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MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS
CARACTERÍSTICAS DA FORRAGEM, SELETIVIDADE E
PRODUTIVIDADE DE BOVINOS EM PASTAGENS DE
CAPIM-BRAQUIÁRIA DIFERIDAS
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
MARÇO - 2007
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BIOGRAFIA
MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS, filho de Carlos Alberto Ismério
dos Santos e Eliana Rozalino Santos, nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro, em
10 de janeiro de 1981.
Em dezembro de 2000 formou-se em técnico em Química pela Escola
Técnica Federal de Campos (CEFET-CAMPOS), em Campos dos Goytacazes,
Rio de Janeiro.
Em Julho de 2005, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal de
Viçosa (UFV), em Viçosa, Minas Gerais.
Em agosto de 2005, iniciou o curso de Mestrado em Zootecnia, na área de
Forragicultura e Pastagens, nesta Universidade, defendendo a dissertação em XX
de março de 2007.
2
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................iv
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. viii
RESUMO ................................................................................................................ x
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 3
2.1. Estacionalidade produtiva das gramíneas tropicais ...................................... 3
2.2. Diferimento da pastagem .............................................................................. 3
2.3. Dinâmica do acúmulo de forragem em pastos diferidos ............................... 5
2.4. Estrutura do pasto diferido ............................................................................ 6
2.5. Valor nutritivo da forragem diferida ............................................................... 8
2.6. Ações de manejo no diferimento da pastagem ............................................. 9
2.6.1. Escolha da espécie forrageira ................................................................ 9
2.6.2. Épocas de diferimento e utilização do pasto diferido .............................. 9
2.6.3. Adubação nitrogenada .......................................................................... 10
2.6.4. Altura do pasto ...................................................................................... 11
2,6,5. Suplementação da forragem diferida .................................................... 12
2.7. Seletividade de bovinos em pastejo ........................................................... 13
2.8. Potencial de produção em pastagens diferidas .......................................... 15
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 18
3.1. Espécie vegetal ........................................................................................... 18
3.2. Período experimental .................................................................................. 18
3.3. Local do experimento .................................................................................. 18
3.4. Clima ........................................................................................................... 19
3.5. Área experimental ....................................................................................... 21
3.6. Delineamento experimental e tratamentos ................................................. 22
3.7. Manejo da pastagem .................................................................................. 23
3.8. Solo da área experimental e adubação ...................................................... 23
3.9. Avaliações realizadas no pasto .................................................................. 25
3.9.1. Densidade populacional de perfilhos .................................................... 25
3
3.9.2. Alturas e índice de tombamento ........................................................... 25
3.9.3. Massa de forragem e de seus componentes morfológicos .................. 26
3.9.4. Densidade volumétrica da forragem ..................................................... 27
3.10. Animais ..................................................................................................... 27
3.10.1. Consumo de suplemento .................................................................... 28
3.10.2. Controle de peso dos animais ............................................................ 28
3.10.3. Taxa de lotação .................................................................................. 28
3.10.4. Ganho de peso por animal .................................................................. 29
3.10.5. Ganho de peso por unidade de área .................................................. 29
3.10.6. Pastejo simulado ................................................................................. 29
3.11. Valor nutritivo ............................................................................................ 30
3.12. Massa de matéria seca potencialmente digestível ................................... 31
3.13. Análise estatística ..................................................................................... 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 33
4.1. Características estruturais do pasto ........................................................... 33
4.1.1. Densidade populacional de perfilhos .................................................... 33
4.1.2. Massa de forragem e de seus componentes morfológicos .................. 37
4.1.3. Alturas e índice de tombamento ........................................................... 49
4.1.4.Densidade volumétrica da forragem e dos componentes morfológicos..55
4.1.5. Descrição da estrutura dos pastos diferidos e acamados .................... 58
4.2. Valor nutritivo dos componentes morfológicos da forragem ....................... 59
4.3. Seletividade de bovinos em pastagens diferidas ........................................ 65
4.3.1 Composição morfológica ....................................................................... 65
4.3.2. Valor nutritivo ........................................................................................ 72
4.4. Matéria seca potencialmente digestível ...................................................... 81
4.5. Taxa de lotação .......................................................................................... 84
4.6. Consumo de suplemento ............................................................................ 85
4.7. Produtividade animal .................................................................................. 87
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 97
6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 99
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 101
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Temperatura média mensal durante o período experimental e
a média de 30 anos.
19
Figura 2 - Precipitação pluvial média mensal durante o período
experimental e a média de 30 anos.
20
Figura 3 - Insolação média mensal durante o período experimental e a
média de 30 anos.
20
Figura 4 - Croqui da área experimental.
21
Figura 5 - Colheita da amostra de forragem procurando simular a
composição morfológica da forragem apreendida pelo animal
em pastejo.
29
Figura 6 - Densidade populacional de perfilhos em pastagens sob
distintos períodos de diferimento (médias de todo o período de
pastejo).
36
Figura 7 - Densidade populacional de perfilhos durante o período de
pastejo (médias de todas as pastagens diferidas).
36
Figura 8 - Perfilhos aéreos oriundos da gema axilar de perfilhos
decapitados em pastos diferidos.
37
Figura 9 - Área experimental no início do período de utilização das
pastagens diferidas no ANO 2.
39
Figura 10 - Massa de forragem total (FT) no 1° dia de pastejo em pastos
de capim-braquiária sob distintos períodos de diferimento (D.
40
Figura 11 - Massa de forragem total em pastagens de capim-braquiária
submetidas à distintos períodos de diferimento, no 1° e no 85°
dia de pastejo do ANO 1.
42
Figura 12 - Massa de forragem seca durante o período de pastejo em
pastagens diferidas no ANO 1.
43
Figura 13 - Massa de colmo verde no primeiro (1°) e no último (85°) dia de
pastejo em pastagens de capim-braquiária diferidas por
distintos períodos.
45
Figura 14 - Média das massas dos componentes morfológicos da
forragem diferida em pastagens submetidas aos diferentes
períodos de diferimento e de pastejo no ANO 1 (A e C) e no
ANO 2 (B e D).
47
5
Figura 15 - Pastagem de capim-braquiária diferida por 73 dias, durante as
avaliações das alturas do pasto (A) e da planta estendida (B);
índice de tombamento igual a 1,3.
52
Figura 16 - Pastagem de capim-braquiária diferida por 163 dias, durante
as avaliações das alturas do pasto (A) e da planta estendida
(B); índice de acamamento igual a 3,2.
53
Figura 17 - Densidade volumétrica da lâmina foliar verde (LV) e da lâmina
foliar seca (LS) em pastos de capim-braquiária diferidos por
73 e 163 dias, durante o período de pastejo.
57
Figura 18 - Densidade volumétrica dos componentes morfológicos da
forragem em pastagens diferidas de capim-braquiária
submetidas a períodos de diferimento (A) e de pastejo (B)
distintos.
58
Figura 19 - Perfilhos tombados, dispostos de forma paralela à superfície
do solo, em pasto de capim-braquiária diferido por 163 dias.
59
Figura 20 - Teor de proteína bruta (PB) dos componentes morfológicos da
forragem diferida no início e no término do período de pastejo
(médias de todas as pastagens diferidas de capim-braquiária).
60
Figura 21 - Teor de fibra em detergente neutro (FDN) dos componentes
morfológicos da forragem diferida no início e término do
período de pastejo (médias de todos os pastos diferidos de
capim-braquiária).
62
Figura 22 - Teores de FDN indigestível (FDNi) e de FDN potencialmente
digestível (FDNpoD) dos componentes morfológicos da
forragem diferida no início e término do período de pastejo
(médias de todos as pastos diferidos de capim-braquiária).
63
Figura 23 - Teor de matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) nos
componentes morfológicos da forragem diferida no início e
término do período de pastejo (médias de todos os pastos
diferidos de capim-braquiária).
64
Figura 24 - Pastejo preferencial nos estratos intermediários do pasto
realizado por bovinos em pastagens diferidas.
69
Figura 25 - Comparação entre a proporção dos componentes
morfológicos na forragem disponível e na forragem
selecionada por bovinos em resposta aos períodos de
diferimento da pastagem (média de todo o período de
pastejo).
70
6
Figura 26 - Comparação entre a proporção dos componentes
morfológicos na forragem disponível e na forragem
selecionada por bovinos durante o período de pastejo (médias
de todas as pastagens diferidas).
71
Figura 27 - Composição químico-bromatológica na forragem disponível e
na forragem selecionada por bovinos em pastagens diferidas
de capim-braquiária por distintos períodos (médias de todo
período de pastejo).
78
Figura 28 - Composição químico-bromatológica na forragem disponível e
na forragem selecionada por bovinos durante o período de
pastejo (média de todas as pastagens de capim-braquiária
diferidas).
79
Figura 29 - Teores de proteína bruta (PB) e matéria seca potencialmente
digestível (MSpoD) na forragem selecionada e na lâmina foliar
verde em pastagens de capim-braquiária durante o início e o
término do período de pastejo.
81
Figura 30 - Matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) em
pastagens de capim-braquiária sob distintos períodos de
diferimento e de pastejo.
82
Figura 31 - Disponibilidades médias de forragem total (MST) e matéria
seca potencialmente digestível (MSpoD) em pastagens de
capim-braquiária sob diferentes períodos de diferimento (A) e
durante o período de pastejo (B).
83
Figura 32 - Taxa de lotação em pastagens diferidas de capim-braquiária
durante o período de pastejo no ANO 1 e no ANO 2.
84
Figura 33 - Consumo de suplemento em pastagens de capim-braquiária
durante o período de pastejo.
85
Figura 34 - Consumo de suplemento (CSU) em função das massas de
forragem total (FT) e de matéria seca potencialmente
digestível (MSpoD) em pastagens diferidas de capim-
braquiária no ANO 2.
86
Figura 35 - Ganho de peso médio diário de bovinos em pastagens
diferidas de capim-braquiária durante o período de pastejo no
ANO 1.
88
Figura 36 - Ganho de peso médio diário de bovinos em pastagens de
capim-braquiária diferidas por distintos tempos durante seu
período de utilização no ANO 2.
89
7
Figura 37 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens
diferidas de capim-braquiária em função das massas de
forragem verde (FV), lâmina foliar verde (LV) e colmo verde
(CV) no ANO 1.
91
Figura 38 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens
diferidas de capim-braquiária em função das massas de
forragem verde (FV), lâmina foliar verde (LV) e colmo verde
(CV) no ANO 2.
92
Figura 39 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens
diferidas de capim-braquiária em função da altura do pasto
(AP) e das densidades de forragem verde (FV), lâmina foliar
verde (LV) e colmo seco (CS).
93
Figura 40 - Consumo de suplemento (CS) e desempenho animal (GPD)
em pastagens sob diferentes períodos de diferimento (média
de todo o período de pastejo no ANO 2).
94
Figura 41 - Produção animal por área em pastagens diferidas de capim-
braquiária durante o período de pastejo no ANO 1;
significativo pelo teste t a 1% (**).
95
Figura 42 - Produção animal por área em pastagens diferidas de capim-
braquiária durante o período de pastejo no ANO 2.
96
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Datas de início do diferimento das pastagens e seus
respectivos períodos de diferimento no ANO 1 e no ANO 2
22
Tabela 2 - Datas das avaliações realizadas durante o período de
utilização das pastagens diferidas e seus períodos de pastejo
correspondentes
23
Tabela 3 - Resultado analítico das características químicas de amostras
do solo na camada de 0 a 20 cm de profundidade da área
experimental
24
Tabela 4 - Densidade populacional de perfilhos em pastos diferidos de
capim-braquiária, em função dos períodos de diferimento (D)
e de pastejo (P)
34
Tabela 5 - Massas de forragem total (FT), verde (FV) e seca (FS) em
pastos diferidos de capim-braquiária, em função dos períodos
de diferimento (D) e de pastejo (P)
38
Tabela 6 - Massas dos componentes morfológicos da forragem em
pastos diferidos de capim-braquiária, em função dos períodos
de diferimento (D) e de pastejo (P)
44
Tabela 7 - Coeficiente de correlação linear simples entre as massas dos
componentes morfológicos da forragem e o número de
perfilhos em pastagens diferidas de capim-braquiária
48
Tabela 8 - Altura do pasto (AP), da planta estendida (APE) e índice de
tombamento (IT) em pastagens diferidas de capim-braquiária,
em resposta aos períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
50
Tabela 9 - Classificação do pasto diferido de capim-braquiária quanto ao
nível de tombamento das plantas
51
Tabela 10 - Coeficiente de correlação linear simples entre a massa de
forragem e de seus componentes morfológicos e a altura e o
índice de acamamento em pastagens diferidas
53
Tabela 11 - Densidades volumétricas (kg /ha.cm de MS) de forragem total
(FT), verde (FV) e seca (FS) em pastagens diferidas de
capim-braquiária, em função dos períodos de diferimento (D)
e de pastejo (P)
55
Tabela 12 - Densidades volumétricas (kg/ha.cm de MS) dos componentes
morfológicos da forragem em pastagens diferidas de capim-
braquiária, em função dos períodos de diferimento (D) e de
pastejo (P)
56
9
Tabela 13 - Proporções dos componentes morfológicos da forragem em
pastos diferidos de capim-braquiária, sob distintos períodos
de diferimento (D) e de pastejo (P)
65
Tabela 14 - Proporções (%) dos componentes morfológicos da forragem
selecionada por bovinos em pastagens diferidas de capim-
braquiária, em resposta aos períodos de diferimento (D) e de
pastejo (P)
66
Tabela 15 - Coeficientes de correlação linear simples entre as proporções
dos componentes morfológicos da forragem disponível e da
forragem selecionada por bovinos em pastagens diferidas de
capim-braquiária
67
Tabela 16 - Composição químico-bromatológica da forragem em
pastagens diferidas de capim-braquiária, em função dos
períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
73
Tabela 17 - Coeficientes de correlação linear simples entre os
componentes morfológicos e a composição química da
forragem em pastagens diferidas de capim-braquiária
75
Tabela 18 - Composição químico-bromatológica da forragem selecionada
por bovinos em pastagens diferidas de capim-braquiária, em
função dos períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
76
Tabela 19 - Coeficientes de correlação linear simples entre os
componentes morfológicos e a composição química da
forragem selecionada por bovinos em pastagens diferidas de
capim-braquiária
77
10
RESUMO
SANTOS, Manoel Eduardo Rozalino, M. S., Universidade Federal de Viçosa, xx de
março de 2007. Características da forragem, seletividade e produtividade de
bovinos em pastagens de capim-braquiária diferidas. Orientador: Dilermando
Miranda da Fonseca. Conselheiros: José Ivo Ribeiro e Valéria Pacheco Batista
Euclides.
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a produção e as
características da forragem, bem como o comportamento seletivo e o desempenho
de bovinos, em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, suplementados, sob
distintos períodos de diferimento e de pastejo. O experimento foi conduzido no
Setor de Forragicultura da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG,
durante o período de janeiro de 2004 a setembro de 2005. Neste período, o
experimento foi repetido duas vezes. O primeiro experimento foi realizado de
janeiro a setembro de 2004 e, foi denominado de ANO 1. O segundo experimento
foi realizado de janeiro a setembro de 2005 e, foi denominado de ANO 2. Utilizou-
se o delineamento experimental em blocos completos casualizados, com duas
repetições, em um esquema de parcelas subdivididas. Os tratamentos consistiram
de períodos de diferimento da pastagem, correspondentes ao fator primário, e
períodos de pastejo, referentes ao fator secundário. No ANO 1, os níveis do fator
primário foram 103, 121, 146 e 163 dias de diferimento; e no ANO 2, os níveis
foram 73, 103, 131 e 163 dias de diferimento. Em ambos os anos, os períodos de
pastejo foram 1, 29, 57 e 85 dias. Avaliou-se a densidade populacional de
perfilhos, a massa e a densidade da forragem e de seus componentes
morfológicos, o índice de tombamento do pasto, o valor nutritivo da forragem, a
seletividade de bovinos em pastejo, o consumo de suplemento e a produtividade
animal nas pastagens diferidas. O período de diferimento elevou a densidade
populacional de perfilhos reprodutivo e morto e reduziu a de perfilho vegetativo.
Durante o período de utilização ocorreu diminuição no número de perfilhos
vegetativo e reprodutivo e incremento no número de perfilho morto. Pastagens
11
diferidas por mais tempo apresentaram maiores massas de forragem total,
forragem morta e de colmo morto. Com o período de pastejo, ocorreu o
decréscimo das massas de forragem total, forragem verde e de lâmina foliar
verde, bem como o acréscimo nas massas de forragem morta e de colmo morto.
O índice de tombamento permitiu a caracterização do nível de acamamento do
pasto diferido. Nessa condição, a mensuração da altura da planta estendida
associou-se significativamente com a massa de forragem na pastagem (r = 0,78).
As densidades de forragem total e de forragem morta aumentaram com o período
de diferimento, enquanto que o período de pastejo incrementou a densidade de
colmo morto. O comportamento das densidades das lâminas foliares durante o
período de pastejo foi dependente dos períodos de diferimento. O valor nutritivo de
cada componente morfológico do pasto foi alterado durante o período de pastejo.
As composições morfológica e química da forragem ingerida por bovinos foram
modificadas pelos períodos de diferimento e de pastejo. O valor nutritivo da
forragem selecionada sempre foi superior ao da forragem disponível na pastagem.
A avaliação da lâmina foliar verde foi inadequada para estimar a composição
químico-bromatológica da forragem ingerida por bovinos em pastejo. A expressão
da massa de forragem em matéria seca potencialmente digestível auxiliou a
caracterização da forragem e relacionou-se com a composição morfológica da
forragem e com o desempenho animal em pastagens diferidas (r=0,65). Durante o
período de pastejo, o consumo do suplemento foi aumentado. O desempenho dos
bovinos diminuiu durante a utilização das pastagens e naquelas diferidas por
longo tempo, o que esteve intimamente relacionado às características estruturais
do pasto diferido. O tempo de diferimento das pastagens não deve ser
demasiadamente longo quando o objetivo for a maximização do desempenho
animal.
12
1. INTRODUÇÃO
A importância das pastagens na produção de bovinos no Brasil é
inquestionável e reconhecida, o que pode ser justificado pela vasta extensão
territorial do Brasil e pelo baixo custo de produção nestas condições. No país,
existem 180 milhões de hectares entre pastagens nativa e cultivada, dos quais
cerca de 85% são ocupados por gramíneas do gênero Brachiaria (MACEDO,
2004).
Uma das principais características das gramíneas tropicais é a
estacionalidade produtiva, consequência da própria fenologia das forrageiras e
das condições climáticas distintas no decorrer do ano. Essa distribuição
desuniforme da oferta de forragem resulta na sazonalidade da produção animal
em pastagens.
Atualmente, existem várias estratégias para disponibilizar forragem
suplementar durante o período crítico do ano em recurso forrageiro, tais como:
formação de capineiras de capim ou de cana-de-açúcar, ensilagem, fenação,
diferimento do uso da pastagem e cultivo de forrageiras de inverno. Todas essas
alternativas são viáveis tecnicamente, porém poucas serão condizentes com os
objetivos e metas do sistema de produção (DA SILVA & PEDREIRA, 1999).
O diferimento do uso da pastagem é uma estratégia de manejo da pastagem
de fácil adoção e de baixo custo, porém, isoladamente, não resulta em alto
desempenho animal (SANTOS, 2000; GOMES JR, 2000), visto que a forragem
diferida é, em geral, de baixa qualidade. Dessa forma, quando se almeja elevado
desempenho animal, tem-se recomendado o fornecimento de suplementos
múltiplos durante o período de utilização do pasto diferido (PAULINO et al., 2006).
No entanto, para melhorar a eficiência da suplementação em pastagens
diferidas, a forragem produzida deve possuir razoável valor nutritivo. Ademais, sua
disponibilidade, assim como sua estrutura, não devem ser limitantes ao consumo
animal. Esses objetivos apenas serão obtidos através do manejo adequado da
pastagem antes e durante o diferimento. De fato, o manejo da pastagem é um
recurso de baixo custo e de grande efeito econômico.
13
A manipulação do tempo em que o pasto permanece diferido constitui-se em
ação de manejo fundamental para garantir que as metas de produção de
forragem, em quantidade e qualidade, sejam atingidas. Entretanto, é durante o
período de pastejo que ocorrem as respostas de plantas e animais à estrutura do
pasto diferido. Portanto, a compreensão do comportamento da planta durante o
tempo de diferimento e o conhecimento da interface planta-animal durante o
período de pastejo pode resultar na geração de recomendações eficientes de
manejo que otimizem a produção animal em pastagens diferidas.
Diante do exposto, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de
avaliar a produção e as características da forragem, bem como o comportamento
seletivo e o desempenho de bovinos, em pastos de Brachiaria decumbens cv.
Basilisk, suplementados, sob distintos períodos de diferimento e de pastejo.
14
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1- Estacionalidade produtiva das gramíneas tropicais
Um princípio básico norteia e orienta todas as tomadas de decisão em
sistemas produtivos baseados na utilização de pastagens: procura-se sempre
adequar suprimento e demanda por alimentos durante o ano (DA SILVA &
PEDREIRA, 1997). No entanto, o equilíbrio entre oferta e demanda de forragem é
dificultado em pastagens tropicais, devido à produção de forragem diferenciada
durante o ano.
Vale destacar que a estacionalidade produtiva de forragem não é
característica exclusiva das pastagens brasileiras (ROLIM, 1994). Existem países
em que as condições de clima são bem mais severas quanto ao seu efeito
limitante ao crescimento vegetal. Além disso, há diferenças entre as espécies e,
ou cultivares de forrageiras tropicais no que diz respeito à sensibilidade às
condições restritivas do clima, como se constata no trabalho de PEDREIRA &
MATOS (1981).
Durante os meses do ano, o valor nutritivo da forragem disponível nas
pastagens é diferenciado, podendo-se dizer que existe também a estacionalidade
qualitativa de forragem em pastagens tropicais. GOMES JR. (2000) avaliou a
variação estacional no valor nutritivo do pasto de B. decumbens durante os meses
de dezembro de 1997 a outubro de 1998 e constatou que, nesse período, os
teores de proteína bruta diminuíram de 8,75 para 3,53%, e os de fibra em
detergente neutro, aumentaram de 70,98 para 80,48 %.
2.2 -Diferimento da pastagem
A estacionalidade produtiva é uma realidade em países de clima tropical e,
para minimizar seus efeitos, várias estratégias de manejo da pastagem podem ser
empregadas, de acordo com o perfil do sistema de produção. No Brasil, pesquisas
sobre o diferimento de pastagens não são recentes. CORSI (1994) citou os
15
trabalhos de Rolim e de Moura, que no ano de 1976 procuraram determinar, em
São Paulo, a melhor utilização dos capins de Rhodes cv. Callide, Brachiaria
decumbens e grama-estrela, em um sistema de pastejo diferido.
O diferimento de pastagens, também denominado de vedação da pastagem,
pastejo diferido, pastejo protelado (RODRIGUES & REIS, 1999) ou, ainda,
“produção de feno-em-pé” (EUCLIDES et al., 1990) é uma estratégia de manejo
que consiste em selecionar determinadas áreas da propriedade e excluí-las do
pastejo, geralmente no fim do verão ou no outono. Desta forma, é possível garantir
um acúmulo de forragem para ser pastejada durante o período de sua escassez,
minimizando os efeitos da sazonalidade de produção forrageira (SANTOS &
BERNARDI, 2005). Além de constituir uma reserva de forragem, as plantas
florescem e produzem sementes, contribuindo para a regeneração e
sustentabilidade da pastagem.
Em pastagens nativas, o diferimento é adotado para revigorar a cobertura
vegetal e permitir que as espécies de maior aceitação pelo animal aumentem sua
capacidade de competição, através do aumento da área da coroa da planta e
maior produção de sementes, com as espécies menos desejáveis (MARASCHIN,
1994).
De acordo com CORSI (1986), o diferimento da pastagem é uma das
estratégias empregadas com o objetivo de aumentar o período de pastejo e possui
três princípios técnicos embutidos em sua condução, quais sejam: acúmulo de
forragem ainda possível de ser obtido no terço final do período de crescimento de
“verão”, decréscimo mais lento da qualidade das gramíneas forrageiras tropicais à
medida que estas crescem na fase final do período de “verão”, e elevada
eficiência de utilização da forragem acumulada. Segundo esse autor, essa
alternativa tem a desvantagem de não possibilitar grandes mudanças nas taxas de
lotação das pastagens, uma vez que o vigor da rebrota durante o período seco é
limitado por fatores ambientais.
Segundo MARTHA JÚNIOR & BALSALOBRE (2001), empreendimentos
baseados na exploração de pastos diferidos são caracterizados por taxas de
lotação animal raramente superiores a 1,5 a 2,0 UA/ha.ano, o que limita seu uso
16
aos sistemas produtivos em fase inicial de intensificação. Corroborando essa
assertiva, ROLIM (1994) afirmou que a adoção do pastejo diferido seria a primeira
técnica de manejo, com vista a minimizar os efeitos da estacionalidade da
produção forrageira, a ser adotada quando se pretende intensificar o sistema de
produção.
A adoção do diferimento da pastagem resulta na geração de um estoque de
forragem que pode, então, ser utilizada durante o período de escassez em recurso
forrageiro. A utilização desse estoque de forragem é um dos mecanismos de
“tamponamento” do sistema pastoril (BARIONE et al., 2003).
2.3- Dinâmica do acúmulo de forragem em pastos diferidos
Nos últimos anos, vários estudos sobre o acúmulo de forragem em pastos
tropicais têm sido desenvolvidos objetivando-se gerar recomendações de manejo
eficientes e racionais. Nesse sentido, CARNEVALLI (2003), estudando a dinâmica
do acúmulo de forragem do capim-mombaça sob pastejo em lotação intermitente,
observou que, imediatamente após o pastejo, a rebrotação foi iniciada
basicamente por meio do acúmulo de folhas e, a partir dos 95% de interceptação
luminosa pelo dossel forrageiro, o processo de acúmulo sofreu uma mudança,
caracterizada pela redução no acúmulo de folhas e aumento acentuado no
acúmulo de colmo e material senescente. Esse mesmo comportamento do
acúmulo de forragem foi descrito para Panicum maximum cv. Tanzânia
(BARBOSA, 2004), Brachiaria brizantha cv. Marandu (DA SILVA, 2004) e cv.
Xaraés (PEDREIRA, 2006). Na prática, o que esses estudos indicam é que a
freqüência de desfolhação das gramíneas tropicais deve ser maior do que a
correntemente empregada.
Essa estratégia de manejo não é factível de uso em pastagens diferidas, pois
para que seja possível garantir um suficiente estoque de massa de forragem
diferida para uso durante o período seco do ano, há a necessidade de se adotar
um período de descanso da pastagem mais longo. Assim, o período de
diferimento da pastagem é, via de regra, mais prolongado do que o tempo de
17
descanso dessa mesma pastagem quando manejada sob lotação intermitente
durante a estação de crescimento, por exemplo.
O longo período de crescimento da forrageira durante o diferimento leva,
inevitavelmente, à ocorrência do processo de senescência e morte de tecidos da
planta. Nesse contexto, vale destacar a proposta de PAULINO et al. (2004),
segundo a qual, durante o período seco do ano, as estratégias de manejo devem
ter como objetivo reduzir a diferenciação morfológica e conviver com a
senescência.
As estimativas de produção de forragem em pastagens diferidas são
variáveis, principalmente em função das épocas de diferimento e utilização dos
pastos diferidos. MENEZES (2004), em revisão de literatura, encontrou resultados
de produtividade, máxima e mínima, iguais a 10.253 e 1.700 kg/ha de matéria
seca em pasto de B. brizantha.
2.4- Estrutura do pasto diferido
Durante o crescimento e desenvolvimento, que resultam no acúmulo de
forragem, a planta modifica sua morfologia e, consequentemente, sua estrutura.
Segundo LACA & LEMAIRE (2000), a estrutura do pasto pode ser definida como
sendo a distribuição e arranjo espacial dos componentes da parte aérea das
plantas dentro de uma comunidade, ou seja, é a forma como a forragem está
disponível ao animal durante o pastejo.
A estrutura do pasto é uma característica central e determinante tanto da
dinâmica de crescimento e competição nas comunidades vegetais quanto do
comportamento ingestivo dos animais em pastejo (CARVALHO et al., 2001).
Características estruturais do pasto afetam o tamanho do bocado, o número de
bocado por unidade de tempo, o tempo de pastejo e, finalmente, o consumo e
desempenho animal (STOBBS, 1973). Além disso, as características estruturais
de perfilhos individuais determinam o índice de área foliar da planta (LEMAIRE &
CHAPMAN, 1996). A presença de área foliar garante a interceptação da radiação
fotossintetizante, uma condição fundamental para a ocorrência da fotossíntese.
18
Em pastos diferidos, a estrutura pode ser limitante ao desempenho animal
em função do longo período de crescimento da forrageira. Durante esse período
ocorrem redução no percentual de folhas, incremento na proporção de material
morto e colmo, aparecimento da inflorescência e, consequentemente, redução na
relação folha/colmo. OLIVEIRA (1999), em trabalho com capim-tifton 85, verificou
redução na relação lâmina/colmo de 1,39 para 0,45 nas idades de 14 e 70 dias de
rebrota, respectivamente.
Com o avanço da idade das plantas, a relação entre perfilhos vegetativos,
reprodutivos e mortos também se modifica. TAMASSIA (2000), trabalhando com
capim-de-Rhodes em seis maturidades, observou aumento linear no número de
inflorescências por unidade de área com a idade. Segundo FAGUNDES (1999),
grande parte dos perfilhos que estão na fase reprodutiva morre quando atingem
estádios mais avançados de idade, aumentando a contribuição de material morto
na disponibilidade de forragem. Além disso, acúmulo de forragem por longos
períodos muitas vezes inibe o desenvolvimento de novos perfilhos devido à baixa
luminosidade na base das plantas (PEDREIRA et al., 2001).
O tombamento de perfilhos constitui-se uma característica estrutural
importante em pastos diferidos, comumente chamados de acamados. COSTA
(1981) ressaltou o possível efeito deletério do acamamento do pasto sobre o
consumo e as perdas de forragem durante o pastejo. Esta condição está
associada a pastos que tiveram um longo período de diferimento e,
consequentemente, possuem grande quantidade de forragem de baixa qualidade.
Em pastos acamados, as perdas de forragem durante o pastejo pedem ser
elevadas e, como consequência, a eficiência de pastejo bastante reduzida.
As características estruturais do pasto tornam-se menos predisponentes ao
consumo e ao desempenho animal durante o período de utilização do pasto
diferido. Em geral, nesse período, ocorre redução da massa de forragem e,
principalmente, da forragem verde. Por outro lado, há incremento na massa de
material morto durante o período de pastejo (BONFIM, 2000; SANTOS, 2000;
MORAES, 2003; MENEZES, 2004; SALES, 2005).
19
2.5- Valor nutritivo da forragem diferida
O valor nutritivo de uma forragem é determinado pela sua concentração em
nutrientes, pela digestibilidade desses nutrientes e pela natureza dos produtos
digeridos (MOOT & MOORE, 1970).
De acordo com BLASER (1994), as gramíneas, quando crescem do estádio
vegetativo a estádios morfológicos mais avançados, apresentam aumento nos
teores de fibra (espessamento da parede celular) e lignina, bem como redução
nos teores de proteína e digestibilidade da matéria seca.
MENEZES (2004) sumarizou os resultados de alguns trabalhos de pesquisa
em que se avaliou a composição químico-bromatológica e a digestibilidade da
forragem em pastagens diferidas no momento de sua utilização. Esse autor
constatou que os teores de proteína bruta foram inferiores a 7%. Abaixo deste
valor, as exigências em compostos nitrogenados dos microrganismos do rúmem
deixam de ser atendidas (VAN SOEST, 1994), comprometendo a utilização dos
substratos enérgicos disponíveis, como a fibra. Esse fato torna-se mais
preocupante se considerarmos que, durante o período de utilização da pastagem
diferida, os teores de proteína bruta decrescem, enquanto que os de fibra em
detergente neutro, em geral, são aumentados (BONFIM, 2000; SANTOS, 2000;
MORAES, 2003; ACEDO, 2004; MENEZES, 2004; SALES, 2005;). Isso é
consequência do pastejo seletivo dos bovinos, que ingerem preferencialmente a
lâmina foliar verde. Adicionalmente, nesse período, não ocorre rebrotação
significativa da forrageira após o pastejo, já que este ocorre no inverno.
Mais recentemente, PAULINO et al. (2006) propuseram o conceito de matéria
seca potencialmente digestível como um índice que integra os aspectos
qualitativos e quantitativos da forragem disponível em pastejo. Teoricamente, a
matéria seca potencialmente digestível é composta pela soma de todos os
componentes da forragem potencialmente disponíveis ao processo digestivo.
Nesse sentido, o manejo da pastagem deve ser conduzido com o objetivo de
produzir forragem contendo baixo teor de fibra em detergente neutro indigestível.
20
2.6- Ações de manejo no diferimento da pastagem
2.6.1- Escolha da espécie forrageira
De acordo com SANTOS & BERNARDI (2005), as espécies forrageiras
indicadas para o diferimento devem possuir bom potencial de acúmulo de
forragem durante o outono e baixo ritmo de redução do valor nutritivo durante seu
crescimento. Esta última característica está intimamente relacionada à época de
florescimento da forrageira, já que nesse estádio sua qualidade decresce
rapidamente. Dessa forma, deve-se dar preferência a forrageiras que não
apresentem pico de florescimento no outono.
Nesse sentido, gramíneas do gênero Brachiaria (B. decumbens, B. brizantha
cv. Marandu), Cynodon (capins estrela, coastcross e tifton) e Digitaria (capim-
pangola) são boas opções para o diferimento (EUCLIDES, 2001). Este autor faz
outras considerações: relativamente a Brachiaria humidicola tem grande
capacidade de acúmulo de forragem, porém o seu valor nutritivo é baixo quando
comparado ao das outras espécies de Brachiaria; as gramíneas de crescimento
cespitoso, tais como as do gênero Panicum, Pennisetum e Andropogon, quando
diferidas por períodos longos, apresentam acúmulo de colmos grossos e baixa
relação folha/colmo e, portanto, não são indicadas para produção de “feno-em-pé”;
não se recomenda vedar áreas de B. decumbens com histórico de infestação de
cigarrinhas-das-pastagens.
Considerando-se que existem extensas áreas de pastagens no país
formadas com gramíneas do gênero Brachiaria e que estas possuem
características apropriadas para o diferimento, este constitui uma estratégia com
grande potencial de aplicação no território nacional.
2.6.2- Épocas de diferimento e utilização do pasto diferido
A época de diferimento é uma das ações de manejo de maior efeito sobre a
produção e a qualidade da forragem diferida. Pastos diferidos por períodos mais
21
longos possuem menor valor nutritivo e os riscos de perdas de forragem, antes e
durante sua utilização, serão maiores. Por outro lado, pastos com menor período
de diferimento, resultam em baixo acúmulo de forragem.
De modo geral, recomenda-se o diferimento da pastagem entre dezembro a
abril e a utilização entre junho e setembro
(SANTOS & BERNARDI, 2005). Vale
ressaltar que as recomendações de épocas de diferimento e de utilização da
pastagem diferida não devem ser generalizadas, visto que cada região e
propriedade possuem condições de clima, solo e recurso forrageiro, dentre outros,
bastante característicos.
SANTOS & BERNARDI (2005) sugeriram o uso de modelos de simulação,
semelhantes àqueles utilizados no zoneamento agrícola, como forma de agregar
informações que permitam gerar uma recomendação prática sobre as épocas de
diferimento e uso das pastagens para as diferentes regiões do país.
O diferimento conduzido de forma escalonada constitui-se uma opção
interessante quanto à manipulação das datas de diferimento e uso do pasto
diferido. Como exemplo, EUCLIDES & QUEIROZ (2000) recomendaram o
diferimento escalonado das pastagens da seguinte forma: vedam-se 40% da área
de pastagem destinada à produção de “feno-em-pé” no início de fevereiro para
consumo de maio até final de julho; e vedam-se os 60% restantes no início de
março para utilização de agosto a meados de outubro. A área de pastagem
vedada em fevereiro deverá ser menor do que a vedada em março, uma vez que
essa pastagem apresentará maior produção de forragem por ter sido vedada em
período mais favorável ao crescimento.
2.6.3- Adubação nitrogenada
O uso de adubo nitrogenado em pastagens é recomendado, principalmente,
durante o período de primavera e verão com o objetivo, dentre outros, de
intensificar o sistema de produção através da exploração do mérito genético das
gramíneas tropicais. Porém essa estratégia também pode ser adotada para
garantir uma produção de forragem menos desuniforme durante o ano.
22
COSTA (1999), trabalhando com Brachiaria humidicola, verificou que a
adubação nitrogenada aplicada de forma parcelada (1/3 da dose em novembro e
2/3 em março) incrementou a produção de inverno, expressa como percentagem
da produção anual, em 14% quando comparado ao tratamento controle (toda a
dose de nitrogênio aplicada em novembro).
Adicionalmente, a adubação nitrogenada é uma prática de manejo que pode
permitir uma maior flexibilização quanto ao tempo de diferimento da pastagem,
visto que o nitrogênio aumenta a taxa de crescimento da gramínea (FAGUNDES,
2004; MISTURA, 2004; GARCEZ NETO, 2001) e, consequentemente, a
quantidade da forragem produzida por unidade de tempo.
Contudo é importante destacar que a fertilização nitrogenada em áreas de
pastagens, quando realizadas tardiamente na estação de crescimento de “verão”,
pode resultar em perdas de nitrogênio por volatilização (MARTHA JÚNIOR et al.,
2004). E esta é a época em que, geralmente, se realiza o diferimento da
pastagem. Caso essas perdas aconteçam, o resultado esperado da adubação
pode ser reduzido ou, até mesmo, não ocorrer.
2.6.4- Altura do pasto
Uma estratégia de manejo recomendada por PAULINO et al. (2001) consiste
na realização de um pastejo intenso, com categorias animais menos exigentes,
imediatamente antes do início do diferimento da pastagem, com o objetivo de
alterar a estrutura do pasto, removendo a forragem velha, senescente e de baixa
qualidade, além de melhorar a rebrota subsequente.
Com o pasto mais baixo, haverá a penetração de luz até a superfície do solo
e, assim, estímulo ao aparecimento de novos perfilhos para a produção de um
novo, vegetativo e nutritivo pasto (BLASER, 1994). De fato, para os capins
Tanzânia e Mombaça (Panicum maximum Jacq.), o aumento da intensidade e,ou
freqüência de pastejo a partir de fevereiro reduziu o número de perfilhos
reprodutivos e a participação de colmo na massa de forragem (SANTOS, 2002;
CARNEVALLI, 2003).
23
Durante o período de diferimento da pastagem, seria prudente evitar que a
altura do pasto se torne demasiadamente alta. SANTOS (2000) constatou o
acamamento do pasto diferido de capim-braquiária em algumas áreas devido à
elevada altura das plantas forrageiras, que se acentuou com o pisoteio dos
animais durante o período de pastejo.
2.6.5- Suplementação da forragem diferida
No diferimento da pastagem, torna-se necessário realizar uma
suplementação do pasto, se o objetivo for a obtenção de desempenho animal
elevado.
O tipo e a composição do suplemento utilizado influencia o desempenho
animal e a utilização do pasto diferido. Em grande parte, essas respostas
decorrem dos efeitos associativos entre o pasto e o suplemento. MOORE (1980)
classificou os efeitos associativos em três tipos: efeito substitutivo, em que ocorre
a redução do consumo de energia digestível oriunda da forragem e aumento no
consumo de concentrado, mantendo-se constante o consumo total de energia
digestível; efeito aditivo, onde há um aumento do consumo de energia digestível
em virtude do incremento no consumo de concentrado, podendo o consumo de
energia oriunda da forragem permanecer constante ou ser aumentado; e efeito
combinado, onde há redução no consumo de forragem associado ao aumento no
consumo de concentrado, resultando, assim, em maior consumo de energia
digestível total.
EUCLIDES & MEDEIROS (2005), analisando resultados de experimentos
que avaliaram o desempenho de bovinos de corte em pastagens suplementadas
durante o período seco do ano, constaram que: o desempenho animal geralmente
é incrementado quando se faz uso de maiores quantidades de suplemento, o
maior efeito da suplementação é conseguido em pastagens com maior
disponibilidade de forragem e maior desempenho animal ocorre quando a
forragem possui melhor valor nutritivo. Os autores ressaltaram, ainda, que a
capacidade de suporte da pastagem pode ser aumentada com o uso do
24
suplemento, embora diminuição na taxa de lotação possa ocorrer como
consequência da suplementação com pequenas quantidades de suplemento. Esta
última situação pode ocorrer quando se corrigem os nutrientes específicos que
estão deficientes na forragem, o que resulta em sua maior ingestão.
Um dos objetivos do pasto diferido é o suprimento, para os microrganismos
do rúmem e para o bovino, dos nutrientes limitantes e ausentes na forragem
diferida, os quais permitirão que o animal consuma mais forragem, proceda à
digestão ou metabolize a mesma quantidade de forragem de forma mais eficiente
(REIS et al., 2005). Nesse contexto, torna-se necessário caracterizar
qualitativamente a dieta advinda da pastagem, bem como sua quantidade, a fim
de definir a quantidade e o tipo de suplemento a ser fornecido.
REIS et al. (2005) analisaram vários trabalhos sobre suplementação em
pasto no Brasil e observaram que não existe, na grande maioria, uma
preocupação de relacionar a quantidade e a qualidade da forragem com o tipo de
suplementação a ser aplicada. Assim, a suplementação tem sido definida de forma
isolada das características da forragem, fato este justificado inicialmente pela falta
de um índice qualitativo que permita traçar um plano de suplementação.
2.7- Seletividade de bovinos em pastejo
A dieta consumida por bovinos em pastejo difere botânica e quimicamente
daquela disponível na pastagem devido ao comportamento seletivo desses
animais. O comportamento seletivo depende de fatores ligados à planta e ao
animal.
De acordo com CARVALHO FILHO et al. (1984), os animais exercem um
pastejo seletivo não só por determinadas espécies vegetais, mas também por
partes (órgãos) da planta, de acordo com a quantidade em oferta, acessibilidade,
aceitabilidade e valor nutricional. No que tange à preferência do animal por certas
partes da planta, a folha é o componente morfológico preferido (CARDENAS &
LASCANO, 1988). Essa preferência pela folha parece estar relacionada não só
com a maior digestibilidade foliar (VAN SOEST, 1994), mas também com a sua
25
maior acessibilidade e menor resistência à apreensão em relação ao colmo
(MINSON, 1982).
A disponibilidade e as características das plantas pastejadas variam durante
uma seqüência de pastejo, devido a sua evolução fenológica ou ao impacto do
próprio pastejo (CARVALHO et al., 2006). Quando ocorrem mudanças que
prejudicam a estrutura do pasto, a capacidade de seleção de forragem pelos
animais torna-se fator preponderante, evitando, parcialmente, que a diminuição na
qualidade e na acessibilidade da forragem disponível resulte em desempenho
animal inferior.
No sistema de pastejo diferido, o animal também deve desenvolver o pastejo
seletivo. Dessa forma, há possibilidade do animal ingerir os nutrientes necessários
à sua mantença e mesmo produção, pois a forragem ingerida possui valor nutritivo
mais elevado quando comparada à forragem disponível na pastagem. Em
contrapartida, qualquer vantagem em termos de concentração de nutrientes na
forragem ingerida pode ser compensada pela desvantagem de uma redução na
taxa de ingestão de forragem (PAULINO et al., 2002).
A caracterização da forragem disponível na pastagem não representa a
forragem ingerida por bovinos em pastejo. Para conhecer as características da
forragem consumida, torna-se necessário a adoção de outras metodologias de
amostragem de forragem. Dentre estas, destaca-se a realização do pastejo
simulado e a utilização de animais contendo fístula esofágica. Esta última teria
como vantagem o fato de o pastejo está sendo realizado pelo próprio animal
(EUCLIDES et al. 1992).
GOMES JR. (2000) comparou diferentes métodos de amostragem da
forragem em pastagem de Brachiaria decumbens, nos meses de agosto e outubro,
e concluiu que a amostra de forragem disponível, obtida pela colheita com uso de
um quadrado, não representa a dieta selecionada pelo animal (obtida por meio da
simulação do pastejo e por coleta de extrusa). EUCLIDES et al. (1992), estudando
técnicas de amostragem da forragem pastejada, determinaram que o pastejo
simulado não apresentou diferenças em relação à extrusa, sendo esta última
obtida pelo uso da fístula esofágica.
26
2.8- Potencial de produção em pastagens diferidas
Na produtividade da pastagem há um elemento quantitativo, o rendimento
forrageiro, e outro qualitativo, o valor alimentício da forragem. O primeiro
caracteriza a capacidade de suporte da pastagem, estimada em termos de
animais por área; e o segundo condiciona a produção por animal, juntamente com
as características do animal como raça, sexo, estado fisiológico, etc (GOMIDE &
GOMIDE, 2001).
Em pastagens diferidas, provavelmente o fator qualitativo seja o mais
limitante à sua produtividade. A avaliação dos resultados da composição químico-
bromatológica da forragem diferida, embora variáveis, servem de subsídio para
classificá-la como de baixa qualidade. Isso faz com que as categorias animais
mais indicadas para fazerem uso dessa forragem sejam as de menor exigência
nutricional. Outrossim, categorias de bovino manejadas para elevado desempenho
individual não são indicadas para o consumo da forragem diferida apenas. No
entanto, se a forragem diferida for suplementada com concentrados, animais mais
exigentes podem ser mantidos em pastos diferidos sem comprometer o seu
desempenho.
O desempenho de novilhos mestiços de origem leiteira, castrados, com peso
médio inicial de 379 Kg, foi avaliado por BONFIM (2000). Os animais foram
mantidos em pasto diferido de Brachiaria decumbens durante sete meses e
receberam níveis crescentes de concentrados. Na medida em que se aumentou a
quantidade de concentrado fornecida aos animais, o ganho de peso médio diário
elevou-se de 0,417 para 0,809 Kg/animal.dia.
Em pasto diferido de Brachiaria brizantha, novilhos mestiços, castrados e
com peso médio inicial de 345 Kg, foram suplementados com 4 Kg/animal.dia de
diferentes suplementos isoprotéicos (ACEDO, 2004). O desempenho médio obtido
com esses animais foi de aproximadamente 720 gramas/animal.dia.
GOMES JR. (2000) avaliou o desempenho de novilhos Holandês X Zebu,
castrados, com médias de peso e idade inicial de 248 Kg e 10 meses, em
pastagem de Brachiaria decumbens, entre os meses de julho e outubro. Os
27
animais que consumiram cerca de 1,5 kg/animal.dia de suplemento tiveram um
ganho de peso médio diário de 465 gramas/animal.dia, enquanto que aqueles não
suplementados ganharam apenas 9 gramas/animal.dia.
Em trabalho conduzido por SANTOS (2000), em pastagem diferida de
Brachiaria decumbens, sem suplementação, tourinhos F1, Limousin X Nelore, com
média de 19 meses de idade e 374 Kg de peso, apresentaram um ganho de peso
médio diário igual a 104 gramas/animal.dia durante os meses de junho a outubro.
Pela avaliação dos resultados apresentados, constata-se que o desempenho
de bovinos em pastagens diferidas é modesto e inferior aos desempenhos
conseguidos quando o pasto é suplementado. Mesmo assim, o diferimento
constitui-se em boa estratégia para ofertar forragem durante o período seco do
ano, tendo em vista que nessa época os animais normalmente estariam perdendo
peso.
EUCLIDES (2001) constatou ser possível triplicar a capacidade de suporte
da área utilizando-se parte das pastagens intensivamente durante o período das
águas, mantidas com reposição anual de N-P-K, micronutrientes e calagem, e
produzindo-se “feno-em-pé” suplementado durante o período seco. Esse sistema
era constituído por pastagens de três gramíneas, com a seguinte composição:
30% da área de capim-Tanzânia, 35% de capim-marandu e 35% de B.
decumbens. Durante o período das águas, o capim-tanzânia é utilizado
intensivamente, enquanto os pastos de braquiárias são subutilizados e vedados a
partir de fevereiro. Durante o período seco, a utilização dos pastos é revertida, ou
seja, as braquiárias são utilizadas intensivamente e o capim-tanzânia é
subpastejado.
SANTOS & BERNARDI (2005) realizaram uma simulação para determinar os
limites da estratégia de diferimento da pastagem em termos de taxa de lotação.
Pela simulação, a taxa de lotação potencial no Brasil Central seria de 1,24; 1,55 e
1,86 UA/ha, enquanto que na região Norte, seria de 1,78; 2,23 e 2,68 UA/ha, para
solos de baixa, média e alta fertilidade, respectivamente. Tendo em vista que a
taxa de lotação média no Brasil é de cerca de 0,6 UA/ha, o diferimento da
28
pastagem constitui-se em tecnologia promissora para aumentar a capacidade de
suporte das pastagens.
29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1- Espécie vegetal
A gramínea forrageira estudada foi a Brachiaria decumbens cv. Basilisk
(Stapf.), também conhecida por outras denominações, tais como: capim-
braquiária, braquiarinha e decumbens. Para facilidade de entendimento e de
redação, será utilizado o nome capim-braquiária desse ponto em diante do texto.
O capim-braquiária, oriundo de Unganda, foi levado para a Austrália em 1930
e registrado como cultivar Basilisk (MACKAY, 1982). Na década de 1960, essa
cultivar foi introduzida no Brasil pelo Instituto de Pesquisas Internacionais, em
Matão, São Paulo.
3.2- Período experimental
O trabalho de pesquisa ocorreu de janeiro de 2004 a setembro de 2005.
Nesse período, o experimento foi repetido duas vezes. O primeiro experimento foi
realizado de janeiro a setembro de 2004 e será denominado de ANO 1. O
segundo experimento foi realizado de janeiro a setembro de 2005 e será
denominado de ANO 2.
3.3- Local do experimento
O experimento foi conduzido no setor de Forragicultura do Departamento de
Zootecnia, na Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizada no município de
Viçosa, estado de Minas Gerais. Viçosa está a 20° 45’ de latitude Sul e 42° 51’ de
longitude Oeste.
30
3.4- Clima
O clima da região de Viçosa, de acordo com o sistema de Köppen, é do tipo
Cwa, com precipitação anual em torno de 1.340 mm e umidade relativa do ar
média de 80%. As temperaturas máxima e mínima são de 22,1 e 15ºC. Sua
altitude é de 651 m. Os dados climáticos para a área experimental durante o
período de realização do experimento foram obtidos na estação meteorológica do
Departamento de Engenharia Agrícola da UFV, de janeiro de 2004 a setembro de
2005 (Figuras 1, 2 e 3). Os dados climáticos médios de Viçosa correspondem ao
período de 1961 a 1990 (média de 30 anos) e foram oriundos do arquivo do
Departamento de Engenharia Agrícola da UFV.
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Temperatura média mensal (°C)
Média (30 anos)
2004/2005
Figura 1- Temperatura média mensal durante o período experimental e a média de
30 anos.
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Precipitação média mensal (mm)
Média (30 anos)
2004/2005
Figura 2- Precipitação pluvial média mensal durante o período experimental e a
média de 30 anos.
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S
e
t/
05
Mês
Insolação média mensal (horas/dia)
Média (30 anos) 2004/2005
Figura 3- Insolação média mensal durante o período experimental e a média de 30
anos.
32
3.5- Área experimental
A área de pastagem utilizada no experimento foi subdividida em oito piquetes
de 0,25 a 0,40 ha cada, além de uma área reserva, totalizando cerca de três
hectares (Figura 4). O capim-braquiária reestabeleceu naturalmente nessa área
em 1997, após o plantio e avaliação do capim-elefante (Pennisetum purpureum cv.
Mott). Desde 1997, essa pastagem vem sendo utilizada para o desenvolvimento
de projetos de pesquisa.
P = piquete; B = bloco; D = período de diferimento; D1 = 103 e 73 dias de diferimento no
ANO 1 e ANO 2, respectivamente; D2 = 121 e 103 dias de diferimento no ANO 1 e ANO
2, respectivamente; D3 = 146 e 131 dias de diferimento no ANO 1 e ANO 2,
respectivamente; D4 = 163 dias de diferimento em ambos os anos;
Figura 4- Croqui da área experimental.
33
3.6- Delineamento experimental e tratamentos
O experimento foi conduzido segundo o esquema de parcelas subdivididas
utilizando o delineamento em blocos casualizados, com duas repetições. Os
tratamentos consistiram de períodos de diferimento da pastagem,
correspondentes ao fator primário, e períodos de pastejo, referentes ao fator
secundário. No ANO 1, os níveis do fator primário foram 103, 121, 146 e 163 dias
de diferimento; e no ANO 2, os níveis foram 73, 103, 131 e 163 dias de
diferimento. Os períodos de diferimento foram casualizados à parcela. Nas
subparcelas, os períodos de pastejo foram distribuídos inteiramente ao acaso.
Para a implementação desses tratamentos, os piquetes foram diferidos em épocas
distintas (Tabela 1).
Tabela 1- Datas de início do diferimento das pastagens e seus respectivos
períodos de diferimento no ANO 1 e no ANO 2
ANO 1 ANO 2
Data de Início do
Diferimento
Período de
Diferimento (dia)
Data de Início
do Diferimento
Período de
Diferimento (dia)
25/03/2004 103 25/04/2005 73
07/03/2004 121 26/03/205 103
11/02/2004 146 26/02/2005 131
25/01/2004 163 25/01/2005 163
No ANO 1 e no ANO 2, o início do pastejo em todos os piquetes foi em única
data e os períodos de pastejo foram 1, 29, 57 e 85 dias. Estes corresponderam às
ocasiões em que as avaliações foram realizadas, ou seja, a partir do primeiro dia
de pastejo e repetidas a cada 28 dias, até o término do experimento. As datas
dessas avaliações, durante o período de pastejo, encontram-se na Tabela 2.
34
Tabela 2- Datas das avaliações realizadas durante o período de utilização das
pastagens diferidas e seus períodos de pastejo correspondentes
Data das Avaliações
Dias após o Início do período de
Pastejo
7 de julho 1
4 de agosto 29
1 de setembro 57
29 de setembro 85
3.7- Manejo da pastagem
Durante o período de dezembro de 2003 até as datas de início do diferimento
do ANO 1, e de novembro de 2004 até as datas de início de diferimento do ANO
2, todos os piquetes foram manejados sob lotação contínua, com taxa de lotação
variável. Nestes períodos, as alturas dos pastos foram mensuradas semanalmente
e mantidas em aproximadamente 20 cm, segundo a metodologia proposta por
FAGUNDES (2004).
A partir das datas de início de diferimento, os piquetes permaneceram
diferidos até o dia sete de julho, quando teve início o período de utilização dos
mesmos. Nesse período, todas as pastagens (piquetes) foram manejadas sob
lotação contínua com taxa de lotação fixa e igual, inicialmente, a cerca de 3
UA/ha.
3.8- Solo da área experimental e adubação
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho-
Amarelo, de textura argilosa e com relevo medianamente ondulado.
Em 17 de dezembro de 2003 (ANO 1) foi feita a amostragem do solo, na
camada de 0 a 20 cm de profundidade, em todos os piquetes da área
experimental. Em função do resultado da análise química das amostras de solo
35
(Tabela 3), não houve a correção do pH do solo. A adubação fosfatada foi
efetuada no dia 6 de janeiro de 2004, com a aplicação de 50 kg/ha de P
2
O
5
, na
forma de superfosfato simples. Já a adubação potássica foi realizada de forma a
proporcionar uma disponibilidade de 150 mg/dm
3
em toda a área experimental,
sendo aplicada na forma de cloreto de potássio e juntamente com a adubação
nitrogenada.
Tabela 3- Resultado analítico das características químicas de amostras do solo na
camada de 0 a 20 cm de profundidade da área experimental
pH P K Ca
+2
Mg
+2
Al
+3
t T V m P-rem
Piquete
H
2
O mg/dm
3
--------------cmolc/dm
3
-------------- ----%---- mg/L
1
5,08 1,4 73 2,13 0,34 0,2 2,86 8,96 29,7 7,0 23,8
2
4,73 1,8 113 2,66 0,50 0,2 3,65 11,05 31,2 5,5 19,1
3
4,90 1,7 119 2,85 0,62 0,1 3,87 13,37 28,2 2,6 18,1
4
4,96 2,9 67 2,56 0,59 0,1 3,42 9,92 33,5 2,9 16,4
5
4,84 1,7 82 2,28 0,56 0,3 3,35 11,45 26,6 9,0 16,2
6
4,78 2,9 86 2,52 0,70 0,2 3,64 12,04 28,6 5,5 20,0
7
5,26 3,8 149 2,38 0,56 0,1 3,42 10,12 32,8 2,9 20,7
8
5,31 3,3 96 2,18 0,57 0,1 3,10 8,60 34,9 3,2 25,3
A adubação nitrogenada foi realizada nas datas de início do diferimento,
sempre no período da tarde, onde 70 kg/ha de nitrogênio, na forma de uréia e em
cobertura, foram aplicados em cada unidade experimental.
No ANO 2, foi realizada apenas a adubação nitrogenada nas datas de início
do diferimento, de forma semelhante àquela realizada no ANO 1.
36
3.9- Avaliações realizadas no pasto
3.9.1- Densidade populacional de perfilhos
A determinação da densidade populacional de perfilhos foi realizada no ANO
1 e no ANO 2, a partir do primeiro dia de utilização das pastagens diferidas e
repetida a cada 28 dias, até o término do período de pastejo.
Três amostragens por piquete foram efetuadas em pontos que
representavam a condição média do pasto. Foram cortados, ao nível do solo,
todos os perfilhos contidos no interior de um quadrado de 0,25 m de lado. Esses
perfilhos foram acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e,
em seguida, levados para o laboratório, onde foram separados e quantificados em
perfilhos vegetativos, reprodutivos e mortos.
Os perfilhos vivos que tinham a inflorescência visível foram classificados
como reprodutivos; os vivos que não tinham a inflorescência visível foram
denominados de vegetativos; e aqueles cujo colmo estava totalmente necrosado
foram classificados de mortos. O somatório dos perfilhos vegetativos e
reprodutivos correspondeu aos perfilhos vivos.
3.9.2- Alturas e índice de tombamento
As medições das alturas do pasto (AP) e da planta estendida (APE) iniciaram
após 28 dias do início do período de pastejo e, a partir de então, foram realizadas
a cada 28 dias, até o fim do período de utilização das pastagens diferidas no ANO
2. Essas avaliações ocorreram ao longo de um caminhamento em zig-zag pelos
piquetes, mensurando-se 50 pontos por unidade experimental.
A AP em cada ponto foi determinada utilizando-se o instrumento descrito por
FAGUNDES (2004) e teve como critério a distância entre a parte da planta
localizada mais alto no dossel e o nível do solo.
37
A APE foi mensurada estendendo-se os perfilhos da gramínea no sentido
vertical e anotando-se a maior distância desde o nível do solo até o ápice dos
perfilhos.
A criação do índice de tombamento (IT) das plantas teve por objetivo
determinar, de forma menos subjetiva, o grau de acamamento constatado em
alguns pastos diferidos durante a condução do experimento. Não existia, até
então, um procedimento rápido e de fácil execução para esta finalidade. Assim, o
IT foi calculado pelo quociente entre a APE e a AP.
3.9.3- Massa de forragem e de seus componentes morfológicos
Essas avaliações ocorreram desde o primeiro até o último dia do período de
pastejo, a intervalos de 28 dias, no ANO 1 e ANO 2.
A massa de forragem foi estimada mediante o corte das plantas de capim-
braquiária em três áreas representativas da condição média do pasto em cada
piquete. Em cada área, foi realizado o corte, ao nível do solo, de todos os perfilhos
contidos no interior de um quadrado de 0,25 m
2
de área, constituindo-se uma
amostra. Cada amostra foi acondicionada em saco plástico identificado e, no
laboratório, pesada e subdividida em duas partes. Uma das subamostras foi
pesada, acondicionada em saco de papel e colocada em estufa com ventilação
forçada, a 65
o
C, durante 72 horas, quando novamente foi pesada. Com esses
dados, estimou-se a massa seca de forragem total (FT) por unidade de área.
Para avaliação dos componentes morfológicos da forragem, a outra
subamostra foi separada manualmente em lâmina foliar verde, colmo verde,
lâmina foliar morta e colmo morto. A inflorescência e a bainha foliar verdes foram
incorporadas à fração colmo verde. A região da lâmina foliar que não apresentava
sinais de senescência (órgão de cor verde) foi incorporada à fração lâmina foliar
verde. A região do colmo e da lâmina foliar senescentes e mortos (com
amarelecimento e/ou necrosamento do órgão) foram incorporados à fração colmo
morto e lâmina foliar morta, respectivamente. Após a separação, os componentes
foram pesados e secos em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, por 72
38
horas. A partir desses dados, estimou-se a massa dos componentes morfológicos
da forragem por unidade de área, bem como suas proporções (%) na forragem. O
somatório das massas de lâmina foliar verde e colmo verde correspondeu à
massa de forragem verde (FV), e a soma das massas de lâmina foliar morta e
colmo morto foi denominada de massa de forragem morta (FM).
3.9.4- Densidade volumétrica da forragem
A densidade volumétrica da forragem e de seus componentes morfológicos,
expressa em kg/cm.ha, foi calculada pela divisão da massa de forragem e da
massa de seus componentes morfológicos pela altura do pasto, respectivamente.
3.10- Animais
Foram utilizados, em cada ano, 17 bovinos machos, não castrados, mestiços,
com peso médio inicial de 190 e 195 kg no ANO 1 e ANO 2, respectivamente,
pertencentes ao setor de Forragicultura do Departamento de Zootecnia da UFV.
Durante 20 dias, antes do período de utilização das pastagens diferidas, os
animais permaneceram na pastagem da área reserva, onde foram adaptados ao
consumo do suplemento concentrado.
A alocação dos animais aos piquetes foi feita de forma sistemática a fim de
manter uma mesma taxa de lotação inicial e igual a aproximadamente 3 UA/ha em
todos os piquetes, mantendo-se um número mínimo de dois animais por unidade
experimental.
No início das avaliações no experimento, todos os animais foram tratados
com vermífugo de amplo espectro e, durante o período experimental, foram
tratados conforme a necessidade de controle de carrapatos e moscas do chifre.
Todos os piquetes eram providos de cochos de madeira para o fornecimento
do suplemento concentrado, bem como de bebedouros de concreto com livre
acesso para os animais. Os bebedouros eram inspecionados constantemente a
39
fim de garantir, de forma ininterrupta, o fornecimento de água potável aos animais
durante todo o período experimental.
3.10.1- Consumo de suplemento
Durante todo período de pastejo, os animais tiveram acesso ao suplemento
concentrado composto de: 74,7% de fubá de milho, 10% de uréia, 0,3% de
enxofre, 5% de fosfato bicálcico e 10% de mistura mineral.
Diariamente, uma quantidade controlada de suplemento foi colocada nos
cochos de cada piquete, de forma a não limitar o consumo de suplemento pelos
animais em função de sua escassez. Porém, antes do fornecimento do
suplemento, a sobra do mesmo, em cada piquete, referente à quantidade não
consumida no dia anterior, também foi coletada e pesada.
Pela diferença entre o peso de suplemento ofertado e o peso de sua sobra,
foi estimado o consumo diário de suplemento em cada piquete. Este foi dividido
pelo número de animais presentes por piquete para obtenção da estimativa do
consumo médio diário de suplemento por animal (kg/animal.dia).
3.10.2- Controle do peso dos animais
Os animais foram pesados, sem e com jejum de 15 horas, imediatamente
antes de serem distribuídos nas unidades experimentais. Durante o período de
utilização das pastagens diferidas, todos os animais foram pesados a cada 28
dias, sem jejum prévio e pela manhã. No último dia do período de pastejo houve
uma nova pesagem dos animais sem e com jejum de 15 horas.
3.10.3- Taxa de lotação
A taxa de lotação foi calculada, de forma pontual, em cada dia de pesagem
dos animais dividindo-se o somatório do peso dos animais presentes em cada
40
piquete pela respectiva área do piquete. Seus valores foram expressos em
unidade animal (UA)/ha, sendo que 1 UA corresponde a 450 kg de peso animal.
3.10.4- Ganho de peso por animal
O ganho de peso médio diário (kg/animal.dia) foi calculado pela diferença de
peso dos animais entre duas pesagens consecutivas, dividida pelo número de dias
entre estas pesagens.
3.10.5- Ganho de peso por unidade de área
O ganho de peso médio diário por unidade de área (kg/ha.dia) foi calculado
pelo quociente entre o somatório do ganho de peso dos animais (kg/animal)
presentes em cada piquete pela respectiva área da unidade experimental.
3.10.6- Pastejo simulado
No ANO 2, desde o primeiro até o último dia de pastejo e a cada 28 dias, foi
colhida uma amostra de forragem por piquete, em áreas representativas da
condição do pasto, procurando simular a composição morfológica da forragem que
os animais consumiam. Uma única pessoa devidamente treinada realizou essas
amostragens através da observação do consumo de forragem de todos os animais
presentes na área experimental (Figura 5). Cada amostra foi acondicionada em
saco plástico identificado e, no laboratório, separada nos componentes
morfológicos da forragem, conforme descrito no item 3.9.3 desta seção.
41
Figura 5- Colheita da amostra de forragem procurando simular a composição
morfológica da forragem apreendida pelo animal em pastejo.
3.11- Valor nutritivo
As avaliações do valor nutritivo da forragem foram realizadas apenas no ANO
2. Para isso, as amostras de massa de forragem total da pastagem e de simulação
de pastejo tiveram seus teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro
(FDN) e compostos nitrogenados totais (PB) determinados de acordo com as
técnicas descritas por SILVA & QUEIROZ (2002). A FDN indigestível (FDNi) foi
estimada por intermédio da digestibilidade in situ, por 240 horas, no rúmem de
vacas da raça holandesa fistuladas. A FDN potencialmente digestível (FDNpoD) e
a matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) foram calculadas de acordo
com PAULINO et. al (2006).
Essas mesmas análises foram realizadas em amostras dos componentes
morfológicos da forragem (lâmina foliar verde, lâmina foliar morta, colmo verde e
colmo morto) dos pastos diferidos. As amostras de um mesmo componente
morfológico, colhidas no 1° e 29° dias de pastejo, foram reunidas para compor
uma única amostra. De forma semelhante, as amostras colhidas no 57° e 85° dias
de pastejo também foram reunidas para compor uma única amostra de cada
componente morfológico. Assim, essas amostras compostas corresponderam às
amostras da metade inicial e às amostras da metade final do período de utilização
42
dos pastos diferidos e foram denominadas de componentes morfológicos do início
e do término do período de pastejo, respectivamente.
3.12- Massa de matéria seca potencialmente digestível
A massa de matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) foi determinada
através da multiplicação entre a massa de forragem total (em kg/ha de MS) pelo
seu teor de MSpoD.
3.13- Análise estatística
As análises dos dados experimentais foram feitas usando o Sistema para
Análises Estatísticas (SAEG), versão 8.1. Por meio da análise de variância,
desdobraram-se os efeitos das parcelas e das subparcelas nas partes que as
compõem.
Para os dois fatores estudados, período de diferimento e período de pastejo,
foram realizadas análises de regressão, cujo maior modelo de superfície de
resposta em função das médias dos tratamentos foi o seguinte:
Yi = β
0
+ β
1
D
i
+ β
2
D
i
2
+ β
3
P
i
+ β
4
P
i
2
+ β
5
D
i
P
i
+ e
i
Em que:
Y
i
= variável resposta;
D
i
= período de diferimento;
P
i
= período de pastejo;
β
0
,
β
1
, β
2
, β
3
, β
4
, β
5
= parâmetros a serem estimados;
e
i
= erro experimental;
A partir do modelo completo descrito anteriormente, obteve-se a melhor
equação ajustada para cada variável dependente avaliada neste estudo. O grau
de ajustamento dos modelos foi avaliado pelo coeficiente de determinação e pela
significância dos coeficientes de regressão, testada pelo teste t, corrigido com
43
base na análise de variância, ao nível de significância aceitável de até 10% de
probabilidade. Além desses critérios considerou-se também, o comportamento
biológico da planta forrageira e dos animais.
Equações de regressão para o desempenho animal e o consumo de
suplemento em função das características estruturais do pasto diferido também
foram ajustadas. Para isso, avaliou-se o coeficiente de determinação e a
significância dos coeficientes de regressão, testada pelo teste t, ao nível de
significância aceitável de até 10% de probabilidade.
Foram estimados os coeficientes de correlação linear simples entre algumas
variáveis, sendo os seus valores testados pelo teste t ao nível de significância
aceitável de até 10% de probabilidade.
Os dados de valor nutritivo de cada componente morfológico da forragem,
referentes às médias de todas as pastagens diferidas, foram comparados entre o
início e o término do período de pastejo pelo teste t para duas médias pareadas ao
nível de significância aceitável de até 5%. Esse mesmo procedimento foi realizado
para comparar os valores nutritivos da lâmina foliar verde e da amostra de pastejo
simulado durante o período de pastejo.
44
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme já mencionado na seção Material e Métodos (item 3.2), esse
trabalho de pesquisa foi constituído de dois experimentos da mesma natureza,
realizados em 2004 (ANO 1) e em 2005 (ANO 2). Assim, a apresentação dos
resultados será realizada por grupos de características relacionadas, envolvendo
os dois anos de pesquisa. A discussão dos resultados também será conduzida de
forma geral para os dois anos e, quando for o caso, as particularidades de cada
ano serão explicitadas.
Vale ressaltar que algumas variáveis respostas avaliadas nos dois anos de
pesquisa foram, em cada ano, modeladas de forma diferente em função dos
períodos de diferimento e de pastejo. Isso foi consequência das distintas
condições de clima entre os anos em que esse experimento foi conduzido. Mesmo
assim, para ambos os anos, o efeito dos períodos de diferimento e de pastejo
sobre essas variáveis foi biologicamente coerente e semelhante dentro dos
intervalos dos níveis dos fatores estudados.
4.1- Características estruturais do pasto
4.1.1- Densidade populacional de perfilhos
A densidade populacional das diferentes categorias de perfilhos em
pastagens diferidas foi afetada pelos períodos de diferimento e de pastejo. As
equações de regressão que melhor se ajustaram aos dados estão apresentadas
na Tabela 4. O número de perfilhos vegetativos (PVEG) reduziu de forma linear
com o período de diferimento (P<0,05) em ambos os anos, e com o período de
pastejo (P<0,10) no ANO 1. O número de perfilhos reprodutivos (PREP) foi
reduzido (P<0,01) a taxas decrescentes com o incremento do período de pastejo,
porém elevou-se (P<0,05) linearmente com o aumento do período de diferimento
no ANO 1. No ANO 1 (P<0,01) e no ANO 2 (P<0,05), o período de diferimento
resultou no aumento (P<0,05) do número de perfilhos mortos (PMO). Estes
45
também foram incrementados (P<0,01) segundo o modelo quadrático no ANO 1 e
linearmente no ANO 2. De forma contrária, o número de perfilhos vivos (PVI) foi
diminuído de forma linear pelo período de diferimento (P<0,10) em ambos os anos
e pelo período de pastejo (p<0,01) apenas no ANO 1
Tabela 4 – Densidade populacional de perfilhos em pastos diferidos de capim-
braquiária, em função dos períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
Perfilho Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
ANO 1
Vegetativo
Ŷ = 1851,41 - 5,7495*D - 1,8380
+
P
47,44 20,22 18,06
Reprodutivo
Ŷ = 207,59 - 7,5282**P + 0,05972**P
2
59,18 70,20 73,72
Morto
Ŷ = 690,47 + 8,784**D + 18,0396**P - 0,128**P
2
71,69 8,97 20,04
Vivo
Ŷ = 1986,33 - 5,6050*D - 4,095**P
71,64 20,02 17,71
ANO 2
Vegetativo
Ŷ = 1919,05 - 7,5731*D
67,06 37,35 21,78
Reprodutivo
Ŷ = 60,71 + 1,2413*D - 5,1664**P + 0,0317**P
2
62,34 59,12 52,87
Morto
Ŷ = - 279,68 + 5,0143*D + 7,1555**P
80,36 34,24 27,41
Vivo
Ŷ = 1847,16 - 6,3318
+
D
68,24 36,14 21,68
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05) /
+
Significativo pelo teste t
(P<0,10).
Pastagens diferidas por longos períodos foram caracterizadas pela
ocorrência de maior número de PMO e PREP e menor número de PVEG, visto
que a planta forrageira encontrava-se em estádio de maturidade mais avançado
nestas pastagens. Nessas condições, grande parte dos PVEG desenvolveu-se em
PREP e estes, por conseguinte, passaram à categoria de PMO, seguindo o ciclo
fenológico normal de uma gramínea. Esse mesmo padrão de resposta foi
confirmado, por exemplo, com o capim-de-Rhodes avaliado sob diferentes idades
de crescimento (TAMASSIA, 2000).
Além disso, muitos PVEG de menor tamanho foram sombreados e mortos
devido à competição por luz com os perfilhos mais velhos (de maior tamanho)
46
durante a rebrotação. Segundo PEDREIRA et al. (2001), uma maior quantidade de
assimilados é alocada para o crescimento de perfilhos já existentes em detrimento
do desenvolvimento de novos perfilhos, quando em situação de sombreamento.
Isso pode ter ocorrido principalmente naqueles pastos diferidos por mais tempo.
Possivelmente, a ausência de luz na base das touceiras também inibiu o
perfilhamento basal, ou seja, reduziu o surgimento de novos PVEG naqueles
pastos submetidos a longos períodos de diferimento. De acordo com Langer
(1979), citado por PEDREIRA et al. (2001), na maioria das espécies, as maiores
intensidades luminosas favorecem o perfilhamento. Além disso, a reduzida razão
vermelho:infravermelho, característica comum à luz que chega nos estratos
inferiores do pasto próximo ao solo, também causa atraso no desenvolvimento
das gemas em perfilhos (DEREGIBUS et al., 1983).
Outro fator que pode explicar o aumento da densidade populacional de PREP
nas pastagens diferidas por mais tempo diz respeito ao pico de florescimento do
capim-braquiária, que ocorre mais intensamente durante o verão e o outono na
região de Viçosa. Dessa forma, os pastos diferidos mais cedo no ano (maior
período de diferimento) tiveram o período de diferimento coincidindo com o
período de pico de florescimento. Ao contrário, os pastos diferidos mais
tardiamente no ano (menor período de diferimento) estiveram sob pastejo na
época do ano em que ocorreu o florescimento mais intenso. Com o pastejo, houve
a eliminação do meristema apical daqueles perfilhos que iniciaram a fase
reprodutiva, diminuindo ocorrência de PREP em pastagens diferidas por períodos
mais curtos (Figura 6). SILVA (1980), estudando a produção de sementes do
capim-gordura, também constatou que a ocorrência de PREP, no final do mês de
maio, foi menor em pastagens cujo último corte ocorreu mais tardiamente no ano.
47
ANO 1
0
400
800
1200
1600
2000
2400
103 121 146 163
Período de diferimento (dia)
Perfilhos/m²
Vegetativo
Reprodutivo
Morto
ANO 2
0
400
800
1200
1600
2000
2400
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
Perfilho/m²
Vegetativo Reprodutivo Morto
Figura 6- Densidade populacional de perfilhos em pastagens sob distintos
períodos de diferimento (médias de todo o período de pastejo).
Durante o período de pastejo, ocorreu a morte dos PREP que já haviam
completado seu ciclo fenológico. As condições climáticas desfavoráveis ao
crescimento da planta durante o inverno, somada à remoção da área foliar durante
o pastejo, também resultaram em morte de alguns PVEG no decorrer do período
de pastejo, principalmente no ANO 1 (Figura 7).
ANO 1
0
400
800
1200
1600
2000
2400
1 295785
Período de pastejo (dia)
Perfilho/m²
Vegetativo Reprodutivo Morto
ANO 2
0
400
800
1200
1600
2000
2400
1295785
Período de pastejo (dia)
Perfilho/m²
Vegetativo Reprodutivo Morto
Figura 7 - Densidade populacional de perfilhos durante o período de pastejo
(médias de todas as pastagens diferidas).
A redução no número de PREP com o período de pastejo também pode ser
explicada pelo eventual consumo da inflorescência desses perfilhos durante o
pastejo. Com isso, os PREP passaram a ser classificados como PVEG. De fato, a
48
partir do 29° dia de pastejo praticamente não se observou a presença de PREP
nas pastos diferidos (Figura 7).
Embora não tenha sido avaliado nesse trabalho, durante o período de pastejo
foi observado o aparecimento de expressivo número de perfilhos aéreos. Estes
surgiram, principalmente, a partir daqueles perfilhos que tiveram o seu meristema
apical eliminado durante o pastejo (perfilhos decapitados). Estes perfilhos eram de
tamanho reduzido e com alta proporção de folhas (Figura 8).
Figura 8- Perfilhos aéreos oriundos da gema axilar de perfilhos decapitados em
pastos diferidos.
A ocorrência de perfilhos aéreos foi mais freqüente nos piquetes diferidos por
menos tempo e parece estar relacionada com a estratégia do capim-braquiária
para recuperar a área foliar após o pastejo em condições limitantes ao
crescimento da planta.
4.1.2- Massa de forragem e de seus componentes morfológicos
Na tabela 5, encontram-se as equações de regressão ajustadas aos dados
de massa de forragem das pastagens diferidas. No ANO 2, a massa de forragem
total (FT) aumentou linearmente (P<0,01) em pastagens diferidas por maior
período e diminuiu (P<0,01) de forma linear com o período de pastejo. No ANO 1,
49
houve a interação (P<0,05) entre períodos de diferimento e de pastejo no
comportamento desta variável. A massa de forragem verde (FV) foi influenciada
(P<0,01) apenas pelo período de pastejo, de forma negativa e linear nos dois anos
de avaliação. Com relação à massa de forragem morta (FM), o período de
diferimento a elevou (P<0,01) segundo o modelo linear; o período de pastejo
(P<0,01) a reduziu no ANO 1, segundo o modelo quadrático e, no ANO 2, a
incrementou de forma linear.
Pastos diferidos por mais tempo tiveram um longo período de crescimento
(descanso). Com isso, as taxas de acúmulo de FM intensificaram-se, como
resposta ao acentuado processo de senescência verificado na fase final de
crescimento de pastos mantidos por longo período de rebrotação. Realmente, um
período de crescimento demasiadamente longo compromete a produção líquida
de forragem devido à intensificação tanto das perdas por senescência quanto das
perdas respiratórias de carbono (PARSONS et al., 1983).
Tabela 5 – Massas de forragem total (FT), verde (FV) e morta (FM) em pastos
diferidos de capim-braquiária, em função dos períodos de diferimento
(D) e de pastejo (P)
Forragem Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
ANO 1
FT
Ŷ = 4467,82 + 66,4957D + 4,6326P + 0,9556**P
2
- 0,9374*DP
62,48 37,07 11,92
FV
Ŷ = 7968,42 - 58,3597**P
66,74 60,62 29,19
FM
Ŷ = -637,73 + 42,2592**D - 25,7227P + 0,5456
+
P
2
88,93 14,63 23,62
ANO 2
FT
Ŷ = 4812,33 + 28,3184**D - 33,6267**P
76,36 9,75 18,87
FV
Ŷ = 5127,78 - 42,1624**P
78,58 11,74 30,70
FM
Ŷ = 948,54 + 33,7294**D + 8,5357
+
P
83,10 14,50 21,93
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05) /
+
Significativo pelo teste t
(P<0,10).
50
A massa de FV não foi influenciada (P>0,10) pelo período de diferimento, o
que pode ser justificado pela variação entre as massas de lâmina foliar (LV) e de
colmo (CV) verdes ocorrida nas pastagens diferidas. Houve uma compensação,
ou seja, pastagens diferidas por mais tempo apresentaram maior massa de CV e
menor massa de LV e, de forma oposta, pastagens diferidas por menos tempo
possuíam menor massa de CV e maior massa de LV.
No que diz respeito à massa de FT, dois fatores são responsáveis pelo seu
aumento com o período de diferimento. Primeiramente, pastos diferidos por mais
tempo possuíram um maior período para o crescimento e, portanto, produziram
mais massa de FT. Ademais, nesse experimento, pastos sob longos períodos de
diferimento corresponderam àqueles diferidos mais cedo no ano, ou seja, durante
o diferimento destes, as condições de clima foram mais favoráveis ao crescimento
da forrageira (Figuras 1, 2 e 3).
Realmente, a simples observação das unidades experimentais permitia
evidenciar facilmente as diferenças quanto às produções de FT, FV e FM em
pastagens diferidas por distintos períodos (Figura 9).
Figura 9- Área experimental no início do período de utilização das pastagens
diferidas no ANO 2.
Embora o comportamento biológico da massa de FT em resposta aos
períodos de diferimento tenha sido semelhante nos dois anos de avaliação, vale
51
salientar que a grandeza dos seus valores foi diferente entre os anos (Figura 10).
Em virtude das condições climáticas (principalmente a precipitação pluvial) terem
sido mais favoráveis ao crescimento da planta no ANO 1 do que no ANO 2, a
produção de FT foi bastante inferior neste último. O menor período de diferimento
do ANO 1 (103 dias) resultou em produção de FT semelhante à obtida com o
maior período de diferimento do ANO 2 (163 dias), quais sejam, 11.455 e 11.811
kg/ha de MS, respectivamente.
Ŷ = 887,208 + 95,9311*D
R
2
= 0,89
Ŷ = 1365,19 + 59,9598*D
R
2
= 0,89
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
50 75 100 125 150 175 200
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
ANO 1 ANO 2
Figura 10- Massa de forragem total no 1° dia de pastejo em pastos de capim-
braquiária sob distintos períodos de diferimento (D); significativo pelo
teste t a 1% (*).
EUCLIDES et al. (1990), avaliando sete gramíneas forrageiras para a
produção de feno-em-pé, dentre elas a Brachiaria decumbens, também constatou
que a produção de forragem foi distinta entre os anos em que o experimento foi
realizado, o que foi atribuído às diferenças na ocorrência de precipitação pluvial
nesses anos.
Esses resultados permitem concluir que a produção de forragem no
diferimento da pastagem é muito dependente das condições de clima. Nesse
sentido, a adoção do diferimento de pastagens não seria indicada para regiões em
que a condição climática dentro e, principalmente, entre os anos é pouco
52
previsível. Nessas regiões, os sistemas produtivos são denominados de sistemas
em não-equilíbrio, o manejador exerce pouco domínio sobre a produção de
matéria seca e deve-se diminuir a dependência da pastagem como fonte principal
de alimento para os animais (PAULINO et al., 2004). Já nas regiões em que o
regime pluviométrico é regular e previsível o diferimento consiste em estratégia
eficaz para o manejo da pastagem, visando equilibrar a demanda e a oferta de
forragem durante o ano.
Durante o período de pastejo, no inverno, as condições climáticas foram
desfavoráveis ao crescimento do capim-braquiária. Dessa forma, é provável que
tenha ocorrido um acúmulo negativo de forragem (taxas de senescência maiores
do que as taxas de crescimento vegetal) nessa época, à semelhança do que foi
constatado por ANDRADE (2003) em pastos de capim-marandu, sob lotação
contínua e na mesma estação do ano, manejados a 40 cm de altura. Isso explica a
redução das massas de FT e, principalmente, FV durante a utilização das
pastagens diferidas, da mesma forma que a elevação da massa de FM (Tabela 5).
O pastejo seletivo dos bovinos é outro fator que contribuiu significativamente
para a redução da massa de FV durante a utilização dos pastos diferidos, já que
estes consomem preferencialmente as partes verdes da forrageira (GOMIDE,
1997; CARVALHO et al., 2001). MORAES (2003) também constatou que as
massas de FT e de FV decresceram em pastagens de Brachiaria decumbens e
Brachiaria brizantha durante o período de pastejo na seca e transição seca-águas.
No ANO 1, a resposta (P<0,05) da massa de FT à interação negativa entre
períodos de diferimento e de pastejo pode ser melhor compreendia pela análise
dos níveis extremos (1 e 85 dias) do fator secundário (período de pastejo) em
cada nível do fator primário (período de diferimento), conforme representado na
Figura 11. Observa-se que no primeiro dia de pastejo a massa de FT aumenta
com o período de diferimento, comportamento já explicado e esperado. Entretanto,
no último dia de pastejo, praticamente não houve diferença na massa de FT entre
as pastagens submetidas aos diversos períodos de diferimento, o que pode ter
sido ocasionada em função das maiores perdas de forragem, durante o pastejo,
ocorridas nos pastos diferidos por tempo mais longo. Nestes pastos, os perfilhos
53
encontravam-se tombados (pastos comumente denominados de “acamados”), o
que propiciou o maior contato da planta com os membros dos animais durante o
caminhamento na atividade de pastejo. Dessa forma, perfilhos e lâminas foliares
mortos podem ter se desprendido do solo e do colmo, respectivamente, ficando
sobre a superfície do solo, constituindo-se em uma fonte de perda de forragem.
Assim, a maior produção parace ter compensado a maior perda de forragem em
pastagens diferidas por mais tempo. Por outro lado, as pastagens diferidas por
menos tempo, embora com menor produção de forragem, apresentaram uma
estrutura de pasto menos predisponentes às perdas de forragem durante o
pastejo.
Provavelmente, o efeito de interação entre períodos de diferimento e de
pastejo para a massa de FT não ocorreu (P>0,10) no ANO 2 devido à menor
produção de forragem verificada neste ano, em comparação ao ANO 1. Quanto
menor a massa de FT em pastagens diferidas de capim-braquiária, menor é a
susceptibilidade à ocorrência de perdas de forragem durante o pastejo.
5000
7000
9000
11000
13000
15000
17000
103 121 146 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
dia de pastejo 85º dia de pastejo
Figura 11- Massa de forragem total em pastagens de capim-braquiária submetidas
à distintos períodos de diferimento, no 1° e no 85° dia de pastejo do
ANO 1.
O ajustamento do modelo quadrático aos dados de massa de FM em função
dos períodos de pastejo no ANO 1 se deve à diminuição dos valores de FS do 1°
ao 29° dia de pastejo. Nos demais períodos de pastejo, a massa de FM elevou-se
54
(Figura 12), semelhantemente ao ocorrido no ANO 2. Provavelmente, no ANO 1, a
redução da massa de FM durante os primeiros dias de pastejo pode ser justificada
pelo impacto dos animais sobre a vegetação fisiologicamente madura, que
provocou o desprendimento dos tecidos senescentes e mortos da planta sobre o
solo.
2000
3000
4000
5000
6000
7000
1295785
Período de pastejo (dia)
kg/ha de MS
Figura 12- Massa de forragem morta durante o período de pastejo em pastagens
diferidas no ANO 1.
Os modelos ajustados para os valores de massa dos componentes
morfológicos da forragem diferida constam na Tabela 6. A massa de lâmina foliar
verde (LV) diminuiu (P<0,01) com o período de pastejo, segundo o modelo
quadrático no ANO 1 e de forma linear no ANO 2. A massa de LV também reduziu
linearmente (P<0,05) apenas no ANO 2 com o período de diferimento. A massa de
colmo verde (CV) sofreu efeito da interação entre os dois fatores estudados, tanto
no ANO 1 (P<0,05) quanto no ANO 2 (P<0,01). Já no ANO 2, a massa de lâmina
morta (LM) foi incrementada (P<0,0,1) linearmente pelo período de diferimento e,
de forma quadrática, pelo período de pastejo (P<0,05). O período de diferimento
elevou (P<0,01) a massa de colmo morto (CM) segundo o modelo linear, assim
como o período de pastejo no ANO 2. Este mesmo comportamento ocorreu no
ANO 1, porém segundo o modelo quadrático (P<0,05).
55
Tabela 6 – Massas dos componentes morfológicos da forragem em pastos
diferidos de capim-braquiária, em função dos períodos de
diferimento (D) e de pastejo (P)
Componentes Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
ANO 1
LV
Ŷ = 2891,77 - 70,3676**P + 0,4822**P
2
86,53 59,70 30,8
CV
Ŷ = 3381,66 + 15,9566D + 65,141
+
P - 0,7181*DP
70,12 61,39 24,70
LM
Y
= 1954,8804 - 23,76 17,44
CM
Ŷ = - 3185,61 + 49,423**D - 41,4372*P + 0,6545**P
2
77,64 13,40 28,88
ANO 2
LV
Ŷ = 2288,05 - 5,4695*D - 19,1179**P
79,50 27,36 41,30
CV
Ŷ = 1424,59 + 17,8533*D + 24,2093P - 0,4081**DP
84,86 13,95 28,18
LM
Ŷ = 775,49 + 8,7504**D + 12,5857*P - 0,2380**P
2
74,70 14,47 18,58
CM
Ŷ = 1987,13 + 25,1418**D + 17,3933**P
80,64 17,86 30,53
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CS- colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
O período de pastejo teve efeito mais pronunciado sobre o decréscimo da
massa de LV em pastagens diferidas do que o período de diferimento, visto que,
no ANO 1, a massa de LV foi influenciada apenas pelo período de pastejo e, no
ANO 2, o coeficiente angular do período de pastejo foi cerca de 3,5 vezes superior
ao coeficiente angular do período de diferimento. Isso ocorreu porque durante o
período de pastejo dois processos contribuíram para a redução da massa de LV,
quais sejam, senescência e consumo preferencial pelos bovinos. Com o período
de diferimento, apenas um processo concorreu para a diminuição da massa de
LV, a senescência, que é maior em pastos mais velhos. De forma similar, SALES
(2005) verificou que a massa de LV em pasto de Brachiaria decumbens diminuiu
de 1.638 para 891 kg/ha durante o período de utilização das pastagens nos
períodos de transição águas-seca e seca.
A não ocorrência de efeito (P>0,10) do período de diferimento sobre a massa
de LV no ANO 1 pode ser atribuída à elevada produção de forragem,
56
consequência das condições climáticas mais favoráveis neste ano. Com isso, os
pastos diferidos por mais tempo possuíram elevadas quantidades de massa de
forragem total que, mesmo contendo pequena proporção de LV, resultou em
aumento na quantidade de massa de LV. De outra forma, os pastos diferidos por
menos tempo também possuíram semelhante massa de LV, visto que eles eram
mais jovens.
A interação entre períodos de diferimento e de pastejo observada nos
modelos ajustados para a massa de CV em pastagens diferidas pode ser
visualizada na Figura 13.
ANO 1
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
103 121 146 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
dia de pastejo
85º dia de pastejo
ANO 2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
1° dia de pastejo 85° dia de pastejo
Figura 13- Massa de colmo verde no primeiro (1°) e no último (85°) dia de pastejo
em pastagens de capim-braquiária diferidas por distintos períodos.
No início do período de pastejo, a massa de CV é maior em pastos diferidos
por mais tempo. Esse comportamento está em concordância com vários
resultados de pesquisa onde se verificou que, com o aumento do tempo de
crescimento, a massa de colmo na forragem produzida também se elevou
(OLIVEIRA, 1999; TAMASSIA, 2000; ALEXANDRINO, 2003; CÂNDIDO, 2003;
PEDREIRA, 2006). Segundo DA SILVA & CORSI (2003), descrevendo a dinâmica
do acúmulo de forragem para o capim-mombaça sob lotação intermitente, quando
o dossel passa a interceptar 95% da luz incidente (índice de área foliar crítico),
inicia-se uma competição entre os perfilhos das plantas por luz e, como estratégia,
ocorre o alongamento do colmo na tentativa de expor as folhas num plano mais
alto no dossel.
57
O início da utilização de pastagens diferidas ocorre, via de regra, numa
condição em que o pasto já passou da fase de índice de área foliar crítico e,
portanto, a contribuição de colmo e material morto na forragem diferida é maior.
Caso o período de diferimento seja muito prolongado, a participação desses
componentes morfológicos na forragem será incrementada.
Curiosamente, quando a mesma análise é feita no último dia de pastejo,
observou-se um comportamento contrário ao relatado anteriormente. Nesse
experimento, pastos com maior período de diferimento possuíam CV
fisiologicamente mais velho no momento inicial do período de pastejo. Estes
colmos eram constituintes dos PREP e PVEG de maior maturidade, que
senesceram durante o período de pastejo. Dessa forma, houve a diminuição da
massa de CV no último dia de pastejo naqueles pastos diferidos por mais tempo.
Em contrapartida, pastos com menor período de diferimento possuíam PVEG e
PREP mais jovens que podem ter permanecido vivos até fim do período de
pastejo.
O somatório das massas de LM e CM, constituiu a massa de forragem morta
(FM). Sendo assim, a mesma discussão já realizada para a massa de FM é válida
para explicar o incremento das massas de LM e CM com os períodos de
diferimento e de pastejo. SALES (2005), avaliando as massas dos componentes
morfológicos em pastagens de Brachiaria decumbens constatou que a massa de
CM aumentou de 176 para 2.781 kg/ha, enquanto a massa de LM manteve-se
relativamente constante em 2.146 kg/ha no decorrer do período de utilização das
pastagens.
É interessante destacar que, no ANO 1, a redução da massa de CM com o
período de pastejo ajustou-se ao modelo quadrático, o que serve de suporte ao
argumento usado para justificar o mesmo comportamento verificado para a massa
de FM no ANO 1 em função do período de pastejo.
O período de utilização das pastagens diferidas ocorreu no inverno. Nesta
estação, é comum a diminuição no processo fotossintético devido, entre outros
fatores, à baixa temperatura. Como o processo de respiração é menos afetado
pelas baixas temperaturas (LOUREIRO & MARTINEZ, 2003) do que a
58
fotossíntese, as plantas podem ter passado por um período de acúmulo negativo
de carbono durante o período de pastejo (fotossíntese líquida negativa),
principalmente naquelas pastagens diferidas por mais tempo. Isso auxilia entender
o aumento das massas de FM e CM durante esse período.
Independentemente da magnitude dos períodos de diferimento e de pastejo,
em geral, a massa de LV foi menor, e a de colmo maior nas pastagens diferidas.
Além disso, a massa de LV, que já era pequena, passou a ser ínfima durante o
término do período de pastejo, alcançando 718 e 371 kg/ha, no 57° dia de pastejo,
e os valores extremos de 361 e 186 kg/ha no último dia de pastejo, naquelas
pastagens diferidas no ANO 1 e no ANO 2, respectivamente (Figura 14).
(A)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
103 121 146 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
LV
CV
LM
CM
(B)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
LV
CV
LM
CM
(C)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
1295785
Período de pastejo (dia)
kg/ha de MS
LV
CV
LM
CM
(D)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
1295785
Período de pastejo (dia)
kg/ha de MS
LV
CV
LM
CM
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CS – colmo morto;
Figura 14- Média das massas dos componentes morfológicos da forragem diferida
em pastagens submetidas aos diferentes períodos de diferimento e de
pastejo no ANO 1 (A e C) e no ANO 2 (B e D).
59
As respostas de todos os componentes morfológicos da forragem, em função
dos períodos de diferimento e de pastejo, podem ser substancialmente explicadas
pela análise dos resultados da densidade populacional das diferentes categorias
de perfilhos em pastos diferidos. Para isso, foi realizado um estudo de correlação
entre essas variáveis respostas (Tabela 7).
Tabela 7- Coeficiente de correlação linear simples entre as massas dos
componentes morfológicos da forragem e o número de perfilhos em
pastagens diferidas de capim-braquiária
Número de Perfilho Componente
Morfológico
Vegetativo Reprodutivo Morto
Ano 1
LV 0,16 0,64** -0,72**
CV 0,30 0,47* -0,74**
LM 0,06 -0,32 -0,05
CM -0,76** -0,08 0,56*
Ano 2
LV 0,14 0,44* -0,76**
CV -0,10 0,76** -0,70**
LM -0,49* 0,58** -0,15
CM -0,61** -0,03 0,88**
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM - colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
Em geral, perfilhos vegetativos (PVEG) correspondem à categoria de
perfilhos mais jovens nas pastagens diferidas e, normalmente, possuem um menor
número de folhas mortas, o que justifica sua correlação negativa (P<0,05) com a
massa de LM no ANO 2. Por outro lado, seria esperado que os PVEG se
correlacionassem positiva e significativamente com a massa de LV, fato que não
ocorreu nesse experimento. A grande variabilidade das características estruturais
do PVEG em pastos diferidos, tais como comprimento das folhas e número de
folhas vivas por perfilho, pode ter sido a causa da ausência de correlação destes
com a massa de LV.
60
Os perfilhos reprodutivos (PREP) são perfilhos vivos, porém geralmente mais
velhos do que os PVEG. Dessa forma, é coerente que os PREP possuam maior
número de folhas senescentes, o que explica a correlação positiva (P<0,01) entre
PREP e massa de LM no ANO 2. Entretanto, a correlação positiva (P<0,05) entre
PREP e massa de LV foi inesperada. Adicionalmente, o PREP apresenta o típico
alongamento do colmo durante seu desenvolvimento fenológico, o que explica sua
correlação positiva (P<0,05) com a massa de CV.
O PVEG não é constituído de CM, mas sim de CV e, por isso, este tipo de
perfilho correlacionou-se negativamente (P<0,01) com a massa de CM.
Os perfilhos mortos (PMO) não possuem órgãos vivos, sendo constituídos
apenas por folha e colmo mortos. Essa característica é a explicação para a
correlação negativa (P<0,01) entre PMO e as massas de LV e CV, bem como para
a correlação positiva (P<0,05) destes perfilhos com a massa de CM. A falta de
correlação entre PMO e massa de LM se deve ao fato desta última também ser
encontrada nos outros tipos de perfilhos numa proporção bastante variável em
condições de pastagens diferidas.
4.1.3- Alturas e índice de tombamento
Na tabela 8, são apresentados os modelos que melhor se ajustaram aos
dados de altura do pasto (AP), altura da planta estendida (APE) e índice de
tombamento (IT) em pastagens sob diferentes períodos de diferimento e de
pastejo.
No decorrer do período de pastejo, a AP diminuiu (P<0,01) linearmente em
todos os pastos diferidos. Durante esse período, os bovinos consumiram
preferencialmente as folhas verdes localizadas, inicialmente, na parte superior do
dossel. Com isso, muitos perfilhos também tiveram seu meristema apical
eliminado e, consequentemente, seu tamanho foi reduzido. Esse comportamento
de consumo foi descrito por CARVALHO et al. (2001). Segundo esses autores,
num primeiro momento, os animais procuram e consomem o primeiro estrato da
61
vegetação, visto que nesse estrato a forragem é de alta qualidade e as massas
dos bocados são maiores.
Já a rebrota subsequente à desfolhação inicial foi comprometida em
decorrência das condições climáticas desfavoráveis ao crescimento da forrageira
no inverno. Desse modo, o efeito do consumo animal na redução da AP não foi
compensado pelo crescimento da gramínea nesse período.
Tabela 8 – Altura do pasto (AP), da planta estendida (APE) e índice de
tombamento (IT) em pastagens diferidas de capim-braquiária, em
resposta aos períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
Característica Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
AP
Ŷ = 39,30 - 0,1602**P
60,40 11,14 3,84
APE
Ŷ = 20,74 + 0,5356**D - 0,3257**P
92,52 15,83 2,84
IT
Ŷ = - 0,3856 + 0,02303**D
86,39 11,26 3,99
** Significativo pelo teste t (P<0,01).
Observa-se ainda que não houve efeito (P>0,10) do período de diferimento
sobre a AP. A ocorrência do tombamento das plantas impediu que aqueles pastos
diferidos por mais tempo possuíssem uma maior altura, o que, de fato, era
esperado.
A medição da APE foi realizada para melhor caracterizar o nível de
acamamento dos pastos diferidos. Essa variável respondeu (P<0,01) linearmente
aos períodos de diferimento e de pastejo. Neste caso, não houve o efeito do
tombamento das plantas sobre a APE, na medida em que, para a sua
mensuração, as plantas eram estendidas no sentido vertical. Dessa forma, maior
tempo de diferimento resultou em perfilhos maiores, que conferiram às plantas
maior comprimento quando estendidas. Contrariamente, maior tempo de pastejo
provocou a diminuição da APE porque os perfilhos tiveram seus ápices
consumidos durante esse período, conforme explicado anteriormente.
O IT dos pastos, que é a relação entre a APE e a AP, só foi influenciado
(P<0,01) pelo período de diferimento. Pastagens diferidas por mais tempo
62
possuíram plantas de maior peso e altura que, durante o pastejo, não se
mantiveram eretas (posição vertical) quando submetidas ao pastejo. O colmo do
capim-braquiária é delgado e flexível, o que explica a facilidade de tombamento
dessas plantas quando em idade mais avançada.
Vale realçar que essa característica do capim-braquiária responsável pelo
tombamento das plantas mais velhas, ou seja, seu colmo pouco espesso, também
é a mesma que confere a essa gramínea o status de adequada para o manejo sob
diferimento.
No modelo ajustado (Tabela 8), o período de pastejo não influenciou (P>0,10)
o IT dos pastos provavelmente por essa avaliação ter iniciado somente a partir do
29° dia de pastejo. Neste, os pastos diferidos por mais tempo já se encontravam
bastante acamados e, portanto, o IT não aumentou mais até o término do período
de pastejo. Além disso, tanto a APE quanto a AP diminuíram durante o período de
pastejo e, assim, o IT não foi alterado.
Com base nas avaliações do IT, foi possível estabelecer uma primeira
aproximação de classificação, específica para pastagens diferidas de capim-
braquiária, quanto à intensidade de tombamento dos pastos ou, como é mais
comumente denominado, quanto ao nível de acamamento do pasto diferido
(Tabela 9).
Tabela 9 - Classificação do pasto diferido de capim-braquiária quanto ao nível de
tombamento das plantas
Índice de Tombamento (IT) Classificação
< 1,5 Pasto normal, sem acamamento
1,5 < IT < 2,0 Pasto moderadamente acamado
> 2,0 Pasto muito acamado
Mesmo sem perfilhos tombados, o pasto de capim-braquiária sempre
possuirá um valor de IT superior a 1,0 em decorrência do seu hábito de
crescimento decumbente. Isso faz com que o comprimento do perfilho estendido
(APE) seja sempre maior do que a AP. Ressalta-se também que algumas áreas
63
das pastagens diferidas de capim-braquiária se encontravam acamadas antes
mesmo do início do período de pastejo.
Por outro lado, constatou-se que alguns dos pastos de capim-braquiária
diferidos, ainda não submetidos ao pastejo, apresentaram baixo IT, mas com alto
potencial de acamamento. Esse fato é confirmado nos pastos mais altos. Assim,
mais importante do que classificar um pasto quanto ao seu nível de acamamento,
é determinar os valores de AP críticos, a partir dos quais estes pastos tornam-se
acamados quando utilizados sob pastejo.
Nas figuras 15 e 16, observam-se exemplos de pastagens de capim-
braquiária diferidas e classificadas segundo a proposta estabelecida no Tabela 9.
A
B
Figura 15- Pastagem de capim-braquiária diferida por 73 dias, durante as
avaliações das alturas do pasto (A) e da planta estendida (B); índice de
tombamento igual a 1,3.
64
A
B
Figura 16- Pastagem de capim-braquiária diferida por 163 dias, durante as
avaliações das alturas do pasto (A) e da planta estendida (B); índice
de acamamento igual a 3,2.
Foi realizado um estudo de correlação entre as massas de forragem e de
seus componentes morfológicos com as alturas e o IT dos pastos de capim-
braquiária diferido (Tabela 10).
Tabela 10- Coeficiente de correlação linear simples entre a massa de forragem e
de seus componentes morfológicos e a altura e o índice de acamamento
em pastagens diferidas
Altura (cm) Massa de Forragem
(kg/ha de MS)
Pasto Planta Estendida
Índice de
Tombamento
Total 0,36 0,78** 0,56*
Verde 0,84** -0,20 -0,55*
Morta -0,37 0,75** 0,85**
Lâmina foliar verde 0,84** -0,26 -0,55*
Lâmina foliar morta 0,46 0,69** 0,41
Colmo verde 0,73** -0,15 -0,48
Colmo morto -0,63* 0,48 0,73**
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
65
Nota-se que a AP correlacionou-se positivamente (P<0,01) com as massas
dos componentes morfológicos e da forragem verdes (LV, CV e FV) e de forma
negativa (P<0,05) com a massa de colmo morto (CM). Nesse experimento, os
pastos mais altos foram aqueles avaliados no início do período de pastejo. Neste
período, estes pastos possuíam maior massa de componentes morfológicos
verdes e menor massa de CM.
A AP é uma característica estrutural e pode ser usada como uma medida
indireta e não destrutiva para a estimativa da massa de forragem na pastagem
(PEDREIRA et al., 2005). Todavia, em pastos diferidos de capim-braquiária, a AP
não se correlacionou (P>0,05) com a massa de forragem total (FT) devido à
ocorrência do acamamento dos pastos.
Uma característica que pode ser mensurada para a estimativa da massa de
forragem em pastagens diferidas é a APE, que foi positivamente correlacionada
(P<0,01) com a massa de FT. Isso ocorreu porque o procedimento para a
mensuração da APE é indiferente à estrutura do pasto acamado, ao contrário da
AP, que é reduzida quando ocorre o acamamento. Pastos com maior APE
possuem perfilhos mais compridos e em estádio de desenvolvimento mais
avançado. Assim, é biologicamente coerente a correlação positiva (P<0,01) da
APE com a massa de forragem morta (FM) e de lâmina foliar morta (LM).
O IT do pasto correlacionou-se positivamente com as massas de FT
(P<0,05), FM (P<0,01) e CM (P<0,01) e negativamente (P<0,05) com as massas
de FV e de lâmina foliar verde (LV). Esse padrão de resposta era esperado, pois
pastos com maior IT são característicos de pastagens diferidas por longo tempo,
que possuem maior produção de FT, sendo esta constituída de maior proporção
de componentes morfológicos mortos do que verdes.
O acamamento de um pasto diferido resulta no aumento da densidade
volumétrica da forragem, já que uma mesma quantidade de massa de forragem
por unidade de área passa a ocupar uma menor altura do pasto. Essa alteração
na densidade volumétrica da forragem, em conjunto com a sua composição
morfológica, determina mudanças estruturais no pasto que interferem na preensão
66
da forragem pelo animal e, em consequência, o seu comportamento ingestivo
(GOMIDE & GOMIDE, 2001).
4.1.4- Densidade volumétrica da forragem e dos componentes morfológicos
Com os valores de densidade volumétrica da forragem total (FT), forragem
verde (FV) e forragem morta (FM), foram geradas equações de regressão em
função dos períodos de diferimento e de pastejo (Tabela 11). A densidade
volumétrica de FT foi incrementada (P<0,10) linearmente com o período de
diferimento. Os períodos de diferimento (P<0,10) e de pastejo (P<0,01) reduziram
a densidade de FV e aumentaram (P<0,05) a densidade de FM de forma linear.
Pastagens diferidas por mais tempo produziram mais massa de FT, sendo
esta composta, em maior proporção, de material morto. Adicionalmente, o
tombamento das plantas nestas pastagens fez com que a altura do pasto não
fosse incrementada, o que resultou em maiores densidades de FT e FM e em
menor densidade de FV.
Tabela 11 – Densidades volumétricas (kg /ha.cm de MS) de forragem total (FT),
verde (FV) e morta (FM) em pastagens diferidas de capim-braquiária,
em função dos períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
Forragem Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
FT
Ŷ = 117,05 + 0,7649
+
D
57,10 22,13 19,30
FV
Ŷ = 161,54 - 0,3943
+
D - 0,5557**P
74,94 28,08 18,75
FM
Ŷ = - 59,39 + 1,1592*D + 0,8096*P
80,60 31,68 28,83
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05) /
+
Significativo pelo teste t
(P<0,10).
Durante o período de pastejo, houve redução da massa de FV de forma mais
intensa do que o decréscimo ocorrido na AP, o que resultou em diminuição da
densidade de FV. De forma contrária, a massa de FM aumentou durante o período
de pastejo, contribuindo para o incremento da sua densidade volumétrica.
67
A densidade volumétrica média da FT em pastos diferidos de capim-
braquiária foi de 168 kg/cm.ha, com uma grande amplitude de variação (de 30 a
262 kg/cm.ha). Esses valores são inferiores às densidades volumétricas da
forragem em pastos de B. decumbens, mantidos numa altura de aproximadamente
20 cm, manejados sob lotação contínua e adubados com nitrogênio (FAGUNDES,
2004). Neste trabalho, os valores de densidade volumétrica da forragem variaram
de 98,7 a 284,4 kg/cm.ha.
A resposta das densidades dos componentes morfológicos da forragem
também foi modelada, em função dos períodos de diferimento e de pastejo
(Tabela 12). A densidade de colmo verde (CV) não sofreu efeito (P>0,10) dos
períodos de diferimento e de pastejo. Tanto o período de diferimento (P<0,05)
como o de pastejo (P<0,01), incrementaram linearmente a densidade de colmo
morto (CM). Com relação às densidades de lâmina foliar verde (LV) (P<0,01) e de
lâmina foliar morta (LM) (P<0,05), ocorreu efeito da interação entre períodos de
diferimento e de pastejo.
Tabela 12 – Densidades volumétricas (kg/ha.cm de MS) dos componentes
morfológicos da forragem em pastagens diferidas de capim-
braquiária, em função dos períodos de diferimento (D) e de pastejo
(P)
Componente
Morfológico
Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
LV
Ŷ = 76,66 - 0,4152*D - 0,7714**P + 0,004505**DP
95,55 43,13 26,86
CV
Y
= 69,06
- 27,61 23,07
LM
Ŷ = - 24,56 + 0,824*D + 0,7746
+
P - 0,009317*DP
82,40 17,70 23,00
CM
Ŷ = - 98, 78 + 0,8818*D + 1,1252**P
78,69 44,53 26,51
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM- colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05) /
+
Significativo pelo teste t
(P<0,10).
O efeito da interação entre períodos de diferimento e de pastejo para as
densidade de LV e de LM pode ser visualizado por meio do corte na superfície de
68
resposta ajustada, comparando-se os dois períodos extremos de diferimento das
pastagens durante o período de pastejo (Figura 17). O pasto diferido por mais
tempo foi caracterizado por uma pequena quantidade de massa de LV, que
reduziu durante o tempo de pastejo. Como a altura desse pasto também diminuiu
com o período de pastejo, a densidade de LV praticamente não foi alterada. Este
pasto também possuía grande massa de LM, que decresceu durante o período de
pastejo, resultando em diminuição da densidade de LM. De forma inversa, o pasto
diferido por menos tempo tinha maior massa de LV e menor massa de LM, que
reduziram durante o período de pastejo. Neste período, a redução da massa de
LV foi mais acentuada do que a diminuição da massa de LM resultando em
decréscimo na densidade de LV e estabilização da densidade de LM nestes
pastos.
LV
0
5
10
15
20
25
30
35
29 57 85
Período de pastejo (dia)
kg/ha.cm de MS
163 dias de diferimento
73 dias de diferimento
LM
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
29 57 85
Período de pastejo (dia)
kg/ha.cm de MS
163 dias de diferimento
73 dias de diferimento
Figura 17- Densidade volumétrica da lâmina foliar verde (LV) e da lâmina foliar
morta (LM) em pastos de capim-braquiária diferidos por 73 e 163 dias,
durante o período de pastejo.
A densidade de CM elevou linearmente (P<0,05) com o período de
diferimento porque a massa de CM aumentou nesse período. Esta também foi
incrementada durante o período de pastejo, o que, somada à redução na AP,
resultou no aumento linear (P<0,01) da densidade de CS neste período.
Pela comparação entre as densidades volumétricas dos componentes
morfológicos dos pastos diferidos (Figura 18), constata-se que a densidade de LV
é muito pequena nestes pastos, sendo que a amplitude de seus valores foram de
69
7 a 33 kg/cm.ha. Esta característica pode limitar o consumo dos animais, já que o
consumo máximo ocorre quando os animais estão em pastagens com alta
densidade de folhas acessíveis (EUCLIDES et al.,1999; BRÂNCIO, 2000).
Ademais, a densidade média de colmo (139 kg/cm.ha), em especial a de CM (70
kg/cm.ha), foi bastante elevada nos pastos diferidos. Novamente, essa estrutura
do pasto diferido pode afetar, de maneira indesejável, o comportamento ingestivo,
o consumo e o desempenho animal. De acordo com CARVALHO et al. (2005), o
colmo constitui-se em uma barreira à desfolhação, reduzindo a facilidade de
colheita da forragem pelo animal em pastejo.
(A)
0
50
100
150
200
250
103 121 146 163
Período de diferimento (dia)
kg/cm.ha de MS
LV
CV
LM
CM
(B)
0
50
100
150
200
250
29 57 85
Período de pastejo (dia)
kg/cm.ha de MS
LV
CV
LM
CM
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Figura 18 – Densidade volumétrica dos componentes morfológicos da forragem
em pastagens diferidas de capim-braquiária submetidas a períodos
de diferimento (A) e de pastejo (B) distintos.
4.1.5- Descrição da estrutura dos pastos diferidos e acamados
Pastos diferidos e com alto índice de tombamento possuíram uma estrutura
bastante peculiar. Apresentaram perfilhos vivos longos, velhos, pesados e com
alta proporção de colmo e folhas senescentes e mortas. Além disso, possuíam
considerável número de perfilhos mortos. Todos estes perfilhos tombavam-se
facilmente sobre o solo devido ao contato (pisoteio) dos animais e, até mesmo,
quando ocorriam ventos mais fortes na área da pastagem. Com isso, esses
perfilhos ficaram dispostos paralelamente à superfície do solo e a distância entre
70
seus colmos diminuiu, o que resultou no aumento da densidade volumétrica da
forragem (Figura 19).
Figura 19- Perfilhos tombados, dispostos de forma paralela à superfície do solo,
em pasto de capim-braquiária diferido por 163 dias.
A disposição das lâminas foliares verdes (LV) no perfil do pasto também foi
alterada durante o período de utilização do pasto diferido. Inicialmente, as LV
eram dispostas no estrato superior do pasto, de forma semelhante ao que ocorre
com a maioria dos pastos tropicais (SARMENTO, 2003; DIFANTE, 2006; SILVA,
1993). Todavia, no final do período de pastejo, a LV passou a ser encontrada nos
estratos intermediários do pasto. Isso ocorreu devido ao surgimento de um grande
número de perfilhos aéreos, originados das gemas axilares localizadas na região
mediana dos colmos dos perfilhos vivos. Comportamento semelhante a este foi
descrito por SANTOS (2000) em pasto diferido de Brachiaria decumbens.
4.2- Valor nutritivo dos componentes morfológicos da forragem
Uma vez que a disponibilidade, proporção, distribuição e qualidade dos
componentes morfológicos do pasto influenciam o consumo e o desempenho dos
animais em pastejo, a análise químico-bromatológica desses componentes pode
caracterizar melhor a forragem disponível (SANTOS et al., 2004). Nesse sentido,
71
foram determinados os teores de proteína bruta e de fibra em cada componente
morfológico da forragem.
O teor de proteína bruta (PB) na lâmina foliar verde (LV) foi maior do que nos
demais componentes morfológicos da forragem (Figura 20), o que está em
concordância com vários trabalhos de pesquisa com gramíneas forrageiras
tropicais (SANTOS, 2000; PACIULLO, 2000; QUEIROZ,1997; DIFANTE, 2006).
Isso ocorre porque o nitrogênio faz parte da composição de diversas moléculas
envolvidas no processo fotossintético, como a rubisco e a fosfoenolpiruvato-
carboxilase (SANTOS, 2004), processo este que ocorre principalmente nas células
do mesófilo foliar (CORSI & NASCIMENTO JR, 1994). Por essa razão, nas plantas
do grupo fotossintético C
3
, 75% do nitrogênio está localizado nas folhas (Chapin et
al., 1987, citados por MARENCO & LOPES, 2005).
a
b
a
b
a
a
a
a
0
3
6
9
12
15
LV CV LM CM
Componente Morfológico
% PB
Início rmino
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada componente morfológico, não diferem
entre si pelo teste t (P>0,01).
Figura 20 - Teor de proteína bruta (PB) dos componentes morfológicos da
forragem diferida no início e no término do período de pastejo
(médias de todas as pastagens diferidas de capim-braquiária).
Os menores teores de PB em lâmina foliar morta (LM) e colmo morto (CM)
podem ser explicados pela translocação de compostos solúveis, como o
nitrogênio, durante o processo de senescência. Neste processo, o nitrogênio
72
também pode ser utilizado na respiração do próprio órgão em senescência ou por
bactérias e fungos que vivem sobre o tecido vegetal (PEDREIRA et al., 2001).
Comparando todos os componentes morfológicos da forragem, verifica-se
que apenas a LV possui o teor mínimo de PB requerido para atender as
exigências nutricionais dos microrganismos ruminais, que é de 7% (VAN SOEST,
1994). Isso confirma a relevância de produzir uma forragem diferida caracterizada
pela maior proporção de LV em sua constituição.
De forma intrigante, a LV avaliada no início do período de pastejo possuiu
menor (P<0,01) teor de PB do que a LV presente no término do período de
utilização das pastagens diferidas. No início do pastejo, as LV eram de maior
comprimento do que aquelas presentes no término do período de pastejo, pois as
primeiras eram constituintes, em sua maioria, dos perfilhos basais, e as últimas,
pertenciam aos perfilhos aéreos que surgiram durante o pastejo. Folhas maiores e
mais pesadas necessitam de mais tecidos estruturais para manterem sua
arquitetura foliar e, dessa forma, possuem maior proporção de quilha ou nervura
central (SANTOS et al., 2004), componente este com baixo teor de PB (MISTURA
et al., 2004). Esse comportamento também parece ser a causa dos maiores teores
(P<0,01) de PB na LM presente no término do período de pastejo, em relação à
LS presente no início desse período.
A mesma explicação acima pode ser utilizada para justificar o maior (P<0,01)
teor de fibra em detergente neutro (FDN) da LV no início do período de pastejo
(Figura 21). As folhas mais compridas são constituídas de maior proporção de
quilha e esta possui alto teor de FDN (MISTURA et al., 2004). Além disso, a maior
proporção das LV existentes no início do período de pastejo foi formada durante o
período de diferimento dos pastos, no verão e,ou outono. Por outro lado, grande
proporção das LV presentes no final do período de pastejo surgiu durante o
inverno. As condições de clima, sobretudo de temperatura, nos períodos em que
as LV se desenvolveram podem explicar as diferenças nos seus teores de FDN,
visto que, em condições de temperaturas mais elevadas, como no verão, a mais
intensa atividade metabólica da planta converte os produtos fotossintéticos
rapidamente em componentes estruturais (VAN SOEST, 1994).
73
a
a
a
a
a
a
a
b
0
20
40
60
80
100
LV CV LM CM
Componente Morfológico
% FDN
Início rmino
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada componente morfológico, não diferem
entre si pelo teste t (P>0,01).
Figura 21 - Teor de fibra em detergente neutro (FDN) dos componentes
morfológicos da forragem diferida no início e término do período de
pastejo (médias de todos os pastos diferidos de capim-braquiária).
Os teores de FDN dos componentes morfológicos da forragem decresceram
na seguinte ordem: CM, CV, LM e LV. Os componentes mortos da planta possuem
maior teor de FDN, visto que os constituintes da FDN são pouco, ou não são,
translocados na planta (SANTOS, 2000). Ressalta-se que a LM apresentou menor
teor de FDN do que o CV, porque este é um órgão com função de sustentação da
planta e, portanto, rico em tecidos com células de parede celular mais espessa e
lignificada, como xilema e esclerênquima (PACIULLO, 2000).
Exceto para a LV, os teores de FDN dos demais componentes morfológicos
da planta não variaram (P>0,10) entre o início e o término do período de utilização
das pastagens. Entretanto, a natureza da FDN desses componentes foi
modificada durante o período de pastejo (Figura 22). Os componentes CV
(P<0,01), LM (P<0,01) e CM (P<0,05) tiveram seus teores de FDN indigestível
(FDNi) incrementados e, consequentemente, seus teores de FDN potencialmente
digestível (FDNpoD) diminuídos durante esse período. O aumento no teor de FDNi
do CV no término do período de pastejo provavelmente se deve à idade mais
avançada dos perfilhos vivos a partir dos quais essa fração foi obtida. De fato,
74
colmos mais velhos possuem maior teor de lignina (PACIULLO, 2000), que é
considerado o principal componente químico da parede celular a limitar a
digestibilidade das forrageiras. As ligações entre lignina e os polissacarídeos da
parede celular, notadamente a hemicelulose, impedem o acesso de enzimas
fibrolíticas ao centro de reação dos carboidratos (JUNG & DEETZ, 1993).
O aumento da FDNi dos componentes mortos do pasto (LM e CM) pode ter
sido causado pela sua oxidação parcial no decorrer do período de pastejo,
realizada por fungos e bactérias presentes na superfície desses órgãos. Com isso,
pode ter havido uma maior concentração de fibra indigestível, em detrimento da
fibra mais digestível, nesses componentes ao término do período de pastejo. De
fato, alguns autores, como Preston & Leng (1987), citados por REIS et al. (1996),
afirmaram que a digestibilidade da forragem diferida decresce em função da
incidência de orvalho ou de chuvas, os quais promovem o crescimento de fungos
saprófitas, que aceleram sua decomposição.
b
b
b
a
a
a
a
a
0
20
40
60
80
100
LV CV LM CM
Componente Morfológico
% FDNi
Início
rmino
a
a
a
a
b
b
b
b
0
20
40
60
80
100
LV CV LM CM
Componente Morfológico
% FDNpoD
Início
rmino
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada componente morfológico, não diferem
entre si pelo teste t (P>0,05).
Figura 22- Teores de FDN indigestível (FDNi) e de FDN potencialmente digestível
(FDNpoD) dos componentes morfológicos da forragem diferida no
início e término do período de pastejo (médias de todos as pastos
diferidos de capim-braquiária).
O comportamento da FDNi durante o período de pastejo é responsável pela
resposta dos diferentes componentes morfológicos, quanto ao teor de matéria
75
seca potencialmente digestível (MSpoD). Observa-se que a LV foi o único
componente que manteve o teor de MSpoD relativamente constante (P>0,10)
durante o período de pastejo. Para os demais componentes, o teor de MSpoD
reduziu (P<0,05) do início ao término do período de pastejo. Além disso, a LV é o
componente da forragem potencialmente mais digestível, ao contrário do CM, que
possui menor potencial de digestão (Figura 23).
a
a
a
a
b
b
b
a
0
20
40
60
80
100
LV CV LS CS
Componente Morfológico
% MSpoD
Início rmino
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM – lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada componente morfológico, não diferem
entre si pelo teste t (P>0,05).
Figura 23- Teor de matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) nos
componentes morfológicos da forragem diferida no início e término
do período de pastejo (médias de todos os pastos diferidos de
capim-braquiária).
A LS possuiu um teor de MSpoD um pouco superior ao CV, quais sejam,
68,42 e 66,60 % no início, e 64,32 e 57,00 % no término do período do pastejo,
para LM e CV, respectivamente. Com isso, o potencial de digestão da LM pode
ser considerado relativamente maior do que o do CV. Em concordância com esses
resultados, SANTOS (2000) constatou que a concentração de carboidratos na
“fração C” da LM do pasto diferido de Brachiaria decumbens foi 40,8% menor
quando comparado ao componente CV e, concluiu que a LM possui razoável
potencial como alimento energético para o animal durante o período de seca.
76
4.3- Seletividade de bovinos em pastagens diferidas
As características estruturais do pasto diferido, apresentadas e discutidas
anteriormente, afetam o comportamento ingestivo e o desempenho dos animais.
Estes, por sua vez, também alteram a estrutura do pasto diferido por meio do
pastejo seletivo.
4.3.1- Composição morfológica
A comparação entre os componentes morfológicos da forragem presente na
pastagem e da forragem selecionada pelos bovinos permite conhecer a
preferência dos animais pelos órgãos da planta, assim como entender a resposta
desses animais às diferentes condições morfológicas do pasto.
A composição morfológica da forragem diferida, expressa em valores
relativos, foi influenciada pelos períodos de diferimento e de pastejo, conforme os
modelos presentes na Tabela 13. De forma linear, a proporção de lâmina foliar
verde (LV) diminuiu (P<0,01) e a de colmo morto (CM) aumentou (P<0,01) com os
períodos de diferimento e de pastejo. O percentual de colmo verde (CV) não foi
influenciado (P>0,10) pelos fatores estudados. E a proporção de lâmina foliar
morta (LM) aumentou quadraticamente (P<0,01) com o período de pastejo.
Tabela 13 – Proporções dos componentes morfológicos da forragem em pastos
diferidos de capim-braquiária, sob distintos períodos de diferimento
(D) e de pastejo (P)
Componente
Morfológico
Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
LV
Ŷ = 38,06 - 0,1376**D - 0,2347**P
81,32 25,32 26,77
CV
Y
= 36,91
- 4,86 14,53
LM
Ŷ = 21,36 + 0,4036**P - 0,004787**P
2
62,70 7,04 17,99
CM
Ŷ = 24,94 + 0,2845**D + 0,4148**P
81,33 15,76 22,44
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM- colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01).
77
As variações nas proporções dos componentes morfológicos da forragem
diferida são explicadas pela alteração das massas desses mesmos componentes,
em resposta aos períodos de diferimento e de pastejo. De todo modo, ficou
demonstrado que períodos longos de diferimento afetam negativamente a
estrutura do pasto diferido por aumentar a proporção de CM e reduzir a de LV.
Esse mesmo comportamento ocorreu durante o período de pastejo.
Como os animais não são indiferentes à estrutura do pasto que consomem,
ocorreu também uma modificação nas características morfológicas da forragem
selecionada por bovinos em função dos períodos de diferimento e de pastejo
(Tabela 14). Seguindo um comportamento similar ao ocorrido com a forragem na
pastagem, os períodos de diferimento e de pastejo, de forma linear, reduziram
(P<0,01) a proporção de LV, bem como elevaram (P<0,05) a participação de CM
na forragem selecionada pelos bovinos. O percentual de CV na forragem
selecionada não foi alterado (P>0,10) nesse estudo. A proporção de FM aumentou
linearmente com os períodos de diferimento (P<0,05) e de pastejo (P<0,01).
Tabela 14 – Proporções (%) dos componentes morfológicos da forragem
selecionada por bovinos em pastagens diferidas de capim-
braquiária, em resposta aos períodos de diferimento (D) e de pastejo
(P)
Componente
Morfológico
Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
LV
Ŷ = 115,64 - 0,3768**D - 0,4793**P
88,78 10,36 11,41
CV
Y
= 15,59
- 69,85 47,42
LM
Ŷ = - 0,30 + 0,1252*D + 0,05832**P
46,6 38,93 20,19
CM
Ŷ = - 25,06 + 0,1965*D + 0,4341**P
80,15 50,85 30,89
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM- colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
A modificação da composição morfológica da forragem selecionada pelos
bovinos foi consequência das características estruturais do pasto diferido, que
também foi alterada pelo pastejo seletivo. Para entender melhor a interface entre a
78
estrutura do pasto diferido e o comportamento de pastejo seletivo dos bovinos, foi
realizado um estudo de correlação entre as composições morfológicas do pasto e
da forragem selecionada (Tabela 15).
Tabela 15- Coeficientes de correlação linear simples entre as proporções dos
componentes morfológicos da forragem disponível e da forragem
selecionada por bovinos em pastagens diferidas de capim-braquiária
Componente Selecionado
Componente do Pasto
LV CV LM CM
LV
0,83** -0,27 -0,61** -0,67**
CV
0,80** -0,01 -0,46* -0,79**
LM
-0,04 0,50* 0,37 -0,30
CM
-0,88** 0,00 0,48* 0,90**
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM - colmo morto;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
Observa-se que as proporções de LV na pastagem e na forragem
selecionada correlacionaram-se (P<0,01) alta e positivamente. Com isso, fatores
predisponentes ao incremento da participação de LV na forragem diferida, tais
como menores períodos de diferimento e de pastejo, resultam em aumento de sua
apreensão pelo animal. Como a LV é o componente morfológico do pasto
preferido pelo bovino, é natural que, quanto maior sua proporção na forragem
disponível, menos LM e CM sejam ingeridos, justificando a correlação negativa
(P<0,01) do percentual de LV na pastagem com as proporções de LM e CM na
forragem selecionada.
A proporção de CV no pasto correlacionou-se, alta e positivamente com a
proporção de LV (P<0,01) e, de forma negativa, com as proporções de LM
(P<0,05) e de CM (P<0,01) na forragem selecionada pelos bovinos. Infere-se,
portanto, que o CV do capim-braquiária não é um componente morfológico
expressivamente deletério à acessibilidade da LV em pastagens diferidas, talvez
pelo fato do colmo do capim-braquiária ser fino, flexível e menos lignificado. Nesse
contexto, EUCLIDES et al. (1997), corroborando essa inferência, afirmam que a
79
relevância da relação lâmina/colmo varia conforme a espécie forrageira, sendo
que valores menores em espécies de colmo tenro, como a Brachiaria decumbens,
podem não comprometer tanto o consumo. Em adição, a ocorrência de CV é um
pressuposto básico para a existência de LV no pasto, visto que o perfilho que não
possui o colmo vivo não pode conter uma lâmina foliar verde. E quanto mais LV na
pastagem, maior sua ingestão pelo animal, em detrimento ao consumo de LM e
CM, componentes morfológicos menos preferidos.
O percentual de LM do pasto correlacionou-se positivamente (P<0,05)
apenas com a proporção de CV da forragem selecionada. Constata-se, desse
modo, que o incremento da participação de LM no pasto diferido resulta em maior
consumo de componentes morfológicos menos preferidos pelo animal, como o
CV. Mesmo assim, o aumento do percentual de LM no pasto diferido parace não
prejudicar a apreensão de LV, razão da inexistência de correlação significativa
entre as proporções de LM do pasto e LV da forragem selecionada.
O percentual de CM da pastagem diferida foi negativamente correlacionado
(P<0,01) com a proporção de LV e correlacionado de forma positiva com as
proporções de LM (P<0,05) e CS (P<0,01) na forragem selecionada. Numa
forrageira, pode-se dizer que existe um comportamento antagônico entre as
proporções de LV e CM. Portanto, quanto maior a proporção de CM no pasto
diferido, menor será a participação de LV no mesmo. Menos LV dificulta e reduz o
seu consumo, enquanto aumenta a apreensão de LM e CM pelo animal.
As informações obtidas através do estudo de correlação entre as proporções
dos componentes morfológicos do pasto diferido e da forragem selecionada vão
de encontro às observações do comportamento dos bovinos em pastejo. Nesse
experimento, verificou-se que os bovinos sempre preferiram a LV,
independentemente das características estruturais do pasto diferido. Buscando
apreender LV, os animais acabavam ingerindo também outros componentes
morfológicos da planta menos preferidos, tais como LM, CM e CV, que se
encontravam próximos à LV.
Os pastos diferidos por longo tempo e com maior período de pastejo
apresentaram uma ínfima participação de LV na forragem diferida, chegando a
80
valores da ordem de 4,4 e 2,8% de LV na forragem daqueles pastos diferidos por
73 e 163 dias, respectivamente, no último dia de pastejo. Nesses pastos, além da
massa de LV ter sido ínfima, a densidade de CM foi muito elevada.
Adicionalmente, no final do período de pastejo, a LV encontrava-se nos estratos
intermediários do pasto, como constituinte de novos e pequenos perfilhos aéreos.
Diante dessa condição do pasto, o animal teve maior dificuldade em acessar
a LV em função do impedimento ou barreira estrutural conferida pela presença do
CM. Como forma de superar essa limitação, é provável que o animal tenha
aumentado seu tempo de pastejo e, em algumas situações, passou a utilizar,
inclusive, o “focinho” a fim de revolver os perfilhos tombados que estavam
dificultando o acesso aos perfilhos mais jovens e menores e às poucas folhas
verdes presentes no pasto (Figura 24). Dessa forma, o pastejo passou a ocorrer
preferencialmente nos estratos intermediários do pasto, um comportamento
contrário ao relatado em pastos tropicais manejados sob lotação contínua ou
intermitente (CARVALHO et al, 2001). Realmente, o animal prefere colher a
forragem do estrato superior do pasto e é relutante em penetrar no extrato mais
baixo, a menos que haja vantagem para a seleção de componentes morfológicos
preferidos, como folhas verdes (COSGROVE, 1997).
Figura 24- Pastejo preferencial nos estratos intermediários do pasto realizado por
bovinos em pastagens diferidas.
81
Mesmo que a estrutura do pasto diferido interfira, a seletividade dos bovinos
sempre ocorrerá, já que esta é uma característica dos herbívoros desenvolvida ao
longo de uma co-evolução com as plantas que data de milhares de anos
(CARVALHO et al., 2001). Nesse sentido, independentemente dos efeitos dos
períodos de diferimento e de pastejo, a forragem selecionada sempre possuiu
maior proporção de LV e menores percentuais de CV, LM e CM (Figuras 25 e 26).
EUCLIDES et al. (1992), avaliando uma pastagem de Brachiaria decumbens
amostrada durante o período seco também verificaram que os bovinos
selecionaram uma dieta com um teor de folha 10,5 vezes maior do que a
disponível, numa condição em que a percentagem de folha disponível na
pastagem era de apenas 1,3%,
0
10
20
30
40
50
60
70
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% LV
Disponível
Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% CV
Disponível
Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% LM
Disponível Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% CM
Disponível
Selecionada
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM - lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Figura 25- Comparação entre a proporção dos componentes morfológicos na
forragem disponível e na forragem selecionada por bovinos em
resposta aos períodos de diferimento da pastagem (média de todo o
período de pastejo).
82
Dentre todos os componentes morfológicos do pasto diferido, a maior
diferença entre os valores na forragem disponível e na forragem selecionada
ocorreu para a LV. Isso confirma que a LV é o componente preferencialmente
escolhido por bovinos em pastejo.
0
10
20
30
40
50
60
70
1295785
Período de pastejo (dia)
% LV
Disponível
Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
1 295785
Período de pastejo (dia)
% CV
Disponível
Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
1 295785
Período de pastejo (dia)
% LM
Disponível
Selecionada
0
10
20
30
40
50
60
70
1295785
Período de pastejo (dia)
% CM
Disponível Selecionada
LV – lâmina foliar verde; CV – colmo verde; LM - lâmina foliar morta; CM – colmo morto;
Figura 26- Comparação entre a proporção dos componentes morfológicos na
forragem disponível e na forragem selecionada por bovinos durante o
período de pastejo (médias de todas as pastagens diferidas).
A análise desses resultados permite entender que a seletividade é uma
característica inerente ao animal. Nesse experimento, independentemente da
condição do pasto diferido, os bovinos sempre exerceram sua seletividade.
Embora existam diferenças individuais entre bovinos quanto à seletividade
(EUCLIDES et al., 1992), esses animais não se tornaram mais ou menos seletivos
em função das diferentes características estruturais dos pastos diferidos. O que
83
ocorreu foi que estes pastos condicionaram, em escalas variáveis, a expressão do
comportamento seletivo dos bovinos durante o pastejo.
Atualmente, tem-se dado à senescência uma conotação negativa. As
estratégias de manejo do pastejo visam reduzir a ocorrência de senescência a
valores mínimos a fim de diminuir a perda de forragem. Nesse sentido, o conceito
de manejo racional de pastagens, em termos práticos, corresponderia a uma
técnica de manejo que permitiria a colheita do máximo de matéria verde possível
através da redução das perdas por morte, senescência e decomposição dos
tecidos (DA SILVA & SBRISSIA, 2000).
No entanto, o enfoque conferido à senescência deve ser contextualizado.
Nesse experimento, ficou evidente que pastagens diferidas possuem alta
disponibilidade de LM e CM, sendo que a soma de suas proporções na forragem
diferida durante o período de pastejo correspondeu, em média, a 51,65%. Será
que este material morto pode ser considerado realmente uma fonte de perda de
forragem? Durante o período de pastejo, a forragem selecionada por bovinos
continha, em média, 16,93% de LM e 17,05% de CM. Ademais, a LM possuiu um
valor de MSpoD superior ao do componente CV. Se considerarmos essas
informações, a resposta à pergunta anterior possivelmente venha a ser distinta
daquela tradicionalmente aceita.
4.3.2- Valor nutritivo
O pastejo seletivo dos bovinos altera o valor nutritivo da forragem diferida. Na
Tabela 16, são apresentados os modelos que melhor explicam a resposta da
composição químico-bromatológica da forragem em função das variáveis
independentes tempos de diferimento e de pastejo.
O teor de PB reduziu linearmente (P<0,05) com o período de diferimento e
em taxas decrescentes (P<0,01) com o período de pastejo. Comportamento
inverso foi verificado para o teor de FDN da forragem, que aumentou de forma
linear (P<0,05) com o período de diferimento e a taxas decrescentes (P<0,01) com
o período de pastejo. O teor de FDNi aumentou com os períodos de diferimento
84
(P<0,05) e de pastejo (P<0,01) segundo o modelo linear. A FDNpoD foi
incrementada (P<0,01) de forma linear apenas pelo período de pastejo. O
percentual de MSpoD diminuiu linearmente com os períodos de diferimento
(P<0,05) e de pastejo (P<0,01).
Tabela 16 – Composição químico-bromatológica da forragem em pastagens
diferidas de capim-braquiária, em função dos períodos de
diferimento (D) e de pastejo (P)
Característica Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
PB
Ŷ = 8,31 - 0,01862*D - 0,07225**P + 0,0006531**P
2
64,00 12,33 7,60
FDN
Ŷ = 68,72 + 0,05591*D + 0,1150**P - 0,0008894**P
2
79,28 2,48 1,84
FDNi
Ŷ = 21,02 + 0,0710*D + 0,145015**P
82,40 10,48 4,01
FDNpoD
Ŷ = 46,72 - 0,1083**P
71,60 5,88 4,50
MSpoD
Ŷ = 78,37 - 0,06989*D - 0,1443**P
82,33 5,83 2,24
PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro indigestível;
FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
Tanto o período de diferimento quanto o de pastejo resultaram em diminuição
do componente morfológico do pasto mais rico em PB e com menor teor de FDN,
que é a LV. Ademais, ambos os períodos também incrementaram a participação
de CM na forragem diferida, componente este com maior teor de FDN e menor
conteúdo de PB. Isso justifica a redução do teor de PB e o aumento do teor de
FDN da forragem com os períodos de diferimento e de pastejo. ACEDO (2004)
também verificou que o teor de PB em pasto diferido de Brachiaria brizantha
diminuiu de 5,05% para 3,77% durante o período de pastejo.
O processo de ingestão de FDN pelo animal não permite a discriminação
entre FDNi e FDNpoD, embora observa-se uma tendência de seleção, por parte
do animal, de frações mais digestíveis do estrato total do pasto (PAULINO et al.,
2006). De fato, nesse experimento, os teores de FDNi e FDNpoD foram mais
85
afetados pelo período de pastejo do que pelo período de diferimento. A
seletividade dos bovinos pela LV foi um dos responsáveis pelo acréscimo da FDNi
e decréscimo da FDNpoD na forragem diferida. O período de diferimento também
elevou o teor de FDNi da forragem em decorrência da alta taxa de senescência
comum em pastos sob longo período de crescimento (PARSONS et al., 1983).
A redução dos teores de MSpoD com os períodos de diferimento e de pastejo
foi consequência da variação dos teores de FDNi da forragem diferida, conforme
explicado acima. Mais uma vez, destaca-se que o período de pastejo teve um
efeito mais pronunciado sobre a redução do teor de MSpoD da forragem do que o
período de diferimento.
Em última instância, são as alterações nas características morfológicas do
pasto que resultam em modificações no seu valor nutritivo. Assim, para melhor
entendimento, foram determinados os coeficientes de correlação entre os
componentes morfológicos da forragem disponível e a composição química da
mesma (Tabela 17). Mais uma vez, os resultados confirmam que, idealmente, a
forragem produzida via diferimento da pastagem deve ser composta
principalmente de LV e, minoritariamente, de CM, a fim de que a matéria seca
produzida tenha um maior potencial de digestão e aproveitamento pelo animal.
Todas as características químico-bromatológicas que concorrem para melhorar o
valor nutritivo da forragem (PB, FDNpoD e MSpoD) foram altamente e
positivamente correlacionadas (P<0,01) com a proporção de LV da forragem. De
forma contrária, o CM esteve correlacionado (P<0,01) de forma positiva com as
características deletérias ao valor nutritivo da forragem diferida (FDN e
principalmente FDNi). A composição químico-bromatológica inerente a cada
componente morfológico da forragem diferida é a razão da significância e natureza
dessas correlações.
O interessante é que as práticas de manejo da pastagem que aumentam a
proporção de LV no pasto também diminuem, concomitantemente, o percentual de
CM na forragem diferida.
86
Tabela 17- Coeficientes de correlação linear simples entre os componentes
morfológicos e a composição química da forragem em pastagens
diferidas de capim-braquiária
Componente Morfológico da Forragem (%)
Característica
LV CV LM CM
PB 0,72** 0,25 -0,49* -0,38
FDN -0,71** -0,70** 0,25 0,70**
FDNi -0,94** -0,70** 0,15 0,85**
FDNpoD 0,86** 0,52* -0,05 -0,74**
MSpoD 0,94** 0,70** -0,15 -0,85**
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM - colmo morto;
PB – proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro
indigestível; FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
Na Tabela 18, encontram-se os modelos referentes à variação da
composição químico-bromatológica da forragem selecionada por bovinos em
pastagens submetidas a períodos de diferimento e de pastejo distintos. Os efeitos
dos períodos de diferimento e de pastejo foram lineares para todas as
características avaliadas. Os teores de PB (P<0,01), FDNpoD (P<0,05) e MSpoD
(P<0,05) diminuíram com os períodos de diferimento e de pastejo, contrariamente
ao ocorrido com os teores de FDN (P<0,10) e FDNi (P<0,05). Esse padrão de
resposta é consequência das variações na composição morfológica da forragem
selecionada pelos bovinos. A redução da seleção de LV e o incremento na
apreensão de CM em pastagens diferidas por mais tempo e durante o período de
pastejo resultaram em aumento nos teores de FDN e FDNi, bem como no
decréscimo nos teores de PB, FDNpoD e MSpoD na forragem selecionada pelos
bovinos.
87
Tabela 18 – Composição químico-bromatológica da forragem selecionada por
bovinos em pastagens diferidas de capim-braquiária, em função dos
períodos de diferimento (D) e de pastejo (P)
Característica Equação
R
2
(%)
CV a
(%)
CV b
(%)
PB
Ŷ = 10,99 - 0,01558**D - 0,02490**P
50,05 5,96 15,00
FDN
Ŷ = 62,94 + 0,04103
+
D + 0,05676**P
40,26 4,49 3,92
FDNi
Ŷ = -0,43 + 0,1054*D + 0,1841**P
88,59 16,96 10,45
FDNpoD
Ŷ = 63,37 - 0,06433*D - 0,1274**P
73,79 7,32 6,37
MSpoD
Ŷ = 99,69 - 0,1045*D - 0,183**P
88,66 4,24 2,62
PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro indigestível;
FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05) /
+
Significativo pelo teste t
(P<0,10).
A confirmação de que a composição morfológica da forragem selecionada
por bovinos determinou sua composição químico-bromatológica pode ser
constatada pela análise das correlações entre essas características (Tabela 19).
Nota-se que a maior proporção de LV e o menor percentual de CM na forragem
selecionada resultaram em melhoria do seu valor nutritivo, na medida em que a LV
foi correlacionada (P<0,01) positivamente com os teores de PB, FDNpoD e
MSpoD, e o CM correlacionou-se (P<0,01) de forma positiva com FDN e FDNi. A
causa destas correlações se deve à composição química específica de cada
componente morfológico da forragem.
O esforço do animal no intuito de selecionar uma forragem de melhor
qualidade não foi em vão, visto que, independente do tempo de diferimento da
pastagem e durante todo o período de pastejo, a forragem selecionada pelos
bovinos possuiu um valor nutritivo melhor do que a forragem da pastagem
(Figuras 27 e Figura 28). De acordo com CARVALHO et al. (2005), caso não
houvesse esse comportamento seletivo em condições onde a percentagem de
material morto é muito alta e a de lâminas foliares é baixa, a redução do
desempenho animal poderia ser bem maior.
88
Tabela 19- Coeficientes de correlação linear simples entre os componentes
morfológicos e a composição química da forragem selecionada por
bovinos em pastagens diferidas de capim-braquiária
Componente Morfológico da Forragem (%)
Característica
LV CV LM CM
PB 0,63** -0,03 -0,21 -0,68**
FDN -0,62** 0,11 0,28 0,61**
FDNi -0,92** -0,08 0,56* 0,94**
FDNpoD 0,84** 0,18 -0,57* -0,88**
MSpoD 0,92** 0,08 -0,56* -0,95**
LV- lâmina foliar verde; CV- colmo verde; LM- lâmina foliar morta; CM - colmo morto;
PB – proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro
indigestível; FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
** Significativo pelo teste t (P<0,01) / * Significativo pelo teste t (P<0,05).
Em termos médios, durante o período de pastejo, a forragem selecionada
pelos bovinos possuía um teor de PB igual 8,07%, enquanto que na forragem da
pastagem, esse teor era de 4,91%. Os percentuais de FDNpoD e MSpoD também
foram 20 e 24% superiores, respectivamente, na forragem selecionada quando
comparados com a forragem da pastagem. A forragem selecionada também
continha menores teores de FDN (70,24%) e FDNi (20,00%) do que a forragem
disponível na pastagem, que possuiu 77,76 e 35,71% de FDN e FDNi,
respectivamente. Corroborando esses resultados, KABEYA (2000) verificou que,
em média, o teor de PB do pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu foi de 4,33
%, enquanto o teor na forragem selecionada correspondeu a 8,79 %. Segundo
esse mesmo autor, o teor médio de FDN da forragem presente na pastagem
(80,18 %) foi superior ao determinado na amostra de pastejo simulado (média de
68,95 %).
As exigências de compostos nitrogenados dos microrganismos ruminais
deixam de ser atendidas em níveis dietéticos basais de proteína bruta inferior a
7% (VAN SOEST, 1994). Assim, constata-se que o teor de nitrogênio não foi fator
89
limitante na forragem selecionada pelos animais, mesmo com a forragem da
pastagem possuindo um valor de PB igual a 4,91%. Isso confirma a importância
do pastejo seletivo no sentido de ajustar os possíveis desequilíbrios nutricionais
presentes na forragem disponível.
0
2
4
6
8
10
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% PB
Disponível
Selecionada
0
20
40
60
80
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% FD
N
Disponível
Selecionada
0
20
40
60
80
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% FDN
i
Disponível Selecionada
0
20
40
60
80
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% FDNpoD
Disponível Selecionada
0
20
40
60
80
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
% MSpoD
Disponível Selecionada
PB – proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro
indigestível; FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
Figura 27- Composição químico-bromatológica na forragem disponível e na
forragem selecionada por bovinos em pastagens diferidas de capim-
braquiária por distintos períodos (médias de todo período de pastejo).
90
0
2
4
6
8
10
1 295785
Período de pastejo (dia)
% PB
Disponível
Selecionada
0
20
40
60
80
100
1 295785
Período de pastejo (dia)
% FD
N
Disponível
Selecionada
0
20
40
60
80
100
1295785
Período de pastejo (dia)
% FDN
i
Disponível
Selecionada
0
20
40
60
80
100
1 295785
Período de pastejo (dia)
% FDNpoD
Disponível Selecionada
0
20
40
60
80
100
1 295785
Período de pastejo (dia)
% MSpoD
Dis ponív el Selecionada
PB – proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra em detergente neutro
indigestível; FDNpoD- fibra em detergente neutro potencialmente digestível; MSpoD- matéria seca
potencialmente digestível;
Figura 28- Composição químico-bromatológica na forragem disponível e na
forragem selecionada por bovinos durante o período de pastejo (média
de todas as pastagens de capim-braquiária diferidas).
Por outro lado, a garantia teórica de que toda a extensão da FDNpoD possa
ser utilizada pelos microrganismos ao serem supridos níveis mínimos de 7% de
PB não assegura sua otimização, uma vez que estímulos sobre a taxa de digestão
ainda são verificados com a elevação dos níveis de proteína a valores próximos
91
de 13-14% (LAZZARINI et al., 2006). Dessa forma, nesse estudo, apenas a
forragem selecionada pelos bovinos nas pastagens diferidas não asseguraria a
otimização da digestão da FDNpoD. Para isso, o fornecimento de suplementos
que permitam elevar o teor de PB da dieta constitui-se em estratégia de manejo
apropriada.
A amostra de forragem selecionada, médias do 1° e 29° dias do período de
pastejo, continham praticamente os mesmos teores de PB e MSpoD quando
comparadas às amostras de LV presente no início do período de pastejo (Figura
29). O intrigante é que a composição morfológica da forragem selecionada não
continha somente LV, sendo constituída também, em média, por 16,8% de CV,
14,2% de LM e 4,2% de Cm. A aparente inconsistência desses resultados pode
ser explicada pelo fato de os bovinos terem selecionado a LV presente no estrato
superior do pasto. Estas LV são mais jovens e, segundo PACCIULO (2000),
possuem maior teor de PB e mais elevada digestibilidade in vitro da matéria seca.
Por outro lado, a amostra de LV foi constituída de folhas verdes de diferentes
idades, incluindo aquelas mais velhas. Isso pode ter sido responsável pela
semelhança entre os valores nutritivos da forragem selecionada e da LV no início
do período de pastejo. De acordo com EUCLIDES et al. (1992), os animais
provavelmente realizam uma seleção adicional dentro do material foliar disponível,
procurando a fração mais digestível, tal como: folhas novas em detrimento às mais
velhas.
Contudo, ao término do período de pastejo, o valor nutritivo da forragem
selecionada foi inferior ao da LV (Figura 29). Nesse período, a apreensão de LV
jovem pelos animais não foi capaz de compensar a maior participação de CV, LM
e CM na forragem selecionada, que foram iguais a 14,5; 19,7 e 29,9%,
respectivamente. Nesse sentido, a utilização do componente morfológico LV para
estimar o valor nutritivo da forragem selecionada por bovinos em pastejo não é o
método mais adequado. Essa mesma assertiva foi feita por EUCLIDES et al.
(1992).
92
a
a
b
a
0
3
6
9
12
15
Início r mino
Período de Pastejo
% PB
Lâmina vede
Forragem selecionada
aa
b
a
0
20
40
60
80
100
Início Término
Período de Pastejo
% MSpoD
Lâmina vede
Forragem selecionada
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada período de pastejo, não diferem entre si
pelo teste t (P>0,01).
Figura 29- Teores de proteína bruta (PB) e matéria seca potencialmente digestível
(MSpoD) na forragem selecionada e na lâmina foliar verde em
pastagens de capim-braquiária durante o início e o término do período
de pastejo.
4.4- Matéria seca potencialmente digestível
Uma vez que a produção de matéria seca total é inadequada para predizer
as necessidades de manejo do rebanho, por não fornecer qualquer avaliação da
qualidade da forragem, deve-se avaliar a adequabilidade da expressão da oferta
de forragem em matéria seca potencialmente digestível (PAULINO et al., 2006).
Com esse objetivo, foi determinada a massa de matéria seca potencialmente
digestível (MSpoD) em pastagens diferidas.
O comportamento da massa de MSpoD em função dos períodos de
diferimento e de pastejo pode ser observado na Figura 30. Observa-se que o
período de diferimento aumentou (P<0,01) linearmente a massa de MSpoD e o
período de pastejo a fez diminuir (P<0,10) segundo o modelo quadrático. Embora
o percentual de MSpoD da forragem diferida tenha reduzido com o aumento do
período de diferimento, este incrementou acentuadamente a produção de
forragem, o que também causou a elevação da massa de MSpoD. A análise
isolada dessa informação conduziria à recomendação de maiores períodos de
diferimento para se obter maior quantidade de MSpoD em pastagens diferidas.
Entretanto, longo período de diferimento tem efeito prejudicial à estrutura do pasto
93
diferido, o que pode aumentar as perdas de forragem durante o pastejo, além de
limitar o consumo e o desempenho animal.
2500
3500
4500
5500
6500
1111
29292929
57575757
85858585
73
102
131
162
73
102
131
162
73
102
131
162
73
102
131
162
M
S
p
o
D
(
k
g
/
h
a
)
P
e
r
í
o
d
o
d
e
p
a
s
t
e
j
o
(
d
i
a
)
P
e
r
í
o
d
o
d
e
d
i
f
e
r
i
m
e
n
t
o
(
d
i
a
)
Ŷ = 4313,46 + 14,0248**D - 61,9002**P + 0,348973
+
P
2
R
2
= 82,44%; CV Res a = 9,51%; CV Res b = 19,26%
Figura 30- Matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) em pastagens de
capim-braquiária sob distintos períodos de diferimento e de pastejo;
significativo pelo teste t a 1% (**) e a 10% (
+
).
A redução da massa de MSpoD durante o período de pastejo ocorreu devido
ao decréscimo da massa de forragem total e à diminuição do percentual de
MSpoD nesse período. A redução deste último foi causada pelo aumento do teor
de FDNi na forragem diferida durante o período de pastejo.
As massas de forragem total (FT) e de MSpoD das pastagens diferidas estão
apresentadas na Figura 31. Observa-se que nas pastagens diferidas a massa de
FT sempre foi superior à massa de MSpoD, fato este decorrente da
impossibilidade de produzir forragem com total potencial de digestão. As médias
das massas de FT e MSpoD foram 5.599 e 3.723 kg/ha, respectivamente, durante
o período de pastejo.
94
(A)
0
1500
3000
4500
6000
7500
9000
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
kg/ha de MS
MSpoD
MST
(B)
0
1500
3000
4500
6000
7500
9000
1295785
Período de pastejo (dia)
kg/ha de MS
MSpoD MST
Figura 31- Disponibilidades médias de forragem total (MST) e matéria seca
potencialmente digestível (MSpoD) em pastagens de capim-braquiária
sob diferentes períodos de diferimento (A) e durante o período de
pastejo (B).
Ações de manejo da pastagem, como a determinação do tempo em que o
pasto permanece diferido, alteram a composição morfológica da forragem diferida
e, consequentemente, a quantidade de MSpoD produzida. As correlações
(P<0,01) entre as massas de LV e CV e a massa de MSpoD foram iguais a 0,70 e
0,86, respectivamente. A massa de LM também se correlacionou positivamente
(P<0,01) com a massa de MSpoD, sendo igual a 0,62. No entanto, não foi
verificado correlação significativa (P>0,10) entre massa de MSpoD e massa de
CM, embora o valor obtido tenha sido negativo e correspondente a -0,23.
A massa de MSpoD também se correlacionou positivamente (P<0,05) com o
desempenho de bovinos em pastagens diferidas, sendo esta correlação igual a
0,65. Provavelmente, a ausência de uma correlação mais forte entre essas
variáveis foi resultado das diferenças de estrutura dos pastos diferidos. Algumas
características estruturais, como altura do pasto, nível de tombamento dos
perfilhos e distribuição dos componentes morfológicos no perfil do pasto, não são
necessariamente relacionadas com a expressão da massa do pasto em MSpoD.
Mesmo assim, a expressão da massa de forragem em MSpoD auxilia a
caracterização da forragem produzida e permite inferir sobre o potencial de
desempenho animal em pastagens diferidas.
95
4.5- Taxa de lotação
A taxa de lotação (TL) média durante todo período experimental foi de 3,72 e
3,36 UA/ha no ANO 1 e ANO 2, respectivamente. Esses valores de TL são
consideravelmente altos para a época do ano em que ocorreu o período de
pastejo (inverno) e, principalmente, quando comparados à TL média nacional em
pastagens, que é de cerca de 0,6 UA/ha (SANTOS & BERNARDI, 2005).
A manutenção de elevadas TL durante o período de pastejo foi possível
devido à suplementação dos pastos diferidos. EUCLIDES et al. (1998) também
verificaram que, durante o período seco, os piquetes de Brachiaria decumbens em
que os animais tiveram acesso ao suplemento apresentaram maior capacidade de
suporte do que aqueles em que os animais não consumiram o suplemento.
Provavelmente, neste experimento, ocorreu o efeito substitutivo entre a forragem
diferida e o suplemento utilizado, principalmente ao término do período de pastejo.
Assim, o aumento no consumo de suplemento possibilitou manter a alta TL
durante o período experimental.
A TL foi incrementada (P<0,01) de forma linear durante o período de pastejo,
porque os animais ganharam peso durante esse período (Figura 32).
ANO 2
Ŷ = 3,1305 + 0,0083**P
R
2
= 0,66
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
3
ANO 1
Ŷ = 3,0918 + 0,0107**P
R
2
= 0,96
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
30 60
Período de pastejo (dia)
UA/ha
90
0 60
Período de pastejo (dia)
UA/ha
1 a 28 29 a 56 57 a 85 1 a 28 29 a 56
90
57 a 85
Figura 32- Taxa de lotação em pastagens diferidas de capim-braquiária durante o
período de pastejo no ANO 1 e no ANO 2; significativo pelo teste t a
1% (**).
96
A TL inicial nesse experimento foi elevada (cerca de 3,00 UA/ha nos dois
anos) em função da limitada área das unidades experimentais e da necessidade
de manter, no mínimo, dois animais por piquete a fim de respeitar o
comportamento gregário inerente aos bovinos. Essa alta TL foi um dos fatores
responsáveis pelo impacto maior do período de pastejo sobre algumas
características avaliadas no pasto e no próprio animal, em relação ao período de
diferimento.
4.6 - Consumo de suplemento
O efeito do período de pastejo sobre o consumo de suplemento (CSU) pelos
animais foi linear e positivo (P<0,01), porém não foi constatado efeito (P>0,10)
para o período de diferimento (Figura 33).
Pastos diferidos por mais tempo possuem valor nutritivo e estrutura não
predisponente ao consumo de forragem, o que tenderia a elevar o CSU. Segundo
GILL (2001), em condições nas quais a forragem disponível apresenta baixa
aceitabilidade ou qualidade, a procura por suplementos tende a ser mais elevada.
Pode ser que o nível de uréia utilizada na formulação do suplemento (10 %) tenha
controlado o seu consumo (VALADARES FILHO et al., 2004) a um valor limite que
foi alcançado independentemente do período de diferimento dos pastos.
ANO 1
Ŷ = 0,6324 + 0,0044**P
R
2
= 0,41
0,3
0,5
0,7
0,9
1,1
1,3
ANO 2
Ŷ = 0,4048 + 0,0033**P
R
2
= 0,32
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
30 60 90
Período de pastejo (dia)
kg/animal.dia
30 60
Período de pastejo (dia)
kg/animal.dia
1 a 28 29 a 56 57 a 85 1 a 28 29 a 56
90
57 a 85
Figura 33 – Consumo de suplemento em pastagens de capim-braquiária durante o
período de pastejo; significativo pelo teste t a 1% (**).
97
Por outro lado, o aumento do CSU no decorrer do período de utilização das
pastagens faz sentido biologicamente, visto que o período de pastejo foi prejudicial
à estrutura do pasto, reduziu o valor nutritivo e a disponibilidade da forragem
diferida, o que levou os animais a compensarem essa menor qualidade da
forragem através do incremento no CSU.
De fato, os resultados apresentados na Figura 34, permitem inferir que o
CSU é reduzido linearmente (P<0,01) pelas disponibilidades de forragem total e
de matéria seca potencialmente digestível. Quanto menor a massa de forragem na
pastagem, menor é a oportunidade do animal em selecionar os componentes
morfológicos preferidos, o que o faz aumentar o CSU. Esta situação se agrava
quando a massa de forragem em oferta, além de reduzida, é de baixo potencial de
digestão.
FT
Ŷ = 1,0719 - 0,000072**FT
R
2
= 0,46
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
4000 6000 8000 10000 12000
kg/ha de MS
CSU (kg/animal.dia)
MSpoD
Ŷ = 1,078 - 0,00011**MSpoD
R
2
= 0,55
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
2500 3500 4500 5500 6500
kg/ha de MS
CSU (kg/animal.dia)
Figura 34 – Consumo de suplemento (CSU) em função das massas de forragem
total (FT) e de matéria seca potencialmente digestível (MSpoD) em
pastagens diferidas de capim-braquiária no ANO 2; significativo pelo
teste t a 1% (**).
No ANO 1, a média de CSU durante todo o período de pastejo foi de 893
gramas/animal.dia, superior ao verificado no ANO 2, que correspondeu a 600
gramas/animal.dia. É provável que o maior CSU no ANO 1 seja devido à genética
dos animais utilizados, que eram mestiços de origem leiteira e com menor grau de
sangue zebuíno quando comparados àqueles animais avaliados no ANO 2.
Segundo Hunter & Siebert (1985), citado por PAULINO et al. (2002), animais
98
zebuínos apresentam maior capacidade de digestão quando alimentados com
forragens de baixa qualidade, sendo esta capacidade relacionada à sua
capacidade de manter maiores níveis de amônia no fluido ruminal, o que, neste
caso, pode, de alguma forma, refletir sobre a menor procura de proteína
suplementar.
Conforme já discutido neste trabalho, durante o período de utilização de
uma pastagem diferida, ocorrem alterações na qualidade da forragem disponível.
Assim, teoricamente, os suplementos fornecidos aos animais em pastagem
diferida deveriam ser distintos, qualitativamente e/ou quantitativamente, no
decorrer do período de utilização desta pastagem, uma vez que um de seus
objetivos é corrigir as deficiências qualitativas e quantitativas da forragem (REIS et
al., 2005; PAULINO et al., 2002), que são variáveis durante o período de pastejo.
Neste período, o aumento no CSU consistiu numa resposta do animal à variação
da qualidade da forragem, no sentido de tentar equilibrar o consumo de nutrientes
com as suas exigências nutricionais.
Além disso, recomendações generalistas de fornecimento de determinado
tipo e quantidade de suplemento para ser utilizado em pastagens diferidas podem
não gerar os efeitos esperados ou encontrados em situações específicas, como
em pesquisas; visto que a forragem produzida e disponível pode apresentar
características distintas em cada situação, como, por exemplo, quando se
estabelecem tempos de diferimento distintos.
4.7- Produtividade animal
Uma vez que o animal é o integrador final dos efeitos dietéticos, tem sido
sugerido que a expressão completa da quantidade e qualidade da forragem viria
da avaliação do animal em si (PAULINO et al., 2002). Adicionalmente, o animal
em pastejo é o agente transformador da forragem das pastagens, produto de
pouco valor comercial, em um produto útil ao homem e de alto valor comercial
(MARASCHIN, 2000). Diante do exposto, características relacionadas à produção
99
animal foram avaliadas em pastagens sob tempos de diferimento e de pastejo
distintos.
Apenas no ANO 2, o ganho de peso médio diário dos animais (GPD) foi
influenciado (P<0,10) pelo período de diferimento, de forma linear e negativa. Nos
dois anos de pesquisa, o GPD reduziu (P<0,01) linearmente durante o período de
pastejo (Figuras 35 e 36).
Ŷ = 0,8925 - 0,0048**P
R
2
= 0,64
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
30 60
Período de pastejo (dia)
kg/animal.dia
1 a 28 29 a 56
90
57 a 85
Figura 35- Ganho de peso médio diário de bovinos em pastagens diferidas de
capim-braquiária durante o período de pastejo no ANO 1; significativo
pelo teste t a 1% (**).
O GPD não foi influenciado (P>0,10) pelo período de diferimento no ANO 1,
provavelmente, em função da inexistência de efeito deste fator sobre as massas
de forragem verde (FV) e de lâmina foliar verde (LV) nas pastagens diferidas,
características estas intimamente correlacionadas com o desempenho de bovinos
em pastagens.
O efeito do período de pastejo sobre o GPD foi mais acentuado, quando
comparado ao efeito do período de diferimento. Pode-se afirmar que durante o
período de pastejo as alterações na estrutura do pasto foram mais intensas,
devido à influencia do animal, com seu pastejo seletivo, e ao processo de
senescência, comum nessa época do ano. Todos esses fatores convergiram para
o desenvolvimento de um pasto contendo menor massa de forragem, maior
proporção de colmo morto e menor proporção de lâmina foliar verde,
características prejudiciais ao consumo e desempenho animal.
100
Constata-se, assim, que mesmo exercendo sua seletividade e conseguindo,
de fato, ingerir uma forragem de melhor qualidade do que àquela disponível, esse
comportamento não foi capaz de impedir a redução do desempenho animal
durante o período de pastejo. O aumento do tempo de pastejo em decorrência da
seletividade aumenta o desvio de energia líquida para a mantença o que, junto
com a baixa qualidade nutricional, resulta em baixo desempenho animal
(CARVALHO et al., 2005). Nesse sentido, o desenvolvimento de estratégias de
manejo da pastagem que resultem em produção de forragem com características
similares às da forragem selecionada pelo animal deve ser buscada. Este
raciocínio diverge da recomendação de produzir, primeiramente, maior quantidade
de forragem para, depois, por meio de uma maior oferta dessa forragem, propiciar
a seleção de uma dieta de melhor qualidade pelo animal.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
31313131
57575757
88888888
73
102
131
162
73
102
131
162
73
102
131
162
k
g
/
a
n
i
m
a
l
.
d
i
a
P
e
r
í
o
d
o
d
e
p
a
s
t
e
j
o
(
d
i
a
)
P
e
r
í
o
d
o
d
e
d
i
f
e
r
i
m
e
n
t
o
(
d
i
a
)
Ŷ = 1,5878 -0,002943
+
D - 0,01215**P
R
2
= 83,63%; CV Res a = 36,59%; CV Res b = 25,49%
Figura 36- Ganho de peso médio diário de bovinos em pastagens de capim-
braquiária diferidas por distintos tempos durante seu período de
utilização no ANO 2; significativo pelo teste t a 5% (*) e a 10% (
+
).
Pastagens diferidas por mais tempo produziram mais massa de forragem,
porém esta foi composta principalmente de material morto e colmo verde e, assim,
101
possuía reduzida proporção de folha verde. De acordo com EUCLIDES et al.
(1990), vários pesquisadores concordam que o consumo máximo ocorre em
pastagens com grande quantidade de folhas, e que colmo e material morto podem
limitar o consumo, mesmo quando a disponibilidade de matéria seca é alta. Sendo
assim, os pastos diferidos por mais tempo foram caracterizados por uma estrutura
não predisponente ao consumo e, como consequência, resultaram em menor
desempenho animal. De fato, o desempenho animal é resultado do consumo de
nutrientes digestíveis e metabolizáveis, uma vez que cerca de 60 a 90% das
variações em desempenho são explicadas pelas variações correspondentes em
consumo (MERTENS, 1994).
Neste experimento, não se obteve modelos adequados para descrever o
desempenho animal em função da massa de forragem total (FT) presente nas
pastagens diferidas. A determinação da massa de FT é insuficiente para
caracterizar, de forma mais completa, a forragem da pastagem diferida, já que
uma mesma massa de FT pode ter características bastante distintas, no que diz
respeito à sua composição morfológica, densidade volumétrica e valor nutritivo.
Nesse sentido, Mannetje & Ebersohn (1980), citados por EUCLIDES et al. (1990),
sugeriram que nos trópicos, onde as gramíneas acumulam grande quantidade de
material morto durante a estação seca, a relação entre forragem disponível e
consumo aplica-se apenas à fração verde do pasto. De fato, neste trabalho, as
massas dos componentes morfológicos verdes da forragem permitiram ajustes de
modelos adequados para explicar o desempenho animal em pastagens diferidas
(Figuras 37 e 38). Em consonância com esses resultados, EUCLIDES et a. (1999)
também constataram correlações significativas mais altas e positivas entre o GPD
e as disponibilidades de matéria seca verde (0,75) e de folhas (0,75) do que entre
a disponibilidade de matéria seca total e o GPD (0,47).
102
FV
Ŷ = 0,2965 +0,0000605**FV
R2 = 0,40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
LV
Ŷ = 0,458171 + 0,000143738**LV
R2 = 0,33
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 1000 2000 3000 4000
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
CV
Ŷ = 0,2834 + 0,0000796**CV
R2 = 0,34
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
Figura 37 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens diferidas
de capim-braquiária em função das massas de forragem verde (FV),
lâmina foliar verde (LV) e colmo verde (CV) no ANO 1; significativo
pelo teste t a 1% (*).
Embora a presença de colmo possa limitar o consumo de forragem pelo
animal em pastagens tropicais, sua relevância é menor em pastos de capim-
braquiária, que possuem colmos finos e flexíveis. Talvez, por isso, modelos que
explicam o desempenho animal em pastagens de capim-braquiária diferidas em
função da massa de colmo verde tenham sido obtidos.
103
FV
Ŷ = -0,3329 + 0,0002721**FV
R
2
= 0,77
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1000 2000 3000 4000 5000 6000
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
LV
Ŷ = 0,127939 + 0,000552464**LV
R
2
= 0,77
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 500 1000 1500 2000 2500
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
CV
Ŷ = -0,3935 + 0,000377**CV
R
2
= 0,55
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1000 2000 3000 4000 5000
kg/ha de MS
GPD (kg/animal.dia)
Figura 38 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens diferidas
de capim-braquiária em função das massas de forragem verde (FV),
lâmina foliar verde (LV) e colmo verde (CV) no ANO 2; significativo
pelo teste t a 1% (*).
Outras equações de regressão também foram ajustadas para o GPD dos
animais em função da altura do pasto (AP), densidades de forragem verde (FV),
lâmina foliar verde (LV) e colmo morto (CM), conforme se observa na Figura 39.
O GPD aumentou linearmente (P<0,01) com a AP. Nesse experimento,
pastos mais altos ocorreram no início do período de pastejo e possuíam maior
massa de forragem verde. Contrariamente, pastos de menor altura
corresponderam àqueles presentes ao término do período de pastejo. Estes
possuíam maior massa de colmo seco e menor massa dos componentes
morfológicos verdes.
104
AP
Ŷ = - 0,8779 + 0,0472**HP
R
2
= 0,48
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
20 25 30 35 40
cm
GPD (kg/animal.dia)
FV
Ŷ = - 0,3892 + 0,01111**FV
R
2
= 0,52
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
20 40 60 80 100 120 140
kg/ha.cm de MS
GPD (kg/animal.dia)
LV
Ŷ = 0,1297 + 0,0292**LV
R
2
= 0,58
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 5 10 15 20 25 30 35 40
kg/ha.cm de MS
GPD (kg/animal.dia)
CM
Ŷ = 0,8656 - 0,00476*CM
R
2
= 0,41
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 50 100 150 200
kg/ha.cm de MS
GPD (kg/animal.dia)
Figura 39 - Ganho de peso médio diário (GPD) de bovinos em pastagens diferidas
de capim-braquiária em função da altura do pasto (AP) e das
densidades de forragem verde (FV), lâmina foliar verde (LV) e colmo
morto (CM); significativo pelo teste t a 1% (*) e a 5% (**).
As densidades de FV e LV incrementaram de forma linear (P<0,01) o GPD
dos bovinos em pastagens diferidas. A FV e, principalmente, a LV constituem a
porção da forragem disponível de melhor valor nutritivo e preferencialmente
consumidas pelos animais. Assim, quanto maior suas densidades no pasto
diferido, maior será a facilidade com que os animais realizarão seu pastejo seletivo
e, consequentemente, maior será o consumo e o desempenho desses animais.
Diferentemente, a densidade de CM reduziu linearmente (P<0,05) o
desempenho animal. O CM corresponde ao componente morfológico do pasto de
menor valor nutritivo e acaba sendo ingerido em maior proporção quando sua
densidade aumenta na forragem disponível. Além disso, a alta densidade de CM
pode ter limitado o acesso do animal às folhas verdes do pasto. Outros trabalhos
de pesquisa (EUCLIDES et al., 1999; EUCLIDES et al., 2000) também atestaram a
105
associação negativa e significativa entre o GPD e a proporção de material morto,
incluindo o colmo morto, na forragem da pastagem.
No ANO 1, os valores de GPD, médios de todo o período de pastejo, foram
0,634; 0,544; 0,695 e 0,600 kg/animal.dia em pastagens diferidas por 103, 121,
146 e 163 dias, respectivamente. No ANO 2, os animais mantidos nas pastagens
diferidas por 73, 103, 131 e 163 dias expressaram um GPD ao longo de todo o
período de pastejo correspondente a 0,692; 0,518; 0,390 e 0,445 kg/animal.dia.
Neste ano, verifica-se que houve uma variação de até 0,302 kg/animal.dia em
resposta aos períodos de diferimento da pastagem, mesmo com o consumo médio
de suplemento tendo ficado estável em todas as pastagens diferidas (Figura 40).
Esses resultados indicam que não apenas o fornecimento de concentrado
deve ser empregado como forma de incrementar o desempenho animal em
pastagens diferidas. O manejo adequado da pastagem, avaliado nesse
experimento por meio da manipulação do período de diferimento, também é
responsável por significativo aumento no GPD de bovinos. Realmente, o manejo
adequado da pastagem constitui-se em recurso de baixo custo e resulta em altos
retornos econômicos. No entanto, para isso, maior conhecimento sobre a planta
forrageira e suas interações com o meio e os animais em pastejo são necessários.
Ŷ = 0,8514 - 0,002906*D
R
2
= 0,72
Y = 0,600
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
73 103 131 163
Período de diferimento (dia)
kg/animal.dia
CSU GPD
Figura 40- Consumo de suplemento (CSU) e desempenho animal (GPD) em
pastagens sob diferentes períodos de diferimento (média de todo o
período de pastejo no ANO 2); significativo pelo teste t a 5% (*).
106
Adicionalmente, esses resultados demonstram que um mesmo tipo e
quantidade de suplemento podem gerar respostas diferentes em desempenho
animal, caso existam diferenças na qualidade e na quantidade de forragem
produzida via o diferimento da pastagem, bem como na estrutura do pasto
diferido.
O ganho por área é o produto do ganho de peso por animal pelo número de
animais por unidade de área. Nesse experimento, o ganho de peso médio diário
dos animais foi o único determinante da produção animal por unidade de área
(PA), já que a taxa de lotação inicial e o número de animais foram os mesmos em
todas as unidades experimentais. No ANO 1, a PA média de todo o período de
pastejo e em todas as pastagens diferidas foi igual 4,63 kg/ha.dia de peso animal,
porém esta decresceu de forma linear (P<0,01) durante o período de utilização
das pastagens (Figura 41).
Ŷ = 6,7661 - 0,0367**P
R
2
= 0,72
2
3
4
5
6
7
30 60
Período de pastejo (dia)
kg//ha.dia
1 a 28 29 a 56
90
57 a 85
Figura 41- Produção animal por área em pastagens diferidas de capim-braquiária
durante o período de pastejo no ANO 1; significativo pelo teste t a 1%
(**).
No ANO 2, em pastagens diferidas por 73, 103, 131 e 163 dias, a PA média
de todo o período de pastejo foi de 4,87; 4,69; 2,69 e 3,30 kg/ha.dia de peso
animal em todo o período experimental. A equação que melhor se ajustou aos
dados incluiu os efeitos negativos e lineares tanto para o período de diferimento
(P<0,05) quanto para o período de pastejo (P<0,01), conforme se observa na
Figura 42.
107
0
2
4
6
8
31313131
57575757
88888888
73
102
131
162
73
102
131
162
73
102
131
162
kg
/
h
a
.
d
i
a
P
e
r
í
o
d
o
d
e
p
a
s
t
e
j
o
(d
i
a
)
P
e
r
í
o
d
o
d
e
d
i
f
e
r
i
m
e
n
t
o
(
d
i
a
)
Ŷ
= 11,9969 - 0,0224008
+
D - 0,0914395**P
R
2
= 82,41%; CV Res a = 33,18%; CV Res b = 26,40%
Figura 42- Produção animal por área em pastagens diferidas de capim-braquiária
durante o período de pastejo no ANO 2; significativo pelo teste t a 1%
(**) e a 10% (
+
).
No ANO 2, os animais mantidos em pastagens diferidas por menos tempo
(73 dias) expressaram um desempenho maior, o que resultou em maior PA.
Porém, durante o período de utilização das pastagens diferidas, o desempenho
animal decresceu e, consequentemente, a PA diminui tanto no ANO 1 quanto no
ANO 2.
108
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tempos de diferimento e de pastejo resultaram em modificações
estruturais no pasto diferido, caracterizadas por alterações na densidade
populacional de perfilhos, massa de forragem e de seus componentes
morfológicos, densidade volumétrica da forragem e índice de tombamento do
pasto. Essas distintas condições de pasto diferido restringiram, em escalas
variáveis, o comportamento seletivo e a produção animal.
Independentemente da estrutura do pasto diferido, o animal sempre exerceu
sua seletividade. No entanto, esse mecanismo comportamental não foi capaz de
impedir a redução no ganho de peso durante o período de pastejo, mesmo
ocorrendo um aumento no consumo de suplemento nesse período. Isso sugere
que, na medida em que a estrutura do pasto se torna limitante ao consumo e ao
desempenho animal, seria prudente oferecer a esses animais uma outra estrutura
de pasto mais predisponente ao consumo. Essas considerações convergem para
a recomendação do diferimento da pastagem de forma escalonada, a fim de
manter o desempenho animal mais alto durante todo o período de pastejo e,
adicionalmente, evitar as possíveis perdas de forragem que, provavelmente, são
elevas em pastagens diferidas por longo tempo e utilizadas em datas únicas.
O diferimento escalonado da pastagem permitiria diferir por menos tempo a
área da pastagem e, com isso, obter os benefícios resultantes da utilização de
pastos mais jovens no período seco do ano. Conforme demonstrado nesse
trabalho, menor período de diferimento resultou em pasto diferido mais
tamponante aos eventos que pioram sua estrutura durante o período de pastejo,
tais como tombamento dos perfilhos e senescência de colmos vivos. Ademais,
pastagens diferidas por menos tempo podem ser utilizadas por um período maior
durante o verão e,ou outono.
Contudo o período de diferimento da pastagem não deve ser
demasiadamente reduzido, a ponto de comprometer a quantidade de forragem
diferida. Adicionalmente, não é possível recomendar exatamente um período de
diferimento mais adequado para manter a pastagem diferida. Para um mesmo
109
período de diferimento, a taxa de crescimento da forrageira pode ser bastante
variável e, por conseguinte, as características do pasto diferido podem ser
distintas. Isso ocorre porque as condições de clima e de manejo são específicas
em cada região e propriedade.
Faz-se necessário também conhecer os efeitos dos resíduos pós-diferimento
e pós-pastejo sobre a rebrota dos pastos durante o início das primeiras chuvas, na
primavera. Provavelmente, diferentes condições de pasto ao término do período
de utilização das pastagens diferidas resultarão em distintos padrões de
renovação de perfilhos, o que, consequentemente, influenciará no período de
rebrotação desses pastos.
110
6. CONCLUSÕES
Em pastagens diferidas, maior período de diferimento eleva a densidade
populacional de perfilhos reprodutivo e morto e reduz a de perfilho vegetativo.
Durante o período de utilização dessas pastagens, o número de perfilhos
vegetativo e reprodutivo reduz e o de perfilho morto é incrementado.
Pastagens diferidas por mais tempo possuem maiores massas de forragem
total, forragem morta e de colmo morto. Com o período de pastejo, ocorre o
decréscimo das massas de forragem total, forragem verde e de lâmina foliar
verde, bem como acréscimo nas massas de forragem morta e de colmo morto.
Diferenças nas condições de clima entre os anos influenciam a produção de
forragem diferida.
As densidades de forragem total e de forragem morta aumentam com o
período de diferimento. O período de pastejo incrementa a densidade de colmo
morto. O comportamento das densidades das lâminas foliares durante o período
de pastejo depende da estrutura do pasto, que é afetada pelo período de
diferimento.
O valor nutritivo de cada componente morfológico do pasto é alterado
durante o período de pastejo.
As composições morfológica e química da forragem ingerida por bovinos são
modificadas pelos períodos de diferimento e de pastejo e sempre possui melhores
características do que aquelas da forragem disponível na pastagem.
A avaliação da lâmina foliar verde não é adequada para estimar a
composição química-bromatológica da forragem ingerida por bovinos em pastejo.
A expressão da massa de forragem em matéria seca potencialmente
digestível auxilia a caracterização da forragem e está associado ao desempenho
animal em pastagens diferidas.
Durante o período de pastejo, o consumo de suplemento com características
semelhantes ao utilizado nesse experimento é aumentado.
111
O desempenho de bovinos durante a utilização das pastagens e naquelas
diferidas por longo período decresce, o que está relacionado às características
estruturais do pasto diferido, mesmo quando este é suplementado.
O período de diferimento das pastagens não deve ser demasiadamente
longo quando o objetivo for a maximização do desempenho animal.
112
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