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RESUMO
Introdução: no Brasil a prevalência do Diabete gestacional em mulheres com mais de 20
anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde, é de 7,6% (BRASIL, 2000a) sendo um dos
responsáveis pelos índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente
macrossomia e malformações fetais. Com a incorporação da prática farmacêutica aos
serviços que atendem pacientes ambulatoriais é possível prevenir, detectar e resolver os
problemas relacionados com medicamentos, fomentando a melhora dos resultados da
farmacoterapia. O presente estudo teve por finalidade investigar a participação ativa de
gestantes ao tratamento de Diabete durante o acompanhamento farmacêutico, assim como
contribuir com a construção de conhecimento para a implementação da prática da Atenção
Farmacêutica conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde no informe de
Tókio de 1993. Metodologia: o método utilizado foi o prospectivo e de intervenção,
desenvolvido com base nos dados obtidos nos atendimentos farmacêuticos e na análise
documental, realizado no ambulatório de alto risco da Maternidade Darcy Vargas no
município de Joinville. Na entrevista inicial foi utilizado um roteiro de entrevista pré-
estabelecido e, para melhor entendimento das gestantes, utilizou-se instrumentos
facilitadores nos atendimentos farmacêuticos, sendo estes o formulário de anamnese
farmacêutica, de orientação ao paciente e folder informativo. Os atendimentos farmacêuticos
compreendiam escuta ativa, identificação das necessidades, análise da situação,
intervenções, documentação, educação em saúde, entre outros. Resultados: a população
do estudo constituiu-se de 34 gestantes com Diabete Melito Gestacional (DMG) e a média
de atendimentos farmacêuticos foi de 4±1,8. A idade variou de 18 a 42 anos, sendo que
79,4% apresentaram mais que 25 anos e 47% não tinham concluído o ensino fundamental.
Não receberam informações sobre o DMG 32,4% e apenas uma gestante relatou ter
recebido informações do farmacêutico da farmácia comunitária. Mesmo recebendo
informações, várias gestantes tinham dúvidas quanto ao DMG, sendo que a principal dúvida
era se este causaria alguma complicação para o bebê. Relataram ter recebido orientação
sobre a dieta 91,2% das gestantes. Fizeram uso de insulina 14 gestantes e quando
questionadas sobre o uso apenas 28,6% souberam responder corretamente, mesmo com
85,7% relatando que receberam orientação sobre como utilizá-la. Um total de 92,9% afirmou
sentir algum desconforto após a aplicação e os principais efeitos apresentados foram
sudorese e dor 69,2% e fome 61,5%. As entrevistadas foram questionadas sobre a
utilização de medicamentos nos quinze dias que antecederam o início dos atendimentos
farmacêuticos e 46,2% das gestantes relataram ter utilizado pelo menos um medicamento. A
maioria das gestantes apresentou algum tipo de PRM 61,8% (21), sendo que os de maior
freqüência foram o PRM cinco 71,5%, e PRM quatro 47,6% segundo o 2º Consenso de
Granada. Foram realizadas 28 (82,4%) intervenções quanto ao armazenamento dos
medicamentos, 15 (44,1%) quanto a reações adversas e 10 (29,4%) quanto à posologia. Ao
final do acompanhamento foi detectado que, após as orientações, a maioria das gestantes,
31 (91,2%), seguiu corretamente o tratamento medicamentoso, não medicamentoso 25
(73,5%) e apenas 11 (32,4%) das gestantes realizou os exercícios físicos recomendados.
Foi observada uma melhora progressiva no controle metabólico no decorrer do
acompanhamento. Conclusões: percebeu-se, com o presente trabalho, a necessidade de
constituição de uma equipe multidisciplinar para o manejo do DMG, visto que uma
interpretação equivocada do tratamento devido a uma deficiente orientação dificulta a
adesão ao tratamento. Os profissionais de saúde devem estar atentos à capacidade de
compreensão das orientações realizadas, pois de acordo com este estudo, a maioria das
pacientes apresentou baixa escolaridade.
Palavras Chave: 1. Acompanhamento Farmacoterapêutico. 2. Diabete Melito Gestacional. 3.
Atendimento Farmacêutico. 4. Intervenção Farmacêutica. 5. Pré-Natal.