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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO UBERABA - MG
Humberto Gois Candido
Licenciado em Ciências Agrícolas
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Julho de 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO UBERABA - MG
Humberto Gois Candido
Orientador: Prof. Dr. João Antonio Galbiatti
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Doutor em Agronomia (Produção Vegetal).
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Julho de 2008
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ii
Candido, Humberto Gois
C216d Degradação ambiental da bacia hidrográfica do rio Uberaba -
MG
/ Humberto Gois Candido. – Jaboticabal, 2008
x, 96 f. : il ; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, 2008
Orientador: João Antonio Galbiatti
Banca examinadora: Teresa Cristina Tarlé Pissarra, Marcilio
Vieira Martins Filho, David Luciano Rosalen, Raimundo Leite Cruz
Bibliografia
1. Indicador. 2. SIG. 3. Vulnerabilidade. I. Título. II. Jaboticabal-
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 631.458
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
e-mail: gois@cefetuberaba.edu.br
gois@mednet.com.br
iii
iii
iv
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Humberto Gois Candido – nascido em 23 de setembro de 1959, em Major
Isidoro, Alagoas, é Licenciado em Ciências Agrícolas pela Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro – UFRRJ, em março de 1985. Mestre em Engenharia Agrícola, área
de concentração Irrigação e Drenagem – Universidade Federal de Campina Grande –
UFCG, em fevereiro de 2000. Atualmente é professor da disciplina Geoprocessamento
no CEFET/UBERABA-MG do curso de Gestão Ambiental.
v
Às pessoas, simples cidadãos, e estudiosos, que por prazer e
respeito à natureza, trabalham por um mundo melhor.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas, que da sua maneira, fizeram o melhor para o
engrandecimento deste trabalho:
Aos professores da UNESP-Jaboticabal: João Antonio Galbiatti, Teresa Cristina
Tarlé Pissarra, Marcílio Vieira Martins Filho, David Luciano Rosalen, José Marques
Júnior, Gener Tadeu Pereira e Jairo Osvaldo Cazetta.
Ao professor Raimundo Leite Cruz – UNESP - Botucatu.
A Maria Selma dos Santos – Maribondo – Alagoas.
A Ronaldo J. de Barros - Depto. de Engenharia Rural – UNESP - Jaboticabal.
A Izilda Maria de Carvalho Máximo - Departamento de Engenharia Rural -
UNESP-Jaboticabal.
Aos funcionários da seção de pós-graduação da UNESP - Jaboticabal.
Aos funcionários da Biblioteca – UNESP - Jaboticabal.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Rural da UNESP - Jaboticabal.
A Rivanilda Diniz de Almeida - UFCG - Campina Grande – Paraíba.
Aos professores do CEFET/UBERABA-MG: Renato Farias do Valle Junior,
Adelar José Fabian, Nilo Sergio Ferreira de Andrade, Othon Carlos da Cruz, José Luiz
Rodrigues Torres, Antonio Hamilton, Olegário Pinheiro de Souza, Sueli Ciabotti, Maria
Amélia Campos Souza, Vera Lúcia Abdala, Néria Maria de Assis Teodoro e Tomiko
Yakabe Fantin.
Ao INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais por disponibilizar
informações, especialmente a distribuição gratuita de imagens de satélite.
A UNESP - Jaboticabal por sua excelente organização, eficiência e prontidão de
seus servidores no atendimento ao público, e por oferecer um ambiente salutar,
convidativo ao ensino e a pesquisa.
vii
S U M Á R IO
Página
RESUMO........................................................................................................................
ix
SUMMARY...................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO
1.1- Considerações gerais...........................................................................................
..........
01
1.1.1- Problemática ambiental da bacia do rio Uberaba......................................... 04
1.2- Objetivos............................................................................................................... 09
1.2.1- Objetivo geral................................................................................................09
1.2.2-
Objetivos específicos....................................................................................
09
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1- Caracterização da área de estudo........................................................................10
2.1.1- Clima regional...............................................................................................
12
2.1.2- Geologia e geomorfologia.............................................................................
................................................
14
2.1.3- Solos - uso e ocupação................................................................................
16
2.1.4- Vegetação............................................. .............................................................
.......................................
22
2.2- Sensoriamento remoto.........................................................................................
24
2.2.1- Satélites para estudos ambientais...............................................................
26
2.3- Sistema de informação geográfica (SIG)..............................................................
28
2.4- Degradação ambiental..........................................................................................30
2.4.1-
Generalidades..............................................................................................
30
2.4.2- Impactos sobre o ecossistema Cerrado.......................................................
31
2.4.3- Poluição dos recursos hídricos.....................................................................33
2.4.4- Erosão dos solos..........................................................................................
34
2.4.5- Conflitos de uso das terras...........................................................................
34
2.4.6- Recuperação de áreas degradadas.............................................................
36
2.4.7- Processos metodológicos de avaliação da degradação ambiental..............
38
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - Material................................................................................................................
49
3.1.1 - Área de estudo............................................................................................ 49
3.1.2 - Produtos de sensoriamento remoto.............................................................50
3.1.3 - Mapas temáticos..........................................................................................50
3.1.4 - Material diverso...........................................................................................
50
3.1.5 - Sistema de informação geográfica – SIG....................................................50
viii
3.2 - Métodos...............................................................................................................51
3.2.1-
Elaboração do mapa de uso atual do solo....................................................
3.2.1.1- Classificação supervisionada das imagens de satélite e mapeamento
das classes de uso.......................................................................................
52
3.2.1.2- Trabalho de campo para checagem e avaliação ......................................
53
3.2.1.3- Edição matricial e digit
alização dos dados obtidos no campo para
elaboração do mapa final de uso do solo..................................................
ambiental........................................
53
3.2.2-
Avaliação da degradação ambiental.............................................................
53
3.2.2.1- Elaboração do mapa de zonas homólogas.................................................53
3.2.2.2- Determinação dos níveis de degradação ambiental..................................
55
3.2.2.3-
Checagem de campo para avaliação complementar da vulnerabilidade
ambiental....................................................................................................56
3.2.2.4- Mapa de degradação amb
iental.................................................................
57
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- Análise temporal do uso do solo da bacia do rio Uberaba....................................
59
4.2- Zonas homólogas da bacia do rio Uberaba..........................................................
60
4.3- Produto das análises dos indicadores..................................................................
62
4.3.1- Distribuição dos solos nas zonas homólogas................................................
62
4.3.2- Distribuição da vegetação no mosaico de imagens de satélite CBERS-2.....63
4.3.3- Distribuição do potencial de erosão nas zonas homólogas...........................
65
4.3.4- Distribuição das classes de declividades nas zonas homólogas...................
67
4.3.5- Distribuição dos indicadores mecanização, área agrícola e pecuarização
nas zonas homólogas.................................................................................... 69
4.3.6- Distribuição das áreas de conflito de uso nas zonas homólogas.................. 70
5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 79
6. REFERÊNCIAS...........................................................................................................80
APÊNDICE......................................................................................................................
90
APÊNDICE – A: mapa de zonas homólogas da bacia do rio Uberaba..........................
.
91
APÊNDICE – B: mapa de solos da bacia do rio Ubera...................................................92
APÊNDICE – C: mapa de potencial natural de erosão – PNE........................................
93
APÊNDICE – D: mapa de classes de declividades.........................................................
94
APÊNDICE – E: mapa de conflito de uso do...................................................................95
APÊNDICE – F: mapa de degradação ambiental da bacia do rio Uberaba....................
96
ix
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO UBERABA - MG
RESUMO - O presente estudo trata da avaliação da degradação ambiental da
bacia do rio Uberaba, situada no Triângulo Mineiro. Esta bacia possui área de 2.419,04
km
2
, abrange os municípios de Uberaba, Veríssimo, Conceição das Alagoas e uma
pequena porção de Planura. Neste estudo foi produzido o mapa de degradação
ambiental contendo quatro níveis: baixo; moderado; acentuado e severo. Os
indicadores utilizados nesta avaliação foram: vegetação; topografia; solo/geologia;
potencial natural de erosão; mecanização; área agrícola; densidade populacional;
pecuarização e área de conflito, aos quais foram atribuídos pesos. Para o nível de
degradação “baixo” foram definidos valores 13 pontos. Para o nível moderado”,
valores situados no intervalo de 14 a 16. Entre 17 a 19 pontos para o nível
“acentuado”, e o nível “severo” com valores 20 pontos. Este estudo consolida as
conseqüências do uso inadequado dos solos, não respeitando as suas aptidões
naturais. As áreas com nível moderado representam 46,97 %. As áreas classificadas
com nível acentuado 47,96 %, e severo 4,10 %; juntas, representam 52,06 %, o que
revela um indício muito forte no avanço da destruição dos recursos naturais. As áreas
classificadas com nível baixo representam apenas 0,97 %, com destaque para o
descaso na preservação dos seus recursos naturais.
Palavras-Chave: indicador, SIG, sistema de informação geográfica, vulnerabilidade
x
ENVIRONMENTAL DEGRADATION OF THE RIVER BASIN UBERABA - MG
SUMMARY - The present study deals with the assessment of the environmental
degradation of the river basin Uberaba, located in the Triangle Mineiro. This basin has
area of 2,419.04 km
2
, covering the municipalities of Uberaba, Veríssimo, Conceição of
the Alagoas and a small portion of Planura. In this study, the map of environmental
degradation was produced contend four levels: low; moderate; accented and severe.
The indicators used in this evaluation had been: vegetation; topography; soil/geology;
natural potential of erosion; mechanization; agricultural area; population density; cattle-
raising and area of conflict, which were assigned weights. For the level of degradation
low” were defined values 13 points. To level the moderate”, values located in the
range of 14 a 16. It enters 17 a 19 points for “the accented” level, and the level
“severe” with values 20 points. This study consolidates the consequences of the
inadequate use of land, not respecting their natural aptitudes. Areas with moderate level
represent 46.97 %. The areas classified with accented level marked with 47.96 %, and
severe 4.10 %; together, represent 52.06 %, which shows a very strong indication in the
advance of the destruction of the natural resources. The areas classified with low level
represent only 0.97 %, with emphasis on the neglect the preservation of its natural
resources.
Keywords: indicator, GIS, system geographic information, vulnerability
1
1- INTRODUÇÃO
1.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
Muitos fenômenos naturais, como a erosão
do solo
e a inundação, são
intensificados ou agravados pela ação do homem. A derrubada da vegetação, por
exemplo, acelera os processos erosivos. A pavimentação das ruas das áreas urbanas,
impermeabilizando o solo, e o lixo despejado nos rios são fatores que agravam o
fenômeno da inundação nas grandes cidades. As queimadas, embora muitas vezes
ocorram naturalmente, são uma prática comum entre os agricultores. Com o uso de
imagens de satélites, é possível identificar, calcular e monitorar o aumento das áreas
desmatadas, áreas atingidas pelas queimadas, áreas impermeabilizadas, áreas
submetidas a processos de erosão e áreas inundadas (FLORENZANO, 2002).
Segundo ROCHA & KURTZ (2001), o estudo do ambiente restringe-se a dois
tipos de áreas: áreas urbanas e áreas rurais. O homem tem por tradição deteriorar o
ambiente. Indiscriminadamente, polui o ar, destrói as florestas, a fauna, as águas e os
solos pelo mau uso de técnicas agrícolas e pecuárias (fogo, agrotóxicos), entre
centenas de ões inadequadas ao ambiente. A deterioração física, sócio-econômica e
ambiental é hoje uma realidade constante nas bacias hidrográficas do país. Como
conseqüência a esta deterioração desvairada a natureza responde com erosões, secas,
enchentes, doenças e a miséria generalizada. Para corrigir o ambiente deteriorado faz-
se necessário planejar a tradicional unidade ambiental de planejamento: a bacia
hidrográfica.
Nas questões que envolvem a gestão dos recursos naturais considera-se que o
diagnóstico ambiental seja o primeiro passo para conhecer a realidade dos impactos
antrópicos. Esse diagnóstico é a base para gerar o prognóstico ambiental e promover a
2
integração das análises ambientais, políticas e econômicas, que compõem um plano de
gerenciamento de uma bacia hidrográfica.
Para analisar de forma prática e precisa os impactos sobre os recursos naturais é
necessário utilizar ferramentas que permitam trabalhar com um grande volume de
informações de forma confiável e objetiva. Tais ferramentas devem permitir o
tratamento simultâneo das informações, bem como tratá-las simultaneamente o seu
inter-relacionamento, assim como o monitoramento das variáveis a serem analisadas.
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são ferramentas que atendem a essas
especificações, subsidiando a pesquisa na atualização e confecção de banco de dados
ou na produção de mapas temáticos, reunindo num mesmo ambiente informações para
a caracterização da área em estudo.
A aplicação do geoprocessamento, especialmente imagens de satélites, em
estudos da degradação ambiental, é um instrumento bastante eficiente, por permitir
uma maior dinâmica no processo da geração de informações, produtividade e
versatilidade no manuseio dos dados, conforme observado em trabalhos sobre
degradação ambiental ou desertificação desenvolvidos por BARBOSA et al. (2007), SÁ
et al. (2006) e FEOLI et al. (2002).
A avaliação ambiental bem desenvolvida, conforme TAUK-TORNISIELO et al.
(1996), precisa estabelecer uma medida de
comparação entre situações
alternativas. Avaliar pressupõe mensurar e comparar. Por conseguinte, um dos
principais produtos de uma avaliação ambiental
é
o cenário ambiental futuro da
região sob estudo, ou seja, o seu cenário-alvo. Esse cenário é o fundamento para
o desenvolvimento de um plano ambiental integrado para a região, que buscará
garantir níveis compatíveis de qualidade ambiental e de funcionalidade dos
fatores ambientais nela ocorrentes. Por fim, a finalidade de um processo de
avaliação ambiental é o balizamento dos processos de gerenciamento e
monitoramento ambientais que mereçam ser realizados, tendo como base de
comparação o cenário-alvo pretendido, em todas as suas versões temporalmente
atualizadas mediante o conhecimento sistemático e gradativo da realidade.
3
Apesar da importância dos temas relacionados com a degradação ambiental,
as pesquisas ainda são muito limitadas no Brasil. Destacam-se estudos realizados no
Nordeste, motivados principalmente pelas características ou condições do ambiente
como é o caso da desertificação. Os trabalhos desenvolvidos em nível local o poucos,
predominando aqueles de caráter geral. Na região do Triângulo Mineiro ainda existe
carência de pesquisas acerca dos problemas que envolvem a recuperação e a
preservação dos recursos naturais.
Em estudos realizados em parte da bacia do rio Uberaba, BOGNIOTTI et al.
(1999) citado por CRUZ (2003) concluíram que 7.700 hectares apresentam risco de
erosão decorrente de desmatamentos nas encostas íngremes das regiões das
nascentes do rio Uberaba e afluentes, associado à retirada da mata ciliar substituída
por pastagens e agricultura.
Análises realizadas por CRUZ (2003) em mapas de uso dos solos de 1964 e 1998,
permitiram verificar que a paisagem mudou bastante na bacia do rio Uberaba. A
vegetação nativa que cobria mais de 40 % da bacia foi substituída principalmente por
pastagens. Boa parte das áreas ocupadas pelas pastagens na década de 60, entre os
municípios de Veríssimo e Conceição das Alagoas, foi substituída pela agricultura. Nas
regiões de nascentes, no município de Uberaba, a vegetação nativa foi substituída pela
agricultura e pastagens, agravando os impactos ambientais oriundos do modelo pelos
quais foram explorados os solos.
O rio Uberaba é a principal fonte de abastecimento da cidade de Uberaba, sendo
que no período seco já não consegue atender a demanda. Esse fato vem se agravando
a cada ano devido aos impactos ambientais que estão ocorrendo ao longo de seu
curso, especialmente pelo uso indiscriminado da irrigação. Considerando a sua
importância sócio-econômica para a região, objetivou-se, através desta pesquisa, avaliar
os atuais níveis da degradação ambiental da bacia, contribuindo para possíveis
mudanças ou reflexões, especialmente dos produtores rurais e do poder público, na
maneira de exploração das terras, fomentando ações de recuperação ambiental, e de
exploração sustentável através do planejamento e monitoramento.
4
1.1.1- Problemática ambiental da Bacia do rio Uberaba
Na bacia do rio Uberaba dois fenômenos climáticos são observados, os quais
estão intimamente ligados à estação seca e chuvosa, fato comum em outras bacias da
região ou de clima similar. O que chama atenção é são seus efeitos no ambiente. Na
época seca, especialmente nos meses de agosto e setembro, observam-se extensas
áreas de solos expostos, ou áreas com cobertura vegetal muito precária. Neste período
os solos se tornam bastantes vulneráveis à erosão lica, conforme pode ser verificado
em imagens de satélite (áreas coloração marrom) (Figura 1).
Figura 1. Mosaico CBERS-2, período seco. Em destaque, solo exposto resultado do
manejo inadequado, preparo precoce, muito antes das primeiras chuvas.
O preparo precoce do solo, muito antes do período chuvoso, torna-o exposto a
incidência direta da radiação solar. Esteriliza grande parte da fauna do solo e contribui
5
sensivelmente para a ação da erosão, especialmente a eólica. Nos meses de agosto e
setembro é comum a formação de grandes nuvens de poeira (solo agrícola), sobre a
região.
No período chuvoso, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, a área da
bacia é recoberta em grande parte de sua extensão pela vegetação (plantações e
vegetação nativa). Porém já se observam áreas em que não ocorre à regeneração da
vegetação (Figura 2). Essa situação é bastante preocupante por revelar a exaustão do
ambiente, tornando-o bastante vulnerável ao processo de desertificação
1
.
Figura 2. Mosaico CBERS-2 - período chuvoso. Em detalhe, aspecto da vegetação
durante o período.
_________________________
1
De acordo com a Agenda 21, em seu capítulo 12, definiu a desertificação como sendo
"a
degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores,
entre eles as variações climáticas e as atividades humanas"
sendo que por "degradação da terra" se
entende a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de
vida das populações afetadas.
6
A exploração agrícola sem adoção de práticas conservacionistas, o cultivo em
áreas de nascentes ou de preservação permanente, têm levado à exaustão dos solos e
a escassez dos recursos hídricos. Destaca-se nessa situação a exploração da cana-de-
açúcar, que vem se estabelecendo de forma bastante intensa e agressiva não se
respeitando a capacidade de suporte das terras ou áreas protegidas por lei (Figuras 3 e
4).
Figura 3. Exploração da cultura da cana-de-açúcar em área de nascente do rio Uberaba
- MG.
Figura 4. Exploração da cana-de-açúcar. A forma de implantação poderá ocasionar
impactos sócio-ambientais significativos.
7
Nas áreas de pastagens, especialmente as degradadas, na época das secas, é
comum existir muitas manchas de solos expostos, desprotegidos das intempéries,
especialmente da radiação solar e da ação dos ventos (Figura 5).
Figura 5. Pastagem degradada.
O descaso da população com a preservação dos recursos hídricos, chega a
situações bastante agressivas como é o caso da deposição de lixo nas margens do rio
Uberaba (Figura 6).
Figura 6. Presença de lixo as margens do rio Uberaba. Contaminação direta dos
recursos hídricos.
8
A adoção de práticas conservacionistas Figura 7 como o terraceamento tem se
tornado cada vez mais freqüente na região. Prática que se destaca pela sua grande
eficiência no controle dos processos erosivos. Portanto, torna-se um fator de destaque
no processo de conscientização em termos de preservação ambiental.
Figura 7. Presença de terraços. Avanços no controle da erosão e preservação dos
recursos hídricos.
O principal efeito dos terraços consiste na interceptação do escoamento
superficial, diminuindo a energia associada a este, o que reduz tanto a capacidade de
desprendimento de partículas como a capacidade de transporte daquelas já
desprendidas. Essas práticas devem ser utilizadas como complementares as práticas
edáficas e vegetativas, que, por atuarem em fases mais iniciais do processo erosivo,
são mais efetivas no controle da erosão (PRUSKI, 2006).
A presença de placas citando leis de proteção ambiental Figura 8 demonstra a
preocupação da população rural com a preservação ambiental e algum conhecimento
em termos de legislação.
9
Figura 8. Valorização das leis de proteção ambiental.
1.2- OBJETIVOS
1.2.1- Objetivo geral
Avaliar a degradação ambiental da bacia do rio Uberaba.
1.2.2- Objetivos específicos
- Elaborar um banco de dados visando a sua aplicação no monitoramento e manejo
integrado da bacia.
- Elaborar o mapa de zonas homólogas da bacia do rio Uberaba.
- Elaborar o mapa de uso atual do solo da bacia do rio Uberaba,
- Elaborar o mapa de degradação ambiental da bacia do rio Uberaba contendo quatro
níveis de degradação: baixo; moderado; acentuado e severo.
10
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A bacia do rio Uberaba é destacada por sua importância em termos de recursos
hídricos e aspectos econômicos ligados às atividades agrícolas e abastecimento da
cidade de Uberaba, com população aproximada de 285.094 habitantes. Estimada pelo
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para 2006.
O município de Uberaba faz parte da grande unidade de relevo do Planalto
Arenítico-Basáltico da bacia do Paraná. A topografia caracteriza-se por superfícies
planas ou ligeiramente onduladas, geologicamente formada por rochas sedimentares,
basicamente arenito, do período cretáceo de formação Bauru.
Os solos são variados, sendo que a maioria apresenta textura média, variando
de arenoso a argiloso; são classificados de forma geral como Latossolo de diferentes
graus de fertilidade, com predominância do Latossolo Vermelho distroférrico e Latossolo
Vermelho distrófico Típico, o que reflete no adensamento maior ou menor da vegetação
natural.
Os municípios que compõem a bacia do rio Uberaba (Figura 9) têm a seguinte
distribuição em termos percentuais: 49,36 % da área da bacia pertencem ao município
de Uberaba; 22,59 % a Veríssimo; 26,48% a Conceição das Alagoas; 1,38 % município
de Planura e apenas 0,19 % situa-se em Campo Florido (Tabela 1).
11
Figura 9. Divisão administrativa da bacia do rio Uberaba.
Tabela 1. Área ocupada pela bacia do rio Uberaba em relação aos municípios de
abrangência.
DISTRIBUIÇÃO ADMINISTRATIVA DA BACIA DO RIO UBERABA
Município Área ( km
2
) ( % )
Uberaba 1.194,05
49,36
Veríssimo 546,50
22,59
Conceição das Alagoas 640,67
26,48
Planura 33,26
1,38
Campo Florido 4,56
0,19
Total
2.419,04 100,00
12
2.1.1- Clima regional
Conforme GOMES (1982) os regimes climáticos da região são dois: 1) o de
inverno, que pode ser considerado frio e seco, e 2) o de verão, quente e chuvoso. O
regime pluviométrico da região caracteriza-se por um período chuvoso de seis a sete
meses, de outubro até março, sendo setembro e abril ou maio meses de transição, os
meses de dezembro e janeiro, os mais chuvosos.
O município de Uberaba que representa aproximadamente 50 % de toda a bacia
apresenta um clima tropical chuvoso, clima de monção seco, com inverno seco e verão
úmido, Aw segundo Köppen. As estações são climaticamente definidas, apresentando
estação fria e estação quente com características bem marcantes.
A precipitação média anual varia entre 1300 e 1700 mm, correspondendo as
maiores precipitações às áreas de altitudes elevadas da serra de Sacramento. O
período chuvoso corresponde ao período mais quente do ano. As Figuras 10 e 11
apresentam os dados pluviométricos do período de 1991 a 19995 e 1996 a 2000 (dez
anos), obtidos na estação climatológica de Uberaba.
.
Figura 10. Precipitações médias mensais dos meses de janeiro a dezembro de 1991 a
1995 (CRUZ, 2003).
13
Figura 11. Precipitações médias mensais dos meses de janeiro a dezembro de 1996 a
2000 (CRUZ, 2003).
O trimestre mais chuvoso, dezembro, janeiro e fevereiro, com precipitação entre
600 e 900 mm, é responsável por cerca de 50 % da precipitação total anual. O período
seco prolonga-se por quatro meses, de maio a agosto, com uma média entre 40 e 90
mm, sendo o trimestre mais seco junho, julho e agosto, com apenas 20 a 50 mm de
chuva.
Na Tabela 2 são destacadas as precipitações pluviométricas mensais nos
períodos de 2001 a 2006.
Tabela 2. Precipitação pluviométrica média mensal em mm do município de Uberaba
(UBERABA, 2008).
Mês/
Ano
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2001 175,0 147,0 174,0 27,5 28,5 0,4 24,0 74,0 30,0 95,0 212,0 243,0 1.230,4
2002 309,0 354,0 126,0 9,0 65,0 0,0 12,0 1,0 97,0 105,0 255,0 290,0 1.626,0
2003 721,0 250,5 370,0 158,5 85,5 0,0 4,0 15,5 71,0 144,5 208,5 275,0 2.304,0
2004 306,5 469,0 217,5 207,5 60,5 46,0 36,0 0,0 15,0 226,5 168,6 562,5 2.315,6
2005 395,2 110,3 258,6 32,7 101,4 0,0 5,5 38,6 73,7 144,2 217,6 297,5 1.675,3
2006 317,0 359,5 363,0 87,0 35,5 4,0 0,0 35,0 74,0 307,5 201,5 354,0 2.138,0
14
De acordo com OLIVEIRA (2005), a evaporação no município de Uberaba é
constante e alta, sendo que na estação seca triplica de valor, época em que a
precipitação é baixa. Em áreas de clima tropical, como é o caso de Uberaba, com uma
estação chuvosa, de outubro a maio, há condições para a reposição das águas do
lençol, para que a realimentação das águas do rio ocorra na estiagem. As nascentes
são os locais em que o nível hidrostático ou lençol freático atinge a superfície. Se a
estiagem é prolongada, podem até secar, mas, em compensação, nas chuvas o volume
de água aumenta o que demonstra que o volume está diretamente relacionado com a
água da chuva (Tabela 3).
Tabela 3. Evaporação em mm do município de Uberaba (OLIVEIRA, 2005).
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAIS
1999 126,3 115,6 112,4 151,3 188,9 189,5 251,7 372,3 323,9 288,4 224,4 182,8 2.527,5
2000 124,1 118,5 123,2 188,8 200,7 246,3 254,2 338,2 222,4 320,1 173,1 145,6 2.455,2
2001 161,5 146,9 149,7 172,9 159,9 188,1 265,5 271,9 232,6 194,9 128,1 122,4 2.194,4
2002 115,0 77,9 136,7 186,1 157,5 187,9 188,9 290,9 224,4 320,3 137,9 142,7 2.166,2
2003 80,6 108,1 95,8 116,9 130,7 108,6 221,2 209,3 214,8 191,6 122,2 118,2 1.718,0
Média 121,5 113,4 123,6 163,2 167,5 197,5 236,3 296,5 243,6 263,1 157,1 142,3 2.225,7
2.1.2- Geologia e geomorfologia
As rochas sedimentares que ocorrem na região Triângulo Mineiro pertencem à
grande feição geotectônica Bacia Sedimentar do Paraná. Esta se acha representada
unicamente pela sua seqüência mesozóica, constituída pelos grupos São Bento e
Bauru. Como parte do grupo São Bento ocorre na região as formações Botucatu e
Serra Geral, enquanto que as formações Adamantina, Uberaba e Marília fazem parte do
grupo Bauru. As unidades geológicas da Bacia Sedimentar do Paraná assentam-se
sobre unidades pré-cambrianas dos grupos Araxá e Canastra. Estas, por sua vez,
repousam sobre um embasamento cristalino, de idade arqueana, denominado
Complexo Basal Goiano (BRASIL, 1983).
15
A área de estudo está situada na porção norte/nordeste da Bacia Sedimentar do
Paraná. Apresenta quartizitos e xistos do Pré-cambriano, do Grupo Canastra, com
sobreposição pelas rochas do Grupo São Bento (arenitos da Formação Botucatu e
basaltos da Formação Serra Geral) e pelos arenitos e conglomerados do Grupo Bauru.
Na cobertura verificam-se sedimentos coluviais e aluviais do cenozóico. As rochas que
afloram na bacia do rio Uberaba são do Grupo Bauru, representada pela Formação
Uberaba e sedimentos recentes (UBERABA, 2001) (FIGURA 12).
Figura 12. Mapa geológico da bacia do rio Uberaba (VALLE JUNIOR, 2008).
A quinhentos metros a norte do rio Uberaba, na rodovia BR- 050 ocorre uma
seção de 12,5 m de espessura da Formação Uberaba, exposta por cerca de 600 m, que
consiste de intercalações de arenitos finos, médios e grossos, com leitos subordinados
de arenito conglomerático e paraconglomerado. Os arenitos são constituídos por
quartzo e fragmentos líticos (argilitos e rochas vulcânicas) com quantidades variáveis
16
de perovskita, opacos, piroxênio, granada (melanita) e feldspatos. A matriz é argilosa e
o cimento é de carbonato, ou misturas de carbonato e opacos (GRAVINA et al, 2002).
Entre Veríssimo e Ponte Alta, encontram-se arenitos da Formação Uberaba
sobre os basaltos da formação Serra Geral (EMBRAPA/EPAMIG, 1982). Contudo, os
seus componentes litológicos fundamentais são: arenitos conglomerados,
conglomerados e arenitos, argilito, folhetos e rochas silicatosas, podendo atingir a
espessura máxima da formação na ordem de 220 m. A Formação Uberaba faz contato
gradacional com a Formação Marília nas proximidades de Ponte Alta (OLIVEIRA et al,
2006).
De acordo com NISHIYAMA (1998) citado por ABDALA (2005), a evolução
tectônica do Oeste de Minas Gerais está correlacionada aos eventos sedimentares e
magmáticos das Bacias do Paraná e Sanfranciscana ocorridos, respectivamente, a
oeste e a leste de uma faixa divisória designada “Soerguimento do Alto Paranaíba”.
Esta faixa divisória esteve ativa em pelo menos dois episódios no decorrer do
Fanerozóico (Quadro 1).
2.1.3- Solos - uso e ocupação
De acordo com NISHIYAMA (1998) o município de Uberaba faz parte da unidade
de relevo do Planalto Arenítico Basáltico da bacia do Paracom solos apresentando
características variadas. A maioria apresenta textura média, variando de arenoso a
argiloso e são classificados, de forma geral, como Latossolo apresentando diferentes
graus de fertilidade, com predominância do Latossolo Vermelho distroférrico, textura
média, Latossolo Vermelho típico e Argissolo Vermelho Amarelo (Figura 13).
Na Tabela 4 encontram-se as classes de solo da bacia do rio Uberaba e as
respectivas áreas de ocupação.
17
Quadro 1. Coluna estratigráfica da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
(NISHIYAMA, 1998 citado por ABDALA, 2005).
COLUNA ESTRATIGRÁFICA DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA.
ERAS PERÍODOS GRUPOS FORMAÇÕES MEMBRO
CARACTERÍSTICAS
LITOLÓGICAS
Cenozóica
Depósitos aluvionares
holocênicos.
Depósitos coluviais arenosos,
argilosos e leques aluviais.
Serra da
Galga
Arenitos imaturos,
conglomerados e arenitos
conglomeráticos
Bauru
Marília
Ponte Alta
Arenitos e conglomerados com
cimentação carbonática, lentes
de calcário silicoso e
conglomerado basal.
Uberaba
Arenitos com contribuição
vulcanoclástica, cor esverdeada
a acinzentada.
Cretáceo
Adamantina
Arenitos marrom-avermelhado,
cimentação carbonática e
intercalações de arenitos
argilosos e lentes de argilitos
Mesozóica
Jurássico
Serra Geral
Basaltos maciços com níveis
vesículo amigdaloidais nos
topos embase dos derrames.
Presença de arenito
intertrapeano.
São Bento
Botucatu
Arenito eólico, coloração
avermelhada, grãos bem
selecionados e foscos. Baixa
porcentagem de matriz fina.
Canastra
Predominantemente quartzitos.
Quartzitos hematíticos e
icáceos, filitos e xistos
(cloritaxistos).
Médio
Araxá
Xistos (Muscovita, quartzo
xisto), tendo como minerais
acessórios mais comuns a
granada, cianita, estaurolita,
Proterozóica
Gnaisses, migmatitos e granitos
Inferior
(Arqueano)
Embasamento
Cristalino
Indiferenciado
18
Tabela 4. Classe de solos e área ocupada na bacia do rio Uberaba (VALLE JUNIOR,
2008).
CLASSIFICAÇÃO EMBRAPA
(1988)
CLASSIFICAÇÃO EMBRAPA
(1999)
ÁREA
(Km
2
)
(%)
Latossolo Vermelho - Amarelo álico
ou distrófico
Latossolo Vermelho Amarelo distrófico
(LVAd)
104,02
4,31
Latossolo Vermelho - Escuro álico e
distrófico.
Latossolo Vermelho distrófèrrico (LVdf) 1.521,86 62,91
Latossolo Roxo distrófico e álico
Latossolo Vermelho distrófico típico
(LVdt)
600,94
24,84
Podzólico Vermelho - Amarelo
eutrófico e distrófico
Argissolo Vermelho Amarelo (PVAd) 174,05
7,19
Gley Húmico álico Gleissolos Melânicos Tb distrófico (GMd) 9,95 0,41
Areia Quartzosas álicas e distróficas
Neossolos Quartzarênicos hidromórficos
(RQg)
8,22
0,34
Total
2.419,04
100,00
Conforme CRUZ (2003) no decorrer de 34 anos (1964 a 1998), a paisagem
sofreu grandes mudanças. Na década de 90 a vegetação nativa foi substituída, em sua
maioria, pelas pastagens e no restante da área onde predominava a pastagem, há três
décadas, a agricultura avançou ocupando mais espaço.
Observando os mapas de uso e ocupação dos solos nos anos de 1964 e 1998,
na bacia do rio Uberaba (Figuras 14 e 15) verifica-se que a vegetação nativa foi
substituída pela pastagem em 46,8 % da área, fato este que está associado à pecuária,
atividade em expansão nesse período. Destaca-se, ainda, a agricultura de ciclo curto
(arroz e milho) ocupando 11,3 % da área; a vegetação nativa com 41 %, e terras
urbanizadas com menos de 1,0 %. As áreas ocupadas eram totalmente limpas, não
restando vegetação ciliar (CRUZ, 2003).
19
Figura 13. Mapa de solos da bacia do rio Uberaba (VALLE JUNIOR, 2008).
20
Figura 14. Uso do solo na bacia do rio Uberaba em 1964 (
IBGE, 1972).
21
Figura 15. Uso do solo na bacia do rio Uberaba em1998 (
IEF, 1998).
22
2.1.4- Vegetação
De acordo com MENDES (1986) a destruição da cobertura vegetal faz com que
a superfície do solo reflita mais a radiação solar, ou seja, aumente o albedo, que tende
a diminuir ainda mais a precipitação, modificando as sim os microclimas locais e
superficiais. Além do aumento do albedo, a exposição do solo provoca a perda, por
erosão, das partículas de pequeno diâmetro (argila, silte e matéria orgânica) e a
oxidação da matéria orgânica, diminuindo ainda mais a capacidade de retenção de
água dos solos.
O Cerrado constitui-se de uma vegetação diversificada devido ao tipo de solo e
às irregularidades dos regimes das estações climáticas. A vegetação é constituída por
árvores tortuosas, com cascas espessas, corticosas e o substrato herbáceo –
graminoso – variando sua densidade de acordo com a cobertura vegetal (CARVALHO,
2001 citado por BARBOSA, 2006).
Na bacia hidrográfica do rio Uberaba, de acordo com o tipo de solo, faz presente
as seguintes formações vegetais: cerradão, mata ciliar, matas de topos e encostas,
campos hidromórficos e campo sujo. O cerradão constitui-se de solos mais férteis e
profundos: a vegetação é densa, com árvores maiores, como Aroeria (Myracrodruon
urundeuva), Embaúba (Copaifera langsdorfii), Peroba Rosa (Aspidosperma polyneuron)
Ypê (Tabebuia ocharaceae) etc. (BARBOSA, 2006).
As formações campestres do Cerrado aparecem associadas com os solos
pobres em micronutrientes, derivados das rochas do Grupo Bauru. Podem apresentar
alumínio trocável em níveis tóxicos, que são corrigidos com a aplicação de calcário.
Esses solos eram pouco valorizados até a introdução de tecnologia apropriada para o
cultivo de grãos em larga escala, onde a condição de relevo plano possibilita um intenso
uso agrícola (OLIVEIRA, 2005).
A mata de galeria do rio Uberaba, assim como toda mata de galeria do gênero,
desempenha funções vitais na qualidade da água do rio, absorvendo e filtrando a água
das chuvas, servindo de obstáculo as enxurradas, permitindo sua infiltração no solo
23
para absorção pelas plantas e para a alimentação dos aqüíferos. Com isso, a mata de
galeria contribui para a minimização do assoreamento do leito do rio Uberaba, para o
sombreamento do leito, evitando evaporação excessiva; promove o seqüestro de
nitritos e nitratos trazidos pelas enxurradas, evitando a contaminação das águas, bem
como para a proteção e alimentação da fauna regional (BARBOSA, 2006).
De acordo com OLIVEIRA (2005) o Cerradão (Figura 16) é a formação vegetal
que mais protege o solo dos raios solares o que diminui o ressecamento do solo. Até
mesmo na estiagem observam-se as folhagens verdes, trazendo umidade e sombra
debaixo das copas. Nessas áreas a infiltração da água e a reposição dos lençóis d’água
é muito grande, principalmente em terrenos planos
Figura 16. Vegetação de Cerradão, ao fundo, apresentando área de recomposição
(OLIVEIRA, 2005).
24
2.2- SENSORIAMENTO REMOTO
Segundo LILLESAND & KIEFER (1994), o sensoriamento remoto pode ser
definido como a ciência e a arte de se obter informações sobre um objeto, área ou
fenômeno, por meio da análise de dados adquiridos por um sistema que não está em
contato com esse objeto, área ou fenômeno sob investigação.
O sensoriamento remoto é, portanto, a tecnologia que permite obter imagens e
outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro da
energia refletida ou emitida pela superfície. O termo “sensoriamento” refere-se
à
obtenção dos dados, e “remoto” que significa distante, conforme ilustrado na Figura 17
(FLORENZANO, 2002).
Figura 17. Obtenção de imagens por sensoriamento remoto (FLORENZANO, 2002).
Uma imagem é o resultado do registro da energia refletida, emitida e/ou
transmitida das diferentes partes do espectro eletromagnético. Pela variedade de
situações possíveis, conhecimentos básicos de interpretação de imagem são essenciais
para o uso efetivo dos dados disponíveis (GARCIA, 1982).
25
O desenvolvimento de sistemas computacionais para aplicações gráficas e de
imagens vem influenciando de maneira crescente as áreas de mapeamento, análise de
recursos naturais, planejamento urbano e regional. Esta tecnologia automatiza tarefas
realizadas manualmente e facilita a realização de análises complexas, através da
integração de dados de diversas fontes e da crião de um banco de dados
geocodificado. Os sistemas para tal fim são denominados de Sistemas de Informação
Geográfica (SIG) (ASSAD & SANO, 1998).
Num país de dimensão continental como o Brasil, onde existe uma grande
carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre problemas
urbanos e ambientais, tais sistemas apresentam um enorme potencial, principalmente
se forem baseados em tecnologias de custo relativamente baixo e se todo o
conhecimento for adquirido localmente (ASSAD & SANO, 1998).
A erosão da superfície terrestre é um fenômeno natural que consiste na
desagregação ou decomposição das rochas, no transporte do material
desagregado e na deposição desse material nas partes mais baixas do relevo. Os
agentes naturais da erosão são: a água (superficial e subsuperficial), ondas,
correntes e marés, o vento, as geleiras e a ação da gravidade. O tipo e a
intensidade da erosão variam de acordo com a resistência das rochas, as
propriedades dos solos (profundidade, textura, etc.), as características do relevo
(principalmente altura, ou comprimento, e inclinação das encostas), a intensidade
e distribuição espacial das chuvas e a densidade de cobertura vegetal. Além
desses fatores, o uso do solo pelo homem exerce uma influência direta no
processo de erosão. À medida que a cobertura vegetal é retirada e substituída por
pastagens, culturas e outros usos aumentam a intensidade dos processos de
erosão, que podem ser estudados e monitorados com uso de imagens de
sensores remotos (FLORENZANO, 2002).
Um exemplo de degradação ambiental visível nas imagens de satélites
decorre da atividade de extração mineral de areia em rios, como pode ser
observado no rio Paraíba do Sul, nos Municípios de Jacareí, Taubaté e Caçapava.
No município de São José dos Campos, embora essa atividade esteja proibida
26
pela legislação, é possível detectar áreas de exploração, particularmente nos seus
limites com Caçapava. Estas lagoas são originadas das cavas abertas para a
extração de areia e a coloração azul claro da água Figura 18 representa os
sedimentos (areia fina) em suspensão nas lagoas (FLORENZANO, 2002).
Figura 18. Lagoas formadas, nas margens do rio, em decorrência da atividade de
extração de areia reas em azul mais claro) devido à presença de sedimentos
(FLORENZANO, 2002).
2.2.1- Satélites para estudos ambientais
Os satélites para estudos ambientais fazem parte do grupo de satélites de
sensoriamento remoto e monitoramento do meio ambiente, dos quais os mais utilizados
no Brasil são: LANDSAT, SPOT, TIROS - N (NOAA) e o SMS/GOES. Os satélites da
série LANDSAT e SPOT são destinados ao monitoramento e levantamento dos
recursos naturais do solo e subsolo, enquanto que os satélites TIROS - N e SMS/GOES
fazem parte dos satélites meteorológicos, destinados aos estudos climatológicos e
atmosféricos (ROSA, 1992).
27
O NOAA (programa de satélites gerenciado pela National Oceanic and
Atmosferic Administration), através do National Environmental Satellite Data and
Information Service - NESDIS, e pela National Aeronautics and Space Administration -
NASA), que é responsável pelo desenvolvimento e lançamento dos aparelhos; carrega
a bordo o sensor A
VHRR,
constituído de um radiômetro multiespectral acoplado a um
sistema de varredura transversal
à
trajetória do satélite, que fornece imagens em vários
canais no visível e no infravermelho com resolução espacial no nadir de 1,1 km (pixel
=
1 km x 1 km). O NOAA orbita a Terra a uma altitude de 844 km. As imagens obtidas por
esse sistema sensor são muito empregadas para o monitoramento de grandes áreas
vegetadas, por meio da transformação de seus dados em imagens-índice de vegetação.
As imagens de satélites da Figura 19 ilustram bem o comportamento da vegetação na
região da bacia do rio Uberaba, e como se pode utilizar esse satélite para fazer o
monitoramento da cobertura vegetal (MOREIRA, 2005).
Figura 19. Mapas de índice de vegetação (NDVI), obtidos a partir de dados do satélite
NOAA-18, mostrando o efeito da seca sobre a vegetação. A: período chuvoso e B:
período seco, relativos à área de estudo
(INPE, 2008).
28
2.3- SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)
O processamento eletrônico de dados ambientais em Sistemas Geográficos de
Informação pode traduzir, em termos operacionais, muitos conceitos sócio-econômicos
altamente relevantes. Estes sistemas são capazes de expressar eficientemente,
através de medidas diretas ou de estimativas indiretas, conceitos de expressão
territorial tais como: "unidades potenciais de uso da terra", "zonas de influência", reas
críticas", "centros dinâmicos de poder", entre outros. Tais sistemas podem, em
conseqüência, prestar serviços valiosos para o planejamento geoeconômico, para a
proteção ambiental e, em nível mais alto, para a análise geopolítica (SILVA, 2001).
Além das metodologias convencionais, as ciências que apresentam caráter
espacial contam, atualmente com um importante instrumento tecnológico: os sistemas
de informações geográficas - SIG. Estes sistemas são constituídos de uma série de
programas e processos de análises, cuja característica principal é focalizar o
relacionamento de determinado fenômeno da realidade com sua localização espacial,
(TEIXEIRA et al., 1992).
Os SIGs baseiam-se na coleta, armazenamento, recuperação, análise e
tratamento de dados espaciais, não espaciais e temporais, auxiliando as tomadas de
decisões e dando suporte às atividades de gerenciamento, manutenção, operação,
análise e planejamento (RODRIGUES, 1990; TEIXEIRA et al., 1992).
Outra característica implícita neste tipo de sistema é o seu potencial relativo à
padronização e junção de dados provenientes das mais variadas fontes, o que se faz
necessário na análise multidisciplinar e sistêmica dos impactos ambientais (SINAY &
LIMA JUNIOR, 1997).
Como demonstra a caracterização apresentada pelos autores acima, o SIG
tornou-se uma importante ferramenta de pesquisa com aplicações em diversas áreas
de conhecimento, podendo ser utilizado desde uma simples divisão territorial até
grandes projetos de gerenciamento de banco de dados. Complementando esta idéia,
SINAY & LIMA JUNIOR (1997) afirmam que os SIGs são, essencialmente, projetados
para a manipulação de dados espaciais, que é o componente central destes sistemas.
29
Todo e qualquer dado considerado como espacial pode ser mapeável, isto é, toda
informação espacial deve estar ligada a um objeto específico em um mapa e a
localização do objeto neste mapa deve ser referenciada geograficamente.
SANTOS (2000) considera o SIG um instrumento capaz de resolver os
problemas encontrados no gerenciamento de um sistema de informações, advindos
principalmente do crescimento econômico, da dinâmica social e do desenvolvimento de
novas formas de manejo ambiental. Toda esta capacidade gerencial faz do SIG uma
ferramenta cada vez mais utilizada nas mais variadas áreas.
De acordo com SILVA (1999) os mapas digitais são representações
binárias, ou seja, capazes de serem utilizadas por computadores.
À
medida
que os mapas analógicos são convertidos em mapas digitais, ou em formato
matricial, a noção da resolução espacial ou do tamanho do pixel de acordo
com a escala em uso deve ser definida. Como a informação gráfica contida
em um mapa é geralmente impressa com larguras de 0,15 mm a 0,80 mm,
respectivamente, sugere-se que a resolução espacial relacionada com a
escala seja definida de acordo com a largura mínima e máxima. Exemplo:
para uma escala de 1:10.000, a faixa de resolução espacial mínima e máxima
corresponderia a 1,5 m (10.000
x
0,15) e 8 m (10.000
x
0,80), respectivamente
(Tabela 5).
Tabela 5
. Escalas de mapa versus faixa de resolução espacial (SILVA, 1999).
ESCALA DO MAPA
FAIXA DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
(m)
RESOLUÇÃO ESPACIAL IDEAL
(m)
1:5.000 0,80 a 3,00 1,30
1:10.000 1,50 a 6,00 2,50
1:20.000 3,00 a 12,00 4,20
1:30.000 4,00 a 18,00 7,30
1:50.000 7,50 a 30,00 12,70
1:75.000 11,00 a 45,00 17,30
1:100.000
15,00 a 80,00 25,40
30
2.4- DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
2.4.1- Generalidades
Degradação ambiental é um termo de conotação negativa. Seu uso na moderna
literatura científica é quase sempre ligado a mudanças artificiais ou perturbações
provocadas pelo homem. É geralmente uma redução percebida das condições naturais
ou do estado de um ambiente. O agente causador de degradação ambiental é sempre o
ser humano: "processos naturais não degradam ambientes, apenas causam
mudanças". (JOHNSON et al., 1997, citado por SÁNCHEZ, 2006). Portanto, a
degradação ambiental pode ser conceituada como qualquer alteração adversa dos
processos, funções ou componentes ambientais, ou como uma alteração adversa da
qualidade ambiental. Em outras palavras, degradação ambiental corresponde a impacto
ambiental negativo.
Assim como a poluição se manifesta a partir de um certo patamar, também a
degradação pode ser percebida em diferentes graus. O grau de perturbação pode ser
tal que um ambiente se recupere espontaneamente; mas, a partir de certo nível de
degradação, a recuperação espontânea pode ser impossível ou somente se a prazo
muito longo, desde que a fonte de perturbação seja retirada ou reduzida. Na maioria
das vezes, uma ação corretiva é necessária. A Figura 20 mostra de maneira
esquemática conceito de degradação ambiental e os objetivos das ações de
recuperação ambiental. Se o ambiente pode ser degradado de diversas maneiras, a
expressão “área degradada” sintetiza os resultados da degradação do solo, da
vegetação e muitas vezes das águas (SÁNCHEZ, 2006).
Num recente estudo do IBGE sobre a questão ambiental dos municípios
podemos verificar que a situação de Uberaba apresenta índices altos de
desmatamento, afetando as condições de vida. Considerando que a real situação da
bacia do rio Uberaba seja grave, os problemas advindos do desmatamento devem ser
vistos como muito preocupantes, pois além de envolverem erosão, assoreamento,
dificuldade de infiltração, ocorrerá também à falta d’água (OLIVEIRA, 2005).
31
Figura 20. Conceitos de degradação e recuperação ambiental e sua relação com a
sustentabilidade (SÁNCHEZ, 2006).
Na Figura 21 destacam-se os municípios brasileiros que indicaram o
desmatamento afetando as condições de vida.
2.4.2- Impactos sobre o ecossistema Cerrado
-
Grandes projetos agropecuários
: - desmatamento de áreas nativas e
grandes queimadas; drenagens - erosão, alteração da vazão dos cursos d'água,
assoreamento;
monocultura extensiva -
desequilíbrio ecológico;
uso de grandes
quantidades de agrotóxicos
- poluição das águas;
uso de mecanização intensiva
-
compactação dos solos.
32
Figura 21. Desmatamento prejudicial às condições de vida (IBGE, 2005).
-
Expansão urbana desordenada:
- destruição de nascentes de cursos
d'água; destruição da paisagem; poluição por falta de saneamento básico;
destruição da rede de drenagem; abertura de cascalheiras; áreas de extração
de areia, estradas, cortes de morros, aterros e drenagens, voçorocas;
desmatamento para obtenção de lenha e escoras para construção e fornos;
aumento da poluição das águas com esgoto e do solo com lixo; expansão do
tráfego de veículos e conseqüente poluição atmosférica e sonora; intensificação
da descaracterização da paisagem e biota nativas pela expansão de áreas
ocupadas com plantas e animais exóticos,
(EMBRAPA, 1996).
Desmatamento afetando as condições de vida.
33
2.4.3- Poluição dos recursos hídricos
Segundo as leis brasileiras, poluição hídrica é definida como qualquer alteração
prejudicial às características da água, sendo geralmente interpretada como uma
alteração que reduz os usos potenciais da água para o homem e as espécies aquáticas
(SCHWARZBOLD et al., 1994). O nível de poluição hídrica no mundo tem crescido em
função de vários fatores. O principal fator está relacionado com o aumento
populacional.
Considerando a industrialização acelerada e conseqüente crescimento das
cidades, os corpos d’água passaram a ser sobrecarregados com os usos e a
intensificação dos mesmos. Os rios que eram usados para lazer ou para a pesca
tiveram suas águas poluídas por dejetos domésticos ou industriais, desviadas para
irrigação ou barragens para gerar energia. Com a utilização intensiva do solo, com os
desmatamentos e intervenções no leito dos rios é possível observar significantes
alterações de regime hidrológico.
Segundo BARTHOLO (1994) a urbanização e a industrialização não são as
únicas causas da diminuição e da poluição da água. O manejo inadequado do solo para
a agricultura e pecuária, os usos intensificados de fertilizantes e pesticidas, o
desflorestamento e, conseqüentemente, a erosão, as enchentes e a diminuição das
reservas de água no subsolo são problemas relacionados à conservação da água.
Na visão de MOREIRA (2001) o crescente comprometimento das águas fluviais
pela poluição proveniente dos esgotos sanitários e atividades industriais, bem como
pelo fenômeno da desertificação, vem diminuindo consideravelmente a disponibilidade
deste recurso para o consumo humano. As águas subterrâneas tamm têm sido cada
vez mais contaminadas em decorrência das atividades da agricultura e da disposição
inadequada de resíduos sobre o solo. A renovação de um lençol freático pela natureza
ocorre num prazo de 1400 anos. E ainda, a destruição de florestas provoca uma série
de efeitos encadeados, tais como a erosão do solo, o comprometimento dos rios, da
flora e da fauna, alterações climáticas, entre outros.
34
2.4.4- Erosão dos solos
De acordo com OSAKI (1994) a erosão já atingiu todos os países uns
drasticamente e outros de forma menos acelerada. Prova disto, é o que tem acontecido
com o Canadá; EUA (Texas, Nebraska, Dakota, Misouri, lowa, Minesota); terras do
deserto de Gobi, que são levadas pelo vento até a China (Pequim); terras da África
(Saara), que são transportadas até os países do Sul da Europa. Entre 1.934 e 1.935,
ventos que sopraram nas terras de Oklahoma ergueram as terras agrícolas a grandes
alturas escurecendo Nova York por semanas. Isto ocorreu em conseqüência do preparo
do solo (arações e gradeações excessivas) feito para o cultivo do trigo.
Segundo PRUSKI (2006), quanto mais protegida pela cobertura vegetal estiver à
superfície do solo contra a ação da chuva, menor será nele a propensão de ocorrência
de erosão. Além de aumentar a quantidade de água interceptada, a vegetação
amortece a energia de impacto das gotas de chuva, reduzindo a destruição dos
agregados, a obstrução dos poros e o selamento superficial do solo. A cobertura
vegetal na superfície reduz a velocidade do escoamento superficial, pelo aumento da
rugosidade hidráulica do seu percurso. A sua retirada e a conseqüente incidência direta
da radiação solar sobre a superfície do solo, podem
ser
responsáveis pela destruição da
matéria orgânica e dos microrganismos em uma camada de aproximadamente cinco
centímetros.
2.4.5- Conflitos de uso das terras
De acordo com ROCHA & RURTZ (2001) os conflitos de uso das terras são os
maiores responsáveis pelas erosões, assoreamentos de rios, barragens, açudes,
enchentes e efeitos das secas. Os conflitos são conseqüências do uso incorreto dos
solos, não respeitando a aptidão agrícola ou a capacidade de uso das terras, como por
exemplo, o cultivo agrícola em terras de classes de capacidade de uso V, VI, VII e VIII;
a pecuária desenvolvida em áreas de classe de uso VII e VIII, ou o cultivo agrícola em
35
terras apropriadas, porém com declividade média acima de 10%, sem adoção de
práticas de conservação do solo (Figura 22).
As classes de uso das terras constituem agrupamentos que apresentam o
mesmo grau de limitação, ou seja, terras com limitações de uso e/ou riscos de
degradação do solo em grau semelhante. Estas formam três grupos de capacidade de
uso (A, B e C), estabelecidos com base na maior ou menor intensidade de uso das
terras, conforme são descritos a seguir:
Grupo A: terras passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e/ou
reflorestamento e vida silvestre (comporta as classes I, lI, III e IV).
Grupo B: terras impróprias para cultivos intensivos, mas ainda adaptadas para
pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre (Compreende as classes V, VI e VII).
Grupo C: terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou
reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre, recreação
ou armazenamento de água (comporta a classe VIII) (LEPSCH et al., 1991).
Figura 22. Cultivo da cana-de-açúcar comprometendo a estabilidade do manancial
(VALLE JUNIOR, 2008).
36
2.4.6- Recuperação de áreas degradadas
De
acordo com SÁNCHEZ (2006) a recuperação ambiental é um termo geral que
designa a “aplicação de téc
nicas
de manejo visando tornar um ambiente degradado
apto para um novo produtivo, desde que sustentável”. Dentre as variantes da
recuperação ambiental, a restauração é entendida com o retorno de uma área
degradada às condições existentes antes degradação, com o mesmo sentido que se
fala da restauração de bens culturais, como edifícios históricos. Em certas situações,
as ações de recuperação podem levar um ambiente degradado a uma condição
ambiental melhor do que a situação inicial (mas somente, é claro, quando a condição
inicial for a de um ambiente alterado). Um exemplo é uma área de pastagem com
erosão intensa que passa a ser usada para exploração mineral e em seguida é
repovoada com vegetação nativa para fins de conservação ambiental.
Podemos observar na Figura 23 diferentes entendimentos ou variações do
conceito de recuperação de áreas degradadas. No eixo vertical, representa-se de
maneira qualitativa o grau de perturbação do meio, enquanto o eixo horizontal mostra
uma escala temporal. A partir de uma dada condição inicial (não necessariamente a
condição "original" de um ecossistema, mas a situação inicial para fins de estudo da
degradação), a área analisada passa a um estado de degradação, cuja recuperação
requer, na maioria das vezes, uma intervenção planejada.
De acordo com (IBAMA, 1990) áreas degradadas são comumente revegetadas
no Brasil e por isso
recuperação e reabilitação
são termos considerados afins no
País. Quando se opta pela revegetação, como no caso de uma área de mineração,
deve-se reconhecer que a recuperação não é um evento que ocorre em uma época
determinada, mas é um processo que se inicia com o planejamento, antes da
mineração, e termina muito após a explotação da lavra, com a manutenção do plantio
(BARTH, 198
9 citado por
CORRÊA, 2005). Ao término da manutenção do plantio, a
área deve-se encontrar em um processo autônomo de sucessão ecológica, quando a
intervenção humana não se faz necessária.
37
Figura 23. Diagrama esquemático dos objetivos de recuperação de áreas degradadas
(SÁNCHEZ, 2006).
Na prática, o termo recuperação prevê atividades que permitem o
desenvolvimento de vegetação, nativa ou exótica, na lavra explotada ou a reutilização
do local que foi degradado para diversos outros fins.
O
IBAMA define recuperação
como o retorno de áreas degradadas a uma forma de utilização tecnicamente
compatível, em conformidade com os valores ambientais, culturais e sociais locais
(IBAMA, 1990). Dessa forma, o termo recuperação encontra base conceitual e técnica
para que se adotem diversas medidas no tratamento de áreas degradadas. O fato é que
áreas degradadas são ambientes criados pelo homem e a ecologia que rege seus
processos, inclusive os de recuperação, ainda é pouco conhecida (CORRÊA, 2005).
38
2.4.7- Processos metodológicos de avaliação da degradação ambiental
Segundo MATALLO JUNIOR (2001) não há consenso sobre qual matriz de
indicadores que deve ser adotada como metodologia nos estudos da desertificação na
América Latina e Caribe. Algumas metodologias nunca foram aplicadas e/ou
devidamente testadas. Assim, os esforços existentes são importantes do ponto de vista
do acúmulo de experiências e conhecimentos a serem consolidados. Ademais, cada
país da região enfrenta uma situação bastante específica, seja em termos de
conhecimentos e estatísticas disponíveis sejam em termos de massa crítica existente, o
que poderá determinar mudanças e adaptações aos métodos de diagnóstico ou
avalião.
BAUMGRATZ & BOAVENTURA (1986) em estudos sobre desertificação
realizados nas bacias dos rios Abaeté, Borrachudo e Indaiá, localizadas no centro-oeste
do Estado de Minas Gerais, definiram três níveis para classificar a intensidade da
desertificação: 1 a 7, baixa intensidade; 8 a 14, média; 15 a 21, alta. Estes valores
(pesos) foram definidos em função dos indicadores:
1. Degradação da cobertura vegetal
2. Rarefação da fauna alada
3. Rarefação da fauna terrestre
4. Rarefação da fauna aquática
5. Poluição do ar
6. Degradação dos recursos hídricos
7. Degradação dos solos
Os indicadores podem atingir, no máximo, 21 pontos por área analisada (Tabela
6).
39
Tabela 6. Modelo para avaliação de intensidade da desertificação em áreas não
urbanizadas (BAUMGRATZ & BOAVENTURA, 1986).
GRAU DE MANIFESTAÇÃO
INDICADORES DIRETOS
3 2 1
VALORES
INDIVIDUAIS
Degradação da cobertura vegetal
x
3
Rarefação da fauna alada
x 1
Rarefação da fauna terrestre
x 1
Rarefação da fauna aquática
x 1
Poluição do ar
- - - -
Degradação dos recursos hídricos
x 2
Degradação dos solos
x 3
TOTAL 6 2 3
11
De acordo com os dados encontrados na Tabela 6 (11 pontos), a intensidade de
desertificação foi classificada como média.
A EMBRAPA (1994) realizou um estudo na área mais seca do semi-árido (índice
pluviométrico inferior a 500 mm e predominância de caatinga hiperxerófila) destacando
os aspectos físicos como solo, relevo e sensibilidade à erosão, considerando o tempo
de ocupação em função dos usos com o objetivo de avaliar o quadro de degradação
ambiental. A classificação foi dividida em quatro níveis de degradação ambiental: baixo,
moderado, acentuado e severo, conforme Tabela 7.
O mapa de diagnóstico sobre a desertificação no Nordeste (Figura 24) elaborado
no âmbito do Plano Nacional de Combate à Desertificação (PNCD) em 1997, foi dividido
em quatro classes de degradação: moderada, grave, muito grave e núcleos de
desertificação. Segundo PERNAMBUCO (1999) esse diagnóstico foi elaborado a partir
de dados secundários (em escala municipal) gerados a partir de estudos produzidos
pelo Instituto Desert, CPATSA (Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-
Árido) e IBGE.
40
Tabela 7. Níveis de degradação ambiental de acordo com o tipo de solo e o impacto do
manejo sobre os mesmos (EMBRAPA, 1994).
ESCALA DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E ÁREAS ATINGIDAS NA REGIÃO
NORDESTE
Níveis de
degradação
ambiental
Tipos e
associações de
solos
Relevo
Sensibilidade
à erosão (%)
Tempo de
ocupação
Área
mais
seca do
TSA
1
(%)
Trópico
semi-
árido
(%)
Nordeste
(%)
Severo
Bruno não
cálcicos
Suave
ondulado e
ondulado
Forte
Longo
(Algodão)
38,42 12,80 7,15
Acentuado Litólicos
Ondulado,
forte
ondulado e
montanhoso
Muito Forte
Recente
(Culturas de
subsistência)
10,23 3,40 1,90
Moderado
Podzólicos
Eutróficos
Terras roxas
estruturadas
Cambissolos
Ondulado e
forte
ondulado
Moderado
Longo
(Culturas
comerciais)
10,21 3,40 1,89
Baixo Planossolos
Plano e
suave
ondulado
Moderado
Médio
(Pastagem e
Culturas de
Subsistência)
7,07 2,35 1,89
Total 20.364.900 65,93 21,95
12,25
FERREIRA et al. (1994), realizaram estudos sobre a desertificação no Nordeste
baseado em 19 indicadores:
1. Densidade demográfica
2. Sistema fundiário
3. Mineração
4. Qualidade da água
5. Salinização
6. Tempo de ocupação
7. Mecanização
8. Estagnação econômica
9. Pecuarização
10. Erosão
11. Perda de fertilidade
12. Área de preservação
13. Defensivos agrícolas
14. Área agrícola
15. Bovinocultura
16. Caprinocultura
17. Ovinocultura
18. Evolução demográfica
19. Susceptibilidade à desertificação
___________
1
TSA Trópico Semi-Árido
41
Figura 24. Mapa de ocorrência de desertificação no Nordeste (BRASIL, 1997).
Para os indicadores foi construída uma matriz com registro da presença ou
ausência destes, tendo como base informações dos censos demográficos, do
zoneamento agroecológico do Nordeste, e de relatórios da SUDENE (Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste).
As áreas (que em todos os casos são microrregiões homogêneas) com presença
em pelo menos 15 dos 19 indicadores foram consideradas como sendo muito graves.
Áreas com presença de 11 a 14 indicadores foram consideradas graves e, finalmente,
as áreas com a presença de 6 a 10 indicadores foram consideradas moderadas. Na
Tabela 8 é destacada parte da matriz de indicadores.
42
Tabela 8. Matriz de indicadores (0 = ausência; 1 = presença) (FERREIRA et al., 1994).
INDICADORES
Microrregião
0
0
1
1
0
0
2
2
0
0
3
3
0
0
4
4
0
0
5
5
0
0
6
6
0
0
7
7
0
0
8
8
0
0
9
9
1
1
0
0
1
1
1
1
1
1
2
2
1
1
3
3
1
1
4
4
1
1
5
5
1
1
6
6
1
1
7
7
1
1
8
8
1
1
9
9
4
4
5
5 1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0
4
4
6
6 0 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1 1 1
4
4
7
7 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 0 0
Em estudos realizados por CANDIDO et al. (2002) sobre a degradação ambiental
no Seridó Paraibano utilizaram-se oito indicadores:
1. Vegetação 1. mecanização
2. Topografia 2. Área agrícola
3. Solo/geologia 3. densidade populacional
4. ecologia 4. pecuarização
Na análise dos indicadores foram obtidos os índices de degradação ambiental:
“baixo” 2,25 %; “moderado” 50,65 %; 44,86 % da área apresentaram o índice de
degradação “grave”, observando-se ainda a existência de pequenas áreas com índice
“muito grave” de degradação 2,24 %. Provavelmente eram áreas onde estavam
formando os chamados “núcleos de desertificação” (Figura 25).
FERNADES et al. (2005) por meio de análise estatística multivariada, determinou
índices de degradação ambiental (ID), para o Estado de Minas Gerais. A construção
dos IDs levou em consideração a indicadores:
1. biológicos
2. econômicos
3. demográficos
No total foram quatro indicadores utilizados: um biológico; dois econômicos e um
demográfico. O biológico foi associado à cobertura vegetal. Os dois indicadores
econômicos foram definidos pela produtividade das lavouras e dos animais. O indicador
demográfico relacionou-se à capacidade das áreas com lavouras (perenes e
43
temporárias), e pastagens (naturais e plantadas); suportarem maior contingente de
trabalhadores nas atividades agropecuárias.
Figura 25. Mapa de degradação ambiental de parte do Seridó Paraibano (CANDIDO et
al., 2002).
Pelos resultados encontrados verifica-se que Minas Gerais possui um índice de
degradação (ID) médio de 86 %, destacando-se que mais de 40 % de seus municípios
obtiveram valores do ID iguais a 1; os demais apresentaram acima de 0,70; significando
70 % do território degradado. As exceções ocorreram nos municípios de Senador
Amaral e Bom Repouso, que obtiveram IDs mínimos de 0,04 e 0,10, respectivamente.
44
Observando o mapa de “estratificação do índice de degradação ambiental”,
apresentado no estudo realizado por FERNADES et al. (2005) a região do Triângulo
Mineiro (área da bacia do rio Uberaba) apresenta um ID variando entre 87,51 % a 100
% (Figura 26).
Figura 26. Estratificação do índice de degradação ambiental em Minas Gerais
(FERNADES et al., 2005).
KAZMIERCZAK & SEABRA (2007) determinaram índice de susceptibilidade de
degradação ambiental (ISDA) em áreas do cerrado paulista através de cinco
indicadores:
1. Uso do solo
2. Índice de Vegetação Diferença Normalizada (NDVI)
3. Precipitação
4. Pressão exercida pela pecuária
5. Erodibilidade
45
Na análise dos indicadores é destacado: “uso do solo” - é um fator relevante no
controle da erosão do solo; “Índice de Vegetação Diferença Normalizada (NDVI)” -
áreas com maior concentração de biomassa tendem a oferecer maior proteção ao solo,
atenuando o impacto da chuva e do vento; “precipitação” - um dos elementos-chave na
distribuição da vegetação, a precipitação pode apresentar uma alta variabilidade tanto
espacial quanto temporal; “pressão exercida pela pecuária” - a compactação dos solos
resultante da pecuária é refletida na menor disponibilidade de água, que por sua vez
influencia a atividade da biota do solo, a dinâmica do ciclo de nitrogênio, o vigor
vascular da planta, a sua reprodução e a taxa de decomposição da matéria orgânica do
solo; “erodibilidade” - analisando-se o tipo de solo e a declividade pode-se ter uma
noção da fragilidade do ambiente em relação ao seu potencial de erosão.
Para cada indicador foram geradas as estatísticas básicas (média, variância,
etc.). A amplitude foi dividida em cinco classes, gerando o intervalo de classe de cada
indicador. Tem-se assim, classes que correspondem a valores identificados como
“muito baixo”, “baixo”, “médio”, “alto” e “muito alto”. Esta legenda foi aplicada para os
indicadores precipitação, erodibilidade, uso do solo, NDVI e pressão exercida pela
Pecuária (Tabela 9). Para cada indicador as notas aplicadas estão relacionadas a cada
célula que se sobrepõe a cada classe. Na atribuição das notas (de 1 a 5), para cada
indicador, classes que protegem o solo, assumem valores menores de susceptibilidade,
enquanto classes em que esta proteção é menor assumem valores cada vez maiores. A
única exceção é para pastagem, que pode receber “0” (zero) caso não haja esta classe
na célula em questão.
A aplicação dos indicadores, segundo VASCONCELOS SOBRINHO (1978) é o
modelo fundamental dos estudos de desertificação. Essa prática tem o objetivo de
alcançar o conhecimento mais exato e mais rápido do processo e permite avaliar a
vulnerabilidade à desertificação; prever o começo da desertificação antes que ela se
inicie; vigiar o processo nas regiões que sofrem a desertificação e nas áreas que se
considera que haja risco deste fenômeno; avaliar os efeitos dos processos de
desertificação e dos programas para combatê-los.
46
Tabela 9. Resultados gerados pelo ISDA e simulação de mudança de cenário
(KAZMIERCZAK & SEABRA, 2007).
ISDA SIMULAÇÃO
Classe do ISDA Cor no mapa Área (ha)
%
Área (ha)
%
Muito baixa
Azul-escuro 11.751,00 23,12 19.216,00 37,81
Baixa
Azul-claro 18.560,00 36,52 11.661,00 22,94
Média
Verde-claro 10.888,00
21,42 10.348,00 20,36
Alta
Laranja 6.634,00
13,05 6.646,00 13,08
Muito alta
Vermelho 2.992,00 5,89 2.954,00 5,81
Total 50.825,00 100,00 50.825,00 100,00
No levantamento e análise dos indicadores anteriormente citados, é necessário
disponibilidade de tempo, mão de obra especializada e recursos. A maioria dos
indicadores encerra em si uma pesquisa à parte, por causa da ausência de dados
básicos a eles inerentes, o que conseqüentemente demanda maior tempo, técnicos
especializados e expressivos recursos (SERGIPE, 1981).
Segundo VASCONCELOS SOBRINHO (1978) grande pioneiro nos estudos da
desertificação, os indicadores físicos, biológico-agrícolas e sociais da desertificação
são:
I - Indicadores físicos:
a) Grau de salinização e alcalinização do solo;
b) Profundidade das águas subterrâneas e a qualidade da água;
c) Profundidade efetiva do solo acima das camadas que inibem o
crescimento das raízes;
d) Número de tormentas de pó e de areia;
e) Presença de crostas no solo;
f) Quantidade de matéria orgânica no solo;
g) Volume dos sedimentos nas correntes de água;
47
h) Área coberta de vegetação e turbidez das águas superficiais.
II - Indicadores biológico-agrícolas:
1- Vegetação:
a) Cobertura vegetal;
b) Biomassa acima da superfície;
c) Espécies chaves: distribuição e freqüência.
2- Animais:
a) Espécies chaves (incluindo invertebrados);
b) População de animais domésticos;
c) Composição dos rebanhos;
d) Produção.
3- Rendimento (colheita)
III - Indicadores sociais:
1- Uso da terra:
a) Agricultura por irrigação;
b) Agricultura de sequeiro;
c) Pastoreio;
d) Corte e eliminação da cobertura vegetal para combustível e construções
(prática extrativa);
e) Mineração;
f) Instalações de turismo e de recreio.
2-Tipo de assentamento, especialmente nas populações rurais:
a) Assentamento recente;
b) Expansão de assentamento;
c) Diversificação do assentamento;
48
d) Abandono do assentamento.
3- Parâmetros biológicos humanos:
a) Estrutura da população e taxas demográficas;
b) Medições da situação em matéria de nutrição;
c) Índice de saúde pública.
4- Parâmetros de processo social:
a) Conflito;
b) Migração;
c) Esquema de redistribuição;
d) Marginalização;
e) Circulação de dinheiro relativamente à subsistência.
49
3- MATERIAL E MÉTODOS
3.1- MATERIAL
3.1.1- Área de estudo
Situada na região do Triângulo Mineiro, a bacia do rio Uberaba é delimitada pelos
paralelos 19
o
30’ 37” e 20
o
07’ 40” de latitude sul e longitude de 47
o
39’ 02” e 48
o
34’ 34”
a oeste de Greenwich. Com extensão de 2.419,04 km
2
e perímetro de 308,04 km,
compreende os municípios de Uberaba, Veríssimo, Conceição das Alagoas, Planura e
uma pequena porção de Campo Florido (Figura 27).
Figura 27. Localização da área de estudo.
50
3.1.2- Produtos de Sensoriamento Remoto
Os materiais utilizados foram imagens multiespectrais do satélite CBERS-2
(Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), sensor CCD, órbita/ponto 156/122 e
157/122, bandas 2, 3 e 4; com resolução espacial de 20 m, obtidas nas datas:
10/03/2007 para as cenas 156/122; e 02/04/2007 para as cenas 157/122 (época
chuvosa); 08/09/2007 para as cenas 156/122; e 05/09/2007 para as cenas 157/122
(época seca) (CBERS-2 CCD, 2007).
3.1.3- Mapas temáticos
Mapas referentes à área de estudo, em formato digital, utilizados na avaliação da
degradação ambiental, produzidos por VALLE JUNIOR (2008):
- Mapa do potencial natural de erosão PNE;
- Mapa de classes de declividade;
- Mapa de solos;
- Mapa de conflito de uso das terras.
Mapas referentes à área de estudo, utilizados na avaliação da degradação
ambiental, produzidos durante a pesquisa:
- Mapa de zonas homólogas;
- Mapa de uso atual do solo.
3.1.4- Material diverso
- Receptor GPS de navegação Garmin, modelo 12 XL;
- Máquina fotográfica digital.
3.1.5- Sistema de informação geográfica – SIG
- SPRING - 5.0 beta.
51
Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas, desenvolvido
pelo INPE (Instituto Nacional de pesquisas Espaciais), com a participação da
EMBRAPA/CNPTIA (Centro Nacional de Pesquisa Tecnológica em Informática para
Agricultura); I
BM Brasil (Centro Latino-Americano de Soluções para Ensino Superior e
Pesquisa); TECGRAF-PUC Rio (Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica da PUC-
Rio), e PETROBRÁS/CENPES (Centro de Pesquisas "Leopoldo Miguez") (CÂMARA et
al., 1996).
3.2- TODOS
Os mapas produzidos neste trabalho (mapa de uso atual das terras e mapa de
degradação ambiental), têm como base cartográfica a projeção Universal Transverse de
Mercator - UTM; fuso 22; sistema de referência WGS84 (G1150) (World Geodetic
System 1984), compatível com o SIRGAS2000 (Sistema de Referência Geocêntrico
para as Américas), ao nível de centímetro (diferença menor que 0,01 m). Sistema
geodésico de referência adotado oficialmente no Brasil em 25 de fevereiro de 2005.
O registro (georreferenciamento) das imagens CBERS-2 foi realizado tendo como
base de referência o mosaico georreferenciado de imagens de satélite LANDSAT-TM
ortorretificadas, disponíveis na Internet (NASA, 2008).
O registro é feito para possibilitar a integração de uma imagem, com correção de
sistema, a mapas e a outros dados georreferenciados.
3.2.1- ELABORAÇÃO DO MAPA DE USO ATUAL DO SOLO
Para a elaboração do mapa de uso atual foi montado um mosaico de imagens do
satélite CBERS-2, sensor CCD, com resolução espacial de 20 m.
52
Sobre as imagens inseridas no banco de dados, aplicaram-se os procedimentos
de pré-processamento, ou seja, realce de imagens, registro e recorte da área de
estudo.
A seguir o destacadas as etapas do processo de confecção do mapa de uso
atual do solo com a aplicação do sistema de informação geográfica SPRING.
3.2.1.1- Classificação supervisionada das imagens de satélite e mapeamento das
classes de uso.
O método de classificação adotado foi o da máxima verossimilhança (Maxver)
em que a identificação do objeto é feita pelas características pontuais (por
amostragem). Este classificador avalia tanto a variância como a covariância dos
padrões de resposta espectral de uma categoria, quando se está classificando um pixel
desconhecido (BARBOSA, 1998).
De acordo com CRÓSTA (1992) o método Maxver parte do princípio que o
analista conhece bem a imagem a ser classificada, para que sejam definidas classes
representativas. O resultado do Maxver é tanto melhor quanto maior o número de pixels
numa amostra de treinamento.
Os procedimentos ou seqüência lógica de operação são descritos a seguir:
1. Criação de um arquivo de contexto – tem a finalidade de armazenar as bandas ou
imagens que serão usadas no processo de classificação;
2. Treinamento - amostragens sobre a imagem;
3. Análise das amostras - verificar a validade das amostras coletadas;
4. Classificação - de posse da amostras e das bandas escolhidas a imagem é
classificada;
5. Pós-classificação - processo de extração de pixels isolados em função de um limiar;
6. Mapeamento - transformar a imagem classificada (categoria Imagem) para um mapa
temático raster (categoria Temática).
O mapeamento temático, do uso da terra da bacia do rio Uberaba, foi realizado
tendo como definição as classes: “vegetação nativa”, “pastagem”, “área agrícola”, “área
urbana e “rio, lagoa ou represa”.
53
3.2.1.2- Trabalho de campo para checagem e avaliação
O trabalho de campo foi realizado através do reconhecimento geral da área.
Durante os trabalhos de campo realizou-se a verificação da verdade terrestre, onde
foram analisadas, em especial, as áreas com possíveis erros de classificação. Foi
utilizado o receptor GPS para o georreferenciamento das áreas verificadas.
3.2.1.3- Edição matricial e digitalização dos dados obtidos no campo para a
elaboração do mapa final de uso do solo
O objetivo da edição matricial é corrigir erros resultantes da classificação
automática. Na edição matricial identificam-se áreas que não foram classificadas,
copiando e modificando as áreas que foram erroneamente classificadas.
Nesta etapa foram, portanto, corridos os erros cometidos durante a classificação.
Para este fim foram utilizados dados e observações de campo como verdade terrestre
na produção do mapa final de uso do solo.
3.2.2- AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
3.2.2.1- Elaboração do mapa de zonas homólogas
A metodologia para interpretação visual de imagens orbitais utilizada neste estudo
é baseada na técnica de fotointerpretação de fotografias aéreas, adaptada à análise de
imagens LANDSAT, elaborada por VENEZIANI & ANJOS (1982).
Neste processo elaborou-se o mapa de zonas homólogas, baseado nos
parâmetros: tonalidade de cinza, textura fotográfica, relevo, vegetação e grau de
intensidade de uso das terras.
Segundo VENEZIANI & ANJOS (1982) zonas homólogas são áreas delimitadas
sobre as imagens constituídas por elementos texturas que possuem propriedades
qualitativas idênticas e a mesma estrutura.
54
As zonas homólogas são áreas nas imagens orbitais que possuem a mesma
resposta ambiental em relação à ação antrópica (TOMINAGA et al., 2004).
As imagens de satélite foram utilizadas como base para orientação,
espacialização e diagnose preliminar das áreas com diferentes níveis de degradação.
Para a confecção das zonas homólogas montou-se a composição colorida B2-R3-
G4, formando um mosaico com as imagens do satélite CBERS-2. Através do sistema
de informação geográfica SPRING, criou-se a categoria temática “degradação”, por
meio do comando “modelo de dados,” contendo quatro classes temáticas: “baixo”,
“moderado”, “acentuado” e “severo”. Para essas classes atribuíram-se cores: oliva
(amarelo escuro); cáqui (amarelo); laranja escuro e urucum (vermelho escuro),
respectivamente.
Na categoria “degradação” criou-se o PI (plano de informação), temático “zonas
homólogas”, através do comando “plano de informação”, sem classes temáticas,
exclusivo para a confecção das zonas homólogas.
As zonas homólogas foram produzidas através da digitalização sobre o mosaico
de imagens de satélite CBERS-2, onde foram delimitadas as regiões que apresentavam
características semelhantes, produzindo assim, um plano de informação vetorial, que
serviu como base para a análise da degradação ambiental, sobrepondo este PI sobre
os mapas de uso atual, declividade, solo, potencial natural de erosão, área de conflito e
o mosaico de imagens CBERS-2 do período seco, para facilitar a análise da vegetação,
especialmente a nativa.
O mapa de zonas homólogas foi sobreposto, portanto, sobre os mapas
temáticos. No caso do mapa de solos, foram extraídas informações sobre o potencial
agrícola, destacando-se a sua qualidade em especial a topografia, ou a fertilidade
natural das terras. Nesse caso foram consideradas três situações em função da
qualidade das terras: terras boas para plantar, peso 1; terras regulares para o plantio,
peso 2; terras inadequadas, peso 3. Quanto maiores forem os pesos, maiores serão as
limitações das terras ou sua capacidade de suporte na produção de alimentos.
55
3.2.2.2- Determinação dos níveis de degradação ambiental
Neste estudo procurou-se resgatar trabalhos pioneiros, especialmente os
realizados por grupos de pesquisadores, onde foi utilizada uma grande diversidade de
indicadores na avaliação da degradação ambiental.
Na determinação dos níveis de degradação ambiental foram agrupadas partes das
metodologias utilizadas por FERREIRA et al. (1994), ITDG (1994), BAUMGRATZ &
BOAVENTURA (1986) e EMBRAPA (1994), adaptadas por CANDIDO et al. (2002),
para trabalhos em escalas de semi-detalhe (1:100.000).
As conseqüências dos impactos gerados pelas ações antrópicas, ao longo do
tempo na bacia, foram avaliadas através dos indicadores:
1. vegetação
2. topografia
3. solo/geologia
4. potencial natural de erosão-PNE
5. mecanização
6. área agrícola
7. densidade populacional
8. pecuarização
9. área de conflito
O indicador, “área de conflito”, foi adotado neste estudo, por considerar que as
áreas de uso do solo em conflito são áreas onde os efeitos dos impactos são maiores
ou mais danosos ao ambiente. Para este indicador considerou-se três situações de
conflito de uso do solo. O peso foi definido em função do percentual de ocorrência de
conflito em cada zona homóloga: sem conflito, peso 1; menor que 50 %, peso 2; áreas
com ocorrência maior que 50 %, peso 3.
Na avaliação dos indicadores foram atribuídos pesos em função dos seus
impactos ou importância para o ambiente. Quanto maior for o peso, maior será o
impacto no ambiente.
56
A soma total dos pesos dos indicadores, para cada uma das 132 zonas
homólogas analisadas, é de 29 pontos, sendo o máximo que se pode atingir por zona.
Para o nível de degradação baixo” foram adotados valores menores ou iguais a 13 pontos.
Para o nível moderado”, consideraram-se os valores situados no intervalo de 14 a
16. As zonas com pesos situados entre 17 a 19 pontos foram classificadas como nível
acentuado” e as com pesos iguais ou
maiores que
20 pontos, como nível de
degradação ambiental severo”.
Através da edição vetorial no SPRING, associou-se cada zona homóloga, em
função do peso encontrado, às classes previamente determinadas.
3.2.2.3- Checagem de campo para avaliação complementar da vulnerabilidade
ambiental
O trabalho de campo foi realizado através do reconhecimento geral da área, e de
acordo com as unidades morfológicas previamente reconhecidas nas imagens orbitais.
Para esse fim foram adotados os seguintes critérios para verificação da fidelidade dos
resultados.
§ Prioridades de checagem de campo:
- Áreas classificadas com índices baixo e severo (extremos da classificação);
- Áreas classificadas (zonas homólogas), sorteadas para checagem de forma
aleatória, conforme determinado pela fórmula a seguir.
Para o lculo do número de amostras, correspondentes às zonas homólogas a
serem checadas, utilizou-se da equação descrita por ROCHA & RURTZ (2001):
Em que:
n= 0,25 Q N / [ (Er
2
) (N-1) + 0,25 Q ]
57
n = número de visitas a serem realizadas;
Q = valor tabelado do Qui-Quadrado, no presente caso igual a 3,841;
0,25 = variância máxima para um desvio padrão de 0,5;
Er = erro escolhido pelo pesquisador, igual a 0,1 (10%);
N = número de zonas homólogas.
Nesta etapa realizou-se, portanto, o trabalho de verificação da verdade terrestre.
Também foram colhidos dados complementares e essenciais para o ajuste na avaliação
dos indicadores, tais como: informações detalhadas sobre o relevo, a vegetação,
erosões, uso do solo etc. O receptor GPS foi utilizado na locação ou
georreferenciamento dos pontos estudados, principalmente os locais de maior impacto
ambiental. Uma máquina fotográfica foi utilizada para o registro de dados como:
assoreamentos, fontes de poluição, vista panorâmica da área, etc, que auxiliaram
bastante na análise final da degradação ambiental.
3.2.2.4- Mapa de degradação ambiental
De acordo com as análises dos indicadores e com os dados de avaliação obtidos
no campo, utilizou-se o SPRING, que através da edição vetorial, efetuou-se o ajuste ou
correção das áreas classificadas em desacordo com a realidade do ambiente da bacia;
concluindo, portanto, o mapa de degradação ambiental, composto pelos níveis: baixo;
moderado; acentuado e severo.
A seguir é apresentado o diagrama de fluxo do processo metodológico de
avalião da degradação ambiental adotado neste estudo (Figura 28).
58
Mapa de degradação ambiental
Confecção do
mosaico CBERS-2
Análise visual de
imagens orbitais
Edição vetorial
digitalização
Elaboração do mapa de
zonas Homólogas
Mapa de zonas
Homólogas
Avaliação
preliminar
Análise dos mapas de solos, potencial natural de
erosão, classes de declividades, conflitos de uso, uso
do solo e mosaico CBERS-2: aplicação dos pesos.
Trabalho de campo
Avaliação
final
AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL
Figura 28. Diagrama de fluxo de avaliação da degradação ambiental.
59
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- ANÁLISE TEMPORAL DO USO DO SOLO DA BACIA DO RIO UBERABA
De acordo com os dados das Tabelas 10 e 11 observa-se que entre as décadas
de 60, 90 e até o ano de 2008, ocorreu uma diminuição progressiva e significativa da
vegetação nativa, atingindo valores irrisórios em 2008 (17,96 %), não respeitando o
mínimo determinado por lei.
A expansão da área agrícola é crescente, onde se destaca a redução das áreas
de pastagens, especialmente para o cultivo da cana-de-açúcar.
Tabela 10. Uso e ocupação do solo da bacia do rio Uberaba nas décadas de 60 e 90
(CRUZ, 2003).
DÉCADA DE 60 DÉCADA DE 90
TIPO DE USO DO SOLO
área (ha) % área (ha) %
1- Vegetação nativa 97.365,20 40,70 46.715,50
19,70
2- Área agrícola
26.960,90 11,30 46.661,40 19,60
3- Pastagens
111.350,00 46,80 139.156,40 58,50
5- Área urbana
1.945,20 0,80 3.250,00 1,40
6- Lagoas, represas.
115,00 0,10 1.951,31 0,80
Na Figura 30 é apresentado o mapa de uso do solo da bacia do rio Uberaba.
60
Tabela 11. Uso e ocupação do solo da bacia do rio Uberaba no ano de 2008.
USO – ANO 2008
TIPO DE USO DO SOLO
área (ha) % do total (241.915,00 ha)
1- Vegetação nativa
43.436,00 17,96
2- Área agrícola 67.721,00 27,99
3- Pastagens 121.458,00 50,21
5- Área urbana 4.696,00 1,94
6- Rios, lagoas e represas. 4.596,00 1,90
4.2 – ZONAS HOMÓLOGAS DA BACIA DO RIO UBERABA
O mapa de zonas homólogas foi utilizado como estrutura padrão de análise das
áreas identificadas por números (zonas homólogas ou áreas com características
semelhantes) (Figura 29).
Figura 29. Mapa das zonas homólogas da bacia do rio Uberaba.
61
Figura 30. Mapa de uso do solo da bacia do rio Uberaba – ano de 2008.
62
Quanto menor a área das zonas homólogas maior será a precisão na avaliação.
O número de zonas homólogas tamm influencia na qualidade da avaliação, quanto
maior for o número de zonas homólogas maior será precisão.
Total de zonas homólogas encontradas na bacia do rio Uberaba 132, com áreas
variando de 0,42 km
2
a 139 km
2
.
4.3 – PRODUTO DAS ANÁLISES DOS INDICADORES
4.3.1- Distribuição dos solos nas zonas homólogas
Os Latossolos Vermelho distroférrico predominam nas zonas homólogas Tabela
12. São solos muito profundos, com textura variando de média a argilosa, com maior
ocorrência na região os de textura franco arenosa, bastante erosíveis
(EMBRAPA/EPAMIG, 1982).
Tabela 12. Ocorrência dos solos nas zonas homólogas.
OCORRÊNCIA DOS SOLOS NAS ZONAS HOMÓLOGAS
Tipo de solo ( % )
Latossolo Vermelho distroférrico 71,21
Latossolo Vermelho distrófico
Latossolo Vermelho Amarelo distroférrico
19,70
Argissolo Vermelho Amarelo 9,09
No mapa de solos Figura 31 tem-se como exemplo a zona homóloga 22, que
pelos critérios de avaliação, o solo classificado (predominante) é o Latossolo Vermelho
distroférrico, onde se obteve peso 2 (terras regulares para plantio). Como as zonas
homólogas foram construídas baseadas em imagens de satélites; o critério adotado
para a análise dos demais mapas temáticos, inclusive o mosaico de imagens orbitais,
foi considerar o elemento ou fator de maior expressão ou dominância em cada zona
homóloga.
63
Figura 31. Distribuição de classes de solos nas zonas homólogas sobre o mapa de
solos da bacia do rio Uberaba (VALLE JUNIOR, 2008).
4.3.2- Distribuição da vegetação no mosaico de imagens de satélite CBERS-2
Neste estudo a analisou-se a cobertura vegetal nativa; para isso, utilizou-se o
mosaico de imagens CBERS-2 da estação seca, onde foi observada uma cobertura
vegetal bastante pobre (Figura 32).
Na análise da vegetação observa-se a predominância da vegetação aberta e rala,
destacando-se um percentual bastante baixo de áreas com vegetação fechada (Tabela
13).
64
Tabela 13. Distribuição da vegetação nas zonas homólogas.
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO NAS ZONAS HOMÓLOGAS
Vegetação/grau de distribuição Percentual de ocorrência ( % )
Muito rala 9,09
Rala 30,30
Aberta 36,34
Semi-densa 16,70
Densa 5,30
Fechada 2,27
Figura 32. Zonas homólogas sobre o mosaico do satélite CBERS-2. Composição
colorida B2-R3-G4. Época seca.
65
Os impactos na cobertura vegetal original, provocados pelas ações antrópicas,
são um dos primeiros fatores responsáveis pelo desenvolvimento do processo de
degradação das terras, especialmente pela ação que exerce na proteção do solo contra
os efeitos erosivos. Na análise da vegetação seis níveis ou situações foram
consideradas. Quanto menor for a cobertura vegetal presente na zona homóloga, maior
será o peso: vegetação fechada, peso 1; densa, peso 2; semi-densa, peso 3; aberta,
peso 4; rala, peso 5 e muito rala, peso 6; portanto, é o indicador mais representativo ou
de maior peso na avaliação da degradação ambiental. A presença de vegetação sobre
Latossolos no Cerrado é suficiente para reduzir em até 90 % as perdas de solo por
erosão (CORRÊA, 2005).
O mosaico de imagens CBERS-2, tamm foi utilizado na avaliação do indicador
densidade populacional, o qual foi subdividido em três níveis: < 15 hab/km
2
, peso 1; 15
a 30 hab/km
2
, peso 2; > 30 hab/km
2
, peso 3. Nesse caso foi considerada a
concentração de moradias, ou a sua inexistência nas zonas homólogas, sendo a
classificação efetuada por estimativa.
4.3.3- Distribuição do potencial de erosão nas zonas homólogas
O potencial natural de erosão (PNE) é obtido a partir da integração de dados dos
fatores da EUPS (equação universal de perdas de solo), que se referem aos elementos
do meio físico, considerando a erosividade da chuva, erodibilidade do solo e fator
topográfico. Assim, o mapa de potencial natural de erosão Figura 33 é um substancial
elemento na análise da vulnerabilidade ambiental. Neste parâmetro destacaram-se três
níveis: baixo risco de erosão, peso 1; médio risco de erosão, peso 2; e alto risco de
erosão, peso 3.
66
Figura 33. Zonas homólogas sobre o mapa de potencial de erosão – PNE (VALLE
JUNIOR, 2008).
Tabela 14. Potencial natural de erosão encontrado nas zonas homólogas.
POTENCIAL NATURAL DE EROSÃO – PNE DA BACIA DO RIO UBERABA
Riscos de erosão
(
%
)
Baixo 24,25
Médio 55,30
Alto 20,45
O potencial natural de erosão não considera a ação antrópica e a cobertura sobre
o solo, ou seja, estima-se a suscetibilidade à erosão especificamente em função de
67
suas condições físicas (clima, solo e relevo) (VALÉRIO FILHO, 1994 citado por SIlVA et
al., 2003). No caso da bacia do rio Uberaba predomina a suscetibilidade natural de
erosão média, que contribuiu para a definição do índice de degradação ambiental
“moderado” em torno de 50 % da área da bacia (Tabela 14).
4.3.4- Distribuição das classes de declividades nas zonas homólogas
A topografia é um fator bastante expressivo na estabilidade do ambiente, a
exemplo da vegetação, tem uma participação muito significativa nos processos de
degradação ambiental (Figura 34).
Figura 34. Zonas homólogas sobre o mapa de declividades (VALLE JUNIOR, 2008).
68
De acordo com a classificação da EMBRAPA (1999) predominam na bacia do rio
Uberaba o relevo plano (0 % a 3 %) a ondulado (8 % a 20 %), num total de 96,21 %
(Tabela 15). Valores encontrados nas zonas homólogas.
A topografia da bacia contribui para a estabilidade do ambiente, especialmente
dos processos erosivos (46,97 % da área apresentam índice de degradação ambiental
“moderado”).
Este indicador foi distribuído em cinco níveis de declividades, acompanhados dos
seus respectivos pesos: declives de 0 a 5 %, peso 1; declives de 5 a 10 %, peso 2;
declives de 10 a 20 %, peso 3; declives de 20 a 47 %, peso 4; e declives acima de 47
%, peso 5.
Tabela 15. Ocorrência das classes declividades nas zonas homólogas.
PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA DAS CLASSES DE DECLIVIDADES NAS ZONAS
HOMOLÓGAS
Classes de declives ( % )
0 - 5 31,82
5 - 10 33,33
10 - 20 31,06
20 - 47 3,79
> 47
0,00
Em pesquisa realizada por CRUZ (2003) na área de estudo; as áreas de relevo
plano a ondulado (declives entre 0 a 10 %) ocupam praticamente toda a extensão da
bacia 90,3 %, predominando as baixas declividades. Declives entre 10 e 20 %,
correspondem a 8 % da área; e declives acima de 20 %, são áreas de relevo
montanhoso escarpado, ocupando apenas 1,7 % da bacia.
As áreas com declives acima de 47 %, são muito pequenas e pontuais, que
69
apesar de existirem, não foram classificadas em nenhuma das zonas homólogas, em
função dos critérios adotados neste trabalho (o fator de maior expressão, ou declive
predominante na zona homóloga analisada).
4.3.5- Distribuição dos indicadores mecanização, área agrícola e pecuarização
nas zonas homólogas
As análises dos indicadores área agrícola, mecanização e pecuarização foram
realizadas tendo como base o mapa de uso do solo do ano 2008, Figura 35. O indicador
área agrícola foi subdividido em dois níveis: áreas de cultivo menor que 50 %, peso 1;
área agrícola maiores que 50 %, peso 2. Para o indicador mecanização considerou-se o
seu uso na zona homóloga analisada, adotando-se peso 1 para ausência de
mecanização e peso 2 para a existência de mecanização, tendo como base as áreas
agrícolas, em especial, às culturas que se utilizam de muita mecanização como no caso
da soja e cana-de-açúcar.
No indicador pecuarização considerou-se a sua presença ou não na zona
homóloga, onde se adotou o peso 1 para ausência de pecuarização e peso 2 para a sua
existência.
Na Tabela 16 têm-se o percentual de distribuição dos indicadores área agrícola,
mecanização e pecuarização nas zonas homólogas.
Tabela 16. Distribuição dos indicadores área agrícola, mecanização e pecuarização nas
zonas homólogas.
DISTRIBUIÇÃO DOS INDICADORES MECANIZAÇÃO, ÁREA AGRÍCOLA E
PECUARIZAÇÃO NAS ZONAS HOMÓLOGAS
Indicador Percentual de ocorrência ( % )
Mecanização 26,52
Área agrícola (> 50 % em cada zona homóloga) 25,76
Pecuarização 62,12
70
Figura 35. Zonas homólogas sobre o mapa de uso do solo.
4.3.6- Distribuição das áreas de conflito de uso do solo nas zonas homólogas
As áreas de ocorrência de conflitos de uso do solo nas zonas homólogas da
bacia são destacadas na Tabela 1 e Figura 36.
71
Tabela 17. Ocorrência de conflitos de uso do solo nas zonas homólogas.
DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS DE CONFLITOS NAS ZONAS HOMÓLOGAS
Ocorrência de conflito ( % )
Sem conflito 30,30
< 50 %
52,28
> 50 %
17,42
Figura 36. Zonas homólogas sobre o mapa de conflito de uso do solo (VALLE JUNIOR,
2008).
72
TORRES et al. (2007) constataram conflitos de uso do solo na microbacia do
córrego Lanhoso (microbacia do rio Uberaba). Nesta área a legislação ambiental vem
sendo desrespeitada, pois as áreas de pastagens estão à beira do córrego, onde se
observa o seu assoreamento. Nas áreas de classe VI e VIII, foram encontrados locais
de deposição de lixo. Prática conflitante com os possíveis usos da área, tornando-se um
foco de poluição.
Exemplos típicos de conflitos de uso do solo, existente na área da bacia do rio
Uberaba, é destacado na Figura 37 onde a cultura da cana-de-açúcar avança até as
áreas de nascente ou de preservação permanente.
Figura 37. APA do rio Uberaba. Em detalhe: cultivo de cana-de-açúcar próximo a
nascente do rio Uberaba.
Os resultados das Tabelas 18 e 19 (somatório geral) correspondem ao grau de
vulnerabilidade de cada zona homóloga. O valor máximo que se pode obter, nos pesos,
em cada zona homóloga, é vinte e nove, e o mínimo de nove pontos. Esses resultados
foram utilizados no SPRING para elaboração do mapa de degradação ambiental.
73
Tabela 18. Avaliação da vulnerabilidade ambiental das zonas homólogas (CANDIDO et al., 2002).
*AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DAS ZONAS HOMÓLOGAS
INDICADORES ZONAS HOMÓLOGAS - PESO ENCONTRADO
PESO
DADOS (níveis)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
6 Muito rala 6 6
5 Rala 5 5 5
4 Aberta 4 4 4 4 4 4 4 4 4
3 Semi-densa 3 3 3
2 Densa 2
VEGETAÇÃO
1 Fechada
PESO
DADOS (%)
1 0 - 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 5 - 10 2 2 2 2 2 2
3 10 - 20
4 20 - 47
TOPOGRAFIA
5 > 47
PESO
DADOS (qualidade)
1
Terras boas p/ plantar
1 1 1 1 1 1
2
Terras regulares
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
SOLO/GEOLOGIA
3
Terras
Inadequadas
PESO
DADOS (sim/o)
2
Sim
PECUARIZAÇÃO
1
Não
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
PESO
DADOS (sim/o)
2
sim
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
MECANIZAÇÃO
1
não
1 1
SOMATÓRIO - I
10
9 9 6 8 8 8 8 7 8 8 7 7 8 9 11 8 7
74
Tabela 19. Avaliação da vulnerabilidade ambiental das zonas homólogas (CANDIDO et al., 2002).
*AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DAS ZONAS HOMÓLOGAS
INDICADORES ZONAS HOMÓLOGAS - PESO ENCONTRADO
PESO
DADOS (%)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1
Baixo risco de
erosão
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2
Médio risco de
erosão
2 2 2 2 2 2
POTENCIAL NATURAL DE
EROSÃO - PNE
3
Alto risco de
erosão
PESO
DADOS (%)
1 < 50 1 1 1
ÁREA AGRÍCOLA
2
> 50 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
PESO
DADOS
(hab/km
²
)
1
< 15
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2
15 - 30
2 2 2 2 2
DENSIDADE POPULACIONAL
3
> 30
PESO
DADOS
(sim/não)
1
Sem conflito
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 < 50% 2 2 2 2 2
ÁREA DE CONFLITO
3 > 50%
SOMATÓRIO - II
7 7 6 7 8 9 9 9 9 8 9 8 9 6 5 7 7
7
SOMATÓRIO GERAL
17 16 15 13 16 17 17 17 16 16 17 15 16 14 14 18 15 14
*As demais zonas homólogas foram analisadas de forma idêntica.
Máximo atingível por área analisada: 29 pontos - Amplitude 1 ______ 29
VEIS DE DEGRADAÇÃO
ZONAS HOMÓLOGAS ENCONTRADAS
BAIXO:
13
4
MODERADO: 14 – 16 2; 3; 5; 9; 10; 12; 13; 14; 15; 17; 18
ACENTUADO: 17 – 19 1; 6; 7; 8; 11; 16
SEVERO: 20
75
Através da edição vetorial no SPRING, associou-se cada zona homóloga, em
função do peso encontrado, às classes previamente determinadas, conforme observado
na Tabela 20.
Tabela 20. Determinação dos níveis de degradação ambiental de acordo com a
amplitude dos pesos encontrados.
DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL CONFORME A AMPLITUDE
DOS PONTOS OU PESOS ENCONTRADOS
BAIXO
13 Pontos
Zonas homólogas
encontradas
MODERADO
14 – 16
Zonas homólogas encontradas
ACENTUADO
17 – 19
Zonas homólogas encontradas
SEVERO
20 Pontos
Zonas homólogas
encontradas
4; 25; 27; 50.
1;2; 3; 5; 6; 5; 8; 9; 10; 11; 12;
13; 14;
7; 16;24;28; 34; 37; 38; 40; 21; 107; 110;
15; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 26; 29;
41;42; 48; 49; 55; 59;61; 62;
119; 123; 124.
30; 31; 32; 33; 35; 36; 39; 43; 44; 45; 63; 64; 65; 66; 67; 69; 70;
44; 51; 52; 53; 54; 56; 57; 58; 60; 68 71;72;74; 78; 81; 86; 87; 91;
75; 76; 77; 79; 80; 82; 83; 85; 88; 89; 92; 96; 98; 102; 106; 108;
90; 94; 95; 97; 99; 100; 101; 103;104; 120; 121; 122; 125; 129;
105;109; 111; 112; 113; 114; 115;116 131.
117;118; 126; 127;128; 129; 130; 132.
Observa-se nos estudos de FERREIRA et al. (1994), uma grande diversidade de
indicadores, onde a análise destes é baseada na presença ou ausência na microrregião
estudada. Neste trabalho (desenvolvido na bacia do rio Uberaba), os indicadores foram
subdivididos, aumentando assim, a sua capacidade de obter informações do ambiente,
porém houve redução na quantidade, oriundas da ausência de dados ou adaptações da
metodologia a região de estudo.
Na Figura 38 são destacadas a proporções territoriais e os respectivos
percentuais de degradação ambiental da bacia.
No mapa de degradação ambiental da bacia do rio Uberaba Figura 39 são
definidas quatro classes de degradação ambiental e sua distribuição espacial.
Na Tabela 21 são destacados os níveis de degradação ambiental e os
percentuais de ocorrência na bacia do rio Uberaba.
76
Tabela 21. Ocorrência da degradação ambiental na bacia do rio Uberaba.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO UBERABA - MG
Nível de degradação Área atingida (km
2
) (%)
Baixo 23,44 0,97
Moderado 1.136,19 46,97
Acentuado 1.160,28 47,96
Severo 99,13 4,10
Total
2.419,04 100,00
Conforme FERNADES et al. (2005), a região do Triângulo Mineiro (área da bacia
do rio Uberaba) apresenta um ID (índice de degradação) variando entre 87,51 % a 100
%. Considerando os níveis de degradação ambiental apresentados neste trabalho
(moderado 46,97 %; acentuado 47,96 %, e severo 4,10 %) somados, correspondem a
99,03 % de degradação ambiental, demonstrando compatibilidade nos resultados.
Figura 38. Níveis de degradação ambiental em percentual de ocupação territorial na bacia.
Percentual dos níveis de degradação ambiental
Moderado 47%
Acentuado
48%
Severo
4%
Baixo
1%
77
Os aspectos descritos no Quadro 2 são os fatores predominantes, considerando toda
a área ocupada pela classe de degradação ambiental.
Quadro 2. Principais características das classes de degradação ambiental da bacia
do rio Uberaba.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CLASSES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
DA BACIA DO RIO UBERABA
Níveis de
degradação
ambiental
Solos dominantes
Declividade
(%)
Uso da terra
Baixo
Latossolo Vermelho distrófico
0 - 5 agricultura
Moderado
Latossolo Verm elho
distroférr ico
0 - 10
agricultura
pastagem
Acentuado
Latossolo Verm elho
distroférr ico
0 - 20 pastagem
Severo
Argissolo Vermelho Amarelo
0 - 47 pastagem
78
Figura 39. Mapa de degradação ambiental da bacia do rio Uberaba.
79
5- CONCLUSÕES
Os processos de degradação ambiental em níveis “acentuado” e “severo”, juntos,
representam 52,06 % de toda extensão da bacia, inclusive atingindo áreas protegidas
por lei, necessitando, portanto, de ações imediatas, tanto dos produtores rurais como do
poder publico, no sentido de repensar o modelo atual de exploração das terras e a
adoção de técnicas de recuperação destas áreas.
As áreas classificadas com nível “baixo” de degradação ambiental possuem uma
extensão inexpressiva, demonstrando um modelo de exploração não sustentável da
bacia.
As áreas com níveis de degradação ambiental “severo” correspondem a 4,10 %
de toda a bacia, porém são indícios ou sinais de extenuação dos recursos naturais.
80
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90
APÊNDICE
91
92
FIGURA 1. Mapa das zonas homólogas
.
93
94
95
96
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