Quais direitos, obrigações, e expectativas entre as partes podem ser extraídas do
discurso? São as formas que esses interactantes conversam e agem apropriadas ao longo
de uma série ampla de relações, papéis, status, etc. ou ela implicam relações
particulares, papéis, status? As formas pelas quais os falantes referem a pessoas,
objetos, atividades, etc. implicam identidades particulares e/ou relações entre eles? As
formas que eles empacotam suas ações implicam identidades particulares, papéis, e/ou
relações? As formas que os interactantes tomam seus turnos (ou declinam a tomar)
implicam identidades particulares, papéis, e/ou relações? (p.74).
Acredito que a análise realizada em trabalhos que estudam a identidade na
perspectiva da ACe e da SI necessita ser permeada por todos os cinco passos
apresentados acima, inclusive pelas perguntas do quinto passo. Portanto, essas
perguntam perpassam toda minha análise, mas não se tratam das minhas pesquisas
investigativas. Estas já foram apresentadas na introdução, e serão retomadas após a
análise dos dados.
A fim de organizar a análise dos dados, identifiquei cada segmento com o
número do anexo do qual ele foi extraído, o que corresponderá à seguinte estruturação:
Falando da vida após o AVC (anexo 1); Falando dos filhos (anexo 2); Preparação de
pratos: bolo (anexo 3); Uma celebração na igreja evangélica (anexo 4); Preparação de
pratos: macarronada (anexo 5); Viagens (anexo 6); Falando de relacionamentos (anexo
7); Vida profissional (anexo 8); e Falando do AVC (anexo 9). Uma vez que os
segmentos abordam apenas trechos das conversas, optei por contextualizar as ações que
ocorrem em cada segmento através de tópicos, que adicionei no início de cada excerto,
necessários para se entender o que está acontecendo. Também fazem parte dessa
contextualização as informações a respeito das participantes da conversa. Portanto,
finalizo este subitem apresentando as participantes da interação:
• Carla, 55 anos, sexo feminino, divorciada, secretária executiva aposentada, mora com
a mãe e com o filho Leonardo de 19 anos, que faz faculdade de comunicação; sofreu
AVC há 10 anos, apresenta hemiparesia à direita.
• Tereza, 45 anos, sexo feminino, casada, cabeleireira (recebe auxílio-doença), mora
com o marido Lúcio e com os filhos João,16 anos, e Cassiana, 20 anos. Tem uma filha
Patrícia, 24 anos, casada há dois anos com Jonas; sofreu AVC há 7 anos.
• Laura, 37 anos, sexo feminino, solteira, costureira (recebe auxílio-doença), mora com
a mãe (nome desconhecido) e com os filhos Roberto (Beto), 17 anos, e Luana, 16 anos;
sofreu AVC há 1 ano.
• Cândida, 26 anos, sexo feminino, solteira, psicóloga.