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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA GERAL E
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
MESTRADO EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO
COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES DE FUTEBOL COM USO DE
MANUAL ILUSTRADO
EVANDRO CRISTIAN PEIXOTO ELIOTÉRIO
LONDRINA
2007
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ii
EVANDRO CRISTIAN PEIXOTO ELIOTÉRIO
AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO
COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES DE FUTEBOL COM USO DE
MANUAL ILUSTRADO
Dissertação apresentada para
cumprimento dos requisitos para a
obtenção do título de mestre em
Análise do Comportamento.
Orientadora:
Professora Doutora Maria Luiza Marinho
LONDRINA
2007
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iii
EVANDRO CRISTIAN PEIXOTO ELIOTÉRIO
AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE
ORIENTAÇÃO COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES DE
FUTEBOL COM USO DE MANUAL ILUSTRADO
Dissertação apresentada para
cumprimento dos requisitos para a
obtenção do título de mestre em
Análise do Comportamento.
COMISSÃO EXAMINADORA
Orientadora: Professora Doutora Maria Luiza Marinho
Universidade Estadual de Londrina
Examinadora: Professor Doutor Roberto Alves Banaco
Universidade Estadual de Londrina
Examinadora: Professora Doutora Silvia Regina de
. Souza Arrabal Gil
Universidade estadual de Londrina
Londrina, 30 de Janeiro de 2007
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a duas pessoas as quais, mais do que amor, apoio e
educação, fizeram-me entender que um dos principais sentidos da vida é o
aprender. Demonstrando-me com os próprios comportamentos, uma das
aprendizagens mais enaltecedoras, que é a de ser, no sentido amplo da
palavra, homem.
“Há poucas exceções em que é melhor punir um pecado do que recompensar
uma virtude”
(Henry David Thoreau)
v
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Meus sinceros agradecimentos a uma pessoa e profissional a qual, mais do que orientar,
encorajar, ensinar e, às vezes, até aturar alguns deslizes de minha parte, provou nesses dois
anos de convivência acadêmica ser a prova viva de uma das principais lições que com ela
aprendi: o poder que o reforço positivo exerce sobre o comportamento. Obrigado pela
dedicação, pela atenção, por esses dois anos os quais, tenho certeza, muito contribuíram
para enriquecer meu “repertório comportamental”.
vi
AGRADECIMENTOS
Inúmeras pessoas contribuíram para que este trabalho fosse possível.
Especialmente, apresento os meus sinceros agradecimentos:
À professora Silvia R. Souza que, além de competente profissional, propiciou-me os
primeiros contatos e interesse em relação à Análise do Comportamento.
Aos docentes do mestrado em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de
Londrina, pelos momentos de aprendizagem ao longo desses dois anos de curso.
Às acadêmicas do curso de Psicologia, Priscilla e Sabrina, pelo grande empenho e
ajuda na realização desta pesquisa.
Aos diretores do Departamento Amador de futebol do Londrina Esporte Clube: Lívio,
Udelton e Sangrin, os quais cederam-me espaço para intervir no trabalho dos
treinadores e às equipes da categoria de base do mesmo clube.
Aos membros da comissão técnica da categoria Juvenil do Londrina Esporte Clube:
José Roberto e Edirley Guimarães, pelo apoio, interesse e consentimento para
realização desse estudo.
Aos acadêmicos do curso de Design Gráfico, Leonardo Chung e Samuel Rodrigues,
pelo enorme talento demonstrado na produção gráfica de um dos principais itens deste
trabalho: o Manual de Orientação Comportamental para Treinadores de Futebol.
À amiga Bruna Soriani, pela revisão ortográfica e gramatical da redação e abstract.
Aos colegas de mestrado, pela companhia agradável que tantos sorrisos me
propiciaram, assim como tantas oportunidades tive de com eles aprender.
E, acima de tudo, agradeço a Deus, por ter concedido muita saúde e tranqüilidade
ao longo de minha vida.
vii
SUMÁRIO
Resumo...........................................................................................................................
viii
Abstract...........................................................................................................................
ix
Apresentação...................................................................................................................
x
INTRODUÇÃO .............................................................................................................
História da Psicologia do Esporte.......................................................................
01
Futebol: Caracterização e Pesquisas......................... .........................................
06
Pesquisas em Análise do Comportamento: o Treinador Esportivo.................... 12
ESTUDO I: ELABORAÇÃO DO MANUAL DE ORIENTAÇÃO
COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES DE FUTEBOL........
25
Equipamentos e materiais...................................................................................
25
Recursos Humanos..............................................................................................
26
Procedimento...................................................................................................... 26
Resultados e discussão........................................................................................
30
ESTUDO II: AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE
ORIENTAÇÃO COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES
DE FUTEBOL..... ..................................................................................
45
Participantes........................................................................................................
45
Local................................................................................................................... 45
Equipamentos e materiais...................................................................................
45
Recursos Humanos..............................................................................................
46
Procedimento...................................................................................................... 46
Resultados e discussão........................................................................................
56
DISCUSSÃO GERAL....................................................................................................
61
CONCLUSÃO................................................................................................................
66
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 72
APÊNDICES.................................................................................................................. 80
viii
ELIOTÉRIO, Evandro Cristian Peixoto (2007). Avaliação da efetividade de um programa
de orientação comportamental para treinadores de futebol com uso de manual ilustrado.
Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil.
Resumo
A presente pesquisa constou de dois estudos. O Estudo I teve por objetivo elaborar um
manual de orientação comportamental para treinadores de futebol e o Estudo II objetivou
avaliar o efeito de um programa de orientação comportamental para treinadores de futebol
sobre as verbalizações do treinador com seus atletas durante treinos técnico-táticos. Para a
elaboração do manual foram registradas diversas situações de interação treinador-atletas
observadas durante treinos técnico-táticos de dois treinadores de futebol com atletas da
categoria juvenil de duas equipes de alto rendimento. O Manual de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol foi elaborado com o formato de vinhetas em
quadrinhos. Constou de cinco situações de interação treinador-atleta, todas relacionadas à
possibilidade ou não de apresentação, pelo treinador, de verbalizações categorizadas como
elogios/incentivo ou punição ao comportamento do atleta. Para cada situação foram
apresentadas duas formas distintas de atuação do treinador diante do comportamento do
atleta. O Manual continha, também, informações analítico-comportamentais sobre as
situações representadas nas vinhetas. O Estudo II foi um estudo de caso único em que se
realizou a aplicação de um programa de orientação comportamental para treinadores de
futebol junto a um treinador da categoria juvenil de uma equipe de alto rendimento. O
programa foi aplicado em duas sessões onde foram discutidos os efeitos do elogio e
incentivos e da punição sobre o comportamento dos atletas. O manual elaborado no Estudo
I foi usado como material instrucional de apoio durante a intervenção. A coleta de dados
foi realizada durante treinos técnico-táticos conduzidos pelo participante com a equipe. As
verbalizações do treinador foram gravadas em áudio ao longo de oito treinos consecutivos,
sendo quatro treinos durante a fase de linha de base, dois treinos na fase da intervenção e
dois treinos na fase de pós-intervenção. As verbalizações foram categorizadas em
Elogios/Incentivos, Punição, Ordens/Comandos, Instruções dadas de forma completa,
Instruções dadas de forma incompleta e Outras. Os resultados apontaram aumento na
freqüência de verbalizações da categoria Elogios/Incentivos e diminuição na freqüência de
verbalizações da categoria Punição, nas fases de intervenção e pós-intervenção. Não houve
alterações relevantes na freqüência das demais categorias ao longo do estudo. Os dados
corroboram outros estudos da literatura que indicam que programas de orientação
comportamental são efetivos em produzir mudanças nas verbalizações de treinadores junto
a seus atletas.
ix
ELIOTÉRIO, Evandro Cristian Peixoto (2007). Analysis of efficiency of a behavior
orientation program for soccer coaches. Master’s degree dissertation, Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, Brazil.
Abstract
This research contains two studies. The study number 1 has the objective to elaborate a
behaving orientation manual to soccer coaches, and the study number 2 evaluated the
effect of a behaving orientation program to soccer coaches on their verbalizations with
their athletes during technical and tactical training. For the elaboration of the manual,
several situations of interaction were registered between coach and athletes, during
technical and tactical training of two coaches of a high performance teenage category. The
behaving orientation manual to soccer coaches was elaborated using comic vignettes. It
contains five situations of interaction between coach and athletes, all of them with the
possibility of presentation, by the coach, of verbalizations categorized as
compliments/encouragement or punishment to the athletes’ behavior. For each situation,
were presented two different ways of action of the coach to the athlete’s behavior. The
manual had, also, analytical-behaving information about the situations shown in the
vignettes. The study number 2 was a unique case study, in which a behaving orientation
program was applied to soccer coaches of a teenage category with high performance. The
program was applied in two different sessions, and discussed the effects of
compliments/encouragements and punishment on the behaviors of the athletes. The
manual elaborated in study 1 was used as a support material during the intervention. The
data collecting happened during the technical-tactical training, leaded by the participant
with his team. The coach’s verbalizations were recorded in audio in 8 consecutive
trainings, 4 of them occurred during the baseline phase, 2 occurred in the intervention
phase, and the last 2 during the post-intervention phase. The verbalizations were
categorized as Compliments/Encouragement, Punishment, Orders/Commands, Suitable
instructions, not Suitable instructions, and Others. The results showed increase in the
frequency of verbalizations of the category compliments/encouragements, and decrease of
verbalizations of the category Punishment during the intervention and post-intervention
phases. There were no relevant alterations in the frequency of others categories in this
study. The data corroborate other studies of the literature that indicate that behaving
orientation programs are effective when it comes to making changes in the verbalizations
of the coaches before their athletes.
x
APRESENTAÇÃO
Ao contrário do esporte praticado por lazer ou recreação, o esporte de alto
rendimento é extremamente competitivo, com os resultados justificando a atividade
esportiva (Serpa, 1997). Sendo assim, treinadores que se empenham na formação de
atletas em categorias de base de equipes desportivas, convergem seus esforços na busca
da exploração máxima das capacidades individuais e coletivas dos atletas, suprindo os
pontos frágeis ou negativos da performance e maximizando aqueles considerados
positivos e desejáveis. Para isso, eles têm utilizado todo seu conhecimento trabalhando
demasiadas horas por dia e, muitas vezes, tendo até insônia ao pensar nos problemas
enfrentados pela equipe e em uma maneira de resolvê-los (Becker Jr., 2000).
Na tentativa de solucionar esses problemas, ensinando habilidades a seus atletas,
os treinadores usam, de forma inconsistente e muitas vezes sem critério, tanto
verbalizações consideradas adequadas
1
, como elogios e encorajamento, por exemplo,
quanto inadequadas (críticas, punição, correção), sendo que muitos combinam essas
duas formas de interação (Smith, Zane, Smoll & Coppel, 1983) sem conhecimento
acerca de seus efeitos sobre os comportamentos dos atletas.
Considera-se, com base nos princípios da Análise do Comportamento, que seria
mais adequado os treinadores interagirem com os atletas, comportando-se de forma a
recompensar os comportamentos adequados através de elogios perante execuções
corretas, assim como do encorajamento mediante o erro ao tentar executar dada
habilidade. Tudo isso, para que haja um aumento na probabilidade de emissão dessas
respostas futuramente (Weinberg & Gould, 2001). Além disso, como apontado por
1
Verbalizações que, quando apresentadas mediante determinada forma de comportar, potencialmente têm
função reforçadora, elevando a freqüência de dado comportamento.
xi
muitos estudos que analisaram o comportamento de treinadores de sucesso (Bloom,
Crumpton & Anderson, 1999; Tharp & Gallimore, 1976), eles deveriam também
apresentar instruções de forma completa
2
.
Assim, parece que o fato dos treinadores comportarem-se de maneiras
equivocadas durante o ensino de habilidades técnicas e táticas a seus atletas pode ser, ao
menos em parte, explicado pela falta de conhecimento dos mesmos sobre o efeito de seu
comportamento sobre o comportamento dos atletas. Problema este que, no Brasil,
particularmente em relação a muitos treinadores de futebol, é agravado pelo fato destes
não possuírem formação acadêmica, utilizando com seus atletas formas de se comportar
que aprenderam por tentativa e erro, ou por reproduzirem aquilo que observaram na
atuação de outros treinadores mais conhecidos.
Desta forma, a partir de minha experiência como atleta, bem como da atuação
junto a comissões técnicas de equipes de alto rendimento durante a graduação, surgiram
duas preocupações a respeito da conduta de treinadores, as quais conduziram-me à
realização deste trabalho.
A primeira trata-se do modo como muitos treinadores empregam do controle
aversivo na tentativa de ensinar habilidades a seus atletas sem, contudo, estarem cientes
da influência disto no desempenho destes últimos. Esta forma de agir pode tornar o
ambiente desportivo prejudicial, ao invés de propiciar positivamente a aprendizagem de
comportamentos que seriam generalizados para outros contextos. A segunda surgiu pelo
fato dos treinadores, muitas vezes, não terem formação acadêmica na área esportiva e,
talvez por isso, não terem em seu “repertório” comportamentos de estudo que poderiam
2
Apresentação de verbalizações que instruem o atleta através da descrição do comportamento que deve
emitir e em qual situação e/ou que expliquem como fazer.
xii
lhes ser úteis para obterem informações a partir da pesquisa em trabalhos de cunho
científico.
Somadas a essas duas preocupações, há o fato de não se encontrar na literatura
brasileira programas de orientação comportamental voltados para treinadores de futebol,
especialmente àqueles que trabalham com alto rendimento. Diante disto, o presente
trabalho visou elaborar um Manual de Orientação Comportamental para Treinadores de
Futebol, em que fossem expostas situações corriqueiras de interação treinador-atleta nos
treinamentos, nas quais o reforço positivo pudesse ser adotado. Além de fazer utilização
desse manual que, junto a outros componentes, fosse aplicado durante a avaliação da
efetividade de um programa de orientação comportamental para treinadores de futebol.
Assim, desenvolveu-se um manual de orientação específico para treinadores
deste esporte, bem como se sistematizou e aplicou-se um programa de intervenção, com
o intuito de apresentar conhecimentos acerca dos princípios comportamentais que
possam contribuir para que executem com mais eficiência uma das principais funções
do treinador, que é a de ensinar habilidades técnicas e táticas.
1
INTRODUÇÃO
História da Psicologia do Esporte
Muitos profissionais do contexto esportivo acreditam que a Psicologia do
Esporte é um campo de estudos recente. Entretanto, sabe-se que investigações na área
vêm sendo realizadas há mais de um século (Rubio, 2000; Weinberg & Gould, 2001).
Dada a interface entre Psicologia e Esporte na realização do presente trabalho,
considera-se relevante à apresentação de alguns dados sobre o surgimento e o
desenvolvimento desse campo de pesquisa. Sem procurar ser uma descrição exaustiva e
minuciosa, o relato a seguir apresenta dados históricos relacionados às origens da
Psicologia do Esporte nos Estados Unidos, na Alemanha e no leste europeu, embora
muitos dos acontecimentos ocorridos nesta parte do continente europeu permaneçam
inacessíveis. Comentam-se também fatos do início da aplicação de conhecimentos da
Psicologia ao contexto esportivo no Brasil. A descrição de pesquisas realizadas na área
será feita em seção posterior.
Os primeiros relatos de estudos que poderiam ser relacionados à Psicologia do
Esporte datam da virada do século XIX para o XX. Na Universidade de Indiana (EUA),
o psicólogo Normam Triplett (1898) começou a explorar os chamados “aspectos
psicológicos” do esporte e a aprendizagem de habilidades motoras a partir da
observação de que ciclistas pedalavam mais rapidamente quando acompanhados de
outros atletas do que quando sozinhos (Rubio, 2000; Weinberg & Gould, 2001). Quase
que simultaneamente, na Rússia, em 1901, Lagasft deu início a estudos da Psicologia
aplicada ao esporte no leste europeu ao descrever possíveis benefícios psicológicos da
atividade física (Cruz, 1991; Rubio, 2000). Nesse período de estudos iniciais, as
observações não eram controladas com rigor e não havia a aplicação dos conhecimentos
2
resultantes dos raros estudos na prática.
Apesar desses estudos iniciais, considera-se que o marco do nascimento da
Psicologia do Esporte no ocidente foi a fundação do laboratório de Psicologia do
Esporte na Universidade de Illinois (EUA), e a publicação pelo psicólogo norte-
americano Coleman Griffith dos livros Psicologia de Técnicos, em 1926 e Psicologia de
Atletas, em 1928 (Machado, 2000; Rubio, 2003; Weinberg & Gould, 2001). No leste
europeu, tem-se como marco inicial a criação dos Institutos para Cultura Física de
Moscou e Leningrado (Rússia), nos primeiros anos da década de 1920, e a publicação
de artigos acadêmicos escritos por Rudik (1925) e Puni (1929), cujos temas estavam
ligados ao tempo de reação e à influência da prática esportiva na personalidade,
respectivamente (Cruz, 1991; Rubio, 2003). Um terceiro, mas não menos importante
berço de estudos na área, foi a Universidade de Leipzig, na Alemanha, na qual vários
livros sobre Psicologia da Atividade Física foram escritos por diferentes autores entre
1921 e 1928 (Cruz, 1991).
Um importante período para o estabelecimento do que seria a base para o estudo
futuro da Psicologia do Esporte trata-se do compreendido entre 1939 e 1965. Neste
período, na Rússia, criaram-se os Departamentos de Psicologia da Educação Física nos
Institutos de Cultura Física, e nos EUA, Franklin Henry, professor do Departamento de
Educação Física da Universidade da Califórnia, estabeleceu um programa de graduação
em psicologia da atividade física e formou muitos professores que, mais tarde,
desenvolveram pesquisas sistemáticas na área. Em 1960 introduziu-se a Psicologia do
Esporte como disciplina acadêmica, inserindo-a na grade curricular do curso de
Educação Física (Weinberg & Gould, 2001). No ano 1965 criou-se a Sociedade
Internacional de Psicologia do Esporte - ISSP presidida pelo italiano Ferruccio
Antonelli (Machado, 2000; Rubio, 1999) e realizou-se o primeiro Congresso Mundial
3
de Psicologia do Esporte, em Roma (Rubio, 2003).
Após esse desenvolvimento inicial, a década de 1970 foi marcada pela
realização de investigações sistemáticas através da realização de estudos experimentais
(Rubio, 2003), pela aplicação dos achados dos estudos e pelo início do surgimento de
periódicos científicos que se tornaram relevantes na área (Weinberg & Gould, 2001).
Os anos 1980 viram a ocorrência de fatos importantes, como a fundação do
Conselho Consultor de Psicologia do Esporte por parte do Comitê Olímpico dos EUA,
com a contratação do primeiro psicólogo do esporte em tempo integral pelo mesmo
comitê e o reconhecimento da Psicologia do Esporte pela Associação Psicológica
Americana (APA) como uma sub-área da Psicologia (Weinberg & Gould, 2001). A
maior parte da produção científica dessa década foi realizada sob o enfoque cognitivista,
atendo-se à busca da compreensão de pensamentos e representações mentais em atletas
e sua influência sobre o desempenho. Na Rússia, foco especial foi dado ao treinamento
em auto-regulação psicológica de funções fisiológicas (Rubio, 2003). Esse interesse de
estudos continuou nos anos 1990, com a maioria das pesquisas dirigidas à criação de
técnicas de enfrentamento efetivo da ansiedade competitiva e pré-competitiva, assim
como a compreensão da motivação competitiva (Rubio, 2000, 2003).
Em linhas gerais, esses são alguns marcos do desenvolvimento da Psicologia do
Esporte em âmbito mundial. No Brasil, os primeiros trabalhos da área se realizaram na
década de 1950, quando o psicólogo João Carvalhaes atuou junto à equipe do São Paulo
Futebol Clube, junto à seleção brasileira de futebol que conquistou a Copa do Mundo de
1958 e na seleção de árbitros para a Federação Paulista de Futebol (Becker Jr., 2000;
Lima, 2003; Rubio, 2000; Sousa Filho, 2000). Além disso, Carvalhaes participou de
muitos eventos científicos internacionais e escreveu em 1974 o livro intitulado
Psicologia do Futebol (Rubio, 2000).
4
De acordo com Rubio (2000), outro psicólogo a atuar naquela época foi Athayde
Ribeiro da Silva, que trabalhou na seleção brasileira de futebol que conquistou o bi-
campeonato mundial, em 1962, e publicou em co-autoria com Emílio Mira o primeiro
livro brasileiro de Psicologia do Esporte: “Futebol e Psicologia”. Silva também
participou de congressos internacionais, e escreveu o livro Psicologia Esportiva e a
Preparação do Atleta, em 1965. Outro importante marco para a Psicologia do Esporte no
Brasil foi a criação da Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE), em
1979, o que impulsionou a fundação de várias sociedades estaduais e a realização de
pesquisas na área (Becker Jr., 2000).
Até 1980, os poucos psicólogos que trabalharam com esporte no Brasil o fizeram
no futebol. A partir desta década, vários outros começaram a atuar em diversas
modalidades, tal como ocorreu no Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, e no projeto
Play Tennis no início dos anos 1990 (Rúbio, 2000). A atuação desses psicólogos foi
fundamental para que na década de 1990 houvesse maior um maior número de
profissionais envolvidos com Psicologia do Esporte, criando-se o laboratório de
Psicologia do Esporte na Universidade Federal de Minas Gerais, além de inserir esta
disciplina em cursos de graduação, extensão e pós-graduação (Rubio, 2000). O mesmo
ocorreu no Bacharelado em Ciência do Esporte (1999) na Universidade Estadual de
Londrina.
A investigação e a aplicação de conhecimentos da Análise do Comportamento
no meio esportivo é algo recente, iniciando-se há apenas três décadas e começando a
ganhar relevância neste início do século XXI. Segundo Martin e Tkachuk (2001), a
primeira pesquisa publicada na área da Psicologia Comportamental aplicada ao esporte
foi em 1969, tendo como autores Rushall e Pettinger. Nela, compararam diferentes
contingências de reforço sobre a quantidade de nado realizado por nadadores. Apesar
5
disso, é a partir da publicação do livro de Rushall e Siedentop, em 1972, intitulado The
development and control of behavior in sport and physical education (Desenvolvimento
e controle do comportamento no esporte e na educação física), que se considera o marco
inicial de trabalhos realizados sob a abordagem comportamental aplicada ao esporte.
Nesse livro, os autores descrevem algumas estratégias acerca da generalização de
habilidades dos treinos para as competições, da modelagem de novas habilidades
esportivas e da manutenção das habilidades já existentes em níveis elevados.
No decorrer das décadas de 1970 e 1980, houve inúmeras publicações realizadas
sob a abordagem comportamental no esporte. Todavia, segundo Martin e Tkachuk
(2001), foram encontrados apenas 10 estudos que apresentavam metodologias rigorosas,
incluindo relato de concordância aceitável entre observadores em relação às medidas
dependentes e demonstração bem explicada do efeito da intervenção. Os conteúdos
abordados por estes estudos foram: estabelecimento de objetivos, automonitoramento e
feedback para aumentar a freqüência de habilidades aprendidas; fornecimento de
“deixas”, treinos discriminativo
3
e de autoconversação para otimizar aprendizagem de
novas habilidades. Vale ressaltar que somente duas dessas pesquisas tiveram como
variável dependente uma medida de desempenho esportivo, e apenas uma objetivou a
modificação do comportamento de um treinador (Martin e Tkachuk, 2001). Ainda
assim, são de suma importância, por ampliar o número de estudos comportamentais e
por dar base para futuras pesquisas.
Nos últimos anos, vêm se encontrando mais trabalhos conduzidos por
pesquisadores brasileiros, embora o meio mais comum de divulgação ainda seja os anais
de eventos científicos. Alguns temas estudados são: agressividade (Gregui, Silva,
Eliotério & Marinho, 2005), estresse (Vernizi, 2004), motivação (Oleskovicz; Bianchi
3
O autor cita esse termo, entretanto, não descreve o que seria treino discriminativo.
6
& Santa, 2004), comportamento de treinadores (Oliveira et al., 2004) e ansiedade
(Keller, Okazaky, Boiko, Andrade & Coelho, 2004; Pereira, Santos & Siqueira, 2004).
Todavia, em geral os estudos em Análise do Comportamento estão mais empenhados
em analisar os comportamentos dos atletas do que o comportamento dos treinadores.
Como se pode notar, a Psicologia do Esporte vem conquistando espaço nos
âmbitos científico e prático desde seu surgimento, com investigações isoladas no final
do século XIX até sua expansão como disciplina das Ciências do Esporte e ramo da
Psicologia neste início de século XXI. O momento atual é de pleno desenvolvimento
dessa área tanto no que se refere à realização de pesquisas como à inserção de
profissionais da Psicologia do Esporte como membros em equipes desportivas.
Futebol: Caracterização e Pesquisas
O futebol é o esporte mais praticado no mundo, com milhões de pessoas
praticando-o em contextos recreativos ou profissionais. A entidade máxima desse
esporte, a Federation International of Football Association (FIFA), tem como filiados
mais de 150 países (Ananias, Kokubun, Molina, Silva & Cordeiro, 1998).
Provavelmente, tamanha popularidade deste esporte se deva às facilidades
encontradas para sua prática: suas regras são de fácil entendimento, não há necessidade
de muitos equipamentos e tampouco de grandes estruturas físicas, bastando um espaço
amplo, uma bola e traves, improvisados ou não, para que o jogo se desenrole.
Para a prática oficial do futebol existem algumas regulamentações. A medida do
campo, por exemplo, tem de variar entre 90 e 120 metros de comprimento e entre 45 e
90 metros de largura. As dimensões do gol são: 7,33 metros de comprimento (travessão)
7
por 2,44 metros de altura (traves). O tempo de jogo é de 90 minutos divididos em dois
tempos de 45 minutos. O número de atletas em campo de cada equipe é de 11
jogadores, podendo o jogo decorrer em situações excepcionais
4
até com 7 atletas. As
características da bola de jogo são: ser de couro ou material similar, esférica,
circunferência não superior a 70cm e não inferior a 68cm, peso não superior a 450g nem
inferior a 410g, pressão equivalente a 600-1100g/cm2 ao nível do mar. Essas são
algumas regulamentações básicas dentre outras existentes, relacionadas às ações que a
regra permite, às penas cabíveis, ao número de substituições possíveis etc.
Além disto, diferentemente do que ocorre em outros esportes, tais como
basquete e vôlei, em que certas características físicas dos atletas (altura, por exemplo)
são essenciais para o elevado desempenho, no futebol, indivíduos dos mais diferentes
biotipos
5
podem ter uma ótima performance. Isso porque em uma partida de futebol a
corrida compreende a forma essencial de locomoção, sendo ela caracterizada por ações
realizadas com ou sem bola. Além disso, as ações realizadas com posse de bola, na
maioria dos setores do campo, acontecem com esta rente ao solo, havendo pouca
influência a altura do atleta para seu controle. Assim sendo, duas importantes qualidades
para se ter um bom desempenho no futebol são: o ótimo condicionamento físico
associado ao domínio da técnica (Fernandes, 1994).
Durante uma partida de futebol, os jogadores realizam uma série de
deslocamentos em diferentes intensidades e em grande parte do tempo sem a posse de
bola, seja na resolução de ações técnico-táticas
6
, na marcação e na perseguição do
4
Partidas não podem ser iniciadas nem continuadas a menos que as duas equipes tenham um número
máximo de 11 jogadores e mínimo de 7.
5
Relaciona-se às características morfológicas do indivíduo, existindo três biotipos: O ectomorfo, que
seria o magérrimo; o mesomorfo, que seria o forte, com o corpo definido; e o endomorfo, que englobaria
indivíduos com maior acúmulo de gordura.
6
Ações em que se empregam os fundamentos do futebol, tais como passe, drible, finta, cabeceio, chute,
marcar e desmarcar, cumprindo uma função previamente estipulada pelo treinador, que é o caso de sua
movimentação e ocupação de espaços dentro de campo em conjunto com a equipe.
8
adversário ou na desmarcação
7
(Frisselli & Mantovani, 1999). Nesses deslocamentos, as
ações realizadas são caracterizadas por uma atividade intermitente, com regular
mudança de intensidade devido às acelerações e desacelerações abruptas, às mudanças
constantes de direção, aos saltos e às corridas com ou sem posse de bola, com as
exigências fisiológicas variando de acordo com o sistema de jogo ou a tática empregada
pelo treinador (Barbanti, 1996; Barros & Guerra, 2004; Souza, 1999; Weineck, 2000).
Como se pode ver, ao mesmo tempo em que o futebol é um esporte com regras
de fácil entendimento, ele também é complexo em relação às exigências fisiológicas,
técnicas e táticas. Cada posição impõe a necessidade de certas qualidades físicas,
técnicas e comportamentais. Devido a essa complexidade, a aplicação de conhecimentos
de diversas áreas é de suma importância para a preparação dos profissionais envolvidos
com esse esporte.
Para atender essa demanda, ao longo do tempo diferentes áreas de pesquisa se
interessaram em estudar o futebol. O estudo científico deste desporto teve início na
década de 1950, com preocupações relacionadas a características fisiológicas envolvidas
no jogo. Posteriormente, surgiram outras questões de pesquisa e investigadores de
diversas áreas se envolveram na realização de estudos para respondê-las: nutrição
desportiva, fisiologia do exercício, estudo do crescimento e do desenvolvimento motor e
comportamento e emoções no esporte.
A seguir, são comentadas as principais linhas de pesquisa conduzidas no futebol.
Dado que o interesse do presente trabalho é Psicologia do Esporte, essas pesquisas de
áreas outras que não a Psicologia não serão relatadas com detalhes. A descrição de
objetivos, métodos e resultados de pesquisas será feita para os estudos da Análise do
Comportamento aplicada ao esporte, em seção posterior.
7
Desmarcar trata-se da ação realizada pelo atleta para fugir da marcação do adversário e, então, receber a
bola.
9
Uma das primeiras pesquisas a analisar os jogos para elaborar treinamentos
específicos do futebol foi realizada por Wintherbotton (1954), que a partir de scaltes
8
feitos no transcorrer das partidas do campeonato inglês, concebeu as primeiras
metodologias de treino sistematizadas, baseando-se nas distâncias percorridas pelos
futebolistas. Posteriormente, houve na área esportiva o desenvolvimento de novas
tecnologias, tais como softwares capazes de interpretar movimentos dos atletas dentro
de campo através da filmagem dos mesmos. A partir de então, os estudos (por exemplo,
Amorim & Goulart, 2000; Bangsbo, Norregaard & Thorso,1991; Barbanti,1996;
Fernandes,1994; Oliveira, 2004) procuraram analisar não só a distância percorrida pelos
atletas durante o jogo, mas, ainda, as mudanças constantes de intensidade dos
deslocamentos durante as partidas, quantificando-as em percentil de acordo com o tipo
de movimento: andar, correr, deslocar-se para trás ou para os lados, saltar e permanecer
parado.
Contudo, na última década, a dinâmica de jogo foi se alterando, com o futebol
tornando-se um esporte de maior movimentação e dotado de sistemas, táticas e
estratégias que passaram a exigir cada vez mais um nível otimizado das habilidades
físicas, técnicas e “psicológicas” dos atletas. Sendo assim, diversas ciências encontram
espaço para pesquisar o futebol e fornecer informações úteis aos profissionais
envolvidos com este esporte.
A nutrição aplicada ao esporte, por exemplo, desenvolveu pesquisas que tinham
por objetivo desde verificar a composição corporal de futebolistas por meio da
utilização de adipômetros (Hansen, Klausen, Bangsbo & Muller, 1999; Ley, Gomes,
Meira, Erichsen & Silva, 2002; Reilly, Bangsbo & Franks, 2000; Rienzi, Drust, Reilly,
8
Planilha que pode ser elaborada de várias formas para análise estatística da partida. No estudo citado,
era compreendida por um desenho de um campo de futebol em uma folha em que era tracejada toda a
trajetória dos atletas dentro de campo. A partir desse trajeto tracejado, estimava-se a distância percorrida
pelos atletas durante a partida.
10
Carter & Martin, 2000; Santos, 1999; Silva, Pereira, Kaiss, Kulaitis & Silva, 1997;
Souza, 1999) até mensurar a perda hídrica (Eliotério, 2005) e o dispêndio energético nos
jogos (Bangsbo,1994; Barbanti, 1996; Leite, 1987; Reilly, 1997; Silva & Rodriguez-
Añez, 2001).
No que se refere à fisiologia do exercício, muitos estudos foram realizados
abordando variáveis relativas ao consumo máximo de oxigênio dos atletas (Al-Hazzaa
& Chukuemeka, 2001; Casajus, 2001; Drust, Reilly & Cable, 2000; Hoff, Wisloff,
Engen, Kemi & Helgerud, 2002; Santos, 1999; Souza & Zucas, 2003; Stroyer, Hansen
& Klausen, 2004), às vias metabólicas utilizadas no decorrer do jogo (Ananias et
al.,1998; Bangsbo, 1994; Barros & Guerra, 2004; Reilly, 1997; Reilly & Florida-
James,1995) e à intensidade de esforço por meio do monitoramento da freqüência
cardíaca (Ali & Farraly, 1991; Bangsbo, 1994; Bangsbo, Norregaard & Thorso, 1991;
Bravo, 2003; Raven, 1976; Rebelo & Soares, 1992 Rhodes et al., 1986; Santos, 1999;
Souza, 1999; Souza & Zucas, 2003; Valker & Barros, 2001; Stanganelli, Eliotério,
Souza, Frisselli & Dourado, 2006).
Em ciências ligadas ao estudo do crescimento e do desenvolvimento motor, os
pesquisadores procuraram sistematizar métodos para detecção, seleção e promoção de
talentos (Böhme, 2000; Caicedo, Matsudo & Matsudo, 1993; Montagner & Silva, 2003;
Williams & Reilly, 2000;).
Em relação à Psicologia aplicada ao futebol, nota-se que os estudos
desenvolvidos eram praticamente inexistentes até a metade final da década de 1990.
Ainda que se tenham relatos de trabalhos realizados neste esporte na década de 1950, no
Brasil (Becker Jr., 2000; Rubio, 2000; Sousa Filho, 2000), nota-se que estes eram de
ordem prática, sendo realizados isoladamente e focando pouca atenção para
investigações sistemáticas que viessem a contribuir para novas descobertas de cunho
11
científico.
A escassez de estudos da Psicologia no futebol foi observada por membros de
equipes esportivas na década de 1990. Por exemplo, em uma pesquisa conduzida por
Garganta, Maia e Marques
9
(1996), que procurou apontar os fatores mais importantes
no rendimento do futebolista, foram entrevistados 50 profissionais (treinadores ou
pesquisadores) ligados ao futebol, dos quais 26 eram de origem européia (15 países) e
24 brasileiros. Os resultados apontaram que 22,5% dos entrevistados consideram o fator
psicológico
10
como um dos mais relevantes. Neste mesmo estudo, ao serem
questionados sobre os fatores que mais deveriam ser investigados, o fator psicológico
foi o segundo mais apontado (25,7%). Quando se procurou saber quais fatores são
investigados de forma reduzida ou insuficiente, tanto em termos qualitativos quanto
quantitativos, o fator psicológico foi indicado como o menos estudado (88%). Os
entrevistados atribuíram essas escassas investigações ao fato de que são de difícil
realização e, principalmente, porque os profissionais envolvidos com futebol pouco
permitem a intervenção científica.
Assim, se por um lado a Psicologia, aplicada ao futebol, é vista como um fator
de extrema importância para o rendimento, por outro, os próprios profissionais que
salientam a relevância dela no rendimento dificultam ou impedem a intervenção de
pesquisadores da área.
Todavia, gradativamente os psicólogos e estudiosos afins têm conseguido
ampliar seu campo de atuação dentro das equipes de futebol, ao menos na Europa.
Como exemplo, pode ser citado o VI Congresso Nacional de Psicologia da Atividade
Física e do Esporte, realizado em 1997 na Espanha, um dos principais países a fomentar
pesquisas nesta área, no qual das 53 pesquisas apresentadas, o futebol foi o esporte em
9
Pesquisadores que fazem parte do corpo docente da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto Portugal, não sendo nenhum deles psicólogos.
10
Termo utilizado pelo autor da pesquisa citada sem mais detalhamento.
12
que mais estudos foram empreendidos, nove no total (Garcia & Santana, 1997).
No Brasil, apesar de poucas pesquisas serem realizadas atualmente por
profissionais ligados à Psicologia se dirigindo ao futebol, percebe-se que alguns
trabalhos já vêm sendo desenvolvidos, abordando vários temas
11
: treino mental
(Castellani & Machado, 2004; Oleskovicz, Takase & Pesca, 2004), autoconceito
(Magagnin, Pesca & Takase, 2004), coesão da equipe (Magagnin & Krebs, 2004),
motivação (Oleskovicz, Bianchi & Santa, 2004), estresse (Azevedo & Santos, 2004;
Samulski & Chagas, 1996), liderança (Barale, Bernardes, Sousa & Gomide Jr., 2004),
interação treinador-atleta (Conte & Dorigo, 2004; Moioli & Machado, 2004; Lima &
Souza, manuscrito não publicado), efeito da intervenção psicológica na recuperação de
atletas lesionados (Pesca, Rodrigues & Takase, 2004) e percepção múltipla (Alvarez,
Martínez & García, 2004; Silva, Rocha, Samulski & Greco, 2004). Entretanto, observa-
se ainda pouca publicação em periódicos, estando a divulgação dos estudos quase que
restrita à apresentação em eventos científicos. Além disto, a maioria desses estudos
foram realizados sob abordagens cognitivistas, o que demonstra a necessidade da
realização de estudos analítico-comportamentais aplicados ao futebol.
Pesquisas em Análise do Comportamento: O Treinador Esportivo
Apesar de não dominarem a área de estudo, analistas do comportamento têm
conduzido investigações controladas, com achados relevantes para a solução de
problemas na área desportiva. As linhas de pesquisa da Análise do Comportamento no
contexto esportivo incluem, dentre outros, estudos sobre os seguintes temas: Reforço
positivo (Heward, 1978), relaxamento (Lanning & Hisanaga, 1983), ensaio mental
11
Os temas foram citados com os termos usados pelos autores nos trabalhos, tratando-se a maioria destes
de abordagens cognitivistas. Porém, foram citados alguns trabalhos cuja abordagem é comportamental.
13
(Noel, 1980; Savoy & Beitel, 1996), auto-instrução (Hamilton & Fremouw, 1985;
Kendall, Hrycaiko, Martin & Kendall, 1990; Rogerson & Hrycaiko, 2002),
estabelecimento de metas (Swain & Jones, 1995; Ward & Carnes, 2002; Weinberg,
Stitcher & Richardson, 1994), auto-estima (Coatsworth e Conroy, 2006) ansiedade
competitiva (Maynard, Hemmings & Warwick-Evans, 1995) e agressividade (Brunelle,
Janelle & Tennant, 1990; Gregui, Silva, Eliotério & Marinho, 2005).
Além de pesquisas relacionadas a esses temas, há um conjunto de produções de
analistas do comportamento que procuram analisar a interação treinador-atleta. Os
próprios fundamentos da Análise do Comportamento justificam o interesse nessa linha
de investigação. Sabe-se que o comportamento dos treinadores influencia o
comportamento dos atletas (Afermann, Lee & Würth, 2005; Schinke & Tabakman,
2001; Sinclair & Vealey, 1989; Smith & Smoll, 1991) e tem grande impacto no
envolvimento do atleta com o esporte (Baker, Yardley & Coté, 2003; Bloom, Crumpton
& Anderson, 1999). Da mesma forma a atuação dos atletas, por sua vez, afeta o
comportamento dos treinadores (Cruz, 2000).
As pesquisas que visam compreender o comportamento do treinador e seus
efeitos sobre os comportamentos dos atletas são as de maior interesse para o presente
trabalho. Assim sendo, serão descritos a seguir alguns dos estudos realizados para
analisar as verbalizações de treinadores em situação de treino e competição e para
avaliar programas de orientação para treinadores esportivos.
Em 1976, Tharp e Gallimore publicaram um estudo cuja finalidade foi observar
sistematicamente as verbalizações do treinador que mais vitórias obteve na primeira
divisão do basquetebol universitário dos EUA durante os jogos. Para isso, elaboraram
um sistema de classificação com 11 categorias (instrutiva, motivadora, modeladora
positiva, modeladora negativa, elogios, repressivas, recompensa não-verbal, punição
14
não-verbal, repressivo-corretivas, outras e incompreensíveis pelas gravações). A
observação dos comentários realizados pelo treinador ocorreu ao longo das partidas de
sua equipe na temporada de 1974-75. Para tanto, avaliadores postavam-se próximos ao
treinador, entre este e a arquibancada, ouvindo suas verbalizações para as categorizarem
em uma folha de registro e, posteriormente, analisá-las. Para evitar equívoco na
classificação dos comentários, adotou-se um índice de concordância entre avaliadores
de 85%. Os resultados indicaram que 50,3% dos comentários feitos pelo treinador
enquadravam-se na categoria instrutiva, indicando como e o quê o atleta deveria fazer.
Além disso, percebeu-se, também, que o treinador sempre elogiava seus atletas e
raramente os punia.
Baseando-se no estudo anteriormente citado, Bloom, Crumpton e Anderson
(1999) analisaram as verbalizações de Tarkanian durante os jogos de sua equipe. Este
treinador norte-americano de basquetebol tinha experiência de 26 anos e era
considerado o segundo treinador mais vitorioso na primeira divisão universitária desse
esporte. A única diferença entre este estudo e o de Tharp e Gallimore (1976) encontra-
se na categorização das verbalizações, que tiveram a categoria “instrução” subdividida
em três tipos de instruções: tática, técnica e geral. Desta forma, os comentários foram
classificados em 12 categorias (instrução técnica, instrução tática, instrução geral,
motivador, elogios e encorajamento, repressivos, humor, crítico-corretivos,
modeladores, descontração, punição não-verbal e recompensas não-verbais). A
observação dos comentários do treinador participante ocorreu durante os jogos da
equipe que dirigia ao longo da temporada regular de 1996-97, não sendo mencionado
pelos autores o número de jogos avaliados. A classificação das verbalizações do
treinador foi realizada por dois avaliadores que escutavam a emissão destas e as
quantificavam em uma folha de registro. Para maior fidedignidade dos dados coletados,
15
adotou-se um índice mínimo de concordância entre observadores de 85% em relação à
categorização dos comentários do treinador. Os resultados obtidos por esse estudo
corroboraram com os encontrados por Tharp e Gallimore (1976), relatando que 54,9%
das verbalizações eram instrutivas, 16% motivadoras e 13,6% de elogios ou
encorajamento, enquanto as repressivas e crítico-corretivas alcançaram 6% e 1,6%
respectivamente. Desta forma, concluiu-se que a maioria dos comentários realizados por
esse treinador de sucesso eram instrutivos, utilizando-se, em larga escala, de elogios e
encorajamento e, em pequena proporção, de verbalizações repressivas e crítico-
corretivas.
Com objetivos semelhantes aos dois últimos estudos citados, Claxton (1988) fez
uma pesquisa através de gravações das verbalizações e comportamentos não-verbais de
9 treinadores de tênis que trabalhavam com estudantes da High School
12
. Porém, ele não
apenas analisou os comentários e comportamentos não-verbais dos treinadores de
sucesso (n=5), mas, também, comparou-os com os realizados por treinadores de menor
sucesso (n=4). Como critério para se estabelecer se um treinador era de maior ou menor
sucesso, denominou-se de treinadores de sucesso aqueles que tivessem conseguido ao
menos 70% de vitórias nos três anos prévios à pesquisa, enquanto os de menor sucesso
seriam aqueles que o fizessem abaixo dos 50%. A classificação das verbalizações e
comportamentos não-verbais compreendia 14 categorias (pré-instrução, instrução
concorrente, pós-instrução, questionamento, manipulação manual, modelagem positiva,
modelagem negativa, chamar por primeiro nome, motivador, elogio, repressivo,
gerenciamento, silencio e outros). A avaliação dos técnicos ocorreu durante os jogos dos
atletas que treinavam, perfazendo-se em três jogos para cada participante (início, meio e
final da temporada). O tempo de verbalizações analisadas por treinador totalizou 90
12
Nível de escolaridade norte-americana que equivale ao Ensino Médio brasileiro, com a idade dos
estudantes geralmente oscilando entre 15 e 17 anos.
16
minutos. A classificação dos comentários realizados pelos técnicos participantes foi
feita, de forma direta, por cinco avaliadores. Para tanto, adotou-se um índice de
concordância mínimo entre eles de 80%. Os resultados do estudo mostraram que tanto
os treinadores de maior quanto os de menor sucesso forneciam instrução em alta
freqüência quando comparados a outros tipos de comportamentos. Sendo que,
contrariando o esperado pelo autor, os treinadores de menor sucesso apresentaram maior
taxa de instrução e de elogios do que os de maior sucesso. Esses achados demonstram
que o comportamento dos treinadores pode variar de um tipo de esporte para outro,
fazendo-se necessárias mais pesquisas no intuito de se comparar o comportamento de
treinadores de maior sucesso com os de menor.
Outras pesquisas procuraram investigar os tipos de verbalização dos treinadores,
sem, contudo, incluir como variável de controle ser ou não o mais bem sucedido na
modalidade. Oliveira et al. (2004) realizaram uma pesquisa cujo objetivo foi, por meio
de gravações, avaliar a natureza e a quantidade dos comentários feitos por dois
treinadores experientes de futsal durante treinos e jogos competitivos da categoria
mirim (atletas com idade entre 10 e 11 anos), apontando, também, o momento do jogo
em que os comentários foram realizados. Para tanto, as verbalizações dos treinadores
foram classificadas quanto à sua natureza como positivas (categorias: motivadoras,
reforçadoras e instrutivas) ou negativas (categorias: corretivas, irônico-repressivas). Em
relação ao registro das verbalizações, este se realizou ao longo de três treinos e três
jogos das equipes dirigidas por cada treinador. Os comentários emitidos pelos
participantes eram repetidos pelos avaliadores e registrados em fita cassete para
posterior transcrição desta. A partir da transcrição, dois avaliadores categorizavam as
verbalizações dos treinadores, adotando-se um índice mínimo de concordância entre
eles de 80%. Os resultados indicaram que houve elevada taxa de verbalizações
17
positivas, sendo que a maioria dessas enquadravam-se na categoria instrutiva.
Observou-se, ainda, que as verbalizações de natureza negativa ocorreram em pequena
taxa.
Apesar de existirem estudos em que se caracterizaram os comportamentos de
treinadores durante treinos e competições, tais como os citados acima (Bloom,
Crumpton & Anderson, 1999; Claxton, 1988; Oliveira et al., 2004; Tharp & Gallimore,
1976), percebe-se que pouco se tem feito acerca da criação e da avaliação criteriosa da
eficácia de programas de orientação voltados a essa população, mesmo que nos últimos
anos o número de pesquisas com esse intuito venha se elevando.
Um desses raros estudos trata-se do realizado por Smoll, Smith e Curtis (1979),
sendo eles um dos primeiros pesquisadores a se interessarem pela criação de programas
para a preparação profissional de professores de Educação Física e treinadores. No
trabalho intitulado Coach effectiveness trainning: A cognitive-behavioral approach to
enhancing relationship skills in youth sport coaches, eles propuseram um programa cuja
base de sustentação se tratava do emprego de verbalizações reforçadoras para com os
atletas mediante os acertos e esforços destes últimos, instruindo-lhes positivamente,
encorajando-lhes após executarem dada habilidade incorretamente e evitando o uso de
punições. Nesse programa, também foi salientado como se comunicar efetivamente com
os atletas e a importância do relacionamento dos treinadores com os pais de jovens
atletas através de reuniões para lhe explicarem como ajudar os próprios filhos a
tornarem a prática esportiva algo construtivo e nada degradante. O programa foi
aplicado em 31 treinadores (grupo experimental com n=18 e grupo controle com n=13)
de basebol da Little League Baseball (atletas com idade entre 10 e 15 anos), sendo que a
avaliação de sua eficácia se deu pelos seguintes procedimentos pré e pós-intervenção: a)
observação da conduta dos treinadores durante os jogos, classificando seus
18
comportamentos em 12 categorias, de acordo com Sistema de Avaliação do
Comportamento do Treinador (CBAS); b) percepção da atitude dos treinadores pelos
jogadores, que se verificou através da aplicação de um questionário dotado de 11
questões cujas respostas seriam dadas na escala Likert; c) avaliação da auto-estima dos
jogadores por intermédio de uma entrevista realizada com eles a partir da adaptação do
Inventário de Auto-estima de Coopersmith (1967). Observou-se que após os treinadores
serem submetidos ao programa, a única diferença significativa (p<0,05) entre o grupo
experimental e o controle foi em relação à categoria reforço, com o primeiro
apresentando maior freqüência. Os treinadores submetidos ao programa também
demonstraram maiores taxas de comportamento nas categorias encorajamento e
instrução técnica geral, além de menores taxas na categoria punição, do que os
treinadores do grupo controle. Além disso, percebeu-se que os jogadores dirigidos por
treinadores do grupo experimental afirmavam ter mais satisfação em ter jogado sob o
comando dos mesmos, além de avaliarem mais positivamente as relações entre os
companheiros de equipe. Quanto à avaliação da auto-estima dos jogadores, notou-se que
não houve diferenças significativas entre os jogadores dirigidos por treinadores dos
grupos experimental e controle. Contudo, os atletas com níveis mais baixos de auto-
estima pré-intervenção, cujos treinadores foram submetidos ao programa, mostraram
melhoras significativamente mais positivas na auto-estima. Assim, os autores
concluíram que o programa foi eficaz sobre o comportamento dos treinadores,
principalmente no que se refere ao emprego de verbalizações reforçadoras mediante
comportamentos desejados.
Cruz (2000) replicou o estudo de Smoll, Smith e Curtis (1979) em outro esporte,
analisando a conduta de treinadores federados de basquetebol infantil, por uma
temporada, na Espanha. O programa de orientação foi aplicado a 13 treinadores (n=7 no
19
grupo experimental; n=6 no grupo controle). Entretanto, diferentemente daquele estudo
em que se averiguou a auto-estima dos atletas, neste, para avaliação da efetividade do
programa, foram realizados apenas os dois primeiros procedimentos: a) observação dos
comportamentos dos treinadores durante os jogos, classificando-os de acordo com uma
adaptação do Sistema de Avaliação do Comportamento do Treinador (CBAS), que em
vez de 12 categorias como na pesquisa de Smoll, Smith & Curtis (1979), constou de 8
categorias (reforço, não reforço, ânimo frente ao erro, instrução técnica, castigo,
instrução técnica punitiva, organização geral e instrução técnica geral); b) percepção da
atitude dos treinadores pelos atletas, verificada através da aplicação dos questionários de
percepção do treinador e de motivação e atitudes para o esporte (Smoll, Smith & Curtis,
1979) nos 116 atletas dirigidos pelos 13 treinadores. Os resultados apontam que, após
submissão ao programa de orientação, os treinadores do grupo experimental, quando
comparados aos do grupo controle, reduziram significantemente a freqüência de
respostas nas categorias castigo e instrução técnica punitiva e, em contrapartida,
elevaram a freqüência de respostas nas categorias instrução técnica geral e ânimo geral.
Em relação aos questionários aplicados aos atletas, percebeu-se que os jogadores
dirigidos por técnicos do grupo experimental se apresentavam mais motivados em jogar
basquetebol. Além disso, avaliavam seus treinadores como mais encorajadores e menos
punitivos ao final da temporada do que a avaliação feita por atletas treinados por
técnicos do grupo controle.
Outro estudo na linha de pesquisa orientação a treinadores foi realizado por
Lima e Souza (manuscrito não publicado), cujo objetivo principal foi avaliar os efeitos
da aplicação de um programa de orientação comportamental sobre os comentários
realizados por um treinador de futsal da categoria mirim. Esse programa enfatizou a
importância de reforçar os comportamentos desejados dos atletas, de encorajar e instruí-
20
los mediante execução incorreta de dada habilidade e de evitar o uso de punições. A
classificação das verbalizações do treinador foi feita em cinco categorias: instrutiva,
motivadora, reforçadora, irônico-repressiva e corretiva. Os resultados encontrados
apontam mudanças positivas no comportamento do treinador após submissão ao
programa de orientação. Das cinco categorias analisadas, não houve alteração em duas:
a instrutiva e a motivadora. Porém, os comentários do tipo reforçador praticamente
duplicaram após a intervenção e os do tipo irônico-repressivos se reduziram a valores
abaixo da metade do que na fase de pré-intervenção. Da mesma forma, houve queda,
também, nas verbalizações de natureza corretiva.
No intuito de verificar tanto as mudanças comportamentais de treinadores,
quanto a influência dessas em relação aos escores de ansiedade competitiva dos atletas,
Smith, Smoll & Barnett (1995) aplicaram um programa denominado Coach
Effectiveness Training em 18 treinadores (n = 8 grupo experimental, n = 10 grupo
controle) de basebol. Este programa dava ênfase no encorajamento e no reforço positivo
do esforço individual do atleta ao tentar realizar uma tarefa, mais do que nos resultados
em si. Ou seja, técnicos eram instruídos a valorizar nos atletas mais o “dar o melhor de
si” do que o “vencer a qualquer custo”. Assim, pretendia-se, através da educação dos
treinadores, a emissão de comportamentos que influenciassem na redução de duas
variáveis consideradas principais causadoras de stress nos atletas: o medo
13
de falhar e o
medo da avaliação social negativa. Os treinadores foram submetidos ao programa duas
semanas antes do início da temporada, com a verificação dos níveis de ansiedade
competitiva dos 152 atletas por meio de dois instrumentos: a Sport Anxiety Scale
(Escala de Ansiedade Esportiva) e o Sport Competition Anxiety Test (Teste de
Ansiedade de Competição Esportiva), no início e ao final da temporada. Os achados
13
Analistas do comportamento tendem a considerar que o uso da variável medo como causa primeira de
um comportamento tende a ocasionar explicações simplistas e incompletas.
21
deste estudo sugerem que os atletas treinados por técnicos submetidos ao programa de
orientação percebiam maior freqüência na emissão de comportamentos mais positivos
destes últimos, tais como elogio e encorajamento, assim como empregando menos
freqüentemente de punição do que os técnicos do grupo controle. No que se refere às
atitudes dos atletas em relação aos seus técnicos e colegas de time, notou-se que no
grupo experimental os atletas se divertiam mais nos treinamentos, gostavam mais de
seus colegas e treinadores, e qualificavam estes últimos como melhores professores de
habilidades e estratégias do que os pertencentes ao grupo controle. Além disso, ao se
comparar os escores dos testes aplicados para se verificar a ansiedade competitiva, não
foram encontradas diferenças significativas entre os valores pré e pós temporada nos
atletas treinados por técnicos do grupo controle, enquanto observou-se redução nos
escores de ansiedade competitiva nos atletas dirigidos por técnicos submetidos ao
programa.
Malete e Feltz (2000), apesar de almejarem classes comportamentais diferentes
dos estudos acima citados, também tiveram como objetivo de pesquisa a mudança no
comportamento de treinadores. Em sua pesquisa, eles procuraram testar a modificação
causada pela aplicação de um programa de educação para técnicos (PACE) sobre a
autopercepção de eficácia de treinadores. Este programa, dentre outros assuntos,
continha noções sobre o papel dos treinadores no contexto esportivo, a maneira de
instruir adequadamente e motivar os atletas e o modo de desenvolver habilidades
individuais e sociais na equipe. Para o estudo, foram recrutados voluntariamente 18
treinadores (n=11 grupo controle e n=7 grupo experimental), dos quais 7 submeteram-se
ao PACE. A verificação da eficácia dos treinadores se deu pela aplicação de um
questionário específico contendo 24 situações simuladas de treino em que os
participantes da pesquisa marcariam em uma escala Likert (0= sem nenhuma confiança,
22
9= extremamente confiante) o quão confiantes se sentiriam em dada situação, sendo este
questionário aplicado antes e depois da intervenção. Os resultados da pesquisa sugerem
que os treinadores em que se aplicou o programa relataram apresentar maior confiança
mediante as situações simuladas. Os autores concluem com o estudo que o programa foi
eficiente, além de fornecer aos treinadores oportunidades de conhecer vantagens de se
usar feedbacks positivos e instruções completas na aquisição de habilidades. Entretanto,
destaca-se que não foram realizadas observações do comportamento dos treinadores em
situação natural, adotando-se somente o relato destes como medida de resultado.
Allison e Ayllon (1980), adotando como variável dependente o desempenho dos
atletas, propuseram um procedimento para auxiliar os treinadores no ensino de novas
habilidades a seus atletas por meio da combinação de alguns componentes: uso
sistemático de instruções verbais e feedback, reforço positivo e negativo, prática da
habilidade e time out. Uma das etapas fundamentais desse procedimento tratava-se do
fornecimento de feedback acerca dos pontos errados na execução da habilidade,
modelando o comportamento do atleta. O método de ensino foi aplicado a atletas de
futebol (n=5), ginástica (n=6) e tênis (n=12), todos com um percentual de erro de 40%
na execução das habilidades-alvo. Todos os atletas apresentaram melhora significativa e
imediata após a aplicação do programa, melhorando a execução das habilidades.
Percebendo algumas fraquezas nesse programa, Koop e Martin (1983) ampliaram o
procedimento, acrescentando dois componentes: descrição prévia da forma correta de
execução da habilidade e elogio quando esta fosse executada adequadamente. O método
foi aplicado por treinadores a cinco nadadores durante o ensino de habilidades, com os
resultados encontrados corroborando com os do estudo que procuraram replicar, uma
vez que os atletas melhoraram significativamente a execução dessas habilidades.
Com objetivo diferente desses últimos estudos descritos, Coatsworth e Conroy
23
(2006) avaliaram a eficácia da aplicação de um programa de treinamento
comportamental para treinadores esportivos em produzir mudanças nos escores da auto-
estima de seus atletas. Foram submetidos à orientação comportamental 7 treinadores de
natação e 135 atletas (idade entre 7 e 18 anos) treinados por eles. O estudo foi
desenvolvido ao longo de uma temporada de 7 semanas. Avaliou-se a auto-estima dos
atletas no começo, meio e fim da temporada, através da aplicação adaptada do
Inventário de Auto-estima de Coopersmith (1967). A intervenção aplicada aos
treinadores ocorreu após a primeira avaliação. Os resultados apontaram que havia uma
significante variabilidade nos níveis iniciais de auto-estima dos atletas no começo da
temporada, com os efeitos sobre estes escores, após a intervenção, dependendo do
escore inicial de auto-estima, da idade e do gênero do atleta. Deste modo, segundo
análise feita pelos pesquisadores, a aplicação do programa surtiu mais efeito sobre os
escores de auto-estima de atletas mais novos e de atletas do sexo feminino, que
apresentavam escores baixos no início da temporada.
Os resultados favoráveis encontrados com a aplicação dos programas avaliados
pelos diferentes estudos descritos acima podem ser devidos, principalmente, ao
fornecimento de instruções de forma completa e às verbalizações positivas utilizadas
(como elogios e encorajamentos), que podem reforçar o comportamento do atleta. Essas
duas categorias de comportamento (instruir e reforçar) são as mais freqüentes dentre os
comportamentos dos treinadores de sucesso durante treinos e competições (Bloom,
Crumpton & Anderson, 1999; Tharp & Gallimore, 1976).
Entretanto, é importante destacar que a maioria desses estudos foi realizada em
outros países que não o Brasil, em distintos contextos sociais, o que sugere a
necessidade de realização de mais estudos do mesmo tipo no país. Além disto, é
importante o desenvolvimento e a avaliação de outros programas de orientação de forma
24
a atender à especificidade de um número maior de modalidades esportivas.
Assim, a presente pesquisa teve dois objetivos principais, em razão dos quais se
realizou dois estudos: Estudo I, em que foi elaborado um manual de orientação
comportamental para treinadores de futebol, que seria posteriormente utilizado no
estudo II como um dos componentes da intervenção e; b) Estudo II, em que se avaliou o
efeito de um programa de orientação comportamental sobre as verbalizações do
treinador para com seus atletas.
25
ESTUDO I
ELABORAÇÃO DO MANUAL DE ORIENTAÇÃO COMPORTAMENTAL
PARA TREINADORES DE FUTEBOL
O presente estudo teve por objetivo a elaboração de um Manual de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol em que seriam discutidos os efeitos do
uso de comentários dos tipos elogios, incentivos e punitivos sobre o comportamento de
atletas, tendo por contexto o futebol.
Participaram do estudo duas equipes de futebol de alto rendimento, compostas
por 2 treinadores e 60 atletas, da categoria juvenil
14
. O estudo foi desenvolvido em
campos oficiais de futebol na cidade de Londrina, onde se realizavam os treinamentos
das equipes participantes, e nas salas de aula do Departamento de Psicologia Geral e
Análise do Comportamento e do Departamento de Design Gráfico da UEL.
No desenvolvimento do Manual de Orientação Comportamental para
Treinadores de Futebol foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos:
Canetas e folhas de papel. Fez-se uso de canetas esferográficas e folhas de papel
(sufite) para descrição das verbalizações dos treinadores voltadas a seus atletas em
situações de treinamento.
Prancheta. Empregou-se para dar suporte as folhas de papel e facilitar a
descrição das situações de interação treinador-atleta.
Computador. Utilizou-se um computador Celeron Intel para desenvolvimento do
manual, fazendo-se o esboço das situações através do software Microsoft Word e a
produção gráfica por meio dos softwares Illustrator Cs2 e Photoshop Cs2.
14
Categoria em que idade dos atletas geralmente se encontra entre 15 e 17 anos.
26
Livros e artigo científico. Como fontes das informações implícitas nas situações
contidas no manual, consultaram-se os livros intitulados de Consultoria em Psicologia
do Esporte: orientações práticas em Análise do Comportamento, de Martin (2001); e
Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício, de Weinberg e Gould (2001).
Além do artigo “Coach effectiveness trainning: A cognitive-behavioral approach to
enhancing relationship skills in youth sport coaches”, de Smoll, Smith e Curtis (1979).
Recursos Humanos
O estudo foi conduzido por um aluno do curso de Mestrado em Análise do
Comportamento, graduado em Ciência do Esporte, responsável pela criação das
situações e pelas informações contidas no manual, sendo orientado por uma docente do
Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade
Estadual de Londrina. A produção gráfica do manual foi realizada por uma docente
colaboradora e por dois discentes do Departamento de Design Gráfico da mesma
Universidade.
Procedimento
O estudo realizou-se de acordo com as seguintes etapas:
Seleção dos participantes. Contatou-se a diretoria de um clube de futebol da
cidade de Londrina para explicar os objetivos do estudo e solicitar permissão para entrar
em contato com os treinadores e verificar se estes se disponibilizariam a participar do
estudo. Após aprovação do diretor técnico do clube, manteve-se contato com os dois
treinadores que comandavam as equipes participantes. Em seguida, esclareceu-se a estes
treinadores alguns procedimentos a serem adotados no estudo, expondo-lhes que seriam
observados durante o decorrer dos treinos e que essas observações seriam utilizadas
27
para produção de trabalho de cunho cientifico, garantindo-lhes sigilo em relação a suas
identidades. Em último instante, foi apresentado ao diretor técnico e ao treinador o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE A) para formalização do
estudo através de sua assinatura.
Elaboração do manual para orientação do treinador de futebol. Para a
elaboração do Manual de Orientação Comportamental para Treinadores de Futebol, o
pesquisador realizou oito observações de treinos das duas equipes participantes (quatro
de cada qual). O tempo de duração médio dos treinos foi de sessenta minutos. No
decorrer deles, o pesquisador selecionou algumas situações de interação treinador-atleta
em que os treinadores não se comportavam de modo a aumentar a freqüência de
comportamentos adequados de acordo com princípios da Análise do Comportamento.
Essas situações eram descritas em uma folha de papel. Em seguida, escolheram-se cinco
situações que aconteciam com muita freqüência, descrevendo-as e, posteriormente, fez-
se o relato das situações-problema no formato de vinhetas em quadrinhos.
A Tabela 1 apresentada abaixo, demonstra resumidamente as cinco situações de
interação treinador-atleta contidas no Manual de Orientação Comportamental para
Treinadores de Futebol.
28
Tabela 1: Resumo das situações de interação treinador-atleta contidas no Manual de Orientação Comportamental para Treinadores de
Futebol.
Situ
ação
Contexto Comportamento
do treinador
Possíveis conseqüências sobre o
comportamento do atleta
Comportamento
alternativo do
treinador
Conseqüências do
comportamento alternativo
1 Zagueiro erra bola ao
tentar chutá-la,
ocasionando contra-
ataque adversário.
O treinador
satiriza-o.
Efeito punitivo, produzindo respostas
emocionais indesejadas (Martin, 2001)
Comportamento de fuga e esquiva do
ambiente esportivo; diminuição do
empenho (Weinberg & Gould, 2001)
Influências negativas no desempenho,
baixos escores de auto-estima (Smith,
Smoll & Curtis, 1979)
Encorajar o atleta
mediante o erro
(Smith, Smoll &
Curtis, 1979).
Aumento da probabilidade
da emissão de
comportamentos como se
empenhar, persistir.
2 Atleta erra passe em
jogada sem muita
marcação adversária.
Idem Idem Idem Idem
3 Zagueiro rouba a bola
do adversário e
executa ótima jogada,
marcando o gol.
O treinador nada
comenta a respeito
da jogada.
Diminuição da probabilidade de
emissão do comportamento (Martin,
2001; Smith, Smoll & Curtis, 1979)
Elogiar, descrever o
comportamento
(Martin, 2001;
Winberg & Gould,
2001; Smith, Smoll
& Curtis, 1979).
Discriminação pelo atleta do
comportamento adequado
para a situação.
29
Tabela 1 - Continuação
Situ
ação
Contexto Comportamento
do treinador
Possíveis conseqüências sobre o
comportamento do atleta
Comportamento
alternativo do
treinador
Conseqüências do
comportamento alternativo
4
Atleta se expõe na
situação, mas erra
enfiada de bola.
Jogada exige elevada
precisão.
Idem Situação I
Idem Situação I
Idem Situação I
Idem situação I
5
Atleta executa de
forma correta grande
parte de uma jogada
mais complexa,
esforçando-se, mas
erra a conclusão desta.
O treinador critica-
o.
Diminuição da probabilidade de
emissão do comportamento criticado,
mesmo das partes corretas da
habilidade (Martin, 2001; Weinberg &
Gould 2001).
Elogiar esforço e
partes da jogada
executadas
corretamente;
encorajar o atleta em
melhorar a resposta
executada
incorretamente
(Cruz, 2000; Martin,
2001; Smith, Smoll
& Curtis, 1979;
Weinberg & Gould,
2001)
Aumento na probabilidade
da emissão de
comportamentos como
empenho em aperfeiçoar a
jogada.
Atleta mantém a
apresentação das partes
corretas da execução da
habilidade
30
Conforme destacado anteriormente, o Manual de Orientação Comportamental
para Treinadores de Futebol foi desenvolvido para facilitar a compreensão das
informações nele contidas por parte dos treinadores que o lessem. Para isto, o conteúdo
exposto na tabela 1 acima foi visualmente organizado em vinhetas com quadrinhos
(Figura 1). Considera-se que para esse objetivo podem ser relevantes a produção e
acabamento gráficos do material. As expressões dos personagens, assim como as cores
de fundo das vinhetas apresentam estímulos que podem contribuir para a discriminação
das atuações do treinador consideradas adequadas e inadequadas. Quando as situações
apresentam o treinador se comportando de modo inadequado, o fundo das vinhetas é
apresentado em cores mais chamativas, tais como o laranja e o cobre; nas situações-
modelo, em que o treinador se comporta de forma a contribuir para o aumento da
probabilidade de emissão dos comportamentos desejados de seus atletas, as cores
empregadas são mais suaves (como o verde e o amarelo claros).
Resultados e Discussão
Conforme descrito anteriormente, o manual de instrução ilustrado (Figura 1) foi
construído a partir da observação de situações reais de interação treinador-atleta durante
treinos de futebol. O conteúdo desse manual foi distribuído por 9 páginas nas quais são
esboçados quadrinhos coloridos que representam interações entre treinador de futebol e
atletas em 5 situações de treinamento. Para cada uma dessas 5 situações-problema,
aponta-se o contexto da jogada e apresentam-se dois comportamentos do treinador
contingentes ao comportamento do atleta: um deles foi o comportamento tipicamente
apresentado nas situações registradas durante os treinos observados e outro,
denominado comportamento-modelo, é um modo do treinador se comportar que pode
31
contribuir para a obtenção de melhores resultados por seus atletas durante os treinos,
como aumento na freqüência de apresentação de habilidades já apresentadas
corretamente, não supressão ou inibição comportamental durante os treinos, assiduidade
nos treinos, treinar com empenho e discriminar habilidades ou partes de habilidades que
deve melhorar. Apresentam-se também comentários com base em conceitos e estudos
analítico-comportamentais que argumentam as mudanças propostas em relação à
atuação do treinador.
A Figura 1 nas páginas a seguir apresenta o Manual de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol.
32
33
34
35
36
37
38
39
40
Figura 1: Manual de Orientação Comportamental para Treinadores de Futebol
41
A configuração final do Manual de Orientação Comportamental para
Treinadores de Futebol se fez sob o formato apresentado na Figura 1, onde foram
apresentadas as cinco situações de interação treinador-atleta, cujo conteúdo foi descrito
na tabela 1.
Na Situação I, um atleta erra a bola ao tentar chutá-la, o que resulta em um
contra-ataque adversário, com o treinador o satirizando. Pretende-se expor o fato de que
comentários do tipo irônico-repressivos podem ter efeito punitivo sobre o
comportamento do atleta, podendo, a punição, produzir respostas emocionais
indesejadas, tais como o medo e ou ansiedade, que podem desorganizar o
comportamento operante do atleta, comprometendo seu desempenho. Martin (2001)
afirma que a punição como uma forma de controle produz uma série de efeitos
colaterais, dentre os quais, o nervosismo e o medo generalizado. Sublinha-se, também,
que o emprego constante de punição pode tornar o ambiente tão aversivo para o atleta
que este pode se afastar desse ambiente. Martin (2001, p.31) explica isso quando relata
que “a punição pode fazer com que a situação e as pessoas associadas ao estímulo
aversivo se transformem em eventos punitivos condicionados” e, desta forma, estímulos
que anteriormente eram neutros, passam a eliciar respostas que antes não o faziam.
Weinberg & Gould (2001) compartilham dessa idéia, acrescentando que a punição não
ensina comportamentos alternativos, mas a evitar estímulos aversivos, chegando o atleta
até a abandonar o esporte para se afastar desses estímulos. De acordo com Smith, Smoll
& Curtis (1979), mediante erros na execução de dada habilidade, o treinador deveria
encorajar o atleta e não criticá-lo, para que haja aumento na probabilidade de emissão
dessa resposta futuramente. Assim, propõe-se no manual que seria mais adequado o
encorajamento dos atletas, por parte do treinador, após estes cometerem erros.
Do mesmo modo, na Situação 2 um atleta erra passes curtos e o treinador o
42
critica. Discorre-se a respeito das possíveis influências negativas sobre o desempenho
do jogador, dentre as quais, a diminuição da freqüência de comportamentos tais como
ter assiduidade e empenho nos treinos. No manual, são apresentadas orientações sobre
como o treinador poderia se nesse tipo de situação, ou seja, encorajando o atleta persistir
na apresentação da habilidade.
Na Situação 3 é exposta uma jogada bem feita pelo atleta em que o treinador não
o elogia. Pretende-se destacar a importância do emprego de elogios frente a
comportamentos realizados corretamente para aumentar sua probabilidade de ocorrência
futura em situações semelhantes. Allison & Ayllon (1980) afirmam que o reforço
contingente ao comportamento desejado pode elevar a performance atlética, ou seja,
aumentar a probabilidade de emissão de comportamentos que conduzam a melhores
resultados esportivos. Nos estudos de Tharp & Gallimore (1976) e Bloom, Crumpton &
Anderson (1999), encontrou-se que treinadores de sucesso utilizam freqüentemente o
elogio contingente a comportamentos executados corretamente. Outros autores também
compartilham dessa posição, sugerindo que as habilidades executadas de forma correta
devem ser elogiadas para que sua probabilidade de emissão seja maior futuramente
(Martin, 2001; Weinberg & Gould, 2001; Smith, Smoll & Curtis, 1979). O elogio
parece contribuir para a assiduidade e o empenho nos treinos. Cameron & Pierce
(1994), ao realizar uma pesquisa bibliográfica, em que foram analisados 96 trabalhos a
respeito da influência do emprego de verbalizações reforçadoras sobre comportamentos
rotulados como motivados, constatou que o emprego de elogios eleva o grau de
motivação das pessoas. Entretanto, devemos observar estes resultados com cautela, uma
vez que, quase a totalidade dos estudos citados nessa pesquisa, avaliaram se houve ou
não mudança no grau de motivação através da inferência por intermédio de testes, não
demonstrando se houve alterações no comportamento público. Seria de maior valia,
43
caso esses estudos tivessem verificado se o aumento na utilização de verbalizações
potencialmente reforçadoras elevaria a freqüência de emissão de comportamentos
rotulados como “motivados”, como comparecer aos treinos, apresentar comportamentos
desgastantes mas importantes para a obtenção de bons resultados etc. O
comportamento-modelo da Situação 03 foi o treinador elogiar a boa jogada do atleta.
Na Situação 4 é relatada uma jogada em que o atleta apresenta um
comportamento na situação que exige esforço e empenho, mas acaba errando a
execução da habilidade, o que ocasiona uma crítica do treinador voltada ao jogador.
Como discutido na Situação 1, argumenta-se que verbalizações punitivas podem
conduzir o atleta a se esquivar em realizar jogadas que exijam mais habilidade, a evitar
jogadas objetivas e melhores para o desempenho da equipe para executar outras menos
objetivas, mas com menor probabilidade de erro. Martin (2001) explica que a
probabilidade de um comportamento é aumentada quando finaliza, remove ou evita
estímulos aversivos após sua emissão, ou seja, esquivar-se de jogadas que não domina
diminui a probabilidade do atleta obter conseqüências como críticas do treinador e dos
colegas e exposição ao erro em si. Como comportamento-modelo nessa situação,
sugere-se que o treinador encoraje o atleta em vez de apresentar verbalizações punitivas;
sugestão, esta, sustentada por muitos pesquisadores (Martin, 2001; Weinberg & Gould,
2001; Smith, Smoll & Barnett, 1995; Smith, Smoll & Curtis, 1979).
Por último, demonstra-se uma situação em que o atleta executa corretamente
grande parte de uma jogada complexa, mas erra na conclusão desta, com o treinador o
criticando. Comenta-se que tal comportamento do treinador pode levar à diminuição da
freqüência de dado comportamento do atleta, uma vez que ele havia se empenhado e
realizado boa parte da jogada de modo certeiro. Pressuposto, este, defendido por Martin
(2001) e Weinberg & Gould (2001), autores que criticam o emprego de punição,
44
principalmente quando dada habilidade mais complexa foi realizada corretamente em
vários pontos mas, parcialmente, de forma errada, enfatizando a importância de elogiar
os pontos executados de forma habilidosa. Salienta-se que o treinador deveria elogiar as
partes executadas corretamente, assim como o esforço e encorajar o atleta no que se
refere ao ponto realizado erroneamente (Cruz, 2000; Martin, 2001; Smith, Smoll &
Curtis, 1979; Weinberg & Gould, 2001). A conseqüência do treinador se comportar de
tal forma resultaria em discriminação, pelo atleta, das partes que domina e das que não
domina na habilidade; aumento na probabilidade de emissão dos componentes da
habilidade já dominados pelo atleta e de comportamentos rotulados no meio esportivo
como “motivados”, tais como participar nos treinos, empenhar-se (apresentar
comportamentos cansativos, desgastantes, extenuantes, mas importantes para os bons
resultados).
Nota-se que nas situações 1,2 e 4, apesar de um exemplo ser distinto do outro,
tratam-se do mesmo comportamento-problema, a utilização de verbalizações
potencialmente punitivas.
O Manual apresentado acima foi elaborado para ser utilizado como material
didático ilustrado de um Programa para Orientação Comportamental de Treinadores de
Futebol, cuja efetividade foi avaliada através a realização do Estudo II, relatado a
seguir.
45
ESTUDO II
AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE
ORIENTAÇÃO COMPORTAMENTAL PARA TREINADORES DE FUTEBOL
O desenvolvimento do Estudo I, em que se criou um manual de orientação
comportamental específico para treinadores de futebol, ocorreu na tentativa de elaborar
um material de apoio cuja utilização seria de grande importância durante a intervenção
do Estudo II. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos de um
programa de orientação comportamental multicomponente para treinadores de futebol
sobre a freqüência de verbalizações, positivas e negativas, do treinador para com seus
atletas em situação de treino técnico-tático.
Participantes
Participou da pesquisa um treinador de futebol da categoria Juvenil de uma
equipe de alto rendimento, do sexo masculino, com 38 anos de idade e sem nenhum tipo
de experiência anterior com orientação ou assessoria em Psicologia do Esporte. O
treinador tinha como grau de instrução o Ensino Médio completo, não possuindo
formação acadêmica. Além disso, era ex-atleta de futebol e tinha 6 anos de experiência
como treinador de futebol, dos quais há 4 meses dirigia a atual equipe.
Local
A pesquisa foi desenvolvida na sala de preleção de um estádio de futebol, e nos
campos de futebol onde foram realizados os treinamentos da equipe dirigida pelo
treinador participante, todos na cidade de Londrina.
46
Equipamentos e Materiais
Na realização do presente estudo foram necessários os seguintes materiais e
equipamentos:
Folha de orientações para categorizar as verbalizações do treinador. O manual
consta de duas páginas em que se apresentou uma tabela com nome, descrição e
exemplificação das 6 categorias de comportamento que foram utilizadas para
classificação das verbalizações do treinador: Elogios/Incentivos
15
(EI), Punição
16
(P),
Ordens e/ou Comandos (OC), Instrução Completa (IC), Instrução Incompleta (IN) e
Outras (O). Além de conter orientações em relação ao modo de categorizar as
verbalizações. Essas orientações foram utilizadas no treinamento dos dois avaliadores
para torná-los aptos a categorizarem as verbalizações do treinador (Apêndice B).
Gravador de áudio digital e microfone de lapela. Utilizou-se para gravação das
verbalizações do treinador durante as sessões de treinos técnico-táticos, um gravador de
áudio digital da marca Powerpack, modelo DVR-1700.
Computador. Fez-se uso de um computador Celeron Intel para a edição das
gravações, através do software Audacity 1.2.4, em que eram recortados os períodos de
fala a serem categorizados e gravados por meio do software Nero Start Smart em um
disco compacto para ser ouvido pelos avaliadores.
Aparelho de áudio portátil. Empregou-se um aparelho de áudio portátil da marca
Aiwa, modelo EX35, para reprodução dos CD´s das gravações.
15
Como neste estudo analisa-se a topografia, e não a funcionalidade das verbalizações do treinador,
fazem parte da categoria “Elogios e Incentivos” as verbalizações que têm potencialmente efeito de
reforçador positivo.
16
Como neste estudo analisa-se a topografia, e não a funcionalidade das verbalizações do treinador,
fazem parte da categoria “Punição” as verbalizações que são consideradas como estimulações
potencialmente aversivas.
47
Recursos Humanos
A pesquisa foi conduzida por um aluno do curso de mestrado em Análise do
Comportamento, graduado em Ciência do Esporte, orientado por uma docente do
Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade
Estadual de Londrina. Para a categorização das verbalizações do treinador, contou-se
com o auxílio de duas avaliadoras, alunas do curso de Psicologia, devidamente
treinadas, cegas em relação aos objetivos e momentos procedimentais da pesquisa. A
ilustração dos manuais de treinamento foi realizada por uma docente colaboradora e
dois discentes do Departamento de Design Gráfico da mesma Universidade.
Procedimento
O estudo foi realizado de acordo com as seguintes etapas:
Seleção do participante. Contatou-se a diretoria de um clube de futebol da
cidade de Londrina para explicar os objetivos da pesquisa e solicitar permissão para
entrar em contato com o treinador e verificar o interesse deste em participar da pesquisa.
Após aprovação do diretor técnico do clube, manteve-se contato com um treinador que
atendesse aos critérios de seleção estabelecidos inicialmente. Em seguida, esclareceu-se
a este treinador alguns procedimentos a serem adotados na pesquisa, expondo-lhe que
seriam gravadas suas verbalizações durante os treinos técnico-táticos, reunindo-se o
mesmo com o pesquisador posteriormente à análise dessas gravações para lhe passar
algumas informações técnicas da Psicologia do Esporte que poderiam ajudá-lo a
interagir melhor com seus atletas e, assim, otimizar seus desempenhos. Em último
instante, foi apresentado ao diretor técnico e ao treinador o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice A) para formalização da pesquisa através de sua
assinatura.
48
Elaboração das categorias de comportamentos do treinador. As categorias de
comportamento que foram utilizadas para classificação das verbalizações do treinador
na presente pesquisa, foram criadas por meio da observação de estudos em que o
objetivo principal era a análise do comportamento de treinadores esportivos (Tharp e
Gallimore, 1976; Bloon, Crumpton e Anderson, 1999; Oliveira et al., 2004; Smoll,
Smith e Curtis, 1979).
Tabela 2: Categorias utilizadas para a classificação das verbalizações do treinador.
CATEGORIA DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Elogios e
Incentivos
(EI)
Verbalizações que podem funcionar como
elogios ou incentivos aos atletas
Perfeita a sua cobertura!
Vamos lá, sei que você é
capaz disso!
Punição
(P)
Verbalizações que podem ter função
punitiva para com os atleta
s ou que
salientem que a execução de uma
habilidade foi de forma errônea
Não Marinho, pelo amor
de Deus!
Que porcaria de
cruzamento hein!
Ordens e/ou
Comandos
(OC)
Ordens para a execução de compor-
tamentos que podem ou não ter sido
previamente especificados.
Vamos
Vai
Traz os cones pra mim
Instruções
Completas
(IC)
Descrições de comportamento técnico ou
tático que deve ser emitido, definindo em
qual situação, ou que expliquem como
fazê-lo.
Quando o lateral descer a
linha de fundo, você
cobre a dele.
Instruções
Incompletas
(IN)
Instruções vagas (não descrevem o
comportamento a ser emitido, em qual
situação) ou que indique um resultado
esperado sem especificar como consegui-
lo ou explicações do que não se deve fazer.
Você não deve driblar
dentro da própria grande
área.
Você é o homem de
criação, você que tem de
deixá-lo na cara do gol.
Outras
(OT)
Verbalizações que não se classificam em
nenhuma das categorias acima
Oh, mas esse campo viu,
só tem buracos!
De quem é a vez agora?
Com base nas categorias utilizadas para classificação dos comportamentos dos
49
treinadores participantes destes estudos, elaborou-se uma classificação com seis
categorias: Elogios/Incentivos (EI), Punição (P), Ordens e/ou Comandos (OC),
Instrução Completa (IC), Instrução Incompleta (IN) e Outras (O); através das quais
poder-se-ia classificar todas as verbalizações do treinador e discriminar aquelas classes
comportamentais alvo de mudanças em relação à intervenção.
Treinamento das avaliadoras. Foram selecionadas duas estagiárias do curso de
Psicologia, cegas em relação aos objetivos do estudo, para avaliarem as verbalizações
do treinador e as categorizarem. O treinamento foi conduzido da seguinte forma: a)
primeiramente, as avaliadoras receberam orientações escritas para categorização das
verbalizações dos treinadores (Apêndice B), acompanhadas de explicações verbais para
dirimir as dúvidas; b) o pesquisador apresentou para ambas avaliadoras,
simultaneamente, uma gravação de 10 minutos, em CD, de verbalizações de um
treinador de futebol em situação de treino técnico-tático, acompanhada de folha com
transcrição das mesmas verbalizações, divididas em uma frase por linha. A transcrição
foi feita pelo pesquisador; c) as avaliadoras analisaram os dez minutos da gravação e
transcrição das verbalizações e anotaram na própria folha onde se transcreveu as
verbalizações; d) imediatamente após o término do primeiro treino de categorização,
calculou-se o Índice de Concordância entre os avaliadores. Caso a concordância não
alcançasse o mínimo de 85%, havia nova discussão das categorias para ajustar avaliação
e seguidos os passos “c” e “d” com outras gravações, até que se conseguisse o Índice de
Concordância mínimo especificado. Concluiu-se o treino das avaliadoras ao final de
aproximadamente 4 horas, em que foram analisados 30 minutos de gravações.
Linha de base. A coleta de dados para as avaliações ocorreu através da gravação
das verbalizações do treinador participante da pesquisa durante os treinos técnico-táticos
da equipe de futebol. Previamente ao início das gravações, realizou-se a habituação do
50
treinador aos equipamentos em situação de coleta. Colocou-se o gravador e microfone
de lapela acoplados a roupa do treinador durante 4 treinos técnico-táticos no decorrer de
4 semanas, entretanto, não se considerou as verbalizações gravadas para análise. As
avaliações de linha de base realizaram-se ao longo de 4 semanas consecutivas, no
decorrer da 1ª fase do Campeonato Paranaense Juvenil 2006
17
, perfazendo um total de 4
treinos, 1 em cada semana. Como os treinos duravam em média 60 minutos, todas as
avaliações, inclusive as das fases de intervenção e pós-intervenção, foram conduzidas
por amostragem de tempo: o tempo de gravação analisada por coletivo foi de trinta
minutos, subdivididos em três tomadas de dez minutos cada: 10-20 minutos; 30-40
minutos e 50-60 minutos, unindo estas três tomadas em uma gravação de 30 minutos
através da edição das mesmas pela utilização do software Audacity 1.2.4 e posterior
gravação em CD. Similarmente à fase de treinamento das avaliadoras, o pesquisador
transcreveu as verbalizações e as avaliações se fizeram, simultaneamente, com base na
leitura das transcrições e na escuta do CD.
Intervenção e pós-intervenção. As fases de intervenção e pós-intervenção
aconteceram no decorrer da segunda fase do Campeonato Paranaense Juvenil 2006
18
.
Iniciou-se a intervenção após ser alcançada a estabilidade dos comportamentos
classificados nas categorias na linha de base. O Programa de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol foi aplicado ao treinador em duas sessões
de orientação com duração de 40 minutos cada, por meio de discussão do Manual de
Orientação Comportamental para Treinadores de Futebol, pela exposição de trabalhos
científicos, cujos objetivos eram de realizar investigações analítico-comportamentais de
17
Na primeira fase do Campeonato Paranaense, as equipes são reunidas em grupos regionais, mesclando-
se times de maior e menor expressão e, por isso, sendo considerada uma fase de nível competitivo mais
baixa que a segunda fase.
18
Na segunda fase do Campeonato Paranaense, os grupos são formados por equipes que melhor se
classificaram dentro de seus grupos regionais na primeira fase, sendo considerada, assim, uma fase de
nível competitivo mais elevado do que a primeira.
51
treinadores esportivos durante treinos e jogos, e pelo fornecimento de feedback ao
treinador acerca de suas verbalizações nos treinos posteriores às sessões de orientação.
As avaliações da intervenção se deram no decorrer de duas semanas consecutivas, em
um total de dois treinos, sendo cada um desses em uma semana e subseqüentes a cada
uma das duas sessões de orientação do pesquisador para com o participante. Desta
forma, em uma semana, realizou-se a primeira sessão de orientação e, 24 horas depois,
ocorreu a primeira avaliação durante o treino técnico-tático. Na semana seguinte,
aconteceu a segunda sessão de orientação, dando-se a avaliação 24 horas depois, no
decorrer do treino. Como não havia uma terceira sessão de orientação para o
fornecimento de feedback ao treinador em relação a suas verbalizações no segundo
treino da intervenção, foi realizada uma reunião com duração de 10 minutos,
aproximadamente, 24 horas após o término desse treino. Nas duas semanas posteriores à
intervenção, aconteceram as duas avaliações de pós-intervenção, sendo uma em cada
semana.
A Tabela 3 apresenta um resumo dos componentes da primeira sessão e a Tabela
4 apresenta um resumo dos componentes da segunda sessão de intervenção.
52
Tabela 3: Resumo do conteúdo das discussões realizadas nas sessões de intervenção e princípios comportamentais relacionados
Primeira sessão
Objetivos: O conteúdo abordado na primeira sessão teve por intuito a explicação de alguns princípios da Análise do Comportamento, tais como
reforço positivo e punição, bem como salientar a influência que o comportamento do treinador exerce sobre o de seus atletas.
Componentes
Conteúdo das discussões nas sessões
Princípios da Análise
do Comportamento
discutidos
Motivação sob a
óptica
comportamental
O estar motivado não é algo que “vem de dentro” do atleta, mas é entendido como
comportamento: ir ao treino, treinar com empenho, executar tudo que o treinador pede;
Esses comportamentos dos atletas são influenciados por como o treinador organiza os treinos e
pela forma como interage com os atletas.
Causalidade
comportamental por
variáveis ambientais.
Importância de
reforçar positiva-
mente comporta-
mentos adequados
Quando o treinador indica de alguma forma que uma habilidade foi executada corretamente, o
atleta pode discriminar quais comportamentos seus são adequados e quais não o são dentro do
esperado pelo treinador, assim como quais devem ser melhorados/mudados.
Influência sobre a auto-estima e a autoconfiança: além do aumento na probabilidade de
ocorrência do comportamento, reforço positivo gera um efeito subjetivo de bem-estar nos atletas
e um sentimento de ser competente.
Reforço diferencial
Efeitos colaterais do
reforço positivo
Efeito da
utilização de
verbalizações
punitivas sobre o
desempenho dos
atletas
O emprego constante de broncas e comentários do tipo irônico-repressivos pode contribuir para
que o ambiente de treino se torne aversivo. O atleta pode apresentar comportamentos de
fuga/esquiva desse ambiente, por exemplo, com pouca assiduidade nos treinos;
Punição constante pode ocasionar que alguns estímulos presentes no treino passem a gerar
comportamento ansioso no atleta por sinalizar punição iminente; ansiedade desorganiza o
repertório operante, ou seja, afeta os comportamentos técnicos e táticos.
Efeitos da punição
Efeitos colaterais da
punição
53
Na primeira sessão de orientação (Tabela 3), o pesquisador procurou expor ao
treinador a influência que seu comportamento exerce sobre o dos atletas, explicando-lhe
que a forma como organiza e se comporta nos treinos é um fator de suma importância
na aprendizagem e aperfeiçoamento das habilidades de seus atletas. Assim, foram-lhe
passadas informações acerca da influência positiva no desempenho dos atletas quando
são empregados elogios frente a comportamentos considerados corretos e
encorajamento mediante erros. Também foram discutidos os efeitos negativos da
utilização de verbalizações punitivas sobre o desempenho dos atletas quando estes se
comportassem de maneira inadequada. Finalizando-se a primeira sessão da intervenção,
sugeriu-se ao treinador que procurasse aplicar o conteúdo discutido em seus treinos,
elogiando os comportamentos desejados de seus atletas, assim como lhes encorajando
mediante erro em detrimento ao emprego de broncas ou comentários irônico-
repressivos.
54
Tabela 4: Resumo do conteúdo das discussões realizadas nas sessões de intervenção e princípios comportamentais relacionados
Segunda sessão
Objetivos: consolidar a compreensão dos princípios introduzidos na primeira sessão através da discussão de alguns estudos, do Manual de
Orientação Comportamental para treinadores de futebol e de verbalizações do próprio treinador durante os treinos gravados.
Componentes Conteúdo das discussões nas sessões Princípios da Análise
do Comportamento
aplicados
Exposição e discussão de estudos
comportamentais em que se
analisaram comportamentos de
treinadores esportivos
Apresentação dos estudos de Tharp e Gallimore (1976), e de Bloom, Crumpton e
Anderson (19
99) que analisaram, respectivamente, as verbalizações do treinador
mais vitorioso e do segundo mais vitorioso do basquetebol universitário americano;
Explanação do estudo de Smoll, Smith e Curtis (1979), em que treinadores foram
submetidos a um programa d
e orientação, que salientava a importância do emprego
de verbalizações reforçadoras para com os atletas contingentes a acertos e esforços
e encorajadoras após executarem dada habilidade incorretamente, além de a evitar
do uso de punições;
Discussão das pes
quisas de Allison e Ayllon (1980) e de Koop e Martin (1983), em
que se propôs um procedimento para auxiliar treinadores no ensino de novas
habilidades a seus atletas que incluía o emprego de reforço positivo;
Modelação
Discussão do Manual de
Orientação Comportamental para
Treinadores de Futebol
Apresentação e discussão das cinco situações de interação treinador-
atleta contidas
no manual
Reforço Diferencial
Instrução
Efeitos da punição
Modelação
Fornecimento de feedback para o
treinador em relação a suas
verbalizações
Foram comentados e elogiados alguns comportamentos adequados do treinador
observados durante o treino após a primeira sessão da intervenção e expostas
algumas situações nas quais que ele poderia melhorar.
Reforço positivo
Instrução
55
A segunda sessão de orientação (Tabela 4) do treinador teve três partes.
Primeiramente, foram-lhe apresentados alguns estudos comportamentais realizados com
treinadores. São eles: Bloom, Crumpton & Anderson, 1999; Tharp & Gallimore, 1976;
Koop e Martin, 1983; Allison e Ayllon, 1980; Malete e Feltz, 2000; Smoll, Smith e
Curtis,1979; Claxton, 1988. Adotando-se como referência estes estudos, relatou-se que
através da observação sistemática da atuação de alguns treinadores de sucesso,
percebeu-se que uma das principais características comportamentais destes se tratava do
fornecimento de instruções e do emprego de elogios em larga escala frente a
comportamentos desejados. Acrescentou-se, ainda, que esses treinadores elogiavam
seus atletas frente à execução adequada das habilidades e, também, que encorajavam
sempre que erravam ou não conseguiam executar com perfeição dada habilidade,
utilizando-se pouco de punição. Além disso, relatou-se que nos estudos em que
treinadores foram submetidos a programas de orientação, ocorreram mudanças positivas
tanto no comportamento destes quanto no desempenho de seus atletas.
Em seguida, o pesquisador utilizou o Manual de Orientação Comportamental
para Treinadores de Futebol e discutiu as cinco situações de seu conteúdo com o
treinador.
A finalização desta segunda sessão de orientação se deu por um feedback do
pesquisador para o treinador em relação a suas verbalizações durante o primeiro treino
analisado da fase de Intervenção, frisando as melhoras em seu comportamento e
expondo algumas situações que ele ainda poderia melhorar. Da mesma forma, um dia
depois do segundo treino da intervenção, forneceu-se um feedback ao treinador a
respeito de suas verbalizações no decorrer deste.
56
Resultados e Discussão
A partir do registro e categorização das verbalizações do treinador durante a
linha-de-base, a intervenção e a pós-intervenção da pesquisa, em relação às
verbalizações nas categorias Elogios e Incentivos (EI), Punição (P), Ordem e/ou
Comandos (OC), Instruções Completas (IC), Instruções Incompletas (IN) e Outras
(OT), observou-se as seguintes porcentagens, apresentadas na Figura 2.
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 1 2 1 2
Treinos técnico-táticos
Porcentagem de verbalizações do
treinador
Linha de base
Intervenção Pós
-
intervenção
Figura 2: Porcentagem de verbalizações do treinador no decorrer do estudo
57
Conforme se pode visualizar na Figura 2 acima, todas as categorias de
verbalização do treinador se mantiveram razoavelmente estáveis ao longo das quatro
sessões de treino técnico-tático da fase de linha de base. A categoria Instruções
Completas (IC), apesar de demonstrar maior variabilidade nos valores na linha de base,
não indica tendência de mudança nas suas freqüências. Com a introdução da
intervenção, as categorias que foram alvo da mesma tiveram suas freqüências
modificadas consideravelmente, com aumento na freqüência de Elogios/Incentivos (EI)
e diminuição na freqüência de Punição (P), enquanto que as demais três categorias
comportamentais que não eram alvo da intervenção continuaram estáveis ou não
apresentaram mudanças relevantes tanto nas duas sessões da fase de Intervenção quanto
nas duas outras da Pós-Intervenção. Apenas em uma das observações da pós-
intervenção a porcentagem da categoria Ordens/Comandos ficou muito acima do
observado nos treinos anteriores e no posterior. Levanta-se a hipótese de que essa
porcentagem elevada seja em razão do treinador ter realizado algum treinamento em que
se repetia muitas vezes a execução de algumas habilidades, dando ordens de início e fim
dessas tarefas constante e repetitivamente.
As alterações favoráveis nas porcentagens de Elogios/Incentivo e Punição,
imediatamente com o início da intervenção, sugerem que as orientações parte do
Programa tenham sido efetivas em produzir mudanças no comportamento do treinador
durante as interações com seus atletas nos treinos técnico-táticos. No primeiro treino da
fase de pós-intervenção a porcentagem alcançada de Elogios/Incentivos foi mais do que
o dobro da média desse tipo de verbalização durante a linha de base. Esses achados
corroboram com os encontrados por Lima e Souza (manuscrito não publicado), em que
os comentários do treinador categorizados como potencialmente reforçadores positivos
praticamente se duplicaram e os do tipo irônico-repressivos reduziram-se a valores
58
abaixo da metade do que era antes de o treinador ter se submetido ao programa de
orientação. Mudanças parecidas também foram apontadas pelo clássico estudo de
Smith, Smoll e Curtis (1979) e pela replicação deste realizada por Cruz (2000),
pesquisas nas quais a freqüência de verbalizações potencialmente reforçadoras
positivas, tais como elogio e encorajamento, elevaram-se significativamente após os
treinadores se submeterem ao programa, ocorrendo, concomitantemente, um decréscimo
considerado na emissão de verbalizações do tipo punitiva.
Em suma, pode-se dizer que dessas cinco categorias de verbalizações, duas
categorias que não eram alvo da intervenção mantiveram-se estáveis durante todo
estudo: IA e IN; outra categoria que não era alvo da intervenção, OC, manteve-se
estável na linha-de-base e apresentou oscilações nas demais fases, embora tais
mudanças de freqüência não possam ser consideradas inequivocamente como resultado
direto da intervenção, já que ocorreram somente a partir da segunda sessão de
intervenção e sem tendência (ora reduziram, ora aumentaram de freqüência). Por outro
lado, as duas categorias alvo da intervenção (EI e P), tiveram os valores de suas
freqüências alterados na direção esperada com base em dados da literatura (Cruz, 2000,
Lima & Souza, submetido; Smith, Smoll & Curtis, 1979).
Esses resultados foram obtidos com a aplicação de um programa de orientação
breve, com apenas duas sessões da intervenção, conduzidas em um total de 80 minutos
de duração. O tempo despendido para aplicação do Programa ao treinador participante
foi menor que o gasto nas intervenções de outros estudos: Cruz (2000) e Smith, Smoll
& Curtis (1979) levaram 2 horas para conduzir a intervenção em seus estudos e a
intervenção do estudo de Malete & Feltz (2000) durou cerca de 27 horas. Porém, a
duração da intervenção do presente estudo foi similar à do realizado por Lima e Souza
(manuscrito não publicado), que foi de 90 minutos e também apresentou resultados
59
positivos.
Embora não se possa fazer nenhuma afirmação sobre os efeitos parciais de cada
componente do Programa aplicado, é possível que a informação ao participante de que,
treinadores famosos se comportavam de determinada forma, possa ter exercido alguma
influência sobre os comportamentos analisados. De acordo com Smoll e Smith (1980), a
modelação é uma maneira eficaz de se transmitir informações comportamentais. Schunk
(1987) ratifica esta posição dizendo que por meio dessa técnica, quando se apresenta
como exemplos indivíduos considerados de sucesso ou competentes, a probabilidade de
imitá-los é alta, levando a mudanças no comportamento. A aplicação da técnica de
modelação também ocorreu com a estratégia de apresentar as situações típicas de treinos
de futebol, acrescidas de instruções, através das vinhetas em quadrinhos do Manual.
Segundo Martin (2001), a combinação do procedimento de modelação com
instrução torna ainda mais eficiente à mudança comportamental. Modelação e
instruções de comportamentos adequados foram fornecidas no manual e durante os
feedbacks na segunda sessão de intervenção. Assim, alguns aspectos das situações
discutidas podem ter adquirido função discriminativa para a apresentação de
comportamentos como elogiar e para a supressão de comportamentos como
verbalizações punitivas.
Com base nas características do programa aplicado, pode-se levantar a hipótese
de que os resultados obtidos com sua aplicação possam ter sido influenciados pelos
seguintes fatos:
1) Apresentação ao participante dos resultados de estudos cujos participantes
eram treinadores de grande sucesso, que obtiveram ótimas classificações com seus
atletas/equipes em competições importantes: a modelação pode ser uma importante
forma de ensino de treinadores, principalmente em esportes em que muitos treinadores
60
aprendem mais por tentativa e erro no contexto esportivo do que por informações de
ordem cientifica ou técnica sistematizada.
2) Uso de material visual ilustrativo das informações transmitidas e discutidas
com o treinador: apresentar situações específicas do futebol pode ter contribuído para
facilitar a compreensão dos princípios da Análise do Comportamento.
3) Apresentação de feedback positivo quando o treinador se comportava da
maneira orientada: pode contribuir para a instalação de comportamentos instruídos.
4) Histórico do treinador participante na profissão de técnico de futebol: apesar
de ser ex-atleta, o participante da pesquisa possuía apenas seis anos de experiência nessa
função, ou seja, muitos dos comportamentos-alvo de mudanças poderiam ter uma
história de reforço não muito longa.
61
DISCUSSÃO GERAL
Desde as primeiras observações sistemáticas do comportamento de treinadores
que se encontra na literatura comportamental, tal como o estudo de Tharp e Gallimore
(1976), percebe-se que treinadores de sucesso
19
apresentam certos padrões
comportamentais, como o uso de elogios com freqüência e de muitas instruções durante
os treinos e as competições, além de raramente fazerem uso da punição. Uma exceção a
essa constatação foi o estudo conduzido por Claxton (1988), cujos resultados apontaram
que os treinadores de menor sucesso elogiavam mais do que os de maior. Uma das
hipóteses para esses resultados díspares pode ser a modalidade esportiva estudada, no
caso, o tênis. Ainda assim, calcados nas observações de pesquisas como a de Tharp e
Gallimore (1976), pesquisadores (Smith & Smoll, 1990; Smoll et al., 1993; Smoll,
Smith e Curtis, 1979) viram a necessidade da construção e aplicação de programas com
o intuito de orientar os treinadores esportivos, ensinando-lhes modos mais adequados de
interagir com os atletas segundo os princípios da Análise do Comportamento.
Nas pesquisas conduzidas pelos autores citados acima, a aplicação de programas
de orientação comportamental conduziu a mudanças desejáveis no comportamento dos
treinadores. Os resultados favoráveis encontrados nestes estudos despertaram a atenção
para a replicação ou a produção de outros programas (Cruz, 2000; Coatsworth &
Conroy, 2006; Lima & Souza, submetido; Malete e Feltz, 2000; Smith, Smoll &
Barnett, 1995) cujos componentes da intervenção procuravam demonstrar a importância
da utilização de elogios e encorajamentos em detrimento do emprego de punições para
melhoras no desempenho dos atletas, tal como a presente pesquisa fez.
Nesta, através da realização de dois estudos, desenvolveu-se um Manual de
19
Treinadores mais vitoriosos em competições, tais como os observados nos estudos de Tharp e
Gallimore (1976) e de Bloom, Crumpton e Anderson (1999), que eram respectivamente o primeiro e
segundo mais vitoriosos treinadores da primeira divisão do Basquetebol universitário dos EUA
62
Orientação Comportamental para Treinadores de Futebol e, em seguida, avaliou-se a
efetividade da aplicação de um programa de orientação comportamental para
treinadores da mesma modalidade no qual, dentre os componentes, utilizou-se o manual
produzido no primeiro estudo.
No Estudo I, através do desenvolvimento do Manual de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol, procurou-se apresentar alguns princípios
da Análise do Comportamento (reforço positivo e punição) contextualizados ao
ambiente de prática do futebol, ou seja, às situações de interação treinador-atleta que
ocorrem freqüentemente durante os treinamentos. As informações esboçadas no manual
acerca de certos comportamentos que podem influenciar negativamente o desempenho
do atleta e de outros que o fazem positivamente, foram calcadas na literatura de
Psicologia do Esporte (Cruz, 2000; Martin, 2001; Weinberg & Gould, 2001, Smith,
Smoll & Curtis, 1979) e sustentadas por resultados de vários estudos dessa área (Bloom,
Crumpton & Anderson, 1999; Cameron & Pierce, 1994; Coatsworth & Conroy, 2006;
Smith & Smoll, 1990; Smith, Smoll & Barnett, 1995; Tharp & Gallimore, 1976).
No Estudo II, teve-se por objetivo a avaliação das mudanças produzidas na
freqüência de verbalizações dos tipos Punição e Elogios/Incentivos com a submissão de
um treinador de futebol a um programa de orientação comportamental. A base de
sustentação deste programa foi destacar ao treinador participante a importância do
emprego de verbalizações potencialmente reforçadoras positivas para com seus atletas
contingentes a acertos no desempenho das habilidades e a comportamentos como se
esforçar, do encorajamento após execução incorreta de dada habilidade e dos possíveis
efeitos negativos sobre o desempenho com o uso de punições. Os resultados indicaram
que, após a submissão do treinador ao programa de orientação comportamental, a
freqüência de verbalizações do tipo Elogios/Incentivos aumentou e as verbalizações
63
potencialmente punitivas diminuíram, corroborando com resultados de outros estudos
(Cruz, 2000; Lima & Souza, submetido; Smith, Smoll & Curtis, 1979).
Como se pode observar, a aplicação de programas de orientação comportamental
com treinadores esportivos vem tendo êxito, o que demonstra a importância que este
tipo de trabalho tem na educação de treinadores, principalmente nos que trabalham com
jovens, para melhor exercerem umas de suas principais funções dentro da equipe: a de
ensinar e aperfeiçoar habilidades em seus atletas.
Entretanto, nessa difícil tarefa de ensinar, muitos treinadores, seja por falta de
formação acadêmica ou mesmo por terem como modelo treinadores de atletas de elite,
acabam replicando equívocos cometidos por estes últimos. Nessa modelação,
treinadores iniciantes observam o comportamento de técnicos famosos muitas vezes não
por vias diretas, mas pelo que é exposto pela mídia ou mesmo centrando suas atenções
no treinador modelo durante as competições. Deste modo, quando estes demonstram
comportamentos punitivos e suas equipes vencem, os jovens treinadores fazem uma
relação incorreta de causa e efeito, atribuindo o êxito esportivo à maneira punitiva do
técnico vitorioso se comportar. Além disso, ao terem como exemplo apenas
comportamentos durante os jogos, ou seja, ao fazerem esse recorte, deixam de verificar
os comportamentos de técnicos famosos no decorrer dos treinamentos, nas interações
treinador-atleta do cotidiano da equipe.
Outro equívoco cometido por treinadores que trabalham com jovens ao adotarem
como modelo os que dirigem atletas de elite, é que os comportamentos rotulados como
“motivados” (empenhar-se, executar todos os exercícios, ter freqüência assídua nos
treinamentos) desses atletas de renome, podem estar sob controle de reforçadores
diferentes dos que governam o comportamento dos atletas jovens. Desta forma, nas
equipes de elite, ainda que o técnico utilize bastante da punição, outros reforçadores
64
positivos, tais como dinheiro e status, podem manter em elevada freqüência
comportamentos importantes para a maximização do desempenho.
Por último, mas não menos importante, o fato de muitos treinadores se
comportarem de maneiras equivocadas durante o ensino de habilidades técnicas e táticas
a seus atletas pode ser, ao menos em parte, justificado pela falta de conhecimento dos
mesmos acerca da influência que sua forma de comportar exerce sobre o desempenho
dos atletas. É comum a atribuição das causas de comportamentos problemáticos a
sentimentos e sensações do atleta, em vez de considerar as variáveis ambientais das
quais o comportamento dos mesmos é função.
A conscientização de treinadores esportivos de que condições corporais
(sentimentos) não são causas do comportamento, mas, segundo Skinner (1989/1991),
efeitos colaterais das causas. Informando-lhes, também, de que a forma como
organizam o ambiente de treinamento, de como se comportam ao interagirem com os
atletas é que vão influenciar fortemente o desempenho destes últimos, pode ser um
grande começo para que os treinadores se comportem de maneiras mais positivas.
Maneiras estas que beneficiariam não somente a otimização da performance dos atletas
de elite mas, também, tornariam o ambiente esportivo um contexto de aprendizagem
saudável para o desenvolvimento de habilidades sociais que possam enriquecer o
repertório comportamental de jovens.
65
CONCLUSÃO
Ao examinarem-se estudos que a literatura esportiva oferece, comparando-se a
quantidade de pesquisas das mais diversas áreas que centram no esporte suas
investigações, tais como Fisiologia, Treinamento Desportivo, Nutrição e
Comportamento Motor, fica claro que pouco se tem investigado acerca da aplicação de
conhecimentos da Psicologia no contexto esportivo. Desse pouco material existente,
uma grande parte trata-se de estudos que, muitas vezes, utilizam metodologias de pouca
confiabilidade ou cujos resultados encontrados são duvidosos em virtude de
procedimentos adotados para atender aos objetivos das mesmas pesquisas.
Quando se realiza busca bibliográfica em bases de dados selecionando-se apenas
os estudos calcados sob os princípios básicos da Análise do Comportamento que, além
de observarem, também intervêm com intuito de modificar comportamentos no meio
esportivo, resta um número pífio de trabalhos científicos e, ainda assim, geralmente
voltados para análise do comportamento dos atletas, dando pouca atenção aos
treinadores. Não se pretende, aqui, afirmar que não existam pesquisas cujos
comportamentos do treinador sejam adotados como variável dependente, mas enfatizar
o fato de que a quantidade desse tipo de investigação é pequena se comparada a outros
temas.
Investigações conduzidas por Smith, Smoll e Curtis (1979), Allison e Ayllon
(1980), Smith e Smoll (1993), Smoll et al.(1993), Smith, Smoll e Barnett (1995), Malete
e Feltz (2000), Coatsworth e Conroy (2006) e Lima e Souza (manuscrito não
publicado), dentre outros, demonstram que nas últimas décadas o interesse pelo estudo
do comportamento do treinador vem crescendo. Entretanto, ao se considerar a
importância que o treinador exerce no ambiente esportivo, já que é ele quem organiza e
66
ensina habilidades desportivas aos atletas e, por isso mesmo, o modo como se comporta
influencia enormemente no desempenho destes, seria de se esperar um número maior de
investigações cujos objetivos fossem a análise comportamental de treinadores
esportivos e a intervenção para com os mesmos, ensinando-lhes maneiras mais
adequadas de interagir com os atletas de modo que estes otimizem ao máximo suas
performances. Essa defasagem de estudos é observada em especial no que se refere a
treinadores de futebol, tendo em vista não somente que os primeiros trabalhos a
aplicarem conhecimentos da Psicologia no esporte foram realizados nesse desporto, na
década de 1950, mas, também, que é o esporte mais praticado no país. Contudo, não se
têm estudos publicados cujos objetivos sejam a mudança comportamental de treinadores
dessa modalidade.
Desta forma, a criação de um programa de orientação comportamental para
treinadores de futebol foi realizada em virtude de se considerar relevante que estes
recebessem informações de cunho científico, provindas da Psicologia, para serem
aplicadas nessa modalidade esportiva. Além disto, é também importante a busca de
maior entendimento sobre os possíveis efeitos que a interferência de um profissional da
Psicologia aplicada ao esporte poderia oferecer ao ambiente esportivo, especialmente
em relação aos treinadores de futebol. Deste modo, veio-se a desenvolver um manual de
orientação e um programa de orientação comportamental para treinadores desse esporte.
Neste Manual foi salientado o emprego de verbalizações positivas, tais como o elogio e
o incentivo, para a otimização do desempenho dos atletas, além de discutir os possíveis
efeitos indesejáveis com o uso indiscriminado de verbalizações do tipo punitivas, como
broncas e comentários irônico-repressivos.
Assim, a presente pesquisa, além de criar um manual, procurou verificar se o
programa de orientação comportamental elaborado era efetivo em produzir mudanças
67
em comportamentos específicos do treinador, ou seja, em aumentar a ocorrência de
verbalizações do tipo Elogios/Incentivos e reduzir a ocorrência de verbalizações do tipo
Punição, bem como não apresentar efeitos sobre outros tipos de verbalização. Conforme
o apresentado anteriormente, os resultados encontrados com a aplicação desse programa
apontaram para mudanças apenas na freqüência das categorias comportamentais alvos
da intervenção (EI e P), ao menos no curto prazo.
Além dos resultados favoráveis, pode-se ressaltar algumas vantagens deste tipo
de orientação comportamental, tais como: a) a obtenção de mudanças favoráveis com
uma intervenção curta: no contexto esportivo a variável “tempo” é relevante. O período
para otimização de habilidades é curto em meio a tantas competições, tal como ocorre
no esporte de alto rendimento. Assim, programas que permitam mudanças rápidas
certamente serão mais bem avaliados e aceitos pelos profissionais envolvidos com o
esporte; b) o local em que ocorrem as sessões de orientação: por não necessitar de
muitos equipamentos, as condições da sala a ser usada para as sessões de orientação do
treinador são mínimas, bastando que esta seja bem iluminada, silenciosa e com
acomodações para se sentar. Isso possibilita que a intervenção seja conduzida no
próprio local de realização dos treinos.
Logo, considera-se que o formato de aplicação desse Programa de Orientação
Comportamental para Treinadores de Futebol produziu resultados relevantes e rápidos,
sem a necessidade de altos investimentos financeiros, tanto por parte do pesquisador
quanto do treinador, e sem um grande dispêndio de tempo.
Em contrapartida, é importante destacar algumas fraquezas do presente estudo.
A não realização de uma fase de seguimento impossibilitou que fosse verificado se as
mudanças decorrentes da intervenção persistiram no tempo. Esse acompanhamento dos
resultados no tempo não foi possível devido à equipe haver encerrado sua participação
68
no campeonato após a ultima sessão avaliada e o participante deixado de atuar como
treinador daqueles atletas. Esses fatos determinaram também que não se pudesse intervir
nos demais tipos de verbalização. Seria um importante controle do experimento a
inclusão de uma segunda fase de intervenção em que fosse ensinado ao treinador como
fornecer instruções de forma completa aos atletas.
Outra limitação da pesquisa trata-se de não se ter fornecido feedbacks positivos
ao treinador participante no decorrer dos treinos técnico-táticos da fase de intervenção,
mas apenas posteriormente aos mesmos (2° sessão de orientação). O que poderia
influenciar ainda mais nas mudanças de comportamento deste na direção esperada.
Essas alterações são sugeridas para pesquisadores que queiram replicar o presente
estudo.
Apesar das duas fases do campeonato possuírem características parecidas no
relacionado à forma de disputa, em grupos, onde todas equipes se enfrentavam,
questiona-se se o fato da intervenção ter sido realizada em uma fase do campeonato
diferente da que ocorreram as avaliações de linha de base, poderia exercer influência
sobre as mudanças no comportamento do treinador participante. Uma vez que o nível
competitivo das equipes adversárias é mais alto na segunda fase.
Salienta-se, ainda, a importância da realização de outros estudos em que se
avalie funcionalmente, e não apenas topograficamente, o comportamento do treinador e,
inclusive, se tais mudanças se relacionam funcionalmente a alterações no
comportamento dos atletas. Isto porque, embora a literatura da Análise do
Comportamento destaque que apresentar reforço positivo contingente a determinados
comportamentos aumente a probabilidade de ocorrência destes no futuro, torna-se
relevante conduzir estudos que avaliem empiricamente se as verbalizações do tipo
Elogio/Incentivos realmente funcionam como reforço positivo para a maioria dos
69
atletas.
Em relação à aplicabilidade, questiona-se a adoção e os efeitos desse programa
com treinadores de outros esportes que não o futebol, uma vez que um dos componentes
utilizados na intervenção, o Manual de Orientação Comportamental para treinadores de
Futebol, foi desenvolvido sob contexto específico desse esporte. Estudos para avaliar os
efeitos do uso do Manual elaborado neste estudo com treinadores de outras modalidades
esportivas podem ser também interessantes, já que podem indicar se treinadores de
futebol podem funcionar como modelos para treinadores de outras modalidades e se
pode haver generalização de situações-problema do futebol discutidas para outras
situações que ocorrem em diferentes esportes.
Além disso, diante da efetividade desse programa de orientação, enfatiza-se a
importância do desenvolvimento de manuais para ensino de outros comportamentos aos
treinadores, tal como o fornecimento adequado de instruções para os atletas. Da mesma
forma, considera-se relevante a criação de manuais adaptados às peculiaridades de
diferentes modalidades esportivas, assim como a publicação destes para facilitar o
acesso de treinadores e profissionais ligados aos desportos a conhecimentos produzidos
pela Análise do Comportamento aplicada ao esporte. Espera-se que os resultados
observados nesta pesquisa colaborem para o desenvolvimento de estudos em Análise do
Comportamento com esportes em geral e com o futebol em particular.
70
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APÊNDICES
79
Apêndice A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro treinador,
O esporte de alto rendimento, em geral, vem exigindo cada vez mais
a extrapolação dos limites atléticos humanos em prol de um desempenho perfeito. No
futebol, não é diferente, a crescente profissionalização do mesmo, aliada a sua organização
administrativa aos moldes clube-empresa, conduz a uma enorme gama de cobranças em
relação aos resultados da equipe. Com isso, os treinadores se utilizam de conhecimentos
das mais diversas ciências para aperfeiçoar as habilidades de seus atletas e alcançar o ápice
de suas performances. Neste sentido, o modo como o treinador interage com seus atletas é
de suma importância para o processo de aprendizagem e aperfeiçoamento, influenciando
decisivamente no desempenho dos últimos. Tendo isso em vista, a presente pesquisa
pretende propor um programa de orientação comportamental para treinadores que poderá
auxiliá-los no trabalho cotidiano de ensinar habilidades esportivas a seus atletas.
Procedimento: Serão gravadas as verbalizações do treinador durante os coletivos
da semana no decorrer de todo o estudo e três semanas após o término da aplicação do
programa de orientação. Este programa será aplicado ao treinador através de duas sessões
de orientação conduzidas pelo pesquisador, cada qual com duração de duas horas. E,
também, por meio do fornecimento de instruções do pesquisador (feedback) para o
treinador acerca dos tópicos discutidos na orientação e seu emprego na prática, durante
quatro coletivos.
Justificativa: Estudos da Psicologia, aplicados no contexto esportivo, vêm
demonstrando que os comportamentos dos treinadores durante treinos e competições
exercem uma grande influência sobre a performance de seus atletas. Entretanto, muitos
deles têm uma abordagem mais teórica ou experimental, indicando pontos positivos e
negativos no comportamento dos treinadores sem, contudo, proporem uma forma de
orientá-los e averiguarem o efeito dessa proposta sobre a atuação dos treinadores no
decorrer dos treinos ou competições. Desta maneira, fazem-se necessárias pesquisas que
visem desenvolver programas de orientação a treinadores, bem como verifiquem a
eficiência destes mesmos programas.
80
Sigilo: Ressalta-se que as identidades do treinador e da equipe onde trabalha serão
mantidas em total sigilo, lembrando ainda que, caso deseje, o treinador poderá abandonar a
pesquisa a qualquer momento.
Riscos: Os procedimentos da presente pesquisa não acarretam qualquer risco à
integridade física dos sujeitos.
Contato: Caso haja necessidade, os responsáveis pela pesquisa se encontrarão à
disposição para esclarecimento de qualquer dúvida através dos telefones: 3323-3657 ou
9912-7075 (Evandro Cristian Peixoto Eliotério) e 3371-4227 ou 9994-7545 (Maria Luiza
Marinho).
Divulgação dos dados da pesquisa: Os dados obtidos nesse estudo, bem como
resultados alcançados, serão publicados e divulgados à comunidade científica com o intuito
de contribuir para o enriquecimento da área e para abranger um maior número de
profissionais ligados a mesma.
Na espera de podermos contar com sua permissão, subscrevemo-nos:
_______________________________ ___________________________________
Dra. Maria Luiza Marinho Evandro Cristian Peixoto Eliotério
(Orientadora) (Mestrando em Análise do Comportamento)
Eu, ______________________________, na qualidade de treinador da equipe
________________________, ciente dos procedimentos desta pesquisa, autorizo que os
dados originados a partir dela possam ser divulgados e publicados.
_______________________________
Assinatura do treinador
De Acordo,
_________________________
Assinatura do Diretor Técnico
81
Apêndice B
ORIENTAÇÕES PARA CATEGORIZAÇÃO DAS
VERBALIZAÇÕES DO TREINADOR
As orientações apresentadas abaixo têm por objetivo instruir os avaliadores para
uma adequada categorização das gravações de verbalizações do treinador durante os
coletivos. As categorias se dividem em seis: Elogios e Incentivos, Punição, Ordens e/ou
Comandos, Instruções Completas, Instruções Incompletas e Outras.
Para melhor visualização das categorias, faz-se a exposição delas no quadro a
seguir:
CATEGORIA DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Elogios e
Incentivos
(EI)
Verbalizações que podem funcionar como
elogios ou incentivos aos atletas
Perfeita a sua cobertura!
Vamos lá, sei que você é
capaz disso!
Punição
(P)
Verbalizações que podem ter função
punitiva para com os atletas ou que
salientem que a execução de uma
habilidade foi de forma errônea
Não Marinho, pelo amor
de Deus!
Que porcaria de
cruzamento hein!
Ordens e/ou
Comandos
(OC)
Ordens para a execução de compor-
tamentos que podem ou não ter sido
previamente especificados.
Vamos
Vai
Traz os cones pra mim
Instruções
Completas
(IC)
Descrições de comportamento técnico ou
tático que
deve ser emitido e em qual
situação ou que expliquem como fazê-lo.
Quando o lateral descer a
linha de fundo, você
cobre a dele.
Instruções
Incompletas
(IN)
Instruções vagas (não descrevem o
comportamento a ser emitido, em qual
situação) ou que indique
um resultado
esperado sem especificar como consegui-
lo ou explicações do que não se deve fazer.
Você não deve driblar
dentro da própria grande
área.
Você é o homem de
criação, você que tem de
deixá-lo na cara do gol.
Outras
(OT)
Verbalizações que não s
e classificam em
nenhuma das categorias acima
Oh, mas esse campo viu,
só tem buracos!
De quem é a vez agora?
82
Você deve ouvir a sessão de verbalizações emitidas por um treinador e classificá-
las, na folha de registro, em uma das seis categorias acima. Na Folha de Registro estarão
dispostos antes do inicio de cada verbalização emitida pelo treinador um retângulo, local
onde se marcará qual a natureza da mesma através das siglas correspondentes a cada
categoria.
83
Apêndice C
TABELAS REFERENTES À CATEGORIZAÇÃO DAS VERBALIZAÇÕES
DO TREINADOR DURANTE AS FASES DA PESQUISA
Tabela 1: Classificação das verbalizações do treinador durante o primeiro treino da linha-de-base
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
71 69 70 13,94 97,18
VN 72 85 78,5 15,63 84,7
OC
207 202 204,5 40,73 97,58
IA
73 72 72,5 14,44 98,63
IN
14 16 15 2,98 87,5
OT
65 58 61,5 12,25 89,23
TOTAL
502 502 502 100
MEDIA 92,47
Tabela 2: Classificação das verbalizações do treinador durante o segundo treino da linha-de-base
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
89 82 85,5 14,6 92,13
VN
68 68 68 11,6 100
OC
225 219 222 37,9 97,33
IA
142 145 143,5 24,48 97,93
IN
15 24 19,5 3,32 62,5
OT
47 14 45,5 7,76 93,61
TOTAL
586 586 586 100
MEDIA 90,58
Tabela 3: Classificação das verbalizações do treinador durante o terceiro treino da linha-de-base
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
146 139 142,2 21,8 95,2
VN
71 73 72 11,1 97,26
OC
271 278 274,5 42,1 97,48
IA
58 57 57,5 8,8 98,27
IN
6 7 6,5 1 85,71
OT
100 98 99 15,2 98
TOTAL
652 652 652 100
MEDIA 95,32
84
Tabela 4: Classificação das verbalizações do treinador durante o quarto treino da linha-de-
base
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
52 53 52,5 14 98,11
VN
55 55 55 14,6 100
OC
149 151 150 40 98,67
IA
83 81 82 21,8 97,59
IN
9 8 8,5 2,2 88,88
OT
28 28 28 7,4 100
TOTAL
376 376 376 100
MEDIA 97,2
Tabela 5: Classificação das verbalizações do treinador durante o primeiro treino da Intervenção
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
51 50 50,5 21 98,03
VN
14 14 14 5,8 100
OC
87 87 87 36,3 100
IA 52 52 52 21,7 100
IN
10 10 10 4,2 100
OT
26 27 26,5 11 96,29
TOTAL
240 240 240 100
MEDIA 99,05
Tabela 6: Classificação das verbalizações do treinador durante o segundo treino da Intervenção
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
265 260 262,5 43 98,11
VN
46 49 47,5 7,8 93,87
OC
160 176 168 27,5 90,90
IA
79 68 73,5 12 86,07
IN
11 11 11 1,9 100
OT
49 46 47,5 7,8 100
TOTAL
610 610 610 100
MEDIA 94,82
85
Tabela 7: Classificação das verbalizações do treinador durante o primeiro treino da fase de pós-
intervenção
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
136 134 135 31,7 98,52
VN
22 24 23 5,4 91,66
OC
155 140 147,5 34,6 90,32
IA
78 87 82,5 19,4 89,65
IN
15 18 16,5 3,9 83,33
OT
20 23 21,5 5 89,95
TOTAL
426 426 426 100
MEDIA 90,57
Tabela 8: Classificação das verbalizações do treinador durante o segundo treino da fase de pós-
intervenção
Freqüência de
verbalizações
Categorias
Avaliadora I Avaliadora II
Freq.
Média
%
Índice de
Concordância
VP
124 125 124,5 36,9 99,2
VN
17 18 17,5 5,2 94,44
OC
87 86 86,5 25,7 98,85
IA
58 59 58,5 17,4 98,30
IN
6 5 5,5 1,6 83,33
OT
45 44 44,5 13,2 97,77
TOTAL
337 337 337 100
MEDIA 95,31
86
Apêndice D
TRANSCRIÇÃO DAS VERBALIZAÇÕES FEITAS PELO TREINADOR NO
PRIMEIRO TREINO DA LINHA-DE-BASE
Categ Verbalização
1. Voltou os outros já faz os outros
2. Isso
3. Pode mandar
4. Vamos, pode quebrar
5. Domina rápido
6. Quero ver
7. Vamos, vem pra dentro Willian
8. Òh, passou do outro lado, passou do outro lado
9. Ahhh!
10. Quebra lá, quebra lá Raul
11. Pode quebrar
12. Isso
13. Eh, ao cruzamento
14. Vai
15. Já faz com os outros
16. Já deu
17. Luiz
18. Parou um pouquinho só Rafael
19. Luiz, essa bola ta ai, já movimenta de um jeito ta certo?
20. Ou vc vem cá, ou o Rodolfo sai lá
21. Entra vc por trás, vc vai passar pelo atacante lá na frente
22. È um meia atacante que to te colocando, ta certo?
23. Nós vamos tá com a movimentação do Rodolfo lá, mas vc de maneira alguma tem que
deixar de aparecer, ta certo?
24. Pq nós tínhamos o Rodolfo e nós tínhamos o Alan, agora nós só temos o Rodolfo, vcs
vão ter que fazer a do Rodolfo agora, ou vc ou o Iago
25. Ta certo?
26. Ou mesmo o Bahia, nós temo q ter o homem surpresa agora
27. Vai
28. Visualiza aí agora
29. Domina rápido, rápido
30. Vamos, nós não estamos...
31. Vai, pode quebrar Raul
32. Isto
33. Vamos
34. Tá saindo umas coisinhas só “simplizinha”, nós não estamos criando nada
35. Só estamos só pegando e lateral, lateral. Não estamos fazendo nenhuma criatividade
diferente que nós viemos trabalhando
36. Vai
87
37. Só to deixando pra vcs fazerem
38. Vai, quebra, pode quebrar
39. Isso
40. Parou
41. Rafael, tenta quebrar aqui em mim um pouquinho só
42. Oh...Oh que que eu vou fazer, primeira coisa é visualizar, oh oh...o zagueiro, ta certo?
43. Volta aqui um pouco Luiz
44. E outra coisa, nós temos que fazer a movimentação, se a gente ficar estáticos, por
exemplo, vc ou...
45. Outra coisa, o lateral...joga a bola aqui um pouquinho
46. Joga lá pro Ronaldo pra mim
47. óh
48. O Ronaldo, vamos supor que vc cabeceou aqui,
49. joga a bola quicando pra mim, joga a bola quicando
50. Oh, ela, oh, oh, já trabalhei óh
51. Quem que foi que fez o trabalho aqui com ele?
52. Bahia, aqui ai oh, troca, já vou pra dentro, o Bahia tava passando aqui
53. O Luiz trocou porque vc dominou, demorou pra dominar, entendeu?
54. Aqui óh
55. É o mesmo que...
56. Vc foi pra lá Luiz, vc foi pra lá
57. Não, não tem problema, faz o trabalho lá, faz o trabalho
58. Vem Rodolfo, a lá, a lá,
59. Vai com ele Bahia, vai com ele, vai com ele
60. Pronto, aí oh, fácil
61. Ta?
62. Mais aí que to falando com vc, eu to falando que isso tudo ocasiona por quê?
63. Fala pra mim por que ocasiona essas coisas erradas?
64. Volta aqui Bahia
65. Olha aqui
66. Vc dominou pra cá oh, dominou errado,
67. Oh, isso aqui já vem...oh, junto, ta certo?
68. Ou o Luiz lá, ou o Rodolfo, ou o Bahia, na pior das hipóteses lá do outro lado lá, ta
certo?
69. Esse domínio nosso nós já temos que já ter
70. Lembra aquele trabalhinho que nós fizemos aqui?
71. Pó, se o cara saiu rápido, comigo, não tem como eu dominar, se vc dominar vc tem que
proteger não é verdade?
72. Não compreensível
73. Agora, se ele deu espaço, automaticamente dá tempo de vc virar e trabalhar
74. È a mesma coisa aqui, se a bola vem aqui oh, eu tenho isso aqui
75. Eu não to trabalhando contra o meu gol, não é verdade?
76. Pô, se a bola já ta aqui, eu já to observando se o cara ta a três metros, eu tenho que ta
olhando isso daqui e o cara
77. Pra quê?
78. Se a bola sair no meu pé, eu já óh
88
79. Agora, se vc ficar com medo de trabalhar aqui e o cara lá, dando espaço pra vc e vc aqui,
fica difícil, tanto vc quanto os outros também
80. Nós temos que ter essa consciência de que se o cara ta a dois três metros dá pra
dominar...e dominar já no nosso campo ofensivo
81. Vai
82. Mas que mamão
83. E agora, e agora?
84. Isso
85. Só tem um lado, só tem um lado só, volta
86. Vai amarelinho
87. Volta Bahia no seu
88. Vai, pode quebrar
89. Issso
90. Quero ver agora, quero ver a consciência
91. Isso
92. Só (incompreensível)
93. Quebra aqui no Willian de novo
94. Lucas, quebra aqui um pouquinho
95. Só deixa eu fazer aqui vamos ver aqui
96. Vem vem ou...
97. é no Thiago é isso?
98. Domina ela, domina, domina.
99. toca no Thiago ali pra mim, como se fosse...joga no Thiago, pode jogar no Thiago
100. Isso oh, eu sou
101. Quero ver
102. Oh, oh, oh, sem olhar o cara ta...
103. Entendeu Guilherme?
104. Ele já ta fazendo o trabalho vc já tem que ta chegando
105. (incompreensível) o Luiz pediu pra vc
106. Vcs são os meias atacantes, vc é que é o meia atacante, vc, o Luiz, então, vcs é que
vão deixar o cara em condições de fazer o gol.
107. Esse último toque pra deixar o cara na cara do gol é especial gente, ta certo?
108. E aí atrás, na pior das hipóteses dá um bico, bicão mesmo, sem brincar
109. Vai
110. Agora vcs é que são os homens de criação
111. O seu Bahia, o seu Luiz, o seu João Paulo, o seu Guilherme, ta certo? São os homens
que vão ter que dar condição pra deixar o cara na cara do gol
112. Vai, pode quebrar
113. Vai agora, quero ver, se transforma, vamo, quero ver
114. Dá...não é
115. O que eu to falando é o seguinte, isso ai vai acontecer de vc sair, óh, aconteceu no
jogo...que jogo que nós saímos?
116. Contra a portuguesa, se eu não me engano nós saímos daqui, nós recebemos duas ou
três ou quatro bolas se eu não me engano nessa condição aí que vc ta falando, de pegar
na linha de fundo, tanto o Rodolfo quanto o Tiola, entendeu?
117. Saiu daqui, recebeu lá, automaticamente se ta sozinho vc ta abrindo espaços pra outro
89
ta chegando, ta certo?
118. Aí, o que que tem que fazer, ou o cara passa, ou se não der, vc começa né, ou senão
vai pra cima do cara
119. Vai
120. Quero ver
121. Ah ah
122. Vai, vamos
123. Oh, bela jogada por exemplo, quer ver como que é as coisas, eu já tava visualizando
uma coisa, antes de chegar nele eu já tava visualizando, o que que eu visualizei, essa
bola em vc, claro, ta certo? O Rodolfo, e o Rodolfo só aqui oh. Ou aqui, ou aqui, e o
Guilherme ta entrando ali
124. Né, parece certinho aqui, mas pra isso a gente precisa acertar né seu Ademílson
125. Vai, pode quebrar
126. Vamos, parou
127. Òh, sabe pq, do jeito que nós trabalhamos aqui, automaticamente nós saímos com ele,
não vai?
128. É com o Vinícios, do jeito que passou. Do lado oposto ao dele a gente pega o cara
sozinho, ta certo?
129. Vai, pode quebrar
130. Isso, quero ver agora
131. Isso
132. Domina, domina, rápido, pra frente
133. Isto
134. Vai, vai
135. Vai
136. Pode já quebrar já, já tem o pessoal já, pode quebrar
137. Isso
138. E agora, quero ver Vitor
139. Vai vai,
140. quero ver,
141. vamos
142. Passa por trás Jonas, vamos
143. Aiii, agora não dá
144. Vai
145. Ah é pro gol
146. Espera um pouquinho aí
147. Quem que vai fazer agora?
148. Não vai não Luiz, só puxa pra dentro, sai assim Luiz, ta certo? Puxa...
149. Coloca um pouquinho aqui
150. Só coloca aqui, no volante, tipo no volante, vai
151. Oh, eu sou o volante...
152. Parou, parou só um pouquinho
153. Eu sou o Bahia aqui no caso, vamos supor, puxa pra dentro, puxa, óh
154. Roda a bola aqui pra mim um pouco
155. Sai pra jogar lá pra mim, quer ver
156. Oh, eu peguei na bola, vamos supor q essa bola caiu no volante, ta certo?
90
157. Puxou pra dentro o zagueiro, ou o lateral, sai oh, aparece o zagueiro pra jogar óh
158. Daí mesmo, faz lá, faz lá.
159. Não, ai não, ta aberto
160. Ou mesmo colocar que seja o Felipe ta certo?
161. Vc é o líbero nosso, pegou a bola, puxa pra dentro, puxa pra dentro
162. Vai lá, lá, lá onde vc tava antes, de origem lá
163. Eu peguei na bola, lá, sai correndo assim, sai daqui sai daqui vc, puxa, vai correndo
reto, vai saindo vai saindo, óh
164. Aí pronto
165. Vai pra dentro agora, e saiu pra jogar, daí mesmo, dominou já levanta a cabeça
166. Isso
167. Aí, pronto
168. Certo?
169. Isso é um dos métodos que hoje é usado, o Fabão toda hora ta passando por aí, daí ele
ta colocando do outro lado, São Paulo com jogador tudo desse tamanho assim oh, só o
grandão que depois saiu, como chama lá o, o Aluísio né, o homem trombador, mas os
outros são tudo assim oh, o Alex aqueles outros são tudo baixos, ta certo?
170. Coloca lá pra mim
171. Trabalha rápido
172. Coloca lá no Felipe pra mim
173. Domina Felipe
174. Vai, vai
175. Faz a jogada agora, depois nós vamos fazer aquela de novo
176. Vai, vai, vamos o volante virou
177. Isto, forte
178. Não vai chegar, não vai chegar
179. Chegou?
180. Cuidado aí
181. Òh, presta atenção
182. Coloca no Felipe aqui pra mim depois
183. Felipe, já vai saindo assim, puxa assim pra mim
184. Ta certo?
185. éh
186. Ta ok?
187. Nele aqui no felipe
188. Vai, domina, domina
189. Já puxa
190. Isso
191. Puxa pra dentro
192. Coloca no zagueiro
193. Isso
194. Pronto, aí
195. Levante a cabeça
196. Daí mesmo
197. Ah, mas o domínio aí vc me arrebenta
198. Voltou
91
199. Aí o domínio aí vc me arrebenta né Willian
200. De novo nele
201. Vai, nele mesmo
202. Òh, prucura o seguinte
203. O Hermes não pode sair agora
204. Ta certo Hermes?
205. Já toma aqui óh
206. Vai
207. Isto
208. Domina e puxa a cabe...levanta a cabeça
209. Isso
210. Não, parou
211. Ei, oh, foi um cruzamento, vc não pega bem na bola, bate forte na bola?
212. Foi um cruzamento na sua canhotinha mesmo
213. Acerta melhor o corpo pra poder chegar no Rodolfo e nos outros lá
214. Vai
215. Bahia aí vem por dentro um pouco
216. Agora vai
217. Faz no zagueiro agora, vamos
218. No braço
219. No braço, aí não serve
220. Vai
221. Pode quebrar aqui
222. Faz lá do outro lado
223. Já sai, já sai, vai sair lá, vai sair lá
224. Vai por dentro
225. Ao domínio
226. Vamos, daí mesmo
227. domina
228. Isso
229. Melhora melhor
230. Isto
231. Vamos
232. Vamos
233. Isto
234. Faz desse lado aqui pra mim só o dominío
235. Cuidado com o domínio
236. Ta certo?
237. Essa daí oh, ás vezes nós tamos pegando sozinho aqui mas não tamos sabendo o que
vai fazer
238. Então, já é opção já
239. Ta certo?
240. Se os caras não te acompanhar aqui
241. Isso
242. Domina bem, domina bem
92
243. Tem que ter
244. Isso
245. Domina rápido, vamos rápido agora
246. Isso
247. Ajeita melhor
248. Isso
249. Daí mesmo
250. Ian, ta com o corpo muito atrás óh
251. Ajeita melhor a bola pra vc pegar, pra alçar
252. A bola tava lá na frente e vc tentou bater na bola
253. Vai, faz outra, faz outra
254. Esquece o zagueiro agora, de qualquer lugar
255. Isso
256. Quero ver agora, quero ver
257. Isto
258. Quero ver o domínio Luiz
259. Òh, se soubesse a importância que é (incompreensível)
260. Só vem aqui só e já sai
261. Abre o espaço pra ele que vem de trás
262. Bahia, o que que foi, algum problema?
263. Sobre
264. To falando aqui, a importância dele ter dado um tapa pra vc e saído pra levar o cara
265. Vc ta abrindo espaço pra ele ta levando
266. Entendeu?
267. E se o cara não te acompanhar, o que que vai fazer, ele coloca em vc
268. Ta certo?
269. Vai lá
270. Pode quebrar
271. Vai vai, quebra
272. Vai
273. Parou
274. Trás estes cones aí, quem ta ai
275. O lateral pode ficar
276. Os outros aí que tão fora podem vir
277. Podem vir
278. Coloca ali pra mim
279. Os laterais podem ficar lá
280. Ai, dois a dois
281. Willian, lá embaixo
282. Ademilton, Ronaldo, lá embaixo
283. Vão aprender a cruzar hein
284. Podem vir
285. Dois a dois
286. Mande as bolas aqui pra mim fazendo favor
287. È vai com graça que vc vai levar na cara viu negrinho
93
288. Òh, quem é o primeiro aí
289. Então faz um favor, cada um pega um cone e coloca mais ou menos lá
290. rapidim, correndo, no pique
291. Vai no bico da área grande lá, mais pra lá
292. Pode ir
293. Mais, vai mais nesse rumo aí
294. Não
295. Lá ´pra lá, pra lá
296. Não
297. Pra lá, pra lá
298. Aí ta bom, aí ta bom
299. Lá no rumo daquele Bahia
300. Isso
301. Áhaha, áhaha
302. Vai chega chega
303. Isso
304. Vamos
305. Olha lá Richard
306. Pelo amor de Deus
307. Faz as coisas por fazer gente, óh
308. Porra
309. Vai, vai, vai
310. Depois vem um aqui
311. Vai
312. Vem aqui
313. Vem um aqui no meu lugar
314. Deixa a bola lá
315. Só um aí, só um
316. Só um agora
317. Toca nele, só toca
318. Toca nele tipo Bertim em mim
319. Quem que é?
320. Oh, eu só vou fazer só isso aqui e vou
321. Abre a jogada quem vem de frente
322. Tá certo?
323. Faz o trabalho de pivô e o outro vem trazendo a jogada
324. Vai, vamo
325. Abre, abre
326. Isso
327. Pode ajeitar agora
328. Não
329. Pode vir
330. É um lá um aqui
331. Pode vir Bertim, pode vir
332. Se esquecer vai pagar, se esquecer já pode sair correndo pra mim
94
333. Vai, vai, vamos, vamos, vamos
334. Isto
335. Vamos
336. Já sabe o que que tem que fazer aqui né?
337. Já finalizou já vem aqui
338. Quem tem que fazer, quem tem que fazer?
339. Quem esquecer já pode correr
340. Isso
341. Vamos, pode dominar agora
342. Ajeita melhor
343. Oh, dá um tempinho aqui, dá um tempinho aqui pra eles dominarem lá
344. Vamos, vamos
345. Tem que ser rápido agora gente, senão nós vamos, nós vamos vamos ficar aqui até
amanhã e nós não vamos fazer nada se não for rápido o negócio
346. Vai, vem vamos
347. Vamos, faz o trabalho lá
348. Gente vamos...vamos prestar atenção no trabalho
349. Vai
350. Vem
351. Vem lá Rafael
352. presta atenção no trabalho, presta atenção no trabalho
353. A lá, agora vcs esquecem de ir de novo
354. Vai
355. Vamos
356. Tá bom
357. Espera um pouquinho, deixe ele ir
358. Isto
359. Vamos, vamos
360. Vem, vem
361. Isto
362. Vamos, já vem
363. Quem tem que vir?
364. Eu não vou mais avisar hein, eu não vou mais avisar hein
365. A partir de agora vai mesmo
366. Eu to avisando ai mas se não se conscientizar vaio correr viu
367. Espera um pouquinho
368. Isto
369. Vai
370. Vaicorrer, eu só vou falar isso ai, se esquecer o trabalho
371. Chega fazendo, chega fazendo, não tem problema
372. Isso, também
373. Incompreensível
374. Isso
375. Vamos
376. Tocou errado pra ele, ele deu....
95
377. Isto joão
378. Espera um pouquinho, a lá óh
379. Vai, vai
380. Nossa
381. Agora não dá mais
382. Vixe
383. Vamos
384. Vai
385. Foi
386. Queee
387. Vamos Fernando
388. Felipe, vai lá no lugar do...no lugar do Ademilton lá
389. Pelo amor de Deus
390. Quem foi que fez isso aí?
391. Pode sair, sai correndo vc e o Fernando já, pode sair correndo, pode sair Fernando lá
correndo tb
392. Pra saber fazer trabalho
393. Vem um aqui
394. Pode vir um aqui, pode vir, pode vir um aqui
395. Fernando vai correr pra aprender a fazer o trabalho bem feito
396. Vai
397. Ele e o Richard
398. Vai, vamos
399. Pode sair também Renato, pode sair correndo também
400. Pode sair lá óh
401. Não adianta ficar olhando, pode sair correndo ai oh,
402. a hora que eu pedir pra vs pararem vcs vão parar
403. Vcs preferem correr do que fazer a coisa bem feita
404. Vamos
405. Vai
406. Pode colocar, pode colocar, pode colocar, pode colocar
407. Incompreensivel
408. Não é pra ficar lá dentro?
409. Vamos
410. Isso
411. Pode colocar já, pode colocar
412. Isso
413. Coloca
414. Faz ele voltar, faz ele voltar
415. Isto oh
416. Boa bola
417. Pode colocar
418. Não dá tempo não
419. Finalizou lá já tá tudo lá Luiz, pode colocar LUiz
420. Bom
96
421. Vai
422. Isso
423. Já colocou
424. Vamos
425. Capricha, capricha, capricha
426. Vamos, faz ele voltar a lá óh
427. Isso
428. Isso agora
429. Essa bola é boa
430. Vamos Felipe
431. Isto
432. Vai, vamos
433. Hermes, vai lá no lugar do Ronaldo pra mim, vai lá
434. Vamos, vamos
435. Chega fazendo, chega fazendo
436. Vai, vamos
437. Isto
438. Sai, sai, sai
439. Isto
440. Vamos
441. Pode colocar, pode colocar
442. To falando, a hora que acabou lá, que não deu mais, pode colocar a bola pra ele
443. Não é pra ficar esperando ele ficar lá dentro não
444. Vai
445. Pode colocar, pode colocar
446. To falando que pode colocar carai
447. Se ele não vir eu mando ele correr
448. Porra
449. Aí oh, aí
450. Pelo amor de Deus hein
451. Porra
452. Vamos
453. Não, não existe isso ai que vc fez
454. Só vira o pé aqui pra mim oh, a lá ó
455. Eu to ficando aqui de propósito oh, a lá
456. Do jeito que ele colocou aqui é só vc colocar ali
457. Vem
458. Vamos, pode colocar
459. Isso, aí
460. Aqui oh, aqui oh
461. Anh?
462. É oh, oh
463. Anh?
464. É, vire o pé
465. Ou com a esquerda ou com a direita né
97
466. Com a esquerda vc tem que ir lá
467. Com a direita vc vira só o pé
468. Vamos
469. Agora chega, faz
470. Quero ver
471. Isso, jogada rápida
472. Ronaldo, não passa muito fechado Ronaldo
473. Passa meio aberto, no segundo
474. Quem vai no segundo espera um pouquinho, espera um pouquinho, espera um
pouquinho até ele...
475. Isso
476. Agora, fecha rápido
477.
478. Entendeu oh?
479. Espera ele chegar pra definir
480. Quem que vai?
481. Espera um pouquinho, espera um pouquinho, espera ele definir
482. Agora, vai
483. Isso ah lá oh
484. Vai pegar sempre de frente a bola
485. Eles não vão tá passando da bola
486. Se ela vir pra trás um pouquinho vcs tomam a bola
487. Espera um pouco, espera, espera, até definir
488. Agora, rápido
489. Isso oh
490. Vamos
491. Espera, dá o tempo, dá o tempo certo
492. È aqui oh
493. É aqui garoto oh, é aqui, to ficando aqui
494. To ficando aqui de propósito e os caras...
495. Pelo amor de Deus
496. Não é aqui por trás aqui
497. É aqui oh
498. Isso, vamos
499. Calma, espera
98
Apêndice E
TRANSCRIÇÃO DAS VERBALIZAÇÕES FEITAS PELO TREINADOR NO
PRIMEIRO TREINO DA INTERVENÇÃO
Categ Verbalização
1. Parou um pouquinho
2. Hei, João, viu lá o que que aconteceu João
3. Saiu o Alan lá...
4. Oh, presta atenção aqui óh
5. Já sai vc lá
6. Oh, isso é falta de avisar também oh, já tá tudo certo aqui não tá? Felipe?
7. Pô, já adianta o jogo lá pra não deixar sair naquela situação óh
8. Encosta lá João, encosta lá no Marcos Paulo, encosta no Marcos Paulo
9. Calma, parou aí João, parou um pouquinho mais pra cá
10.
11. Agora, pode continuar
12. Pronto
13. Já tá certo aqui já né?
14. Ah, Ah, tá
15. Volta lá pro Rafael
16. Volta lá pro Rafael
17.
18. Coloca a bola no chão, vai trabalha aí curta
19. Aí, pronto
20. Já volta pra lá
21. Isso
22. Trabalha
23. Aí, Aí
24. Isso
25. Procura os espaços
26. Entendeu como é que é a coisa? Levou-se um, entra-se o outro
27.
28. O Bahia chegou numa situação de tá finalizando por dentro
29. Calma um pouquinho Danilo, calma um pouquinho
30. Vem
31. Oi? Tá um a menos?
32. Então vem cá Beto
33. Tem quantos no meio? Tem dez, três...
34. Então tá, faz o meio aqui pra mim, vem cá um pouquinho pra mim
35. Hei, já posiciona, tira o Hermes daí, tira o Hermes daí, já sobra o goleiro nosso já
36. Pronto
37.
99
38. Pelé, já adianta, já adianta o Pelé
39. Vamos lá, lá Rafael, lá Rafael, lá, lá Rafael, pode encostar lá Rafael
40. João vem aqui
41. Pronto
42. Já posiciona lá
43. Sai um pouco mais Luiz
44. Isso
45. Pronto
46. Lá pode deixar, nessa situação, se ele tiver lá, pode deixar, na eventualidade vc vai
ser a sobra
47. Pode sair agora
48. Quero ver
49. Cuidado pra não machucar, cuidado pra não machucar
50. Falta aí, falta aí
51. Trabalha, trabalha, agora é hora de trabalhar
52. Um, dois
53. Hei
54. Calma
55. Isso, calma
56. Virando já, batendo
57. Meia boca Bahia, meia boca, meia boca pra ele não sair, pq senão, se eles tiverem
um goleiro fera óh
58. Aí oh
59. Meia boca
60. Parou um pouquinho
61. Oh, nós vamos fazer falta aqui só na hora que vc trouxe pra cá, o João ó, só aqui
oh, tá certo? No meio dele
62. Vem vem
63. Faz uma barreira aqui pra mim só, pra gente trabalhar
64. Vem
65. Hei, Willian
66. Qual vc fala?
67. Tá pode ser
68. Rafael, pode vir Rafael, pode vir
69. Pelé, Pelé vai sair já automaticamente
70. Vem cá um pouquinho, vem cá um pouquinho, nós vamos fazer diferente aqui,
vem cá, vem cá, vem cá, vem cá
71. Oh, nós vamos fazer assim, nós vamos aqui, nós vamos correr ali, um por trás um
pouquinho mais, tá certo? E outro aqui
72. Quem faz o primeiro pau bem feito?
73. Pode ser
74. Nós vamos correr dessa forma óh
75. Vem cá um pouquinho oh Alan, ou pode ser o Willian, oWillian, o Alan ou o
Rafael, tá certo
76. O Rafael pode ser aqui, pode vir um pouquinho mais, aqui aqui, um pouquinho
mais Willian, um poquinho mais
100
77.
78. Isso, aí
79. Oh, tá vendo o que que nós tamos fazendo?
80. Nós vamos correr dessa forma, o Willian vai chegar primeiro, por trás um
pouquinho o Rodolfo, nós vamos fechar dessa forma, tá certo?
81. Agora, corre
82. Oh, eu quero que ela caia, eu quero que ela caia ali nas costas ali oh, na cabeça...na
cabeça do Luiz, a bola tem que cair ali pra trás ali na cabeça no Luiz
83. Isso
84. Boa bola
85. Volta aqui um pouquinho
86. Se ela oh, se o Felipe conseguisse triscar essa bola, já era meio caminho e se ela
passar nas costas um pouquinho dele, se cair nas costas melhor ainda, tá certo?
87. Isso
88. Essa é a bola oh
89. Agora, sai sai, sai pra jogar
90. Vamos
91. Tem bola aí?
92. Vou fazer uma, vou fazer um tiro de meta pra gente ver como a gente pode
posicionar, pra gente poder tá fazendo essa sobra, tá certo?
93. Ronaldo, Ronaldo, saiu sem marcar ninguém, tava sem marcar ninguém, e aí o
Bahia levou nas costas lá
94. Hei Willian, Willian, nessa situação, deixa ele lá, fecha-se um pouquinho aqui, tá
certo? Olha onde nós tamos trabalhando aqui
95. Aí, calma
96. Oh, toca e fica toca e fica
97. Aí, pronto
98.
99. Cuidado
100. Traz aqui um pouquinho mais essa bola, nós fizemos o gol pode ir
101. Oh, vimos que tamos fazendo essa situação aqui, nós não podemos ficar muito
abertos, tá se trabalhando aqui, até um cara viajar essa bola igual aconteceu com o
Cia Norte, tem como vc sair, tá certo? Agora ali já não tinha mais, então trabalha-
se próximo um do outro, não podemos trabalhar muito longe
102. Aqui
103. Tá certinho
104. Oh, Bahia né, a situação pode passar, tá certo Bahia?
105. É, passa por aqui oh
106. É, aqui nessa situação nós vamos só fazer aqui
107. Mesma coisa, só que um pouquinho mais lá trás oh, pouco mais atas, pra gente vir
de frente, tá certo?
108. Mais lá oh, mais lá Felipe, mais lá, mais lá, mais pra trás um pouquinho
109. Essa situação nós temos que abrir esse espaço aqui óh
110. Pelé, puxa pra cá aqui, vc vai puxar pra cá
111. Não
112. Oh, João, essa bola aí, ela não pode ser assim João, lá deu certo, ela é muito lenta,
ela tem que ser, quer ver...tem que ser assim...
101
113. Vamos ver se eu pego bem
114. Oh, assim, fazendo a curva ali, entendeu? Ela tem que cair nas costas do net..no
rumo do do do Pelé lá oh, tá?
115. Isso
116. Essa é a bola
117. Vamos
118. Calma, trabalha agora sem perder a bola, trabalha...
119. Oh, vc tumultuou porque vc quis
120. Oh, a primeira oportunidade já trabalha oh, já trabalha vai, trabalha rápido
121. Entra outro, entra...
122. Não passa da linha da bola ou Hermes, vc não pode passar
123. Isso
124. Trabalha
125. Isso, trabalha
126. Danilo, Danilo, quebra aqui pra mim só
127. Ah
128. Só quebra aqui pra mim
129. Calma lá que nós vamos...
130. Posicionou lá o Alan e o coisa, e o Rodolfo
131. Não, calma ai um pouquinho, só deixa eu posicionar aqui
132. Nesse trabalho aqui nós vamos ter que fazer uma sobra, tá certo
133. Meia boca aqui, fez meia boca lá sobra-se Ronaldo, sobra, entra aqui um
pouquinho oh João, automaticamente eles não vão colocar a bola aqui de jeito
nenhum, tá certo? Meia boca meia boca
134. Isso
135. Tá certo?
136. Quebra aqui pra mim agora
137. Segura
138. Ou, não to vendo
139. Volta lá quebra ali de novo
140. Deixa lá Rafael, abri mais um pouquinho, deixa eu posicionar aqui
141. Nós não podemos deixar de triscar essa bola
142. Ou, vai lá no seg...
143. Oh, pode ficar aqui, aqui
144. Isto
145. Fica meio longe dele
146. Pronto
147.
148. Vai lá em cima
149. Pronto, aí
150. Pronto aí
151. Segura a bola, segura a bola
152. Aí oh, já perdemos segunda bola
153. Cuidado
154. Trabalha, um dois no máximo
102
155. Isso
156. Ronaldo tá aqui
157.
158. Pronto aí
159. Calma
160. Falta aí
161. Hei, olha de onde o Luiz saiu
162. Isso
163. Aí sim Ronaldo
164. Óh, já vira pra cá já vira, uma situação diferente oh
165. Isso
166. Já vai por dentro
167. Coloca lá pra mim só pra gente trabalhar lá o escanteio um pouquinho
168. Trabalha o escanteio lá pra mim
169. Tá bem Hernando, tá bem?
170. Hei hei, segura um pouquinho, o Bahia, tipo, oh, essa é a jogada que eu quero que
vcs..não entra, não entra, oh, segura lá segura lá os três
171. Oh, presta atenção...
172. Não, os três entram, os três seguram, o Alan e o coisa seguram, segura
173. Uma coisa que vou falar pra vcs, o Atlético faz isso daí direto, tá certo?
174. Toca lá pra mim
175. Calma lá, calma, calma, calma
176.
177. Agora vai
178. Oh, hein, dá esse tempo aqui fora, dá esse tempo, dá esse tempo, mais
179. Vai no trote que é mais fácil, vcs vão ganhar mais força no trotezinho daqui pra lá
180. Entra-se o Felipe, atrás o Rodolfo, o Rodolfo já sabe o que vai fazer, vc vai passar
a frente dele o Felipe, tá certo? Já entra já o
181.
182. Rápido
183. Dominou um dois, já levanta a cabeça
184. Isso, rápido
185. Isso
186. Ela tem que ser...
187. Agora, quero ver o contra-ataque
188. Tá impedido, só quero ver
189. Olha a linha
190. Oh, Alan, a bola tá voltando e vc tá aí ainda pô
191. Aqui, vem aqui um pouquinho pra mim, vem cá um pouquinho só , só aqui um
pouquinho
192. Daqui pro Bahia aqui
193. Oh, aconteceu umas coisas lá facinho de se fazer, principalmente...
194. Faz uma linha ali pra mim ou...pessoal, de azul, faz uma linha ali pra mim, uma
linha assim pra mim, aqui no rumo da barreira aqui pra mim
195. O Bahia passou lá...
196. Um pouquinho mais pra cá Beto
103
197. Faltas que aconteceu lá, por exemplo, nós temos que fazer o que, nós temos que
198. Lembra aquela uma lá que eu falei pra vc, que vc saiu sozinho?
199. Eu tenho que sair daqui, pra uma situação, é que aqui agora tá fechado, mas eu vou
vir aqui, e vou sair aqui, eu não vou entrar pra depois sair, entendeu?
200. Já sai
201. Isto
202. Já tira
203. Lá, não deu a bola, segura
204. Tá errado João
205. Não deu pra pegar ela lá, segura, senão vai desorganizar
206. Traz aqui pra mim trabalhar um pouquinho, traz na falta aqui
207. Aí, pode ser
208. Leva lá, um pouquinho lá pra mim
209. Os caras seguram sempre, presta atenção nesta corrida dos caras lá, tá certo
210. Vem Bahia dos dois lados
211. Aqui vc precisa de dois?
212. Cuidado
213. Márcio, faz um favor pra mim, pega aquela bola lá
214. Felipe, não, to vendo outra coisa, não é isso não
215. Sai um pouquinho aqui na linha aqui
216. Só posiciona, vc vai tá por aqui?
217. Willian, entra aqui pra mim, na linha da barreira
218. Isso
219. Rafael, entra aqui
220. Já define quem vcs vão marcar, olhou, pra vcs não ficar se pegando, espera só pra
gente ver se vai dar certo. Já marca já, tá certo?
221. Só pra ver se, acompanha
222. Volta lá pra mim
223. Isso
224. Joga a bola lá
225. Capricha Negreti
226. Vai, vai, vai, sai, sai, sai
227. Quero ver
228. Já vai com ele um já, já encosta
229. Oh, vem cá um pouquinho, Bahia, vem cá
230. Nessa situação, não impede que vc também feche pra poder participar como um, tá
certo? Mas desde que vc trabalhe meia boca, vc pode atacar por dentro como se
fosse igual a um volante, desde que vc esteja com a bola, tá certo?
231. Olha, não ficou ninguém na bola, não ficou ninguém na bola
232. Sai, lá dá Rafael, lá dá Rafael
233. Agora, arma o contra ataque
234. Quero ver
235. Demorou
236. Aí sim
237. Hei, quantos minutos deu?
238. Tá bom
104
239. Ah, não sei, minha preocupação maior é com o setor defensivo
105
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