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ESTUDOS DA ADESÃO DE CaCO
3
SOBRE SUPERFÍCIES
METÁLICAS UTILIZANDO A MICROBALANÇA DE CRISTAL DE
QUARTZO: CINÉTICA DE FORMAÇÃO E INIBIÇÃO DA ADESÃO
FELIPE MAURO RENA CARDOSO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ
MARÇO 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 07/2008
Cardoso, Felipe Mauro Rena
Estudos da adeo de CaCO
3
sobre supercies metálicas utilizando a
microbalança de cristal de quartzo: cinética de formação e inibição da
adesão / Felipe Mauro Rena Cardoso. Campos dos Goytacazes, 2008.
xvii, 87 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Ciências Naturais) --Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e
Tecnologia. Laboratório de Ciências Químicas. Campos dos
Goytacazes, 2008.
Orientador: Alexandre Moura Stumbo.
Área de concentração: Cinética
Bibliografia: f. 98-104
1. Incrustação 2. Microbalança de cristal de quartzo 3. Carbonato de
cálcio l. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Ciências Químicas lI.
Título
CDD 622.33827
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III
ESTUDOS DA ADESÃO DE CaCO
3
SOBRE SUPERFÍCIES
METÁLICAS UTILIZANDO A MICROBALANÇA DE CRISTAL DE
QUARTZO: CINÉTICA DE FORMAÇÃO E INIBIÇÃO DA ADESÃO
FELIPE MAURO RENA CARDOSO
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciência e Tecnologia da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Ciências Naturais.
Orientador: Prof. Alexandre Moura Stumbo
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ
MARÇO 2008
IV
ESTUDOS DA ADESÃO DE CaCO
3
SOBRE SUPERFÍCIES
METÁLICAS UTILIZANDO A MICROBALANÇA DE CRISTAL DE
QUARTZO: CINÉTICA DE FORMAÇÃO E INIBIÇÃO DA ADESÃO
FELIPE MAURO RENA CARDOSO
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciência e Tecnologia da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Ciências Naturais.
V
“Minha motivação é a busca de me
aperfeiçoar sempre, de aprender sempre.”
(Ayrton Senna)
VI
Aos meus pais José Mauro e Conceição, e
aos meus irmãos Raquel e Mauro pelo
afeto e apoio. À Akemi, eterna paixão,
pela paciência e incentivo.
VII
Agradecimentos
Os meus sinceros agradecimentos:
- Ao meu orientador Prof. Alexandre Moura Stumbo, pela atenção e amizade. Sou
grato por ter me apoiado na mudança de tema de estudo e pelas sugestões que
engrandeceram o trabalho. Obrigado pela confiança.
- Aos colegas de trabalho Cláudio Ziglio, pela valiosa co-orientação, e ao José
Roberto, gerente da Tecnologia em Elevação e Escoamento (CENPES) pelo
incentivo em dar continuidade aos estudos de mestrado. À técnica do Laboratório de
Garantia de Escoamento Danielle Fraga pelo auxílio nas atividades experimentais.
Aos demais colegas de trabalho Marcelo, Adriana Teixeira, lson, Márcia Khalil,
Lenise, Carlos Henrique, Alexandre, Ana Paula, Humberto, Mauro, João Rodrigues e
Paulo Desidério pela amizade.
- Ao Gaspar e a Lívia, da Tecnologia em Processamento e Avaliação de Petróleo
CENPES, pela permissão para utilizar o goniômetro nas medidas de ângulo de
contato.
- A gerência de Química CENPES, pelos auxílios nas análises de cátions e ânions
e difração de raios-X.
- Ao Prof. Bertran (IQ-UNICAMP) pelas imprescindíveis discussões acerca da
microbalança de cristal de quartzo e do fenômeno de crescimento de CaCO
3
.
- Ao Prof. rgio Camargo (COPPE-UFRJ) e ao Ricardo pelos auxílios na obtenção
de imagens por MEV.
- Ao Prof. Rodrigo Prioli (PUC-Rio) pelas imagens de MFA e MEV.
- Aos amigos: Bruno, Fabielle e Lindomar (república), Ceará, Mendelssolm, Luiz,
Léo, Arivan e Jorge (UENF), Jorginho, Fera, Robinson, Vitão, Fabrício, Chiquinho,
Wilsão, Romano, Dotô, Cosme, Silvinito, Sacorague e aos Cléberes (CENPES).
VIII
Lista de Figuras
Figura 1 - Representação de uma superfície de cristal com defeitos ……….......…….......
26
Figura 2 - Deslocamento helicoidal no qual se baseia o modelo BCF de crescimento de
cristais ...............................................................................................................
27
Figura 3 - Microbalança de cristal de quartzo ....................................................................
32
Figura 4 - Sensor piezoelétrico de cristal de quartzo recoberto com ouro ........................
32
Figura 5 - Principais classes de agentes de superfície utilizados como inibidores de
incrustação: (a) polifosfonato, (b) fosfino-policarboxilato, (c) poliacrilato e (d)
polivinilsulfonato ……………............……………………………………………….
36
Figura 6 - Efeito da adição de inibidores para precipitação de BaSO
4
em solução e em
superfícies metálicas .........................................................................................
38
Figura 7 - Fórmula estrutural do ácido dietilenotriaminopenta-(metilenofosfônico)
DETPMP ...........................................................................................................
44
Figura 8 - Microscopias óticas para avaliação da limpeza de cristais de quartzo
contendo carbonato de cálcio depositado sobre sua superfície com HCl 1,0%
- Aumento de 200x ............................................................................................
54
Figura 9 - Massograma e medidas de pH referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 2C. RS=300 ..............
55
Figura 10 - Massograma e medidas de pH referentes ao processo de formação de
CaCO
3
sobre cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 2C. RS=1000.
56
Figura 11 -
Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre o cristal de
quartzo recoberto com ouro polido, a 25°C, durante 10 horas. RS 300 e RS
1000 ..................................................................................................................
57
Figura 12 - Massogramas e medidas de pH referentes ao processo de formação de
CaCO
3
sobre cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 2C. RS=300...
58
Figura 13 - Massogramas e medidas de pH referentes ao processo de formação de
CaCO
3
sobre cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 2C. RS=1000.
59
Figura 14 - Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro rugoso, a 25°C. RS=300 . .....................................
60
Figura 15 - Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro rugoso, a 25°C. RS=1000 ....................................
61
Figura 16 -
Esquema simplificado da relação entre tensões superficiais (σ) e ângulo de
contato (θ) .........................................................................................................
63
Figura 17 -
Esquema da formação da monocamada de tiol funcionalizado sobre o ouro....
64
Figura 18 - Ângulos de contato antes e após tratamento de modificação superficial do
ouro com o ácido 3-mercaptopropiônico ...........................................................
65
Figura 19 - Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido modificado, a 25°C. RS=300 .....................
66
Figura 20 - Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido modificado, a 25°C. RS=1000 ...................
67
IX
Figura 21 - Massogramas referentes ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido utilizando inibidor à base de
DETPMP, a 25°C. RS=1000 ........................... ..................................................
69
Figura 22 -
Massogramas referentes ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido utilizando inibidor à base de
DETPMP, a 25°C. RS=300 ............................ ...................................................
69
Figura 23 -
Massograma referente ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido utilizando 250 ppb de inibidor à
base de DETPMP, a 25°C. RS=300, 20 horas de teste . ...................................
71
Figura 24 -
Massograma referente ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido utilizando 1,5 ppm de inibidor à
base de DETPMP, a 25°C. RS=1000, 20 horas de teste. ..................................
71
Figura 25 - Medidas da viscosidade do sistema precipitante com RS 300 durante três
horas de teste ....................................................................................................
74
Figura 26 - Medidas da viscosidade do sistema precipitante com RS 1000 durante três
horas de teste ....................................................................................................
74
Figura 27 - Medidas da massa específica para o sistema precipitante com RS 300,
durante três horas de teste ...............................................................................
75
Figura 28 - Medidas da massa específica para o sistema precipitante com RS 1000,
durante três horas de teste ...............................................................................
75
Figura 29 - Representação de uma superfície rugosa dividida em vários segmentos ........
76
Figura 30 - Representação da modelagem da superfície rugosa de ouro que recobre o
cristal de quartzo. r = 1092Å .............................................................................
77
Figura 31 - Ângulo de contato aparente (θ) e ângulo de contato intrínseco (θ
i
) ..................
78
Figura 32 - Esquema simplificado que permite calcular o incremento de área superficial
de uma superfície rugosa em comparação a uma superfície lisa .....................
79
Figura 33 - Imagens da superfície recoberta com ouro polido do cristal de quartzo,
obtidas por microscopia de força atômica .........................................................
81
Figura 34 - Imagem da superfície metálica do ouro rugoso que recobre o cristal de
quartzo por microscopia eletrônica de varredura contendo cristalitos de
CaCO
3
aderidos ................................................................................................
83
Figura 35 -
Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro, obtidas por
microscopia eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons 20
keV, (a-c) 2000 X de aumento, (d) 1000X de aumento, RS=1000, 3 horas
de reação, 25°C ................................... .............................................................
85
Figura 36 -
Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro, obtidas por
microscopia eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons 10
keV, RS=300, 3 horas de reação, 25°C .............. ..............................................
86
Figura 37 -
Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro, obtidas por
microscopia eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons 10
keV, RS=1000, 3 horas de reação, 25°C ............. .............................................
87
Figura 38 -
Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica de aço, obtidas por
microscopia eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons 20
keV, RS=5600, 24 horas de reação, 25°C ............ ............................................
88
X
Figura 39 -
Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) dos cristalitos de (a)
vaterita e aragonita e (b) calcita. Voltagem de aceleração dos elétrons 20
keV, RS 1000, 3 horas de reação, 25°C ............. ..............................................
89
Figura 40 -
Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em
sistema precipitante RS 1000, com 1,0 ppm de inibidor, 3 horas de reação,
25°C .............................................. ....................................................................
90
Figura 41 - Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em
sistema precipitante RS 300, com 125 ppb de inibidor, 3 horas de reação,
25°C .............................................. ....................................................................
90
Figura 42 - Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em
sistema precipitante RS 300, com 125 ppb de inibidor, 3 horas de reação,
25°C .............................................. ....................................................................
91
Figura 43 - Difratogramas obtidos dos depósitos de CaCO
3
aderidos sobre placas de aço
inox. RS=5600, tempo de adesão 24 horas ......................................................
93
XI
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Concentração dos íons nas soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas nos
testes de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas …......…
51
Tabela 2 - Massa específica e molaridade das soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas
nos testes de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas.
T=25°C ………………………………………………………………………………..
51
Tabela 3 - Molalidade dos íons nas soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas nos testes
de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas e força nica
do meio precipitante ………..........................……………………………………...
52
Tabela 4 - Coeficiente de atividade dos íons Ca
2+
e CO
3
2-
utilizadas nos testes de
adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas ……..........……….
52
Tabela 5 - Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3
horas de teste, cristal polido, RS=300 ...............................................................
58
Tabela 6 -
Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3 horas
de teste em cristal polido, RS=1000 ........................................................................
59
Tabela 7 -
Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes
entre os dois valores de RS, 300 e 1000. Cristal polido ..........................................
59
Tabela 8 - Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3
horas de teste em cristal rugoso, RS=300 ........................................................
60
Tabela 9 -
Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes
entre os dois tipos de cristais. RS=300 ...................................................................
61
Tabela 10 - Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3
horas de teste em cristal rugoso, RS=1000 ......................................................
61
Tabela 11 -
Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes
entre os dois tipos de cristais. RS=1000 .................................................................
62
Tabela 12 - Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3
horas de teste em cristal polido modificado superficialmente, RS=300 ............
66
Tabela 13 -
Comparação do tempo de indução e da massa de carbonato de cálcio aderida
após 3 horas de testes nos cristais polido e polido modificado. RS=300 ................
66
Tabela 14 - Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3
horas de teste em cristal polido modificado supercialmente, RS=1000 ............
67
Tabela 15 -
Comparação do tempo de indução e da massa de carbonato de cálcio aderida
após 3 horas de testes nos cristais polido e polido modificado. RS=1000 ..............
67
Tabela 16 - pH inicial e final do sistema precipitante RS 300 nos testes de inibição com
DETPMP ...........................................................................................................
70
Tabela 17 - pH inicial e final do sistema precipitante RS 1000 nos testes de inibição com
DETPMP ...........................................................................................................
70
XII
Lista de Símbolos e Abreviações
A Fator de frequência para equação da taxa de nucleação
α
Energia da superfície
B Parâmetro de ajuste da equação da taxa de nucleação
BCF Burton-Cabrera-Frank
B
s
Constante da equação de BCF para o crescimento de cristais
CMI Concentração mínima de inibidor para completa inibição
d Espaçamento entre planos na rede cristalina
D Coeficiente de difusão
f
Variação de frequência
m
Variação de massa
G Variação de energia livre
DETPMP Ácido dietilenotriaminopenta-(metileno fosfônico)
DRX Difração de raios-X
EDTA Ácido etilenodiaminotetraacético
EDS Raios-X de energia dispersiva
f
o
Freqüência natural de oscilação do cristal de quartzo
φ
Fator de redução da barreira de energia de nucleação
γ
i
Coeficiente de atividade do íon i
ICP-OES Espectroscopia de emissão ótica por plasma indutivamente acoplado
I
s
Força iônica
J Taxa de nucleação
K Sensibilidade integral teórica do cristal de quartzo
k Constante de Boltzmann
k
d
Constante de difusão
K
G
Constante da taxa de crescimento
k
r
Constante de reação
Kps
i
Constante de solubilidade da espécie i
λ
Comprimento de onda
M
i
Molalidade da espécie i
XIII
m Concentração do soluto no seio da solução
m
0
Concentração do soluto na solução próximo a superfície do cristal
MCQ Microbalança de cristal de quartzo
MECQ Microbalança eletroquímica de cristal de quartzo
MEV Microscopia eletrônica de varredura
MFA Microscopia de força atômica
n Ordem de reflexão
n
c
Ordem do crescimento
µ
i
Módulo de cisalhamento da espécie i
η
i
Viscosidade da substância i
ρ
i
Massa específica da substância i
R Constante dos gases
r Razão entre a área superficial da superfície rugosa e da superfície lisa
r
p
Raio da partícula
R
m
Rugosidade média
RS Razão de supersaturação
S Área confinada entre os eletrodos de contato do cristal de quartzo
S
LISA
Área superficial da superfície lisa
S
RUGOSA
Área superficial da superfície rugosa
σ
Tensão interfacial
T Temperatura
t Tempo
t
i
Tempo de indução
θ
Ângulo de contato Young
θ
a
Ângulo de contato de avanço
θ
E
Ângulo de contato de equilíbrio
θ
i
Ângulo de contato intrínseco
θ
r
Ângulo de contato de retrocesso
θ
w
Ângulo de Wenzel
ω
i
Volume molecular da espécie i
x Número de segmentos que dividem a superfície rugosa
y
x
Altura do perfil a partir da linha média
z
i
Carga do íon i
XIV
Resumo
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Título:
Estudos da adesão de CaCO
3
sobre superfícies metálicas utilizando a
microbalança de cristal de quartzo: Cinética de formação e inibição da adesão.
Autor:
Felipe Mauro Rena Cardoso
Orientador:
Alexandre Moura Stumbo
Palavras chave:
incrustação, microbalança de cristal de quartzo, carbonato de cálcio.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A formação de depósitos inorgânicos em dutos de produção e equipamentos de
superfície é um grande desafio da indústria do petróleo, o qual concentra esforços
de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para mitigar esse problema.
Os incrustantes inorgânicos aderem nas superfícies metálicas de dutos reduzindo
gradualmente o diâmetro livre para o escoamento. Em alguns casos, se não
tratados, podem bloquear o fluxo. A formação de CaCO
3
ocorre em virtude do
deslocamento do equilíbrio do CO
2
dissolvido na água produzida, devido à
despressurização dos fluidos durante a produção. A injeção de produtos químicos
inibidores de incrustação é o método mais empregado no combate ao problema de
incrustação. Este trabalho tem como objetivo estudar a adesão de CaCO
3
sobre
superfícies metálicas utilizando a cnica analítica da microbalança de cristal de
quartzo (MCQ), com o intuito de avaliar a eficiência de produtos químicos inibidores
de incrustação. Esta técnica permite avaliar os fenômenos da nucleação e
crescimento de cristais sobre um substrato metálico, fenômeno que efetivamente
ocasiona a formação de incrustação salina sobre superfícies metálicas. Embora os
testes de adesão espontânea de CaCO
3
, realizados pela mistura de soluções de
CaCl
2
e Na
2
CO
3
mostrarem pouca repetibilidade, os resultados obtidos através da
técnica da MCQ podem ser úteis para avaliar a eficiência de um inibidor de
incrustação. A influência potencializadora da rugosidade da superfície metálica
sobre a adesão de incrustante não foi verificada nos resultados dos testes
espontâneos realizados. A maior molhabilidade da superfície metálica potencializa a
adesão de CaCO
3
. Esta técnica foi considerada efetiva para avaliação da
concentração ótima de inibidor de incrustação que deve ser aplicada nos campos de
petróleo.
XV
Abstract
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Title:
Adhesion studies of CaCO
3
on metallic surfaces using the quartz crystal
microbalance: formation kinetics and adhesion inhibition.
Author:
Felipe Mauro Rena Cardoso
Advisor:
Alexandre Moura Stumbo
Key words:
scale, quartz crystal microbalance, calcium carbonate
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
The scale formation in production pipes and surface equipment is a big challenge to
the oil industry, which has been concentrating on research and development of new
technologies to mitigate this problem. The scale adheres to metallic surfaces of pipes
gradually reducing the free diameter for the flow. In some cases, if untreated, it can
actually block the flow. CaCO
3
formation occurs due to CO
2
displacement from the
equilibrium in produced water, caused by the fluid pressure decrease during the
production. The injection of scale inhibiting products is the most used method against
the scale problem. This work has the objective of studying the adhesion of CaCO
3
on
metallic surfaces using the analytical technique of quartz crystal microbalance (QCM)
to evaluate the efficiency of scale inhibitors. This technique allows the evaluation of
the phenomena of nucleation and crystal growth on a metallic surface, which
effectively causes the formation of saline deposits. Although the CaCO
3
adhesion
tests, which are performed by mixing CaCl
2
and Na
2
CO
3
solutions, showed low
repeatability, the results obtained by the QCM technique can be used to evaluate the
inhibitors performance. The expected influence of the metallic surface roughness on
the scale adhesion was not found in the spontaneous tests results. The results
showed that the higher the metallic surface wettability, the higher is the CaCO
3
adhesion rate. This technique was found to be effective to establish minimum scale
inhibitor concentration for use in oil fields.
XVI
Sumário
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.
Introdução ..........................................................................................................
19
2.
Revisão bibliográfica .........................................................................................
23
2.1.
Nucleação e crescimento de cristais .......................................................
23
2.2.
Carbonato de cálcio .................................................................................
29
2.3.
Microbalança de cristal de quartzo ..........................................................
30
2.4.
Inibidores de incrustação salina ..............................................................
35
3.
Objetivos ............................................................................................................
39
CAPÍTULO II – METODOLOGIA
4.
Parte Experimental ............................................................................................
41
4.1.
Análise composicional dos sistemas precipitantes ..................................
41
4.2.
Cinética de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas
41
4.2.1. Influência da rugosidade da superfície ......................................
42
4.2.2. Influência da molhabilidade da superfície ..................................
43
4.2.2.1. Modificação superficial do sensor piezoelétrico ............
43
4.2.2.2. Avaliação da influência da molhabilidade .....................
43
4.2.3. Inibição da adesão de CaCO
3
sobre superfícies metálicas .......
43
4.3.
Estudo das variações de viscosidade e da massa específica durante a
precipitação do CaCO
3
............................................................................
44
4.4.
Caracterização das superfícies metálicas ...............................................
45
4.4.1. Medidas de ângulo de contato ......................................................
45
4.4.2. Perfilometria ..................................................................................
45
4.4.3. Microscopia de força atômica ........................................................
46
4.4.4. Microscopia eletrônica de varredura .............................................
46
4.5.
Caracterização dos depósitos .................................................................
46
4.5.1. Microscopia eletrônica de varredura .............................................
46
4.5.2. Análise de raios-X por energia dispersiva .....................................
47
4.5.3. Difração de raios-X ........................................................................
47
XVII
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.
Resultados e Discussões ..................................................................................
50
5.1.
Análise composicional dos sistemas precipitantes ..................................
50
5.2.
Cinética de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas.
53
5.2.1. Influência da rugosidade da superfície ......................................
54
5.2.2. Influência da molhabilidade da superfície ..................................
62
5.2.3. Inibição da adesão de CaCO
3
sobre superfícies metálicas .......
68
5.3.
Estudo das variações de viscosidade e da massa específica durante a
precipitação de CaCO
3
............................................................................
72
5.4.
Caracterização das superfícies metálicas ...............................................
76
5.4.1. Perfilometria ..................................................................................
76
5.4.2. Ângulo de contato ..........................................................................
77
5.4.3. Microscopia de força atômica ........................................................
80
5.4.4. Microscopia eletrônica de varredura .............................................
82
5.5.
Caracterização dos depósitos .................................................................
84
5.5.1. Microscopia eletrônica de varredura .............................................
84
5.5.2. Análise de raios-X por energia dispersiva .....................................
88
5.5.3. Difração de raios-X ........................................................................
91
CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.
Conclusões ........................................................................................................
95
7.
Próximas etapas do estudo ...............................................................................
97
8.
Referências Bibliográficas .................................................................................
98
18
Capítulo I
Capítulo ICapítulo I
Capítulo I
Introdução
Introdução Introdução
Introdução e
ee
e
Objetivos
ObjetivosObjetivos
Objetivos
19
1. Introdução
1. Introdução1. Introdução
1. Introdução
Incrustação salina nos campos de petróleo pode ser
definida como compostos químicos inorgânicos que
precipitam de uma solução aquosa e podem aglomerar
na formação, orifícios, telas de contenção de areia, dutos
e equipamentos de superfície.
(Marques et al., 2001)
A formação de depósitos inorgânicos em dutos de produção e equipamentos de
superfície é um dos grandes desafios da indústria do petróleo, a qual concentra
esforços de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias em todo o mundo
para mitigar esses problemas. Os incrustantes inorgânicos aderidos a superfícies
metálicas de dutos reduzem progressivamente o diâmetro livre para o escoamento,
podendo em alguns casos bloquear a passagem do fluido. A adesão do material
incrustante também pode danificar válvulas e equipamentos de produção, causando
prejuízos e comprometendo a segurança de muitas operações na indústria do
petróleo.
Nos campos de petróleo (e gás), a água é um dos fluidos presentes no reservatório
e o problema de incrustação salina se em virtude de sua produção. A formação
dos depósitos inorgânicos ocorre porque a água presente nos reservatórios de óleo
ou de gás natural, chamada de água de formação, contém íons Ba
2+
, Sr
2+
, Ca
2+
e
Mg
2+
, além de CO
2
dissolvido sob pressão. A água do mar, rica em SO
4
2-
, é injetada
nos poços para elevar o fator de recuperação de óleo do reservatório. A
“incompatibilidade” entre a água de injeção (água do mar) e a água de formação
promove a precipitação de BaSO
4
e SrSO
4
. O deslocamento do equilíbrio do CO
2
dissolvido na água produzida, devido à despressurização dos fluidos durante a
produção, eleva a concentração de CO
3
2-
, promovendo a precipitação de CaCO
3
conforme as equações químicas a seguir (Zangh e Dawe, 1998):
CO
2(g)
+ H
2
O
(l)
H
+
+ HCO
3
-
(a)
HCO
3
-
H
+
+ CO
3
2-
(b)
Ca
2+
+ CO
3
2-
CaCO
3(s)
(c)
20
Existem diversos fatores que precisam ser investigados para compreender o
processo de formação de incrustações nos campos de petróleo, dentre os quais:
- Supersaturação: uma solução supersaturada contém muito mais íons do que
termodinamicamente é possível. Dessa forma, dentro de um determinado tempo
haverá precipitação, para que o equilíbrio termodinâmico seja alcançado. O grau de
supersaturação é a principal força motriz para a reação de precipitação.
- Cinética de reação: a cinética de reação determina o tempo que o sistema leva
para alcançar o equilíbrio termodinâmico. Enquanto a supersaturação indica se
haverá a precipitação do sal, a cinética nos informa quão rápido a reação de
precipitação ocorrerá.
- Mudanças de temperatura e pressão: nas condições de reservatório, a solução
salina encontra-se em equilíbrio termodinâmico, o havendo precipitação na
formação rochosa. À medida que os fluidos vão sendo produzidos, o equilíbrio é
perturbado devido às reduções de pressão e temperatura. Uma queda de pressão
perturba o equilíbrio, liberando o CO
2
dissolvido e formando mais CaCO
3
, enquanto
que a queda de temperatura tem o efeito oposto. O CaCO
3
comporta-se
diferentemente da maioria dos sais, pois sua solubilidade diminui à medida que a
temperatura aumenta.
- Efeito do pH e da pressão parcial do par CO
2
/H
2
S: existe uma forte dependência
entre o pH e a solubilidade do CaCO
3
. Uma das principais razões para a
precipitação de CaCO
3
durante a produção de petróleo é o aumento do pH da fase
aquosa, devido à perda de CO
2
e H
2
S para a fase gasosa pela despressurização do
sistema.
-Mistura de águas incompatíveis: duas águas são ditas incompatíveis se elas
interagem quimicamente formando precipitados quando misturadas. Um exemplo
típico de águas incompatíveis são a água do mar (com alta concentração de SO
4
2-
) e
a água de formação (rica em Ba
2+
, Sr
2+
, Ca
2+
). A mistura dessas águas promove a
precipitação de BaSO
4
, SrSO
4
e CaSO
4
.
Ao passo que a incrustação de BaSO
4
foi muito estudada nos últimos anos, com
grandes avanços na inibição e na previsão termodinâmica (Bezerra et al., 2003), a
preocupação com a formação de CaCO
3
nas linhas de produção de petróleo vem
21
ganhando interesse apenas recentemente no Brasil. Este interesse surgiu
principalmente pela descoberta de campos de gás na Bacia de Santos com alto
potencial para a formação de CaCO
3
.
A utilização de produtos químicos inibidores de incrustação, geralmente
polifosfonatos, é o método mais empregado no combate ao problema de incrustação
(He et al., 1999).
Os estudos realizados para avaliar o potencial de precipitação no
fluido aquoso (mistura de água de formação e água do mar em diversas proporções)
e para a escolha de inibidores eficientes são baseados em testes que envolvem a
precipitação dos sais incrustantes a partir de um meio homogêneo. Nestes testes,
conhecidos como “testes de garrafa” (jar tests), apenas o processo de nucleação
homogênea é examinado; as soluções sintéticas de água de formação e água do
mar (com adição ou o de inibidores) são misturadas e, após um período de 24
horas, a solução é filtrada e a massa de incrustante gerada no seio da solução é
pesada, ou a concentração de íons na fase aquosa é analisada. Neste teste, a
interação heterogênea entre o incrustante e a superfície metálica é desprezada.
A nucleação heterogênea, entretanto, é extremamente importante e vem sendo alvo
de vários estudos nos últimos anos (Wang et al., 2005; Abdel-Aal e Sawada, 2001;
Graham et al., 2001; Morizot et al., 1999; Neville e Morizot, 2000). Este processo é
responsável pelo fenômeno da adesão do incrustante sobre a superfície metálica, o
que efetivamente ocasiona os problemas de escoamento nos dutos e equipamentos
de produção. Os passos importantes na formação de incrustação sobre superfícies
são: (i) nucleação dos cristais; (ii) crescimento destes cristais nos sítios superficiais e
(iii) adesão de novos cristais aos existentes, para criação de camadas de
incrustação (Wang et al., 2005).
A compreensão do mecanismo de adesão dos sais inorgânicos sobre superfícies
metálicas é importante para o desenvolvimento de novas metodologias que
permitam avaliar o potencial incrustante em equipamentos. Além disso, este estudo
é essencial para avaliar o desempenho dos produtos inibidores sobre o processo de
adesão, e não apenas sobre a precipitação homogênea. Considerando este novo
enfoque, as técnicas de laboratório baseadas na físico-química de superfície
aparecem como ferramentas extremamente importantes no estudo do problema de
incrustação inorgânica (Morizot et al., 1999; Garcia et al., 2001; Neville e Morizot,
2000).
22
Para este estudo é necessário um procedimento analítico que permita quantificar a
massa de incrustante sobre a superfície de um corpo de prova metálico.
Recentemente, grupos de pesquisa vêm implementando procedimentos para
ensaios de adesão baseados em diferentes técnicas analíticas (Morizot et al., 1999,
2002; Garcia et al., 2001; Neville e Morizot, 2000; Graham et al., 2004, 2005).
Na
maioria dos ensaios, o depósito é gerado na superfície de corpos metálicos de aço
imersos em soluções saturadas dos sais incrustantes. Estes corpos metálicos
podem estar acoplados a um sistema de rotação controlada, de modo que se possa
estudar a influência da taxa de cisalhamento e do regime de fluxo na formação do
depósito (Garcia et al., 2001; Kohler et al., 2001). A massa de material depositado
na superfície metálica pode ser determinada através da análise da concentração de
íons remanescentes em solução, ou através de um procedimento que envolva a
dissolução do sal aderido ao metal utilizando um agente quelante, ou, no caso do
CaCO
3
, utilizando uma solução ácida.
O estudo realizado neste trabalho baseou-se no fenômeno da adesão do CaCO
3
nas
superfícies metálicas, utilizando a técnica da microbalança de cristal de quartzo.
Este trabalho visou desenvolver um novo todo analítico, baseado nos processos
de nucleação e crescimento de cristais de carbonato de cálcio sobre uma superfície
metálica. Esse método secapaz de prever a formação de incrustação, além de
permitir avaliar a eficiência de inibidores químicos a serem utilizados na proteção
dos equipamentos de produção e dutos dos campos de petróleo.
23
2. Revisão Bibliográfica
2. Revisão Bibliográfica2. Revisão Bibliográfica
2. Revisão Bibliográfica
2
22
2.1
.1.1
.1.
..
.
Nucleaç
NucleaçNucleaç
Nucleação e crescimento
ão e crescimentoão e crescimento
ão e crescimento de cristais
de cristais de cristais
de cristais
A principal força motriz para ocorrência da precipitação de CaCO
3
em sistemas
aquosos é a razão de supersaturação (RS). A RS é definida como:
3
2
3
2
].[]..[
2
3
2
CaCO
COCa
Kps
COCa
RS
+
+
=
γγ
(1)
onde γ
Ca
2+
e γ
CO
3
2-
são os coeficientes de atividade do Ca
2+
e do CO
3
2-
respectivamente, [Ca
2+
] e [CO
3
2-
] são as concentrações molares de Ca
2+
e CO
3
2-
em
solução e
3
CaCO
Kps o produto de solubilidade do CaCO
3
. O termo RS é um indicativo
termodinâmico da ocorrência da precipitação. Se RS for maior que um, a solução
está supersaturada e deve ocorrer precipitação, enquanto que RS igual a um indica
que a solução está em equilíbrio com o precipitado formado. Para valores de RS
menores que um não deverá ocorrer a precipitação no meio aquoso (Østvold e
Randhol, 2001).
Nucleação
NucleaçãoNucleação
Nucleação
O passo da nucleação é especialmente importante nas reações de precipitação. A
taxa de nucleação e a duração do processo de nucleação têm influência direta no
tamanho final da partícula, distribuição do tamanho de partículas e no mecanismo de
crescimento (Donnet et al., 2005). O processo de precipitação inicia-se com a
formação de agregados (clusters) contendo íons Ca
2+
e CO
3
2-
. Quando os clusters
atingem um raio crítico para formar um núcleo, eles crescem e formam um cristal
estável (Euvrard et al., 2006). A nucleação é um fenômeno de difícil controle,
especialmente em sistemas com altos valores de supersaturação, que induzem altas
taxas de nucleação, e tornam o processo de nucleação caótico.
Nancollas (1979) distinguiu três mecanismos básicos de nucleação: a nucleação
homogênea, a nucleação secundária e a nucleação heterogênea. Por nucleação
24
homogênea entende-se o processo de agrupamento iônico (Ca
2+
e CO
3
2-
) em
solução, para formar um embrião de tamanho crítico que se mantém como um sólido
em solução. A nucleação heterogênea origina-se quando existem espécies
estranhas em solução (impurezas), e, a partir desse substrato, são agrupados os
íons para formar o embrião de tamanho crítico, que originará o sólido. A nucleação
heterogênea também pode ocorrer quando uma solução salina está em contato com
uma superfície, o que ocorre no caso das tubulações que transportam os fluidos
produzidos na indústria petrolífera. Por fim, a nucleação secundária descreve o
fenômeno da formação de núcleos a partir do agrupamento iônico sobre um cristal
do próprio soluto pré-existente em solução.
Dois parâmetros importantes para as reações de precipitação provêm do fenômeno
da nucleação: a taxa de nucleação e o tempo de indução.
A taxa de nucleação J indica o número de núcleos formados por unidade de tempo e
volume (na nucleação homogênea):
=
233
2
)(ln3
16
´exp
RSTk
AJ
ρσω
(2)
onde é o fator de freqüência, k a constante de Boltzmann, T a temperatura em K,
RS a razão de supersaturação, ρ a massa específica do CaCO
3
, ω o volume
molecular do CaCO
3
e σ a tensão interfacial entre os cristais formados e a solução
(Euvrard et al., 2006).
Expressões para a taxa de nucleação foram obtidas para a nucleação heterogênea,
levando em consideração a molhabilidade da superfície (Wang et al., 2005):
=
2
).(ln
´exp
RSkT
B
AJ
φ
,
4
)cos1).(cos2(
2
θθ
φ
+
= (3)
onde é o fator de freqüência, φ o fator de redução da barreira de energia de
nucleação, B um parâmetro de ajuste, k a constante de Boltzmann, T a temperatura
em K, RS a razão de supersaturação e θ o ângulo de contato entre a superfície e
água. A molhabilidade é o principal parâmetro que afeta a nucleação heterogênea.
Da equação acima se verifica que, à medida que o ângulo de contato (θ) aumenta, o
fator φ aumenta. O aumento de φ faz diminuir a taxa de nucleação superficial (J).
25
Outro parâmetro cinético de grande relevância é o tempo de indução. O tempo de
indução (t
i
) é o período decorrido a partir do momento da mistura dos reagentes até
o momento que a precipitação é detectada. Compreende o tempo para formar um
núcleo estável (t
N
) mais o tempo para o subseqüente crescimento do cristal a um
tamanho detectável (t
C
) (Gómez-Morales et al., 1996). Söhnel e Mullin (1982)
relacionaram o tempo de indução (t
i
) com a taxa de nucleação (J):
1
Jt
i
(4)
Ostvold e Randhol (2001) desenvolveram uma equação que relaciona o tempo de
indução (t
i
) e a razão de supersaturação (RS) para o caso da nucleação homogênea:
23
3
)(log
log
RST
t
i
σ
(5)
onde σ é a tensão interfacial entre a fase sólida formada e o líquido, T a temperatura
em Kelvin e RS a razão de supersaturação.
Crescimento de cristais
Crescimento de cristaisCrescimento de cristais
Crescimento de cristais
Diversos modelos foram desenvolvidos para explicar o crescimento de cristais. Os
modelos que mereceram maior atenção da comunidade científica são os modelos de
Kossel-Stranski e o de Burton-Cabrera-Frank (BCF).
O modelo de crescimento de cristais de Kossel-Stranski considera que o
crescimento ocorre por uma série de passos repetitivos, que formam camadas
monomoleculares em um mecanismo de crescimento camada por camada
(bidimensional). A monocamada é formada pela existência de sítios não-
equivalentes na superfície do cristal. Sítios de crescimento que resultam em maior
energia de ligação o preenchidos primeiramente. No processo de adsorção sobre
a superfície do cristal (Figura 1), íons ou moléculas podem ser ancoradas na
superfície lisa (posição a), na borda (posição b) ou no canto (posição c). Destas
posições, o sítio c é o preferencial, em virtude de manter contato com a nova
espécie em três faces e dessa forma fornecer a maior energia de ligação (Nancollas,
1979).
26
O primeiro passo no processo de crescimento de cristal conforme esse modelo é a
formação de um núcleo bidimensional (espécies nas posições a e d) a partir do qual
a nova camada irá crescer. Do ponto de vista termodinâmico, a formação de um
núcleo numa posição bidimensional é desfavorável e o modelo prevê uma barreira
de energia cada vez que uma camada é completada e uma nova superfície para
nucleação é requerida. Com o aumento da concentração das espécies, a taxa de
nucleação será muito maior que o aumento da taxa de crescimento de cristal. Se a
formação de um núcleo superficial for rápida, uma nova camada pode começar a se
formar antes do desenvolvimento da camada anterior ser completada, e esse fato
invalida o modelo de Kossel-Stranski (Nancollas, 1979).
Figura 1 – Representação de uma superfície de cristal com defeitos.
O modelo BCF, desenvolvido em 1949, postulou a formação de espirais de
crescimento na superfície dos cristais. Frank e colaboradores (Liu et al., 1971)
demonstraram que todos os cristais reais são imperfeitos e baseou seu modelo na
teoria do deslocamento. O defeito superficial formado por um deslocamento
helicoidal é um degrau (Figura 2), que pode ter irregularidades, e sobre ele é
possível o crescimento do cristal. As partículas que se depositam sobre o degrau
reproduzem a espiral que nunca desaparece, dessa forma a nucleação
bidimensional na superfície não é necessária para sustentar o crescimento através
da formação de um novo plano de crescimento que nunca se completa, permitindo
que o cristal cresça indefinidamente.
27
Figura 2 – Deslocamento helicoidal no qual se baseia o modelo BCF de crescimento de cristais.
A cinética de crescimento de cristais é fortemente dependente de dois fenômenos:
da difusão das espécies do seio da solução para a superfície do cristal pré-existente
e das reações de superfície (Ebrahimpour, 1990).
Para sistemas dependentes da difusão, a taxa de crescimento de cristais pode ser
obtida através da lei de Fick e pode ser escrita na forma:
C
n
d
mmk
dt
dm
)(
0
=
(6)
onde (dm/dt) é a taxa de cristalização, k
d
é a constante de difusão, m é a
concentração do soluto no seio da solução no determinado tempo t, m
0
a
concentração do soluto na solução próximo a superfície do cristal (correspondente à
saturação) e n
C
a ordem do crescimento (Liu et al., 1971).
Após o soluto ter migrado do seio da solução para a superfície do cristal em
crescimento, por efeitos difusivos, a próxima etapa para o cristal crescer é a reação
entre o soluto e o respectivo contra-íon do cristal. O fenômeno da reação na
superfície pode ser a etapa determinante na cinética de crescimento de cristais
(Nancollas,1979).
Não existe na literatura um modelo cinético disponível para estimar a taxa de
precipitação de CaCO
3
nas condições encontradas nos campos de petróleo. Porém,
em condições de laboratório, diversas equações foram propostas para modelar a
taxa de precipitação de carbonato de cálcio. Dentre elas, destacam-se as equações
de BCF, Davies e Jones (DJ) e Nancollas e Reddy (NR) (Zhang e Dawe, 1998).
Degrau
28
BCF
=
)1(
tanh.
)1.(
5,0
25,0
RS
B
B
RSK
dt
dm
s
s
G
(7)
DJ
C
n
G
RSK
dt
dm
)1(
5,0
= (8)
NR
C
n
G
RSK
dt
dm
)1( = (9)
onde dm/dt é a taxa de precipitação, K
G
a constante da taxa de crescimento, que
depende da temperatura, área superficial dos cristais e presença de inibidores, n
c
é
a ordem de crescimento dos cristais, RS a razão de supersaturação e B
s
a constante
BCF, dependente da difusão e da temperatura. Segundo Teng et al. (2000), os
valores de n
c
indicam o mecanismo de crescimento dos cristais. Para n
c
=1, o
controle da cinética de crescimento é atribuído à adsorção das espécies. Para n
c
=2,
o crescimento ocorre pelo mecanismo de deslocamento helicoidal, enquanto que
valores de n
c
acima de 2 podem ser aplicados ao crescimento que ocorre pelos
mecanismos de deslocamento helicoidal e bidimensional simultaneamente. Essas
equações são facilmente ajustadas em sistemas em que a RS é mantida constante
durante todo o experimento ou, através da avaliação de alguma propriedade química
do sistema precipitante que permita calcular o valor da RS em um determinado
instante do experimento, como é o caso da medição dos teores de íons livres Ca
2+
em solução, ou através da medida do pH do sistema reacional.
Outro fator importante nos processos de precipitação é a tendência de cristais
maiores crescerem, em detrimento das partículas menores, pois estas apresentam
maior solubilidade. A força motriz que resulta no fenômeno citado acima, conhecido
como Envelhecimento de Ostwald, é a diferença de solubilidade entre cristais
pequenos e os cristais grandes, descritos pela equação de Gibbs-Thomson. Para
eventos com cinética de crescimento controlada por difusão, a dependência do
tempo com o raio da partícula pode ser descrita por (Nancollas,1979):
29
0
2
3
Dm
RTr
t
p
αω
(10)
onde R é a constante dos gases, T a temperatura, r
p
o raio da partícula, ω é o
volume molecular do soluto, D o coeficiente de difusão, α a energia da superfície e
m
0
a concentração do soluto na solução próximo à superfície do cristal. Para
sistemas com taxa de crescimento controlado por reação de superfície, a expressão
se torna:
r
p
k
r
m
RT
t
3
2
0
=
αω
(11)
em que k
r
é a constante de reação. Essa última equação é aplicável aos estágios
finais de um processo de precipitação. O fenômeno do envelhecimento de Ostwald
também explica o fato de ocorrer a recristalização de cristais de vaterita e aragonita
na forma de cristalitos de calcita, em virtude da maior solubilidade dos dois primeiros
tipos de cristais.
2
22
2.2. Carbonato de cálcio
.2. Carbonato de cálcio.2. Carbonato de cálcio
.2. Carbonato de cálcio
O CaCO
3
é um mineral abundante, que corresponde a aproximadamente 4% da
crosta terreste e representa o composto inorgânico mais importante no ciclo do
carbono (através do processo de carbonatação natural, o CaCO
3
é o mineral que
mais imobiliza o CO
2
lançado na atmosfera). Este mineral é tido como o responsável
por manter constante o pH das águas naturais. É extensivamente utilizado na
indústria cimenteira, de papel e de tintas. Apesar de seus atributos positivos, o
CaCO
3
é um dos maiores causadores de incrustação salina em sistemas de
aquecimento de água, torres de resfriamento, plantas de dessalinização e no
escoamento de fluidos aquosos (Dickinson et al.,2002; Maciejewski et al.,1994; Xyla
et al.,1991).
Durante o processo de precipitação em água, diversos polimorfos de CaCO
3
podem
ser formados. Em ordem de decréscimo de solubilidade, são eles: carbonato de
cálcio hexahidratado, carbonato de cálcio monohidratado, vaterita, aragonita e
30
calcita. Dentre essas formas, três polimorfismos são os mais encontrados na
natureza: a calcita (estrutura romboédrica, formato cúbico), a aragonita (estrutura
ortorrômbica, formato de agulhas) e a vaterita (estrutura hexagonal, formato
esférico). As duas últimas formas são metaestáveis e, em condição normal de
temperatura e pressão, tendem a se transformar prontamente em calcita, fase
cristalina estável nessa condição (Han et al., 2006; Manoli e Dalas, 2000). A
ocorrência dessas fases depende das condições de precipitação, em especial
temperatura, pH e presença de aditivos inibidores. Do ponto de vista cinético, a
predominância de uma fase sobre outra é fruto de um processo competitivo entre a
nucleação, o crescimento e dissolução das diferentes fases (Gutjahr et al.,1996).
Estudos eletroquímicos e de microscopia eletrônica de varredura (MEV) revelaram
que CaCO
3
amorfo é imediatamente formado após a mistura de soluções de CaCl
2
e
Na
2
CO
3
, e etapas posteriores transformam-no em vaterita, aragonita e calcita. Muita
atenção tem sido dada ao processo de transformação de vaterita em calcita (Wei et
al., 2003). Esta transformação em solução aquosa ocorre mediante dissolução da
vaterita, seguida pela cristalização da calcita. Aditivos orgânicos têm um papel
importante na taxa de cristalização, e podem prevenir a transformação da vaterita
em calcita (Manoli e Dalas, 2000). Em ambientes marinhos, o efeito de vários
constituintes iônicos sobre a taxa de cristalização do CaCO
3
pode explicar a
existência de polimorfos metaestáveis, como é o caso da aragonita, que é
encontrada em carapaças e esqueletos de animais marinhos (Nancollas e Reddy,
1971; Xyla et al., 1991).
2
22
2.
..
.3
33
3.
..
.
Microbalança de cristal de quartzo
Microbalança de cristal de quartzo Microbalança de cristal de quartzo
Microbalança de cristal de quartzo
A piezoeletricidade foi descoberta há mais de cem anos pelos irmãos Pierre e
Jacques Curie. Seus primeiros trabalhos foram apresentados em 1880 e tratavam do
efeito piezoelétrico direto. Eles verificaram que, quando era aplicada uma tensão
mecânica sobre alguns cristais (quartzo, turmalina), gerava-se potencial elétrico na
superfície do material. Um material é considerado piezoelétrico se a aplicação de
uma tensão mecânica causa o desenvolvimento de um deslocamento elétrico na sua
estrutura interna. Uma das condições básicas para um material ser piezoelétrico é a
31
ausência de um centro de simetria, uma vez que esta propriedade física tem sua
origem justamente na anisotropia do cristal, ou seja, no fato da resposta do material
a um estímulo externo não ser a mesma para todas as direções cristalográficas
(Buttry e Ward, 1992).
Aschero et al. (1996) relatou que, logo após os irmãos Curie terem descoberto a
piezoeletricidade, o efeito piezoelétrico inverso foi verificado por Lippman em 1881.
A aplicação de campo elétrico a um cristal piezoelétrico produz uma deformação
mecânica proporcional ao potencial aplicado. O efeito verificado é bastante
conhecido e recebe o nome de Efeito Piezoelétrico Inverso. A expansão e a
contração do material causada pela aplicação de um campo elétrico alternado
ocasionarão a oscilação do cristal em uma frequência bem definida. O
funcionamento da microbalança de cristal de quartzo (MCQ) se baseia nesse
fenômeno (Buttry e Ward, 1992).
Uma técnica analítica que vem sendo bastante utilizada em alguns trabalhos para o
estudo da adesão de incrustantes é baseada na MCQ (Garcia et al., 2001; Abdel-Aal
e Sawada, 2003; Abdel-Aal et al., 2001, 2002), mostrada na Figura 3. Emmons et al.
(1999) desenvolveram um método empregando um equipamento robusto de MCQ,
que possibilita o monitoramento da água produzida em condições offshore.
A
principal aplicação deste método está na avaliação do tratamento de inibição com
produtos químicos em tempo quase real. No caso de um tratamento de squeeze
(injeção de inibidor de incrustação no reservatório), a água de produção pode ser
avaliada periodicamente na saída do separador trifásico (gás/óleo/água) para
determinação do teor residual de inibidor de incrustação, de forma a indicar a
necessidade de um novo tratamento, caso o equipamento registre um crescimento
acentuado na massa de depósito formado sobre o sensor piezoelétrico.
A MCQ é um equipamento constituído de um frequencímetro, que tem a função de
medir a frequência de oscilação do cristal de quartzo, um circuito oscilador, que tem
a função de fornecer um campo elétrico alternado entre os eletrodos contidos em
uma das faces do cristal de quartzo, um computador, para fazer a aquisição dos
dados, além do sensor de massa, que é o cristal de quartzo.
32
Figura 3 – Microbalança de cristal de quartzo.
O sensor é composto por um cristal de quartzo recoberto por duas camadas finas de
metal, geralmente ouro, em virtude da inércia química que esse material apresenta
(Figura 4). A face do cristal com recobrimento mais compacto de ouro fica em
contato com a solução. A face oposta é responsável por fornecer contato elétrico
com os eletrodos que provêm do circuito oscilador, permitindo dessa forma que o
campo elétrico alternado aplicado force o cristal a oscilar numa freqüência bem
definida.
Figura 4 – Sensor piezoelétrico de cristal de quartzo recoberto com ouro.
Esses sensores são obtidos comercialmente nas versões ouro polido e ouro não
polido (rugoso). As freqüências naturais de oscilação destes cristais geralmente são
de 5 MHz e 10 MHz, dependente da espessura de quartzo. Além disso, podem ser
obtidos diferentes cristais classificados de acordo com o ângulo de corte em relação
ao eixo z do monocristal de quartzo. Os mais comuns são os de corte AT e BT, 35° e
-45° respectivamente. Os mais utilizados são os de corte AT, pois a freqüência de
oscilação é pouco dependente da temperatura aos quais os cristais são submetidos
(Varela et al., 2000).
Este equipamento permite medir variações de massa muito pequenas de materiais
que aderem sobre o sensor, da ordem de nanogramas, através de mudanças na
33
freqüência de oscilação do cristal piezoelétrico, conforme determina a equação de
Sauerbrey (Abdel-Aal e Sawada, 2003):
m
S
f
f
= .
).(
2
2/1
2
0
µρ
= -Km (12)
onde f é a variação de freqüência, m a variação de massa, f
0
a freqüência natural
de ressonância do cristal, S é a área confinada entre os eletrodos, ρ a massa
específica do quartzo e µ o módulo de cisalhamento do quartzo. A forma reduzida da
equação utiliza uma constante K (sensibilidade integral teórica), que é dependente
de outras constantes f
0
, A, µ e ρ.
O sensor piezoelétrico de cristal de quartzo não é um sensor de massa propriamente
dito. Na realidade, a variação de freqüência de oscilação dos cristais está
relacionada com a sua espessura. A onda acústica gerada pelo movimento de
vibração (expansão e contração do sensor) propaga-se através do cristal e a
freqüência dessa onda acústica é dependente da espessura do material, bem como
da velocidade com que essa onda é propagada no quartzo. Dessa forma, a adesão
de material sobre o sensor piezoelétrico promove uma diminuição da freqüência de
oscilação, conforme equação de Sauerbrey, em virtude do maior tempo que a onda
acústica levará para percorrer o cristal com espessura maior (Buttry e Ward, 1992).
Para que a equação de Sauerbrey seja válida nas medidas de variação de massa
aderida sobre os sensores piezoelétricos, são necessárias algumas premissas: os
filmes de material aderido devem estar dispersos uniformemente, a densidade do
material aderido deve ser próxima à do quartzo, não deve haver variações
significativas de viscosidade do sistema durante o teste, a massa de material
aderido não deve ultrapassar 2% da massa total do sensor, a coluna de líquido
sobre o cristal deve ter a mesma altura (a pressão hidrostática deve ser mantida
igual para comparação dos testes para que a tensão mecânica sobre o cristal seja a
mesma). Cristais rugosos podem aprisionar água nas suas cavidades e fornecer
valor errôneo de massa.
A alta sensibilidade desta técnica permite o monitoramento da cinética de adesão de
incrustantes sobre a superfície do sensor. Porém, não é somente a massa aderida
ao sensor que provoca variação de freqüência de oscilação nos cristais de quartzo.
34
Os maiores interferentes são as variações viscoelásticas do sistema e a tensão
mecânica imposta ao cristal de quartzo. O segundo efeito é minimizado pela
manutenção do cristal de quartzo imerso numa mesma altura de coluna de líquido
nos diferentes testes.
O amortecimento da freqüência de oscilação do cristal de quartzo devido à
viscoelasticidade foi estudado por Kanazawa e Gordon (1985). Eles verificaram uma
relação simples da mudança na freqüência de oscilação de um cristal de quartzo e
os parâmetros do fluido e do quartzo:
2/1
2/3
0
..
.
.
=
QQ
LL
ff
ρµπ
ρη
(13)
onde
f é a variação de freqüência, f
0
a freqüência natural de ressonância do cristal,
η
L
e
ρ
L
, a viscosidade e a massa específica do líquido, respectivamente,
µ
G
e
ρ
G
o
módulo de cisalhamento e a massa específica do quartzo.
Dessa forma, evita-se trabalhar com sistemas em que ocorra variação de massa e
de viscosidade do fluido, para que a equação de Sauerbrey escrita na sua forma
clássica seja válida.
Quando a MCQ é acoplada a um potenciostato/galvanostato, pode-se trabalhar com
a técnica da microbalança eletroquímica de cristal de quartzo (MECQ), que vem
sendo utilizada em alguns estudos de adesão de CaCO
3
sobre superfícies metálicas
(Garcia et al., 2001; Gabrielli et al., 1999, 2002). A MECQ consiste em utilizar a MCQ
como o eletrodo de trabalho em uma célula eletroquímica. O cristal de quartzo fica
em contato com uma solução eletrolítica, onde ocorrem reações redox em virtude da
aplicação de corrente elétrica. Esse equipamento permite medir variações de massa
in situ devido à formação ou dissolução de massa durante um processo
eletroquímico, além de realizar a aquisição das variáveis eletroquímicas durante o
processo redox (Varela et al., 2000).
A precipitação de CaCO
3
é um fenômeno muito complexo e algumas vezes de
cinética lenta. O método eletroquímico apresenta a vantagem de acelerar a
formação do depósito sobre o eletrodo de trabalho metálico (atuando como catodo),
além de controlar a taxa de formação de incrustação, com menos influência das
35
variáveis hidrodinâmicas (Kohler et al., 2001). O teste de incrustação acelerada
eletroquimicamente consiste na promoção da redução catódica de oxigênio
dissolvido, gerando hidroxila na solução teste pela polarização em um valor de
potencial elétrico suficientemente negativo (Neville et al., 2002). A taxa de produção
de carbonato de cálcio é então acelerada pelo excesso de OH
-
formado, conforme:
Ca
2+
+ HCO
3
-
+ OH
-
CaCO
3(s)
+ H
2
O (d)
É certo que a natureza da precipitação gerada pela aplicação de um potencial
eletroquímico é diferente da precipitação que ocorre pela mistura espontânea de
soluções salinas supersaturadas, mas o método de adesão induzida possibilita a
avaliação do potencial de incrustação de uma determinada mistura de águas, bem
como permite avaliar a eficiência de inibidores químicos de incrustação.
2
22
2.
..
.4
44
4.
. .
. Inibidores de
Inibidores de Inibidores de
Inibidores de incrustação
incrustaçãoincrustação
incrustação
Os inibidores de incrustação são produtos químicos capazes de interferir no
processo de formação das incrustações inorgânicas, impedindo-o completamente ou
reduzindo a extensão desse fenômeno. São divididos em dois principais grupos: os
inibidores, que agem como complexantes, e os modificadores de superfície.
Os inibidores de incrustação que agem como complexantes interagem com os
cátions da solução, formando complexos solúveis em água e impedindo a
precipitação dos sais. O principal agente complexante utilizado para evitar a
formação de depósitos inorgânicos é o ácido etileno-diamino-tetraacético (EDTA). A
utilização desses agentes como inibidores de incrustação limita-se ao uso em
sistemas fechados, uma vez que é alta a concentração para que o agente quelante
seja eficaz, tornando o processo de inibição química dispendioso (Souza, 2007).
Os agentes modificadores de superfície possuem a vantagem de serem eficazes em
concentrações sub-estequiométricas, quando comparadas às concentrações de
cátions precipitantes em uma solução aquosa. As principais classes químicas
desses agentes utilizados como inibidores de incrustação são: polifosfonatos,
fosfino-policarboxilatos, poliacrilatos e polivinilsulfonatos (Figura 5). Além dessas
36
classes químicas, atualmente vêm sendo desenvolvidos inibidores verdes à base de
polissacarídeos e poliaminoácidos, que são menos agressivos ao meio ambiente.
(a)
N (CH
2
)
2
CH
2
P O
OH
HO
(CH
2
)
2
N
CH
2
P
O
HO
HO
CH
2
P
O
HO
HO
N
H
2
C
H
2
C
P
P
O
O
OH
OH
OH
OH
(b)
CH CH
2
P CH
2
CH
O
OHCOOH COOH
HH
m n
(c)
CH
2
CH
COOH
n
(d)
CH
2
CH
SO
3
H
n
Figura 5: Principais classes de agentes de superfície utilizados como inibidores de incrustação: (a)
polifosfonato, (b) fosfino-policarboxilato, (c) poliacrilato e (d) polivinilsulfonato.
Os inibidores de incrustação mais comumente utilizados atuam como modificadores
de superfície, uma vez que são eficientes em concentrações sub-estequiométricas.
Vários mecanismos são propostos para a atuação dos inibidores, que envolvem os
fenômenos de inibição da nucleação dos cristais ou o fenômeno de inibição do
crescimento dos cristais pré-existentes (Wylde et al., 2001; Graham et al., 2001).
O mecanismo para inibição da nucleação é baseado na adsorção endotérmica dos
inibidores de incrustação nos cátions dos núcleos em crescimento, tornando positiva
a energia livre de nucleação (
G) e dificultando que se atinja o raio crítico para
formação dos cristais. Posteriormente, os núcleos o dissociados, liberando o
inibidor de incrustação para a solução aquosa, possibilitando-o atuar novamente no
processo de nucleação. Por este último motivo é que se explica o fato de os
inibidores atuarem em concentrações sub-estequiométricas (Graham et al., 2001).
Inibidores com massa molecular mais baixa são os mais eficientes na inibição da
nucleação, em virtude da maior facilidade do inibidor adsorver na estrutura dos
núcleos.
Os inibidores podem atuar mediante interações eletrostáticas com os cátions
expostos (defeitos cristalinos) dos cristais pré-existentes. Acredita-se que esse
37
fenômeno é o responsável pelo mecanismo de retardamento do crescimento de
cristais. Os cátions expostos o os principais sítios de crescimento, de modo que a
interação entre os cátions superficiais e o inibidor de incrustação previne o
crescimento dos cristais. Em virtude da ocorrência dessa interação, o hábito de
crescimento dos cristais é modificado, fato relatado em diversos estudos (Labille et
al., 2002; Neville et al., 2000, 2002). Inibidores com massa molecular mais alta
apresentam maior eficiência na inibição do crescimento, em virtude da maior área
recoberta dos cristais pela adsorção do inibidor, diminuindo-se então o número dos
sítios de crescimento.
Garcia et al. (2001) estudaram o fenômeno da adição de polifosfonatos como
inibidor de crescimento de CaCO
3
e verificaram que, à medida que aumentou-se a
concentração de inibidor adicionado ao sistema precipitante, o número de cristais de
carbonato de cálcio aderido ao sensor piezoelétrico diminuiu, ao passo que o
tamanho dos cristais aumentou em relação ao sistema sem adição de inibidor. Essa
observação revela que os inibidores podem atuar através de dois mecanismos,
inibindo a nucleação e o crescimento de cristais. Inibindo a nucleação de novos
cristais, o CaCO
3
tende a crescer sobre os cristais pré-existentes, porém sobre eles
estão adsorvidos moléculas do inibidor de incrustação. Os cátions expostos que não
mantêm interação com o inibidor tornam-se pontos de crescimento em um processo
desordenado, que gera a mudança no hábito cristalino do CaCO
3
. Como não são
formados novos núcleos, os cristais crescem bastante, contudo a massa de
incrustante gerada é diminuída.
Existe uma concentração mínima do inibidor de incrustação (CMI), acima da qual
haverá inibição total da precipitação, tanto nos testes realizados em solução (jar
tests) quanto nos testes realizados sobre superfície metálica. Graham et al. (2004,
2005) estudaram a precipitação de BaSO
4
, tanto em solução quanto em superfícies
metálicas, e verificaram que, quando a concentração de inibidor está abaixo de um
valor sub-crítico (X), inferior à CMI, favorecimento do crescimento dos cristais de
BaSO
4
sobre o metal, fato não observado nos testes em solução, conforme
esquematizado na Figura 6. A explicação para tal observação baseia-se na
formação de filme de inibidor sobre a superfície metálica. Como a concentração de
inibidor é insuficiente para formar um filme bem disperso e homogêneo sobre a
superfície metálica,
a maior disponibilidade de íons Ba
2+
para a nucleação
38
heterogênea e o elevado número de sítios de crescimento de cristais na superfície
metálica sem inibidor adsorvido fazem com que a presença do aditivo químico em
concentrações abaixo da sub-crítica favoreça a adesão do BaSO
4
.
A aplicação de
inibidor de incrustação nos campos de petróleo abaixo da concentração sub-crítica
favoreceria a formação de incrustação, ao invés de proteger as tubulações e os
equipamentos de produção de petróleo.
Figura 6 – Efeito da adição de inibidores para precipitação de BaSO
4
em solução e em superfícies metálicas.
O estudo da influência de um inibidor de incrustação utilizando a técnica de MCQ
permitirá avaliar se esse efeito também é verificado para o CaCO
3
.
aumento da concentração de inibidor
Precipitação no seio da solução
aumento da concentração de inibidor
Incrustação em superfícies
Inibição Reduzindo a deposição
CMI
0
Inibição
CMI
X
0
Aumentando
Reduzindo
39
3
33
3. Objetivos
. Objetivos. Objetivos
. Objetivos
- Estudar o processo de adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas,
acompanhando a cinética de crescimento de seus cristais através da utilização da
microbalança de cristal de quartzo (MCQ).
- Avaliar a influência da razão de supersaturação, da rugosidade e da molhabilidade
da superfície metálica sobre o processo de adesão de CaCO
3
sobre o sensor
piezoelétrico recoberto com ouro da MCQ.
- Avaliar a influência de inibidor de incrustação sobre o processo de adesão de
CaCO
3
sobre superfícies metálicas, observando as mudanças de fase e hábitos
cristalinos do CaCO
3
.
- Desenvolver um método analítico para a avaliação da eficiência de inibidores de
incrustação, baseado na cinética de crescimento de cristais de CaCO
3
sobre
superfícies metálicas.
40
Capítulo II
Capítulo IICapítulo II
Capítulo II
Metodologia
MetodologiaMetodologia
Metodologia
41
4
44
4.
. .
. Parte Experimental
Parte ExperimentalParte Experimental
Parte Experimental
A parte experimental foi realizada no laboratório de Garantia de Escoamento, da
Gerência de Tecnologia em Elevação e Escoamento, localizado no Centro de
Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello - CENPES.
4.1. Análise
4.1. Análise 4.1. Análise
4.1. Análise composicional dos sistemas precipitantes
composicional dos sistemas precipitantescomposicional dos sistemas precipitantes
composicional dos sistemas precipitantes
As soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
, com concentrações molares de Ca
2+
e CO
3
2-
para
fornecer razões de supersaturação próximas de 300, 1400 e 27500, foram
submetidas à análise de Ca
2+
, Na
+
, Cl
-
e CO
3
2-
. Os cátions foram analisados por ICP-
OES (Optima 4300 DV Perkin Elmer Instruments), avaliando-se os picos de
emissão a 317,9 nm (para o Ca
2+
) e a 589,6 nm (para o Na
+
). Os ânions foram
determinados por titulação potenciométrica (Titrando 809 Metrohm), utilizando-se
como agentes titulantes o HCl 0,01 mol/L (para o CO
3
2-
) e o AgNO
3
0,01 mol/L (para
o Cl
-
).
Para o cálculo da molalidade das soluções aquosas de CaCl
2
e Na
2
CO
3
dos
sistemas precipitantes RS 300, 1400 e 27500, foram realizadas medidas de massa
específica a 25°C dessas soluções, utilizando um de nsímetro (DMA 4500 Anton
Paar).
4
44
4.
..
.2
22
2.
. .
. Cin
CinCin
Cinética
ética ética
ética de
de de
de adesão
adesão adesão
adesão espontânea
espontânea espontânea
espontânea de CaCO
de CaCOde CaCO
de CaCO
3
33
3
sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicassobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas
Os testes de adesão espontânea de CaCO
3
em superfícies metálicas foram
acompanhados com o auxílio de uma microbalança de cristal de quartzo (MCQ)
(QCM200 - Stanford Research Systems), utilizando cristais piezoelétricos de corte
AT, recobertos superficialmente com ouro, com freqüência de oscilação natural
próxima a 5 MHz. O portador do cristal de quartzo foi mantido na posição vertical
para evitar a deposição de cristais de CaCO
3
sobre o sensor por ação da gravidade.
Os testes foram realizados à temperatura constante de 25
°
C, utilizando uma célula
com jaqueta externa para circulação de fluido termostatizado e um banho
42
ultratermostatizado (GD 120 - Grant Instruments Inc.). A precipitação espontânea de
CaCO
3
foi realizada a partir da mistura de 50 mL de cada uma das soluções, CaCl
2
(Merck) e Na
2
CO
3
(Merck), com iguais concentrações molares (1,9.10
-3
mol/L para
RS 300 e 4,2.10
-3
mol/L para RS 1400). Os testes foram realizados em
quadruplicatas e o tempo de reação observado foi de três horas.
Foram avaliadas as influências da razão de supersaturação, da rugosidade e da
hidrofilicidade da superfície recoberta com ouro dos cristais de quartzo. Também foi
avaliada a eficiência de um aditivo químico à base de polifosfonato.
A limpeza dos cristais de quartzo com carbonato de cálcio aderido sobre sua
superfície foi realizada pela imersão dos cristais em HCl 1,0% (v/v) durante dez
minutos. Em seguida, os cristais foram enxaguados durante um minuto utilizando
água purificada por osmose reversa. O procedimento de limpeza foi consolidado por
estudos de microscopia óptica (Axio Imager.A1m Zeiss), avaliando-se os cristais
antes e após a limpeza com HCl.
4
44
4.
..
.2
22
2.1.
.1. .1.
.1. Influência da
Influência da Influência da
Influência da r
rr
rugosidade da superfície
ugosidade da superfícieugosidade da superfície
ugosidade da superfície
Para avaliar a influência da rugosidade sobre o processo de adesão de carbonato de
cálcio, foram realizados testes de precipitação espontânea utilizando cristais de
quartzo recobertos com ouro polido (Stanford Research Systems) e rugoso (Maxtek
Inc.). Os testes foram realizados para RS 300 e RS 1400, a partir de soluções de
CaCl
2
e Na
2
CO
3
, mantendo a temperatura em 25
°
C. A cinética de adesão de
carbonato de cálcio sobre o cristal de quartzo foi acompanhada pela microbalança
de cristal de quartzo durante 3 horas.
Nos testes utilizando cristal de quartzo recoberto com ouro polido, foi feito um
acompanhamento da variação do pH do sistema reacional durante a adesão de
CaCO
3
com auxílio de um pHmetro (827 pH Lab Metrohm). A aquisição dos dados
foi realizada de 15 em 15 minutos, durante as três horas de teste.
43
4
44
4.
..
.2
22
2.2.
.2. .2.
.2. Influência da
Influência da Influência da
Influência da molhabili
molhabilimolhabili
molhabilidade da superfície
dade da superfíciedade da superfície
dade da superfície
Para avaliação da influência da molhabilidade da superfície metálica sobre o
processo de adesão de carbonato de lcio foram utilizados cristais de quartzo
recobertos com ouro polido, modificado superficialmente com ácido 3-
mercaptopropiônico.
4.2.2.1. Modificação superficial do sensor piezoelétrico
4.2.2.1. Modificação superficial do sensor piezoelétrico4.2.2.1. Modificação superficial do sensor piezoelétrico
4.2.2.1. Modificação superficial do sensor piezoelétrico
Os sensores piezoelétricos de cristal de quartzo contendo recobrimento de ouro
foram modificados superficialmente mediante imersão em solução etanólica a 0,75%
em peso de ácido 3-mercaptopropiônico (Aldrich) durante 72 horas. Após as 72
horas de imersão, os cristais foram enxaguados com etanol absoluto (Vetec).
4.2.2.2.
4.2.2.2. 4.2.2.2.
4.2.2.2. Avaliação da influência da
Avaliação da influência da Avaliação da influência da
Avaliação da influência da molhabilid
molhabilidmolhabilid
molhabilidade
adeade
ade
O teste espontâneo de adesão de carbonato de cálcio foi realizado conforme
procedimento apresentado em 4.2.1., substituindo os cristais de quartzo recoberto
com ouro polido ou rugoso pelo cristal de quartzo recoberto com ouro polido
modificado superficialmente, com molhabilidade alterada.
4.2.3.
4.2.3. 4.2.3.
4.2.3. Inibição da adesão de CaCO
Inibição da adesão de CaCOInibição da adesão de CaCO
Inibição da adesão de CaCO
3
33
3
sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas
Para avaliar a influência da adição de produtos inibidores sobre o processo de
adesão de carbonato de cálcio sobre a superfície metálica, foram realizados testes
de precipitação utilizando cristais de quartzo recobertos com ouro polido (Stanford
Research Systems). Os testes foram realizados para RS 300 e RS 1400, a partir de
soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
, mantendo temperatura em 25
°
C. O inibidor de
incrustação foi misturado na concentração desejada à solução de carbonato de
sódio para evitar um possível efeito complexante sobre os íons cálcio, caso fosse
adicionado à solução de CaCl
2
.
44
Foi utilizado como inibidor de incrustação uma solução aquosa composta de 47% de
um sal derivado do ácido dietilenotriaminopenta-(metilenofosfônico) DETPMP
(Figura 7).
N (CH
2
)
2
CH
2
P O
OH
HO
(CH
2
)
2
N
CH
2
P
O
HO
HO
CH
2
P
O
HO
HO
N
H
2
C
H
2
C
P
P
O
O
OH
OH
OH
OH
Figura 7 – Fórmula estrutural do ácido dietilenotriaminopenta-(metilenofosfônico) – DETPMP
A cinética de adesão de carbonato de lcio sobre o cristal de quartzo foi
acompanhada pela microbalança de cristal de quartzo durante 3 horas, dosando
diferentes concentrações de inibidor de incrustação. Definida a concentração ótima
(CMI) de aditivo químico para inibição total da adesão de CaCO
3
sobre o sensor
piezoelétrico, foi realizado um teste de adesão espontânea contendo inibidor na
CMI, durante 20 horas, para os sistemas precipitantes com RS 300 e RS 1400.
Nos testes de inibição da adesão de CaCO
3
sobre superfícies metálicas utilizando
cristal de quartzo com recobrimento de ouro polido, foram feitas duas medidas do pH
do sistema reacional com auxílio de um pHmetro (827 pH Lab Metrohm), no início
e no final do teste.
4.3. Estudo das variações
4.3. Estudo das variações 4.3. Estudo das variações
4.3. Estudo das variações de viscosidade
de viscosidadede viscosidade
de viscosidade
e da massa específica
e da massa específica e da massa específica
e da massa específica durante a
durante a durante a
durante a
precipitação de CaCO
precipitação de CaCOprecipitação de CaCO
precipitação de CaCO
3
33
3
As variações de viscosidade dos sistemas precipitantes com RS 300 e 1400 foram
avaliadas em duplicatas. As amostras foram analisadas a 25°C, mantidas nessa
temperatura com auxílio de banho ultratermostatizado (FS18 Julabo). Para
medições das viscosidades foi utilizado um reômetro (ARES LS-1 TA Instruments)
equipado com um cilindro coaxial Couette de 34 mm. A taxa de cisalhamento
utilizada foi de 70 s
-1
. O tempo de experimento avaliado foi de 3 horas.
45
As medidas de massa específica desses sistemas precipitantes foram obtidas em
duplicatas, a 25°C, utilizando um densímetro (DMA 4 500 Anton Paar). O tempo de
experimento avaliado foi de 3 horas e os dados foram coletados de 15 em 15
minutos.
4.4.
4.4.4.4.
4.4.
Caracterização das superfícies metálicas
Caracterização das superfícies metálicasCaracterização das superfícies metálicas
Caracterização das superfícies metálicas
Os cristais piezoelétricos de quartzo com o recobrimento metálico de ouro foram
caracterizados por diversas técnicas, a fim de fornecer informações sobre a
molhabilidade e rugosidade da superfície, além da indicação da modificação
superficial com ácido 3-mercaptopropiônico.
4.4.1.
4.4.1. 4.4.1.
4.4.1. Medidas de ângulo de contato
Medidas de ângulo de contatoMedidas de ângulo de contato
Medidas de ângulo de contato
Os cristais piezoelétricos recobertos com ouro modificados com ácido 3-
mercaptopropiônico foram submetidos à análise de ângulo de contato entre a
superfície metálica e uma gota de água de osmose reversa, utilizando-se goniômetro
(NRL CA Goniometer – Ramé-Hart Inc.) através do método da gota séssil. As
medidas de ângulo de contato foram realizadas antes e após o tratamento químico
de modificação superficial. O cristal de quartzo recoberto com ouro rugoso foi
avaliado por goniometria utilizando o método da gota pendente, a fim de determinar
os ângulos de contato de avanço e de retrocesso entre a superfície metálica e uma
gota de água de osmose reversa.
4.4.2.
4.4.2.4.4.2.
4.4.2.
Perfilometria
PerfilometriaPerfilometria
Perfilometria
O perfil topográfico da superfície do cristal de quartzo recoberto com ouro rugoso foi
medido com auxílio do perfilômetro (Dektak IIA Sloan Technology). O aparelho foi
ajustado para percorrer 8 mm da amostra, e as medidas foram obtidas em três
regiões distintas da amostra.
46
4.4.
4.4.4.4.
4.4.3
33
3.
..
.
Microscopia de força atômica
Microscopia de força atômicaMicroscopia de força atômica
Microscopia de força atômica
Os cristais de quartzo recobertos com ouro polido foram submetidos à microscopia
de força atômica para avaliação qualitativa da superfície metálica, utilizando um
microscópio de força atômica (Multimode Veeco) equipado com uma eletrônica
Nanoscope III A no modo de Tapping com ponta de Si. As imagens foram obtidas
com um taxa de varredura de 1000 linhas por segundo.
4.4.
4.4.4.4.
4.4.4
44
4.
. .
. Microscopia eletrônica de varredura
Microscopia eletrônica de varreduraMicroscopia eletrônica de varredura
Microscopia eletrônica de varredura
Uma imagem do cristal piezoelétrico de quartzo recoberto com ouro rugoso foi obtida
utilizando um microscópio eletrônico de varredura (JSM 6460LV Jeol), com
aceleração dos elétrons de 20 keV e aumento de 2000 vezes.
a
aa
a4
44
4.
..
.5
55
5. Caracterização dos depósitos
. Caracterização dos depósitos. Caracterização dos depósitos
. Caracterização dos depósitos
Os cristalitos de CaCO
3
depositados sobre os cristais piezoelétricos de quartzo
contendo o recobrimento metálico de ouro foram caracterizados pelas técnicas de
microscopia eletrônica de varredura (MEV) e raios-X por energia dispersiva (EDS), a
fim de fornecer informações sobre a morfologia e a composição química do material
depositado. Os cristais de CaCO
3
aderidos sobre uma superfície de aço inox foram
caracterizados por difração de raios-X (DRX) com a finalidade de determinar suas
fases cristalinas.
4.5.
4.5.4.5.
4.5.1
11
1.
..
.
Microscopia eletrônica de varredura
Microscopia eletrônica de varreduraMicroscopia eletrônica de varredura
Microscopia eletrônica de varredura
Os depósitos de CaCO
3
aderidos sobre a camada de ouro dos sensores
piezoelétricos de cristal de quartzo foram avaliados pela técnica de microscopia
eletrônica de varredura (MEV) de elétrons secundários. Para avaliação dos
diferentes cristalitos de CaCO
3
aderidos sobre a superfície recoberta com ouro dos
47
cristais piezoelétricos de quartzo, foram registradas imagens de MEV para os
depósitos obtidos em sistemas precipitantes com razão de supersaturação 1400,
utilizando um microscópio eletrônico (DSM 960 ZEISS) com aceleração dos
elétrons de 20 keV e aumento de 1000 ou 2000 vezes.
As imagens para avaliação da influência de inibidores de incrustação sobre a
morfologia dos cristalitos de CaCO
3
foram obtidas em um microscópio eletrônico
(JSM 6460LV Jeol), utilizando feixe eletrônico com energia de 10 keV e aumentos
de 50, 300 e 1000 vezes. As amostras obtidas sobre as chapas de aço a partir do
sistema precipitante RS 27500 também foram submetidas à análise por MEV
utilizando o mesmo microscópio com feixe eletrônico com energia de 20 keV e
aumentos de 300, 500 e 1000 vezes.
4.5.
4.5.4.5.
4.5.2
22
2.
. .
. A
AA
Análise de raios
nálise de raiosnálise de raios
nálise de raios-
--
-X por energia dispersiva
X por energia dispersivaX por energia dispersiva
X por energia dispersiva
Os cristalitos de CaCO
3
foram analisados pela cnica de raios-X por energia
dispersiva (EDS), com vácuo de 6,9.10
-5
atm e energia do feixe de elétrons de 20
keV, para confirmação qualitativa de sua composição química, utilizando-se um
detector de raios-X (NORAN System SIX Thermo Fisher Scientific) acoplado ao
MEV.
Os cristalitos obtidos a partir das RS 300 e 1400, na presença de inibidor de
incrustação, também foram avaliados por EDS, com energia do feixe de elétrons de
10 keV.
4.5.3
4.5.34.5.3
4.5.3.
..
. Difração de raios
Difração de raios Difração de raios
Difração de raios-
--
-X
XX
X
Para a identificação das fases cristalinas do CaCO
3
presentes nos depósitos, foi
realizado o estudo de difração de raios-X, a partir de amostras obtidas sobre uma
superfície de aço inox (nas dimensões de 10x15 cm). O CaCO
3
foi gerado através
da mistura de dois litros de cada uma das soluções, CaCl
2
e Na
2
CO
3
, com
concentrações molares próximas a 1,9.10
-2
mol/L (suficientes para obtenção de
48
razão de supersaturação 27500). Os depósitos foram obtidos na ausência e na
presença de 1,0, 2,0 e 3,0 ppm de inibidor de incrustação à base de polifosfonato
(DETPMP). O tempo de adesão dos incrustantes salinos sobre as chapas de aço foi
de 24 horas.
Os difratogramas de raios-X das amostras de CaCO
3
obtidas a partir do sistema
precipitante com razão de supersaturação 27500 foram registrados em um
difratômetro (X’pert Pro - Panalytical) com radiação Kα do Cu com tensão de 35 kV
(
λ
=1,5405 Å) e corrente de 35 mA, para 2
θ
entre 6
o
e 70
o
. A varredura foi realizada
com passo de 0,05
o
numa taxa de 21 s por passo.
49
Ca
CaCa
Capítulo III
pítulo IIIpítulo III
pítulo III
Resultados e
Resultados eResultados e
Resultados e
Discussões
DiscussõesDiscussões
Discussões
50
5
55
5. R
. R. R
. Resultados e
esultados e esultados e
esultados e D
DD
Discuss
iscussiscuss
iscussões
õesões
ões
5.1. Análise composicional dos sistemas precipitantes
5.1. Análise composicional dos sistemas precipitantes5.1. Análise composicional dos sistemas precipitantes
5.1. Análise composicional dos sistemas precipitantes
A adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas foi realizada pela
precipitação do sal a partir de soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
, conforme a reação
química:
CaCl
2(aq)
+ Na
2
CO
3(aq)
CaCO
3(s)
+ 2NaCl
(aq)
(e)
Os testes utilizando a microbalança de cristal de quartzo (MCQ) foram realizados
para razões de supersaturação (RS) esperadas de 300 e 1400, caso os coeficientes
de atividade dos íons fossem iguais a um, à temperatura de 25°C. Para o teste de
adesão de CaCO
3
sobre a superfície de aço (amostra obtida para difração de raios-
X) foi utilizado um sistema precipitante com RS esperado de 27500.
Sabe-se que o carbonato de cálcio apresenta três principais formas cristalinas, a
calcita, a vaterita e a aragonita. Cada uma dessas fases apresenta uma solubilidade
diferente (Abdel-Aal e Sawada, 2003; Gabrielli et al., 1999), porém, para o cálculo da
razão de supersaturação foi utilizado o produto de solubilidade da calcita, fase
cristalina mais estável dentre as três (Kps = 3,16.10
-9
). Conforme a expressão
abaixo, a razão de supersaturação é a razão entre o produto das atividades dos íons
precipitantes e o produto de solubilidade do sal:
3
2
3
2
.
CaCO
COCa
Kps
aa
RS
+
=
(14)
A atividade de um íon, que é igual ao produto do coeficiente de atividade (
γ
i
) e da
concentração molar [i], é uma propriedade relacionada à interação soluto-soluto que
expressa a concentração efetiva de íons que podem precipitar:
].[
ia
ii
γ
=
(15)
A força iônica do meio é calculada através da expressão de Debye-Hückel (16) e as
atividades dos íons são obtidas através da expressão de Davies (17).
i
i
is
zI
Μ=
2
2
1
(16)
51
onde I
s
é a força iônica, z
i
e M
i
a carga e a molalidade do íon respectivamente.
+
=
± s
s
s
i
I
I
I
z
30,0
1
5,0log
2
10
γ
(17)
onde
γ
é o coeficiente de atividade do íon, z
i
a carga do íon e I
s
a força iônica do
meio. A partir dos coeficientes de atividade do Ca
2+
e do CO
3
2-
obtidos foi possível
calcular a razão de supersaturação dos sistemas precipitantes utilizando a equação
1.
Para o cálculo correto da RS, as amostras das soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
foram
submetidas às análises por absorção atômica (Ca
2+
e Na
+
) e titulação
potenciométrica (Cl
-
e CO
3
2-
). Os resultados das análises da concentração de íons
estão listados na Tabela 1. A massa específica das soluções também foi medida
para calcular a molalidade, utilizada no cálculo da força iônica do meio. Na Tabela 2
encontram-se os valores de massa específica medida e a molaridade calculada. Na
Tabela 3 encontra-se a molalidade das espécies e a força iônica do meio esperada
para a mistura de CaCl
2
e Na
2
CO
3
nos três sistemas precipitantes.
Tabela 1 Concentração dos íons nas soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas nos testes de adesão
espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas.
RS 300
RS 1400 RS 27500
Ca
2+
(ppm) 68 157 734
Na
+
(ppm) 88 198 853
Cl
-
(ppm) 117 272 1393
CO
3
2-
(ppm) 133 249 1129
Tabela 2 Massa específica e molaridade das soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas nos testes de
adesão espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas. T = 25°C.
RS 300
RS 1400 RS 27500
CaCl
2
Na
2
CO
3
CaCl
2
Na
2
CO
3
CaCl
2
Na
2
CO
3
Massa específica
(g/cm
3
)
0,9974 0,9974 0,9976 0,9977 0,9988 0,9992
Molaridade
(mol/L)
1,70.10
-3
2,22.10
-3
3,92.10
-3
4,15.10
-3
1,83.10
-2
1,88.10
-2
52
Tabela 3 Molalidade dos íons nas soluções de CaCl
2
e Na
2
CO
3
utilizadas nos testes de adesão
espontânea de CaCO
3
sobre superfícies metálicas e força iônica do meio precipitante.
Molalidade (10
-3
.mol/kg)
RS 300
RS 1400 RS 27500
Ca
2+
1,70 3,93 18,33
Na
+
3,84 8,63 37,13
Cl
-
3,35 7,69 39,35
CO
3
2-
2,23 4,16 18,84
Força iônica
(10
-3
.mol/kg)
3,93
12,2
56,3
De posse dos valores da força iônica dos sistemas precipitantes, foi possível calcular
os coeficientes de atividade do Ca
2+
e do CO
3
2-
. Os valores de coeficientes de
atividade obtidos encontram-se na Tabela 4.
Tabela 4 – Coeficiente de atividade dos íons Ca
2+
e CO
3
2-
utilizadas nos testes de adesão espontânea
de CaCO
3
sobre superfícies metálicas.
Coeficientes de atividade (γ
γγ
γ)
RS 300
RS 1400 RS 27500
Ca
2+
0,96 0,87 0,45
CO
3
2-
0,96 0,87 0,45
É possível verificar, analisando os dados da Tabela 4 e observando a força iônica do
meio reacional (Tabela 3), que, à medida que uma maior população de íons em
solução, a interação soluto-soluto reduz a atividade das espécies iônicas. A partir
dos valores de coeficiente de atividade (Tabela 4) e da molaridade dos íons (Tabela
2), foi calculado o valor real de supersaturação do meio precipitante, conforme
equação 1. Os valores reais da RS dos sistemas precipitantes são 275, 973 e 5595.
É certo que esses valores só expressam a RS no início dos testes de adesão
espontânea, ao passo que, com a ocorrência de precipitação, de acordo com o
tempo, ocorre a queda do valor de RS no meio reacional.
Para fins práticos, serão utilizados os valores de RS 300, 1000 e 5600 para designar
os sistemas precipitantes com RS reais de 275, 973 e 5595.
53
5
55
5.
..
.2
22
2.
. .
. Cinética de ades
Cinética de adesCinética de ades
Cinética de adesão espontânea de CaCO
ão espontânea de CaCOão espontânea de CaCO
ão espontânea de CaCO
3
33
3
sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas
Conforme discutido no item 2.3, para que a equação de Sauerbrey seja válida a
massa específica do material aderido deve ser próxima à massa específica do
quartzo. A densidade da fase mais estável do carbonato de cálcio, a calcita, é de
2,71 g/cm
3
,
enquanto que a massa específica do quartzo é de 2,65 g/cm
3
. Dessa
forma, em relação à densidade dos materiais, a equação de Sauerbrey é válida.
A massa do cristal de quartzo recoberto com ouro é da ordem de 450 mg. Significa,
então, que a massa máxima de CaCO
3
que pode aderir ao sensor piezoelétrico, sem
interferir na equação de Sauerbrey, é de 9 mg, atendendo à premissa de adesão de
material de no máximo 2% da massa total do sensor. Considerando que a área
exposta dos sensores piezoelétricos utilizados seja de 1,37 cm
2
, a maior massa de
incrustante aderida sobre o cristal piezoelétrico de quartzo nos testes de adesão
espontânea de CaCO
3
, descritos abaixo foi de aproximadamente 60 µg, o que valida
a lei de Sauerbrey.
Para evitar a influência da pressão hidrostática sobre a equação de Sauerbrey nos
testes comparativos, manteve-se a coluna de líquido sobre o cristal com a mesma
altura, de forma a garantir que a tensão mecânica sobre o cristal seja a mesma para
todos os testes.
Conforme algumas imagens de microscopias ótica e eletrônica de varredura, que
serão apresentadas posteriormente, verificou-se que os cristais de CaCO
3
estão
distribuídos homogeneamente sobre o sensor piezoelétrico de cristal de quartzo,
pouco influenciando na equação de Sauerbrey.
Foram realizados estudos de variação de viscosidade dos dois sistemas
precipitantes (RS 300 e 1000), durante as três horas de reação, para avaliar a
influência dessa propriedade na freqüência de oscilação do cristal de quartzo,
conforme equação de Kanazawa e Gordon. Esse assunto será discutido no item 5.3.
O procedimento de limpeza dos cristais de quartzo contendo CaCO
3
aderido sobre
sua superfície foi consolidado mediante estudos de microscopia óptica. As imagens
foram obtidas antes e após a limpeza da superfície com HCl 1,0%. A Figura 8 mostra
54
que a limpeza mediante imersão por 10 minutos em ácido clorídrico, seguida pelo
enxágüe com água purificada por osmose reversa, é efetiva.
Antes da limpeza Após a limpeza com HCl 1,0%
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Figura 8 Microscopias ópticas para avaliação da limpeza de cristais de quartzo contendo carbonato
de cálcio depositado sobre sua superfície com HCl 1,0%- Aumento de 200x.
5.2.1.
5.2.1. 5.2.1.
5.2.1. Influência da rugosidade da superfície
Influência da rugosidade da superfícieInfluência da rugosidade da superfície
Influência da rugosidade da superfície
Para verificar a influência da rugosidade da superfície sobre o processo de adesão
de carbonato de cálcio sobre uma superfície metálica, utilizou-se cristais de quartzo
recobertos com ouro polido e rugoso. Os resultados obtidos estão mostrados nas
figuras 9-17.
A Figura 9 representa um massograma (gráfico de massa versus tempo) e foi obtida
para o teste contendo o sistema precipitante com RS 300. Durante o teste, foi
55
medido o pH do meio reacional, para verificar a variação dessa medida durante a
adesão de carbonato de cálcio sobre o cristal de quartzo.
Alguns parâmetros importantes que são obtidos dessas curvas o o tempo de
indução (t
i
) e a massa total de carbonato de cálcio aderida sobre o sensor
piezoelétrico.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Massa
pH
Tempo (h)
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
9,6
9,7
9,8
9,9
10,0
10,1
pH
Figura 9 Massograma e medidas de pH referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal
de quartzo recoberto com ouro polido, a 25°C. RS=30 0.
A variação de pH observada durante os testes é explicada em virtude do equilíbrio
carbonato-bicarbonato (reação química b). À medida que o carbonato de cálcio
precipita, liberam-se ao meio reacional íons H
+
conforme reação química a seguir,
diminuindo o pH do sistema.
Ca
2+
+ HCO
3
-
H
+
+ CaCO
3(s)
(f)
Para o sistema precipitante com RS 300 (Figura 9), observa-se que o pH da solução
passa por um ligeiro aumento próximo a uma hora de teste, indicando que uma
competição entre dissolução e formação do carbonato de cálcio. Esse fato não é
observado para o sistema precipitante RS 1000 (Figura 10), e a explicação para tal
fato é que no sistema com maior grau de supersaturação a taxa de nucleação é tão
alta que o crescimento do cristal prevalece fortemente sobre a dissolução.
56
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Massa
pH
Tempo (h)
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
9,8
9,9
10,0
10,1
10,2
10,3
10,4
10,5
pH
Figura 10 Massograma e medidas de pH referentes ao processo de formação de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 25°C. RS=1000.
A taxa de crescimento de cristais de CaCO
3
sobre o sensor piezoelétrico de quartzo
foi avaliada durante um tempo máximo de 10 horas de experimento, a 25°C. O
resultado obtido está demonstrado na Figura 11. Conforme se pode verificar, a taxa
instantânea de crescimento de cristais para o sistema precipitante com RS 300
aproxima-se de zero após 5 horas de experimento. Por outro lado, para o sistema
com RS 1000, o patamar horizontal de taxa de crescimento é alcançado após 3
horas de experimento. Em virtude da maior taxa de nucleação para o sistema
precipitante com RS 1000, dentro das dez horas de experimento há maior adesão de
carbonato de cálcio sobre o cristal de quartzo, e, portanto, o patamar de crescimento
nulo é atingido mais rapidamente. Esse fenômeno é bem conhecido e, segundo as
equações 8 e 9, quanto maior a RS do sistema, maior será a taxa de crescimento de
cristais.
De acordo com o massograma apresentado na Figura 11, à medida que ocorre a
precipitação, a taxa de crescimento instantânea diminui, em virtude da diminuição do
termo do gradiente de concentração (m-m
0
), o que está de acordo com a equação 6.
A equação 6 (lei de Fick) é a forma geral das equações 7 a 9, onde a diminuição do
termo (m-m
0
) corresponde ao decréscimo da razão de supersaturação do sistema
enquanto ocorre a precipitação espontânea, em virtude de o sistema precipitante
ocorrer em um reator onde não renovação do sistema precipitante. Vale ressaltar
57
que a RS do sistema não é mantida constante durante os testes. Para manter o
valor da RS constante, seria necessário trabalhar com sistema em fluxo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
3
6
9
12
15
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
RS 300
RS1000
Figura 11 Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre o cristal de quartzo
recoberto com ouro polido, a 25°C, durante 10 horas . RS 300 e RS1000.
Os massogramas obtidos pela adesão espontânea de CaCO
3
sobre a área recoberta
com ouro dos cristais de quartzo mostraram-se pouco repetitivos. Uma explicação
para tal fato é obtida pela observação do tempo de indução dos quatro
massogramas obtidos no processo de adesão espontânea do carbonato de cálcio
(Figuras 12 e 13). O tempo de indução experimental é definido como o tempo
decorrido entre a mistura dos sais utilizados para formar CaCO
3
e uma primeira
mudança observável em alguma propriedade física do sistema precipitante (no caso
desse experimento, detecção de massa pelo cristal de quartzo). Este período é
então fortemente dependente do método de detecção empregado e da taxa de
nucleação (J) (Söhnel e Mullin, 1982). A taxa de nucleação J representa o número
de núcleos formados por unidade de tempo e volume, e, de acordo com a equação
2, J é fortemente dependente da razão de supersaturação do sistema precipitante.
Quanto maior o valor de RS, maior será a taxa de nucleação, e, consequentemente
menor será o tempo de indução. Formando-se mais núcleos, a taxa de crescimento
tende a ser maior, pois haverá mais sítios de crescimento sobre a superfície
metálica, o que possibilita a adesão de maior massa de CaCO
3.
Observa-se, nos
massogramas da Figura 12, que os testes com o sistema precipitante utilizando RS
58
300 apresentam tempo de indução próximo de uma hora de experimento (Tabela 5),
ao passo que, nos testes com o sistema precipitante utilizando RS 1000 (Figura 13),
o tempo de indução foi muito pequeno (Tabela 6). Porém, em uma bateria de testes
com as mesmas condições (por exemplo RS 300, Figura 12), o tempo de indução
variou significativamente para as quatro repetições, evidenciando que, embora a
taxa de nucleação esperada para os quatro testes seja a mesma, o tempo de
indução dos cristalitos de CaCO
3
a um valor de massa detectável não é o mesmo.
Observa-se também na Figura 12 que os testes que apresentam tempos de indução
próximos (testes 2 e 3), possuem curvas cinéticas semelhantes. A mesma
observação vale para os massogramas das Figuras 13-15.
Tabela 5 Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3 horas de teste
em cristal polido, RS=300.
Tempo de indução (h)
Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 1,09 2,42
Teste 2 1,26 2,17
Teste 3 1,26 2,21
Teste 4 0,86 4,31
Média 1,12 2,78
O pH medido para os diferentes testes mostra pouca variação entre si, descartando
a possibilidade da interferência do pH sobre a repetibilidade dos testes.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Teste 1 - Massa
Teste 2 - Massa
Teste 3 - Massa
Teste 4 - Massa
Teste 1 - pH
Teste 2 - pH
Teste 3 - pH
Teste 4 - pH
Tempo (h)
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
9,5
9,6
9,7
9,8
9,9
10,0
10,1
pH
Figura 12 Massogramas e medidas de pH referentes ao processo de formação de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 25°C. RS=300.
59
Tabela 6 Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3 horas de teste em
cristal polido, RS=1000.
Tempo de indução (h)
Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 0,004 37,17
Teste 2 0,178 22,70
Teste 3 0,089 25,44
Teste 4 0,170 24,88
Média 0,110 27,55
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Teste 1 - Massa
Teste 2 - Massa
Teste 3 - Massa
Teste 4 - Massa
Teste 1 - pH
Teste 2 - pH
Teste 3 - pH
Teste 4 - pH
Tempo (h)
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
9,8
9,9
10,0
10,1
10,2
10,3
10,4
10,5
pH
Figura 13 Massogramas e medidas de pH referentes ao processo de formação de CaCO
3
sobre
cristal de quartzo recoberto com ouro polido, a 25°C. RS=1000.
Em relação à quantidade de massa de carbonato de cálcio aderida ao cristal de
quartzo recoberto com ouro polido, verifica-se que, quanto maior a RS, maior a
massa aderida (Tabela 7). Quanto maior o RS, mais precipitado deve se formar, em
virtude do maior grau de desupersaturação que o sistema precipitante deve sofrer
para que o equilíbrio termodinâmico seja alcançado.
Tabela 7 Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes entre os dois
valores de RS 300 e 1000. Cristal polido.
Massa aderida (µg/cm²)
RS 300 RS 1000
2,17 22,70
2,21 24,88
2,42 25,44
4,31 37,17
60
A influência potencializadora da rugosidade da superfície sobre o processo de
adesão de CaCO
3
não foi observada nos resultados dos testes de adesão
espontânea nos sistemas precipitantes com RS 300 e RS 1000. Esperava-se obter
maior massa de carbonato de cálcio aderida ao sensor piezoelétrico contendo ouro
rugoso, em virtude dos defeitos na superfície metálica poderem servir como sítios de
crescimento de cristais, além de fornecer maior área superficial para adesão. As
Figuras 14 e 15 e as Tabelas 8-11 mostram que o teste utilizando o cristal de
quartzo recoberto com ouro rugoso apresentou menor massa aderida, quando
comparada ao cristal polido. Mostraram também baixa repetibilidade em relação à
curva cinética de adesão espontânea de CaCO
3
sobre o sensor piezoelétrico.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Figura 14 Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de quartzo
recoberto com ouro rugoso, a 25°C. RS=300.
Tabela 8 Tempo de indução e massa de carbonato de cálcio aderida durante as 3 horas de teste
em cristal rugoso, RS=300.
Tempo de indução (h)
Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 1,68 0,64
Teste 2 2,15 0,39
Teste 3 1,42 0,97
Teste 4 1,50 0,92
Média
1,69 0,73
61
Tabela 9 Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes entre os dois
tipos de cristais. RS=300.
Segundo Keysar et al. (1994), são diversos os motivos pela qual a rugosidade
potencializa o processo de adesão de incrustantes sobre uma superfície metálica: (i)
a rugosidade fornece maior área superficial e também aumenta a força de adesão
por unidade de área, em virtude de os sítios rugosos serem mais energéticos, (ii) a
rugosidade cria uma topografia que aumenta a densidade de sítios de ancoragem,
(iii) a rugosidade aumenta a molhabilidade da superfície, e, consequentemente
aumenta a taxa de nucleação e as forças de adesão.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Figura 15 Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de quartzo
recoberto com ouro rugoso, a 25°C. RS=1000.
Tabela 10 Tempo de indução e massa de carbonato de lcio aderida durante as 3 horas de teste
em cristal rugoso, RS=1000.
Tempo de indução (h)
Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 0,004 34,61
Teste 2 0,170 13,82
Teste 3
0,189 28,32
Teste 4 0,145 22,65
Média 0,127 24,85
Massa aderida (µg/cm²)
Cristal polido Cristal rugoso
2,17 0,39
2,21 0,64
2,42 0,92
4,31 0,97
62
Tabela 11 Comparação da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas de testes entre os dois
tipos de cristais. RS=1000.
Massa aderida (µg/cm²)
Cristal polido Cristal rugoso
22,70 13,82
24,88 22,65
25,44 28,32
37,17 34,61
Dessa forma, os resultados dos experimentos realizados não mostraram o efeito
potencializador da rugosidade sobre o processo de adesão de CaCO
3
sobre uma
superfície metálica. Três motivos podem ter influenciado nestes resultados: primeiro,
a rugosidade da superfície metálica pode ser de tamanho e formato tal que aprisione
ar em suas cavidades por efeito capilar, diminuindo o contato efetivo entre a solução
e a superfície metálica, e impactando negativamente sobre a taxa de adesão de
CaCO
3
; segundo, as rugosidades da superfície podem ser de tamanho tão grande
que a área superficial da superfície rugosa não seja muito maior que a respectiva
superfície polida; terceiro, o aprisionamento de solução aquosa nas cavidades sem
ocorrência de renovação dela pode dificultar o processo de transferência de massa.
5.2.2. Influência da
5.2.2. Influência da 5.2.2. Influência da
5.2.2. Influência da molhabili
molhabilimolhabili
molhabilidade da superfície
dade da superfíciedade da superfície
dade da superfície
O fenômeno da tensão interfacial ocorre em função das forças atrativas. As
moléculas que estão localizadas no seio de um líquido são, em média, sujeitas a
forças de atração em todas as direções, enquanto que aquelas situadas na interface
líquido-ar experimentam forças atrativas não-balanceadas, resultando na atração
das moléculas superficiais para o interior do líquido. Esse fenômeno resulta em
excesso de energia para essas moléculas. A tensão interfacial é a energia coesiva
resultante desse desequilíbrio de forças entre as moléculas na interface (Shaw,
1978; Somorjai,1972).
O ângulo de contato de uma gota de um líquido sobre um sólido é determinado pelo
equilíbrio mecânico da ação de três tensões interfaciais: a tensão superficial líquido-
vapor,
σ
LV
, a tensão superficial sólido-vapor,
σ
SV
, e a tensão superficial sólido-
líquido,
σ
SL
. Esta relação de equilíbrio é conhecida como equação de Young:
63
θσσσ
cos.
LVSLSV
+=
(18)
onde
θ
é o ângulo de contato entre o sólido e a gota do líquido, conforme a Figura 16
(Tavana e Neumann, 2007). Nas condições de equilíbrio entre as três fases, este
ângulo é resultante das energias interfaciais e de superfície. O ângulo de contato
pode ser utilizado para caracterizar fenômenos de interface e a molhabilidade de
superfícies sólidas (Kumar e Prabhu, 2007).
Figura 16 – Esquema simplificado da relação entre tensões superficiais (σ) e ângulo de contato (θ).
A molhabilidade pode ser definida como a tendência de um líquido espalhar sobre
um substrato sólido. Ela descreve o grau de contato íntimo entre um líquido e um
sólido. A superfície do sólido é dita molhável pelo líquido quando o ângulo de
contato é menor que 90° (quanto mais próximo de , mais molhável é a superfície).
Se o ângulo de contato for maior que 90°, o líquido o molha a superfície do sólido
(Shaw, 1978).
Com a finalidade de modificar a molhabilidade da superfície recoberta com ouro do
cristal de quartzo, foi realizada a reação do ouro com o ácido 3-mercaptopropiônico.
De acordo com Ulman (1996), ocorre a formação de monocamadas de tiol
funcionalizado sobre o ouro de acordo com a reação química:
HOOC-CH
2
-CH
2
-S-H + Au
n
0
HOOC-CH
2
-CH
2
-S
-
Au
+
.Au
n
0
+ ½ H
2
(g)
A orientação do grupo carboxilato, conforme a Figura 17, é capaz de aumentar a
molhabilidade da superfície metálica, e, dessa forma, reduzir o fator da barreira de
energia de nucleação (
φ
) e, de acordo com a equação 3, aumentar a taxa de
nucleação heterogênea. É importante salientar que o grau de afinidade do substrato
metálico pela fase líquida aumenta à medida que o ângulo de contato (
θ
) diminui,
Sólido
Líquido
Vapor
θ
σ
SL
σ
SV
σ
LV
64
permitindo então que maior quantidade de espécies precipitantes contidas na
solução possa nuclear sobre a superfície metálica.
Au
S
CH
2
CH
2
C
O OH
S
CH
2
CH
2
C
O OH
S
CH
2
CH
2
C
O OH
S
CH
2
CH
2
C
O OH
Figura 17 – Esquema da formação da monocamada de tiol funcionalizado sobre o ouro.
Os resultados de ângulo de contato obtidos com auxílio do goniômetro, através do
método da gota séssil, antes e após a modificação superficial, mostram o aumento
da molhabilidade da superfície do ouro. De acordo com a Figura 18, os ângulos de
contato iniciais eram de aproximadamente 70° e, com o tratamento químico de
modificação superficial, passaram a ser de aproximadamente 45°.
A influência da hidrofilicidade da superfície sobre o processo de adesão de CaCO
3
foi visivelmente notada para os testes com RS 300. Em virtude da maior afinidade da
solução aquosa pela superfície metálica, a taxa de nucleação heterogênea é
elevada, conforme a equação 3. As Figuras 19 e 20 e as Tabelas 12-15 mostram
que o teste utilizando o cristal de quartzo modificado superficialmente apresentou
maior massa aderida de carbonato de cálcio, quando comparada ao cristal polido
sem modificação. Essas figuras mostram também que as curvas cinéticas de
crescimento de cristais não são coincidentes.
Para o teste utilizando RS 1000, não foi observado o efeito potencializador da
modificação superficial sobre a cinética de adesão de CaCO
3
sobre a superfície
metálica. Tal observação é explicada avaliando-se qualitativamente a equação para
a taxa de nucleação heterogênea (Equação 3). Nessa equação, o termo RS aparece
como um termo ao quadrado, evidenciando que a influência da supersaturação
sobre a taxa de nucleação é bem maior que o possível aumento da taxa de
nucleação em virtude da diminuição do fator barreira de energia (
φ
), que é
diretamente proporcional à molhabilidade da superfície. Dessa forma, uma
65
competição entre a influência da RS e da molhabilidade da superfície no processo
de nucleação heterogênea, interferindo na cinética de crescimento e adesão de
cristais sobre uma superfície metálica.
Antes do tratamento
θ
θθ
θ
)
Após o tratamento
θ
θθ
θ
)
Cristal 1
68
47
Cristal 2 67
42
Cristal 3
70
46
Cristal 4
72
47
Figura 18 Ângulos de contato antes e após tratamento de modificação superficial do ouro com o
ácido 3-mercaptopropiônico.
66
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Figura 19 Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de quartzo
recoberto com ouro polido modificado, a 25°C. RS=30 0.
Tabela 12 Tempo de indução e massa de carbonato de lcio aderida durante as 3 horas de teste
em cristal polido modificado superficialmente, RS=300.
Tempo de indução (h) Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 0,20 15,57
Teste 2 0,09 19,47
Teste 3 0,48 7,16
Teste 4 0,16 10,50
Média 0,23 13,18
Tabela 13 Comparação do tempo de indução e da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas
de testes nos cristais polido e polido modificado. RS=300.
Tempo de indução (h) Massa aderida (µg/cm²)
Cristal polido
Cristal polido
modificado
Cristal polido
Cristal polido
modificado
1,09 0,20 2,42 15,57
1,26 0,09 2,17 19,47
1,26 0,48 2,21 7,16
0,86 0,16 4,31 10,50
Através dos resultados apresentados na Tabela 13, verifica-se que a maior
molhabilidade da superfície potencializa a adesão de carbonato de cálcio para RS
67
300, mediante diminuição do tempo de indução e aumento da massa aderida de
carbonato de cálcio sobre sua superfície.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Figura 20 Massogramas referentes ao processo de adesão de CaCO
3
sobre cristal de quartzo
recoberto com ouro polido modificado, a 25°C. RS=10 00.
Tabela 14 Tempo de indução e massa de carbonato de lcio aderida durante as 3 horas de teste
em cristal polido modificado supercialmente, RS=1000.
Tempo de indução (h) Massa aderida (µg/cm²)
Teste 1 0,114 27,51
Teste 2 0,005 40,85
Teste 3 0,012 19,70
Teste 4 0,114 14,34
Média 0,061 25,60
Tabela 15 Comparação do tempo de indução e da massa de carbonato de cálcio aderida após 3 horas
de testes nos cristais polido e polido modificado. RS=1000.
Tempo de indução (h) Massa aderida (µg/cm²)
Cristal polido
Cristal polido
modificado
Cristal polido
Cristal polido
modificado
0,004 0,114 37,17 27,51
0,178 0,005 22,70 40,85
0,089 0,012 25,44 19,70
0,170 0,114 24,88 14,34
68
5.2.3. Inibição da adesão de CaCO
5.2.3. Inibição da adesão de CaCO5.2.3. Inibição da adesão de CaCO
5.2.3. Inibição da adesão de CaCO
3
33
3
sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas sobre superfícies metálicas
sobre superfícies metálicas
A inibição da adesão de sais pouco solúveis sobre superfícies metálicas é
importante para a manutenção das condições operacionais dos equipamentos de
exploração e produção de petróleo. Para a realização desse estudo, utilizou-se
como inibidor de incrustação um sal derivado do ácido dietilenotriaminopenta-
(metileno-fosfônico). Geralmente, inibidores à base de polifosfonatos controlam
eficientemente a deposição de CaCO
3
e BaSO
4
, simultaneamente.
Conforme verificado nos resultados obtidos em 5.2.1 e 5.2.2, os testes de adesão
espontânea de carbonato de cálcio sobre o sensor piezoelétrico de quartzo
recoberto com ouro são pouco repetitivos, o que dificulta a utilização do método para
o estudo mais aprofundado dos processos de adesão. Entretanto, esta metodologia
pode ser adequada, quando comparada com outras metodologias empregadas na
determinação ou comprovação da CMI (concentração de inibidor que inibe
totalmente a formação de um incrustante salino) para um determinado inibidor de
incrustação. Esta concentração é detectada pela ausência completa de massa
aderida sobre o sensor piezoelétrico. Cabe ressaltar, que atualmente, a CMI é
determinada pelo teste de garrafa (jar test), que, além de não simular o processo de
nucleação heterogênea, também está sujeito aos problemas de repetibilidade devido
ao controle limitado sobre o processo de nucleação dos cristais de CaCO
3
.
O massograma da Figura 21 mostra que, à medida que se aumenta a concentração
de inibidor de incrustação à base de DETPMP, a massa de incrustante aderida
sobre o sensor piezoelétrico da microbalança de cristal de quartzo diminui, de forma
que, entre 1,0 e 1,5 ppm, há inibição total da formação de carbonato de cálcio para o
sistema precipitante com RS 1000. Portanto, ao aplicar 1,5 ppm de inibidor à
solução supersaturada com RS 1000, haverá inibição total da adesão de CaCO
3
sobre uma superfície metálica. Além da diminuição da massa aderida de CaCO
3
sobre o sensor piezoelétrico, verifica-se que o tempo de indução da reação foi
deslocado para tempos maiores à medida que aumentou-se a dosagem de inibidor,
mostrando que, além do efeito de inibição do crescimento dos cristais, o inibidor
também atua inibindo a nucleação.
69
O mesmo experimento foi realizado para o sistema precipitante com RS 300 (Figura
22), e os massogramas obtidos mostraram que ocorre inibição total da adesão de
CaCO
3
, mesmo em concentrações baixas de inibidor (250ppb), indicando que a CMI
aumenta com o aumento da razão de supersaturação do sistema precipitante.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Branco
Branco
0,5 ppm Inibidor
0,5 ppm Inibidor
1,0 ppm Inibidor
1,0 ppm Inibidor
1,5 ppm Inibidor
1,5 ppm Inibidor
Figura 21 Massogramas referentes ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido utilizando inibidor à base de DETPMP, a 25°C. RS=1000.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
Sem inibidor
Sem inibidor
125ppb inibidor
125ppb inibidor
250ppb inibidor
250ppb inibidor
Figura 22 Massogramas referentes ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido utilizando inibidor à base de DETPMP, a 25°C. RS=300.
70
Com o intuito de verificar que a ação do inibidor à base de DETPMP não ocorre por
acidificação do meio reacional, foram feitas medidas para monitorar o pH dos
sistemas precipitantes com RS 300 e RS 1000, contendo inibidor nas concentrações
utilizadas no estudo da CMI. Os resultados são apresentados nas Tabelas 16 e 17.
A reação abaixo mostra que, em pH ácido, o CaCO
3
formado é dissolvido,
constituindo um modo de inibição por ação ácida.
CaCO
3(s)
+ 2 H
+
Ca
2+
+ H
2
O
(l)
+ CO
2(g)
(h)
Conforme pode ser observado nos dados das Tabelas 16 e 17, o mecanismo de
inibição da adesão de CaCO
3
utilizando um sal à base de DETPMP não ocorre por
ação ácida.
Tabela 16 – pH inicial e final do sistema precipitante RS 300 nos testes de inibição com DETPMP.
pH
Branco 125 ppb inibidor 250 ppb inibidor
Início
10,19 10,18 10,19
Fim
9,92 10,02 10,02
Tabela 17 – pH inicial e final do sistema precipitante RS 1000 nos testes de inibição com DETPMP.
pH
Branco 0,5 ppm inibidor 1,0 ppm inibidor 1,5 ppm inibidor
Início
10,16 9,91 9,90 9,91
Fim
9,64 9,87 9,89 9,89
Em virtude da constatação experimental do efeito dos inibidores em relação ao
retardamento do tempo de indução dos sistemas precipitantes, quando presentes
em concentrações abaixo da CMI, foram realizados testes de inibição de longa
duração para verificar a eficácia dos inibidores nesta condição. As Figuras 23 e 24
mostram os resultados das inibições dos sistemas precipitantes RS 300 e RS 1000
durante o período de 20 horas. Nestes testes, foram utilizados os valores de CMI
encontrados nos testes monitorados durante três horas, 250 ppb e 1,5 ppm, para os
sistemas precipitantes RS 300 e RS 1000, respectivamente. Conforme pode ser
verificado, essas concentrações são apropriadas para inibir o processo de adesão
de CaCO
3
sobre a superfície metálica do sensor piezoelétrico durante as 20 horas
de teste.
71
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-0,25
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
250 ppb de inibidor
Figura 23 Massograma referente ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido utilizando 250 ppb de inibidor à base de DETPMP, a 25°C.
RS=300, 20 horas de teste.
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-0,25
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Massa de CaCO
3
aderida (
µ
g/cm
2
)
Tempo (h)
1,5 ppm de inibidor
Figura 24 Massograma referente ao processo de inibição da adesão de CaCO
3
sobre cristal de
quartzo recoberto com ouro polido utilizando 1,5 ppm de inibidor à base de DETPMP, a 2C.
RS=1000, 20 horas de teste.
72
5.3. Estudo das variações
5.3. Estudo das variações 5.3. Estudo das variações
5.3. Estudo das variações de viscosidade
de viscosidadede viscosidade
de viscosidade
e da massa específica
e da massa específica e da massa específica
e da massa específica durante a
durante a durante a
durante a
precipitação de CaCO
precipitação de CaCOprecipitação de CaCO
precipitação de CaCO
3
33
3
A viscosidade é uma medida da resistência de um fluido ao escoamento. Em
condições de escoamento cisalhante, a viscosidade
η
é definida pela razão entre a
tensão cisalhante
τ
e a taxa de cisalhamento
γ
&
(Macosko,1994):
γ
τ
=η
&
(19)
Um instrumento projetado para medir a viscosidade é chamado de viscosímetro. Um
viscosímetro é um tipo especial de reômetro (instrumento para medir propriedades
reológicas - Reologia é a ciência que estuda o escoamento e a deformação dos
materiais) limitado à medição de viscosidades. Um viscosímetro é projetado para
medir unicamente a função material conhecida como viscosidade de cisalhamento
em regime permanente,
(
)
γ
η
&
(Macosko,1994).
Viscosimetria é a ciência da medição da viscosidade. Medições viscométricas
geralmente estão relacionadas com a aplicação tanto de uma força F quanto de uma
velocidade V a uma superfície em contato com um líquido em teste. A resposta
deste líquido, tanto à velocidade quanto à força, é medida naquela superfície ou em
alguma outra superfície próxima que também está em contato com o líquido. O
objetivo da viscosimetria é (Barnes et al., 2001):
(a) converter a força aplicada F em tensão de cisalhamento
τ
, e
(b) converter a velocidade V em taxa de cisalhamento
γ
&
.
Isto é feito usando constantes geométricas, e é avaliado em um ponto de referência
padrão, tal como a vizinhança imediata da parede de um tubo, ou de um cilindro
interno, ou da borda externa de uma placa. Assim, a tensão de cisalhamento
τ
e a
taxa de cisalhamento
γ
&
calculada podem ser colocadas em um gráfico, uma em
função da outra, ou então a tensão de cisalhamento pode ser dividida pela taxa de
cisalhamento para dar a viscosidade
η
(Barnes et al., 2001).
73
O objetivo do estudo das variações de viscosidade e da massa específica dos
sistemas precipitantes é verificar se influência dessas variáveis na variação de
freqüência de oscilação do cristal de quartzo, conforme a equação de Kanazawa e
Gordon (equação 13).
Como o sensor piezoelétrico de cristal de quartzo está em contato direto com o meio
aquoso, existe uma interface líquido/sólido na qual o líquido se move com a mesma
velocidade do sólido imposta pela oscilação do cristal de quartzo. A viscosidade da
solução interfere diretamente na freqüência de oscilação do sensor, uma vez que um
líquido com uma viscosidade maior possui maior resistência ao escoamento próximo
ao cristal de quartzo, sendo capaz de amortecer a freqüência de oscilação do sensor
piezoelétrico.
Os resultados das medições de viscosidade do sistema precipitante durante três
horas de reação são apresentados nas Figuras 25 e 26. Conforme pode ser
observado, as viscosidades dos dois sistemas precipitantes apresentaram a mesma
ordem de grandeza e oscilaram em torno de 0,0010 Pa.s. A pequena diferença de
viscosidade apresentada nesses gráficos, para dois testes com mesmo sistema
precipitante (Figura 25, por exemplo), não é capaz de interferir significativamente na
freqüência de oscilação do cristal de quartzo, possibilitando deste modo descartar a
influência da viscosidade sobre as medidas de massa de CaCO
3
aderida sobre os
sensores piezoelétricos. O comportamento próximo ao linear apresentado nas
Figuras 25 e 26 era esperado, em virtude da precipitação de CaCO
3
acontecer sem
a ocorrência de estruturação das partículas no meio aquoso nas condições utilizadas
nos testes. De acordo com Donnet et al. (2005), para concentrações das soluções
de CaCl
2
e Na
2
CO
3
acima de 0,01 mol/L (2,5 vezes a concentração utilizada no teste
para RS 1000), a formação de um gel metaestável composto de um agregado de
partículas esféricas com 30 nm de diâmetro, antes de ocorrer a precipitação do
CaCO
3
.
74
0,0008
0,0009
0,0010
0,0011
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Tempo (h)
Viscosidade (Pa.s)
Teste 1
Teste 2
Figura 25 - Medidas da viscosidade do sistema precipitante com RS 300 durante três horas de teste.
0,0008
0,0009
0,0010
0,0011
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Tempo (h)
Viscosidade (Pa.s)
Teste 1
Teste 2
Figura 26 - Medidas da viscosidade do sistema precipitante com RS 1000 durante três horas de teste.
A influência da massa específica sobre a freqüência de oscilação do cristal de
quartzo ocorre em virtude do aumento ou diminuição da pressão hidrostática
exercida sobre o cristal. Quanto maior a massa específica do líquido, maior será o
amortecimento da freqüência de oscilação do cristal. Dessa forma, durante um teste
para que a resposta em relação à variação de freqüência de oscilação do cristal seja
somente em função da adesão de massa sobre o sensor, é necessário que o
sistema precipitante apresente a mesma massa específica durante todo o teste.
Conforme pode ser observado nas Figuras 27 e 28, a massa específica dos
sistemas precipitantes com RS 300 e RS 1000 são constantes durante as três horas
75
de teste. Este comportamento era esperado, pois não mudança significativa de
volume do sistema durante os testes, em virtude da massa de sólido gerada ser
muito pequena.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,996
0,997
0,998
0,999
Massa específica (g/cm
3
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Figura 27 - Medidas da massa específica para o sistema precipitante com RS 300, durante três horas
de teste.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,996
0,997
0,998
0,999
Massa específica (g/cm
3
)
Tempo (h)
Teste 1
Teste 2
Figura 28 - Medidas da massa específica para o sistema precipitante com RS 1000, durante três
horas de teste.
76
5.4.
5.4. 5.4.
5.4. Caracterização das superfícies metálicas
Caracterização das superfícies metálicasCaracterização das superfícies metálicas
Caracterização das superfícies metálicas
A seguir, são apresentados os resultados de caracterização qualitativa e quantitativa
das superfícies de ouro que recobrem os cristais de quartzo. Para o cristal polido,
foram obtidas imagens por microscopia de força atômica, para avaliar a topografia
da superfície metálica. A microscopia eletrônica de varredura foi utilizada para obter
uma imagem que representasse a superfície dos cristais de quartzo recoberto com
ouro rugoso, superfície que também foi caracterizada por perfilometria e medição do
ângulo de contato. A avaliação dos ângulos de contato para as superfícies de ouro
modificadas com ácido 3-mercaptopropiônico foi apresentada no item 5.2.2.
5.4.
5.4.5.4.
5.4.1
11
1.
. .
. Perfilometria
PerfilometriaPerfilometria
Perfilometria
A perfilometria é uma das técnicas utilizadas para realizar medidas qualitativas e
quantitativas da topografia de uma superfície. A cnica utiliza uma agulha com uma
ponta semi-esférica que funciona como uma sonda que desliza sobre a amostra,
registrando o perfil medido através da oscilação vertical da agulha quando em
contato com vales e picos presentes na superfície (Martins, 2005).
A definição teórica de rugosidade consiste na presença de irregularidades em
pequena escala na superfície. A rugosidade média (R
m
) é um dos parâmetros mais
utilizados para a avaliação do perfil topográfico de uma superfície. A R
m
é a média
aritmética dos módulos das alturas dos picos e dos vales em relação à linha média
(Figura 29) (Lin e Hopfe, 1986).
Figura 29 – Representação de uma superfície rugosa dividida em vários segmentos.
77
A R
m
é calculada conforme a equação:
( )
xdcbam
yyyyy
x
R
+++++=
....
1
(20)
onde y
x
é a altura do perfil a partir da linha média e x o número de segmentos que a
superfície rugosa foi dividida.
Os valores de R
m
obtidos a partir das três varreduras foram 1071Å, 1094Å e 1111Å,
que fornecem R
m
média de 1092Å, valor sete vezes maior que a rugosidade do
cristal de quartzo recoberto com ouro liso. Esse incremento de rugosidade em
relação ao cristal liso deveria potencializar o processo de adesão de CaCO
3
sobre a
superfície recoberta com ouro, contudo, essa previsão teórica não foi verificada nos
resultados dos testes.
Duas aproximações foram feitas para modelar a superfície metálica rugosa que
recobre o cristal de quartzo (Figura 30). Primeiro, a distribuição das alturas dos picos
e dos vales sobre a superfície metálica segue uma disposição senoidal e, segundo,
o raio dos vales e dos picos, a partir da linha média, foi aproximado ao valor de R
m
obtido através da perfilometria.
Figura 30 Representação da modelagem da superfície rugosa de ouro que recobre o cristal de
quartzo. r = 1092Å.
5.4.
5.4.5.4.
5.4.2
22
2.
. .
. Ângulo de contato
Ângulo de contatoÂngulo de contato
Ângulo de contato
O ângulo de contato determinado pelo equilíbrio das tensões superficiais é
conhecido como ângulo de contato Young. A equação de Young é aplicável a uma
superfície ideal (lisa, homogênea, rígida e insolúvel) em condições de equilíbrio
78
termodinâmico. O ângulo de contato medido quando uma gota de um líquido é
colocada sobre uma superfície real é conhecido como ângulo de contato aparente
(θ), como demonstrado na Figura 31. O ângulo de contato intrínseco (θ
i
) é o
verdadeiro ângulo de contato entre a superfície e a gota do líquido, porém este
parâmetro é de difícil determinação (Kumar e Prabhu, 2007).
Figura 31 – Ângulo de contato aparente (θ) e ângulo de contato intrínseco (θ
i
)
O ângulo de contato aparente medido em uma superfície rugosa é conhecido como
ângulo de Wenzel (θ
w
) e sua relação com o ângulo de Young (θ) é dado por (Uelzen
e Muller, 2003):
cos θ
w
= r. cos θ (21)
onde r é a razão de rugosidade média, fator que expressa o aumento da área
superficial em função da rugosidade, quando comparada a uma superfície lisa. O
valor de r para a superfície do cristal de quartzo recoberto com ouro rugoso pode ser
calculado (equação 22) levando-se em conta o modelo representativo da Figura 30.
A Figura 32 esquematiza o aumento de área superficial da superfície rugosa,
quando comparada a uma superfície lisa com os mesmos comprimentos na direção
x e mesma largura d.
lisa
rugosa
S
S
r
=
(22)
onde S representa a área superficial. A partir da Figura 32, é possível calcular o
valor de r, que para a superfície rugosa em questão foi de 1,57. A medida do ângulo
de Wenzel utilizando o método da gota séssil é bastante difícil de ser realizada, em
virtude de as superfícies rugosas provocarem o fenômeno da histerese.
79
Figura 32 Esquema simplificado que permite calcular o incremento de área superficial de uma
superfície rugosa em comparação a uma superfície lisa.
A histerese do ângulo de contato é o fenômeno que consiste na existência de
múltiplos ângulos de contato para uma mesma gota depositada sobre uma
superfície. Os dois ângulos de contato extremos provocados pela histerese são o
ângulo de avanço e o ângulo de retrocesso. O ângulo de avanço é medido para uma
gota de um líquido avançando sobre a superfície de um sólido, enquanto que o
ângulo de retrocesso é medido quando uma gota de um líquido retrocede sobre a
superfície do lido. Geralmente, o ângulo de avanço é maior que o ângulo de
retrocesso, em virtude da existência de um filme substrato-ar que dificulta o avanço
da frente de líquido sobre a superfície (Tavana e Neumann, 2007). As medidas dos
ângulos de avanço (θ
a
) e de retrocesso (θ
r
) são importantes, pois permitem calcular
o ângulo de equilíbrio (θ
E
), que se assemelha bastante ao ângulo de Young. Uma
das equações mais utilizadas para o cálculo de θ
E
a partir de θ
a
e θ
r
é a equação de
Wolfram e Faust (Scales et al., 1986):
r
ra
E
.
2
coscos
cos
θθ
θ
+
=
(23)
Esta equação fornece bons resultados quando a diferença entre θ
a
e θ
r
é de até 10°.
Os valores de θ
a
e θ
r
obtidos através do método da gota pendente entre uma gota de
80
água e a superfície recoberta com ouro rugoso do cristal de quartzo foi de 51° e 31°,
respectivamente. A diferença entre esses dois ângulos é de 20°, o que impossibilita
a utilização da equação de Wolfram e Faust para o cálculo de θ
E
. Para efeitos de
comparação das molhabilidades das superfícies recobertas com ouro rugoso e com
ouro polido, pode-se inferir que o θ
E
da superfície rugosa encontra-se no intervalo
entre 31° e 51°, valor menor que os ângulos de cont ato apresentados pela superfície
lisa (θ 70°), indicando que a afinidade entre a superfície metálica e a solução
aquosa é maior para o caso da superfície rugosa. Esse maior grau de afinidade,
conforme discutido anteriormente, deveria potencializar o processo de adesão de
CaCO
3
sobre o sensor piezoelétrico rugoso.
Diante das diversas caracterizações realizadas com a superfície rugosa de ouro que
recobre o cristal de quartzo, a explicação mais plausível para o fato da previsão
teórica de potencialização da adesão de CaCO
3
não ter sido verificada nos
resultados dos testes estáticos realizados é que ocorre o aprisionamento de solução
aquosa nas cavidades da superfície metálica, o que, com a conseqüente falta da
renovação da solução, dificulta o processo de transferência de massa, impactando
nos processos de nucleação e crescimento de cristais.
5.4.
5.4.5.4.
5.4.3
33
3. Microscopia de força atômica
. Microscopia de força atômica. Microscopia de força atômica
. Microscopia de força atômica
A microscopia de força atômica (MFA) faz parte do grupo da microscopia de sonda
que registra a imagem de uma amostra por meio da varredura de sua superfície
através de um padrão de rastreamento x/y, com uma ponta muito fina que se move
para cima e para baixo ao longo do eixo z, acompanhando a topografia da
superfície. Inventada em 1986 por Binnig, a MFA permite a resolução de átomos
individuais, tanto em superfícies condutoras como isolantes (Skoog et al. 2002). Seu
princípio fundamental é a medida das deflexões de um braço de suporte (cantilever),
em cuja extremidade está montada a sonda (ponteira). Estas deflexões são
causadas pelas forças que agem entre a ponteira e a amostra, e um atuador
piezoelétrico (cerâmica) é responsável por manter a força ou peso entre a ponteira e
amostra constante (Jalili e Laxminarayana, 2004).
81
A superfície recoberta com ouro polido do cristal de quartzo foi analisada por MFA.
Os resultados apresentados na Figura 33 mostram que a superfície apresenta
pequenas rugosidades em virtude da superfície ser policristalina. De acordo com o
fabricante, a rugosidade dia é de 50 Å. De acordo com as imagens obtidas por
MFA, a rugosidade média desta superfície é de aproximadamente 150 Å. A
presença dessas nanorugosidades devem favorecer a nucleação heterogênea e a
adesão dos cristais de CaCO
3
sobre a superfície polida de ouro que recobre o
sensor piezoelétrico.
Figura 33 – Imagens da superfície recoberta com ouro polido do cristal de quartzo, obtidas por
microscopia de força atômica.
400nm
200nm
120nm
82
5
55
5.4.
.4..4.
.4.4
44
4. Microscopia eletrônica de varredura
. Microscopia eletrônica de varredura. Microscopia eletrônica de varredura
. Microscopia eletrônica de varredura
A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) fornece informações
morfológicas e topográficas das superfícies de sólidos e é largamente utilizada nos
campos da biologia, da física e da química.
A MEV é uma técnica análoga à microscopia de luz refletida. Enquanto o
microscópio de luz refletida forma uma imagem a partir da reflexão de luz de uma
superfície, a MEV usa elétrons para formar a imagem. Os diferentes comprimentos
de onda dessas fontes de radiação resultam em diferentes resoluções: elétrons têm
um comprimento de onda muito menor do que tons de luz; e menores
comprimentos de onda são capazes de gerar informações com resolução mais alta.
Maior resolução permite trabalhar com maiores aumentos sem perder a qualidade
da imagem. O aumento máximo de um microscópio ótico é da ordem de 2000 vezes.
Este limite máximo de aumento é função do comprimento de onda da luz visível,
2000 Å, que é igual à máxima resolução dos microscópios óticos convencionais. Em
comparação, o comprimento de onda dos elétrons é de 0,5 Å, e, teoricamente, o
aumento ximo conseguido nos instrumentos de microscopia eletrônica é de
800000 vezes (Gabriel, 1985).
Irradiando a superfície da amostra em análise com um feixe de elétrons, vários tipos
de sinais de saída são produzidos neste processo, incluindo elétrons
retroespalhados, secundários e Auger, fótons de fluorescência de raios-X e demais
radiações. Os elétrons retroespalhados e secundários servem de base para a MEV.
A energia do feixe eletrônico nesses equipamentos pode atingir de 1 a 30 keV e a
seleção da voltagem de aceleração dos elétrons depende do tipo de amostra e da
informação requerida na análise (Wells, 1974).
Os elétrons secundários o produzidos como resultado de interações entre os
elétrons energéticos do feixe e os elétrons de condução fracamente ligados ao
sólido, o que leva à ejeção desses últimos elétrons com alguns poucos elétrons-volt
de energia. Alguns dos elétrons do feixe proveniente do canhão do MEV
eventualmente perdem energia por colisões inelásticas e permanecem dentro dos
sólidos, enquanto que a maioria dos elétrons sofre numerosas colisões e saem da
superfície como elétrons retroespalhados (Skoog et al. 2002). Os elétrons
83
secundários possuem energia menor que 50 eV, enquanto que os elétrons
retroespalhados são mais energéticos. Contudo, a imagem fornecida pelos elétrons
secundários é de alta definição, em virtude desses elétrons terem sido produzidos
por um feixe eletrônico que atingiu camadas mais internas da amostra (Wells, 1974).
Um detector sensível à energia dos elétrons é responsável pela geração da imagem
em um tubo de raios catódicos. O brilho em um ponto da amostra dependerá da
intensidade do sinal detectado, e a imagem da superfície da amostra é então
construída na tela de um tubo de raios catódicos ponto por ponto, em tons de cinza
e branco (Wells, 1974).
A superfície do cristal rugoso não foi estudada por MFA, em virtude de as
rugosidades serem de dimensões muito elevadas e impossibilitarem uma varredura
bem efetiva. Conforme pode ser observado na imagem obtida por microscopia
eletrônica de varredura, Figura 34, as rugosidades possuem grandes dimensões.
Era esperado que tais rugosidades potencializassem o processo de adesão de
carbonato de cálcio sobre a superfície metálica do cristal de quartzo. No entanto, a
metodologia empregando a precipitação espontânea em condições estáticas indicou
que a presença de rugosidades nessas dimensões não potencializam a adesão de
CaCO
3
, por motivos já discutidos no item 5.4.2.
Figura 34 Imagem da superfície metálica do ouro rugoso que recobre o cristal de quartzo por
microscopia eletrônica de varredura contendo cristalitos de CaCO
3
aderidos.
84
5.5. Caracterização dos depósitos
5.5. Caracterização dos depósitos 5.5. Caracterização dos depósitos
5.5. Caracterização dos depósitos
Os cristalitos de CaCO
3
aderidos sobre as superfícies metálicas foram
caracterizados por microscopia eletrônica de varredura (MEV), para avaliação de
sua morfologia. A composição química qualitativa de alguns cristalitos foi
determinada através de microanálise de raios-X por energia dispersiva (EDS). A
difração de raios-X foi utilizada para determinar as fases cristalinas de CaCO
3
presentes nos depósitos obtidos na presença e na ausência de inibidor de
incrustação.
5.5.
5.5.5.5.
5.5.1
11
1. Microscopia eletrônica de varredura
. Microscopia eletrônica de varredura. Microscopia eletrônica de varredura
. Microscopia eletrônica de varredura
Os estudos das fases e hábitos cristalinos de depósitos gerados sobre superfícies
metálicas em diferentes condições são valiosos para a compreensão do mecanismo
de formação, inibição e dissolução das incrustações inorgânicas (Morizot et al.,
2002; Risthaus et al., 2001).
Através da microscopia, é possível estudar o processo
de nucleação heterogênea e avaliar a influência de variáveis tais como o tempo, a
temperatura, a rugosidade da superfície e a presença de inibidores.
Os depósitos de carbonato de cálcio obtidos pela adesão espontânea foram
caracterizados através da MEV. Como pode ser notado na Figura 35 (a-d), vários
polimorfos de carbonato de cálcio aderiram sobre a superfície metálica recoberta
com ouro do cristal de quartzo nas condições de teste (RS 1000, 25°C, 3 horas de
reação). Na Figura 35(a) consegue-se distinguir três polimorfos do CaCO
3
:
possivelmente, o cristal com formato cúbico corresponde à calcita, o cristal em forma
de agulhas corresponde à aragonita e o cristal com formato esférico, à vaterita.
nas Figuras 35(b-c), verifica-se a presença de calcita e vaterita. Na Figura 35 (d),
podemos verificar que os cristais de CaCO
3
estão bem dispersos sobre a superfície
metálica, fato imprescindível para a confiabilidade da equação de Sauerbrey.
85
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 35 Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro, obtidas por microscopia
eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons= 20 keV, (a-c) 2000 X de aumento, (d)
– 1000X de aumento, RS=1000, 3 horas de reação, 25°C.
Para avaliar a influência do inibidor químico de incrustação à base de DETPMP
sobre o hábito cristalino do carbonato de cálcio, foram obtidas imagens por MEV. Os
depósitos foram gerados sobre a superfície recoberta com ouro dos cristais
piezoelétricos em sistemas precipitantes com RS 300 e RS 1000, durante 3 horas, a
25°C, na ausência e na presença de inibidor de incr ustação.
Como pode ser verificado na Figura 36, as imagens dos cristais obtidos com
ampliação de 1000 vezes mostram claramente a presença de cristais cúbicos,
possivelmente a fase mais estável, a calcita. A dimensão desses cristais é bem
reduzida, próximo de 10
µm de largura. Com a adição de 125 ppb de inibidor, a
população de cristais torna-se menor, contudo os cristais tornam-se maiores e com
86
hábito cristalino não usual para cristalitos de CaCO
3
. A razão pela qual os cristais
tornam-se maiores relaciona-se ao poder de inibição da nucleação do aditivo à base
de DETPMP. Como são gerados menos núcleos na presença do inibidor, os cristais
pré-existentes são os preferíveis para crescerem, formando então cristais grandes.
O fato de o cristal apresentar hábito cristalino fora dos padrões das três fases
cristalinas do CaCO
3
se dá em virtude do poder que o DETPMP tem para inibir o
crescimento de cristais. As moléculas do aditivo químico adsorvem sobre a
superfície do cristal formado, diminuindo o número de sítios de crescimento. O
cristal cresce então nas direções onde não há inibidor adsorvido, distorcendo
completamente a forma dos cristais de carbonato de cálcio.
As mesmas observações feitas para os depósitos gerados a partir do sistema
precipitante com RS 300, em relação ao tamanho e forma dos cristais, valem para
os depósitos gerados a partir da razão de supersaturação 1000, conforme a Figura
37.
Aumento 50 vezes 300 vezes 1000 vezes
Sem
adição de
inibidor
125 ppb
inibidor
Figura 36 Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro, obtidas por microscopia
eletrônica de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons= 10 keV, RS=300, 3 horas de reação,
25°C.
87
Aumento 50 vezes 300 vezes 1000 vezes
Sem
adição de
inibidor
0,5 ppm
inibidor
1,0 ppm
inibidor
Figura 37 – Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica do ouro obtidas por microscopia eletrônica
de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons= 10 keV, RS=1000, 3 horas de reação, 25°C.
Na Figura 38, são apresentadas imagens por MEV dos depósitos obtidos sobre a
superfície de aço inox em sistema precipitante com RS 5600, durante 24 horas a
25°C, na ausência e na presença de inibidor de incr ustação. Assim como nas
Figuras 36 e 37, pode-se verificar que, na ausência de inibidor de incrustação, a
forma cúbica da calcita é predominante, certamente em virtude do elevado tempo de
reação, que permite que as fases metaestáveis aragonita e calcita se redissolvam e
precipitem como calcita. Outros fatos que também foram observados nas duas
figuras anteriores relacionam-se ao tamanho e forma dos cristalitos na presença de
inibidor de incrustação. Em relação à forma dos cristalitos, três observações são
importantes: a morfologia dos cristais adquire hábitos incomuns ao CaCO
3
; a
presença de cristalitos esféricos indica a possível estabilização por parte do inibidor
de incrustação da fase metaestável e mais solúvel vaterita; e, por fim, é visivelmente
notada a presença massiva de defeitos cristalinos nas superfícies dos cristais de
CaCO
3
, mostrando que o inibidor atua nas superfícies dos cristais em crescimento.
Em relação ao tamanho dos cristalitos, verifica-se que a presença de inibidor permite
88
que os cristais adquiram tamanhos maiores comparado ao sistema sem adição de
inibidor.
Aumento 300 vezes 500 vezes 1000 vezes
Sem
adição de
inibidor
1,0 ppm
inibidor
2,0 ppm
inibidor
3,0 ppm
inibidor
Figura 38Imagens de CaCO
3
sobre a superfície metálica de aço, obtidas por microscopia eletrônica
de varredura. Voltagem de aceleração dos elétrons= 20 keV, RS=5600, 24 horas de reação, 25°C.
5.5.
5.5.5.5.
5.5.2
22
2. A
. A. A
. Análise de raios
nálise de raiosnálise de raios
nálise de raios-
--
-X por energia dispersiva
X por energia dispersivaX por energia dispersiva
X por energia dispersiva
O microscópio eletrônico de varredura frequentemente é equipado com um
espectrômetro capaz de detectar raios-X emitidos por um átomo durante a excitação
pelo canhão de elétrons. Estes raios-X possuem energia e comprimento de onda
característicos, dependentes do número atômico da espécie, que, quando medidos,
revelam a composição elementar da amostra. A habilidade da microscopia eletrônica
de varredura (MEV) de combinar informações da morfologia superficial com a
89
microanálise de raios-X é única e muito valiosa para os estudos de química de
superfícies (Wells, 1974).
A espectroscopia de energia dispersiva (EDS), técnica que envolve a detecção da
energia dos raios-X emitidos pelas espécies da superfície da amostra, é o todo
de microanálise de raios-X mais utilizado em conjunto com a MEV. A origem dos
raios-X ocorre quando o feixe eletrônico proveniente do MEV excita os elétrons das
camadas eletrônicas mais internas dos átomos da superfície. Essa excitação pode
ter como conseqüência a ejeção de um desses elétrons das camadas internas,
deixando uma vacância nessa camada, que prontamente é preenchida por um
elétron da camada posterior, emitindo raios-X de energia igual à diferença entre os
níveis de energia dos dois orbitais envolvidos nesse processo (Gabriel, 1985).
Com o intuito de mostrar que os polimorfos cúbicos, esféricos e em formato de
agulhas são constituídos de CaCO
3
, foi realizada análise de raios-X de energia
dispersiva (EDS) sobre os cristais que apresentaram as três formas habituais do
CaCO
3
. Os espectros obtidos (Figura 39 a-b) indicam que a composição química dos
cristalitos é à base de Ca, C e O, confirmando que sua composição é CaCO
3
.
(a) (b)
Figura 39 – Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) dos cristalitos de (a) vaterita e
aragonita e (b) calcita. Voltagem de aceleração dos elétrons= 20 keV, RS 1000, 3 horas de reação,
25°C.
90
Alguns cristalitos com morfologia não usual para o CaCO
3
, obtidos em sistemas
precipitantes com aplicação de inibidor de incrustação, foram avaliados por EDS
(Figuras 40-42). Em todos os espectros foi constatada que a composição química
dos cristalitos é CaCO
3
. Nas Figuras 41 e 42, é possível ver a linha de emissão de
raios-X do nitrogênio, provavelmente devido à presença do inibidor DETPMP
adsorvido sobre a superfície dos cristais de CaCO
3
. A molécula de DETPMP
apresenta também em sua estrutura átomos de fósforo, que deveriam aparecer em
aproximadamente 2,1 keV, porém a linha do ouro encobre essa região e não permite
constatar a presença de fósforo adsorvido sobre os cristalitos.
Figura 40 Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em sistema
precipitante RS 1000, com 1,0 ppm de inibidor, 3 horas de reação, 25°C.
Figura 41 Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em sistema
precipitante RS 300, com 125 ppb de inibidor, 3 horas de reação, 25°C.
91
Figura 42 Espectros de raios-X por energia dispersiva (EDS) de um cristalito obtido em sistema
precipitante RS 300, com 125 ppb de inibidor, 3 horas de reação, 25°C.
5.5.3
5.5.35.5.3
5.5.3. Difração de raios
. Difração de raios. Difração de raios
. Difração de raios-
--
-X
XX
X
Os raios-X, radiação eletromagnética com comprimentos de onda da ordem de 10 Å,
são gerados pelo bombardeio de um metal por elétrons de alta energia. Foram
descobertos por Röntgen em 1895. Em 1912, Max von Laue sugeriu que poderiam
ser difratados por um cristal, pois percebeu que os respectivos comprimentos de
onda eram comparáveis às separações entre os planos da rede do cristal. Walter
Friedrich e Paul Knipping foram os primeiros a confirmar as observações de von
Laue (Skoog et al., 2002).
A lei de Bragg, equação abaixo que considera a interferência construtiva do feixe de
raios-X, é usada na determinação do espaçamento entre os planos da rede do
cristal, pois a distância d pode ser facilmente calculada quando o ângulo θ de
incidência da radiação for determinado experimentalmente (Atkins, 1999):
θ
λ
sendn ..2.
=
(24)
onde n é a ordem de reflexão (n são números inteiros),
λ
o comprimento de onda do
feixe de raios-X, d o espaçamento entre os planos da rede cristalina e
θ
o ângulo de
incidência do feixe.
A difração de raios-X pelo método do é uma técnica bastante utilizada para
identificar qualitativamente e quantitativamente amostras de substâncias sólidas,
92
através da comparação das posições e intensidades das linhas de difração
apresentadas nos difratogramas com uma base de dados. Esta técnica consiste em
utilizar a amostra a ser analisada na forma de e parte da premissa que pelo
menos alguns cristalitos presentes estarão orientados de modo a cumprir a condição
de Bragg para cada conjunto de planos indicados pelo índice de Miller (hkl). Esses
cristalitos, além de estarem orientados em um plano (hkl), devem estar presentes em
uma quantidade tal que forneça um sinal de reflexão intenso (Jeffery, 1971).
Como a quantidade diminuta de massa aderida sobre o cristal de quartzo inviabiliza
a caracterização dos depósitos por difração de raios-X (DRX), utilizou-se pequenas
chapas de aço inox sobre as quais foi aderido espontaneamente CaCO
3
em um
sistema supersaturado, com RS de 5600, na ausência e na presença de 1,0, 2,0 e
3,0 ppm de inibidor de incrustação. O valor da RS igual a 5600 foi selecionado em
virtude de fornecer uma boa quantidade de massa, em 24 horas de reação,
suficiente para realizar a análise de DRX. Os resultados obtidos através dos estudos
de difração de raios-X (Figura 43) permitiram verificar que, na ausência de inibidor, a
fase calcita predomina sobre as demais, aragonita e vaterita. À medida que é
dosado mais inibidor de incrustação à base de DETPMP, os picos correspondentes
à calcita perdem intensidade, e os picos da vaterita começam a aparecer em meio à
calcita. Na presença de 3,0 ppm de inibidor, o pico corresponde à calcita (104)
atinge a menor intensidade quando comparado aos demais difratogramas, enquanto
que o pico da vaterita (112) atinge a maior intensidade. Através da observação dos
difratogramas apresentados na Figura 43, indicação de que o inibidor estabiliza a
fase metaestável vaterita, mais solúvel e mais instável em solução do que a calcita.
Os picos de difração característicos avaliados foram: 2θ = 29,4°, 27° e 26, [calcita
(114), vaterita (112) e aragonita (111) respectivamente].
Em virtude do elevado tempo de reação, a fase metaestável aragonita, que é uma
fase estável em ambientes com altas pressões, não aparece nos difratogramas. A
ausência da fase aragonita é explicada através do Envelhecimento de Ostwald,
processo em que partículas mais instáveis tendem a se dissolver com o tempo e
crescerem como partículas menos solúveis. O fato da inexistência da fase aragonita,
fase mais estável que a vaterita, nos difratogramas da Figura 43, reforça a indicação
de que o inibidor de incrustação estabiliza a fase metaestável vaterita.
93
10 20 30 40 50 60 70
V
(114)
V
(112)
V
(110)
C(113)C(110)
C(104)
sem
inibidor
2,0 ppm
inibidor
1,0 ppm
inibidor
2θ)
3,0 ppm
inibidor
C(012)
Figura 43 Difratogramas obtidos dos depósitos de CaCO
3
aderidos sobre placas de aço inox.
RS=5600, tempo de adesão 24 horas. C = calcita, V = vaterita.
94
Capítulo IV
Capítulo IVCapítulo IV
Capítulo IV
Conclusões e
Conclusões eConclusões e
Conclusões e
Considerações
ConsideraçõesConsiderações
Considerações
F
FF
Finais
inaisinais
inais
95
6
66
6. C
. C. C
. Concl
oncloncl
onclusões
usões usões
usões
Os ensaios realizados a partir da adesão espontânea de CaCO
3
sobre a superfície
do cristal de quartzo recoberta com ouro da MCQ permitiram chegar às seguintes
conclusões:
- Os testes de adesão espontânea de CaCO
3
sobre a superfície metálica para uma
série de testes utilizando as mesmas variáveis (temperatura, tipo de superfície do
sensor piezoelétrico e razão de supersaturação fixas) mostraram pouca
repetibilidade. Os dados de tempo de indução obtidos no processo de adesão de
CaCO
3
, indicam que a etapa de nucleação heterogênea ocorre de forma caótica,
refletindo na cinética de crescimento dos cristais de CaCO
3
sobre a superfície
metálica.
- A influência da razão de supersaturação (RS) sobre a massa de CaCO
3
aderida
sobre a superfície metálica e sobre o tempo de indução é bem notada. A nucleação
e o crescimento de cristais o fortemente dependentes da razão de
supersaturação. Quanto maior a RS do sistema precipitante, maior é a quantidade
de CaCO
3
aderida sobre a superfície metálica. O tempo de indução, conforme
verificado nos testes realizados, é inversamente proporcional ao valor da RS.
- A influência potencializadora da rugosidade sobre o processo de adesão de CaCO
3
sobre a superfície recoberta com ouro não foi observada nos testes realizados. A
presença de nanorugosidades na superfície do cristal polido possivelmente
impossibilitou a comparação entre os diferentes tipos de cristais na formação de
incrustação. Pode ter contribuído para a menor adesão de CaCO
3
sobre a superfície
metálica rugosa a possibilidade da ocorrência do aprisionamento de solução aquosa
nas cavidades presentes na superfície metálica, impedindo a renovação do solvente
contendo os íons formadores de CaCO
3
, dificultando o processo de transferência de
massa.
- A maior molhabilidade da superfície potencializa a adesão de sais inorgânicos
pouco solúveis sobre superfícies metálicas.
O efeito foi mais notado para o sistema
precipitante com RS 300, em virtude possivelmente de o fator energia de barreira da
96
nucleação heterogênea impactar muito menos que a razão de supersaturação na
taxa de nucleação, para o sistema precipitante com RS 1000, de acordo com a
equação 3. A molhabilidade influencia fortemente a nucleação, conforme dados
obtidos para o tempo de indução das reações espontâneas.
- Os ensaios de inibição da adesão espontânea de CaCO
3
sobre a superfície
metálica, apesar de serem pouco repetitivos, podem indicar a eficácia de um
inibidor de incrustação. A partir dos resultados obtidos, pôde-se verificar que a
concentração mínima para total inibição (CMI) é fortemente dependente da razão de
supersaturação do sistema. Para o sistema precipitante com RS 1000, a CMI
utilizando inibidor de incrustação à base de DETPMP está entre 1,0 e 1,5 ppm de
matéria ativa do aditivo químico. para o sistema com RS 300, a concentração de
250ppb é capaz de inibir o processo de adesão nos testes de três e vinte horas de
duração.
- Através da caracterização dos cristais de CaCO
3
aderidos sobre a superfície
metálica por microscopia eletrônica de varredura, pôde-se verificar que o inibidor à
base de DETPMP atua modificando o hábito cristalino, formando cristais que não
apresentam características morfológicas da calcita, aragonita ou da vaterita. Pôde-
se notar também a diminuição do número de cristais formados à medida que se
dosava mais inibidor. Outra observação importante foi o fato de os cristais de CaCO
3
tornarem-se maiores na presença de inibidor. Essas últimas observações o um
bom indicativo que o inibidor de incrustação atua tanto na nucleação, quanto no
crescimento de cristais.
- O estudo de difração de raios-X dos cristais de CaCO
3
obtidos na ausência de
inibidor de incrustação permitiu verificar que os cristais aderidos à superfície
metálica de aço inox possuem majoritariamente a fase cristalina calcita. Na presença
de inibidor, a fase cristalina da vaterita, polimorfo metaestável, aparece em meio à
estrutura mais estável da calcita, indicando que possivelmente o inibidor estabiliza a
fase metaestável por adsorção em sua superfície.
97
7.
7. 7.
7. Próximas etapas
Próximas etapasPróximas etapas
Próximas etapas do estudo
do estudo do estudo
do estudo
Como próximas etapas do estudo, listam-se as seguintes atividades:
- Estudo da adesão espontânea de CaCO
3
utilizando a microbalança de cristal de
quartzo com uma célula de fluxo acoplada ao sensor piezoelétrico. A utilização da
célula de fluxo permitirá manter a razão de supersaturação em um valor constante
durante todo o processo de nucleação e crescimento dos cristais de CaCO
3
,
possibilitando ajustar as curvas cinéticas às equações de crescimento de cristais de
CaCO
3
. Com estas curvas, serão obtidos importantes parâmetros relativos ao
crescimento de cristais de CaCO
3
.
- Estudo da adesão induzida eletroquimicamente de CaCO
3
sobre a superfície
recoberta com ouro dos sensores piezoelétricos utilizando a microbalança
eletroquímica de cristal de quartzo (MECQ). A utilização da MECQ possibilitará
induzir os processos de nucleação e crescimento de cristais de CaCO
3
sobre a
superfície metálica dos sensores piezoelétricos, o que possibilitará controlar o
processo de crescimento desses cristais.
- Estudo da adesão induzida eletroquimicamente de CaCO
3
sobre uma superfície
recoberta com platina utilizando o eletrodo de disco rotatório. O eletrodo de disco
rotatório permitirá induzir o processo de adesão de CaCO
3
sobre uma superfície
metálica e avaliar a influência do regime de fluxo sobre o processo de adesão.
98
8
88
8. Referências B
. Referências B. Referências B
. Referências Bibliográficas
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