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ANGELA MARIA BUOSI VIDOTTI
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM
ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE FERNANDÓPOLIS-SÃO
PAULO
Dissertação apresentada à Universidade de
Franca, como exigência para a obtenção do
título de Mestre em Promoção de Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Helena Pelizer
FRANCA
2008
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ANGELA MARIA BUOSI VIDOTTI
FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM
ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE FERNADÓPOLIS-SÃO PAULO
COMISSÃO JULGADORA DO PROGAMA DE MESTRADO EM PROMOÇÃO DE
SAÚDE
Presidente: Profa. Dra Lúcia Helena Pelizer
Universidade de Franca - UNIFRAN
Titular 1: Profa. Dra Telma Maria Braga Costa
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
Titular 2: Profa. Dra Maria Aparecida Tedeschi Cano
Universidade de Franca - UNIFRAN
Franca, 26/06/2008
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Catalogação na fonte – Biblioteca Central da Universidade de Franca
Vidotti, Angela Maria Buosi
V828f Fatores associados ao sobrepeso e obesidade em adolescentes do
município de Fernandópolis-SP / Angela Maria Buosi Vidotti ; orientador:
Lúcia Helena Pelizer. – 2008
54f. : 30 cm.
Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca
Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestre em Promoção de Saúde
1. Promoção de saúde Nutrição Adolescentes. 2. Estado nutricional
Adolescentes. 3. Hábitos alimentares Adolescentes. 4. Sobrepeso
Adolescentes. 5. Obesidade Adolescentes. I. Universidade de Franca. II.
Título.
CDU – 614:613.2-053.6
DEDICO este trabalho ao meu esposo Marcelo pelo apoio,
compreensão e incentivo constante em todos os momentos da
elaboração desse trabalho. Aos meus filhos, Marcelo e Gustavo, pela
compreensão da minha ausência do nosso convívio.
AGRADECIMENTOS
A todos os Professores da UNIFRAN que compuseram o quadro docente
deste Programa de Mestrado, em especial ao Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior e à
Profª. Dra Iranilde Mendes.
À Profª. Dra Maria Aparecida Tedeschi Cano que além de ser professora do
programa, aceitou compor a banca examinadora deste trabalho com sugestões
valiosas.
À Profª. Dra Telma Maria Braga Costa, em aceitar compor a banca
examinadora deste trabalho, com sugestões substanciais para o enriquecimento
deste.
À Dra Lúcia Helena Pelizer, pela força nos momentos de maior ansiedade.
Às professoras do curso de Nutrição da Fundação Educacional de
Fernandópolis, em especial a professora Adriana, que me apoiaram nesta
caminhada.
Aos sobrinhos Edson e João Paulo pelo apoio na execução das tabelas.
Aos meus familiares que compartilharam alegrias e tensões desta
caminhada.
Ao meu esposo e meus filhos, pela compreensão em todos os momentos e
especial paciência nos momentos das minhas angústias.
À Profª Dra. Glaucia P. Borges e a aluna Priscila pelo apoio na organização
dos dados.
Aos alunos, em especial ao José Dias, Morgana e Ana Paula, pelo apoio
inestimável durante a coleta de dados.
À todos os adolescentes que participaram desta pesquisa.
Às diretoras das escolas e dirigente de ensino que permitiram coletar essas
informações essenciais.
A monitora Franciele, pela ajuda de extrema importância na finalização
deste trabalho.
RESUMO
VIDOTTI, Angela Maria Buosi. Fatores associados ao sobrepeso e obesidade em adolescentes
do município de Fernandópolis - São Paulo. 2008. Dissertação (Mestrado em Promoção de
Saúde) – Universidade de Franca, Franca.
A prevalência de sobrepeso e obesidade apresentou um aumento significativo nas últimas
décadas, tornando-se um dos principais problemas de saúde pública. O excesso de peso em
adolescentes é preocupante devido ao risco bastante aumentado de sua persistência na idade
adulta, assim como os riscos de doenças associadas. O objetivo deste trabalho é avaliar o
estado nutricional de adolescentes matriculados no ensino fundamental de escolas da rede
privada e pública da cidade de Fernandópolis SP, para conhecer o sobrepeso e obesidade,
investigando possíveis associações como fatores sócio-econômicos, gasto energético e hábitos
alimentares na determinação do excesso e peso. Foram avaliados 94 alunos, sendo 70 do sexo
feminino (74%) e 24 do sexo masculino (26%), com idade entre 10 anos completos e 15 anos
incompletos. O estado nutricional foi determinado através do Percentil de IMC/idade/sexo de
acordo com a classificação de Frisancho. Verificou-se que 49 sujeitos (52%) estão eutróficos;
6 sujeitos (6%) estão com baixo peso, 11 sujeitos (12%) com risco para baixo peso, 17
sujeitos (18%) estão com sobrepeso e 11 sujeitos (12%) estão obesos. Esses dados estão
condizentes com os resultados encontrados no Brasil, aproximando-se dos níveis máximos
encontrados. O nível de escolaridade do mantenedor da família foi associado positivamente à
prevalência de obesidade e sobrepeso, sendo que, dos 28 sujeitos com este diagnóstico, 57%
relataram o mantenedor como tendo ensino superior. Entre os adolescentes avaliados com
sobrepeso ou obesidade, 93% moram em domicílio com até quatro pessoas e 7% moram em
domicílio com cinco pessoas ou mais, então fato de morar em domicílio com até 4 pessoas,
pode estar associado à prevalência de sobrepeso e obesidade. A preferência sobre a ocupação
no tempo livre denota tendência para atividades que demandam menor gasto energético como
assistir TV, video game e computador em detrimento de atividades como brincar na rua ou
praticar esportes. A omissão de refeições é uma prática freqüente dos adolescentes,
principalmente do desjejum, não sendo realizado por 26% dos entrevistados. No intervalo
escolar, os adolescentes relataram preferência por salgados assados, mas freqüentemente
acompanhados de refrigerantes ou refrescos artificiais e raramente a fruta foi citada.
Analisando a freqüência alimentar é possível observar que a população em estudo consome os
alimentos necessários para a faixa etária, no entanto, não deixa de consumir alimentos densos
em calorias e baixo valor nutricional. Em virtude do excesso de peso encontrado na
população, da preferência por atividades que demandam baixo gasto energético e o consumo
alimentar inadequado, fica evidente a necessidade de implantação de programas de
monitoramento do estado nutricional e o desenvolvimento de estratégias de ações para a
promoção de hábitos alimentares adequados assim como a prática de atividades físicas entre
adolescentes de escolas pública e privada.
Palavras-chaves: estado nutricional, adolescentes, hábitos alimentares, sobrepeso, obesidade.
ABSTRACT
VIDOTTI, Angela Maria Buosi. Overweight and obesity related factors in adolescents in
Fernandópolis São Paulo. 2008. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde)
Universidade de Franca, Franca.
The prevalence of overweight and obesity has had a considerable increase on the last decades,
becoming one of the main public health problems. The excess of weight in adolescents is
alarming due to the much increased risk of its persistence up to adult ages as well as the risks
of associated diseases. The aim of this work is to evaluate the nutritional state of adolescent
students of elementary degrees in private and public schools in Fernandópolis SP to get to
know overweight and obesity, investigating possible associations with socioeconomic factors,
energy expenditure and food habits on the determination of excess of weight. Evaluations
were made on 94 students, being 70 female (74%) and 24 male (26%), aged from 10 up to 15
years old, enrolled in the elementary school in public and private institutions in the county of
Fernandópolis. The nutritional state was assessed through BMI /age/sex, according to
Frisancho classification. It was verified that 49 individuals (52%) are eutrophic; 6 individuals
(6%) are underweighted, 11 individuals (12%) are at risk of underweight, 17 individuals
(18%) are with overweight and 11 individuals (12%) are obese. These data match the results
found in Brasil, approximating the maximum found levels. The level of education of the
family provider was positively associated to the prevalence of obesity and overweight, once
57% from the 28 individuals with this diagnostic mentioned the provider had a graduation in
higher education. Among adolescents assessed with overweigh or obesity, 93% live in
residences with up to four people and 7% live in residences with five or more people; hence
the fact of living in residences with up to 4 people can be related to the prevalence of
overweight and obesity. The preference about free time occupation denotes tendency to
activities that demand less energy expenditure like watching TV, video game and computer
instead of activities like playing on the street or sports practice. The omission of meals is a
frequent habit of adolescents, mainly the breakfast, which is not taken by 26% of the
interviewees. During the scholar break, adolescents relate preference for baked snacks, but
frequently accompanied by soft drinks or artificial drinks and fruit was rarely mentioned.
Analyzing the frequency of meals, it is possible to note that the assessed population consumes
the necessary food for the age, though still consumes food with low nutritional level and high
caloric level. In the face of the excess of weight of population, the preference for low energy
expenditure activities and inappropriate food consumption, it becomes clear the need of
developing strategical plans of appropriate intervention.
Keywords: nutritional state, adolescents, food habits, overweight, obesity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Distribuição dos adolescentes quanto ao sexo (n=94) 25
Figura 2- Classificação do estado nutricional dos adolescentes (n=94) 27
Figura 3- Classificação do estado nutricional estratificado por sexo 28
Figura 4- Escolaridade do mantenedor da família 29
Figura 5- Número de pessoas por domicílio 29
Figura 6- Preferências de atividades no tempo livre 30
Figura 7- Freqüência de realização das refeições 31
Figura 8- Freqüência dos alimentos citados no desjejum 32
Figura 9- Freqüência dos alimentos e produtos alimentícios consumidos
no intervalo escolar
32
Figura 10 - Quantidade de água (ml) ingerida por dia 33
Figura 11 – Freqüência de funcionamento intestinal. 33
Figura 12 – Com quem os adolescentes almoçam 34
Figura 13 – Com quem os adolescentes jantam. 34
Figura 14 – Local onde os adolescentes almoçam 35
Figura 15 –
Local onde os adolescentes jantam 35
Figura 16 – Como os adolescentes almoçam 36
Figura 17 – Como os adolescentes jantam 36
Figura 18 – Freqüência alimentar por grupos de acordo com função para
adolescentes com excesso de peso
38
Figura 19 – Estado nutricional e escolaridade do mantenedor da família para
adolescentes com excesso de peso
39
Figura 20 – Estado nutricional e preferência de atividade no tempo livre para
adolescentes com excesso de peso
39
Figura 21 – Como os adolescentes com excesso de peso almoçam 40
Figura 22 – Como os adolescentes com excesso de peso jantam 41
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1 REVISÃO DA LITERATURA ............................
......................................................
13
1.1 DEFINIÇÃO DE ADOLESCENCIA E PUBERDADE ............................................
13
1.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL ................................................................................ 14
1.3 CONCEITUAÇÃO DE OBESIDADE E SOBREPESO ...........................................
14
1.4 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ................................................ 15
1.5 FATORES QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS AO SURGIMENTO
DA OBESIDADE ......................................................................................................
16
1.6 RISCOS E MORBIDADES ASSOCIADOS À OBESIDADE ................................. 18
1.7 EPIDEMIOLOGIA DE SOBREPESO E OBESIDADE NA
ADOLESCÊNCIA .....................................................................................................
20
2 OBJETIVOS ................................................................................................................
22
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 22
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ....................................................................................... 22
3 MATERIAL E MÉTODO ..........................................................................................
3.1 SUJEITOS .................................................................................................................
3.2 LOCAL ......................................................................................................................
3.3 PROCEDIMENTOS ..................................................................................................
23
23
23
23
4 RESULTADO E DISCUSSÕES ................................................................................
4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS ADOLESCENTES EM RELAÇÃO À
ANTROPOMETRIA E FATORES ASSOCIADOS .................................................
4.2 AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES COM
EXCESSO DE PESO.................................................................................................
25
25
37
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 42
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 44
ANEXOS ......................................................................................................................... 47
11
INTRODUÇÃO
A obesidade constitui-se em importante desvio nutricional, tornando-se um dos
problemas mais graves de Saúde Pública tanto na vida adulta quanto na infância e
adolescência. O crescimento acentuado de sua prevalência nas últimas décadas,
inclusive em países em desenvolvimento, fez com que fosse considerada uma epidemia
global.
No Brasil, o estudo encomendado pelo Ministério de Saúde, em pesquisa
realizada no segundo semestre de 2007 nas capitais dos 26 estados do país e no Distrito
Federal, detectou que o percentual de pessoas acima do peso no país é de 43,4% na
população adulta. Na capital do estado de Mato Grosso – Cuiabá, foi encontrada a maior
parcela de adultos com excesso de peso (49,7%) e, em Palmas, capital do estado do
Tocantins, a menor parcela (33,4%).
Em algumas cidades brasileiras, a prevalência de sobrepeso e obesidade se
aproxima de 30% na faixa etária entre 6 a 14 anos.
A ascensão da prevalência de sobrepeso e obesidade é fato recente e está sendo
denominado de transição nutricional, em que a prevalência de baixo peso está sendo
substituída por excessos ponderais. A origem dessa transição está associada à
diminuição do gasto energético dos indivíduos ou à maior ingestão energética. Nos
países em desenvolvimento, podem-se observar tendências simultâneas de aumento do
sedentarismo e deterioração dos padrões alimentares.
O sedentarismo pode estar associado à situação de insegurança proporcionada
pela violência urbana, onde pais ou responsáveis evitam que crianças e adolescentes
exerçam atividades externas ao ambiente doméstico, então disponibilizam
entretenimentos como televisão, jogos eletrônicos e internet, desencadeando atividades
passivas de lazer que demandam gasto energético bastante reduzido. No que se refere à
alimentação, apesar das dificuldades financeiras vividas por grande parte da população,
nas últimas décadas houve um incremento no consumo de alimentos industrializados em
todas as classes sociais. Esse quadro se configura por aumento na aquisição de produtos
com grande concentração de açúcares e gorduras e no declínio nas compras de
leguminosas, hortaliças e frutas, caracterizando, assim, alterações negativas nos padrões
alimentares.
12
No entanto, as causas associadas ao sobrepeso e obesidade infanto-juvenil são
bastante complexas e estão longe de esclarecer a questão, porém dois mecanismos
podem ser responsabilizados por esse fato, ou seja, a diminuição do dispêndio
energético, devido à redução da atividade física e o aumento de ingestão energética.
A obesidade é uma doença crônica que envolve fatores sociais,
comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos que
contribuem para o desencadeamento de doenças crônicas e incapacitantes. Está
associada à hipertensão arterial, às dislipidemias, à osteoartrite, às alterações
respiratórias, à diabetes e a alguns tipos de câncer. Embora se tenha conhecimento de
que os efeitos deletérios à saúde devido ao maior acúmulo de peso corporal não sejam
os mesmos entre adultos e indivíduos mais jovens; crianças e adolescentes com
sobrepeso ou obesidade apresentam maior número de fatores de risco predisponentes a
distúrbios cardiovasculares. Portanto, a prevalência de sobrepeso e obesidade em
populações jovens pode tornar-se importante preditor de saúde presente e futura.
Valorizando a necessidade de investigação que vise associar fatores relacionados
à prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes, como nível socioeconômico,
atividades físicas, omissão, composição e ambiência das refeições e escolhas
alimentares, este estudo torna-se relevante na determinação desses fatores e na
orientação de ações de prevenção e recuperação do estado nutricional da população em
questão.
Considerando que o estudo foi realizado em ambiente escolar, viabiliza não
ações educativas, mas também ações de facilitação do desenvolvimento pessoal que
promovam competências que permitam aos adolescentes preferir comportamentos
alimentares saudáveis e intervenham, também, nos hábitos alimentares de seus
familiares. Essa competência é possível através da participação ativa do adolescente no
processo de decisão e implementação das ações, interferindo de maneira efetiva no
controle de peso, reduzindo o risco de co-morbidades associadas ao excesso de peso e
otimizando, assim, o processo de promoção da sua saúde e a da comunidade em que
está inserido.
13
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 DEFINIÇÃO DE ADOLESCÊNCIA E PUBERDADE
A adolescência e puberdade devem ser estudadas associadamente, pois a
adolescência é referida como um período de extrema relevância dentro do processo de
crescimento e desenvolvimento, através de transformações de ordem social, psicológica
e fisiológica que se associam às transformações físicas e biológicas da puberdade
(FERRIANI e SANTOS, 2001).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, adolescente é o indivíduo que se
encontra dentro da faixa etária de 10 e 20 anos de idade. No Brasil o Estatuto da Criança
e do Adolescente estabelece a faixa etária de 12 a 18 anos. A adolescência é uma etapa
do processo de crescimento e desenvolvimento humano, onde se observam rápidas e
substanciais mudanças na vida e nos corpos infantis que abrangem um acentuado
crescimento pondo-estatural, surgimento de novas formas físicas e estéticas,
transformações no funcionamento orgânico e construção de novas relações refletindo na
formação de modos de pensar e se comportar (MANDU, 2001).
Barbosa, Franceschini e Priori (2006) definem puberdade como um processo
fisiológico de maturação hormonal e crescimento somático que torna o organismo apto
a se reproduzir. Ocorrem, durante a puberdade, alterações na produção de hormônios
que são responsáveis pelas modificações morfológicas do período puberal. Essas
modificações morfológicas iniciam-se pelo aparecimento das características sexuais
secundárias, seguindo-se da modificação da massa corporal magra, distribuição da
gordura corporal, aceleração da velocidade de crescimento (estirão puberal) e a fusão
das epífises ósseas com a parada do crescimento.
Na adolescência, ocorre o desenvolvimento dos processos de crescimento e de
maturação, tanto do ponto de vista somático como do psicológico. A demanda
nutricional desse período é bastante elevada e, por esta razão, a nutrição desempenha
função primordial no desenvolvimento do adolescente, sendo que, quando na ocorrência
de ingestão inadequada, poderá influenciar negativamente na sua estatura e massa
corporal (ALBANO e SOUZA, 2001).
14
1.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL
Os padrões dietéticos e nutricionais de populações estão em significativas
transformações. Esse fato está sendo denominado transição nutricional, que se
caracteriza pela ascensão da obesidade em detrimento de estados ponderais deficientes
(BRASIL, FISBERG e MARANHÃO, 2007).
Desde 1960, tem-se observado um aumento progressivo da prevalência de
obesidade em diversas populações do mundo, chegando a taxas alarmantes nos Estados
Unidos. Diversas explicações podem ser atribuídas a este fato, dentre elas fatores
ambientais, mudanças das características genéticas, assim como a interação desses
fatores. Alterações genéticas, porém, não são características do período, podendo assim
atribuir essa transição principalmente a fatores ambientais (VASCONCELOS e SILVA,
2003). Exatamente, não se sabe quanto o aspecto ambiental interfere no aumento da
incidência de obesidade em relação ao aspecto genético. O aspecto genético pode-se
manifestar a partir do ambiente em que se vive desde que se tenha acesso ao alimento.
Algumas estimativas apontam que as condições ambientais contribuem em um terço das
variações no tamanho corpóreo e o efeito da genética pode ser indireto desencadeado
por tais fatores ambientais (DAMIAMI, DAMIAMI e OLIVEIRA, 2005).
Para Soar et al. (2004), as condições de vida das populações têm melhorado
muito em decorrência dos avanços positivos nas condições higiênicas e sanitárias,
principalmente das populações urbanas. Essas condições, associadas a mudanças de
comportamento, destacando-se o comportamento alimentar, caracterizado pela alta
ingestão calórica e à diminuição do gasto energético proporcionado pelas condições da
vida moderna, estão desencadeando uma tendência de prevalência de sobrepeso e
obesidade. No Brasil, essa prevalência é variável nas diferentes regiões demográficas,
classes sociais, faixas etárias e sexo (MENDONÇA e ANJOS, 2004).
1.3 CONCEITUAÇÃO DE OBESIDADE E SOBREPESO
A obesidade pode ser definida como um excesso de gordura corporal,
regionalizado ou generalizado, em relação à quantidade de massa magra existente, e o
15
sobrepeso como um excesso de peso em relação ao peso ideal. O aumento da gordura
corpórea pode ser causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas, ou por
alterações nutricionais através do desequilíbrio crônico entre a energia ingerida e a
consumida (FISBERG, 2005). A elevação marcante de células adiposas é verificada em
obesos humanos. Quando o indivíduo perde peso, o tamanho dessas células diminui,
mas o número permanece alto. Quanto mais precoce a ocorrência da obesidade, maior é
o número de células adiposas encontradas, se comparada à obesidade que ocorre em um
período mais tardio. O estímulo para o aumento das células adiposas pode ser
desencadeado por estímulos nutricionais, endócrinos, comportamentais, genéticos ou
associação dessas combinações (WAITZBERG, 2004). Então, pode-se dizer que a
obesidade é uma doença endócrino-metabólica, crônica, heterogênea e multifatorial.
Segundo Escrivão et al. (2000), em estudo sobre a obesidade exógena em
crianças e adolescentes, a maior parte dos casos de obesidade (95 a 98%) é decorrente
do balanço positivo de energia em relão ao gasto calórico, que pode ser denominada
obesidade exógena ou nutricional. Os outros casos (2 a 5%) seriam decorrentes de
alterações endógenas como as síndromes genéticas, tumores ou distúrbios endócrinos.
Portanto, o fato que leva a este acúmulo energético parece ser multifatorial e, também,
as conseqüências metabólicas que podem ser desencadeadas (FISBERG, 2005).
1.4 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1998), a classificação de
soprepeso e obesidade pode ser realizada utilizando-se o Índice de Massa Corporal
(IMC), que se baseia na relação peso/altura² para avaliar se a pessoa adulta é ou não
obesa. Um indivíduo entre 25 e 30kg/m² é classificado com sobrepeso e, a partir de
30kg/m², o indivíduo pode ser considerado obeso. O resultado do IMC também é um
indicativo de risco de co-morbidade como sugere a Tabela 1.
16
Tabela 1: Classificação de Sobrepeso e Obesidade e Risco de Co-morbidade
IMC Risco de Comorbidade
Eutrofia 18,5 – 24,9 Médio
Sobrepeso ou pré-obesidade 25 – 29,9 Aumentado
Obesidade grau I 30 – 34,9 Moderado
Obesidade grau II 35 – 39,9 Severo
Obesidade grau III ≥ 40 Muito severo
Fonte: WHO (1998)
O IMC é bastante utilizado para aferição de estado nutricional, sobretudo em
estudos populacionais devido ao baixo custo e simplicidade de realização, sendo,
também, convenientemente utilizado em adolescentes. Segundo Dietz (2003), medidas
do peso e altura não medem diretamente a adiposidade, mas o uso de IMC pode
fornecer uma medida mais direta do efeito da gordura aumentada sobre o peso. Para
crianças e adolescentes, existem diferentes classificações do estado nutricional de
acordo com os percentis de IMC, como Frisancho (1990) e WHO (1995) como mostra a
Tabela 2.
Tabela 2: Classificações do estado nutricional de acordo com os percentis de IMC
Frisancho, 1990 WHO, 1995
<5 baixo peso <5 baixo peso
5 – 15 risco para baixo peso
-
15 – 85 eutrofia 5 – 85 eutrofia
85 – 95 sobrepeso 85 – 95 sobrepeso
≥ 95 obesidade ≥ 95 obesidade
Fontes: Frisancho (1990) e WHO (1995)
1.5 FATORES QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS AO SURGIMENTO DA
OBESIDADE
É sabido que o excesso de peso corporal decorre do desequilíbrio entre oferta e
demanda energética, porém, vários aspectos podem estar desencadeando essa situação.
Terres et al. (2006) observaram, em relação à escolaridade do adolescente, uma
tendência de associação negativa significativa, ou seja, adolescentes com menor nível
de instrução apresentam maior chance de sobrepeso e obesidade. Outro aspecto
importante pode ser a mudança de hábito de substituir refeição organizada realizada em
ambiente adequado por lanches rápidos. Esse comportamento é usualmente observado
17
em adolescentes que, em fase de auto-afirmação econômica ou social, espera
reconhecimento por parte do grupo do qual faz parte. É comum o consumo de alimento
industrializado e fast food por parte dos adolescentes que vêem nessa atitude a conquista
de status.
O estudo da obesidade em um país em crise financeira e pessoal a princípio
parece irrelevante, no entanto, a incidência cada vez mais presente entre classes
economicamente desprivilegiadas, assim como nas mais abastadas, denota relevância
(CANO et al. 2005).
Magalhães e Mendonça (2003) encontraram associação de sobrepeso e/ou
obesidade em meninos da região Nordeste em relação ao número de pessoas por
domicílio. A maior prevalência foi encontrada em domicílios com até quatro pessoas. É
possível que aconteça um aumento do consumo alimentar per capita em função do
número reduzido de moradores.
O fato de omitir refeições, principalmente o desjejum, e o freqüente consumo
de refeições rápidas podem ser considerados comportamentos importantes na
determinação da prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes. Segundo
Fonseca, Sichieri e Veiga (1998), em trabalho intitulado “Fatores associados à
obesidade em adolescentes”, constataram uma diferença significante entre adolescentes
classificados como normais e com sobrepeso, do sexo masculino, em relação à
freqüência diária de desjejum, entretanto a diferença para meninas não foi significante,
embora a omissão dessa refeição seja mais freqüente.
Triches e Giugliani (2005) encontraram associação entre obesidade e a
omissão do desjejum e a baixa freqüência do consumo de leite, em tentativa equivocada
de reduzir calorias. Quando o desjejum é realizado, sugere menor ingestão de gorduras
na dieta por evitar o consumo de lanches mais energéticos. Através do desjejum ocorre
um maior consumo de grãos, frutas e produtos lácteos.
Terres et al. (2006) em estudo realizado na cidade de Pelotas (Rio Grande do
Sul), constataram maior prevalência de sobrepeso em adolescentes cujas mães haviam
estudado 9 anos ou mais, porém, a situação foi diferente em relação a prevalência da
obesidade. No entanto, Oliveira et al. (2003) observaram uma associação positiva com a
obesidade e elevada escolaridade dos pais em Feira de Santana (Bahia).
O aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade também pode estar
associado ao excessivo sedentarismo condicionado por redução na prática de atividade
física e incremento de hábitos que não demandam gasto energético. As inovações
18
tecnológicas do mundo moderno, proporcionando a utilização de TV, telefones, vídeo
games e computadores, acessíveis a determinadas classes econômicas, conduzem a um
estilo de vida sedentário. Oliveira et al. (2003) detectaram associação significativa entre
horas despendidas assistindo à televisão e prevalência de sobrepeso e obesidade.
Para Pimenta (2001), entre as associações relacionadas ao surgimento da
obesidade, pode ser citado o hábito de assistir à televisão em detrimento da prática de
atividade física e/ou esportiva. O tempo disponibilizado para a prática de atividade
física equivale à metade do tempo gasto por crianças em relação ao tempo gasto
assistindo à televisão. Quando se assiste à televisão, é comum a ingestão de alimentos
com alto teor energético e, se o tempo disponível é ocupado por essa atividade, o gasto
energético que poderia acontecer através da atividade física não ocorre.
Segundo Mello, Luft e Meyer (2004), hábitos sedentários, como assistir à
televisão e jogar video game, faz com que o indivíduo tenha um menor gasto de energia
e conseqüentemente uma importante diminuição na taxa metabólica de repouso, fato
que pode influenciar a ocorrência de obesidade.
O excessivo tempo dedicado a assistir televisão pode ser utilizado na
identificação de crianças e adolescentes inseridos em estilos de vida que valorizam
hábitos alimentares inadequados e inatividade física. Confirmando essa afirmação,
pesquisas realizadas revelaram associação entre baixo consumo de frutas e hortaliças
com elevada audiência de TV, bem como ingestão insuficiente de vitamina C e
distribuição inadequada de macronutrientes (WONG et al, 1992).
De acordo com Frutuoso, Bismarck-Nasr e Gambardella (2003), o consumo
de alimentos ricos em carboidratos de rápida absorção e lipídios enquanto assistem à
TV pode indicar inadequada prática alimentar, permitindo, ao longo do tempo, o
desenvolvimento de sobrepeso.
1.6 RISCOS E MORBIDADES ASSOCIADOS À OBESIDADE
É bastante provável que o adolescente obeso permanecerá assim na idade
adulta e estará potencialmente sujeito ao desenvolvimento de diversas complicações
clínico-metabólicas e emocionais, encontradas em adultos obesos. Segundo Fisberg
(2005), quando a obesidade está presente na infância ou início da adolescência,
19
acarretará conseqüências importantes na idade adulta, mesmo que o indivíduo não
apresente mais excesso de peso. A formação de placas de ateromas arteriolares e
arteriais, é a principal ocorrência, que poderá resultar em aterosclerose mais
precocemente nesses indivíduos, que estará sujeito a outros fatores de riscos próprios da
idade adulta como dislipidemias, hipertensão arterial, tabagismo, estresse e
sedentarismo.
Segundo Carneiro et al. (2000), a obesidade está intimamente associada à
hipertensão arterial, sendo sugerido, como estratégia terapêutica para sua diminuição, a
redução de peso. A elevação de níveis de triglicerídeos e ácido úrico em obesos pode ser
encontrada antes da idade adulta. A hipertrigliceridemia não pode ser considerada fator
independente para risco de doença coronariana, no entanto, sua ocorrência está
associada a níveis reduzidos de HDL e ao aumento dos níveis de LDL, com maior poder
aterogênico, evidenciando-se o risco elevado para doença coronariana. O excesso de
peso também está relacionado à elevação dos níveis de ácido úrico e à ocorrência de
gota.
Strauss (2000) enfatiza que a obesidade em indivíduos por volta dos 14 anos
pode ter conseqüências prejudicais para sua auto-estima, embora não tenha mensurado
sua prevalência e magnitude. Pouco se sabe também a respeito dos efeitos sociais e
emocionais da reduzida auto-estima desses indivíduos. Fica claro que o excesso de peso
pode afetar a qualidade de vida dessa população, com conseqüências, além de
psicológicas, também sociais e econômicas.
O desejo de emagrecer, principalmente, em adolescentes do sexo feminino
induz um grande número de garotas a buscar fórmulas rápidas e não convencionais,
como as dietas da moda, visando à perda ponderal momentânea, que não se sustenta e a
adolescente acaba engordando novamente e repetindo a experiência com outra dieta,
ocasionando o efeito sanfona. Não é incomum o desenvolvimento de bulimia e anorexia
nervosa.
Segundo Fisberg (2005), a obesidade também pode acarretar complicações
ortopédicas em crianças como, por exemplo, hiperlordose lombar, pés planos,
osteocondrite do quadril, entre outras que, quando não diagnosticadas precocemente
tornam o processo permanente e incapacitante.
Outras complicações podem ocorrer em virtude da obesidade, dentre elas
anormalidades hepáticas que evoluem para esteatose hepática que, por sua vez, poderá
progredir para a cirrose. O refluxo gastroesofagiano provocado pela pressão intra-
20
abdominal maior de gordura abdominal visceral ou subcutânea é a maior causa de dor
abdominal (DIETZ, 2003).
Distúrbios respiratórios, provocando hipóxia, devido a aumento da demanda
ventilatória, aumento do esforço respiratório, diminuição da reserva funcional, síndrome
de Pickwicky, infecções, asma e apnéia do sono grave, que ocorre invariavelmente
associada ao ronco, podem desencadear uma arritmia cardíaca fatal. Neoplasias, com
maior freqüência de câncer de endométrio, mama, vesícula biliar, cólon, reto e próstata.
Além dessas, outras complicações menos graves, mas não menos importantes, como
alterações psicossociais e cutâneas, dentre elas, micoses, dermatites e piodermites
podem comprometer a condição do obeso (MELLO, LUFT e MEYER, 2004).
Fisberg (2005) conclui que os fatores de risco cardiovasculares
desencadeados pela obesidade representam maior risco vital, enquanto outros distúrbios
são responsáveis por disfunções que acarretarão a qualidade de vida do indivíduo.
1.7 EPIDEMIOLOGIA DE SOBREPESO E OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
A prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando em diferentes
regiões do mundo e nos mais diversos segmentos sociais, não somente em países ricos,
mas também nos em desenvolvimento. Esse fato tem causado grande preocupação entre
autoridades sanitárias e na população em geral (WHO, 1998). Segundo Fisberg (2005),
o sobrepeso e obesidade, nos países desenvolvidos, vêm aumentando não só em adultos,
mas também em crianças e adolescentes. Supõe-se que 20% das crianças norte-
americanas apresentam excesso de gordura corporal.
No Brasil não estudos nacionais atuais sobre a prevalência de sobrepeso e
obesidade, no entanto existem vários estudos em diferentes localidades e realidades
sociais.
Terres et al. (2006), analisaram adolescentes de 15 a 18 anos da zona urbana
no município de Pelotas (RS) entre 2001 e 2002, encontraram a prevalência de
obesidade da população estudada em 5% da amostra e 20,9% de sobrepeso. No ano de
2000, Silva et al. (2002) avaliaram adolescentes de 10 a 19 anos de uma escola pública
de Recife (Pernambuco) e constataram a prevalência de 5,7% de obesidade e 6,2% de
sobrepeso. Em relação à prevalência de obesidade, a diferença não foi tão significativa
21
quanto em relação ao sobrepeso. É possível que a diferença em relação ao sobrepeso
seja devido ao diferente desenvolvimento sócio-econômico entre as regiões,
favorecendo a maior prevalência na região mais desenvolvida.
O estudo realizado em 2002 por Soar et al. (2004), em crianças entre 7 e 9
anos na cidade de Florianópolis (Santa Catarina), detectou prevalência de 6,7% de
obesidade e 17,9% de sobrepeso; apesar de se tratar de idades diferentes, os resultados
não foram muito diferentes dos encontrados em adolescentes do município de Pelotas,
reforçando a idéia de maior prevalência de distúrbios nutricionais em regiões mais
desenvolvidas.
Magalhães e Mendonça (2003) constataram que, em regiões mais
desenvolvidas e urbanizadas, incide em maior a prevalência de sobrepeso e obesidade
em adolescentes de ambos os sexo, no entanto, quando estratificado por sexo, as
meninas não confirmam o comportamento. A prevalência de sobrepeso e obesidade em
meninos é maior na região Sudeste e menor na região Nordeste, fato inverso ocorre com
as meninas. Na região Sudeste a prevalência é maior na área urbana em relação à área
rural. Em ambas as regiões, observou-se maior prevalência de sobrepeso e obesidade em
meninos em função do aumento da renda, mas o mesmo não ocorreu entre as meninas.
A menor prevalência de sobrepeso e obesidade em meninas da região Sudeste sugere a
interferência de fatores culturais e sociais por se tratar de região de maior acesso a
informações de diversas formas, como mídia ou atendimentos de saúde.
Presume-se, então, que educação, nível de informação, fatores culturais e
comportamentais são aspectos que devem ser destacados na epidemiologia do sobrepeso
e obesidade (SILVA et al, 2002).
22
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Conhecer a prevalência de sobrepeso ou obesidade e fatores associados em
adolescentes de 10 a 15 anos, matriculados no ensino fundamental de escolas pública e
privada do município de Fernandópolis – São Paulo.
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Investigar possíveis fatores associados à prevalência de sobrepeso ou obesidade
tais como: fatores sócio-econômicos, prática de atividades físicas, omissão do desjejum,
utilização da merenda escolar, consumo de alimentos desnecessários, omissão e
composição das refeições das principais refeições e a ambiência das refeições.
23
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 SUJEITOS
Este trabalho consiste em estudo de caso sobre a prevalência de sobrepeso e
obesidade em adolescentes de ambos os sexos de 10 a 15 anos, matriculados em escolas
pública e privada do município de Fernandópolis. Para isso, foram avaliados o estado
nutricional dos mesmos e os possíveis fatores associados que possam interferir no
surgimento do sobrepeso e da obesidade.
Considerando que a participação dos adolescentes seria voluntária, optou-se por
convidar todos os alunos matriculados nas escolas definidas e, também, entregar-lhes o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Sua participação ficou
condicionada à apresentação do TCLE preenchido e assinado pelos pais ou
responsáveis, no momento agendado para a realização da coleta de dados.
3.2 LOCAL
O local de estudo refere-se a uma escola privada localizada próxima ao centro e
uma escola pública estadual situada no centro do município. A escolha por realizar o
estudo em uma escola pública e uma escola privada ocorreu em virtude de alguns
estudos indicarem resultados de avaliação nutricional contrastantes entre ambas. A
escola pública em questão foi escolhida por ser localizada na região central da cidade e
atende alunos de diversas regiões, pois se trata de instituição de ensino bastante
tradicional no município.
3.3 PROCEDIMENTOS
Antes de iniciar a pesquisa, foi solicitada à Dirigente Regional de Ensino
autorização para o desenvolvimento do trabalho na escola pública estadual (Anexo 2).
Após a assinatura da dirigente de ensino, foi solicitada autorização da diretora da escola
pública (Anexo 3). A autorização da escola privada foi dada pela diretora da instituição
(Anexo 3). Ambas as diretoras forneceram a lista de alunos matriculados. Como a
escola privada oferece aulas no período matutino, o estudo nas duas instituições
24
foi realizado com alunos matriculados nesse período, descartando a possibilidade de
interferência desse fator nos resultados.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), Anexo 1, foi enviado
aos pais ou responsáveis através dos alunos. Junto com o TCLE foi anexada uma carta
contendo esclarecimentos sobre o desenvolvimento da pesquisa e enfatizando sua
importância.
Antes de iniciar a coleta de dados, um estudo piloto para testar o questionário foi
aplicado a 16 alunos, sendo quatro de cada série escolar. Alguns termos do questionário
foram alterados para dar maior clareza à questão e garantir a fidedignidade das
respostas.
Para avaliar a interferência de fatores associados ao sobrepeso ou obesidade,
foram realizadas entrevistas abordando questões sócio-econômicas, práticas de
atividades físicas e questões relacionadas ao comportamento alimentar, conforme
Anexo 4.
A aplicação do questionário e as tomadas de medidas antropométricas (peso e
altura) foram realizadas no período de aula dos sujeitos em uma sala isolada de
interferência. Para aferição das medidas antropométricas, foi utilizada balança digital
Filizola com estadiômetro, modelo Personal, 8117/04. O peso foi coletado com os
indivíduos descalços, usando uniformes, sem agasalhos, em posição ortostática, com os
pés paralelos e braços ao lado do corpo. A altura foi mensurada com o indivíduo
descalço, usando uniformes, sem agasalhos, com os pés e pernas paralelos, braços ao
lado do corpo e com as palmas das mãos voltadas para o corpo; os calcanhares,
panturilhas, glúteos, escápulas e região occipital alinhados e a cabeça no plano de
Frankfurt.
Para a classificação do estado nutricional, foi utilizado o índice de massa
corporal (IMC). A classificação do estado nutricional foi conferida através do Percentil
de IMC/idade/sexo de acordo com os pontos de cortes sugeridos pelo Center for Disease
Control Prevention and Health Promotiom (2000).
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de
Franca – Unifran, Processo n. 081/07, Anexo 5.
25
4 RESULTADO E DISCUSSÕES
4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS ADOLESCENTES EM RELAÇÃO À
ANTROPOMETRIA E OS FATORES ASSOCIADOS
São apresentados a seguir os dados da avaliação antropométrica e
posteriormente os possíveis fatores associados à obesidade e ao sobrepeso de
adolescentes matriculados nas escolas que participaram da pesquisa.
Foram avaliados 94 estudantes com idades entre 10 anos completos e 15 anos
incompletos, sendo 70 indivíduos (74%) do sexo feminino e 24 (26%) do sexo
masculino; desse total (n=94), 45 alunos freqüentam a escola pública, e 49 freqüentam a
escola privada. O universo estudado está representado na Figura 1. Por se tratar de
participação voluntária, observou-se que a participação feminina foi significativamente
maior, possivelmente pelo fato de que, questões relacionadas a medições corporais
serem consideradas pelos meninos como preocupações eminentemente femininas.
Figura 1- Distribuição dos adolescentes quanto ao sexo (n=94)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Pública
Privada
TOTAL
feminino
masculino
26
Com o intuito de conhecer o perfil antropométrico da população estudada, foi
calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) da população total, e o parâmetro utilizado
de acordo com o sexo foi de Percentil de IMC/idade/sexo, organizado em classes quanto
ao estado nutricional conforme o padrão de referência do NCHS (2000) e classificação
de Frisancho (1990). A escolha de classificar sujeitos por Frisancho (1990) se deu ao
fato de que, nesta classificação, existe uma categoria a mais denominada risco para
baixo peso (Percentil entre 5 15) quando comparada com a classificação da
Organização Mundial da Saúde de 1995, possibilitando visualizar estudantes em risco
nutricional.
Os resultados encontrados em relação ao estado nutricional na escola pública
demonstram que 40% encontram-se eutróficos, 7% com baixo peso (BP), 18% com
risco para baixo peso (RPBP), 20% com sobrepeso e 15% obesos. Na escola privada
constatamos que a maioria dos estudantes encontra-se eutrófica, 63%. No entanto a
porcentagem de estudantes com sobrepeso e obesidade somadas (24%) é o dobro da
porcentagem classificada como baixo peso e risco para baixo peso (12%). O valor
encontrado para obesidade foi de 8% e o sobrepeso apareceu em 16%. Foram
encontrados 6% com baixo peso (BP) e risco para baixo peso (RPBP), para ambas as
classificações. É interessante observar que os valores em relação aos distúrbios
nutricionais, tanto para deficiência quanto para excesso, é mais significativo na escola
pública. Analisando o estado nutricional geral, somando as duas escolas, detectamos
que 6% dos estudantes se encontram com baixo peso (BP), 12% com risco para baixo
peso (RPBP), 52% eutróficos, 18% com sobrepeso e 12% obesos. A Figura 2 representa
esses valores.
27
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
ESCOLA PÚBLICA ESCOLA PRIVADA TOTAL
BP RPBP Eutrófico Sobrepeso Obesidade
Figura 2 - Classificação do estado nutricional dos adolescentes (n=94)
Vasconcelos e Silva (2003) afirmam que a obesidade não é um fenômeno
recente, sendo que uma tendência de ascensão da obesidade e também de sobrepeso,
tanto nos países desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento. Alguns aspectos
são comuns no desencadeamento dessa transição nutricional, podendo ser observados
em cada país ou região do mundo, sendo eles o declínio no dispêndio de energia, dieta
rica em gordura, consumo aumentado de alimentos refinados e redução da ingestão de
carboidratos completos e fibras (BRASIL et al, 2007).
O excesso de peso é o problema nutricional mais prevalente nos Estados Unidos,
chegando a ser observado em até 47% na faixa etária de 6 a 19 anos. No Brasil, na faixa
etária pediátrica encontra-se a prevalência de excesso de peso entre 10,8% a 33,8% nas
diferentes regiões (BRASIL et al, 2007). Os dados encontrados em Fernandópolis-SP
corroboram os encontrados no Brasil, aproximando-se dos níveis máximos encontrados,
mas relativamente distante e menores do que a realidade norte-americana.
Terres et al. (2006) demonstraram, em estudo na cidade de Pelotas-RS, que a
prevalência de sobrepeso e obesidade foi de 5% e 20,9% respectivamente em
adolescentes da zona urbana.
Em Recife-PE, Silva et al (2002) encontraram prevalência de 5,7% de obesidade
e 6,2% de sobrepeso em adolescentes de escola pública.
Neste estudo, quanto ao estado nutricional, é possível avaliar que os achados
estão mais próximos aos encontrado por Terres et al. (2006), em que pode ser observada
uma diferença significativa entre a prevalência de sobrepeso (20,9%) e obesidade (5%).
28
Esse fato pode indicar que, em regiões mais desenvolvidas, onde existem maiores
condições de aquisição e escolha de alimento, como no caso das regiões Sul e Sudeste,
estejam favorecendo a maior prevalência principalmente de sobrepeso. Corroborando tal
achado, Soar et al. (2004) detectaram a prevalência de 6,7% de obesidade e 17,9% de
sobrepeso em crianças de 7 a 9 anos em Florianópolis-SC, ou seja, apesar de se tratar de
faixa etária diferente, os resultados foram próximos dos encontrados em Pelotas-RS e
Fernandópolis-SP.
Quando à avaliação do estado nutricional estratificada por sexo neste estudo,
alguns itens de prevalência revelam algumas alterações como mostra a Figura 3.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
BP RPBP Eutrófico Sobrepeso Obesidade
Feminino Masculino
Figura 3 - Classificação do estado nutricional estratificado por sexo.
As diferenças de prevalência encontradas entre o sexo feminino e masculino
foram relativamente pequenas e, quando se avaliam o excesso de peso, sobrepeso e
obesidade juntos, verifica-se um percentual de 32% no sexo feminino e 29% no sexo
masculino, indicando prevalência semelhante para ambos os sexos. No entanto,
Magalhães e Mendonça (2003) constataram maior prevalência de sobrepeso e obesidade
em regiões mais desenvolvidas e urbanizadas em ambos os sexos, mas, quando
estratificados, observaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade em meninas da
região Nordeste e maior prevalência em meninos da região Sudeste, diferentemente dos
dados encontrados neste estudo.
29
No que se refere ao grau de escolaridade, por se tratar de escola privada e escola
pública localizada no centro da cidade, é grande o número de mantenedor da família
com ensino superior. A porcentagem de famílias cujo mantenedor possui nível superior
foi de 50%; 36% com ensino médio, 8,5% com ensino fundamental 2 (5ª a 8ª série), 4%
com ensino fundamental 1 (1ª a série) e um caso de analfabeto (1%). A figura 4
apresenta tais dados.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Analfabeto Ensino Fundamental 1 Ensino Fundamental 2 Ensino Médio Ensino Superior
Figura 4 - Escolaridade do mantenedor da família.
Em relação ao número de pessoas que moram na mesma casa, incluindo o
adolescente, verificou-se que em 7,5% moram 1 ou 2 pessoas, em 71% moram de 3 ou 4
pessoas, em 19% moram 5 ou 6 pessoas e somente 2% moram 6 pessoas ou mais. A
figura 5 apresenta esses dados.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
1 a 2 3 a 4 5 a 6 > 6
Figura 5 - Número de pessoas por domicílio.
30
Quando os participantes da pesquisa foram questionados se, além da educação
física, praticavam alguma atividade física, 70% responderam que sim e somente 30%
responderam não. No entanto, quando questionados sobre o que prefere fazer no seu
tempo livre, o item “jogar vídeo-game, ver TV e usar computador” foi citado por 55
vezes, “prática de esporte”, 20 vezes, “brincar na rua”, 16 vezes, “descansar” sete vezes
e “outras” 11 vezes. O item “outras” foi especificado na maioria das vezes como sendo
estudar. Esses dados estão representados na Figura 6.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Brincar na rua Videogame, TV e Computador Descansa Prática de Esporte Outros
Figura 6 - Preferências de atividades no tempo livre.
O fato da atividade video-game, TV e computador” ter sido a preferência da
maioria dos adolescentes, chama a atenção se for considerado que essas atividades
demandam pequeno gasto energético e substituem as atividades que demandam maior
gasto energético. Ocorre, também, que, quando se opta por tais atividades, se associa a
elas a ingestão de alimentos de alto teor calórico e baixo valor nutritivo, tais como
biscoitos recheados, salgadinhos industrializados, chocolates ou refrigerantes,
contribuindo, assim, para o aumento de peso do adolescente. É notória a relação de
redução de gasto energético e a ascensão da prevalência de sobrepeso e obesidade.
A omissão de refeições e, particularmente, do desjejum, é prática
freqüentemente adotada por adolescentes. Alterações nos horários de dormir fazem com
que o adolescente tenha tendência de omitir o desjejum e compensar essa refeição com a
colação, substituindo alimentos mais saudáveis, que poderiam constituir o desjejum, por
31
alimentos de menor valor nutricional encontrados nas cantinas escolares. A omissão do
desjejum foi mais significativa do que a omissão de almoço e jantar na população
investigada. Dentre as três refeições principais (desjejum, almoço e jantar), o desjejum
foi a refeição em que a freqüência de omissão foi maior, sendo que 74% dos
adolescentes realizam essa refeição. As freqüências do almoço e jantar foram,
respectivamente, de 97% e 95%. A colação foi citada por 62% dos adolescentes, 70%
realizam o lanche da tarde e 15% outras refeições. A figura 7 ilustra esses dados.
Figura 7 - Freqüência de realização das refeições.
A composição dos alimentos que fazem parte do desjejum mostra que a maioria
dos adolescentes tem a refeição composta por alimentos predominantemente energéticos
e construtores, sendo as frutas, representando os alimentos reguladores, citadas em uma
proporção significativamente menor, como se pode verificar na Figura 8.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Pública
Privada TOTAL
desjejum
colação almoço lanche
jantar
outra
32
Figura 8 - Freqüência dos alimentos citados no desjejum.
Os alimentos mais consumidos no intervalo escolar revelaram a preferência por
salgados assados em detrimento dos alimentos fritos, no entanto, a freqüência com que
o refrigerante e refresco artificial foram citados é preocupante. Essa freqüência no
consumo de tais bebidas na escola pública pode estar associada à falta de opção na
cantina escolar, o que não ocorre na instituição privada. Um detalhe bastante importante
é a baixa freqüência com que as frutas foram citadas, atentando para o hábito alimentar
não ser adequado. A merenda escolar (especificada no item outros) foi citada por 51%
dos alunos da instituição pública. A Figura 9 apresenta a freqüência dos alimentos ou
produtos alimentícios consumidos no intervalo escolar das duas instituições de ensino.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Pública Privada Total
Salgado assado Sucos naturais Barra de cereais Pão de queijo
Salgado frito Refresco artificial Frutas Biscoito recheado
Sanduíche natural Refrigerante Guloseimas/doces Merenda Escolar
Outros
Figura 9 - Freqüência dos alimentos e produtos alimentícios consumidos no intervalo
escolar.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Pública
Privada
Total
Pão
Biscoito simples Queijo
Margarina ou manteiga
Requeijão cremoso
Frutas
Leite puro
Leite com achocolatado
Leite com café
Leite com cereais Café
Outros
33
O consumo de água encontrado foi abaixo do esperado se considerado o fato de
se tratar de uma região com temperaturas altas quase o ano todo. Apenas 17% tem
consumo acima de 2000ml por dia e 33% consomem entre 1000 e 1500ml por dia. A
figura 10 apresenta os dados encontrados.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Menos de 500ml Entre 500 e 1000ml Entre 1000 e 1500ml Entre 1500 e 2000ml Mais de 2000ml
Figura 10 - Quantidade de água (ml) ingerida por dia.
Analisando a freqüência do funcionamento intestinal, pode-se observar que 30%
dos adolescentes não evacuam diariamente; no entanto não se pode afirmar que se trata
de constipação intestinal. Contudo, a freqüência não diária pode ser indicativo de baixa
ingestão de fibras e aumento de ingestão de alimentos refinados juntamente com a baixa
ingestão de água e pouca atividade física. A Figura 11 representa esses dados.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Diariamente Cada 2 a 3 dias 1x Semana Menos 1x Semana
Figura 11 – Freqüência de funcionamento intestinal.
34
A ambiência das principais refeições, almoço e jantar, pode significar modos de
se comportar que interferem na ingestão adequada de alimentos. É importante que a
refeição seja realizada na presença de pessoas que se quer bem, tornando assim a
refeição um momento de confraternização e não somente um ato para satisfazer
necessidades fisiológicas. A freqüência de adolescentes que realizam as principais
refeições, almoço e jantar, com seus pais foi significativa, com predominância maior no
jantar, certamente em virtude de muitos pais não estarem em casa na hora do almoço.O
item “outros” foi citado como sendo amigos ou vizinhos. As Figuras 12 e 13 ilustram
esse fato.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Sozinho Com os Pais Com Irmãos Outros Outros Familiares Funcionário da Residência
Figura 12 – Com quem os adolescentes almoçam.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Sozinho Com os Pais Com Irmãos Outros Outros Familiares Funcionário da Residência
Figura 13 – Com quem os adolescentes jantam.
35
O local onde se realizam as refeições pode interferir na quantidade de alimentos
que serão consumidos. É comum, quando se está assistindo à televisão ou realizando
alguma outra atividade enquanto se alimenta, ocorrer uma ingestão aumentada de
alimentos e, conseqüentemente, maior ingestão calórica. Nessas circunstâncias, o foco
de atenção é a atividade que está sendo exercida e, por conseqüência, não é dada a
devida atenção ao ato de se alimentar. Na amostra estudada, verificou-se que a
freqüência dos indivíduos que realizam as refeições principais, almoço e jantar, na sala
de TV, foi 19% e 34% respectivamente, ou seja, no jantar ocorre uma freqüência
significativamente maior de sujeitos que realizam tais refeições na sala de TV, como
ilustrado nas Figuras 14 e 15.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Cozinha Sala de Jantar Sala de TV Quarto Outros
Figura 14 – Local onde os adolescentes almoçam.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Cozinha Sala de Jantar Sala de TV Quarto Outros
Figura 15- Local onde os adolescentes jantam.
36
Quando questionados sobre como eram realizadas as principais refeições,
verificou-se que no almoço a freqüência dos que realizam a refeição conversando” foi
relativamente maior que no jantar, sendo essa maneira de realizar as refeições
substituídas por “assistindo TV”. Foi observado que 36% dos adolescentes realizam o
jantar assistindo à TV, podendo assim desencadear uma ingestão calórica acima da
necessária, principalmente em relação ao horário que esta refeição é realizada, quando
quase não ocorre mais gasto energético e a refeição deveria oferecer,
proporcionalmente, menor valor calórico. As Figura 16 e 17 apresentam estes dados.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Assistindo TV Usando Computador Conversando Outros
Figura 16 – Como os adolescentes almoçam.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Assistindo TV Usando Computador Conversando Outros 0
Figura 17 – Como os adolescentes jantam.
37
4.2 AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES COM
EXCESSO DE PESO.
Para avaliação dos adolescentes diagnosticados com sobrepeso ou obesidade e
fatores associados foram agrupadas ambas as classificações para facilitar a discussão em
apenas como adolescentes com excesso de peso. Alguns dos fatores analisados
anteriormente que demonstraram ser relevantes na determinação do excesso de peso
serão discutidos.
Analisando a freqüência alimentar dos 28 sujeitos com excesso de peso, pode-se
observar que tanto os alimentos necessários (cereais, leguminosas, carnes, hortaliças e
frituras), quanto os desnecessários (salgadinhos, doces e refrigerantes) são citados como
consumidos diariamente ou freqüentemente, ou seja, os adolescentes não deixam de
consumir os alimentos básicos e importantes, mas também têm uma alta ingestão de
alimentos ricos em açúcares e gorduras. Os alimentos foram agrupados por funções e
distribuídos em reguladores - compostos por verduras, legumes, frutas e suco de frutas,
construtor 1 composto por carne vermelha e carne branca, construtor 2 composto
por ovos e queijo/iogurte, construtor 3 composto por leguminosa, energético –
composto por pão, biscoito, arroz e macarrão, energia extra composto por frituras,
salgadinhos, salgadinhos industrializados, lanches, açúcar, chocolate, sorvete, leite
condensado, doces, refrigerantes, embutidos e ca. A combinação arroz com feijão foi
citada por 86% dos adolescentes. Macarrão e embutidos não foram produtos citados
com muita freqüência. A freqüência alimentar citada acima está representada na Figura
18.
38
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
REGULADORES
CONSTRUTOR 1
CONSTRUTOR 2
CONSTRUTOR 3
ENERGÉTICO
ENERGIA EXTRA
CA
Diariamente Frequentemente
(2 a 3 x semana)
Raramente
(-1 x semana)
Nunca
Figura 18 - Freqüência alimentar por grupos de acordo com função para alunos
com excesso de peso.
Em estudo realizado por Oliveira et al. (2003) em Feira de Santana – BA,
associaram-se níveis elevados de escolaridades do genitor ou genitora com a
prevalência de obesidade em crianças. Terres et al. (2006) associaram a prevalência de
sobrepeso em adolescentes em Pelotas – RS, com mães que haviam estudado nove anos
ou mais. Fato semelhante foi encontrado em Fernandópolis SP, onde dos 28 sujeitos
com sobrepeso ou obesidade, 57% relataram o mantenedor como tendo ensino superior,
28% com ensino médio, 7% com ensino fundamental 2 e 3,5% com ensino fundamental
1 e outro analfabeto. Os dados encontrados e demonstrados na Figura 19 denotam
associação positiva entre grau de escolaridade do mantenedor e estado nutricional do
adolescente. É importante ressaltar que na escola privada o maior número de
adolescentes com sobrepeso é observado quando o mantenedor possui ensino superior,
apesar de apresentar menos adolescentes nessa situação.
39
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Pública Privada Total
Analfabeto Ensino fundamental 1 Ensino fundamental 2 Ensino Médio Ensino Superior
Figura 19 – Estado nutricional e escolaridade do mantenedor da família para
alunos com excesso de peso.
O fato de morar em domicílio com até 4 pessoas parece estar positivamente
associado à prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes masculinos da região
Nordeste, segundo Magalhães e Mendonça (2003). Neste estudo, esse fato também pode
ser observado nos 28 adolescentes avaliados com excesso de peso: 93% moram em
domicílio com até quatro pessoas, ou seja, apenas 7% moram em domicílio com cinco
pessoas ou mais.
Quando os adolescentes acima do peso foram questionados sobre o que preferem
fazer no tempo livre, observou-se que a opção “jogar video-game, ver TV e usar
computador” foi citada 14 vezes e a opção “prática de esporte”, apenas 7 vezes, como
mostra a Figura 20.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Brincar na rua Videogame, TV e Computador Descansa Prática de Esporte Outros
Figura 20 – Estado nutricional e preferência de atividade no tempo livre dos
adolescentes com excesso de peso.
40
A associação de excesso de peso com a omissão do desjejum foi expressiva na
escola pública, no entanto o mesmo não ocorreu na escola privada. Na escola pública
foram classificados com sobrepeso ou obesidade 16 adolescentes, sendo que 50% destes
realizavam o desjejum e os outros 50% não faziam a refeição. Na escola privada, foram
detectados 12 adolescentes com excesso, e destes somente 25% não realizavam o
desjejum.
Dentre os adolescentes com excesso de peso da instituição pública, 44%
relataram fazer uso da merenda. É importante salientar que a merenda escolar é servida
na hora do intervalo e é constituída por alimentos normalmente utilizados no almoço,
como arroz, feijão, carne e salada, e via de regra os adolescentes realizam essa refeição
e também o almoço após 3 horas aproximadamente.
Interessante observar que muitos adolescentes com excesso de peso costumam
realizar as refeições principais “assistindo TV”; este fato é mais marcante na instituição
pública e preferencialmente no jantar, como pode ser observado nas Figuras 21 e 22.
Sendo assim, a ambiência das refeições poderia estar associada ao desencadeamento de
excesso de peso, particularmente em adolescentes.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Assistindo TV Usando Computador Conversando Outros
Figura 21- Como os adolescentes com excesso de peso almoçam.
41
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Escola Pública Escola Privada TOTAL
Assistindo TV Usando Computador Conversando Outros
Figura 22 – Como os adolescentes com excesso de peso jantam.
42
5 CONCLUSÃO
De acordo com os objetivos propostos, os resultados encontrados revelam
algumas tendências e confirmações.
O estado nutricional da população avaliada encontra-se em conformidade com a
realidade brasileira, apresentando sobrepeso e obesidade em níveis elevados, o que
causa relevante preocupação.
Considerando que o trabalho foi realizado em escola pública situada no centro
da sede do município e em escola privada, a associação entre excesso de peso e nível
socioeconômico pode ser observado, assim como ocorreu em outros estudos brasileiros.
A maior proporção de adolescentes com excesso de peso pode ser observada
quanto maior a escolaridade do mantenedor.
A preferência por atividades exercidas no tempo livre revela que os adolescentes
optam por atividades que demandam menos gasto energético.
A omissão do desjejum foi significativa na presença de excesso de peso nos
adolescentes da instituição pública, mas o fato não ocorreu na instituição privada.
Como a merenda escolar é servida no intervalo escolar, uma revisão na escolha
dos alimentos ou preparações servidas merece ser revistas, que os mesmos não estão
de acordo com o horário determinado para a referida refeição.
O estabelecimento da associação entre hábito alimentar e o excesso de peso não
foi bem estabelecida pois somente a freqüência alimentar foi investigada; para tal seria
necessário uma investigação também em relação à quantidade ingerida de todos os
grupos de alimentos. No entanto, é possível verificar, no grupo de adolescentes com
excesso de peso, que o consumo de alimentos desnecessários (salgadinhos, doces e
refrigerantes) foi citado com relativa freqüência como sendo utilizados diariamente ou
freqüentemente.
A ambiência das refeições pode ser significativa na determinação de excesso de
peso, principalmente, em relação ao fato de realizarem as refeições principais enquanto
assistem TV.
Pelos resultados encontrados, observa-se que a determinação do excesso de peso
não é resultante de um ou outro fator, mas sim de um conjunto de fatores associados.
Torna-se necessário então, o fornecimento de informações a fim de capacitar os
adolescentes na adoção de uma alimentação saudável e, também, de estilo de vida
43
adequado, provocando a promoção de saúde desse grupo populacional de grande
vulnerabilidade.
44
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sobrepeso” e “sobrepeso” em uma escola pública do Município de São Paulo. Cad.
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WHO (World Health Organization), 1995. Physical status: the use and interpretation of
anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva: WHO
47
ANEXOS
48
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96)
Eu, ________________________________, RG ______________, abaixo
qualificado(a), DECLARO para fins de participação em pesquisa, na condição de
representante legal do sujeito da pesquisa, que fui devidamente esclarecido do Projeto
de Pesquisa intitulado: “Fatores Associados ao Sobrepeso e Obesidade em
Adolescentes do Município de Fernandóplis - SP” desenvolvido pela aluna Angela
Maria Buosi Vidotti, do Curso Mestrado em Promoção de Saúde da Universidade de
Franca. Considerando que o excesso de peso em adolescentes pode comprometer a
saúde na vida adulta, esse trabalho tem como objetivo identificar a presença de excesso
de peso e/ou obesidade e conhecer os possíveis fatores que estão desencadeando esse
processo. Para isso, os adolescentes serão medidos e pesados e responderão a entrevista
que abordará alguns fatores que podem estar associados à presença de excesso de peso
e/ou obesidade, como nível de escolaridade familiar, atividades físicas individuais e
familiares e hábitos alimentares. A entrevista será realizada por mim ou entrevistadores
devidamente treinados, de forma sigilosa e sem nenhum constrangimento para o
participante. Informo, ainda, que será disponibilizado para o participante esclarecimento
antes e durante o curso da pesquisa sobre a metodologia aplicada. O representante legal
terá toda liberdade de não autorizar a participação do adolescente na pesquisa, bem
como retirar-se da mesma, sem nenhum constrangimento. Mesmo mediante a
autorização, o adolescente poderá recusar-se a participar e também nenhum
constrangimento será permitido. O nome do adolescente não aparecerá em nenhum
relatório ou trabalho resultante desta pesquisa.
DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo
pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto voluntariamente que meu
dependente legal participe desta pesquisa.
Fernandópolis, ____de ______________de 2008.
49
QUALIFICAÇÃO DO DECLARANTE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Objeto Pesquisa (Nome):................................................................................
RG:......................Data de nascimento:...... / ...... / ......... Sexo: . M ( ) F ( )
Endereço: .......................................................... nº .............. Apto: .............
Bairro:.................................Cidade:.................................Cep:...............Tel.:........
______________________________
Assinatura do Declarante
Representante legal:.............................................................................................
Natureza da Representação:
RG:.........................Data de nascimento:...... / ...... / ......... Sexo: M ( ) F ( )
Endereço: .......................................................... nº.................... Apto: ..............
Bairro:..............................Cidade:....................................Cep:...............Tel.:........
______________________
Assinatura do Declarante
DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR
DECLARO, para fins de realização de pesquisa, ter elaborado este Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cumprindo todas as exigências contidas
no Capítulo IV da Resolução 196/96 e que obtive, de forma apropriada e voluntária, o
consentimento livre e esclarecido do declarante acima qualificado para a realização
desta pesquisa.
Franca, _____ de _________________de 2007
______________________________
Angela Maria Buosi Vidotti
Pesquisadora
50
ANEXO 2
Fernandópolis, 01 de novembro de 2007
Prezada Senhora
Vimos, através deste, descrever o trabalho intitulado Prevalência de sobrepeso e
obesidade e fatores associados em adolescentes”, que deverá ser desenvolvido nas
Escolas Estaduais e Particulares onde são oferecidos de a séries do Ensino
Fundamental no município de Fernandópolis, que será desenvolvido por mim para
obtenção do título de mestre pela Universidade de Franca - UNIFRAN dentro do curso
de Mestrado em Promoção de Saúde, sob a orientação da Profa. Dra Lúcia Helena
Pelizer.
A etiologia do sobrepeso ou obesidade não está muito clara, no entanto, podemos
observar que os padrões dietéticos e nutricionais estão em significativas transformações
nas populações de um modo geral, e esse fato tem-se caracterizado através da
progressão da prevalência de sobrepeso e obesidade em detrimento de déficits
nutricionais (Andrade, 2006).
As causas associadas à obesidade parecem ser múltiplas e complexas, então, torna-se
necessária uma investigação que vise associar os fatores relacionados na determinação
da prevalência em adolescentes, de sobrepeso e obesidade.
Para a realização deste estudo, será necessária a realização de uma avaliação
antropométrica (peso e altura) e de uma entrevista aos indivíduos (adolescentes)
matriculados nas escolas descritas acima. Nessa entrevista, que será realizada por mim
ou por entrevistadores por mim devidamente treinados, serão abordados tópicos a
respeito de dados familiares como escolaridade, composição da família e,
principalmente, hábitos alimentares e de atividades físicas. Esses dados serão,
posteriormente, avaliados e a partir daí, podeo ser propostas intervenções visando
uma conduta mais adequada a esse grupo populacional.
É importante ressaltar que a participação do adolescente na pesquisa sevoluntária,
e nenhum constrangimento será permitido. O Projeto foi submetido ao Comitê de Ética
e Pesquisa da Universidade de Franca.
Então, solicitamos a autorização para a realização da pesquisa nas escolas de
Fernandópolis e, desde já, colocamos-nos à disposição para eventuais esclarecimentos.
Atenciosamente,
Angela Maria Buosi Vidotti Profa. Dra. Lúcia Helena Pelizer
Pesquisadora Orientadora
Ilma. Profª Adélia Menezes
DD. Dirigente Regional de Ensino de Fernandópolis-SP
51
ANEXO 3
Fernandópolis, 01 de novembro de 2007
Prezada Senhora
Vimos, através deste, descrever o trabalho intitulado Prevalência de sobrepeso e
obesidade e fatores associados em adolescentes”, que deverá ser desenvolvido nas
Escolas Estaduais e Particulares onde são oferecidos de a séries do Ensino
Fundamental no município de Fernandópolis, que será desenvolvido por mim para
obtenção do título de mestre pela Universidade de Franca - UNIFRAN dentro do curso
de Mestrado em Promoção de Saúde, sob a orientação da Profa. Dra Lúcia Helena
Pelizer.
A etiologia do sobrepeso ou obesidade não está muito clara, no entanto, podemos
observar que os padrões dietéticos e nutricionais estão em significativas transformações
nas populações de um modo geral, e esse fato tem-se caracterizado através da
progressão da prevalência de sobrepeso e obesidade em detrimento de déficits
nutricionais (Andrade, 2006).
As causas associadas à obesidade parecem ser múltiplas e complexas, então, torna-se
necessária uma investigação que vise associar os fatores relacionados na determinação
da prevalência em adolescentes, de sobrepeso e obesidade.
Para a realização deste estudo, será necessária a realização de uma avaliação
antropométrica (peso e altura) e de uma entrevista aos indivíduos (adolescentes)
matriculados nas escolas descritas acima. Nessa entrevista, que será realizada por mim
ou por entrevistadores por mim devidamente treinados, serão abordados tópicos a
respeito de dados familiares como escolaridade, composição da família e,
principalmente, hábitos alimentares e de atividades físicas. Esses dados serão,
posteriormente, avaliados e a partir daí, podeo ser propostas intervenções visando
uma conduta mais adequada a esse grupo populacional.
É importante ressaltar que a participação do adolescente na pesquisa sevoluntária,
e nenhum constrangimento será permitido. O Projeto foi submetido ao Comitê de Ética
e Pesquisa da Universidade de Franca.
Então, solicitamos a autorização para a realização da pesquisa nas escolas de
Fernandópolis e, desde já, colocamos-nos à disposição para eventuais esclarecimentos.
Atenciosamente,
Angela Maria Buosi Vidotti Profa. Dra. Lúcia Helena Pelizer
Pesquisadora Orientadora
Ilma. Profª Aida Romano Rolim Scatena
Diretora FEFteen
52
ANEXO 4
Nome: __________________________________________ Data: ___/___/_____
Escola: _______________________________________ Série: ________
Data de nascimento: ___/___/ _________ ldade: _________
Peso atual ______ Altura:______ IMC: ________
1) Quanto ao responsável pela família, qual a sua escolaridade?
( ) analfabeto ( ) ensino fundamental1 (1ª a 4ª) ( ) ensino fundamental 2 (5ª a
8ª) ( ) ensino médio ( ) ensino superior
2) Quantas pessoas moram com você? (incluindo vc)
( ) 1 a 2 ( ) 3 a 4 ( ) 5 a 6 ( ) mais de 6
3) O que você prefere fazer no seu tempo livre?
( ) brincar na rua ( ) jogar video-game , ver TV, computador ( ) descansa
( ) pratica algum esporte ( ) outros: ___________
4) Quais refeições você costuma fazer?
( )desjejum ( ) colação ( ) almoço ( ) lanche da tarde ( ) jantar
( )outra
5) Se realiza o desjejum, como é composto?
( ) pão ( ) leite puro
( ) biscoito simples (água e sal ou maisena) ( ) leite com achocolatado
( ) queijo ( ) leite com café
( ) margarina ou manteiga ( ) leite com cereais
( ) requeijão cremoso ( ) café
( ) frutas: __________________ ( ) outros: _________________
6) No intervalo escolar, qual alimento é mais consumido?
( ) salgados assados ( ) salgado frito ( ) sanduíche natural
( ) sucos naturais ( ) refresco artificial ( ) refrigerante
( ) barra de cereais ( ) frutas ( ) guloseimas/doces
( ) pão de queijo ( ) biscoito recheado ( ) outros: _____________
7) Com quem você faz as principais refeições?
Almoço: ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com os irmãos ( ) outros
( ) outros familiares (avós, tios) ( ) funcionária da residência
Janta: ( ) sozinho ( ) com os pais ( ) com os irmãos ( ) outros
( ) outros familiares (avós, tios) ( ) funcionária da residência
8) Onde você faz as refeições?
Almoço: ( ) cozinha ( ) sala de jantar ( ) sala de TV ( ) quarto ( ) outros
Janta: ( ) cozinha ( ) sala de jantar ( ) sala de TV ( ) quarto ( ) outros
9) Como você faz as refeições?
Almoço: ( ) assistindo TV ( ) usando computador ( ) conversando ( ) outros
Janta: ( ) assistindo TV ( ) usando computador ( ) conversando ( ) outros
53
10) Freqüência alimentar:
Alimentos Diariamente Freqüentemente
(2 a 3 x semana)
Raramente
(- 1 x semana)
Nunca
Verduras
Legumes
Frutas
Suco de frutas
Carne vermelha
Carne branca
Ovos
Queijo/iogurte
Pão/biscoito
Arroz
Macarrão
Leguminosas
Frituras
Salgadinhos
Salgadinho
Industrializado
Lanches
Açúcar
Chocolate
Sorvete
Leite
condensado
Doces:
Refrigerante
Embutidos
Café
11) Quanto de água você bebe por dia? (fazer anamnese)
( ) menos de 500ml (até 2 copos de requeijão)
( ) entre 500 a 1000ml (3 - 4 copos de requeijão)
( ) entre 1000 a 1500ml (5 - 6 copos de requeijão)
( ) entre 1500 a 2000ml (7 - 8 copos de requeijão)
( ) mais de 2000ml (+ de 8 copos de requeijão)
12) Qual é a freqüência do seu funcionamento intestinal?
( ) diariamente ( ) cada 2 a 3 dias ( ) 1 x semana ( ) menos 1 x semana
54
ANEXO 5
O
O
F
F
.
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C
C
E
E
P
P
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0
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n
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.
0
0
8
8
1
1
/
/
0
0
7
7
De ordem do Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa desta
Universidade, informo que o referido Comitê, em sessão realizada em agosto
de 2007, deliberou aprovar o desenvolvimento do Prevalência de sobrepeso e
obesidade e fatores associados em adolescentes
”.
Na oportunidade, lembramos da necessidade de entregar no
setor de Iniciação Científica o RELATÓRIO FINAL e demais
documentos até 30 de outubro de 2007.
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será expedida pelo Comitê
de Ética em Pesquisa, somente, APÓS APROVAÇÃO DO
RELATÓRIO.
Atenciosamente,
Adriana P.Montesanti
Secretária do Comitê de Ética em Pesquisa
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