias para que um determinado músculo
seja considerado estabilizador, a pré-ativação muscular tem sido foco de muitos
trabalhos [Hodges & Richardson, 1999; Cresswell, 1994; Cresswell et al, 1992;
Vasseljen et al, 2006; Hodges et al, 1999; Hodges et al, 2001]. Alguns destes
estudos mostram a pré-atividade muscular através da variação da posição
angular de um determinado movimento. Segundo Hodges et al [2001], durante
determinados movimentos dos membros, a atividade dos músculos do tronco
geralmente ocorre antecipadamente ao movimento, isto para preparar a coluna
vertebral para perturbações resultantes de diferentes movimentos.
Cresswell et al [1992] investigaram a atividade dos músculos do tronco
durante contrações isométricas de flexores e extensores do tronco e observou
que, durante as duas tarefas, a atividade do m. transverso do abdômen
14
permanecia constante enquanto os demais músculos abdominais diminuíam sua
atividade durante a extensão isométrica. Os autores concluíram que, durante as
duas contrações isométricas, o m. transverso do abdômen mostrou menor
mudança de atividade, o que pressupõe uma função estabilizadora do mesmo.
Atrasos na ativação muscular do tronco m sido observados em
pacientes com dor lombar, indicando uma condição patológica [Vasseljen et al,
2006]. Esta afirmação pode ser confirmada a partir de estudos como o de
Hodges et al [2001] que avaliaram a atividade elétrica dos músculos do tronco
durante movimentação do braço em sujeitos que apresentavam dor lombar. Eles
observaram um atraso na pré-atividade do músculo transverso do abdômen em
relação ao músculo deltóide anterior em diferentes movimentos do ombro.
Outros estudos enfatizam que a pré-ativação de músculos estabilizadores
está mais relacionada com movimentos do braço ou da perna [Hodges &
Richardson, 1999; Hodges et al, 2001]. No entanto, pouco se sabe sobre o efeito
da velocidade de execução do movimento do membro. Os dois estudos
encontrados [Hodges & Richardson, 1999; Hodges et al, 2001] sugeriram que
em velocidades de movimento mais altas do membro superior ou do membro
inferior ocorre uma maior pré-ativação de músculos estabilizadores do tronco.
Diversas formas podem ser utilizadas para se verificar a pré-ativação
muscular. Para isso deve-se estabelecer um critério para reconhecer o início o
movimento. Segundo Hodges & Bui [1996], pouco consenso existe na literatura
a respeito dos métodos de determinação do início da atividade eletromiográfica
e estes autores concluem que diversas formas podem ser utilizadas para uma
determinação acurada do início da atividade EMG. Uma série de estudos analisa
o início da atividade através da variação de atividade de um músculo motor
primário [Hodges et al, 1999; Cresswell et al, 1992; Vasseljen et al, 2006]. Uma
outra forma de controle de determinados movimentos dos membros é o controle
da velocidade angular, e esta pode ser verificada através da utilização de
dinamômetros isocinéticos, que fornecem, além desses dados, também os da
posição angular e do torque [Dvri, 2002].
15
Enquanto estudos na área da reabilitação [Hodges & Richardson 1998;
Richardson et al, 1999] avaliam o instante de ativação muscular, outros estudos,
na área de controle motor têm estudado o montante de atividade elétrica
muscular pré-movimento, e chamado-a de ajuste postural antecipatório (APA),
como os estudos de Krishnamoorthy et al, [2003], Krishnamoorthy et al, [2004] e
Slijper & Latash, [2000]. Esses partem do pressuposto que a estabilização do
corpo é importante para a execução de movimentos e para manutenção do
equilíbrio frente a uma perturbação, e esta estabilidade pode ser realizada
através do APA, que busca minimizar o deslocamento excessivo do centro de
massa visando a estabilidade corporal e o controle da direção do movimento
[Mochizuki & Amadio, 2006].
Existe uma grande relação entre APA e tempo de ativação muscular
que os dois caracterizam uma ação antecipatória muscular referente a uma
determinada perturbação, porém os estudos referentes ao tempo de ativação
muscular observam o instante de início da atividade elétrica muscular e o APA
avalia a intensidade do sinal EMG. Um outro aspecto importante que os difere é
a direção do movimento executado, que o APA é dependente da direção do
movimento, pois o sistema nervoso central prediz o efeito que o movimento terá
no corpo e planeja uma seqüência de atividade muscular como resultado da
perturbação. Este evento envolve uma construção de informações e
experiências construídas ao longo da vida do indivíduo [Aruin & Latash, 1995].
o tempo de ativação de músculos considerados estabilizadores ocorre
independentemente da direção do movimento [Hodges & Richardson, 1997].
Em outras palavras, a questão é saber se a atividade muscular que
ocorre antes do movimento é mais bem percebida avaliando-se o instante de
pré-ativação ou a intensidade do sinal EMG em um período fixo, como utilizado
por Krishnamoorthy et al [2004]. Para se calcular a intensidade do sinal EMG,
utiliza-se o Root Mean Square (RMS) que é um bom indicador da magnitude do
sinal. Os valores RMS são calculados pela soma dos valores quadrados do sinal
original, e fazendo a raiz quadrada da média desse valor obtido [Araujo, 1998]. A
figura 1 ilustra as duas formas de análise em questão.
16
FIGURA 1 - Representação das formas de análise do sinal eletromiográfico.
A figura da esquerda representa a variação angular (gráfico inferior) e os
sinais EMG dos diferentes músculos (gráficos superiores). A figura da
direita representa uma projeção aumentada do início do movimento a partir
da variação angular e a relação deste tempo com o sinal EMG. Pode-se
notar que todos os músculos apresentam - se pré-ativos com relação ao
início do movimento angular.
17
Diante da importância da realização de estudos que investigam a pré-
ativação dos músculos estabilizadores da coluna vertebral, surge uma questão
metodológica importante: qual é o efeito da velocidade para se encontrar a pré-
atividade muscular dos músculos MULT? Qual seria o melhor critério para se
avaliar o início do movimento e da atividade elétrica do músculo? E qual a
melhor forma de avaliar a pré-ativação: analisando o instante de ativação
muscular ou o montante de atividade elétrica num período determinado pré-
movimento?
Se for conhecido o efeito da velocidade em que o movimento deve ser
realizado para se estudar a pré-ativação muscular, futuros estudos poderão se
basear nessa, e, por conseqüência, poder-se-á continuar os estudos de
músculos estabilizadores a partir de uma análise funcional através da EMG.
Através destes importantes dados, este estudo tem como objetivo geral
analisar a existência da pré-ativação do MULT de uma forma dinâmica. A partir
desta verificação os objetivos específicos estão relacionados com: a) verificar o
efeito da velocidade angular para se encontrar esta pré-atividade; b) escolher o
melhor critério para se observar o início do movimento articular e; c) comparar a
intensidade do valor RMS pré-movimento para cada velocidade angular.
18
MÉTODOS
Amostra
No presente estudo, foram avaliados vinte voluntários saudáveis,
praticantes de atividade física regular cujo critério está descrito na literatura
[ACSM, 2007] sendo 10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com as
seguintes características de idade, estatura e massa corporal, respectivamente:
26,4±5,0 anos, 1,70±7,3m e 66,8±10,5kg. O voluntário foi entrevistado para a
confirmação de que realizavam atividade física regular. Os critérios de inclusão
foram ausência de doenças osteomioarticulares ou nervosa, dor crônica na
coluna lombar, deformidades vertebrais e/ou cirurgias prévias da coluna
(ANEXO I).
Antecipadamente ao experimento todos os voluntários receberam
informações completas sobre ele, e então, assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (ANEXO II). O estudo foi aprovado pelo comitê
de ética local, de acordo com o protocolo 052/07, seguindo os princípios de
Helsinki (ANEXO III).
Colocação dos eletrodos
Primeiramente, foi realizada a palpação óssea dos processos espinhosos
de L5 e marcação deste com lápis dermatográfico para melhor colocação dos
eletrodos [Harlick et al, 2007]. Antes da fixação dos eletrodos, a pele foi limpa
com álcool para redução da resistência elétrica, e, quando necessário, uma
tricotomia foi realizada seguindo recomendações da SENIAM [Hermens et al,
2000].
Em estudos realizados com cadáveres frescos, observou-se que, abaixo
de L3 os MULT estão recobertos apenas pela fáscia toracolombar [Boajadsen et
19
al, 2001]. Assim, é possível utilizar eletrodos de superfície no nível da quinta
vértebra lombar.
Eletrodos de superfície Ag/AgCl bipolar foram posicionados sobre o
MULT, 2cm lateralmente ao processo espinhoso na direção das fibras
musculares do lado direito e esquerdo no nível de L5 com uma distância inter
eletrodos de 20mm e fixados através de fita hipoalérgica Micropore. Da mesma
forma, para a porção anterior do músculo deltóide (DELT) do lado direito, os
eletrodos foram colocados seguindo recomendações da SENIAM. O eletrodo de
referência, monopolar, foi posicionado sobre o processo espinhoso de C7. Esse
critério para colocação dos eletrodos foi baseado na literatura [Hermens et al,
2000]. Uma ilustração do posicionamento dos eletrodos pode ser vista na Figura
2.
FIGURA 2 - Representação do posicionamento dos eletrodos de superfície
nos músculos multífidos lombares L5 bilateralmente.
20
Procedimentos
Foram utilizadas 10 diferentes velocidades angulares, cuja ordem de
execução foi escolhida aleatoriamente. Os voluntários foram acomodados no
dinamômetro isocinético e orientados a não apoiar seu tronco no encosto do
banco, manterem-se sempre olhando para frente e repousarem o membro
superior esquerdo sobre a coxa esquerda.
A tarefa consistiu na realização de 10 movimentos de flexão do ombro
direito para cada uma das seguintes velocidades angulares: 30°/s, 60°/s, 90°/s,
120°/s, 150°/s, 180°/s, 210°/s, 240°/s, 270°/s, 300°/s. Todas as velocidades
angulares foram realizadas com a mesma amplitude de movimento articular
estabelecida durante posicionamento do voluntário no dinamômetro. Entre as 10
contrações numa mesma velocidade angular, um intervalo de 3 segundos era
solicitado para facilitar a identificação do início da atividade muscular. Já o
tempo de repouso entre as diferentes velocidades angulares foi de 120
segundos, para evitar, desta forma, a fadiga muscular. Durante este período, os
voluntários foram orientados a repousar o tronco no encosto do banco do
dinamômetro isocinético [Kellis & Baltzoupoulos, 1995]. Os voluntários foram
orientados a iniciar o movimento após comando verbal promovido pelo
examinador que monitorava o tempo com um cronômetro. O posicionamento do
voluntário no dinamômetro isocinético pode ser visualizado na figura 3.
21
FIGURA 3 - Representação da condição experimental de posicionamento e
da tarefa do voluntário no dinamômetro isocinético.
Aquisição e Análise de dados
O sinal EMG adquirido foi condicionado por um amplificador diferencial
bipolar de oito canais. O sistema de aquisição de dados utilizado foi o
MyoSystem 1400 Noraxon - USA, operando com um filtro passa-banda de 20
a 500 Hz, e com ganho 1.000. Foi utilizada uma freqüência de amostragem de
1.000 Hz, que foi controlada pelo programa de aquisição de dados, o software
Myoresearch, versão 103.04.
A sincronização entre o eletromiógrafo e o dinamômetro isocinético foi
fornecida através da utilização de um cabo que conecta a porta serial do Biodex
system 3 com a entrada do módulo de aquisição de sinais Myosystem 1400.
Assim, o software adquire tanto os sinais oriundos do dinamômetro quanto os do
eletromiógrafo. Dessa forma, os sinais relacionados às variáveis da posição
angular e torque foram transmitidos em tempo real do dinamômetro isocinético
para os canais auxiliares do sistema de aquisição de dados.
22
Os sinais EMG brutos foram exportados do software Myoresearch para o
tratamento de todos os sinais e foram utilizadas rotinas de programação
elaboradas no ambiente MatLab 7.0 (ANEXO III).
Primeiramente, os sinais tiveram a média da atividade em repouso
removida (offset), em seguida retificados e filtrados com um filtro Butterworth de
ordem para suavização. Então, os sinais foram normalizados pela média.
Assim, foi possível avaliar o valor médio RMS de cada músculo e o instante de
ativação muscular nas dez diferentes velocidades analisadas.
Segundo Hodges e Bui [1996], pouco consenso existe na literatura a
respeito dos métodos de determinação do início da atividade eletromiográfica.
Com o procedimento utilizado foi possível avaliar a atividade antecipatória dos
músculos do tronco com relação à primeira atividade do músculo motor primário,
neste caso o DELT, e com relação à variação da posição angular, que pode ser
mensurada através dos dados do dinamômetro isocinético.
Para se padronizar o TPA dos músculos relacionados com o estudo,
registrou-se o instante em que o sinal EMG atingia uma intensidade de 10% do
valor máximo naquela contração. A figura 4 ilustra o procedimento realizado.
A intensidade do sinal EMG para cada velocidade angular foi determinada
a partir da EMG de cada músculo em cada contração. A intensidade foi
identificada como a média do valor RMS nas janelas de 350ms antes do início
do movimento, já obtido no procedimento anterior.
23
2
0
60
RMS (u.a.)
TEMPO (ms)
EMG MULTL5D
variação angular
sinal suavizado
10%
valor máximo
da contração
Variação Angular (graus)
FIGURA 4 - Esquema do procedimento utilizado para padronizar o
tempo de pré-ativação (TPA) muscular a partir do sinal retificado. A linha
verde mostra o sinal suavizado. A linha vermelha mostra a variação
angular. O retângulo superior mostra a intensidade máxima do sinal e o
retângulo inferior mostra o valor de 10% do valor máximo indicando o
início da contração muscular.
Análise estatística
Para a análise estatística foram realizados teste de ANOVA de dois fatores
(músculo e velocidade). Utilizou-se um valor alfa de 95% (p≤ 0,05).
24
RESULTADOS
Optou-se por apresentar os resultados deste estudo através de dois
aspectos: análise do tempo pré-ativação (TPA) e análise da intensidade do
valor RMS. Os valores de TPA foram comparados por meio de ANOVA de dois
fatores (músculo e velocidade) para verificar qual dos músculos e em quais
velocidades pode-se observar uma atividade antecipatória ao movimento.
Esta análise foi dividida em três principais etapas:
Análise do TPA para cada músculo
Análise do TPA para as diferentes velocidades utilizadas e;
Análise do valor RMS pré-movimento para cada músculo nos
diferentes critérios adotados.
ANÁLISE DO TEMPO PRÉ-ATIVAÇÃO PARA OS DIFERENTES
MÚSCULOS
A figura 5 apresenta as médias e desvios padrão dos músculos DELT,
MULT lombar direito (MULTD) e MULT lombar esquerdo (MULTE) em relação
ao TPA para o início da variação angular. Nesta figura todos os valores de TPA
estão negativos, mostrando que todos os músculos apresentaram atividade
EMG antes do início do movimento angular. Pode-se perceber que todos os
músculos apresentaram diferenças significantes (F
(2,5898)
=433,9, p=0,001). O
teste pos hoc Tukey entre os músculos identificou que os MULT lombares
bilaterais apresentaram maior TPA em relação ao início da atividade EMG do
DELT e que o MULTD apresentou-se ainda mais pré-ativado do que os MULTE
(p<0,05).
25
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0
*
*
TPA (ms)
*
MULTE
MULTD
DELT
#
FIGURA 5 - Comparação entre os músculos deltóide (DELT), multífido lombar direito (MULTD) e multífido lombar
esquerdo (MULTE) em relação ao tempo de pré-ativação (TPA) determinado pela variação angular. Todos os
músculos apresentaram diferença (
*
). O MULTD apresentou maior TPA (#) (p<0,05).
26
ANÁLISE DO TEMPO PRÉ-ATIVAÇÃO PARA AS DIFERENTES
VELOCIDADES ANGULARES
A figura 6 apresenta a média e desvio padrão das diferentes velocidades
angulares (30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270, 300°/s) em relação ao TPA
a partir do início da variação da posição angular. A análise estatística
apresentou diferenças significantes entre as diferentes velocidades angulares
(F
(9,5898)
=21,0, p=0,001). Através da análise pos hoc Tukey pode-se verificar que
somente a velocidade de 30°/s apresentou diferença em relação a todas as
outras velocidades para o critério de variação angular. Para os dois critérios
adotados percebe-se que a velocidade de 30°/s apresenta um TPA maior do
que as outras velocidades (p<0,05). É possível verificar, através dos resultados,
que as velocidades mais baixas (30, 60 e 90°/s) apresentaram tendências de
maiores TPA em relação às outras (Tabela 1). Para a comparação dos
diferentes critérios adotados de início do movimento pela: atividade do músculo
deltóide ou pelo início da variação angular percebeu-se que não houve
diferenças entre eles, ou seja, tanto em um critério como em outro, as
velocidades angulares de 30, 60 e 90°/s apresentaram maiores TPA.
.
27
30
60
90
120
150
180
210
240
270
300
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0
Tempo de Ativação (ms)
DELT
MULTE
MULTD
Velocidade Angular (
o
/s)
*
FIGURA 6 - Comparação entre as velocidades 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270 e 300°/s em relação ao
tempo de pré-ativação dos músculos Multífido lombar direito (MULTD), Multífido lombar esquerdo (MULTE) e
deltóide (DELT). A velocidade de 30°/s apresentou diferenças significativas em relação a todas as outras
velocidades angulares (p<0,05).
28
TABELA 1 - Médias e valores de tempo de pré-ativação para as diferentes
velocidades angulares através do critério de variação da posição angular e
início da atividade eletromiográfica do deltóide. (* = p<0,05).
Velocidade angular (
o
/s)
Variação angular (
o
/s)
Atividade deltóide (µV)
30
263,7 ±98,0 *
70,2±103,2 *
60
241,3 ±110,1 *
62,2±122,6 *
90
240,2 ±106,7 *
62,6 ±115,3 *
120
220,6 ±110,6
58,7 ±110,0
150
220,7 ±116,2
59,5 ±121,1
180
222,5 ±107,6
47,7 ±115,1
210
207,0 ±105,9
39,8 ±108,9
240
209,2 ±112,2
36,6±112,1
270
214,6±110,1
42,1 ±110,7
300
200,0 ±117,3
50,3 ±117,2
ANÁLISE DA INTENSIDADE MÉDIA DO SINAL EMG
A figura 7 mostra as médias e desvios padrão da atividade EMG para o
músculo MULT bilateralmente nas diferentes velocidades angulares. A análise
estatística apresentou diferenças significantes entre as diferentes velocidades
angulares para o MULTD (F
(9,1955)
=10,9, p<0,05) e MULTE
(F
(9,1955)
=8,17,p<0,05). Através da análise pos hoc Tukey pode-se verificar que
durante a velocidade de 30°/s, tanto o MULTD quanto o MULTE apresentaram
um sinal EMG de maior intensidade. Porém, se comparados entre si nesta
mesma velocidade, o MULTD apresentou um valor médio maior que do lado
contralateral para os dois critérios empregados (p<0,05). Para o MULTE
somente a velocidade de 30°/s apresentou diferença em relação a outras
velocidades, que ocorreu para a velocidade de 180, 210 e 240°/s.
29
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
0
50
100
150
200
250
300
350
400
EMG normalizado pela média (RMS - u.a.)
MULTD
MULTE
Velocidades Angulares (
o
/s)
*
#
FIGURA 7 - Comparação da atividade eletromiográfica (EMG) normalizada pela dia, em valores RMS para o
multífido lombar direito (MULTD) e multífido lombar esquerdo (MULTE) nas diferentes velocidades angulares. A
velocidade de 30
0
/s apresentou maior intensidade EMG (#). O MULTD apresentou maior intensidade EMG se
comparado com MULTE (
*
) (p<0,05).
30
DISCUSSÃO
A p-atividade dos MULT foi encontrada segundo ambos os critérios de
início do movimento. Ou seja, foi possível identificar pré-atividade muscular tanto
para o critério de início da contração muscular detectado pela ação do sculo
deltóide, que é motor primário do movimento de elevação do membro superior e
adotado por Hodges & Richardson [1997], quanto pelo critério de variação da
posição angular.
Primeiramente, é interessante notar que o DELT apresentou-se ativo
antes do início do movimento detectável para variação angular. Esse resultado
pode ter ocorrido por uma contração sinérgica do DELT enquanto o sujeito
realizava certa força de preensão manual no braço do dinamômetro ou por uma
literal pré-ativação muscular. De qualquer forma, para se detectar pré-ativação,
o critério da variação angular parece ser mais adequado, já que um determinado
músculo, se ativado sincronizadamente em relação ao DELT, não será
considerado pré-ativo pelo critério de início do movimento detectado pela ação
de um músculo motor primário, mas será considerado pré-ativo em relação à
variação angular. Estes achados estão em acordo com Cordo & Nashner [1982]
e Brauer [1998] que afirmam que diversos fatores contribuem para a regulação
do tempo da atividade do músculo postural versus o músculo motor primário,
durante tarefas voluntárias, que neste caso foi o foco desta pesquisa.
Segundo estes mesmos autores citados acima, em geral a ativação dos
músculos do tronco ocorre simultaneamente com os músculos motores primários
em uma determinada tarefa voluntária de elevação do braço. Porém, o presente
trabalho não avaliou estas relações de sincronismo, mas sim, uma pré-ativação
dos músculos do tronco em relação ao músculo motor primário.
Foi constatado, através dos resultados deste estudo, que ambos os
MULT foram pré-ativos em relação ao movimento de elevação do membro
superior e em relação à variação angular. Esse resultado obtido através desta
pesquisa está de acordo com o estudo de Hodges et al [1997], no qual se pode
perceber que os músculos estabilizadores lombares como é também o caso do
31
m. transverso do abdômen, apresentam-se pré-ativados em relação ao
movimento do membro superior. Estes achados podem nos confirmar que
sendo os MULT ativos antes do início dos movimentos dos membros, tem uma
provável função estabilizadora, que pode ocorrer de forma a proteger a coluna
lombar e controlar o movimento segmentar local a partir de uma determinada
alteração do controle postural.
Entende-se que esta pré-ativação muscular pode representar uma
preparação muscular do indivíduo em relação a uma dada perturbação, visando
à proteção da coluna vertebral. Porém, é importante ressaltar que a pré-
atividade muscular a partir de um dado movimento corporal é realizada de
forma automática, isto é, a informação ocorre a partir do SNC e é repassada
aos determinados músculos estabilizadores, sendo estes responsáveis em
proteger a articulação, neste caso as intervertebrais.
Neste estudo a forma metodológica para a realização da tarefa de
elevação do braço ocorreu a partir de um comando verbal dado pelo
examinador. Através deste dado pode-se hipotetizar que a pré-ativação dos
músculos lombares ocorreu devido a uma dada preparação do sujeito para a
realização da tarefa em questão. Sendo assim, supõe-se que esta pré-ativação
dos músculos lombares não foi automática e sim voluntária e preparatória. Este
dado poderia ser visto como uma limitação metodológica da pesquisa em
questão. Porém, é interessante notar que ocorreu uma diferença significativa
entre os lados no nível de L5.
Este foi outro resultado interessante no qual o MULT direito foi ativado
antes do MULT esquerdo. Resultados similares com este dado não foram, até o
momento, encontrados na literatura, mas pode-se sugerir que isso se deva ao
fato que ele seja homolateral ao membro superior acionado, ou seja, quando o
membro superior direito é acionado, o MULT direito mostra maior pré-atividade
que o lado contralateral. Uma outra hipótese pode estar relacionada a uma
pequena, mas importante inclinação e rotação do tronco para o lado que é
executado a tarefa, desta forma a contração do lado direito torna-se mais
32
evidente e precipitada, mesmo adotando-se os cuidados de fixação e ajuste do
paciente no equipamento.
O resultado de maior pré-ativação muscular do lado relacionado ao
membro envolvido no movimento, ou seja, do lado que é realizada a tarefa,
evidencia a importância da integridade desse grupo muscular para a
estabilidade do tronco. Segundo Mochizuki & Amadio [2006] o controle postural
ocorre por meio de uma seqüência de informações e o SNC apresenta a
habilidade de escolher a fonte para controlar a postura.
Desta forma, sabe-se que a alteração em um músculo segmentar, como é
o caso dos MULT, pode alterar a estabilidade corporal e a posição no espaço.
Com esta alteração o indivíduo procurará uma outra opção para que uma
determinada tarefa seja realizada. Porém, vale ressaltar que a ausência da
atividade adequada de sculos estabilizadores, ou seja, pré-atividade destes
músculos pode gerar maiores déficits proprioceptivos, alterações do controle
postural e segmentar e conseqüentes lesões progressivas da coluna vertebral. A
integridade específica destes músculos se torna de grande valia para a
prevenção, manutenção e tratamento de lesões da coluna lombar.
Um outro dado relevante nesta pesquisa foi o resultado encontrado de
maior pré-ativação muscular em velocidades mais baixas (30,60 e 90°/s). Estes
resultados estão em desacordo com as pesquisas de Hodges et al [1999], que
encontrou a pré-ativação muscular mais evidente em movimentos com
velocidades de execução mais altas. Neste estudo encontramos que na
velocidade de 30, 60 e 90°/s os MULT apresentaram maiores tendências a
estarem pré-ativos em relação à tarefa realizada. Também é importante o fato
de a velocidade de 30°/s apresentar maior TPA que todas as outras
velocidades. Este fenômeno pode estar relacionado com diferenças na tarefa
realizada: enquanto, no presente estudo, os sujeitos permaneciam sentados, e
deslocavam o braço do equipamento, no estudo de Hodges & Richardson
[1999], o sujeito permanecia em pé, com o membro superior livre.
Para Horak et al [1984] quando os indivíduos devem se mover o mais
rápido possível e não em uma velocidade confortável, as respostas posturais
33
tendem a ser prematuras e ativadas com maior confiança. Estas afirmações
diferem dos resultados encontrados nesta pesquisa, porém sabe-se que neste
estudo os indivíduos estavam sentados com apoio do membro superior direito.
Esse procedimento pode ter alterado de alguma forma o sistema de controle
postural estabelecendo um limiar para a ativação das respostas à determinada
tarefa que o voluntário realizou.
Então, especula-se que o TPA muscular varia não pela velocidade
com que o movimento é executado, mas também pelo tipo de tarefa realizada.
De qualquer forma, para estudos futuros que utilizam certa resistência no braço,
como os dinamômetros isocinéticos, com o voluntário sentado sem encosto (as
condições do presente experimento) parece que a velocidade de 30º/s é mais
adequada para se identificar a pré-atividade muscular.
Uma outra análise dos MULT foi realizada através da intensidade do sinal
RMS pré-movimento para cada uma das diferentes velocidades angulares e
para os diferentes lados da coluna vertebral. E é interessante notar que estes
resultados foram similares para a análise de TPA muscular e para a análise da
intensidade RMS. Dois fatos podem ser levados em conta: a maior intensidade
RMS em velocidades mais baixas, em especial a 30º/s e uma maior intensidade
do sinal RMS dos MULT do lado direito em relação ao lado esquerdo.
Pode-se explicar o achado com relação à análise da intensidade ser maior
em velocidades mais baixas, pela hipótese de o indivíduo submeter-se a uma
maior exigência de controle da postura a 30º/s que nessa velocidade angular
se exigia uma maior estabilidade do tronco.
Segundo Hodges & Richardson [1997] e Richardson et al [1999] uma
determinada estratégia ocorre para gerar estabilidade do tronco e esta envolve a
modulação tônica de músculos específicos para promover a estabilidade das
articulações. Esta atividade aumenta a intensidade do valor RMS dos sculos
ao redor de determinadas articulações. Estes fatos parecem ser relevantes
neste estudo que para que o indivíduo executasse a tarefa a 30º/s foi
necessário aumentar o tônus dos músculos do tronco, em especial os MULT,
supostos estabilizadores da coluna vertebral.
34
A diferença da intensidade do valor RMS com relação à lateralidade dos
MULT pode mostrar que quando o voluntário eleva o membro superior direito
com a resistência do braço de alavanca do dinamômetro isocinético existe uma
tendência a ocorrer maior inclinação do tronco para o lado de execução do
movimento, isto para promover melhor ajuste postural e controle pélvico. Estes
achados corroboram com os estudos de Indahl et al [1995; 1997; 1999] que
concluem que a atividade reflexa dos MULT em resposta à estimulação de
mecanorreceptores no disco intervertebral lombar e ligamentos pode contribuir
para o aumento da atividade nestes músculos mais profundos e centrais.
Diante dos resultados apresentados e discutidos no presente estudo
pode-se sumariar alguns pontos de maior interesse:
1. pré-ativação muscular do MULT bilateramente, sendo que ela é
maior no lado em que ocorreu o movimento do membro superior. Enquanto o
TPA do MULT do lado direito foi, em média, e considerando-se todas as
velocidades analisadas, de 266 ms, enquanto que para o MULT do lado
esquerdo foi de 233ms.
2. A pré-ativação muscular parece ser velocidade-dependente, ou seja,
maior TPA quanto mais baixa é a velocidade angular em que o movimento
ocorreu. Enquanto o TPA a 30°/s foi de 263,7 ms, a 300°/s ele foi de 200 ms.
3. A intensidade RMS para o MULT do lado direito foi de 265 u.a. e para o
MULT do lado esquerdo foi de 234,3 u.a..
4. As duas formas de se analisar a pré-ativação muscular, seja pelo TPA,
seja pela intensidade de 350 ms pré-movimento permitem chegar aos mesmos
resultados.
35
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40
6. ESTUDO 2
AVALIAÇÃO DO TEMPO DE ATIVAÇÃO DOS
MÚSCULOS MULTÍFIDOS EM INDIVÍDUOS
COM DOR EXPERIMENTALMENTE INDUZIDA
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o tempo de pré-atividade muscular
e a intensidade do sinal RMS do músculo multífido lombar em diferentes níveis
vertebrais (L1 e L5) em indivíduos com dor induzida experimentalmente. Avaliou-
se a atividade muscular através do movimento de flexão do ombro com a
utilização de um dinamômetro isocinético com velocidade de 30º/s de 13
voluntários saudáveis. A tarefa foi reavaliada imediatamente após indução de
dor no músculo multífido em L5 do lado direito com substância salina hipertônica
e repetida após 30 minutos de repouso. Nenhuma diferença foi encontrada para
o nível vertebral de L1 em relação ao tempo de pré-ativação e intensidade do
valor RMS. Diferenças significativas foram encontradas para os mm. multífidos
no nível de L5 do lado direito apresentando um valor de tempo de pré-ativação
maior na situação s-dor. Para a análise do sinal RMS a situação p-dor
demonstrou maior valor RMS seguido da situação após o repouso e
imediatamente após indução de dor lombar respectivamente. O estudo mostra
que o tempo de pré-ativação não parece ser alterado em condições de dor
muscular aguda.
Palavras Chave: Eletromiografia, Dor Lombar, Reabilitação.
41
INTRODUÇÃO
A dor lombar é geralmente baseada em diferentes categorias: duração,
localização e causa dos sintomas, e apresenta incidência de 10% a 85% da
população dependendo da idade e atividades funcionais do paciente [Kahler
1993]. As diferentes causas de sintomas de dor podem estar relacionadas com
processos nociceptivos, neuropáticos e mecânicos, ou até mesmo à combinação
destes fatores [Grabois, 2005].
Os episódios de lombalgia estão relacionados, geralmente, a eventos
traumáticos agudos, ou ao uso excessivo que gera sobrecarga na coluna
vertebral, sendo que pode ocorrer regressão do quadro álgico em poucas
semanas. Entretanto, é comum constatar que um grande número de pacientes
apresenta quadro de recidivas da lombalgia [Richardson et al,1999].
A dor influencia o controle motor através de numerosos mecanismos
reflexos e centrais [Ervilha et al, 2005], e em diferentes situações. Para os
indivíduos portadores de dores lombares diversas tarefas dinâmicas podem ser
afetadas por esta alteração.
Mesmo um indivíduo sendo capaz de realizar uma determinada tarefa na
presença ou na ausência de dor lombar, esta pode ser feita através de
diferentes estratégias de ativação de um músculo direta ou indiretamente
envolvido com o movimento a ser realizado. A ausência ou a falha de uma
determinada informação muscular pode alterar o controle motor e para manter
este controle é necessário que o indivíduo lance mão de diferentes estratégias
[Ervilha et al, 2005; Mochizuki & Amadio, 2006].
Esta afirmativa relaciona-se com as teorias de Bernstein [1967] em que
um único comando central pode gerar diferentes movimentos, e diferentes
comandos podem resultar em movimentos similares baseados nas forças
internas e externas aplicadas ao corpo.
Durante a presença de dor existe uma diminuição da atividade de
42
músculos agonistas e um aumento da atividade de músculos antagonistas. Esta
mudança de recrutamento muscular ocorre para que uma articulação seja
protegida durante a realização de uma tarefa [Svensson et al, 1995]. Sabe-se
também que existe uma redução da atividade muscular mais profunda e um
aumento da atividade muscular mais superficial da coluna vertebral. Segundo
Panjabi [1992 a, b], estas características musculares podem ocorrer porque,
durante a presença da dor, é necessário aumentar o controle vertebral e, desta
forma, uma maior atividade de músculos superficiais é requerida.
Diversos mecanismos têm sido propostos para identificar e explicar os
efeitos da dor no controle motor e experimentos realizados com dor
experimentalmente induzida m mostrado causar mudanças na atividade
espinal [Svensson et al, 1995]. Estudos mostram que durante a dor experimental
muita mudanças ocorrem em regiões do cérebro que envolve o planejamento e
desempenho de diferentes atividades [Richardson et al, 1999].
Desde que a dor pode alterar o controle motor, sugerimos que tais
mudanças estão diretamente relacionadas com a atividade dos músculos
estabilizadores em pacientes portadores de dor lombar, que estes podem
apresentar notáveis alterações nas disfunções da coluna vertebral [O’Sullivan et
al, 1997; MacDonald et al, 2006; Valencia & Munro, 1985; Wilk et al, 1995].
Devido à importância da função dos sculos estabilizadores lombares,
entre eles os mm. multífidus lombares (MULT), torna-se necessário o
entendimento de suas funções nos processos dolorosos. Porém, pouco foi
encontrado sobre a dor lombar experimentalmente induzida nos músculos MULT
e o comportamento destes com as alterações nos ajustes posturais.
Pode-se observar que abaixo de L3 os MULT estão recobertos apenas
pela aponeurose do músculo eretor da coluna. Desta forma, para a captação de
sinais eletromiográficos dos MULT é possível utilizar eletrodos de superfície no
nível da quarta e quinta vértebras lombares. Acima deste nível vertebral os
MULT estão recobertos por fibras musculares dos sculos eretores da coluna
e iliocostal lombar [Fattini & Dangelo, 2007], o que torna inviável a captação de
atividade elétrica dos músculos mais centrais e profundos.
43
Por se tratar de um músculo pequeno e profundo, pode-se supor que a
inserção de uma agulha para a colocação dos eletrodos fio não seja precisa,
seja por mau posicionamento ou por deslocamento depois de repetidas
contrações, registrando, assim, a atividade de algum músculo vizinho. Por isso,
vários estudos descrevem o melhor posicionamento dos eletrodos de superfície
[Hermens et al, 2000], do tipo fio [Tong et al, 2005, Haig et al, 2001; Stein et al,
1993] ou eletrodos agulha [Bojadsen et al, 2001].
Apesar das dificuldades para o uso de eletrodos fio, a captação de sinais
elétricos oriundos destes músculos mais profundos ainda é a cnica mais
utilizada para que o eletrodo seja posicionado no ventre do músculo. Os
eletrodos do tipo fio apresentam uma série de vantagens em relação à utilização
de eletrodos de superfície. Estes eletrodos são extremamente finos, facilmente
implantados e retirados e podem ser posicionados em músculos profundos e
específicos [Basmajian & De Luca, 1985].
Segundo Sutton [1962] os eletrodos de fio inseridos de forma apropriada
registram a voltagem de um músculo muito melhor do que eletrodos de
superfície, isto porque estes eletrodos podem registrar a voltagem de uma única
unidade motora. Estes eletrodos podem ser facilmente implantados sem
anestesia. A dor que geralmente é sentida é devida à agulha que serve como
forma de condução para o eletrodo e é retirada após a implantação do mesmo.
Basmajian & De Luca, [1985] descreve que a utilização deste tipo de eletrodo
tem mostrado ser de grande valia em suas pesquisas experimentais.
Jonsson & Reichaman [1970] desenvolveram uma técnica radiológica
para controlar a inserção deste tipo de eletrodo. Uma outra forma de controle da
inserção da agulha e posicionamento do fio pode ser através da utilização de
ultrassonografia como guia de implantação [Vasseljen et al, 2006; Moseley et al,
2002]. Um esquema de eletrodos fio pode ser visualizado na figura 8 que mostra
que os fios, por serem muito finos, precisam ser introduzidos no interior de uma
agulha para serem introduzidos no músculo. As extremidades dos fios não
apresentam isolamento e são dobradas em forma de gancho para que, ao se
retirar a agulha do músculo, os fios fiquem fixos no mesmo.
44
FIGURA 8 - Esquema de um eletrodo fio e demonstração da implantação de
sua implantação. Adaptado de Noraxon Inc USA, 2005.
Especialmente nos músculos MULT diferentes técnicas podem ser
empregadas para a colocação de eletrodos do tipo fio quando não é possível a
utilização de equipamentos como forma visual de implantação. Entretanto,
encontram-se algumas divergências com relação ao tipo de técnica manual
empregada. Os resultados desta revisão da literatura estão na tabela 2.
Neste estudo optou-se pela utilização da técnica de Haig et al [1991],cujo
estudo utilizou uma determinada tinta colorida foi injetada através de uma
seringa nos músculos paravertebrais de cadáveres. Foram realizadas diferentes
técnicas de colocação da agulha para diferentes músculos paravertebrais, como
por exemplo, fibras do MULT que se originam em L5, fibras dos MULT que se
originam de T12 até L4 e fibras do m. longuíssimo que se originam de L1 a L3.
Após ser introduzida toda a substância, estes cadáveres foram dissecados e foi
avaliado o tingimento das fibras musculares. Como a localização dos MULT em
L1 é de interesse para esse estudo, a técnica apresentou nesse nível 81% de
45
acerto, ou seja, de 112 injeções aplicadas, 90 estavam nas fibras musculares
dos MULT de L1.
Para a correta colocação da agulha seguindo esta técnica deve-se marcar
o processo espinhoso correspondente. Então, a agulha deve ser 2.5cm lateral e
1cm em direção cefálica com relação ao processo espinhoso. A agulha é
inclinada 45 em direção à lâmina vertebral e inserida até tocar no periósteo de
forma que fique posicionada no seu ventre muscular [Haig et al 1991].
Diante dessa revisão da literatura foi possível realizar o estudo dos MULT
nos níveis vertebrais de L1 e L5. Esse estudo pode ter amplas aplicações, pois
se forem encontradas diferenças no padrão de atividade eletromiográfica
quando os sujeitos apresentam dor lombar aguda, diversos programas de
treinamento específicos para estes músculos poderão ser desenvolvidos para os
indivíduos que apresentam incidências de dor lombar, ou como forma preventiva
de lesões associadas a músculos estabilizadores da coluna vertebral.
46
TABELA 2 Resultado da revisão da literatura sobre diferentes procedimentos metodológicos para a colocação de
eletrodos fios nos músculos multífidos lombares.
AUTOR
FONTE
TIPO DE
ELETRODO
NÍVEL
AVALIADO
TÉCNICA EMPREGADA
OBSERVAÇÃO
Tong HC
et al
Spine 30:
17, 2005
Agulha de
50mm
L3, L4 e L5
2,5cm lateralmente a linha média e 1cm
superiormente ao aspecto mais inferior do
processo espinhoso de L3-L4-L5 com
inclinação de 4 em direção a linha
média. A agulha deve penetrar
aproximadamente 5mm até o contato
com o processo espinhoso. Para o nível
de S1 a posição é entre as espinhas
ilíaca póstero superiores com 2,5cm
lateralmente.
se sinais anormais como fibrilação
ocorrerem após a colocação dos eletrodos,
estes devem ser retirados e recolocados.
Bojadsen
TWA et al
Rev Bras
Biomec,
2001
Eletrodos
intramusculare
s de fios
torácica
a agulha penetra 2cm lateralmente ao
processo espinhoso com um inclinação
de 45º até tocar no periósteo
na coluna torácica os multífidus localizam-
se abaixo de músculos mais superficiais por
isso a necessidade de colocação de
eletrodos fios. Abaixo de L3 eles são
superficiais por isso podem-se utilizar
eletrodos de superfície.
Haig AJ,
et al
Muscle
Nerve
14:1991
eletrodo
intramuscular
fio
L1 a L5
a agulha deve ser inserida 2,5cm
lateralmente e 1cm cranialmente do ponto
mais inferior do processo espinhoso com
45º de inclinação medial em direção a
lâmina vertebral até tocar no periósteo.
Para o nível L5 a agulha é inserida com a
mesma angulação, 2,5cm lateralmente a
linha média entre as espinhas ilíacas
póstero superiores.
Stein J, et
al
Arch Phys
Med
Rehabil 74:
1993
intramuscular
de fios
a agulha é inserida em uma linha média
entre os processos espinhosos com 30º
de angulação cefálica e 10 a 1 de
angulação lateral. A inserção da agulha
deve ter uma profundidade de 2 a 2,5cm.
47
OBJETIVOS
Este estudo tem como objetivo geral avaliar a atividade EMG dos
músculos Multífidos lombares antes e após a indução de dor experimental.
Como objetivos específicos este trabalho pretende:
a) Avaliar o tempo de pré-atividade EMG do músculo MULT lombar em
indivíduos com dor induzida experimentalmente;
b) Verificar se existe alteração do valor RMS do sinal EMG entre as
condições sem dor e com dor lombar induzida experimentalmente e;
c) Verificar as alterações do sinal EMG nos diferentes lados da coluna
lombar em diferentes níveis vertebrais.
48
MÉTODOS
Amostra
No presente estudo foram avaliados 14 voluntários saudáveis do sexo
masculino com as seguintes características de idade, estatura e massa corporal,
respectivamente: 25,4±3,6 anos, 1,73±2,8m e 73,8±7,8kg. Todos os voluntários
eram praticantes de atividade física regular [ACSM, 2007].
Antecipadamente ao experimento todos os indivíduos selecionados
receberam uma explanação sobre a pesquisa e sobre a atividade que seriam
orientados a realizar, e então, assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido, seguindo as orientações do Conselho de Ética e Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu (ANEXO V). O estudo foi aprovado pelo comitê
de ética local de acordo com o protocolo 052/07 (ANEXO III).
Procedimentos
Foi realizada a palpação óssea e marcação dos processos espinhosos
dos níveis de L1 a L5 para melhor colocação dos eletrodos. Antes da colocação
do eletrodo foi realizada tricotomia, quando necessário, e limpeza da pele com
álcool para redução da resistência elétrica.
A colocação dos eletrodos foi realizada com o indivíduo em decúbito
ventral Eletrodos de superfície Ag/AgCl bipolar foram posicionados sobre o
MULT, 2cm lateralmente ao processo espinhoso na direção das fibras
musculares do lado direito e esquerdo no nível de L5 com uma distância inter
eletrodos de 20mm e fixados através de fita hipoalérgica Micropore. Da mesma
forma eletrodos foram colocados na porção anterior do músculo deltóide (DELT)
do lado direito para a captação da atividade elétrica do músculo motor primário
da atividade. O eletrodo de referência, monopolar, foi posicionado em C7. Esse
49
critério para colocação dos eletrodos foi baseado na literatura [Hermens et al,
2000]. Todos os eletrodos foram conectados ao amplificador diferencial.
Para a colocação dos eletrodos fio foi realizado além de um levantamento
bibliográfico de diferentes técnicas de colocação, um treinamento em cadáveres
frescos para melhor destreza do examinador e correção de falhas metodológicas
(Figura.9) As agulhas foram inseridas seguindo a técnica de Haig et al [1991].
FIGURA 9 - Visualização do treinamento de colocação de agulhas nos
músculos multífidos lombares (esquerda) e dissecção de cadáveres
frescos e confirmação da agulha no ventre muscular (direita).
Os eletrodos fio foram introduzidos no nível de L1 de ambos os lados da
coluna vertebral com o voluntário em decúbito ventral seguindo a técnica de
Haig et al [1991], onde a agulha foi inserida 2.5cm lateral e 1cm cefálico com
relação ao processo espinhoso. Esta foi inclinada 45 em direção à lâmina
vertebral e inserida até tocar no periósteo garantindo ao examinador que ficasse
posicionada no ventre muscular. Os eletrodos foram fixados a pele para evitar
que algum movimento acidental os retirasse de seu posicionamento original. O
posicionamento dos eletrodos pode ser mais bem visualizado nas figuras 10 e
11.
50
FIGURA 10 - Demonstração da colocação dos eletrodos fio em L1.
FIGURA 11 - Posicionamento dos eletrodos de superfície e eletrodos fio.
Os indivíduos foram posicionados no Dinamômetro Isocinético e
receberam um treinamento prévio à realização do movimento para melhor
acomodação e ajustes da cadeira do Dinamômetro. A tarefa foi dividida em três
etapas distintas, sendo que a primeira parte (situação 1) consistiu na realização
de 10 (dez) movimentos de flexão do ombro direito para a velocidade de 30º/s.
Para obtermos o sinal EMG antecipatório ao movimento as contrações foram
51
feitas com intervalos de 3s controlados pelo examinador. A tarefa foi realizada
com a mesma amplitude de movimento pré-estabelecido para todas as etapas.
Ao final desta primeira etapa os voluntários repousavam o tronco no
encosto do banco do Dinamômetro por 30 min para daí então, iniciar a segunda
fase do experimento.
Para a segunda etapa (situação 2) foi realizada a indução de dor lombar
experimental na qual uma dose única de 2,0ml de solução salina hipertônica
(5,8%) foi injetada no ventre do músculo MULT L5 do lado direito numa razão
120ml/hora. Para localização de tal músculo foi realizada a palpação manual
sempre feita pelo mesmo pesquisador. A solução foi injetada através de agulha
descartável (BD Plastipak® 22G; 0,7 x 30 mm).
A solução salina hipertônica utilizada para o experimento foi fabricada no
laboratório farmacêutico OCTALAB, cujo responsável cnico é o farmacêutico
Dr. Marcelo Martins. O responsável pelo pedido de manipulação da solução
injetável foi o Professor Dr. Romeu Rodrigues de Souza (CRM 15116).
Vale ressaltar que este experimento foi realizado no laboratório de
Biomecânica localizado dentro da clínica de fisioterapia onde existe
equipamento necessário para os primeiros atendimentos emergenciais caso o
voluntário necessitasse.
Imediatamente após a retirada da agulha iniciou-se a segunda parte da
tarefa, em que os voluntários repetiram a tarefa executada anteriormente. Ao
final desta tarefa, novamente os indivíduos repousavam o tronco no encosto da
cadeira do Dinamômetro por 30 min.
Após o período de repouso, os voluntários foram posicionados no
dinamômetro e realizaram a terceira e ultima etapa do experimento (situação 3)
em que o voluntário foi orientado a repetir a tarefa anterior.
Ao iniciar a segunda etapa uma escala analógica visual (EAV) de dez
centímetros, na qual 0 (zero) significa “ausência de dor” e 10 (dez) significa “dor
intolerável” foi posicionada na frente do voluntário de forma a quantificar a
intensidade da dor do mesmo. Os indivíduos foram questionados sobre a
intensidade da dor a cada 30 segundos, durante a coleta dos dados e durante o
52
período de repouso de 30 minutos. após ser induzida a dor. Com este
procedimento de avaliação de dor utilizado [Graven-Nielsen et al,1997; Ervilha et
al, 2005] pôde-se assegurar que os indivíduos tinham dor durante a segunda
fase do experimento e desta forma pôde-se, controlar os efeitos eventuais da
dor e não ocasionado por fadiga provocada pelo teste na primeira fase.
Tratamento dos sinais
O sinal EMG adquirido foi condicionado por um amplificador diferencial
bipolar de oito canais da marca Noraxon, operando no sistema MyoSystem
1400-USA, com um filtro passa-banda de 20 a 500 Hz, e com ganho 1.000Hz.
Foi utilizada uma freqüência de amostragem de 1.000 Hz, que foi controlada
pelo programa de aquisição de dados, o software Myoresearch, versão 103.04.
A sincronização entre o eletromiógrafo e o dinamômetro isocinético foi
fornecida através da utilização de um cabo que conecta a porta serial do Biodex
system 3 com a entrada do módulo de aquisição de sinais Myosystem 1400.
Assim, o software adquire tanto os sinais oriundos do dinamômetro quanto os do
eletromiógrafo. Dessa forma, os sinais relacionados às variáveis da posição
angular e torque foram transmitidos em tempo real do dinamômetro isocinético
para os canais auxiliares do sistema de aquisição de dados.
Os sinais EMG brutos foram exportados do software Myoresearch para o
tratamento de todos os sinais e foram utilizadas rotinas de programação
elaboradas no ambiente MatLab 7.0 [ANEXO VI].
Os sinais tiveram a média da atividade em repouso removida (offset), depois
eles foram retificados e filtrados com um filtro Butterworth de ordem para
suavização. Então, os sinais foram normalizados pela média. Assim, foi possível
avaliar o valor dio RMS e o tempo de pré-atividade de cada músculo nas três
diferentes situações.
Para padronizar o TPA dos músculos, registrou-se o instante em que o sinal
EMG atingia uma intensidade de 10% do valor máximo naquela contração. Este
53
valor deve ser registrado dentro de uma janela de 350ms antes do início do
movimento.
A intensidade do sinal EMG foi determinada como a dia do valor Root
Mean Square (RMS), que é calculado pela soma dos valores quadrados do sinal
original, fazendo a raiz quadrada da média desse valor obtido [Araujo, 1998] nas
janelas de 350ms antes do início do movimento, já obtido no procedimento
anterior.
Os procedimentos metodológicos podem ser mais bem visualizados
através da figura 12.
Análise estatística
A comparação entre o sinal EMG captado em músculos diferentes com
eletrodos diferentes, superfície e fio agulha, torna a análise pouco criteriosa
[Stokes et al, 2003]. Desta forma, foram comparados somente os músculos do
mesmo nível vertebral, de lados opostos, nas diferentes situações.
Para a análise estatística foram realizadas ANOVAS de dois fatores
(músculo e situação). Utilizou-se um valor alfa de 95% (p≤0,05).
54
Preparação
da pele
Palpação óssea e
demarcação dos processos
espinhosos de L1 a L5
Colocação dos
eletrodos
Posicionamento no
dinamômetro
Ajuste da amplitude
de movimento
Seleção do movimento
isocinético a 30
o
/s na
primeira repetição
PREPARAÇÃO
Supercie MULT
direito e esquerdo
em L5
Supercie Deltóide
anterior do ombro
direito
Eletrodo fio MULT
direito e esquerdo
em L1
Referência em C7
Teste de
conectividade
COLETA DE DADOS
Repouso 30min
Tarefa 1
Análise Pré-dor
Indução de dor experimental
MULTL5D
Tarefa 2
Dor imediata
Repouso 30 min
Tarefa 3
Análise Pós-dor
ANÁLISE DOS DADOS
DELT D
MULTL5D
MULTL5E
MULTL1D
MULTL1E
TPA
RMS p- movimento
Tarefa 1
Tarefa 2
Tarefa 3
Tarefa 1
Tarefa 2
Tarefa 3
FIGURA 12- Diagrama representativo dos procedimentos metodológicos.
55
RESULTADOS
ANÁLISE DO TEMPO DE PRÉ-ATIVAÇÃO (TPA) NOS
DIFERENTES MÚSCULOS PARA AS DIFERENTES SITUAÇÕES
A figura 13 apresenta as médias e desvios padrão dos músculos Multífido
de L1 direito (ML1D), L1 esquerdo (ML1E), L5 direito (ML5D) e L5 esquerdo
(ML5E) e deltóide (DELT) nas diferentes situações situação 1 (sem dor),
situação 2 (imediatamente após indução de dor) e situação 3 (30min após a
indução de dor) em relação ao TPA a partir da variação angular.
Foram comparados apenas músculos do mesmo nível vertebral, ou seja,
ML1D com ML1E e ML5D com ML5E. Foi utilizado este critério devido à
utilização de diferentes tipos de eletrodos para os diferentes níveis vertebrais.
Todos os valores de TPA apresentam-se negativos, mostrando que todos
os músculos apresentaram atividade EMG antecipada ao início da variação do
movimento articular.
Ao analisarmos os ML1D podemos verificar que não houve diferenças
nas três diferentes situações. Este fenômeno o pode ser verificado quando
se observa as médias e desvios padrão dos ML5D e ML5E. Pode-se perceber
que tanto os ML5D quanto os ML5E apresentaram diferenças quanto ao TPA
nas diferentes situações (F
(2,387)
=9,794, p<0) e (F
(2,387)
=17,32, p<0),
respectivamente.
Para o ML5D o teste pos hoc Tukey para as diferentes situações
identificou diferenças entre as situações sendo que na situação 2 o ML5D
apresentou maior TPA seguido da situação 3 e situação 1 (p<0,05).
O mesmo pode ser verificado para o ML5E, em que o teste pos hoc
Tukey para as diferentes situações demonstrou diferenças para o TPA muscular,
sendo que na situação 2 o ML5E apresentou maior TPA seguido da situação 3 e
situação 1 (p<0,05).
56
Pode-se observar na figura 13 que todos os sculos do tronco
encontram-se pré-ativos ao início da contração do m. deltóide, em todas as
situações observadas. Vale ressaltar que, em todas as situações, o m. deltóide
apresentou contração antecipada ao início da variação angular.
Ao se observar o TPA para nos diferentes lados para o nível de L5 pode-
se verificar que existe diferença entre os MULT do mesmo nível (F
(4,0,88)
= 12,27,
p<0). O teste pos hoc Tukey verificou que os valores do TPA nas três diferentes
situações foram maiores para o lado direito se comparado com o lado esquerdo
(p<0,05). Este valores podem ser mais bem visualizados na figura 14, que
apresenta a média e os desvios padrão dos TPA no diferentes músculos no nível
de L5 para as diferentes situações.
57
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0
TPA(ms)
DELT
ML5E
ML5D
ML1E
ML1D
1
2
3
*
SITUAÇÃO
FIGURA 13 Comparação do tempo pré-ativação (TPA) entre os músculos Deltóide (DELT), Multífido Lombar 5
direito (ML5D), Multífido Lombar 5 esquerdo (ML5E), Multífido Lombar 1 direito (ML1D) e Multífido Lombar 1
esquerdo (ML1E) em relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3). Foram
encontradas diferenças entre ML5D e ML5E (>*>) (p<0,05).
58
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0
TPA (ms)
ML5E
ML5D
1
2
3
*
SITUAÇÃO
FIGURA 14 - Comparação do tempo pré-ativação (TPA) entre Multífido Lombar 5 direito (ML5D), Multífido Lombar
5 esquerdo(ML5E) em relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3). Foram
encontradas diferenças com maior TPA para ML5D ( > *> ) (p<0,05).
59
ANÁLISE DA INTENSIDADE MÉDIA DO SINAL EMG (RMS)
A figura 15 apresenta as médias e desvios padrão da intensidade da
atividade EMG dos músculos ML1D, ML1E, ML5D e ML5E nas diferentes
situações situação 1 (sem dor), situação 2 (imediatamente após indução de
dor) e situação 3 (30min após a indução de dor).a partir da variação angular.
A análise estatística não encontrou diferenças quando se comparou os
músculos MULT no nível L1 nas diferentes situações. Isto não ocorreu ao se
analisar o valor RMS dos músculos no nível de L5. Embora o lado ML5E não
tenha apresentado diferença com relação as diferentes situações o ML5D
apresentou diferenças significativas (F
(2,387)
=9,315, p=0,001).
Para o ML5D o teste pos hoc Tukey demonstrou que os valores de RMS
na situação 1 foram maiores se comparados com as situações 3 e 2
respectivamente (p<0,05).
Ao compararmos isoladamente os valores RMS dos MULT no nível de L5
podemos perceber que em todas as situações, o lado esquerdo apresenta
maiores valores. Estes dados podem ser mais bem visualizados na figura 16,
que apresenta os valores RMS do MULT de L5 em relação às diferentes
situações. É possível verificar que, na situação 2, de dor imediata, tanto os
MULT do lado direito quanto do lado esquerdo apresentam diminuição da
intensidade do sinal RMS e recuperam certa intensidade na situação 3, após 30
min de repouso.
60
1 2 3
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
EMG normalizado pela média (RMS -u.a.)
SITUAÇÃO
ML1D
ML1E
ML5D
ML5E
*
FIGURA 15 Comparação da intensidade do sinal EMG normalizado pela média (RMS) para o músculo MULT
lombar1 D (ML1D), MULT Lombar 1 E (ML1E), MULT Lombar 5 direito (ML5D) e MULT Lombar 5 esquerdo (ML5E)
com relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2) e pós-dor (3). Diferenças significativas foram
encontradas para ML5D ( > > *) (p<0,05).
61
1 2 3
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2,0
2,1
#
EMG normalizado pela média (RMS-u.a.)
ML5D
ML5E
SITUAÇÃO
#
#
FIGURA 16 Comparação da intensidade do sinal EMG normalizado pela média (RMS) para o músculo MULT
Lombar 5 D (ML5D), MULT Lombar 5 E (ML5E), com relação as diferentes situações: Pré-dor (1), dor imediata (2)
e pós-dor (3). RMS para MULT5D maior na situação 1 seguida da situação 3 e 2. (p<0,05).
62
ANÁLISE DA INTENSIDADE DE DOR
Através da utilização da escala visual de dor de-se realizar a média de
cada minuto para cada voluntário durante o período de 30 min. Pode-se
perceber que a intensidade da dor aumenta imediatamente após a indução,
apresentando grau 4, e que, próximo dos 6 minutos ocorreu esta dor apresenta
seu pico de intensidade, com valor de 6,5. A partir daí, a intensidade da dor
manteve um padrão por aproximadamente 4 min com uma queda constante até
grau 0 (zero) de intensidade que é em aproximadamente 25 min. este
comportamento da dor está mostrado na figura 17
0 10 20 30 40 50 60
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
nível de dor
tempo pós-indução de dor experimental (min.)
EVA
FIGURA 17 Média da intensidade da dor avaliada pela escala visual
analógica (EVA) com relação ao tempo pós-indução de dor experimental.
para os diferentes voluntários.
63
DISCUSSÃO
Através dos resultados obtidos neste estudo pode-se perceber que a pré-
ativação muscular ocorreu em todos os músculos analisados (ML1D, ML1E,
ML5D, ML5E e DELT) e em todas as diferentes situações. Estes resultados
parecem estar em acordo com os resultados de Cresswell, [1994], Hodges &
Richardson [1999], Richardson & Jull [1995] e Hodges et al [2001], que usaram
procedimentos similares ao do presente estudo para avaliar o músculo
transverso do abdômen em diferentes situações e confirmaram uma suposta
ação estabilizadora deste.
Já Moseley et al [2002] avaliou o tempo de pré-ativação dos MULT, eretor
torácico e bíceps braquial através de perturbações inesperadas. Neste estudo a
pré-atividade foi primeiramente notada no músculo bíceps braquial seguido dos
eretores e MULT. O autor conclui que durante as tarefas inesperadas o SNC
exerce uma resposta sincronizada que envolve diferentes atividades de
músculos profundos e superficiais e que varia de acordo com a ação muscular,
desta forma o músculo motor primário apresenta-se mais pré-ativo.
Moseley et al [2002] também concluiu que diferentes fibras musculares
(superficiais e profundas) dos MULT podem apresentar diferentes funções, isto
é, as fibras superficiais parecem exercer maior função ao controlar a orientação
da coluna no espaço e as fibras mais profundas controlam o movimento
intersegmentar. Esta diferença entre funções nas diferentes fibras musculares
não pode ser constatada no presente estudo, que se avaliaram os MULT
como um todo. Esta pode ter sido uma falha metodológica e que pode ter gerado
um resultado mais global sobre a ação dos MULT.
Quando se reporta à respeito da pré-ativação muscular, esta era
esperada que se percebe que os músculos estabilizadores da coluna lombar
apresentam contração antecipada em relação à variação angular e em relação
ao início da contração do músculo motor primário, neste caso o m. deltóide
64
anterior. É interessante notar que os mm. multífidos tanto no nível L1 quanto no
de L5 apresentam-se pré-ativados com relação ao m. deltóide anterior nas três
diferentes situações. Estes resultados estão de acordo com os estudos de
Hodges et al [1997]; Hodges & Richardson [1998], Hodges & Richardson [1999]
e Hodges et al [2001] que mostram que músculos considerados como
estabilizadores apresentam contração antecipada em relação ao músculo motor
primário. Porém, nestes estudos relacionados acima foram avaliados diferentes
porções dos músculos anteriores do tronco, como por exemplo o m. transverso
do abdome e não as diferentes porções dos MULT.
Quando se compara a pré-ativação dos mm. multífidos em diferentes
níveis vertebrais nota-se que não foram encontradas diferenças entre os lados D
e E no nível L1. Porém, no nível L5 diferenças foram encontradas, isto é, no
mesmo nível vertebral onde foi realizada a indução de dor experimental. Pode-
se notar que em todas as situações (sem dor, com dor imediata e após a
indução de dor) o ML5D apresentou um TPA maior que os demais. Para a
situação pré-dor, por exemplo, enquanto o ML5D apresentou um TPA de 308ms,
o ML5E teve TPA de 232,3ms, em média. Supõe-se que a pré-ativação
muscular maior em L5 tenha ocorrido devido à maior necessidade de se
estabilizar o segmento em questão através do músculo homolateral ao membro
que executou o movimento de flexão do ombro. Esta diferença de TPA entre os
lados D e E ocorrida em L5 não ocorreu em L1. Este resultado sugere que
maior necessidade de estabilização ativa em L5 do que em L1.
Para a situação 2 e 3, nas quais avaliou-se o TPA imediatamente após a
indução de dor experimental e após 30min, respectivamente, o ML5D
apresentou maior TPA que o ML5E. Estes resultados não eram esperados
que a indução de dor experimental ocorreu neste músculo. Esperava-se que a
indução de dor provocasse inibição muscular de tal forma que o TPA fosse
maior nas situações pré e pós-dor (1 e 3) do que na situação com dor imediata
(2). Estes resultados estão em desacordo com os achados de Graven-Nielsen et
al [1997] que relatam existir uma diminuição da atividade muscular quando um
determinado músculo apresenta algum tipo de processo doloroso. Da mesma
65
forma, de acordo com Hodges & Richardson [1999] um músculo que apresenta
algum tipo de disfunção pode apresentar-se com tempo de ativação atrasado. E
ainda, que a indução de dor foi feita em ML5D, esperava-se que o TPA fosse
menor nesse nível na situação com dor, o que não ocorreu.
Diante disso, supõe-se que ou a dose da substância algogênica indutora
de dor local foi insuficiente para provocar alteração no TPA, ou que o SNC não
alterou seu comando muscular dada a importância da ativação muscular de
ML5D na estabilidade vertebral e controle postural quando um determinado
movimento no membro superior homolateral ocorre.
Pode-se deduzir que, para a dor alterar o TPA, ela precisa se manifestar
cronicamente, e que a indução em um único episódio de dor experimental não
seja capaz de afetar o TPA. De acordo com a literatura na condição de
lombalgia crônica [Richardson et al, 1999] os músculos estabilizadores lombares
são afetados.
Pode- se supor também com estes resultados que o TPA foi maior
porque a tarefa foi realizada com o membro superior direito e talvez o voluntário
preparava-se para executar melhor a tarefa em questão, estabilizando de uma
diferente forma a coluna vertebral. Segundo Bernstein [1967] diferentes
comandos podem resultar em movimentos similares, então, neste caso, para
que ocorresse a tarefa o voluntário alterou de alguma forma o controle de
ativação muscular visando à proteção da coluna vertebral.
Quando avaliou-se a intensidade do sinal RMS pode-se perceber neste
estudo importantes alterações com relação às diferentes situações. Notou-se o
mesmo ocorrido em relação ao TPA para o nível vertebral de L1, ou seja, não
existiu diferença em relação ao valor RMS para o nível L1 nas diferentes
situações, isto sugere que não houve uma considerável inclinação do tronco
para o lado que ocorreu o movimento.
Para o nível vertebral de L5 notou-se que o ML5E não apresentou
nenhuma diferença em relação às diferentes situações, porém, para o lado
direito na situação 1 houve maior valor RMS, seguido das situações 2 e 3. Estes
achados eram esperados que a intensidade da atividade muscular antes da
66
indução de dor seria maior se comparada com as outras situações. Segundo
Ervilha [2005] e Graven-Nielsen et al [1997] a intensidade do valor RMS é menor
quando o músculo apresenta-se alterado, e isto tende a mudar a partir do
momento em que esta alteração é revertida. No caso do presente estudo, a
tendência seria uma diminuição da atividade muscular imediatamente após a
indução de dor lombar e um retorno após um determinado período pós indução.
Em relação à atividade RMS dos MULT parece que este estudo
demonstrou bastante similaridade com a literatura, mas em relação ao TPA em
um músculo em que existiu a dor induzida experimentalmente ocorreu
justamente o contrário. Por que o lado direito apresentou maior TPA que o lado
esquerdo na situação 2 e 3? A impossibilidade de responder a esta questão
pode ser uma limitação do estudo, seja pelo procedimento de indução de dor,
como relatado, seja por questões metodológicas de posicionamento do
voluntário e tarefa realizada.
A situação de avaliação pós-dor (3) foi feita para que se pudesse atribuir
as alterações na pré-ativação muscular à dor induzida experimentalmente, e não
a um efeito do acúmulo de movimentos realizados, como a fadiga. O intervalo
entre cada situação foi de 30 min porque de acordo com a literatura [Graven-
Nielsen et al 1997] na maioria dos sujeitos a dor acaba em até 10 min. De fato,
no presente estudo, o pico de dor ocorreu antes dos 10 min, mas alguns
relataram ainda certo desconforto mesmo no dia seguinte. Talvez essa variação
no nível de dor entre os voluntários possa explicar a maior diferença na
intensidade do sinal EMG entre as situações com dor e pós-dor (2 e 3).
De qualquer forma a intensidade RMS pré-movimento na situação p-dor
(1) foi maior do que na situação pós-dor (3), que, por sua vez, foi maior que na
situação com dor imediata (2). Então, de acordo com estes resultados, a análise
da intensidade do sinal pré-movimento parece revelar mais as alterações
provocadas pela dor do que a análise do tempo pré-movimento.
Este estudo pode apresentar importantes implicações clínicas que com
a utilização da dor experimental podemos transferir estes achados para um
determinado paciente que apresenta dor lombar aguda. Pode-se hipotetizar que
67
em um determinado quadro álgico o indivíduo apresenta importantes alterações
dos MULT em especial quando é aplicado carga em membros superiores e é
necessário aumentar a atividade muscular de extensores do tronco, pois se
pode perceber que a intensidade é alterada em processos dolorosos agudos.
Uma outra importante aplicação clínica está no fato de proteger a coluna
vertebral frente a diversas alterações dolorosas e aplicações de cargas. Então
podemos supor que em um determinado indivíduo torna-se de extrema
importância a prática de treinamento de músculos estabilizadores em especial
os MULT, pois a partir do momento em que está instalado algum processo
doloroso supõem-se que existem alterações significativas na função
estabilizadora destes músculos.
68
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73
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Essa dissertação teve como objetivo realizar uma avaliação
eletromiográfica dos MULT para se conhecer melhor sua ação, considerada
como estabilizadora por vários autores [Hodges, 1999; Richardson, 1999;
MacDonald, 2006; Vasslljen, 2006; Hodges, 1997; Cresswell, 1994; Moseley,
2002]. De acordo com os métodos de mensuração da Biomecânica, procurou-
se identificar o efeito da velocidade de execução do movimento na pré-ativação
muscular, e o efeito da dor na mesma.
Para tanto, foram realizados dois estudos:
Efeito da velocidade angular na pré-ativação dos músculos
multífidos lombares; e
Avaliação do tempo de ativação dos músculos multífidos em
indivíduos com dor experimentalmente induzida.
74
O primeiro estudo, realizado com eletrodos de superfície nos MULT no
nível de L5 em 10 diferentes velocidades permitiu verificar que a pré-ativação
parece ser maior em velocidades mais baixas, fato discordante da pouca
literatura encontrada sobre o assunto [Hodges, 1999; Moseley, 2002].
Como nos estudos realizados anteriormente a velocidade angular não
havia sido investigada, e o critério de início de movimento era determinado
exclusivamente pela comparação com o músculo motor primário de um
movimento. Neste estudo optou-se por avaliar a pré-ativação muscular baseado
não somente nestes parâmetros, como também pelo controle da velocidade
angular e pelo critério de início de movimento detectado pelo início da variação
angular.
Foi interessante perceber que esse último critério parece revelar um
tempo de pré-ativação maior, que mesmo o músculo motor primário do
movimento, no caso o DELT, também se apresentou pré-ativado em relação à
variação angular.
Esse estudo permitiu, ainda, verificar que a pré-ativação é maior no MULT
do lado em que o movimento do membro superior é realizado.
Baseado nesses resultados encontrados foi conduzido o segundo estudo,
que teve como objetivo avaliar o tempo de pré-ativação do músculo MULT em
situação sem dor e com dor experimentalmente induzida, que a literatura
sugere que em pacientes portadores de lombalgia, a ativação dos MULT é
atrasada. Para dar cabo a esse estudo foi utilizada a velocidade angular em que
mais se encontrou pré-ativação no estudo prévio. Entretanto, a avaliação foi
realizada nos níveis segmentares de L1 e L5, em ambos os lados. Pretendeu-
se, dessa maneira, investigar o efeito da dor na ativação muscular homo e
contralateral, e mono ou plurisegmentar.
Os resultados mostraram que o efeito da dor parece acontecer mais no
mesmo segmento do que nos mais distantes, que não foram encontradas
alterações no nível de L1 ao se induzir dor no nível de L5. Por outro lado,
75
parece que a dor induzida no lado direito não foi capaz de alterar a pré-ativação
do MULT homolateral ao movimento do membro, mas sim no contralateral.
A fim de se explorar o controverso problema do início da ativação
muscular identificado pela EMG [Hodges,1997], optou-se também, nos dois
estudos, por analisar tanto o tempo de pré-ativação muscular, identificado pelo
instante em que o sinal EMG atinge 10% da intensidade máxima, como pela
intensidade da ativação, mensurada em valor RMS pré-movimento. Os
resultados encontrados em ambos os estudos foram parecidos. No primeiro
estudo, tanto o tempo de pré-ativação quanto à intensidade pré-movimento foi
maiores em velocidades angulares mais baixas. no segundo estudo, a
análise da pré-ativação através da intensidade pareceu ser mais sensitiva ao
efeito provocado pela dor. Assim, sugere-se que essa forma de análise possa
ser usada em estudos futuros.
Muitos estudos futuros podem ser realizados através destes métodos
utilizados. Pretende-se usar o mesmo procedimento em diferentes graus de
acometimentos de lombalgia. Pretende-se também utilizar das informações
sobre a pré-ativação dos MULT para avaliar a eficácia de técnicas de
tratamento e prevenção propostos para se aumentar a estabilidade segmentar
lombar e o controle motor dos indivíduos.
Finalmente, com o desenvolvimento de mais pesquisas clínicas na área,
pode-se pensar na EMG como uma ferramenta terapêutica utilizada como
método biofeedback para que os pacientes possam melhorar o controle de seu
segmento vertebral mais acometido e prevenir futuros episódios de lombalgias.
76
8. REFERÊNCIAS
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86
ANEXO I
Questionário sobre atividade física
NOME: DATA:
IDADE:
TEL:
EMAIL:
ENDEREÇO:
Massa Corporal: Estatura:
Dominância:
1.PRATICA ATIVIDADE FÍSICA REGULAR? QUAL?
2.QUANTOS DIAS E HORAS SEMANAIS?
3.APRESENTA ALGUMA DOR OU DESCONFORTO NA REGIÃO LOMBAR?
4.JÁ SOFREU ALGUMA LESÃO OU DOR NA REGIÃO LOMBAR?
5.QUANDO? QUAL INTENSIDADE?
6.APRESENTA ALGUMA LESÃO MUSULOESQUELÉTICA DO APARELHO LOCOMOTOR?
87
ANEXO II
Termo de consentimento livre e esclarecido para Estudo 1
Universidade São Judas Tadeu
Educação Física
Laboratório de pesquisa do movimento humano
Linha de pesquisa: Biodinâmica do movimento humano
Título do projeto: O efeito da velocidade angular para a determinação de pré-
ativação muscular dos músculos Multífidos lombares
Objetivo: Analisar a atividade elétrica dos músculos Multífidos durante o
movimento de flexão e extensão do ombro em diferentes velocidades angulares
identificando assim a possível função estabilizadora.
Investigador: Renata Ortiz de Assis
Termo de consentimento livre e esclarecido do participante e sumário
informativo.
A análise da atividade elétrica dos músculos Multífidos será realizada
através de dois movimentos específicos de elevação do braço isocineticamente.
Nesse estudo, você será submetido a um programa de ensino para
padronização do movimento para melhor demonstração. Eletrodos de superfície
serão posicionados no seu músculo das costas para a análise. Você realizará
movimentos do braço para cima e para baixo para melhor avaliação dos dados
coletados.
Esse termo de consentimento, cuja cópia lhe foi entregue, é apenas parte
de um processo de consentimento informado. Ele deve lhe dar idéia sica do
projeto, e o que sua participação envolverá. Se você quiser mais detalhes sobre
88
algo mencionado aqui, ou informação não incluída aqui, sinta-se livre para
solicitar. Por favor, leia atentamente esse termo, a fim de que você tenha
entendido plenamente o objetivo desse projeto, e o seu envolvimento nesse
estudo como sujeito participante. O investigador tem o direito de encerrar o seu
envolvimento nesse estudo, caso isso seja necessário. De igual forma, você
poderá retirar o seu consentimento em participar no mesmo a qualquer
momento. Você será solicitado a participar dos seguintes procedimentos.
1. Treinamento do posicionamento de elevação do braço.
2. Os eletrodos serão colados com fita adesiva na pele das suas costas
na região do músculo Múltífido, um pequeno músculo da sua coluna
lombar.
3. Após colocados os eletrodos, você será posicionado no Dinamômetro
Isocinético, uma máquina que registra a força de seus músculos.
4. Após ajuste no aparelho, serão realizadas mais dez elevações do
braço em diferentes velocidades sendo previamente treinados.
O tempo real para a realização dos itens 1, 2, 3e 4 será de cerca de 1
hora.
Riscos e Benefícios:
eletrodo de superfície: nenhum risco a não ser uma eventual irritação da sua pele
devido a reações alérgicas que você possa apresentar após a colocação da fita
adesiva. Nesse caso você poderá apresentar uma vermelhidão na pele e sensação
de coceira, que tendem a desaparecer ao longo de 1 ou 2 dias. Através deste
estudo você estará colaborando com uma série de novas pesquisas que visam
tratar pacientes com dor lombar e prevenir pessoas saudáveis a este tipo de
doença.
Confidencialidade: Todas as informações obtidas como parte desse estudo
permanecerão confidenciais. As únicas pessoas com acesso aos seus
resultados pessoais serão os pesquisadores envolvidos neste estudo. Qualquer
documento publicado desse estudo não identificará os participantes.
89
A sua assinatura neste formulário indica que você entendeu
satisfatoriamente a informação relativa a sua participação nesse projeto e que
você concorda em participar como sujeito. De forma alguma esse consentimento
lhe faz renunciar aos seus direitos legais, e nem libera os investigadores,
patrocinadores ou instituições envolvidas de suas responsabilidades pessoais ou
profissionais. Você está livre para retirar-se do estudo a qualquer momento que
assim o queira. A sua participação continuada deve ser tão bem informada
quanto o seu consentimento inicial, de modo que você deve se sentir à vontade
para solicitar esclarecimentos ou novas informações durante a sua participação.
Se tiver qualquer duvida referente a assuntos relacionados, favor contactar o
fisioterapeuta Renata Ortiz de Assis (Fones: 39246792 ou 82422060). Se você
tiver dúvidas relativas aos seus direitos como um possível participante deste
estudo, favor contactar o Comitê de Ética e Pesquisa da USJT.
_______________________ _______________________
Assinatura do participante Assinatura do pesquisador
90
ANEXO III
Aprovação do comitê de ética e pesquisa
91
ANEXO IV
Rotina Elaborada em ambiente Matlab para Estudo 1
function super_aparenata2
% this mfile run apa analysis
% luis mochizuki Mar012005
freq=1000;
[filenames, pathname] = uigetfiles('*.txt', 'Selecione o arquivo');
disp(' '),disp(' Openning files...')
nfile=length(filenames);
RMS_apa1=[]; RMS_apc1=[]; RMS_pre1=[]; iEMG_apa1=[]; iEMG_apc1=[]; iEMG_pre1=[];
for j=1:nfile
file=char(filenames(j));
[a1 a2 a3 a4 a5 a6 a7 a8]=textread(file,'%f %f %f %f %f %f %f %f', 'headerlines',6);
emg = [a2 a3 a4]; dina= [a5 a6 a7];
if findstr(file,'.')
file=lower(file(1: findstr(file,'.')-1));
files=lower(file);
end
if findstr(files,'tpa30')>0
vel=30;
elseif findstr(files,'tpa60')>0
vel=60;
elseif findstr(files,'tpa60')>0
vel=60;
elseif findstr(files,'tpa90')>0
vel=90;
elseif findstr(files,'tpa120')>0
vel=120;
elseif findstr(files,'tpa150')>0
vel=150;
elseif findstr(files,'tpa180')>0
vel=180;
elseif findstr(files,'tpa210')>0
vel=210;
elseif findstr(files,'tpa240')>0
vel=240;
elseif findstr(files,'tpa270')>0
vel=270;
end
%tratando os dados
[b2,a2]=butter(4,200/500); dina1=filtfilt(b2,a2,dina);
subplot(2,1,1)
92
plot(dina1(:,1),'r');
subplot(2,1,2)
plot(dina1(:,2),'g');
[X1,Y1]=ginput;
clf
for i=1:length(X1)
subplot(5,1,1)
plot(dina1(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1));
subplot(5,1,2)
plot(dina1(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,2));
subplot(5,1,3)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1));
subplot(5,1,4)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,2));
subplot(5,1,5)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,3));
[X,Y]=ginput(1);
%criando o arquivo cortado
emg_new=emg(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:);
dina_new=dina1(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:);
tudo(:,1:3)=emg_new; tudo(:,4:6)=dina_new;
%filtrando o arquivo cortado
[b,a]=butter(2,300/500);
emg_new=filtfilt(b,a,emg_new); emg_new=abs(detrend(emg_new,'constant'));
preativo(:,1:3)=emg_new(150:500,:);
%normalizando o sinal
% for j=1:3
% pre_atividade(i,j)=350-min(find(preativo(:,j)>0.1*max(emg_new(:,j))))
% end
data_pre=zeros(length(preativo),3);
for k=1:3
data_pre(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))),k)=1;
if min(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))))>0
pre_atividade(k)=350-min(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))))
else
pre_atividade(k)=0
end
end
medio=mean(emg_new,1);
for m=1:3
emg_new(:,m)=emg_new(:,m)/medio(1,m);
end
for k=1:3
inicio(k)=length(emg_new)-pre_atividade(k);
burst_pre(k)=length(find(emg_new(inicio(k):end,k)==1));
pre_atividade(k+3)=sqrt(mean(emg_new(inicio(k):end,k).^2));
end
pre_atividade(7)=vel; pre_atividade(8)=i;
%identificando o inicio da pre-atividade
file=[pathname,char(files),num2str(i),'time.dat'];save(file,'pre_atividade','-ascii');disp(' saved.')
file=[pathname,char(files),num2str(i),'pre.dat']; save(file,'preativo','-ascii');
clear emg_new
clear medio
clf
end
end
93
ANEXO V
Termo de consentimento livre e esclarecido para Estudo 2
Universidade São Judas Tadeu
Educação Física
Laboratório de pesquisa do movimento humano
Linha de pesquisa: Biodinâmica do movimento humano
Título do projeto: Avaliação do tempo de ativação dos músculos Multífidos em
sujeitos saudáveis e com dor experimentalmente induzida
Objetivo: Analisar a atividade elétrica dos músculos Multífidos durante o
movimento de flexão e extensão do ombro identificando assim a possível função
estabilizadora dos mesmos em indivíduos com dor lombar induzida
experimentalmente.
Investigador: Renata Ortiz de Assis
Termo de consentimento livre e esclarecido do participante e sumário
informativo.
A análise da atividade elétrica dos músculos Multífidos será avaliada
através de dois movimentos específicos de elevação do braço isocineticamente.
Nesse estudo, você será submetido a um programa de ensino para
padronização do movimento para melhor demonstração. Eletrodos fio e
eletrodos de superfície serão posicionados no seu músculo das costas para a
análise. Você realizará movimentos do braço para cima e para baixo para
melhor avaliação dos dados coletados.
Esse termo de consentimento, cuja cópia lhe foi entregue, é apenas parte
de um processo de consentimento informado. Ele deve lhe dar idéia básica do
projeto, e o que sua participação envolverá. Se você quiser mais detalhes sobre
algo mencionado aqui, ou informação não incluída aqui, sinta-se livre para
94
solicitar. Por favor, leia atentamente esse termo, a fim de que você tenha
entendido plenamente o objetivo desse projeto, e o seu envolvimento nesse
estudo como sujeito participante. O investigador tem o direito de encerrar o seu
envolvimento nesse estudo, caso isso seja necessário. De igual forma, você
poderá retirar o seu consentimento em participar no mesmo a qualquer
momento. Você será solicitado a participar dos seguintes procedimentos.
1. Treinamento do posicionamento de elevação do braço.
2. Os eletrodos de fio fino, inseridos através de uma agulha, serão
colocados no sculo Múltífido, um pequeno músculo da sua coluna
lombar.
3. Colocação de eletrodos de superfície na sua pele e fixação com uma
fita adesiva.
4. Após colocados os eletrodos, você será posicionado no Dinamômetro
Isocinético, uma máquina que registra a força de seus músculos.
5. Após ajuste no aparelho, serão realizadas dez elevações do braço
sendo previamente treinados.
6. após 30 minutos de repouso será aplicada delicadamente uma injeção
2,5ml de substância salina no ventre muscular do seu músculo
multífido e você sentirá uma leve dor na região. Esta dor estará
presente por aproximadamente 10 minutos.
7. Neste momento você repitirá a tarefa
8. passados mais 30 minutos de repouso você repetirá a tarefa
novamente
O tempo real para a realização dos itens 1, 2, 3, 4, 5,6, 7 e 8 será de
cerca de 1 hora e 30 minutos.
Riscos e Benefícios:
eletrodo de superfície: nenhum risco a não ser uma eventual irritação da sua pele
devido a reações alérgicas que você possa apresentar após a colocação da fita
adesiva. Nesse caso você poderá apresentar uma vermelhidão na pele e sensação
de coceira, que tendem a desaparecer ao longo de 1 ou 2 dias.
95
eletrodos de fio fino: os eletrodos de fio são tão finos que tem a espessura de um
fio de cabelo, sendo que estes não causam dor alguma durante a movimentação
do seu corpo. Eles são esterilizados e descartáveis. No entanto, eles devem ser
introduzidos através de uma agulha também fina. Durante a colocação da agulha
nas suas costas, você poderá ter sensação de “choquinho” e leve dor de “picada”
no local. Após a avaliação, você poderá sentir leve desconforto no local.
aplicação da substância salina hipertônica: esta substância não te causará
nenhum dano, porém você sentirá uma leve dor bem localizada na musculatura
imediatamente após a aplicação da substância. Esta dor persistirá por
aproximadamente 10 minutos, tempo necessário para realizarmos a segunda e a
terceira tarefa.
Através deste estudo você estará colaborando com uma série de novas pesquisas
que visam tratar pacientes com dor lombar e prevenir pessoas saudáveis a este
tipo de doença.
Confidencialidade: Toda a informação obtida como parte desse estudo
permanecerá confidencial. As únicas pessoas com acesso aos seus resultados
pessoais serão os pesquisadores envolvidos neste estudo. Qualquer documento
publicado desse estudo não identificará os participantes.
A sua assinatura neste formulário indica que você entendeu
satisfatoriamente a informação relativa a sua participação nesse projeto e que
você concorda em participar como sujeito. De forma alguma esse consentimento
lhe faz renunciar aos seus direitos legais, e nem libera os investigadores,
patrocinadores ou instituições envolvidas de suas responsabilidades pessoais ou
profissionais. Você está livre para retirar-se do estudo a qualquer momento que
assim o queira. A sua participação continuada deve ser tão bem informada
quanto o seu consentimento inicial, de modo que você deve se sentir à vontade
para solicitar esclarecimentos ou novas informações durante a sua participação.
Se tiver qualquer duvida referente a assuntos relacionados, favor contactar o
96
fisioterapeuta Renata Ortiz de Assis (Fones: 39246792 ou 82422060). Se você
tiver dúvidas relativas aos seus direitos como um possível participante deste
estudo, favor contactar o Comitê de Ética e Pesquisa da USJT.
_______________________ _______________________
Assinatura do participante Assinatura do pesquisador
97
ANEXO VI
Rotina elaborada em ambiente Matlab para Estudo 2
function super_aparenata2
% this mfile run apa analysis
% luis mochizuki Mar012005
freq=1000;
[filenames, pathname] = uigetfiles('*.txt', 'Selecione o arquivo');
disp(' '),disp(' Openning files...')
nfile=length(filenames);
RMS_apa1=[]; RMS_apc1=[]; RMS_pre1=[]; RMS_=[]; RMS_2=[]; iEMG_apa1=[]; iEMG_apc1=[];
iEMG_pre1=[];iEMG_=[]; iEMG_2=[];
for j=1:nfile
file=char(filenames(j));
[a1 a2 a3 a4 a5 a6 a7 a8 a9 a10]=textread(file,'%f %f %f %f %f %f %f %f %f %f',
'headerlines',8);
emg = [a2 a3 a4 a5 a6];
dina= [a7 a8 a9];
if findstr(file,'.')
file=lower(file(1: findstr(file,'.')-1));
files=lower(file);
end
if findstr(files,'sda')>0
Situacao=1;
elseif findstr(files,'cdi')>0
Situacao=2;
elseif findstr(files,'cdd')>0
Situacao=3;
end
%tratando os dados
[b2,a2]=butter(4,200/500);
dina1=filtfilt(b2,a2,dina);
subplot(2,1,1)
plot(dina1(:,1),'r');
subplot(2,1,2)
plot(dina1(:,2),'g');
[X1,Y1]=ginput;
clf
for i=1:length(X1)
clf
subplot(7,1,1)
plot(dina1(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1));
subplot(7,1,2)
plot(dina1(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,2));
subplot(7,1,3)
98
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1));
subplot(7,1,4)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,2));
subplot(7,1,5)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,3));
subplot(7,1,6)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,4));
subplot(7,1,7)
plot(emg(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,5));
[X,Y]=ginput(1);
%criando o arquivo cortado
emg_new=emg(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:);
dina_new=dina1(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:);
tudo(:,1:5)=emg_new;
tudo(:,6:8)=dina_new;
%filtrando o arquivo cortado
[b,a]=butter(2,300/500);
emg_new=filtfilt(b,a,emg_new);
emg_new=abs(detrend(emg_new,'constant'));
preativo(:,1:5)=emg_new(150:500,:);
%normalizando o sinal
% for j=1:3
% pre_atividade(i,j)=350-min(find(preativo(:,j)>0.1*max(emg_new(:,j))))
% end
data_pre=zeros(length(preativo),5);
for k=1:5
data_pre(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))),k)=1;
if min(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))))>0
pre_atividade(k)=350-min(find(preativo(:,k)>0.1*max(emg_new(:,k))))
else
pre_atividade(k)=0
end
end
medio=mean(emg_new,1);
for m=1:5
emg_new(:,m)=emg_new(:,m)/medio(1,m);
end
for k=1:5
inicio(k)=length(emg_new)-pre_atividade(k);
burst_pre(k)=length(find(emg_new(inicio(k):end,k)==1));
pre_atividade(k+5)=sqrt(mean(emg_new(inicio(k):end,k).^2));
end
pre_atividade(11)=Situacao;
pre_atividade(12)=i;
%identificando o inicio da pre-atividade
file=[pathname,char(files),num2str(i),'time.dat'];save(file,'pre_atividade','-ascii');disp(' saved.')
file=[pathname,char(files),num2str(i),'pre.dat']; save(file,'preativo','-ascii');
clear emg_new
clear medio
% clear preativo
% clear pre_atividade
clf
end
end
load handel
sound(y,Fs)
Palpação óssea e
demarcação dos
processos
espinhosos de L1 a
L5
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