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TATIANA DE OLIVEIRA BORGES TEIXEIRA
A PERCEPÇÃO SOBRE O USO DA MADEIRA DE EUCALIPTO PELOS
FABRICANTES DO PÓLO MOVELEIRO DE UBÁ-MG
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exi-
gências do Programa de Pós- Graduação
em Ciência Florestal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2005
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Teixeira, Tatiana de Oliveira Borges, 1979-
T266p A percepção sobre o uso da madeira de eucalipto pelos
2005 fabricantes do pólo moveleiro de Ubá-MG. / Tatiana de
Oliveira Borges Teixeira. – Viçosa: UFV, 2005.
xiv, 59f : il. ; 29cm.
Orientador: Márcio Lopes da Silva.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 53-55.
1. Madeira de eucalipto – Produtos – Ubá (MG).
2. Indústria madereira – Ubá (MG). I. Universidade
Federal de Viçosa. II.Título.
CDO adapt CDD 634.983
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TATIANA DE OLIVEIRA BORGES TEIXEIRA
A PERCEPÇÃO SOBRE O USO DA MADEIRA DE EUCALIPTO PELOS
FABRICANTES DO PÓLO MOVELEIRO DE UBÁ-MG
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exi-
gências do Programa de Pós- Graduação
em Ciência Florestal, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
Aprovada: 18 de julho de 2005.
Prof. Laércio A. G. Jacovine Prof. Sebastião Renato Valverde
(Conselheiro) (Conselheiro)
Prof. José de Castro Silva Prof. Afonso Augusto T. F.C. Lima
Prof. Márcio Lopes da Silva
(Orientador)
A Deus.
Aos meus pais, Antônio e Adelina.
À minha irmã, Cynthia.
Ao meu marido, Flávio.
À minha filha, Júlia.
ii
AGRADECIMENTO
À Universidade Federal de Viçosa, em particular ao Departamento de
Engenharia Florestal, pela oportunidade de realização do curso de mestrado.
À CAPES e ao CNPq, pelo apoio financeiro.
Ao professor Márcio Lopes da Silva, pela orientação e pelo apoio.
Aos professores Laércio Antonio Gonçalves Jacovine e Sebastião
Renato Valverde, como conselheiros, pela ajuda e contribuição.
Aos professores José de Castro Silva e Afonso Augusto Teixeira de
Freitas de Carvalho Lima, como membros, pela atenção, pelas sugestões e
pelos esclarecimentos durante o desenvolvimento da tese.
Aos demais professores do Departamento de Engenharia Florestal e do
Departamento de Administração da UFV, pelos conhecimentos transmitidos.
A todas as empresas que, gentilmente, se disponibilizaram a participar
da pesquisa.
Aos meus pais, em especial à minha mãe, por toda ajuda, sem a qual
não seria possível a realização deste trabalho.
À minha irmã, Cynthia, que mesmo longe me encorajou e incentivou nas
horas difíceis.
Ao meu marido, Flávio, pelo incentivo e apoio na realização do estudo.
À minha filha, Júlia, por entender os momentos da minha ausência.
iii
Aos meus amigos Vanessa, Patrícia, Naisy e Ricardo, por toda
contribuição e incentivo.
Aos motoristas da Garagem Central da UFV, pela ajuda na coleta dos
dados.
Aos funcionários da secretaria de Pós-Graduação do Departamento de
Engenharia Florestal, Rita e Frederico, pela atenção e amizade.
Aos colegas de curso, pela amizade e boa convivência.
A todos que, de algum modo, contribuíram para a realização deste
trabalho.
iv
BIOGRAFIA
TATIANA DE OLIVEIRA BORGES TEIXEIRA, filha de Antonio Borges e
Adelina Cândida de Oliveira Borges, nasceu em 14 de outubro de 1979, na
cidade de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.
Em 1998, ingressou no Curso de Administração da Universidade Federal
de Viçosa, Minas Gerais, graduando-se em março de 2003.
Em agosto de 2003, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Ciência
Florestal, em nível de Mestrado, na Universidade Federal de Viçosa,
submetendo-se à defesa de tese em julho de 2005.
v
ÍNDICE
Página
LISTA DE QUADROS .......................................................................... VIII
LISTA DE FIGURAS ............................................................................ X
RESUMO ............................................................................................. XI
ABSTRACT.......................................................................................... XIII
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................ 3
2.1. A indústria moveleira no Brasil..................................................... 3
2.1.1. Os principais pólos moveleiros do Brasil............................. 7
2.1.1.1. O pólo moveleiro de Ubá............................................... 7
2.1.2. Fatores de competitividade da indústria moveleira ............. 10
2.1.3. Gargalos da cadeia produtiva de madeira e móveis ........... 14
2.2. A madeira de eucalipto................................................................. 15
2.2.1. Qualidade da madeira ......................................................... 16
2.3. O uso da madeira de eucalipto na indústria moveleira................ 17
2.3.1. Aspectos tecnológicos relevantes para o uso da madeira
de eucalipto na produção de móveis ................................... 19
2.3.2. Dificuldades de inserção da madeira de eucalipto na
indústria moveleira............................................................... 20
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 22
3.1. Caracterização da área de estudo............................................... 22
3.2. Tipo de pesquisa.......................................................................... 25
3.3. Etapas do estudo ......................................................................... 25
3.4. Fonte inicial e coleta de dados..................................................... 25
3.5. Amostragem ................................................................................. 27
3.6. Análise dos dados........................................................................ 30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 31
4.1. Aspectos gerais das empresas.................................................... 31
vi
Página
4.1.1. Porte das empresas segundo o número de funcionários .... 32
4.1.2. Período de existência das fábricas de móveis .................... 32
4.1.3. Mercado consumidor e forma de distribuição dos produtos 32
4.1.4. Exportação .......................................................................... 33
4.1.5. Público-alvo......................................................................... 34
4.2. Consumo de madeira maciça ...................................................... 34
4.2.1. Origem da madeira maciça consumida............................... 35
4.2.2. Essências florestais consumidas......................................... 36
4.2.3. Origem das madeiras de espécies nativas consumidas...... 37
4.3. O uso da madeira de eucalipto .................................................... 38
4.3.1. Consumo da madeira de eucalipto...................................... 39
4.3.2. Procedência da madeira de eucalipto consumida............... 40
4.3.3. Preço da madeira de eucalipto consumida ......................... 40
4.4. A percepção dos fabricantes que usam a madeira de eucalipto. 41
4.4.1. Fatores que influenciaram o uso da madeira de eucalipto .. 43
4.4.2. Problemas encontrados com o uso da madeira de eucalipto 43
4.4.3. Vantagens de usar a madeira de eucalipto ......................... 44
4.4.4. Desvantagens de usar a madeira de eucalipto ................... 44
4.5. A percepção dos fabricantes que não usam a madeira de
eucalipto ....................................................................................... 45
5. CONCLUSÕES................................................................................ 49
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ....................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 53
APÊNDICE .......................................................................................... 56
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - 1 ................................................... 56
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - 2 ................................................... 58
vii
LISTA DE QUADROS
Página
1 Porte das empresas por faixa de pessoal ocupado .......... 4
2 Faturamento do setor moveleiro no Brasil 1994 a 2003
(valores em R$ bilhões) .................................................... 4
3 Principais Estados exportadores do setor moveleiro no
Brasil – 2003 (valores em US$) ........................................ 5
4 Principais pólos moveleiros do Brasil................................ 8
5 Indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), a preços
correntes, de municípios de Minas Gerais, 2002 .............. 9
6 Indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), a preços
correntes, de municípios do pólo moveleiro de Ubá-MG -
2002 .................................................................................. 9
7 População residente do município de Ubá-MG................. 22
8 Distância de Ubá aos principais centros nacionais e
regionais (km) ................................................................... 23
9 População ocupada por setores econômicos de Ubá-MG
- 2000................................................................................ 24
10 Produto Interno Bruto (PIB), a preços correntes (valores
em R$), do município de Ubá-MG..................................... 24
viii
Página
11 Número de empresas que usam madeira maciça, por
segmento .......................................................................... 29
12 Número de empresas que participaram da pesquisa, por
segmento .......................................................................... 30
13 Tamanho das empresas pesquisadas, segundo o
número de empregados .................................................... 32
14 Consumo de madeira maciça, por segmento (m
3
/mês) .... 34
15 Consumo de madeira maciça (m
3
/mês), por essências
florestais, dos segmentos entrevistados ........................... 37
16 Consumo da madeira de eucalipto (m
3
/mês) .................... 39
17 Principais fontes de informação das potencialidades da
madeira de eucalipto......................................................... 42
18 Opinião dos fabricantes de móveis em relação à madeira
de eucalipto....................................................................... 42
19 Principais fatores que influenciaram o uso da madeira de
eucalipto............................................................................ 43
20 Vantagens de usar a madeira de eucalipto na fabricação
de móveis, segundo os fabricantes................................... 44
21 Desvantagens de usar a madeira de eucalipto na
fabricação de móveis, segundo os fabricantes ................. 45
22 Principais fontes de informação das potencialidades da
madeira de eucalipto, segundo os fabricantes que não
usam essa madeira........................................................... 45
24 Motivos de não usar a madeira de eucalipto na
fabricação de móveis, segundo os fabricantes ................. 46
24 Certificação florestal.......................................................... 47
25 Condições para que haja interesse pela madeira de
eucalipto............................................................................ 48
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
1 Localização do município de Ubá-MG. ............................. 23
2 Esquema da metodologia utilizada no desenvolvimento
do trabalho. ....................................................................... 26
3 Esquema de delimitação da população e da amostra de
pesquisa............................................................................ 28
4 Principais destinos da produção de móveis, dos
segmentos pesquisados. .................................................. 33
5 Faixa de consumo de madeira maciça (m
3
/mês), por
segmento. ......................................................................... 35
6 Origem das essências florestais consumida. .................... 35
7 Origem das essências florestais consumidas, por
segmento. ......................................................................... 36
8 Procedência das principais essências nativas
consumidas....................................................................... 38
10 Principais motivos que levaram os fabricantes a deixar
de usar a madeira de eucalipto......................................... 39
11 Origem da madeira de eucalipto consumida..................... 40
x
RESUMO
TEIXEIRA, Tatiana de Oliveira Borges, M.S., Universidade Federal de Viçosa,
julho de 2005. A percepção sobre o uso da madeira de eucalipto pelos
fabricantes do pólo moveleiro de Ubá-MG. Orientador: Márcio Lopes da
Silva. Conselheiros: Laércio Antônio Gonçalves Jacovine e Sebastião
Renato Valverde.
O presente trabalho teve como principal objetivo analisar a percepção
dos fabricantes do pólo moveleiro de Ubá-MG quanto à utilização da madeira
de eucalipto para fabricação de móveis. A crescente restrição ambiental ao uso
de madeiras provenientes de florestas nativas, exploradas de forma ilegal, e o
distanciamento entre as zonas de produção e de consumo têm desencadeado
profundas mudanças no setor moveleiro, que teve seu abastecimento de
matéria-prima comprometido pela escassez de madeira e pelo conseqüente
aumento nos seus custos de produção. Este cenário tem estimulado a
utilização da madeira de reflorestamento, principalmente a de eucalipto. Com o
avanço tecnológico, os problemas de algumas espécies desse gênero, como
rachaduras e empenamentos, estão sendo sanados e a madeira de eucalipto
tem obtido ganhos de qualidade e produtividade. Apesar disso, existe ainda
uma certa resistência ao seu uso por parte dos fabricantes de móveis, onde
pesam conceitos ultrapassados e mitos. Diante deste fato, elaborou-se um
questionário que foi aplicado aos empresários do pólo moveleiro de Ubá que
utilizam madeira maciça na fabricação de móveis, sendo 17 do segmento de
xi
sala de jantar, 21 do segmento de cama e 6 do segmento de móveis sob
encomenda. Como resultado, observou-se que a maior parte dessas empresas
é de pequeno porte e está no mercado há menos de dez anos. O consumo
total de madeira maciça é da ordem de 987,5 m
3
mensais, onde predominam
as essências florestais de origem nativa. A experiência de uso da madeira de
eucalipto foi constatada em 43,2% das empresas, devendo ser ressaltado que
a maior parte tomou conhecimento das potencialidades do eucalipto,
principalmente, através de representantes comerciais e feiras visitadas. Os
principais fatores que influenciaram seu uso foram: o fato de a madeira ser
proveniente de floresta plantada, ter características uniformes, além da
escassez de madeira oriunda de florestas nativas. A grande maioria das
empresas considera a madeira de ótima qualidade e o preço razoável. Das
empresas que nunca usaram a madeira de eucalipto, 88% já ouviram falar das
suas potencialidades, mas não usam porque têm pouco conhecimento sobre o
assunto, faltam fornecedores, não há demanda por parte dos consumidores e
consideram alto o preço dessa madeira. Conclui-se que a maioria das
empresas tem interesse de usar a madeira de eucalipto no futuro, desde que
elas tenham maiores informações e que o preço seja acessível.
xii
ABSTRACT
TEIXEIRA, Tatiana de Oliveira Borges, M.S., Universidade Federal de Viçosa,
July 2005. The perception upon the use of eucalypt wood by the
manufacturers of the furniture center of Ubá-MG. Adviser: Márcio Lopes
da Silva. Committee Members: Laércio Antonio Gonçalves Jacovine and
Sebastião Renato Valverde.
The main objective of this work was to analyze the perception of the
manufacturers of the furniture center of Ubá-MG, Brazil on the use of
eucalyptus wood for the furniture production. The increasing environmental
restraint on the use of wood from native forests, exploited in an illegal manner
and the increasing distance among the production centers and consumers have
been triggering deep changes in the furniture section: their supply of raw matter
decreased by the scarcity of wood lead to a consequent increase in production
costs. This situation has stimulating the use from reforestation plantings
specially of eucalypt. With the technological advance, the problems of some
species of this genus, such as splitting and bending, are being solved and the
wood of eucalypts is gaining quality and productivity. In spite of this, there is still
some resistance to its use on the part of the furniture manufacturers because of
old concepts and myths. Facing these facts, a questionnaire was made and
applied to the undertakers of the furniture center of Ubá who use solid wood for
furniture production, including seventeen of the dining-room section, twenty-one
xiii
of the bedroom section and six of the made to order furniture section. As a
result it was observed that the majority of these enterprises are small ones and
have been operating for less than ten years. The total consumption of solid
wood is of around 987.5 m
3
per month, predominantly forest species of native
origin. The experience of using eucalypt wood was observed in 43.2% of the
enterprises, and the majority of them learned about the eucalypt potentialities
mainly through commercial representatives and visiting specialized fairs. The
main factors that influenced its use were: the fact that the lumber comes from
planted forest and have uniform characteristics, and the scarcity of wood from
native forest. The great majority of the enterprises consider this wood to have
optimal quality and a reasonable price. From the enterprises that have never
used eucalypt wood, 88% have already learned about the potentialities but do
not use it because they know little about it, there is a lack of suppliers, there is
no consumers demand and they consider the price high. It was concluded that
the majority of the enterprises is interested in the use of eucalypt wood in the
future, once they get more information and once the price is accessible.
xiv
1. INTRODUÇÃO
A crescente restrição ambiental ao uso de madeiras nativas exploradas
de forma ilegal e o distanciamento entre as zonas de produção e de consumo
têm diminuído sua oferta no mercado e, conseqüentemente, elevado seu
preço. Tal fato tem desencadeado profundas mudanças no setor moveleiro,
que teve seu abastecimento de matéria-prima comprometido pela escassez de
madeira e pelo conseqüente aumento nos seus custos de produção.
Esse cenário tem estimulado a utilização da madeira de reflorestamento,
principalmente a de eucalipto, que se apresenta como uma alternativa à
exploração predatória, contribuindo para a conservação do meio ambiente.
A madeira proveniente de florestas nativas está sendo gradativamente
substituída por aquela oriunda de florestas plantadas, que apresenta alta
produtividade, redução da idade de corte, segurança de abastecimento, homo-
geneidade de matéria-prima e custo competitivo da madeira.
Nesse ponto, segundo Silva (2003), a indústria brasileira de móveis
possui um grande potencial de elevar sua competitividade em relação aos
demais países exportadores, uma vez que o País tem condições excepcionais
de clima e solo para o cultivo do eucalipto.
No passado, a madeira de eucalipto apresentava diversos problemas
para ser utilizada na indústria moveleira, como elevada retratibilidade, propen-
são ao colapso durante a secagem e a presença de tensões de crescimento,
que provocavam rachaduras e empenamentos dos produtos acabados. Com o
1
avanço tecnológico, esses problemas estão sendo sanados e a madeira de
eucalipto tem obtido ganhos de qualidade e produtividade, através de novas
técnicas de serragem, secagem e acabamento.
Apesar disso, existe uma certa resistência ao seu uso por parte dos
fabricantes de móveis, entre os quais ainda pesam conceitos ultrapassados e
mitos sobre as potencialidades da madeira de eucalipto.
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo geral analisar a
percepção dos fabricantes do pólo moveleiro de Ubá-MG quanto à utilização da
madeira de eucalipto para fabricação de móveis.
Os objetivos específicos foram:
- Identificar as espécies de madeira atualmente utilizadas, seu consumo e
origem.
- Diagnosticar e quantificar o uso da madeira de eucalipto, bem como
detectar a percepção do seu uso, junto aos fabricantes de móveis.
- Identificar os fatores que influenciam o uso da madeira de eucalipto na
fabricação de móveis.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A indústria moveleira no Brasil
Segundo Gorini (1998), a indústria de móveis caracteriza-se pela reunião
de diversos processos de produção, envolvendo diferentes matérias-primas e
uma diversidade de produtos finais, e pode ser segmentada, principalmente,
em função dos materiais com que os móveis são confeccionados (madeira,
metal), bem como de acordo com os usos a que são destinados (móveis para
residência e para escritório). Além disso, devido aos aspectos técnicos e
mercadológicos, as empresas, em geral, são especializadas em um ou dois
tipos de móveis (de cozinha e banheiro).
De acordo com a autora, os móveis de madeira, que detêm expressiva
parcela do valor total da produção do setor, são ainda segmentados em dois
tipos: retilíneos, que são lisos, com desenho simples, de linhas retas e cuja
matéria-prima principal constitui-se de aglomerados e painéis de compensados;
e torneados, que reúnem detalhes mais trabalhados, misturando formas retas e
curvilíneas e cuja principal matéria-prima é a madeira maciça de espécies
florestais nativas ou de reflorestamento, podendo também incluir painéis de
medium-density fiberboard (MDF), passíveis de serem usinados.
Segundo a ABIMÓVEL (2004), a indústria brasileira de móveis é
formada por mais de 16.000 micro, pequenas e médias empresas, que geram
mais de 195.000 empregos. São empresas familiares, tradicionais e na grande
3
maioria de capital inteiramente nacional. Recentemente, em alguns segmentos
específicos é notado o interesse pela entrada de empresas estrangeiras.
Em conformidade com o padrão mundial, a indústria brasileira de móveis
caracteriza-se pelo pequeno porte de seus estabelecimentos industriais, onde
predominam micro (74,6%) e pequenas (21,2%) empresas (Quadro 1).
Quadro 1 - Porte das empresas por faixa de pessoal ocupado
Porte* N
o
de Funcionários N
o
de Empresas %
Microempresa Até 19 11.937 74,6
Pequena empresa 20 a 99 3.392 21,2
Média empresa 100 a 499 376 2,3
Grande empresa Acima de 499 299 1,9
Total 16.004 100,0
Fonte: elaboração própria, de acordo com dados da Abimóvel (2004).
* Classificação de acordo com o Sebrae (indústria).
O faturamento da indústria nacional de móveis, segundo a ABIMÓVEL
(2004), totalizou R$ 8,8 bilhões em 2003, representando um declínio de 15%
em relação a 2002 (Quadro 2).
Quadro 2 - Faturamento do setor moveleiro no Brasil - 1994 a 2003 (valores
em R$ bilhões)
Ano Faturamento
1994 R$ 3,7 bilhões (móveis de madeira)
1995 R$ 3,9 bilhões (móveis de madeira)
1996 R$ 4,6 bilhões (móveis de madeira)
1997 R$ 6,2 bilhões
1998 R$ 7,4 bilhões
1999 R$ 7,3 bilhões
2000 R$ 8,8 bilhões
2001 R$ 9,7 bilhões
2002 R$ 10,3 bilhões
2003 R$ 8,8 bilhões
Fonte: Abimóvel (2004).
4
O principal Estado exportador é Santa Catarina, que sozinho foi respon-
sável por 50% das vendas de móveis no mercado externo no ano de 2003.
Além dele, destacam-se ainda os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São
Paulo, como pode ser verificado no Quadro 3.
Quadro 3 - Principais Estados exportadores do setor moveleiro no Brasil –
2003 (valores em US$)
Estado US$ %
Santa Catarina 330.777.373 50,00
Rio Grande do Sul 180.678.970 27,31
Paraná 60.430.844 9,13
São Paulo 39.844.668 6,02
Bahia 28.902.443 4,37
Minas Gerais 5.168.632 0,78
Espírito Santo 3.392.017 0,51
Maranhão 2.983.553 0,45
Ceará 2.285.527 0,35
Pará 1.913.405 0,29
Rio de Janeiro 1.807.227 0,27
Outros 1.607.289 0,24
Total 661.556.905
Fonte: elaboração própria, através de dados da Abimóvel (2004).
Lima (1998) relatou que a indústria brasileira de móveis é muito
fragmentada, como na maior parte do mundo, e caracteriza-se principalmente
por dois aspectos: elevado número de micro e pequenas empresas e grande
absorção de mão-de-obra.
Indi (2003) apontou algumas características da indústria moveleira do
Brasil:
- Adoção de diversificados processos de produção e níveis de atuali-
zação do maquinário, permitindo a convivência de equipamentos
obsoletos com modernos, uma vez que o produto final decorre da
reunião de partes, compreendendo diversas etapas. Este fato faz com
que os investimentos para a modernização da linha de produção sejam
5
divisíveis, o que pode ser considerado uma facilidade, dada à baixa
capacidade de investimento da maioria das empresas.
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Utilização de diferentes matérias-primas (madeira, compensado, MDF,
aglomerado, metal, vidro, couro e outros).
Alto grau de verticalização de grande parte dos estabelecimentos,
entrando na fábrica a madeira bruta e saindo o móvel pronto,
embalado, vendido e, muitas vezes, transportado pela mesma
empresa.
Fragilidade do sistema de comercialização, que em grande parte
dependente de vendedores autônomos, que atendem, ao mesmo
tempo, a várias empresas, o mesmo ocorrendo com os lojistas que
revendem os móveis ao consumidor individual final.
Elevado nível de informalidade, representado às vezes pela ausência
de inclusão no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ, mas
principalmente pela falta de adequada emissão de notas fiscais e
pagamento de impostos correspondentes.
Uso intensivo de mão-de-obra.
Carência de fornecedores especializados em partes e componentes de
móveis.
Desconhecimento e, ou, dificuldade de acesso à assistência técnica e
a consultorias especializadas.
Incipiente normatização técnica.
Níveis reduzidos de investimentos em capacitação empresarial e dos
empregados, design, pesquisa de mercado e marketing.
Elevada elasticidade renda da demanda, que varia positivamente em
função da renda da população e do comportamento de setores como a
construção civil, o que torna o setor analisado muito sensível à
variações conjunturais da economia.
Baixa tradição exportadora, à exceção dos Estados do Sul do País.
Predomínio de empresas de caráter familiar e de capital nacional.
6
De acordo com Valença et al. (2002), os principais fatores positivos que
têm marcado o desenvolvimento do setor de móveis na última década são a
abertura da economia e a ampliação do mercado interno, que, juntamente com
a redução da inflação e de seus custos indiretos, têm introduzido novos
consumidores, antes excluídos do mercado. Além disso, o baixo custo da
madeira reflorestada representa um fator competitivo importante.
Segundo a ABIMÓVEL (2004), com o aumento das exportações, nos
últimos anos, a indústria desenvolveu consideravelmente sua capacidade de
produção e apurou, significativamente, a qualidade de seus produtos.
2.1.1. Os principais pólos moveleiros do Brasil
Valença et al. (2002) constataram que as unidades industriais de
produção de móveis localizam-se, em sua maioria, na região centro-sul do
Brasil, respondendo por 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra
empregada pelo setor. Em alguns Estados estão implantados pólos moveleiros
consolidados e tradicionais, como os de Bento Gonçalves (Rio Grande do
Sul), São Bento do Sul (Santa Catarina), Arapongas (Paraná), Mirassol,
Votuporanga e São Paulo (São Paulo), Ubá (Minas Gerais) e Linhares (Espírito
Santo).
Os autores ressaltaram que além desses tradicionais pólos existem
alguns outros menores, em regiões próximas a eles, e também em outros
Estados, onde dezenas ou centenas de pequenas empresas estão consti-
tuídas, sem que essas regiões sejam caracterizadas, formalmente, como “pólos
moveleiros”.
2.1.1.1. O pólo moveleiro de Ubá
Segundo Crocco et al. (2001), a origem da indústria moveleira em Ubá,
principal cidade do pólo, remonta à década de 1970 e está intimamente
relacionada com a história de uma grande empresa, a DOLMANIi, que
empregava em torno de 1.200 pessoas. Segundo informações locais, com o
fechamento dessa empresa alguns de seus empregados decidiram iniciar
negócios próprios, aproveitando o conhecimento adquirido na empresa.
7
Este fato é confirmado pelos dados dos Censos Econômicos do IBGE, que
registraram, em 1970, 25 novas empresas e, em 1980, 72 empresas
localizadas no município de Ubá.
Em 2002, o município encontrava-se em 50
o
lugar no ranking estadual
no que se refere à magnitude de seu PIB. Como pode ser observado no
Quadro 5, a participação no PIB mineiro de Ubá e região foi de 0,76%.
Quadro 4 - Principais pólos moveleiros do Brasil
Pólo
Moveleiro
Unidade da
Federação
Número de
Empresas
Principais
Mercados
Principais
Produtos
Ubá Minas Gerais 153
MG, SP, RJ
e BA
Cadeiras, dormitórios, salas,
estantes e móveis sob
encomenda.
Bom Despacho e
Martinho Campos
Minas Gerais 117 MG
Cadeiras, dormitórios, salas,
estantes e móveis sob
encomenda.
Linhares e
Colatina
Espírito Santo 130 SP, ES e BA
Dormitórios, salas e móveis sob
encomenda.
Arapongas Paraná 145
Todos os
Estados
Móveis retilíneos, estofados, de
escritório e tubulares.
Votuporanga São Paulo 350
Todos os
Estados
Cadeiras, armários, estantes,
mesas, dormitórios, estofados e
móveis sob encomenda.
Mirassol, Jaci,
Bálsamo e Neves
Paulista
São Paulo 80
SP, MG, RJ,
PR e
Nordeste
Cadeiras, salas, dormitórios,
estantes e móveis sob
encomenda em madeira maciça.
Tupã São Paulo 54 SP
Mesas, racks, estantes, cômodas
e móveis sob encomenda.
São Bento do Sul
e Rio Negrinho
Santa
Catarina
210
Exportação,
PR, SC e SP
Móveis de pinus, sofás, cozinhas
e dormitórios.
Bento Gonçalves
Rio Grande do
Sul
130
Todos os
Estados e
Exportação
Móveis retilíneos, móveis de pinus
e metálicos (tubulares).
Lagoa Vermelha
Rio Grande do
Sul
60
RS, SP, PR,
SC e
Exportação
Dormitórios, salas, móveis de
pinus, estantes e estofados.
Fontes: STCP/Stagliorio Consultoria; Associação da Indústria de Móveis do Estado do Rio Grande do
Sul (Movergs); Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas; Sindicato das Indústrias da Madeira e
do Mobiliário de Linhares; Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná;
Ferreira (1997a e 1997b); e Gazeta Mercantil (29.01.98).
Elaboração: BNDES.
8
Quadro 5 - Indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), a preços correntes, de
municípios de Minas Gerais - 2002
Município
Ranking
PIB 2002
(em mil reais)
Participação do PIB
no Estado (%)
Taxa de Cresc. do
PIB (1999-2002)
Belo Horizonte 1 17.223.070 14,61 24,64
Betim 2 8.271.152 7,02 28,57
Contagem 3 5.680.126 4,82 22,71
Uberlândia 4 5.613.043 4,76 30,86
Juiz de Fora 5 3.310.976 2,81 31,68
Ubá 50 414.291 0,35 20,43
Ubá e região* - 894.485 0,76 -
Fonte: Adaptado de IEL/MG-GETEC - Gerência de Estudos e Projetos Tecnológicos, a partir de dados
da Fundação João Pinheiro (FJP).
* Visconde do Rio Branco, Rio Pomba, Tocantins, Piraúba, Guidoval, São Geraldo e Rodeiro.
Observa-se, ainda, que a taxa de crescimento do PIB de Ubá no período
de 1999 a 2002 é expressiva, comparando-a com a mesma taxa dos primeiros
municípios do ranking.
De acordo com os dados do Quadro 6, verifica-se que entre os
municípios abrangidos pelo pólo, no ano de 2002, destacam-se Visconde do
Rio Branco, com um crescimento neste período de 30,74%; Piraúba com
28,84%; e São Geraldo com 28,6%.
Quadro 6 - Indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), a preços correntes, de
municípios do pólo moveleiro de Ubá-MG - 2002
PIB (em mil reais)
Município
1999 2000 2001 2002
Ubá 329.650 356.891 368.961 414.291
Visconde do Rio Branco 170.663 183.549 202.389 246.396
Rio Pomba 48.058 51.889 56.893 61.241
Tocantins 42.006 46.952 49.403 52.779
Piraúba 27.049 30.378 32.621 38.014
Guidoval 21.229 23.314 24.926 28.785
São Geraldo 20.421 22.115 23.928 28.600
Rodeiro 21.166 21.713 21.638 24.378
Total 680.241 736.801 780.760 894.485
Fonte: preparado pelo autor, a partir de dados da Fundação João Pinheiro (FJP).
9
O pólo moveleiro de Ubá e região destaca-se na geração de empregos
na indústria de móveis de Minas Gerais, com 7.048 empregos em 2001, sendo
5.608 gerados em fábricas de móveis com predominância em madeira. A
região também é a mais relevante do Estado em termos de fábricas de móveis
com predominância em madeira, detendo 344 estabelecimentos (RAIS/MTE,
2001).
De acordo com o Diagnóstico do Pólo Moveleiro de Ubá e região,
realizado pelo Instituto Euvaldo Lodi, INTERSIND e SEBRAE-MG (2003), nos
últimos cinco anos as principais estratégias adotadas pelas indústrias de
móveis de Ubá e região foram baseadas em "novos produtos", "novos
processos de produção" e "novos mercados". Para os próximos cinco anos,
também receberão maior atenção por parte dos empresários os investimentos
em "design” e em "marketing", sendo essenciais para a competição do setor no
mercado nacional e internacional. O estudo relata que as principais fontes de
informação e conhecimento das empresas do pólo moveleiro de Ubá ocorrem
através dos próprios clientes, das fontes da própria empresa, dos fornecedores
e a da participação ativa dos setores privados, representados pelos serviços de
apoio à indústria como IEL, SENAI, sindicatos, SEBRAE, entre outros.
Ainda segundo o diagnóstico, o controle de qualidade dos produtos
acontece do início ao fim da produção, na maioria das indústrias do pólo
moveleiro de Ubá e região. No que se refere às ferramentas de design, apenas
21,2% das indústrias utilizam profissionais da área. Os projetos mais desen-
volvidos nos últimos anos foram "estrutura visual do produto", "acabamento" e
"novos produtos para o mercado". As dificuldades no desenvolvimento do
design encontram-se principalmente na falta de profissionais da área e na
pouca capacitação da equipe de desenvolvimento.
2.1.2. Fatores de competitividade da indústria moveleira
De acordo com Gorini (1998), são quatro os fatores de competitividade
da indústria moveleira: matéria-prima, tecnologia, mão-de-obra e design.
Para Farina (2001), esses fatores são componentes de custo que afetam
os preços e a qualidade dos produtos. No entanto, para que as empresas
tenham sucesso em suas estratégias precisam coordenar, adequadamente,
10
fornecedores e distribuidores. Essa coordenação engloba a capacidade de
informar fornecedores de suas necessidades em termos de qualidade (atributos
físicos do produto), quantidade e regularidade de fornecimento.
Em relação à matéria-prima, deve-se considerar os aspectos relativos à
base florestal, ao processamento da madeira e à sua qualidade.
Segundo Farina (2001), a análise do segmento produtor de madeira para
a indústria moveleira indica que a demanda por produtos serrados de florestas
nativas se concentra nos móveis sob encomenda e vêm caindo nos principais
pólos moveleiros. Os produtos serrados de florestas plantadas, por outro lado,
têm sido cada vez mais demandados. O pinus tem sido a principal matéria-
prima das empresas exportadoras de móveis, e o eucalipto apresenta um
potencial bastante promissor. No segmento de painéis reconstituídos obser-
vam-se, de um lado, a demanda crescente por aglomerados e MDF e, de outro,
uma relativa estabilidade no consumo de chapas de fibra. A indústria moveleira
utiliza basicamente: aglomerado, madeira serrada, compensado, medium
density fiberboard (MDF) e chapa de fibra dura (hardboard).
No que diz respeito às madeiras, Gorini (1998) constatou que há uma
grande carência de fornecedores especializados no processamento (primário e
secundário) da madeira serrada destinada à indústria de móveis. O forneci-
mento no Brasil é bastante irregular e de baixa qualidade, com forte presença
das pequenas serrarias, com máquinas obsoletas e grande desperdício de
matéria-prima. Esse fato é verdade tanto para madeiras de florestas nativas
como de plantadas, como é o caso do pinus, com utilização já bem difundida
no Sul do País, e o eucalipto, que foi introduzido há pouco tempo na indústria
moveleira nacional. Muitos fabricantes de móveis que utilizam o pinus possuem
plantios próprios, a fim de garantir o fornecimento e a qualidade da madeira
consumida.
Ainda segundo a autora, em relação às florestas plantadas, o Brasil tem
potencial para ser bastante competitivo, em função do custo de sua madeira de
reflorestamento. Além disso, esse é um mercado com excelentes perspectivas,
em vista das atuais restrições ambientais ao comércio internacional de madei-
ras de espécies florestais nativas e ao elevado custo de colheita e transporte.
Para Gorini (1998), o Brasil desfruta de uma fonte importante de
competitividade no mercado internacional, representada pelo custo de sua
11
madeira de reflorestamento, relacionada principalmente aos seguintes fatores:
clima adequado ao rápido crescimento das florestas plantadas (em geral, entre
12 e 14 anos, comparando ao período médio de corte de 50 anos nos países
de climas temperados); tecnologia florestal dominada; e extensas áreas
disponíveis.
Mas a autora ressalta que, apesar das vantagens comparativas das
plantações florestais no Brasil, há necessidade de melhorar o manejo das
florestas destinadas ao setor moveleiro, uma vez que grande parte delas foi
plantada, exclusivamente, visando a produção de fibra de celulose e energia.
Em relação à quantidade disponível de matéria-prima, o Programa
Nacional de Florestas (PNF), do Ministério do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis, aponta para um déficit de matéria-prima florestal oriunda de
reflorestamento. De acordo com este órgão, “estudos conduzidos pela
Sociedade Brasileira de Silvicultura – SBS e associações setoriais – identificam
a existência de um desequilíbrio entre a oferta e a procura de madeira, para
atender às projeções de crescimento das indústrias de base florestal, a partir
do início desta década”. Para suprir todos os segmentos industriais, são
cortados cerca de 450 mil hectares por ano de pinus e eucalipto, e a área
reflorestada anualmente tem sido de 150 mil hectares, ocasionando, portanto,
um déficit de 300 mil hectares por ano. A persistir esta tendência, poderá
ocorrer uma exaustão dos estoques de madeira, o que poderá comprometer o
potencial de expansão dos segmentos da indústria moveleira, de papel e
celulose, de siderurgia e de carvão vegetal (FARINA, 2003).
Em relação ao segundo fator de competitividade, tecnologia, vários
estudiosos do assunto concordam que, embora na década de 1990 a indústria
de móveis tenha investido em automação e controle de qualidade, são poucas
as empresas modernas, geralmente ligadas ao comércio internacional, dentro
de um universo predominado por empresas desatualizadas tecnicamente e
com baixa produtividade.
De acordo com Farina (2001), o nível de tecnologia não é uniforme em
todo o setor moveleiro, sendo necessários investimentos, de modo a permitir
que mais empresas possam concorrer com o produto externo.
Segundo Gorini (1998), os pólos que mais investiram em tecnologia
foram os de Bento Gonçalves e o de São Bento do Sul. Basicamente, a maioria
12
dos investimentos foi realizada pelas empresas de maior porte, na importação
de equipamentos de controle numérico computadorizado - CNC, da Itália,
Alemanha e Espanha.
Em relação ao terceiro fator de competitividade, mão-de-obra, Farina
(2001) ressalta que, apesar de a indústria moveleira ser intensiva em mão-de-
obra, as inovações tecnológicas, visando o aumento da produtividade, exigem
maior qualificação da mão-de-obra, sendo, portanto, fundamental investimento
em treinamento e capacitação. Há também a necessidade de aperfeiçoar
as condições de saúde e segurança ocupacional em toda a cadeia produtiva
da indústria de madeira e móveis, com o objetivo de reduzir problemas
relacionados ao elevado número de acidentes e doenças do trabalho, de
aumentar o uso de dispositivos de proteção e de reduzir a informalidade de
vínculo empregatício.
No tocante ao último fator de competitividade, design, observa-se que há
um consenso entre Gorini (1998) e Farina (2001). Para esses estudiosos, o
desenvolvimento de um design envolve vários aspectos, como a diminuição do
uso de insumos, a redução do número de partes e peças envolvidas num
determinado produto, além da redução do tempo de fabricação. Design é mais
que um avanço na estética; significa o aumento da eficiência global na
fabricação do produto, incluindo as práticas que minimizem a agressão ao meio
ambiente.
De acordo com Farina (2001), a indústria moveleira não possui pessoal
especializado em design. As exceções são as empresas líderes, que possuem
profissionais mais especializados, como arquitetos, engenheiros, desenhistas
e designers. O autor ressalta ainda que as pequenas e médias empresas
não investem em design próprio. A estratégia utilizada por elas é a cópia e
adaptação do design das empresas maiores. O desafio, portanto, é superar
essa cultura de cópia, disseminada em parte do setor, por meio de estratégias
que contemplem a importância do design como elemento de agregação de
valor ao móvel, favorecendo o desenvolvimento de uma cultura de desenvol-
vimento de produto e inovação, com correspondente registro de patente para
sua proteção legal.
13
2.1.3. Gargalos da cadeia produtiva de madeira e móveis
Segundo Farina (2001), os principais gargalos identificados pelos agen-
tes do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indústria de Madeira
e Móveis e considerados como entraves à competitividade desta cadeia são
relacionados à matéria-prima, à produção e às vendas.
Com relação à matéria-prima, foram levantados os seguintes problemas:
-
-
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-
indisponibilidade e falta de qualidade da madeira;
escassez de madeira que atenda às especificações industriais;
legislação complexa, punitiva e burocratizante;
falta de política para o melhor aproveitamento do potencial de madeira
nativa e de plantações florestais;
falta de normas e padrões nacionais para o melhor aproveitamento da
madeira;
falta de uma base de dados confiável;
atraso tecnológico do parque industrial de base florestal;
dependência de poucos fornecedores para alguns produtos espe-
cíficos;
condições inadequadas de financiamento; e
necessidade de ampliar o apoio à pesquisa, documentação e infor-
mação tecnológica florestal.
Quanto à produção e venda de móveis, foram identificados os seguintes
problemas:
indústria pulverizada e não-homogênea, quanto à tecnologia;
falta de diferenciação de produto;
falta de atendimento aos padrões internacionais;
falta de treinamento e capacitação de mão-de-obra;
falta de integração entre a fabricação e a logística de distribuição;
falta de estudos de mercado que considerem tendências de moda,
design e hábitos de consumo;
centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com pouca competência
em móveis;
ausência de P&D de longo prazo para novas tendências de materiais;
falta de uma cultura de pesquisa e desenvolvimento;
14
-
-
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-
-
pouca participação em feiras internacionais;
ausência de integração entre os elos da cadeia;
falta de promoção dos produtos de toda a cadeia;
escassez de recursos financeiros: financiamento e estímulos credi-
tícios;
verticalização excessiva das empresas; e
informalidade fiscal.
2.2. A madeira de eucalipto
Segundo Silva e Poledna (2002), o Eucalyptus é um gênero provindo da
Austrália, formado por mais de 700 espécies. O eucalipto é considerado uma
das maiores árvores do mundo; há exemplares com 100 m, uma altura seme-
lhante à da sequóia norte-americana. Trata-se de uma árvore com taxa de
crescimento extremamente alta, o que a coloca em uma posição de insumo de
fonte renovável de forte uso comercial.
A madeira de eucalipto tem múltiplas finalidades. Da fibra se faz a
celulose para produção de diversos tipos de papel, tecido sintético e cápsulas
de remédios. A madeira é utilizada na produção de móveis, acabamentos
refinados da construção civil, pisos, postes e mastros para barcos. Dele tam-
bém se obtém o óleo essencial usado em produtos de limpeza, alimentícios,
perfumes e remédios. Sem falar do mel de alta qualidade produzido a partir do
pólen de suas flores (ARACRUZ S.A., 2005).
De acordo com a Revista da Madeira (2001), apesar de existirem mais
de 600 espécies conhecidas botanicamente, os plantios em larga escala no
mundo estão concentrados em poucas espécies. Em termos de incremento
anual e das propriedades desejáveis da
madeira, apenas 12 têm sido
utilizadas, com mais intensidade, para atender ao setor industrial: Eucalyptus
grandis. E. saligna, E. urophylla, E. citriodora, E. globulus, E. camaldulensis,
E. tereticornis, E. paniculata, E. robusta, E. viminalis, E. exserta e E. deglupta.
No Brasil, têm sido consideradas muito promissoras as espécies E. cloeziana,
na região central, e o E. dunnii, na Região Sul. As várias espécies de eucalipto
mencionadas apresentam uma velocidade de crescimento bastante alta, com
um potencial elevado para o estabelecimento, em prazos relativamente curtos,
15
de novos e adequados plantios para obtenção de madeira para diversas
finalidades.
As potencialidades do eucalipto como fornecedor de matéria-prima de
qualidade para os diversos usos industriais já se encontram demonstradas,
estando razoavelmente definidos os parâmetros de qualidade da madeira a
serem exigidos para tais especificações. As perspectivas de sua utilização
intensiva são muito promissoras e têm por base o conhecimento já acumulado
sobre a silvicultura e o manejo de várias espécies do gênero, sua maleabi-
lidade e suas respostas ao melhoramento genético, que o tornam aplicável em
um grande espectro de usos (REVISTA DA MADEIRA, 2001).
De acordo com essa revista, são várias as razões para que o eucalipto
possa ser indicado como alternativa de oferta de madeira. O gênero tem
ocupado um lugar preferencial na escolha de espécies para o estabelecimento
de florestas plantadas no País. Na região centro-sul brasileira, nas últimas
décadas, observou-se um vasto e bem-sucedido programa de reflorestamento
com essas espécies. Apesar de a maior parte das florestas estar compro-
metida com a produção de madeira para
os denominados “usos tradicionais”
(celulose, carvão vegetal, lenha e chapas de fibras), espera-se que uma
parcela possa ser destinada a outras aplicações madeireiras. Para atender a
tais demandas, a primeira etapa envolveu a seleção de espécies com progra-
mas de melhoramento para atender às características de ordem silvicultural,
como crescimento, forma do tronco, regeneração e resistência a pragas e
doenças; na segunda etapa, esses programas foram consolidados e comple-
mentados com o envolvimento de algumas propriedades da madeira, como
densidade, dimensões de fibras, teores de casca e composição química.
2.2.1. Qualidade da madeira
De acordo com a Revista da Madeira (2001), a produção de madeira
serrada de qualidade é possível quando passa pelos seguintes pontos:
pesquisa de laboratório e de campo, identificando espécies e clones com
características adequadas à produção de toras; testes e ensaios silviculturais e
de manejo, objetivando estabelecer métodos de propagação, espaçamento,
cronograma de desrama e duração de rotação; e investigação dos melhores
16
métodos de colheita, tratamento de toras, desdobro, secagem, usinagem,
colagem e acabamento e desenvolvimento de produtos acabados.
A revista enfatiza que para cada utilização da madeira o conceito de
qualidade pode ter exigências diferentes. É essencial definir o produto final
desejado e o sistema de produção a ser utilizado, procurando correlacionar as
características da árvore, da madeira, do sistema de processamento e dos
produtos finais desejados. Para o produtor de madeira, boa qualidade significa
uma madeira com dimensões desejáveis, boa forma do tronco, isenção de
defeitos (nós, podridão), bom rendimento volumétrico, casca pouco espessa
etc. Para o operador de serraria, boa qualidade significa alta taxa de conversão
madeira bruta/madeira serrada, maior possibilidade de aproveitamento de
produtos serrados, baixa quantidade de rachaduras, defeitos (nós, podridão),
diminuição de resíduos etc. Para o industrial de móveis, boa qualidade significa
alta estabilidade dimensional, resistência, rigidez, usinagem e acabamento
desejáveis e propriedades organolépticas desejáveis (coloração, cheiro, gosto,
tato etc.).
2.3. O uso da madeira de eucalipto na indústria moveleira
De acordo com Silva (2003), o setor moveleiro no Brasil tem sido
marcado por um processo de utilização crescente de madeiras provenientes de
reflorestamento. Esse fato tem se tornado mais evidente nos últimos anos,
sobretudo em razão dos questionamentos existentes em relação à exploração
das florestas nativas, seja por razões ecológicas ou pela elevação dos preços,
devido às dificuldades de exploração e ao distanciamento entre as zonas de
produção e de consumo. O autor afirma que a indústria de produtos à base de
madeira tem se defrontado com desafios que estão provocando drásticas
mudanças. O primeiro desafio é a crescente expansão dos mercados para a
“madeira ambientalmente correta”, exemplificado pela crescente força merca-
dológica dos “selos verdes” em todo o mundo. O segundo é a globalização dos
mercados consumidores, com a conseqüente necessidade de aumento na
produtividade e o atendimento a padrões de qualidade cada vez mais
exigentes. Este cenário tem estimulado a exploração da madeira de reflores-
tamento, principalmente das espécies de pinus e eucalipto.
17
Para Marques (1998), mudanças muito rápidas estão ocorrendo no
suprimento de madeira, com a migração do suprimento do Hemisfério Norte
para o Hemisfério Sul, devido à crescente escassez no primeiro e à utilização
crescente de madeira oriunda de plantios em substituição às nativas. A utili-
zação de peças coladas ou reconstituídas, em substituição à madeira maciça,
vem se tornando imperativo, tanto pela tecnologia desenvolvida, quanto pela
escassez de madeira sólida.
Segundo Silva (2003), os exemplos das possibilidades de uso da
madeira de eucalipto em marcenaria e movelaria existem desde longa data,
estendendo-se por diversas regiões do mundo. Historicamente existem depoi-
mentos favoráveis atribuídos aos empresários da área moveleira dos Estados
Unidos, mostrando a aceitação da madeira de eucalipto naquele país, já no
início do século XX. Nos depoimentos, há referências de que a madeira de
eucalipto produziria um mobiliário comparável àquele obtido das melhores
madeiras.
Nahuz (2003) afirma que a indústria moveleira, especialmente de móveis
seriados, caracteriza-se por alta agilidade e grandes volumes de produção.
Para tal, ela requer matérias-primas com propriedades uniformes, de densi-
dade de cor e de propriedades como trabalhabilidade, colagem, facilidade de
acabamento com tintas e vernizes. Estas características podem ser encont-
radas na madeira sólida, proveniente de reflorestamento, principalmente pinus
e eucalipto.
De acordo com a ABIMCI, citada por Nahuz (2003), a produção
brasileira de madeira serrada em 2002 foi cerca de 23 milhões de m
3
no total, e
o consumo aparente cerca de 20,2 milhões de m
3
. Perto de 3 milhões m
3
de
madeira serrada (15%) foram destinados à indústria de móveis, dos quais um
terço originou-se de florestas plantadas, especialmente pinus. Desta forma, o
setor moveleiro que utiliza madeira sólida, especialmente para móveis desti-
nados à exportação, representa um mercado de 1 milhão de m
3
por ano de
madeira com características uniformes e mínimos defeitos.
Segundo a Revista da Madeira (2001), as espécies mais utilizadas são o
Eucalyptus grandis e o E. cloeziana, que embora não tenham sido plantadas
para tal fim apresentam bom desempenho nas fases de desdobro e secagem,
bem como boa aceitação no mercado. O Eucalyptus grandis apresenta boa
18
aparência, fácil trabalhabilidade e características muito semelhantes às do
mogno, em termos de propriedades físico-mecânicas, principalmente densida-
de, resistência e elasticidade. Mesmo apresentando uma densidade um pouco
mais elevada, a madeira serrada de Eucalyptus cloeziana vem tendo boa
aceitação no mercado, com características muito próximas às do ipê, da pero-
ba e do pau-marfim, com elevada estabilidade dimensional e boa durabilidade
natural, sendo muito resistente ao apodrecimento e ao ataque de cupim de
madeira seca.
De acordo com Silva (2003), o Chile já exporta a madeira de Eucalyptus
globulus na forma de lâminas faqueadas e produtos acabados a preços
equivalentes aos da madeira tropical. Algumas empresas, como a ARACRUZ ,
a KLABIN e a CAF Santa Bárbara, já disponibilizam a madeira de eucalipto
com qualidade no mercado, com grande aceitação, inclusive no mercado
internacional. Nos últimos anos, a atividade madeireira vem se adaptando e
procurando novos mercados; para tanto, vem buscando maior eficiência nas
suas atividades e maior qualidade nos seus produtos.
2.3.1. Aspectos tecnológicos relevantes para o uso da madeira de
eucalipto na produção de móveis
Silva (2003) relatou que para se pensar na utilização de madeira para
fins mais nobres, como a produção de móveis e o seu uso em decorações e
construção civil, torna-se necessário aprimorar as características de ordem
silvicultural e incorporá-las a vários outros programas de melhoramento
genético e de manejo e condução da floresta, como o desbaste e a desrama,
além de avaliar outros aspectos especiais da madeira, como a ausência de nós
e outros defeitos superficiais, os níveis de tensões de crescimento da madeira
juvenil, de estabilidade dimensional, a resistência mecânica, a trabalhabilidade,
os desenhos e a coloração. Tratamentos especiais deverão ser dispensados à
madeira nas fases de processamento primário (desdobro e secagem), bem
como nas fases de usinagem e acabamento.
O autor salienta que o tratamento adequado da madeira de eucalipto é o
grande segredo da sua versatilidade, comprovando que vários de seus proble-
mas podem ser contornados com a utilização correta de equipamentos e
19
procedimentos. Há a necessidade de esforços cada vez maiores no sentido de
adequação de tecnologias de processamento e utilização das espécies já
conhecidas.
2.3.2. Dificuldades de inserção da madeira de eucalipto na indústria
moveleira
A utilização da madeira de eucalipto é há muito tempo acompanhada de
preconceitos e mitos, o que ocorre principalmente devido à sua introdução no
Brasil com propósitos exclusivamente energéticos. Devido à exuberância das
florestas nativas, hoje cada vez mais distantes, mas ainda abundantes, aliada à
cultura extrativista imperante, as espécies reflorestadas foram relegadas a usos
menos nobres e à fabricação de móveis para classes de baixo poder aquisitivo
(REVISTA DA MADEIRA, 2001).
Segundo Silva (2003), no Brasil existe uma crença bastante arraigada
entre produtores e usuários de que o eucalipto não oferece condições para o
aproveitamento como madeira serrada, produção de lâminas e produtos
acabados. Acreditam que as peças acabadas sofrem empenamentos e outras
distorções. O móvel de eucalipto, para certas pessoas, é causa suficiente para
a desvalorização do produto. Tal crença se deve, em parte, à presença de
certas características desfavoráveis da madeira, como elevada retratibilidade,
propensão ao colapso durante a secagem e presença de tensões de cresci-
mento, que levam a rachaduras e empenamentos. Estas características não
são exclusivas do eucalipto, uma vez que a maioria das espécies nativas
também apresenta problemas de processamento e usinabilidade.
O autor acredita que a tamanha versatilidade escondida na madeira de
eucalipto reside no tratamento adequado dispensado no processo de formação
da árvore e no processamento da matéria-prima. É bem verdade que quase
toda a madeira até então utilizada para os usos nobres foi proveniente de
plantios voltados para produção de celulose e carvão, privada de certos
cuidados especiais.
Para Silva e Poledna (2002), o aspecto de inferioridade da madeira de
eucalipto, comparada com madeiras nobres, difundiu-se não apenas entre os
consumidores, mas também entre os produtores (especialmente na indústria
moveleira).
20
Para a Aracruz S.A. (2004), a falta de conhecimento dessa espécie
florestal, que chegou ao Brasil há menos de 200 anos, já provocou muita
polêmica. Mas os avanços da ciência e a experiência acumulada em décadas
de plantio provaram que o eucalipto, quando cultivado de maneira correta e
responsável, interage com a natureza e ainda oferece inúmeros benefícios ao
homem.
21
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área de estudo
O pólo moveleiro de Ubá está localizado na região sudeste do Estado de
Minas Gerais, mais precisamente na Zona da Mata, nas proximidades da
fronteira com o Rio de Janeiro e Espírito Santo. As principais cidades
envolvidas no pólo são: Ubá, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Tocantins,
Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro e Guidoval.
A principal cidade do pólo é Uba, com uma superfície de 407,5 km². De
acordo com o Censo Demográfico de 2000, é o município mais representativo
da microrregião, apresentando uma população residente de 84.987 habitantes
(Quadro 7), dos quais 90,1% localizam-se na zona urbana e 9,9% na zona
rural.
Quadro 7 - População residente do município de Ubá-MG
Ano Urbana Rural Total
1970 29.782 14.721 44.503
1980 43.860 9.451 53.311
1991 54.051 12.460 66.511
2000 76.602 8.385 84.987
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2000).
22
Analisando o aspecto geográfico, nota-se que Ubá e seu entorno se
encontram bem localizados em relação ao acesso aos três principais centros
urbanos brasileiros - Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua distância
em relação aos principais centros nacionais e regionais é apresentada no
Quadro 8.
Quadro 8 - Distância de Ubá aos principais centros nacionais e regionais (km)
Centro Nacional (km) Centro Regional (km)
Belo Horizonte 290 Viçosa 46
Rio de Janeiro 290 Juiz de Fora 108
São Paulo 580 Barbacena 114
Brasília 1004 Ponte Nova 90
Fonte: Adaptado de IEL/MG-GETEC - Gerência de Estudos e Projetos Tecnológicos, a partir de
Crocco (2001).
Figura 1 - Localização do município de Ubá-MG.
A população ocupada é da ordem de 34.651 pessoas, sendo os setores
da indústria e de serviços os que mais geram empregos, com 35,6 e 39,3%,
respectivamente (Quadro 9).
23
Quadro 9 - População ocupada por setores econômicos de Ubá-MG - 2000
Setor N
o
de Pessoas %
Agropecuário, extração vegetal e pesca 2.076 6,0
Industrial 12.326 35,6
Comércio de Mercadorias 6.627 19,13
Serviços 13.622 39,3
Total 34.651 100,0
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2000).
Em relação ao PIB (Quadro 10), os setores secundário (indústria) e
terciário (serviços) têm aumentado sua participação na última década, fato que
pode estar relacionado ao bom desempenho da indústria moveleira da região,
nesse período.
Quadro 10 - Produto Interno Bruto (PIB), a preços correntes (valores em R$),
do município de Ubá-MG
Ano Agropecuário Industrial Serviço Total
1996 5.392 144.837 134.917 285.146
1997 5.586 176.769 154.186 336.541
1998 6.603 184.954 161.932 353.489
1999 7.556 187.382 163.469 358.407
2000 7.271 212.648 170.532 390.451
Fonte: Fundação João Pinheiro - FJP (2000).
De acordo com o Diagnóstico do Pólo Moveleiro de Ubá e região,
realizado pelo Instituto Euvaldo Lodi, INTERSIND e SEBRAE-MG (2003), o
pólo reúne 310 indústrias moveleiras (53 informais – pequenas marcenarias
familiares), com predominância de móveis residenciais, 137 fornecedores
(embalagens, ferragens, vidraçarias, prestadores de serviços) e 45 lojistas do
setor de móveis. Cerca de 7.048 postos de trabalho diretos (dados levantados
em 2002) são gerados pela indústria moveleira da região, e a maior parte das
empresas (95%) é de micro e pequeno porte.
24
Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, a arreca-
dação municipal da cidade de Ubá, em 2004, foi da ordem de R$27.270.809,91
(valores correntes), tendo a parcela de ICMS sido de R$18.090.525,37 e a de
outros, R$ 9.180.284,54.
3.2. Tipo de pesquisa
Visando atender aos objetivos do trabalho, foi realizada uma pesquisa
descritiva, que segundo Gil (1991) visa descrever as características de deter-
minada população ou fenômeno.
Utilizou-se o procedimento técnico de levantamento, uma vez que a
pesquisa envolveu a interrogação direta das pessoas responsáveis pelas
empresas, cujo comportamento se desejava conhecer.
3.3. Etapas do estudo
O trabalho seguiu várias etapas, conforme o fluxograma apresentado na
Figura 2, e teve como base a pesquisa de campo, executada através da
aplicação de questionário aos fabricantes de móveis previamente selecionados.
Após a aplicação dos questionários, procedeu-se à tabulação dos dados, por
meio de planilha eletrônica. Posteriormente, foram realizadas as análises dos
resultados, identificando o consumo de madeira maciça, sua origem, seu preço,
bem como diagnosticando o uso da madeira de eucalipto e a percepção dos
fabricantes em relação a essa espécie.
Na etapa seguinte, foram descritas as conclusões do estudo.
3.4. Fonte inicial e coleta de dados
A fonte inicial de dados foi fornecida pelo Sindicato Intermunicipal das
Indústrias de Marcenaria de Ubá (INTERSIND), onde consta uma listagem de
183 empresas cadastradas, sendo 107 associadas e 76 não-associadas a esta
entidade.
25
Conclusões e
recomendações
Percepção dos
fabricantes
Análise dos dados
Questionário
Segmento
Sob encomenda
Segmento
Cama
Segmento
Sala de jantar
Pesquisa secundária
Pesquisa por telefone
Empresas usuárias de
madeira maciça
Móveis de madeira
Figura 2 - Esquema da metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, elaborado
sob dois tipos (modelo no apêndice), sendo um para as empresas que usam a
madeira de eucalipto e outro para as que não usam, visando identificar as
características inerentes em cada situação. O questionário foi padronizado e as
perguntas foram estruturadas em três partes:
- Parte I - dados de identificação da empresa (nome, endereço e telefone),
n
o
de funcionários, porte, tipo de cliente, mercado consumidor e idade da
empresa.
26
- Parte II - identificação das espécies florestais nativas e de reflorestamento
utilizadas, consumo mensal (m
3
), da origem e do preço.
- Parte III - questões específicas sobre o uso da madeira de eucalipto: se
usa ou não, há quanto tempo, como tomou conhecimento das potenciali-
dades
dessa espécie, quais os fatores influenciam o uso e a opinião sobre
a madeira.
Foi realizado um estudo preliminar, através da aplicação de um
pré-teste, ocorrido na segunda semana de fevereiro de 2005, na cidade de
Ubá, em quatro empresas. Na ocasião foi possível testar a aplicabilidade do
questionário, verificando se os termos utilizados nas perguntas eram adequa-
dos, bem como identificar a necessidade de incluir novas questões relevantes
para a pesquisa ou, mesmo, excluir alguma pergunta julgada desnecessária.
Os questionários, depois de ajustados, foram aplicados através de
entrevistas diretas às empresas selecionadas, nos meses de março e abril de
2005, nos municípios de Ubá, Visconde do Rio Branco, Guidoval, São Geraldo,
Piraúba, Tocantins e Rio Pomba, contemplando três segmentos de móveis:
salas de jantar, camas e móveis sob encomenda.
A aplicação dos questionários teve o apoio de profissionais da área de
administração, economia e engenharia ambiental. Houve a preocupação de
deixar claro às empresas que a entrevista era parte de um trabalho de
mestrado da Universidade Federal de Viçosa e que os dados fornecidos pelos
entrevistados seriam confidenciais e jamais usados isoladamente.
3.5. Amostragem
A princípio, a pesquisa teve a intenção de realizar um censo, buscando
identificar as características de toda a população sob análise. Para Roeshi
(1999), população é um grupo de pessoas ou empresas que se quer entrevistar
com o propósito específico de um estudo. A situação era de certa forma
condizente, pois a população era relativamente pequena e os dados não eram
de difícil obtenção, em virtude da proximidade do local de estudo. Algumas
empresas, por motivos variados, não responderam à pesquisa, o que inviabi-
lizou a realização do censo. Adotou-se, então, um plano de amostragem.
27
A delimitação da população e da amostra foi realizada conforme apre-
sentado na Figura 3. O presente estudo teve como ponto de partida o conjunto
de empresas associadas e não-associadas ao Sindicato Intermunicipal das
Indústrias de Marcenaria de Ubá (INTERSIND).
Respostas:
44
empresas
Usam de fato madeira maciça:
53
empresas
Possíveis usrios de madeira maciça:
72
empresas
Móveis de madeira:
138
empresas
Listagem INTERSIND:
183
empresas
Amostra
População
Figura 3 - Esquema de delimitação da população e da amostra de pesquisa.
É importante enfatizar que o foco da pesquisa foram as empresas que
fabricam móveis, usando madeira maciça. Assim, as empresas que apesar de
se enquadrem no grupo de “móveis de madeira” utilizam apenas chapas de
madeira processada/reconstituída, como o aglomerado, compensado e medium
density fiberboard (MDF), não foram abordadas pelo estudo.
Da listagem fornecida pelo INTERSIND, 45 empresas foram imediata-
mente excluídas, por serem fabricantes de móveis tubulares, aramados,
acessórios para móveis, máquinas e equipamentos. Posteriormente, através de
dados secundários e de profissionais do setor, buscou-se identificar quais
segmentos de móveis (dormitórios, camas, salas de jantar etc.) possivelmente
utilizam madeira maciça no seu processo produtivo.
Verificou-se que na indústria moveleira os serrados de madeira são
utilizados basicamente para tampos de mesa, frontal e lateral de balcões,
assento e estrutura de cadeiras, estrutura de camas, molduras, pés de mesa,
28
camas e estrados. Dentre os segmentos existentes no pólo moveleiro de Ubá,
predominam como usuários de madeira maciça: salas de jantar, camas e
móveis sob encomenda.
Nem todos os fabricantes desses segmentos usam madeira maciça,
uma vez que os móveis podem também ser fabricados com chapas de madeira
processada. Para solucionar a questão, todas as empresas desses segmentos
foram previamente indagadas por telefone, para que somente as usuárias
fossem entrevistadas e, portanto, abrangidas pela pesquisa.
Foram contatados 72 estabelecimentos industriais, sendo 33,4% do seg-
mento de salas de jantar, 58,3% de camas e 8,3% de móveis sob encomenda
(Quadro 11).
Quadro 11 - Número de empresas que usam madeira maciça, por segmento
Uso de Madeira Maciça
Segmento
Usa Não usa
Total %
Sala de jantar 21 3 24 33,4
Camas 26 16 42 58,3
Sob medida 6 0 6 8,3
Total 53 19 72 100,0
A população do presente estudo é composta por 53 empresas que usam
madeira maciça, sendo 39,6% do segmento de sala de jantar, 59,1% do seg-
mento de cama e 11,3% do segmento de móveis sob encomenda. Conforme
mencionado, nem todas as empresas contatadas se disponibilizaram a
participar da pesquisa, inviabilizando, portanto, o propósito inicial de se fazer
um censo. Utilizou-se a amostragem por acessibilidade, que segundo GIL
(1999) é um tipo de amostragem não-probabilística em que o pesquisador
seleciona os elementos a que tem acesso. Portanto, suposições estatísticas
sobre erros de amostragem e estimativas dos parâmetros da população não se
aplicam no referido estudo.
Por conseguinte, a amostragem foi constituída pelas 44 empresas que
se dispuseram a responder o questionário de pesquisa, sendo 38,6% do
29
segmento de sala de jantar, 47,8% do segmento de cama e 13,6% do
segmento de móveis sob encomenda.
A amostra representou satisfatoriamente a população em todos os
segmentos, como pode ser verificado no Quadro 12.
Quadro
12 - Número de empresas que participaram da pesquisa, por segmento
Segmento População % Amostragem %
Sala de jantar 21 39,6 17 38,6
Camas 26 49,1 21 47,8
Sob encomenda 6 11,3 6 13,6
Total 53 100,0 44 100,0
3.6. Análise dos dados
Os dados obtidos através da aplicação dos questionários foram
codificados a fim de facilitar o processo de contagem e agrupamento das
informações. Utilizou-se a tabulação cruzada, que consiste na contagem das
freqüências simultaneamente em dois ou mais conjuntos de categorias.
A contagem foi feita através da planilha eletrônica, onde foi possível
armazenar os dados, organizá-los e analisá-los.
30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Aspectos gerais das empresas
Das 53 empresas que usam madeira maciça, foram entrevistadas 44,
sendo 17 do segmento de sala de jantar, 21 de cama e 6 de móveis sob
encomenda.
Como pode ser verificado no Quadro 11, todo o segmento de móveis
sob encomenda faz uso de madeira serrada, o que pode ser explicado pelo fato
de essas empresas fabricarem vários tipos de móveis, onde utilizam diferentes
matérias-primas (madeira, compensado, aglomerado e MDF). São pequenas
marcenarias familiares que adotam diversos processos de produção, utilizando
na maioria das vezes equipamentos obsoletos, dada à baixa capacidade de
investimento desses estabelecimentos.
No cadastro das empresas utilizado na pesquisa, cedido pelo
INTERSIND, constavam apenas seis empresas do segmento de móveis sob
encomenda. O pequeno número de estabelecimentos desse segmento pode
ser justificado pelo seu elevado nível de informalidade.
A maior parte das empresas do segmento de sala de jantar (87,5%) usa
madeira maciça, assim como 61,9% dos fabricantes de cama (Quadro 11).
31
4.1.1. Porte das empresas segundo o número de funcionários
De acordo com o número de funcionários, as indústrias de móveis dos
segmentos estudados variam de micro a médias empresas, havendo um forte
predomínio (72,7%) de estabelecimentos de microporte com até 19 empre-
gados. As pequenas empresas, com 20 a 99 funcionários, correspondem a
22,7% do total pesquisado, e apenas 4,6% são de porte médio (Quadro 13).
Quadro 13 - Tamanho das empresas pesquisadas, segundo o número de
empregados
Tamanho das Empresas
Micro Pequena Média
Até 19
empregados
De 20 a 99
empregados
De 100 a 499
empregados
Total (%)
Sala de jantar 7 9 1 17 38,6
Camas 19 1 1 21 47,8
Sob medida 6 0 0 6 13,6
Total 32 10 2 44
(%) 72,7 22,7 4,6 100,0
4.1.2. Período de existência das fábricas de móveis
Mais da metade das empresas entrevistadas (52,3%) foi aberta há
menos de dez anos e a maioria delas é de microporte. Esse porcentual
significativo de empresas novas pode ser entendido pela presença contínua de
pequenos investidores, que já foram funcionários das grandes fábricas na
região. No segmento de sala de jantar, 52,9% das empresas foram fundadas
após 1994, assim como 61,9% do segmento de camas. Observa-se que 34,1%
dos estabelecimentos pesquisados já estão no mercado entre 10 e 20 anos e
13,6% há mais de 20 anos.
4.1.3. Mercado consumidor e forma de distribuição dos produtos
A produção de móveis dos segmentos analisados possui destino inter-
regional. O Estado de Minas Gerais concretiza-se como principal receptor dos
32
produtos fabricados, e uma parcela considerada das indústrias (47,7%) indica o
Estado do Rio de Janeiro como grande comprador de móveis da região de
Ubá. Destacam-se ainda os Estados do Espírito Santo (34,1%), Bahia (29,5%)
e São Paulo (20,5%). A Região Nordeste foi citada como um dos mercados
consumidores em expansão (Figura 4).
20,5
29,5
34,1
47,7
54,5
0,0 100,0
(%)
SP
BA
ES
RJ
MG
Figura 4 - Principais destinos da produção de móveis, dos segmentos
pesquisados.
Os produtos dos segmentos de sala de jantar e cama são vendidos para
lojas revendedoras através da contratação de vendedores autônomos ou de
pedidos de encomenda, realizados na própria fábrica. As pequenas marce-
narias, fabricantes de móveis sob encomenda, vendem exclusivamente para
consumidores finais, uma vez que seus produtos são personalizados de acordo
com a necessidade e o desejo do cliente.
4.1.4. Exportação
A atividade de exportação é praticada pela minoria das empresas
entrevistadas, sendo 11,8% do segmento sala de jantar e 4,8%, do segmento
cama. Os produtos têm como principais destinos os países da África do Sul, o
Chile, o México e os Estados Unidos.
De acordo com o levantamento censitário realizado em 2000, em
23 municípios mineiros (incluindo Ubá e principais cidades do pólo), a maioria
das empresas não exporta seus produtos, porque elas são muito pequenas,
33
não têm qualificação e a produção é insuficiente. Argumentam, ainda, que não
têm interesse de exportar, pelo fato de os seus produtos não responderem às
exigências do mercado externo e acreditarem que não são capazes de se
adequar. Grande parte delas não tem conhecimento de logística de exportação
e não conhece os tratados internacionais.
4.1.5. Público-alvo
O público-alvo da maioria (70%) das empresas sob análise são os
consumidores da classe média, principalmente o segmento de salas de jantar
(94%). Cerca de 57% dos fabricantes de cama têm como destino de seu
produto clientes da classe baixa, pois a maioria vende camas “populares”, de
baixo valor agregado. Observa-se que as empresas de móveis sob encomenda
têm como foco os consumidores de poder aquisitivo maior, das classes média
e alta, fato que pode ser justificado pela alta especialização do produto.
4.2. Consumo de madeira maciça
O consumo total de madeira maciça das empresas entrevistadas é da
ordem de 987,5 m
3
por mês. Percebe-se que o maior consumo de madeira
maciça está no segmento de sala de jantar, com 51,7% do total, embora o
número de empresas de camas seja maior (Quadro 14).
Quadro 14 - Consumo de madeira maciça, por segmento (m
3
/mês)
Segmento Consumo (m
3
/mês) %
Sala de jantar 510,5 51,7
Cama 459,0 46,5
Sob encomenda 18,0 1,8
Total 987,5 100,0
Verifica-se que 59,1% de todas as empresas entrevistadas consomem
menos de 20 m
3
de madeira maciça por mês, o que é condizente com o
tamanho desses estabelecimentos, que são, na maioria, de microporte.
34
Como pode ser constatado na Figura 5, as pequenas marcenarias, que
compõem o segmento de móveis sob medida, não ultrapassam a marca dos
20 m
3
mensais e o segmento de sala de jantar é o único que tem empresas
que consomem mais de 60 m
3
por mês, representado por 11,8% do seu total.
41,2
61,9
100,0
47,0
19,0
19,0
11,8
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Sala de jantar Cama Sob encomenda
< 20 m3 20 a 40 m3 40 a 60 m3 >60 m3
< 20 m
3
20 a 40 m
3
40 a 60 m
3
>60 m
3
Figura 5 - Faixa de consumo de madeira maciça (m
3
/mês), por segmento.
4.2.1. Origem da madeira maciça consumida
A madeira serrada tem duas origens distintas, sendo 16,8% proveniente
de florestas plantadas e 83,2%, de florestas nativas (Figura 6).
Nativas
83,2%
Eucalipto
16,0%
Pinus
0,8%
Figura 6 - Origem das essências florestais consumida.
35
A predominância da madeira de floresta nativa é constatada em todos os
segmentos pesquisados, principalmente o de cama, onde 98% das madeiras
consumidas são oriundas de florestas nativas (Figura 7). Por outro lado, as
empresas de sala de jantar apresentam o maior porcentual (30,5%) de uso de
madeira de floresta plantada, principalmente o eucalipto.
69,5
30,5
98,0
2,0
91,7
8,3
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Consumo de
madeira (%)
Sala de jantar Cama Sob encomenda
Nativa Reflorestamento
Figura 7 - Origem das essências florestais consumidas, por segmento.
4.2.2. Essências florestais consumidas
As essências nativas mais consumidas, conforme o Quadro 15, são a
imbirema ou tauari (32,6%), a sucupira (16,1%) e o angico (10,2%). Em relação
à madeira de reflorestamento, observa-se que o consumo de eucalipto é
significativo (16%), se comparado ao total de espécies utilizadas, uma vez que
representa a terceira essência florestal mais consumida.
No entanto, ao analisar o consumo dessas espécies por segmento,
verifica-se que outras essências também assumem significativos valores de
consumo. No segmento de sala de jantar, as madeiras mais usadas são a
imbirema/tauari (58,0%), o eucalipto (29,0%) e o angico (5,8%). Os fabricantes
de cama usam a sucupira (34,1%), o angico (18,4%) e o jequitibá (16,3%). Já o
segmento de móveis sob encomenda utiliza o angelim (27,8%), o louro (22,2%)
e a cerejeira (13,9%).
36
Quadro 15 - Consumo de madeira maciça (m
3
/mês), por essências florestais,
dos segmentos entrevistados
Espécie Segmento
Nome
popular
Nome científico
Sala de
jantar
Cama
Sob
encomenda
Total
(m
3
/mês)
%
Imbirema/
Tauari
Couratari oblongifolia Ducke & R.
Knuth., Couratari guianensis Aubl.
296,0 25,0 - 321,0 32,6
Eucalipto Eucalyptus sp. 148,5 8,0 1,5 158,0 16,0
Sucupira Bowdichia virgilioides H.B.K. 1,0 156,5 1,8 159,3 16,1
Angico Anadenanthera peregrina (L.) Speg. 16,5 84,5 - 101,0 10,2
Jequitibá Canniana estrellensís (Raddi) O. Ktze 6,0 75,0 1,3 82,3 8,3
Caxeta
Alchornea triplinervia (Spreng) Muell.
Arg.
29,5 33,0 0,3 62,8 6,4
Louro Ocotea spp. 1,0 61,0 4,0 66,0 6,6
Marfim Balfourodendron riedelianum (Engl) 4,0 8,0 - 12,0 1,2
Pinus Pinus elliotti Eng 7,0 1,0 - 8,0 0,8
Cedro Cedrela fissilis Veli. - 7,0 - 7,0 0,7
Angelim Hyemenolobium petraeum Ducke - - 5,0 5,0 0,5
Cerejeira
Amburana cearensis(Fr.All.)
A.C.Smith
1,0 - 2,5 3,5 0,4
Mogno Swietenia macrophylla King - - 1,8 1,8 0,2
Total 510,50 459,00 18,00 987,50 100,0
4.2.3. Origem das madeiras de espécies nativas consumidas
Conforme a Figura 8, as madeiras de espécies nativas consumidas são
compradas principalmente dos Estados do Pará (56,8%), Rondônia (38,6%) e
Minas Gerais (25%), sendo este último responsável por 83,3% das madeiras
consumidas pelo segmento de móveis sob encomenda. Essas empresas têm
baixa capacidade de investimento e poder de barganha junto aos fornecedores,
uma vez que seu volume de compras é pequeno, fazendo com que grande
parte da madeira seja comprada na cidade de Ubá ou da sua região, através
de distribuidores.
37
56,8
38,6
25,0
0,0 15,0 30,0 45,0 60,0
(%)
PA
RO
MG
Figura 8 - Procedência das principais essências nativas consumidas.
4.3. O uso da madeira de eucalipto
Das 44 empresas entrevistadas, 19 (43,2%) têm alguma experiência
com a madeira de eucalipto para fabricação de móveis. Os fabricantes de sala
de jantar destacam-se pelo maior número de estabelecimentos com
experiência (13). A maior parte do segmento de cama (16) nunca fez uso dessa
espécie e apenas uma empresa de móveis sob encomenda declarou usar a
madeira de eucalipto (Figura 9).
Das empresas que utilizam a madeira de eucalipto, observou-se que
31,6% a usa há menos de dois anos; 47,3% de dois a cinco anos; e 21,1% há
mais de cinco anos.
4
8
5
16
3
2
5
1
0
6
12
18
24
Nº de Empresas
Sala de jantar Cama Sob encomenda
Não usam Usam Deixaram de usar
Figura 9 - Número de empresas que não usam, usam ou já usaram a
madeira de eucalipto.
38
4.3.1. Consumo da madeira de eucalipto
Atualmente, são consumidos 158 m
3
(Quadro 16) de madeira de
eucalipto por mês pelas empresas pesquisadas, sendo o segmento de sala de
jantar responsável por 94,0% do consumo. Apenas um fabricante de móveis
sob encomenda faz uso dessa espécie, em quantidade muito pequena, cerca
de 0,9% do total gasto pelos três segmentos juntos.
Quadro 16 - Consumo da madeira de eucalipto (m
3
/mês)
Segmento
Empresa
Sala de jantar Cama Sob encomenda
Total %
Usam atualmente 148,5 8,0 1,5 158,0 39,6
Deixaram de usar 181,0 60,0 - 241,0 60,4
Total 329,5 60,8 1,5 399,0 100,0
Das 19 empresas que afirmaram ter experiência com a madeira de
eucalipto, 36,8% atualmente não estão usando esta espécie (Figura 9). Em
termos de volume, isso significa que 241 m
3
mensais deixaram de ser consu-
midos (Quadro 16). As empresas que deixaram de usar o eucalipto, embora
sejam a minoria, eram responsáveis pelo maior consumo.
28,6
42,9
57,1
0 15304560
(%) de empresas
Elevação do preço
Problemas técnicos
Abastecimento
precário
Figura 10 - Principais motivos que levaram os fabricantes a deixar de usar a
madeira de eucalipto.
39
A exclusão da madeira de eucalipto no processo produtivo dessas
empresas pode ser considerada recente, uma vez que a maior parte deixou de
comprá-la há menos de dois anos.
Dentre os principais motivos citados, destacam-se elevação do preço da
madeira (57,1%); problemas técnicos, como empenamentos e rachaduras
(42,9%); e abastecimento precário do fornecedor (28,6%).
As principais espécies que substituíram o eucalipto foram o jequitibá, a
tauari, o angico, a caxeta e a ibirema.
4.3.2. Procedência da madeira de eucalipto consumida
A madeira de eucalipto consumida pelas empresas entrevistadas tem
origem principalmente no Estado da Bahia, onde está localizada a empresa
ARACRUZ S.A., que produz o Lyptus, madeira de eucalipto produzida espe-
cialmente para fabricação de móveis.
Algumas empresas (15,8%) também compram a madeira de eucalipto de
serrarias da região de Ubá e Espírito Santo.
15,8
15,8
78,9
0 25 50 75 100
(%) de empresas
Espírito Santo
Minas Gerais
Bahia
Figura 11 - Origem da madeira de eucalipto consumida.
4.3.3. Preço da madeira de eucalipto consumida
Em relação ao preço da madeira de eucalipto comprada (Figura 11),
observa-se que as empresas que compram o Lyptus da ARACRUZ S.A. pagam
mais caro pela madeira, o que é justificado pela sua alta qualidade. A maior
40
parte dessas empresas (36,8%) paga em torno de R$601,00 a R$700,00 por
metro cúbico. Os preços dessa empresa variam porque a madeira é
comercializada em quatro classes, com padrões de qualidade e preços
diferenciados. Já as empresas que compram de serrarias dos Estados de
Minas Gerais e Espírito Santo, pagam em torno de R$300,00 a R$500,00 por
metro cúbico. A diferença de preço se dá, principalmente, pelo fato de essa
madeira não ser adquirida seca.
15,8 15,8
36,8
5,3
10,5
5,3
10,5
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
%
Aracruz Serrarias de MG Serrarias do ES
R$ 300 a 500,00 R$501 a 600,00 R$601 a 700,00 Mais de R$700,00
Figura 11 - Faixa de preço da madeira de eucalipto consumida.
No geral, a maior parte das empresas (53%) considera razoável o preço
da madeira, 42% acredita que o preço está alto, tornando muitas vezes inviável
a sua utilização, pois os produtos ficam pouco competitivos no mercado.
Apenas 5% das empresas consideram o preço baixo.
4.4. A percepção dos fabricantes que usam a madeira de eucalipto
A principal fonte de informação citada pelas empresas sobre o uso da
madeira de eucalipto para fabricação de móveis foi através de representantes
comerciais (57,9%) e visitas a feiras e exposições (36,8%). O fato de os
segmentos analisados serem constituídos em sua maioria por empresas de
micro e pequeno porte, caracterizadas por restrita capacidade tecnológica e
financeira, limita a utilização da madeira de eucalipto, uma vez que esses
41
estabelecimentos avançam muito pouco em relação à busca de novos
materiais e equipamentos (Quadro 17).
Quadro 17 - Principais fontes de informação das potencialidades da madeira
de eucalipto
Fonte de Informação
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Representantes comerciais 9 1 1 57,9
Feiras e exposições 3 3 1 36,8
Televisão - 3 1 21,1
Experiências anteriores 2 2 - 21,1
Revistas especializadas - 1 - 5,3
N
o
de empresas que responderam 13 5 1
Como pode ser observado no Quadro 18, os fabricantes de móveis
consideram a madeira de eucalipto ótima (42,1%) e boa (57,9%), no que se
refere à sua trabalhabilidade. Em relação à colagem, 52,6% dos entrevistados
consideram a espécie boa e 52,6% afirmaram que o eucalipto é ótimo para
receber acabamento.
Quadro 18 - Opinião dos fabricantes de móveis em relação à madeira de
eucalipto
(%) de Empresas
Fonte de Informação
Ótima Boa Ruim
Trabalhabilidade 42,1 57,9 -
Colagem 47,4 52,6 -
Facilidade de receber acabamento 52,6 47,4 -
Os móveis fabricados de eucalipto pelas empresas entrevistadas, em
sua maioria (63,2%), não recebem acabamento na sua cor natural. Dentro do
processo produtivo, a tinta é muito utilizada para realizar o acabamento das
peças. Diretamente relacionada à parte estética, realçando as formas e os
42
contornos trabalhados nos móveis, a tinta se torna essencial ao visual dos
produtos acabados. De acordo com o depoimento de alguns fabricantes,
muitas vezes o cliente compra o móvel nas lojas sem saber que ele foi feito de
eucalipto, pelo fato de serem tingidos nos diversos padrões encontrados no
mercado, como o mogno, marfim e o tabaco.
No geral, 52,6% das empresas que têm experiência com a madeira de
eucalipto consideram-na ótima para a fabricação de móveis e 47,4% consi-
deram-na boa.
4.4.1. Fatores que influenciaram o uso da madeira de eucalipto
Os empresários citaram como principais fatores que influenciaram o uso
desta espécie na fabricação de seus produtos o fato de a madeira ser
proveniente de floresta plantada (94,7%); ter características uniformes, o que é
importante na fabricação de móveis (84,2%), e a falta de madeira nativa, cada
vez mais escassa (63,2%). A demanda por parte do consumidor aparece de
forma não muito expressiva, onde é possível perceber o incipiente interesse
das pessoas por móveis “ecologicamente corretos”, talvez pela falta de
informações sobre a real qualidade dessa madeira (Quadro 19).
Quadro 19 - Principais fatores que influenciaram o uso da madeira de eucalipto
Fator
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Madeira oriunda de floresta plantada 13 4 1 94,7
Possui características uniformes 10 5 1 84,2
Escassez de madeira nativa 10 2 0 63,2
Preço atrativo da madeira de eucalipto 9 2 0 57,9
Aumento do preço da madeira nativa 8 2 0 52,6
Demanda por parte do consumidor 3 0 0 15,8
N
o
de empresas que responderam 13 5 1
4.4.2. Problemas encontrados com o uso da madeira de eucalipto
A maior parte dos fabricantes de móveis (68,4%) afirmou que nunca teve
problemas com a madeira de eucalipto, no entanto 31,6% disseram o contrário
43
e apontaram, principalmente, problemas relacionados a empenamentos, racha-
duras, nós e falta de uniformidade da madeira. Desses empresários, 33,3%
admitiram que os problemas foram decorrentes de manuseio incorreto, como a
utilização de madeira verde. Os demais julgam que os problemas estão relacio-
nados diretamente às características intrínsecas da madeira.
4.4.3. Vantagens de usar a madeira de eucalipto
O fato de a madeira ser oriunda de floresta plantada é a maior vantagem
(47,4%) de utilizar o eucalipto, de acordo com os entrevistados. Além disto,
citaram ainda que a madeira proporciona ótimo acabamento nos móveis, tem
qualidade, é fácil de ser manuseada, tem preço razoável e proporciona
facilidade de abastecimento (Quadro 20).
Quadro 20 - Vantagens de usar a madeira de eucalipto na fabricação de
móveis, segundo os fabricantes
Vantagem
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Madeira oriunda de floresta plantada 5 3 1 47,4
Proporciona ótimo acabamento 4 4 0 42,1
Tem qualidade 4 3 0 36,8
Fácil manuseio 1 5 1 36,8
Preço razoável 4 2 1 36,8
Facilidade de abastecimento 3 1 0 21,1
N
o
de empresas que responderam 13 5 1
4.4.4. Desvantagens de usar a madeira de eucalipto
Quanto às desvantagens de se usar a madeira de eucalipto, foram
citados, principalmente, os fatores relacionados a características da madeira,
como a presença de nós (31,6%) e a dureza da madeira (21,1%). Observaram-
se também problemas relacionados ao abastecimento precário da madeira,
segundo os fabricantes de móveis (Quadro 21).
44
Quadro 21 - Desvantagens de usar a madeira de eucalipto na fabricação de
móveis, segundo os fabricantes
Desvantagem
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Presença de nós 4 2 - 31,6
Madeira dura 3 1 - 21,1
Abastecimento precário do fornecedor 4 - - 21,1
Difícil usinagem 2 - - 10,5
Preço elevado 1 1 - 10,5
Tonalidade avermelhada 1 - - 5,3
N
o
de empresas que responderam 13 5 1
4.5. A percepção dos fabricantes que não usam a madeira de eucalipto
Do total de empresas entrevistadas, 56,8% nunca usou a madeira de
eucalipto, no entanto pelo menos 88% delas já ouviu falar das potencialidades
dessa espécie para fabricação de móveis. As principais fontes de informação
foram os representantes comerciais (52,0%) e as visitas a feiras e exposições
(44,0%). Alguns fabricantes (8,0%) já tiveram a oportunidade de trabalhar com
o eucalipto em outras fábricas, onde eram empregados. De forma menos
significativa (4,0%), citaram revistas especializadas no setor moveleiro como
fonte de informação (Quadro 22).
Quadro 22 - Principais fontes de informação das potencialidades da madeira de
eucalipto, segundo os fabricantes que não usam essa madeira
Fonte de Informação
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Representantes comerciais 2 9 2 52,0
Feiras e exposições 2 6 3 44,0
Experiências anteriores - 1 1 8,0
Revistas especializadas - 1 4,0
N
o
de empresas que responderam 4 16 5
Cerca de 68% dos empresários que nunca usaram a madeira de
eucalipto já tiveram a oportunidade de ver um móvel feito com esta espécie.
45
Destes, 76,5% acharam a aparência boa e 70,6% consideram a resistência e a
qualidade da madeira aparentemente. No entanto, 5,9% acharam ruim a
resistência e a aparência dessa espécie nos móveis acabados.
A pesquisa revelou que a maior parte (56,0%) dos fabricantes de móveis
não usa a madeira de eucalipto no processo produtivo (Quadro 23), porque não
tem informações sobre o assunto. Apesar de já terem ouvido falar das poten-
cialidades dessa madeira, falta-lhes um conhecimento mais aprofundado em
relação à espécie mais adequada, à forma de secagem e à correta usinagem
do eucalipto.
A irregularidade de oferta dessa madeira no mercado também é um
impedimento para 52,0% dos entrevistados, que se queixam da falta de forne-
cedores. A demanda por parte dos consumidores, para 44,0% das empresas,
ainda é um fator limitante, uma vez que ainda há pouca procura por móveis de
madeira de eucalipto.
Observa-se que a falta de conhecimento sobre o assunto leva alguns
empresários a manter velhos conceitos e mitos sobre a madeira, o que faz
20,0% dos empresários acreditar que a madeira de eucalipto não é apropriada
para fabricação de móveis.
Quadro 24 - Motivos de não usar a madeira de eucalipto na fabricação de
móveis, segundo os fabricantes
Motivo de Não Usar
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Falta de conhecimento sobre o assunto - 10 4 56,0
Falta de fornecedores 2 8 3 52,0
Falta de demanda do consumidor 2 6 3 44,0
Considera alto o preço da madeira 1 5 1 28,0
Considera a madeira não apropriada
para móveis
- 2 3 20,0
N
o
de empresas que responderam 4 16 5
Em relação ao abastecimento de madeira, observou-se que a maioria
das empresas (52,0%) nunca teve problemas desta natureza e que 48,0% já
tiveram conflitos no processo produtivo, decorrentes da falta de madeira ou do
46
seu atraso na entrega, bem como o aumento do preço, ocasionando elevação
nos custos de produção.
Com o intuito de identificar a preocupação dessas empresas com o meio
ambiente, questionou-se a importância da madeira de eucalipto para a preser-
vação ambiental. Como era de se esperar, todas as empresas responderam
que apesar de não usar a madeira de eucalipto preocupam-se com as
questões ambientais.
Ao serem questionadas sobre a certificação florestal, ou seja, se tinham
algum conhecimento sobre o assunto ou se compravam madeira certificada, a
maior parte (72,0%) não tem nenhuma informação sobre este assunto. Embora
24,0% tenham respondido que compram madeira certificada, observou-se
durante a entrevista que essas empresas não têm tanto conhecimento sobre o
assunto quanto afirmaram. Na verdade, elas confundem a madeira certificada
com a madeira legalizada, pois quando compram a mercadoria a nota fiscal
chega com vários carimbos de fiscalização, bem como guias de liberação e
tributação dos órgão competentes, como o IEF. Portanto, esses 24,0% podem
ser considerados irreais, podendo-se afirmar que apenas uma das empresas
tem informações reais sobre a certificação, como também compra madeira
certificada (Quadro 24).
Quadro 24 - Certificação florestal
Madeira Certificada
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Não tem conhecimento sobre o assunto 1 14 3 72,0
Tem conhecimento e compra madeira
certificada
3 2 1 24,0
Tem conhecimento, mas não compra
madeira certificada
- - 1 4,0
N
o
de empresas que responderam 4 16 5
Apesar da grande falta de informações sobre o uso da madeira de
eucalipto, a pesquisa revelou que 84,0% dos estabelecimentos entrevistados
teriam interesse de usar essa espécie futuramente.
47
Segundo os fabricantes, seria necessário que tivessem mais informa-
ções sobre o assunto (52,0%), que o preço fosse razoável (40,0%) e que
houvesse mais fornecedores de madeira de eucalipto de qualidade no mercado
(40,0%) (Quadro 25).
Quadro 25 - Condições para que haja interesse pela madeira de eucalipto
Condição
Sala de
Jantar
Cama
Sob
Encomenda
%
Mais informações sobre o assunto 1 10 2 52,0
Preço razoável 1 8 1 40,0
Mais oferta no mercado 2 7 1 40,0
Madeira com qualidade 7 1 32,0
Demanda do consumidor 1 1 8,0
N
o
de empresas que responderam 4 16 5
A demanda do consumidor influenciaria de forma menos relevante, o
que pode ser justificado pelo fato de os móveis serem tingidos em diversos
padrões de madeira. Na verdade, muitas vezes o consumidor final não sabe
com qual madeira o móvel é fabricado, pois o mesmo é tingido.
48
5. CONCLUSÕES
O presente estudo teve como principais conclusões:
-
-
-
A pesar de as empresas demonstrarem preocupação em relação às
questões ambientais, o uso de madeira de reflorestamento ainda é
incipiente nas fábricas pesquisadas. De toda a madeira maciça consu-
mida pelos segmentos analisados, somente 16,8% são originadas de
florestas plantadas, sendo a madeira de eucalipto a mais usada.
A estrutura da indústria, onde predominam micro e pequenas empresas,
impõe limites à modernização e à busca de novos materiais, devido à
restrição de recursos. Além disso, na maioria dos casos o dono da
empresa acumula cargos que vão de gerente a operário, ficando seu
tempo extremamente limitado a resolver os problemas do “dia-a-dia.” As
informações chegam até esses empresários por meio dos represen-
tantes comerciais, que se tornam a principal fonte de informação sobre
novos materiais e equipamentos.
A falta de informação sobre a madeira de eucalipto é inegável. A
dificuldade de acesso a essa matéria-prima e aos métodos adequados
de manuseá-la dificulta a sua utilização nas empresas estudadas.
49
- Apesar da evolução do uso da madeira de eucalipto pelo setor move-
leiro, esse ainda está restrito a poucas áreas da indústria madeireira e
moveleira. Poucas empresas detêm a oferta de madeira serrada de boa
qualidade, e o valor de comercialização é considerado ainda alto para o
mercado interno ampliar seu uso. Além disto, a tecnologia adequada
para trabalhar essa madeira ainda não está bem difundida entre os
fabricantes.
50
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Para que a madeira de eucalipto tenha maior demanda no setor move-
leiro é preciso, inicialmente, que informações sejam passadas aos moveleiros
em relação ao real potencial desta importante matéria-prima, o que poderia ser
feito pelos fornecedores de madeira, uma vez que eles detêm um fluxo
periódico de informações com essas empresas.
Para isso, seria necessário desenvolver um plano de marketing, consi-
derado uma importante ferramenta para preencher a lacuna existente entre o
produtor de madeira serrada de eucalipto e o fabricante de móveis. Através do
mix de marketing (produto, preço, promoção e distribuição), o fabricante da
madeira serrada de eucalipto introduz a madeira no mercado, a fim de que a
indústria moveleira tome conhecimento dessa matéria-prima, ganhando, assim,
um elemento positivo no seu posicionamento de marketing ambiental.
É interessante ressaltar que o esforço de marketing deve ser direcionado
tanto para quem compra o móvel, quanto para quem o fabrica. Em relação ao
primeiro, a ação consiste em publicidade, onde o produto é exposto na mídia,
principalmente na televisão e em revistas, havendo sempre o apelo ao “ecologi-
camente correto” como uma maneira de influenciar a decisão de compra, em
relação ao status de outras madeiras. A questão torna-se mais aprofundada
diante do fabricante, uma vez que o apelo em torno da concepção de ecológico
não produz o maior efeito. A principal preocupação é mostrar que o seu
produto se diferencia dos demais em função de toda uma gama de inovações
51
que o beneficiam com a maior qualidade de seus produtos, além de ressaltar a
segurança de abastecimento de matéria-prima, ou seja, reduzindo o risco de
escassez do seu principal insumo produtivo.
Existe uma oportunidade para a indústria moveleira. A empresa que
estiver atenta para as novas tendências e buscar se adaptar terá vantagem
competitiva e conseguirá se manter num mercado cada vez mais exigente.
52
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54
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55
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - 1
Empresas que têm experiência com a madeira de eucalipto
Empresa: Data: ____/____/____
Nome do respondente: Cargo:
Av./Rua: N
o
:
Bairro:
Telefone: Cidade:
E mail:
Ano de fundação: N
o
de funcionários:
Produto (s): Mercado consumidor:
1- Porte da empresa 1- ( ) Micro
2- ( ) Pequena
3- ( ) Média
4- ( ) Grande
2- Qual é a especialidade da empresa? 1- ( ) Cama
2- ( )Sala de jantar
3- ( ) Sob encomenda
3-Tipo de cliente 1- ( ) Consumidor final
2- ( ) Lojas revendedoras
3- ( ) Exportação
4- Os produtos da empresa são
destinados a qual classe da
população?
1- ( ) Baixa
2- ( ) Média
3- ( ) Alta
5- Qual o consumo total de madeira
maciça (m
3
/mês)?
6- Quais as três principais espécies de
madeira atualmente usadas?
1-
2-
3-
7- Qual é o local de origem das madeiras
usadas?
1-
2-
3-
8- Qual a faixa de preço das madeiras
compradas? (R$/m
3
)
1-
2-
3-
9- A empresa está usando a madeira de
eucalipto atualmente?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
10- Se não, parou há quanto tempo? ( ) Menos de 1 ano
( ) De 1 a 2 anos
( ) Mais de 2 anos
11- Por que parou de usar?
12- Por qual espécie o eucalipto foi
substituído?
13- Qual é o consumo de madeira de
eucalipto (m
3
/mês)?
56
14- Qual é o local de origem da madeira
de eucalipto?
15- Há quanto tempo a empresa está
usando o eucalipto?
( ) Menos de 2 ano
( ) De 2 a 5 anos
( ) Mais de 5 anos
16- Qual o preço da madeira de eucalipto
comprada?
(R$/m
3
)
17- Como tomou conhecimento das
potencialidades do eucalipto?
( ) Revistas especializadas
( ) Televisão
( ) Internet
( ) Feiras e exposições
( ) Representantes comerciais
( ) Outro: ____________________________
18- Quais fatores foram determinantes
para se fabricar móveis de eucalipto?
( ) Características uniformes da madeira
( ) Madeira proveniente de floresta plantada
( ) Demanda do consumidor
( ) Preço atrativo
( ) Escassez de madeira nativa
( ) Aumento do preço da madeira nativa
( ) Outro: ____________________________
19- Qual a sua opinião sobre a madeira de
eucalipto em relação a:
Trabalhabilidade: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
Colagem: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
Facilidade de receber acabamento: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
20- O móvel de eucalipto recebe
acabamento na sua cor natural?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
21- Qual o tipo de acabamento é
utilizado?
( ) Verniz
( ) Seladora
( ) Tinta
( ) Outro: ____________________________
22- Qual a sua opinião em relação ao
preço da madeira de eucalipto?
1- ( ) Baixo
2- ( ) Razoável
3- ( ) Alto
23- A empresa já teve problemas técnicos
na utilização da madeira de
eucalipto?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
24- Qual?
25- O problema acontecido está
relacionado diretamente com a
madeira ou com a forma como a
madeira foi manuseada?
26- De modo geral, como a empresa
classifica o móvel de eucalipto?
1- ( ) Ótimo
2- ( ) Bom
3- ( ) Ruim
27- Quais as vantagens de se usar o
eucalipto?
1-
2-
3-
4-
5-
28- Quais as desvantagens de se usar o
eucalipto?
1-
2-
3-
4-
5-
57
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - 2
Empresas que NÃO têm experiência com a madeira de eucalipto
Empresa: Data: ____/____/____
Nome do respondente: Cargo:
Av./Rua: N
o
:
Bairro:
Telefone: Cidade:
E mail:
Ano de fundação: N
o
de funcionários:
Produto (s): Mercado consumidor:
1- Porte da empresa 1- ( ) Micro
2- ( ) Pequena
3- ( ) Média
4- ( ) Grande
2- Qual é a especialidade da empresa? 1- ( ) Cama
2- ( )Sala de jantar
3- ( ) Sob encomenda
3- Tipo de cliente 1- ( ) Consumidor final
2- ( ) Lojas revendedoras
3- ( ) Exportação
4- Os produtos da empresa são
destinados a qual classe da
população?
1- ( ) Baixa
2- ( ) Média
3- ( ) Alta
5- Qual o consumo total de madeira
maciça (m
3
/mês)?
6- Quais as três principais espécies de
madeira atualmente usadas?
1-
2-
3-
7- Qual é o local de origem das madeiras
usadas?
1-
2-
3-
8- Qual a faixa de preço das madeiras
compradas? (R$/m
3
)
1-
2-
3-
9- A empresa tem conhecimento sobre o
uso da madeira de eucalipto para a
fabricação de móveis?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
10- Como obteve esta informação? ( ) Revistas especializadas
( ) Televisão
( ) Internet
( ) Feiras e exposições
( ) Representantes comerciais
( ) Outro: ____________________________
11- A empresa já teve oportunidade de ver
um móvel feito com madeira de
eucalipto?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
12- Qual a sua opinião em relação a:
Aparência: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
Resistência: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
Qualidade: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim
58
13- Quais são os motivos da empresa de
não usar o eucalipto na fabricação de
móveis?
( ) Considera a madeira não apropriada para móveis
( ) Falta de conhecimento sobre o assunto
( ) Desconhecimento da espécie adequada
( ) Falta de fornecedores
( ) Falta de demanda por parte do consumidor
( ) Considera o preço da madeira alto
( ) Outro: ____________________________
14- Diante da crescente restrição
ambiental, a empresa já teve
problemas como abastecimento de
madeira?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
15- Qual?
16- Em relação à certificação florestal: ( ) A empresa não tem conhecimento sobre o assunto
( ) A empresa tem conhecimento sobre o assunto e compra madeira
certificada
( ) A empresa tem conhecimento sobre o assunto, mas não compra
madeira certificada
17- A empresa teria interesse de usar a
madeira de eucalipto futuramente?
1- ( ) Sim
2- ( ) Não
18- O que o motivaria?
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