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GETÚLIO TAKASHI NAGASHIMA
CLORETO DE MEPIQUAT APLICADO EM
SEMENTES DE ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.
raça latifolium)
Londrina
2008
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GETÚLIO TAKASHI NAGASHIMA
CLORETO DE MEPIQUAT APLICADO EM
SEMENTES DE ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.
raça latifolium)
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Agronomia, da Universidade Estadual de
Londrina.
Orientador: Prof. Dr. Édison Miglioranza
Co- Orientador: Dr. Celso Jamil Marur
Londrina
2008
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Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca
Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
N147c Nagashima, Getúlio Takashi.
Cloreto de mepiquat aplicado em sementes de algodoeiro (Gossypium
hirsutum L. raça latifolium) / Getúlio Takashi Nagashima. – Londrina,
2008.
80f. : il.
Orientador: Édison Miglioranza.
Co-orientador: Celso Jamil Marur.
Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade
Estadual de Londrina, Centro de Ciências Agrárias,
Programa des-Graduação em Agronomia, 2008.
Inclui bibliografia.
1. Algodãocultivo – Teses. 2. Sementes – Reguladores de
GETÚLIO TAKASHI NAGASHIMA
CLORETO DE MEPIQUAT APLICADO EM
SEMENTES DE ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.
raça latifolium)
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Agronomia, da Universidade Estadual de
Londrina.
Aprovada em:
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Claudemir Zucareli UEL
Prof. Dr. Odair Moraes UEL
Prof. Dr. Pedro Soares Vidigal Filho UEM
Dr. Fábio Suano de Souza IAPAR
Dr. Lauro Akio Okuyama IAPAR
Prof. Dr. Osmar Rodrigues Brito UEL
____________________________________
Prof. Dr. Édison Miglioranza
Orientador
Universidade Estadual de Londrina
À minha esposa Michiko, pelo incentivo, dedicação, amor incondicional e muitas vezes pela
abdicação de seus sonhos para que eu os tivesse;
Às minhas filhas, Agnes e Luciene, pelo amor, compreensão e apoio;
Aos meus pais Katsumi (in memorian) e Mitico pela vida, influência na minha formação
pessoal, mostrando os valores e princípios morais, os quais levo sempre comigo,
DEDICO.
AGRADECIMENTOS
À Deus.
À Universidade Estadual de Londrina (UEL) pela oportunidade em realizar o curso e pela
infra- estrutura disponibilizada.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, pelo apoio
financeiro e por tratar a pós-graduação de forma séria e profissional.
Ao meu Orientador, Professor Dr. Édison Miglioranza, pela orientação, amizade, muita
paciência e pela imensa contribuição para o meu crescimento pessoal e profissional.
Ao meu Co-orientador, Dr. Celso Jamil Marur, pela amizade, incentivo e pela co-orientação
na realização dos trabalhos.
Ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) pela cessão do terreno e estrutura necessária para
a implantação e condução dos experimentos.
À Coordenadora do Curso de Pós-Graduação, Dr
a
. Carmen Silva Vieira Janeiro Neves, pela
ajuda em todas as ocasiões solicitadas.
À minha família, em especial aos irmãos, Lucila, Edson, Regina e Mauro, e à família da
minha esposa, por me tratarem como um filho verdadeiro, pelo apoio e incentivo, fontes
fundamentais de inspiração para alcançar meus objetivos profissionais e pessoais.
Aos pesquisadores e professores amigos, Ruy Seiji Yamaoka, Celso Luiz Hohmann, Wilson
Paes de Almeida e Inês Cristina de Batista Fonseca.
A todos os professores e funcionários do Curso de Pós-Graduação em Agronomia da
Universidade Estadual de Londrina, pela ajuda e período de convivência.
Aos funcionários do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em especial a Namir Filipin
Soler e Inês Fumiko Ubukata Yada.
Aos colegas dos cursos de Mestrado e de Doutorado em Agronomia da Universidade Estadual
de Londrina, pelo excelente convívio e pela troca de conhecimentos.
Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho e
para que essa etapa da minha vida pudesse ser concretizada.
NAGASHIMA, Getúlio Takashi. Cloreto de mepiquat aplicado em sementes de algodoeiro
(Gossypium hirstum L. raça latifolium). 2008. 80 f. Tese de Doutorado em Agronomia –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
RESUMO
A tecnologia de embebição de sementes em solução com regulador de crescimento para a
obtenção de plantas de algodão com porte reduzido desde a emergência vem sendo utilizada,
de maneira experimental, para auxiliar no manejo da altura da planta, principalmente quando
semeadas em espaçamentos estreitos. Quatro experimentos foram conduzidos com o objetivo
de verificar os efeitos da embebição de sementes em solução com Cloreto de Mepiquat (CM)
sobre o crescimento e o desenvolvimento da cultura do algodão, seu efeito sob estresse
hídrico, sobre diferentes cultivares e diferentes métodos de aplicação na semente de algodão.
O primeiro experimento objetivou avaliar o comportamento de plantas de algodão originadas
de sementes da cultivar IPR 120 tratadas com regulador de crescimento à base de CM, via
embebição, nas concentrações de 5,0 e 20 g i.a. kg
-1
de sementes e testemunha sem nenhum
tratamento submetidas a estresse hídrico a partir da emergência. Analisou-se também o efeito
da embebição de 15 g i.a. kg
-1
de sementes e sementes embebidas em água destilada e sujeitas
ao estresse hídrico após 30 dias da emergência de plantas de algodão. O segundo
experimento, com objetivo de avaliar formas de aplicação de regulador de crescimento CM à
semente, utilizou a linhagem PR 02-307 (Iapar) com seguintes tratamentos: 1) controle -
sementes sem qualquer tratamento; 2) sementes embebidas por 5 horas em solução contendo
7,5 g i.a kg-
1
de sementes de CM; 3) sementes embebidas por 5 horas em solução com 3,75 g
i.a. kg
-1
de sementes de CM; 4) aplicação direta de 7,5 g i.a. kg
-1
de sementes
de CM e 5)
aplicação direta de 3,75 g i.a. kg
-1
sementes de CM, cultivados em vasos, em condições de
casa de vegetação. No terceiro experimento, em condições de casa de vegetação, foram
avaliados os efeitos da aplicação do CM via sementes, utilizando a embebição em solução
contendo 2,0 g i.a 100 mL
-1
de água em cinco cultivares (IRP 120, IAC 24, CD 405, Delta
Opal e Fibermax 966) visando a caracterização dessas cultivares quanto a resposta ao
tratamento
. O quarto experimento foi realizado para avaliar o efeito da prévia embebição de
sementes em solução de CM e o desempenho das plantas em condições de cultivo em campo
utilizando espaçamento entre linha de plantas de algodão ultra-adensada, de 0,30 m,
empregando sementes da cultivar IPR 120 embebidas por 12 h em solução contendo CM nas
doses de 0,0; 3,75; 7,5 e 15 g i.a. kg
-1
de sementes e com utilização e não do regulador via
aplicação foliar em pulverizações subseqüentes após 32 dias da emergência. Pode-se concluir
que: o metabolismo das plantas originadas de sementes embebidas em CM não foi
prejudicado na ocorrência de um estresse hídrico e as plantas suportaram por um período
maior quando comparado ao tratamento sem aplicação de CM. Além disso, a aspersão direta
de sementes com regulador de crescimento CM apresentou efeitos similares à embebição, não
necessitando de secagem após o tratamento. As cultivares responderam diferentemente ao
regulador de crescimento à base de CM. Em cultivo em condições de campo, a embebição do
regulador CM manteve a altura de plantas de algodão reduzidas por até 80 dias após
emergência, não afetando a produção de algodão em caroço e, com aplicações foliares, a
altura reduzida foi mantida até a colheita.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum r. latifolium, regulador de crescimento, modo de
aplicação, estresse hídrico, cultivares, adensamento.
NAGASHIMA, Getúlio Takashi. Mepiquat Chloride applied in cotton seeds (Gossypium
hirstum L. raça latifolium). 2008. 80 f. Thesis in Agronomy – Londrina State University,
2008.
ABSTRACT
Soak seeds technology in solution with plant growth regulator aiming cotton plants with
reduced load since emergency has been used, in an experimental way, to aid in handling of
plant height, mainly when planted in narrow spacing. Four experiments were conducted with
the objective of verifying the effects of soak seeds in solution with Mepiquat Chloride (MC)
on cotton growth and development, its effect under water stress, on different cultivars and
different application methods on cotton seed. The first experiment had as objective to evaluate
cotton plants originated from IPR 120 seeds treated with MC, through soak, in rates of 5,0 and
20 g a.i kg
-1
of seeds and a control without any treatment, submitted to water stress starting
from the plant emergency. Soak effect of 15 g a.i. kg
-1
of seeds and seeds soaked in distilled
water and submitted to water stress 30 days from emergency were also analyzed. The second
experiment had the objective of evaluating methods of MC application on the seed using the
lineage PR 02-307 (Iapar) with following treatments:1) control - seeds without any treatment;
2) seeds soaked for 5 hours in solution containing 7,5 g a.i. kg
-1
of seeds of MC; 3) seeds
soaked for 5 hours in solution with 3,75 g a.i. kg
-1
of seeds of MC; 4) direct application of 7,5
g a.i. kg
-1
of seeds of MC and 5) direct application of 3,75 g a.i. kg
-1
seeds of CM, grown in
pots, in greenhouse conditions. In the third experiment, in greenhouse conditions, the effects
of MC application through seeds were evaluated, using soak in solution containing 2,0 g a.i.
100 mL
-1
of water in five cultivars (IRP 120, IAC 24, CD 405, Delta Opal and Fibermax 966)
aiming characterization of those cultivars according their response to the treatments. The
fourth experiment was accomplished to evaluate seeds previous soak effect in MC solution
and plants performance in field conditions using ultra narrow spacing of 0,30m, with IPR 120
seeds soaked by 12 h in solution containing MC in the rates of 0,0; 3,75; 7,5 and 15 g a.i. kg
-1
of seeds using or not the regulator through leaves application in subsequent spraying 32 days
after emergency. It’s possible to conclude that: plants metabolism originated from seeds
soaked in MC was not harmed when a water stress occurred and plants supported stress
situation for a larger period when compared to the treatment without MC application. Besides,
direct aspersion of seeds with MC presented similar soak effects, not being necessary drying
after the treatment. Different cultivars had different responses to MC. In field conditions, MC
soak maintained cotton plant height reduced for until 80 days after emergency, not affecting
cotton yield and, with leaf applications, reduced height was maintained until harvest.
Key-words: Gossypium hirsutum r. latifolium, plant growth regulator, application method,
water stress, cultivars, narrow spacing.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. .1
2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... .3
3. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 20
4. ARTIGO A: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ALGODOEIRO
ORIGINADO DE SEMENTES EMBEBIDAS COM CLORETO DE MEPIQUAT SOB
ESTRESSE HÍDRICO
4.1 Resumo e Abstract.............. .............................................................................................. 27
4.2 Introdução.............. ........................................................................................................... 29
4.3 Material e Métodos ........................................................................................................... 30
4.3.1 Estresse hídrico após emergência das plântulas............................................................. 30
4.3.2 Estresse hídrico aos 30 dias da emergência das plântulas ............................................. 31
4.4 Resultados e Discussão ..................................................................................................... 32
4.4.1 Estresse hídrico após emergência das plântulas............................................................. 32
4.4.2 Estresse hídrico aos 30 dias da emergência das plântulas ............................................. 36
4.5 Conclusões... ..................................................................................................................... 40
4.6 Referências... ..................................................................................................................... 41
5. ARTIGO B: FORMAS DE APLICAÇÃO DE CLORETO DE MEPIQUAT EM
SEMENTES DO ALGODOEIRO
5.1 Resumo e Abstract.............. .............................................................................................. 43
5.2 Introdução.............. ........................................................................................................... 45
5.3 Material e Métodos ........................................................................................................... 46
5.4 Resultados e Discussão ..................................................................................................... 47
5.5 Conclusões... ..................................................................................................................... 50
5.6 Referências... ..................................................................................................................... 51
6. ARTIGO C: RESPOSTAS DE CULTIVARES DE ALGODÃO AO CLORETO DE
MEPIQUAT APLICADO VIA EMBEBIÇÃO DE SEMENTES
6.1 Resumo e Abstract............. ............................................................................................... 53
6.2 Introdução.............. ........................................................................................................... 55
6.3 Material e Métodos ........................................................................................................... 56
6.4 Resultados e Discussão....... .............................................................................................. 57
6.5 Conclusões....... ................................................................................................................. 62
6.6 Referencias....... ................................................................................................................. 63
7. ARTIGO D: CLORETO DE MEPIQUAT VIA EMBEBIÇÃO DE SEMENTES E
APLICAÇÃO FOLIAR NO DESEMPENHO DO ALGODOEIRO EM
ESPAÇAMENTO ULTRA-ESTREITO
7.1 Resumo e Abstract............. ............................................................................................... 65
7.2 Introdução.............. ........................................................................................................... 67
7.3 Material e Métodos ........................................................................................................... 68
7.4 Resultados e Discussão....... .............................................................................................. 70
7.5 Conclusões....... ................................................................................................................. 76
7.6 Referências....... ................................................................................................................. 77
8. CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................. 79
9. APÊNDICE....... .................................................................................................................. 80
1
1. INTRODUÇÃO
O algodoeiro é uma das plantas mais antigas domesticadas pelo homem,
tendo o registro do seu uso pela humanidade há mais de 4.000 anos.
Atualmente, as fibras de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium)
vestem mais de 40% da humanidade e o algodoeiro é cultivado em mais de 60 países, com
uma área que ultrapassa a 34 milhões de hectares. A participação do algodão no mercado deve
aumentar nos próximos anos devido à consciência global da preservação do meio ambiente, a
crescente demanda por produtos naturais e o elevado preço do petróleo que é utilizado na
fabricação de fibras sintéticas. No entanto, para ser mais competitiva numa economia
globalizada, a cultura do algodão necessita de tecnologia cada vez mais avançada de forma a
propiciar produtividades elevadas e reduções de custo.
Em parte das regiões produtoras, o índice pluviométrico elevado e a
tecnologia adotada, como o uso intensivo de corretivos, fertilizantes e cultivares,
proporcionam um crescimento intenso da parte vegetativa que pode levar a queda de
produtividade e maior custo de produção.
Na atualidade, para obter um equilíbrio entre o crescimento vegetativo e
reprodutivo das plantas, empregam-se reguladores de crescimento, contribuindo para que as
cultivares tenham melhores condições de expressar todo o seu potencial produtivo.
Uma parcela da área destinada para o cultivo do algodão no mundo é
formada de solo bastante depauperado pelo uso descompromissado com a conservação do
agroecossistema, necessitando cada vez de maior quantidade de insumos e novas tecnologias
para tornar a cultura do algodão economicamente interessante. Nestas condições, o cultivo
utilizando espaçamento entre linhas mais estreito pode ser vantajoso, quando comparados aos
espaçamentos convencionais, podendo reduzir os custos de produção e aumentar a
rentabilidade em curto prazo.
As cultivares de algodoeiro apresentam porte acima de 1 m, dificultando a
obtenção de plantas com estaturas que venham a atender a regra geral para o espaçamento
entre linhas de 2/3 da altura máxima das plantas, principalmente em cultivo com
espaçamentos entre linhas estreitas, sendo interessante que a planta receba o quanto antes o
regulador de crescimento, o que poderia ser realizado, utilizando a mesma metodologia
empregada no controle de pragas e doenças, tratando as sementes. Estudos recentes têm
2
comprovado a eficiência da embebição de sementes de algodão em solução contendo o
Cloreto de Mepiquat, obtendo a redução do porte das plantas logo após a emergência.
A aplicação de regulador de crescimento CM via aplicação em sementes de
algodão poderá auxiliar a implantação do adensamento da cultura, reduzindo o porte da planta
desde a emergência das plântulas.
Após a emergência das sementes tratadas com regulador de crescimento CM
pode ocorrer condições de estresse hídrico, o que faz surgir alguns questionamentos do efeito
da aplicação do redutor de crescimento sobre as plântulas. Outro inconveniente deste processo
é a necessidade de secagem da semente após um período de embebição para que a semeadura
possa ser executada.
Diante dessas considerações, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o
efeito da embebição de sementes com regulador de crescimento, sob estresse hídrico logo
após a semeadura e 30 dias após o estabelecimento da cultura.
Objetivou-se também comparar o efeito do tratamento de semente via
embebição e aspersão direta do produto Cloreto de Mepiquat nas sementes.
Outro objetivo foi avaliar o efeito da embebição do Cloreto de Mepiquat em
sementes de algodão, em diferentes cultivares em condições de casa de vegetação e por fim,
verificar o desempenho desta metodologia em condições de campo, em cultivo em
espaçamento entre linhas ultra-estreito, com aplicação foliar subseqüente do Cloreto de
Mepiquat.
A tese está dividida em forma de artigos, a saber:
Artigo 1: Crescimento e desenvolvimento do algodoeiro originado de sementes
embebidas com Cloreto de Mepiquat sob estresse hídrico;
Artigo 2: Formas de aplicação de Cloreto de Mepiquat em sementes do algodoeiro;
Artigo 3: Respostas de cultivares de algodão ao Cloreto de Mepiquat aplicado via
embebição de sementes; e
Artigo 4: Cloreto de Mepiquat via embebição de sementes e aplicação foliar no
desempenho do algodoeiro em espaçamento ultra-estreito.
E, antecedendo a apresentação dos referidos capítulos, encontra-se uma
Revisão de Literatura de caráter geral.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
O algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch.) é uma
espécie com hábito de crescimento indeterminado, perene, com tendência de crescer
continuadamente. Apresenta complexidade morfológica extremamente grande, ostentando,
durante o seu ciclo, eventos como crescimento vegetativo, aparecimento de gemas
reprodutivas, florescimento e maturação de frutos (OOSTERHUIS, 1999; BELTRÃO e
SOUZA 1999). Apresenta, portanto, uma forte competição interna pelos carboidratos
oriundos da fotossíntese, sendo importante que estes eventos ocorram de modo balanceado
(ROSOLEM, 2001).
A adequada disponibilidade de nutrientes e água, em condições de elevadas
temperaturas, pode favorecer o excessivo crescimento vegetativo das plantas do algodoeiro,
provocando o apodrecimento de frutos e a abscisão de estruturas reprodutivas, interferindo
negativamente na produtividade da fibra e dificultando também o processo de colheita
(RITCHIE et al., 2004).
Em solos com elevada fertilidade, as plantas de algodão apresentam um
crescimento exuberante, dificultando o uso de espaçamentos adequados e a arquitetura da
planta mais compacta, o que é mais adequada para a mecanização da colheita. Além disso, o
excessivo crescimento vegetativo causa sombreamento no dossel inferior, e pode causar a
abscisão precoce dos frutos (OOSTERHUIS, 2001).
A utilização de reguladores de crescimento para equilibrar o balanço de
crescimento vegetativo e reprodutivo é uma das estratégias agronômicas, que pode contribuir
com o aumento da produtividade e a uniformização do porte destas plantas, possibilitando as
condições desejadas de cultivo (HODGES; REDDY e REDDY, 1991).
Os reguladores de crescimento sintéticos são compostos químicos que têm
atuação na síntese de giberelinas nas plantas, hormônios estes responsáveis pela expansão das
células, produzindo plantas mais compactas (TAIZ e ZEIGER, 2004). Conforme Sachs et al.
(1960), o ácido giberélico está envolvido no processo de elongação celular dos caules, das
folhas, das raízes, dos frutos e também da divisão celular.
A rota biossintética da giberelina é dividida em três etapas, ocorrendo cada
uma em um compartimento celular. Na primeira etapa, são produzidos os precursores de
terpenóides e ent-caureno nos plastídios, sendo a unidade biológica básica de isopreno, o
isopentenil difosfato (IPP)
2
, que é usado na síntese da giberelina em tecidos clorofilados,
4
sendo sintetizado nos plastídios a partir de gliceraldeido-3-fosfato e do piruvato
(LICHTENTHALER; ROHMER e SCHEWENDER, 1977).
Depois de sintetizadas, as unidades isoprenicas IPP são adicionadas para
formar intermediários de 10 carbonos (geranil difosfato), de 15 carbonos (farnesil difosfato) e
de 20 carbonos (geranilgeranil difosfato, GGPP), sendo o GGPP precursor de muitos
compostos terpênicos e óleos essenciais. A rota para obtenção de giberelina torna-se
específica somente após GGPP. Na segunda etapa, é sintetizada a primeira giberelina da rota
em todos os vegetais e, portanto, precursor de todas as outras giberelinas no retículo
endoplasmático e na terceira etapa, ocorre a formação de outras giberelinas a partir do GA12
e GA53 no citosol (TAIZ e ZEIGER, 2004).
Segundo Taiz e Zeiger (2004) os compostos como CCC (Cloreto de cloro-
colina), AMO-1618, Fosfon D e Cloreto de Mepiquat (CM) são inibidores específicos da
primeira etapa da biossíntese de giberelinas e são utilizados como reguladores de crescimento.
O CM é um regulador de crescimento, pertencente ao grupo dos amônios
quaternários, que inibe a ação da ent-caureno sintase, uma das enzimas envolvidas na
biossíntese do ácido giberélico, tendo a função de interferir em certos processos fisiológicos
do algodoeiro (JSMONE, 2004) e apresenta em sua composição, o Cloreto de 1,1
dimetilpiperidinio, com fórmula molecular C
7
H
16
NCl e peso molecular de 149,66, de
coloração branca para amarelo leve, temperatura de fusão de 223°C, pouca toxicidade com
LD
50
para ratos adultos, que é de 1.490 mg kg
-1
de peso vivo, LD
50
dermal de 7.800 mg kg
-1
de peso vivo, não apresentando efeitos teratogênicos, outras aberrações ou câncer sob
condições experimentais
Apesar de não apresentar efeito na sensibilização da pele, foi notada uma
baixa irritação nos olhos e na pele, sendo os riscos pela inalação excluídos sob condições
práticas de uso. A toxicidade aguda, subaguda e a de longo prazo do CM são baixas e não
apresentou nenhum efeito teratogênico ou oncogênico nos estudos até então executados
(REG. DEP. AGRIC. CHEM. DIV., BASF JAPAN LTD., 1992).
Com o uso de CM uma redução do alongamento celular, podendo
ocorrer, também, redução de ramos produtivos e vegetativos, bem como a diminuição da área
foliar (HOLDEN et al., 2004; REDDY; TRENT e ACOCK, 1992).
O CM tem sido utilizado tradicionalmente para o controle da altura de
plantas em cereais e outras culturas (McCARTY; e HEDIN, 1994) e em algodão é utilizado
para promover o aumento da produção e maturidade (NICHOLS; SNIPES e JONES, 2003).
Ele é absorvido na planta através das folhas, sendo translocado de forma ascendente e
5
descendente através do xilema e floema, e distribuído uniformemente por toda a planta, não
sendo degradado na planta do algodão (REDDY; REDDY e HODGES, 1996). Segundo
Holden et al. (2004) a movimentação do CM no interior da planta é rápida e cerca de 70 a
90% penetra na planta em período anterior a 8 horas após a aplicação, sendo móvel no interior
da planta, distribuído rapidamente para áreas de crescimento, tais como as folhas e os ramos
novos.
O uso de CM provoca modificações nas plantas de algodão, alterando alguns
processos vitais nas mesmas.
Fernández, Cothren e McInnes (1992) avaliando o efeito do CM na
economia de carbono e de água, concluíram que com o uso do regulador de crescimento, as
plantas conservavam mais água, devido à redução da área foliar, e que em condições de
estresse hídrico não foi observado redução na eficiência da assimilação do carbono.
Plantas tratadas com CM sob condições de estresse hídrico apresentaram
valores significativamente maiores de clorofila e da assimilação de carbono, sendo que a
aplicação do regulador de crescimento não intensificou os possíveis efeitos adversos do
estresse em plantas de algodão (MARUR, 1998).
A relação entre o uso de regulador de crescimento e o acúmulo de
carboxilases nas folhas de plantas de algodão é complexa e, muitas vezes, a taxa fotossintética
é diminuída nos tratamentos submetidos ao CM, quando ocorre a redução na atividade da
Ribulose-1,5-difosfato-carboxilase. A taxa de fotossíntese líquida foi reduzida em 25% em
plantas com CM, em diversas doses aplicadas no estádio do primeiro botão floral (25 DAE),
com as folhas apresentando maior teor de clorofila e resultando em parcial perda da
capacidade fotossintética, pelo menos 20 dias após a aplicação de regulador de crescimento
(REDDY; REDDY e HODGES, 1996).
A aplicação de 50 g ha
-1
do CM no início de florescimento foi efetuada para
avaliar as modificações provocadas nas plantas e foi observada redução no tamanho das
folhas, aumento no potencial de água das folhas e na pressão de turgor, alterando a relação
entre a quantidade de CO
2
assimilado e a quantidade de água transpirada, aumentando a
eficiência fotossintética da planta (STUART et al.,1984).
Zhao e Oosterhuis (2000) em experimentos realizados em dois anos
agrícolas (1997 e 1998) em Arkansas (EUA), para determinar respostas fisiológicas e
rendimento devido a aplicação foliar de CM e CM + Baccilus cereus, concluem que ambos os
produtos foram eficientes na redução do porte das plantas, aumentou o teor de amido na folha,
taxa de troca de CO
2
através da folha e não afetou a translocação de fotoassimilados das
6
folhas para as maçãs jovens, havendo um aumento da fotossíntese associado ao aumento da
condutância estomática e aumento do peso específico da folha.
Para avaliar o efeito do CM na partição da biomassa em ambiente
controlado, Fernández, Cothren e McInnes (1991) observaram que o uso do regulador de
crescimento não afetou o acumulo da biomassa, mas afetou a partição, por inibir o
crescimento de ramos e caule e pela promoção do crescimento de raízes finas, e influiu
reduzindo a expansão foliar bem como a extensão da haste e pecíolo. Concluíram, também,
que a combinação destes efeitos pode conferir uma melhor capacidade de suportar o déficit
hídrico, pela redução da transpiração, pela menor área foliar e com maior sistema radicular,
podendo assim explorar um maior volume de solo.
O efeito dos regimes de temperatura e do regulador de crescimento sobre a
espessura da folha foi estudado utilizando plantas da cultivar Delta Opal sob duas doses de
CM (15 e 30 g i.a. ha
-1
) e três regimes de temperatura dia/noite (28/15; 32/22; 39/29 °C) em
câmaras de crescimento por 21 dias (SOUZA et al., 2007). Segundo os autores, com o uso do
regulador de crescimento há um espessamento maior da folha em relação à testemunha,
independente das doses utilizadas. Em condições de alta temperatura, o efeito do regulador foi
minimizado, provocando uma redução na taxa fotossintética.
Souza et al. (2005) para avaliar o efeito da temperatura na eficácia do CM,
utilizaram a cultivar Delta Opal, semeada em vasos contendo areia e irrigação com solução de
Hoagland, em condições de câmara de crescimento, utilizando um fotoperíodo de 12 horas e
temperatura dia/noite de 30/20°C. Estas plantas foram pulverizadas com regulador de
crescimento (0, 15 e 30 g i.a. ha
-1
) no estádio de botão floral (cabeça de fósforo) e submetidas
a três regimes de temperaturas dia/noite (25/15°C, 32/22°C e 39/29°C). Os autores concluem
que com aumento da temperatura uma perda da eficácia do CM, mesmo nas doses maiores
e maior percentagem na perda das estruturas reprodutivas (shedding), havendo uma
correlação negativa entre temperatura elevada e fotossíntese.
A redução do crescimento das plantas, a melhoria na arquitetura, o aumento
da retenção de frutos nas primeiras posições dos ramos frutíferos, aumentando a precocidade
de abertura dos frutos, a melhoria da eficiência na colheita e na qualidade do produto colhido,
são alguns dos benefícios potenciais do uso de CM (KERBY; HAKE e KEELEY, 1986,
COTHREN e OOOSTERHUIS, 1993).
A aplicação de CM reduz a altura de plantas, pelo encurtamento dos
meritalos, resultando em plantas mais compactas, com coloração verde mais escura que
7
aquelas sem o regulador, com as maçãs localizadas nos ramos mais baixos, com índice de área
foliar menor e encurtamento do ciclo (McCART e HEDIN, 1994).
Na cultura do algodoeiro, com o surgimento de novas cultivares, da
utilização de semeadura adensada e da colheita mecânica, o uso de reguladores de
crescimento tornou-se imprescindível, de forma a adequar as plantas às pulverizações para o
controle de pragas e doenças, proporcionando mais precocidade ao algodoeiro e
uniformizando o crescimento das plantas, o que facilita a penetração da calda no seu interior,
melhorando o efeito dos tratamentos fitossanitários (SANTOS, 1998).
A redução no porte da planta de algodão é diretamente relacionada à dose
aplicada do regulador de crescimento, sendo útil às culturas com perdas precoces de estruturas
reprodutivas (shedding), causadas por ataque de pragas ou por outros fatores estressantes, e
que reduzem os drenos reprodutivos, de modo que os carboidratos o utilizados para o
crescimento vegetativo (HOLDEN et al., 2004).
Nas plantas de algodão que apresentam altura elevada e crescimento
vegetativo vigoroso, a retenção de estruturas reprodutivas é menor, com a maturação dos
frutos desuniforme, com excessiva podridão de frutos e colheita dificultada (JOST et al.
2006). Nas cultivares que apresentam crescimento vegetativo excessivo, os efeitos de CM
foram benéficos. Por outro lado, nas de porte baixo o efeito do produto foi pouco significativo
(CIA et al., 1984). Ferreira e Lamas (2006) confirmam também que em cultivares de porte
elevado e ciclo mais longo, é mais visível o efeito dos reguladores de crescimento.
Durante três anos, em sete locais na Carolina do Norte (EUA), York (1983)
avaliou o efeito de CM em 14 cultivares de algodão e constatou que as cultivares respondem
diferentemente a este produto. Observaram também que as mesmas respostas ocorreram nos
diferentes anos de cultivos e que não interação entre cultivares e regulador de crescimento
na percentagem e comprimento de fibras, peso das maçãs, peso das sementes, número de
sementes por maçã, na altura das plantas ou na sua maturidade. O autor ressalta que a seleção
das cultivares em avaliação não deve ser levada em consideração para a decisão de uso de
reguladores de crescimento.
As recomendações de formas e de doses de aplicação do CM devem ser
específicas, pois cada cultivar de algodoeiro herbáceo, intrinsecamente, detém
particularidades próprias quanto à absorção de substâncias reguladoras do crescimento vegetal
(SOUZA et al., 2005).
Zanqueta et al. (2004) no município de Selvíria, estado de Mato Grosso do
Sul, Brasil, estudando modos de aplicação de regulador de crescimento associado a diferentes
8
densidades de plantas (6, 10 e 14 plantas m
-1
) sobre o comportamento de cultivares de
algodoeiro (IAC-22 e CNPA ITA 90), concluíram que dependendo da cultivar e da densidade
de planta utilizada, o modo de aplicação de regulador (única ou parcelada) pode interferir na
altura final das plantas.
Em duas cultivares de algodão (IAC-19 e IAC-20) que possuem
características de porte e ciclo decrescentes nesta ordem, Santos, Barroso e Prado (1998)
observaram que o regulador de crescimento CM provocou redução do porte de 13% em
relação à testemunha, com efeito mais expressivo na cultivar descrito como de maior porte,
com incremento de 300 kg ha
-1
de algodão em caroço.
Com o objetivo de estudar os efeitos da aplicação de regulador de
crescimento (CM) sobre as cultivares de algodão (IAC-19, IAC-20 e IAC-21) aplicando-se ou
não o regulador, Carvalho et al. (1999), concluíram que em ambos os experimentos, a cultivar
IAC-20 mostrou-se com a menor altura do que IAC-19 e IAC-21, não ocorrendo diferenças de
respostas à aplicação de regulador entre cultivares.
Em outro estudo, em três experimentos em campo em municípios paulistas
no ano agrícola de 2000/2001, utilizando as cultivares Delta Opal, IAC-23 e Coodetec 401,
Carvalho et al. (2005), utilizando e não o regulador de crescimento, asseveram que não houve
interação entre regulador e cultivares, o que indica que o produto regulador pode ser
recomendado independentemente das cultivares estudadas, pois além da redução na altura de
plantas, pode promover o aumento da produção.
A dose adequada de regulador de crescimento CM se em função de
cultivares. É a conclusão que chegaram Ferreira, Lamas e Barbosa (2005) após estudarem a
melhor dose do regulador em diferentes cultivares (BRS Araçá, BRS Cedro, DeltaPenta,
Fibermax 966 e BRS Buriti e a linhagem CNPA GO 2003-AR
+
). Segundo os autores, para a
manutenção da altura do algodoeiro adequada entre 1,20 e 1,30 m, seriam necessários 45
gramas do princípio ativo do CM via pulverização foliar para a cultivar BRS Araçá e 95, 55,
27, 67 e 100 gramas para as cultivares BRS Cedro, DeltaPenta, Fibermax 966, linhagem
CNPA GO 2003-AR
+
e BRS Buriti, respectivamente.
Dessa forma, para a tomada da decisão sobre o uso de reguladores de
crescimento é indispensável analisar o potencial de crescimento vegetativo das plantas, o
estádio de desenvolvimento, a taxa de crescimento, a retenção das estruturas reprodutivas, a
fertilidade do solo, a quantidade de fertilizantes utilizada, a cultivar e o histórico da área,
lembrando também que, entre os anos de cultivo, sempre ocorrem diferenças, o que deve ser
considerado (LAMAS, 2007).
9
O monitoramento da altura de plantas de algodoeiro é útil para indicar o
crescimento e o desenvolvimento da planta antes da aplicação do CM, podendo obter
respostas positivas da aplicação do regulador de crescimento na produtividade, quando um
crescimento vegetativo excessivo. Restrições de água no início do ciclo foram
tradicionalmente utilizadas para o propósito de restringir o desenvolvimento vegetativo mas
podem reduzir a produção final. Este controle poderá ser adequado com o uso do CM, sem
que a planta sofra estresse prematuro (HOLDEN et al., 2004).
Diversos critérios na decisão para a aplicação de reguladores de crescimento
foram comparados, analisando suas influências sobre o crescimento e rendimento do
algodoeiro. Segundo Mondino e Peterlin (2002) em trabalho desenvolvido na Argentina, o
momento da aplicação é determinante no uso do produto, sendo o método da avaliação do
comprimento de todos os internódios da haste principal da planta (> 4,5 cm) o que produziu
os resultados mais equilibrados de crescimento e maiores rendimentos através do aumento no
número e no peso de capulhos.
Landivar, Cothren e Livingston (1996) utilizaram a técnica do comprimento
médio dos últimos cinco internódios da haste principal, para determinar o momento da
aplicação de CM. Para tanto, os autores baseiam-se em duas suposições: primeiro, o
crescimento máximo de cada internódio é alcançado no período entre 12 e 15 dias após o
início do desenvolvimento, com 85% do crescimento ocorrendo nos primeiros cinco a seis
dias, e segundo: o crescimento em altura da plantas segue um modelo sigmoidal. Os autores
concluíram que o método é mais sensível para detectar mudanças no crescimento induzido
pela aplicação do regulador de crescimento, e que também, a metodologia pode ser usada para
quantificar o efeito do estresse hídrico e nutricional na elongação do ramo principal.
O princípio do índice de vigor (IV) para o monitoramento do
desenvolvimento da planta foi recomendado por Holden et al. (2004), princípio este baseado
em 13 trabalhos desenvolvidos entre os anos de 1982-1989, utilizando a cultivar Acala SJ-2,
conduzidas sem estresse hídrico. Conforme os autores, o vigor da planta necessita ser
monitorado imediatamente antes do aparecimento da primeira flor, conforme a equação:
onde IV é o índice de vigor; A.A é a altura de plantas atual; A.S.A. a altura de plantas na
semana anterior; N.S. é o número de nós do caule atual e N.S.A. o de nós do caule na semana
anterior. Se IV estiver entre 5,5 e 6,5 cm, haverá pequena resposta ao uso de CM, e
10
recomenda-se a dose de 200 mL ha
-1
. Para IV entre 6,5 e 7,5 cm e para valores acima de 7,5
cm por nó, respectivamente, devem ser aplicados 600 mL e 750 a 1.200 mL ha
-1
.
Tradicionalmente, a aplicação de reguladores de crescimento é feita via
pulverizações foliares, podendo a dose recomendada ser aplicada de uma vez ou parcelada
de modo seqüencial, proporcionando desta maneira, uma maior redução da altura das plantas
(FURLANI JR et al. 2003). Para a aplicação única de CM, a época a ser efetuada é no início
da floração (BILES e COTHREN, 2001; COOK e KENNEDY, 2000).
A recomendação do regulador de crescimento CM, quando em aplicação
única, na dose de 1,0 L do produto comercial (50 g i.a. L
-1
), deve ser iniciada quando a
lavoura de algodoeiro apresentar 8-10 flores por metro linear ou com porte de 0,60 m. Para
aplicação seqüencial, as doses deverão ser fracionadas em 2 ou 4 aplicações, baseadas na dose
única, com a primeira aplicação quando 50% das plantas se encontrarem no estádio B
1
(MARUR e RUANO, 2001). A segunda aplicação deverá ocorrer de 10 a 15 dias da primeira,
quando houver a retomada do crescimento, evitando o uso do regulador de crescimento na
presença de estresse de qualquer natureza (BASF, 2003).
O momento da primeira aplicação é decisivo para que se obtenha sucesso
com aplicação de reguladores de crescimento no algodoeiro. Segundo Lamas (2001), havendo
atraso na primeira aplicação, a altura das plantas do algodoeiro no final do ciclo foi
semelhante ao tratamento que não recebeu regulador de crescimento. Holden et al. (2004),
salientam que a época da primeira aplicação do produto apresenta a maior influência em seu
desempenho. A aplicação na dose de 600 mL ha
-1
do CM na época do aparecimento da
primeira flor tem apresentado o mesmo efeito que 1.000 mL aplicados 10 dias mais tarde,
devido ao rápido crescimento da planta nesta fase, o que reduz o nível de concentração do
produto no interior da planta. Por outro lado, segundo os mesmos autores, as múltiplas
aplicações têm o mesmo beneficio em cultivos adensados, quando um excessivo
crescimento vegetativo.
Nas cultivares de crescimento vigoroso, a primeira aplicação deve ser feita
quando as plantas apresentarem de 6 a 8 nós e para cultivares de porte mais baixo e com
crescimento menos vigoroso, de 8 a 10 nós acima do cotiledonar (LAMAS, 2007). Para
aplicação seqüencial, inicia-se próximo aos 40-50 dias após emergência (DAE), com as
plantas apresentando uma altura média de 0,60 a 0,65 m (LAMAS, 2001; ATHAYDE e
LAMAS, 1999; LACA-BUENDIA, 1989).
Diversas doses de CM e Cloreto de Chlormequat foram comparadas por
Laca-Buendia (1989), em aplicação única e parcelada e foi constatado que o uso de 100 g i.a.
11
ha
-1
de CM e doses de 25 + 25 g i.a. ha
-1
de Cloreto de Chlormequat reduziram a altura de
plantas de algodão em 31,3 e 28,8%, comparados com a testemunha, respectivamente.
Quando aplicadas parceladamente, utilizando três doses (1,0; 2,0 e 3,0 L ha
-
1
), em duas cultivares de algodão (IAC-23 e Delta Opal), e três densidades de plantas (6, 9 e
12 plantas por metro linear) em espaçamento entre linhas de 45 cm, Carvalho et al. (2005)
concluíram que doses elevadas de regulador de crescimento CM promovem redução mais
acentuada na altura de plantas.
Visando estudar os efeitos de densidade de plantas, doses de nitrogênio em
cobertura e modos de aplicação de regulador vegetal em uma única aplicação no início de
florescimento do algodoeiro e parcelada em quatro vezes, com aplicações iniciadas aos 30
dias da emergência, Furlani Júnior et al. (2003) encontraram que a aplicação parcelada de
regulador vegetal é mais eficiente na redução do crescimento que a aplicação única.
Yamaoka (1982), empregando três formas de aplicação de CM, aos 40 DAE,
60 DAE, 40 e 60 DAE (½+ ½) e dose de 50 g ha
-1
, observou que a aplicação do regulador de
crescimento, independente do modo, reduziu a altura das plantas do algodoeiro, sendo que a
aplicação total aos 40 DAE foi prejudicial à produção de algodão em caroço. Por outro lado,
com o parcelamento, a aplicação resultou em ganho de produtividade.
Com objetivo de comparar os efeitos de dois reguladores de crescimento,
CM e Cloreto de Chlormequat, com aplicações isoladas e combinadas iniciadas aos 45 dias
após emergência, Lamas (2001) observou que o parcelamento proporciona maior redução da
altura de plantas e maior peso de capulhos, não havendo efeito da combinação de produtos na
redução do porte.
Segundo Cia et al. (1984), a dose única de 50 g ha
-1
de CM não diferiu da
testemunha, ao contrário do que ocorreu com a aplicação parcelada, em cultivares com grande
desenvolvimento vegetativo, o que sugere que o método do parcelamento seja mais eficiente.
Furlani Júnior et al. (2003) relatam que a aplicação parcelada de CM é mais eficiente que a
aplicação única, em termos de limitação do crescimento do algodoeiro, pois propicia maior
massa média de capulhos.
Pereira, Beltrão e Oliveira (2002) estudando o efeito de doses de CM (50 e
75 g i.a. ha
-1
) e do parcelamento, iniciado aos 10 DAE; 10 e 20 DAE; 10, 20 e 30 DAE; 10,
20, 30 e 40 DAE sobre as características agronômicas da cultivar de algodoeiro CNPA 97-
2865 em condições irrigadas, concluíram que as doses e o fracionamento precoce do
regulador de crescimento não promoveram mudanças substanciais na altura da planta, peso de
capulhos e rendimento.
12
Ao estudar o efeito de diferentes doses de CM (0, 60 e 120 g ha
-1
) e épocas
de aplicação (50, 65 e 80 DAE), brega et al. (1999) verificaram que não houve a
interferência das doses na altura de plantas e rendimento de algodão em caroço. No entanto,
constataram que a aplicação aos 50 DAE proporcionou maior redução do comprimento dos
meritalos e que a altura das plantas do algodoeiro foi menor com aplicações aos 50 e 65 DAE
quando comparada com a aplicação efetuada aos 80 DAE.
Diversos trabalhos apresentam resultados sobre o efeito da aplicação de CM
na arquitetura da planta de algodoeiro, modificando a sua plasticidade e segundo Mondino e
Peterlin (2002), o regulador de crescimento além de evitar o crescimento vegetativo
excessivo, diminui o número de nós e distância entre estes nós e melhoram a distribuição da
massa seca em órgãos reprodutivos de algodoeiro.
Redução no número de nós na haste principal da planta do algodoeiro,
diretamente proporcional à dose aplicada, é obtida com o uso de CM, não resultando
necessariamente em uma produtividade menor, pois a redução nos nós ocorre em porção
pouco produtiva da planta, onde freqüentemente não tempo suficiente para o
amadurecimento dos frutos (HOLDEN et al., 2004).
Athayde e Lamas (1999) avaliando o efeito de CM aplicadas de forma
parcelada, concluíram que além da redução da estatura de plantas o regulador de crescimento
proporcionou uma redução no comprimento dos ramos e um melhor equilíbrio entre as partes
reprodutivas e vegetativas.
A aplicação parcelada do regulador de crescimento propiciou a obtenção de
plantas de algodoeiro com o diâmetro médio do caule inferior aos obtidos quando se aplica o
regulador em dose única (ZANQUETA, et al. 2004).
Com o objetivo de avaliar diferentes doses de regulador aplicadas
parceladamente em algodoeiro, Lamas, Athayde e Banzatto (2000) obtiveram, com o aumento
da dose do regulador de crescimento, redução na massa seca da folha, do caule e do total da
parte vegetativa, do número de nós na haste principal, de ramos e de comprimento de ramos.
O efeito de CM na dose de 49 g i.a. ha
-1
no desenvolvimento do algodoeiro,
sob tratamentos variáveis de irrigação e adubação, resultou não somente na redução da altura
das plantas, mas no mero de nós no ramo principal e no número de ramos secundários
(REDDY; TRENT e ACOCK, 1992). Entretanto, avaliando diversas doses de CM e
Chlormequat, Laca-Buendia (1989) não obteve diferenças significativas para a altura da
inserção e no número de ramos produtivos. Zanon (2002) utilizando regulador de crescimento
CM nas doses de 450 a 650 mL ha
-1
do produto comercial verificou redução do comprimento
13
dos ramos frutíferos sem interferir no número de ramos vegetativos basais e na altura da
inserção do primeiro ramo frutífero.
As plantas tratadas com CM tiveram o comprimento dos ramos do quinto,
sétimo, nono e décimo primeiro reduzido, evidenciando que o efeito do regulador é maior
nas partes da planta que apresentam ativo crescimento, sendo vantajoso, pois com o
encurtamento dos ramos tem-se maior retenção nas primeiras posições dos ramos
(ATHAYDE e LAMAS, 1999).
Rosolem (2001) baseado em resultados de experimento conduzido nos anos
agrícolas 1999/2000, utilizando a cultivar ITA 90, em espaçamento entre linhas de 0,90 m e
população de 88.000 plantas por hectare, obteve 67% da produção e do valor da produção
localizados em frutos da posição um dos ramos frutíferos, 28% na posição dois e apenas 5%
na posição três ou superior. Cook e Kennedy (2000) constataram que o uso de CM aumentou
a retenção e a produção nos nós da posição dois e em ramos das posições inferiores.
Experimentos em campo em diversos municípios paulistas foram conduzidos
por Cruz et al. (1982), que observaram que o emprego de regulador de crescimento reduziu o
crescimento dos ramos laterais, melhorando as condições para a formação dos capulhos, com
tendência de aumentar a produção de algodão em caroço.
Comparando dois reguladores de crescimento (CM e PGR-IV) aplicados
isoladamente e em combinação, em uma única aplicação e aplicação seqüencial, Biles e
Cothren (2001) observaram que a aplicação desses produtos influenciou positivamente o
florescimento e que a percentagem de sobrevivência de flores não é diferente entre os tratados
e não tratados, sendo em função da maior retenção de estruturas reprodutivas antes do
florescimento e não pela sobrevivência de frutos após floração.
Em função da alteração no balanço entre ramos vegetativos e produtivos, o
uso do regulador de crescimento favorece o segundo, produzindo plantas mais compactas, o
que permite o uso de maiores populações (REDDY; BAKER e HODGES, 1990).
Uma das características principais de redução do custo de produção de
algodoeiro, em cultivo utilizando espaçamento ultra-adensado é a colheita com colhedora
“stripper” que, apresenta custo de aquisição mais baixo que as convencionais (LANDIVAR;
DONATO, 2000).
Quando cultivados em espaçamentos estreitos e com altas densidades de
plantas, a lavoura de algodão necessita teoricamente de poucas maçãs por planta e produção
em curto período de tempo (BUXTON; PETERSON e BRIGGS, 1979; BADER et al., 1999),
reduzindo custos e aumentado a produção e torna-se uma alternativa viável para os
14
cotonicultores (RENCK; HUDSON e MARTIN, 2000). Segundo Allen et al. (1998) solos
considerados marginais (degradados) para a cultura do algodoeiro, podem ser melhores
aproveitados adotando-se o espaçamento entre linhas ultra-estreito.
Segundo Nichols, Snipes e Jones (2003) o cultivo do algodoeiro em sistema
ultra-adensado requer semeadura em espaçamento entre linhas inferior a 0,38 m com uma
população variando de 173.000 a 297.000 plantas por hectare.
Em lavouras de algodoeiro implantadas no sistema ultra-estreito (0,38 m) e
convencional, Landivar e Donato (2000) afirmam que o fechamento ocorre 40 dias após a
emergência no sistema ultra-estreito e em 70 dias no convencional, favorecendo o controle de
plantas daninhas, reduzindo a evaporação de água do solo. Mesmo que a maior interceptação
da radiação solar aumente a transpiração, a mudança na proporção de evaporação do solo e da
transpiração através das plantas aumenta a eficiência no uso da água, fato confirmado por
Prince, Livingston e Landivar (1999).
Cawley et al. (1999) relataram que o espaçamento reduzido resultou em
plantas de algodão mais compactas e com menor número de capulhos por planta; no entanto,
o aumento da densidade de plantas na mesma área garantiu que as produções fossem iguais ou
superiores às obtidas com espaçamentos maiores.
Na viabilização da semeadura de algodão em espaçamento ultra-adensado, é
necessária a criação de cultivares de menor porte ou a aplicação de tecnologia adequada,
interagindo a população de plantas com regulador de crescimento, adubação e eficiente
aplicação de defensivos (YAMAOKA et al. 2001).
Relatos indicam que pouco é conhecido a respeito de cultivares indicadas
para produção em espaçamento ultra-estreito (WRIGHT et al., 2005). Para Perkins (1998), as
cultivares mais recomendadas para cultivo em sistema ultra-adensado, são aquelas que
apresentam um porte reduzido e colunar, com tendência de limitar-se a um fruto por ramo
frutífero, localizados na posição 1. Plantas com conformação colunar, semi-cluster são
indicados por Prince, Livingston e Landivar (1999).
Experimentos conduzidos de 1998 a 2000 em Stoneville, MS (EUA), para
avaliar o efeito do espaçamento entre linhas e aplicações de CM em quatro sistemas (quatro
aplicações de 0,29 L ha
-1
, duas de 0,58, quatro de 0,58 e quatro de 0,88 L ha
-1
), cultivados em
0,19; 0,36 e 0,76 m entre linhas em 1998, 0,25; 0,38 e 0,76 m em 1999 e 2000, Nichols,
Snipes e Jones (2003) concluíram que com uso de CM, a produção teve incremento em dois
anos. Em geral, a redução do espaçamento entre linhas e o uso de regulador de crescimento
não afetou a qualidade das fibras; porém, em muitos casos houve uma redução do
15
“micronaire” em espaçamentos mais estreitos, mas dentro de valores aceitáveis. Os autores
consideram o uso de CM como uma ferramenta desejável para gerenciamento do controle do
crescimento das plantas, especialmente em campos com histórico excessivo de crescimento
vegetativo do algodoeiro.
Em condições de campo em Multan, Paquistão, Iqbal et al. (2004) avaliaram
o efeito do espaçamento entre linhas (0,25; 0,50 e 0.75 m) e quatro sistemas de aplicação de
CM (4 x 123, 2 x 246, 4 x 246 e 4 x 370 mL ha
-1
) e testemunha sem aplicação do regulador de
crescimento, obtendo altura de plantas maior em parcelas onde o foi aplicado o produto. A
produção de algodão foi maior em espaçamentos mais estreitos (0,25 e 0,50 m), quando
comparados com 0,75 m. Esses autores concluem que embora a aplicação de CM não cause
um aumento de produção, a sua utilização é desejável em cultivo de algodoeiro em
espaçamentos ultra-estreitos, principalmente em locais com histórico de crescimento
excessivo de plantas e que a quantidade total de CM aplicado foi mais efetiva no manejo da
altura de plantas de algodão comparado com número de aplicações.
Silva et al. (2006) avaliaram o efeito do crescimento e desenvolvimento da
cultivar IAC 23 em espaçamento ultra-estreito, estreito e convencional (0,38: 0,76 e 0,95 m) e
quatro densidades de plantas por metro linear (5, 8, 11 e 14), em Piracicaba (SP), e
constataram interação significativa entre espaçamento e densidade para altura média das
plantas, número de ramos frutíferos e de internódios, e que diferentes configurações de
semeadura alteraram o crescimento e o desenvolvimento do algodoeiro.
Yamaoka et al. (2001) em Londrina, no estado do Paraná, com apenas uma
aplicação de CM com densidade de 5, 7,5 e 10 plantas por metro linear e espaçamento entre
linhas de 0,30; 0,60 e 0,90 m encontraram menor porte de plantas com em espaçamento de
0,30 m.
O comportamento de três cultivares de algodão com características
morfológicas de ramificação distintas (IAC 24, Coodetec 405 e Deltapine 4049), em dois
espaçamentos entre linhas (0,45 e 0,90 m) e com uso e não do regulador de crescimento (CM)
foram avaliadas por Bolonhezi e Gomes (2003). Segundo os autores, independentemente do
uso do regulador de crescimento, a produtividade das três cultivares de algodão não foi
afetada em espaçamento de 0,45 m; o CM reduziu a altura de plantas.
Com a utilização de cinco espaçamentos entre fileiras de plantas, duas
cultivares de algodão e populações variando de 100.000 a 500.000 plantas por hectare,
cultivado em condições de campo no Nordeste brasileiro, Cardoso et al. (2004) concluíram
16
que o aumento da população reduziu linearmente a produção, a altura de plantas e o número
de capulhos por planta.
Nos anos agrícolas de 2004 e 2005, em cinco locais em Carolina do Norte
(EUA), utilizando três modos de aplicação de CM: a) 12 g i.a. ha
-1
aplicados em três vezes,
espaçados de duas semanas, iniciando no estádio de primeiro botão floral; b) 24 g i.a. ha
-1
aplicados duas semanas antes e no estádio de uma flor branca por metro linear e c) 24 g i.a.
ha
-1
aplicados no estádio de uma flor branca por metro linear e repetido duas semanas depois
de cultivadas em espaçamento entre linhas de 0.38 e 0,97 m, Wilson Jr., York e Edmisten
(2007) obtiveram redução de 11% na altura de plantas, maior retenção de frutos na posição 1
dos ramos frutíferos, e um número maior de maçãs por m
2
em espaçamento de 0,38 m
comparados a 0,97 m. Independente do método de aplicação de regulador de crescimento
houve uma redução na altura de plantas. A produção de pluma foi incrementada em 5% com
espaçamento de 0,38 m, não apresentando efeito sobre outros fatores, tais como percentagem
de fibras e “micronaire”. O modo de utilização do CM não surtiu efeito na produção e nem
em outros fatores analisados.
A mínima diferença no crescimento e produção existente entre espaçamento
entre linhas ultra-adensadas (0,19 e 0,38 m) e espaçamento convencional (0,76 e 1,01 m) não
é um argumento conclusivo para sugerir um ou outro espaçamento exclusivamente, mas a
vantagem em cultivo, em condições de solo com histórico de crescimento vegetativo
excessivo (JOST e COTHREN, 2001).
Com o objetivo de aumentar o rendimento, mediante o manejo de diferentes
densidades para estabelecer o melhor balanço entre a produção de biomassa e o índice de
colheita, Mondino, Peterlin e Garay (2001) verificaram que, para que o aumento da biomassa
se expresse em rendimento, deve-se melhorar a partição, com fotoassimilados dirigidos a
destinos de maior demanda (produção frutífera). Eles concluem que a otimização do
rendimento é estabelecida pelo melhor balanço entre a produção de biomassa e o índice de
colheita.
O estreitamento de linhas de semeadura para o manejo da população de
plantas é uma técnica que pode resultar em incrementos na produção e redução de custo de
produção, havendo, no entanto necessidade de desenvolvimento de tecnologias de aplicação
que permitam a redução do porte das plantas o mais cedo possível.
Os resultados da aplicação do CM são influenciados diretamente pelas
condições ambientais, e segundo Mateus, Lima e Rosolem (2004), no Brasil, a cotonicultura
localiza-se em regiões onde o índice pluviométrico é de aproximadamente 2.000 mm anuais, e
17
a aplicação de regulador de crescimento nas condições com esse índice faz com que o produto
aplicado seja lavado antes da absorção pelas plantas. Uma precipitação pluvial de 10 mm foi
suficiente para lavar o produto da folha, havendo a necessidade de reaplicação do produto
regulador de crescimento com a ocorrência da chuva até 16 h.
Zhao e Oosterhuis (2000) em trabalhos realizados em 1998 e 1999, com
chuva simulada, concluíram que precipitação dentro de 8 h após aplicação de CM reduz
significativamente a eficácia do produto no controle de crescimento vegetativo, pois a planta
de algodão necessita de 12 h para absorver eficazmente o produto aplicado via foliar.
Utilizando três doses de CM (0, 15 e 30 g i.a. ha
-1
) e quatro lâminas de
chuva simulada (5, 10, 20 e 40 mm) e mais um tratamento sem chuva, Souza e Rosolem
(2007) afirmaram que quanto maior a precipitação pluvial ocorrida após aplicação do
regulador, maior será o comprometimento da ação do produto, interferindo no crescimento
das plantas. Precipitações pluviais baixas como 5,0 mm ocorridas 90 minutos após aplicação
do produto causaram prejuízo na ação do regulador.
Portanto, o uso da embebição de sementes de algodão com CM torna-se uma
tecnologia para obtenção de plantas com menor estatura, e esta redução no porte ocorre desde
a emergência (NAGASHIMA et al., 2005), sem riscos de perdas do produto por lavagem após
ocorrência de chuvas e perdas por deriva em pulverizações foliares.
O potencial dos reguladores de crescimento CM e Cloreto de Chlormequat,
em tratamento de sementes foi avaliado em Fayetteville, AR, (EUA) para reduzir o efeito
negativo de Fluometuron, herbicida residual, em 1986 e 1987 (CORBIN e FRANS, 1991). Os
autores embeberam por 3 h, 1 kg de semente em 2,0 L de água, utilizando uma concentração
de 1.000 ppm, com temperatura variando de 20 e 25°C, e constataram que a altura das plantas
de algodão foi reduzida por até três semanas após semeadura, com recuperação do
crescimento até 9 semanas após plantio.
Xu e Taylor (1992) em Texas (EUA), em experimentos conduzidos em casa
de vegetação utilizando plântulas de algodão regadas com soluções de CM e embebição de
sementes em soluções de diversas concentrações de regulador de crescimento por 12 h a
20°C, concluíram que real possibilidade para o uso deste redutor de crescimento para
modificar os padrões de enraizamento e para aumentar a resistência das plântulas ao estresse
hídrico. A embebição de sementes em solução contendo 500 mg kg
-1
de CM foi efetiva para
modificar o desenvolvimento de raízes e aumentar a sobrevivência de plântulas sob condições
de estresse hídrico.
18
Os efeitos de CM na iniciação e desenvolvimento de raízes laterais de
plântulas de algodão foram estudados na China por Duan et al. (2004), utilizando sementes de
algodão embebidas em solução contendo regulador de crescimento, na concentração de 400
mg L
-1
por 12 h com duas cultivares de algodão herbáceo, com as plântulas cultivadas em
placas de vidro. O CM aumentou o número de raízes laterais, aumentando a concentração de
auxina, zeatina e zeatina ribosídeo, razão fundamental para a indução de raízes laterais.
Nagashima et al. (2005) em Londrina, estado do Paraná estudaram, em
condições de casa de vegetação, o efeito do tratamento de sementes de algodão, via
embebição, com diferentes concentrações do regulador sintético de crescimento CM e três
tempos de embebição, visando o controle do crescimento da planta a partir da emergência.
Esses autores verificaram que as sementes tratadas independentemente das doses e tempos de
embebição resultaram em plantas com alturas reduzidas desde a emergência até o início do
florescimento, evidenciando a possibilidade de que, em condições de campo, os tratamentos
sejam aplicados satisfatoriamente no adensamento da cultura.
Estudos realizados na Austrália com o objetivo de avaliar em condições de
campo o efeito do tratamento de sementes com CM, aplicado via embebição por 2,5 horas e
aspersão direta do produto nas sementes, Yeates, Constable e McCumstie (2005) concluíram
que o tratamento de sementes de algodão com regulador de crescimento é útil para a redução
precoce do porte das plantas, obtendo redução e a duração diretamente relacionada à
concentração utilizada. Segundo os autores, o método da embebição causou o dobro da
redução da altura das plantas de algodão quando comparado com o método de aspersão direta
na semente. O rendimento de algodão em pluma foi afetado com o uso de doses maiores (4 g
kg
-1
de sementes), havendo atraso no desenvolvimento da cultura.
Com o objetivo de avaliar o efeito do tratamento de sementes com CM,
embebidas durante uma noite, em soluções contendo 0, 500, 1.000, 1.500 e
2.000 mL L
-1
(sic) após trinta dias da semeadura, mantidas sob estresse hídrico por 9 dias,
Iqbal et al. (2005) em Paquistão concluíram que todas as concentrações utilizadas mantiveram
o crescimento radicular elevado, e menor massa fresca e seca das raízes. A embebição de
sementes com CM foi efetiva para modificar o crescimento radicular e sua massa, e para
aumentar a resistência da plântula ao estresse hídrico, auxiliando na sobrevivência de
plântulas nestas condições.
Nagashima et al. (2007) em Londrina, Paraná, utilizaram sementes de
algodoeiro da cultivar IPR 120 embebidas por 12 horas em soluções contendo CM, utilizando
água deionizada, com temperatura de 24°C±0,5°C nas concentrações de 0; 0,5; 2,5; 5,0 e
19
7,5% (v/v) do produto comercial (50 g i.a. L
-1
). Avaliaram o efeito do tratamento em sementes
com CM no crescimento, desenvolvimento, e produção do algodoeiro em condições de
campo. Os autores concluíram que nas concentrações utilizadas houve redução do porte das
plantas até 31 DAE, sendo a redução relativa à dose utilizada. Ainda, segundo os autores, o
tratamento de sementes reduziu a altura da inserção do cotiledonar, mas não influiu na
altura da inserção do primeiro ramo frutífero, no número total de ramos e no número total de
ramos. Não houve efeito sobre a produção de algodão em caroço.
Com o objetivo de avaliar o efeito do CM na germinação das sementes, no
crescimento das plantas de algodoeiro e o efeito deste produto em interação com fungicida,
em diversas doses e diferentes métodos de aplicação, Lamas (2006) concluiu que o CM
aplicado via sementes, reduziu a altura das plantas, da emergência até o início de
florescimento, e a mistura de regulador de crescimento, fungicida e a interação entre estes
fatores interferiram negativamente na altura, na percentagem de germinação e na massa seca
de plantas de algodoeiro.
20
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27
4. ARTIGO A: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ALGODOEIRO
ORIGINADO DE SEMENTES EMBEBIDAS COM CLORETO DE MEPIQUAT SOB
ESTRESSE HÍDRICO
4.1 Resumo
Sementes de algodoeiro tratadas com Cloreto de mepiquat (CM) podem ser usadas com
sucesso para o controle do crescimento da planta desde a sua emergência. Esses efeitos podem
mudar as respostas das plantas beneficiando ou prejudicando o estabelecimento da cultura,
especialmente sob condições de estresse. Assim, o presente experimento foi conduzido com o
objetivo de avaliar o efeito do estresse hídrico no comportamento de plantas de algodão
originadas de sementes embebidas em solução com regulador de crescimento à base de CM.
Foram utilizadas concentrações de 5,0 e 20,0 g i.a kg
-1
de sementes embebidas durante 13 h e
sementes sem tratamento submetidas a estresse hídrico a partir da emergência; embebição em
15 g i.a kg
-1
de sementes e sementes embebidas em água destilada por 10 horas e sujeitas ao
estresse hídrico após 30 dias da emergência. Foram avaliados a altura de plantas de
algodoeiro, a área foliar, o potencial de água, a taxa de fotossíntese liquida e transpiração. O
delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, sendo os dados obtidos submetidos
à análise de variância e regressão. Plantas provenientes de sementes tratadas com o regulador
CM apresentaram menor crescimento em todos os períodos, e, com menor área foliar,
economicamente transpiraram menos,
o que resultou em economia na utilização da água,
prolongando a sobrevivência das plantas. O tratamento de sementes de algodão com CM,
além de resultar plantas de menor crescimento, mostrou-se promissor para minimizar os
efeitos ambientais proporcionado por estiagens durante o estabelecimento e desenvolvimento
vegetativo da cultura.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum r. latifolium, regulador de crescimento, potencial de
água, transpiração, fotossíntese.
28
COTTON GROWTH AND DEVELOPMENT ORIGINATED FROM SOAK SEEDS
WITH MEPIQUAT CHLORIDE UNDER WATER STRESS
4.1 Abstract
Cotton plant seeds treated with Mepiquat Chloride (MC) can be used successfully for plant
growth control since their emergency. Plant response can be changed benefiting or damaging
plants establishment, especially under stress conditions. Thus, this experiment was driven out
with the objective of evaluating the effect of water stress on cotton plants originated from
seeds soaked in solution with MC solution. Concentrations of 5,0 and 20,0 g a.i. kg
-1
of seeds
were used, soaked during 13 hours and seeds without treatment submitted to water stress
starting from the emergency; soak in 15 g a.i. kg
-1
of seeds and seeds soaked in water distilled
by 10 hours and submmited to the water stress 30 days from emergency. They were appraised
the Cotton plant height, leaf area, water potential, net photosynthesis and transpiration were
evaluated. The experimental design was the completely randomized and the obtained data
were submitted to variance analysis and regression. Plants from seeds treated with the MC
presented smaller growth in all of the periods, and, smaller leaf area, lower transpiration, what
resulted in water use economy, prolonging plants survival. Treatment of cotton seeds with
MC, besides resulting plants of lower growth, was promising to minimize environmental
effects provided by droughts during cotton crop establishment and vegetative development.
Key-Words: Gossypium hirsutum r. latifolium, growth regulator, water potential,
transpiration, photosynthesis.
29
4.2 Introdução
Por ter um crescimento indeterminado, a altura das plantas de algodoeiro é
influenciada pelas condições de fertilidade e de umidade do solo. Para evitar um porte
excessivo e induzir a planta a entrar na fase reprodutiva, recomenda-se que produtos
reguladores de crescimento sejam aplicados parceladamente, em intervalos que podem variar
ao redor de três semanas.
O uso de regulador de crescimento na cultura do algodoeiro, especificamente
o Cloreto de Mepiquat (CM) influencia o crescimento, a fotossíntese e a respiração
(HODGES et al., 1991). O CM altera a partição de assimilados estimulando e inibindo
determinadas partes da planta, oferecendo maior eficiência e maior tolerância ao estresse
hídrico (COTHREN e OOSTERHUIS, 1993).
Fernández et al. (1992), estudando a economia
de carbono e de água com o uso do regulador de crescimento, concluíram que as plantas de
algodoeiro tratadas com CM conservaram mais água devido à redução da área foliar.
Entretanto, em termos práticos, na ocorrência de uma estiagem o crescimento da planta é
normalmente reduzido, tornando desnecessária a aplicação do produto, até que o crescimento
seja retomado.
A técnica de aplicação de regulador de crescimento via sementes no
algodoeiro tem sido pesquisada, utilizando a embebição de sementes em soluções contendo o
CM, como alternativa à aplicação via foliar feita usualmente. A vantagem desta metodologia é
a segurança de que a planta terá seu crescimento diminuído desde a emergência independente
de condições adversas para a pulverização, tais como o prolongado período de chuvas, que
pode também lavar o produto recentemente aplicado (MATEUS et al., 2004). Nagashima et
al. (2005) utilizaram sementes da cultivar IPR 120, submetidas a diferentes concentrações do
produto comercial em três tempos de embebição e obtiveram plantas com baixa estatura desde
a sua emergência, evidenciando a possibilidade de que, em condições de campo, os
tratamentos sejam aplicados satisfatoriamente no adensamento da cultura.
Iqbal et al. (2005) embeberam por uma noite sementes de algodão em
solução com diversas concentrações de CM e, trinta dias após a semeadura, submeteram a
planta originada dessa semente a estresse hídrico por nove dias, quando então foram irrigadas
novamente. Constataram que o uso do regulador aumentou o comprimento e a massa fresca e
seca de raízes, e foi efetivo para a sobrevivência de plântulas sob estresse hídrico.
Estudando o efeito do CM na germinação e no crescimento das plantas
quando as sementes de algodão foram tratadas com fungicidas, Lamas (2006) observou que o
30
regulador reduziu o crescimento de plantas de algodoeiro da emergência até o início do
florescimento. Ressaltou também que esta metodologia pode ser usada especialmente em
regiões onde, após a emergência, a probabilidade de ocorrência de estiagem é pequena.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do estresse hídrico imposto logo
após a emergência das plântulas e também a partir dos 30 dias após a emergência, no
comportamento do algodoeiro IPR 120 proveniente de sementes tratadas e não tratadas com o
regulador de crescimento à base de CM via embebição.
4.3 Material e Métodos
4.3.1 Estresse hídrico após emergência das plântulas
O experimento foi realizado em condições de casa de vegetação, no Instituto
Agronômico do Paraná (Iapar) em Londrina, Paraná, Sul do Brasil (23
o
29’41,4”S e
51
o
12’5,5’’W). O ensaio foi conduzido com 6 tratamentos, constituídos de 3 níveis de
tratamento de sementes e dois tratamentos de estresse hídrico (com e sem), com seis
repetições. Sementes do cultivar IPR 120 deslintadas quimicamente foram submetidas aos
seguintes tratamentos: a) embebição durante 13 h em solução com CM na concentração de 5,0
g i.a. kg
-1
de sementes; b) embebição na concentração de 20,0 g i.a. kg
-1
de sementes e c)
controle absoluto (semeadas diretamente no substrato). A embebição foi efetuada no dia 22 de
novembro 2006, com temperatura da água destilada de 20 ±0,5
o
C, e gastos 550 mL da
solução; logo após, as sementes foram secas em condições de sombra em local arejado.
Recipientes de PVC com 0,15 m de diâmetro e 0,60 m de comprimento,
foram preenchidos com substrato formado por terra agricultável (latossolo vermelho
distroférrico) misturada com 1/3 do volume de areia e 1/3 de esterco de gado. Em cada
recipiente três sementes foram semeadas na profundidade de 0,02 m. A semeadura ocorreu no
dia 27 de novembro de 2006 e a emergência quatro dias após. Logo no início da emergência
procedeu-se ao desbaste para permanência de uma plântula. Os recipientes foram diariamente
regados até o dia seguinte da emergência, quando a irrigação foi suspensa. Os vasos tiveram a
parte superior coberta com saco de polipropileno para evitar a evaporação da umidade, de
modo que a água perdida fosse somente devido à transpiração das plantas.
Aos 22 e 29 dias após emergência foram avaliadas a altura e a área foliar
(NAGASHIMA et al., 2005) das plantas de todos os tratamentos. Nestas mesmas datas, foram
avaliados o potencial da água da folha, por meio de psicrômetros de termopar conectados a
31
um sistema de aquisição de dados; a taxa de fotossíntese líquida, por meio de um sistema
portátil LI-COR, modelo LI-6200; e a transpiração, utilizando um porômetro LI-1600. Estas
análises foram efetuadas somente nas plantas do tratamento controle absoluto e naquelas
originadas de sementes embebidas com 5,0 g i.a. kg
-1
de sementes de CM.
4.3.2 Estresse hídrico aos 30 dias da emergência das plântulas
Foram utilizadas também sementes de algodão da cultivar IPR 120,
deslintadas quimicamente com ácido sulfúrico (H
2
SO
4
). As sementes ficaram imersas durante
10 h em solução com CM na concentração de 15 g i.a. kg
-1
de semente, com gasto de 550 mL
da para 1 kg de sementes; como controle, sementes ficaram, pelo mesmo tempo, imersas em
água destilada. A embebição foi efetuada no dia 29 de dezembro de 2006, com temperatura da
água de 27 ± 0,5
o
C. Após a embebição, as sementes foram secas em condições de sombra em
local arejado.
Recipientes com três diferentes volumes foram preenchidos com solo
latossolo vermelho distroférrico misturada com 1/3 do volume de areia e 1/3 de esterco
bovino. Em cada recipiente, a semeadura foi realizada na profundidade de 0,02 m, no dia 5 de
janeiro de 2007 e a emergência ocorreu 5 dias após, procedendo-se ao desbaste para
permanência da uma plântula por vaso.
Na avaliação da altura das plantas de algodoeiro, medida do nível do solo ao
ápice, e da massa da matéria seca de folhas, caules e raízes foram utilizados vasos de plástico
com capacidade de 200 mL para avaliação aos 5 dias após emergência (DAE), com 12
repetições. Para as determinações efetuadas aos 10 e 20 DAE, os vasos utilizados foram de
4 L, com 10 repetições. Para as análises aos 30 DAE foram utilizados tubos de PVC com 0,15
m de diâmetro e 0,60 m de comprimento, com 10 repetições.
Para obtenção da massa da matéria seca as partes foram embaladas em sacos
de papel e secadas em estufa com circulação forçada de ar, em temperatura de 60
o
C, até a
obtenção da massa constante. A área foliar foi obtida pelo método não destrutivo, mediante
comprimento e largura das folhas (NAGASHIMA et al., 2005).
Em vinte tubos de PVC, com as mesmas dimensões e repetições
anteriormente descritas, as plantas foram irrigadas até 30 DAE, sendo então suspenso o
fornecimento de água em metade dos vasos. Os tubos de PVC tiveram a parte superior coberta
com um saco de polipropileno para evitar a evaporação, de modo que a água perdida fosse
somente devida à transpiração das plantas, medida diretamente ao se pesar os vasos
32
diariamente. Foram avaliados o potencial da água da folha, por meio de psicrômetros de
termopar conectados a um sistema de aquisição de dados, Campbell Modelo CR-7 e a
resistência estomática, utilizando porômetro LI-1600. Após as avaliações efetuadas, os vasos
voltaram a ser regados diariamente.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. Os
dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as dias comparadas pelo teste de
Tukey em nível de 5% de probabilidade. No caso de fatores quantitativos usou-se a regressão.
4.4 Resultados e Discussão
4.4.1 Estresse hídrico após emergência das plântulas
Em todos os tratamentos com regulador de crescimento e em todas as
avaliações efetuadas, a altura da planta do algodoeiro foi reduzida, sendo maior a redução
quanto maior a dose utilizada. Sem e com estresse hídrico, as plantas de algodoeiro reduziram
o porte seguindo um ajustamento quadrático em relação às doses estudadas, com menor
crescimento de plantas de algodão submetidas ao estresse hídrico, sendo maior a diferença
com o passar do tempo da emergência (Figura 4.1). Esses resultados corroboram com os
obtidos por Nagashima et al. (2005), Iqbal et al. (2005) e Lamas (2006) que obtiveram plantas
de algodoeiro menores quando utilizaram doses maiores de CM.
Com estresse........ :y = 0,1233x
2
- 3,4667x + 31
R
2
= 1
Sem estresse: _____ y = 0,1083x
2
- 3,175x + 36,417
R
2
= 1
0
10
20
30
40
50
0 5 10 15 20
Altura de plantas (cm)
Doses de CM (g i.a. kg
-1
sementes)
22 DAE
Com estresse .........: y = 0,1204x
2
- 3,5055x + 36,683
R
2
= 1
Sem estresse: ____y = 0,1114x
2
- 3,4069x + 47,667
R
2
= 1
0
10
20
30
40
50
0 5 10 15 20
Altura de plantas (cm)
Doses
de
CM (g i.a. kg
-1
sementes)
29 DAE
Figura 4.1. Altura de plantas de algodão conduzidas com e sem estresse hídrico aos 22 e 29
dias após emergência, em função de diferentes doses de CM. Londrina, 2007.
33
Nas avaliações das áreas foliares efetuadas aos 22 e 29 DAE, os tratamentos
com embebição de sementes foram significativamente diferentes do tratamento controle
(Figura 4.2). Em todos os tratamentos submetidos a estresse hídrico houve redução da área
foliar. O ajuste da redução da área foliar em função da dose obedeceu a ajustamentos
quadráticos. Estes dados corroboram com os verificados por McCart e Hedin (1994) e
Nagashima et al. (2005), redução esta que atua positivamente na economia de água do solo
em condições de estresse hídrico.
Sem estresse .......: y = 1,733x
2
- 46,76x + 350,6
= 1
Com estresse ____: y = 1,078x
2
- 29,35x + 210,5
= 1
0
150
300
450
0 5 10 15 20
Área foliar (cm²)
Dose de CM (g i.a kg
-1
semente)
22 DAE
Sem estresse.......: y = 3,941x
2
- 104,0x + 773,6
= 1
Com estresse____: y = 1,191x
2
- 35,05x + 345,3
= 1
0
250
500
750
1000
0 5 10 15 20
Área foliar (cm²)
Dose de CM (g i.a. kg
-1
semente)
29 DAE
Figura 4.2. Área foliar do algodoeiro com e sem estresse hídrico aos 22 e 29 dias após
emergência, em função de doses de CM das soluções de embebição das sementes. Londrina,
2007.
Nas fases iniciais do crescimento de plantas de algodoeiro, as taxas de
transpiração por unidade de área e tempo (em µg de água cm
-2
s
-1
) foram semelhantes nos 3
tratamentos, apresentando diferenças após 27 dias após a suspensão das regas. Os tratamentos
cujas plantas não foram submetidas ao estresse hídrico continuaram transpirando em taxas
superiores a 7 µg de água cm
-2
s
-1
inclusive aumentando com o decorrer do experimento
(Figura 4.3). Entretanto, por terem transpirado quantidades maiores devido às maiores áreas
foliares, as plantas originadas de sementes sem tratamento em solução de CM passaram a
apresentar restrição na absorção de água e a transpirar menores taxas, próximas de 2 µg de
água cm
-2
s
-1
, a partir do trigésimo dia após o corte da rega (Figura 4.3). A partir desse dia,
as taxas de transpiração das plantas originadas de sementes tratadas foram maiores do que
aquelas de sementes sem embebição, e mantiveram-se transpirando por 5 dias a mais.
34
0
2
4
6
8
10
12
14
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
Transpiração (µg cm² s
-1
)
contrôle - sem estresse
semente tratada
contrôle - com estresse
semente tratada
Figura 4.3. Transpiração de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de sementes embebidas
e não embebidas em CM, com e sem estresse hídrico. Londrina, 2007. Barras verticais
correspondem aos erros padrão da média.
As relações hídricas das plantas também podem ser observadas pelas
avaliações do potencial da água nas folhas (Figura 4.4). Verifica-se, ao longo do experimento,
que as plantas irrigadas (tratadas ou não com CM) mantiveram o potencial da água em
aproximadamente –1,0 MPa, conforme também relatado por Fernández et al. (1992).
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43
Potencial da água (MPa)
Dias após o corte de água
Figura 4.4. Potencial da água na folha de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de
sementes embebidas e não embebidas em CM, com e sem estresse hídrico. Londrina, 2007.
Barras verticais correspondem aos erros padrão da média.
35
Já aos 30 dias após o corte do fornecimento de água foi observada redução
no potencial da água das plantas controle (originadas de sementes sem embebição), atingindo
valores próximos a –4,0 MPa aos 40 dias, quando então foram novamente irrigadas. As
plantas originadas de sementes tratadas levaram aproximadamente dez dias a mais para
chegar ao mesmo nível de estresse que as plantas sem embebição. Esses dados concordam
com Marur (1998), que, embora não tenha obtido diferenças significativas no potencial de
água entre plantas tratadas e não tratadas com regulador CM, ressalta que plantas tratadas
tenderam a exibir valores ligeiramente maiores.
A taxa de fotossíntese líquida retrata o metabolismo das plantas ao longo do
período estudado e as plantas dos tratamentos analisados apresentaram comportamentos
similares aos da transpiração. Nas plantas que não sofreram qualquer restrição de água, as
taxas mantiveram-se ao redor de 20 µmoles de CO
2
m
-2
s
-1
(Figura 4.5). A partir do trigésimo
segundo dia sem fornecimento de água as plantas originadas de sementes sem embebição
apresentaram taxas fotossintéticas inferiores, e atingiram os menores valores aos 40 dias. As
plantas originadas de sementes tratadas com CM, sem água, apresentaram taxas
fotossintéticas intermediárias entre aquelas das plantas normalmente irrigadas e das
originadas das sementes sem embebição e sem água. Plantas provenientes de sementes com
embebição de CM e com o fornecimento de água cortado atingiram valores próximos a zero
somente 5 dias depois do que as com sementes não tratadas e com estresse hídrico.
0
5
10
15
20
25
27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47
Fotossíntese quida
(µmol CO
2
m
2
s
-1
)
Dias após o corte de água
contle - sem estresse semente tratada - sem estresse
contle - com estresse semente tratada - com estresse
Figura 4.5. Taxas de fotossíntese líquida, de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de
sementes embebidas e não embebidas em CM, com e sem estresse hídrico. Londrina, 2007.
Barras verticais correspondem aos erros padrão da média.
36
Portanto, quando submetidas a estresse hídrico logo após a emergência, as
plantas provenientes de sementes tratadas com CM transpiraram menos nos primeiros dias
após o corte de água, e tiveram seu metabolismo beneficiado pela manutenção da umidade no
substrato por um período de tempo maior, de cinco dias, do que as plantas originadas de
sementes sem embebição em solução de CM.
4.4.2 Estresse hídrico aos 30 dias da emergência das plântulas
Na emergência, a massa da matéria seca de plântulas das diferentes partes da
mesma não diferiu entre os dois tratamentos, enquanto que somente o comprimento do caule
da plântula foi significativamente menor nas plantas originadas de sementes tratadas com o
regulador de crescimento (Tabela 4.1).
Fernández et al. (1991) informaram que o CM reduziu a expansão de folhas e
pecíolos. Lamas et al. (2000), avaliando o efeito de diferentes doses de CM aplicadas
parceladamente, verificaram também a redução da massa seca foliar, do caule e da parte
vegetativa e Sobrinho et al. (2007) obtiveram menor área foliar com uso de 50 g i.a ha
-1
de
CM, todos mediante aplicação foliar.
Tabela 4.1. Massa da matéria seca da plântula, radícula e epicótilo e comprimentos da
plântula e radícula aos 5 dias após semeadura em plântulas originadas de sementes embebidas
e não embebidas em solução de CM, Londrina, 2007.
Massa da matéria seca (g) Comprimento (cm)
Plântula Radícula Epicótilo Plântula Radícula
Sem C.M. 0,0712 0,0093 0,0619 17,86 12,71
Com C.M.
0,0651 0,0087 0,0564 14,55 10,57
DMS 0,0077 0,0015 0,0075 2,78 2,69
F 2,78
ns
0,72
ns
2,42
ns
6,25* 2,78
ns
C.V. (%) 12,04 17,58 13,41 18,27 24,65
ns
: não significativo; *: significativo ao nível de 5% de probabilidade.
Já a partir do décimo dia após a emergência, as plântulas originadas de
sementes tratadas tiveram massa da matéria seca de suas folhas, caules e áreas foliares
menores do que as plantas controle (Tabela 4.2). Os dados obtidos estão de acordo com
Nagashima et al (2005) que, utilizando embebição de sementes de algodão com CM,
37
constataram redução na área foliar das plantas. As raízes foram significativamente menores
apenas a partir dos 20 dias após a emergência.
Tabela 4.2. Massa da matéria seca de folhas, caule e raiz e áreas foliares estimadas aos 10, 20
e 30 dias após emergência (DAE) em plantas de algodão originadas de sementes embebidas
(com C.M.) e não embebidas (sem C.M.), Londrina, 2007
Massa da matéria seca (g) Área foliar estimada (cm²)
Folha Caule Raiz
10
DAE
20
DAE
30
DAE
10
DAE
20
DAE
30
DAE
10
DAE
20
DAE
30
DAE
10 DAE 20 DAE
30 DAE
Sem 0,20 0,76 4,00 0,11 0,36 2,63 0,08 0,19 0,96 89,46 257,79 1140
Com 0,14 0,41 1,60 0,05 0,14 0,93 0,09 0,15 0,41 42,86 96,46 397
DMS 0,02 0,10 0,41 0,01 0,05 0,32 0,01 0,03 0,12 9,09 26,44 115
F 51,0** 55,7**
144,0**
169,9**
90,1**
124,9**
1,9** 6,5** 207,9**
113,1** 160,3** 183,6**
CV(%) 11,24 20,16 16,09 15,64 23,61 19,08 12,88 21,40 23,06 16,22 17,63 15,06
ns: não significativo e **: significativo ao nível de 5% de probabilidade;
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
As plantas apresentam alturas significativamente diferentes a partir de 5
DAE e em todas as outras avaliações (Tabela 4.3.), confirmando os resultados apresentados
por Lamas (2006), que utilizou o CM juntamente com fungicida em tratamento de sementes,
em experimento conduzido até o estádio F
3
. Aos 90 DAE, menor altura também foi observada
em plantas originadas de sementes embebidas com regulador de crescimento. As plantas que
não tiveram a semente tratada e que foram submetidas ao estresse hídrico retomaram o
crescimento depois de irrigadas e não apresentaram diferença estatística em comparação às
não estressadas. No entanto, plantas originadas de sementes embebidas não recuperaram a
altura, apresentando-se significativamente menores.
Tabela 4.3. Altura média de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de sementes embebidas
(Com C.M.) e não embebidas (Sem C.M.) em CM aos 5; 10; 20; 30 e 90 dias após
emergência, Londrina, 2007.
Altura média de plantas (cm)
90 DAE
5 DAE 10 DAE 20 DAE 30 DAE Sem estresse Com estresse
Sem C.M. 5,15 16,45 32,10 43,40 78,50 a A 76,30 a A
Com C.M. 3,98 6,75 14,95 25,75 65,65 b A 45,75 b B
DMS 0,32 1,19 1,69 4,05 11,88 5,49
F 60,36** 293,52** 455,42** 83,81** 5,16** 136,86**
C.V. (%) 7,38 10,91 7,64 12,47 17,55 9,57
**: significativo ao nível de 1% de probabilidade; DAS: dias após semeadura; DAE: dias após emergência.
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha (90 DAE) não diferem entre si pelo
teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
38
Na avaliação realizada aos 30 DAE, as plantas originadas de sementes sem
embebição se encontravam no estágio V
8
B
2
(MARUR e RUANO, 2001) enquanto que as
de sementes tratadas estavam no estágio V
6
e ainda não haviam iniciado a fase B. Isso
evidencia que com o uso do regulador de crescimento houve um retardamento no
desenvolvimento da planta, indo de acordo com o observado por Iqbal et al. (2005), que
verificaram o retardamento da emissão da primeira folha verdadeira e também com Yeates et
al. (2005). Nagashima et al. (2005) obtiveram menor desenvolvimento das plantas originadas
de sementes embebidas com CM, com redução no número de ramos frutíferos e no número de
botões florais aos 49 DAE em plantas com 7,5% de concentração (v/v).
Nos 3
primeiros dias após o corte do fornecimento de água, as plantas
originadas de sementes sem embebição apresentaram transpiração maior do que aquelas com
tratamento com CM (Figura 4.6). Este resultado pode estar associado à maior área foliar
apresentada por plantas originadas de sementes sem embebição (Tabela 4.2). Esta situação foi
alterada no terceiro dia quando o total de água transpirado foi igual em ambos os
tratamentos. A partir daí, observa-se menores valores nas plantas oriundas de sementes sem o
tratamento com CM, que chegaram a taxas nulas no nono dia sem irrigação. Por outro lado, as
plantas originadas de sementes tratadas com CM mantiveram taxas transpiratórias inalteradas
entre o quinto e décimo terceiro dias. Estas plantas reduziram a transpiração somente no
décimo quarto dia, ou seja, permaneceram ativas por cinco dias a mais do que as do controle
(Figura 4.6).
Figura 4.6. Taxas diárias de transpiração de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de
sementes embebidas e não embebidas em solução de CM, a partir do início da suspensão de
irrigação. Londrina, 2007. Barras verticais representam os erros padrão da média.
0
100
200
300
400
500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Dias sem irrigação
Transpirão (gramas)
sem embebição com embebição
39
As relações hídricas das plantas também podem ser observadas pelas
avaliações do potencial da água nas folhas (Figura 4.7). Verifica-se, ao longo do experimento,
que as plantas irrigadas mantiveram o potencial da água sempre ao redor de –1,0 MPa,
conforme também relatado por Fernández et al. (1992). No sétimo dia sem irrigação as
plantas originadas de sementes não tratadas apresentaram redução no potencial da água, sendo
que no nono dia foram observados valores próximos de –3,6 MPa, quando então as plantas
foram novamente irrigadas. Neste dia, as plantas originadas de sementes tratadas
apresentavam o mesmo nível de turgidez desde o início da suspensão de fornecimento de
água. Somente no décimo terceiro dia estas plantas apresentaram o mesmo nível de estresse
observado nas plantas controle no nono dia, voltando a ser regadas novamente.
Figura 4.7. Potencial da água na folha de plantas de algodoeiro IPR 120 originadas de
sementes embebidas e não embebidas em CM, com e sem estresse hídrico. Londrina, 2007.
Barras verticais são os erros padrão da média.
O comportamento descrito para o potencial da água na folha também foi
verificado para a resistência estomática, característica que regula a perda de água pela folha e
também pela entrada do CO
2
assimilado no processo de fotossíntese. Os altos valores de
resistência estomática observados no sétimo dia nas plantas sem embebição e sob estresse
foram atingidos somente 6 dias depois nas plantas originadas de sementes tratadas com o
regulador de crescimento (Figura 4.8)
-4
-3
-2
-1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Dias sem irrigação
Pote ncia l da água (MPa )
sem embebição/sem estresse
com embebição/sem estresse
sem embebição/com estresse
com embebição/com estresse
40
Figura 4.8. Resistência estomática, de plantas originadas de sementes embebidas e não
embebidas em CM, com e sem estresse hídrico. Londrina, 2007. Barras verticais são os erros
padrão da média.
Os dados constantes indicam que plantas originadas de sementes embebidas
em CM apresentaram economia na utilização da água, conseqüente da menor transpiração em
função da sua menor área foliar, resultados que corroboram com os de Fernández et al (1992)
e Marur (1998), que indica que a aplicação de regulador de crescimento não intensifica
possíveis efeitos adversos de um posterior estresse hídrico.
4.5 Conclusões
1. Plantas de algodoeiro originadas de sementes tratadas com regulador de crescimento
CM apresentaram menor estatura e área foliar desde a emergência;
2. Sementes de algodoeiro embebidas em solução de CM resultaram em plantas com
menores massas da matéria seca de folhas, caules e raízes;
3. O metabolismo de plantas de algodoeiro originadas de sementes embebidas em
soluções de CM não foi prejudicado pelo estresse hídrico ocorrido imediatamente ou
30 dias após a emergência das plântulas.
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
dias após o corte d e água
Resist ência estomática (s cm
-1
)
sem em beb ição/sem
e stre sse
com em beb ição/sem
e stre sse
sem em beb ição/com
41
4.6 Referências
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cotton. In: BELTWIDE COTTON PRODUCTION RESEARCH CONFERENCES,
1993, Dallas, Texas. Proceedings… Memphis, National Cotton Council, 1993, p.128-132.
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v. 32, p. 175-180, 1992.
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1308, 1991.
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LAMAS, F.M. CM na cultura do algodoeiro via sementes. In: Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento 33, 2006, Dourados: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE, 19 p., 2006.
Disponível em:<http://www.cpao.embrapa.br/publicacoes/ficha.php?tipo=BP&num=33& ano
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déficit hídrico após aplicação de cloreto de mepiquat. Revista Brasileira de Fisiologia
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MARUR, C.J.; RUANO, O. A reference system for determination of developmental stages of
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Amsterdam, v. 93, p. 122-131, 2005.
43
5. ARTIGO B: FORMAS DE APLICAÇÃO DE CLORETO DE MEPIQUAT EM
SEMENTES DO ALGODOEIRO
5.1 Resumo
O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do tratamento de sementes com Cloreto de
Mepiquat (CM), embebidas e aplicadas diretamente nas sementes de algodão no crescimento
das plantas de algodoeiro.
Os tratamentos foram arranjados em blocos casualizados com seis
repetições, utilizando a
linhagem PR 02-307. O experimento foi constituído por cinco
tratamentos: sementes sem tratamento; embebidas em solução de CM a 7,5 e 3,75 g i.a. kg
-1
de sementes e aplicação direta sobre as sementes de CM a 7,5 e 3,75 g i.a. kg
-1
de sementes.
Após os tratamentos
, as sementes foram semeadas em vasos com três litros de solo em casa
de vegetação. Foram determinadas, a altura e a área foliar do início até 90 dias após
emergência e a massa da matéria seca no final do experimento. Os tratamentos, onde o
regulador de crescimento independente da dose e forma de aplicação,
foram utilizados na
semente,
provocaram redução na altura da planta desde a emergência. O CM pode ser
utilizado no tratamento de sementes, tanto por embebição quanto por aplicação direta sobre as
sementes, com efeitos semelhantes na redução da altura, da área foliar e da massa seca de
folhas e de caules das plantas de algodoeiro, com efeito proporcional a dose utilizada.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum r. latifolium, regulador de crescimento, métodos de
tratamento, tratamento de sementes.
44
METHODS FOR MEPIQUAT CHLORIDE APPLICATION ON COTTON SEEDS
5.1 Abstract
The objective of the work was to evaluate the effect of seeds treatment with Mepiquat
Chloride (MC), soaked and applied directly on cotton seeds on cotton plant growth. The
treatments were arranged in randomized blocks with six replications, using PR 02-307
lineage. The experiment was constituted by five treatments: seeds without treatment; soaked
in CM solution in the rates of 7,5 and 3,75 g a.i. kg
-1
of seeds and direct MC application on
the seeds in the rates of 7,5 and 3,75 g i.a. kg
-1
of seeds. After the treatments, seeds were
planted in vases of three liters in a greenhouse. Height and leaf area were evaluated from the
beginning until 90 days after emergency and dry matter weight at the end of the experiment.
The treatments, where MC regardless the rate and method of application, was used on the
seeds led to plant height reduction from the emergency. MC can be used in the treatment of
seeds, so much for soak as for direct application on the seeds, with similar effects on height
reduction, leaf area, dry matter of leaves and stems of cotton plants, with proportional effect
of the rate used.
Key-Words: Gossypium hirsutum r. latifolium, plant growth regulator, treatment methods,
seeds treatment.
45
5.2 Introdução
O regulador de crescimento Cloreto de Mepiquat (CM) vem sendo utilizado
anos para o controle de altura de plantas do algodoeiro (McCARTY Jr. et al., 1994),
principalmente em aplicações foliares, em aplicação única ou parcelada, desde o botão floral
até o florescimento.
Após a aplicação foliar, a absorção do regulador é influenciada por diversos
fatores do ambiente (ZHAO; OOSTERHUIS, 1998), dentre eles, o intervalo sem chuvas após
a aplicação do regulador é um dos principais. Mateus et al. (2004) e Souza e Rosolem (2007)
relatam que quanto maior o intervalo entre a aplicação e a precipitação, menor a quantidade
de produto a ser reposta. Segundo os autores, uma chuva de 10 mm até 16 horas após a
aplicação é suficiente para lavar o regulador, tendo sido o efeito diretamente proporcional à
quantidade de chuva simulada.
Como alternativa para contornar o problema das eventuais perdas do
produto aplicado via foliar causado pelas chuvas, o tratamento de sementes de algodão com
CM vem sendo estudado. A aplicação do CM na semente também tem mostrado efeito
positivo em condições de estresse fitotóxico no uso de herbicidas (CORBIN; FRANS, 1991) e
na promoção do enraizamento (DUAN et al., 2004).
Nagashima et al. (2005) embebendo sementes da cultivar IPR 120, em
diferentes concentrações do produto comercial [0; 0,5; 2,5; 5,0; 7,5 % (v/v)] e três tempos de
embebição (3, 6 e 12 horas), constataram redução da massa seca, da área foliar, da altura da
inserção do primeiro cotiledonar e da altura das plantas desde a emergência. Os resultados
indicaram a possibilidade de utilização dessa metodologia para a obtenção de plantas de
menor estatura, o que auxiliaria na implantação de cultivos adensados do algodoeiro.
Yeates et al. (2005), em condições de campo, compararam os tratamentos de
sementes de algodão com regulador de crescimento via a embebição e aplicação direta na
semente, e concluíram que ambas as formas de aplicação provocaram reduções precoces no
porte das plantas. A redução do porte e a duração do efeito redutor foram sensíveis às
concentrações utilizadas. Segundo os autores, houve atraso no desenvolvimento das plantas e
o rendimento da cultura foi reduzido quando aplicou doses a partir de 4,0 g kg
-1
de sementes
de CM.
Avaliando o efeito do CM aplicado diretamente na semente juntamente com
fungicidas na germinação de sementes e no crescimento das plantas, Lamas (2006) também
46
verificou que o regulador reduziu o crescimento das plantas, da emergência até o início do
florescimento.
Trabalhando em condições de campo com algodoeiro, da cultivar IPR 120,
oriundo de sementes embebidas em soluções de diversas concentrações de CM, Nagashima et
al. (2007) demonstraram que essa forma de aplicação pode provocar redução no porte da
planta que persistiu até o início da formação do botão floral. Contudo, o efeito não afetou a
produção de algodão em caroço.
Em outros experimentos (XU e TAYLOR, 1992; CORBIN e FRANS, 1991;
DUAN et al., 2004) , diferentemente ao de Lamas (2006) e Yeates et al (2005), efetuaram o
tratamento de sementes por imersão da semente (embebição) em diversas concentrações e
tempos de embebição. Entretanto, a adoção desta metodologia de utilização, em extensas
áreas de cultivo, pode ser dificultada pela necessidade de secagem das sementes embebidas.
Assim, necessidade de desenvolvimento de novos modos de aplicação do regulador de
crescimento CM a fim de permitir que esse método possa ser empregado em condições de
campo, atendendo as exigências demandadas pela cotonicultura.
O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o efeito do tratamento de
sementes com CM via embebição e aplicação direta na semente de algodão sobre o
crescimento das plantas de algodoeiro.
5.3 Material e Métodos
O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação, no
Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Londrina, Paraná, sul do Brasil (23
o
29’41,4”S e
51
o
12’5,5’’W). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com
cinco tratamentos e seis repetições: 1) controle – sementes sem qualquer tratamento; 2)
sementes embebidas por 5 h na dose de 7,5 g i.a kg
-1
de sementes com CM; 3) sementes
embebidas por 5 h na dose de 3,75 g i.a. kg
-1
de sementes; 4) aplicação direta de 7,5 g i.a. kg
-1
de sementes
e 5) aplicação direta de 3,75 g i.a. kg
-1
de sementes. Utilizou-se o produto
comercial com 250 g i.a. L
-1
de
CM.
Para embebição de sementes, foram gastos 400 mL da solução para cada kg
de sementes, na temperatura de 25± 0,5
o
C. Pelo método da aplicação direta por aspersão, as
sementes (1 kg) foram acondicionadas em sacos plásticos, sendo o produto regulador aplicado
diretamente sobre as mesmas, utilizando-se 30 e 15 mL do produto comercial, contendo 250 g
i.a. L
-1
correspondendo a 7,5 e 3,75 g i.a. kg
-1
de sementes, com agitação manual vigorosa até
47
distribuição uniforme. As sementes de algodão utilizadas foram a linhagem PR 02-307 (Iapar)
com porte considerado médio para alto, arquitetura de planta com formato cilíndrico e ciclo
médio de 150 dias para início da colheita, deslintadas quimicamente pelo método via úmida
com o uso de ácido sulfúrico concentrado.
As sementes foram tratadas no dia 15 de janeiro de 2007, e a semeadura
ocorreu quatro dias após, em vasos pretos de polipropileno, com capacidade de três litros,
preenchidas com solo agricultável da região (latossolo vermelho distroférrico) misturado com
30% do volume de areia. A emergência ocorreu no dia 24 de janeiro. Foram avaliadas as
alturas de plantas aos 14, 35, 49 e 90 DAE, a área foliar (NAGASHIMA et al., 2005) aos 14,
35 e 90 DAE e, no final do experimento, aos 90 dias da emergência, a massa da matéria seca
das folhas, do caule, e da estrutura reprodutiva e da raiz.
Os vasos foram regados diariamente e os tratamentos fitossanitários foram
os recomendados para a cultura.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
5.4 Resultados e Discussão
Nas Tabelas 5.1 e 5.2 são apresentados os resultados da análise de variância,
com o efeito dos tratamentos sobre a área foliar estimada, altura de plantas e massa da matéria
seca das partes das plantas. Observam-se diferenças significativas para área foliar somente aos
14 e 35 DAE. Foram observadas diferenças na altura das plantas em todas as avaliações. A
massa da matéria seca das folhas e caules apresentou diferenças no tratamento quando
avaliadas aos 90 DAE, no encerramento do experimento. Não houve efeito do tratamento para
a massa da matéria seca de raízes e estruturas reprodutivas.
Tabela 5.1. Resumo da análise de variância (F) para a área foliar estimada, altura de plantas
aos 14, 35 e 90 dias após emergência e altura de plantas aos 14, 35, 49 e 90 dias. Londrina,
2007
ns: não significativo; ** e *: significativo ao nível de 1 e 5 % de probabilidade; DAE: dias após emergência.
F.V.
Área foliar estimada Altura de plantas
14 DAE 35 DAE 90 DAE 14 DAE 35 DAE 49 DAE 90 DAE
Blocos 274,8 ns 6.108,0 ns 11.908,9ns 4,16 ns 21,15 ns 23,47 ns 61,71*
Trat. 5.967,5** 32.131,9**
9.177,4ns 185,41**
329,14** 449,78** 496,10**
C.V. (%) 17,06 18,95 19,36 13,48 15,68 16,42 13,04
48
Tabela 5.2. Resumo da análise de variância (F) para a massa seca de folhas, caules, raízes e
de estruturas reprodutivas aos 90 dias após emergência. Londrina, 2007
F.V.
Massa seca
Folhas Caules Raízes Estruturas.
reprodutivas
Blocos 0,56 ns 0,50 ns 0,12 ns 1,38 ns
Tratamentos 1,08* 1,77* 0,21 ns 1,92 ns
C.V. (%) 20,90 20,69 22,62 23,03
ns: não significativo; *: significativo em nível de 5 % de probabilidade.
Para altura de plantas, independentemente das doses e da forma de
tratamento de sementes utilizados, foram observadas diferenças significativas em relação às
sementes sem tratamento com CM (testemunha). A aplicação de regulador de crescimento,
através de aspersão direta do produto comercial na semente, proporcionou maior redução na
altura das plantas na dose de 7,5 g i.a. kg
-1
em relação à dose de 3,75 g i.a. kg
-1
em diferentes
épocas avaliadas, porém não apresentando diferenças com a aplicação de CM na água de
embebição das sementes, mesmo nas doses menores (Tabela 5.3). Os efeitos foram
concordantes com os dados obtidos por Nagashima et al. (2005), que obtiveram maiores
efeitos com o aumento da concentração e com maiores tempos de embebição, e Lamas
(2006), que utilizaram a aspersão direta nas sementes, obtendo redução da altura das plantas
até o início do florescimento. Entretanto, estes resultados em condições de cultivo em vaso
em casas de vegetação diferem daqueles obtidos por Yeates et al. (2005) que concluem que o
efeito do método da embebição causou o dobro da redução da altura das plantas quando
comparado com o método de aspersão, em condições de campo.
Tabela 5.3. Altura média de plantas de algodoeiro originadas de sementes sem tratamento e
tratadas CM por aspersão e embebição, aos 14, 35, 49 e 90 dias após emergência, Londrina,
2007
Altura de plantas (cm)
Tratamentos 14 DAE 35 DAE 49 DAE 90 DAE
0,0 26,05 a 43,17 a 49,50 a 51,58 a
7,5 g i..a. por aspersão 12,37 c 24,67 c 28,08 b 28,67 c
3,75 g i.a. por aspersão 16,40 b 33,42 b 37,42 b 37,75 b
7,5 g i..a. embebição 12,65 bc 26,08 bc 29,17 b 30,42 bc
3,75 g i.a. embebição 15,73 bc 29,58 bc 33,25 b 34,67 bc
D.M.S. 3,87 8,48 10,06 8,25
C.V. (%) 13,48 15,65 16,42 13,04
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade
49
No presente experimento, a diferença da altura entre os tratamentos foi
mantida até os 90 DAE, quando foi encerrado o experimento.
Aos 14 DAE se observa que as plantas originadas de sementes tratadas
com CM apresentavam áreas foliares menores que as do tratamento testemunha. O efeito do
CM sobre a redução na área foliar foi menos acentuado com o passar do tempo. Na avaliação
realizada aos 35 DAE, as doses de 3,75 g. i.a. e 7,5 g i.a. kg
-1
de semente por embebição e
aspersão, respectivamente, não apresentavam diferença da área foliar em relação à
testemunha. Aos 90 DAE, não foram detectadas diferenças estatísticas entre as áreas foliares
dos tratamentos, evidenciando que o efeito do produto tinha esvaecido (Tabela 5.4). Estes
resultados corroboram com os de Nagashima et al.(2005) que obtiveram redução da área
foliar por planta, com a embebição de sementes com CM e o efeito do tratamento perdurou
até o aparecimento do botão floral do algodoeiro
. Stuart et al. (1984) que utilizaram o
regulador via aplicação foliar entre o estádio de botão floral e florescimento, obtendo redução
no índice de área foliar pela redução no número de folhas e tamanho da folha. Segundo
Fernández et al. (1991), o CM inibe a expansão foliar e, em conseqüência, origina plantas
com arquitetura mais compacta.
Somente na dose de 7,5 g i.a. kg
-1
em aplicação direta de CM foi observada
redução da massa da matéria seca de folhas, em relação ao tratamento com embebição das
sementes na mesma dose. O tratamento das sementes em aplicação direta do regulador de
crescimento na dose de 7,5 g i.a. kg
-1
proporcionou menor massa da matéria seca de caule das
plantas em relação ao tratamento testemunha. Não foi observada redução na massa seca de
raízes e de estruturas reprodutivas entre os tratamentos, concordante com resultados obtidos
por Nagashima et al. (2005 e 2007) em condições de casa de vegetação e cultivo em campo.
Segundo Cothren e Oosterhuis (1993) e Fernández et al. (1991), com o uso de CM têm-se
plantas com alteração na partição da biomassa, inibindo o crescimento de determinadas partes
e estimulando outras, o que confere maior eficiência às plantas, em especial maior tolerância
ao estresse hídrico. O ideal é que a relação entre a massa seca da parte reprodutiva e a
vegetativa do algodoeiro seja maior que uma unidade pois, nesse caso, a correlação com a
produção é positiva (MEREDITH Jr.; WELL, 1989).
50
Tabela 5.4. Efeito do tratamento de sementes de algodoeiro com CM por meio de embebição
(EM) e aplicação direta (AD), sobre a área foliar aos 14, 35 e 90 dias após emergência e
massa seca de folhas, caules, raízes, e de estruturas reprodutivas aos 90 dias após emergência,
Londrina, 2007
Tratamentos
Área foliar estimada (cm
2
) Massa da matéria seca (g planta
-
1
)
14 DAE 35 DAE 90 DAE Folhas Caules Raízes Est. Rep.
0,0. 142,8 a 509,8 a 550,1 2,63 ab 3,96 a 1,73 7,17
7,5 g i.a. AD 62,5 b 321,0 b 449,9 2,38 a 2,60 b 1,77 6,36
3,75 g i.a. AD 82,4 b 420,8 ab 513,4 2,98 ab 3,71 ab 1,91 6,44
7,5 g i.a. EM 72,2 b 391,8 ab 535,3 3,49 ab 3,15 ab 2,17 5,67
3,75 g i.a. EM 80,8 b 355,0 b 493,8 3,03 ab 3,66 ab 2,06 6,00
D.M.S. 25,98 130,78 169,11 1,05 1,22 0,75 2,52
F 26,37** 5,45** 0,96 ns 2,93* 3,55* 1,12 ns 0,90 ns
C.V. (%) 17,06 18,95 19,26 20,90 20,69 22,62 23,03
Médias seguidas de mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade. DAE: dias após emergência. Est. Rep.: Estruturas reprodutivas.
Com os resultados obtidos através deste experimento, é possível a utilização
do tratamento de sementes com o uso da aplicação direta de CM obtendo resultados similares
à embebição do produto pelas sementes, entretanto, necessidade de maiores estudos em
condições de campo.
5.5 Conclusões
1. O modo de aplicação direta do CM sobre a semente de algodão substitui com
vantagens o da embebição das sementes;
2. Independentemente do modo de aplicação, o CM reduz a altura, a área foliar e a
massa seca de folhas e caules das plantas de algodoeiro;
3. O efeito do CM na altura de planta do algodoeiro, quando aplicado a semente via
embebição, perdurou por pelo menos 90 dias após a emergência.
51
5.6 Referências
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52
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Proceedings…. Memphis: National Cotton Council of America, 1998. p. 1482-1484.
53
6. ARTIGO C: RESPOSTAS DE CULTIVARES DE ALGODÃO AO CLORETO DE
MEPIQUAT APLICADO VIA EMBEBIÇÃO DE SEMENTES
6.1 Resumo
As recomendações de reguladores de crescimento Cloreto de Mepiquat (CM) geralmente o
consideram as diferenças entre cultivares de algodoeiro utilizadas para o cultivo. O trabalho
teve como objetivo avaliar o crescimento e o desenvolvimento de cultivares de algodão ante a
embebição das sementes com regulador de crescimento, visando a sua caracterização quanto à
resposta ao tratamento. Foram utilizadas as cultivares IPR-120, IAC-24, CD-405, Delta Opal
e Fibermax 966, cujas sementes foram embebidas em solução contendo 2,0 g de Cloreto de
Mepiquat para cada 100 mL de água deionizada por 12 horas e cultivadas em vaso, em casa
de vegetação. Foram avaliadas: a altura de plantas, a altura da inserção do cotiledonar, o
diâmetro caulinar, a área foliar e a massa da matéria seca da parte aérea. As cultivares
apresentaram resultados diferenciados ao tratamento de sementes via embebição com
regulador de crescimento, sendo o método eficiente na redução do porte, da inserção do
cotiledonar, da área foliar e da massa da matéria seca da parte aérea do algodoeiro, além de
alterar a partição dos assimilados.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum r. latifolium, pix, partição de assimilados, redução de
crescimento.
54
COTTON CULTIVAR RESPONSES TO SEED IMBIBITION WITH MEPIQUAT
CHLORIDE
6.1 Abstract
Recommendations for use of the plant growth regulator Mepiquat Chloride (MC) usually do
not consider differences among cotton cultivars. The aim of this work was to evaluate
growing and development of cotton cultivars when the seeds were soaked with growth
regulator as a way of characterizing treatment response. The cultivars used were IPR-120,
IAC-24, CD-405, Delta Opal e Fibermax 966, whose seeds were soaked in a solution
containing 2.0 g of Mepiquat Chloride diluted in 100 mL of deionized water during 12 hours
and then cultivated in pots, in greenhouse. The parameters evaluated were plant height, height
of the cotyledon node insertion, stem diameter, foliar area and aerial dry matter. The cultivars
presented differential responses to growth regulator seed imbibition treatments, the method
being efficient in reducing the size of the plant and cotyledon node insertion, foliar area and
cotton aerial dry matter, and also altered assimilates partitioning.
Key words: Gossypium hirsutum r. latifolium, pix, assimilates partitioning, growth reduction.
55
6.2 Introdução
Diante de profundas transformações no sistema de produção na cultura do
algodoeiro, quando cultivada em condições sem estresse hídrico e com quantidade adequada
de nutrientes, produz-se excessiva vegetação, o que interfere negativamente na produção
final. Nesses casos, torna-se imprescindível a manipulação da arquitetura das plantas do
algodoeiro com reguladores de crescimento, sendo esta uma das estratégias agronômicas
incorporadas no processo de produção dessa cultura com o objetivo de melhorar os atuais
níveis de produtividade e reduzir custos (LAMAS et al., 2000, REDDY et al., 1992).
Os reguladores de crescimento, principalmente o Cloreto de Mepiquat,
(CM) têm sido utilizados via aplicações foliares. Apesar de intensos usos do CM, desde os
anos 80, faltam informações em relação à resposta das diferentes cultivares à aplicação do
regulador de crescimento (GWATHMEY e CRAIG JR, 2003). Jost et al. (2006) enfatizaram
que nem todas as cultivares de algodão apresentam o mesmo hábito de crescimento e,
segundo Bogiani et al. (2007), devido à diversidade de cultivares em uso, com possíveis
diferentes sensibilidades e resposta ao regulador utilizado, nem sempre se consegue resultados
satisfatórios e constantes.
Além do porte da planta, outro fator importante na obtenção de elevadas
produções de algodoeiro é o emprego de um número maior de plantas por área, valendo-se
preferencialmente da utilização de cultivares de menor porte. York (1983), estudando o efeito
do regulador de crescimento em 14 cultivares via aplicação foliar, concluiu que a seleção das
cultivares não deve ser levada em consideração para a decisão de uso de reguladores de
crescimento.
Comparando quatro cultivares com diferentes hábitos de maturação e de
crescimento, com aplicação foliar, Craig e Gwathmey (2005) observaram que as cultivares de
algodão com crescimento indeterminado são mais responsivos ao tratamento e é necessário
compreender os hábitos de crescimento em novos materiais para a aplicação deste regulador
de crescimento.
A utilização de cultivares selecionadas e adaptadas é fundamental para que
sejam aproveitados todos os manejos técnicos na condução da cultura, para atingir o máximo
de fotossíntese por unidade de área; neste aspecto, a pesquisa tem estudado a eficiência da
utilização de altas populações que maximize a produção (JUSTI, 2000).
56
O uso do CM via aplicação na semente apresenta viabilidade para a
introdução da cultura em altas densidades de plantio, com redução do porte da planta desde a
emergência.
Em tratamento de sementes via embebição, Corbin e Frans (1991) avaliaram
o potencial dos reguladores de crescimento, CM e Cloreto de Chlormequat, para reduzir o
efeito negativo de Fluometuron, herbicida residual, embebendo 1,0 kg de semente em 2,0 L
da solução, utilizando uma concentração de 1000 ppm, por 3 h. Os autores constataram que a
altura das plantas foi reduzida por até 3 semanas após semeadura, com recuperação do
crescimento até 9 semanas após plantio.
Nagashima et al. (2005) constataram que o tratamento de semente de algodão
com CM reduziu a altura inicial das plantas, da cultivar IPR-120, desde a emergência sendo a
redução em função da dose e do tempo de embebição.
Lamas (2006), tratando sementes de algodão da cultivar Delta Opal via
aspersão direta com CM, verificou que o regulador reduz o crescimento do algodoeiro, desde
a emergência até o florescimento.
Esta metodologia de utilização do regulador de crescimento via sementes
apresenta vantagens, pois o riscos de perdas por ocorrência de chuvas após pulverização
e sem risco de contaminação ambiental devido a derivas quando utilizados via aplicação
foliar.
O estudo teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de cultivares de
algodão ante o tratamento das sementes, via embebição, com solução de Cloreto de Mepiquat.
6.3 Material e Métodos
O presente experimento foi realizado em casa de vegetação, no Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Sul do Brasil (Latitude
23º 19’ S, Longitude 51º 12’ W). Foram utilizadas sementes de cinco cultivares (IPR-120,
CD-405, FIBERMAX 966, DELTA OPAL e IAC-24), com ciclos médios para as cultivares
IPR-120, Fibermax 966 e Delta Opal, com altura média de plantas de 1,08; 1,10 e 1,70 m
respectivamente, e ciclos tardios, para as cultivares CD-405 e IAC-24 com altura média de
1,22 m para CD-405 e IAC-24, descrito como de porte alto. Para a embebição, as sementes de
algodão foram colocadas entre 2 folhas de papel tipo “germitest” umedecidas na proporção de
2,5 vezes a sua massa seca, numa solução de CM na concentração de 2,0 g do princípio ativo
para cada 100 mL de água deionizada, à temperatura de 20±0,5 ºC, por 12 h. Em seguida, as
57
sementes foram secas à sombra, em local ventilado, por 48 h. As testemunhas não receberam
tratamento algum.
A semeadura foi realizada utilizando 5 sementes por vaso, separadas
eqüidistantemente e após a emergência sofreram desbaste, mantendo uma planta por vaso. O
substrato utilizado foi o latossolo vermelho distroférrico (2 L por vaso), adubado com 5,0
g da
fórmula 08-28-16 para cada vaso.
Aos 59 dias após emergência (DAE), foram avaliadas a altura das plantas,
do nível de solo até a ápice da planta, a altura da inserção do cotiledonar, a espessura do
caule (2 cm acima do colo da planta) com uso de paquímetro, a área foliar e a massa da
matéria seca da parte aérea. A massa da matéria seca foi determinada após a secagem, em
estufa, a 55 ºC 2 ºC), até a obtenção da massa constante. Após obtenção da massa da
matéria seca das diferentes partes das plantas, estas foram transformadas em percentagem em
relação à massa da matéria seca total das plantas, para a análise da partição de assimilados.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 4
repetições em esquema fatorial 5 x 2, correspondente a cinco cultivares e a embebição ou não
das sementes. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias
comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
6.4 Resultados e Discussão
Conforme os dados apresentados na tabela 6.1, constata-se que não houve
interação entre os fatores analisados, com exceção para a espessura do caule. No entanto,
houve efeito significativo para altura de plantas, altura da inserção do cotiledonar e área
foliar em função de cultivares, não havendo diferença para massa da matéria seca total e
espessura de caules.
Tabela 6.1 Análise de variância (valores de F) para altura de plantas, altura da inserção do
cotiledonar, área foliar, massa da matéria seca da parte aérea e espessura do caule de plantas
de algodoeiro aos 59 dias após a emergência em função de cultivares e regulador aplicado nas
sementes. Londrina, 2006
Fatores Altura de
plantas
Altura inserção
nó cotiledonar
Área
foliar
Massa da
matéria seca
Espessura do
caule
Cultivares (Cv) 4,07** 6,32** 0,55** 0,53
ns
1,97
ns
Regulador (Rg) 127,31** 143,00** 3,39** 5,90** 24,96**
Cv*Rg 1,65
ns
2,15
ns
0,86
ns
0,34
ns
2,75*
C.V. (%) 20,7 15,8 27,8 31,4 11,3
ns: não significativo ; * e **: significativo (P<0,05 e 0,01) respectivamente.
58
O fator regulador de crescimento nas sementes foi significativo para todos
os parâmetros analisados.
A cultivar IAC-24, ciclo tardio e de porte alto, foi a que apresentou a maior
altura média, altura da inserção do cotiledonar e área foliar e a Fibermax 966 os menores
valores nestas características (Tabela 6.2). Segundo Jost et al. (2006), a cultivar Fibermax
parece ser mais responsiva ao CM e pode exigir uma menor dose de aplicação.
A aplicação do regulador de crescimento via embebição de sementes,
quando comparada com a testemunha sem nenhuma embebição, afetou todas as características
analisadas, comprovando que todas as cultivares são sensíveis à ação do CM, reduzindo a
altura e a massa da matéria seca da planta do algodoeiro. Nagashima et al. (2005),
embebendo semente da cultivar IPR-120, obtiveram a redução do porte inicial da planta, com
redução na altura da inserção cotiledonar e área foliar. Rangel e Suinaga (2004), em
experimentos com três cultivares de portes diferentes sob três formas de aplicação de CM,
obtiveram para a cultivar de porte mais alto, redução na altura a níveis próximos ao das
cultivares de menor porte utilizando parcelamento de forma seqüencial e em maior
concentração. Segundo esses autores, a cultivar Fibermax 966, de porte mais baixo,
apresentou maior valor na altura quando a dosagem do ingrediente foi mais elevada, não
apresentando resultados com doses acima de 1,0 L do produto comercial por hectare.
Tabela 6.2 Média de altura de plantas, altura da inserção do cotiledonar, área foliar e
massa da matéria seca da parte aérea aos 59 dias após a emergência de algodoeiro em função
de cultivares e regulador aplicado nas sementes. Londrina, 2006
Tratamento Altura de
plantas (cm)
Altura inserção
nó cotiledonar
(cm)
Área foliar
(cm
2
)
Massa da
matéria seca da
parte aérea (g)
Cultivares
IPR 120 31,9 AB 8,4 A 770,1 A 6,6 AB
IAC 24 36,0 A 8,4 A 787,8 A 8,3 A
CD 405 29,6 AB 7,7 A 692,3 AB 7,0 AB
Delta Opal 31,4 AB 7,0 AB 708,7 AB 6,9 AB
Fibermax 966 23,6 B 5,9 B 436,2 B 5,0 B
DMS 9,2 1,7 272,6 3,1
Regulador
Sem 41,8 9,7 916,5 9,9
Com 19,3 5,3 441,6 3,6
DMS 4,1 0,8 121,5 1,4
C.V. (%) 20,7 15,8 27,7 31,4
Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
59
A Figura 6.1 apresenta a altura das plantas aos 59 dias da emergência,
tratadas e não com regulador de crescimento via sementes, onde se observa maior redução do
porte para as cultivares Fibermax 966, Delta Opal e CD 405, demonstrando assim que as
doses do regulador de crescimento devem ser utilizadas em função do genótipo, concordante
com Jost et al. (2006). Craig e Gwathmey (2005) observaram que cultivares com porte alto,
como Delta Opal, com crescimento indeterminado são mais sensíveis aos tratamentos com
CM e que é necessário compreender melhor os hábitos de crescimento das cultivares que
serão recomendadas futuramente
Figura 6.1 Altura de plantas de cultivares de algodoeiro na presença e ausência de regulador
de crescimento via embebição na semente, aos 59 dias após emergência de plântulas. As
barras verticais correspondem ao desvio padrão da média.
Com a presença do regulador de crescimento CM via embebição de
sementes, quando avaliado a espessura do caule a 2 cm do solo, houve diferea somente
entre a cultivar IAC-24 que obteve maior espessura e a Fibermax 966 com a menor, não
havendo nenhuma diferença significativa entre as cultivares analisadas na ausência do
regulador de crescimento. Dentro das cultivares, somente a Fibermax 966 e Delta Opal
tiveram a espessura reduzida com o uso do regulador (Tabela 6.3), dados estes concordantes
com Zanon (2002), que relata que com a aplicação do regulador de crescimento via
pulverização foliar, obteve redução no diâmetro caulinar, sendo mais expressiva na cultivar
Delta Opal. Azevedo et al. (2003) aplicando o CM, via pulverização foliar, obtiveram redução
do diâmetro caulinar na cultivar CNPA 7H, na dose de 75 g i.a. ha
-1
, em duas aplicações.
60
Entretanto, também em aplicação foliar, Cordão Sobrinho et al. (2007) constataram que não
houve efeito do regulador de crescimento na redução do diâmetro caulinar.
Tabela 6.3 Espessura média de caule (mm) de plantas de algodoeiro de diferentes cultivares
originadas de sementes embebidas e não em solução de CM, aos 59 dias após emergência.
Londrina, 2006
Espessura do caule (mm)
Cultivares Sem regulador Com regulador DMS
IPR-120 5,68 A a 5,55 A ab
IAC-24 6,50 A a 6,10 A a
CD-405 6,70 A a 5,08 A ab 0,95
DELTA OPAL 6,43 A a 5,30 B ab
FIBERMAX 966 6,40 A a 4,48 B b
DMS 1,35 1,35
C.V. (%) 11,3
Letras iguais maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey em
nível de 5% de probabilidade.
Em relação à altura de plantas, altura da inserção do cotiledonar,
espessura do caule, área foliar e massa da matéria seca da parte aérea, as cultivares mais
responsivas foram a Fibermax 966, a Delta Opal e a CD 405 e as menos susceptíveis à
redução desses parâmetros com uso de regulador de crescimento foram a IPR 120 e IAC-24
(Figura 6.2).
A redução na altura de plantas, com a embebição utilizando solução de 2,0
g para 100 mL de água, comparada à testemunha sem tratamento algum, foi de 53 % em
média para todas as cultivares analisadas e chegando a uma redução de até 72,16 % na
cultivar Fibermax 966 e 60,14 e 61,76 % para CD 405 e Delta Opal, respectivamente.
A diminuição na altura da inserção do nó cotiledonar foi semelhante à
redução na altura de plantas. A menor redução foi constatada na cultivar IAC 24 com 25,97
% e a maior na Fibermax 966, com 59,10 %.
Com relação à espessura do caule, as cultivares CD 405 e Fibermax 966
apresentaram as maiores reduções em função da aplicação de CM, com 24,25 e 30,08 %,
respectivamente. Em relação à área foliar e massa da matéria seca da parte aérea, todas as
reduções ocorridas apresentaram semelhanças, com as cultivares Delta Opal e Fibermax 966
com 48,73 e 86,53% para área foliar e 75,97 e 78,89 % de redução para massa da matéria
seca.
61
Figura 6.2 Percentagem de redução de altura de plantas, da inserção do cotiledonar,
diâmetro do caule, área foliar e massa da matéria seca total (MS) em plantas de algodoeiro
provenientes de sementes embebidas em solução de CM em relação a não embebidas.
Londrina, 2006.
As reduções verificadas nas características, acima citadas, estão de acordo
com Nagashima et al. (2005) que obtiveram resultados similares com o uso da embebição de
sementes com CM com a cultivar IPR-120.
Foi observado quanto à partição de assimilados que quando o regulador de
crescimento CM foi utilizado via embebição de sementes, houve maior porcentagem na
produção de folhas, principalmente a Fibermax 966, cultivar considerada mais responsiva ao
regulador de crescimento CM e a Delta Opal e a CD 405 que apresentam ciclos e portes
maiores (Figura 6.3). Com a redução do porte da planta, a quantidade de fotoassimilados
deslocados para a produção de caules foi reduzida em todas as cultivares, sendo mais
perceptível nas três cultivares supracitadas. A percentagem de assimilados nas estruturas
reprodutivas aos 59 DAE comprova que com o uso do CM, um retardamento no
desenvolvimento da planta, com menor quantidade de estruturas reprodutivas produzidas.
Com a embebição em CM, a cultivar Fibermax 966 não apresentou nenhuma estrutura
reprodutiva nesta data.
Estes resultados estão de acordo com Alves et al. (2005) que avaliaram a
partição de assimilados do algodoeiro semiperene BRS 200, submetido a diferentes lâminas
de irrigação e diferentes doses de regulador de crescimento e observaram maior percentual de
folhas que caules e raízes e constataram também que não houve influência das doses do CM
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Altura
Ins.nó cotil.
Diâmetro do caule
Área foliar
MS total
IPR
-
120
IAC
-
24
CD
-
405
DELTA OPAL
FIBERMAX 966
62
na partição de assimilados, mantendo o percentual de folhas próximo de 75 %, 17 % para
caules e raiz (entre 7,5 e 8 %).
0
10
20
30
40
50
60
70
Folha Caule E.R. Folha Caule E.R. Folha Caule E.R. Folha Caule E.R. Folha Caule E.R.
IPR 120 IAC 24 CD 405 Delta Opal Fibermax 966
Partição de assimilados (%)
sem regulador com regulador
Figura 6.3 Partição de assimilados (%) de folhas, caules e estruturas reprodutivas (E.R.) em
plantas de diferentes cultivares de algodoeiro originadas de sementes embebidas em solução
de CM em relação a não embebidas. Londrina, 2006.
Considerando as diferenças observadas entre os genótipos quanto à
sensibilidade ao regulador de crescimento CM aplicado via embebição de sementes, fica
evidente a necessidade de estudos subseqüentes que venham a contribuir para recomendações
específicas de acordo com a cultivar ou grupo de cultivares.
6.5 Conclusões
1. As cultivares respondem diferentemente ao CM, quando empregado via embebição de
sementes;
2. alteração na partição de assimilados, em função da cultivar, quando utiliza
regulador de crescimento via aplicação na semente;
3. As cultivares Fibermax 966, Delta Opal e CD 405 foram mais sensíveis à aplicação de
CM quanto à altura de plantas, altura da inserção do cotiledonar, área foliar, massa da
matéria seca da planta e espessura do caule.
63
6.6 Referências
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65
7. ARTIGO D: CLORETO DE MEPIQUAT VIA EMBEBIÇÃO DE SEMENTES E
APLICAÇÃO FOLIAR NO DESEMPENHO DO ALGODOEIRO EM
ESPAÇAMENTO ULTRA-ESTREITO
7.1 Resumo
Com o cultivo constante dos solos e o seu rápido depauperamento, a semeadura em
espaçamentos adensados e altas populações de plantas são manejos necessários para o cultivo
racional, principalmente do algodoeiro. Este trabalho teve como objetivo avaliar o
desenvolvimento e produção de algodão em caroço e qualidade das fibras produzidas em
condições de campo em espaçamento entre linha de plantas de algodoeiro de 0,30 m
considerado como ultra-estreito, submetidos a diferentes doses de regulador de crescimento
via embebição de sementes. Avaliaram-se o efeito de doses de Cloreto de Mepiquat (CM)
(0,0; 3,75; 7,5 e 15,0 g i.a. kg
-1
de sementes) embebidas por 12 h utilizando sementes da
cultivar IPR 120 e a interação com aplicação foliar seqüencial com o mesmo produto, num
total de quatro aplicações a cada 17 dias, iniciadas aos 32 dias após a emergência. O
experimento foi conduzido em delineamento experimental blocos ao acaso com quatro
repetições, totalizando 32 parcelas e em esquema fatorial. Foram avaliados a altura das
plantas de algodão, a inserção do primeiro ramo frutífero, o número de ramos produtivos, a
percentagem de maçãs na posição 1, o número total de frutos por planta, a produção de
algodão em caroço, a massa de capulhos, massa de 100 sementes e percentagem de plumas.
A redução no porte devido à embebição foi visível até 80 dias após semeadura, com efeitos
maiores em consonância a dose utilizada e afetou a altura da inserção do ramo frutífero e
número de frutos por planta. Não houve interação entre os fatores analisados. A aplicação
foliar teve efeito somente na redução da altura de plantas. Não houve efeito da dose na
embebição e da aplicação foliar na produção e no peso de capulho e massa de 100 sementes e
percentagem de fibras, no número de nós por planta e na percentagem de retenção de frutos na
posição 1.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum r. latifolium., mapeamento da produção, tratamento de
sementes, adensamento.
66
MEPIQUAT CHLORIDE VIA SEED IMBIBITION AND FOLIAR APPLICATION
ON THE PERFORMANCE OF COTTON IN ULTRA NARROW ROW SPACING
7.1 Abstract
In areas with continuous soil cultivation and rapid depauperation, the adoption of ultra narrow
row spacing and high plant density are important management practices to rational crop
cultivation, especially for cotton. The objective of this work was to evaluate cotton
development, production of cottonseeds and fiber quality, under field conditions, using ultra
narrow row spacing (0.30 m), when the seeds were soaked on growth regulator. The following
doses of Mepiquat Chloride (MC) were tested: 0.0; 3.75; 7.5 e 15.0 g a. i. kg
-1
of seeds of the
cultivar IPR 120 for 12h. The interaction of seed treatment with aerial spraying was also
evaluated through sequential application (four times) of the MC at a seventeen-day interval,
beginning 32 days after emergence. Treatments were displayed in a factorial randomized
block design, with four replicates (32 experimental units). The parameters evaluated were
cotton plant height, insertion of the first productive branch and number of productive
branches, percentage of first position bolls, total number of bolls per plant, cottonseed
production, open boll mass, mass of one hundred seeds e plume percentage. The effect of the
MC was dose dependent. Size reduction, caused by seed treatment, was apparent until 80 days
after planting. The product also negatively affected the height of the branch insertion as well
as the number of fruits per plant. There was no interaction among the factors analyzed. Aerial
application sole effect was reduction on plant height. There was also no effect of the soaking
of cotton seeds and foliar application in the production and weight of the, 100-seed mass,
percentage of fiber, number of nodes per plant and percentage of retention of first position
bolls.
Key-words: Gossypium hirsutum r. latifolium., production mapping, seed treatment, ultra
narrow row spacing
67
7.2 Introdução
A produção do algodoeiro, em espaçamentos adensados e ultra-adensados, é
alternativa viável ao espaçamento convencional em diferentes localidades (NICHOLS et al.,
2003; MERT et al., 2006). Conforme Renck et al. (2000), o cultivo em espaçamento ultra-
adensado contribui para redução nos custos e aumento da produção do algodoeiro e é uma
alternativa viável para os cotonicultores. Segundo Nichols et al. (2003), cultivo em sistema
ultra-adensado requer semeadura em espaçamento entre linhas inferior a 0,38 m com
populações que variam de 173.000 a 297.000 plantas por hectare.
Nas diversas regiões de cultivo do algodoeiro nos EUA, o uso de
espaçamentos estreitos e altas densidades de plantas têm recebido interesses cíclicos ao longo
das últimas quatro décadas. Mais recentemente, com o desenvolvimento de reguladores de
crescimento e de cultivares transgênicas modernas e resistentes a herbicidas, tem ocorrido o
crescimento no número de pesquisas deste sistema de cultivo (NICHOLS et al. 2004).
O aumento da população de plantas proporcionado pela redução de
espaçamento entre linhas ou pelo aumento de densidade de plantas nas linhas de semeadura
permite reduzir o porte das plantas de algodoeiro. No entanto, o melhor espaçamento
entrelinhas ainda continua sendo 2/3 da altura média de plantas (YAMAOKA et al. 2001).
Segundo os autores, para viabilizar a semeadura em espaçamento ultra-adensado
necessidade do desenvolvimento de cultivares de pequeno porte, ou da adoção de tecnologia
adequada, interagindo a população de plantas com o uso de regulador de crescimento,
adubação, entre outros fatores.
A aplicação foliar de Cloreto de Mepiquat (CM) tem sido normalmente
utilizada pelos cotonicultores para manejar o crescimento da cultura, uniformizar o
desenvolvimento e a maturação do algodoeiro (NICHOLS et al., 2003). Freqüentemente, a
aplicação de CM resulta em plantas mais baixas e mais compactas tanto nos espaçamentos
convencionais (ZHAO e OOSTERHUIS, 2000; PETTIGREW e JOHNSON, 2005), quanto
nos ultra-adensados (NICHOLS et al., 2003).
No cultivo ultra-adensado, o uso de regulador de crescimento deve ser
utilizado o mais cedo possível, de forma a propiciar a redução do porte das plantas jovens,
principalmente em semeaduras efetuadas nas épocas de elevadas temperaturas e precipitações,
fato que ocasiona maior estiolamento das plantas.
Nagashima et al. (2005), em Londrina, em condições de casa-de-vegetação,
embebendo as sementes de algodão em regulador de crescimento (CM) durante 3, 6 e 12
68
horas nas concentrações de 0,0; 0,5; 2,5; 5,0 e 7,5 % (v/v) do produto comercial (50 g i.a.L
-1
),
obtiveram redução da altura de plantas do algodoeiro desde a emergência, sendo o efeito
redutor verificado inverso à dose e tempo de embebição, e evidenciaram a possibilidade de
que em condições de campo os tratamentos poderiam ser aplicados satisfatoriamente no
adensamento da cultura.
Yeates et al. (2005), em experimento conduzido à campo na Austrália,
utilizaram espaçamento de 0,8 m entre linhas, utilizando cinco doses de CM (0,0; 0,2; 0,5; 1,0
e 2,0 g i.a.kg
-1
de sementes) aplicados por meio de aspersão e por meio de embebição por
2,5 horas, 5 dias antes da semeadura, concluíram que o tratamento via embebição reduziu em
duas vezes a altura de plantas comparada com a aspersão direta da solução na semente, e que
há necessidade de mais pesquisas, concernente a utilização de CM em algodoeiro.
Em experimento em condições de campo na safra agrícola 2003/2004,
Nagashima et al. (2007), utilizando concentrações de CM [0,0; 0,5; 2,5; 5,0 e 7,5 % (v/v)] do
produto comercial com 50 g i.a. L, em espaçamento entre linhas de 0,60 m, obtiveram a
redução do porte das plantas de algodão até 31 dias após emergência e constataram que o
tratamento de sementes via embebição não afetou a produção.
Em função da carência de informações sobre efeitos de aplicação de
regulador de crescimento (CM) através de embebição das sementes, em cultivo ultra-
adensado e em condições de campo no Brasil, o trabalho objetivou verificar o efeito e a
interação da aplicação via embebição com a aplicação foliar seqüencial deste produto no
crescimento, desenvolvimento, produção do algodão e qualidade da fibra.
7.3 Material e Métodos
O experimento foi conduzido no ano agrícola 2005/2006, cultivado em
condições de campo, no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Londrina-PR, Sul do
Brasil (“23º29’41,4’’ S, “51º12’5,5” W), que apresenta clima do tipo Cfa (Köppen)
subtropical úmido mesotérmico com tendência de concentração de chuvas no verão. Os dados
climáticos do período de condução do experimento são apresentados a seguir (Figura 7.1).
Cada 2,0 kg da semente da cultivar IPR 120 de ciclo até colheita de 152 dias
e porte médio e arquitetura tipo taça, deslintadas quimicamente pelo método úmido com ácido
sulfúrico, foram embebidas em 1500 mL da solução de água destilada e deionizada contendo
69
Figura 7.1. Dados de precipitação e temperaturas máximas e mínimas durante o perído de
experimento. Londrina, 2006.
CM nas doses de: 0,0; 3,75; 7,5 e 15 g i.a kg
-1
de sementes por 12 horas, e temperatura da
solução de 20 ± 0,5 °C. A embebição foi efetuada no dia 15 de dezembro de 2005. Logo após
o tratamento, as sementes foram secas à sombra, em local arejado, e conservadas em sacos de
papel até a semeadura, em 19 de dezembro de 2005. A emergência das plântulas ocorreu seis
dias após a semeadura, sendo efetuado o desbaste manual 16 dias após a emergência (DAE),
mantendo o estande de 10 plantas de algodoeiro por metro linear. O cultivo foi efetuado em
latossolo vermelho distroférrico e adubação de semeadura foi de 12,5; 62,5 e 62,5 kg ha
-1
de
N, P
2
O
5
e K
2
O, respectivamente. A adubação nitrogenada em cobertura foi efetuada aos 24
DAE, utilizando 20 kg ha
-1
de N, na forma de sulfato de amônio.
O espaçamento adotado foi de 0,30 m entre linhas de plantas, com cada
parcela sendo composta de 10 linhas com 5,0 m de comprimento, considerando-se como área
útil, as 6 linhas centrais, excluindo-se 0,50 m de cada extremidade.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em
esquema fatorial 4 x 2, com as quatro concentrações de CM, descritas anteriormente e
presença ou ausência de aplicações foliares subseqüentes do mesmo produto, com quatro
repetições.
A primeira aplicação foliar foi efetuada aos 32 DAE, enquanto que as três
aplicações subseqüentes, a cada 17 dias. As doses de CM foram de 20,0 g i.a. ha
-1
nas
primeiras três aplicações e de 30,0 g i.a. ha
-1
na última aplicação, com gasto total de
70
90 g i.a. ha
-1
, em aplicação foliar, utilizando pulverizador costal de CO
2
, com volume de
aplicação de 222,2 L ha
-1
.
A altura das plantas, medida do nível do solo ao ápice, foi efetuada aos 10,
30, 60, 80, 92 e 128 DAE, nos estádios fenológicos B-
1
aos 30 dias, F-
1
aos 60, Cut-out
(paralisação do crescimento vegetativo) aos 92 e aos 128 dias no estádio C-
1
(MARUR e
RUANO, 2001).
No estádio fenológico C
1
, foi avaliada a altura da inserção do primeiro ramo
frutífero, considerando a distância do nível do solo ao primeiro frutífero. A colheita foi
efetuada em 3 ocasiões, sendo que por ocasião da primeira, aos 156 DAE, foram
determinados o número de ramos produtivos por planta, a percentagem de maçãs na posição
1, o número total de frutos por planta, e no final da colheita, determinou-se a produção total
de algodão em caroço, a percentagem de fibras, a massa de capulho e de 100 sementes.
O controle de plantas daninhas foi efetuado mediante emprego de capina
manual, sempre que necessário. O controle de pragas utilizado foi aquele preconizado para a
cultura.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando
necessário, a teste Tukey em nível de 5% de probabilidade aplicada nos fatores com veis
qualitativos. Quando necessário os dados foram ajustados em regressão.
7.4 Resultados e Discussão
Nas avaliações de altura de plantas realizadas aos 10, 30, 60, e 80 DAE, a
análise de variância demonstrou o efeito significativo para doses de regulador utilizadas na
embebição de sementes. O efeito da aplicação foliar efetuado aos 32 DAE foi constatado na
avaliação efetuada aos 60 DAE, mantendo o efeito redutor significativo até o final do ciclo da
cultura. Não houve interação entre os fatores analisados (Tabela 7.1).
A redução da altura de plantas do algodoeiro, com aplicação foliar
verificada aos 60 DAE foi de 9,60% e de 16,12% no estádio C
1
, quando se iniciou a abertura
das primeiras maçãs.
71
Tabela 7.1 Análise de variância (valores de F) para fatores doses, aplicação foliar e interação
dose e aplicação foliar para altura de plantas de algodoeiro aos 10, 30, 60, 80, 92 e 128 dias
após emergência de plântulas de algodoeiro em função de doses de CM via sementes e
aplicação foliar de CM e comparação de médias para aplicação foliar
Fatores
Dias após emergência
10 30 60 80 92 128
Doses (D) 245,0**
407,7** 18,0** 3,1* 2,6ns 1,2ns
Ap.foliar (AF) 0,3ns 2,0ns 13,3** 28,5** 28,0** 16,9**
D x AF 2,2ns 0,5ns 0,7ns 1,2ns 0,8ns 0,2ns
Blocos 2,2ns 34,5** 4,0* 2,7ns 3,5* 1,5ns
Ap. foliar (cm)
Com 8,13 24,43 76,56 93,25 98,06 100,44
Sem 9,25 24,02 84,69 108,69 117,06 119,75
DMS 0,46 0,60 4,64 6,01 7,47 9,77
C.V. (%) 7,71 5,10 7,83 8,10 9,44 12,07
** e*: significativos ao nível de 1% e 5% respectivamente; ns: não significativo.
Estes resultados estão de acordo com Nagashima et al. (2007) que
cultivaram plantas de algodão em espaçamento entre linhas de 0,60 m e obtiveram o efeito da
aplicação foliar, iniciada aos 17 DAE, ocasião em que obtiveram redução da altura de plantas
de até 28% quando comparada às plantas que não receberam pulverização foliar com
regulador de crescimento (CM).
O CM aplicado à semente via embebição promoveu a redução na altura de
plantas de algodoeiro desde a emergência (Figura 7.2). Estes resultados corroboram com os de
Nagashima et al. (2005 e 2007) que, em experimentos em casa de vegetação e de campo,
observaram redução de porte das plântulas originadas de sementes tratadas pelo sistema de
embebição com CM. Os resultados evidenciam que a embebição de sementes com CM foi
consistentemente adequada para a redução do porte de plantas na fase inicial do crescimento,
concordante com Yeates et al. (2005) e Lamas (2006). Fato adicional é que comparado com
aplicação foliar, a aplicação de CM na semente apresenta menores riscos de contaminação do
meio ambiente com produto.
Até a avaliação realizada aos 80 DAE, as doses de CM utilizadas na
embebição de sementes mantiveram reduzido o porte das plantas de algodão. As menores
alturas de plantas foram obtidas com a dose de 11,0 g i.a.kg
-1
aos dez dias após a emergência e
com 12,1 e 15,0 g i.a. kg
-1
para 30 e 60 DAE, respectivamente. Para 80 DAE, há uma redução
linear de 0,77 cm para cada grama do ingrediente ativo utilizado na embebição de sementes
com CM.
72
Figura 7.2 Altura de plantas da cultivar de algodão IPR 120 originadas de sementes
embebidas em CM aos 10, 30, 60 e 80 dias após emergência.
A altura da inserção do primeiro ramo frutífero foi reduzida pela embebição
das sementes com CM em todas as doses. Este resultado ficou mais pronunciado com o
aumento da dose aplicada na semente. Não houve efeito da aplicação foliar sobre esta
característica (Tabela 7.2).
Tabela 7.2 Análise de variância (valores de F) para altura da inserção do primeiro
ramo
frutífero, número de nós produtivos, número de frutos por planta de algodoeiro e número de
maçãs na posição um em função das doses de embebição com CM e com e sem aplicação
foliar subseqüente em planta de algodoeiro, Londrina, 2006
AIPRF: altura da inserção do primeiro ramo frutífero; NPP: número de nós produtivos por planta;
NFP: número de frutos por planta; PMP1: percentagem de maçãs na posição 1;
** e*: significativos em nível de 1% e 5% respectivamente; ns: não significativo.
A altura da inserção do primeiro ramo frutífero e a dose de CM utilizada no
tratamento das sementes de algodão apresentou efeito linear (Figura 7.4).
Doses
(g i.a. kg
-1
semente)
AIPRF
(cm)
NPP NFP PMP1
(%)
F 27,21** 2,48ns 3,68* 2,77ns
F linear 78,47** 7,30* 6,46* 6,05ns
F quadrática 3,13ns 0,00ns 4,45* 0,02ns
F cúbica 0,03ns 0,01ns 0,13ns 2,09ns
Aplicação foliar
Com CM 39,44 12,75 5,81 90,75
Sem CM 37,38 13,50 5,75 93,38
F 2,24ns 2,48ns 0,03ns 1,85ns
C.V. (%) 10,15 10,26 18,84 5,97
73
y = -1,046x + 45,27
= 0,87
0
20
40
60
0 3,75 7,5 11,25 15
Altura da inserção ramo frutífero
(cm)
Doses de CM (g i.a.kg
-1
semente)
Figura 7.4 Altura da inserção do primeiro ramo frutífero de plantas de algodoeiro em função
das doses de CM utilizadas na embebição de sementes.
Para cada grama do princípio ativo de CM utilizado na embebição de
sementes, observou-se redução de 1,04 cm na altura de inserção do primeiro ramo frutífero.
Comparando os resultados do tratamento testemunha (ausência de CM) com a maior dose de
CM estudada, constata-se que houve redução de 34,3% na altura da inserção do primeiro
ramo frutífero em plantas de algodão.
O número de ramos produtivos por planta não foi afetado pelas aplicações
de CM na semente e também via foliar (Tabela 7.2). Entretanto, a análise de regressão revelou
ajuste linear e relação direta entre o número de ramos produtivos e as doses de CM aplicadas
à semente (Figura 7.5).
y = 0,114x + 12,37
R² = 0,97
11
12
13
14
15
0 3,75 7,5 11,25
Número de ramos produtivos
por planta
Doses (g i.a. kg
-1
semente)
Figura 7.5 Número de ramos produtivos por planta de algodoeiro em função das doses de
CM utilizadas na embebição de sementes de algodão.
Tais resultados contrariam os obtidos por Yeates et al. (2005) que
verificaram redução no número de ramos com o uso de 8,0 g do princípio ativo de CM na
74
embebição da semente, aos 63 dias após semeadura. Verificaram também que houve
recuperação da emissão de ramos e, por ocasião da paralisação do crescimento vegetativo,
112 dias da semeadura, não foi observado diferença entre os tratamentos.
O número médio de frutos por planta foi afetado pela dose de regulador na
embebição de sementes (Tabela 7.2), sendo a resposta obtida ajustada à equação quadrática
com a quantidade máxima de frutos obtidos com a dose de 9,6 g i.a. kg
-1
de sementes de CM
(Figura 7.6). Quanto à aplicação foliar, o efeito foi não significativo para esta avaliação.
Nagashima et al. (2007), utilizando espaçamento entre linhas de plantas de 0,60 m, não
observaram o efeito das doses de CM na semente e sim do CM em aplicações foliares, com
redução no número de maçãs. Contudo, Yeates et al. (2005) observaram que, apesar de não
ser proporcional a dose utilizada, quando do uso de 2,0 g i.a. kg
-1
sementes de CM, houve
incremento no número de maçãs por planta de algodão.
y = -0,019x
2
+ 0,381x + 4,744
R² = 0,99
0
1
2
3
4
5
6
7
0 3,75 7,5 11,25 15
Número de frutos
Doses de CM (g i.a. kg
-1
de sementes)
Figura 7.6 Número dio de frutos por planta de algodoeiro em função das doses de CM
utilizadas na embebição de sementes.
Com relação à altura da inserção do primeiro ramo frutífero e ao número de
frutos por planta, os resultados mostram-se conflitantes com àqueles obtidos por Nagashima
et al. (2007) que verificaram redução dos ramos com o uso da aplicação foliar do CM.
Possivelmente, estes resultados podem ser atribuídos às variações nos espaçamentos entre
linhas de plantas utilizadas nos dois experimentos, aquele a 0,60 m e este a 0,30 m, fato que
resultou na duplicação da população de plantas de algodoeiro por área. Segundo Silva et al.
(2006), independente do espaçamento entre linhas e da densidade de plantas na entrelinha, o
número de ramos frutíferos diminui com o aumento da população de plantas e também com a
dose de CM utilizada.
75
A percentagem de maçãs na posição 1 dos ramos produtivos não foi afetada,
nem pela embebição com CM e nem pela aplicação foliar de CM subseqüente, com valor
mínimo de 89,0% com a dose de 7,5 g i.a. kg
-1
de sementes e máximo de 95,13% sem
embebição de CM em sementes de algodoeiro (Tabela 7.2). Jost e Cothren (2000), avaliando
o efeito de diferentes espaçamentos na produção de algodoeiro sem o uso de CM, obtiveram
61,7% de retenção de frutos na posição 1, utilizando espaçamento entre linhas de plantas de
0,38 m. Também constataram que com a redução do espaço entre linhas houve incremento da
frutificação na posição um dos ramos produtivos do algodoeiro.
Na Tabela 7.3 são apresentados os resultados da produção de algodão em
caroço, massa de um capulho, massa de 100 sementes e percentagem de fibras. A produção de
algodão em caroço não foi afetada pela aplicação de CM via embebição, com produção média
de 3.523,5 kg de algodão em caroço por hectare. Apesar do uso de CM apresentar efeitos
variáveis e inconsistentes sobre a produção de algodão em caroço (McCarty e Hedin, 1994;
Hodges et al. 1991), dados deste trabalho são concordantes com os obtidos por Nagashima et
al. (2007). Embora os tratamentos com CM não tenham contribuído com o aumento da
produção de algodão em caroço, manteve-se satisfatória a arquitetura da planta nas condições
de um solo de alta fertilidade. Por sua vez, Yeates et al. (2005) obtiveram redução no
rendimento de algodão com uso de 4,0 g i.a. kg
-1
sementes, aplicado via embebição.
Tabela 7.3 Produção de algodão em caroço, massas de um capulho, massa de 100 sementes e
percentagem de fibras de algodoeiro em função das doses de CM na embebição de sementes e
com aplicação e sem aplicação foliar. Londrina, 2006
Doses
(g i.a. kg
-1
semente)
Produção
(kg ha
-1
)
Capulho
(g)
Massa de 100
sementes (g)
Fibras
(%)
0,0 3.523,5 5,4 10,1 39,8
3,75 3.651,0 5,6 11,0 37,9
7,50 3.511,5 5,8 10,5 38,6
15,00 3.409,5 5,6 10,5 38,6
C.V. (%) 14,63 10,62 8,33 4,23
F 0,30 ns 0,53 ns 1,80 ns 1,61 ns
Aplicação foliar
Com 3.664,5 5,7 10,6 38,9
Sem 3.382,5 5,5 10,4 38,7
F 1,40 ns 0,80 ns 0,37 ns 0,29 ns
ns: não significativo teste F.
A massa de um capulho de 100 sementes e a percentagem de fibras não
foram afetadas pela aplicação de CM via embebição de semente ou foliar. No entanto, Cia et
al. (1996), estudando o efeito da densidade de plantas e uso de regulador de crescimento
76
(Cloreto de Clorocolina) na dose de 50 g i.a. ha
-1
, e em espaçamento entre linhas de 1,0 m,
observaram que houve um incremento na massa de 100 sementes e de capulho. Por sua vez,
Athayde e Lamas (1999) avaliando efeito de doses de CM aplicado de forma parcelada, não
observaram efeito significativo para produção de algodão em caroço e percentagem de fibras.
Outro estudo desenvolvido por Lamas (2001) mostrou peso de capulho maior com a aplicação
de regulador de crescimento, 50 g de CM e 100 g de Cloreto de Clormequat por hectare com
inicio da aplicação aos 42 dias da emergência.
Neste estudo, embora tenha sido utilizado 90 g i.a. ha
-1
em aplicação foliar
parceladas em quatro pulverizações, o porte final das plantas foi superior ao preconizado por
Yamaoka et al.(2001). Ou seja, de 1,5 vezes o espaçamento entre linhas utilizado havendo,
portanto, a necessidade de mais estudos relacionados com doses e épocas de aplicação foliar
seqüencial de CM para obtenção de plantas com altura adequada e desprovida de ramos
vegetativos.
7.5 Conclusões
1. Sementes embebidas em soluções com CM reduzem a altura de plantas, sendo
consonante à dose utilizada e com efeito visível até 80 dias após emergência,
interferindo na altura da inserção do primeiro ramo frutífero e no número de frutos por
planta de algodão, quando cultivada em condições adensadas;
2. A embebição de sementes de algodão com CM não afeta a produção de algodão em
caroço, a massa de capulho, de sementes, e a percentagem de fibras e reduz a altura até
o final do ciclo da planta, sem afetar o peso de capulho, o peso de 100 sementes, e
percentagem de fibras e a produção de algodão em caroço em cultivo adensado;
3. A aplicação foliar do regulador CM reduz a altura de plantas de algodoeiro até o final
do ciclo, sem afetar a massa de capulho, de 100 sementes, percentagem de fibras e a
produção de algodão em caroço.
77
7.6 Referências
ATHAYDE, M.L.F.; LAMAS, F.M. Aplicação seqüencial de cloreto de mepiquat em
algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v 34, n.3, p.369-375, 1999.
CIA, E.; ALLEONI, L.R.F.; FERRAZ, C.A.M.; FUZATTO, M.G.; KONDO, J.I.;
CARVALHO, L.H.; CHIAVEGATO E.J.; SABINO, N.P. Densidade de plantio associada ao
uso de regulador de crescimento na cultura do algodoeiro. Bragantia, Campinas, v.55, n.2, p.
309-316, 1996.
HODGES, H.F.; REDDY, V.R.; REDDY, K.R. Mepiquat chloride and temperature effects on
photosynthesis and respiration of fruiting cotton. Crop Science, v.31, n.5, p.1302-1308, 1991.
JOST, P.H.; COTHREN, J.T. Growth and yield comparisons of cotton planted in
conventional and ultra-narrow row spacings. Crop Science, v.40, p.430-435, 2000.
LAMAS, F.M. Estudo comparativo entre cloreto de mepiquat e cloreto de chlormequat
aplicados no algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n. 2, p. 265-
272, Fev. 2001.
LAMAS, F.M. Cloreto de mepiquat na cultura do algodoeiro via sementes. In: Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento 33, 2006, Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 19 p., 2006.
Disponível em: <http://www.cpao.embrapa.br/publicacoes/ficha.php? tipo= BP& num=33
&ano=2006>. Acesso em: 03 jan. 2007.
MARUR, C.J. ; RUANO, O. A reference system for determination of developmental stages
of upland cotton. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, Brasília, v.5, n2, p.313-317, 2001.
MERT, M.; ASLAN, E.; AKIŞCAN, Y.; CALIŞKAN, M.E. Response of cotton (Gossypium
hirsutum L.) to different tillage systems and intra-row spacing. Soil and Tillage Research, v.
85, n.1-2, p.221-228, 2006.
McCARTY JR, J.C.; HEDIN, P.A. Effects of 1,1 dimethylpiperidinium chloride on the
yields, agronomic traits, and allelochemicals of cotton (Gossypium hirsutum L.), a nine year
study. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v.42, n.10, p.2302-2304,
1994.
NAGASHIMA, G.T.; MARUR, C.J.; YAMAOKA, R.S.; MIGLIORANZA, E.
Desenvolvimento
de plantas de algodão provenientes de sementes embebidas com cloreto de
mepiquat. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.40, n 9, p 943-946, 2005.
NAGASHIMA, G.T.; MIGLIORANZA, É.; MARUR, C.J.; YAMAOKA, R.S.; GOMES, J.C.
Embebição de sementes e aplicação foliar com cloreto de mepiquat no crescimento e
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NICHOLS, S.P.; SNIPES, C.E.; JONES, M.A. Cotton growth, lint yield, and fiber quality as
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78
PETTIGREW, W.T.; JOHNSON, J.T. Effects of different seeding rates and plant growth
regulators on early-planted cotton. Journal of Cotton Science, v. 9, p.189-198, 2005.
RENCK, A.; HUDSON, D.; MARTIN, S. The cost of ultra-narrow row cotton production in
Mississippi: a commercial-scale experiment. In: BELTWIDE COTTON PRODUCTION
RESEARCH CONFERENCES, Proceedings… Memphis: National Cotton Council,
Memphis, 2000, v.1, p.289-290.
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desenvolvimento do algodoeiro em diferentes configurações de semeadura. Bragantia,
Campinas, v. 5, n.3, p. 407-411, 2006.
YAMAOKA, R.S.; ALMEIDA, W.P.; PIRES, J.R.; MARUR, C.J.; NAGASHIMA, G.T.;
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plantio do algodoeiro no estado do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ALGODÃO, 3, 2001, Campo Grande. Resumos. Campo Grande: UFMS; Campina Grande:
EMBRAPA-CNPA; Dourados: EMBRAPA-CPAO, 2001, v.1. p.609-611.
YEATES, S.J.; CONSTABLE, G.A.; McCUMSTIE, T. Cotton growth and yield after seed
treatment with mepiquat chloride in the tropical season. Field Crop Research, v 93, p.122-
131, 2005.
ZHAO, D.; OOSTERHUIS D.M. Pix plus and mepiquat chloride effects on physiology,
growth, and yield of field-grown cotton. Journal Plant Growth Regulator. v.19, p.415–
422, 2000.
79
8. CONCLUSÕES GERAIS
1. Havendo o estresse hídrico, logo após a emergência ou 30 dias da semeadura nas
plantas tratadas com regulador de crescimento Cloreto de Mepiquat via embebição de
sementes, o metabolismo destas plantas não é prejudicado na ocorrência de um
estresse hídrico. As plantas suportam por mais alguns dias o estresse hídrico;
2. O modo de aplicação direta do Cloreto de Mepiquat sobre a semente de algodão
substitui com vantagens o da embebição das sementes nas soluções com regulador de
crescimento apresentando efeito similar a embebição;
3. As cultivares respondem diferentemente ao regulador de crescimento Cloreto de
Mepiquat utilizado via embebição;
4. Sementes embebidas em soluções com CM reduzem a altura de plantas, sendo efeito
inverso à dose utilizada e com redução de até 80 dias após emergência, em condições
de cultivo em campo e a embebição e aplicação foliar de CM não afeta a produção de
algodão em caroço, nem a massa de capulho, massa de sementes e percentagem de
fibras.
Contudo, necessidade de mais pesquisas relacionadas com o tema, para
auxiliar na implantação da cotonicultura em sistema de cultivo adensado, de forma a
viabilizar o cultivo em regiões com solo depauperado pelo uso, facilitar e reduzir os custos de
produção.
80
9. APÊNDICE
Figura 9.1. Efeito na altura de plantas de algodoeiro com regulador de semente Cloreto de
Mepiquat, via embebição de sementes utilizando 2,0 g i.a. 100 mL
-1
de água, em cinco
cultivares de algodão herbáceo.
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