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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
COMER NO HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES EM UM HOSPITAL COM
PROPOSTA DE ATENDIMENTO HUMANIZADO
Dissertação de Mestrado
Renata Léia Demário
FLORIANÓPOLIS
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
COMER NO HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES EM UM HOSPITAL COM
PROPOSTA DE ATENDIMENTO HUMANIZADO
Dissertação de Mestrado
Renata Léia Demário
FLORIANÓPOLIS
2007
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Renata Léia Demário
COMER NO HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES EM UM HOSPITAL COM
PROPOSTA DE ATENDIMENTO HUMANIZADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Nutrição da Universidade
Federal de Santa Catarina, área de
concentração: Diagnóstico e Intervenção
Nutricional em Coletividades para obtenção do
grau de Mestre em Nutrição.
Orientadora: Profª. Drª. Anete Araújo de Sousa
Parceira: Profª. Drª. Raquel Küerten Salles
FLORIANÓPOLIS
2007
4
COMER NO HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES EM UM HOSPITAL COM
PROPOSTA DE ATENDIMENTO HUMANIZADO
RENATA LÉIA DEMÁRIO
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE
EM NUTRIÇÃO aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Profª. Vera Lúcia Garcia Tramonte, Drª.
_______________________________________
Coordenadora do Programa
BANCA EXAMINADORA:
Presidente:
Profª. Anete Araújo de Sousa, Drª. Depto. de Nutrição / UFSC
_______________________________________________
Profª. Rosa Wanda Diez Garcia, Drª. Faculdade de Medicina da USP / Ribeirão Preto
_______________________________________________
Profª. Zuleica Maria Patrício Drª. Universidade do Sul de Santa Catarina / UNISUL
________________________________________
Profª. Raquel Küerten Salles, Drª. Depto. de Nutrição / UFSC
________________________________________
Florianópolis, 05 de dezembro de 2007.
5
Dedico este trabalho aos meus pais, Vilma
e Ricardo e ao meu amor, Jean, pela
compreensão, incentivo, amor e apoio
incondicional.
6
AGRADECIMENTOS
Em especial, a Deus, por me fazer forte, perseverante e pela proteção, permitindo o
crescimento e aprendizado de vida nesta difícil caminhada;
À professora Anete Araújo de Sousa, por sua valiosa dedicação na orientação, pela
oportunidade de crescimento e por ser um exemplo de ser humano e profissional.
Obrigada pelo respeito e confiança;
À professora Raquel Küerten Salles, pela valiosa e fundamental colaboração dada,
principalmente, nas etapas de coleta e análise dos dados, além da sua participação
como membro da banca examinadora;
Ao meu amor, Jean, pelo incentivo, paciência e apoio em todos os momentos,
fundamentais para a concretização deste projeto. Obrigada pela confiança e pelo
seu amor;
Aos meus pais, Vilma e Ricardo, por acreditarem sempre em mim, por me ensinarem
os caminhos da vida e pelas palavras de incentivo e carinho nos momentos mais
difíceis. A vocês meu amor e gratidão eternos;
Aos membros da banca, pelas correções e sugestões: Profª. Drª. Rosa Wanda Diez
Garcia, Profª. Drª. Zuleica Maria Patrício e Profª. Drª. Raquel Küerten Salles;
Ao HU/UFSC, por permitir a realização deste estudo e a todos os pacientes
envolvidos na coleta de dados, essenciais para o desenvolvimento deste trabalho;
Às nutricionistas do HU, pela ajuda na fase de coleta de dados e pela ótima acolhida;
À professora Dalila Oliva de Lima Oliveira, pelo cuidado na revisão de minha
dissertação;
À amiga, Noeli, pela ajuda e incentivo, principalmente, na fase de conclusão deste
trabalho;
7
Aos colegas de mestrado, por todos os momentos que passamos juntos;
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Nutrição pelos ensinamentos que
foram fundamentais para minha formação;
A toda minha família pela torcida e incentivo;
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta pesquisa.
8
O Físico
- [...] fale sobre este doente, Askari.
- É Amahl Rahin, condutor de camelos que entrou no hospital há três semanas com
dor intensa na parte inferior das costas [...]
- [...] mas não está se alimentando.
- Ibn Sina franziu a testa.
- O que ofereceram a ele?
O estudante ficou intrigado com a pergunta.
- O de sempre. Pilah de vários tipos. Ovos de galinha. Carneiro, cebola e pão... Ele
nem toca na comida. O intestino parou de funcionar, o pulso está mais fraco e ele
enfraquece a cada dia.
Ibn Sina fez um sinal afirmativo e olhou para eles.
- Então, o que é que ele tem?
Outro estudante tomou coragem.
- Eu acho, Mestre, que os intestinos estão torcidos, bloqueando a passagem da
comida através do corpo. Sentindo isso ele não permite que nenhum alimento entre
na sua boca.
- Obrigado, Fadil ibn Parviz – disse Ibn Sina [...] e se aproximou delicadamente do
doente.
- Amahl – disse – Sou Husayn, o médico [...]. De onde você vem?
- Da aldeia de Shaini, Mestre – murmurou o homem.
- Ah, um homem de Fars! Passei dias felizes em Fars. As tâmaras do oásis em
Shaini são grandes e doces, não são?
Os olhos de Amahl encheram-se de lágrimas e ele fez um gesto afirmativo.
- Askari, vá buscar tâmaras e uma tigela de leite quente para o nosso amigo.
A ordem foi obedecida imediatamente, e o médico e os alunos viram o homem
começar a comer as frutas avidamente.
- Isto deve ser lembrado a respeito dos pobres doentes a nosso cuidado. Eles vêm a
nós, mas não se transformam em nós, e muitas vezes não comem o que comemos.
Leões não gostam de feno nem quando visitam as vacas.
[...]
– Nós os aterrorizamos, jovens mestres. Muitas vezes não podemos salvá-los e às
vezes nosso tratamento os mata. Não vamos deixar que morram de fome também.
(Noah Gordon)
9
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo conhecer a percepção de pacientes em relação à
alimentação em um hospital público de referência para a Política de Humanização
Hospitalar – PNH do Estado de Santa Catarina. A fundamentação teórica
compreendeu temas relacionados às concepções de saúde e doença, à
hospitalização e experiência da internação, à humanização e à alimentação
hospitalar, com o objetivo de fornecer suporte para a elaboração de um modelo de
análise composto por duas categorias: O cotidiano do paciente e a experiência da
hospitalização e o Significado do comer. O estudo teve como modelo de abordagem
a pesquisa qualitativa. A técnica central de coleta de dados foi a entrevista em
profundidade semi-estruturada com o auxílio de um guia de entrevistas. Participaram
da pesquisa pacientes adultos e idosos internados há quatro ou mais dias nas
unidades de clínicas médicas. Os resultados permitiram conhecer que os pacientes
consideram a alimentação como parte das regras da instituição, relacionando-a com
a doença e com a recuperação da saúde; consideram também que a vontade de
comer é influenciada pela presença do acompanhante e pelo ambiente do hospital; o
horário das refeições foi considerado como um modelo a ser seguido em casa. A
aceitação da refeição está relacionada com a doença e com os aspectos sensoriais
da alimentação (sabor, apresentação, aparência, aroma, variedade do cardápio,
temperatura, textura e tipo de preparação). Os pacientes demonstraram dificuldade
em manifestar opiniões sobre mudanças desejadas na alimentação ou nas rotinas da
instituição. A refeição é um momento de interação entre os próprios pacientes,
acompanhantes e equipe de saúde, sendo o atendimento considerado bom. Como
conclusão, a pesquisa apontou que o alimentar-se e o comer devem fazer parte da
função terapêutica da alimentação hospitalar. Portanto, há necessidade de
incorporar as expectativas dos pacientes e valorizar aspectos dietéticos, sensoriais e
simbólicos às refeições servidas.
PALAVRAS-CHAVE: alimentação coletiva; pacientes; serviço hospitalar de nutrição;
humanização da assistência; unidades hospitalares; pesquisa qualitativa.
10
ABSTRACT
The research aims to know the patients perception in relation to the feeding in a
reference public hospital for the Hospital Humanization Politics from Santa Catarina
state. The theoretical recital included subjects related to the conceptions of health
and disease, the hospitalization and the experience of the internment, the
humanization and the hospital feeding, giving support to the elaboration of an
analysis model composed for two categories: The patient daily: the experience of
hospitalization and, the meaning of Eating. The study had as model the qualitative
research. The central technique of data collection was the depth half-structuralized
interview with a guide of interviews aid. Adult and elder patients interned for four or
more days in the medical clinic units had participated from the research. The results
showed that the patients consider the feeding as a part of the institution rules, relating
it with the disease and with the health recovery; the will to eat is influenced by the
companion presence and the hospital environment. The meal time was considered
as a model to be followed at home. The meal acceptance is related to the disease
and to the feeding sensorial aspects (such as flavor, presentation, appearance,
aroma, menu variety, temperature, texture and kind of preparation). The patients had
demonstrated difficulty in revealing opinions about desired changes in the feeding or
in the institution routines. The meal time is an interaction moment among the patients,
companions and health team, being the attendance considered good. As conclusion,
the research indicated that the feeding and the eating must be associated to the
therapeutical function of the hospital feeding. Therefore, it is necessary to incorporate
the patients expectations and to value dietary, sensorial and symbolic aspects to the
served preparations.
KEY-WORDS: Collective feeding; patients; food service hospital; humanization of
assistance; hospital units; qualitative research.
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Categorias e Subcategorias de análise referentes ao tema “Comer no
hospital: percepções de pacientes em um hospital público de referência da PNH” . .55
Quadro 2: Categorias e Subcategorias elaboradas antes da coleta de dados,
referentes ao tema “Comer no hospital: percepções de pacientes em um hospital de
referência da PNH”. ................................................................................................. 102
Quadro 3: Categoria 1: Cotidiano do paciente e a experiência da hospitalização... 171
Quadro 4. Categoria 2: Significado do Comer ......................................................... 172
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Análise de Conteúdo
ASG Avaliação Subjetiva Global
CEPSH Comitê de Ética de Pesquisa com Seres Humanos
GM Gabinete do Ministro
HU Hospital Universitário
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRANUTRI Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar
MS Ministério da Saúde
NUPPRE Núcleo de Pesquisa em Produção de Refeições
OMS Organização Mundial da Saúde
PAC Paciente
PNH Política Nacional de Humanização
PNHAH Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar
RS Rio Grande do Sul
SC Santa Catarina
SND Serviço de Nutrição e Dietética
SP São Paulo
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UAN Unidade de Alimentação e Nutrição
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 03
1.1OBJETIVOS ......................................................................................................... 11
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 11
1.1.2Objetivos Específicos. .................................................................................... 11
1.2 ESTRUTURA GERAL DO TRABALHO .............................................................. .11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................................ 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.. .......................................................................... 16
2.1 CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA .................................................... 16
2.2 HOSPITALIZAÇÃO E A EXPERIÊNCIA DA INTERNAÇÃO ............................... 20
2.3 HUMANIZAÇÃO: CONCEITO PARA ALIMENTAÇÃO HOSPITALAR ................ 22
2.3.1 A perspectiva de Humanização: olhar, compreender, acolher .................. 22
2.3.2 Política Nacional de Humanização – PNH .................................................... 26
2.4 ALIMENTAÇÃO HOSPITALAR ........................................................................... 29
2.4.1 Alimentação e seus significados ................................................................. .29
2.4.2 Comer no meio hospitalar. ............................................................................ 33
2.5 ESTUDOS COM ABORDAGENS QUALITATIVAS ............................................. 37
2.6 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ......................................................................... .40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 42
3 PERCURSO METODOLÓGICO. ......................................................................... .47
3.1 INTRODUÇÃO.. .................................................................................................. 47
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................... .47
3.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS DO ESTUDO. ....................................................... 48
3.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA. ................................................... 50
3.5 ETAPAS DA PESQUISA ..................................................................................... 53
3.6 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE. ..................................................... 55
3.6.1 Definição de categorias e subcategorias. .................................................... 55
3.7 PRESSUPOSTOS DA PESQUISA. .................................................................... 56
3.8 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS. ........................................................ .56
3.9 PROCEDIMENTOS ÉTICOS DA PESQUISA.. ................................................... 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 60
4 ARTIGO ................................................................................................................ .62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. .87
14
GLOSSÁRIO..............................................................................................................94
APÊNDICES...............................................................................................................97
Apêndice A: Guia de Entrevista................................................................................98
Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. ................................. .101
Apêndice C: Categorias e subcategorias elaboradas antes da coleta de dados.... 102
Apêndice D: Pré-análise do conteúdo das entrevistas transcritas ........................ .103
Apêndice E: A exploração do material ................................................................... 171
ANEXOS...................................................................................................................173
ANEXO A: Parecer da aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC. ....................................................................... .174
15
1 INTRODUÇÃO
A concepção de alimentação e alimento para os pesquisadores da área de
saúde e nutrição comumente está centrada no seu aspecto nutricional. A
alimentação é reconhecida pela sua função vital e como condição essencial para a
sobrevivência humana, atuando na prevenção, manutenção e recuperação da saúde
dos indivíduos.
No entanto, Santos (2005, p.12-13) ao discutir sobre o lugar da alimentação
na história argumenta que:
...os estudos sobre a comida e a alimentação invadem as Ciências
Humanas a partir da premissa de que a formação do gosto alimentar não
se dá, exclusivamente, pelo seu aspecto nutricional, biológico. O alimento
constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e
mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria
dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos. Alimentar-se é
um ato nutricional, comer é um ato social, pois constitui atitudes ligadas aos
usos, costumes, protocolos, condutas e situações... Nenhum alimento que
entra em nossas bocas é neutro. Neste sentido, o que se come é tão
importante quanto e quando se come, onde se come, como se come e com
quem se come.
Corroborando com esta argumentação, Da Matta (1986, p.56) estabelece
uma distinção entre comida e alimento, em que “comida não é apenas uma
substância alimentar, mas é também um modo, um estilo e um jeito de alimentar-se.
E o jeito de comer define não só aquilo que é ingerido, como também aquele que o
ingere”.
No ambiente hospitalar, Guy-Grand (1997) destaca que a alimentação é um
dado cultural que permanece presente no espírito do paciente. As refeições, da
mesma forma que outros cuidados médicos, dão ritmo à jornada hospitalar. O autor,
ao criticar as ações envolvidas com a alimentação hospitalar, defende que o alimento
deve ter uma função medicamentosa ou de recuperação da saúde. Mas enfatiza que
a ação terapêutica do alimento deve estar ligada aos serviços, ou seja, ao conforto e
16
acolhimento para todos os pacientes, além de educação nutricional para a
prevenção de doenças futuras.
A função terapêutica da alimentação tem evoluído graças ao avanço
considerável dos conhecimentos relacionados à dietética e à nutrição. A pesquisa
acerca dessas áreas forneceu e abriu novos pontos de vista acerca da terapia
nutricional, ficando cada vez mais claro que a alimentação pode, de fato, apresentar
um papel relevante no processo saúde e doença (GOLOPAN, 1997).
No entanto, o comer no hospital apresenta outras dimensões. Corbeau
(1998) ao discutir sobre as dimensões ocultas da comensalidade no meio hospitalar,
considera que o comer é um fenômeno social que engloba desde a decisão de
cultivar ou criar certos produtos, até o consumo propriamente dito. Depois da
ingestão dos alimentos, emergem impressões, lembranças, discursos e
comportamentos alimentares. Portanto, a seqüência do comer não se restringe ao
ato que vai da colheita ao garfo. No meio hospitalar, compreende-se que essa
seqüência do comer não é transparente, as dimensões simbólicas são difíceis de
representar e que certa ansiedade possa ser induzida aos pacientes, incapazes de
identificar os alimentos.
Kandela (1999) destaca que os pacientes bem nutridos respondem melhor
aos diversos tipos de tratamento e considera que, além do aspecto nutritivo, a
alimentação traz consigo diversas significações e implicações na vida das pessoas.
Ao alimentarem-se, os indivíduos não estão satisfazendo somente as suas
necessidades fisiológicas, mas também muitas necessidades psicossociais.
No mesmo sentido, Poulain e Saint-Sevin (1990), Sousa (2001) e Sousa e
Proença (2005) argumentam que o alimento, freqüentemente, é visto a partir do
aspecto nutricional e higiênico-sanitário, deixando de ser considerado que, além da
17
sua função nutricional, a alimentação pode incorporar outras funções - a função
hedônica, ligada ao prazer e aos aspectos sensoriais das preparações e a função
convivial, relacionada à percepção do indivíduo de pertencer a um grupo, auxiliando-
o na construção da identidade social e individual.
Alguns estudos, relacionados abaixo, têm destacado que a aceitação da
alimentação por parte do paciente internado envolve aspectos relacionados à
enfermidade, aos serviços ligados à unidade que produz e distribui as refeições, à
qualidade sensorial dos alimentos e ao ambiente. Além desses, a aceitação da
alimentação está relacionada aos profissionais envolvidos no cuidado alimentar e
nutricional que podem se adequar para que ocorra uma efetiva recuperação da
saúde e manutenção do estado nutricional dos indivíduos durante o período de
internação.
Morimoto (2002) observou que fatores referentes à doença - que incluem
febre, náuseas e vômitos, diarréia, dores, incapacidade de se alimentar, alterações
no paladar devido ao efeito colateral de medicamentos - interferem na aceitação da
alimentação por parte do paciente. A distância da família, horários e sabor da
alimentação fora da rotina diária e o estado emocional são outros fatores importantes
para redução da ingestão alimentar.
Dupertuis et al. (2003) ao analisarem a adequação das refeições em
hospitais, demonstraram que apesar da oferta suficiente de alimentos, a maioria dos
pacientes hospitalizados não teve atendidas suas necessidades nutricionais. A
ingestão insuficiente era comumente atribuída a causas que excediam as doenças e,
dessa forma, o estudo recomenda a necessidade de melhorar os serviços ligados às
refeições.
18
Lassen et al. (2005) ao investigarem a satisfação dos pacientes com o
cuidado nutricional, evidenciaram que a falta de informação referente ao serviço de
alimentação e a comunicação entre os funcionários desse setor foram os aspectos
de insatisfação referidos.
De forma semelhante, alguns estudos demonstraram que a educação e a
comunicação contínua com pacientes, enfermeiros e pessoal de serviço de nutrição
e dietética, são fundamentais para melhorar a satisfação do paciente em relação à
alimentação hospitalar (BECK et al., 2001; WATTERS et al., 2003; CAPRA et al.,
2005).
Donini et al. (2003) ao avaliarem a qualidade do serviço de um restaurante
em um centro de reabilitação geriátrica, destacam a importância de critérios
subjetivos conjugados aos critérios objetivos neste tipo de avaliação. Os resultados
do estudo revelam a importância que os pacientes dão ao sabor e variedade dos
alimentos e a sua forma de apresentação.
Resultados semelhantes foram obtidos nos estudos de O’hara et al. (1997) e
Wright et al. (2006), em que a satisfação com a unidade que produz refeições esteve
ligada à variedade, odor, textura da carne, temperatura, sabor da refeição e
componentes do cardápio.
Segundo o estudo de Pietro et al. (2006), ao avaliar a intervenção nutricional
como parte da rotina hospitalar em pacientes de um hospital privado, constatou-se
que a aceitação da dieta hospitalar é influenciada por muitos fatores, entre eles a
enfermidade e o ambiente hospitalar.
Assim, tendo como referência os aspectos relacionados ao significado do
comer, a alimentação no meio hospitalar tem papel fundamental não só para a
garantia do aporte de nutrientes, como também para poder contemplar os aspectos
19
psicossensoriais e simbólicos ligados às refeições, para possibilitar um atendimento
mais completo, do ponto de vista alimentar e nutricional aos indivíduos internados.
No entanto, a alimentação hospitalar, ainda hoje, é alvo de críticas e
rejeições por parte dos pacientes e da população em geral. A comida de hospital é
comumente percebida como insossa, sem gosto, fria, servida cedo e ainda com
conotações de permissão e proibição (BARBOSA et al., 2006).
Aliados a estas observações, os novos perfis demográficos de mortalidade e
morbidade da população têm exigido do setor de saúde abordagens diferenciadas
para um atendimento adequado. O fenômeno de envelhecimento da população
brasileira revela indicadores positivos de melhoria na qualidade de vida, mas faz
surgir novas demandas para os serviços de saúde.
Vecina e Malik (2007) destacam que o aumento gradual da expectativa de
vida das populações ao longo das ultimas décadas, tem trazido à tona o aumento da
incidência de uma série de doenças degenerativas, objeto de novas pesquisas e
estudos, e de redirecionamento no planejamento em saúde.
A população de 60 anos ou mais de idade, no Brasil, no início da década
representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporção atingia 8,6%. Neste
período, por conseguinte, o número de idosos aumentou em quase 4 milhões de
pessoas, fruto do crescimento vegetativo e do aumento gradual da esperança média
de vida. Trata-se, certamente, de um conjunto bastante elevado de pessoas, com
tendência de crescimento nos próximos anos. Considerando a continuidade das
tendências verificadas para as taxas de fecundidade e longevidade da população
brasileira, as estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa
poderá exceder 30 milhões de pessoas ao final deste período, chegando a
representar quase 13% da população (IBGE, 2002).
20
Ao lado dessas demandas que afetam diretamente o atendimento nos
hospitais, a desnutrição de pacientes neste setor também é considerada um aspecto
preocupante por vários estudiosos sobre o tema.
Gallagher-Allred et al. (1996), em oito estudos nos Estados Unidos,
revelaram que, dos 1.347 pacientes hospitalizados, que fizeram parte do estudo, 40
a 55 % encontrava-se em risco de desnutrição e 12 % estava severamente
desnutrido.
No Brasil, um estudo multicêntrico – Inquérito Brasileiro de Avaliação
Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) – desenvolvido em 12 estados do Brasil com
4.000 pacientes, constatou prevalência média de desnutrição hospitalar de 48,1%
nos hospitais públicos, sendo que 12,6% apontava desnutrição grave e 35,5%
desnutrição moderada, diagnosticado através de Avaliação Subjetiva Global (ASG).
A progressão da desnutrição chegou a atingir 61% quando a internação prolongou-
se por mais de quinze dias, sendo que a desnutrição primária – pacientes que já
estavam desnutridos antes da internação – acometeu 31,8% dos pacientes. Em,
apenas 14% dos prontuários foi encontrado registro de peso dos pacientes. O estudo
destacou a falta de diagnósticos do estado nutricional e de suporte nutricional, por
via enteral e parenteral, como intervenção nutricional específica. Não sendo
averiguada a existência de suporte nutricional (WAITZBERG et al., 2001).
Em um estudo realizado na França, Guy-Graud (1998) verificou em 68
hospitais públicos que o índice de desnutrição variou de 20 a 60%.
Na Espanha, Perez et al. (2002), em estudo com 3.645 pacientes,
identificaram que 50% encontravam-se desnutridos, e os resultados apontam para a
falta de conhecimento de médicos e enfermeiras, falta de interesse pelos dados
nutricionais e inexistência de especialistas em nutrição.
21
Em estudo realizado em Porto Alegre – RS, constatou-se que 51,4% dos
pacientes dos hospitais analisados apresentavam desnutrição. Os dados
demonstraram que a desnutrição ainda é prevalente e as ações da equipe de saúde
não estão sendo suficientemente direcionadas para modificar esse quadro (MELO et
al., 2003).
Em pesquisa de Gottraux et al. (2004) foi constatado que as conseqüências
deletérias da má-nutrição hospitalar estão progressivamente sendo reconhecidas
pelo público. O Conselho Europeu estabeleceu resoluções e recomendações
nacionais para seus hospitais. As ações a serem implementadas são baseadas em
quatro aspectos: o acesso à alimentação saudável e variada é direito fundamental;
grande número de pacientes hospitalizados na Europa é mal nutrido (30 – 60%); a
má-nutrição de pacientes hospitalizados aumenta com o prolongamento da
internação e, conseqüentemente, os custos médicos. As resoluções indicam
claramente as opções a serem seguidas, para aperfeiçoar as ações e decisões em
três níveis: cuidado com o paciente, serviços de apoio e administração. Destaca
ainda, a importância do envolvimento dos profissionais que participam do
atendimento dos pacientes na implementação das recomendações, de forma a se
adaptarem às necessidades e restrições locais.
Considerando os conceitos apontados sobre o comer e o alimentar-se e a
relevância dos estudos que apontam em suas recomendações a necessidade de
avaliar as diferentes dimensões da alimentação hospitalar, o presente estudo teve
como objetivo conhecer as percepções de pacientes em relação ao comer e à
alimentação em um hospital público de referência para a Política Nacional de
Humanização.
22
Destaca-se que os resultados do estudo podem contribuir com a evolução
do conhecimento sobre o tema alimentação hospitalar, a partir da perspectiva de
pacientes hospitalizados. Além disso, com o estudo, as Unidades de Alimentação e
Nutrição hospitalares, tanto os setores destinados ao fornecimento de refeições,
quanto o acompanhamento clínico-nutricional dos pacientes, podem contar com
indicadores de avaliação para aperfeiçoar seus serviços a fim de buscar melhor
satisfação e aceitação das refeições por parte dos pacientes.
Estudos dessa natureza podem apontar novas abordagens na dimensão do
cuidado integral, em alimentação, nutrição e saúde refletindo, ao mesmo tempo, na
qualidade do atendimento dos pacientes hospitalizados. Pode ainda contribuir com
os profissionais envolvidos com a alimentão, a fim de valorizar suas ações de
forma humanizada considerando os limites, a dignidade e os direitos dos pacientes.
Tendo em vista todos os aspectos referidos, aliado à pouca produção de
trabalhos desta natureza, com base na subjetividade dos pacientes internados,
destaca-se a relevância da proposta para diferentes campos do conhecimento, com
ênfase no setor de alimentação coletiva hospitalar.
Dessa forma, a questão de pesquisa que norteou o desenvolvimento do
estudo, pode ser delineada da seguinte forma:
Qual a percepção de pacientes em relação à alimentação em um hospital
público de referência da Política Nacional de Humanização?
23
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Conhecer a percepção de pacientes em relação à alimentação em um
hospital público de referência para a Política de Humanização Hospitalar – PNH.
1.1.2 Objetivos específicos
Identificar a influência da hospitalização na percepção dos pacientes sobre
a alimentação;
Descrever como os pacientes referem o cotidiano e a experiência da
hospitalização;
Analisar o momento da refeição e as interações do paciente durante a
hospitalização;
Identificar os fatores que influenciam à aceitação da alimentação;
Identificar as expectativas dos pacientes em relação à comida de hospital.
1.2 ESTRUTURA GERAL DO TRABALHO
O trabalho está estruturado em cinco capítulos.
No primeiro capítulo apresenta-se a contextualização do tema alimentação
hospitalar, seguida pela descrição do problema, relevância do estudo, pergunta de
partida, objetivos e estrutura geral do trabalho, seguidos das referências
bibliográficas.
24
O segundo capítulo constitui-se da construção da fundamentação teórica,
que dará suporte ao problema a ser analisado, bem como a articulação dos
conceitos pertinentes ao estudo. Inicia-se com as concepções sobre saúde e
doença, com base nos conceitos da Organização Mundial de Saúde, da Carta de
Otawa até os conceitos considerados holísticos. Em seguida, desenvolvem-se temas
relacionados à hospitalização e experiência da internação e humanização. O capítulo
aborda, ainda, a alimentação hospitalar, enfatizando seu significado e dimensões,
função da Unidade de Alimentação e Nutrição - UAN hospitalar e os aspectos
simbólicos relacionados à alimentação no hospital. Por fim, as referências
bibliográficas do capítulo em questão são apresentadas.
No terceiro capítulo desenvolve-se o percurso metodológico, apresentando a
caracterização do estudo, do local e dos participantes, o modelo de análise, as
etapas da pesquisa, instrumentos e técnicas de coleta, tratamento e análise dos
dados e procedimentos éticos utilizados para o desenvolvimento do trabalho, além
das referências bibliográficas.
No quarto capítulo, apresenta-se o artigo original: Comida de hospital:
percepções de pacientes em um hospital público com proposta de atendimento
humanizado, elaborado a partir das análises e interpretações dos resultados e
discussões do estudo.
Finalizando o trabalho, o quinto capítulo aponta as considerações finais,
seguidas do glossário, apêndices e anexos.
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA M. F. P.; SOUZA T. T.; CARNEIRO J. M.; SOUSA A. A. Do cuidado
nutricional ao cuidado alimentar: percepção de pacientes sobre a refeição hospitalar.
Revista Nutrição em Pauta, v. 79, p. 48-54, 2006.
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28
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Desde os primórdios da humanidade é possível imaginar que a pergunta “o
que é ter saúde” e “o que é ter doença” já fazia parte da preocupação do cotidiano
das pessoas.
Inicialmente, os humanos viviam em agrupamentos ou tribos, geralmente
nômades, que se deslocavam de um lado para outro em busca de sobrevivência.
Sendo assim, tudo que acontecia com os homens era explicado do ponto de vista do
pensamento mágico, religioso e sobrenatural. Com o passar do tempo, as tribos ou
agrupamentos foram se espalhando e criando suas próprias explicações,
desenhando sua cultura e suas tradições (ANDRADE et al., 2001).
As raízes da medicina ocidental têm seus primórdios a partir da civilização
Grega. Um dos aspectos culturais difundidos foi o conhecimento do processo saúde-
doença, a partir de uma explicação racional para as doenças, fundamentado no que
se convencionou denominar de “medicina científica”. Descartaram-se os elementos
mágicos e religiosos como causadores das doenças, colocando-se como fatores
fundamentais no processo da doença, o ambiente, a sazonalidade, o trabalho, a
posição social do indivíduo, dentre outros (ANDRADE et al., 2001).
Como conseqüência, teorias foram sendo criadas e exploradas ao longo do
tempo, delineando correntes de pensamentos, que nos dias atuais, ainda influenciam
no modo de interpretar o processo saúde-doença.
Na literatura existe uma diversidade de conceitos sobre saúde. A maior
parte das estatísticas sobre saúde fundamenta-se no conceito biomédico que define
29
saúde como “ausência de doença”. Tal conceito, que constitui a moderna medicina
científica, considera o corpo humano uma máquina, enquanto a doença é vista como
um mau funcionamento dos mecanismos biológicos (CAPRA, 2001; HELMAN, 2003).
No entanto, saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas
sim, conceitos vitais sujeitos a constante avaliação e mudança. Perspectivas
redutoras, como ausência ou presença de saúde, desconsideram os componentes
emocionais e sociais da saúde e doença. As definições devem contemplar fatores
psicológicos, sociais e biológicos. Contudo, apesar dos esforços para se caracterizar
estes conceitos, não existem definições universais.
Nas últimas décadas, a concepção pautada na Teoria da Determinação
Social do Processo Saúde-Doença tem conquistado espaços. Esta definição trata do
processo de saúde articulando vários aspectos que formam o indivíduo, como fatores
sociais, culturais e biológicos. Ainda, segundo esta teoria, a saúde-doença está
ligada ao processo de vida das pessoas articulado com o potencial que estas
possuem de acesso ao atendimento das necessidades para viver, seja a moradia, a
alimentação, a educação, a saúde, o lazer, etc. Portanto, um condicionante para o
acesso efetivo ao atendimento de todas essas necessidades é a inserção do
indivíduo no sistema de produção. Em outras palavras, dependendo do lugar que o
indivíduo ocupa na sociedade, suas possibilidades são maiores ou menores de
consumo e de atendimento às suas necessidades (FRACOLLI e BERTOLOZZI,
2003).
A OMS em 1986, durante a 1º Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde, estabeleceu o conceito de promoção da saúde entendido como o processo
que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem
a sua saúde, no sentido de melhorá-la. Para atingir um estado de completo bem-
30
estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo deve estar apto a identificar e
realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou
adaptar-se ao meio. Assim, a saúde é entendida como um recurso para a vida e não
como uma finalidade de vida.
A saúde é um conceito positivo, que acentua os recursos sociais e pessoais,
bem como as capacidades físicas. Conseqüentemente, a promoção da saúde não é
uma responsabilidade exclusiva do setor de saúde, pois exige estilos de vida
saudáveis para atingir o bem-estar. Segundo a OMS (1986), as condições e recursos
fundamentais para a saúde são: paz, abrigo, educação, alimentação, recursos
econômicos, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e eqüidade. A
melhoria da saúde decorre da garantia destas condições básicas.
No entanto, apesar da evolução do conceito de saúde e doença, alguns
autores têm argumentado sobre a importância de se questionar o sistema biomédico
e seu reducionismo ao biológico. Os seres humanos possuem experiência de vida e
cultura própria que não podem ser deixadas em segundo plano. Sendo assim, os
indivíduos devem ser tratados de acordo com seu contexto. É preciso perceber além
do corpo e entender que cada pessoa é dotada de emoções, crenças e valores e
possui uma história de vida. Dessa forma, lidar com a saúde e doença requer uma
visão holística, atitudes humanizadas e de acolhimento por parte dos profissionais de
saúde.
Capra (2001) considera saúde como o bem-estar resultante de um equilíbrio
dinâmico entre os aspectos físico e psicológico do organismo, assim como suas
interações com o ambiente social e cultural. Nesse sentido, ser saudável significa
estar em sincronia consigo mesmo e com o mundo circundante, física e
mentalmente.
31
Nesse contexto, a saúde tem sido considerada como um estado, um
processo de desenvolvimento, uma realização pessoal, um resultado ou um estilo de
vida. Porém, a saúde pode ser definida sob a perspectiva de algumas condições
essenciais à compreensão do seu significado, tais como padrões, tendências,
contexto, respostas e percepções (MELEIS, 1992).
Portanto, o conceito de saúde não deve visar somente cura e prevenção de
enfermidades, mas também à promoção da saúde, envolvendo um conjunto muito
peculiar de preceitos éticos, normas de vida e práticas de corpo orientadas pela
noção de vitalidade, ou seja, um paradigma holístico.
Enfim, é necessário um maior comprometimento do setor saúde na
promoção de ações que contemplem o atendimento da população nos aspectos
culturais, sociais, religiosos e espirituais. Tornando possível, mudanças efetivas na
cultura do atendimento do setor de saúde e que, conseqüentemente, propicie
melhoria das condições de vida da sociedade através de um conceito baseado na
dimensão humana.
O conceito de saúde no hospital passa principalmente pelo convívio, pelas
relações entre as pessoas, pela possibilidade de ser acolhido. Segundo Valadares
(2000) a vida é, além de sobrevida, espaço de convívios.
Dessa forma, na presente pesquisa, se buscou dialogar com estudiosos
para a adoção de conceitos de saúde que englobem diferentes aspectos: sociais,
políticos, econômicos, culturais, emocionais e biológicos do ser humano, na tentativa
de fundamentar a dimensão humana para o atendimento no meio hospitalar com
relação à alimentação. Mais do que pacientes, clientes, usuários, os indivíduos são
pessoas em tratamento.
32
2.2 HOSPITALIZAÇÃO E A EXPERIÊNCIA DA INTERNAÇÃO
A finalidade primordial no hospital é o atendimento e o cuidado do paciente
como pessoa. “Nenhum complexo tecnológico poderá jamais substituir a capacidade
humana de formar aquele outro complexo, o de pessoas, diversificadas em suas
características individuais...”, diz Mezomo (2001, p.13).
As pessoas procuram no atendimento hospitalar competência e
acolhimento, e uma depende da outra. Ambas são características essenciais para
marcá-lo como um lugar digno de cuidados com o sofrimento humano.
Destaca Boff (2001, p.11): “a vida humana possui de mais fundamental, o
cuidado e a compaixão. Mitos antigos e pensadores contemporâneos dos mais
profundos nos ensinam que a essência humana não se encontra tanto na
inteligência, na liberdade ou na criatividade, mas basicamente no cuidado. O cuidado
é, na verdade, o suporte real da criatividade, da liberdade e da inteligência”. Todos
que utilizam o hospital buscam a garantia desse cuidado.
Para Alves e Rabelo (1999, p.171), a experiência da enfermidade é
entendida como a "forma pela qual os indivíduos situam-se perante ou assumem a
situação de doença, conferindo-lhe significados e desenvolvendo modos rotineiros
de lidar com a situação". Eles assinalam, ainda, que "as respostas aos problemas
criados pela doença constituem-se socialmente e remetem diretamente a um mundo
compartilhado de práticas, crenças e valores".
A doença age como fator de ruptura de um fluxo cotidiano, fazendo com que
durante a hospitalização, os sujeitos e seus familiares necessitem de nova
reorganização das suas atividades diárias.
33
O sujeito, ao buscar o atendimento hospitalar, leva não só seu corpo para
ser tratado, como vai por inteiro e, por extensão, isso atinge sua família, que
participa de seu adoecer, de suas internações e de seu restabelecimento. A situação
também envolve a equipe que, ao desenvolver ações para o seu restabelecimento,
absorve as suas dificuldades. Portanto, a hospitalização do paciente é um momento
crítico e extremo, que envolve uma constelação de acontecimentos (AMIN, 2001).
Ainda, segundo Amin (2001), o paciente internado experimenta o sentimento
de medo, de isolamento, de dependência, de sofrimento, o que pode torná-lo um ser
diferente e exigente. Ele se vê separado de tudo o que constitui sua vida habitual, de
seus laços afetivos. Percebe-se a perda da autonomia na diferença de lavar-se e não
tomar banho, de alimentar-se e não comer, de esperar o médico na cama e não ir às
consultas, de tomar os remédios dados pela enfermagem e não pegá-los na
farmácia.
Pieracciani (2001) conduziu uma pesquisa qualitativa que demonstrou
percepções diferenciadas quanto à qualidade hospitalar. Para o paciente, a
internação hospitalar é uma situação de grande insegurança e fragilidade. Para
compensar essa fragilidade, ele busca referenciais de segurança: que o hospital seja
indicado pelo seu médico de confiança, que as instalações funcionem
adequadamente, que apresente baixo índice de infecção hospitalar, que a
enfermagem seja habilidosa, que o corpo clínico transmita informações seguras e
que se tenha disponibilidade de equipamentos sempre que for preciso.
O hospital moderno teve como marca histórica de sua constituição
organizacional, o isolamento de pacientes, a despersonalização e a submissão
disciplinar de seus corpos (e subjetividades) a procedimentos e decisões que sequer
compreendem. Em outras palavras, essa forma de tratar o doente que, em nome da
34
rigorosa prática científica, o distancia de seu convívio familiar e social e não lhe
reconhece discernimento ou competência para tomada de decisões, constituiu, por
muito tempo, a tônica da cultura organizacional hospitalar (MORIMOTO, 2002).
Do ponto de vista da alimentação, Corbeau (1998) argumenta que os
setores ligados à alimentação hospitalar devem aprender a conhecer melhor e
respeitar a pluralidade da população hospitalar. A alimentação não é redutível aos
nutrientes, mas é fonte de prazer do início ao fim da vida e faz parte integrante da
manutenção ou da reconstrução da identidade do indivíduo hospitalizado. E ainda, a
alimentação, como um fato social, é um meio de comunicação entre as pessoas que
cercam os pacientes e com a instituição.
Ainda, Maes (1998) ressalta que quando o sofrimento diminui e a dor se
acalma, a refeição é um momento de trégua e evasão, impacientemente esperado
durante a jornada diária no hospital.
No mesmo sentido, Poulain e Saint-Sevin (1990) e Amin (2001) destacam
que a alimentação hospitalar desempenha um papel relevante na experiência de
internação, amenizando as rupturas. Sendo assim, proporcionar um ambiente
familiar, humano e acolhedor funciona como um bálsamo e corrobora para o
restabelecimento da saúde do paciente.
2.3 HUMANIZAÇÃO: UM CONCEITO PARA A ALIMENTAÇÃO HOSPITALAR
2.3.1 A perspectiva de humanização hospitalar: olhar, compreender, acolher
Geralmente emprega-se a noção de humanização para a forma de
assistência que valorize a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada
35
ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências
culturais. Implica ainda, a valorização do profissional e do diálogo intra e interequipes
(DESLANDES, 2004).
Campos (2003) ao discutir o conceito de humanização, destaca as múltiplas
determinações que caracterizam o mundo humano. Analisa ainda, as relações entre
conhecimento técnico e ético para propiciar uma reflexão sobre as práticas clínicas
que inclua a humanização do atendimento nas suas dimensões intersubjetivas e
éticas.
A proposta de humanização, ao sugerir a substituição das formas de
violência simbólica, constituintes do modelo de assistência hospitalar, por um modelo
centrado na possibilidade de comunicação e diálogo entre usuários, profissionais e
gestores, busca instituir uma nova cultura de atendimento (DESLANDES, 2004).
Backes et al. (2007) ao buscarem os significados dos valores e princípios
que norteiam a prática dos profissionais de saúde, demonstraram em seu estudo que
é possível desenvolver novas competências, capazes de provocar re-significação
dos valores e princípios que balizam a humanização, situando o trabalho como
realização pessoal/profissional, ao qual se agrega competência técnica e humana na
prática dos profissionais que poderão vivenciar o cuidado humanizado.
Oliveira et al. (2006) buscaram estabelecer uma reflexão sobre a
humanização na assistência à saúde. Fazem um resgate histórico sobre o
entendimento do homem, do humano e da humanidade, até a humanização na
saúde. Os resultados do estudo demonstram que a comunicação é fator
imprescindível para o estabelecimento da humanização, tanto quanto as condições
técnicas e materiais. É dar lugar tanto à palavra dos usuários quanto aos
36
profissionais de saúde, de forma a construir uma rede de diálogo que pense e
promova ações singulares de humanização.
Backes et al. (2006) ao refletirem sobre considerações éticas que
necessitam fundamentar as ações de humanização, destacam a importância da
dimensão humana nas relações profissionais, a qual deve estar na base de todo
processo de intervenção no campo interdisciplinar da saúde.
A humanização das relações e do cuidado ao ser humano no ambiente
hospitalar é uma preocupação dos profissionais da saúde. Bettinelli et al. (2003)
apresentam em seu estudo alguns questionamentos e subsídios, para que se possa
repensar as relações e os valores éticos no processo do cuidado. Sob esse enfoque,
apontam alguns caminhos que levam a discussões interdisciplinares sobre a
padronização dos serviços, a formação e o biopoder dos profissionais, envolvendo,
invariavelmente, os usuários das instituições hospitalares.
Pfaffenzeller (2003) ao estudar a assistência nutricional hospitalar com
clientes da Santa Casa de Porto Alegre, demonstra a preocupação em elevar a
qualidade dos serviços ao utilizar o índice de satisfação dos clientes como indicador
de desempenho.
Segundo Lawn (2001) na visão dos pacientes ou visitantes, não se encontra
aconchego nos hospitais. Ao contrário, percebe-se que as equipes de trabalho estão
freqüentemente exaustas e a organização presa à burocracia, com dificuldade em
manter aquele “toque pessoal” que, tanto o paciente quanto seus
acompanhantes/visitantes, gostariam de encontrar. Familiares e amigos de
internados querem acreditar que o paciente está recebendo o melhor tratamento e
cuidados, não sendo ele encarado como uma fonte temporária de renda para a
instituição. Acreditam que cabe à instituição gerenciar estas percepções, embora
37
seja este um desafio que possa afetar qualquer setor do hospital. O gerenciamento
do serviço de alimentação e o seu desempenho, por exemplo, têm um impacto
decisivo pelo qual o público interno e externo percebe a instituição hospitalar.
Dessa forma, o que se busca é um atendimento humanizado, que propicie
acolhimento aos pacientes, familiares e profissionais de saúde. Segundo Merhy et al.
(2002), o acolhimento consiste na humanização das relações entre trabalhadores e
serviço de saúde com seus usuários. O objetivo da intervenção seria o controle do
sofrimento ou a melhoria da saúde.
Segundo o Ministério da Saúde (2006), o acolhimento pressupõe a criação
de espaços de encontros entre os sujeitos. Espaços de escuta e de recepção que
proporcionem a interação entre usuários e trabalhadores, entre trabalhadores e
trabalhadores – equipes – e entre os próprios usuários, que sejam acolhedores
também no sentido de conforto.
Uma vez que o conceito de humanização está ligado ao paradigma dos
direitos e a cada dia surgem novas reivindicações, que se remetem às
singularidades dos sujeitos, este movimento vem se tornando complexo e
alcançando novas esferas sociais e discursivas (VAITSMAN e ANDRADE, 2005).
Na atenção ao nascimento, a corrente feminista vem empreendendo
estudos qualitativos, procurando verificar aspectos mais diretamente ligados às
categorias de respeito e singularidade dos usuários (DINIZ, 2005; TORNQUIST,
2003).
O movimento pela humanização do parto e do nascimento é exemplo da
busca pela humanização nas instituições hospitalares, que propõe mudanças no
padrão de assistência à saúde.
38
2.3.2 Política Nacional de Humanização – PNH
Para garantir a qualidade no atendimento à saúde, especialmente nos
hospitais públicos que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da
Saúde reconheceu a necessidade de mudanças profundas na cultura do
atendimento (BRASIL, 2006). A partir desta premissa, em junho de 2001, foi criado o
Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar (PNHAH), através da
Portaria GM n. 881/2001 (PNHAH, 2006).
O Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar - PNHAH
nasceu de uma tentativa de se buscarem estratégias que possibilitassem a melhoria
do contato humano entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si, e
do hospital com a comunidade, visando o bom funcionamento do Sistema de Saúde
Brasileiro (PNHAH, 2006).
O programa surgiu com a expectativa de disseminar e articular uma cultura
de atendimento humanizado, uma vez que já existiam iniciativas isoladas de
humanização que vinham sendo desenvolvidas há vários anos em áreas específicas
da assistência (PNHAH, 2006).
O conjunto de iniciativas proposto pelo programa fundamentou-se em três
dimensões: humanização do atendimento ao usuário (cuidar do usuário);
humanização das condições de trabalho do profissional de saúde (cuidar de quem
cuida); e o atendimento da instituição hospitalar em suas necessidades básicas
administrativas, físicas e humanas (PNHAH, 2006).
O PNHAH foi substituído, em junho de 2003, pela Política Nacional de
Humanização (PNH) – Humaniza - SUS, sendo regulamentada pelo Decreto n.
39
4.726, sob a coordenação da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (BRASIL,
2006).
Nesse contexto, a PNH consiste, basicamente, na mudança de modelos de
atenção e gestão dos processos de trabalho focalizando as necessidades dos
cidadãos e a promoção de saúde. A política tem como centro mudanças no padrão
de assistência ao usuário, valorizando e reconhecendo a dimensão humana no ato
de assistência à saúde (BRASIL, 2006).
A PNH visa à integralidade, à universalidade, ao aumento da eqüidade e à
incorporação de novas tecnologias e especialização dos saberes.
Dentre os princípios básicos que norteiam a política estão:
Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de
atenção e gestão, fortalecendo e estimulando processos integradores de
compromisso;
Aumento do grau de co-responsabilidade dos diferentes atores que
constituem a rede do SUS, o que implica mudanças na atenção aos
usuários e na gestão dos processos e trabalho;
Valorização, no atendimento, do vínculo com os usuários, de forma a
garantir seus direitos e de seus familiares;
Estimulo para que a população seja protagonista do sistema de saúde,
por meio de sua ação de controle social;
Garantia de condições para que os profissionais atuem de modo digno e
participem como co-gestores do sistema, incluindo o fortalecimento de
trabalho em equipes multiprofissionais.
Viana (2004) relata a avaliação dos resultados alcançados com a
implantação do PNHAH, a partir da análise das ações desenvolvidas em um Hospital
40
Regional. O estudo analisou a humanização em três perspectivas: acolhimento e
direito ao usuário; trabalho dos profissionais; e construção de uma nova cultura
organizacional de humanização que permita considerar a subjetividade em sua
indiscutível relação com os processos de gestão. O trabalho propõe esforços para
que a humanização apareça numa dimensão mais abrangente, para possibilitar uma
maior valorização e participação efetiva dos gestores, profissionais e usuários do
sistema de saúde, tanto na atenção como na gestão em saúde, como cidadãos
conscientes de seus direitos e deveres.
Backes et al. (2005) ao estudarem as percepções dos pacientes no
ambiente hospitalar, apontam que, para os pacientes, a humanização se traduz,
predominantemente, em gestos concretos, tais como: solidariedade, sensibilidade e
compaixão. O significado de humanização, desse modo, não se limita a uma relação
profissional-paciente e/ou paciente- profissional, mas aponta perspectivas para um
cenário mais amplo.
Portanto, as políticas de humanização nos hospitais, ao buscarem
mudanças no padrão de assistência ao usuário, podem vislumbrar na dimensão
humana a base de qualquer processo de intervenção em saúde. A alimentação,
como elemento de identidade e de sociabilidade, além de seu contexto dentro dos
hospitais, é um dos eixos fundamentais para o cuidado integral à saúde e deve estar
inserida no atendimento humanizado.
41
2.4 ALIMENTAÇÃO HOSPITALAR
2.4.1 Alimentação e seus significados
A temática da alimentação é capaz de gerar indagações que levam a refletir
sobre questões fundamentais da antropologia tais como a relação da cultura com a
natureza, o simbólico e o biológico. O alimentar-se é um ato vital, sem o qual não há
vida possível, mas, ao se alimentar, o homem cria práticas e atribui significados
àquilo que está incorporando a si mesmo, o que vai além da utilização dos alimentos
pelo organismo (MACIEL, 2001).
Enfatiza Da Matta (1987) que, quando o ato de comer e a própria comida se
revestem de aspectos morais e simbólicos, tem-se a situação “do viver para comer”,
que está relacionada com a vida social dos indivíduos.
Dessa forma, a construção de identidades culturais e sociais a partir de
certos elementos, como a comida, pode ser transformada em símbolo de uma
identidade conquistada. A comida envolve emoção, trabalha com a memória e com
sentimentos.
Ao estudar o alimento e sua relação com o bem-estar do corpo humano,
observa-se que o ato alimentar não satisfaz somente a necessidade biológica de
nutrir, mas preenche também funções simbólicas, sociais e culturais, que contribuem
para a representação dos diversos comportamentos alimentares, expressos pelos
indivíduos (RAMALHO et al., 2000).
A alimentação tem uma função estruturante na organização social de um
grupo humano, em especial com relação às atividades de produção, distribuição,
42
preparação e consumo, sendo um objeto do saber sócio antropológico (POULAIN,
2004).
Poucas dimensões da vida humana são mais profundamente conectadas
com a sobrevivência básica e, ao mesmo tempo, com elementos social e
simbolicamente construídos, do que a alimentação (MURRIETA, 2001).
Segundo Poulain (2004), o espaço social alimentar consiste em dimensões
que buscam agregar determinantes biológicos e culturais impostos aos indivíduos,
levando-os à escolha alimentar como forma de socializar os corpos e formar
sistemas organizacionais os quais conduzem às práticas alimentares. O homem
adquire produtos alimentícios para o seu consumo que sejam identificados
culturalmente e representem valores.
Essas dimensões deixam clara a relação da alimentação, suas origens,
acessos e escolhas que se articulam sobre representações simbólicas e participam
da diferenciação cultural dos grupos sociais, onde se tem:
O espaço do comestível: corresponde ao conjunto de escolhas que um
grupo humano produz, no meio natural, para selecionar, adquirir ou conservar seus
alimentos.
O sistema alimentar: corresponde ao conjunto de estruturas tecnológicas
e sociais que, da coleta até a cozinha, passando por todas as etapas da produção-
transformação, permitem ao alimento chegar até o consumidor e ser reconhecido
como comestível.
O espaço do culinário: a cozinha é o conjunto de operações simbólicas e
de rituais que, articulando-se sobre ações técnicas, participam da construção da
identidade alimentar de um produto natural e o tornam consumível.
43
O espaço dos hábitos de consumo alimentar: envolve o conjunto de
rituais que cercam o ato alimentar no sentido estrito, ou seja, a incorporação. A
estrutura da jornada alimentar, a definição da refeição, sua organização estrutural, as
modalidades de consumo, o local das refeições, as regras de colocação dos
comensais.variam de uma cultura para outra e no interior de uma mesma cultura,
segundo os grupos sociais.
A temporalidade alimentar: a alimentação se inscreve numa série de
ciclos temporais socialmente determinados. É antes de tudo o ciclo da vida dos
homens com uma alimentação de bebê, de criança, de adolescente, de adulto, de
velho. Cada etapa corresponde a estilos alimentares com alimentos autorizados,
outros proibidos, ritmos das refeições, status dos comensais, papéis, dificuldades,
obrigações e direitos.
O espaço de diferenciação social: a alimentação marca, no interior de
uma mesma cultura, os contornos dos grupos sociais, quer seja em termos de
categorias sociais ou em termos regionais. Tal alimento é um atributo para um grupo
social e será rejeitado por outro.
O ato de se alimentar caracteriza-se como uma das necessidades primárias
à sobrevivência humana. Nesta direção, Poulain e Saint-Sevin (1990) e Poulain
(2004) chamam a atenção para as dimensões nutricionais, sensoriais, higiênicas e
simbólicas contidas nas escolhas alimentares. Destaca que, além do papel
nutricional e de identidade, a alimentação pode, ao mesmo tempo, ser veículo de
plenitude e prazer ou, igualmente, provocar uma série de sensações desagradáveis
e de desprazer. O alimento, fonte de energia, de vitalidade e de saúde, pode ser
também um vetor de intoxicação ou causa potencial de doenças. Essas dimensões
encontram-se sistematizadas abaixo:
44
Qualidades nutricionais: o alimento deve ser capaz de oferecer ao
organismo do indivíduo, dentro de condições de equilíbrio mais ou menos
satisfatórias, os nutrientes que sejam fontes de glicídios e lipídios, proteínas,
minerais, vitaminas e a água.
Qualidades higiênicas: o alimento deve estar isento de elementos
tóxicos; seu consumo não deve provocar problemas digestivos secundários sob
pena de ser rejeitado por condicionamento negativo; a toxicidade alimentar pode
ter causa microbiológica e química;
Qualidades sensoriais: as características físicas dos alimentos provocam
sensações psicofisiológicas nos indivíduos, da ingestão até a eliminação. Essas
sensações são definidas como exteroceptivas (visuais, olfativas, gustativas, táteis,
térmicas e auditivas), proprioceptivas (sinestésicas, presença do alimento no
estômago) e sensações gerais secundárias (efeito eufórico do álcool, sensação
tranqüilizante de estômago cheio, excitação produzida pelo café, efeito estimulante
da carne, etc.).
Qualidades simbólicas: o alimento apresenta um significado para o
indivíduo, inscrevendo-se em um quadro cultural, em uma rede de comunicações,
em uma constelação imaginária, em uma visão de mundo. O alimento nutre o ser
humano em sua totalidade e ignora o recorte acadêmico que existe entre o corpo e o
espírito. O homem é consumidor de símbolos tanto quanto de nutrientes. Este
simbolismo alimentar possui diferentes níveis: o alimento ligado aos pratos regionais;
o alimento concebido pelas diferentes classes sociais e estilos de vida, o alimento
como base da comunicação (rituais sociais) e como símbolo religioso (o pão, o
vinho...).
45
Sousa (2002) ao discutir sobre a interação entre a terapia nutricional e a
produção de refeições, considera a necessidade de humanizar os serviços ligados à
alimentação e nutrição hospitalar, baseada no argumento de que o ser humano
constrói uma identidade própria em relação ao ato alimentar, dependendo dos
sabores que tem vivenciado e das formas e locais de consumo.
Segundo Paula (2002), a alimentação encerra, também, o sentido de
satisfazer aspectos emocionais, psicológicos e motivacionais dos indivíduos, fazendo
com que essa experiência se torne positiva ou não, em função de como ela se
desenvolve. A sua importância é tão significativa que, muitas vezes, ela é capaz de
manter ou não a fidelização da clientela. Ainda, é necessário resgatar a associação
do prazer ao consumo de alimentos. Mesmo que estes façam parte de dietas
restritas e controladas, o cliente assume olhares diferenciados sobre a assistência
nutricional e com informações e expectativas crescentes, torna-se um crítico agente
de mudança de seu tratamento.
2.4.2 Comer no meio hospitalar
A alimentação no ambiente hospitalar é um dos aspectos importantes para a
melhoria da qualidade do tratamento destinado aos pacientes, em conjunto com os
outros cuidados de saúde.
No entanto, a alimentação hospitalar está longe de incorporar “outros
comeres” que não só o comer “nutriente”. Porém os indivíduos comem comida,
sentem o cheiro das preparações, e através deste, lembram de pessoas queridas ou
fases da vida. Assim, o alimento é difícil de ser identificado pelo paciente, quando é
46
reduzido a uma regra, norma ou rotina do nutriente (GARCIA, 1992; SOUSA e
PROEÇA, 2005).
Nesse sentido, Poulain et al. (1990) e Puissant et al. (2000) consideram que
a alimentação hospitalar não deve oferecer somente as respostas nutricionais
adaptadas ao indivíduo em sua condição de saúde, mas também apresentar, além
das funções nutricionais e higiênico-sanitárias, a função hedônica e convivial, as
quais se encontram descritas abaixo:
Função nutricional: corresponde às características da alimentação com
relação ao aporte de nutrientes necessários ao indivíduo, de acordo com as suas
necessidades.
Função higiênica: relaciona-se à necessidade de os alimentos estarem
isentos de elementos tóxicos, tanto de origem química quanto de origem
microbiológica para que seu consumo não provoque problemas digestivos nem
possibilite a propagação de infecções.
Função hedônica: relaciona-se ao prazer. Os alimentos, por suas
qualidades organolépticas, pelas suas dimensões simbólicas e conviviais, fornecem
ao ser humano um sentimento de bem-estar, de prazer, de harmonia com seu corpo,
com a sociedade e com o mundo. Esta função assegura ao indivíduo a sua presença
no mundo.
Função convivial: refere-se ao fato de que o alimento faz parte dos
sistemas de comunicação. O alimento situa o ser humano em um espaço social,
possibilitando ao indivíduo a percepção de pertencer a um grupo e concorrendo para
a construção da identidade social e individual.
Para esses autores, a desvalorização simbólica das refeições hospitalares
se manifesta na perda de apetite por parte do paciente. Destacam ainda, que a
47
angústia da hospitalização e a forte conotação industrial da alimentação podem
alterar o comportamento alimentar dos pacientes. Portanto, é importante conectar
novamente o paciente a um contexto familiar, insistindo na humanização do serviço,
restabelecendo a identidade do alimento, informando ao paciente sobre a fabricação
e origens deste.
Na mesma direção, Corbeau (1998), ao tratar da dimensão simbólica e
oculta da comensalidade no âmbito hospitalar francês, considera que as lógicas da
seqüência do comer induzem graus variados de satisfação ou insatisfação. Ainda
ocorre a interação de aspectos psicossociológicos e culturais com aspectos
simbólicos e a própria percepção do alimento pelos comensais. Destaca, ainda, os
seis eixos de perspectivas institucionais na alimentação hospitalar (a chamada lei
dos seis “S”): o Seguro, ligado à higiene, a Saúde, considera as virtudes dos
alimentos, o Serviço, o Sabor, o Simbólico e o Simulacro.
Considerando essas dimensões, parte-se do princípio de que, para cuidar
de forma integral e com eficiência técnica, são necessários serviços e pessoas que
atendam, não só as exigências biológicas, mas também as psicossociais e
simbólicas dos pacientes. Dessa forma, a humanização da alimentação pode ser
uma das referências para o atendimento, em conjunto com os serviços médicos e de
enfermagem.
O conceito de Unidade de Alimentação e Nutrição é referido como o setor
responsável pelo fornecimento de refeições balanceadas, dentro de condições
higiênico-sanitárias adequadas para a manutenção e /ou recuperação da saúde da
clientela a que se destinam. O profissional indicado para a administração desta
unidade é o nutricionista que desenvolve atividades de planejamento, organização,
48
acompanhamento e controle de todo o processo que envolve, desde a aquisição,
armazenamento e preparo até a distribuição dos alimentos (TEIXEIRA et al., 2000).
Assim, havendo tantos aspectos ligados ao estado de doença do paciente,
os quais contribuem para redução da ingestão de alimentos e, por conseguinte, para
o comprometimento do estado nutricional durante a internação, é condição básica
para a Unidade de Alimentação e Nutrição reconhecer as diferentes dimensões da
qualidade em alimentação hospitalar. O conhecimento desse conceito deve constituir
o ponto de partida para o desenvolvimento de estratégias, no sentido de evitar a
ocorrência de fatores inerentes ao serviço que possam interferir na aceitação do
paciente, minimizando, desta maneira, a ocorrência de elementos que influenciem
negativamente no cuidado nutricional (MORIMOTO, 2002).
No entanto, nos hospitais, prioriza-se a função terapêutica atribuindo-se
pouca consideração ao apelo sensorial e simbólico indispensáveis para o consumo
de alimentos. Sousa e Proença (2004) e Sousa (2006) defendem que o atendimento
alimentar e nutricional pressupõe conjugar as diferentes dimensões da qualidade da
alimentação: a sensorial, a simbólica, a de serviços, além da nutricional, higiênico-
sanitária e regulamentar. Ao aspecto terapêutico nutricional podem ser incorporados
padrões dietéticos e sensoriais às preparações servidas, além de iniciativas
humanizadoras (cozinhas experimentais, investimento em pessoas para atendimento
humanizado, resgate do culinário, testes de degustação, ações educativas e
comissões com a equipe), além de horários adaptáveis, refeitórios, oficinas culinárias
e enquetes de satisfação, para o atendimento às necessidades individuais dos
pacientes.
49
2.5 ESTUDOS COM ABORDAGENS QUALITATIVAS
As questões que dão origem aos estudos sobre as percepções e
sentimentos dos sujeitos, de modo geral, conduzem o desenvolvimento de um
estudo na abordagem qualitativa de pesquisa.
No presente estudo, a abordagem qualitativa foi utilizada por ser mais
indicada para conhecer as percepções dos sujeitos em relação à alimentação
hospitalar, possibilitando um nível de realidade que não pode ser quantificado e
trabalhando com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores
e atitudes (RUDIO, 2002; MINAYO, 2004).
Estudos que utilizam a abordagem qualitativa para identificar as percepções
e representações sobre a doença em pacientes são importantes para a busca de
melhorias no cuidado e no seguimento do tratamento prescrito.
Budó et al (2007) descrevem em seu estudo a percepção e os significados
da dor em adultos usuários do SUS. A população compreendeu 60 pacientes que
buscaram o serviço no período da coleta de dados. A pesquisa foi do tipo
exploratório-descritiva, cujos dados foram coletados com entrevista semi-estruturada.
No universo empírico representado por esta pesquisa, a dor emergiu como um
significado vinculado à questão física, à questão emocional e sentimental, como uma
questão religiosa, como uma condição humana e ligada a hábitos de vida.
Nesse mesmo contexto, Martinez et al. (2002) realizaram estudo qualitativo
da percepção dos pacientes sobre a fibromialgia, com o objetivo de conhecer a
percepção sobre a doença. A técnica central para a coleta das informações foi
entrevista semi-estruturada. Os resultados do estudo demonstram que os principais
sintomas da fibromialgia são dor e fadiga; a ansiedade é uma característica
50
importante. A incerteza quanto ao prognóstico e medo de incapacidade funcional
definitiva é constante.
Peres et al. (2006) ao estudar o comportamento alimentar em mulheres
portadoras de diabetes tipo 2 buscou conhecer os pensamentos, sentimentos e
comportamentos em relação à dieta. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório,
de natureza qualitativa, realizado em uma unidade básica de saúde em Ribeirão
Preto - SP. Os resultados evidenciam dificuldades no seguimento da dieta, no
momento da preparação dos alimentos, o desejo por doces e a tristeza ao seguir a
prescrição dietética. O estudo apontou que o comportamento alimentar da mulher
portadora de diabetes tipo 2 é bastante complexo e precisa ser compreendido à luz
dos aspectos psicológicos, biológicos, sociais, culturais, psicológicos e econômicos
para maior eficácia das intervenções educativas.
Barbosa e Freitas (2005) buscaram identificar e compreender as
representações de pacientes sobre alimentação por sonda. Dentre as
representações encontradas, existem algumas que contribuem para a adesão e
outras para a rejeição a esse tratamento. Conhecendo as idéias e crenças positivas
e negativas sobre esse tipo de tratamento, torna-se possível atuar de forma mais
direcionada a fim de aumentar a adesão e satisfação com o tratamento.
Da mesma forma, ao pesquisar as percepções sobre o tema alimentação e
nutrição, evidencia-se a importância de investigações que contemplem as
experiências, crenças e valores dos sujeitos envolvidos.
Faz-se necessário revisar as percepções dos sujeitos e suas
representações em relação às escolhas alimentares. Um dos pontos essenciais a
serem analisados nos estudos de hábitos alimentares são as dimensões simbólicas
51
e culturais das questões alimentares, os gostos, a transmissão de costumes
(PEDRAZA, 2004).
Collaço (2003) ao analisar antropologicamente o hábito de comer fora,
levantando dados em três diferentes shoppings centeres da cidade de São Paulo,
identificou os condicionantes que levam à mudança nos hábitos alimentares. Faz uso
da pesquisa qualitativa por meio de entrevista semi-estruturada, ao oferecer margem
para a exteriorização de valores e significados por parte dos entrevistados, busca
extrair a concepção que possuem de “refeição ideal”.
Ao buscar explicações sobre quais seriam as razões objetivas e subjetivas,
materiais e simbólicas que fundamentam a atitude das instituições hospitalares frente
à alimentação, Garcia (2006) realizou estudo com sujeitos envolvidos no processo de
produção de dietas, através de pesquisa qualitativa. Os resultados demonstram a
valorização do aspecto nutricional em detrimento aos sensoriais e simbólicos da
alimentação hospitalar; e a escassez de informações técnicas e a influência da
hospitalização nas representações sociais sobre a dieta hospitalar, tendo esta
importância limitada.
No meio hospitalar, estudo realizado por Watters et al. (2003) teve como
propósito investigar as percepções de adultos sobre os serviços de alimentação e
nutrição hospitalar através de grupos focais com pacientes de alta e com
enfermeiras. Os pacientes demonstraram que a comida servida em hospitais deveria
ser modelo de dieta saudável. E ainda, a educação e comunicação contínua com
pacientes e enfermeiras é importante na melhoria da satisfação com serviços de
alimentação e nutrição.
No mesmo sentido, Stanga et al. (2003) ao estudarem a percepção de
pacientes sobre a comida de hospital, destacam a opinião destes para aperfeiçoar o
52
planejamento da refeição servida. Foi investigado o hábito alimentar, apetite,
satisfação com cardápios, preferências, apresentação e escolhas alimentares dos
pacientes. Os resultados demonstraram que a maioria está satisfeita com as
refeições e que a temperatura, a aparência e o aroma são particularmente
importantes.
Assim, a escolha da abordagem qualitativa se justifica por permitir conhecer
a experiência de pacientes com a alimentação e seu contexto durante a
hospitalização.
2.6 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO
No presente capítulo, na apresentação dos temas sobre concepções de
saúde e doença, experiência da internação, humanização, alimentação hospitalar e
estudos com abordagens qualitativas, buscaram-se contribuições teóricas e
metodológicas que possibilitassem o aprofundamento do problema de acordo com a
pergunta de partida do estudo.
No próximo capítulo será delineado o percurso metodológico, apresentando
à caracterização do estudo, do local e dos participantes, à construção do modelo de
análise, às etapas da pesquisa, os instrumentos e técnicas de coleta, o tratamento e
análise dos dados e os procedimentos éticos da pesquisa.
Em seguida será apresentado o artigo original: Comida de hospital:
percepções de pacientes em um hospital público com proposta de atendimento
humanizado, elaborado a partir da dissertação de mestrado “Comer no Hospital:
percepções de pacientes em um hospital público com proposta de atendimento
humanizado”, cujo objetivo principal foi conhecer as percepções de pacientes em
53
relação à alimentação em um hospital público de referência para a Política de
Humanização Hospitalar – PNH.
Finalizando o trabalho, o quinto capítulo aponta as considerações finais,
seguidas do glossário, apêndices e anexos.
54
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59
3 PERCURSO METODOLÓGICO
3.1 INTRODUÇÃO
No presente capítulo encontra-se delineado o método, construído com base
nos referenciais teóricos utilizados nos capítulos precedentes. Apresenta-se a
caracterização do estudo e dos participantes, além dos instrumentos e técnicas para
coleta de dados. Posteriormente, descrevem-se as etapas da pesquisa e a
construção do modelo de análise que consiste na definição das categorias,
subcategorias e seus desdobramentos. Finalizando o capítulo, apresenta-se o
tratamento e a análise dos dados e preceitos éticos do trabalho.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa. A escolha da abordagem
qualitativa se justifica por privilegiar a subjetividade das informações através do
relato de pacientes a respeito das suas experiências, expectativas e concepções
com a alimentação hospitalar durante a internação.
Segundo Trivinõs (1987, p.128), a pesquisa qualitativa “rejeita toda
expressão quantitativa, numérica, toda medida. Desta maneira, a interpretação dos
resultados surge como a totalidade de uma especulação que tem como base a
percepção de um fenômeno num contexto. Por isso, não é vazia, mas coerente,
lógica e consistente”.
Minayo (2004, p.21) acrescenta: “pesquisa qualitativa responde a questões
muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade
60
que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis”.
O estudo foi desenvolvido em um hospital de referência da Política Nacional
de Humanização - PNH, considerando as análises prévias da pesquisa de Bertin
(2005), desenvolvido no âmbito do projeto multicêntrico proposto por Garcia (2003) e
da pesquisa de Pedroso (2007). Estes estudos estão inseridos no contexto da linha
de pesquisa Diagnóstico e Intervenção Nutricional em Coletividades e do Núcleo de
Pesquisa em Produção de Refeições – NUPPRE, dando continuidade às análises de
Sousa (2001).
3.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS DO ESTUDO
A pesquisa foi desenvolvida em um hospital de referência da Política
Nacional de Humanização – PNH. O hospital possui 260 leitos, exclusivamente
ligados ao SUS e dentre as ações que integram a Política de Humanização interna
do hospital destacam-se 22 programas voltados para os trabalhadores da instituição
e 42 programas e ações voltados aos usuários do sistema de saúde.
Os participantes do estudo foram pacientes adultos e idosos internados nas
unidades de clínicas médicas. Desse universo, foram entrevistados vinte e sete
pacientes. A escolha das clínicas médicas foi baseada no maior tempo médio de
internação dos pacientes nessas unidades.
Na metodologia de base qualitativa o número de sujeitos que virão a compor
o quadro das entrevistas dificilmente pode ser determinado a priori – tudo depende
61
da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim como da
profundidade e do grau de recorrência e divergência dessas informações. Enquanto
estiverem aparecendo "dados" originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas à investigação em curso, as entrevistas precisam continuar sendo feitas
(DUARTE, 2002).
A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela seleção de uma amostra que
possibilite “abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas
dimensões” (MINAYO, 2004, p.43). Dessa forma torna-se desnecessário um critério
numérico para garantir sua representatividade. A seleção da amostra e dos
participantes (pacientes) está relacionada com o vínculo mais significativo ao
problema a ser investigado. Segundo Minayo (2007, p.102) “a amostra ideal é aquela
capaz de refletir a totalidade nas suas múltiplas dimensões”.
A seleção dos participantes do estudo foi através do que Schraiber (1995) e
Polit e Hungler (2004) denominam de critério de exaustividade e saturação dos
dados.
À medida que se colhem os depoimentos, vão sendo levantadas e
organizadas as informações relativas ao objeto da investigação e, dependendo do
volume e da qualidade delas, o material de análise torna-se cada vez mais
consistente e denso. Quando já é possível identificar padrões simbólicos, práticas,
sistemas classificatórios, categorias de análise da realidade e visões de mundo do
universo em questão, e as recorrências atingem o que se convencionou chamar de
"ponto de saturação", dá-se por finalizado o trabalho de campo, sabendo que se
pode (e deve) voltar para esclarecimentos (DUARTE, 2002).
Os critérios de inclusão foram pacientes internados há quatro ou mais dias
nas clínicas médicas do hospital em questão e com capacidade de suportar uma
62
entrevista individual de aproximadamente uma hora. Foram excluídos do estudo
pacientes com dificuldade em falar (disfásicos), inconscientes, confusos ou sedados
e que estejam recebendo assistência nutricional enteral ou parenteral. Dessa forma,
das vinte e sete entrevistas realizadas, excluiu-se uma por não atingir os critérios
previstos.
3.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA
Para a compreensão das percepções sobre a alimentação, foram realizadas
três técnicas da pesquisa qualitativa, de acordo com as etapas do estudo. Destacam-
se a análise documental, a entrevista em profundidade com questões semi-
estruturadas e a observação direta.
A análise documental constitui-se em uma valiosa técnica de abordagem de
dados qualitativos e consiste no exame de documentos que visam fornecer, ao
pesquisador, dados complementares para a melhor compreensão do problema
investigado (Quivy et al., 2003; Godoy, 1995). No presente estudo, a análise
documental foi realizada para o levantamento das características gerais do hospital,
provenientes de relatórios técnicos da própria instituição e, também, para
identificação dos participantes e suas características sócio-demográficas, através de
prontuário.
Para apreensão dos dados empíricos foram realizadas entrevistas em
profundidade com questões semi-estruturadas, com conteúdo registrado em
gravador digital após o consentimento dos informantes, transcrito em momento
posterior.
63
A técnica de entrevista semi-estruturada foi utilizada como forma de
investigação qualitativa deste estudo, por partir de questionamentos básicos,
referentes aos objetivos e pressupostos do estudo, e por oferecerem oportunidades
de surgimento de novos questionamentos, a partir de respostas dos sujeitos
investigados (HAGUETTE, 1999).
A entrevista semi-estruturada tem caráter subjetivo, para possibilitar a
aproximação da realidade social e das representações do indivíduo e o surgimento
de novos questionamentos (TRIVIÑOS, 1987).
Para a coleta de informações durante as entrevistas utilizaram-se três
perguntas norteadoras, além de um roteiro semi-estruturado (Apêndice A), elaborado
levando-se em conta, o diálogo desenvolvido com a literatura, principalmente com o
estudo desenvolvido por Poulain (2002).
Através da entrevista o pesquisador busca obter informações na fala dos
atores sociais e a entrevista em profundidade possibilita um diálogo intensamente
correspondido entre entrevistador e informante (MINAYO, 2007).
Aprender a realizar entrevistas é algo que depende fundamentalmente da
experiência no campo. Por mais que se saiba, hipoteticamente, aquilo que se está
buscando, adquirir uma postura adequada à realização de entrevistas semi-
estruturadas, encontrar a melhor maneira de formular as perguntas, ser capaz de
avaliar o grau de indução da resposta contida numa dada questão, ter algum
controle das expressões corporais (evitando gestos de aprovação, rejeição,
desconfiança, dúvida, entre outros), são competências que só se constroem na
reflexão suscitada pelas leituras e pelo exercício de trabalhos dessa natureza.
Para Queiroz (1992), a entrevista semi-estruturada é uma técnica de coleta
de dados que supõe uma conversação continuada entre informante e pesquisador e
64
que deve ser dirigida por este de acordo com seus objetivos. Desse modo, da vida
do informante só interessa aquilo que vem se inserir diretamente no domínio da
pesquisa. A autora considera que, por essa razão, existe uma distinção nítida entre
narrador e pesquisador, pois ambos se envolvem na situação de entrevistas movidas
por interesses diferentes.
Dentre as diversas formas de abordagem técnica do trabalho de campo, a
entrevista em profundidade semi-estruturada apresentou-se como a mais indicada
para o presente estudo, levando-se em consideração os objetivos da pesquisa. Essa
modalidade possui um caráter subjetivo, o que torna necessário que toda
interpretação deva levar em consideração a perspectiva da pessoa analisada.
Nessa linha de raciocínio seguem Lüdke e André (1986, p.33-34) ao
mencionarem que, neste tipo de entrevista, o entrevistado discorre sobre o assunto
proposto baseado nas informações que “ele detém e que no fundo são a verdadeira
razão da entrevista”.
A observação direta foi realizada nos momentos das refeições dos
pacientes, assim como, durante as entrevistas, utilizando-se caderno de campo.
Foram anotadas as próprias percepções do pesquisador acerca da investigação em
curso e informações sobre o entrevistado, seu comportamento geral na entrevista e
em particular quanto aos temas e à dinâmica com que transcorriam.
As primeiras entrevistas serviram para testar o guia da entrevista, o que
possibilitou fazer modificações e definir, parcialmente, o tempo de duração das
entrevistas.
65
3.5 ETAPAS DA PESQUISA
A pesquisa de campo foi desenvolvida em três momentos de interação,
denominados por Patrício (1999) de entrando no campo, ficando no campo e saindo
no campo, entendendo “campo” como o ambiente de estudo, ou seja, espaço
geográfico, cultural, intelectual, energético-afetivo no qual se desenvolve o processo
de pesquisar (PATRÍCIO, 2004).
O momento entrando no campo vai desde a fase exploratória até o projeto
piloto. Nessa fase aconteceu a apresentação da proposta de trabalho aos
participantes, momento em que se explica sobre os objetivos, finalidades, e sobre a
metodologia do estudo e os princípios éticos que o nortearão. Ainda, escuta os
sujeitos em suas apreciações e dúvidas e solicita a colaboração dos mesmos no
estudo, garantindo a sua adesão formal no processo da pesquisa através do “Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido” (Apêndice B).
Concluída a fase de entrada no campo, o pesquisador já pode se sentir
seguro para iniciar o estudo propriamente dito. Isso não garante que não haja
necessidade de se fazerem algumas adaptações durante o processo, considerando
o caráter de certos objetos da pesquisa qualitativa e o sentido de método prescrito
nessa modalidade (PATRÍCIO, 2004).
Minayo (2004) recomenda que, nesse momento, deve-se buscar uma
aproximação com o local e com os sujeitos envolvidos no estudo. Destaca ainda a
importância da apresentação da proposta de estudo aos grupos envolvidos.
No presente estudo essa fase se caracterizou, também, pela realização da
análise documental, para a caracterização do local de estudo, ou seja, foram
66
coletados dados referentes ao número de leitos, funcionários, caracterização dos
serviços do hospital, além da realização do teste piloto.
Após consulta ao prontuário, os pacientes que atenderam aos requisitos pré-
estabelecidos, foram convidados a participar do estudo, sendo agendadas as
entrevistas de acordo com as preferências do entrevistado. Os mesmos foram
informados dos objetivos e finalidades da pesquisa e dos demais aspectos relativos
às questões éticas. Todos os sujeitos que concordaram em participar do estudo
assinaram o termo de consentimento e livre esclarecimento (Apêndice B) e foram
informados sobre a gravação das entrevistas. As nutricionistas responsáveis pelas
clínicas médicas relacionaram, alguns pacientes, para que os seus prontuários
fossem analisados e atendendo aos critérios de inclusão, pudessem ser convidados
a participar da pesquisa.
O segundo momento, ficando no campo, se caracteriza pela coleta, registro
e inicio da análise dos dados. São momentos de interação entre pesquisador e
sujeitos, para a aplicação dos instrumentos de coleta de dados. As entrevistas foram
realizadas no leito dos pacientes, com algumas exceções, onde o entrevistado
preferiu sentar-se em sala separada.
Para proceder ao levantamento de dados, o guia de entrevista constava de
perguntas norteadoras e perguntas secundárias para relançar, se houvesse
necessidade, o tema do estudo (Apêndice A). As observações foram realizadas
concomitantes às entrevistas, assim como o registro nos cadernos de campo. Por
fim, realizou-se a transcrição e análise dos dados durante o processo de coleta.
O momento saindo do campo refere-se às despedidas e agradecimentos e
análise final dos dados, onde foi avisado que encontros posteriores poderiam
acontecer para a apresentação e devolução dos dados.
67
3.6 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE
3.6.1 Definição de categorias e subcategorias
A palavra categoria, em geral, se refere a um conceito que abrange
elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si.
Segundo Minayo (2004), trabalhar com categorias significa agrupar elementos, idéias
ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso. Esse tipo de
procedimento, de um modo geral, pode ser utilizado em qualquer tipo de análise em
pesquisa qualitativa.
Na presente pesquisa, foram elaboradas categorias e subcategorias, antes
da coleta de dados, consideradas relevantes para a investigação das percepções de
pacientes sobre a alimentação (Apêndice C). A construção das categorias baseou-se
no levantamento bibliográfico realizado para compor a fundamentação teórica,
principalmente no estudo de Poulain (2002). Após a coleta de dados, as categorias e
subcategorias foram sistematizadas, conforme o Quadro 1 abaixo:
Quadro 1: Categorias e Subcategorias de análise referentes ao tema “Comer no
hospital: percepções de pacientes em um hospital público de referência da
PNH”
Categorias Subcategorias
1. O cotidiano do paciente e a
experiência da
hospitalização
Momentos em que fala da hospitalização
Outras hospitalizações
Problemas de saúde relacionados à
alimentação
Medicamentos
2. Significado do Comer Momento da refeição
Aceitação da alimentação
Expectativas do comer
Comida de hospital versus comida de casa
Humanização do Cuidado Alimentar
* Adaptado do Modelo de Poulain (2002).
68
Destaca-se que as categorias podem ser estabelecidas antes do trabalho de
campo ou a partir da coleta de dados. No entanto, após a coleta de dados as
mesmas podem ser reformuladas visando à sistematização das informações
encontradas.
3.7 PRESSUPOSTOS DA PESQUISA
A comida de hospital é comumente percebida como sinônimo de insossa,
sem gosto, fria, servida cedo e ainda com conotações de permissão e proibição,
podendo ser alvo de críticas e rejeições;
A qualidade do atendimento está relacionada às comunicações e
interações da equipe de saúde com os pacientes;
No ambiente hospitalar ocorre a valorização do aspecto nutricional e do
conceito biomédico de saúde;
A escolha alimentar, horário, estrutura das refeições, o auxílio recebido,
as características sensoriais das refeições são elementos de satisfação por parte dos
pacientes.
3.8 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Para Minayo (2004), a análise é um movimento de se olhar atentamente
para os dados da pesquisa, com a finalidade de compreendê-los, para confirmar ou
não os pressupostos da pesquisa e/ou respostas às questões formuladas,
ampliando, desta forma, o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-se
ao contexto cultural ao qual faz parte.
69
Um dos aspectos mais complexos da pesquisa qualitativa consiste
precisamente nas formas de tratamento dos dados. É importante que os objetivos e
a fundamentação teórica estejam bem definidos, pois irão nortear a análise dos
dados (VÍCTORA et al., 2000).
Na presente pesquisa, após a transcrição das gravações e digitação das
falas, foi utilizada para o tratamento dos dados, a Análise de Conteúdo – AC, que
segundo Bardin (2004, p.42), pode ser entendida como “um conjunto de técnicas de
análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”, devendo obedecer às
seguintes etapas:
a) Pré-análise do conteúdo das entrevistas transcritas (Apêndice D): a partir
de uma leitura e organização do material coletado, considerando os critérios de:
Exaustividade: o material selecionado deverá dar abrangência a todos
os elementos necessários;
Representatividade: na amostragem, selecionar os documentos
realmente representativos;
Homogeneidade: a escolha dos documentos deve estar baseada na
mesma técnica;
Pertinência: o material precisa conter ou selecionar o problema.
b) A exploração do material: faz-se uma codificação dos dados a partir de
unidades de registro que correspondem ao segmento de conteúdo a ser considerado
como unidade de base. Para este estudo, as unidades de base foram a palavra ou
frase, e o tema (Apêndice E).
70
c) Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação: a partir das
categorias obtidas, tendo como base os pressupostos teóricos que serviram de
fundamentação para o estudo, foram realizadas a inferência e a interpretação dos
dados, voltando à literatura pertinente, quando necessário, para subsidiar o processo
reflexivo.
Finalmente, a partir dos dados obtidos e analisados, foi realizado um
levantamento dos elementos para auxílio na compreensão das percepções de
pacientes.
3.9 PROCEDIMENTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Os preceitos éticos na pesquisa orientam a atuação do pesquisador no
sentido de não causar dano de espécie alguma ao ser humano - sujeito da pesquisa
- bem como ao ambiente onde está sendo desenvolvido o estudo (PATRÍCIO, 2004).
Para que todas as etapas da pesquisa fossem efetivadas, foi necessário que
todos os procedimentos éticos fossem seguidos e atendessem a Resolução n.
196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
O termo de consentimento e livre esclarecimento (Apêndice B) foi entregue
aos sujeitos que aceitaram participar do estudo. Segundo Goldim (1999), o
consentimento informado, entende-se como a autorização, dada de forma voluntária,
por uma pessoa capaz de tomar decisões, no sentido de permitir a realização de um
procedimento de pesquisa, após terem sido fornecidas todas as informações
necessárias à plena compreensão dos riscos, desconfortos e benefícios associados.
A fim de assegurar o anonimato dos participantes, nesta pesquisa os entrevistados
71
foram identificados com a abreviação da palavra Paciente “PAC” seguida por
algarismos cardinais (Ex: PAC 1; PAC 2).
O presente projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética para Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, que o aprovou na
reunião do dia 18 de dezembro de 2006, sob o N°. 358/06 (Anexo A).
72
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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contratação como docente (referente ao Processo Seletivo - Edital FMRP-USP Nº
034/2003) no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto – USP. 2003.
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HAGUETTE T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. 6 ed. Petrópolis:
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73
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Dissertação (Mestrado em Nutrição) – Curso de Pós-Graduação em Nutrição.
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2001. Disponível em: http://teses.eps.ufsc.br/
TRIVINOS A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
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VÍCTORA C. G.; KNAUTH D. R.; HASSEN M. N. A. Pesquisa qualitativa em
saúde: uma introdução ao tema. Porto Alegre: Tomo editorial, 2000.
74
4. ARTIGO ORIGINAL
COMIDA DE HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES EM UM HOSPITAL
PÚBLICO COM PROPOSTA DE ATENDIMENTO HUMANIZADO
HOSPITAL FOOD: PERCEPTIONS OF PATIENTS IN A PUBLIC HOSPITAL WITH
PROPOSAL HUMANIZED ATTENDANCE
Renata Léia Demário
I
Anete Araújo de Sousa
II
Raquel Küerten de Salles
III
I
Programa de Pós-graduação em Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, SC, Brasil.
II
Departamento de Nutrição, Programa de Pós Graduação em Nutrição.
Universidade Federal de Santa Catarina. Caixa postal 476, Campus Universitário
Trindade, 88040-900. Florianópolis, SC, Brasil. Correspondência para A.A.SOUSA.
E-mail: [email protected]; telefone: (48) 37219784.
III
Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
SC, Brasil.
Artigo baseado em dissertação de mestrado de RL Demario intitulada “Comer no
Hospital: percepções de pacientes em um hospital com proposta de atendimento
humanizado”. Programa de Pós Graduação em Nutrição, Universidade Federal de
Santa Catarina, 2007.
75
RESUMO
O objetivo do estudo foi conhecer a percepção de pacientes sobre a alimentação em
um hospital de referência para a Política Nacional de Humanização. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa para a qual foram realizadas 26 entrevistas em profundidade,
semi-estruturadas, aplicadas a pacientes adultos e idosos internados há quatro ou
mais dias em clínicas médicas. O estudo revelou que os pacientes aprovam o bom
atendimento e consideram o cuidado humanizado da equipe de saúde; percebem a
alimentação como parte das regras da instituição e a relacionam com a doença e
com a recuperação da saúde; consideram que a presença de acompanhante, o
ambiente hospitalar, medicamentos e aspectos sensoriais influenciam a aceitação
da alimentação. O horário das refeições foi considerado modelo a ser seguido. Os
pacientes demonstraram dificuldade em opinar sobre mudanças na alimentação ou
sobre suas rotinas. A refeição é um momento de interação entre os próprios
pacientes, acompanhantes e equipe de saúde. O estudo concluiu que comer bem no
hospital, depende do que os pacientes podem ou não comer devido a sua doença,
revelando que, possivelmente, não haja identificação da alimentação hospitalar com
a sua história alimentar, preferências ou hábitos adquiridos ao longo de sua vida.
Descritores: alimentação coletiva; pacientes; unidade de alimentação e nutrição
hospitalar; pesquisa qualitativa.
76
ABSTRACT
The objective of the study was to know the perception of patients about feeding in a
reference hospital for the National Humanization Politics. It is a qualitative research.
Twenty-six depth half-structuralized interviews had been carried through. The
interviews were applied to the patients interned for four or more days in medical clinic
units. The study revealed that the patients relate the good attendance and the
humanized health team care. The feeding is perceived as part of the institution rules,
relating it with the disease and the health recovery; the companion presence, the
hospital environment, medicines and sensorial aspects influence the feeding
acceptance. The meal time was considered a model to be followed. The patients
had demonstrated difficulty in revealing opinions about changes in the feeding or
routines. The meal time is an interaction moment among the patients, companions
and health team. The study concluded that to eat well in a hospital, depend on what
the patients can eat or not because of their disease, showed that, there is no hospital
food identification with its feeding story, preferences or habits in life.
Describers: collective feeding; patients; hospital nutrition and feeding units;
qualitative research.
77
INTRODUÇÃO
A concepção de alimentação e alimento comumente está centrada no seu
aspecto nutricional. A alimentação é reconhecida pela sua função vital para a
sobrevivência humana e como condição essencial para a promoção, manutenção e
recuperação da saúde dos indivíduos.
A função terapêutica da alimentação tem evoluído graças ao avanço
considerável dos conhecimentos relacionados à dietética e à nutrição. A pesquisa
nessas áreas forneceu e abriu novos pontos de vista acerca da terapia nutricional,
ficando cada vez mais claro que a alimentação pode, de fato, apresentar um papel
relevante no processo saúde e doença.
7
No entanto, pesquisadores da área de antropologia, história e sociologia da
alimentação, ao discutirem sobre o tema destacam que a formação do gosto
alimentar não se dá, exclusivamente, pelo seu aspecto nutricional.
3,15,16
A comida
não é apenas uma substância alimentar, mas também um modo, um estilo e um jeito
de alimentar-se. Portanto, alimentar-se é um ato nutricional e comer é um ato social
ligado a usos, costumes, condutas, protocolos e situações.
16
Portanto, o comer no hospital pode ser compreendido a partir de outras
dimensões, pois a seqüência do comer não se restringe ao ato que vai da recepção
da matéria-prima ao garfo. Após a ingestão dos alimentos, emergem impressões,
lembranças, discursos e comportamentos alimentares.
3
No meio hospitalar,
compreende-se que essa seqüência do comer não é transparente.
3
Diante dessas considerações, alguns estudos observaram que os pacientes
não ingerem boa parte da alimentação que lhes é oferecida devido à doença, falta
de apetite, alterações do paladar, mudança de hábitos, insatisfação com as
78
preparações e ambiente hospitalar.
4,11,19,25
A aceitação da alimentação tem sido
também relacionada com a forma de atendimento prestado.
5, 9, 23
Essas avaliações, aliadas ao aumento da desnutrição intra-hospitalar
8,13,22
e
aos novos perfis demográficos de mortalidade e morbidade da população
21
têm
exigido do setor de saúde e, especificamente das unidades de alimentação e
nutrição hospitalares, abordagens diferenciadas para um atendimento humanizado.
1
Dessa forma, considerando os conceitos apontados sobre o comer e o
alimentar-se e a necessidade de analisar as diferentes dimensões da alimentação
hospitalar, a pesquisa teve como objetivo conhecer as percepções de pacientes em
relação à alimentação em um hospital público de referência para a Política Nacional
de Humanização. Destaca-se que os resultados podem contribuir com a evolução do
conhecimento sobre o tema alimentação hospitalar, a partir da perspectiva de
pacientes hospitalizados. Além disso, as unidades de alimentação e nutrição
hospitalares, tanto os setores destinados ao fornecimento de refeições, quanto ao
acompanhamento clínico-nutricional dos pacientes, podem contar com indicadores
de avaliação para melhorar seus serviços e para a aceitação das refeições por parte
dos pacientes.
Estudos dessa natureza podem apontar novas abordagens na dimensão do
cuidado integral, em alimentação, nutrição e saúde hospitalar. Podem ainda,
contribuir com os profissionais envolvidos com a alimentação, para que suas ações
considerem a subjetividade dos pacientes.
Tendo em vista todos os aspectos referidos, aliado a pouca produção de
trabalhos com essa temática, destaca-se a relevância dessa proposta para
diferentes campos do conhecimento, com ênfase no setor de alimentação coletiva
hospitalar.
79
PERCURSO METODOLÓGICO
A pesquisa apresentou uma abordagem qualitativa.
10,20
A definição por essa
base metodológica é explicada devido à natureza do estudo proposto: a pesquisa
qualitativa se justifica por privilegiar a subjetividade das informações através do
relato dos sujeitos.
A pesquisa foi desenvolvida em um Hospital Público de referência da Política
Nacional de Humanização – PNH no Estado de Santa Catarina. O hospital possui
260 leitos, exclusivamente ligados ao SUS e dentre as ações humanizadas que são
desenvolvidas no hospital, destacam-se 22 programas voltados para os
trabalhadores da instituição e 42 programas e ações voltados aos usuários do
sistema de saúde.
Foram entrevistados 26 pacientes adultos e idosos das unidades de
internação das clínicas médicas. A escolha dessas unidades baseou-se no tempo
médio de internação. Os critérios de inclusão para a seleção dos participantes da
pesquisa compreenderam: pacientes internados há quatro ou mais dias e capazes
de tolerar uma entrevista individual de aproximadamente uma hora. Os pacientes
com dificuldade em falar (disfásicos), inconscientes, confusos ou sedados e que
estivessem recebendo assistência nutricional enteral ou parenteral, foram excluídos
da pesquisa.
A seleção dos participantes do estudo foi através do critério de exaustividade
e saturação dos dados. Dessa forma torna-se desnecessário um critério numérico
para garantir sua representatividade.
10
O referencial teórico utilizado
3,15,17,18,19,23
, destacando-se o estudo
desenvolvido por Poulain
14
(2002), forneceu suporte para a elaboração de um
80
modelo de análise composto por duas categorias: O cotidiano do paciente e a
experiência da hospitalização e o Significado do Comer.
Para a coleta de dados foram utilizadas a análise documental e entrevistas
em profundidade semi-estruturada.
A análise documental foi realizada para o levantamento das características
gerais do hospital, provenientes de relatórios técnicos da instituição, e para a
identificação dos participantes e suas características sócio-demográficas, através de
prontuário.
Na entrevista em profundidade semi-estruturada, cada uma das categorias
orientou a elaboração de perguntas-guias, relativamente abertas. Esse tipo de
entrevista parte de questionamentos básicos, referentes aos objetivos do estudo,
tem caráter subjetivo que oferecem oportunidades de surgimento de novos
questionamentos, a partir das respostas dos sujeitos investigados.
20
Ainda, através
da entrevista, o pesquisador busca obter informações contidas na fala dos atores
sociais.
10
Os dados foram registrados em um gravador e/ou caderno de campo.
Posteriormente, realizou-se a transcrição e análise dos dados.
Na categoria o cotidiano do paciente e a experiência da hospitalização, a
partir das questões: Como é o seu dia no hospital e desde quando está
hospitalizado? buscou-se identificar a importância dada pelo paciente ao ato
alimentar e o papel que a alimentação ocupava no cotidiano do paciente.
Na categoria significado do comer, a partir da pergunta norteadora O que
pensa sobre a comida de hospital, buscou-se identificar o momento da refeição e as
interações, as expectativas em relação à comida do hospital e a influência da
hospitalização na percepção dos pacientes sobre a alimentação.
81
As concepções e os conceitos que surgiram com o desenvolvimento das
entrevistas foram categorizados e analisados, seguindo à técnica de análise de
conteúdo proposta por Bardin
2
(2004).
A interpretação dos relatos foi baseada em referencial teórico, visto que não
foi objetivo quantificar a freqüência dos fatores analisados, mas conhecer a
percepção dos pacientes sobre os aspectos pesquisados. A partir das análises do
conteúdo surgiram novas categorias, subcategorias e unidades de registro.
O projeto da pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética de
Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. A fim de assegurar o anonimato dos participantes, foram utilizadas as
letras “PAC”, referente ao paciente, seguida por algarismos cardinais (Ex: PAC 1;
PAC 2).
RESULTADOS
Os pacientes entrevistados são mulheres (19) e homens (7), adultos e idosos,
com idade entre 21 e 80 anos. Em relação à escolaridade, 5 concluíram o ensino
fundamental, 12 possuíam o fundamental incompleto, 3 concluíram o ensino médio,
2 possuíam o ensino médio incompleto e 4 eram analfabetos. Quanto ao estado
civil, 15 eram casados, 3 solteiros, 5 desquitados e 3 viúvos. Dentre os pacientes, a
maioria tinha filhos (21). O tempo de internação variou de 5 a 50 dias e apenas um
paciente estava pela primeira vez internado. Com relação à prescrição dietética, 14
pacientes estavam com dieta normal, 8 hipossódicas e 4 para diabetes/hipossódica.
82
A análise do conteúdo revelou significados que os pacientes deram ao seu
cotidiano e a sua relação com a comida no hospital, agrupados e apresentados
abaixo:
O cotidiano do paciente e a experiência da hospitalização
Os pacientes falam do seu cotidiano e da hospitalização como experiências
permeadas pelo bom atendimento e cuidado humanizado da equipe de saúde. O dia
no hospital é pontuado por atividades, tais como: caminhadas pelas unidades de
internação, visitas e colaboração no cuidado a outros pacientes, palavras-cruzadas,
crochê e dominó. A alimentação foi referida pelos pacientes durante o seu dia no
hospital. A refeição mais citada foi o café da manhã, seguida pelo almoço. No
decorrer do relato, as outras refeições foram pouco mencionadas. Esses aspectos
podem ser observados nas falas abaixo:
“Está sendo ótimo, não quero ir embora [...]. Seis horas já estou acordada, vejo meu
repórter, tomo banho e espero meu café [...] depois vem à medicação, verificam a
pressão [...] faço uma caminhada no corredor [...]. Ah! faço a minha palavra
cruzada”. (PAC 1)
“Eu acordo, tomo meu banho, daí eu dou banho na D. Maria [paciente do leito ao
lado] [...], para ter alguma coisa para fazer. Eu ando por aí, vou aos quartos, faço
visitas, tem que conversar para a gente se distrair [...] Para passar o tempo”. (PAC
15)
83
Ao serem indagados sobre problemas de saúde relacionados à alimentação,
enfatizam que as restrições alimentares e o apetite estão relacionados à doença:
“É, às vezes tem um monte de comida boa e eu não posso. Parece que não dá para
comer, mas agora esses dias já estou comendo. Tem muitas comidas que eles
pediram para não comer, por exemplo, carne gorda, molho [...] porque o meu
problema é circulação forte”. (PAC 6)
As aversões alimentares mais relatadas foram preparações de peixe, pepino,
abobrinha, abacaxi, cebola, arroz, frango ensopado e leite, que estiveram
relacionadas à forma de preparo, às intolerâncias individuais e principalmente, aos
hábitos alimentares.
A rotina da medicação é bastante valorizada pelos pacientes, porém, a
interferência de medicamentos em seu apetite não foi enfatizada.
O momento da alimentação: comida para a pessoa reagir e sarar
Os pacientes consideram que a alimentação faz parte das regras da
instituição. O ato de se alimentar relaciona-se com a doença e sua recuperação.
Possivelmente, esta concepção reforça a resignação frente à alimentação hospitalar
oferecida, como observado nos relatos abaixo:
“Eu acho que aqui [...] a gente come bem, sobre as medidas do hospital [...] e
conforme o problema da pessoa, a doença que a pessoa tem [...] É tudo passado
por nutricionista [...] Então eles já dão a comida conforme a doença [...]. Você vai
84
comer à vontade as coisas? Tudo quanto é coisa? [...] Então daí não sara nunca!
Então eles já fazem mais ou menos a comida para a pessoa reagir e sarar”. (PAC 2)
“É, faz bem! Então [...] eu tenho que pensar nisto: que eu estou fazendo mesmo sem
gostar, mas eu tenho que comer!”. (PAC 23)
Além disso, outras regras como os horários diferenciados são incorporados
ao cotidiano dos pacientes durante a hospitalização, diferente daqueles praticados
em casa. Consideram que os horários do hospital são certos e que eles precisam se
adaptar, referindo-os como modelo a serem praticados em casa. Outros relatos
destacam que dificilmente estas rotinas possam ser alteradas, pois afetariam o bom
andamento das atividades da equipe de saúde, conforme destacado abaixo:
“A gente se habitua. Eu era muito irregular com meu horário de comida [...] aqui a
gente segue uma regra, e daí essa regra para mim está sendo boa. [...] Eu vou ter
que fazer um tratamento prolongado em casa, eu quero ver se já levo pelo menos as
regras de horário”. (PAC 1)
“É um horário bom! Eles têm que começar a servir certos horários mais ou menos
para não atrapalhar o horário do pessoal de ir para casa também! Aqueles que
trabalham o dia inteiro aqui quando chegam de noite eles querem ir descansar
também!”. (PAC 2)
Outro elemento destacado nas falas é a incerteza dos seus direitos como
cidadão e usuário do sistema de saúde. Ou ainda de poder escolher ou opinar sobre
85
o que gostaria de comer ou não, argumentada em função da pluralidade da
população hospitalar.
“[...] Porque a gente já depende daqui [...], tem que comer então o que vem [...] Está
aqui para ser tratado, não para comer bem! Se quer comer bem, vai ao restaurante
então!”. (PAC 2)
“[...] As cozinheiras não sabem o que eu gosto ou não gosto, mas o que eu vou
fazer? Se eu não gosto de moranga, outros gostam [...] Mas tem uma coisa, se eu
não gosto deixo de lado, não preciso fazer comentário”. (PAC 3)
Expectativas com a comida de hospital: comer bem é comer a comida que
vem...
A aceitação da alimentação está relacionada com a diminuição do apetite em
função da doença, do tratamento medicamentoso, do ambiente, da presença de
acompanhante e dos aspectos sensoriais dos alimentos.
A doença interfere no apetite, principalmente se vem acompanhada da dor.
Quanto mais intensa, menor o apetite e a vontade de se alimentar, como relatado:
“Eu estava melhor, agora estou ruim, porque eu não estou tendo fome e piorei de
ontem pra cá, eu estava comendo melhor. É a doença [...]”. (PAC 26)
Na presença do acompanhante, o momento da refeição torna-se mais
prazeroso, facilitando a aceitação:
86
“A comida daqui é muito boa [...] até meu marido fala da comida quando ele está
aqui, às vezes chega aqui e diz: “Oh que comida!” Ele gosta também [...] quando ele
está aqui eu sou obrigada a comer tudo, porque se não! [...]”. (PAC 5)
A diminuição do apetite também pode ser influenciada por causas além da
doença. Verificou-se que o próprio ambiente hospitalar pode interferir na rejeição
da alimentação: “Eu falo que eu não quero comer, e eles botam na minha boca, e
daí eles trazem o balde para eu jogar fora. É todo dia. Eu não gosto de comer em
hospital”. (PAC 12)
Em relação aos aspectos sensoriais da alimentação, identificou-se que a
apresentação, aparência e o aroma, além do tipo de preparação podem
influenciar na vontade de comer dos pacientes, como observado nos relatos abaixo.
“Na hora que chega a gente está com fome [...]. Mas às vezes quando abre a
bandeja, aí passa a fome! Quando é gostosa, até dá um cheirinho, ainda anima a
gente a comer. [...]. Mas o dia que vem peixe cozido aqui, é ruim [...]. Só que hoje eu
comi, porque veio frito, peixe à milanesa”. (PAC 18)
“[...] só quando viu a comida assim arrepiou tudo e vomitou e não comeu a comida.
Não come! Desde quinta-feira que eu estou aqui, e essa mulher não comeu uma
colherada da comida. [...] ela só come pão com café, um ovinho no pão e mais
nada”. (PAC 21 sobre paciente do leito ao lado)
No mesmo sentido, o sabor, como um dos aspectos sensoriais da
alimentação, foi referido como elemento de aceitação. A ausência ou a pequena
87
quantidade de sal e falta de tempero foi motivo de insatisfação, opinião partilhada
mesmo entre os pacientes com dieta normal, conforme alegaram:
“Eu acho que o mais importante é o sal, porque a comida é gostosa, mas pra mim eu
acho que precisaria mais um pouquinho de sal [...]”. (PAC 27)
Outro aspecto referido pelos pacientes é a temperatura das refeições
servidas, que geralmente chegam frias. Porém, a aceitação da comida mais fria foi
justificada pela distancia entre a cozinha e os quartos. Como destacado
anteriormente, os pacientes se submetem passivamente às regras do hospital:
“A temperatura aqui não adianta reclamar porque até que elas venham aqui, trazer
no nosso quarto, já está mais fria. [...] Quer comer em casa? Quer comer quente?
Coma em casa. Porque não é fácil elas coitadinhas virem de lá daquela distância da
cozinha para trazer a comida. Daí sobre a temperatura, não tem nada que reclamar
[...]”. (PAC 14)
Embora aceitem e justifiquem a temperatura, alguns relatos evidenciam a
importância da temperatura, apontando como ideal, o hábito da casa, quando a
comida é consumida logo após o preparo.
“Comer bem no hospital é comer na hora, quentinha, sem precisar estar andando
pelos corredores as bandejas. Sai do fogo quentinha e come quentinha. Isso aí! [...]”.
(PAC 13)
88
A textura dos alimentos, relacionada com dificuldades de mastigação, foi
outro aspecto apontado:
O que eu acho que deveria ser, até vou gravar bem, [...] um pouquinho mais, eu sei
da dificuldade, mas com um pouquinho mais de atenção, de amor [...] é a carne,
vamos dizer: assada de panela. Vem aquele pedacinho meio dura, e nós que já
usamos dentadura [...], é bom que a gente tenha a carninha melhor, mais macia,
desfiada ou em pedacinhos de carne” (PAC 14).
A falta de molho em algumas preparações torna a comida mais seca, como
relatada em alguns depoimentos:
“[...] Eu gostaria de uma comida que fosse com mais molho, porque a comida é um
pouco seca, ela é um pouco mais difícil de digestão” (PAC 3).
Ao analisar as expectativas do comer no hospital, os pacientes identificaram
suas preferências alimentares e as relacionaram com os hábitos de casa. Porém,
os pedidos de mudanças eram precedidos pela enfática declaração de que a comida
“está muito boa, tudo está ótimo” e somente depois ocorria à exposição do que
gostariam que fosse modificado em algum aspecto da alimentação. Alguns relatos
destacam essas preferências:
“[...] eu troco qualquer alimentação por meu café com pão”. (PAC 1)
89
“[...] O que não escapa da minha mão é a sopa. Sopa, mesmo que eu não esteja
com fome, eu como. A sopa que vem é ótima [...]. Menina, mais eu gosto dessa
sopa!” (PAC 5)
A variedade dos cardápios foi um aspecto evidenciado, demonstrando que
certos alimentos, como as massas apareceram raramente e algumas preparações
foram oferecidas com pouca freqüência durante o período de internação.
Quando indagados sobre o que é comer bem no hospital, os pacientes
identificaram o aceitar tudo que lhes é oferecido, partindo do princípio de que tudo
está adequado às suas necessidades:
“Comer bem é comer a comida [...]. Comer o que veio, porque sempre vem na
medida certa, acho que aquela ali é a medida certa pra gente”. (PAC 5)
Humanização do cuidado alimentar
A humanização do cuidado alimentar e nutricional está presente em vários
depoimentos. Os pacientes valorizam o constante acompanhamento dos
nutricionistas e a oportunidade de escolherem preparações que possam facilitar a
aceitação da alimentação.
“[...] Nos outros dias eu tenho me alimentado muito bem, as nutricionistas chegam
aqui, são três, então elas sempre vem ver porque a gente está comendo, porque
que não, elas são cuidadosas, tentam encaixar para que a gente fique bem [...]”.
(PAC 6)
90
O serviço prestado pela equipe de nutrição pode ser um dos aspectos que
contribuem com a satisfação e aceitação da alimentação no ambiente hospitalar. Os
pacientes demonstram que a refeição é um momento de troca, onde há a interação
entre profissionais e pacientes.
“A copeira é muito boa, eu gosto dela, ela me trata com carinho. Dizem: Olha!
Trouxe comida boa, para comer! Daí elas olham o quanto a gente comeu também
[...] É, às vezes elas me olham assim [...] não fala, mas só um olhar, que já chama a
atenção”. (PAC 6)
Na instituição pesquisada os pacientes se alimentam no próprio quarto,
geralmente, acompanhados por familiares ou por outros pacientes, o que evidencia
a tentativa de interação social durante a refeição.
“Como aqui no quarto. Eu puxo a minha cadeira bonitinho, fico esticada, sento ali,
como ali. Sempre com companhia. Uma incentiva a outra a comer, elas me
incentivam a comer, eu incentivo elas a comer, daí a gente come tudo!” (PAC 1)
Ao citarem internações em outros hospitais, os pacientes traçam paralelos
comparando, principalmente, a qualidade da atenção alimentar. No hospital do
estudo, a comida foi considerada boa e o hospital cinco estrelas: “[...] é um hotel
cinco estrelas só a única coisa que está faltando é a piscina, só falta à piscina, a
hidroginástica, mas está tudo bom”. (PAC 21)
Durante o período de internação, a comida do hospital recebeu conotações
satisfatórias, como: vitaminada, enriquecida, variada, caprichada, bem limpinha e
91
ótima. Surgiram, também, aspectos negativos em relação às refeições: insossa,
fraquinha, ruim, péssima, fria, repetida, sem gosto, mesmo cheiro, aparência ruim,
com conotação de comida de doente.
A comida de hospital está presente no imaginário das pessoas, recebendo
conotações que nem sempre foram vivenciadas na prática, mas, identificadas pelo
senso comum.
“Quando falam de comida de hospital, a gente já pensa naquele mesmo cheiro,
aquele mesmo gosto, aquela mesma coisa, já tem aquela, aquela aparência como
se fosse ruim”. (PAC 7)
“Antes de chegar aqui eu achava assim, que fosse uma comida ruim, uma comida
que não fosse feita direito, que fosse feita de qualquer jeito, mas não, o pessoal
capricha bem na comida, [...] preciso parabenizar a copeira”. (PAC 27)
Portanto, as políticas de humanização nos hospitais ao buscarem mudanças
no padrão de assistência ao usuário, devem vislumbrar a dimensão humana da
alimentação, como elemento de identidade e de sociabilidade, um dos eixos
fundamentais para o cuidado integral à saúde.
DISCUSSÃO
O estudo teve como objetivo conhecer as percepções de pacientes, em
relação à alimentação em um hospital público de referência para a Política Nacional
de Humanização. Estudos dessa natureza têm sido evidenciados na literatura,
92
destacando a importância dos critérios subjetivos para avaliação da alimentação
hospitalar.
4, 6,23
Os pacientes destacaram o bom atendimento da equipe de saúde. A refeição
mais lembrada no cotidiano hospitalar foi o café da manhã, seguida do almoço. A
alimentação é percebida como uma regra da instituição. O ato alimentar relacionou-
se com a doença e recuperação da saúde. O horário das refeições hospitalares foi
considerado como um modelo a ser seguido. Esses resultados podem revelar, em
parte, a condição de controle e disciplina da alimentação hospitalar
6
, bem como, a
desagregação da comida, em seus aspectos simbólicos, subjetivos e sociais, com a
dimensão terapêutica.
6, 14
Os pacientes demonstraram dificuldade em opinar sobre mudanças na
alimentação ou rotinas. Alguns estudos observaram que o contexto da
hospitalização transforma os papéis sociais dos indivíduos.
14
A aceitação da comida
e do serviço, nem sempre ideais, é justificada pela pluralidade da população
hospitalar.
3
A hospitalização se caracteriza por certa passividade, além do receio de
serem mal interpretados ao se queixarem das condições de cuidado e da
alimentação.
14
Os pacientes referem que a doença influencia no apetite. Além dos fatores
relacionados à doença, enfatizados por alguns estudos
11
, outros trabalhos referem
que o apetite também é influenciado pela qualidade e apresentação dos alimentos.
5
Para minimizar esses problemas, alguns estudos
15,18
destacam que durante a
internação, além da função nutricional do alimento, os aspectos sensoriais e
simbólicos devem ser contemplados na função terapêutica da alimentação.
No presente estudo, a vontade de comer esteve, também, relacionada aos
aspectos sensoriais, tais como: sabor, apresentação, aparência, aroma, variedade
93
do cardápio, temperatura, textura, assim como o tipo de preparação. Resultados
semelhantes foram obtidos nos estudos de Stanga
19
(2003) e Wright et al.
25
(2006),
em que, a satisfação esteve ligada à variedade, odor, textura da carne, temperatura,
sabor da refeição e componentes do cardápio.
O sabor da comida é um dos aspectos importantes para que a ingestão seja
adequada e o momento da refeição seja satisfatório.
Alguns autores
3,15,17,18
argumentam que o alimento freqüentemente é visto a
partir do aspecto nutricional e higiênico-sanitário, desconsiderando-se que, além da
sua função nutricional e higiênico-sanitária, as funções convivial e hedônica são
importantes para resignificar o papel da alimentação hospitalar. O alimento e a
alimentação trazem consigo diversas significações e implicações na vida das
pessoas, além de ser fonte de prazer do início ao fim da vida e fazer parte integrante
da manutenção ou da reconstrução da identidade do indivíduo hospitalizado.
No ambiente hospitalar os indivíduos perdem sua privacidade e liberdade, e
lhe é imposta rápida adaptação a um ambiente diferente do convívio do lar, uma
vivência nova, estranha, complexa e frágil. Muitos fatores contribuem para o
aparecimento de desgostos e descontentamento. Em nosso estudo, a presença do
acompanhante foi um facilitador na aceitação das refeições, pelo fato de tornar o
momento da refeição mais prazeroso. Os acompanhantes podem contribuir para a
manutenção da integridade emocional e fazer parte da equipe de trabalho.
12
O próprio ambiente pode influenciar na diminuição do apetite a exemplo de
comer onde são realizados os procedimentos clínicos e em companhia de pessoas
desconhecidas. No estudo, alguns pacientes relatam não gostarem de comer em
hospital. Segundo Wosny
24
(2001) os odores desagradáveis do hospital, a reduzida
94
atividade e o ambiente desconhecido, podem interferir na vontade de comer dos
pacientes.
Os pacientes valorizaram o constante acompanhamento dos profissionais
envolvidos no cuidado e o serviço prestado pela equipe de nutrição. A refeição é um
momento de interação entre os próprios pacientes, acompanhantes e profissionais.
Ações educativas e melhoria na comunicação com pacientes e equipe de saúde
23
e
nos serviços
5
são referidos como aspectos capazes de melhorar a satisfação dos
pacientes com o serviço de alimentação e nutrição.
Na presente pesquisa, a comida de hospital recebeu conotações positivas.
No estudo de Stanga et al
19
(2003), observou-se que os pacientes avaliaram
positivamente a qualidade e quantidade dos alimentos e serviços.
Aspectos negativos também foram referidos, reforçando a concepção
negativa sobre a comida de hospital. Segundo Sousa e Proença
18
(2005), a comida
de hospital é comumente percebida como insossa, sem gosto, fria, servida cedo e
ainda com conotações de permissão e proibição.
Dessa forma, para o setor de alimentação hospitalar, o atendimento alimentar
e nutricional pressupõe conjugar as diferentes dimensões da qualidade da
alimentação: a sensorial, a simbólica, a de serviços, além da nutricional e higiênico-
sanitária. Ao aspecto nutricional podem ser incorporados padrões dietéticos e
sensoriais às preparações servidas, além de iniciativas humanizadoras, tais como:
cozinhas experimentais, investimento em pessoas para atendimento humanizado,
resgate do culinário, testes de degustação, ações educativas e comissões com a
equipe, além de horários adaptáveis, refeitórios, oficinas culinárias e enquetes de
satisfação, para o atendimento às necessidades individuais dos pacientes.
18
95
O estudo concluiu que comer bem no hospital, depende do que os pacientes
podem ou não comer devido a sua doença, revelando que, possivelmente, não haja
identificação da alimentação hospitalar com a sua história alimentar, preferências ou
hábitos adquiridos ao longo de sua vida. A situação de internação se apresenta
como uma ruptura com o cotidiano e hábitos, fazendo com que procurem se adaptar
e aceitar as normas para a recuperação da sua saúde. Porém, existe um caminho a
ser percorrido, buscando atender as individualidades e conduzir as rotinas
hospitalares o mais próximo possível das rotinas do cotidiano doméstico, embora
estes também se encontrem em momento de transição. A busca deve ser constante
para a adequação do serviço de nutrição ao paciente.
96
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99
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pergunta de partida norteou o referencial teórico e metodológico da
pesquisa, possibilitando a análise do problema através da questão: “Quais as
percepções de pacientes em relação à alimentação em um hospital público de
referência da Política Nacional de Humanização?”
Sendo assim, o estudo teve como temática central a alimentação hospitalar.
Buscou-se conhecer as percepções dos pacientes em relação à alimentação, para
finalmente apontar novas abordagens na dimensão do cuidado integral, em
alimentação, nutrição e saúde, visando oferecer contribuições para a melhoria na
qualidade do atendimento dos pacientes hospitalizados.
Considerando as colocações iniciais, os apontamentos finais contemplarão os
resultados e a sua comparação com a descrição dos objetivos e os pressupostos do
estudo, destacados entre aspas:
Dessa forma, pode-se considerar que o objetivo geral da dissertação,
formulado a partir da pergunta de partida, que consistiu em “Conhecer a percepção
de pacientes em relação à alimentação em um hospital público de referência para a
Política de Humanização Hospitalar – PNH” foi alcançado.
A partir dos resultados do estudo, foi possível descrever o cotidiano e a
experiência da hospitalização e conhecer as expectativas dos pacientes em relação
à comida de hospital, assim como, analisar o momento da refeição e as interações
dos pacientes, evidenciando a influência da hospitalização na percepção dos
pacientes.
Os pacientes identificam a alimentação no ambiente hospitalar como parte do
tratamento, sendo percebida como uma regra da instituição. O ato alimentar
100
relacionou-se com a doença e recuperação da saúde, podendo-se destacar que “No
ambiente hospitalar ocorre à valorização do aspecto nutricional e do conceito
biomédico de saúde”.
Outro aspecto identificado no estudo, diz respeito à aceitação da comida e
aos fatores que a determinam. A doença, o ambiente, a presença de acompanhante,
o tratamento medicamentoso e os aspectos sensoriais da alimentação foram os
principais determinantes, contemplando, em parte, o seguinte pressuposto: “A
escolha alimentar, horário, estrutura das refeições, o auxílio recebido, as
características sensoriais das refeições são elementos de satisfação por parte dos
pacientes”. Destaca-se que o horário e a possibilidade de escolha alimentar não
foram ressaltados durante o processo das entrevistas. Estes aspectos também
estiveram relacionados às regras da instituição, que segundo a concepção dos
pacientes são difíceis de serem modificadas. Além dos aspectos acima referidos, a
interação e comunicação com a equipe de saúde e pacientes foram consideradas
importantes como atenuantes no contexto da hospitalização, evidenciando que “a
qualidade do atendimento está relacionada às comunicações e interações da equipe
de saúde com os pacientes”.
Aspectos negativos também foram referidos, reforçando a concepção
negativa sobre a comida de hospital, reforçando outras percepções em comparação
com o pressuposto de que “a comida de hospital é comumente percebida como
sinônimo de insossa, sem gosto, fria, servida cedo e ainda com conotações de
permissão e proibição, podendo ser alvo de críticas e rejeições”.
O estudo concluiu que comer bem no hospital, depende do que os pacientes
podem ou não comer devido a sua doença, revelando que, possivelmente, não haja
identificação da alimentação hospitalar com a sua história alimentar, preferências ou
101
hábitos adquiridos ao longo de sua vida. A situação de internação se apresenta
como uma ruptura com o cotidiano e hábitos, fazendo com que procurem se adaptar
e aceitar as normas para a recuperação da sua saúde.
E, finalmente, a pesquisa apontou que o comer deve estar associado à função
terapêutica da alimentação hospitalar. Portanto, há necessidade de incorporar as
expectativas dos pacientes e valorizar aspectos dietéticos, sensoriais e simbólicos
às preparações servidas.
¾ As principais contribuições com o desenvolvimento da dissertação
Com o desenvolvimento do estudo, várias contribuições para a alimentação
hospitalar podem ser apontadas. Inicialmente, como referido na justificativa, os
resultados do estudo podem contribuir com a evolução do conhecimento sobre o
tema alimentação hospitalar, a partir da perspectiva de pacientes hospitalizados.
Além disso, as Unidades de Alimentação e Nutrição hospitalares, tanto os setores
destinados ao fornecimento de refeições, quanto o acompanhamento clínico-
nutricional dos pacientes, podem contar com indicadores de avaliação para melhorar
seus serviços a fim de buscar uma melhor satisfação e aceitação das refeições por
parte dos pacientes.
Estudos dessa natureza podem apontar novas abordagens na dimensão do
cuidado integral, em alimentação, nutrição e saúde podendo, ao mesmo tempo,
melhorar a qualidade do atendimento dos pacientes hospitalizados. Pode ainda
contribuir com os profissionais envolvidos com a alimentação, a fim de que suas
ações possam ser conduzidas considerando os limites, a dignidade e os direitos dos
pacientes.
102
As principais contribuições apontadas pelos pacientes relacionam o comer no
meio hospitalar, que devem estar associados à função terapêutica da alimentação
hospitalar. Os pacientes destacaram a importância do cuidado recebido da equipe
de saúde e o seu bom atendimento, mas a alimentação é referida com menos
ênfase no cotidiano da hospitalização.
Como mencionado anteriormente, a alimentação foi percebida como regra da
instituição, ressaltando a sua função nutricional e biológica. Dessa forma, a função
hedônica e convivial e ainda, a qualidade simbólica da alimentação, como parte das
dimensões do comer, não são referidas pelos pacientes. Possivelmente, mudanças
na cultura do atendimento e maior educação e comunicação entre os profissionais e
pacientes, estabeleçam uma relação mais prazerosa com a alimentação, mesmo
diante das dificuldades decorrentes de um tratamento ou das limitações que uma
doença possa impor.
Outro fator importante observado foi a falta de apetite devido aos aspectos
sensoriais, tais como: aparência, sabor, textura, temperatura, aroma, variedade do
cardápio e apresentação. Tal questão poderia ser revertida considerando-se ações
que contemplassem os hábitos, história alimentar e cultura dos pacientes. Comida
com sabor, bem temperada, com aroma é garantia de aconchego, necessário
durante o tratamento de uma doença.
O tratamento pode afastar o paciente da comida, o desconforto e o
desinteresse podem comprometer sua satisfação, sendo assim, o resgate do prazer
de se alimentar, o estímulo do seu apetite deve ser uma busca constante dos
profissionais envolvidos no cuidado, mesmo diante das limitações que a doença
impõe.
103
¾ Reflexões da pesquisadora
As últimas considerações desta dissertação referem-se às minhas impressões
pessoais, como autora, sobre o processo vivenciado durante o mestrado e o
desenvolvimento do trabalho.
A escolha em prestar a seleção para o mestrado foi permeada por muitas
dúvidas e renúncias. Na época trabalhava como professora colaboradora em uma
universidade e fui incentivada a prestar a seleção em Santa Catarina por uma
colega, que estava se preparando há algum tempo. A primeira reação foi de
entusiasmo, mas com o passar do tempo as dúvidas e questionamentos
apareceram. Fiz a inscrição, mas ainda sem saber se realmente iria participar do
processo. Enfim, chegou o dia da viagem e, por uma fatalidade, minha colega não
pôde mais viajar. Pensei: Não vou, não é o momento. Existiam várias adversidades,
mas inconscientemente eu gostaria de fazer a seleção para o mestrado. Bastava
incentivo, que tive por parte dos meus pais, do meu noivo e de amigas. Depois de
alguns dias, estava aprovada. Agora precisava arrumar tudo e estudar muito.
Foi um processo difícil, nesses dois anos, posso dizer que viajei mais do que
em toda a minha vida... Semanalmente mais de 1200 km. Viajava a noite toda e no
outro dia precisava estar bem para as aulas, nem sempre aconteciam dessa
maneira, as dores de cabeça eram insuportáveis. Muitas histórias para contar,
imprevistos, inseguranças... Mas tudo passou!
Ao conhecer minha orientadora, desde o primeiro encontro tive a certeza da
pessoa maravilhosa e profissional exemplar que estaria me guiando nos próximos
dois anos. Já com o tema não foi a mesma afinidade, mas aos poucos, com muito
104
estudo, fui incorporando e hoje posso dizer que sinto grande prazer ao tratar sobre a
temática alimentação hospitalar.
Outra observação, diz respeito aos excelentes professores do curso e das
experiências compartilhadas com os colegas, além de todo conhecimento adquirido
e construído nesse processo.
Muitas coisas aconteceram, algumas renúncias... Quando iniciei o mestrado,
no mês de março de 2006, estava com o casamento marcado para o fim do ano.
Mas no decorrer dos meses fui observando que não iria dar conta e que era preciso
adiar, foi um momento difícil, mas hoje sabemos que foi a melhor decisão e agora
com o término do mestrado, poderemos nos casar e aproveitar integralmente esse
momento.
Um ano se passou e chegou à hora da coleta de dados, muitas dúvidas
surgiram e certa insegurança... Será que vou conseguir desenvolver meu papel nas
entrevistas? Serei bem recebida? Estou pronta para desenvolver uma pesquisa
qualitativa? O primeiro dia foi difícil, a aproximação com o local, os profissionais com
seus ritmos e rotinas de trabalho. As entrevistas foram fluindo naturalmente e foi
ótimo, pois esse momento proporcionou muita reflexão de vida e mudanças de
atitudes.
Juntamente com a coleta de dados, iniciava a transcrição das entrevistas e o
tratamento dos dados, começando uma das etapas mais difíceis no desenvolver
deste trabalho. As transcrições das falas, análise minuciosa, escutar muitas vezes
as entrevistas e interpretar tudo isso. Período de muito de trabalho.
O tempo foi passando e a hora de finalizar chegando. O tempo se esgotando
e a sensação que não iria dar conta. Pensava: Não vai dar tempo! Mas estava ao
105
meu lado, minha orientadora, com todo o seu carinho e motivação, dizendo: “É esse
o processo, vamos em frente e tudo vai dar certo!” Obrigada Anete! Conseguimos!
Foi uma experiência maravilhosa, apesar de todas as dificuldades
enfrentadas, tive muito aprendizado, adorei a pesquisa qualitativa e cresci como
profissional e como pessoa, aprendendo a valorizar muito mais minha vida e minha
família, que me deram suporte emocional para vencer mais essa etapa da vida. Sem
dúvida, muitas lembranças e histórias para contar e muito aprendizado pela frente,
pois, sabemos que a carreira acadêmica demanda muito esforço e dedicação.
106
GLOSSÁRIO
Definição dos termos utilizados na pesquisa
Alimentação
A alimentação apresenta um significado especial para o indivíduo,
dependendo da sua história alimentar desde a infância, dos sabores que tem
vivenciado, das formas e dos locais de consumo. Considerando que cada ser
humano constrói, ao longo da sua vida, uma identidade própria com relação ao ato
de se alimentar, pode-se afirmar que a alimentação encerra também o sentido de
satisfazer aspectos emocionais, psicológicos e motivacionais dos indivíduos,
fazendo com que essa experiência se torne positiva ou não, em função de como ela
se desenvolve (SOUSA, 2001; PAULA, 2002).
No ambiente hospitalar, Poulain e Saint-Sevin (1990) consideram que a
alimentação pode apresentar além das funções nutricionais e higiênico-sanitárias, as
funções hedônica e convivial, ou seja, o alimento pode propiciar prazer e situar o ser
humano no seu espaço social.
Comida
Roberto Da Matta (1986:56) estabelece uma distinção entre comida e
alimento, em que “comida não é apenas uma substância alimentar, mas é também
um modo, um estilo e um jeito de alimentar-se. E o jeito de comer define não só
aquilo que é ingerido, como também aquele que o ingere”. A comida retém a idéia
de uma forma isenta de valores nutricionais, retratando percepções que dizem
107
respeito à alimentação, recuperando elementos presentes na experiência pessoal e
social.
Unidade de Alimentação e Nutrição - UAN Hospitalar
A Unidade de Alimentação e Nutrição é o setor responsável pelo fornecimento
de refeições balanceadas, dentro de condições higiênico-sanitárias adequadas para
a manutenção e /ou recuperação da saúde da clientela a que se destinam. O
profissional indicado para a administração desta unidade é o nutricionista que
desenvolve atividades de planejamento, organização, acompanhamento e controle
de todo o processo envolvendo desde a aquisição, armazenamento e preparo até a
distribuição dos alimentos (TEIXEIRA et al., 2000).
O atendimento alimentar e nutricional pressupõe conjugar as diferentes
dimensões da qualidade da alimentação: a sensorial, a simbólica, a de serviços,
além da nutricional, higiênico-sanitária e regulamentar. Ao aspecto terapêutico
nutricional podem ser incorporados padrões dietéticos e sensoriais às preparações
servidas, além de iniciativas humanizadoras (cozinhas experimentais, investimento
em pessoas para atendimento humanizado, resgate do culinário, testes de
degustação, ações educativas e comissões com a equipe), além de horários
adaptáveis, refeitórios, oficinas culinárias e enquetes de satisfação, para o
atendimento às necessidades individuais dos pacientes (SOUSA, 2006).
108
Saúde
Saúde é o bem-estar resultante de um equilíbrio dinâmico entre os aspectos
físico e psicológico do organismo, assim como suas interações com o ambiente
social e cultural. Neste sentido, ser saudável significa estar em sincronia consigo
mesmo e com o mundo circundante, física e mentalmente (CAPRA, 2001).
Humanização
O termo humanização pode ser definido como a forma de assistência que
valorize a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao
reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências
culturais. Implica ainda a valorização do profissional e do diálogo intra e interequipes
(DESLANDES, 2004).
Política Nacional de Humanização - PNH
A PNH consiste basicamente na mudança de modelos de atenção e gestão
dos processos de trabalho focalizando as necessidades dos cidadãos e a promoção
de saúde. A política visa à integralidade, a universalidade, o aumento da eqüidade e
a incorporação de novas tecnologias e especialização dos saberes (BRASIL, 2006).
109
APÊNDICE
110
APÊNDICE A: GUIA DE ENTREVISTA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Título da pesquisa: COMER NO HOSPITAL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES
Mestranda: Renata Leia Demário
Orientadora: Profª. Anete Araújo de Sousa
Perguntas Norteadoras
1. Como é seu dia no hospital?
2. Desde quando está hospitalizado?
3. O que pensa sobre a comida do hospital?
Guia de Entrevistas
1) O cotidiano do paciente no hospital
Como é o seu dia a dia?
A que horas levanta?
O que faz?
2) Hospitalização versus Cotidiano/Doença versus Saúde
Desde quando está internado?
o Já ficou internado outras vezes? Quando? Quantas vezes?
Como se sente?
Há alguns alimentos que não come? Por quê?
Possui proibições alimentares (religiosas, prescrições médicas, filosofia de
vida)?
o Tem (ou teve) problemas de saúde relacionados à alimentação?
Está tomando algum tipo de medicamento? Desde quando e em qual
momento do dia?
111
3) Significado do Comer
O que pensa sobre a alimentação hospitalar?
Comente o que é mais e menos importante na alimentação hospitalar
o O que é comer bem no hospital (variedade, escolha, comer o que é de
hábito)?
o O que gostaria de ter (auxílio, mais atenção, acompanhamento,
informações)?
o As refeições oferecidas no hospital são adequadas?
o Possuem informações sobre o setor que faz a alimentação do hospital?
E os outros doentes o que pensam? Vocês conversam sobre a alimentação
hospitalar?
Das refeições que você teve o que gostaria de ressaltar?
O que pensa do horário das refeições?
Come sempre no quarto?
Como fica acomodado no momento das refeições (deitado, sentado...)? E
com quem faz a refeição (em companhia de vizinhos de quarto, amigos,
família, pessoal da equipe de saúde)?
o Tem se alimentado bem? Em qual refeição?
o Come em outros momentos fora das refeições? O quê come?
Quem traz a refeição?
o Vê esta pessoa em outro momento do dia? Qual?
Qual a interação com a pessoa que serve a refeição?
O que falam?
o Perguntam se tem se alimentado bem?
Está com fome quando a comida chega?
Fala da sua refeição com outras pessoas?
o Com quem fala (médicos, nutricionistas, enfermeiras, pacientes,
familiares)?
O que fala? Da sua saúde?
Quando seus parentes vêm visitá-lo, eles trazem algo para comer? E quando
é que come estes alimentos?
O que traria prazer? Algum tipo de alimento, o ambiente, mais atenção do
pessoal que cuida, informações sobre a comida, cardápio ou ser livre para
comer o que deseja?
112
Guia para análise documental
Identificação
Data
Entrevista número
Duração
Local
Situação e condições da entrevista
Breve resumo
Primeiras impressões
Características sócio-demográficas
Sexo
Idade
Situação familiar
Composição do lar
Profissão (diploma)
Local onde mora (grau de urbanização)
Doença
Unidade de Internação
Tempo hospitalização
Internações anteriores
Dieta prescrita
113
APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
Título do Projeto
Comer no hospital: percepções de pacientes em um hospital com proposta de
atendimento humanizado
Esta pesquisa tem como finalidade conhecer as percepções de pacientes em
relação à alimentação em um hospital de referência para a Política Nacional de
Humanização - PNH.
Para isto, serão realizadas entrevistas, nas quais serão aplicadas questões
referentes ao assunto, conforme guia de entrevistas elaborado.
Vocês estão sendo convidados a participarem deste estudo, onde serão
realizadas entrevistas em profundidade semi-estruturadas, no próprio hospital.
Os entrevistados NÃO serão identificados. Todas as informações são
CONFIDENCIAIS assim como o material será utilizado apenas com fins desta
pesquisa.
A decisão em participar ou não deste estudo é pessoal.
Termo de consentimento livre e esclarecido
Após receber as informações necessárias sobre o estudo, sob coordenação
da professora Anete Araújo de Sousa, eu voluntariamente concordo em participar do
mesmo estudo.
Sou consciente que todas as informações por mim reveladas não poderão ser
utilizadas para qualquer outro fim e que posso interromper a minha participação em
qualquer instante, sem que minha decisão venha me prejudicar, para isso, bastando
comunicar minha decisão à orientadora citada acima, através dos telefones 3331
9784 ou 3234 5967 ou do e-mail [email protected].
Declaro que meu consentimento é livre e esclarecido, não tendo sofrido
qualquer tipo de persuasão para minha participação.
Nome/Assinatura:
___________________________________________________________________
Data:
Pesquisador responsável _____________________________________
114
APÊNDICE C: CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS ELABORADAS ANTES DA
COLETA DE DADOS
Quadro 2: Categorias e Subcategorias elaboradas antes da coleta de dados,
referentes ao tema “Comer no hospital: percepções de pacientes em um
hospital de referência da PNH”.
Categorias Subcategorias
1. O cotidiano do paciente no
hospital
Momentos em que fala da hospitalização
2. Hospitalização x Cotidiano
Saúde x Doença
Outras hospitalizações
Problemas de saúde relacionados à alimentação
Medicamentos
3. Comer no hospital Contexto da refeição
Informações e interação durante a distribuição
Aceitação da alimentação
Expectativas do comer
O que pensa dos horários e locais das refeições
O que gostaria de ter (convivialidade, auxílio,
acompanhamento, informação)
Informações sobre o Serviço de Nutrição e
Dietética
Importância dada às condições sanitárias e de
segurança em geral da alimentação
Comida de casa
O que traria prazer
o Certos tipos de alimentos
o Ambiente
o Atenção do pessoal
o Informações sobre a comida
o Cardápio
Ser livre para comer o que desejam
115
APÊNDICE D: PRÉ-ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS
TRANSCRITAS
Pré-análise do conteúdo: O cotidiano do paciente
O cotidiano do paciente no hospital
Categorias temáticas
PAC 1(F) - Está sendo ótimo, não quero ir embora, não quero
ir embora. Seis horas já estou acordada, vejo meu recorte,
tomo banho e espero meu café... Depois vem a medicação,
verificam a pressão... Faço uma caminhadinha no corredor...
esse é o meu dia aqui no hospital. Ah! Faço a minha palavra
cruzada.
Prazer/Bom
atendimento
Uma refeição
Cuidados de
enfermagem
Atividades/ lazer:
caminhada e palavra
cruzada
PAC 2(M) – Ah... Meu dia aqui é muito bom, aqui o
atendimento deles é muito bom, o pessoal, com a gente... tanto
as enfermeiras como os médicos, o pessoal da limpeza tudo, são
tudo muito gente boa, tratam muito bem a gente também, e tem
a parte também, a gente sabe tratar os outros bem também,
então a gente tem que sempre um cooperar com o outro, a gente
está aqui há tempos. Eu estou aqui já faz uns... oito meses.
Bom atendimento
Refere à equipe de
saúde e apoio
Paciente – parceiro do
processo tratamento
PAC 3(M) - Eu até me surpreendi, porque eu não moro aqui,
moro no Rio Grande do Sul, um atendimento muito bom, ótimo,
os médicos muito eficientes profissionalmente, muito humanos
como pessoas, enfim, enfermeiras, fisioterapeutas, assistentes
sociais, todos, todas as pessoas, eu tive uma especial atenção,
então não posso me queixar porque hoje eu to aqui há dezoito,
dezenove dias, entrei aqui com uma infecção nos brônquios...
Eu tenho problemas respiratórios, ou seja, de DPOC, não sei se
você conhece? Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, e essa
doença às vezes pega a gente de surpresa, com qualquer
resfriado, alguma coisa, pode pegar uma bactéria, e ai ela
incômoda, portanto eu tenho que vir, não só aqui, sabe eu já
venho, outros anos, tenho que tomar corticóide, cortisona, e
etc. antibióticos, mas isso é um mal que aflige a humanidade,
pois que muitas pessoas procuram, sabem que o cigarro faz um
grande mal, e não deixam, eu também era ignorante, não tinha
o conhecimento que eu tenho hoje, e, portanto hoje estou
pagando o preço, fumei trinta anos, a base de duas, três
carteiras por dia, bombardeei meu pulmão, agora não é por
isso também que eu vou desanimar ou vou chorar, eu vou
agradecer a Deus por estar vivo, por ter uma gente tão
maravilhosa que me atendeu, mas como eu já disse antes, e eu
tenho feito força pra levar o conhecimento às pessoas, através
de folhetos, de livro conscientizando sobre os malefícios do
cigarro que são muitos... que causa câncer a muitas pessoas, e
as pessoas não se convencem, o menos mal que ele faz é judiar
da gente que seja o enfisema ou a bronquite, a maioria das
vezes dá câncer desde a sola do pé até a ponta dos cabelos, e
Bom atendimento
Refere à equipe de
saúde
Doença muito presente
Conhecimento da
doença
Bom atendimento
116
tem muita gente que não é consciente disso, eu sou consciente
disso por que eu pertenço atualmente à associação brasileira
de DPOC, com sede em São Paulo e faço reabilitação no
hospital de clinicas em Porto Alegre, na pneumologia... Todos
os meses, portanto se eu não tivesse esse acompanhamento de
conhecimentos médicos, eu certamente sofreria mais, ou até
talvez tivesse até morrido, então com esse acompanhamento,
com uma professora de pneumologia a gente aprendeu a viver,
a manobrar, a conviver com a doença, e seu próprio corpo né,
então isso me ajuda muito a fazer as respirações labiais né...
Eu te peço desculpas por que eu não to bem bom ainda, estou
ainda um pouco ofegante né... E aqui também eu fui atendido
pelo doutor [nome do médico]que é um grande médico, é um
professor, então eu me sinto satisfeito pela minha recuperação,
e muito contente que eu fiz muitas boas amizades aqui, e
consegui levar folhetos sobre o problema da doença pra muitas
pessoas, e eu gostaria que futuramente, se fosse possível, ou
com o auxilio do hospital ou alguém voluntário forma a
associação DPOC, que é simplesmente registra no estatuto, por
que isso ali não era reconhecido, inclusive a gente ia busca um
Aerolin no posto, do INSS, as pessoas diziam: você é
asmático? Não DPOC, para DPOC não tem, porque você
fumou, mas eu tenho orientação da minha filha que a saúde não
pode ser negada a ninguém, que a saúde não pode ser
discriminada, portanto isso levou nós, com o auxilio e com o
apoio do Hospital de Clínicas, comandado pela doutora, pela
professora Marli, lá em Porto Alegre, de fundarmos uma
associação, e essa associação que foi fundada, eu fiz parte
dela, faço parte, eu tenho duas filhas que me assessoram, uma
juridicamente, e outra assistente social, então tornou-se mais
fácil, e entre umas sessenta pessoas idosas, acima de cinqüenta
anos, que tem esse mal, e como eu disse, com o auxilio, com o
apoio do hospital e da professora, eles me nomearam
presidente da associação, então por isso eu venho lutando em
praça pública, é minha religião, a minha bandeira, não tenho
contra, nada contra ninguém, eu tenho contra o cigarro, foi
difícil deixar, foi, não foi fácil, mas não é impossível, portanto é
só isso que eu tinha a dizer se é isso que você precisava a
saber.
Doença/
conhecimento/processo
de tratamento
Bom atendimento
Cotidiano é a missão de
esclarecer sobre a
doença e a luta pela
saúde como um direito
PAC 5(F) - Ah menina, aqui é uma beleza, levanto cedo... seis
horas, para tomar o banho, fico esperando, ah menina.. aqui é
muito bom, mas olha, pra falar a verdade não tem hospital
melhor, ah menina, a minha mãe morreu faz dois meses no
outro hospital, uma tristeza, a gente chega aqui, a gente fica até
com medinho de vir pro hospital, mas chega aqui menina, você
é bem cuidada, bem tratada, por todo mundo muito bom... e o
hospital é super hospital.
Eu faço crochê, posso dizer? Faço crochê, dou uma
caminhada, vou lá embaixo, saio lá fora pra pegar um ar... a
família vem visitar, aí gente sai junto, a gente vai dar uma
Bom atendimento
Atividades/Lazer
Família/visita
117
volta, ontem ainda fui... participei de uma reunião que teve e
vieram convidar, a moça veio aqui e levo a gente lá na reunião,
com psicólogo, com a enfermagem, com a assistente social,
tinha mais algumas pessoas, eu não lembro agora as outras,
mas teve mais gente, e hoje tem mais uma atividade, como eu
vou fazer uma broncoscopia daí não posso sair da cama, se não
eu ia participar também porque é bom.
Levanto, tomo banho, espero café, daí dou uma voltinha.
Atividade de interação
(humanização)
Uma refeição
PAC 6(F) - Eu acordo, depois tomo banho, depois tomo café,
depois ainda vou comer mais uma merendinha, almoço de meio
dia, eu durmo também um pouquinho, não é muito porque não
sou muito de dormir, mas durmo, depois de meio dia eu vou dar
um passeio... agora que estou boa né... primeiro eu não podia,
mas agora eu posso, dar uma caminhada, daí a gente pega
mais vento, fica melhor né, depois eu volto aqui de novo e vejo
televisão junto com as vizinhas, daí nós contamos uns causos,
damos risada, às vezes ficamos tristes, um pouco de tudo. Aí
vem a janta, depois fica lá, fica quente aqui, é quente, quente
nesse quarto que Deus o livre porque o sol bate na parede, daí
fica horrível de quente que fica aqui.
E a noite também é bem quente, agora está melhor
porque esses dias me dava febre e eu suava de ficar molhada...
tinha que trocar as vezes duas vezes a roupa, mas agora não
precisa mais, agora já ta melhorando já.
Ah, eu durmo até lá duas horas... das dez horas até duas
horas, depois fico acordada bastante, essa noite que eu me
admiro de dormir bastante, dormi bem melhor. O calor
atrapalha, mas acho que é a minha doença mesmo porque
também não tava, pra mim amanhecer sem dormir nada, não é
surpresa
Três refeições
Atividade/Lazer
Quarta refeição
Ambiência/conforto
Causa desconforto é a
doença
PAC 7 (F) - Assim porque eu tive uma trombose, a minha
rotina é mais, eu fico mais deitada na cama, com as pernas
elevadas, de vez em quando eu dou uma saidinha, ali tem a
sala, onde tem a televisão, assisto alguma coisa, depois tenho
que voltar aqui novamente da uma descansada por causa da
perna, praticamente essa é minha rotina do dia.
Ah, eu me acordo bem cedo porque eu já to acostumada,
tipo umas seis e meia já to acordada, que aquela rotina ali, seis
e meia eu to acordada, seis horas acordo, vou dormir mais ou
menos umas onze horas, em media assim, esse horário. Aí tomo
banho, espero o café, tudo.
À tarde, tem o cafezinho da tarde, aí de vez em quando a
gente sai um pouquinho ali pra sala de televisão, fala com as
meninas ali do lado, e só.
Doença muito presente
Poucas atividades de
lazer pela doença
Duas refeições (café)
Atividades/lazer
PAC 8 (F) - Meu dia aqui é bom, eu estou aguardando para
cirurgia né, já foi feito os exames, quase todos, tenho
probleminha no sangue que na hemodinâmica não encaixou,
mas eles estão tentando, hoje vou fazer mais um exame, me
mandaram ir lá, eles estão tentando dar uma verificada porque
que não acertou, e vai acertar, de manhã eu acordo bem,
Doença presente
118
pressão controlada.
Eu acordo cedinho, cinco e meia quando a enfermeira
vem trazer o remédio eu já to acordada, aí deito mais um pouco
descanso, depois eu vou tomar banho, aí tomar café, o médico
faz a visita, é assim.
Não, caminha eu não caminho, sabe por que estou com
hematócrito muito baixo, eu estou com vinte e dois de
hematócrito, tem que aguardar pra cirurgia, é um tumor dentro
do baço que eu tenho que tirar, e ele me consome todo o
sangue, por isso que eu não fico mais deitadinha porque se eu
ando no corredor eu fico tonta, me turva as vistas, aí eu tenho
medo de cair por aí e dar trabalho, eu prefiro fica aqui no
quarto, às vezes eu ando um pouquinho aqui no quarto, vou
buscar uma água, é bom uma água geladinha, à tarde que dou
um pouquinho mais de trabalho, à tarde e a noite assim, sempre
tem uma tossinha que persiste, então, mas está sendo também
investigada, sendo tratada né, aí depois eu melhoro e durmo,
durmo que é uma beleza, quase o dia todo.
Cuidados da
enfermagem
Uma refeição (café)
Refere o médico
Medo de incomodar x
direito
PAC 9 (F) - Eu levanto seis horas, aí eu faço as camas, tomo
banho, depois não sei... espero o café. Depois eu fico
passeando nos corredores... almoço meio dia, e vou descansar
um pouco, não durmo bem...eu deito nove horas e acordo
cedo...durante a noite, acorda, aí elas (enfermeiras) vem dar o
remédio, aí a gente dorme de novo.
É a primeira vez que estou no HU, já estou há dois
meses aqui... em Tubarão, já tive duas vezes.
Duas refeições
Atividades/Lazer
Cuidados de
enfermagem
PAC 10 (M) - Meu dia aqui é bom, não tenho reclamação de
nada não, está tudo bem, aqui o pessoal, as enfermeiras, toda a
equipe médica, tudo bom, tudo bom.
Acordo seis horas, o horário que eu quase acordava em
casa, seis horas, só que eu não levanto né, porque não dá pra
levantar, tem que fica mais de repouso né, mas no mesmo
horário que eu levantava em casa, seis horas, seis e meia.
Tomo banho, vem o medicamento, aí volto pra cama ou
dou uma voltinha com meus companheiros aqui, porque tem os
companheiros, tem mais gente, mais amigos conhecidos aí né,
então vou fazer uma visitinha pra eles... volto pra cama, a gente
conversa, me distrai mais um pouco pra passar mais o tempo
né.
Aí espera a refeição, fico aqui sentadinho, direitinho,
sentado conversando aqui, com o amigo ali (paciente do leito
ao lado), nós somos conhecidos também, somos nascidos e
criados aqui, a gente é conhecido um do outro, trabalhamos
juntos também, na mesma profissão há muitos anos.
Bom atendimento
Refere à equipe de
enfermagem e médica
Cuidados de
enfermagem (remédios)
Atividades/ lazer
Esperar a refeição
PAC 11 (M) – Eu estou aqui desde terça passada, já faz mais
de uma semana... meu dia aqui é...a hora que acordo a gente dá
uma voltinha por aí, porque o médico liberou agora a pouco...
porque eu não poderia sair antes né... vou dar uma voltinha,
Atividades/lazer
119
vou no banheiro, conforme o que eles mandam que é pra gente
fazer né. Durmo bem, aí sabe, eles (enfermagem) acordam de
madrugada, às vezes uma e meia, depois dorme... vem também
o medicamento, as refeições...
Cuidados da
enfermagem
Esperar a refeição
PAC 12(F) - Eu deito, eu como e eu ando. Acordo bem cedo.
Atividade/lazer
PAC 13 (F) - Meu dia aqui está sendo bom, está sendo bom,
estou sendo curada, melhorando, cada dia que passa to
melhorando, ficando mais forte, mais convicta do que eu
estava, eu estava fraca, agora eu to ficando bem mais forte,
bem melhor.
Acordo seis horas. Daí eu me acordo, daí meu marido
vai toma o café, daí ele vem me dar banho, e arruma cama, e
me senta e me traz o meu café. Dou uma andadinha, fico
deitada, descansando.
Bom atendimento
Acompanhante
Ajudar no momento da
refeição
Atividade/lazer
PAC 14 (F) - Aqui, meu dia é de muita preguiça, que eu não
posso fazer nada, to muito fraca, o coração ta fraquíssimo, vim
fraca fraca, to indo embora, uma pena, não sei por que, que
não melhorei, não fortaleci mais, ah... eu vou pra casa.
Acordo aqui, sete horas, sete e pouco. Eu acordo cedo só que
fico na cama lógico né, daí eu levanto, lavo os dentes, escovo
né, lavo o rosto, tomo um banho, hoje ainda não tomei porque
eu quero deixar pra toma em casa né, nunca quero lavar a
cabeça, por isso não quis lavar. É, daí vem o café as oito horas,
medicamento as nove hora. Não posso caminha porque eu to
muito fraca, daí eu vou dali, ir lá toma aguinha gelada. Volto
para o quarto, é muito difícil as amiga ver eu aqui, que eu não
saio do quarto.
Pouco ativa
Uma refeição (café)
Cuidados de
enfermagem (remédio)
PAC 15 (F)- Eu acordo, daí eu tomo meu banho, daí eu dou
banho na dona Maria, todos os dias eu dou, pra ter alguma
coisa pra fazer né, daí eu ando por aí, vou nos quartos de, faço
visitas já, tem que conversar né, pra gente se distrair né.... pra
passar o tempo.
Vem a comida, tudo certinho, muito bom, não tem nada que
reclama, todos, muito bom
Atividade/lazer
Conversa com os outros
pacientes
PAC 16 (F)- A hora bem certa que a gente levanta não olha né,
mas já levanta mais cedo, aí vou tomar meu banho, daí tomo
meu banho e quando consigo, às vezes, arrumo minha cama...
eu consigo coloca meio enrolada, mas vai né, mas tem dias que
eu não consigo. Não faço mais nada né. Só toma café, às vezes
é difícil pra mim cortar a carne, o negócio assim tipo de
quando eu vou almoçar, daí a carne eu canso braço direito, eu
não consigo cortar direito né. A minha filha me ajuda quando
ela está. Ela sempre está só porque deu uma enchente muito
grande em Praia Grande, posso fala isso? Aí então a cidade
mais atingida foi Praia Grande, então ela foi em casa vê. Ela
vai voltar amanhã. Às vezes dou uma caminhada, quando eu
não estou tonta eu consigo dar uma caminhadinha né, eu tenho,
essa perna também tem defeito também que tem horas assim
Uma refeição (café)
Dificuldade em se
alimentar sozinha
Acompanhante/ auxílio
no momento da refeição
Atividade/lazer
120
que eu não sinto nada, sabe, e eu caio né, eu caio mesmo e
machuca às vezes toda, quantas pessoas já me pegaram e fico
tonta mesmo, daí a pessoa, eu caio, daí eu fico mais na cama
por isso.
Fico conversando, mas às vezes eu me enrolo tudo
minha língua pra falar, porque eu de dez anos pra cá que saiu
num exame, foi um derrame também junto me deu, me deu
ataque, e antes de eu vim pra cá, deu uns ataque muito feio.
Doença presente
PAC 17(F) - Olha, às vezes eu levanto junto, antes das
galinhas, antes das galinhas eu levanto daí tomo meu banho,
arrumo minha cama, dou uma passeadinha até o corredorzinho
ali, por ali, aí venho deito, descanso um pouco porque eu não
posso digamos ficar muito tempo em pé, porque eu tenho, eu
tenho problema no coração e vejo de mais, como ele faz, fica
andando pra lá e pra cá, então eu sou obrigada a ter um
repouso.
Visito uma amiga que tem aqui do lado, é pouco, mas eu dou
uma, porque eu preciso do repouso absoluto, que eu, eu me
sinto muito cansada, eu me sinto cansada, e nessas caminhadas
eu faço muito esforço daí então eu tenho que ir ali um
pouquinho e já estou de volta, quando vai começando dar uma
fraqueza, um cansaço, eu sou obrigada a me deitar. Daí já vem
à refeição. Essa é minha rotina.
Durmo bem agora... tenho dormido assim com
calmante, eles dão calmante pra dormi que eu estou muito
agitada.
Atividade/lazer
Doença presente
Atividade/lazer: visitas
nos outros leitos
Esperar as refeições
PAC 18 (M)- Ah, eu acordo às seis horas pra tomar o remédio
e não faço mais nada, pronto, aí eu só saio, ando, como é que
eu vou ta ficando aqui na cama só pra toma um remédio só, pra
ficar aqui só, só pra estar deitado, eu ando passeando aí por aí,
eu vou lá pra baixo... só volto quando é pra fazer algum
exame..aí eu venho. Mais nada, só comer e dormi.
Cuidados de
enfermagem
Atividade/lazer
Refeição: momento de
ação
PAC 19 (M) - Eu to bem ali né, eu vou dizer o que, não tem
coisa pra dizer... estou mal, comida sem sal, mais remédio e
pede alguma coisa. Eu fico mais deitado e durmo bem... dormi
agora.
Doença/sal da
comida/remédio
PAC 20 (F) - Meu dia aqui no hospital, até é muito bom,
porque lá em casa quando eu fico doente eu sempre venho pra
cá, porque eles me atendem muito bem, ano passado eu fui
internada aqui sete vezes, ano passado eu fui internada sete
vezes e esse ano já fui duas vezes, os médicos são muito bom
pra mim, as enfermeiras são muito bom pra mim, desde as
faxineiras até os médicos, enfermeiro tudo, tudo me adoram
como eu adoro eles.
Acordo, aqui, acordo até as vezes que vai, eu não
acordo muito cedo, às vezes de noite eu tenho muita dor que
lateja. Fico sempre deitada, lá em casa também...Só consigo ir
Bom atendimento
Outras internações
Refere à equipe de
saúde e apoio
121
no banheiro. Fico mais deitadinha, agora estou com anemia
muito forte, né. Meu dia aqui é assim...espero a comida, espera
o café, a porque banho elas me dão.
Doença presente
Uma refeição (café)
PAC 21(F) - Pois olha, eu não esperava, desde quinta-feira
quando eu entrei na emergência lá em baixo que eu iria ser tão
bem atendida como fui e como estou sendo ainda, porque eu
pensei assim, eu cheguei sozinha, vou fica umas três, quatro
horas que nem as emergência do [nome do hospital] que é
terrível quando a gente vai lá, aí cheguei na portaria, o rapaz
falou assim: mas porque que você quer ser internada, porque
fazer sua ficha, você ta tão bem, to vendo... eu disse: meu filho,
ta aqui o nome do médico que vai me atender, e ele ligou na
minha casa dez horas de hoje pra mim está aqui uma hora que
a uma e meia ele me chama, aí parece que ele não confiou em
mim veio até o consultório do médico, falou com o médico, aí o
médico foi lá me chamar, daí ele me atendeu bem, me trouxe
pra cima, me trouxe até a mala tudo pra cima, aqui em cima
muito bem atendida, as meninas, as enfermeiras, os médicos,
olha, não tem explicação de bem, eu tava dizendo pra minha
filha hoje, quando eu saí daqui, que eu fica boa, eu quero fica
boa porque eu tenho um problema na minhas costa e na minhas
pernas que faz oito anos, não consigo anda normal que nem
vocês, não consigo correr, abaixo de dor toda vida, as perna
são dormente, são gelada, encarangada, a coisa assim
atrofiada e as costa assim, muita dor, eu quero ir no programa
de televisão, quero leva o nome de todos os enfermeiros que tão
me atendendo, enfermeira e médico e tudo, e em primeiro lugar
agradece bastante a Deus e pedi bastante a Deus que ajude a
eles e de sabedoria pra eles porque eles tão ajudando a
desvendar um mistério que nem um médico em lugar nenhum
aqui em Florianópolis quis fazer pra mim pra descobrir, e eles
tão falando pra mim que vão descobrir o que eu tenho e que
vão me deixar eu bem, então que maravilha pra gente, a gente
fica contente né, nossa! eu disse, eu to tão feliz que Deus o
livre, eu chorei tanto, tanto tanto, o dia que o médico me ligo
porque eu tava um ano esperando, porque eu tava consultando
com outro médico lá fora, Doutor{nome do médico] na Clínica
[nome da clínica], mas o Doutor [nome do médico] era amigo
desse médico que me atendeu hoje que ele fez esse exame em
mim hoje, aí quando chego um dia o Doutor [nome do médico]
ligo pra mim, eu disse: Doutor [nome do médico] eu não
agüento mais e outra que eu não sou papel higiênico pro
senhor ta me enrolando, o senhor é muito bom médico, me
atendeu muito bem, ta me atendendo fora da clínica sem me
cobrar nada, porque as cobrança dele, cada consulta é cento e
vinte, não tava me cobrando nada tava me atendendo de graça,
mas eu não vou agüentar mais, eu já vivi que chega, tenho
sessenta e dois anos e eu vou me suicidar, eu disse pra ele bem
assim que eu não agüento mais, não posso trabalha, não posso
saí, não posso anda no meio de gente, eu tenho vergonha, eu
Bom atendimento
Refere outros hospitais:
experiências ruins
Refere as enfermeiras e
médicos
Doença bem
presente/insegurança no
diagnóstico
Desespero quanto à
doença
122
caio, eu passo trabalho pra subir no ônibus e desce...ele disse
(o médico): não calma, fique tranqüila, não fique nervosa que
eu vou falar com o meu amigo... então ta, decerto falo, que
chego na quinta as dez horas o outro me chamo, é me chamo e
eu vim graças a Deus, olha, to sendo muito bem atendida, como
bem, bebo bem, vou daqui ali no banheiro, vou lá no orelhão de
vagarinho, né eles vem toda hora vê a gente, conversam, dão
atenção, brincam, dizem coisas da bíblia, tem um aí que lê a
bíblia, diz coisas da bíblia, ensina explica, mais querido do
mundo, muito bom, então nós já chamamos ele de lindão até.
Muito bom, muito bom, muito bom, tudo bem limpinho, tudo
bem arrumadinho, todo mundo ta perguntando toda hora todo
instante, de noite, a gente ta dormindo eles tão acordando: “ta
bem? ta bem?” sempre uma coisa ou outra, muito bom, nunca
tinha sido internada aqui na minha vida, primeira vez e olha,
tira o chapéu, nota dez por esse hospital.
Bom atendimento
Refere que come bem
Bom atendimento
Cuidados demonstrados
aos pacientes
PAC 22 (F)- Ah, está sendo assim, as pessoas são muito boas,
cuidam muito da gente né, só que eu não ando muito boa né,
tem dias que as vezes que eu estou meio enjoada assim né, meio
com falta de apetite. Acordo aí pelas seis e meia sete horas, tem
dia que eu dou uma caminhadinha, hoje não dei não. E só
converso quando chega alguém né.
Bom atendimento
Doença x falta de
apetite
Atividade/lazer
PAC 23 (F)- É só cama remédio e banheiro, tomar banho,
cama de novo, vou lá em baixo dou uma voltinha, volto, espera,
a esperança que o médico chegue e diga ta tudo bem, não deu
nada, mas ele chega e diz ao contrário daí a gente já baixa o
astral de novo, mas vai levando né.
Eu me acordo oito horas, mas depois se deixa eu durmo
de novo, sou muito sonolenta. Durmo a noite toda, mas eu não
vejo barulho de nada, pode um precisar de mim, só se me
cutucar e não adianta eu durmo mesmo, durmo bastante. Em
casa não, em casa eu me acordava uma hora, duas horas da
manhã e perdia o sono, daí quando chegava umas cinco horas
eu ia me deitar, sete horas já tava de pé, e aqui é uma
sonolência, eu não sei, a medicação é a mesma, não sei, eu não
sei se é porque não, não tem nada que fazer, mas em casa
também não faço nada, em casa não faço nada só fico sentada,
talvez aqui estou mais tranqüila.... pode ser, é, pode ser talvez
eu me sinto mais assim, com a enfermagem ali se acontece
alguma coisa eu to ali e em casa a gente fica cismando né, mas
eu vou fica ruim, a como é que vão me leva que médico nenhum
me atende, daí eu fico na dúvida né.
Falta de atividade
Desilusão/doença
presente
Atividade/lazer
Segurança com
profissionais da saúde
por perto
PAC 24(M) - Não, estou bem tratado, não tem problema
nenhum, estou meio angustiado, porque tem que fazer cirurgia,
não tinha vaga lá em cima, já há catorze dias estou aqui, e a
gente não é acostumado, fazer o que né, vamos agüentar né.
Ah eu me acordo cedo, mas em casa também eu me
Bom atendimento
123
acordava quatro e meia, cinco horas, a gente se acorda, depois
não consegue mais dormi né. Mas estou dormindo bem. Depois
dou uma vortiada por aí, é pra passar o tempo, exercício físico
né, ficar parado não dá, é a gente fica um pouco parado aqui
sempre, porque vem o remédio, tem que fazer, pra ir pro
médico tem que ta aí né, mas estamos dando jeito. Agora to
esperando minha mulher e minha filha que vai vim.
PAC 25 (F) - Sou bom, eu gosto muito do H.U., sempre gostei,
eu to aqui mais pra fazer uns exames, tirar umas dúvidas, está
tudo bem. Ah, eu acordo cedo, seis e meia, eu acordo cedo, aqui
no hospital principalmente a gente acorda, normalmente a
gente acorda mais cedo né, porque vem o remédio pros
pacientes. Eu tomo meu banho, espero a hora do café, a gente
conversa com as pacientes que tão acordadas, então é assim né.
Eu me internei quinta-feira passada, já faz, hoje ta fazendo
uma semana.
Atividade/lazer
Medicamento
Bom atendimento
Interação
Uma refeição
PAC 26 (F) - Ah, eu acordo cedo, sete horas, sete e pouco aí a
gente fica aqui, arruma a cama, fica aqui assim, sem fazer
nada. Dou uma caminhadinha, aí hoje fui aí embaixo fazer um
exame, mas não deu pra fazer, acho que o aparelho quebrou,
não sei o que, daí não faço mais nada, deito e descanso, só. No
mais está tudo bem né, hoje que eu to meio cansada assim, to
meio cansada de fica sentada, eu não tava assim, agora cansei.
Atividade/lazer
PAC 27(F) - A hora que acorda faz a higiene né, que eles dizem
que é pra fazer, aí depois às oito horas vem o café, aí a gente
toma o café, aí depois como diz a gente fica esperando o
médico pra faze avaliação né ó, a enfermeira pra e aí quando é
às onze horas, aí a gente procuro anda um pouquinho pra não
fica só na cama né, dá pra anda um pouquinho, aí a gente faz a
hora do almoço né, que é onze, onze horas, onze e pouco, aí a
gente quando dá pra dormir dorme, hoje eu consegui dormir
né, e assim vai, aí as duas e pouco vem um café, quando é eu só
digo assim, aqui a gente só come e dorme, entrei com quarenta
e cinco, vou volta com cinqüenta quilos, e aí às cinco horas tem
a janta, a gente janta, a gente torcendo pra que tenha um
porquinho, um faz a diversão do outro, um paciente ajuda o
outro, que aqui assim, os pacientes são muito animados, de
ontem pra cá que deu uma recaída porque, ta pra baixo assim
né, aí quando é à noite como eu já disse cinco horas tem a
janta, aí a gente depois da janta a gente faz um lanchinho, aí
procura passear um pouquinho, vê televisão ali fora que tem
uma televisão né, assiste TV, ontem a gente jogo um pouquinho
de dominó pra se entreter né, tava todo mundo pra baixo né, aí
quando é à noite, nove e meia até dez horas tem outro café, a
gente, depois a gente vai dormi. Minha rotina aqui, quando não
ta na cama, ta visitando os outros pacientes, quando não ta
visitando os outros pacientes ta ali, e assim vai indo, um
pouquinho no corredor aqui.
Uma refeição
Equipe médica e
enfermagem
Atividade/lazer
Três refeições
Preferência alimentar
Interação
Atividade/lazer: dominó
Todas as refeições
referidas
124
Pré-análise do conteúdo: Experiência da hospitalização
Hospitalização x cotidiano/Saúde x Doença Categorias temáticas
PAC 1 Estou hospitalizada desde o dia 20 de fevereiro, vim
pra cá numa crise forte de bronquite, e estou tentando me
recuperar do pulmão... porque é uma infecção do pulmão
devido ao cigarro, provocado pelo cigarro, mas o que me
trouxe pra cá foi a crise de bronquite, estou desde então,
desde o dia vinte.
Já procurei a emergência várias vezes por causa da
crise de bronquite, mas nunca fiquei internada, internada é a
primeira vez aqui no HU, as outras vezes foi no Nereu
Ramos...faz dois anos já, que eu tive internada com o mesmo
problema de pulmão, fiquei uns vinte e oito dias.
Estou tranqüila, tiro de letra aqui, eu acho que se
fosse um ambiente ruim, péssimo atendimento, eu já estaria
agoniada... mas não, eu acho que a coisa é tão gostosa assim,
o pessoal aqui dentro do quarto é gostoso, a gente se da super
bem, o pessoal que trabalha com a gente desde o pessoal da
faxina até o médico são super gente fina, faz com que a gente
se sinta bem...estou curtindo a vida, estou de férias.
Nenhum problema de saúde relacionado à
alimentação, come tudo.
Meu medicamento é a bomba, oxigênio... e a
medicação do hospital que é própria do pulmão... De manhã
tem, geralmente de madrugada, as cinco horas da manhã, tem
uma que eu faço as oito da manhã e as oito da noite..tudo
assim.
Doença
Bom atendimento
Prazer/Bom atendimento
Cuidados da equipe de
saúde
Não refere a
alimentação no processo
da hospitalização
PAC 2 - Não sei...a gente né.. a gente tem que se sentir bem
né, porque lá (na casa) não pode dizer que vai sentir melhor,
porque o problema é a doença que não tem jeito de sarar...,
agora de vagarzinho se Deus Nosso Senhor quiser, de
vagarzinho vai, vai melhorar né, dia após dia vai
melhorando, então Deus queira que mais uns dois mês, talvez
um pouco mais né, depende dos remédio aí conforme vai, a
gente pode ser que sare bem daí vai pra casa..., eu desde que
vim, não fui nem um dia pra casa. Sempre aqui, toda vida
aqui. Sente saudade dos filhos, dos netos.
As vezes eles vem visitar, vem os filhos, geralmente as
filhas e a mulher né, sempre vinha, mais agora começou a
trabalhar lá também, já fica mais difícil... é mais difícil de ela
vim né, mais caso precisar, alguma urgência, aí não tem
problema, ela vem né, mas senão sempre um filho ou outro
sempre vem... vê a gente.
ALIMENTAÇÃO
PAC 2 - Não, sobre problema de saúde com a alimentação...
isso não, a alimentação não, é boa. Tem alguma coisa né, que
a gente não gosta, alguma coisa a gente já fala né, tal coisa
tipo pepino, essas coisa aí eu não gosto... Deus me livre,
pepino é um veneno pra mim né, então a gente já diz mais ou
menos o que a gente não, não se sente bem né, mais o resto ta
Alimentação boa porque
não tem ligação
doenças/sem
restrição???
Alimento que não gosta
Escolha alimentar/ não
respeito
125
tudo bem.
MEDICAMENTO
PAC 2 - Tomo medicamento diariamente. Vem seis horas da
manhã, vem meio dia, ai vem quatro horas de novo, aí as seis
horas de novo. Meio dia vem né, junto com o almoço, algum
remédio vem na hora que eu to almoçando, porque daí já
aproveito e tomo o remédio junto com o almoço ali.
Faz referência a
alimentação (almoço)
Rotina do medicamento?
PAC 3 - Eu realmente, você sabe muito bem que uma pessoa
em casa, ela tem um ritmo, um relógio biológico, aqui nos
primeiros dois dias, três dias, eu não me adapto, eu não
durmo, primeiro que eu estou com acerbação, com, com
muita tosse, com falta de ar, então eu tenho que ficar no
oxigênio, tenho que fazer nebolizaçõess, então, portanto
dentro do hospital a gente não vem pra dormir, vem para se
tratar, dormir quando da né... aí depois eu vou me adaptando,
me adaptando, vou melhorando, e atualmente eu durmo bem,
só que as vezes eu me acordo, quatro horas, cinco horas, que
seria a hora de, que muitos acordam pra tomar chimarrão lá
no sul, lá no meu costume é diferente, já é diferente, eu
levanto as nove, dez horas, mas aqui quatro horas da manhã,
cinco horas eu to passeando pelos corredores, caminhando
um pouco pra exercitar, fazendo exercício que é o principal
dessa doença, foi constatado que a, que a parte principal do
tratamento e da recuperação desses pacientes com DPOC, é o
trabalho de fazer caminhadas, movimentar o corpo, de fazer
física, pode se dizer né, não assim exagerado, mas não pode
deixar o corpo atirado numa cama e se entregar, então
portanto eu caminho, faço flexão, faço alongamento, que daí
eu respiro melhor né, já constatado pela medicina, então
quando chega essa hora as vezes, cinco, seis horas, quatro
horas, as vezes quando eu canso eu pego uma cadeirinha de
roda, eu ando para um lado, pra outro, exercitando o peito,
as pernas sempre, por que a minha fisioterapia eu faço a
partir de quatro cinco horas da manhã, ai dormi eu durmo
bem agora, sem problema nenhum, sobre isso, se em casa eu
durmo oito horas, nove horas, dez horas, aqui eu durmo
quatro cinco, ta bom, coisa que não prejudica.
OUTRAS HOSPITALIZAÇÕES
PAC 3 - Olha, eu não tenho bem na memória, mas esse ano
passado eu tive, eu tive duas três internações, o que não era
de costume. Lá em Porto Alegre, foi que deu-se o problema o
seguinte, você sabe muito bem que todos esses remédios que a
gente toma, eles são produtos químicos, e esses produtos
químicos, é claro, se não tiver não combate a infecção, e eu
fui tomando...tomando, e eu achava que tava com problema
respiratório eu tava com duas coisas, eu fiz exames, que eu
tenho, eu tenho convênio, eu tenho os hospitais do convênio,
eu fiz uma endoscopia, constatou-se um fungo, justamente por
causa dos remédios, aquilo me doía muito o peito e me
impedia de respirar, aí por outro lado me apareceu uma
Perda das referências
familiares pg 229
(Corbeau)
126
anemia, aí eu conversei com o médico, a gente conversou, aí
eu fui me tratar com um hematologista, aí ele disse que pode
ter, pode ser acúmulo, principalmente, de corticóide, o
corticóide ajuda bastante, mas também por outro lado, causa
problemas né, e eu tenho outra doença que é osteoporose na
coluna também, então eu tomo remédios contínuos pra coluna
né.
Aqui não tomo esse da coluna, porque é muita bateria
de exames, de remédios, e o médico meu, eu não faço nada
sem, sem orientações médicas né, uma vez eu fiz uma
burrada, diz o ditado, por tomar um antibiótico que era
previsto num horário, e eu tomei fora de horário, e o que
aconteceu com isso: eu tava em casa, eu fortaleci a doença,
provoquei uma pneumonia que me custou dez dias de hospital
e quase fui... aí nas reuniões eu falei sabre isso, a nossa
professora disse, mas seu Francisco o senhor sendo
presidente vai me dar um exemplo desse... mas doutora nem
me caiu a ficha, eu achei que era pra tomar de doze horas e
tomei, mas era oito horas, tomava treze, quatorze horas, o
que acontece, o remédio não sendo tomado certo, ele não
funciona, ele dá o contrário, ele vai fortalecer o vírus que tá
no seu corpo, ele vai se multiplicar, mas daí eu comecei a me
cuidar um pouco mais.
TEMPO INTERNAÇÃO
PAC 3 - Eu estou a dezoito a dezenove dias, mas aqui é o
seguinte, eu sai de casa dia vinte de dezembro, pra passeio,
eu e minha patroa, mas claro, com a bombinha de
nebolização, porque ela é uma doença crônica que tem que,
sempre ter monitoração né, e eu fiquei aqui na ilha, passei o
natal com meu filho que mora aqui, e até, ele mora aqui e
trabalha em Porto Alegre, isto é, está aqui pra termina o
doutorado dele, aqui na faculdade, ele é professor de
química, aí passei com ele o natal com a esposa, minha nora
o neto, tal, daí dia vinte e oito fui pra São Paulo, eu tenho
duas filhas que moram lá, aí eu passei o ano novo lá com
elas, fiquei o mês de janeiro lá, mas sem problema nenhum
por que São Paulo é muita poluição, mas como minha filha
mora num lugar alto, Morumbi sul, aí eu não senti tanto, mas
eu também não tava com infecção, tava, só me cuidando da
doença, aí vim embora, viemos de carro de lá, sem problema
nenhum, aí viemos pra cá...eu digo bom... agora está na hora
de ir embora, minha filha veio junto com meus netos,
brincamos bastante, tomamos bastante banho, e eles foram
embora, e eu digo... agora vamos planejar nossa volta né, aí
nós tínhamos preparado, meu filho e a família, dois carros
pra ir pra serra, nasci em São Francisco de Paula, Rio
Grande do Sul, e lá eu tenho uma casa, pode se dizer um
rancho, lá no meio do mato, escondido, que é justamente pra
lazer nosso, da família, e não deu pra sair, levantamos as
cinco hora da manhã pra sai, quatro horas, e ai meu filho
127
falo, não há condições, e dali então começo a via crucis, aí eu
fui nos postos de saúde, foi segunda, terça, nos posto de
saúde até sexta, troquei os remédios porque a gente tem a
orientação de primeiro procurar os primeiros socorros e
tomar o primeiro antibiótico que tem naquele que já tomou,
que talvez não cure, mais que depois vai ter que fazer uma
triagem pra ver qual é o tipo de antibiótico pra ver se freia a
doença, e foi o que eu fiz, mas eu fui um dia, tomei um
remédio, não deu, no outro dia, mudei o remédio, terceiro dia
melhorei, quarto dia aí não teve mais jeito, aí eu já tava com
infecção nos brônquios e já tava descendo nos pulmão né, aí
o meu filho o que fez, ele disse, pai, nós vamos pra Porto
Alegre, já reservei por telefone as passagens lá, de avião...eu
disse tudo bem, quarenta minutos eu desço lá, já tem uma
ambulância me esperando, vou pro hospital...ah não deu,
chego aqui, o médico não aconselhou, a minha saturação, o
meu oxigênio estava muito baixo, pois vai dar problema no
avião, vocês vão se incomodar, então o médico foi muito
eficiente em dizer não vai, por que se corre o risco, aí eu
disse, eu até brinquei com meu filho, meu filho vai lá e
resolve com eles, que eu tenho setenta e dois anos eu não
destino mais a minha vida, ainda mais quando estou doente,
diz ele: não pai, está tudo bem, e cancelou as passagens.
Ai eu fiquei lá na emergência sexta de noite, foi no dia
uma sexta, sexta de carnaval, eu fiquei lá embaixo, passei
pras macas, e depois vim pra aqui, mas eu sempre achando
que logo vou embora. E já estou a dezoito dias. Isso porque
eu já sou conhecedor né, mas o que me levou a isso foi,
simplesmente não foi descuido, uma fatalidade, quando eu
estou ali ou estou no ônibus, eu vou cem por cento, meu filho
não gosta que eu vá, que eu vá de carro, mas eu gosto de
andar de ônibus, gosto de passear, sou muito passeador, e eu
cheguei do centro, deu uma viração do tempo, um vento sul, e
eu estava suado, deu uma chuva e eu apanhei aquela chuva
suado, até chega em casa eu levei duas hora, ainda passei em
outros lugar que tinha ar condicionado, que é um veneno pra
mim, ai eu tomei o ônibus e cheguei em casa, eu senti que o
corpo começo a pesa, mas não dei muita importância, isso ai
é pouca coisa, eu vou faze minhas nebolizações, a minha
flexão, meus alongamentos que vai passar, o que, importa é
aqui eu estou, reformadinho, pronto de novo, graças a Deus
amanhã vou embora.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO A
ALIMENTAÇÃO
PAC 3 - Não, isso não tem, a gente tem orientações da nossa
médica, de ao invés de fazer três refeições por dia que devia
ser o normal a gente faz de quatro a cinco, não refeições,
refeições, a gente faz, vamos dizer, come uma fruta, toma um
suco, as dez horas, de tarde toma um café e de noite a gente
não, pode janta, mas não carregar muito o estômago, pela
Apropriação do
conhecimento sobre a
regras da nutrição
Comunicação e
educação contínua
melhora a satisfação do
128
idade também e pela doença e a gente evita de tomar coisas
que tenham conservante, por que inclusive pra osteoporose
não é bom, é pro nosso caso também, pra nossa doutora,
nossa professora, que é muito eficiente também nesse ponto,
que a gente faz as festinha de fim de ano, ela não quer nada
de fritura e nada, só coisa diet, mas doutora eu não sou
diabético, não interessa, se vier coca cola, é diet e olha lá, se
não nem coca cola não tomo, por que faz mal.
paciente (BECK,
WATTERS, CAPRA)
Médico
PAC 5 - Ah menina, o que eu posso falar pra ti, estou aqui é
por causa por causa da bolha né... que eu tenho essa bolha
imensa, os médicos tão olhando, de um exame para o outro
aumentou e daí eles vão descobrir o que é...fiz uma
tomografia pra agora vê se ela aumentou mais ou está
estacionada, mais no mais é isso.
Já fiquei internada outras vezes, mas não aqui, aqui é
a primeira vez...já fiquei no [nome do hospital] por
pneumonia dupla por dezoito dias e teve um acidente, que eu
estou com a perna toda... estraçalhou um pouco, mas os
médicos já consertaram, e sem contar ganhar os filhos,
porque a gente vai na maternidade e faz uma cessaria e isso é
comum, é normal.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 5 – Como tudo, e nunca tive problema do médico
proibir algum alimento. Como tudo, vai tudo.
MEDICAMENTO
PAC 5 – Tomo medicamento para a dor, aí quando eu tenho
dor, daí eu falo pra elas e elas trazem o remédio, mas senão,
não tem precisão de tomar, então não, daí eu não preciso
tomar. Quando eu estou com dor daí elas trazem, vê o horário
que eu tomei da outra vez, mais eu sempre tomo medicamento
mais é na parte da noite, quando eu sinto mais dor.
Médico – hegemonia
PAC 6 – É...até no começo eu me sinto bem, depois quando
começa a fazer soro, aqueles remédios né... daí eu já sinto
mal, quase sempre tem que chama os parentes, essa vez
também eu fiquei mal, mal, mal, mal mesmo.. daí já me deu,
infecção no pulmão né, depois que tava aqui, ai sofri
bastante, mas agora já to bem melhor.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO A
ALIMENTAÇÃO
PAC 6 - É, as vezes tem um monte de comida boa ali e eu não
posso, parece que não dá, não desce, não sobe, fica ali né,
não dá para comer, mas agora esses dia já estou comendo.
Tem bastante comida assim que eles(médicos)
pediram que não era pra mim comer, por exemplo, carne
gorda, molho... “me ajude a dizer porque eu, até eu
esqueço”(falando para o marido)..bastante comida assim que
ataca a circulação né, por que o meu problema é circulação
forte.
Em casa eu já me cuidei, que nem agora veio um
Doença
Doença interfere na
alimentação
Médico
129
pedação de carne bonita, eles dizem come, come, come, ele
(marido) também fala come, mas eu já não era mais
acostumada de comer, daí ontem eu comi um pedação de
carne, ela era boa, bem macia, mas depois doeu o estômago
né.
MEDICAMENTO
PAC 6 – Tomo bastante, bastante medicamentos, eu tinha
época que tomava vinte e dois comprimidos por dia. De
manhã eles trazem bem cedo, antes do dia eles me dão, depois
as sete e meia eles dão ainda, depois vai indo, eu acho que da
umas quatro vez de manhã, aí a gente toma e umas quatro vez
de tarde, agora diminuiu bastante por que daí eu não preciso
mais daqueles remédio contra infecção que eu tava com
infecção né, e daí dava aquelas dores fortes e eles tinham que
me dar toda hora remédio, agora já diminuiu bastante.
Alguma vez, alguma vez vem quando estou tomando
café, mas não atrapalha porque eu já tenho costume, sou
acostumada em casa né, que tem bastante remédio que eu tem
que tomar eles enquanto eu como, daí isso já.
Alimento (carne boa,
textura, sabor)
Adaptação da prescrição
PAC 7 - Eu estou internada desde o dia vinte e sete de
fevereiro, essa internação foi por causa da trombose que me
deu, e eu já fiquei internada várias outras vezes porque eu
tenho também Lúpus, que é internação freqüente, a cada
ano...o Lúpus foi descoberto em dois mil e três, então nesse
período de tempo a cada ano lá pelo mês de agosto o Lúpus
ele entra em atividade, não sei porque, mas ele tem essa data,
então ele entra em atividade, então geralmente esse período
eu fico internada aqui...Sempre aqui, eu só fiquei agora a
última vez, agora, fazem umas três semanas no Celso Ramos,
porque os medicamentos me causaram úlcera no estômago, aí
eu fiquei, aí eu fui pra casa, passei um período em casa, aí
daí depois eu tive que voltar aqui porque deu uma trombose
na perna. Já fiquei internada umas cinco, seis vezes, fico
sempre mais de um mês.
Da vontade de ir pra casa, já que eu to...porque
contando com o Celso Ramos e aqui, já vai dar, vai dar, aqui
já to mais de uma semana, mais o Celso Ramos já vai dar
quase uns dois meses né, então já é um período bem grande
assim, e a vontade de ir pra casa porque, a gente vai começar
as aulas, eu quero voltar a trabalhar normalmente como eu
faço, a estudar e tudo, aí dá aquela ansiedade de ir pra casa,
as vezes bate aquela agonia, aquele desespero pra ir pra
casa. Sinto falta do convívio, da família, ali todo mundo junto
assim, do convívio é o que eu mais sinto falta.
PROIBIÇÃO ALIMENTAR
PAC 7 - Agora como deu a úlcera só vai ser.. acho que
comidas ácidas né, e agora estou com restrição ao sal, aí
não posso por sal por causa do inchaço que tava ali (perna).
MEDICAMENTOS
PAC 7 - É aqui eles trazem pela manhã, e a noite, pela
Doença
Apropriação do
conhecimento
Perda das referências
familiares
(AMIN)
Restrição ligada á
doença
130
manhã e pela noite. O omeprazol que eu tomo pela manhã
para o estômago eu tomo em jejum né, depois, aí depois vem
o café da manhã, e depois do café da manhã vem mais uma
série de medicamentos, aí depois vem a janta, aí depois vem
outro, os outros medicamentos.
Não refere falta de
apetite pelo
medicamento
PAC 8 - Muito tempo atrás quando eu fiz outras cirurgias, a
mais... bem mais de vinte anos, eu fiz uma cirurgia de
apendicite, depois fiz uma do seio, e a última foi da tiróide, já
foi em oitenta e quatro. Fiquei internada o suficiente pra
recuperar da cirurgia e passei sempre bem. A primeira vez
fiquei internada em Videira, só a cirurgia da tireóide que eu
fiz em ???, em oitenta e quatro... aqui eu não conhecia, é a
primeira vez que estou internada, e só tenho a agradecer todo
mundo porque estou sendo muito bem tratada por todos, a
equipe médica é ótima, enfermagem mesma coisa, as meninas
aqui perto também, são tudo querida.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 8 - Meu intestino não funciona, eles tão mandando
bastante fruta, bastante legumes, e como tudo, agora tem
cinco dias pra hoje, quinto dia, por isso estou tomando esse
coquetel laxativo (estava a o lado dela), que é pra ver se
funciona, porque tá preso e não solta né, então, o que eu
faço: como as frutas e os legumes e arroz e o que sobra eu
vou deixando porque não tem como por tudo pra dentro se
não solta nada, ontem eu dei uma aliviada porque eu comi
muito mamão, a tarde e a noite, de manhã, aí soltou gases né,
já deu uma aliviada então. Fora isso nada...só o intestino que
é preguiçoso, talvez por que eu não ande né.
MEDICAMENTOS
PAC 8- Tomo Inalopril pra pressão, estou tomando pra
Tiróide, e durante o dia, quando eu preciso de alguma coisa o
médico deixa prescrito e eu tomo. O Inalafrio eu tomo duas
vezes por dia, é de manhã e a noite, e o Puran eu sou
obrigada a tomar em jejum, porque já é, já diz na caixa né,
na bula pra toma em jejum, daí cinco e meia da manhã eu
tomo Puran. Mas no horário que vem a comida não vem o
medicamento, não bate os horários.
Bom atendimento
Refere a equipe de saúde
Alimento como
medicamento
Atenção nutricional
Não refere falta de
apetite pelo
medicamento
PAC 9 - Ah, hoje eu assim, estou com uma dor na, no ânus e
com alergia na vista. Fico com saudade de casa.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 9 - As comidas que tem ácidos, eu não posso comer, por
causa da boca (mostrou a boca com irritação), fora isso mais
nada.
MEDICAMENTO
PAC 9 – Tomo remédio às seis horas da manhã elas vêm e
meia noite e de manhã, antes do café, eu tomo um copinho.
Interferência da doença
na alimentação
Não refere falta de
apetite pelo
medicamento
PAC 10 - Me sinto bem né, a gente fica um pouco
preocupado que a gente tem um comércio em casa né, tem
Perca das referencias
sociais, familiares
131
coisa pra fazer, e fica na mão dos outros, então a gente, só
por isso, mas sobre aqui dentro, aqui dentro é tudo bom.
OUTRAS INTERNAÇÕES
PAC 10 – Estou aqui já faz uns doze dias e nunca fiquei
realmente internado...eu só tenho, eu só venho aqui de rotina
só, porque as vezes me da uma tontura né, mas faz o que, uns
três anos já que eu vim, as vezes venho manhã e já volta a
tarde, duas, três horas pronto...é começo de labirintite que eu
tenho, só isso, mas sobre outra coisa estive internado, mas faz
já quarenta, quarenta anos faz já, foi em sessenta no hospital
[nome do hospital], no H.U. é a primeira vez.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 10 – Não tenho nenhuma restrição, eu como tudo, o que
eu gosto eu como, o que eu não gosto eu não como, porque
tem comida aqui que vem, a galinha aqui eu não gosto de
galinha, aí vem, eu não gosto de carne moída, não como em
casa porque eu também não gosto, arroz estou comendo aqui
porque a gente é obrigado a comer né, mas eu não gosto de
arroz, em casa eu só como mesmo feijão, só feijão, pirão de
feijão e lá de vez ou outra que eu boto um pouquinho de arroz
com um caldo de feijão, daí eu como, mas sobre isso aí, eu
não gosto do arroz, não não....peixe eu também não gosto,
coisa que eu não gosto é peixe...Levam de volta, vai de volta,
só quando é assim, o arroz eu boto, as vezes vem sopa, e eu
prefiro sopa com arroz, daí eu como, mas eu também não sou
de muita comida não, eu não faço quase questão de comida
não, em casa também as vezes eu chego na mesa, minha
esposa coloca a janta, o almoço eu gosto, chego do serviço,
eu olho, digo: ah não quero isso aí, não gosto de comer, daí
saio como dois pão, um pão, dois pão, minha comida mesmo
é o pão, eu gosto de pão, é de pão, pão com mortadela,
presunto não como, queijo eu não gosto, manteiga eu não
gosto, não gosto, só gosto mesmo do mortadela, tudo bom,
nem queijo nem presunto.
MEDICAMENTO
PAC 10 – Tomo medicamento de manhã né, de manhã, seis
horas, seis e meia já dão, as seis e meia, agora veio agora de
novo, então e é sempre separado das refeições, tudo
separado.
(POULAIN pg 47)
Sem restrição ligada á
doença
Preferências alimentares
Escolha
alimentar/desrespeito á
escolha
Simbolismo
Não refere falta de
apetite pelo
medicamento
PAC 11 - A gente tem saúde né, toda vida teve saúde,
trabalhei, nunca precisei, graças a Deus, precisei assim estar
vindo no hospital, e nunca fiz um exame, nunca fiz nada,
estou com sessenta e um anos né, graças a Deus né, porque,
sempre tem que pedir a Deus primeiro né, mas e aí acerto que
deu uns problemas no coração, fiquei meio ruim, aí vim pra
aqui, me atenderam muito bem, graças a Deus, tudo
tranqüilo, é, mas não fiquei bem, não tava muito bem, mas a
força do pessoal aí (do hospital), os enfermeiros, médicos,
coisa, então a gente está melhor.
Bom atendimento
Bom atendimento
Cuidados da equipe de
saúde
132
OUTRAS INTERNÇÕES
PAC 11 - Antes, quatro anos, cinco anos eu tive internado
uns dois dias aqui (HU), por causa da hérnia que eu tive
fazendo uma operaçãozinha de hérnia, não era grande coisa,
mas...uns dois dias só.
Mas agora estou bem tranqüilo, bem, me sinto aqui
como me sinto em casa, a mesma coisa, ou melhor ainda,
geralmente a gente trabalha muito e fica preocupado, aqui a
gente fica tranqüilo. É um momento pra descansar também.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 11 - Não não não... a comida pra mim, qualquer uma
tudo tá tranqüilo.
MEDICAMENTO
PAC 11 – Estou tomando medicamento, no horário que vem
pra ele [paciente do leito ao lado] vem pra mim, aí as vezes
depende do tipo do remédio que as vezes não é pra um é pro
outro, as vezes vem pra ele, vem pra mim, é assim né.
Bom atendimento
Prazer/Bom atendimento
Sem interdição
Não refere interferência
do medicamento com a
alimentação
PAC 12 - Eu estou muito bem, eu só to com dor aqui (costas).
Eu já estive internada outras vezes em outros hospitais pra
botar prótese no joelho.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À SAÚDE
PAC 12 – Não tenho nenhum problema, só agora não quero
comer.
Sentir-se bem
Hospitalização interfere
na vontade de comer
PAC 13 – Estou aqui há treze dias e já tive internada em
Laguna, aqui é a primeira vez. Nas outras vezes fiquei
internada quatro ou cinco dias. Agora é o maior tempo que já
fiquei internada.
Agora eu estou melhorando, to bem. Mesmo internada
me sinto bem, porque psicologicamente estou bem.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADA À
ALIMENTAÇÃO
PAC 13 – Não tenho, é que eu não gosto de peixe,
pepino...são coisas que eu não gosto. Não por causa da
saúde, mas porque eu não gosto mesmo, não gosto de comer,
e o peixe me faz mal. Nenhuma proibição.
MEDICAMETOS
PAC 13 - Tomo medicação às seis horas da manhã, as dez,
ao meio dia, seis da tarde, às seis da noite, é de seis em seis
horas. Sempre são antes da refeição.
Sentir-se bem mesmo
internada
Alimento (pepino,
peixe)
Escolha
alimentar/preferências
alimentares??
Não refere interferência
na alimentação
PAC 14 – Estou internada há dez dias e já estive aqui várias
vezes...muitas vezes. Hospital aqui é minha casa. Sempre fico
no H.U. às vezes é mais de dez dias, doze dias.
INTERNAÇÃO
PAC 14 - Eu amo o hospital do H.U., eu amo... meu coração
gosta muito e pra mim eu sou bem tratada, porque eu venho
mal e vou embora melhor, então é, pra mim é... eu acho
maravilhoso, todo mundo aqui me trata bem, não tem nada
que reclamar, não sou de incomodar nos quartos, nem
ninguém vai me incomodar... então.. a minha vem amiga
Transfere as referências
da casa para o hospital
Bom atendimento
Cuidado para não ser
mal interpretado
(POULAIN)
133
atrás de nós né.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 14 - Não, não, todo mundo acostuma naquilo que vem,
eu como mal, vem insosso, e eu sou obrigado a estar aqui no
cabresto, porque senão minha filha, senão eu não melhoro
mesmo, então graças a Deus eles me botam aqui no
castiguinho e eu vou comendinho, to comendo até.
MEDICAMENTO
PAC 14 – Estou tomando medicamento e é tudo maravilhoso.
Alimentação como
obrigação/alimento
como tratamento
Prescrição médica
PAC 15 - Olha, eu assim, pra te falar a verdade, o hospital
assim que eu mais me senti assim bem foi esse, assim né bem
acolhida, todas as pessoas né são, muito bem, muito bom.
INTERNAÇÃO
PAC 15 - Eu já estou internada a dez, onze dias. Nas outras
internações foi menos tempo, essa está sendo a mais longa.
Mas aqui no HU é primeira vez. Mas eu to gostando, eu já
disse pra ela [paciente do leito ao lado], acho que eu vou
ficar aqui.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO A
ALIMENTAÇÃO
PAC 15 - Teve uma época que eu tinha muita dor na vesícula
e daí tinha vários alimentos que eu não podia comer né, nem
ovos, feijão, essas coisas mais forte eu não, ainda não posso
comer né.
MEDICAMENTO
PAC 15 – Estou tomando pra depressão e para o estômago
por enquanto. Seis horas e às oito e meia. Mas em casa eu
fazia já em casa né esse tratamento, da uns quatro anos. O
remédio vem um antes e um depois da comida.
Bom atendimento
Prazer
Restrição relacionada a
doença
Alimentos(ovos, feijão)
INTERNAÇÃO
PAC 16 - Olha, eu estou aqui faz uns, não marquei bem certo
o dia, mas pra mim já faz vinte e cinco dia. Foi dia treze de
fevereiro. Então faz vinte e cinco dias, nossa!!!
É que é assim, eu to marcando mais ou menos pela
minha cabeça, porque ontem, às vezes eu esqueço as coisa
toda, entendeu, mas já hoje nós falamos né a respeito
disso...faz pouco tempo elas me falaram que dia era.
Eu me sinto bem com elas, elas são muito querida, eu
gosto muito dos meus médicos, todos eles.
Eu já tive internada outra vez, internada vinte dias
aqui também. Aqui, no mesmo lugar, na mesma cama, é, era
naquela cama ali depois agora que eu voltei pra essa. É a
segunda vez no HU. Mas em Praia Grande já fiquei também,
mas lá eles são tudo clínico geral né, daí eles dão, não, eles
fizeram muitos exame, muitos assim, como é que eu digo pra
vocês, muitos soro e muitos tratamento assim forte.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO COM A
ALIMENTAÇÃO
PAC 16 - É que eu não gosto muito é da abobrinha. É sem
Refere equipe médica
Hospital como
referencia de
humanização (H.U.)
Alimentos (abobrinha,
134
sal, daí me deu uma revolta na minha barriga e também o
negócio de abacaxi né, eu não sou muito ligada não.
MEDICAMENTO
PAC 16 - Tomo medicamento, depois que eu vim pra cá eles
me trocaram, eu tomava Gardenal, eu tomava três por dia e
assim mesmo me dando sempre, não adiantava toma que é a
mesma coisa se eu tomasse ou não tomasse era um coisa só.
Agora eles trocaram, me deram, eu digo... porque na
farmácia é isso ai né, então o nome, e to tomando um pra
dormi. Só a noite, daí eu tenho crise de pressão né, tomo
também, e eles tão me dando outros remédios junto, agora
não sei pra que, agora eles sabem por que são médico né.
abacaxi) – preferência
alimentar e prescrição
médica (sal)
Medicação não interfere
no apetite
PAC 17 – Bom, eu estou internada desde o dia vinte e três. E
só fiquei em outro hospital de passagem assim, não nesse
hospital, mas no Celso Ramos. Aqui no H.U. é primeira vez,
assim pra ficar internada sim.
PROIBIÇÃO ALIMENTAR
PAC 17 - Não, no geral, olha, é difícil o que eu não coma.
Gosto de alimentação. Só por que eu sou hipertensa, daí
então eu tenho que diminuir sal e óleo, tem que evitar ao
máximo.
Só isso, e a coluna, eu tenho problema de coluna,
hérnia de disco, por isso que eu to afastada do trabalho, por
causa disso, na coluna e no mais não tinha mais nada alem
disso, agora que surgiu esse problema de coração.
Agora eu estou mais tranqüila assim sabe, porque no
começo foi muito angustiante, porque eu vinha pro hospital
só pra ganha meus filhos, nunca soube o que é ficar
internada, então pra mim a idéia que eu tivesse com esse
problema no coração e soubesse que eu teria que ficar sabe
lá quantos dias aqui dentro pra mim foi um caos. Eu ficava
agitada né, ficava muito agitada, pensando muito no lá fora
sabe, na minha casa, mas agora estou mais tranqüila, aceitei
mais sabe, que eu tenho que ficar aqui pra me tratar e me
curar, não é um, não é uma prisão que eu vou ficar a vida
toda né, é uma passagem, é um período só pra mim. Pra sair
daqui completamente bem.
Interdição – doença
interfere na alimentação
Hospitalização – perda
das referências
familiares
PAC 18 - Eu estou internado, tive quinze dias, aí fui pra casa,
me deram licença... aí agora me chamaram na terça feira de
carnaval a tarde, aí vim para fazer exame na quarta feira e
desde quarta feira de cinzas to aqui.
OUTRAS INTERNAÇÕES
PAC 18 - Já tive duas vezes, tive daqui do baço, e aqui da
junta. Aqui no H.U mesmo, agora é a terceira vez. A vez que
eu fiquei mais tempo foi no quarto andar, fiquei quatro meses,
por causa de uma operação que eu fiz, porque eu vinha pra
aqui, ia pra casa, vinha pra aqui, ia pra casa, vinha pra aqui,
aí operaram em janeiro do ano passado, aí fez um ano em
janeiro agora.
PROIBIÇÃO ALIMENTAR
135
PAC 18 - Eu como, mas eu não gosto, já falei pra elas é a
carne moída, carne moída e negócio assim de ovo também
não.
- E tem algum alimento que por causa da sua saúde o senhor
não come?
Não, isso aí não tem nada, só a única coisa que me
dizem que me faz mal que eu tenho gastrite, é com os ácidos
que eu não posso comer, e está vindo e eu como. É feijão, vem
feijão, vem negócio de salada, vem abacaxi, vem laranja,
agora isso daí é tudo coisa ácida, maçã. Eu como, o que eu
não posso come eu como.
MEDICAMENTO
PAC 18 - Só um, o médico me receito dois, dois comprimidos
em jejum, agora eles só tão dando um, só as seis horas da
manhã que eu tomo um.
Escolha alimentar/
Alimento(carne moída e
ovo)
Interdição alimentar
Prescrição médica não
está sendo seguida
Não refere interferência
na alimentação
PAC 19 –
O senhor está internado desde quando?
Acompanhante: vinte e dois dias hoje, desde o dia quatorze.
PAC 19 - Só essa vez aí, em tudo (todas as internações) da
uns oitenta dias.
O senhor já esteve internado outras vezes?
Acompanhante: cinco vezes, é a quinta vez.
PAC 19 - Cinco.
- Acompanhante: de lá foi encaminhado pra cá.
- E aonde mais?
- Acompanhante: lá em Concórdia.
Aqui é a primeira, segunda vez?
Acompanhante: A quinta vez aqui.
Além dessas cinco ele já teve internado outras vezes.
Acompanhante: É, de lá ele foi encaminhado aqui.
E como o senhor está se sentindo.
PAC 19 - Bem, falta tirar as pedra da vesícula, daí to pronto.
Ta pronto pra ir pra casa?
PAC 19 - Sim.
ALIMENTO QUE NÃO COME
PAC 19 - Cebola eu não como, não posso come, leite também
não posso toma, eu tomo, aquele arroto até me dói, tem
outras comidas que não vai, salada, mas daí eu peço né.
PAC 20 – Estou desde segunda-feira internada, já tinha dado
três dias, mas daí fui embora porque estava muito cheio de
gente, aí voltei e já me internaram novamente. Já fiquei
várias vezes aqui, só no ano passado foi sete vezes. Sempre
aqui. Já conheço todo mundo.
PAC 20 - Eu me sinto uma pessoa, até feliz, apesar de eu
estar doente, porque eu moro sozinha, meus filho vão sempre
lá, mas cada um tem a sua família né, coitadinhos, e aqui eles
cuidam muito da gente, conversa com a gente, deixa a gente,
olha a gente.
Referencia da casa
Interdição
Alimentos (cebola, leite,
salada)
Preferências
Transferência das
referencias da casa e
família
136
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 20 - Porque eu tenho diabetes descompensada, lá em
casa é assim, porque eu como arroz e não como macarrão,
mas to acostumada a comer um pirãozinho, de farinha e
feijão. É, isso que eu gosto mais, mas agora me deu um
enfastio que eu não pude mais comer.
MEDICAMENTO
PAC 20 - É muito medicamento. Insulina e medicamento, eles
não deixam passar um horário. Várias vezes no dia. Não bate
com as refeições é sempre separadinho, meus filhos tão
sempre aqui, já hoje foi um, agora foi um, de noite as filha,
uma fica, outra fica naquela cadeirinha.
doença interfere na
alimentação
Simbolismo/preferências
alimentares
Apetite x internação
Acompanhante
PAC 21 - Nunca tinha sido internada aqui na minha vida,
primeira vez e olha, tira o chapéu, nota dez por esse hospital.
Em outros hospitais, no [nome do hospital], eu cheguei no
[nome do hospital] uma vez mal, não quiseram me atender
porque a minha pressão estava boa, eu fiquei um dia inteiro
numa cadeira de roda ruim e eles não me atendiam porque a
minha pressão era boa, e aqui foi no sábado a noite que eu
meio desconfiei que a menina estava toda hora medindo a
minha pressão toda hora, toda hora, de repente ela veio e
disse, ó toma esse remédio aqui que a tua pressão ta lá
embaixo, me levanto os pés e coloca pra baixo a cabeça, eu
disse, mas porque minha amada, pois eu estou tão bem, não
estou sentindo nada, não estou com sono, ninguém fez nada,
não me incomodei, não nada, diz ela, não mas baixo, baixo
baixo, daí eu peguei e disse então vamos ver... paciência fazer
o que, daí quando chegou no domingo de madrugada as cinco
horas que a pressão foi pro normal, mas durante aquilo mais
nada agora, eu estou com um pouco de dor assim, parece que
aqui está tudo quebrado porque eles fizeram agora as oito
hora, é por causa das agulhas, ele diz, fica quieta aí, mas a
gente é obrigada a ir ali no banheiro né, então to bem.
ALIMETO QUE NÃO COME
PAC 21 - Pois olha minha filha, eu já digo bem a verdade, eu
sou que nem cachorro, sou boa de boca, tudo que vem eu
como. Tudo que vem eu como, aqui a alimentação é ótima,
muito bom, eu gosto, até as moça que traz elas já diz pra
mim, meu Deus essa mulher come tudo, a bandeja nunca vai
com um pouquinho de comida, eu disse ainda pra elas, mas
você não trouxe pra mim comer né...(risos) como tudo tudo,
tomo bem o café, almoço bem, janto bem, lanche da noite,
ninguém traz nada da rua pra mim, que eu disse não tragam
nada nada, porque não há necessidade porque aqui a gente
come bem né, até no domingo eu pedi, ele trouxeram uns
pêssegos, umas pêras pra mim, acabei hoje de comer, que é a
única coisa que eu gosto bastante é pêssego e pêra, é, então
adoro, mas está tudo muito bom, como tudo, não tem o que
reclamar.
Bom atendimento
Referencia a outros
hospitais
Cuidado do pessoal
Serviço da Unidade de
Alimentação
137
PAC 22 – Estou internada desde domingo, antes do dia vinte
e oito. E já estive internada aqui umas quatro vezes, sempre
aqui, mas em outros lugares também já fui.
Assim quando a gente vem e já internam a gente... tudo
bem, o pior é quando a gente tem que passar lá pela
emergência, daí tem que ficar as vezes dois três dia lá.
ALIMENTO QUE NÃO COME
PAC 22 – Peixe eu não gosto. E fruta crua e verdura crua eu
não posso comer, eu tenho Leucemia.
MEDICAMENTO
PAC 22 – Estou tomando medicamento de manhã, de tarde,
de noite ali pelas nove horas e vem sempre separado das
refeições.
Interdição
Doença interfere na
alimentação
Alimento (peixe,
verduras cruas)
PAC 23 – Estou internada faz uma semana. Já estive dois
meses aqui, dois meses em tubarão e fiquei só dois meses em
casa. A primeira vez eu fiquei dois meses né, agora a segunda
eu não tenho nem previsão também de alta. Já estive nessa
mesma cama, nessa mesma cama, fiquei dois meses certinho,
de julho até setembro, depois eu fui pra tubarão que eles me
encaminharam pra lá porque aqui não tinha neurocirurgião.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 23 - A diabete, colesterol alto, triglicérides estourando
tudo, porque essa minha doença ela mexe com todo o
organismo então é onde ela, vai alterando tudo. Pois é, esse é
o problema, porque aqui eles dão um, uma coisa, tubarão eles
já dizem totalmente diferente, então eu não sei como cumprir.
Eu fico perdida, mas, mas eu tento seguir pelas folhinhas
(orientações nutricionais) que eu levo daqui eu tento fazer a
dieta certinho né.
Conhecimento da
doença
Doença interfere na
alimentação
Confusão quando o
alimento se restringe a
uma regra
PAC 24 – Estou internado a quatorze dias hoje. E tive uma
outra vez, mas isso foi há muito tempo né, o maior tempo de
internação foi agora.... uma vez em cinqüenta e quatro eu
fiquei no hospital, mas é que lá nem era hospital, cuidando da
vista, aí eu podia saí lá pras colônia, saia, ajudava as
empregada a fazer o serviço, passar o pano, não, já eram
tudo conhecida né, o médico era amigo da gente, era
conhecido, então ali não era nem hospital, saía quando
queria, voltava quando queria, liberdade. Agora que eu to
preso né, mas não, vamos em frente né.
- Tem algum alimento que o senhor não come?
PAC 24 - Não, o que vier aqui pra mim ta bom. A única coisa
que é ruim é o peixe, mas veio só uma vez e não veio mais né,
veio só uma vez né, daí veio ela(nutricionista) e pediu se eu
não gostava de peixe, eu nunca gostei de peixe do mar, a
gente acostumado lá do oeste era peixe da água doce, e aqui
os peixes são meio forte, mesmo o médico disse que eu tenho
problema de alergia e pediu pra eu evitar um pouco os peixe
do mar né, a gente evita né.
Refere outros hospitais
Alimento (peixe)
Interdição alimentar
Refere
médico/nutricionista
138
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO A
ALIMENTAÇÃO
PAC 24 - Não, a alimentação não, o problema é que eu tenho
alergia que fui intoxicado com quiboa, o tempo que eu
trabalhava lá, mas aqui eu fiz tratamento, mas depois, na
hora que eu tava em casa, a mulher tava passando pano na
cozinha e eu sentado na sala, e era com quiboa e eu não
podia com aquele cheiro, sufoco, vim ruim pro hospital aqui,
parecia que ia morre, dor de cabeça e, daí cheguei aqui fiquei
na observação ali, daí fui pra casa, daí mais uns dia, volto de
novo, então agora não posso com sabonete afeta também,
cheiro de nenhum não posso, cheiro de cigarro já pra mim
não dá, não dá não, então tem que fica longe né, daí também
fui lá pra baixo caminha um pouco, aonde eu ia tinha as
pessoa fumando, eu vou ter que volta daí saí fui lá pra cima,
lá perto _____, fiquei na sombra lá. Me deu um negócio, vim
que vim pra interna, daí desci lá embaixo pra fala com o
médico e daí naquela sala lá estavam pintando, mas fiquei
ruim ruim com o cheiro da tinta, me deu dor de cabeça que
até hoje eu ainda, agora ta melhorando, mas um pouco é, não
sei se é, sabe o que é, mistura tinner com, daí conversei com o
médico pra me dar remédio né, estou tomando, é o cheiro né.
MEDICAMENTO
PAC 24 – Estou tomando, vem um a meia noite, de manhã,
dez horas, meio dia, vem a tarde, esses horários. E não bate
com as refeições, porque a refeição é o café as oito hora,
almoço as onze hora, a janta as cinco e meia, mais a tarde
vem mais um lanche, de manhã às dez horas vem chá, um
suco, tá bom.
Doença não interfere na
alimentação
Horário das refeições
relacionado com
medicamento
PAC 25 - Eu me internei quinta-feira passada, já faz, hoje ta
fazendo uma semana. Já estive internada outras vezes, mas já
faz muito tempo, cirurgias minhas eu tive só quando tive os
filhos e fiz uma cirurgia de colo de útero, também fiquei
pouco tempo, foi dois dias, eu fiz tudo em Porto Alegre, agora
aqui (HU) eu só fiz uma Laparoscopia. Aqui no H.U.
internada é a primeira vez.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO À
ALIMENTAÇÃO
PAC 25 – Não como doce, porque não posso, mas eu como
comida, gosto mais de salada. Sempre tem alguma coisa que
a gente não gosta, mas aqui no hospital tem que se come o
que tem né, isso aí todo mundo tem né, as vezes vem assim,
um ou dois dias bom.
MEDICAMENTO
PAC 25 - Como se diz, agora como eu to fazendo os exames
eu não to tomando medicamentos.
Refere outro hospital
No meio hospitalar o
alimento é dificilmente
percebido com exterior
ao tratamento (Corbeau)
PAC 26 – Estou internada desde quinta, acho que desde
quinta. Ai eu acho que é desde quinta, agora não me lembro
não posso dizer o certo pra ti. Aqui no H.U. eu me internei faz
muito tempo que eu operei também, aí Meu Deus, eu estou
139
ruim de memória, to ruim ruim ruim hoje, ai to muito ruim...
há muitos anos né que eu fiquei internada. Mas de ficar muito
tempo no hospital é a primeira vez.
PROBLEMA DE SAÚDE RELACIONADO A
ALIMENTAÇÃO
PAC 26 - Eu estava com, porque eu saí do serviço com
problema de coração, problema de coração.
De alimento não, eu como tudo, é, eu como tudo.
MEDICAMENTO
PAC 26 – Tomo medicamento, elas me dão num horário
certinho, agora não vou dizer o horário.
Doença não interfere na
alimentação
PAC 27 - Eu me internei segunda ou terça, segunda-feira as
quatro horas da tarde, é isso.
Olha na verdade, eu estou me sentindo melhor do que se eu
tivesse em casa, é porque assim, eu sou uma pessoa que
quando eu estou em crise eu não consigo fazer nada, na
verdade eu vivo mais em crise do que assim, eu não consigo
fazer nada, nada nada nada nada, nem, quero te dizer, nem
lavar uma calcinha, nada nada, aí meu esposo, ele trabalha
de seis da manhã as três da tarde, aí é ele que faz as coisas
né, quando chega em casa, aí assim, eu fico assim um pouco
deprimida né, recém casada, ele já sabia quando a gente
namorava né, da doença que existe em mim, mas ele não ficou
preocupado né... aí eu me jogo na cama, eu fico chorando ou
fico dormindo, até que eu disse que, tava dizendo pra ela que
aqui eu consigo dormir e lá eu não consigo, então aqui eu to
me sentindo melhor do que se tivesse na casa, apesar que é
um hospital, mas é o que eu disse, melhor do que, a gente tem
bastante visita, aí meu esposo vem a noite, eu tenho direito a
acompanhante, mas ele não tem tempo de vim, e eu não tenho
outras pessoas pra pode vim, mas aqui eu to me sentindo
melhor porque aqui assim, eu estou com mais pessoas, eu
converso assim, estou me sentindo melhor, até a médica disse
uma coisa assim pra mim... logo logo você vai receber alta, aí
eu disse assim, se quiser me deixar mais um tempo aqui, ela
disse, porque eu quero assim, quero que você saia daqui,
descubra o meu problema, se está indo pra casa e não levar o
problema ainda, aí fazer o tratamento certinho né... aqui
estou me sentindo bem, estou acostumada, eu disse isso aqui
não é um hospital, a gente diz que aqui é um lugar de
repouso. Estou tirando umas férias, apesar da saudade do
esposo, aí, a gente é recém casado, a gente só fico quinze
dias, juntos, depois já fiquei doente e daí já a gente não faz
mais nada.
Internamente prolongado essa é a primeira vez, já me
internei uma vez no [nome do hospital] pra fazer uma
cirurgia de vesícula, mas internei, é o que eu me lembro, sete
anos atrás também, me internei numa terça-feira, fiz cirurgia
na quarta, saí na sexta, então foi pouco tempo. Aqui no H.U.
é a primeira vez.
Transfere as referncias
da casa para o hospital
Está melhor no hospital
do que em casa
Angustia de saber sobre
a doença
Refere outro hospital
140
ALIMENTO QUE NÃO COME
PAC 27 - Eu como tudo. Apesar que, não tenho apetite assim,
mas eu como tudo, aliás aqui eu ganhei apetite né, não sei se
é porque a gente quando faz a comida também, eu
ultimamente estava comendo marmitex assim, porque tava
difícil de fazer a comida, aí a gente enjoa todo dia os
marmitex, todo dia marmitex, só vinha marmitex marmitex, aí
eu já, aí eu tava me sentindo fraca também porque não me
alimentava direito, mas aqui eu como tudo.
PROBLEMA DE SAÚDE
PAC 27 - Eu já percebi, aliás, ninguém me falou isso, e não
falei com a nutricionista, tem que falar... eu já percebi assim,
que quando eu como fritura me ataca o fígado, queijo eu não
posso comer, aliás eu não falei com a nutricionista ainda
porque queijo e fritura assim coisa assim gordurosas eu não,
que as vezes assim quando eu como eu fico ruim, fico com
náuseas, eu sou uma pessoa muito fácil assim de ficar
enjoada, até eu brinquei com o meu esposo, eu disse que eu
sou enjoada desde de criança que toda vida, eu assim nunca
tive saúde na verdade, desde criança fui doente, não sei o que
é saúde, aí ele disse assim o que fazer né, nunca tive saúde
mesmo, assim quando eu era criança, até o médico estava até
fazendo pesquisa... quando eu era criança eu comecei a
andar com quatro anos de idade, eu era desnutrida assim né,
e eu tinha paralisia, teve uma paralisia assim que como se eu
fosse uma boneca de antigamente porque hoje em dia as
boneca são mais reforçadas né, mas aí, me levavam nos
médicos mas naquela época eu acho que os médicos não
tinham tecnologia nem nada né, então eles passavam
medicamentos daí eu tomava mas não adiantava né, quando
foi um dia eu estava assim, as perna tudo dura né, eu estava
toda dura, aí quando foi um dia eu estava assim gritando,
minha mãe conta né, e de repente fui mexendo as pernas,
mexendo as pernas, até foi a alegria da família assim, aí fui
ficando em pé e de repente andei, então eu contei isso pro
médico, o médico tava fazendo até a pesquisa pra me dizer,
pra ver se acaso a minha doença já é de criança.
MEDICAMENTO
PAC 27 – Estou tomando medicamento.Eu vim pra cá como
eu já te disse, diagnosticada como doença de Parkinson
porque eu estava em tratamento com outro médico né, então a
doença tava aumentando cada vez mais e os medicamento
não estavam resolvendo, aí eu procurei o Douto[nome do
médico],estou fazendo tratamento com ele, ele me
encaminhou pra fazer alguns exames pra ver se realmente é o
Parkinson ou é outra doença, eu estava tomando um monte,
uma pilha de medicamento, aí até ontem continuei tomando
né, aí ontem ele tirou e disse não, você vai ficar uns dias sem
tomar esses, a gente vai analisar, foi aonde ele veio conversar
comigo hoje, não deu certo.
Falta de apetite em casa
Serviço
Refere a nutricionista
Alimento (fritura,
queijo, comida
gordurosa)
Representações sobre
doença
Médico
Medicamento não
interfere no
apetite/alimentação
141
Pré-análise do conteúdo: Significado do Comer
Significado do Comer Categorias temáticas
PAC 1 – Bom...a verdade né? Não é como a comida caseira... e a
comida de hospital tem que fazer aquela quantidade grande e pra
acertar o gosto é difícil... primeiro dia tu come, segundo dia tu
come, terceiro dia tu já empurra, quarto dia tu empurra, nós
estamos empurrando... não vou dizer que é uma excelente comida,
mas também não dá para passar fome... come porque é obrigado a
comer... mas não é que seja a comida do hospital o problema...é
que, né, não tem como a comidinha da gente caseira, o café com
pão para mim ... eu troco qualquer alimentação por meu café com
pão.
HORÁRIO:
PAC 1 - A gente se habitua, eu como era muito irregular com meu
horário de comida, então pra mim até que está sendo bom, porque
até o meu organismo já está melhor, porque fora do hospital não
tenho hora de fazer as refeições... né, lanche, essas coisas, e eu
comia muita besteirinha, e aqui a gente segue uma regra, e daí essa
regra para mim está sendo bom... eu quero ver se saio daqui e levo
ela em seqüência, assim já que eu vou ter que fazer um tratamento
prolongado, em casa eu quero ver se eu já levo pelo menos as
regras de horário.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 1 - Como aqui no quarto, eu sento na minha cadeira, puxo a
minha cadeira bonitinho, fico esticada, sento ali, como ali. Sempre
com companhia, uma incentiva a outra a comer, elas me incentivam
a comer, eu incentivo elas a comer, daí a gente come tudo.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 1 - A gente procura se alimentar, tem uma coisa que eles
mandam que eu gosto muito, saladas, então salada eu devoro né,
mas o que eles mandam eu como, não como tudo.
ALIMETAÇÃO FORA DAS REFEIÇÕES
PAC 1 - Ah não, a gente sempre tem uma maçã, uma fruta, a gente
sempre tem né. A gente sempre tem escondidinho uma maçã, um...,
eles permitem também, não é proibido, então a gente sempre faz
uma coisinha extra.
SERVIÇO
PAC 1 - Ah não... o serviço delas é um negócio!A gente brinca, a
gente planeja cardápio, elas chegam, tipo, foi tal
alimentação...durante o dia eu vejo elas passarem, a gente já se
conhece... eles me levaram fazer exames e elas estavam lá embaixo
e vieram conversar comigo, não, a gente tem contato em outros
momentos, não é só contato de quarto não.
Conversam um pouquinho, saem, sempre dão atenção ao
paciente. Elas sempre perguntam como é que a gente está... a gente
brinca com a alimentação, hoje elas deram parabéns pra nós
porque a gente comeu bem... então nós ganhamos parabéns delas,
elas próprias incentivam a gente, não é só chegar e jogar a bandeja
em cima.
FOME
Alimentação como
tratamento
Aceitação do serviço –
hábitos alimentares
diferenciados
(pluralidade da
população hospitalar)
Preferências
Simbólico/(Corbeau)
Horário indiferente
Regra prescrição do
horário e tipos de
refeições
Hospital como
promoção de saúde e
prevenção do
aparecimento de
novas doenças
Função convivial
Refeitório
Preferências (salada)
Alimento extra
Cuidado alimentar
Incentivo a
alimentação
Cuidado alimentar
Humanização/serviço
142
PAC 1 - De comida não sinto fome, de café sim. Café sim, eu já to
aqui, o pior é que o café da tarde e da noite não chegou ainda !!! O
jantar não, eu acho que é o único horário que eu não me adaptei
ainda foi o da janta, mas assim, já tava até perguntando pra ela que
horas que é o café, então, me da aquela ansiedade de esperar o café
da tarde ou o café da noite, mas a janta não.
Eu acho que é por causa do horário, porque eu não to muito
acostumada a jantar a noite, a comer sal a noite, comida de sal,
entende, eu como muita fruta ou em casa eu tomo muito iogurte com
granola a noite...então esse coisa de comer cinco horas ainda não
me adaptei. Mesmo assim ainda belisco, como, tudo, mas tipo assim
não me faz falta.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS SOBRE A REFEIÇÃO
PAC 1 - A gente conversa sobre tempero, a gente conversa sobre o
feijão, hoje tá assim, hoje tá com mais sal, hoje tá mais cozido ou
mais cru ... a gente troca as idéia. O sal...aí..o sal é o que mais
falamos...tiraram o sal dela, tiraram o meu então a gente fica
naquela né...pouquinho sal, pra ela (paciente do leito ao lado) eles
ainda mandam um pacotinho de sal, pra mim não manda. O
tempero a gente não cobra, é só o sal.
CONVERSA COM ENFERMEIROS, MÉDICOS OU
NUTRICIONISTAS
PAC 1 - Não, não... a gente só... a gente gosta assim de fala pras
enfermeiras, por que a gente brinca, “ah, o nosso café de amanhã
vai ter panqueca com ovos mexidos, o almoço vai ser lasanha”,
então a gente brinca entre elas assim né, ai elas dizem, pode fica
sonhando que vai ser isso mesmo... então a gente, tipo assim, ela
gosta de Ana Maria Braga, então eu boto na Ana Maria Braga daí
ta passando aqueles prato, aquelas coisa la\á, aí eu digo: Vó
(paciente que está ao lado) o nosso almoço vai ser esse, daí a gente
fica vendo, daí na hora de comer, imagina que é aquela comida que
nós estamos comendo, que a gente viu, que vai vir.
VISITA
PAC 1 - Quando vem eles trazem alguma comida... mas como não
vem, não trazem nada. Mas daí assim, eu peço sempre, tem uma
menina que o marido dela tá aqui, então ela mora na Lagoa, então
eu peço pra ela trazer fruta pra mim, alguma comida, por que eu to
livre de dieta né, então, eu posso come qualquer coisa, então eu
peço pra ela.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 1 - Eu acho que, escolher... a gente não tem nem o direito de
poder escolher nosso cardápio, eu penso, se cada paciente pudesse
escolher o seu cardápio, mas eu acho que comida de hospital é isso,
qualquer um, já passei pelo Nereu e a comida lá era a mesma
coisa, eu tive com o meu Pai internado no hospital da polícia e a
alimentação lá era a mesma coisa, era... parece que é tradicional, é
aquilo, não tem, é a fruta, é a salada, é o arroz, é a sopa, é isso. Não
tem como mudar, tem uma dieta né, tem uma seqüência de dietas,
não tem como.
PACIENTES DOS LEITOS – CONVERSAS
Não adaptação ao
jantar
Preferência de refeição
(café da tarde)
Preferência de refeição
Interação
Tema: tempero, feijão,
consistência, sal (não é
tempero)
Comer bem no
hospital?
Prazer x interdição
Desejo
Sem sal não é dieta?
No meio hospitalar o
alimento é dificilmente
percebido com exterior
ao tratamento
(Corbeau)
Refere outros hospitais
– alimentação
143
PAC 1 - Acham isso também, não tem como... a gente já conversou
sobre isso já, não tem como né, sabe, tu fazer comida pra duas ou
três pessoas e fazer para um batalhão, o tempero vai sair
completamente diferente, a maneira de mexer a comida vai ser
completamente diferente, é diferente.
O QUE GOSTA OU NÃO GOSTA
PAC 1 - Uma que eu não gostaria, que eu não gosto, é o peixe.. a
Vó também não suporta peixe, então assim ó, a única coisa assim,
que é negado mesmo se vir é o peixe, vai e volta é em relação ao
peixe porque eu não gosto assim, não, é que o cheiro do peixe me
enjoa entende, ai geralmente, quando, já mandaram duas vezes já
né, mais veio com molho... então se eles pegam um peixinho fritinho,
mas ai com molho não, ai não entra.
PRAZER NO AMBIENTE HOSPITALAR – informações sobre
serviços
PAC 1 - Eu acho que sinceramente, pra mim, a informação sobre os
serviços, não... pra mim não acrescentaria em nada... no caso pra
mim me importa de saber como funciona o quadro aqui dentro, o
corpo de médicos, de enfermagem... porque no caso de me
acontecer alguma coisa, eu sei a quem eu tenho que pedir ajuda ali
dentro (posto de enfermagem da clínica médica), se eu quero saber
como é que ta o meu andamento assim... agora, passou para a
administração, eu acho que isso aí , alimentação, eu acho que, eu
acho que minha parte cabe aqui dentro, ao posto, passo disso, eu
acho que, pra mim não convêm.
MUDANÇAS NO AMBIENTE HOSPITALAR – ALIMENTAÇÃO
PAC 1 - É, eu acho que, eu acho, não sei...os dois primeiros...assim,
mas ta vindo agora, agora ta vindo com seqüência, eu acho que
falta assim, um pouco mais de verduras e legumes... eu acho que
falta mais isso assim... não sei, por que como eu sô muito chegada
na salada, eu acho que vem muitoo (enfatizou) arroz, aquele
pedaço de carne, e vem só um...é tem gente que deixa a salada toda
né, mas eu acho que, eu acho que a maneira até, fica até próprio,
saudável para os pacientes comer mais saladas... tipo a vózinha
(paciente ao lado) ali, ela adora comer salada também, entendeu? e
ela aqui (acompanhante) quando vai comer também, ela sente falta
da salada que as vezes não servem salada, então eu acho que é uma
coisa que deveria ser, não reforça tanto no arroz até lá em cima,
naquele pedaço de carne...eu acho que...outra coisa que a gente
estava reclamando hoje que não veio ainda é macarrão, macarrão
eles não trazem muito... é uma coisa que eu não vi ainda aqui no
hospital, não que eu esteja reclamando, porque..., mas é uma coisa
que não vem muito, não vejo ninguém quase comendo macarrão.
Alimentação como
tratamento
Aceitação do serviço –
hábitos alimentares
diferenciados
Alimento (peixe)
Desrespeito as
preferências (do
alimento e modo de
preparo)
Não gosta de peixe
(cheiro)
Refere equipe de
saúde
Proposta de mudanças
na alimentação: mais
saladas, menor
quantidade de arroz,
carne, ausência de
macarrão no cardápio
PAC 2 - A comida é boa né, eu acho que pra mim, eu acho que a
comida é boa, ela tem pouco sal, mas isso é relativo né, comida de
hospital tem que ser assim né, não pode ser salgado de mais né,
mais o resto é tudo bem né.
HORÁRIO
PAC 2 - É um horário bom né, aqui é, por exemplo, é muita gente
né, então eles tem que começar a servir certos horários mais ou
Alimentação como
tratamento
Aceitação do serviço –
hábitos alimentares
144
menos pra não atrapalhar o horário do pessoal de ir para casa
também né,... aqueles que trabalham o dia intero aqui quando chega
de noite eles querem ir descansar também né.
Lá em casa... lá em casa é sempre bom, lá em casa a gente
trabalha a vontade, então fico a vontade, sete, oito horas né janto,
mas daí depois daquilo ali, se estiver acordado de noite toma um
cafezinho, ali pela meia noite alguma coisa, se não... se vai dormir
logo, daí não, de noite não come nada.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
Como aqui no quarto, na mesinha...na cama é meio difícil
né, mais daí eu sento aqui né. Sei la, a gente já sabe como que é, vai
ali e se lava né, se lava e vem aqui e faz a refeição.
PAC 2 - Eu não tenho comido bem, muito pouco, ultimamente não
sei, não vai a comida, perdi o apetite, a dor né. Não sei se é por
causa de alguma coisa da doença né, pode ser que atrapalhe um
pouco, assim pra mim, me esforço bastante pra comer, mas não
vai... começo a mastigar... assim pra mim não desce, também daí eu
como bastante a salada que vem né, o pedacinho de peixe ali, então
pra mim isso já fico satisfeito, mas teve tempo que eu comia bem
mais, ah não havia o que chegasse, tinha dia que eu almoçava
agora e já tava procurando uma bolachinha, uma coisa ou outra
pra ta comendo de novo, uma fruta... agora não, agora decaiu
bastante.
ALIMETAÇÃO FORA DAS REFEIÇÕES
PAC 2 - Agora daí é só os horários que vem, fora de hora as vezes
como uma fruta, uma maça, uma laranja né...mas não tenho
vontade.
SERVIÇO
PAC 2 - Pois olha, traz ali na hora, só conversa ali, agradece né, só
conversa, agradece eles porque também eles não podem perder
muito tempo né, então a gente já sabe e não atrapalha né... quem
não ajuda não estrova né!!!(Risos)
Durante do dia a gente vê elas, mas geralmente parte das
que servem, as serventes da comida só se vê na hora da comida
mesmo né... vem trazer o café de manhã, depois as dez horas trazem
mais um suco, um lanchinho, alguma coisa né.... daí onze e meia por
ali, onze horas vem de novo, e daí de tarde agora, duas horas da
tarde, duas e pouquinho vem... quando é de tarde, então daí é o
lanche cinco e meia, seis horas por ai.
Perguntam se a gente tem comido bem, o que acha, se a
comida está boa ou não... geralmente de noite, tem dia que eu como
só fruta, e ultimamente agora eu tenho pedido até dois ovos né,
então daí dois ovos cozidos, como aqueles dois ovos ali, daí come
uma fruta junto ali, ta feita a minha janta, ta pronta a janta.
FOME
PAC 2 - Não to tendo muita fome, então quando a comida chega
não tenho muita fome.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS SOBRE A REFEIÇÃO
PAC 2 - A gente conversava né (está sozinho no quarto), pra mim as
vezes, conforme o companheiro que tinha reclamava né... reclamava
diferenciados
Paciente – parceiro do
processo tratamento
Perda da apetite
devido a dor
Alimento como
tratamento
Jantar – troca por ovos
e fruta
Interação
Tema: sal, quantidade
pequena;
145
que não tinha sal né...as vezes era pouca comida... digo eu pra mim
eu estou satisfeito com isso aqui, o que vem aqui... e tem dia que
vem de mais, eu como pouco já... agora vai fazer o que, se o senhor
acha, senhora (os outros pacientes) acha que é pouco pede mais que
eles põe mais, trazem mais né.
PAC 2 - Na hora do curativo a gente conversa com as enfermeiras
né, então... estamos fazendo o curativo, trabalhando, a gente ta
conversando, pede uma coisa, daí pede outra né, daí vai passando o
tempo. Mas sobre a comida a gente não conversa, só se as vezes
elas perguntam como é que tá a comida, daí a gente fala... tá bom
né.
VISITAS
PAC 2 – Eles trazem uma fruta, geralmente alguma fruta, umas
bolachinha alguma coisa né, um chocolate... de vez em quando a
gente come daí aqueles lá.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 2 - Eu acho que aqui... a gente tá aqui... aqui come bem, sobre
as medidas do hospital né... e conforme o problema que a pessoa
tem, a doença que a pessoa tem, então tem que comer conforme a
medida deles né... é tudo passado por nutricionista né, então eles já
dão a comida conforme a doença, e agora você vai come a vontade
as coisa, tudo quanto é coisa, então daí não sara nunca né... então
daí eles já fazem mais ou menos a comida pra pessoa reagir né e
sarar.
ESCOLHAS/INFORMAÇÕES – alimentação
PAC 2 - Sobre escolher não, elas passam sempre né, as
nutricionista passam e pedem o que a gente acha da comida, se quer
trocar, não está gostando de alguma coisa, pode pedir outra né... na
verdade pra mim, aqui tá muito bom, eu gosto muito né, faz dia que
não como é, eu gosto muito de polenta né, uma polenta aí, por
exemplo, é que aqui, é difícil, não tem, uma carne de porco, um
molhozinho assim né, aí vai muito bem né. Eu comia sempre em
casa, mas aqui de vez em quando fazem polenta, vem polenta, vem
lentilha, lentilha eu gosto muito de comer, ele é muito gostoso né. As
refeições que vêem são adequadas, eu pra mim acho que sim.
Não tem contato com quem faz a refeição, tem contato só
aqui assim né, com eles aqui né, lá com os que faz a gente não,
nunca tem como né, depois a gente não vai descer pra ir lá na
cozinha, vai fazer o que, eu to doente é pra fica aqui no quarto não
é pra ir lá na cozinha.
O QUE GOSTA OU NÃO GOSTA
PAC 2 - Eu pra mim... tudo não é ruim, o que vem a gente come,
tudo é bom né, e a comida a pessoa nunca pode dizer que essa
comida é ruim ou aquela é ruim né, porque a gente já depende
daqui né, tem que comer então o que vem aqui, ta aqui pra ser
tratado, não pra come bem, se quer comer bem vai no restaurante
então.
MUDANÇAS
PAC 2 - Não tem né, porque pensando bem não tem o que mudar,
porque a salada vem de tudo tipo... vem um pouquinho, um dia vem
Auxílio – direitos dos
pacientes
Alimento extra- fruta,
bolacha, chocolate
Refere nutricionista
Alimentação como
tratamento
Incentivo a
alimentação
Cuidado alimentar
Humanização/serviço
Preferências –polenta,
carne porco, lentilha
Receio de ser mal
considerado se exigir
algo
146
um tipo, outro dia vem outro, algumas vezes vem mista, a comida
como sempre, um arrozinho, o feijão sempre vem né, de vez em
quando uma lentilha, uma polentinha, uma ervilha e molho, sempre
uma coisinha tem, uma carne e molho também, um bifinho, não tem
o que mudar né, tá tudo muito bom.
Sem mudanças
PAC 3 - A sim, o que eu, eu tenho a dizer disso é... isso aí, todo
mundo sabe que a gente sente os primeiros dias, pessoa doente não
tem apetite, depois vai melhorando o apetite vai, e a única
inconveniência, quer dizer, é que, não é uma inconveniência, é uma
necessidade, é que a gente come com pouco sal, e a gente em casa
às vezes exagera um pouquinho, e aqui já vem aquela comidinha
certa, mais a gente acostuma, nunca deixei de comer por causa
disso, e eu tenho o intestino um pouco preguiçoso, então eu já falei
com a nutricionista e ela me dá um suco ou me da um mamão, ou
coisa parecida, e é muito cuidada a alimentação, porque algum
problema de, de, que eu fiz tratamento pra anemia, eu tenho que
comer bastante coisa que tenha ferro, feijão, cenoura, cenoura tem
vitamina c, ou beterraba principalmente né, então sempre vem né, e
eu to comendo, to comendo bem né, não tem, e outra, até eu acho
que até é um pouco de mais, as vezes eu fico, que eu como um pouco
de mais, porque veja bem, de manhã café né, de manhã toma um
café, dez horas suco, meio dia, e as onze horas almoço, duas e meia
café né, quando é cinco e meia, janta, e quando é lá pelas nove
hora, mais um café ou um leitinho, sempre tomo um leite por causa
da cafeína que não durmo depois, então eu tomo um leite, um chá
né, então a gente vai comendo sempre sempre sem parar.
HORÁRIOS
PAC 3 - Olha, eu acho bom, porque, principalmente a noite você
não carrega muito o estômago, em casa por exemplo você vai janta,
eu aqui(na casa do filho) cansei de jantar onze horas, meia noite,
que é péssimo, ninguém da bola né, e pra mim é prejudicial né, aqui
eu janto as cinco e meia, quero vê em casa agora como é que vai
ser, naquele ritmo, não, mas a gente da um jeito nisso.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 3 - Como sempre aqui no quarto, embora já tivesse com, com
assim, como se diz, com a infecção eu nunca deixei de sair da cama,
eu sempre com falta de ar, ou nem que fosse dar três quatro passos
dentro do quarto no dia, eu nunca me atirei aqui, outras vezes sim,
quando eu tive mesmo pontada, eu me entreguei né, mas eu tinha
pouco conhecimento, agora eu já to mais esperto, o corpo tava
mais, agora na realidade, que eu, quando vim pra vir pra cá, eu
achei que eu não chegaria aqui, com certeza minha oxigenação
baixou, eu senti formigar o corpo e senti que eu não tava mais
reagindo, eu fui até o carro eu acho que eu fiz umas respirações
pelo nariz e pela boca, eu acho que umas vinte vezes no máximo, e
eu acho que dentro de meia hora eu dei acho que cinqüenta passos
pra chegar até o carro, mas com muita dificuldade, da cabeça ficar
tonta e não saber onde eu estava, e é interessante que quando eu
estou assim ninguém pode se aproximar de mim, a não ser que
Alimento como
tratamento
Incentivo a
alimentação
Cuidado alimentar
Humanização/serviço
Conhecimento das
regras nutricionais
Aceitação da rotina do
horário
Paciente – parceiro do
processo tratamento
147
chega me pega e me leva, mas se chega a patroa dizer, se estou mal,
se estou ruim, ai sim, ai é que a coisa complica, então eu senti,
também um pouco de insistência, de negligência, por que eu deveria
no primeiro momento já ter procurado o hospital né, mas a gente é
aquela história, por mais que aprende, não tem o que chega né, e a
gente acha que vai melhorar, vai melhorar, e as vezes complica né,
quem sabe é o medico né.
ALIMENTAR-SE BEM/ SERVIÇO
PAC 3 – Me alimento bem sim, sim, ótimo, não tenho queixa
nenhuma. Eu converso, brinco, aqui há uma diferença de lá, não
sobre o tratamento geral, la é muito mais fluxo de gente, o hospital
das clínicas tem seis, sete andares né, e é muita gente que vem do
interior, as emergência, eu fiquei numa ocasião, seis dia sentado
numa cadeira pra ser atendido, e de lá voltei pra casa porque não
tinha leito, eu fiquei tão depressivo que eu, eu, tudo que eu vi lá, e a
minha confusão na cabeça, até hoje eu estou tomando
antidepressivo, estou tomando, sempre trago um, mas por esses
motivos né, então eu resolvi fazer um plano de saúde pra não ficar
mais sofrendo lá né, embora a gente ganhe pouco, os filho me
ajudam, a família ajuda, mas o atendimento lá também é muito
humano, muito bom e profissional, mas aqui é completamente
diferente, pessoas do interior, são pessoas humildes, e a equipe,
tanto de médico, como enfermeiras, como faxineiras, seja o que for,
todo mundo, todo pessoal, é uma pessoa que tem calor humano sabe
disso, lá tem, mas mais é profissionalismo, que nem no seu caso, por
exemplo, vem fala comigo, só o necessário, e até logo, agora não
resta dúvida, se tu está com muitos pacientes pra atender, o
paciente tem que entender que tu não pode tá conversando com ele,
isso é uma coisa lógica, mas aqui, a gente brinca com as
enfermeiras, eu nunca, eu acho que isso aqui não é um hospital, as
pessoas saem pelo corredor com aquele carrinho e vão lá em baixo
tomar sol, lá se você sai fora da porta e começa a caminha muito a
enfermeira já vem vê o que você está precisando, vai pro seu quarto.
SERVIÇO
PAC 3 - Meu Deus do céu, aqui sempre estão perguntado, começou
o trabalho, já vem uma, vem a outra, desde as faxineiras: “Como é
que o senhor está?...está bem?”...então, pra mim aqui desde as
faxineiras até o médico eu trato com o mesmo carinho porque me
tratam com carinho, e são seres humanos.
FOME
PAC 3 - Olha, não toda vida estou com fome quando chega a
comida, não todo tempo, a gente começa a comer de vagarinho, a
gente vai ficando com fome.
Estou me alimentando até melhor do que em casa, porque
nos últimos meses, eu, eu tava tomando remédio, sulfato ferroso, e
dava problema no estômago, então eu tomava omeprazol, e eu não
vinha me alimentado bem, talvez fosse isso também, porque a gente
não estando com o organismo resistente...as infecções pegam né, e
eu sempre tomando, sempre com enjôo, tomando chá de marcela,
uma coisa, mas eu sabia que era por causa do remédio que provoca
Refere outros hospitais
Humanização do
atendimento
Atenção
Humanização
148
isso ai né, e eu tomo muito remédio contínuo também né, então não
tava dando muita bola pra isso, mas na realidade eu não estava na
alimentação perfeita, correta, e aqui não, aqui já mudou tudo né.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS – Alimentação
PAC 3 - Eu converso com meu colega (do quarto), como é que é,
gostou da bóia hoje, tava boa, um dia ta melhor, outro dia ta
melhor, que claro, nem Jesus Cristo contentou todo mundo até que
mataram ele, as cozinheiras não sabem o que eu gosto ou não gosto,
mas o que é que eu vou fazer, se eu não gosto de moranga, outros
gostam, elas não vão saber, eles põe né, mas tem uma coisa, se eu
não gosto deixo de lado, não preciso fazer comentário.
CONVERSA COM ENFERMEIROS, MÉDICOS OU
NUTRICIONISTAS
PAC 3 - Sim, eu converso com essas pessoas no mesmo sentido que
eu converso contigo, tanto é que eu distribui panfletos, expliquei
sobre a doença, o médico deu muitos elogios sobre isso, que é isso
que, se cada paciente fizesse sua parte, muitas pessoas não, não
estariam cheios os hospitais, então, eu me sinto até lisonjeado por
causa disso né, de estar fazendo uma obra, uma campanha, apesar
de doente, a minha filha que disse, em São Paulo, no dia que eu
falei com ela no telefone, pai, o senhor não foi pro hospital doente,
o senhor foi aí por que havia necessidade, aquele que ta lá em cima
lhe enviou o senhor aí pra faze algum trabalho, digo, é, mas eu não
sou evangélico, não, mas a sua bandeira é contra o cigarro.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 3 - Eu acho que as refeições estão boas, e o mais importante
que eu acho, que eu venho também fazendo em casa é, é frutas e
legumes, se você vai comer mais carne, mais arroz, mais feijão,
então se reserve e ponha, coma mais salada e coma fruta, quer
dizer, não vai deixar de comer ou passar fome, mas equilibre a sua
refeição com essas coisas, que depois que eu fiz, iniciado isso em
casa, eu comecei a melhorar meu sistema imunológico, tudo.
Eles fazem já isso daí, agora eu não sei se seria o suficiente,
eu pra mim estou satisfeito, sempre vem saladas de um tipo ou de
outro, e sempre vem uma fruta, vem uma banana, vem uma maçã,
até eu tenho ali que eu não consigo come tudo, de casa também
vem, uma maçã, uma banana.
VISITAS
PAC 3 - Sim, trazem, se eu dizer, comida não tragam que o hospital
não quer, agora uma fruta acho que eles não proíbem né, suco os
médicos sabem também né, se eu tivesse algum problema de
qualquer coisa, eu não comeria também né. Às vezes de madrugada,
da uma folga, quando tempo sobra, saio pra caminhar, como uma
bolachinha às vezes, como uma fruta, uma pêra, uma maçã, então
eu acho que o pessoal tá trazendo todo dia né, não posso reclama
disso.
MUDANÇAS
PAC 3 - O que eu mudaria, olha, aí você me pegou desprevenido, eu
acho, eu principalmente, se fosse pra mim, eu gostaria de uma
comida mais, que fosse com mais, vamos dizer, molho, porque a
Alimentação como
tratamento
Aceitação
Ter o direito de
escolha – incerteza do
direito dos pacientes
Importante: frutas e
legumes, mais salada,
equilibrar a refeição
(conhecimento)
Função nutricional
149
comida é um pouco seca, ela é um pouco mais difícil digestão, e
mais difícil, principalmente eu que tenho problema de evacuar, mas
eu não posso me queixar que quase todo dia de noite vem sopa né, e
vem as salada como se diz, os quisadinhos, mas o arroz, feijão e a
carne, no caso, por exemplo é muito seco, então vamos dizer que,
pra não deixar em branco, que não é que não esteja bom, que
aumenta mais um pouquinho, que ela fique mais, não sei se fica, que
fique mais, mais molhada, assim mais, muitos não gostam, muitos
gostam de paçoca né, mas eu não sou nordestino né, não gosto de
paçoca, não, não é por isso, então é por isso que eu te digo, eu
penso de uma maneira, você entrevista outro...ele pensa de outra
maneira, mas é só isso, não é grandes coisa não, sobre o resto tá
tudo muito bem né.
Preferências: molho,
comida menos seca
PAC 5 - Não, eu só não como a comida do hospital porque não fico
com fome, mas senão, se eu pudesse eu comia tudo que tinha, que é
tudo comida boa. Como porque acho que é a comida que como em
casa, que é uma comida normal, uma comida boa, que sempre vou
comer, que sei que eu quero sempre aquela comida, que é uma
comida que gosto, que eu, que a gente come, é uma comida que,
quando vier vou comer, é uma comida que a gente precisa e que a
gente sabe que vai comer.
A mesma comida que tem lá em casa tem aqui, dentro do
padrão do hospital né, que a gente também não pode abusar, então
eles vão mandar sempre o que às vezes tem lá na dieta.
HORÁRIOS
PAC 5 - Os horários são ótimos, vem em boa hora...mas não é igual
lá de casa...lá em casa a gente não come no horário certo e aqui é
no horário certinho, e também é bom pra gente se adaptar no
horário certinho.
Como sempre no quarto.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 5 - Não, a gente sempre fala, aí, a tua comida, a minha
comida, a tua é igual, vamos comer, e uma gosta, a outra também
gosta.
FOME
PAC 5 – Por enquanto, não posso falar que como bem, como um
pouco assim...é que não estava com apetite...mais agora... mas
sempre o que vem tento comer, nem que seja um pouquinho.
Não tinha apetite, agora os últimos dias eu não estou com
fome, a gente não fica com fome, então não come por causa disso,
mas não, que por causa da comida.
SERVIÇO
PAC 5 – Tenho contato com as copeiras na hora da refeição, a
gente conversa, elas são bem queridas, a gente conversa,
brinca...sempre perguntam se estamos comendo...a gente faz tanta,
fala tanta palhaçada, fica brincando um monte guria, aí elas falam
o que vem, a comida pra ti vai vir isso e isso e isso....hoje, gosta?
Gosto! A hoje tem isso, a hoje tem, a hoje, ahhh, ta bom vai... deixa
nós comer isso, aquilo né, a gente faz brincadeira, mas é uma, é
bom o jeito que elas conversam com a gente. Elas trazem daí a
Perda da apetite
Transferência dos
referenciais de casa
para o hospital
Alimento como
tratamento
????????
Regra prescrição do
horário e tipos de
refeições
Hospital como
promoção de saúde e
prevenção do
aparecimento de
novas doenças
Interação – incentivo
para alimentar-se entre
eles
Falta de apetite
Alimento como
tratamento (função
nutricional)
Patologia interfere na
aceitação/apetite
Serviço humanizado
150
gente, a, hoje é tu, porque troca né, aí que bom hoje é tu, ontem tu
não veio.
FOME
PAC 5 - A gente espera a comida, mas se aí não estou com fome
daí... não como né...Deixa ali tampadinho, deixa ali. Olha... porque
o que não escapa da minha mão é a sopa, sopa mesmo que eu não
esteja com fome eu como. A sopa que vem já está ótima, é porque eu
gosto...menina, mais eu gosto dessa sopa.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 5 - Ah, a nutricionista vem pra vê se estamos comendo ou não,
a gente conversa, o médico pergunta, a enfermeira pergunta se
comeu ou não comeu.
COMER BEM NO HOSPITAL
- Comer bem, é comer a comida, quando a gente come bem, só
larga, o que vem a gente come tudo, né, daí ela comeu bem. Comer
o que veio, porque sempre vem a medida certa né, acho que aquela
ali é a medida certa pra gente.
PAC 5 Eu acho ótima a temperatura é boa, normal pra mim, aquilo
ali é o certo, a comida também que vem é o certo, vem tudo,
temperinho tudo certinho, a salada que vem separadinho, as frutas
que vem, tudo certo.
O QUE GOSTARIA DE TER: AUXÍLIO, INFORMAÇÃO.
PAC 5 – Eu não posso falar o que quero, já tenho tudo, pra mim já
está tudo certo, não tem nem o que eu querer outra coisa assim,
quando elas trazem já, não tem, não tem o que eu pedir outra coisa
ou que eu mude, tudo certo, pra mim, para as outras não sei, mas
pra mim ta.
MUDANÇAS
PAC 5 - Não mudaria nada, pra mim está tudo bom. Pediria mais
sopa (risos). Mas eu gosto dessa sopa! Quando vem outra coisa eu
já misturo um pouquinho pra aumenta a sopa, pra aumenta , aí eu
dou uma aumentadinha na sopa.
Não, não, a comida daqui é muito boa... até meu marido fala
da comida quando ele está aqui, as vezes chega aqui, ele diz: “Oh
que comida!”, ele gosta também, e aí ele faz eu comer tudo né...
quando ele está aqui eu sou obrigada a comer tudo, porque se
não...mas porque ele é grande, ele come tudo, daí faz eu comer tudo,
mas é.
Preferência: Sopa
Cuidado/atenção da
equipe de saúde
Comer bem –
quantidade/medida
certa (comer tudo o
que vem).
Sensorial: temperatura
boa, tempero.
Nenhuma mudança é
necessária no ambiente
hospitalar: alimento,
serviço, equipe de
saúde
Sopa
Acompanhamento –
incentivo para comer
Função convivial
PAC 6 - Eu acho que, eles dão uma comida assim como que a gente
precisa né, a dieta que a gente precisa, talvez não seja tão boa com
pouco sal, alguma coisa, a gente sabe que é pro bem da gente né, e
muitas vezes dizem, ah essa comida não presta, não é a comida que
não presta, é a gente que não ta bom né, então parece que as
comida tão ruim.
HORÁRIO
PAC 6 - Eu já acostumei com o horário... tanto tempo, ta bom assim
né.
Como aqui no quarto...é daí puxo aquela mesinha aqui da
frente, daí ponho ali, esses dia atrás tinham que me da comida na
boca, mas agora já consigo.
Alimento como
tratamento
Interferência na
satisfação: pouco sal
Patologia interfere na
aceitação da
alimentação
Horário não influência
na aceitação
Auxílio no momento
da refeição
151
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 6 – Conversamos com as vizinhas...Ah, quase tudo se queixa
né, mas que vontade de ir pra casa, que vontade de ir pra casa, mas
hoje eu to ruim, não vou pode ir.
É, eu comi mais, a outra comeu menos, uma achou bom, a
outra não achou né. Olha, o mais de tudo é o sal, que aqui tem
bastante diabética, também aqui tem duas diabéticas daí elas se
queixam do sal e a carne é que já tão enjoada, quando a pessoa não
tá boa, fica enjoada né.
Mas como bem sim, não é assim uma grande quantia, mas eu
já era acostumada né, de não comer muito.
PAC 6 - O que mais gosto é o lanche, o lanchinho da tarde, mas
também o almoço e a janta também... as vezes eu espero né.
SERVIÇO
PAC 6 - A copeira é muito boa, eu gosto dela, ela me trata com
carinho. Dizem: “Olha, te trouxe comida boa, pra come né”. Daí
elas olham o quanto que a gente comeu também...É, às vezes elas
me olha assim...não fala, mas só um olhar né, que já chama a
atenção.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 6 - Pra mim às vezes, o comer bem é a gente come como...
como que a dieta é né, porque se a gente quer comer, encher o
estômago só duma coisa boa, isso é difícil né. A gente às vezes sente
uma falta da comida caseira, por que é um pouquinho diferente né.
PAC 6 - Em casa às vezes a gente comia com um pouquinho mais de
sal, vinagre na salada né, daí eu lembro lá em casa, tem aquelas
baciona (bacias cheias) de vagem bastante né, e bem temperada, ela
bem boa fica, por que já tem sal né... mas pelo bem da saúde da
gente, a gente come também sem sal, pra ficar bem, eu quero ir pra
casa bem boa.
Mas os outros doentes não, eles não acham, tem muitos que
reclamam...as vezes querem uma quantidade maior, quer uma coisa
boa, são acostumados a comer coisa boa...doçura, uma coisa assim,
churrasco, maionese, esse tipo de coisa. Mas eu não sinto, por que
eu sei que eu preciso comer e como.
MUDANÇAS
PAC 6 - Mas o que eu vou te dizer, eles arroz trazem, feijão traz,
mas de tudo eles traz...é aquilo, porque às vezes o sabor não é que
nem a nossa né, mas ta bom assim.
E as vezes a salada era um pouco dura, mas agora a maioria
eles me trazem cozida, eu pedi né...a gente vai aprendendo, vai
pedindo, vem as nutricionista, fala bastante com a gente.
PAC 6 - Tem que pedir, senão não ganha, que nem eu também, não
tenho da pra dizer assim, uma grande dieta né, é mais livre um
pouquinho, daí eu tava fraca, fraca, fraca, daí eles compraram uma
vitamina de soja, daí foi falado com a nutricionista, daí ela falo que
sim, que eu podia tomar aquilo, daí fosse fora da refeição né, pra
não me atrapalha as refeições, daí aquilo lá também me ajudo
bastante. Alguma vez frutas né, ele traz, mas não é muito não,
porque daí a gente come uma fruta já corta o apetite de comer na
Saudade de casa
Interferência na
satisfação: pouco sal,
carne
Doença interferência
na aceitação dos
alimentos
Preferências: lanche da
tarde
Incentivo da equipe de
apoio
Cuidado
Comer bem: Seguir a
dieta
Comida caseira
diferente (saudade)
Falta do tempero, sal,
vinagre
Sacrifício para ficar
bem – comer sem sal
Outros doentes: maior
quantidade, doçura,
maionese, churrasco
Sabor diferente de
casa
Mudanças: Salada era
dura
Escolhas (ter opção) -
Refere nutricionista
152
hora de comer né.
PAC 7 - De hospital em geral...olha, é depende, eu acho que
depende de cada hospital, depende de cada hospital, porque a
comida desse hospital aqui, tirando a dieta com sal né, eu acho
muito boa, muito boa devido ao outro hospital que eu estava...
porque a gente até fez uma pesquisa, até as nutricionista que
estavam fazendo uma pesquisa por quê os paciente não estavam
comendo lá, no Celso Ramos né, e aí foi feita uma pesquisa... a
comida lá, quando a gente colocava o garfo assim, levantava para
cima o arroz no tubinho, e a gente levanto e a gente tirou a foto...aí
eles mandaram para empresa e tal tudo, para ser resolvido o por
quê dos pacientes não comerem aquela coisa né...e a gente até fez
um questionamento se eles não tinham criação de galinha, frango
assim por fora, porque só vinha galinha, era ensopada e galinha, a
gente tava falando com as nutricionista, em relação a lá, fazendo a
comparação e com a comida do Celso Ramos e a comida do H.U., a
comida do H.U. se destaca né, porque lá os pacientes não comem,
por isso realmente sugeri aquela pesquisa, que ela tava sabendo que
eu não tava comendo, ninguém queria mais comer aquela comida,
porque era excelentemente horrível, então a comida do H.U. é muito
boa, fazendo essa comparação, só a minha, a minha em especial, é
por causa... é boa, mas como eu estou com dieta e gosto de sal eu só
to com duas graminhas, então a minha, por essa questão de sal.
PAC 7 - Quando falam de comida de hospital, a gente já pensa
naquele mesmo cheiro, aquele mesmo gosto, aquela mesma coisa, já
tem aquela, aquela aparência como se fosse ruim.
HORÁRIOS
PAC 7 - O horário é... é... é bom, eu acho bom o horário, porque o
café vem umas oito horas, depois onze e meia vem, é o horário bom,
onze e meia o almoço, depois o cafezinho, horário bom.
CONVERSA COM OUTROS
PAC 7 - Não, geralmente não, não, assim quando eu to comendo, eu
to comendo, não gosto de ta conversando.
PAC 7 - Depois da refeição a gente só fala se a comida tá boa, se tá
ruim, se tá seca, as vezes é muito seca. Tava vindo muito seca a
comida, tava muito seca a comida.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 7 - Acho que no almoço eu como melhor. E fora das refeições
eu não como, só às vezes uma fruta, eu tenho assim, eu tenho
algumas frutas ali, tem. Às vezes surge uma vontade de comer só
besteira assim, salgadinho, nada de comida, nada de comida.
SERVIÇO
PAC 7 – No momento em que trazem a comida, a gente
conversa...elas são, porque devido eu estar aqui há uns cinco anos,
eu conheço todas elas, então já tem aquele contato, aquela amizade,
então sempre a gente conversa.
Ah, elas falam, você de novo, como é que ta? bom dia! essas
coisas assim. Ah, são bem agradáveis as meninas. Só vejo elas
quando trazem a refeição.
FOME
Comida boa com
exceção da dieta sem
sal (sabor)
Comparação entre
hospitais – comida
ruim (os pacientes não
comiam)
Satisfação com a
alimentação, exceto
com a falta de sal
Comida de hospital
(mesmo cheiro, gosto,
aparência ruim)
Horário não influência
na aceitação
Preferências: molho,
comida menos seca
Alimento extra:
besteiras, salgadinho
Incentivo da equipe de
apoio
153
PAC 7 - De vez em quando estou com fome quando chega a
comida...nem sempre, porque de vez em quando vem umas carnes
ensopadas direto, aí quando eu abro, aí só de olhar novamente,
ensopada me causa uma irritação enorme, da vontade de nem
comer a comida...aí eu faço um esforço, faço um esforço.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 7 - As nutricionistas, eu sempre converso com elas, que elas
vem ver se estou comendo tudo, e com os médicos também, eu
converso bem tudo, porque assim, os médicos também já são assim,
cinco anos também, já me conhecem a bastante tempo.
A minha vizinha ela não acostuma, ela é bem tranqüila, ela
não acostuma reclama. E nas outras internações elas geralmente
não comiam porque realmente a comida era muito ruim, a gente
estava pensando até em usar como reboco na parede por que tava
meio, meio né, meio estragada, mais isso porque era a comida era
realmente muito ruim.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 7 - Ah, assim, é a gente comer aquilo que a gente gosta, que é
possível dentro da nossa dieta aqui, mas com variação, um dia
frango frito, um dia assado, um dia uma carne moída, um dia um
peixe, um dia, sabe, variar a comida para o paciente sentir vontade
de comer, mesmo na dieta, porque na dieta tem uma variação de
comida, sabe, não precisa ter sempre a mesma coisa, sempre aquela
mesma carne moída, sempre aquela mesma, direto, direto, direto,
porque aí não causa, a gente não tem vontade de comer, porque
queira ou não, a comida faz parte do tratamento do cliente, do
paciente né, do paciente, então, é isso, ter uma variação.
PAC 7 - O sabor da comida ta boa, ta boa, pra mim ta bom, podia
ser um pouquinho mais quente né.
Na verdade, eu queria sabe, tipo... o que eu falei que eu
gostaria de ter é acompanhamento... como eu tive essa úlcera no
estômago, queria ver o que eu posso ou não posso comer...a
alimentação que eu passo, o que me causa ácido no estômago, o que
não causa, esse acompanhamento eu gostaria de ter, tanto aqui
como quando eu for pra casa, isso eu gostaria de ter, o que eu posso
comer, o que eu não posso, o que posso substituir, porque como eu
vou ter essa redução ao sal, qual os temperos que eu posso
substituir para fazer a comida ficar mais gostosa sem precisar tanto
de sal...Mais orientação.
MUDANÇAS
PAC 7 – O cardápio eu mudaria, cardápio, colocaria tipo assim,
cada dia da semana tem uma coisa diferente, na segunda é frango,
na terça é isso, na quarta é isso, na quinta isso, na sexta, sábado,
domingo, mudar, variação de cardápio, mudaria o cardápio, daria
uma variada no cardápio, isso eu mudaria, um frango assado, uma
carne assada não vai ser, não vai ser, não vai me pesar nada no
meu custo de assar uma carne dentro do hospital né, então a
variação da comida, isso, isso cria, é o que eu mudaria, a variação.
Alimento provoca uma
série de sensações
desagradáveis e
desprazer
Nutricionista –
cuidado alimentar e
nutricional
Médico
Outro hospital a
comida era ruim –
ninguém comia
Comer bem – comer o
que gosta
(preferências)
Variedade
Tudo dentro da
prescrição médica,
nutricional
Temperatura (mais
quente)
Ter orientação sobre
alimentos permitidos e
proibidos
Substitutos do sal
Orientação
MUDANÇAS:
Variar cardápio
PAC 8 - Eu pra mim, comida, tudo é comida, eu não tenho rejeição
de nada, a única coisa que eu não gosto é peixe, mas isso é questão
Preferências – não
gosta de peixe
154
de gosto mesmo né, até se for fritinho assim, bem sequinho eu como,
mas ensopadinho não tem como encarar, que eu não fui acostumada
né, mas o restante, eu sei que é tudo limpinho, tudo bem preparado,
então, não tem por que, como diz o ditado, “eu sou boa de garfo, eu
como igual uma praga”.
Eu não tenho dúvida, levanto a tampa, o cheirinho é bom,
como a comida, eu sei que é bem limpinha, bem tratado, bem
cuidado, não tenho rejeição nenhuma.
HORÁRIO
PAC 8 - Ta bom também, ta bom. Só o almoço que é cedo, porque
em casa eu, eu costumo assim, tipo a gente toma café cedo, mas daí
a gente come fruta depois, eu e minha mãe faz isso, come fruta
então por causa do intestino, que ela também tem intestino preso,
então a gente come fruta e depois almoça uma hora, uma e meia e
aqui é onze horas, mas eu já acostumei também. E porque não vai
mudar a rotina do hospital por minha causa né.
Come no quarto.
CONVERSA COM OUTROS PESSOAS
PAC 8 - Sim, a gente conversa bastante, tem a Mara da Dona Zeni
aqui, converso com ela, o marido dela quando fica aqui também a
gente conversa. Mas conversamos mais sobre nossa rotina e sobre a
comida um fala pro outro, tem que comer porque tem que ficar
forte, é um incentiva o outro né, porque eu como mesmo, eu só não
estou, agora to deixando alguma coisa assim, porque meu intestino
tá preso, aí não tem como colocar tudo, você sabe que o intestino tá
superlotado, tem que esvaziar um pouco, mas é só esses últimos dois
dias que não tenho me alimentado bem. Nos outros dias eu tenho me
alimentado muito bem, as nutricionistas chegam aqui, são três né,
então elas sempre vem ver, porque que a gente ta comendo, porque
que não, elas são bastante cuidadosas, tentam encaixar pra que a
gente fique bem né.
Nos outros momentos fora das refeições, não como
nada...porque aqui nem é permitido, mas nem precisa porque a
comida é suficiente, vem bastante comida, se a gente precisa, é só
falar pra nutricionista, ela manda, então, não tem necessidade, é
suficiente a comida.
SERVIÇO
PAC 8 – Converso com as copeiras, elas são bem queridas, bem
amáveis. Elas perguntam se comeu tudo, se gostou...vejo elas só no
momento que vem busca a bandeja e que vem trazer a bandeja, aí
tem esse contato. Mas são bem calmas, elas são bem queridas,
perguntam se comemos... porque elas tem que presta conta pra
nutricionista né, elas vão perguntar quem comeu, quem não comeu,
sempre perguntam, olham a bandeja, elas sempre abrem a bandeja
e olham...incentiva sim, incentiva, faz uma forcinha, tem que comer
pra fica forte e tal.
VISITA
PAC 8 – Eles não trazem nada, não, nem precisa mesmo, eles
gostaria de trazer, mas não precisa, não precisa porque aqui é, o
que tem aqui é suficiente.
Qualidade higiênico-
sanitária
Função Higiênica
Qualidade sensorial –
alimento como veículo
de plenitude e prazer
Almoço é cedo – tem
outro hábito em casa
Aceitar a rotina
estabelecida no
hospital
Alimento como
tratamento
Doença interfere na
aceitação da dieta
Refere nutricionista
Atenção da equipe da
nutrição
Incentivo da equipe de
apoio
Alimento como
tratamento
155
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 8 - Comer bem é comer de tudo um pouco, não é questão de
quantidade, é qualidade, e qualidade aqui tem. A comida tem
variedade, vem saladinha, vem variedade numa travessinha, vem
pimentão, vem repolho, vem pepino, vem tomate, vem couve, tudo
que eu preciso por causa da anemia né, então eu aproveito, como
primeiro a saladinha e depois vou ver o que tem de legumes na
bandeja, como os legumes, aí se sobrou um cantinho eu como o
arroz...o feijão eu como tudo todo dia, que o feijão eu preciso
também, aí se sobra um cantinho, como um arroz com carne
senão...esses dois últimos tenho deixado porque daí não tem espaço,
mas na medida do possível como tudo.
PAC 8 - O sabor é gostoso, porque é conforme a dieta, a minha
dieta é sem sal, vem tudo sem sal, depois vem duas graminhas por
causa da pressão né, que tem que ser controlada, eu to aguardando
pra cirurgia, então tem que ser controlada né, então vem duas
graminhas no almoço, duas graminhas no jantar, então a gente sabe
que poderia ser mais gostoso, cozido com sal, mas devido a minha
dieta tem que ser assim, então eu faço de conta que está tudo bem,
tudo gostoso, que cheirosinha é né, precisa, é pro meu bem né.
MUDANÇAS
PAC 8 - Não, não mudaria nada, porque se tivesse que mudar seria
a minha saúde, se eu tivesse bem, tava tudo bem, então eles tão
fazendo adequado conforme o meu quadro de né. Se tivesse bem a
comida seria diferente, porque no começo, quando eu cheguei aqui
era, a dieta era normal, era livre né, aí depois teve que controlar a
pressão, aí foi tirado um pouco o sal pra pode controlar, mas antes
eu comia tudo, e o intestino funcionava também, depois daí que
começo prende, mas eu acho que prende um pouco também por
causa da tensão nervosa, a gente fica preocupada....por isso.
- E a alimentação que a gente faz em casa é como a comida
daqui...é igual de casa né, então a gente faz, só que com mais sal né,
mas em casa também, devido ao meu problema eu também não
poderia conseguir colocar sal né, teria que mudar.
(Chegou a nutricionista – conversou com a paciente sobre o
intestino...)
PAC 8 - A comida é muito boa, programada, bem limpinha.
Comer bem: comer de
tudo um pouco –
qualidade, variedade
Comer o que é bom
para a doença dela –
alimento como
tratamento
Sabor – tudo sem sal
Esforço para comer –
para ficar boa
Cheiro é bom
Mudanças – saúde
Doença interfere na
aceitação e satisfação
com a alimentação
Comida de hospital
igual a de casa – muda
só no sal
PAC 9 - Pois agora, o que ta vindo, eu to comendo né. Eu não como
bem, eu como pouquinho, sinto saudade da comida de casa...porque
lá é melhor...tem feijão, arroz, frango ensopado...aqui tem também,
mas é diferente...o que eu tenho mais vontade de comer aqui é a
carne ensopada, galinha ensopada.
HORÁRIOS
PAC 9 – O horário é bom, lá em casa não era assim...em casa eu só
comia um cafezinho com duas bolachinha de manhã, meio dia a
sogra ficava fazendo a minha comida...A tarde tomava um cafezinho
ou senão fazia uma batida porque eu quase não consigo engolir né.
Algumas vezes eu tomo café aqui (no local onde fica a TV) e
almoço aqui.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
Saudade de da comida
de casa
Comida de hospital
diferente da comida de
casa
Horário – hábito
diferente em casa
156
PAC 9 – Converso com o pessoal do quarto, a gente conta assim, as
coisa do outro, as coisa de casa. E sobre a comida nem sempre
conversa... “tem uma(vizinha de quarto) que disse a comida hoje tá
ruim e a outra: pra mim tá bom”. Ah! pra mim, eu como bem.
Quando ela (nutricionista) pergunta assim, se eu to
comendo, quero arroz pastoso ou arroz branco, eu prefiro mais
arroz branco do que aquele arroz inteiro, vem peixe, tem ovo.
FOME
PAC 9 – Quando vem a comida estou com fome...Tenho me
alimentado bem, só hoje que não quis come...não como fora das
refeições.
VISITAS
PAC 9 - Quando vem visita eles trazem alguma coisa...todinho e
iogurte, aí assim, o horário que vem o café daí eu como junto.
SERVIÇO
PAC 9 – A gente conversa com as copeiras...eu peço pra elas café e
um copinho de leite.
MELHORIAS/MUDANÇAS
PAC 9 - Eu gostaria de mais uma batida entende, mamão batido. E
a galinha que tem de vez em quando é dura, o mamão ontem veio
verde, aí pra comer não deu. Queria que a comida fosse mais
variada.
PAC 9 - Nos outros hospitais a comida lá não é igual aqui...aqui é
melhor...lá era mais ruim, não tinha tudo que tem aqui...aqui tem o
café da manhã, dez horas vem uma vitamina, o almoço meio dia, a
janta, não, depois tem o café né, depois já tem a janta, depois tem
outro café né, aqui, e lá não, a janta lá era cinco horas, o almoço
onze hora e só, café da tarde não tinha, e nem depois da janta não
tinha café, era só duas refeições. Aqui a gente come de mais
também.
MUDANÇAS
PAC 9 - Não.
Mudanças – carne
dura, mamão verde,
variedade
Comparação com
outros hospitais –
comida ruim nos
outros (duas refeições)
Várias refeições –
comer bem (seis
refeições)
PAC 10 – É, o que eu falo, não posso dizer que não presta né, então
quer dizer,se eu quiser come eu como, se não quiser come vai de
volta né, não vou, não vou dizer ah! a comida esta não presta, não
presta, então quer dizer, não vou dizer isso ai né, a gente, não gosto
porque não gosto, não to gostando não como, não sou obrigado a
come né.
PAC 10 - Aqui é diferente de casa porque a gente come mais pesado
lá né, mais feijão né, assim né, o caldo de feijão eu não como, ele
vem aí(no hospital) mais eu não gosto, gosto mesmo é do feijão, do
feijão feito pirão, com uns ovos fritos, essa coisa que eu gosto...
galinha eu também não sou muito chegado, nem em casa eu não sou
muito chegado a galinha não, gosto mais também de uma carne
assada na brasa, grelhada...mas eu como de tarde, agora estou
comendo aqui de tarde, mas eu não como de tarde, nem de tarde
nem de noite porque eu não janto a noite, já faz mais de seis ou sete
anos que eu não janto a noite, então chega seis, em casa chega seis
horas, sete horas, que eu venho do serviço, aí vou comer um pão,
Escolha em comer ou
não
Preferências – feijão
feito pirão, ovos fritos
Não gosta – galinha,
nem de jantar (comida
salgada)
157
dois... com um pedacinho de mortadela, quando não é mortadela, eu
como um ovo frito, vou dormir e não como mais nada, daí fico até o
outro dia, meio dia sem comer nada porque eu não tomo café de
manhã, não tomo porque eu não gosto de café, então fica até meio
dia sem comer nada, nada mesmo, nada... então a minha filha fala:
“pai como que o senhor agüenta assim?” eu já me acostumei assim
muitos anos, não tem, não sinto falta daquilo ali, a tarde também
não tomo café, estou tomando agora, não tomo café a tarde também,
só mesmo às seis horas, seis e meia, sete horas que eu como aquela
refeição com dois pão, as vezes um pão, aí como um pão com um
pedacinho de mortadela e vou dormir, daí durmo até no outro dia
seis hora.
HORÁRIO
PAC 10 – O horário da comida está bom, ta bom... porque a gente é
obrigado, mas não é o hábito em casa, também a gente tem que
acostumar né a manter aquilo ali.
Como no quarto, levanto, sento ali, tudo direitinho, tudo bom, na
cama mesmo não. Sempre tem a companhia de um amigo né.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 10 – Conversamos....ele estava lá no outro quarto, no trezentos
e nove, lá ele tinha um amigo, passaram pra cá tem amigo
também... pessoas que cuida da qualidade da gente né...
A gente conversa de negócio da gente anterior né, que já
passo, que é passado, então a gente conversa disso aí, da comida
não, a comida a gente conversava que todo dia vinha aquilo, a gente
conversava.
Os médicos, enfermeiras etc...elas perguntam se está bom, tal coisa,
eu não digo que tá ruim.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 10 - Não, não bem... é não porque a comida aqui é boa, nós
não reclamamos porque também em casa eu também não como bem
mesmo, é só meio dia, depois do meio dia também não.
Não sou muito, de muita comida não, em casa passo dois ou
três dias sem me alimentar, não sou muito assim, não sou muito
chegado à comida.
SERVIÇO
PAC 10 - Nós conversamos, conversamos com elas (copeiras),
pessoa boa né, pessoa que atende bem a gente né, a gente conversa:
tá boa, se não tá, se está gostando, ????________. E elas falam: a
comida daqui é isso, não tem jeito.
Vejo elas(copeiras) em outros momentos...vejo, vejo em
outros momentos, quando eu tava do lado de lá, essa que tava
trazendo tava lá, agora já ta aqui, ta fazendo aqui, a questão é que
a gente conhece tudo as pessoas, inclusive alguma enfermeira e
enfermeiro também de vez em quando estão aí também, mas tem até
uma conhecida minha que veio ontem aí, apareceu ontem ali, mora
lá perto da minha casa essa aí, daí eu falei pra ela, fizeste curso ali
né, é tava assistindo o curso, passei por ali, mora lá perto da minha
casa, é vizinha, a Débora, Débora, pessoa boa.
VISITAS
Preferências – pão
com mortadela no
lugar do jantar
Obrigação em cumprir
as regras de horário
Hospital como local de
promoção e prevenção
Medo de falar o que
sentem
158
PAC 10 - Não, comida que eles(visitas) trazem, é assim, é fruta,
trazem até, quase fizeram suco pra mim, só que eu não queria.
PAC 10 - No intervalo eu como, é eles trouxeram até, laranja, gosto
muito de laranja lima, trouxeram ontem, laranja lima, trouxeram
melancia ontem, eu já comi um pedaço já, eu gosto, melancia é bom.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 10 - A temperatura está tudo bem também, em casa ou em
qualquer lugar que a gente vai, a temperatura é a mesma, tem lugar
que é mais elevada, a comida, não reclamo da comida, só que a
comida que vem aqui pra nós ta bom.
MUDANÇAS
PAC 10 - Ah, eu mudaria é a galinha que eu não gosto e vem, e o
arroz...colocaria qualquer outra coisa...macarrão gosto, não muito
também, mas sempre gosto um pouquinho de macarrão, sopinha
vem um pouquinho meia grossa, mas tá bom, o que vim ta bom, não
da pra muda nada não.
Preferências – laranja
lima, melancia
Comer bem no
hospital – temperatura
está boa
Mudanças – galinha,
colocava macarrão,
sopa menos grossa
PAC 11 - Na real a gente não pode dizer grande coisa da comida de
hospital porque a gente não teve aqui né (OBS – se ele não estivesse
ficado internado, poderia até concordar com as pessoas que
comentam que comida de hospital não é boa...mas agora ele já sabe
como é a comida – Observações minhas), já as vezes podia escutar
de outra pessoa, mas daí a gente podia até apoiar porque não sabia
né... mas no momento aqui graças a Deus é tranqüilo, a comida é
boa, não vou, eu não vou dizer assim que é como a gente come em
casa né, isso é fora de, que a comida aqui a gente sabe, que a gente
que não pode come a comida salgada, tem ser né do jeito que vem,
mas ta muito bom. Mas a gente se sente à vontade aqui, não tem
problema de nada que esteja ruim, que não esteja, que deixa de ter,
a comida é boa, pra mim, eu estou satisfeito.
HORÁRIOS
PAC 11 – Elas(copeiras) vem trazer no horário certo deles né...que
é o horário normal, não é questão da gente. Em casa não tenho
horário certo pra comer, as vezes ao meio dia, do meio dia pra
frente, as vezes uma hora, as vezes duas horas, a gente trabalha, daí
não tem muito horário de chegar, então aqui na verdade o horário é
certo.
Em casa tem dias que é, tem dias que a gente almoça bem,
tem dias que a gente chega com vontade de almoçar bem, outra
hora não, outra hora é meio corrido que é pra pode da conta do
trabalho, então depende do dia é meio rapidinho....mas aqui a
vontade de comer não tem a ver com a saúde.
Como no quarto em companhia do meu colega, depois de
tanto tempo vim encontrar ele aqui.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 11 - Me alimento bem, o que vem eu como, tudo.
Fora das refeições daqui eu não como nada...até que eu não
sou muito de doçura, de bolacha, de fruta, eu não sou muito assim
ligado... lá uma vez ou outra, da uma vontade de comer um
pedacinho, daí a gente já fica tranqüilo.
SERVIÇO
Comida de hospital
diferente de casa
Comida boa
Horário certo –
diferente do hábito de
casa
Falta de apetite devido
a causas além da
patologia
Alimentar-se bem é
comer tudo -
quantidade
159
PAC 11 - Tudo tranqüilo...são muito bacanas pra nós né, conversa,
brinca com a gente, acho que isso daí é uma alegria da gente.
Com relação a comida as vezes elas vem aí...falam: a
comidinha de vocês já ta aí meus filhos né, usam umas brincadeiras
e a gente leva tudo na brincadeira. Estão sempre perguntando se a
gente está se alimentando bem né, como é que ta ou se ta gostando
da comida ou se não ta... mas ta muito bacana, ta muito bacana.
FOME
PAC 11 - Na hora que chega não estou com fome, até que não,
porque a gente não tem hora pra come né, a hora que chega é a
hora certa mesmo, então a gente não tem como reclama.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 11 – Não falo sobre a comida, não tem como falar porque a
gente já está satisfeito, ainda dá graças a Deus que as comidinhas
tão vindo, é boa, pra mim é boa. O que a gente fala é que ta bom,
porque a gente almoça junto(paciente do leito ao lado) é a mesma
comida que vem pra ele, eu almoço aqui, é a mesma coisa.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 11 - No momento não posso reclama não. Às vezes é vem um
pacotinho de sal pra gente bota uma pitadinha, dá um gostinho a
mais, a comida já vem normal...
MUDANÇAS
PAC 11 - É, pra mim, eu não acho que poderia mudar nada. Está
ótimo, pra mim não posso reclama de nada, porque eu acho que em
primeiro lugar a gente está bem atendido, as comidas tudo, pra
mim, tem gente que pode reclama, mas eu, não tem como reclama
não, a gente tem que dar graças a Deus que tá tranqüilo.
O que a gente ta dizendo é a verdade mesmo, não tem como falar
outra coisa..porque é assim mesmo!!!!
Serviço – cuidado,
incentivo,
descontração no
momento da refeição
(interação, momento
de troca)
Sem fome na hora que
chega
Aceitação do
horário/regra
Não vê a
alimentação/saúde
como direito
Comer bem – sal
(pitadinha)
Bom atendimento
Mudanças – sem
mudanças
PAC 12 - Eu não consigo comer. Só Pão. O almoço eu não consigo.
Eu engulo e volta, não vai. E eu não sei por que. Comi ovo aqui,
tava muito bom, só isso...o almoço eu não consigo e tomei um
pouquinho de sopa na janta...mas a sopa é ruim.
HORÁRIOS
PAC 12 – Vem bastante comida. No almoço eu como depois dela
(paciente do leito ao lado).
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 12 – Ela fala vamos comer pra fica boa pra ir embora. E eu
digo: eu não consigo.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 12 - Mas, eu não to com fome. Quando chega a comida eu não
tenho fome...nunca.
O que eu como melhor é de manhã que vem pão e de noite
que eles dão um pão e um ovo, eles trocaram a janta pelo pão,
porque em casa eu não como salgado de noite, só café com leite.
SERVIÇO
PAC 12 – Eu converso com a copeira ...Ela diz, a tua comida chego,
Doença interfere na
aceitação
Falta de apetite
Refeição - Almoço
não come, só pão
Alimento - Sopa ruim
Incentivo – alimento
como tratamento
Sem apetite
Alimento que prefere
– pão e ovo
Refeição que prefere –
café da manhã
Jantar troca pelo café
com pão que é habitual
em casa
160
eu digo: eu não quero...aí ela diz: mas tu tem que come pra ficar
forte. Mas eu não to com fome.
Quando ela vem buscar a bandeja, aí ela diz: tu não comeu
né?! Só vejo elas quando traz a comida.
OUTRAS REFEIÇÕES
PAC 12 – Me alimento só quando eles deixam comer fruta.
VISITA
Quando vem algum familiar visitar a senhora, a senhora conversa
sobre a comida?
PAC 12 - Eu falo que eu não quero come, e eles botam na minha
boca, e daí, e eles trazem o balde pra mim joga fora. É todo dia. Eu
não gosto de comer em hospital. É ruim, não tem sal e meia fria.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 12 - Não sei. Eu queria ir embora. Junto com os meus filhos.
Aí eu iria ver.
Serviço – incentivo
Alimento como
tratamento
Acompanhante
Falta de apetite
Enjoada
Ambiente hospitalar –
falta de apetite
Comida ruim
Sensorial – sal e fria
Desejo - Voltar para
casa, familiares
PAC 13 – Quando fala comida de hospital: Eu digo: Ai meu Deus
do céu, é coisa pior que tem...
A comida é boa, ela é boa, mas a gente é que fica enjoada,
não é que a comida de hospital é ruim, ela é gostosa, ela é bem
temperada, bem forte, mas é que a gente fica enjoada mesmo da
alimentação, por estar doente.
HORÁRIOS
PAC 13 – Os horários estão sendo bons, em casa eu já tinha esses
horários em casa, onze horas, onze e meia, dez horas sai um lanche,
já tem esses horários em casa.
PAC 13 - Mas a comida de casa é bem melhor, porque é mais
gostosa, é meu marido que faz, é mais temperadinha, é mais
quentinha na hora né, sai na hora, não vem pelos corredores.
- E aqui como que é?
PAC 13 - Aqui não, aqui vem, vem quentinha, vem.
- Vem quente?
PAC 13 - Vem, vem quentinha sim, não vem fria não.
Como sempre aqui no quarto, na mesinha e o meu marido me
acompanha sempre no horário das refeições.
CONVERSA COM OUTROS PACIENTES
PAC 13 – Conversamos que a comida, em geral, é boa sabe, mas
ela é enjoativa.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 13 – Tenho comido, mas sempre sobra alguma coisa. O que eu
mais gosto é a sopa.
SERVIÇO
PAC 13 – Quando a copeira traz a bandeja, a gente diz só, bom dia,
boa tarde meio dia, meio dia é bom dia.
- Sobre a comida a gente conversa com a nutricionista,
conversamos mais.
FOME
Comida ruim
Doença interfere na
aceitação da
alimentação
Horário não interfere
na alimentação, já
tinha o hábito em casa
Comida de casa
melhor – tempero,
temperatura, não anda
pelos corredores
Acompanhante
Comida enjoativa
Preferência – sopa
Nutricionista –
cuidado, atenção
alimentar e nutricional
161
PAC 13 - Raramente não estou com fome na hora que chega a
comida, mas sempre como.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 13 - Comer bem no hospital, é comer na hora, quentinha, sem
precisar estar andando pelos corredores as bandejas, sai do fogo já
quentinha e come quentinha, isso aí. O sabor ta bem. Vem as vezes o
frango, vem o frango que é gostoso, frango desfiado que é bom, vem
a carne de panela assadinha que é gostosa, vem salada que eu
gosto, vem arroz que eu não como, e mais a sopa que eu gosto, que
vem.
MUDANÇAS
PAC 13 – Se eu pudesse mudar algo, mudaria tudo a comida né,
que é, o arroz que ele é sonso, a enfim, aliás toda a comida que vem
pra mim vem sonsa, vem sem sal, daí eu já mudaria, botaria um
pouquinho mais de sal em tudo. Do sabor, do sal.
Sem fome no
momento que chega a
refeição
Comer bem – horário
certo, temperatura,
sem andar nos
corredores, bandejas.
Sopa preferência
Mudanças – sabor
(sal)
PAC 14 – Pra mim vem tudo de bom, porque graças a Deus aqui é o
que tem, que muitos coitadinho aí, como se vê na Índia, tudo
morrendo de fome, então eu agradeço a Deus por tudo que vem, só
não é muito do meu paladar porque vem insonsa, mas ta tudo
maravilhoso, só que eu gosto da comida mais salgadinha né,
quando às vezes vem dois saquinhos (de sal) eu me satisfaço, mas
quando não, como uma coisa, deixo outra, mais a salada que vem.
Eu gosto, não vejo problema, mas gosto.
Se eu conhecesse mais como é feita a comida não mudaria
nada, não mudaria, eu vou comer aqui o que me derem e pronto.
HORÁRIO
PAC 14 – Com relação ao horário tá bom, meio dia né, da
comida...meio dia, ta bom, eu como eu casa também meio dia. Se
passa do meio dia eu já fico com fome.
Em casa eu como dez e meia, onze horas eu como uma fruta,
uma laranja, uma banana, tomo uma xicrinha de café, não sou
muito de estar beliscando, de uns tempos pra cá, porque antes eu
ficava.
Como aqui no quarto, às vezes bota a bandeja em cima das
perna, que nem em casa, e como sentada na cama. Sempre com as
companheiras de quarto. Eu não tenho nada que reclamar de
ninguém, agora se eles(vizinhas do quarto) reclamam de mim eu
não sou culpada.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 14 – Tem umas que comem antes, como ela não tem diabetes,
daí ela come mais cedo que nós. Hoje eu disse pra uma amiga
minha lá (no quarto) que a gente faz os exercício, esse caviar, esse
caviar é insosso ________.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 14 – Tenho me alimentado bem, tudo que vem, não volta nada,
é costume, voltou hoje um pedacinho de caviar, voltou ontem um
pedacinho de galinha porque, por causa do sal né, mas...
ALIMENTAÇÃO FORA DAS REFEIÇÕES DO HOSPITAL
PAC 14 - Olha, lá uma vez por outra eu como uma fruta, tomo água
Não vê como direito a
saúde e alimentação
Comida insossa
Horário não interfere
na alimentação/apetite
Em casa tem o mesmo
hábito
Sal
Sal
162
e tal, também tenho preguiça de descascar laranja, senão a gente
chupa laranjinha às vezes.
SERVIÇO
PAC 14 – Converso com as copeiras só bom dia, tudo bem, se vai
chover. E elas só respondem a minha resposta, a minha que eu
devolvi né.
A menina copeira não pergunta nada porque também ela já
entra aqui correndo, não é brincadeira né, e a gente tem que
entender.
FOME
PAC 14 - Quando chega a comida estou com muita fome, sempre
estou esperando, graças a Deus, quando chega eu já vou
preparando meu lugarzinho.
CONVERSA COM MÉDICOS, ENFERMEIRAS...
PAC 14 - Com as outras pessoas, médico, enfermeira, nutricionista
eu não converso, às vezes eu digo pra eles que venha mais um
pouquinho de sal, mas depois a gente acostuma.
VISITA
PAC 14 - Às vezes trazem fruta, tem ali fruta ainda que até eu vou
levar, água, fruta, minha irmã comprou um isopor pra mim tomar
aguinha gelada, aquele isopor é meu, porque eu não gosto muito de
tomar água de _________, me dor no fígado, dor na barriga, sei lá.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 14 - O ideal é ter barriga cheia, o ideal é que Deus abençoe
que nós nunca passe fome, como por aí, que nós nunca passe fome,
tem os nossos enfermeiros muito bonzinho, o nosso vampiro(passou
o enfermeiro) , ele é muito querido, encho o saco dele, aquele bem
claro, claro e moreno, a gente chama ele de vampiro, esse aí porque
tem uma mão de ouro, nunca vi, não se sente uma picada da agulha,
eu nunca vi, é uma benção, e daí eu faço de tudo, o máximo que eu
posso por mim né, eu tomo banho, me cuido, graças a Deus né, não
espero pelos outros, não espero não, é que Deus me tem ajudado
que eu não tenho precisado, não é que eu diga não espero pelos
outros, é que Deus tem me ajudado que eu não tenho precisado, me
posso cuida, venho pra cá, vou melhorando melhorando, graças a
Deus.
MUDANÇAS
PAC 14 - O que eu acho que deveria ser, até vou gravar bem, o que
eu acho que deveria ser mudado, um pouquinho mais, eu sei da
dificuldade, mas com um pouquinho mais de atenção, de amor... é a
carne, vamos dizer, assada de panela, a carne assada, então que
vem aquele pedacinho pra nós meia dura, e nós que já usamos de
dentadura né, de chapa assim, é bom que a gente tenha a carninha
mais boa assim, mais macia, desfiada, ou em pedacinhos de carne
mais, motivo pra que a pessoa da idade use né, como a gente em
casa né, mas graças a Deus ta tudo bom, feijão é muito bom, a
única, única solução que eu, já a outra, aquela minha amiga já
converso comigo, que eu gosto da comida é um pouquinho mais de
sal, mas ta tudo muito bom, adoro, a minha salada nunca volta,
pode perguntar pra elas, a minha salada nunca volta, e feijão eu
Serviço – aceitação
pela correria
Sente fome
Sal
Comer bem no
hospital - quantidade
Refere equipe de
enfermagem – bom
atendimento
Mudanças – carne
dura, sal....
163
raspo raspo, bem pouquinho, porque é pro meu benefício, então
sempre fica assim aqui ali, quando é duas horas já ta doida pra
tomar um cafezinho.
PAC 14 - A temperatura aqui a gente não adianta reclamar porque
até que elas venham aqui, então trazer no nosso quarto aqui já ta
mais fria, não é que a gente não queira já, quer comer em casa,
quer comer quente, coma em casa, porque não é fácil elas tadinha
vim de lá daquela distância da cozinha pra trazer a comida né, daí
sobre a temperatura não tem nada que reclama, nem eu nem
ninguém, agora quem quiser comer quente, coma em casa né, traz
uma marmita de casa, a família, sei lá quem tem, e o mais graças a
Deus, a salada é muito boa, tudo bem preparadinho, eu gosto né, eu
gosto, não tem nada que reclama, é uma delicia, e eu graças a Deus
como bem, graças a Deus.
Só a carninha um pouco mais levinha, mais macia, assim né,
que as forças da gente né, to contente porque no outro ano, passado
tive internado, falei com o diretor aqui, ele colocou os pega mãos no
banheiro, no chuveiro ali, eu fiquei muito contente, uns ganchinho
pra pega toalha de banho, que não tinha e eu reclamei falando
assim tranqüila e, graças a Deus agora precisei do hospital agora
já tem um pegador, aquele lixeiro também bem, bem útil e limpinho,
as meninas também tudo muito boa, os médicos maravilhoso, brinco
com todos eles, gosto de todos eles graças a Deus, oro, pedindo a
Deus pra eles, por todos eles, as meninas, pros médicos, a minha
rotina é orar um pelo outro.
Temperatura -
aceitação
Carne
PAC 15 - Ah, quando as vezes a gente está comendo essa
comida...daí eu lembro da minha comidinha em casa né, da família,
só que é importante ser forte e aguentar né, pelo bem da gente né,
pra gente ficar boa pra voltar pra eles né.
E da comida o que eu mais lembro é do temperinho assim, de mais
salzinho sabe, porque aqui é meio insossa. Só isso, o resto até que
eu gosto.
De manhã vem pão integral e um cafezinho, ao meio dia vem um
arrozinho, frango, as vezes vem uma saladinha e a noite vem uma
sopinha. Assim, mas o que mais gosto é de gelatina e essas coisas
mais, mais gelada. O que eu menos gosto não tem, pra mim se a
gente tem saúde e apetite, tudo é bom.
HORÁRIOS
PAC 15 – Os horários aqui é bom. Em casa não era assim, lá era
três vez por dia e aqui a gente não chega a da fome já vem de novo.
Como sempre aqui no quarto, levanto, como na mesinha. Sempre
eu arrumo primeiro a dona Maria, o cafezinho dela na frente dela
daí eu tomo o meu. Nós duas somos parceiras.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS NA HORA DA REFEIÇÃO
PAC 15 – Nós conversamos, quase nada né pois ela sempre está
enjoada daí eu fico só olhando né, ela está muito fraquinha, ela
quase não se alimenta.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 15 – Eu tenho me alimentado bem, não como tudo porque eles
mandam muito né, daí eu to acostumado a comer aquele tantinho
Lembrança da comida
de casa
Tempero
Insossa
Preferências –
gelatina, comidas
geladas
Horário bom
Diferente de casa
Acompanhamento
164
inteiro, mas eu como, forço pra ficar boa ligeiro.
FOME
PAC 15 - A hora que chega a comida eu estou com fome, daí eu
como aquele tantinho, mas às vezes eu tento comer um pouquinho
mais né pra ficar mais forte.
SERVIÇO
PAC 15 – Todo dia muda quem traz as refeições, vem uma diferente,
mas são muito gente finas. A gente conversa, fala bom dia, tudo
bom, deixa o café aqui. Perguntam o que eu queria, se as vezes eu
queria mudar né, e eu digo que está tudo bom né. Só vejo elas na
hora das refeições.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS –
ENFERMEIROS/NUTRICIONISTA
PAC 15 - Não, pra mim ta bom né.
VISITA
PAC 15 – Uma vez que eles vieram, eles trouxeram uma vez, mas eu
disse, não posso, pode levar pra casa de volta.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 15 – Comer bem é comer uma galinha de panela, um
macarrãozinho caseiro. Só. Vem bem temperado só que vem menos
sal né, porque isso é assim, em casa daí eu coloco um pouquinho
mais né. Olha, essa minha alimentação agora eu vejo que é muito
diferente da casa né, porque essa a gente vai na hora certa no
banheiro, e em casa eu não ia, até em casa o alimento pode ser mais
gostoso, melhor só que pra saúde não é melhor, essa (do hospital) é
melhor. É melhor, porque a gente é na hora certa, a gente vai no
banheiro, e por isso eu acho que é bem melhor.
PRAZER
PAC 15 - Pra mim, como está, ta bom.
MUDANÇAS
PAC 15 - Acho que nada porque está tudo bom. Eu só acho uma
coisa, só gelado, porque está muito calor, só mais fruta... só essas
coisas.
Alimento como
tratamento
Está com fome
Comer bem – galinha
de panela e macarrão
caseiro
Sal
Comida diferente de
casa – melhor para a
saúde
Mudanças/preferências
– mais gelado, frutas
PAC 16 - É bom, pra mim ta bom, eu gosto, gosto, agora meu
médico libero mais um pouquinho de sal né, já vem temperado
mesmo.
Quando falam de comida de hospital eu digo que é muito boa, sou
tratada muito bem aqui dentro do hospital, esse hospital aqui pra
mim é muito bom, gosto muito deles mesmo né, eu não tenho
reclamação de nada. Eu como, ao meio dia né, de manhã é um café
com pão que você sabe, margarina e um docinho que vem dentro,
ali dentro, aí vem um meio dia, feijão, arroz, carne ou se não um
frango e tem uma fruta, melão também quando não é uma maçã,
eles dão também laranja, ta muito bem, gosto muito, a noite é sopa,
uma sopinha, uma carninha, vamos dizer assim né. É bom, tá bom,
tá bom.
HORÁRIO
PAC 16 – Está bom, porque a noite, dez horas eles dão mais um
cafezinho, um lanche né, ta ótimo. Não passa fome, se fosse em
casa, o meu normal é diferente. Ah eu como assim só um pãozinho
Medico – hegemonia
Tempero – Sal
Bom atendimento
Comida boa
Refere todas as
refeições
Não passa fome
Horário bom
165
de manhã e vou almoçar ao meio dia, depois de meio dia, é difícil
tomar café à tarde, a filha briga muito comigo, pra comer.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 16 - Como sempre aqui no quarto, na mesinha... quando chega
a comida, eu vou lavar minhas mãos e vou comer.
AUXÍLIO
PAC 16 - A filha está junto, mas quando a filha não ta eu faço igual.
Como sozinha, as vezes eu não consigo cortar a carne, eu vou
tirando os pedacinhos, é o jeito por que fazer o que mais né, ai meu
Deus, eu vou cortando, mas tá bom.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 16 – Estou me alimentando bem, no caso é meio dia né que eu
como mais, mas nos outros eu como também, quando chega a noite
vem a sopinha, vem arroz, vem carne.
OUTROS HORÁRIOS FORA DA REFEIÇÃO
PAC 16 – Não como nada, a não ser às vezes uma maçã que vem
fora ali porque tem na bandeja, às vezes na hora eles não, só trazem
tudo né, eu guardo um pouquinho e quando tenho fome eu como.
SERVIÇO
PAC 16 - Sempre as copeiras que trazem...elas entram e botam ali.
Elas botam ali e saem entrega para os outros também né. Ah, ás
vezes digo: estava ótimo, eu almocei tudo, comi tudo por causa né.
FOME
PAC 16 - Na verdade, a gente já acostumou, é que aqui é muito bem
tratado sabe, muito bem tratado, bem, estou gostando muito, minha
filha está aqui, ela dorme aqui também, eu tive assim, andei
sonhando muito, tiraram um remédio que era de manhã, era de
nervo né, daí eu andei variando minha cabeça, ela diz que eu falo
de noite, mas eu não sei porque eu não vejo.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS: MÉDICOS,
ENFERMEIRAS
PAC 16 - Não, se eu for reclamar, é com o meu médico, daí eu falo
assim.
VISITA
PAC 16 - Só a filha, ela compra pra ela, as vezes ela diz, mãe coma,
quer um pedacinho disso daqui, eu digo: não estou bem, já estou
satisfeita.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 16 - Não, pra mim está normal, está bom. Vem mamão também
né, eu gosto muito de mamão, o que eu não gosto muito é aquele
abacaxi, a única. Mais nada.
MUDANÇAS
PAC 16 - Ah não, pra mim, não tem como troca porque está muito
bem e eu estou gostando muito deles, a não ser que o meu médico
diz assim ó, não pode comer mais aquilo ali, aí tem que para de
fazer isso né.
O que eu não estava gostando muito é que estava sem sal, aí eu
fiquei, dá só mais um pedacinho, é uma graminha que tem, eu disse
pro meu médico, a doutor, eu estou assim, não, a pressão não ta tão
baixa, tão alta pra isso né, se é por causa de pressão, a não ser que
Auxílio - dificuldades
Refere almoço, sopa
Frutas
Serviço -
Bom atendimento
Médico
Preferências – mamão
Não gosta – abacaxi
Mudanças –
Hegemonia do médico
Sal
Pedido para o médico
166
é por outra coisa, não dá pra vocês colocar mais um pouquinho.
Daí, agora, eles liberaram agora, mas sabe, foi de ontem pra cá.
Era isso, era o sal, mas é só, mais nada.
colocar mais sal
PAC 17 – o que eu penso da comida de hospital é que eu não
suporto. Eu não sei se eu não suporto porque agora eu to
eliminando a gordura. É ruim. Eu acho que sei lá, uma, as vezes me
vem uma comida queimada aqui carne, frango queimado, carne
muito seca, carne bovina muito seca, o feijão eu não consigo comer
direito, e o que eu mais gosto assim, eu prefiro mais o frango
quando ele vem legalzinho assim, salada e o macarrão, gosto do
macarrão, do resto pra mim nada. Não gosto, peixe, peixe já até
tinha pedido para tirar do meu cardápio porque não dá pra comer o
peixe daqui, é um peixe que me dá a impressão que é um peixe que
só foi cozido na água assim e deu. Acho que é só isso. Comida de
hospital para mim é péssimo.
HORÁRIO
PAC 17 - Eu tenho me ajustado bem com os horários, porque daí,
tem o almoço, daí logo tem um lanche, café da tarde depois logo
vem a janta daí logo tem um lanche, então isso aí pra mim, porque
eu lá em casa mesmo eu não tenho esse, o hábito de ter várias
refeições no dia, eu tomo um café da manhã, eu almoço e janto,
raramente eu faço lanche nesses dois intervalos, eu não sou de fazer
muito lanche não, então pra mim esse aqui ta bom, to comendo mais
do que em casa.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 17 – Aqui mesmo(quarto) faço a refeição, em companhia da
vizinha.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 17 - É, às vezes...a gente reclama da comida.
Outra pessoa (paciente do leito ao lado): A gente reclama assim,
que assim a eu, da comida né, sem conta o molho, que eu acho o
molho daqui me faz mal, não sei o que vai no molho, porque esse
molho me faz mal, aí eu queria uma comida mais seca né, só que eu
gosto, não sou muito de frango, eu gosto de carne, então pra ela
vem mais carne e pra mim vem frango, aí as vezes uma reclama... a
hoje veio carne, a outra, veio frango.
PAC 17 - Em vez de eles colocar, sei lá, um bife bem suculento,
assim sabe não aquele, não sola de sapato, um suculento assim
sabe, assim vai numa boa.
ALIMENTAR-SE BEM.
PAC 17 - Não tenho me alimentado bem, não tenho comido. No
almoço como melhor. No jantar é difícil, mas o almoço vai bem, que
daí vem bastante salada no almoço, aonde que às vezes a noite não
vem salada pra mim e eu gosto muito de salada, então aí é o que vai
melhor, o almoço.
SERVIÇO
PAC 17 - A copeira traz a comida, ela chega, larga ali, chama a
hora do almoço, a hora da janta e não fala mais nada.
FOME
PAC 17 - Quando chega a comida eu como porque eu sei que é o
Não suporta a comida
de hospital – é ruim
Carne queimada, carne
seca, feijão, peixe
Preferências – frango,
salada, macarrão
Peixe cozido na água
Comida péssima
Refere todas as
refeições
Hábito diferente em
casa
Várias refeições –
come mais do que em
casa
Interação – refeição
momento de troca
(reclamam da comida)
Molho, frango, carne
bovina
Desejo - Bife
suculento
Não come bem
Refere o almoço que
se alimenta melhor
Preferência - salada
Serviço – larga a
bandeja
Horário – não tem
167
horário que tem que comer, mas não que seja aquele desespero né.
Por mim não precisava ser aquele horário, podia ser um pouco até
mais tarde.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 17 - É, com a nutricionista, é a nutricionista vem aí eu
converso muito com ela, como eu gosto, como eu quero, como eu
não quero.
VISITA
PAC 17 - Eles sempre traziam, mas como eu to numa dieta federal,
é anteontem teve uma colega de uma amiga minha aqui e deixou um
pacote de bolacha, uma rosca de polvilho, e eu disse, ó não me
traga salgada porque eu não posso comer com sal, daí ela foi lá e
trocou por uma doce, só que então, daí chego a nutricionista, olho o
pacote aqui em cima, ainda bem que eu não tinha comido muito, aí
fez, haham, isso aí você não vai comer não, eu digo, ué mais isso
aqui é doce, ela disse não, pode ser até doce, mas contem sal,
contem gordura, lá eu tirei.
Outra pessoa: Meu pai que comeu. Seu Dodô que ta bem de saúde
graças a Deus.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 17 - Macarrão, adoro macarrão e polenta com frango e
salada. O que eu não estou gostando é das carne vermelha, essas
coisas, que tão muito seca. O sabor está bom ainda o sabor, daí eu
coloco o sal, daí é onde eles conferem o sabor da comida né, está de
acordo, que nem assim, o purê de batata deles, é uma batata cozida
amassada e só, não vai mais nada ali, nem leite nada, é só uma
batata amassada, é isso aí, então as vezes a gente acaba deixando
né.
PAC 17 - Comer bem é comer tudo que vem, hoje veio frango pra
ela e ela quer carne vermelha. O que é importante pra mim, pra
gente é comer tudo, tudo né que tiver ali teria que comer, mas como
não é, não é sempre do teu agrado.
Mas a gente não come ás vezes, eu acho que é pela saúde mesmo
viu, não é nada a questão de ambiente nada não, eu acho que a
questão é da saúde mesmo, que eu sou assim também, muito ansiosa
entendeu, e essa ansiedade faz com que atrapalhe até na hora da
alimentação.
E a alimentação é importante né, porque ajuda em todos os
sentidos né, pra você não acaba enfraquecendo, da anemia, a
recuperação é a tua alimentação né.
MUDANÇAS
PAC 17 - Eu acho que é no tempero. Tempero, é sabor, mas o resto,
e cuida muito assim, pra não trazer comida que nem carne, frango
queimado, se já comeu frango queimado? Não queira comer, é
horrível, é horrível, porque daí ele fica impregnado, ele fica
impregnado em toda a carne, queima de um lado, ele passa o sabor
do queimado em toda a carne. Não tem jeito, tem que cuida muito.
vontade, podia ser
mais tarde
Refere nutricionista
Alimento extra –
bolacha, rosca de
polvilho
Proibição
Nutricionista
orientação
Comer bem –
macarrão, polenta com
frango.
Não gosta – carne
vermelha, muito seca
Sal dá sabor
Purê de batatas
Comer bem -
quantidade
Doença interfere na
aceitação da
alimentação
Alimento como
tratamento
Mudanças – tempero,
carne queimada
PAC 18- Pra mim a comida de hospital é boa, tem vez que vem boa,
tem vez que não vem boa não, vem mal temperada, sei lá o que,
depende das cozinheiras, porque sempre tem cozinheira domingo
Comida depende da
cozinheira
168
que vem uma comida que é uma maravilha, da vontade até de se
tiver duas ou três coisas a mais a gente come, e tem coisas que a
pessoa não come, deixa e leva de volta. O tempero, quem é que não
gosta de tempero, a comida, o que é que faz a comida gostosa, é o
tempero, não tendo tempero não sai comida boa. Ah é o tempero,
comida temperada é comida boa, não sendo temperada não.
Quando falam de comida de hospital eu lembro, é que eu digo, ó lá
no hospital quando tem carne moída eu não como, eu tem vezes que
quando eu estou com muita fome eu como, tem vez que não, um dia
desses eu cheguei aqui, não sei que comida era, a foi peixe,
trouxeram o peixe aqui, botei a língua, só tinha cheira de uma
cebola, ainda vem doce ainda, nem sal não tinha, estava insossa, foi
tudo de volta, aí se elas vinham, o senhor não almoço né, aí como
que eu vou comer, quando eu abri ali vem um cheiro ali, provei tava
insossa, aí não quis, foi tudo de volta.
HORÁRIO
PAC 18- Ah, o único que vem mais tarde aí é só o café da noite que
nos outros lugar vai oito hora, oito e meia, aqui chega dez hora, é,
por que ele faz aí o setor todo, primeiro ele faz lá, aquela parte lá...
É, muito tarde.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 18- Como aqui, ali na mesa, mais é aqui.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 18 - Tem vez que nós conversamos, quando a comida é ruim, a
gente conversa mais ainda. A gente fala assim, hoje não da para
comer, hoje tá ruim, aí a fome, a fome pelo menos não tem mais
fome. Acabo a fome.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 18 – Tenho comido bem, a pra come, come, quando a comida
vem boa, quando vem ruim, aí, aí vai, aí eu me ataco no pão de
tarde ali com o café. O que eu gosto mais mesmo é do café, no café
é melhor pra mim, às oito horas, de manhã, de manhã
SERVIÇO
PAC 18 - A copeira traz a comida, tem uma aí que traz o café de
noite que, de vez em quando nós conversamos...Aí a gente fala, ó o
caminhão furo o pneu por isso que o café veio atrasado...ela diz:
vocês tão com fome já? eu digo: não!!! se acha que nós estamos
com fome, não.!! Mas normalmente elas deixa aqui a bandeja e sai
pra lá.
FOME
PAC 18 – Na hora que chega a gente ta com fome ta pois eu não
como mais nada a não ser o café, então o café. Mas as vezes quando
abre a bandeja, aí passa fome, quando é gostosa, até da um
cheirinho, ainda anima a gente a come, ó hoje, hoje até que era uma
comidinha boa, depois um peixe frito, até que veio boa, aí eu comi.
Mas o dia que vem peixe cozido aqui é ruim, aí só que hoje eu comi,
porque veio frito, peixe a milanesa.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 18 - Pra mim mais importante mesmo que eu gosto que eu
Tempero
Peixe
Insossa
Cheiro
Alimento provoca uma
série de sensações
desagradáveis e
desprazer
Café da noite – vem
mais tarde, chega
atrasado
Interação – refeição
momento de troca
(reclamam da comida
Acabou a fome –
comida hoje ta ruim
Preferência – café com
pão
Serviço - Atraso da
entrega da refeição da
noite
Alimento provoca uma
série de sensações
desagradáveis e
desprazer
169
sempre pedia, é galinha frita, aí mas eu pedi um dia ali, elas é, mas
o senhor não pode come muita fritura por causa da banha, que não
tem a ver com banha, pois eu não estou tomando remédio, não to
tomando nada, banha, va _____ de banha. Pra mim é galinha frita,
eu gosto mais da galinha frita, eu gosto mais da galinha frita que
galinha ensopada. E o que eu menos gosto, vou dizer, é a carne
moída, não gosto, a carne moída, carne moída e ovo na minha casa
nunca entro e não entra, agora entra porque a minha filha gosta, o
meu neto gosta aí, mas.
PAC 18 - O que eu gosto em casa é mais temperado, é que sou eu
também que faço a comida, ás vezes, hoje é o pai que vai fazer a
comida, aí eu boto no fogo, daí vou e deixa que eu faço, aí, eu faço
um peixe com caldo, peixe, faço ensopado de peixe, todo mundo
senta na mesa, que coisa gostosa seu PAC 18, estou com vontade
até de comer a panela, pode comer, come tudo.
MUDANÇAS
PAC 18 - Que eu mudaria, agora só o que eu digo que deve chegar
aqui, o que eu gosto é, só o que vem é só arroz, só arroz, só arroz,
podia vim um macarrãozinho né, muda um pouco a comida, a
variedade, só arroz, só arroz, só arroz, arroz feijão, arroz feijão e
salada, tem vez que vem salada, tem vez que nem vem salada, é
porque salada eu também não pego, não gosto mesmo, eu como mas
não gosto muito. É a questão de variar.
Comer bem – galinha
frita
Menos gosta – carne
moída e ovo
Em casa – mais
tempero
Cozinha em casa –
tempero, peixe
ensopado
Mudanças – variar o
arroz por macarrão
Variedade
PAC 19 – A comida do hospital é gostosa. Que eu estava de
tratamento ali, com esses negócio já tinha sangramento ali, não
tinha sal né, mas trouxe uns pacotinho e nós colocamos, agora tem
sal.
HORÁRIO
PAC 19 – Eu gosto do horário.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 19 - Como sempre aqui no quarto, na mesinha. Sempre tem a
filha junto ou o rapaz.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 19 - Sim, sim. O horário que eu como melhor é a hora que eles
trazem, porque sempre demora. Alguma coisa sempre sobra, mas se
traze demais, a hora que esfria não vai mais.
OUTROS HORÁRIOS FORA AS REFEIÇÕES
PAC 19 – Como maçã, maçã ta aí para nós comer, da pra compra
pra come né.
SERVIÇO
PAC 19 - Ela quer que coma tudo.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 19 - Se bota sal, eles sabem que eu comeria, tendo sal aí eu
gosto de tudo.
Outra Pessoa (filha): Coisa doce, coisa doce ele não é muito
chegado, nunca foi, nunca foi.
MUDANÇAS
PAC 19 - Não precisa muda, vai muda o que na comida, não da pra
comer.
Sal
Maça
Sal
PAC 20 - Não minha filha, eu até digo assim quando vejo a comida
Diferente de casa por
170
aqui só é diferente porque é insossa, mas é a gente tem que come
aquilo né, mas eles mandam um pouquinho de sal, eles mandam
também, eu até acho de mais porque além de eles da a comida pra
nós, ainda dão para os acompanhantes, é, dão para os
acompanhantes, ainda dá pra eles dormir e ficar aqui, e se a gente
precisa eles vão e pegam a comida para eles. Gosto muito, gosto.
HORÁRIO
PAC 20 - Não, o horário tá bom, o horário tá bom, se eu as vezes
não como comida, ó eu vim pra aqui no ano passado em dezembro,
eu não suportava mais o café e o pão, fui embora, ai tipo assim
suporto mais a minha casa, o café e o pão, mas o leite pra mim é
sagrado, _____________ e vem até as dez hora da noite.
- Mas café e pão a senhora não come mais?
PAC 20 - Não comi mais depois da última vez que eu me internei,
enjoei, não comi mais. As outras coisas eu tento, as outras coisa eu
como tudo, a verdura direitinho, a carne, frango desfiado, frango
assado, feijão também vem pra gente, tudo muito bom e de boa
qualidade.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 20 - Sempre como aqui como eu sento agora, na mesinha.
- Essa senhora que ta aí, ali _________ também comeu, a minhas
filha quando tão aqui tão aqui perto e depois vão almoça, depois de
nós almoça elas vão almoça.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 20 – Conversamos, eu digo muito mais que a gente ainda deve
bota os joelho no chão, olhasse pra cima e agrade a Deus, porque
assiste o povo todo e ainda da comida pra nossos familiar né,
tadinho deles.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 20 - Tenho, aqui uns dois dias atrás, não três dias atrás eu não
estava comendo, mas porque não podia, agora de ontem pra cá eu
já cheguei a comer, com a graça de Deus. Eu como melhor ao meio
dia. É porque lá na minha casa também é assim, tomo um copinho
de leite e vou almoçar ao meio dia, depois o café da tarde daí eu
não tomo, mas eu nem o leite lá tomo e aqui tomo, eles vem trazer
pra mim. E a janta também, e de noite as dez hora um mingau com
café ou pão ou leite, eles trazem pra nós.
SERVIÇO
PAC 20 – A moça (copeira) sempre traz a comida e conversa, me
diz, olha a comidinha de vocês, ainda temos uma fruta, uma banana,
um mamão, um pedaço de melancia, um melão, boas qualidade a
comida aqui.
FOME
PAC 20 - Agora eu tenho fome porque agora eu to comendo né, no
horário de comer aí sempre da aquela fominha na gente, mas até
agora eu não tive, porque eu não tava bem, eu tive muito
atrapalhada, agora não, tudo que vem a gente come.
CONVERSA COM MÉDICO, NUTRICIONISTA...
PAC 20 - Não, nem tem o que conversa, a nutricionista vem aqui e
sabe isso se nós queremos outra coisa, se nós não queremos, já é
causa do sal
Acompanhante recebe
alimentação
Repetição faz enjoar
da comida (café com
pão)
Salada, carne, frango
desfiado, assado,
feijão
Boa qualidade
Acompanhante –
auxílio
Refere as várias
refeições
Come melhor no
almoço – como era o
hábito
Serviço –
Frutas – banana,
melancia, mamão,
melão
Boa qualidade
Patologia interfere na
alimentação
Cuidado da
171
pra dizer isso, ela vai lá e já diz pro outro, a refeição já vem. Muito
bom, muito bom
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 20 - Olha, eu até nem tenho o que dizer porque vem muita
verdura, o feijão, até tem polenta, muita salada, ó eu sou uma
pessoa que não podia engoli quase arroz, mas até vem o arroz
empapadinho, o arroz branco pra mim. Gosto de tudo, tudo, tudo, o
que eu não gosto bem é o peixinho, mas mesmo que venha pra mim,
eu não digo nada porque a bondade é tanta que a gente não tem
como falar.
PAC 20 - Eu acho assim que comer bem né, acho que é o que vem, a
gente limpa o prato, como agora ainda hoje só tinha o meu filho, eu
comi tão bem graças a Deus, é a salada, é o feijão, é o arroz, foi o
frango, tudo aquilo, essa, é comida é direitinho pra gente comer, se
a gente não comer é porque quando chega numa hora que está mais
doente, não come.
PAC 20 - A comida que eu mais gosto na minha vida é o picadinho
e é o feijão, eu adoro vem pra mim, vem também.
MUDANÇAS
PAC 20 - Eu não teria que mudar nada, nada nada nada, é porque é
tudo muito bom, muito limpo, muito bom.
As roupas de cama é uma maravilha, nós não passamos mais de
um dia, eu tomei banho que elas foram me dá, enquanto uma foi me
dá, outra veio limpa, muda a roupa de cama, amanhã de manhã é a
mesma coisa. É um cuidado muito bom. Muito cuidado, muito
cuidado.
nutricionista
Atenção – arroz
ensopadinho devido a
doença
Não gosta – peixe
Aceitar o que vem sem
falar
Comer bem –
quantidade, companhia
(filho)
Preferência –
picadinho, feijão
Qualidade higiênica
Serviço – roupa de
cama
Cuidado
PAC 21 – A comida é boa, bem gostosa. No [nome do hospital] eu
estive três meses e quinze dias com um filho meu lá, eu não comia
no hospital porque eles não davam comida né, eu comia numa casa
de apoio embaixo na geral, perto do Maré Alta por lá, eu comia lá
embaixo, lá era comida ruim porque era do governo que dava pra
gente comer lá pra uma senhora fazer para as pessoas que não
tinham que comer, como se fosse um albergue lá, mas do hospital lá
eu não posso dizer nada por que eu não comia.
PAC 21 - Mas aqui é muito bom, muito bom, feijãozinho bem
gostoso, bem temperado que vem, até a minha filha disse assim, mas
que bom né mãe, eu disse pois é pra ti vê, tem gente que reclama da
comida... oh essa que ta aqui (paciente do leito ao lado), coitada,
hoje ela vômitou dentro da bandeja, só quando viu a comida assim
arrepia tudo e vomita e não come a comida, minha filha, e não come
a comida, não come, não come, não come, desde quinta-feira que eu
estou aqui essa mulher não comeu uma colherada da comida, ela se
arrepia tudo e faz nojo e faz ânsia, diz que não consegue engolir e
faz ânsia até vomitar, ela só come pão com café, um ovinho no pão e
mais nada.
Eu adoro, como tudo. Até o primeiro dia que eu cheguei aqui que
eu não tinha, que eu fiquei tão feliz, que eu chorei bastante em casa
de contente de me chamarem, ela não comeu a comida dela e eu
tava com fome daí eu comi a minha e comi a dela, tudo, daí elas
Comparação com
outro hospital – não
tinha comida para
acompanhante
Comida boa – feijão,
tempero...
Paciente ao lado –
enjoada Alimento
provoca uma série de
sensações
desagradáveis e
desprazer
172
disseram assim, mas você comeu, eu comi, ela meu deu, a minha era
pouquinha até eu comi tudo, tava tão boa tão gostosa pra que joga
fora, daí eu contei para as moças (copeiras), daí ela disse não, não
coma mais porque a tua é uma, a dela é outra, depois eles vão
pensar que é ela que está comendo e ela não está comendo,
problema dela é outra coisa, ela tem diabete, daí a moça disse, se
você quiser comer mais pede que eu trago, daí eu disse então não,
então não, tá bom, mas agora to bem, estamos bem, não da pra
passar fome.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 21 – Como aqui no quarto, bem aqui, sentada aqui.
AUXÍLIO
PAC 21 – Sempre tem alguém aqui comigo, sempre tem ela
(paciente do leito ao lado), tem os acompanhantes dela, porque
acompanhante meu não veio nenhum porque não há necessidade, a
minha filha vem todo dia de manhã, hoje sete horas ela estava aqui,
porque ela queria fala com o médico também e assisti tudo, ela veio
assistiu, uma hora ela foi embora, a assistente social veio na sexta
feira de noite trouxe um cartão pra ela ir comer lá embaixo, tomar
café, almoçar e jantar, então quando ela vem ela vai lá e come,
nossa Ave Maria, é um hotel cinco estrelas só a única coisa que está
faltando é a piscina, só falta a piscina, a hidroginástica, mas ta tudo
bom.
Outra Pessoa (acompanhante): Cadê o teclado?(dentes)
PAC 21 - O teclado tá ali porque me deu uma crise de tosse tão
grande ontem, quando a moça veio convida pra nós ir em uma
reunião lá, que tem psiquiatria não sei o que lá na outra sala, e me
deu uma crise de tosse muito grande que chego a machucar, até eu
ia, é daí eu falei pro médico, o médico me trouxe bicarbonato pra
mim colocar, ta melhorando, mas eu não quis colocar já pra não
machucar, porque é uma dorzinha terrível, minha nossa. É, daí pra
comer eu não consigo então já que está melhorando eu vou esperar
mais um pouquinho pra colocar.
Eu como bem em todas as refeições, igual todas elas, igual, não
tem diferença nenhuma.
SERVIÇO
PAC 21 – São as copeiras, é a copeira, só a noite das nove que é um
senhor. Converso com eles, eles vem e perguntam o que a gente
quer, se quer café, ou quer leite, o ou quer chá, o que prefere, vem
aqui e conversam com a gente bunitinho assim, ai traz aqui, larga
aqui, muito bom, muito bem atencioso eles tudo.
FOME
PAC 21 - E quando chega a comida a gente não ta com fome, mas
como porque fazer o que né, eu como, é onze e quinze, onze e vinte
já está a comida, cinco e meia...de novo... agora estava pensando,
meu Deus eu vou dormir até umas horas...aí já a moça chamando
pra tomar o café, eu disse, mas o que se ta fazendo, você não faz
nada, só vive com comida é. Aí já vem a janta, você vê, já vem a
janta.
COMER BEM NO HOSPITAL
Comeu a comida da
paciente ao lado que
não quis
Acompanhamento
Refere assistente
social
HU hotel cinco
estrelas
Serviço – atenção
Sem fome quando
chega, mas come
Várias refeições
173
PAC 21 - Pois olha, eu não posso te dizer nada porque está tudo,
tudo ótimo, não falta nada e também não tem nada de mais, ta bem
temperada, ta bem gostosa, não é sem sal, não é salgada, a carne
bem molinha, bem cozidinha, bem gostosa, bem bom, tudo bom, vem
quentinha, não está comida gelada.
MUDANÇAS
Outra Pessoa (ACOMPANHANTE): Ah, um bife acebolado, um bife
a milanesa.
PAC 21 - Veio, mas veio, veio, veio bife acebolado, veio.
Outra Pessoa: Uma batata frita.
PAC 21 - A batata frita não veio, mas não sou muito chegado em
batata frita também sabia.
Em casa eu faço feijão, arroz, batata assada com carne,
batatinha inglesa já coloco junto com a carne no forninho, galinha
frita, galinha assada, carne assada de panela, ensopada, picadinho
com batata e salada.
PAC 21 - E do hospital para minha casa não tem muita diferença,
só é que sei lá, eu às vezes, em casa quase não como porque a gente
ta enjoado de vê aquele cheiro da comida e aqui não é eu que faço,
e aqui não é eu que faço e o velho com quem eu vivo às vezes
quando eu saio que é ele quem faz a comida, eu como bem a comida
dele porque não fui eu que fiz porque ele cozinha bem também o
velho, ele cozinha bem, mas está tudo beleza, meu Deus do céu.
Tudo bem, tudo bem, os médicos vem tudo de manhã, vêm quatro
cinco, tudo eles conversam um pouquinho com a gente né, a gente
conversa, que a gente sente, como é que a gente está, como é que é,
a única coisa que eu quero, eu disse, que Deus abençoe vocês, que
descubra o que eu tenho que ache uma medicação pra mata esse
vírus que eu tenho e que eu saia boa daqui, que eu possa trabalhar,
que eu possa caminhar, que eu possa saí perto de gente assim na
sociedade como eu ia que eu não posso, tenho vergonha, né.
- Não, mas se Deus quiser vão achar.
- Que as perna não dói, só o que o dói é a dor, que essa dor se suma
de uma vez por todas e as perna que fique boa né.
Comida ótima
Bife acebolado
Casa e hospital
parecidos
Enjoada da comida
dela (em casa)
Médico
Angustia sobre o seu
diagnóstico
PAC 22 - Quando eu escuto falar em comida de hospital eu lembro
uma coisa ruim.
HORÁRIO
PAC 22 - O horário está bom assim, em casa a gente come um
pouquinho mais tarde que nem a noite né, a gente come um
pouquinho mais tarde.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 22 – Como aqui no quarto, puxa a mesinha.
AUXÍLIO
PAC 22 – Sempre o meu marido está junto comigo.
CONVERSA COM OUTROS PACIENTES
PAC 22 - Conversamos. Ah, as vezes a gente fala de casa né ... que
a gente tem o rapaz em casa sozinho né. Da comida assim, ele
(marido) que faz força pra mim comer né. E como eu estou meio
enjoada, daí não lembro de comida.
ALIMETAR-SE BEM
Comida de hospital
ruim
Horário de casa mais
tarde (almoço e jantar)
Acompanhante
Incentivo do marido
174
PAC 22 - Não estou comendo muito bem esses últimos dias, não sei
dizer por que, mas acho que é por causa da minha situação, desde
que fiz a primeira quimioterapia pra mim a comida daí já enjôo...
OUTRAS REFEIÇÕES
PAC 22 – Só como na hora que vem, não to comendo nada que vem
de fora, só o que tem aqui dentro.
SERVIÇO
PAC 22 - Quem traz a comida é a copeira né, e assim às vezes ela
conversa, ela pede de onde que nós somos né, da comida ela não
fala.
Não, só um dia né que eles trouxeram frango e era meio mal
passado, daí ela disse assim, mas tu não comeu, daí eu disse, eu não
posso comer assim, daí ela só disse assim, eu também não como,
não posso comer.
FOME
PAC 22 – Não tenho fome quando chega a comida.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 22 – Com a nutricionista sim, por que ela vem todo dia né.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 22 – Está tudo bom a comida né, só que é a gente que não tem
o apetite né. Só não gosto do peixe né, o peixe não, o frango se é
meio mal passado daí não vai daí, tem que ser bem fritinho. Ah,
assim, tem dias que eles trazem sem sal e daí eles traz um
pouquinho de sal pra por em cima né, e daí a verdura não tem
limão, não tem vinagre nada, é só cozida assim e por o sal por cima.
MUDANÇAS
PAC 22 – Eu só colocaria um pouco de limão.
Outra Pessoa: Uma polenta.
Estou sem apetite, com enjôo.
Doença interfere na
aceitação da
alimentação
Frango mal passado
Sem fome quando
chega a comida
Nutricionista
Falta de apetite
Não gosta de peixe
Sal, limão, vinagre
Mudanças – colocaria
limão
Sem apetite
PAC 23 - A comida está boa pra mim, não pra mim tudo que vim ta
bom, pra mim eu não nego nada, a única coisa eu não gosto é do
verde, e é o importante né, mas eu não gosto não adianta.
HORÁRIO
PAC 23 - O horário, aÍ tem vez que me da fome até antes, eu vejo
ela comendo, porque ela come as onze e eu ao meio dia, e daí me dá
fome, daí eu digo diabético que era pra come antes né, então não é
o diabético que não pode passar fome, daí da vontade de comer.
MOMENTO DA RFEIÇÃO
PAC 23 - Como no quarto.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 23 - Não, eu não, eu to ali comendo, to bem quietinha, no meu
canto quieta. Tem dia que a gente até comenta se foi bom ou não
assim entre a gente mesmo né. Aí, tem dia que vem a mais, igual
ontem veio menos pra mim e mais pra ela, veio frio, muito gelado,
muito frio como eu já falei pra nutricionista, então, mas não é assim
um comentário assim de falar, se estava bom ou não, assim, a gente
conversa, eu pelo menos da comida não tenho, só ontem mesmo que
eu achei pouquinho de mais, eles botaram bem pouquinho, digo, aí
eu vou ficar com fome.
Comida boa
Não gosta – salada
verde
Interação – refeição
momento de troca
(reclamam da comida,
fria, quantidade)
Refere nutricionista
175
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 23 - Não tenho comido bem. Em qualquer horário pra mim são
certinho.
SERVIÇO
PAC 23 - A gente brinca de vez em quando durante a comida, que é
isso, que é aquilo, ou então a comida hoje não está boa ou, quando
é peixe eu também não gosto de peixe, daí eu digo, aí tu troca pra
mim, mas ela não pode tem que ser aquilo ali mesmo, daí eu como
aquilo ali.
Mas a nutricionista vem sempre, todos os dias é, a copeira ela
quase não pergunta, mas a não ser que ela peça.
FOME
PAC 23 – A hora que chega a comida estou com fome... esperando.
VISITA
PAC 23 - Quando vem visita eles não trazem nada.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 23 - Não sei, pra mim tá, pra mim tá bom. O que eu mais
gosto, eu não gosto de salada, eu gosto de coisa cozida, tipo
cenoura, beterraba, chuchu, essas coisa eu gosto, agora fora à
salada acho que coisa verde pra mim se vim vai, volta tudo de novo.
Não sei, porque pelo o que eles me dão aqui seis refeições por dia
não dá tempo de ter fome, então pra mim tudo é gostoso porque a
gente tá esperando assim, a gente sempre só tá comendo, dormindo,
é tipo um estar né e remédio, então a gente já espera por aquela
comida naquela hora, então é uma coisa que tá tudo bom, que não
foi a gente que fez, é que é, tudo é gostoso, pra mim tudo é gostoso,
tem dia que eles botam o sal e eu esqueço de coloca o sal então vê,
eu não sinto o gosto do sal, eu deixo as duas graminhas, quando eu
terminei de comer que eu olhei as duas graminhas de sal ali, eu
comi tudo sem sal e pra mim tava gostoso, então eu não tenho o que
reclama da comida, não tenho mesmo.
PAC 23 - E sempre é, sempre muda, não é todo dia a mesma coisa,
né é isso que faz a pessoa, hoje pode ser carne moída ou galinha,
amanhã é carne, então não é uma coisa só repetida todo dia, sopa
sopa sopa sopa toda, igual no outro hospital que eu fiquei dois
meses lá em tubarão, toda noite a gente já sabia, era um prato de
sopa e um pão com carne dentro, então toda noite era aquilo, toda,
era repetido, não podia.
No [nome do hospital], toda noite é só sopa, não fazem outra
alimentação, é sopa à noite e pronto, não adianta, eu já sei, é sopa,
não tem o que espera e no almoço daí mudava de vez em quando
uma coisinha outra, mas a janta era sopa.
É bem diferente lá, tanto a alimentação como a, a nutricionista
lá, eu nem cheguei a conhecer a nutricionista, ela nem foi no
quarto, e aqui é bem diferente, eles vem e perguntam se está
gostando ou não, se quer uma coisa que, né que eles podem que eu
possa comer né, se pode ser alguma coisa, daí eles tiram uma e
colocam outra pra repor assim, o tanto de caloria que eu preciso,
então uma gelatina de vez em quando a gente pede sabe, me dá uma
gelatina, será que eu posso, eles até botam uma diet, então é uma
Serviço – brincadeiras,
trocas
Nutricionista
Fome no momento que
chega
Comer bem – salada
cozida
Seis refeições – não
sente fome
Sal
Comparação outro
hospital – repetição,
sem variedade (noite
sempre sopa)
Nutricionista outro
hospital nem conheceu
Atenção da
nutricionista
176
coisa assim que a gente, não é um hotel cinco estrelas né, a gente
está internada, mas eu não tenho o que reclama. É, aquela dieta e
pronto, eu to comendo bem graças a Deus.
MUDANÇAS
PAC 23 - Aí só a verdura, mas daí os outros gostam e eu não posso
muda pra todos né, não posso. A pra mim eu queria só comer a
salada cozida, crua não, crua eu não gosto. O restante ta bom, o
peixe que eu não gosto né, mas como por que faz parte né. Faz bem
pra saúde né, então eu tenho que pensa é nisto né, que eu to fazendo
mesmo sem gosta, mas eu tem que come né.
Hotel cinco estrelas
Mudanças – salada
verde, crua – tirar
Peixe não gosta
Alimento como
tratamento
PAC 24 – Pra mim ta bom a comida. Bom, vem sempre a mesma né
porque, mas dá pra se alimentar bem.
HORÁRIO
PAC 24 – Está certo o horário, porque de manhã, primeiro é
horário novo né, pra mim é mais cedo cada horário, mas agora já ta
ficando velho, normal.
Em casa eu não me alimento tantas vezes, não muito porque as
vezes, de manhã quase porque nós tomava café tarde dependendo
do dia era bom, aí almoçava era onze e meia por aí, a tarde então
nós fazia mais um lanche a noite.
MOMENTO DA REFEIÇAO
PAC 24 – Eu como aqui no quarto, senta ali e puxa a mesa bem
perto. Vem, a minha mulher sempre vem, o filho, a filha que eles
vem, daí eu disse pra eles, não precisa fica aqui agora porque a
gente ta bom né, daí eles forçam depois pra mim comer tudo e a
gente fica feliz de ter acompanhante né, então a mulher veio ontem,
hoje ela vem de novo.
AUXÍLIO
O senhor consegue se alimentar bem, alguma dificuldade?
PAC 24 –Sim, sim... vem o meu filho, minha nora, vem os netos
também que ajudam.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 24 – Conversamos, a gente fala essas coisas assim pra entreter
o tempo.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 24 – Tenho me alimentado bem, tenho. Acho que foi ao meio
dia que comi melhor né, porque de manhã a gente não tem fome, daí
meio dia já, a noite também do uma beliscada. Hoje eu comi uma
galinha, um pedação grande de galinha e arroz e ____________, e
verdura assim, gosto muito de verdura...se não tem verdura pra mim
não é comida, daí em casa é bacia véia de verdura, é verdade, se
não tiver verdura pra mim não é comida, daí meio dia vem com uma
polenta, vinagrete.
SERVIÇO
PAC 24 – As moças trazem a comida, a gente conversa, damos
risada, a gente brinca né .... começam a brinca, começam a xinga a
gente de coisa assim né, tudo bem, tem a que faz faxina também ali,
brinca com a gente, caçoa, pra mim não, não faço distinção de
conversar com pessoa né, pra mim tanto é velho ou novo, criança,
moça, pra mim, pra mim tudo uma coisa só.
Repetição
Seis refeições – em
casa não fazia
Acompanhante –
incentivo para come
Auxílio -
acompanhantes
Almoço come melhor
Verduras gosta
Serviço –
brincadeiras..
177
FOME
PAC 24 - Às vezes quando chega a comida eu tenho fome, muitas
vezes não, mas daí começa comer, daí vai. Acabo comendo bem.
VISITA
PAC 24 – Quando eles vem aqui daí trazem, vem sempre com
alguma coisa né, uma uva, um iogurte, meu filho quando vem, já
vem com dois coisa de iogurte. Aí depois da janta, depois da janta
na hora de dormir né eu como.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 24 - Não sei, o que é mais que vem aqui é arroz, feijão, um
pouco de feijão, é a carne, mas pra mim tudo pra mim já é o
suficiente. Só os peixe né, é só o peixe que eu não gosto, a sopa
também é mais ou menos, não é lá essas coisas né porque é pra
muita gente né, mas tá bom. O tempero é bom né, não é muito
gorduroso ou muito sal pra ser mais gostosa né, mas ta dentro do
limite que o médico receito né.
PAC 24 - É um pouco diferente da comida de casa por que a gente
se acostuma de manhã come um pão salpicado com queijo ou
salame, daí tem diferença né, até anteontem a mulher tava tomando
café, ela e a filha, e comendo um pão salpicado lá, começo a come
de repente caiu duas vez a pimenta, diz é ele que ta ___________ a
polenta, aí pedi pão pra leva né, a não, chega aqui é assim, sei lá, já
vou pra casa e tira sal né. No almoço em casa a gente tem feito
massa, meus filho gostam muito, não é muito.
MUDANÇAS
PAC 24 - Eu já gosto um pouco de massa, vem só arroz arroz, enjoa
né, não veio massa nem uma vez né, aqui não, o tempero ta bom né,
é pouco né, mas __________________________ __________
colesterol né, então, mas ta bom. Não veio nenhuma vez macarrão,
____________ quatorze dias, não veio nenhuma vez. Muda pouco a
comida, mas não dá pra se queixar, não da pra se queixar não,
porque é bastante gente né, não é fácil também, mas dá, dá pra se
alimentar bem.
Fome as vezes
Alimento extra- uva,
iogurte
Comer bem -
Peixe, sopa não gosta
Médico – prescrição
Comida de casa – pão
com queijo, salame,
polenta, massa
Mudanças – massa
(macarrão)
Queixa – não dá pra se
queixar
PAC 25 - É uma comida de hospital né, é o que é normalmente em
hospitais, eu como se diz né, estou hospitalizada, mas meu marido já
teve duas vezes aqui, ele gostava da comida, mas eu não porque eu
to com regime, comida sem sal, aí é mais difícil.
PAC 25 - Quando eu ouço falar de comida de hospital eu pensava
em comida fraquinha, mas, até que não, eles dão bastante verduras
assim né, vem carne, vem frango, tudo quando as pessoa já
comentam sobre a comida de hospital todo mundo acha ruim né,
isso é uma coisa que já é, encravou, mas não, não se compara com
a comida de casa, ninguém vai querer isso, ninguém vai querer uma
comida que falte sal, vai querer outra coisa, eles faz o que eles
podem né porque tem medida pra tudo né, mas não é ruim a comida
não, não dá pra reclamar.
HORÁRIO
PAC 25 - Com relação ao horário está bom, pra mim ta bom que
levanto cedo, ta bom, eles até que eles aqui não dão comida muito
cedo sabe, então ta tudo ótimo, eu acho ótimo. Em casa eu já tenho,
Sal (dieta)
Comida fraquinha
Comida ruim (senso
comum)
Sal
Igual em casa
178
eu tenho o hábito de levantar cedo, tomo meu desjejum cedo e
almoço cedo então não estranho né.
MOMENTO DA REFEIÇAO
PAC 25 - Sempre como aqui, boto na mesinha aqui, sento na cama e
como. Quem está junto normalmente são as outras pessoas
internadas.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 25 – Não conversamos muito, mais ou menos, de vez em
quando uma brincadeira, todo mundo se concentra.
COMER EM OUTROS HORÁRIOS
PAC 25 - Não, não posso porque aqui eu to com regime, não posso
comer doce, não posso, então vai ter que me contentar com que tem
e quietinha, vontade eu tenho né. Sinto vontade de comer um bom
sorvete, isso eu tenho sempre, pra uma pessoa que não pode comer
doce, normalmente ela sente vontade de comer né.
SERVIÇO
PAC 25 - Quem traz a refeição normalmente é a copeira, ela deixa
a comida aqui, ela fala alguma coisa, sempre brinca, sempre a
gente brinca, faz uma brincadeira, depende da copeira né, mas são
tudo muito legal.
FOME
PAC 25 - Quando chega a comida normalmente estou com fome
sim, hoje estou.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 25 - O que é mais importante na comida de hospital, acho que
depende de cada um né, o que a pessoa pode comer, o que a pessoa
gosta, importante é ter verdura né, ter salada, isso sim é o que é
importante, a verdura realmente eles nem podem fazer uma verdura
muito variada, eles não tem condição, daí tem que entender. É
assim, as comidas já estão sem sal então não sinto sabor em nada,
eu sou, gosto muito de sal né.
Em casa aí eu gosto muita da comida, de sentir o sabor, o tempero,
tempero muito a minha comida então é meio estranho, mas até que
tem bastante tempero.
MUDANÇAS
PAC 25 - Se eu pudesse eu fazia o meu tempero pra eles, mas eu
não posso. É uma comida bem temperada, só não boto pimenta
porque eu não posso. Em casa a maioria das vezes, eu faço a
comida, é só os dois né então de vez em quando a gente, sai mais
barato comer fora, nós já fizemos as contas, sai mais em conta e
também sempre sobra comida em casa e vai fora, sobra, e eu não
sei medir direito, não aprendi até hoje.
Desejo – doces,
sorvete
Proibido dá vontade
Está com fome quando
chega a comida
Depende da dieta
Comer bem –
verduras, sal
Em casa – sabor,
tempero
Mudanças – tempero
de casa
PAC 26 - Quando fala em hospital pensa em comida de doente,
quando a gente ta em casa né, tem que ter um temperinho, uma
coisinha né, aqui tudo de doentinho.
HORÁRIO
PAC 26 - Ta bom, a horário ta bom. Em casa eu não como tanto
como aqui né, assim né, mas eu como também, só que em casa é
outra comida a gente já, tem mais apetite, tem mais gosto quando a
gente não está doente né, só que agora nesse ponto a gente ta
Comida de doente
Seis refeições – em
casa na come tanto
Em casa – mais apetite
179
doente né. Ah, em casa eu faço bem, bem temperada, bem
temperada.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 26 – Eu como aqui mesmo, ás vezes a gente come ali ó, na
mesinha, as vezes aqui na cama
AUXÍLIO
PAC 26 - Ela, a minha filha trabalha fora né, as minhas irmãs
saíram agora daqui, as duas né, e a minha filha trabalha, aí ela vem
um pouco, amanhã ela vem.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 26 – Com a minha filha a gente conversa sobre as coisas de
casa né, as coisa de casa e da comida a gente conversa, que a
comida é essa, que é comida de doente mesmo, eu tenho irmã aqui, é
a Selma que trabalha aqui, é minha irmã, aí ela vem pra cá, porque
minha filha trabalha né, ela pega a uma, só larga as dez da noite tá.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 26 - Eu tava melhor, agora to, fiquei ruim, porque eu não to
tendo fome e fiquei ruim de ontem pra cá, e tava comendo melhor. É
a doença.
- Eu como melhor o que eles dão almoço e café. Mas, sempre eu
como, mas daí eu fiquei ruim de novo, não sei porque, ai meu Deus,
que ruim....
SERVIÇO
PAC 26 - A copeira traz a refeição pra gente, mas ela nem conversa
né...ela quase nem tem tempo coitada, também tem muito serviço né.
As vezes, elas perguntam se ta gostando, se não ta. A gente tem que
dizer que ta gostando, não tem jeito, comida de doente no hospital,
mesmo que não goste né, vem sem sal, sem nada né.
FOME
- E quando chega a comida a senhora está com fome?
- As vez to, agora já não.
VISITAS
- E quando algum familiar seu vem visitar a senhora, eles trazem
alguma coisa pra comer?
- As vez eles trazem uma coisinha assim, mas eu não posso come né,
só as coisa do hospital, só o que eles dão aí.
- Nem uma fruta?
- Fruta tem um pouquinho né, tem tudo ali que fica aí.
- Não come?
- Não.
- E quando a senhora come, qual é o horário?
- A hora que me da vontade, a hora que dá o apetite eu como, tem
até uma maçã ali, é tá aí desde ontem, desde ontem.
COMER BEM NO HOSPITAL
- Eu não digo que a comida de hospital é pra doente, a gente não
pode dizer né, se fosse pra pessoa sã tudo bem, mas tem que ser
assim né, pra uns tem mais sal, pra outros não tem né, o meu já ta
sem sal, bem pouquinho sal né, não pode ser temperada, pra isso
que é o hospital né, aí hoje eu to meio cansada, um pouquinho
cansada, cansada cansada, a comida não ta. Não, não desce.
(ambiente)
Tempero
Comida de doente –
conversas
Sem apetite – devido a
doença
Serviço – falta de
tempo
Tem que dizer que está
gostando
Sal
Apetite – come maça
Comida de hospital é
pra doente
Sal
180
MUDANÇAS
- Se eu pudesse mudar alguma coisa na comida, eu temperava. Em
matéria de comida eu não sou muito enjoada sabe, só que
temperadinho, mas não da pra ser, só temperada que podia ser, por
um pouco mais temperada.
PAC 26 - Ah, hoje volto tudo, era picadinho, arroz e acho que era
chuchu que era, não sei se era chuchu que era, mas daí, aí é tudo
que tem gosto de nada né, já não to comendo com gosto, ontem já
comi melhor, hoje nem café não desceu, de ontem que eu fiquei
assim.
No mais ta muito bem, tratam bem a gente e tudo, mas tem que ser,
vida de doente né, queira ou não queira. Só por isso, aí não desce a
comida.
Mudanças – tempero
Não tem gosto de nada
Vida de doente
PAC 27 - Antes de me interna, quando eu me internei, vou falar
assim do [nome do hospital], quando eu me internei no [nome do
hospital]assim eu, eu tinha uma impressão assim que comida de
hospital, eu nunca, quando eu me internei lá eu não comia a comida
de lá, não é por que era ruim, eu nem provava por que eu tinha
noção assim que, comida de hospital né, meu estomago é muito
fraco, qualquer coisinha né, e quando eu vim, eu imaginei a mesma
coisa quando eu vim pra cá, meu Deus eu vou pra lá, vou emagrecer
mais ainda porque eu não vou comer, mas ta sendo ao contrário, a
comida aqui é muito boa, eu não tenho o que reclamar, assim, a
gente toma, é bem vitaminada assim, porque vem, vem salada, vem
fruta, quando não é fruta vem sobremesa então é uma comida bem
enriquecida assim, por que eu, na verdade eu acho que a gente na
casa devia ter tudo isso, por que eu não tenho o hábito em casa de
comer fruta, por que assim, pela dificuldade que eu tenho de
descascar uma laranja, uma maçã, uma coisa, aí eu só procuro
come assim o que ta mais fácil né, aí também, mais aqui eu to
comendo melhor que em casa, por que não, não sei se é o que tiram
ou mais sei la, aí to comendo melhor que em casa.
PAC 27 - Antes de chegar aqui eu achava assim, que fosse uma
comida ruim, uma comida que não fosse feita direito, que fosse feita
de qualquer jeito, mas não, o pessoal capricha bem, o pessoal
capricha bem na comida, pessoal ta de parabéns aqui, até tem que
parabenizar a copeira.
HORÁRIO
PAC 27 - É, o horário da comida ta bom, porque como eu digo né,
como eu disse, como eles procuram um horário cedo, mas assim,
não dá pra nem a gente sentir fome, já vem outra, quando se ta
sentindo fome já vem outra, eu nem comi porque não da tempo
entendeu, então tá bom pra mim agora ta bom.
MOMENTO DA REFEIÇÃO
PAC 27 – Como no quarto. Na mesinha, na cama e na mesinha, pra
mim ficou até melhor assim com a mesinha porque né, eu tenho
dificuldade assim pra cortar carne, essas coisas e então ta melhor,
por que depende da minha posição, é onde a dificuldade vem
entendeu, e aqui na mesinha fica melhor
AUXÍLIO
Comparação com
outro hospital –
comida ruim
(impressão que comida
de hospital era tudo
ruim)
HU – comida boa,
vitaminada, variada,
enriquecida
Frutas
Comendo melhor que
em casa
Mudança de visão de
comida de hospital
Comida caprichada
Horário – seis
refeições
Dificuldade em cortar
a carne
181
PAC 27 - Não tenho ninguém junto na hora da refeição, como eu
disse eu tenho direito a acompanhante mas não tem quem venha
ficar, mas daí como ela disse ontem eu pego com a mão mesmo, a
gente daí lava bem as mãos né por que, aí ontem até nós brincamos
nós duas porque até a hora do almoço ela tava bem né, aí a gente,
veio bife né, a gente não conseguia cortar com a faca aí ela disse,
eu vou pegar é com a mão mesmo, aí eu disse eu também, aí a gente
conseguiu ir comendo aos poucos, vem aí, porque lá em casa assim,
eu me revoltava, não pegava com a mão nem nada, aí não comia,
aqui não, eu não quero nem saber, vou comer, aproveitar enquanto
eu estou com apetite né, aí quando tem dificuldade.
CONVERSA COM OUTRAS PESSOAS
PAC 27 - É, a gente conversa, a gente conversa. A, a gente conversa
tudo, é casamento, é brinca, é lua de mel e na hora da comida a
gente conversa, a gente conversa se a comida ta gostosa, quando
ela não gosta, então é isso.
ALIMENTAR-SE BEM
PAC 27 - Tenho, como eu disse só ontem devido ao medicamento é
que eu não me alimentei bem, mas hoje já voltou tudo normal. O
horário que eu como melhor, aqui nem sinto diferença. Em todos
como bem.
OUTRAS REFEIÇÕES
PAC 27 - Não, é como eu digo não da tempo, não da tempo, até
procuro assim evita comer porque pra eu pode comer bem hora que
eles trazem, porque se eu fica comendo outras coisas aí eu não
como a comida daí na hora, mas só o primeiro dia assim, a primeira
tarde assim que eu não comi, mas no outro dia já comi.
SERVIÇO
PAC 27 - Não, não elas, algumas né, algumas chegam, dão boa
tarde, bom dia boa noite, algumas não, elas botam aqui e a gente se
vira né. Não, elas não perguntam não, elas pegam a louça e levam
pra ali, quem geralmente pergunta sobre a alimentação da gente é a
nutricionista mesmo.
FOME
PAC 27 - Não, mas depende da hora assim, a hora do almoço
geralmente eu não tenho fome mas como, consigo comer, aí, quer
dizer, quando eu abro que vejo a comida, aí da fome, se vê como
que é, antes de chegar a gente não tá com fome, mas daí parece que
o organismo até eu to pensando assim, quando chega em casa
continua com esse ritmo entendeu, porque aí, porque é assim ó, que
eu vejo assim, que elas colocam o tanto que a gente come mesmo,
por isso que, por isso que a gente consegue ta alimentando todos,
então é, a gente não tem fome, mas aí quando chega da fome, é que
eu to admirada, que bom que eu vou chegar mais gordinha, por que
o que mais que ele quer...
VISITA
PAC 27 - É, conversamos sim, ele sempre pergunta se eu to
gostando, se não to gostando, se quero pedir mais alguma coisa.
COMER BEM NO HOSPITAL
PAC 27 - Eu acho que o mais importante é o sal, porque como eu
Falta de auxílio
Dificuldade em cortar
a carne
Medicamento interfere
no apetite
Serviço – auxílio
Nutricionista
Alimento trazendo
sensações boas
Comer bem – mais sal
182
disse a comida é gostosa, mas pra mim eu acho que precisaria pra
mim mais um pouquinho de sal. Não tem o que não gosta, ta tudo,
tudo ta bom
MUDANÇAS
PAC 27 - Ah, tá tão bom, eu acho assim, uma comida tão
enriquecida assim né, por que vem todas as proteínas assim, e não
teria o que mudar, no momento não teria o que mudar não, e foi
como eu disse, são comidas assim totalmente, a gente ta comendo
aqui todas as vitaminas, que é como eu disse, vem a salada, vem
todo tipo de salada, vem o feijão, né, que é _________ com arroz,
vem a carne, vem sobremesa ou fruta, então assim, eu acho que, o
que eu estou sentindo falta, a agora vou falar, não vão me
identificar não né, fica só por aqui né, só o que eu gostaria, eu
acharia que deveria ter na hora, porque eu estou acostumada na
hora do almoço era um suco, na hora das refeições, assim almoço,
janta era um suco, to sentindo falta de um suco, é um liquido junto,
eu tomo água assim na hora, por que eu não tinha esse hábito de
toma com suco, aí depois que eu me casei meu marido ele gostava,
daí eu acabei me acostumando, mas eu acho que suco deveria ser
necessário na alimentação, não sei se é por elas já mandam a fruta
aí elas acham que substitui né, mas eu acho que suco seria muito
bom.
Comida enriquecida
SUCO – junto com o
almoço e jantar
183
APÊNDICE E: A EXPLORAÇÃO DO MATERIAL
Categoria 1: O cotidiano do paciente e a experiência da hospitalização
A partir das questões Como é o seu dia no hospital e desde quando está
hospitalizado? emergiram outros elementos para análise que foram agregadas nas
subcategorias, preliminarmente selecionadas. As subcategorias e os novos
elementos encontram-se sistematizados no Quadro 3.
Quadro 3: Categoria 1: Cotidiano do paciente e a experiência da hospitalização
Subcategorias Elementos de análise ou unidades de registro
Momentos em que fala da hospitalização
Bom atendimento
Cuidados da equipe de saúde
Atenção nutricional
Atividades/lazer/interação
Doença presente
Hegemonia do médico
Ambiência/conforto
Paciente parceiro do processo de tratamento
Outras hospitalizações
Tempo de internação
Refere outros hospitais
Experiências desagradáveis – atendimento,
alimentação e cuidados
Problemas de saúde relacionados à
alimentação
Interdição alimentar
Escolha alimentar
Preferências
Doença interfere na aceitação da alimentação
Alimento como medicamento
Medicamentos
Rotina do medicamento
Adaptação a prescrição
Interferência de medicamentos no apetite não
enfatizada
184
Categoria 2: Significado do Comer
A partir da questão O que pensa sobre a comida de hospital? emergiram
outros elementos para análise que foram considerados nas subcategorias,
preliminarmente selecionadas. As subcategorias e os novos elementos encontram-se
sistematizados no Quadro 4.
Quadro 4. Categoria 2: Significado do Comer
Subcategorias Elementos de análise ou unidades de registro
Momento da refeição
Alimentação percebida pelos seus aspectos
biológicos e nutricionais
Regras no processo da alimentação hospitalar
(horários diferentes dos praticados em casa,
mas incorporados pelos pacientes que se
habituam, se acostumam, se ajustam, se
adaptam a regra)
Incerteza dos seus direitos e conformidade
com a comida de hospital
Alimento como meio de troca de saberes,
conhecimentos e insatisfações (informações e
interação durante a distribuição)
Aceitação da alimentação
Doença interfere na aceitação e satisfação da
alimentação
Acompanhamento melhora aceitação
A
mbiente hospitalar provoca rejeição pela
comida
Perda de apetite devido à falta de sal e tempero
A
limento como veículo de plenitude e prazer ou
provoca sensações desagradáveis e desprazer
A
spectos sensoriais dos alimentos: sabor,
temperatura e textura
Expectativas do comer (convivialidade,
auxílio, acompanhamento, informação, certos
tipos de alimentos, ambiente, atenção do
pessoal, informações sobre a comida,
cardápio, preferências)
Preferências (formas de preparo, alimentos,
refeições, aspectos sensoriais)
Mudanças desejadas relacionadas a
preparações, textura, sabor, quantidades,
variedade dos cardápios
Comer bem no hospital
o Comer na quantidade e dieta prescrita
o Comer o que gosta e com qualidade
o
A
spectos sensoriais (sabor,
temperatura, textura, apresentação,
odor)
Comida de hospital versus comida de casa
Comida de hospital difere de casa por atender a
padrões da instituição e da prescrição
Comida do hospital é melhor para a saúde
Lembranças da comida de casa (sabor
diferente, mais temperada, tem mais apetite,
comida não passa pelos corredores)
Humanização do cuidado alimentar
Cuidado alimentar e nutricional - nutricionistas
Equipe de saúde humanizada
Função convivial da alimentação
Comparações a outros hospitais
185
ANEXOS
186
ANEXO A: PARECER DE APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC
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