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Jeferson Monteiro Rosa
Avaliação de fontes emissoras de
Policlorodibenzo-p-dioxinas e Policlorodibenzofuranos
através de amostras de solo coletadas
no Estado do Rio de Janeiro
PPGVS/INCQS
FIOCRUZ
2006
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i
Avaliação de fontes emissoras de
Policlorodibenzo-p-dioxinas e Policlorodibenzofuranos
através de amostras de solo coletadas no Estado do Rio de Janeiro
Jeferson Monteiro Rosa
Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Orientadores: Dra. Ana Maria Cheble Bahia Braga
Dr. Thomas Manfred Krauss
Rio de Janeiro
2006
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ii
Avaliação de fontes emissoras de
Policlorodibenzo-p-dioxinas e Policlorodibenzofuranos
através de amostras de solo coletadas no Estado do Rio de Janeiro
Jeferson Monteiro Rosa
Dissertação submetida à Comissão Examinadora composta pelo corpo docente
do Programa de Pós–Graduação em Vigilância Sanitária do Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz e por professores
convidados de outras instituições, como parte dos requisitos necessários à obtenção
do grau de Mestre.
Aprovado:
Prof. Dr. ______________________________________________
Thomas Manfred Krauss
Prof. Dr._____________________________________________
Aldo Pacheco Ferreira
Prof. Dr._____________________________________________
Annibal Duarte Pereira Netto
Orientador: ____________________________________________
Profª. Dr
a
Ana Maria Cheble Bahia Braga
Orientador: ____________________________________________
Prof. Dr. Thomas Manfred Krauss
Rio de Janeiro
2006
iii
Rosa, Jeferson Monteiro
Avaliação de fontes emissoras de Policlorodibenzo-p-dioxinas e
Policlorodibenzofuranos através de amostras de solo coletadas no Estado do
Rio de Janeiro./ Jeferson Monteiro Rosa. Rio de Janeiro: INCQS /
FIOCRUZ, 2006.
IX, 95 p., il., tab.
Dissertação em Vigilância Sanitária, Prog. Pós – Graduação em Vigilância
Sanitária / INCQS, 2003. Orientadores: Dra. Ana Maria Cheble Bahia Braga
e Dr. Thomas Manfred Krauss.
1. Dioxinas. 2. Furanos. 3. Fontes emissoras. 4. Solo. 5. Modelos de
dispersão. 6. Convenção de Estocolmo
I. Avaliação de fontes emissoras de Policlorodibenzo-p-dioxinas e
Policlorodibenzofuranos através de amostras de solo coletadas no Estado do
Rio de Janeiro.
iv
Em memória de minha madrinha,
Hadné Fátima Souza Caetano, que no dia 13 de
dezembro de 2004 brutalmente saiu de nossas vidas.
Lamento profundamente que você não esteja
assistindo daqui mais um passo dado na minha vida,
passos esses que sempre acompanhou.
Saudades, muitas saudades da “Fofa”...
v
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço à essência da criação de tudo e a origem da minha força
para continuar nos momentos difíceis, Deus.
Agradeço à essência de minha criação, o apoio incondicional, a maravilhosa
educação recebida e o amor de Selva Monteiro Rosa e José Newton Rosa, modelos
de pais.
Agradeço à competente e exemplar orientação de Ana Maria Cheble Bahia Braga e
Thomas Manfred Krauss, pelos gigantes e amigos que foram e são, e a experiência
adquirida em constituir parte dessa equipe durantes esses anos.
Agradeço a FEEMA por todas as informações fornecidas e a boa vontade de Paulina
em ajudar no desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao meu irmão, Glaucio Monteiro Rosa, pelo companheiro que foi em todos
os anos de minha existência.
Agradeço a minha família, meus avós, minhas tias e tios, meus primos e primas,
pela união familiar que contribuiu de forma espetacular para a minha educação.
Agradeço a Álissa Carvalho Lisboa, por tudo que fez para me ajudar e pela grande
companheira e amiga que foi e continua sendo.
Agradeço a Thaiz Batista de Azevedo Rangel, pela amizade e pela companheira que
foi neste trabalho, bem como pelas horas de descontração vividas.
Agradeço a Karen Friedrich por todo o incentivo e ajuda fornecida durante esses
anos.
Agradeço a Tânia de Paula Galvão pela preocupação, atenção, incentivo e auxílio
fornecido.
Agradeço aos amigos Michel, Marcio, David, Flavio, Sayuri, Luciana, Anderson
(Simpson), Cristiane (Cabeça), Juliana e Márcia pela compreensão e por
simplesmente terem sido meus amigos.
Agradeço a todos os amigos, companheiros de turma da pós-graduação,
particularmente, Cristina, Anderson e Bira, e em memória, à Marília.
Agradeço as pessoas colaboradoras deste trabalho, como diretores de escolas,
clubes e repartições, pela permissão concedida à coleta das amostras.
vi
Resumo
O estudo proposto visa à quantificação de policlorodibenzo-p-dioxinas e
policlorodibenzofuranos em amostras de solo coletadas em áreas ao redor de fontes
potencialmente emissoras desses poluentes localizadas no Estado do Rio de
Janeiro. Ao contrário de diversos países do mundo, principalmente os
desenvolvidos, no Brasil, um pequeno número de avaliações similares a esta foram
realizadas, resultando na carência de conhecimento do nível de contaminação dos
compartimentos ambientais do país. Medir tais níveis, bem como identificar suas
fontes emissoras, contemplam obrigações prescritas na Convenção de Estocolmo,
cuja entrada em vigor ocorreu internacionalmente em 2004. Este instrumento legal
requer dos países participantes, como o Brasil, providências para a proteção dos
seres vivos e do meio ambiente aos Poluentes Orgânicos Persistentes. As
substâncias quantificadas neste estudo pertencem a este grupo de poluentes por
apresentarem alta toxicidade e persistência nas matrizes ambientais e biológicas. O
solo é utilizado para avaliação do impacto ao redor de potenciais fontes emissoras
desses poluentes, devido sua alta tendência de retenção desses compostos, em
material particulado. O estudo foi desenvolvido coletando-se 31 amostras de solo
compostas ao redor de 10 fontes potenciais classificadas de acordo com manual
para identificação e quantificação de emissões desses poluentes. A maioria dos
pontos de coleta foram selecionados por estarem localizados nas áreas de maior
deposição de particulado na periferia das unidades estudadas, de acordo com
modelos de dispersão. A análise das amostras baseou-se no método 1613 da
Agência de Proteção Ambiental Norte-americana e no decreto alemão para análise
de lodo ativado. Os resultados encontrados foram baixos, sendo alguns valores na
faixa de teor de fundo, como os determinados em áreas de recreação no país. Os
perfis de distribuição dos homólogos apontam para uma influência de fontes difusas
de origem térmica, não demonstrando somente impactos diretos das fontes
estudadas no solo coletado. Contudo, o pequeno número de amostras e de
unidades avaliadas, não permite conclusões definitivas da origem das
contaminações, bem como do nível médio de contaminação do solo nessas áreas.
Torna-se necessário à ampliação do estudo utilizando-se modelos de dispersão mais
específicos para a seleção dos pontos de coleta, bem como, quantificar tais níveis
diretamente nas emissões das fontes potenciais.
vii
Abstract
The objective of the present study is the quantification of polychlorinated dibenzo-p-
dioxin and polychlorinated dibenzofurans in soil samples collected around potential
emission sources, located in the State of Rio de Janeiro. In Brazil, considerably fewer
similar assessments have been made than in other countries, especially the
developed ones, leading to lack of knowledge about the levels of environmental
contamination in the country. Determination of these levels and identification of
emission sources are obligations defined in the Stockholm Convention, which
entered into force in early 2004. This global legally binding instrument requires from
the participating countries, such as Brazil, several actions to protect every kind of life
and the environment against the group of Persistent Organic Pollutants. Belonging to
that group, the compounds studied in this work show high toxicity and persistence in
the environment and biota. Due to the high trend of adsorption for these compounds,
soil is often collected from the surroundings of potential emission sources and its
PCDD/F amount used for evaluation of emission. This study was conducted by
collecting 31 pooled soil samples in the vicinity of 10 potential emission sources,
classified according to the standardized toolkit for identification and quantification of
dioxin and furan releases. The majority of the selected sampling points were located
in areas with higher particulate deposition around the potential sources, calculated
using dispersion model of particulate matter. The samples were analyzed following
the method 1613 of the United States Environmental Protection Agency and the
German Decree for analysis of sewage sludge. Most of the results were low, with
some in the range of background levels found normally at recreation areas in the
country. The distribution patterns found in the collected soil samples indicate an
influence by diffuse thermal sources and not only by the studied sources. However,
the small number of samples and evaluated areas do not allow definitive conclusions
about the origin of contamination and the mean levels at the studied areas. It is
necessary to extend this study using dispersion models more specific for selection of
sampling points, and, as well, to quantify emissions directly in the stack gases of
potential sources.
viii
Lista de Siglas e Abreviaturas
2,3,7,8-TCDD - 2,3,7,8-tetraclorodibenzp-p-dioxina
ADN – Ácido desoxirribonucleico
AhR - Receptor aril hidrocarboneto ou receptor arila
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CG/EM – Cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas
CIL - Cambridge Isotopic Laboratories
CNTP - Condições Normais de Temperatura e Pressão
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CV – Coeficiente de Variação
EQT-I – Equivalentes Tóxicos Internacionais
FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
FET-I - Fator internacional de equivalência de toxicidade
FET-OMS – Fator internacional de equivalência de toxicidade da OMS
FETs - Fatores de Equivalência de Toxicidade
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
FISQ - Fórum Intergovernamental de Segurança Química
IARC - International Agency for Research on Cancer
K
ow
- Coeficiente de repartição etanol/água
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA – Ministério do Meio Ambiente
NIP - National Implementation Plan
OCDD - Octaclorodibenzo-p-dioxina
OMS – Organização Mundial da Saúde
OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
PCDDs - Policlorodibenzo-p-dioxinas
PCDFs – Policlorodibenzofuranos
PIC – Prior Informed Consent
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
POPs – Poluentes Orgânicos Persistentes
TCDD - Tetraclorodibenzo-p-dioxinas
ix
USEPA – United States Environmental Protection Agency
x
Lista de Tabelas
Página
Tabela 1: Doses letais (via oral) da 2,3,7,8-TCDD para certas
espécies de animais
8
Tabela 2: Íons monitorados no espectrômetro de massas 33
Tabela 3: Razões isotópicas teóricas para os PCDD/Fs
34
Tabela 4: Dados georeferenciados dos pontos de coleta das
amostras
39
Tabela 5: Resultados obtidos da participação na 10ª rodada do
estudo de intercalibração intenacional
40
Tabela 6: Recuperação dos 2,3,7,8-congêneres
41
Tabela 7: Concentração de PCDD/Fs nas amostras coletadas
41
Tabela 8: Níveis de PCDD/Fs em áreas localizadas longe de fontes
emissoras no Brasil
44
Tabela 9
: Níveis de PCDD/Fs em solo ao redor de fontes
potencialmente emissoras no Brasil
45
Tabela 10
: Estudos dos níveis de PCDD/Fs em solo reportados em
outros países
46
xi
Lista de Figuras
Página
Figura 1: Fórmula estrutural genérica das PCDD/Fs
4
Figura 2: Comportamento cinético em função da temperatura no
mecanismo da síntese de novo
15
Figura 3: Principais vetores de entrada das PCDD/Fs nos
compartimentos ambientais
18
Figura 4: PCDD/Fs-cromatogramas de cinzas de incineração
32
Figura 5: Relação entre os níveis de PCDD/Fs encontrados nas
amostras de solo coletadas no Estado do Rio de Janeiro,
2004/2005.
43
Figura 6: Média e amplitudes dos resultados das amostras de solo
coletadas no Estado do Rio de Janeiro, 2004/2005, por área de
coleta.
43
Figura 7:
Perfil de distribuição das amostras M1 e CJ1
49
Figura 8:
Ponto de coleta no pátio de escola pública
50
xii
Lista de Quadros
Página
Quadro 1: Caracterização de cada série de homólogos das
PCDD/Fs
5
Quadro 2: Principais propriedades das PCDDs tetracloradas às
octacloradas
6
Quadro 3
: Fatores de equivalência de toxicidade para os 2,3,7,8-
congêneres das PCDD/Fs
9
Quadro 4
: Categorias e subcategorias de fontes contempladas no
estudo
36
Quadro 5: Unidades potencialmente emissoras selecionadas,
códigos das áreas de coleta e regiões de localização no Estado do
Rio de Janeiro, e subcategorias que se enquadram no “Toolkit
37
Quadro 6: Outras fontes de possível influência nas áreas de coleta
de solo no Estado do Rio de Janeiro
38
xiii
Sumário
Página
Resumo Vi
Abstract Vii
Lista de Siglas e Abreviaturas Viii
Lista de Tabelas X
Lista de Figuras Xi
Lista de Quadros Xii
I. Introdução
1
II.
Aspectos gerais das PCDD/Fs
4
II.1. Propriedades e características das PCDD/Fs
4
II.2. Toxicidade das PCDD/Fs
7
II.2.1. Estudos toxicológicos realizados em animais de
experimentação
10
II.2.2. Toxicidade das PCDD/Fs em seres humanos
11
II.3. Principais fontes emissoras e mecanismos de formação
das PCDD/Fs
13
II.4. Transporte e distribuição no meio ambiente
17
III.
Acordo internacional sobre POPs
20
IV.
Objetivos
23
IV.1. Objetivo geral
23
IV.2. Objetivos específicos
23
xiv
V.
Metodologia
24
V.1. Seleção das principais atividades geradoras
24
V.2. Seleção das áreas de coleta das amostras de solo
24
V.3. Seleção dos pontos de coleta das amostras de solo
25
V.4. Coleta das amostras de solo
25
V.5. Análise das amostras de solo
26
V.5.1. Materiais e Equipamentos
26
V.5.2. Insumos
27
V.5.3. Preparação das fases estacionarias para o “clean-up”
27
V.5.3.1. Sílica gel com 5% de água
28
V.5.3.2. Sílica gel com ácido sulfúrico
28
V.5.3.3. Sílica gel com NaOH
28
V.5.3.4. Florisil
28
V.5.4. Lavagem e descontaminação do material
28
V.5.5. Metodologia Analítica
29
V.5.5.1. Beneficiamento do solo
29
V.5.5.2. Extração
29
V.5.5.3. “Clean-up”
29
V.5.5.3.1. Coluna de multi-camada
29
V.5.5.3.2. Coluna de permeação em gel
30
V.5.5.3.3. Coluna de florisil
30
V.5.5.4. Cromatografia à gás acoplada a espectrometria de
massas
31
xv
V.5.5.5. Avaliação estatística do método analítico
34
V.5.5.5.1. Avaliação da repetibilidade
34
V.5.5.5.2. Avaliação da reprodutibilidade
35
V.5.5.5.3. Avaliação da recuperação
35
VI.
Resultados e Discussão
36
VI.1. Atividades potencialmente geradoras selecionadas
36
VI.2. Áreas de coleta selecionadas
37
VI.3. Pontos de coleta selecionados
38
VI.4. Avaliação estatística do método analítico
39
VI.4.1. Avaliação da repetibilidade
39
VI.4.2. Avaliação da reprodutibilidade
40
VI.4.3. Avaliação da recuperação
40
VI.5. Resultados da análise de amostras de solo
41
VI.6. Distribuição dos homólogos nas amostras coletadas
47
VI.7. Amostras coletadas em escolas públicas
49
VII.
Conclusões e Recomendações
51
VIII.
Referências bibliográficas
52
IX.
Anexos
64
1
I. INTRODUÇÃO
As policlorodibenzo-p-dioxinas (PCDDs) e policlorodibenzofuranos (PCDFs),
conhecidas como dioxinas, são compostos organoclorados pertencentes à classe
dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Os POPs possuem alta resistência à
degradação físico-química e biológica, toxicidade e ecotoxicidade, bioacumulação e
grande potencial de transporte à longa distância, podendo ser encontrados mesmo
em locais remotos (AMAP, 2002). Atualmente, doze categorias de substâncias se
enquadram neste grupo de poluentes, sendo as PCDD/Fs contaminantes gerados
não intencionalmente por fontes antropogênicas, através de processos térmicos sob
certas condições onde haja a presença de matéria orgânica e cloro.
Os estudos relacionados às PCDD/Fs aumentaram a partir de 1976,
impulsionados pela ocorrência de um acidente em Seveso, na Itália, quando um
reator que produzia clorofenóis liberou uma nuvem de substâncias químicas, dentre
elas a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou 2,3,7,8-TCDD (Dioxina de Seveso). A
morte de 50.000 animais e outras conseqüências graves afetaram e ainda afetam a
população local (MOCARELLI, 2001).
Nas últimas duas décadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS),
Organização das Nações Unidas (ONU) e a comunidade científica internacional
somam esforços no sentido de estabelecer medidas de controle, minimização e
eliminação dos POPs nos compartimentos ambientais frente às suficientes
evidências toxicológicas destas substâncias.
Com isso, em 2001, após longo processo de negociações entre diversos
países sob a responsabilidade do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), foi disposta à assinatura a convenção que trata desses
poluentes, na cidade de Estocolmo, Suécia. Conhecida como Convenção de
Estocolmo ou Convenção dos POPs, seu principal objetivo é a proteção da
população e do meio ambiente, através do controle do uso, produção e disposição
dessas substâncias. Após sua entrada em vigor no início de 2004, os países
signatários, como o Brasil, possuem a responsabilidade de planejar ações de
implementação da convenção, como a construção do inventário de fontes emissoras
2
e o desenvolvimento de programas de monitoramento dos níveis de PCDD/Fs em
matrizes ambientais e biológicas.
Algumas ocorrências de caráter econômico, social e diplomático ilustram o
impacto das PCDD/Fs na Vigilância em Saúde. Essas substâncias são encontradas
em nível de traços em diversos compartimentos ambientais e biológicos, e cerca de
95 % da exposição humana a esses compostos se dá através de alimentos
gordurosos. Isto caracteriza a existência de fatores de risco à saúde humana, cujo
controle é de competência das Vigilâncias Ambiental e Sanitária (ROZENFELD,
2000).
No Brasil, o início das discussões acerca das PCDD/Fs surgiu em 1998, no
episódio da contaminação da polpa cítrica, gerando um prejuízo de milhões de reais.
Após rastreamento realizado para identificar a origem do aumento repentino dos
níveis destas substâncias em leite de vaca na Alemanha, detectou-se que provinham
da cal (CaO) utilizada no processo de produção de “pellets” a partir de farelo de
polpa cítrica, que é um componente da ração animal exportado pelo Brasil para a
Europa. Para a retomada da exportação surge a primeira legislação brasileira
relacionada a PCDD/Fs, de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). A Instrução Normativa nº: 8 de 18 de maio de 1999,
estabeleceu os limites destas substâncias em 500 pg EQT-I/kg em tais produtos
(“pellets” de farelo de polpa cítrica e cal) e impôs o monitoramento contínuo destes
contaminantes nessa matriz (BRASIL, 1999).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em 1999, adotou
restrições a todos os produtos de origem belga, já que o governo deste país teria
declarado que a ração de frango por eles utilizada havia sido contaminada com
PCDD/Fs. Tal fato apontou para a necessidade do controle dos níveis dessas
substâncias no país. Para dar início a este processo, foi proposto o monitoramento
em leite pasteurizado no Brasil, por ser tratar de um bom indicador de contaminação
ambiental por PCDD/Fs. Porém, devido a impedimentos técnicos e políticos,
somente uma amostragem foi efetuada pela Vigilância Sanitária do Estado do Rio de
Janeiro (VISA-RJ), realizando-se a coleta e análise de 52 amostras (KRAUSS et al.,
2000).
No âmbito do meio ambiente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) dispõe na Resolução nº: 316 de 29 de outubro de 2002, procedimentos e
critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico, incluindo valores
3
máximos para emissões de poluentes atmosféricos, como os POPs. Com relação às
PCDD/Fs é estabelecido no Art. 38 que as análises devem ser realizadas de forma
bienal e o limite máximo permitido é de 0,50 ng EQT-I/Nm
3
. Ressalta-se ainda que o
órgão ambiental competente pode restringir os limites estabelecidos, dependendo
das condições de localização e dos padrões de qualidade do ar da região (BRASIL,
2002).
Os casos citados demonstram a importância do monitoramento de tais
substâncias químicas nas diferentes matrizes ambientais e biológicas. Os dados
gerados são úteis no processo de intervenção e controle dos fatores de riscos à
saúde da população.
Particularmente para os POPs, devido a sua baixa taxa de degradação físico-
química e biológica, o monitoramento torna-se importante, visto que seu potencial de
acúmulo em algumas matrizes pode gerar resultados que permitam uma avaliação
mais consistente do impacto desses compostos no meio ambiente e
conseqüentemente aos seres vivos. Altos níveis de contaminação e a evolução
temporal dos mesmos orientam a elaboração e avaliação de estratégias de proteção
da população a esses poluentes.
O estudo ora apresentado tem como principal objetivo a quantificação dos
níveis de PCDD/Fs em amostras de solo, coletadas no entorno de fontes
potencialmente emissoras desses poluentes localizadas no Estado do Rio de
Janeiro. Com isso, visa contribuir para as ações de controle dos níveis em solo no
país, bem como subsidiar a elaboração do inventário nacional de fontes emissoras
dessas substâncias. É importante ressaltar a carência de dados deste tipo no Brasil,
principalmente devido à complexidade analítica e a falta de laboratórios públicos.
Avaliar os níveis dessas substâncias em solo ao redor de potenciais fontes
emissoras localizadas no Estado, pode também contribuir na rastreabilidade de
contaminações em amostras de alimentos, subsidiando ações de Vigilância
Sanitária.
Contudo, pretende-se atender e acompanhar as tendências mundiais
relacionadas ao controle dos níveis de PCDD/Fs no meio ambiente, contemplando a
Convenção de Estocolmo.
4
II. ASPECTOS GERAIS DAS PCDD/FS
II.1. Propriedades e características das PCDD/Fs
As PCDD/Fs são substâncias químicas da classe dos organoclorados
aromáticos que apresentam semelhanças estruturais, características biológicas
similares e mesmo mecanismo de ação tóxica. Em função do arranjo e do número
de átomos de cloro, diversas moléculas podem ser formadas, totalizando 75
congêneres (similares) de PCDDs e 135 de PCDFs ( Figura 1).
Figura 1
: Fórmula estrutural genérica das PCDD/Fs
Os congêneres são divididos em oito grupos, conhecidos como homólogos,
constituídos por moléculas com mesmo número de átomos de cloro, assim sendo
isômeros (Quadro 1).
5
Quadro 1: Caracterização de cada série de homólogos das PCDD/Fs
PCDDs
Nº moléculas
Siglas PCDFs
Nº moléculas
Siglas
Monocloro 2 MCDD Monocloro 4 MCDF
Dicloro 10 DCDD Dicloro 16 DCDF
Tricloro 14 TrCDD Tricloro 28 TrCDF
Tetracloro 22 TCDD Tetracloro 38 TCDF
Pentacloro 14 PeCDD Pentacloro 28 PeCDF
Hexacloro 10 HxCDD Hexacloro 16 HxCDF
Heptacloro 2 HpCDD Heptacloro 4 HpCDF
Octaclro 1 OCDD Octaclro 1 OCDF
Na sua forma pura e nas condições ambientais, as PCDD/Fs são sólidos
brancos ou transparentes, com odor desconhecido e ponto de fusão relativamente
alto. São compostos semi-voláteis, fracamente solúveis em solventes apolares e
praticamente insolúveis em água. Com alto coeficiente de partição octanol/água
(K
ow
) (Quadro 2) são lipofílicas, conseqüentemente acumulam-se na gordura dos
seres vivos (tecido adiposo). Possuem alta tendência de adsorver em matéria
orgânica, justificada pelos valores elevados do coeficiente de distribuição carbono
orgânico/água (K
oc
) (WHO, 1989; USEPA, 1998; ATSDR, 1998; BRAGA, 2003;
PEREIRA, 2004).
6
Quadro 2: Principais propriedades das PCDDs tetracloradas às octacloradas
Propriedades TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD
Peso molecular (g) 322 356,4 390,9 425,3 459,8
Ponto de fusão (ºC) 190-440 195-206 238 - 286 265 330-332
Solubilidade em
água (mg/L à 25 ºC)
7,9 x 10
-6
6,3 x 10
-4
1,18 x 10
-4
* 4,42 x 10
-6
*
2,4 x 10
-6
1,9 x 10
-3*
2,27 x 10
-9
- 7,4 x 10
-8
Pressão de vapor
(mmHg)
7,4 x 10
-10
4,0 x 10
-3
6,6 x 10
-10
3,8 x 10
-11
5,6 x 10
-12
7,4 x 10
-8
8,25 x 10
-13
1,68 x 10
-12
Log K
ow
6,6 – 8,7 8,64 – 9,48 9,19 – 10,4 9,69 – 11,38 8,78 – 13,37
*propriedades medidas 20ºC Fonte: ATSDR, 1998.
Para 2,3,7,8-TCDD, que é o mais amplamente estudado de todos os
congêneres pelo alto potencial tóxico, o ponto de fusão está entre 305-306 ºC, a
solubilidade em água entre 7,9 x 10
-6
e 3,2 x 10
-4
mg/l à 25 ºC, a pressão de vapor
entre 7,4 x 10
-10
e 3,4 x 10
-5
mmHg e o log K
ow
entre 6,80 e 7,58 (MARPLE et al.,
1986; DOUCETTE et al., 1988; RORDORF, 1989). A variação dos valores das
propriedades citadas anteriormente ocorre em função das características da técnica
utilizada para sua medição. Em outros solventes, como acetona, benzeno,
clorofórmio, clorobenzeno e o-diclorobenzeno, apresenta solubilidade variando de
0,09 a 1,8 g/L (WHO, 1989).
Para os 2,3,7,8-PCDFs, a solubilidade em água varia de acordo com a
técnica utilizada de 10
-4
a 10
-6
mg/l à 22,7 ºC, a pressão de vapor de 10
-8
à 10
-12
mmHg à 25ºC e o log K
ow
na faixa de 6,53 à 8,78 (IARC, 1997).
Os PCDD/Fs são termodinamicamente estáveis devido à estabilidade do anel
aromático e ao impedimento estereoquímico causado pelos átomos de cloro. Em
geral, são inertes ao ataque de ácidos e bases, e não sofrem oxidação ou redução
nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão). Todavia, experimentos
detectaram a completa degradação alcalina à quente da OCDD. Particularmente
para a 2,3,7,8-TCDD, a estabilidade química pode ser afetada por reações de
substituição e fotoquímicas de decloração e de decomposição à 750 ºC. Na parte
mais alta da atmosfera processos naturais típicos de destruição das PCDD/Fs
7
ocorrem através do mecanismo de decloração mediado por raios ultravioleta (WHO,
1989; RAPPE, 1993).
A degradação aeróbica das moléculas de PCDD/Fs moderadamente cloradas,
em princípio, é possível, porém é altamente limitada para a pequena quantidade dos
substratos potenciais utilizados nos sistemas de laboratórios e no meio ambiente.
Apesar de limitada, há evidência que a decloração dessas substâncias através de
microorganismos anaeróbicos ocorra, no mínimo, em alguns sedimentos, porém
conclui-se que ainda há pouco conhecimento sobre este mecanismo. Pesquisas
comprovam a capacidade da degradação das PCDD/Fs por um tipo de fungo
(“White-rot-fungi”). A possibilidade da utilização desse organismo na remediação de
locais contaminados está sendo investigada. Apesar de tais evidências, PCDD/Fs
são consideradas pouco biodegradáveis (WITTICH, 1998).
II.2. Toxicidade das PCDD/Fs
Na avaliação da toxicidade das PCDD/Fs, apenas 17 congêneres apresentam
comportamento toxicológico por possuírem os átomos de cloro nas posições 2,3,7 e
8, sendo a 2,3,7,8-TCDD a mais tóxica. Esta disposição (dos átomos de cloro)
permite que 7 congêneres das PCDDs e 10 dos PCDFs realizem a ligação com o
receptor aril hidrocarboneto ou receptor arila (AhR), promovendo o mecanismo
toxicodinâmico.
A 2,3,7,8-TCDD esta entre as substâncias mais tóxicas já sintetizadas pelo
homem, apresentando uma alta toxicidade mesmo em baixas concentrações,
dificultando o estabelecimento de um nível mínimo de exposição seguro. As doses
letais para 50% de uma população de cobaias (DL
50
) para a 2,3,7,8 – TCDD pode
variar, atingindo valores muito baixos (Tabela 1), comparáveis às doses de diversas
toxinas e às vezes maiores que aquelas de substâncias de alta toxicidade, como a
toxina diftérica, aflatoxina B1, nicotina e cigarro (0,3, 10, 1000 e 10000 μg/Kg,
respectivamente) (BIRNBAUM, 1994; BRAGA, 2003).
8
Tabela 1: Doses letais (via oral) da 2,3,7,8-TCDD para certas espécies de animais
Espécies DL
50
*
Cobaia 0,60 – 2,50
Camundongo 100 - >3000
Coelho 115 – 275
Hamster 1150 - 5051
*em μg/Kg de peso corporal/dia
Fontes: BIRNBAUM, 1994; ATSDR, 1998.
Para a 2,3,7,8-TCDD e também para alguns outros congêneres, a maioria dos
efeitos adversos à saúde foi identificada em experimentos com animais. Toxicidade
aguda e crônica nos sistemas endócrino, imunológico e reprodutivo foi identificada,
além de impactos no desenvolvimento, teratogenicidade, carinogenicidade e outros
efeitos como toxicidade hepática, perda de peso, diabetes e cloracne. Em diversos
estudos de exposição ocupacional e em acidentes industriais com produtos
contaminados com PCDD/Fs foram encontradas possíveis relações de causa-efeito
para esses xenobióticos. No entanto, ainda não se atingiu a consistência
epidemiológica necessária que confirme a promoção dos efeitos encontrados nos
estudos em animais aos seres humanos. Estudos mais recentes vêm aperfeiçoando
suas contribuições para a epidemiologia, bem como à avaliação de risco das
PCDD/Fs na saúde dos seres humanos. Isso ocorre devido à melhoria nas
determinações dos níveis de exposição de cada indivíduo, através da quantificação
da concentração de tais substâncias em tecido adiposo, soro e sangue (BIRNBAUM,
1994; IARC, 1997; ATSDR, 1998; PAUSTENBACH, 2002; COLE et al., 2003).
O efeito tóxico das PCDD/Fs inicia-se através da interação com uma proteína
intracelular específica, o receptor arila. Entretanto, apesar de tal interação ser
necessária, pode não ser suficiente para garantir o desencadeamento de diversos
efeitos, que ocorrem, pois este receptor age como um potencializador de transcrição,
interagindo com um grande número de outras proteínas reguladoras. Assim, essas
substâncias mimetizam a ação hormonal, iniciando uma cadeia de eventos que
dependem do ambiente de cada célula e tecido (BIRNBAUM, 1994).
Devido à complexidade das misturas dos congêneres de PCDD/Fs e para se
atingir um valor que represente uma toxicidade global nas matrizes ambientais e
biológicas, bem como em produtos contaminados, a Organização do Tratado do
9
Atlântico Norte (OTAN) e a OMS estimaram, em conjunto com a comunidade
científica, fatores de equivalência de toxicidade (FETs), denominados FET-I (fator
internacional de equivalência de toxicidade) e FET-OMS (fator internacional de
equivalência de toxicidade da OMS), respectivamente (Quadro 3).
Os FETs são em geral obtidos através de estudos in vitro envolvendo indução
enzimática e ligação ao receptor AhR. Porém alguns dados foram gerados para
respostas agudas, como a indução enzimática, atrofia do timo e letalidade. Estes
fatores são calculados a partir da toxicidade relativa de cada congênere à da 2,3,7,8-
TCDD, a qual foi atribuído o fator 1 por ser a mais tóxica. Esta metodologia é
atualmente a forma mais prática de prever a toxicidade de misturas complexas de
PCDD/Fs. É realizada através do somatório dos produtos de cada fator pelas
concentrações obtidas para cada um dos 17 compostos tóxicos (BIRNBAUM, 1994).
Quadro 3: Fatores de equivalência de toxicidade para os 2,3,7,8-congêneres das
PCDD/Fs
Congêneres
FET-I (OTAN)
1988
FET-OMS
1997
2,3,7,8 – TCDD 1 1
1,2,3,7,8 – PeCDD 0,5 1
1,2,3,4,7,8 – HxCDD 0,1 0,1
1,2,3,6,7,8 – HxCDD 0,1 0,1
1,2,3,7,8,9 – HxCDD 0,1 0,1
1,2,3,4,6,7,8 – HpCDD 0,01 0,01
OCDD 0,001 0,0001
2,3,7,8 – TCDF 0,1 0,1
1,2,3,7,8 – PeCDF 0,05 0,05
2,3,4,7,8 – PeCDF 0,5 0,5
1,2,3,4,7,8 – HxCDF 0,1 0,1
1,2,3,6,7,8 – HXCDF 0,1 0,1
1,2,3,7,8,9 – HxCDF 0,1 0,1
2,3,4,6,7,8 – HpCDF 0,1 0,1
1,2,3,4,6,7,8 – HpCDF 0,01 0,01
1,2,3,4,7,8,9 – HpCDF 0,01 0,01
OCDF 0,001 0,0001
Fonte: ATSDR, 1998.
10
Como vantagem, alguns valores de FETs segundo OMS são, em geral, mais
restritivos que os da OTAN, sendo estes os recomendados pela agência de proteção
do meio ambiente americana (United States Environmental Protection Agency -
USEPA). Todavia, os fatores da OMS abrangem outras classes de substâncias
presentes nas misturas de PCDD/Fs, como as bifenilas policloradas (ATSDR, 1998).
II.2.1. Estudos toxicológicos realizados em animais de experimentação
Um aspecto importante dos efeitos das PCDD/Fs em animais é que afetam
muitos órgãos e variam consideravelmente em função tipo de célula, tecido, idade,
sexo, espécies e a duração da exposição. Pesquisas vêm sendo desenvolvidas,
revelando os mecanismos moleculares de ações em cada célula alvo que resultam
em diversos efeitos agudos e crônicos reprodutivos, sistemáticos, teratogênicos,
neurológicos, carcinogênicos e mutagênicos, dentre outros (ATSDR, 1998).
Os experimentos relativos à toxidade das PCDD/Fs na reprodução e no
desenvolvimento têm demonstrado diversos efeitos adversos em animais, tanto
machos como fêmeas, englobando a maioria dos “endpoints” reprodutivos, ou seja,
desfechos tóxicos no sistema reprodutivo. Efeitos como, diminuição da fertilidade,
incapacidade de manter a gestação em todo o seu período, redução do tamanho da
ninhada, disfunção dos ovários, diminuições nas massas dos testículos e anomalias
morfológicas nos mesmos foram observados (KOCIBA et al., 1976; BARSOTTI et al.,
1979; ALLEN et al., 1979; Li et al., 1995 a,b).
No desenvolvimento, uma enorme variedade de efeitos foi observada em
várias classes de vertebrados de diversas espécies, abrangendo as quatro formas
deste tipo de toxicidade: viabilidade reduzida, alterações estruturais e funcionais, e
retardo no crescimento. A 2,3,7,8-TCDD apresentou toxicidade no desenvolvimento
em todas as espécies examinadas, induzindo à diversos efeitos no sistema
imunológico e reprodutivo em desenvolvimento, anomalias estruturais, elevada
mortalidade pré-natal, alterações funcionais no aprendizado e no comportamento
sexual (PETERSON et al., 1993; BIRNBAUM, 1994; GRAY et al.,1995; THEOBALD
et al., 1997; FAQI et al.,1998; HURST et al., 2000; OHSAKO et al.,2001).
Existem evidências consideráveis que a 2,3,7,8-TCDD não promova danos
diretos no ácido desoxirribonucléico (ADN), sendo proposto mecanismos de ação
genotóxica indireta pela indução de estresse oxidativo ou através da alteração do
potencial nocivo ao ADN de alguns compostos endógenos, incluindo estrogênios
(GREEN et al., 1977; LIM et al., 1987; RANDERATH et al., 1989; ATSDR, 1998)
11
Em animais, diversos estudos comprovaram o potencial carcinogênico da
2,3,7,8-TCDD, causando tumores em diversas espécies de ambos os sexos e em
vários órgãos, muitas vezes em baixas doses. Tumores de fígado, pulmão, na
cavidade nasal e na tireóide, dentre outros, foram observados (BIRNBAUM, 1994).
Em hamsters, espécie considerada mais resistente aos efeitos tóxicos agudos da
2,3,7,8-TCDD, também foi observada a ocorrência de câncer (VAN MILLER et al.,
1977; KOCIBA et al., 1978; RAO et al.,1988; HUFF et al.,1991; JOHNSON et
al.,1992; IARC 1997). Assim, com base na evidência de carcinogenicidade para a
2,3,7,8-TCDD, a agência internacional de pesquisa em câncer (International Agency
for Research on Câncer – IARC) e USEPA classificam-na como comprovadamente
carcinogênica para animais (IARC,1997; ATSDR, 1998;USEPA, 1998).
Outros efeitos comuns já foram identificados em várias espécies animais,
como imunotoxicidade, letalidade aguda, hepatoxicidade, perdas de peso, atrofia do
timo, descoloramento, afinamento e erupções na pele, queda de cabelo, e
alterações hematológicas (ATSDR, 1998).
II.2.2. Toxicidade das PCDD/Fs em seres humanos
As principais avaliações epidemiológicas foram realizadas em cenários
ocupacionais, residenciais, bem como após acidentes. Estes estudos fornecem
evidências limitadas devido a diversos fatores como, o longo intervalo entre a
exposição e a realização de exames, a dificuldade em mensurar a exposição,
tamanho das amostras, seleção inadequada de controles, co-exposição a outras
substâncias e curtos períodos de latência (principalmente para a avaliação de
câncer). Apesar disto, riscos consideráveis das PCDD/Fs promoverem certos efeitos
maléficos aos seres humanos foram identificados (ATSDR, 1998).
A cloracne que ocorre em diversas espécies expostas dermicamente ou
sistemicamente, incluindo o homem, é o principal efeito agudo atribuído à exposição.
Consiste em uma forma severa de acne que envolve mudanças hiperplásicas e
hiperqueratóticas na pele, bem como alteração da pigmentação, sendo um indicador
de alta exposição dos seres humanos. Em doses relativamente altas,
frequentemente surge após o aparecimento de outros efeitos, como atrofia do timo e
perda de peso (BIRNBAUM, 1994).
Diversos autores investigaram a possível relação da exposição à 2,3,7,8-
TCDD e a toxicidade reprodutiva em humanos. Estudos realizados com veteranos do
Vietnã constataram uma significativa associação entre o aumento dos níveis de
12
2,3,7,8-TCDD em soro e a diminuição do tamanho dos testículos (HENRIKSEN,
1996; BIRNBAUM, 1994; ATSDR, 1998). Correlações entre os teores de 2,3,7,8-
TCDD em soro e hormônios reprodutivos foram encontradas em estudos realizados
em trabalhadores de indústrias de 2,4,5-triclorofenol (2,4,5-T) e em pulverizadores
deste herbicida, o qual possui contaminação por PCDD/Fs (EGELAND, 1994;
BIRNBAUM, 1994; JOHNSON, 2001). Em Seveso, pesquisas apontaram para
alterações nas taxas sexuais de indivíduos nascidos de pessoas que viveram na
região na época do acidente, os quais apresentavam concentrações altas 2,3,7,8-
TCDD no sangue (DEN HOND, 2002). Diversos outros estudos encontraram desvios
significativos no grau de feminilização dos filhos de trabalhadores expostos a
compostos clorofenólicos, utilizados como preservantes de madeira (BASHAROVA,
1996; MOCARELLI, 1996, 2000; JAMES, 1997; RYAN, 2002).
O potencial das PCDD/Fs de induzir efeitos no desenvolvimento foi observado
em diversas populações, como residentes expostos durante pulverização de 2,4,5-T,
em acidentes ou em estudos envolvendo trabalhadores que atuaram na fabricação
ou na aplicação de herbicidas fenólicos ou/e clorofenólicos. As quatro formas de
manifestações de toxicidade no desenvolvimento foram observadas em diversos
graus após exposição a compostos similares às PCDD/Fs. Diversos estudos foram
desenvolvidos, destacando-se os realizados em Seveso, no Vietnam e na região de
Missouri, nos Estados Unidos. Nesta, indícios de efeitos adversos no
desenvolvimento surgiram após um programa de pulverização de 2,4,5-T. Todavia, a
sub-notificação dos eventos, a carência de históricos de exposição e de
malformações congênitas, quantidade limitada de dados e outros viéses, limitam as
conclusões destes estudos (HANIFY, 1981; STOCKBAUER, 1988; WOLFE, 1995;
ATSDR, 1998; MICHALEK, 1998).
Avaliações dos danos genéticos provocados pelas PCDD/Fs em seres
humanos, demonstram relações entre a exposição a estas substâncias e a
genotoxicidade. Um aumento significativamente estatístico de aberrações
cromossomiais e de outros tipos de aberrações celulares do tecido de fetos
abortados em Seveso foram observados (TENCHINI, 1983). Porém, em estudos
posteriores, este comportamento não foi encontrado em indivíduos expostos também
em Seveso que estavam sendo tratados da cloracne (REGGIANI, 1980). Outras
avaliações, como as realizadas com os veteranos do Vietnam, identificaram
associações entre efeitos genéticos adversos e a exposição à PCDD/Fs, porém, em
13
geral, os dados de genotoxicidade dessas substâncias em seres humanos são
inconsistentes e inconclusivos (ATSDR, 1998).
A grande preocupação envolvendo a exposição humana a PCDD/Fs e
compostos correlatos tem sido o câncer. Estudos de coorte de grande extensão que
avaliaram os riscos de morte por câncer em trabalhadores da indústria química de
compostos clorofenólicos e pulverizadores destes tipos de herbicidas, demonstraram
aumento na incidência de todos os tipos de cânceres nos indivíduos estudados
(ZOBER, 1990; FINGERHUT, 1991; KOGEVINAS, 1993, 1997; OTT, 1996;
HOOIVELD, 1998). Destaque especial à avaliação realizada em 21.863
trabalhadores da indústria de herbicidas fenólicos de 12 países (quase a totalidade
dos indivíduos envolvidos com essas atividades no mundo), que mostrou um
significativo aumento da incidência de todos os tipos de câncer nesses indivíduos
(KOGEVINAS, 1997). Estudos realizados com veteranos do Vietnam para avaliar o
risco de câncer por exposição ao agente laranja demonstraram que devido às
limitações, tais como a confirmação da exposição, tornaram-se inadequados para a
avaliação do risco carcinogênico gerado pelas PCDD/Fs (ATSDR, 1998). Apesar das
incertezas apresentadas na interpretação dos resultados, há evidências que
associam a exposição a essas substâncias ao aumento da mortalidade por câncer.
Cabe ressaltar que a USEPA considera somente a 2,3,7,8-TCDD provavelmente
carcinogênica em humanos, enquanto segundo avaliação da IARC esta substância é
comprovadamente carcinogênica (IARC,1997; ATSDR, 1998;USEPA, 1998; COLE,
2003).
II.3. Principais fontes emissoras e mecanismos de formação das PCDD/Fs
Evidências da geração natural de PCDD/Fs foram encontradas em diversos
locais do mundo como na Austrália, Hong Kong, Estados Unidos, Finlândia e China.
Porém os mecanismos de formação ainda não estão bem elucidados. Alguns
processos, como a combustão natural ocorrida em eras passadas, podem ter
contribuído para a existência de níveis na faixa de ng/g em sedimentos, encontrados
em regiões profundas (HASHIMOTO, 1995; GADOMSKI, 2002).
No entanto, as atividades humanas são as maiores responsáveis pelas
emissões desses poluentes e por esse motivo são consideradas substâncias
antropogênicas. São produzidas não intencionalmente através de processos
térmicos ou químicos, como poluentes ou contaminantes, através da combustão
incompleta ou outras reações químicas entre carbono orgânico e cloro.
14
Nos processos térmicos, considerados os mais importantes, as PCDD/Fs são
geradas basicamente através de dois mecanismos: a síntese de novo e reações via
radical arila, oriundos de oxidação aromática incompleta ou ciclização de fragmentos
de hidrocarbonetos (UNEP, 2003). Basicamente, quatro parâmetros controlam o
processo térmico de formação, são eles: temperatura, quantidade de carbono
orgânico, cloro e metais catalisadores, como o cobre.
A formação das PCDD/Fs nestes processos ocorre em nível de traços na fase
gasosa, através de reações homogêneas (de 500 a 800 ºC) ou em superfícies
sólidas, como as cinzas, através de reações heterogêneas (de 200 a 400 ºC). O
tempo de residência nas faixas de temperatura indicadas é da ordem de alguns
segundos em ambas as reações (STANMORE, 2004).
Quatro mecanismos para a formação das PCDD/Fs nas reações
homogêneas foram descritos e em geral ocorrem via diferentes precursores, são
eles: ciclização de bifenilas policloradas e/ou de policlorodifeniléteres (PCDEs),
cloração de dibenzofuranos e decloração de OCDF. Nesta fase, a destruição pode
ocorrer por pirólise e decloração ou oxidação catalítica (CHOUDRY et al., 1983;
WEBER et al., 1999; STANMORE, 2004).
As reações heterogêneas predominam na formação dessas substâncias nos
processos térmicos e acontecem também através de percussores, como compostos
clorofenólicos e benzênicos, e principalmente, pelo mecanismo da síntese de novo.
A geração de PCDD/Fs nestes processos é bastante influenciada pela concentração
de particulado, que por sua vez depende do grau de limpeza do gás de exaustão
(STANMORE, 2004).
O mecanismo da síntese de novo é definido como a reação de decomposição
de uma matriz carbônica residual nas cinzas ou fuligem e ocorre quando cloro
inorgânico ou compostos organoclorados reagem com carbono orgânico. As etapas
deste mecanismo de geração das PCDD/Fs são a produção catalítica em superfície
metálica de Cl
2
através de HCl e O
2,
seguida da cloração dos anéis aromáticos por
reações de substituição do Cl
2
e finalmente a formação de estruturas de anéis
duplos, também por reações catalíticas metálicas. A quantidade líquida gerada é
resultado da diferença entre o total formado e o destruído. Em certa faixa de
temperatura atinge-se o intervalo de temperatura que favorece a formação dessas
substâncias por esse mecanismo, quando a energia de ativação das reações de
destruição são maiores que as de formação das PCDD/Fs (Figura 2). Em geral, a
temperatura de máxima geração pela síntese de novo encontra-se em torno de 300
15
e 350º C (LAVALIN INC., 1987; HAGENMAIER et al., 1987; HALASZ, 1996; SHIN et
al., 1999; STANMORE, 2004).
Figura 2: Comportamento cinético em função da temperatura no mecanismo da
síntese de novo
Fonte: HAGENMAIER et al., 1987.
As fontes de PCDD/Fs podem ser classificadas em três tipos: estacionárias
(processos térmicos e químicos industriais), difusas (queima de combustíveis e
incêndios) e secundárias ou reservatórios (biocompostagem e lodo ativado)
(HUTZINGER et al., 1993). Dentre as fontes industriais destacam-se:
Incineração de resíduos
Produção de metais ferrosos e não-ferrosos
Geração de energia
Produção de produtos minerais
Produção de produtos químicos e bens de consumo
Apenas na última categoria há formação dessas substâncias por processos
químicos e as demais fontes as geram pelos processos térmicos.
As unidades de incineração de resíduos são as mais bem estudadas e
destacam-se as atividades de incineração de resíduos sólidos municipais, perigosos
e hospitalares, na qual grande parte das emissões vai para a atmosfera. A
incineração de resíduos perigosos ganha relevância devido à natureza da carga
incinerada, que inclui solventes, hidrocarbonetos voláteis, pesticidas e outros
Temperatura
Concentração de PCDD/F's
Velocidade de
Degradação
Velocidade de
Formação
16
compostos organohalogenados, que agem como percussores nas reações der
formação das PCDD/Fs. Variações da composição da carga, da tecnologia utilizada
e outras variáveis influenciarão na quantidade gerada. Sistemas com baixa
tecnologia de combustão e sem controle de poluição do ar (APC) favorecem a
formação das PCDD/Fs (UNEP, 2003).
Os processos de produção de metais ferrosos e não-ferrosos envolvem altas
cargas de material e de energia, onde matérias-primas secundárias e recicladas são
constantemente utilizadas. A intensa utilização desses materiais promove um
potencial considerável de formação de PCDD/Fs para o ar, particularmente quando
são utilizados materiais de menor qualidade e nos processos que também utilizam
cloração, como a produção eletrolítica de magnésio. PCDD/Fs e seus percussores
podem estar presentes nesses materiais e entrar no processo ou serem formados
através do mecanismo de síntese de novo ou combustão incompleta. A formação
ocorre durante o resfriamento do gás de exaustão, quando a temperatura necessária
é atingida, conforme mostrado na figura 2, favorecida pela ação de catalisadores
metálicos. Deve ser introduzido oxigênio suficiente de forma a evitar a combustão
incompleta, sem comprometer o processo metalúrgico. Esse e outros fatores
influenciarão na formação dessas sustâncias nos processos de produção de metais
ferrosos e não-ferrosos (UNEP, 2003).
Na geração de energia e calor que utiliza combustíveis fósseis, biogás e
biomassa, as PCDD/Fs podem ser geradas e adsorvidas às cinzas, sendo liberadas,
principalmente para o ar. Sua geração através da queima de combustíveis fósseis
merece atenção especial, pois esses são os mais utilizados em todo mundo (cerca
de 90 % de toda a energia gerada), principalmente o carvão, óleos pesados, e em
menor escala, óleos leves e gás natural nas termoelétricas e gasolina, diesel e GLP
nos veículos motorizados. Como nos outros processos térmicos citados, a formação
das PCDD/Fs é favorecida após o processo de combustão quando há o resfriamento
do gás de exaustão. Os “flairs” das refinarias, também podem ser enquadrados
nesta categoria e apresentam considerável potencial de emissão devido à
quantidade e variedade de composição da carga queimada (UNEP, 2003).
Os processos de produção de cimento, cal, tijolo e vidro, são os principais na
categoria de produção de produtos minerais. Materiais brutos e combustíveis que
contêm cloro podem potencialmente gerar PCDD/Fs em varias etapas dos
processos. A formação pode ocorrer durante a fase de resfriamento dos gases, nos
17
pré-aquecedores ou na zona de aquecimento e o tipo de tecnologia utilizada
interferirá na quantidade de PCDD/Fs emitida (UNEP, 2003).
Outras fontes térmicas de PCDD/Fs já foram identificadas e algumas delas
possuem grande potencial de emissão. Os processos de combustão não-controlada,
como as queimadas em florestas ou, em geral, de matéria orgânica sem a utilização
de qualquer equipamento, ocorrem em condições pobres de combustão,
favorecendo a geração dessas substâncias. Dependendo da amplitude do território
do país, condições climáticas, hábitos de queima de resíduos domésticos e outros
fatores, essas atividades podem influenciar consideravelmente na emissão total.
Além disso, outras atividades podem também gerar PCDD/Fs, dependendo da carga
orgânica e cloro presente nos materiais queimados (cremação, defumação e o fumo)
(UNEP, 2003).
Nos processos de produção de bens de consumo, destaca-se a geração de
PCDD/Fs por processos químicos, como nas indústrias de papel, petróleo, tecido,
couro, cloro e substâncias organocloradas. Associada à geração química, processos
térmicos utilizados em tais indústrias para obtenção de energia e calor, podem
aumentar as emissões. Nessa categoria de fontes ocorrem por diversas vias,
afetando a ar, água, solo e os próprios produtos. Diversas etapas dos processos das
indústrias citadas foram identificadas como geradoras das PCDD/Fs, apesar de em
pequenas quantidades, como os processos de branqueamento e deslignificação do
papel, craqueamento catalítico em refinarias e acabamento de tecidos. É importante
ressaltar que as matérias primas utilizadas em tais indústrias eventualmente contêm
uma carga de PCDD/Fs, oriunda da aplicação de pesticidas, que será somada à que
é gerada (UNEP, 2003).
II.4. Transporte e distribuição no meio ambiente
A entrada das PCDD/Fs no meio ambiente ocorre basicamente através de
cinco vetores. Essas substâncias atingem o meio ambiente através das liberações
ocorridas diretamente da matéria-prima e do produto final, de sua utilização, dos
processos de manufaturamento e combustão, e do despejo de resíduos (Figura 3).
As emissões atmosféricas geradas, principalmente nos processos térmicos
são responsáveis por grande parte da entrada das PCDD/Fs no meio ambiente.
Contudo, além de lançamentos diretos na água e solo, essas matrizes também
podem ser contaminadas através da deposição das partículas do ar. O transporte a
partir do solo pode ocorrer através dos ventos e de processos erosivos. A entrada
18
desses poluentes nessas matrizes ambientais gera o transporte para biota com
sucessivos acúmulos ao longo da cadeia trófica (USEPA, 1998).
No meio ambiente, as PCDD/Fs tendem a adsorver preferencialmente no
material particulado, associando-se a cinzas, fuligem, solo ou outra superfície rica
em matéria orgânica. No ar e na água podem ser encontradas no vapor ou
dissolvidas em menores quantidades, em função de diversos parâmetros, como a
quantidade de material particulado, temperatura e outros fatores ambientais.
(FIEDLER, 1996; IARC, 1997; ASTDR, 1998; LITARRU, 2005).
Figura 3: Principais vetores de entrada das PCDD/Fs nos compartimentos
ambientais
Fonte: UNEP, 2003, adaptado
Ao serem lançadas ao ar, através da deposição atmosférica seca ou úmida,
atingem o solo e, devido à forte interação com as partículas e baixa solubilidade em
água, a migração vertical e horizontal é muito pequena (WHO, 1989; KITUNEN et
al., 1990; FIEDLER, 1996). A associação destes fatores com a baixa resistência à
degradação química e biológica pode promover o acúmulo das PCDD/Fs na região
Entrada de recursos locais e
materiais importados
Material de entrada
Processos de
manufatura
ou combustão
Produto
Uso
Despejo
Água
Ar
Solo
Resíduo
Importação
Exportação
19
superficial do solo, fazendo deste seu destino final. Assim, o solo se torna foco de
estudos que visam à identificar fontes geradoras através de seu monitoramento. No
entanto, alguns mecanismos de transporte do solo para o ar e água superficial e
subterrânea foram identificados, porém a movimentação de material sólido tem sido
identificada como a forma mais importante de transporte das PCDD/Fs do solo para
as outras matrizes do meio ambiente (WHO, 1989).
Todavia, as emissões de PCDD/Fs podem causar impactos locais ou de longo
alcance dependendo das características da fonte (ex: altura da chaminé e
distribuição dos congêneres), da partição das moléculas entre a fase gasosa e sólida
e sua distribuição no particulado, tamanho das partículas, condições metereológicas
e configuração geográfica dos locais. Dependendo do tipo de fonte, predomina-se
um mecanismo de formação típico, o qual fornecerá uma distribuição característica
dos congêneres. Em função disto, do tamanho das partículas e de outras variáveis,
como a temperatura, será estabelecido a partição das PCDD/Fs formadas entre a
fase gasosa e sólida e sua distribuição no material particulado, que pode não ser
uniforme. Estudos que utilizam modelos de dispersão mostram que uma
caracterização incorreta desta distribuição pode levar a erros significativos no cálculo
da fração que é depositada em curtas e longas distâncias, já que a deposição
atmosférica do particulado varia com o tamanho das partículas (LOHMAN et al.,
2001).
O transporte de longo alcance permite que estas substâncias atinjam regiões
remotas, como o Ártico, e ocorre fluvialmente ou atmosfericamente pelo efeito
conhecido como “gafanhoto”. Este efeito pode levar algumas décadas e ocorre em
diversas etapas de deposições em regiões frias e volatilizações nas mais quentes.
Assim, as regiões polares formam “armadilhas“ para esses compostos, resultando
em um maior acúmulo que nas regiões quentes (CRA, 2001; AMAP, 2002).
O maior agravante está no fato da persistência e lipofilicidade, permitirem a
bioacumulação nos seres vivos, proporcionando a magnificação das cargas
corporais de PCDD/Fs ao longo dos níveis tróficos da cadeia alimentar. Assim, além
de poderem atingir longas distâncias por seu transporte no meio ambiente,
atravessam fronteiras através dos alimentos gordurosos, atingindo qualquer ser vivo.
20
III. ACORDO INTERNACIONAL SOBRE POPS
Em 1995, o Conselho de Administração do PNUMA solicitou ao Fórum
Intergovernamental de Segurança Química (FISQ) a tarefa de desenvolver
recomendações para uma ação internacional relacionada aos POPs. Definiu-se
inicialmente como POPs, também conhecidos como “the dirty dozen”, 9 substâncias
utilizadas como agrotóxicos (aldrin, clordano, DDT [diclorodifeniltricloroetano],
dieldrin, endrin, hexaclorobenzeno, heptacloro, mirex, toxafeno), as bifenilas
policloradas (produto comercial utilizado como óleos de transformadores e
capacitores) e as policlorodibenzo-p-dioxinas e policlorodibenzofuranos. Em 1996, o
FISQ concluiu que as informações disponíveis eram suficientes para demonstrar a
necessidade de ação internacional frente às evidências toxicológicas a todo o
ecossistema e à persistência. A orientação de elaboração de um instrumento legal
que apontasse para a redução das emissões desses poluentes no meio ambiente foi
incluída. Em 1997, um comitê negociador internacional (Intergovernmental
Negotiating Commitee - INC) foi criado pelo setor de Substâncias Químicas do
PNUMA para preparar tal instrumento e instituir um grupo de especialistas que
desenvolvessem critérios e procedimentos para a identificação de outros compostos
que pudessem entrar na lista dos POPs, além de outras ações imediatas dirigidas a
esses poluentes (UNEP, 2001).
Diversos encontros foram realizados para a elaboração da convenção,
iniciando-se por Montreal, Canadá, em 1998, Nairobi, Kenia e Genebra, Suíça, em
1999 e em 2000, em Bonn, Alemanha e Johannesburg, África do Sul, quando as
negociações foram concluídas com sucesso. Em 2001, a convenção foi
disponibilizada às assinaturas em uma conferência diplomática que aconteceu nos
dias 22 e 23 de Maio, em Estocolmo, na Suécia, razão de seu nome (UNEP, 2001).
A convenção foi assinada por 159 países naquela ocasião, inclusive o Brasil,
e tem como principal objetivo proteger a saúde humana e o meio ambiente dos
POPs, através da redução da carga total das emissões de PCDD/Fs, dando
continuidade na minimização, e quando possível, completa eliminação. É importante
ressaltar que, com isso, a Convenção de Estocolmo contribui para o Princípio 15 da
Declaração do Rio para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Princípio da
Precaução) e para Agenda 21, acompanhando as tendências de outras convenções
21
internacionais, como a Convencão de PIC (Prior Informed Consent) ou de Rotterdan.
Esta convenção (PIC) tem como principal objetivo promover o intercâmbio de
informações entre os países exportadores e importadores de produtos químicos
perigosos, através do prévio consentimento dos riscos que tais substâncias podem
oferecer aos seres humanos e ao meio ambiente nas transações comerciais.
Com a 50ª ratificação, realizada pela França, em maio de 2004, a Convenção
de Estocolmo entrou em vigor e a partir de então, os países signatários tornam-se
Partes e devem em dois anos apresentar um plano de implementação nacional
(National Implementation Plan - NIP), conforme art. 7. (UNEP, 2001).
O Brasil ratificou-a em maio do mesmo ano e deverá apresentar o NIP em
setembro de 2006, que requer para os POPs gerados não-intencionalmente,
presentes no anexo C, principalmente, a construção de um inventário estimativo de
fontes emissoras de PCDD/Fs e ações projetadas para a substituição de materiais,
produtos e processos, utilizando a melhor técnica disponível (Best Avaiable
Technology - BAT). A metodologia utilizada para a elaboração deste inventário deve
ser consistente, buscando avaliar as emissões através do tempo e entre países, de
forma padronizada. Para isso, o PNUMA desenvolveu um protocolo de identificação
e quantificação de fontes emissoras desses poluentes (Standardized Toolkit for
Identification and Quantification of Dioxin and Furan Releases) ou simplesmente,
“Toolkit” (UNEP, 2001).
Através do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil encontra-se
inteiramente engajado desde o início do processo de discussão da Convenção de
Estocolmo e recentemente participou da primeira Conferência das Partes, no
Uruguai, em maio de 2005. Devido a extensão e complexidade geográfica das fontes
de POPs no país, o MMA organizou seminários financiados pelo órgão fomentador
das Nações Unidas (Global Environment Facility - GEF), no sentido de auxiliar a
elaboração do NIP. Em agosto de 2005, foi realizado o encontro dos agrotóxicos
POPs e em fevereiro deste ano o de PCDD/Fs, e bifenilas policloradas, que
contaram com o apoio de especialistas da área, além de membros de entidades
colaboradoras. O principal objetivo foi avaliar as exigências presentes na
Convenção, para contribuir ao MMA na elaboração do NIP que deve ser
apresentado na 2º Conferência das Partes. Diversas propostas foram apresentadas
pelos grupos de trabalho, os quais foram divididos em três focos principais, quais
sejam: inventário de fontes emissoras, capacitação e infra-estrutura, e medidas para
redução e eliminação da exposição humana. Dentre as propostas, estão a
22
necessidade de haver uma coordenação central para a elaboração deste inventário,
possibilitando o início de sua elaboração, bem como a disponibilização de técnicos e
treinamento para a execução desse levantamento e a criação de laboratórios de
referência com capacitação de profissionais na área, nos âmbitos do MAPA, MMA e
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)/Ministério da Saúde.
23
IV. OBJETIVOS
IV.1. Objetivo geral
Quantificar os níveis de PCDD/Fs em amostras de solo coletadas no
entorno de fontes emissoras potenciais localizadas no Estado do Rio de Janeiro.
IV.2. Objetivos específicos
Implementar e padronizar o método para determinação de PCDD/Fs em
solo;
Identificar e localizar fontes industriais potencialmente geradoras de
PCDD/Fs no Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o “Toolkit”;
Comparar e avaliar os níveis de PCDD/Fs encontrados nas amostras de
solo entre as diferentes atividades industriais e os níveis descritos na
literatura;
Comparar as diferentes distribuições dos homólogos de PCDD/Fs obtidas
nas amostras de solo coletadas entre si e com as de outros estudos da
literatura;
Subsidiar a construção do inventário nacional e realizar medições em
matrizes ambientais, contempladas na Convenção de Estocolmo.
24
V. METODOLOGIA
A metodologia contemplada no estudo consta de cinco etapas. Inicialmente,
selecionaram-se as principais atividades industriais potencialmente geradoras de
PCDD/Fs no Estado, cujas emissões poderiam atingir o solo. Em seguida,
identificaram-se as áreas de coleta das amostras, selecionando-se as unidades
industriais enquadradas nas atividades escolhidas na etapa anterior. Posteriormente,
os pontos de coleta das amostras foram definidos e então, coletou-as e realizou-se a
análise para determinação dos níveis de PCDD/Fs. Com essas etapas, buscou-se
analisar amostras de solo com maior potencial de contaminação, por estarem
localizadas ao redor das principais fontes com possibilidade de emissão dessas
substâncias no Estado do Rio de Janeiro.
V. 1. Seleção das principais atividades geradoras
A seleção das atividades potencialmente geradoras de PCDD/Fs foi
realizada através da identificação das principais categorias e subcategorias
industriais de fontes emissoras existentes no Estado, descartando-se as fontes que
não possuem potencial de emissão atmosférica. As informações necessárias para
esta seleção foram obtidas através do “Toolkit”, que exibe categorias e
subcategorias de fontes emissoras de PCDD/Fs identificadas em estudos
desenvolvidos no mundo. Neste manual, cada subcategoria de fonte é relacionada a
fatores de emissão, que variam em função das tecnologias utilizadas e dos
compartimentos impactados.
V. 2. Seleção das áreas de coleta das amostras de solo
Diante das subcategorias relacionadas realizou-se a seleção das áreas de
coleta, inicialmente identificando-se as unidades industriais que as contemplavam.
Este processo obteve suporte na análise do catálogo industrial de 1997 da
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). A triagem e
seleção final das unidades ou regiões industriais foram realizadas a partir do produto
da busca no catálogo da FIRJAN com os registros da Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA). Estes registros apresentaram dados de
25
campo e de modelos de dispersão, que mostraram as indústrias com alto nível de
emissão de poluentes e de particulado. Assim, foram selecionadas para o estudo as
regiões localizadas nas áreas de atividade industrial intensa com elevada emissão
de particulado.
Com o objetivo de abranger outros tipos de fontes emissoras de PCDD/Fs,
algumas outras subcategorias não incluídas nesta etapa anterior, por não estarem
nos registros da FIRJAN e/ou da FEEMA, foram inseridas. Em geral, estas são
unidades de menor atividade térmica e foram selecionadas em função do
conhecimento prévio do tempo de existência da atividade e da facilidade de acesso
ao local.
V. 3. Seleção dos pontos de coleta das amostras de solo
Após a seleção das áreas ou regiões, os pontos de coleta foram indicados
pela FEEMA, por serem teoricamente os de maior impacto de deposição de
particulado. Nestes locais, estão ou serão futuramente instaladas estações de
monitoramento da poluição do ar. Estes dados foram gerados por um modelo de
dispersão atmosférica alimentado com dados metereológicos processados.
Para as fontes de menor atividade térmica os pontos de coleta foram
selecionados de forma aleatória de acordo com as condições dos locais. Utilizou-se
um atlas eólico que apresenta as freqüências relativas às direções do vento durante
15 anos, para se avaliar o sentido de dispersão preferencial da pluma (AMARANTE,
2002).
V. 4. Coleta das amostras de solo
Cada ponto de coleta foi constituído por amostragem composta, realizada de
acordo com as condições encontradas nos locais. O solo foi coletado com uma pá
metálica na camada superficial, com profundidade de aproximadamente 2 cm em
terrenos sem vegetação e aparentemente planos, para minimizar os efeitos de
arraste e/ou lixiviação (USEPA,1992).
26
V. 5. Análise das amostras de solo
V.5.1. Materiais e Equipamentos
Foram utilizadas as vidrarias de borosilicato calibradas, previamente limpas e
descontaminadas, listadas a seguir:
Bastões de vidro
Beckers de 50, 100, 250 e 500 ml
Balões de vidro de 100, 250 e 500 ml
Colunas de vidro de 45, 15 e 10 cm de comprimento (2, 1,5 e 0,5 cm de
diâmetro, respectivamente)
Erlenmeyers de 250 ml
Extrator Sohxlet
Frascos de 2 e 5 ml
Funis para líquidos e sólidos
Pipeta Pasteur
Pérolas de vidro
Pipetas
Seringa de 50 e 100 µl (Hamilton)
Outros materiais:
Cartuchos de celulose de 12,3 cm de comprimento e 41 mm de diâmetro
interno (Whatman)
Espátulas
Pêras
Picetes
Peneiras de mesh 9, 14, 20 e 48 (Bertel)
Mantas de aquecimento para balões de 500 ml (Fisatom)
Rotavapor com bomba de teflon e válvula controladora de pressão
(Büchi)
Evaporador de nitrogênio
27
V.5.2. Insumos
Acetato de etila RP (Merck)
Acetona PA (Merck)
Acetona RP (Merck)
Ácido sulfúrico PA (Merck)
Água ultra-pura (MiliQ)
BioBeads SX-3 (BioRad)
Detergente neutro (Extran)
Diclorometano RP (Merck)
Florisil (100 –200 mesh) (Merck)
Hexano RP (Merck)
Hidróxido de Sódio PA (Merck)
Isoctano RP (Merck)
Nitrogênio UP (White Martins)
Sulfato de sódio anidro (Merck)
Sílica Gel 60 (70 –130 mesh) (Merck)
Tolueno RP (Merck)
Padrão interno em isoctano contendo os 17 2,3,7,8-congêneres de
PCDD/Fs marcados com carbono treze (
13
C
12
) (Cambridge Isotope
Laboratories - CIL)
Padrão de recuperação, 1,2,3,4-TCDD marcado (
13
C
6
) (CIL)
Padrão de calibração, 5 misturas dos 17 2,3,7,8-congêneres nativos de
diferentes concentrações fortificados com padrão interno (CIL)
V.5.3. Preparação das fases estacionarias para o “clean-up”
O material cromatográfico deve estar livre de contaminação orgânica e a sua
atividade pré-definida. Para este fim, todos as fases estacionárias, exceto a da
coluna de permeação em gel (BioBeads), sofreram um tratamento por aquecimento
em mufla, à temperatura de 600 °C por, pelo menos, 10 horas. O material tratado
permaneceu em resfriamento até 100 °C na própria mufla e, depois, transferido para
um dessecador. O ajuste da atividade e modificação química de cada material
utilizado encontra-se descrito a seguir.
28
V.5.3.1. Silica gel com 5% de água
95 g de sílica gel tratada foram pesadas num frasco de 500 ml com tampa de
rosca e misturados com 5 g de água ultra-pura. Após o fechamento do frasco, a
mistura foi homogeneizada e deixada em repouso para entrar em equilíbrio.
V.5.3.2. Silica gel com ácido sulfurico
100 g de sílica gel tratada foram pesadas num frasco de 500 ml com tampa
de rosca e misturadas à 46 g (25 ml) de ácido sulfúrico PA. Após o fechamento do
frasco, a mistura foi homogeneizada e deixada em repouso para entrar em equilíbrio.
V.5.3.3. Silica gel com NaOH
100 g de sílica gel tratada foram pesadas num frasco de 500 ml com tampa
de rosca e misturadas com 30 ml de uma solução 1M de NaOH PA. Após o
fechamento do frasco, a mistura foi homogeneizada e deixada em repouso para
entrar em equilíbrio.
V.5.3.4. Florisil
97 g de florisil tratado foram pesados num frasco de 500 ml com tampa de
rosca e misturados com 3 g de água ultra-pura. Após o fechamento do frasco, a
mistura foi homogeneizada e deixada em repouso por 24 horas para entrar em
equilíbrio. A validade deste material é de um mês.
V.5.4. Lavagem e descontaminação do material
Antes da lavagem, a vidraria usada foi descontaminada com acetona PA. Em
seguida, lavou-se com uma solução 15% v/v do detergente (Extran) em água.
Posteriormente, colocou-se o material imerso nesta solução por 24 horas e após
este intervalo, lavou-o com o auxilio de escovas e esponjas. Na próxima etapa,
rinsou-se o material com água de torneira e deionizada, deixando-o secar a
temperatura ambiente. Finalmente, rinsou com acetona e hexano RP.
29
V.5.5. Metodologia analítica
O tratamento e análise das amostras basearam-se no método alemão para
análise de lodo ativado e no método 1613 da Agência de Proteção do Meio
Ambiente dos Estados Unidos (BMU, 1997; USEPA, 1994).
V.5.5.1. Beneficiamento do solo
A secagem das amostras de solo foi realizada por dois dias ao ar ambiente.
Em seguida as amostras foram trituradas, peneiradas e homogeneizadas. A fração <
de 1,19 mm (14 mesh) foi usada para análise.
V.5.5.2. Extração
As amostras foram extraídas por cerca de 24 horas, com no mínimo 3
ciclos/h, em extrator soxhlet, utilizando-se tolueno RP (300 ml). Cerca de 100 g de
solo foram pesadas no cartucho de celulose. Após adicionar uma camada de
aproximadamente 1 cm de sulfato de sódio anidro, o cartucho com a amostra foi
colocado no aparelho de soxhlet e iniciou-se a extração. Após as 24 horas, fortificou-
se o extrato com o padrão interno marcado com
13
C
12
, evaporou-se o solvente no
rotavapor até a secura e resuspendeu-se com hexano RP.
V.5.5.3. ”Clean-up”
V.5.5.3.1. Coluna de multi-camada
O tratamento de limpeza iniciou-se por uma coluna de multi-camada. A coluna
de 45 cm de comprimento foi preenchida de baixo para cima conforme descrito a
seguir:
Lã de vidro
1cm de Na
2
SO
4
anidro
2g de sílica gel com 5% de água ultra-pura
10g de sílica gel com 30% p/p de solução 1 M de NaOH PA
2g de sílica gel com 5% de água ultra-pura
20g de sílica gel com H
2
SO
4
PA, 56:44 (p/p)
2g de sílica gel com 5% de água ultra-pura
30
~ 1cm de Na
2
SO
4
anidro
O ácido sulfúrico e hidróxido de sódio servem para destruição de substâncias
interferentes co-extraídas da matriz. Após o condicionamento da coluna com 30 ml
de hexano RP e a introdução da amostra, os compostos de interesse foram eluídos
com 250 ml de hexano RP. Após a eluição, o eluato foi evaporado e resuspendido
com uma mistura 1:1 (v/v) de hexano RP e acetato de etila RP.
V.5.5.3.2. Coluna de permeação em gel
Nesta etapa utilizou-se a técnica cromatográfica por exclusão, através da
permeação em gel (BioBeads), sendo a fase estacionária um polímero em
suspensão em hexano/acetato de etila RP. Esta coluna visa à separação de óleos
e/ou lipídeos das amostras. A amostra foi inserida em uma coluna de 45 cm de
comprimento com o gel previamente acondicionado e eluída com a mistura 1:1 (v/v)
de hexano RP e acetato de etila RP. A primeira fração (0 - 90 ml) que contem a
gordura foi descartada e a segunda fração (90 – 210 ml) coletada, evaporada e
resuspendida em hexano RP.
V.5.5.3.3. Coluna de Florisil
A última coluna do “cleanup”, composta da fase estacionária de florisil, serve
para a retenção de outros compostos organoclorados (p.ex: bifenilas policloradas)
que podem interferir na determinação cromatográfica. É importante que a solução
oriunda da coluna de BioBeads não contenha resíduos de acetato de etila, visto que
qualquer alteração na polaridade da fase móvel pode comprometer a separação
requerida. Desta forma, a solução foi transferida para um frasco de 5ml, evaporada
até a secura com nitrogênio UP e resuspendida com hexano RP. A coluna foi
preenchida com 6 g de florisil e acondicionada com cerca de 20 ml de hexano RP.
Após a introdução da amostra, a primeira fração foi eluida com 50 ml de hexano RP
e descartada. A segunda fração contendo as PCDD/Fs foi eluida com 60 ml de
tolueno RP. O eluato dessa fração foi evaporado até secura e resuspendido em 20
μl de isoctano ou da solução do padrão de recuperação.
31
V.5.5.4. Cromatografia a gás acolpada a espectrometria de massas
A análise das amostras foi executada com um cromatógrafo a gás (Agilent
6890N Series) acoplado ao detector seletivo de massas (Agilent 5973).
Os parâmetros do cromatógrafo são listados a seguir:
Injetor modo: sem divisão de fluxo (“splitless”), temperatura: 290 °C;
volume injetado 2 μl;
Coluna DB5-MS (J&W) com 30m de comprimento, diâmetro interno de
0,25 mm, espessura do filme de 0,25 μm, modo: vazão constante, vazão
da coluna: 1,3 ml/min, gás de arraste: hélio ultra-puro;
Programa de temperatura do forno 120 °C, 15 °C/min até 220 °C,
1,5 °C/min até 240 °C, 240 °C por 2 min, 3° C/min até 310 °C, 310 °C por
6,7 min.
Os parâmetros do espectrômetro de massas são listados a seguir:
Temperatura da linha de transferência: 300 °C, temperatura da fonte de
íons: 230 °C, temperatura do quadrupolo: 150 °C;
Ionização: impacto de elétrons, energia do feixe de elétrons: 70 eV;
Modo de detecção: varredura de íons múltiplos (as janelas e os íons são
mostrados na tabela 2).
As janelas foram determinadas através da injeção de uma amostra de
referência (cinzas de um incinerador) contendo todos congêneres (Figura 4).
Os íons monitorados representam os picos moleculares os quais são os mais
abundantes devido a baixa fragmentação das moléculas de PCDD/Fs. Foram
monitorados os picos (M)
+
e (M+2)
+
para os TCDD/Fs e os picos (M+2)
+
e (M+4)
+
para os outros homólogos, por serem os de maior abundância relativa.
32
Figura 4: PCDD/Fs-cromatogramas de cinzas de incineração
33
Tabela 2: Íons monitorados no espectrômetro de massas
Janela Íon (Massa) Observação
Tetra
303,9; 305,9;
315,9; 317,9
319,9; 321,9;
325,9; 327,9
331,9; 333,9
375,9
TCDF nativo
TCDF padrão interno
TCDD nativo
Padrão de recuperação
TCDD padrão interno
Possível interferência de PBDEs
Tetra/Penta
303,9; 305,9;
319,9; 321,9;
339,9; 341,9;
355.9; 357,9;
409,8
TCDF nativo
TCDD nativo
PeCDF nativo
PeCDD nativo
Possível interferência de PBDEs
Penta
339,9; 341,9;
351,9, 353,9;
355.9; 357,9;
367,9; 369,9;
409,8
PeCDF nativo
PeCDF padrão interno
PeCDD nativo
PeCDD padrão interno
Possível interferência de PBDEs
Hexa
373,8; 375,9;
385,9; 387,9;
389,8; 391,8;
401,9; 403,9;
445,8
HxCDF nativo
HxCDF padrão interno
HxCDD nativo
HxCDD padrão interno
Possível interferência de PBDEs
Hepta
407,8; 409,8;
419,8; 421,8;
423,8; 425,8;
435,8; 437,8;
479,7
HpCDF nativo
HpCDF padrão interno
HpCDD nativo
HpCDD padrão interno
Possível interferência de PBDEs
Octa
441,8; 443,8;
453,8; 455,8
457,8; 459,8
469,8; 471,8;
513,7
OCDF nativo
OCDF padrão interno
OCDD nativo
OCDD padrão interno
Possível interferência de PBDEs
Nas amostras de solo, a identificação de cada congênere foi realizada
primeiramente através do tempo de retenção anteriormente determinado com a
34
amostra de referência. Posteriormente, esta identificação foi confirmada pela
comparação das razões isotópicas das áreas dos picos moleculares monitorados
com as razões teóricas, admitindo-se uma diferença de, no máximo, 15% maior ou
menor (Tabela 3).
Tabela 3: Razões isotópicas teóricas para as PCDD/Fs
Homólogo Razão teórica
TCDD/Fs 0,78
PeCDD/Fs 1,55
HxCDD/Fs 1,24
HpCDD/Fs 1,05
OCCD/F 0,89
A quantificação das amostras foi realizada comparando-se as áreas dos
PCDD/Fs nativos com as áreas dos padrões internos. Os fatores relativos de
resposta para os 2,3,7,8-congêneres foram determinados anteriormente através de
injeção de PCDD/Fs nativos de diferentes concentrações conhecidas e fortificados
com os padrões internos. Os fatores para todos os 2,3,7,8-congêneres encontraram-
se em torno de 1.
V.5.5.5. Avaliação estatística do método analítico
Para avaliar estaticamente a metodologia analítica utilizada, realizou-se os
testes de repetibilidade, reprodutibilidade e de recuperação.
V.5.5.5.1. Avaliação da repetibilidade
A repetibilidade foi avaliada repetindo-se a análise de duas amostras
selecionadas aleatoriamente. Para a interpretação dos resultados utilizou-se o
critério da diretiva alemã para análise de PCDD/Fs em alimentos, onde uma boa
repetibilidade requer um coeficiente de variação (CV) menor que 15% (EC, 2002).
35
V.5.5.5.2. Avaliação da reprodutibilidade
A reprodutibilidade do método foi avaliada através de dois programas
interlaboratoriais. No primeiro, compararam-se os resultados obtidos a partir da
análise de duas amostras adequadamente estocadas de lodo ativado (A e B) com os
resultados das análises das mesmas amostras fornecidos por um programa
interlaboratorial realizado em 1999, que envolveu vários laboratórios do mundo. Este
estudo foi organizado pela Sociedade de Garantia de Qualidade Analítica e
Validação de Métodos em conjunto com o Ministério de Meio Ambiente do Estado de
Baden-Württemberg/Alemanha. No segundo, a reprodutibilidade foi avaliada através
da participação efetiva na 10ª rodada do estudo de intercalibração intenacional, onde
se analisou três amostras de cinzas de incineradores. Este foi fornecido em 2005,
pela Universidade de Orebro/Suécia (Workgroup International Intercalibration
Studies – IICS) sob a coordenação do Prof. Dr. Bert Van Bavel.
Nestes estudos, os resultados foram avaliados através do índice Z de todos
os 2,3,7,8-congêneres e do valor em EQT-I (no total 18 valores por amostra) . O
índice representa o quociente da diferença entre o valor obtido e a média corrigida
(teste de Grubbs) pelo desvio padrão. O critério de aceitação foi um índice Z menor
que |2| para 80% dos valores em questão (LINDIG, 1999).
V.5.5.5.3. Avaliação da recuperação
A recuperação foi determinada através da razão da área de cada 2,3,7,8-
congênere do padrão interno (
13
C
12
) e do padrão de recuperação. O padrão de
recuperação foi o 1,2,3,4-TCDD (
13
C
6
), adicionado antes da injeção. A razão que
representa 100% foi determinada através da injeção da mistura dos padrões internos
e do padrão de recuperação usando as mesmas quantidades que são adicionadas a
uma amostra real. Devido a pouca quantidade do padrão de recuperação disponível,
este foi adicionada aleatoriamente a uma amostra de uma seqüência de tratamento
de amostras.
36
VI. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram contempladas no estudo as áreas ao redor das principais fontes
potencialmente emissoras de PCDD/Fs do Estado do Rio de Janeiro. Um total de 31
amostras coletadas em diversas regiões durante o ano de 2004 e 2005 foram
analisadas posteriormente no Laboratório de POPs do Centro de Estudos de Saúde
do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH) da Escola Nacional de Saúde Pública
(ENSP) e no Laboratório de Análise de Resíduos de Agrotóxicos do Instituto
Nacional de Controle de Qualidade (INCQS), ambos unidades FIOCRUZ.
VI.1. Atividades potencialmente geradoras selecionadas
As categorias e subcategorias de fontes emissoras de PCDD/Fs (segundo o
Toolkit”) contempladas no estudo, com exceção da categoria “Diversas”, se
enquadram nas principais contribuintes da carga total dos inventários estimados já
realizados em outros países do mundo (Quadro 4).
Quadro 4: Categorias e subcategorias de fontes contempladas no estudo.
Nº Categoria Subcategorias
1 Incineração de Resíduos 1.1 Incineração de Resíduos Perigosos
2
Produção de Metal Ferroso
e Não-ferroso
2.1 Fundições e Produção de Ferro e Aço
3 Aquecimento e Geração de Energia 3.1
Unidades de Geração de Energia por
Combustíveis Fósseis
4.1 Produção de Cimento
4 Produção de Produtos Minerais
4.2 Produção de Tijolos
5
Produção de Bens de Consumo e
Produtos Químicos
5.1 Indústria de Petróleo
6 Diversas 6.1 Crematórios
37
VI.2. Áreas de coleta selecionadas
Cerca de 40 unidades industriais, enquadradas nas categorias e
subcategorias listadas acima (com exceção das subcategorias 1.1, 4.2 e 6.1) e em
outras posteriormente descartadas, foram selecionadas através do catálogo da
FIRJAN e a partir destas, posteriormente, as 6 principais indústrias do Estado foram
finalmente selecionadas com o auxílio da FEEMA. Outras quatro fontes potenciais
de menor atividade térmica (pertencentes às subcategorias 1.1, 4.2 e 6.1) foram
inseridas no estudo, totalizando assim, dez unidades potencialmente emissoras.
No total, 7 estão localizadas na Região Metropolitana, outras duas na do
Médio - Paraíba e uma na Região Serrana (Quadro 5). Na Região Metropolitana está
localizada na capital Rio de Janeiro e é a mais populosa e industrializada do Estado,
enquanto a Região Serrana é a segunda com menor número de habitantes e tem
como atividade típica, a agricultura. A região do Médio - Paraíba é a segunda com
maior número de habitantes e com uma das maiores atividades industriais do Estado
(AMARANTE, 2002).
Quadro 5: Unidades potencialmente emissoras selecionadas, códigos das
áreas de coleta e regiões de localização no Estado do Rio de Janeiro, e
subcategorias que se enquadram no “Toolkit
Unidades potencialmente
emissoras selecionadas
Código das
áreas de coleta
Regiões Nº subcategoria
Incinerador de resíduos T Metropolitana 1.1
Siderúrgica 1 S Médio - Paraíba 2.1
Siderúrgica 2 C Médio - Paraíba 2.1
Termoelétrica F Metropolitana 3.1
Cimenteiras CM Serrana 4.1
Olaria CR Metropolitana 4.2
Refinaria 1 R Metropolitana 5.1
Refinaria 2 M Metropolitana 5.1
Crematório animal P Metropolitana 6.1
Crematório humano CJ Metropolitana 6.1
38
Com a observação realizada no trabalho de campo nas áreas de coleta das
unidades envolvidas no estudo, concluiu-se que algumas possuíam outras fontes
potenciais próximas que poderiam influenciar na contaminação das amostras
coletadas (Quadro 6).
Quadro 6: Outras fontes de possível influência nas áreas de coleta de solo no
Estado do Rio de Janeiro
Áreas de coleta Outras fontes potenciais
Refinaria 1
Rodovia com alta circulação de
veículos*
Refinaria 2
Rodovia com alta circulação de
veículos*
Siderúrgica 1 Siderúrgica 2
Siderúrgica 2 Siderúrgica 1
Termoelétrica Metalúrgica
Crematório humano
Rodovia com alta circulação de
veículos*
*pertence à subcategoria Motores a diesel e gasolina na categoria de Transporte, segundo o Toolkit
VI.3. Pontos de coleta selecionados
Nas regiões onde estão localizadas as unidades 2.1, 3.1 e 5.1, selecionou-se
14 pontos de coleta, todos próximos às estações de monitoramento da qualidade do
ar da FEEMA. Na região das cimenteiras (4.1), as estações de monitoramento ainda
não estão instaladas. No entanto, um estudo de modelagem atmosférica já
realizado, indicou os locais pré-selecionados à instalação e destes, 8 pontos foram
contemplados. Para as fontes potenciais de menor atividade térmica foram
selecionados 9 pontos de coleta. Todos os pontos de coleta foram georeferenciados
(Tabela 4) e são mostrados nos mapas de cada área (Anexo 5). Os mapas das
áreas de coleta do crematório humano (CJ) e refinaria 2 (M), bem como da
siderúrgica 1 e 2 ( S e C, respectivamente) estão unificados devido a proximidade
dessas regiões. No anexo 6 encontra-se um mapa do Estado do Rio de Janeiro com
as áreas de coleta localizadas.
39
Tabela 4: Dados georeferenciados dos pontos de coleta das amostras
Código das
áreas de coleta
Código das
amostras
Latitude(º) Longitude(º)
T1 22,763961 43,380897
T
T2 22,765011 43,383330
S1 22,555202 44,155056
S2 22,548012 44,156750
S
S3 22,534324 44,143807
C1 22,516437 44,133423
C2 22,501536 44,123159
C
C3 22,523119 44,106648
F1 22,825239 43,696728
F2 22,743433 43,709485
F
F3 22,762611 43,693890
CM1 21,984040
42,389230
CM2 21,906220 42,261720
CM3 21,908250 42,260590
CM4 21,904040 42,255150
CM5 21,947070 42,283370
CM6 21,989180 42,259190
CM7 21,988370 42,252380
CM
CM8 22,024280 42,360640
CR1 22,769503 42,916549
CR
CR2 22,770058 42,916895
R1 22,674602 43,285101
R2 22,706374 43,299886
R
R3 22,705698 43,312015
M1 22,853721 22,248204
M
M2 22,880251 43,240111
P1 22,883717 43,091940
P
P2 22,883684 43,092203
CJ1 22,881883 43,224603
CJ2 22,881283 43,225353
CJ
CJ3 22,882248 43,225222
VI.4. Avaliação estatística do método analítico
VI.4.1. Avaliação da repetibilidade do método
Para avaliar a repetibilidade do método, duas amostras da região da
siderúrgica 1 foram analisadas em duplicada (S1 e S2). Os resultados mostraram
boa repetibilidade, obtendo-se um CV menor que 15% para ambos os casos
(Anexo 1).
40
VI.4.2. Avaliação da reprodutibilidade do método
Os resultados da análise das duas amostras de lodo ativado (lodo A e B),
restantes de estudo interlaboratorial realizado em 1999 mostraram que todos os
valores determinados do índice Z para as duas amostras encontraram-se abaixo de
2, evidenciando a reprodutibilidade da metodologia analítica utilizada (Anexo 2).
Da mesma forma, os resultados em EQT-I da análise das cinzas de
incineradores da 10ª rodada do estudo de intercalibração intenacional, produziram
índices Z menores que 2, confirmando a boa reprodutibilidade analítica do método
(Tabela 5). Alguns valores aberrantes foram descartados, reduzindo o número
efetivo de laboratórios e de valores que geraram a média e o desvio padrão.
Tabela 5: Resultados obtidos da participação na 10ª rodada do estudo de
intercalibração intenacional
Amostras
Número total de
laboratórios
Número efetivo
de laboratórios
Média
(ng EQT-I/g)
Desvio padrão
relativo (%)
Índice Z
Cinza A 76 72 0,18 25 -1,35
Cinza B 74 69 0,15 26 -0,78
Cinza C 76 75 2,74 35 -1,83
VI.4.3. Avaliação da recuperação do método
O decreto Alemão para lodo ativado exige uma recuperação maior de 70%
para tetra até hepta-CDD/Fs, e maior que 40% para OCDD/F. O método 1613 da
USEPA exige uma recuperação de 25 a 150% para TCDD/F e PeCDD/F, de 20 a
150% para HxCDD/F e HpCDD/F, e de 15 a 150% para OCDD/F. Cabe ressaltar que
a União Européia estabeleceu na sua diretiva 2002/69/EC uma recuperação de 60 a
120% para a determinação de PCDD/Fs em alimentos. Desta forma, todas as
recuperações se encontram dentro dos limites estabelecidos (Tabela 6).
41
Tabela 6 : Recuperação dos 2,3,7,8-congêneres
PCDDs
Recuperação em % PCDFs Recuperação em %
2,3,7,8-TCDD 102 – 107 2,3,7,8-TCDF 95 – 103
1,2,3,7,8-PeCDD 97 –103 1,2,3,7,8-PeCDF 100 – 107
1,2,3,4,7,8-HxCDD 94 – 100 2,3,4,7,8-PeCDF 97 – 105
1,2,3,6,7,8-HxCDD 92 – 98 1,2,3,4,7,8-HxCDF 92 – 101
1,2,3,7,8,9-HxCDD 92 – 98 1,2,3,6,7,8-HxCDF 94 – 99
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 92 – 99 2,3,4,6,7,8-HxCDF 91 – 105
OCDD 89 – 99 1,2,3,7,8,9-HxCDF 87 – 96
----------- ----------- 1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 95 – 101
----------- ----------- 1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 86 – 96
----------- ----------- OCDF 84 - 92
VI.5. Resultados da análise de amostras de solo
Todas as amostras de solo foram analisadas conforme a metodologia
implementada. Os resultados da análise encontram-se na tabela 7, que fornece o
valor total de todos os PCDD/Fs em ng/Kg e a soma em ng EQT-I/Kg e ng EQT-
OMS/Kg. Os resultados mais detalhados encontram-se no Anexo 3.
Tabela 7: Concentração de PCDD/Fs nas amostras coletadas
Concentração
Código da
amostra
ng /Kg ng EQT-I/Kg ng EQT-OMS/Kg
S1 186 2,99 4,18
S2 30,2 0,76 1,01
S3 41,0 1,36 1,74
C1 139 2,09 2,80
C2 39 1,07 1,47
C3 28 0,84 1,08
42
Tabela 7: Concentração de PCDD/Fs nas amostras coletadas (cont.)
F1 662 16,0 16,6
F2 45,7 1,35 1,78
F3 108 1,15 1,42
R1 3524 12,3 10,7
R2 11076 28,5 22,2
R3 235 3,15 3,72
M1 2600 19,3 25,3
M2 1911 14,0 17,7
T1 349 3,48 3,55
T2 232 3,51 4,00
CR1 110 0,96 0,99
CR2 72,5 1,00 1,36
CJ1 1291 9,33 10,2
CJ2 1128 14,8 23,3
CJ3 1573 14,9 15,4
P1 77,8 1,27 1,53
P2 382 3,36 4,21
CM1
7,90 0,74 0,88
CM2 42,0 1,03 1,29
CM3 10,4 0,85 0,98
CM4 9,18 0,56 0,71
CM5 20,9 0,61 0,71
CM6 34,8 0,77 0,88
CM7 25,5 1,78 2,12
CM8 33,0 0,63 0,83
Considerando os equivalentes de toxicidade da OTAN, 8 amostras (CJ1,
CJ2, CJ3, R1, R2, M2, M1 e F1) das 31 amostras analisadas mostraram as
concentrações mais altas (> 9 ng EQT-I/Kg) (Figura 5). Todas essas amostras foram
coletadas na região metropolitana e o teor mais alto foi da amostra R2 que
43
apresentou 28,5 ng EQT-I/Kg. Os valores das outras 23 amostras ficaram abaixo de
5 ng EQT-I/Kg.
Figura 5: Relação entre os níveis de PCDD/Fs encontrados nas amostras de
solo coletadas no Estado do Rio de Janeiro, 2004/2005
0
5
10
15
20
25
30
S1
S2
S3
C1
C2
C3
F1
F2
F3
R1
R2
R3
M1
M2
CM1
CM2
CM3
CM4
CM5
CM6
CM7
CM8
T1
T2
CR1
CR2
CJ1
CJ2
CJ3
P1
P2
ng EQT-I/kg
No entanto, avaliando as médias das concentrações por área de coleta, pode
ser observado que as regiões ao redor da usina termoelétrica (F), refinaria 1 (R),
refinaria 2 (M) e crematório humano (CJ) apresentaram os maiores valores
(Figura 6).
Figura 6: Média e amplitudes dos resultados das amostras de solo coletadas
no Estado do Rio de Janeiro, 2004/2005, por área de coleta
44
Além das médias, a figura 7 mostra as amplitudes dos valores para cada
região. As amplitudes, bem como os coeficientes de variação (CV), foram usadas
para avaliar a dispersão dos resultados. As maiores dispersões foram encontradas
para as regiões da refinaria 1 (CV = 88%) e usina termoelétrica (CV = 138%), e as
menores, do incinerador de resíduos (CV = 0,6%.) e da olaria (CV = 2,9%), seguidas
pelas da refinaria 2 (CV = 23%) e do crematório humano (CV = 25%). Os
coeficientes de variação das outras amostras variaram entre 46% e 68%. Cabe
ressaltar que o número de amostras por região foi pequeno, sendo 2 ou 3 amostras,
exceto na região de cimenteiras, onde foram coletadas 8 amostras de solo. No caso
das cimenteiras é importante mencionar que a maioria dos resultados foram obtidos
através dos limites de detecção (“upperbound”) dos 2,3,7,8-congêneres. Com isso,
conclui-se que a dispersão desses valores poderia ser diferente, caso fosse utilizado
um equipamento de maior sensibilidade.
Cerca de 75% dos valores obtidos, encontram-se na faixa ou levemente
acima do nível de fundo (“background level”). Estes níveis são determinados em
áreas afastadas das fontes, como por exemplo, em áreas rurais, e variam de acordo
com a densidade industrial de um país (normalmente entre 1 a 5 ng EQT-I/Kg)
(ALCOCK & JONES, 1996; IM et al., 2002; KIM et al., 2005). No Brasil, o nível de
fundo é considerado < 1 ng EQT-I/Kg, estimado através de dados obtidos em áreas
de recreação no Estado de Rio de Janeiro e na floresta tropical da Amazônia
(Tabela 7).
Tabela 8
: Níveis de PCDD/Fs em áreas distantes de fontes potencialmente
emissoras no Brasil
Locais
Níveis
(ng EQT-I/Kg)
Em área de recreação, Itatiaia, RJ 0,4
Em área de recreação, Saquarema, RJ 0,03
Em área de recreação, Niterói, RJ 0,6-1,8
Amazonas 0,05-0,4
Fonte: MAHNKE et al., 1997.
Estudos de solo realizados no entorno de fontes no Estado do Rio de Janeiro
têm demonstrado que as concentrações encontradas variam de 0,03 ng EQT-I/Kg na
45
periferia de uma cimenteira até 654 ng EQT-I/Kg em região de siderurgia (Tabela 9)
(MANHKE, 1997; KRAUSS et al., 1999). No presente estudo, os valores relatados
apresentaram-se na faixa inferior desses resultados.
Tabela 9: Níveis de PCDD/Fs em solo ao redor de fontes potencialmente
emissoras no Brasil
Locais
Níveis
(ng EQT-I/Kg)
Na periferia de um incinerador de resíduos hospitalares,
Niterói, RJ
a
23-73
Na periferia de uma siderúrgica, São Gonçalo, RJ
a
15-36
Na periferia de uma siderúrgica, Rio de Janeiro, RJ
a
27-654
Na periferia de uma unidade de reciclagem de cobre, Nova
Iguaçu, RJ
a
4-70
Na periferia de uma cimenteira, Cantagalo, RJ
b
0,03-6,91
Fonte:
a
MAHNKE, 1997;
b
KRAUSS et al., 1999.
Níveis de PCDD/Fs em amostras de solo coletadas no ano de 1999 no
entorno de cimenteiras mostraram-se na ordem de 1,17 ng EQT-I/Kg (média, n = 10)
o mesmo sendo reproduzido para as amostras coletadas no ano de 2005 na mesma
região, no presente estudo (média = 0,87 ng EQT-I/Kg). Todos os resultados obtidos
para a região das cimenteiras estão dentro da margem dos valores (0,03 à 6,91 ng
EQT-I/Kg) relatados pelo estudo de Krauss et al., 1999. Conclui-se, até o momento,
que as cimenteiras oferecem impactos desconsideráveis relacionados às PCDD/Fs
no solo e no meio ambiente da região.
Um estudo desenvolvido em São Paulo pela Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB) e a Universidade de Tübingen, Alemanha, para a
região de Araraquara apresentou níveis de PCDD/Fs em solo variando de 0,1 a 1,2
ng EQT-I/Kg. No entanto, o mesmo estudo, buscando avaliar os impactos causados
pelas queimadas de palha de cana, mostrou que os níveis encontrados nessa região
encontram-se na mesma faixa de concentração diferindo consideravelmente de
alguns valores relatados para a região de Cubatão (11 a 341 ng EQT-I/Kg). Esta
região é caracterizada por uma extensa atividade industrial durante anos, já tendo
46
sido considerada uma das mais poluídas do país (OLIVEIRA, 1996; MAHNKE,
1997).
Destaque especial é dado para o passivo ambiental localizado na Cidade
dos Meninos em Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Nesta área, uma
grande quantidade do pesticida HCH (Hexaclorociclohexano) foi abandonada e
pesquisa desenvolvida na área demonstra a presença de resíduos de PCDD/Fs de
13.900 ng EQT-I/Kg de solo (BRAGA et al., 2001). O relatório do PNUMA de 1998
sobre Substâncias Tóxicas Persistentes (PTS – Persistent Toxic Substances)
ressalta a escassez de estudos para avaliação dos níveis de contaminação do solo
no Brasil e aponta a necessidade de um monitoramento contínuo de PCDD/Fs nesta
matriz (UNEP, 2002).
A Tabela 10 apresenta os teores de PCDD/Fs em solo obtidos em estudos
realizados em diversos países, que avaliaram as concentrações ao redor de fontes
emissoras, principalmente, incineradores.
Tabela 10: Estudos dos níveis de PCDD/Fs em solo reportados em outros
países
Referência Local
Níveis
(ng EQT-I/Kg)
JIMÉNEZ et al., 1996
Arredores de um incinerador de
resíduos hospitalares, Espanha
0,69 a 4,11
SCHUHMACHER et al.,
1997
Arredores de um incinerador de lixo
municipal, Espanha
0,30 a 44,26
MARTENS et al., 1998
Área de queima não-controlada de
resíduos sólidos, Grécia
34 a 1144
CASERINI et al., 2004
Arredores de um incinerador de
resíduo sólido, Itália
0,08 a 1,50
NADAL et al., 2004
Zona industrial, Espanha
0,16 a 2,65
KIM et al., 2005
Arredores de um incinerador
industrial, Korea
1,15 a 77,90
Como foi observado no presente estudo, os níveis encontrados ao redor de
uma fonte emissora, tanto no Brasil (Tabela 9) quanto em outros países (Tabela 10)
apresentam grandes variações. KIM et al. (2004), em estudo desenvolvido na
47
Coréia, analisaram 4 amostras de solo coletadas ao redor de incinerador de resíduos
industriais, na direção preferencial do vento. O teor encontrado para uma amostra foi
de 77,9 ng EQT-I/Kg e as outras 3, entre 1,15 e 1,4 ng EQT-I/Kg.
Essa variação também foi observada por SCHUMACHER et al. (2002) nos
resultados da análise de amostras de solo coletadas na Espanha, na região da
Catalunha, em uma área designada para a construção de um incinerador de
resíduos perigosos, visando à avaliação do futuro impacto dessa nova fonte. Os
teores encontrados nessas amostras variaram entre 0,12 ng EQT-I/Kg e 24,20 ng
EQT-I/Kg com um valor médio de 1,61 ng EQT-I/Kg.
Tal fato vem corroborar com a premissa de que nem sempre a concentração
encontrada é oriunda do impacto das potenciais fontes de PCDD/Fs localizadas ao
redor dos pontos de coleta das amostras uma vez que, tal contaminação, pode ter
sido gerada ou influenciada por outras fontes. Isto ocorre devido à influência de
diversas variáveis, desde a formação das PCDD/Fs até sua deposição no solo, como
as citadas no capítulo II. Cabe ressaltar, que as condições do terreno também
podem influenciar nas variações dos níveis encontrados em amostras de solo
coletadas em uma mesma área, devido a certas características, como tipo de solo, a
existência de escoamento de água e de obstáculos (ex: muros e árvores), dentre
outras.
Esta grande variação dificulta a avaliação do impacto de uma fonte no solo
somente através dos níveis de PCDD/Fs em equivalentes tóxicos totais, sendo
necessária a análise da distribuição dos homólogos.
VI.6. Distribuição dos homólogos nas amostras coletadas
Para melhor comparação entre amostras de diferentes origens, é comum
utilizar o perfil de distribuição de homólogos, conhecido também como “impressão
digital” de uma amostra. Este perfil é gerado considerando as abundâncias relativas
de cada soma de homólogos ao total de PCDD/Fs. Esse instrumento auxilia na
identificação da possível origem da fonte geradora da contaminação, uma vez que
os processos apresentam perfis característicos. Em geral, o solo que contaminado
com PCDD/Fs oriundas de fontes emissoras apresenta uma distribuição semelhante
à das partículas emitidas por elas, como cinzas e fuligem, apresentando menores
quantidades das moléculas de PCDD/Fs menos cloradas. Estudos indicam que a
maior volatilidade dessas moléculas menos cloradas influencia nesta distribuição,
48
pois maiores concentrações das mesmas são encontradas na fase gasosa (KIM et
al., 2005). Além disso, a vegetação absorve os congêneres menos clorados, o que
resulta em maiores concentrações relativas dos congêneres mais clorados
(SAKURAI et al., 2000).
A avaliação de fontes emissoras de PCDD/Fs através do solo já foi
realizada em diversos estudos. Alguns deles ressaltam que o solo se torna um
importante indicador para a avaliação dos impactos de fontes emissoras de
PCDD/Fs no meio ambiente uma vez que é possível estimar a origem da fonte
através da comparação entre o perfil de distribuição dos homólogos das emissões
descritos na literatura, ou ainda quantificados, e as contaminações ambientais
(SCHUHMACHER et al. 2002; KIM et al, 2004).
Para a avaliação das “impressões digitais” descartou-se os diagramas das
amostras CM1, CM2, CM3, CM4, CM 7 e CM8, pois os resultados foram compostos
pelo limite de detecção. A maioria das amostras, com exceção da CM6, F1 e T1,
mostraram a predominância das OCDD, apontando para uma contaminação gerada
por dispersão difusa de origem térmica, ou seja, de diversas fontes e não só de
alguma específica localizada nas proximidades dos pontos de coleta das amostras
(Anexo 4) (KIM et al., 2005). Semelhanças nas distribuições dos homólogos de
amostras de solo coletadas ao redor de incineradores de lixo municipal com as
“impressões digitais” das amostras analisadas, também foram observadas, uma vez
que ambas apresentam predominância de HpCDD e OCDD (SCHUMACHER et al.,
1997).
As amostras de solo coletadas no entorno do crematório humano e da
refinaria 2 apresentaram o perfil de distribuição semelhantes. Embora as fontes
geradoras avaliadas difiram entre si, encontram-se na mesma região e outras
possíveis fontes de PCDD/Fs, como a rodovia com alta de circulação de veículos
localizada perto dessas duas áreas de coleta, podem contribuir para tal associação
(Figura 7).
49
Figura 7: Perfil de distribuição das amostras M1 e CJ1
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
M1
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CJ1
Comparando-se os perfis em ng EQT-I/Kg das amostras R1 e R2 com os
relatados pelo estudo realizado na Coréia (KIM et al., 2005) no particulado emitido e
solo localizado na periferia de um incinerador de rejeito industrial, encontrou-se
semelhanças na predominância dos níveis de 1,2,3,4,6,7,8-HpCDD e OCDD, como
as de particulado e solo. Estudo realizado em Tawain em incineradores de lixo
municipal, revelou que os perfis das emissões apresentam mais de 80% de furanos,
sendo o principal componente o 2,3,4,7,8-PeCDF (OH et al., 2006). No presente
estudo, tal fato foi observado apenas em uma amostra, a F1, no entanto o principal
contribuinte foi o 1,2,3,4,7,8-HxCDF. A amostra CM6 apresentou um perfil típico de
emissões de particulado de cimenteiras, onde há predominância de TCDFs
(KRAUSS, 1999). Isto indica que este ponto (uma fazenda localizada ao redor das
cimenteiras) recebe impacto direto e reforça a hipótese dessas unidades industriais
serem importantes fontes emissoras de PCDD/Fs na região. No entanto, a baixa
concentração encontrada não revela riscos consideráveis ao meio ambiente local.
VI.7. Amostras coletadas em Escolas Públicas
Das 31 amostras do presente estudo, 9 foram coletadas no pátio de escolas
públicas situadas em diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro.Os locais de
coleta foram selecionados a partir da presença de estações de monitoramento do ar
gerenciadas pela FEEMA (Figura 8).
50
Figura 8: Ponto de coleta no pátio de escola pública
Atenção especial a estas amostras surge pelo fato da exposição humana
ocorrer, em até 98%, através de ingestão alimentar, principalmente de alimentos
gordurosos de origem animal. A ingestão diária de PCDD/Fs em países
industrializados é da ordem de 50-200 pg EQT-I/pessoa/dia ou 1-3 pg EQT-I/kg
massa corporal/dia para um adulto de 60 kg. A ingestão por kg de massa corporal é
maior durante a infância e se estabiliza aos 20 anos devido à mudança da massa
corporal. No caso de crianças, além da maior carga ingerida pela dieta, há a
possibilidade do aumento da exposição em áreas de recreação, creches e escolas,
devido ao contato direto com solo, que pode causar até a ingestão oral.
As concentrações encontradas em sete das nove amostras coletadas
variaram de 0,63 ng EQT-I/Kg a 3,15 ng EQT-I/Kg com um valor médio de 1,44 ng
EQT-I/Kg. As outras duas amostras apresentaram valores de 14,8 ng EQT-I/Kg e
28,5 ng EQT-I/Kg.
O Decreto para Proteção de Solo do Governo Alemão determina um limite de
100 ng EQT-I/Kg em solos de áreas com finalidade de recreação infantil (BMU,
1999). Para concentrações maiores, medidas de saneamento da área devem ser
tomadas pelo órgão competente. Usando o limite estabelecido pelo Governo Alemão
como referência, os níveis obtidos em sete escolas são considerados de baixíssimo
risco para os alunos (cerca de 30 a 150 vezes menor). Os níveis de duas escolas
são considerados de baixo risco (cerca de 4 a 7 vezes menores), mas o
monitoramento periódico deve ser incentivado no sentido da prevenção.
51
VII. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este estudo vem contribuir para o conhecimento acerca da possível
contaminação do solo por PCDD/Fs visando principalmente a tomada de medidas
para o controle de fontes emissoras com o objetivo de diminuir e/ou eliminar a
distribuição destes poluentes no meio ambiente.
Além disso, face ao compromisso assumido pelo Brasil na ratificação da
Convenção de Estocolmo, este trabalho vem dar início ao mapeamento de regiões
sob possível impacto produzido por fontes geradoras de tais poluentes e
conseqüentemente subsidiar a elaboração do inventário nacional, um dos
compromissos assumidos pelo país.
Grande parte das amostras estudadas apresentou níveis de PCDD/Fs na
faixa de teor de fundo e não implicam em medidas imediatas de controle. As
“impressões digitais” apontam para uma influência de fontes difusas na
contaminação das amostras analisadas. No entanto, devido ao pequeno número de
amostras, há necessidade de ampliação do estudo através de um monitoramento
contínuo, para que conclusões definitivas acerca do nível de contaminação das
áreas, bem como sua origem, sejam elaboradas. Aos perfis de distribuição das
amostras coletadas não caracterizados como de fontes difusas, deve-se proceder à
investigação no local de coleta para a determinação da origem da contaminação.
Ressalta-se ainda, a importância de identificar e avaliar outras possíveis fontes
potenciais, incluindo outras categorias descritas no Manual do PNUMA, bem como
monitorar diretamente as emissões, com vistas a conhecer sua magnitude e perfil de
distribuição dos homólogos.
As informações obtidas pelos modelos de dispersão disponibilizados pela
FEEMA devem ser reavaliadas, utilizando-se parâmetros mais específicos para as
PCDD/Fs, aprimorando a aplicação de modelos matemáticos na amostragem.
Ressalta-se, por fim, que este estudo propiciou a validação de método
analítico para a identificação e quantificação de PCDD/Fs em amostra de solo, em
um laboratório público, único no país.
Propõe-se a continuidade do monitoramento do Estado do Rio de Janeiro,
bem como de outros Estados da Federação, como estratégia de prevenção e
proteção à saúde da população.
52
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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64
IX. ANEXOS
Anexo 1: Resultados da avaliação da repetibilidade do método
Amostra S1
S1 (ng/kg)
S1 (ng/kg)
Repetição
Média Amplitude CV (%)
2,3,7,8-TCDD
0,29 0,30 0,29 0,01 3,2
1,2,3,7,8-PeCDD
2,54 2,48 2,51 0,04 1,6
1,2,3,4,7,8-HxCDD
0,82 0,85 0,83 0,03 3,2
1,2,3,6,7,8-HxCDD
1,04 1,06 1,05 0,01 1,3
1,2,3,7,8,9-HxCDD
0,58 0,50 0,54 0,06 11,4
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD
15,0 15,0 15,0 0,02 0,1
OCDD
80,6 79,6 80,1 0,74 0,9
2,3,7,8-TCDF
0,98 1,04 1,01 0,04 4,4
1,2,3,7,8-PeCDF
0,86 0,89 0,88 0,02 1,9
2,3,4,7,8-PeCDF
0,98 0,98 0,98 0,00 0,0
1,2,3,4,7,8-HxCDF
0,89 0,91 0,90 0,01 1,0
1,2,3,6,7,8-HxCDF
0,76 0,71 0,73 0,04 5,4
2,3,4,6,7,8-HxCDF
0,94 0,97 0,95 0,02 1,8
1,2,3,7,8,9-HxCDF
0,21 0,25 0,23 0,03 12,3
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF
3,84 3,90 3,87 0,04 1,0
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF
0,56 0,65 0,61 0,06 10,6
OCDF
3,12 3,01 3,07 0,08 2,6
Soma TCDD
6,23 6,39 6,31 0,11 1,8
Soma PeCDD
6,57 6,46 6,51 0,08 1,2
Soma HxCDD
16,5 16,4 16,5 0,07 0,4
Soma HpCDD
26,9 26,6 26,7 0,22 0,8
Soma TCDF
16,6 16,7 16,6 0,01 0,1
Soma PeCDF
12,6 12,9 12,76 0,17 1,3
Soma HxCDF
8,96 8,82 8,89 0,10 1,1
Soma HpCDF
7,45 7,53 7,49 0,06 0,8
Soma PCDD/F
186 184 185 0,94 0,5
EQT-I
2,99 2,98 2,98 0,01 0,2
EQT-OMS
4,18 4,14 4,16 0,03 0,6
65
Anexo 1: Resultados da avaliação da repetibilidade do método (cont.)
Amostra S2
S2 (ng/kg)
S2 (ng/kg)
Repetição
Média Amplitude CV (%)
2,3,7,8-TCDD
0,21 0,19 0,20 0,01 4,40
1,2,3,7,8-PeCDD
0,52 0,62 0,57 0,07 12,4
1,2,3,4,7,8-HxCDD
0,18 0,22 0,20 0,03 45,0
1,2,3,6,7,8-HxCDD
0,17 0,21 0,19 0,03 14,9
1,2,3,7,8,9-HxCDD
0,17 0,21 0,19 0,03 14,9
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD
1,91 2,05 1,98 0,10 5,10
OCDD
11,3 13,7 12,5 1,72 13,8
2,3,7,8-TCDF
0,20 0,18 0,19 0,01 6,60
1,2,3,7,8-PeCDF
0,20 0,24 0,22 0,03 12,9
2,3,4,7,8-PeCDF
0,18 0,21 0,20 0,02 10,9
1,2,3,4,7,8-HxCDF
0,20 0,24 0,22 0,03 12,6
1,2,3,6,7,8-HxCDF
0,17 0,20 0,19 0,02 12,3
2,3,4,6,7,8-HxCDF
0,21 0,25 0,23 0,03 11,4
1,2,3,7,8,9-HxCDF
0,18 0,21 0,20 0,02 10,9
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF
0,78 0,75 0,77 0,02 2,60
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF
0,28 0,32 0,30 0,03 9,40
OCDF
0,97 0,91 0,94 0,04 4,50
Soma TCDD
3,77 3,85 3,81 0,05 1,40
Soma PeCDD
1,53 1,59 1,56 0,05 3,02
Soma HxCDD
2,10 2,31 2,20 0,15 6,90
Soma HpCDD
3,25 3,76 3,51 0,36 10,4
Soma TCDF
3,54 3,33 3,43 0,15 4,3
Soma PeCDF
0,38 0,45 0,42 0,05 11,9
Soma HxCDF
1,70 1,90 1,80 0,14 7,9
Soma HpCDF
1,65 1,70 1,67 0,03 2,0
Soma PCDD/F
30,2 33,5 31,8 2,37 7,5
EQT-I
0,76 0,84 0,80 0,06 7,3
EQT-OMS
1,01 1,14 1,07 0,09 8,6
66
Anexo 2: Resultados da avaliação da reprodutibilidade do método
Lodo A
Valores obtidos
em 2005 (ng/Kg)
Média Interlab
1999 (ng/Kg)
DesvPad
Interlab 1999
Z-Score
2,3,7,8-TCDD
0,73 0,6 0,18 0,13 0,75
1,2,3,7,8-PeCDD
3,41 3,0 0,61 0,41 0,67
1,2,3,4,7,8-HxCDD
4,20 4,4 1,14 -0,20 -0,17
1,2,3,6,7,8-HxCDD
14,2 15,0 3,05 -0,83 -0,27
1,2,3,7,8,9-HxCDD
7,15 7,9 1,66 -0,75 -0,45
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD
252 243,7 24,09 7,90 0,33
OCDD
1832 1967,0 320,57 -134,69 -0,42
2,3,7,8-TCDF
6,13 5,8 0,71 0,33 0,47
1,2,3,7,8-PeCDF
5,95 6,3 1,90 -0,35 -0,18
2,3,4,7,8-PeCDF
7,03 7,7 1,08 -0,67 -0,62
1,2,3,4,7,8-HxCDF
7,95 8,7 1,52 -0,75 -0,49
1,2,3,6,7,8-HxCDF
7,21 7,3 0,85 -0,09 -0,10
2,3,4,6,7,8-HxCDF
8,67 8,2 1,72 0,47 0,27
1,2,3,7,8,9-HxCDF
0,92 0,8 0,35 0,12 0,36
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF
72,7 69,0 8,09 3,66 0,45
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF
4,60 3,9 0,93 0,70 0,76
OCDF
152 153,2 14,96 -1,56 -0,10
Soma TCDD
39,8 29,4 6,92 10,35 1,50
Soma PeCDD
54,9 53,4 10,56 1,54 0,15
Soma HxCDD
164 158,5 26,24 5,49 0,21
Soma HpCDD
489 466,0 44,19 23,08 0,52
Soma PCDD
2580 2695,2 255,28 -115,12 -0,45
Soma TCDF
96,9 100,5 19,04 -3,62 -0,19
Soma PeCDF
121 104,7 29,74 15,82 0,53
Soma HxCDF
79,6 88,0 16,92 -8,41 -0,50
Soma HpCDF
127 113,5 12,58 13,95 1,11
Soma PCDF
576 555,0 60,18 21,08 0,35
EQT-I
17,2 16,9 1,40 0,27 0,19
67
Anexo 2: Resultados da avaliação da reprodutibilidade do método (cont.)
Lodo B
Valores obtidos
em 2005 (ng/Kg)
Média Interlab
1999 (ng/Kg)
DesvPad
Interlab 1999
Z-Score
2,3,7,8-TCDD
1,02 0,9 0,33 0,12 0,37
1,2,3,7,8-PeCDD
4,45 5,5 1,20 -1,05 -0,87
1,2,3,4,7,8-HxCDD
14,64 15,9 2,43 -1,26 -0,52
1,2,3,6,7,8-HxCDD
67,2 65,6 6,28 1,63 0,26
1,2,3,7,8,9-HxCDD
30,06 30,3 4,53 -0,24 -0,05
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD
1417 1382,4 113,55 34,69 0,31
OCDD
5451 5122,2 625,37 328,38 0,53
2,3,7,8-TCDF
7,59 7,2 1,01 0,39 0,38
1,2,3,7,8-PeCDF
4,96 5,6 1,14 -0,64 -0,56
2,3,4,7,8-PeCDF
8,23 7,4 0,96 0,83 0,87
1,2,3,4,7,8-HxCDF
8,54 8,9 1,41 -0,36 -0,25
1,2,3,6,7,8-HxCDF
6,42 6,8 1,06 -0,38 -0,36
2,3,4,6,7,8-HxCDF
7,21 6,4 1,24 0,81 0,65
1,2,3,7,8,9-HxCDF
1,17 0,9 0,60 0,27 0,45
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF
93,9 100,4 10,14 -6,47 -0,64
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF
5,32 4,4 1,10 0,92 0,84
OCDF
210 242,3 16,95 -32,38 -1,91
Soma TCDD
171 141,7 16,38 29,17 1,78
Soma PeCDD
270 247,5 55,38 22,20 0,40
Soma HxCDD
648 676,7 44,74 -29,09 -0,65
Soma HpCDD
2412 2350,3 206,74 61,73 0,30
Soma PCDD
8958 8507,9 659,97 449,78 0,68
Soma TCDF
117,4 102,6 14,06 14,77 1,05
Soma PeCDF
111 99,7 18,67 10,99 0,59
Soma HxCDF
85,6 91,8 16,69 -6,25 -0,37
Soma HpCDF
161 163,3 21,39 -1,90 -0,09
Soma PCDF
685 706,7 63,15 -21,78 -0,34
EQT-I
42,7 42,1 2,42 0,62 0,26
68
Anexo 3: Resultados detalhados dos níveis de PCDD/Fs nas amostras
em ng/kg
S1 S2 S3 C1 C2 C3 M1 M2
23,7,8-TCDD 0,29 0,21 < 0,33 0,16 < 0,24 < 0,16 1,88 < 0,35*
1,2,3,7,8-PeCDD 2,54 0,52 < 0,80 1,52 0,84 < 0,51 14,8 9,59
1,2,3,4,7,8-HxCDD 0,82 < 0,18 0,74 0,48 < 0,40 < 0,25 4,02 2,61
1,2,3,6,7,8-HxCDD 1,04 < 0,17 0,23 0,60 < 0,38 < 0,26 8,46 6,67
1,2,3,7,8,9-HxCDD 0,58 < 0,17 0,41 0,43 < 0,36 < 0,28 5,20 5,10
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 15,0 1,91 2,15 7,64 2,55 1,94 209 141
OCDD 80,6 11,3 14,4 57,1 21,5 9,71 1499 1096
2,3,7,8-TCDF 0,98 0,20 0,38 0,79 0,16 0,47 5,66 4,85
1,2,3,7,8-PeCDF 0,86 < 0,20 < 0,49 0,53 < 0,31 0,50 3,45 3,28
2,3,4,7,8-PeCDF 0,98 < 0,18 < 0,48 1,09 < 0,27 < 0,27 4,27 4,05
1,2,3,4,7,8-HxCDF 0,89 0,20 0,22 0,77 0,20 < 0,20 6,79 5,47
1,2,3,6,7,8-HxCDF 0,76 0,17 0,32 0,62 < 0,20 < 0,22 3,92 5,63
2,3,4,6,7,8-HxCDF 0,94 0,21 0,46 0,41 0,14 < 0,25 2,94 6,41
1,2,3,7,8,9-HxCDF < 0,21 < 0,18 < 0,33 0,22 < 0,18 < 0,28 < 0,94 1,57
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 3,84 0,78 0,90 2,59 0,45 0,90 24,6 22,8
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0,56 < 0,28 < 0,65 0,43 < 0,42 < 0,05 2,84 3,26
OCDF 3,12 0,97 0,84 2,34 0,54 0,86 29,0 24,0
Total PCDD 137 21,9 27,3 104 34,4 17,8 2254 1561
Total PCDF 48,8 8,24 13,7 34,4 4,47 10,1 346 349
Total PCDD/Fs 186 30,2 41,0 139 38,9 28,0 2600 1911
EQT-I 2,99 0,76 1,36 2,09 1,07 0,84 19,3 14,0
EQT-OMS 4,18 1,01 1,74 2,80 1,47 1,08 25,3 17,7
69
Anexo 3: Resultados detalhados dos níveis de PCDD/Fs nas amostras (cont.)
em ng/kg
F1 F2 F3 R1 R2 R3 T1 T2
2,3,7,8-TCDD 0,27 < 0,20 < 0,03 0,35 0,65 0,47 < 0,23 < 0,47
1,2,3,7,8-PeCDD 1,23 0,87 0,64 1,62 2,65 1,30 < 0,30 1,11
1,2,3,4,7,8-HxCDD 2,14 3,06 0,31 6,27 5,58 1,59 < 0,44 1,16
1,2,3,6,7,8-HxCDD 3,78 < 0,25 0,45 8,34 18,7 1,13 1,51 0,83
1,2,3,7,8,9-HxCDD 2,34 < 0,27 0,36 5,59 11,2 1,02 0,82 1,10
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 30,9 1,11 7,47 265 1129 15,0 14,4 10,8
OCDD 57,1 3,99 55,3 2242 8350 73,4 77,3 58,6
2,3,7,8-TCDF 2,86 0,42 0,64 1,24 2,00 1,32 4,03 2,43
1,2,3,7,8-PeCDF 6,09 < 0,39 0,30 1,74 1,73 1,40 2,15 1,33
2,3,4,7,8-PeCDF 12,7 < 0,36 0,63 2,03 2,51 1,40 1,99 1,74
1,2,3,4,7,8-HxCDF 15,6 0,20 0,64 3,23 3,63 1,22 2,67 1,88
1,2,3,6,7,8-HxCDF 15,4 0,14 0,29 4,66 3,40 1,23 2,43 1,47
2,3,4,6,7,8-HxCDF 22,4 0,26 0,45 6,19 4,48 1,50 4,09 3,26
1,2,3,7,8,9-HxCDF 6,67 < 0,29 < 0,03 < 0,55 1,24 < 0,68 0,55 < 0,65
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 87,4 0,69 1,55 109 36,0 5,85 10,7 7,53
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 9,73 < 0,31 0,38 5,79 5,88 0,64 < 0,35 0,98
OCDF 32,3 0,78 1,43 375 89,2 3,91 13,5 16,2
Total PCDD 178 32,7 87,5 2765 10787 158 221 139
Total PCDF 484 13,0 20,6 759 289 76,5 128 93,3
Total PCDD/Fs 662 45,7 108 3524 11076 235 349 232
EQT-I 16,0 1,35 1,15 12,3 28,5 3,15 3,48 3,51
EQT-OMS 16,6 1,78 1,42 10,7 22,2 3,72 3,55 4,00
70
Anexo 3: Resultados detalhados dos níveis de PCDD/Fs nas amostras (cont.)
em ng/kg
CR1 CR2 CJ1 CJ2 CJ3 P1 P2
2,3,7,8-TCDD < 0,05 0,15 0,50 1,29 0,81 < 0,23 0,86
1,2,3,7,8-PeCDD < 0,19 0,78 3,08 18,3 2,30 0,58 2,17
1,2,3,4,7,8-HxCDD < 0,32 < 0,05 2,36 1,47 5,49 < 0,22 0,94
1,2,3,6,7,8-HxCDD < 0,32 0,50 4,21 2,15 6,58 0,65 1,23
1,2,3,7,8,9-HxCDD < 0,31 0,79 2,93 1,63 5,80 0,75 0,94
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 9,54 5,93 111 74,7 135 4,34 32,1
OCDD 60,5 33,6 680 618 672 28,2 256
2,3,7,8-TCDF 0,69 0,24 3,13 3,26 6,48 0,40 0,54
1,2,3,7,8-PeCDF 0,66 0,31 3,07 1,07 5,52 0,51 0,61
2,3,4,7,8-PeCDF 0,61 0,22 4,44 2,19 9,29 0,44 0,44
1,2,3,4,7,8-HxCDF 0,45 0,33 4,55 4,01 7,37 0,46 0,56
1,2,3,6,7,8-HxCDF 0,62 0,30 4,75 1,45 8,30 0,41 0,50
2,3,4,6,7,8-HxCDF 0,08 < 0,04 5,06 2,17 12,0 0,96 0,62
1,2,3,7,8,9-HxCDF < 0,10 < 0,05 1,91 0,44 2,91 < 0,25 < 0,25
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 2,05 1,72 21,0 15,5 41,5 2,53 2,60
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF < 0,41 < 0,10 1,51 2,14 3,69 < 0,30 < 0,18
OCDF 3,59 1,62 14,3 41,2 32,3 1,88 2,63
Total PCDD 87,2 56,9 1012 963 1127 54,1 355
Total PCDF 22,9 15,5 280 165 445 22,7 25,6
Total PCDD/Fs 110 72,5 1291 1128 1573 76,8 382
EQT-I 0,96 1,00 9,33 14,8 14,9 1,27 3,36
EQT-OMS 0,99 1,36 10,2 23,3 15,4 1,53 4,21
71
Anexo 3: Resultados detalhados dos níveis de PCDD/Fs nas amostras (cont.)
em ng/kg
CM1 CM2 CM3 CM4 CM5 CM6 CM7 CM8
2,3,7,8-TCDD < 0,30 < 0,21 < 0,16 < 0,12 < 0,16 < 0,13 < 0,68 < 0,12
1,2,3,7,8-PeCDD < 0,29 < 0,56 < 0,26 < 0,31 < 0,22 < 0,23 < 0,71 < 0,44
1,2,3,4,7,8-HxCDD < 0,21 < 0,55 < 0,45 < 0,21 < 0,17 < 0,17 < 0,63 < 0,20
1,2,3,6,7,8-HxCDD < 0,20 < 0,52 < 0,40 < 0,21 < 0,15 < 0,16 < 0,64 < 0,20
1,2,3,7,8,9-HxCDD < 0,21 < 0,51 < 0,48 < 0,20 < 0,15 < 0,15 < 0,63 < 0,19
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD < 0,62 3,48 < 0,42 1,34 1,08 1,52 1,68 2,88
OCDD 3,32 23,6 4,4 4,83 8,08 6,09 13,7 23,6
2,3,7,8-TCDF < 0,59 0,20 < 0,29 < 0,14 0,16 0,69 < 0,54 < 0,20
1,2,3,7,8-PeCDF < 0,14 < 0,34 < 0,41 < 0,30 0,23 0,46 < 0,51 < 0,20
2,3,4,7,8-PeCDF < 0,14 < 0,31 < 0,39 < 0,25 0,33 0,45 < 0,51 < 0,18
1,2,3,4,7,8-HxCDF < 0,19 0,31 < 0,39 < 0,11 0,23 0,38 < 0,44 < 0,13
1,2,3,6,7,8-HxCDF < 0,18 0,23 < 0,36 < 0,11 0,18 0,36 < 0,40 < 0,13
2,3,4,6,7,8-HxCDF < 0,19 0,31 < 0,42 < 0,11 0,22 0,34 < 0,38 < 0,14
1,2,3,7,8,9-HxCDF < 0,22 < 0,31 < 0,53 < 0,14 < 0,12 < 0,16 < 0,52 < 0,16
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF < 0,26 0,75 < 0,24 < 0,18 0,74 0,91 < 0,58 < 0,28
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF < 0,29 < 0,64 < 0,30 < 0,21 < 0,14 < 0,24 < 0,56 < 0,20
OCDF < 0,55 1,08 < 0,48 < 0,41 < 0,25 0,58 < 0,66 0,52
Total PCDD 5,15 35,9 6,54 7,22 12,5 11,6 20,4 30,5
Total PCDF 2,75 8,94 3,81 1,96 8,39 23,2 5,10 4,49
Total PCDD/Fs 7,90 44,8 10,4 9,18 20,9 34,8 25,5 35,0
EQT-I 0,74 1,03 0,85 0,56 0,61 0,77 1,78 0,63
EQT-OMS 0,88 1,29 0,98 0,71 0,71 0,88 2,12 0,83
72
Anexo 4: “Impressão digital” das amostras analisadas
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
S1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
C1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
S2
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
C2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
S3
0
5
10
15
20
25
30
35
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
C3
73
Anexo 4: “Impressão digital” das amostras analisadas (cont.)
0
5
10
15
20
25
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
F1
0
10
20
30
40
50
60
70
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
R1
0
5
10
15
20
25
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
F2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
R2
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
F3
0
5
10
15
20
25
30
35
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
R3
74
Anexo 4: “Impressão digital” das amostras analisadas (cont.)
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
M1
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
M2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CM5
0
5
10
15
20
25
30
35
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CM6
0
5
10
15
20
25
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
T1
0
5
10
15
20
25
30
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
T2
75
Anexo 4: “Impressão digital” das amostras analisadas (cont.)
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CR1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CR2
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CJ1
0
10
20
30
40
50
60
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
CJ2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF
CJ3
76
Anexo 4: “Impressão digital” das amostras analisadas (cont.)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
P1
0
10
20
30
40
50
60
70
% da soma de PCDD/F
TCDD PeCDD HxCDD HpCDD OCDD TCDF PeCDF HxCDF HpCDF OCDF
P2
77
T1
Anexo 5: Mapas dos pontos de coleta das amostras
Obs:
todos os mapas estão em escalas diferentes
Código da Área: T
Legenda: - Fonte: Incinerador de Resíduos
T2
T1
Código da Área: S & C
Legenda: - Fonte: Siderúrgica 1
- Fonte: Siderúrgica 2
S1
S2
S3
C1
C2
C3
78
Anexo 5: Mapas dos pontos de coleta das amostras (cont.)
Código da Área: F
Legenda: - Fonte: Termoelétrica
- Fonte: Metalúrgica
F2
F3
F1
CM6
CM4
CM5
Legenda: - Fonte: Cimenteiras
Código da Área: CM
CM8
CM3
CM1
CM2
CM7
CM4
CM5
CM6
79
Anexo 5: Mapas dos pontos de coleta das amostras (cont.)
Código da Área: CR
Legenda: - Fonte: Olaria
CR1
CR2
Legenda: - Fonte: Refinaria 1
- Rodovia com alta
circulação de veículos
Código da Área: R
R1
R3
R2
80
Anexo 5: Mapas dos pontos de coleta das amostras (cont.)
CJ2
CJ3
CJ1
CJ1
Código da Área: M & CJ
Legenda: - Fonte: Crematório Humano
- Fonte: Refinaria 2
- Rodovia com alta circulação
de veículos
CJ2
CJ3
M2
M1
Código da Área: P
Legenda: - Fonte: Crematório Animal
P1
P2
81
Anexo 6: Mapa do Estado do Rio de Janeiro com as áreas de coleta
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