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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
Exercício imediato versus tardio na regeneração do nervo isquiático
de ratos após axoniotmese: análise morfométrica e funcional
Luciane Lobato Sobral
2007
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
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1
LUCIANE LOBATO SOBRAL
EXERCÍCIO IMEDIATO VERSUS TARDIO NA
REGENERAÇÃO DO NERVO ISQUIÁTICO DE
RATOS APÓS AXONIOTMESE: ANÁLISE
MORFOMÉTRICA E FUNCIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Fisioterapia, da
Universidade Metodista de Piracicaba,
para obtenção do Título de Mestre em
Fisioterapia. Área de concentração:
Intervenção Fisioterapêutica. Linha de
pesquisa: Plasticidade Neuromuscular.
Orientadora: Profª Drª Rosana Macher Teodori
PIRACICABA
2007
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2
Sobral, Luciane Lobato
Exercício imediato versus tardio na regeneração do nervo isquiático de ratos
após axoniotmese: análise morfométrica e funcional. Piracicaba, 2007
93 p.
Orientador: Profª Drª Rosana Macher Teodori
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia,Uni-
versidade Metodista de Piracicaba.
1. Regeneração nervosa. 2. Exercício físico. 3. Morfometria. 4. Índice Fun-
cional do Ciático. 5. Plasticidade neuromuscular. I. Teodori, Rosana Macher.
II. Universidade Metodista de Piracicaba, Programa de Pós-Graduação
em Fisioterapia. III. Título.
3
Dedico este trabalho a minha avó
Odir Ana de Carvalho Lobato e aos
meus pais Acácio e Ana Lidia
Sobral, por toda uma vida de amor
e dedicação que muitas vezes
abdicaram de algo para contribuir
com a minha formação.
4
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Aos meus irmãos Viviane e André por serem os meus melhores
amigos e confidentes, nos quais tenho a certeza que poderei
confiar em todos os momentos da minha vida.
Ao meu noivo Marcio, por sempre me apoiar em todos os
momentos e me ajudar a superar todas as dificuldades
encontradas nesses 6 anos de convivência.
À minha segunda mãe Josefa Duvalina, por sempre pedir o meu
bem estar.
5
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À minha orientadora Profª Drª Rosana Macher Teodori, que me
mostrou o conhecimento científico e contribuiu para minha
formação profissional. Obrigada pelos ensinamentos, dedicação,
incentivo e compreensão.
À Profª Drª Rosangela Verlêngia, por abrir as portas do LIP para
a realização do treinamento dos animais na esteira ergométrica.
Às amigas Larissa, Sibele e Joice, por terem participado
ativamente deste trabalho, dedicando tempo e paciência.
Ao apoio financeiro das instituições FAPESP e FAP- UNIMEP
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por me dar saúde e a oportunidade de
chegar até aqui.
À Profª Drª Viviane Balisardo Minamoto, pela amizade e pela
grande contribuição na minha formação.
Às minhas companheiras e amigas de casa Larissa Salgado e
Clívia Bandeira, por esses 3 anos de convivência, amizade e
apoio.
Às grandes amigas Roberta Zuttin e Ana Cristina, pela amizade
e disponibilidade em ajudar e escutar em alguns momentos
dessa caminhada.
Às técnicas do Laboratório de Fisiologia Mel e Patrícia, pelo
auxílio, contribuindo com o desenvolvimento desta pesquisa.
A todos os professores e funcionários da UNIMEP, que
contribuem para o crescimento deste curso, possibilitando que a
Fisioterapia seja uma profissão admirada por todos.
A todos os amigos do Laboratório de Pesquisa em Plasticidade
Neuromuscular da UNIMEP: Rodrigo, Silvana, Fabio, Giovana,
7
Quélem, por compartilhar os bons momentos vividos naquele
ambiente e contribuir para a elaboração desta pesquisa.
A todos os amigos do Mestrado em Fisioterapia da UNIMEP,
Rommel, João Paulo, Luciano, Viviane, Mariana, Silvia, Ana
Flávia, Giovana, Priscila, Vandenir, Érica e Karina. Espero não
ter esquecido ninguém. Caso sim, sintam-se agradecidos por,
de alguma forma, terem compartilhado comigo os momentos
dessa caminhada.
8
“O valor das coisas não está no
tempo que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis
e pessoas incomparáveis”
Fernando Pessoa
9
RESUMO
Devido à controvérsia sobre o melhor momento para iniciar o exercício físico, bem
como sobre sua influência na regeneração nervosa, este estudo se propôs a
analisar morfológica e funcionalmente a influência do exercício físico em esteira,
aplicado na fase imediata e tardia do processo de regeneração do nervo isquiático
de ratos, após axoniotmese. Foram utilizados 20 ratos Wistar machos, pesando
229,05g 18,02) divididos em 4 grupos: Controle (CON); Desnervado (D);
Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola + Exercício
(DGE). Após 24 horas da lesão, o grupo DEG iniciou exercício na esteira,
enquanto o grupo DGE iniciou no 14º dia. O protocolo de exercício foi: velocidade
8 m/minuto, sem inclinação, por 30 minutos durante 14 dias. Após 33 dias, o
nervo foi exposto e fixado in situ e a porção distal à lesão foi incluída em resina e
analisada em microscopia óptica. Cortes semifinos foram corados com azul de
toluidina e submetidos a análise morfométrica. Para análise funcional, foi
realizado o registro da marcha (pré-operatório, 7º, 14º, 21º e 28º dias pós-
operatório), através do Índice Funcional do Ciático (IFC). Aplicou-se o teste de
normalidade de Shapiro-Wilk. Para análise morfométrica, utilizou-se o teste Anova
- F (One-Way) seguido de Tukey; para análise funcional da marcha, utilizou-se o
teste Anova - F (Two-Way) na comparação intragrupos e o teste Anova F (One-
Way) seguido de Tukey na comparação intergrupos. Para comparação dos
resultados morfométricos e funcionais, utilizou-se o teste de correlação de
Pearson. Os resultados da análise morfométrica mostraram que apenas o
diâmetro do axônio do grupo DGE foi maior que o do grupo D, enquanto que o
diâmetro da fibra nervosa e a espessura da bainha de mielina em cada grupo
apenas apresentaram diferença significativa com o grupo CON. A razão G não
diferiu entre os grupos experimentais. Os grupos D, DEG e o DGE apresentaram
número de axônios maior que o grupo CON (p<0,05). Para análise funcional da
marcha, a comparação intergrupos não mostrou diferença estatisticamente
significativa, enquanto na comparação intragrupos, o e o 14º dia diferem
significativamente do período pré-operatório, enquanto o 21º e o 28º dia diferem
significativamente do 7º e do 14º dia, durante os períodos de avaliação funcional.
O teste de correlação demonstrou fraca correlação entre os dados morfométricos
e funcionais. Conclui-se que o protocolo de exercício em esteira, tanto na fase
imediata como tardia da regeneração nervosa após esmagamento do nervo
isquiático de ratos, não influenciou o brotamento axonal, o grau de maturação das
fibras regeneradas, nem a funcionalidade dos músculos reinervados.
Palavra Chaves: regeneração nervosa, exercício físico, morfometria, Índice
Funcional do Ciático (IFC), plasticidade neuromuscular.
10
ABSTRACT
Due to there are controversies regarding the best moment to begin the physical
exercise, as well as its influence on nerve regeneration, the aim of this study was
to analyze morphologic and functionally the influence of the physical exercise on
treadmill applied on immediate and final phases of the rat sciatic nerve
regeneration process on rats after crush injury. It was used 20 males Wistar rats,
weighing 229.05 g 18.02) divided in 4 groups: Control (CON); Denervated (D);
Denervated + Exercise + Cage (DEC) and Denervated + Cage + Exercise (DCE).
After 24 hours of injury, the DEC group started the exercise on the treadmill while
the DCE group started on the 14th day. The exercise protocol was: speed 8
m/min, without inclination, for 30 min during 14 days. After 31 days, the sciatic
nerve was exposed and fixed in situ and the distal segment was include in resin
and analyses by optical microscopy. Semi-thin sections were stained in toluidine
blue and submitted to morphometric analysis. To the functional analyze it was
performed the hind footprints (pre operatory, 7th, 14th, 21st, 28th days pos
operatory) through the Sciatic Functional Index (SFI). It was applied a normality
Shapiro-Wilk test. To the morphmetric analysis it was used the ANOVA-F (one-
way) test followed by Tukey test; to walking track analysis, it was used the
ANOVA-F (two-way) test on the intra groups comparisons, the ANOVA-F (one-
way) test followed by Tukey test was applied on inter groups comparison. For
comparison of morphometric and functional results, it was used the PEARSON
test correlation. The results of morphometric analysis showed that only the axon
diameter of the DCE group was higher than the D group, whereas
the nerve fiber
diameter and myelin sheath thickness in each group only showed significant
differences with the CON group. The G-ratio did not show among the experimental
groups. The D, DEC and DCE groups, showed axonal number higher than the
CON group (p<0.05). For walking track analysis, an inter group comparison did not
show statistically significant difference, whereas the intra groups comparison, the
7th and 14th day differ significantly of the pre operatory period, while the 21th and
28th day differ significantly of the 7th and 14th day, during the periods of functional
evaluation. The correlation test showed weak correlation among the morphometric
and functional data. It is concluded that the treadmill exercise protocol, even on
immediate or delayed phase of nerve regeneration after rat sciatic nerve crush
injury, did not influence the axonal sprouting, the level of maturity of regenerated
fibers or the re-innervated muscles functionality.
Key word: nerve regeneration, physical exercise, morphometry, Sciatic Functional
Index (SFI), neuromuscular plasticity.
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................
15
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................... 18
2.1 Estrutura do Nervo Periférico.....................................................
18
2.2 Lesão Nervosa Periférica...........................................................
20
2.3 Processo de Degeneração e Regeneração Nervosa Periférica.
22
2.4 Respostas do Músculo à Desnervação....................................
25
2.5 Avaliação Funcional da Marcha..................................................
27
2.6 Exercício Físico e Regeneração Nervosa Periférica..................
29
3 OBJETIVO............................................................................. 36
4 MATERIAL E MÉTODOS...................................................... 37
4.1 Aspectos Éticos..........................................................................
37
4.2 Local e Condições Ambientais do Estudo..................................
37
4.3 Grupos Experimentais................................................................
37
4.4 Seleção dos Animais para o Exercício em Esteira .....................
38
4.5 Adaptação dos Animais..............................................................
39
4.6 Lesão Nervosa............................................................................
39
4.7 Realização do Exercício Físico....................................................
42
4.8 Processamento do Nervo...........................................................
43
12
4.9 Análise Morfométrica...................................................................
44
4.10 Análise Quantitativa...................................................................
46
4.10.1 Número de Axônios................................................................
46
4.11 Análise Funcional da Marcha...................................................
46
4.12 Análise Estatística....................................................................
49
5 RESULTADOS...................................................................... 50
5.1 Esmagamento do Nervo Isquiático.............................................
50
5.2 Análise Histológica.....................................................................
51
5.3 Análise Quantitativa....................................................................
53
5.3.1 Número de Axônios..................................................................
53
5.4 Análise Morfométrica..................................................................
54
5.4.1 Diâmetro de Axônios...............................................................
54
5.4.2 Diâmetro das Fibras................................................................
55
5.4.3 Espessura das Bainhas de Mielina..........................................
56
5.4.4 Razão G...................................................................................
57
5.5 Análise Funcional da Marcha.....................................................
57
5.6 Correlação entre os dados Morfométricos e o Índice Funcional
do Ciático....................................................................................
62
13
6 DISCUSSÃO......................................................................... 65
6.1 Considerações Gerais sobre o Material e Métodos...................
65
6.1.1 Animais Experimentais............................................................
65
6.1.2 Modelo de Lesão Nervosa.......................................................
66
6.1.3 Protocolo de Exercício.............................................................
67
6.1.4 Regeneração Axonal e Análise Morfométrica .........................
70
6.1.5 Correlação entre os Resultados Morfométricos e Funcionais
75
6.1.6 Análise Funcional da Marcha..................................................
77
7 CONCLUSÃO........................................................................ 81
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................. 82
REFERÊNCIAS........................................................................ 83
ANEXO 1...................................................................................
93
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDNF Brain-Derived Neurotrophic Factor (Fator Neurotrófico Derivado do
Cérebro)
E - Experimental
IFC – Índice Funcional do Ciático
IGF-I Insulin-Like Growth Factor–I (Fator de Crescimento Semelhante à
Insulina)
ITS – Intermediate Toes Spread (Largura intermediária da pegada)
LA – Limiar de anaerobiose
Lan - Limiar anaeróbio
µm – Micrômetro
N – Normal
NCAM – Neural Cell Adhesion Molecule (Molécula de Adesão Celular Neural)
NGF – Nerve Growth Factor (Fator de Crescimento Nervoso)
NT-3 – Neurotrofina-3
NT-4 – Neutrofina-4
PL – Print Lengh (Comprimento da pegada)
TS – Toe Spread (Largura da pegada)
15
1 INTRODUÇÃO
Considerando a plasticidade do sistema nervoso, ou seja, a capacidade
de adaptar sua estrutura e função em resposta às exigências intrínsecas e
extrínsecas (Lundy-Ekman, 2000), sendo a regeneração nervosa periférica um
exemplo desta plasticidade (Machado, 1993; Lundy-Ekman, 2000; Johnson,
Zoubos e Soucacos, 2005), diversos estudos experimentais têm sido direcionados
a avaliar a lesão, a regeneração e a possível recuperação funcional após
esmagamento, estiramento ou secção completa de nervos (Herbison, Jaweed e
Ditunno, 1974; 1980a; Mira, 1979; Hie, Van Nie e Vermculen-Van der Zee, 1982;
Van Meeteren, 1997, Marqueste et al., 2004; Byun et al., 2005; Seo et al., 2006).
A desnervação produz profundas alterações motoras, sensitivas e
vasomotoras, que se caracterizam por diminuição da área de secção transversa
das fibras e aumento do tecido conjuntivo do músculo (Fernandes et al., 2005),
diminuição ou ausência da sensibilidade, e conseqüente incapacidade para
realizar função (Pachioni et al., 2006).
A Fisioterapia desempenha papel fundamental na prevenção e
tratamento dessas disfunções (Fernandes et al., 2005). Entretanto, a recuperação
funcional é um processo lento que depende da natureza e do grau da lesão, bem
como da regeneração e da maturação do nervo (Verdú et al., 2000; Robinson,
2000).
Os métodos mais utilizados para mensurar a regeneração nervosa são
a histologia, a morfometria, a eletrofisiologia e os estudos funcionais. Entretanto,
uma correlação dos resultados de tais análises é necessária (Dijkstra et al., 2000),
16
pois não indicação de que o resultado de uma análise seja semelhante ao de
outra (Munro et al., 1998).
Para o tratamento da lesão nervosa, diferentes recursos podem ser
utilizados, como eletroestimulação fásica de baixa frequência (Fernandes et al.,
2005), eletroestimulação crônica de baixa frequência (Dennis et al., 2003), o laser
(Endo, 2002), o ultra-som (Monte-Raso et al., 2006) e o exercício físico (Herbison,
Jaweed e Ditunno 1974; 1980a; 1980b; 1982; Hie, Van Nie e Vermculen-Van der
Zee, 1982; Van Meeteren et al., 1997; Marqueste et al., 2004; Byun et al., 2005;
Seo et al., 2006), entre outras.
A cinesioterapia tem lugar de destaque como método fisioterapêutico
para reabilitação após lesão nervosa periférica, sendo capaz de determinar no
homem e em outros animais, um conjunto de adaptações funcionais e estruturais
(Herbison, Jaweed e Ditunno, 1980a, 1982; Seo et al., 2006).
Porém, a literatura aponta controvérsia sobre o melhor período para
realizar a atividade física, sendo que a maioria dos trabalhos discute os efeitos do
exercício físico na fase de reinervação do músculo (aproximadamente duas
semanas após a lesão nervosa), afirmando que deve haver um período de
repouso antes do exercício (Herbison, Jaweed e Ditunno, 1974; 1980a; Hie, Van
Nie e Vermculen-Van der Zee, 1982), devido ao número ainda insuficiente de
unidades contráteis, sendo a reinervação evidente somente entre o 14º e o 21º
dia pós-lesão (Herbison et al., 1973a).
Por outro lado, o exercício realizado na fase de desnervação (12 horas
ou um a três dias após a lesão nervosa), acelera o retorno da função sensório-
motora na fase inicial da recuperação da lesão (Van Meeteren et al.,1997) e
melhora a recuperação funcional, verificada por meio do Índice Funcional do
17
Ciático (IFC) (Van Meeteren et al.,1997; Byun et al., 2005, Seo et al., 2006) e da
diminuição do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) (Byun et al., 2005).
Considerando a controvérsia sobre o melhor momento para iniciar o
exercício após a lesão nervosa, este estudo se propôs a investigar a influência do
exercício iniciado na fase de desnervação (imediata) e de reinervação (tardia),
sobre as características morfológicas e funcionais do nervo isquiático regenerado
após axoniotmese, bem como a correlação entre os dados morfométricos e
funcionais, com o propósito de fornecer subsídios para futuras investigações
clínicas e discussão sobre novas condutas durante a reabilitação.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
2. 1 Estrutura do Nervo Periférico
Os nervos são responsáveis por conduzir informações da periferia para
o sistema nervoso central e deste para os órgãos efetores, sendo que qualquer
lesão no seu trajeto ocasiona déficits sensoriais e motores permanentes ou
transitórios. Desta forma, a compreensão de sua anatomia é fundamental
(Johnson, Zoubos e Soucacos, 2005).
O nervo é constituído por feixes de fibras nervosas envolvidas por
bainhas conjuntivas. As fibras podem ser mielínicas ou amielínicas. Nas fibras
mielínicas, em que o calibre varia entre 7,5 a 20 µm (Fugleholm, Schmalbruch e
Krarup, 2000), as células de Schwann formam uma bainha envolvendo cada
axônio, que não é continua, sendo interrompida a cada 1 a 2 mm por nodos de
Ranvier. As células de Schwann se originam do ectoderma e, durante o
crescimento, envolvem várias vezes o axônio para formar a bainha de mielina,
sendo que cada uma apresenta-se revestida por membrana basal (Todd e
Bowman, 1975; Kefalides et al., 1979 apud Teodori, 1996).
Nas fibras amielínicas, cujo calibre varia de 0,5 a 2 µm, uma célula de
Schwann pode envolver vários axônios, não sendo separadas entre si por nodos
de Ranvier (Machado, 1993; Guyton e Hall, 2002).
O suprimento vascular do nervo é bem desenvolvido, estando os vasos
dispostos nas várias camadas que compõem a bainha conjuntiva, regulando o
fluxo sanguíneo local (Pachioni et al., 2006).
As bainhas conjuntivas, representadas pelo endoneuro, perineuro e
epineuro, fornecem resistência, elasticidade e proteção aos nervos. Além disso,
19
cada camada apresenta uma estrutura individual e peculiaridades funcionais que
são extremamente importantes para a nutrição, integridade das fibras e
transmissão do impulso nervoso (Sunderland, 1965).
O endoneuro é uma delicada camada de tecido conjuntivo sobre cada
fibra nervosa, composta de fibroblastos, capilares e fibras colágenas, sendo a
maioria dessas fibras disposta longitudinalmente. Apesar de apresentar
elasticidade e resistência, a fibra nervosa é muito suscetível à compressão e ao
estiramento. Assim, esta camada necessita da proteção do perineuro e do
epineuro (Sunderland, 1965; Welch, 1996).
O perineuro é uma fina, mas densa e distinta bainha de células
achatadas e dispostas concentricamente, que envolve determinado número de
fibras nervosas que constituem um fascículo. Sua função é proteger as fibras que
envolvem e funcionar como uma barreira bidirecional de difusão, preservando o
microambiente (Sunderland, 1965; Oldfors e Johansson, 1979).
O epineuro é uma densa bainha de tecido conjuntivo que envolve todo
o nervo. Essa camada contém fibras colágenas e elásticas, mastócitos,
macrófagos e fibroblastos. O tecido adiposo raramente é observado, mas pode se
constituir em elemento importante para proteção do nervo contra forças
deformadoras (Sunderland, 1965).
20
2. 2 Lesão Nervosa Periférica
Devido à grande distribuição e à localização dos nervos, lesões
nervosas são freqüentes e geralmente resultam de traumas (Robinson, 2000).
Atualmente, lesões decorrentes de acidentes automobilísticos são mais
freqüentes que aquelas causadas por trauma penetrante, resultando em
consideráveis incapacidades motoras e diminuição ou ausência de sensibilidade
no território do nervo acometido (Robinson, 2000; Johnson, Zoubos e Soucacos,
2005). No membro superior, os nervos mais suscetíveis à lesão são: o radial,
seguido pelo ulnar e mediano, devido à proximidade do nervo radial com o úmero;
enquanto no membro inferior, os mais suscetíveis são o nervo isquiático, seguido
pelo nervo fibular e, mais raramente, pelo nervo femoral e tibial devido à
proximidade do nervo isquiático com a articulação do quadril (Robinson, 2000;
Ferreira, 2006).
Seddon (1943) apud Burnet e Zager (2004), estabeleceu uma
classificação da lesão nervosa periférica, considerando três tipos de lesão:
neuropraxia, axoniotmese e neurotmese, estabelecidas de acordo com a
preservação ou perda do tecido conjuntivo do nervo após a lesão.
A neuropraxia é a forma mais branda de lesão, onde há um bloqueio de
condução, não havendo perda de continuidade axonal, nem degeneração dos
constituintes axonais, sendo a recuperação rápida e completa em poucas
semanas (Welch, 1996; Robinson, 2000; Burnett e Zager, 2004; Omura et al.,
2005).
A axoniotmese é uma lesão mais grave, apresentando danos
suficientes para promover a degeneração Walleriana. O prognóstico da
21
recuperação funcional depende da regeneração nervosa, que ocorre
espontaneamente, uma vez que os envoltórios conjuntivos e a microcirculação
foram preservados. (Lundborg, 1987; Robinson, 2000; Burnett e Zager, 2004;
Omura et al., 2005).
A neurotmese é o tipo de lesão mais grave, havendo completa ruptura
do nervo. A regeneração nervosa depende da reconexão cirúrgica dos cotos.
Porém, mesmo com um reparo adequado, o prognóstico de recuperação funcional
é limitado devido à possibilidade de formação de neuroma entre os cotos, o qual
se constitui numa importante barreira à recuperação funcional (Stoll e Muller,
1999; Omura et al., 2005).
Outra classificação, estabelecida por Suderland (1978) e citada por
Burnett e Zager (2004), caracteriza a lesão nervosa periférica em cinco graus. Os
graus I e II correspondem respectivamente à neuropraxia e axoniotmese,
definidas anteriormente por Seddon (1943). Os graus III, IV e V o denominados
de acordo com o acometimento dos envoltórios conjuntivos. Assim, o grau III
determina uma perda da continuidade axonal com lesão do endoneuro; o grau IV
considera uma lesão no axônio juntamente com o endoneuro e perineuro; e o
grau V se caracteriza pelo acometimento de todas as estruturas do nervo.
A compreensão adequada do tipo de lesão nervosa é extremamente
importante para clínica terapêutica, pois permite o estabelecimento de
prognósticos funcionais, bem como de um plano de tratamento adequado (Burnett
e Zager, 2004).
22
2.3 Processo de Degeneração e Regeneração Nervosa Periférica
Diversas modificações bioquímicas, celulares e moleculares estão
presentes após a secção ou esmagamento nervoso, com a finalidade de
recuperar a função do nervo danificado (Burnett e Zager, 2004).
Após axoniotmese ou neurotmese ocorre a desintegração do axônio e
da bainha de mielina, seguida de profundas alterações da célula nervosa no local
da lesão, bem como nas regiões proximal e distal a esta.
Quando um nervo é seccionado ou esmagado, evidenciam-se um
segmento proximal, em continuidade com o centro trófico, e um segmento distal,
separado do corpo celular (Bishop, 1982; Stoll e Muller, 1999; Burnet e Zager,
2004; Johnson, Zoubos e Soucacos, 2005).
As modificações morfológicas e estruturais que ocorrem na porção
proximal após a lesão nervosa são denominadas de efeito retrógrado (Lieberman,
1971). Dentre essas, a cromatólise é um evento caracterizado pela dissociação
do corpúsculo de Nissl, desintegração de grandes porções de retículo
endoplasmático rugoso e a dispersão dos ribossomos no citoplasma da célula.
Além disso, observa-se aumento de volume do corpo celular, migração do núcleo
para a periferia e alterações metabólicas, como a diminuição de componentes do
citoesqueleto (Welch, 1996; Stoll e Muller, 1999; Burnett e Zager, 2004; Johnson,
Zoubos e Soucacos, 2005).
Quando o segmento nervoso distal perde a comunicação com o centro
trófico da célula, não consegue manter sua estrutura e integridade. Inicia-se então
a degeneração Walleriana, que se evidencia pela remoção dos restos finais da
degradação e fagocitose da substância axonal, o que deixa o tubo endoneural
23
vazio, numa preparação para o crescimento de novos axônios (Bishop, 1982;
Lundborg, 1987; Burnett e Zager, 2004; Johnson, Zoubos e Soucacos, 2005).
Durante esse processo, a bainha de mielina ao redor do axônio é fagocitada,
inicialmente pelas lulas de Schawnn (aproximadamente 24 horas após a lesão)
e, secundariamente, pelos macrófagos (Burnett e Zager, 2004). Após remoção do
material degenerado os macrófagos retornam aos capilares e as células de
Schawnn, através de um processo de interdigitação de seus citoplasmas, formam
cordões lineares denominados de “bandas de Bungner” ou “coluna de células de
Schwann” (Stoll e Muller, 1999; Johnson, Zoubos e Soucacos, 2005) e irão atuar
no sentido de favorecer a regeneração nervosa.
Durante a degeneração Walleriana, a lâmina basal das células de
Schwann permanece íntegra, o qual consiste de uma matriz de colágeno tipo IV
associada à glicoproteínas como a laminina, desenvolvendo importante papel na
formação, manutenção e degeneração da bainha de mielina (Fried e Bruck, 1993;
Perry, Brown e Andersson, 1993; Welch, 1996; Stoll e Muller 1999; Maki, 2002).
No que se refere ao papel das células de Schwann nesse processo,
Fawcett e Keynes (1990) atribuem a elas uma das atuações mais relevantes na
regeneração, servindo como fatores promotores de neuritos na produção do fator
de crescimento nervoso (NGF) e do BDNF e auxiliando os macrófagos a
fogocitarem os restos de axônio e mielina, provenientes da degeneração.
A regeneração inicia-se poucas horas após o trauma, quando a
extremidade axonal ligada ao corpo celular origina um grande número de finos
prolongamentos (brotos axonais), que avançam distalmente (Brushart, 1993). No
caso de neurotmese, esses brotos axonais podem ser mal direcionados devido à
presença de tecido cicatricial, resultando em conexões nervosas anormais,
24
restrições da maturação das fibras nervosas e alterações na arquitetura muscular
(Gutmann e Jakoubek, 1963; Carter et al., 1998).
O sucesso da regeneração depende de vários fatores, como a
interação do cone de crescimento e dos neuritos com as substâncias do meio
extracelular até que o alvo seja atingido (Stolll e Muller, 1999), das alterações no
corpo celular (cromatólise) e da atuação das células de Schwann, macrofágos e
fibroblastos (Fawcett e Keynes, 1990).
Fatores também importantes para a regeneração nervosa periférica
são: a molécula de adesão celular neural (NCAM), a N-caderina e o fator de
crescimento semelhante à insulina-I
(IGF-I), que atuam favorecendo o
crescimento do axônio, promovendo a proliferação de células de Schwann e
inibindo apoptose (Ide, 1996; Johnson, Zoubos e Soucacos, 2005). Omura et al.
(2005) citam que as proteínas como o BDNF, neurotrofina-3 (NT3) e neurotrofina-
4 (NT4), expressadas de acordo com o tipo de lesão nervosa, favorecem a
sobrevida, diferenciação e regeneração no sistema nervoso central e periférico.
A etapa que sucede a regeneração é a de maturação dos axônios,
visando “recuperação” das dimensões das fibras e da velocidade de condução
nervosa. Porém, a recuperação completa raramente é alcançada (Verdú et al,
2000).
25
2.4 Respostas do Músculo à Desnervação
A desnervação causa perda imediata das atividades motora e reflexa
do músculo e, conseqüentemente, atrofia progressiva durante as semanas que
sucedem a lesão, podendo ocasionar alterações permanentes nas fibras
musculares e no tecido conjuntivo, além de uma série de mudanças fisiológicas,
bioquímicas e funcionais (Bishop, 1982; Deschenes, Maresh e Kraemer, 1997).
Esse comprometimento é seguido por degeneração das fibras e
substituição por tecido fibroso ou adiposo, resultando em incapacidade para a
realização das funções musculares. Jaweed, Herbison e Dittuno (1975) citam que
a desnervação do músculo sóleo de ratos proporciona aumento na proporção de
fibras tipo II, com diminuição de fibras do tipo I, sugerindo transformação dos tipos
de fibra muscular, o que contribui para o aumento da fatigabilidade (Deschenes,
Maresh e Kraemer, 1997; Ferreira et al., 2004).
A desnervação provoca também a redução na sensibilidade à insulina
e na atividade das vias reguladoras do metabolismo da glicose. Além disso,
diminui a captação da glicose, a expressão gênica dos transportadores GLUT-1 e
GLUT-4 e o metabolismo muscular da glicose, os quais também podem
desencadear o processo de atrofia muscular (Silva et al., 1999; Polacow et al.,
2003; Coderre et al., 1992 apud Forti et al., 2004).
De acordo com o tipo de lesão nervosa periférica, a alteração evidente
no músculo será transitória ou permanente, sendo que na neuropraxia, as
alterações são mais leves, enquanto que nas situações de axoniotmese e
neurotmese são mais evidentes.
26
Em relação ao tempo necessário à regeneração do nervo isquiático em
ratos após esmagamento, existem diversos estudos experimentais na literatura
científica. Devor et al. (1979) relatam que a recuperação funcional do nervo
isquiático após esmagamento em ratos tem início no dia após a lesão e que,
em torno do 20º dia, já se evidencia retorno importante da sensibilidade nos
territórios comprometidos pela lesão. Mira (1979) cita que as fibras regeneradas
do nervo isquiático de ratos após lesão por esmagamento estão presentes entre o
10º e 15º dia, com retorno da normalidade no 2º mês.
Em outros estudos, Gorio et al., (1983) e Carmignoto et al., (1983)
afirmam que 25% das fibras musculares estão poliinervadas em
aproximadamente 15 dias após o esmagamento do nervo isquiático, alcançando o
máximo entre 21 e 25 dias. Em seguida, os contatos sinápticos excessivos
começam a ser eliminados (eliminação sináptica), pois a concentração dos fatores
neurotróficos diminui devido ao restabelecimento das características biofísicas do
músculo, tornando a fibra monoinervada no 60º dia, sendo que em 90 dias a fibra
muscular recupera suas condições normais.
O crescimento axonal em ratos após axoniotmese é, em média, de 3 a
4 mm/dia (Gorio et al., 1983), porém, após neurotmese, a velocidade média é de
2,5 mm/ dia (Stoll e Muller, 1999), enquanto que para o homem este crescimento
é de, em média, 1 a 2 mm/dia (Stoll e Muller, 1999; Gordon, Sulaiman e Boyd,
2003).
27
2.5 Avaliação Funcional da Marcha
Para avaliar a função após esmagamento do nervo isquiático, De
Medinacelli, Freed e Wyatt (1982) propuseram um todo não invasivo,
denominado de IFC, que apresenta boa confiabilidade e reprodutibilidade quando
comparado a outros previamente utilizados, como análise eletrofisiológica do
nervo e do músculo e de transporte axonal.
Este método foi modificado por Bain, Mackinnon e Hunter (1989) e
Hare et al. (1992), com a finalidade de aprimorá-lo e de avaliar a função de outros
nervos após esmagamento, transecção e reparo. Esses pesquisadores
observaram que o grau de recuperação funcional depende do nervo envolvido,
sendo que o nervo isquiático apresenta 41% de recuperação após transecção,
enquanto o tibial apresenta 54% e o fibular 100%, após 52 dias do reparo
cirúrgico (Hare et al., 1992; Varejão et al., 2001). Essa variabilidade na
recuperação funcional se deve à relativa complexidade dos nervos envolvidos,
que possuem fibras sensoriais, motoras e simpáticas, havendo conexões
inapropriadas entre as fibras regeneradas (Hare et al., 1992). Entretanto, esses
autores afirmam que, quando a lesão ocorre por esmagamento do nervo
isquiático e tibial, a recuperação é completa.
O instrumento de avaliação consta de um corredor, medindo 42 cm de
comprimento e 8,2 cm de largura, sendo que em uma de suas extremidades se
localiza uma caixa escura (De Medinaceli, Freed e Wyatt, 1982). O animal é
colocado no corredor e, após duas ou três passagens do animal pelo corredor
para reconhecimento do ambiente, posiciona-se uma tira de papel branco ou
28
papel fotográfico sobre o assoalho do corredor, para registro das pegadas
(Dijkstra et al., 2000; Varejão et al., 2004).
Em seguida, as patas posteriores do animal são marcadas com tinta
preta de impressão digital e este é posicionado no início do corredor, por onde
caminha em direção ao ambiente escuro, deixando impressas as faces plantares
das patas traseiras experimental (lesado) e normal (De Medinaceli, Freed e Wyatt,
1982; Varejão et al., 2001; 2003; 2004).
Para mensuração das imagens das pegadas, coleta-se a distância do
terceiro dedo ao calcanhar (PL), o afastamento dos dedos, ou seja, a medida do
dedo ao dedo (TS) e o afastamento dos dedos intermediários, ou seja, a
distância do 2º dedo ao 4º dedo (ITS) da pata normal (N) e experimental (E) (Bain,
Mackinnon e Hunter, 1989; Varejão et al., 2001; 2003; 2004).
A medição desses parâmetros pode ser realizada manualmente ou por
meio de um programa de computador (Bain, Mackinnon e Hunter, 1989; Varejão
et al., 2001; Selli 1998 apud Endo, 2002). Os dados obtidos por meio desse
registro das pegadas são introduzidos na seguinte equação, de acordo com De
Medinacelli, Freed e Wyatt (1982) e adaptada por Bain, Mackinnon e Hunter
(1989):
IFC= - 38.3 x EPL - NPL + 109.5 x ETS – NTS + 13.3 x EIT – NIT – 8.8
NPL NTS NIT
29
Os resultados obtidos na rmula expressam que o valor 0, representa
uma função normal e o valor –100, uma perda funcional significativa (Varejão et
al., 2001; 2003; 2004).
2.6 Exercício Físico e Regeneração Nervosa Periférica
O exercício físico é capaz de múltiplos ajustes fisiológicos, sendo que
nenhuma outra atividade proporciona tamanha sobrecarga aos sistemas
biológicos (Gallo et al., 1995), podendo ser utilizado na clínica terapêutica para o
tratamento de doenças, prevenção de atrofia muscular, ganho de amplitude de
movimento e recuperação da motricidade, além de favorecer o equilíbrio
metabólico.
Para Herbison e Gordon (1973b), o exercício estimula significativas
mudanças histológicas, bioquímicas e funcionais no músculo, como o aumento da
massa muscular, dos capilares sanguíneos, do número e tamanho da
mitocôndria, entre outras. Para Seo et al. (2006), a atividade física induz
alterações no sistema nervoso central (facilita o aprendizado e a memória) e
periférico (acelera a regeneração axonal).
O aumento da atividade contrátil, considerando diferentes tipos e
intensidades de exercício, favorece também um aumento do GLUT-4. Estes
dados sugerem que a prática regular de exercício eleva a captação de glicose
pelas fibras musculares (Forti et al., 2004).
Considerando os benefícios do exercício, diferentes formas de
treinamento em ratos estão sendo estudadas por diversos pesquisadores, com a
finalidade de aumentar e acelerar a recuperação funcional do músculo após lesão
30
nervosa periférica (Herbison, Jaweed e Ditunno, 1974; Crockett e Edgerton, 1975;
Van Meeteren et al., 1997; Seo et al., 2006).
Vecchi (1929), citado por Van Meeteren et al. (1997) foi o primeiro a
tentar estimular a regeneração de nervo esmagado em ratos, utilizando a esteira
ergométrica. Apesar da data da primeira publicação utilizando esse recurso para o
tratamento das lesões nervosas, observa-se uma escassez de dados na literatura
atual relacionados ao impacto da atividade física na fase inicial da desnervação.
Além da escassez de pesquisas, existem diversos dados controversos
na literatura, provavelmente decorrentes do uso de diferentes protocolos de
treinamento, uma vez que a qualidade dos ajustes fisiológicos da atividade física,
tanto no homem com no animal, depende basicamente das características do
treinamento físico, como natureza, intensidade, duração e freqüência do exercício
(Seo et al., 2006).
Assim, Herbison, Jaweed e Ditunno (1974, 1980a) relatam não haver
estudos que definam a intensidade ou tempo ideais para iniciar o exercício, mas
afirmam ser a fase de reinervação a melhor fase, uma vez que o dano muscular
pode ocorrer durante a fase de desnervação quando o número de unidades
contráteis é insuficiente ou quando o exercício é de alta intensidade.
Com a intenção de demonstrar que o exercício realizado durante duas
horas, imediatamente após a lesão do nervo isquiático, inibe o processo de
reinervação, diminuindo as propriedades contráteis do músculo, Herbison,
Jaweed e Ditunno (1974) propuseram um protocolo de treinamento no qual a
natação era iniciada na 3º semana (o que consideraram fase imediata) com
duração de três semanas, onde um grupo nadava durante uma hora e outro
durante duas horas. Outros dois grupos iniciavam a natação na semana (o que
31
consideraram fase tardia) após desnervação, treinando por duas semanas,
durante uma e duas horas, respectivamente. O grupo que realizou exercício no
início da reinervação (3º semana) durante duas horas apresentou diminuição da
concentração total de proteína muscular devido à presença de poucas unidades
contráteis após a desnervação e a alta intensidade de atividade.
Em 1980a, Herbison, Jaweed e Ditunno repetiram um protocolo
semelhante ao anterior para ratos submetidos a axoniotmese, porém utilizando
esteira. O exercício não alterou o diâmetro da fibra muscular, nem a reinervação
do músculo, mas aumentou a proporção de fibras tipo II na região profunda do
músculo plantar, sugerindo que as alterações ocorrem de acordo com o programa
específico de exercício físico.
Hie, Van Nie e Vermculen-Van der Zee (1982) optaram também por um
programa de treinamento similar, em que ratos desnervados realizavam
exercícios em esteira (inclinação de 25% e velocidade de 12 m/min por duas
horas/dia durante 18 semanas) após 18 dias da secção do nervo isquiático,
afirmando que o exercício dinâmico nessa fase de reinervação ocasiona efeitos
positivos no peso, na contração e nas características histológicas do sculo,
proporcionando condições fisiológicas favoráveis para a recuperação funcional.
Cinco anos mais tarde, em 1987, os mesmos autores refizeram o
estudo com objetivo de avaliar se a recuperação funcional do músculo estava
sendo acompanhada com o aumento da capacidade oxidativa. Concluíram que o
protocolo de esteira utilizado não altera a reinervação e a distribuição das fibras
musculares, nem ocasiona danos musculares.
Apesar desses estudos, Van Meeteren et al. (1997) relataram que a
atividade física na fase de desnervação aumenta o retorno da função sensório-
32
motora e esse resultado persiste na fase tardia da reinervação, apontando que o
exercício 24 horas após a lesão por esmagamento do nervo isquiático apresenta
benefícios para o crescimento axonal, recuperação das propriedades contráteis
do músculo e maturação do nervo. Para obter esses resultados na fase tardia, os
animais experimentais foram observados aos 50, 75, 100, 125 e 150 dias após a
lesão, obtendo-se dados eletrofisiológicos. Aos 150 dias, a velocidade de
condução do nervo motor era significativamente melhor nos grupos treinados do
que no grupo controle.
Em outro estudo semelhante, Byun et al. (2005) submeteram ratos a
exercício na esteira após 72 horas do esmagamento do nervo isquiático, na
velocidade de 8 m/min e inclinação de 0%, por 30 minutos, uma vez ao dia,
durante 12 dias consecutivos. Concluíram que o exercício foi efetivo na
recuperação funcional, aumentando os valores do IFC e inibindo a expressão do
mRNA do BDNF.
Marqueste et al. (2004) ressaltaram que o exercício na esteira,
aproximadamente uma semana após neurotmese e reparo cirúrgico, proporciona
benefícios, como o aumento da resistência à fadiga, recuperação das
propriedades contráteis e da mecano-sensibilidade do músculo.
Em estudo recente, Seo et al. (2006) submeteram ratos a treinamento
na esteira após 12 horas do esmagamento do nervo isquiático, em velocidade de
18 m/min e 0% de inclinação, por 30 minutos, duas vezes ao dia, durante 3-14
dias. Observaram que o exercício na esteira acelera a regeneração axonal e
consequente recuperação motora funcional por meio do IFC.
Além da discussão sobre a melhor fase para realizar o exercício físico,
o estresse promovido pelos estímulos negativos, como o choque elétrico por meio
33
de esteiras equipadas com grade e o afogamento, na natação, para incentivar os
ratos a realizarem os exercícios, pode afetar os resultados dos experimentos,
comprometendo a recuperação funcional (Irintchev, Draguhn e Werning, 1990;
Irintchev, Carmody e Werning, 1991). Apesar disso, diversos estudos citam a
utilização de ameaça de afogamento (Gutmann e Jakoubek, 1963) e choque
elétrico (Herbison, Jaweed e Dittuno, 1980a; 1980b; Hie, Van Nie e Vermculen-
Van der Zee, 1982; Seo et al., 2006) para motivar os ratos a realizarem o
exercício.
A freqüência do exercício é outra variável bastante discutida.
Deschenes, Maresh e Kraemer (1997) afirmam que a freqüência moderada de
cinco dias/semana de exercício na esteira (velocidade de 24 m/min e inclinação
de 0%) por seis semanas, não é suficiente para alterar os efeitos da desnervação
sobre a morfologia muscular (tamanho e tipo da fibra muscular). Entretanto,
Sakakima et al. (2004) concluíram que a corrida realizada na freqüência de três e
de seis vezes por semana traz benefícios para recuperação da atrofia e contratura
muscular em ratos previamente imobilizados quando comparado a freqüência de
uma vez por semana e a um grupo que não realizou exercício.
Diante da variabilidade de fatores envolvidos com o exercício físico no
processo de regeneração nervosa, deve-se fazer uma prescrição adequada e
segura do exercício, onde programas de tratamento devem ser baseados no
limiar de anaerobiose para serem propostos, a fim de obter baixos riscos de
intercorrências durante a realização do mesmo.
O limiar de anaerobiose (LA) pode ser definido como a intensidade do
exercício sobre o qual a produção de energia pelo mecanismo aeróbio é
suplementada pelo mecanismo anaeróbio, o qual fornece importantes
34
informações acerca dos principais sistemas fisiológicos envolvidos na realização
do exercício físico (Wasserman et al., 1999).
Assim, o acúmulo do lactato sanguíneo depende da duração e da
intensidade do exercício, sendo que o aumento desta ocasiona um crescimento
exponencial na concentração do lactato (Wasserman et al., 1999). No caso de
esteira para ratos, a intensidade do treinamento é considerada pela velocidade,
enquanto na natação, é considerada pela adição de cargas progressivas à cauda
ou tórax do animal (Pills et al., 1993; Langfort et al., 1996).
A produção de lactato em excesso pode, por inibição da via glicolítica,
impedir o desempenho e contribuir para fadiga, além de prejudicar as
propriedades de contratilidade muscular, por interferir na condutibilidade elétrica
da membrana e na atividade metabólica, modificando variáveis fisiológicas e
bioquímicas (Montgomery, 1990).
Pills et al. (1993) realizaram um protocolo de determinação de limiar
anaeróbio (Lan) para ratos, onde mediram o nível de lactato em repouso, e
iniciaram a corrida a 13 m/min, com 10º de inclinação, durante 3 minutos. Em
seguida, retiraram os ratos da esteira para uma imediata dosagem e, após 3
minutos, recolocaram-nos na esteira com um incremento de 4 m/min até atingirem
33 m/min. Neste estudo, percebeu-se que os ratos a 10% de inclinação com 25
m/min de velocidade na esteira, produzem mais lactato, acumulando íons de
hidrogênio no músculo e no sangue, diminuindo o pH sanguíneo e cessando o
exercício por acidose num intervalo muito pequeno. Os autores definiram a
velocidade de 17 m/min como sendo a de equilíbrio entre a produção e remoção
do lactato para ratos normais em esteiras.
35
Utilizando outro protocolo para ratos, Machado et al. (2005) afirmaram
que o lactato sanguíneo está estabilizado na velocidade de 15 m/min e a
concentração de lactato começa a se elevar na velocidade de 20 m/min, sendo
que a partir desta velocidade um aumento progressivo da concentração de
lactato. Entretanto, até o momento não foi encontrado na literatura dados que
determinem o Lan para ratos desnervados na esteira.
Apesar disso, Herbison, Jaweed e Ditunno (1982) relatam um protocolo
de esteira com inclinação de 35% e velocidade de 27 m/min após duas ou três
semanas da lesão por esmagamento do nervo isquiático em ratos, afirmando que
o estímulo do treinamento aumenta a porcentagem da fibra tipo II, sem causar
danos durante a reinervação. Para Van Meeteren et al. (1997), esse protocolo não
traz benefícios, uma vez que a sobrecarga do treinamento é prejudicial para a
pata sadia do rato, causando danos musculares.
Considerando que os dados disponíveis na literatura atual sobre a
utilização do exercício físico como recurso para facilitar a regeneração e a
recuperação funcional após lesão nervosa periférica são contraditórios, este
estudo investigou a influência do exercício físico iniciado imediata e tardiamente
após a lesão sobre o processo de regeneração nervosa em ratos, visando
subsidiar discussões relacionadas ao tratamento de lesões nervosas periféricas
na clínica fisioterapêutica.
36
3 OBJETIVOS
Analisar comparativamente a influência do exercício em esteira
aplicado na fase imediata e tardia da regeneração do nervo isquiático de ratos
após axoniotmese, por meio de análise morfométrica e funcional.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Aspectos Éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação
com Animais da Universidade Federal de São Carlos, sob protocolo 027/2006
(anexo 1).
4.2 Local e Condições Ambientais do Estudo
Todos os procedimentos experimentais foram realizados no Laboratório
de Pesquisa em Plasticidade Neuromuscular, do Programa de Pós-graduação em
Fisioterapia da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).
Os animais foram mantidos em gaiolas de polietileno, com água e
ração comercial ad libitum”, sob temperatura controlada e ciclo automático de
iluminação de 12 horas claro e 12 horas escuro.
4. 3 Grupos Experimentais
Foram utilizados 20 ratos Wistar machos, com idade entre 6 e 7
semanas, pesando (229,05 ±18,02 gramas), procedentes do Biotério Central da
UNIMEP. Os animais foram divididos em 4 grupos (n=5):
Grupo I - Controle (CON): animais sem qualquer intervenção.
Grupo II - Desnervado (D): animais submetidos à lesão por
esmagamento do nervo isquiático e mantidos na gaiola durante 33 dias.
38
Grupo III - Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG): animais
submetidos ao treinamento após 24 horas da lesão durante 14 dias, mantidos na
gaiola por 14 dias e sacrificados no 33º dia.
Grupo IV - Desnervado + Gaiola + Exercício (DGE): os animais
iniciaram treinamento no 14º dia após a lesão nervosa, sendo sacrificados no 33º
dia.
Os animais dos grupos III e IV realizaram exercício na esteira
ergométrica por cinco dias sucessivos na semana, respeitando os finais de
semana, sendo que cada grupo realizou 14 dias de atividade física.
4.4 Seleção dos Animais para Exercício em Esteira
Cinquenta animais foram submetidos a um processo de seleção
durante uma semana, em esteira ergométrica da marca REBOOK TR2
PREMIERRUN TREADMILL
®
(Figura 1), para a seleção de 10 animais corredores
natos. O critério para identificação dos corredores natos foi apresentar
capacidade para correr de cinco a dez minutos em velocidade de 17 m/min (Pills
et al., 1993; Gobatto et al., 2001; Machado et al., 2005).
39
Figura 1 Vista superior da esteira ergométrica REBOOK TR2 PREMIERRUN
TREADMILL
®
4.5 Adaptação dos Animais
Os animais selecionados foram adaptados na esteira antes de iniciar o
experimento. O protocolo de adaptação consistiu em colocar os animais na
esteira por uma semana, sem inclinação, com velocidade de 17 m/min, mas com
aumento progressivo do tempo de corrida até alcançar 30 minutos (Pills et al.,
1993; Machado et al., 2005).
4.6 Lesão Nervosa
Os animais submetidos à cirurgia para esmagamento do nervo
isquiático receberam anestesia intramuscular de uma mistura de Ketalar
®
(Cloridrato de Ketamina - 50 mg/mL) e Rompum
®
(Cloridrato de Tiazina - 2g/100
mL), na proporção 1:1, na dose de 0,3 mL/100g do peso corporal.
40
A seguir, os ratos foram tricotomizados na região glútea esquerda,
onde se realizou uma incisão de aproximadamente 1,5 cm sobre a pele para
exposição dos planos musculares, que foram afastados até a visualização do
nervo isquiático (Figura 2A). O nervo foi delicadamente separado do tecido
conjuntivo ao redor e esmagado com pinça hemostática adaptada ERWIN GUTH
®
de 12 cm, por quatro pinçamentos de 20 segundos e intervalo de um segundo
entre eles, de acordo com Fernandes et al. (2005), sendo padronizada a
compreensão até o dente da cremalheira (Figura 2B). Para todos os animais, o
esmagamento foi feito pelo mesmo indivíduo. A Figura 2C mostra o aspecto
macroscópico do nervo, imediatamente após a lesão.
Em seguida, os planos muscular e cutâneo foram fechados com fio de
sutura Ethicon 6-0.
41
Figura 2 A: Nervo isquiático exposto (seta); B:
Esmagamento do nervo (seta); C: Aspecto macroscópico do
nervo após esmagamento (seta).
A
B
C
B
42
Após recuperação anestésica, administrou-se L de dipirona sódica
(500 mg/mL) por via oral, com efeito analgésico e PVP (Povidine) I 10% (uso
tópico) no local da incisão, a cada 12 horas, no primeiro e segundo dia pós-
operatório.
4.7 Realização do Exercício Físico
Os animais foram treinados em esteira ergométrica REBOOK TR2
PREMIERRUN TREADMILL
®
adaptada para ratos, com oito raias. O treinamento
ocorreu durante 30 minutos/dia, 5 vezes por semana, com velocidade de 8 m/min
e inclinação de 0%, por um período de 14 dias (período vespertino), respeitando-
se os finais de semana.
Os animais dos grupos DEG foram submetidos ao treinamento em
esteira após 24 horas da lesão nervosa (fase imediata), enquanto que o grupo
DGE iniciou treinamento no14º dia após a lesão (fase tardia).
Para reduzir o estresse dos animais durante o treinamento, o
dispositivo que transfere corrente elétrica para motivar os ratos a correr não foi
utilizado, sendo o estímulo substituído por uma “espátula” de material plástico,
conforme mostra a Figura 3.
43
Figura 3 Vista geral dos animais durante treinamento em
Esteira ergométrica REBOOK TR2
PREMIERRUN TREADMILL
®
, com estímulo da
espátula (A).
4.8 Processamento do Nervo
Após 30 dias da lesão nervosa, os animais de todos os grupos foram
anestesiados conforme citado anteriormente e tiveram o nervo isquiático
esquerdo exposto e fixado in situ à 4ºC, durante 10 minutos, com fixador de
Karnovsky (1965) modificado, contendo 1% de paraformaldeído e 2% de
glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio a 0,1M, pH 7.3.
Em seguida, a porção distal do nervo isquiático foi retirada e os animais
foram eutanasiados por deslocamento cervical. Os fragmentos do nervo foram
mantidos em solução fixadora (Karnovsky) por 24h e pós-fixados em tetróxido de
ósmio a 1% em tampão cacodilato de sódio 0,1M, pH 7.3, por duas horas,
imersos em uranila 5% durante 24h, para coloração em bloco, desidratados em
soluções crescentes (30% a 100%) de acetona e incluídos em resina Araldite
(UEGAMA).
A
44
Foram obtidos cortes transversais de 1µm da porção distal do nervo
com navalha de vidro, em ultramicrótomo LKB, que foram corados com azul de
toluidina a 1%, em solução aquosa de bórax a 1%, para microscopia óptica
(Reynolds, 1963 apud Teodori, 2000).
4.9 Análise Morfométrica
As lâminas histológicas foram observadas em microscópio de luz
(modelo ZEISS, Standard 25) acoplado a um sistema analisador de imagens que
utiliza o software IMAGE PRÓ-PLUS – 4.0 MEDIA CYBERNETICS
®
.
A calibração do sistema de análise de imagens para obtenção de
medidas na unidade de micrômetros (µm) foi realizada com o auxilio de uma
lâmina micrometrada (ZEISS 5
+ 100/100
mm).
Analisou-se um corte por nervo de cada animal, do qual foram obtidas
imagens em objetiva de 10X, para determinação da área do nervo e em objetiva
de 100X, para seleção dos campos da amostra (5 campos aleatoriamente
definidos em cada corte), sendo analisadas aproximadamente 400 fibras nervosas
mielinizadas.
Em seguida, a imagem de cada campo foi captada pelo sistema e
visualizada on line no display, para realizar a normalização e congelamento da
imagem, para se obter o número de axônios, diâmetro da fibra e do axônio.
As medidas foram realizadas de forma semi-automática, sendo que em
cada fibra nervosa mielinizada foram obtidos valores (em micrômetros) do
diâmetro do axônio e da fibra nervosa. Os valores da espessura da bainha de
45
mielina e da razão G foram calculados a partir dos dados do diâmetro do axônio e
diâmetro da fibra nervosa.
Considerando que as imagens foram obtidas em mera de vídeo JVC
modelo TK-C620U e em câmera digital OLYMPUS – C-5050, 5.0 megapixels, com
resolução de 2560 x 1920 dpi, acoplada a fotomicroscópio OLYMPUS BX 4.1,
utilizou-se um fator de correção para calibração do software analisador de
imagens. Esse fator de correção foi obtido circulando-se os diâmetros internos e
externos dos mesmos axônios em imagens obtidas nas duas câmeras:
Diâmetro externo obtido em imagem da câmera JVC = x µm
Diâmetro externo obtido em imagem da câmera OLYMPUS = y µm
Fator de correção = x µm = Z
y µm
Em seguida, utilizando o programa Excel, o fator de correção (z) foi
aplicado a cada valor obtido para o número de axônios.
A seguir, o diâmetro médio dos axônios de cada animal foi obtido a
partir da somatória dos diâmetros dos axônios, dividido pelo número de axônios
mensurados. O cálculo do diâmetro da fibra seguiu a mesma lógica.
Os valores de espessura das bainhas de mielina foram obtidos
subtraindo-se o diâmetro do axônio do diâmetro da fibra e, em seguida, dividindo-
se por dois. Já o valor da razão G foi calculado pela divisão do diâmetro do axônio
pelo diâmetro da fibra nervosa.
A espessura média das fibras também foi obtida dividindo-se a
somatória das espessuras das bainhas de mielina pelo número de fibras nervosas
analisadas.
46
4.10 Analise Quantitativa
4.10.1 Número de Axônios
O número total de axônios em cada nervo foi calculado a partir da
somatória do número de axônios obtidos em 5 campos, em objetiva de 100X.
Para isso, foi estabelecida a proporção entre a área da amostra e a área total do
nervo, obtida em objetiva de 10X. As rmulas a seguir demonstram como foram
calculados a porcentagem da amostra e o número total de axônios em cada
nervo, respectivamente:
% amostra: Σ área dos campos x 100 = 5%
Σ área do nervo
Número total de axônios: Σ número axônios x 100
% amostra
4.11 Análise Funcional da Marcha
As impressões das pegadas dos ratos para realizar o Índice Funcional
do Ciático (IFC) foram feitas de acordo com De Medinacelli, Freed e Wyatt (1982).
Para isso, foi construída uma passarela (8,2 x 42 cm) com um abrigo escuro na
extremidade (Figura 4). Considerando a tendência dos ratos em se direcionar
para locais com menor luminosidade, quando colocados no início da passarela,
percorrem seu trajeto até a caixa escura.
Após treino inicial, os animais foram colocados para caminhar na
passarela revestida com papel sulfite, com as patas posteriores marcadas com
47
tinta de impressão digital, a fim de realizar o registro das impressões plantares
das patas normal e experimental.
Figura 4 - Instrumento utilizado para obten-
ção das impressões plantares re-
ferentes ao IFC. Pegadas do ani-
mal (seta).
Em seguida, foram obtidas as distâncias descritas a seguir, conforme
mostra a Figura 5.
1. Entre a extremidade do terceiro dedo e o calcâneo - Comprimento
da pegada (PL);
2. Entre o primeiro e o quinto dedo - Largura da pegada (TS);
3. Entre o segundo e quarto dedo - Largura intermediária da pegada
(ITS).
42 cm
8,2 cm
48
Figura 5 - Parâmetros de medidas de comprimento para o cál-
culo do Índice Funcional do Ciático (IFC). Fonte: Va-
rejão et al. (2004).
As medidas foram tomadas das patas experimental (E) e normal (N),
por meio de um paquímetro digital da marca MITUTOYO
®
. Os valores obtidos
foram aplicados na equação proposta por Bain, Mackinnon e Hunter (1989), antes
(pré-operatório) e após o 7º, 14º, 21º e 28º dias da cirurgia de esmagamento do
nervo isquiático.
Os resultados obtidos dessa equação expressam a perda funcional em
termos percentuais, sendo que o valor 0 (zero) representa a função normal ou
ausência de disfunção e o valor -100 (menos cem) representa a perda total da
função nervosa. Portanto, quanto mais próximo de 0 (zero) o valor obtido, melhor
a função.
49
4.12 Análise Estatística
A análise de distribuição dos dados de todas as variáveis estudadas
nas diferentes condições mostrou distribuição normal, utilizando-se o teste
Shapiro-Wilk. Testes estatísticos paramétricos foram escolhidos para comparação
dos dados.
Para análise morfométrica foi realizado o teste Anova - F (One-Way)
seguido de Tukey e, para análise funcional da marcha, o teste Anova - F (Two-
Way) foi realizado para avaliar cada grupo, nos diferentes períodos de avaliação
(comparação intragrupos) e o teste Anova F (One-Way) seguido de Tukey, para
comparar os grupos entre si (comparação intergrupos). Utilizou-se o teste de
correlação de Pearson para análise dos dados morfométricos e funcionais.
O nível de significância estabelecido em todos os testes estatísticos foi
de 5%, sendo todos os procedimentos realizados a partir do aplicativo “BioEstat
4.0” e o “SPSS 11.0”. Os valores foram expressos em média e desvio padrão.
50
5 RESULTADOS
5.1 Esmagamento do Nervo Isquiático
Em estudo piloto realizado no Laboratório de Pesquisa em Plasticidade
Neuromuscular do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia da Universidade
Metodista de Piracicaba (UNIMEP), 5 animais desnervados foram sacrificados
após 6 dias da lesão, com a finalidade de comprovar a eficácia do protocolo
utilizado para produzir lesão nervosa do tipo axoniotmese.
Todos os animais apresentaram intenso processo de degeneração
axonal, com evidente retração e desintegração das bainhas de mielina (Figura 6).
Figura 6 Fotomicrografia de corte transversal do nervo isquiático: A- nervo normal; B-
após 6 dias da lesão por esmagamento, observando-se degeneração axonal
com retração e desintegração da bainha de mielina (seta). Barra = 10 µm.
Coloração: Azul de Toluidina.
B
A
51
5.2 Análise Histológica
Na figura 7 expressam-se as características histológicas entre os
grupos experimentais: CON, D, DGE e DEG.
No grupo CON (Figura 7A) foram observados axônios de diferentes
tamanhos, enquanto no grupo D (Figura 7B) observou-se aumento do número de
axônios e diminuição do diâmetro das fibras.
Nos grupos DEG (Figura 7C) e DGE (Figura 7D), também se observam
axônios com diâmetros variados e reduzidos, havendo aparentemente maior
número de fibras com menor calibre e bainhas de mielina mais delgadas, quando
comparado ao grupo controle. Axônios degenerados e macrófagos são
observados nos grupos desnervados.
52
Figura 7 - Fotomicrografia de corte transversal do nervo isquiático: Controle (A);
Desnervado (B); Desnervado + Exercício + Gaiola (C); Desnervado +
Gaiola + Exercício (D). Observar axônios em degeneração (cabeça de
seta) e macrófagos (seta). Barra = 10 µm. Coloração: Azul de Toluidina.
A
B
C
D
53
5.3 Análise Quantitativa
5.3.1 Número de Axônios
A figura 8 expressa o número de axônios nos diferentes grupos
estudados. Esse número foi maior nos grupos D (21345 ±2372), DEG (18591
±2305), DGE (18436 ±2520) que no grupo CON (11976 ±1439) (p<0,05).
Figura 8 - Número de axônios nos grupos: Controle (CON), Desnervado (D),
Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola +
Exercício (DGE). (*) Difere do grupo CON (p<0,05).
54
5.4 Análise Morfométrica
5.4.1 Diâmetro dos Axônios
O diâmetro dos axônios nos grupos desnervados: D (3,60 ±0,23), DEG
(3,77 ±0,18) e DGE (4,18 ±0,36) foi sempre menor que no grupo CON (5,62
±0,19) (p<0,01). No grupo DGE o diâmetro dos axônios foi maior que no grupo D
(p<0,05).
Figura 9 - Diâmetro dos axônios nos grupos: Controle (CON), Desnervado (D),
Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola +
Exercício (DGE). (*) Difere do grupo CON (p<0,01); (**) Difere do grupo D
(p<0,05).
55
5.4.2 Diâmetro das Fibras
A figura 10 expressa o diâmetro das fibras nervosas, nos diferentes
grupos. Observa-se que os valores dos grupos desnervados: D (5,80 ±0,30), DEG
(6,06 ±0,41) e DGE (6,55 ±0,76) foram menores que os do grupo CON (9,12
±0,33) (p<0,01), não havendo diferença entre os grupos desnervados.
Figura 10 - Diâmetro das fibras nervosas nos grupos: Controle (CON), Desnervado
(D), Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola +
Exercício (DGE). (*) Difere do grupo CON (p<0,01).
56
5.4.3 Espessura das Bainhas de Mielina
A figura 11 representa a espessura das bainhas de mielina, nos
diferentes grupos. Observa-se que os valores dos grupos desnervados: D (1,10
±0,05), DEG (1,14 ±0,12) e DGE (1,18 ±0,20) foram menores que os do grupo
CON (1,75 ±0,16) (p<0,01), não havendo diferença entre os grupos desnervados.
Figura 11 - Espessura da bainha de mielina nos grupos: Controle (CON),
Desnervado (D), Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e
Desnervado + Gaiola + Exercício (DGE). (*) Difere do grupo CON
(p<0,01).
57
5.4.4 Razão G
A Tabela 1 expressa os valores da razão G. Os resultados foram
semelhantes em todos os grupos estudados (p>0,05).
Tabela 1 - Razão G nos grupos Controle (CON), Desnervado (D), Desnervado +
Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola + Exercício (DGE).
Grupos CON D DEG DGE
Média ±DP 0,61 ±0,02 0,62 ±0,01
0,62 ±0,01 0,64 ±0,01
5.5 Análise Funcional da Marcha
Os dados da análise do IFC dos grupos experimentais durante os
períodos de avaliação funcional estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2 – Valores do IFC nos diferentes períodos de avaliação funcional.
Tempo D DEG DGE
Pré-operatório
-16,18 ±14,24 -6,44 ±9,46 -8,06 ±9,30
7º dia
-77,62 ±25,17 -80,62 ±11,61 -92,84 ±20,94
14º dia
-78,00 ±13,66 -70,62 ±7,95 -64,93 ±24,38
21º dia
-20,20 ±15,57 -17,01 ±11,85 -9,91 ±18,18
28º dia
-14,66 ±8,70 -5,60 ±21,21 -16,47 ±16,25
58
Nas comparações intergrupos dos valores do IFC nos diferentes
períodos de avaliação (Figura 12), verifica-se que as diferenças não foram
estatisticamente significativas (p>0,05).
Figura 12 Comparação intergrupos dos valores de IFC nos grupos: Desnervado
(D), Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola +
Exercício (DGE), nos diferentes períodos de avaliação
.
59
Nas comparações intragrupos dos valores do IFC nos diferentes
períodos de avaliação (Figura 13), verifica-se que as diferenças foram
estatisticamente significantes (p<0,05).
Para todos os grupos experimentais foram observados que o e o 14º
dia diferem significativamente do período pré-operatório, enquanto o 21º e o 28º
dia diferem significativamente do 7º e do 14º dia durante os períodos de avaliação
funcional.
Figura 13 Comparação intragrupos dos valores de IFC nos grupos: Desnervado (D),
Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG) e Desnervado + Gaiola +
Exercício (DGE), nos diferentes períodos de avaliação
. (
*) em relação ao
pré-operatório; (**) em relação ao 7º dia e 14º dia (p<0,05).
60
Na análise das pegadas das patas normal (N) e experimental (E),
percebe-se uma evolução semelhante em todos os grupos durante os diferentes
períodos de avaliação por meio do IFC.
Na comparação dos registros das pegadas no pré-operatório com o 7º
dia s-lesão (Figura 14), verifica-se um aumento do parâmetro PL e uma
diminuição dos parâmetros TS e ITS.
Figura 14 - Registro das pegadas das patas normal e
experimental na avaliação do IFC nos períodos
pré-operatório (A) e no 7º dia pós-lesão (B).
A
B
N
E
61
Na comparação do registro das pegadas no pré-operatório com o 28º
dia pós-lesão (Figura 15), percebe-se que as pegadas são semelhantes nos
diferentes períodos de avaliação.
Figura 15 - Registro das pegadas das patas normal e
experimental na avaliação do IFC nos períodos
pré-operatório (A) e no 28º dia pós-lesão (B).
A
B
E
N
62
5.6 Correlação entre os Dados Morfométricos e o Índice Funcional do
Ciático (IFC)
Na tabela 3 estão expressos os valores de correlação entre os dados
morfométricos e funcionais do grupo Desnervado (D).
A correlação entre os valores de diâmetro do axônio e da fibra nervosa
mostrou-se forte, com r= 0,93.
Tabela 3 - Correlações entre os dados morfométricos e o Índice Funcional do Ciático
(IFC) do grupo Desnervado (D).
. Axônio
Axônio
Fibra
Esp. Mielina Razão G IFC-28º
Axônios
1
Axônio
-0,17 1
Fibra
-0,36
0,93
*
1
Esp.Mielina
-0,56 0,42 0,72
1
Razão G
-0,30 -0,63 0,31 -0,44 1
IFC-28º
-0,61 -0,51 -0,47 -0,19 -0,33 1
= número;
= diâmetro; Esp. = espessura; IFC-28º
= Índice Funcional do Ciático no
28º dia. * p<0.05
63
Na tabela 4 estão expressos os valores de correlação entre os dados
morfométricos e funcionais do grupo Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG).
A correlação entre os valores do diâmetro do axônio e da fibra nervosa
(r= 0,92), diâmetro da fibra nervosa e espessura da bainha de mielina (r=0,96),
razão G e espessura da bainha de mielina (r=-0,93) mostrou-se forte.
Tabela 4 - Correlações entre os dados morfométricos e o Índice Funcional do Ciático
(IFC) do grupo Desnervado + Exercício + Gaiola (DEG).
. Axônios
Axônio
Fibra
Esp. Mielina
Razão G IFC-28º
. Axônios
1
Axônio
-0,58 1
Fibra
-0,53
0,92
*
1
Esp. Mielina
-0,44 0,76
0,96
*
1
Razão G
-0,25 -0,46 -0,77
-0,93
*
1
IFC-28º
0,49 0,16 -0,01 -0,14 0,26 1
= número;
= diâmetro; Esp. = espessura; IFC-28º
= Índice Funcional do Ciático no
pré-operatório 28º dia. * p<0,05.
64
Na tabela 5 estão expressos os valores de correlação entre os dados
morfométricos e funcionais do grupo Desnervado + Gaiola + Exercício (DGE).
A correlação entre os valores do diâmetro do axônio com o diâmetro da
fibra nervosa (r= 0,99) e com a espessura da bainha de mielina (r=0,96); diâmetro
da fibra nervosa com a espessura da bainha de mielina (r=0,99) e com a razão G
(r=-0,91), e entre a espessura da bainha de mielina e a razão G (r=0,96), mostrou-
se forte.
Tabela 5 - Correlações entre os dados morfométricos e o Índice Funcional do Ciático
(IFC) do grupo Desnervado + Gaiola + Exercício (DGE).
. Axônios
Axônio
Fibra
Esp. Mielina
Razão G IFC-28º
. Axônios
1
Axônio
-0,80 1
Fibra
-0,75
0,99
*
1
Esp. Mielina
-0,70
0,96
*
0,99
*
1
Razão G
0,57 -0,84
-0,91
*
-0,96
*
1
IFC-28º
-0,27 0,11 -0,04 -0,16 0,44 1
= número;
= diâmetro; Esp. = espessura; IFC-28º
= Índice Funcional do Ciático no
pré-operatório 28º dia. * p<0,05.
65
6 DISCUSSÃO
6.1 Considerações Gerais sobre o Material e Métodos
6.1.1 Animais Experimentais
Para realização desta pesquisa, o animal adotado foi o rato da
linhagem Wistar, uma vez que a maior parte das pesquisas experimentais, quase
90% do total, emprega animais de pequeno porte (camundongo, rato, hamster)
(Schanaider e Silva, 2004) por serem animais de baixo custo, de fácil manuseio e
disponibilidade, e que apresentam anatomia microscópica semelhante à de
nervos humanos (Varejão et al., 2003; 2004; Mazzer et al., 2006; Pachioni et al.,
2006). Além disso, o fato de o nervo isquiático ser de cil acesso cirúrgico
favorece a escolha desse animal para pesquisas que analisam as conseqüências
da desnervação (Varejão et al., 2004; Seo et al., 2006).
Para padronização da amostra, utilizou-se ratos do gênero masculino
com idade entre 6 e 7 semanas. Ratos do gênero feminino foram excluídos do
estudo por apresentarem ciclo estral que pode afetar o comportamento motor
(alteração da intensidade da ambulação) e, conseqüentemente, influenciar os
resultados da pesquisa (Junior e Morato, 2002).
Em relação à idade dos animais, foram utilizados ratos jovens,
considerando que a regeneração nervosa declina com o avanço da idade (Verdú
et al., 2000).
66
6.1.2 Modelo de Lesão Nervosa
O anestésico utilizado para sedação dos animais (mistura de Ketalar
®
e
Rompum
®
- i.m.) é indicado para animais de pequeno porte, por mantê-los em
plano anestésico durante aproximadamente 40 a 60 minutos, evitando o risco de
vida (Schanaider e Silva, 2004). Esse tempo é suficiente para a realização da
lesão nervosa experimental.
A lesão do tipo axoniotmese foi escolhida por ser uma modalidade útil e
reprodutível para o estudo da regeneração nervosa periférica, onde a agressão ao
nervo é suficiente para causar degeneração Walleriana na porção distal e permitir
regeneração nervosa, devido à preservação dos envoltórios conjuntivos, da
membrana basal e da microcirculação local (Lunn, Brown e Perry, 1990).
Além disso, os resultados obtidos por Bridge et al. (1994), que
avaliaram e compararam os efeitos de vários métodos de lesão por esmagamento
em ratos, usando fórceps de joalheiro e pinça hemostática com tempos de
compressão variando de 15 a 30 segundos, demonstraram a presença de
degeneração Walleriana após 2 semanas, em todos os grupos experimentais, não
havendo diferença histológica no nervo nos diferentes métodos empregados.
Neste estudo, para investigar a eficácia do protocolo de esmagamento
proposto sobre a estrutura do nervo, um estudo piloto foi desenvolvido em nosso
laboratório, utilizando cinco animais que foram desnervados e sacrificados após 6
dias, quando o processo de degeneração Walleriana deveria ser evidente.
Observou-se intensa degeneração axonal e desintegração da bainha de mielina, o
que ratifica a eficiência do protocolo de lesão utilizado.
67
Entretanto, a reprodutibilidade do protocolo de indução da lesão
nervosa utilizado neste estudo é bastante discutida na literatura, uma vez que não
existe um método padrão estabelecido para induzir determinada lesão nervosa,
considerando que cada pesquisa utiliza uma técnica diferente (Mazzer et al.,
2006).
6.1.3 Protocolo de Exercício
A literatura é escassa no que se refere à discussão dos efeitos do
exercício físico na fase imediata da lesão nervosa (Seo et al., 2006). Desta forma,
este estudo pode contribuir para subsidiar discussões sobre a conduta
empregada na clínica fisioterapêutica.
A atividade física promove várias alterações fisiológicas, morfológicas e
bioquímicas no homem e no animal (Gutmann e Jakoubeck, 1963; Herbison,
Jaweed e Ditunno, 1974; 1980a; 1980b; Hie, Van Nie, Vermculen-Van der Zee,
1982; Van Meeteren et al., 1997; Byun et al., 2005), além de induzir alterações
permanentes, tanto no sistema nervoso central como no periférico (Seo et al.,
2006). Nesse sentido, o exercício na esteira é um recurso utilizado para estudar a
regeneração axonal (Herbison, Jaweed e Ditunno, 1980; Hie, Van Nie e
Vermculen-Van der Zee, 1982; Van Meeteren et al., 1997; Byun et al., 2005), por
ser possível controlar devidamente seus parâmetros (Seo et al., 2006).
Realizou-se uma seleção dos ratos mais aptos para participar do
estudo, sendo escolhidos aqueles que correram de cinco a dez minutos em
velocidade de 17 m/min, com inclinação de 0%, durante uma semana,
considerando que o rato não nasce com habilidade de correr, como ocorre com a
68
de nadar (Pills et al., 1993; Gobatto et al., 2001; Machado et al., 2005). A opção
pela velocidade de 17 m/min, deveu-se ao fato de que tal velocidade é a de
equilíbrio entre a produção e remoção do lactato para ratos normais em esteira
ergométrica (Pills et al., 1993).
A breve adaptação à esteira teve por objetivo familiarizar os animais ao
futuro protocolo de exercício, reduzindo o estresse, contudo, sem promover
adaptações físicas (Jaweed, Herbison e Ditunno, 1975; Herbison, Jaweed e
Ditunno, 1982).
Neste estudo utilizou-se o exercício na esteira durante 30 minutos/dia,
na velocidade de 8 m/min e inclinação de 0%, por se tratar de animais
desnervados e com base nos resultados de Byun et al. (2005), em que essa
intensidade permitiu efetiva recuperação funcional após a desnervação. A
frequência de estimulação de cinco vezes por semana foi baseada no estudo de
Sakakima et al. (2004), que aplicaram exercício físico na esteira de três a seis
vezes por semana e observaram benefícios ao trofismo muscular.
A afirmação de Seo et al. (2006) de que os valores baixos de
velocidade e inclinação de 0% proporcionam regeneração axonal em animais
desnervados também serviu de fundamentação para este estudo. No entanto, a
intensidade utilizada no presente estudo não está fundamentada no limiar de
anaerobiose, uma vez que não existem dados na literatura para ratos
desnervados.
A escolha do tempo para análise morfométrica e funcional do nervo
isquiático após lesão se fundamentou nos achados de Carmignoto et al. (1983) e
Gorio et al. (1983), que estudaram o processo de reinervação muscular após
axoniotmese em ratos e observaram que após 10 dias da lesão, nenhum axônio
69
havia estabelecido contato com o músculo, o que ocorria a partir da segunda
semana da lesão, quando se observou que 25% das fibras musculares estavam
re-inervadas por mais de um axônio (poliinervação). Entre 2e 25º dias ocorreu
o “pico” de poliinervação, que foi seguida pelo processo de eliminação dos
contatos sinápticos (eliminação sináptica). Aos 60 dias da lesão, as fibras
estavam monoinervadas e, a partir daí, o nervo mantinha o crescimento e
ocupava completamente a fenda pós-sináptica no 90º dia. Assim, considerando
que a partir do 14º dia após a axoniotmese os axônios regenerados estariam
recuperando seus contatos com as fibras musculares, optou-se por verificar se o
exercício aplicado previamente a esse momento (na fase imediata de
regeneração) ou após este período (fase tardia de regeneração) poderia modificar
a evolução desse processo.
Quanto ao início de atividade física, houve um grupo que realizou
exercício na fase de desnervação (imediata) e outro na fase de reinervação
(tardia), uma vez que os efeitos do exercício variam de acordo com o momento de
sua realização. De acordo com a literatura, os resultados podem ser benéficos,
havendo aumento do retorno da função sensório-motora na fase inicial da
recuperação da lesão quando o exercício é realizado na fase precoce (Van
Meteeren et al., 1997); deletérios, havendo inibição do brotamento axonal quando
a atividade física é realizada imediatamente após a desnervação do músculo tibial
anterior (Tam et al, 2001; Tam e Gordon, 2003); ou indiferentes, não havendo
interferência sobre a reinervação muscular quando o exercício é realizado na fase
tardia (Hie, Van Nie e Vermculen-Van der Zee, 1982).
Os estudos realizados por Herbison, Jaweed e Ditunno (1982) e Van
Meeteren et al. (1997), que avaliaram os efeitos do exercício aplicado 2 semanas
70
e 24 horas após a axoniotmese, respectivamente, fundamentam os períodos de
análise escolhidos para esta pesquisa.
6.1.4 Regeneração axonal e Análise morfométrica
Diversos estudos experimentais mostram que o exercício físico tem
ação estimulante para a regeneração nervosa (Herbison, Jaweed e Ditunno,
1974; 1980a; 1980b; Hie, Van Nie, Vermculen-Van der Zee, 1982; Van Meteeren
et al., 1997; Byun et al., 2005; Seo et al., 2006). No entanto, ainda não há
consenso sobre o melhor momento para iniciar a prática dessa atividade após
axoniotmese.
A hipótese para este estudo era que o exercício praticado a partir de 24
horas da lesão nervosa inibisse a regeneração nervosa, pois o aumento da
atividade neuromuscular inibe a liberação de fatores neurotróficos, como a
molécula de adesão celular neural (NCAM), necessária para que ocorra a
regeneração (Tam et al, 2001; Lieber, 2002; Tam e Gordon, 2003).
Entretanto, observou-se que a realização do exercício, tanto na fase
imediata quanto tardia, não influenciou o brotamento axonal, fato que se evidencia
pela semelhança no mero de axônios regenerados nos três grupos
desnervados, onde o número de axônios praticamente duplicou após 30 dias da
lesão. Esse aumento do número de axônios na porção distal à lesão se deve ao
fato de que cada axônio lesado emite dois ou três brotos em direção ao músculo,
sendo que o primeiro a fazer contato com a fibra muscular permanece, enquanto
os demais sofrem degeneração (Fawcett e Keynes, 1990).
71
Sob a ótica da prática clínica, esse resultado sugere que a indução do
exercício físico após desnervação, com objetivo de retardar as alterações tróficas
no músculo, poderia não prejudicar o processo de regeneração nervosa.
Entretanto, relatos de que o aumento da atividade neuromuscular
provocado pelo exercício de corrida na roda durante 8 horas diárias, na fase
aguda da lesão, inibe o brotamento axonal no músculo desnervado (Tam et al.
2001; Tam e Gordon, 2003). É possível que o prejuízo à reinervação se deva ao
tempo do exercício realizado.
No que se refere à maturação das fibras regeneradas, Verdú et al.
(2000) afirmam que esta dificilmente atinge valores semelhantes aos do controle
após a lesão nervosa. Os autores relataram que o diâmetro da fibra atinge 75%
dos valores controle após a lesão.
Neste estudo, o diâmetro da fibra do grupo D atingiu 63,59% dos
valores controle, enquanto no grupo DGE esse valor atingiu 71,82% e no grupo
DEG, 66,44%. Entretanto, vale ressaltar que essa análise foi obtida após 33 dias
da lesão. Uma análise após períodos mais prolongados poderia expressar valores
mais próximos aos relatados na literatura.
O diâmetro médio das fibras em nervo normal varia entre 8 (Calder e
Green, 1995) e 12,45 µm (Teodori, 2000) sendo que para os axônios esse valor
varia entre 4,52 (Lenihan et al, 1998) e 7,83 µm (Teodori, 2000). Para a
espessura das bainhas de mielina, os valores médios variam entre 1,11 (Santo
Neto et al., 2004) e 1,94 (Souza, 2005).
Nos grupos desnervados, a atividade física em esteira na fase imediata
ou tardia da lesão não influenciou o grau de maturação das fibras regeneradas
após 33 dias da lesão, uma vez que apenas o diâmetro de axônio do grupo DGE
72
foi maior que do grupo D, enquanto os demais parâmetros analisados não
diferiram entre os grupos desnervados.
A ausência de dados morfométricos referentes a nervos de ratos
desnervados submetidos a exercício em esteira, em qualquer fase da
regeneração nervosa após axoniotmese, impossibilitou a confrontação dos
resultados obtidos neste estudo. Uma vez que a regeneração nervosa influencia a
resposta muscular, discute-se a seguir alguns efeitos do exercício físico no
músculo desnervado, tanto na fase imediata como na tardia.
Deschenes, Maresh e Kraemer (1997) citam que a prática de exercício
na esteira com um grupo de animais sedentários e outro de animais exercitados
(velocidade de 24 m/min e inclinação de 0%) durante cinco dias/semana por um
mês e meio na fase tardia, não foi suficiente para alterar os efeitos da
desnervação sobre o músculo, não havendo diferença significativa no tipo e no
tamanho da fibra muscular entre os grupos. Concluíram que o exercício de
moderada intensidade com esses parâmetros da esteira não influência a
morfologia muscular no animal desnervado.
Herbison, Jaweed e Ditunno (1974, 1980a, 1980b) e Hie, Van Nie e
Vermculen-Van der Zee (1982) afirmaram que a pausa de duas semanas na
gaiola após a lesão nervosa é necessária para realizar o exercício físico de forma
segura, uma vez que antes desse período (fase de desnervação) não uma
quantidade suficiente de unidades contráteis para serem recrutadas, o que pode
gerar danos musculares, pois o processo de reinervação começa entre a segunda
e a terceira semana. Além disso, a alta intensidade do exercício durante o
processo da desnervação gera lesão muscular por ocasionar estresse no animal.
73
Contrariamente, Marqueste et al. (2004), afirmaram que o protocolo de
exercício na esteira com velocidade de 10 m/min e inclinação de 0% após uma
semana da secção do nervo fibular, proporciona aumento da resistência à fadiga,
recuperação das propriedades contráteis e da mecanosensibilidade do músculo,
devido a combinação de baixos parâmetros da esteira com início precoce do
exercício.
Ao analisar esses relatos, pode-se considerar que os efeitos gerados
pela atividade física após lesão nervosa periférica dependem do momento do
início da atividade física, bem como dos parâmetros da esteira, havendo ainda
controvérsia entre os diferentes estudos.
Os valores de razão G, semelhantes em todos os grupos, estão dentro
dos padrões de normalidade para uma velocidade de condução nervosa ideal, ou
seja, entre 0,5 e 0,7 (Waxmann e Bennet, 1972; Anssellin, Fink e Davey, 1997),
reforçando o fato de que a prática de exercício em esteira, tanto na fase imediata
como tardia, não prejudicou a maturação dos axônios regenerados. Valores G
acima ou abaixo dessa faixa de normalidade representam hipomielinização ou
hipermielinização, respectivamente (Anssellin, Fink e Davey, 1997).
Os valores de razão G observados neste estudo são semelhantes aos
encontrados por Santo Neto et al. (2004), que observaram 0,63 para o controle,
0,73 para o grupo onde o nervo isquiático foi lesado e um implante de músculo
tibial anterior tratado com cloridrato de lidocaína 2% foi suturado entre os cotos
após 15 minutos e 0,72 quando um enxerto muscular tratado da mesma forma foi
implantado após 24 horas.
Mazzer et al. (2006), que relataram 0,53 para o controle e 0,42 para os
animais submetidos à compressão do nervo isquiático com carga de 500 gramas.
74
Wolthers et al. (2005) obtiveram valor de razão G de 0,49 para o
controle e 0,54 para os animais desnervados após axoniotmese.
Ao considerar os benefícios do exercício físico para o animal
desnervado, como o aumento do número e do diâmetro dos axônios (Gutmann e
Jakoubeck, 1963), elevação do peso e da força muscular (Hie, Van Nie e
Vermculen-Van der Zee, 1982), aumento da capacidade oxidativa do músculo
(Herbison, Jaweed e Ditunno, 1982), rápido retorno da função sensório-motora na
fase inicial e tardia, acelerando a recuperação funcional (Van Meeteren et al.,
1997), aumento da mielinização das fibras (Seo et al., 2006), entre outros,
reafirma-se a importância de investigar e discutir a prática clínica, uma vez que a
indução de atividade neuromuscular (a partir do protocolo de exercício
empregado) em músculos desnervados o prejudicou o processo de
regeneração axonal. Desta forma, seus benefícios ao músculo poderiam
sustentar sua aplicabilidade, especialmente no sentido de retardar atrofia, o que
poderia refletir diretamente em recuperação funcional mais efetiva após a
regeneração nervosa.
O protocolo de exercício em esteira aplicado neste estudo, na fase
imediata ou tardia da regeneração nervosa, não influenciou o brotamento axonal
nem a maturação das fibras regeneradas. Considerando que a desnervação
provoca profundas alterações no músculo (Deschenes, Maresh e Kraemer, 1997),
é razoável a afirmação de Van Meeteren et al. (1997), Byun et al. (2005) e Seo et
al. (2006), de que a realização do exercício físico na fase imediata após a lesão
nervosa é a melhor opção.
Entretanto, ao considerar a possibilidade de ampla variação dos
parâmetros empregados, como velocidade e inclinação da esteira, além da
75
duração e freqüência do exercício, novos estudos são necessários para investigar
as respostas do sistema nervoso periférico e associá-las à condição clínica.
6.1.5 Correlação entre os Resultados Morfométricos e Funcionais
A eletrofisiologia, a histomorfometria e os testes funcionais têm sido
bastante utilizados para quantificar a regeneração nervosa em estudos
experimentais. Assim, vários autores analisam a correlação entre essas
mensurações (Kanaya, Firrell e Breidenbach, 1996; Munro et al., 1998; Wolthers
et al., 2005).
A correlação entre os aspectos morfológicos e funcionais de nervos
regenerados representa importância clínica, pois possibilita a análise de
resultados de diferentes formas de intervenção que podem favorecer a
regeneração nervosa e, conseqüentemente, a recuperação funcional. Entretanto,
no presente estudo não foi possível evidenciar clara correlação entre os dados
morfométricos e a recuperação funcional, avaliada por meio do IFC.
A ausência de correlação entre os resultados fisiológicos, morfológicos
e funcionais pode ser devida ao fato de que cada avaliação mensura aspectos
diferentes da regeneração nervosa (Kanaya, Firrell e Breidenbach, 1996; Munro et
al. 1998). Além disso, Kanaya, Firrell e Breidenbach (1996) citaram três hipóteses
para essa pobre correlação: (1) o IFC mensura a função total do nervo; (2) as
demais mensurações consideram vários parâmetros (como diâmetro do axônio,
diâmetro da fibra, espessura da bainha de mielina, entre outras), não sendo
possível relacionar com apenas um parâmetro do IFC; (3) a avaliação de um
76
único parâmetro não é suficiente para mensurar a função total do nervo. Desta
forma, é importante a associação de diversos parâmetros.
Assim, um baixo grau de recuperação funcional não indica o mesmo
resultado na análise morfométrica e histológica quando se correlaciona diferentes
componentes de mensuração. Por outro lado, Varejão et al. (2001) apontam
moderada correlação entre os três parâmetros comumente utilizados para avaliar
regeneração nervosa em ratos após axoniotmese.
Dellon e Mackinnon (1989) demonstraram significativa correlação entre
os parâmetros eletrofisiológicos e morfométricos, no entanto, apontam não haver
correlação entre os parâmetros fisiológicos e os testes funcionais, como o Índice
Funcional do Ciático (IFC).
Contrariamente, Oliveira et al. (2001) afirmam que há uma clara
correlação entre os dados morfométricos e a recuperação funcional, medida pelo
Índice Funcional do Ciático (IFC), onde perceberam uma melhora da recuperação
funcional acompanhada do aumento do número e da qualidade de fibras
regeneradas.
Para Munro et al. (1998), a significativa correlação entre a função e as
demais mensurações da regeneração nervosa encontrada em alguns estudos se
deve a amostras pequenas ou à utilização de animais com nervos completamente
normais ou completamente danificados, sem prognóstico de recuperação.
Kobayashi et al. (1997) relataram que a recuperação funcional não
apresenta uma relação diretamente proporcional ao tempo em que o músculo
permaneceu desnervado, uma vez que as mudanças morfológicas no músculo
são intensas imediatamente após a lesão e mais discretas a partir do primeiro
77
mês, afetando a massa corporal e a recuperação funcional de ratos que tiveram o
nervo tibial anterior seccionado e reparado cirurgicamente em diferentes períodos.
Neste estudo, onde o grupo DGE iniciou o exercício quando
apresentava alteração do trofismo muscular e o DEG iniciou antes de desenvolver
tais modificações, não foi realizada análise morfométrica do músculo reinervado.
Entretanto, o momento de início do exercício físico não influenciou a regeneração
axonal, nem os valores do IFC.
6.1.6 Análise Funcional da Marcha
O IFC apresenta algumas vantagens em relação aos métodos
tradicionais de avaliação da regeneração nervosa periférica, como a
eletrofisiologia, a histologia e a morfometria, pois além de não ser invasivo e ser
facilmente reproduzível, apresenta baixo custo e confiabilidade para avaliar o
processo de regeneração (Varejão et al., 2004), integra o sistema sensorial e o
motor (Kanaya, Firrell e Breidenbach, 1996), o que o torna fidedigno (Varejão et
al., 2001).
Dash et al. (1996) citam o IFC como importante indicador para analisar
a recuperação funcional de lesões nervosas de curta duração (5 segundos de
compressão), pois permitiu identificar uma diminuição da função na primeira
semana e um retorno gradual a partir da terceira semana.
Entretanto, por mais fidedigno que seja o método de avaliação, alguns
fatores, como a presença de autotomia, contratura em flexão, entre outros, podem
limitar a coleta da impressão da pata normal e experimental em papel sulfite ou
papel fotográfico (Dijkstra et al., 2000; Varejão et al., 2001; 2004).
78
Observou-se também neste estudo que os valores do IFC dos grupos
experimentais apresentaram desvio padrão alto, porém, esses valores foram
semelhantes entre os grupos e nos diferentes tempos de análise, sugerindo que
esta variação esteja relacionada às características individuais de cada animal.
Neste estudo não se observou contratura em flexão, provavelmente devido
à mobilização constante do membro desnervado durante o exercício, o que pode
influenciar positivamente a fase de regeneração (Van Meeteren et al., 1997) e ao
tipo de lesão nervosa axoniotmese onde a regeneração é espontânea e a
reinervação do músculo ocorre em curto período de tempo. Também não se
observou autotomia, pois esta é mais comum na neurotmese (Varejão et al.,
2001) que na axoniotmese. A ausência de autotomia também pode ser devida à
recuperação funcional bem sucedida (Dijkstra et al., 2000), conforme observado
neste estudo.
Quando se comparou a modificação nas pegadas dos animais
desnervados no pré-operatório e no dia, os resultados foram semelhantes aos
relatados por Bain, Mackinnon e Hunter (1989), que demonstraram aumento do
parâmetro PL e da dorsiflexão e diminuição dos parâmetros IT e ITS,
característicos após desnervação. Esse resultado reafirma a eficácia do protocolo
de esmagamento do nervo realizado neste estudo.
Ao comparar os resultados do IFC entre os grupos desnervados,
observa-se que o exercício em esteira aplicado na fase imediata ou tardia da
regeneração nervosa após axoniotmese não influenciou o grau de recuperação
funcional. Reporta-se novamente aqui à importância da estimulação precoce de
músculos desnervados, pois além de não prejudicar a regeneração nervosa e a
recuperação funcional, conforme observado neste estudo, atua no sentido de
79
evitar a atrofia pós-desnervação (Marqueste et al., 2004; Tanaka, Tusubaki e
Tachno, 2005), o que pode favorecer ainda mais a recuperação da função após
regeneração nervosa.
No entanto, Byun et al., (2005) apontaram o exercício em esteira,
realizado na fase precoce da regeneração, como fator efetivo na recuperação
funcional (valores do IFC perto do zero) após esmagamento do nervo isquiático
em ratos. Provavelmente esse resultado seja devido ao momento de início da
atividade (72 horas após a lesão), uma vez que os parâmetros da esteira foram
semelhantes aos do presente estudo. Dados semelhantes foram encontrados por
Seo et al. (2006), que obtiveram resultados funcionais positivos, avaliados por
meio do IFC, ao realizar exercício em esteira na fase de desnervação (12 horas
após a lesão) com velocidade de 18 m/min e 0% de inclinação.
Ao considerar esses relatos, nota-se a importância dos parâmetros
empregados na atividade física, como velocidade e inclinação da esteira, assim
como a duração e freqüência do exercício, como fatores relevantes para alterar as
respostas do sistema nervoso periférico.
Numa comparação intragrupos dos valores do IFC, observou-se
diferença significativa entre os tempos de análise. Esses dados estão de acordo
com diversos pesquisadores que afirmam haver boa recuperação funcional no
decorrer das avaliações após esmagamento do nervo isquiático de ratos (Varejão
et al., 2001; 2003; 2004; Byun et al., 2005; Seo et al., 2006).
Os valores de IFC perto de -100 no dia após a lesão demonstram as
conseqüências da desnervação, com perda completa de função. A partir do 14º
dia, houve diminuição dos valores de IFC, o que coincide com o período em que
inicia a reinervação muscular, quando 25% das junções neuromusculares estão
80
reinervadas (poliinervadas). Entre o 21º e o 25º dia, ocorre o pico de poliinervação
(Gorio et al., 1983), evidenciado por valores de IFC próximos de zero,
caracterizando recuperação funcional. Do 21º ao 28º dia a regeneração
prossegue, porém em ritmo mais lento até iniciar a eliminação sináptica e
consequente monoinervação (atingida aos 60 dias).
Hare et al. (1992) também observaram valores médios do IFC de ratos
perto de zero (função normal), a partir da segunda semana após esmagamento
do nervo isquiático.
Com base no estudo de Dash et al. (1996), que citam o valor médio de
0 a -20% para referir função normal no IFC, pode-se afirmar que os valores
médios obtidos no 28º dia em todos os grupos experimentais neste estudo
refletem condição funcional compatível com a de nervos normais.
Os resultados obtidos da avaliação do IFC indicam que a
funcionalidade do membro posterior de ratos após esmagamento do nervo
isquiático é alcançada, independentemente da realização do exercício na esteira
e da fase em que este é iniciado.
No entanto, apesar do IFC ser um método bem estabelecido e
fundamentado na literatura, Kanaya, Firrell e Breidenbach (1996) relatam que
apenas um teste não é suficiente para determinar a função de ratos desnervados,
mas sim uma combinação de vários testes. Desta forma, a confrontação do teste
funcional com os testes morfológico e morfométrico fornece subsídios
consistentes para sustentar a conclusão que emerge deste estudo.
81
7 CONCLUSÃO
Com base nos dados encontrados neste estudo, conclui-se que:
O protocolo utilizado para aplicação de exercício em esteira,
tanto na fase imediata como tardia da regeneração nervosa
após esmagamento do nervo isquiático de ratos, não influenciou
o brotamento axonal, o grau de maturação das fibras
regeneradas, nem a funcionalidade dos músculos re-inervados.
Os resultados do IFC apontam que não houve prejuízo à
reinervação do sculo após aplicação do protocolo de
exercício, independente do momento de início da atividade
física. Este fato sugere que na clínica fisioterapêutica, a
realização de exercício em esteira imediatamente após a lesão
nervosa periférica não prejudica a recuperação funcional.
82
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os resultados deste estudo, deve-se ressaltar que o
grupo de pesquisa pretende dar continuidade às investigações, analisando os
efeitos do exercício em esteira, aplicado tanto na fase imediata como tardia sobre
o perfil morfométrico do sculo sóleo. Esses dados poderiam sinalizar se o
protocolo de exercício aplicado neste estudo teria evitado ou atrasado a atrofia
pós-desnervação, como observado na literatura. Além disso, o grupo também tem
interesse de analisar se a realização deste inibiu ou não a liberação de fatores
neurotróficos, como a NCAM.
Outro aspecto que necessita ser estudado é a ampla variação dos
parâmetros empregados, como: a inclinação e a velocidade da esteira, a variação
do momento de início da atividade, da freqüência e da duração da atividade, uma
vez que os parâmetros utilizados neste estudo não influenciaram a maturação de
nervos regenerados, a reinervação muscular e a funcionalidade dos músculos
reinervados. É possível que a variação de um desses parâmetros possa gerar
outros efeitos que necessitam ser avaliados.
83
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