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UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE BOTUCATU
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
Parasitóides, Bruquídeos e Plantas Hospedeiras:
Riqueza de Espécies e Dinâmica Espacial em Escala Local
Ligia Maria da Silva Rodrigues
Dissertação apresentada ao Instituto
de Biociências, Campus de Botucatu,
UNESP, para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas
(Botânica), AC: Morfologia e
Diversidade Vegetal
BOTUCATU - SP
- 2008 -
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UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE BOTUCATU
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
Parasitóides, Bruquídeos e Plantas Hospedeiras:
Riqueza de Espécies e Dinâmica Espacial em Escala Local
Ligia Maria da Silva Rodrigues
Marcelo Nogueira Rossi
- orientador -
Dissertação apresentada ao
Instituto de Biociências,
Campus de Botucatu, UNESP,
para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas
(Botânica), AC: Morfologia e
Diversidade Vegetal
BOTUCATU - SP
- 2008 -
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA
INFORMÃO
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS
Rodrigues,gia Maria da Silva.
Parasitóides, bruquídeos e plantas hospedeiras: riqueza de espécie espacial
em escala local / Lígia Maria da Silva Rodrigues. – Botucatu : [s.n.], 2008.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências, Botucatu, 2008
Orientador: Marcelo Nogueira Rossi
1. Botânica 2. Plantas - Parasito 3. Ecologia vegetal
Palavras-chave: Bruchidae; Dimica espacial; Interações tróficas; Mimosa
bimucronata; Predação de sementes; Riqueza de espécies;
i
Dedicatória:
“Aos meus Pais, Sérgio e Elisabeth,
por serem a base de minha vida
e de meus conhecimentos. Amo vocês!
ii
Agradecimentos
À Deus pela Vida, pela sabedoria, pela saúde, pelas alegrias e dificuldades que
coloca em minha vida... Por sempre guiar meus passos.
À minha família: meus Pais, meu irmão e familiares. Por todo amor e todo
carinho que tem por mim. Por sempre apoiarem e respeitarem minhas decisões.
Por estarem sempre presentes em minha vida, em todos os momentos!
Ao Prof. Dr. Marcelo Nogueira Rossi pela orientação, pelas oportunidades
acadêmicas proporcionadas, oportunidades de ampliar meus conhecimentos, e
trilhar caminhos em minha profissão.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo
auxílio financeiro para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa (Proc.
06/58173-4).
Às amigas de República: Letícia (Bagúio), Luciana (Capitu), Milena e Paula
(Sedada), pela amizade e companheirismo durante todos esses anos de
convivência, algumas por muito tempo (muito!), outras menos tempo, mas todas
importantes em minha vida, cada uma a sua maneira, por estarem presentes nos
momentos felizes e nas dificuldades e também pelas ajudas quando fez-se
necessário.
Às minhas sempre amigas de Jaú, Francely, Cíntia, Marcela, Mariana, Carol e
Mônica, pela grande amizade e carinho mesmo que à distância.
Aos companheiros do Laboratório de Ecologia de Interações Tróficas: Carol,
Débora, Luciana (Capitu), Marcos (Funga), Paula (Sedada) e agregados
(Jéferson, Gabriela e Isabela) e do Departamento de Botânica: Clívia
(Tchuchuca), Letícia (Bagúio), Milena e Natália, pela amizade e pela
colaboração nos trabalhos, pelas idas e vindas de Jaú, pelas lindas filhas para
encantar nosso Lab... E também pelos momentos de descontração!
Aos amigos de graduação, XXXVII turma de Ciências Biológicas – licenciatura,
pela amizade constrda durante cinco anos de convivência diária e que continua
até hoje.
iii
Aos funcionários do Departamento de Ciências Florestais da Faculdade de
Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu, Dicão (Aparecido) e Edson e à
Pro. Drª. Renata Batista Fonseca, pelo auxílio nas coletas na “Mata da Bica”.
Ao Dr. Valmir Antonio Costa e Drª Zuleide A. Ramiro, do Instituto Biogico
de Campinas, pela identificação dos parasitóides coletados, e pelo estágio
realizado. Também à Pro. Drª. Angélica Maria Penteado-Dias (da UFSCar),
pela identificação dos gêneros da família Braconidae.
À Profª Drª Cibele Stramare Ribeiro-Costa, pela identificação das espécies de
Bruchidae.
A SABESP por permitir as coletas em Mimosa bimucronata em sua
propriedade.
Ao Luciano Nardini Gomes, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP
de Botucatu, pelo auxílio no mapeamento dos ramos de Mimosa bimucronata.
À Milena Galhardo Borguini e Profª Drª Giuseppina P. P. Lima pela realização
das análises bioquímicas.
E também a todos que de alguma forma me apoiaram ou colaboraram durante o
desenvolvimento deste trabalho.
Muito Obrigada!!!
iv
Índice
Resumo Geral ........................................................................................................ 1
Resumo ..................................................................................................................... 2
Abstract ....................................................................................................................
4
Introdução Geral e Revisão Bibliográfica ............................................................ 6
Introdução Geral e Revisão Bibliogfica ................................................................ 7
Influência da qualidade da planta em interações tróficas ....................................
Interação hospedeiro-parasitóide .........................................................................
Padrão espacial do parasitismo e dependência de densidade espacial ................
Spatial Analysis by Distance IndicEs (SADIE) ………………………………...
Biologia da família Bruchidae .............................................................................
Onero Acanthoscelides ............................................................................
Interação entre Acanthoscelides e parasitóides ............................................
Especificidade entre bruqdeos e plantas hospedeiras .......................................
Sistema de Estudo ...............................................................................................
8
10
11
12
14
15
16
17
19
Objetivo Geral ........................................................................................................ 21
Objetivos Específicos .............................................................................................. 21
Referências Bibliográficas .....................................................................................
22
Capítulo 1: Dinâmica Espacial Tritfica entre Acanthoscelides schrankiae Horn
1873 (Coleoptera: Bruchidae), seus parasitóides e Mimosa bimucronata (DC.)
Kuntze (Fabaceae: Mimosoideae) ............................................................................
29
Resumo ..................................................................................................................... 30
Abstract .................................................................................................................... 31
1. Introdução .....................................................................................................
2. Objetivos ......................................................................................................
3. Material etodos ......................................................................................
4. Resultados ....................................................................................................
5. Discussão ......................................................................................................
6. Conclusões ...................................................................................................
7. Referências Bibliográficas ...........................................................................
32
34
35
43
62
66
68
v
Capítulo 2 : Riqueza de Espécies de Bruquídeos e suas Plantas Hospedeiras em
um Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual ...............................................
72
Resumo ..................................................................................................................... 73
Abstract .................................................................................................................... 74
1. Introdução ....................................................................................................
2. Objetivos ......................................................................................................
3. Material e Métodos .......................................................................................
4. Resultados e Discuso ................................................................................
5. Conclusões ...................................................................................................
6. Referências Bibliográficas ...........................................................................
75
77
77
83
91
92
Considerações Finais .............................................................................................. 95
Considerações Finais ................................................................................................ 96
Resumo Geral
2
PARASITÓIDES, BRUQUÍDEOS E PLANTAS HOSPEDEIRAS: RIQUEZA DE
ESPÉCIES E DINÂMICA ESPACIAL EM ESCALA LOCAL. 2008. 97P.
DISSERTÃO (MESTRADO) – INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS, UNESP –
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, BOTUCATU.
RESUMO – O presente estudo foi dividido em duas partes. A primeira parte (capítulo
1) teve como objetivo avaliar se as características nutricionais dos frutos de Mimosa
bimucronata influenciam a formação dos padrões de distribuição espacial de
Acanthoscelides schrankie e seus parasiides, os quais por sua vez podem determinar
os padrões de depenncia de densidade espacial na interação hospedeiro-parasitóide.
Ramos em frutificação foram marcados e coletas quinzenais de frutos foram feitas em
2006 e 2007. Após a emergência dos insetos, análises nutricionais dos frutos de cada
ano foram feitas (teor de água, nitrogênio e fenóis). Tanto A. schrankiae como seus
parasitóides apresentaram estrutura espacial bem definida apenas durante o ano de 2007.
Foram observados padrões independentes, inversamente dependentes e diretamente
dependentes da densidade espacial, dependendo do momento de observação.
Associações espaço-temporal significativas com e sem atraso de tempo entre bruquídeos
e parasiides, e entre bruquídeos e a porcentagem de parasitismo foram observadas.
Associações espaciais mais intensas foram observadas sem atraso de tempo. Portanto, as
populações de bruquídeos e parasitóides foram dinamicamente acopladas, mas tal
padrão foi dependente do ano de observação. Constatou-se uma dissociação espacial
significativa das populações de bruquídeos e parasitóides com os conteúdos de feis
dos frutos, ou seja, a forte associação entre bruquídeos e parasitóides ocorreu em ramos
com menor concentração de compostos fenólicos, o que pode ter contribuído para a
formação dos padrões espaciais observados. Associações espaciais significativas não
foram observadas entre as populações de bruquídeos e parasitóides com os respectivos
teores de água e nitrogênio. Na segunda parte (capítulo 2) investigou-se a riqueza de
espécies de bruquídeos e de suas plantas hospedeiras em um fragmento de floresta
estacional semidecidual denominado “Mata da Bica”, localizado no município de
Botucatu, SP. Coletas mensais de frutos de plantas potencialmente hospedeiras de
bruquídeos foram feitas durante um ano (Abril/2007- Março/2008), acompanhando-se a
fenologia reprodutiva das mesmas. Após a coleta, a emergência dos bruquídeos foi
observada em laboratório. As plantas selecionadas tiveram seu pico de frutificação nos
meses de julho, agosto e setembro de 2007. Foi observada a emergência de um total de
3
1041 bruquídeos em cinco espécies de plantas, Bauhinia forficata, Leucaena
leucocephala, Lonchocarpus muehlbergianus, Peltophorum dubium e Senna obtusifolia,
e possivelmente de cada espécie de planta ocorreu a emergência de uma espécie de
bruquídeo. A espécie que apresentou maior número de bruquídeos emergindo se seus
frutos foi L. leucocephala. Testes de germinação em L. leucocephala demonstraram que
estas sementes não germinaram após serem consumidas pelas larvas do bruquídeo,o
resistindo ao dano.
Palavras-chave: Bruchidae; ecologia espacial; interações tri-tróficas; qualidade da
planta; Mimosa bimucronata; predação de sementes; riqueza de espécies.
4
PARASITOIDS, BRUCHIDS AND HOST PLANTS: SPECIES RICHNESS AND
SPATIAL DYNAMICS AT LOCAL SCALE. 2008. 97P. M.SC. THESIS –
BIOSCIENCES INSTITUTE, UNESP – SÃO PAULO STATE UNIVERSITY,
BOTUCATU.
ABSTRACT – This study was divided into two parts. The objective of the first part
(chapter 1) was to investigate whether fruit quality of Mimosa bimucronata plants
influenced the spatial distribution patterns of Acanthoscelides schrankie and its
parasitoids, which in turn would determine spatial density dependent patterns of host-
parasitoid interactions. Branches were previously selected and fruits were collected at
each fifteen days in years 2006 and 2007. After emergence of all insects, nutritional
analyses of fruits were carried out for each year (water, nitrogen and phenolic contents).
A. schrankiae and its parasitoids presented well defined spatial structure only in 2007.
Independent, inversely density dependent and directly density dependent spatial patterns
were verified; however, such patterns depended of the moment of observation.
Significant spatio-temporal associations with and without time lags were observed
between bruchids and its parasitoids and also between bruchids and the percentage of
parasitism. The most significant spatial associations were verified without time lags.
Therefore, bruchid and parasitoid populations were dynamically coupled, but these
patterns were dependent of the year of observation. Significant spatial dissociations
were verified between phenolic contents of M. bimucronata fruits and bruchid and
parasitoid populations; therefore, significant spatial associations between bruchids and
their parasitoids occurred on branches with lower concentrations of phenolic
compounds, which may have determined the observed spatial patterns in the field.
Significant spatial associations were not observed between bruchid and parasitoid
populations and the water and nitrogen contents. In the second part (chapter 2), the
species richness of bruchids and their host plants was investigated in a semi-deciduous
forest fragment named as “Mata da Bica” (Botucatu-SP). Fruits were monthly collected
for a year (April/2007- March/2008) from plants considered as potential hosts for
bruchids, and the reproductive phenology was recorded. After sampling, bruchid
emergence was recorded in the laboratory. Most plants presented highest fructification
on July, August and Sptember of 2007. It was observed 1041 bruchids emerging from
fruits from five plant species, Bauhinia forficata, Leucaena leucocephala,
Lonchocarpus muehlbergianus, Peltophorum dubium and Senna obtusifolia, and
5
probably one bruchid species emerged from one plant species. L. leucocephala
presented the highest number of bruchids emerging from its fruits. Germination tests on
L. leucocephala showed that predated seeds did not germinate after being attacked by
bruchid larvae, not resisting to damage.
Key-words: Bruchidae; spatial ecology; tri-trophic interactions; plant quality; Mimosa
bimucronata; seed predation; species richness.
Introdução Geral
e
Revisão Bibliográfica
7
Introdução Geral e Revisão Bibliográfica
Os vegetais por serem a base das cadeias alimentareso amplamente
explorados por diversos organismos em busca de alimento. O consumo de parte de uma
planta ou de toda a planta é chamado de herbivoria (Stiling, 1999). A herbivoria é uma
interação que na maioria dos casos não leva o vegetal à morte, mas quando o herbívoro
acaba causando a morte da planta, esta pode ser considerada uma predação (Ricklefs,
2003).
As sementes são estruturas de extrema importância aos vegetais, pois através
delas que é garantida a permanência e dispersão das espécies no ambiente, porém com
muita freqüência as sementes são predadas por animais, vertebrados ou invertebrados,
podendo ocorrer antes ou depois de sua dispersão no ambiente. O consumo das
sementes produzidas pelos vegetais é considerado uma predação, pois o predador é
beneficiado pelo consumo do outro organismo sendo que este organismo é levado à
morte (Townsend et al., 2006). A granivoria descreve a interação entre plantas e
animais, denominados granívoros ou predadores de sementes (Crawley, 2000; Hulme &
Benkman, 2002). O consumo de suas sementes pode afetar diretamente as plantas
principalmente quando ocorre na fase de pré-dispersão, onde a predação pode ter efeito
prejudicial sobre cada planta (indivíduo) ou sobre a densidade das plantas atacadas
(Begon et al., 2007).
As plantas podem ter suas sementes predadas principalmente por insetos
pertencentes às ordens: Diptera, Lepidoptera, Coleoptera e Hymenoptera (Janzen,
1971). Na ordem Coleoptera, podemos destacar a família Bruchidae, representada por
importantes predadores de sementes, principalmente de leguminosas (Southgate, 1979).
Muitos dos insetos que atacam sementes, inclusive os da família Bruchidae, sofrem, por
sua vez, altas taxas de ataque por parasitóides formando sistemas tritficos bastante
complexos e interessantes (Crawley, 2000).
Pouco é conhecido sobre a dinâmica temporal entre insetos predadores de
sementes e suas populações de plantas hospedeiras e a fauna destes predadores também
é pouco conhecida, o que torna bastante importante o estudo de sistemas tróficos que
envolvam bruquídeos predadores de sementes. No presente trabalho estudou-se um
sistema tritrófico composto pela planta Mimosa bimucronata, um predador da família
Bruchidae (Acanthoscelides schrankiae), e seus parasiides. E também sistemas
8
envolvendo plantas de um fragmento de floresta semidecidual e bruquídeos predadores
de suas sementes.
Influência da qualidade da planta em interações tróficas
Alguns elementos são considerados essenciais para o desenvolvimento de um
vegetal, pois sua ausência pode impedir a planta de completar seu ciclo de vida ou suas
reações fisiológicas. Dentre estes elementos essenciais estão os minerais, que podem ser
classificados como macronutrientes ou micronutrientes, dependendo da concentração no
tecido vegetal. O nitrogênio, por exemplo, é considerado um macronutriente (Taiz &
Zeiger, 2006). Os insetos, como todos os animais, necessitam de alimento para seu
desenvolvimento, no caso dos insetos herbívoros, este é obtido através das plantas. Se
uma planta possui um maior valor nutricional, melhor será o desenvolvimento do
herbívoro, mas nem sempre a quantidade de nutrientes disponível na planta é a
necesria para um ótimo desenvolvimento do hervoro. Neste caso, o
desenvolvimento tende a ser comprometido, podendo resultar numa diminuição do
tamanho corporal (Schoonhoven et al., 2005).
Este valor nutricional da planta para o inseto é determinado principalmente pelo
conteúdo de nitrogênio, uma vez que a eficiência de crescimento do inseto está
intimamente relacionada com o conteúdo deste composto na planta. Isso se justifica
pelo fato do nitrogênio ser constituinte das proteínas e estas eso presentes na estrutura
sica dos insetos, em seus tecidos e no tegumento (Schoonhoven et al., 2005).
Plantas hospedeiras de alta qualidade podem indiretamente aumentar o
desempenho dos insetos no terceiro nível tfico via insetos herbívoros, o que seria um
efeito tipo “bottom-up”, ou seja, melhor qualidade da planta pode aumentar a qualidade
nutricional do inseto herbívoro, melhorando o desempenho dos insetos parasitóides;
efeitos oriundos dos parasitóides afetando níveis tróficos inferiores também podem ser
observados, e seriam do tipo “top-down (Roininem et al., 1996; Stiling & Rossi, 1997;
Teder & Tammaru, 2002; Hunter, 2003; Stiling & Moon, 2005). Por exemplo, o estudo
desenvolvido por Lill et al. (2002) no Canadá demonstrou que o parasitismo em
espécies de Lepidoptera é fortemente dependente da planta hospedeira, uma vez que as
taxas de parasitismo das lagartas variaram dependendo da planta hospedeira utilizada.
Entretanto, Kagata & Ohgushi (2006) atentam também para a necessidade de medidas
9
da qualidade dos insetos herbívoros para confirmação do quanto a qualidade da planta
pode afetar os níveis superiores.
O terceiro nível trófico também pode ser afetado quando as plantas possuem um
baixo conteúdo de nitrogênio. Nestas plantas os insetos geralmente necessitam de uma
quantidade maior de alimento e de maior tempo de consumo do que em plantas
contendo maiorvel de nitrogênio (Schoonhoven et al., 2005). Estas plantas de baixa
qualidade nutricional podem afetar adversamente o desenvolvimento larval e a fase
adulta do inseto, pois o inseto tem a necessidade de alimentar-se mais para atingir a fase
adulta, causando um maior dano à planta ou aumentando a sua exposição a predadores e
parasitóides (slow-growth, high-mortality hypothesis) (Clancy & Price, 1987; Lill &
Marquis, 2001; Awmack & Leather, 2002; Cornelissen & Stiling, 2006).
Variações na qualidade do recurso ao longo de um gradiente de habitat podem
gerar padrões heterogêneos com relação ao grau de utilização dos recursos pelos insetos
herbívoros podendo, inclusive, influenciar a dinâmica espacial das interações
hospedeiro-parasiides (Hunter, 2003).
Além dos nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento, os vegetais produzem
alguns compostos orgânicos que parecem não ter função direta no crescimento e
desenvolvimento do vegetal. Estas substâncias de certa forma podem agir como
compostos de defesa para o vegetal e são conhecidas como metabólitos secundários
(Taiz & Zeiger, 2006). Os taninos são compostos secundários (aleloquímicos tóxicos)
encontrados nas plantas que geralmente diminuem o valor nutricional de uma planta,
pois as proteínas ligadas aos taninos não são degradadas pelas enzimas no trato
digestivo. Além disso, se ligados a proteínas solúveis produzem co-polímeros
insolúveis, ou ainda, podem ligar-se a ácidos nucléicos e polissacarídeos, impedindo a
função fisiológica dos mesmos, podendo desta forma afetar significativamente o
desenvolvimento dos insetos herbívoros (Schoonhoven et al., 2005). Por afetarem os
insetos herbívoros, os metalitos secundários também podem promover alterões nas
populações dos níveis tróficos superiores, como verificado por Harvey et al. (2003),
sendo um exemplo de força tipo “bottom-up”.
Apesar de tanto a escolha como a qualidade da planta afetar a suscetibilidade dos
insetos herbívoros a seus inimigos naturais, acredita-se que as forças “bottom-up
(base-topo) e “top-down” (topo-base) sejam complementares nos ecossistemas (Stiling
& Rossi, 1997; Schoonhoven et al., 2005). Ou seja, a qualidade da planta pode afetar o
desenvolvimento dos herbívoros e seus inimigos naturais e vice-versa.
10
Interação hospedeiro-parasitóide
A interação hospedeiro-parasiide pode ser determinante para a regulação das
populações dos produtores, bem como dos insetos hospedeiros (Price, 1997).
Parasitóides eso entre os animais mais abundantes e ocorrem principalmente nas
ordens Diptera e Hymenoptera (Hassell, 2000). Os parasitóides podem ser definidos
como insetos que necessitam de apenas um hospedeiro para alimentar-se durante sua
vida, levando este indivíduo à morte; mas apesar de alimentar-se apenas de um
indivíduo durante a vida, os adultos (de vida livre) podem ser responsáveis pela morte
de diversos indivíduos ao depositarem seus ovos em vários hospedeiros que nutrirão sua
progênie (Price, 1997; Hassell, 2000). As fêmeas adultas depositam seus ovos
próximos, sobre ou dentro do corpo do hospedeiro (um ovo ou mais por hospedeiro), e
na maioria das vezes a postura é feita num estágio imaturo do hospedeiro (Hassell,
2000).
A dinâmica da interação hospedeiro-parasitóide não pode ser entendida sem ser
considerado o papel da planta no sistema e também das variações que esta planta possa
ter, sejam elas variações morfológicas, bioquímicas, genotípicas, e que podem vir a
afetar esta dinâmica (Price & Clancy, 1986); compreender a dinâmica da interação
hospedeiro-parasitóide envolve também o entendimento da ação de forças do tipo
“bottom-up” (base-topo) e “top-down” (topo-base) nos sistemas (Stiling & Rossi, 1997;
Moon & Stiling, 2002; Moon & Stiling, 2005).
Os estudos das relações hospedeiro-parasiide têm sido estimulados, pois são de
grande importância para programas de controle biológico de pragas, procurando
identificar e quantificar os atributos necessários para aprimorar o uso dos parasiides
como agentes de controle biológico. Além disso, parasitóides são ideais no estudo de
dinâmica populacional, pois possibilitam o desenvolvimento de modelos populacionais
relativamente simples. Isto ocorre principalmente porque somente as meas adultas
procuram pelo hospedeiro e, quando este é encontrado, já ocorre a oviposição (Hassell,
2000). De fato a aplicação de modelos matemáticos pode servir de suporte para um
melhor entendimento das dinâmicas hospedeiro-parasitoide em condições de campo,
mostrando, por exemplo, como a heterogeneidade do habitat pode afetar a dinâmica
destas populações, identificando assim os tipos de heterogeneidade que contribuem para
a regulação populacional (Hassell & Pacala, 1990).
11
Ainda, segundo Hassell (2000) o entendimento da dinâmica populacional
hospedeiro-parasiide vem principalmente de modelos que levam em conta a interação
entre duas ou três espécies apenas, o que corresponde a alguns exemplos que ocorrem
no campo e a alguns clássicos modelos de controle biológico. Mas em ambientes
naturais a grande maioria dos insetos é atacada por mais de uma espécie de parasitóide
que por sua vez atacam mais de uma espécie de hospedeiro, o que mostra que teias
tróficas complexas são comuns em interações hospedeiro-parasitóide.
Padrão espacial do parasitismo e dependência de densidade espacial
Sabe-se que as populações de insetos apresentam flutuações em tamanho, e este
fato tem gerado diversas especulações sobre quais fatores limitam o tamanho destas
populações, principalmente em insetos herbívoros. Hairston et al. (1960) argumentaram
que os herbívoros raramente consomem todos os recursos disponíveis (“o mundo é
verde”), portanto, suas populações devem ser limitadas pelos inimigos naturais, e não
pela abundância de recursos. No entanto, diversos estudos têm demonstrado que as
populações de insetos herbívoros podem ser limitadas tanto pelo tipo de recurso
disponível (forças do tipo ‘bottom-up’), como pela ação de inimigos naturais (forças do
tipo ‘top-down) (Roininem et al., 1996; Hunter et al., 1997; Stiling & Rossi, 1997).
Dentre os inimigos naturais mais importantes dos insetos herbívoros estão os
parasitóides e diversos estudos de campo têm demonstrando que os parasitóides são
capazes de influenciar a dinâmica populacional de seus hospedeiros (Murdoch et al.,
1989; Gould et al., 1990; Turchin, 1990; Berryman, 1996).
As conseqüências do parasitismo para a dinâmica populacional dos hospedeiros
dependem da resposta dos parasitóides às variações nas densidades populacionais dos
hospedeiros dentro de um contexto espacial e temporal (Teder et al., 2000). Dentro de
um contexto espacial, alguns parasitóides gastam um maior tempo, e conseqüentemente
se agregam, em áreas (patches) com maiores densidades de hospedeiros. Quando
relações positivas e negativas entre as taxas de parasitismo e as densidades do
hospedeiro são encontradas entre diferentes patches, têm-se os padrões de parasitismo
diretamente dependentes e inversamente dependentes da densidade espacial,
respectivamente. Caso a interação hospedeiro-parasitóide não esteja relacionada
espacialmente, tem-se um padrão de parasitismo independente da densidade espacial
(Hassell, 2000). Royama (1992) define dependência e independência da densidade da
12
seguinte maneira: “Qualquer atributo de um fator ecológicoseja este a medida de seu
estado físico (ex. nível de temperatura ou densidade populacional) ou seu efeito em um
dado parâmetro populacional (ex. nascimento, morte ou taxa de dispersão) – é dito
dependente da densidade se este for correlacionado com a densidade populacional do
animal em questão. Caso contrário, é dito independente da densidade.”
O padrão de parasitismo diretamente dependente da densidade tem grande
importância como efeito “estabilizador” das populações dos hospedeiros, pois podem
reduzir suas flutuações populacionais (Walde & Murdoch, 1988; Stewart-Oaten &
Murdoch, 1990; Stiling, 1999). No entanto, o padrão de parasitismo inversamente
dependente da densidade espacial (no qual o parasitismo é intenso em patches de baixa
densidade do hospedeiro), que freqüentemente ocorre em condições naturais, também
pode promover estabilidade nas populações dos hospedeiros (Hassell, 1984). Roland
(1994) e Teder et al. (2000) sugeriram que mesmo quando os parasiides não agem de
forma diretamente dependente da densidade, estes podem promover altas taxas de
mortalidade em certos patches, permitindo a regulação populacional dos hospedeiros
por outros fatores dependentes da densidade.
Apesar dos avanços teóricos e empíricos, a importância da dependência de
densidade (espacial e temporal) em promover estabilidade nas populações hospedeiras é
uma questão que gera discussões, onde certamente mais estudos em condições de
campo, envolvendo diversas espécies de parasitóides, são necessários.
Spatial Analysis by Distance IndicEs (SADIE)
Diversos métodos de análise de padrões espaciais têm sido desenvolvidos, uma
vez que ecologistas procuram por estes padrões para explicar processos que ocorrem em
condições naturais; portanto, a estrutura espacial pode, por exemplo, servir de indicativo
da ocorrência de diferentes forças de interações intra ou interespecíficas (Perry &
Dixon, 2002; Fortin & Dale, 2005). O “Spacial Analysis by Distance IndicEs” (SADIE)
é um método de análise espacial desenvolvido para medir padrões espaciais e analisar
dados ecológicos espacialmente referenciados que possam ser mapeados num plano
Cartesiano (onde as coordenadas x e y dos pontos de coleta são conhecidas) (Perry
1995, Perry et al., 1999; Xu & Madden, 2004). Este método compara arranjos espaciais
de determinada amostra com outros arranjos derivados desta, que seriam aqueles onde
os indivíduos encontrar-se-iam agrupados, distribdos de maneira uniforme ou
13
arranjados de forma aleatória (Perry, 1995). O método SADIE identifica áreas de
agregação nos chamados ‘patch’ (áreas de alta densidade) ou ‘gap’ (áreas de baixa
densidade) clusters, atribuindo um índice que quantifica o grau que o valor amostrado
em determinado local contribui para a agregação (Winder et al., 2001; Fortin & Dale,
2005). Também apresenta a vantagem de melhorar a base intuitiva quando comparado
com a matemática tradicional, mais abstrata, e utiliza toda a informação espacial
apresentada por determinada amostra (Perry, 1996a, b).
O SADIE diferencia-se da Geoestatística tradicional, pois, em contraste com a
abordagem da Geoestatística que utiliza correlogramas, o SADIE destina-se a situações
nas quais os indiduos estão distribdos em ‘patches’ discretos, com limites bem
definidos, e não em ‘patches’ contínuos no espaço. E também, tem seu enfoque na
medida e teste do padrão espacial, e não na estimativa de densidade de áreas não
amostradas, o que ocorre na Geoestastica (Winder et al., 2001; Xu & Madden, 2004).
No SADIE, para qualquer amostragem, é calculada a distância mínima que o indivíduo
teria que mover-se para atingir um padrão extremo, por exemplo, a regularidade
(distância para a regularidade). Essa distância é denominada D, e é comparada com o
valor esperado de mudanças aleatórias do indivíduo na amostra, chamado E
a
, obtendo-
se desta forma um índice de agregação I
a
, que é D/E
a
. Os valores de I
a
podem indicar
agregação (I
a
>1), arranjos uniformes (I
a
<1) ou aleatoriedade (I
a
=1) (Perry, 1996a, b;
Perry et al., 1999; Perry & Dixon, 2002).
Os índices de agregação mencionados também podem ser utilizados para
determinar o grau de associação espacial entre populações provenientes de duas
espécies. Portanto, extensões do método SADIE têm sido desenvolvidas com este
objetivo. Uma extensão deste método propõe a estimativa de um novo índice X, o qual
quantifica a associação espacial local entre diferentes populações baseando-se na
similaridade entre os índices de agregação (Winder et al., 2001). Através deste novo
índice, é observado se as duas populações estão positivamente associadas
espacialmente, negativamente associadas, ou ocorrem ao acaso umas às outras. No
entanto, o grau de associação entre duas populações é melhor estimado se as populações
forem amostradas ao longo do tempo, observando-se então a evolução de suas estruturas
espaciais (Winder et al., 2001; Perry & Dixon, 2002).
Um importante estudo de Veldtman & McGeoch (2004) que quantificou a
dependência de densidade espacial entre um inseto herbívoro e seus parasitóides,
comparando os resultados do SADIE com métodos tradicionais baseados em análises de
14
regressão, mostrou que a utilização do método SADIE e a estimativa do índice X podem
identificar a dependência da densidade espacial com maior freqüência, inclusive, em
casos onde outros métodos não determinariam esta dependência de densidade,
mostrando uma alternativa de análise superior aos métodos tradicionais, com profundas
implicações na compreensão da regulação das populações e capaz também de
incorporar dados biológicos espaciais muito relevantes. Fato este que corrobora para a
utilização do SADIE no estudo de interações entre bruquídeos e parasitóides.
Biologia da família Bruchidae
A reprodução de uma planta pode ser afetada pela predação de suas sementes
(Gurevitch et al., 2002). Entre os predadores de sementes encontramos insetos de
diversas famílias da ordem Coleoptera, nesta ordem destacam-se aqueles pertencentes à
família Bruchidae, importantes predadores de sementes, principalmente de leguminosas
(Southgate, 1979).
A família Bruchidae é um grupo monofilético, composta por aproximadamente
1700 espécies descritas e 66 gêneros; 42 destes gêneros encontram-se no Continente
Americano, sendo o restante encontrado no velho mundo. Esta família é dividida
atualmente em 6 subfamílias: Bruchinae (esta com 42 gêneros, sendo Acanthoscelides
pertencente a esta subfamília), Amblycerinae, Pachymerinae, Eubaptinae, Kytorhininae
e Rhaebinae (Southgate, 1979; Romero-Napoles, 2002). A maior parte das espécies de
bruquídeos (80%) pertence à subfamília Bruchinae, 10% Amblycerinae, 9%
Pachymerinae e o restante (1%) pertence as demais subfamílias (Johnson & Romero,
2004).
Pelo fato de suas larvas alimentarem-se exclusivamente de sementes, atacando
principalmente o embrião, algumas espécies desta família são consideradas grandes
pragas, pois algumas destas sementes são de grande importância econômica, ou
utilizadas na alimentação humana (Southgate, 1979; Romero-Napoles, 2002). Podem
ser consideradas pragas primárias quando atacam sementes de grande importância e
quando uma única espécie de Bruchidae ataca sementes pertencentes a mais de uma
espécie vegetal; ou pragas secundárias, quando atacam sementes de importância menor
ou regional (Romero-Napoles, 2002). Os bruquídeos também podem atacar espécies
florestais, atuando na regulação de populações naturais, ou então espécies daninhas,
neste caso podendo inclusive atuar como agentes de controle biológico (Southgate,
15
1979; Romero-Napoles, 2002). Para o emprego de bruquídeos como agentes de controle
biológico é necessário, no entanto, conhecer todos os aspectos de seu ciclo de vida,
principalmente a maneira de encontrar seu hospedeiro, o que determina a escolha por
este hospedeiro e se ele possui uma ou mais espécies de plantas hospedeiras (Southgate,
1979).
Pouco se conhece a respeito do desenvolvimento dos bruquídeos que consomem
espécies florestais ou de pouca importância ecomica, já que o estudo de seu ciclo
biológico é bastante dificultado pelo fato de suas larvas se desenvolverem no interior
das sementes. A larva de um bruquídeo pode desenvolver-se em apenas uma semente ou
pode alimentar-se de mais de uma semente durante seu desenvolvimento, dependendo
da espécie (Ribeiro-Costa, 1998). Sabe-se que na fase adulta, os bruquídeos possuem
apenas função reprodutiva, alimentam-se apenas de pólen, néctar ou não se alimentam
(Romero-Napoles, 2002).
Os bruquídeos podem apresentar diferentes modos de postura: algumas espécies
ovipõem nos frutos presos à planta (78%), outras ovipõem em sementes expostas, mas
com os frutos ainda na planta (em fendas ou em frutos parcialmente deiscentes), ou
ainda ovipõem em sementes livres no substrato. A planta pode ser infestada em apenas
uma destas três condições ou até mesmo pelas três condições ao mesmo tempo,
dependendo da espécie, ou espécies, de bruquídeo que a ataca. Ao que parece, o
comportamento primitivo dos bruqdeos provavelmente foi o de ovipor sobre os frutos,
com as larvas penetrando através de sua parede para se alimentarem das sementes. No
entanto, como a evolução dos frutos foi direcionada para a dispersão das sementes e,
possivelmente, fuga da predação por bruquídeos, estes desenvolveram outras maneiras
para suas larvas se alimentarem de sementes, através dos diversos modos de postura
(Johnson & Romero, 2004). O tipo de comportamento de oviposição em espécies de
bruquídeos pode ser uma maneira utilizada para sobrepor as barreiras impostas pela
planta hospedeira contra seu ataque, ou mesmo uma estratégia para prevenir a
mortalidade de seus ovos pela ação de inimigos naturais, como os parasiides (Ribeiro-
Costa & Costa, 2002).
O gênero Acanthoscelides
O gênero Acanthoscelides é um dos maiores gêneros de bruquídeos presente na
região Neotropical (Johnson, 1981), possuindo cerca de 300 espécies descritas e muitas
16
espécies ainda não descobertas, principalmente na porção sul da América do Sul, região
ainda pouco estudada, pois a maioria dos estudos envolvendo Acanthoscelides é com
espécies presentes na América do Norte, Central e norte da América do Sul (Kergoat et
al., 2005). Das espécies descritas, a maioria apresenta oligifagia ou monofagia (Johnson
1983, 1989, 1990), desenvolvendo-se principalmente em Fabaceae: Faboidae – 100
espécies aproximadamente, Mimosoideae – 35 espécies e Cesalpinoideae – 6 espécies.
Uma minoria desenvolve-se em espécies não pertencentes às Leguminosas, como
Malvaceae (40 espécies), Onagraceae (uma espécie), Rhamnaceae (uma espécie) e
Cistaceae (uma espécie) (Kergoat et al., 2005; Alvarez et al., 2006). Acanthoscelides
associados a Subfamília Mimosoideae predominantemente alimentam-se em três
gêneros, denominados Acacia, Albizia e Mimosa (Kergoat et al., 2005). Segundo
Johnson & Romero (2004), Acanthoscelides é o gênero com o maior número de
espécies no Novo Mundo e se alimenta de sementes de 11 famílias. Ainda, segundo
estes autores, os adultos ovipõem em frutos presos à planta, ou eno em frutos
parcialmente deiscentes, mas segundo Parsons & Credland (2003) em A. obtectus, praga
típica de sementes armazenadas, as fêmeas podem vir a colocar seus ovos soltos, entre
as sementes. Algo semelhante ocorre com A. longescutus que também não adere seus
ovos às vagens. As fêmeas, ao invés disto, depositam seus ovos em fendas presentes nas
vagens de Prosopis L., como observado por Johnson & Siemens (1997).
Acanthoscelides schrankiae (Horn) 1873 alimenta-se de sementes de 12 espécies
de plantas, 10 espécies de Mimosa, Acacia picachensis e Schrankia paucijuga (Jesus
Romero Nápoles, comunicação pessoal) e pode ser encontrado nas Bahamas, Equador,
Estados Unidos, México, Republica Dominicana, Venezuela e Brasil, pom, pouco é
conhecido a respeito desta espécie, sendo que o primeiro relato de A. schrankiae
predando sementes de Mimosa bimucronata foi realizado por Silva et al. (2007), no
qual os autores registraram a presença de apenas um ovo por semente, o que sugere que
a primeira larva a atingir a semente, previne que outras larvas venham a atingir os
cotilédones, e registraram também uma alta porcentagem de predação das sementes no
s de abril.
Interação entre Acanthoscelides e parasitóides
Os bruquídeos são atacados por parasiides pertencentes às famílias de
Himenoptera e Diptera em todas as fases de seu desenvolvimento, desde o ovo, fase
17
extremamente vulnerável ao ataque dos parasitóides, até a fase de pupa (Southgate,
1979).
Estudo realizado por Schmale et al. (2002) na Colômbia com a espécie
Phaseolus vulgaris L. (feijão), mostrou que esta espécie é bastante atacada por
Acanthoscelides obtectus e este por sua vez é parasitado por Horismenus ashmeadii.
Apesar de promover uma redução na densidade populacional do bruquídeo em
condições de campo, este parasitóide não foi eficaz em condições de armazenamento
dos grãos, fato este que mostra que o parasiide não foi eficiente como agente de
controle biológico de A. obtectus. Outro estudo, no entanto, mostrou que um controle
integrado dos bruquídeos A. obtectus e Zabrotes subfasciatus, ambos pragas de P.
vulgaris, deve combinar a resistência da semente às pragas com a ação do parasitóide
Dinarmus basalis para se tornar mais efetivo (Schmale et al., 2003).
Silva et al. (2007) observaram a presença Horismenus sp. (Hymenoptera:
Eulophidae) parasitando A. schrankiae em sementes de M. bimucronata. Parasiides da
espécie Horismenus sp. foram também encontrados por Ribeiro-Costa (1998)
parasitando Amblycerus submaculatus e Sennius bondari em sementes de Senna alata
(Caesalpinaceae).
Estudos a respeito das interações entre Acanthoscelides e seus parasitóides ainda
são escassos, os quais se concentram principalmente em levantamentos de fauna (Tuda
et al., 2001; Lale & Igwebuike, 2002; Hansson et al., 2004) e em controle populacional
(Schmale et al., 2001, 2002, 2003, 2005), sendo que estudos que investigam padrões de
parasitismo em populações de Acanthoscelides ainda são ausentes.
Especificidade entre bruquídeos e plantas hospedeiras
Os insetos da família Bruchidae têm como hospedeiras, principalmente, plantas
da família Fabaceae sendo, das 1200 espécies hospedeiras de bruquídeos que se tem
registro, 900 pertencem à Fabaceae (Southgate, 1979; Romero-Napoles, 2002). Em
geral, uma espécie de bruquídeo está relacionada com uma única planta hospedeira,
esta, porém, podendo ser hospedeira de mais espécies de bruquídeos (Southgate, 1979;
Lorea-Barocio et al., 2006). Acredita-se que esta forte associação com as leguminosas
implique em uma ligação comportamental ou bioquímica (Southgate, 1979).
Janzen (1980) estudou a especificidade de ataque de coleópteros predadores de
sementes em uma floresta tropical na Costa Rica. Após 13 anos de coletas de frutos em
18
aproximadamente 957 espécies de dicotiledôneas, 110 espécies de bruquídeos
emergiram em laboratório. Aproximadamente 100 espécies de plantas tiveram seus
frutos e sementes atacados, e a maioria das espécies de besouros (75%) estava associada
a apenas uma espécie de planta, mostrando a grande especificidade com relação ao
ataque dos frutos. Quando os besouros foram encontrados alimentando-se em mais de
uma espécie de planta, estas espécies, salvo algumas exceções, estavam proximamente
relacionadas. O estudo veio mostrar que a especificidade da maioria dos predadores de
sementes é de grande importância no entendimento do impacto destes animais na
riqueza e distribuição das espécies de plantas.
Em geral, a maior parte dos bruquídeos apresenta comportamento olifago,
alguns são mofagos, e apenas a minoria apresenta polifagia. Os que se alimentam de
diversas espécies ou gêneros de plantas apresentam uma ampla distribuição geográfica
se comparado com os bruquídeos que se alimentam em uma ou poucas plantas
hospedeiras (Romero-Napoles, 2002). Portanto, ao que parece os bruquídeos são, em
sua maioria, altamente específicos com relação às plantas hospedeiras, tendo
desenvolvido adaptações para evitar as diversas defesas das plantas. Tais padrões de co-
evolução acabam por impedir que as plantas excluam por completo os predadores de
suas sementes (Center & Johnson, 1974).
Quando bruquídeos tornam-se adaptados a determinados tipos de hospedeiros,
aos seus compostos secundários, por exemplo, pode ocorrer de eles tornarem-se
adaptados a outras plantas proximamente relacionadas (quimicamente semelhantes)
(Kergoat et al., 2005; Alvarez et al., 2006). Tal adaptação pode também levar a “trocas
de hospedeiros” quando plantas geneticamente distante compartilham de compostos
secundários semelhantes (Alvarez et al., 2006). Espécies do gênero Acanthoscelides
desenvolveram habilidades de se alimentar em sementes consideradas tóxicas, sendo
associados a plantas hospedeiras específicas e representam um bom modelo de estudo
de radiações adaptativas (Kergoat et al., 2005; Alvarez et al., 2006).
Johnson & Siemens (1992) sugerem que estudos direcionados ao conhecimento
da riqueza de espécies de bruquídeos e suas plantas hospedeiras na América do Sul,
podem colaborar para o entendimento dos padrões biogeográficos do Novo Mundo,
possibilitando testes de hipóteses relacionadas à distribuição das plantas e animais em
amplas escalas.
19
Sistema de estudo
Fabaceae é uma família de distribuição cosmopolita, representando uma das
maiores famílias de Angiospermas, com cerca de 650 gêneros e 18000 espécies, muitas
de valor econômico (utilizadas na alimentação, madeira, arborização urbana, adubação
verde). A família Fabaceae apresenta-se dividida em três subfamílias, Faboideae,
Caesalpinoideae e Mimosoideae, segundo a classificação APGII (Souza & Lorenzi,
2005). Presente na subfamília Mimosoideae, o gênero Mimosa é um dos mais
conhecidos das leguminosas, por sua grande difuo nos países de clima quente e por ter
dado origem a um dos principais subgrupos da família (Marchiori, 1993).
Popularmente conhecida como Maricá, Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze
(Fabaceae: Mimosoideae) é uma planta perene, arbórea, altamente ramificada e
espinhenta. Chega a atingir de 4 a 8 metros de altura e sua propagação se dá por meio de
suas sementes. Nativa do Brasil, M. bimucronata ocorre em Mata Atlântica e está
amplamente distribuída em todo o país. Na região Sudeste ela é cultivada e utilizada
para a formão de cerca - viva, pela presença de espinhos e ampla cobertura de seus
ramos. É uma planta invasora que pode formar grandes infestações em áreas de
pastagens devido ao seu alto poder de reprodução, preferindo os locais de alta umidade
ou beira de cursos d’água (Lorenzi, 2000).
M. bimucronata apresenta importância ecomica devido ao grande poder
calorífero da madeira, empregada na produção de lenha e carvão, e devido a sua
excelência apícola, pela abundante floração estival (Marchiori, 1993; Lorenzi, 2000).
Além disso, apresenta destacada função ecológica, por ser espécie pioneira na sucessão
florestal (Marchiori, 1993). Em estudo realizado por Bruel (2006) com o
reflorestamento da Floresta Atlântica no litoral do Paraná, mostrou que M. bimucronata
apresentou alta taxa de sobrevincia, e se sobressaiu apresentando taxas de
crescimento relativo muito superior às demais espécies. Faz-se referência também à sua
utilização como planta medicinal, sendo a infusão dos brotos eficaz no combate à asma
pura, à bronquite asmática e às febres intermitentes (Burkart, 1979).
M. bimucronata apresenta flores pequenas reunidas em glomérulos esféricos
que, por sua vez, reúnem-se em grandes panículas de cor branca que se destacam nas
folhagens. Os grãos de pólen encontram-se reunidos em políades compostas por oito
grãos de pólen. Acredita-se que estas poades confiram vantagem seletiva para a
20
reprodução, pois se apenas uma delas alcançar a supercie estigmática, todos os óvulos
dentro do ovário podem ser fertilizados (Silva, 2006).
O padrão de floração e frutificação da espécie é anual, com pico de floração de
novembro a início de março. As inflorescências de M. bimucronata são do tipo escova,
e a disposição das flores permite o acesso aos recursos florais a uma ampla variedade de
visitantes, o que caracteriza uma estratégia generalista para a polinização (Silva, 2006).
Silva (2006) observou visitas de insetos das ordens Hymenoptera, Diptera e Coleoptera,
mas apenas abelhas Apis mellifera e Bombus (cf.) morioo os polinizadores efetivos
de M. bimucronata, considerando os demais visitantes polinizadores eventuais. No
entanto, mais estudos sobre visitantes florais em M. bimucronata são necessários.
Durante a fenofase de frutificação, de março a setembro, as sementes de M.
bimucronata são intensamente predadas por A. schrankiae (Silva et al., 2007).
No entanto existem poucos estudos sobre a ecologia de A. schrankiae
(Rodrigues, 2006; Kestring, 2007; Silva et al., 2007; Tomaz et al., 2007; Menezes,
2008) e o fato das sementes de M. bimucronata serem intensamente predadas por A.
schrankiae, os quais por sua vez estão sujeitos à elevadas taxas de parasitismo, torna
este um sistema muito interessante e apropriado para o estudo de interações tróficas.
Além disso, segundo Jesus Romero-Napoles (comunicação pessoal), cerca de 40 a 50%
das espécies de plantas hospedeiras de bruquídeos ainda são desconhecidas no Novo
Mundo, reforçando assim a necessidade de estudos direcionados ao conhecimento da
fauna de bruquídeos e suas respectivas plantas hospedeiras em florestas da América do
Sul. Desta maneira, o objetivo geral e os objetivos específicos do presente estudo, são
apresentados a seguir.
21
Objetivo Geral
O presente estudo teve como objetivo geral determinar o padrão de distribuição
espacial de A. schrankiae e seus parasitóides, bem como quantificar o padrão espacial
do parasitismo, utilizando-se métodos de análise de dados espaciais, correlacionando
tais padrões de distribuição com as características nutricionais dos frutos de M.
bimucronata. O presente estudo também objetivou investigar a riqueza de espécies de
bruquídeos e de suas plantas hospedeiras em um fragmento de floresta estacional
semidecidual.
Objetivos Específicos
1) Através de um método de análise espacial (SADIE), objetivou-se determinar o
padrão de distribuição espacial dos bruquídeos, dos seus parasitóides e da taxa de
parasitismo;
2) Quantificar padrões de parasitismo independentes, inversamente dependentes e
diretamente dependentes da densidade espacial através da determinação da
associação espacial (extensão do método SADIE) entre os índices de agregação dos
bruquídeos e da porcentagem de parasitismo;
3) Estudar a evolução da estrutura espacial das populações de bruquídeos e parasitóides
e do padrão espacial do parasitismo ao longo do tempo;
4) Correlacionar os padrões de distribuição com as características nutricionais dos
frutos de M. bimucronata;
5) Verificar se as populações de bruquídeos e parasitóides estão acopladas
espacialmente, investigando-se a dinâmica espaço-temporal dos índices de
associação espacial, com e sem atraso de tempo (Time lags);
6) Investigar a riqueza de espécies de bruquídeos e de suas plantas hospedeiras em um
fragmento de floresta estacional semidecidual e quantificar os níveis de danos
causados pelos bruquídeos.
22
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Capítulo 1
“ Dinâmica Espacial Tritrófica entre
Acanthoscelides schrankiae
Horn 1873 (Coleoptera: Bruchidae), seus parasitóides e
Mimosa bimucronata
(DC.) Kuntze (Fabaceae: Mimosoideae) “
30
Capítulo 1
“Dinâmica Espacial Tritrófica entre Acanthoscelides schrankiae Horn 1873
(Coleoptera: Bruchidae), seus parasitóides e Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze
(Fabaceae: Mimosoideae)
Resumo –
O presente estudo teve como objetivo avaliar se as características nutricionais dos frutos
de Mimosa bimucronata influenciam a formação dos padrões de distribuição espacial de
Acanthoscelides schrankie e seus parasiides, os quais por sua vez podem determinar
os padrões de depenncia de densidade espacial na interação hospedeiro-parasitóide.
Ramos em frutificação foram marcados em plantas previamente selecionadas e coletas
quinzenais de frutos foram feitas em 2006 e 2007. No laboratório, os frutos foram
individualizados, identificando-se ramo e planta de origem e data de coleta, onde
aguardou-se a emergência dos bruquídeos e parasitóides. Após a emergência dos
insetos, análises nutricionais dos frutos de cada ano foram feitas (teor de água,
nitrogênio e fenóis). A emergência de bruquídeos e parasiides dos frutos de M.
bimucronata foi mais intensa nos meses de abril e maio, tanto em 2006 como em 2007,
e sete famílias de parasiides foram observadas. Tanto A. schrankiae como seus
parasitóides apresentaram estrutura espacial bem definida apenas durante o ano de 2007.
Durante o ano de 2006, as populações destes insetos apresentaram um padrão de
distribuição aleatória. Foram observados padrões independentes, inversamente
dependentes e diretamente dependentes da densidade espacial, dependendo do momento
de observação. Associações espaço-temporal significativas com e sem atraso de tempo
entre bruquídeos e parasitóides e entre bruquídeos e a porcentagem de parasitismo
foram observadas. Associações espaciais mais intensas foram observadas sem atraso de
tempo para bruquídeos e parasitóides. As associações espaciais com atraso de tempo
foram raras no ano de 2006, mas mais intensas no ano de 2007, tanto para o número de
parasitóides como para a taxa de parasitismo. Portanto as populações de bruquídeos e
parasitóides foram dinamicamente acopladas, mas tal padrão foi dependente do ano de
observação. Para a associação espacial entre as características nutricionais dos frutos de
M. bimucronata e as populações de bruquídeos e parasitóides, constatou-se uma
dissociação espacial significativa, ou seja, foi observada uma sobreposição significativa
dos patch clusters das populações de bruquídeos e parasitóides com os gap clusters dos
conteúdos de feis, ou seja, a forte associação entre bruquídeos e parasitóides ocorreu
em ramos com menor concentração de compostos fenólicos, o que pode ter contribuído
para a formação dos padrões espaciais observados. Associações espaciais significativas
não foram observadas entre as populações de bruquídeos e parasitóides com os
respectivos teores de água e nitrogênio.
Palavras-chave: Interações tri-tróficas; ecologia espacial; SADIE; qualidade da planta;
dependência de densidade; Mimosa bimucronata; Bruchidae.
31
“Tri-trophic spatial dynamics among Acanthoscelides schrankiae Horn 1873
(Coleoptera: Bruchidae), its parasitoids and Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze
(Fabaceae: Mimosoideae)”
Abstract –
The objective of this study was to investigate whether fruit quality of Mimosa
bimucronata plants influenced the spatial distribution patterns of Acanthoscelides
schrankie and its parasitoids, which in turn would determine spatial density dependet
patterns of host-parasitoid interactions. Branches were previously selected and fruits
were collected at each fifteen days in years 2006 and 2007. In the laboratory, fruits were
individualized with identification of branches, plants and data of samples, and the
emergence of bruchids and parasitoids was recorded periodically. After emergence of
all insects, nutritional analyses of fruits were carried out for each year (water, nitrogen
and phenolic contents). The emergence of bruchids and parasitoids from M.
bimucronata fruits were higher on April and May for both years, and seven families of
parasitoids were observed. A. schrankiae and its parasitoids presented well defined
spatial structure only in 2007, and in 2006 populations of both groups presented random
distribution patterns. Independent, inversely density dependent and directly density
dependent spatial patterns were verified; however, such patterns depended of the
moment of observation. Significant spatio-temporal associations with and without time
lags were observed between bruchids and its parasitoids and also between bruchids and
the percentage of parasitism. For bruchid and parasitoid interactions the most significant
spatial associations were verified without time lags. Spatial associations with time lags
were rarely observed for the year 2006, but such analyses were more significant for the
year 2007 considering both parasitoid numbers and parasitism rates. Therefore, bruchid
and parasitoid populations were dynamically coupled, but these patterns were dependent
of the year of observation. Significant spatial dissociations were verified between
phenolic contents of M. bimucronata fruits and bruchid and parasitoid populations, with
overlapping of patch and gap clusters. Therefore, significant spatial associations
between bruchids and their parasitoids occurred on branches with lower concentrations
of phenolic compounds, which may have determined the observed spatial patterns in the
field. Significant spatial associations were not observed between bruchid and parasitoid
populations and the water and nitrogen contents.
Key-words: Tri-trophic interactions; spatial ecology; SADIE; plant quality; density
dependence; Mimosa bimucronata; Bruchidae.
32
1. Introdução
A abundância e distribuição das espécies podem ser determinadas pela
combinação de diversos fatores, tais como, recursos disponíveis e força e tipo de
interações populacionais, como predação e parasitismo. Desta forma, tais fatores podem
afetar significativamente os padrões de organização dos indivíduos no espaço,
determinando os padrões de distribuição espacial (Townsend et al., 2006).
A dependência de densidade interespefica ocorre quando o número de
indiduos de um dado nível trófico, por exemplo, de predadores ou parasitóides, é
afetado pela variação na população da presa ou hospedeiro. Quando estas variações
populacionais não são significativas, o processo é considerado independente da
densidade (Price, 1997; Hassell, 2000). Acredita-se que os mecanismos dependentes da
densidade ocorrem com freqüência na natureza, sendo, portanto, importantes para a
regulação das populações (Turchin, 1990, 1995).
Dentro de um contexto espacial, os parasitóides podem gastar mais tempo
procurando por hospedeiros em ‘patches’ com altas densidades, tendendo a se
agregarem em tais ‘patches’, podendo resultar em um padrão de parasitismo diretamente
dependente da densidade espacial caso as taxas de parasitismo aumentem com a
densidade hospedeira por ‘patch’. Quando ocorre o oposto, ou seja, quando as taxa de
parasitismo diminuem com a densidade hospedeira por patch, o padrão de parasitismo é
inversamente dependente da densidade espacial, e este padrão pode ocorrer mesmo
quando os parasitóides agregam-se em ‘patches’ de alta densidade de hospedeiros.
Quando os parasiides não respondem às variações das densidades locais do
hospedeiro, tem-se o padrão de parasitismo independente da densidade espacial
(Hassell, 2000).
Modelos de ataque diretamente dependentes da densidade espacial assumem,
portanto, que os predadores (parasiides) se agregarão em locais onde suas presas estão
agregadas, logo, o risco de ataque ao ‘patch’ é dependente da densidade da presa
naquele local (Walde & Murdoch, 1988; Hassell, 2000). Padrões de dependência de
densidade espacial provenientes de ataques de parasitóides em populações de
hospedeiros podem ter efeito estabilizador (Walde & Murdoch, 1988), apesar de que o
padrão de parasitismo inversamente dependente da densidade espacial também pode
promover estabilidade nas populações dos hospedeiros (Hassell, 1984).
33
A dependência de densidade nem sempre é detectada em estudos de curto prazo,
sendo muitas vezes verificada apenas em estudos que envolvam muitas gerações
(Hassell et al., 1989; Woiwod & Hanski, 1992). Dependendo da escala espacial
estudada e dos métodos estatísticos empregados, seus efeitos podem também não ser
observados (Heads & Lawton, 1983; Stiling et al., 1991). Tendo em vista este fato, o
método de análise espacial SADIE (Spatial Analyses by Distance Indices) surge como
alternativa, pois segundo Veldtman & McGeoch (2004), se comparado com modelos
tradicionais de análise regressão, é capaz de detectar com maior freqüência a ocorrência
da dependência de densidade espacial em ambientes naturais.
O SADIE foi desenvolvido para quantificar padrões espaciais (Perry, 1995,
1998). Este método requer que as posições relativas das unidades amostrais (mas não
necessariamente os indivíduos) sejam conhecidas de forma que possam ser mapeadas
em um plano cartesiano (Xu & Madden, 2004). O método SADIE identifica áreas de
agregação, que são chamadas de patch clusters (áreas com altas densidades), ou áreas
chamadas de gap clusters (áreas com baixas densidades), através da atribuição de um
índice de agregação, o qual quantifica em que grau o valor amostrado em determinado
local contribui para a agregação.
O índice de agregação também pode ser utilizado para determinar o grau de
associação espacial entre populões provenientes de duas escies. Uma extensão
deste método propõe a estimativa de um índice X, o qual quantifica a associação
espacial local entre diferentes populações baseando-se na similaridade entre os índices
de agregação (Winder et al., 2001). Através deste índice, é observado se as duas
populações estão positivamente associadas espacialmente, negativamente associadas, ou
ocorrem ao acaso umas às outras (Winder et al., 2001; Perry & Dixon, 2002).
As populações podem sofrer efeitos conhecidos como tipo ‘bottom-up’ (base-
topo), ou seja, fatores da base da cadeia, como nutrientes, disponibilidade de recursos
ou presas, influenciando níveis tróficos superiores; ou ‘top-down (topo-base), no qual
níveis tficos inferiores dependeriam dos efeitos dos níveis tróficos superiores. Em
sistemas tróficos podemos eno observar predadores controlando a abundância dos
herbívoros (top-down) e herbívoros sendo controlados pela abundância dos recursos
(‘bottom-up’) (ex. Power, 1992; Hunter et al., 1997; Forkner & Hunter, 2000; Moon &
Stiling, 2006). No entanto, variações espaciais da intensidade e freqüência dos efeitos
‘bottom-up etop-down em um determinado sistema trófico podem determinar o
padrão de distribuição espacial e a abundância dos organismos ao longo dos ‘patches’.
34
A qualidade nutricional de uma planta pode afetar o desempenho de organismos
de diferentes níveis tróficos, partindo dos insetos que se alimentam dela e
posteriormente alterando também o terceiro nível trófico. Portanto, mudanças na
qualidade da planta podem afetar o desempenho das populações de parasitóides,
caracterizando um efeito do tipo ‘bottom-up’ (Awmack & Leather, 2002; Teder &
Tamaru, 2002). Desta forma, o nível de resposta dos parasitóides a variações na
qualidade dos recursos e ao grau de utilização destes recursos pelos herbívoros, pode
determinar o tipo de padrão espacial do parasitismo.
Mimosa bimucronata é uma planta arbórea e seus frutos encontram-se agregados
principalmente nas extremidades dos ramos. Desta forma, estas frutificações fornecem
tios (patches) discretos ideais para o estudo da estrutura espacial em populações locais
de bruquídeos e seus parasiides. Conseqüentemente, o conhecimento da estrutura
genética se de fundamental importância para o entendimento da estrutura espacial e
mobilidade destes insetos neste sistema tritrófico.
A importância do presente estudo reside no fato de que as sementes de Mimosa
bimucronata (DC.) Kuntze (Fabaceae: Mimosoideae) são intensamente predadas pelo
bruquídeo Acanthoscelides schrankie Horn 1873 (fase de pré-dispersão) os quais sofrem
altas taxas de parasitismo por diversas espécies de parasitóides. Além disso, os frutos de
M. bimucronata encontram-se agregados principalmente nas extremidades dos ramos,
fornecendo sítios (patches) discretos ideais para o estudo da estrutura espacial em
populações locais de bruquídeos e parasitóides. Portanto, partindo-se do pressuposto de
que a qualidade das sementes de M. bimucronata pode afetar o desempenho dos
bruquídeos (Kestring, 2007; Menezes, 2008) e que a qualidade das plantas varia
espacialmente (Gripenberg & Roslin, 2007), o presente estudo pretendeu avaliar se as
características nutricionais dos frutos de M. bimucronata influenciam a formação dos
padrões de distribuição espacial dos bruquídeos e seus parasitóides, os quais por sua vez
determinam os padrões de dependência de densidade espacial.
2. Objetivos
Os objetivos deste estudo foram: 1) determinar o padrão de distribuição espacial
da qualidade dos frutos de M. bimucronata, dos bruquídeos, dos seus parasiides e da
taxa de parasitismo; 2) quantificar padrões de parasitismo independentes, inversamente
dependentes e diretamente dependentes da densidade espacial através do método
35
SADIE e uma extensão deste método (associação espacial); 3) Através do método de
associação espacial, verificar se as características nutricionais dos frutos (teor de água e
conteúdo de nitrogênio e fenóis) estão acopladas espacialmente com as populações de
bruquídeos e parasitóides, bem como se as populações de bruquídeos e parasitóides
também apresentam acoplamento; 4) estudar a evolução da estrutura espacial das
populações de bruquídeos e parasitóides e do padrão espacial do parasitismo ao longo
do tempo; 5) verificar se as populações de bruquídeos e parasitóides estão acopladas
espacialmente, com ou sem atraso de tempo (time lags).
3. Material e métodos
3.1 Área de estudo
Os indivíduos de M. bimucronata que foram utilizados neste estudo estão
localizados nas proximidades da Universidade Estadual Paulista – UNESP/Botucatu,
Campus de Rubião Júnior (22° 53’ 07”S; 48° 29’23”W), Estado de São Paulo, nos
arredores da Lagoa de Tratamento de Esgoto de Rubião Júnior, pertencente à
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A área
(aproximadamente 6.700m²) contém cerca de 20 plantas no total, as quais estão
dispostas de forma agregada e localizadas em local plano com elevada umidade,
contendo vegetação composta de plantas invasoras herbáceas, na maioria gramíneas,
havendo principalmente M. bimucronata como elemento arbóreo. A precipitação anual
média na região do município de Botucatu é de 1.300 mm, oscilando entre 650 mm e
1850 mm, para os anos mais secos e mais úmidos, respectivamente. A estação chuvosa
vai de novembro a fevereiro com média de 1.100 mm contra cerca de 250 mm na
estação seca, de julho a novembro (Ortega & Engel, 1992).
3.2 Avaliação da distribuição espacial de A. schrankiae e seus parasitóides e do padrão
espacial do parasitismo
Na área de estudo, 18 plantas foram identificadas, sendo que estas estão
distribuídas de forma agregada (Figs. 1 e 2). Algumas plantas na população não foram
amostradas, pois estavam situadas em local de difícil acesso, ou eram muito jovens, ou
36
ainda apresentavam baixa produção de frutos no ano de 2006, quando foi feita a
marcação das plantas na área.
Além da marcação das plantas, o que permitiu o conhecimento da origem de
todo o material biológico coletado para o estudo, aproximadamente quatro ramos com
intensa frutificação foram marcados ao acaso em cada planta. Em nove plantas, das 18
selecionadas, quatro ramos foram marcados no início do período de frutificação. Em
duas plantas foram marcados um e dois ramos, e em sete plantas foram marcados três
ramos, devido à menor cobertura de suas copas, produção limitada de frutos, ou difícil
acesso aos ramos. Desta forma, no total foram marcados 60 ramos em março de 2006.
No início das coletas do ano de 2007, duas plantas haviam morrido e dois ramos de
outras plantas também haviam morrido.
Após a marcação das plantas e dos ramos, foram feitas coletas quinzenais de 25
frutos por ramo (100 frutos por planta), num total de 1.500 frutos por coleta no ano de
2006 e 1.350 frutos por coleta no ano de 2007 (devido à morte de plantas e ramos
marcados). Estas coletas foram realizadas do mês de abril ao mês de agosto de 2006 e
foram repetidas nos mesmos meses no ano de 2007. As coletas foram feitas, mais
especificamente, nos dias 26/04, 10/05, 25/05, 07/06, 29/06, 13/07, 25/07 e 15/08 de
2006 e nos dias 24/04, 15/05, 29/05, 12/06, 26/06, 12/07, 27/07, 15/08 do ano de 2007.
Devido a grande quantidade de frutos produzidos por M. bimucronata, estas
coletas não produziram, prematuramente, grande desbaste na planta. No entanto, no ano
de 2006, nas coletas dos dias 13/07, 25/07 e 15/08, foram coletados 1.488, 1.475 e
1.437 frutos, respectivamente, uma vez que não foi possível coletar 25 frutos em alguns
ramos. Assim, no ano de 2006 no total foram coletados 11.900 frutos distribuídos entre
60 ramos. Já no ano de 2007, alguns ramos não foram tão produtivos quanto no ano
anterior, portanto, um número menor de frutos ao longo das coletas foi coletado, mas
ainda assim suficiente para observação da emergência de bruquídeos e parasitóides. A
tabela 1 mostra o número de frutos por coleta no ano de 2007.
Todo o material coletado foi levado ao laboratório [28 ± 1º C (fotofase de 12
horas)], onde os frutos foram individualizados em pequenos tubos de ensaio
transparentes, fechados com algodão (permitindo a circulação de ar), identificando-se o
ramo, a planta de origem e a data de coleta (Fig. 3). A emergência dos bruquídeos e dos
parasitóides foi observada e quantificada periodicamente. Após a emergência, os insetos
foram cuidadosamente retirados dos tubos de ensaio e colocados em álcool (70%),
quantificando-se o total de bruquídeos e parasiides que emergiram de cada fruto. Com
37
relação aos parasitóides, o material foi fotografado em laboratório (estereomicroscópio
Nikon SMZ 800 equipado com câmera de vídeo digital) e posteriormente foram
enviados para identificação por especialista
*
. Como os parasiides foram identificados
até nível de família e apenas alguns gêneros, todas as análises apresentadas levaram em
conta apenas o número total de parasitóides, ou a taxa total de parasitismo, sem
considerar cada espécie individualmente, uma vez que ainda não é conhecido a quais
espécies pertencem os indivíduos amostrados. Ao final da fenofase de frutificação, foi
feito o somatório do número de bruquídeos e parasitóides coletados em cada ramo ao
longo de todas as coletas.
A emergência dos bruquídeos e parasitóides foi observada em laboratório
durante um período de aproximadamente oito meses, uma vez que o período de
emergência dos parasiides pode ocorrer de Março a Outubro, dependendo do ciclo de
vida de cada espécie
(Marcelo Nogueira Rossi, observação pessoal). A distribuição de
abundância dos bruquídeos e parasitóides (Nº de insetos/total de frutos coletados) ao
longo do tempo, bem como da taxa de parasitismo, foram apresentadas graficamente,
sendo que os cálculos foram feitos para cada momento de coleta.
Após todas as coletas, 50 ramos foram mapeados em um plano cartesiano xy
fazendo-se uso do equipamento Estação Total. Desta forma, cada ramo representou um
ponto com suas respectivas coordenadas geográficas. Dos 60 ramos, 50 foram
mapeados porque houve morte de plantas e de ramos, como já mencionado. No entanto,
para as análises espaciais referentes ao ano de 2006, foram utilizados dados de 48 ramos
e, para as análises do ano de 2007, 44 ramos foram utilizados. Essa redução no número
de ramos foi necessária, pois alguns ramos apresentaram poucos frutos durante as
coletas, os quais foram eliminados. Nas últimas coletas, tanto em 2006 como em 2007,
o número de insetos que emergiram dos frutos foi muito baixo, o que dificultaria a
interpretação das análises espaciais devido a valores nulos em excesso. Portanto, no ano
de 2006, as análises espaciais foram processadas considerando-se as coletas dos dias
26/04, 10/05, 25/05, 07/06, 29/06 e 13/07. As coletas dos dias 25/07 e 15/08 foram
então descartadas. No ano de 2007, as análises foram processadas considerando-se
apenas as coletas dos dias 24/04, 15/05 e 29/05, e as coletas dos dias 12/06, 26/06,
12/07, 27/07 e 15/08 não foram utilizadas. Através deste procedimento, cada ramo
utilizado nas análises apresentou um número igual de frutos coletados por coleta (25
*
Para a identificação, os parasitóides foram enviados para o pesquisador Prof. Dr. Valmir Antonio Costa
(Instituto Biológico – Campinas – SP).
38
frutos), possibilitando uma homogeneidade amostral, a qual é bem desejada neste tipo
de análise.
As análises espaciais foram feitas para cada coleta, tanto para o ano de 2006
como para 2007, bem como considerando os valores dos totais de coleta em cada ano.
Neste caso, os valores totais utilizados foram provenientes apenas dos ramos e das datas
de coletas utilizadas.
3.3 Determinação da qualidade nutricional dos frutos de M. bimucronata
Para a determinação da qualidade nutricional foram utilizados os mesmos ramos
utilizados nas alises descritas no subitem 3.2, totalizando 48 ramos no ano de 2006 e
44 ramos no ano de 2007. Após a emergência de todos os insetos os frutos de cada
amostra foram examinados quanto ao conteúdo de água, porcentagem de nitrogênio e
compostos felicos totais
*
. As amostras foram separadas em sacos de papel de acordo
com o ramo de origem dos frutos.
Quatro réplicas por amostra foram utilizadas para a estimativa do teor de água.
Este foi quantificado pela diferença de peso (balança semi-analítica) entre frutos úmidos
e secos (matéria seca) após secagem em estufa a 65 ± 3
o
C, por aproximadamente 62
horas (Brasil, 1992). Após isso, cada amostra foi então triturada em moinho (obtendo-se
um pó) e 200 mg de tecido seco foi utilizada para a quantificão de compostos
fenólicos e determinação do conteúdo de nitrogênio (aproximadamente 100 mg para
cada tipo de análise). O conteúdo de compostos fenólicos foi quantificado pelo método
de extração e quantificação de compostos fenólicos totais Folin-Ciocalteau (Folin &
Ciocalteau, 1927; Horwitz, 1995), utilizando como padrão o ácidolico, já o conteúdo
de nitrogênio foi determinado utilizando-se o protocolo de "Kjeldahl" (AOAC, 1995).
Para estas quantificações foram feitas triplicatas de cada amostra, portanto, uma média
de três réplicas por amostra foi utilizada para todas as análises bioquímicas e,
conseqüentemente, para as análises estatísticas. Desta forma, valores médios do teor de
água e dos conteúdos de nitrogênio e compostos fenólicos, foram obtidos para cada
ramo.
*
As análises bioquímicas foram realizadas no laboratório do Departamento de Química e Bioquímica,
Instituto de Biocncias, UNESP, Campus de Botucatu, por Milena G. Borguini sob orientação da Profª.
Drª. Giuseppina P. P. Lima.
39
Todo o procedimento descrito acima (coleta de frutos, emergência dos insetos e
análises bioquímicas) foi feito em dois anos consecutivos, 2006 e 2007, permitindo
assim a avaliação da varião temporal da qualidade nutricional dos frutos de M.
bimucronata e, conseqüentemente, do padrão de agregação de A. schrankiae e seus
parasitóides, e do padrão espacial do parasitismo.
3.4 Fundamentação teórica para aplicação de uma extensão do método estatístico
SADIE e análise de dados
Perry et al. (1999) definiram duas formas de cluster: cada unidade amostral i,
dentro de um patch cluster contendo diversas unidades, possui um certo número de
indiduos c
i
, que é maior do que o valor médio, m (número total de indiduos
amostrados/número de unidades amostrais); já cada unidade amostral j dentro de um
gap cluster, possui um certo número de indiduos c
j
menor do que m. Um índice de
agregação é atribuído para cada unidade, sendo v
i
para unidades com c
i
> m, e v
j
, para
unidades com c
j
< m. Para uma organização ao acaso dos indivíduos, v
i
tem uma
expectativa de 1, e uma unidade amostral que pertence a um patch cluster é indicada por
um valor de v
i
> 1. Para uma organização ao acaso dos indivíduos, v
j
(que é negativo
por convenção) possui uma expectativa de –1, e uma unidade amostral pertencendo a
um gap cluster é indicada por um valor de v
j
< -1.
Testes de aleatorização (randomization tests) estão disponíveis, baseados na
organização ao acaso dos valores observados do número de indivíduos entre as unidades
amostrais (Perry, 1996; Perry et al., 2002). Nestes testes, o valor médio dos índices de
agregação, obtido ao longo dos patch clusters,
i
V , é geralmente comparado com sua
expectativa de ser igual a 1 e, separadamente, o valor médio obtido ao longo dos gap
clusters,
j
V , é comparado com sua expectativa de ser igual a –1. As os cálculos, os
valores dos índices de agregação são mapeados, interpolados e contornados (contour
maps
). Geralmente, os clusters são definidos como áreas dentro de níveis de contorno
de +1,5 ou –1,5 (v
i
> 1,5 ou v
j
< -1,5) (Winder et al., 2001; Perry et al., 2002).
As análises mencionadas acima foram feitas para cada coleta, bem como para o
total coletado, considerando-se o número de bruquídeos, de parasiides e a taxa de
parasitismo. A taxa de parasitismo foi transformada para números inteiros após a
multiplicação por uma constante (multiplicou-se por 100, obtendo-se a porcentagem de
40
parasitismo), fazendo-se em seguida o arredondamento para os valores mais próximos,
possibilitando assim a aplicação do método SADIE, uma vez que, com exceção das
coordenadas geográficas, valores não inteiros não podem ser utilizados para as análises
(Veldtman & McGeoch, 2004). A associação espacial local entre as populações de
bruquídeos e parasitóides foi medida atras da utilização de um novo índice χ
k
,
baseado na similaridade entre os índices de agregação das populações, o qual foi
medido localmente na k-ésima unidade amostral. Os índices dos patch e gap clusters da
população um (parasitóides ou %parasitismo) foram denotados por z
k1
, onde k = 1,.., n.
A média destes índices foi denotada por q
1
. De forma similar, os índices dos patch e
gap clusters da população dois (bruquídeos) foram denotados por z
k2
, com média q
2.
A
definição de χ
k
é dada por:
()( )
()( )
[]
2
1
2
22
2
11
2211
∑∑
=
qzkkqzkk
qzkqzkn
k
χ
Portanto, valores positivos de χ
k
surgem de coincidências de patch ou gap clusters em
ambas as populações (populações espacialmente associadas). Já valores negativos, são
originados de clusters opostos (populações espacialmente dissociadas). A associação
espacial total, X, foi calculada como sendo a média dos valores locais, ou seja, X = k
χ
k
/n, sendo, na verdade, equivalente ao coeficiente de correlação simples entre os
índices de agregação, z
k1
e z
k2
, das duas populações, medido através dos valores de k =
1, ..., n (Winder et al., 2001).
A significância de
X foi verificada através do teste de aleatorização e a
associação local foi investigada entre as populações de bruquídeos e parasitóides
(número e porcentagem de parasitismo) em cada momento e ano de coleta. Para
verificar a evolução do grau de associação espacial ao longo do tempo (enfoque espaço-
temporal), a associação foi investigada em cada ano combinando-se todos os momentos
de coleta, gerando, conseqüentemente, 36 (6 momentos de coleta) e 9 (3 momentos de
coleta) análises de associação espacial, tanto para comparações entre os índices de
agregação originados do número de parasitóides e do número de bruquídeos como entre
a porcentagem de parasitismo e o número de bruquídeos. Estas análises foram
importantes para a quantificação de padrões de dependência (direta ou inversa) ou
independência de densidade espacial ao longo do tempo, bem como para investigar a
41
ocorrência de possíveis “atrasos de tempo (time lags) nas respostas de agregação dos
parasiides em ‘patches’ com maiores agregações de bruquídeos.
3.5 Determinação da associação espacial da qualidade nutricional dos frutos de M.
bimucronata com as populações de bruquídeos e parasitóides
As análises dos dados da qualidade nutricional dos frutos (conteúdo de
nitrogênio e compostos fenólicos e teor de água) foram realizadas para os anos de 2006
e 2007 sem levar em consideração o momento de coleta. Para aplicação no método
SADIE foram utilizados valores inteiros, arredondando para os valores mais próximos e
no caso do conteúdo de água, os valores foram multiplicados por uma constante (por
dez) e também utilizados valores inteiros, já que, como mencionado anteriormente,
valores o inteiros não podem ser utilizados para estas análises. Primeiramente, os
índices de agregação foram calculados para cada ano, observando-se a formação dos
patch e gap clusters para a determinação da estrutura espacial dos atributos nutricionais.
Em seguida, análises de associação espacial local (X) foram feitas entre cada atributo
nutricional dos frutos (fenóis, nitrogênio e água) e as populações de bruquídeos e
parasitóides, verificando se a qualidade da planta interferiu na distribuição espacial dos
bruquídeos e parasitóides.
Fig. 1. Área de estudo – ano de 2006.
42
Fig. 2. Área de estudo – ano de 2007.
Fig. 3. Frutos individualizados de M. bimucronata.
Tabela 1. Número de frutos por coleta no ano de 2007.
Data da coleta Total de frutos
24/04/2007 1330
15/05/2007 1250
29/05/2007 1222
12/06/2007 1163
26/06/2007 1059
12/07/2007 964
27/07/2007 868
15/08/2007 721
Total
8577
43
4. Resultados
4.1 Flutuação populacional dos insetos e determinação das famílias e gêneros dos
parasitóides
A predação dos frutos de M. bimucronata foi mais intensa nos meses de abril e
maio, tanto no ano de 2006 quanto no ano de 2007, devido à grande quantidade de A.
schrankiae
presente nos frutos. Observou-se também uma grande abundância de
parasitóides nestes meses (Figs. 4 e 6 ). No ano de 2006 pode-se observar um pico na
ocorrência de bruquídeos e parasiides na coleta realizada em 10/05 (Fig. 4), fato este
que não foi observado no ano de 2007, no qual houve uma queda gradativa na
emergência destes insetos (Fig. 6). Podemos observar no ano de 2007 também uma
queda na produção de frutos pelos ramos selecionados, o que não ocorreu em 2006,
sendo a quantidade de frutos coletados constante em quase todas as coletas, sofrendo
uma queda apenas nas três últimas coletas, e ainda assim de forma não muito acentuada
(Figs. 4 e 6).
Nos dois anos de coleta observou-se um aumento da taxa de parasitismo ao
longo das coletas (Figs. 5 e 7). Apesar da grande quantidade de parasitóides nos meses
de abril e maio, as maiores taxas de parasitismo foram observadas nos meses de menor
densidade de A. schrankiae (Figs. 5 e 7).
Em geral o número de parasitóides que emergiu no ano de 2007 foi menor que o
ano de 2006. Porém, as famílias de parasitóides determinadas tanto para o ano de 2006
como para o ano de 2007 são bastante semelhantes, apenas com a diferença na família
Scelionidae que ocorreu apenas no ano que 2006 (Tabela 2); portanto, no ano de 2006
foram determinadas sete famílias e no ano de 2007 seis famílias. As famílias
determinadas e comuns aos dois anos foram: Braconidae, Encyrtidae, Eulophidae,
Eupelmidae, Eurytomidae e Pteromalidae, sendo esta última a família com maior
número de representantes (622 indivíduos no ano de 2006 e 205 indivíduos no ano de
2007) (Tabela 2). Scelionide e Encyrtidae foram as famílias com os menores números
de indivíduos para os anos de 2006 e 2007, respectivamente, com apenas dois
espécimes cada (Tabela 2). Nos dois anos foi possível observar um pico na emergência
de Pteromalidae nos meses de abril e maio, havendo uma queda nestes indiduos ao
longo das coletas (Figs. 8 e 9). A família Braconidae também teve a maior parte de seus
indiduos ocorrendo nos primeiros meses de coleta em ambos os anos (Figs. 8 e 9).
44
Eulophidae apresentou menor quantidade de indivíduos se comparado a Pteromalidae,
porém com distribuição mais regular ao longo dos meses de coleta dos frutos, isto
também observado para 2006 e 2007 (Figs. 8 e 9).
Foram determinados 7 gêneros dentre os parasitóides encontrados parasitando A.
schrankiae.
Na família Braconidae foram determinados dois gêneros, Heterospilus e
Bracon, sendo que o gênero Heterospilus precisa de revio, impossibilitando a
determinação da espécie. Na família Eulophidae foi determinado o gênero Horismenus,
em revisão pelo Dr. Christer Hansson (Valmir Antônio Costa, comunicação pessoal).
Na família Eupelmidae foram determinados dois gêneros, sendo eles Brasema e
Eupelmus. Na família Eurytomidae determinou-se o gênero Eurytoma e na família
Pteromalidae, foi determinado o gênero Lyrcus, sendo que dos exemplares deste gênero
talvez seja possível encontrar três espécies. Ainda não foi possível determinar quais
espécies foram encontradas, devido a sutis diferenças entre elas e também devido ao
fato de algunsneros estarem em revisão (Figs. 10 e 11).
4.2 Distribuição espacial de A. schrankiae e seus parasitóides, determinação do padrão
espacial do parasitismo e da associação espacial
Os resultados das análises de distribuição espacial pelo método SADIE,
aplicadas para o ano de 2006, mostraram que tanto as populações de bruquídeos como
as populações de parasitóides não estão agregadas, e o mesmo aconteceu para a
porcentagem de parasitismo, uma vez que não foram encontradas diferenças
significativas (Tabela 3). Portanto, as populações estão distribuídas aleatoriamente,
considerando-se cada coleta (Tabela 3).
Considerando os resultados das análises aplicadas para o ano de 2007,
constatou-se que tanto os bruquídeos como os parasiides apresentaram um padrão de
distribuição agregado na primeira coleta (dia 24/04) e não nas demais, as quais
demonstraram um padrão aleatório (Tabela 4). A porcentagem de parasitismo
apresentou um padrão agregado apenas na terceira coleta (dia 29/05) (Tabela 4).
Quando as análises foram aplicadas considerando o total de todas as coletas, a
população de bruquídeos curiosamente apresentou um padrão de distribuição aleatório
para as coletas de 2006, mas agregado para as coletas do ano de 2007 (Tabela 5),
demonstrando que o padrão de distribuição espacial pode variar ao longo do tempo. Já
45
os parasitóides (número e porcentagem) apresentaram um padrão de distribuição
aleatório (Tabela 5).
Os resultados das análises de associação espacial entre bruquídeos e
parasitóides, considerando-se cada coleta e o total de coletas em cada ano,
demonstraram um alto grau de associação espacial entre os respectivos índices de
agregação (notar valores positivos do índice X), só não sendo significativo para a
primeira coleta (dia 26/04) do ano de 2006, embora o nível de probabilidade esteja
próximo a significância (Tabela 6). No entanto, quando as análises de associão
espacial foram feitas entre os bruquídeos e a porcentagem de parasitismo, contatou-se
um padrão variável, dependendo do momento de observação (Tabela 6). No ano de
2006, constatou-se uma dissociação espacial significativa na primeira coleta, mudando
para associações não significativas nas duas coletas seguintes (Tabela 6). Curiosamente,
constatou-se nas demais coletas uma associação espacial significativa entre a
porcentagem de parasitismo e os bruquídeos (Tabela 6). Portanto, o padrão espacial do
parasitismo foi inversamente dependente da densidade para a primeira coleta,
independente da densidade nas coletas 2 e 3, e diretamente dependente da densidade nas
coletas 4, 5 e 6 (Tabela 6).
Resultado semelhante foi encontrado no ano de 2007, uma vez que uma
associação espacial significativa entre a porcentagem de parasitismo e os bruquídeos foi
observada apenas na terceira coleta, e associações não significativas foram observadas
nas coletas 1 e 2 (Tabela 6). Portanto, o padrão espacial do parasitismo foi independente
da densidade para as coletas 1 e 2, e diretamente dependente da densidade para a coleta
3 (Tabela 6). Quando o total das coletas foi considerado, dissociações significativas
entre as porcentagens de parasitismo e os bruquídeos foram encontradas, demonstrando
um padrão de parasitismo inversamente dependente da densidade espacial em ambos os
anos (Tabela 6).
As figuras 12 e 13 mostram o padrão de agregação espacial de A. schrankiae
considerando todas as coletas executadas no ano de 2007 e a coleta de 24/04 de 2007,
respectivamente. A figura 14 mostra o mesmo tipo de padrão, mas considerando os
parasitóides na coleta de 24/04 de 2007. Os mapas indicam áreas de patch e gap
clusters
com valores significativos. Em todos os casos, os clusters estavam localizados
em pequenos
patches e grandes gaps, os quais foram efêmeros no espaço e no tempo
(Figs. 12, 13 e 14). As figuras 15 e 17 mostram grandes áreas de associação entre os
bruquídeos e os parasiides para os anos de 2006 e 2007, respectivamente,
46
considerando todas as coletas executadas. No entanto, para as taxas de parasitismo,
observa-se grandes áreas de dissociação em ambos os anos (Figs. 16 e 18),
demonstrando um padrão de parasitismo inversamente dependente da densidade
espacial.
No caso das coletas dos dias 29/06 de 2006 e 29/05 de 2007, novamente
contatou-se grandes áreas de associação espacial entre bruquídeos e parasitóides (Figs.
19 e 21). Mas neste caso, as porcentagens de parasitismo também foram altamente
associadas com os bruquídeos, demonstrando um padrão de parasitismo diretamente
dependente da densidade espacial (Figs. 20 e 22). No caso da coleta de 29/05,
dissociações significativas não foram observadas, demonstrando o alto grau de
associação espacial entre as populões (Fig. 21).
As análises de associação espaço-temporal entre os bruquídeos e parasiides
para o ano de 2006, demonstraram associações significativas principalmente na
diagonal principal, demonstrando que associações significativas sem atraso de tempo
são predominantes (Fig. 23). O mesmo ocorreu para associões entre os bruqdeos e a
porcentagem de parasitismo, no entanto, associações significativas foram encontradas
nas últimas coletas, ou seja, nas densidades mais baixas de bruquídeos e parasitóides
(Fig. 24). É interessante destacar que associações significativas com atraso de tempo
foram encontradas entre as porcentagens de parasitismo da quinta coleta com os
bruquídeos da segunda coleta, e entre as porcentagens de parasitismo da sexta coleta
com os bruquídeos da quinta coleta, demonstrando que os parasiides podem ter
respondido significativamente aos padrões de distribuição espacial apresentados pelos
bruquídeos em momentos anteriores (Fig. 24).
Como no ano de 2006, as análises de associação espaço-temporal entre os
bruquídeos e parasitóides para o ano de 2007 demonstraram associações altamente
significativas principalmente na diagonal principal (Fig. 25). No entanto, associações
significativas com atraso de tempo também foram encontradas (Fig. 25). Para as
associações entre os bruquídeos e a porcentagem de parasitismo, associações
significativas com atraso de tempo foram encontradas entre as porcentagens de
parasitismo da terceira coleta com os bruquídeos da primeira coleta, e entre as
porcentagens de parasitismo da terceira coleta com os bruquídeos da segunda coleta,
novamente demonstrando que os parasiides podem ter respondido significativamente
aos padrões de distribuição espacial apresentados pelos bruquídeos em momentos
anteriores (Fig. 26).
47
Através da utilização do método SADIE foi possível demonstrar que tanto A.
schrankiae
como seus parasitóides apresentam estrutura espacial bem definida apenas
durante o ano de 2007 (Tabelas 4 e 5). Durante o ano de 2006, as populações destes
insetos apresentaram um padrão de distribuição aleatória (Tabelas 3 e 5). Mesmo
durante o ano de 2007, a estrutura espacial com formação de patch e gap clusters
significativos foi observada apenas quando todas as coletas foram consideradas, bem
como na primeira coleta (dia 24/04) (Figs. 12, 13 e 14). Análises feitas em diferentes
momentos de coleta possibilitaram acompanhar a evolução dos padrões de distribuição
espacial ao longo do tempo.
4.3 Associação espacial das características nutricionais dos frutos de M. bimucronata e
populações de bruquídeos e parasitóides
Os resultados para as análises dos índices de agregação para teor de água,
conteúdo de fenóis e nitrogênio mostraram-se significativos apenas para teor de água no
ano de 2006 e conteúdo de fenóis no ano de 2007, ambos para gap clusters, embora o
resultado da análise do conteúdo de fenóis no ano de 2006 tenha ficado próximo da
significância (Tabela 7). Estes resultados mostram que estes compostos (água e fenóis)
apresentam estrutura espacial bem definida, no entanto, esta é dependente do momento
de observação. Para o conteúdo de nitrogênio a alise dos índices de agregação não foi
significativa para os dois anos, não apresentando nenhum tipo de estrutura espacial
(Tabela 7).
Para as análises de associação espacial entre as características bioquímicas dos
frutos de
M. bimucronata e bruquídeos e parasitóides, foram encontrados resultados
significativos para dissociação espacial entre bruquídeos e feis nos anos de 2006 e
2007 (valores de
X negativos); para parasiides e fenóis a análise foi significativa
também para dissociação espacial para o ano de 2006 e muito próxima da significância
no ano de 2007 (Tabela 8). Portanto, isso significa que os patch clusters dos bruquídeos
e dos parasitóides estavam significativamente sobrepostos aos gap clusters dos fenóis.
Para as demais associações, as análises não foram significativas para os dois anos
(Tabela 8).
48
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
26/4/2006
10/5/2006
25/5/2006
7/6/2006
29/6/2006
13/7/2006
25/7/2006
15/8/2006
Data de coleta
Nº de insetos/Nº de frutos
1400
1410
1420
1430
1440
1450
1460
1470
1480
1490
1500
Nº de frutos
Bruquídeos
Parasitóides
Nº de frutos coletados
Fig. 4. Número de frutos coletados e abundância de A. schrankiae e parasitóides ao
longo das coletas do ano de 2006.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
26/4/2006
10/5/2006
25/5/2006
7/6/2006
29/6/2006
13/7/2006
25/7/2006
15/8/2006
Data de coleta
Nº de Insetos/Nº de frutos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Taxa de parasitism
o
Parasitóides
Bruquídeos
Taxa de parasitismo
Fig. 5. Distribuição da taxa de parasitismo e da abundância de A. schrankiae e
parasitóides ao longo das coletas do ano de 2006.
49
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
2
4
/
4
/200
7
15/5/20
0
7
2
9/5/2
00
7
1
2
/6/2007
26/6/20
0
7
1
2
/
7
/2007
25/7/20
0
7
1
5/8/2
00
7
Data de coleta
insetos/Nº frutos
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nº de Frutos
Parasitóides
Bruquídeos
Nº de frutos coletados
Fig. 6. Número de frutos coletados e abundância de A. schrankiae e parasitóides ao
longo das coletas do ano de 2007.
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
24
/
4
/
2
0
07
15/5/2007
29/5/20
0
7
1
2/6/20
07
26
/
6
/
2
0
07
12/7/2007
25/7/20
0
7
1
5/8/20
07
Data de coleta
Nº insetos/ frutos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Taxa de parasitism
o
Parasitóides
Bruquídeos
Taxa de parasitismo
Fig. 7. Distribuição da taxa de parasitismo e da abundância de
A. schrankiae e
parasitóides ao longo das coletas do ano de 2007.
50
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
26
/0
4/2
0
06
10
/
05/2
0
06
2
5
/05/2006
0
7
/06
/2
006
29
/
06/2
0
06
13/07/2006
2
5
/07/
2
006
15
/08
/2
00
6
Data da Coleta
Número de Indiduos
Braconidae
Encyrtidae
Eulophidae
Eupelmidae
Eurytomidae
Pteromalidae
Scelionidae
Fig. 8: Distribuição sazonal das famílias de parasitóides no ano de 2006.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
24/04/2007 15/05/2007 29/05/2007 12/06/2007 26/06/2007 12/07/2007 25/07/2007 15/08/2007
Data da Coleta
Número de Indiduos
Braconidae
Encyrtidae
Eulophidae
Eupelmidae
Eurytomidae
Pteromalidae
Fig. 9: Distribuição sazonal das famílias de parasitóides no ano de 2007.
51
Fig. 10. Exemplares de Fig. 11. Exemplares de
parasitóides do ano de 2006. parasitóides do ano de 2007.
Tabela 2. Número de indivíduos ocorrentes nas famílias de parasitóides nos anos de
2006 e 2007.
Famílias
Ano Braconidae Encyrtidae Eulophidae Eupelmidae Eurytomidae Pteromalidae Scelionidae
2006
157 6 214 159 187 622 2
2007
45 2 102 97 43 205 0
Total de
Parasitóides
202 8 316 256 230 827 2
52
Tabela 3. Média dos índices de agregação,
i
V para patches e
j
V para gaps, com ovel
de probabilidade P, para o bruquídeo A. schrankiae, seus parasitóides e porcentagem de
parasitismo. O número de patch e gap clusters identificados com valores acima de 1,5 e
abaixo de –1,5 (v
i
> 1,5 ou v
j
< -1,5) também estão representados (N). As análises foram
aplicadas às coletas do ano de 2006.
Bruquídeos Parasitóides % Parasitismo
Coletas**
Tipo
de
Cluster
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
1 Patch 1,094 0,2743 5 0,874 0,6259 1 1,339 0,1041 9
1 Gap –1,197 0,1857 8 –0,801 0,7679 0 –1,036 0,3479 8
2 Patch 0,817 0,7044 2 0,987 0,4188 3 1,003 0,3844 5
2 Gap –0,839 0,7473 3 –0,928 0,5287 3 –0,867 0,6437 3
3 Patch 0,669 0,7903 1 0,656 0,9589 1 0,881 0,6073 4
3 Gap –0,844 0,6849 4 –0,774 0,8136 4 –0,767 0,8344 1
4 Patch 1,085 0,2945 5 1,200 0,1798 4 1,294 0,1138 5
4 Gap –0,980 0,4444 5 –0,963 0,4666 7 –1,094 0,2844 6
5 Patch 0,769 0,8306 1 0,837 0,6968 2 0,830 0,7236 4
5 Gap –0,818 0,7449 1 –0,896 0,5852 3 –0,656 0,9702 1
6 Patch 1,490 0,0523 5 1,339 0,0974 8 0,981 0,4465 3
6 Gap –1,024 0,3741 2 –1,272 0,1342 8 –0,900 0,5953 4
* Não houve diferença significativa em todas as comparações (P > 0,05).
** Os valores de 1 a 6 representam as coletas realizadas nos dias 26/04, 10/05, 25/05,
07/06, 29/06 e 13/07, respectivamente.
Tabela 4. Média dos índices de agregação,
i
V para patches e
j
V para gaps, com ovel
de probabilidade P, para o bruquídeo A. schrankiae, seus parasitóides e porcentagem de
parasitismo. O número de
patch e gap clusters identificados com valores acima de 1,5 e
abaixo de –1,5 (
v
i
> 1,5 ou v
j
< -1,5) também estão representados (N). As análises foram
aplicadas às coletas do ano de 2007.
Bruquídeos Parasitóides % Parasitismo
Coletas**
Tipo
de
Cluster
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
1 Patch 1,686
0,0169
5 1,476
0,0458
4 1,158 0,2078 6
1 Gap –1,394 0,0732 12 –1,052 0,3248 6 –1,209 0,1634 9
2 Patch 1,201 0,1704 4 0,769 0,8346 2 0,991 0,4206 5
2 Gap –1,354 0,0866 15 –1,124 0,2219 9 –0,917 0,5552 3
3 Patch 1,237 0,1473 4 1,328 0,0987 3 2,190
0,0010
11
3 Gap –1,138 0,2242 9 –1,239 0,1436 13 –1,376 0,0672 10
* Análises significativas estão representadas em ilico e negrito (P < 0,05).
** Os valores de 1 a 3 representam as coletas realizadas nos dias 24/04, 15/05 e 29/05,
respectivamente.
53
Tabela 5. Média dos índices de agregação,
i
V para patches e
j
V para gaps, com o nível
de probabilidade P, para o bruquídeo A. schrankiae, seus parasitóides e porcentagem de
parasitismo. O número de patch e gap clusters identificados com valores acima de 1,5 e
abaixo de –1,5 (v
i
> 1,5 ou v
j
< -1,5) também estão representados (N). As análises foram
aplicadas aos valores totais das coletas dos anos de 2006 e 2007.
Bruquídeos Parasitóides % Parasitismo
Anos de
coleta
Tipo
de
Cluster
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Patch 1,011 0,3787 2 0,969 0,4615 3 1,021 0,3702 6
2006
Gap –0,968 0,4620 4 –0,919 0,5465 2 –1,010 0,3930 7
Patch 1,629
0,0238
8 1,186 0,1843 4 1,031 0,3608 5
2007
Gap –1,560
0,0370
14 –1,292 0,1153 11 –0,985 0,4434 3
* Análises significativas estão representadas em ilico e negrito (P < 0,05).
Tabela 6. Associação espacial entre bruquídeos e parasitóides (número e % de
parasitismo) considerando-se cada coleta e o total de coletas em cada ano. Valores
positivos e negativos da Associão Espacial Total (X) representam associação e
dissociação, respectivamente. Os valores do nível de probabilidade P, para associações
entre o bruquídeo A. schrankiae e seus parasitóides, bem como entre A. schrankiae e a
% parasitismo, são apresentados.
Bruquídeos e Parasitóides Bruquídeos e % Parasitismo
Ano Coletas**
Associão
Espacial Total (X)
P*
Associão
Espacial Total (X)
P*
1 0,2597 0,0650 –0,5922
<0,0001
2 0,5482
0,0002
–0,1851 0,8826
3 0,4937
0,0010
–0,2646 0,9406
4 0,7059
<0,0001
0,5412
0,0001
5 0,7299
<0,0001
0,5386
0,0001
2006
6 0,6177
<0,0001
0,4260
0,0018
1 0,6723
<0,0001
–0,0913 0,7105
2 0,8509
<0,0001
0,2255 0,0884
2007
3 0,7788
<0,0001
0,5022
0,0009
2006 Total 0,4539
0,0009
–0,4406
0,0013
2007 Total 0,5974
<0,0001
–0,3386
0,0133
* Análises significativas estão representadas em ilico e negrito (P < 0,05).
** Os valores de 1 a 6 representam as coletas realizadas nos dias 26/04, 10/05, 25/05,
07/06, 29/06 e 13/07, e os valores de 1 a 3 representam as coletas realizadas nos dias
24/04, 15/05 e 29/05, para os anos de 2006 e 2007, respectivamente.
54
Tabela 7. Média dos índices de agregação,
i
V para patches e
j
V para gaps, com o nível
de probabilidade P, para o teor de água e os conteúdos de fenóis e nitrogênio. O número
de patch e gap clusters identificados com valores acima de 1,5 e abaixo de –1,5 (v
i
> 1,5
ou v
j
< -1,5) também estão representados (N). As análises foram aplicadas para os anos
de 2006 e 2007.
Água Fenóis Nitrogênio
Anos de
coleta
Tipo
de
Cluster
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Índices de
Agregação
(Cluster) P* N
Patch 1,349 0,1044 12 1,211 0,1711 5 1,095 0,2715 9
2006
Gap –2,261
0,0017
12 –1,499 0,0553 11 –1,444 0,0729 4
Patch 1,209 0,1714 5 0,823 0,7572 2 0,834 0,7560 2
2007
Gap –1,261 0,1259 8 –1,647
0,0260
10 –0,875 0,6541 2
* Análises significativas estão representadas em ilico e negrito (P < 0,05).
Tabela 8. Associação espacial entre as características bioquímicas das plantas (teor de
água e conteúdos de feis e nitrogênio) e os bruquídeos e parasitóides, considerando-se
o total de coletas em cada ano. Valores positivos e negativos da Associação Espacial
Total (X) representam associação e dissociação, respectivamente. O valor do nível de
probabilidade P para cada associação também é apresentado.
Ano
2006 2007
Tipo de Associação
Associão
Espacial Total (X)
P*
Associão
Espacial Total (X)
P*
Bruquídeos e %Água
–0,2597 0,3557 –0,1515 0,1749
Bruquídeos e Fenóis
–0,4412
0,0012
–0,2674
0,0436
Bruquídeos e Nitrogênio
0,1625 0,1379 –0,0216 0,4478
Parasitóides e %Água
0,2050 0,0886 0,0097 0,4782
Parasiides e Fenóis
–0,3042
0,0193
–0,2564 0,0585
Parasitóides e Nitrogênio
0,1049 0,2441 –0,0023 0,4988
* Análises significativas estão representadas em ilico e negrito (P < 0,05).
55
ramo
Fig. 12. Padrão de distribuição espacial para o bruquídeo A. schrankiae considerando
todas as coletas executadas no ano de 2007 (Índice de Agregação Geral Ia = 1,811; P
= 0,0059). O mapa indica áreas de grandes (vermelho para patches, em que v
i
> 1,5) e
pequenas contagens (azul para gaps, em que v
j
< –1,5) com valores significativos.
• ramo
Fig. 13. Padrão de distribuição espacial para o bruquídeo
A. schrankiae considerando
a coleta de 24/04 de 2007 (Índice de Agregação Geral
Ia = 1,685; P = 0,0082). O
mapa indica áreas de grandes (vermelho para
patches, em que v
i
> 1,5) e pequenas
contagens (azul para gaps, em que v
j
< –1,5). Embora o Ia tenha sido significativo,
houve significância para os patch clusters (
i
V = 1,686; P = 0,0169) e não para os gap
clusters (
j
V = –1,394; P = 0,0732).
7
0
80 90 100 11
0
12
0
80
90
100
-3.
5
-2.5
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
-3.
5
-2.5
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
5.5
6.5
7
0
8
0
9
0
10
0
11
0
120
80
90
100
56
ramo
Fig. 14. Padrão de distribuição espacial para os parasiides de A. schrankiae
considerando a coleta de 24/04 de 2007 (Índice de Agregação Geral Ia = 1,369; P =
0,0779). O mapa indica áreas de grandes (vermelho para patches, em que v
i
> 1,5) e
pequenas contagens (azul para gaps, em que v
j
< –1,5). Houve significância para os
patch clusters (
i
V = 1,476; P = 0,0458) e não para os gap clusters (
j
V = –1,052; P =
0,3248), e o Ia foi próximo a significância.
• ramo
Fig. 15. Associação espacial entre o número de bruquídeos e o número de
parasitóides considerando todas as coletas executadas no ano de 2006 (X = 0,4539; P
= 0,0009). Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial
significativa (áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5
representam dissociação espacial significativa (áreas verdes).
-3.
5
-2.5
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
-
2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
7
0
8
0
9
0
10
0
11
0
12
0
80
90
100
70 8
0
90 100 110 12
0
80
90
100
57
• ramo
Fig. 16. Associação espacial entre o número de bruquídeos e a porcentagem de
parasitismo considerando todas as coletas executadas no ano de 2006 (X = –0,4406; P
= 0,0013). Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial
significativa (áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5
representam dissociação espacial significativa (áreas verdes).
ramo
Fig. 17. Associação espacial entre o número de bruquídeos e o número de
parasitóides considerando todas as coletas executadas no ano de 2007 (X = 0,5974; P
= <0,0001). Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial
significativa (áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5
representam dissociação espacial significativa (áreas verdes).
70 80 9
0
100 110 12
0
80
90
100
-3.
5
-2.5
-1.5
-0.5
0.5
1.5
7
0
8
0
9
0
100 11
0
12
0
80
90
100
-1.
5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
5.5
58
• ramo
Fig. 18. Associação espacial entre o número de bruquídeos e a porcentagem de
parasitismo considerando todas as coletas executadas no ano de 2007 (X = –0,3386; P
= 0,0133). Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial
significativa (áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5
representam dissociação espacial significativa (áreas verdes).
• ramo
Fig. 19. Associação espacial entre o número de bruquídeos e o número de
parasitóides considerando a coleta do dia 29/06 de 2006 (X = 0,7299; P = <0,0001).
Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial significativa
(áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5 representam
dissociação espacial significativa (áreas verdes).
7
0
80 9
0
10
0
110 120
80
90
100
-2.
5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
7
0
8
0
9
0
10
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11
0
12
0
80
90
100
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
59
• ramo
Fig. 20. Associação espacial entre o número de bruquídeos e a porcentagem de
parasitismo considerando a coleta do dia 29/06 de 2006 (X = 0,5386; P = 0,0001).
Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial significativa
(áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5 representam
dissociação espacial significativa (áreas verdes).
• ramo
Fig. 21. Associação espacial entre o número de bruquídeos e o número de
parasitóides considerando a coleta do dia 29/05 de 2007 (X = 0,7788; P = <0,0001).
Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial significativa
(áreas vermelhas). Neste caso, não ocorreram áreas com dissociação espacial
significativa (valores menores que –0,5).
7
0
8
0
9
0
100 11
0
12
0
80
90
100
-1.5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
7
0
8
0
9
0
10
0
11
0
12
0
80
90
100
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
5.5
60
• ramo
Fig. 22. Associação espacial entre o número de bruquídeos e a porcentagem de
parasitismo considerando a coleta do dia 29/05 de 2007 (X = 0,5022; P = 0,0009).
Áreas com valores maiores que 0,5 representam associação espacial significativa
(áreas vermelhas), enquanto que áreas com valores menores que –0,5 representam
dissociação espacial significativa (áreas verdes).
Fig. 23. Associação espaço-temporal entre o número de bruquídeos (eixo-y) e o
número de parasitóides (eixo-x) para o ano de 2006. As associações foram analisadas
com atraso de tempo (lag – acima e abaixo da diagonal principal) e sem atraso de
tempo (diagonal principal). Valores significativos estão indicados no contorno em
negrito.
7
0
8
0
9
0
10
0
11
0
12
0
80
90
100
-1.
5
-0.5
0.5
1.5
2.5
3.5
4.5
5.5
123456
Datas de coleta de parasitóides
1
2
3
4
5
6
Da
t
as de cole
t
a de b
r
uquídeos
0.2597
0.2112
0.3366
0.3086
0.1625
-0.0968
0.1145
0.5482
0.2569
0.0886
0.3551
-0.0973
0.2044
0.2948
0.4937
0.5123
0.1267
-0.1897
-0.052
0.0469
0.3338
0.7059
-0.014
-0.1191
0.0012
0.4153
-0.0875
0.1283
0.7299
0.202
-0.1129
0.0637
0.01
-0.2012
0.3234
0.6177
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3234
0.4
0.5
0.6
0.7
B
r
u
q
u
í
d
e
o
s
a
p
ó
s
p
a
r
a
s
i
t
ó
i
d
e
s
P
a
r
a
s
i
t
ó
i
d
e
s
a
p
ó
s
b
r
u
q
u
í
d
e
o
s
61
Fig. 24. Associão espaço-temporal entre o número de bruquídeos (eixo-y) e a
porcentagem de parasitismo (eixo-x) para o ano de 2006. As associações foram analisadas
com atraso de tempo (lag – acima e abaixo da diagonal principal) e sem atraso de tempo
(diagonal principal). Valores significativos estão indicados no contorno em negrito.
Fig. 25. Associação espaço-temporal entre o número de bruquídeos (eixo-y) e o número de
parasitóides (eixo-x) para o ano de 2007. As associações foram analisadas com atraso de
tempo (lag – acima e abaixo da diagonal principal) e sem atraso de tempo (diagonal
principal). Valores significativos estão indicados no contorno em negrito.
123
Datas de coleta de
p
arasitóides
1
2
3
Datas de coleta de b
r
uquídeos
0.6723
0.308
0.0735
0.3227
0.8509
0.3389
0.3309
0.4052
0.7788
0.05
0.15
0.25
0.308
0.45
0.55
0.65
0.75
0.85
B
r
u
q
u
í
d
e
o
s
a
p
ó
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s
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Datas de coleta de
p
arasitóide
s
1
2
3
4
5
6
Datas de coleta de bruquídeos
-0.5922
-0.5922
-0.0123
-0.2104
-0.1421
-0.1056
-0.3575
-0.1851
-0.1099
-0.2208
-0.1816
-0.1359
0.031
0.2095
-0.2646
0.1676
0.1316
-0.0606
-0.1628
-0.0098
0.292
0.5412
0.0535
0.0939
0.1594
0.4486
-0.1584
0.0847
0.5386
0.0822
-0.2263
0.1937
0.0615
-0.0183
0.3886
0.426
-0.65
-0.55
-0.45
-0.3575
-0.25
-0.15
-0.05
0.05
0.15
0.292
0.35
0.45
0.55
B
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Fig. 26. Associação espaço-temporal entre o número de bruquídeos (eixo-y) e a
porcentagem de parasitismo (eixo-x) para o ano de 2007. As associações foram
analisadas com atraso de tempo (lag – acima e abaixo da diagonal principal) e sem
atraso de tempo (diagonal principal). Valores significativos estão indicados no contorno
em negrito. A seta indica um valor significativo para dissocião.
5. Discussão
O primeiro relato de A. schrankiae predando sementes de M. bimucronata foi
feito em um estudo realizado por Silva et al. (2007), no qual os autores também
relataram uma alta emergência de adultos do bruquídeo em laboratório e uma alta
porcentagem de predação das sementes de M. bimucronata. No mês de abril e maio é
observada esta maior quantidade tanto de A. schrankiae como de parasitóides, pois no
mês de abril começa a haver um aumento de frutos maduros, ocorrendo então a maior
emergência de bruquídeos e parasitóides (Silva et al., 2007). Portanto, a queda na
abundância de bruquídeos e parasitóides observada a partir de maio deve ocorrer devido
a uma redução de frutos imaturos de M. bimucronata, reduzindo os sítios propícios para
oviposição.
Como mencionado anteriormente, para Braconidade foram encontrados os
gêneros Heterospilus e Bracon parasitando A. schrankiae. Marsh (1997) estima em 300
o número de espécies de Heterospilus na Região Neotropical, a maioria parasitando
123
Data de coleta de parasitóides
1
2
3
Da
t
as de cole
t
a de b
r
uquídeos
-0.0913
-0.2823
-0.5347
0.2305
0.2255
0.3111
0.3876
0.4546
0.5022
-0.5347
-0.45
-0.35
-0.25
-0.15
-0.05
0.05
0.15
0.25
0.3111
0.45
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larvas de coleópteros broqueadores. As espécies do gênero Horismenus (Eulophidae)
são encontradas parasitando principalmente Coleoptera, sendo algumas espécies
hiperparasitóides de outros himenópteros (Schauff et al., 1997). Na família Eupelmidae,
as espécies dos gêneros Brasema e Eupelmus são parasitóides larvais ou pupais,
primários ou secundários de um grandemero de insetos holometábolos (Gibson,
1997). Na família Eurytomidae, indivíduos do gênero Eurytoma parasitam insetos de
rias ordens, dentre as quais Coleoptera (DiGiulio, 1997). Na família Pteromalidae,
família que teve maior representatividade, espécies do gênero Lyrcus são parasitóides de
Bruchidae, Curculionidae (Coleoptera) e também de Cecidomyiidae (Diptera) (Boucek
& Heydon , 1997).
Veldtman & McGeoch (2004) compararam cinco métodos de investigação de
padrões de dependência espacial, em que quatro deles eram baseados em modelos de
regressão, com enfoque espacialmente implícito, e outro, o método SADIE, com
enfoque espacialmente expcito. Após a aplicação do SADIE, a associão espacial
entre a densidade do hospedeiro e a porcentagem de parasitismo foi determinada.
Quando associações significativas foram encontradas os autores chamaram o padrão
observado de dependência de densidade espacialmente associada. Contatou-se neste
estudo que a dependência de densidade espacialmente associada (ou dependência de
densidade direta) foi detectada com maior freqüência através do método SADIE, obtida
pela análise do grau de associação entre populações, quando comparado com os demais
métodos. Desta forma, tais métodos espacialmente explícitos (SADIE e associação
espacial) parecem oferecer uma melhor alternativa com relação aos métodos
tradicionais de quantificação de dependência de densidade espacial. Estes métodos não
violam o pré-suposto estatístico de independência espacial (Perry
et al., 2002) e
incorporam informação espacial relevante biologicamente (Perry, 1998) tanto para a
densidade do hospedeiro como para o risco de parasitismo.
Através da estastica convencional, a maioria dos estudos que investigam as
relações entre hospedeiros e parasitóides tem detectado padrões independentes e
inversamente dependentes da densidade espacial (ex. Stiling, 1987; Walde & Murdoch,
1988). Alguns mecanismos que levam a padrões de parasitismo inversamente
dependentes da densidade incluem: 1) parasitóides que deixam os ‘patches’ em taxas
constantes para evitar o auto-superparasitismo (Rosenheim & Mangel, 1994), 2)
desaceleração na resposta funcional causada por comportamentos tais como, tempo de
manuseio ou defesa em grupo (Hunter, 2000), e 3) interferência entre parasitóides
64
(Walde & Murdoch, 1988; Ives, 1992). Apesar de alguns estudos apontarem que a
quantificação da dependência de densidade depende das características dos inimigos
naturais e dos hospedeiros (Roland & Taylor, 1997; Williams et al., 2001), da escala
espacial de estudo (Heads & Lawton, 1983; Ray & Hastings, 1996), e do poder
estatístico dos testes utilizados, ainda acredita-se que a dependência de densidade ocorra
em baixa freqüência em condições naturais (Hails & Crawley, 1992). No entanto, este
estudo sugere que o método utilizado para se quantificar a dependência de densidade
espacial é determinante, corroborando com o estudo de Veldtman & McGeoch (2004),
demonstrando que padrões diretamente dependentes da densidade devem ser muito mais
freqüentes em populações naturais do que se sugere.
As figuras 5 e 7 mostram claramente que apesar de haver uma queda na
densidade de bruquídeos e parasitóides ao longo das coletas, o inverso aconteceu com a
taxa de parasitismo. Portanto, nas densidades mais baixas ocorreram as taxas de
parasitismo mais expressivas. Esta relação mostra que os parasitóides podem ser bem
eficientes em encontrar seu hospedeiro (bruquídeos) em densidades baixas, sendo
provavelmente importante para a manutenção de suas populações para as próximas
gerações.
No presente estudo padrões independentes, inversamente dependentes e
diretamente dependentes da densidade espacial foram observados. É interessante notar
que a constatação de tais padrões foi dependente do momento de observação. Nas
primeiras coletas, quando os bruquídeos estavam em altas densidades (Figs. 4 e 6),
padrões inversamente e independentes da densidade foram predominantes (Tabela 6).
No entanto, quando a densidade de bruquídeos decresceu nas coletas seguintes, o padrão
de parasitismo diretamente dependente da densidade foi observado para ambos os anos
(Tabela 6). Portanto, os parasiides integrantes deste sistema (Figs. 10 e 11) devem ser
eficientes em encontrar larvas de bruquídeos em baixas densidades a ponto de gerar
padrões dependentes da densidade, corroborando com o fato da taxa de parasitismo ter
sido crescente ao longo das coletas (Figs. 5 e 7). É possível que os parasitóides não
tenham sido capazes de responder numericamente às altas densidades de bruquídeos
verificadas no início das coletas, gerando baixas taxas de parasitismo em patches de
altas densidades de bruquídeos, explicando a dissociação significativa encontrada na
primeira coleta do ano de 2006 e quando o total das coletas foi considerado em ambos
os anos (Tabela 6, Figs. 16 e 18).
65
Winder et al. (2001) demonstraram que as populações do predador Pterostichus
melanarius
e das presas Metopolophium dirhodum e Sitobion avenae estavam
fortemente acopladas espacialmente, principalmente em situações de atraso de tempo,
de forma que as taxas de crescimento das presas foram significativamente afetadas pelos
predadores. Desta forma, os autores concluíram que a dinâmica espaço-temporal das
populações foi efêmera. No presente estudo, associações espaço-temporal significativas
com e sem atraso de tempo entre bruquídeos e parasitóides foram observadas. No
entanto, associações mais intensas foram observadas em associações espaciais sem
atraso de tempo (Figs. 23 e 25). Quando associações espaço-temporal foram analisadas
entre os bruquídeos e a porcentagem de parasitismo, novamente resultados
significativos foram observados em situações com e sem atraso de tempo (Figs. 24 e
26). No entanto, associações espaciais com atraso de tempo foram raras no ano de 2006,
e mais intensamente observadas no ano de 2007, tanto para omero de parasitóides
como para a taxa de parasitismo (Figs. 23, 24, 25 e 26). Conseqüentemente, este estudo
apresenta evidências de que as populações de bruquídeos e parasiides são
dinamicamente acopladas, mas tal padrão foi dependente do ano de observação. O alto
grau de associação espacial entre bruquídeos e parasitóides (Tabela 6) e a dinâmica de
acoplamento hospedeiro-paraiide observada (com e sem atraso de tempo), podem ter
sido fatores chave para que padrões de dependência de densidade espacial fossem
significativamente quantificados no sistema em questão.
Devido a dissociações espaciais significativas terem sido encontradas entre os
conteúdos de feis e as populações de bruquídeos e parasitóides, conclui-se que as
maiores densidades de bruquídeos e parasitóides eram encontradas nos ramos com
menores conteúdos de compostos fenólicos. Considerando o total de coletas, constatou-
se uma associação espacial significativa entre bruquídeos e parasitóides, ocorrendo o
oposto para as taxas de parasitismo. Portanto, associações positivas entre parasitóides e
bruquídeos foram observadas justamente nos ramos com menores conteúdos de fenóis,
resultando nas menores taxas de parasitismo. Assim, estes resultados mostram que
variações no conteúdo dos compostos felicos entre os ramos proporcionaram
heterogeneidade espacial na qualidade dos frutos de M. bimucronata, influenciando a
distribuição dos bruquídeos e seus parasitóides, com implicações diretas para os padrões
espaciais do parasitismo observados.
Sabe-se que as características nutricionais das plantas influenciam os insetos
herbívoros, afetando, por exemplo, o tamanho corporal, a abundância e a fecundidade
66
destes insetos (Awmack & Leather, 2002; Strauss & Zangerl, 2002). Além disso, as
características nutricionais das plantas podem variar espacialmente, levando-se em
conta diferentes escalas espaciais, ou seja, variações são esperadas entre populações de
plantas, entre plantas e mesmo entre diferentes partes dentro de uma mesma planta
(Gaston et al., 2004; Roslin et al., 2006; Gripenberg & Roslin, 2007). Considerando que
insetos de níveis tróficos superiores como os parasitóides também podem ser afetados
pela qualidade da planta, efeito esse mediado pelos insetos hervoros (Teder &
Tamaru, 2002; Hunter, 2003), tais variações espaciais dos efeitos tipo “bottom-up”
também podem interferir na dinâmica espacial hospedeiro-parasitóide. Portanto, os
resultados do presente estudo corroboram com a hipótese de que as características
nutricionais da planta, neste caso o conteúdo de fenóis, podem influenciar
significativamente a dinâmica espacial hospedeiro-parasiide em escala local através
de alterações na abundância populacional dos hospedeiros e seus parasitóides entre os
patches, os quais foram aqui representados pelos ramos de M . bimucronata.
6. Conclusões
1. Os parasitóides podem ter sido eficientes em encontrar o hospedeiro em
baixas densidades, o que poderia justificar a observação de padrões
diretamente dependentes da densidade nas densidades mais baixas.
2. A ocorrência dos padrões de distribuição agregado e aleatório, tanto para os
bruquídeos como para os parasitóides, foi dependente do momento de
observação.
3. A ocorrência dos padrões de parasitismo independente, inversamente
dependente e diretamente dependente da densidade espacial foi dependente
do momento de observação.
4. Através da utilização do método SADIE conclui-se que o padrão diretamente
dependente da densidade espacial deve ocorrer com mais freqüência em
populações naturais do que se sugere.
5. Apesar de associações espaciais sem atraso de tempo entre bruquídeos e
parasitóides terem sido predominantes, os parasitóides podem ter respondido
significativamente aos padrões de distribuição espacial apresentados pelos
bruquídeos em momentos anteriores.
67
6. Variações nos conteúdos de fenóis entre os frutos de diferentes ramos de M.
bimucronata
alteraram significativamente a abundância populacional dos
bruquídeos e seus parasitóides, interferindo no padrão espacial do
parasitismo.
68
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Capítulo 2
“ Riqueza de Espécies de Bruquídeos e suas Plantas Hospedeiras
em um Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual ”
73
Capítulo 2
“Riqueza de Espécies de Bruquídeos e suas Plantas Hospedeiras em um Fragmento
de Floresta Estacional Semidecidual”
Resumo –
O presente estudo teve como objetivo investigar a riqueza de espécies de bruquídeos e
de suas plantas hospedeiras em um fragmento de floresta estacional semidecidual
denominado “Mata da Bica”, no município de Botucatu, SP. Para tanto foram
selecionadas 16 espécies de plantas pertencentes a famílias potencialmente hospedeiras
de bruquídeos e realizadas coletas mensais de frutos durante um ano (abril/2007 a
março/2008), tanto na borda como no interior do fragmento. Também foi feito o
acompanhamento da fenologia reprodutiva das plantas, verificando-se a ausência ou
presença de frutos. As a coleta os frutos foram levados ao laboratório onde foram
colocados em potes plásticos com tampas teladas e mantidos em câmara climática para
aguardar a emergência dos bruquídeos. A emergência de bruquídeos foi observada e
quantificada periodicamente, e os insetos que emergiram foram enviados para
identificação por especialista. Pela observação da fenologia constatou-se que as plantas
selecionadas tiveram seu pico de frutificação nos meses de julho, agosto e setembro de
2007. Foi observada a emergência de um total de 1041 bruquídeos em cinco espécies de
plantas, Bauhinia forficata, Leucaena leucocephala, Lonchocarpus muehlbergianus,
Peltophorum dubium e Senna obtusifolia
, acredita-se que de cada espécie de planta
ocorreu a emergência de uma espécie de bruquídeo. A espécie que apresentou maior
número de bruquídeos emergindo se seus frutos foi L. leucocephala. Devido a esta alta
infestação foi realizado um teste de germinação para avaliar o nível de dano causado
pelos bruquídeos, verificando-se que estas sementes não germinam após serem
consumidas pelas larvas do bruquídeo.
Palavras-chave: Bruchidae; riqueza de espécies; floresta estacional semidecidual;
interação inseto-planta; predação de sementes.
74
“Species Richness of bruchids and their host plants in a semi-deciduous Forest
fragment“
Abstract –
This study aimed to investigate species richness of bruchids and their host plants in a
semi-deciduous forest fragment named as “Mata da Bica” (Botucatu-SP). Sixteen plants
from families considered as potential hosts for bruchids were previously selected in the
field, and fruits were monthly collected for a year (April/2007- March/2008). Fruits
were collected at two locations, in the edge and in the interior of the fragment. The
reproductive phenology of plants was also recorded, verifying either the absence or
presence of fruits. After sampling, fruits were taken to the laboratory and kept in
transparent recipients covered with Voil fabric. After emergence, insects were sent for
identification by specialist. Most plants presented highest fructification on July, August
and Sptember of 2007. It was observed 1041 bruchids emerging from fruits from five
plant species, Bauhinia forficata, Leucaena leucocephala, Lonchocarpus
muehlbergianus, Peltophorum dubium
and Senna obtusifolia, and probably one bruchid
species emerged from one plant species. L. leucocephala presented the highest number
of bruchids emerging from its fruits. Therefore, a germination test was carried out to
evaluate the damage caused by bruchids, and it was observed that predated seeds did not
germinate after being attacked by bruchid larvae.
Key-words: Bruchidae; species richness; semi-deciduous forest; insect-plant
interaction; seed predation.
75
1. Introdução
Uma maneira de caracterizar uma comunidade é contar as espécies presentes,
um procedimento direto que possibilita a descrição da comunidade através de sua
riqueza de espécies (Pinheiro et al., 1998). A riqueza de espécies de um ambiente pode
ser entendida como omero de espécies presentes em uma determinada área, uma
unidade geográfica, e esta riqueza é influenciada por diversos fatores que podem variar
espacialmente (ex. produtividade, heterogeneidade espacial) e temporalmente (ex.
variações climáticas, idade do ambiente). As plantas, por exemplo, proporcionam uma
grande variedade de microhabitats e uma grande variedade de recursos alimentares para
os animais, podendo, desta forma, aumentar a riqueza tanto de herbívoros como de seus
inimigos naturais (Begon et al., 2007).
Em geral, as Florestas Estacionais Semideciuais que atualmente ocupam parte do
estado de São Paulo, são caracterizadas pela elevada fragmentação em função de
perturbações de ordem variada (dentre outros). Esta formação florestal tem
características de descontinuidade, sendo entremeada por áreas de cerrado (em várias
fisionomias), campos rupestres e mais raras formações campestres. Apresenta também
em sua composição a família Fabaceae, com uma grande representatividade (Leitão-
Filho, 1987).
A floresta estacional semidecidual foi o tipo florestal mais rápido e
extensamente devastado no estado de São Paulo e em toda a sua área de ocorrência
natural. A devastação dessas florestas ocorreu associada à expansão da fronteira
agrícola, já que ocupavam solos de maior fertilidade no Estado de São Paulo, em
regiões com relevo favorável à agricultura. Dos fragmentos remanescentes, poucos têm
área representativa e encontram-se preservados (Durigan et al., 2000).
A família Bruchidae desenvolve-se em sementes, alimentando-se
exclusivamente delas, grande número de espécies desta família encontram-se na região
Tropical (Southgate, 1979; Romero-Napoles, 2002). São as larvas que se desenvolvem e
alimentam-se das sementes, consumindo principalmente o embrião; os adultos de
Bruchidae apenas se reproduzem, pois não se alimentam ou alimentam-se apenas de
néctar ou pólen.
Os estágios imaturos das espécies de Bruchidae alimentam-se de
aproximadamente 34 famílias de plantas, especialmente Fabaceae. Esta especificidade
apresentada pela maioria dos bruquídeos com relação às plantas hospedeiras tem grande
76
importância como elemento regulador das populações naturais dos hospedeiros
silvestres, visto que as larvas de Bruchidae destroem a forma de dispersão destas plantas
(sementes) (Romero-Napoles, 2002). Segundo Alvarez et al. (2006), aproximadamente
100 espécies se desenvolvem em Faboideae, 35 em Mimosoideae, e seis em
Caesalpinioideae. Uma minoria alimenta-se em outras famílias que não as leguminosas,
dentre as quais podemos citar Apiaceae, Cistaceae, Lythraceae, Malvaceae, Onagraceae,
Rhamnaceae e Verbenaceae. Esta alta especificidade entre bruquídeos e plantas
hospedeiras foi demonstrada por Janzen (1980) em estudo com espécies da Costa Rica,
no qual ele salienta que a especificidade entre “presa e predador” é um importante fator
no entendimento do impacto dos animais na riqueza de espécies de plantas.
A maioria das espécies descritas de bruquídeos são oligófagas ou monófagas
(Jermy & Szentesi, 2003; Alvarez et al., 2006). No entanto, a relação entre omero de
espécies de bruquídeos por planta hospedeira pode variar, no geral encontrando-se uma
espécie de bruquídeo associada a uma espécie vegetal, mas duas ou mais espécies
podem estar associadas a uma espécie vegetal (Lorea-Barocio et al., 2006).
Muitas espécies de bruquídeos e suas plantas hospedeiras ainda precisam ser
descobertas e descritas, pois pouco é conhecido, principalmente nas regiões tropicais
(Romero-Napoles, 2002). O fato dos bruquídeos desenvolverem-se no interior das
sementes torna a coleta de frutos das plantas potencialmente hospedeiras uma maneira
eficiente de avaliar quais plantas o utilizadas como recursos pelos bruquídeos (Jermy
& Szentesi, 2003). Segundo Southgate (1979), para o estudo desta família faz-se
necessário ampliar as coletas de sementes e frutos de plantas hospedeiras e, desta forma,
adquirir novos registros das espécies de bruquídeos e plantas ocorrentes em determinada
localidade. Além disso, a determinação dos níveis de danos (taxas de predação e danos
nas sementes) causados por estes insetos em condições naturais é muito importante,
uma vez que podem fornecer estimativas da pressão de predação sofrida pelas plantas
hospedeiras.
Apesar de já ter sofrido desmatamento, o fragmento de floresta estacional
semidecidual denominado “Mata da Bica”, localizado no Município de Botucatu-SP,
atualmente encontra-se recuperado e apresenta em sua composição famílias de plantas
potencialmente hospedeiras de bruquídeos (Fonseca & Rodrigues, 2000), o que justifica
a escolha deste local para a realização deste estudo.
77
2. Objetivo
O principal objetivo do presente estudo foi avaliar a riqueza de espécies de
bruquídeos e de suas plantas hospedeiras em um fragmento de floresta estacional
semidecidual. Também tem como objetivo quantificar os níveis de danos causados
pelos bruquídeos.
3. Material e métodos
3.1 Área de estudo
O presente estudo foi desenvolvido em área da Fazenda Experimental Edgardia
(22
o
48’S; 48
o
24’W) (Fig. 1), pertencente à Universidade Estadual Paulista – UNESP
(Faculdade de Ciências Agronômicas), situada na bacia do rio Capivara, no município
de Botucatu, Estado de São Paulo. Os fragmentos da Fazenda Edgardia enquadram-se
na unidade fitogeográfica denominada Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 1991)
ou no tipo Floresta Mesófila Semidecídua (Rizzini, 1979), ocorrendo na área de
transição da Depressão Periférica para Cuesta Basáltica. Segundo Carvalho et al.
(1991), a fazenda apresenta diversos tipos de solo, variando de Latossolo Roxo até solos
hidromórficos ricos em sedimentos férteis. O clima é do tipo Cwb de Koeppen,
mesotérmico de inverno seco (Carvalho et al., 1983). A fazenda conta com
aproximadamente 1000 ha de remanescentes florestais pouco alterados e áreas que
passaram por vários níveis de perturbações antrópicas, além de ambientes de várzea e
cerrado. Cerca de 20% do total de remanescentes são de mata primária, que
correspondem ao trecho escarpado da encosta, de difícil acesso. Os demais variam de
mata primária alterada por extração seletiva de madeira, mata secundária tardia alta,
matas alteradas por inndios, matas secundárias e capoeiras jovens ou degradadas pela
passagem do fogo, além das matas ciliares (Ortega & Engel, 1992).
Este fragmento de floresta secundária tardia alta é denominado “Mata da Bica”.
Apesar de já ter sofrido desmatamento, atualmente a área apresenta-se estruturalmente
recuperada, apresentando dossel de até 30m e áreas com grandes clareiras dominadas
por lianas e bambusóides de gênero
Chusquea (Silva Filho & Engel, 1993). Cerca de
um terço do total da borda do fragmento está acessível, pois é um trecho que permite o
trânsito de veículos. Já no interior do fragmento, existem duas trilhas definidas, nos
78
sentidos Norte-Sul e Leste-Oeste (Fig. 1). No topo do fragmento, na região central,
estão alocadas 200 parcelas de 10m x 10m, formando uma malha de 200m x 100m (Fig.
2). Estas parcelas fizeram parte de um amplo estudo de análise estrutural e composição
florística (Fonseca & Rodrigues, 2000) e atualmente são utilizadas para estudos
diversos por pesquisadores dos Departamentos de Botânica e Ciências Florestais da
Unesp de Botucatu-SP. Em algumas destas parcelas, ao longo das trilhas e na borda do
fragmento, foram selecionadas as plantas marcadas para a realização da coleta mensal
de frutos e acompanhamento fenológico.
3.2 Coleta de frutos
Coletas mensais de frutos de plantas potencialmente hospedeiras de bruquídeos
foram realizadas durante um ano
*
, na borda (até 10m para o interior), nas parcelas
localizadas no interior do fragmento e no acesso ao fragmento. Estas coletas tiveram
início no mês de abril de 2007, após a seleção e marcação das plantas, e se encerraram
em março de 2008. Segundo Johnson (1981), Kergoat et al. (2005) e Alvarez et al.
(2006) diversas espécies de bruquídeos, principalmente do gênero Acanthoscelides,
ocorrem em plantas das famílias Apiaceae, Cistaceae, Lythraceae, Malvaceae,
Onagraceae, Rhamnaceae, Verbenaceae e, principalmente, Fabaceae. Com o objetivo de
avaliar a composição florística no interior da Mata da Bica, Fonseca & Rodrigues
(2000) amostraram plantas de 31 famílias, onde plantas das famílias Fabaceae,
Malvaceae, Rhamnaceae e Verbenaceae foram amostradas com freqüência. Já plantas
das famílias Apiaceae, Cistaceae, Lythraceae e Onagraceae, não foram observadas.
Portanto, no presente estudo foram coletados frutos em plantas das famílias Fabaceae,
Malvaceae, Rhamnaceae e Verbenaceae [de acordo com a classificação APG II (2003)].
Considerando que foi feito um levantamento florístico na área (Fonseca & Rodrigues,
2000), muitas espécies foram identificadas diretamente no campo ou através de coleções
de referência. No entanto, para aquelas plantas que não puderam ser identificadas no
campo, uma amostra foi obtida durante o período de florescimento. O material vegetal
coletado foi então levado ao laboratório, herborizado e encaminhado para a correta
identificação das espécies.
*
Coletas mensais foram necessárias uma vez que existe certa assincronia no período de frutificão entre
as plantas das diferentes famílias e algumas espécies podem produzir frutos durante todo o ano.
79
Plantas das famílias acima citadas localizadas nas parcelas e ao longo da borda
do fragmento foram então marcadas e numeradas, possibilitando posterior identificação,
num total de 52 indivíduos amostrados. A tabela 1 apresenta as espécies que foram
marcadas e suas respectivas famílias, conforme a disponibilidade e o acesso a estas
espécies no local.
Paralelamente a cada coleta mensal, foi realizado o acompanhamento da
fenologia reprodutiva das plantas, determinando-se a presença ou a ausência de frutos
nas plantas marcadas.
Quando as plantas selecionadas encontravam-se no período de frutificação,
foram retirados aproximadamente 20 frutos por planta por coleta (este número variou,
para uma quantidade maior ou menor, conforme a disponibilidade de frutos nas plantas)
e colocados em sacos de papel, identificando-se a planta de origem e a data de coleta.
No laboratório, os frutos foram transferidos para potes plásticos transparentes com
tampa plástica telada (Fig. 3), permitindo a circulação de ar e mantidos em câmara
climatizada (25ºC). A emergência de bruquídeos foi observada e quantificada
periodicamente. Quando foi observada a emergência de algum inseto, estes foram
cuidadosamente retirados dos recipientes plásticos e colocados em álcool (70%). Os
bruquídeos encontrados foram enviados para identificação por especialista
1
.
Após a emergência dos bruquídeos foi calculada a porcentagem de predação das
sementes das espécies de plantas hospedeiras para as coletas em que houve emergência:
Pp= 100.Np/Ns, onde Np é o número de sementes predadas e Ns é o total de sementes.
3.3 Avaliação do nível de dano em sementes de Leucaena leucocephala e da taxa de
predação
Com o objetivo de avaliar o nível de dano causado por bruquídeos nas sementes,
foi realizado teste de germinação das sementes de Leucaena leucocephala após todas as
coletas e emergência dos insetos. Testes de germinação foram feitos com esta espécie de
planta devido à alta infestação por bruquídeos (Fig. 4). Os frutos coletados foram
dissecados e 200 sementes sadias e 200 sementes predadas foram retiradas e separadas
para a germinação. Foram utilizadas quatro réplicas de 50 sementes para cada grupo.
1
Os bruquídeos foram enviados para identificão para Profª Drª Cibele Stramare Ribeiro-Costa,
Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná – Curitiba, Paraná, Brasil.
80
Primeiramente as sementes sadias foram escarificadas com lixa d’água para
quebra de dormência do tegumento (impermeabilidade do tegumento à água) (Teles et
al
., 2000), as sementes predadas não foram escarificadas com lixa pois já apresentavam
o orifício de emergência que possibilitou a permeabilidade à água. Após a escarificação
as sementes foram colocadas sobre duas folhas de papel filtro umedecido com 12ml de
água destilada (Brasil, 1992), em placas de Petri transparentes (14,5 cm x 1,5 cm). Cada
placa correspondeu a uma repetição. Estas foram colocadas em câmara climática com
temperatura de 25 ºC e fotoperíodo de 12 horas de luz. As leituras foram feitas
diariamente num período de 7 dias, até que a germinação estabilizasse. Com estes dados
a porcentagem de sementes germinadas foi calculada nos dois tratamentos para
quantificação do nível de dano causado nas sementes devido à predação.
Para os frutos das espécies que apresentaram emergência de bruquídeos, foi feito
o cálculo da proporção de sementes predadas para comparar o nível de dano entre as
espécies de plantas. Portanto, foi feita a contagem de sementes sadias e sementes
predadas nos frutos em que houve emergência de bruquídeos com posterior cálculo da
taxa de predação, considerando apenas as coletas com emergência de bruquídeos.
Fig. 1. Mata da Bica – entrada da trilha Leste-Oeste.
81
Fig. 2. Mata da Bica – topo do fragmento.
Fig. 3. Frutos acondicionados nos potes telados em câmara climatizada.
82
Fig. 4. Semente de Leucaena leucocephala predada.
Em destaque: ovos e orifício de emergência do inseto.
Tabela 1. Famílias e escies selecionadas para coleta de frutos e acompanhamento da
fenologia.
Família
Espécie
Fabaceae Acacia polyphylla DC.
Bauhinia forficata Link
Centrolobium tomentosum Guill. Ex Benth.
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl.
Machaerium blasiliense Vog.
Machaerium aculetaum Raddi
Machaerium scleroxylum Tul.
Machaerium stipitatum [DC.]Vog
Myroxylon peruiferum L.f.
Parapiptadenia rigida [Benth.] Brenan.
Peltophorum dubium [Spreng.] Taub.
Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby
Malvaceae Chorisia speciosa St.Hil
Rhamnaceae Rhamnidium elaeocarpum Reiss.
Verbenaceae Aloysia virgata [Ruiz & Pav.]A.L.Juss.
Ovos de Bruchidae
Orifício de emer
g
ência
do inseto
83
4. Resultados e Discussão
4.1 Riqueza de espécies de bruquídeos e suas plantas hospedeiras
Um total de 52 indiduos distribdos em 16 espécies de plantas foi amostrado
na área de estudo. O número de indivíduos encontrados por espécie de planta e as
respectivas famílias podem ser observados na tabela 2.
Com o acompanhamento da fenologia reprodutiva pôde ser observado que as
diversas espécies selecionadas apresentaram frutificação bem distribuída ao longo dos
meses, sendo que nos meses de julho, agosto e setembro a maioria das espécies estava
em frutificação (11 espécies) e nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro apenas 5
espécies estavam com frutos. Algumas das espécies apresentaram um período de
frutificação de longa duração, chegando a permanecer com frutos o ano todo, como
Bauhinia forficata, ou quase o ano todo, como Peltophorum dubium, fato este que
proporcionou a coleta de maior quantidade de frutos destas espécies (Tabela 3).
A primeira emergência de bruquídeo ocorreu em frutos da coleta realizada no
mês de maio de 2007 e ao longo dos meses de coleta foi possível observar a emergência
de bruquídeos em cinco espécies de plantas das 16 espécies amostradas. As espécies
cujos frutos apresentaram emergência de bruquídeos foram B. forficata, L.
leucocephala, Lonchocarpus muehlbergianus, P. dubium e Senna obtusifolia.
Destas, L.
leucocephala
foi a espécie que apresentou maior número de indivíduos predando suas
sementes, 988 no total, seguida de B. forficata que apresentou um total de 44
indivíduos, um número consideravelmente menor (Tabela 4). A distribuição da
emergência dos bruquídeos nestas espécies ao longo dos meses pode ser observada na
figura 5, onde é possível observar a grande diferença entre L. leucocephala e as demais
espécies, e também que em B. forficata os insetos emergiram ao longo das coletas.
A figura 6 mostra o número de espécies em frutificação em cada mês de coleta e
a quantidade de bruquídeos que emergiram dos frutos destas coletas, demonstrando um
maiormero de espécies frutificando nos meses de julho, agosto e setembro (
observado na tabela 3) e mostrando um pico na quantidade de bruquídeos emergentes
no mês de dezembro de 2007. Apesar da menor parte das espécies estarem com frutos
no mês de dezembro, este pico na emergência de bruquídeos ocorreu porque
L.
leucocephala
, a espécie na qual constatou-se a maior emergência bruquídeos, era uma
das espécies que possuía frutos para coleta neste mês.
84
Durante o período de observação, ocorreu a emergência de um total de 1041
bruquídeos, nas cinco espécies de plantas hospedeiras já mencionadas. A maior
ocorrência dos bruquídeos deu-se em L. leucocephala, seguida de B. forficata, P.
dubium
, S. obtusifolia e L. muehlbergianus (Tabela 4). Todo o material coletado foi
enviado à especialista para identificação e, portanto, foram denominadas espécies A, B,
C, D, E e estão ilustradas na figura 7. Normalmente é encontrado predando sementes de
Bauhinia sp. o gênero Gibbobruchus e em Senna sp. o gênero Sennius (Cibele S.
Ribeiro-Costa, comunicação pessoal). Em L. muehlbergianus foi observada a espécie
Ctenocolum crotonae no Paraná (Sari et al., 2002), mas faz-se necessária a confirmação
de quais espécies foram encontradas nas plantas da “Mata da Bica”.
Acredita-se que cada espécie de bruquídeo encontrada ocorra em uma ou poucas
plantas hospedeiras, pois a maioria dos bruquídeos apresenta comportamento mofago
ou olifago (Romero-Nápoles, 2002; Jermy & Szentesi, 2003; Tuda, 2007). Em geral,
uma espécie de bruquídeo está relacionada com uma única planta hospedeira, esta,
porém, podendo ser hospedeira de mais espécies de bruquídeos (Lorea-Barocio et al.,
2006).
Todas as espécies de plantas hospedeiras pertencem à família Fabaceae (Tabela
2). As larvas de Bruchidae, além de serem bastante específicas a espécies particulares
de plantas, alimentam-se principalmente das pertencentes às leguminosas (Janzen, 1969;
Janzen; 1980). Em estudo realizado por Janzen (1980) das 100 espécies de plantas por
ele coletadas, cujas sementes eram predadas por bruquídeos, 63 (maioria) pertenciam às
leguminosas, mas isto não significa que eles sejam restritos a este grupo.
Dos 44 bruquídeos que emergiram de B. forficata, 35 (79,5%) foram
encontrados mortos dentro das sementes ainda perfurando o orifício de emergência (Fig.
8). Ernst (1992) diz que a última atividade de um bruquídeo antes de emergir é perfurar
o orifício na semente, por onde ele emergi. Se este orifício tem um diâmetro menor ou
se falta energia para empurrar esta camada, o bruquídeo pode apresentar dificuldade
para emergir, o que provavelmente pode explicar a alta porcentagem de bruquídeos
mortos na “saída” pelo orifício de emergência em B. forficata.
L. leucocephala apresentou a maior porcentagem de predação de suas sementes
nas coletas que houve emergência de bruquídeos (42,08%), no entanto, foi a espécie
com maior quantidade de frutos.
S. obtusifolia apresentou a menor porcentagem de
predação de suas sementes (0,62%), pois também foi a espécie com menor quantidade
de frutos coletados. Seus frutos possuíam muitas sementes mas estas, no entanto, pouco
85
predadas por bruquídeos (Tabela 5). Szentesi & Jermy (1995) observaram que em geral,
a planta hospedeira possui sementes mais esféricas e com maior volume que as outras
espécies, características estas que podem predizer a infestação por bruquídeos nas
espécies de plantas. Além do tamanho das sementes outros fatores podem estar
envolvidos na infestação de frutos por bruquídeos, como fatores químicos da planta,
deiscência dos frutos e pêlos na parede dos frutos (Szentesi & Jermy, 1995). Após a
dissecação dos frutos para cálculo da porcentagem de predação das sementes, observou-
se que as sementes predadas possuíam características semelhantes às mencionadas por
Szentesi & Jermy (1995), como grande volume ou formato esférico. Portanto, é possível
que tais atributos físicos sejam significativos na determinação da ocorrência de
bruquídeos na área de estudo. No entanto, estudos elaborados para testar esta hitese
são necessários.
Todos os frutos que foram observados a emergência de bruqdeos foram
coletados diretamente dos ramos das plantas selecionadas. Determinadas espécies
tiveram os frutos coletados do solo, devido à altura das plantas que impossibilitava
coletas de seus ramos. Dos frutos coletados no solo, não foi observada emergência de
bruquídeos. Em alguns casos observou-se apenas a emergência de poucos parasitóides,
corroborando com estudo realizado por Grimm (1995) o qual não observou ataques bem
sucedidos de bruquídeos a sementes expostas no solo.
Segundo Janzen (1987), os bruquídeos podem atuar como reguladores das
populações naturais de suas plantas hospedeiras. Assim, devido à alta porcentagem de
predação das sementes de L. leucocephala, é possível que os bruquídeos afetem
significativamente a dinâmica populacional desta planta, mantendo suas populações em
baixas densidades. Após a coleta dos frutos, foi observado em laboratório ovos de
bruquídeos presentes tanto nas vagens como nas pprias sementes. No entanto, em
estudo realizado por Raghu et al. (2005) com Acanthoscelides macropthalmus,
bruquídeo predador de L. leucocephala na Austrália, verificou-se que a deisncia das
vagens desta planta inviabilizava o desenvolvimento do bruquídeo, diminuindo seu
ataque a partir do momento em que a vagem se abria e liberava suas sementes no solo.
Portanto, a habilidade do bruquídeo em reduzir as densidades populações de L.
leucocephala
provavelmente diminui se a população destes insetos não aumentar
rapidamente a ponto de utilizar as sementes antes da deiscência da vagem.
A ocorrência de bruqdeos nas escies selecionadas foi relativamente baixa,
apesar de várias plantas terem sido selecionadas. Em poucas plantas houve a
86
emergência de bruquídeos, e também a emergência de poucos insetos por espécie de
planta, com exceção de L. leucocephala que apresentou um número bastante elevado de
insetos. A importância do conhecimento da riqueza de espécies de bruquídeos reside no
fato de que estes insetos são importantes predadores de sementes, podendo influenciar a
composição das espécies de planta em um habitat (Janzen, 1987). A manutenção da
riqueza de espécies de insetos nos trópicos é, portanto, ligada a manutenção da riqueza
de espécies de plantas e preservação da diversidade, assim como a manutenção das
espécies hospedeiras significa também manter a riqueza de espécies de insetos pela alta
especificidade observada entre eles e suas plantas hospedeiras (Janzen, 1987). Mas vale
salientar que diversos outros fatores podem influenciar a abundância e a distribuição de
uma espécie de planta ou de um determinado inseto.
4.2 Teste de Germinação de sementes de Leucaena leucocephala
Após realização do teste de germinação das sementes de Leucaena leucocephala
foi observado que no tratamento com as sementes predadas não ocorreu a germinação
de nenhuma semente, apresentando assim 0% de germinação, fato este que demonstra
que a larva do bruquídeo consome principalmente o embrião das sementes durante seu
desenvolvimento. No tratamento com as sementes sadias (não infestadas por
bruquídeos) a porcentagem média de germinação foi de 59% (± 0,2), mostrando que nas
sementes sadias porcentagem de germinação é de mais da metade das sementes.
As vagens de L. leucocephala produzem uma grande quantidade de sementes
viáveis facilitando sua propagação e germinação (Teles et al., 2000). Nas sementes de
L. leucocephala predadas por bruquídeos não ocorreu germinação, semelhante ao
demonstrado por Tomaz
et al. (2007) em sementes de M. bimucronata predadas por
Acanthoscelides schrankiae. As sementes de M. bimucronata são fortemente afetadas
pela predação, pois além das sementes predadas não germinarem as sementes sadias têm
sua viabilidade reduzida se oriundas de frutos infestados. Ao contrário do observado por
Raghu et al. (2005), as sementes de L. leucocephala predadas por A. macropthalmus
apresentavam germinação. Portanto, nelas o dano causado pelo bruquídeo nem
sempre implicou na morte do embrião. Muitas vezes o dano causado pelo
bruquídeo pode auxiliar a quebra de dormência das sementes, sendo
imprescindível para a germinação de determinada espécie (Takakura, 2002). No
entanto, no presente estudo esse efeito não foi observado para L. leucocephala.
87
Tabela 2. Número de indivíduos amostrados em cada espécie selecionada para coleta e
fenologia e suas respectivas famílias.
Família Espécie de indivíduos
Fabaceae Acacia polyphylla DC. 1
Bauhinia forficata Link 6
Centrolobium tomentosum Guill. Ex Benth. 5
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit 1
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. 2
Machaerium blasiliense Vog. 2
Machaerium aculetaum Raddi 2
Machaerium scleroxylum Tul. 5
Machaerium stipitatum [DC.]Vog 5
Myroxylon peruiferum L.f. 3
Parapiptadenia rigida [Benth.] Brenan. 5
Peltophorum dubium [Spreng.] Taub. 3
Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby 2
Malvaceae Chorisia speciosa St.Hil 5
Rhamnaceae Rhamnidium elaeocarpum Reiss. 3
Verbenaceae Aloysia virgata [Ruiz & Pav.]A.L.Juss. 2
Total de indivíduos
52
88
Tabela 3. Período de frutificação das espécies selecionadas na “Mata da Bica”, a partir
de dados obtidos por meio da observação da fenologia reprodutiva das espécies.
Período de Frutificação
2007 2008
Espécie Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Acacia polyphylla
Aloysia virgata
Bauhinia forficata
Centrolobium tomentosum
Chorisia speciosa
Leucaena sp.
Lonchocarpus muehlbergianus
Machaerium brasiliense
Machaerium scleroxylum
Machaerium stipitatum
Mahcaerium nyctitans
Myroxylon peruiferum
Parapiptadenia rigida
Peltophorum dubium
Rhamnidium elaeocarpum
Senna obtusifolia
Tabela 4: Número de indivíduos de bruquídeos por espécies de planta hospedeira (as
espécies de bruquídeos aguardam identificação).
Bruchidae Nº de indivíduos Espécie hospedeira
espécie A 44 Bauhinia forficata
espécie B 988 Leucaena leucocephala
espécie C 1 Lonchocarpus muehlbergianus
espécie D 4 Peltophorum dubium
espécie E 4 Senna obtusifolia
Tabela 5: Porcentagem de predação das sementes nas espécies hospedeiras de
bruquídeos.
Espécie hospedeira Total de frutos
Total de
sementes
Sementes
predadas % de Predação
Bauhinia forficata 72 306 55
15,03%
Leucaena leucocephala 263 3244 1365
42,08%
Lonchocarpus muehlbergianus 45 58 4
6,90%
Peltophorum dubium 73 116 4
3,45%
Senna obtusifolia 14 645 4
0,62%
89
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
abr
/
07
mai/0
7
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out
/
07
nov/0
7
d
ez/07
jan/08
fev/08
mar/08
Meses de coleta
Demais espécies
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
Leucaena leucocephala
Bauhinia
forficata
Senna
obtusifolia
Peltophorum
dubium
Lonchocarpus
muehlbergianus
Leucaena
leucocephala
Fig. 5. Emergência de bruquídeos em cinco espécies de plantas hospedeiras ao longo
dos meses de coleta.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
abr/07
mai/
07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out
/07
nov/07
de
z/07
jan/08
fev/08
mar/08
Plantas em frutificação
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
Meses de Coleta
Emergência de Bruchidae
Nº de espécies em
frutificação
Bruquídeos
Fig. 6. Número de espécies em frutificação ao longo dos meses e quantidade de
bruquídeos que emergiram dos frutos destas coletas.
90
Fig. 7. Bruquídeos ocorrentes em espécies de plantas da “Mata da Bica”. Espécie A – de
Bauhinia forficata; Espécie B – de Leucaena leucocephala; Espécie C – de
Lonchocarpus muehlbergianus; Espécie D – de Peltophorum dubium; Espécie E – de
Senna obtusifolia (os espécimes encontram-se em fase de identificação).
Fig. 8. Bruquídeo morto no orifício de emergência (seta clara) e semente quando ocorre
a emergência do bruquídeo (seta escura), ambos em Bauhinia forficata.
91
5. Conclusões
1. Ocorreu a emergência de bruquídeos apenas em espécies de plantas da família
Fabaceae, mostrando a preferência de Bruchidae por espécies desta família.
2. Aparentemente houve a emergência de apenas uma espécie de Bruchidae por
espécie de planta, mostrando a alta especificidade destes insetos por suas plantas
hospedeiras.
3. A alta porcentagem de predação observada nas sementes de L. leucocephala
inviabilizou a germinação, pois a larva alimenta-se do embrião da semente.
92
6. Referências Bibliográficas
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Considerações Finais
96
Considerações Finais
As espécies da família Bruchidae são conhecidas por serem importantes
predadoras de sementes. O presente estudo envolveu sistemas tróficos nas quais
representantes desta família estavam presentes. Em um dos sistemas foi estudada a
dinâmica espacial do bruquídeo Acanthoscelides schrankiae e de seus parasitóides em
Mimosa bimucronata, planta pertencente à família Fabaceae (Mimosoideae).
Os resultados das análises de dinâmica espacial entre bruquídeos e parasiides
permitiram quantificar padrões independentes, inversamente dependentes e diretamente
dependentes da densidade espacial, e a freqüência de ocorrência de tais padrões
dependeu do momento de observação, uma vez que as análises foram feitas em
diferentes momentos de coleta. O método utilizado para se quantificar a dependência de
densidade espacial é determinante, portanto, com a utilização do SADIE, padrões
diretamente dependentes da densidade devem ser detectados com maior freqüência e
devem ser mais comuns em populações naturais do que se sugere.
Com relação à associação espacial foi demonstrado um alto grau de associação
espacial entre bruquídeos e parasitóides, e pela análise das características nutricionais
dos frutos foi possível observar que essa associação ocorria em locais com menores
conteúdos de fenóis, ou seja, em ramos de menor qualidade nutricional. Logo, em locais
com altas densidades de bruquídeos ocorriam altas densidades de parasitóides e baixas
taxas de parasitismo, e estes ramos possuíam menores contdos de compostos
felicos.
Foi estudada também a riqueza de espécies da família Bruchidae em um
fragmento de floresta estacional denominado “Mata da Bica”, envolvendo espécies de
plantas de diversas famílias. Apenas cinco escies de plantas tiveram suas sementes
predadas por bruquídeos, todas pertencentes à família Fabaceae, mostrando maior
ocorrência de bruquídeos em plantas desta família. A riqueza de espécies de bruquídeos
não foi alta, mas foi possível observar que o ataque nas sementes de Leucaena
leucocephala
foi bastante intenso devido ao alto número de indivíduos ocorrentes nos
frutos desta planta. Além disso, constatou-se que as sementes desta espécie tornaram-se
invveis após serem predadas pelas larvas dos bruquídeos.
Estudos como estes são de extrema importância para o conhecimento da fauna
de bruquídeos e de suas plantas hospedeiras, para a determinação de padrões e
97
processos ocorrentes entre representantes da família Bruchidae e suas plantas
hospedeiras, assim como para um melhor entendimento das interões tri-tficas
(planta-hospedeiro-parasitóide) presentes nestes sistemas.
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