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MARCUS VINICIUS JUSTO BOMFIM
AVALIAÇÃO SANITÁRIA DE FILMES DE POLIAMIDA
(
NYLON
6)
EM EMBALAGENS ACONDICIONANTES DE ALIMENTOS GORDUROSOS
PPGVS/INCQS
FIOCRUZ
2008
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TÍTULO:
AVALIAÇÃO SANITÁRIA DE FILMES DE POLIAMIDA
(
NYLON
6)
EM EMBALAGENS ACONDICIONANTES DE ALIMENTOS GORDUROSOS
MARCUS VINICIUS JUSTO BOMFIM
Programa de Pós-graduação em Vigilância Sanitária
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Orientadoras: Dra. Shirley de Mello Pereira Abrantes
Dra. Helena Pereira da Silva Zamith
Rio de Janeiro
2008
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ii
FOLHA DE APROVAÇÃO
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
Avaliação Sanitária de Filmes de Poliamida (Nylon 6)
em Embalagens Acondicionantes de Alimentos Gordurosos
AUTOR:
Marcus Vinicius Justo Bomfim
Dissertação de Mestrado submetida à Comissão Examinadora composta pelo
corpo docente do Programa de Pós-graduação em Vigilância Sanitária do Instituto
Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz
e por
professores convidados de outras instituições, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre.
Aprovado:
_____________________________________
Prof. Dr. Armi Wanderley da Nóbrega (INCQS / FIOCRUZ)
_____________________________________
Prof. Dr. Marcos Lopes Dias (IMA / UFRJ)
_____________________________________
Prof. Dr. Alexandre Pinto Corrado (FMRP / USP)
_____________________________________
Profª. Drª. Eliana Rodrigues Machado - suplente (INCQS / FIOCRUZ)
_____________________________________
Profª. Drª. Mirian Ribeiro Leite Moura - suplente (FF / UFRJ)
Orientadoras: ______________________________________
Dra. Shirley de Mello Pereira Abrantes (INCQS / FIOCRUZ)
______________________________________
Dra. Helena Pereira da Silva Zamith (INCQS / FIOCRUZ)
Rio de Janeiro
2008
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Sanitary evaluation of nylon 6 films for fatty food packagings
Bomfim, Marcus Vinicius Justo
Avaliação sanitária de filmes de poliamida (nylon 6) em
embalagens acondicionantes de alimentos gordurosos. Rio
de Janeiro: INCQS / FIOCRUZ, 2008.
xiii, 80p., il., tab.
Dissertação (Mestrado) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Nacional
de Controle de Qualidade em Saúde, Programa de Pós-graduação
em Vigilância Sanitária, Rio de Janeiro, 2008.
Orientadoras: Shirley de Mello Pereira Abrantes
Helena Pereira da Silva Zamith
1. Caprolactama 2. Embalagens de alimentos 3. Ensaios de
migração 4. Cromatografia a gás 5. Toxicologia 6. Filmes de
poliamida 7. Nylon 6 8. Alimentos gordurosos. I. Título.
iv
AGRADECIMENTOS
A Profa. Dra SHIRLEY DE MELLO PEREIRA ABRANTES, do
LABORATÓRIO DE CONTAMINANTES EM ALIMENTOS DO INSTITUTO
NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE, pela orientação,
incentivo, apoio, compreensão, paciência, confiança durante a realização do
trabalho.
A Profa. Dra. HELENA PEREIRA DA SILVA ZAMITH, do DEPARTAMENTO
DE FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA DO INSTITUTO NACIONAL DE
CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE, pela orientação, incentivo, apoio,
compreensão e paciência ao longo do desenvolvimento do trabalho.
Ao técnico e amigo FÁBIO BAZILIO SILVESTRE DO LABORATÓRIO DE
CONTAMINANTES EM ALIMENTOS do INSTITUTO NACIONAL DE CONTROLE
DE QUALIDADE EM SAÚDE, pelo acolhimento, apoio, colaboração, paciência e
amizade no período de trabalho e em outras ocasiões.
A técnica e amiga PAULA DE ALVARENGA BASTOS e ao amigo SÉRGIO
ALVES DA SILVA DO LABORATÓRIO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS DE
REFERÊNCIA DE AGROTÓXICOS do INSTITUTO NACIONAL DE CONTROLE DE
QUALIDADE EM SAÚDE, pelo acolhimento, apoio, colaboração, paciência e
amizade no período de trabalho e em outras ocasiões.
A funcionária GILVA DA SILVA BRAGA pela colaboração, apoio, amizade e
acolhimento durante o desenvolvimento do projeto.
Aos estagiários e amigos ANA CARLA SIMÕES, JULIANA AMORIM e ANA
CAROLINA ZAVAREZE, STEPHANY MEINEL E VINICIUS NERY pelo
companheirismo, amizade, apoio e colaboração durante o desenvolvimento do
trabalho e em outras ocasiões.
A HILDA DUVAL BARROS DO LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA DO
INSTITUTO DE NUTRIÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
por todo incentivo, apoio irrestrito, colaboração e amizade durante e anteriores ao
projeto.
Ao DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DO INSTITUTO NACIONAL DE
CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE representado por seus funcionários pelo
apoio, colaboração, paciência durante o desenvolvimento de projeto.
Aos meus companheiros de Pós-graduação: ALINE PEÇANHA MUZY DIAS,
LUDMILA ROSA BERGSTEN, CLARICE LIMA DO CANTO ABREU, CARLOS
v
ROBERTO SOBRINHO DO NASCIMENTO, PRISCILA DA NÓBREGA RITO,
VIVIANE MEGA DE ANDRADE ZALFA, FLÁVIA BAPTISTA NOBREGA, THADEU
ESTEVAM MOREIRA MARAMALDO COSTA, GABRIELLE SALES DE OLIVEIRA,
entre outros, pelo apoio, amizade, diversão, compreensão e paciência.
A todos da COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INSTITUTO
NACIONAL DO CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE pela colaboração,
compreensão e paciência.
Aos meus amigos JORGE ALEXANDRE COUTINHO GOMES, GABRIEL
BARBOSA, GUILHERME AMANTE, JOATHAS MALTA, MIRNA ABREU BALLOD,
ELGA BAPTISTA, pelo apoio, amizade, diversão, compreensão e paciência.
Ao INSTITUTO NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE
pela oportunidade de direcionamento dos conhecimentos apreendidos ao longo de
todos estes anos de estudo e a possibilidade de revertê-los em favor da saúde da
população.
A FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ pela oportunidade e pelo apoio financeiro.
Ao meu amor ALINE DE ALVARENGA MACEDO BRAGA, por toda atenção,
afeto, paciência, carinho, incentivo, amizade, companheirismo, compreensão e
colaboração em todos esses anos de união o que permitiu um melhor
desenvolvimento pessoal e profissional.
A meus grandes amores, meus pais, MARIA DE FÁTIMA JUSTO BOMFIM e
LUIZ CARLOS FERREIRA BOMFIM, e minha irmã, PRISCILLA JUSTO BOMFIM,
pelo apoio incondicional, compreensão, dedicação, pelas palavras, amor, carinho e
ensinamentos ao longo dessa existência. Obrigado também pela transmissão de
valores, princípios morais, éticos e humanos que nortearam suas vidas e que agora
fazem parte da minha.
A todos os integrantes da família JUSTO E BOMFIM pela compreensão,
apoio, colaboração, amor, carinho.
A DEUS pela paz, amor e ensinamentos, pelas amizades cultivadas e pela
oportunidade de trilhar um caminho digno e honesto.
vi
RESUMO
A embalagem é definida como o artigo que está em contato direto com os alimentos,
destinado a contê-los desde a sua fabricação asua entrega ao consumidor, com a
finalidade de protegê-los de agentes externos, alterações e de contaminações,
assim como adulterações. Entretanto a própria embalagem pode representar fonte
de risco através da migração de substâncias de sua própria constituição para o
alimento, principalmente, aqueles gordurosos. A
ε-caprolactama (CAP) é um
monômero precursor de polímeros denominados nylon 6 para embalagens de
alimentos como mortadelas, blanquet de peru, peito de aves, patês e apresuntados.
O objetivo do projeto foi avaliar a migração de resíduos de CAP presentes em
embalagens de poliamida e utilizadas, em geral, no acondicionamento de alimentos
gordurosos. A determinação da CAP foi realizada através de ensaio de migração
preconizado pela Diretiva européia 711, de 18 de outubro de 1982, no qual a
embalagem permanece em contato com o etanol 95%, meio que simula as
características de um alimento gorduroso. A CAP foi identificada e quantificada
através de cromatografia a gás com detecção por ionização em chama. O método foi
validado intralaboratorialmente e considerado adequado ao propósito. Dentre as
embalagens analisadas, 35% das embalagens para mortadela suína, de frango ou
chester; 33% para blanquet de peru e 100% para peito de aves e patês
apresentaram migração superior ao limite estabelecido pelas legislações brasileira e
européia. Caso o etanol 95% fosse aceito como simulante D alternativo pela legislão
brasileira (BRASIL,1999) como é pela legislão européia (CE,1982), tais amostras
seriam consideradas o conformes por ambas as legislações (BRASIL,1999;
UE,2002). Somente os valores de migração específica de embalagens sem
identificação e tulos (ND) e de apresuntado o ultrapassaram o limite de migrão
específica de 15mg/kg. Estudos epidemiológicos indicam a possibilidade da CAP
causar inflamações oculares e cutâneas, além de irritações no sistema respiratório.
Podem ocorrer ainda hipotensão, taquicardia, palpitações, rinorréia, ressecamento
nasal, efeitos geniturinários e reprodutivos como distúrbios nas funções menstruais,
ovarianas e complicações no parto, além de problemas neurológicos e
hematológicos. Estudos em animais parecem consistentes com tais relatos. Os
estudos de genotoxicidade in vitro e in vivo por via oral e intraperitoneal mostram em
sua grande maioria, resultados negativos, bem como ausência de efeitos
carcinogênicos em ratos e camundongos e sobre o desenvolvimento e reprodução
em ratos e coelhos.
vii
ABSTRACT
Packaging is an article in direct contact with foods from manufacture up to delivery to
the consumer, which provides protection against external agents, alterations,
adulterations and contamination. However, packaging itself can represent risk
through the migration of substances in its own constitution into the food, especially
fatty foods.
ε-Caprolactam (CAP) is a precursor monomer of nylon 6 used as food
packaging for bologna sausage, turkey blanquette, fowl breast, patés and ham
luncheon meat. Our objective was to evaluate the migration of CAP residues in nylon
6 packagings used generally for fatty foods. CAP evaluation was based on migration
assays established by European Directive 711, of 18 October 1982, in which
packaging material remained in contact with ethanol 95%, simulating fatty food
characteristics. CAP was identified and quantified by a gas chromatograph equipped
with a flame ionization detector. The method was in-house or single-laboratory
validated and considered adequate for this purpose. Packaging analysis showed
migration at levels higher than the limits established by Brazilian and European
Union laws (15 mg/kg of food) for 35% of bologna sausage, 33% of turkey blanquette
and 100% of fowl breast and paté packagings. These materials would be considered
in contravention of Brazilian laws as they are of European laws, if ethanol 95% was
accepted as alternative simulant D by Brazilian legislation. Only ham luncheon meat
and packaging without labels did not exceed specific migration limit. Epidemiological
studies indicate that CAP could cause ocular, cutaneous and respiratory irritations,
as well as hypotension, palpitations, rhinorrhea, nasal dryness, neurological and
blood problems and genitourinary and reproductive effects, such as alterations in
ovarian-menstrual functions and pregnancy/birth complications. The majority of in
vitro and in vivo genotoxicity studies by oral and intraperitoneal routes show negative
results, including the absence of carcinogenicity in rats and mice or developmental
and reproductive effects in rats and rabbits.
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
°C - Graus Celsius
µL - Microlitro
3
H-Tdr - Timidina tritiada
6Tg - 6-Tioguanina
ABRE - Associação Brasileira de Embalagens
ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists
AMV - Amostra com migração estimada que sofrerá adição do analito
ANOVA - Análise de variância
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CAP - ε-Caprolactama
CG-DIC – Cromátógrafo a gás com detecção por ionização em chama
CE - Comunidade Européia
CEH - Células embrionárias de hamster
CG - DIC - Cromatógrafo a gás acoplado a detector de ionização em chama
CHO - Células de ovário de hamster chinês
cm² - Centímetro quadrado
CV - Coeficiente de variação
dm² - Decímetro quadrado
DNA - Ácido desoxirribonucléico
EPA - Environmental and Protection Agency
EUA - Estados Unidos da América
FT - Faixa de trabalho
FDA - Food and Drug Administration
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
h - Hora
HPRT - Hipoxantina-guanina fosforibosil transferase
IDT - Ingestão diária tolerável
INCQS - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
kg - Quilograma
L5178Y - Células de linfoma de camundongo
LME - Limite de migração específica
LOAEL - Menor nível de dose onde é observado efeito adverso
m³ - Metro cúbico
ix
mg - Miligrama
min - Minutos
mL - Mililitro
mM - Concentração milimolar
mm - Milímetro
MMQO - Método dos mínimos quadrados ordinários
MRC - Material de referência certificado
ND - Amostras sem identificação e rótulos
NIOSH - National Institute of Occupational Safety and Health
NOAEL - Nível de dose onde não é observado efeito adverso
OECD - Organisation for Economic Cooperation and Development
Pa - Pascal
PRSD
r
- Within-laboratory predicted relative standard deviation
PRSD
R -
Among-laboratoty predicted relative standard deviation
pH - Potencial de Hidrogênio
POP - Procedimento Operacional Padrão
RNA - Ácido ribonucléico
RSD
r
- Within-laboratory relative standard deviation
RSD
R -
Among-laboratory relative standard deviation
SLRL - Teste recessivo letal ligado ao sexo em Drosophila melanogaster
SMART - Teste de recombinação e de mutação somática em Drosophila
melanogaster
TAT - Tirosina aminotransferase
TFO - Triptofano oxigenase
TK - Timidina quinase
UDS - Síntese de DNA não programada
UE - União Européia
V79 - Células de pulmão de hamster chinês
.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Gráfico de distribuição de consumo de embalagens no Brasil ao longo dos
anos...........................................................................................................3
Figura 2 - Estrutura tridimensional do polímero nylon 6 .............................................5
Figura 3 - Estrutura tridimensional da molécula da
ε-caprolactama............................5
Figura 4 - Reação de obtenção da ε-caprolactama.....................................................6
Figura 5 - Foto ilustrativa do ensaio de migração com filme contendo nylon 6.........15
Figura 6 - Curva analítica da CAP em solvente (área x concentração em mg/L)......35
Figura 7 - Gráfico exploratório dos resíduos da regressão da curva analítica ..........36
Figura 8 - Gráfico de probabilidade normal da curva analítica..................................36
Figura 9 - Gráfico de Durbin-Watson da curva analítica (
1
×
ii
ee ).............................37
Figura 10 - Curva analítica da CAP em matriz (área x concentração em mg/L) .......38
Figura 11 - (a) Cromatograma típico de uma amostra em coluna apolar HP-1; (b)
cromatograma típico de uma amostra em coluna mais polar HP-5. ..............40
Figura 12 - Determinação dos limites de detecção e quantificação (Statsoft, 2004).43
Figura 13 - Gráfico da distribuição percentual do número de amostras por tipo de
alimento (n = 40).....................................................................................44
Figura 14 - Número de amostras com níveis superiores e inferiores aos limites
estabelecidos pela legislação brasileira (BRASIL, 1999) e européia
(UE, 2002) ..............................................................................................47
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação dos tipos de alimentos, segundo CE (1982) e Brasil
(1999)..........................................................................................................8
Tabela 2 - Determinação dos simulantes por tipo de alimento, conforme CE (1982)
e Brasil (1999)............................................................................................9
Tabela 3 - Correspondência entre simulantes e tipos de alimentos, conforme
CE (1982) e Brasil (1999) ..........................................................................9
Tabela 4 - Análise de variância para significância da regressão e desvio de
linearidade (
α=0,05).................................................................................24
Tabela 5 - Resultados da análise de variância para significância da regressão e
desvio da linearidade (α = 0,05)...............................................................38
Tabela 6 - Testes de premissas para curva analítica em matriz (α = 0,05)...............38
Tabela 7 - Resultados dos testes para avaliação do efeito matriz (α = 0,05)............39
Tabela 8 - Avaliação da repetitividade e recuperação do método para cada nível de
concentração............................................................................................41
Tabela 9 - Avaliação da precisão intermediária do método através de ensaios
realizados em três dias diferentes...........................................................42
Tabela 10 - Resultados obtidos dos ensaios de migração e as respectivas
incertezas (em mg/L).............................................................................46
Tabela 11 - Estudos de exposição por via inalatória à CAP em humanos................52
Tabela 12 - Estudos de mutagenicidade da CAP em Salmonella typhimurium (Teste
de Ames)................................................................................................57
Tabela 13 - Estudos de mutagenicidade da CAP em células de mamífero in vitro...58
Tabela 14 - Estudos da genotoxicidade in vivo da CAP............................................63
Tabela 15 - Estudos toxicológicos in vivo da CAP desenvolvidos pelo National
Toxicology Program................................................................................66
xii
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
............................................................................................................1
1.1. Poliamidas ......................................................................................................4
1.2. Migração.........................................................................................................6
1.3. Simulantes......................................................................................................8
1.4. Validação do método....................................................................................10
1.5. Justificativa ...................................................................................................11
2.
OBJETIVO GERAL
...................................................................................................12
2.1. Objetivos específicos....................................................................................12
3.
MATERIAL E MÉTODOS
.............................................................................................13
3.1. Material.........................................................................................................13
3.2. Equipamentos...............................................................................................14
3.3. Reagentes e padrões....................................................................................14
3.4. Soluções.......................................................................................................14
3.5. Amostras.......................................................................................................14
3.6. Método de ensaio .........................................................................................15
3.6.1.Orientações para proteção individual e coletiva .........................................16
3.6.2. Condicionamento da coluna cromatográfica, detecção e quantificação.... 16
3.7. Caracterização do padrão e qualificação do equipamento...........................16
3.8. Validação intralaboratorial ............................................................................17
3.8.1. Faixa de trabalho (FT) ...............................................................................17
3.8.2. Linearidade................................................................................................18
3.8.3. Efeito matriz...............................................................................................25
3.8.4. Seletividade, Repetitividade, Precisão intermediária e Recuperação........27
3.8.5. Limites de detecção e quantificação..........................................................30
3.9. Incerteza de medição....................................................................................31
3.10. Revisão bibliográfica sobre a toxicologia da CAP.......................................33
4.
RESULTADOS
e
DISCUSSÃO
.....................................................................................34
4.1. Validação do método....................................................................................34
4.1.1. Linearidade e curva analítica.....................................................................34
4.1.2. Efeito matriz...............................................................................................38
4.1.3. Seletividade ...............................................................................................40
4.1.4. Recuperação .............................................................................................41
4.1.5. Repetitividade............................................................................................41
4.1.6. Precisão intermediária...............................................................................41
xiii
4.1.7. Limites de detecção e quantificação...........................................................42
4.2. Resultados das amostras .............................................................................43
4.3. Toxicologia da CAP ......................................................................................49
4.3.1. Toxicocinética............................................................................................49
4.3.2. Efeitos em humanos..................................................................................50
4.3.2.1. Exposição cutânea e ocular....................................................................50
4.3.2.2. Exposição por via inalatória....................................................................50
4.3.3. Efeitos em animais.....................................................................................55
4.3.3.1. Exposição cutânea e ocular....................................................................55
4.3.3.2. Exposição por via inalatória....................................................................56
4.3.4. Genotoxicidade..........................................................................................57
4.3.4.1.Mutagenicidade em Salmonella typhimurium e células de mamífero in
vitro..........................................................................................................57
4.3.4.2. Genotoxicidade in vivo............................................................................60
4.3.5. Carcinogenicidade.....................................................................................65
4.3.6. Efeitos sobre a reprodução e desenvolvimento de animais.......................68
5. Conclusões..........................................................................................................69
6. Referências Bibliográficas ...................................................................................71
1
1. INTRODUÇÃO
No século XIX, com o desenvolvimento industrial e a urbanização constatou-
se o aumento da concentração humana nas metrópoles e da demanda alimentar. As
necessidades dos países industrializados modificaram-se, tornando a sociedade
urbana mais consumista e exigente. Os hábitos alimentares também sofreram
alterações. Paralelamente à mudança da demanda do consumidor, registra-se o
progresso tecnológico da indústria de alimentos, bem como o aumento do comércio
internacional de produtos alimentícios (GERMANO, 2001). Destaca-se, assim, uma
das principais características das sociedades modernas que é o consumo sempre
crescente de mercadorias, bens e serviços, inclusive de produtos de interesse
sanitário, de tecnologias médicas e de serviços de saúde (ROZENFELD, 2001).
Na dinâmica complexa dos processos são gerados muitos riscos e danos à
saúde do indivíduo e da coletividade, assim como ao meio ambiente e à economia
do consumidor. Assim, existe a necessidade de regulação das relações de produção
e consumo, se reconhece à vulnerabilidade do consumidor e se criam instrumentos
para proteger a saúde da coletividade. As ações de Vigilância Sanitária se inserem
no âmbito das relações sociais de produção e consumo, onde se origina a maior
parte dos problemas de saúde sobre os quais é preciso interferir. Dessa forma, a
Vigilância Sanitária atua sobre fatores de risco associados a produtos, insumos e
serviços relacionados com a saúde, com o ambiente e o ambiente de trabalho, com
a circulação internacional de transportes, cargas e pessoas (ROZENFELD, 2000).
Pode-se afirmar que a Vigilância Sanitária originou-se na Europa dos séculos
XVII e XVIII e, no Brasil, nos séculos XVIII e XIX, com o surgimento do conceito de
polícia sanitária, que tinha como função regulamentar o exercício da profissão,
combater o charlatanismo, exercer o saneamento da cidade e fiscalizar
embarcações, os cemitérios e o comércio de alimentos, com o objetivo de se evitar a
propagação das doenças (EDUARDO, 1998). A Vigilância Sanitária é a forma mais
complexa de exercício da Saúde Pública, pois suas ações, de natureza
eminentemente preventivas, perpassam todas as práticas médico-sanitárias, tais
como: promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde (ROZENFELD,
2000).
A Lei 8080, de 19 de setembro de 1990, chamada L ei Orgânica da Saúde,
organiza o Sistema Único da Saúde e define a Vigilância Sanitária como “conjunto
de ações capaz de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos à saúde e intervir nos
problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde”.
Ou seja, a Vigilância
2
Sanitária tem o poder de interferir em todos os fatores determinantes do processo
saúde-doença (EDUARDO, 1998).
A saúde é um direito inalienável de todo cidadão. Mas para que haja saúde é
fundamental que os alimentos sejam produzidos em quantidade e com qualidade
apropriadas ao equilíbrio orgânico (GERMANO 2001).
A qualidade dos alimentos está diretamente relacionada à segurança
alimentar e, ambas, dependem de uma gama de variáveis. Os fatores mais
estudados que influenciam a qualidade dos alimentos são os de natureza física,
química e biológica que atuam no alimento durante o período de tempo
compreendido entre sua produção até o seu consumo (PASCUET, 1996).
A conservação dos alimentos tem sido uma preocupação da humanidade de
longa data. Com o passar do tempo se tornou evidente que o uso de algum tipo de
embalagem poderia conservar os alimentos por um tempo maior (JENKINS e
HARRINGTON, 1991).
A Resolução RDC 91, de 11 de maio de 2001, da Ag ência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde define a embalagem para
alimentos como “... um artigo que está em contato direto com os alimentos,
destinado a contê-los desde a sua fabricação aa sua entrega ao consumidor, com
a finalidade de protegê-los de agentes externos, de alterações e de contaminações,
assim como adulterações”.
O papel da embalagem na conservação de alimentos é essencialmente
protegê-los contra agentes externos e da manipulação inadequada (CROSBY,
1981). Germano et al. (2001) destacam que alimentos embalados incorretamente
podem deteriorar e se contaminar, bem como incorporarem aos produtos elementos
nocivos à saúde, principalmente, de natureza química. Em quaisquer destes casos,
um produto de elevada qualidade pode ter sua destinação, irremediavelmente,
condenada para o consumo.
Segundo Harte et al. (1985), a embalagem para exercer todas as suas
funções deve apresentar duas características:
Impedir o transporte de gases, vapores e outros compostos de baixo
peso molecular para dentro dos alimentos;
Proteger os alimentos contra danos mecânicos e contaminação
microbiana.
3
A embalagem deve ainda permanecer íntegra durante todo o processo de
distribuição e armazenamento. Dessa forma, é um elemento imprescindível à
proteção de produtos alimentícios.
Com o desenvolvimento da tecnologia, surgiu uma ampla gama de materiais
com as características adequadas para suprir a grande diversidade de demanda
específica que necessita uma embalagem para alimento.
Os materiais de embalagem mais tradicionais utilizados no mercado são:
vidro, papel, metal e plástico (ABRANTES, 1998). A Figura 1 apresenta a
distribuição de consumo dos materiais para embalagens. A rápida expansão
alcançada pelos plásticos, como matéria-prima básica de milhares de produtos de
largo consumo é um dos mais extraordinários marcos da moderna tecnologia
industrial.
Figura 1 – Gráfico de distribuição de consumo de embalagens
no Brasil ao longo dos anos
(
Fonte: ABRE, 2008
)
Os plásticos são produtos versáteis que conseguem reunir as qualidades de
diversos materiais, além das que lhe são inerentes (MÍDIO e IZUMIDA, 2000). Os
plásticos utilizados em embalagens de alimentos são constituídos de
macromoléculas de alto peso molecular (AUTIAN, 1980). As poliamidas, tratadas no
próximo tópico, são um exemplo claro da expansão da utilização dos plásticos pela
indústria alimentícia.
4
1.1. Poliamidas
As poliamidas são polímeros que apresentam uma seqüência de grupos
amida na cadeia. Nylon é o nome genérico da família de poliamidas sintéticas. Os
nylons se tornaram comercialmente disponíveis para o mercado de embalagem na
década de 50. As poliamidas apresentam satisfatória barreira a gases e a aromas,
alta resistência mecânica abrasão, perfuração, impacto e flexão), boa resistência
térmica e apropriada resistência a óleos e gorduras, a produtos químicos e podem
ser termoformados (SARANTÓPOULOS et al., 2002). Na área de embalagem, a
maioria das poliamidas é usada na forma de filmes. A maior aplicação é na produção
de filmes para embalagens a vácuo para produtos cárneos e queijos
(SARANTÓPOULOS et al., 2002). Dentre os quais destacam-se a mortadela, o
blanquet de peru, o peito de peru ou chester, apresuntado e patês.
As poliamidas mais utilizadas na fabricação de embalagens são os nylons 6,
6,6 e 11. Em torno de 73% do nylon 6 produzido no mundo destinam-se, sob a forma
de fibras, a fabricação de tapetes e vestuário, enquanto os 27% restantes, sob a
forma de resinas, são utilizados pela indústria para a produção de equipamentos de
direção, sistemas e componentes automotivos, conectores, além de embalagens
plásticas. As resinas ainda necessitam de tratamento prévio para consolidação do
produto final. Para os equipamentos, sistemas e componentes automotivos, as
resinas devem passar por um processo denominado de injeção. De outro modo, a
resina deve sofrer um processo de extrusão para transformá-la em filmes ou
filamentos que, agregados, darão origem à embalagem plástica (KOMA, 2001).
O nylon 6 (figura 2) é um tipo de poliamida constituída a partir da
polimerização de monômeros de
ε -caprolactama (SARANTÓPOULOS et al., 2002).
Em 1999, a União Européia produziu um volume aproximado de 1x10
6
toneladas de
CAP (figura 3). Anualmente, a Ásia produz mais de 1x10
6
toneladas e a América do
Norte, aproximadamente, entre 5x10
5
e 1x10
6
toneladas da substância (OECD,
2001).
5
F
igura
3:
da molécula da ε -
C
aprolactama
(Fonte: Molecular Simulations, 1998)
Figura 2: Estrutura tridimensional do polímero nylon 6
(Fonte: Macromedia
Foundation,
2008)
A prodão industrial baseia-se na reação química apresentada na figura 4. Como
as reações de polimerizão resultam usualmente em substâncias de alto peso molecular
e essa convero não alcança 100%, o pomero pode reter, na sua estrutura,
monômeros residuais e oligômeros, em rao do tipo de tecnologia aplicada
(ABRANTES, 1998).
Os monômeros, assim como os oligômeros,
são capazes de migrar de materiais de embalagem
para o alimento. Monômeros são subsncias
biologicamente reativas e, por isso, potencialmente
tóxicas. Portanto, a regulamentão visa restringir a
quantidade de monômeros residuais na matéria-
prima, plásticos e artigos produzidos a partir dos
mesmos (ARVANITOYANNIS e BOSNEA, 2004).
6
Figura 4 – Reação de obtenção da ε –caprolactama
(
Fonte: Molecular Simulations, 1998)
1.2.
Migração
Como mencionado, a embalagem atua como barreira de proteção para o
produto contra o contato direto com o ambiente, evitando alterações indesejáveis.
Entretanto, a própria embalagem pode representar fonte de risco através da
migração de substâncias de sua própria constituição para o alimento (MIDIO e
IZUMIDA, 2000).
O termo migração é descrito na legislação brasileira como ”...a transferência
de componentes do material em contato com alimentos para estes produtos, devido
a fenômenos físico-químicos” (BRASIL, 2001).
dois tipos de migração: a total ou global e a específica. A migração total
refere-se à transferência total ou à quantidade de substâncias totais que migram da
embalagem para o alimento, ou seja, é a transferência de todas as substâncias para
o alimento, sendo tóxicas ou não. A migração específica relaciona-se à transferência
de uma ou mais substâncias identificáveis, reconhecidas ou consideradas como de
risco para a saúde do homem, não se levando em consideração a quantidade total
de outros migrantes que passam para o alimento (FERNANDES et al.,1987).
O termo migração é descrito como um processo de difusão que pode ser
fortemente influenciado pela interação de componentes do alimento e da
7
embalagem. Entretanto, componentes do alimento, particularmente a gordura
(ácidos graxos), aumentam consideravelmente a mobilidade de substâncias da
embalagem plástica para o alimento (ARVANITOYANNIS e BORNEA, 2004).
A migração é uma questão de saúde pública e um problema legal na maioria
dos países. Visando a harmonização das legislações, União Européia (EU) e Food
and Drug Administration (FDA) iniciaram um controle global através de listas
positivas de substâncias e restrições a substâncias potencialmente tóxicas. A
proposta geral da legislação é garantir a segurança do consumidor
(ARVANITOYANNIS e BORNEA, 2004). Com o intuito de facilitar e proteger os
consumidores da migração de substâncias perigosas de embalagens de alimentos, a
União Européia (UE) e os Estados Unidos, através da FDA publicaram inúmeras
diretivas (UE) e adotaram “limites regulatórios” (FDA). O controle da conformidade
de materiais de embalagens através da regulamentação de UE é uma questão
complicada. Entre as inúmeras dificuldades que poderiam ser enfatizadas há um
grande número de substâncias incluídas em listas positivas, a ausência de
informação de migrantes potenciais pelos fornecedores, a ausência de métodos
analíticos padronizados, a duração dos procedimentos analíticos e dificuldades
práticas na sua execução. A UE listou milhares de aditivos e monômeros como
migrantes potenciais. Muitos deles são autorizados com restrições ou limites de
migração específica e razoável número de métodos analíticos foi padronizado.
Porém, métodos de testes oficiais o frequentemente extensos, complexos e
impraticáveis para a rotina ou controle diário. Nos Estados Unidos, a estrutura de
regulação para embalagens de alimentos é, a princípio, mais criteriosa. Aprovação
prévia pela FDA é corriqueiramente necessária para materiais utilizados nestas
embalagens que o são reconhecidamente seguros, anteriormente sancionados ou
que não se espera tornar-se componente do alimento. Estes componentes ou
aditivos alimentares devem ser demonstrados, através de um processo de petição,
como sendo seguros para o uso pretendido. (ARVANITOYANNIS e BORNEA, 2004).
A Resolução 105, de 19 de maio de 1999, da A gência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Diretiva Européia 72, de 6 de agosto de 2002,
estabelecem um limite de migração específica da CAP no alimento em 15 mg/kg. O
limite de migração específica recomendado pela legislação brasileira coincide, por
força de harmonização, com o da legislação européia.
8
1.3.
Simulantes
As legislações brasileira e européia prevêem a utilização de simulantes. É
definido como “produto que imita o comportamento de um grupo de alimentos que
tem características semelhantes” (BRASIL, 2001; CE, 1982). Para a realização de
testes de migração, são empregadas substâncias orgânicas que simulam, tanto
quanto possível, o comportamento dos alimentos (PAPASPYRIDES e TINGAS,
1998). Com relação à interação com as embalagens plásticas, os alimentos são
classificados como mostrado na tabela 1:
Tabela 1 Classificação dos tipos de alimentos, segundo CE (1982) e Brasil (1999)
Tipo I:
Alimentos aquosos não ácidos (pH > 5);
Tipo II:
Alimentos aquosos ácidos (pH < 5);
Tipo III:
a. Alimentos aquosos não ácidos
contendo óleo ou gordura;
b. Alimentos aquosos ácidos contendo
óleo ou gordura;
Tipo IV:
Alimentos oleosos ou gordurosos;
Tipo V :
Alimentos alcoólicos (conteúdo em álcool
superior a 5% (v/v);
Tipo VI:
Alimentos sólidos secos ou de ação
extrativa pouco significativa.
Com a finalidade de realizar ensaios de migração em embalagens em contato
com alimentos, são definidos os seguintes simulantes (Tabela 2):
9
Tabela 2 Determinação dos simulantes por tipo de alimento, conforme CE
(1982) e Brasil (1999)
SIMULANTE A :
Água destilada
SIMULANTE B :
Solução de ácido acético em água
destilada a 3%(m/v)
SIMULANTE C :
Solução de etanol em água destilada a
15% ou na concentração mais próxima
da real de uso
SIMULANTE D :
Azeite de oliva refinado; n-heptano
Estabelece-se ainda a indicação do simulante a ser utilizado para o alimento
correspondente (Tabela 3) :
Tabela 3 - Correspondência entre simulantes e tipos de alimentos, conforme
CE (1982) e Brasil (1999)
ALIMENTO SIMULANTE
TIPO I A
TIPO II B
TIPO IIIa A, D
TIPO IIIb B, D
TIPO IV D
TIPO V C
TIPO VI Nenhum, ou ocasionalmente A, B, C ou
D, dependendo do tipo de alimento.
Apesar da resolução RDC n°105, de 19 de maio de 199 9, estabelecer os
simulantes para cada tipo de alimento, este projeto adotará uma alternativa ao uso
de óleo de oliva e n-heptano para avaliação de migração em alimentos oleosos ou
gordurosos. A utilização de simulante alternativo fundamenta-se em estudo
desenvolvido por Baner et al. (1992) em que se sugere uma série de alternativas ao
uso de óleos com este propósito. Baner et al. (1992) afirmam que o uso de
simulantes com menor peso molecular que óleos e gorduras reduzem o trabalho
analítico e, ao mesmo tempo, melhoram a sensibilidade e diminuem a variabilidade
dos resultados. Quando se utilizam solventes apolares ou fracamente polares (como
hidrocarbonetos e álcoois com mais de três átomos de carbono) as condições do
teste de migração diferem muito daquelas do alimento ou dos óleos que deveriam
ser usados. O fato se deve as fortes interações entre os simulantes e a maioria dos
10
polímeros, o que ocasiona valores de migração extremamente elevados se
comparados aos resultados em óleos ou gorduras. Em geral, o etanol ou mistura
etanol/água contendo maior proporção de etanol o altera as interações com a
maioria dos polímeros. O autor conclui que o etanol é um bom simulante para
alimentos gordurosos, pois possui baixa interatividade com muitos plásticos, os
migrantes são prontamente solubilizados e o trabalho analítico é facilitado. A
utilização de etanol e mistura de etanol/água é também apoiada por resultados
experimentais publicados por Till et al. (1987) e Schwartz et al. (1988). Pogorzelska
e Mielniczuk (2001); Castle et al. (2004) e Félix et al. (2008) utilizaram etanol 95%
em seus ensaios de migração. Atualmente, os EUA (2005), através de seu órgão
regulador FDA, utilizam o etanol 95% como solvente para extração, que este
determina limite de composição e não limite de migração. a CE (1982) incorpora
o etanol 95% como simulante alternativo para avaliar a migração de substâncias de
embalagens acondicionantes de alimentos gordurosos.
1.4. Validação do método
Vários laboratórios realizam, diariamente, mensurações analíticas que dão
suporte às decisões dos mais diferentes setores da economia e da sociedade. O
desenvolvimento tecnológico e científico aliado ao fenômeno da globalização
ampliaram a necessidade de obtenção de medidas analíticas confiáveis e
comparáveis, com vista ao reconhecimento mútuo e redução de barreiras técnicas
entre os países. Nesse contexto, os laboratórios devem adotar medidas cabíveis que
assegurem a qualidade requerida para seus resultados analíticos. Tais medidas
seriam a utilização de métodos validados, procedimentos de controle de qualidade
interna, paritcipação de ensaios de proficiência e acreditação (THOMPSON,
ELLISON e WOOD, 2002). No que diz respeito à área de alimentos, a validação de
métodos relaciona-se somente à segurança alimentar e ao comércio internacional.
É notório que a validação por procedimentos interlaboratoriais está bem
estabelecida por meio de estudos colaborativos. Contudo, os estudos não são
capazes de acompanhar a demanda por garantia de qualidade e a velocidade dos
avanços técnicos e científicos. Razões como questões técnicas, organizacionais,
infraestruturais e financeiras podem ser enumeradas. As limitações de validações por
estudos colaborativos praticamente conduzem os laboratórios à adoção de
procedimentos para validação intralaboratorial, atualmente considerados apropriados
para avaliar parâmetros de desempenho de um método (SOUZA, 2007). Da mesma
11
forma, é internacionalmente reconhecido como alternativa quando não
disponibilidade de procedimento interlaboratorial ou quando os procedimentos não
são aplicáveis (THOMPSON, ELLISON e WOOD, 2002). A validação intralaboratorial
diz respeito a estudos analíticos que envolvem um único laboratório, utilizando um
mesmo método para analisar a mesma amostra, sob diferentes condições, em um
intervalo de tempo justificado (UE, 2002).
1.5.
Justificativa
A poliamida é um produto decorrente da polimerização da CAP e, como a
reação não tem 100% de rendimento, algum resíduo pode permanecer adsorvido ou
incluso na macromolécula formada. O contato de filmes e embalagens de poliamida
com alimentos pode ocasionar a migração de CAP para os mesmos. Diante da
incerteza quanto aos riscos potenciais da exposição à CAP em seres humanos,
houve a necessidade de adotar-se uma posição de cautela ao analisar a questão; e
considerar a possibilidade de ocorrência de agravos à saúde da população.
12
2. OBJETIVO GERAL
Avaliar a migração de resíduos de CAP presentes em embalagens de
poliamida e utilizadas, em geral, no acondicionamento de alimentos
gordurosos.
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desenvolver e validar intralaboratorialmente método analítico para
determinar a migração de CAP em alimentos gordurosos;
Determinar e quantificar a migração de CAP de filmes de poliamidas
(nylon 6) acondicionantes de alimentos gordurosos;
Analisar criticamente o potencial de toxicidade da CAP a partir de
dados da literatura e estudos pelas vias cutânea, ocular, inalatória e
oral.
13
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
- Naveta de vidro borosilicato;
- Becher de vidro borosilicato com capacidade para 50, 100 e 300 mL;
- Balão volúmétrico calibrado com capacidade para 10 e 100 mL;
- Frasco de vidro borosilicato com capacidade de 100 mL;
- Lacre de alumínio;
- Septo de silicone com uma das faces em teflon com diâmetro de 20 mm;
- Selador;
- Microseringa até 500 µL calibrada;
- Frasco de vidro para injetor automático de cromatógrafo a
gás com capacidade
para 2 mL;
- Frasco de vidro para injetor automático de cromatógrafo a gás com capacidade
para 4 mL;
- Septos para frasco de vidro para injetor automático de cromatógrafo a gás com
capacidade para 2 mL;
- Septos para frasco de vidro para injetor automático de cromatógrafo a gás com
capacidade para 4 mL ;
- Coluna 5% fenil-metil silicone HP-5 de 30m x 0,53mm x 2,65 µm, Hewlett Packard
serial number US7126326H ;
- Coluna 100% dimetilsiloxano HP-1 de 30m x 0,25mm x 0,25 µm, Hewlett Packard
serial number 190912-433;
- Septos de baixo sangramento para porta de injeção de cromatógrafo a gás
Shimadzu GC-2010;
- Pipeta tipo Pasteur;
- Placas de Petri com 15 cm de diâmetro;
- Tampas de vidro de balão volumétrico;
- Pinça metálica;
- Bureta calibrada com capacidade de 10 mL;
- Proveta de vidro borosilicato com capacidade para 100 mL;
- Pipeta graduada com capacidade para 10 mL;
14
3.2. Equipamentos
- Refrigerador para amostras;
- Refrigerador para soluções e reagentes;
- Micropipeta automática calibrada de volume variável de 10 a 100 µL (Eppendorf);
- Balança analítica Sartorius modelo R200D com resolução de 0,1mg;
- Pipetador automático Accujet;
- Estufa Blue M modelo OV-475A-3 de 38º a 260ºC;
- Termômetro digital VWR com variação de -50°C a 70 °C calibrado;
- Capela de exaustão Engelab;
- Sistema de cromatografia a gás Shimadzu modelo GC-2010 composto por injetor
automático Shimadzu AOC-20i, detector por ionização em chama e computador para
aquisição e processamento dos dados.
3.3. Reagentes e Padrões
- Acetonitrila com pureza 99,9% obtido da Vetec;
- Etanol com grau de pureza 95% obtido da Synth Laboratórios.
- Acetona para análise (P.A) da Vetec, além de acetona e água destilada,
preparadas no laboratório, foram utilizadas para limpeza dos materiais.
- O padrão secundário de CAP com pureza igual ou superior a 99% (lote S4564300-
618) foi fornecido pela Sigma-Aldrich.
3.4. Soluções
As soluções estoques de CAP com concentração igual a 1000 mg/L foram
preparadas pela dissolução de 99,7 mg ± 0,5 do padrão da CAP (99% m/m) para
100 mL de etanol 95%. A solução foi preparada conforme a necessidade e
armazenada sob refrigeração entre 6 e 10°C..
3.5. Amostras
Trata-se de embalagens multicamadas de poliamida, mais precisamente três
filmes de nylon, destinadas a acondicionar alimentos gordurosos. Os alimentos
gordurosos que tiveram as embalagens analisadas foram a mortadela, o blanquet de
peru, peito de aves, patês e apresuntado. Esses alimentos apresentam uma
particularidade. O processo de cozimento é realizado dentro da embalagem sob
15
Figura 5
-
Foto ilustrativa do ensaio
de migrão com filme
contendo nylon 6
temperaturas que variam de 70 a 100°C, num período entre 1 a 4 horas ou até que o
centro do alimento alcance a temperatura de 72°C.
O material, composto de nylon 6/adesivo/nylon 6/adesivo/nylon 6 (80%) e
nylon 6/6.6 (20%), foi fornecido por empresa reconhecida do setor de embalagens.
Salienta-se que uma amostra, de mesmas características e denominada AMV, foi
utilizada para o procedimento de validação analítica.
As amostras foram identificadas e armazenadas sob refrigeração entre 6 e
10°C, até o momento dos ensaios.
3.6. Métodos de Ensaio
O método de ensaio fundamenta-se na transferência de resíduos de CAP
presentes em algumas embalagens de alimentos para um simulante que imita as
características dos allimentos. Aqui, o ensaio de migração propõe o contato de 1
dm
2
(10x10 cm) do material com 100 mL do simulante selecionado, etanol 95%. A
Resolução nº 105, de 19 de maio de 1999 determina que esta relação deva ser da
ordem de 0,5 a 2,0 cm
2
de material plástico por mililitro ou miligramas de alimento.
Com auxílio de placas de Petri de 15 cm de diâmetro, a amostra permaneceu em
contato com o simulante (figura 5). O ensaio foi conduzido por imersão total do
material que permaneceu à temperatura de 60 ± 0,5 °C durante 3h 30 min. As
condições de realização do ensaio
basearam-se na Diretiva Européia nº 711,
de 18 de outubro de 1982. Essa estabelece
que para alimentos submetidos ou
elaborados em temperaturas entre 70 e
100ºC, e por período de 1 à 4 h (como no
caso das embalagens em questão); as
condições de realização do ensaio com
simulante alternativo etanol 95% devam ser
aquelas adotadas nesse trabalho. Ao final
do ensaio, os resíduos da CAP em etanol
95% são transferidos a um balão
volumétrico e completado o volume a 100
mL, onde o retiradas alíquotas de 2 mL
16
para detecção e quantificação por cromatografia gasosa acoplado à um detector por
ionização em chama (CG-DIC). Ao final, foram determinadas as incertezas associadas
ao resultado conforme Eurachem/CITAC (2001).
3.6.1. Orientações para proteção individual e coletiva
Utilização de equipamento de proteção individual como óculos, luvas e jaleco;
e equipamento de proteção coletiva como capelas de exaustão química durante a
condução dos ensaios.
3.6.2. Condicionamento da coluna cromatográfica, detecção e quantificação
Diariamente, a coluna era submetida ao procedimento de condicionamento
visando assegurar o funcionamento correto e efetivo da mesma. Esse consistiu na
permanência da coluna, injetor e detector em determinadas temperaturas durante
um período de tempo. Tais condições podem ser visualizadas a seguir:
- Temperatura do injetor: 270 °C
- Temperatura do detector: 310°C
- Temperatura da coluna: 260°C
- Tempo: 1 h
As condições de operação do sistema de CG-DIC foram as seguintes:
- Coluna 5% fenil-metil silicone 30 m x 0,53 mm x 2,65 µm HP-5 (S/N: US7126326H)
- Volume de injeção: 2 µL
- Modo de injeção: Splitless ou sem divisão de fluxo
- Gás arraste: He
- Pressão: 60 kpa
- Fluxo da coluna: 10,14 mL/min
- Temperatura do injetor: 210 °C
- Temperatura do detector: 250 °C
- Temperatura da coluna: 100°C (1 min) a 180°C (3 m in), velocidade 4°C/min
- Tempo de corrida: 24 min
3.7. Caracterização do padrão e qualificação do equipamento
Cabe ressaltar que a validação foi precedida por dois procedimentos a
entender: caracterização do padrão de CAP adquirido e qualificação do equipamento
de análise (CG-DIC).
17
O padrão foi caracterizado de dois modos, através da determinação do ponto
de fusão e espectroscopia por infravermelho. Os resultados confirmaram que o
produto adquirido tratava-se da substância de interesse.
Uma vez que o padrão de CAP adquirido não se tratava de uma substância
de referência certificada, sua pureza foi estudada. O objetivo foi confirmar se a
pureza era aquela declarada pelo fabricante e, fundamentalmente, estimar um valor
para o cálculo da incerteza. Como declarado pelo fabricante, a pureza da CAP é
igual ou superior a 99%. A incerteza da pureza, não disponibilizada, foi calculada a
partir da realização de cinco determinações de pureza do padrão. Adiante serão
apresentados mais detalhes.
Procedeu-se também a qualificação do sistema cromatográfico através do
POP INCQS n° 65.31.20.117. O objetivo era garantir que o CG-DIC apresente
condições adequadas de uso. Com a utilização de material de referência certificado,
realizaram-se ensaios para avaliar aspectos como precisão e exatidão do fluxo;
precisão e arraste do injetor; e linearidade, ruído e deriva do detector. Todos os
parâmetros encontravam-se dentro de critérios de avaliação estabelecidos.
3.8. Validação intralaboratorial
O procedimento para validação intralaboratorial foi basicamente descrito por
Souza (2007). A adequação ao propósito do método foi determinada a partir dos
resultados de parâmetros como faixa de trabalho, linearidade, efeitos de matriz,
seletividade, recuperação, repetitividade, precisão intermediária, limites de detecção
e quantificação. Salienta-se que a seletividade, a precisão intermediária e os limites
de detecção e quantificação foram determinados segundo Lanças (2004); INMETRO
(2007) e ICH (1996); e Frehse e Thier (1991), respectivamente.
3.8.1. Faixa de trabalho (FT)
A faixa de trabalho foi determinada observando-se critérios amplamente
reconhecidos. Os níveis de trabalho devem pertencer, aproximandamente, ao
intervalo de 0,1< FT< 2 do limite de restrição (
FRAUNHOFER
, 1994), 15 mg/kg de
alimento. Assim, os níveis de trabalho deveriam constar do intervalo entre 1,5 e 30
mg/kg.
18
3.8.2. Linearidade
A linearidade foi realizada através de ensaios com soluções padrão. Foi
preparada uma curva analítica
bxay
+
=
, com níveis de concentração igualmente
espaçados 2; 8; 14; 20; 26 e 32 mg/L, sendo três repetições independentes de cada
nível. Alíquotas de 20; 80; 140; 200; 260 e 320 µL, respectivamente, das soluções
estoque de CAP foram utilizadas para a confecção da curva analítica. As soluções
foram preparadas e analisadas aleatoriamente durante três dias, sendo dois níveis
por dia. Brancos foram preparados a cada corrida, como ferramenta de controle de
qualidade.
A linearidade foi avaliada através da estimativa dos parâmetros pelo método
dos mínimos quadrados ordinários (MMQO), inspeção visual dos dados e gráficos e
tratamento de valores aberrantes. O MMQO, que minimiza a soma dos quadrados
dos resíduos (erros) da regressão é utilizado para estimar os parâmetros de
regressão. Os valores aberrantes foram tratados pelo teste de resíduos
padronizados Jacknife, o qual foi aplicado consecutivamente até que novos valores
aberrantes não fossem detectados ou até exclusão xima de 22,2% do número de
análises (BELSEY, KUH e WELSCH, 1980; HORWITZ, 1995). O MMQO parte da
premissa que os resíduos seguem a distribuição normal, têm variância constante ao
longo do eixo x e são independentes. Tais premissas relacionadas à análise de
regressão foram avaliadas quanto à normalidade por Ryan e Joiner (1976);
homoscedasticidade por Levene (1960) e Brown e Forsythe (1974); e independência
dos resíduos da regressão por Durbin e Watson (1951). O teste F foi conduzido para
verificar o ajuste ao modelo linear por meio da avaliação da significância da
regressão (DRAPER e SMITH, 1998).
Estimativas dos parâmetros pelo MMQO
Num primeiro momento, a inspeção visual dos dados e a construção do
gráfico das respostas analíticas versus concentrações do analito. Os parâmetros da
regressão α e β são estimadas como
a
e
b
, respectivamente, correspondentes aos
valores que minimizam a soma de quadrados dos resíduos da regressão
=
n
i
ii yy
1
2
)
ˆ
(
sendo
i
y
ˆ
o valor estimado de
i
Y
para um dado valor de
i
X
quando a e b o
determinados.
As estimativas de inclinação b e interseção
a
da reta ajustada estão
demonstradas nas Equações E.1 e E.2, respectivamente.
19
xx
xy
S
S
b = Equação E.1
xbya
=
Equação E.2
sendo
=
== =
==
n
i
n
i
i
n
i
n
i
iii
iixy
n
yxyx
yyxxS
1
11 1
))((
=
= =
==
n
i
n
i
n
i
ii
ixx
n
xx
xxS
1
1
2
1
2
2
)(
n
y
y
n
i
i
=
=
1
n
x
x
n
i
i
=
=
1
=
i
x
concentração
conhecida do analito
=
i
y resposta medida
n = número de pontos da curva de calibração
Para cada concentração
i
x , no qual uma resposta
i
y está disponível, o
resíduo
i
e é dado pela equação E.3
iii
y
y
e
=
Equação E.3
sendo
=
i
y
ˆ
variável estimada pela equação de regressão
As variâncias de inclinação
2
b
s , da interseção
2
a
s e dos resíduos da regressão
2
res
s são calculadas pelas equações E.4, E.5 e E.6.
xx
res
b
S
s
s
2
2
= Equação E.4
xx
n
i
i
resa
nS
x
ss
=
=
1
2
22
Equação E.5
( )
2
ˆ
1
2
2
=
=
n
yy
s
n
i
ii
res
Equação E.6
O coeficiente de determinação do ajuste
2
R
é definido pela equação E.7.
( )
( )
=
=
=
n
i
i
n
i
i
yy
yy
R
1
2
1
2
2
ˆ
Equação E.7
20
Os valores estimados para a inclinação e interseção, assim como as suas
respectivas variâncias, são utilizados para construir a equação a ser utilizada para
estimar as concentrações de amostras. Os resíduos da regressão computados são
empregados nos testes subseqüentes.
Tratamento de valores aberrantes
O gráfico dos resíduos da regressão versus os níveis de concentração é
construído. Duas linhas pontilhadas horizontais correspondentes a
( )
resn
st
2;2/1
±
α
são
utilizadas para indicar uma variabilidade aceitável entre os resíduos de regressão,
sendo os pontos fora desses limites entendidos como tendências. Os valores
aberrantes são avaliados pelo método de resíduos padronizados Jacknife, cuja
estatística é o resíduo padronizado Jacknife
ei
J , calculado para cada ponto da curva
analítica e descrito na equação E.8.
2
1
i
iei
rpn
pn
rJ
= Equação E.8
sendo
=
p
número de parâmetros do modelo
ei
i
i
s
e
r =
, resíduo padronizado
hss
resei
= 1
, erro padrão do resíduo
(
)
xx
i
i
S
xx
n
h
2
1
+=
, leverage
Os resíduos padronizados Jacknife seguem a distribuição de
( )
1;2/1
pn
t
α
.
Valores de
ei
J maiores que o valor de
t
crítico para o nível de significância 0,05
foram considerados aberrantes (BELSLEY, KUH e WELSCH, 1980) e removidos até
o limite percentual de 22,2% dos dados tratados (HORWITZ,1995) ou até a última
repetição de um nível de concentração. O MMQO foi recalculado a cada exclusão de
valores aberrantes.
Teste de normalidade
A normalidade dos resíduos da regressão foi avaliada pelo teste de Ryan-
Joiner, que se utiliza do teste de hipóteses para confirmar se os resíduos seguem a
distribuição normal e, portanto, os desvios da normalidade não seriam significativos.
21
A estatística do teste é o coeficiente de correlação de Ryan-Joiner
R
.
A hipótese
nula é rejeitada se os coeficientes
R
são inferiores aos valores críticos
estabelecidos. Os resíduos foram colocados em rol e foi construído um gráfico dos
valores dos resíduos versus valores percentis estimados para uma distribuição
normal reduzida. Um gráfico dos resíduos ordenados de uma amostra (
i
e ) de
tamanho
n
versus os pontos dos percentis de uma distribuição normal reduzida (
i
q )
foi construído. Os quantis normais foram obtidos pela equação E.9.
(
)
( )
ni
n
i
q
i
,...,1,
4/1
8/3
1
=
+
=
φ
Equação E.9
sendo
=
i
q valor normal esperado
=
1
φ
inverso de uma função de distribuição normal padrão
O coeficiente de correlação entre
i
e e
i
q foi calculado conforme equação E.10
qqee
eq
eq
SS
S
R
×
=
Equação E.10
sendo
( )( )
nqeqeqqeeS
n
i
i
n
i
i
n
i
iii
n
i
ieq
====
==
1111
( )
neeeeS
n
i
i
n
i
i
n
i
iee
2
11
2
1
2
==
===
( )
nqqqqS
n
i
i
n
i
i
n
i
iqq
2
11
2
1
2
==
===
n
e
e
n
i
i
=
=
1
n
q
q
n
i
i
=
=
1
Se o gráfico obedecer a uma linha reta, os dados seguem uma distribuição
normal. Caso contrário, o gráfico apresentará algum grau de curvatura ou
distribuição aleatória de dados e os mesmos serão provenientes de uma outra
distribuição de probabilidade.
Os coeficientes de correlação críticos para conjunto de dados pertencentes à
distribuição normal foram obtidos para o nível de significância igual a 0,05 pela
22
equação E.11 (RYAN e JOINER, 1976). Dessa forma, o resultado gráfico pôde ser
confirmado pelo cálculo do coeficiente
R
.
2
3505,16118,01288,0
0063,1
n
n
n
R
crit
+
Equação E.11
Teste de homoscedasticidade das variâncias dos resíduos
O teste de Levene (LEVENE, 1960) modificado por Brown e Forsythe (1974)
foi utilizado para avaliar a homogeneidade das variâncias, a partir da hipótese nula
de que as variâncias dos resíduos da regressão não diferem entre si, ou seja,
homoscedasticidade. Para a hipótese alternativa as variâncias dos resíduos seriam
diferentes, havendo, no caso, heteroscedasticidade. A estatística do teste é o F de
Levene
L
F
. No caso em questão, os resíduos foram divididos em dois grupos
1
n
e
2
n
, para 1 grau de liberdade, em que
Ft =
, e calculou-se a estatística t de Levene
L
t
.
A hipótese nula é descartada quando
L
t
for superior ao t crítico
( )
2;2/1
21
+ nn
t
α
. Os
grupos foram distribuídos eqüitativamente, tendo o cuidado para não separar
repetições de um mesmo nível em grupos distintos. As medianas dos resíduos de
cada grupo
1
~
e
e
2
~
e
foram calculadas e obtidas as diferenças absolutas entre as
medianas e os resíduos dos respectivos grupos
jj
eed
111
~
=
e
jj
eed
222
~
=
. A
média das diferenças
k
d
e a soma dos quadrados dos desvios
k
SQD
dos valores
kj
d
de cada grupo
1
=
k
e
2
=
k
foram calculadas. O valor de
L
t
foi obtido pela equação
E.12.
(
)
2
21
21
11
p
L
s
nn
dd
t
+
=
Equação E.12
sendo
=
kkjk
need
~
, média dos módulos das diferenças entre o j-ésimo resíduo e a
mediana de cada grupo
1
=
k
e
2
=
k
=
k
n
número de observações em cada grupo
=
k
e
~
mediana de cada grupo
(
)
( )
2
21
21
2
+
+
=
nn
SQDSQD
s
p
, variância combinada
23
( )
=
=
k
n
j
kjkk
eeSQD
1
2
~
, soma dos quadrados dos desvios entre cada j-ésimo resíduo e
a mediana de seu k-ésimo grupo, para cada grupo.
Caso
L
t
seja inferior ao valor crítico
( )
2;2/1
21
+ nn
t
α
, a indicação de
homoscedasticidade, não havendo razões para rejeitar a hipótese nula e acreditar
que a variância dos resíduos não seja constante. A significância
p
também deve ser
superior a 0,05 (LEVENE, 1960; BROWN e FORSYTHE, 1974).
Teste de independência dos resíduos
A autocorrelação ou independência dos resíduos da regressão é verificada
pelo teste de Durbin-Watson, considerando-se a hipótese nula de que não
autocorrelação entre os resíduos, ou seja, são independentes; e a hipótese
alternativa de que autocorrelação entre os resíduos e, portanto, não são
independentes. Assumindo-se que os resíduos
i
e
são variáveis independentes, a
autocorrelação entre os resíduos seria 0=
s
ρ
(hipótese nula). Essa hipótese foi
testada contra a alternativa em que
(
)
10 <=
ρρρρ
e
s
. A estatística de Durbin-
Watson é a ferramenta utilizada para a avaliação e está descrita na equação E.13.
( )
=
=
=
n
i
i
n
i
ii
e
ee
d
1
2
2
2
1
Equação E.13
Para cada grupo de dados, existem dois limites críticos
L
d
(inferior) e
U
d
(superior). Caso o valor de
d
esteja entre esses limites, o teste é inconclusivo.
Valores de
L
dd <
indicam autocorrelação e a hipótese nula é rejeitada para um
nível de significância de
α
2
; enquanto valores de
U
dd
>
indicam independência e a
não rejeição da hipótese nula. O valor de
d
varia de zero a quatro. Se o valor
converge para dois significa que não autocorrelação e os resíduos são
independentes. No mesmo sentido, se os valores se afastam de dois para zero ou
quatro, então, a autocorrelação aumenta. Geralmente, valores entre 1,5 e 2,5 podem
ser utilizados como ponto de corte inferior e superior (DURBIN e WATSON, 1951).
Os valores limites de
d
são estimados pelas equações E.14 e E.15 para nível de
significância igual a 0,05.
2
6400,164148,38607,2
9693,1
n
n
n
d
L
+ Equação E.14
24
2
3662,163862,10547,3
9832,1
n
n
n
d
U
+
Equação E.15
Teste de significância da regressão e do desvio da linearidade
Para a realização do teste, a variabilidade total das respostas é dividida em
soma do quadrado dos resíduos da regressão (em torno da regressão) e soma dos
quadrados devido à regressão. A soma de quadrados dos resíduos da regressão é
separada em soma dos quadrados do desvio da linearidade (falta de ajuste ao
modelo) e soma dos quadrados do erro puro. A segmentação da variabilidade total
das respostas, em soma de quadrados entre níveis e soma de quadrados do erro
puro (dentro dos níveis), também foi feita para auxiliar os cálculos.
A tabela de análise de variância para o teste é construída a partir das
equações dispostas na tabela 4. A estatística do teste é a razão entre as variâncias,
que segue a distribuição de
F
com os graus de liberdades correspondentes.
Tabela 4 - Análise de variância para significância da regressão e desvio de
linearidade (α=0,05)
FV GL SQ QM F
Regressão 1
( )( )
( )
=
=
n
i
i
n
i
ii
xx
yyxx
1
2
2
1
regr
regr
GL
SQ
2
res
regr
s
QM
Resíduos
2
n
( )
=
n
i
ii
yy
1
2
ˆ
2
res
res
res
s
GL
SQ
=
Desvio da
linearidade
2
u
( )
=
u
k
kkk
yyn
1
2
ˆ
desv
desv
GL
SQ
puroErro
desv
QM
QM
Entre níveis
1
u
( )
=
u
k
kk
yyn
1
2
Erro puro
u
n
( )
= =
u
k
n
j
kkj
k
yy
1 1
2
puroErro
puroErro
GL
SQ
Total
1
n
( )
=
n
i
i
yy
1
2
Total
Total
GL
SQ
FV = fonte de variação, GL = graus de liberdade, SQ = soma dos quadrados, QM = quadrado médio, F = razão
entre variâncias,
n
= número de
i
pontos de curva analítica,
u
= número de níveis de concentração,
k
n
=
número de pontos
j
em cada nível de concentração
k
,
i
y
= resposta medida,
i
x
concentração conhecida do
analito,
i
y
ˆ
= variável dependente estimada pela equação de regressão,
y
= média das respostas medidas,
x
=
25
média das concentrações conhecidas,
kj
y
= j-ésima resposta medida do k-ésimo nível de concentração,
k
y
=
média de respostas medidas do k-ésimo nível de concentração
k
y
ˆ
= variável dependente estimada pela
equação de regressão para o k-ésimo nível de concentração.
Para avaliação da regressão, é testada a hipótese nula de que a regressão
linear não é significativa (ou seja, a variação dos valores de
i
y
não é explicada pela
regressão) e a hipótese alternativa de que a regressão linear é significativa (variação
dos valores de
i
y
é explicada pela regressão). A hipótese nula é rejeitada se o valor
de
F
for maior que o valor crítico
( )
2;1;1
n
F
α
. Quanto à significância do desvio da
linearidade, a hipótese nula de adequação ao modelo linear simples (não desvio
da linearidade) é confrontada com a hipótese alternativa de inadequação ao modelo
linear (há desvio da linearidade). A hipótese nula é rejeitada quando o valor de
F
for
maior que o valor crítico
( )
unu
F
;2;1
α
.
A significância da distribuição F (
p
) também
deve ser analisada. Para a regressão linear dos resíduos,
p
deve ser inferior a
0,001, enquanto para o desvio da linearidade,
p
deve ser superior a 0,05.
3.8.3. Efeito Matriz
A avaliação do efeito de matriz proposta por Souza (2007) sugere a
confecção de duas curvas do analito: uma, denominada de solventes, originada a
partir de soluções com padrão; e outra, denominada de matriz, originada de
amostras.
A curva e as soluções do analito em solvente foram aquelas utilizadas para
a avaliação da linearidade. No item anterior, foram descritos todos os testes aos
quais se submeteram os dados.
A curva da matriz foi checada pelo todo de adição. Soluções de adição
foram preparadas nos níveis de 2; 8; 14; 20; 26 e 32 mg/mL, sendo três repetições
independentes de cada nível. O método proposto por Souza (2007) sugere a
utilização de amostra branca ou material de referência certificado (MRC). Porém,
diante da dificuldade de obtenção de tais amostras, as soluções foram adicionadas a
uma amostra denominada AMV, com resposta média e migração estimada por
ensaios. Foram realizados vinte ensaios com esse intuito. Tais valores também
foram utilizados na determinação de outros parâmetros de desempenho como
repetitividade e recuperação.
26
As áreas de cada ensaio foram subtraídas a área média da amostra AMV
para obtenção somente da resposta relativa às soluções de adição. Tais valores
foram então utilizados em todo tratamento estatístico e na confecção da curva
analítica da matriz. O preparo e análise das curvas do analito em solvente e na
matriz foram realizados sob condições emparelhadas.
Os dados experimentais obtidos para as curvas do analito em solvente e
matriz foram analisados pelo MMQO, e pelas premissas descritas no item 3.8.2.
Satisfeitas as premissas, a próxima etapa foi avaliar a homogeneidade das
variâncias dos resíduos da regressão. A hipótese nula de que não há diferença entre
as variâncias dos resíduos (há homoscedasticidade) foi testada contra a hipótese
alternativa de que as variâncias dos resíduos são diferentes (há
heteroscedasticidade). O parâmetro do teste é a razão entre as variâncias
F
sendo
a maior variância no numerador e a menor no denominador (Equação E.16). A
hipótese nula é rejeitada se o valor de
F
for maior que o valor crítico
( )
2;2;2/1
21
nn
F
α
(SNEDECOR e COCHRAN, 1989).
2
2
2
1
res
res
s
s
F =
Equação E.16
Havendo homoscedasticidade, as inclinações e interseções das curvas de
solventes e de matriz seriam comparadas pelo teste t com variâncias combinadas
(Equações E.17 e E.18). A hipótese nula de que as inclinações ou interseções não
diferem entre si seria testada contra a hipótese alternativa de que as mesmas são
diferentes. A hipótese nula seria rejeitada se valor de
b
t
ou
a
t for superior ao crítico
( )
4;2/1
21
+
nn
t
α
(ARMITAGE e BERRY, 1994).
21
22
21
xx
p
xx
p
b
S
s
S
s
bb
t
+
=
Equação E.17
21
2
2
2
2
1
2
1
2
21
xx
p
xx
p
a
Sn
xs
Sn
xs
aa
t
+
=
Equação E.18
sendo que índices 1 e 2 referentes, respectivamente, às curvas do analito no
solvente e em matriz;
(
)
(
)
4
22
21
2
2
2
1
2
21
+
+
=
nn
snsn
s
resres
p
27
3.8.4. Seletividade, Repetitividade, Precisão intermediária e Recuperação
A seletividade foi determinada analisando-se uma amostra em duas colunas
com características diferentes, uma mais polar (5% fenil metil silicone) e outra apolar
(100% dimetilsiloxano). As condições cromatográficas no experimento com a coluna
apolar foram alterados, enquanto o ensaio com a coluna mais polar foi realizado
conforme descrito no item 3.6.2. A temperatura inicial da coluna apolar foi reduzida
para 80°C e o fluxo na coluna ajustado para 1mL/min . Os demais parâmetros
permaneceram inalterados.
A repetitividade e a recuperação sob condições equivalentes (mesmo
analista, mesmo equipamento, mesmo laboratório, mesmos reagentes e curto
período de tempo) foram avaliadas por ensaios de migração com a amostra AMV
mencionada no item 3.8.3.. As amostras AMV foram submetidas ao ensaio de
migração e, posteriormente, adicionadas por alíquotas em níveis correspondentes a
2; 8; 14; 20; 26 e 32 mg/L, com pelo menos cinco repetições genuínas de cada nível,
dois níveis por dia. As alíquotas foram tomadas como se a amostra AMV não
apresentasse qualquer resíduo de CAP. As áreas obtidas em cada nível foram
subtraídas pela resposta média da amostra AMV com objetivo de estimar somente a
resposta relativa às soluções de adição. Tais valores foram então utilizados em todo
tratamento estatístico.
A precisão intermediária ou precisão intercorridas define a precisão dentro de
um mesmo laboratório para medidas obtidas por diferentes analistas, ou em
diferentes dias, ou por equipamentos diferentes (BRUCE, MINKKINEN e RIEKKOLA,
1998). Para determinação do parâmetro foram realizadas 10 repetições de uma
mesma amostra em três dias distintos com intervalos de 7 e 13 dias.
Seletividade
O procedimento já descrito teve por objetivo verificar a existência de co-
eluição da CAP com outros componentes no sistema cromatográfico. Ao final, foram
comparados os cromatogramas das duas colunas (mais polar e apolar) quanto a
existência de picos próximos ao tempo de retenção da CAP. Esse fator foi
considerado suficiente para determinação da seletividade.
Recuperação
A recuperação aparente foi estimada a partir de repetições de amostras
adicionadas em cada nível da amostra. Os valores aberrantes das recuperações
28
aparentes foram avaliados segundo teste de Grubbs. A recuperação aparente foi
calculada através da equação E.19.
(
)
iT
iBiA
i
C
MM
R
100×
=
Equação E.19
sendo
=
iA
M migração estimada de CAP para as amostras adicionadas
=
iB
M migração estimada de CAP para a amostra AMV
=
iT
C concentração teórica adicionada
Após análise inicial dos dados os valores de recuperação aparente de cada
nível foram dispostos em rol para avaliação de valores aberrantes pelo teste de
Grubbs. Os parâmetros de
1
G
(equações E.20 e E.21),
2
G
(equação E.22) e
3
G (equações E.23 e E.24) foram realizados para os grupos de resultados de
recuperação aparente de cada nível de concentração.
s
RR
G
L
1
1
=
Equação E.20
s
RR
G
n
U
=
1
Equação E.21
s
RR
G
n 1
2
= Equação E.22
(
)
( )
=
sn
sn
G
n
L
1
3
1
2
2
3
Equação E.23
(
)
( )
=
2
2
2
3
1
3
1
sn
sn
G
n
U
Equação E.24
sendo
n
R
R
n
i
i
=
=
1
, média da recuperação aparente, no nível de migração estudado.
=
n
nº de observações do nível de migração estudado.
=
i
R
menor recuperação aparente, no nível de migração estudado.
=
n
R maior recuperação aparente, no nível de migração estudado.
29
(
)
1
2
=
n
RR
s
i
, desvio padrão das recuperações aparentes, no nível de migração
estudado.
(
)
1
2
2
2
2
=
n
RR
s
i
n
, variância das recuperações aparentes, excluindo os dois valores
extremos, no nível de migração estudado.
(
)
1
2
2
=
n
RR
s
i
, variância das recuperações aparentes, no nível de migração
estudado.
Valores da estatística de Grubbs superiores a valores críticos para um nível
de significância de 0,05 foram considerados aberrantes. Os resultados médios de
recuperação aparente foram comparados a critérios de aceitabilidade para exatidão
descritos pela UE (2002). A recuperação média dentro de tais valores indica que não
falta de exatidão. O valor deve ser analisado para cada nível de concentração
separadamente.
Repetitividade
Os experimentos conduzidos sob condições de repetitividade permitem que a
precisão seja expressa em termos de coeficiente de variação
(
)
%CV
(equação E.25)
dos resultados de recuperação aparente obtidos em cada nível estudado.
( )
R
s
RSDCV
r
×
==
100
%
Equação E.25
No entanto, a estatística adotada para avaliação da precisão foi o
HorRat
,
obtido a partir do
R
RSD
e
R
PRSD
, sob condições de reprodutibilidade. O
R
PRSD
,
calculado por
15,0
2
C (sendo C a concentração do analito), é um critério de
aceitabilidade estimado pela função de Horwitz e Albert (2006). Para condições de
repetitividade, o HorRat (equação E.26) pode ser obtido pelo
(
)
%CV
dos resultados
de recuperação aparente dividido pelo
r
PRSD
estimado. Esse último é igual a, no
máximo, dois terços do valor do
R
PRSD
(HORWITZ e ALBERT, 2006; UE, 2002). Em
casos onde o limite de restrão é superior a 0,1 mg/kg, o valor do
HorRat deve ser
inferior ou igual a 2.
30
(
)
R
PRSD
CV
HorRat
3
2
%
=
Equação E.26
Precisão intermediária
Os experimentos conduzidos em três diferentes dias permitem avaliar a
precisão intermediária através do
(
)
%CV
. O coeficiente de variação é obtido a
partir do desvio padrão da precisão intermediária (equação E.27) e da média das
mensurações dos três dias, sendo comparado com critérios de aceitabilidade
estimados pela função de Horwitz e Albert (2006) e UE (2002), de preferência, por
faixa de concentração (INMETRO, 2007; ICH, 1996). Salienta-se que resultados
com valores da estatística de Grubbs superiores a valores críticos para um nível
de significância de 0,05 foram considerados aberrantes
( )
( )
1
1 1
2
=
= =
nt
yy
S
t
j
n
k
jk
i
, Equação E.27
sendo:
=
i
S desvio padrão da precisão intermediária (onde as variações intermediárias
da precisão podem aparecer entre parenteses.
=
t
total de amostras ensaiadas
=
n
total de ensaios efetuados por amostra
=
j
número da amostra nj ,1
=
=
k
número do ensaio da amostra
j
,
nk
,1
=
=
jk
y valor do resultado k para a amostra
j
=
y
representa a média aritmética dos resultados da amostra
j
3.8.5. Limites de detecção e quantificação
Os limites de detecção e quantificação foram determinados e baseados em
referência distinta daquela utilizada até então. Os limites foram estimados
graficamente a partir da inclinação e interseção da curva analítica como sugerido por
Frehse e Thier (1991).
31
3.9. Incerteza de Medição
A metodologia adotada para a determinação de incerteza de medição baseia-
se em recomendações da Eurachem/CITAC (2001).
A incerteza é um parâmetro associado ao resultado de uma medição, que
caracteriza a dispersão de valores que poderiam ser atribuídas ao mensurando
(Vocabulário Internacional de Termos Básicos e Genéricos em Metrologia - VIM). A
incerteza de medição, em geral, compreende inúmeros componentes. Cada
componente é caracterizado como uma fonte de incerteza associada a contribuições
distintas. Assim, num primeiro momento, foram analisados e quantificados
separadamente, dando origem ao que se denomina incerteza padronizada
c
u . Para
uma medição, a incerteza total é denominada de incerteza padronizada combinada
(
)
yu
c
. Contudo, na maioria das aplicações em química analítica deve ser utilizada a
incerteza expandida
U
.
A identificação das fontes de incerteza obedeceu a critérios próprios de maior
relevância sobre o valor do mensurando. Dentro da metodologia, poderiam ser
enumerados diversos componentes de incerteza, porém, o trabalho ateve-se a três
principais. A incerteza da diluição dos padrões, da curva analítica e da repetitividade
do equipamento foram identificadas e consideradas mais relevantes para a
determinação do parâmetro no método. A incerteza padronizada de cada
componente foi estimada através das equações E.30, E.31 e E.32. A estimativa da
incerteza da diluição dos padrões exige a determinação da incerteza da solução
estoque e de cada padrão separadamente (equações E.28 e E.29,
respectivamente). No caso, a determinação da incerteza das soluções estoque
apresenta uma dificuldade, pois é necessário que a pureza do padrão esteja
associada a um valor de incerteza de medição. O padrão de CAP disponível o se
trata de um material de referência certificado no qual constaria um valor de pureza e
incerteza. Diante desse fato, realizou-se procedimento alternativo para confirmação
da pureza do padrão relatada pelo fabricante e o estabelecimento de uma incerteza
aproximada. Com esse intuito, foram conduzidas cinco injeções originadas de
repetições de análise. O desvio padrão dos resultados foi utilizado para o lculo da
incerteza.
2
2
2
2
100
100
100
×
×
+
×
××
+
×
×
=
f
P
f
vP
f
mP
est
V
mu
V
umP
V
uP
u
Equação E.28
sendo
32
=
est
u incerteza da solução estoque
=
P
P
pureza do padrão de CAP
=
m
u incerteza da pesagem da massa
=
f
V volume final da solução
=
m
massa do padrão
=
v
u incerteza do volume final
n
s
u
P
= , incerteza da pureza do padrão definida por
=
s
desvio padrão das purezas mensuradas
=
n
número de repetições
( )
2
2
2
2
×
+
××
+
×
=
f
estaliq
f
estvaliq
f
aliqest
P
V
uV
V
CuV
V
uC
u
n
Equação E.29
sendo
( )
=
n
P
u
`
incerteza do preparo do padrão
=
est
C concentração da solução estoque
=
aliq
u incerteza do volume da alíquota
=
aliq
V volume da alíquota
( ) ( )
( )
222
)(
...
2
2
1
1
++
+
=
n
n
P
P
P
P
P
P
dil
C
u
C
u
C
u
u Equação E.30
sendo
( )
=
dil
u incerteza combinada da diluição dos padrões
=
n
P
C concentração de cada padrão
xx
res
Curva
S
CC
npB
s
u
2
__
0
1
)(
11
++×= Equação E.31
sendo
( )
=
Curva
u incerteza da curva
=
0
C concentração da amostra
=C concentração média do padrão
=
p
número de repetições ou replicatas
33
[ ]
2
1
2
=
=
n
AA
s
n
j
Espj
res
, desvio padrão residual onde =
j
A área medida;
=
n
número de
medições para confecção da curva analítica;
jesp
CBBA ×+=
10
, área esperada tendo
=
0
B interseção da curva analítica;
=
1
B
inclinação da curva analítica;
=
j
C concentração do padrão.
=
=
n
j
jxx
CCS
1
2
__
p
s
u
áreas
rep
=
)(
Equação E.32
sendo
=
áreas
s desvio padrão das respostas (áreas) relativas à amostra em análise
Por sua vez, a incerteza padronizada de cada componente foi combinada de
forma a imputar ao valor do mensurando uma incerteza (Equação E.33).
( )
2
2
2
+
+×=
o
curva
o
rep
diloComb
C
u
C
u
uCu Equação E.33
Para que o valor verdadeiro do mensurando se encontre dentro de um
intervalo com um nível de confiança de 95%, a incerteza combinada foi multiplicada
por um fator de abrangência
k
(Equação E.34). O fator de abrangência para um nível
de confiança de 95% é 2.
( )
Comb
ukU ×=
Equação E.34
3.10. Revisão bibliográfica sobre a toxicologia da CAP
A localizão dos artigos foi conduzida por meio de ferramentas de busca na rede
internacional de computadores. Portais de pesquisa científica como Science Direct,
Perdicos Capes, o sistema Toxnet de Medicina, o Micromedex Healthcare Series e
documentos relativos às posições da Environmental Protection Agency (EPA) e
International Agency for Research on Cancer (IARC) com relão à CAP foram utilizados.
Os artigos cienficos o disponíveis na internet foram requisitados pelo Comut, com
34
auxílio do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia que coordena o
Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN).
Essa revisão abordou principalmente, a toxicocitica, os efeitos da exposição
humana e animal pelas vias cutânea, ocular e inalatória, a genotoxicidade in vitro e in
vivo, a carcinogenicidade, bem como os efeitos sobre a reprodução e desenvolvimento
dos animais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Validação do método
Os resultados obtidos a partir de procedimentos mencionados e referentes a
validação do método são apresentados nos itens subsequentes.
4.1.1. Linearidade e curva analítica
A avaliação da linearidade e a confecção da curva analítica (figura 6) foram
realizadas através do método dos mínimos quadrados ordinários (MMQO). Para a
utilização do MMQO, deve-se efetuar algum teste de modo a confirmar as premissas
do método. As premissas devem ser satisfeitas, caso contrário, o MMQO não pode
ser realizado. Estas se relacionam aos resíduos da regressão e dizem respeito a
testes de normalidade, independência, autocorrelação e homogeneidade das
variâncias dos resíduos, além da análise de variância da regressão e desvio da
linearidade dos resíduos foram realizados. Os valores aberrantes foram analisados
previamente. A cada exclusão, os testes eram novamente executados. A
metodologia consta no item 3.8.2.
35
Gráfico Final da Linearidade
y = 17521x + 6651,9
R
2
= 0,9986
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
0 10 20 30 40
Concentração
Resposta
Figura 6 – Curva analítica da CAP em solvente (Área x Concentração em mg/L)
Tratamento de valores aberrantes
Após realização do teste de resíduos padronizados Jacknife, quatro
repetições ou dados foram rejeitados (vide figura 7), permanecendo dentro do limite
de 22,2% das mensurações estabelecido por Horwitz (1995). O MMQO assim como
a identificação de valores aberrantes eram recalculados a cada rejeição de dados.
Uma questão que pode ser discutida e que não é mencionada por Souza (2007) é a
rejeição de valores num mesmo nível. a possibilidade da permanência de
somente um dado no nível. Por exemplo, no nível de concentração 20 mg/L restou
somente um dado após a exclusão dos valores aberrantes. Isso poderia ocasionar
dificuldades quanto a realização de alguns testes de homoscedastidade, como no
caso do teste de homogeneidade sugerido por Snedecor e Cochram (1989) que
utiliza a variância do nível. Para o teste de homoscedasticidade proposto por Brown-
Forsythe (1974) aqui empregado não existe qualquer empecilho. No entanto, precisa
ser considerado que a existência de inúmeros aberrantes pode estar associado à
ocorrência de erros sistemáticos. A realização de novo procedimento seria, então, a
conduta mais correta.
36
Gráfico Q-Q
-2
-1
0
1
2
-15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000
Valor Observado
Valor Normal esperado
Gráfico de resíduos
-50000
-25000
0
25000
50000
0 10 20 30 40
Concentração
ei
Figura 7 - Gráfico exploratório dos resíduos da regressão
da curva analítica
Teste de normalidade dos resíduos
A figura 6 demonstra que os dados seguem a distribuição normal. Isso pode
ser constatado de duas formas. Uma pelo coeficiente de correlação Ryan-Joiner
(teste Ryan-Joiner). O coeficiente de correlação calculado (0,9755) foi superior ao
valor crítico estabelecido de 0,9351 (α = 0,05), não havendo razões para rejeitar a
hipótese nula de que os dados seguem a distribuição normal. Outra seria pelo
gráfico do valor normal esperado versus valor observado (Fig. 8). O gráfico que
obedece a linha reta demonstra que os resíduos seguem uma probabilidade norma
Figura 8 – Gráfico de probabilidade normal da curva analítica
37
Teste de homogeneidade das variâncias dos resíduos da regressão
O teste de Levene adaptado por Brown-Forsythe para avaliar a
homogeneidade das variâncias dos resíduos foi realizado. As estatísticas de análise
são os valores de
L
t
e a significância
p
. O valor de
L
t
calculado foi igual a 0,274 e
inferior ao
L
t
tabelado de 2,18. A significância
p
calculada foi 0,79, superior a
significância 0,05. Como os valores de
L
t
e da significância
p
calculados
satisfizeram os critérios, é aceita a hipótese nula de que as variâncias dos resíduos
da regressão são constantes e conclui-se que há homogeneidade das mesmas.
Teste de independência dos resíduos
A autocorrelação ou independência dos resíduos da regressão foi avaliada
pelo teste de Durbin-Watson. A estatística do teste é o valor de
d
, inferiores ou
superiores. O valor de
d
calculado foi igual a 1,52, acima dos valores críticos para
L
d
e
U
d , respectivamente, 1,05 e 1,35 (α = 0,05). Ou seja, a hipótese nula não foi
rejeitada e confirmou-se a independência dos resíduos da regressão. A figura 9
representa graficamente a independência dos resíduos da regressão.
-12000
12000
-12000 12000
e
i
e
i-1
Figura 9 - Gráfico de Durbin-Watson da curva analítica (
1
×
ii
ee )
Análise de variância dos resíduos da regressão e desvio da linearidade
A regressão linear bem como o ajuste ao modelo foi confirmada através da
ANOVA. Os dados são apresentados na tabela 5.
38
Tabela 5 – Resultados da análise de variância para significância da regressão e
desvio de linearidade (
α = 0,05)
FV GL SQ QM F p Significância
Regressão 1 4,65 x 10
11
4,65 x 10
11
8758,25 1,48 x 10
-18
p < 0,001
Resíduos 12 6,37 x 10
8
5,31 x 10
7
Desvio da
linearidade
4 5,83 x 10
7
1,46 x 10
7
0,201 9,31 x 10
-1
p > 0,05
Entre níveis 8 4,65 x 10
11
Erro puro 13 5,78 x 10
8
7,23 x 10
7
Total 1 4,65 x 10
11
Regressões significativas (
p < 0,001)
e o ajuste ao modelo linear (
p > 0,05)
foram
observados nos testes de F.
Ao final, a linearidade do método foi comprovada na faixa de trabalho de 2 a
32 mg/mL. A equação final de regressão foi y = 6651,9 + 17521x, sendo
y
a área do
pico da CAP e
x
a concentração do analito.
4.1.2.
Efeito matriz
A amostra AMV foi adicionada, nas concentrações de trabalho da curva
analítica, e submetida ao ensaio de migração. As respostas obtidas foram subtraídas
do valor estimado da amostra AMV. A resposta dia (área) e a migração estimada
para amostra AMV (
iA
M ) foram de 142087,5 e 7,73 mg/L, respectivamente. A curva
analítica da CAP em matriz pode ser visualizada na Figura 10. Pelo teste
padronizado de resíduos Jacknife, foram rejeitados quatro valores aberrantes.
Durante a avaliação do efeito matriz, Souza (2007) relata que somente os
testes de normalidade e ajuste ao modelo linear são considerados requisitos. Porém,
todos os testes de premissas foram realizados (tabela 6) .
Tabela 6 – Testes de premissas para curva analítica em matriz (α = 0,05)
Testes estatísticos Estatística Matriz Valor crítico
Normalidade
R
0,9880 0,9383
Homoscedasticidade
L
t
;
p
0,302;
p
= 0,77 2,16;
p
> 0,05
Independência
d
2,05
L
d
=1,08;
U
d
=1,36
Regressão
p
1,06 x 10
-16
< 0,001
Desvio da linearidade
p
0,60 > 0,05
39
Gráfico Final da Linearidade
y = 16706x + 7283
R
2
= 0,9919
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
0 10 20 30 40
Concentração
Resposta
Figura 10 – Curva analítica da CAP em matriz (Área x Concentração em mg/L)
Os dados do analito em solvente foram aqueles obtidos no momento da
avaliação da linearidade descritos no item 4.1.1.
Satisfeitas as premissas e confirmada a linearidade do analito em matriz, as
etapas subsequentes como o teste de homoscedasticidade das variâncias dos
resíduos e o teste
t
para variâncias combinadas foram realizados (tabela 7).
Tabela 7 – Resultados dos testes para avaliação do efeito matriz (α = 0,05)
Testes estatísticos Estatística Calculado Valor crítico
Homoscedasticidade
das variâncias dos
resíduos
F
0,16 2,06
Teste t para
variâncias
combinadas
b
t ;
a
t =
b
t 1,75
=
a
t 0,07
2,06
Conforme apresentado na tabela 7, os resultados dos testes permitem afirmar
que o método não apresenta efeito matriz, pois, estatisticamente (α = 0,05), as
curvas analíticas da CAP em solvente e em matriz se equivalem.
40
4.1.3. Seletividade
A seletividade foi determinada basicamente por inspeção gráfica onde se
constatou a ausência de picos interferentes próximos as respostas da CAP em
amostra analisada em colunas com características distintas, uma apolar e outra mais
polar. O fato foi considerado suficiente para determinação da seletividade. A figura
11 apresenta os cromatogramas que sustentam tal colocação.
Figura 11 (a) Cromatograma pico de uma amostra em coluna apolar HP-1; (b)
cromatograma típico de uma amostra em coluna mais polar HP-5.
(a)
(b)
41
4.1.4. Recuperação
Os valores obtidos (tabela 8) para a recuperação média em cada nível de
concentração encontram-se dentro de limites estabelecidos por Horwitz e Albert
(2006) e UE (2002). Caso o laboratório não disponha de materiais de referência
certificados para realização dos ensaios, Souza (2007) sugere que o método não
seja caracterizado como exato. O adequado seria considerar que não indicativo
de falta de exatidão para o método.
4.1.5. Repetitividade
Baseando-se em critérios estabelecidos a partir da equação de Horwitz e
Albert (2006), os valores de
HorRat
encontrados (tabela 8) indicam que o método
apresenta repetitividade adequada.
Tabela 8 – Avaliação da repetitividade e recuperação do método para cada nível
de concentração
Critérios de
desempenho
Estatística
Concentração
(mg/L)
Valor
Calculado
Critério de
aceitabilidade
Fonte
2
0,6
8
0,9
14
0,6
20
0,1
26
0,9
Repetitividade
HorRat
32
0,7
2,0
HORWITZ
e
ALBERT
,
2006
2 97,5
8 98,9
14 101,8
20 106,5
26 101,4
Recuperação
R
(%)
32 99,0
80 a 110%
UE
, 2002
4.1.6. Precisão intermediária
Os valores de
(
)
%CV
encontrados (tabela 9) indicam que o método apresenta
precisão adequada quando as medidas de uma única amostra são obtidas em dias
diferentes.
42
Tabela 9 – Avaliação da precisão intermediária do método através de ensaios
realizados em três dias diferentes
Concentração em mg/L
Amostras
Dia 1 Dia 2 Dia 3
1
6,70 5,98 7,14
2
7,51 7,51 9,28
3
5,84 7,78 8,17
4
6,58 8,27 8,95
5
7,62 6,46 8,49
6
6,39 8,18 8,78
7
7,46 8,12 9,72
8
7,80 7,14 8,49
9
8,12 7,10 9,14
10
8,49 8,14 7,68
Média
7,25 7,47 8,58
( )
tempo
i
S
0,36
(
)
%CV
4,6
4.1.7. Limites de detecção e quantificação
A figura 12 ilustra e demonstra a metodologia utilizada para a estimativa dos
limites. A curva analítica de equação xy 175219,6651
+
=
foi utilizada para a
determinação dos limites. As linhas tracejadas indicam os limites superiores e
inferiores do intervalo de confiança.
43
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
2,00
Concentração
0
10000
20000
30000
40000
50000
Área
95% confiança
Limite de
Detecção
~
0,83
Limite de
Quantificação
~ 1,625
Figura 12 - Determinação dos limites de detecção e quantificação (Statsoft, 2004)
4.2. Resultados das amostras
Quarenta embalagens de filmes de nylon 6 destinadas a acondicionar
alimentos gordurosos como mortadela, blanquet de peru, peito de aves, patês e
apresuntado foram avaliadas quanto à migração de resíduos de CAP. A identificação
do tipo de alimento ao qual o material destinava-se a acondicionar ocorreu por meio
dos rótulos e da impressão do material. Aquelas embalagens onde não havia essa
possibilidade de identificação foram denominadas de ND, não disponível. A figura 13
ilustra a quantidade percentual de amostras analisadas por tipo de alimento.
Percebe-se que as embalagens denominadas por ND e aquelas utilizadas para o
acondicionamento de mortadelas (frango, chester ou suína) perfazem quase 80%
das amostras analisadas.
em mg/L
44
57,5
20,0
7,5
7,5
5,0
2,5
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Percentual
Mortadela
ND
Blanquet de peru
Patê
Peito de aves
Apresuntado
Figura 13 - Gráfico da distribuição percentual do número de amostras por tipo
de alimento (n = 40)
Previamente, duas questões devem ser ponderadas. Uma relacionada ao
simulante utilizado e outra aos valores de migração obtidos. Ambas, contudo,
atreladas a aspectos legais.
Como já mencionado, a Resolução n° 105, de 19 de m aio de 1999 estabelece
o azeite de oliva e o n-heptano como simulantes D para alimentos gordurosos.
Assim, no âmbito nacional, a utilização do etanol 95% não seria indicada para efeito
de controle sanitário. Em contrapartida, a adoção do etanol 95% como simulante
alternativo ao uso dos demais simulantes D é prevista pela legislação européia, mais
especificamente, a Diretiva 711, de 18 de outubr o de 1982, e reinterada por
trabalhos científicos mencionados (TILL et al., 1987; SCHWARTZ et al., 1988;
CASTLE et al., 2004; FÉLIX et al., 2008; POGORZELSKA e MIELNICZUK, 2001).
Obviamente, as condições do ensaio como tempo e temperatura são diferenciadas
dos demais simulantes por se tratar de um solvente volátil. Os limites de migração
específica (LME) da CAP tanto da legislação brasileira quanto da legislação
européia são idênticos, ou seja, 15 mg/kg de alimento. Como exercício científico, os
valores obtidos de migração serão comparados com ambas às legislações.
45
Existe nas legislações brasileira e européia (BRASIL, 1999; CE, 1985) uma
determinação que os valores de migração fossem corrigidos por um número
denominado de coeficiente ou fator de redução de gorduras. O fator, que varia de 1
a 5, está relacionado diretamente ao potencial de extração do simulante D ou seus
substitutos para um tipo de alimento, e posteriormente os valores de migração
poderiam ser comparados com a legislação. Esse fato suscitava muitas dúvidas
quanto a aplicação do procedimento. Recentemente, a UE através da Diretiva 19,
de 2 de abril de 2007 inseriu no texto da Diretiva 72 (2002) e 572 (1985) pontos
que estipulam as condições em que o fator de redução deve ser praticado. Define
que o mesmo deve ser utilizado para ensaios com embalagens que contenham
alimentos com mais de 20% de gordura e substâncias caracterizadas como
lipofílicas, inclusive estabalecendo uma lista positiva.
As amostras avaliadas neste estudo destinam-se a alimentos com percentual
de gordura superior a 25%, sendo que a CAP não consta da lista de substâncias
lipofílicas estabelecidas pela emenda européia. O caráter hidrofílico da CAP é
evidenciado por Stoffers et al. (2004). Estes realizaram experimento no qual um
filme monocamada de nylon 6 permaneceu em contato simultâneo com os
simulantes óleo de oliva e água através de uma célula de migração two sided. Ao
final, 99% dos resíduos de CAP migraram para a água, ratificando a posição de que
a mesma não se trata de uma substância lipofílica. Dessa forma, os resultados de
migração dos filmes contendo nylon 6 não foram corrigidos pelo fator de redução de
gorduras.
Os valores obtidos de migração da CAP (em mg/L) a partir de embalagens
contendo nylon 6 e a respectiva incerteza são apresentados na tabela 10. A
migração foi estimada a partir da equação da reta
9,665117521
+
=
xy .
46
Tabela 10 – Resultados obtidos nos ensaios de migração e respectivas
incertezas (em mg/L)
Mortadela ND Embalagens
Migração Incerteza
Embalagens
Migração Incerteza
1 10,5 1,01 24 11,6 0,72
2 10,0 0,90 25 7,8 0,64
3 11,3 0,73 26 9,8 0,90
4 7,9 0,73 27 12,9 0,89
5 11,3 0,81 28 13,8 1,11
6 9,5 0,74 29 13,9 1,37
7 18,1 1,22 30 11,2 0,69
8 10,3 0,70 31 14,0 0,71
9 12,9 0,79 Blanquet de Peru
10 9,7 0,64 Migração Incerteza
11 19,1 0,76 32 19,9 1,07
12 20,7 0,78 33 12,0 0,60
13 15,1 0,83 34 11,9 0,60
14 13,2 0,90 Patê
15 14,5 0,69 Migração Incerteza
16 18,0 0,71 35 29,7 1,55
17 10,9 0,76 36 17,1 0,81
18 20,1 0,96 37 26,0 0,92
19 17,5 0,67 Peito de Aves
20 20,7 1,10 Migração Incerteza
21 9,6 0,59 38 21,8 0,97
22 23,2 1,09 39 25,4 1,13
23 8,2 0,58 Apresuntado
Migração Incerteza
40 10,4 0,72
Os resultados de migração dos filmes de nylon 6 destinados a acondicionar
os referidos produtos demonstraram que algumas amostras para mortadela,
blanquet de peru, peito de aves e patê apresentavam níveis de migração superiores
aos limites.
Oito amostras de embalagens de mortadela apresentaram migração superior
a 15 mg/kg, perfazendo um total de 35% das amostras analisadas. Uma amostra de
blanquet de peru (33%) e três de peito de aves e patês (100%) também superaram
47
os limites de migração específica para a CAP. No entanto, não se constatou
migração acima dos limites nas embalagens ND e de apresuntado. A figura 14
ilustra alguns desses dados. Recomenda-se para controle sanitário a realização de
estudos com simulante azeite de oliva para confirmação ou não dos resultados
obtidos nessas amostras.
0
5
10
15
20
25
Amostras
Mortadela ND Blanquet de
peru
Patê Peito de
aves
Apresuntado
Amostras analisadas Amostras com migrão superior ao LME
Figura 14 – Número de amostras com níveis superiores e inferiores aos
limites estabelecidos pela legislação brasileira (BRASIL, 1999) e
européia (UE, 2002)
A literatura científica acerca de estudos de migração com o nylon 6 é
reduzida. Particularmente, não existem até o momento trabalhos que avaliem as
embalagens contendo nylon 6 produzidas no Brasil. Pogorzelska e Mielniczuk (2001)
avaliaram diversos produtos contendo nylon 6 em sua constituição e relataram níveis
de migração da CAP que oscilaram entre 6,4 e 42,7 mg/kg para simulante etanol
95%. Esses valores parecem consistentes com os resultados encontrados.
Contudo, a metodologia do ensaio de migração merece aqui uma maior
discussão. A forma como o ensaio de migração é conduzido pode influenciar
diretamente os resultados.
48
O ensaio realizado sob imersão total em filmes multicamadas pode gerar
incertezas quanto à
estimativa de migração de qualquer substância, pois as duas
superfícies do material plástico permanecem em contato com o simulante, situação
não condizente com a realidade. Nesse caso, a transferência da CAP aconteceria
tanto da camada mais externa quanto da camada mais interna, e que de fato estaria
em contato direto com o alimento. Assim, o valor de migração poderia ser
superestimado. No mesmo sentido, a UE (2002) determina que as embalagens
submetidas ao ensaio de migração deveriam permanecer em contato com o
simulante de maneira que representem as condições reais de contato com o
alimento. Além das condições de tempo e temperatura, deve-se também garantir
que somente as partes da amostra que entrariam em contato com o alimento fossem
mantidas igualmente em contato com o simulante. Essa colocação é particularmente
importante em casos de filmes multicamadas, sendo mais adequado a utilização de
células de migração single sided que assegurem o contato com o simulante apenas
da camada de interesse. Porém, as limitações para sua utilização são inúmeras,
dentre as quais destacam-se as de natureza técnica, pela necessidade de utilização
de várias células, e por consequência, a financeira para a aquisição das mesmas
(preço). Dessa forma, as condições do ensaio de migração foram as mais
apropriadas frente a questões técnicas e institucionais. Salienta-se que a Resolução
105, de 19 de maio de 1999, adequando-se a reali dade brasileira, não faz
qualquer menção às situações de contato, somente as condições de tempo e
temperatura. Castle et al. (2004), por exemplo, realizaram procedimento para
avaliação da incerteza em ensaios de migração total. Para tal utilizaram dados
obtidos de ensaios de migração conduzidos num estudo de proficiência organizado
pela Food Analysis Perfomance Assessment Scheme (FAPAS) e iniciado em 1994.
A legislação européia desde aquele tempo (CE, 1990; UE, 2002) mencionava a
determinação supracitada para o contato dos filmes e, mesmo assim, seus
experimentos com filme de nylon utilizando etanol 95% como simulante foram
realizados por imersão. Muito provavelmente, todos os laboratórios participantes não
observaram a determinação da referida legislação.
A temperatura utilizada para o ensaio corresponde à pior situação prevista no
contato desse tipo de alimento com a embalagem. Bradley et al. (2004) afirmam que
embalagens de nylon 6 submetidas a temperaturas mais altas por força do
cozimento ou aquecimento do alimento no próprio filme apresentam migração
superior àquelas no qual tal procedimento não é realizado.
49
Os resultados evidenciaram uma questão interessante. Não foram
observados níveis de migração superiores a 15 mg/kg em amostras ND, desprovidas
de rótulo ou qualquer impressão. Isso permite considerar a hipótese de que a
existência de tais características poderia, de alguma forma, potencializar o
fenômeno da migração. Essa possibilidade ainda não foi confirmada por literatura
científica ou por este trabalho. Baseado nos resultados obtidos, recomenda-se a
realização de estudos acerca do impacto de rótulos e impressões sobre a migração
da
ε-caprolactama.
4.3. Toxicologia da CAP
Tais resultados suscitaram questionamentos quanto à repercussão de tais
evidências à saúde humana e estimularam uma revisão bibliográfica da toxicologia
da CAP, com a finalidade de se identificar os possíveis riscos de agravos à saúde,
advindos de uma exposição à CAP, principalmente em níveis superiores ao limite
estabelecido pela legislação. Uma vez identificado o risco, subsidiaria a tomada de
decisões visando à proteção da saúde humana.
4.3.1. Toxicocinética
Os estudos referentes à absorção da CAP em animais pelas vias oral, parenteral
e inalatória foram descritos em documentos da IARC (1986).
Unger e Friedman (1981) constataram que a CAP foi rapidamente absorvida e
eliminada em ratos em menos de 24h. Em geral, o há muita informação sobre o
metabolismo da CAP. Alguns trabalhos como da IARC (1986) afirmam que parte da CAP
é biotransformada a ácido ε-aminocapico em ratos. O ácido ε-aminocapróico é formado
a partir da 4-hidroxicaprolactama, que também pode ser espontaneamente rearranjada a
uma mistura de, principalmente, 4-amino-γ-aminocaprolactona e ácido 6-amino-4-
hidroxihexanóico (KIRK et al., 1987). A CAP é eficientemente eliminada pelo fígado e rins
em ratos (IARC,1986). Já em coelhos, entre 9 e 22% da dose administrada é excretada
pela urina e fezes como lactama. O processo de excrão da CAP em ratos se
também através da bile, pois a mesma não parece ser reabsorvida na circulão entero-
hepática (IARC, 1986).
Durante a gestão de ratos, a CAP, administrada por via oral, é eliminada tanto
pela e quanto pelo feto em 24 horas (IARC,1986).
50
4.3.2. Efeitos em humanos
A grande maioria dos estudos que tratam dos efeitos clínicos da CAP decorre de
exposição ocupacional, pom alguns foram conduzidos com voluntários. Em geral, o
trabalhadores de indústrias químicas produtoras da CAP ou aquelas responveis pela
transformação da CAP em fibras ou resinas de nylon 6.
4.3.2.1. Exposição cutânea e ocular
Em 1954, Goldblatt et al. aplicaram solução de 5% de CAP em antebros de 11
volunrios e somente 5 apresentaram sinais de irritação. Kelman (1986) observou efeitos
como irritação, descamação e/ou fissura cutâneas em 8 trabalhadores expostos a veis
médios de 68 mg/d de CAP sob a forma de poeira. Um trabalhador têxtil, manipulador
de fibras de nylon, e com histórico de dermatite por contato ocupacional, foi submetido
por Aguirre et al. (1995) ao teste pico com solão aquosa de CAP 5%. Observou-se
eczema eritematoso difuso em pesco, tórax e membros. Há tamm relatos de
dermatite de contato e eczema, fissuras e hiperqueratose em trabalhadores
expostos segundo EUA (2005). Em síntese, os estudos demonstram que a CAP
pode ocasionar dermatite, irritação, descamação e/ou fissuras na pele, além de
conjuntivite e queimaduras na córnea (FERGUSON e WHEELER, 1973; USCG,
1996). Os efeitos podem se originar do contato direto ou da exposição ao
vapor/poeira de CAP. Um fato que pode servir de alerta é que foram constatados
consideráveis agravos à pele num trabalhador têxtil, manipulador de fibras de nylon
(AGUIRRE et al., 1995). A princípio, a manipulação de fibras de nylon não
representaria maiores preocupações, porém o trabalho indicou uma situação oposta.
4.3.2.2. Exposição por via inalatória
Durante exposição aguda aos vapores de CAP (conc. 61 mg/dm³), produziu-
se secura, rinorréia e produção de secreção em trato respiratório superior
(HOHENSEE, 1951). Voluntários também apresentaram queimação no nariz e
garganta quando expostos a partículas em suspensão ou ao vapor de CAP em
concentrações iguais a 66 mg/dm³ (FERGUSON e WHEELER, 1973). Irritação, tosse,
sensibilizão do sistema respiratório e broncoespasmo foram observados em
trabalhadores expostos a partículas de CAP em suspeno ou vapor (SITTIG, 1985;
USCG, 1996; UNEP, 1985).
Efeitos neurológicos e hematológicos agudos como crise convulsiva, febre e
leucocitose foram relatados num trabalhador da instria de nylon exposto durante três
51
dias à CAP (TUMA et al, 1981). Estudos em ratos apontam para efeitos similares
àqueles relatados em humanos. KERR et al. (1976) relataram convulsões em ratos
expostos à doses superiores a 600 mg/kg de CAP por via intraperitoneal,
ocasionada pelo antagonismo do ácido
γ-aminobutírico (GABA), mediador químico
em sinapses inibitórias do sistema nervoso central.
Os posveis efeitos clínicos associados à exposição crônica à CAP podem ser
visualizados na Tabela 11. Existe um número razoável de estudos que tratam dos efeitos
da inalão de vapor/poeira de CAP em humanos. No entanto, são confusos, pois a
maioria são co-exposições, ou seja, de exposão a ltiplos compostos como nos
trabalhos de Martynova et al. (1972) e Nadezhdina e Talakina (1971). As numerosas
deficiências nos relatos, na apresentão dos dados e todos, no mero reduzido da
amostra (BILLMAIER et al., 1992), na ausência de informações como durão de
exposição (LIU et al., 1988) e veis de exposão (NADEZHDINA, TALAKINA, 1971),
além de fatores não considerados como estilos de vida dos trabalhadores impedem sua
utilizão em avaliações mais consistentes. A EPA, inclusive, considera os estudos
inadequados para o estabelecimento de uma concentrão de refencia para exposição
crônica por via inalatória.
52
Tabela 11 - Estudos de exposição por via inalatória à CAP em humanos
Período de exposição Órgãos/Sistemas Efeitos clínicos relatados Referência
Crônica Geniturinário/Reprodutivo Distúrbios em funções ovarianas
e menstruais em 170 gestantes
expostas à CAP (37,1% versus
12,8% do controle com 101
gestantes) Os níveis não foram
disponibilizados.
N
ADEZHDINA
e T
ALAKINA
, 1971
Crônica Geniturinário Dismenorréia em 300
trabalhadoras e aumento de
toxicose, parto prematuro e
hemorragias pós-natal em 136
trabalhadoras envolvidas na
produção de caprona (uma
espécie de fibra têxtil que utiliza
nylon 6 para sua produção). Em
ambos os casos, a concentração
de CAP excedeu em nove vezes
o limite russo de 10 mg/m
3
durante nove anos.
M
ARTYNOVA
et al., 1972
Crônica Geniturinário/Reprodutivo Disfunções no ciclo menstrual
(48,2%) em 300 trabalhadoras de
indústria da CAP; e complicações
na gestação e no parto em 33,8%
das gestantes das expostas a
CAP contra 18,1% de gestantes
controle.
M
ARTYNOVA
et al.,1972
53
Tabela 11 (cont.) - Estudos de exposição por via inalatória à CAP em humanos
Período de exposição Órgãos/Sistemas Efeitos clínicos relatados Referência
Crônica Geniturinário/Reprodutivo Doenças inflamatórias do útero e
anexos foram mais prevalentes
em 492 trabalhadoras expostas a
níveis inferiores a 10 mg/m
3
de
CAP e bifenil em relação à
população controle (8,9% contra
1,08%).
P
ETROV
, 1975
Não definida Geniturinário/Reprodutivo Menstruação irregular foi
significativamente maior que nos
controles pareados (34,3% contra
25%) em coorte de 304
trabalhadoras expostas a níveis
inferiores a 10 mg/m
3
de CAP.
L
IU
et al., 1988
Crônica Geniturinário/Reprodutivo Num coorte de 616 trabalhadoras
expostas a vários compostos,
incluindo CAP em concentrações
inferiores a 10 mg/m
3
,a
incidência de mioma uterino (um
tumor de tecido muscular) foi 2 a
3 vezes superior ao do grupo
controle de 182 mulheres.
A
NGELOV
, 1988
Crônica Nariz e Garganta Alterações distróficas das
mucosas nasal e da garganta,
além de rinorréia e ressecamento
da mucosa nasal.
UNEP, 1985
54
Tabela 11 (cont.) - Estudos de exposição por via inalatória à CAP em humanos
Período de exposição Órgãos/Sistemas Efeitos clínicos relatados Referência
Crônica Respiratório Avaliação da função respiratória
(espirometria) em 173
trabalhadores da indústria da
CAP. Nenhuma diferença entre o
grupo exposto e o controle.
P
ATEL
, 1990
Crônica Respiratório Não houve diferença significativa
para testes de função pulmonar
em 39 trabalhadores de duas
plantas, com exposição mínima
de dez anos a concentrações de
CAP no ar de cerca de 3,7 mg/m
3
em uma planta e de 4,5 e 9,9
mg/m
3
de CAP, em outra planta.
B
ILLMAIER
et al., 1992
Crônica Respiratório Elevação da incidência de asma
e bronquite em grupo de
trabalhadores expostos.
EUA, 2005
Crônica Cardiovascular Desconforto no peito e
palpitações com maior tendência
a desenvolver taquicardia e
hipotensão média. Alterações no
ECG: bradicardia sinusal,
disritmia sinusal, oscilação da
onda P e prolongação do
intervalo PR.
EUA, 2005
55
Um outro estudo que apresenta várias deficiências foi o desenvolvido por Ferguson
e Wheeler (1973) que realizaram uma retrospectiva de exposições ocupacionais de
155 trabalhadores de duas plantas de produção de CAP, alguns com 17 anos de
exposição, e outro de 5 trabalhadores voluntários expostos momentaneamente à
CAP. Nesse último caso, a irritação de olhos, nariz e garganta foi transitória,
cessando os efeitos após o término da exposição. Tais efeitos foram observados em
concentrações de 100 ppm, reduzindo sua magnitude em concentrações inferiores a
25 ppm. Os autores sugerem que o desconforto percebido foi maior em
trabalhadores de plantas do polímero do que nas indústrias do monômero, apesar
da não mensuração do grau de desconforto apresentado pelos indivíduos. Sugeriu-
se que a maior umidade na indústria do monômero protegeria os indivíduos de
efeitos irritantes da CAP por promover a hidratação dos tecidos e depuração
biológica. Na parte ocupacional do estudo, não foram declaradas as durações
médias de exposição, o número exato de expostos em cada planta, os dados
históricos individuais e os níveis de CAP no ar, sendo todas as exposições
determinadas por área e não por amostras aleatórias. A partir dessas constatações,
não foi possível considerar o referido estudo como de duração crônica uma vez que
não foram definidas a população de trabalhadores e a duração média da exposição.
Os limites de exposição ocupacional à CAP recomendados por instituições
norte americanas de regulação, segurança e medicina do trabalho, como a American
Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) e National Institute of
Occupational Safety and Health (NIOSH), são, respectivamente, 5 mg/m³ e 1 mg/m³
para vapor e poeira. Reinhold et al. (1998) consideram apropriado, nessas
circunstâncias (vapor/poeira), um limite de exposição à CAP igual à 23 mg/m³.
4.3.3. Efeitos em animais
4.3.3.1. Exposição cutânea e ocular
Os estudos em animais confirmam alguns efeitos descritos em humanos.
Numa revisão de trabalhos russos organizada pelo Programa Ambiental das Nações
Unidas (UNEP, 1985) concluiu-se que a CAP pode ocasionar irritação ocular e
queimaduras na córnea em coelhos e sensibilização ou dermatite em cobaias. A
irritação ocular ocorre a partir de concentrações de 10% de CAP, sendo que as
concentrações entre 25 e 50 % de CAP causam queimaduras na córnea.
Trabalho citado pela Organização para Cooperação Econômica e
Desenvolvimento (OECD, 2001) contraria os resultados acima. A CAP o foi
56
considerada sensibilizante em cobaias no teste de maximização (75% CAP em
água) e no teste modificado de Buehler (25% de CAP em água) realizado de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo Protocolo 870.2600 (EPA, 1998).
4.3.3.1. Exposição por via inalatória:
A realização de estudos toxicológicos pela inalação de vapores de CAP torna-
se quase impraticável devido à sua pressão de vapor extremamente baixa (0,13 Pa
a 20ºC). Assim, historicamente, os estudos da CAP em animais decorrem,
principalmente, da administração por via oral. No entanto, relatos sobre possíveis
efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular, geniturinário, hematológico e
hepático decorrentes da exposição inalatória. Após exposição aguda por via
inalatória, animais apresentaram hipotensão, hipertensão, hipoventilação
(camundongos), hepatotoxicidade, lesões renais e danos sobre a espermatogênese
(ACGIH, 1991; EUA, 2005; IARC, 1986; UNEP, 1985). Krichevskaya (1968)
constatou também alterações na colinesterase sanguínea em ratos machos albinos
(15/grupo) expostos durante 82 dias, a uma concentração máxima de vapor de CAP
igual a 6,0 mg/m
3
. O significado desses resultados não está claro e poucas
informações estão disponíveis, como o período de exposição diário (EPA, 2008).
Não foram observadas alterações anátomo-patológicas ou evidências de mobilidade
anormal em cobaias expostas a concentrações de CAP de 51 mg/m³ durante 26 a
30 dias, porém observou-se leve irritação em mucosa nasal (HOHENSEE, 1951).
Reinhold et al. (1998) avaliaram os efeitos de CAP em ratos Sprague-Dawley
expostos, durante 91 dias, a 24, 70 e 243 mg/m³ (10 ratos/sexo). A queratinização
da laringe foi observada na maior concentração estudada. Reinhold et al. (1998)
estabeleceram em ratos um nível de dose onde não é observado efeito adverso
(NOAEL) de 70 mg/m³ para sistema respiratório superior e 243 mg/m³ para
toxicidade sistêmica, neurotoxicidade e sistema respiratório inferior.
Em contrapartida, alguns trabalhos relatam a inexistência de quaisquer
agravos às espécies testadas. Em estudo subagudo, cobaias foram expostas por 30
min durante 5 dias consecutivos à atmosfera e aerossóis de CAP em concentrações
de 3, 10 e 30 mg/m
3
, sendo monitoradas por pletismografia quanto a ocorrência de
irritação, tosse, hipersensibilidade pulmonar e hipereatividade. Nenhum efeito foi
observado (ALARIE e STOCK, 1990). No mesmo sentido, Lomonova (1966) não
identificou qualquer efeito relacionado à exposição crônica de ratos albinos à CAP
em concentrações de 10 mg/m
3
, quanto ao peso corpóreo, ao comportamento e a
57
ocorrência de alterações clínicas e anátomo-patológicas. Goldblatt et al. (1954)
constataram a inexistência de efeitos adversos em cobaias expostas, durante 7 dias,
à CAP em concentrações de 118 a 261 mg/m³.
4.3.4. Genotoxicidade
4.3.4.1. Mutagenicidade em Salmonella typhimurium e células de mamífero in
vitro
Nas Tabelas 12 e 13 são apresentados os estudos referentes a mutagenicidade in
vitro da CAP, respectivamente, em cepas de Salmonella typhimurium (teste de Ames) e
em lulas de mafero e a respectiva avaliação tendo por base as diretrizes
estabelecidas pela Organization for Economic Cooperation and Development (OECD)
para testes de substâncias qmicas.
Tabela 12 - Estudos de mutagenicidade da CAP em Salmonella typhimurium
(Teste de Ames)
Cepas
Ativação
metabólica
Método
Concentração
(µg/placa)
Resultado
Referência
TA97;
TA98;
TA100;
TA102
-S9/+S9
Aroclor 1254
Padrão 32-1000 Negativo
Baker e,
Bonin, 1985
a
TA98;
TA100;
TA1535;
TA1537;
TA1538
-S9/+S9
Aroclor 1254
Padrão 50-5000 Negativo
Rexroat e
Probst, 1985
a
TA97;
TA98;
TA100;
TA1535
-S9/+S9
Aroclor 1254
Pré-
incubação
100-10000 Negativo
Zeiger e
Haworth,
1985
a
TA102 +S9
Aroclor 1254
Padrão 1-5000 Negativo Jung, et. al.,
1992;
Mueller, et.
al., 1993
a
Nota:(
a
) Dados obtidos do Sistema de Informação e Pesquisa em Carcinogênese Química, base de dados da
Livraria Nacional do Sistema TOXNET de Medicina (http://toxnet.nlm.nih.gov)
O teste de mutação reversa de Ames emprega linhagens de Salmonella
typhimurium auxotróficas para histidina (his-), apresentando mutações no operon
desse aminoácido o que não as torna capaz de crescer em meio de cultura mínimo,
58
sem histidina. Tais linhagens foram construídas para detectar mutações no operon
histidina, do tipo deslocamente do quadro de leitura (TA98, TA1537 ou TA97 e
TA1538), de substituição de pares de base (TA1535) e de ambos os tipos (TA100).
A TA102 detecta mutágenos intercalantes. O ensaio baseia-se na capacidade das
células bacterianas de reverterem mutações e restabelecer a funcionalidade de
síntese de histidina. A CAP apresentou resultados negativos em todas as linhagens
testadas, pelos métodos padrão e de pré-incubação, na ausência e presença de
ativação metabólica (mistura S9) estando de acordo com as diretrizes estabelecidas
pelo Protocolo 471 (OECD, 1997). Apesar da concentração máxima de 5000
µg/placa de CAP o ter sido testada (BAKER e BONIN, 1985) pelo método padrão,
concentração de até 10000 µg/placa de CAP através da pré-incubação foi testada
apresentando resultados negativos (ZEIGER e HAWORTH,1985).
A Tabela 13 mostra os resultados dos ensaios de mutagenicidade/genotoxicidade
in vitro da CAP em células V79, CHO, L5178Y, linfócitos humanos e em hepacitos de
ratos para detecção de mutações gênicas e cromossômicas, bem como de trocas
recíprocas de DNA entre cromátides irmãs e de ntese de DNA o programada (UDS).
Tabela 13 - Estudos de mutagenicidade da CAP em células de mamífero in vitro
Ensaio Células
Ativação
metabólica
Concentração
Resultado
Referência
Mutação
gênica/TK
L5178Y
-S9/+S9
Aroclor 1254
1130-
11320µg/mL
Negativo A
MACHER
e
T
URNER
,
1985
a
Mutação
gênica/
HPRT/6Tg
V79
-S9
1-1000 µg/mL Negativo K
URODA
, et.
al., 1985ª
Mutação
gênica/
HPRT/6Tg
V79 +S9
(fenobarbital e
benzoflavona)
32-1000
µg/mL
Negativo K
URODA
, et.
al., 1985ª
Mutação
gênica/
HPRT/6Tg
V79 -S9 1000-4000
µg/mL
Negativo F
OX
e
D
ELOW
,
1985ª
Mutação
gênica/
HPRT/6Tg
V79 +S9
(fenobarbital e
β-naftoflavona)
300-3000
µg/mL
Negativo F
OX
e
D
ELOW
,
1985ª
UDS/
3
H-TdR
Hepatócitos
de ratos
-S9
0,001- 10mM Negativo G
LAUERT
, et.
al., 1985ª
59
Tabela 13 (cont.) - Estudos de mutagenicidade da CAP em células de mamífero
in vitro
Ensaio Células
Ativação
metabólica
Concentração
Resultado Referência
Mutação
gênica/
HPRT/6Tg
CHO
-CEH/+CEH
1000-
2000µg/mL
Negativo Z
DZIENICKA
e
S
IMMONS
,
1985ª
Mutação
gênica/
HPRT/
Ouabaína
CHO
-CEH/+CEH
1000-
2000µg/mL
Negativo Z
DZIENICKA
e
S
IMMONS
,19
85ª
Mutação
gênica/
HPRT/
Ouabaína
V79
+CEH
0,1-1mM Negativo K
UROKI
e
M
UNAKATA
,
1985ª
Mutação
gênica/
HPRT/
Ouabaína
V79
+S15
(fenobarbital e
benzoflavona)
0,1-1mM Negativo K
UROKI
e
M
UNAKATA
,
1985ª
Mutação
gênica/TK
L5178Y
-S9/+S9
Aroclor 1254
500-10000
µg/mL
Negativo O
BERLY
et.
al., 1985ª
Aberração
cromossômica
Linfócitos
humanos
-S9/+S9
Aroclor 1254
2500-10000
µg/mL
7500 µg/mL:
Positivo
K
RISTIANSEN
e S
COTT
,
1989ª
Aberração
cromossômica
Linfócitos
humanos
-S9/+S9
Aroclor 1254
550-5500
µg/mL
5500 µg/mL:
Positivo
S
HELDON
,
1989ª
Aberração
cromossômica
Linfócitos
humanos
+S9
Aroclor 1254
25-400 mM 200 mM:
Positivo
N
ORPPA
e
J
ARVENTAUS
,
1989ª
Aberração
cromossômica
Linfócitos
humanos
-S9 12,5-100 mM 50 mM:
Positivo
N
ORPPA
e
J
ARVENTAUS
,
1989ª
Troca entre
cromátides-
irmãs
CHO -S9/+S9
Aroclor 1254
15,6-250 mM 125 mM(+S9):
Positivo
-S9: Negativo
N
ORPPA
e
J
ARVENTAUS
,
1989ª
Nota: (
ª
)Dados obtidos do Sistema de Informação de Pesquisa em Carcinogênese Química, base de dados da
Livraria Nacional do Sistema TOXNET de Medicina (http://toxnet.nlm.nih.gov); UDS: Síntese de DNA não
programada; CEH: Células embrionárias de hamster; TK: Timidina quinase; HPRT: Hipoxantina-guanina
fosforibosil transferase; 6Tg: 6-Tioguanina;
3
H-Tdr: Timidina tritiada; L5178Y: Células de linfoma de camundongo;
CHO: Células de ovário de hamster chinês; V79: Células de pulmão de hamster chinês.
A CAP foi negativa nos ensaios UDS (Protocolo 482, OECD, 1986), CHO e
V79/HPRT e L5178Y/TK mesmo quando testada em concentrações acima
(AMACHER e TURNER, 1985; OBERLY et al., 1985) da concentração limite
recomendada de 5000 µg/mL (Protocolo 476, OECD, 1997), na ausência e na
60
presença de diferentes sistemas de ativação metabólica (S9 de fígado de rato
induzido por Aroclor 1254 e fenorbabital/
β-naftoflavona e CEH). Quanto aos ensaios
de aberrações cromossômicas em linfócitos humanos e de trocas entre cromátides
irmãs em células CHO, a CAP somente causou resultados positivos o relevantes
em concentrações acima da recomendada de 5000 µg/mL ou 10 mM (Protocolos
473, OECD, 1997; 479, OECD, 1986). A maioria desses resultados parece estar
associada a erros técnicos aleatórios, pois os efeitos são geralmente fracos e não
reprodutíveis no mesmo ou entre laboratórios utilizando o mesmo sistema teste
(ASHBY e SHELBY, 1989).
4.3.4.2. Genotoxicidade in vivo
Nessa seção, são apresentados os estudos referentes a genotoxicidade in
vivo da CAP (Tabela 14) e a respectiva avaliação tendo por base as diretrizes
estabelecidas pelos Protocolos 477, OECD, 1984; 484, OECD, 1986; 474, 475, 483
e 486, OECD, 1997. Em caso de inexistência de diretrizes da OECD para os ensaios
de interesse, as diretivas da EPA foram utilizadas como referência alternativa.
Os testes conduzidos por Vogel (1989) em Drosophila melanogaster
empregando duas metodologias: SMART (teste de recombinação e de mutação
somática) e SLRL ou teste recessivo letal ligado ao sexo (Protocolo 477, OECD,
1984) mostraram que a CAP induziu respectivamente, mutações em células
somáticas e alterações nos estágios iniciais das células germinais, porém não
causou mutações nas lulas germinais do inseto. Quando comparado ao SMART,
o ensaio SLRL, tem uma maior relevância, pois permite a detecção de mutações
recessivas letais em cerca de 880 diferentes locus no cromossomo X o que
representa aproximadamente 80 % de todo cromosomo X, que, por sua vez,
corresponde a cerca de 1/5 do genoma total do inseto. Tanto a OECD quanto a
EPA não disponibilizam diretrizes para o teste SMART.
No ensaio de micronúcleo em células de medula óssea, a CAP, quando
administrada pelas vias oral (SHELDON, 1989) e intraperitoneal (ISHIDATE e
ODAGIRI, 1989) a duas diferentes cepas de camundongos não induziu dano
cromossômico e ao aparelho mitótico do eritroblasto. Baseado no Protocolo 474
(OECD, 1997), o número recomendado de células policromáticas micronucleadas a
ser analisado é de, no mínimo, 2000 lulas, sendo os resultados negativos obtidos
por Sheldon (1989) em ambos os sexos mais consistentes do que os obtidos por
Ishidate e Odagiri (1989).
61
A CAP, por via intraperitoneal, não induziu trocas entre cromátides irmãs e
aberrações cromossômicas em células de medula óssea de camundongos machos
B6C3F1 (MCFEE e LOWE, 1989) estando em termos gerais de acordo com as
diretrizes estabelecidas pela OECD (Protocolo 475, 1997). A OECD não disponibiliza
diretrizes para o ensaio in vivo de trocas entre cromátides irmãs, porém de acordo
com as recomendações da EPA (Protocolo OPPTS 870.5915, 1996) a restrição
encontra-se na utilização de apenas um sexo e no número de animais inferior ao
sugerido (5 animais/grupo). Apesar da diretiva ser flexível e admitir tal delineamento
em caso de justificativa, o artigo não a apresentou. Dessa forma, o trabalho está em
desacordo com o recomendado.
O Protocolo 486 (OECD, 1997) recomenda que os testes UDS in vivo em
células hepáticas, principalmente de ratos, sejam realizados em ambos os sexos,
com 3 animais por grupo e com pelo menos 2 níveis de dose administradas
preferencialmente por via oral. Salienta-se que a utilização de ambos os sexos pode
ser ignorada se houver dados disponíveis que comprovem a equivalência de efeito
entre os sexos para as espécies e vias de exposição a serem estudadas. O estudo
desenvolvido por Working (1989) utilizou espermatócitos, ao invés de hepatócitos de
ratos. Não guias na OECD ou EPA para ensaios UDS em células diferentes de
hepatócitos. Em contraposição ao sugerido pela OECD, Bermudez et al. (1989)
avaliaram somente uma dose de CAP por via oral (750 mg/kg). Parodi et al.
(1989), confirmaram os resultados negativos quanto a genotoxicidade da CAP em
hepatócitos de ratos obtidos por Bermudez et al. (1989). Parodi et al.(1989)
analisaram a fragmentação do DNA em hepatócitos de ratos e camundongos, após
administração via intraperitoneal de dose única de CAP (580 mg/kg), por três
diferentes métodos. Os ensaios realizados pelo método viscosimétrico e
fluororimétrico (considerados pelos autores mais consistentes) apresentaram
resultados negativos. Somente os resultados obtidos a partir da eluição alcalina
mostraram que a CAP pode ocasionar alterações na conformação da dupla hélice do
DNA, não relacionadas a qualquer dano no mesmo (PARODI et al., 1989). A OECD
e a EPA não disponibilizam guias para o ensaio de medida de fragmentação de DNA
mencionado acima.
A OECD (Protocolo 484, 1986) recomenda que o spot test em camundongos
para a detecção in vivo de mutações somáticas em células fetais seja realizado,
empregando-se pelo menos, dois níveis de dose de até 1000 mg/kg para
substâncias relativamente não xicas. Caso não seja possível, a maior dose
62
praticável deve ser utilizada. Sob esta ótica, os resultados de Fahrig (1989); Fahrig e
Klauss (1989) são relevantes, pois estão de acordo com o protocolo disponibilizado
pela OECD.
Friedman e Salerno (1980) avaliaram em ratos F344 os efeitos decorrentes da
administrão por via oral de dose única de CAP (1500 mg/kg) sobre o metabolismo
de aminoácidos, através da determinação das atividades enzimáticas da tirosina
aminotransferase (TAT) e da triptofano-oxigenase (TFO). A estrutura da CAP sugere
que a partir de sua hidrólise in vivo se forme o ácido
ε-aminocapróico. É esperado que
essa substância modifique as vias metabólicas normais, pois o aumento de
aminoácidos não-essenciais e de amino-compostos podem ocasionar alterações nas
vias de síntese e de degradação. Assim, a alta ingestão do aminoácido poderia causar
desequilíbrio ou ocasionar toxicidade que, eventualmente, pudesse estar relacionada
a estas alterações bioquímicas. Os autores desconsideraram a possibilidade de que o
aumento na indução de ambas enzimas pela CAP estivesse associado a dano ao
DNA ou na atividade da RNA polimerase, pois a indução permaneceu mesmo após a
administrão de actinomicina D, bloqueadora da RNA polimerase. Os autores ainda
chamam a atenção para o fato de haver redução dessa resposta para o tratamento
em doses repetidas e sugerem estudos adicionais. Sobre esta ótica, é preciso
compreender melhor a toxicocinética da CAP e estabelecer seus reais efeitos sobre
as vias metabólicas. A OECD e a EPAo disponibilizam protocolo para este ensaio.
63
Tabela 14 - Estudos da genotoxicidade in vivo da CAP
Ensaio Espécie Células Grupos (n°,
sexo)
Via de
exposição
Doses Efeitos Referência
Micronúcleo em
eritrócitos
Camundongos
C57BL/6J
Medula óssea 5 machos e 5
fêmeas/grupo
Oral
(dose única)
435; 700
mg/kg
700 mg/kg (1000
células analisadas):
Positivo
(5000 células
analisadas):
Negativo
S
HELDON
,
1989
Micronúcleo em
eritrócitos
Camundongos
ICR/JCL
Medula óssea 5 machos/grupo Intraperitoneal
(dose única)
125; 250;
500
mg/kg
1000 células
analisadas: Negativo
I
SHIDATE
e
O
DAGIRI
,
1989
Trocas entre
cromátides-irmãs
(SCE) e aberração
cromossômica(AC)
Camundongos
B6C3F1
Medula óssea SCE:
4 machos/grupo
AC.:
8 machos/grupo
Intraperitoneal
(dose única)
175; 350;
700
mg/kg
Ausência de indução
de SCE e AC.
M
CFEE
e
L
OWE
, 1989
UDS Ratos F344 Hepatócitos 3 machos/tempo
12; 24 e 48h
Oral
(dose única)
750
mg/kg
Ausência de indução
de dano ao DNA.
B
ERMUDEZ
et
al.,1989
UDS Ratos F344 Espermatócitos 3 machos/tempo
12; 24 e 48h
Oral
(dose única)
750
mg/kg
Ausência de indução
de dano ao DNA em
espermatócitos no
paquiteno
W
ORKING
,
1989
Nota: UDS: Síntese de DNA não programada.
64
Tabela 14(cont.) - Estudos da genotoxicidade in vivo da CAP
Ensaio Espécie Células Grupos
(n°, sexo)
Via de
exposição
Doses Efeitos Referência
Spot test em
camundongo
Camundongos
C57/B1XT
Melanoblastos Fêmeas: Mínimo
95/grupo
Intraperitoneal
(dose única)
400; 500
mg/kg
Indução de mutações e
de possível efeito
recombinogênico
F
AHRIG
,
1989;F
AHRIG
e
K
LAUSS
, 1989
Fragmentação
de DNA:
eluição alcalina
Ratos
Sprague-
Dawley
Hepatócitos 3 machos/grupo Intraperitoneal
(dose única)
580 mg/kg
Negativo com alteração
da conformação do
DNA
P
AROD
i et al.,
1989
Fragmentação
de DNA:
eluição alcalina
Camundongos
CD-I Swiss
Hepatócitos 5 machos/grupo Intraperitoneal
(dose única)
580 mg/kg
Negativo com alteração
da conformação do
DNA
P
ARODI
et al.,
1989
SMART
Drosophila
melanogaster
Células
somáticas
Fêmeas: Mínimo 406
olhos testados/grupo
Oral 2,5;
5,0;10;
20 mM
5; 10; 20 mM:
Clastogênica
V
OGEL
, 1989
SLRL Drosophila
melanogaster
Células
germinais
Machos e fêmeas:
Mínimo de 88/grupo
Oral 2,5;
5,0;10;
20 mM
Fêmeas: Clastogênica
Machos: Não
clastogênica
V
OGEL
, 1989
Notas: SMART: Teste de recombinação e de mutação somática em Drosophila melanogaster; SLRL: Teste recessivo letal ligado ao sexo em Drosophila melanogaster.
65
Resumindo, tanto in vitro quanto in vivo os estudos de genotoxicidade
apresentaram, em sua grande maioria, resultados negativos. Em contrapartida,
poucos são aqueles que atribuem um possível efeito genotóxico à CAP. Por
exemplo, a CAP foi considerada clastogênica para D. melanogaster (VOGEL, 1989)
e mutagênica em melanoblastos de camundongos (FAHRIG, 1989).
4.3.5. Carcinogenicidade
A carcinogenicidade é a capacidade de substâncias xenobióticas ou de outros
fatores do meio ambiente de induzir a formação de neoplasias malignas ou
cânceres. Em geral, a carcinogenicidade de uma substância química é a grande
preocupação no meio científico. Porém, a realização de estudos de longa duração
em ratos e camundongos exigem esforços financeiros e técnicos consideráveis.
Nessa área, um estudo é considerado referência quando nos referimos a exposição
por via oral à CAP. O estudo foi desenvolvido pelo National Toxicology Program
(NTP) em 1982, órgão ligado ao governo americano (Tabela 15). Trata-se de uma
avaliação bem abrangente e confiável. O estudo é consistente com os resultados
apresentados por Serota et al. (1988) no que se refere à redução do peso corporal
médio e de consumo de ração dos animais. Nenhum efeito carcinogênico foi
constatado. O estudo atendeu a todas as recomendações estabelecidas pelo
Protocolo 451 (OECD, 1981). Adicionalmente, a IARC através da Monografia de
Avaliação dos Riscos Carcinogênicos para Humanos (1999), no caso específico da
CAP, menciona que não existem dados epidemiológicos relevantes quanto a
carcinogenicidade da CAP e que evidências sugerindo ausência de atividade
carcinogênica em animais experimentais. A inexistência de dados epidemiológicos
consistentes em humanos levou a IARC a classificar a CAP como
provavelmente não carcinogênica.
66
Tabela 15 - Estudos toxicológicos in vivo da CAP desenvolvidos pelo National Toxicology Program
Ensaio Espécie Parâmetros Grupos
(n°, sexo)
Via e duração
de exposição
Doses
(mg/kg)
Efeitos
Toxicidade
aguda
Ratos F344 Mortalidade 5 machos e
fêmeas/grupo
Gavagem
(dose única)
681; 1000;
1470; 2150;
3160
Machos: mortes em doses 1470
mg/kg DL
50
= 1650 mg/kg
Fêmeas: mortes em doses. 1000
mg/kg DL
50
= 1210 mg/kg
Toxicidade
aguda
Camundongos
B6C3F1
Mortalidade 5 machos e
fêmeas/grupo
Gavagem
(dose única)
1000; 1470;
2150; 3160;
4640
Machos e fêmeas: mortes em doses
2150 mg/kg
Machos: DL
50
= 2070 mg/kg
Fêmeas: DL
50
= 2490 mg/kg
Toxicidade
Subaguda
Ratos F344 e
Camundongos
B6C3F1
Mortalidade,
sinais clínicos e
alterações anátomo-
patológicas
5 machos e
fêmeas/grupo
Oral
(14 dias)
5000; 10000;
15000; 20000;
30000*
Observou-se palidez e manchas nos
rins de ratos machos em todas as
doses (60 a 100% de incidência).
5000 ppm: morte de 1 rato macho
Toxicidade
Subcrônica
Ratos F344 Mortalidade,
sinais clínicos e
alterações anátomo-
patológicas
12 machos e
fêmeas/grupo
Oral
(90 dias)
625; 1250;
2500; 5000;
7500*
Ausência de mortalidade e alterações
anátomo-patológicas. Redução no
ganho de peso em torno de 13%, não
dose- dependente.
7500 ppm: redução do consumo de
ração em torno de 21 %.
Toxicidade
Subcrônica
Camundongos
B6C3F1
Mortalidade,
sinais clínicos e
alterações anátomo-
patológicas
10 machos e
fêmeas/grupo
Oral
(90 dias)
5000; 10000;
15000; 20000;
30000*
Ausência de alterações anátomo-
patológicas.
Fêmeas: 2 mortes em dose de 30000
ppm.
Machos: redução (36%) no ganho de
peso para todas as doses, não dose-
dependente.
Fêmeas: redução no ganho de peso
para todas as doses, dose-
dependente.
67
Tabela 15 (cont.) - Estudos toxicológicos in vivo da CAP desenvolvidos pelo National Toxicology Program
Ensaio Espécie Parâmetros Grupos
(n°, sexo)
Via e duração
de exposição
Doses
(mg/kg)
Efeitos
Carcinogenicidade
Ratos F344 Alterações anátomo-
patológicas
50 machos e
fêmeas/grupo
Oral
(720 dias)
3750; 7500* Negativo, porém apresentou
ganho de peso inferior ao
controle em ambas as doses.
Carcinogenicidade
Camundongos
B6C3F1
Alterações anátomo-
patológicas
50 machos e
fêmeas/grupo
Oral
(720 dias)
7500;
15000*
Negativo, porém apresentou
ganho de peso inferior ao
controle em ambas as doses.
Nota: (*) Doses de CAP em ppm na ração
68
4.3.6. Efeitos sobre a reprodução e desenvolvimento de animais
Os trabalhos que tratam dos posveis efeitos da CAP sobre o desenvolvimento
e reprodução apresentaram resultados coerentes. Durante a gestação, Gad et
al.(1987) trataram por via oral, ratos F344 (20/grupo experimental), com 3 doses de
CAP (100, 500 e 1000 mg/kg de peso corpóreo) e coelhos Nova Zelândia (20/grupo),
com doses de 50, 150 e 250 mg/kg peso corpóreo. Não foram observados efeitos
embriotóxicos ou teratogênicos. Baseado no Protocolo 414 referente à toxicidade de
desenvolvimento pré-natal (OECD, 2001), o estudo realizado por Gad et al. (1987)
não apresenta qualquer limitação. Serota et al. (1988) realizaram um estudo mais
abrangente de reprodução em três gerações, por via oral, também em ratos F344 (10
machos e 20 fêmeas/grupo), no qual analisaram diversos parâmetros, tais como,
mortalidade, sinais clínicos, desempenho reprodutivo e alterações anátomo-
patológicas, especialmente dos órgãos do sistema reprodutivo. O estudo não
constatou quaisquer alterões clínicas, anátomo-patológicas bem como em índices
de fertilidade/gestação, de sobrevivência da prole, no número de nascidos vivos e
filhotes por ninhada em ratos F344 de ambos os sexos expostos à dose de 1000 ppm
de CAP na ração equivalente à dose diária de 50 mg/kg de peso corpóreo. Entretanto
as doses de 5000 e 10000 ppm de CAP na ração, correspondentes a 2500 e 5000
mg/kg de peso corpóreo, causaram redução no ganho de peso corpóreo e no
consumo de ração, principalmente, em animais da e gerões Adicionalmente,
na dose de 10000 ppm ocorreu um leve aumento de nefropatias espontâneas em
machos da 1ª geração. Cabe salientar que a OECD disponibiliza diretrizes para
estudos sobre reprodução e desenvolvimento, porém nenhum que se enquadre
perfeitamente nos experimentos realizados por Serota et al. (1988). A OECD oferece
os Protocolos 415 de 1983 e 416 de 2001 para o tipo de ensaio desenvolvido por
Serota et al. (1988), referentes, respectivamente, aos estudos de toxicidade
reprodutiva em uma e duas gerações. A despeito disso, o Protocolo 416, foi utilizado
na análise do estudo de Serota et al.(1988). Esse estudo encontra-se de acordo com
as diretrizes da OECD (2001).
Resumindo, a CAP não provoca efeitos adversos sobre a reprodução e
desenvolvimento pré-natal na mesma cepa de ratos F344 e não induz câncer em
camundongos B6C3F1 e em ratos F344 de ambos os sexos. Baseado nos estudos de
carcinogenicidade e desenvolvimento, a exposição prolongada à CAP pode,
entretanto, promover redução do consumo alimentar e redução de peso corporal.
69
5. CONCLUSÕES
O método desenvolvido e validado para a detecção e quantificação da migração
de caprolactama a partir de filmes contendo nylon 6 em simulante etanol 95% foi
considerado adequado ao propósito. Todos os parâmetros avaliados como faixa de
trabalho, linearidade, efeito matriz, seletividade, repetitividade, precisão
intermediária, recuperação e limites de detecção e quantificação apresentaram
resultados satisfatórios. A linearidade foi comprovada na faixa de concentração de 2
a 32 mg/L. O limite de detecção e quantificação estabelecidos foram de 0,83 e 1,63
mg/L, respectivamente. A repetitividade apresentou valores para
HorRat
inferiores a
2 e a recuperação oscilou entre valores de 97,5 e 106,5%.
Os filmes multicamadas contendo nylon 6 e destinados ao acondicionamento de
mortadela, blanquet de peru, peito de aves, apresuntado, além daquela denominada
ND foram avaliadas quanto à migração de ε-caprolactama. Os resultados para ε-
caprolactama oscilaram de 7,8 a 29,7 mg/kg de simulante. Dentre as embalagens
analisadas, 35% para mortadelas (suína, frango ou chester), 33% para blanquet de
peru e 100% para peito de aves e patês apresentaram migração superior a 15
mg/kg. Caso o etanol 95% fosse aceito como simulante D alternativo pela legislação
brasileira (BRASIL, 1999), como é pela legislação européia (CE, 1982), tais
amostras seriam consideradas não conformes por ambas as legislações (BRASIL,
1999; EU, 2002). Somente os limites de migração específica nas embalagens ND e
de apresuntado não foram ultrapassados.
Com relação a toxicologia da CAP, pode-se concluir que:
A CAP pode ocasionar irritação ocular e queimaduras na córnea em coelhos e
dermatite cutânea em cobaias. Porém, há controvérsia quanto à capacidade da CAP
causar sensibilização em cobaias. Os estudos em animais confirmaram efeitos
cutâneos e oculares descritos em humanos a partir do contato direto ou pela
exposição aos vapores ou poeira da CAP. Tais efeitos são caracterizados por sinais
de dermatite, eczema, fissuras e/ou descamação da pele bem como conjuntivite e
queimaduras da córnea.
De acordo com a EPA, os estudos epidemiológicos por via inalatória foram
considerados inadequados para o estabelecimento de uma concentração de
70
referência de CAP para exposição crônica por via inalatória. Diferentemente, a
ACGIH e o NIOSH estabeleceram, respectivamente, como concentrações limites de
exposição ocupacional à CAP no ar, as concentrações de 5 mg/m³ e 1mg/m³.
Apesar das deficiências e problemas nos relatos epidemiológicos, há uma
sinalização de que a CAP possa causar em humanos, irritação nasal e na garganta,
tosse e broncoespasmo quando expostos por via inalatória à concentrações cerca
de 60 e 12 vezes superiores aos limites estabelecidos, respectivamente pelo ACGIH
e NIOSH. Podem ocorrer ainda rinorréia, ressecamento nasal, hipotensão,
taquicardia, palpitações, alterações no ciclo menstrual, complicações no parto, além
de convulsão e leucocitose.
Quanto à exposição por via oral, baseando-se em Serota et al. (1988), a EPA
estabeleceu o valor de 0,5 mg/kg/dia ou de 35 mg/dia como a ingestão diária
tolerável (IDT) para CAP para um indivíduo de 70 kg.
A UE e o Brasil estabeleceram seus limites de migração específica de CAP
para embalagens plásticas (nylon 6) de alimentos, com base no estudo desenvolvido
pelo NTP. Visando a proteção da saúde humana, a UE recomendou um valor para
IDT de 0,25 mg/kg de peso de alimento/dia correspondente a 15 mg/kg de alimento
para adultos pesando, em média, 60 kg. Algumas amostras de embalagens
ultrapassaram esse limite com valores quase o dobro do recomendado.
Os riscos à saúde advindos da exposição por via oral à CAP, principalmente
em níveis superiores ao limite estabelecido pela legislação (IDT) são, de uma certa
forma, menos preocupantes do que por outras vias de exposição. Nos estudos com
animais por via oral a CAP não foi genotóxica, teratogênica, carcinogênica e mostrou
ausência de efeitos sobre o desenvolvimento e a reprodução. A exposição
prolongada à CAP pode, entretanto promover redução do consumo alimentar e de
peso corpóreo.
Um aspecto a ser investigado por via oral é a toxicocinética da CAP e o seu
efeito sobre o metabolismo como, por exemplo, o mecanismo pelo qual o tratamento
agudo leva a indução de TAT e TFO em ratos enquanto, em doses repetidas, a
reversão de tal efeito.
Diante desse levantamento, é evidente a necessidade de realização de
estudos relativos à natureza e a participação da CAP nas vias metabólicas ou
endócrinas.
71
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