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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Administração e Finanças
Programa de Mestrado em Ciências Contábeis
Savana Macedo Fraulob
Controle Gerencial Em Empresas Internacionalizadas: Caso Petrobras
Uruguay Distribución
Rio de Janeiro
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2
Savana Macedo Fraulob
Controle Gerencial Em Empresas Internacionalizadas: Caso Petrobras
Uruguay Distribución
Dissertação apresentada no Programa de Mestrado
em Ciências Contábeis - requisito parcial à obtenção
do grau de Mestre em Ciências Contábeis da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de
concentração: Controle de Gestão.
Orientador: Prof. Dr. Josir Simeone Gomes
Rio de Janeiro
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca dos Serviços Compartilhados
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta tese.
_______________________________ _____________________
Assinatura Data
F845 Fraulob, Savana Macedo.
Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas: Caso
Petrobras Uruguay Distribución / Savana Macedo Fraulob. – Rio de
Janeiro, 2008.
160fls.
Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade do
Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Faculdade de Administração e Finanças
– FAF, 2008.
Orientador: Josir Simeone Gomes.
1. Controle Gerencial. 2. Internacionalização de Empresas
Dissertação. I. Gomes, Josir Simeone, Orient. II. Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Faculdade de Administração e Finanças. III. Título.
CDU 658.012.43
4
Savana Macedo Fraulob
Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas: Caso Petrobras Uruguay
Distribución
Aprovada em______________________________________________
Banca Examinadora:________________________________________
_____________________________________________
Prof. Dr. Josir Simeone Gomes (Orientador)
Faculdade de Administração e Finanças da UERJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Francisco José dos Santos Alves
Faculdade de Administração e Finanças da UERJ
_____________________________________________
Prof. Dr. José Ricardo Maia de Siqueira
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ
Rio de Janeiro
2008
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado em Ciências Contábeis da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
como requisito parcial para obtenção do Grau
de Mestre. Área de concentração: Controle
de Gestão.
5
Dedico este trabalho a Deus,
Zildenira Macedo, minha mãe e exemplo de amor,
Suzy e Halph, meus amados irmãos, e
a meus queridos amigos.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a minha família que sempre estiveram a meu lado.
Aos meus queridos amigos, que mesmo não presentes todo tempo, estiveram comigo
em pensamento, incentivando-me ao desenvolvimento desse projeto, um especial
agradecimento.
Agradeço, também, aos professores de graduação da UFF, em especial à professora
Maria de Fátima Pinel, que sempre incentivou seus alunos a estudar, e aos professores
Francisco Gomes e Manoel Severino de Jesus, por terem acreditado no meu potencial
recomendando meu currículo no processo seletivo do Mestrado.
Agradeço aos professores do Mestrado pela dedicação ao curso destacando meu
orientador Josir Simeone Gomes. Agradeço, igualmente, aos professores Francisco José e
José Ricardo que participaram da banca de defesa com valiosas contribuições.
Aos funcionários da secretaria e da biblioteca do Mestrado, meus agradecimentos pelo
carinho dispensado a todos os alunos do curso.
Meus especiais agradecimentos ao Rodrigo Valle Real e Roxana Diaz pela entrevista
concedida e apoio de revisão no capítulo de descrição do caso.
Às queridas amigas Luana, Janaína, Giselle e Aline, meu ‘muito obrigada’ pela
paciência dos inúmeros telefonemas e e-mails. Aos demais colegas da turma, desejo sucesso
na realização de outros projetos.
7
RESUMO
FRAULOB, Savana Macedo. Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas: Caso
Petrobras Uruguay Distribución
. Orientador: Josir Simeone Gomes. Rio de Janeiro:
FAF/UERJ, 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis).
Reconhecida como uma das maiores empresas do Brasil, controlada pelo governo, a
Petrobras apresenta um processo de internacionalização dividido em duas fases: (i) busca de
melhores condições contratuais para o abastecimento do mercado interno e (ii)
posicionamento mundial, segurança financeira e internacionalização da marca. Ambas as
perspectivas de atuação internacional promoveram o aproveitamento de vantagem
competitiva, ainda que sob comportamentos distintos. Diante disso, o objetivo do presente
estudo é mensurar o impacto do processo de internacionalização no sistema de controle
gerencial da unidade de estudo: Petrobras Uruguay Distribución, subsidiária no segmento de
downstream
1
e constituída em 2006 por meio de um processo de reorganização societária
decorrente da aquisição dos ativos da Shell. Para atender a este propósito, analisam-se as
possíveis alterações dos sistemas de controle gerencial e a relação existente, em termos de
proximidade e afastamento da literatura presente e o caso estudado. Para tanto, o capítulo de
revisão de literatura representa o embasamento teórico responsável pelas abordagens das
características dos sistemas de controles, identificação dos contextos influenciadores de seu
desenho e destaque para os tipos de internacionalização, nas tangentes comportamentais e
motivacionais, além de abordar as teorias de ciclo de vida organizacional. O método aplicado
no teste do referencial teórico foi o estudo exploratório com caso único, mediante a aplicação
de um questionário padronizado. As variáveis de pesquisa consubstanciaram-se no
relacionamento da literatura abordada e as questões de pesquisa e foram classificadas,
segundo a natureza, em contingentes e identificadoras. Os resultados obtidos possibilitaram
avaliar o nível do impacto do processo de internacionalização e a capacidade de
adaptabilidade da organização aos novos contextos, comprovando que o empreendimento de
novas estratégias, sejam elas internacionais ou em novos negócios, influencia o desenho do
sistema de controle gerencial que refletirá, na proporção do interesse dos gestores, num
processo de controle mais adequado à organização.
Palavras-chave: Internacionalização; Sistema de Controle Gerencial; Estratégias Globais.
1
Refino, transporte e comercialização.
8
ABSTRACT
Known as one of the biggest companies of Brazil, controlled for the government,
Petrobras presents an internationalization process’s divided in two stages: (i) searchs of better
contractual conditions for supplying domestic market; and (ii) world-wide spotting, financial
security and internationalization of the mark. Both perspectives of international performance
had promoted the advantage competitiveness, even tough under distinct behaviours. The
objective of this study is to measure the impact of the internationalization’s process on the
management control system of the leading: Petrobras Uruguay Distribución, subsidiary in the
downstream segment and created in 2006 by a process of sould reorganization in face of the
acquisition of Shell’s assets. To answer to this purpose, was analyzed the possible changes of
the management control system and the existing relationships, in terms of closeness and
distance of this literature and the study. Therefore, the chapter of literature’s revision
represents theoretical basement which is responsible for the approaching the characteristics of
the controls systems, identification of the contexts that influence of this design and
prominence for the types of internationalization, on the behaviours and motivational aspects,
besides approaching the theories of corporate life cycle. The method applied in the test of the
review of literature was the exploratory case’s study approaching an unique case, by the
application of a standard questionnaire. The research variables a related to the relationship of
the literature and the questions of research, witch were classified, according its nature, in
contingents and identifiers. The results obtained made possible to evaluate the level of the
impact of internationalization process and the capacity of adaptation of organization to the
new contexts, proving that the use of new strategies, international or new businesses,
influence the design of the management control systems that it will reflect, in the ratio of the
managers’ interest, a control process more adjusted to the organization.
Keywords: Internationalization; Management Control Systems; Global Strategies.
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Perspectivas de controle.......................................................................................
21
Quadro 2: Características de um sistema de controle em função da estratégia.........................
31
Quadro 3: Sistema de controle em função da estrutura...........................................................
36
Quadro 4: Desenho de um sistema de controle em função do grau de centralização................
37
Quadro 5: Resumo dos Centros de Responsabilidade............................................................
39
Quadro 6: Resumo das abordagens de Preço de Transferência..............................................
40
Quadro 7: Caracterização de alguns elementos acerca das perspectivas.................................
61
Quadro 8: Algumas empresas brasileiras com experiências internacionais...............................
90
Quadro 9: Estágios do Ciclo de Vida....................................................................................
94
Quadro 10: Variáveis Contingentes.......................................................................................
109
Quadro 11: Variáveis Identificadoras....................................................................................
110
Quadro 12: Análise das Variáveis Contingentes Conforme Dados Coletados.........................
125
Quadro 13: Características da Petrobras Uruguay Distribución..............................................
128
Quadro 14: Análise das Variáveis Identificadoras conforme Dados Coletados........................
130
Quadro 15: Identificação do Estágio da Vida Organizacional ................................................
134
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Os Modelos de Aculturação mais apropriados...........................................................
49
Figura 2: Comportamento da organização no ambiente internacional.........................................
70
Figura 3: Estratégia Global.......................................................................................................
73
Figura 4: Escolha do parceiro da joint venture.......................................................................
77
Figura 5: Diversos tipos de combinação estratégica..................................................................
78
Figura 6: Ranking das vinte maiores multinacionais brasileiras com investimento no
exterior....................................................................................................................................
88
Figura 7: Índices de Regionalidade.........................................................................................
89
Figura 8: Fatores contingentes ao desenho do sistema de controle gerencial..............................
99
Figura 9: Ciclo Científico..........................................................................................................
106
Figura 10: Mapa de Atuação da Petrobras..............................................................................
115
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 14
CONTEXTUALIZAÇÃO 15
R
ELEVÂNCIA DO ESTUDO 17
O
BJETIVO 18
E
STRUTURA DO TRABALHO 18
1
REVISÃO DA LITERATURA 20
1.1 SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL 20
1.1.1 DEFINIÇÃO DE CONTROLE 20
1.1.2 O
RIGENS DO ESTUDO DO CONTROLE GERENCIAL 22
1.1.3 P
ERSPECTIVAS DE CONTROLE DE GESTÃO 23
1.1.3.1 Perspectiva Racional 23
1.1.3.2 Perspectiva Psicossocial do Controle 24
1.1.3.3 Perspectiva Cultural do Controle 25
1.1.3.4 Perspectiva Estratégica do Controle 26
1.2 SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL CARACTERÍSTICAS 26
1.2.1 VINCULAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL À ESTRATÉGIA 29
1.2.2 V
INCULAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL À ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 33
1.2.2.1 Formalização da Estrutura 33
1.2.2.1.1 Controle Familiar 34
1.2.2.1.2 Controle Burocrático 34
1.2.2.1.3 Controle por Resultados 35
1.2.2.1.4 Controle Ad-Hoc 35
1.2.2.2 Tipo de Estrutura 36
1.2.2.3 Descentralização, Centros de Responsabilidade e Preço de Transferência 36
1.2.2.3.1 Centros de Responsabilidades 37
1.2.2.3.2 Preços de Transferência 39
1.2.3 V
INCULAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL À CULTURA 41
1.2.3.1 Origens do Estudo da Cultura 41
1.2.3.2 Conceitos de Cultura 42
1.2.3.3 Cultura nacional – problema das fronteiras 44
1.2.3.4 Cultura Organizacional 46
1.2.3.5 Cultura e Controle 49
1.2.4 V
INCULAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL AO CONTEXTO HUMANO 52
1.3 PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DO ESTUDO DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL 53
1.3.1 O AMBIENTE E A ADAPTAÇÃO ORGANIZACIONAL 55
1.3.1.1 Determinismo versus Voluntarismo 55
1.3.1.2 Perspectiva da Dependência de Recursos 56
1.3.1.3 Perspectiva da Contingência 57
1.3.1.4 Perspectiva Institucional 58
1.3.1.5 Quadro Comparativo das Perspectivas 61
1.4 FERRAMENTAS DO SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL 63
1.4.1 ORÇAMENTO 63
1.4.2 EVA 64
1.4.3 B
ALANCED SCORECARD (BSC) 64
12
1.5 TEORIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO E ESTRATÉGIA GLOBAL DE INVESTIMENTO
ESTRANGEIRO 66
1.5.1 TEORIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO 66
1.5.1.1 Teoria Econômica 67
1.5.1.2 Teoria Comportamental 69
1.5.2 E
STRATÉGIA GLOBAL DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO 71
1.5.2.1 Como investir? 74
1.5.2.2 Estratégias de Aquisição de Empresas 79
1.5.2.2.1 Intenção de Compra 80
1.5.2.2.2 Due Diligence 81
1.5.2.2.3 Negociação 81
1.5.2.2.4 Integração 82
1.6 CONTROLE GERENCIAL EM EMPRESAS INTERNACIONALIZADAS 83
1.7 E
XPERIÊNCIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS EM UM CONTEXTO
GLOBALIZADO 86
1.7.1 RANKING DE INTERNACIONALIZAÇÃO 86
1.7.2 E
MPRESAS BRASILEIRAS INTERNACIONALIZADAS: CASOS PESQUISADOS 89
1.8 CICLO DE VIDA DAS ORGANIZAÇÕES 91
1.9 P
LANO DE REFERÊNCIA 96
2
METODOLOGIA 100
2.1 INTRODUÇÃO 100
2.2 F
ORMULAÇÃO DO PROBLEMA 100
2.3 U
NIDADE DE ANÁLISE E ESCOLHA DO CASO 101
2.4 M
ÉTODOS DE COLETA DE DADOS 102
2.5 M
ÉTODO DE ANÁLISE DOS DADOS 103
2.6 V
ARIÁVEIS DE PESQUISA 105
2.6.1 AS VARIÁVEIS NO “UNIVERSO DA CIÊNCIA. 105
2.6.2 D
EFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PESQUISA 107
2.6.3 A
PRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PESQUISA 108
2.6.3.1 Variáveis contingentes ao desenho do sistema de controle gerencial 108
2.6.3.2 Variáveis identificadoras 109
2.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO 111
3
DESCRIÇÃO DO CASO 112
3.1 PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA PETROBRAS 112
3.1.1 PETROBRAS NO SÉCULO XXI 115
3.1.2 I
NAUGURAÇÃO DO SEGMENTO DE DOWNSTREAM NOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 116
3.2 A PETROBRAS NO URUGUAI 117
3.3 S
ISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL 119
3.3.1 SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL NO CONE SUL 119
4 ANÁLISE DOS DADOS 124
4.1 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS CONTINGENTES 124
4.2 A
NÁLISE DAS VARIÁVEIS IDENTIFICADORAS 130
5
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE PESQUISA 135
13
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE PESQUISA 137
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 137
6.2 S
UGESTÃO PARA FUTURAS PESQUISAS 141
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 142
ANEXO I – ROTEIRO DE ENTREVISTA 157
14
INTRODUÇÃO
O conceito de controle gerencial discutido pela maioria dos profissionais em
organizações com ou sem fins lucrativos é abordado como um sistema que controla o
gerenciamento de processos, pessoas e projetos. Mas se o tema fosse discutido sob uma
vertente inversa: o gerenciamento do controle? Se, no lugar de controlar e mensurar o
andamento dos processos na avaliação de ativos (tangíveis e intangíveis), o objetivo focasse,
adicionalmente, em melhor dirigir o controle desses processos de maneira a dar forma aos
estudos e métodos científicos sobre as organizações?
Gerenciar um controle significa, inicialmente, aceitar a preexistência de um sistema,
formalizado ou não. Sua abordagem pressupõe o ato de analisar a fundamentação de um
sistema de controle julgando o “instrumento” e não somente a “instrumentação”.
Maior amplitude pode ser dada em metodologias de avaliação dos sistemas, pois não
existe restrição quanto a seu uso, tampouco quanto a seu conhecimento.
O tema “controle de gestão” ou “controle gerencial”, em verdade, tem assumido as
duas funções. A amplitude de seu estudo ultrapassa o objeto de avaliação e julga sua estrutura
estabelecida para determinado objetivo e ambiente. A análise recai concomitantemente ao
objeto de análise, no desenho do sistema de controle gerencial e as variáveis contingentes a
sua modelagem.
Diversos estudos têm endossado o sistema de controle gerencial não apenas em sua
posição ativa, no tocante a sua função de controlar, mas, também, em sua posição passiva,
configurado como agente receptor das variáveis ambientais internas e externas.
O fato é que o tema controle seja ele na perspectiva ativa ou passiva de gestão, é um
dos assuntos mais abordados atualmente. Sua participação em anais, publicações em revistas e
estudos internos tem aumentado vertiginosamente.
Seu campo de estudo evolui para além de uma disciplina contábil-administrativa. A
interdisciplinaridade ganha força nesses estudos, uma vez que os contextos sociais e humanos
interferem cada vez mais na continuidade organizacional.
No tocante ao escopo desse estudo, o contexto que ditará o desenvolvimento do
sistema de controle gerencial será o internacional. Os agentes influenciadores da configuração
de um sistema apropriado a novos horizontes serão abordados nesse trabalho. No entanto, não
obstante o foco organizacional vestir-se de anseios internacionais, concorda-se que as
15
perspectivas que modelam um sistema são as mesmas que em uma empresa doméstica. A
ênfase ou afinação das “cordas” é que será diferente.
Contextualização
Após o término da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos eram o único país,
dentro os mais desenvolvidos, que não havia tido conseqüências devastadoras; muito pelo
contrário, no decorrer da guerra, o país tinha duplicado seu poder, passando a influenciar
outros países (STONER & FREEMAN, 1982).
Assim, muitas companhias norte-americanas começaram a investir diretamente em
indústrias primárias estrangeiras. A formação de multinacionais tinha o intuito de apenas
aproveitar os recursos que outros países podiam oferecer; o resto do mundo era visto como
matéria-prima e mercados secundários.
Entretanto, apesar de ter sido o precursor no aproveitamento das vantagens em
operações internacionais, sua presença, anos mais tarde, começou a sofrer abalos de outros
países, principalmente do Japão e de alguns países da Europa.
No final dos anos 60, as empresas da Europa Ocidental começaram o contra-ataque,
particularmente em indústrias químicas e de equipamentos elétricos, estabelecendo e
adquirindo subsidiárias nos EUA.
As
tranding companies2 do Japão, durante os anos 80, “tentaram neutralizar a
legislação protecionista que impediria seu acesso ao mercado americano” (STONER &
FREEMAN, 1982).
Com o intuito de minimizar os custos de produção, as firmas japonesas e norte-
americanas passaram a investir em países menos desenvolvidos.
Nesse sentido, Stoner e Freeman (1982) destacam alguns motivos que nortearam os
interesses em investimentos externos e que podem abranger desde a procura por recursos mais
baratos até o alcance de melhores retornos sobre os investimentos mediante conquista de
novos mercados em um processo de posicionamento e internacionalização da marca.
2
Companhias especializadas em exportação.
16
Com vistas a reduzir risco de qualquer empreendimento, diversas variáveis devem ser
consideradas. Os padrões estrangeiros de crescimento econômico, investimento e inflação, são
destacados nas variáveis econômicas.
O risco político conhecido como a possibilidade de mudanças políticas que possam
afetar as operações das empresas em ambientes estrangeiros, é um dos fatores a serem
considerados quando do estabelecimento de contratos seguidos ou não de instalações físicas.
Nesse contexto, hão de ser avaliadas a eficácia e a estabilidade política, assim como a
burocracia governamental (STONER & FREEMAN, 1982).
Assim, não apenas as estratégias de entrada em outros países devem ser consideradas;
o gerenciamento decorrente das decisões preliminares precisa espelhar o objetivo e o grau de
afastamento e aproximação dos sistemas de controle com a empresa de origem.
Desse modo, não obstante sejam necessários os levantamentos das variáveis políticas,
sociais, econômicas e tecnológicas, o tipo de negócio a ser empregado e a utilização dos
recursos nacionais, no país estrangeiro deve compor o dossiê de avaliação de empregabilidade
de um ou outro sistema de controle gerencial.
Mormente em instituições internacionalizadas, os sistemas gerenciais são mais
flexíveis em termos de emolduramento à nova demanda. O controle burocrático, conhecido
como a aplicação de regras e procedimentos pré-estabelecidos e impassíveis de mudanças,
tem sido substituído pelo chamado controle cultural, quando da utilização de um
direcionamento implícito baseado na cultura da empresa. Essa abordagem constitui na
flexibilização do controle gerencial frente às novas culturas e comportamentos locais. O
método de controle, portanto, será, de certa forma e na medida do possível, ajustado ao novo
ambiente (GOMES & SALAS, 2001).
Nesse sentido, as práticas de administração etnocêntrica, baseada na suposição de que
as práticas do país de origem são superiores e devem ser exportadas, estão, forçosamente,
alterando-se para práticas mais policêntricas, fincadas na confiança de que os escritórios
estrangeiros, ou geocêntricas, onde não importam as nacionalidades dos sistemas, os mais
eficazes devem ser adotados (PERMUTTER & HEENAN, 1979).
É nesse contexto, portanto, que são desenvolvidas ferramentas de controle e
acompanhamento de desempenho sob condições cada vez mais distintas principalmente
quando se trata de atividades internacionais.
17
Relevância do Estudo
A escolha pelo tema será abordada sob duas vertentes: relevância do tema e
oportunidade.
No tocante à importância do tema, o desenvolvimento foi efetuado com o intuito de
contribuir para o alcance de, pelo menos, dois objetivos relevantes: relatar o processo de
internacionalização de uma das maiores empresas do Brasil, no enfoque de uma unidade de
controle descentralizado; e contribuir para literatura com um caso de estudo comparativo com
as proposições teóricas encontradas.
O desenvolvimento de um estudo comparativo com a literatura e o caso específico
auxilia o entendimento de como são desenhados os processos de controles em negócios
geograficamente afastados e relacionados a atividades não-familiarizadas com a gestão
tradicional. Antevendo essas duas situações, ou seja, o sistema de controle em unidades
internacionalizadas e o confronto entre o sistema tradicional e o emergente, é que justificou o
estudo de investigação sistemática de forma a explicar as características dos sistemas de
controle gerenciais existentes.
Em resumo, a relevância do tema está justificada nos seguintes aspectos:
(i) Identificação dos elementos contingentes ao desenho do sistema de controle;
(ii) Entendimento de como esses elementos podem afetar o processo de
internacionalização;
(iii) Compreensão das mudanças estratégicas em face de dois fatores: atingimento da
auto-suficiência e abertura do mercado.
O segundo tópico que influenciou a escolha do tema foi no quesito “oportunidade”.
Empregada da subsidiária Petrobras Distribuidora S.A., a dissertação foi a oportunidade de
estudar um tema dentro do Sistema Petrobras. Ao objetivar comparar a realidade com a
construção teórica dos círculos científicos, a empresa demonstra possuir campo fértil para
estudos.
18
Objetivo
A objetivação do presente estudo será dividida em objetivo geral e recursos utilizados
para o seu alcance, que serão denominados de objetivos específicos.
O foco do trabalho, ou objetivo geral, é mensurar o impacto do processo de
internacionalização no sistema de controle gerencial da unidade de estudo: Petrobras Uruguay
Distribución, subsidiária no segmento de
downstream
3
e constituída em 2006 por meio de um
processo de reorganização societária decorrente da aquisição dos ativos da Shell.
Desse modo, o quadro de referência retrospectiva e atual do controle gerencial baseia-
se no comportamento motivacional de análises dos sistemas dentro de uma visão
contingencial. No rol de objetivos específicos, portanto, destacam-se os seguintes:
(i) Identificação dos contextos em que está inserida a organização;
(ii) Identificação das conjecturas estratégicas que, consoante alcance de metas,
transformou a visão e o comportamento em ambiente internacional;
(iii) Destaque e relacionamento dos elementos contingentes ao desenho do sistema de
controle gerencial; e
(iv) Identificação do estágio de ciclo de vida organizacional.
Estrutura do Trabalho
Este trabalho está estruturado em oito capítulos e um anexo dispostos a seguir com
breves abordagens.
Capítulo 1: INTRODUÇÃO. Neste capítulo, descreve-se uma breve introdução à
discussão do tema, importância revelada na contextualização e relevância do estudo, além de
destacar objetivos gerais e específicos que auxiliarão na definição das questões de pesquisa
em capítulo futuro.
Capítulo 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: Esse capítulo é destinado à apresentação
da literatura abrangente sobre o Sistema de Controle Gerencial em retrospectivas e
3
Refino, transporte e comercialização.
19
contemporâneas discussões. Fundamenta a identificação das variáveis e posterior análise dos
dados.
Capítulo 3: METODOLOGIA: Os tipos de pesquisa, de coleta e análise de dados bem
como a identificação das variáveis e o estabelecimento de proposições e perguntas do
questionário agrupam-se no que é denominado de método da pesquisa. A metodologia nada
mais é do que orientação da pesquisa desenvolvida.
Capítulo 4: DESCRIÇÃO DO CASO: Nesse capítulo é feita a explanação do caso
delimitado no capítulo anterior. São abordados características e momentos históricos
importantes para a análise dos dados. Esse espaço é dedicado para a utilização dos dados
coletados nos métodos propostos.
Capítulo 5: ANÁLISE DOS DADOS: Esse espaço é utilizado para o confronto entre
as variáveis de pesquisa e os dados coletados. A análise consubstancia-se a partir do quadro
referencial construído para a identificação das variáveis e posterior verificação de
relacionamento com o caso.
Capítulo 6: RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DA PESQUISA: As questões colocadas no
capítulo 3 são respondidas com base na análise efetuada no capítulo de “Análise dos Dados”.
Capítulo 7: CONCLUSÃO: A fase final de elaboração textual fecha o pequeno ciclo
científico do estudo com elucidações conclusivas e sugestões para pesquisas futuras.
Capítulo 8: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Disposição das referências
utilizadas na construção do pensamento teórico da dissertação.
Anexo I: ROTEIRO DE ENTREVISTA.
20
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Sistema de Controle Gerencial
1.1.1 Definição de Controle
O controle, pela sua denominação, enuncia o exercício da autoridade sobre fato
específico a fim de averiguar os resultados obtidos e implantar fatores corretivos, caso ocorra
o afastamento dos padrões (QUEIROZ apud ANDRZEJEVSKI, 2004).
No início do século XX, são encontradas referências sobre o controle em trabalhos de
Taylor (1906), Emerson (1912), Church (1914) e Fayol (1916), os quais, em sua maioria,
apostavam em sua definição como processo de verificação do andamento das atividades.
Prova disso, é a comparação das ferramentas do controle com os comportamentos militares
feito por Fayol (1916): prever, organizar, mandar, coordenar e controlar.
A fórmula do controle era a padronização das atividades, de forma que pudesse ser
utilizada em qualquer organização. O conceito de controle, portanto, surgiu do
enquadramento do homem como item do processo produtivo e da conseqüente necessidade do
acompanhamento de seu comportamento mapeando suas ações e estabelecendo padrões que
pudessem ser avaliados posteriormente. O processo de avaliação de desempenho, por
conseguinte, surge nessa fase em seu estado mais bruto, ou seja, o controle era a
instrumentação de avaliação do empregado em sua atividade fornecendo subsídios para a
avaliação de desempenho provida de caráter punitivo (GOMES, 2006).
O sociólogo alemão Max Weber (GOMES & SALAS, 2001), contribui para o estudo
do controle ao distinguir três tipos de poder: (i) autoridade carismática; (ii) tradição e
antiguidade, e (iii) burocracia.
Anthony e Govindarajan (2002), destacam o processo de controle especificando-o em
quatro fatores:
a) Detectores;
b) Avaliadores;
c) Executantes;
d) Rede de comunicação.
O processo de controle inicia-se na detecção do problema, ou desvio, podendo ocorrer
de forma mecânica ou necessitar da interferência humana, quanto maior for o enfoque
21
gerencial. Em processos de controle mais simples, não necessidade da ação humana na
identificação de desvios, uma vez que o instrumento de controle o faz automaticamente.
Os instrumentos avaliadores quando do levantamento do desvio ocorrido, classifica-os
conforme o grau de variância.
Adicionalmente, destaca-se o fator executor, cuja função corresponde à correção dos
desvios. A função executante será tão mais automática quanto mais operacional for o objeto
de controle.
Por fim, a rede de comunicação existente entre os fatores do processo de controle é
necessária para a interface das informações precisas para o desenvolvimento de suas funções.
Entretanto, Reeves e Woodward apud Gomes (1983), expressam que na literatura
referente ao comportamento organizacional, o termo controle tem sido confundido com o
dirigir. No entanto, “controle” sob a definição do dicionário Aurélio (2008) significa
“fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas, órgãos, departamentos, ou sobre
produtos, etc., para que tais atividades, ou produtos, não se desviem das normas
preestabelecidas”. Ou seja, tem por fim assegurar que as atividades produzam resultados
satisfatórios, condizentes com os padrões estabelecidos. dirigir tem por função comandar,
conduzir, orientar (AURÉLIO, 2008.).
Gomes e Amat (2001) na obra “Controle de Gestão”, relaciona o conceito de controle
a duas perspectivas: a primeira é a perspectiva limitada do uso do controle, normalmente
relacionada a aspectos financeiros de acompanhamento das atividades; a outra perspectiva
considera o contexto interno e externo à organização, amplia o foco de estudo e considera não
apenas as atividades em si, mas também a cultura, o comportamento individual, o contexto
social, a estrutura e as estratégias organizacionais.
Quadro 1: Perspectivas de controle
Aspectos Perspectiva Limitada Perspectiva Ampla
Filosofia
Controle de cima para baixo/ Controle
como sistema
Controle realizado por todos.
Controle como atitude
Ênfase Cumprimento Motivação, autocontrole
Conceito de Controle
Medição de resultado baseado na análise
de desvios e geração de relatórios.
Desenho, técnicas de gestão.
Desenvolvimento de uma
consciência estratégica orientada
para o aperfeiçoamento contínuo.
Melhora da posição competitiva
Consideração do contexto
social, organziacional e humano
Limitado. Ênfase no desenho de aspectos
técnicos. Normas gidas, padrões, valores
monetários
Amplo. Contexto social, sociedade,
cultura, emoções, valores.
Fundamento teórico Economia, Engenharia Antropologia, Sociologia, Psicologia.
Mecanismo de controle
Controle baseado no resultado da
Contabilidade de Gestão
Formal e informal. Outras variáveis,
aprendizado
Fonte: Adaptado Amat apud Gomes e Amat (2001, p. 25)
22
O controle sob a perspectiva ampla pressupõe sua realização permanente e por todos
os integrantes da organização. Seu foco, antes exclusivo aos resultados, assume a função de
um melhoramento contínuo das pessoas e dos processos.
1.1.2 Origens do Estudo do Controle Gerencial
Na escola científica de Fayol, o controle gerencial nascia em virtude da necessidade do
acompanhamento operacional das atividades, que eram desenvolvidas sob certos paradigmas
de especialização e padronização.
Taylor contribuiu no desenvolvimento dessa teoria clássica ao materializar os
preceitos científicos na experiência prática de uma firma. A gestão por eficiência produtiva
não considerava os funcionários dentro de um contexto humano; o indivíduo não era
considerado como um ser “pensante”, mas sim como uma extensão da máquina. Atividades
como as de planejamento e execução de tarefas eram descentralizadas resultando na
hierarquização bem definida, na anulação ao pensamento individual e à motivação intrínseca.
A teoria normativa e prescritiva preconizava a especialização da tarefa, a padronização
das operações e a centralização com o intuito de se obter a eficiência administrativa.
O controle exercido espelhava um contexto estável, com reduzida pressão competitiva.
Os proprietários assumiam cargos gerenciais e centralizavam as decisões. Desse modo, a
contabilidade de gestão desenvolveu-se para organizações enquadradas nessas condições, cuja
ênfase no sistema de custos justifica seu surgimento em empresas industriais.
Os sistemas de informações eram basicamente econômico-financeiro e os critérios
para a avaliação de investimentos a longo prazo não obrigava à análise contínua de
rentabilidade, uma vez que nos processos de controle, havia uma clara distinção entre o
planejamento, informação e avaliação (GOMES & SALAS, 2001).
Entretanto, em virtude das mudanças nos contextos sociais, as organizações viram-se
obrigadas a reverem seus sistemas de controle de forma a enfrentar a concorrência acirrada,
fruto de uma economia mutável.
Movimentos humanistas, surgidos a partir da década de trinta, protagonizaram a
ruptura do pensamento racionalista para perspectivas abrangentes do comportamento humano.
Elton Mayol apud Gomes e Salas (2001), efetuou pesquisas numa fábrica situada em Chicago
com o fim de avaliar as dificuldades relativas à produção sob a égide da teoria taylorista. As
23
observações alertaram para outros fatores motivacionais dos trabalhadores dando margem ao
surgimento da sociologia industrial.
Urwick (1943) reuniu as principais características do controle de gestão em dois
grupos: (i) mecânica da administração, a qual engloba a ciência da tarefa; e (ii) dinâmica da
administração, que corresponde ao ajuste do indivíduo, aos desígnios da corporação e
motivação do grupo.
Ainda correlacionando controle de gestão à análise de custos, Glover e Maze (1937)
estudaram métodos de avaliação de
performance.
Rowland (1947), na associação controle planejamento, antecedeu Dent (1953), em
sua abordagem do controle orçamentário, em que mesmo possuidor de características
quantitativas e financeiras, apresentou importante passo para o conceito de controle tal como
o é hoje.
Adicionado ao aspecto quantitativo de análise dos desempenhos e ao estudo do
comportamento dos empregados, surgiu, por volta de 1950, o sistema de informação, enfim, a
interface entre o planejador, o executor e o avaliador. O sistema de controle passou, portanto,
a caracterizar-se pela atividade identificadora e corretiva dos desvios ocorridos.
1.1.3 Perspectivas de Controle de Gestão
1.1.3.1 Perspectiva Racional
A escola científica de Taylor e Fayol fundamentou a perspectiva racional que segue a
vertente mais quantitativa das teorias, uma vez que baseia-se em métodos matemáticos e
medições de desempenho financeiras assim como fatores extrínsecos de motivação.
A idéia central residia no acompanhamento metódico dos trabalhadores, de forma a
identificar desvios e corrigi-los prontamente. Não eram dispensadas aos funcionários tarefas
que exigissem algum raciocínio; as funções residiam em repetições. Kaplan e Cooper (1998,
p.47), citando Taylor, ilustram o cerne do pensamento científico:
Em nosso esquema, não pedimos que nossos homens tenham iniciativa. Não queremos
iniciativa alguma. Tudo que queremos é que eles obedeçam às ordens que lhes damos, que
24
façam o que dizemos e que o façam rapidamente [...]. [Contratamos trabalhadores] por sua
força física e habilidade mecânica e pagamos outra pessoa para pensar.
Possuidor de uma das linhas mais utilizadas no processo de gestão, Anthony é adepto
do controle racional, uma vez que define categoricamente as unidades da organização em
centros de responsabilidade, identificando estratégias das unidades bem como processos de
alcance de metas. As medidas de desempenho financeiras estão voltadas para a avaliação
dividida da empresa, em unidades de negócios, mas que conjuntamente promovem o alcance
das estratégias definidas. Enfim, ainda que não descarte a presença dos indivíduos para a
consecução dos objetivos, a perspectiva racional pressupõe a aceitação passiva dos mesmos
para o alcance natural das metas (GOMES & SALAS, 2001).
Apesar de toda sorte de críticas às limitações racionais, muitos modelos e técnicas
administrativas são de uso atual ainda que baseadas em um enfoque racional de controle.
1.1.3.2 Perspectiva Psicossocial do Controle
Essa perspectiva contraria a anterior por considerar as contribuições psicossociais ao
conceito de controle, associando a este as teorias de relações humanas, processamento
humano da informação e teoria de sistemas abertos.
Nessa abordagem, destacam-se duas linhas. A primeira aponta a influência da
contabilidade de gestão nas pessoas, principalmente no estabelecimento de índices de
aproveitamento e rendimento operacional. A segunda destaca a influência dos diferentes
estilos de liderança no desenho dos sistemas de controle.
O entendimento primário dessas vertentes é que a ênfase nas pessoas é pautada na
contribuição das mesmas ao alcance dos objetivos organizacionais. A motivação é
fundamental para o aumento da congruência entre os objetivos individuais e os da companhia.
(ARGYRIS & SEARFOSS apud GOMES & SALAS, 2001).
Gomes e Salas (2001, p.34) apresentam essa perspectiva, resumidamente, com as
seguintes características:
“Os sistemas de controle influenciam e sofrem a influência das pessoas, de forma que o
comportamento individual não somente depende do desenho formal e técnico do sistema, mas
também das características pessoais e organizacionais;
A pessoa é limitadamente racional e não intenta maximizar totalmente seus objetivos,
satisfazendo-se com um nível inferior;
25
Os objetivos globais da organização não são sempre compartidos e podem apresentar
conflitos com os objetivos individuais;
O controle do comportamento individual não somente pode ser alcançado através da
utilização de técnicas quantitativas, mas também pode realizar-se através de aspectos
psicossociais como a motivação, a participação e a formulação de objetivos;
A motivação, independentemente da influência dos incentivos extrínsecos, está
condicionada por fatores intrínsecos.”
Nessa teoria, são discutidos os avanços da psicologia cognitiva na análise dos fatores
que afetam o comportamento e decisões individuais à concepção de controle e o chamado
“sistemas abertos” que relacionam a organização e o contexto social.
1.1.3.3 Perspectiva Cultural do Controle
O termo geral de cultura reflete o meio ambiente que, quando somado às
características personalísticas dos indivíduos, traduzem em comportamentos e ações dentro de
um determinado grupo (GOMES & SALAS, 2001).
Nesse sentido, é visto como guia do comportamento geral de determinada nação ou
grupo social, ao menos perante a comunidade.
Muito mais abrangente do que o conceito de cultura organizacional, a cultura geral
influencia aquela, de forma a nortear seu estabelecimento evitando impasses e clima
desconfortável.
Sua definição e composição têm sido estudadas para a formação dos sistemas de
controle gerenciais, sob essa perspectiva, a fim de promover um alinhamento entre os
objetivos organizacionais e pessoais.
Essa corrente é muito influenciada pela antropologia e sociologia interpretativa onde a
contabilidade de gestão não é vista apenas como peça técnica para o alcance da eficácia
organizacional, atuando na determinação de significados “subjetivos e percepções que surgem
da contínua interação social entre os indivíduos” (GOMES & SALAS, 2001).
Sua abordagem é a de que quanto mais burocrático for o sistema, menos sensível
estará aos comportamentos socioculturais dos integrantes da organização que, se conhecidos,
aumentariam a probabilidade de uma melhor identificação entre ambos os objetivos.
Essa corrente de controle que considera a cultura no cerne de seu objetivo, busca
aprimorar o relacionamento empresa-empregado de forma a identificar e valorizar os
diferentes objetivos por parte dos membros da organização.
26
A crítica de diversos autores a essa linha refere-se à tentativa desse controle em
minimizar toda a complexidade no processo organizacional no isolamento do problema na
identificação dos objetivos formais e informais.
1.1.3.4 Perspectiva Estratégica do Controle
A quarta perspectiva de controle surgiu nos anos seguintes ao término da Segunda
Guerra Mundial, nos Estados Unidos, quando a economia não se apresentava estável como
antes. O planejamento das organizações materializava-se através de orçamentos estritamente
financeiros (TAVARES, 2000).
As mudanças no contexto social e econômico impulsionaram as organizações a
adotarem maior flexibilidade nos negócios e absorverem um processo de planejamento e a
administração por objetivos (QUEIROZ apud ANDRZEJEVSKI, 2004).
Na década de 60, portanto, iniciou-se a leitura do ambiente externo e a possibilidade
do julgamento de elementos passados que pudessem subsidiar as tomadas de decisões futuras.
As décadas seguintes, 70 e 80, foram marcadas pela materialização do planejamento
estratégico pelos agentes externos à organização.
Segundo Tavares (2000) a gestão estratégica trabalha na congruência do planejamento
estratégico e a administração organizacional. O trabalho é focado na integração da capacidade
interna e as características do ambiente externo.
Desse modo, a adaptação interna ao contexto socioeconômico é primordial para a
sobrevivência das organizações (OTLEY, 1994). Um sistema de controle, portanto, deve estar
atento às modificações do contexto social trabalhando tanto no processo de identificação das
alternativas estratégicas, quanto na implantação delas (GOMES & SALAS, 2001).
1.2 Sistema de Controle Gerencial – Características
Esse tópico abrangerá, essencialmente, os alicerces na formação de um sistema de
controle gerencial. Gomes e Salas (2001) destacam dois aspectos que orientam o sistema de
controle gerencial: a orientação estratégica e o destaque ao contexto humano, social e
organizacional.
27
O sistema de controle gerencial (SCG) pode ser definido como um sistema desenhado
em função da estratégia (GOMES & SALAS, 2001), capaz de auxiliar a empresa na previsão
futura de suas ações e conseqüências, a partir da monitoração dos eventos externos e seus
efeitos sobre a organização e acompanhamento e medição das atividades desenvolvidas pelos
empregados de forma a analisar suas repercussões nos resultados através de uma linha de
motivação de desempenho alinhado aos objetivos (ATKINSON et al, 2000).
Flamholtz (1979; p.51) corrobora dessa definição no tocante ao contexto humano.
Possuidor de uma ampla visão do conceito de controle, define o sistema de controle como um
conjunto de instrumentos estruturados para a congruência dos objetivos individuais e
organizacionais.
Entretanto, encontram-se, comumente, diversos controles dentro de uma mesma
empresa. As estruturas, tais como sistemas de informações e incentivos, são diferenciadas de
acordo com os tipos de negócios que desenvolvem. Por exemplo, áreas administrativas e de
apoio possuem sistemas de medição e recompensa diferentes das áreas de venda. Enfim, os
sistemas de controle existentes são desenvolvidos pelo executivo daquela área, daquele
negócio, sem levar em consideração a empresa como um todo. Em geral, os controles mais
burocráticos tendem a ser existir por si mesmos, o que não figura, necessariamente, como um
sistema de controle.
A figura do líder, ou seja, do presidente, deve servir como guia e defensor do
comprometimento dos empregados aos objetivos preestabelecidos. Em organizações cuja
rotatividade da alta cúpula administrativa é alta, é mais difícil a promoção dessa identificação.
Ao considerar que a estrutura do controle está alicerçada conforme responsabilidade de cada
gestor, tem-se três elementos: sistemas de medidas, sistema de informação e sistema de
incentivos. Por conseguinte, o processo de controle, “compreende outros três elementos:
formulação de objetivos, orçamento e a avaliação de desempenho” (GOMES e SALAS,
2001).
Um sistema de controle gerencial, segundo Atkinson et al (2000), deve possuir as
seguintes características:
(i) “Abordagem de múltiplas perspectivas para o projeto de sistemas gerenciais
contábeis” promovendo consistência nas informações de forma a evitar conflitos
entre as áreas das organizações quanto à linguagem e às técnicas utilizadas, ao
mesmo tempo em que permite a adequação às necessidades locais de cada
divisão.
28
(ii) Deve conter princípios do código de conduta ética da organização de forma a
informar aos empregados a conduta organizacional direcionando os esforços e
reduzindo comportamentos impróprios e não coerentes com os objetivos da
empresa. O SCG deve permitir que os indivíduos apontem “inconsistências entre
práticas declaradas e a ética, sem receio de retaliações” (ATKINSON et al, 2000
p. 771).
(iii) O SCG deve propiciar informações quantitativas e qualitativas para as tomadas
de decisões. A projeção do sistema deve ser pautada nos objetivos gerais da
organização e nos meios para operacionalizá-los. As medidas de desempenho
devem focar em fatores críticos de sucesso de forma a motivar os funcionários
em sua consecução. A perspectiva do empregado será alimentada com objetivo
proposto a ele, para tanto serão necessários não apenas dados quantitativos,
como também medições qualitativas, ainda que providas de certo grau de
subjetividade. que se considerar, adicionalmente, a importância de se evitar
múltiplas medidas de desempenho, sob pena de dispersar a atenção ao foco
principal.
(iv) A capacitação do empregado e a decorrente participação do mesmo nos projetos
de SCG auxiliam no seu desenvolvimento mais completo. As organizações
devem considerar que o principal componente que possuem, apesar de não
constarem em seus balanços patrimoniais, são os empregados. Essas pessoas,
quando capacitadas, podem fortalecer o patrimônio de uma organização, por
serem conduzidas a uma motivação maior, ao comprometimento intrínseco.
(v) Alinhar as metas organizacionais aos objetivos dos empregados é uma das
principais funções do SCG quando do estabelecimento das medidas de
recompensa. “A arte envolvida no desenvolvimento de um projeto eficiente do
SCG inclui tentativas de entender quais os padrões a serem usados e onde os
níveis desses padrões devem ser fixados para propósitos motivacionais”
(ATKINSON et al, 2000; p. 778).
O desenho de um sistema de controle eficaz não é tarefa fácil. Diversos fatores devem
ser analisados para que o sistema seja desenvolvido consoante as necessidades e
características da organização. O ambiente externo, a estratégia como resposta às mudanças
do mercado, a cultura organizacional e a estrutura da empresa são as variáveis que merecem
29
consideração quando do desenho do SCG. A não observância desses requisitos mínimos pode
acarretar desvios significativos das operações e conseqüentes infortúnios.
Segundo Gomes e Salas (2001, p.126), um eficiente sistema de controle parte,
inicialmente, da orientação estratégica que, por sua vez, suporta um processo decadencial de
objetivos específicos para os centros de responsabilidades considerando que “quanto maior é
a organização, mais detalhado deverá ser o desdobramento dos objetivos globais em objetivos
específicos”.
Desse modo, a formulação estratégica é o ponto de partida, cuja adequação da
estrutura e avaliação posterior constituem o controle estratégico (GOMES & SALAS, 2001).
O tamanho da empresa influencia, substancialmente, o desenho do sistema de controle
gerencial uma vez que precisa considerar o número de colaboradores, a carta de fornecedores
e, principalmente, a ocupação da empresa nas diversas regiões do país e do mundo. Além do
mais, quanto maior for a companhia, mais formalizado deverá ser o sistema de controle, de
modo a garantir que a delegação de autoridade seja plenamente avaliada.
O contexto social em que se desenvolve a organização é, igualmente, um elemento
importante na formação do sistema de controle, uma vez que à medida que se apresentar mais
dinâmico e competitivo, a organização aproxima-se de uma administração descentralizadas e
focada na análise de resultados.
Deve ser abordado, ainda, o estilo dessa empresa. Ou seja, a natureza de sua
administração, tal como familiar e personalista, devem ser objetos de observação, uma vez
que farão parte das propostas de controle a serem implementadas.
Segundo Thompson, Woodward, Burns & Stalker e Lawrence & Lorch citados por
Gomes e Salas (2001), não nenhum sistema de controle universal para todas as
organizações. As circunstâncias em que estão inseridas, tais como a tecnologia, dimensão e
contexto social, influenciam o desenho do sistema apropriado àquela realidade.
1.2.1 Vinculação do Sistema de Controle Gerencial à Estratégia
Quando da formulação de um sistema de controle, a primeira variável a ser percebida,
ou melhor, estudada, é o ambiente, seja ele externo ou interno, e suas implicações nas
atividades da companhia.
30
Diante de contextos socioeconômicos bastante turbulentos, as organizações se vêem
obrigadas a adotar sistemas mais flexíveis de forma a acompanhar o dinamismo do ambiente
adotando sistemas de controles mais sensíveis que possam captar as alterações do mercado e
catalisar as ações oportunas (GOMES & SALAS, 2001).
Desse modo, a adequação a essas exigências promove a definição de políticas mais
convenientes ao aproveitamento das oportunidades ativando suas capacidades e recursos
(estratégia) e se estruturando para a forma mais apropriada (estrutura organizacional)
(GOMES & SALAS, 2001).
O sistema de controle ao cumprir seu papel de desenvolver mecanismos que levem a
organização a alcançar resultados satisfatórios deve fornecer informações que possibilitem a
elaboração da estratégia (planejamento estratégico) e o acompanhamento de sua aplicação
(avaliação estratégica).
Nesse sentido, a adaptação do sistema de controle gerencial ao contexto social deve
estar relacionada com o processo estratégico contribuindo tanto na “formulação de
alternativas estratégicas como no processo posterior da implantação dessas alternativas”
(GOMES & SALAS, 2001; p. 109).
O sistema de controle, portanto, será estruturado segundo as características
estratégicas da firma que podem assumir a orientação para a liderança de custos ou
diferenciação dos produtos. Para ambas, Gomes e Salas (2001) desenvolveram o quadro a
seguir:
31
Quadro 2: Características de um sistema de controle em função da estratégia
Tópicos Liderança em Custos Diferenciação
Sistema de Controle
Formalizado e rotineiro.
Orientado a controle de
custos. Pode ser rígigo e
lento. Pode frear a
motivação.
Flexível e com ênfase em
sistemas informais
orientados a resultados.
Controle baseado em
seleção de pessoal,
promove auto-controle.
Indicadores de Controle
Ênfase na eficiencia.
Indicadores
quantitativos, financeiros
e de produção.
Ênfase na eficácia.
Indicadores qualitativos e
externos.
Sistema de Informação
Ênfase em sistemas de
custos. Medidas
rotineiras e periódicas de
custos e resultados.
Sistemas adaptados a
diferentes decisões e
necessidades. Pouco
formalizado.
Sistema de Incentivos
Extrínsecos, orientados a
melhoras em custos,
produtividade, despesas.
Intrínsecos, orientados a
inovação, qualidade e
diferenciação.
Formulação de objetivos e planos
Orientado a curto prazo.
Fixação de padrões.
Processo muito
formalizado e rotineiro.
Orientado a longo prazo.
Previsão de tendências
sobre o meio ambiente.
Flexível, estímulo à
criatividade.
Sistema de Avaliação
Ênfase na análise dos
desvios relativos ao
orçamento.
Análise como
aprendizado para o futuro.
Fonte: Gomes e Salas (2001; p. 111).
Um significativo número de estudos tem considerando a influência da estratégia sobre
o sistema de controle gerencial e, talvez com menor extensão, os efeitos do sistema de
controle gerencial sobre a estratégia (DENT; LANGFIELD-SMITH e SHIELDS apud
HENRI, 2006).
A primeira linha de pesquisa relatada por Henri (2006) que enfatiza o efeito da
estratégia sobre o SCG conceitua nível de escolha estratégica como sendo: (i) posição no
mercado: menor custo x diferenciação (BRUGGEMAN & STEDE; GOVINDARAJAN; e
GOVINDARAJAN & FISHER apud HENRI, 2006); (ii) modelo estratégico: explorador ou
defensor (ABERNETHY & GUTHRIE; HOQUE e SIMONS apud HENRI, 2006); (iii)
32
missão estratégica (GOVINDARAJAN & GUPTA e MERCHANT apud HENRI, 2006). No
entanto, o sistema de controle gerencial é, normalmente, considerado apenas como um
sistema de implantação estratégica, fugindo à etapa de gerenciamento estratégico (HENRI,
2006).
A segunda linha de pesquisa considera o efeito do SCG sobre a estratégia. Alguns
estudos consideram prioridades e mudanças estratégicas (CHENHAL; MARGINSON apud
HENRI, 2006), enquanto que outros se referem indiretamente à estratégica como grau de
capacidade em termos de inovação e aprendizado organizacional (BISBE & OTLEY;
DAVILA; KLOOT apud HENRI, 2006). Nesses estudos, a conceituação do SCG assume uma
perspectiva dinâmica, uma vez que considera o sistema não apenas na formulação estratégica,
como também no gerenciamento do processo estratégico (CHAPMAN; DENT apud HENRI,
2006).
Essas perspectivas ambíguas e, por vezes, contraditórias podem ser atribuídas, em
parte, às várias definições e concepções do SCG e da estratégia (KALD, NILSON & RAPP;
LANGFIELD-SMITH; SIMONS apud HENRI, 2006).
Ittner e Larcker citados por Henri (2006) sugestionam que a chave para essa pesquisa
seria identificar os fatores que promovem o alcance do sucesso estratégico. Nesse sentido,
considerando a visão baseada nos recursos/meios, o link entre a estratégia e o SCG pode
ocorrer nos níveis de capacidade e não de escolhas estratégicas. Esses recursos, ainda,
conhecidos como resistência, exploração inteligente e alavancagem de recursos internos
controlados pela firma são valiosos e devem ser protegidos de imitação dos concorrentes de
forma a sustentar a vantagem competitiva (BARNEY, 1991; WENERFELT, 1984).
Henri (2006) considerou essas expectativas em torno da relação entre SCG e a
estratégia na perspectiva da visão baseada nos recursos e elaborou um trabalho no qual
avaliava o papel do sistema de controle gerencial na criação e manutenção das capacidades
que por fim influenciam na performance organizacional. O autor desenvolveu um modelo
teórico e testou com dados empíricos reunidos de uma pesquisa.
O artigo analisou a influência do sistema de controle gerencial nas quatro
competências. A inovação, caracterizada pela abertura a novas idéias, é um dos mais
importantes componentes da estratégia de uma organização (HIT, IRELAND, CAMP &
SEXTON apud HENRI, 2006) que, quando desenvolvida, promove significativa vantagem
competitiva promovendo altos níveis de desempenho (DANNEELS; HURLEY & HURT
apud HENRI, 2006).
33
O aprendizado organizacional, como segunda competência, refere-se à visão,
conhecimento e capacidade de associações através de ações passadas que possam auxiliar
predições futuras no alcance de vantagens competitivas (FIOL & LYLES apud HENRI,
2006).
A orientação do mercado refere-se à ênfase organizacional nas necessidades expressas
e latentes dos clientes apresentando-se como terceira capacidade. E, por fim, a capacidade dos
empresários de criarem e desenvolverem novos recursos, identificada como um processo
organizacional crítico que contribui para a sobrevivência e desempenho da firma
(BARRINGER & BLUEDORN; HIT et al.; MILLER apud HENRI, 2006).
De modo geral, o estudo resulta na confirmação de que sistemas de controle usados de
modo interativo contribuem positivamente para o desenvolvimento de competências de
orientação de mercado, inovação, aprendizado organizacional e comprometimento dos
empresários. Foi observado, ainda, que tensões dinâmicas emergentes também contribuem
positivamente para as competências em ambientes instáveis e culturas organizacionais
flexíveis.
1.2.2 Vinculação do Sistema de Controle Gerencial à Estrutura Organizacional
A definição da estrutura organizacional é de fundamental importância no desenho do
controle gerencial, pois importa em definição de responsabilidades, autoridade e grau de
descentralização (GOMES & SALAS, 2001).
1.2.2.1 Formalização da Estrutura
Os tipos de controle apresentados a seguir formam-se em função da combinação de
algumas características, internas e externas, das organizações (GOMES & SALAS, 2001).
34
1.2.2.1.1 Controle Familiar
Empresas do tipo familiar, cuja característica do presidente é sentida no estilo do
gerenciamento, podem ser empresas de pequeno, médio ou grande porte; pois, embora
relacionem a teoria personalista às micro e pequenas empresas, as organizações com
faturamento e estrutura maiores podem também ser classificadas nessa linha. Nesse tipo de
organização, o controle é exercido de forma mais centralizada, onde as decisões partem de um
único membro ou pequeno grupo de pessoas que, de certa forma, refletem as características
do fundador.
Tendo em vista que as decisões partem do fundador, ou presidente, a utilização de
mecanismos formais e financeiros não se encontra muito presente. As diretrizes espelham
processos informais de acompanhamento de resultados e a promoção da identificação dos
empregados aos objetivos organizacionais se faz sentir mais por fatores intrínsecos do que
extrínsecos, uma vez que são cultuados sentimentos de lealdade e confiança.
Esse tipo de estrutura encontra campo em ambientes pouco competitivos e quando a
figura do líder inspira respeito. Entretanto, em decorrência de profundas transformações
competitivas, diversas empresas têm procurado descentralizar um pouco mais a tomada de
decisões tornando o gerenciamento mais participativo e orientado para resultados.
Além da característica familiar, Gomes e Salas (2001) relaciona, ainda, outros
controles, tais como o burocrático, por resultados e ad-hoc.
1.2.2.1.2 Controle Burocrático
O controle burocrático, típico de uma empresa centralizadora e de grande porte, tem
seus objetivos muito bem delineados e controlados por sistemas extremamente formalizados,
cujas informações, de características contábeis, são aplicadas em ambientes pouco
competitivos. É utilizado em atividades rotineiras e implica no estabelecimento claro e
definido de tarefas repetitivas cujas responsabilidades podem ser delegadas sem que haja,
contudo, perda de controle.
35
Esse tipo de controle tende a dificultar as mudanças na empresa, uma vez que tem
como aspecto fundamental a materialização da estrutura funcional e a centralização de
decisões.
Esse tipo de gerenciamento promove a desmotivação e inspira o exercício do poder de
influência dos responsáveis por cada área frente à alta administração.
1.2.2.1.3 Controle por Resultados
O controle por resultados, entretanto, é encontrado em ambientes bastante
competitivos e possui como característica um forte sistema financeiro que não se utiliza
estritamente de informações puramente contábeis.
Nesse tipo de controle, encontramos a figura dos centros de responsabilidades, onde os
responsáveis são avaliados no grau de eficiência na administração de sua unidade.
Largamente utilizado em empresas de grande porte, a orientação para resultados firma-
se na aplicação de técnicas padronizadas e mecanismos sofisticados de controle financeiro
(GOMES & SALAS, 2001).
A fragilidade desse sistema reside justamente na dificuldade de avaliação dos
desempenhos das pessoas. Tendo em vista que os mecanismos utilizados são puramente
financeiros, ainda que não estritamente contábeis, é difícil relacionar o resultado da empresa
ou do processo, quantitativamente falando, à eficiência dos empregados.
1.2.2.1.4 Controle Ad-Hoc
Por último, encontramos o controle ad-hoc, característico de organizações presentes
em ambientes mais dinâmicos e cujos controles não são financeiramente estruturados,
ajustam-se em ferramentas não formais que promovam o auto-controle. Enfim, apresentam
dificuldades na formalização de procedimentos por desenvolverem atividades tipicamente
inovadoras e de caracterização inconstante.
36
1.2.2.2 Tipo de Estrutura
Em função da forma adotada (funcional, divisional ou matricial) o tipo de estrutura
influencia o sistema de controle gerencial.
O controle burocrático orientado à eficiência com ênfase no registro da informação
prevalece em uma estrutura funcional. Enquanto que na divisionada, o predomínio do
controle por resultados e dada sua maior descentralização, os indicadores são relacionados à
eficácia e orientação para o mercado.
No tocante à estrutura matricial, são encontradas combinações de controles por
resultados e ad hoc. Em estruturas como esta, são utilizados mecanismos qualitativos e
informações não financeiras para a avaliação dos centos de responsabilidade, tendo em vista
dificuldade em se avaliar isoladamente as ações de cada responsável (GOMES & SALAS,
2001).
Quadro 3: Sistema de controle em função da estrutura.
Tópicos Funcional Divisional Matricial
Sistema de controle Burocrático Resultados. Ad hoc e resultados.
Indicadores de controle Quantitativos.
Eficiência.
Quantitativos.
Eficácia.
Qualitativos e
quantitativos
Sistema de informação Mensuração de
gastos.
Resultado do centro. Não financeiro
Processo de
Planejamento
Alocação de
recursos.
Fundamental para
avaliação.
Para assegurar
coordenação
Sistema de avaliação Importância limitada. Resultados dos
centros.
Resultado global.
Fonte: Gomes e Salas (2001, p.130).
1.2.2.3 Descentralização, Centros de Responsabilidade e Preço de Transferência
As características centralizadoras de algumas organizações, formadas por elementos
racionais e extremamente burocráticos, têm impossibilitado a resposta rápida e precisa frente
às mutações do ambiente social; essa reserva de poder a níveis seniores de administração é
cabível e até justificável em firmas participantes de contextos estáveis.
37
No entanto, a maior parte das organizações sofrem com mudanças rápidas no ambiente
externo e necessitam adequar-se, de forma igualmente ligeira, aos novos paradigmas do
mercado. Assuma a organização posição determinista ou voluntarista frente ao contexto
social, o tempo de resposta ou de inovação, correspondentes, devem ser o mínimo possível.
A descentralização, conhecida também como delegação de responsabilidades dos
administradores seniores para os empregados de níveis mais baixos, apresentam as seguintes
condições: (i) a autoridade e a responsabilidade devem ser aceitas pelos funcionários sem
imposição da alta administração; (ii) os funcionários devem ser habilitados para as novas
responsabilidades; e (iii) a organização deve adotar um sistema de controle das atividades dos
tomadores de decisões descentralizadas (ATKINSON et al, 2000).
Em organizações descentralizadas, o grau de formalidade é maior. Em razão da
delegação de responsabilidades, haverá de ser modelado um sistema de controle com
predomínio financeiro e orientado à atuação de cada responsável, de forma a acompanhar a
performance de cada centro de responsabilidade (GOMES & SALAS, 2001).
A seguir, efetua-se uma comparação de estruturas centralizadas e descentralizadas.
Quadro 4: Desenho de um sistema de controle em função do grau de centralização.
Tópicos Estrutura Centralizada Estrutura Descentralizada
Sistemas de Controle Pouco sofisticado.
Mecanismos informais.
Normas gidas.
Muito sofisticado.
Mecanismos formais.
Controle financeiro.
Inidicadores de Controle Qualitativos. Nem sempre
orientados a resultados
Quantitativos. Orientados a
resultados.
Sistemas de Informação Orientado ao resultado global.
Pouco orientado ao controle
de responsabilidades.
Orientado à tomada de
decisões e ao controle da
atuação dos responsáveis.
Processo de planejamento
Inexistente ou intuitivo. Quando
ocorre pode caráter
burocrático
É fundamental para lograr o
consenso sobre os objetivos
globais.
Sistema de avaliação Baseado em informação não
financeira
Baseado em informação
financeira e não financeira.
Fonte: Gomes e Salas (2001; p.128).
1.2.2.3.1 Centros de Responsabilidades
Segundo Atkinson et al (2000), “um centro de responsabilidade é uma unidade de
empresa para a qual um gerente é feito responsável”.
38
do ponto de vista de Anthony e Govindarajan (2002), é uma unidade de negócio
conferido a um responsável cuja recompensa é atribuída consoante o alcance dos objetivos
preestabelecidos.
Ambos os autores corroboram da idéia de que um centro de responsabilidade é um
negócio menor, quando comparado à empresa como um todo, cuja função é de seguir os
objetivos pré-estabelecidos pela cúpula administrativa. Atkinson et al (2000) lembra da
necessidade de se avaliar esses centros com medidas não-financeiras de avaliação de
desempenho, uma vez que estas explicam e antecipam os resultados financeiros. Desse modo,
os sistemas de avaliação podem incluir sistemas de acompanhamento financeiro, quando
agregados às medidas não-financeiras, identificadoras das causas e dos condutores do melhor
desempenho.
Os centros de responsabilidade podem ser classificados segundo a natureza das
entradas e saídas em quatro tipos, a saber: (i) centros de custos; (ii) centros de receitas; (iii)
centro de lucro; e (iv) centros de investimento (ATKINSON et al, 2000, ANTHONY &
GOVINDARAJAN, 2002).
Nos centros de custos, não o controle dos níveis de receitas e investimentos, mas
tão-somente mensuração e comparação dos custos. Nesse centro de responsabilidade situam-
se as atividades repetitivas, cujas informações mesclam os padrões estabelecidos com os
custos ocorridos.
A avaliação consiste, portanto, na identificação dos desvios, ou seja, das variâncias
ocorridas para posterior correção. Nesses centros de custos, são utilizados freqüentemente os
orçamentos como medidores de desempenho. Entretanto, não devem ser focados apenas o
desempenho desses centros no tocante ao controle dos custos, devem existir, também,
medidas de mensuração que reflitam a contribuição deles ao sucesso da organização
(ATKINSON et al, 2000).
Uma loja, um departamento de vendas regional, são exemplos dos centros de receitas,
que consistem em centros de responsabilidades cujo foco consiste no controle e avaliação das
receitas, e não nos custos ou níveis de investimento.
Entretanto essa abordagem crua de avaliação apenas em nível de receita pode acarretar
conseqüências indesejáveis, uma vez que os empregados desses centros podem incorrer em
utilizar desenfreadamente os recursos à disposição ou promover ou reivindicar uma linha de
produtos relacionada a custos excessivos.
Os centros de lucros, por sua vez, incorporam os centros anteriores, tendo em vista sua
abrangência de avaliação ser de receitas e custos. Nesse centro de responsabilidade, os
39
gerentes são avaliados pelo resultado auferido pelas atividades como se fosse um negócio
independente, carecendo apenas de controle nos níveis de investimento. Entretanto, as
organizações não devem utilizar apenas a rentabilidade como medida de desempenho, o uso
do material e mão-de-obra, por exemplo, devem, também, sofrer avaliações.
Comparado a um negócio independente, o centro de investimento é um centro de
responsabilidade sobre os custos, receitas e investimentos.
Quadro 5: Resumo dos Centros de Responsabilidade
Fatores Centro de Custo Centro de Receita Centro de Lucro Centro de Investimento
Controlado pela
gerência central
Custos Receitas Custos, Receitas Custos, receitas e significativo
controle sobre investimentos
Não controlado pela
gerência central
Receitas, investimentos
em inventário e ativos
fixos
Custos, investimentos
em inventário e ativos
fixos
Investimentos em
inventários e ativos fixos
-
Medido pelo sistema
contábil
Custos relativos a
alguma meta (em geral
um orçamento)
Receitas relativas a
alguma meta (em geral
um orçamento)
Lucro relativo a alguma
meta (em geral um
orçamento)
Retorno sobre investimento
relativo a alguma meta
Não medido pelo
sistema contábil
Desempenho de outros
fatores de suceso além
do custo
Desempenho de
outros fatores de
sucesso além da
receita
Desempenho de outros
fatores de sucesso além
do lucro
Desempenho de outros fatores
de sucesso além do retorno
sobre investimento
Tipos de Centros de Responsabilidades
Fonte: Atkinson et al (2000; p.626).
Entretanto, apesar do princípio da controlabilidade afirmar que as pessoas podem
responder por aquilo que podem administrar, é de difícil aplicação para muitas organizações,
tendo em vista que muitas receitas e custos são, conjuntamente, ganhos e incorridos
(ATKINSON et al, 2000).
1.2.2.3.2 Preços de Transferência
Em razão da existência de custos e receitas comuns aos centros de responsabilidade,
houve a necessidade de se assumir um conjunto de regras com a finalidade de distribuir a
receita ou o custo conjuntamente arrecadados entre os centros de responsabilidade, para tanto,
estabelecer-se-á o preço de transferência, que possui quatro abordagens distintas: (i) preço
baseado no mercado; (ii) baseado no custo; (iii) negociado; e (iv) administrado.
(i) Preço de transferência baseado no mercado: esse preço de negociação é baseado
nos valores transacionados no mercado externo, como modelo mais justo de
precificação;
40
(ii) Preço de transferência baseado no custo: utilizado quando o mercado não possui
preço definido para o produto. No entanto, o estabelecimento do custo atual
como alternativa à ausência de preço de mercado, pode incentivar o
departamento a não efetuar um controle sobre os custos. Uma alternativa a esse
problema seria estabelecer um custo-padrão como medida de eficiência da
operação da unidade;
(iii) Preço de transferência negociado: utilizado como alternativa na ausência de
preço de mercado, os centros de responsabilidades podem negociar a definição
de um preço, o que refletirá perspectiva de controle de cada centro responsável
pela negociação além de destacar habilidades de negociação em detrimento de
considerações econômicas;
(iv) Preço de transferência administrado: é o preço estabelecido pela administração,
geralmente fixado com base em um percentual de algum produto similar no
mercado ou no custo. É utilizado como forma de evitar confrontos entre os
centros de responsabilidades (ATKINSON et al., 2000).
Quadro 6: Resumo das abordagens de Preço de Transferência
Baseado no Mercado Baseado no custo Negociado Administrado
Medida
Usada
Preço de Mercado Custo do Produto Negociações Diretas Aplicação da Regra
Vantagem
Se o mercado de preço
existe, ele é objetivo e
provê incentivos
econômicos
apropriados.
Esse é usualmente
fácil de se aplicar
porque as medidas
de custo estão
freqüentemente
disponíveis no
sistema contábil.
Esse reflete os
princípios de
esponsabilidade e de
controlabilidade
inerentes aos centros
de responsabilidades.
Esse é fácil de usar e
evita confrontações
entre as duas partes da
realção do preço de
transferência.
Problemas
Pode não existir
mercado ou pode ser
difícil de identificar o
preço de mercado
apropriado porque o
produto é difícil de
classificar.
Existem muitas
possibilidades de
custos e qualquer
outro custo além do
custo marginal não
irá prover o
significado
econômico.
Esse pode levar a
decisões que não
provêem os melhores
benefícios
econômicos.
Esse tende a violar o
espírito da abordagem
de responsabilidade.
Fonte: Atkinson et al. (2000; p. 639).
41
1.2.3 Vinculação do Sistema de Controle Gerencial à Cultura
1.2.3.1 Origens do Estudo da Cultura
Origens dos estudos de cultura em seu aspecto interno e externo, na influência no
comportamento e atitudes das pessoas, apontam sua motivação no desconforto das empresas
norte-americanas frente o surgimento do Japão como potencia mundial.
Adizes (1979: 1988) acrescenta, além da concorrência estrangeira, outros fatores
determinantes para o surgimento da relação cultura e organização, tais como o grau de
informação e melhores alternativas de escolha dos clientes, tecnologia e força de trabalho
mais sofisticada e otimização do processo produtivo.
Esse conjunto de fatores, quando relacionados às mudanças culturais e suas
conseqüências nos resultados financeiros, motivou a criação de alternativas na tradicional
gestão de controle; fato considerado chave para o posicionamento competitivo (OUCHI,
1981; PASCALE, 1981; DEAL & KENNEDY, 1982; SATHE, 1985).
A cultura, portanto, e sua influência nas organizações com a finalidade de
mapeamento e, por conseqüência, “adestramento”, tem sido alvo de estudos e pesquisas
estruturadas.
Para tanto, são realizados estudos comparativos e descritivos, sob metodologias de
análises quantitativas e qualitativas, expressas em estudos de casos baseados em entrevistas,
quando aplicados métodos de survey, fato que propicia ferramentas de análise comparativa,
ou sob argumentações de que a cultura não é passível de análises materiais e medidas
padronizadas de verificação (COOKE & ROUSSEAU, 1988). Hofsted (1997), um dos
cientistas interculturais mais conhecidos, posiciona-se num campo neutro dessa discussão.
Segundo ele, ambos os métodos de análise podem ser utilizados complementarmente.
Para Souza Lopes (2000), o contexto de valorização dos seres humanos começa a ser
aplicado no universo das organizações com finalidade de melhorar o nível de integração
interna e adaptação ao ambiente externo.
Nesse sentido, a percepção da cultura no cenário organizacional sinaliza a necessidade
de sua significância na modelagem dos sistemas de controle. Para tanto, dispõe-se a seguir
conceitos, discussões e sistematização da cultura, na ocorrência de incertezas, e sua sintonia
cada vez mais crescentes nas técnicas de gestão.
42
1.2.3.2 Conceitos de Cultura
A evolução do conceito de cultura para o campo das ciências antropológicas assume
sua verbe evolucionista com Sir Edward Burnett Tylor (GOMES & ROCHA, 1996) ao
constituir um dos conceitos mais clássicos atribuindo à cultura a denominação de conjunto
numa espécie de agrupamento de crenças, leis, arte, moral, costumes entre outras capacidades.
Uma vez definidos os componentes que um indivíduo possui em sua estrutura cultural, induz-
se a buscar em outros indivíduos os mesmos atributos, desconsiderando que possa inexistir
uma determinada cultura ausente de leis ou artes.
Nesse sentido, quando impossibilitados de preverem qualquer uma dessas
características no “conjunto cultural” do indivíduo, os cientistas atribuíam a qualificação de
cultura atrasada e primitiva. O conceito cultural, portanto, advindo de sociedade ocidental,
marcada na dimensão “conteudística e etnocêntrica” (GOMES & ROCHA, 1996) assinalava
como cultura suas próprias características.
A antropologia, como conseqüência de seu próprio processo com efeito feedback de
seu contato com a sociedade foi assumindo cada vez menos a posição etnocêntrica. A
passagem do sentimento de cultura como conjunto fechado de elementos, para um conceito
semiótico onde ela passou a ser entendida como um sistema simbólico -, foi essencial para
definição de um fato constitutivo da própria natureza humana.
A transição de uma estrutura pré-definida, formada por elementos concebidos e
fixos, para um novo conceito que considera as diferenças culturais e não desqualifica
nenhuma cultura por não seguir à risca os dogmas etnocêntricos, permitiu a assunção de uma
forma mais clara e definida do roteiro, mapa ou código dos sistemas de valores.
Nesse sentido, no âmbito dos conceitos formulados pelos cientistas da década de 70, a
contribuição de Clifford Geertz (1973) apud Gomes e Rocha (1996; p.6) clareia, ao mesmo
tempo em que ensina, o conceito de cultura para um novo formato:
O conceito de cultura que eu defendo, (...), é essencialmente semiótico. Acreditando, como
Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo
teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise, portanto, não como uma
ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura do
significado.
43
A cultura vista como roteiro constitutivo de cada ser humano, mapa de seus conceitos
e norteador de suas condutas é o conceito proposto por Geertz (1973).
A formação da cultura e os fatores influenciadores dela tomam destaque com o passar
dos anos, sugerindo, a partir disso, que “a história não é criada pelos valores e
comportamentos dos indivíduos em determinada cultura, mas que os valores e o
comportamento são o resultado do que tem ocorrido historicamente nessa cultura” (ZANDER,
1997).
Conforme Birnber e Snodgrass citado por Gomes e Rocha (1996; p.3), o conceito de
cultura é visto, ainda, como possuidor
De uma complexa relação de múltiplo rebatimento com o meio ambiente, instaurando as
regras de um jogo simbólico premissas de pensamentos e práticas onde se movem os
diferentes atores sociais. Ela ocupa um lugar de força básica, guiando a tomada de decisão
em vários planos concretos da existência cotidiana. A idéia de cultura aponta, então para um
escopo muito mais abrangente, representando um universo denso, amplo e consistente um
conjunto sistêmico de valores, crenças e normas que se coloca além da cultura
organizacional que é referente e peculiar a uma dada organização.
Outras variáveis são consideradas tanto como influenciadoras como influenciadas pela
cultura. Dentre as quais podemos destacar, o clima, o sistema econômico, o sistema político, o
grau de industrialização.
Para Forss (1987), os pesquisadores, ao conceituar cultura, são influenciados por suas
próprias culturas, o que dificulta o estabelecimento de um único conceito.
Um dos conceitos mais conhecidos, sobretudo no meio empresarial, é o assumido por
Hofstede (1980: 1984) o qual define cultura como programação mental coletiva das pessoas
que, no entanto, difere de outras culturas. Tal definição induz à crença de que a variável
ambiente destacaria as diferenças entre as culturas. Hofstede classificou sua definição em três
níveis: o nível universal – onde todas as pessoas participam de um sentimento comum; o nível
coletivo – cultura compartilhada por um grupo; e nível individual – exclusivo e único de cada
indivíduo.
Percebe-se, nesse estudo, a difícil finalidade de definir-se cultura. Seja pelo
estabelecimento pragmático de elementos que o compõe, seja pela influencia cultual do
próprio pesquisador.
44
1.2.3.3 Cultura nacional – problema das fronteiras
Com o intuito de comparar e analisar as divergências culturais, e também de avaliar as
conseqüências da globalização econômica frente às fronteiras nacionais, cientistas
antropológicos, sociólogos, entre outros profissionais, almejam estabelecer paradigmas
semelhantes que possibilitem a análise da distinção das culturas.
A definição do termo “cultura nacional” passa a ser utilizado como interpretador do
grupo como um todo, limitador do conjunto de crenças e costumes nas fronteiras de um país.
O termo cultura é discutido não apenas como definidor do conceito de nação, mas
também como limitador de grupos, nacionalmente idênticos, e, contudo, literalmente
heterogêneos. Uma vez que participam do produto interno bruto de um país indivíduos
socialmente correspondentes, mas individualmente distintos, a “cultura nacional”,
naturalmente, está definindo a generalização de crenças e costumes para todos os integrantes
da população, ainda que conscientes das divergências existentes.
Em que pese à onda de “quebra de fronteiras” e homogeneização de culturas,
mormente as corporativas, mapear as diferenças para uma gestão mais eficaz torna-se
importante para o sucesso dos negócios.
Desse modo, não obstante haver fatores que distingam os grupos culturais dentro de
uma mesma nação, tais como religião, etnia, linguagem, entre outros, a caracterização da
“cultura nacional” como alisadora de “opiniões” é utilizada sob o pretexto de aspectos
comuns à população como um todo (HILAL, 2004).
Hannerz (1992) participante desse entendimento elege o Estado como um dos
influenciadores da cultura, pertencendo a este, o poder de interferir nos valores e crenças dos
indivíduos de modo a tornar o país cada vez mais homogêneo.
Os demais norteadores do conceito de cultura de um país são os movimentos
econômicos, culturais, sociais e políticos do mundo; os mercados, ou melhor, campos onde a
cultura é disseminada; e os próprios indivíduos influenciadores uns dos outros.
Desse modo, não obstante ter sido afirmado sobre a impossibilidade de se mapear
culturas diferentes, Murdack (1945) destaca o que se chama de “universais culturais” que
nada mais são do que características comuns a todas as nações, cujas variações dependerão
apenas da forma como são vistas e executadas. Esses fatores comuns são exemplificados pelo
cientistas como adorno corporal, faixa etária, sentimentos adolescentes, casamentos, jogos,
figuras, entre outros.
45
Alguns anos depois, em 1953, Kluckhohn afirmou a existência de categorias
universais de culturas potencialmente verificáveis e comparáveis.
Cientistas do mundo inteiro, portanto, tem buscado nas ciências antropológicas e
psicológicas explicações para as diferenças culturais entre nações.
Nessa seqüência, Hofstede (1994) ao assumir a cultura como programação mental
coletiva que diferencia determinado grupo de outros, estabelecendo-a como fruto de
aprendizagem e não de transmissão hereditária, considera em seu estudo realizado nas
décadas de 60 e 70 (Cultures consequences. Beverly Hills: Sage, 1980) cinco dimensões
diferenciadoras das culturas nacionais.
(i) Distância hierárquica ou distância de poder: essa dimensão mensura o grau de
definição hierárquica relacionada ao posicionamento dos gestores das
instituições e seus subordinados e verifica o grau de estreitamento das relações.
No estudo proposto por Hofstede, a escala ia de 0 (relações mais igualitárias) a
100 (relações mais autoritárias). O Brasil, em pesquisa realizada àquela época
apresentava-se num índice relativamente elevado (69).
(ii) Necessidade de controle da incerteza: medida do grau do comportamento dos
integrantes de determinada cultura frente às incertezas relacionadas ao futuro.
Pode ser avaliada pela quantidade de procedimentos implantados como meios de
se prever e, por conseguinte, resguardar-se de acontecimentos futuros.
Condiciona-se ao sentimento de dúvidas e inseguranças que podem gerar
estresses e comportamentos avessos à mudanças significativas. Na escala de
Hofstede, os brasileiros enquadram-se na posição 76.
(iii) Individualismo/coletivismo: caracterizadora da natureza das relações entre
indivíduos, essa dimensão estabelece o grau de proximidade e afastamento dos
indivíduos entre si. Nesse sentido, o coletivismo assinala a integração, em
grupos coesos, entre indivíduos. Quanto mais alto o índice, maior será
caracterizada a sociedade como individualista. O Brasil, segundo a pesquisa,
apresenta grau 38, ou seja, mais próximo à característica coletivista.
(iv) Masculinidade/feminilidade: Nesse segmento de graduação, encontra-se,
formalmente estabelecidas, as características de ambos os sexos e a influência de
cada um deles nos comportamentos organizacionais. Nesse sentido, sociedades
altamente masculinas, são aquelas cujo sentimento de agressividade,
competitividade e êxito estão mais presentes. Em sociedades classificadas como
mais femininas, os papéis desempenhados por homens e mulheres são parecidos;
46
locais onde não figura a supremacia do homem sobre a mulher. O Brasil
apresentou o índice 49, enquanto que países como o Japão, por exemplo,
possuem níveis próximos a 100.
(v) Orientação de longo prazo x orientação de curto prazo: mensuradora da
característica cultural orientada para futuro próximo ou futuro longínquo, a
característica política, social e histórica, nesse sentido, far-se-á muito presente
por constituírem os alicerces na constituição dos planejamentos organizacionais
das instituições. A orientação para longo prazo, geralmente, envolve volumes
significativos de investimentos, cujas avaliações de retornos são definidas para
recebimentos futuros. As de curto prazo, por sua vez, abordam sistemas mais
financeiros de avaliação de retornos, alavancagem restrita temporalmente e
índices de exigência mais fortes quanto à rentabilidade dos empreendimentos.
1.2.3.4 Cultura Organizacional
Embora as características dos sistemas de gestão sejam distintas, num mesmo país,
podem-se encontrar variáveis similares entre as organizações, uma vez que participam e
sofrem influências da estrutura política, social e histórica daquela nação, o que configura a
influência da cultura nacional nos processos de gestão e controle das organizações.
Entretanto, não obstante fazer sentido estudar a cultura e sua influência nas
organizações, apenas nas décadas de 40 e 50 encontra-se literatura abrangente acerca dos
costumes e tradições das organizações do trabalho, surgindo no início da década de 70 os
primeiros estudos de cultura organizacional no campo da teoria das organizações (CLARCK;
PETTGREW apud HILAL, 2004).
A abordagem da cultura organizacional encontra diferentes perspectivas onde,
segundo Smircich (HILAL, 2004), existem duas linhas de autores com percepções distintas de
cultura.
A primeira abordagem considera a cultura organizacional como algo que instituição
“tem”; portanto passível de mudança destacando o termo cultura como variável. A segunda
linha projeta a cultura como algo que a organização “é”, seguindo a perspectiva de entender a
cultura das organizações tal como ela é colocada e não como matéria modificável.
47
Ao longo dos anos, os conceitos de cultura organizacional tornavam-se similares; os
antropólogos e sociólogos convergiam suas definições para a assunção de que a cultura
organizacional era um conjunto de elementos como símbolos, cerimônias, valores
compartilhados, mitos, lendas comuns a todas as organizações. (OUCHI, 1981; PETERS &
WATERMAN, 1982; KOUSEZ, CALDWELL & POSNER, 1983).
Hofstede (1993; p.92) ao conceituar cultura destaca fenômenos distintos para as
culturas nacional e organizacional, como se descreve:
Cultura nacional diz respeito aos valores fundamentais e invisíveis da maioria dos membros
de uma nação, valores que foram adquiridos durante a infância. Cultura organizacional, por
sua vez, é um fenômeno mais superficial, que reside nas práticas mais visíveis da
organização; essa cultura é adquirida por meio da socialização dos novos membros que
entram na empresa
.
Entretanto, alguns teóricos divergem do conceito de Hofstede ao reconhecerem certa
familiaridade entre ambas. Pettigrew (1979) e Bartlett & Ghoshal (1989) afirmam que a
cultura organizacional é constituída pelas características da cultura nacional e dos fundadores.
Esses últimos autores, ainda, destacam que, além das crenças nacionais e a influência dos
fundadores, há também as experiências da empresa no início de sua operações.
Schein (1992), em sua abordagem funcionalista, atribui à formação da cultura
organizacional de uma empresa, o conjunto de respostas às situações inerentes à adaptação
interna e externa aos problemas existentes. Assim, de acordo com o referido autor, a cultura
surge na necessidade de se resolver dois tipos de problemas: internos e externos, cujas
adaptações e soluções propiciam a constituição de medidas cada vez mais sólidas, consoante a
reincidência dos problemas, atribuindo controles e ações inerentes à organização.
Esse conceito, portanto, conduz ao sentimento de evolução da cultura organizacional e
não de formação de valores e atitudes fixadas. Naturalmente, que uma cultura não sofrerá
alterações conquanto forem aparecendo os obstáculos. Geralmente, as fundamentações,
fortemente influenciadas pelos fundadores e gestores das organizações, são estabelecidas no
início de suas operações.
Schein (1992) propõe ao pesquisador, na investigação da cultura organizacional, os
seguintes questionamentos:
(i) A natureza da realidade e da verdade: verificar se as características
organizacionais são reveladas; se os pressupostos compartilhados diferem do que
é real.
48
(ii) A natureza do tempo: conceito de tempo no grupo; importância relativa nas
operações, como é medido e quantos tipos existem.
(iii) A natureza do espaço: a percepção do espaço pelas pessoas; o fator de
intimidade e definição de privacidade. O fator espaço nas relações hierárquicas.
(iv) A natureza humana: a natureza humana é considerada de que forma pelas
organizações; quais atributos são considerados fundamentais para o bom
desempenho dos indivíduos.
(v) A natureza da atividade humana: verificação dos pressupostos definidores do
comportamento do indivíduo nas operações. Identificação da relação indivíduo-
empresa.
(vi) A natureza das relações humanas: o modo como as pessoas relacionam-se umas
às outras; verificação do modo de participação em sociedade: a vida é
considerada cooperativa ou competitiva; individualista, comunitária ou
colaborativa entre grupos.
Ao considerar empresas com atividades internacionais, Permutter e Heenan (1979)
classificam a formação cultura da organização em três categorias:
(i) Etnocêntrico: ocorre quando a cultura do país de origem influencia
significativamente os sistemas de gestão das atividades internacionais. Nessa
característica, são adotados processos de controle intensos e replicações dos
procedimentos da matriz.
(ii) Policêntrico (ou regiocêntrico): ocorre quando a cultura do país de atuação é
considerada na formação dos sistemas de controle e gestão da companhia. Desse
modo, adota-se, usualmente, a forma descentralizada de gestão, dotando a
subsidiária de maior autonomia na tomada de decisões.
(iii) Geocêntrico (global): é a adoção das melhores práticas culturais e
organizacionais existentes no mundo. Observam-se as estratégias perseguidas e
as características impulsionadoras das operações. Adota-se, nesse sentido,
habilidades e atributos essenciais para o alcance de resultados,
independentemente do país de origem e o país de destino.
É natural que a empresa adquirida sinta a necessidade de manter-se, culturalmente,
afastada da compradora, permanecendo sua identidade organizacional com pouca ou nenhuma
influência estrangeira. Quando as diferenças culturais forem, significativamente, distintas, é
49
preciso que os gestores do processo de reorganização societária considerem, quando da
implantação do sistema gerencial, as características organizacionais daquela empresa, a fim de
se evitar momentos de tensão e estresse. No entanto, ainda que os indivíduos pareçam
receptivos, tendo em vista estarem na posição de “absorvidos” e por conta disso não
realizarem qualquer tipo de manifesto sob a suspeita da perda do emprego, evasivamente, esse
obstáculo será produzido.
Figura 1: Os Modelos de Aculturação mais apropriados
Quanto
Atrativa é a
Fusão para
a Empresa
Adquirida
Força da Cultura da Adquirida
Frava Forte
Alta Assimilação Integração Relacionada
Baixa Desaculturação Separação Não Relacionada
Unicultural Multicultural
Cultura da Empresa Controladora
Fonte: Nahavandi e Malekzadeh (BORINI, SANDINVISKI & KRAISCH, 2006).
O modelo de reorganização societária, forma e sistema de avaliação a ser
implementado, dependerão do objetivo que se pretende atingir, seja de apropriação de bens
físicos ou aproveitamento do conhecimento científico. Desse modo, o estabelecimento da
rotina de acompanhamento do negócio e o grau de proximidade e afastamento na gestão
ditarão a aculturação do sistema.
1.2.3.5 Cultura e Controle
A investigação da influência cultural nas organizações como um todo, assume, por
fim, sentido científico da interpretação de seus efeitos como variável de controle. O plano de
adequação do sistema de controle gerencial tanto no ambiente interno quanto no externo deve
reagir adequadamente às crenças, valores e costumes, no primeiro sentido, e às alterações
culturais do país em termos políticos e sociais, no segundo sentido. A não percepção dessa
influência na gestão dos negócios pode gerar um sem número de comportamentos
imprevisíveis, portanto, disfuncionais (GOMES & ROCHA, 1996).
Estratégia
da
Compradora
50
A estratégia adotada ou a adotar pela organização deve ser refletida nos sistemas de
controle. Nesse momento, sentir-se-á o objetivo dos administradores, promover resultados
rápidos ou estabelecerem programas de investimentos visando metas de longo prazo.
O sistema de controle funcionará como uma bússola de orientação dos programas e
atividades que tenderá para comportamentos racionais e burocráticos ou promotores de
mudanças constantes, portanto mais libertários a depender do tipo de estratégia traçada.
Nesse sentido, a identificação do grau de influência, ainda que primariamente, da
cultura sobre os sistemas de controle faz-se mister quando se pretende difundir um
comportamento, aceitação e atitudes frente a algum projeto, sistema e propostas.
Constituída de uma estrutura simbólica, segundo diversos autores já discutidos, a
cultura traduzirá o conjunto de crenças e valores de uma organização, definindo práticas,
estilos e relacionamentos interpessoais.
Assim, o modelo de comportamento a ser seguido será repetido tanto quanto for
positivamente aprovado por superiores e colegas. Sistemas de retribuição, modelos de
incentivos, participações em processos decisórios são uns dos norteadores valorativos dos
comportamentos que se pretende difundir. Por outro lado, quando percebem que suas atitudes
não resultam em nenhuma recompensa satisfatória, tendem a alterar sua forma de agir de
modo a terem seu comportamento, positivamente, valorizado. Portanto, percebe-se uma
imperiosa adequação dos modelos de controle ao “universo simbólico esperado e os valores
que estão presentes na cultura organizacional” (GOMES & ROCHA, 1996).
Esse ajustamento dos aspectos simbólicos aos sistemas gerenciais é percebido,
claramente, em modelos de incentivos financeiros e não-financeiros que, aliás, apresentarão
ponderações diferenciadas conquanto refletirem os objetivos organizacionais dos gestores
que, por fim, almejarão a maximização do lucro dos acionistas.
Perspectivas não-financeiras, a depender dos valores pessoais dos indivíduos,
comporão, em maior magnitude, o rol de incentivos propostos, onde o clima organizacional, a
perspectiva de crescimento e os incentivos de aprendizagem e conhecimento influenciarão os
interesses dos funcionários para os objetivos firmados.
No entanto, uma tendência simplificadora do tratamento da cultura como
influenciadora dos sistemas de controle. Percebe-se uma certa tendência no questionamento
da cultura como algo que se pode encomendar às empresas de consultoria e programar os
indivíduos a agirem conforme interesses dos empresários.
Desse modo, existem diversos “pacotes” culturais que variam conforme o objetivo
estratégico da organização. Tratam-se de perspectivas pré-formatadas e modeladoras de
51
comportamentos e atitudes de modo a impulsionar os indivíduos a pensarem, sentirem e por
fim, trabalharem conforme estratagemas formulados. A cultura voltada para o mercado, tendo
como foco os clientes, o meio ambiente e os aspectos sociais, mais lembram um tabelamento
de objetivos com pontuações correspondentes. Não dúvidas de que mais cedo ou mais
tarde, falar-se-ão de BSC (Balanced Scorecard) da Cultura Organizacional como se sua
influência nas empresas pudessem ser administradas no sentido de impulsionarem os recursos
humanos conforme estratégias estabelecidas.
Desse modo, embora assumam a idéia de alterações da cultura consoante decisões da
alta administração, esse conjunto simbólico de crenças e valores não é de fácil substituição,
uma vez que não é composto apenas de comportamentos profissionais. A cultura das
organizações encontra sentido no sistema de controle quando consegue criar
correspondestes de afinidade entre os valores pessoais e os organizacionais.
Portanto, o esforço consciente de mudança cultural prescinde de complexa
metodologia e identificação de fatores passíveis de alterações, cujo trabalho deve ser
orientado por profissionais de Antropologia.
Em verdade, a cultura por constituir-se de atributos simbólicos entrelaçados tanto por
aspectos da cultura abrangente - nacional, quanto pela específica - organizacional, possuirá
maior facilidade de adequação a depender da ponderação dessas duas forças (GOMES &
ROCHA, 1996).
Assim, pode-se falar em similaridades culturais entre organizações de um mesmo país
ou evidente distanciamento quando significativamente globalizado estiver; comprovada perda
de identidade da cultura nacional.
que se discutir, entretanto, quando o assunto é alteração cultural, o tempo de
vigência do negócio, a idade média de seus funcionários, o tipo de produto ou serviço
comercializados, as metas estratégicas, localização e dimensão. Cifra-se, nesse sentido, que as
particularidades de cada organização influenciam sua composição simbólica e podem tender a
adequações mais pró-ativas, ainda que situada em países que tendem ao conservadorismo.
Interessante destacar, adicionalmente, da existência de subculturas diferentes dentro
das organizações, provavelmente ligado a diferentes grupos de poder, com forte tendência de
ocorrer em organizações com atividades globalizadas, cujas unidades sofrem forte influência
dos países de localização (GOMES & ROCHA, 1996).
Os níveis de hierarquia, seu significado nos processos decisórios, os espaços alocados
para os dirigentes, as disposições das instalações e equipamentos consoante a posição
52
assumida na empresa, espelham a característica mais ou menos burocrática e autoritária da
organização.
Nesse sentido, a saber das políticas de reconhecimento e recompensa, bem como as
características estratégicas, o mapeamento da cultura organizacional possibilita o
conhecimento das características dos indivíduos, a forma de agir formalizada ou não, a
influência sofrida pela interferência nacional e o grau de mudança permitido por eles.
1.2.4 Vinculação do Sistema de Controle Gerencial ao Contexto Humano
Os indivíduos afetam tanto os sistemas de controle, como também são afetados por
eles. O papel da organização será identificar o nível de agregação de valor dos empregados às
atividades, e como estas são influenciadas por eles, bem como a forma de se transmitir ao
comportamento humano a identificação necessária à interiorização dos valores
organizacionais para que cumpram com os objetivos estabelecidos.
Desse modo, uma vez cientes da influência recebida e exercida sobre os trabalhadores,
caberá aos administradores, por função gerencial, identificar os meios necessários para que,
de posse do conhecimento comportamental, utilizá-lo em benefício da própria organização.
Para tanto, será preciso o desenvolvimento de uma cultura que permita a
“identificação de seus membros com a organização” (GOMES & SALAS, 2001) pelos
seguintes motivos:
(i) Funciona como mecanismo de autocontrole e auxilia quando o sistema
financeiro apresenta alguma limitação;
(ii) Fomenta a responsabilidade estimulando o comprometimento dos indivíduos
com as atividades. Acrescenta-se a isso, o fato de que, uma vez comprometido, o
nível de informações, muitas vezes ligado a sistemas pessoais e espontâneos, é
captado de forma mais completa.
(iii) Auxilia quanto ao comprometimento de se controlar processos não formalizados
e que apesar de dotados de certo grau de discricionariedade, a motivação
existente orientará para a eficácia.
Dentre os elementos que promovem a identificação, encontram-se os aspectos ligados
à atividade condizentes com retribuição monetária, desafios e objetivos delineados,
53
condições de trabalho e recursos materiais e humanos disponíveis; aspectos relacionados com
os sistemas gerencias flexibilidade da organização e do sistema de controle, clareza de
objetivos e alocação e descentralização de atividades e decisões; e os aspectos ligados às
pessoas referem-se ao estilo de comportamento, dedicação à atividade e capacidade de
trabalho.
O sistema de controle gerencial, portanto, influencia o nível de identificação dos
empregados aos objetivos organizacionais, pois desenha os indicadores de controle que, além
de informarem os fatores críticos de sucesso, estabelecem o nível de alcance das metas,
prazos, recompensas e punições. A depender do tipo de avaliação desenhado, o sistema de
controle pode promover a desmotivação ou o comportamento mecânico em decorrência da
promoção de um comportamento burocrático.
A internalização dos objetivos organizacionais, segundo Gomes e Salas (2001; p.159),
pode ser potencializada por meio de:
(i) “Compromisso pessoal da direção no processo de controle;
(ii) Gerência participativa que produza uma interação continuada entre os membros da
organização durante o processo de controle;
(iii) Existência de objetivos claros que reduzam a ambigüidade de cada centro de
responsabilidade e facilitem o alcance de metas individuais; e
(iv) Atitude construtiva e flexível da gerência no processo de planejamento e avaliação de
desempenho.”
1.3 Perspectivas Contemporâneas do Estudo do Sistema de Controle Gerencial
Desde muito tempo, os pesquisadores, cada qual em seu contexto social, têm
procurado criar modelos econômicos que expliquem o comportamento das firmas e dos
mercados.
A intrigada relação firma ambiente, promove diversas controvérsias que persistem
no estudo da teoria econômica da firma, cujos desencontros originam-se de diferenças
conceituais, metodológicas e ideológicas entre as principais correntes (TIGRE, 1998).
Essa “babel de respostas significativamente conflitivas” à menção da influência da
firma em uma economia de mercado (WINTER apud TIGRE, 1998) traduz a crise da teoria
em retratar a realidade das organizações no ambiente externo. Esse desencontro entre a teoria
e a prática pode ser fruto da “carência de análises empíricas do funcionamento da firma ao
54
longo da história” tendo em vista as dificuldades dos estudiosos em encontrar
correspondências entre fatos históricos (TIGRE, 1998; p. 67).
“A ortodoxia metodológica da teoria neoclássica limitou a percepção de questões
complexas diante da própria limitação de seus instrumentos e variáveis de análise”, uma vez
que guardada sob os modelos de equilíbrio geral e parcial impedia que sua estrutura avançasse
na percepção do novo contexto econômico (TIGRE; 1998 p. 68).
Pautada na empresa industrial, dominante do cenário econômico por muito tempo, a
teoria neoclássica permanece vinculada à teoria dos preços e alocação de recursos, ainda que
tenham tentado atualizar sua modelagem no sentido de dar fôlego incorporando elementos da
realidade econômica.
As seguintes premissas da teoria neoclássica da firma são apontadas por Tigre (1998;
p. 70):
(i) “A firma é vista como uma ‘caixa-preta’, que combina fatores de produção
disponíveis no mercado para produzir produtos comercializáveis;
(ii) O mercado, embora possa apresentar situações transitórias de desequilibro, tende
a estabelecer condições de concorrência e informações perfeitas. A firma
também se depara com um tamanho ‘ótimo’ de equilíbrio;
(iii) As possibilidades tecnológicas são usualmente representadas pela função de
produção, que especifica a produção correspondente a cada combinação possível
de fatores. As tecnologias estão disponíveis no mercado, seja através de bens de
capital ou no conhecimento incorporado pelos trabalhadores;
(iv) É assumida a racionalidade perfeita dos agentes, diante de objetivos da firma de
maximização de lucros “.
A teoria neoclássica, paradoxalmente, apresenta a firma como um ator passivo diante
do mercado cuja finalidade única baseia-se na maximização do lucro. O ambiente é
caracterizado em um contexto estável e, praticamente, sem incertezas e as atividades da firma,
resumidas à atividade “maquinal” de transformar insumos em produtos, assume um caráter
estático e alheio às transformações econômicas e sociais.
55
1.3.1 O Ambiente e a Adaptação Organizacional
O ambiente, por muitos anos, tem sido objeto de estudo das teorias econômicas tendo
em vista apresentar variáveis contingentes à formação de sistemas de planejamento e controle
organizacionais.
As teorias clássicas da firma não acompanham o dinamismo competitivo tampouco
a atuação das organizações na intensiva adaptação a ele, o que consolida ainda mais o hiato
entre a teoria e a prática.
No entanto, o interesse nas análises organizacionais faz-se presente ainda hoje entre os
estudiosos que procuram explorar características e peculiaridades dos novos paradigmas da
firma apostando na interdisciplinaridade e em convergências teóricas como meios de
reorientar a forma de se analisar a influencia da firma no ambiente e deste sobre ela.
1.3.1.1 Determinismo versus Voluntarismo
O enfoque dos estudos das teorias organizacionais aborda dois elementos: o ambiente
e a organização. E, em geral, a discussão central recai sobre o papel de cada um, seja ele ativo
ou passivo. A adaptação estratégica organizacional, portanto, derivará de contingentes
ambientais ou gerenciais, refletindo, portanto, um processo de escolha institucional ou como
fator reagente às forças ambientais (ASTLEN & VAN DE VEM; CHILD; ALDRICH apud
ROSSETTO & ROSSETO, 1999) o que caracterizará a predominância da perspectiva
determinista ou voluntarista, respectivamente (HANNAN & FREEEMAN, 1977).
A diferença entre ambas as linhas de adaptação estratégica é apenas em relação à
reação da firma frente às mudanças do ambiente. Se sua perspectiva for passiva, no sentido de
adaptar a organização às mudanças ambientais conforme exigências de seu ambiente mais
restrito, desconsiderando outras organizações e as interações entre elas, então assumirá a
perspectiva determinista; por outro lado, se os executivos participarem ativamente do
processo de decisão de mudança organizacional no tocante ao reconhecimento e interpretação
do ambiente, estará adotando a postura voluntarista (CUNHA, 1996; MILES, 1980).
56
1.3.1.2 Perspectiva da Dependência de Recursos
Assim como as perspectivas anteriores, a perspectiva da dependência de recursos
considera a influência do ambiente nas organizações. Possuidor de fortes laços com a
economia política das organizações (HALL, 1990) e com a sociologia (NOHRIA & GULATI,
1994) essa perspectiva analisa o fluxo de recursos, situando-se nas relações
interorganizacionais.
Ao assumir comportamento ativo no processo de interação com o ambiente
objetivando diminuir sua vulnerabilidade, a perspectiva da dependência de recursos, cujos
estudos originaram-se dos trabalhos de Pfeffer e Salancik (1978), alicerça-se numa visão
voluntarista, na qual as “organizações passaram a controlar e alterar as atividades de outras
organizações” (NETO e TRUZZI, 2002; p. 36).
Nessa visão, as organizações, cientes de que não são capazes de gerar todos os
recursos de que necessitam, portanto dependentes desses recursos e, por conseguinte, do
ambiente em que atuam, manipulam o ambiente em benefício próprio (NETO e TRUZZI,
2002).
A escolha estratégica, vista como coringa nessa perspectiva, “focaliza as ações
tomadas pelos membros da organização para adaptar as organizações a um ambiente”
(ROSSETTO e ROSSETTO, 1999) e é apresentada por Miles e Snow (1978) com três
características:
(i) A estratégia é vista como a ligação principal entre a organização e o ambiente;
(ii) A habilidade da administração no tocante ao ambiente;
(iii) A perspectiva da escolha estratégica abrange, ainda, as respostas às condições do
ambiente.
Com base no trabalho de Child (1972), Aldrich e Pfeffer (1976) destacam três
maneiras de comportamento das escolhas estratégicas no ambiente:
(i) A autonomia é conferida ao tomador de decisões;
(ii) A segunda maneira refere-se ao fato de que as escolhas estratégicas acerca do
ambiente são feitas com a intenção de manipulá-lo;
(iii) As condições ambientais são percebidas e avaliadas diferentemente por
diferentes pessoas, o que implica dizer que diferentes interpretações e formas de
agir podem ocorrer diante do mesmo fenômeno ambiental.
57
Naturalmente que os recursos estão alocados nas demais organizações, o que se traduz
em uma rede de relações interorganizacionais, fato que promove a interação ambiental como
recurso capaz de minimizar os problemas ligados à interdependência e incerteza do ambiente
(PFEFFER apud NETTO & TRUZZI, 2002; p. 36).
As ações das firmas, nesse contexto, traduzem-se nas tentativas de reduzir as
interdependências e as incertezas, seja por fusões e aquisições, seja por cooperação e
formação de alianças entre as organizações (HALL, 1990), de forma que seu poder será
percebido tão logo consiga reduzir sua dependência de recursos controlados, ou aumentar seu
controle dos recursos necessários para as outras organizações (NOHRIA e GULATI, 1994).
No entanto, algumas limitações à perspectiva de dependência de recursos são
apresentadas nos trabalhos de Aldrich E Pfeffer (1976) no tocante às barreiras econômicas e
legais quanto ao controle dos recursos. Destacaram também que a discussão sobre a
administração da dependência de recursos tem amplitude sobre as grandes corporações,
uma vez que as pequenas organizações têm menor influencia sobre o ambiente em que atuam.
1.3.1.3 Perspectiva da Contingência
A teoria da contingência surgiu a partir da idéia de que as ações organizacionais
dependem do comportamento ambiental. Desse modo, a estrutura organizacional sofrerá a
influência decorrente das pressões e incertezas ambientais condicionando o seu nível de
análise aos fatores que alteram as formas organizacionais (NETO & TRUZZI, 2002) de cuja
adaptação dependa sua continuidade e eficácia organizacional.
Da observância da contingência estrutural, surgem dois pressupostos: (i) “não existe
melhor forma de se organizar; (ii) cada caminho da organização não é igualmente efetivo”
(NOHRIA & GULATI apud NETO & TRUZZI, 2002 p. 37).
A contribuição dessa perspectiva recai sobre o questionamento da forma de se adaptar
segundo pressões ambientais, que considera a ausência de uma estrutura única e efetiva para
todas as organizações, uma vez que existem diversos fatores determinantes da otimização da
estrutura e que variam de firma para firma - tais como a estratégia, incerteza ambiental e
tamanho organizacional, de modo que o alcance das metas está relacionado à adequação dos
fatores contingentes à estrutura da firma (DONALDSON, 1998).
58
Dessa forma, os sistemas organizacionais de controle, por exemplo, são considerados
eficazes conquanto a adequação de suas variáveis produza o resultado esperado sobre o
desempenho da organização (GOVINDARAJAN & GUPTA; JERMIAS & GANI apud
AGUIAR & FREZATTI, 2007).
Alguns pesquisadores têm explorado o desenho do sistema de controle gerencial
considerando fatores contingentes à firma para a “identificação de uma estrutura apropriada
que apresente adequação com as contingências presentes no contexto do processo de
estratégia de modo a afetar positivamente o desempenho organizacional” (AGUIAR &
FREZATI, 2007; p. 1).
Segundo Aguiar e Frezatti (2007), essa perspectiva começou a ser pesquisada no
âmbito da contabilidade gerencial a partir da metade da década de 70, sendo alvo de diversas
críticas por possuírem uma visão determinística e desconsiderarem a evolução histórica das
organizações (COVALESKI & AIKEN, 1986; COVALESKI et al, 1996), por também não
incluírem o conceito de adequação contingente no sistema como um todo (DRAZIN &
VANDE VEM, 1985) e, por fim, pela carência de definições das variáveis contingentes
(OTLEY, 1980; CHENHALL, 2003).
As críticas feitas por Hall (1990) ao modelo da perspectiva contingencial recaem sobre
sua falta de finalidade, uma vez que não fornece subsídios para o desenvolvimento de uma
maneira ótima de se organizar e por tratar de maneira excessivamente racional a adequação
contingente, pois existem fatores carentes de percepção explícita, sendo esta última
corroborada por Nohria e Gulati (1994) que também consideram uma “crença exagerada na
capacidade adaptativa das organizações” (NETO & TRUZZI, 2002; p 38).
1.3.1.4 Perspectiva Institucional
Diversas pesquisas têm sido realizadas sobre o enfoque dos ambientes institucionais,
cujas perspectivas buscam explicar o porquê do surgimento das firmas, estabilidade e
transformação (FLIGSTEIN, 1999), além de analisarem como a cultura é estruturada em uma
organização (DIMAGGIO & POWELL, 1991).
Essas pesquisas, portanto, cujas raízes teóricas encontram-se nos trabalhos de Meyer e
Rowan (1991) onde surgiu o interesse sociológico em decifrar “os papéis simbólicos das
estruturas formais” (NETO & TRUZZI, 2002 p. 39) contribuem para as teorias
59
organizacionais por admitirem uma gama de estudos interdisciplinares que abordam desde a
política de pessoal à definição da missão organizacional.
O processo de formalização, organização e sistematização das inovações
organizacionais em resposta às mudanças ambientais como meio de adquirir legitimidade
(ROWAN, 1982) é conhecido por institucionalização, cuja teoria insere-se na perspectiva
determinista de conformidade organizacional às normas e expectativas do ambiente
institucional como meios de garantir sua continuidade (MEYER & ROWAN, 1977; SCOTT
& MEYER, 1983).
Desse modo, a partir do momento em que a organização obtiver aprovação, ou seja,
suporte social dos atores externos de seu ambiente institucional, estará com meios de garantir
sua sobrevivência de tal modo que sua “concordância com as prescrições institucionais de
conduta apropriada” (ROSSETTO & ROSSETTO, 1999; p. 117) garantirá a obtenção de
recursos (PFEFFER & SALANCIK; DIMAGGIO & POWELL, 1983; OLIVER, 1988),
evitará questionamentos sobre suas ações, competências e responsabilidades (MEYER &
SCOTT, 1983), garantirá maior estabilidade no mercado e maior probabilidade de
continuidade da vida organizacional (MEYER & ROWAN, 1977, 1983; DIMAGGIO, 1988).
A análise da perspectiva institucional considera que as organizações quando da
institucionalização de procedimentos de adaptação externa, em verdade, procuram o ajuste a
normas aceitáveis de suas populações (DIMAGGIO & POWELL, 1983; ROWAN, 1982) o
que configura o isomorfismo, considerado uma das grandes contribuições do
institucionalismo sociológico.
Caracterizado como um movimento de ajuste à compatibilidade com as características
ambientais, o isomorfismo considera que as organizações estão inseridas num contexto
ambiental com outras organizações similares que, frente às incertezas, tornam-se cada vez
mais parecidas isomórficas – dentre de seus campos organizacionais (DIMAGGIO &
POWELL apud NETO & TRUZZI, 2002).
Existem dois tipos de isomorfismo (ALDRICH, 1979; MEYER, 1979; FENNELL,
1980; DIMAGGIO & POWELL, 1983), o competitivo e o institucional. O primeiro, abordado
em trabalhos de Hannan e Freeman (1977) citados por Rossetto e Rossetto (1999) enfatiza o
mercado de competição e é apropriado para campos de competição livre e aberta.
Aldrich (1979), por sua vez, defende o isomorfismo institucional como ferramenta útil
para entender os fatores que influenciam a vida organizacional por considerar que a
verdadeira competição não existe por recursos e consumidores, mas por poder e legitimidade,
levando em conta apenas outras organizações.
60
DiMaggio e Powell (apud ROSSETTO & ROSSETTO, 1999) citam, por conseguinte,
três fatores ambientais onde se origina o isomorfismo das organizações:
(i) Isomorfismo coercitivo: refere-se à necessidade de legitimidade às coerções do
ambiente, tais como as regulamentações ambientais e culturais. O Estado, nesse
sentido, impõe certas institucionalizações às organizações por meio do seu poder
de legislar. As próprias instituições fiscalizadoras e regulamentadoras impõem
certos sistemas de controle sobre as firmas;
(ii) Isomorfismo mimético: processo de modelar-se a alguns processos de outras
organizações tendo em vista melhoria do uso dos recursos e ambiente de
trabalho;
(iii) Isomorfismo normativo: associa-se à profissionalização.
O primeiro elemento contingencial que acarreta a institucionalização de novos fatores
refere-se às normas regulamentadoras do governo e instituições. A uniformidade das firmas
pode ocorrer em função do ambiente em que se situam. As normas legais, culturais e
religiosas são pertinentes e particulares em cada região.
Dessa forma, quanto mais estiver o Estado exercendo suas funções sociais sobre o
ambiente, mais homogêneas serão as estruturas organizacionais dentro de determinado
domínio (MEYER & ROWAN, 1977).
Entretanto, o isomorfismo coercitivo não justifica completamente a tendência das
organizações modelarem-se umas às outras. O processo mimético de adequação institucional
ocorre em ambientes de incertezas, quando estarão as firmas encorajadas a buscar em outras
organizações soluções ou inovações tecnológicas, seja por pressão do corpo de empregados,
que vêem em outras firmas melhores condições de trabalho, seja pelos clientes, que forçam a
alterações na qualidade dos serviços e inovação de produtos (ROSSETTO & ROSSETTO,
1999). A esse processo de “busca” de novas “tecnologias” com as concorrentes, dá-se o nome
de benchmarking, que, hoje, corresponde a um “alisamento” da ação de copiar do outro o que
mais interessa.
O terceiro elemento de alteração institucional corresponde ao isomorfismo normativo
cuja origem advém da profissionalização que constitui na “ luta coletiva dos membros de uma
ocupação para definir condições e métodos de seus trabalhos e para estabelecer uma base
cognitiva e legitimação pa sua autonomia ocupacional” (LARSON; COLINS; DIMAGGIO &
POWELL apud ROSSETTO & ROSSETO, 1999; p. 119).
61
Um dos instrumentos de isomorfismo normativo corresponde aos fatores extrínsecos e
intrínsecos de recompensa como meio de promover a contratação dos melhores profissionais
ou de assegurar o corpo funcional existente. Nesse sentido, as pressões externas e internas dos
profissionais levam as organizações a apresentarem semelhanças (ROSSETTO &
ROSSETTO, 1999). Soma-se a isso, uma outra ferramenta de similaridade: as consultorias de
recursos humanos, cujas atividades correspondem ao recrutamento e treinamento de
profissionais que levam à capacitação da vez mais parecida entre as firmas.
A teoria institucional, por fim, participa de uma estrutura determinista, a qual confere
a responsabilidade das ações organizacionais ao contexto ambiental que pressiona para a
legitimidade sob pena de descontinuidade organizacional.
As críticas a essa perspectiva originam-se de estudos efetuados por Hall (1990) que
indaga sobre o posicionamento, excessivamente, passivo da organização frente ao contexto
ambiental. O modelo institucional coloca os fenômenos organizacionais subordinados aos
ditames de uma esfera institucional. Tolbert e Zucker (1998) destacam, ainda, a necessidade
de definir o que está institucionalizado e o que não está, além de ressaltarem da carência de
definições dos conceitos-chave e metodologias de análise (NETO & TRUZZI, 2002).
1.3.1.5 Quadro Comparativo das Perspectivas
Quadro 7 – Caracterização de alguns elementos acerca das perspectivas
Perspectiva Nível de Análise Principais Variáveis Principais críticas
Dependência de
Recursos
Interações ambientais.
Controles
interorganizacionais.
Fluxo de recursos.
Ação organizacional
no ambiente.
Limitação da ação
organizacional.
Contingência Estrutural
Fatores ambientais que
condicionam a forma
organizacional.
Decisões estratégicas
contingentes às
pressões ambientais.
Demasiada crença na
capacidade adaptativa das
organizações. Dificuldade
de apresentar respostas
racionais às pressões
internas e externas.
Institucionalismo
Como as organizações
surgem, tornam-se estáveis
e são transformadas.
Estruturação da ação e
ordem de significado.
Aspectos coercitivos,
normativos e
cognitivos.
Determinismo insitucional
para a difusão das formas
organizacionais.
Dificuldade de
mensuração das variáveis.
Fonte: Neto e Truzzi (2002; p. 41).
62
As perspectivas, ainda que divergentes quanto ao estudo do fenômeno organizacional,
concordam na observância do ambiente como elemento importante no estudo das teorias
organizacionais.
Os diferentes tipos de análises, contextos históricos e concepção de características que
envolvem as organizações corroboram para a criação de diferentes visões do mapeamento do
comportamento organizacional.
A participação ativa da firma bem como o fluxo de recursos no ambiente pertence à
escola de pensamento voluntarista, que formula a dependência de recursos como uma
perspectiva proporciona uma visão ampliada dos recursos que envolvem uma firma (HATCH,
1997). Nessa posição, a vantagem será alcançada tanto maior for o controle da organização
sobre os recursos de que necessita.
Ao caracterizar a organização como sujeito passivo, a perspectiva contingencial
colabora para a evolução do estudo organizacional ao inaugurar “um novo ciclo teórico que
busca relacionar a organização ao seu ambiente”, destacando os elementos que condicionam
as características organizacionais (NETO & TRUZZI, 2002, p. 41).
O institucionalismo como evolução da teoria comportamental das organizações
apresenta um campo exploratório mais amplo, uma vez que tem por objetivo abordar não
apenas os elementos que condicionam o presente, mas, sobretudo, os que condicionaram e os
que irão influenciar. Desse modo, a perspectiva institucionalista tem por função argüir sobre
as razões da existência de uma organização, o alcance de sua estabilidade e as motivações das
transformações.
As diferenças nas abordagens da natureza organizacional contribuem para o estudo ao
impor o rompimento de limites conceituais e racionais dos pensamentos teóricos
proporcionando a “intercambialidade de conceitos e níveis de análise” (NETO & TRUZZI,
2002; p. 41). Essa desarticulação do pensamento teórico reacionário só pode ocorrer à
medida que forem construídas linhas de comunicação entre as análises do comportamento
organizacional, o que promoverá novas reflexões acerca das perspectivas reorientando os
estudos na identificação de novos fenômenos organizacionais (FLIGSTEIN, 1985).
63
1.4 Ferramentas do Sistema de Controle Gerencial
A seguir serão descritas algumas ferramentas do sistema de controle gerencial
desenhadas consoante as características do controle.
1.4.1 Orçamento
O controle orçamentário constitui um dos principais instrumentos de controle das
atividades dos centros de responsabilidade, uma vez que compara resultados reais com
resultados orçados, e é intitulado pela maioria dos gestores como principal guia financeiro
(HORNGREN, 2004).
A abordagem racionalista apregoada por Anthony e calcada na administração
científica considera o orçamento apenas como uma extensão do planejamento a longo prazo,
cujo objetivo alcança a avaliação de desempenho dos gestores no alcance das metas
estipuladas. Alegria (SILVA, 2004) relaciona o controle orçamentário à estratégia da
organização transformando-no em um instrumento próximo ao controle estratégico.
Bunce et al (1995) citado por Silva (2004) propõe fatores contingencialistas ao sistema
de controle orçamentário ao prever a importância da missão, visão e estratégias
organizacionais em seu desenho. Os recursos, segundo eles, devem ser previstos e avaliados
consoante os processos e não mais os departamentos.
Covaleski et al (2003) citado por Silva (2004) trabalham com o processo orçamentário
sob três perspectivas: econômica aborda o orçamento como instrumento coordenador das
atividades e catalisador de incentivos; além de funcionar como um sistema de informação
gestor-empregado; humana considera o contexto humano no controle orçamentário; e, por
fim, a perspectiva contingencial considera no desenho orçamentário fatores como estrutura
organizacional e contextos social e humano.
64
1.4.2 EVA
O conceito do EVA® (Valor Econômico Agregado) foi definido por Stewart em 1991
quando lançou o livro The Quest of Value(ANDRADE, 2005), embora os fundamentos
teóricos tenham sido estudados cerca de quarenta anos atrás pelos ganhadores do Prêmio
Nobel de Economia Franco Modigliani e Merton Miller. Essa marca foi, posteriormente,
registrada por uma empresa de consultoria americana Stern Stewart & Co.
Segundo Stewart (1999), esse instrumento de avaliação de desempenho tem
revolucionado o método de análise de negócios. Ao considerar o lucro residual e a taxa de
risco, o método do EVA® permite ao gestor avaliar a lucratividade do investimento sob a
tangente do risco assumido. Desse modo, o retorno deve ser grande o suficiente para superar o
risco.
O lucro residual desse método de avaliação corresponde ao lucro das operações
deduzido de todos os gastos envolvidos na geração daquele resultado, inclusive os custos da
melhor oportunidade perdida pelos acionistas (STERN & SHIELY, 2001).
O EVA® é desenvolvido sob quatro pilares: Medida; Sistema de Gestão; Motivação; e
Mentalidade. A fase da “Medida” corresponde à criação de um modelo para a avaliação de
desempenho. As ferramentas de avaliação serão desenvolvidas na etapa “Sistema de Gestão”.
Os sistemas de gestão compostos pelas ferramentas de avaliação de desempenho promoverão,
na tangente sistema de recompensas, a “Motivação” necessária para a congruência de
objetivos. Por fim, a última fase que sustenta o EVA® corresponde à “aspiração” desse tipo
de controle à rotina dos empregados da organização. Nessa etapa, estarão os empregados
agindo como se fossem donos do negócio pelo qual se responsabilizam.
1.4.3 Balanced Scorecard (BSC)
O Balanced Scorecard (BSC), que denominam de “pontuação equilibrada”, surgiu em
virtude da necessidade de uma medição de desempenho que refletisse com mais propriedade
os ditames da nova era organizacional.
65
Cientes da necessidade de medidas de desempenho mais fidedignas, Kaplan e Norton
propuseram não o abandono de medidas financeiras, mas o seu balanceamento com as
medidas qualitativas. Conjugados a essa metodologia, os referidos estudiosos sugestionaram o
equilíbrio dos ambientes interno e externo e, sobretudo, os indicadores de tendência (leading)
e os de ocorrência (lagging) (COSTA, 2006).
Curiosamente, não obstante a origem de o BSC ter sido em virtude e para a medição
do desempenho empresarial em razão da necessidade de exploração de valores intangíveis,
sua aplicabilidade convergiu para um aprofundamento do uso dessa ferramenta: o
gerenciamento estratégico, que apesar de constituir mensurações de desempenho, o cunho
estratégico tem sido o norteador do desenvolvimento de todo o processo.
Assim, diferentemente do que ocorre com os sistemas tradicionais e não obstantes
outras empresas terem implantado medidas não-financeiras de desempenho, o BSC é desigual
por permitir uma ligação do planejamento estratégico aos planos operacionais, traduzindo os
posicionamentos estratégicos das organizações em direções orientadas. Mostra-se, portanto,
uma ferramenta útil de alinhamento estratégico tanto de longo quanto de curto prazo.
Diverge, portanto, o BSC de outras ferramentas de medidas gerenciais por permitir,
em um único relatório, o acompanhamento de todas as dimensões da estratégia, cujo foco será
sentido a partir do acompanhamento de todas as variantes em igualdade de prioridade
(COSTA, 2006).
A contextualização, portanto, do Balanced Scorecard é realizada mediante o desenho
de um mapa que traz em sua configuração todas as vertentes necessárias para a avaliação de
viabilidade e validade de projeções futuras. Objetiva, por conseguinte, evidenciar as
contingências para o alcance dos objetivos estratégicos em um único documento que permite
a visualização de todos os elementos em conjunto, “tornando explícitas as hipóteses de causa
e efeito entre os objetivos e as medidas” (COSTA, 2006, p.16) e relacionando o
encadeamento de quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e
crescimento.
66
1.5 Teorias da Internacionalização e Estratégia Global de Investimento Estrangeiro
1.5.1 Teorias da Internacionalização
A internacionalização teve sua iniciação nos tempos remotos das grandes navegações,
onde a procura por produtos e novos mercados representou o marco das conquistas mundiais
por terra.
Não obstante terem representado, mormente por suas características coloniais, guerras
e explorações desumanas dos agricultores, o século XIV foi caracterizado pelo surgimento das
grandes conquistas no campo tecnológico de construção de navios e demarcação de mapas de
influência.
Nesse sentido, apesar do momento atual refletir a grande turbulência das “quedas de
fronteiras”, o que repercuti em grandes negociações a nível mundial, o comportamento de
outrora dos grandes navegadores ainda se faz presente nas negociações atuais. No entanto,
apesar de não representarem “ameaças”, os negociadores, digo, os empresários, encontram-se,
a todo o momento, “em pé de guerra” com os concorrentes.
Infinitas são as razões que justificam a entrada em novos mercados além-fronteiras,
diversos são os estilos de gerenciamento dessas organizações e o escopo de
internacionalização.
Segundo Bartlett e Ghoshal (1992), Canals (1994) e Dyment (1987) as empresas
internacionalizadas podem ser classificadas em:
(i) Empresa exportadora: fase inicial do processo de internacionalização; as unidades
ficam, normalmente, no país de origem;
(ii) Empresa multinacional: pretende exploração de vantagem competitiva doméstica
em outros ambientes. O objetivo da empresa multinacional é a reprodução da
empresa matriz em cada uma das filiais no exterior, criando uma forte presença
local através da sensibilidade e receptividade às diferenças regionais;
(iii) Empresa Global: o objetivo dessa empresa é adquirir vantagem competitiva em
termos de custos e receitas através de operações centralizadas em escala global; as
atividades críticas devem se concentrar em um ou poucos países;
67
(iv)Empresa Transnacional: combinação da máxima eficiência econômica, máxima
capacidade de responder a mercados locais e flexibilidade de transmissão de
conhecimento para toda a organização. A empresa transnacional “busca eficiência,
não pela eficiência em si, mas como meio de alcançar competitividade global”
(BARTLETT & GHOSHAL, 1992; p.85).
1.5.1.1 Teoria Econômica
A corrente teórica, cujo berço foi no século XVIII, surge das identificações de dois
grandes grupos de justificativas para a conquista de mercados internacionais: mercados, cuja
alternativa justifica-se na contratação externa de atividades com o intuito de alavancagem
financeira, e hierarquias, com a utilização de recursos da própria empresa. A escolha por um
ou outro dependerá do índice de favorabilidade auferido nas duas alternativas. (BARRETO,
2002).
A teoria econômica, nesse sentido, é desenvolvida, resumidamente, sob três pilares
motivacionais do investimento no exterior, conforme obra de Hymer (1976):
(i) Neutralização dos concorrentes;
(ii) Exploração de vantagens competitivas; e
(iii) Diversificação.
Desse modo, conforme a abordagem desenvolvida pelos teóricos tem-se as teorias de
Internalização, Custos de Transação, Paradigma Eclético e Organização Industrial.
A Teoria da Internalização, conforme Buckley & Casson e Rugman (BORINI,
COELHO, RIBEIRO & PROENÇA, 2004), pressupõe a análise da viabilidade internacional
sob a perspectiva de absorção dos recursos e conhecimentos compartilhados no exterior.
Nesse sentido, a internacionalização, ou seja, o alcance do mercado externo, seja na forma de
exportação, seja na forma de criação de subsidiárias ou alianças, promoverá o
compartilhamento de tecnologias, sistemas de gestão, entre outros; constituirá, assim,
pressuposto essencial para a adoção de estruturas internacionalizadas cada vez mais
complexas.
O Custo da Transação, por sua vez, é trabalhado comparativamente à Teoria da
Internalização, uma vez que se analisa, sob esse enfoque, os custos de transação associados à
68
busca de informação ou elaboração de contratos, quando associados à exportação forma de
internacionalização menos complexa. Ou seja, firma-se, assim, uma análise de viabilidade do
projeto pelas perspectivas dos custos de internalização e de transação, onde aquele não poderá
ser maior que este sob pena de prejuízos financeiros.
Desse modo, quando mais complexo for o processo de internacionalização, sob a
tangente de investimento físico na construção de subsidiárias, esses dois custos, o de
internalização (instalação física, conhecimento de mercado, etc.) e o de transação (fechamento
de contratos), devem ser comparados sob risco de a empresa incorrer em falha estratégica de
conquista de vantagem competitiva. Nesse sentido, pode-se deduzir que a viabilidade do
projeto dependerá da relação custos internalização x transação, sob os enfoques, absorção de
conhecimento e instalações físicas, e custos de fechamento de contrato.
Adicionalmente a essa proposta de verificação de projetos, também três
perspectivas de atuação internacional que influenciarão a tomada de decisão: a localização da
subsidiária, quando a escolha for por um processo mais complexo, influenciará no tocante à
redução de custos de transporte e produção; a estratégia da empresa na centralização ou
descentralização das atividades, nesse enfoque, são discutidos os controles de gestão e
medidas de avaliação de desempenho; e a concorrência nesse novo mercado.
Nessas perspectivas, tem-se a Teoria do Paradigma Eclético de Dunning (NETO,
2005; AMAL, 2006), abordagem caracterizada pela forma integrada de explicar os motivos,
razões e formas como se desenvolvem as atividades internacionais, analisando a entrada no
mercado internacional de forma mais comprometida sob a verificação da possibilidade de três
vantagens:
(i) A vantagem da firma, também conhecida como vantagem de propriedade,
relaciona-se às características das empresas tais como recursos tecnológicos,
humanos, etc. para competir com os novos concorrentes. São divididas, segundo
a natureza, em estruturais, quando possuidoras de ativos intangíveis, e
transacionais, na medida em que possuem capacidades de gerenciamento de suas
atividades no âmbito internacional. Desse modo, sugere-se que, quanto maiores
as vantagens de propriedade, mais possibilidade de engajamento nos mercados
além-fronteiras terá a organização;
(ii) A vantagem da localização diz respeito às condições de localização conferidas
pelos países; ou seja, a existência de vantagens como recursos naturais, infra-
estrutura, condições legais e trabalhistas e etc. constituem o rol de atratividades
para a realização de negócios nessas regiões;
69
(iii) Vantagens de internalização auferidas mediante o trade-off internalização e
transação, apresentam como as firmas elaboram a exploração de suas
competências na análise concorrencial ás vantagens de localização.
A Teoria da Organização Industrial de Caves e Hymer (NETO, 2005) destaca o
enfoque competitivo das organizações em adentrarem nos mercados internacionais, cujas
justificativas devem estar inseridas em aproveitar as brechas nessas economias que permitam
alavancagem financeira. Essa abordagem, ainda, parte da premissa de que a
internacionalização mais comprometida surge da necessidade de minimizar gastos com
exportações.
Por último, cabe a abordagem da Teoria do Ciclo de Vida do Produto que consiste em
abertura de filiais através da exportação das tecnologias da matriz através de produções tidas
como obsoletas no país de origem. A vantagem, portanto, auferida por essas organizações é a
comparativa.
Enfim, para essa corrente teórica econômica, os processos de internacionalização são
essencialmente racionais e objetivos (NETO, 2005).
Nesse sentido, apesar de sua contribuição na literatura acadêmica de estudos do
processo de internacionalização, essa teoria aborda pouco sobre o aspecto de aprendizagem
organizacional, uma vez que possui características puramente estáticas; além disso, possuem o
enfoque estritamente econômico e voltado para atividades de manufaturas.
1.5.1.2 Teoria Comportamental
Também conhecida como abordagem processual ou de internacionalização em
processos, essa teoria teve seu nascimento na década de 70 na Universidade de Uppsala,
Suécia, e foi baseada nas seguintes conjecturas: o conhecimento adquirido de forma gradual;
o processo de internacionalização sendo aprimorado mediante o alcance de estágios. O
conhecimento, portanto, adquirido pelas experiências consumidas pelas organizações em
transações é pressuposto essencial para o aprimoramento das estratégias planejadas nesse
novo mercado.
70
Figura 2: Comportamento da organização no ambiente internacional
Fonte: Elaborado pela autora.
A Escola de Uppsala, portanto, aposta na “passagem por etapas”, uma vez que a
complexidade no investimento do mercado estará tanto quanto maior for sua experiência
nesse mesmo mercado. Não há, portanto, nessa corrente a “queima de etapas”. Trata-se de um
processo contínuo e gradual de aprendizagem, alcançada mediante conquistas incrementais de
“segurança psíquica”.
Desse modo, são apresentados os seguintes estágios de envolvimento internacional:
Estágio 1 – inexistência de atividades regulares de exportação;
Estágio 2 – exportação feita através de representantes independentes;
Estágio 3 – estabelecimento de uma subsidiária de venda no exterior;
Estágio 4 – unidades de operações no exterior (produção, por exemplo).
Segundo estudos de Johanson e Vahlne (1990; p.13), “essa seqüência de estágios
indica o comprometimento crescente de recursos com o mercado. Ela indica, ainda, as
atividades correntes (operações) que se diferenciam em razão da experiência acumulada”.
Entretanto, não é apenas a percepção da matriz que influenciará no maior
comprometimento internacional, mas as chamadas redes de relacionamento de Johanson e
Mattson (NETO, 2005) que se destacam no mercado estrangeiro, uma vez que é importante
analisar tanto as influências externas, relacionamento com investidores, fornecedores e
clientes, quanto as internas, relacionamento com outras subsidiárias.
Desse modo, a Escola Nórdica visualiza a empresa internacional como uma
organização formada por processos de aprendizagem representando conexões de recursos,
competências e influências (NETO, 2005).
Adicionalmente, destacam-se as estratégias de entrada nesses mercados, compostas
por processos graduais de aperfeiçoamento e conquistas de novas experiências. Nesse sentido,
Empresa
Experiências
Investimento
71
as empresas, geralmente, iniciam suas atividades no exterior mediante negociações simples de
exportação alcançando, com o decorrer do tempo, novos laços de comprometimento
internacional.
Assim, Johanson e Vahine, (NETO, 2005) contribuem com o estudo por destacarem a
influência psíquica no desenrolar do processo de internacionalização. Desse modo, as
empresas que almejam conquistar mercados internacionais o fazem com cautela, ou seja,
preferem mercados mais próximos geograficamente, culturas mais próximas, economias
parecidas.
Nesse sentido, as organizações sentem-se mais “acolhidas” nessa nova investida, por
ingressarem em ambientes que consideram menos hostis, tendo em vista similaridades de
comportamentos.
A contribuição, portanto, dessa escola no desenho do processo de internacionalização
foi ímpar por abordar fatores comportamentais e muito relevantes nessa análise. No entanto, o
trabalho de alcance de novos mercados, seja sob a forma principiante de exportação, seja na
forma mais ousada de estabelecimento de filiais, devem estar pautadas nas duas teorias
abordadas, pois as análises financeiras de viabilidade sob a matriz transação x internalização e
verificação das vantagens comparativas, bem como o aspecto gradual de alcance de
experiências, mapeiam, em conjunto, os comportamentos das organizações quando o assunto
é internacionalização de mercados.
1.5.2 Estratégia Global de Investimento Estrangeiro
A entrada no mercado estrangeiro está desenhada por objetivos estratégicos que
justificam, sob suas diversas vertentes, a alocação de recursos em países alienígenas.
As razões que impulsionam as operações estrangeiras diferenciam-se, sem, entretanto,
impossibilitar a conjugação de motivos distintos, desde que as estratégias sejam congruentes
com os recursos alocados às atividades em outros países.
A estratégia de uma empresa globalizada envolve a análise das propostas do mercado,
a luta por um lugar na demanda saturada ou a conquista de um mercado próprio, o sistema
competitivo de controle estratégico, a forma de organização e integração entre as áreas.
72
Nesse sentido, a estratégia global definirá os objetivos de alcance de novos mercados
ou ampliação do existente, coordenação ou construção do sistema de negócios. Será, portanto,
construída a partir de quatro componentes (LASSERRE, 2003):
(i) Estratégica global ambiciosa expressa o interesse da companhia na conquista
de novos mercados.
(ii) Estratégia global posicionada nesse segmento, a empresa avaliará as
oportunidades dos países, a partir dos diferentes atrativos oferecidos para
investidores estrangeiros. Os incentivos serão vistos e avaliados, diferentemente,
conquanto as circunstâncias desejadas por investidores. Fatores como demanda
latente, dimensões geográficas, recursos humanos e naturais, qualificam os
países possuidores dessas características como key countries.
(iii) Sistema global de negócios a empresa, no investimento em países alienígenas,
busca criar valor para seus clientes através da diversificação de atividades e/ou
otimização de recursos. A projeção de valor dependerá do tipo de negócio e da
integração vertical ou horizontal que se quer promover, e será composto de
atividades que se queira inovar a partir da gestão do conhecimento, produção de
novos produtos ou serviços e relacionamento com o cliente.
(iv) Organização Global a última etapa do estabelecimento da estratégia global é a
estrutura organizacional da empresa sob a forma de suporte aos seus objetivos
estrangeiros. Nesse sentido, a escolha de um adequado modelo organizacional
dependerá da natureza do contexto competitivo, e da estratégia adaptada para a
firma.
73
Figura 3: Estratégia Global
Importância relativa da região e dos
países nos termos de vendas, recursos.
Escolha dos países e Investimentos em recursos
Criação de valor. ativos e competências para
criar corrente de valor. E
desenvolvimento de
potencialidades através de
alianças e aquisições.
Verificação da estrutura física
processual e humana. Coordenação de recursos.
Fonte: Philippe Lasserre, 2003, Pg.37.
A partir disso, as empresas planejam suas estratégias sob a forte influência de sua
capacidade e do ambiente que pretendem explorar, além, é claro, do tipo de negócio a
empreender.
Assim, a estrutura aplicada dependerá do contexto econômico, social e ambiental e do
tipo de controle gerencial estruturado. No caso de diversificação de negócios sob a mesma
razão social, as estratégias, diferenciadas por natureza, serão estruturadas distintamente em
cada um dos centros de responsabilidades, uma vez que responderão de forma desigual aos
investimentos também desiguais.
Na decisão de investir no mercado estrangeiro, o desempenho da empresa resultará em
pontos positivos e negativos a depender do percurso das etapas estratégicas.
De acordo com Lasserre (2003), o primeiro ponto a ser explorado é o objetivo,
motivado por razões que justificam o investimento; em seguida, será avaliado o tempo de
entrada, momento econômico e social para, enfim, ser definida a maneira como serão
processados o investimento, os tipos de operações e as formas jurídicas.
Ambição Global
Organização Global
Posição Global
Sistema de
Negócio Global
Estratégia
Global
74
Nesse sentido, relaciona-se, uma série de motivos para o investimento estrangeiro:
(i) Desenvolvimento e exploração do mercado a estratégia que tem por
atratividade potencial o crescimento de mercado desenvolve-se sob o
planejamento e controle de mercado. Alguns países caracterizam-se como
países-chaves, uma vez que possuem atributos atraentes aos projetos de
ampliação de mercado.
(ii) Acesso aos recursos nesse objetivo, as empresas buscam em outros países
recursos naturais e/ou humanos que contribuam para o aumento da cadeia de
valor de suas operações.
(iii) Aprendizagem quando os objetivos estratégicos estiverem alicerçados na
gestão do conhecimento, a entrada em países com tecnologia avançada favorece
a aquisição de novos conhecimentos bem como sua aplicação, uma vez que o
ambiente é estruturado para esse exercício.
(iv) Coordenação a estratégia fundamentada na coordenação apropria-se da
vantagem de integrar, aperfeiçoar processos e reduzir custos.
1.5.2.1 Como investir?
A escolha pelo tipo do investimento constitui um dos processos que influenciam o
sucesso ou insucesso do negócio. A priori, o resultado é atribuído à integração entre as partes,
seja resultante de uma aliança, fusão ou incorporação. A gestão do processo, portanto, irá
depender da estratégia escolhida e sua conseqüente gestão (DUARTE, 2001).
Em certas ocasiões, as alianças são mais vantajosas do que as aquisições por serem
desencorpadas do estigma conquistador que representa uma incorporação. Entretanto, a
depender dos tipos de negócios, uma incorporação pode ser satisfatoriamente desenvolvida
quando o negócio adquirido não relacionar-se ao da adquirente; fato que implicará,
possivelmente, numa gestão descentralizada.
Atividades relacionadas tendem a facilitar o processo de integração no âmbito da
investidora, que possui ciência apropriada à gestão do negócio reconhecido. Assim, quanto
mais relacionados os negócios, maior o grau de integração para se atingir a sinergia necessária
à criação do valor esperado (LINDGREN & SANGBERG, 1981). Entretanto, outra variável
há que entrar em discussão, o da assimilação cultural.
75
Barros (2003), ainda ressalta que a estruturação e prática do projeto de incorporação
ou aliança dependerão da motivação do negócio. A justificativa pelo investimento que pode
ser da obtenção de tecnologia ou ampliação do mercado norteará a condução do processo de
integração.
Qualquer que seja o empreendimento, o projeto deve ser desenvolvido com a
amplitude do binômio risco x retorno. Quando se trata de território estrangeiro, a análise deve
considerar variáveis distintas das atividades nacionais.
Diversas organizações adquirem ou fazem alianças com as empresas locais como
forma aproveitarem os recursos e mercado existentes.
A depender do tipo de estratégia firmada, uma empresa optará por unir-se a outra ou
outras avaliando se os resultados pretendidos enquadram-se na proposta defendida.
Lasserre (2003) define três fases nesse contexto:
(i) Fase Inicial ou Prematura Entrar prematuramente em um país sem um estudo
adequado das condições de venda relativas ao poder de compra da população e o
conseqüente nível de consumo, pode significar perdas volumosas de dinheiro.
(ii) ‘Fase da Janela’ - O ambiente mercadológico dos países nessa fase é instável. A
escolha, portanto, é a de arriscar ou aguardar que outras empresas reconheçam o
terreno primeiro. As vantagens e desvantagens de ser o primeiro a investir no
país têm sido objetos de discussões. Existem evidências empíricas que o
primeiro a investir ganha vantagem competitiva no mercado.
(iii) Fase do crescimento competitivo Existem mercados saturados, quando a
competição se encontra muito acirrada. A entrada nesses mercados é perigosa
e requer investimentos volumosos de recursos ou uma estratégia diferenciada
que destaque a empresa nesse novo empreendimento. Formar uma imagem
diferente ou criar mercado para o produto pode resultar favoravelmente aos
investimentos. Os caminhos encontrados e discutidos para entrar em mercados
com essa característica são as aquisições, aproveitando-se das condições
geográficas e mercadológicas já conhecidas pela sucedida, e a formação de
alianças. A escolha por uma ou outra dependerá do tipo de tecnologia de serviço
ou produto a ser empreendida.
Como forma de melhor ilustrar as escolhas de entradas em países estrangeiros e suas
vantagens e desafios, segue uma breve alusão às principais formas de investimento, ainda com
a contribuição de Lasserre (2003).
76
(i) Subsidiárias
É uma das modalidades que mais envolve controle completo e investimentos
volumosos de recursos. O ambiente em suas várias vertentes, social, econômico,
mercadológico, legal e cultural, deverá ser objeto de estudo profundo e análise de retorno do
investimento. Possivelmente, são contratadas firmas de consultoria locais para o auxílio do
reconhecimento.
Os investimentos diferem entre si e, ainda que o negócio seja o mesmo para as
subsidiárias, o fato de estarem instaladas em países diversos, já resulta em estratégias e
controles gerenciais diferentes.
Quando a empresa é a primeira no segmento a investir no país, a vantagem de mercado
pode ser o alvo preferido, no entanto, o aspecto cultural da região em questão deverá ser
destacada como forma de resguardo do investimento devido.
Caso a estratégia da empresa for a de explorar a capacidade humana e tecnológica da
região investida, deverão ser considerados os prazos para absorção do pessoal no tocante ao
treinamento ao novo modelo de gestão.
A importação de gerentes deve ser levada com cuidado. Apesar de o controle total
favorecer a empresa em vários aspectos de gestão, a introdução de gestores inabilitados em
culturas diferentes, pode acarretar apenas a ilusão de controle. Os gerentes operacionais
podem ignorar as solicitações superiores e gerirem as operações no âmbito de suas aspirações,
“escondendo-se atrás do aparente respeito e obediência”(LASSERRE, 2003).
(ii) Aquisições
A principal e a mais destacada motivação são o aproveitamento dos recursos (pessoal
e infra-estrutura) e o mercado conquistado pela adquirida. Entretanto, apesar desses ativos
virem num pacote atrativo, as características legais e culturais do país devem ser consideradas
quando do fechamento do negócio. várias formas de adquirir uma empresa, no tocante ao
planejamento e controle do processo. Nesse contexto, as etapas pré-aquisição e pós-aquisição
nortearão o futuro da empresa.
(iii) Alianças
A criação de parcerias de negócios é fundamental em certos tipos de entrada no
mercado estrangeiro. A formação de alianças como forma de controle em conjunto de
empresas pode ser apropriado quando o negócio almejado não se trata de ativos físicos, mas
tão-somente de ativos intangíveis da organização. Quando os empregados da empresa-alvo
representam o foco do investidor, a aliança pode ser a melhor estratégia, uma vez que os
77
empregados não se sentirão intimidados com a idéia de serem incorporados e terem que se
adaptar a uma nova estrutura de gerenciamento e organização corporativa.
As alianças são promovidas por alguns governos que preferem que as empresas locais
continuem a operar sob os recursos estrangeiros, sem constituírem, contudo, subsidiárias.
As vantagens que o casamento de objetivos pode proporcionar ao governo local e às
empresas participantes podem ser enormes. Todas as partes usufruirão de benefícios, sejam
eles sob a forma de recursos e empregos, sob a expectativa de ampliação futura dos negócios,
sejam linhas de distribuição estabelecidas e mercado fornecedor e consumidores
conquistados.
Concomitante aos benefícios gerados pelas alianças, os riscos devem ser gerenciados,
sob pena de inviabilizar o investimento em determinada localidade. Nesse contexto, a
complexidade do projeto, a incerteza quanto à aceitação do mercado por um produto ou
serviço e o risco do país são considerados no período pré-acordo; momento em que a relação
risco x retorno é balanceada para um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.
A contar pela obrigação legal do país, a empresa pode decidir pela escolha de uma
aliança com uma empresa passiva, cujo controle será exercido mais efetivamente pela
primeira. No entanto, caso inexista qualquer obrigação legal no país estrangeiro, a melhor
opção é não fazer alianças, a não ser que seja preciso algum tipo de aproveitamento dos ativos
da companhia nacional, motivo que a justificaria.
Quando a criação de
joint ventures for obrigatória, a parceria será objeto de avaliação
no tocante ao estilo de gerenciamento organizacional e cultural das partes. Em alguns casos, a
escolha do parceiro é crucial por representar conseqüências de longo prazo. Nesse sentido, a
congruência de objetivos é fundamental para o alcance dos resultados esperados, e pelos quais
foram investidas volumosas quantias de dinheiro (LASSERRE, 2003).
Figura 4 – Escolha do parceiro da
joint venture
Participação Local Parceiro passivo Participação com ajuste
Sim
A participação será Participação Financeira Investidor ‘Teaching Partner’
igualitária?
Não Sem participações Aquisição
Sim Não
A companhia local possui capacidades para gerenciar sozinha?
Fonte: Lasserre. Global Strategic Management, 2002. Pg. 197.
78
Para Barros (2003) o processo de aquisição resulta da evolução do licenciamento,
alianças e parcerias, até a incorporação dos ativos da outra companhia. Nessa lógica de
relacionamento, os interesses, gradativamente, convergem da relação informal para a
unificação de propósitos. Nesse sentido, ocorre o estreitamento da comunicação entre as
partes até o momento em que se tornar viável e, sobretudo, necessário, fundir ou incorporar-se
os objetivos.
Figura 5: Diversos tipos de combinação estratégica
Fonte: (BARROS, 2003, p.19)
Cada tipo de relacionamento implica em níveis distintos de investimentos, formatos
legais específicos e, sobretudo, impacto diferenciado nas pessoas.
Critério de seleção do parceiro:
(i) Quando as companhias envolvidas possuem objetivos comuns, apenas o
ajuste estratégico que consiste na avaliação implícita e explícita da conjugação
das forças e dos benefícios esperados por cada uma.
(ii) O ajuste de capacidades significa a verificação das potencialidades de ambas as
partes e a potencialidade de reinvestimento financeiro nas atividades. A
tecnologia e os intangíveis representam a mais valiosa contribuição para o
alcance de resultados conjuntos.
(iii) Cultural dissimilarity quando do momento de escolha do parceiro, a estrutura
cultural do país deve ser objeto de avaliação, sob pena de transtornos futuros. A
comunicação deve ser clara no comando da empresa, assim como o
gerenciamento de pessoal unânime ou, pelo menos, parecido.
79
(iv) Por último, tem-se a avaliação organizacional. Nessa proposta, deverão ser
avaliados os sistemas de controle gerencial de ambas as empresas e o tipo de
gerenciamento comum no tocante à comunicação entre as partes.
1.5.2.2 Estratégias de Aquisição de Empresas
Diversas organizações têm preferido adquirir as empresas locais como estratégia de
entrada no mercado estrangeiro. Lasserre (2003) ressalta duas fases importantes desse
processo:
O período pré-aquisição corresponde à fase de balanceamento das propostas de
internacionalização dos negócios. Nessa etapa, são avaliados o momento, os
recursos disponíveis e o tipo de gerenciamento a ser empreendido.
O período seguinte correlaciona-se à integração gerencial pós-aquisição.
Corresponde à etapa de administração do processo de incorporação; representando
fator determinante do sucesso ou fracasso do projeto.
A decisão pela forma de integração das companhias, no tocante ao prazo, espelhará os
objetivos propostos, sejam de curto, quando o benefício esperado for a redução de impostos,
ou de longo prazo, na espera de economias de escala. Entretanto, independentemente do prazo
esperado, alguns ajustes deverão ser efetuados, tais como o valor dos ativos nos livros em
comparação com o valor de mercado, os planos de aposentadoria, as obrigações legais, entre
outros.
A valoração da empresa é essencial por subsidiar o comprador no lance final do valor
dos ativos. Lasserre (2003) dispõe três principais métodos de valorar uma companhia:
(i) Valoração baseada nos ativos: o método determina o valor atual dos ativos
menos as obrigações ajustando os inventários. Os ativos intangíveis ou goodwill
são estimados utilizando comparativamente os valores evidenciados por outras
companhias em igual situação.
(ii) Valoração baseada no mercado: dar valor à companhia através da ação de troca
ou valor equivalente de mercado é uma forma direta de se atribuir valor de
mercado na negociação.
(iii) Valoração baseada no fluxo de caixa.
80
As aquisições, portanto, conforme nos ensina Ross, Westerfield e Jaffe (1995)
compreendem em operações em que uma firma é adquirida por outra, de mesmo ramo ou não.
Nesse sentido, a adquirida deixa de existir mantendo apenas a identidade da adquirente.
Ainda de acordo com os autores, as aquisições podem ser:
(i) Horizontais – aquisição de firmas do mesmo ramo de atividade;
(ii) Verticais quando o processo de aquisição envolve firmas que fazem parte da
mesma cadeia produtiva (cliente – fornecedor);
(iii) Em Conglomerado ou co-seguro quando envolve firmas em atividades não
relacionadas, onde o objetivo principal, na maior parte das vezes, é a
diversificação de investimentos com o intuito de diminuição de riscos (hedge).
A escolha pelo processo de aquisição de empresas sempre será acompanhado de um
minucioso estudo de custo-benefício, momento em que serão avaliadas a rentabilidade e
viabilidade do empreendimento.
A tomada de controle (takeover) diferencia as conduções nos diversos tipos de
operações (HIRSCHEY, 1986). Assim, as classificadas como amigáveis (
friendly takeover)
são aquelas em que a mudança da propriedade sem a troca do controle administrativo;
enquanto que as hostis (
hostile takeover) são definidas como operações de substituição do
controle da empresa.
1.5.2.2.1 Intenção de Compra
A intenção de compra mapeará os passos seguintes no processo de aquisição de ativos.
De acordo com Lindgren e Spangberg (1981) e Shelton (1988), as operações de incorporação
buscam uma potencial criação de valor a partir da sinergia criada entre as atividades, uma vez
que se concorre à contribuição estratégica ou financeira para a empresa adquirente.
A motivação pode, ainda, estar relacionada à maximização de valor para o acionista
por meio da economia de escala ou transferência do conhecimento; pode adicionalmente,
relacionar-se, ao mercado, no aproveitamento de tecnologia e apoio à reestruturação
(CARTWRIGHT & COOPER, 1999; ROURKE, 1992).
81
Sterger (1999) resume as causas em dois grupos: tradicional, quando os interesses
inerentes ao processo de aquisição referem-se à consolidação e expansão do mercado, e
transformacional, agrupado por mudanças de portfólio, novo modelo de negócios ou mudança
radical de patamar. Esta última requer maior atenção devido à complexidade que apresentam
nos processos pós-aquisição e gestão de pessoas.
1.5.2.2.2 Due Diligence
Após definida a intenção de compra, inicia-se o processo de aquisição propriamente
dito, etapa em que são analisados os ativos e passivos entre outras variáveis da empresa
adquirida. A esse processo de verificação dá-se o nome de due diligence. Geralmente, nessa
fase são verificados valores decorrentes de taxas, impostos e questões legais. Auxilia-se, nesse
sentido, no processo de formação do preço a ser pago (MARKS; MIRVIS, 1998). Apesar de
não ser muito comum em algumas operações de due diligence, são encontradas análises da
gestão de recursos humanos da empresa adquirida. Motivo igualmente importante de
verificação, uma vez que abrange não apenas questões trabalhistas, mas, sobretudo, sistemas
de remuneração e recompensas, que não encontra espaço nos relatórios de avaliação
patrimonial, financeira e mercadológica.
1.5.2.2.3 Negociação
Nessa etapa, é elaborado um plano metodológico de andamento do processo da
aquisição. É formado um grupo específico para dar início ao processo e apoio à integração.
Nesse plano constam a estrutura organizacional e hierárquica, o gestor e o cronograma de
execução (EVANS; PUCIK; BARSOUX, 2002).
82
1.5.2.2.4 Integração
A fase de integração é uma das mais críticas para o sucesso do empreendimento.
Relacionada à escolha do tipo de aquisição e processo de gestão a ser posteriormente
executado, a fase de integração tem relação direta ao estudo de assimilação ou permanência
cultural da adquirida.
De acordo com Senn (1992), o processo de integração cultual pode ocorrer por meio
de três formas: autônoma ou semi-autônoma; absorção e assimilação; e co-criação de outra
família. Haspeslagh e Jemison (1991), por sua vez, indicam três possíveis resultados:
i) Absorção da cultura adquirente: fruto de uma aquisição de processos
relacionados e passível de interdependência estratégica.
ii) Preservação: ocorre quando necessidade de autonomia organizacional, seja
pelo distanciamento geográfico, desconhecimento das atividades ou culturas
especialmente distintas.
iii) E simbiose: motivo pressuposto de necessidade de interdependência estratégica
conjugada à autonomia organizacional.
Barros (2001: 2003) e Tanure (2004) realizaram alguns estudos e identificaram três
níveis de aculturação que podem ocorrer na integração, a saber: assimilação, mescla e
pluralidade cultural.
A assimilação cultural consiste na absorção cultural da adquirente, fruto da existência
de uma cultura dominante e executora de mudanças significativas para a empresa adquirida. A
incorporadora ao absorver a outra empresa, estabelece processos de disseminação de seus
procedimentos e sistemas, causando, naturalmente, na adquirida reações e sentimentos
protecionistas em relação aos seus costumes.
A mescla cultural, segundo nível abordado pelos autores supracitados, existe a partir
da convivência de culturas, gerando poucas mudanças para a adquirida e adquirente. É uma
estratégia, comumente, encontrada em processos de fusão, a partir do qual ambas as empresas
deixam de existir para a constituição de outra firma. Nesse aspecto, as melhores
características das empresas extintas são preservadas na nova, cuja absorção tem por intuito
internalizar os melhores processos e procedimentos. Entretanto, ao aludir a uma forma
interessante de integração cultural há que conhecer o custo de tal empreendimento, sua
coordenação e apelos políticos. Somado a isso, esse processo de equilíbrio cultural pode não
ser bem aplicado na prática, uma vez que sempre haverá, ainda que sutilmente, uma cultura
83
dominante; que, ainda, não será o espelho perfeito de sua progenitora; sofrerá, por
conseqüência da outra cultura, modificações em sua estrutura. Desse modo, surgirá uma
terceira cultura.
Por último, a pluralidade cultural cuja proposta aborda as culturas como passíveis
de convivência. Manter-se-iam todas as características da empresa adquirida sem influência
significativa da cultura adquirente. Esse tipo de integração é visto como temporário, uma vez
que com o passar do tempo e no decorrer das atividades e relacionamentos mútuos, alguns
procedimentos seja de controle ou de gestão serão cultuados na empresa incorporada sob
metodologias formais de instrução.
1.6 Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas
Paralelamente aos fatores que influenciam a estruturação de um sistema de controle
gerencial em ambiente doméstico, a internacionalização dos negócios implicará no estudo dos
elementos contingentes ao desenho do sistema em ambiente estrangeiro.
Desse modo, os parâmetros de estudo são os mesmos e conhecidos, quando o
estágio de vida organizacional indica uma formalização dos sistemas de controle. A distinção
será no uso desses ingredientes na modelagem de um sistema que se adeqüe ao objetivo de
conquista do mercado além-fronteira. “Empresas globalizadas devem ser gerenciadas de
modo bem diferente de empresas nacionais ou multinacionais. O sistema de controle gerencial
deve ser estruturado para atender à estratégia mundial” (DYMENT, 1987; p.20).
Merchant (1998) aborda o SCG como agente passivo do ambiente institucional do país
no qual a organização tenha interesse em instalar ou adquirir uma unidade. O sistema legal,
com suas leis, regulamentos, contratos e relações trabalhistas, o sistema financeiro, com sua
rede de credores e condições diversas de financiamento, e os padrões contábeis vigentes,
deverão ser considerados como variáveis de estruturação dos sistemas de controle da
organização.
Outro fator contingente à formulação do SCG corresponde à estratégia de
internacionalização. Desse modo, a forma de entrada no país estrangeiro, o empreendimento
para a operacionalização das atividades, motivarão a escolha de um tipo de controle a ser
exercido (MACIARIELLO & KIRBY apud GOMES & RODRIGUES, 2006).
84
O desenho do processo, portanto, absorverá não apenas os aspectos do novo projeto
mas, sobretudo, o estilo gerencial da adquirente, ou seja, do investidor que, mediante
experiências anteriores, moldará o sistema necessário para essa unidade.
Consoante estudo de Bartlett e Ghoshal (GOMES & RODRIGUES, 2006), a
administração estratégica de uma empresa transnacional deve ser capaz de adequar-se às
mudanças ambientais, exercer um controle flexível que responda eficientemente ao contexto
externo e interno e, acima de tudo, funcionar como catalisador do comprometimento com os
objetivos organizacionais por parte do corpo funcional.
Na oportunidade de criação de subsidiárias, Prahalad e Doz (GOMES &
RODRIGUES, 2006) alerta para a mudança no nível de controle à medida que estas unidades
ganhem capacidade organizacional e administração dos recursos estratégicos.
Merchant (GOMES & MARTINEWSKI, 2002) relaciona cinco fatores diferenciais
dos controles domésticos dos multinacionais:
(i) As empresas multinacionais, além das dimensões de produção e marketing,
apresentam, ainda, uma terceira dimensão: a geográfica; acarretando mudanças
de controle gerencial conforme o país em que está inserida. A contar que as
empresas, geralmente, não estão em apenas um país diferente do de origem,
diversos controles podem ser encontrados sob a “mesma razão social”;
(ii) O segundo aspecto que o diferencia das empresas domésticas é a questão do
preço de transferência. Esse aspecto merece relevo nas discussões de viabilidade
das instalações no exterior, pois abrange análises de regulamentos
governamentais, tarifas, entre outros. Diversos países, portanto, têm limitações
no estabelecimento de preços de transferência para transações com subsidiárias
no exterior (ANTHONY & GOVINDARAJAN, 2002).
(iii) A assimetria no tocante ao conhecimento das peculiaridades da nação
estrangeira, dificulta as gerências da sede em acompanhar e avaliar as tomadas
de decisões dos executivos dessas unidades, apesar deles, em sua maioria, terem
sido enviados do país sede à base estrangeira. O que diferencia não é o estilo
pessoal dessas pessoas, mas o comportamento exigido em algumas situações.
(iv) O fuso horário e a distância geográfica constituem empecilhos para um
gerenciamento mais próximo da sede-matriz. Por conta disso, as organizações
escolhem regiões que possuem “proximidade psíquica”.
(v) Por último, que se discutir um fator que não influencia as gerências
domésticas: o câmbio. A administração cambial deve ser verificada quando da
85
avaliação das subsidiárias; no entanto, para a avaliação do desempenho dos
executivos, esses valores deverão ficar líquidos de variações cambiais
(ANTHONY & GOVINDARAJAN, 2002).
O estabelecimento do sistema de controle gerencial em unidades internacionalizadas
dependerá, ainda, dos instrumentos utilizados para a avaliação de desempenho que podem ser
financeiras e/ou não-financeiras.
O tipo de avaliação e o período de medição serão guiados pelo modelo de proximidade
e afastamento no controle dessas unidades.
Assim, Anthony e Govindarajan (2002) classificam os controles como rígido e a
distância, dependendo da extensão de monitoração e não do grau de delegação, embora o
controle rígido, na maior parte das vezes, seja acompanhado de delegações limitadas.
O controle rígido é exercido em unidades cujas operações a matriz tem estrita relação
decisória. São utilizados instrumentos de avaliação financeira rígida e freqüente, cujo maior
interesse é o de medição do lucro e solução imediata de problemas. Geralmente, as unidades
cujos diretores da matriz possuem grande conhecimento operacional são controladas
rigidamente.
O controle a distância, por sua vez, caracteriza-se, em suma, por um acompanhamento
menos formal e periodicamente curto. O orçamento, por exemplo, é utilizado como
instrumento de comunicação e planejamento, não sendo, entretanto, de uso obrigatório.
Os mesmos autores discorrem, ainda, sobre as vantagens e desvantagens do uso do
controle rígido.
(i) Vantagens:
(ii) Evita desperdícios e ineficiência dos executivos;
(iii) A pressão força os executivos a procurarem novas formas de controlar as
operações.
Entretanto, controles muito rígidos podem acarretar efeitos danosos à administração
das unidades se, somado a isso, for dada ampla autonomia aos executivos, ocasionando
decisões danosas a longo prazo.
O exercício de controles rígidos deve estar pautado de um acompanhamento vigoroso
do comportamento desses executivos a fim de evitar fraudes nos resultados ou simples
alisamentos financeiros.
Os fatores que afetam a escolha por um controle mais ou menos rígido são:
86
(i) O nível de independência de atuação do executivo: maior independência será
dada ao executivo quando maior for a complexidade do negócio, sendo
necessária maior delegação.
(ii) Grau de influência: nesse item, a extensão das variáveis críticas de desempenho
pode ser afetada pelo executivo da unidade.
(iii) Incerteza relativa: o executivo trabalha com incertezas internas e externas.
Assim, quanto maior for a incerteza, maior será a dificuldade na utilização do
orçamento como medida de avaliação de desempenho.
(iv) Prazo de impacto das decisões: o prazo deverá ser avaliado na verificação do
tempo de resposta das ações dos executivos. O instrumento financeiro de
avaliação deverá considerar o tempo das decisões dos executivos e seus
respectivos resultados.
1.7 Experiências de Internacionalização de Empresas Brasileiras em um Contexto
Globalizado
Esse espaço abordará, resumidamente, os processos de internacionalização de algumas
empresas classificadas entre as 20 organizações brasileiras com maior número de ativos no
exterior, conforme métrica proposta pela Fundação Dom Cabral (FDC) e a Columbia Program
on International Investiment (CPII) e que tiveram estudos publicados no sistema aberto de
comunicação (Internet).
1.7.1 Ranking de Internacionalização
A Fundação Dom Cabral e a Columbia Program on International Investiment
divulgou, em Dezembro de 2007, um estudo comparativo 2005-2006 objetivando mapear a
atuação das empresas brasileiras no mercado externo.
Segundo essa pesquisa, as vinte maiores multinacionais do país com atuação no
exterior (Top 20) fizeram do Brasil o segundo maior país com investimento externo, dentre os
países emergentes, quando considerado o fluxo de investimento direto estrangeiro (IDE).
87
A identificação das empresas com maior índice de participação direta no mercado
estrangeiro prescinde de métricas julgadoras do comportamento de um grupo de organizações.
Segundo argumentação de Hassel et al. (2003), a utilização de métricas ajudam a
explicar o comportamento das organizações na expansão internacional de suas atividades.
Além disso, no lugar de se utilizar uma única medida universal (RAMASWAMY et al., 1996)
ou inúmeras variáveis individuais (SULLIVAN, 1996), esses autores defendem um meio
termo, uma vez que a utilização de uma única variável de medição não refletiria o processo
dinâmico de internacionalização diante de diferentes trajetórias nos mercados internacionais.
A métrica composta utilizada pela FDC e CPII corresponde ao índice de
transnacionalização da UNCTAD lançada no World Investiment Report 1995 considerando a
média aritmética das seguintes proporções: vendas externas por vendas totais, ativos no
exterior por ativos totais e empregados no exterior por empregados totais. A escolha pela
proporcionalidade das variáveis embarga o favorecimento de empresas de um determinado
tipo de negócio.
Apesar de não possuir abrangência crítica muito ampla, a UNCTAD tem a vantagem
da facilidade na composição e interpretação dos dados.
O quadro apresentado a seguir foi retirado de uma publicação da FDC e CPII que
relaciona as vinte maiores empresas com ativos no exterior e seus graus de
internacionalização.
88
Figura 6: Ranking das vinte maiores multinacionais brasileiras com investimento no exterior
(2006).
Fonte: Pesquisa FDC e CPII (2007).
Outro índice apresentado corresponde à avaliação do grau de regionalidade das
operações no exterior. Essa métrica avalia a concentração das atividades transfronteiriças
calculada de acordo com o número de países de certa região em que essas empresas estão
presentes relacionado com o percentual de todos os países em que estão localizadas (vezes
100).
89
Figura 7: Índices de Regionalidade (2006)
Fonte: Pesquisa FDC e CPII (2007).
1.7.2 Empresas Brasileiras Internacionalizadas: Casos Pesquisados
Dentre as Top 20 apresentadas pelo ranking proposto pela FDC e CPII, algumas
foram alvos de pesquisas e estudos a respeito do processo de internacionalização.
Diante disso, será apresentado um quadro-resumo das principais informações do
comportamento em negócios internacionais, conforme ranking de transnacionalidade, das
seguintes organizações: Gerdau (CORRÊA & LIMA, 2007), Vale (BRAGA, 2003), Sabó
(CARVALHO & GOMES, 2007), Marcopolo (FILGUEIRAS, GOMES & SEQUEIRA,
2007), Construtora Odebrecht (GOMES & RODRIGUES, 2006), Embraer (FERREIRA,
GOMES, PESSANHA & COUTINHO, 2002), Andrade Gutierrez (MADEIRA, MEDINA,
RODRIGUES & THEUER, 2006), Natura (MAZZOLA, 2005), Petróleo Brasileiro S.A.
(GOMES & BARROS, 2007).
90
Quadro 8 : Algumas empresas brasileiras com experiências internacionais.
Ranking Empresa
Ramo de
Negócio
Início da
Internacionalização
Estágio
Internacional
Impacto do Processo de
Internacionalização sobre o
SCG
1 Gerdau Siderurgia
1980: Aquisição da
Siderúrgica Laisa no
Uruguai.
• Último estágio do
modelo de Uppsala;
• Empresa
Transnacional.
• Apesar de não ter sido
encontrado nenhum estudo
específico sobre o SCG no
processo de
internacionalização, as
informações predizem
mudanças estruturais e
organizacionais na empresa, o
que já indica alterações nos
controles exercidos.
2 Vale Mineração
Empresa exportadora
de commodities sempre
teve atuação
internacional. Data de
icio das exportações
não mencionada em
estudos.
• Último estágio do
modelo de Uppsala;
• Empresa Global;
• O sistema de controle rígido
com ênfase em custos está
sendo reposicionado.
3 Sabó Auto-peças
1975: Exportação
Alemanha e Austrália.
• Último estágio no
modelo de Uppsala;
• Empresa Global.
• Melhorias nos sistemas de
controle gerencial tanto no
Brasil como em outros países
de atuação.
4 Marcopolo
Indústria
Automobistica
Exportações desde
1961. Mas o marco foi
na década de 90 com a
entrada no mercado
português.
• Último estágio do
modelo de Uppsala;
• Empresa Global.
• Adoção de outros sistemas de
controle gerencial que melhor
acompanhem a evolução dos
negócios. SAP, em fase de
implementação;
• Descentralização do processo
produtivo.
5
Construtora
Odebrecht
Construção e
Petroquímico
Iniciou o processo de
internacionalização em
1979 com a construção
de usina hidrelétrica no
Peru.
• Estratégia
Transnacional;
• Último estágio no
modelo de Uppsala;
• Investimento direto
visando minimizar
custos de transação.
• Descentralizou decisões;
• Superou impasses na
definição do preço de
transferência;
• Mecanismos minimizadores
das diferenças cambiais;
• Flexibilização do sistema de
controle gerencial.
6 Embraer
Indústria
Aeronáutica
Década de 80: icio
das exportações de
aeronaves.
• Empresa
Exportadora;
• Primeiro estágio no
modelo de Uppsala.
• Passagem do modelo
burocrático para o focado nos
resultados com ênfase nos
planos de ação.
11
Andrade
Gutierrez
Diversificado
Início: década de 80
(1982/1983) mediante a
construção de uma
rodovia na República
Democrática do Congo.
• Estratégia Global;
• Teoria Econômica:
vantagens de
localização e
propriedade;
• Último estágio do
modelo de Uppsala.
• Alterações nos sistemas de
controle, principalmente, no
tocante às perspectivas
culturais ao seu desenho.
17 Natura Cosméticos
Início: 1994 no Chile,
Argentina e Peru com
processo de formação
de consultoras.
Experiência mal-
sucedida.
• Estratégia
multinacional com o
estabelecimento de
centros de distribuição
em outros países;
• Terceiro estágio do
modelo de Uppsala.
• Precisou modificar a
estratégia de atuação nacional
de vendas diretas para vendas
em varejo no mercado
internacional. Isso prescindiu
de alterações nos sistemas de
controle.
18 Petrobras Petróleo e Gás
Descoberta do poço de
Majnnon em 1976
constituiu o marco
inicial da trajetória
internacional da
Petrobras.
• Empresa
Transnacional;
• Último estágio
modelo de Uppsala
• Empreendeu diversas
mudanças: desde mudanças
hierárquicas até sistemas de
controle gerencial.
Fonte: Elaborado pela autora com base nas referências já citadas.
91
1.8 Ciclo de vida das Organizações
As origens do estudo do ciclo de vida das organizações remontam à necessidade de
avaliar as organizações no tocante ao tipo de resposta às influências do ambiente. Sua
estruturação, desenhada consoantes fatores contingentes como tamanho, cultura, estratégia
etc., de acordo com os autores que utilizam essa abordagem, pertencerá a um estágio
evolutivo da vida organizacional. Segundo esses autores, alguns comportamentos são
esperados em resposta às mudanças organizacionais.
Diversos são os modelos de ciclo de vida estudados pelos autores. Algumas
características são comuns na identificação dos modelos, mas o tempo de cada estágio é
impreciso e de difícil quantificação.
Quinn e Cameron (1983), apesar de constatarem divergências de alguns modelos
quanto aos estágios organizacionais e os atributos utilizados na caracterização desses estágios,
integraram diversos modelos em um conjunto comum: (i) estágio empreendedor (inovação,
formação de nichos e criatividade); (ii) estágio coletivo (alta coesão e comprometimento); (iii)
estágio de formalização e controle (estabilidade e institucionalização); e (iv) estágio de
estruturação e adaptação (expansão dos domínios e descentralização). Esses autores não
consideraram a fase de declínio tendo em vista que os modelos estudados não abordaram esse
estágio, o que os levou a supor que a descontinuidade da organização corresponderia a um
estágio imprevisível (FREZATTI, NECYK & SOUZA, 2007).
Levie e Hay (1999) em estudo recente sobre os modelos de ciclo de vida
organizacional, abrangeu o período de 1962 a 1996, identificando características comuns a
esses modelos, a saber: (i) os estágios são distintos e identificáveis; (ii) os estágios ocorrem
em seqüência; e (iii) a seqüência é comum às organizações. Quanto às diferenças nos
modelos, Levie e Hay (1999) corroboram com Quinn e Cameron (1983) ao afirmarem que os
modelos possuem distintos números de estágios e atributos diferentes nos mesmos.
Dentre os modelos estudados por Levie e Hay (1999) estão os desenvolvidos por
Greiner (1972, 1998), Christensen e Scott (1964), Rhenman (1973) e Lippett e Schimidt
(1967).
Greiner (1972) considera em seus estudos duas variáveis que influenciam o ciclo de
vida: a idade e o tamanho. A idade organizacional remonta à idéia de que as práticas gerencias
não são as mesmas durante a vida organizacional; uma vez que o tempo auxilia a
institucionalização das atitudes gerenciais, dificultando a mudança. O tamanho também
92
constituiria fator de influencia na estrutura organizacional, pois conforme for alcançando
tamanho e projeções mundiais, outras práticas gerenciais serão adotadas. (FREZATTI,
NECYK & SOUZA, 2007).
A história organizacional é mesclada por períodos de evolução e revolução. As
revoluções seriam promovidas por crises, momentos em que a firma estaria propensa a
repensar sobre um sistema novo e mais adequado às mudanças externas e internas. O período
de evolução, por sua vez, estaria marcado por uma fase de crescimento contínuo e, se forem
necessárias mudanças nas práticas gerenciais, estas sofreriam apenas alguns ajustes, sem
alteração nos padrões (FREZATTI, NECYK & SOUZA, 2007).
Christensen e Scott (1964) influenciados pelos estudos de Chandler (1962)
apresentaram um modelo com três estágios: (i) estruturas informais, pautadas no controle
pessoal e recompensas paternalísticas; (ii) especialização funcional, inserida em avaliações
impessoais de desempenho; e (iii) apresenta estrutura divisionada tendo em vista presença em
mercados diversificados. A crítica a essa abordagem é justificada pela afirmação de sua
“validade para toda e qualquer situação”. (FREZATTI, NECYK & SOUZA, 2007).
Colaborador do pensamento ecológico das populações, perspectiva organizacional que
considera o ambiente como elemento ditador da vida organizacional sob pena da não
sobrevivência, Rhenamn (1973) entende que as organizações adotam padrões similares de
estágios organizacionais à medida que dividem o mesmo ambiente.
Comparativamente aos organismos vivos, Lippett e Schmidt (1967) apresentam os
estágios de nascimento (viabilidade do negócio), juventude (estabilidade do negócio) e
maturidade (adaptabilidade).
Adizes (1998) evidencia que a vida da organização está pautada, essencialmente, em
dois fatores: flexibilidade e controlabilidade, uma vez que sua juventude é configurada sob
controles flexíveis, embora nem sempre controláveis, e, conforme for amadurecendo, a
controlabilidade aumenta e a flexibilidade diminui. Apresenta, por conseguinte, as fases do
ciclo de vida em estágios de: namoro, infância, toca-toca, adolescência, plenitude,
estabilidade, aristocracia, burocracia incipiente e burocracia e morte.
O modelo escolhido para melhor explanação, dentro os diversos existentes, será o de
Miller e Friesen (1984) considerado por valioso suporte conceitual e testes empíricos
realizados. Ao fundamentar o estudo do comportamento organizacional em resposta à
evolução das características ambientais, colheu registros históricos de diversas organizações
objetivando classificá-las, segundo os dados, nos estágios pré-fundamentados. As
93
características de cada uma, portanto, funcionarão como indicadores das fases em que se
apresentam.
Miller e Friesen citados por Frezatti, Necyk e Souza (2007) apresentam, inicialmente,
como um filtro da pesquisa os estágios e características de cada um:
94
Quadro 9 – Estágios do Ciclo de Vida
Estágio Situação Organização Inovação e Estratégia
Nascimento
• Firma pequena; Jovem;
• Dominada pelo Fundador;
• Ambiente homogêneo,
plácido
• Estrutura informal;
• Indiferenciada;
• Poder altamente
centralizado;
• Métodos primitivos de
processamento de
informação e de tomada de
decisão.
• Inovação considerável nas
linhas de produto;
• Estratégia de nicho;
• Assume riscos
substanciais.
Crescimento
• Tamanho médio;
• Mais velha;
• Múltiplos acionistas;
• Ambiente mais
heterogêneo e competitivo.
• Alguma formalização da
estrutura;
• Base organizacional
funcional;
• Diferenciação moderada;
• Algo menos centralizada;
• Desenvolvimento inicial
de processamento formal
de informações e métodos
de tomada de decisão.
• Ampliação do escopo de
produtos e mercados em
áreas relacionadas;
• Inovações incrementais
nas linhas de produto;
• Crescimento rápido.
Maturidade
• Maior;
• Mais velha ainda;
• Propriedade dispersa;
• Ambiente ainda mais
heterogêneo e competitivo.
• Estrutura formal e
burocrática;
• Base organizacional
funcional;
• Diferenciação moderada;
• Centralização moderada;
• Processamento de
informações e tomada de
decisão como na fase de
crescimento.
• Consolidação da
estratégia de produtos e
mercados;
• Foco no suprimento,
mercados bem definidos de
forma eficiente;
• Conservadorismo;
• Crescimento menor.
Rejuvenescimento
• Muito grande;
• Ambiente muito
heterogêneo, competitivo e
dinâmico.
• Base organizacional
divisional;
• Alta diferenciação;
• Controles,
monitoramento,
comunicação e
processamento de
informação sofisticados;
análise mais formal na
tomada de decisão.
• Estratégia de
diversificação de produtos
e mercados, movimentação
para algumas áreas não
relacionadas;
• Alta propensão a riscos e
planejamento;
• Inovação substantiva;
• Crescimento rápido.
Declínio
• Tamanho de mercado;
• Ambiente heterogêneo e
competitivo.
• Estrutura formal e
burocrática;
• Base organizacional
funcional na maioria;
• Diferenciação e
centralização moderadas;
• Sistemas de
processamento de
informação e métodos de
tomada de decisão menos
sofisticados.
• Baixo nível de
sofisticação;
• Corte de preços;
• Consolidação de produtos
e mercados;
• Liquidação de
subsidiárias;
• Aversão a risco e
conservadorismo;
• Crescimento baixo.
Fonte: Frezatti, Necyk e Souza (2007) adaptação Miller e Friesen (1984, p.1163).
95
A fase do ‘nascimento’ é caracterizada por estruturas simples, centralizada e
predominada por controles formais, tendo em vista a presença, ainda dominante, do fundador
da organização. o predomínio da orientação intuitiva; se houver procedimentos e
orçamentos, são, em geral, muito simples. Dotado de característica paternalista, o dono da
empresa não delega autoridade e responsabilidade, as decisões são extremamente
centralizadas.
Na fase seguinte, denominada de ‘crescimento’, o mercado toma maior proporção,
pois a organização tenderá a reagir ao ambiente operacional. A estrutura, agora mais
especializada, possui ferramentas de análise de desempenho e processamento da informação.
A influência do dono é menor tendo em vista maior delegação de responsabilidade. O grau de
ousadia também diminui, uma vez que as tomadas de decisão serão discutidas por um número
maior de pessoas e prescindirão de uma análise mais fundamentada.
A estrutura torna-se mais sólida em termos de indicadores financeiros e análises de
desempenho na fase da ‘maturidade’, que enfatizará a formalização do controle. A figura do
fundador estará cada vez mais distante nessa fase, se ainda não tiver ocorrido a retirada. O
grau de inovação, por conseguinte diminui, face o interesse de adquirir maior estabilidade no
ambiente e a estrutura, cada vez mais profissionalizada, objetivará a eficiência e lucratividade
das operações.
A fase de ‘rejuvenescimento’ é a mais ousada de todas as outras. A inovação, o risco e
a orientação para o futuro tomam proporções bem maiores do que nas outras fases. Os
sistemas de avaliação de desempenho tornam-se mais sofisticados para acompanhar o
desempenho de uma estrutura divisionada.
Quando a organização possui níveis de decisão extremamente conservadoras e
centralizadas, quando não apresenta sistemas de controle interno e externo, e não possui visão
para “fora” privilegiando o foco interno e orientação voltada para a solução de problemas
internos graves, estará em fase de ‘declínio’. A capacidade de reação às mudanças externas
está comprometida com a deficiente rede de comunicação e processamento de informações, e
a burocracia incipiente acarreta perda de elasticidade e participação no mercado.
Essas fases, no entanto, não possuem uma seqüência fixa e única. As organizações
podem, inclusive, passar por elas mais de uma vez. O tempo de cada uma não pode não poder
medido, pois existem outros fatores que configuram a estrutura de uma empresa.
Fruto de trabalhos de Miller (1986, 1987, 1996) o conceito de configuração tangencia
a teoria de vida organizacional por considerar elementos contingentes à estruturação de um
96
modelo. Fundamenta que elementos como estratégia, estrutura e ambiente, quando
combinados, resultam em diferentes formas de modelagem.
A configuração adotada pela firma acompanhará os ditames do ambiente externo, que
promoverá uma “seleção natural” das formas de organização adaptadas. Essa abordagem
baseia-se na perspectiva de que os elementos contingentes não devem ser analisados
isoladamente.
As variáveis contingentes, tais como tipo de serviço, estratégia de negócio e o estágio
do ciclo de vida da firma, influenciam o desenho do sistema de controle gerencial (AUZAIR,
LANGFIELD-SMITH apud FREZATTI, NECYK & SOUZA, 2007), em especial em relação
a sua formalização que, segundo Miller e Friesen (1984), será maior conforme for passando
do nascimento ao rejuvenescimento; a queda só seria percebida na fase de ‘declínio’.
Em estudos de Moores e Yuen apud Frezatti, Necyk e Souza (2007), a formalização do
sistema de controle gerencial sofrerá mudanças tantas quantas forem as transições entre os
estágios dos ciclos de vida, uma vez que sua configuração adaptar-se-á às novas
características organizacionais. A formalização será, portanto, maior nas transições dos
estágios ‘nascimento’ para ‘crescimento’e ‘maturidade’ para ‘rejuvenescimento’, as demais
transições, ‘crescimento’ para ‘maturidade’ e rejuvenescimento’ para ‘declínio’ o grau de
formalização do sistema de controle diminui.
1.9 Plano de Referência
O referencial teórico foi estruturado de forma a abranger o surgimento do termo
controle gerencial e os fatores contingentes ao seu desenho. Implícito a esse esquema está a
não universalização do sistema de controle às organizações tendo em vista situarem-se em
diferentes contextos sob particulares orientações.
De posse do problema da pesquisa, ou da definição das perguntas, far-se-á, nesse
momento, um breve plano de referência de modo a dar objetividade aos conceitos ditos em
capítulo anterior, cujo enfoque no sistema de controle gerencial pode ser dividido em fatores
internos (características organizacionais) e externos (impacto do meio-ambiente) a sua
configuração.
No tocante ao desenho de um sistema de controle gerencial, as variáveis contingentes
a sua estruturação existem desde os tempos da escola científica. A influência industrial, a
97
estrutura centralizadora, advinda de uma gestão exercida pelos fundadores da firma, e o
ambiente estável, carente de grandes concorrentes, fundamentaram a perspectiva racional do
controle.
Com o decorrer dos anos e o surgimento de outras organizações, amparado pela
globalização do conhecimento, as variáveis tomaram forma e abrangência diferentes. Foram
reconhecidos outros elementos contingenciadores que, agrupados, formaram contextos antes
dispensados de análise mais profunda.
Definir o uso de uma ferramenta de controle gerencial exige uma percepção mais
ampla que a realidade interna da organização. A motivação da constituição da firma,
percebida na missão organizacional, favorece o impulso inicial; no entanto, o decorrer das
operações pode requerer outro tipo de comportamento no mercado. Diversas organizações
internacionalizam-se, ou seja, lançam suas atividades em outros países sob a necessidade
protecionista das operações.
O ambiente, portanto, determinado como fator externo, agrega algumas variáveis que
influenciam o SCG e podem por ele ser influenciadas. O plano estratégico da organização é o
leitor dessas características e funciona como espelho refletor das necessidades detectadas nas
variáveis contingenciadoras ao desempenho organizacional.
A estratégia da organização constitui fator contingente ao desenho do controle, uma
vez que sua adaptação ao contexto social deve estar relacionada com o processo estratégico
contribuindo tanto na “formulação de alternativas estratégicas como no processo posterior da
implantação dessas alternativas” (GOMES & SALAS, 2001 p. 109).
Diante disso e sob o enfoque da internacionalização, o processo estratégico da
organização desenvolver-se-á consoante o tipo de investimento sugerido pelo produto, local,
empregados, clientes e objetivos da firma. Os fatores motivacionais do investimento são
destacados por Lasserre (2003) como sendo: desenvolvimento e exploração do mercado;
acesso aos recursos; aprendizagem; e coordenação.
Para qualquer tipo de investimento, a estratégia deve englobar a análise do risco e do
retorno. Quando o foco for o mercado estrangeiro, outros elementos devem ser objeto de
avaliação. Para tanto, as organizações devem distinguir os modelos de inserção internacional.
A escolha por alianças, aquisições ou instalação de subsidiária recai, principalmente, sobre a
motivação e limitações do empreendimento.
As estratégias que englobam interesses em distritos estrangeiros consideram, no
contexto humano, a variável da cultura nacional e organizacional. Ao considerar essa
98
perspectiva, Permutter e Heenan (1979) relacionam as modalidades de aculturação ou
formação da cultura da entidade resultante em etnocêntrico, policêntrico e geocêntrico.
De acordo com Gomes e Salas (2001), uma cultura adequada funciona como um
mecanismo de autocontrole fomentando a responsabilidade e estimulando o
comprometimento dos indivíduos com as atividades, além de auxiliar no controle processos
não formalizados. Ainda nessa abordagem, Flamholtz (1979) destaca a variável humana na
tangente comportamental, atribuindo ao sistema de controle gerencial atuação ativa no
desempenho dos indivíduos.
Uma vez desenhado, o sistema de controle gerencial como fator catalisador dos
objetivos organizacionais, apresentará, no mínimo, as seguintes funções (ANTHONY &
GOVINDARAJAN, 2002):
(i) Comunicador dos objetivos organizacionais, facilitando a assimilação das
perspectivas gerenciais na motivação dos resultados esperados;
(ii) Tradutor dos dados contábeis-financeiros em planos de controle acessíveis aos
membros não-contadores da organização;
(iii) Trabalhe com instrumentos de avaliação de desempenho quantitativos e
qualitativos modelados sob fatores críticos de sucesso identificados;
(iv) Permitir o envolvimento dos funcionários e gerentes no desempenho almejado a
partir da transparência no sistema de avaliação;
(v) Apoiar o controle nos centros de responsabilidades;
(vi) Funcionar como um sistema de realimentação dando suporte aos novos
processos.
A estrutura da organização, fator interno de observação, motiva diferentes traçados de
um sistema de controle gerencial. O nível de autonomia dos gerentes ditará o grau de
centralização das tomadas de decisão; o tamanho bem como a diversificação de produtos
influencia a formatação do sistema adequado à realidade organizacional.
De posse das características do sistema de controle gerencial e dos instrumentos
utilizados, sejam eles formalizados ou não, poderá ser identificado o estágio do Ciclo de Vida
do caso estudado. Desse modo, considerando que o Ciclo de Vida Organizacional depende do
SCG e este das variáveis contingentes tem-se a seguinte figura:
99
Figura 8: Fatores contingentes ao desenho do sistema de controle gerencial.
Fonte: Elaborado pela autora.
CULTURA
ESTRATÉGIA
ESTRUTURA
HUMANO
AMBIENTE
EXTERNO
SISTEMA DE
CONTROLE
GERENCIAL
Ciclo de Vida
Organizacional
100
2 METODOLOGIA
2.1 Introdução
Esse trabalho enquadra-se em um estudo de caso de natureza exploratória por objetivar
“maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito”. De configuração
flexível, a pesquisa exploratória permite a consideração de vários “aspectos relativos ao fato
estudado” (GIL, 2006 p. 41). Envolve além do levantamento bibliográfico, entrevistas e a
análise empírica do caso estudado.
Quando o assunto está inserido em algum contexto da vida real, ou quando o autor não
possui muito controle sobre os acontecimentos, o estudo de caso representa a estratégia
preferida, tendo em vista que:
“a essência de um estudo de caso, a principal tendência em todos os tipos de estudo de caso, é
que ela tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram
tomadas, como foram implementadas e com quais resultados” (SCHRAMM, apud YIN, 2005
p.31).
O estudo de caso, normalmente utilizado quando a pesquisa empírica abordar
condições contextuais, abrange tudo, “tratando da lógica de planejamento, das técnicas de
coleta de dados e das abordagens específicas à análise dos mesmos” (YIN, 2005; p. 33).
Desse modo, essa metodologia de pesquisa deve estar despida do conceito simplório de coleta
de dados e ser adotada como “estratégia de pesquisa abrangente” (STOECKER apud YIN,
2005; p. 33).
2.2 Formulação do Problema
Instituída a cerca de 50 anos, a Petrobras desdobrou sua atuação internacional com
vistas a suprir a demanda interna. Com o decorrer dos anos, sua estratégia de
internacionalização foi se modificando e assumindo novos objetivos, tais como: posição no
mercado, internacionalização da marca e gestão de portfólio.
101
Hoje, é a maior multinacional brasileira, em termos de atuação, localizada em cerca de
27 países.
O desenvolvimento de um portfólio pode atender às demandas do “novo mercado”, em
termos de gestão e avaliação de desempenho, alavancar pesquisas e projetos de novos
sistemas de controle e de avaliação de desempenho.
Nesse contexto, o presente trabalho pretende responder a dois questionamentos:
(i) Qual o impacto da internacionalização sobre os sistemas de controle gerencial
da empresa?
(ii) Qual o grau de proximidade ou afastamento entre os sistemas encontrados e a
literatura apresentada?
As respostas a estas questões determinarão os atuais estágios de desenvolvimento dos
sistemas de controle gerenciais, configurados de acordo com:
(i) Características organizacionais; e
(ii) Impacto do meio-ambiente sobre o sistema de controle gerencial.
Pelo exposto, assume-se a impossibilidade de se criar um modelo de sistema de
controle gerencial ideal para todas as organizações. Sua configuração flexível permite
adequar-se, sob a visão contingencial, às variáveis internas e externas, possibilitando, ainda, a
realimentação de resultados para a correção de desvios e reforço dos pontos fortes.
2.3 Unidade de Análise e Escolha do Caso
O método de pesquisa advém do estabelecimento de um ou mais casos e das unidades
de pesquisa. A definição do caso representa o ponto de partida para a definição do
fundamento da pesquisa.
No presente estudo, o caso representa uma entidade, a Petrobras Uruguay
Distribución, e a unidade de análise, relacionada ao problema da pesquisa, é o sistema de
controle gerencial da Petróleo Brasileiro S.A. sobre a organização.
102
2.4 MÉTODOS DE COLETA DE DADOS
Uma das características do estudo de caso é o método de coleta de dados. As etapas de
coleta de dados foram em duas fases distintas: levantamento de dados secundários e
levantamento de dados primários.
O método de levantamento secundário, muitas vezes, ocorre antes do primário, por
corresponder à fase de ambientação do caso proposto em estudo. Nessa etapa, são
selecionados dados disponibilizados em relatórios, publicações, etc.
Dentre as técnicas de pesquisa apresentadas por Lakatos e Marconi (2007), as
utilizadas nesse estudo foram são as seguintes:
(i) Coleta documental;
(ii) Entrevista;
A coleta documental pode ser realizada por fontes: fonte primária (ou pesquisa
documental) e fonte secundária (pesquisa bibliográfica).
A pesquisa bibliográfica, uma das fontes utilizadas nessa pesquisa, corresponde,
segundo Manzo (LAKATOS & MACONI, 2007; p. 71), “aos meios para definir, resolver, não
somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não
se cristalizaram suficientemente” objetivando “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas
ou manipulação de suas informações”. Tem, por fim, a razão de fornecer a base fundamental
para as pesquisas propostas. Os tipos consultados foram:
(i) Imprensa escrita;
(ii) Publicações.
O outro método de coleta de dados utilizado nesse estudo corresponde a um tipo de
observação direta intensiva: a entrevista. Importante instrumento de trabalho, “proporciona ao
entrevistado, verbalmente, a informação necessária” (LAKATOS & MARCONI, 2007).
Existem diferentes tipos de entrevista, a saber:
(i) Padronizada (estruturada): corresponde à entrevista realizada mediante um
roteiro predeterminado.
(ii) Despadronizada (não estruturada): esse tipo de entrevista pode explorar mais o
tema desenvolvendo para o lado que considere importante. Ander-Egg (1978)
apresenta três modalidades de entrevista despadronizada:
103
o Entrevista focalizada: apenas uma estrutura de tópicos que devem
ser abordados na entrevista. O número de perguntas, a forma de fazê-
las fica por conta do entrevistador.
o Entrevista clínica: tem por objetivo o estudo dos sentimentos, atitudes e
comportamentos das pessoas. Possui perguntas específicas.
o Entrevista não dirigida: é o tipo mais livre de entrevista, uma vez que
proporciona ao entrevistado a liberdade de poder expressar-se do modo
que quiser. O papel do entrevistador nesse tipo de entrevista é apenas o
de incentivador.
(iii) Painel: corresponde à repetição de perguntas, formuladas de modo diferente,
com certo intervalo de tempo. Objetiva avaliar o comportamento das respostas
e evitar distorções.
O tipo de entrevista utilizado foi a padronizada mediante o desenvolvimento de um
relatório pré-definido. A escolha dos entrevistados partiu de duas premissas: (i) conhecimento
do processo de aquisição da unidade do caso; e (ii) participação do processo de avaliação de
desempenho.
Foram entrevistados, ao mesmo tempo, dois coordenadores da área de avaliação de
desempenho do Cone Sul em aproximadamente 1 hora.
2.5 Método de Análise dos Dados
Segundo Yin (2005; p.137) o método de análise dos dados consiste em “examinar,
categorizar, classificar em tabelas, testar ou, do contrário, recombinar as evidências
quantitativas e qualitativas para tratar as proposições iniciais de um estudo”. Trata-se de uma
tarefa difícil, uma vez que as estratégias e as técnicas são carentes de definição. Diferente do
que ocorre em análises estatísticas, a etapa analítica possui poucas fórmulas ou receitas fixas
de orientação.
O estudo de caso, portanto, depende muito mais do rigoroso pensar analítico do que
das técnicas empregadas, embora elas possam auxiliar. A seguir, são descritas três estratégias
analíticas de estudo de caso (YIN, 2005):
104
(i) Proposições teóricas: funcionam como guias de análise de estudo de caso dando
forma ao plano da coleta de dados;
(ii) Explanações concorrentes: significa pensar sobre hipóteses concorrentes.
Considerar outros fatores influenciadores do resultado. Desse modo, a coleta de
dados deve ter abrangido possíveis evidências contingentes, uma vez conhecidas as
explanações concorrentes. “No geral, quanto mais concorrentes suas análises
derem conta, e quanto mais concorrentes rejeitarem, mais confiança você pode
depositar em suas considerações” (YIN, 2005; p.141).
(iii)Descrição de caso: corresponde a uma “estrutura descritiva a fim de organizar o
estudo de caso” (YIN, 2005; p.142).
As três estratégias definidas fundamentam as técnicas analíticas que serão descritas a
seguir. Independentemente da escolha, o maior desafio será propor conclusões analíticas de
qualidade e eliminar “interpretações alternativas” (YIN, 2005; p.140).
Técnicas analíticas específicas:
(i) Adequação ao padrão: corresponde à técnica mais desejada por comparar um
padrão empírico com outras previsões alternativas. A coexistência dos padrões
auxilia a validade do estudo de caso. A técnica é válida tanto para pesquisas
explanatórias quanto para descritivas, nesta, que “o padrão previsto de variáveis
específicas é definido antes da coleta de dados”;
(ii) Construção de explanação: constitui um processo mais complexo de adequação ao
padrão. Objetiva “analisar os dados do estudo de caso construindo uma explanação
sobre o caso”;
(iii)Análise de séries temporais: desenvolvido analogamente às análises de séries
temporais em experimentos.
(iv)Modelos Lógicos: “O uso de modelos lógicos como técnica analítica consiste em
comparar eventos empiricamente observados com eventos teoricamente previstos”.
Consiste num encadeamento de eventos na relação causa-efeito, onde o efeito de
agora se torna causa no próximo estágio.
(v) Síntese de dados cruzados: Diferentemente das técnicas anteriores que podem ser
aplicadas tanto em casos múltiplos quanto em caso único, a síntese de dados
cruzados tem aplicabilidade apenas em casos múltiplos.
105
Para uma análise ser bem-sucedida, todas as evidências devem ser consideradas
deixando claro que foram utilizadas tantas quantas forem disponíveis e interpretadas até o
esgotamento, fazendo uso exaustivo das estratégias analíticas.
A técnica empregada nesse estudo será a de “adequação ao padrão” tendo em vista a
proposição teórica ter sido definida como estratégia de pesquisa. A análise deve apresentar
foco no tema proposto sob pena de dispersão dos resultados finais, o que, segundo Yin (2005;
p. 167) levaria a crer que “a questão principal estivesse sendo evitada por causa de
descobertas possivelmente negativas”.
2.6 Variáveis de Pesquisa
2.6.1 As Variáveis no “Universo” da Ciência.
A ciência definida como “um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou
prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a
objetos de mesma natureza” (ANDER-EGG apud LAKATOS & MARCONI, 2007; p. 22)
apresenta em seu “universo” três níveis: no primeiro, estão os fenômenos, observações e fatos
coletados da natureza real; no segundo nível, estão as proposições que buscam comprovar
certa estrutura; e, por fim, no terceiro nível, encontram-se as teorias, hipóteses válidas e
sustentadas.
Esses três níveis estão interligados tal como um ciclo que permite a “alimentação”, o
“processamento”, a “sustentação” e a “realimentação”, num processo de coleta de dados,
utilização dos dados para a construção de hipóteses, comprovação de proposições teóricas e,
por fim, o feedback com a natureza real contribuindo para a construção de teorias com maior
qualidade representativa.
106
Figura 9: Ciclo Científico
Fonte: Elaborado pela autora.
As hipóteses são construídas com base no problema identificado no campo real.
Funcionam como instrumentos que relacionam variáveis retiradas de fenômenos reais e tem
por objetivo propor respostas ao problema, antecipando a comprovação da realidade
existencial. Representam “formulações provisórias do que se procura conhecer” (TRUJILLO,
1974 apud LAKATOS & MARCONI, 2007; p. 137).
Good e Hatt (1968) abordam a importância da hipótese na construção do ciclo
científico por constituir o elo entre os fatos (fenômenos e observações reais) e as teorias:
“Quando os fatos são reunidos, ordenados e relacionados, sob a orientação de uma
hipótese, e as relações entre eles forem sustentáveis (comprovadas) ou válidas, estas
passam a formar parte da teoria. Desta, podem ser deduzidas outras relações além
daquelas que contém; a formulação das deduções origina novas hipóteses que, uma
vez verificadas, se incorporam a uma construção teórica futura. Assim, a passagem
dos fatos à teoria dá-se por intermédio das hipóteses; da teoria deduzem-se novas
hipóteses e retornar-se à teoria, num sistema de feedback” (LAKATOS e MARCONI,
2007: 144).
Desse modo, o presente trabalho abordará, tão-somente, o grau de proximidade dos
fenômenos reais às teorias existentes, que nada mais são do que hipóteses sustentadas. Não
Comparação
Fenômenos Reais Teoria
Hipóteses
Construção de
Variáveis.
Comprovação das
hipóteses.
107
será testado o relacionamento entre variáveis, objetivo das hipóteses, uma vez que o
referencial teórico apresentado no capítulo 2 pressupõe sua validade. Serão identificadas,
para melhor uso das técnicas de análise de dados, as variáveis cujo teste sustentou a
construção teórica.
2.6.2 Definição das Variáveis de Pesquisa
Alguns dos conceitos apresentados por Lakatos e Marconi (2007, p. 174) são citados a
seguir:
“Variáveis são aqueles aspectos, propriedades ou fatores, mensuráveis ou
potencialmente mensuráveis, através dos valores que assumem, discerníveis em um
objeto de estudo” (KOCHE, 1979)
“Variável é o aspecto discernível de um objeto de estudo; são aspectos individuais
que podem assumir valores distintos e serem medidos para testar a relação
enunciada por uma proposição” (KORN, 1973).
“Variável são classes de valores, isto é, são valores exaustivos e mutuamente
exclusivos” (GALTUNG, 1978).
As variáveis, próprias de um objeto de estudo, são formuladas a partir da existência de
um problema e sobre o qual se pretende supor uma comprovação. Representam, portanto, um
conjunto de valores, discerníveis e exclusivos que dotam as hipóteses do poder de criar
suposições para a construção teórica.
Desse modo, consoante o problema identificado no estudo, as variáveis podem
assumir diversas características. Para a presente pesquisa de caráter exploratória, as únicas
variáveis existentes são as contingentes ao desenho do sistema de controle gerencial e as
identificadoras do processo ou estágio da organização.
108
2.6.3 Apresentação das Variáveis de Pesquisa
Para dar seguimento à pesquisa, são apresentadas as variáveis de estudo classificadas
em categorias que auxiliarão na sistematização dos dados obtidos.
2.6.3.1 Variáveis contingentes ao desenho do sistema de controle gerencial
O objetivo da definição das variáveis é criar classes que identifiquem os pontos que
serão comparados no capítulo de conclusão. A verificação consiste na sistematização do
referencial para o confronto da teoria abrangente (hipóteses validadas) aos dados coletados no
caso delimitado.
Desse modo, têm-se as seguintes variáveis de pesquisa:
(i) Variáveis contingentes: são aquelas que influenciam o desenho do sistema
de controle gerencial e podem por ele ser influenciadas, mas que existem
independentemente de sua formalização; ou seja, os elementos
contingentes decorrentes das atividades da organização em determinado
contexto exercerão seu poder sobre os sistemas de controle a despeito de
serem ou não reconhecidas tampouco medidas. São categorizadas nos
seguintes contextos: Cultural; Humano; Ambiental; Estratégico; e
Estrutural.
No quadro a seguir, são apresentados as variáveis, os valores e as hipóteses validadas
na teoria existente que, no entanto, não importam em esgotar o referencial teórico apresentado
no capítulo 2.
109
Quadro 10: Variáveis contingentes
Variáveis
Contingenciais
Definições Operacionais Valores Questões Proposições
• Contexto Cultural
A cultura em sua constituição "simbólica" deve
ser considerada quando do desenho do SCG à
medida que sua influência sobre as atividades
organizacionais for percebida.
• Cultura Nacional;
• Cultura Organizacional;
• Cultura Individual.
Q-44
Por conta do conhecimento da cultura e sua
influência sobre o sistema de controle e vida
organizacional, no processo de aquisição de ativos,
a formação cultural pode ocorrer sob três
modalidades (PERMUTTER e HEENAN, 1979):
• Etnocêntrico;
• Policêntrico;
• Geocêntrico.
• Contexto Humano
O papel da organização será identificar o nível
de agregação de valor dos empregados às
atividades, e como estas são influenciadas por
eles, bem como a forma de se transmitir ao
comportamento humano a identificação
necessária à interiorização dos valores
organizacionais para que cumpram com os
objetivos estabelecidos.O SCG deverá elaborar
sistemas de avaliação de desempenho consoante
a estratégia de comprometimento das
organizações para com os empregados de modo
a criar sinergia entre os objetivos.
• Necessidades Intrínsecas;
• Necessidades Extrínsecas.
Q-28; Q-29;
Q-39; Q-40;
Q-41; Q-42;
Q-43
O elemento humano influenciará o sistema de
controle positivamente ou negativamente
dependendo do vel de importância dado ao
comprometimento do empregado nas operações.
Uma vez que supõe-se que quanto maior for o
vel de compromisso exigido, espelhado estará no
desenho do SCG de forma a alcançar vantagem
competitiva.
Contexto Ambiental
O ambiente, por muitos anos, tem sido objeto
de estudo das teorias econômicas tendo em
vista apresentar variáveis contingentes à
formação de sistemas de planejamento e
controle organizacionais.
• Concorrentes;
• Fornecedores;
• Clientes;
• Governo;
• Organizações não-
governamentais e etc.
Q-34
As hipóteses de influência do ambiente
internacional no SCG podem assumir as seguintes
perspectivas:
• Determinista;
• Voluntarista.
O nível de configuração do SCG é baseado em
escolhas estratégicas. O funcionamento do
controle é a nível de implantação estratégica.
• Posição no mercado;
• Modelo estratégico;
• Missão estratégica.
Q-35; Q-36;
Q-37
A estratégia como agente influenciador do SCG.
O link entre a estratégia e o SCG pode ocorrer
nos níveis de capacidade e não de escolhas
estratégicas. Esses recursos, ainda, conhecidos
como resistência, exploração inteligente e
alavancagem de recursos internos controlados
pela firma são valiosas e devem ser protegidos
de imitação dos concorrentes de forma a
sustentar a vantagem competitiva (BARNEY,
1991; WENERFELT, 1984).
• Inovação;
• Aprendizado
organizacional;
• Orientação de mercado;
• Habilidade dos executivos.
Q-38 O SCG como agente influenciador da estratégia.
Contexto Estrutural
A definição da estrutura organizacional é de
fundamental importância no desenho do
controle gerencial, pois importa em definição de
responsabilidades, autoridade e grau de
descentralização.
• Sistema de controle;
• Indicadores de controle;
• Sistema de informação;
• Processo de planejamento;
• Sistema de avaliação;
• Hierarquia gerencial;
• Grau de autonomia na
toma de decisão.
Q-8; Q-9;
Q-10; Q-11;
Q-12; Q-13;
Q-14; Q-15;
Q-16.
• Estrutura centralizada;
• Estrutura descentralizada.
Contexto Estratégico
Fonte: Elaborado pela autora.
2.6.3.2 Variáveis identificadoras
A análise não estaria esgotada se não fossem utilizados outros métodos de
identificação dos estágios da firma no seu ciclo de vida e na sua estratégia de
internacionalização.
Para tanto, foram destacadas outras duas variáveis que, consoante a ocorrência de seus
valores, em conjunto, traçam o perfil organizacional.
110
Variáveis Identificadoras:
(i) Teoria do Ciclo de Vida Organizacional: traduz o estágio de
desenvolvimento da firma através da percepção das características do SCG.
(ii) Processo de Internacionalização: A análise dessa variável permite a
identificação dos motivos e estratégias da inserção internacional.
(iii) Sistema de Controle Gerencial (instrumentos).
Quadro 11: Variáveis Identificadoras
Variáveis Identificadoras Definições Operacionais Valores Questões Proposições
Modelo de internacionalização
adequado.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-3; Q-4; Q-5;
Q-6; Q-7
• Teoria Comportamental;
• Teoria Econômica.
Decisões de investimento.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-2
• Alianças;
• Aquisições.
Motivações.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-1; Q-2
• Desenvolvimento e
exploração de mercado;
• Acesso aos recursos;
• Coordenação;
• Aprendizagem.
Intenção de Compra.
• Desenvolvimento e
exploração de mercado;
• Acesso aos recursos;
• Coordenação;
• Aprendizagem.
N.A.
• Tradicional;
• Transformacional.
Sistema de Controle Gerencial
Estruturado conforme variáveis
contingentes ao desenho do SCG.
• Quantitativos;
• Qualitativos;
• Formal;
• Informal;
Q-17; Q-18;
Q-19; Q-20;
Q-21; Q-22;
Q-23; Q-24;
Q-25; Q-26;
Q-27; Q-30;
Q-31; Q-32;
Q-33.
• EVA;
• BSC;
• Sistema Orçamentário;
• Outros.
Ciclo de Vida Organizacional Estágios dos ciclos de vida.
• Estrutura;
• Ambiente;
• Estratégia.
N.A.
• Nascimento;
• Crescimento;
• Maturidade;
• Rejuvenescimento;
• Declínio.
N.A.= Não Aplicável.
Processo de Internacionalização
Fonte: Elaborado pela autora.
111
As questões não aplicáveis correspondem à análise das variáveis de pesquisa
relacionadas anteriormente; ou seja, não foram objetos de questionamento, mas tão-somente
de análise das questões anteriores.
2.7 Limitações do Método
O método de estudo de caso apresenta como principal fator limitante a impossibilidade
de generalização dos resultados obtidos, tendo em vista número reduzido de observações.
Além do mais, a entrevista como método de coleta de dados não funciona como principal
instrumento de percepção da realidade por não ser capaz de abordar com exatidão todos os
pontos importantes, dependendo muito da percepção do entrevistado aos objetivos do
entrevistador.
Especificamente, o estudo encontrou as seguintes limitações:
Subjetividade na identificação dos sistemas de controle exercidos;
Subjetividade de relacionamento das características dos sistemas de controle, processo
de internacionalização e estágio do ciclo de vida organizacional.
112
3 DESCRIÇÃO DO CASO
3.1 Processo de Internacionalização da Petrobras
4
Em 1953, com a edição da Lei 2.004 a Petrobras era criada com o objetivo de executar
as atividades do setor petróleo no Brasil.
Antes do alcance da auto-suficiência no ano de 2006, o Brasil precisava importar de
outros países petróleo suficiente para o consumo brasileiro. Os contratos de suprimentos eram
estabelecidos a longo prazo, de forma a assegurar-se contra possíveis crises de oferta. Além
disso, a preferência era estabelecer acordos de suprimento com países de petróleo
nacionalizado, estreitando laços de relacionamento direto com os fornecedores.
Ainda na década de 50, a Petrobras começou a balancear estratégias de
empreendimento que solucionasse a escassez dessa matéria-prima.
Em 1954, quando assumiu o cargo de chefe do Departamento de Exploração, Walter
Link recomendou que a organização buscasse investir em outros países, já que as áreas
terrestres não iriam oferecer petróleo suficiente, tampouco a empresa possuía recursos
tecnológicos para empreendimentos na plataforma continental. De sorte que o petróleo é,
intrinsecamente, internacional, as atividades exploratórias convergiriam para o campo
estrangeiro.
As considerações sobre risco do negócio do petróleo somado à dependência do óleo à
economia brasileira promoveram, em 1966, a instituição de um grupo de trabalho para atuar
em pesquisas no exterior. A finalidade dessa equipe era explorar oportunidades de atuação
internacional.
Após alguns anos de trabalho e estudo de viabilidade econômica, foi decidido que a
Petrobras necessitava constituir uma estrutura formalizada que permitisse a exploração
internacional. Diante disso, em 1972, surgia a Petrobras Internacional (Braspetro) que tinha
por finalidade expandir as atividades da Petrobras no âmbito internacional de modo a diminuir
riscos com suprimento regular do consumo brasileiro.
O primeiro país em que a Petrobras colocou os pés foi Colômbia. Entretanto, a
assinatura do contrato de exploração com o Iraque rendeu à Petrobras prestígio na atuação
4
Esse capítulo será descrito consoante dados coletados na entrevista e no livro “O Tatu Saiu Da Toca” escrito
por Cristina Chacel e editado pela Petrobras em 2007.
113
internacional, principalmente com a descoberta de um gigantesco poço de Majnnon, revelado
ao mundo em 1976.
Três anos após a descoberta da gigante reserva de petróleo no Iraque, a operação foi
abortada. Os motivos variam entre escassez de investimento da Petrobras e divergências
governamentais com o Iraque. Somado a isso, a descoberta de um poço em Campos, a
Garoupa, questionava o investimento estrangeiro em detrimento da exploração de reservas
nacionais.
A atuação na Colômbia, à época da Braspetro, durou pouco tempo, apenas 7 anos. A
companhia adquiriu 50% de participação da Tennecol, companhia americana, em
empreendimentos colombianos e em 1979, as barreiras governamentais na exploração e
limitação do preço de venda ao mercado interno, único cliente permitido, levou a Braspetro a
fechar o negócio e vender sua participação. Seu retorno ao país só ocorreu em 1985.
Apesar desses acontecimentos, a década de 70 foi um período de “expansão e
afirmação da Petrobras no mercado internacional” (CHACEL, 2007; p. 67). A atuação da
firma em outros países rendeu-lhe experiências. No rol de países que marcaram esse período,
além dos já citados, encontram-se Madagascar, Irã, Egito, Filipinas, Guatemala, Itália e Líbia.
A Braspetro, paralelamente à atividade de pesquisa de novos poços em países além-
fronteiras, realizava outros tipos de negócios. A Petrobras, nesse contexto, apresentava-se não
apenas como grande compradora de petróleo, mas também como compradora, vendedora e
transportadora de outros produtos, industriais e agrícolas, por meio da Braspetro.
No entanto, essas atividades tiravam o foco do negócio e finalidade de constituição da
Petrobras Internacional, e motivou a criação de outra empresa em 1976: a Petrobras Comércio
Internacional (Interbras); extinta no governo Collor.
A cultura do negócio sofreu algumas modificações na década de 80, quando a
Braspetro não produzia resultados e era, por conta disso, mantida pela holding. Apesar das
compensações recebidas do Iraque e da venda da participação na Colômbia, a Braspetro
gastava muito e o volume de recursos foi se esgotando. A saída encontrada para a situação foi
buscar outras formas de negócio, empreendendo os recursos em alianças com outras
empresas.
Foi nessa década que a Braspetro encontrou na prestação de serviços um sinal de
alavancagem de resultado. Formou uma carteira de clientes e atuava desde o ramo de
consultoria e assistência técnica até a perfuração, treinamento e fornecimento de
equipamentos. Com isso, compensava os baixos retornos de investimento e ainda
possibilitava novas pesquisas e avaliações.
114
A década de 80 foi, também, berço do “sonho americano”; entrar nos Estados Unidos
representava experiência e posicionamento. Através de uma aliança de negócios com a
Texaco, a Braspetro, representada por sua subsidiária Petrobras América, alinhavou algumas
áreas de interesse no Golfo do México.
No entanto, apesar dos esforços empreendidos para o alcance de resultados mais
significativos, a Braspetro vinha perdendo prestígio. As “mesadas” continuavam e tornavam-
se cada vez mais necessárias para fechar o resultado.
Nos anos 90, sua posição ficou ainda mais frágil com o Governo Collor, cuja
campanha defendia a desestatização das empresas do Estado e o fortalecimento do mercado.
A atuação desse presidente levou à privatização de diversas organizações, tal como a
Interbras.
Apesar disso, a Braspetro iniciava um novo empreendimento: o de downstream
5
. A
Argentina, em 1993, foi a primeira grande negociação fora da área de E&P. Com a criação da
subsidiária Brasoil Argentina, a Petrobras começou a comercializar derivados de petróleo.
Ainda nos anos seguintes aos de Collor, com a presença de Itamar e, logo após,
Fernando Henrique Cardoso, a situação da Braspetro e da própria Petrobras ainda era suspeita.
O monopólio da Petrobras na produção e extração do petróleo em terras e mares
brasileiros foi flexibilizado em 1997. Diante dessa nova perspectiva, a empresa sentiu a
necessidade de fortalecer sua atuação no mercado internacional. A Braspetro, portanto,
precisou encerrar atividades, tais como a de prestação de serviços, que resultavam em dívidas
e reavaliar áreas de exploração racionalizando, concomitantemente, seu portfólio.
Em 1992, a Petrobras ganha prestígio internacional com sua tecnologia em águas
profundas, reconhecida através do prêmio concedido pela Offshore Technology Conference
OTC, e infla a Braspetro de novas perspectivas internacionais expandindo sua atuação em
novos blocos exploratórios no exterior.
Entretanto, com a criação da ANP Agência Nacional do Petróleo e a implementação
de um Plano Estratégico elaborado na companhia resultaram em uma reestruturação de toda a
Petrobras em 2000. Foi nesse contexto, que em 2002, a Braspetro foi extinta e suas atividades
incorporadas à nova Área de Negócio Internacional (ANI). A incorporação foi defendida
como necessária ao novo modelo de gestão da companhia, fruto do processo de
reestruturação, além de permitir uma estrutura financeira e corporativa mais robusta.
5
Refino e distribuição de derivados de petróleo.
115
3.1.1 Petrobras no Século XXI
A atuação internacional toma estrutura gigantesca. a orientação do governo e da
própria Petrobras para a exploração de oportunidades além-fronteiras. Os desafios são
percebidos no planejamento estratégico da companhia que prevê para os próximos cinco anos
(2008-2012) investimentos da área de E&P, distribuição e abastecimento no exterior na ordem
de 15 bilhões de dólares.
Em 2000, a empresa recebeu pela segunda vez o prêmio de melhor empresa do ano da
Offshore Technology Conference dos EUA pelo projeto do campo do Roncador, Bacia de
Campos.
A presença da Petrobras na América do Sul é cada vez mais forte. Bolívia, Argentina,
Equador, Peru, Chile, Paraguai e Uruguai consolidam o rol de investimentos no Cone Sul.
Com exceção do Chile, a Petrobras está entre as cinco maiores empresas do Cone Sul.
Hoje, presente em 27 países, a atuação da Petrobras no mundo cresce a cada ano. As
atividades desenvolvidas em outros países desafiam seus gestores a adequarem suas políticas
de gestão para novos empreendimentos. Dessa forma, a figura, a seguir, ilustra o
posicionamento da empresa no mapa mundial.
Figura 10: Mapa de atuação da Petrobras.
Fonte: Site Externo da Petrobras (2008).
116
3.1.2 Inauguração do segmento de downstream nos negócios internacionais
A estréia da Petrobras no segmento de distribuição de derivados de petróleo no
mercado externo ocorreu na Argentina. Conhecidos no Brasil como “postos de gasolina”, as
atividades de
downstream representaram um desafio para uma estrutura consolidada
basicamente para o segmento de exploração de petróleo.
A economia competitiva alavanca investimentos na diversificação do portfólio de
negócios que, conseqüentemente, busca alternativas lucrativas. Com o aumento das
exportações e produção de óleo, a atividade de revenda da matéria-prima refinada fecha uma
ciclo operacional capaz de aumentar o valor agregado. Essas considerações foram estudadas
pela Petrobras quando da decisão de abrir estações de serviços em outros países.
Entretanto, a conquista de mercado, principalmente mercados estrangeiros, se faz de
uma forma muito gradual e lenta; tempo que a empresa não estava disposta a esperar. Desse
modo, somando a experiências mundo afora, a Petrobras aproveitou a oportunidade de
barreiras legais à expansão da Repsol em mercado argentino e, em 2000, firmou com essa
companhia contrato de troca de ativos à ordem de 500 milhões de dólares.
A negociação com a Repsol rendeu à Petrobras 700 redes de serviços espalhadas por
todo o território argentino, uma refinaria, uma fábrica de lubrificantes, uma fábrica de asfalto
e dois terminais.
6
Como conseqüência do acordo firmado entre as duas companhias e à política de
avaliação de desempenho descentralizada da Petrobras, houve conflito de interesses entre as
áreas de Exploração e Produção, Abastecimento e Distribuição, cada qual defendendo sua
posição no mercado. Os resultados foram “negociações longas e intensas, tanto externa, como
internamente” (CHACEL, 2007; p.225).
Tendo em vista que se tratava do nascimento de uma imagem, que a Petrobras não
tinha, antes da negociação que lhe rendeu 12% do mercado de venda de combustíveis,
nenhuma estação de serviço, todo passo era meticulosamente estudado. Os padrões de serviço,
6
Em contrapartida ao contrato firmado, a Petrobras cedeu um pacote com “30% de participação na Refinaria
Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, 10% dos direitos de concessão para a exploração do campo Albacora
Leste da Bacia de Campos, além de 240 contratos de compra e venda de combustíveis, que a Petrobras
Distribuidora mantinha com postos de terceiros localizados entre o Sul e o Sudeste do Brasil” (CHACEL, 2007;
p.225).
117
a marca e imagem externa ganhavam espaço em mesas de discussão, uma vez que a atuação
estrangeira na distribuição de derivados de petróleo era vista como algo diferenciado das
atividades em território nacional.
Anos mais tarde, em 2005, a Petrobras adquiriu outras redes de distribuição da Shell
na Colômbia, Paraguai e Uruguai, aproveitando a oportunidade de saída dessa empresa nesses
mercados.
3.2 A Petrobras no Uruguai
A chegada da Petrobras no Uruguai ocorreu no ano de 2004, quando adquiriu, em
Dezembro deste ano, 55% do controle acionário da Conecta, concessionária de distribuição de
gás natural, gás liquefeito de petróleo (GLP) e gás manufaturado, medida que lhe rendeu
sociedade com a ANCAP (Administración Nacional de Combustibles Alcohol y Portland),
controlada pelo governo uruguaio.
No ano seguinte, a companhia começa a operar 89 redes de serviços compradas da
Shell; negociação que durou, aproximadamente, 6 meses.
A aquisição de 51% do capital da Gaseba Uruguay Grupo Gaz de France, em 2006,
garantiu a Petrobras a ampliação de sua atuação na distribuição de gás até o Janeiro de 2025.
Em face dos mercados de combustíveis serem regulados pelo governo, a estratégia da
companhia naquele país é a de posicionamento no mercado, diversificação de portfólio e
internacionalização da marca.
Hoje, a internacionalização da Petrobras, diferente do motivo que a impulsionou para
mercados além-fronteiras, segue a lógica da exposição da marca e consolidação estratégica da
América Latina. Desse modo, apesar de não possuir grandes possibilidades de expansão no
mercado uruguaio, exceto para produtos não-regulados como asfalto, é atrativo por
possibilitar uma rentabilidade satisfatória, ainda que não muito passível de crescimento.
Antes de firmar acordo de compra dos ativos da Shell, o mercado uruguaio possuía
apenas quatro empresas: Texaco, Shell, Esso e ANCAP, não havendo a existência de redes de
serviços de bandeira branca. O número de estações era expressamente definido. Com a
aquisição da fatia da Shell e a compra das estações de serviço da Esso pela ANCAP, restaram
apenas três empresas no segmento de downstream: Texaco, ANCAP e Petrobras.
118
Diante disso, a única forma da Petrobras difundir sua marca na prestação de serviços
seria adquirindo outra empresa. Mais ainda assim, restava um desafio: ser reconhecida pelos
clientes.
A ANCAP, controlada pelo governo uruguaio, permite, via contrato, a livre
comercialização de alguns produtos. Além de ser o único fornecedor, regula a margem de
distribuição dos demais. A vantagem defendida pela empresa é a de rentabilidade assegurada
e estratégia de localização.
Em face de não ter sido a primeira empresa a surgir por intermédio de um processo de
aquisição de ativos, a Petrobras Uruguay Distribución teve um breve período de
rebranding
7
de apenas um ano. A experiência em negociação e pós-negociação em outras
empresas resultou em uma rápida adequação dos processos internos à gestão da Matriz.
A empresa não podia conquistar espaço gradualmente. Sua estratégia de
posicionamento demandava manter os clientes da Shell. Pois ainda que não fosse permitida a
comercialização de combustíveis especificados e a margem fosse controlada, a fatia de
mercado “adquirida” tinha que ser mantida.
As cores das estações de serviços continuam as mesmas: verde e amarelo; o nome
“Petrobras” está grifado em azul diferenciando-se das redes de postos brasileiras com o logo
da BR.
As lojas de conveniências, em comparação com as brasileiras, assumiram novos nome
e cores. Em face de adequações culturais e lingüísticas a BR Mania, no exterior, passou a ser
conhecida como Espacio Uno.
Apesar de ter sido resultado de uma aquisição por entidade estrangeira, a Petrobras
Uruguay Distribución manteve a maioria dos funcionários que receberam treinamento para o
alinhamento do comportamento operacional e estratégico aos interesses da matriz.
A gestão de SMS (Saúde, Meio-Ambiente e Segurança), foi alvo de ajustes e os
recursos humanos, com suas tabelas de remuneração e recompensas ainda encontram-se nos
últimos alinhamentos.
A empresa é composta por um gerente-geral, que responde ao gerente da Petrobras
Uruguai, controladora direta, e outros gerentes por negócios: Engenharia, Estação de
Serviços, Grandes Clientes, Lubrificantes, Aviação e Marítimo.
7
Mudança de marca nas estações de serviço.
119
Os serviços corporativos, tais como de Recursos Humanos, Tecnologia da Informação,
Contabilidade e Financeiro, SMS e Auditoria de controles internos estão na Petrobras
Uruguai, controlada direta da Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A).
3.3 Sistema de Controle Gerencial
3.3.1 Sistema de Controle Gerencial no Cone Sul
O processo de aquisição vertical, tendo em vista não representar ramo de atividade da
Petrobras, e transferência de ativos da Shell para a Petrobras foi desenhado e desenvolvido
sob o controle de um comitê, composto por integrantes de diversas gerências da empresa, tais
como TI, RH, analista tributário, entre outros, para o suporte necessário à adequação das
novas estruturas às marcas da Petrobras conforme dados coletados na entrevista realizada com
um participante do processo.
Posterior a sua criação, a Petrobras Uruguay Distribución ficou sob o controle efetivo
da Gerência do Cone Sul, sob a gestão das gerências de Portfólio e Avaliação de
Desempenho.
As atribuições da gerência de Portfólio, entre outras, destacam-se nas seguintes:
(i) Propor alternativas de investimento e desinvestimento priorizando projetos;
(ii) Participar do processo de identificação e quantificação dos fatores de risco;
(iii) Participar do Comitê de Portfólio e Riscos orientando no tocante às tomadas de
decisões;
(iv) Monitorar e identificar elementos que possam impactar a avaliação de riscos do
negócio;
(v) Coordenar o planejamento tático da região, analisando as propostas de novos
negócios e acompanhando a execução física e orçamentária.
No tocante às responsabilidades principais da Gerência de Avaliação de Desempenho,
de acordo com a entrevista e a consulta ao site interno da organização, podem-se relacionar as
seguintes:
120
(i) Avaliar o desempenho tático e estratégico das unidades e da região de forma
consolidada, fazendo o uso do BSC (Balanced Scorecard), e identificando
oportunidades de melhoria;
(ii) Monitoração do desempenho dos projetos de investimentos, identificando causas
de desvios em sua implementação e propondo correções com uma visão contábil
e fiscal;
(iii) Apresentar no Comitê Tático da Área Internacional as informações da região;
(iv) Desenvolver a “inteligência competitiva”;
(v) Monitorar e identificar eventos que possam impactar na avaliação de risco dos
negócios em conjunto com a gestão de Portfólio;
(vi) Coordenar o desenvolvimento do Planejamento Orçamentário avaliando os
resultados e verificando a aderência das gerências ao Plano de Negócios;
(vii) Elaborar e atualizar as informações relativas à região;
(viii) Garantir o cumprimento do Modelo de Gestão;
(ix) Elaborar e controlar o orçamento da gerência executiva da sede.
A Gerência de Avaliação de Desempenho foi criada em Agosto de 2006, resultante do
processo de aquisição de ativos em alguns países da América do Sul, com o objetivo de
acompanhar a evolução no tocante à rentabilidade, market share e prestar suporte aos gerentes
da Petrobras Uruguay Distribución.
Essa criação foi uma das mudanças geradas no organograma da companhia para
atender às novas exigências de acompanhamento de processos e avaliação de desempenho.
Uma outra modificação significativa foi a criação da Gerência de Incorporação de Ativos,
inaugurada após o processo de aquisição dos ativos da Shell e a partir do qual presume-se que
as demais operações desenvolvam-se de maneira diferente, uma vez que foi identificada a
necessidade de um maior controle no desenvolvimento desse processo.
No tocante às avaliações de desempenho empreendidas, há predominância nas análises
de balanços e demais demonstrativos financeiros, uma vez que a Gerência de Avaliação de
Desempenho do Cone Sul ainda é recente, e os profissionais encontram-se em fase de
desenvolvimento e estabelecimento de processos. A maioria dos relatórios é importada de
outra gerência que efetua um acompanhamento financeiro-contábil e mediante o qual podem
121
ser extraídas informações econômicas, mas, no entanto, consolidadas, o que dificulta a gestão
particularizada das unidades.
Essa fase de elaboração de processos da área de avaliação de desempenho é realizada
em concomitância com sua efetiva atividade; ou seja, ainda que não hajam processos
formalizados, as unidades, periodicamente, entregam relatórios de acompanhamento
individual de desempenho tais como nível de vendas, variação de preços, nível de estoque,
grau de endividamento, entre outros.
O controle exercido sobre essas unidades é distante, mediante delegação de
competência para a tomada de decisões dos gestores, havendo, entretanto, contrato de limites
de competência firmado entre as partes. As decisões que demandarem recursos acima dos
limites firmados no contrato e as avaliações de investimentos, assim como orientação de
novos negócios, prescindem da concordância dos consultores da matriz.
Apesar de não ocorrer um controle rígido das decisões cotidianas, os gerentes devem
responder a possíveis variações percebidas pelos coordenadores de avaliação do negócio.
Essa cultura de avaliação de negócio e análise de mercado tem sido desenvolvida nas
unidades, mediante a criação da “inteligência competitiva”, onde são difundidos mecanismos
de análise e acompanhamento da própria atividade para os empregados absorvidos pelo novo
sistema, uma vez que estes não eram treinados para essa competência.
A Shell estava diminuindo, gradativamente, sua participação nesses países, motivo
pelo qual já não investia em novas instalações tampouco no treinamento de pessoal. Não mais
interessava aperfeiçoar seu processo de reconhecimento de oportunidades e identificação de
riscos. Sua atuação nesses países já não era visto como estratégico e necessário para a
empresa.
Desse modo, a Petrobras ao incorporar o pessoal, precisou efetivamente desenvolver
programas de treinamento de pessoal e inclusão de modelos de gestão, ou seja, mecanismo de
governança entre a sede e as unidades.
Um outro desafio encontrado pela companhia foi no tipo de gestão empreendido pela
Shell: gestão matricial. Experiência acumulada com anos de operação nos mercados
internacionais, a empresa adotava um sistema gerencial e operacional por negócio, não
importando a localização das unidades.
A Petrobras, por sua vez, tem a gestão local. A criação de empresas locais
responsabiliza o gestor em sua atuação naquela região, ainda que em outros países os
negócios se assemelhem.
122
O sistema de acompanhamento do desempenho segue os utilizados pela matriz, pelo
menos por enquanto. A Área de Avaliação de Desempenho esforça-se na construção de
indicadores que mais se aproximam dos utilizados pelo mercado.
Apesar do Balanced Scorecard não ter sido implantado, ainda, na gestão da Petrobras
Uruguay Distribución, outros conceitos de retorno do capital e rentabilidade de dividendos,
além do nível de endividamento, tem sido utilizados.
Uma vez que estão no momento de desenvolvimento, alguns conceitos são utilizados
sem que se constitua, por completo, em indicadores financeiro-econômicos do mercado, tal
como o Valor Econômico Agregado.
O orçamento, parcela de controle de curto prazo do planejamento estratégico, é uma
ferramenta utilizada pela matriz e adotada também na subsidiária por esta fazer parte do
plano global da companhia.
O gestor da Petrobras Uruguay Distribución, dentro do limite de competências, possui
certo grau de autonomia na tomada de decisões, além de ser membro participante do
desenvolvimento da estratégia da área de sua atuação.
O planejamento estratégico é desenvolvido de forma a espelhar futuros investimentos
e manutenção de mercados. Desse modo, os gerentes de negócios da subsidiária participam
desse processo como integrantes de um grupo de trabalho.
Assim como suas participações são requeridas, as prestações de contas também são
cobradas. As análises de desempenho são efetuadas mensalmente e por meio delas são
avaliados quão próximos ou distantes estão do planejamento estabelecido.
No conjunto desses instrumentos de observação, estão controles firmados pela matriz,
os orçamentos, e controles elaborados pela área mais próxima a eles, a Área de Avaliação de
Desempenho que, por sua vez, estrutura um leque de informações coletadas por outras
gerências ou pelo gerente da subsidiária, tal como margem de vendas, constituição do capital
de terceiros e capital investido.
A avaliação não tange apenas no alcance dos resultados pré-estabelecidos, a forma de
operacionalização dos recursos também é levado em consideração.
Dentre os pontos relevantes em um processo de avaliação de desempenho, em ordem
de prioridade, encontram-se: (1) retorno do capital, nível de endividamento; (2) lucro líquido
(segundo lugar justificado pela forte regulação da margem imposta pela ANCAP, único
fornecedor); e (3) metas orçamentárias. Vale destacar que o item do questionário
“contribuição do centro ou unidade de negócio ao resultado global da empresa” não é
considerado no sistema de controle exercido pela área; portanto, não aplicável.
123
O processo de controle vem sendo modificado conquanto surjam novos valores
passíveis e necessários para acompanhamento. Combinado a essa crescente evolução dos
instrumentos utilizados tem a recente criação da empresa e da área que acompanha seu
desenvolvimento. Desse modo, a falta de padronização de alguns indicadores em áreas
internacionalizadas é justificada pela recente inauguração do segmento de downstream em
âmbito internacional.
O processo de internacionalização da Petrobras ocorreu quase que exclusivamente na
esfera de exploração do petróleo, fato que promoveu indicadores estruturados para esse
segmento.
Hoje, segmentos de distribuição ocupam, gradativamente, espaços nos planejamentos
estratégicos da companhia e, por conta disso, ações são desempenhadas para o
estabelecimento de controles adequados para essa área de negócio.
124
4 ANÁLISE DOS DADOS
4.1 Análise das Variáveis Contingentes
As variáveis de pesquisas denominadas contingentes foram assim estabelecidas
conforme o grau de influência sobre os sistemas de controle gerenciais. Esses sistemas
espelham características culturais, humanas, ambientais, estratégicas e culturais.
A pesquisa, portanto, objetivou relacionar as variáveis aos valores que a constituem de
forma a permitir a elaboração de um questionário abrangente para o problema destacado.
125
Quadro 12 – Análise das variáveis contingentes conforme dados coletados.
Variáveis
Contingentes
Definições Operacionais Valores Questões Análise dos Dados Coletados
• Contexto Cultural
A cultura em sua constituição "simbólica" deve
ser considerada quando do desenho do SCG à
medida que sua influência sobre as atividades
organizacionais for percebida.
• Cultura Nacional;
• Cultura Organizacional;
• Cultura Individual.
Q-44
A cultura da matriz, no tocante ao caso Petrobras
Uruguay Distribución, se fez marcante na
adequação dos processos e controles internos da
firma resultante da reorganização societária, além
de influenciar na unificação dos critérios de
remuneração (em fase de elaboração). Portanto, a
modalidade de formação cultural, conforme
Permutter e Heenan (1979), foi etnocêntrica.
• Contexto Humano
O papel da organização será identificar ovel
de agregação de valor dos empregados às
atividades, e como estas são influenciadas por
eles, bem como a forma de se transmitir ao
comportamento humano a identificação
necessária à interiorização dos valores
organizacionais para que cumpram com os
objetivos estabelecidos.O SCG deverá elaborar
sistemas de avaliação de desempenho consoante
a estratégia de comprometimento das
organizações para com os empregados de modo
a criar sinergia entre os objetivos.
• Necessidades Intrínsecas;
• Necessidades Extrínsecas.
Q-28; Q-29;
Q-39; Q-40;
Q-41; Q-42;
Q-43
Tanto as necessidades intrínsecas quanto as
extrínsecas são consideradas na avaliação de
desempenho dos empregados, que procura seguir o
modelo utilizado nas demais unidades da Petrobras
no exterior.
Contexto Ambiental
O ambiente, por muitos anos, tem sido objeto
de estudo das teorias econômicas tendo em
vista apresentar variáveis contingentes à
formação de sistemas de planejamento e
controle organizacionais.
• Concorrentes;
• Fornecedores;
• Clientes;
• Governo;
• Organizações não-
governamentais e etc.
Q-34
No caso da Petrobras Uruguay especificamente, o
mercado de distribuição de combustíveis é,
extremamente, regulado. O governo impõe
limitações ao comércio de novos produtos.
Perspectiva determinista.
O nível de configuração do SCG é baseado em
escolhas estratégicas. O funcionamento do
controle é a nível de implantação estratégica.
• Posição no mercado;
• Modelo estratégico;
• Missão estratégica.
Q-35; Q-36;
Q-37
Em face do principal produto revendido ser
regulado pelo governo uruguaio, o modelo
estratégico é o posicionamento de mercado com
característica mantenedora e gestão de custos.
O link entre a estratégia e o SCG pode ocorrer
nos níveis de capacidade e não de escolhas
estratégicas. Esses recursos, ainda, conhecidos
como resistência, exploração inteligente e
alavancagem de recursos internos controlados
pela firma são valiosas e devem ser protegidos
de imitação dos concorrentes de forma a
sustentar a vantagem competitiva (BARNEY,
1991; WENERFELT, 1984).
• Inovação;
• Aprendizado
organizacional;
• Orientação de mercado;
• Habilidade dos executivos.
Q-38
Não existem, na empresa analisada, instrumentos
de controle que avaliem a inovação, aprendizagem,
orientação de mercado e habilidade dos executivos,
embora sejam considerados importantes no
desenvolvimento da organização.
Contexto Estrutural
A definição da estrutura organizacional é de
fundamental importância no desenho do
controle gerencial, pois importa em definição de
responsabilidades, autoridade e grau de
descentralização.
• Sistema de controle;
• Indicadores de controle;
• Sistema de informação;
• Processo de planejamento;
• Sistema de avaliação;
• Hierarquia gerencial;
• Grau de autonomia na
toma de decisão.
Q-8; Q-9;
Q-10; Q-11;
Q-12; Q-13;
Q-14; Q-15;
Q-16.
• Descentralizada;
• Autonomia moderada;
• Planejamento participativo (gerentes);
• Sistemas formais e informais de avaliação de
desempenho;
• Hierarquia definida por área de negócios.
Contexto Estratégico
Fonte: Elaborado pela autora.
Na entrevista efetuada, o contexto cultural foi abordado na mensuração do nível de
influência da cultura organizacional da matriz sobre a unidade em foco. Tendo em vista
proximidade geográfica e cultural, a Petrobras não encontrou barreiras culturais limitantes da
atuação da empresa sobre a região.
Outro fator que prescindiu de adaptabilidade foi o comportamento dos funcionários
relacionado ao modelo de gestão empreendido pela Shell. Em razão de uma atuação
internacional em um horizonte de tempo muito mais significativo que o da Petrobras, sua
gestão e controle exercidos eram pautados numa estrutura matricial. Os gerentes de negócios
126
eram responsáveis por sua atividade independentemente das áreas abrangidas por essas
operações. A Petrobras, numa estrutura divisionada, mantém, em cada unidade
descentralizada, um gestor para cada tipo de negócio.
Desse modo, precisou adequar a estrutura gerencial encontrada para a adotada em
outras regiões. Em face disso, foi claramente identificada a influência cultural na modalidade
etnocêntrica, conforme abordagens de Permutter e Heenan (1977), onde a cultura é absorvida
pela subsidiária (HASPESLAGH & JEMISON, 1991).
A matriz estabeleceu um período de transição para o modelo de gestão escolhido e
empreendeu ações de adequação cultural, principalmente no tocante à remuneração dos
funcionários. A gestão de pessoal é exercida pelo controlador direto da área, a Petrobras
Uruguai, que possui, além do apoio em recursos humanos, uma estrutura coorporativa
estabelecida para prover todas as áreas de negócios do país.
O processo de avaliação de desempenho, abordado para o atendimento à variável de
recursos humanos, é desenvolvido conforme balanceamento dos fatores intrínsecos, ligados
ao reconhecimento, e extrínsecos exigidos pelos empregados conforme abordagem de
Atkinson et al (2000).
Em Março de 2008, a Petrobras premiou a equipe da Petrobras Uruguay Distribución
com o I Prêmio Petrobras de Marketing na categoria “comercialização”. Em menos de dois
anos, o posicionamento na marca Lubrax no Uruguai alcançou a faixa dos 27%.
O ambiente externo, sob os elementos dos concorrentes, fornecedores, clientes,
governo e organizações não-governamentais, influencia o controle da organização de forma
que o sistema será tanto mais adequado quanto maior for a percepção e gerenciamento de sua
influência.
Dentro da perspectiva determinística, a atuação da Petrobras é a de adequação e
institucionalização dos “regulamentos” do ambiente sob o isomorfismo coercitivo, segundo
estudos de DiMaggio e Powell (ROSSETTO & ROSSETTO, 1999). Os processos de
formalização e organização são desenvolvidos em resposta às mudanças ambientais e
objetivam sua legitimação perante a sociedade.
A institucionalização de procedimentos funciona como adequação ao ambiente
externo de forma a garantir a obtenção de recursos e o reconhecimento dos atores externos.
Essa concordância às prescrições institucionais garante a continuidade da vida organizacional
(MEYER & ROWAN, 1977; SCOTT & MEYER, 1983; PFEFFER & SALANCIK;
DIMAGGIO & POWELL, 1983; OLIVER, 1988; MEYER & ROWAN, 1977, 1983;
DIMAGGIO, 1988).
127
Desse modo, para atuar no mercado uruguaio, os elementos externos de maior
restrição foram os limites impostos pela regulação. Diferente do que ocorre no Brasil, a
atividade de distribuição de combustíveis não pode inovar no lançamento de novas
tecnologias sob a pretensão de ganhar margem no mercado. A participação de cada empresa
no Uruguai é determinada pelo número de estações de serviço moldando a atuação da
Petrobras na região. Diante disso, a forma de controle exercida precisou adaptar-se ao
contexto ambiental, pois, uma vez que a estratégia desenvolvida para esse país foi diferente, o
controle exercido sobre o desempenho também sofreu adaptações. O que antes era
desenvolvido para a alvancagem de resultado, começou a instrumentar a avaliação da
manutenção do resultado.
No tocante à estratégia, o sistema de controle é, nitidamente, desenvolvido em função
do planejamento estratégico. De forma a acompanhar o mais de perto possível o plano traçado
pela diretoria, a área de avaliação de desempenho tanto utiliza os mecanismos tradicionais
quanto desenvolve seus próprios instrumentos.
O modelo estratégico, face o mercado regulatório na distribuição de combustíveis,
assume a intenção de posicionamento no mercado com característica mantenedora e gestão de
custos. A missão estratégica é desenvolvida, portanto, de forma a considerar as variáveis
influenciadoras das atividades.
A Petrobras Uruguay Distribución assume elementos tanto da estratégia de
diferenciação, quanto da gestão de custos, percebidos no desenho do sistema de controle
gerencial, avaliada no contexto estrutural.
O quadro, a seguir, considera as características de cada tópico estratégico apresentados
por Gomes e Salas (2001) adaptado às particularidades do caso estudado.
128
Quadro 13 – Características da Petrobras Uruguay Distribución
Tópicos Liderança em Custos Diferenciação
Sistema de Controle
A organização possui sistema
formal e rígido de controle.
Existem instrumentos de
controle em fase de
aprimoramento; sua
aplicabilidade ainda não está
formalizada.
Indicadores de Controle
Elementos quantitativos como
resultado financeiro.
Elementos qualitativos como
margem de mercado e pesquisa
de identificação da marca.
Sistema de Informação
Os dados de custos ainda são
muito utilizados em virtude do
processo de
internacionalização ter se
iniciado na operação de
exploração de petróleo. O
segmento internacional de
distribuição ainda é recente.
A adaptação às novas
necessidades de controle está
ocorrendo de forma gradual.
Sistema de Incentivos
Remuneração.
Premiação e valorização de
inovações e resultados.
Formulação de objetivos e planos
Não Aplicável.
O planejamento da Petrobras
Distribuidora Uruguai é o
espelho do planejamento
estratégico da diretoria da Área
Internacional. O contexto
ambiental é considerado nas
previsões de tendências.
Sistema de Avaliação
Presença forte de análise de
desvios orçamentários.
A experiência em controles de
outras unidades têm auxiliado
os gestores a empreenderem
novos negócios. A inovação é
muito difundida na
organização.
Fonte: Elaborado pela autora.
Diante do quadro, percebe-se que a estrutura em “liderança em custos” está perdendo
lugar para a “diferenciação”, ainda que a estratégia seja de manutenção do posicionamento no
mercado, fato que não impede uma estruturação mais flexível.
As características financeiras ainda se fazem presentes em razão da descentralização,
notadamente geográfica, e face o desenvolvimento de um processo de controle gerencial
129
influenciado pela internacionalização de outro segmento da Petrobras, a área de E&P
(exploração e produção).
Por fim, finalizando a análise do contexto estrutural da organização, cabe destacar que
a estrutura da organização é descentralizada com autonomia moderada limitada à tabela de
limites de competências formalizada na holding, apresentando hierarquização definida por
área de negócios e cuja participação no planejamento estratégico é incentivada aos gerentes
setoriais. Além disso, vale assinalar que, em face da descentralização, apresenta uma
organização formalizada e burocratizada através de normas e manuais de instrução.
130
4.2 Análise das Variáveis Identificadoras
Quadro 14: Análise das variáveis identificadoras conforme dados coletados.
Variáveis
Identificadoras
Definições Operacionais Valores Questões Análise dos Dados Coletados
Modelo de internacionalização
adequado.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-3; Q-4; Q-5;
Q-6; Q-7
Com base na coleta de dados
primários e secundários, observou-
se as abordagens comportamental
e econômica no processo de
internacionalização da Petrobras.
Decisões de investimento.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-2
A estratégia foi de aquisição de
ativos.
Motivações.
• Estratégia;
• Ambiente.
Q-1; Q-2
Desenvolvimento e exploração do
mercado.
Intenção de Compra.
• Desenvolvimento e
exploração de mercado;
• Acesso aos recursos;
• Coordenação;
• Aprendizagem.
N.A. Tradicional
Sistema de Controle
Gerencial
Estruturado conforme variáveis
contingentes ao desenho do
SCG.
• Quantitativos;
• Qualitativos;
• Formal;
• Informal;
Q-17; Q-18;
Q-19; Q-20;
Q-21; Q-22;
Q-23; Q-24;
Q-25; Q-26;
Q-27; Q-30;
Q-31; Q-32;
Q-33.
Sistema Orçamentário e outros
instumentos informais de
acompanhamento.
Ciclo de Vida
Organizacional
Estágios dos ciclos de vida.
• Estrutura;
• Ambiente;
• Estratégia.
N.A. Rejuvenescimento.
N.A.= Não Aplicável.
Processo de
Internacionalização
Fonte: Elaborado pela autora.
Conseqüências de estratégias diferenciadas, a inserção no mercado internacional
ocorreu, no primeiro instante, sob a perspectiva de proximidade com os fornecedores, tendo
em vista a atuação organizacional ter sido voltada para o abastecimento do mercado interno, e
131
no segundo momento, o de internacionalização da marca e garantia de segurança financeira,
em face da abertura do mercado brasileiro para a atuação de investidores estrangeiros.
Diante disso, tanto a perspectiva econômica quanto a perspectiva comportamental
foram percebidas nesse contexto de internacionalização das atividades; cada qual com suas
características restritas ao comportamento da organização no novo ambiente.
A motivação inicial para a internacionalização das atividades ocorreu em virtude da
necessidade de abastecimento do mercado brasileiro. Esse quadro justificou a procura por
alianças junto a outros governos de forma a garantir melhores condições de negociação.
Apesar de Hymer (1976) abordar, no conjunto motivacional de investimento
estrangeiro, vantagens competitivas, concorrênciais e de diversificação, a principal
justificativa econômica no processo de internacionalização foi uma aproximação desses três
motivos, uma vez que corresponde à exploração de vantagens contratuais. Nesse sentido,
considerando que a teoria hymeniana corresponde de um modo geral, à busca de vantagens, o
aproveitamento das melhores condições de mercado enquadra-se na abordagem motivacional
encontrada em seus estudos.
Anos mais tarde, quando a empresa atingia a auto-suficiência na exploração e
produção de óleo, a estratégia sofreu modificações. Dentre as motivações, hoje percebidas na
organização, tem as destacadas por Hymer: alcance de vantagens de mercado, neutralização
de concorrentes e diversificação de produtos, especialmente para mercados não-regulados.
No caso específico desse trabalho, quando o foco é a Petrobras Uruguay Distribución,
a motivação segue a vantagem de localização sob o paradigma eclético de Dunning (NETO,
2005).
A teoria da internalização é avaliada pela organização, comparativamente, à teoria dos
custos de transação, quando é estudada a viabilidade econômica do investimento.
Naturalmente que em um processo de internacionalização, a estrutura, os
conhecimentos, assim como os controles exercidos pelos atores externos, influenciaram a
firma de modo que ela internalizasse algumas das características ambientais. O custo dessa
absorção não pode exceder os custos de transação, correspondentes aos valores contratuais.
Na perspectiva da Organização Industrial de Caves e Hymer (NETO, 2005), a firma
busca brechas nas economias internacionais para alvancagem de resultado. Desse modo, sob o
enfoque desse estudo, pode-se afirmar que a firma em questão atuou nessa abordagem à
medida que procurou fechar o ciclo de operação, partindo do poço ao posto. Para tanto, o
enfoque internacional no segmento de downstream tem ganhado cada vez mais espaço no
planejamento estratégico da holding.
132
Apesar de no Uruguai o único fornecedor permitido ser o próprio governo, a
organização busca, ainda que em um país com margens reguladas, garantir seu
posicionamento e internacionalização da marca.
A teoria econômica é complementada pela comportamental no tocante ao
‘aprendizado organizacional’. Apesar do processo de internacionalização não ter ocorrido por
etapas, pelo menos as encontradas nessa teoria, as experiências anteriores são consideradas
nos estudos de viabilidade de algum empreendimento.
Outro enfoque encontrado nessa teoria que se aproxima ao caso estudado é a
abordagem da proximidade psíquica. Johanson e Vahine (NETO, 2005) mencionam o
comportamento cauteloso estudando preferências de localização nas tangentes geográficas e
culturais.
A Petrobras, apesar de já na sua segunda tentativa de internacionalização ter cruzado o
Atlântico, busca em regiões mais próximas as oportunidades de abertura de subsidiárias. No
tocante ao índice de regionalidade, apresentado pela FDC e CPII citados anteriormente,
posiciona-se no segundo lugar, com concentração na América Latina.
Por conta de restrições regulatórias, a única possibilidade de entrada no mercado
uruguaio foi por meio da aquisição de ativos, configurando uma intenção de compra
tradicional que se refere à expansão da posição mundial (STERGER, 1999). Por conta
disso, não houve balanceamento das oportunidades estratégicas, mas sim avaliação da
viabilidade da única inserção permitida.
Apesar de situar-se em um mercado regulado, as macro motivações do investimento
internacional são a exploração, desenvolvimento do mercado e exposição da marca. A
Petrobras Uruguay Distribución insere-se em um planejamento de maior amplitude que a
considera como peça importante de difusão da marca e rentabilidade garantida.
No tocante ao sistema de controle gerencial, há a presença de controle formal –
processo orçamentário, e controle informal – acompanhamento da evolução do negócio.
O orçamento, instrumento racional de avaliação de desempenho, espelha o sistema de
controle utilizado pela holding, tendo em vista participar do planejamento estratégico, não
apenas na implementação, como também em seu controle. Desse modo, o plano é
desmembrado em orçamentos por diretoria e, em seguida, por área de negócios.
Utilizado como avaliador rígido do desempenho gerencial, o sistema orçamentário é
dotado de peso significativo no processo de tomada de decisões. Os desvios mensurados em
sua análise, na relação proximidade x afastamento do realizado em comparação com o
133
estimado subsidia a avaliação dos níveis de aproveitamento de recursos e de alcance de
resultados.
Os demais instrumentos informais de acompanhamento do desempenho foram
desenvolvidos pela área entrevistada (Área de Avaliação de Desempenho) em razão de
reconhecerem a necessidade de outros índices de desempenho.
Para tanto, valores qualitativos estão ganhando cada vez mais espaço nos processos de
avaliação. O resultado não pode ser avaliado isoladamente; a visão da relação retorno x
capital empregado tem ganhado foco cada vez maior. Paralelo a isso, a composição do
endividamento e o retorno dos dividendos já são empregados.
A avaliação de desempenho desenvolvida pela holding é efetuada mensalmente ou
quando sentir necessidade. A equipe que efetua esse trabalho é livre para solicitar maiores
esclarecimentos quanto ao andamento das operações a qualquer momento; para tanto, são
estreitados laços de relacionamento entre a holding e a subsidiária, o que configura, por vezes,
um controle direto.
Diante desse quadro, a identificação do nível de vida, ou melhor, da etapa do ciclo de
vida organizacional, será efetuada conforme características do sistema de controle gerencial
efetuado pela Petróleo Brasileiro S.A. sobre a unidade internacionalizada. Para tanto, serão
necessários alguns esclarecimentos:
A organização avaliada é a Petrobras;
O sistema de controle gerencial analisado abrangerá os instrumentos formais e não
formais da holding sobre a unidade do caso;
Não serão consideradas as características do controle exercido pela Petrobras
Uruguay Distribución nas gerências de negócios por não terem sido alvo de
pesquisa.
Desse modo, diante do processo de formalização do controle e da forte presença dos
indicadores financeiros absorvidos de outros sistemas de controle exercidos, somado à
existência do grau de autonomia moderado, o estágio do ciclo de vida organizacional,
conforme modelo de Miller e Friesen (1984) é o rejuvenescimento.
A organização apresenta uma estrutura formal, burocrática e hierarquicamente
dividida por área de negócios apresentando os sistemas de controle, sistemas de informação,
indicadores de controle, sistema de avaliação e processo de planejamento próprios de
estruturas divisionais.
134
No tocante à análise dos elementos de inovação e estratégia, a atuação da organização
é direcionada à diversificação de produtos, inovação e internacionalização da marca.
Parece inócuo identificar a empresa na etapa do rejuvenescimento, quando a unidade
de análise apresenta restrições de atuação no ambiente. No entanto, uma vez que a pretensão é
qualificar o estágio do ciclo de vida organizacional da holding, deverá ser considerado o
comportamento da empresa no ambiente internacional, e não apenas no Uruguai.
Quadro 15 – Identificação do Estágio da Vida Organizacional
Estágio Situação Organização Inovação e Estratégia
Rejuvenescimento
• Estrutura grande, presente
em 27 países.
• Ocupa a 18º posição no
ranking de transnacionalidade
e 2º no ranking de ativos no
exterior propostos pela FDC
e CPII.
• Presente em ambientes
regulados e desregulados.
• Estrutura formal e
divisional;
• Foco na eficácia;
• Centralização moderada
(manuais de limites de
competências);
• Flexibilidade para a
adaptação de sistemas de
controle.
• Posicionamento
consolidado no mercado;
• Inivações substantivas;
• Estratégia de marketing
da marca;
• Crescimento rápido.
Fonte: Elaborado pela autora.
135
5 RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE PESQUISA
A seguir, resumem-se as repostas às perguntas destacadas no capítulo de metodologia.
(i) Qual o impacto da internacionalização sobre os sistemas de controle gerencial da
empresa?
O processo de internacionalização da Petrobras demandou adequação das estruturas de
controle para avaliação de desempenhos descentralizados.
A própria atividade de
downstream, no Brasil, desenvolvida pela Petrobras
Distribuidora subsidiária da Petrobras, representou um desafio ao sistema de controle,
antes formalizado para segmento de exploração e produção.
O maior impacto percebido tanto no início da internacionalização da Petrobras quanto
na criação da subsidiária no segmento de distribuição no Uruguai, foi na estrutura
organizacional, mas especificamente nas “caixas” de descriminação hierárquica. O
organograma, com o passar dos anos, sofreu adaptações em sua estrutura de forma a melhor
atender a novas demandas gerenciais.
Em 2006, a Área de Avaliação de Desempenho do Cone Sul foi criada; seu objetivo é
desenvolver mecanismos de controle dos países enquadrados no Cone Sul, dentre eles o
Uruguai.
Outro fator que cabe destaque corresponde ao desenvolvimento de outros instrumentos
de controle realizados por essa área. Ainda não formalizados, os controles estão sendo
estruturados considerando outros índices financeiros e não-financeiros para a caracterização
de um sistema mais adequado.
(ii) Qual o grau de proximidade ou afastamento entre os sistemas encontrados e a
literatura apresentada?
Os sistemas de controle encontrados aproximam-se da literatura; mas, algumas vezes,
assumindo características de outras modalidades de avaliação.
O SCG encontra-se muito próximo da abordagem racional da escola científica, mas
sem deixar de lado as perspectivas estratégicas do controle, que o sistema é moldado
conforme o planejamento estratégico estabelecido.
Em uma estrutura descentralizada e divisionada, o controle é feito por resultados. As
unidades descentralizadas são consideradas centros de investimentos por serem avaliadas
conforme retorno sobre o capital investido.
136
Apesar da estratégica empreendida, em razão da ação regulatória do governo, ser a
gestão dos custos, a ocorrência de características presentes na estratégia de diferenciação,
fato justificado pela atuação da companhia em outros países com objetivos expansionistas.
Dentre os instrumentos de avaliação detectados estão o orçamento, participante de um
processo formal, o retorno sobre o capital e retorno dos dividendos, ainda em processo de
formalização, mas já atuantes.
137
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE PESQUISA
6.1 Considerações Finais
O objetivo deste trabalho consistiu em avaliar o processo de internacionalização da
Petrobras no segmento de distribuição no Uruguai sob a perspectiva de seu impacto sobre o
sistema de controle gerencial da empresa.
O processo de internacionalização da Petrobras ocorreu como uma corrida para
melhores condições contratuais que lhe assegurassem preço máximo de negociação. Com
atuação, estritamente, voltada para o mercado interno cujo controle é exercido pelo governo
brasileiro, anteviu a possibilidade de estabelecer alianças com os principais fornecedores de
outros países. Desse modo, a atuação internacional foi desenvolvida em etapas diferentes das
identificadas pela escola nórdica; mesmo porque, o mercado de petróleo desenvolve-se rápido
demais para galgar vantagens homeopáticas. A própria inserção no mercado uruguaio
prescindia de investimento significativo em aquisições de ativos. Em verdade, pode-se afirmar
que a vantagem competitiva seja ela de posicionamento ou de expansão, antes por menores
preços e, hoje, por absorção de mercados, sempre alavancou os interesses e estratégias
empreendidas.
As alianças constituíram, principalmente no início, a melhor forma de conhecer o
fornecedor e o ambiente externo, recebendo salvaguarda de empresas ou governos que
possuíam a outra parcela do controle. Muitas experiências não obtiveram o êxito previsto, e
ainda assim a organização esforça-se para alcançar o maior número de mercado possível,
ainda que não o favoreça nas perspectivas expansionistas.
Naturalmente que o segmento de distribuição seria internacionalizado bem depois.
Como não representava o negócio-chefe da organização, a Petrobras sentiu-se mais
confortável em internacionalizar áreas de negócios mais conhecidas.
Conforme abordagem das teorias de internacionalização verificou-se que a
organização aproxima-se da abordagem comportamental de Johanson e Vahine, (NETO,
2005) no tocante à proximidade psíquica na escolha dos investimentos, o que justifica sua
significativa presença na América Latina, e em relação ao aprendizado contínuo, uma vez que
se apropria de experiências anteriores para a formação de outros empreendimentos.
138
Motivado por fatores sociais e econômicos, a atuação da Petrobras sempre esteve
mesclada por interesses governistas e de dirigentes qualificados que viam na empresa grande
potencial de atuação internacional.
Desse modo, impulsionada por motivações internas (abastecimento do mercado
brasileiro), a empresa lançou-se externamente para o alcance de melhores condições
contratuais a que estava sujeita. Assim, não haveria como qualificá-la nos primeiros estágios
de evolução comportamental. Seu posicionamento, logo de início, foi no quarto estágio que,
segundo Johanson e Vahine (NETO, 2005) caracteriza-se pela produção no exterior.
Em relação à teoria econômica, a exploração da vantagem competitiva exercida pela
empresa, seja na forma inicial de melhores condições contratuais, seja na busca pelo
equilíbrio financeiro e internacionalização da marca, aproxima-se da teoria de Hymer. No
paradigma eclético de Dunning, a organização trabalha internacionalmente na busca de
vantagens da firma, no melhor aproveitamento dos recursos de que é possuidora, vantagens de
localização, no estudo de melhores condições legais e territoriais, e vantagem de
internalização, alimentando-se das experiências anteriores para a consecução de projetos mais
maduros (NETO, 2005).
De acordo com o índice de transnacionalidade, composto calculado pela média da
participação relativa em ativos no exterior, número de funcionários no exterior e vendas no
exterior como um percentual de seus respectivos totais, a Petrobras, classificada como
empresa transnacional, ocupa a 18º posição, tendo em vista, por muitos anos, sua estratégia
internacional ter sido desenvolvida para abastecimento do mercado interno; objetivo
modificado recentemente.
O fato de a Petrobras possuir uma atuação interna muito significativa em seus
resultados, o índice de transnacionalidade é afetado no tocante à ponderação dos resultados no
exterior em relação aos resultados totais.
Diante disso, embora no ranking de “ativos no exterior” e de “regionalidade” a
Petrobras participe das primeiras colocações, a composição de seu resultado, praticamente
composto pela atuação interna, classifica a organização numa posição muito baixa no índice
que avalia o grau de internacionalização das empresas.
O quadro apresentado pela Petrobras na atuação no mercado uruguaio demonstra que
apesar de possuir estratégias transnacionais de alcance de mercado mundial, com
características substanciais de exploração e expansão do mercado, sua atuação nesse país
latino prescindiu de um ajuste estratégico às condições locais. A institucionalização das
características ambientais impôs à organização modificações no seu desenvolvimento
139
estratégico nessa região, cuja adaptação de uma gestão nitidamente expansionista para uma
outra de manutenção com foco em rentabilidade e posicionamento, encontrou motivação nas
barreiras regulatórias impostas na região.
Diante disso, o sistema de controle exercido nessa unidade sofreu forte influência da
estratégia empreendida. Nessa linha, o SCG funciona como agente passivo da estratégia
(BRUGGEMAN & STEDE; GOVINDARAJAN; e GOVINDARAJAN & FISHER apud
HENRI, 2006). No entanto, embora a construção do sistema de controle gerencial reflita a o
planejamento estratégico, indícios de que no processo orçamentário ocorra a
instrumentação de acompanhamento estratégico, o que indica a tendência de atuação dos
sistemas de controle sobre o gerenciamento estratégico (CHENHAL; MARGINSON apud
HENRI, 2006).
A influência da internacionalização da companhia sobre o sistema de controle no
tocante ao surgimento de novos indicadores de avaliação de desempenho era, propriamente,
no atendimento à exploração e produção de óleo. Estrategicamente modelados para o
abastecimento do país, os mecanismos de acompanhamento espelhavam a necessidade de
controles mais rigorosos e financeiros.
Com a ampliação da atuação internacional, agora também no segmento de
distribuição, os indicadores antigos foram revistos e novos surgiram com qualificações,
também, não-financeiras como, por exemplo, os índices de retorno sobre os dividendos e
avaliação da rentabilidade do capital, em processo de formalização.
A estrutura da empresa e o carro-chefe de sua rentabilidade, naturalmente, pesam no
estabelecimento de um sistema de controle. Por conta disso, a Petrobras precisou estruturar
equipes que avaliassem tão-somente as áreas de distribuição, como forma de minimizar a
influência dos modelos antigos de gestão.
A perspectiva racional do controle começou a receber influência do planejamento
estratégico da organização, orientando o sistema de controle a espelhar o plano traçado pela
diretoria. Por conta disso, a abordagem estratégica tem influenciado, significativamente, o
desenho do sistema. E embora exista um período de “passagem cultural” do método lógico e
racional para outro mais estratégico, o que justifica os estudos de formalização de um sistema
mais adequado, a organização não deixa de utilizar o modelo antigo, tampouco retira sua
credibilidade como ferramenta útil, embora inadequado isoladamente.
Hierarquicamente descentralizada, com centros de responsabilidades sob a modalidade
de centros de investimentos, conforme abordagens de Anthony e Govindarajan (2002), os
gerentes da unidade possuem autonomia limitada à tabela de limites de competências. Os
140
gestores são chamados ao desenvolvimento do planejamento estratégico de suas áreas e são
cobradas consoantes responsabilidades delegadas.
As necessidades intrínsecas e extrínsecas são balanceadas no processo de avaliação de
desempenho do corpo funcional e os empregados são reconhecidos, com base em calendários
de premiações, por conquistas incentivadas.
Diante do quadro regulamentado que se apresenta no contexto uruguaio, a atuação da
Petrobras, sob a figura da Petrobras Uruguay Distribución é passiva diante dos fatores
externos. Ao considerar as variáveis contingentes para sua adaptação e reconhecimento
exterior, possui atuação determinista de institucionalização das características impostas pelo
ambiente sob o isomorfismo coercitivo, segundo estudos de DiMaggio e Powell (ROSSETTO
& ROSSETTO, 1999).
Quanto ao estágio do ciclo de vida da Petróleo Brasileiro S.A., consoante modelo
sugerido por Miller e Friesen, o estágio de melhor qualificação do grau de seu
desenvolvimento é o “rejuvenescimento”. Christensen e Scott ao proporem um modelo de três
estágios, enquadram no terceiro as características de mercado e estrutura apresentados pela
organização (FREZATTI, NECK & SOUZA, 2007).
As evidências obtidas nesta pesquisa concluíram que o plano de referência contribuiu
na leitura do sistema de controle encontrado no caso, no tocante a sua construção e atual
desempenho. Abordando fatores contingentes, a literatura apresentada permitiu o destaque das
variáveis que influenciam o desenho do sistema e que, quando percebidas, auxiliam os
gestores em sua atividade gerencial de avaliação das unidades de negócios.
Os resultados obtidos possibilitaram avaliar o nível do impacto do processo de
internacionalização sobre o sistema de controle gerencial, e classificá-lo positivamente, e a
capacidade de adaptabilidade da organização aos novos contextos, comprovando que o
empreendimento de novas estratégias, sejam elas internacionais ou em novos negócios,
influencia o desenho do sistema de controle gerencial que refletirá, na proporção do interesse
dos gestores, um processo de controle mais adequado à organização.
Quando comparado a outros casos estudos de empresas brasileiras internacionalizadas,
notou-se que a Petrobras não acompanha o processo de desenvolvimento gradual proposto
pela escola comportamental e seguido pela maioria das organizações citadas no capítulo de
revisão da literatura. Exceto pela Gerdau, as demais empresas iniciaram suas atuações
transfronteiriças mediante exportação de produtos (Vale, Sabó, Marcopolo, Embraer, Natura)
e de serviços (Construtora Odebrecht e Andrade Gutierrez). A atuação da Petrobras, desde o
141
início, foi pautada por grandes investimentos em alianças e aquisições de participações com
outras organizações transnacionais.
A atual política de profissionalização dos empregados permite que a literatura seja,
regularmente, confrontada com a realidade. Diante disso, e somado o fato de que a Petrobras
Uruguay Distribución foi constituída recentemente, o emprego dos sistemas de controle, após
formalização dos projetos, indica possibilidade de futuros estudos na avaliação de sua
estruturação e aplicabilidade.
6.2 Sugestão Para Futuras Pesquisas
Em face subjetividade na identificação de um estágio específico no ciclo de vida
organizacional, quando se trata de uma organização fruto do processo de internacionalização
com estratégia de aquisição de ativos, indica-se essa abordagem para futuros estudos nessa
teoria.
Outra sugestão seria o exame dos instrumentos de controle após o período de
formalização. O retorno à organização e a elaboração de outras variáveis de pesquisa que
avaliassem o nível de empregabilidade e satisfação na utilização desses instrumentos, no
exercício da instrumentação do controle, complementariam esse presente trabalho.
142
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157
ANEXO I – ROTEIRO DE ENTREVISTA
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis -FACC
Programa de Mestrado em Ciências Contábeis
Área: Controle de Gestão em Ambiente Internacionalizado
Este roteiro tem como objetivo coletar informações para a elaboração do estudo de caso. As
unidades de análise abrangem as variáveis independentes e dependentes relacionadas no
capítulo de metodologia.
Entrevistador: Savana Macedo Fraulob.
Entrevistados: Rodrigo Valle Real e Roxana Diaz.
Data: 18/03/2008 (Início: 11:00h).
I – Contexto Estrutural
Objetivo: identificação das características e objetivos organizacionais.
Valores: Missão; metas; estrutura; controle; planejamento; avaliação de desempenho.
Missão
Q-1: Qual a missão organizacional?
Metas
Q-2: Quais são as metas (objetivos de curto prazo)?
Estrutura
Q-3: Comente sobre a estrutura organizacional considerando:
Instalação física: É a mesma após a aquisição da empresa?
Hierarquia: como é a estrutura hierárquica? (n.º de gerências)
Número de empregados por gerência:
Rotinas formalizadas (manuais)?
Grau de autonomia do gerente sênior ( ) pouca; ( ) moderada; ( ) muita.
Q-4: Desde a criação houve mudança na estrutura organizacional?
Controle da holding sobre a subsidiária
Q-5: Sistema de Controle
Sofisticado?
Mecanismos formais ou informais?
Normas rígidas?
Controle financeiro?
Q-6: Indicadores de Controle
Qualitativos/Quantitativos?
Orientado para resultados/Focado para gestão do custo?
158
Q-7: Sistema de Informação (relatórios)
Qual é a periodicidade dos relatórios de desempenho da subsidiária?
O foco de análise é orientado para o resultado global ou para o aproveitamento completo
dos recursos disponíveis (potencial alcançado)?
Planejamento
Q-8: Processo do Planejamento
O gestor da subsidiária participa do processo de planejamento?
Qual é a periodicidade?
Entre períodos, há reajuste?
Os demais empregados são informados do planejamento operacional e estratégico
correspondente as suas atividades?
Sistemas de Avaliação
Q-9: O sistema de avaliação de desempenho foi desenvolvido pela própria empresa?
( ) Não. Então, quem foi o responsável pelo desenvolvimento e implantação do sistema de
avaliação atual?
( ) Sim. Por favor, descreva o desenvolvimento e implantação do atual sistema de avaliação
de desempenho utilizado pela empresa.
Q-10: Descreva a evolução do sistema de avaliação de desempenho.
Q-11: Classifique, por ordem de importância, os pontos mais relevantes no processo de
avaliação de desempenho, mencionados abaixo (marque “NA” para os itens não aplicáveis):
( ) O lucro obtido pelo centro ou unidade de negócio.
( ) A contribuição do centro ou unidade de negócio ao resultado global da empresa.
( ) O alcance das metas orçamentárias anuais do centro ou unidade de negócio.
( ) O volume de gastos anuais do centro ou unidade de negócio.
( ) O volume de vendas anuais do centro ou unidade de negócio.
( ) Outros. Por favor, especifique.
Q-12: Os indicadores utilizados na avaliação de desempenho das unidades no exterior são
diferentes das utilizadas no Brasil?
( ) Não.
( ) Sim. Por favor, descreva as principais diferenças.
Q-13: De que forma os relatórios sobre a avaliação de desempenho são divulgados aos
funcionários?
Q-14: Vocês costumam realizar reuniões para debater os resultados apresentados nos
relatórios?
( ) Não.
( ) Sim. Por favor, explique como se desenvolvem essas reuniões e quem participa das
mesmas.
II – Contexto Ambiental
Objetivo: verificar o grau de adaptação organizacional ao ambiente externo.
Q-15: Houve algum tipo de adaptação organizacional imposta pelo:
159
( ) Governo
( ) Clientes
( ) Concorrentes
( ) Outras organizações não-governamentais
III – Contexto Estratégico
Objetivo: Avaliar se o SCG influencia ou é influenciado pela estratégia.
Q-16: Qual a posição no mercado: menor custo ou diferenciação?
Q-17: Modelo estratégico: explorador ou defensor?
Q-18: Missão estratégica (1º pergunta).
Q-19: O SCG (Sistema de Controle Gerencial) influencia:
A criação/inovação?
O aprendizado organizacional?
A orientação do mercado?
Comprometimento dos empresários?
IV – Contexto Humano
Q-20: Existe uma gerência de recursos humanos na subsidiária?
Q-21: Existe um canal de relacionamento entre a GRH e os funcionários?
Q-22: Existe algum sistema de avaliação de desempenho do profissional?
Q-23: Existe na empresa algum programa de incentivo financeiro associado ao processo de
avaliação de desempenho?
Q-24: A progressão dos funcionários na empresa dependente do desempenho observado?
VI – Contexto Cultural
Objetivo: Verificar a configuração da cultura organizacional após a reorganização societária.
Q-25: Qual foi a modalidade de aculturação:
( ) Etnocêntrico: a cultura do país de origem influencia significativamente os sistemas de
gestão das atividades internacionais. Nessa característica, são adotados processos internos
e replicações dos procedimentos da matriz.
( ) Policêntrico: ocorre quando a cultura do país de atuação é considerada na formação
dos sistemas de controle e gestão da companhia. Desse modo, adota-se, usualmente, a
forma descentralizada de gestão, dotando a subsidiária de maior autonomia na tomada de
decisões.
( ) Geocêntrico (global): é a adoção das melhores práticas culturais e organizacionais
existentes no mundo.
VII – Processo de Internacionalização
160
Q-26: O que levou a Petrobras a investir no Uruguai?
Q-27: Qual foi a estratégia empreendida?
Q-28: Qual foi o período de negociação?
Q-29: A empresa já possuía escritórios na região?
Q-30: Em quanto tempo entrou em operação?
Q-31: A empresa enfrentou problemas? Quais foram os problemas?
Q-32: Existe algum departamento dentro da organização que trata da estratégia de
internacionalização da empresa?
VII – Sistema de Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas
Q-26: Qual foi o principal impacto da internacionalização no desenho do SCG?
Q-27: Algum sistema de controle particular foi criado por conta da aquisição dos ativos?
Q-28: A estrutura organizacional da Petrobras sofreu alguma modificação?
Q-29: Existe alguma ferramenta formal de avaliação de desempenho?
Q-30: Essa ferramenta tem sido utilizada desde o início?
Q-31: Foi desenhada para esse controle específico ou já é utilizada por outras gerências?
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