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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
Centros de Ciências Sociais Aplicadas - Dep. de Administração
Av. Colombo, 5.790 – Zona 07 – 87020-900 – Maringá – PR
Fone fax: (44) 3261- 4976
TAYSO SILVA
EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES:
Um estudo junto a empreendedores inseridos em
Associações Comerciais no Paraná
Maringá
2008
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TAYSO SILVA
EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES:
Um estudo junto a empreendedores inseridos em
Associações Comerciais no Paraná
Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do tulo de
mestre em Administração de Empresas,
do Programa de s-Graduação em
Administração PPA da Universidade
Estadual de Maringá em parceria com a
Universidade Estadual de Londrina.
Orientadora:
Profa. Dra. Hilka Vier Machado.
Maringá
2008
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TAYSO SILVA
EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES:
Um estudo junto a empreendedores inseridos em
Associações Comerciais no Paraná
Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do tulo de
Mestre em Administração de Empresas,
do Programa de s-Graduação em
Administração PPA da Universidade
Estadual de Maringá em parceria com a
Universidade Estadual de Londrina, sob
a apreciação da seguinte banca
examinadora:
Aprovado em 26 de Setembro de 2008.
_______________________________________________________
Profª. Dra. Hilka Vier Machado (Orientadora – PPA-UEM)
_______________________________________________________
Prof. Dr. Cândido Vieira Borges Jr. (Convidado – UNIEURO)
_______________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira (Membro – PPA-UEM)
Dedico esta dissertação a todos aqueles que
poderão utilizar-se dela, bem como para todos que
contribuíram para com a mesma, que, muitas vezes
serão os mesmos.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi viabilizado tamm através da contribuição de muitos. Agradeço
profundamente a todos, em especial:
Aos meus pais, Jonas e Nilzeia. Agradeço pelo apoio nesta etapa e por todas as
outras que me trouxeram até aqui. Não posso medir a importância dos
investimentos, sejam eles materiais, emocionais e todos os outros que confiaram em
minha formação. A primeira dádiva da minha vida foram as raízes que Deus me
concedeu.
À minha grande companheira Cristina. Você foi quem mais compartilhou desta
experiência de vida, deixando transparecer toda a sua força que me auxiliou a ter
equilíbrio nos momentos necessários para transpor esta jornada. Com você sinto
que posso muito mais, sinto que sou dois.
À minha querida irmã Tallulah. Toda a sua atenção e seu carinho bem como o
orgulho que nos traz fazem de você um brilho em nossa família, me trazendo um
grande incentivo.
À minha família em Maringá, Paulo, Amélia e Vânia. Estarão sempre em meu
coração por toda a atenção que a mim dedicaram. Nossos debates enriquecedores
e cs no meio das madrugadas de estudo foram inesquecíveis. A convivência e a
ligação estabelecida com vocês foi uma ótima surpresa vinda com meu ingresso ao
mestrado.
À Profa. Dra. Hilka Vier Machado. Uma grande amiga que marcou para sempre
minha carreira profissional. Exigiu e apoiou nos momentos necessários, conduzindo
com destreza meu desenvolvimento. Hoje, possuo uma capacidade diferente da que
tinha anteriormente aos dos dois anos e meio que passei como seu aluno e
orientando, influenciado pela sua atenção, caráter, competência e empenho em
contribuir para minha formão.
Ao Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira pela sua dedicação, amizade e
competência tanto em minhas bancas de qualificação e defesa quanto na sala de
aula. Seu exemplo enquanto profissional foi a principal influência em hoje eu ser
professor também em Métodos de Pesquisa.
Ao Prof. Dr. Cândido Vieira Borges Jr. por ter aceitado prontamente participar da
banca de defesa, colocando à disposição da qualidade deste trabalho seu
conhecimento e experiência na área de empreendedorismo e redes.
Ao Prof. Dr. Álvaro José Periotto. Além da afinidade e das contribuições enquanto
docente e membro da banca de qualificação, que foram significativas, foi uma
grande satisfação ter realizado um trabalho em conjunto que levou à minha primeira
publicação internacional.
À CAPES pelos 24 meses de apoio ao desenvolvimento deste estudo.
Aos demais professores: Dra. Cristiane Verseci, Dr. João Marcelo Crubellate e Dr.
José Paulo de Souza que também foram influências importantes em minha
formão.
Ao tio Pedro Luiz Spina pelo apoio à minha participação na 5th Conference of
Iberoamerican Academy of Management e pelas palavras de incentivo.
Ao Bruhmer e ao Francisco pela eficiência e presteza no auxílio ao desenvolvimento
dos trabalhos.
Aos colegas regulares e especiais do mestrado: Agnaldo, Algildo, César, Cláudia,
Cristiane, Evandro, João Otávio, Juanita, Juliano, Kerla, Kleber, Maísa, Marcos e
Miriam. Aprendemos juntos um pouco mais sobre administração, um pouco mais
sobre angústia e um pouco mais sobre conquistas. Durante este processo sei que
estive em boa companhia.
Aos gerentes e empreendedores das Associações Comerciais entrevistados,
empreendedores respondentes dos questionários e todos que contribuíram para
com esta pesquisa.
Ao Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá pelo suporte à
etapa de análise de dados.
À Deus por ter permitido tudo e por colocar cada uma dessas pessoas em meu
caminho.
"Nenhuma mente que se abre para
uma nova idéia volta a ter o
tamanho original."
Albert Einstein
RESUMO
A identificação de oportunidades é considerada a primeira etapa do
processo empreendedor pela qual se estendem todas as outras. São considerados
neste trabalho fatores individuais e contextuais que intervêm na exploração de
oportunidades, além da influência do ambiente de rede proporcionado pelas
Associações Comerciais (ACs). As ACs foram escolhidas enquanto campo de
estudo por mais fatores além da adequação às necessidades do tema. Elas são
instituições presentes e consolidadas na maioria das cidades paranaenses, atuando
diretamente no desenvolvimento da atividade empreendedora enquanto entidade de
suporte à classe empresarial. O objetivo desta dissertação é compreender a
exploração de oportunidades por empreendedores no contexto espefico de
Associações Comerciais do Paraná. Trata-se de uma pesquisa exploratória, com
recorte transversal, utilizando a abordagem qualitativa e quantitativa aplicando-se
entrevistas semi-estruturadas, questionários e coleta de dados secundários. Os
resultados indicam que a principal razão para o ingresso em ACs é o acesso a
serviços de consulta ao crédito. As ACs desenvolvem ações como parcerias, feiras e
estudos que favorecem a exploração de oportunidades. Identificaram-se
relacionamentos característicos às redes entre empreendedores afiliados a uma
mesma AC. Entre os principais efeitos da participação em ACs foram
diagnosticados a melhoria da qualificação pessoal e da equipe do empreendedor,
aumento do número de clientes, que seu negócio ficou mais conhecido e a
expansão que houve em seus mercados consumidores. Foram constatadas
oportunidades exploradas por empreendedores após o ingresso nas ACs, como o
lançamento de um novo produto ou serviço, a abertura de novas filiais e a formão
de parcerias entre associados. Concluiu-se que a intensidade dos efeitos das ações
e do contexto de redes proporcionados pelas ACs está relacionado também à
intensidade da participação dos empreendedores. As ACs mostraram-se contextos
frutíferos para a formação de redes de relacionamentos entre os afiliados, abrindo
espaço para a exploração de novas oportunidades através destes relacionamentos.
O tempo de filiação é uma variável que não apresenta relação significativa, exceto
para o aumento do número de funcionários dos empreendedores, para o apoio das
ACs à festas municipais como ação que favorece a exploração de oportunidades e
para a exploração de dois tipos de oportunidades: A expansão do mercado
consumidor e o aumento do número de clientes. Foram diagnosticadas
oportunidades exploradas pelos afiliados influenciadas pela participação nas ACs,
corroborando com a importância do contexto das ACs para a exploração de
oportunidades.
Palavras-Chave: Empreendedorismo. Exploração de oportunidades. Redes.
ABSTRACT
The opportunities identification is considered the first stage of the entrepreneurial
process by which all the other stages extend. They are considered in this study,
individual and contextual factors that intervened in the opportunities exploitation,
beyond the influence of the network environment provided by Trade Associations.
The Trade Associations have been chosen as field of study by more factors than the
adequacy to the needs of the subject. They are present institutions and consolidated
in most cities of the state of Paraná, acting directly in the development of
entrepreneurial activity as an entity that supports the entrepreneurial class. The goal
of this dissertation is to understand the opportunities exploitation for entrepreneurs in
the specific context of Trade Associations of Paraná. This is an exploratory research,
with transversal cut, using a qualitative and quantitative approach, according to semi-
structured interviews, questionnaires and secondary data collection. The results
indicate that the main reason for entering into Trade Associations is access to
services of credit consulting. The Trade Associations develop actions as
partnerships, fairs and studies that favor the opportunities exploitation. They were
identified characteristic relationships between entrepreneurs to network affiliates to
the same Trade Association. Among the main effects of participation in Trade
Associations were diagnosed improving the qualifications of the staff and team of
enterprise, increase the number of customers that their business was better known
and there was expansion in their consumer markets. They were found opportunities
exploited by entrepreneurs after the entry into Trade Associations, as the launch of a
new product or service, the opening of new ventures and the formation of
partnerships among members. It was concluded that the intensity of the effects of
actions and in the context of networks offered by Trade Associations is also related
to the intensity of the entrepreneur’s participation. The Trade Associations have
proved productive contexts for the formation of networks of relationships among
affiliates, opening up space to exploit new opportunities through these relationships.
The membership time is a variable that dont shows significant relationship, except
for increasing number of entrepreneur’s employers and for the Trade Association’s
support for municipal festivities as action that encourages the opportunities
exploitation and two types opportunities exploitation: The expansion of the consumer
market and the increasing of number of customers. They were diagnosed exploited
opportunities by affiliates influenced by participation in the Trade Associations,
corroborating the importance of the context of Trade Associations to exploit
opportunities.
Keywords: Entrepreneurship. Opportunities exploration. Networks.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC
ACIA¹
ACIA²
ACIL
COs
FACIAP
GEM
IBGE
IDH
JUCEPAR
PIB
PME
SEBRAE
SENAC
SENAI
SESC
SESI
SICOOB
UTFPR
Associação Comercial
Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana
Associação Comercial e Empresarial de Arapongas
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Certificados de origem
Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do
Paraná
Global Entrepreneurship Monitor
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Índice de Desenvolvimento Humano
Junta Comercial do Paraná
Produto Interno Bruto
Pequenas e médias empresas
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Serviço Social do Comércio
Serviço Social da Indústria
Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
FIGURA 2
Mapa de Orientação Conceitual......................................................
Modelo dinâmico da rede effectual e do novo
mercado como um produto effectual...............................................
52
60
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1
GRÁFICO 2
GRÁFICO 3
GRÁFICO 4
GRÁFICO 5
GRÁFICO 6
GRÁFICO 7
GRÁFICO 8
GRÁFICO 9
GRÁFICO 10
GRÁFICO 11
GRÁFICO 12
GRÁFICO 13
GRÁFICO 14
GRÁFICO 15
GRÁFICO 16
GRÁFICO 17
GRÁFICO 18
Decisão em empreender conforme AV superar P-MOV...................
Região de decisão.............................................................................
Faixa eria dos empreendedores afiliados às ACs..........................
Distribuição dos afiliados por sexo....................................................
Distribuição dos afiliados por escolaridade........................................
Intensidade da participação de empreendedores nas ACs...............
Setores das empresas afiliadas às ACs............................................
Idade das empresas afiliadas às ACs................................................
Tempo de filiação das empresas nas ACs........................................
mero de funcionários das empresas afiliadas às ACs..................
Quantidade de filiais dos empreendedores afiliados às ACs.............
Razões para o ingresso de empreendedores nas ACs.....................
Participação por empreendedores em outras redes
além das ACs.....................................................................................
Principais efeitos da participação nas ACs para o empreendedor....
Importância da inserção em ACs para a identificação de mudanças
Empreendedores que atribuíram importância aos
efeitos da AC para a exploração de oportunidades...........................
Afiliados que possuem parcerias com colegas das ACs...................
Importância dos efeitos da participação nas ACs para a
exploração de oportunidades.............................................................
46
80
93
94
94
95
100
101
102
102
103
104
118
125
135
136
140
14
1
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
QUADRO 2
QUADRO 3
QUADRO 4
QUADRO 5
QUADRO 6
O processo de exploração de oportunidades sob as perspectivas
Causation e Effectuation.................................................................
Dualidade da estrutura....................................................................
Matriz examinadora do empreendedorismo e
Teoria da Estruturação....................................................................
Dados das Associações, respectivos municípios e amostras.........
Relação dos meios de coleta de dados com os
objetivos específicos.......................................................................
Alegações de respondentes que ajudam a explicar a
intensidade da participação de empreendedores nas ACs.............
58
63
64
72
73
98
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
TABELA 2
TABELA 3
TABELA 4
TABELA 5
TABELA 6
TABELA 7
TABELA 8
TABELA 9
TABELA 10
TABELA 11
TABELA 12
TABELA 13
TABELA 14
TABELA 15
TABELA 16
TABELA 17
TABELA 18
TABELA 19
TABELA 20
TABELA 21
Categorigazação do tempo de ingresso na associação comercial.....
Intensidade da participação nas ACs e atividades que participam.....
Variação da intensidade da participação de empreendedores nas
ACs conforme o tempo médio de filiação...........................................
Importância das ações desenvolvidas pelas ACs e que favoreceram
a exploração de novas oportunidades................................................
Importância do apoio da AC a festas municipais para a
exploração de oportunidades segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância dos cursos de capacitação oferecidos pelas ACs
segundo o tempo de ingresso na associação....................................
Importância das visitas cnicas proporcionadas pelas ACs
segundo o tempo de ingresso na associação....................................
Importância da associação comercial para trocas de experiências
com outros associados segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância dos connios mantidos pelas ACs para a exploração
de oportunidades segundo o tempo de ingresso na associação........
Importância da aproximação entre pessoas do mesmo setor
para a exploração de oportunidades segundo o tempo de
ingresso na associação.....................................................................
Importância da atuação da AC em municípios vizinhos para a
exploração de oportunidades segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância das ações sociais e ambientais realizadas pelas
ACs para a exploração de oportunidades segundo o tempo de
ingresso na associação......................................................................
Importância dos cursos de pós-graduação oferecidos pelas
ACs para a exploração de oportunidades segundo o tempo
de ingresso na associação.................................................................
Tipos de relacionamentos entre associados......................................
Tipos de relacionamentos entre associados conforme participação..
Nomes de outras redes participadas por afiliados às ACs.................
Comparação das participações em atividades nas AC entre
empreendedores que apresentam histórico ou não de afiliação
em outras redes..................................................................................
Importância em dar prefencia na aquisição de produtos e serviços
de colegas da AC conforme ovel de participação do
empreendedor...................................................................................
Importância da associação comercial para que se dê preferência
aos produtos e serviços dos associados segundo o tempo de
ingresso na associação......................................................................
Importância da atuação da AC na aproximão entre pessoas do
mesmo setor de atividade para a exploração de oportunidades.......
Importância de efeitos da participação nas ACs para
o empreendedor................................................................................
81
96
99
108
109
110
111
111
112
113
113
114
115
116
117
119
119
121
121
122
123
TABELA 22
TABELA 23
TABELA 24
TABELA 25
TABELA 26
TABELA 27
TABELA 28
TABELA 29
TABELA 30
TABELA 31
TABELA 32
TABELA 33
TABELA 34
TABELA 35
TABELA 36
TABELA 37
TABELA 38
Importância da associação comercial para que a empresa fique
mais conhecida segundo o tempo de ingresso na associação..........
Importância da associação comercial para o aumento do
faturamento da empresa segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância da associação comercial para o aumento do número
de funcionários da empresa segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância da associação comercial para melhorar a qualificação
da equipe da empresa segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância da associação comercial para melhorar a qualificação
pessoal do empreendedor segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância da associação comercial para adquirir alguma
certificação segundo o tempo de ingresso na associação.................
Importância da associação comercial para saber mais sobre
a demanda dos produtos da empresa segundo o tempo de
ingresso na associação.....................................................................
Importância da associação comercial para saber mais sobre a
inovação dos produtos da empresa segundo o tempo de
ingresso na associação......................................................................
Importância da associação comercial para saber mais sobre a
estrutura do setor da empresa segundo o tempo de ingresso na
associação.........................................................................................
Importância da associação comercial para ter acesso a
financiamento para empresa por meio da associação segundo
o tempo de ingresso na associação...................................................
Importância da inserção em ACs para a identificação de
mudanças..........................................................................................
Importância da participação de empreendedores em ACs para a
abertura de novas filiais/empresas segundo o tempo de ingresso
na associação.....................................................................................
Importância da AC para lançar um novo produto segundo o
tempo de ingresso na associação conforme o tempo de ingresso.....
Importância da associação comercial para lançar um novo serviço
segundo o tempo de ingresso na associação....................................
Importância da associação comercial para expandir o mercado
consumidor segundo o tempo de ingresso na associação.................
Importância da associação comercial para a exportação de
produtos da empresa segundo o tempo de ingresso na associação..
Importância da associação comercial para o aumento do
número de clientes da empresa segundo o tempo de ingresso
na associação....................................................................................
126
127
128
128
129
130
130
131
132
133
134
137
137
138
142
142
143
SUMÁRIO
1
1.1
1.2
1.3
1.3.1
1.3.2
2
2.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2.2.4
2.3
2.4
2.4.1
2.4.2
2.4.3
2.5
2.5.1
2.5.2
2.5.3
2.6
2.7
2.8
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.4.1
3.4.2
3.4.3
3.5
INTRODUÇÃO ......................................................................................
JUSTIFICATIVA.....................................................................................
PROBLEMA DE PESQUISA.................................................................
OBJETIVOS...........................................................................................
Objetivo geral.......................................................................................
Objetivos específicos..........................................................................
ASPECTOS SOBRE EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES.............
CONCEITOS DE OPORTUNIDADE......................................................
CARACTERÍSTICAS CONTEXTUAIS INTERVENIENTES NA
EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES...............................................
Ciclos de vida do setor........................................................................
Condições de demanda.......................................................................
Condições de conhecimento...............................................................
Estrutura do setor................................................................................
POSSIBILIDADE DE COMERCIALIZAR A OPORTUNIDADE..............
FONTES DE OPORTUNIDADES...........................................................
Mudanças tecnológicas.......................................................................
Mudanças políticas e reguladoras......................................................
Mudanças sócio-demográficas...........................................................
CARACTERÍSTICAS DO INDIVÍDUO INTERVENIENTES NA
EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES...............................................
Ocupação atual, experiências prévias e suas implicações na
exploração de oportunidades............................................................
Expectativas individuais e suas implicações na exploração de
oportunidades.....................................................................................
Conhecimento individual, recompensas financeiras e suas
implicações na exploração de oportunidades.................................
HABILIDADES DE RELACIONAMENTOS SOCIAIS E A
IMPORTÂNCIA DAS ASSOCIAÇÕES NA EXPLORAÇÃO DE
OPORTUNIDADES................................................................................
A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES SOB A PERSPECTIVA
EFFECTUATION.................................................................................
A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES SOB A PERSPECTIVA DA
TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO...........................................................
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..............................................
TIPO DE ESTUDO ................................................................................
RECORTE .............................................................................................
CAMPO DE ESTUDO.............................................................................
COLETA DE DADOS .............................................................................
Entrevistas............................................................................................
Coleta de dados secundários..............................................................
Questionário..........................................................................................
ANÁLISE DE DADOS ............................................................................
18
19
20
21
21
21
22
24
26
27
29
30
30
32
33
35
35
36
38
43
45
48
50
57
62
69
69
70
70
72
73
74
74
75
3.5.1
3.6
3.6.1
3.6.2
4
4.1
4.1.1
4.1.1.1
4.1.2
4.1.2.1
4.1.3
4.1.3.1
4.2
4.2.1
4.2.2
4.2.3
4.2.4
4.2.4.1
4.3
4.3.1
4.3.2
4.3.3
4.4
4.5
4.6
4.6.1
4.6.2
4.7
4.8
4.9
4.9.1
4.9.2
4.9.2.1
4.9.2.2
4.9.3
Teste Qui-Quadrado para Independência..........................................
CRITÉRIOS DE CONFIABILIDADE E VALIDADE ................................
Confiabilidade .....................................................................................
Validade ...............................................................................................
ANÁLISES DE DADOS COLETADOS..................................................
CARACTERÍSTICAS DAS ACs..............................................................
Características da AC de Apucarana..................................................
Convênios e parcerias da AC de Apucarana..........................................
Características da AC de Arapongas..................................................
Convênios e parcerias da AC de Arapongas..........................................
Características da AC de Londrina.....................................................
Convênios e parcerias da AC de Londrina.............................................
CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES AFILIADOS.............
Idade dos afiliados...............................................................................
Distribuição dos afiliados por sexo e escolaridade..........................
Intensidade da participação dos afiliados.........................................
Comparações entre empreendedores com diferentes níveis
de participação....................................................................................
A relação entre tempo de filiação nas ACs e a intensidade
de participação por empreendedores....................................................
CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS DE
AFILIADOS ÀS ACs..............................................................................
Setores e ramos de atividade dos empreendimentos afiliados
às ACs...................................................................................................
Idade das empresas e tempo de filiação nas ACs.............................
Tamanho das empresas afiliadas às ACs..........................................
RAZÕES PARA O INGRESSO DE EMPREENDEDORES NAS ACs ..
ÕES DESENVOLVIDAS PELAS ACs QUE FAVORECERAM
A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES............................................
EXISTÊNCIA DE REDES A PARTIR DO INGRESSO NAS ACs...........
Empreendedores afiliados às ACs que participam de
outras redes formais...........................................................................
A existência de características de redes horizontais
entre empreendedores afiliados às ACs...........................................
EFEITOS DA PARTICIPAÇÃO NAS ACs
PARA EMPREENDEDORES................................................................
OPORTUNIDADES EXPLORADAS POR EMPREENDEDORES
PARTICIPANTES NAS ACs..................................................................
SÍNTESES DAS ANÁLISES DE DADOS...............................................
Razões para a inserção de empreendedores em ACs......................
Ações desenvolvidas pelas ACs que favorecem a exploração
de oportunidades................................................................................
Ações desenvolvidas especificamente pela AC de Apucarana que
favorecem a exploração de oportunidades............................................
Ações desenvolvidas especificamente pela AC de Arapongas que
favorecem a exploração de oportunidades............................................
Relacionamentos e redes de empresas constituídos entre
filiados das ACs...................................................................................
78
81
81
82
85
85
85
87
88
89
90
92
92
92
93
95
97
98
100
100
101
102
103
105
115
118
120
122
133
144
144
145
146
146
147
4.9.4
4.9.5
5
Intensidade e efeitos da participação de empreendedores
nas ACs................................................................................................
Oportunidades exploradas por empreendedores após a
inserção na AC.....................................................................................
CONCLUSÃO........................................................................................
REFERÊNCIAS .....................................................................................
APÊNDICES...........................................................................................
Apêndice A - Roteiro da entrevista junto a gerentes das ACs.........
Apêndice B - Roteiro da entrevista junto a empreendedores..........
Apêndice C - Questiorio...................................................................
Apêndice D - Formato do questionário antes do pré-teste..............
Apêndice E - Apresentação do pesquisador.....................................
Apêndice F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............
148
149
151
155
162
163
164
165
169
172
173
1 INTRODUÇÃO
um consenso sobre a importância da etapa de exploração de
oportunidades, por exemplo, Lee e Venkataraman (2006) consideram o
empreendedorismo um processo de busca de alternativas ou novas oportunidades
de negócios. Entretanto, Davidsson (2005) e Sarasvathy (2004a) mencionam
controvérsias geradas entre pesquisadores no tocante às oportunidades, sendo que
alguns as consideram existentes no ambiente (objetivas), enquanto outros acreditam
que elas sejam engendradas mentalmente pelo empreendedor (subjetivas). Por
exemplo, Shane e Venkataraman (2000) consideram que embora a identificação de
oportunidades se dê em um processo subjetivo, as oportunidades empreendedoras
o fenômenos objetivoso percepveis a todos os indivíduos.
Conforme Davidsson (2005), a falta de entendimento quanto à
objetividade ou subjetividade das oportunidades baseia-se no mínimo em quatro
diferentes vertentes da literatura sobre empreendedorismo:
1ª) Existe uma série de condições externas comprovadamente
favoráveis ao descobrimento e exploração de oportunidades de
negócio;
2ª) Existe uma série de condições externas, maso comprovadas
quanto à sua existência que favorecem o descobrimento e
exploração de oportunidades com sucesso;
3ª) Oportunidades são provadas por negócios específicos que
comprovaram ser vveis;
4ª) São iniciativas de necios específicos que foram perseguidas mas
cuja viabilidade ainda não foi comprovada.
Lee e Venkataraman (2006) e Sarason, Dean e Dillard (2006)
afirmam que existe a necessidade da abordagem simultânea de fatores individuais e
fatores contextuais na exploração de oportunidades.
Uma abordagem sistêmica considera as causas que exercem
influência sobre determinado fenômeno, sejam elas contextuais (advindos do
ambiente) ou individuais. Desta maneira, mesmo se forem consideradas as
oportunidades simplesmente existentes no ambiente, para serem reconhecidas, há a
necessidade da existência de indivíduos, e em contrapartida, quando se considera a
19
oportunidade gerada na mente do empreendedor, este necessita de “inputs”
providos pelo contexto para que seja possível aglutinar um conjunto de informações
necessárias a um racionio que leve a uma oportunidade.
Também são observadas diferentes perspectivas de pesquisas que
relacionam a exploração de oportunidade, por exemplo, ao processo cognitivo ou ao
estudo das redes sociais, ou ainda aos conhecimento e experiência prévios.
Entretanto, ainda é distante o desenvolvimento de uma teoria compreensiva sobre
exploração de oportunidade, dada a inexistência de uma concordância entre
pesquisadores sobre os principais conceitos utilizados para compreender o processo
de exploração de oportunidades (ARDICHVILI; CARDOZO; RAY, 2003).
1.1 JUSTIFICATIVA
O presente estudo irá analisar a exploração de oportunidades
considerando tanto características do ambiente quanto características do indivíduo
que juntas interferem no processo de exploração de oportunidades. Desta forma,
necessitou-se eleger um contexto, ficando determinado Associações Comerciais
(ACs) no estado do Paraná, mais especificamente das cidades de Arapongas,
Apucarana e Londrina. Tal escolha tem sustentação em motivos logísticos,
similaridade de ambientes: mesmo estado, proximidade geográfica, veis de
Produto Interno Bruto (PIB) per capta... e pelo fato de conter empreendedores que
explorem as oportunidades nestes contextos e estarem inseridos em Associações
consolidadas há mais de cinqüenta anos com ummero expressivo de afiliados.
Para que haja empreendedorismo, é primordial que existam
oportunidades empreendedoras (SHANE; VENKATARAMAN, 2000), dada a
identificação da oportunidade ser apontada como o primeiro passo do
empreendedorismo pelo qual se estendem todas as outras etapas do processo
empreendedor (BARON; SHANE, 2007; BIRLEY; MUZYKA, 2001; GARTNER, 1985;
HISRICH; PETERS, 2004; OZGEN; BARON, 2006; SHANE, 2003; SHANE;
VENKATARAMAN, 2000).
Os estudos sobre exploração de oportunidades podem trazer
embasamento fundamental para o conhecimento das demais etapas do processo
empreendedor. Somente com a identificação de oportunidade é possível ser
20
estabelecido um plano de negócios e, por conseguinte, configurar todo o
empreendimento com características estabelecidas através da análise da
oportunidade e de sua respectiva demanda quanto às ações necessárias do
empreendedor para que este possa explorá-la. Face a tais constatações, entre
outras que serão discutidas neste trabalho, atribui-se importância fundamental ao
estudo acerca de exploração de oportunidades na busca da compreensão do
processo empreendedor.
Após uma revisão da teoria acerca de exploração de oportunidades,
verificou-se que ainda é um assunto abordado inexpressivamente no Brasil. Além
disso, mesmo em âmbito mundial, estudos existentes tendem a contemplar com
profundidade o tema da exploração de oportunidades considerando somente
características referentes ao indivíduo ou referentes ao ambiente. Davidsson (2005)
e Sarasvathy (2004a) mencionam falta de consenso entre pesquisadores da área
sobre a caracterização das oportunidades. Alguns as consideram existentes no
ambiente e o empreendedor apenas as percebem, enquanto para outros
pesquisadores as oportunidades o geradas através de um processo mental do
empreendedor, conforme mencionado, transparecendo a necessidade do estudo
da relação indivíduo-contexto no entendimento da exploração da oportunidade.
A determinação das ACs enquanto campo de estudo para esta
pesquisa foi estabelecida por mais fatores além da adequação às necessidades do
tema. As ACs são instituições presentes e consolidadas na maioria das cidades
paranaenses, atuando diretamente no desenvolvimento da atividade empreendedora
enquanto entidade de suporte à classe empresarial e que proporciona a geração de
redes de relacionamentos entre eles. Conforme Borges (2004), alguns
empreendedores reconhecem a AC como principal meio para se estabelecer
relações com outros empreendedores ou outras instituições, ou seja, possibilitam a
interação entre atores econômicos.
Também foi considerada a carência de estudos que contemplem o
conhecimento sobre as ações das ACs que interferem no processo empreendedor,
sobretudo na exploração de oportunidades.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
21
Como a participação de empreendedores em Associões
Comerciais exerceu influência na exploração de oportunidades por parte deles?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Compreender a exploração de oportunidades por empreendedores
no contexto específico de Associações Comerciais do Paraná.
1.3.2 Objetivos específicos
1. Conhecer razões para o ingresso de empreendedores em ACs.
2. Identificar ações que as ACs desenvolvem para favorecer exploração
de oportunidades.
3. Identificar possíveis relacionamentos ou redes de empresas,
constituídas entre filiados das ACs.
4. Compreender a intensidade da participação de empreendedores nas
ACs e os efeitos na exploração de oportunidades, tais como: novos
empreendimentos, alianças e parcerias.
5. Identificar oportunidades que tenham sido exploradas por
empreendedores relacionadas ou não ao tempo de filiação.
2 ASPECTOS SOBRE A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES
22
As oportunidades, conforme Baron e Shane (2007), têm o poder de
gerar valor econômico, ou seja, proporcionar lucro financeiro, e são vistas como
desejáveis na sociedade em que ocorrem. Elas podem ser representadas pelo
potencial de se criar algo novo, ou seja, novos produtos ou serviços, novos
mercados, novos processos de produção, novas matérias primas, novas formas de
organizar as tecnologias existentes etc.
Especialistas concordam sobre a importância da identificação de
oportunidades para o empreendedorismo (ALDRICH; CLIFF, 2003) que é
considerado o primeiro passo do processo empreender pelo qual se estendem todas
as outras fases (BARON; SHANE, 2007, BIRLEY; MUZYKA, 2001; GARTNER,
1985; HISRICH; PETERS, 2004; OZGEN, BARON, 2006; SHANE, 2003; SHANE;
VENKATARAMAN, 2000), assim sendo, o estudo sobre exploração de
oportunidades se faz importante ao coincidir com o início do empreendimento,
quando são definidas as primeiras características do negócio que se desenvolverá
através do tempo.
O segundo passo do processo empreendedor é a acumulação de
recursos para a exploração de uma oportunidade (BARON; SHANE, 2007), sejam
estes recursos de capitais financeiros, humanos, de matéria prima, de espaço físico
ou de qualquer outra natureza. O empreendedor não realiza esforços para obter
recursos como tamm para desenvolver estratégias para a criação do novo
negócio (SHANE, 2003). Tais estratégias podem se desenrolar através da
comercialização de produtos e serviços, criação de produtos, construção de uma
organização, fornecimento de respostas ao governo e à sociedade (GARTNER,
1985).
Um indivíduo empreendedor pode ser entendido como aquele que
age, com algum propósito, reflexivamente em um ambiente. Quando em um
determinado ambiente existem características que promovem um contexto favorável
ao surgimento de negócios empreendedores, ou seja, quando existem fontes de
oportunidades, e um agente interpreta e age sobre tais fontes de oportunidades em
um processo dinâmico, considera-se que existe empreendedorismo (SARASON,
DEAN; DILLARD, 2006), assim, aponta-se a necessidade de estudos sobre as
fontes de oportunidades, o processo de identificação e exploração das
oportunidades e o conjunto de indivíduos que irão identificá-las, avaliá-las e explorá-
23
las (SHANE; VENKATARAMAN, 2000), fortalecendo mais uma vez a idéia de que
fatores individuais e contextuais interferem no processo de exploração de
oportunidades.
Neste processo podem ser observados fatores contextuais, bem
como pessoais fatores que interferem na exploração de oportunidades. Neste
sentido observa-se um eixo conceitual explicitando a base da exploração de
oportunidades como pode ser observado na afirmação de Lee e Venkataraman
(2006, p. 119, tradução nossa):
... Empreendedores poderão ser bem-sucedidos somente se eles
possuírem habilidades para perceber oportunidades promissoras e
criar organizações efetivas e somente se sistemas e regulamentos
sociais forem favoráveis a eles. Em adão, eles irão precisar ter
sorte suficiente para ter fatores ambientais favoráveis quando eles
iniciarem o novo negócio.
Além das habilidades necessárias ao processo de identificação de
oportunidades, o indivíduo pode apresentar outras características favoráveis, como a
atenção às possibilidades de negócio. A maioria das oportunidades de negócio não
aparece por acaso, e sim, resulta da ateão às possibilidades. Por exemplo
identificar a deficiência de um determinado produto existente e produzir um melhor,
ou monitorar hábitos de consumidores para buscar um novo nicho ainda não
explorado para abrir um novo negócio (HISRICH; PETERS, 2004).
A identificação de oportunidades pode ser o resultado da busca de
informações e sugestões de terceiros pelo empreendedor e o questionamento
destas sugeses. Deste modo, a informação provê a impulsão do comportamento
empreendedor, mas somente para o caso de o empreendedor estar ativamente
buscando informões referentes às oportunidades. O empreendedor tende a
demonstrar interesse pelos dados que levem ao reconhecimento de oportunidades,
sendo assim, ele é disposto e apto a agir sobre um diagnóstico das oportunidades,
considerando que a maneira com a qual ele processa e aproveita a informação
estimula sua alavanca motivacional interna (PECH; CAMERON, 2006).
As oportunidades podem ser dependentes do empreendedor. Da
mesma forma, os empreendedores recebem influência de seus contextos estruturais
e tentar compreendê-los sem considerar os fatores contextuais acarretaria
igualmente uma compreensão incompleta. Para analisar a exploração de
24
oportunidade é necessária uma perspectiva que considere o empreendedor e a
oportunidade como um processo recursivo (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006).
Considerando este eixo que envolve o estudo da exploração de
oportunidades e visando uma compreensão processual, serão analisados alguns
fatores contextuais intervenientes para exploração de oportunidades, o que propicia
subsídios analíticos à interação com os fatores individuais que serão analisados na
seqüência.
2.1 CONCEITOS DE OPORTUNIDADE
Em uma primeira abordagem, as oportunidades em si são
consideradas simplesmente uma idéia ou algo que existe somente no projeto de
empresa, e as oportunidades realizadas são aquelas que alguém transformou em
negócios lucrativos e operantes. Portanto, a oportunidade pode ser um conceito
negocial que, se transformado em um produto ou serviço tangível oferecido por uma
empresa, resultará em lucro financeiro (BIRLEY; MUZYKA, 2001).
A oportunidade pode ser entendida ainda como uma idéia em forma
de produto ou servo que resolva um problema e que as pessoas estejam dispostas
a pagar um valor superior ao seu custo. Contudo, o tema “oportunidade” ainda gera
controvérsias, por exemplo, entre os pesquisadores que defendem a idéia de sua
pré-existência no ambiente e aqueles que consideram a oportunidade o resultado de
um processo mental do empreendedor (DAVIDSSON, 2005).
Lee e Venkataraman (2006, p. 110) desenvolveram esta definição de
oportunidade:
Uma oportunidade empreendedora é a chance para um indivíduo
(ou uma equipe) oferecer algum novo valor à sociedade,
freqüentemente introduzindo produtos ou serviços inovadores,
modernos e originais através de uma empresa nascente. Estas
oportunidades contêm a possibilidade para ganho econômico bem
como a possibilidade para perda financeira.
Em outra concepção, a oportunidade se refere a uma série de
condições externas comprovadamente favoráveis para a identificação e exploração
de novos necios (DAVIDSSON; 2005). A concepção de oportunidade envolve a
25
interação com o mercado e as condições momentâneas do indivíduo, influenciadas
pelo conhecimento prévio, recursos e o contexto do setor (SANZ-VELASCO, 2006).
A oportunidade empreendedora tamm é a situação na qual o
indivíduo pode criar novas finalidades para uma estrutura existente através da
recombinação de recursos quando o empreendedor acredita que irá obter lucro. A
principal diferença entre oportunidade empreendedora e as várias outras situações
nas quais as pessoas buscam o lucro é justamente a necessidade de criar novas
finalidades para uma estrutura (SHANE, 2003). Sarasvathy e Dew (2004)
apresentam uma concordância com a perspectiva de Shane alegando que as
oportunidades surgem em um processo que transforma continuamente realidades
existentes em mercados possíveis.
Tendo em vista os conceitos apresentados e discutidos até o
momento. Para os propósitos do presente estudo, o conceito de oportunidade será:
“A oportunidade é uma situação, identificada por um
indivíduo que se arrisca, na qual existe a possibilidade da
obtenção de lucro, oferecendo um novo produto ou
serviço que atenda a uma necessidade de um ou mais
consumidores”.
Para a identificação de oportunidade, o indivíduo assimila e processa
informações do ambiente, ou seja, ela é gerada em um processo mental do indivíduo
em função de características da realidade do ambiente.
É importante ressaltar que a oportunidade não requer a criação de
um novo negócio, tendo em conta possibilidades como:
Exploração de novos mercados;
Conquista de novos clientes;
Novas finalidades para um produto existente;
Novas parcerias;
Cooperações, formação de redes e alianças;
Além dessas possibilidades de exploração de oportunidades,
Davidsson (2005) acrescenta as seguintes:
Um novo entrante no mercado;
A criação de uma nova organizão;
26
Uma atividade voltada a iniciar, manter e expandir um negócio
voltado ao lucro;
Ter vantagem com novas combinações de recursos, de forma
a ter impacto no mercado;
Um processo de criar algo diferente com valor agregado,
dedicando esforço e tempo necessários; aceitar riscos
financeiros, psicológicos e sociais; receber como resultado a
recompensa financeira e satisfação pessoal.
2.2 CARACTERÍSTICAS CONTEXTUAIS INTERVENIENTES NA EXPLORAÇÃO
DE OPORTUNIDADES
O contexto Brasileiro tem se mostrado favorável à exploração de
oportunidades. No ano de 2006, o Brasil era o décimo país no ranking mundial em
empreendimentos iniciais (Com até 3 meses de vida), possuindo 13,7 milhões de
empreendedores nesta categoria, o que representa 11,7% de toda a população.
Contudo, quando se trata de empreendimentos estabelecidos (Com mais de 42
meses de existência) o Brasil passa a ser o quinto país no mundo com a maior
porcentagem de empreendedores, 12,1% da população (GEM BRASIL, on line,
2008).
Quanto à motivação para empreender, em âmbito mundial, os países
com renda per capta superior a U$ 20.000,00 possuem uma relação de para cada 9
pessoas que empreendem por oportunidade uma empreende por necessidade. Em
países com renda per capta inferior a U$ 20.000,00 esta relação se altera, e a cada
3 pessoas que empreendem por oportunidade uma empreende por necessidade. No
Brasil para cada pessoa que empreende por oportunidade outra empreende por
necessidade (GEM BRASIL, on line, 2008).
A importância dos fatores contextuais decorre, em parte, por eles
constituírem a base da qual emergem subsídios indispensáveis à existência de
empreendedores e, por conseqüência, empreendimentos, considerando que,
conforme Machado (2006), os empreendimentos estão inseridos na dinâmica da
política social e econômica que se desenvolve em seus ambientes. Ao mesmo
tempo, os empreendimentos exercem impactos e precisam se adequar às mudaas
27
do contexto, ressaltando a necessidade de considerar a realidade na qual se
inserem quando do seu estudo, pois tais empreendimentos são produzidos em
determinados contextos.
Um estudo acerca de exploração de oportunidades torna-se mais
detalhado se forem considerados a legislação, o mercado consumidor, o dinamismo
do ambiente e outros fatores contextuais diretamente relacionados à existência da
oportunidade. Em outras palavras, deve-se analisar fatores que estimulam
diretamente a geração de oportunidades pela pré-disposição do próprio contexto, ou
de forma indireta, pela influência que o contexto exerce na formão das
características dos indivíduos que irão identificar e explorar tais oportunidades.
O processo de reconhecimento de oportunidades pode ser
influenciado por questões como tempo, variáveis estratégicas escolhidas para
análises e o ramo específico no qual será feita a busca, ou melhor especificando, um
modelo de reconhecimento de oportunidade pode ser influenciado por funções
como: 1) Mudanças constantes, como oscilações na economia e alterações nas
condições competitivas ambientais, criam diferenças nos parâmetros que alicerçam
a estratégia de identificação de oportunidades; 2) A identificação de oportunidades
também é influenciada pelo processo cognitivo de um ramo específico a ser
explorado (SCHWARTZ; TEACH; BIRCH, 2005).
Em princípio, considera-se a existência de setores favoráveis e
desfavoráveis à exploração de oportunidade. Segundo Baron e Shane (2007),
empreendedores com capacitações e habilidades semelhantes podem ter diferentes
probabilidades de desempenho conforme o setor escolhido para abrir sua empresa,
desta maneira, para a exploração de oportunidades, há a necessidade de se
identificar quais são os setores favoráveis para novas empresas. Existem quatro
dimensões de diferença entre os setores: ciclos de vida do setor, condições de
demanda, condições de conhecimento e estrutura do setor abordados da
seguinte forma:
2.2.1 Ciclos de vida do setor
Produtos ou serviços introduzidos em mercados competitivos tendem
a atravessar um ciclo previsível ao longo do tempo, basicamente representado por
28
quatro fases: 1ª) Introdução: na qual deve-se estabelecer as primeiras vendas do
produto, freqüentemente por meio de promões que informam sobre suas
características e benefícios; 2ª) Crescimento: as vendas do setor aumentam
rapidamente nesta etapa, geralmente necessitando que os empreendedores
ampliem a distribuição e a linha de produtos; 3ª) Maturidade: fase caracterizada pela
concorrência intensa e estabilização das vendas; 4ª) Declínio: a última etapa do
ciclo, na qual o consumo é reduzido ou extinto (SANDHUSEN, 2003).
O pioneirismo do empreendedor, ou seja, o ingresso no mercado em
sua primeira etapa do ciclo de vida, apresenta algumas vantagens para a exploração
de oportunidades. A velocidade de inovação se faz necessária em uma época de
redução dos ciclos de vida do produto. Em muitos setores, concorrentes aprendem
sobre novas tecnologias e oportunidades de negócios praticamente de maneira
simultânea. As empresas que conseguirem encontrar soluções práticas
primeiramente têm vantagens por ser as que agiram primeiro, por exemplo, obtendo
a vantagem da preferência dos consumidores pelas marcas pioneiras, liderança
tecnológica, posse de ativos escassos e domínio de outras barreiras de entrada de
concorrentes (KOTLER, 2000).
Na medida em que os setores amadurecem, empresas antigas
apresentam maior acúmulo de experiência em comparação às empresas entrantes,
desempenhando um melhor atendimento sobre as necessidades dos clientes, assim,
novas empresas ficam em desvantagem quando comparadas às empresas
estabelecidas. Entretanto, na fase inicial de um setor, esta diferença é minimizada
pelo fato de existir muitas novidades para ambas. Com o amadurecimento do setor,
quando um projeto dominante é estabelecido, ou seja, quando é adotada uma
abordagem ou padrão comum para a fabricação de um produto, os parâmetros da
competição em um setor mudam. Em vez da competição exigir o projeto que melhor
atenda às preferências dos clientes, as empresas passam a buscar um projeto-
padrão mais eficiente. As empresas estabelecidas, maiores e mais experientes,
têm mais recursos para produzir mais competitivamente, obtendo vantagens
diferenciadas a partir de um projeto dominante em um determinado setor (BARON;
SHANE, 2007).
O projeto dominante atinge seu estágio mais avançado por meio de
um processo capaz de somar as inovações geradas pelas empresas no decorrer do
tempo, aprimorando o setor de maneira a minimizar imperfeições que possam ser
29
solucionadas por um novo produto ou serviço, e por conseqüência, reduzindo as
chances da exploração de um novo negócio.
Quando se inicia o ciclo de vida de um setor, existe uma demanda
crescente que facilita a entrada de pequenas empresas (BARON; SHANE, 2007),
influenciando diretamente a exploração de oportunidades, considerando que apenas
um pequeno conjunto de produtos advindo de inovações é lançado através de
empresas existentes, enquanto a maioria dos produtos inovadores é lançada por
novos empreendimentos, mesmo em mercados dominados por indústrias
existentes (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
2.2.2 Condições de demanda
Condições de demanda são utilizadas para explicar as características
da preferência dos consumidores por produtos e serviços em um setor. Em
mercados de rápido crescimento existe uma demanda emergente, dificultando a
capacidade de suprimento pelas empresas estabelecidas, havendo neste caso,
consumidores mais acessíveis e nichos inexplorados. os mercados altamente
segmentados requerem organizações que possam explorá-los sem produzir grandes
volumes, enquadrando-se, desta forma, com a aptidão de novas empresas em
produzir em menor escala, além de apresentarem maior agilidade e rapidez na
exploração de segmentos de mercado que grandes empresas têm dificuldade em
atender (BARON; SHANE, 2007).
Ainda podem ser considerados dois tipos extremos de demanda de
mercado influenciáveis pela ação empreendedora. O tipo de demanda mais
influenciável quantitativamente é o mercado expansível”, e tem sua demanda
bastante afetada pelo nível de gastos setoriais em divulgação. Por exemplo, o
mercado de raquetes de tênis pode ter sua demanda estimulada conforme o
empreendedor intensificar a divulgação do produto. O outro extremo seriam os
“mercados não-expansíveis”, exemplificado pelas óperas, são pouco afetados pelos
veis de investimentos em divulgação. Empreendedores que ingressarem em um
mercado não-expansível devem aceitar o tamanho do mercado (nível de demanda
primária para a classe do produto) e direcionar seus esforços para ganhar uma
maior participação no mercado (KOTLER, 2000).
30
2.2.3 Condições de conhecimento
As condições de conhecimento relacionam-se com o tipo de
informações envolvidas no processo de fabricação de produtos e nos serviços em
um determinado setor. Primeiramente, a intensidade de investimentos em pesquisa
e desenvolvimento é proporcional ao favorecimento de novas empresas, porque a
geração de novas tecnologias é uma fonte de oportunidades para idéias de novos
negócios. Segundo, quando o lócus de inovação é o setor público, apresenta-se um
maior índice de novos negócios, visto que ao contrário do setor privado, a
informação é colocada ao dispor do conhecimento blico para beneficiar a
sociedade. Quanto à natureza do processo de inovação, devido ao fato das
empresas novas tenderem a começar pequenas, os setores nos quais a inovação
requer investimentos menores têm mais probabilidade de formar novas empresas
(BARON; SHANE, 2007). Contudo, essa vantagem favorece a entrada simultânea
de novos concorrentes.
Setores que requerem um alto nível de inovação não
necessariamente impedem o ingresso de pequenas empresas. Conforme Angeli e
Periotto (2008), a velocidade das mudanças nas empresas de base tecnológica faz
com que a estrutura dessas organizações seja ágil na busca de inovações face às
exigências mercadológicas. Caracteristicamente, a maioria destas empresas tende a
ser de micro ou pequeno porte, e um dos caminhos para a busca de inovação
adotado por muitas destas empresas é a cooperação através de redes
interorganizacionais que se organizam pela interação de seus componentes,
evoluindo de maneira dinâmica com um fluxo de informações contínuo entre o
ambiente e as empresas, promovendo, assim, o aprendizado e mudança
organizacional que favorecem a manutenção de um ambiente inovativo.
2.2.4 Estrutura do setor
A estrutura do setor tamm é uma variável que interfere na abertura
de novas empresas. Alguns aspectos da estrutura do setor facilitam a criação e
31
sobrevivência de uma nova empresa, entre eles, a dependência de gastos maiores
de capital de forma mais intensa em alguns setores que em outros, os chamados
Setores de Capital Intensivo, cuja intensidade refere-se ao grau de dependência que
o processo produtivo tem em relação ao capital em vez da mão-de-obra. Em tais
setores, novas empresas tendem a ter um desempenho relativamente ruim. Quando
as empresas são criadas, necessidade de capital para obtenção de
equipamentos, estabelecimento das instalações de produção, ajuste da distribuição
e para a organização de modo geral. Este dispêndio de capital ocorre antes que a
empresa possa vender seus produtos ou serviços e gerar receita, fazendo com que,
na maior parte das vezes, as novas empresas precisem obter capital de
investidores, e estes cobram um valor maior pelo capital do que ele custaria se fosse
gerado internamente. As empresas existentes podem utilizar-se do capital oriundo
de suas operações para financiar suas idéias de novos negócios, o que o ocorre
com as novas empresas, colocando-as em desvantagem, e esta desvantagem é
diretamente proporcional à intensidade de capital do negócio (BARON; SHANE,
2007).
Alguns setores de capital intensivo demandam um investimento inicial
elevado perante as possibilidades dos empreendedores de acesso aos recursos
financeiros, limitando a abertura de empresas neste setor aos grandes investidores,
empresas e grupos estabelecidos e que tenham acumulado o volume de capital
necessário.
A exploração de novos negócios ainda dependerá de outros fatores
mercadológicos relacionados ao investimento financeiro e à atratividade aos agentes
de fomento. Um empreendimento novo geralmente possui poucos recursos,
necessitando de capitais de terceiros, e investidores podem evitar prover recursos
financeiros caso percebam que a exploração da oportunidade seja simplesmente
voltada para resolver um problema do mercado consumidor. Tais investidores irão
preferir arriscar seu capital em empreendimentos criados a partir de uma
oportunidade identificada pela sua capacidade de recompensa financeira (SANZ-
VELASCO, 2006). Esta lucratividade ainda é influenciada pelo valor percebido pelo
cliente, desta maneira, mesmo o produto apresentando características de inovação
que solucionem um problema dos consumidores ou simplifique alguma atividade,
ainda será necessário que o benefício ser perceptivelmente suficiente para que o
consumidor pague um preço capaz de gerar a lucratividade desejada.
32
Também é considerada uma distinção entre existência (ou ausência)
de investidores e a habilidade (ou inabilidade) do empreendedor em conseguir ter
acesso a estes agentes. Em algumas situações, empreendedores criam suas
empresas com falta de recursos e agentes financiadores, levando-os a ser
ineficientes em diversos âmbitos. Não possuindo tais recursos, o empreendedor se
obrigado a buscar recursos em outras fontes, como familiares e amigos, para
financiar seus recursos necessários (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004),
envolvendo, desta maneira, mais outros tipos de habilidades para convencer as
pessoas que fazem parte de sua rede de relacionamentos a apoiarem sua idéia
provendo o montante financeiro necessário.
Um fator importante de um empreendedor buscar recursos
financeiros em fontes não convencionais, que se através da criatividade e
imaginação do empreendedor, está em abaixar o custo dos recursos financeiros a
um patamar suficientemente baixo capaz de aumentar a margem de lucro para o
negócio. Alavancando seu capital humano, social e financeiro, o empreendedor
adquire recursos a custos bem abaixo do que ele conseguiria junto a agentes
financeiros que elevam seus preços quando consideram que o empreendimento
solicitante opera em condições de risco (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN,
2004).
2.3 POSSIBILIDADE DE COMERCIALIZAR A OPORTUNIDADE
Ainda podem existir outras alternativas para a exploração de
oportunidades quando da insuficncia de recursos do empreendedor e de sua
inabilidade ou impossibilidade de recorrer a fontes de financiamento convencionais
ou alternativas. Shane e Venkataraman (2000) consideram que existem duas
principais formas institucionalizadas de exploração de oportunidades: a criação de
um novo negócio para explorar a oportunidade e a venda das oportunidades a
empresas existentes. Através da abertura de uma nova empresa é a suposição mais
comum para que se a exploração de oportunidades, entretanto, pessoas que
identificam oportunidades em empresas existentes algumas vezes exploram tais
oportunidades a favor das organizões nas quais estão inseridas, e outras vezes
abrindo um novo negócio.
33
Entretanto, para esta última opção venda da oportunidade
identificada – existem algumas barreiras como a inexistência de um mercado para o
serviço empreendedor (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004) capaz de
regulamentar negociações desta natureza e fixar valores para a compra e venda de
oportunidades identificadas.
Uma oportunidade descoberta ou criada independentemente pode
ser negociada sob algumas circunstâncias. Em casos nos quais existe uma razoável
concordância intersubjetiva sobre o valor da oportunidade, existe a opção de vendê-
la a uma outra empresa, sendo que para esta opção existir deve haver uma
expectativa mais homogênea, e uma percepção de incerteza menor acerca da
oportunidade em questão. Em alguns casos excepcionais, oportunidades advindas
de novos conhecimentos se desenvolvem dessa maneira, como quando um inventor
independente transfere a patente a uma empresa existente em troca, normalmente,
de recebimento de royalties e remuneração pelo licenciamento a taxas correntes
(DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
Não havendo uma legislação que defenda e preserve os direitos
autorais, o inventor terá a comercialização da idéia prejudicada, uma vez que ele
pode revelar somente a natureza da oportunidade para vendê-la. Entretanto, uma
vez existente a proteção legal como a patente da invenção, o valor financeiro da
oportunidade dependerá da expectativa heterogênea das partes. Para uma invenção
que possua uma ampla aplicação, seu inventor geralmente vende licenças parciais
para usos específicos e para diferentes empresas, assegurando desta forma a
máxima exploração comercial da patente. O valor da patente é, desta forma,
maximizado, dispersando-a em diversas oportunidades mercadológicas (DEW;
VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
2.4 FONTES DE OPORTUNIDADES
As oportunidades sempre existem, mas é necessário olhar além do
que se faz, ela depende da descoberta de futuros nichos de mercado, novas
tecnologias, novas formas de financiamento (RICHERS, 2000).
Mesmo considerando que o campo do empreendedorismo envolve o
estudo sobre as fontes de oportunidades (SHANE; VENKATARAMAN, 2000),
34
dificilmente pode-se aplicar uma lista de lugares onde as oportunidades são
encontradas (BIRLEY; MUZYKA, 2000), entretanto, uma concordância entre
pesquisadores em que oportunidades sejam oriundas de deficiências
mercadológicas. Uma oportunidade pode ser identificada por um empreendedor
quando este estuda um segmento, analisando onde ele pode ser melhorado, ou
então pesquisando queixas e insatisfações dos consumidores em relação aos
produtos e serviços ofertados neste determinado segmento (DEGEN, 1989).
As deficiências mercadológicas são fontes de oportunidades também
quando contribuem em forma de incentivos à inovação que ajudem a resolver
alguma dessas deficiências, podendo estas serem atribuídas, em parte à suposições
como: Considera-se que empresas não são perfeitamente eficientes, causam
impactos externos (muitas vezes prejudicando a população); Os sistemas que
regulam os preços o imperfeitos e as informões são distribuídas
assimetricamente aos empreendedores; As empresas sofrem impactos do ambiente.
Então, cada uma destas imperfeições mercadológicas gera oportunidades (COHEN;
WINN, 2007).
Além das oportunidades que surgem de deficiências, existem outras
advindas de mudanças no ambiente, podendo ser classificadas em grupos de
mudanças tecnológicas, mudanças políticas e reguladoras, e mudanças sociais e
demográficas. A entrada da mulher no mercado de trabalho em larga escala,
enquanto mudança social, fez emergir novas necessidades, e aqueles que
reconheceram esta oportunidade antes dos outros puderam ter vantagens na
exploração de oportunidades (SHANE, 2003).
Com base no que foi mencionado até então, infere-se que:
“Uma fonte de oportunidade pode ser qualquer situação
na qual exista uma necessidade de um produto ou serviço
que ainda não esteja sendo plenamente satisfeita pelas
empresas existentes
Parece existir uma inter-relação entre as categorias de mudanças em
função da repercussão destas de forma sistêmica no ambiente, entretanto,
observam-se importantes diferenças entre estas três fontes de oportunidade:
mudanças tecnológicas, mudanças políticas e reguladoras e mudanças sócio-
demográficas.
35
2.4.1 Mudanças tecnológicas
Existem pesquisas que buscam examinar quais tipos de mudanças
tecnológicas ocasionam maior número de fontes de oportunidades de negócios.
Algumas dessas pesquisas identificaram que as tais mudanças variam na sua
magnitude, e como conseqüência, as mudanças tecnológicas mais abrangentes são
fontes maiores de oportunidades em comparação às pequenas mudanças
tecnológicas, principalmente em função de gerarem mudanças maiores na
produtividade através da recombinação dos recursos dispoveis (SHANE, 2003).
Na medida em que se produzem novas informações e inovações, a sociedade se
torna mais industrializada, a velocidade do desenvolvimento tecnológico aumenta e
surge, assim, um maior mero de empreendedores (LEE; VENKATARAMAN,
2006).
2.4.2 Mudanças políticas e reguladoras
Novos cenários políticos são fontes de oportunidades de negócio,
contudo, isto não significa necessariamente que as firmas fundadas em períodos de
mudanças políticas irão apresentar melhor desempenho do que aquelas que não
surgiram durante estes períodos. Caso seja considerada a hipótese de uma
oportunidade mercadológica gerada por mudanças políticas, incitar o surgimento de
vários novos empreendimentos ao mesmo tempo, todos poderão apresentar um
desempenho inferior a aqueles iniciados em outros tempos (SHANE, 2003).
Planos econômicos governamentais, como o Plano Real,
proporcionam mudanças nos parâmetros de comportamento do consumidor,
gerando oportunidades. No Brasil, a inflação que oscilava entre 100% e 200% em
média no início da década de 1980, chegou a atingir picos de quase 3000% no início
dos anos 1990, caiu vertiginosamente estabilizando-se em menos de 10% a partir de
meados da mesma década. A inflação, caracterizada pelos persistentes aumentos
de preços que desvalorizam a moeda diminuindo o número de serviços e produtos
que a moeda pode comprar diminuem o poder aquisitivo do consumidor, a menos
36
que seja acompanhada de aumentos de renda. Na década atual, a inflação tem
mantido níveis inferiores a 5% ao ano, ocasionando mudanças no comportamento
do consumidor, como a viabilidade em comprar um automóvel ao invés de arrendar
(SANDHUSEN, 2003).
A China tem apresentado uma economia doméstica forte, com
crescimento intenso nos setores de exportação (ROBB; XIE, 2003), podendo este
fato ser atribuído, em parte, ao sistema econômico que sofreu modificações abrindo-
se ao mercado externo, proporcionando, desta forma, oportunidades naquele país.
Este caso é um exemplo mundialmente conhecido, no qual mudanças político-
reguladoras geraram novas oportunidades.
2.4.3 Mudanças sócio-demográficas
Um dos motivos que justifica o fato das mudanças cio-
demográficas consistirem uma fonte de oportunidade relaciona-se ao fato delas
alterarem a demanda por produtos e serviços, gerando a oportunidade para os
empreendedores lançarem novos produtos (BARON; SHANE, 2007).
Este tipo de mudança é subdividido em três outras variáveis. A
primeira é o grau de urbanização, que além de favorecer o surgimento de novas
oportunidades de negócio, tamm influencia o desempenho dos empreendimentos
positivamente pelo fato de as economias de escala proporcionadas pelo nível de
urbanização tornarem possível o surgimento de oportunidades que não existiriam
em áreas não urbanizadas e, dado o custo fixo da exploração de oportunidades, as
oportunidades que forem exploradas em alta escala seo mais lucrativas que as
outras (SHANE, 2003).
A maximizão do número de oportunidades no meio urbanizado é
influenciada pela concentração de recursos humanos, materiais e financeiros que
ampliam o leque de possibilidades de lançamento de um novo produto. Conforme
Sarasvathy e Dew (2004), as oportunidades emergem da transformação da
realidade existente em mercados possíveis, inferindo-se que quanto mais subsídios
forem disponibilizados nesta realidade, maior a possibilidade de se criar novos
mercados.
37
A segunda variável é a dinâmica populacional constituída, entre
outros fatores, pelo seu tamanho, influenciando a economia de escala; pelo seu
crescimento, o qual está relacionado diretamente proporcional ao aumento da
demanda. O tamanho populacional também influencia o crescimento do ganho de
escala e a mobilidade da população que podem ser capazes de transpor
informações de um local onde determinadas oportunidades foram reconhecidas e
exploradas e levá-las a outro, no qual elas ainda não tenham sido identificadas ou
exploradas realizando as adaptações necessárias (SHANE, 2003).
Classes sociais possuem divisões relativamente homogêneas e
duradouras em uma sociedade, cujos membros compartilham valores interesses e
comportamentos semelhantes. As classes sociais são hierarquicamente
estruturadas, sendo que a posição dos indivíduos em uma dada hierarquia baseia-se
além da renda financeira, a ocupação, o tipo de casa e localização de sua residência
em uma comunidade. Os membros de uma classe social apresentam preferências
de consumo distintas de outras classes, porém, as pessoas podem se deslocar para
outras classes durante a sua vida (SANDHUSEN, 2003).
O último aspecto das mudanças sócio-demográficas, a infra-estrutura
educacional, se faz uma fonte de oportunidade por abranger pesquisas científicas
que resultam na criação de novos conhecimentos e informões úteis à criação de
novas oportunidades de negócio, além de serem importantes mecanismos de
difusão de informação, voltando a influenciar positivamente na geração de
oportunidades (SHANE, 2003).
Destas três categorias de mudanças, Baron e Shane (2007)
consideram que os empreendedores podem desenvolver idéias para explorar cinco
diferentes tipos de oportunidades resultantes: novos produtos e serviços, novos
métodos de produção, novos mercados, novas formas de organização e novas
matérias primas. Contudo, na maior parte das vezes, empreendedores introduzem
novos produtos ou serviços ou abrem novos mercados, pois novos processos de
produção, matéria-prima e formas de organização geralmente demandam know-how
mais disponível em empresas estabelecidas. Tamm é necessário que o
empreendedor desenvolva uma idéia de negócio que ele possa defender contra a
concorrência, sendo assim, se introduzir em um novo mercado é uma forma
arriscada de exploração de oportunidade, porque é praticamente impossível para um
empresário defender contra a concorrência. A exploração de oportunidade através
38
de novos métodos de produção apresenta a vantagem de poder ser mantida em
segredo da concorrência, o que não seria possível com novos produtos que deixam
disponíveis todos os atributos para quem interessar. Imitar idéias de negócios sob
forma de novos processos é possível, porém mais caro, difícil e oneroso do que sob
a forma de novos produtos ou serviços.
2.5 CARACTERÍSTICAS DO INDIVÍDUO INTERVENIENTES NA EXPLORAÇÃO DE
OPORTUNIDADES
Empreendedores diferem-se em importantes aspectos de não-
empreendedores e acredita-se que tais diferenças são encontradas na
personalidade e no conhecimento do empreendedor (GARTNER, 1985), entretanto,
para compreender porque determinados indivíduos se tornam empreendedores e
outros não, Sarasvathy (2004b) em vez de dividí-los em empreendedores e não
empreendedores, analisa a distribuição de potencial em se tornarem
empreendedores, considerando que alguns indivíduos serão empreendedores
independentemente do contexto no qual estão inseridos, outros não se
transformarão empreendedores em qualquer contexto possível, mas a principal
parcela consistirá nos indivíduos que se tornarão empreendedores sob
determinados contextos e outros não, assim, para identificar tais indivíduos de se
considerar parâmetros-chave da variação entre as características dos
empreendedores para então examinar porque as pessoas que apresentam essas
variações optam por empreender ou não.
Pelo fato de provirem de experiências educacionais, situações
familiares e vivências profissionais variadas (HISRICH; PETERS, 2004), a
capacidade de inovar é reconhecida como uma das habilidades do empreendedor.
Souza (2005) realizou um estudo junto à literatura, procurando identificar
características associadas ao conceito de empreendedor. Para tanto, foram
analisados o conteúdo dos textos e obras de autores como Degen (1989),
Drucker (1986), Filion (1991), Weber (2003) e Schumpeter (1997), sendo que os
dados afirmaram que os empreendedores são pessoas envolvidas no processo de
inovação. Além disso, a maior parte destes pesquisadores concorda que para
39
empreender é necessário aceitar os riscos inerentes ao novo negócio, buscar
oportunidades e apresentar capacidade criativa.
Conforme Hisrich e Peters (2004), a aceitação de riscos também es
em praticamente todas as definições recentes de empreendedor. Faz parte do
processo empresarial assumir riscos, sejam eles financeiros, sociais ou psicogicos.
O foco dos estudos sobre aceitação de riscos se concentra no componente de uma
propensão geral para riscos, entretanto, como não foram determinadas relações
causais conclusivas, ainda não foi empiricamente estabelecido que uma propensão
para riscos é uma característica distintiva dos empreendedores.
Com relação à busca de oportunidades, o empreendedor é analisado
como um agente reflexivo engajado em uma ão proposital na qual ele desenvolve
e descobre a oportunidade. Além de estar atento às oportunidades estáticas, ele
dinamicamente gera novas oportunidades e novos negócios por meio de ações
embasadas em interpretações subjetivas, assim, o empreendedor constrói negócios,
parcialmente, utilizando sua habilidade de influenciar o ambiente sócio-econômico
em seu favor (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006), podendo ele organizar e
reorganizar mecanismos sócio-econômicos objetivando transformar situações e
recursos para proveito prático (HISRICH; PETERS, 2004), influenciando voluntária e
involuntariamente o contexto.
Empreendedores também apresentam um maior desejo de
independência quando comparados ao restante da população. Indivíduos que
apresentam um forte desejo de independência são mais propensos a explorar
oportunidades empreendedoras porque a atividade empreendedora exige tomada de
decisões pessoais ao invés de seguir o julgamento de terceiros. Contudo, o desejo
de independência pode influenciar negativamente a exploração de uma
oportunidade empreendedora caso ele atrapalhe a formação de importantes laços
junto a consumidores, fornecedores, empregados ou investidores (SHANE, 2003).
A pró-atividade está relacionada às características empreendedoras.
Um empreendedor mais pró-ativo possui mais predisposição para abrir um novo
negócio. Analisar como as pessoas pró-ativas influenciam seus ambientes pode ser
uma variável importante para entender o comportamento empreendedor
(BECHERER; MAURER, 1999).
Para Hisrich e Peters (2004), o ambiente familiar na infância exerce
influência na formão de indivíduos empreendedores. evidências de que os
40
empreendedores tendem a ter pais também empreendedores. Ter pais que
trabalham por conta própria propicia uma inspiração para o empreendedor, pois a
natureza independente e a flexibilidade do trabalho autônomo exemplificadas são
mais facilmente absorvidas em idade precoce. O relacionamento dos pais com a
criança talvez seja o aspecto mais importante do ambiente familiar na infância para o
estabelecimento do desejo pela atividade empresarial em um indivíduo. Os pais dos
empreendedores podem demonstrar apoio e estimular a independência, a conquista
e a responsabilidade.
A necessidade de realização também motiva as pessoas a serem
empreendedoras. Conforme Shane (2003), a necessidade de realizão melhora a
possibilidade do indivíduo tornar-se empreendedor.
A identificação e avaliação de oportunidade constituem uma tarefa
difícil, conforme consideram Hisrich e Peters (2004), alegando que a maioria das
boas oportunidades de negócio o aparece ao acaso, pois elas resultam da
atenção de um empreendedor às possibilidades ou, em alguns casos, do
estabelecimento de mecanismos para a identificação de potenciais oportunidades.
Tais mecanismos podem ser relacionados às características
abordadas por Pech e Cameron (2006), incluindo a orientação para a busca de
oportunidade, fatores motivacionais como necessidade de realização, desafios e
competição, além de capacidades como determinação, aucia, intuição, confiança
e capacidade de inovação na solução de problemas. A identificação de oportunidade
também pode ser representada por mecanismos psicológicos, como conhecimento,
heurística e habilidades em usar a lógica e a razão.
Dentre tais características, considera-se a dispersão do
conhecimento, ou seja, diferentes pessoas possuem diferentes conhecimentos,
diferentes expectativas e a implicação de expectativas heterogêneas como a
impossibilidade de se estudar oportunidades sem considerar os indivíduos. É difícil
imaginar como determinados negócios poderiam surgir sem certos indivíduos
particularmente, como a Ford sem Henry Ford, General Eletric sem Thomas Edison
e Wal-Mart sem Sam Waltom. A interseção entre um indivíduo e uma oportunidade
pode ocorrer casualmente ou em um processo de pesquisa, entretanto a obtenção
de conhecimento não garante que o indivíduo irá reconhecer e explorar uma
oportunidade, visto que a dispersão do conhecimento inclui diferenças entre as
expectativas individuais (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
41
Empreendedores buscam conhecimento estando profundamente
envolvidos no processo de aprendizado. Assim como o processo de aprendizado
está intrínseco ao ciclo de vida de um empreendimento, o aprendizado adquirido
pelo empreendedor através da exploração de oportunidades é transferido através
dos níveis desde o indivíduo empreendedor até os padrões internos e externos da
empresa (DUTA; CROSSAN, 2005), podendo esta oportunidade ser explorada em
uma empresa existente ou através da abertura de um novo negócio (DEW;
VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004). Nesse sentido, argumenta-se que as
pessoas as quais possuem melhor habilidade em selecionar as informões mais
importantes, dentre as disponíveis em um dado momento, são mais aptas em
reconhecer oportunidades e, ainda, existem dois fatores distintos que influenciam
esta habilidade: a capacidade de absorção e o processo cognitivo (SHANE, 2003).
Para Sanz-Velasco (2006) as oportunidades tamm podem ser
identificadas por alguns indivíduos e por outros não, e tal diferença pode ser
creditada à informação idiossincrática relativa ao conhecimento prévio, enquanto
para Baron e Shane (2007), a diferença vem da acessibilidade individual a
determinados tipos de informões e da velocidade com a qual o capazes de
processar tais informões. Já para Ardichvili, Cardozo e Ray (2003), uns identificam
as oportunidades, e outros não, devido à heterogeneidade na sensibilidade
individual para a criação e entrega de um novo valor para o cliente. Alguns
indivíduos possuem uma sensibilidade tão aguçada permitindo a eles identificar
possibilidades observando um simples fenômeno, ou um problema enfrentado pelas
pessoas como pais tentando preparar o jantar enquanto cuidam dos filhos
pequenos, ou então, idosos tentando girar a maçaneta da porta. Esta sensibilidade
aos problemas ou às possibilidades não significa necessariamente que seu detentor
possua idéias para a solução de problemas, ou seja, nem todos que são bons em
formular questões são igualmente bons em respondê-las.
Cientistas, inventores ou indivíduos podem gerar idéias para novos
produtos e serviços sem considerar a aceitação dos consumidores ou a viabilidade
comercial das invenções. Quanto mais voltado ao valor percebido pelo cliente for o
desenvolvimento das oportunidades, maiores as probabilidades de aceitação pelo
mercado consumidor. Indivíduos que desenvolvem novas aplicações para criação e
entregam valor ao cliente, podem diferir nos meios pelos quais eles pensam sobre
novas possibilidades e suas aplicações potenciais. Estas diferenças individuais
42
podem vir de variações na constituição genética do indivíduo, conhecimento e
experiência, e/ou na natureza da informação que eles processam sobre uma
oportunidade espefica (ARDICHVILI; CARDOZO; RAY, 2003).
Além destas questões referentes às informações e ao conhecimento,
considera-se necessário o indivíduo apresentar predisposição e criatividade para a
identificação de oportunidade. Considera-se como predisposição, aproveitar todo e
qualquer ensejo para observar negócios, ou seja, a capacidade de através da
observação de empreendimentos, onde a maioria somente capta informações
superficiais como anúncios e fachadas, perceber uma oportunidade, o seu
funcionamento e as razões para a sua viabilidade lucrativa ou falência. Além disso,
buscam validar a avalião porque cada empresa é diferente da outra, e o que não
funciona para uma pode ser a oportunidade para a outra. Quanto à criatividade, esta
pode ser decorrente, por exemplo, da observação e avaliação de inúmeras
empresas, da associação de idéias, da análise de casos de falência e de
sobrevivência com lucratividade. A criatividade permite aplicar o método de
exploração de oportunidades de um tipo de negócio a outro, e são essas
associações que podem transformar uma simples oportunidade em uma empresa
operante e lucrativa (DEGEN, 1989).
O processo de imitação é confrontando com processos de inovação
por alguns autores. O empreendimento é imitativo quando o indivíduo inicia um novo
negócio na tentativa de duplicar o processo de uma organização existente,
transformando-se em um concorrente que irá fornecer o mesmo tipo de produto ou
serviço, não obstante, havendo inovação econômica e organizacional o
empreendimento seinovador. A imitação ou inovação pode referir-se também ao
serviço ou produto. Neste entendimento a introdução de um produto ou serviço novo
é considerada uma imitação ou inovação se for replicagem de um produto
existente no mercado ou não, respectivamente (MEZIAS; KUPERMAN, 2001).
A inovação, em valores econômicos, torna claramente a atividade
mais empreendedora, mas podem o ser condições básicas para que a atividade
seja considerada empreendedora. O importante é que estes tipos de comportamento
empreendedor resultam em inovação, criação de novos negócios ou ambos
(MEZIAS; KUPERMAN, 2001).
43
2.5.1 Ocupação atual, experiências prévias e suas implicações na exploração
de oportunidades
A oportunidade pode ser explorada tanto através de um novo negócio
como na empresa existente (sem a necessidade da abertura de uma nova empresa).
A exploração da oportunidade em uma empresa existente pode se dar por dois
motivos: primeiramente, embora os indivíduos reconheçam as oportunidades, a
empresa pode ter os direitos de propriedade da idéia; segundo, mesmo que a
empresa não tenha o direito de propriedade, a oportunidade pode não ser
suficientemente sustentável para garantir a saída do funcionário da empresa em que
ele identificou a oportunidade (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
a possibilidade de ambos, funcionário e empresa, avaliarem a
oportunidade positivamente e decidirem explorá-la. Na perspectiva da empresa, o
custo da exploração da oportunidade pode ser influenciado por alternativas de
grande importância para a empresa, e ainda mais em um foco estratégico de
operações abrangentes em vários âmbitos da empresa. Assim, diferentes
expectativas do que constitui um “bom retorno” no contexto da oportunidade e suas
alternativas podem levar à exploração da oportunidade pelo empreendedor através
da criação de uma nova empresa particular mais do que pela alternativa de explo-
la em uma instituição existente (DEW; VELAMURI; VENKATARAMAN, 2004).
Empreendedores com experiência prévia nos negócios tendem a
identificar ummero maior de oportunidades em comparação aos empreendedores
novatos, e oportunidades geralmente relacionadas à sua experiência prévia
(WESTHEAD; UCBASARAN; WRIGHT, 2005), entretanto, estudos anteriores
mostraram que não necessariamente um necio criado por um empreendedor
derivou de uma ocupação prévia, mas as ocupações anteriores dos indivíduos
analisados proporcionaram conhecimento prévio, experiência de trabalho
empresarial e ainda uma “herança” de contatos iniciais (JACK; ANDERSON, 2002).
Observa-se que as oportunidades identificadas podem estar
relacionadas às experiências passadas, geralmente referentes a campos para com
os quais os empreendedores estejam familiarizados, especialmente advindo da
experiência profissional ou ambiente social. Entende-se que a vivência de um
empreendedor lhe proporciona informões que poderão inspirá-lo a desenvolver
44
uma idéia de negócio e raramente um indivíduo ira ter uma inspiração ser ter
passado por uma experiência relacionada (BIRLEY; MUZYKA, 2000).
Considera-se que, geralmente, um indivíduo identifica uma
oportunidade enquanto trabalha em alguma empresa, contudo, quando os outros
membros desta empresa o reconhecem esta mesma oportunidade, não têm
interesse em explorá-la. Quando um elevado grau de incerteza está atrelado à
oportunidade e somente um indivíduo a identifica, pode ser considerado que a
oportunidade está completamente relacionada ao raciocínio de um único indivíduo.
Assim, neste caso de baixa concordância intersubjetiva, pode acontecer de o
indivíduo deixar o emprego e explorar a oportunidade independentemente.
Entretanto, a menos que o indivíduo que reconheceu a oportunidade tenha recursos
para fundar uma empresa, é pouco provável que ele obtenha investimentos de
agentes financiadores, pois quando não uma concordância intersubjetiva,
aumenta a incerteza sobre a oportunidade, e investidores demandam um retorno
elevado dos indivíduos interessados em financiamento. Neste cenário é alta a
probabilidade do empreendedor recorrer à abordagem da utilização de recursos de
familiares e amigos em vez de recursos de agentes financeiros (DEW; VELAMURI;
VENKATARAMAN, 2004).
A baixa concordância intersubjetiva pode ser também relacionada a
precisão das informões detidas pelos indivíduos. Shane e Venkataraman (2000)
alegam que em um grupo de indivíduos que descobrem oportunidades em uma dada
empresa, aqueles que não são super-otimistas podem decidir não explorar tais
oportunidades pelo fato deles possuírem informões mais precisas para estimar os
resultados possíveis decorrentes desta atitude, bem como para perceber que muitas
outras pessoas também tentarão entrar com uma proposta similar no mercado. Já os
super-otimistas não hesitam em explorar estas oportunidades porque seus
otimismos limitam a assimilação de informões importantes e os levam a uma
previsão auspiciosa do futuro. Portanto, vale ressaltar que existem atributos
pessoais que aumentam as probabilidades de exploração de oportunidade, contudo
não necessariamente apresentam uma relação com o aumento das taxas de retorno
financeiro e sobrevincia do novo negócio.
45
2.5.2 Expectativas individuais e suas implicações na exploração de
oportunidades
Reconhecimento de oportunidade pode requerer um grande número
de informões estimuladoras. Caso estas informões encontrem concordância
com o conhecimento e aspiração do empreendedor, bem como com suas
necessidades intrínsecas, o processo de diagnóstico de oportunidade torna-se
relativamente simples. Os empreendedores têm uma ausência de confiança em
sugestões externas tanto quanto a tradições desgastadas. Eles o são impedidos
de trabalhar devido à tradição, nem presos a velhos paradigmas ou procedimentos
coorporativos, mas podem lograr ou omitir o processo cognitivo que normalmente
atrasa as decisões em organizões burocraticamente estruturadas. Isto ajuda a
estimar a rapidez com a qual cada empreendedor é apto a reconhecer
oportunidades relativamente complexas e explorar decisões (PECH; CAMERON,
2006).
Para abordar a questão de informões estimuladoras em
concordância com os desejos do empreendedor, Lee e Venkataraman (2006)
determinaram dois construtos: o Aspiration Vector” ou AV, composto pela
combinação dos benefícios econômicos, sociais e psicológicos que um indivíduo
deseja possuir ou o que ele acredita que tenha os significados e motivações para
sua auto-realizão; e o Perceived Market Offering Vector” ou P-MOV, constituído
pela percepção do indivíduo em relação à combinação das dimensões econômicas,
sociais e psicológicas que estão implicita ou explicitamente a sua disposição em um
determinado momento. Conforme o gráfico 1, através da interação destes dois
construtos identifica-se tipos de pessoas que tendem a perseguir oportunidades
empreendedoras e embora os fatores que formam o AV de um indivíduo surjam de
elementos comuns tamm a indivíduos não empreendedores, como capital
humano, social e intelectual, a forma pela qual as informações destes elementos são
obtidas, processadas, interpretadas e combinadas varia em cada caso,
determinando se o indivíduo irá ou o tender a explorar uma oportunidade
empreendedora.
46
Gráfico 1 – Decisão em empreender conforme AV superar P-MOV
Fonte: (LEE; VENKATARAMAN, 2006).
Indivíduos podem ter uma boa noção sobre quais opções não-
empreendedoras eles podem ter, entretanto, eles podem não saber o que eles
podem ganhar futuramente escolhendo uma oportunidade mais empreendedora
sacrificando sua receita momentânea. Esta decisão de explorar oportunidades
empreendedoras pode depender do AV do indivíduo e de suas opções não-
empreendedoras. Caso as opções não-empreendedoras possam satisfazer o AV do
tomador de decisões, ele tenderá a ser mais adverso ao risco, e assim, decidirá não
explorar oportunidades empreendedoras, optando entre uma das melhores opções
não-empreendedoras disponíveis. Caso as opções não-empreendedoras não
possam satisfazer o AV do tomador de decisão, tenderá a buscar caminhos para
realizar seu propósito e, por conseqüência, explorar oportunidades empreendedoras
pelo fato desta escolha proporcionar maiores probabilidades de atender seu AV.
Então, conclui-se que: a) indivíduos cujo AV excede o P-MOV o mais aptos a
explorar oportunidades empreendedoras e b) indivíduos cujo P-MOV excede seus
AV são menos aptos a explorar oportunidades empreendedoras, ou seja, eles
tendem a escolher a opção não-empreendedora disponível que se aproxima mais de
seu AV (LEE; VENKATARAMAN, 2006).
AV
Empreender
Não-empreender
P- MOV
47
Os indivíduos possuem diferentes níveis de aspiração, traços
psicogicos, capacidades de processamento cognitivo e conhecimento prévio como
mencionam Dew, Velamuri e Venkataraman (2004), argumentando que muitas
dessas diferenças são subconscientes e, portanto, imperceptíveis a pessoas que os
observam e freqüentemente pelos próprios indivíduos. Tais diferenças podem levá-
los a apresentar diferentes expectativas mesmo se eles compartilharem exatamente
a mesma informação em um mesmo lugar e ao mesmo tempo. Isto ajuda a explicar
porque duas pessoas podem ter as mesmas informões, mas somente uma
visualiza uma oportunidade empreendedora, enquanto a outra pode não detectar
nenhuma possibilidade de obtenção de lucro.
Sob a perspectiva da estruturação, diferentes indivíduos exploram a
mesma oportunidade de formas diferentes em decorrência a uma visão
idiossincrática da oportunidade, levando-os a abrir um negócio de acordo com sua
interpretação idiossincrática. Mesmo parecendo a observadores externos que dois
indivíduos exploram a mesma oportunidade, se forem focalizadas as diferenças
como evidências de conceptualizões instantâneas, entender-se-ia que as
oportunidades não são simplesmente “descobertas” quando um empreendedor
encontra uma lacuna ou deficiência do mercado, mas sim, que a oportunidade é
criada através de um processo de interpretação e influência (SARASON; DEAN;
DILLARD, 2006).
As aspirações dos empreendedores têm uma significância sistêmica
simultaneamente para o ambiente no qual se insere e para a empresa por eles
criada. Os empreendedores transformam suas empresas mais próximas às suas
aspirações pessoais e dão forma tamm à parte de seus ambientes, e não
projetam a empresa somente como instrumentos que se adaptam ao seu ambiente e
às oportunidades de lucro dentro destes ambientes. Assim, gera-se um novo ciclo,
pois o resultado das atividades destas empresas pode criar novas oportunidades, e
novos valores para aqueles que se relacionam com elas (SARASVATHY 2004b),
além disso, um empreendimento criado em uma parte da comunidade comumente
gera oportunidades em vários setores da comunidade (MEZIAS; KUPERMAN,
2001), ajudando a demonstrar a importância da influência das aspirações individuais
na exploração de oportunidades.
48
2.5.3 Conhecimento individual, recompensas financeiras e suas implicações
na exploração de oportunidades
Uma das características mais consideradas entre os especialistas
para a compreensão da exploração de oportunidades constitui-se no conhecimento.
Shane e Venkataraman (2000) consideram que todos os seres humanos possuem
um estoque diferente de conhecimento, e estes estoques influenciam suas
habilidades em reconhecer determinadas oportunidades, resultando, conforme
Sanz-Velasco (2006) na possibilidade de dois indivíduos não explorarem
exatamente a mesma oportunidade. Similarmente, Birley e Muzyka (2000)
consideram as idéias para as oportunidades provenientes do conhecimento
individual, e geralmente resultando de um processo de conexão de idéias no interior
da mente humana.
O conhecimento prévio influencia as pessoas na identificão de
oportunidades (SANZ-VELASCO, 2006) e resulta do acúmulo de experiências em
vários âmbitos da vida do indivíduo, como a família (ALDRICH; CLIFF, 2003) e a
localidade onde o empreendedor mora ou já residiu (JACK; ANDERSON, 2002).
Considera-se que o conhecimento prévio do empreendedor influencia
e é influenciado pela possível recompensa financeira no processo de identificação
da oportunidade, e a análise desta relação proporciona um entendimento da força
motivadora neste processo. A literatura sobre motivação pode justificar porque a
esperança de recompensa financeira motiva os indivíduos a identificar mais
oportunidades e oportunidades mais inovadoras. Contudo, sob a luz desta
abordagem, o conhecimento da recompensa tanto motiva a busca por oportunidades
quanto pode diminuir a relação positiva entre a recompensa financeira esperada e
os lucros da oportunidade identificada. Os indivíduos que possuem conhecimento
prévio apresentarão maior probabilidade de focalizar sua atenção nas dimensões
mais importantes das informões disponíveis e processar estas informões mais
rapidamente, levando à identificação de um grande número de oportunidades
(COBERTT, 2005).
Baseando-se na psicologia cognitiva, Shepherd e DeTienne (2005)
analisam como o vel de conhecimento prévio e a possibilidade de recompensa
financeira impactam na identificação de oportunidade. Para tais autores, quanto
maiores as possibilidades de recompensa financeira e conhecimento prévio do
49
empreendedor, maior será o número de oportunidades identificadas. A promessa de
recompensa financeira pode elevar a habilidade do indivíduo para gerar um grande
número de oportunidades e aumentar o vel de inovação dessas oportunidades e a
motivação pode ser iniciada ou reforçada através da promessa da possibilidade de
recompensa financeira.
Neste sentido, considera-se a influência dos possíveis resultados
financeiros incidentes na decisão do empreendedor, podendo tendenciá-lo positiva
ou negativamente caso seja vislumbrado respectivamente recompensa ou risco
durante a fase de análise da oportunidade (PECH; CAMERON, 2006).
Entretanto, Shepherd e DeTienne (2005) ponderam que mesmo se
um indivíduo é motivado a identificar oportunidades, o ato da identificação de
oportunidades é improvável a menos que ele ou ela tenha o conhecimento prévio
para fazê-lo. Estes autores sugerem que a relação entre recompensa financeira,
conhecimento prévio e identificação de oportunidade pode ser mais complexa do
que direta. Conhecimento prévio pode promover alguma motivação em uma dada
tarefa, tenha ela possível remuneração financeira ou o. Sua motivação pode se
alicerçar no intuito de resolver determinado problema baseado em conhecimento
prévio. A possibilidade de recompensa financeira motiva o indivíduo a identificar
mais oportunidades e oportunidades mais inovadoras.
O conhecimento prévio interfere na influência da recompensa
financeira na identificação de oportunidades. Para aqueles que possuem baixo
conhecimento prévio dos problemas dos consumidores, a influência positiva da
possibilidade de recompensa financeira, quanto ao número de oportunidades
identificadas, é maior em comparação aqueles detentores de alto conhecimento
prévio dos problemas dos consumidores. Sendo assim, conhecimento prévio modera
a relação entre possibilidade de recompensa financeira e identificão de
oportunidade: quanto menor o conhecimento prévio, mais estimulante o efeito da
provável recompensa financeira sobre o número de oportunidades identificadas e
quanto mais conhecimento prévio, menos estimulante o efeito desta provável
recompensa financeira sobre o número de oportunidades identificadas (SHEPHERD;
DETIENNE, 2005).
É possível um resultado comprobatório quanto à relação ora
mencionada entre recompensa financeira e número de oportunidades identificadas,
entretanto, utilizando uma abordagem inversa, substituindo a recompensa financeira
50
pelo risco financeiro. Outro estudo concluiu que aproveitar oportunidades cuja
probabilidade de um resultado financeiro positivo é incerta é sinônimo de riscos,
através dos quais há a probabilidade do fracasso e da perda de recursos financeiros.
A consideração de tal risco é um significante aspecto de como os empreendedores
avaliam idéias, sendo que eles estarão mais propensos a avaliar uma oportunidade
favoravelmente se eles perceberem que é uma idéia menos arriscada (KEH; FOO;
LIM, 2002).
A estimativa do potencial de risco de um negócio é subjetiva, além de
ser moderada pela autoconfiança. Uma pessoa pode ser dona de um negócio
arriscado e enten-lo como seguro pelo fato de, em sua concepção, este negócio
ser uma garantia de emprego por um longo peodo, sendo ela sua própria
empregadora, proporcionando assim, estabilidade à sua família. Uma empresa em
situação de risco também pode ser vista como pouco ameaçada quando o
empreendedor confia em suas habilidades ou julga conhecer o ramo do negócio e o
mercado consumidor (JACK; ANDERSON, 2002).
Quanto menor o risco ou incerteza da oportunidade, mais
empreendedores tenderão a explorá-la. Isto significa que um consenso na
opinião dos indivíduos acerca do valor da oportunidade, assim, quando apenas um
indivíduo a percebe, atribui-se muito freqüentemente aos seus fatores de
conhecimento prévio, conees de sua rede social ou a uma característica muito
específica que o leva a exercer tal julgamento (DEW; VELAMURI;
VENKATARAMAN, 2004).
2.6 HABILIDADES DE RELACIONAMENTOS SOCIAIS E A IMPORTÂNCIA DAS
ASSOCIAÇÕES NA EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES
Até o fim da década de oitenta, imperava o conceito de rivalidade
entre as empresas, produção em massa, existência de mercados oligopólicos, etc.
Entretanto, após o final daquela década o mundo sofreu mudanças radicais em
função do processo de globalização (TROCCOLI; MACEDO-SOARES, 2007). A
busca por formas de competitividade tem sido indispensável para o fortalecimento e
adequação das empresas no cenário competitivo e globalizado. Uma alternativa
encontrada pelos empreendedores para a redução de custos e melhoria nas
51
condições competitivas é a associação com outros empreendedores de sua cadeia
produtiva e até mesmo com concorrentes, influenciando no aumento da formão de
redes interorganizacionais com a intenção de buscar vantagens que favoreçam
todos os envolvidos (CUNHA; PASSADOR, 2006). As empresas inseridas em redes
tendem a apresentar um melhor desempenho na consecução de seus objetivos e na
alavancagem do faturamento (MILLER; BESSER, 2005).
Tais objetivos, quando o semelhantes entre as empresas, tornam-
se importantes na constituição de uma rede, visto que ao tentarem alguma forma de
associação, empresários buscam semelhanças entre si por meio de um
conhecimento prévio que possuem de seus futuros parceiros (LIMA; LIMA; TAKAKI,
2004).
Para um melhor entendimento de como tais associações são
definidas quanto às suas caractesticas, são observadas diversas tipologias de
redes, contudo, improvavelmente existirão duas redes estruturadas de forma
idêntica. A tentativa de abranger todas as possibilidades de redes
interorganizacionais em um grupo de tipologias pré-definidas, não deixa de ser uma
simplificação da ampla possibilidade de configurações estruturais de redes de
empresas, (BALESTRIN; VARGAS, 2002).
Entretanto, para uma caracterização inicial das redes em questão
nesta pesquisa, observa-se a classificação de Marcon e Moinet em seu gráfico
“Mapa de Orientação Conceitual”, mencionada em Balestrin e Vargas (2004), no
qual a tipologia de redes varia entre formais e informais e entre horizontais e
verticais, indicando através de 4 quadrantes as principais dimensões sobre as quais
as redes são estruturadas. Observa-se na figura 1 que o eixo vertical se relaciona
com a natureza dos elos gerenciais estabelecidos entre os membros da rede. Já o
eixo horizontal refere-se ao grau de formalização estabelecido nas relações entre os
atores.
52
Figura 1 – Mapa de Orientação Conceitual
Fonte: Marcon e Moinet (2000 apud BALESTRIN; VARGAS, 2004, p. 207)
A horizontalidade ou verticalidade da associação relaciona-se,
também, à natureza dos elos gerenciais estabelecidos entre os atores da rede
(BALESTRIN; VARGAS, 2004). Aldrich e Elam (2001) consideram a construção de
elos o primeiro passo em direção à formão de redes, classificado a natureza dos
relacionamentos nas redes em três formas básicas, conforme sua intensidade:
1. Elos fortes Costumam ser de longa duração e baseados em
um princípio de reciprocidade implícito no qual ambos
ganham. Envolvem um alto grau de confiança e proximidade
emocional. Devido ao esforço necessário a criação e
manutenção de elos fortes, cada indivíduo possui em média
cinco ou seis pessoas na sua rede.
2. Elos fracos Geralmente são superficiais ou casuais,
envolvendo pouco investimento emocional. Apresentam uma
duração menor e com menos freqüência de contatos. São
menos confiáveis e mais incertos que elos fortes e geralmente
caem em estado de dormência, para serem revividos somente
quando necesrio. Pessoas mais jovens possuem de
cinqüenta a cem elos fracos, enquanto as mais velhas podem
ter mais de cem.
53
3. Contatos com estranhos São iniciados com motivos
pragmáticos e geralmente ocorrem com pessoas
desconhecidas ou com as quais não se tem relações. São
transitórios e requerem pouco envolvimento emocional.
A intensidade dos elos, como pode ser observada, está relacionada à
confiança. Entre as empresas, o nível e o tipo de confiança nos relacionamentos são
elementos de análise, sobretudo se um dos objetivos for observar a capacidade
associativa das organizões em rede. Assim, as diferenças entre as formas frágeis
e menos frágeis de confiança entre os agentes revela a natureza do relacionamento
entre as empresas (BRONZO; HONÓRIO, 2005).
Relacionamentos sociais que extrapolam os limites das trocas
sociais, expandindo-se para o mercado, o estado, etc., são considerados ponto de
partida das redes interorganizacionais. As relações primárias como família,
vizinhança, comunidade, colegas de trabalho, entre outras, constroem laços sociais,
mais especificamente, a confiança e a cooperação queo elementos fundamentais
para a formão e desenvolvimento das redes. A confiança e a cooperação
influenciam a formão e transferência de crenças e valores que condicionam as
condutas das redes interorganizacionais, possibilitando o entendimento de como
essas redes o geradas e desenvolvidas (PERIM; ZANQUETO FILHO, 2007).
Os fatores que asseguram a confiança entre as organizações sendo
em boa parte de natureza perceptiva, passa a ser necessário haver fatores explícitos
capazes de garantir a competência e a benevolência dos envolvidos, fazendo surgir
leis que assegurem o cumprimento de promessas de ambas as partes. As empresas
confiáveis e capazes de agir conforme as leis institucionalizadas criam condições e
laços para o desenvolvimento de suas relações ao longo do tempo (CUNHA;
PASSADOR, 2006).
Nem sempre a confiança é imprescindível. Nas estruturas em redes,
comumente ocorrem manobras competitivas de crescimento a partir da utilização de
recursos externos complementares, implicando um novo patamar para coordenação
e o controle da cadeia logística e produtiva, requerendo um tipo menos frágil de
confiança entre os atores. Entretanto, nem todas as empresas estão aptas a exercer
funções de coordenação e controle, pois são necessários atributos, capacidades e
competências particulares. Tais atributos por suas vezes quase sempre dependem
54
da posição em que a empresa ocupa na rede, de sua história, de sua solidez
financeira e de seu poder contratual em relação às organizações com as quais se
relaciona durante as fases do ciclo produtivo. A distribuição dessas capacidades e
atributos no interior da rede pode definir também o nível de assimetrias das relações
entre os agentes (BRONZO; HONÓRIO, 2005).
Os arranjos entre grandes empresas, como joint-ventures e outras
alianças estratégicas, m sido foco da maior parte dos estudos acerca das redes
interorganizacionais. Geralmente, redes formadas entre as grandes empresas são
estabelecidas por um período de tempo determinado, entretanto, as redes
associativas de PMEs são estabelecidas por tempo indeterminado, cuja dimensão
da confiança e cooperação representam um papel central nas vantagens
conquistadas, que dificilmente seo alcançadas por outras formas de redes de
grandes empresas, tampouco pelas grandes empresas integradas (BALESTRIN;
VARGAS, 2002).
As relações entre as organizações inseridas em redes são
estabelecidas por múltiplos interesses, seja fornecimento ou aquisição de serviços,
produtos físicos, tecnologia, acesso a recursos financeiros, aprendizagem,
desenvolvimento de competências, entre outros. As empresas afetam,
fundamentalmente por sua presença e decisões, a forma pela qual agentes
econômicos irão procurar satisfazer todos estes objetivos imediatos, a partir de
interações com outros agentes (BRONZO; HONÓRIO, 2005).
Empreendedores estão envolvidos em redes de relacionamentos
sociais que constituem uma ferramenta para um posicionamento no mercado. As
relações sociais o motivadas por alguma finalidade em vários níveis, sejam elas
advindas de interações planejadas para a obtenção de acesso a algum tipo de
informação específica, ocasionadas por encontros não planejados com outros
indivíduos ou criadas através da participação em alguma organizão. Portanto, os
empreendedores constroem redes de relações sociais no processo de obtenção de
recursos para seus negócios (ALDRICH; ELAM, 2001), sendo consideradas uma
forma de recurso “social” que pode ser utilizado para criar ativos produtivos assim
como o recurso financeiro (McGRATH, 2001).
A dependência de recursos, sejam eles materiais ou imateriais, é
possível determinante na formação de redes, entretanto, sob a perspectiva
contingencial pode haver outras razões. As redes podem ser criadas para exercer
55
influência sobre reguladores; promover a coletividade entre os membros por meio do
compartilhamento de informões; reduzir a incerteza competitiva através de
esforços para padronizar produtos ou serviços de cada ator da rede; conquistar
vantagens econômicas como melhores recursos e fornecedores; ou, melhorar a
imagem da rede e de seus atores. Também a necessidade de flexibilização das
organizações, provocada pelo processo de competição e instabilidade que exige das
empresas velocidade e adaptabilidade, podendo estas, encontrarem na formão de
redes interorganizacionais uma alternativa às fragilidades da organização do tipo
burocrática (BALESTRIN; VARGAS, 2002).
Organizações burocráticas estão no topo da hierarquia de uma rede
de subcontratação, envolvendo as empresas subcontratadas em seus modelos de
aliança e concorrência. Freqüentemente as grandes organizações aplicam
estratégias competitivas baseadas em seu poder de influência, como, suspender o
fornecimento de suprimentos de subcontratadas ou impedir o acesso a uma rede.
Reciprocamente, as subcontratadas fazem uso da margem de liberdade obtida para
diversificar seus clientes e proteger-se, podendo, por exemplo, duas ou mais delas
empregar esforços conjuntos para desenvolver um novo produto ou aperfeiçoar uma
nova tecnologia (CASTELLS, 1999).
Empreendimentos situados parcial ou totalmente em uma mesma
região geográfica podem, ainda, desenvolver um sistema de rede local voltado a
direcionar esforços no sentido de desenvolver e sustentar a inovação em áreas
geográficas específicas para, desta forma, elevar o nível de eficiência e
competitividade das empresas e da região. Por sua vez, a região geográfica
caracteriza-se por certo nível de regulação microinstitucional, facilitando ou
dificultando a emulação de componentes inovativos e capacidades associativas
entre as organizações (BRONZO; HONÓRIO, 2005).
Enquanto ambiente organizacional, a região afeta e limita as
empresas. Conforme Perim e Zanquetto Filho (2007), as empresas são dependentes
de seus ambientes no tocante aos recursos que necessitam para operar e crescer,
portanto, para uma compreensão do comportamento de uma organização, deve-se
compreender o contexto. Entretanto, apesar da idéia de do controle exercido pelo
ambiente sobre as empresas, elas também podem aprender a administrar este
domínio.
56
Assim, a região influencia e é influenciada por seus atores e também
sofre influências de parâmetros nacionais e internacionais em sua configuração,
podendo proporcionar às redes de empresas, instituições de apoio como
laboratórios de pesquisa, agência de serviços, associações patronais, universidade,
entre outros facilitadores da construção de clusters (BRONZO; HONÓRIO, 2005).
Instituições de suporte a redes interorganizacionais em uma base territorial formam
um importante atrativo para as empresas, além de aprimorarem a competitividade
interna da própria rede, sempre que sejam capazes de gerar “serviços reais” que, de
certa forma, oportunizam relações de cooperação e competição que se ensejam no
contexto da rede interorganizacional (HOFFMANN; BANDEIRA-DE-MELLO;
MOLINA-MORALES, 2006).
As PMEs parecem ser formas de organizações bem adaptadas ao
novo sistema produtivo flexível da economia informacional, entretanto, seu renovado
dinamismo surge sob o controle das grande corporações, as quais permanecem no
centro da estrutura do poder econômico na nova economia global. A influência das
redes na ascensão das PMEs não determina o fim das grandes empresas, mas
demonstra a crise do modelo corporativo tradicional baseado no gerenciamento
funcional hierárquico (rígida divisão técnica e social do trabalho) e na integração
vertical (CASTELLS, 1999).
Enquanto isso, as redes de PMEs apresentam características de
horizontalidade nos relacionamentos entre si, considerando mais a facilidade de
proximidade geográfica que hierarquias contratuais para a sua constituição.
Conforme Balestrin e Vargas, (2002) As principais características das redes
horizontais consistem em congregar um grupo de PMEs situadas geograficamente
próximas, que operem dentro de um segmento específico do mercado, estabelecem
relações horizontais e de cooperação entre seus atores, relacionam-se
predominantemente com mútua confiança, são estabelecidas por um período de
tempo indeterminado e o estruturadas com poucos documentos contratuais que
garantem as regras básicas para sua governança.
A maior flexibilidade e adaptabilidade da estrutura das PMEs em
relação às mudanças ambientais, fazem-nas serem consideradas formas de
organizações aprendizes. Em contextos de redes e de aprendizado organizacional, é
fundamental destacar a necessidade do compartilhamento de insights,
conhecimentos, crenças e metas para que a noção de coletividade prevaleça e a
57
empresa aprenda, edificando sua própria realidade e memória que servirão de base
para aprendizados futuros. Assim, a aprendizagem individual torna-se coletiva, e o
conhecimento individual passa a ser incorporado às práticas organizacionais. A
eminência dos objetivos comuns sustenta esses novos modelos de pensamento
através do aprendizado em grupo, transformando as organizações em organizões
de aprendizagem (LIMA; LIMA; TAKAKI, 2004), favorecendo, dessa maneira, a
exploração de oportunidades em um contexto de redes de empreendedores.
2.7 A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES SOB A PERSPECTIVA
EFFECTUATION
Quando é perguntado como um empreendedor pode começar um
novo negócio ou como um gerente de uma grande corporação explora um novo
mercado, a resposta consiste em um universo de resultados possíveis.
Analogamente, se for questionado qual a cor da grama, se ela não for verde, se
azul ou alguma outra cor do espectro de cores possíveis. Assim, existe uma gama
de opções no espectro dentro do qual o indivíduo pode explorar somente uma
pequena parcela em algum ponto do tempo. Desta maneira, é certamente possível
criar mercados novos através de um processo de exploração, isto é, com a busca,
variação, risco avaliado, experimentação, jogo, flexibilidade, descoberta, inovação, e
assim por diante, mencionam Sarasvathy e Dew (2004).
Para tais autores, a exploração de oportunidades pode ser analisada
sob o processo Causation ou Effectuation. Em uma comparação, no processo
Causation, o resultado é determinado pela oportunidade inicial” identificada pelo
empreendedor no momento das mudanças adaptáveis da exploração do mercado
pré-selecionado e/ou a visão inicialmente prevista como existindo no espaço teórico
de todos os mercados possíveis. O sucesso ou não do negócio estarelacionado à
maneira como esta visão predita se realiza e à qualidade da execução das
estratégias baseadas nesta visão.
Enquanto isso, no mundo effectual, o processo é fundamentalmente
diferente. O resultado inicialmente é imprevivel porque o processo é o ator central:
depende de quais atores entram no quadro e com quais compromissos. De fato, a
oportunidade surge em um processo que transforme continuamente realidades
58
existentes em novos mercados passíveis de exploração (SARASVATHY; DEW,
2004).
Considerando esta importância da relação dos processos Causation
e Effectuation com a exploração de oportunidade, cabe ressaltar as seguintes
definições:
“Processo Causation aceita um determinado efeito como é dado e
concentra-se na escolha entre os meios para criar este efeito
(SARASVATHY, 2001, p. 245).
“Processo Effectuation aceita um conjunto de meios como é dado
e concentra-se na escolha entre os possíveis efeitos que podem
ser criados com este conjunto de meios” (SARASVATHY, 2001, p.
245).
Complementando tais definições, outras características distinguem os
dois processos, conforme é observado no quadro1:
CAUSATION EFFECTUATION
Inicia Identificando uma
oportunidade
Análise de fatores individuais e
contextuais
Baseia-se No efeito desejado No ator
É recomendado Quando há conhecimento Quando há contingências
A oportunidade
Determina quem estará
relacionado ao
empreendimento
É determinada por quem estará
relacionado ao
empreendimento
O produto É determinado É imprevisível
As alternativas São opções São produzidas
Quadro 1 O processo de exploração de oportunidades sob as perspectivas
Causation e Effectuation.
Fontes: (SANZ-VELASCO, 2006; SARASVATHY; DEW, 2005; SARASVATHY, 2001;
SARASVATHY; DEW, 2004).
Como foi verificado no quadro 1, o processo Causation é dependente
do efeito, enquanto o processo Effectuation é dependente do ator; Processo
Causation é recomendado para explorar oportunidades advindas do conhecimento,
enquanto o processo Effectuation é recomendado para explorar oportunidades
advindas de contingências. O comportamento humano influi em contingências que
não podem ser facilmente analisadas ou preditas, entretanto, podem ser
59
aproveitadas e exploradas, assim, o processo Effectuation é utilizado com mais
freqüência para entender assuntos relativos à ação humana (SARASVATHY, 2001).
Através do processo Effectuation, Sarasvathy e Dew (2005)
apresentam um modelo dinâmico contrapondo-se ao modelo Causation,
considerando que as principais linhas de pesquisas do empreendedorismo são
baseadas atualmente no paradigma de explorar o universo de todos os mercados
possíveis, e eno, selecionando aqueles que apresentam uma previsão de maior
retorno calculado. Este é considerado o processo Causation, que começa com a
identificação de uma oportunidade, seguido por uma série de tarefas inerentes à
respectiva exploração. O conjunto padrão dessas tarefas inclui: a) desenvolver um
plano de negócios; b) pesquisa de mercado extensiva; c) análise do mercado
concorrente; d) obtenção dos recursos e investidores necessários para a execução
do plano; e) adaptão ao ambiente e suas mudanças; f) criar e sustentar uma
vantagem competitiva.
O modelo Effectuation ajuda a resolver um problema quando o futuro
é incerto, os objetivos não são especificados e quando o ambiente pode receber
influência oriunda dos efeitos das decisões do empreendedor. Este processo não se
inicia com a determinação dos fins e dos meios para chegar neles, entretanto,
ancora-se na realidade presente para a partir desta proceder de forma possível e
factível, criando novos meios e objetivos possíveis, remodelando a realidade
existente através de uma negociação contínua com investidores que empenham-se
em determinados elementos do projeto do negócio. Assim, a realidade passa a ser
uma negociação de um conjunto de obrigações determinantes da ação humana que,
por sua vez, molda a realidade transformando simultaneamente obrigações e
aspirações ativamente reimaginando o possível através do atual (SARASVATHY,
2004), como mostra a figura 2.
60
Figura 2 - Modelo dinâmico da rede effectual e do novo mercado como um produto effectual.
Fonte: (SARASVATHY; DEW, 2005, p 543)
O modelo dinâmico representado pela figura 1, sugere que o
empreendedor não identifica a oportunidade utilizando a lógica causal como é
tradicionalmente aceito. O intuito desta representação é mostrar como
oportunidades podem ser criadas bem como descobertas, especialmente quando
novos mercados podem ser desenvolvidos através de uma lógica alternativa
coerente e aplicável. Assim, sob a ótica Effectuation, o indivíduo não inicia o
processo obrigatoriamente com a identificação da oportunidade, mas com uma
análise de fatores próprios (individuais) e de fatores relacionados à interação com
outras pessoas (contextuais) para eno comar a agir. Desta maneira, o
empreendedor deve ter consciência do que pode ser feito e reunir pessoas que eles
conhecem ou encontram para com eles iniciar em uma série de negociações. A
oportunidade não determina quem estará relacionado ao empreendimento, pelo
contrário, aqueles que se agrupam e empenham esforços para com o novo negócio,
Quem eu sou
O que eu sei
Quem eu
conheço
O que
posso fazer?
Interações
com outras
pessoas
Compromisso
com
investidor
Effectual
Novos
meios
Novos
objetivos
Ciclo convergente de obrigações nas
transformações do novo artefato
NOVO
MERCADO
Direção atual de
ão possível
Ciclo crescente de recursos
61
juntamente com as contingências que surgem ao longo do processo é que
determinam a oportunidade que será criada (SARASVATHY; DEW, 2004).
Para a compreensão da formulão do modelo effectual vale
ressaltar Sarasvathy (2003), expondo a necessidade de não se considerar o
mercado completamente exógeno ao processo econômico, e vê-lo como
preferências sendo formuladas e decisões sendo tomadas por um grupo de
indivíduos que podem ser influenciados pelas ações do empreendedor. Desta forma,
o produto effectual do empreendedorismo não i apenas adaptar-se ao seu
ambiente externo, e sim, haveria a opção de interagir com o ambiente no qual está
inserido para adaptar sua própria imagem pelo menos parcialmente ao ambiente, e
por conseqüência adaptar aspectos de seu interior a um reflexo efetivo do ambiente
a que se destina.
O produto final da exploração de oportunidade no processo
Causation ainda depende da visão do empreendedor ao identificar a oportunidade
e da qualidade da execução das estratégias por ele pré-determinadas. No processo
Effectuation é fundamentalmente diferente, considerando que neste, o produto final
é impredizível no começo do processo, pois dependerá de que atores estarão
relacionados ao negócio e com quais funções (SARASVATHY; DEW, 2005;
SARASVATHY, 2001).
Considera-se que o processo Causation envolve a escolha entre as
alternativas existentes, e é uma perspectiva apropriada quando a percepção da
oportunidade é focada na maximização dos resultados através da escolha de
estratégias pré-determinadas. O processo Effectuation é capaz de produzir novas
alternativas por si só, sendo uma perspectiva mais apropriada em situações nas
quais os meios são mais importantes que os objetivos (SANZ-VELASCO, 2006).
Acrescentando, o processo effectual é um processo de geração de alternativas, e
simultaneamente de descobrimento e avaliação de qualidades desejáveis e
indesejáveis de vários objetivos possíveis, buscando expandir o conjunto de
escolhas da estreita fatia de alternativas, altamente localizadas, para oportunidades
duráveis e crescentemente complexas (SARASVATHY, 2003).
Neste processo de escolhas de alternativas, pode se considerar o
modelo causal baseado em uma lógica de previsão, ou seja, até a extensão onde o
futuro pode ser predito, também pode ser controlado. Estando apto para avaliar o
tamanho, taxa de crescimento e tendências potenciais, por exemplo, viabiliza-se a
62
segurança financeira futura do empreendimento. O modelo Effectuation sugere uma
lógica diferente para o processo de escolha: até a extensão onde o futuro pode ser
controlado, não necessidade de predizê-lo. Uma das maneiras de se analisar
como alguém pode controlar um futuro imprevisível é considerando que a
concretização de uma boa parte do futuro seja produto das decisões humanas,
influenciando, assim, na hipótese dos empreendedores constantemente moldarem
ou mesmo criarem uma parte do ambiente no qual eles estão envolvidos prevendo e
agindo sobre previsões (SARASVATHY, 2003).
2.8 A EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA
DA ESTRUTURAÇÃO
Em uma linha de raciocínio diferente à adotada nesta pesquisa, o
processo de exploração de oportunidades pode ser entendido em um processo
recursivo envolvendo o indivíduo e o ambiente. Conforme Giddens (2000), a teoria
da estruturação enfatiza o fluxo dinâmico da vida social, sem querer entendê-la
simplesmente como a “sociedade” de um lado, e o produto do “indivíduodo outro. A
vida social é composta por uma série de atividades e práticas exercidas pelas
pessoas e que ao mesmo tempo reproduzem instituições mais amplas.
Quando aplicada ao estudo do empreendedorismo, esta teoria
permite um entendimento de como estruturas sociais interferem e encorajam o
indivíduo a empreender (JACK; ANDERSON, 2002). Além disto, como foi
mencionado, existe a necessidade de estudos acerca da exploração de
oportunidades que abordem simultaneamente questões individuais e questões
contextuais (LEE; VENKATARAMAN, 2006; SARASON; DEAN; DILLARD, 2006;
SARASVATHY 2004a).
Giddens (2003) sugere que a estrutura influencia e é influenciada
pelo indivíduo em um ciclo sistêmico regido pela dualidade da estrutura descrita
como segue:
A estrutura como o meio e o resultado da conduta que ela recursivamente
organiza; as propriedades estruturais de sistemas sociais não existem fora
da ação, mas estão cronicamente envolvidas em sua produção e
reprodução (GIDDENS, 2003, p. 441).
63
O quadro 2 apresenta conceitos da dualidade da estrutura que,
conforme seus fundamentos, as propriedades estruturais de sistemas sociais são
meios e fins das práticas que elas recursivamente organizam (GIDDENS, 2003).
Estrutura(s) Sistema(s) Estruturação
Regras e recursos ou conjuntos
de relações de transformação,
organizados como
propriedades de sistemas
sociais
Relações reproduzidas entre
atores ou coletividades,
organizadas como práticas
sociais regulares
Condições governando a
continuidade ou transmutação
de estruturas e, portanto, a
reprodução de sistemas sociais
Quadro 2 - Dualidade da estrutura
Fonte: Giddens (2003, p 29)
Sob esta perspectiva entende-se que as atividades sociais humanas
o recursivas, que os agentes reproduzem as condições que fazem essas ações
possíveis. Sistemas sociais envolvem relações regularizadas de interdependência
entre indivíduos ou grupos de indivíduos, sendo assim, podem ser melhor
analisados como práticas sociais recorrentes, considerando-se que tais sistemas
sociais e a atividade humana existem simultaneamente ordenadas no fluxo do tempo
(JACK; ANDERSON, 2002).
Este conceito permite uma análise sistêmica da exploração de
oportunidades, juntamente com a abordagem tipicamente utilizada que apresenta a
oportunidade separadamente do indivíduo empreendedor, sugerindo que as
oportunidades são retratadas como um fenômeno exclusivo, ou seja, que elas são
as mesmas para todos os indivíduos. Porém, sob a perspectiva da estruturação, os
sistemas econômicos e sociais tornam-se reais ou significantes ao empreendedor
quando da sua interação com o contexto (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006). Cada
indivíduo passa a ser um empreendedor quando reconhece uma oportunidade no
contexto local. Os contextos e os ambientes locais exercem um papel importante
para o empreendedor, contudo, não significa que ele simplesmente queira lucrar em
determinada localidade, mas oferece alguma desvantagem e algum benefício local.
Os empreendedores costumam oferecer algo que eles consideram que o mercado
local necessita e os beneficia desta forma, assim, estrutura e agência parecem estar
envolvidas em uma relação dinâmica (JACK; ANDERSON, 2002).
A ão do empreendedor é um processo contínuo que provoca
mudanças no contexto ambiental (JACK; ANDERSON, 2002), assim como as
64
propriedades estruturais de uma sociedade influenciam o modo como seus membros
agem e são influenciadas pela reprodução social. Em adição, se for considerado que
a ação é a capacidade de ter agido de outra forma, toda a vida social depende dela,
inclusive as estruturas (GIDDENS; PIERSON, 2000).
Ainda sob a mesma perspectiva, o quadro 3 especifica três tipos de
estruturas que podem influenciar a exploração de oportunidades, sendo elas: 1)
Estruturas da significação, ou seja, aquelas que oferecem o significado nas relações
sociais; 2) Estruturas da legitimação, referentes às estruturas que fornecem critérios
de avaliação dos valores para especificar recompensas e penalidades; 3) Estrutura
da dominação, responsável por relacionar o poder ou controle sobre recursos
humanos e materiais. Todos os sistemas sociais são constituídos por propriedades
destes elementos estruturais. No quadro 3 estes construtos são confrontados com
as especificações de Shane e Venkataraman (2000) com relação aos ts
processos: descobrimento, avaliação e exploração da oportunidade.
Descobrimento de
oportunidades
empreendedoras
Avaliação de
oportunidades
empreendedoras
Exploração de
oportunidades
empreendedoras
Estruturas Associadas com os aspectos sociais conhecidos do empreendedorismo
Significação
Esquematizando,
articulando e
interpretando
possibilidades
empreendedoras
Comunicação e
entendimento
relacionados à avaliação
de oportunidades
empreendedoras
Significados da
comunicação e
entendimento
relacionados à
exploração de
oportunidades
empreendedoras
Legitimação
Crenças normativas
com respeito ao
reconhecimento de
possibilidades
empreendedoras
Normas e valores
provendo o critério para
avaliação de
oportunidades
empreendedoras
Normas e valores
provendo o contexto
normativo para a
exploração de
oportunidades
empreendedoras
Dominação
Aquisição de recursos
requeridos no processo
de descobrimento
Aquisição de recursos
requeridos no processo
de avaliação
Aquisição de recursos
requeridos para
concretizar a
exploração de
oportunidade
empreendedora
Quadro 3 - Matriz examinadora do empreendedorismo e teoria da estruturação.
Fonte: (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006)
O processo de descobrimento de oportunidade empreendedora está
correlacionado à interpretação, significados e comunicação. A estrutura de
significação facilita a representação simbólica e os significados através do processo
65
interpretativo. Estas relações transformadoras são construídas por regulamentos
interpretativos referentes ao conhecimento compartilhado e ao regime
organizacional que guiam as interações sociais (SARASON, DEAN; DILLARD,
2006).
Quando existe a possibilidade de explorar uma oportunidade
empreendedora lucrativa, um indivíduo poderá lucrar com ela somente se
reconhecer a existência e o valor desta oportunidade. Nesta etapa de avaliação da
oportunidade serão determinados aqueles que irão explorá-la e os que não irão.
Embora existam diversas hipóteses sobre esta bifurcação, duas amplas
categorias de fatores que influenciam a probabilidade de um empreendedor
descobrir uma determinada oportunidade: a posse de informões prévias
necessárias à tarefa de identificação de oportunidade, anteriormente discutidas
neste trabalho, e as propriedades cognitivas necessárias para a identificão,
considerando-se que o empreendedor precisa estar apto a identificar novas
finalidades para sistemas que seo gerados através de uma dada mudança
ambiental. O indivíduo pode possuir informões necessárias à identificação de uma
oportunidade, entretanto, poderá ser ineficiente nesta tarefa dependendo da sua
inabilidade para detectar uma nova finalidade para um sistema existente (SHANE;
VENKATARAMAN, 2000).
Como foi mencionado neste trabalho, a primeira etapa da
exploração de oportunidade é o reconhecimento e interpretação, sendo assim, a
estrutura de significação é a mais adequada para ser a principal forma de estrutura
para enquadrar e facilitar a articulação, reconhecimento e interpretação das
oportunidades (SARASON, DEAN E DILLARD, 2006). Sob a perspectiva da teoria
da estruturação (Giddens, 2003), as oportunidades não são simplesmente
“descobertas”, mas sim, criadas pela especificão, interpretação e influência
empreendedora, implicando que o processo de descobrimento seja dinâmico.
O processo de avaliação relaciona-se conforme a avaliação da
oportunidade que surge do descobrimento. O critério utilizado na avaliação reflete os
valores e normas do empreendedor. A estrutura Legitimão são relações
transformativas que oferecem critérios de avaliação e bases para calcular o valor e
características da oportunidade. Desta maneira, a etapa de avaliação da
oportunidade está mais bem representada na estrutura da Legitimação (SARASON;
DEAN; DILLARD, 2006).
66
As oportunidades são avaliadas enfatizando as próprias
características da oportunidade, como lucratividade e custo do capital, e as
características do indivíduo, como redes sociais, recursos financeiros, experiência
prévia e otimismo (SHANE; VENKATARAMAN, 2000). Esta abordagem baseia-se
em três fatores: Primeiro, está subentendido que a avaliação é conduzida a partir do
momento em que é tomada a decisão de explorá-la. Segundo, não se considera a
habilidade do empreendedor em influenciar o sistema econômico e social. Terceiro e
talvez mais importante, não reconhece a capacidade sócio-econômica dos sistemas
em influenciar o processo de avaliação do empreendedor (SARASON; DEAN;
DILLARD, 2006), mesmo considerando-se que tais influências que afetam o
comportamento do indivíduo só o fazem por intermédio de suas atitudes e opiniões
(GIDDENS; PIERSON, 2000)
Embora a tarefa de identificação de oportunidade seja uma condição
necessária à existência do empreendedorismo, ela não é suficiente, pois a
continuidade deste processo irá depender ainda do empreendedor decidir explorá-la,
acarretando que nem todas as oportunidades o usufruídas. A avaliação das
oportunidades será influenciada pelas características da própria oportunidade. Elas
variam em várias dimensões influenciando seu valor percebido, necessitando que o
indivíduo acredite que este valor do lucro da atividade empreendedora será
suficientemente compensador para o custo da exploração (SHANE;
VENKATARAMAN, 2000). A teoria da estruturação analisa a influência que o
empreendedor pode exercer no contexto sócio-econômico durante o
desenvolvimento do empreendimento, sugerindo que a estrutura sócio-econômica
provê critérios para a avaliação da oportunidade pelo fato do indivíduo
constantemente influenciar e ser influenciado nas interpretações do sistema social e
provocar mudanças nas estruturas sociais durante o processo empreendedor
(SARASON; DEAN; DILLARD, 2006).
A etapa da avaliação da oportunidade também recebe influências
das diferenças individuais, tendo em conta que diferentes empreendedores
explorarão as oportunidades com diferentes percepções de valores. A avaliação da
possibilidade de explorar a oportunidade também envolve uma comparação entre o
valor da oportunidade, os custos para a geração deste valor e o custo para gerar o
mesmo lucro de uma forma diferente (SHANE; VENKATARAMAN, 2000).
67
A teoria da estruturação retrata o processo de avaliação como uma
interação recursiva entre o agente influenciador e os sistemas sociais e econômicos,
implicando que a avaliação é um processo que se inicia na conceptualização da
oportunidade e continua na fundação e mesmo no desenvolvimento do negócio,
sendo assim, o contexto social e econômico fornece a base para o critério avaliador.
A estrutura Legitimão considera a avaliação como um processo interativo que se
dispõe no tempo e espaço através da construção e reconstrução das estruturas
sociais, ou seja, o agente reflete constantemente na interpretação dos sistemas e
modifica as estruturas sociais no processo (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006).
Para a tarefa da avaliação da oportunidade também se deve
considerar as práticas da vida diária do empreendedor e suas reproduções como
subsídios ao processo decisório. A vida cotidiana do empreendedor é essencial para
a análise da reprodução de práticas institucionalizadas, considerando que ela é
inseparável do caráter repetitivo do tempo reversível. Entretanto, ela não deve ser
tratada como a “fundação” sobre a qual se edificam as conexões mais ramificadas
da vida social, mas tais conexões mais extensas devem ser compreendidas em
termos de uma interpretação da integração social e do sistema (GIDDENS, 2003).
A fase final a ser analisada, informa que a estrutura Dominação são
relações transformadoras que facilitam o alcance dos objetivos (SARASON; DEAN;
DILLARD, 2006), sendo que a dominação é uma condição básica para a ação
humana, e não somente com uma relação assimétrica de distribuição de poder
(GIDDENS, 2003). A estrutura da Dominação pode ser considerada a mais
adequada na análise da exploração de oportunidades (SARASON; DEAN; DILLARD,
2006).
Embora existam dois principais meios de exploração de
oportunidades (através de um novo necio ou de uma empresa existente), a
pressuposição mais comum é que a atividade empreendedora ocorra em uma nova
empresa (SHANE; VENKATARAMAN, 2000). Em ambos os meios de exploração
considerados, serão requeridas condições que suportem a consecução dos objetivos
da exploração conforme a idealização das aspirações do empreendedor após a
identificação e avaliação, envolvendo, desta maneira, o controle de recursos
financeiros, produtivos e materiais além da liderança e hierarquização da equipe,
moldada às necessidades intrínsecas da exploração.
68
Para a existência de um novo negócio incorre que só existem forças
estruturais na medida em que existem convenções estabelecidas que as pessoas
acatam, e a existência da estrutura está condicionada à medida em que as pessoas
constantemente reproduzem tais convenções em seus atos e configuram a forma
estruturada das instituições que passam a incorporar formas de poder. O modo de
agir dos indivíduos também é determinado, influenciado ou condicionado pelas
conseqüências involuntárias de seus próprios atos, as quais se refletem em suas
ões futuras (GIDDENS; PIERSON, 2000), implicando ao empreendedor
estabelecer critérios de ação, dentro dos quais a estrutura será moldada em
consideração aos fins desejados.
Na estrutura da Dominação, a essência da tarefa do empreendedor
está em adquirir e transformar recursos autoritários (do indivíduo empreendedor) em
recursos que possam ser distribuídos (produtos ou serviços). Neste estágio, a
atividade empreendedora está menos relacionada à descoberta e avaliação da
oportunidade e mais relacionada à administração dos recursos através das
estruturas de Significação e Legitimão (SARASON; DEAN; DILLARD, 2006).
69
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo consiste em uma pesquisa exploratória, procurando
compreender como oportunidades passaram a ser exploradas por empreendedores
participantes de associações comerciais, dada a carência de informações neste
tema e a necessidade do conhecimento do fenômeno. Os estudos exploratórios
permitem aprofundar sobre um determinado problema em uma realidade específica,
buscando antecedentes e maiores conhecimentos, o que se faz muito indicado
quando inexistem fontes de dados secundários (TRIVOS, 1987), como neste caso.
Através da exploração, pode-se desenvolver conceitos de forma mais clara em
áreas de investigação relativamente novas ou vagas nas quais o pesquisador
precise se aprofundar a fim de aumentar o conhecimento sobre a realidade
(COOPER; SCHINDLER, 2003).
A abordagem escolhida para a consecução da pesquisa foi a
qualitativa e quantitativa. Em uma primeira etapa, o método qualitativo foi mais
adequado para entender a natureza de um fenômeno social para descrever a
complexidade de um determinado problema, no caso envolvendo comportamento,
compreendendo e classificando processos dinâmicos vividos por grupos sociais. O
método qualitativo ainda possibilitou um maior entendimento do comportamento
destes indivíduos utilizando uma abordagem indutiva, ou seja, chegando a
proposições gerais partindo de dados ou observações particulares constatadas
(RICHARDSON, 1999).
Embora as pesquisas qualitativas exigam detalhamento prévio dos
procedimentos de pesquisa, conforme Triviños (1987) e Mattar (1996), não seguem
um padrão de seqüência rígido, como quando da coleta de informões através de
entrevistas, tais informações foram interpretadas, exigindo novas busca de dados.
Posteriormente, a utilização da abordagem quantitativa possibilitou
abrangência para a pesquisa, e conforme Richardson (1999) caracterizou-se pelo
emprego da quantificação tanto nos instrumentos de coleta de informões quanto
no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, visando, em princípio, a
70
precisão dos resultados e conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às
inferências.
3.2 RECORTE
Foi um estudo de corte do tipo transversal, pois os dados foram
coletados em um determinado instante (RICHARDSON, 1999), caracterizando a
expressão da participação de empreendedores em ACs na exploração de
oportunidades em um dado momento.
3.3 CAMPO DE ESTUDO
A população deste estudo consiste no conjunto de empreendedores
inseridos nas associações comerciais dos municípios de Apucarana-PR, Arapongas-
PR e Londrina-PR. Para a etapa qualitativa do estudo, foi entrevistada apenas uma
amostra população constituída pelo gerente e um afiliado de cada Associação. Para
selecionar a amostra, determinou-se quantas e quais pessoas entrevistar, quantos e
quais eventos observar, considerando que a amostra deve ser uma fração da
população-alvo cuidadosamente selecionada (COOPER; SCHINDLER, 2003).
Assim, pelo interesse desta pesquisa, optou-se por entrevistar o
gerente por ser entendido que, normalmente, esta pessoa detém conhecimento mais
abrangente dentre os integrantes da associação, além de ser um cargo com funções
diárias, facilitando, de certa forma, o acesso ao entrevistado na própria AC, o que
não ocorreria, por exemplo, com os presidentes. Entrevistar gerentes das ACs foi
necessário para ampliar o conhecimento sobre a atuação específica de cada AC, o
que foi útil à formulão do questionário, à análise dos resultados e à confiabilidade,
através da triangulação com outros meios de coleta de dados. Quanto ao afiliado, foi
solicitado ao gerente de cada AC que indicasse um associado, com participações
atuantes em outros grupos de empreendedores. Desta maneira, foram entrevistados
diretamente empreendedores que exploram oportunidades, estando efetivamente
inseridos nas ACs com elos explícitos com outros associados.
Considerando-se a média de devolução de questionários preenchidos
pelos respondentes de 25% (MARCONI; LAKATOS, 2006), em uma expectativa
71
otimista, e um total de 2700 empreendedores inseridos nas três Associações, optou-
se por enviar em um primeiro momento, através de email, os questionários a 810
empreendedores para coleta de dados da etapa quantitativa, o que poderia
proporcionar um retorno de até 202 questionários respondidos.
Entretanto, a realidade encontrada foi diferente à esperada. Não foi
possível ser adotada tal estratégia junto aos associados. Ao serem solicitados os
cadastros dos afiliados das ACs, constatou-se que nenhuma das ACs possuía o
cadastro atualizado de emails dos associados, inviabilizando a primeira maneira
escolhida para a coleta de dados. As ACs de Londrina e Arapongas exigiram um
certo tempo para apresentar esta informão na tentativa de conseguir localizar em
seus bancos de dados uma quantidade significativa de emails dos associados, o que
atrasou consideravelmente a etapa de coleta dos dados.
Considerando este atraso e o aumento do custo para coletar estes
dados de uma forma diferente do que via email, o tamanho da amostra para o
questionário foi redimensionado de forma a manter representatividade. Para tanto,
foi adotado o modelo de amostragem estratificada proporcional que permite diminuir
o tamanho da amostra e ainda assim permanecer representativa (COSTA NETO,
2002). É possível utilizar o processo de amostragem estratificada em populações
heterogêneas nas quais se pode distinguir sub-populações que se diferenciem por
uma ou mais características entre si, denominadas estratos, sendo que as variáveis
de estratificação podem ser quaisquer atributos que revelem estratos dentro da
população (FONSECA; MARTINS, 1996) e há necessidade da amostra estratificada
ser composta de elementos de todos os estratos (VIEIRA, 1999). No caso deste
estudo, os estratos foram separados por ACs de cada cidade.
É razoável supor que variáveis apresentem um comportamento mais
heterogêneo entre um estrato e outro em comparação ao comportamento dentro do
mesmo estrato. Neste caso, se o sorteio dos elementos da amostra fosse realizado
sem se considerar a existência dos estratos o resultado poderia ser influenciado
mais intensamente pelas características do estrato mais favorecido nos sorteios
(COSTA NETO, 2002), assim, há necessidade de calcular o tamanho da amostra de
cada estrato. A forma mais simples para determinar o tamanho da amostra
estratificada é aplicar ao tamanho global da amostra, as percentagens que cada
estrato representa na população (RICHARDSON, 1999). Para o presente estudo,
cujos estratos da população apresentam tamanhos diferentes, Costa Neto (1997)
72
menciona que o modelo da estratificação proporcional é mais recomendável por
fornecer uma amostra mais representativa da população.
Entre as ACs, a de Arapongas forneceu a listagem com os endereços
de todos os associados e a AC de Apucarana distribuiu em forma impressa e com
envelope pré-pago para devolução os 150 questionários previstos para aquela
cidade, juntamente com a sua cobrança mensal. Retornaram 10 das malas-diretas
enviadas aos associados da AC de Apucarana.
Para realizar a coleta de dados em Londrina e Arapongas e
completar a quantidade de respondentes necessária em Apucarana foram aplicados
questionários de forma impressa e recolhidos nos estabelecimentos mais 159
questionários que somados às 10 malas-diretas de Apucarana totalizaram 169
questionários coletados. Destes, 12 não eram válidos e foram eliminados, além de
mais 3 questionários de Arapongas e um de Apucarana que tiveram de ser
excluídos, de forma aleatória, para nivelamento das proporções entre as ACs de
cada cidade. Restaram 153 questionários que representam uma amostra de 5,67%
da população.
O quadro 4 aponta o mero total de questionários válidos e
aproveitados nesta pesquisa conforme cada AC, além de características das ACs
pesquisadas e dos municípios nos quais eso instaladas.
Município de
Instalação
População
do município
PIB do
Município
IDH Associação
fundada em:
Número de
associados
Total de
questionários
Apucarana 115.323 1.006.252mil
0,799
17/04/1949 500* 28
Arapongas 96.669 1.261.078mil
0,774
12/02/1955 700* 40
Londrina 497.833 6.217.351mil
0,824
05/06/1937 1500* 85
Total 709.825 8.484.681mil
2700 153
Quadro 4 - Dados das associações, respectivos municípios e amostras
Fontes: (IBGE, on line, 2008; FACIAP, on line, 2008; PNUD, on line, 2008) e entrevistas
* Número aproximado, fornecido pelos gestores das respectivas ACs
3.4 COLETA DE DADOS
Inicialmente foram aplicadas duas formas de coleta de dados:
entrevista, caracteristicamente própria às pesquisas qualitativas (RICHARDSON,
1999; ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNADER, 1999), e coleta de dados
secundários. Posteriormente, baseando-se no referencial teórico sobre exploração
73
de oportunidades e tendo em conta os resultados das entrevistas e da coleta de
dados secundários, desenvolveu-se um questionário para coleta de dados
quantitativos objetivando a abrangência do estudo.
Através do quadro 5 é possível visualizar quais questões das
entrevistas e do questionário estão relacionadas com quais objetivos específicos.
Cada instrumento possui pelo menos uma questão para cada objetivo deste
trabalho, que podem ser verificadas no respectivo apêndice indicado no quadro.
Objetivos específicos INSTRUMENTO QUESTÕES Apêndice
Entrevista (empreendedores) B B 1. Conhecer razões para o
ingresso de empreendedores
em ACs.
Questionário 16 C
Entrevista (Gerentes) B, E, F, L A
Entrevista (Empreendedores)
G, H, K B
Questionário 18 C
2. Identificar ações que as
ACs desenvolvem para
favorecer exploração de
oportunidades.
Pesquisa documental
Entrevista (Gerentes) M A
Entrevista (Empreendedores)
D, J, L, M B
Questionário 11, 12, 17, 18 C
3. Identificar possíveis
relacionamentos ou redes de
empresas, constituídas entre
filiados das ACs.
Pesquisa documental
Entrevista (Empreendedores)
C, D, E, F, I, J B
Questionário 9, 10, 11, 17,
19
C
4. Compreender a
intensidade da participação
de empreendedores nas ACs
e os efeitos na exploração de
oportunidades, tais como:
novos empreendimentos,
alianças e parcerias.
Pesquisa documental
Entrevista (Empreendedores)
F B
Questionário 8, 17 C
5. Identificar oportunidades
que tenham sido exploradas
por empreendedores
relacionadas ou não ao
tempo de filiação.
Pesquisa documental
Quadro 5 Relação dos meios de coleta de dados com os objetivos específicos
3.4.1 Entrevistas
Entrevistou-se o gerente e um empreendedor de cada AC,
totalizando, assim, seis entrevistas, e foi levado em consideração nas entrevistas a
importância da interação entre o entrevistado e o entrevistador (HAGUETE, 1987). O
pesquisador, durante a entrevista, fornece orientação adicional ao utilizar um
conjunto de perguntas a fim de promover discussão e elaboração por parte do
74
respondente, além de encorajar os respondentes a compartilhar um maior número
de informões possível em um ambiente sem constrangimento (COOPER;
SCHINDLER, 2003). A entrevista visa obter por meio de uma conversação guiada,
os aspectos que o entrevistado julga mais importantes, pretendendo-se, dessa
maneira, acessar informações detalhadas acerca do problema de pesquisa
(MARCONI; LAKATOS, 2006; RICHARDSON, 1999).
Complementando, Triviños (2007, p. 146) traz a seguinte definição de
entrevista semi-estruturada:
“[...] em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos,
apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em
seguida, oferece amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses
que o surgindo à medida que se recebem respostas do informante.
Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu
pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo
investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.”
3.4.2 Coleta de dados secundários
A busca de qualquer informão registrada de forma oral, escrita ou
em imagem corresponde à pesquisa documental, consistindo na coleta,
classificação, seleção difusa e as técnicas e todos que facilitam a sua busca e a
sua identificação (FACHIN, 2003). Foram realizadas pesquisas documentais junto a
estatutos, boletins informativos, atas, sites das ACs e sites relacionados.
Uma fonte secundária é caracterizada por não possuir relação direta
com o acontecimento registrado, entretanto, o fato de serem fontes de dados
secundários não reduz a sua importância. O relatório de terceiros sobre um
acontecimento pode enriquecer o registro da fonte primária (RICHARDSON, 1999).
Neste caso especialmente, de somar informações para o trabalho, bem como
servir de base para triangulação junto às informões advindas de entrevistas e
questionários.
3.4.3 Questionário
75
Baseando-se na proposta de Marconi e Lakatos (2006), o
questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série
ordenada de perguntas que devem ser respondidas sem a presença do pesquisador
e por escrito. Geralmente o questionário é enviado por correio ou por um portador,
como no caso desta pesquisa, ao informante para que este preencha e devolva do
mesmo modo. Foi redigida no início do questionário, uma nota indicando a entidade
ou organização patrocinadora da pesquisa, explicando a natureza da pesquisa, com
o intuito de despertar o interesse do recebedor em preencher o questionário e
devolver em um prazo razoável.
Também foram consideradas as recomendações quanto à limitação
dos questionários no tocante à extensão e finalidade. Um questionário muito longo
causa fadiga e desinteresse, contudo, se curto demais, corre-se o risco de não
levantar informões suficientes. Assim, deve conter entre vinte e trinta perguntas e
uma necessidade de tempo para ser respondido estimado em cerca de trinta
minutos, podendo este número variar conforme o tipo de pesquisa e dos informantes
(MARCONI; LAKATOS, 2006). Para evitar questões supérfluas que ampliam a
importunação ao pesquisado, Fachin (2003) trouxe algumas informões referentes
à ordem de importância das questões, podendo eliminar as que representassem
importância insignificante ou não fossem capaz de levantar as informões
desejadas eficazmente.
Para a elaboração do questionário, aplicou-se a cnica de
escalonamento, atribuindo números a uma propriedade dos objetos de estudo a fim
de conferir algumas características dos números às propriedades em questão. As
escalas estão divididas em três grupos: a) Escala de classificação, utilizada para os
respondentes classificar um objeto ou indicador sem fazer comparação direta com
outro objeto ou atitude; b) Escalas de ranqueamento, nas quais os participantes do
estudo realizam comparações entre dois ou mais indicadores ou objetos; c)
Categorização, nesta os respondentes colocam a si próprios ou aos indicadores de
propriedades em grupos ou categorias (COOPER; SCHINDLER, 2003).
3.5 ANÁLISE DE DADOS
76
Com os resultados obtidos através dos instrumentos de coleta de
dados, procedeu-se a elaboração da análise. A organização da análise dos
resultados de cada instrumento pode estar subdividida em três níveis conforme
exposto por Marconi e Lakatos (2006):
a) Interpretação: Consiste na verificação das relações entre as
variáveis independente e dependente e da interveniente
(posterior à independente e anterior à dependente), com o
intuito de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno.
b) Explicação: Esclarecimento sobre a origem da variável
dependente e necessidade de encontrar a variável
antecedente, ou seja, anterior às variáveis independente e
dependente.
c) Especificação: Explicitação sobre até que ponto as relações
entre as variáveis independente e dependente são válidas.
As entrevistas necessitaram um esforço maior para análise, pois
conforme Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999) as pesquisas qualitativas
produzem um volume significativo de dados que precisam ser organizados e
compreendidos.
uma tendência das pesquisas qualitativas analisarem seus dados
indutivamente, buscando os significados e interpretação através da percepção de
um fenômeno visto em um contexto (TRIVIÑOS, 1987). As considerações de
Richardson (1999) também indicam o método indutivo como adequado à etapa
qualitativa do estudo, ele sugere como objetivo deste método a generalização
probabilística de um caso particular. Assim, os fatos observados durante esta etapa
da pesquisa serviram de base para um raciocínio possibilitando que se chegasse a
conclusões almejadas.
necessidade de se codificar as informões para otimizar a
análise de dados. Conforme Bauer e Gaskell (2002), para se desenvolver
codificações a partir de conceitos teóricos, fez-se necessário uma análise detalhada,
objetivando compreender aspectos e dimenes que poderiam servir como critérios
para uma comparação, com finalidade de desenvolver subcategorias ou
subdimensões das categorias já empregadas para a codificação. As respostas de
77
algumas variáveis constantes no questionário precisaram ser codificadas para
possibilitar a tabulação.
Quando da análise dos resultados obtidos com os questionários, foi
procedida a tabulação, ou seja, dispor os dados em tabelas a fim de facilitar as inter-
relações entre eles. A tabulação é uma parte técnica do processo de análise
estatística, a qual permite sintetizar os dados obtidos e representá-los graficamente,
para uma compreensão e interpretação mais pida (MARCONI; LAKATOS, 2006).
Para tabular tais dados, os resultados dos questionários foram transcritos para as
tabelas do software Microsoft Office Excel a fim proceder-se aos cálculos
necessários à análise dos dados. As questões escalares foram digitadas em código
binário (0 e 1) para facilitar a tabulação, enquanto as questões múltiplas foram
relacionadas a números. É importante ressaltar que foram realizadas análises das
médias que, conforme Malhotra (2001) consiste em somar todos os resultados
obtidos em cada variável e dividir o total desta soma pelo número de respondentes.
Para identificar se houve associação ou independência entre a
variável tempo de ingresso na AC com os efeitos da participação, foram utilizados
testes Não Paramétricos através do Software SAS. Estes o dependem dos
parâmetros populacionais, nem de suas respectivas estimativas, são úteis em
diversos casos e, muitas vezes, são boas opções como alternativa a algum teste
paramétrico em que ocorrem violações dos pressupostos básicos necessários, como
por exemplo, quando a distribuição da variável de interesse o é conhecida ou não
tem comportamento normal.
Segundo Levin e Fox (2006), para entender a posição relevante dos
testes não paramétricos na pesquisa social, necessita-se também entender o
conceito de poder de um teste, que é a probabilidade de rejeitar a hipótese nula
quando ela é falsa. Pesquisadores sociais m interesse em rejeitar a hipótese nula
quando ela é falsa. Os resultados de um teste paramétrico cujas exigências não
tenham sido satisfeitas podem não comportar qualquer interpretação que tenha
sentido. Nessas circunstâncias, os pesquisadores sociais acertadamente recorrem a
testes de significância não paramétricos.
Os testes não paramétricos mais conhecidos o os testes de
aderência ou de ajustamento e o tabelas de contingência ou teste de independência.
3.5.1 Teste Qui-Quadrado para Independência
78
Para estudar a relação entre duas ou mais variáveis, a representação
tabular das freqüências observadas pode ser feita através de uma tabela de
contingência. Com essa tabela possibilita-se uma maneira conveniente de fazer a
descrição dos dados da amostra. No caso de duas variáveis, essa representação
simplifica-se com o uso de uma tabela de dupla entrada com h linhas,
correspondente às categorias em que é subdivido um atributo e k colunas referentes
às categorias do outro atributo (BARBETTA, 1998).
Uma questão que pode ser objeto de um teste bastante simples é se
as variáveis qualitativas envolvidas são ou não independentes. A relação R
0
postula
a independência das variáveis e sua rejeição implica em uma conclusão favorável à
existência de alguma associação. O critério de decisão consiste na comparação
entre freqüências esperadas e freqüências observadas mediante a estatística
2
(Qui- quadrado). Assim, a seqüência do teste foi realizada utilizando fórmulas
expostas por Siegel (1981):
As relações:
R
0
: As varveis são independentes (O
ij
= E
ij
)
R
1
: As varveis não são independentes (O
ij
≠ E
ij
)
A estatística do teste:
A estatística do teste utilizada para medir a divergência entre as
informações da amostra e da população:
h
i
k
j
ij
ijij
r
E
EO
1 1
2
2
)(
Que tem distribuição Qui-quadrado com r graus de liberdade. O
número de graus de liberdade neste caso será r = (h – 1)(k – 1).
As freqüências esperadas são calculadas com base na relação de
R
o
através da expressão E
ij
= np
ij
, onde p
ij
é a probabilidade de se
obter um valor da variável na classe considerada. Dessa forma sob
79
R
0
, ou seja, considerando independência das variáveis, e usando a
freqüência relativa como aproximão da probabilidade, tem-se:
n
F
n
F
ffp
j
i
jiij
..
Onde F
i
e F
j
são as freqüências observadas totais das linhas i e j
respectivamente. Portanto:
n
FF
n
F
n
F
nE
jij
i
ij
.
.
Assim, sob R
0
e com as informões obtidas na amostra, o valor da
estatística do teste será:
h
i
k
j
ij
ijij
cal
E
EO
1 1
2
2
)(
Quando 20% dos ei<5, ou se ao menos um ei<1, é necessário
utilizar uma aproximão de distribuições binômias por normais,
conhecida como a correção de Yates:
h
i
k
j
ij
ijij
Yates
E
EO
1 1
2
2
)5,0|(|
Região Critica ou de Rejeição:
A região de rejeição de R
0
, ou RC, correspondente aos valores de
2
tais que
22
r
, onde
2
r
é obtido na tabela Qui-Quadrado com
r = (h-1).(k-1) graus de liberdade e nível de significância como
consta no gráfico 2.
80
Gráfico 2 – Região de decisão
Decisão:
Se o valor da estatística do teste
2
cal
pertencer à região critica RC,
conclui-se a que as freqüências observadas diferem
significativamente das esperadas segundo a hipótese de
indepenncia e, portanto, rejeita-se a relação R
0
ao nível de
significância. Caso contrário, não se pode rejeitá-la, ou seja, as
variáveis são independentes. Nos casos de associação ou
dependência entre as variáveis, uma medida dessa associação foi
dada pelo coeficiente de Contingência:
n
C
cal
cal
2
2
O objetivo dessa análise foi verificar se há associação ou
independência entre a variável tempo de ingresso na AC com os efeitos da
participação de empreendedores na AC para os afiliados e as ões que as ACs
desenvolveram e que favoreceram a exploração de novas oportunidades para as
empresas entrevistadas.
Para verificar essa associação, a variável tempo foi categorizada da
conforme consta na tabela 1:
RC
2
81
Tabela 1 - Categorigazação do tempo de ingresso na
associação comercial
CATEGORIZAÇÃO TEMPO DE INGRESSO
Pequeno Prazo 1 a 9,9 anos
Médio Prazo 10 a 24,9 anos
Longo Prazo 25 anos ou mais
Após essa categorização, foram construídas tabelas para verificar a
associação do tempo de ingresso com outras variáveis. Cada uma destas tabelas
contempla associações do tempo de ingresso com apenas uma variável, e
apresentam as quantidades de empreendedores que atribuíram os veis de
importância alta, baixa, plena, média ou nenhuma conforme seu tempo de ingresso
na AC (Pequeno, médio ou longo). Logo após cada tabela há a informação se existe
evidências de associação entre as variáveis.
3.6 CRITÉRIOS DE CONFIABILIDADE E VALIDADE
3.6.1 Confiabilidade
A confiabilidade relaciona-se à estimativa do grau em que uma
determinada mensuração é livre de erro aleatório ou instável. Instrumentos
confiáveis podem ser utilizados com a segurança de que fatores situacionais e
transitórios o interferem nos resultados. O instrumento confiável assegura
mensurações repetidas da mesma pessoa quando é aplicado repetidas vezes,
independentemente do investigador que o aplica (COOPER; SCHINDLER, 2003).
A confiabilidade é um critério necessário tanto à pesquisa qualitativa
quanto à quantitativa. Quando da investigação qualitativa, a proximidade entre o
pesquisador e o informante possibilita informões detalhadas; as inferências são
superficiais, descrevendo-se em detalhe o correto; aplica-se o uso de gravador para
registrar entrevistas e observações para análises posteriores. Na investigação
quantitativa, as perguntas do questionário são formuladas clara e detalhadamente;
mantém-se o anonimato do entrevistado para evitar distorções nas respostas; as
definições são precisas e operacionalizam-se com indicadores específicos
(RICHARDSON, 1999).
82
Para maximizar a confiabilidade foram aplicados dois procedimentos
descritos por Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999):
a) Questionamento por pares: foram solicitados a colegas não envolvidos na
pesquisa, mas que trabalham no mesmo paradigma e tenham algum
conhecimento sobre o tema pesquisado, para que apontassem falhas, pontos
obscuros e vieses nas interpretações dos dados, bem como apontassem
evidências não exploradas e, se posvel, oferecessem explicações
alternativas às expostas por este estudo;
b) Triangulação: como foram utilizadas mais de uma maneira de se obter dados
(Entrevista com gerentes das ACs e empreendedores, coleta de dados
secundários e questionário para empreendedores), foram possibilitadas
comparações entre os dados levantados por cada uma, realizando desta
forma uma triangulação de fontes.
A abordagem da consisncia interna também foi utilizada, para
contribuir para com a confiabilidade da pesquisa, quando a ferramenta de
mensuração apresenta muitas questões ou declarações similares. Após a
administração do questionário os resultados foram separados por item em meros
pares e ímpares ou em metades selecionadas aleatoriamente. Como as duas
metades apresentaram um alto grau de correlação, considerou-se que o instrumento
possui alta confiabilidade no tocante à consisncia interna dada a homogeneidade
entre os itens. Entretanto, possibilidade de inferências incorretas sobre a alta
consistência interna quando o teste contém muitos itens, pois desta maneira, o
índice de correlação será inflacionado (COOPER; SCHINDLER, 2003).
Antes da análise dos dados, foram enviadas as entrevistas, já
transcritas, aos seus respondentes, pedindo que retifiquem seus dizeres, caso
tenham mencionado alguma informação inadequada, e assinassem todas as
páginas para reafirmar o conteúdo da entrevista.
3.6.2 Validade
Existem duas principais formas de validade, a externa e a interna. A
validade externa refere-se à capacidade dos dados de serem generalizados entre as
83
pessoas. A validade interna limita-se ao instrumento, que é válido quando ele é
capaz de medir o que realmente é preciso medir, (COOPER; SCHINDLER, 2003;
RICHARDSON, 1999).
O grau das diferenças encontradas com um instrumento de
mensuração deve refletir as diferenças reais entre os respondentes que estão sendo
testados. Para o instrumento ter validade deve ser sensível a todos os graus de
significado variável e às mudanças nas nuanças de significado ao longo dos tempos
(COOPER; SCHINDLER, 2003).
O procedimento mais utilizado para averiguar a validade do
instrumento é o pré-tese. Testando-se os instrumentos da pesquisa sobre uma
pequena parte da população do “universoou da amostra, antes da sua aplicação
definitiva, diminuíram-se as chances da pesquisa chegar a um resultado falso
(MARCONI; LAKATOS, 2006). O instrumento pode ser testado, em um primeiro
vel, com colegas que podem gerar diversas sugestões de melhoria. Também foi
aplicado o instrumento no campo com uma amostra de respondentes ou com
pessoas que apresentassem características e formação similares aos respondentes
desejados (COOPER; SCHINDLER, 2003). No caso deste estudo, o questionário
constante no apêndice D foi apresentado primeiramente à banca de qualificação, na
qual foram sugeridas as seguintes alterações:
O acscimo da alternativa “nenhuma” para evitar vieses nas
questões 2.2, 2.3 e 2.4;
O acréscimo da alternativa “não” para evitar vieses na questão
2.5;
A retirada da numeração para tabulação constante junto a
cada alternativa;
Após realizadas as alterações sugeridas na banca de qualificação, o
questionário foi pré-testado com 10 indivíduos da população do estudo, na cidade de
Londrina. Constatou-se que 40% dos respondentes não entenderam como
preencher as questões com escalas. Para solucionar tal problema, foram
acrescentadas notas explicativas para o preenchimento das questões com escalas
como consta no apêndice C. Com exceção deste, o houve outros problemas
referentes à funcionalidade do questionário durante o pré-teste.
84
Buscou-se com o Termo de Consentimento, constante no Anexo E,
esclarecer o pesquisado no sentido da importância veracidade das informações, e
garantir o anonimato das informões prestadas.
155
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