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Campos de Medida Divergente e a ormula
de Gauss-Green
Leandro Tomaz de Araujo
Dezembro de 2006
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Campos de Medida Divergente e a
ormula de Gauss-Green
por
Leandro Tomaz de Araujo
Disserta¸ao de Mestrado apresentada ao
Programa de os-gradua¸ao do Instituto
de Matem´atica, da Unive rsidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necess´arios `a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre
em Matem´atica.
Orientador: Wladimir Neves
Rio de Janeiro
Dezembr o de 2006
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.
Araujo, Leandro Tomaz de
A663c Campos de medida divergente e a ormula de
2006 Gauss-Green/Leandro Tomaz de Araujo.-
Rio de Janeiro: UFRJ/IM, 2006.
v,89f.; 29 cm
Disserta¸ao(Mestrado) - UFRJ/IM. Programa de
os-Gradua¸ao em Matem´atica, 2006.
Orientador: Wladimir A. das Neves
Bibliogr´afia: p.86.
1. Teoria geom´etrica da medida - tese. 2. Espa¸cos
de fun¸oes. I. Neves, Wladimir Augusto das. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de
Matem´atica. III. T´ıtulo.
Campos de Medida Divergente e a
ormula de Gauss-Green
por
Leandro Tomaz de Araujo
Disserta¸ao submetida ao Corpo Docente do Instituto de Matem´atica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸ao do grau
de Mestre em Matem´atica.
´
Area de concentra¸c˜ao: Matem´atica
Aprovada por:
Prof. Dr. Wladimir Neves - UFRJ-IM
(Presidente)
Prof. Dr. Dinamerico P. Pombo Jr. - UFF-IM
Prof. Dr. Antonio Roberto da Silva - UFRJ-IM
Prof. Dr. Greg´orio Malajovich -UFRJ-IM
Rio de Janeiro
Dezembr o de 2006
Campos de Medida Divergente e a
ormula de Gauss-Green
Leandro Tomaz de Araujo
Orientador: Wladimir A. das Neves
Resumo
Resumo da Disserta¸ao submetida ao Programa de os-gradua¸ao em Matem´atica,
Instituto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte
dos requisitos necess´arios `a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
O objetivo principal deste trabalho ´e estudar as arias generaliza¸oes da ormula de
Gauss-Green. Al´em disso, analisaremos uma nova classe de campos L
, chamados Cam-
pos de Medida Divergente (DM) conforme introduzido por Chen & Frid [6] e esten-
deremos a ormula de Gauss-Green para conjuntos de fronteira deform´avel Lipschitz a
conjuntos de per´ımetro finito conforme em Chen & Torres [9].
Rio de Janeiro
Dezembr o de 2006
i
Campos de Medida Divergente e a
ormula de Gauss-Green
Leandro Tomaz de Araujo
Orientador: Wladimir A. das Neves
Abstract
Abstract da Disserta¸ao submetida ao Programa de os-gradua¸ao em Matem´atica,
Instituto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte
dos requisitos necess´arios `a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
The main objective of this work is to study some generalizations of the Gauss-Green
Formula. Moreover, we will analyze a new class of L
vector fields called divergence-
measure fields (DM) as introduced by Chen & Frid [6] and will extend to the Gauss-Green
Formula for sets of deformable Lipschitz boundaries to sets of finite perimeter as in Chen
& Torres [9].
Rio de Janeiro
Dezembr o de 2006
ii
Agradecimentos
Agrade¸co pricipalmente a Deus por me dado for¸cas para superar mais essa etapa de
minha vida e aos meus pais, Jo˜ao Mende s de Araujo e Geni Tomaz de Araujo, que
sempre acreditaram e me incetivaram ao longo de toda a minha vida.
Ao apoio e incetivo de todos os meus amigos da Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro; em especial, Andrea Luiza G. M. Rocha, Andr´e G. Valente, Andr´e Luiz M. Pereira,
Fabio Henrique A. Santos, Josiane Costa Silva, Luiz Guilhermo Martinez, Marcelo Tava-
res, Regis C. A. Soares Jr. e Susan Wouters. Finalmente, os meus cordiais agradecimentos
aos professores do Instituto de Matem´atica da UFRJ.
Rio de Janeiro,
Leandro T. de Araujo
iii
.
Para meus pais Jo˜ao e Geni,
e meus irm˜aos Luciano e Leonardo.
iv
Sum´ario
1 Introdu¸c˜ao 1
2 Preliminares 7
2.1 Medidas e Fun¸oes Mensur´aveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Integrais e Teoremas de Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Teorema de Fubini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Diferencia¸ao de Medidas de Radon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Teorema de Representa¸ao de Riesz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6 Convergˆencia Fraca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.7 Medida de Hausdorff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.8 Propriedade Finas de An´alise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.9 Regulariza¸ao e Aproxima¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 O Teorema Cl´assico de Gauss-Green 19
3.1 Integra¸ao sobre Fronteiras Lipschitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Espa¸cos de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2.1 Considera¸oes Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2.2 ormula de Gauss-Green para fun¸oes W
1,p
. . . . . . . . . . . . 29
3.3 Fun¸oes de Variac˜ao Limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.1 Considera¸oes Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.2 ormula de Gauss-Green para fun¸oes BV . . . . . . . . . . . . . 38
4 Campos de Medida D ivergente 42
4.1 Defini¸ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
v
4.2 Propriedades Elementares em DM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.3 Aproxima¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4 Regra do Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.5 Deforma¸oes Lipschitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5 A ormula de Gauss-Green e o Tra¸co Normal 61
5.1 Considera¸oes Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.1 Conjuntos de Per´ımetro Finito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.2 Teorema de Gauss-Green Generalizado . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.1.3 Limites Aproximados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.1.4 Valor edio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.2 ormula de Gauss-Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.3 Tra¸co Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
A Nota¸ao 83
A.1 Nota¸ao Vetorial e de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A.2 Nota¸ao para fun¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
A.3 Espa¸cos de fun¸oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Referˆencias Bibliogr´aficas 86
vi
Cap´ıtulo 1
Introdu¸ao
Nesta disserta¸ao estudaremos algumas das arias formula¸oes para o Teorema de Gauss-
Green, tamb´em conhecido como o Teorema de Stokes. Inicialmente, ele fora decoberto em
1828, e surgiu de uma conex˜ao com a Teoria Potencial (isto inclui potenciais gravitacionais
e eletricos), e depois redescoberto em 1850 por Stokes que o recebeu por sugest˜ao do f´ısico
Lord Kelvin atrav´es de uma carta no mesmo ano. Al´e m disso, Stokes o teria utilizado
em um exame para a Smith Prize em 1854 (veja [10]).
Agora, para estudar a ormula de Gauss-Green em um contexto mais geral, inici-
aremos provando o Teorema no que chamaremos de sentido cl´assico: campo suave e o
dom´ınio de integra¸ao com bordo que ´e localmente o gr´afico de uma fun¸ao Lipschitz, o
qual chamaremos de fronteira Lipschitz.
´
E bem abido pelo alculo Diferencial e Integral
que a tradicional ormula de Gauss-Green tamb´em se aplica sobre conjuntos cujas fron-
teiras ao suaves por partes, isto ´e, a uni˜ao finita de curvas suaves. Entretanto, usaremos
aqui uma outra ferramenta, a saber: Teoria Geom´etrica da Medida, que ´e a linguagem
natural para se trabalhar com conjuntos que ao ao regulares no sentido da Geome-
tria Diferencial (isto ´e, fronteira suave para podermos aplicar o tradicional Teorema de
Gauss-Green).
Por outro lado, o Teorema de Gauss-Green pode ser apresentado de maneira mais geral
atrav´es de formas diferenciais (veja [10]). Enao no que segue enunciaremos a formula¸ao
tradicional para o Teorema de Gauss-Green para An´alise no R
n
, que utiliza o conceito de
formas diferenciais e pode ser encontrado em [21]. Contudo, esta ser´a a ´unica referˆencia
a formas diferenciais neste trabalho.
1
Teorema 1.1 (Gauss-Green). Se M ´e uma variedade compacta orientada de dimens˜ao
k, e ω ´e um (k 1) forma diferencial de classe C
1
com suporte compacto sobre M, ent˜ao
M
ω =
M
. (1.1)
onde M ´e dado na orienta¸ao induzida.
M
n
Figura 1.1: Uma variedade de dimens˜ao n.
Neste caso, conv´em observar que (1.1) pode ser reescrito de modo equivalente atr´aves
da ormula
U
div F dx =
U
F · n dS, (1.2)
onde n ´e o campo normal unit´ario a U, o operador div F ´e o divergente para algum
campo F de classe C
1
em um conjunto aberto U do R
n
, e dS ´e a unidade de ´area. A
ormula (1.2), ´e tamb´em denominada de Teorema da Divergˆencia, e ´e mais conhecida pelo
alculo Diferencial e Integral do que a ormula (1.1).
Agora, para generalizar (1.2) nossa ferramenta crucial ser´a a integral de Lebesgue e da
medida de Hausdorff (veja a se¸ao 2.7), a medida natural para trabalhar como conjuntos
que ao ao regulares no sentido da Geometria Diferencial.
Nesta disserta¸ao, veremos que se mantivermos a suavidade do campo F e diminuirmos
a regularidade do dom´ıno de integra¸ao exigindo que o bordo U seja Lipschitz, o que
garantiria pelo Teorema de Radamacher uma boa propriedade geom´etrica: a existˆencia
da normal exterior unit´aria definida em quase todo ponto; neste caso a ormula de
Gauss-Green continuar´a alida.
2
Ainda, se diminuirmos tamb´em a regularidade do campo; primeiramente, exigindo que
seja uma fun¸ao de Sobolev, e em seguida que seja uma fun¸ao de varia¸ao limitada (BV )
tamb´em veremos a validade para a ormula de Gauss Green. Al´em disso, veremos que a
ormula (1.2) pode ser ainda mais generalizada, considerando dom´ınios como conjuntos
de Caccioppoli, que ao por defini¸ao conjuntos cuja fun¸ao caracter´ıstica ´e uma fun¸ao
de varia¸ao limitada local.
A disserta¸ao esta dividida em c inco cap´ıtulos e um apˆe ndice de nota¸ao. No cap´ıtulo
2, enunciaremos sem as demonstra¸oes alguns resultados asicos de Teoria da Medida,
que ser˜ao utilizados ao longo de todo trabalho.
No cap´ıtulo 3, apresentaremos a ormula de Gauss-Green para fun¸oes suaves, fun¸oes
de Sobolev e fun¸oes BV em dom´ınios cujos bordos ao Lipschitz, conforme feito em [12].
Al´em disso, nos dois ´ultimos casos a usaremos para fornecer uma no¸ao sobre o tra¸co
para essas fun¸oes, o que a grosso modo seria como atribuir significado aos valores dessas
fun¸oes na fronteira de dom´ınio U.
No cap´ıtulo 4, estudaremos uma nova classe de campos L
, chamados campos de me-
dida divergente (DM); conforme introduzido em Chen & Frid [6]. Formalmente campos
DM ao campos vetoriais em L
cujos divergentes ao medidas de Radon. Es ses campos
surgem naturalmente no estudo de solu¸oes entr´opicas de problemas de valor inicial e de
fronteira de Leis de Conservao hiperb´olicas ao lineares (veja [6], [7] e [8]). Tendo
em vista a defini¸ao de campos DM, veremos ao longo deste cap´ıtulo que muitas das
propriedades desses campos ao an´alogas para fun¸oes BV ; neste sentido, uma pergunta
natural ´e se o mesmo ´e verdade para o tra¸co e para a F ´ormula de Gauss-Green para
campos DM sobre um superf´ıcie Lipschitz qualquer. A resposta ´e negativa em geral,
entretanto ´e verdade para fun¸oes BV como podemos observar no cap´ıtulo 3.
A dificuldade em fornecer uma no¸ao razo´avel para o tra¸co de um campo de medida
divergente F em um conjunto aberto U do R
n
foi superada p or Chen & Frid [6] ao
intro duzirem o conceito de fronteira Lipschitz deform´avel; onde dado um conjunto aberto
compactamente contido em U com fronteira Lipschitz, supomos que esteja definido
um homeomorfismo bi-Lipschitz ψ de × [0, 1] sobre a sua imagem de tal modo que
ψ(., 0) = id em Ω. Isto os permitiu entender o tra¸co normal F ·ν|
em L
(Ω; H
n1
)
3
como o limite fraco estrela (F
τ
) ψ
τ
em L
(Ω; H
n1
) para uma de forma¸ao ψ,
F · ν|
= w
lim
τ0
(F · ν
τ
) ψ
τ
em L
(Ω; H
n1
)
a qual independe de ψ
τ
= ψ(·, τ). Al´em disso, observaremos que a topologia fraco estrela
´e a melhor maneira de definir F · ν|
em geral, como podemos ver em [6].
No ´ultimo cap´ıtulo, veremos que uma das dificuldade que surge para estender o Teo-
rema de Gauss-Gree n a conjuntos mais gerais ´e em que sentido poder´ıamos falar do campo
normal exterior a fronteira que aparece em (1.2). A teoria de conjuntos de Caccioppoli
iniciado por R.Caccioppoli em [4], e apronfundado por arios matem´aticos (aqui desta-
cando o trabalho de Ennio De Giorgi), ´e o ambiente adequado por causa da existˆencia
da normal exterior no sentido geom´etrico da medida.
Originalmente, conjuntos de per´ımetro finito foram definidos como conjuntos que
podem ser aproximados por dom´ınios poliedrais , E P, o qual ´e definido como qualquer
conjunto E R
n
no qual ´e o fecho de um conjunto aberto cuja fronteira topol´ogica,
E, esta contida em uma uni˜ao finita de hiperplanos do R
n
. Essa defini¸ao ´e similar
a defini¸ao de Lebesgue da ´area de uma superficie. Mais geralmente, o per´ımetro de
qualquer conjunto, ao necessariamente mensur´avel, foi definido como
P (E; R
n
) := inf
lim inf
h→∞
H
n1
(E
h
) : E
h
P, |(E E
h
) (E
h
E)| 0
.
enao mostra que E ´e um conjunto mensur´avel, se P (E; R
n
) < , e, neste caso, o
per´ımetro coincide com o per´ımetro da defini¸ao (5.1) (para detalhes veja [17]).
Por outro lado, De Giorgi pensava em uma hipersuperf´ıcie de codimens˜ao 1 em R
n
como a fronteira de conjuntos de Caccioppoli. Mais precisamente, De Giorgi definiu a
chamada fronteira reduzida para conjuntos de Caccioppoli,
E, como o conjunto de
pontos x no qual derivada de Radon-Nikodym de ∇X
E
existe com respeito a medida
de varia¸ao||∇X
E
||, e ´e igual a ν
E
(x) com |ν
E
(x)| = 1, e pode ser escrito como a uni˜ao
enumer´avel de subconjuntos compactos de hipersuperf´ıcies de classe C
1
, a menos de um
conjunto de medida ||∇X|| nula. Ainda, a medida ||∇X
E
|| coincidiria com a medida de
Hausdorff de dimens˜ao (n 1) restrita a fronteira reduzida, e estaria contida na fronteira
essencial de E,
s
E, o qual por defini¸ao possui todos os pontos x R
n
que ao ao
pontos de densidade 0 ou 1, e pela teoria cl´assica da fun¸oes BV (veja [12]), o conjunto
4
s
E
E tem medida de Hausdorff de dimens˜ao (n 1) nula. Isto permitiu enao
estender o Teorema de Gauss-Green para conjuntos de Caccioppoli:
Teorema 1.2 (Gauss-G reen Generalizado). Seja E um conjunto de Caccippoli. Ent˜ao
para H
n1
quase todo x
s
E, existe uma ´unica medida te´orica da normal exterior
ν
E
(x) tal que
E
div ϕ dx =
s
E
ϕ · ν
E
dH
n1
para toda ϕ C
1
c
(R
n
, R
n
).
Agora, paralelamente ao Teorema de Gauss-Green Generalizado, veremos conforme
Chen & Torres [9], que a ormula de Gauss-Green para campos DM pode ser estendida
de um conjunto de fronteira Lipschitz para um conjunto E compactamente contido em U
cuja fun¸ao caracter´ıstica de E ´e uma fun¸ao BV , conhecido como conjunto de per´ımetro
finito. Neste caso, a utilizaremos para fornecer uma no¸ao sobre o tra¸co normal para
campos DM que coincide com a no¸ao introduzida por Chen & Frid [6].
Conv´em observar que a constru¸ao realizada em Chen & Torres [9] ´e em grande parte
independente da constru¸ao realizada em Chen & Frid [6]. De fato, em [6] a no¸ao
do tra¸co normal utilizando deforma¸oes Lipschiz ´e introduzida para depois mostrar a
ormula de Gauss-Green em conjuntos com fronteira Lipschitz deform´avel; ao passo que,
em [9] a ormula de Gauss-Green em conjuntos de per´ımetro finito ´e introduzida para
depois obter a no¸ao sobre o tra¸co normal sobre tais conjuntos.
A fim de analisar mais profundamente a no¸ao de tra¸co normal, mostraremos conforme
Chen & Torres [9], que existe um subconjunto
K
ε
da fronteira reduzida tal que para ε > 0
pequeno, H
n1
(
E
K
ε
) < ε e existe um campo suave ν
ε
: R
n
R
n
tal que ν
ε
K
ε
aponta para o interior de E, e cujo interior topol´ogico de
K
ε
, que denotaremos por K
ε
,
pode ser escrito como a uni˜ao enumer´avel de hipersuperf´ıcies de classe C
1
. Neste caso,
definiremos a seguinte aplica¸ao ψ
ε
: R
n
× [0, 1] R
n
por ψ
ε
(x, τ) := x + τν
ε
, o qual
induz a aplica¸ao ψ
ε
τ
:= ψ
ε
(·, τ) para τ (0, 1) fixado, e denotando por E
τ
= ψ
ε
τ
(E) e
K
ε
τ
:= ψ(
K
ε
), veremos atrav´es da ormula de Gauss-Green para campos DM aplicada
E
τ
que
E
1
τ
φ div F +
E
1
τ
F · φ =
s
E
τ
φ F · ν
τ
dH
n1
. (1.3)
5
Por outro lado, novamente pela ormula de Gauss-Green para campos DM em con-
juntos de per´ımetro finito agora aplicada E segue que
E
1
φ div F +
E
1
F · φ =
s
E
φ F · ν dH
n1
(1.4)
Agora, passando ao limite quando τ 0 em (1.3), e p elo Teorema da Convergˆencia
Dominada vemos que o primeiro membro de (1.3) converge ao primeiro membro de (1.4),
o que implica que o segundo membro de (1.3) converge para (1.4).
Finalmente, escolhendo φ C
1
c
(U) tal que φ se anula numa vizinhan¸ca de P com
φ
P
= 0 e φ
EK
ε
= 0, e como φ
K
ε
τ
pode ser trocado por φ
K
ε
τ
(ψ
ε
τ
) com erro que vai
a zero quando τ 0. Enao existe o limite fraco estrela,
F · ν|
K
ε
= w
lim
τ0
(F · ν
ε
τ
) ψ
τ
em L
(K
ε
; H
n1
).
desde que ψ
ε
τ
(
K
ε
τ
) int(E). Portanto, o tra¸co normal de um campo DM introduzido
por Chen & Torres [9] sobre tais conjuntos ser´a entendido como o limite fraco estrela
intro duzido por Chen & Frid [6], o que mostra sua consistˆencia.
6
Cap´ıtulo 2
Preliminares
O objetivo deste cap´ıtulo ´e reunir algumas defini¸oes e fatos asicos da Teoria da Medida
e est´a baseado em [12], [13] e [17]. Adimitiremos a nota¸ao do Apˆendice A.
2.1 Medidas e Fun¸oes Mensur´aveis
Seja X um conjunto , e 2
X
o conjunto de partes de X.
Defini¸ao 2.1. Uma cole¸ao F de subconjuntos de X, F 2
X
, ´e chamado uma σalgebra
se
1. , X F;
2. Se A F ent˜ao X A F; e
3. Se A
k
F, k = 1, . . . , ent˜ao
k=1
A
k
F.
Ainda, uma σalgebra de Borel do R
n
´e a menor σalgebra contendo os subconjuntos
abertos do R
n
.
Defini¸ao 2.2. Uma aplicao µ : 2
X
[0, +] ´e chamada uma medida em X se
satisfaz
1. µ() = 0; e
2. µ(A)
k=1
µ(A
k
) sempre que A
k=1
A
k
.
7
Ainda, seja µ uma medida sobre X e A X. Ent˜ao µ restrita a A, escrevemos µA ´e a
medida definida por (µA)(B) = µ(A B) para todo B X.
Nota 2.3. A defini¸ao (2.2) ´e usualmente chamada de Medida Exterior, como podemos
ver em [5].
Defini¸ao 2.4. Um conjunto A X ´e µ-mensur´avel se para cada B X,
µ(B) = µ(B A) + µ(B A).
Defini¸ao 2.5. .
1. Uma medida µ sobre X ´e regular se para cada conjunto A X, existe um conjunto
µ-mensuravel B tal que A B e µ(A) = µ(B).
2. Uma medida µ sobre R
n
´e chamada Borel se todo conjunto de Borel ´e µ-mensur´avel.
3. Uma medida µ sobre o R
n
´e Borel regular se µ ´e Borel e para cada A R
n
, existe
um conjunto de Borel B tal que A B µ(A) = µ(B).
Teorema 2.6. Seja µ uma medida regular sobre X. Se A
1
··· A
k
A
k+1
. . . ,
ent˜ao
lim
k→∞
µ(A
k
) = µ
k=1
A
k
.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.5.
Defini¸ao 2.7. Uma medida µ sobre R
n
´e uma medida de Radon se µ ´e Borel regular e
µ(K) < para todo conjunto compacto K R
n
.
Defini¸ao 2.8. Seja µ uma medida sobre X, e Y um espco topol´ogico. Uma fun¸ao
f : X Y ´e µ-mensur´avel se f
1
(U) ´e µ-mensur´avel para cada conjunto aberto U Y .
Teorema 2.9 (Lusin). Seja µ uma medida de Borel regular sobre R
n
e seja f : R
n
R
n
uma fun¸ao µ-mensur´avel. Assuma que A R
n
´e µ-mensur´avel e µ(A) < . Ent˜ao,
para todo ε > 0, existe um conjunto compacto K em A tal que µ(A K) < ε e f|
K
´e
cont´ınua.
8
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.15.
Teorema 2.10 (Ergoroff). Seja µ uma medida sobre R
n
. Se f
k
: R
n
R
n
fun¸oes
µ-mensur´aveis (k = 1, . . . ) e A R
n
´e µ-mensur´avel com µ(A) < , e f
k
f µ-q.s.
sobre A. Ent˜ao, para todo ε > 0, existe um conjunto µ-mensur´avel B A em A tal que
µ(A B) < ε e f
k
f uniformente em B.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 3, p.16.
2.2 Integrais e Teoremas de Limites
Defini¸ao 2.11. Seja µ uma medida sobre X. Uma fun¸ao g : X [−∞, ] ´e
chamada um fun¸ao simples se g ´e µ-mensur´avel e a imagem g(X) ´e um conjunto enu-
mer´avel.
Seja g uma fun¸ao simples, ao negativa e µ-mensur´avel. Definimos
I(g; µ) =
0y≤∞
yµ
g
1
({y})
.
Defini¸ao 2.12. se g ´e uma fun¸ao µ-mensur´avel simples, e se I(g
+
; µ) < ou
I(g
; µ) < , dizemos que g ´e uma fun¸ao simples µ-integr´avel e definimos
I(g; µ) = I(g
+
; µ) I(g
; µ).
Assim, se g ´e uma fun¸ao µ-integr´avel,
I(g; µ) =
−∞≤y≤∞
yµ
g
1
({y})
.
Agora, seja f : X [−∞, ] uma fun¸ao qualquer e seja S(µ) o conjunto de todas as
fun¸oes simples µ-integr´aveis. Definimos,
f := inf {I(g; µ) : g S(µ), f g µ q.s.},
f := inf {I(g; µ) : g S(µ), f g µ q.s.}.
Usualmente definimos inf := + e sup := −∞.
9
Defini¸ao 2.13. Uma fun¸ao f : X [−∞, ] µ-mensur´avel ´e chamada µ-integr´avel
se
f =
f ; neste cado escrevemos
f =
f =
f dµ.
Defini¸ao 2.14. Seja X um conjunto.
1. Uma fun¸ao f : X [−∞, ] ´e µ-som´avel se f ´e µ-integr´avel e
|f| < .
2. Dizemos que a fun¸ao f : R
n
[−∞, ] ´e localmente µ-som´avel se f|
K
´e µ-
som´avel para cada conjunto compacto K R
n
.
Seja µ uma medida de Radon. Denotaremos por L
1
loc
(R
n
; µ) o conjunto de todas
fun¸oes localmente µ-som´avel f : R
n
[−∞, ]. Para toda f L
1
loc
(R
n
; µ), escrevere-
mos
(µf)(A) =
A
f
para todo conjunto compacto A do R
n
. Note que µA = µX
A
.
Defini¸ao 2.15. .
1. Dizemos que ν ´e uma medida com sinal sobre R
n
, e denotaremos por ν M(R
n
)
se existe uma medida de Radon µ sobre o R
n
e uma fun¸ao f L
1
loc
(R
n
; µ) tal que
ν = µf.
2. Dizemos que ν ´e uma medida vetorial sobre o R
n
em R
m
, e denotaremos por
ν M(R
n
; R
m
), se existe uma medida de Radon µ e uma fun¸ao vetorial f =
(f
1
, . . . , f
m
) com f
i
L
1
loc
(R
n
; µ) tal que ν
i
= µf
i
(i = 1, . . . , m).
Teorema 2.16 (Lema de Fatou). Sejam f
k
: X [0, ] fun¸oes µ-mensur´aveis (k =
1, . . . ). Ent˜ao
lim inf
k→∞
f
k
lim inf
k→∞
f
k
dµ.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.19.
10
Teorema 2.17 (Convergˆencia Mon´otona). Sejam f
k
: X [0, ] fun¸oes µ-mensur´aveis
(k = 1, 2, . . . ), com
f
1
f
2
··· f
k
f
k+1
. . .
Ent˜ao
lim
k→∞
f
k
= lim
k→∞
f
k
dµ.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.20.
Teorema 2.18 (Convergˆencia Dominada). Sejam g : X R uma fun¸ao µ-som´avel e
f, f
k
: X R fun¸oes µ-mensur´aveis (k=1,2,. . . ). Se |f
k
| g e f
k
f µ-q.s. quando
k .Ent˜ao
lim
k→∞
f
k
=
f dµ.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 3, p.20.
2.3 Teorema de Fubini
Defini¸ao 2.19. Seja µ uma medida sobre um conjunto X e ν uma medida sobre um
conjunto Y . Para cada M X × Y definimos
(µ × ν)(M) := inf
k=1
µ(A
k
)ν(B
k
)
,
onde o ´ınfimo ´e tomado sobre toda seencia de conjuntos µ-mensur´avel A
k
X e
conjunto ν-mensur´avel B
k
Y (k = 1, . . . ) tal que M
k=1
A
k
× B
k
. A medida µ ×ν
´e chamada a medida produto de µ e ν.
Teorema 2.20 (Fubini). Seja µ uma medida sobre um conjunto X e seja ν uma medida
sobre um conjunto Y .
1. µ × ν ´e uma medida regular em X × Y .
2. Se A X ´e µ-mensur´avel e B Y ´e ν-mensur´avel, ent˜ao A×B ´e µ×ν-mensur´avel
e (µ × ν)(A × B) = µ(A)ν(B).
11
3. Se M X × Y ´e σ-finita com respeito a µ × ν (isto ´e, M =
k=1
M
k
, onde M
k
´e
µ×ν-mensur´avel e (µ×ν)(M
k
) < para k = 1, . . . ), ent˜ao M
y
= {x : (x, y) M}
e µ-mensur´avel para ν em quase todo x ´e µ(M
y
) ´e ν-integr´avel. Al´em disso,
(µ × ν)(M) =
Y
µ(M
y
)(y).
Analogamente para x e M
x
= {y : (x, y) M}.
4. Se f : X × Y [−∞, ] ´e µ × ν-integr´avel e f ´e σ-finita com respeito a µ × ν
(em particular, se f ´e µ × ν-som´avel), ent˜ao a aplicao y →
X
f(x, y)(x) ´e
ν-integr´avel, a aplicao x →
Y
f(x, y)(y) ´e ν-integr´avel, e ainda,
X×Y
fd(µ × ν) =
X
Y
f(x, y)(x)
(y) =
Y
X
f(x, y)(y)
(x).
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.22.
Defini¸ao 2.21. .
1. A medida de Lebesgue um dimensional L
1
em R ´e definida por
L
1
(A) := inf
i=1
diam C
i
: A
i=1
C
i
, C
i
R
para todo A R.
2. A medida de Lebesgue n dimensional L
n
sobre R
n
´e definida indutivamente por
L
n
:= L
n1
× L
1
= L
1
× ··· × L
1
,
ou equivalentemente, L
n
:= L
nk
× L
k
para qualquer k {1, . . . , n 1}.
As vezes usaremos a nota¸ao |E| ou meas E para a medida de Lebesgue de um
conjunto gen´erico E de R
n
.
2.4 Diferencia¸ao de Medidas de Radon
Defini¸ao 2.22. Sejam µ e ν medidas de Radon sobre R
n
. Dizemos que ν ´e diferenci´avel
com respeito a µ em x se
D
µ
ν(x) := lim
r0
ν(B[x, r])
µ(B[x, r])
12
sempre que este limite existe e ´e finito. Ainda, diremos que D
µ
ν ´e a densidade de ν com
respeito a µ.
Defini¸ao 2.23. .
1. A medida ν ´e absolutamente cont´ınua com respeita µ, e escreveremos ν µ, se
µ(A) = 0 implica que ν(A) = 0 para todo A R
n
.
2. As medidas ν e µ ao multuamente singulares, e escreveremos νµ, se existe um
conjunto de Borel B R
n
tal que µ(R
n
B) = ν(B) = 0.
Teorema 2.24 (Radon-Nikodym). Seja µ, ν medidas de Radon sobre R
n
com ν µ.
Ent˜ao
ν(A) =
A
D
µ
ν
para todo conjunto µ-mensur´avel A R
n
.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.40.
Teorema 2.25 (Lebesgue-Besicovitch). .
1. Seja µ uma medida de Radon sobre R
n
e f L
1
loc
(R
n
; µ). Ent˜ao
lim
r0
1
µ(B[x; r])
B[x;r]
f = f(x)
para µ quase todo ponto x R
n
.
2. Seja µ uma medida de Radon sobre R
n
, 1 p < e f L
p
loc
(R
n
; µ). Ent˜ao
lim
r0
1
µ(B[x; r])
B[x;r]
|f f(x)|
p
= 0 (2.1)
para µ quase todo ponto x R
n
.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.43, e Corol´ario 1, p.44.
Defini¸ao 2.26. Um ponto x ´e chamado um ponto de Lebesgue de f com respeito a µ,
se (2.1) ´e satisfeita.
13
2.5 Teorema de Representa¸ao de Riesz
Teorema 2.27 (Representa¸ao de Riesz). .
1. Seja L : C
c
(R
n
; R
m
) R um funcional linear satisfazendo
sup{L(φ) : φ C
c
(R
n
, R
m
), |φ| 1, spt(φ) K} <
para cada conjunto compacto K R
n
. Ent˜ao existe uma ´unica medida de Radon
vetorial µ = σ||µ|| M(R
n
; R
m
) tal que
L(φ) =
R
n
φ · =
R
n
φ ·σ d||µ|| (2.2)
para toda φ C
c
(R
n
; R
m
), onde σ : R
n
R
m
tal que |σ| = 1 ||µ||-q.s.
2. Seja L : C
c
(R
n
) R um funcional linear tal que L(φ) 0 para toda φ C
c
(R
n
),
φ 0. Ent˜ao existe uma medida de Radon µ em R
n
tal que
L(φ) =
R
n
φ
para toda φ C
c
(R
n
).
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.49, e Corol´ario 1, p.53.
Defini¸ao 2.28. Dizemos que λ ´e uma medida de varia¸ao se para cada conjunto aberto
V R
n
,
λ(V ) = sup{L(φ) : φ C
c
(R
n
; R
m
), |φ| 1, spt(φ) V },
onde L : C
c
(R
n
; R
m
) R ´e um funcional linear limitado. Se L ´e como em (2.2), ent˜ao
λ = ||µ||.
2.6 Convergˆencia Fraca
Seja U um conjunto aberto do R
n
.
Defini¸ao 2.29. Sejam µ e µ
k
, k = 1, . . . , medidas de Radon sobre R
n
. Dizemos que
µ
k
converge fracamente a µ no sentido de medida de Radon, e escrevemos µ
k
µ em
M(R
n
), se
lim
k→∞
R
n
φ
k
=
R
n
φ
para toda φ C
c
(R
n
).
14
Teorema 2.30. Sejam µ e µ
k
, k = 1, . . . , medidas de Radon sobre R
n
. Ent˜ao as
seguintes afirma¸oes ao equivalentes:
1. µ
k
µ em M(R
n
); e
2. lim
k→∞
µ
k
(B) = µ(B) para todo conjunto de Borel limitado B R
n
com µ(B) = 0;
3. lim sup
k→∞
µ
k
(K) µ(K) para todo conjunto compacto K de R
n
, e
lim inf
k→∞
µ
k
(A) µ(A) para todo conjunto aberto A de R
n
.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.54.
Teorema 2.31 (Compacidade fraca para Medidas de Radon). Seja {µ
k
}
k=1
em M(R
n
)
tal que sup
k
µ
k
(K) < para todo conjunto compacto K do R
n
. Ent˜ao existe uma
subseencia {µ
k
j
}
j=1
e uma medida de Radon µ tal que µ
k
j
µ em M(R
n
).
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.55.
Defini¸ao 2.32. Sejam f, f
k
L
p
(U), k = 1, . . . , e seja 1 p < .
1. Dizemos que f
k
converge fracamente em L
p
(U) para f, e escrevemos f
k
f em
L
p
(U), se
U
f
k
φ dx
U
fφ dx
para toda φ L
q
(U), onde
1
p
+
1
q
= 1, 1 < q .
2. Dizemos que f
k
converge fracamente em medida, ou como medida, para f se
U
f
k
φ dx
U
fφ dx
para toda φ C
c
(U)
3. Dizemos que f
k
converge fracamente no sentido das distribui¸oes, ou como distri-
bui¸ao, para f se
U
f
k
φ dx
U
fφ dx
para toda φ C
c
(U)
Defini¸ao 2.33. Sejam f, f
k
L
(U), k = 1, . . . . Dizemos que f
k
converge fraco estrela
em L
(U) para f, e escrevemos f
k
f em L
(U), se
U
f
k
φ dx
U
fφ dx
para toda φ L
1
(U).
15
2.7 Medida de Hausdorff
A medida de Hausdorff H
s
´e o resultado de uma constru¸ao conhecida como constru¸ao
de Carath´eodory. (Veja [17]).
Defini¸ao 2.34. .
1. Seja A R
n
, 0 s < e 0 < δ . Definimos
H
s
δ
(A) = inf
k=1
α(s)
diam C
k
2
s
: A
k=1
C
k
, diam C
k
δ
A medida de Hausdorff de dimens˜ao s, H
s
, ´e ent˜ao definida por
H
s
(A) := lim
δ0
H
s
δ
(A) = sup
δ>0
H
s
δ
(A).
2. A dimens˜ao de Hausdorff de um conjunto A R
n
´e definido por
dim
H
(A) := inf{0 s < : H
s
(A) = 0}
O teorema a seguir afirma um fato ao trivial que a medida de Haudorff coincide com
a medida de Lebesgue sobre o R
n
(compare as defini¸oes (2.21) e 2.34).
Teorema 2.35. H
n
= L
n
sobre o R
n
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.70.
Teorema 2.36. H
s
´e Borel regular para todo s 0. Al´em disso, se A R
n
´e H
s
-
mensur´avel com H
s
(A) < ent˜ao H
s
A ´e uma medida de Radon.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.61, para a primeira parte, e use Teorema 3, p.5.
para a segunda parte.
Teorema 2.37. Sejam f : R
n
R
m
uma aplicao Lipschitz, A R
n
, e 0 s < .
Ent˜ao H
s
(f(A)) (Lip(f))
s
H
s
(A), onde
Lip(f) := sup
|f(x) f(y)|
|x y|
: x, y R
n
, x = y
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.75.
16
2.8 Propriedade Finas de An´alise
Teorema 2.38 (Rademacher). Seja f : R
n
R
m
uma fun¸ao localmente Lipschitz.
Ent˜ao f diferenci´avel L
n
-quase sempre, isto ´e, para quase todo ponto x R
n
,
lim
yx
|f(y) f(x) Df(x)(x y)|
|x y|
= 0
onde Df(x) ´e a aplicao linear chamada a diferencial de f em x.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.81.
Teorema 2.39 (F´ormula da
´
Area). Seja f : R
n
R
m
uma fun¸ao Lipschitz, n m.
Ent˜ao para cada subconjunto L
n
-mensur´avel A do R
n
,
A
Jf(x) dx =
R
m
H
0
(A f
1
({y}))dH
n1
(y).
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.96.
Teorema 2.40 (F´ormula da mudan¸ca de vari´aveis). Seja f : R
n
R
m
uma fun¸ao
Lipschitz, n m. Ent˜ao para cada fun¸ao L
n
som´avel g : R
n
R,
R
n
g(x)Jf(x) dx =
R
m
xf
1
({y})
g(x)
dH
n
(y).
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.99.
Teorema 2.41 (F´ormula da Co´area). Seja f : R
n
R
m
uma fun¸ao Lipschitz, n m.
Ent˜ao para cada subconjunto L
n
-mensur´avel A do R
n
,
A
Jf(x) dx =
R
m
H
nm
(A f
1
({y}))dy.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.112.
Teorema 2.42. Seja f : R
n
R
m
uma fun¸ao Lipschitz, n m. Ent˜ao para cada
fun¸ao L
n
-som´avel g : R
n
R, g|
f
1
({y})
´e H
nm
som´avel para L
m
em quase todo y
e
A
g(x)Jf(x) dx =
R
m
f
1
({y})
g dH
nm
dy.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.117.
17
2.9 Regulariza¸ao e Aproxima¸ao
Seja U um conjunto aberto do R
n
. Para todo ε > 0, defina
U
ε
:= {x U : dist(x, U) > ε}.
Defini¸ao 2.43. Seja uma fun¸ao η : R
n
R de classe C
, definido por
η(x) :=
C exp
1
|x|
2
1
se |x| < 1,
0 se |x| 1,
onde C ´e uma constante escolhida de modo que
R
n
η(x) dx = 1. O regularizador padr˜ao
η
ε
´e definido por
η
ε
(x) :=
1
ε
n
η
x
ε
, x R
n
.
Ainda, para toda f L
1
loc
(U), e definiremos
f
ε
= η
ε
f,
isto ´e,
f
ε
(x) :=
U
η
ε
(x y)f(y)dy, x U
ε
.
Teorema 2.44. .
1. Se f L
1
(U), ent˜ao f
ε
C
(U
ε
).
2. Se f, g L
1
loc
(U), ent˜ao
U
f
ε
g dx =
U
fg
ε
dx.
3. Se f ´e uma fun¸ao continua em U, ent˜ao f
ε
f uniformente em subconjuntos
compactos de U.
4. Se f L
p
(U) para algum 1 p < , ent˜ao f
ε
f em L
1
loc
(U). Ainda, se x ´e um
ponto de Lebesgue de f ent˜ao f
ε
(x) f(x). Em particular, f
ε
f L
n1
q.s.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.123.
Proposi¸ao 2.45 (Lema de Du Bois Raymond). Seja f L
1
loc
(U) tal que
U
fφ dx = 0
para toda φ C
c
(U). Ent˜ao f 0 L
n
-q.s. em U.
Demonstrao. Veja [1], Lema 3.31, p.74.
18
Cap´ıtulo 3
O Teorema Cl´assico de Gauss-Green
O presente cap´ıtulo tem como objetivo demonstrar a ormula de Gauss-Green (tamb´em
chamado a ormula de integra¸ao por partes) em suas arias vers˜oes: para fun¸oes su-
aves, fun¸oes de Sobolev e fun¸oes de Varia¸ao Limitada em dom´ınios cujos bordos ao
Lipschitz, e us´a-lo para fornecer uma no¸ao sobre o tra¸co para estas fun¸oes.
´
E bem sabido que ao faz sentido definir uma fun¸ao f em um conjunto de medida nula
quando esta fora definida quase sempre. Consequentemente, lembrando que a fronteira
U tem medida L
n
nula para todo conjunto aberto U, ao a trivialmente um significado
para os “valores de f”sobre U.
A no¸ao do tra¸co que estudaremos neste cap´ıtulo resolver´a esse problema para fun¸oes
de Sobolev e fun¸oes BV , quando U ´e Lipschitz; e note que, pelo Teorema de Radama-
cher, U ir´a possuir um campo normal em H
n1
quase sempre. No caso de f continua
at´e o fecho de U, temos que f assume valores em U no sentido usual. As se¸oes deste
cap´ıtulo foram baseadas em [2], [12],[16] e [23], e utilizaremos a nota¸ao do Apˆendice A.
3.1 Integra¸ao sobre Fronteiras Lipschitz
Seja U um conjunto aberto do R
n
.
Defini¸ao 3.1. Dizemos que a fronteira U ´e Lipschitz (respectivamente, classe C
k
para
k = 1, . . . ) se para cada x
0
U, existe r > 0 e uma aplicao Lipschitz (respectivamente,
19
classe C
k
para k = 1, . . . ) γ : R
n1
R tal que
U Q(x
0
; r) := {y : γ(y
1
, . . . , y
n1
) < y
n
} Q(x
0
; r).
onde Q(x
0
, r) ´e um cubo aberto.
Em outras palavras, a fronteira de U ´e localmente o gr´afico de uma fun¸ao Lipschitz.
x
0
γ
Figura 3.1: Uma fronteira Lipschitz.
Observao 3.2. Fixemos uma fun¸ao Lipschitz γ : R
n1
R e um conjunto aberto
limitado em R
n
. O gr´afico de γ sobre U ´e
G(γ; U) = {(x, γ(x)) : x U},
e podemos considerar como a imagem de uma aplicao injetiva Γ : R
n1
R
n
por
Γ(x) = (x, γ(x)). Ent˜ao, usando o Teorema de Ramacher,
Df =
1 0 . . . 0
0 1 . . . 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 0 . . . 1
γ
x
1
γ
x
2
. . .
γ
x
n1
n×(n1)
Logo o Jacobiano J Γ =
1 + |∇γ|
2
, e consequentemente
H
n1
(G(γ; U)) =
U
1 + |∇γ|
2
dx.
Al´em disso, novamente pelo Teorema de Rademacher, o campo normal exterior ν a U
existe H
n1
quase sempre sobre U.
20
Agora, dado x
j
U, j 1, vamos escolher uma vizinhan¸ca de x
j
como segue: seja
(α
j
i
, α
j
i
), i = 1, . . . , n 1, intervalos abertos de R, e ponha
j
=
n1
i=1
(α
j
i
, α
j
i
)
tal que x
j
j
×(r, r). Definiremos uma aplica¸ao ψ
j
(x) = (x
, x
n
+ γ
j
(x
)) para todo
x
j
× (r, r), onde r e γ
j
ao como na defini¸ao (3.1), e x
´e escolhido de modo que
x = (x
, x
n
) R
n
. Al´em diss o, note que ψ
j
´e um homeomorfismo sobre a sua imagem, e
escreva para todo j 1,
1. U
+
j
=
j
× (0, r),
2. U
j
=
j
× (r, 0), e
3. U
0
j
=
j
× {0}.
U
+
j
U
j
U
0
j
ψ
j
x
n
x
ψ
j
(U
+
j
)
ψ
j
(U
j
)
ψ
j
(U
0
j
)
Figura 3.2: Uma fronteira suave.
Logo ψ
j
(U
+
j
) U, ψ
j
(U
j
) R
n
U e U
j=1
ψ
j
(U
0
j
). Agora, se U ´e limitado, ent˜ao
existe um inteiro positivo N tal que
U =
N
j=1
ψ
j
(U
0
j
)
O Teorema que enunciaremos a seguir ser´a bastante ´util no decorre deste cap´ıtulo ao
afirmar a existˆencia da parti¸ao da unidade, e pode ser encontrado em [1].
Teorema 3.3. Seja G uma cobertura aberta de um conjunto E R
n
. Ent˜ao existe uma
familia F de fun¸oes ξ C
c
(R
n
) tal que:
1. Para cada ξ F , existe U G tal que spt ξ U.
21
2. Se F E ´e compacto, ent˜ao spt ξ F = para somente um n´umero finito de
ξ F .
3.
ξF
ξ(x) = 1 para cada x F .
Demonstrao. Veja [1], Teorema 3.15, p.65.
Agora, iniciaremos o estudo da ormula de Gauss-Green pelo caso que chamaremos
de cl´assico, isto ´e, para campos suaves em dom´ınios cujas fronteiras ao localmente o
gr´afico de fun¸oes Lipschitz.
Teorema 3.4 (F´ormula de Gauss-Green). Seja U um conjunto aberto limitado do R
n
com U ´e Lipschitz. Se ϕ C
1
(U; R
n
), ent˜ao
U
div ϕ dx =
U
ϕ · ν dH
n1
(3.1)
onde ν ´e o campo normal unit´ario definido H
n1
quase sempre sobre U.
Demonstrao. Fixe ϕ C
1
(U; R
n
). Como U ´e um conjunto compacto, existe uma
cobertura aberta finita que ainda cobre U, digamos V
k
, k = 1, . . . , N. Enao pelo
Teorema (3.3) que, existe uma parti¸ao da unidade {ξ
i
}
N
i=o
subordinada aos conjuntos
abertos V
k
, k = 1, . . . , N, isto ´e, existe uma seq¨encia de fun¸oes suaves {ξ
i
}
N
i=o
tal que
ξ
k
C
c
(V
k
), 0 ξ
k
1, (k = 1, . . . , N)
N
k=1
ξ
k
= 1 em U.
Enao
U
div ϕ dx =
U
div
ϕ
N
k=1
ξ
k
ϕ
dx +
U
div
N
k=1
ξ
k
ϕ
dx
=
U
div(λϕ)dx +
N
k=1
UV
k
div(ξ
k
ϕ)dx, (3.2)
onde λ 1
N
k=1
ξ
k
em U. Afirmamos que o primeiro termo do lado direito de (3.2) ´e
zero. De fato, pelo Teorema de Fubini e como λ 0 sobre U, obtemos:
U
div(λϕ)dx =
n
j=1
. . .
x
j
(λϕ)dx
j
··· = 0. (3.3)
22
Agora, considere ϕ
:= (ϕ
1
, . . . , ϕ
n1
) e γ
k
como na defini¸ao de fronteira Lipschitz, e uma
vez que ψ
k
(U
+
k
) = V
k
U e |Jψ
1
k
(x)| = |Jψ
k
(x)| = 1 H
n1
quase sempre, k = 1, . . . , N,
enao obtemos
UV
k
div(ξ
k
ϕ)dx =
U
+
k
div(ξ
k
ϕ)[ψ
1
k
(y)] dy
=
U
+
k
n
j=1
(ξ
k
ϕ
j
)
x
j
x
j
y
j
+
(ξ
k
ϕ
j
)
x
n
x
n
y
j
dy
=
U
+
k
n1
j=1
(ξ
k
ϕ
j
)
x
j
(ξ
k
ϕ
j
)
x
n
·
γ
k
x
j
+
(ξ
k
ϕ
n
)
x
n
dx
=
n1
k=1
U
+
k
(ξ
k
ϕ
j
)
x
j
dx +
U
+
k
x
n
ξ
k
(ϕ
n
γ
k
· ϕ
)
dx
=
k
ξ
k
(γ
k
ϕ
n
)[ψ
k
(x
, 0)]dx
, (3.4)
para todo k = 1, . . . , n, onde na ´ultima igualdade ´e obtida integrando em cada dire¸ao
x
i
(i = 1, . . . , n). Agora, pelo Teorema de Radamacher, podemos tomar derivada para γ
k
em H
n1
quase sempre; de modo que obtemos a normal exterior a V
k
U,
ν
k
:=
(γ
k
, 1)
1 + |∇γ
k
|
2
, (3.5)
definida em H
n1
quase sempre, e note que ν
k
= ν sobre V
k
U; onde ν ´e o campo
normal unit´ario definido H
n1
quase sempre sobre U. Ent˜ao, por (3.2), (3.3), (3.4) e
(3.5), obtemos
U
div ϕ dx =
N
k=1
k
ξ
k
(ϕ · ν
k
)(
1 + |∇γ
k
|
2
)[ψ
k
(x
, 0)] dx
=
N
k=1
ψ
k
(U
0
k
)
ξ
k
(ϕ · ν
k
)(
1 + |∇γ
k
|
2
) dx
.
Finalmente, como ν ´e o campo normal unit´ario definido H
n1
quase sempre sobre a
fronteira de U, e como
Jψ
k
(x
, 0) =
1 + |∇γ
k
|
2
e U =
N
j=1
ψ
j
(U
0
j
).
Enao pela ormula de Mudan¸ca de Vari´avel (2.40), obtemos a identidade (3.1), o que
completa a prova.
23
Claramente o teorema anterior ´e, tamb´em, alido se a fronteira do dom´ıno da ϕ for
suave. Al´em disso,pela deomnstra¸ao poder´ıamos assumir no Teorema (3.3) apenas que
f perten¸ca a C
1
(U; R
n
) C
0
(U; R
n
). A seguir veremos uma aplica¸ao direta da ormula
de Gauss-Green, a chamada ormula de Integra¸ao por Partes.
Corol´ario 3.5 (F´ormula de Integra¸ao por Partes). Seja U um conjunto aberto limitado
do R
n
com U Lipschitz. Se ϕ C
1
(U; R
n
), ent˜ao para toda φ C
(R
n
),
U
φ div ϕ dx =
U
ϕ · φ dx +
U
φ(ϕ · ν) dH
n1
,
onde ν ´e o campo normal unit´ario definido H
n1
quase sempre em U.
Por fim, conv´em observar que a medida de Hausdorff ´e a medida natural para trabalhar
com ess es tipos de conjuntos que ao ao regulares no sentido da Geometria Diferencial.
De fato, ela nos permitir´a definir uma dimens˜ao s de conjuntos no R
n
, e dot´a-los com
uma medida associada a essa dimens˜ao sobre R
n
para algum s com 0 s n. Essa
medida ser´a usada indestintamente ao longo dessa diserta¸ao.
3.2 Espa¸cos de Sobolev
Seja U um conjunto aberto do R
n
e seja α um multi-´ındice.
3.2.1 Considera¸oes Gerais
A seguir definiremos uma no¸ao de convergˆencia para o espa¸co das fun¸oes suaves com
suporte compacto, isto ´e, em C
c
(U).
Defini¸ao 3.6. Diz-se que uma seq¨encia {φ
n
}
n=1
converge a φ em C
c
(U), e escrevemos
φ
n
φ em C
c
(U), se
1. existe um conjunto compacto K U tal que spt(φ
n
) K para todo n = 1, . . . ; e
2. lim
n→∞
D
α
φ
n
= D
α
φ uniformente sobre K, para todo multi-´ındice α.
Ainda, o espco C
c
(U), munido dessa no¸ao de convergˆencia, ser´a denotado por D(U),
e seus elementos ao chamados de fun¸oes testes.
Defini¸ao 3.7. Uma distribui¸ao em U ´e uma transforma¸ao linear cont´ınua sobre D(U).
24
O valor da distribui¸ao T em φ ser´a denotado por
T, φ
, e o espa¸co de todas as das
distribui¸oes ser´a denotado por D
(U).
Exemplo 3.8. Seja U = R
n
. Definamos
δ, φ
= φ(0), φ D(U). Claramente δ ´e um
funcional linear cont´ınuo. Essa distribui¸ao ´e chamada de “delta de Dirac”.
Exemplo 3.9. Suponha que f L
1
loc
(U), e considere o seguinte operador linear T :
D(U) R definido por
T, φ
=
R
n
fφ dx, φ D(U)
Claramente, T ´e uma distribui¸ao; e afirmamos que T ´e univocamente determinado por
f. De fato, suponha que existam f, g L
1
loc
(U) tais que
T, φ
=
R
n
fφ dx e
T, φ
=
R
n
gφ dx para toda φ D(U). Portanto, para toda φ D(U),
R
n
(f g)φ dx = 0;
ent˜ao, pelo Lema de Du Bois Raymond (2.45), f = g L
n
-q.s. Por essa raz˜ao, podemos
identificar f com uma distribui¸ao associada. Agora, por abuso de nota¸ao, escreveremos
f(φ) =
R
n
fφ dx para toda φ D(U).
Conv´em observar que dada uma fun¸ao f C
1
(U), enao se φ C
c
(U) segue pela
ormula de Integra¸ao por Partes (3.5) que
U
f
x
i
φdx =
U
fφ
x
i
dx (i = 1, . . . , n).
Note que ao a termo sobre o bordo , pois a fun¸ao de teste φ tem suporte compacto
em U. Mais geralmente, se f C
k
(U) e α ´e um multi-´ındice tal que |α| k, ent˜ao
(1)
|α|
U
φ g dx =
U
f D
α
φ dx,
onde g = D
α
f. Al´em disso, esta igualdade faz sentido se g, f L
1
loc
(U). O que motivar´a
a defini¸ao da chamada derivada fraca de uma fun¸ao f L
1
loc
(U).
Defini¸ao 3.10. Seja f L
1
loc
(U). Dizemos que g L
1
loc
(U) ´e a αesima derivada parcial
fraca de f, se
(1)
|α|
U
φ g dx =
U
f D
α
φ dx,
para toda φ D(U) e, ainda, dizemos que g = D
α
f existe no sentido fraco. Se ao existe
tal fun¸ao g, ent˜ao f ao possui αesima derivada parcial fraca.
25
Exemplo 3.11. Sejam n = 1 e U = (0, 2). Consideremos as fun¸oes
u(x) =
x, se 0 < x 1
1, se 1 x < 2
e
v(x) =
1, se 0 < x 1
0, se 1 < x < 2.
Afirmamos que u
= v existe no sentido fraco. De fato, para qualquer φ C
c
(U), temos
U
dx =
1
0
+
2
1
φ
dx
=
1
0
φdx + φ(1) φ(1) =
2
0
vφ dx
Logo existe a derivada u
= v no sentido fraco.
Exemplo 3.12. Sejam n = 1 e U = (0, 2). Consideremos a fun¸ao
u(x) =
0, se 0 < x 1
1, se 1 x < 2
Afirmamos que u
ao existe no sentido fraco. De fato, para qualquer φ C
c
(U),
suponhamos que existe v L
1
loc
(U) tal que
2
0
dx =
2
0
vφ dx.
Consequentemente,
2
0
vφ dx =
2
0
dx =
2
1
φ
dx = φ(1).
Agora, seja {φ
k
}
k=1
uma seq¨encia de fun¸oes suaves tais que 0 φ
k
1, φ
m
(1) = 1
e φ
k
(x) 0 para todo x = 1. Ent˜ao trocando φ por φ
k
em (3.6), e pelo Teorema da
Convergˆencia Dominada, obtemos
1 = lim
k→∞
φ
k
(1) = lim
k→∞
2
0
vφ
k
dx
= 0,
uma contradi¸ao.
26
Exemplo 3.13. Sejam n = 1 e U = (0, 2). Consideremos as fun¸oes
u(x) =
x, se 0 < x 1
2, se 1 < x < 2.
Afirmamos que u
ao existe no sentido fraco. De fato, para qualquer φ C
c
(U),
suponhamos que existe v L
1
loc
(U) tal que
2
0
dx =
2
0
vφ dx.
Consequentemente,
2
0
vφ dx =
2
0
dx
=
1
0
dx + 2
2
1
φ
dx =
1
0
φ dx φ(1). (3.6)
Agora, seja {φ
k
}
k=1
uma seq¨encia de fun¸oes suaves tais que 0 φ
k
1, φ
m
(1) = 1
e φ
k
(x) 0 para todo x = 1. Ent˜ao trocando φ por φ
k
em (3.6), e pelo Teorema da
Convergˆencia Dominada, obtemos
1 = lim
k→∞
φ
k
(1) = lim
k→∞
2
0
vφ
k
dx
1
0
φ
k
dx
= 0,
uma contradi¸ao.
Claramente, se f ´e suave de modo que exista a αesima derivada parcial D
α
f no sen-
tido usual (cl´assico), ent˜ao D
α
f ser´a tamb´em uma αesima derivada parcial no sentido
fraco. Al´em disso, ´e facil verificar que D
α
f quando existe ´e ´unico a menos de um con-
junto de medida L
n
nula (veja [11]). Agora, motivados pela defini¸ao de derivada fraca
definiremos a derivada no sentido das distribui¸oes.
Defini¸ao 3.14. Seja T D
(U). Dizemos que D
α
T ´e a α-´esima derivada distribucional
se
D
α
T, φ
= (1)
|α|
T, D
α
φ
para toda φ C
c
(U).
Observe que se T e D
α
T forem definidas por fun¸oes em L
1
loc
(U) ent˜ao as defini¸oes de
derivada fraca e distribuicional coincidem. Agora, definiremos certos e spa¸cos de fun¸oes,
cujos elementos possuem derivada fraca de arias ordens o que ao ´e verdadeiro em alguns
espa¸cos L
p
.
27
Defini¸ao 3.15. Seja 1 p .
1. Para todo inteiro positivo k, o Espco de Sobolev,
W
k,p
(U),
consiste de todas as fun¸oes f L
p
(U) tais que D
α
f L
p
(U) existe no sentido
fraco para todo |α| k.
2. A fun¸ao f W
k,p
loc
(U) se f W
k,p
(V ) para cada conjunto aberto V ⊂⊂ U.
3. Dizemos que f ´e uma fun¸ao de Sobolev se f W
1,p
loc
(U) para algum 1 p .
Exemplo 3.16. A fun¸ao definida no exemplo (3.11) pertence a W
1,1
(0, 2), por outro
lado, a fun¸oes definida no exemplo (3.12) ao pertence a este espco. Al´em disso, se
E ´e um conjunto aberto de R com fronteira suave, ent˜ao a fun¸ao caracter´ıstica ao
pertence a W
1,1
loc
(U) para algum conjunto aberto U.
Se p = 2, W
k,2
(U) (k = 1, . . . ) ´e um espa¸co de Hilbert, usualmente denotado por
H
k
(U); e neste caso, note que H
0
(U) = L
2
(U). Ainda, o espa¸co de Sobolev W
k,p
(U) ´e
um espa¸co normado e quipado com a norma
||f||
W
p,k
(U)
:=
|α|≤k
U
|D
α
f|
p
dx
1
p
, 1 p <
|α|≤k
ess sup
U
|D
α
f|, p =
a qual ´e claramente equivalente a norma
|α|≤k
||D
α
f||
L
p
(U)
, e podemos verificar que
W
k,p
(U) ´e um espa¸co de Banach (veja [11], Teorema 2, p.249.). Al´em disso, se existe
uma seq¨encia limitada {f
k
}
k=1
em W
1,p
(U), onde U ´e um conjunto aberto limitado com
fronteira Lipschitz e 1 < p < n, enao existem uma subseq¨uˆencia {f
k
j
}
j=1
e f W
1,p
(U)
tais que f
k
j
f em L
q
(U), para cada 1 q <
pn
np
(veja [12], Teorema 1, p.144); neste
caso, dizemos que W
1,p
(U) esta compactamente imerso em L
q
(U), W
1,p
(U) L
q
(U).
Agora, veremos no pr´oximo resultado, que poderemos aproximar fun¸oes f W
1,p
(U),
onde 1 p < , por fun¸oes em C
(U). Em outras palavras, mostraremos que o
conjunto das fun¸oes f C
(U) tal que a norma ||f||
W
k,p
(U)
< ´e denso em W
k,p
(U), e
note que ao exigimos nenhuma regularidade sobre o bordo de U. Aqui, faremos a prova
somente para o caso mais simples: quando U = R
n
. O caso geral, faz uso da parti¸ao da
unidade e pode ser encontrado em [12].
28
Teorema 3.17. Seja f W
k,p
(U) para algum 1 p < . Ent˜ao existe uma seencia
f
m
W
k,p
(U) C
(U), m = 1, . . . tal que f
m
f em W
k,p
(U).
Demonstrao. Assuma que U = R
n
e fixe ε > 0. Defina f
ε
:= η
ε
f; logo f
ε
f em
L
p
(U) quando ε 0. Afirmamos que D
α
f
ε
= η
ε
D
α
f para todo multi-´ındice α tal que
|α| k. De fato,
D
α
f
ε
(x) =
U
D
α
x
η
ε
(x y)f(y) dy
= (1)
|α|
U
D
α
y
η
ε
(x y)f(y) dy
= (1)
2|α|
U
η
ε
(x y)D
α
f(y)dy (pela defini¸ao (3.8))
= η
ε
Df(x)
Logo D
α
f
ε
D
α
f em L
p
(U) quando ε 0, o que completa a prova.
O teorema que enunciaremos a seguir (veja [12]) nos permitirar aproximarmos fun¸oes
f W
1,p
(U), onde 1 p < , por fun¸oes em C
(U) quando U ´e um conjunto aberto
limitado; no entanto, necessitamos de alguma condi¸ao geom´etrica sobre o bordo de U,
a saber, que a fronteira U seja Lipschitz.
Teorema 3.18. Seja U limitado com U ´e Lipschitz. Se f W
1,p
(U) para algum
1 p < , ent˜ao existe uma seq¨encia f
m
W
1,p
(U) C
(U), m = 1, . . . , tal que
f
m
f em W
1,p
(U)
Demonstrao. Veja [12], Teorema 3, p.127.
3.2.2 ormula de Gauss-Green para fun¸oes W
1,p
No que se segue passaremos a estudar a ormula de Gauss-Green para fun¸oes W
1,p
(U)
com 1 p < . Como dito anteriormente, ao faz sentido definir a “restri¸ao”de um
fun¸ao em um conjunto de medida nula quando esta fora definida quase sempre. No
entanto, a importˆancia de se estudar problemas de valor de fronteira para operadores
diferenci´aveis em algum dom´ınio U cria naturalmente uma quest˜ao: qual o significado
que podemos atribuir a f sobre os valores da fronteira de U; ou mais formalmente, em
qual espa¸co de fun¸oes definido sobre U que cont´em o tra¸co T f para a fun¸ao f.
29
O Teorema (3.19) resolver´a este problema para fun¸oes de Sobolev em conjuntos
abertos e limitados com fronteira Lipschitz. Aqui seguiremos a demonstra¸ao de [12] e
usaremos a nota¸ao do Apˆendice A.
Teorema 3.19 (F´ormula de Gauss-Green). Seja U um conjunto limitado com U Lips-
chitz e 1 p < . Ent˜ao
1. Existe um operador linear limitado
T : W
1,p
(U) L
p
(U; H
n1
)
tal que T f = f em U para toda f W
1,p
(U) C(U).
2. Al´em disso, para toda φ C
1
(R
n
; R
n
) e f W
1,p
(U),
U
f div φ dx =
U
Df · φ dx +
U
(φ ·ν)T f dH
n1
(3.7)
onde ν denota o campo normal unit´ario exterior a U.
Agora, defiremos o tra¸co de uma fun¸ao de Sobolev sobre uma fronteira Lipschitz
como o operador linear limitado T f em (3.7). Mais precisamente:
Defini¸ao 3.20. Dizemos que T f, o qual ´e ´unico a menos de um conjunto de medida
H
n1
U nula, ´e o trco de f sobre a fronteira de U. Interpretaremos T f como o “valor
de fronteira” de f sobre U.
Demonstrao. Fixe x U e ε > 0. Como U ´e Lipschitz, existe r > 0 e uma aplica¸ao
Lipschitz γ : R
n1
R tais que
U Q(x; r) := {y : γ(y
1
, . . . , y
n1
) < y
n
} Q(x; r).
onde y = (y
1
, . . . , y
n1
, y
n
) R
n
. Escreva Q Q(x; r), e suponha inicialmente que
f C
1
(U) e que f 0 em R
n
Q. Afirmamos que existe q > 0 tal que
e
n
· ν q > 0 H
n1
-q.s. em Q U.
30
De fato, como γ ´e uma fun¸ao Lipschitz, pelo Teorema de Radamacher, podemos tomar
derivadas em quase todo ponto
e
n
· ν = e
n
·
(γ, 1)
1 + |∇γ|
2
1
1 + |∇γ|
2
1
1 + Lip(γ)
2
> 0.
Enao, a afirma¸ao segue pondo
q =
1
1 + Lip(γ)
2
.
Agora, definiremos β
ε
(t) = (t
2
+ ε
2
)
1
2
ε para todo t R, e note que |β
ε
| 1. E nt˜ao,
calculemos:
U
β
ε
(f)dH
n1
=
QU
β
ε
(f)dH
n1
C
QU
β
ε
(f)(e
n
· ν)dH
n1
= C
QU
y
n
(β
ε
(f))dx (pelo Teorema (5.9))
C
QU
|β
ε
(f)||
y
n
f|dx
C
QU
|β
ε
(f)||Df|dx
C
QU
|Df|dy.
Enao passando ao limite quando ε 0, pelo Teorema da Convergˆencia Dominada,
obtemos
U
|f|dH
n1
C
U
|Df|dx.
Agora, suponhamos que f C
1
(U). Como U ´e um conjunto compacto enao existe um
n´umero finito de cubos abertos tais que
U
N
i=1
Q
i
e
U Q
i
|f|dH
n1
UQ
i
|Df|dx, (3.8)
31
onde Q Q(x
i
; r
i
). Pelo Teorema (3.3), existe uma parti¸ao da unidade sobre U subor-
dinada a Q
i
, i = 1, . . . , N. Enao
U
|f|dH
n1
=
U
N
i=1
ξ
i
|f|dH
n1
N
i=1
U Q
i
|f|dH
n1
N
i=1
UQ
i
|Df|dx
C
U
|f| + |Df|dx,
onde {ξ
i
}
N
i=1
´e parti¸ao associada a cobertura Q
i
, i = 1, . . . , N. Assim, para 1 < p < ,
aplicando a estimativa acima com |f|
p
no lugar de |f| para obtermos
U
|f|
p
dH
n1
C
U
(|Df||f|
p1
+ |f|
p
)dx
C
U
|Df|
p
p
+
|f|
(p1)q
q
+ |f|
p
dx
C
U
(|Df|
p
+ |f|
p
)dx.
Agora, definimos um operador linear T : C
1
(U) L
p
(U; H
n1
) por
T f :=
N
i=1
ξ
i
f
para toda f C
1
(U). Note que T f := f|
U
e ||T f||
L
p
(U )
C||f||
W
1,p
(U)
para toda
f C
1
(U), logo T ´e um operador linear limitado para toda f C
1
(U). Finalmente,
suponha que f W
1,p
(U). Ent˜ao existe uma seq¨uˆencia {f
k
}
k=1
em W
1,p
(U) C
(U)
tal que f
k
f em W
1,p
(U), e afirmamos que {T f
k
}
k=1
´e uma seq¨encia de Cauchy. De
fato, temos que
||T f
m
T f
l
||
L
p
(U )
= ||T (f
m
f
l
)||
L
p
(U )
C||f
m
f
l
||
W
1,p
(U)
(3.9)
Passando ao limite quando l, m em (3.9), segue que {T f
k
}
k=1
´e uma seq¨encia de
Cauchy em L
p
(U; H
n1
). Portanto, existe o limite de {T f
k
}
k=1
quando k ; pois
L
p
(U; H
n1
) ´e um espa¸co completo. Assim, defina
T f := lim
k→∞
T f
k
.
32
para toda f W
1,p
(U) C(U); o completa a prova da primeira afirma¸ao. Final-
mente para ver (3.7), apliquemos a ormula de Gauss Green Cl´assica para uma seq¨uˆencia
{f
k
}
k=1
em W
1,p
(U) C
(U),
U
f
k
div φ dx =
U
Df
k
· φ dx +
U
(φ ·ν)T f
k
dH
n1
(3.10)
para toda φ C
1
c
(R
n
; R
n
). Agora, passando ao limite quando k , usando o Teorema
da Convergˆencia Dominada obtemos (3.7); o que completa a prova da segunda afirma¸ao.
3.3 Fun¸oes de Variac˜ao Limitada
Seja U um conjunto aberto do R
n
.
3.3.1 Considera¸oes Gerais
Defini¸ao 3.21. .
1. Dizemos que f L
1
(U) ´e uma fun¸ao de varia¸ao limitada em U, e denotamos por
f BV (U), se o gradiente f no sentido das distribui¸oes ´e uma medida de Radon
finita em U.
2. Dizemos que f ´e uma fun¸ao de varia¸ao limitada local, e denotamos f BV
loc
(U),
se f BV (V ) para todo conjunto aberto V ⊂⊂ U.
Em outras palavras, f BV (U) se, e somente, existe f em M(U; R
n
) finita tal que
para i = 1, . . . , n,
U
f φ
x
i
dx =
U
φ d(D
i
f),
para toda φ C
1
c
(U), onde f = (D
1
f, . . . , D
n
f) em U; ou equivalentemente,
U
f div φ dx =
U
φ ·d(f),
para toda φ C
1
c
(U; R
n
). Al´em disso, para simplificar escreveremos
U
f div φ dx =
U
φ ·f, (3.11)
para toda φ C
1
c
(U; R
n
).
33
Agora, definiremos a chamada varia¸ao de uma fun¸ao f L
1
loc
(U), e juntamente
com Teorema (3.24) fornecer´a um crit´erio util para saber se f ´e uma fun¸ao de varia¸ao
limitada (para de talhes veja [2]).
Defini¸ao 3.22. A varia¸ao V (f; U) de uma fun¸ao f L
1
loc
(U) em U ´e definido por
V (f; U) = sup
U
f div φ dx : φ C
1
c
(U; R
n
), ||φ||
L
1
. (3.12)
No exemplo a seguir, observemos que para toda fun¸ao f W
1,1
(U) tem varia¸ao
finita. Em particular, veremos que toda fun¸ao de Sobolev tem localmente varia¸ao
limitada.
Exemplo 3.23. Suponha que f ´e uma fun¸ao de Sobolev,isto ´e, f W
1,1
(U), ent˜ao
temos a seguinte igualdade
V (f; U) =
U
|Df|dx.
De fato, trivialmente V (f; U)
U
|Df|dx.
´
E suficiente provar a desigualdade oposta,
para tal fixe ε > 0, e escolha φ como
(Df )
ε
|Df |
, onde Df
ε
= η
ε
Df, ent˜ao
V (f; U)
U
f divφ dx =
U
(Df)
ε
· Df
|Df|
dx. (3.13)
Passando ao limite quando ε 0, obtemos V (f; U)
U
|Df|dx. Tamb´em observe que
a mesma igualdade ´e alida se f ´e de classe C
1
.
Tendo em vista, a defini¸ao de varia¸ao de uma fun¸ao f L
1
loc
(U), note que a
varia¸ao da mesma pode ser infinita. Neste caso, veremos atrav´es do Teorema (3.24), que
pode se encontrado em [2], que esta ao ser´a uma fun¸ao de varia¸ao limitada.
Teorema 3.24. Seja f L
1
(U). Ent˜ao f BV (U) se, e somente se, V (f; U) < .
Al´em disso, V (f; U) = ||∇f||(U).
Demonstrao. Suponhamos que f seja uma fun¸ao de varia¸ao limitada, ou seja, f
BV (U). Fixemos φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1, ent˜ao temos que
U
f div φ dx =
U
φ ·f
U
d||∇f||.
34
Como |φ| 1, segue que V (f; U) ||∇f||(U) < Reciprocamente, definimos um
operador linear L : C
1
c
(U; R
n
) R por
L(φ) :=
U
f div φ dx
para toda φ C
1
c
(U; R
n
). Observemos que |L(φ)| V (f; U)||φ||
L
. Fixemos um con-
junto compacto K U, e seja V um conjunto aberto V tal que K V ⊂⊂ U. Para cada
φ C
c
(U; R
n
) com spt(φ) K, existe uma seq¨encia φ
k
C
1
(V ; R
n
), k = 1, . . . , tal que
φ
k
φ uniformente em V . Definimos
L(φ) := lim
k→∞
L(φ
k
), para todo φ C
c
(U; R
n
).
Pela desigualdade |L(φ)| V (f; U)||φ||
L
, vemos que
L est´a bem-definido e, ainda, pode
ser estendida ao operador linear
L : C
c
(U; R
n
) R tal que
sup{
L(φ) : φ C
c
(U; R
n
), |φ| 1, spt(φ) K} < .
Finalmente, pelo Teorema de Representa¸ao de Riesz, existe uma ´unica medida de Radon
vetorial µ tal que
L(φ) :=
U
φ ·dµ.
Portanto, f ´e uma fun¸ao de varia¸ao limitada, isto ´e, f BV (U). Ainda, para cada
φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1, ent˜ao |
L(φ)| V (f; U), logo ||∇f||(U) V (f; U).
Exemplo 3.25. Suponhamos que f W
1,1
(U), ent˜ao pelo Exemplo (3.23) e o teorema
anterior, f BV (U), logo W
1,1
(U) BV (U), e analogamente, W
1,1
loc
(U) BV
loc
(U).
Em particular, W
1,p
loc
(U) BV
loc
(U) para 1 p . Consequentemente, toda fun¸ao de
Sobolev tem varia¸ao limitada local.
Exemplo 3.26. Seja u a fun¸ao do Exemplo (3.13), ent˜ao u BV (0, 2) (veja [12],
Teorema 1, p.217). Agora, suponhamos que E seja um conjunto do R
n
limitado com
fronteira suave tal que H
n1
(E K) < , para todo conjunto compacto K U.
Ent˜ao, para cada conjunto aberto V ⊂⊂ U e φ C
1
c
(V ; R
n
), |φ| 1, temos
E
div φ dx =
EV
φ ·ν dH
n1
H
n1
(E V ) < .
Logo, X
E
BV
loc
(U); apesar de X
E
/ W
1,1
loc
(U). Portanto, as inclus˜oes do exemplo
anterior ao restritas, isto ´e, nem todas as fun¸oes de varia¸ao limitada local ´e tamb´em
uma fun¸ao de Sobolev.
35
Exemplo 3.27 (Aproxima¸ao de Cantor-Vitali). Considere uma seq¨uˆencia de fun¸oes
V
k
: [0, 1] R definida indutivamente por V
0
(x) = x e
V
k+1
(x)
1
2
V
k
(x) se x [0,
1
3
]
1
2
se x [
1
3
,
2
3
]
1
2
+
1
2
V
k
(3(x
2
3
)) se x [
2
3
, 1].
Figura 3.3: O gr´afico de uma fun¸ao V
3
.
para todo inteiro positivo k. Agora, podemos verificar que V
k
(0) = 0, V
k
(1) = 1 e
|V
k+1
(x) V
k
(x)|
1
3(2
k+1
)
(k = 1, . . . ) (3.14)
Por (3.14), {V
k
}
k=1
´e uma seq¨encia de Cauchy em C ([0, 1]), consequentemente converge
uniformente em [0, 1] para alguma fun¸ao cont´ınua V , chamada a fun¸ao de Cantor-
Vitali. Finalmente, V tem varia¸ao limitada em (0, 1), V BV (0, 1), pois V ´e uma
seencia ao decrescente, e V (0) = 0, V (1) = 1. (Veja [17], p.19).
Agora, pelo Teorema (3.24) ´e acil mostrar que o espa¸co BV (U) ´e um espa¸co normado
equipado com a norma
||f|| := ||f||
L
1
(U)
+ ||∇f||(U), (3.15)
e podemos verificar que BV (U) ´e um espa¸co de Banach (veja [16], p.9). Al´em disso, se
f L
1
(U), enao f BV (U) se, e somente se, a norma ||f||
BV (U)
< ; e se existe
uma seq¨encia limitada {f
k
}
k=1
em BV (U), onde U ´e um conjunto aberto limitado com
fronteira Lipschitz, enao existem uma subseq¨encia {f
k
j
}
j=1
e f BV (U) tais que
f
k
j
f em L
1
(U) (veja [12], Teorema 1, p.176); neste caso, dizemos que BV (U) esta
compactamente imerso em L
1
(U), BV (U) L
1
(U).
36
Os pr´oximos resultados dizem respeito a Semi-continuidade Inferior e a aproxima¸ao
por fun¸oes suaves e podem ser encontrados em [12],[16] e [23].
Teorema 3.28 (Semi-continuidade Inferior). Se f
k
BV (U), k = 1, . . . , e f
k
f em
L
1
loc
(U). Ent˜ao f BV (U) e
||∇ f||(U) lim inf
k→∞
||∇f
k
||(U).
Demonstrao. Fixemos φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1. Enao pelo Lema de Fatou (2.16),
U
f div φ dx = lim
k→∞
U
f
k
div φ dx lim inf
k→∞
||∇f
k
||(U).
Portanto, ||∇f||(U) lim inf
k→∞
||∇f
k
||(U).
O pr´oximo teorema ser´a usado para demonstrar o Teorema (3.31). Aqui, faremos a
prova somente para o caso mais simples, isto ´e, quando U = R
n
; o caso geral, faz uso da
parti¸ao da unidade e pode ser encontrado em [12].
Teorema 3.29 (Aproxima¸ao por Fun¸oes Suaves). Seja f BV (U). Ent˜ao existe
uma seq¨uencia f
k
BV (U) C
(U), k = 1, 2, . . . , tal que F
k
F em L
1
(U) e
lim
k→∞
||∇F
k
||(U) = ||∇F ||(U).
Demonstrao. Assuma que U = R
n
e fixe ε > 0. Defina f
ε
:= η
ε
f; logo f
ε
f em
L
1
(U) quando ε 0. Agora, pelo Teorema (3.28) ´e suficiente mostrar que
lim sup
ε0
||∇f
ε
||(U) ||∇f||(U). (3.16)
De fato, fixe φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1, temos que
U
f
ε
div φ dx =
U
U
η
ε
(x y)f(y) dy
div φ dx
=
U
U
η
ε
(x y)div φ dx
f(y) dy
=
U
(η
ε
div φ)f dy
=
U
div (η
ε
φ)f dy
||∇f||(U).
Logo, obtemos (3.16); o que completa a prova.
37
O pr´oximo corol´ario faremos a prova somente para o caso mais simples, isto ´e, quando
U = R
n
; o caso geral pode ser encontrado em [12].
Corol´ario 3.30. Seja f BV (U). Se f
k
C
(U), k = 1, . . . ´e como no Teorema
(3.29). Ent˜ao L
n
∇f
k
f em M(R
n
; R
n
).
Demonstrao. Assuma que U = R
n
e escreva µ
k
= L
n
∇f
k
e µ = f ent˜ao para toda
φ C
1
c
(R
n
, R
n
),
U
φ
k
=
U
φ ·f
k
dx =
U
f
k
div φ dx.
Como f
k
f em L
1
(U), passando ao limite quando k obtemos que µ
k
µ em M(R
n
; R
n
); o que completa a prova.
3.3.2 ormula de Gauss-Green para fun¸oes BV
Agora, passaremos a estudar a ormula de Gauss-Green para fun¸oes de varia¸ao limitada
em conjuntos abertos com fronteira Lipschitz. Conv´em observar que o teorema a seguir ´e
uma generaliza¸ao do Teorema (3.19) para fun¸oes de Sobolev. De fato, lembramos que
W
1,p
loc
(U) BV
loc
(U), veremos que a no¸ao de tra¸co dada abaixo coincide conforme visto
em (3.20). Aqui seguiremos demonstra¸ao de [12] com a nota¸ao do Apˆendice A.
Teorema 3.31 (F´ormula de Gauss-Green). Seja U um conjunto limitado com U ´e
Lipschitz. Ent˜ao existe um operador linear limitado
T : BV (U) L
p
(U; H
n1
)
tal que
U
f div φ dx =
U
φ ·f +
U
(φ ·ν)T f dH
n1
(3.17)
para toda φ C
1
(R
n
; R
n
) e f BV (U), onde ν denota o campo normal unit´ario exterior
a U.
Agora, podemos definir de modo a no¸ao sobre o tra¸co de uma fun¸ao BV sobre uma
fronteira Lipschitz do mesmo modo que a defini¸ao (3.20).
Defini¸ao 3.32. Dizemos que T f, o qual ´e ´unico a menos de um conjunto de medida
H
n1
U nula, ´e o trco de f sobre a fronteira de U. Interpretaremos T f como o “valor
de fronteira” de f sobre U.
38
Demonstrao. Como U ´e uma fronteria Lipschitz, existe r, h > 0 e uma aplica¸ao
Lipschitz γ : R
n1
R tal que max{|γ(y
) x
n
| y
B[x
, r]}
h
4
e, a menos de uma
rota¸ao e renomeando os eixos coordenados se necess´ario, podemos considerar que
U C(x; r, h) = {y R
n
: |x
y
| < r, γ(y
) < y
n
< x
n
+ h},
onde C C(x; r, h) ´e um cilindro aberto centrado em x. Inicialmente, suponhamos que
f BV (U) C
(U). Tomando x U e r, h, γ como acima. Se 0 < ε <
h
2
e y U C,
definiremos uma fun¸ao f
ε
: R
n
R por
f
ε
(y) := f(y
, γ(y
) + ε).
Al´em disso, considere C
δ,ε
o conjunto de todos os y C tais que γ(y
)+δ < y
n
< γ(y
)+ε
para todo 0 δ < ε <
h
2
, e escreva C
ε
(C U) C
0
.
Figura 3.4: Um fronteira Lipschitz quanto ao conjunto C
δ,ε
.
γ
C
δ,ε
x
h
C
r
U
Enao
|f
δ
(y) f
ε
(y)|
ε
δ
f
x
n
(y
, γ(y
) + t)
dt
ε
δ
|∇f(y
, γ(y
) + t)|dt.
Conseq¨uentemente, como γ ´e uma aplica¸ao Lipschitz, a ormula de Mudan¸ca de Vari´avel
implica que
U C
|f
δ
f
ε
|dH
n1
U C
ε
δ
|∇f(y
, γ(y
) + t)|dt dH
n1
C
C
δ,ε
|∇f|dy
= C||∇f||(C
δ,ε
). (3.18)
39
Agora, definimos um operador linear limitado do seguinte modo
T f := lim
ε0
f
ε
(3.19)
para toda f BV (U) C
(U). Observemos que (3.19) est´a bem definido. De fato, por
(3.18), {f
ε
}
ε>0
´e de Cauchy em L
1
(U C; H
n1
) que, por sua vez, ´e completo, logo
existe o limite em (3.19). Al´em disso, fixando ε > 0 e passando ao limite quando δ 0
em (3.18), obtemos
U C
|T f f
ε
|dH
n1
C||∇f||(C
0
).
Fixemos φ C
1
c
(C; R
n
), enao pelo Teorema de Gauss-Green Cl´assico temos que
C
ε
f div φ dy =
C
ε
φ ·f dy
U C
(φ
ε
· ν)f
ε
dH
n1
.
Agora, passando ao limite quando ε 0 e lembrando que a transla¸ao ´e continua na
norma L
1
obtemos
UC
f div φ dy =
UC
φ ·f
U C
(φ ·ν)T f dH
n1
.
Como U ´e um conjunto compacto existe um C
i
C(x
i
; r
i
, h
i
), i = 1, . . . , N tais que
U
N
i=1
C
i
e satisfaz
U C
i
|T f f
ε
|dH
n1
C||∇f||(C
i
0
); e
UC
i
f div φ dy =
UC
i
φ ·f
U C
i
(φ ·ν)T f dH
n1
.
Escolha C
0
um conjunto aberto tal que U
N
i=0
C
i
e satisfaz os itens anteriores. Pelo
Teorema (3.3), existe uma parti¸ao da unidade {ξ
i
}
N
i=o
subordinada aos conjuntos abertos
C
i
, i = 0, 1, . . . , N. Enao
U
f div φ dy =
N
i=0
UC
i
ξ
i
f div φ dy
=
N
i=0
UC
i
φξ
i
· f
U C
i
(φ ·ν)T fdH
n1
=
U
φ ·f
U
(φ ·ν)T fdH
n1
.
(3.20)
Finalmente, suponhamos que f BV (U), pelo Teorema (3.29), podemos escolher uma
seq¨uˆencia {f
k
}
k=1
em BV (U)C
(U) tal que f
k
f em L
1
(U), ||∇f
k
||(U) ||∇f||(U)
40
e L
n
∇f
k
f em M(R
n
; R
n
). Afirmamos que {T f
k
}
k=1
´e uma seq¨uˆencia de Cauchy
em L
1
(U; H
n1
). De fato, fixe ε > 0 e x U, definimos
f
ε
k
(y) =
1
ε
ε
0
f
k
(y
, γ(y
) + t)dt =
1
ε
ε
0
(f
k
)
t
(y)dt
para todo y U C. Enao obtemos
C
|T f
k
f
ε
k
|dH
n1
C
|T f
k
(y)
1
ε
ε
0
f
k
(y)|dH
n1
1
ε
ε
0
C
|T f
k
(f
k
)
t
|dH
n1
C||∇f
k
||(C
0
).
De modo que obtemos a seguinte estimativa:
C
|T f
m
T f
n
|dH
n1
C
|T f
m
f
ε
m
|dH
n1
+
C
|T f
n
f
ε
n
|dH
n1
+
C
|f
ε
n
f
ε
m
|dH
n1
C(||∇F
m
|| + ||∇F
n
||)(C
0
) +
C
ε
C
0
|f
m
f
n
|dy.
Enao
lim sup
m,n→∞
C
|T f
m
T f
n
|dH
n1
C||∇F ||(C
0
U).
Como a quantidade a direita da desigualdade vai a zero quando ε 0 obtemos afirma¸ao.
Agora, definimos um operador linear limitado T : BV (U) L
1
(U; H
n1
) por
T f := lim
k→∞
T f
k
(3.21)
Observe que (3.21) est´a bem definido. De fato, como {T f
k
}
k=1
´e uma seq¨uˆencia de
Cauchy em L
1
(U; H
n1
), e este, por sua vez, ´e completo, segue que existe o limite
acima e ao depende da escolha da seq¨encia {f
k
}
k=1
. Finalmente, aplicando (3.20) para
a seq¨uˆencia {f
k
}
k=1
obtemos
U
f
k
div φ dx =
U
φ ·f
k
dx
U
(φ ·ν)T f
k
dH
n1
.
Passando ao limite quando k , usando o Teorema da Convergˆencia Dominada obte-
mos (3.17); o que completa a prova.
Teorema 3.33. Seja U um conjunto aberto, limitado, com fronteira U Lipschitz. Se
f BV (U), ent˜ao para H
n1
quase todo x U,
T f(x) = lim
r0
1
L
n
(B(x, r) U))
B(x,r)U
fdy.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 2, p.181.
41
Cap´ıtulo 4
Campos de Medida Divergente
Nesse cap´ıtulo passaremos a estudar uma nova classe de espa¸cos vetoriais L
os quais
chamaremos de Campos de Medida Divergente, conforme fora introduzido por Chen &
Frid [6]. De modo formal, os campos DM ao campos vetoriais em L
cujos divergente
ao medidas de Radon. A motivao para estudar esses tipos de campos est´a em analisar
as solu¸oes entr´opicas em L
de leis de conservao hiperb´olica ao linear c omo podemos
ver em [6], [7] e [8].
Muitos dos resultados para campos DM ao an´alogos para fun¸oes de varia¸ao limi-
tada, como podemos ver em [12], [16] ou [23]. Al´em disso, por completude, a regra do
produto e a no¸ao de deforma¸ao Lipschitz ser˜ao apresentadas conforme introduzidas por
Chen & Frid [6], assim como o tra¸co normal para deforma¸oes Lipschitz. Essa classe de
campos vetoriais foi inicialmente estudado por Anzelloti [3].
4.1 Defini¸ao e Exemplos
Doravante neste cap´ıtulo, assuma que U sej a um conjunto aberto do R
n
.
Defini¸ao 4.1. Dizemos que F L
(U; R
n
) ´e um campo de medida divergente em U,
e denotamos por F DM(U), se div F no sentido das distribui¸oes ´e uma medida de
Radon (finita) em U.
Em outras palavras, F DM(U) se, somente se, existe uma medida denotada por
42
div F em M(U) finita tal que
U
F · φ dx =
U
φ div F
para toda φ C
1
c
(U); onde φ ´e no sentido usual.
Defini¸ao 4.2. Dizemos que F ´e um campo de medida de divergente local em U se
F DM(V ) para todo conjunto aberto V ⊂⊂ U. O espco de tais fun¸oes ´e denotado
por DM
loc
(U).
Exemplo 4.3.
´
E facil ver que o campo suave
F (x, y) =
sin
1
x y
, sin
1
x y
pertence a DM(R
2
). De fato, como o divergente no sentido usual ´e igual zero, isto ´e,
div F = 0, ent˜ao F DM(R
2
). Observemos a impossibilidade de fornecer alguma no¸ao
razo´avel para o trco sobre a reta x = y.
Agora, introduziremos alguma nota¸ao: para toda F L
(U; R
n
), seja
||div F ||(U) := sup
U
F · φ dx : φ C
1
c
(U; R), |φ| 1
.
O pr´oximo teorema ir´a nos fornecer um crit´erio para caracterizar os campos em DM(U),
compare com o Teorema (3.19).
Teorema 4.4. Seja F L
(U; R
n
). Ent˜ao F DM(U) se, e somente se,
||div F ||(U) < .
Demonstrao. Suponhamos que F seja uma campo de medida divergente. Fixemos
φ C
1
c
(U), |φ| 1, ent˜ao temos que
U
F · φ dx =
U
φ div F <
Tomando o supremo com rela¸ao a φ, obtemos ||div F ||(U) < . Reciprocamente,
definimos um operador linear L : C
1
c
(U) R por
L(φ) :=
U
F · φ dx
43
para toda φ C
1
c
(U). Observemos que |L(φ)| ||div F ||(U)||φ||
L
. Fixemos um
conjunto compacto K U, e seja V um conjunto aberto V tal que K V ⊂⊂ U. Para
cada φ C
c
(U) com spt(φ) K, existe uma seq¨uˆencia φ
k
C
1
c
(V ), k = 1, . . . , tal que
φ
k
φ uniformente em V . Definimos
L(φ) := lim
k→∞
L(φ
k
), para todo φ C
c
(U). Pela
desigualdade |L(φ)| ||div F ||(U)||φ||
L
, vemos que
L est´a bem-definido e, ainda, pode
ser estendida ao operador linear
L : C
c
(U) R tal que
sup{
L(φ) : φ C
c
(U), |φ| 1, spt(φ) K} < .
Finalmente, pelo Teorema de Representa¸ao de Riesz, existe uma ´unica medida de Radon
µ tal que
L(φ) :=
U
φ dµ. (4.1)
Portanto, F ´e uma campo de medida divergente, isto ´e, F DM(U).
Seja F DM(U). Pela demonstra¸ao do Teorema de Representa¸ao de Riesz
(2.27); temos que ||div F || ´e uma medida de varia¸ao. Al´em disso, uma distribui¸ao
L : C
c
(U) R definida por (4.1) ´e uma medida (ou melhor pode ser estendida a uma
medida) se, e somente se, sup{L(φ) : φ C
c
(U), |φ| 1, spt(φ) K} < para
todo conjunto compacto K U. Neste caso, podemos identificar a medida de Radon
µ = div F com a distribui¸ao associada L, ent˜ao para toda φ C
c
(U) escreveremos,
div F
U
, φ
=
U
φ =
U
F · φ dx.
Al´em disso, podemos verificar que o espa¸co DM(U) ´e um espa¸co vetorial normado equi-
pado com a norma:
||F ||
DM(U )
:= ||F ||
L
(U;R
n
)
+ ||divF ||(U).
No Teorema (4.9) mostraremos que essa norma faz de DM(U) um espa¸co de Banach.
Agora, observe que, pelo teorema anterior, o espa¸co DM(U) pode ser caracterizado como
o conjunto de campos F L
(U; R
n
) tal que a norma ||F ||
DM(U )
< .
4.2 Propriedades Elementares em DM
Agora, estamos interessados em algumas propriedades de convergˆencia de campos DM.
Os resultados que veremos ao an´alogos para fun¸oes de varia¸ao limitada e suas demons-
44
tra¸oes est˜ao baseadas em [12], [16] e [23], e foram realizadas em Chen & Frid [6].
Teorema 4.5 (Semi-Continuidade Inferior). Se F
k
DM(U), k = 1, 2, . . . , e F
k
F
em L
1
loc
(U). Ent˜ao F DM(U) e
||divF ||(U) lim inf
k→∞
||divF
k
||(U).
Demonstrao. Fixemos φ C
1
c
(U; R), |φ| < 1. Ent˜ao pelo Lema de Fatou (2.16),
U
F · φdx = lim
k→∞
U
F
k
· φdx lim inf
k→∞
||divF
k
||(U).
Portanto, ||divF ||(U) lim inf
k→∞
||divF
k
||(U).
O resultado anterior ´e usualmente chamado de Semi-continuidade Inferior; algo que
´e realmente similar para fun¸oes BV ; compare com o Teorema (3.28). Vejamos agora
algumas conseq¨uˆencias do Teorema (4.5), os quais foram provados em Chen & Frid [6].
Contudo, seguiremos aqui os passos an´alogos a [23].
Teorema 4.6. Se F
k
DM(U), k = 1, 2, . . . , tal que F
k
F em L
1
loc
(U) e
lim
k→∞
||divF
k
||(U) = ||divF ||(U).
Ent˜ao para todo conjunto aberto A U,
lim sup
k→∞
||divF
k
||(
¯
A U) ||divF ||(
¯
A U).
Demonstrao. Ponha B = U
¯
A, pelo Teorema (4.5),
||divF ||(A) lim inf
k→∞
||divF
k
||(A); e ||divF ||(B) lim inf
k→∞
||divF
k
||(B).
Portanto,
||divF ||(
¯
A U)|| + ||divF ||(B) = ||divF ||(U)
lim
k→∞
||divF
k
||(U)
lim sup
k→∞
||divF
k
||(
¯
A U) + lim inf
k→∞
||divF
k
||(B)
lim sup
k→∞
||divF
k
||(
¯
A U) + ||divF ||(B).
Como F DM(U), segue que ||divF ||(B) < e, consequentemente,
lim sup
k→∞
||divF
k
||(
¯
A U) ||divF ||(
¯
A U),
o que completa a prova.
45
Corol´ario 4.7. Se F
k
DM(U), k = 1, 2, . . . , tal que F
k
F em L
1
loc
(U),
lim
k→∞
||divF
k
||(U) = ||divF ||(U)
e ||divF ||(A U) = 0 para todo conjunto aberto A U. Ent˜ao
||divF ||(A) = lim
k→∞
||divF
k
||(A).
Demonstrao. Fixe um conjunto aberto A U. Enao
||divF ||(A) lim inf
k→∞
||divF
k
||(A) (pelo Teorema (4.5))
lim sup
k→∞
||divF
k
||(A U)
lim sup
k→∞
||divF
k
||(A) + lim sup
k→∞
||divF
k
||(A U)
||divF ||(A) + ||divF ||(A U) (pelo Teorema (4.6)).
Como ||divF ||(A U) = 0, o resultado segue.
Um outra conseq¨encia interessante da Semi-continuidade Inferior ´e o teorema abaixo.
Teorema 4.8. O espco de Medida Divergente DM(U) ´e um espco de Banach.
Demonstrao. Seja {F
k
}
k=1
uma seq¨encia de Cauchy em DM(U), segue que {F
k
}
k=1
´e uma seq¨encia de Cauchy em L
(U). Como L
p
(U) ´e completo, existe F L
(U)
tal que F
k
F em L
(U). Pelo Teorema (4.5), F DM(U). Agora, sabendo que
||div(F
k
F
l
)|| 0 quando k, l ; novamente pelo Teorema (4.5),
||div(F
k
F )||(U) lim inf
l→∞
||div(F
k
F
l
)||(U).
Portanto, passando ao limite quando k segue que F
k
F em DM(U); logo o
espa¸co de Medida Divergente ´e um espa¸co de Banach.
4.3 Aproxima¸ao
Nessa s e¸ao, vamos mostrar alguns resultados sobre aproxima¸oes para campos DM(U)
cujas demonstra¸oes foram realizadas em Chen & Frid [6]. Aqui, seguiremos os passos
an´alogos a [12] e [16] para as fun¸oes BV .
46
Teorema 4.9. Seja F DM(U). Se F tem suporte compacto em U, ent˜ao existe
F
k
DM(U) C
(U), k = 1, 2, . . . , tal que:
lim
k→∞
||divF
k
||(U) = ||divF ||(U).
Demonstrao. Fixe ε > 0. Definemos
F
ε
= η
ε
F.
Como F
ε
F em L
1
(U) segue, pelo Teorema (4.6), que ´e suficiente mostrar que
lim sup
ε0
||divF
ε
||(U) ||divF ||(U).
Seja φ C
1
c
(U; R), |φ| 1,
U
F
ε
· φdx =
U
F · (φ)
ε
dx =
U
F · φ
ε
dx. (4.2)
Agora, como |φ
ε
| 1, pois |φ| 1, e spt(φ
ε
) U
ε
= {x : dist(x, U) < ε}, pois
spt(φ) U, segue que
U
F
ε
· φdx =
U
F · φ
ε
dx ||divF ||(U
ε
). (4.3)
Agora, tomando o supremo em rela¸ao a φ em (4.3), vemos que
||divF
ε
||(U) ||divF ||(U
ε
).
Portanto,
lim sup
ε0
||divF
ε
||(U) lim
ε0
||divF ||(U
ε
) = ||divF ||(U),
o que completa a prova
Teorema 4.10. Seja F DM(U). Ent˜ao existe F
k
DM(U) C
(U), k = 1, 2, . . . ,
tal que F
k
F em L
1
(U) e
lim
k→∞
||divF
k
||(U) = ||divF ||(U).
Demonstrao. Fixe ε > 0. Tendo em vista o Teorema (4.5) ´e suficiente mostrar que
||F
ε
F ||
L
1
(U)
< ε e lim sup
ε0
||divF
k
||(U) ||divF
k
||(U). Assim, para cada inteiro
positivo m, defina os conjuntos abertos
U
k
x U : dist(x, U) >
1
m + k
B(0; k + m) (k = 1, . . . )
47
e enao podemos escolher m suficientemente grande de modo que ||divF ||(U U
1
) < ε.
Agora, seja U
0
e defina V
k
:= U
k+1
U
k1
para k = 1, . . . e considere {ξ
k
}
k=1
uma
parti¸ao da unidade subordinada a cobertura V
k
, k = 1, . . . , isto ´e,
ξ
k
C
c
(V
k
), 0 ξ
k
1, (k = 1, . . . )
k=1
ξ
k
= 1 sobre U.
Assim, para cada k, existe ε
k
> 0 suficientemente pequeno tal que
spt(η
ε
k
(F ξ
k
)) V
k
; (4.4)
U
|η
ε
k
(F ξ
k
) F ξ
k
|dx <
ε
2
k
; e (4.5)
U
|η
ε
k
(F ·ξ
k
) F ·ξ
k
|dx <
ε
2
k
. (4.6)
Defina
F
ε
=
k=1
η
ε
k
(F ξ
k
). (4.7)
Por (4.4), a soma (4.7) ´e localmente finita; portanto, F
ε
C
(U) . Como tamb´em,
F =
k=1
F ξ
k
e (4.7), implica que
||F
ε
F ||
k=1
U
|η
ε
k
(F ξ
k
) F ξ
k
|dx <
k=1
ε
2
k
= ε,
o que prova a primeira afirma¸ao. Agora, fixe φ C
1
c
(U), |φ| 1, temos que
U
F
ε
· φdx =
k=1
U
η
ε
k
(F ξ
k
) · φdx
=
k=1
U
U
η
ε
k
(x y)F ξ
k
(y)dy
· φ(x)dx
=
k=1
U
U
η
ε
k
(x y)φ(x)dx
· F ξ
k
(y)dy
=
k=1
U
η
ε
k
(φ) ·F ξ
k
dx
=
k=1
U
F · (η
ε
k
φ)ξ
k
dx
=
k=1
U
F · ((η
ε
k
φ)ξ
k
)dx
k=1
U
η
ε
k
(F ·ξ
k
)φdx.
48
Usando o fato que
k=1
ξ
k
= 0 em U temos que,
U
F
ε
· φdx =
k=1
U
F · ((η
ε
k
φ)ξ
k
)dx
k=1
U
η
ε
k
(F ·ξ
k
F ·ξ
k
)φdx
= I
ε
1
+ I
ε
2
.
Como |ξ
k
(η
ε
k
φ)| 1, k = 1, . . . e cada ponto de U pertence a no aximo trˆes conjuntos
V
k
, k = 1, . . . . Assim,
|I
ε
1
| =
k=1
U
F · ((η
ε
k
φ)ξ
k
)dx
=
U
F · ((η
ε
1
φ)ξ
k
)dx +
k=2
U
F · (η
ε
k
φ)ξ
k
)dx
||divF ||(U) + 3||divF ||(U U
1
)
< ||divF ||(U) + 3ε.
Por outro lado, por (4.6), |I
ε
2
| < ε, logo
U
F
ε
· φ dx ||divF ||(U) + 4ε.
Portanto, temos que lim sup
ε0
||divF
ε
||(U) ||divF ||(U), o que completa a prova da
segunda afirma¸ao.
Observao 4.11. Para toda F D M(U) C
(U) temos que
||div F ||(U) =
U
|div F |dx,
e consequentemente ||div F || = L
n
|div F
k
|. De fato, fixemos φ C
1
c
(U), |φ| 1,
U
F · φ dx =
U
φ div F dx
U
|div F |dx
Por outro lado, para ver a desigualdade oposta escolha φ =
div F
||div F ||
, se div F = 0. Agora,
pelo Teorema (4.10), existe F
k
C
(U; R
n
) tal que F
k
F em L
1
(U) e
lim
k→∞
U
|div F
k
|dx = ||div F ||(U).
Al´em disso, vemos que L
n
|div F
k
| ||div F || em M(U). De fato, fixemos φ C
c
(U),
U
φ|div F
k
|dx
U
φ d||div F ||
C
U
|div F
k
|dx
U
d||div F ||
.
49
Passando ao limite quando k , o resultado segue. Agora, se V ´e um conjunto aberto
de U tal que ||div F ||(V U) = 0, segue pelo Corol´ario (4.8),
lim
k→∞
V
|div F
k
|dx = ||div F ||(V ).
de modo que L
n
|div F
k
| ||div F || em M(V ).
Corol´ario 4.12. Seja F DM(U). Se F
k
C
(U), k = 1, . . . , ´e como no Teorema
(4.10). Ent˜ao L
n
div F
k
div F em M(R
n
).
Demonstrao. Fixe φ C
1
c
(R
n
) e ε > 0. C omo na demonstra¸ao do Te orema (4.10),
para todo inteiro positivo m, defina o conjunto aberto
U
1
=
x U : dist(x, U) >
1
m + 1
B(0; m + 1).
e ent˜ao escolhendo m suficientemente grande de modo que ||div F ||(U U
1
) < ε. Seja ζ
uma fun¸ao suave tal que ζ 1 em U
1
, spt(ζ) U e 0 ζ 1. Enao
R
n
φ div F
k
dx
R
n
φ div F
U
(ζφ) · F
k
dx
U
φ div F
+
UU
1
|ζ 1||φ||div F
k
|dx
U
(ζφ) · F
k
dx
U
φ div F
+ C||div F
k
||(U U
1
)
Pelo Teorema (4.5),
R
n
φ div F
k
dx
R
n
φ div F
lim inf
k→∞
U
(ζφ) · F
k
dx
U
φ div F
+ Cε
U
(ζφ) · F dx
U
φ div F
+ Cε
U
ζφ div F
U
φ div F
+ Cε
UU
1
(ζ 1)φ div F
+ Cε
C||div F ||(U U
1
) + Cε 2Cε.
Logo, L
n
div F
k
div F em M(R
n
).
Nota 4.13. Por abuso de nota¸ao, escreveremos div F
k
div F em M(R
n
) para con-
vergˆencia do Corol´ario (4.12).
50
4.4 Regra do Produto
O resultado a seguir, que p ode ser encontrado em Chen & Frid [6], s er´a ´util no pr´oximo
cap´ıtulo para provar o teorema mais significativo de Che n & Torres [9].
Teorema 4.14. Seja g BV (U) L
(U) e F DM(U). Ent˜ao
gF DM(U).
Al´em disso, se g ´e localmente Lipchitz, ent˜ao
div (gF ) = g div F + F · g.
Demonstrao. Fixe g BV (U)L
(U) e F DM(U). Pelo Teorema (4.10), podemos
escolher uma seq¨uˆencia {F
k
}
k=1
em DM(U) C
(U) tal que
F
k
F em L
1
(U) e ||div F
k
||(U) ||div F ||(U). (4.8)
Analogamente, usando o Teorema (3.29), podemos escolher uma seq¨encia {g
k
}
k=1
em
BV (U) C
(U) tal que
g
k
g em L
1
(U) e ||∇g
k
||(U) ||∇g||(U). (4.9)
Note que por (4.8) e (4.9), temos que g
k
F
k
gF em L
1
(U). Ainda, obtemos a seguinte
desigualdade,
U
|div (g
k
F
k
)|dx = sup
U
g
k
F
k
· φ dx : φ C
1
c
(U), |φ| 1
||g
k
||
L
sup
U
F
k
· φ dx : φ C
1
c
(U), |φ| 1
+||F
k
||
L
sup
U
g
k
· φ dx : φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1
3||g||
L
||div F
k
||(U) + 3||F||
L
||∇g
k
||(U).
A primeira desigualdade segue considerando a fun¸ao teste como g
k
φ/||g
k
||
L
para φ
C
1
c
(U), |φ| 1. E a segunda usando o fato que por constru¸ao ||g
k
||
L
3||g||
L
e
||F
k
||
L
3||F ||
L
. Consequentemente, para qualquer φ C
1
c
(U) com |φ| 1, temos
U
g
k
F
k
· φ dx
U
|div (g
k
F
k
)|dx
3||g||
L
||div F
k
||(U) + 3||F||
L
||∇g
k
||(U)
51
Passando ao limite quando k segue, por (4.8) e (4.9), que ||div (gF )||(U) < e
U
g F · φ dx 3||g||
L
||div F ||(U) + 3||F ||
L
||∇g||(U).
Como g F L
(U; R
n
), temos que gF DM(U) o que mostra a primeira afirma¸ao.
Agora, sabemos pelo Corol´ario (4.12) que div F
k
div F em M(R
n
). Consequente-
mente, se g ´e uma fun¸ao Lipschitz sobre todos os compactos em U, ent˜ao
g div F
k
g div F em M(U). (4.10)
De fato, fixe φ C
c
(U) enao
U
φ g div F
k
U
φ g div F
||g||
L
U
φ div F
k
U
φ div F
.
Novamente, usando o Corol´ario (4.12), passando ao limite quando k , obtemos a
afirma¸ao. Al´em disso, afirmamos tamb´em que
F
k
· g F · g em M(U). (4.11)
De fato, fixe φ C
c
(U) enao
U
φ F
k
· g dx
U
F · g dx
C||∇g||
L
U
|F
k
F |dx.
Passando ao limite quando k , obtemos a afirma¸ao. Consequentemente,
g div F
k
+ F
k
· g g div F + F · g em M(U).
Por outro lado, temos que div(gF
k
) div(gF ) no sentido das distribui¸oes; tendo em
vista que div(gF
k
) div(gF ) em M(R
n
). Finalmente, podemos escolher g
k
C
c
(U),
k = 1, . . . tal que g
k
g em L
1
(U) e considere a seguinte identidade
div (g
k
F
k
) = g
k
div F
k
+ F
k
· g
k
.
Agora, multiplicando por φ C
c
(U) e integrando em U e depois passando ao limite
quando k , obtemos
U
φ div (gF ) =
U
φ g div F +
U
φ F · g dx.
Portanto, obtemos que div (gF ) = g div F + F · g.
52
4.5 Deforma¸oes Lipschitz
Seja F DM(U) e fixaremos um representante preciso de F
do seguinte modo. Pelo
Teorema (4.10), existe F
k
C
(U), k = 1, . . . , tal que
F
k
F em L
1
(U). (4.12)
Considere N o conjunto de medida nula que conem todos os pontos que ao ao de
Lebesgue. Agora, definiremos o representante preciso por
F
(x) :=
F (x), x U N
0, x N
Em particular, F
´e Borel mensur´avel; pois ´e o limite pontual de fun¸oes suaves em
U N. Doravante, passaremos a identificar F
por F .
No que se segue, apresentaremos as defini¸oes de fronteira Lipschitz deform´avel e de
deforma¸ao Lipschitz conforme definidos em Chen & Frid [6].
Defini¸ao 4.15. Seja um conjunto aberto do R
n
. Dizemos que ´e uma fronteira
Lipschitz deform´avel se
1. ´e Lipschitz; e
2. existe uma aplicao ψ : ×[0, 1] tal que ψ ´e um homeomorfismo bi-Lischitz
sobre a imagem e ψ(·, 0) = id, onde id ´e aplicao identidade sobre .
Ainda, a aplicao ψ : × [0, 1] ´e a chamada uma deforma¸ao Lipschitz de .
U
τ
ψ
τ
U
Figura 4.1: Uma Deforma¸ao Lipschitz
53
Fixaremos agora alguma nota¸ao:
Nota¸ao 4.16. .
1. Seja
τ
= ψ( × {τ}) = ψ
τ
(Ω), τ [0, 1] e seja
τ
o subconjunto aberto de
cuja fronteira ´e
τ
.
2. Seja γ : x
→ (x
, γ(x
)), onde γ ´e dado na defini¸ao de fronteira Lipschitz, e para
todo τ [0, 1], seja a aplicao cont´ınua ψ
τ
: definido por ψ
τ
(x) :=
ψ(x, τ).
Defini¸ao 4.17. Dizemos que a deforma¸ao Lipschitz ψ ´e regular se
lim
τ0+
ψ
τ
γ = γ em L
1
loc
(B)
onde B ´e o maior conjunto aberto tal que γ(B) .
Doravante, seja um conjunto aberto de U com fronteira Lipschitz deform´avel e seja
ψ uma deforma¸ao Lipschitz de Ω.
Proposi¸ao 4.18. Seja F DM(U). Se F
k
C
(U), k = 1, . . . , ´e como no Teorema
(4.10). Ent˜ao existe um conjunto I [0, 1] com meas([0, 1] I) = 0 tal que para todo
τ I, F
k
F H
n1
quase sempre em
τ
.
Demonstrao. Seja N o conjunto de medida nula como na defini¸ao do represetante
preciso e seja A = ψ( × [0, 1]). Defina
h(y) :=
τ, y
τ
1, y U A
0, y / U.
Consequentemente, por defini¸ao, h ´e uma aplica¸ao Lipschitz e note que h
1
({τ}) =
τ
.
Pela ormula de Mudan¸ca de Vari´avel temos:
0 =
R
n
X
N ∩A
(y) Jh(y) dy
=
1
0
h
1
({τ})∩A
X
N
(w)dH
n1
(w).
Enao, para quase todo τ [0, 1] temos que
h
1
({τ})
X
N
(w)dH
n1
(w) = 0.
54
Logo, existe I [0, 1] com meas([0, 1] I) = 0; vamos provar que para todo τ I,
F
k
F H
n1
quase sempre em
τ
. Fixe τ I, e seja x
τ
um ponto de Lebesgue,
enao F
k
(x) F (x) H
n1
quase sempre. Por outro lado, se x
τ
ao ´e ponto de
Lebesgue, isto ´e, x N
τ
; afirmamos que H
n1
(
τ
) = H
n1
(
τ
N). De fato,
para quase todo τ (0, 1) temos que
H
n1
(N
τ
) =
R
n
X
N
τ
(w)dH
n1
(w)
=
h
1
({τ})
X
N
(w)dH
n1
(w) = 0.
Portanto, existe I [0, 1] com meas([0, 1] I) = 0 tal que para todo τ I, F
k
F
H
n1
quase sempre em
τ
.
Proposi¸ao 4.19. Seja F DM(U). Ent˜ao existe um conjunto enumer´avel J (0, 1)
tal que ||div F ||(
τ
) = 0 para todo τ (0, 1) J.
Demonstrao. Como
τ
1
τ
2
= , se τ
1
= τ
2
, com τ
1
, τ
2
(0, 1); ent˜ao a cardinali-
dade do conjunto
J
n
:=
τ (0, 1) : ||div F ||
τ
B(0, n)
>
1
n
´e finita, para cada inteiro positivo n. De fato, suponha que a cardinalidade seja infinita
para algum inteiro n; logo existe uma seq¨encia {τ
k
}
k=1
em (0, 1) tal que {
τ
k
}
k=1
´e
uma seq ¨encia de conjuntos dois a dois disjuntos, e ||div F ||(B(0, n)
τ
k
) > 1/n.
Como B[0, n]
k=1
τ
k
B(0, n), para todo inteiro positivo m ent˜ao
||div F ||(B[0, n])
k=1
||div F ||(B(0, n)
τ
k
) >
k=1
1
n
.
Uma contradi¸ao; tendo em vista que ||div F || ´e uma medida de Radon. Potanto, defi-
namos J =
n=1
J
n
, e note que J ´e um conjunto enumer´avel tal que ||div F ||(
τ
) = 0
para todo τ J.
Teorema 4.20. Seja F DM(U). Sejam I, J (0, 1) como nas proposi¸oes anteriores
e I
= I J. Ent˜ao, para todo τ I
, e toda φ C
1
c
(R
n
),
div F |
τ
, φ
=
τ
φ(w)F (w) · ν
τ
(w)dH
n1
τ
F (y) · φ(y) dy (4.13)
onde ν
τ
´e um campo normal unit´ario exterior definido H
n1
em quase sempre em
τ
.
55
Demonstrao. Assumiremos que ´e um conjunto limitado
1
de U. Seja uma seq¨encia
F
k
C
(U; R
n
) dada pelo Teorema (4.10). Seja τ I
e tome um inteiro n tal que
τ >
1
n
. Enao, pela ormula de Gauss-Green Cl´assica, temos
τ
φ div F
k
dx =
τ
φ(w)F
k
(w) · ν
τ
(w)dH
n1
τ
F
k
(y) · φ(y)dy (4.14)
para toda φ C
1
c
(R
n
). Como τ I, o lado direito de (4.14) converge ao lado direito
de (4.13), onde a Proposi¸ao (4.18) ´e usada na convergˆencia do primeiro termo. Agora,
para k suficientemente grande temos
F
k
(x) = η
ε
k
(F ϕ
k
)(x), x
1/n
(4.15)
onde ε
k
0 quando k , e ϕ
k
C
c
(U) tal que ϕ
k
1 em
1/n
. Denotaremos por
µ
k
o divergente do lado direito de (4.15). Enao µ
k
= div F
k
sobre C
c
(Ω
1/n
), e
µ
k
div F em M(Ω
1/n
). (4.16)
Agora, visto como uma medida de Radon (com sinal) µ
k
, k = 1, . . . , ´e uniformente
limitada. Consideremos uma decomposi¸ao de Jordan µ
k
= µ
k
+
µ
k
, onde µ
k
+
e µ
k
ao medidas de Radon ao negativas, que tamb´em ao uniformente limitadas sobre o
R
n
. Enao passando a uma subseq¨uˆencia se necess´ario podemos assumir que existam
µ
+
, µ
M(R
n
) tais que
µ
k
+
µ
+
, µ
k
µ
em M(R
n
).
Em particular, os temos que µ
+
µ
= div F em M(Ω
1/n
), por causa de (4.16).
Escrevendo µ = µ
+
µ
em M(Ω
1/n
), afirmamos que µ(
τ
) = 0. De fato, fixe δ > 0 e
defina
A
δ
=
τδ
τ+δ
e A
2δ
=
τ2δ
τ+2δ
com
1
n
< τ 2δ < τ + 2δ < 1. Conseq¨uentemente,
µ
+
(A
δ
) lim inf
k→∞
µ
k
+
(A
δ
)
lim sup
k→∞
||div F
k
||(A
δ
)
||div F ||(A
δ
) (pela Proposi¸ao (4.6))
||div F ||(A
2δ
).
1
ao a perda de generalida, uma vez que φ C
1
c
(R
n
).
56
Passando ao limite quando δ 0, temos que µ
+
(
τ
) = 0, e analogamente µ
(
τ
) = 0
de onde segue a afirma¸ao. Portanto, para τ I
, temos
lim
k→∞
µ
k
+
(Ω
τ
) = µ
+
(Ω
τ
) e lim
k→∞
µ
k
(Ω
τ
) = µ
(Ω
τ
)
Consequentemente, para τ I
,
lim
k→∞
div F
k
(Ω
τ
) = lim
k→∞
(µ
k
+
(Ω
τ
) µ
k
(Ω
τ
))
= (µ
+
(Ω
τ
) µ
(Ω
τ
))
= div F (Ω
τ
)
Mais geralmente, o mesmo argumento implica que
lim
k→∞
(φ div F
k
)(Ω
τ
) = (φ div F )(Ω
τ
)
para todo τ I
e qualquer φ C
1
c
(R
n
). Portanto, o lado esquerdo de (4.14) converge
ao lado esquerdo de (4.13). O que completa a prova.
Agora, us aremos (4.13) para definir o tra¸co de F atrav´es de de modo que (4.13) seja
satisfeta para τ = 0, isto ´e, que a ormula de Gauss-G reen seja satisfeita para qualquer
conjunto aberto com f ronteira Lipschitz deform´avel. De modo espec´ıfico, dado um campo
normal ν definido H
n1
em quase todo Ω, definimos F · ν como uma uma medida
de Radon sobre (realmente um elemento de L
(Ω)) da seguinte maneira: usando
uma deforma¸ao Lipschitz ψ para podemos considerar qualquer fun¸ao φ C
c
(Ω)
como um elemento de C
c
(
τ
) atrav´es da aplica¸ao φ → φ ψ
1
τ
. Reciprocamente,
podemos considerar qualquer fun¸ao φ C
c
(
τ
) como um elemento de C
c
(Ω) atrav´es
da aplica¸ao φ → φ ψ
τ
. Agora, uma vez que F ·ν ´e definido H
n1
em quase todo
τ
,
para τ I
, com I
dado no Teorema (4.20). Enao definimos
F · ν|
:= w lim
t0∈I
F · ν
τ
em M(Ω) (4.17)
O pr´oximo teorema ir´a justificar (4.17).
Teorema 4.21 (F´ormula de Gauss-Green para campos DM). Seja F DM(U) e seja
um conjunto aberto de U com fronteira Lipschitz deform´avel. Ent˜ao o limite (4.17) existe
quando F ·ν
τ
´e considerado como uma medida de Radon sobre atrav´es da ormula
F · ν
τ
, φ
=
τ
φ(ψ
1
τ
(w))F (w) · ν
τ
(w)dH
n1
(w) (4.18)
57
onde ψ
τ
:
τ
´e dado por ψ
τ
(w) = ψ(w, τ). Al´em disso, para toda φ C
1
c
(R
n
),
div F |
, φ
=
φ(w)F (w) · ν(w)dH
n1
(w)
F (y) · φ(y)dy. (4.19)
Nota 4.22. Usaremos a nota¸ao formal F (w) · ν(w)dH
n1
(w) F · ν para a medida
do trco normal, a qual ser´a justificada no Corol´ario (4.23).
Demonstrao. Fixe φ C
1
c
(R
n
). Enao pelo Teorema (4.20), para todo τ I
,
div F |
τ
, φ
=
τ
φ(w)F (w) · ν
τ
(w)dH
n1
τ
F (y) · φ(y) dy (4.20)
onde I
´e dado no Teorema (4.20). Como X
τ
X
pontualmente, e passando ao limite
quando τ 0 com τ I, pelo Teorema da Convergˆencia Dominada, o lado esquerdo de
(4.20) converge ao lado direito de (4.19), e o primeiro termo de (4.20) converge ao lado
direito de (4.19). Portanto, o segundo termo de (4.20) converge ao segundo termo do lado
direito de (4.19) quando τ 0. Como φ
τ
em (4.20) pode ser trocado por φ
ψ
1
τ
com um erro que converge a zero quando τ 0, isto ´e,
lim
τ0
τ
φ(ψ
1
τ
(w))F
τ
(w)dH
n1
(w) =
φ(w)F(w)dH
n1
(w). (4.21)
De fato, como podemos aproximar qualquer fun¸ao φ C
1
c
(Ω) por uma seq¨encia
{φ
k
}
k=1
de fun¸oes de classe C
tal que cada φ
k
´e uma fun¸ao que se anula fora de uma
vizinhan¸ca B
k
⊂⊂ E com B
k
E quando k . Enao, para τ suficientemente
pequeno, temos
τ
φ(ψ
1
τ
(w))F · ν
τ
(w)dH
n1
(w)
φ(w)F · ν(w)dH
n1
(w)
τ
|φ(ψ
1
τ
(w))F · ν
τ
(w) φ
k
(ψ
1
τ
(w))F · ν
τ
(w)|dH
n1
(w)
+
τ
φ
k
(ψ
1
τ
(w))F · ν
τ
(w)
φ
k
(w)F · ν(w)dH
n1
(w)
+
|φ
k
(w)F · ν(w) φ(w)F · ν(w)|dH
n1
(w)
= I
τ
1
+ I
τ
2
+ I
τ
3
. (4.22)
58
Agora, usando a ormula da
´
Area obtemos:
|I
τ
1
|
τ
|φ(ψ
1
τ
(w)) φ
k
(ψ
1
τ
(w))(F · ν
τ
)(w)|dH
n1
(w)
|Jψ
τ
||(φ φ
k
)(w)||F · ν
τ
(ψ
τ
(w))|dH
n1
(w)
C
τ
|(φ φ
k
)(w)|dH
n1
(w)
com |Jψ
τ
| C e |F · ν
τ
| C para todo τ > 0 pequeno. Portanto, fixando k e passando
ao limite em (4.22) quando τ 0, implica que I
τ
2
converge a zero, e depois passando
ao limite em (4.22) quando k segue que I
τ
1
e I
τ
3
converge a zero, pois φ
k
φ
uniformente em Ω. Logo, vemos que (4.17) existe se φ ´e a restri¸ao de uma fun¸ao em
C
1
c
(R
n
). Como o conjunto de tais fun¸oes ´e denso em C
c
(Ω) e as medidas em Ω, dadas
por F · ν
τ
em (4.18), ao uniformente limitadas. Ent˜ao passando a uma subseq¨encia s e
necess´ario, este limite existe para todo φ C
c
(Ω), o que prova (4.17) Agora, podemos
passar ao limite quando τ 0 em (4.20) para obter a ormula de Gauss-Green.
Corol´ario 4.23. Seja F DM(U). Ent˜ao F · ν ao depende da escolha particular da
deforma¸ao e F · ν H
n1
.
Demonstrao. Como (4.19) ao depende da escolha da deforma¸ao ψ segue que F · ν
tamb´em ao depende. Vamos agora provar que dado A ´e um conjunto de Borel
tal que H
n1
(A) = 0 temos que ||F · ν||(A) = 0. Ainda, ´e suficiente considerar o caso
em que A ´e um conjunto compacto; tendo em vida que ||F ·ν|| ´e uma medida de Radon.
Enao, dado ε > 0, pela compacidade de A, existe uma cobertura finita de bolas abertas
que cobre A tal que
A
N
i=1
B(x
i
; r
i
) com r
i
< ε e
H
n1
N
i=1
B(x
i
; r
i
)
< ε.
Agora, para todo φ C
c
N
i=1
B(x
i
; r
i
)
temos que
τ
φ(ψ
1
τ
(w))F · ν
τ
(w) dH
n1
(w) ||φ||
L
||F ||
L
H
n1
(
τ
)
||φ||
L
||F ||
L
(Lip ψ)
n1
H
n1
(Ω) (pelo Teorema (2.37))
ε||φ||
L
||F ||
L
(Lip ψ)
n1
.
59
Ponha C = (Lip ψ)
n1
. Passando ao limite quando τ 0 na desigualdade acima,
obtemos
F · ν; φ
Cε||φ||
L
||F ||
L
, e enao
|F · ν|(A) |F · ν|
N
i=1
B(x
i
; r
i
)
Cε||F ||
L
Portanto, passando ao limite quando ε 0, o resultado segue
Conv´em observar que para todo campo F DM(U), onde assumirmos que U
e ||div F||(Ω) = 0, a densidade F · ν coincide com a fun¸ao F · ν H
n1
-q.s. em
sempre que H
n1
( N) = 0; esse fato pode ser provado de maneira an´aloga ao
Teorema (4.20), e se encontra em Chen & Frid [6]. Al´em disso, Chen & Frid [6] mostram
que existe uma constante C > 0 tal que ||F ·ν||
L
(Ω;H
n1
)
C||F ||
L
(Ω)
, o que implica
que F ·ν L
(Ω; H
n1
). Neste caso, assumindo que existe uma deforma¸ao regular ψ
de Ω, C pode ser tomado igual a 1, e o tra¸co normal pode ser entendido como o limite
fraco estrela de (F · ν
τ
) ψ
τ
em L
(Ω; H
n1
) para uma de forma¸ao ψ, isto ´e,
F · ν|
= w
lim
τ0
(F · ν
τ
) ψ
τ
em L
(Ω; H
n1
) (4.23)
a qual independe de ψ
τ
= ψ(·, τ).
60
Cap´ıtulo 5
A ormula de Gauss-Green e o
Tra¸co Normal
Neste cap´ıtulo, analisaremos conforme introduzido por Chen & Torres [9] uma no¸ao para
o tra¸co normal sobre a fronteira de conjuntos de per´ımetro finito e a ormula de Gauss
Green para campos DM nestes conjuntos. Todavia, o tra¸co normal para c onjuntos de
per´ımetro finito ser´a entendido como um limite fraco-estrela do tra¸co normal do cap´ıtulo
anterior (veja Chen & Frid [6]).
A primeira se¸ao est´a baseada em [12], [16] e [22], e tem como objetivo apresentar a
vers˜ao generalizada da ormula de Gauss-Green em conjuntos de Caccioppoli, e alguns
resultados e defini¸oes necess´arias para um bom desenvolvimento das se¸oes subseq¨uentes
baseadas em Chen & Torres [9].
5.1 Considera¸oes Gerais
Assuma que U seja um conjunto aberto do R
n
e que E seja um subconjunto L
n
men-
sur´avel de U; a menos quando afirmarmos o contr´ario.
5.1.1 Conjuntos de Per´ımetro Finito
Nessa se¸ao estudaremos um classe particular de fun¸oes BV , os chamados conjuntos de
per´ımetro finito introduzidos em [4].
61
Defini¸ao 5.1. Dizemos que E ´e um conjunto de per´ımetro finito (ou tem per´ımetro
finito) em U se
P (E; U) = sup
E
div φ dx : φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1
< (5.1)
Ainda, se E tem per´ımetro finito local, isto ´e, se P (E; V ) < para todo conjunto aberto
V ⊂⊂ U, ent˜ao E ´e dito um conjunto de Caccioppoli.
Observe que P(E; U) = V (X
E
; U). Ent˜ao E tem per´ımetro finito se, e somente
se, X
E
BV (U); analogamente, E ´e um conjunto de Caccioppoli se, e somente se
X
E
BV
loc
(U). Assim, se E ´e um conjunto de per´ımetro finito, o gradiente ∇X
E
no
sentido das distribui¸oes ´e uma medida de Radon finita e ent˜ao,
U
X
E
div φ dx =
U
φ ·∇X
E
para toda φ C
1
c
(U; R
n
). Agora, pelo Teorema de Representa¸ao de Riesz, segue que
∇X
E
= ν
E
||X
E
|| e |ν
E
| = 1 ||∇X
E
||-quase em todo ponto x U, onde ||∇X
E
|| ´e a medida
de varia¸ao, chamada de medida de per´ımetro, e ν
E
= σ, chamada de medida te´orica da
normal exterior unit´aria (veja [12]).
Exemplo 5.2. Seja E ⊂⊂ U um conjunto aberto limitado. Suponhamos que E seja
uma fronteira Lispchitz, ent˜ao E tem per´ımetro finito. De fato, fixemos ϕ C
1
c
(U; R
n
),
|ϕ| 1, pelo teorema (3.4),
E
div ϕ dx =
E
ϕ · ν dH
n1
< ,
onde ν ´e a normal exterior a E, e ν = ν
E
. Logo X
E
BV (U), o que implica que E ´e um
conjunto de per´ımetro finito. Agora, se E ´e de classe C
2
, ent˜ao E tem per´ımetro finito,
e claramente P (E; U) = H
n1
(U E) (para detalhes veja [23], p.229). Entretanto, se
E tem per´ımetro finito, nem sempre esta igualdade ocorre (veja [17], p.342).
Se E ´e um conjunto de per´ımetro finito, e seja {X
δ
}
δ>0
como no Teorema (3.29), enao
||∇X
δ
|| ||∇X|| em M(R
n
), quando δ 0. Agora, pelo Teorema (2.30), este limite
´e equivalente a lim
δ0
||∇X
δ
||(B) = ||∇X||(B) para todo conjunto de Borel limitado
B R
n
com ||∇X
δ
||(B) = 0.
62
Agora, considerando conjuntos de Caccioppoli ´e natural esperar que o per´ımetro e
outras propriedades sejam tamb´em invariantes em conjuntos de medida nula. O pr´oximo
resultado ir´a garantir isso e pode ser encontrado em [16].
Proposi¸ao 5.3. Seja E R
n
um conjunto de Borel. Ent˜ao existe um conjunto de Borel
E equivalente a E (isto ´e, diferem apenas em conjuntos de medida nula) tal que
0 < L
n
(E B(x; r)) < α(n)r
n
, (5.2)
para todo x
E e todo r > 0.
Demonstrao. Inicialmente, denote por E
0
o conjunto de x R
n
tal que existe ρ > 0
com L
n
(E B(x, ρ)) = 0; e por E
1
o conjunto de x R
n
tal que existe ρ > 0 com
L
n
(E B(x, ρ)) = L
n
(B(x, ρ)) = α(n)ρ
n
. Vamos provar que E
0
´e um conjunto aberto
e L
n
(E E
0
) = 0. De fato, seja x E
0
, enao existe ρ > 0 tal que L
n
(E B(x, ρ)) = 0.
Tomando y B(x, ρ), seja ρ
0
= ρ |x y| > 0, segue que B(y, ρ
0
) B(x, ρ) e
L
n
(E B(x, ρ
0
)) = 0. Assim B(x, ρ) E
0
, mostrando que E
0
´e um conjunto aberto do
R
n
. Portanto, para cada x E, escolha um ρ > 0 tal que L
n
(E B(x, ρ)) = 0; neste
caso, {B(x, ρ) : x E
0
} ´e uma cobertura aberta de E
0
, e assim existe um seq¨uˆencias
{x
n
}
n=1
em E tal que
E
0
i=1
B(x
i
, ρ
i
) e L
n
(E B(x
i
, ρ
i
)) = 0.
Consequentemente,
L
n
(E E
0
)
i=1
L
n
(E B(x
i
, ρ
i
)) = 0.
Analogamente, prova-se que E
1
´e um conjunto aberto do R
n
e L
n
(E E
0
) = 0. Final-
mente, ponha
E = (E E
1
) E
0
, logo E ´e equivalente a
E e como E
0
e E
1
ao abertos,
se x
E enao x / E
0
E
1
e (5.2) ´e satisfeita.
Tendo em vista a Proposi¸ao (5.3) poderemos assumir que um conjunto de per´ımetro
finito ´e um representante dessa classe; logo satisfaz a desigualdade (5.2). Assim ao haver´a
ambig ¨uidade em falarmos em fronteira topol´ogica E de um conjunto de per´ımetro finito
E; tendo em vista nossas considera¸oes sobre conjuntos mensur´aveis modifica¸oes em
63
conjuntos de medida nula ao ter˜ao influˆencia. Doravante passaremos a identificar o
conjunto E com
E.
Agora, vejamos mais uma defini¸ao:
Defini¸ao 5.4. Seja E conjunto L
n
-mensur´avel R
n
. A densidade D
E
(x) de E em x e
definida por
D
E
(x) = lim
r0
L
n
(E B(x; r))
L
n
(B(x; r))
sempre que este limite existe.
Ainda, para todo α [0, 1], denote por E
α
o conjunto de todos os x R
n
de densidade
α, ou seja, tais que D
E
(x) = α. Em particular, E
1
´e chamado medida interior no sentido
geom´etrico da medida e E
0
, a medida exterior no sentido geom´etrico da medida. Al´em
disso, escolhendo f = X
E
no Teorema de Lebesgue Besicovith (2.25) obtemos
D
E
(x) =
1, se x E,
0, se x R
n
E.
Assim, podemos imaginar E
0
como o “exterior” de E e E
1
como o “interior” de E.
Defini¸ao 5.5. Seja E um conjunto L
n
-mensur´avel E R
n
. A fronteira essencial ´e o
conjunto definido por
s
E = R
n
E
0
E
1
.
Em muitos casos a fronteira essencial coincide com a fronteira topol´ogica. Por exem-
plo, seja B uma bola aberta ent˜ao a fronteira topol´ogica B tamb´em ser´a a fronteira
essencial. Mas em geral, a fronteira topol´ogica ao coincide com a fronteria essencial
(veja [2], p.163).
Para concluir a presente subse¸ao, enunciaremos um Teorema que poder ser encon-
trado em [12] e [13], que fornece um crit´erio para caracterizar conjuntos de Caccioppolli.
Teorema 5.6. Seja E um conjunto L
n
-mensur´avel de R
n
. Ent˜ao E ´e um conjunto de
Cacciopolli se, e somente se, H
n1
(K
s
E) < para cada conjunto compacto K R
n
.
Demonstrao. Veja [12], Teorema 1, p.222.
64
5.1.2 Teorema de Gauss-Green Generalizado
A defini¸ao (5.10) foi inicialmente introduzida por De Giorgi e chama aten¸ao para o
conjunto de pontos onde a normal interior a fronteira existe e pode ser encontrado em
[12] e [16].
Defini¸ao 5.7. Seja E um conjunto de Caccioppoli em U. A fronteira reduzida de E ,
denotada por
E, ´e o conjunto de todos os x R
n
satisfazendo:
1. ||∇X
E
||(B(x; r)) =
B(x;r)
|∇X
E
|dx > 0 para todo r > 0;
2. lim
r0
B(x;r)
ν
E
d||∇X
E
||
B(x;r)
d||∇X
E
||
= ν
E
(x); e
3. |ν
E
(x)| = 1.
ν
E
(x)
x
E
Figura 5.1: Uma Fronteira Suave
Conv´em observar que a defini¸ao acima generaliza a no¸ao de vetor normal unit´ario a
uma hipersuperf´ıcie. De fato, se E ´e de classe C
2
vemos que a fronteira reduzida,
E,
coincide com a fronteira topol´ogica, E, e o vetor normal unit´ario exterior a E, ν
E
(x),
´e no sentido usual (veja [14], p.219, ou [16], p.44).
Exemplo 5.8. Seja E = Q(0; 1) um cubo aberto unit´ario de R
2
, ent˜ao as condi¸oes 1 e
2 da defini¸ao (5.7) ao satisfeitas para cada x E. Por outro lado, a condi¸ao 3 ao
´e satisfeita apenas no ponto onde o bordo ao ´e suave (veja [16], p.44).
Agora, lembraremos um importante fato devido a De Giorgi chamado de Retificabili-
dade da Fronteira Reduzida (veja [17] e [23]), onde a prova pode ser encontrado em [12],
[16] e [23], e afirma que: se E ´e um conjunto de Caccioppoli do R
n
enao
E =
i=1
M
i
N,
onde ||∇X
E
||(N) = 0 e M
i
, k = 1, . . . , ´e um subconjunto compacto de uma hipersuperf´ıcie
de classe C
1
.Al´em disso
65
1. ν
E
|
M
k
, k = 1, . . . ´e a normal exterior a M
k
; e
2. ||∇X
E
|| = H
n1
E.
Observemos tamb´em que
E ´e um conjunto de Borel e a aplica¸ao ν
E
:
E
S
n1
´e H
n1
-mensur´avel. De fato, pelo Teorema de Lebesgue-Besicovith, existe ν
E
(x) e
|ν
E
(x)| = 1 para ||∇X
E
||-quase todo x R
n
. Agora, como ||∇X
E
|| = H
n1
E segue
que ν
E
:
E S
n1
H
n1
-mensur´avel. Al´em disso, de acordo com as defini¸oes (5.5)
e (5.7) pode-s e mostrar, como feito em [2] ou [12], que para todo conjunto de per´ımetro
finito E satisfaz:
E E
1
2
s
E; e (5.3)
H
n1
(
s
E
E) = 0. (5.4)
Agora, por (5.4), a normal exterior sobre
s
E para um conjunto de Cacciopolli E existe
com respeito a medida H
n1
. O pr´oximo teorema que pode ser encontrado em [12] afirma
que a ormula de Gauss-Green tamb´em ser´a satisfeita para conjuntos de Caccioppoli, e
´e uma genraliza¸ao do teorema (3.3)
Teorema 5.9 (Gauss-G reen Generalizado). Seja E um conjunto de Caccippoli. Ent˜ao
para H
n1
quase todo x
s
E, existe uma ´unica medida te´orica da normal exterior
ν
E
(x) tal que
E
div ϕ dx =
s
E
ϕ · ν
E
dH
n1
para toda ϕ C
1
c
(R
n
, R
n
).
Demonstrao. Como E ´e um conjunto de Caccioppoli do R
n
, ent˜ao para toda ϕ
C
1
c
(R
n
, R
n
),
E
div ϕ dx =
R
n
ϕ · ν
E
d||∇X
E
||.
Agora, lembrando que ||∇X
E
||(R
n
E) = 0 e ||∇X
E
|| = H
n1
E, segue por (5.3)
e (5.4), ||∇X
E
|| = H
n1
s
E. Portanto,
E
div ϕ dx =
s
E
ϕ · ν
E
dH
n1
para toda ϕ C
1
c
(R
n
, R
n
).
66
Aqui, lembramos o Teorema (5.6), onde todos conjunto E do R
n
L
n
-mensur´avel ´e
um conjunto de Caccioppoli se, e somente se, H
n1
(
s
E K) < para todo conjunto
compacto K do R
n
. Em particular, o Teorema de Gauss-Green Generalizado ´e alido
para o caso que E ´e um conjunto aberto limitado com fronteira Lipschitz.
5.1.3 Limites Aproximados
Assuma que f : R
n
R
m
seja uma fun¸ao L
n
-mensur´avel.
Defini¸ao 5.10. Dizemos que R
m
´e o limite aproximado de f em x
0
, e escrevemos
ap lim
xx
0
f(x), se para cada ε > 0,
lim
r0
|B(x
0
, r) {x : |f(x) | < ε}|
|B(x
0
, r)|
= 1 (5.5)
sempre que este limite existe. Ainda, dizemos que f ´e aproximadamente cont´ınua em x
0
,
se = f(x
0
).
Observemos que o limite aproximado quando existe ´e unico e, obviamente, ele existe
se, e somente se, a densidade do conjunto E := {x : |f(x) | ε} em x
0
´e zero. Al´em
disso, se f L
1
loc
(R
n
) ent˜ao f ´e aproximadamente cont´ınua L
n
quase sempre. De fato,
para cada ε > 0,
|B(x
0
, r) {|f f(x
0
)| ε}|
|B(x
0
, r)|
1
|B(x
0
, r)|
B(x,r)
X
{|ff (x
0
)|≥ε}
dx
1
ε|B(x
0
, r)|
B(x,r)
|f f(x
0
)|dx
Passando ao limite quando r 0 obtemos a afirma¸ao pelo Teorema de Lebesgue-
Besicovitch (2.25). Mais geralmente, se f ´e L
n
-mensur´avel enao f ´e aproximadamente
cont´ınua L
n
quase sempre.
Defini¸ao 5.11. Seja F um conjunto L
n
-mensur´avel. Dizemos que R
m
´e o limite
aproximado de f em x
0
restrito a F , e escrevemos ap lim
xx
0
,xF
f(x), se para cada ε > 0,
lim
r0
|B(x
0
, r) F {x : |f(x) | < ε}|
|B(x
0
, r) F |
= 1 (5.6)
sempre que este limite existe.
67
Claramente, se F = R
n
as duas defini¸oes anteriores coincidem. Vamos agora intro-
duzir alguma nota¸ao: para cada vetor unit´ario a, seja Π
a
(y) = {x R
n
: (xy)·a > 0};
por simplicidade escreveremos Π
a
(0) por Π
a
e o limite aproximado de f em x
0
restrito a
Π
a
por f
a
(x
0
), isto ´e, ap lim
xx
0
,xΠ
a
f(x) = f
a
(x
0
).
Defini¸ao 5.12. Dizemos que x
0
U ´e um ponto regular de uma fun¸ao f BV (U) se
existe um vetor unit´ario a R
n
tal que f
a
(x
0
) e f
a
(x
0
) existem. Ainda, a ´e chamado
um vetor definido.
Suponhamos que x
0
´e um ponto regular de uma fun¸ao de varia¸ao limitada f, ent˜ao
a somente duas possibilidade: f
a
(x
0
) = f
a
(x
0
) ou f
a
(x
0
) = f
a
(x
0
). Como em [22],
pode-se provar que no primeiro caso, existe ap lim
x0
f(x) e para todo vetor unit´ario
b R
n
, f
b
(x
0
) = ap lim
xx
0
f(x); a o segundo, a ´e unico a menos do sinal.
Agora enunciaremos um resultado cl´assico da teoria da fun¸oes BV que pode ser
encontrado em [22], que afirma que H
n1
quase todo ponto x U ´e um ponto regular
de f BV (U).
Teorema 5.13. Seja f BV (U). Ent˜ao o conjunto de pontos os quais ao ao regulares
de f tem medida H
n1
nula
Demonstrao. Veja [22], p.178.
5.1.4 Valor M´edio
Defini¸ao 5.14. Seja δ > 0. O valor m´edio de uma fun¸ao f L
1
loc
(U) ´e
¯
f(x) = lim
δ0
f
δ
(x), (5.7)
onde f
δ
:= η
δ
f com η
δ
um regularizador padr˜ao.
Suponha que f BV (U) enao pode se provar como em [22], que
¯
f est´a definido em
cada ponto regular. Al´em disso, se x
0
´e um ponto regular de f, ent˜ao
¯
f(x
0
) =
1
2
(f
a
(x
0
) + f
a
(x
0
)), (5.8)
onde a ´e o vetor definido.
O resultado a s eguir pode ser encontrar em [22].
68
Proposi¸ao 5.15. Seja u BV (U) e seja f : R R um fun¸ao Lipschitz tal que
f(0) = 0. Ent˜ao v = f u BV (U) e
||∇v||(U) Lip(f)||∇u||(U). (5.9)
Al´em disso, se x U ´e um ponto regular de u, isto ´e, existe a R
n
tal que existem
os limites aproximados u
±a
(x), ent˜ao x U ´e tamb´em um ponto regular de v com vetor
definido a tal que:
(i) v
±a
(x) = f(u
±a
(x)); e
(ii) ¯v(x) =
1
2
(f(u
a
(x) + f(u
a
(x))).
Demonstrao. Seja u BV (U), enao a extens˜ao
u(x) =
u(x) , x U,
0 , x R
n
U.
e note que f u 0 sobre em R
n
U. Agora, fixemos φ C
1
c
(U; R
n
), |φ| 1, enao
obtemos a seguinte desigualdade:
U
φ div v dx (Lip f)
U
φ div u dx < .
Tomando o supremo com rela¸ao a φ, ||∇v||(U) (Lip f)||∇u||(U), o que implica v
pertence a BV (U). Para a s egunda parte veja [22], Teorema 1, p.182.
Observao 5.16. Se E ´e um conjunto de per´ımetro finito temos que X
E
´e definido
H
n1
-quase todo ponto. De fato, por (5.8) escreva
X
E
(x) =
1
2
, se x
E,
1, se x E
1
,
0, se x E
0
.
Logo X
E
´e uma fun¸ao definida H
n1
quase todo ponto, e aqui lembramos que
H
n1
(
s
E
E) = 0.
Al´em disso, como X
E
BV (U) e H
n1
quase todo ponto ´e ponto regular de X
E
ent˜ao
(X
E
)
δ
X
E
H
n1
quase sempre quando δ 0.
69
5.2 ormula de Gauss-Green
Nessa se¸ao, e stabeleceremos a ormula de Gauss-Green para campos DM em conjuntos
de per´ımetro finito, o que nos permitir´a fornecer um no¸ao para o tra¸co normal para esses
campos.
Proposi¸ao 5.17. Seja F DM(U) e seja A U um conjunto de Borel tais que
H
n1
(A) = 0. Ent˜ao ||div F ||(A) = 0.
Demonstrao. Como div F ´e uma medida de Radon com sinal, ent˜ao existe um conjunto
positivo P e um conjunto negativo N para esta medida tal que P N = U e P N = .
Enao podemos assumir que A P e consequentemente ||div F ||(A) = (div F )
+
(A) =
(div F )(A). Ainda, uma vez que (div F )
+
´e uma medida de Radon, ´e suficiente provar
para o caso que A ´e um conjunto compacto. Ent˜ao, dado ε > 0, pela compacidade de A,
existe uma cobertura finita de bolas abertas que cobre A tais que
A
N
i=1
B(x
i
; r
i
) e
N
i=1
r
n1
i=1
< ε.
Agora, aplicando o Teorema (4.21) com =
ε
=
N
i=1
B(x
i
, r
i
), e qualquer fun¸ao
φ C
1
c
(R
n
) tal que φ 1 em
ε
, temos
ε
div F =
ε
F · ν dH
n1
||F ||
L
H
n1
(
ε
)
||F ||
L
N
i=1
H
n1
(B(x
i
, r
i
))
C||F ||
L
i=1
r
n1
i
< C
||F ||
L
ε.
Logo ||div F ||(Ω
ε
) C
||F ||
L
ε. Agora como X
ε
X
A
pontualmente quando ε 0
(lembrando que A ´e um conjunto compacto), logo temos que ||div F ||(A) = div F (A) = 0;
o caso que A N ´e an´alogo.
Observe que a Proposi¸ao (5.17) afirma que a medida de Radon div F em U ´e ab-
solutamente cont´ınua com respeito a medida de Hausdorff de dimens˜ao (n 1), isto ´e,
div F H
n1
. Agora, a pr´oxima Proposi¸ao est´a essencialmente contida em Chen &
Frid [6] e, por completeza, iremos detalhar a prova.
70
Proposi¸ao 5.18. Seja F DM(U). Suponha que E um conjunto de per´ımetro finito
em U tal que E ⊂⊂ U. Ent˜ao
div(X
E
F ) = X
E
div F + F ·∇X
E
, (5.10)
onde F · (X
E
)
ε
F ·∇X
E
em M(U) para (X
E
)
ε
:= η
ε
X
E
. Al´em disso, a medida
F · ∇X
E
´e absolutamente cont´ınua com respeito a medida ||∇X
E
||.
Demonstrao. Inicialmente, escreva X
δ
:= (X
E
)
δ
e note que X
δ
´e suave e limitado em
U; enao pela Proposi¸ao (4.14) temos que X
δ
F DM(U) e
div(X
δ
F ) = X
δ
div F + F · ∇X
δ
. (5.11)
Lembrando que div F H
n1
e X
δ
X H
n1
em quase todo x U, enao usando
Teorema da Convergˆencia Dominada obtemos que
X
ε
div F X
E
div F em M(U). (5.12)
Como {div (X
δ
F )} ´e uniformente limitado em M(U), pois X
δ
F DM(U); segue pelo
Teorema de Compacidade fraca o para medidas de Radon que este converge fracamente
em M(U) quando δ 0. Por outro lado, visto como uma distribui¸ao, div (X
δ
F )
converge para div(X
E
F ) no sentido das distribui¸oes em U. Portanto, pela unicidade do
limite fraco obtemos
div (X
ε
F ) div(X
E
F ) em M(U). (5.13)
Finalmente, por (5.11), (5.12) e (5.13), segue que existe um medida µ := F · ∇X
E
em
M(U) tal que F · ∇X
δ
F · ∇X
E
em M(U) e de onde segue (5.10). Agora afirmamos
que
F · ∇X
E
||∇X
E
||.
De fato, como µ ´e uma medida de Radon, ´e suficiente provar que µ(A) = 0 para todo
conjunto compacto A com ||∇X
E
||(A) = 0. Enao, dado ε > 0, pela compacidade de A,
existe uma cobertura finita de bolas abertas que cobre A tal que
A
N
i=1
B(x
i
, r
i
) com r
i
< ε, e
||∇X
E
||
N
i=1
B(x
i
, r
i
)
< ε.
71
Assumiremos sem perda de generalidade que ||∇X
E
||(B(x
i
, r
i
)) = 0 (i = 1, . . . , N).
Enao, para toda φ C
c
(
N
i=1
B(x
i
, r
i
)), temos
N
i=1
B(x
i
,r
i
)
φdµ = lim
δ0
N
i=1
B(x
i
,r
i
)
φ F · ∇X
δ
||φ||
L
||F ||
L
lim sup
ε0
||∇X
δ
||(
N
i=1
B(x
i
, r
i
))
= ||φ||
L
||F ||
L
||∇X
E
||(
N
i=1
B(x
i
, r
i
))
ε||φ||
L
||F ||
L
.
do fato que
||∇X
δ
||(B) ||∇X
E
||(B)
para todo conjunto aberto B ⊂⊂ U com ||∇X
E
||(B) = 0. Agora, podemos escolher
uma fun¸ao φ C
c
(
N
i=1
B(x
i
, r
i
)) tal que 0 φ 1, φ 1 em A e
N
i=1
B(x
i
,r
i
)A
φ
ε||F ||
L
. (5.14)
Enao, temos
N
i=1
B(x
i
, r
i
) = A (
N
i=1
B(x
i
, r
i
) A), de modo que obtemos a seguinte
desigualdade
µ(A) =
A
φ
=
N
i=1
B(x
i
,r
i
)
φ
N
i=1
B(x
i
,r
i
)A
φ
2εC||F ||
L
.
Finalmente, passando ao limite quando ε 0 na desigualdade anterior, conclu´ımos que
µ(A) = 0 o que completa a prova.
Observao 5.19. Pelo Teorema (5.18), F · ∇X ||∇X|| = H
n1
E, ent˜ao medida
F · ∇X ´e suportada em
E. Agora, pelo Teorema de Radon-Nikodym, existe uma fun¸ao
||∇X||-mensur´avel (denotada por) F · ν tal que
F · ∇X(A) =
A
E
F · ν dH
n1
para cada A U ||∇X||-mensur´avel. Note que F ·ν ´e exatamente a derivada no sentido
de Radon-Nikodym. Agora, como H
n1
(
s
E
E) = 0, segue de
F · ∇X(A) =
A
s
E
F · ν dH
n1
(5.15)
para cada A U ||∇X||-mensur´avel.
72
Proposi¸ao 5.20. Seja F DM(U). Se F tem suporte compacto em U, ent˜ao
U
div F = 0.
Demonstrao. Seja V um conjunto aberto de U com fronteira suave tal que spt(F )
V ⊂⊂ U; e defina F
δ
:= η
δ
F . Escolha φ C
c
(U) tal que φ 1 em V , segue que para
δ > 0 suficientemente pequeno,
U
div F
δ
=
U
φ div F
δ
=
U
φ F
δ
· ν dH
n1
U
F
δ
· φ
=
U
F
δ
· φ = 0
Finalmente, a ´ultima igualdade ocorre pela escolha de φ e pelo fato de spt(F
δ
) V .
Passando ao limite quando δ 0, obtemos resultado.
Agora, a proposi¸ao a seguir ´e um resultado t´ecnico, que juntamente com a Proposi¸ao
(5.15) permitir´a provar os teoremas (5.22) e (5.23).
Proposi¸ao 5.21. Seja F DM(U) e seja E ⊂⊂ U um conjunto limitado de per´ımetro
finito. Ent˜ao
X
E
F · ∇X
E
= X
E
F · ∇X
E
. (5.16)
onde (X
ε
F ) · ∇X
δ
X
E
F · ∇X
E
, F · (∇X
E
)
δ
F · ∇X
E
em M(U) quando δ 0 e
X
E
foi definido na observa¸ao (5.16).
Demonstrao. Seja E ⊂⊂ U um conjunto limitado de per´ımetro finito e seja X = X
E
.
Fixemos φ C
c
(U),
U
φXF · ∇X
U
φ(XF ) · ∇X
δ
U
φ XF · ∇X
U
φ X
ε
F · ∇X
+
U
φX
ε
F · ∇X
U
φX
ε
F · ∇X
δ
+
U
φX
ε
F · ∇X
δ
U
φ XF · ∇X
δ
= I
ε
1
+ I
δ,ε
2
+ I
δ,ε
3
. (5.17)
Fixando δ > 0 e passando ao limite quando ε 0 em (5.17), ent˜ao pelo Teorema da
Convergˆencia Dominada, I
ε
1
converge a zero, pois a medida F · ∇X ´e suportada em
E
e
lim
ε0
X
ε
(y) = X(y), y
E.
73
Agora, como F ·∇X
δ
F · ∇X em M(U) quando δ 0, ent˜ao fixando ε > 0 e passando
ao limite em (5.17) quando δ 0, vemos que I
δ,ε
2
converge a zero. Finalmente, afirmamos
que I
δ,ε
3
converge a zero quando δ, ε 0. De fato, como ∇X + ν||∇X|| temos
∇X
δ
=
U
η
δ
(x y)∇X(y) =
E
η
δ
(x y)νdH
n1
Definimos f
ε
(x) = |X(x) X
ε
(x)| para todo x U; afirmamos que f
ε
BV (U). de
fato, observamos que f
ε
pode ser reescrito como f = g h
ε
, onde h
ε
(y) = X(y) X
ε
(y)
e g(w) = |w|, ent˜ao pela Proposi¸ao (5.15), segue que f
ε
BV (U). Consequentemente,
I
δ,ε
3
=
U
(X
ε
(x) X(x))(φ F )(x) · ∇X
δ
(x)dx
=
E
U
(X
ε
(x) X(x))(φ F )(x) · η
δ
(x y)ν dxdH
n1
(y)
C
E
U
f
ε
(x) η
δ
(x y) dx
dH
n1
(y)
C
E
η
δ
f
ε
(y) dH
n1
(y) (5.18)
e enao,
lim sup
δ0
I
δε
3
C
E
f
ε
(y)dH
n1
.
Portanto, para mostrar que I
δε
3
converge a zero, quando ε, δ 0 ´e suficiente mostrar
que f
ε
(y) converge a zero quando ε 0. Para tal vamos mostrar que todo ponto em
E ´e um ponto regular de h
ε
, e os limites aproximados restritos existem e ao iguais a
zero. Assim, fixemos y
E, como h
ε
0 L
n
-q.s. sobre B(y, 1), quando ε 0, pelo
Teorema de Ergoroff (2.10), existe um conjunto fechado F B(y, 1) tal que
|B(y, 1) F | < θ,
h
δ
0 uniformente em F quando δ 0.
Consequentemente, para qualquer λ fixado, existe ε > 0, suficientemente pequeno de
modo que h
ε
(z) < λ para todo z F . Enao para todo r > 0, |B(y, r) {h
ε
λ}| < θ.
Como θ > 0 ´e arbitr´ario, obtemos que
lim
ε0
lim
r0
|(B(y; r) {h
ε
> λ}|
|B(y; r)|
= 0
Logo lim
ε0
h
ε
a
(y) = 0; e analogamente prova-se que lim
ε0
h
ε
a
(y) = 0 de modo que
74
y
E ´e um ponto regular de h
ε
, segue da Proposi¸ao (5.15) que
lim
ε0
f
ε
(y) = lim
ε0
1
2
(g(h
ε
a
(y)) + g(h
ε
a
(y)))
= lim
ε0
1
2
(|h
ε
a
(y)| + |h
ε
a
(y)|) = 0
Passando ao limite quando δ 0 em (5.18) e depois ε 0, vemos pelo Teorema da
Convergˆencia Dominada que I
δ,ε
3
converge a zero e, p ortanto (X F ) · ∇X
δ
X F · ∇X
em M (U). Por outro lado, sabemos pela Proposi¸ao (5.18) que (X F )·∇X
δ
X F ·∇X
em M (U). Portanto, pela unicidade do limite fraco obtemos X F · ∇X = X F · ∇X.
Finalmente, podemos provar o teorema mais significativo de Chen & Torres [9], que
ser´a usado para provar o Teorema (5.23).
Teorema 5.22. Seja F DM(U). Se E ⊂⊂ U ´e um conjunto limitado de per´ımetro
finito, ent˜ao existe uma fun¸ao H
n1
-integr´avel (denotado por) F ·ν em
s
E tal que
E
1
divF =
s
E
F · ∇X
E
=
s
E
F · νdH
n1
.
Demonstrao. Assuma que E ⊂⊂ U seja um cojunto limitado de per´ımetro finito e por
simplicidade escreva X = X
E
. Enao obtemos a seguinte identidade:
div (X
2
F ) = div (X(XF ))
= Xdiv(XF ) + XF · ∇X (pela Proposi¸ao (5.18))
= X(div F + F · ∇X) + XF · ∇X (pela Proposi¸ao (5.18))
= (X)
2
div F + X F · ∇X + XF · ∇X
= Xdiv F + 2X F · ∇X (pela Proposi¸ao (5.21)). (5.19)
Por outro lado,
div(X
2
F ) = div(XF ) = X div F + F · ∇X. (5.20)
Agora, combinando (5.19) e (5.20) obtemos
0 = ((X)
2
X)div F + 2X F ·∇X F ·∇X
=
1
4
X
s
E
div F + 2X F · ∇X F · ∇X, (5.21)
75
pois X
1
2
em
E e div F H
n1
. Portanto, pela Proposi¸ao (5.18) e pela identidade
(5.21) obtemos:
1
2
div(XF ) =
1
2
Xdiv F +
1
2
F · ∇X
=
1
2
Xdiv F +
1
2
F · ∇X
1
4
X
s
E
div F + 2X F.∇X F.∇X
=
1
2
X
1
2
X
s
E
div F + 2X F · ∇X
1
2
F · ∇X
=
1
2
X
E
1
div F + 2X F · ∇X
1
2
F · ∇X. (5.22)
Agora, integrando ambos os lados da identidade (5.22) e usando o fato que F · ∇X ´e
suportada em
E,obtemos:
0 =
1
2
U
div(XF ) (pela Proposi¸ao (5.20))
=
1
2
E
1
div F + 2
U
X F · ∇X
1
2
U
F · ∇X
=
1
2
E
1
div F + 2
E
X F · ∇X
1
2
E
F · ∇X
=
1
2
E
1
div F +
1
2
E
F · ∇X. (5.23)
Portanto, por (5.23) e pela observao (5.19),
E
1
div F =
s
E
F · ∇X =
s
E
F · ν dH
n1
. (5.24)
Finalmente, devemos agora mostrar que F ·ν ´e limitado. De fato, como F ·∇X
δ
F · ∇X
em M(U), enao para quase todo r > 0 e todo x
E, temos
F · ∇X(B[x, r])
||∇X||(B[x, r])
=
lim
ε0
B[x,r]
F · ∇X
ε
lim
ε0
B[x,r]
||∇X
ε
||
=
lim
ε0
B[x,r]
F · ν||∇X
ε
||
lim
ε0
B[x,r]
||∇X
ε
||
lim
ε0
||F ||
L
B[x,r]
||∇X
ε
||
lim
ε0
B[x,r]
||∇X
ε
||
||F ||
L
.
Portanto, para H
n1
quase todo x
E, obtemos
|(F · ν)(x)| = lim
r0
F · ∇X(B[x, r])
||∇X||(B[x, r])
||F ||
L
,
o que completa a prova.
76
Agora com esse resultado podemos estabelecer a ormula de Gauss-Green para cam-
pos DM em conjuntos de per´ımetro finito.
Teorema 5.23 (F´ormula de Gauss-Green). Seja F DM(U). Se E ⊂⊂ U um conjunto
limitado de per´ımetro finito. Ent˜ao existe uma fun¸ao H
n1
-integr´avel F ·ν em
s
E tal
que
E
1
φ divF =
s
E
φ F ·νdH
n1
E
1
F · φ. (5.25)
para toda φ C
1
c
(R
n
)
Demonstrao. Fixe φ C
1
c
(R
n
). Suponhamos que E ⊂⊂ U seja um conjunto limitado
de per´ımetro finito e F DM(U). Pelo Teorema (5.22),
F · ∇X = F · ν dH
n1
sobre
s
E (5.26)
Afirmamos que φF DM(U). De fato, seja ϕ C
1
c
(U), |ϕ| 1,
U
φF · ϕ dx C
U
F · ϕ dx < .
Enao φF DM(U), pois φF L
(U; R
n
). Agora, pela unicidade do limite fraco no
sentido de medidas de Radon,
φ F · ∇X = φF · ∇X (5.27)
Novamente, pelo Teorema (5.22) a φF , obtemos
E
1
div(φF ) =
s
E
φ F · ∇X
=
s
E
φF · ∇X (por (5.27))
=
s
E
φ F · ν dH
n1
(por (5.26)). (5.28)
Por outro lado, como φ C
1
c
(R
n
) segue pela Proposi¸ao (4.14) que
div(φF ) = φ div F + F · φ. (5.29)
Portanto, integrando (5.29) e usando (5.28) obtemos:
E
1
φ div F =
E
1
F · φ +
E
1
div(φ F )
=
E
1
F · φ
s
E
φ F · ν dH
n1
,
o que completa a prova.
77
Para concluir a presente se¸ao utilizaremos a ormula de Gauss Green para campos
DM em conjuntos de per´ımetro finito para mostrar o seguinte teorema de extens˜ao:
Teorema 5.24. Sejam V ⊂⊂ E ⊂⊂ U conjuntos abertos limitados, onde E ´e um con-
junto de per´ımetro finito em R
n
. Se F
1
DM(U) e F
2
DM(R
n
¯
V ). Ent˜ao
F (y) :=
F
1
(y), y E
F
2
(y), y R
n
E
pertence a DM(R
n
), e
||F ||
DM(R
n
)
||F ||
DM(E)
+ ||F ||
DM(R
n
¯
E)
+||F
1
· ν F
2
· ν||
L
1
(
s
E;H
n1
)
. (5.30)
Demonstrao. Fixe φ C
1
c
(R
n
), |φ| 1. Ent˜ao, pela ormula de Gauss Green para
campos DM em conjuntos de per´ımetro finito, temos
R
n
F · φ dy =
E
F · φ dy +
R
n
E
F · φ dy
=
div F
1
|
E
, φ
div F
2
|
R
n
E
, φ
+
s
E
{F
1
· ν F
2
· ν}φ dH
n1
||div F
1
||(E) + ||div F
2
||(R E) + ||F
1
· ν F
2
· ν||
L
1
(
s
E;H
n1
)
.
Como F L
(R
n
; R
n
) e, obviamente,
||F ||
L
(R
n
)
||F ||
L
(E)
+ ||F ||
L
(R
n
E)
segue que F DM(R
n
) e, ainda, pela defini¸ao de norma em DM obtemos o resultado
desejado.
5.3 Tra¸co Normal
Nessa se¸ao, analisaremos mais profundamente a no¸ao de tra¸co introduzida na se¸ao
anterior. Assuma que E ´e um conjunto limitado de per´ımetro finito.
Proposi¸ao 5.25. Seja ε > 0 pequeno. Ent˜ao existe um conjunto fechado Q
ε
E e
um campo vetorial suave ν
ε
: R
n
R
n
tal que
(i)H
n1
(
E Q
ε
) < ε;
78
(ii) ν
ε
Q
ε
aponta para o interior de E.
Demonstrao. Fixe ε > 0 pequeno. Para cada x
E, existe a normal interior ν
E
(x)
e o plano tangente H(x), no sentido da Teoria geom´etrica da medida, ao conjunto E em
x. Como E ´e limitado, escolha um conjunto aberto V tal que E ⊂⊂ V . Agora, observe
que ν
E
:
E S
n1
´e H
n1
-mensur´avel. Ent˜ao, pelo Teorema de Lusin, existe um
conjunto compacto Q
ε
E tal que
H
n1
(
E Q
ε
) < ε;
ν
E
Q
ε
= (ν
1
, . . . , ν
n
) ´e cont´ınua.
Aplicando o Teorema de Tietze (veja [20], Teorema 15.8, p.103) a ν
i
:
E R, existe
uuma extens˜ao cont´ınua ν
i
: R
n
R de ν
i
. Defina ν = (ν
1
, . . . , ν
n
), e ponha ν
δ
= ν η
δ
,
enao ν
δ
ν uniformente em V , quando δ 0. Portanto, existe δ
0
> 0 tal que o ˆangulo
entre ν
δ
0
(x) e ν(x) ´e menor que π/4, para todo x Q
ε
. Lembrando que Q
ε
E, segue
que ν
δ
0
aponta para o interior de E. Finalmente, o resultado segue pondo ν
ε
= ν
δ
0
.
Agora, fixemos alguma nota¸ao:
Nota¸ao 5.26. Seja ν
ε
definido na proposi¸ao anterior.
(i) Para cada ε > 0, defina ψ
ε
: R
n
× [0, 1] R
n
por ψ
ε
(x, τ) := x + τν
ε
.
(ii) Para cada τ (0, 1), defina ψ
ε
τ
: R
n
R
n
por ψ
ε
τ
(x) := ψ
ε
(x, τ).
(iii) Para cada ε > 0, defina K
ε
τ
= ψ
ε
τ
(K
ε
) e E
τ
= ψ
ε
τ
(E), onde K
ε
:= int(
K
ε
), onde
K
ε
ser´a escolhido na proposi¸ao (5.27).
Como E ´e um conjunto de per´ımero finito, ent˜ao E
τ
tamb´em ´e um conjunto de per´ımetro
de finito.
Proposi¸ao 5.27. Sejam ε > 0 e Q
ε
como na proposi¸ao anterior. Ent˜ao existe
˜
K
ε
Q
ε
, H
n1
(Q
ε
˜
K
ε
) < ε e τ
0
> 0 suficientemente pequeno tal que ψ
ε
τ
(x) int(E) para
todo τ (0, τ
0
) e x
K
ε
.
Demonstrao. Defina os conjuntos
A
k
=
x Q
ε
: ψ
ε
τ
(x) int(E), τ
1
k
, k = 1, 2, . . .
79
Enao A
1
··· A
k
A
k+1
. . . , e Q
ε
=
k=1
A
k
, o que implica pelo Teorema (2.6),
lim
k→∞
H
n1
(A
k
) = H
n1
(Q
ε
).
Portanto, existe um inteiro positivo k
0
= k
0
(ε) tal que H
n1
(Q
ε
A
k
0
) < ε. Finalmente,
ponha
K
ε
:= A
k
0
e τ
0
= 1/k
0
, e o resultado s egue.
Observemos que se E ´e um conjunto limitado de per´ımetro finito, e nt˜ao para τ sufi-
cientemente pequeno (dependendo s omente da continuidade de ν
ε
em E), a fun¸ao ψ
ε
τ
|
E
´e uma fun¸ao injetiva. Al´em disso, assuma que
K
ε
=
i=0
M
i
,
onde M
i
´e uma hipersuperf´ıcie de classe C
1
.
O pr´oximo resultado pode ser encontrado em Chen & Torres [9] e mostra que o tra¸co
normal sobre uma classe de superficies de per´ımetro finito pode ser entendido como o li-
mite fraco estrela introduzido por Chen & Frid [6] sobre superf´ıcies deform´aveis Lipschitz,
o qual implica a sua consistˆencia.
Teorema 5.28. Para cada ε > 0, o trco normal F ·ν em K
ε
´e o limite fraco estrela do
trco (4.19) em K
ε
τ
(veja [6]) quando τ 0. Isto ´e, para qualquer φ L
1
(K
ε
),
K
ε
(F · ν)(w)φ(w) dH
n1
= lim
τ0
K
ε
τ
(F · ν
τ
)(w)(φ (ψ
ε
τ
)
1
)(w) dH
n1
(w)
= lim
τ0
K
ε
((F · ν
τ
) ψ
ε
τ
)(w)(φ)(w) dH
n1
(w)
Demonstrao. Seja P K
ε
um conjunto compacto. Escolha φ C
1
c
(U) tal que φ se
anula numa vizinhan¸ca de P com φ|
P
= 0 e φ|
EK
ε
= 0. Pelo Teorema (5.23) aplicado
ao conjunto E
τ
, temos
E
1
τ
φ div F =
E
1
τ
F · φ
s
E
τ
φ F · ν
τ
dH
n1
. (5.31)
Por outro lado, pelo Teorema (5.23) aplicado ao conjunto E, tamb´em obtemos a seguinte
identidade
E
1
φ div F =
E
1
F · φ
s
E
φ F · ν dH
n1
. (5.32)
80
Como X
E
1
τ
X
E
1
pontualemente, enao passando ao limite quando τ 0 e usando o
Teorema da Convergˆencia Dominada, obtemos
E
1
τ
φ div F
E
1
φ div F e
E
1
τ
F · φ
E
1
F · φ. (5.33)
O que implica, por (5.31), (5.32) e (5.33),
s
E
τ
φ F · ν
τ
dH
n1
s
E
φ F · ν dH
n1
. (5.34)
Pela escolha de φ, ent˜ao obtemos o seguinte limite,
K
ε
τ
φ F · ν
τ
dH
n1
K
ε
τ
φ F · ν dH
n1
. (5.35)
Agora, como φ|
K
ε
τ
pode ser trocado por φ|
K
ε
τ
(ψ
ε
τ
)
1
com erro que vai a zero quando
τ 0, obtemos
lim
τ0
K
ε
τ
(F · ν
τ
)(w)(φ (ψ
ε
τ
)
1
)(w) dH
n1
(w) =
K
ε
(F · ν)(w)φ(w) dH
n1
para toda φ L
1
(K
ε
). De fato, podemos aproximar qualquer fun¸ao φ L
1
(K
ε
) por
uma seq¨uˆencia {φ
j
}
j=1
de fun¸oes de classe C
1
em uma vizinhan¸ca de E tal que para
cada φ
j
´e nula fora de uma vizinhan¸ca P
j
⊂⊂ K
ε
com P
j
K
ε
e φ
j
φ em L
1
(K
ε
)
quando j . Enao para τ suficientemente pequeno,
K
ε
τ
φ((ψ
ε
τ
)
1
(w))(F · ν
τ
)(w)dH
n1
(w)
K
ε
φ(w)(F · ν)(w)dH
n1
(w)
K
ε
τ
|φ((ψ
ε
τ
)
1
(w))(F · ν
τ
)(w) φ
j
((ψ
ε
τ
)
1
(w))(F · ν
τ
)(w)|dH
n1
(w)
+
K
ε
τ
φ
j
((ψ
ε
τ
)
1
(w))(F · ν
τ
)(w)
K
ε
φ
j
(w)(F · ν
τ
)(w)dH
n1
(w)
+
K
ε
|φ
j
(w)(F · ν
τ
)(w) φ(w)(F · ν
τ
)(w)|dH
n1
(w)
= I
τ
1
+ I
τ
2
+ I
τ
3
.
Agora, usando a ormula da
´
Area obtemos
|I
τ
1
|
K
ε
τ
|φ((ψ
ε
τ
)
1
(w)) φ
j
((ψ
ε
)
1
(w))(F · ν
τ
)(w)| dH
n1
(w)
K
ε
|Jψ
ε
τ
||(φ φ
j
)(w)||(F · ν
τ
)(ψ
ε
τ
(w))|dH
n1
(w)
C
K
ε
|(φ φ
j
)(w)|dH
n1
(w).
81
com |Jφ
τ
| C e |F · ν
τ
| C para todo τ > 0 pequeno. Portanto, fixando j e passando
ao limite quando τ 0, implica que I
τ
2
converge a zero; pois para cada φ
j
anula-se fora
de uma vizinhan¸ca de P
j
⊂⊂ K
ε
. Agora, fazendo j segue que I
τ
1
e I
τ
3
convergem
a zero, pois φ
j
φ em L
1
(K
ε
). O que prova a primeira identidade. Para ver a segunda
aplique a ormula da
´
Area e use o fato de que a deforma¸ao ´e regular, isto ´e,
lim
τ0
Jφ
ε
τ
= 1,
para obter a segunda identidade.
Observe que o Teorema (5.28) tamb´em ´e satisfeito s e a fronteira for cont´ınua. Agora,
se E ´e um conjunto com fronteira Lipschitz, a no¸ao de tra¸co normal, Teorema (5.23),
coincide com a no¸ao de tra¸co normal introduzida em Chen & Frid [6], usando deforma¸oes
Lipschitz. Esse fato pode ser provado da mesma maneira que o Teorema (5.28) quando
a E ´e Lipschitz deform´avel. Al´em disso, foi provado em [6] que se E ´e lipschitz
deform´avel e ||div F ||(E) = 0, o tra¸co obtido por deforma¸oes Lipschitz coincide com o
usual significado de F ·ν para H
n1
quase todo ponto x E, com ν a normal unit´atia
interior a E. Portanto, o tra¸co constru´ıdo em Chen & Torres [9] tem a mesma propriedade
do tra¸co introduzido em [6].
82
Apˆendice A
Nota¸c˜ao
A.1 Nota¸ao Vetorial e de Conjuntos
1. R
n
(n 1) ´e o espa¸co Euclideano real n-dimensional, e R
1
= R.
2. x = (x
1
, . . . , x
n
) ´e um t´ıpico ponto do R
n
.
`
As vezes, escreveremos x = (x
, x
n
) R
n
para x
R
n1
.
3. x · y = x
1
y
1
+ ···+ x
n
y
n
´e o produto interno usual do R
n
e |x| =
x
2
1
+ ··· + x
2
n
=
x · x ´e a norma Euclidiana do R
n
.
4. O vetor α = (α
1
, . . . , α
n
), onde α
i
N, i = 1, . . . , ´e denominado um multi-´ındice
de ordem |α| = α
1
+ ··· + α
n
.
5. Seja r > 0. Dizemos que
B(x; r) = {y R
n
: |x y| < r}
´e a bola aberta do R
n
, e
B[x; r] = {y R
n
: |x y| r}
´e a bola fechada do R
n
. E escreveremos α(n) para o volume da bola unit´aria do R
n
.
6. Seja r > 0. Dizemos que
Q(x; r) = {y R
n
: |x
i
y
i
| < r, i = 1, . . . }
´e o cubo aberto do R
n
, e
Q[x; r] = {y R
n
: |x
i
y
i
| r i = 1, . . . }
83
´e o cubo fechado do R
n
.
7. Seja r > 0. Dizemos que
C(x; r, h) = {y R
n
: |x
y
| < r, |x
n
y
n
| < h}
´e o cilindro aberto do R
n
8. Seja E um conjunto do R
n
. Escrevemos E para a fronteira topol´ogica de E, E
para o fecho de E e E
o
, ou int(E), para o interior topol´ogico de E.
9. U, V, W ao usualmente conjuntos abertos do R
n
e K, um conjunto compacto do
R
n
. Ainda, dizemos que V esta compactamente contido em U, e denotamos por
V ⊂⊂ U, se V ´e compacto e V U.
A.2 Nota¸ao para fun¸oes
Dado U um subconjunto do R
n
, seja f : U R
m
um fun¸ao tal que f = (f
1
, . . . , f
m
).
1. Dizemos que spt(f) = {f = 0} ´e o suporte da f. Ainda, dizemos que f tem suporte
compacto em E se spt(f) U ´e compacto.
2. f
+
= max(f; 0), f
= max(f; 0), f = f
+
f
e |f| = f
+
+ f
. Al´em disso, X
E
´e
a fun¸ao caracter´ıstica de E, isto ´e,
X
E
(x) =
1, se x E
0, se x / E.
3. Dado um multi-´ındice α tal que |α| k, definimos
D
α
f(x) :=
|α|
f(x)
x
α
1
1
. . . x
α
n
n
=
α
1
x
1
. . .
α
n
x
n
f(x),
D
α
f := (D
α
f
1
, . . . , D
α
f
m
);
i Se k ´e um inteiro positivo, enao
D
k
f := {D
α
f : |α| = k} e |D
k
f|
2
=
|α|=k
|D
α
f|
2
.
ii Se m=1, enao
f = (f
x
1
, . . . , f
x
n
) (Vetor Gradiente de f).
84
iii Se k = 1 ent˜ao
Df =
f
1
x
1
f
1
x
2
. . .
f
1
x
n
f
2
x
1
f
2
x
2
. . .
f
2
x
n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
f
m
x
1
f
m
x
2
. . .
f
m
x
n
m×n
(Matriz gradiente de f).
Ainda, se n = m, o jacobiano de f ´e Jf(x) = det(Df), e se n = m enao Jf(x)
´e a soma dos subterminantes n × n de Df.
A.3 Espa¸cos de fun¸oes
1. C(U) = {f : U R | f ´e cont´ınua}
2. C(U) = {f C(U) | f ´e uniformente cont´ınua}
3. C
k
(U) = {f : U R | f ´e k-vezes continuamente diferenci´avel}
4. C
k
(U) = {f C
k
(U) | D
α
f C(U), para toda |α| k}
5. C
(U) = {f : U R| f ´e infinitamente dif erenci´avel}
6. C
c
(U), C
k
c
(U), etc. denota as fun¸oes de C(U), C
k
(U), etc. com suporte compacto.
7. BV (U) ´e o espa¸co das fun¸oes de Varia¸ao Limitada.
8. DM(U) ´e o espa¸co de campos de medida divergente.
9. D(U) ´e o espa¸co das fun¸oes teste e D
(U) ´e o espa¸co das distribui¸oes.
10. L
p
(U) = {f : U R| f ´e Lebesgue mensur´avel, ||f||
L
p
(U)
< ∞}, onde
||f||
L
p
(U)
:=
|f|
p
dx
1
p
(1 p ).
11. L
(U) = {f : U R| f ´e Lebesgue mensur´avel, ||f||
L
(U)
< ∞}, onde
||f||
L
(U)
:= ess sup
U
|f| = inf{C R : |{|f | > C}| = 0}.
12. L
p
loc
(U) = {f : U R| f L
p
(U) para cada V ⊂⊂ U}.
13. M(U) ´e o espa¸co das medidas de Radon com sinal.
14. M(U; R
n
) ´e o espa¸co das medidas de Radon vetorial.
15. W
k,p
(U) ´e o espa¸co de Sobolev.
85
Referˆencias Bibliogr´aficas
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Verlag Berlin, Selected Papers (2006) 212-230.
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Springer-Verlag Berlin, Selected Papers (2006) 110-127.
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Basel, 1984.
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tions I. Springer-Verlag Berlin, Heidelberg, Berlin, 1998.
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Equation. Mathematical Surveys and Monografhs, Vol. 51, AMS: Providence, 1997.
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chitz domains. Journal Differential Equations (2003) 360-395.
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London-Don Mills, Ont.,1970.
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[22] Vol’pert, A. I., Analysis in Classes of Discontinuous Functions and Equations of
Mathematical Physics. Martins Nijhoff Publishers: Dordrecht, 1985.
[23] Ziemer, W.P., Weakly Differentiable Functions: Sobolev and Funtions of Bounded
Variation. Springer-Verlag: New York, 1989.
87
´
Indice Remissivo
σalgebra, 7
Campo de Medida Divergente, 42
Local, 43
Conjunto
µ-mensur´avel, 8
de Caccioppoli, 62
de Per´ımetro Finito, 62
Deforma¸ao Lipschitz, 53
Derivada
distribuicional, 27
fraca, 26
Distribui¸ao, 25
Espa¸co
BV, 33
de Medida Divergente, 42
de Sobolev, 28
ormula
da
´
Area, 17
da Co´area, 17
da mudan¸ca de vari´aveis, 17
de Gauss Green, 58
de Gauss-Green, 22, 30, 38, 77
Fronteira Lipschitz, 20
Fronteira Lipschitz Deform´avel, 53
Fun¸ao
µ-mensur´avel, 8
BV, 33
BV local, 33
de Sobolev, 28
Lema
de Du Bois Raymond, 18
de Fatou, 10
Limite
Aproximado, 67
Aproximado Restrito, 68
Medida, 8
absolutamente cont´ınua, 13
Borel Regular, 8
com sinal, 10
de Borel, 8
de Hausdorff, 16
de Radon, 8
de varia¸ao, 14
Parti¸ao da Unidade, 22
Ponto
de Lebesgue, 13
regular, 68
Regularizador padr˜ao, 18
88
Teorema
da Convergˆencia Mon´otona, 11
de Egoroff, 9
de Fubini, 12
de Gauss-Green Generalizado, 66
de Lebesgue-Besicovitch, 13
de Lusin, 8
de Radamacher, 17
de Radon-Nikodym, 13
de Representa¸ao de Riesz, 14
Tra¸co, 30, 39
Tra¸co Normal, 58
Valor edio, 68
Varia¸ao de uma fun¸ao, 34
Vetor Definido, 68
89
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