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problema público, como um problema pra desmerecer a pessoa, muito pelo
contrário; é um trabalho de conquista, de chamar a família, de ir até a
família, e tentar fazer essa mudança (Entrevista realizada em junho de
2006).
Já no que se refere à Secretaria Municipal de Educação, o discurso se
apresenta nos termos do trecho da entrevista abaixo reproduzido:
[...] nós temos um trabalho preventivo nas escolas, porque a questão das
drogas faz parte dos Temas Transversais, que é trabalho da educação,
então é sempre desenvolvido durante o ano todo em forma de projetos,
embutido dentro dos projetos de forma interdisciplinar, com todas as áreas
do conhecimento, não somente ciências, mas em outras disciplinas também
fazem trabalhos junto com projetos, e aí fica assim... a gente manda, pela
secretaria, bastante subsídios de apoio pros professores, e eles, de acordo
com [...] as situações mais urgentes, de alguns casos – a gente não tem
detectado muito nas escolas do município, são casos bem isolados – então
os professores buscam, conosco, palestrantes, alguém, e a gente indica, e
nós temos sempre uma pessoa da secretaria de saúde que faz o trabalho
nas escolas, mas naquelas que se vê uma necessidade mais assim... Fora
isso, o trabalho é feito em cima de subsídios e trabalhado sempre dentro
dos conteúdos, e como tema transversal, que ta nos PCNs. Então é um
conteúdo que já faz parte da disciplina, de todas, não só da disciplina de
ciências (Entrevista realizada em junho de 2006).
Quanto a indicadores da presença das substâncias psicoativas nas escolas
(razão para uma possível mobilização em torno da temática), a 14ª Coordenadoria
Regional de Educação informa que:
Está acontecendo ao nível de escola, está acontecendo, só que mesmo...
por que uma coisa que tem que deixar bem claro, tá aumentando tanto, que,
anos atrás... pra dar um exemplo: quinze anos atrás, que eu já tinha direção
de escola, quinze anos atrás eram poucos casos visíveis, aqui no interior,
poucos casos visíveis. Pode ser que até houvesse, que a gente não se...
mas a gente conseguia trabalhar. Hoje, aumentou o trabalho de prevenção,
mas aumentou muito a oferta, e aumentou muito... as famílias tão muito
vulneráveis, tá tudo muito livre, muito solto, há liberdade total, os pais quase
não acompanham mais os filhos. E, vamos deixar bem claro, que pelo que
nós percebemos, conversando inclusive com o pessoal de escolas
particulares, que também participam muitas vezes de encontros, que isso
não acontece na classe média, só os pobres, é na classe rica também, e é
aí que tá o problema, que eles influenciam pelo poder, eles usam isso até
como poder de influência sobre os demais. E eles cativam em cima disso, e
eles levam isso aí na classe média também, então a gente sente que é
bastante preocupante isso aí. Estamos fazendo a nossa parte, nós criamos,
inclusive, é bom que tu saibas, além de nós criar, nós fizemos três
seminários por ano, sobre isso, cursos de formação com professores e
orientadores educacionais das nossas escolas... (Entrevista realizada em
junho de 2006).