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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
ADOLESCER SAUDÁVEL NA ÓTICA DE ADOLESCENTES
ADELITA CAMPOS ARAÚJO
RIO GRANDE
2008
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ADELITA CAMPOS ARAÚJO
ADOLESCER SAUDÁVEL NA ÓTICA DE ADOLESCENTES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Enfermagem
Área de Concentração: Enfermagem e
Saúde. Linha de Pesquisa: Ética, Educação e
Saúde.
Orientadora: Profª. Drª. Valéria Lerch Lunardi
Co-orientadora: Profª. Drª. Rosemary Silva da Silveira
RIO GRANDE
2008
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AGRADECIMENTOS
A DEUS, por estar sempre presente em minha vida, mostrando-me que a vida é
maravilhosa apesar de todos os desafetos de nosso dia-a-dia. E que mesmo com os
desagrados, que podem surgir em nossa vida, aprendemos, crescemos e podemos nos tornar
pessoas melhores. Obrigada, por me conceder saúde para que eu pudesse concluir este
trabalho, o qual me oportunizou trocas de experiências com adolescentes, seres que estão
começando a trilhar seus caminhos, mas que muito tem a nos ensinar.
A duas pessoas que me presentearam com a vida, meus maravilhosos pais, Adail e
Celi. Obrigada por tudo, sei que sem a força de vocês e essa vontade que vocês têm de me ver
feliz, com certeza, eu não teria chegado aqui. Vocês, como sempre, não se contentaram em
apenas me dar a vida, sempre abrindo mão de algumas de suas realizações em função das
minhas. Quero, então, desejar a vocês muita saúde e que eu possa sempre desfrutar dessa
alegria que é tê-los como pais, amigos e companheiros. Amo muito vocês.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro, sem o qual seria difícil a realização deste trabalho.
A Profª D Valéria Lerch Lunardi, orientadora deste estudo, não apenas pela ajuda
eficaz empreendida nos momentos difíceis deste trabalho, mas também pela condução segura
do mesmo, possibilitando-me novas formas de visualizar e compreender o período da
adolescência. Competência, seriedade e principalmente segurança, são algumas das palavras
que sintetizam o meu sincero agradecimento a senhora, Professora Valéria.
A Profª Drª Rosemary da Silva Silveira, que co-orientou este trabalho. Professora
Rose, não tenho palavras para agradecer-lhe, pois reconheço que tudo o que a senhora fez por
mim, até este momento, deixar-me-ão grata eternamente! Não esquecerei do seu incentivo
constante e de suas valiosas palavras em momentos tão difíceis da minha vida, como foi este,
durante a construção deste estudo e que, com certeza, proporcionaram-me mais força e
estímulo para continuar este caminho. Obrigada, por ter aparecido em um momento tão
oportuno e importante da minha vida.
A Profª Drª Geani Farias Machado Fernandes pelo apoio e boa vontade em contribuir
para a realização deste trabalho.
A Profª Drª Giovana Calcagno Gomes pelos preciosos comentários e sugestões.
A Profª Drª Valéria Silvana Faganello Madureira pelas trocas de experiências que
permitiram algumas reflexões presentes neste estudo.
A Profª Drª. Ceres Braga Arejano pela disponibilidade e contribuição para com este
trabalho.
Ao Colégio Estadual Felix da Cunha, na figura da Srª Selma Beatriz da Silva Juliane,
diretora da referida Instituição de Ensino que propiciou a realização deste estudo.
As/Os adolescentes participantes desta pesquisa, que gentilmente contribuíram para a
realização deste trabalho. Muito Obrigada!
RESUMO
ARAÚJO, Adelita Campos. Adolescer saudável na ótica de adolescentes. 2008. 117p.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Programa de Pós-graduação em Enfermagem.
Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande.
A partir de questionamentos sobre as ações programáticas e dos profissionais de saúde e de
educação voltadas para o adolescer saudável e a concepção dos próprios adolescentes acerca
do que seja adolescer saudável, tivemos como objetivo neste estudo compreender a percepção
de adolescentes acerca do processo de adolescer saudável, realizamos um estudo qualitativo e
exploratório, utilizando entrevistas semi-estruturadas com adolescentes; de ambos sexos, de
uma escola pública da cidade de Pelotas-RS. A partir da análise temática dos dados, foram
construídas três categorias: a) Modos de viver um adolescer saudável, em que é apontada a
importância de uma alimentação e hidratação adequadas, de cuidados com a higiene e
aparência pessoal, de dispor de condições apropriadas de moradia e saneamento básico, além
de usufruir de um período de repouso; b) Relacionamentos e interações no adolescer saudável,
em que, além do bom relacionamento com as/os outras/os, para um adolescer saudável, se
sobressaíram alguns riscos sociais que fazem parte do viver da/o adolescente, como o uso de
drogas, o consumo de álcool e fumo e a violência familiar; c) Da adolescência para o mundo
adulto, em que a adolescência é reconhecida como um período que exige, também,
maturidade, responsabilidade, autonomia, respeito aos limites, por parte das/os adolescentes, o
que as/os torna mais valorizadas/os no seu meio de convívio. Atividades relacionadas ao lazer
podem cooperar na socialização da/o adolescente, além de favorecer sua saúde física e mental.
Dentre as dificuldades vividas pelas/os adolescentes, a separação dos pais foi caracterizada
como um momento de sofrimento, solidão e mudanças no modo de ser. A concepção de
adolescer saudável dá-se a partir da visão subjetiva de cada adolescente, para com o seu modo
de viver diferentes situações. Evidenciamos um conceito ampliado de adolescer saudável, não
apenas como a ausência de doenças, porém considerando fatores importantes como elementos
físicos, sociais, culturais e econômicos.
Palavras-chave: Adolescente. Saúde. Enfermagem.
RESUMEN
ARAÚJO, Adelita Campos. El adolecer saludable y la concepción de los adolescentes.
2008. 117p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Programa de Pós-graduação em
Enfermagem. Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande.
Partiendo de preguntas sobre las acciones programáticas y de los profesionales de la salud y
la educación dirigidas a el adolecer saludable y la concepción de los adolescentes acerca de lo
que es adolecer saludable, tuvimos por objetivo en este estudio comprender la percepción de
los adolescentes acerca del proceso de adolecer saludable, fue realizado un estudio cualitativo
y exploratorio, utilizando entrevistas semiestructuradas con los adolescentes, de ambos sexos,
de una escuela blica de la ciudad de Pelotas-RS. Partiendo del análisis temático de los
datos, fue construida tres categorías: a) Maneras de vivir un adolecer saludable, lo cual es
señalando la importancia de una hidratación y la nutrición adecuada, de cuidados con la
higiene y la apariencia personal, de poseer condiciones adecuadas para habitación y
saneamiento, y disfrutar de un período de descanso b) Las relaciones e interacciones en
adolecer saludable, lo cual, además de buenas relaciones con los / las otros/as, para un
adolecer saludable, fueran resaltados algunos riesgos sociales que son parte del vivir del
adolescente, como el uso de drogas, el consumo de alcohol y el tabaco y la violencia familiar
c) De la adolescencia a la vida adulta, donde la adolescencia es reconocida como un período
que requiere, también, madurez, responsabilidad , autonomía, respeto de los límites, por parte
de los/las adolescentes, lo que los/las hace más valorados/as en su medio de convivencia.
Las actividades relacionadas con el recreo, podrán cooperar en la socialización de los / las
adolescentes, y fomentar su salud física y mental. Entre las dificultades experimentadas por e
los/las jóvenes, la separación de los padres se ha caracterizado como un momento de
sufrimiento, soledad y de cambios en la forma de ser. La concepción de adolecer saludable
es dada a partir de la visión subjetiva de cada adolescente, para con el modo de vida en
diferentes situaciones. Evidenciamos un concepto ampliado de adolecer saludable, y no solo
de mera ausencia de enfermedades, pero también considerando factores importantes como
elementos físicos, sociales, culturales y económicos.
Palabras clave: Adolescencia. Salud. Enfermería.
ABSTRACT
ARAÚJO, Adelita Campos. A healthy growing up and the teenager’s conception. 2008.
117p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Programa de Pós-graduação em Enfermagem.
Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande.
By analyzing questions about the programmatic actions and the education and health
professional’s questions about a healthy growing up and the teenager’s conception of what is
to grow up in a healthy way, this study had as its goal to comprehend the teenagers’
perception about the healthy growing up. We did a qualitative and an exploratory study using
semi-structured interviews with male and female teenagers who study in a public school of
Pelotas – RS. Three categories were constructed by the thematic data analysis: a) Ways of live
a healthy growing up in which the importance of an adjusted feed and hydration, cares with
personal appearance and hygiene, to have housing and basics sanitation appropriate
conditions, besides to have a break period; b) Relationships and interactions in a healthy
growing up where, beyond a good relationship with other people, some social risks, which are
part of every teenager life such as the drugs, cigarettes and alcohol’s use and familiar
violence; c) From adolescence to adult world, adolescence is known as the time that requires
maturity, responsibility, autonomy and respect to limits. These requirements give more value
to teenagers in their living environment. Leisure activities can collaborate to the teenager
socialization, beyond to improve their mental and physical health. Among the difficulties
experienced by teenagers, the parents’ divorce was characterized as a suffering and a
loneliness period, besides to make changes in the way to be. The healthy growing up
conception parts from each teenager subjective view from their way of live different
situations. We noticed a great concept of healthy growing up, not just with illness absence,
but we also consider important factors as economic, cultural, social and physical elements.
Key words: Teenager. Health. Nursery.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO 1 Caracterização dos sujeitos do estudo e de seus pais................................. 38
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................11
1 ESTADO DA ARTE........................................................................................................15
1.1 SAÚDE E SER SAUDÁVEL.........................................................................................15
1.2 O ADOLESCER SAUDÁVEL.......................................................................................21
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS/OS ADOLESCENTES..........................................26
1.4 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO EM SAÚDE...............................................30
2 METODOLOGIA ...........................................................................................................35
2.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................................35
2.2 LOCAL DO ESTUDO ...................................................................................................35
2.3 SUJEITOS DO ESTUDO...............................................................................................36
2.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS.......................................................39
2.5 ANÁLISE DOS DADOS ...............................................................................................40
2.6 PRINCÍPIOS ÉTICOS ...................................................................................................40
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................42
3.1 MODOS DE VIVER UM ADOLESCER SAUDÁVEL..................................................42
3.1.1 Alimentação e hidratação..........................................................................................43
3.1.2 Higiene pessoal...........................................................................................................45
3.1.3 Exercícios físicos........................................................................................................47
3.1.4 Sono e repouso ...........................................................................................................49
3.1.5 Sexualidade e reprodução .........................................................................................50
3.1.6 Moradia apropriada ..................................................................................................61
3.1.7 Saneamento básico.....................................................................................................62
3.1.8 Acesso aos recursos de saúde ....................................................................................65
3.1.9 Atitude positiva frente à vida ....................................................................................67
3.2 RELACIONAMENTOS E INTERAÇÕES NO ADOLESCER SAUDÁVEL.................68
3.2.1 O convívio com os outros...........................................................................................68
3.2.2 Riscos sociais..............................................................................................................74
3.3 DA ADOLESCÊNCIA PARA O MUNDO ADULTO....................................................78
3.3.1 Lazer ..........................................................................................................................81
3.3.2 Respeito aos limites....................................................................................................85
3.3.3 Enfrentamento da separação dos pais ......................................................................88
3.3.4 A inserção no mundo do trabalho.............................................................................90
3.3.5 Desejo de auto-realização ..........................................................................................93
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................97
REFERENCIAS...............................................................................................................100
APÊNDICES ....................................................................................................................114
11
INTRODUÇÃO
Refletir sobre o processo de adolescer saudável envolve visualizar a/o adolescente em
diferentes contextos sociais, dentre eles, a família, a escola, a sua própria trajetória de vida no
meio social. Assim, é importante estudar como o adolescer vem se processando ou se
desenvolvendo. Por mais diversos que sejam os processos de desenvolvimento humano, a
compreensão do processo de adolescer como um fenômeno social requer levar em
consideração a realidade na qual a/o adolescente esinserida/o e as diversas dimensões dos
acontecimentos humanos.
Nestes diferentes contextos, alguns adolescentes têm enfrentado uma difícil realidade
e, muitas vezes, impõe-se a necessidade de trabalho, para obter condições de moradia, saúde,
e alimentação; vivem ou sobrevivem nem sempre em condições entendidas como adequadas,
mas do modo possível. As desigualdades vivenciadas na sociedade, de um modo geral e no
processo de viver na adolescência, especificamente, podem contribuir para que a/o
adolescente reproduza desigualdades percebidas. São várias as circunstâncias da realidade que
se colocam para a/o adolescente, como altos índices de violência, suicídio ou lesões
intencionais, forte expressividade de complicações na gravidez, maiores taxas de infecção por
transmissão sexual, dentre outros (OPAS, 2006). Além dessas situações ameaçadoras à/ao
adolescente, o período da adolescência por si só, devido a sua complexidade, suscita a
necessidade de políticas e programas voltados para essa população.
Assim, vinculadas à trajetória de vida percorrida por adolescentes brasileiras/os, ações
governamentais direcionadas à saúde da/o adolescente, tiveram uma maior concretização
através de diretrizes e programas, nas últimas duas décadas, mais precisamente a partir da
Constituição Brasileira de 1988 - que prevê a saúde como um direito, considerando, entre
outros, a saúde como uma questão de cidadania e não apenas ausência de doença. Para Ramos
(2001), é possível pensar os direitos humanos como uma resposta do homem contrapondo-se
à própria opressão, aos próprios conflitos entre interesses e paixões. Do mesmo modo,
podemos, também, pensar a adolescência como um processo de viver exposto a este contra-
senso: “o de que nossos direitos ‘universais’ ainda são contingentes e negociáveis; o de que só
precisamos falar de direitos porque existe a verdade abusiva da dor e do sofrimento, ou pior,
da adversidade indignamente imposta e desnecessária” (RAMOS, 2001, p.12). Podemos,
ainda, pensar no direito à saúde, à vida e à qualidade de vida, como um compromisso das/os
12
trabalhadores de saúde para com a cidadania destes sujeitos, para com o seu adolescer
saudável, reconhecendo a importância deste grupo etário em qualquer processo de
transformação social.
Um dos programas oficializado pelo Ministério da Saúde (MS) foi o Programa Saúde
do Adolescente (PROSAD-1989), o qual tem como população alvo, jovens de 10 a 19 anos de
idade, enfocando, prioritariamente o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a saúde
mental, a saúde reprodutiva, a prevenção de acidentes, maus tratos e família (LIMA, 2007).
As ações deste programa o orientadas pelo princípio de integralidade, multidisciplinaridade
no trato das questões de saúde e na integração intersetorial e interinstitucional dos órgãos
envolvidos, respeitando-se as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Fundamentam-se
numa política de promoção da saúde, desenvolvimento de práticas educativas, identificação
de grupos de risco, detecção precoce de agravos, tratamento e reabilitação (LIMA, 2007).
Os investimentos em programas pelo MS têm buscado proporcionar uma melhoria da
qualidade de vida a/ao adolescente. Esse desafio, porém, representa o esforço de vários
segmentos da sociedade que, atuando de forma coletiva e integrada, organizam o trabalho em
saúde. De nada adianta desenvolver ões programáticas, embasadas em necessidades
percebidas estatisticamente como emergentes, se não houver a contextualização e a
problematização de tais necessidades na realidade de cada adolescente. A enfermagem,
portanto, para promover a saúde da/o adolescente, precisa articular-se entre si e com os
demais trabalhadores da saúde, comprometendo-se não apenas com sua prática, mas sendo
capaz de estabelecer uma relação entre os contextos sociais, históricos e culturais no qual
as/os adolescentes estão inseridas/os, trazendo respostas às suas necessidades, requerendo,
além da competência técnico-científica, a competência política.
A enfermagem inserida neste contexto precisa construir estratégias de (re) organização
da assistência à saúde da/o adolescente, em consonância com as necessidades emergentes do
momento vivido; necessita utilizar-se de novos instrumentos, de novos saberes, da ação-
reflexão-ação individual e coletiva, como forma de direcionar suas ações para a transformação
social e para a participação da família, da comunidade e da/o própria/o adolescente, no seu
processo de viver saudável, reconhecendo, na/o adolescente, a sua oportunidade de tornar-se
uma/um adulta/o promotor/a de sua saúde, diminuindo o os agravos existentes
especificamente nesta fase da vida, como também prevenindo injúrias na sua saúde quando
adulta/o (FREIRE, 1980).
13
O protagonismo juvenil é uma forma de potencializar o desenvolvimento saudável
da/o adolescente, enfatizando a sua capacitação como promotores de saúde, objetivando
mudanças de comportamentos e atitudes, de si próprios e de seus pares, além de contribuir
para que a/o adolescente reflita e realize escolhas saudáveis (SERRA e MOTA, 2000). Essa
estratégia pode auxiliá-los a se tornar cidadãs/ãos, críticas/os, saudáveis, atuantes na
comunidade e responsáveis. Como conseqüência, teremos essas/es adolescentes unidos aos
esforços da área da saúde, o que resultará em maior resolutividade às ações de prevenção e
promoção da saúde (SERRA e MOTA, 2000).
No entanto, vêm-se observando indicadores crescentes de agravos de saúde da/o
adolescente, como maior incidência de HIV/AIDS (TAQUETE et al., 2003), gravidez na
adolescência (FONSECA, 2004; HEIDEMANN, 2006), problemas nutricionais, como a
anorexia (NUNES et al., 1998; HERSCOVICI e BAY, 1997; VEJA, 2006), bulimia
(HEIDEMANN, 2006), obesidade (FERRIANI e SANTOS, 2001), violência (PEREIRA
2001; SANTANA e FERRIANI, 2001), suicídio, complicações na gravidez, infecção por
transmissão sexual (OPAS, 2006), homicídios e lesões por acidentes de trânsito (BRASÍLIA,
1998), consumo de bebidas alcoólicas e de inalantes (COTRIM, CARVALHO e GOUVEIA,
2000), uso de substâncias psicoativas (PEREIRA, 2001), mortalidade por arma de fogo
(BRASIL, 2006d), inserção precoce no mercado de trabalho (FISCHER et al., 2003).
Frente a toda essa problemática, poderíamos nos perguntar se as diversas ações
programáticas, das/os profissionais de saúde e educadores vêm correspondendo à concepção
das/os próprias/os adolescentes acerca do que seja adolescer saudável. O que é um adolescer
saudável para as/os adolescentes? Que facilidades e dificuldades têm vivenciado para
favorecer seu processo de adolescer saudável?
Para refletir sobre o adolescer saudável, é necessário considerar os diversos contextos,
seja da dimensão macro-político-econômico-social, seja da micro, marcada pelo contexto
social, familiar e individual, sendo estas dimensões permeadas pela cultura (FERREIRA et
al., 2000).
Desta forma, pensar a saúde da/o adolescente implica cogitar sobre as múltiplas
maneiras de viver a adolescência e também de viver a vida: “Por sua vez, implica em um
movimento de re-pensar as práticas de saúde e de educação em saúde que se voltam para essa
parcela significativa da sociedade, os adolescentes” (FERREIRA et al., 2007, p.218).
14
Logo, pensar sobre o adolescer saudável requer também, estimular as/os adolescentes
a refletirem sobre o seu processo de adolescer e expressar a sua compreensão acerca deste
processo. Frente a essas discussões, apresentamos a seguinte questão norteadora:
Qual é a percepção de adolescentes acerca do processo de adolescer saudável?
Assim, temos como Objetivo Geral:
Compreender a percepção de adolescentes acerca do processo de adolescer saudável.
Acreditamos que este estudo contribuirá não apenas para um melhor entendimento
deste período peculiar da vida, como amplia a visão das/os profissionais da saúde e da
educação acerca das percepções do adolescer saudável a fim de subsidiar as ações de cuidados
das/os profissionais de saúde em relação às necessidades e problemas enfrentados pelas/os
adolescentes, auxiliando no planejamento de ações voltadas a essa população e na obtenção
de êxito nas iniciativas pensadas e executadas para com estes sujeitos.
A seguir, apresentamos o estado da arte, enfocando saúde e ser saudável; o adolescer
saudável; políticas públicas para as/os adolescentes; e promoção da saúde e educação em
saúde.
15
1 ESTADO DA ARTE
1.1 SAÚDE E SER SAUDÁVEL
Na perspectiva de compreender a percepção de adolescentes acerca do processo de
adolescer saudável, entendemos como necessário abordar o processo de ser saudável,
discutido por diferentes autores (ERDMANN, 1992; LUNARDI e FILHO, 2000; MELEIS,
1992; DAL SASSO, 1992; PATRÍCIO, CASAGRANDE e ARAÚJO, 1999; PATRÍCIO,
1995). O processo de ser saudável, diferentemente do que podemos estar acostumados a ler e
ver, não se limita ao não fumar, não beber, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios.
A busca de um viver saudável implica uma valorização subjetiva do modo de viver de cada
ser humano. Portanto,
a busca de uma vida saudável, ao lado dos valores e “sentidos do viver”,
parece ser o grande desafio da humanidade [...]. Diante da complexidade do
homem vê-se, na totalidade do universo, na natureza, nos conjuntos das
diferentes formas de vida, a relação da sua vida com os valores relativos à
qualidade do viver (ERDMANN, 1992, p.11).
Neste sentido, parece pertinente destacar o conceito de qualidade de vida que, segundo
a OMS, é o reconhecimento do indivíduo acerca da posição que ocupa na vida, no seu
contexto cultural, incluindo o sistema de valores no qual ela/e encontra-se inserida/o no que
tange suas perspectivas, finalidades, padrões e inquietações (THE WHOQOL GROUP, 1995).
Trata-se de um conceito “amplo que abrange a complexidade do construto e inter-relaciona o
meio ambiente com aspectos físicos, psicológicos, nível de independência, relações sociais e
crenças pessoais” (FLECK, 2000, p.2).
Atualmente, a busca pela qualidade de vida tem se constituído um grande desafio.
Além disso, este mote tem ocupado espaço significativo na literatura, nos debates de
profissionais de diversas áreas do conhecimento e tornou-se assunto também discutido no
cotidiano das pessoas. Viver com qualidade é algo singular, subjetivo e impreterível
(FERNANDES, 2007). Para Minayo, Hartz e Buss (2003, p. 8), “qualidade de vida é uma
noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na
vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial”.
16
Desta forma, a concepção de saúde pode também se mover para uma visão ecológica e
de intercâmbio entre o ser humano e seu meio social e físico. Essa definição sócio-ecológica
foi essencial nos anos 80 para a promoção da saúde, compondo uma tática mediadora entre os
indivíduos e seu contexto, articulando a preferência pessoal com o encargo social (ALVES,
ARRATIA E SILVA, 1996).
O aquecimento global hoje é o que mais ameaça o nosso ser saudável, constituindo-
se no maior desafio à humanidade:
A deterioração da saúde do planeta é um processo que parece lento aos
nossos olhos e muitos de nós o percebemos como algo que um dia (talvez)
possa ter alguma influência sobre o nosso “ser saudável”, por conseguinte,
sobre a nossa felicidade, o prazer de viver, viver com prazer e viver
saudável. O ser humano tende a ser insensível àquilo que não lhe afeta de
forma imediata (ERDMANN, 1992, p.117).
Assim, MELEIS (1992, p.43) questiona: “Será a saúde realmente um assunto pessoal?
Poderá uma pessoa sentir-se e tornar-se saudável isolada das representações estruturais do
ambiente?” Neste sentido, Azambuja et al. (2007, p.76), discutindo posicionamentos de
trabalhadoras/es do Programa de Saúde da Família (PSF) acerca de algumas implicações na
busca do ser saudável, referem que:
para a construção de um processo de vida significante e saudável, é preciso o
compromisso e envolvimento de cada um, tanto como membro da equipe de
trabalho como membro da comunidade onde atuam. Neste sentido, enfatizam
a busca de soluções para os problemas que afetam a comunidade, como por
exemplo, saneamento básico, alimentação, educação, estilos de vida
saudável, possibilitando-lhes acesso aos bens e recursos necessários a uma
vida saudável.
Já Dal Sasso considera que o ser saudável depende, em grande parte, de nossas
condutas, julgamentos, valores, atitudes e crenças, no que tange à saúde e doença. Enfatiza
ainda que, para que seja possível entender o que é ser saudável, torna-se importante
compreender o processo saúde-doença como parte da vida do indivíduo, que tem objetivos e
que se relaciona com outros, em busca de um viver saudável. Nesta situação, a/o enfermeira/o
desempenha um papel essencial, com a finalidade de, junto ao cliente, buscar a vivência e a
compreensão do processo de ser saudável (DAL SASSO, 1992).
Francioni e Silva (2007, p.108), abordando o ser saudável no contexto de portadores
de diabetes mellitus (DM), expõem que, no que tange a percepção de como as pessoas com
17
diabetes constróem seu processo de viver e ser saudável, pode-se evidenciar que há um
reconhecimento de sua condição como algo que demanda cuidados e mudanças expressivas
no seu cotidiano”, ou seja, para ser saudável pode também ser necessária a mudança de alguns
hábitos de vida. Essas autoras ainda destacam que o trabalho ou qualquer ocupação com
atividade peculiar pode influenciar o viver saudável de pacientes com diabetes, pois com
algum tipo de ocupação, o indivíduo conserva vínculos externos, com compromissos que lhes
proporcionam uma idéia de utilidade e produtividade, ou seja, manter-se em atividade pode
estimular de maneira positiva um viver saudável (FRANCIONI e SILVA, 2007).
Já, Meleis conceitua ser saudável como uma história, uma tradição, um estilo de vida,
uma crença, uma concepção, um contexto com normas sócio-culturais, e uma atitude. Ser
saudável é crescer, negociar, controlar, realizar, tornar-se, e auxiliar outros a se
desenvolverem e se tornarem. Ser e tornar-se saudável pode compor partes de uma percepção
geral de saúde (MELEIS, 1992). Neste sentido, torna-se necessário discutir desde cedo
práticas saudáveis de vida com as/os adolescentes, estimulando escolhas saudáveis para si de
maneira que tais hábitos sejam valorizados e incorporados também na vida adulta.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “o estado de
completo bem-estar físico, mental e social, em vez da mera ausência de doenças ou
enfermidades” (WHO, 1947, p.1). Um conceito que tem sofrido várias críticas, pois “o estado
de completo bem-estar” nos faz considerar a saúde como algo inatingível e ideal. Logo, os
serviços de saúde o podem se limitar a tal conceito para atingirem seus objetivos (OMS,
2007).
Frade et al. (2007, p.3) destacam que saúde
se restringia a idéia da ausência de doença, associada a dispositivos de
controle social e normatização de comportamentos. Nas últimas duas
décadas, acompanhando os movimentos da sociedade em sua busca por
direitos humanos e por um meio ambiente sustentável, chegamos a uma
concepção de saúde que agrega o seu significado a relação com fatores
sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, comportamentais e
biológicos existentes.
Podemos considerar que vários conceitos de saúde não condizem com a real
necessidade da sociedade, mas o importante é a mudança de um conceito de saúde atrelado
somente à doença e à cura, para considerar os condicionantes sociais a que as/os adolescentes
estão expostos e a sua importância no desencadeamento de agravos à saúde. A saúde então,
não seria ‘não ter doençaou ‘não adoecer’, mas sim se expressa pelo quanto se pode fazer
18
‘vivendo as coisas boas da vida’, sem perder de vista a qualidade deste viver (FERREIRA et
al., 2007, p.221).”
Nesse sentido, segundo a Lei Orgânica da Saúde (lei 8080/90), em seu artigo 3º, a
saúde tem:
como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os
níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica
do País (LEI ORGÂNICA DA SAÚDE, 2007, p.1).
Esses fatores são determinantes em qualquer período da vida, em especial na
adolescência; a alimentação, por exemplo, é de suma importância para o adequado
desenvolvimento da/o adolescente, pois hábitos desenvolvidos neste período, possivelmente,
serão melhor incorporados à vida adulta. Por isso, torna-se fundamental que as/os
profissionais, em particular a/o enfermeira/o, ao assistirem a/o adolescente considerem suas
condições sociais. O conhecimento acerca da condição social e financeira da/o adolescente é
imprescindível, de modo a favorecer orientações aproximadas com sua realidade.
Assim como a alimentação, a moradia e o saneamento básico são indispensáveis para a
promoção da saúde e o ser saudável, confirmando-se em pesquisa, no Brasil, que
o acesso a condições adequadas de saneamento básico possui relação direta
com a saúde dos moradores [...] 17,4% das crianças e dos adolescentes
vivem em domicílios sem abastecimento de água internamente no domicílio,
e 18,7% o têm acesso à rede geral de esgoto, fossa séptica ou rudimentar
(FUNDAÇÃO ABRINQ, 2007, p.1).
Em relação às habitações, Ferreira e Félix (2003) constataram, através de estudo
desenvolvido em quatro escolas públicas de Marília-SP e sua micro região, que as/os
adolescentes participantes apontaram situações de más condições de moradia. Assim, tanto a
melhoria das condições de moradia como melhorias sanitárias merecem maior atenção por
parte dos governos (Federal, Estadual e Municipal), suportes que irão contribuir para o bem
estar não apenas da/o adolescente como de todos os membros de sua família.
O meio ambiente, também referido como determinante na Lei Orgânica, vem sendo
discutido em diversos espaços, devido à sua importância e à ameaça que vem sofrendo, sendo
objeto de reflexão por parte das/os adolescentes, que estas/es se constituem não apenas
como futuras/os adultas/os, mas como excelentes protagonistas de transformação social:
19
As intervenções reais que as unidades escolares conseguem realizar sobre o
meio ambiente (pintura artística do muro pichado, instalação de coleta
seletiva, carta aberta à comunidade) se tornam, para nossos alunos, exemplos
concretos de sua possibilidade de modificação da realidade. Esse exemplo
cria oportunidades de se trabalhar a auto-estima do aluno, sua capacidade de
organização, de protagonismo, ou seja, de uma participação cidadã (FRADE
et al., 2007, p.2).
É imprescindível que os governos federal, estadual e municipal estimulem crianças e
adolescentes a debater o tema meio ambiente, de forma que idealizem maneiras que possam
auxiliar na sua preservação. Esses três âmbitos unidos podem construir alternativas que
chamem a/o adolescente para tal debate, de modo que esta/e o participe da prevenção,
mas que reproduza, em seu contexto, idéias de manutenção do meio ambiente em que vive
(ARAÚJO, 2007).
O trabalho e a renda, também enfatizados na Lei Orgânica, estão cada vez mais
fazendo parte do cotidiano da/o adolescente, que freqüentemente vem se submetendo ao sub-
emprego, ao abandono da escola ou ao baixo rendimento escolar. Nesse sentido, Oliveira e
Robazzi (2001); Bardagi, Arteche e Neiva-Silva (2005) referem que as causas para o ingresso
precoce no mercado de trabalho podem ser determinadas pela necessidade de ajudar em casa
(auxiliando os pais em tarefas econômicas), pobreza, exigência dos pais de que trabalhem,
necessidade em ganhar a vida por si próprios, incorporado a idéia de que é melhor trabalhar a
ficar desocupada/o, ou seja, é significativo o número de adolescentes cujo curso de vida é
destacado pela busca da sobrevivência, não possuindo possibilidades de escolhas.
Lembramos também que,
existe um contingente cada vez maior de adolescentes que mais
precocemente são confrontados com a realidade ocupacional e são
absorvidos pelo mercado de trabalho, sem nunca terem passado por um
processo consciente de tomada de decisão. Na maior parte das vezes, os
adolescentes em situação de risco nunca tiveram a oportunidade de optar
pela própria ocupação (BARDAGI, ARTECHE e NEIVA-SILVA, 2005,
p.2).
Apenas uma pequena parcela da população com menos de 17 anos tem uma
experiência rica no mercado de trabalho, no que diz respeito a oportunidades futuras.
Trabalhar, para a maioria das/os adolescentes, significa mais uma necessidade familiar ou
pessoal de sobrevivência. Entrar no mercado de trabalho precocemente, para muitos
adolescentes, pode significar sacrificar seu futuro, pois, o fato de trabalhar e estudar
20
simultaneamente pode comprometer seus estudos ou favorecer o abandono da escola em favor
do trabalho (OLIVEIRA e ROBAZZI, 2001).
Desse modo, torna-se relevante que os projetos sociais estejam mais sensíveis à
realidade das/os adolescentes ao determinarem ações a serem estimuladas, tais atividades não
necessariamente se sustentarão como uma profissão para as/os adolescentes futuramente, mas
podem ter um impacto positivo naquele período e estar associados a outras probabilidades
profissionais, possibilitando oportunidades de formação (BARDAGI, ARTECHE e NEIVA-
SILVA, 2005).
Nesta perspectiva, seria relevante aumentar progressivamente investimentos públicos
na educação e em políticas sociais, de maneira a garantir o financiamento da ampliação e
qualificação dos sistemas de ensino e subsídios a esta população. Ao disponibilizar
investimentos relacionados à educação e aperfeiçoamentos, as/os profissionais da educação
poderão oferecer a suas/seus alunas/os não apenas um ensino de qualidade, como terão
elementos para preparar esta/este adolescente para a vida, contribuindo de forma efetiva para
a construção da sua cidadania.
Os projetos sociais são relevantes, pois sinais inquietantes na situação profissional
das/os adolescentes na sua ausência. Os projetos possibilitarão a transposição dos primeiros
degraus da complexa escalada que é a inserção profissional das/os adolescentes (BARDAGI,
ARTECHE e NEIVA-SILVA, 2005).
Assim como o estudo e o aperfeiçoamento, o lazer também é significativo para o
adequado desenvolvimento da/o adolescente. Dentre os programas preferidos para o lazer, as
práticas esportivas se sobressaem. Em pesquisa realizada com a participação de 100
adolescentes de ambos os sexos, foi constatado que 67% praticam desportos como forma de
encontrar as/os amigas/os, brincar, não ficar em casa, divertir-se, e fazer novas amizades,
visualizando esses aspectos como importantes. A opção das/os adolescentes de praticar
futebol está mais associada à saúde e à capacidade desportiva (PAIM, 2001).
Assim, dando
continuidade, enfocamos o adolescer saudável.
21
1.2 O ADOLESCER SAUDÁVEL
Adolescência é um fenômeno social e psicológico, suscitando diversas características
conforme o ambiente social, cultural e econômico, no qual a/o adolescente se desenvolve
(OUTEIRAL, 2003). De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL,
1990), a adolescência é um período compreendido entre 12 e 18 anos. É ainda uma fase
caracterizada pelas descobertas, pelo desabrochar da sexualidade, pelo aumento do número de
amigas/os, pelo envolvimento grupal, pelas mudanças corporais que o vivenciadas
diferentemente por meninas e meninos, e, principalmente, pelo fato de se adaptarem a um
novo contexto: o de ser homem e o de ser mulher (FONSECA e GOMES, 2004).
Para Heidemann (2006, p. 17), “o processo de adolescer envolve, além do adolescente,
toda a sociedade: lar, família, grupos, escola, lazer, leis, serviços de saúde, planejamento
urbano e todos os cenários necessários para a existência adolescente”. Adolescência ainda é
“uma categoria sociocultural, historicamente construída a partir de critérios múltiplos que
abrangem tanto a dimensão bio-psicológica, quanto a cronológica e a social” (FERREIRA et
al., 2007, p.218).
A palavra adolescência vem do latim ad (a, para) e olescer (crescer), significando o
processo de crescer. Adolescência também resulta de adolescer, procedente da palavra
adoecer. Logo, uma dupla origem etimológica: aptidão para crescer, no sentido psíquico e
físico; e para adoecer, no sentido de sofrimento emocional, com as mudanças mentais e
biológicas que ocorrem nesse período da vida (OUTEIRAL, 2003).
a puberdade é um processo biológico que se inicia entre nove e quatorze anos e
caracteriza-se pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários decorrentes da atividade
hormonal. Assim, uma seqüência, em que a puberdade precede a adolescência, ou ambas
acontecem paralelamente (OUTEIRAL, 2003). O contrário poderia também se configurar, ou
seja, a adolescência poderia preceder a puberdade. Primeiramente ocorreriam as
“instabilidades emocionais”, dúvidas, incertezas, normais na adolescência e posteriormente
surgiriam as mudanças corporais, naturais na puberdade. Logo, tanto a puberdade como a
adolescência são períodos marcados por intensas mudanças, mais evidentes no corpo que
assume um importante papel na aceitação ou rejeição por parte da turma”.
O adolescente começa a perceber que seu corpo não corresponde à
idealização que havia feito de como seria quando adulto e, em geral, é pela
identificação e comparação com outros adolescentes, que ele começa a ter
22
uma idéia concreta de seu esquema corporal. Isso determina,
ocasionalmente, situações ou momentos de afastamento ou isolamento social
(OUTEIRAL, 2003, p.9).
Nessa fase, pode acontecer da/o adolescente optar por não tomar banho, o que pode ser
visto como um desleixo; entretanto, é importante ficar atento, pois a/o adolescente, ao
vivenciar conflitos com o corpo, pode evitar banhar-se, que tal ato significa visualizar suas
mudanças corporais, assim como, o esfregar-se durante o banho pode despertar “fantasias
masturbatórias que poderão ser experimentadas com muito desejo e, junto, sentimentos de
culpa” (OUTEIRAL, 2003, p. 10).
Ainda sobre modificações físicas, no menino, destacamos seu desenvolvimento
muscular; o aumento das proteínas na pele, desencadeadores da acne cutânea; as mudanças na
voz, como resultado da ação da testosterona. as meninas “vêem o corpo avolumar. As
formas a serem definidas, o crescimento dos pêlos, a menstruação, o uso de absorventes, o uso
de sutiãs, são exemplos de transformações bastante profundas no organismo feminino”
(HEIDEMANN, 2006, p.46).
Um outro assunto bastante presente no contexto das/os adolescentes é a sexualidade,
constituindo-se em um grande desafio no mundo adolescente. A sociedade parece considerar a
adolescente com uma complexidade maior de problemas, devido à menarca e à possibilidade
de uma gestação. o podemos esquecer que a/o adolescente sofre importante conflito no
decorrer do seu desenvolvimento físico, principalmente genital, que representa o
desenvolvimento másculo, sua preferência e provável eficácia sexual (HEIDEMANN, 2006).
Desta forma, é possível entender que, “na adolescência, o indivíduo se obrigado a assistir e
a sofrer passivamente uma série de transformações que se operam em seu corpo, e, por
conseguinte, em sua personalidade” (OUTEIRAL, 2003, p.7), ocorrendo períodos de crise de
identidade, ficando a/o adolescente vulnerável a essas situações. Para Ferreira et al. (2007),
nestas modificações, desenvolvem-se suas habilidades psico-motoras; os níveis hormonais
agem intensamente, ocasionando alterações importantes, tanto de forma como de expressão.
Além das transformações corporais, as modificações que ocorrem nas famílias,
também, contribuem para a dificuldade da/o adolescente em adaptar-se a essa etapa. Hoje as
famílias podem constituir-se de um pai ou uma mãe, ou ainda de pais e uma/um ou dois
filhas/os, morando freqüentemente afastadas de seus familiares de origem, estando ambos os
pais atuando no mercado de trabalho. Logo, as/os adolescentes de hoje se desenvolvem em
uma família nuclear diferente daquela que seus pais viveram, a patriarcal; talvez, seja por esse
23
motivo que as/os adolescentes e as crianças dirigem-se aos adultos como tios e tias no intuito
de buscar laços de parentesco perdidos na passagem de uma geração para outra (OUTEIRAL,
2003). o adulto percebe o período da adolescência como estressante, pois a/o adolescente
apresenta instabilidades emocionais, tornando-se, freqüentemente, conflitante.
No entanto, este período pode configurar-se de modo diferente, com um conviver mais
harmonioso, caracterizado pelo diálogo, pelo conhecimento mútuo entre pais-filhas/os para
que seja possível encontrar maneiras de lidar com esta/e adolescente e saber dela/e o que é
necessário para vivenciar esta etapa.
Assim, Gregg-Carr e Shale (2003) apontam quatro metas que as/os adolescentes
precisam alcançar para que tenham uma vida saudável, quais sejam: a) formar uma identidade
equilibrada e positiva: com a capacidade de realizar relacionamentos, descobrir quem é ela/ele
própria/o, o que requer tomar decisões, implicando em se autoconhecer e se aceitar; b)
alcançar a independência dos pais ou dos adultos responsáveis pela sua educação
: para que
possam sozinhas/os prosseguir seu processo de amadurecimento. Logo, as amizades
contribuem muito neste momento; c) conhecer pessoas para amar fora do círculo familiar: o
que é importante, e muito valorizado pelas/os jovens. Nesta fase, as/os adolescentes querem
muito sair com amigas/os, surgem os pares (namoradas/os). Esses relacionamentos vêm a
preencher a lacuna deixada pelo afastamento dos pais, além de constituírem marcos na vida
da/o jovem; d) encontrar um lugar no mundo, ao dar um rumo à carreira profissional, e
alcançar a independência econômica: as/os adolescentes se questionam a respeito da carreira
profissional que pretendem seguir, fazendo planos e tendo objetivos a longo prazo. A escolha
da profissão gera ansiedade, tanto nas/os filhas/os como nos pais e mães.
Deste modo, favorecer o processo de adolescer saudável implica promover o auto-
conhecimento, estimular e capacitar a/o adolescente para tomar suas decisões, tanto frente aos
possíveis relacionamentos que poderão acontecer, quanto à própria escolha profissional.
Desta maneira, o processo de viver saudável da/o adolescente, mesmo que com
conflitos, vai depender de como os adultos envolvidos e a família vão reagir diante desse ser
que passa a questionar e a atuar ativamente no mundo, criticando e participando dos recursos
disponíveis na comunidade e na família, a fim de atender a/o adolescente nas suas
particularidades individuais e coletivas (PATRÍCIO, 2000). Para tanto, parece fundamental o
uso de uma comunicação adequada, ou seja, se quisermos atingir a/o adolescente,
necessitamos aprender a comunicar-nos utilizando a linguagem deste grupo. Além da
comunicação acessível, uma/um outra/o aliada/o é a/o própria/o adolescente, visto que ela/e:
24
é a chave em qualquer processo de transformação social, são os grupos
etários mais numerosos do país. Segundo o IBGE, o Brasil tem [...] cerca de
34 milhões de adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos, portanto aquilo
que os adolescentes pensam e dizem tem relevância não para eles, mas
para a sociedade (SERRA e MOTA, 2000, p. 57).
Diante disso, estimulá-las/os para a promoção da sua própria saúde é importante, pois
além delas/es adquirirem conhecimentos para si, poderão multiplicar tais saberes. O
protagonismo juvenil é uma forma de potencializar o desenvolvimento saudável da/o
adolescente, enfatizando a sua capacitação como promotores de saúde, objetivando obter
mudanças de comportamentos e atitudes, de si próprios e de seus pares, além de fazer com
que a/o adolescente reflita e realize escolhas saudáveis (SERRA e MOTA, 2000). Assim,
reconhecemos como pertinente saber que:
Os adolescentes estão sempre dispostos a contribuir para o bem-estar de sua
comunidade, demonstrando desejo de viver num mundo melhor. que sua
participação, às vezes, é negada. Muitos adultos têm representações
estereotipadas dos adolescentes, não confiam neles, sentem-se inseguros
para considerá-los como parceiros e colaboradores (SERRA e MOTA, 2000,
p.57).
A/O jovem como cidadã/ão tem possibilidades de viver saudável, mas pode
apresentar-se limitada/o na relação com a sociedade, com o mundo, e principalmente se
inserida/o em uma família que não lhe permita criar, desenvolver, transcender o que lhe é
imposto. Logo a/o adolescente é como todo e qualquer ser humano, ou seja, é livre para
pensar e capaz de buscar, agir e criar (PATRÍCIO, 2000).
Daí a relevância da inserção da saúde da/o adolescente na formação da/o profissional
enfermeira/o, uma vez que esta/e profissional atua com tal população, seja nas Unidades
Básicas de Saúde, nos Hospitais e, inclusive, em escolas, podendo, nestes ambientes, aguçar a
sua criatividade e reflexão, de modo a vir a utilizar todo esse potencial para o próprio
desenvolvimento da sua saúde e bem estar. A atuação dessas/es profissionais junto às/os
adolescentes no Brasil passou a ocorrer a partir da década de 70, mas foi a partir dos anos 80,
que a saúde da/o adolescente ganhou destaque, com as primeiras ações em São Paulo e Rio de
Janeiro entre 1974 e 1975 (CORRÊA, 2000). Neste sentido, a enfermagem passa a
priorizar/valorizar os processos sociais, junto a diferentes grupos sócio-etários, inclusive,
junto as/os adolescentes, buscando alternativas baseadas em práticas educativas capazes de
desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível
25
individual, quanto coletivo. Para tanto, necessita assegurar a integração desta prática com as
demais instâncias do sistema de saúde.
Desta maneira, se pensarmos saúde como condições dignas de vida e trabalho,
veremos que este conceito abrange aspectos políticos, mentais, sociais e físicos. Logo, inserir
a saúde da/o adolescente na formação da/o enfermeira/o e atuar junto a esta população, exige
da/o profissional mais que o conhecimento sobre as mudanças que ocorrem nesta fase e sobre
as necessidades apontadas pela/o adolescente, fazendo-se necessário estabelecer uma conexão
entre enfermagem e a saúde da/o adolescente (FERREIRA et al., 2000). Se a/o profissional
enfermeira/o é uma/um agente promotor/a de saúde, saber trabalhar com adolescentes é
imprescindível. Para tanto, “ao desenvolver o processo educativo junto a adolescentes, é
necessário que a enfermeira tenha consciência de que estes são seres humanos em relação
com o mundo e que têm uma consciência capaz de captar o mundo e transformá-lo” (COSTA
e LUNARDI, 2000, p.50).
Uma das maneiras de atender a/o adolescente é através da Enfermagem Escolar. A/O
Enfermeira/o Escolar é profissional raro nas escolas brasileiras. Algumas secretarias de
educação contratam enfermeiras/os para constituírem a equipe de saúde escolar, sendo que o
primeiro aspecto da assistência de enfermagem prestado adolescente é assegurar uma relação
de confiança da/o adolescente na/o enfermeira/o, pois, sem esse convívio, possivelmente não
ocorrerá uma relação significativa entre ambos (HEIDEMANN, 2006).
Assim, ao pensarmos em políticas voltadas para a saúde das/os adolescentes, devemos
ter em mente essa proposição, ou seja, procurar falar a linguagem da/o jovem, escutar suas
necessidades, e instituir um elo entre profissional e adolescente. Esses pontos são
imprescindíveis para o sucesso de programas e políticas: “Por isso a defesa de que para cuidar
do adolescente é preciso estar com ele, compartilhando dos seus conhecimentos e
estabelecendo uma relação de ajuda no sentido da construção de um cuidado mais aderente às
suas necessidades” (FERREIRA et al, 2007, p.223). Logo, apresentamos algumas
considerações sobre as políticas públicas implementadas para adolescentes.
26
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS/OS ADOLESCENTES
Políticas públicas para as/os adolescentes estão sendo viabilizadas no intuito de
subsidiar a melhoria da sua qualidade de vida em diversas áreas como saúde, educação, entre
outras. A Organização Mundial da Saúde, desde 1989, passou a reconhecer a adolescência
como uma fase de importância vital, oficializando esse período como alvo de suas políticas
(CORRÊA, 2000).
A partir da Constituição de 1988, em seu Artigo 227, ficam estabelecidos os direitos
das/os adolescentes, embasando o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -, criado pela
Lei N.º 8.069, de 13 de julho de 1990 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). São direitos das/os
adolescentes, o “direito à vida e à saúde”, mediante a concretização de políticas sociais
públicas que propiciem o nascimento e o desenvolvimento saudável e harmonioso, em
condições apropriadas de existência; o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade”, pela
possibilidade de ir e vir tanto em logradouros públicos como em espaços comunitários; dispor
de liberdade de opinião, expressão, divertir-se, brincar, além de atuar na vida familiar e
comunitária sem ser discriminada/o; respeitar a/o adolescente procurando conservar sua
imagem, autonomia, identidade, valores e crenças, assegurando dignidade a elas/es,
protegendo-os/as de qualquer tratamento constrangedor, cruel, ou violento; o “direito à
convivência familiar e comunitária”, de ser educado e criado no interior de sua família, na
qual seja garantida uma coexistência familiar e comunitária; o “direito à educação, à cultura,
ao esporte”, objetivando seu pleno desenvolvimento, preparo e qualificação para exercer a
cidadania e atuar no mercado de trabalho. Além disso, temos de respeitar os valores
históricos, culturais e artísticos próprios do contexto em que a/o adolescente se encontra
inserida/o, assegurando a sua liberdade de criação e expressão. Em relação ao lazer, os
Municípios com auxilio dos Estados e da União poderão incitar e facilitar recursos na busca
por espaços esportivos e de lazer direcionadas à juventude; o “direito à profissionalização e à
proteção no trabalho”, devendo ser observados alguns aspectos, como: o respeito à situação
peculiar da/o adolescente que se encontra em fase de desenvolvimento e a devida capacitação
profissional que deverá possuir para inserir-se no mercado de trabalho (BRASIL, 1990, p. 7-
16).
O Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD) foi criado pela Portaria do
Ministério da Saúde 980/GM de 21/12/1989, embasando-se na identificação de grupos de
risco, numa política de promoção da saúde, na detecção precoce dos agravos com tratamento
27
adequado e reabilitação, respeitando as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (LIMA,
2007). Tem, como população alvo, adolescentes de ambos os sexos dos 10 aos 19 anos, em
torno de 32 milhões de pessoas, ou seja, 21,84% de toda população Brasileira. O PROSAD
caracteriza-se pela integralidade de ações, pelo enfoque educativo e preventivo, além de
garantir, aos adolescentes, o acesso à saúde. Um dos seus objetivos é estimular e apoiar a
implantação dos Programas Estaduais e Municipais, na perspectiva de assegurar à/ao
adolescente um atendimento adequado às suas características, respeitando as particularidades
regionais e a realidade local. Tem como prioridade atuar na sexualidade, saúde reprodutiva,
prevenção de acidentes, crescimento e desenvolvimento, saúde mental, saúde da/o adolescente
escolar, família, violência e maus tratos (LIMA, 2007). Posteriormente, em 1991 o PROSAD
foi substituído pelo Programa de Atenção Integral ao Adolescente. Este programa comportava
uma série de ações com o objetivo de atender a/o adolescente a partir de uma visão
biopsicosocial destacando a promoção da saúde, o diagnóstico precoce, a prevenção de
agravos, o tratamento e a reabilitação, no intuito de proporcionar a melhoria da qualidade de
vida tanto para a/o adolescente como para sua família. Mais tarde, em 1999, este programa foi
substituído pela Área de Saúde da/o Adolescente e da/o Jovem (ASAJ), no sentido de
abranger não apenas adolescentes, mas também jovens (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
A Política Nacional de Redução da morbimortalidade por Acidentes e Violências é
outra ação voltada para a saúde do adolescente. Está política foi aprovada em março de 2001
pelo plenário do Conselho Nacional de Saúde, através da Portaria n.º 737/GM 16 de maio de
2001, que visa amenizar a morbimortalidade decorrentes de acidentes e violências no Brasil,
através do desenvolvimento de uma série de ações sistematizadas e articuladas (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2007). Os homicídios destacam-se, dentre os diversos motivos externos de
mortalidade, ultrapassando os acidentes de tráfego, constituindo-se na primeira causa de
morte entre adolescentes e adultos jovens; dentre as diferentes formas de violência,
encontram-se a violência psicológica, agressão física, violência institucional e o abuso sexual.
Basicamente as causas da morbimortalidade por acidente e violência, no país, estão
relacionadas à pobreza, aos altos níveis de desigualdade, ao descontrolado tráfico de armas e
drogas, à impunidade e à aparente fragilização de valores sociais de igualdade de
oportunidades, justiça, solidariedade, e de esperança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). A
presente política busca, também, desenvolver a co-responsabilidade dos indivíduos, através da
participação nas reclamações, nas proposições e no seu acompanhamento, sendo que a
atenção prioritária será direcionada às crianças, aos adolescentes, aos jovens, aos portadores
28
de deficiência física e mental e aos idosos institucionalizados, assegurando-lhes a execução
dos dispositivos legais, no que diz respeito aos seus direitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2007). Assim, vemos a necessidade de repensarmos as políticas públicas de saúde, seja no
sentido de prevenir a violência, resguardar e assistir as/os agredidas/os como no sentido de
promover saúde. Tal questão necessita ser incluída não apenas nos currículos dos cursos de
Enfermagem, mas de todos os cursos que abrangem profissionais que atuam ou que possam
vir a atuar diante da violência intrafamiliar contra a criança e a/o adolescente (GRÜDTNER,
2005).
no Programa Saúde e Prevenção nas Escolas desenvolvido nas esferas Municipal,
Estadual e Federal junto às áreas da educação e da saúde, criado em 2003 pelo Ministério da
Saúde (MS), além de ser enfocada a prevenção de doenças, também é abordado o uso de
preservativos para evitar a gravidez. Esse programa pretende estimular professoras/es e
diretoras/es de escolas a inserirem, nos seus currículos, a educação sexual, discutindo, com
pais, mães e responsáveis e demais profissionais da educação, a melhor maneira de distribuir
preservativos e conscientizar as/os jovens sobre os riscos da AIDS e DST’s (BRASIL, 2006a).
É uma parceria entre o Ministério da Educação e o da Saúde juntamente com a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Fundo das Nações
Unidades para a Infância (UNICEF) (BRASIL, 2006a).
Dentre os motivos que levaram o MS a distribuir preservativos nas escolas, estão a
incidência e o aumento da AIDS entre adolescentes de 13 a 19 anos e o alto índice de
gravidez na faixa etária dos 10 aos 19 anos. Desde 2000, estão acontecendo mais casos de
AIDS em meninas do que em meninos, o que evidencia sua feminilização também na
adolescência, com preocupações devido à possibilidade da transmissão vertical do vírus.
(BRASIL, 2006b). Ainda sobre o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, foram elaborados
guias para subsidiar sua divulgação: um guia contribui na capacitação dos profissionais da
Educação e da Saúde que atuam junto à população; o outro é para a formação de jovens, com
conteúdos próprios para a sua faixa etária. Atividades, como oficinas, são realizadas para
debater DST’s/AIDS, gravidez, cidadania e sexualidade (BRASIL, 2006c). Participam do
desenvolvimento das atividades desse programa: profissionais de saúde de nível superior e de
nível médio, membros da Organização da Sociedade Civil, representantes das Secretarias de
Saúde, Universidades e outros interessados (BRASIL, 2006c).
Esses programas aentão abordados o políticas voltadas mais especificamente para
a saúde da/o adolescente. Há também uma outra política, voltada para a educação da/o
29
adolescente. Trata-se dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), criados em 1998, com o
objetivo de incluir temas na discussão cotidiana da escola, além de manter referências
nacionais comuns à educação prestada em todos os estados brasileiros (BRASIL, 1998).
Assim, “a transversalidade abre espaço para a inclusão de saberes extra-escolares,
possibilitando a referência a sistemas de significado construídos na realidade dos alunos”
(BRASIL, 1998, p. 30). São temas transversais: o Meio Ambiente, a Ética, a Pluralidade
Cultural, a Saúde, o Trabalho e Consumo e a Orientação Sexual. Logo, o desafio foi lançado
às/aos profissionais da educação, cabendo-lhes sua capacitação para a discussão com
suas/seus alunas/os acerca de tais assuntos (BRASIL, 1998).
Essa política pública educacional brasileira legitimou o compromisso social de
preparar as/os professoras/os que atuam nas escolas, para auxiliar as/os adolescentes a obter
conhecimentos socialmente necessários para o exercício da cidadania, entendida como “o
produto de histórias sociais protagonizadas pelos grupos sociais, sendo, nesse processo,
constituída por diferentes tipos de direitos e instituições” (BRASIL, 1998, p. 19). Nessa
perspectiva, alguns princípios constitucionais orientam a educação escolar tais como a
dignidade da pessoa humana, que compreende o respeito aos direitos humanos e o repúdio a
qualquer forma de discriminação; a igualdade de direitos e de oportunidades a todas as
pessoas; a participação, ou seja, todas/os têm o direito de participar ativamente da vida da
comunidade; e a co-responsabilidade pela vida social, o que significa compartilhar com os
poderes públicos as responsabilidades sociais (BRASIL, 1998). Assim,
a clara necessidade de configuração de uma política para a juventude em
nosso país, que seja organizada e avaliada intersetorialmente e implementada
interdisciplinarmente, dado o caráter multidimensional que é intrínseco à
adolescência e as suas necessidades de suporte social para desenvolver-se
(ROCHA, 2001, p.36).
Além disso, torna-se pertinente que a capacitação das/os profissionais da educação
seja realizada por outras/os que tenham conhecimentos específicos e que atuem junto aos
temas transversais propostos pelos PCN’s, ou seja, profissionais ligados à área do meio
ambiente, da ética, dentre outros, conforme sua especificidade, auxiliando as/os
professoras/es, para que os temas não sejam restritivos, ou direcionados apenas de acordo com
a sua maneira de pensar, ou, ainda, somente para servir à filosofia da escola.
Enfatizamos ainda que a existência de algumas políticas não assegura sua
implementação, ou seja, a elaboração de programas nem sempre é sinônimo de resultados ou
30
execução de ações. Para tanto, muitas vezes se faz necessária uma atuação mais efetiva por
parte das/os enfermeiras/os, no sentido de praticar uma educação em saúde com a participação
de todas/os envolvidas/os, em diversos ambientes, dentre eles, escolas, hospitais, postos de
saúde. Assim, praticar a educação em saúde com adolescentes pode significar a possibilidade
de evidenciar suas dúvidas, desejos, percepções, favorecendo a construção de estratégias mais
próximas de suas realidades, de modo a satisfazer suas necessidades.
Sendo assim, visualizamos a escola como um contexto privilegiado para a/o
profissional da saúde trabalhar questões de saúde em geral com as/os adolescentes,
reconhecendo a necessidade de ter, na equipe de trabalho deste ambiente, a/o profissional
enfermeira/o promovendo ações educativas, visando à promoção da saúde desta população
juntamente com as/os profissionais da educação, favorecendo o processo de construção de
cidadania dos sujeitos envolvidos.
1.4 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
O termo promoção da saúde foi utilizado primeiramente em 1974 pelo Ministro da
Saúde e Bem Estar Nacional do Canadá, Mark Lalonde, no documento denominado Novas
Perspectivas Sobre a Saúde dos Canadenses, no qual se sobressaíram algumas influências na
ocorrência de doenças e morte como, comportamentos individuais, fatores ambientais e
modos de vida. A proposta de destacar a promoção da saúde reuniria uma abordagem
estruturalista (melhorias ambientais) com os estilos de vida (modificações de comportamento)
(OLIVEIRA, 2005). Podemos ainda entender o conceito de promoção da saúde como uma:
possibilidade [...] aos indivíduos grupos e comunidade na condução de um
comportamento positivo para a saúde, permitindo exercer maior controle
sobre fatores que a determinam, favorecendo um estilo de vida mais
saudável. A condição para alcançar tudo isto está baseada na necessidade de
que os atores tomem o compromisso real de assegurar um ótimo estado de
saúde (ALVES, ARRATIA E SILVA, 1996, p.3).
Promoção da Saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle deste processo. Para alcançar um estado de completo bem-estar físico, social e
mental, os grupos e indivíduos devem saber identificar suas aspirações e satisfazer suas
31
necessidades, modificando favoravelmente o meio ambiente. Logo, a promoção da saúde não
é encargo exclusivo do setor saúde, vai além do estilo de vida saudável, dirige-se ao bem-estar
global (CARTA DE OTTAWA, 1986).
Assim, podemos dizer que a promoção da saúde visa auxiliar as pessoas na obtenção
de uma melhor qualidade de vida, podendo desta forma contribuir para com a redução de
agravos à saúde, possibilitando também aos indivíduos escolhas saudáveis, seja através de
abordagens individuais ou coletivas. Podemos também percebê-la como o método de
habilitação da população para atuar no progresso da sua qualidade de vida e saúde, incluindo
uma participação relevante de toda comunidade no controle desta prática (FRADE et al.,
2007). Daí, que
a promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos,
representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas
de saúde que afetam as populações humanas e seus entornos (...) Partindo de
uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes,
propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de
recursos institucionais e comunitários, blicos e privados, para seu
enfrentamento e resolução (BUSS, 2000, p.165).
A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde foi realizada em
Ottawa no Canadá, em 1986. A referida Conferência foi uma resposta às crescentes
expectativas em relação a uma nova saúde pública, sendo que os debates enfatizavam
especialmente necessidades de saúde em países industrializados. Essas discussões basearam-
se nos avanços alcançados com a Declaração de Alma-Ata como os Cuidados Primários em
Saúde, o documento da OMS sobre Saúde Para Todos e o debate que ocorreu na Assembléia
Mundial da Saúde sobre ações intersetoriais indispensáveis para o setor (CARTA DE
OTTAWA, 1986).
Ainda resgatando o termo Promoção da Saúde,
seria relevante abordar como esta
ocorre em nosso país, bem como diferenciar o modelo de educação em saúde tradicional do
radical, na nova Saúde Pública.
A educação em saúde, desenvolvida tanto no Brasil como internacionalmente, ainda
está atrelada à prevenção de doenças e à responsabilização individual, correspondendo ao seu
modelo tradicional. Este é baseado na persuasão de os indivíduos para adotarem hábitos de
vida saudáveis com o auxílio dos meios de comunicação, o que promove uma decisão
informada sobre os riscos à saúde e o comportamento adotado passa a ser de inteira
responsabilidade do indivíduo (SMEKE e OLIVEIRA, 2001). Tal modelo parece
desconsiderar a influência do ‘social’ na ocorrência de doenças, o que leva a pensar que todas
32
as pessoas vivem em semelhantes condições estruturais e que todos são capazes de cuidar de
si mesmos, desde que tenham conhecimento suficiente para desempenhar tal cuidado
(OLIVEIRA, 2005). O modelo em questão o proporciona a reflexão crítica, talvez por não
oportunizar situações que venham a contribuir para a construção dos indivíduos, a partir da
sua participação no seu aprendizado. Esse modelo se assemelha, ainda, à educação bancária
assim chamada por Freire (1996).
o modelo radical de educação em saúde busca atingir seus objetivos trabalhando
com grupos (não individualmente como o tradicional), contribuindo para o aumento da
consciência crítica, provocando trocas de idéias entre os componentes do grupo. O diálogo,
como uma relação de troca, pode gerar uma conscientização coletiva em relação às condições
de vida e possível mudança de comportamento, contribuindo para a mudança social
(OLIVEIRA, 2005). Este modelo se aproxima das idéias de Freire em relação a uma educação
libertadora, na qual “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.25). Consideramos que, para criar
oportunidades de construção desse conhecimento, seja imprescindível a percepção de que
trocas e benefícios entre quem ensina e quem é ensinado: “Quem forma se forma e re-forma
ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (FREIRE, 1996, p.25). Assim,
percebemos que há uma complementação, ou seja, “não há docência sem discência, as duas se
explicam [...] Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE,
1996, p.25).
Tanto o modelo radical como a educação libertadora de Freire, valorizam o sujeito na
construção do seu próprio conhecimento: “Afinal, minha presença no mundo não é a de quem
a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas
objeto, mas sujeito também da história” (FREIRE, 1996, p.60).
Dentre os diversos modos de implementar a promoção da saúde, é preciso escolher um
modelo que contemple as necessidades das/os adolescentes. Consideramos importante
primeiramente realizar um levantamento, junto a estas/es, de suas necessidades para, a partir
daí, escolher metodologias que auxiliem neste sentido.
O mais importante é refletir sobre
como estamos conduzindo nosso trabalho em direção à promoção da saúde, juntamente com a
população envolvida, pois, segundo Freire (1996), na formação constante dos professores, é
de suma importância a reflexão crítica em relação a sua prática. É cogitando criticamente a
ação de ontem e de hoje, que podemos aprimorar a ação de amanhã.
33
Logo, pressupomos que, para construir uma vida saudável, faz-se necessário adotar
algumas mudanças, tais como: realizar atividades físicas, ter uma alimentação saudável,
aprender a lidar com situações adversas, ter relações solidárias, afetivas, objetivando viver
bem, pois segundo Penna (2007, p.85) “[...] as atividades educativas para a promoção da
saúde [...] sempre propõem mudança de comportamento”.
Sendo assim, a promoção da saúde inclui bom padrão de alimentação, sendo este
adequado às diversas etapas do desenvolvimento do ser humano; atendimento às necessidades
para um desenvolvimento condizente da personalidade, incluindo também orientação
apropriada aos pais, seja em ações individuais ou coletivas; educação sexual e recomendações
pré-nupciais; habitação adequada; entretenimentos e condições aprazíveis tanto na sua
moradia como no seu ambiente de trabalho (BUSS, 2000). Ainda,
muitos são os princípios e os conceitos que fundamentam a prática da
educação em saúde e da promoção em saúde. Sem cair em armadilhas
reducionistas, a educação em saúde (não confundir com informação em
saúde) procura desencadear mudanças de comportamento individual,
enquanto que a promoção em saúde, muito embora inclua sempre a
educação em saúde, visa a provocar mudanças de comportamento
organizacional, capazes de beneficiar a saúde de camadas mais amplas da
população, particularmente porém não exclusivamente, por meio da
legislação (CANDEIAS, 1997, p.3).
No entanto, temos que considerar que quando a Educação em Saúde visa produzir
alterações comportamentais, ela se torna normativa (GASTALDO, 1997). Desse modo,
devemos ter cuidado ao enfatizar tais condutas, uma vez que estaremos predominantemente
ditando regras, que nem sempre respeitam e/ou estão de acordo com os hábitos, costumes,
crenças e religião dos adolescentes, que a “educação em Saúde bem sucedida é aquela que
faz as pessoas mudarem seus comportamentos sem sentirem tal mudança como uma
imposição” (GASTALDO, 1997, p.154).
Gastaldo ainda enfatiza que, em 1981, quando foi difundido o documento Ação
Educativa nos Serviços Básicos de Saúde-Brasil - Ministério da Saúde, a política de Educação
em Saúde deu início a uma modificação do enfoque tradicional para a promoção da atuação
comunitária nos atos em saúde. As referências, bem como a linguagem empregada no referido
texto, mostram uma influência importante dos pensamentos de Freire e de sua proposta de
educação libertadora (GASTALDO, 1997).
Desta forma, consideramos ser indispensável que a/o profissional, em especial a/o
enfermeira/o, que atue na educação em saúde com adolescentes, considere a realidade que
34
as/os cerca para que possa, então, elaborar, de acordo com as suas necessidades, ações
adequadas para que se efetive a reflexão crítica sobre seus estilos de vida. Após conhecer os
hábitos, os costumes, as condições de vida da população em que vão atuar, suas reais
necessidades, as/os profissionais poderão então “experimentar ações alternativas que sirvam
de resposta às necessidades individualmente percebidas e de estímulo à autonomia pessoal e
coletiva” (KLEBA, 1999, p.131). A educação em saúde está inserida em todas as ações de
Enfermagem. No que tange ao universo adolescente, tem a função de constituição na
instrumentalização da relação da/o adolescente consigo mesma/o e com o mundo
(HEIDEMANN, 2006). Ressaltamos que, ao praticar a educação em saúde, a/o profissional
enfermeira/o talvez tenha de rever as ões que está desenvolvendo com seus clientes. Logo,
concordamos com Monticelli (1994) quando diz que se torna relevante a garantia de um
entendimento crítico de como a/o enfermeira/o realiza a construção do seu conhecimento;
como o utiliza nesse processo educativo e qual o seu encargo na formação da/o cidadã/ão.
35
2 METODOLOGIA
2.1 TIPO DE ESTUDO
Este estudo foi desenvolvido a partir da seguinte questão norteadora: Qual é a
percepção de adolescentes acerca do processo de adolescer saudável?, utilizando uma
abordagem qualitativa e exploratória. A pesquisa qualitativa possibilitou descobrir um
universo de crenças, atitudes, anseios e valores que norteiam as relações dessas/es
adolescentes entre si e no ambiente em que vivem, baseando-se “na premissa de que os
conhecimentos sobre os indivíduos são possíveis com a descrição da experiência humana,
tal como ela é vivida e tal como ela é definida por seus próprios atores” (HUNGLER E
POLIT, 1995, p.270). Exploratória porque visou ampliar o horizonte das pesquisadoras em
relação à temática proposta, favorecendo o entendimento do processo de adolescer saudável e
a compreensão das dificuldades que requerem aprofundamento (TRIVIÑOS, 1995).
2.2 LOCAL DO ESTUDO
O presente estudo foi desenvolvido junto a adolescentes do Colégio Estadual Félix da
Cunha, localizado no Centro da Cidade de Pelotas-RS. Escolhemos tal instituição de ensino
por termos desenvolvido, anteriormente, um projeto de pesquisa nesta escola, o que
favoreceu nossa aproximação (ARAÚJO e SANTANA, 2005). O Colégio Estadual Félix da
Cunha, foi fundado em 14 de julho de 1913, funcionando nos turnos da manhã, tarde e noite.
Disponibiliza, à comunidade, educação desde a pré-escola até o ensino médio, num total de 35
turmas, sendo 11 no turno da manhã, 13 à tarde e 11 à noite. Possui em torno de 75
professores, 12 funcionários, e cerca de 1000 alunas/os, sendo que, deste total de estudantes,
aproximadamente 350 são adolescentes. A escola, além de receber alunas/os do centro da
cidade, onde está situada, atende estudantes de bairros vizinhos (Porto, Balsa) e até mesmo de
bairros distantes (Obelisco, Laranjal), dentre outros.
A referida instituição de ensino tem como objetivo proporcionar condições para que
a/o aluna/o se desenvolva de acordo com os princípios expressos no seu projeto político-
36
pedagógico, de maneira a lhe assegurar a formação necessária para o exercício da cidadania,
além de prover-lhe meios de ascensão nos estudos posteriores e no mercado de trabalho
(PLANOS DE ESTUDO-COLÉGIO ESTADUAL FÉLIX DA CUNHA, 2005). Sua filosofia
“baseia-se na idéia central de proporcionar uma educação libertadora, suscetível de formar
sujeitos críticos, capazes de transformar a realidade sensível (concreta, material), humana, que
responde à diversidade cultural, ética, bem como às opções de caráter religioso, filosófico,
políticos e outros” (PLANOS DE ESTUDO - COLÉGIO ESTADUAL LIX DA CUNHA,
2005, p.7).
2.3 SUJEITOS DO ESTUDO
Tendo decidido desenvolver este estudo com adolescentes, foi necessário estabelecer
alguns critérios para a sua seleção:
a) ser adolescente (idade entre 12 e 18 anos);
b) concordar em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, juntamente com sua/seu responsável legal;
c) permitir o uso do gravador durante a realização das entrevistas.
Depois de estabelecidos esses critérios, inicialmente, realizamos um contato com a
direção do Colégio Estadual Félix da Cunha, explicitando os objetivos e a metodologia da
proposta. Assim, ficou decidido que o estudo seria desenvolvido com adolescentes
regularmente matriculadas/os na oitava rie do Ensino Fundamental e com alunas/os do
primeiro ano do Ensino Médio.
Deste modo, com a autorização da direção (APÊNDICE A), fomos inicialmente às
salas de aula das/os alunas/os (1° ano A e ano B), no turno da manhã e apresentamos a
proposta, esclarecendo acerca da necessidade do consentimento dos próprios sujeitos como de
seus responsáveis, entregando os formulários de Consentimento Livre e Esclarecido
(APÊNDICE B). Neste sentido, houve retorno de apenas quatro consentimentos assinados,
apesar dos vários contatos diariamente realizados com as duas turmas. Visto isso, optamos por
contatar com as/os alunas/os da oitava série (81), repetindo o mesmo processo realizado
anteriormente com as/os estudantes do primeiro ano. A partir destes contatos, recebemos mais
treze autorizações das/os alunas/os e de suas/seus responsáveis, totalizando dezessete
37
consentimentos assinados. Destes foram realizadas 10 entrevistas, com alunas/os que
mostraram interesse e disponibilidade em participar.
O total de entrevistadas/os foi determinado pela saturação dos dados, ou seja, quando
os dados de modo mais consistente produziram informações redundantes (HUNGLER E
POLIT, 1995).
O quadro 1, apresentado a seguir, traz dados de caracterização dos sujeitos
entrevistados (A1, A2...A10) e de seus pais. Fizeram parte do estudo 10 adolescentes, com
idades entre 14 e 17 anos, sendo sete meninas e três meninos. Destas/es, quatro adolescentes
estudavam no ano A do Ensino Médio e seis estudavam na turma 81 do Ensino
Fundamental. No momento da coleta de dados, nenhuma/ das/os adolescentes encontrava-se
inserida/o no mercado de trabalho.
PERFIL DAS/OS ADOLESCENTES ENTREVISTADAS/OS:
DADOS
GERAIS
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10
Sexo F M F F F F F M M F
Idade 14 15 17 14 15 15 14 16 17 14
Turma 1ºA 1ºA 81 81 1ºA 81 81 81 1ºA 81
Escolaridade do
pai
Médio Superior Médio
incompleto
Médio Médio Médio
incompleto
Fundamental
Incompleto
Fundamental
incompleto
Fundamental
completo
Não sabe
(sem
contato)
Escolaridade da
mãe
Fundamental
incompleto
Estudante
universitária
Fundamental
incompleto
Médio
incompleto
Não sabe Fundamental
incompleto
Fundamental
incompleto
Médio
incompleto
Médio Médio
Profissão do pai Comerciante Comerciante
e taxista
Trabalha numa
empresa de
fazer surdina
Fiscal e
motorista de
ônibus
Não sabe
(sem
contato)
Caminhoneiro Serviços gerais Funcionário
público
Frentista Não sabe
(sem
contato)
Profissão da mãe Comerciante Não trabalha Restaurante
(serviços
gerais)
Costureira Secretária Doméstica Creche
(serviços
gerais)
Faxineira Desempregada Doméstica
QUADRO 1 - caracterização dos sujeitos do estudo e de seus pais.
39
2.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Como método para a coleta de dados, utilizamos a entrevista, gravada (APÊNDICE
C), o método mais freqüente em trabalhos de campo; por meio desta, buscamos informações
nas respostas dos atores sociais (MINAYO, 1998).
Optamos pela entrevista semi-estruturada, pois possibilitou o uso de perguntas mais
estruturadas e outras abertas, de modo que o sujeito entrevistado pudesse falar sobre o tema e
a questão proposta, discorrendo a partir dos questionamentos, sem que existissem respostas
previamente estabelecidas pela entrevistadora (MINAYO, 1998).
De acordo com a orientação da diretora da instituição de ensino, as entrevistas
deveriam ser feitas no próprio estabelecimento, em duas salas (Auditório e Sala de
Supervisão, localizadas na parte administrativa da escola), durante as aulas de Educação
Física. Nestes locais, foi possível assegurar a privacidade, bem como o silêncio necessário
para o desenvolvimento da atividade prevista. Assim, para a realização das entrevistas,
passamos a comparecer na escola nos dias previstos para o desenvolvimento das aulas de
Educação Física. Previamente, contatávamos a professora da referida disciplina, de modo a
solicitar sua autorização para a possível liberação de uma/um aluna/o a ser entrevistada/o.
A partir dos consentimentos recebidos devidamente assinados, tanto pelas/os
adolescentes como pela/o sua/seu responsável, as/os alunas/os eram convidadas/os de maneira
aleatória para serem entrevistadas/os, sem que houvesse uma ordem pré-estabelecida. Muitas
vezes, algumas/ns alunas/os não compareciam à escola no dia de aula de Educação Física,
logo um/a outra/o estudante era convida/o para a realização da entrevista. Assim que surgiram
informações redundantes, a coleta dos dados foi encerrada.
As entrevistas duravam em dia uma hora. A coleta dos dados ocorreu nos meses de
agosto, setembro e outubro de 2007. Logo após começarmos a realização da coleta de dados,
iniciamos o seu processo de análise.
Durante a coleta de dados, tivemos uma boa receptividade por parte das/os
participantes do estudo, o que favoreceu o estabelecimento de relações afetivas neste
processo. Os/As adolescentes pareciam demonstrar-se satisfeitas/os frente ao propósito de ter
um profissional da saúde para ouvi-las/os e auxiliá-las/os a satisfazer curiosidades pertinentes
a esta faixa etária. Foi possível perceber o seu interesse em contribuir com a pesquisa,
respondendo de maneira fluente às questões propostas. Não percebemos sinais de
constrangimento ao falar de assuntos íntimos e particulares; a visão que tivemos é de que
40
algumas/ns alunas/os pareciam estar necessitadas/os de expor suas inquietações acerca de
determinados temas significativos para o seu processo de adolescer e que conseqüentemente
parecem importantes para sua saúde.
2.5 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados foi realizada sob a forma de análise temática. Para Minayo (1996),
fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma
comunicação, cuja presença ou freqüência fornecem significado ao objetivo pretendido com a
pesquisa. Assim, inicialmente, fizemos a ordenação dos dados, com a organização inicial
dos dados obtidos. Nesse primeiro passo, foram incluídas as transcrições das gravações, a
organização dos relatos, as releituras do material. A seguir, fizemos a classificação dos
dados, em que foi importante ter claro que o dado o existia por si só. Este é construído a
partir do questionamento que realizamos sobre ele, levando em consideração a fundamentação
teórica e os objetivos. Isso se deu através de leituras repetidas e exaustivas dos textos da
transcrição das entrevistas. De acordo com o que surgiu de relevante nos textos, elaboramos
as sub-categorias e categorias específicas. Depois, realizamos a análise final em que foram
estabelecidas articulações entre os dados e os referenciais teóricos da pesquisa, a partir do
objetivo proposto. Assim, respostas surgiram para as questões de pesquisa a partir do objetivo
(MINAYO, 2000).
Deste modo, foram construídas três categorias, assim denominadas: 1) modos de viver
um adolescer saudável; 2) relacionamentos e interações no adolescer saudável e 3) tornar-se
adulto.
2.6 PRINCÍPIOS ÉTICOS
Está pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética de pesquisa na Área da Saúde
(CEPAS-FURG), recebendo parecer favorável para a sua realização (Parecer 30/2007-
Processo nº 23.116.001538/2007-52).
Baseando-nos na Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) sobre Pesquisa Envolvendo
Seres Humanos, foi apresentado um documento à Direção do Colégio Estadual Félix da
41
Cunha, solicitando sua autorização para a realização da pesquisa (APÊNDICE A). Da mesma
maneira, entregamos, aos sujeitos do estudo, um documento prestando esclarecimentos quanto
à pesquisa que foi realizada, solicitando seu consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE
B), por escrito, tanto das/os adolescentes participantes do estudo, como de seus representantes
legais, que desejaram por livre e espontânea vontade, participar desta pesquisa, respeitando os
preceitos éticos envolvidos no estudo.
Frente à preocupação com o aspecto ético de garantir o anonimato das/os participantes
da pesquisa com respeito à identificação de seus nomes, os sujeitos foram identificadas/os
inicialmente por números e posteriormente por letras de acordo com o sexo (F-sexo feminino,
M-sexo masculino). Ex: 1F, 2M e assim sucessivamente.
Após a sustentação da dissertação, foi proposta, à direção da escola a, apresentação do
estudo à/aos estudantes e profissionais que atuam na referida instituição de ensino.
42
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
De acordo com os dados emergidos, foram elaboradas três categorias de análise. A
primeira categoria - Modos de viver um adolescer saudável é constituída por nove sub-
categorias: alimentação e hidratação, higiene pessoal, atividade física, sono e repouso,
moradia apropriada, saneamento básico, acesso aos recursos de saúde, sexualidade e
reprodução e atitude positiva frente à vida. A segunda categoria - Relacionamentos e
Interações no adolescer saudável é composta por duas sub-categorias: o convívio com os
outros e riscos sociais. a terceira categoria – Da adolescência para o mundo adulto
apresenta cinco sub-categorias: lazer, respeito aos limites, enfrentamento da separação dos
pais, a inserção no mundo do trabalho e desejo de auto-realização.
A partir dessas categorias e sub-categorias, podemos dizer que, para as/os
entrevistadas/os, adolescer saudável constitui-se em algo subjetivo, ou seja, pode variar de
acordo com o contexto de vida em que a/o adolescente está inserida/o e a maneira de viver e
enfrentar os obstáculos impostos pelo seu dia-a-dia.
O significado da adolescência, para as/os participantes da pesquisa, pode ser entendido
como uma fase de descobertas, marcada por momentos de muitas emoções, dentre eles, as
variadas possibilidades de diversão e reuniões com seus pares, os momentos de namorar, a ida
a festas. Por outro lado, parece haver exigências frente ao modo da/do adolescente comportar-
se, respeitar seus pais, com o estabelecimento de limites nas suas ações, ou seja, é um período
no qual podem acontecer cobranças acerca de responsabilidades exigidas às/aos adolescentes.
3.1 MODOS DE VIVER UM ADOLESCER SAUDÁVEL
Ao discutirmos o adolescer saudável, destacaram-se, no decorrer das entrevistas,
vários aspectos como fundamentais para vivenciar a adolescência de uma maneira entendida
como saudável, incluindo dimensões físicas, biológicas e psicossociais. Foram enfatizados,
pelas/os adolescentes participantes da pesquisa, hábitos de vida que, no seu entendimento, são
importantes, relacionados à alimentação e hidratação adequadas, higiene pessoal, sono,
43
moradia, saneamento básico e água, prática de exercícios físicos, sexualidade e reprodução,
auto-imagem, dentre outros.
3.1.1 Alimentação e hidratação
Ao referirem-se à alimentação, as/os adolescentes destacaram questões relacionadas
tanto à qualidade como a quantidade dos alimentos, à freqüência e rotina das refeições e à
importância de uma mastigação adequada, conforme expresso:
É tu comer um alimento certo, porque assim, tem pessoas que comem
comida de mais; na maioria das vezes, tu não come por vontade, tu come
com os olhos (...) bastante frutas, bastante verdura, porque isso é bom isso
tem ferro (...) não precisa ser uma coisa demais, acho que tem que ser uma
alimentação que tu fique bem alimentada (...) (7F).
Ser um adolescente saudável é comer bem; é claro, na medida do possível,
não comer bobagem (3F).
Comer bem, tomar, tomar o café da manhã, almoçar, tomar o café da tarde,
jantar (...) como sempre nos horários certo, hora do café é hora do café,
hora da janta é hora da janta (9M).
A alimentação e a nutrição o de suma importância em qualquer fase da vida. A dieta
diária deve fornecer uma ingesta nutricional necessária para a conservação da saúde e
precaução de doenças. Na adolescência, é preciso cuidado com a alimentação, visto que se
trata de um período importante para o desenvolvimento humano (HEIDEMANN, 2006).
As necessidades energéticas são preenchidas pelas proteínas (4kcal/g),
carboidratos (4kcal/g) e gorduras (9kcal/g). Vitaminas e sais minerais são
outros componentes indispensáveis da dieta. As recomendações nutricionais
diárias ou quantidades diárias recomendadas (RDA ou QDR) o as
quantidades médias de nutrientes que devem ser consumidas diariamente
pel@s adolescentes. Dentre os nutrientes destacamos as recomendações de
proteína na faixa de 45 a 59 gramas por dia e com relação a recomendações
de calorias diárias é sugerida a faixa de 2.000 a 2.800, de acordo com as
idades d@s adolescentes (FERRIANE e SANTOS, 2001, p.82).
Frente ao exposto, salientamos, ainda, que as/os adolescentes estão cada vez mais
envolvidos em atividades da vida social, manifestando independência em relação aos horários
e locais para as suas refeições. Geralmente, alimentam-se rapidamente e fora do ambiente
familiar. Logo, as singularidades metabólicas e fisiológicas, o sabor, a disponibilidade de
alimentos, os seus costumes alimentares e o padrão sócio-cultural da família necessitam ser
44
considerados, pois a avaliação nutricional e indicações dietéticas devem ser realizadas
individualmente, levando em consideração todos esses aspectos (FERRIANI e SANTOS,
2001).
O conteúdo de ingestão alimentar inadequado pode resultar do uso freqüente
das “dietas e modismos” ou de “pular” refeições, monotonia de hábitos na
escolha de alimentos, troca de refeições por lanches comerciais rápidos
impropriamente escolhidos, voracidade ou uso excessivo de suplementos
dietéticos. Todas estas situações são freqüentes entre adolescentes desde o
momento em que eles começam a sair do controle e da supervisão familiar
no planejamento das refeições, na compra dos alimentos e nos horários de
refeições (JACOBSON, EISENSTEIN e COELHO, 1998, p.3).
Nesse sentido, “o ideal na adolescência é estabelecer um comportamento alimentar
que garanta a promoção da saúde e crie hábitos positivos de ingestas alimentares na vida
adulta” (HEIDEMANN, 2006, p.91).
Um outro aspecto importante que favorece o processo digestivo e o equilíbrio do
organismo, ressaltado nas falas das/dos adolescentes, refere-se à hidratação. Ao serem
questionadas/os quanto ao tipo de líquidos que costumam ingerir, destacaram:
Refri nem tomo muito (...) bastante água e suco (9M).
Eu prefiro suco natural assim (7F).
“Beber líquidos em quantidade adequada, principalmente nos meses de verão e após
exercícios” (JACOBSON, EISENSTEIN e COELHO, 1998, p.3), torna-se imprescindível na
manutenção do organismo. Realçamos que algumas disfunções que apresentam precedentes
nos padrões de nutrição das/os adolescentes têm conseqüências tardias em relação à
morbimortalidade precoce de adultos. Estes distúrbios são responsáveis por altos gastos no
sistema de saúde, mas as despesas com a prevenção são mínimas. Os eventos que afetam a
saúde, neste caso, derivam da ausência de uma alimentação balanceada e exercícios físicos
(JACOBSON, EISENSTEIN e COELHO, 1998). Nesse contexto, fazendo parte também de
uma dieta adequada, lembramos que
beber água é um hábito saudável que deve ser desenvolvido por todas as
pessoas [...] os organismos vivos apresentam de 50% a 90% de água em si.
O próprio corpo humano é constituído em 70% por água que, em constante
movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas
e repõe energia, entre inúmeras outras utilidades. Preconiza-se o número de
1 copo de 200ml de água por hora em que se estiver acordado. Assim sendo,
45
a ingestão de água deve ser independente da sede, constante e rigorosa
(ALCÂNTARA, 2003, p.1).
Os líquidos das bebidas e dos alimentos consumidos constituem-se na principal fonte
de água, necessária para ajustar a temperatura corporal, conservar a pele hidratada e
transportar oxigênio e nutrientes para as células. O corpo perde líquidos constantemente,
através da respiração (durante a expiração), da pele e da eliminação de urina. Logo, a água
deve ser reposta no intuito de manter uma boa saúde (HIDRATAÇÃO, 2007).
Uma alimentação inadequada pode fazer com que não apenas a saúde da/o adolescente
esteja ameaçada, mas pode fazer com que esta/e se sinta também desestimulada/o para com a
prática diária das suas tarefas, seja em casa, na escola, ou na sua vida social, sentido-se
desanimada/o, inclusive, para mudar seu estilo de vida, podendo não visualizar sua
importância e sentido.
3.1.2 Higiene pessoal
Os depoimentos evidenciam também que, para um adolescer saudável, é preciso cuidar
de sua própria apresentação pessoal, o que envolve a valorização da higiene e da aparência
pessoal, como se observa nas falas:
Ter uma (...) boa higiene também (9M).
Ser um adolescente saudável... em primeiro lugar, eu acho que tu tem que te
cuidar, de ti; cuidar do cabelo, mesmo que um banho assim, por mais que
não tenha água lá na tua casa, que tu tem que aquecer uma água na
chaleira, aquece, mas toma um banho; vem arrumadinho pro colégio; por
mais que tu não tenha aquela roupa melhor e que todo mundo usa, que é
rasgada, mas que esteja sempre limpinha; tu tem aquela, que seja
limpinha e arrumadinha. Eu acho que, pra mim, em primeiro lugar, tu tem
que cuidar de ti, não precisa vestir assim que nem todo mundo, mas eu acho
que tu pode te arrumar, tomar um banhozinho, lavar a roupa (10F).
Para Heidemann (2006), é um aspecto importante para a atuação das/os profissionais
de enfermagem, que 6,7% e 5,2% na escola particular e 10,4% e 9,3% na escola pública
apresentam, respectivamente, problemas relativos à higiene oral e corporal. Em relação a esse
problema higiênico, temos ressalvas significativas para com a saúde bucal, pois podem
46
ocorrer gengivites, cáries e halitoses, além de ocorrências como distúrbios digestivos,
acometimento por parasitas no cabelo, unhas e pele, inflamações cutâneas, odores
desagradáveis, dentre outros agravos. Ainda, “parece notório também que o adolescente não
está orientado para a sua higiene, especialmente a higiene dos órgãos genitais”
(HEIDEMANN, 2006, p. 107).
É importante destacar, especialmente na fala de 10F, suas manifestações relacionadas
com o poder cuidar-se, mesmo que diferenciadamente, pelas possíveis disparidades nas
situações e condições de vida. Assim, parece haver uma compreensão da condição do ser
sócio-individual da/o adolescente, com um modo de viver próprio e peculiar, com possíveis
dificuldades no modo de se cuidar, mas que convive com outras pessoas, sendo, esperado que
se apresente de acordo com determinadas regras socialmente aceitas e desejáveis: com
condições higiênicas, com roupas mesmo que simples, porém limpas.
No que se refere à higiene pessoal, as meninas demonstraram preocupar-se com sua
aparência, em ter cuidados com os cabelos, em maquiar-se, demonstrando que a vaidade está
bastante presente nesse período da vida:
Eu odeio os meus cabelos! Porque eles são ruim, são crespos (risos) (...)
meu cabelo é crespo, arrepiado, seco, isso que eu dou banho de creme nele
de 15 em 15 dias (...) quando eu era pequena, eu tinha cabelo bom, ele era
lisinho com cachinho na ponta; com o passar do tempo eu fui não gostando
dele e com dez anos comecei a fazer chapinha, quase diariamente,
virou (pausa) isso (...) hoje que eu o vim de lápis, mas eu to sempre de
lápis, se tem festa, me maquio, não aquela coisa extravagante, mas sombra,
rímel, pó, base. No normal, lápis só, batom (...) o que me deixa mais louca é
os cabelo (1F).
A auto-confiança, a imagem corporal, a aparência pessoal podem ser aspectos
enfocados na infância, na adolescência e na fase adulta, como importantes para um viver
saudável. Assim, torna-se relevante, especialmente nesta fase da vida, valorizar sua aceitação
e o quanto isso também se faz necessário para ser saudável.
Cuidar-se, procurar manter boa aparência pode elevar o bem-estar da/o adolescente,
constituindo-se assim num ponto crucial para um adolescer saudável, desde que não se torne
uma ameaça à sua vida, pois, muitas vezes na busca da beleza, podem diminuir sua ingesta
nutricional diária, exceder-se na prática de exercícios físicos e, com estas atitudes, apresentar
um elevado gasto de energia, o que pode contribuir para o desenvolvimento de diversas
doenças, dentre elas, a anorexia e as anemias, dificultando assim um adolescer saudável.
47
3.1.3 Atividade Física
Dentre tantos aspectos imprescindíveis para um adolescer saudável, a prática de
exercícios também foi evidenciada pelas/os alunas/os, ou seja, a atividade física faz-se
necessária para o bem estar e, conseqüentemente, para a saúde, como observamos em algumas
falas:
Faço caminhada (...) umas quatro vezes por semana (...) eu vou até um certo
ponto e volto (...) (7F).
(...) jogo futebol, vôlei (9M).
(...) jogo vôlei, faço karatê (6F).
É praticar esportes, fazer academia (3F).
Caminho bastante, porque eu vou e volto do colégio a pé, se eu tenho que ir
pro centro, a não ser que esteja chovendo, geralmente eu vou a pé; vou e
volto; caminho, caminho, caminho, caminho, eu não sou de me cansar (...)
associo também... ah coisa ruim, eu passava parada; bem estar também, eu
gosto de caminhar (1F).
Sabemos o quanto o esporte pode beneficiar as/os adolescentes, não apenas seu corpo,
mente e saúde, mas também na sua socialização, contribuindo para sua formação como
cidadão. Através de projetos sociais, o esporte, como um elemento cultural importante do
nosso viver, assume uma dimensão socializadora e pode promover a cidadania para aquelas
pessoas que se encontram desamparadas pelo poder público (GAWRYSZEWSKI, 2006). É
importante salientar que a atividade física pode resgatar nas/os adolescentes valores perdidos;
podendo também atuar na prevenção de riscos:
O grande mote para a legitimação das políticas públicas de esporte tem sido
o da promoção da cidadania e da inclusão social, como mecanismos
controladores da inquietude juvenil. Ao esporte cabe salvar os adolescentes
do envolvimento com o uso ou trafico de drogas (GAWRYSZEWSKI, 2006,
p.270).
Neste sentido, torna-se imperioso o incentivo das/os adolescentes para a prática de
atividades físicas, seja na escola através da educação física, em academias, através de
projetos, assim como o estímulo para realizar caminhadas. O que importa é a/o adolescente ter
a percepção de que o sedentarismo e a ociosidade podem comprometer o seu processo de ser
saudável:
48
Pra ser saudável, tem que fazer algum exercício (4F).
É bem importante [...] influencia bastante coisa boa, como ser um bom
jogador (6F).
O desenvolvimento de um modo de vida ativo no decorrer da infância e da
adolescência influencia fortemente no crescimento, pois além dos benéficios para a saúde,
proporciona socialização, lazer, desenvolvimento de habilidades, favorecendo a auto-estima e
a confiança. uma urgência por programas dinâmicos, que visem oferecer hábitos de vida
mais ativos. Para crianças e adolescentes, a escola é o local mais propício para serem
implementadas ações de promoção de exercícios físicos (BRACCO et al., 2003).
As/Os entrevistadas/os enfatizaram a importância da atividade física na escola durante
as aulas de Educação Física:
Só na educação física mesmo (5F).
É aqui no colégio eu faço esporte, jogar vôlei (6F).
Nas escolas, as aulas de Educação Física são, para a maioria das/os estudantes, a
oportunidade de realizar exercícios físicos, podendo ou não impulsioná-las/os para o
desenvolvimento e consolidação de estilos de vida que incluam a prática de exercícios físicos
ao longo de suas vidas, o que é imprescindível à saúde (ZENHAS, 2007), que de acordo
com a OMS:
70% das doenças estão ligadas ao estilo de vida. Além disto, a mudança de
hábitos poderia trazer uma economia de 50% do que se gasta para combater
as doenças crônicas relacionadas ao sedentarismo (CONFEF, 2007, p.19).
No entanto, para que o indivíduo alcance um bem-estar físico, é preciso conhecer
como prevenir doenças, a importância de desenvolver modos de viver saudáveis, possuir um
sono adequado e disposição para a prática de exercícios físicos (grifo nosso) (PORTINHO,
2007). Além disso, a partir dos anos 90, a sociedade passou a ter maior preocupação com a
boa forma e em ter o corpo moldado, reconhecendo o exercício físico como um promotor de
saúde e prazer (CONFEF, 2007). Deste modo, a Educação Física deve levar a/o adolescente a
um gasto de energia em atividades recreativas e prazerosas, proporcionando o relaxamento e a
possibilidade de entender o corpo e saber controlá-lo, além do convívio em grupo e de uma
relação intensa com seus pares (VIEIRA, PRIORE e FISBERG, 2002). Num país onde muitas
49
pessoas não têm acesso a academias e clubes, a valorização da Educação Física, ainda que
secundarizada se comparado às demais atividades curriculares nas escolas, e o incentivo à
ascensão do esporte em nível comunitário, figuram como tática essencial na busca pela saúde
integral da/o adolescente (VIEIRA, PRIORE e FISBERG, 2002). No entanto, é possível
perceber que a Educação Física na escola continua secundarizada, pois ao coletarmos os
dados da presente pesquisa, no ano de 2007, fomos orientadas a apenas realizarmos
entrevistas com as/os alunas/os durante o período destinado à Educação Física e não em aulas
de Português, Matemática ou outra disciplina. Neste sentido, é possível relacionar o fato de
que, desde a infância e adolescência, não somos ou não estamos sendo educadas/os para a
importância do movimento, da atividade física, associando-a ao bem-estar e á qualidade de
vida, o que pode estar contribuindo para com o sedentarismo na fase adulta.
3.1.4 Sono e repouso
Dentre tantos aspectos que remetem ao cuidado de si e conseqüentemente ao ser
saudável, o sono assume grande relevância nessa fase da vida. Durante a adolescência, o sono
pode ser inconstante, ocorrendo de forma desregulada, como se comprova no descrito abaixo:
(...) eu deito normal, toda noite, mas final de semana geralmente durmo
tarde, às vezes fico na Internet, às vezes fico conversando, às vezes vou pra
casa da minha mãe também (...) (9M).
Eu dormi de madrugada pra ficar na Internet (...) depois quando voltou ao
normal, voltou as aulas, aquele dia fui dormir quatro da manhã, não
consegui ir dormir antes, sete horas eu tava de pé, quase morri, mas agora
eu me acordo quinze pra sete e ai eu vou dormir quando acaba a novela
(1F).
À medida que a/o adolescente vai se desenvolvendo e inicia sua interação social,
acontecem modificações na sua rotina diária e nos seus relacionamentos, podendo alterar seus
hábitos de sono. Conseqüentemente, o sono pode vir a ocorrer mais tarde estando relacionado
às mudanças orgânicas e fisiológicas que surgem na adolescência (MATHIAS, SANCHEZ e
ANDRADE, 2006). Uma conduta freqüente entre algumas/ns adolescentes é inverter o
horário de sono usualmente adotado, dormindo durante o dia e permanecendo acordados à
noite; dormir e acordar em horários mais avançados são comportamentos comuns entre as/os
50
adolescentes. As razões apontadas o as mais variadas: Internet, televisão, festas, porque não
conseguem dormir, ou encontro com amigas/os. Essa relação entre o tempo de dormir e de
acordar é inconstante (HEIDEMANN, 2006).
Por isso, a importância dos pais entenderem essa fase vivenciada pela/o adolescente,
seus hábitos, e compreender que o acordar tarde pode não se constituir em uma ociosidade,
mas decorrer de diversas mudanças no corpo e na mente da/o estudante:
Às vezes, eu durmo, me deito às onze horas da noite e acordo duas da tarde
(7F).
Mathias, Sanchez e Andrade (2006, p.719) enfatizam que “as conseqüências de
hábitos inadequados de dormir podem ser discutidas, fornecendo subsídios para que os alunos
do ensino fundamental e médio conheçam seu corpo, respeitando seus limites, e possam
refletir e escolher de forma consciente a sua rotina de vida”. Sendo assim, uma pesquisa
realizada com 92 estudantes do 1º, e 3º anos do Ensino Médio revelou que, apesar de a
maioria das/os alunas/os admitirem que a hora dormir fosse significante para a qualidade do
sono e a redução da apatia, poucas/os sabiam que o sono é um acontecimento programado
pelos denominados relógios biológicos, ou seja, a capacidade de dormir é distinta em vários
períodos do dia (MATHIAS, SANCHEZ e ANDRADE, 2006). Neste sentido, temos que
procurar estratégias que auxiliam as/os adolescentes a melhorar a qualidade do seu sono e, por
conseguinte, sua qualidade de vida, pela relevância do sono para uma vida saudável. A
ausência de hábitos adequados relacionados ao sono podem se refletir nas ações do dia-a-dia,
como na aprendizagem dentro e fora do ambiente escolar, na redução de estímulos,
concentração, memorização, sono diurno, mudanças no humor e baixa imunidade, dentre
outros (MATHIAS, SANCHEZ e ANDRADE, 2006).
3.1.5 Sexualidade e reprodução
Conforme a/o adolescente exercita a sua sexualidade, podem acontecer, também,
comprometimentos à sua saúde. Logo, torna-se imprescindível a elaboração e implementação
de ações voltadas especificamente a esse período de vida, no intuito de promover condutas
sexuais seguras por parte das/os adolescentes (GOMES et al, 2005). Isso se faz necessário
51
frente às inúmeras mudanças corporais e hormonais existentes nessa fase da vida, pois a
menarca, o crescimento dos seios, o aparecimento de espinhas, o aumento do tórax nos
meninos, as instabilidades emocionais, a valorização da vaidade, o culto à beleza e à
perfeição, a primeira relação sexual e o primeiro contanto com os métodos anticoncepcionais,
dentre outros.
Sendo assim, ao iniciar a vida sexual, tanto a menina quanto o menino experenciam
um momento importante e delicado em suas vidas, o que pode torná-las/os ansiosas/os frente
ao medo do desconhecido:
Ah na primeira vez eu me senti assim não envergonhada, mas eu senti
assim... eu não conhecia, então é como se tu entra numa casa sem conhecer,
tu fica meio assim, o conhece nada e coisa, é uma coisa nova (...) Na
primeira vez, foi horrível porque eu não sabia nada; então, eu procurei
melhorar na segunda (...) ah, usando camisinha e eu tomo anticoncepcional
(7F).
Nós ficamos bem nervosos; eu principalmente fiquei bem nervoso (2M).
Neste sentido, a expectativa da primeira relação sexual pode ocasionar muita tensão.
Os meninos ficam preocupados e sofrem, pois imaginam se seu nis terá tamanho aceitável
para a vagina da namorada, se darão prazer à parceira ou se vão achar o conduto vaginal,
receando adquirir uma doença sexualmente transmissível, colocar de maneira errada o
preservativo, ou que a namorada descubra que é sua primeira vez, ou ainda temem uma
gestação não planejada (HEIDEMANN, 2006).
A relação sexual é um processo de autoconhecimento e conhecimento do
outro, seu (sua) parceiro (a) sexual. A relação sexual tem caráter de
aprendizagem entre parceiros que se conhecem e se autoconhecem, e se
dominam na busca de uma relação pactuada, responsável e efetiva
(HEIDEMANN, 2006, p.64).
As orientações sexuais, no decorrer da adolescência, são indispensáveis, pois a/o
adolescente precisa sentir-se segura/o, perceber que sua vida sexual está começando e que
ela/e precisa de amparo, seja da família, de profissionais da saúde, da educação, enfim,
precisam cuidar-se, entendendo que a sexualidade faz parte da vida de todas/os nós, podendo
assim desfrutá-la sem medos e traumas.
Deste modo, enfatizamos que as/os
52
adolescentes, diante da possibilidade de reprodução e de uma nova
experimentação da sexualidade, requerem um amplo suporte dos setores
sociais via políticas, recursos e processos de trabalho intersetoriais,
interdisciplinares e participativos, em que se disponibilize uma atenção
integral, especifica e apropriada ao cuidado de suas vidas, mediante ações
básicas encaminhadas em diferentes espaços, com a participação d@s
propri@s adolescentes e das diversas áreas profissionais (MANDÚ, 2001,
p.65).
No decorrer das entrevistas, algumas/ns adolescentes expuseram sua opinião acerca da
gravidez na adolescência e suas implicações para com o adolescer saudável:
(...) perde as coisas boas da vida, e ainda põe um inocente pra passar
necessidade, que ele não tem nem pra si, como é que ele vai dar pra um
filho? (8M).
(...) a adolescência ela deve ser aproveitada, duma maneira que aqui no
futuro, tu tenha assim o que dar pros teus filhos, adolescência é um tempo
de (...) estudar. no futuro, sim, no futuro tudo bem que tenham filho (...)
acredito que um filho tu deve ter quando tu tiver preparada pra isso, e
quando tu vê que tu tem condição, então tu imagina, na adolescência tu
estudando, arranja um filho, pára de estudar, não tem condições de dar
um alimento, leite, nem nada (7F).
(...) eu não quero isso pra mim (...) tem algumas amigas minhas que falam,
“ah eu quero ter filho daqui a um ano”. Pra mim, sabe, são umas loucas,
retardadas tem bah, com o perdão da palavra, tem merda na cabeça, (...)
pelo fato delas terem namorado, e o namorado mostra pra elas que tem toda
uma estabilidade financeira, familiar, não sei, não sei o que elas tem (...)
(3F).
A pergunta direcionada as/os profissionais que lidam diretamente com adolescentes é:
como fazer com que nossas ações verdadeiramente cooperem com a/o adolescente no sentido
de lhes proporcionar condições de cuidar-se e prevenir-se de circunstâncias que as/os deixem
a mercê de riscos à sua integridade e felicidade? Por que algumas/ns adolescentes, mesmo
tendo acesso a grupos e informações acerca da prevenção, não conseguem tomar cuidado e
vem a enfrentar situações constrangedoras? (LUZ e SILVA, 1999). Sabemos que este quadro
está mais relacionado a condições sócio-econômicas precárias e à baixa escolaridade
(POLÍTICAS PÚBLICAS DE/PARA/COM JUVENTUDES, 2004). Por outro lado,
condições sócio-econômicas precárias e baixa escolaridade não são suficientes para justificar
casos de gestações precoces, mostrando-se necessário um trabalho mais efetivo e eficaz junto
as/os adolescentes com dificuldades financeiras e/ou pouca escolarização. Se os serviços de
orientações e planejamentos para com elas/eles estivessem melhor estruturados, é possível
53
que menos gravidezes na adolescência estivessem acontecendo e, conseqüentemente, esta
população não precisaria antecipar processos mais próprios à vida adulta. Segundo Mandú
(2001), diversos serviços de saúde encontram-se sem o preparo necessário para atuar e atingir
as necessidades das/os adolescentes de acordo com as suas singularidades e complexidades.
ausência de suportes e espaços adequados, o que prejudica o desenvolvimento de ões,
seja de orientações, assistência ou recuperação da saúde sexual desta população:
No entanto, a constituição de nova família, incluindo a maternidade e a
paternidade, quando ocorre prematuramente, pode implicar muitas
dificuldades na formação dos próprios adolescentes, na estabilidade familiar
e na educação das novas crianças, e reproduzir ou ampliar dificuldades
econômicas e sociais que impedem o progresso sócio-cultural desses
segmentos da população (ROZENBERG e TENDRIH, 2007, p.34).
A gravidez precoce afeta o viver saudável da adolescência, pois compromete a
escolaridade, o nível melhor de emprego e conseqüentemente o salário, prejudicando sua
qualidade de vida. Geralmente a gestação nessa fase da vida, traz conseqüências sérias, uma
vez que a/o adolescente interrompe seu desenvolvimento como um todo, com uma sensível
desordem em sua vida, ocasionando problemas psicossociais (PELLOSO, CARVALHO e
VALSECCHI, 2002).
Se hoje uma adolescente começa a sua vida reprodutiva cedo, a idéia de que está
deixando de aproveitar oportunidades que lhe surgem, principalmente em termos de
escolarização e trabalho. Algo semelhante também poderá acontecer com os rapazes que,
diante de uma gravidez da companheira, podem optar por parar de estudar e inserir-se no
mercado de trabalho para sustentar a família (VILELLA e DORETO, 2006). Se a
anticoncepção não é uma tarefa fácil para a/o adulta/o, para a/o adolescente torna-se ainda
mais complexa. A maioria das adolescentes engravidam sem planejamento, seja por falta de
informação, dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou mesmo por desconhecimento
sobre métodos anticoncepcionais, além de às vezes ocorrer a busca afetiva pelo objeto de
amor ou somente pela experimentação sexual (GUIMARÃES, VIEIRA e PALMEIRA, 2003).
Sendo assim, “a família, a sociedade e a escola o as instituições básicas para o
desenvolvimento das ações educativas, ajudando o adolescente a enfrentar as situações de
risco muitas das quais por ele mesmo geradas” (JARDIM e BRÊTAS, 2006, p.158).
Nesse contexto, outra questão presente no cotidiano dessa população e que se faz
importante para o seu cuidado, é o conhecimento dos todos anticoncepcionais, tendo sido
possível evidenciar que as/os adolescentes parecem desconhecer sua forma de uso:
54
Eu sei que tem a camisinha né, o anticoncepcional, e eu já ouvi falar de
outros, só que não sei como funciona (2M).
Camisinha, pílulas pras mulheres, camisinha pros homens, e pras mulheres
também (8M).
Ah tem aquele DIU (6F).
A injeção (10F).
Um estudo sobre o uso de contraceptivos por adolescentes de escolas públicas na
Bahia revelou que quase todas/os estudantes, independente do sexo, disseram conhecer algum
tipo de contraceptivo (97,4%), sendo a camisinha o método mais citado (95%), e as mulheres
demonstraram maior conhecimento sobre os métodos (ALMEIDA et al., 2003). através de
um questionário, aplicado para 1.386 estudantes do Ensino Médio de Santa Catarina no ano
de 2000, foi possível verificar a manifestação de sentimentos de vulnerabilidade frente a
AIDS, pois 73,8% referiram ter utilizado preservativo nas relações sexuais, enquanto que
43,5% reconheceram não ter se protegido nas suas relações (CAMARGO e BOTELHO,
2007).
Mesmo presenciando a ascensão do uso de preservativos pelas/os adolescentes, parece
necessário refletir acerca do referido por Camargo e Botelho (2007), quando dizem que a
adolescência é um período da vida no qual a aprendizagem se sobressai, ou seja, a/o
adolescente encontra-se mais disponível que a/o adulta/o a seguir novas condutas, o que pode
explicar o fato de pessoas com idade inferior a 20 anos, serem consideradas parte de uma
população prioritária para o desenvolvimento de ações de educação para a saúde. Devemos,
então, aproveitar essa disponibilidade e “levar os adolescentes à reflexão e negociar com eles
a utilização do seu conhecimento para sua proteção. Os adolescentes do novo milênio querem
falar de seus sentimentos, ansiedades, dúvidas e emoções compartilhadas” (JARDIM e
BRÊTAS, 2006, p. 160).
Ainda, discutindo os métodos contraceptivos, salientamos que algumas adolescentes
podem fazer uso do anticoncepcional sem orientação médica. A medicação, por sua vez, pode
ocasionar efeitos adversos sem que a adolescente esteja orientada sobre tais implicações;
algumas modificações corporais podem ocorrer, devido à ingesta de hormônios, no caso dos
anticoncepcionais:
(...) criei um pouco mais de corpo, não sei porque motivo, acredito que é
pelo que tem no remédio (7F).
55
Destacamos a importância de consultar um profissional antes de fazer uso dos métodos
contraceptivos, pois estes podem atuar causando efeitos indesejados, tornando-se necessário
tentar escolher um menos agressivo ao corpo da adolescente. Chamou-nos atenção, no
decorrer das entrevistas, a banalização do uso dos anticoncepcionais, que as adolescentes
nem sempre procuram uma avaliação ginecológica para obter aval na escolha do método
anticoncepcional, o que nos faz refletir sobre a automedicação e suas conseqüências para a
saúde:
(...) porque a minha mãe, no caso, sabia da minha irmã, aí ela me deu
os remédios. Porque a minha mãe, ela é secretária, então ela sabe das
coisas assim no meio de médico, ela tem as amigas dela que são secretárias
de ginecologista também (risos) (5F).
Porque eu vi que ele além de ser bom pra menstruação, é bom também pra
prevenir (...) a gravidez (...) eu mesmo resolvi tomar (...) e comprei o
remédio (7F).
Vemos que algumas mães demonstram uma iniciativa de aqdministrar um
anticoncepcional às filhas, possivelmente, pelo receio de que suas filhas venham a engravidar
num momento inoportuno de suas vidas, como é a adolescência. Assim, numa tentativa de
evitar riscos de uma possível gravidez, optam por fornecer a medicação, mesmo que sem
prescrição médica ou aconselhamento de um profissional adequado.
Sabemos que aspectos sociais, econômicos e políticos m cooperado com o
crescimento da propagação da automedicação no mundo, que se tornou um problema de saúde
pública (FILHO et al., 2002). Através das respostas de 5F e 7F, observamos que as “[...]
influências na utilização de métodos anti-conceptivos derivam do contexto social [...] as
atitudes e os valores das pessoas com significado para o indivíduo determinam em larga
medida o seu comportamento sexual, inclusive o uso de contraceptivos” (SPRINTHALL e
COLLYNS, 2003, p.432).
No caso das adolescentes, a automedicação praticada pode estar relacionada à
ausência de diálogo junto a seus responsáveis acerca de tal tema. Essa conduta pode ser
freqüente entre as/os adolescentes, quando percebem que os pais não se mostram receptivos
e/ou disponíveis para discutir esses assuntos:
Ah remédio não assim, porque, até às vezes eu toco meio no assunto, mas
mudo de assunto quando eu vejo que ela vai falar alguma coisa não muito
boa (...) vou falar que é pra regular (...) ah, sempre tem as desculpas (risos)
(7F).
56
As meninas não procuram seus responsáveis para falar de anticoncepção por não terem
condições de conversar com os pais acerca do seu relacionamento sexual, pois as/os
adultas/os não se encontram preparadas/os para escutá-las. Freqüentemente, iniciam suas
relações sexuais, para depois, então, se preocuparem com a prevenção (LUZ e BERNI, 2000).
E muitas vezes, as adolescentes “temem que os outros descubram que possuem e utilizam
contraceptivos” (SPRINTHALL e COLLYNS, 2003, p.430).
Nesse contexto, no que tange à relevância do uso do preservativo nas relações sexuais,
verificamos que as/os adolescentes parecem ter consciência da importância do seu uso,
salientando inclusive a importância da utilização da camisinha na prevenção da gravidez e de
DST’s:
Sim, porque a mulher no caso pode enganar a gente, ela pode tá falando que
tomando o remédio, o cara vai transa sem camisinha; quando
grávida, tem muitas gurias que no caso pensam que filho prende homem, e
não é verdade isso (...) pra mim não prende homem (9M).
(...) previne muita coisa, doença, gravidez (...) eu acho que é fundamental
(4F).
(...) além de prevenir doenças, previne uma gravidez numa idade errada
(7F).
Fundamental claro, não dá pra fazer sem preservativo (2M).
(...) tem muitas doenças transmissíveis, que muitas vezes os meninos não
falam pras meninas, que tem ou as meninas não falam pros meninos e acaba
transmitindo pro seu parceiro (6F).
Nos últimos 50 anos, a AIDS foi a epidemia mais severa que ocorreu, tanto que
recebeu o status de pandemia. Somente no Brasil, a doença ocupa entre o terceiro e quarto
lugar dentre os casos que foram notificados no mundo (REGATO e ASSMAR, 2004). Neste
sentido, a relação sexual sem o uso do preservativo, a falta de conhecimento dos riscos, de
orientações e de ações de prevenção nas escolas brasileiras, compõem alguns dos fatores que
podem desencadear o crescimento de adolescentes portadoras/es do vírus da AIDS
(CAMARGO e BOTELHO, 2007).
Discutindo o uso do preservativo, pensamos ser relevante refletir sobre o seguinte
relato de uma adolescente, a qual aponta a importância do seu uso mesmo entre indivíduos
casados:
57
Acho importante, se por exemplo se tu é casada. A minha prima é casada
com o meu primo, ele fez o exame pra ver se tinha aids, ele não tem, eles
não usam camisinha; mas tem ela, quem sabe se ela não tem...eu acho
que sim, porque nunca sabe se pode pegar (10F).
Através do descrito, foi possível verificar que 10F parece ter consciência da
importância da prevenção de DST’s, mesmo na relação com uma/um parceira/o fixa/o. Apesar
disso, freqüentemente, homens e mulheres casadas/os não se consideram parte dos grupos de
risco (OLTRAMARI e OTTO, 2006). Destacamos, que o se fala mais em grupos de riscos,
mas sim em fatores de risco para com a contaminação pelo HIV, ou seja, todas/os nós somos
vulneráveis à contaminação pelo referido vírus (REGATO e ASSMAR, 2004). No entanto,
conhecer os riscos para com o HIV/AIDS não é sinônimo de prevenção (OLTRAMARI,
2005). Enfatizamos que o uso do preservativo tem tido uma boa aceitação nos
relacionamentos esporádicos, mas parece que tornar-se desnecessário nas relações estáveis.
Os indivíduos justificam tal atitude usando expressões como: amor, confiança e
conhecimento. Ou seja, quando o relacionamento torna-se mais estável, tanto os homens
como as mulheres dão um novo significado à idéia de risco e passam a não se proteger
(OLTRAMARI e OTTO, 2006).
Mesmo observando a preocupação das/os adolescentes em relação aos riscos de
contraírem uma DST, foi possível evidenciar o seu desconhecimento de como podem contrair
o vírus da AIDS:
Eu não sei qual é o jeito que se pega aids, não é transando tem outros
jeitos que pega a doença (...) beijando, eu acho que não pega, só se a pessoa
que tu vai beijar tem, com, por exemplo, com sangramento no dente, uma
infecção.Acho que tu pode pegar, eu acho que é assim (tosse) agora outro
jeito não me lembro (...) pode, se tu faz sem camisinha, pode (10F).
Santos (2006), em pesquisa com estudantes de uma escola municipal de Cubatão-SP,
identificou o desconhecimento das/os estudantes: 13% responderam que se pode contrair
AIDS pelo ar; 7% disseram que a AIDS pode ser contraída pela água; contaminação por beijo
e abraço surgiu em 34% das respostas; 43% das/os alunas/os elegeram a opção sexo e
somente 3% colocaram que a AIDS pode ser contraída pelo sangue:
Nota-se que os jovens e adolescentes parecem não se importar muito com a
AIDS e com outras DSTs, [...] o tema ainda deve ser exaustivamente
trabalhado em sala de aula, na família e na sociedade de forma geral. [...] Eis
58
aqui um grande desafio para educadores, pais e cidadãos de todas as esferas
sociais (SANTOS, 2006, p.4).
Constatamos, ainda, que várias o as fontes usadas pelas/os estudantes para se
orientarem em relação ao sexo/sexualidade: a família, a televisão (matérias em programas
televisivos), postos de saúde, a escola, dentre outros:
(...) com a minha mãe, a minha família sempre falou, sempre aconselhou, eu
a minha irmã, as minhas primas, sempre aconselhou (...) através da
televisão, na propaganda (...) às vezes no Fantástico, às vezes dá matéria eu
olho, às vezes no programa de igreja que da na Record (...) (9M).
Postinho, minha mãe (...) a ginecologista (3F).
(...) é muito falado, a camisinha mesmo, tem sempre um projeto na rua,
falando sobre a importância da camisinha. Às vezes eu passo assim no
centro tem muitos projetos que eles entregam até camisinha e conversam
contigo, e tem muitas palestras também, assisto muita palestra, aqui no
colégio mesmo teve esses dias uma palestra sobre as drogas, e agora não sei
quando vai ser, vai ter sobre adolescência, a gravidez na adolescência (7F).
Em uma pesquisa realizada com 816 adolescentes escolares matriculados no Ensino
Médio de escolas públicas da cidade de Aracaju, cujo objetivo era analisar suas informações
sobre métodos anticoncepcionais, observou-se que as principais fontes procuradas pelas/os
adolescentes são: televisão e rádio (18%), revistas, livros, e jornais (28%), amigos (18,8%).
Profissionais de saúde foram citados com uma constância de (13,5%), pais (6,7%),
professoras/es (8,6%) e namoradas/os (6,2%) (GUIMARÃES, VIEIRA e PALMEIRA, 2003).
A partir desses dados, percebemos a grande influência dos meios de comunicação na
vida das/os adolescentes, seja informando tendências, seja reforçando bitos e costumes.
Heidemann (2006) refere que a televisão propaga exemplos, normas e modelos de
comportamentos que influenciam de maneira intensa crianças e adolescentes, desenvolvendo
costumes, atitudes e pensamentos que poderão conduzir sua vida adulta, desempenhando um
papel relevante através da divulgação de assuntos interessantes e úteis para as/os adolescentes
de maneira a contribuir com seu desenvolvimento e construção da sua cidadania.
Ainda discutindo assuntos relacionados à sexualidade, veio à tona a questão da
virgindade:
(...) a maioria das gurias já não o mais virgens na adolescência que é
bom, elas não devem ser mais virgens, não são mais virgens, tipo uma velha
não vai tá perdendo a virgindade, nem uma criança, acho que a
59
adolescência é mais pra ti fazer isso (...) não é que seja bom na
adolescência, mas é que todo mundo faz, a maioria das gurias (4F).
Podemos perceber que ser virgem parece ser encarado como algo antiquado e o
muito bem visto pelos seus pares, o que pode predispor a/o adolescente a buscar a primeira
relação sexual, por receio de tornar-se diferente e envergonhada/o de referir que o teve
ainda experiência sexual. A adolescência tem sido assinalada por intensas modificações na
sua conduta, seja individual ou coletivamente, o que tem deixado a/o adolescente à mercê de
riscos sociais, psicológicos e físicos. Em meio às vulnerabilidades da adolescência moderna,
citamos o desenvolvimento sexual e a sua importância, pois sabemos das discussões que tem
suscitado, como a gravidez indesejada e a transmissão de DST’s/AIDS (JARDIM e BRÊTAS,
2006).
(...) com 13 anos eu acho que não é bom, com mais idade eu acho que é
melhor (...) não importa muito a idade, mas eu acho quando tu achar que tu
pronta (...) eu não sei, porque eu não me achei pronta ainda (risos) (...)
ah, eu gostar de alguém mesmo (...) Bastante, bem forte (...) não sei, eu acho
que eu não vou perder nem muito novinha nem muito velha, mas se eu tiver
e não achar ainda a pessoa certa que eu queira com 30 anos, eu não vou
com 30 anos (4F).
A partir deste relato, podemos observar a compreensão da necessidade da/o
adolescente saber o que deseja, ou seja, da necessidade de decidir e, para isso,sendo preciso
refletir e avaliar não somente aquilo que está sentindo naquele momento, mas principalmente
como vai se sentir posteriormente. Por outro lado, o contexto social em que estão inseridas/os,
pode favorecer a naturalidade com que algumas mães tratam a primeira relação sexual de uma
filha com apenas 11 anos, como observamos no relato abaixo:
(...) eu acho que ela era muito novinha, ela era bem criança assim, um ano
antes mesmo ela tomava na mamadeira ainda na minha casa, quando ela ia
dormir e depois estava transando (...) a mãe dela disse que se ela acha
que está no momento certo, ela tem mais é que fazer (...) (4F).
Um estudo realizado com 6.200 alunas/os de 11 a 19 anos, de 10 escolas particulares e
públicas dos ensinos Fundamental e Médio do Recife, apontou que o início da vida sexual
das/os adolescentes está ocorrendo cada vez mais precocemente, por volta dos 11 a 14 anos
(CAMPOS, 2003b).
Frente à precocidade com que vem ocorrendo as primeiras relações sexuais, Jardim e
Brêtas (2006, p.158) dizem que:
60
Independentemente da participação familiar no processo educativo, a
sexualidade está abertamente debatida na sociedade e nos meios de
comunicação, como a televisão, o rádio e a Internet, que têm influenciado
diretamente o comportamento do adolescente com um bombardeio de
informações, em sua maioria, distorcidas sobre a sexualidade.
Outros motivos também podem justificar esse acontecimento: menarca precoce, a
velocidade de informação e a divulgação de matérias de caráter sexual em qualquer momento
do dia, além do convívio com imagens e conteúdos sexuais em filmes (HEIDEMANN, 2006).
Foi possível evidenciar que, dentre as diferentes maneiras de viver a adolescência, es o
concreto exercício da sexualidade, de suma importância à adolescente para a resolução de sua
auto-estima, relacionamentos afetivos, identidade social e sua inclusão na estrutura social
(MARTINS et al., 2000). Exercer a sexualidade requer alguns conhecimentos frente às
transformações fisiológicas presentes na adolescência, como é o caso da presença da tensão
pré - menstrual:
Eu fico muito braba, muito braba, eu quero brigar com todo mundo, mas eu
não sei porque, qualquer um que falar comigo, eu xingo (...) TPM (risos)
como eles falam (6F).
A Síndrome da Tensão Pré - Menstrual (STPM) pode ser reconhecida
por um grupo de sintomas, físicos e comportamentais, que ocorrem na
segunda metade do ciclo menstrual e que freqüentemente interferem no
trabalho e nos relacionamentos pessoais. Esses sintomas periódicos são
seguidos por um período totalmente assintomático. [...] Os sintomas variam
de uma mulher para outra, e mais de 150 sintomas forma ligados a essa
disfunção (FERNANDES et al., 2004, p.77).
A maioria das mulheres experencia alterações físicas e emocionais recorrentes
associadas ao ciclo menstrual. Além disso, a síndrome pré-menstrual confere uma
significativa ruptura nas atividades cotidianas (KATZ et al., 2005). Neste sentido, a fala de 6F
parece evidenciar o quanto as adolescentes sentem-se desconfortáveis com as alterações
fisiológicas decorrentes desta fase; principalmente, referentes à menstruação. O surgimento da
primeira menstruação (menarca) vem a ser um dos acontecimentos mais marcantes da vida de
uma adolescente, porque expressa a possibilidade da maternidade (PORTINHO, 2007). Deste
modo, descobrir as modificações que podem acontecer com o seu corpo e sua mente no
decorrer desta fase, poderá auxiliá-las/os a enfrentar este período, marcado por muitas
incertezas. Ao descobrir o corpo, por conseguinte, desvenda-se a sexualidade.
61
Independentemente de ser uma fase bela e empolgante, também o é no sentido de cuidado e
atenção (OLIVEIRA, 2004). Esses cuidados e discussões acerca das alterações que acontecem
com seu corpo, podem ajudar não apenas no sentido de orientá-las/os, como para ajudar no
estabelecimento de relacionamentos, contribuindo para o seu desenvolvimento, nesta fase da
sua vida.
3.1.6 Moradia apropriada
Algumas/ns alunas/os participantes do estudo demonstraram, em suas falas, que
apresentar condições de moradia favoráveis é imprescindível para um bom desenvolvimento.
Além disso, reconheceram o esforço dos seus pais para a aquisição de uma habitação
condizente, admitindo ser desagradável residir numa casa imprópria:
Tem sala, banheiro, garagem, três quartos e uma varanda e pátio (9M).
É casa (...) são 3 quartos, uma cozinha, uma sala, um corredor, um
banheiro, tem pátio grande (6F).
Ah é bem assim, eu me sinto bem, não me sinto assim, como é que eu vou
dizer? pobre entende. Porque eu acho que, a gente tem tudo, mas com
certeza pelo esforço que meus pais têm. Então, a gente tem tudo bem
completo, é uma casa bem completa (...) duas salas, dois quartos e dois
banheiros, é uma cozinha, uma sala de.... uma sala de janta, tem também a
lavanderia e a garagem, duas garagens (7F).
(...) tudo bom na casa, tem dois quartos, dois banheiros, uma cozinha, uma
sala, uma sala de janta, um pátio (...) quem é que gosta de chegar em casa e
ter uma casa horrível? (1F).
O bem-estar social é também atingido através de uma moradia adequada
(PORTINHO, 2007): “A Relatoria Nacional entende como Direito à Moradia, em definição
ampliada [...] não dizem respeito apenas e estritamente a aspectos físicos da moradia, mas
referem-se a direitos culturais, sociais, econômicos e urbanísticos, dentre outros” (SAULE
JUNIOR e CARDOSO, 2005, p.7). As Relatorias são um dos instrumentos utilizados pela
ONU para analisar o grau de implementação dos direitos e para proporcionar recomendações
aos governos nacionais, os quais se comprometem a trabalhar no sentido de sanar os
problemas identificados nas habitações (SAULE JUNIOR e CARDOSO, 2005). Essas
62
organizações podem dar suporte a famílias que necessitam de apoio, subsidiando-as através
dos relatórios, nos quais suas reivindicações de melhoramento poderão vir a ser cumpridas
com auxilio do governo.
Uma pesquisa realizada por Mathias, Sanchez e Andrade (2006) revelou, em relação
às moradias dos 92 estudantes participantes do estudo, que 81,5% das/os alunas/os residiam
com até 4 pessoas e 88% dormiam sozinhas/os ou dividiam o quarto com uma outra pessoa.
Assim, habitações adequadas e conseqüentemente, condições de conforto para as/os
adolescentes pode contribuir para um desenvolvimento saudável.
Genevois e Costa (2001) mencionam a importância de estimular aos órgãos
especializados e técnicas/os na área de habitação para aprofundar os dados que explicam as
pendências a serem ressaltadas e uma classificação mais apurada das carências existentes.
Estarão, deste modo, seja quem busca conhecer a realidade ou quem age para transformá-la,
trabalhando no mesmo sentido, de aprimorar as condições de moradia e conseqüentemente de
vida da população.
3.1.7 Saneamento básico
As/Os adolescentes ressaltaram que, para ser saudável, é indispensável dispor de
condições de saneamento básico, com água potável para o consumo e rede de esgoto
adequada, como é possível evidenciar através dos depoimentos:
Eu acho que é importante também, porque a água limpa é bom, porque tem
muitas que tem bactéria (...) muitas vezes vem doença da água mesmo (6F).
(...) tu vai passar ali, se o esgoto aberto, cheio de mosquito, cheio de
coisa que pode te contaminar. A água, por ser uma água tratada tu beber,
uma água na medida do possível natural (...) (3F).
No Brasil, da mesma forma como ocorre na maioria dos países da América Latina, a
população urbana vem dispondo de acesso à água por meio de uma ampliação precária, sem
uma adequada coleta do lixo e tratamento de esgotos (ANDREAZZI, BARCELLOS e
HACON, 2007).
AS/Os entrevistadas/os demonstraram ter consciência das doenças que podem advir de
uma condição precária ou ausência de saneamento que pode ser entendido como
63
um conjunto de ações de abastecimento de água, esgotamento sanitário e
coleta de lixo é considerado um direito dos cidadãos e um item
imprescindível de qualidade de vida. A necessidade de fornecer água com
quantidade e qualidade adequadas e, ao mesmo tempo, recolher e tratar os
dejetos humanos, é conseqüência do processo de urbanização e do
adensamento humano. Desde as primeiras intervenções de saneamento nas
grandes cidades, no fim do século XIX, houve uma redução significativa em
indicadores como a mortalidade infantil e a ocorrência de epidemias.
(ANDREAZZI, BARCELLOS e HACON, 2007, p.2).
Desta forma, temos que considerar as discrepâncias de renda, pois estas podem
influenciar na saúde pelo acesso aos recursos ou investimentos em serviços básicos como:
transporte, educação, saneamento (grifo nosso), moradia e serviços de saúde (BUSS e
FILHO, 2007). Assim, percebemos que diversos são os condicionantes sociais a serem
levados em consideração no processo saúde-doença:
As diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS) expressam,
com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante
generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de
grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde (BUSS e
FILHO, 2007, p.1).
As/Os entrevistadas/os referiram também os riscos a que se submetem quando não
possuem uma rede de esgoto:
(...) A gente faz as necessidades num balde e depois despeja, que eu moro
num banhado (...) despeja nos fundos, a gente mora nos fundos também,
que bem mais pros fundos, mas com certeza o cheiro, essas coisa vem tudo.
Sei lá, alergia, essas coisa assim (...) mosca, mosquito, barata (...) não
adolescente, mas criança também, todo mundo pode adoecer (8M).
(...) traz alguma doença, tipo rato, barata (4F).
Sim, porque se deixa o esgoto aberto né, as crianças aquelas que andam na
rua não vão saber, vão querer ir brincar, e, joga coisas, então sempre
bom (...) tudo bem direitinho (...) É além do odor que ele traz, é ruim porque
conforme vai chovendo, vai enchendo, vai derramando, vai transbordando
(...) aí acontecem as enchentes, e conforme chega nas pessoas já é um mal a
saúde (...) Por causa que tem bastante doenças (...) muitos ratos que passam
às vezes, botam lixo (6F).
Uma pessoa que tem um esgoto na frente de casa, pode criar alguma coisa,
um bicho ir e aí de repente aquele bicho entrar pra dentro das casas, que
na maioria das vezes acontece, e pode picar alguma pessoa, aí pode causar
alguma doença (7F).
64
A importância que damos à saúde da/o adolescente nos faz analisar a sua
vulnerabilidade frente ao momento histórico e social em que vivemos, que pode contribuir
para levá-la/o a vivenciar modos de vida desfavoráveis a sua saúde (SERRA e MOTA, 2000).
Para que as ões de promoção à saúde sejam executadas, é preciso conhecer a população-
alvo, que quase sempre manifesta aspectos próprios do seu contexto social, como ocorre com
as/os adolescentes. Desta forma, temos que visualizar o adolescer como um processo, que não
compreende apenas alterações físico-corporais, mas também no âmbito social, emocional,
sendo influenciadas/os pela sua interação com a comunidade, família e meio ambiente, dentre
outros (MONTEIRO, MEDEIROS e OLIVEIRA, 2005).
Mesmo com um número expressivo de moradias com saneamento básico, ainda
observamos que uma parcela da população o dispõe dessa condição, o que pode ocasionar
inúmeras doenças, além de poder comprometer não apenas o desenvolvimento da/o
adolescente, como de toda sua família. Sabemos que sem uma rede de esgoto condizente,
vetores podem ser atraídos pelos dejetos que não recebem destino correto e,
conseqüentemente, a ocorrência de doenças. Além disso, o desconforto em morar num local
que serve de moradia e ao mesmo tempo de depósito para esses dejetos, também causa
desânimo, dentre outros. Em contrapartida, vemos o desejo da/o adolescente em modificar sua
situação de vida, na tentativa de transformar aquela circunstância de precariedade:
(...) ah se eu morasse num lugar que tivesse banheiro pelo menos seria
melhor (...) por isso que eu estou estudando, quero dar uma casa pra ela
(mãe), digna. Primeira coisa da minha vida é comprar uma casa (8M).
Uma outra questão apontada é a poluição ambiental e o quanto esta pode prejudicar o
adolescer saudável. Foram ressaltadas, ainda, situações de violência urbana que fazem parte
do viver da/o adolescente e, mais uma vez, o desejo de estudar foi enfatizado, como uma
possibilidade de mudar sua situação de vida:
(...) tem uma valeta lá (...) um fedor, aquele esgoto (...) e tem o óleo que sai
do arroz quando eles fazem (fábrica) (...) Insetos (...) acharam até um
homem atirado, por isso que eu falo, não dá pra se envolver com os
traficantes ali (...) homem no esgoto, morto, não sei se foi esfaqueado, foi
tiro (...) por isso que eu estudo, eu quero morar num lugar melhor, que seja
faixa, não seja aquele barro laranja horrível (10F).
Alguns estudos têm discutido a poluição do ar e sua relação com a morbimortalidade.
Esses estudos enfatizam que as atuais exposições podem representar riscos e efeitos crônicos
65
para a saúde da população, havendo uma relação entre a mortalidade por doenças respiratórias
e cardiovasculares com o local onde reside (CANÇADO, et al., 2006). Nesse sentido, torna-se
interessante citar alguns efeitos respiratórios ocasionados pela poluição do ar: aumento dos
casos de infecções respiratórias, das internações hospitalares, dos sintomas de asma, das
visitas ao médico, dentre outros (CANÇADO et al., 2006).
Parece necessária a tomada de consciência de todas/os as/os envolvidas/os em relação
à poluição ambiental, na tentativa de mudar hábitos que possam colocar em risco a saúde da
população. Para tanto, é importante a elaboração e execução de programas que acompanhem e
controlem os poluentes do ar, suas conseqüências para a saúde e que mostrem a realidade e,
principalmente, ajudem na elaboração de políticas públicas direcionadas à busca pela
qualidade de vida (CANÇADO et al., 2006). Com a concretização dessas políticas, as
instituições de saúde e as/os trabalhadoras/es que nela atuam também ficarão fortalecidos,
pois poderão estar mais aptos para receber e proporcionar um melhor atendimento a
população como um todo.
3.1.8 Acesso aos recursos de saúde
Trazemos outros aspectos citados pelas/os estudantes como relevantes para um
adolescer saudável, dentre eles, a imunização, revisões médicas e o acesso às unidades de
saúde:
Tem que tomar vacinas pra não pegar as doenças, pra ser bem saudável (...)
quando sentir algum sintoma, ir no médico para ver o que aconteceu,
porque tem muita gente que sente uma dorzinha, acha que não é nada e
deixa, aquilo vai piorando, não sabe nem porque que é (...) se cuidar o
máximo que pode (6F).
Segundo Heidemann (2006), há uma problemática detectada em algumas escolas;
trata-se do fato de os pais se preocuparem com o esquema vacinal da criança e não com o da/o
adolescente. São consideradas vacinas obrigatórias às/os adolescentes: difteria e tano (DT),
hepatite B, Tríplice Viral (rubéola, coqueluche e sarampo). Essas vacinas podem ser
encontradas nos Postos de Saúde e são fornecidas pelo Sistema Único de Saúde.
66
Desta forma, é importante “(...) a adoção de novos comportamentos, como o parar de
fumar, vacinar-se, ter melhor higiene, entre outros (...) Cabe às pessoas, informadas sobre os
riscos de adoecimento, a responsabilidade de adotar um novo estilo de vida mais saudável”
(GRAZZINELLI et al., 2005, p.200). O acesso aos serviços essenciais também é explicitado
na Lei Orgânica, como fundamental para a saúde. Logo, pesquisamos, junto à população do
estudo, as instituições de saúde procuradas pela/o adolescente quando entende como
necessário. Várias são as instituições freqüentadas pelas/os alunas/os, desde os Postos de
Saúde, até Hospitais e Unidades particulares, sendo que algumas famílias dispõem de
convênio médico.
É importante que as/os profissionais de saúde que atuam em ambientes freqüentados
por adolescentes estejam preparadas/os para recebê-las/os conforme suas peculiaridades. Ao
buscar um serviço de saúde, as/os adolescentes trazem consigo sua bagagem familiar e
cultural que, se não entendida, poderá prejudicar seu relacionamento com as/os profissionais
de saúde. Essas/es profissionais não podem deixar de levar em consideração essa realidade,
pois correm o risco de não alcançar seus objetivos de promoção, proteção e recuperação da
saúde (COLLI, 1984). Além disso, para que um atendimento adequado seja proporcionado a
essa população, é necessário o planejamento de assistência que inclua o:
Reconhecimento do perfil sócio-epidemiológico populacional ou, mais
especificamente, do(s) grupo(s) adolescente(s) da sua área de abrangência;
envolvimento profissional e comunitário, extensivo @s adolescentes, na
definição participativa das necessidades e prioridades de atenção a serem
consideradas (MANDÚ e PAIVA, 2001, p.131).
Assim é importante refletirmos acerca do papel da/o enfermeira/o. Se esta/e
profissional é uma/um agente promotor/a de saúde, saber trabalhar com adolescentes é
indispensável, uma vez que desejamos que esta/es tornem-se adultas/os capazes de adotar
decisões saudáveis para com suas vidas. Por isso, a necessidade de um planejamento
condizente com suas necessidades e meios de inserção social. Logo, é pertinente, então,
pensarmos em atingir as/os estudantes primeiramente, futuras/os adultas/os, pois “grande
parte da mortalidade prematura na vida adulta é resultante de comportamentos iniciados na
adolescência” (ROZENBERG e TENDRIH, 2007, p. 33).
Deste modo,
De acordo com as características do quadro de saúde na adolescência e os
pressupostos preconizados pelo Ministério da Saúde para a sua assistência,
67
podemos concluir sobre o caráter interdisciplinar que marca a definição da
adolescência, condição
sine qua non
na produção e organização da
assistência à saúde a este grupo (RAMOS, PEREIRA e ROCHA, 2001,
p.29).
A enfermagem com campo de produção científica e de aplicação técnico-científica vê-
se diante de um desafio, de interdisciplinarmente avançar em busca de conhecimentos e
práticas direcionadas à promoção da saúde da/o adolescente (CORRÊA, 2000). Também,
entendemos que as ações junto as/os adolescentes apontam para uma possibilidade de
trabalhos que terão de acontecer além dos muros dos serviços de saúde, ou seja, da maneira
como atualmente vem ocorrendo, ainda pautados no atendimento individual, curativo e
clinico, mas avançando para os ambientes que esta população freqüente ou esteja inserida
(ROCHA, 2001).
Por isso, a ênfase também em relação ao aperfeiçoamento das/os
profissionais de
Enfermagem para que essas/es saibam atuar frente a determinadas situações vivenciadas
pela/o adolescente, sendo necessário ir além do atendimento clínico, assegurando-lhe
informação, medidas de proteção, seja através da escola, de seus grupos de contato,
percebendo-a/o como um ser integral, com necessidades e características próprias.
3.1.9 Relações e interações positivas frente à vida
As/Os adolescentes ressaltaram também que, para ser saudável, é imprescindível
manter o pensamento positivo em nosso dia-a-dia, com um humor elevado, não sendo tão
pessimista para com algumas situações em nossa vida:
É estar sempre em bem-estar, não somente com o corpo da gente, com o
nosso humor, também é saúde, porque eu acho que se tu ficar, por exemplo,
se está doente ficar pensando ‘ah eu vou piorar’, ‘eu vou piorar’, eu acho
que tu acabas piorando; então tem que pensar sempre positivo pra tu ficar
melhor (10F).
No que se refere à atitude mental assumida frente a vida, Parchen (2002, p.3) destaca
que:
68
Quem se “entrega” à doença, ou seja, não a compensa com um maior
equilíbrio espiritual, desequilibra-se energeticamente, o que agrava a doença
física e desequilibra ainda mais o espírito. [...] Se o nosso pensamento está
equilibrado, ligamo-nos, absorvemos e metabolizamos boas energias. O
contrário também é verdadeiro. Pensamentos em desequilíbrio nos ligam a
energias desequilibradas, as quais assimilamos e metabolizamos,
incorporando-as ao nosso componente energético, com as conseqüências
disso advindas. Nossos pensamentos refletem nossa atitude mental, nossa
verdade interior.
Muitas vezes, entretanto, pode ser difícil ajudar as pessoas a mudar sua maneira de
pensar, de modo que encarem certas situações de vida de forma diferente, buscando ser
otimistas, passando assim a otimizar também suas ações, o que é válido em diversos
momentos vividos pelo indivíduo, nas mais variadas circunstâncias de sua vida.
3.2 RELACIONAMENTOS E INTERAÇÕES NO ADOLESCER SAUDÁVEL
As/Os adolescentes fazem referência aos aspectos saudáveis do adolescer, procurando
destacar a importância de saber relacionar-se com outras pessoas, de não usar drogas, bebidas
alcoólicas e cigarros, ter maturidade e responsabilidade, saber comandar-se com limites,
conviver com amigos, namorar, ir a festas, estudar, ficar com a família, ter limites, dentre e
outros.
3.2.1 O convívio com os outros
Conviver com as/os outras/os é ressaltado como fundamental para viver bem,
conforme expresso:
É viver assim no caso, viver bem com as pessoas, ter uma convivência boa
(...) não ser muito pra baixo, brincar com as pessoas (9M).
Para um adolescer saudável, é imprescindível manter relações interpessoais
favoráveis, as quais lhes possibilitem divertir-se, brincar, “elevar seu astral”, confirmando que
“a vida em sociedade impõe-se ao homem como um horizonte que não pode ser ignorado.
69
Vivemos num estado de interdependência; precisamos dos outros para confirmar nossa
existência” (MARIOTTI, 1996, p. 114).
A convivência é importante, não apenas como uma vontade individual de ter um
convívio adequado; encontra sentido tanto nos relacionamentos favoráveis, quanto no
contexto histórico em que a/o adolescente está inserida/o. Ao referir-se a “não ser muito para
baixo”, este adolescente faz uma alusão de que é necessário procurar superar dificuldades,
brincar e conviver de maneira apropriada.
Viver um adolescer saudável, portanto, pode variar de uma circunstância para outra,
tanto em relação às condições sociais, como às individuais, ou seja, não podemos
caracterizar o comportamento independentemente das intenções, e não podemos caracterizar
as intenções independentemente dos cenários que tornam estas intenções inteligíveis, tanto
para os próprios agentes como para outras pessoas” (MAC INTYRE, 2001, p. 347).
Neste sentido, conviver de modo adequado, com as/os amigas/os e familiares pode
favorecer a busca de um adolescer saudável. Para tanto, as/os adolescentes enfocam a
importância da proximidade dos seus pais nas relações que estabelecem com as/os amigas/os,
como se verifica na fala abaixo:
(...) jogar futsal (...) a gente combina às vezes de fazer lanche (...) vai com os
pais da minha amiga, ia pra camping, ou quando estava ali..., ia tomar
banho naquela piscina (...) agora a gente combinou de ir pra pizzaria, ir no
cinema (...) eu sou amiga de todas as..., os pais das minhas amigas e elas
também são dos meus pais (4F).
Percebemos, através do relato de 4F, que “a oportunidade para estabelecer relações
íntimas é certamente a razão porque as amizades têm tanta importância e ocupam tempo na
vida dos adolescentes” (SPRINTHALL e COLLYNS, 2003, p.368). Quando a turma de
adolescentes vai para a casa de alguma/algum amiga/o, é um sinal positivo para a/o
adolescente que mora na casa e para a sua família. Demonstra uma boa aceitação tanto das/os
residentes como das/os amigas/os que vão até lá, podendo significar a possibilidade de
proteção contra a violência que tanto faz parte da nossa vida, imperando nas ruas de médias e
grandes cidades. Essa família não perde sua/seu adolescente e ganha suas/seus amigas/os, que
necessitam da proximidade de uma/um adulta/o auxiliando-a/o, sem estabelecer modelos ou
condutas (HEIDEMANN, 2006). Isso pode ajudar os pais no sentido de visualizarem melhor a
vida de suas/seus filhas/os adolescentes, podendo avaliar mais proximamente questões
relacionadas a: drogas, bebidas alcoólicas, sexualidade dentre outros.
70
Neste processo de construção de relacionamentos em que questões relacionadas ao
exercício da sexualidade estão tão presentes, as/os adolescentes vêem-se diante de algumas
escolhas importantes a fazer: Quem eleger para conversar sobre sexualidade e dividir seus
assuntos pessoais? Ficar ou não ficar com alguém? Em que momento experenciar a primeira
relação sexual?
Percebemos que as/os adolescentes se dispõem a conversar com familiares, amigas/os,
namorada/o, mas podem apresentar um certo desconforto em falar com sua mãe sobre tais
assuntos:
Com quem eu mais converso é com as gurias. A mãe até queria que eu fosse
mais aberta, mas eu não gosto. Eu não me sinto bem falando com ela,
não por medo que eu não falo, porque a mãe, ela quer, sabe, que eu fale
sobre tudo, mas eu não gosto (1F).
Esse é um aspecto a ser analisado, pois a família juntamente com a escola, e
especialmente, a primeira, são instituições importantes na constituição das/os adolescentes e
podem não estar abordando e/ou de um modo adequado, temas de extrema relevância para a
sua construção pessoal (GUIMARÃES, VIEIRA e PALMEIRA, 2003). Sem este
acolhimento, elas/es buscam auxilio junto a seus pares, pois (...) na adolescência, os
indivíduos desenvolvem-se psicologicamente, compartilhando pensamentos e sentimentos
com as pessoas com quem têm algo em comum” (SPRINTHALL e COLLINS, 2003, p.368).
Quando a/o adolescente não se sente segura/o para conversar com seus pais ou
responsáveis sobre determinados assuntos, pode ocorrer o conhecido namoro às escondidas.
Daí a importância da aproximação dos pais com seus filhos, mostrando-se disponíveis para
diálogos e, principalmente, não se apresentando de um modo defensivo, ou seja, muitas/os
adolescentes referem, até, medo de se aproximar dos pais e de conversar determinados temas,
pois temem sua reação frente ao assunto exposto. Esta relação pode prejudicar o
desenvolvimento da/o adolescente, que se sozinha/o, sem saber em quem se amparar em
momentos conflitantes e decisivos, próprios da fase que está vivenciando. Atualmente, a/o
adolescente tem estabelecido uma nova forma de se relacionar amorosamente, elas/es estão
“ficando”. Tal modalidade engloba tanto as relações baseadas na fidelidade recíproca e no
sentimento, quanto aquelas imediatas, breves, satisfazendo apenas as necessidades tanto
físicas como fisiológicas, sem seguimento na vida das/os adolescentes (OLIVEIRA et al.,
2007). É preciso que os pais estejam atentos às novidades no meio adolescente, atualizando-
71
se, podendo compartilhar idéias com estas/es, a fim de instituir um diálogo que realmente
colabore com o seu desenvolvimento.
Frente a esse novo contexto no qual a/o adolescente encontra-se envolvida/o,
geralmente a reação dos pais é que vai determinar o comportamento que a/o adolescente vai
adotar (HEIDEMANN, 2006). Muitos pais de adolescentes foram educados em um ambiente
de repressão para com as manifestações sexuais. Seus pais preferiam não tocar no tema e, na
escola, professores de biologia se restringiam a apresentar apenas a função reprodutiva dos
órgãos sexuais, sem discutir suas funções na vivência sexual de um indivíduo. Ainda que seja
indispensável pontuar questões sexuais em casa, hoje, muitos pais parecem buscar maneiras
de como fazer isso (JESUS, 2000). A repressão impossibilita a discussão aberta sobre
sexualidade, que sua abordagem depende da maneira como cada um enfrenta a sua própria
sexualidade. Logo, como responsáveis pelo desenvolvimento de cidadãos, as escolas, as
famílias e a sociedade necessitam assegurar a orientação, discussão e informação acerca de
vários temas, inclusive da sexualidade (TORNIS et al., 2005).
Ainda, foi possível verificar que algumas/ns adolescentes não dispõem de alguém para
compartilhar suas dúvidas e anseios nessa fase da vida, como constatamos no relato a seguir:
Isso eu estou conversando contigo agora, porque eu não tenho uma pessoa pra conversar
(...)” (7F).
“A comunicação entre os membros da família se torna peça fundamental para
potencializar e auxiliar o estabelecimento de relações mais satisfatórias e saudáveis”
(WAGNER et al., 2002, p.76). Assim, vemos através do exposto por 7F, como a/o
adolescente pode sentir-se sozinha/o, sem amparo para expor suas dúvidas, ou simplesmente
para dialogar sobre essa fase pela qual está passando.
Muitas vezes, os pais não estão preparados para discutir determinados assuntos com
suas/seus filhas/os, pois, talvez, lhes falte experiência, coragem e maturidade para este
enfrentamento para poder, então, ter um diálogo mais aberto, livre e tranqüilo com as/os
adolescentes, no sentido de ajudá-las/os nesse momento tão conflitante, no qual muitas
incertezas se sobressaem.
Para Correia (2007), é preciso acompanhar de perto o desenvolvimento da/o
adolescente, somente intervindo quando percebemos que algo não está indo bem, da mesma
maneira que fazemos com a saúde orgânica. A tarefa dos pais é estar com eles e não, contra
eles, falar com eles e não deles. Não devemos adotar condutas rígidas, mas acompanhá-los,
lado a lado, nem muito atrás, pois podemos não conseguir acompanhá-los, nem muito à
72
frente, porque podemos não ser um bom guia. Devemos ter em mente a possibilidade dos pais
serem considerados desnecessários, em algumas ocasiões. As/Os filhos não se constituem em
propriedade dos pais.
Segundo Enio Roberto de Andrade, diretor do Serviço de Psiquiatria da infância e da
adolescência do Hospital das Clinicas de São Paulo, a mãe precisa deixar sua/seu filha/o,
errar, correr, sofrer e cair, pois esses o aprendizados indispensáveis para a/o filha/o saber
realizar escolhas na vida (TESSARI, 2007):
Os adolescentes precisam se aventurar (...) para se tornarem mais
independentes e autoconfiantes. (...) Autonomia não significa desligamento
emocional dos pais, mas, na verdade, que os adolescentes não são tão
dependentes dos pais em termos psicológicos e que têm mais controle sobre
a tomada de decisões em sua vida (CRUZ, 2007, p.48).
Em compensação, ter uma mãe liberal foi outro aspecto destacado como relevante
neste estudo. Foi apontada não apenas aquela mãe que proporciona liberdade e diálogo, como
também a maneira que a/o adolescente encara essa situação de liberdade:
Minha mãe não é presa, é liberal (...) ah, às vezes eu fico com vergonha,
mas depois passa, porque quem é que vai saber? Tem que ser a minha mãe
pra saber. (...) Porque, se tu vai fazer sem orientação nenhuma, o que vai
acontecer? Tu vai ficar grávida, ou não vai saber de nada, muitas que
estão, nem sabem, porque geralmente não têm o apoio da mãe ou outras
pessoas falam que não vai dar nada; tem que ter sempre o apoio de alguém
(5F).
Ao referir-se à “mãe liberal”, 5F veicula a idéia de uma mãe que respeita a liberdade
de sua filha, o que pode ser entendido como a possibilidade de expressar suas dúvidas,
escolhas, mesmo em situações em que se sente constrangida, que sua mãe seria a pessoa
mais adequada para compreendê-la e, até mesmo, para criticá-la, se for o caso.
As mães comumente desejam cuidar bem de sua/seu filha/o, porém este cuidado não
deveria comprometer o seu desenvolvimento (TESSARI, 2007). Sabemos da importância da
liberdade e do diálogo, mas é preciso que a/o adolescente exerça essa liberdade com
responsabilidade, ciente de seus limites, compreendendo que:
a eclosão e a expressão da sexualidade vão além do ato sexual em si, fazem
parte do desenvolvimento normal e envolvem questões que perpassam a
maturidade física, as relações sociais e as aspirações referentes ao futuro
(ALMEIDA, RODRIGUES e SIMÕES, 2007, p.25).
73
Segundo Campos (2003a), existem condutas que podem ajudar os pais na orientação
de suas/seus filhas/os: abordar questões de sexualidade desde a infância; perguntar o que
pensam e sabem sobre o assunto, questionar o que as/os deixa apreensiva/o; conhecer
suas/seus amigas/os, suas respectivas famílias; manter-se informado sobre a sua vida escolar;
interessar-se pelos seus passatempos preferidos, mostrar interesse em saber como está
sucedendo sua vida; e, principalmente, aproveitar o tempo para conviver e dialogar com a/o
adolescente.
Um outro aspecto conflitante que se sobressaiu no decorrer das entrevistas foi o
“ficar”: Alguns adolescentes preferem a situação do “ficar” por o determinar maiores
conflitos na rede familiar. (...) Quando o (a) adolescente fala em namoro é porque existe algo
sério realmente acontecendo” (HEIDEMANN, 2006, p.77).
Para a/o adolescente, ficar lhe proporciona uma sensação de bem-estar, constituindo-se
assim algo fundamental para um adolescer saudável. Algumas pessoas posicionam-se frente a
esse ficar, mantendo-se em dúvida, confusas/os, pois para alguns indivíduos o ficar confunde-
se com o namorar, como se confere na resposta:
(...) Porque (risos) pra minha madrasta ficar, não é ficar, ficar é namorar,
algo mais (6F).
(...) a satisfação pra saúde, pro bem-estar (1F).
O “ficar” é definido pelas/os adolescentes, como um primeiro contato que pode vir a
se tornar um namoro, reafirmando a idéia da busca por conhecer melhor a/o parceira/o.
Entretanto, o ficar é caracterizado também como um entretenimento e uma ausência de
compromisso (JUSTO, 2005). Logo, podemos visualizar o ficar como um modo de interação,
e inserção no meio social e que pode também ajudar a/o adolescente na sua construção como
adulta/o, estabelecendo relacionamentos e vínculos tão necessários para se firmar na vida
adulta e posteriormente constituir uma família.
Uma outra característica presente é o modo como as/os adolescentes se dispõem, pois
andam sempre em grupos, o que evidencia um modo de relacionar-se, de interagir com seus
pares:
a maneira que a gente pensava, pára com as brincadeirinhas, de criancice,
a gente ficava correndo no corredor (...) todo mundo brincava junto (...)
tudo muda na hora do recreio, cada um tem o seu bolinho (...) Ninguém fica
correndo no tio. Então, muda assim sabe, e tu passa de uma série (...)
74
tem que começar a agir de um modo diferente, a roupa tudo muda, tudo tu
queres igual o dos outros, eu não vou muito, a querer me vestir igual aos
outros, mas tudo muda assim, eu acho que fica bem diferente (10F).
Os interesses em comum compõem fatores relevantes na formação dos vínculos de
amizades, e de influências mútuas (SPRINTHALL e COLLINS, 2003). Podemos dizer ainda
que (...) a amizade na pré-adolescência e na adolescência satisfaz uma necessidade
psicológica básica e comum a todos os indivíduos: a necessidade de vencer a solidão”
(SPRINTHALL e COLLINS, 2003, p.368). Além disso, as/os adolescentes o excelentes
protagonistas juvenis, pois possuem o poder de passar informações úteis para outras/os
adolescentes pertencentes ao seu grupo de contatos. A intensa tendência grupal que é vivida
na adolescência, direcionada para a promoção à saúde deveria ser mais valorizada, que
as/os adolescentes preferem informações oriundas de outras/os do seu grupo, pois acreditam
mais nas relações estabelecidas entre si, dividindo assim seus problemas e suas oportunidades
(SERRA e MOTA, 2000), o que poderia ajudar a diminuir diversos riscos sociais a que estão
expostas/os, como os desencadeados por uso de drogas, de bebidas alcoólicas e consumo de
cigarros, pela transmissão e troca de bons bitos de vida, ajudando a reduzir agravos à saúde
desta população.
3.2.2 Riscos sociais
A adolescência é um período no qual a/o adolescente sente necessidade de se firmar
frente à sociedade, podendo ser induzida/o a alguns comportamentos pelos seus pares, como
ao uso de drogas. Algumas/ns entrevistadas/os não crêem na possibilidade da indução de
amigas/os para o uso de drogas; outras/os já acreditam nessa possibilidade:
Tem muita gente que fala, “ah porque foi o meu amigo que me botou nas
drogas”, isso daí não existe, isso daí vai da tua cabeça. Eu tive conivência
com drogado, eu saía com as pessoas que se drogavam, e me ofereciam e eu
nunca fumei uma maconha, nunca cheirei (...) Então por isso que eu acho a
pessoa que cai nas drogas é por si mesma, não tem que botar a culpa em
ninguém (...) essa coisa eu acho errado, ai eu caí nas drogas botar a culpa
no outro, isso daí é fácil, botar a culpa no outro, mas é difícil tu assumir (...)
pra mim é um caminho errado (9M).
75
É porque sempre a primeira vez é para experimentar, sempre o amigo fala,
‘ah é só um pouquinho, se tu não gosta, tu deixa’ (6F).
Aspectos negativos...acho que muita influenciação (...) se tu não fumas
droga, vem sempre um amigo lá, ‘ai faz porque é legal, porque tu vai te
sentir melhor’ (tosse) (...) vai dizer ‘ah tu é careta porque tu não quer,
porque tu é fraco’ (...) mas eu acho que muita influenciação dos amigos, dos
próprios amigos, que dizem ser amigos teu, e fazem isso, acho que amigo
que é amigo, alerta ‘não faz porque é ruim’, não influenciam a fazer (10F).
As falas expressam a influência sofrida pelas/os adolescentes por seus pares nessa fase
da vida. Por outro lado, em 9M, evidenciamos que mesmo convivendo com pessoas usuárias
de drogas, o adolescente consegue manter sua amizade optando por o usar tais substâncias,
demonstrando assim sua auto-determinação e maturidade.
As/Os adolescentes podem ser mesmo influenciadas/os por seus pares em diversas
situações, como: no uso das mesmas vestimentas, sapatos, nos estilos musicais, uso de
aparelhos eletrônicos e outros. Tais atitudes as/os fazem parecer iguais, o que pode contribuir
para o entendimento de que com o uso das drogas não seja diferente:
O grupo de iguais também poderá induzir o uso da droga por vários motivos:
para ter um sentido de pertencer a um grupo em um ritual comum,
provocando experiências e possibilitando a identificação com a “turma”;
como um rito de iniciação e de introdução no grupo; como uma “bravata” e
exibicionismo, mostrando-se o adolescente ao grupo como sendo “corajoso e
não tendo medo de nada”; para realizar uma “transgressão” e, assim, pode se
sentir como alguém que “faz o que quer, independentemente da opinião dos
pais, enfim, uma pessoa que começa a se tornar mais independente
(OUTEIRAL, 2003, p.42).
Segundo Vieira et al. (2007), o mesmo pode acontecer em relação ao consumo de
bebidas alcoólicas, ou seja, pode haver a pressão das/os amigas/os e colegas para a adesão a
esta prática. Parece que as/os adolescentes estabelecem “uma forma honesta e consistente, um
conjunto implícito de normas segundo as quais avaliam os colegas, no sentido de os
considerarem ou não membros do seu grupo” (SPRINTHALL e COLLYNS, 2003, p.359).
Buscamos, também, junto aos sujeitos do estudo, conhecer possíveis eventos que
podem tornar o período da adolescência o saudável, constituindo-se numa ameaça para
as/os adolescentes em geral:
É uma fase muito difícil pra nós, é meio complicada, mas com um conselho
daqui e dali dos pais vai seguindo, tem gente que segue no caminho errado,
outros no caminho certo. É que tem muita gente que os pais não explicam
76
problema de drogas, sobre doenças e a pessoa acaba caindo, acaba
seguindo o caminho errado às vezes (...) falta de orientação (9M).
Logo, “entender o universo dessa faixa etária é o meio mais seguro de permitir uma
passagem segura e saudável pela adolescência no desenvolvimento da complexidade do ser
humano” (HEIDEMANN, 2006, p.36). É conveniente salientar que, a idade de iniciação no
uso de drogas pode ocorrer em torno dos 13 anos, ao passo que, há duas décadas atrás, ocorria
mais tardiamente aos 18-20 anos. Várias são as causas que podem levar a/o adolescente ao
consumo de drogas: de forma genérica, podemos citar aspectos como a sociedade, a cultura, a
família e as/os amigas/os/colegas e aspectos individuais como a procura incessante pela
satisfação. As mulheres/Os homens, no intuito de buscar o prazer, ou para diminuir seu
sofrimento sico e psíquico, fazem uso de substâncias que lhes proporcionam um estado
artificial de bem-estar, e o fato de as/os adolescentes experimentarem um corpo e uma mente
em modificações, pode ocasionar uma menor ou maior aflição psíquica, compondo as/os
adolescentes como um grupo de risco para com o uso de drogas. Pode ainda ser fator de
incentivo, ao uso de drogas, a necessidade de ser independente dos pais e de se aproximar ou
desenvolver vínculos com amigas/os; esses aspectos podem servir como um disfarce para
reduzir possíveis dificuldades na resolução desses conflitos (RIBEIRO, PERGHER e
TOROSSIAN, 1998; OUTEIRAL, 2003).
Assim, o não envolvimento com as drogas, bebidas e fumo também representa, na
ótica da/o adolescente, algo fundamental para um adolescer saudável:
É ter uma saúde boa, o se envolver com coisas que podem prejudicar a
saúde...drogas (7F).
Que outra coisa que me vem a cabeça.... quando tu fuma droga, quando tu
bebe demais (...) isso eu vejo na minha vó, a minha e o meu vô, ele foi
agora pro hospital por que ele fuma desde pequeno, 13 anos, a minha
também (...) Pra que fumar? Come bala, eu acho que tu pode substituir o
cigarro por outra coisa (...) (10F).
Saúde tem que (...) se cuidar o máximo possível (...) o bebendo, fumando
porque estraga bastante os pulmões, leva até a morte (6F).
Deste modo, discutindo os riscos a que a referida população encontra-se exposta, e por
se tratar também de um problema de saúde pública, salientamos que o entendimento da
adolescência no seu contexto atual passa a ser uma prioridade para a equipe de saúde,
visando, através do conhecimento desse período da vida e de seus riscos, amenizar possíveis
agravos à sua saúde por meio de ações educativas (ALMEIDA, RODRIGUES e SIMÕES,
77
2007). Ressaltamos que “o álcool, além de ser de longe a substância psicoativa que causa
maior impacto negativo na saúde pública em todo o planeta, quase sempre está associado ao
uso de tabaco e outras substâncias psicoativas ilícitas” (ALBERNAZ, 2007, p. 39).
Nesse sentido, destacamos um estudo, realizado junto à rede escolar do ensino privado
na cidade de São Paulo, com 804 estudantes, de idade entre 12 e 18 anos, que mostrou o
consumo de bebidas alcoólicas pelas/os alunas/os. Evidenciou que a bebida mais consumida,
é a cerveja (55,7%). Em relação aos riscos sob o efeito do álcool, 23,6% das/os adolescentes
disseram ter se envolvido em brigas e afirmaram que em algumas ou em todas às vezes
estavam alcoolizadas/os; 20,6% que sofreram acidente de trânsito relataram ter bebido antes,
sem contar que 21% tiveram sua última relação sexual, também, sob o efeito do álcool. A
maioria bebeu na companhia das/os amigas/os (53,5%), e da família (39,4%) (COTRIM,
CARVALHO e GOUVEIA, 2000). Ressaltamos ainda que o uso de drogas pode refletir, em
muitos momentos, uma solicitação de ajuda por parte da/do adolescente, que porventura esteja
vivenciando alguma circunstância constrangedora e que a/o está fazendo sofrer
emocionalmente como: abandono, depressão ou qualquer outra situação desagradável que
esteja enfrentando (OUTEIRAL, 2003).
Algumas situações relacionadas ao consumo de álcool e à violência familiar vieram à
tona nas falas das/os adolescentes, especialmente, frente ao descontentamento em ver um
membro de sua família alcoolizado, como se observa na resposta abaixo:
(...) a minha mãe justamente se separou dele, pelo problema de alcoolismo.
(...) minha mãe tinha que se levantar (...) pra esquentar comida pra ele (...).
um dia eu, meus irmãos sentamos com a minha mãe e conversamos “mãe
não mais”, (...) é briga, briga, briga. Aí, a mãe então se decidiu se
separar dele (...) aconteceu dele querer se botar na minha mãe (...) a
minha mãe deu nele, uma vez deixou ele em coma no hospital. (...) Paulada.
Que ele deu um soco, quase na cara, daí a minha mãe pegou um pau da
janela (...) e deu na cabeça dele um monte. (...) Outra vez, a mãe chamou a
polícia, levaram ele preso; ó as crianças ficaram, coitadas, chorando. (...)
Ah me senti triste, porque eu não gosto de ver a minha mãe, meus irmão
sofrendo. (...) E outra, isso não é exemplo que se pra filho. Imagina as
crianças vêem ele assim bêbado. (...) Ah, não gostaria, como várias vezes
vi ele bêbado (8M).
Um estudo realizado em 2004 com 1.990 alunas/os matriculadas/os em escolas
públicas e privadas de Paulínia-SP, revelou que as/os estudantes bebem mais comumente na
companhia de amigas/os (62,4%) e parentes (32%). 47,9% asseguraram que alguém na
família que bebe demasiadamente e 12,3% relataram que o pai tem dificuldades com álcool
78
(VIEIRA et al., 2007). O uso abusivo do álcool no ambiente familiar vem se tornando algo
mais comum na vida da/o adolescente. Tal fato pode não apenas estimular o consumo por
parte das/os adolescentes, como pode prejudicar o seu adolescer saudável e ainda se constituir
numa forma de violência contra a sua própria vida e a vida de outras/os.
Pereira, Santana e Ferriani (2001) enfatizam que a violência pode ser considerada um
acontecimento multicausal que vem alcançando diversas instituições, grupos sociais e idades,
na qual as pessoas, ora se manifestam como vítimas, ora como as/os agressoras/es. Consolida-
se por ações que visam prejudicar, abater e reprimir, envolvendo quase sempre questões de
poder e atingem, de maneira mais agressiva, crianças, adolescentes e mulheres. Comumente
ouvimos falar que violência gera violência, ou seja,
Essa realidade, faz com que @ jovem construa uma noção de violência,
tendo por base o que realmente acontece no seu cotidiano; de sua
consciência de classe e de sua posição na sociedade; das relações na família
e na escola; das mensagens que capta da mídia; de sua experiência com o
fenômeno; do imaginário coletivo; de como subjetivamente processa esses
estímulos (PEREIRA, SANTANA e FERRIANI, 2001, p.100).
Por isso, a importância de realizarmos um trabalho planejado e bem estruturado junto
às/aos adolescentes, objetivando desmistificar tais pensamentos e condutas, para que estas/es
não iniciem um processo de doença estimulado no próprio ambiente familiar voltado para o
uso de qualquer tipo de substância psicoativa, evitando que tais hábitos sejam continuados na
vida adulta.
3.3 DA ADOLESCÊNCIA PARA O MUNDO ADULTO
Na adolescência, algumas alterações importantes começam a acontecer, quando as/os
adolescentes demonstram refletir sobre seus atos, com responsabilidade e maturidade:
(...) tive que ser mais adulto, (...) deixa a criança, as brincadeiras de criança
pro lado, crescer mais um pouquinho, saber pensar, saber que hora certa,
que hora errada, isso daí muito mudou em mim (...) saber pensar, o que tava
certo, o que tava errado, o que eu achava das coisas, isso que mudou (9M).
Antigamente tu o tinha responsabilidade, teus pais resolviam tudo pra ti,
mas chega uma hora que tu tem que fazer as coisas por ti mesmo. Isso daí,
79
toda responsabilidade, tu tem tipo ah, quando tu é menor, “ah mãe eu quero
isso”, tua mãe vai lá e faz, agora não, se tu quer, tu vai lá e faz. (...) Tipo ah,
eu tenho que sair tenho prova do colégio, tenho que fazer trabalho, tenho
que dar um jeito de fazer tudo (...) ter responsabilidade, a ter educação, no
caso, ah, eu sou pequena eu falo as coisas sem pensar, agora eu não posso
ficar falando tudo que eu quero pra todo mundo (...) respeito, educação,
maturidade. Eu descobri no caso, como é que eu posso, me mandar entre
aspas, tipo eu decido uma coisa que vai ser pra mim, ah, hoje eu vou fazer
isso, isso, isso e isso...quando eu era pequena, eu não fazia isso (1F).
A adolescência pode caracterizar-se também por essa transição, ou seja, o estar entre o
ainda ser criança e o ainda o ser adulto. Logo, podemos referir que “a adolescência traz
consigo a idéia de indivíduos definindo-se e transformando-se para estabelecer seu processo
de vida, o que vai lhes conferir potencial de emancipação, autonomia e responsabilidade
social” (ROZENBERG e TENDRIH, 2007, p.36). Para Heidemann (2006, p.13),adolescer é
tornar-se adulto”. Desta forma, “a autonomia é importante para o ser humano, mas é na
adolescência que ela assume proporções diferentes. O adolescente tem mais força e
necessidade de autonomia que a criança, porque está se preparando para ser adulto” (TIBA,
1986, p.52). Assim, as famílias compõem fronteiras mais maleáveis, permitindo a/o
adolescente aproximar-se e ser dependente quando não consegue dirigir sua vida sozinha/o, e
se abduzir e conhecer desafios, com veis crescentes de independência, quando se encontram
preparadas/os (CRUZ, 2007).
É comum, também, nesta fase, a/o adolescente muitas vezes sentir-se confusa/o, pois
ao mesmo tempo em que deseja ser adulta/o, quer voltar a ser criança, fato este que
caracteriza este período de transição típico da adolescência:
(...) às vezes eu quero ser maior, pra poder ter a minha casa, ninguém me
mandando, outras vezes quero voltar a ser criança de novo pra poder
brincar, parece que fica feio tu ficar brincando correndo na rua (risos) o
que vão pensar aquela guria grande brincando (...) sempre gostei de ficar
montando coisas, brincar na rua, correr, eu acho que fica meio estranho (...)
muitas vezes eu quero ser maior (...) (10F).
(...) brincava muito, acho que brincar tu brinca até com vinte anos, mas
agora não, agora eu não tenho mais essa frescura de brincar de boneca (...)
porque imagina, uma pessoa, uma guria de 14 anos fazendo brincadeira
(7F).
(...) é uma idade que tu passa por mudanças, tu passa do comportamento de
ser criança pra já um pouco mais maduro, até chega a idade adulta, (...) tem
mais responsabilidade, leva as coisa assim mais a sério (...) pra mim
sendo bom, melhor do que na parte de ser criança (...) porque as pessoas
confiam mais em ti (8M).
80
A/O adolescente percebe suas mudanças físicas e psicológicas e tenta se “conter” para
não realizar ações que até pouco tempo, na sua infância, lhe eram próprias, temendo ser
vista/o de maneira diferenciada/o por seus pares e familiares.
As crianças têm de aprender a se comportar de forma adequada em relação à
sociedade em que vivem. [...] A maioria faz isso automaticamente e de bom
grado: elas querem ser como seus pares. Mas se por acaso elas aparecem
com algumas idéias estranhas, seus pares logo lhes lembram as punições que
sofrem os que são diferentes (HARRIS, 1999, p.219).
Assim, a/o adolescente recém se desfazendo de alguns comportamentos infantis, pode
perceber-se, muitas vezes, tendo atitudes pueris, mas vendo-se frente à sociedade, querendo
principalmente ser aceito por seus pares, recua, preterindo alguns desejos que ainda fazem
parte do seu imaginário infantil, que poderiam ser vistos por seus pares e familiares como
inadequados em relação a fase que está vivenciando:
(...) é uma idade que tu passa por mudanças, tu passa do comportamento de
ser criança pra já um pouco mais maduro, até chega a idade adulta, (...) tem
mais responsabilidade, leva as coisa assim mais a sério (...) pra mim
sendo bom, melhor do que na parte de ser criança (...) porque as pessoas
confiam mais em ti (8M).
Desta forma,
a qualidade afetiva de relações da família durante a adolescência [...] está
associada com os níveis elevados de intimidade e da relação de confiança
pessoal com os pais; ou seja, sentem-se ligados a eles e, por conseguinte,
têm uma relação estreita com os mesmos. A confiança pessoal do
adolescente é associada com a voluntariedade parental de conceder a
autonomia à criança, a satisfação de aceitação, da flexibilidade, da
comunicação, assim como a sustentação, a participação, e o controle
parental. A qualidade do relacionamento entre o pai e o adolescente é
claramente um fator importante no desenvolvimento da confiança pessoal do
adolescente. Meninas adolescentes que se sentem ligadas às suas mães
vêem-nas como confiáveis, sábias, razoáveis, e confiantes pessoalmente
(LOPES, 2007, p.2).
É necessário instituir uma relação de confiança recíproca entre pais e filhas/os; as/os
adolescentes precisam confiar em seus pais e saber que seus pais também confiam nelas/es,
pois:
81
as influências da família no desenvolvimento do adolescente têm início antes
da adolescência; porém, são particularmente importantes durante a segunda
década da vida. Além disso, as relações familiares são influenciadas pelas
transformações dos adolescentes, podendo por sua vez facilitar ou dificultar
as transições por que eles passam durante esta fase (SPRINTHALL e
COLLINS, 2003, p.351).
A confiança depositada na/o adolescente por parte da família é de suma importância,
pois a família, em nosso meio, é a primeira entidade socializadora da criança e da/o
adolescente. Assim, algumas características deste segmento social têm influência direta nas
peculiaridades da/o adolescente, no seu modo de relacionar-se na própria família; quanto na
sua relação com o ambiente externo. A/O adolescente é parte complementar do sistema
familiar; deste modo, a família deve ser não apenas considerada, mas trabalhada para o
atendimento de adolescentes. Para Forte (1996), necessidade de conhecimento e
entendimento acerca das características do adolescer, objetivando obter uma relação
harmoniosa e facilitadora no decorrer dessa fase. Já, segundo Wagner et al. (1999), a
qualidade da relação entre os membros da família incide em maior ou menor probabilidade de
bem-estar. Mesmo que, nos últimos anos, tenhamos nos deparado com significantes
modificações no que tange à família em geral, conservam-se estáveis os seus papéis de ajuda,
amparo e responsabilidade para com suas/seus filhas/os.
3.3.1 Lazer
Adolescer saudável na visão da população estudada, também, é aquilo que prazer
a/o adolescente, que a/o satisfaz, como o lazer, outro determinante citado na Lei Orgânica da
Saúde como imprescindível para a saúde:
No caso que tu curte mais a vida, tu não trabalha, tu sai mais pras festas,
curte, vai viajar, vai sair com os amigos, isso daí é positivo no adolescente,
não tem preocupação (9M).
(...) é aproveitar bastante, fazer muita coisa que o pode fazer quando é
criança e não pode fazer quando já é adulto, é pra aproveitar bastante, é
sair, é namorar (...) aproveitar a vida, pra sair, pra tudo, eu acho que é a
melhor fase (4F).
Aproveitar ir em festa, estudar, ficar com a família (7F).
82
(...) como namorar, sair pra festa, amigos (2M).
Tu sai, te diverte, acho que é isso (risos) porque quando tu é criança tu não
pode fazer nada (risos) (5F).
O lazer é um componente essencial no processo do bem-estar mental (PORTINHO,
2007), até mesmo para que elas/es possam espairecer diante de mudanças físicas e emocionais
que ocorrem nessa fase da vida, além das novas responsabilidades que lhes são atribuídas:
(...) quando a gente chega na adolescência é uma hora, que nossos pais nos
cobram mais, estudo e a responsabilidade, e o lazer é uma hora que tu tem
pra ti (...) eu acho que, que às vezes fica tão assim, tão estressada com tudo,
então eu, se eu saio, pra festa, eu danço, mas danço anão sentir os pés, ai
acalma, acalma tudo, como eu digo, acalma os hormônios (1F).
As/Os adolescentes destacaram suas opções de lazer:
Jogo vídeo game (...) vou ao futebol (...) curtir um pouco, desvirtuar da vida,
esquecer dos problemas, de tudo, e brincar (...) vamos supor, se tu combina
com os guris de dar uma volta no centro, só pra sair mesmo, conversar com
os amigos (9M).
Às vezes eu caminho, mas aí são com as minhas amigas mesmo (4F).
Adoro escutar música (...) a minha paixão é música, adoro música, tudo que
é tipo de música, eu tenho que tá ouvindo um som, alguma batida (...) eu
gosto de tá sempre com as minhas amigas, sempre com elas (10F).
Abro meu orkut (...) lavo a louça, volto, vejo tv, a novela de preferência, vou
pra internet (1F).
Através do exposto pelas/os adolescentes, foi possível observar que são várias as
atividades desenvolvidas para desfrutarem seus momentos de lazer. Vemos que as novidades
do mundo eletrônico estão em evidência como a Internet que, além de se constituir num meio
de obter informações e conhecimentos, também auxilia na construção de amizades e vínculos,
assim como as festas denominadas pelas/os estudantes de baladas. As festas são momentos
nos quais as/os adolescentes se divertem, conhecem pessoas, trocam experiências, além de
iniciarem suas vivências em outro ambiente social que não o familiar e nem o escolar,
passando a construir suas identidades a partir da interação com seus pares nesse novo meio
socializador. Esses dados estão em consonância com os resultados de um estudo realizado
pela Fundação Perseu Abramo, sobre a conduta da/o adolescente brasileira/o em relação às
suas horas livres, durante a semana, verificando que 55% delas/es assistem televisão, 36%
83
ouvem música e rádio, 20% gostam de sair ou dialogar com amigas/os e apenas 15%
desfrutam da leitura de livros e revistas (AMORIM, 2003). Logo,
jovens e adolescentes de distintas épocas, lugares e ambientes sociais
procuram constantemente dar às suas ações um estilo de vida que lhe seja
peculiar, estilo este muitas vezes caracterizado pela inovação, pela negação
dos valores considerados tradicionais. O lazer assume nesse sentido um
contexto de possível fruição destas expectativas, atrelado a valores e
significados que influenciam e são influenciados pelo modo de vida deste
jovem em sua cultura mais ampla (UVINHA, 2007, p.3).
A ansiedade de sair de casa, de ir a uma festa, faz parte do processo de adolescer, bem
como a satisfação e felicidade por conseguir se divertir:
Pode sair, não toda hora saindo, pode sair ás vezes (...) é uma fase que tu
fica ansioso assim e quando tu faz a coisa, tu fica tão feliz que passa (...)
eu ansioso pra ir numa festa, aí, incomoda, incomoda, incomoda os pais
pra ir, quando eu volto fica felicidade, tu volta à adolescência (1F).
A procura pelo prazer está associada ao imediatismo e à busca da felicidade da/o
adolescente. Poder realizar o que lhe prazer, como: utilizar a Internet, encontrar amigos,
alimentar-se de gorduras e doces, desvendar o novo. A urgência é o presente, o agora.
Amanhã é algo contemplativo, logo, complicado de ser compreendido (HEIDEMANN, 2006).
A/O adolescente apresenta uma certa ansiedade quanto ao que deseja, parecendo ser
normal, entre elas/es, um sentimento de aflição por fazer e/ou obter as coisas, ou seja,
pressa em realizar seu desejo, o mais rápido possível, o que lhe traz satisfação, e bem estar, à
medida que desfaz-se daquele desejo, além de conseguir alcançar seu objetivo. Ao mesmo
tempo em que um contentamento em conseguir o almejado, é importante salientar que a
pressa, às vezes, pode prejudicar a/o adolescente, por não refletir suficientemente sobre as
suas ões, decisões e possíveis conseqüências podendo arrepender-se de algumas atitudes ou
comportamentos adotados.
As atividades domésticas podem fazer parte do lazer da/o adolescente: Eu escuto
música, arrumo a casa (risos) (5F): “O envolvimento de crianças e adolescentes na atividade
doméstica pode constituir-se em (...) uma via de promoção a determinadas metas de
socialização, tais como, comportamento pró-social, autonomia e principalmente
responsabilidade” (PONTES e LIMA, 2006, p.3).
As/Os adolescentes também apreciam o período da adolescência por terem a
oportunidade de apenas estudar:
84
(...) acho que tu tem que curtir, porque depois tu tem que começar a te
preocupar com pagar conta, cuidar dos filhos, família, trabalho (...) então
eu acho que um aspecto positivo assim, é que tu não tem com o que te
preocupar muito, a única coisa que eu me preocupo é meus (tosse) estudos
(...) então eu acho que tu vai te preparando pra depois fazer isso,
trabalhar, comprar comida, roupa (...) eu aproveitando a chance que eu
tive de estudar (10F).
(...) de estudar (...) não ter preocupação com salário, não ter preocupação
com o que que tu vai ter que fazer pra amanhã tu poder comer, pagar luz,
água, contas (2M).
Entretanto, “à medida que aumenta a idade, o percentual de jovens que somente estuda
diminui, crescendo o dos que estudam e trabalham ou somente trabalham” (ROZENBERG e
TENDRIH, 2007, p. 34).
Ainda, foi ressaltada a falta do desejo de estudar:
Ah tem uns que não gostam de estudar (...) e ainda sempre discutindo com
pai e mãe (5F).
Porque tem que estudar (risos) e eu odeio estudar (risos) depende da
matéria (...), mas eu sei que eu tenho que estudar, mas eu não quero estudar,
e aí fica aquela coisa na cabeça sabe, estudo, e não estudo (1F).
O aprendizado nem sempre proporciona satisfação. Estudar, pode constituir-se numa
vivência dolorosa de compromissos, cansativa e irritante. Para quem está a procura somente
de fontes que disponibilizam o prazer, estudar geralmente é muito desagradável e sem graça
(HEIDEMANN, 2006). Neste sentido, a ansiedade e
a angústia que muitos adolescentes conhecem é freqüentemente responsável
pelo desinteresse súbito pelos estudos. Para se afirmar, é necessário ir contra
alguma coisa. O adolescente tenta romper com o passado, particularmente
com os valores nos quais acreditou até então, os valores de sua família e de
seu meio social – a inteligência, os estudos e o sucesso passam a ser negados
(ANDRADE, 2007, p.2).
Os pais podem também aproveitar para expor a necessidade de limites e
responsabilidades, seja na hora de estudar, de cumprir compromissos previamente agendados,
dentre outros, ou seja, mostrar que necessidade de limites e encargos em diversas ocasiões
em nossa vida.
85
3.3.2 Respeito aos limites
As/Os participantes da pesquisa enfatizaram também a importância de curtir esta fase,
da vida, respeitando limites no que se refere aos horários, aos ambientes e modos de se
comportar:
Adolescência? É uma idade em que todas as adolescentes têm que se divertir
(...), mas também tem que ter limites naquilo que faz (...) voltar pra casa
cedo, avisar pros pais a hora que sai, a hora que volta (...) saber se
comportar (6F).
Outeiral (2003) enfatiza que as crianças e as/os adolescentes “solicitam limites” e que
o “limite” as/os subsidia na organização da sua mente. As/Os adultas/os, às vezes, não
impõem limites pelo fato de ser mais conveniente para elas/es, pois colocar limites implica em
conter a/o adolescente, agüentar e resistir as suas reivindicações e protestos. Os limites são
importantes, mas não podem ser impostos, devem ser fruto de uma transação entre adultos e
adolescentes, com um motivo de ser e uma razão que a/o adolescente entenda
(HEIDEMANN, 2006):
Colocar limites e ser ao mesmo tempo objetivo, apoiador e democrático não
é tarefa fácil para muitos pais, principalmente quando se sentem julgados e
criticados pelos filhos. [...] para que os adolescentes consigam dominar essas
etapas do desenvolvimento da adolescência, a família deverá ser forte,
flexível e capaz de suportar o crescimento e as transformações de seus filhos
(CRUZ, 2007, p.48).
Neste sentido, “os adultos poderão também ter problemas em colocar “limites” em
função de problemas com os seus próprios pais, ou seja, (...) sentindo-se “reprimidos” nas
suas infâncias e adolescências, têm dificuldades com seus adolescentes” (OUTEIRAL, 2003,
p.31). Por isso, devemos ter cuidado, pois ao tentarmos impor ou explicar a importância dos
limites, algumas circunstâncias familiares podem favorecer situações de vulnerabilidade ao
adolescente, sendo assim responsáveis por episódios de dificuldades como: extrema
permissividade, conflito entre os pais, contrastes de valores, exemplos inadequados, extrema
rigidez, dentre outras (COLLI, 1984).
Em meio a tantas diversidades encontradas no universo adolescente, alguns
comportamentos presentes nesse período da vida foram apontados pelas/os alunas/os:
86
Acho que é a rebeldia da gente, às vezes a gente fica confuso, o sabe o
que vai fazer, muitas vezes tem muitos adolescentes que não aceitam o que
os pais querem pra gente, isso daí eu acho mais complicado (9M).
Geralmente muitos são rebeldes (5F).
“Em termos psicanalíticos, o id, caldeirão fervente de impulsos e inconscientes
voltados para o sexo e para a agressão, atinge sua força xima durante a adolescência”
(SPRINTHALL e COLLINS, 2003, p.507).
Acreditamos que o fato das/os adolescentes não aceitarem, muitas vezes, imposições
ou opiniões dos pais relaciona-se à busca de independência. Logo, aceitar determinados
conselhos e auxílios dos pais torna-se uma tarefa difícil, visto que a/o adolescente procura
justamente o contrário, ou seja, deseja solucionar seu problema sozinha/o, mesmo ainda não
tendo o amadurecimento necessário para tal conduta. o quer ser visto como uma criança
que ainda precisa de ajuda e suporte. Esse tipo de impasse é visto como um ato rebelde ou de
rebeldia por parte da/o adolescente.
Para Outeiral (2003, p.26)
a viabilidade interna-externa é enorme e o interjogo fantasia-realidade é
excitante, triste ou exultante. Tudo acontece com um ritmo intenso de ação, e
não é fácil “entender” tais flutuações anímicas, escapando, às vezes, à
compreensão do próprio adolescente que as vive com intensidade, e, em
alguns casos, com perplexidade.
As variações de humor da/o adolescente são constantes, merecendo destaque frente à
complexidade do adolescer, como pode-se ratificar através das respostas que seguem:
Vario muito de humor toda hora (...) ah, eu uma hora estou feliz, rindo,
outra hora eu já estou bem séria, outra hora já estou brava (10F).
Nesse sentido, tem sido causa de algumas inquietações por parte dos pais: a rebeldia
da/o adolescente; essa labilidade do seu temperamento, a influência das/os amigas/os, os
conflitos escolares e o começo das relações sexuais (ROCHA, TASSITANO e SANTANA,
2001).
Acho que depende do que acontecendo em casa, no colégio (...)
influencia, eu acho. Em mim, não influencia em nada, mas acho que, ao todo
dos adolescentes, influencia bastante (4F).
87
Através do exposto por 4F, não apenas os hormônios podem ocasionar mudanças no
humor das/os adolescentes; problemas ou situações vivenciadas em casa, na escola, ou seja,
no meio em que a/o estudante se encontra inserida/o podem influenciar de maneira
significativa nas suas mutações do humor. Assim, consideramos importante visualizar a/o
adolescente não apenas como corpo e mente, mas vê-la/o numa integralidade, atentando
também para os problemas que pode estar enfrentando, como doenças, problemas na família,
dificuldades financeiras. Os sentimentos evoluem de maneira instantânea e a/o adolescente
não os compreende e pode não ter habilidade suficiente para lidar com essa combustão de
pensamentos e anseios que dominam sua existência (HEIDEMANN, 2006).
Até o comportamento (...) estúpido às vezes por nada (...) é bem diferenciado
porque tem vezes que ele tá bem brabo por nada sabe, e ele, o adolescente é
alegre tudo ri, mas tem horas que triste, mas por nada, assim, se sente
sozinho (...) (6F).
O comportamento agressivo da/o estudante na escola, com a família e no seu círculo
social, tão recriminado e detestado, aparece em resposta a sua desordem interna
(HEIDEMANN, 2006).
Devido às glândulas endócrinas lançarem hormônios na corrente sanguínea,
o adolescente é levado a experimentar novas emoções e sensações. Em
virtude dessas emoções e sensações, as mudanças de humor e
comportamento podem se tornar profundamente instáveis durante o dia.
Enquanto é possível vê-lo cantando e feliz pela manhã, à tarde poderá estar
quieto e triste ou profundamente revoltado e abatido (OLIVEIRA, 2004,
p.6).
Uma outra dificuldade apontada pelas/os entrevistadas/os é a falta de compreensão de
algumas/ns adolescentes acerca do seu vivido, principalmente no que diz respeito a questões
financeiras:
(...) tem um pouco de dificuldade de compreender os troços, de compreender
o que é a vida de verdade, o que uma mãe passa pra ti adquirir os troços,
pra dentro de casa, o que a mãe passa pra te dar uma roupa. Isso, o
adolescente não bola às vezes, ah acha que é cil, “ah eu quero isso, e
quero por que quero” e aí a mãe vai lá e dá. Tem muita mãe que dá, e
outras não, e eles não sabem a dificuldade da vida, e isso eu acho que
dificulta um pouco pro adolescente, que ele não sabe a vida de verdade
mesmo que a mãe da gente passa, ou qualquer outra pessoa, eles não sabem
(...) eu não tinha frescura de roupinha de marca (...) pra mim pode ser uma
calça de vinte reais (...) eu tenho um primo totalmente ao contrário,
88
usa roupa de marca, sempre, sempre quis as coisas, falava ‘olha eu quero
essa roupa’ (9M).
Adolescentes da geração ter são as/os eleitas/os pelos ataques dos meios de
comunicação e seus objetivos de venda de mercadorias, estando sempre à frente de novas
tecnologias difundidas no comércio e daí por diante. Aparentam não disponibilizar de tempo
para apresentarem crises existenciais. Logo, o que importa nesse momento parece ser o ter
sem considerar o valor desembolsado para se obter tais mercadorias, o que pode fazer com
que se frustre, pois nem sempre suas condições de vida podem satisfazê-la/o.
O exposto por 9M nos faz refletir também acerca dos valores, ou seja, parece que
algumas/ns adolescentes não têm o bito de valorizar o esforço de seus pais na conquista de
elementos importantes para um viver saudável, ou, até mesmo não foram instigadas/os
tenramente a valorizar pequenos gestos e comportamentos que muitas vezes podem dar um
maior sentido à vida, como: conservar amizades, ser honesta/o com as pessoas e nas suas
atitudes, não valorizar excessivamente o consumismo, dentre outras.
3.3.3 Enfrentamento da separação dos pais
Um aspecto bastante presente na fala das/os entrevistadas/os foi o sofrimento
ocasionado pela separação dos pais, vivida por 5 adolescentes e por conflitos em
relacionamentos afetivos, sobressaindo sintomas como: o sentir vontade de fazer nada,
manter-se quieto, não falar com ninguém, choro, falta de apetite e o surgimento de alguns
questionamentos “internos”, de desesperança na busca por respostas para dificuldades
vivenciadas:
(...) senti muito, porque eu era o filho mais apegado nele, a gente sempre
andava junto, eu era o filho mais apegado a ele, daí eu senti muita falta de
início, como qualquer pessoa (...) qualquer filho ia sentir, porque nenhum
filho aceita que os pais se separem, mas é a vida, e de início eu senti
muita falta (...) essa época quando o meu pai separou, foi, acho que o
momento que mais marcou (...) eu não sentia vontade de fazer nada, não
tinha graça de nada, e ficava quieto no meu quarto (...) não falava com
ninguém... me fechei (9M).
89
O fato de 9M não sentir vontade de fazer nada, mas de isolar-se no quarto, com
sentimentos de sofrimento e, a mesmo, de desesperança, parecem evidenciar sinais e
sintomas não apenas de tristeza, mas de depressão, possivelmente decorrente da situação
vivenciada pela separação dos pais, o que é confirmado por Heidmann (2006, p.115):
Os fatores ambientais podem causar depressão, dependendo da
vulnerabilidade de cada adolescente e de cada etapa evolutiva do
desenvolvimento adolescente. Fatores como perda de um dos pais, separação
dos pais, mudanças de ambiente, maus-tratos, abusos físicos e sexuais,
rejeição racial, problemas de iniciação sexual, namoro frustrado, gravidez e
DST, exigências escolares, vestibular, podem desencadear processos
depressivos.
A influência da carência paterna no decorrer do desenvolvimento de um filho é um
assunto bastante difícil. Paralelamente aos muitos aspectos particulares de cada caso, é
imprescindível analisar o impacto dessa deficiência no desenvolvimento não apenas
comportamental, mas psicológico e intelectual das/os adolescentes (EIZIRIK e BERGMANN,
2004).
As/Os adolescentes destacaram, em diferentes momentos, a separação dos pais como
um fenômeno que lhes trouxe sofrimento e mudanças no modo de ser e sentir:
Horrível, eu acho que foi a pior fase da minha adolescência. Todos os dias
eu chorava, todos, todos os dias (...) em casa antes de dormir eu sempre
chorava, eu sempre rezava pra que eles voltassem (4F).
(...) meu pai ... muito tempo. Eles acabaram brigando uma vez e se
separaram, eu não gosto muito de tocar nesse assunto (2M).
Para Colli (1984), no processo de amadurecimento emocional da/o adolescente,
comumente um grande valor é aplicado à separação dos pais, mas não se trata apenas de uma
separação, mas também de uma alteração nas relações da/o adolescente com sua família,
mudanças essas imprescindíveis a uma postura adulta e madura, pois sabemos “que a
identificação grupal e a ligação com seus pares são aspectos importantes para o adolescente
na construção de seus valores, atitudes e comportamento. Nessa trajetória para o mundo
adulto, a família permanece como marco referencial de modelos e papeis” (COLLI, 1984,
p.7). A separação dos pais gera transtornos, seja ausência paterna ou materna, podendo
ocasionar uma lacuna com, a falta de um genitor que possa efetivamente guiar e/ou auxiliar
a/o adolescente em diversos momentos importantes de sua vida. Os pais ausentes em relação
90
a/o adolescente seja por separação, abandono, morte, ou ainda aqueles pais pouco
participantes ou omissos, passam a ser substituídos por outros familiares; mesmo assim, pode
faltar a/o adolescente, um referencial e uma relação peculiar e indispensável para o seu
desenvolvimento. Nesse momento, a/o jovem ainda pode enfrentar a solidão ou a constituição
de um segundo núcleo familiar (COLLI, 1984).
As/Os adolescentes experenciam sofrimentos relacionados às grandes modificações
associadas ao seu desenvolvimento como um todo. Além disso, tem dificuldades em lidar com
uma situação adicional de tensão, ocasionada pela separação dos pais. A desordem familiar e
a separação dos pais são alguns dos problemas que precisam ser encarados pelas/os nossas/os
adolescentes (SPRINTHALL e COLLINS, 2003).
Assim como as/os adolescentes não se sentem bem com tal situação, o enfrentamento
desta problemática também se torna difícil para os pais, dificultando um posicionamento
adequado frente a essa nova etapa de suas vidas, ou seja, os pais podem não estar preparados
e/ou não saber lidar com esta nova circunstância. Neste sentido, entendemos como necessário
o apoio profissional, seja através de uma orientação educacional oferecida pela escola, apoio
psicológico fornecido pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), com o intuito de amenizar
todo e qualquer conflito que possa prejudicar ou atrapalhar o processo de adolescer saudável.
3.3.4 A inserção no mundo do trabalho
A/O adolescente também pode ser vista/o num contexto comum em nosso país, ou
seja, sua inserção no mercado de trabalho, poderia sobrecarregar-se à medida em que se vê,
muitas vezes, compelida/o a trabalhar. Tal decisão pode ter relação direta com a renda
familiar precária, a qual o contempla todas necessidades da família, sendo evidente a
influência da renda familiar sobre o aspecto ocupacional das/os adolescentes e o almejado
equilíbrio entre a formação profissional e escolar, além da sua inclusão precoce no mercado
de trabalho (ROZENBERG e TENDRIH, 2007). Além disso, o trabalho é uma forma da/o
adolescente firmar-se como adulta/o frente à sociedade e de mostrar que já tem
responsabilidade, podendo, a partir daí, tomar suas próprias decisões: “De uma maneira geral,
podemos dizer que o trabalho assume um lugar privilegiado para os jovens como
91
possibilidade de construção de sua autonomia e reconhecimento perante os familiares e
amigos” (LEÃO, 2007, p.3). Pode-se comprovar tal inserção a partir das falas que seguem:
Trabalhei no ... fiquei três meses , só o contrato (...) quando chegou o
novo gerente, me botou pra rua. (...) E depois de vendedor, que eu não
assinei carteira, eu era autônomo (...) vendia tudo (...) Era um depósito (...)
eu vendia, no caso, e ele entregava os pedidos, os produtos que os mercados
compravam (...) (9M).
Eu tava trabalhando num xerox universitário (6F).
Mesmo com tão pouca idade, vemos a inserção desta população no mercado de
trabalho, seja por necessidade financeira, auxílio à família, realização pessoal. Essas/es
adolescentes estão experienciando o trabalho, assumindo responsabilidades, tendo
iniciativas, resolvendo problemas e recebendo seu primeiro salário:
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho
infantil existe quando a criança ou adolescente, pelo conflito de horários, se
impedida de ir a escola, é reprovada por excesso de faltas ou o
rendimento escolar se reduz a ponto de colocar em risco a aprovação no
curso. Isso sem mencionar cansaço, doenças, possibilidade de acidentes de
trabalho, perdas de oportunidades de socialização e lazer etc (ROZENBERG
e TENDRIH, 2007, p.35).
Neste sentido, apresentamos um estudo
realizado com a participação de 397 alunas/os
com idade entre 14 e 18 anos de uma Escola Pública da cidade de o Paulo, que objetivou
avaliar as variáveis associadas às condições de vida, de trabalho e a duração do sono entre
estudantes do período noturno. Sobre a jornada
diária de trabalho, 28,5% responderam que
trabalham
mais de 8 horas, e 43,7% das/os entrevistadas/os disseram que trabalham mais de
40 horas semanais (FISCHER et al., 2003). Em relação ao sono, estudantes do sexo masculino
que freqüentavam a e a série do ensino médio, disseram ter sono durante as aulas e no
trabalho (FISCHER et al., 2003), o que demonstra o possível comprometimento da atividade
escolar pela inserção precoce no mercado de trabalho.
A/O adolescente, além de já ter se inserido previamente no mercado de trabalho,
demonstra, também, seu desejo e expectativa por voltar a trabalhar:
Até acho que vou embora pra Santa Catarina no final do ano, se der tudo
certo, porque a minha família estoda indo pra lá; se der eu vou também
trabalhar lá. A mãe não quer ir, mas eu vou fazer minha vida; mas, não sei,
eu acho que eu vou esperar ainda terminar o segundo ano, aí eu vou (9M).
92
Vemos o desejo por trabalhar e ascender pessoal e profissionalmente, assim como
também uma certa insegurança, talvez, advinda da própria inexperiência e da visão de que,
para alcançar seus objetivos, será necessário distanciar-se de sua família, indo morar em outro
lugar, na busca por um melhor mercado de trabalho. Ter um ofício, trabalhar, ter êxito. É
necessário crescer e tornar-se adulto, mas a vontade de ir em frente e o receio do
desconhecido parecem confundir-se (ANDRADE, 2007).
Em relação à preparação para o trabalho, as/os adolescentes estão procurando
oportunidades não apenas de emprego, como para o exercício de uma atividade, como
evidenciamos na seguinte fala:
Vou começar a fazer ano que vem só, porque esse ano eu fiz ... a prova,
que não me chamaram pra entrevista, eu era muito novinha, esse ano eu
fiz de novo. Tu fazes o curso e trabalha e ganha dinheiro também. É um
monte de curso que tu pode fazer, informática, ah é um monte que envolve
ali, naquele projeto, que é o menor aprendiz. É um curso que tu faz e
trabalha, são acho que 6 meses de curso, tu trabalha e também faz o
curso (...) é isso que eles pretendem fazer, já deixar nas firmas, muitos
ficam, outros não, depende do desempenho (5F).
O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) objetiva combater o
desemprego juvenil através de ações que instiguem a inserção de jovens no mercado de
trabalho. O público-alvo deste programa são jovens entre 16 e 24 anos, que não tenham
experiência prévia no mercado formal, oriundos de famílias com renda inferior a meio salário
mínimo e com pouca escolaridade. Para fazer parte do referido programa, as/os jovens devem
estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio, e se cadastrarem em uma das agências do
Serviço Nacional de Emprego - SINE (LEÃO, 2007).
Mesmo assim, salientamos que
se o trabalho tem um valor central para jovens como possibilidade de
autonomia e reconhecimento, sua ausência tem representado uma
dificuldade, contribuindo para aumentar a incerteza e a sensação de risco.
Para alguns jovens que têm melhores recursos econômicos, culturais e
sociais, esse período pode ser usado como um tempo de investimentos na sua
formação geral ou profissional, se preparando para o vestibular ou fazendo
um curso profissionalizante (LEÃO, 2007, p.4).
Essas são algumas discrepâncias no universo adolescente, aquelas/es que têm como
afastar-se do mercado de trabalho, o fazem, optando por continuar os estudos e pleitear uma
melhor colocação profissional, o que refletirá possivelmente num salário mais condizente e
93
melhor qualidade de vida. aquelas/es que não têm condições de continuarem os estudos e
que se vêem necessitadas/os de começarem a trabalhar, têm de enfrentar essa realidade
como forma de sobrevivência e de ajuda em casa nos gastos.
Mesmo tendo que iniciar sua vida profissional, consideramos também de suma
importância que a/o adolescente tenha momentos de lazer, ou um turno vago para que possa
se dedicar aos estudos em casa, para que seu rendimento escolar não seja prejudicado em
decorrência do trabalho. É relevante que as famílias conversem com suas/seus adolescentes
sobre a questão do trabalho e do estudo, tentando enfatizar sua importância em suas vidas:
A escola é quase tudo para o adolescente: é o seu local de trabalho, é o
núcleo de convívio social e, por piores que estejam estruturados os
currículos, representa o meio pelo qual ele adquire os conhecimentos
básicos, que servirão mais adiante para o treinamento profissional ou para
ingressar na universidade (SOUZA, 1996, p.51).
O trabalho, por sua vez, pode oportunizar novas experiências e contribuir na sua
formação como cidadã/ão. Enfatizamos ainda a necessidade de evitar conflitos, no que diz
respeito às escolhas profissionais e projetos de vida das/os filhas/os. Manifestações de
diálogos, aceitação e carinho como princípio disciplinar conferindo abrigo, mas
paulatinamente expressando independência, contribui com as/os adolescentes para que
estas/es se sintam amadas/os, acolhidas/os e protegidas/os pela sua família (ROCHA,
TASSITANO e SANTANA, 2001), pois “o fortalecimento das famílias a partir da melhoria
da auto-estima permite que se identifiquem potencialidades, perspectivas de vida e futuro, que
acionem os serviços públicos de atenção e que consigam superar alguns fatores limitantes do
processo participativo” (ROCHA, TASSITANO e SANTANA, 2001, p.41).
3.3.5 Desejo de auto-realização
Também fazem parte, do adolescer saudável, a auto-realização e as expectativas de
vida das/os adolescentes:
Pra mim é uma vida estável (...) que tu possa fazer o que tu quiser, na
medida do possível, comer as coisas normal. Que possa fazer tudo, que não
94
tenha limite das coisas (...) não ter muito trabalho, passar trabalho na vida
(9M).
Ter uma vida estável requer observar vários aspectos do cotidiano, dentre eles, suas
condições físicas, psicológicas, sócio-culturais e econômicas para o enfrentamento dos
obstáculos que surgem no dia-a-dia. Para tanto, devemos lembrar que:
a adolescência resulta de alterações estruturais e funcionais no organismo
(de um perfil anterior de criança para um de adulto) e também do intenso
desejo de auto-afirmação, levando a conflitos interiores. É um verdadeiro ser
(criança) ou não ser (adulto) diário, que gera ansiedade pelo confronto entre
o que a sociedade exige e o que o adolescente realmente necessita como ser
em crescimento (ALMEIDA, RODRIGUES e SIMÕES, 2007, p.24).
No adolescer saudável, verificamos também que algumas/ns adolescentes pensam em
ascender profissionalmente e retribuir a ajuda recebida das pessoas que um dia lhes ajudaram:
Eu penso em crescer muito, ter minha casa, meu carro, ajudar o dia que
tiver tudo isso, retribuir pra pessoa que me criou, a minha no caso, levar
ela pra morar comigo, ajudar a minha mãe (9M).
Eu tenho que estudar agora, pra mim poder crescer, pra ter um bom futuro
depois (2M).
um anseio em ter os seus próprios bens materiais, satisfazendo assim seus sonhos,
que no momento não podem ser realizados, seja pela impossibilidade financeira ou, até
mesmo, porque ainda são adolescentes. Também verbalizam seu desejo de ajudar as pessoas
que um dia lhes auxiliaram a trilhar os seus caminhos e a realizar seus projetos de vida.
O Projeto de Vida é também uma forma de dar-se a conhecer para si e para
os outros por meio dos anseios, dos planos de vida e da ampliação de
possibilidades que articulam realizações, como ter uma profissão, um
trabalho, casar, ter filhos, ter acesso aos bens de consumo (casa, carro,
apartamento etc.) (NASCIMENTO, 2006, p.6).
Desta forma, é interessante antes de planejarmos alguma intervenção, realizar uma
reflexão acerca de como estas/es adolescentes, embasando-se nas suas histórias e no seu dia-
a-dia, pensam sobre o futuro e de que maneira elaboram sua inclusão social no mundo adulto
(NASCIMENTO, 2006). Falamos da escola, e podemos dizer que a ênfase do que discutimos
é que a escola não está assumindo sua tarefa, ou seja, o está preparando adequadamente
as/os alunas/os para a vida. Está preparação transita entre o desenvolvimento de capacidades
95
para lidar com a vida diária e suas desventuras, alcançando-se assim o bem-estar na vida.
Resumindo, é de suma importância que a escola se transforme no intuito de oferecer aos
adolescentes ocasiões de conquistas e desenvolvimento em sua vida (NASCIMENTO, 2006).
Temos de levar em consideração que a educação das/os estudantes ainda está atrelada aos
conteúdos das disciplinas curriculares obrigatórias e à formação escolar. As/Os professoras/es
não estão preparadas/os para lidar com a/o adolescente, ou seja, com a construção desse ser
de desejo, de limitações, de necessidades e possibilidades (PATRÍCIO, 2000). Logo, esse tipo
de educação pode não auxiliar a/o aluna/o na obtenção de êxito no desenvolvimento de seu
projeto de vida:
O grande desafio em relação aos adolescentes e jovens é lhes propiciar
condições para a constituição de um projeto de vida que seja socialmente
integrado, envolvendo algumas dimensões: exercício da autonomia e
inserção no mercado de trabalho; redução dos comportamentos de risco e
exposição à violência; possibilidade de integração familiar e viabilidade de
participação política e social (ROZENBERG e TENDRIH, 2007, p.36).
Nessa etapa da vida, não apenas a/o adolescente se percebe, como também é vista/o
por nós, diante do desafio de escolher sua profissão, sentindo-se confusa/o. Esse conflito
tende a se agravar à medida que a/o estudante percebe que está próximo o momento de definir
sua profissionalização. Algumas/ns adolescentes sentem-se sozinhas/os e sem ajuda no
momento de optar por uma profissão. Além de receberem uma grande carga de informação,
passam a preocupar-se com as experiências do mercado de trabalho, a competição e a
necessidade de possuir muitos conhecimentos em várias áreas para alcançarem sua inserção
neste mercado. O melhor seria se pais e filhas/os pudessem projetar juntas/os o futuro das/os
filhas/os e até optar pelo auxílio de uma/um orientador/a educacional. É relevante que a escola
não se limite a somente proporcionar material informativo a/o adolescente, mas que crie
ambientes de reflexão que as/os subsidiem a pensar em suas escolhas profissionais, gerando
assim uma discussão entre colegas, pois, sabemos que trabalham bem em grupo e as/os
colegas podem apresentar parâmetros significativos para que percebam seu grau de
amadurecimento e mobilização frente a suas escolhas (LEMOS, 2002).
Assim, a adolescência é marcada também pela escolha da profissão, o que se apresenta
mais difícil pelo fato desta população não possuir metas definidas e também por entender seus
anseios próprios como menos relevantes no universo adulto, numa dissociação entre
obrigação e prazer (BARRETO e AIELLO-VAISBER, 2007). É indispensável compreender
que, ao se tornarem adolescentes, essas/es estudantes almejam ser independentes como
96
pessoas, com projetos, vontades e identidades próprias que as/os representam (ROCHA,
TASSITANO e SANTANA, 2007). Logo, parece necessário o auxílio, principalmente da
família, no sentido de ajudar essas/es adolescentes na definição ou na construção do seu
projeto de vida, a decidirem o que é melhor para si, subsidiando-as/os no alcance dos seus
objetivos de vida.
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo compreender a percepção de adolescentes
acerca do processo de adolescer saudável. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com dez adolescentes de ambos os sexos matriculadas/os em uma escola pública
na cidade de Pelotas-RS. A partir dos dados emergidos, foram elaboradas três categorias de
análises, são elas: Modos de viver um adolescer saudável, Relacionamentos e Interações no
adolescer saudável e Tornar-se adulto.
Na categoria Modos de viver um adolescer saudável, percebemos hábitos de vida
reconhecidos como saudáveis sobressaindo-se como relevantes para um adolescer saudável,
dentre eles: alimentar-se e hidratar-se adequadamente, manter cuidados com a higiene e a
aparência pessoal, usufruir de um período necessário para repouso, dispor de condições
adequadas de moradia e de saneamento básico.
Em relação aos recursos de saúde, foi evidenciado como relevante, para um adolescer
saudável, o acesso à Rede Básica de Saúde e, até mesmo a Rede Hospitalar, o que requer a
necessidade das instituições de saúde e de suas/seus profissionais, estarem capacitadas/os para
receber e atender as/os adolescentes em suas especificidades, entendendo este período do seu
processo de viver e, principalmente, reconhecendo e valorizando seu contexto de vida,
aspectos sociais, econômicos, crenças, hábitos, religião, dentre outros.
No que tange à sexualidade e reprodução, as orientações são fundamentais para um
adolescer saudável, para fortalecer e favorecer a segurança necessária para a/o adolescente
exercer sua sexualidade. Parece haver o conhecimento de métodos anticoncepcionais, porém
dúvidas e incertezas quanto ao seu uso, repercutindo na opção e adesão a estes métodos sem
orientação dos profissionais de saúde. também a consciência da importância do uso do
preservativo nas suas relações sexuais, tanto para a prevenção de DST’s, da AIDS como da
gravidez precoce. No entanto, foi possível constatar que ainda persiste um desconhecimento
acerca do modo de contrair o vírus da AIDS, o que requer uma atenção para este fato. A
gravidez pode afetar o processo de adolescer saudável, pois geralmente está associada à
interrupção dos estudos e ao ingresso precoce no mercado de trabalho.
na segunda categoria emergida, Relacionamentos e Interações no adolescer
saudável, o bom relacionamento com as/os outras/os, sejam seus pares ou familiares, também
se mostrou importante para um adolescer saudável. Ainda sobressaíram-se alguns riscos
98
sociais que fazem parte do viver da/o adolescente, como o uso de drogas, o consumo de álcool
e fumo e a violência familiar.
Na categoria Tornar-se adulto, emergiu o entendimento acerca da adolescência como
um período que suscita maturidade, responsabilidade, autonomia, respeito aos limites,
amadurecimento das idéias e atitudes, no qual a importância da confiança por parte de seus
pares e familiares se destaca, pois a/o adolescente está transitando para a fase adulta, o que a/o
torna mais valorizada/o no seu meio de convívio. Emergiu também a relevância de atividades
relacionadas ao lazer como ir a festas, namorar, passear, jogar videogame, escutar músicas,
dentre outras, que podem cooperar no sentido de socializá-las/os, além de poder beneficiar sua
saúde física e mental.
No que diz respeito a algumas dificuldades vividas pelas/os adolescentes, a separação
dos pais foi caracterizada como um momento de sofrimento, solidão e mudanças no modo de
ser, de comportar-se e de estabelecer relações com as/os outras/os.
Um outro aspecto bem presente no mundo da/o adolescente é a sua inserção no
mercado de trabalho. Parece haver o anseio em se incluírem numa atividade remunerada, seja
por necessidade financeira, para subsidiar ou ajudar a família, seja como possibilidade de
realização de seus sonhos. Algumas perspectivas de vida foram destacadas como
fundamentais para um adolescer saudável: o desejo de estudar, ascender profissionalmente,
poder assim adquirir bens, mostrando que, nos diferentes contextos de vida, pensam no futuro,
elaboram projetos de vida, sonhando em torná-los realidade. Estas perspectivas parecem
imprescindíveis e constituem-se em fatores motivacionais na vida das/os adolescentes.
Através do estudo, obtivemos um melhor entendimento acerca da adolescência e de
suas peculiaridades, assim como, sobre o adolescer saudável na ótica das/os adolescentes.
Evidenciamos um conceito ampliado de adolescer saudável, não apenas como a ausência de
doenças, pois emergiram dados que indicam a necessidade de levar em consideração fatores
importantes neste processo, sejam elementos sicos, sociais, emocionais, culturais e
econômicos o que pode contribuir para a prática das/os profissionais de saúde e, em especial,
as/os de enfermagem. Constatamos que a concepção de adolescer saudável dá-se a partir da
visão subjetiva de cada adolescente para com o seu contexto de vida e o modo de vivê-la.
Acreditamos que esta pesquisa poderá servir de subsídio às/aos profissionais e
estudantes de diversas áreas (enfermagem, psicologia, medicina, educação dentre outras),
como também para pais e adolescentes, pois foi possível ampliar o conhecimento sobre esta
fase da vida e, principalmente, compreender o que, na percepção das/os adolescentes, se faz
99
necessário para o seu desenvolvimento saudável. Esses conhecimentos serão úteis e poderão
facilitar o processo de planejamento, elaboração e execução de ações direcionadas às/aos
adolescentes, bem como para o sucesso das iniciativas promovidas, o que contribuirá,
também, para a redução de agravos a saúde desta população.
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Acesso em: 07 nov. 2007.
114
APÊNDICES
115
APÊNDICE A
Srª
Selma Beatriz da Silva Juliane.
Diretora do Colégio Estadual Félix da Cunha
Prezada Senhora,
Como Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da FURG e
desenvolvendo meu projeto de pesquisa, venho por meio deste solicitar a sua autorização para
desenvolver meu estudo denominado: ADOLESCER SAUDÁVEL NA ÓTICA DE
ADOLESCENTES junto aos adolescentes, alunos do primeiro ano A do Ensino Médio; sob
orientação da Drª Valéria Lerch Lunardi e co-orientação da Drª Rosemary Silva da Silveira.
Tenho como questão norteadora estudar: O que seria um processo de adolescer e um
adolescer saudável? Qual seria a percepção de adolescentes acerca do processo de adolescer
saudável?
Entregarei, aos sujeitos do estudo, um documento prestando esclarecimentos quanto à
pesquisa que será realizada, solicitando o consentimento livre e esclarecido, por escrito, tanto
dos adolescentes participantes do estudo, como de seus representantes legais, que desejarem
por livre e espontânea vontade participar deste estudo, respeitando os princípios éticos
envolvidos na pesquisa.
Comprometo-me em assegurar o sigilo profissional, quanto à privacidade dos alunos
envolvidos, bem como quanto aos dados confidenciais abordados no estudo.
Assumo o compromisso ético de devolver-lhes os dados decorrentes deste estudo, tão
logo se finde.
Na certeza de contar com seu apoio, desde agradeço por esta oportunidade, ao
mesmo tempo em que me coloco á disposição para maiores esclarecimentos.
Atenciosamente,
Adelita Campos Araújo
Ciente:......................................................................................................
Data: Pelotas, ..........de ............................................de 2007.
Assinatura e Carimbo da Diretora do Colégio Estadual Félix da Cunha.
116
APÊNDICE B
Consentimento livre e esclarecido da/o participante
Eu,
concordo em
participar do trabalho de pesquisa desenvolvido pela mestranda em Enfermagem da FURG
Adelita Campos Araújo, intitulado
“Adolescer saudável na ótica de adolescentes” cujo
objetivo é compreender a percepção de adolescentes acerca do processo de adolescer
saudável. Para a coleta dos dados realizarei entrevistas, as quais serão gravadas. O referido
trabalho está sob a orientação da Profª Drª Valéria Lerch Lunardi. Declaro que fui
informada/o, de forma clara dos objetivos e da metodologia a ser utilizada no trabalho.
Fui igualmente informada/o:
da garantia de receber esclarecimentos adicionais sempre que necessário acerca dos
procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados ao estudo;
da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do
estudo, sem que isso me traga qualquer prejuízo;
da segurança de que o serei identificada/o, e que se manterá o caráter confidencial das
informações relacionadas à minha privacidade;
de que serão mantidos todos os preceitos ético-legais durante e após o término do
trabalho;
do compromisso de acesso às informações em todas as etapas do trabalho, bem como dos
resultados, ainda que isso possa afetar minha vontade de continuar participando;
de que os resultados do trabalho serão transcritos e analisados com responsabilidade e
honestidade e divulgados para a comunidade geral e científica em eventos e em
publicações em periódicos científicos.
Este documento está em conformidade com a resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde, sendo que será assinado e ficará com a professora responsável pela pesquisa.
Pelotas,
de de 2007.
_________________________________
Assinatura da/o Participante
________________________________
Assinatura da/o responsável legal
Profª Drª Valéria Lerch Lunardi
(Orientadora do trabalho)
(0xx53) 32338855
Adelita Campos Araújo
(Responsável pela pesquisa)
(053) 91463439
Nota: O presente termo terá duas vias, uma ficará com a pesquisadora e a outra via com a/o
participante da pesquisa.
117
APÊNDICE C
Idade:
Sexo:
Série:
Turma:
Tu trabalhas? Se trabalha, onde, como, em que período?
Até que série seu pai estudou?
Até que série sua mãe estudou?
Qual a profissão de seu pai?
Qual a profissão de sua mãe?
O que é adolescência pra ti?
Como está sendo para ti viver o período da adolescência?
O que é saúde para ti?
O que é pra ti ser um adolescente saudável?
O que é pra ti não ser um adolescente saudável?
Achas que o adolescente tem algum tipo de dificuldade nesse período da vida? Se tem, qual é?
Na tua opinião que aspecto(s) positivo(s) tem o período da adolescência?
Na tua opinião que aspecto(s) negativo(s) tem o período da adolescência?
O que tu fazes quando te sentes sem saúde?
Que profissionais costuma recorrer quando está doente?
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