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FERNANDO DE PAULA LEONEL
CONSÓRCIO CAPIM-BRAQUIÁRIA COM MILHO OU SOJA: PRODUÇÃO E
COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DAS SILAGENS
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Zootecnia, para obtenção do título de
Doctor Scientiae.
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Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Leonel, Fernando de Paula, 1976-
L583c Consórcio capim-braquiária com milho ou soja :
2007 produção e composição químico-bromatológica das
silagens / Fernando de Paula Leonel. – Viçosa, MG , 2007.
xvi, 149f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Inclui anexos.
Orientador: José Carlos Pereira.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa.
Inclui bibliografia.
1.Animais - Alimentação e rações. 2. Cultivo consorciado.
3. Plantas forrageiras - Composição. 4. Silagem. 5. Milho
como ração. 6. Soja como ração. I. Universidade Federal de
Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 636.085
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FERNANDO DE PAULA LEONEL
CONSÓRCIO CAPIM-BRAQUIÁRIA COM MILHO OU SOJA: PRODUÇÃO E
COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DAS SILAGENS
Tese apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, para
obtenção do título de Doctor Scientiae.
APROVADA: 1º de março de 2007.
_______________________________
Prof. Antônio Alberto da Silva
(Co-orientador)
______________________________
Prof. Augusto César de Queiroz
(Co-orientador)
_______________________________
Prof. Paulo De Marco Júnior
______________________________
Prof. Rasmo Garcia
_________________________________
Prof. José Carlos Pereira
(Orientador)
ii
Àquela que me apoiou em todos os minutos dedicados à elaboração
desse trabalho, que teve paciência para suportar a abdicação do tempo, teve
boa vontade para ajuda e motivação, o que permitiu a conclusão dessa tese.
A você, agora Tatiana Angélica de Oliveira Almeida Leonel, dedico esse
e todos os trabalhos de minha vida.
A Maria Fernanda, que a partir de seu nascimento tornou-se inspiração e
alegria para realização de todos feitos até o final de minha vida.
Àqueles que mesmo antes da minha existência já pensavam e cuidavam
do meu ser com ações de profundo amor: dedico, meus pais, Otaíde de Paula
Leonel e Maria Onorina Leonel.
Às minhas irmãs, Patrícia, Cristina e Daniela; meus sobrinhos,
Fernando, Ana Luiza, Marcelo e Luiz Felipe; tios, tias e saudosos avós, por
serem um exemplo de feliz e fraterna família.
iii
A capacidade humana de utilização e transformação dos recursos
deve ser lapidada no sentido de obedecer a
seqüência natural das gerações
iv
AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal de Viçosa, aos Departamentos de Zootecnia e
de Fitotecnia, professores e funcionários, pela oportunidade de realização
deste sonho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pelo auxílio financeiro concedido na forma de bolsa.
Ao professor José Carlos Pereira, mestre e educador, pelos
ensinamentos concedidos, e pelo seu exemplo de caráter que me fez crescer
apenas com a observação de suas corretas ações. Não poderia deixar de
agradecer, ainda, seu apoio, seus conselhos e, sobretudo, a sua amizade que
está alicerçada na sinceridade e na honestidade.
Ao professor Paulo De Marco nior pela valiosa contribuição na
organização e interpretação dos dados objeto dessa pesquisa.
Aos professores e conselheiros, Antônio Alberto da Silva e Augusto
César de Queiroz, pela significativa contribuição científica à realização deste
trabalho.
Ao professor Rasmo Garcia pelas valorosas contribuições à presente
tese.
Ao professor Paulo Roberto Cecon, pelos ensinamentos, atenção e
presteza em auxiliar-me.
Ao Amigo e companheiro para todos os momentos, Marcone Geraldo
Costa, pelo empenho na execução desse trabalho. Registra-se aqui que essa
ajuda foi determinante para a elaboração dessa tese.
v
Aos Amigos e estagiários Cássio, Marieli, Lidiane, Juber, Daniel, Galileu
pela ajuda na execução dos trabalhos.
Aos amigos e colegas de trabalho Paulo Freire, Francélia e Adriana que
me apoiaram durante a fase de elaboração do texto da tese.
Aos amigos Adhemar, Marinaldo Divino Ribeiro, Douglas Henrique,
Adriano Rangel, Joanis Tilemahos Zervoudakis, Dalton, Marcelo, Leandro,
Daniel de Paula Sousa, Luciano Lara, Janderson, João Luiz. Ao saudoso amigo
André Luigi.
Aos companheiros e companheiras das horas de estudo, aos colegas
que juntos estudamos para as provas, aos amigos que conquistei no dia-a-dia
da sala de aula, enquanto estudante.
A Celeste, secretária do Programa de Pós-graduação em Zootecnia,
pela presteza, tolerância, paciência e disposição em nos atender sempre que
solicitada.
vi
BIOGRAFIA
Fernando de Paula Leonel, filho de Otaíde de Paula Leonel e Maria
Onorina Leonel, nasceu em Frutal, Estado de Minas Gerais, em 31 de maio de
1976.
Em 1996, ingressou na Universidade Federal de Viçosa como
acadêmico do curso de Zootecnia tendo colado grau em outubro de 2000.
Desenvolveu atividades de pesquisa e extensão na empresa Matsuda
Sementes e Nutrição Animal no período de outubro de 2000 a setembro de
2001.
Em março de 2002, iniciou o curso de Pós-Graduação Mestrado em
Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa: UFV concentrou seus
estudos na área de Nutrição de Ruminantes, especificamente em exigências de
macro nutrientes minerais para bovinos, defendeu dissertação em 28 de
fevereiro de 2003.
Em Março de 2003, iniciou o Doutorado em Zootecnia pela mesma
universidade, concentrou seus estudos na área de Nutrição de Ruminantes,
especificamente na avaliação da Integração Agricultura e Pecuária como
prática de recuperação de pastagens e conservação da paisagem pasto para
viabilizar a produção sustentável de bovinos.
Em Julho de 2004 assumiu cargo na área técnica da empresa Bunge
Fertilizantes S/A, especificamente, na marca Serrana Nutrição Animal, quando
aliou seus estudos à atuação profissional e veio a defender sua tese em março
de 2007.
vii
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................x
ABSTRACT........................................................................................................xiii
1. INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4
2.1 Cenário atual das pastagens e a integração agricultura e pecuária como
prática de recuperação da produtividade dessas pastagens.......................... 4
2.2 Interações entre culturas consortes.......................................................... 7
2.3 Produção de silagens em sistemas de integração ................................. 10
2.3.1 Ensilagem de gramíneas tropicais ................................................... 10
2.3.2 Ensilagem de leguminosas .............................................................. 11
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 15
Capítulo I: Comportamento produtivo e características nutricionais do capim-
braquiária cultivado em consórcio com milho com finalidade à produção de
grãos ................................................................................................................ 21
1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 23
1.2 METODOLOGIA......................................................................................... 24
1.2.1 Estabelecimento e manejo experimental das culturas ..................... 24
1.2.2. Delineamento, tratamentos e manejo experimental das culturas.... 24
1.2.3 Amostragem e análises laboratoriais ............................................... 25
1.2.4 Modelo estatístico ............................................................................ 27
1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 28
1.3.1 Produção de matéria seca do capim-braquiária............................... 29
1.3.2 Altura do dossel do capim-braquiária............................................... 32
1.3.3 Teor de proteína bruta na matéria seca total das plantas do capim-
braquiária .................................................................................................. 33
1.3.4 Teor de proteína bruta digestível na matéria seca total do capim-
braquiária e produção de proteína bruta por área..................................... 34
1.3.5 Proteína insolúvel em detergente..................................................... 35
1.3.6 Fibra em detergente neutro na matéria seca total............................ 36
1.3.7 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das forragens .. 39
1.3.8 Teor de lignina (LIG) na matéria seca total ...................................... 40
1.3.9 Nutrientes digestíveis totais da matéria seca total das forragens .... 41
1.3.10 Nutrientes digestíveis totais por área ............................................. 43
1.3.11 Relação folha:colmo....................................................................... 44
1.3.12 Conteúdo de proteína bruta na matéria seca das frações folha e
colmo ........................................................................................................ 45
1.3.13 Fibra em detergente neutro das frações folha e colmo .................. 48
1.3.14 Teor de lignina nas frações folha e colmo...................................... 48
1.3.16 Produtividade do milho................................................................... 49
1.4 CONCLUSÕES .......................................................................................... 51
viii
1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 52
Capitulo II: Consórcio capim-braquiária e milho: Comportamento produtivo das
culturas, características nutricionais e qualitativas das silagens...................... 59
2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 60
2.2 METODOLOGIA......................................................................................... 61
2.2.1 Estabelecimento das culturas .......................................................... 61
2.2.2 Delineamento, tratamentos e manejo experimental das culturas..... 62
2.2.3 Preparo das silagens e análises laboratoriais.................................. 63
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 64
2.3.1 Produção de matéria seca por área ................................................. 66
2.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das silagens ...................... 68
2.3.3 Produção de proteína bruta por hectare .......................................... 69
2.3.4 Teor de fibra em detergente neutro na matéria seca das silagens .. 69
2.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das silagens .... 70
2.3.6 Teor de lignina na matéria seca das silagens .................................. 71
2.3.7 Matéria seca das forragens em porcentagem da matéria natural total
.................................................................................................................. 72
2.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais das silagens............................ 75
2.3.9 pH das silagens................................................................................ 75
2.3.10 Teor nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total ............. 77
2.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens................................................ 78
2.3.12 Teor de ácido lático nas silagens ................................................... 79
2.3.13 Produção de nutrientes digestíveis totais por unidade de área...... 81
2.4 CONCLUSÕES .......................................................................................... 83
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 84
Capítulo III: Consórcio capim-braquiária e milho: Comportamento produtivo das
culturas, características nutricionais e qualitativas das silagens feitas com
plantas em diferentes idades das culturas ....................................................... 92
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 93
3.2 METODOLOGIA......................................................................................... 94
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 96
3.3.1 Produção de matéria seca por área ................................................. 97
3.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens .................. 100
3.3.3 Proteína bruta por área .................................................................. 100
3.3.4 Teor de fibra em detergente neutro em porcentagem da matéria seca
das silagens ............................................................................................ 101
3.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos em porcentagem da matéria seca
das silagens ............................................................................................ 101
3.3.6 Teor lignina em porcentagem da matéria seca das silagens ......... 102
3.3.7 Matéria seca das forragens............................................................ 102
3.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais estimado da seca das silagens
................................................................................................................ 106
3.3.9 pH das silagens.............................................................................. 106
3.3.10 Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total ...... 107
3.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens.............................................. 108
3.3.12 Teor de ácido lático nas silagens ................................................. 108
3.3.13 Nutrientes digestíveis totais por área ........................................... 109
3.4 CONCLUSÕES ........................................................................................ 111
3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 112
ix
Capitulo IV: Consórcio capim-braquiária e soja, comportamento produtivo das
culturas, características nutricionais e qualitativas das silagens.................... 117
4.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 119
4.2 METODOLOGIA....................................................................................... 120
4.2.1 Estabelecimento das culturas e tratos culturais ............................. 120
4.2.2 Delineamento experimental ........................................................... 120
4.2.3 Preparo das silagens e análises laboratoriais................................ 122
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 122
4.3.1 Produção de Matéria seca por área ............................................... 123
4.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens .................. 125
4.3.3 Produção de proteína bruta por unidade de área........................... 127
4.3.4 Teor de fibra detergente neutro na matéria seca das silagens ...... 128
4.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das silagens .. 129
4.3.6 Teor de lignina (LIG) na matéria seca das silagens ....................... 130
4.3.7 Matéria seca das forragens............................................................ 130
4.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais em porcentagem da matéria
seca das silagens.................................................................................... 132
4.3.9 O pH das silagens.......................................................................... 133
4.3.10 Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total ...... 134
4.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens.............................................. 135
4.3.12 Teor de ácido lático nas silagens ................................................. 136
4.3.13 Produção de nutrientes digestíveis totais por unidade de área nos
diferentes tratamentos e estádios fenológicos das culturas.................... 137
4.4 CONCLUSÕES ........................................................................................ 138
4.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 139
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 144
ANEXOS ........................................................................................................ 146
x
RESUMO
LEONEL, Fernando de Paula, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, março
de 2007. Consórcio capim-braquiária com milho ou soja: Produção e
composição químico-bromatológica das silagens. Orientador: José
Carlos Pereira. Co-orientadores: Antônio Alberto da Silva e Augusto César
de Queiroz.
Foram realizados quatro experimentos com capim-braquiária cultivado
em consórcio com culturas anuais, sendo três com milho e um com soja. No
primeiro experimento se cultivou capim-braquiária em consórcio com milho com
finalidade à produção de grãos e avaliou-se as alterações nas características
nutricionais, na produtividade, na relação folha/colmo, na altura do dossel do
capim braquiária e na produtividade do milho, em função de diferentes arranjos
de semeadura das culturas: duas fileiras de capim-braquiária nas entrelinhas
do milho, semeadura a lanço do capim-braquiária nas entrelinhas do milho,
uma fileira de capim-braquiária na mesma fileira do milho, uma fileira de capim-
braquiária nas entrelinhas do milho e capim-braquiária em cultivo exclusivo. As
avaliações foram feitas aos 128, 141, 174 e 199 dias após o plantio. As
variáveis nutricionais avaliadas no capim foram: teores de proteína bruta (PB),
de proteína bruta digestível (PBD), de proteína insolúvel em detergente neutro
(PIDN); de fibra em detergente neutro (FDN), de lignina (LIG), de carboidratos
não fibrosos (CNF) e de nutrientes digestíveis totais (NDT) na matéria seca
(MS). Já as variáveis de produtividade avaliadas no capim foram a produção de
MS, PB e NDT por hectare. Em média, a fração folha apresentou maiores
teores de PB, menores teores de FDN e de LIG que a fração colmo
xi
independente do tratamento. O consórcio não afetou o teor de CNF ou o de
NDT na MS do capim-braquiária, mas houve efeito da idade das culturas. O
cultivo exclusivamente do capim-braquiária resultou em maior produtividade de
PBD e NDT. A produtividade do milho não foi afetada pelo consórcio em
nenhum dos arranjos. Nos outros três experimentos o material foi destinado a
ensilagem. No segundo experimento o consórcio com milho teve a finalidade
de ensilagem no ponto em que a “linha de leite” encontra-se na porção
mediana do grão de milho. Avaliou-se a produção de MS, PB; e NDT; os teores
PB, NDT, FDN, LIG, CNF, ácidos butírico, lático, proporção de nitrogênio
amoniacal em relação ao nitrogênio total (NH
3
/NT) na MS, e potencial
hidrogeniônico (pH) em função dos diferentes arranjos de semeadura das
culturas: milho em cultivo exclusivo; capim-braquiária em cultivo exclusivo;
cultivo de duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho; cultivo do
capim-braquiária a lanço nas entrelinhas do milho. O arranjo de capim-
braquiária em cultivo exclusivo teve o pior comportamento com relação ao teor
de PB, NDT, FDN, LIG, pH, NH
3
/NT, ácidos lático e butírico; e produtividade de
MS, PB e NDT. No terceiro experimento, estudou-se o consórcio capim-
braquiária e milho, e o capim-braquiária em cultivo exclusivo para ensilagem
em diferentes idades das culturas (100, 120, 140 e 160 dias após o plantio).
Avaliou-se a produção de MS, PB; e NDT, em kg ha
-1
; teores PB, NDT, FDN,
LIG, CNF, NH
3
/NT, ácidos butírico e lático na MS, e pH. Independente da idade
das culturas, o cultivo simultâneo de milho com duas fileiras do capim-
braquiária nas entrelinhas resultou em maior quantidade de NDT ha
-1
, e suas
silagens apresentaram maior teor de NDT e de ácido lático na MS, menores de
FDN, LIG, pH, NH
3
/NT e ácido butírico em relação ao capim-braquiária em
cultivo exclusivo. no quarto experimento, foi estudado o consórcio entre o
capim-braquiária e a soja com finalidade à ensilagem. Avaliou-se, a produção
de MS, PB; e NDT, em kg ha
-1
; os teores PB, NDT, FDN, LIG, CNF, NH
3
/NT,
ácidos butírico e lático na MS, e pH das silagens oriundas do: cultivo exclusivo
do capim braquiária; cultivo do capim-braquiária em consórcio com a soja e
cultivo exclusivo da soja, em diferentes estádios fisiológicos da soja (R
6
e R
7
).
A produção de MS foi maior para o cultivo exclusivo do capim braquiária,
independente do estádio fisiológico das culturas. O teor de MS nas silagens
desse tratamento foi baixo, tanto no R
6
quanto no R
7
. Independente do estádio,
xii
o cultivo exclusivo da soja resultou em maior teor de PB, CNF, LIG, NDT e
maior quantidade de PB ha
-1
, seguido pelo capim-braquiária em consórcio com
a soja e capim-braquiária em cultivo exclusivo. No cultivo exclusivo da soja e
do capim-braquiária em consórcio com a soja, a quantidade de NDT ha
-1
aumentou do R
6
para o R
7
e, para o capim-braquiária em cultivo exclusivo
diminuiu. Os valores de pH e ácido butírico foram elevados para todos os
tratamentos nos dois estádios e os valores de ácido lático foram baixos.
Também para todos os tratamentos, no R
7
, o teor de nitrogênio amoniacal foi
menor que no R
6
.
xiii
ABSTRACT
LEONEL, Fernando de Paula, D. Sc., Universidade Federal de Viçosa, march
2007. Signal grass intercropping with corn or soy-beans: Production
and chemical composition of silages. Adviser: José Carlos Pereira. Co-
advisers: Antônio Alberto da Silva and Augusto César de Queiroz.
Four experiments were done with signal grass intercropped with annual
crops: three with corn and one with soybean. In the first experiment signal grass
was cultivated with corn aiming grain production and it was evaluated nutritional
characteristic alterations, production, leaf/stem relation, signal grass height and
corn productivity in relation to culture arrangements: two lines of signal grass in
the inter-lines of corn, one line of signal grass in the same line of the corn, one
line of signal grass in the inter-lines of corn and exclusive signal grass culture.
The evaluations were done at 128, 141, 174 and 199 days after sowing. The
nutritional variables were: crude protein (CP), digestible crude protein (CPD),
neutral detergent insoluble protein (NDICP), neutral detergent soluble fiber
(NDF), lignin (LIG), non-fiber carbohydrate (NFC) and total digestible nutrients
(TDN) in dry matter DM). Productivity variables evaluate were production of DM,
CP and TDN by hectare. The Leaf presented the higher concentrations of CP,
lower of NDF and LIG than stem fractions in each treatment. The intercrop do
not affected the NFC or TDN in DM of signal grass, but there was a significant
effect of culture age. The signal grass exclusive culture resulted in higher
productivity of CPD and TDN. Corn production was not affected. In the other
three experiments the material was produced to silage. In the second
xiv
experiment the soy-bean intercrop aimed to produce the silage at the point
when the “milk line” is at the median portion of corn grain. It was evaluated the
production of DM, CP and TDN and the dry matter concentration of CP, TDN,
NDF, LIG, NFC, butyric and lactic acids and ammonic nitrogen in relation to
total nitrogen (NH
3
/NT) and hydrogenionic potential (pH) in relation to different
planning arrangements: corn exclusive plantation, signal grass exclusive
plantation, two lines of signal grass in the inter-lines of corn, hand-throwing
seeds of signal grass at the inter-lines of corn. The exclusive plantation of signal
grass presented the better results for concentrations of CP, TDN, NDF, LIG,
NH
3
/NT, and butyric and lactic acids, pH and productivity of DM, CP and TDN.
In the third experiment the silage of the signal grass intercropped with corn was
made at different culture ages (100, 120, 140 and 160 days after sowing). It was
evaluated the production of DM, CP and TDN and the concentrations of CP,
TDN, NDF, LIG, NFC, NH
3
/NT, Butyric and lactic acid in DM and pH.
Independent of culture age, the simultaneous culture of corn with two lines of
signal grass resulted in larger production of TDN with silage with higher
concentration of TDN and lactic acid in DM, lower of NDF, LIG, pH, NH
3
/NT and
butyric acid in relation to exclusive culture of signal grass. In the forth
experiment, it was studied the intercrop between signal grass and soybean for
silage purposes. It was evaluated the production of DM, CP and TDN and the
concentration of CP, TDN, NDF, LIG, NFC, NH
3
/NT, butyric and latic acid in DM
and pH of the silage produced from: signal grass exclusive culture; signal grass
intercropped with soybean and exclusive culture of soybean in different
physiological stages (R
6
e R
7
). The production of DM was higher for the signal
grass exclusive culture. However, the concentration of DM in the silage of this
treatment was low. Independent of the stage, soybean exclusive culture
presented the higher concentration of CP, NFC, LIG, TDN and higher
production of CP, followed by intercropped signal grass and signal grass in
exclusive culture. The exclusive culture of soybean and in intercropped signal
grass the production of TDN increase from R
6
to R
7
and decrease in
comparison to signal grass exclusive culture. The values of pH and butyric acid
was high to all treatments and the lactic acid presented low values. Also in all
treatments the NH
3
/NT was higher in the R
6
compared to R
7.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
Estima-se que, no Brasil, o total de pastagens cultivadas seja superior
a 100 milhões de hectares. Entretanto parte considerável dessas áreas
encontra-se degradada ou em processo de degradação, o que leva à perda do
potencial produtivo e da capacidade de suporte animal.
A recuperação da fertilidade natural de tais áreas implica investimentos
que, por vezes, inviabilizam o processo pela baixa capacidade de alocação de
recursos financeiros por parte de muitos pecuaristas. Assim, a integração da
atividade agrícola com a pecuária, pode resultar o apenas em melhorias de
caráter técnico, como também de caráter econômico e de sustentabilidade dos
sistemas de produção.
Nas últimas décadas, o meio rural brasileiro vem passando por
profundas modificações. Em determinadas regiões, a atividade agrícola tem
exercido uma pressão de caráter econômico-financeiro sobre a pecuária
fazendo com que esta entre em um processo migratório no sentido do interior
do país, distanciando-se cada vez mais dos grandes centros populacionais e
comerciais.
O custo de oportunidade para utilização do bem de produção - terra - é
um dos responsáveis por esse fenômeno. Cultivo de produtos tidos como
commodites, cite-se, por exemplo, o milho, a soja e a cana-de-açúcar, resultam
em vantagens comparativas mais interessantes, promovendo a marginalização
da atividade pecuária. Também existem taxações sobre a pecuária
designando-a como atividade extrativista e de baixa alocação de mão-de-obra,
e, conseqüentemente, de geração de emprego.
2
A análise simplista desse cenário pode levar à equivocada conclusão
de maior importância da atividade agrícola em detrimento à pecuária. No
entanto não são raros os relatos sobre benefícios quando se efetua a
integração dessas duas atividades. Soma-se a isso a existência de uma real
demanda da sociedade por produtos de origem animal, principalmente leite e
carne, onde a criação de bovinos possui potencial para supri-la.
Como conseqüências dessa demanda social pelos produtos carne e
leite têm-se a própria obrigação social da satisfação dessa necessidade e uma
possível valorização desses produtos.
Tudo isso conduz à obrigação de se implementarem melhorias nos
sistemas de produção de bovinos que, historicamente, caracterizam-se por
apresentarem baixos índices zootécnicos.
Um dos principais fatores atribuídos a essa baixa produtividade é o
manejo nutricional inadequado dos animais. Notadamente dentro de sistemas
de criação em pastagens, onde a principal fonte de alimento, o pasto, vem
sofrendo sérios danos devido ao processo de degradação das pastagens.
Como a recuperação da fertilidade e da capacidade produtiva da pastagem
necessita de investimentos, o que muitas vezes inviabiliza essa operação, a
integração com a atividade agrícola constitui-se numa alternativa a ser avaliada
visando a sustentabilidade do sistema, tanto do ponto de vista econômico,
como ecológico. Destaca-se, por oportuno, que os benefícios da rotação de
culturas não datam de fatos recentes.
Dentro desse contexto, objetivou-se com este trabalho estudar culturas
forrageiras e graníferas cultivadas em consórcios, no sentido de estabelecer
bases para manejo em sistema integrado agricultura pecuária. Para tanto foram
realizados quatro experimentos, onde se avaliou características relativas ao
valor nutritivo do capim-braquiária em cultivo exclusivo e em consórcio com
milho ou com soja, a produtividade das culturas, bem como, alternativas de
utilização dessas culturas na forma de silagem.
Esses quatro experimentos aqui foram discutidos na forma de
capítulos. No Capitulo I estudou-se o capim-braquiária em consórcio com milho
com finalidade à produção de grãos. No Capítulo II esse mesmo consórcio foi
estudado, entretanto o destino foi a produção de silagens, onde o ponto de
corte foi estabelecido pela localização da “linha do leite” do grão de milho na
3
porção mediana deste. No Capítulo III, também, estudou-se o consórcio capim-
braquiária e milho para a produção de silagens, todavia, o corte se deu em
diferentes idades das culturas forrageiras. no Capítulo IV, foi estudado o
consórcio capim-braquiária e soja com finalidade de produzir silagens.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cenário atual das pastagens e a integração agricultura e pecuária
como prática de recuperação da produtividade dessas pastagens
No Brasil, o total de pastagens cultivadas é superior a 100 milhões de
hectares, sendo a maioria destas gramíneas de origem africana, das quais
aproximadamente 80% o do gênero Brachiaria spp, representado
principalmente pelas espécies B. brizantha e B. decumbens (Carvalho et al.,
1990; Oliveira et al., 2001b). Ressalta-se ainda que parte considerável dessas
áreas de pastagens encontra-se degradada ou em processo de degradação, o
que leva à perda do potencial produtivo e da capacidade de suporte animal
(Carvalho et al., 1990; Miranda et al., 1996; Kichel et al., 1998; Townsend et al.,
2000; Oliveira et al., 2001b). Destas áreas, acredita-se que entre 50 e 80%o
formadas por Brachiaria spp (20 a 40 milhões de hectares) na região de
Cerrado e aproximadamente 20 milhões de hectares na Amazônia Legal
(Kitamura, 1994; Oliveira, et al., 2001b).
Considerando-se a fase de engorda de bovinos, a produtividade de
carne de uma pastagem degradada está em torno de 2 a 3 arrobas ha
-1
ano
-1
,
enquanto que, com uma pastagem em bom estado, pode-se atingir, em média,
16 arrobas ha
-1
ano
-1
(Kichel et al, 1999).
5
Tal cenário é atribuído ao manejo inadequado das pastagens, falta de
adubação, presença de plantas daninhas, compactação superficial do solo e
ataque de pragas, principalmente a cigarrinha das pastagens (Van der Vinne,
1999).
Sérios problemas também são detectados na agricultura quando se
utiliza a monocultura e sistema convencional de plantio, o que resulta em
perdas dos elementos do solo e assoreamento de rios, contribuindo para uma
redução da produtividade, perda de patrimônio e impacto negativo sobre os
ecossistemas (Borges, 1998).
Atualmente existe maior consciência por parte de produtores, técnicos e
pesquisadores sobre a necessidade de recuperar as pastagens degradadas,
como condição para intensificar a produção animal e de associar o cultivo de
alimento
s com a manutenção dos recursos naturais, visando o desenvolvimento
de uma agricultura sustentável (Miranda et al., 1996 e Townsend et al., 2000).
Desta forma, a integração agricultura e pecuária proporciona condições de
exploração menos agressiva conferindo ao sistema uma desejável
sustentabilidade.
A renovação de pastagens mediante o consórcio de culturas de grãos
com forrageiras é uma alternativa viável. O conjunto de técnicas criadas ou
adaptadas visando renovar as pastagens e produzir grãos simultaneamente
com forrageiras, enfocando sua sustentabilidade foi denominado “Sistema
Barreirão” (Oliveira et al., 1996; Portes et al., 2000). Todavia, de acordo com
BORGES (2004) a denominação “Integração Agricultura-Pecuáriafoi adotada
pelo agropecuarista Ake Bernard Van der Vinne, no ano de 1989, e, em
distintas regiões recebeu outras denominações: “Recuperação de Pastagens
Degradadas Via Agricultura (Minas Gerais); Integração Lavoura-Pecuária”
(Região Sul do Brasil); Integração Lavoura-Pastagem” (Mato Grosso do Sul),
“Sistema Santa-Fé” (Goiás). Vários trabalhos realizados constataram a
viabilidade deste sistema do ponto de vista técnico e econômico (Kluthcouski et
al., 1991; Oliveira et al., 1996; Yokoyama et al., 1998).
Carvalho et al. (1990) avaliando os efeitos e os custos totais de
diferentes estratégias de recuperação de pastagens degradadas de B.
decumbens, verificaram que a introdução de leguminosas forrageiras
6
proporcionou aumento de 10% no custo final de recuperação destas
pastagens. A partir desse estudo, verificou-se que o cultivo de milho foi o mais
viável economicamente, pois além da receita obtida com a produção de grãos
ter sido suficiente para cobrir os custos de produção da cultura anual e
recuperação da pastagem degradada, também gerou lucro. Resultados
semelhantes indicam a cultura do milho como uma alternativa viável na
reimplantação de pastagens degradadas e no estabelecimento de pastagens
recém-formadas (Carvalho et al., 1990; Duarte et al, 1995; Kichel et al, 1998;
Touwsend et al, 2000; Portes et al., 2000).
Na região dos Cerrados, o cultivo consorciado de culturas anuais,
graníferas ou forrageiras (milho, soja, sorgo, milheto e arroz de sequeiro), com
espécies forrageiras, principalmente do gênero Brachiaria, intitulado “Sistema
Santa Fé” vem sendo muito utilizada (Cobucci, 2001). Segundo Oliveira et al.
(2001a) neste sistema planta-se, seqüencialmente, uma a duas culturas
solteiras por ano, além de uma cultura safrinha, consistindo de um consórcio de
uma cultura precoce com uma forrageira, geralmente B. brizantha. Assim, o
plantio solteiro é realizado no início da estação chuvosa, com as culturas de
milho, soja, ou arroz e o cultivo de safrinha (milho, sorgo ou milheto)
consorciado à forrageira, em plantio direto.
Entre as vantagens apresentadas neste consórcio são citadas: a
manutenção das propriedades físicas e químicas do solo, quebra do ciclo de
doenças e pragas, redução na população de plantas daninhas, redução do uso
de defensivos agrícolas, aumento da rentabilidade do agricultor. Além dessas
vantagens a diversificação da produção, principalmente na utilização da
forrageira, após o consórcio, como pastagem para a pecuária ou para a
formação de palhada para o sistema de plantio direto são de grande
importância para a região (Cobucci, 2001; Oliveira et al., 2001a). Acrescenta-se
ainda que a Integração Agricultura-Pecuária no sistema Plantio Direto
proporciona benefícios tais como aumento da taxa de lotação animal
(otimização do uso da área), melhorias na fertilidade e produtividade do solo,
otimização do uso de maquinário e mão-de-obra e obtenção de duas
receitas/ano, carne e grãos (Borges, 2004 citando Mello, 1998). Ressaltam-se
ainda outros benefícios proporcionados pelo sistema integrado, via plantio
direto, como diminuição da erodibilidade de partículas de solo e nutrientes e
7
conseqüentemente menor assoreamento dos mananciais hídricos,
proporcionando assim, uma agricultura e uma pecuária eficientes, do ponto de
vista produtivo e conservacionista, quando o, renovadora do ponto de vista
ecológico-ambiental (Agnes et al., 2004).
Elliot et al. (1972), citados por Macedo & Zimmer (1993), realizaram um
estudo por 29 anos (1940-1968) em tratamentos combinados de plantio
contínuo de trigo, trigo-cevada, trigo-aveia, trigo-pasto e trigo-pasto-pasto. A
inclusão da pastagem, na forma de uma mistura de Antotheca lateralis,
Hordeum leporinum e diversas espécies do gênero Medicago, mostrou-se
favorável ao aumento da produtividade ao longo dos anos. Queda desta foi
observada no plantio contínuo de trigo, enquanto que a produção da seqüência
trigo-pasto-pasto evoluiu de 1,21 para 2,3 t ha
-1
de grãos, após 28 anos de
rotação.
Conforme referido por Macedo & Zimmer (1993), rios autores
demonstraram a contribuição da pastagem para aumento dos teores de
nitrogênio total no solo, em contraste com decréscimo do nutriente a cada
cultivo de culturas anuais (Greeland 1971; White et al., 1978; Roselo 1992).
Como mencionado anteriormente, os sistemas consorciados têm como
vantagens, dentre outras, o uso mais eficiente da área de cultivo, modificações
no estabelecimento de plantas daninhas devido a maior cobertura do solo
proporcionada pelo consórcio, redução dos riscos devidos a problema
climáticos, fitossanitários e de flutuações de mercado. Entretanto o
esgotamento da fertilidade do solo devido ao uso intensivo e a competição
pelos fatores de crescimento gua, nutrientes, luz e CO
2
ou a combinação
destes) entre as culturas consorciadas podem ser considerados como
desvantagens (Ferreira, 2000, Carruthers et al., 2000).
2.2 Interações entre culturas consortes
No agrossistema a competição é definida como a distribuição dos
recursos limitantes ao crescimento entre indivíduos ou plantas e a eficiência de
cada indivíduo em utilizar estes recursos para a produção de biomassa (Rohrig
& Stulzei 2001). Segundo Rajcan & Swanton, (2001) a luz (intensidade e
quantidade interceptada pela cultura) determina o potencial fotossintético,
8
enquanto a qualidade da luz (espectro luminoso) pode modificar a morfologia
da planta. Ambos os componentes são modificados numa situação de
competição no consórcio quando comparado ao monocultivo.
Davies & Thomas (1983) e Framk & Hofman (1994) relatam que
sombreamento resulta em baixa quantidade de luz incidente sobre as gemas
originárias de perfilhos e em variações na relação entre os comprimentos de
ondas, compreendidos no intervalo vermelho/vermelho distante, que compõem
a qualidade da luz para o estímulo ao perfilhamento. Como a produção de
matéria seca de uma pastagem é diretamente proporcional ao número de
perfilhos da forrageira na área, o sombreamento pode reduzir essa produção.
Avaliando o crescimento de B. brizantha em consorciação com milho,
sorgo, milheto e arroz, Portes et al. (2000) verificaram que a presença dos
cereais provocou redução no número de perfilhos, índice de área foliar,
biomassa total da parte aérea e na taxa de crescimento da braquiária, até a
colheita dos cereais. Dias Filho (2001), por sua vez, percebeu que plantas de
B. brizantha sob sombreamento artificial apresentam plasticidade fenotípica
quanto à captura de radiação em resposta ao sombreamento. Nesse mesmo
trabalho, constatou-se, ainda, que plantas sombreadas destinaram menos
biomassa para as raízes e aumentaram a alocação para as folhas, com
incremento da área foliar específica e da razão de área foliar. Como
conseqüência, foram capazes de manter o crescimento em níveis satisfatórios
mesmo com limitação luminosa.
O sombreamento em forrageiras geralmente tem um efeito mais intenso
sobre produção de matéria seca do que sobre a qualidade do material
produzido. Kephart et al. (1992) e Kephart & Buxton, (1993) trabalharam com
cinco gramíneas perenes e observaram que a “imposição” de 63% de
sombreamento sobre as mesmas resultou em redução de 43% na produção, e
de 24% no peso específico de folhas. Entretanto, verificaram redução de
apenas 3% na concentração de fibra (FDN), 4% na concentração de lignina e
5% de aumento de digestibilidade da matéria seca. Nesse mesmo trabalho, os
autores destacaram que a concentração de nitrogênio (N) é mais responsiva ao
sombreamento, onde foi verificado incremento médio de 26% quando as
gramíneas foram submetidas a sombreamento artificial de 63%.
9
Todavia vários trabalhos têm constatado diminuição da concentração
dos carboidratos da parede celular, devido à diminuição de fotoassimilados
para a formação da parede celular secundária (Kephart & Buxton, 1993).
Wilson & Wong (1982) também demonstraram que o sombreamento realmente
diminui a concentração da parede celular em forrageiras. A fração de
hemicelulose parece ser menos sensível ao sombreamento que celulose e
lignina (Henderson & Robinson, 1982a,b).
O conhecimento sobre a concentração de parede celular na matéria
seca das forrageiras e sobre as frações que a compõe é importante, pois o teor
de celulose, hemicelulose e lignina correlaciona-se negativamente com o
consumo de matéria seca pelo animal e, conseqüentemente, com o
desempenho (Åman, 1993). Segundo Van Soest (1994) os componentes da
parede celular assumem importante papel nos sistemas de produção de
ruminantes, principalmente a pasto, por estarem relacionados com o consumo
de alimentos e cinética de trânsito desse alimento no trato gastrintestinal
desses animais.
Kephart & Buxton, (1993) e Samarakoon et al. (1992a,b) perceberam
redução dos componentes da parede celular e conseqüente aumento na
digestibilidade da matéria seca devido ao sombreamento. Por outro lado,
Wilson & Wong (1982); Navarro-Chavira e McKersie (1983); Blair et al. (1983) e
Struik (1983), reportaram queda na digestibilidade da matéria seca em função
da diminuição da irradiação solar.
O conhecimento dessa disponibilidade de nutrientes, principalmente de
compostos nitrogenados e energia, necessários para adequado crescimento
dos microrganismos ruminais, é extremamente importante quando se trabalha
com dietas à base de forragens para que o consumo voluntário máximo não
seja restringido por deficiências de nutrientes, mas sim, pela capacidade
máxima de enchimento do retículo-rúmen dos animais (Pereira et al., 2002). A
significância em que os teores de fibra em detergente neutro e fibra em
detergente ácido se correlacionam com a digestibilidade, parece estar
condicionada ao grau de associação entre os teores de lignina e de fibra. Se
esta associação é baixa o conteúdo de fibra da forrageira não será bom
indicador da digestibilidade (Van Soest, 1994; Queiroz et al., 2000b).
10
2.3 Produção de silagens em sistemas de integração
2.3.1 Ensilagem de gramíneas tropicais
O cultivo de capim-braquiária consorciado com milho ou com soja
também pode ter como finalidade a produção de forragem para ensilagem
(nesse caso as duas culturas consorciadas terão o mesmo destino). Essa é
uma situação interessante para contextualização, pois, pode atender à
demanda de sistemas de produção de diferentes portes.
A maioria das gramíneas tropicais tem potencial para ensilagem,
entretanto, plantas com maior proporção de folhas devem ser preferidas. Nesse
sentido, as braquiárias, constituem-se em opção favorável devido à elevada
relação folha:colmo (Balsalobre, 1996).
Reforça-se aqui a integração agricultura-pecuária como um sistema para
a solução do processo de degradação, com a recuperação da fertilidade do
solo via adubação residual, e para a produção e armazenamento de volumosos
para a época crítica do ano. Entretanto, a produção de silagem utilizando
capins tropicais dos gêneros Panicum, Pennisetum, Cynodon e Brachiaria,
dentre outros, possui limitações a serem superadas, devido ao fato desses
capins conterem baixos teores de matéria seca, baixos níveis de carboidratos
solúveis e elevada capacidade tampão (Nussio, 2001) no momento da
ensilagem. Outro entrave ao uso de tais gramíneas para a confecção de
silagem é a indisponibilidade de máquinas nacionais apropriadas para a
execução da tarefa de corte de plantas de elevada produção, o que levou a
importação de máquinas e equipamentos, principalmente da Europa. Essa
maquinaria era, geralmente, robusta, mas efetuava cortes da forragem que
resultavam em tamanhos de partículas longos. Nos últimos quinze anos,
algumas empresas nacionais passaram a desenvolver e produzir equipamentos
de maior capacidade operacional e isso têm viabilizado a adoção do uso de
silagens de capins tropicais em maior escala. Conseqüentemente, diversas
propriedades passaram a adotar a ensilagem de capins tropicais como
alternativa para a suplementação volumosa no período seco do ano
(Balsalobre et al., 2001).
11
Como citado, para a planta produzir boa silagem, algumas premissas
devem ser respeitadas. A capacidade de fermentação da planta forrageira é
definida como a relação entre o teor de carboidratos solúveis e os teores de
umidade e poder tampão presentes em sua composição. Capins tropicais
apresentam baixos teores de carboidratos solúveis e elevados teores de
umidade. Portanto para se obter silagens de boa qualidade e para reduzir as
perdas de material durante o processo de ensilagem, as restrições quanto a
umidade e carboidratos solúveis devem se corrigidas por meio de aditivos que
promovam o aumento do teor de matéria seca e/ou de carboidratos solúveis.
Isso resulta em aceleração da fermentação inicial fazendo com que o pH
apresente declínio mais acentuado levando a estabilização mais rápida do
material, melhor conservando suas propriedades nutricionais (Nussio, 2001).
Os aditivos atuam de forma diferente no que diz respeito ao controle da
água livre do material ensilado. Aditivos com maiores teores de FDN
apresentam maior capacidade de retenção de água (Jones & Jones, 1996).
Citam-se como aditivos adsorventes de umidade e auxiliares no processo de
fermentação, a polpa de citrus, o milho desintegrado com palha e sabugo, a
cama de frango, dentre vários outros (Evangelista & Lima, 2000). De acordo
com esses mesmos autores os aditivos microbiológicos podem ser
considerados estimulantes à fermentação. Todavia estudos detalhados sobre
seus benefícios técnicos e econômicos, ainda são escassos e, muitas vezes,
conflitantes, o que leva a necessidade de mais trabalhos sobre a sua utilização
(Rodrigues, 2001).
2.3.2 Ensilagem de leguminosas
Outra opção para recuperação de pastagem e produção de volumoso,
dentro do sistema integrado agricultura-pecuária, é o cultivo simultâneo de soja
e braquiária, com vistas, à produção de silagem.
Em sistemas consorciados com presença de leguminosas, uma
proporção do nitrogênio fixado simbioticamente pela leguminosa torna-se
disponível para utilização pela gramínea associada ou por outras plantas não
leguminosas. O nitrogênio fixado transfere-se para o sistema (biosfera) sob a
forma de compostos solúveis de nitrogênio liberados pela planta, resíduos
12
formados por partes da leguminosa que se acumulam no solo e excrementos
dos animais em pastejo. No caso da soja como leguminosa do sistema
integrado, bactérias do gênero Bradyrhizobium são responsáveis pela fixação
biológica de Nitrogênio. A liberação de compostos nitrogenados solúveis de
partes vivas da planta constitui-se em apenas uma pequena parte do total do
nitrogênio transferido, e compreende a lixiviação de nitrogênio das folhas,
assim como, a excreção de nitrogênio das raízes e nódulos (Carvalho, 1986).
Costa et al. (1998) verificaram que a introdução de leguminosas,
independentemente da adubação fosfatada, mostrou-se prática e tecnicamente
viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu. Vargas et
al. (1995) acreditam que a associação da B. brizantha com as leguminosas
Centrosema hybrid, Galactia striata e Desmodium ovalifolium fornece mais de
30% do nitrogênio acumulado pela gramínea.
A interação de leguminosas e gramíneas é aconselhável não somente
para induzir o consumo de matéria seca pelos animais em pastejo, mas
também para adição de nitrogênio ao solo (Miranda et al., 1999; Zimmer &
Filho, 1997), uma vez que as gramíneas tropicais adicionam continuamente ao
solo materiais com alta razão C/N, conduzindo à imobilização do nitrogênio e a
construção de matéria orgânica recalcitrante.
Segundo Vargas et al. (1995), em solos onde a disponibilidade de
nitrogênio é alta o bastante para inibir a atividade do nitrogênio fixado
biologicamente pelas leguminosas em monocultivo, o estabelecimento de
gramínea poderá consumir o nitrogênio disponível no solo e forçará a
leguminosa a obter nitrogênio fixado biologicamente. Nesta condição, a
produção total de nitrogênio no sistema com a associação será maior do que
com a gramínea ou a leguminosa sozinha.
Assim, sob a ótica de sustentabilidade em sistemas de integração
agricultura pecuária é notória a contribuição das leguminosas na transferência
de nitrogênio para a gramínea associada e, para o sistema como um todo,
refletindo em melhorias dos atributos forrageiros, como maior teor de proteína e
maior capacidade produtiva. No entanto, a importância relativa da via de
ciclagem dependerá das características inerentes às espécies consorciadas,
principalmente da leguminosa (Cantarutti & Boddey, 1997).
13
A média de produção de carne em sistemas de alimentação a pasto no
Brasil não chega três arrobas ha
-1
ano
-1
. Entretanto, consoante Borges (2004),
em sistemas de produção onde a pastagem foi implantada após o cultivo de
soja essa produtividade pode chegar até 25 arrobas ha
-1
ano
-1
, no primeiro ano
da pastagem, reduzindo para 15 e 8 arrobas ha
-1
ano
-1
, nos dois anos
subseqüentes, sem que a produtividade de grãos sofra alteração.
Salton et al. (2001a) verificaram que a profundidade de raízes de plantas
de soja implantada no sistema de plantio direto, após pastagem, ultrapassou
0,45 m; enquanto após a sucessão aveia/soja as raízes foram limitadas aos
primeiros 0,30 m. Esse fato indica que a presença da pastagem, mesmo que
em processo de degradação, melhora as condições de desenvolvimento do
sistema radicular da soja cultivada em seqüência, devido ao sistema radicular
das gramíneas que compõem o pasto ter capacidade de alcançar horizontes
mais profundos do solo, o que promove descompactação desses horizontes.
A soja é usada como forragem há milhares de anos na China, afirma um
escritor do antigo Tchuung-Kuo (Gomes 1990). Antes da segunda guerra
mundial o principal uso da soja era sob a forma de forragem (Blount et al.,
2006). Nos Estados Unidos, em princípios do século passado, a soja era
colhida em diversos estágios de maturação, armazenada na forma de feno e,
oferecida aos animais, sendo seu valor nutritivo considerado semelhante ao de
fenos de alfafa (Medicago sativa) de boa qualidade.
A flexibilidade para a colheita da soja destinada a silagem é uma
vantagem quando comparada com a colheita de gramíneas em geral, para
esse fim. A planta de soja mantém boa qualidade nutricional com o avançar da
maturidade devido aos elevados conteúdos de proteína e energia das
sementes. Quando as sementes alcançam 90% de enchimento”,
aproximadamente um terço do peso da planta é composto pelas sementes.
Também, Kaldmäe et al. (2000), afirmam que a digestibilidade de plantas
leguminosas decresce mais lentamente do que gramíneas com o avançar da
maturidade, possuindo assim, “período ótimo” para ensilagem mais longo.
Por outro lado, as leguminosas, em geral, apresentam alguns
inconvenientes para a ensilagem como o baixo teor de carboidratos
fermentescíveis, elevado teor de umidade, alto poder tampão (dificuldade no
abaixamento do pH) e mecanização da colheita mais complicada.
14
No que se refere aos problemas de fermentação do material ensilado,
práticas como: consórcio com milho ou sorgo, ou mistura do material oriundo
dessas culturas no momento da ensilagem, uso de aditivos adsorventes de
umidade, inoculantes biológicos e enzimas, têm apresentado resultados
satisfatórios, com relação ao padrão de fermentação e qualidade nutritiva do
material ensilado (Garcia, 2006). Vale ressaltar que, recentemente, pesquisas
para seleção e melhoramento do material genético de soja para silagem têm
aumentado de forma considerável.
Hintz et al. (1992) concluíram que cultivares de soja-grão, colhidos no
estádio R
7
(grãos completamente cheios e 50% de folhas amarelas),
produziram forragem de qualidade semelhante a da alfafa colhida em início de
florescimento.
15
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21
Capítulo I: Comportamento produtivo e características nutricionais do
capim-braquiária cultivado em consórcio com milho com finalidade à
produção de grãos
RESUMO: Com o objetivo de estudar o comportamento produtivo do consórcio
capim-braquiária e milho, foram avaliadas as características bromatológicas da
planta inteira do dossel do capim-braquiária, bem como, das frações folha e
colmo em diferentes arranjos de semeadura. Avaliou-se a produção de matéria
seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) por área,
bem como os teores de PB, proteína bruta digestível (PBD), proteína insolúvel
em detergente neutro (PIDN), fibra em detergente neutro (FDN), Lignina (LIG)
carboidratos não fibrosos (CNF) e NDT na MS da forrageira; relação
folha:colmo (F:C) e altura do dossel em diferentes arranjos de semeadura e
idades das culturas. Os arranjos de semeadura testados foram: duas fileiras do
capim-braquiária nas entrelinhas do milho; lanço do capim-braquiária nas
entrelinhas do milho; uma fileira do capim-braquiária na mesma fileira do milho;
uma fileira do capim-braquiária nas entrelinhas do milho; capim-braquiária em
cultivo exclusivo e milho em cultivo exclusivo. O efeito da idade das culturas foi
avaliado amostrando-se plantas aos 128, 141, 174 e 199 dias após o plantio. A
maior produção de MS, PBD e de NDT por hectare foram obtidas com o capim-
braquiária em cultivo exclusivo. Durante o período em que o sombreamento da
cultura do milho sobre o dossel do capim-braquiária foi mais intenso, a relação
folha:colmo do capim-braquiária em consórcio foi menor que a do cultivado
exclusivamente. As forrageiras oriundas dos arranjos que receberam maior
sombreamento (lanço do capim-braquiária nas entrelinhas do milho e uma
fileira do capim-braquiária na mesma fileira do milho) foram menos produtivas e
apresentaram maiores teores de PB na MS. Em média encontrou-se na fração
folha maiores teores de PB e menores teores de FDN e de LIG que na fração
colmo, independente do arranjo de semeadura. O consórcio capim-braquiária e
milho não influenciou os teores de LIG, de CNF e nem o de NDT na MS do
capim, mas a idade teve efeito sobre essas variáveis. A produtividade do milho
não foi afetada pelo consórcio, em nenhum dos arranjos.
22
Productive performance and nutritional characteristics of signal grass
intercropped with corn for grain production purpose
Abstract: It was evaluated the chemical characteristics of the whole plant and
the leaf and stem fractions of signal grass in different sowing arrangements to
determine the productive performance of the corn/signal grass intercrop. It was
evaluated the production of dry matter (DM), crude protein (CP) and total
digestible nutrients (TDN) as the concentration of CP, digestible crude protein
(CPD), neutral detergent insoluble crude protein (NDICP), neutral detergent
fiber (NDF), Lignin (LIG) non-fiber carbohydrate (NFC) and TDN in DM;
leaf:stem ratio (L:S) and the canopy height at different sowing arrangements
and culture age. The sowing arrangements tested was: two lines of signal grass
in the inter-lines of corn, hand-sowed signal grass in the inter-lines of corn, one
line of signal grass in the same line of the corn, one line of signal grass in the
inter-lines of corn, exclusive signal grass and exclusive corn culture. The age of
culture effect was evaluated sampling at 128, 141, 174 and 199 days after
sowing. The larger production of DM, CPD and TDN was obtained for signal
grass in exclusive culture. During the period when the corn culture shadowed
the signal grass, the leaf:stem ratio of intercropped signal grass was lower than
the signal grass in exclusive culture. The material that came from arrangements
with higher shadowing (hand sowed signal grass and one line of signal grass at
the same line of corn)were less productive and presented higher concentration
of CP in DM. In general it was found in the leaf fraction higher concentrations of
CP and lower of NDF and LIG than the stem fraction independent of the sowing
arrangements. The intercrop do not affected the concentration of LIG, NFC and
TDN in DM of the grass, but the age had an effect on these variables. The
production of corn was not affect by the intercrop in neither of the
arrangements.
23
1.1 INTRODUÇÃO
Alguns trabalhos têm demonstrado o benefício da integração
agricultura pecuária (Portes et al., 2000; Yokoyama et al., 1998; Oliveira et al.,
1996; Kluthcouski et al., 1991; Carvalho et al., 1990), todavia, na maioria das
vezes, esses se atêm apenas a estudar características quantitativas,
principalmente, os efeitos sobre a produção da cultura agrícola (arroz, milho,
soja, etc), ficando para segundo plano as características quantitativas
(produção de matéria seca) e qualitativos (valor nutritivo) da cultura forrageira.
O sombreamento reduz a produção de forragem, sobretudo em
espécies dotadas de “rotas metabólicas” C
4
, caso das gramíneas, onde se
enquadram as espécies do gênero Brachiaria (Framk & Hofman 1994; Davies &
Thomas, 1983). Outrossim, é conseqüência do sombreamento, a redução dos
componentes da parede celular das plantas, devido à diminuição na produção
de fotoassimilados, precursores desses componentes (celulose, hemicelulose,
lignina e outros) (Kephart & Buxton, 1993; Wilson & Wong, 1982).
Componentes esses que, geralmente, são indigeríveis ou de digestibilidade
lenta, além de também poderem afetar, de forma negativa, a digestibilidade de
frações mais digestíveis como, o conteúdo celular, por dificultar a
acessibilidade dos microrganismos ruminais a essas frações (Van Soest, 1994;
Åman, 1993). Assim, em tese, a competição por luz, resulta em diminuição da
produção de matéria seca (MS), mas, por outro lado, pode promover aumento
na digestibilidade do material produzido.
A competição entre plantas por água e nutrientes, quando esses
recursos são escassos, também afetam negativamente a taxa de crescimento
das plantas e reduzir a deposição dos componentes da parede celular. Tem-se
sugerido que o estresse hídrico pode promover aumento na digestibilidade de
MS de forrageiras. Atribui-se esse aumento à elevação na relação folha:colmo
e a melhoria na digestibilidade dessas duas frações Buxton & Fales (1994).
Assim, objetivou-se com esse experimento avaliar a produção de
matéria seca, proteína e nutrientes digestíveis totais por área e também, avaliar
a composição bromatológica e variações nessa composição em folhas e caules
do capim-braquiária oriundo de diferentes formas de cultivo no consórcio milho.
24
1.2 METODOLOGIA
1.2.1 Estabelecimento e manejo experimental das culturas
As culturas utilizadas nesse trabalho foram estabelecidas em plantio
direto em Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, e de média fertilidade, em
Coimbra-MG, área da Estação Experimental do Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal de Viçosa (DFT/UFV).
A calagem e adubação de plantio foram realizadas de maneira
uniforme na área, conforme análise química do solo (Tabela 01), seguindo as
recomendações básicas para a cultura do milho.
Tabela 01 – Análise química do solo
MO P K Ca Mg H+Al CTC
pH
dag kg
-1
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
5,6 2,07 7,1 59 2,3 0,6 2,6 5,65
Quinze dias antes da semeadura das culturas, feita com semeadora
específica para plantio direto, foi realizado um levantamento prévio das plantas
daninhas infestantes da área experimental e logo seguir a dessecação química
dessas com herbicidas sistêmicos (glyphosate + 2,4-D). Para o plantio do milho
(AG122), realizado no dia 13 de Novembro de 2002, a semeadora foi regulada
para obter população de 50.000 plantas ha
-1
. No caso da forrageira, por meio
de adaptação da semeadora, o plantio foi realizado nas entrelinhas do milho ou
na linha, de acordo com tratamento estudado, com densidade de 3 kg ha
-1
de
sementes puras viáveis de Brachiaria brizantha, cv. MG5.
As adubações de cobertura e manejo fitossanitário seguiram as
recomendações técnicas para a cultura do milho (Fancelli e Dourado Neto,
2000). A colheita do milho foi realizada com colhedora de uma linha acoplada a
tomada de força do trator, deixando-se a palhada distribuída nas parcelas
juntamente com a forrageira.
1.2.2. Delineamento, tratamentos e manejo experimental das culturas
O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, com quatro
repetições, onde essas foram separadas entre si por bordadura de 1 m. As
25
unidades experimentais foram parcelas de 120 m² constituídas por 8 fileiras de
milho de 15 m de comprimento, com espaçamento de 1 m para o milho e 16
fileiras da forrageira, com espaçamento de 0,5 m entre as fileiras. A área útil
das parcelas foi de 10 localizados ao centro das mesmas. A partir da
semeadura foram estabelecidos os diferentes arranjos de ambas as espécies
que foram alocados nas parcelas e constituídos por:
Semeadura de uma fileira do capim-braquiária na mesma fileira do milho
M+1FBL;
Semeadura de uma fileira do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+1FBEL;
Semeadura de duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+2FBEL;
Semeadura a lanço do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN;
Também o capim-braquiária e o milho foram estabelecidos em cultivos
exclusivos como parcelas adicionais, sendo denominados BCE e MCE,
respectivamente. Na secção 1.3.15 avaliou-se MCE para contrastar com a
produtividade do milho nos diferentes arranjos de semeadura em consórcio
com o capim-braquiária.
Para o controle de gramíneas infestantes da área aplicou-se o herbicida
nicosulfuron em pós-emergência, quando as plântulas de B. brizantha
apresentaram de 2 a 3 perfilhos, em dose fixa de 8 g ha
-1
, para todos os
tratamentos, inclusive na braquiária solteira. A aplicação foi realizada com
pulverizador costal pressurizado com CO
2
, equipado com barra provida de dois
bicos TT 110.02, aplicando-se 100 L ha
-1
de calda. Foi adicionado a todos os
tratamentos atrazine na dose fixa de 1,5 kg ha
-1
, com vistas ao controle de
plantas daninhas dicotiledôneas.
1.2.3 Amostragem e análises laboratoriais
Amostras do capim-braquiária foram coletadas nas parcelas lançando-
se aleatoriamente “quadrados” metálicos de 0,25 m
2
(0,5 m x 0,5 m) nas
seguintes épocas: 128, 141, 174 e 199 dias pós-plantio das culturas.
26
Estas amostras foram pesadas para determinação da produção de MS
ha
-1
, e levadas ao Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, onde amostras de uma mesma
parcela foram subdivididas em duas partes. Em uma delas foi feito o
fracionamento folha:colmo, com posterior pesagens das frações que, em
seguida, foram levadas separadamente à estufa de ventilação forçada a 65°C
por 72 h, determinando, assim, a proporção das frações folha e colmo na base
de MS. Decorrido esse tempo, as amostras foram retiradas da estufa, pesadas,
moídas em moinhos “tipo Willey”, devidamente acomodadas e, posteriormente,
foram analisados os teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro
(FDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN), proteína bruta (PB); lignina em detergente ácido
(LIG).
As determinações de MS, FDN, PB, extrato etéreo (EE), e LIG foram
realizadas de acordo com as técnicas propostas por Silva & Queiroz (2002).
A outra parte das amostras passou pelo mesmo processo, exceto pelo
fracionamento folha:colmo, constituindo-se de amostras de “plantas inteiras”
para contraste dos resultados analíticos com as frações folha e colmo.
Os teores de nutrientes digestíveis totais em nível de mantença
(NDTm) da matéria seca das amostras foram estimados segundo equação
proposta por Weiss (1992) e adotada pelo NRC (2001):
(
)
[
]
725,2
+
+
+
=
CNFDDFDNxAGDPBDNDT
cp
Onde:
(
)
[
]
PBPIDAx
PBxEXPPBD
/2,1
=
;
EEAGD
=
= matéria solúvel no tratamento com éter de petróleo,
se
0;1
=
<
AGEE
;
(
)
[
]
(
)
[
]
667,0
/175,0
cpcpcp
FDNLIGxLIGFDNxDFDN =
, sendo FDN
cp
= FDN
corrigido para cinzas e proteína;
(
)
[
]
{
}
xPAFCINZASEEPBPIDNFDNxCNFD
+
+
+
=
10098,0
, sendo adotado
PAF (fator de ajuste ao processamento) = 1;
A medida de altura do dossel do capim-braquiária foi efetuada aos 128;
141 e 199 dias após o plantio. Para a mensuração utilizou-se trena métrica,
27
onde as referências foram o nível do solo e o nível do curvamento padrão das
folhas dessa forrageira.
1.2.4 Modelo estatístico
Para avaliar o efeito dos arranjos de semeadura (AS) e da idade das
culturas (IC), as variáveis respostas foram submetidas à análise de variância
(ANOVA) num esquema de medidas repetidas no tempo. O modelo de ANOVA
de medidas repetidas é considerado um dos mais poderosos (ou seja, é capaz
de identificar efeitos significativos com um menor tamanho amostral) para
análise de dados por permitir o controle das variações entre as unidades
amostrais de forma semelhante ao que ocorre no teste de “t” pareado (Zar,
1999). A análise foi feita de acordo com seguinte modelo:
ijijjiij
eabbaY ++++=
µ
em que,
=
ij
Y
observação referente à produção do i-ésimo arranjo na j-ésima
idade das culturas;
=
µ
constante inerente ao modelo;
=
i
a efeito do i-ésimo arranjo, com i variando de 1 a 5;
=
j
b efeito da j-ésima idade das culturas, obtidas pelas datas de
coleta, com j variando de 1 a 4;
=
ij
ab
efeito da interação entre os arranjos de semeadura e a idade
das culturas;
=
ij
e
erro aleatório associado a observação, suposto normal e
independentemente distribuído com média = 0 (zero) e variância
2
σ
, ou
seja,
);0(~
2
σ
Ne
ij
.
As médias foram comparadas pelo teste de Studant Newman-Keuls,
adotando-se o nível de 5% de probabilidade.
28
1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 02 observa-se a análise de variância das variáveis respostas
avaliadas.
Tabela 02 Resultados da análise de variância de medida repetida para o efeito de
diferentes arranjos de semeadura e idade das culturas
Fontes de variação F GL p
Produção de matéria seca (kg ha
-1
)
AS 42,061 4 ***
IC 11,432 3 ***
AS x IC 1,316 12 NS
Altura do dossel (m)
AS 37,528 4 ***
IC 66,597 2 ***
AS x IC 6,699 8 ***
Proteína bruta (PB)
AS 54,352 4 ***
IC 15,202 3 ***
AS x IC 1,557 12 NS
Proteína bruta digestível (PBD)
AS 53,339 4 ***
IC 7,647 3 ***
AS x IC 2,018 12 *
Proteína bruta por hectare (PB ha
-1
)
AS 31,347 4 ***
IC 2,433 3 NS
AS x IC 0,522 12 NS
Proteína insolúvel em detergente (PIDN)
AS 1,551 4 NS
IC 13,695 3 ***
AS x IC 0,646 12 NS
Fibra em detergente neutro na MS total (FDN)
AS 7,140 4 **
IC 17,100 3 ***
AS x IC 1,460 12 NS
Carboidratos não fibrosos (CNF)
AS 1,351 4 NS
IC 17,874 3 ***
AS x IC 1,164 12 NS
Lignina (LIG)
AS 2,028 4 NS
IC 30,542 3 ***
AS x IC 0,857 12 NS
Nutrientes digestíveis totais (NDT)
AS 1,890 4 NS
IC 24,540 3 ***
29
AS x IC 1,12 12 NS
Nutrientes digestíveis totais por área (NDT ha
-1
)
AS 44,270 4 ***
IC 18,342 3 ***
AS x IC 1,943 12 NS
Relação folha:colmo (F:C)
AS 3,578 4 *
IC 3,437 3 *
AS x IC 4,155 12 **
Proteína bruta (PB) da fração folha
AS 39,575 4 ***
IC 130,954 3 ***
AS x IC
8,593
12 ***
Proteína bruta (PB) da fração colmo
AS 49,34 4 ***
IC 93,03 3 ***
AS x IC 10,60 12 ***
FDN da fração folha
AS 6,780 4 **
IC 69,14 3 ***
AS x IC 1,69 12 NS
FDN da fração colmo
AS 1,390 4 NS
IC 23,71 3 ***
AS x IC 1,89 12 NS
Lignina (LIG) da fração folha
AS 4,703 4 *
IC 50,507 3 ***
AS x IC 4,592 12 ***
Lignina (LIG) da fração colmo
AS 12,760 4 ***
IC 37,468 3 ***
AS x IC 3,667 12 ***
Produtividade do milho
AS 0,784 4 NS
Resíduo - 15 -
GL = graus de liberdade; NS não significativo; * - P<0,05; ** - P<0,01; *** - P<0,001; AS = arranjos
de semeadura; IC = idade das culturas; AS x IC = interação entre arranjos de semeadura e idade das
culturas.
1.3.1 Produção de matéria seca do capim-braquiária
Para produção de matéria seca do capim-braquiária por hectare (PMS
ha
-1
), não houve interação entre a idade e os diferentes arranjos de semeadura
das culturas (Tabela 02). Independente da época avaliada, o capim-braquiária
em cultivo exclusivo (BCE) apresentou maior PMS ha
-1
(P<0,05).
30
Por ocasião da colheita do milho, dentre os arranjos, o com duas fileiras
do capim-braquiária na entrelinha do milho (M+2FBEL) produziu 2.149 kg ha
-1
de MS, não diferiu do com uma fileira de braquiária na entrelinha do milho
(M+1FBEL), 2056 kg ha
-1
. Todavia a produtividade desses foi superior (P<0,05)
ao cultivado a lanço nas entrelinhas do milho (M+BLAN), que produziu 886 kg
ha
-1
. O cultivo da braquiária na mesma linha do milho (M+1FBL) apresentou
produtividade intermediária 1762 kg ha
-1
.
Nas avaliações efetuadas nos dias 174 e 199 após o plantio, os arranjos,
M+BLAN e M+1FBL, tiveram aumento na PMS, entretanto, foram inferiores
(P<0,05) ao M+2FBEL, que apresentou, respectivamente, nessas épocas de
avaliação, produções médias de 2.405 e 3.320 kg de MS ha
-1
(Figura 01A).
Verificou-se que o sombreamento proporcionado pelas plantas de milho
afetou a produção do capim-braquiária, em todos os arranjos de semeadura. O
efeito negativo do sombreamento sobre a produtividade forrageira, também foi
observado por Kallenbach et al. (2006) em sistema silvipastoril, por Castro et
al. (1999), Carvalho et al. (2002) e Norton et al. (1991) que estudaram o
comportamento produtivo de diferentes gramíneas tropicais submetidas ao
sombreamento.
Quando o fator de competição é a luminosidade, geralmente, plantas
que crescem em ambiente que recebe menor intensidade de luz produzem
menor quantidade de biomassa, porém, existem diferenças entre as
forrageiras, tanto gramíneas, quanto leguminosas, relacionadas à tolerância ao
sombreamento (Kephart & Buxton, 1989; Kennett et al., 1992; Castro, 1996).
Garcia & Couto (1997) ressaltam que sob sombreamento moderado gramíneas
podem produzir maior quantidade de MS que em pleno sol. E, de acordo com
Wilson & Wild (1991) essa resposta em produção deve-se a maior
disponibilidade do nitrogênio resultante da maior mineralização desse nutriente
em decorrência da retenção de umidade dos solos em ambiente sombreado.
31
Legenda
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-
braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
M+1FBL =
uma fileira do capim-braquiária na linha do milho
M+1FBEL =
uma fileira do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo.
Figura 01 - Produção de matéria seca, relação folha:colmo, altura do dossel, teores de proteína
na planta inteira e nas frações folha e colmo do capim-braquiária em diferentes épocas de
avaliação e arranjos de semeadura. As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
A
2601
2149
2405
3320
603
886
881
1893
6239
7568
7518
9344
128
141 (collheita do milho)
174 199
Dias pós-plantio
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Produção de matéria seca (kg ha
-1
)
B
0,73
0,86
0,41
0,52
0,60
0,42
128 141 199
Dias pós-plantio
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
Altura do dossel do capim-braquiária(m)
C
6,19
6,38
6,97
4,73
8,19
7,88
7,63
7,55
5,67
5,23
4,93
4,46
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
3
4
5
6
7
8
9
10
Teor de proteina bruta - PB (%MS)
D
5,17
5,42
5,84
4,02
7,09
6,62
6,65
6,71
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
Teor de proteina bruta digestível - PBD (%MS)
E
159
137
164
157
48
68
67
119
354
394
378
415
128
141 (colheita do milho)
174 199
TEMPO
0
100
200
300
400
500
600
Produção de proteina bruta por área (kg de PB ha
-1
)
F
31,51
46,35
34,94
36,40
38,28
40,53
30,65
28,68
33,87
50,07
38,43
34,77
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Porcentagem de proteína insolúvel em detergente neutro
em relçaão à proteína total - (PIDN/PB) x 100
32
Segundo Blenkinosop (1974) a menor produção de matéria seca de
gramíneas C
4
que crescem em ambiente sombreado deve-se, principalmente,
a menor taxa fotossintética sob baixa intensidade luminosa. Essa menor taxa
deve-se ao fato dessas plantas possuírem dois sistemas carboxilativos, assim,
requerem maior energia para produção dos fotoassimilados, pois precisam
recuperar duas enzimas (ribulose 1-5 bifosfato carboxilase-oxigenase e
fosfoenolpiruvato carboxilase) para realização da fotossíntese. Sob a ótica de
gasto energético, plantas C
3
, possuem relação molécula de CO
2
fixado/ATP/NADPH de 1:3:2, sendo esta relação de 1:5:2 para as plantas C
4
.
Este fato evidencia que as plantas C
4
necessitam mais energia para produção
dos fotoassimilados, como toda esta energia é proveniente da luz, ao se reduzir
o acesso da luz, reduz-se essa taxa fotossintética.
1.3.2 Altura do dossel do capim-braquiária
Houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos de
semeadura (Tabela 02). Como era esperado, nas avaliações efetuadas aos
128 dias pós-plantio, assim como, no dia colheita do milho (141 dias pós-
plantio), a altura do dossel correlacionou de forma positiva com a produtividade
dos arranjos de semeadura. Assim, observa-se na Figura 01B que os arranjos,
M+BLAN e M+1FBL, tiveram as menores medidas, sendo que o M+BLAN, foi
inferior ao outro (P<0,05). Esses dois arranjos de semeadura, também
apresentaram as menores produções de MS ha
-1
.
Ao contrário que para as outras variáveis, não se contemplou a medida
da altura do dossel na avaliação efetuada aos 174 dias pós-plantio, e a queda
abrupta na altura do dossel do capim-braquiária em todos os arranjos de
semeadura na avaliação aos 199 em relação ao 141 dias pós-plantio, deveu-se
ao maquinário de colheita, que tinha como área de trabalho apenas uma linha,
sendo necessárias várias operações, o que promoveu “pisoteio” intenso e
casou danos físicos ao dossel forrageiro. Sendo assim, não deve ser
interpretado como efeito da idade das culturas.
33
1.3.3 Teor de proteína bruta na matéria seca total das plantas do capim-
braquiária
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos
de semeadura para variável teor de proteína bruta (PB) na MS total do capim-
braquiária (Tabela 02). O teor de PB da BCE teve queda linear ao longo do
período avaliado. Na avaliação efetuada 128 dias pós-plantio o teor de PB da
BCE foi igual (P>0,05) ao dos arranjos M+2FBEL e M+1FBEL, sendo que,
esses três foram inferiores aos demais. Todavia por ocasião da colheita do
milho, dentre esses tiveram teor de PB iguais (P>0,05) apenas os arranjos
M+1FBEL e BCE. Nessa avaliação o M+2FBEL apresentou um teor médio de
6,38% de PB, que foi superior a esses dois (P<0,05) e inferior aos tratamentos
M+BLAN e M+1FBL (Figura 01D).
Analisando os arranjos de semeadura M+BLAN e M+1FBL, verifica-se
que tiveram maior teor de PB ao longo da convivência entre as culturas, o que
pode ser justificado pela menor PMS.
Lin et al. (2001) constataram que, em geral, para gramíneas cultivadas
em ambiente sombreado, o teor de PB na MS foi maior que o das cultivadas
em plena luz do sol. Resultados semelhantes foram relatados por Eriksen &
Whitney (1977); Kallenbach et al. (2006), Wilson, (1988); Muir & Pitman,
(1989); Castro, (1996) e Carvalho et al. (2002). Em revisão, Garcia & Couto
(1997), comentam que forragens cultivadas em ambiente sombreado
apresentaram maior teor de PB na MS quando comparadas àquelas que
cresceram à plena luminosidade, na quase totalidade dos trabalhos revisados.
O fator diluição seria uma explicação para esse aumento no teor
proteína nas forrageiras que crescem à sombra, pois a menor produção de MS
resulta em maior teor de PB. Outra explicação seria que em solo sombreado a
umidade é maior, especialmente na camada superior, o que favorece a
decomposição da matéria orgânica e a mineralização do nitrogênio, tornando-o
disponível para a absorção pelas forrageiras (Wild et al., 1993).
Wilson (1996) concluiu que o aumento no teor de PB na MS de
forrageiras que crescem sob sombra, realmente está relacionado à produção
média de MS ou a fatores ligados ao solo, pois, não foram detectados
aumentos no teor de PB na MS de várias forrageiras cultivadas em solução
nutritiva sob a sombra.
34
Além disso, aumento no teor de PB nessas condições pode estar
associado com a redução no tamanho das células provocadas pelo
sombreamento. Kephart & Buxton (1993) sugeriram que a redução no tamanho
das células, aliada a constância aparente na quantidade de nitrogênio por
célula, pode resultar em maior concentração de PB na MS.
Norton et al. (1991) trabalharam com diferentes gramíneas tropicais e
encontraram aumento significativo no teor de nitrogênio em setária, capim-
guiné e Brachiaria decumbens, que cresceram em ambiente com menor
luminosidade. Os autores atribuíram esse aumento a redução de 25 a 61% na
produção de MS por área, enquanto que a redução na produção de nitrogênio
foi de apenas de 14 a 21%.
1.3.4 Teor de proteína bruta digestível na matéria seca total do capim-
braquiária e produção de proteína bruta por área
Houve interação entre a idade e os diferentes arranjos de semeadura
das culturas para o teor de proteína digestível (PBD) do capim-braquiária no
período avaliado (Tabela 02). Os tratamentos M+BLAN e M+1FBL não
diferiram entre si (P>0.05) em nenhuma das avaliações, e foram superiores aos
demais em todas elas. Por ocasião da colheita do milho, os teores médios de
PBD na MS do capim-braquiária desses dois tratamentos foram,
respectivamente, 6,62 e 6,76%. Nessa avaliação, os menores teores de PBD
foram constatados nos tratamentos M+1FBEL (3,74%) e (3,63%). Na segunda
e na terceira avaliação, o M+2FBEL foi inferior ao M+BLAN e ao M+1FBL, mas
superior ao M+1FBEL e a BCE (Figura 01D).
Na literatura encontram-se vários trabalhos que tratam do efeito do
sombreamento sobre o teor de PB em forrageiras, entretanto, são escassos
aqueles que abordam esse efeito sobre a digestibilidade dessa proteína. Neste,
a digestibilidade foi estimada de acordo com a equação proposta por Weiss
(1992) e adotada pelo NRC (2001), na qual essa é função do teor de PIDA
(proteína insolúvel em detergente ácido) na MS.
Durante o período de convivência entre as culturas quando o
sombreamento do milho sobre o capim-braquiária foi mais intenso, as
forrageiras dos arranjos que receberam esse maior sombreamento, M+BLAN e
35
M+1FBL, apresentaram maior teor de PB e PBD em percentual da MS.
Contudo, quando se avaliou a produção de PB ha
-1
, a produtividade por área
teve maior peso, e a produção de PB ha
-1
da BCE foi superior (P<0,05) a todos
os outros arranjos (Figura 01E), e não houve interação entre as diferentes
idades das culturas e os arranjos de semeadura (Tabela 02).
Dentre as culturas em consórcio, o rendimento médio de PB ha
-1
do
M+2FBEL foi estável ao longo dos períodos avaliados, 159; 137; 164 e 157 kg
de PB ha
-1
e, não foi diferente (P>0,05) do rendimento do arranjo M+1FBL em
nenhuma das avaliações. Todavia foi superior (P<0,05) aos outros dois
arranjos nas avaliações efetuadas no dia da colheita do milho (141 dias) e aos
174 dias pós-plantio e também ao M+BLAN, que produziu apenas 67 kg de PB
ha
-1
nessa avaliação.
Fica claro que, para a variável PB ha
-1
, a produção por área tem maior
importância do que o teor de PB na MS e que a digestibilidade dessa proteína,
pois, como pode ser observado, respectivamente, nas Figuras 01C e 01D, a
BCE apresentou os menores teores de PB e PBD, entretanto, em decorrência
da elevada produtividade, apresentou a maior quantidade de PB por área, 354,
394, 378 e 415 kg ha
-1
, respectivamente para as avaliações dos dias 128, 141,
174 e 199 pós-plantio (Figura 01E).
1.3.5 Proteína insolúvel em detergente
Não ocorreu interação para a variável percentual de PIDN em relação
proteína total (PIDN/PB), (Tabela 02). A razão PIDN/PB foi maior na avaliação
realizada no dia colheita do milho (141 dias) em todos os arranjos (Figura 01F).
O PIDN representa a proteína que fica ligada à fração fibrosa e que pode
ser parcial ou totalmente indisponível para o animal. O sistema CNCPS
(Cornell Net Carbohydrate and Protein System) divide o conteúdo de proteína
dos alimentos em cinco frações: A; B
1
; B
2
; B
3
e C. A fração B
3
é calculada pela
diferença entre o PIDA e PIDN. Face essas considerações, a avaliação da
proteína contida na forragem, tal qual a razão PIDN/PB é importante para uma
análise mais detalhada e precisa do valor nutricional dessa forragem e para
predições com maior exatidão do desempenho animal.
36
Na literatura são escassos os trabalhos que abordam o efeito do
sombreamento sobre as frações protéicas de gramíneas forrageiras,
entretanto, Walgenbach & Marten (1981) relataram que o teor de nitrogênio não
protéico (NNP) aumentou, enquanto que a proteína verdadeira diminuiu em
função da redução de luminosidade. Todavia no meio científico é normalmente
aceito que ocorrem aumentos no teor da PIDN com avanço da maturidade da
planta.
Neste trabalho, a não observação de aumentos no teor dessa variável a
taxas positivas ao longo das épocas de avaliação, deve-se ao estímulo de
emissão de novos perfilhos em decorrência do pisoteio, por ocasião da colheita
(128 dias) e a ciclos normais de perfilhamento. Entretanto, Reis et al. (2000)
trabalharam com diferentes gramíneas tropicais em diferentes estádios de
maturidade e relataram aumentos no teor de nitrogênio associado a parede
celular com o avanço da maturidade.
1.3.6 Fibra em detergente neutro na matéria seca total
Não houve interação entre a idade das culturas e os arranjos de
semeadura para o teor de fibra em detergente neutro (FDN) da matéria seca
total. Porém esse teor variou entre as idades das culturas, bem como, entre os
diferentes arranjos (Tabela 02). O teor de FDN do M+2FBEL o variou
(P>0,05) ao longo do período avaliado. Todavia na segunda avaliação foi
inferior (P<0,05) ao M+1FBEL e a BCE e, numericamente inferior aos demais,
enquanto que, para todos outros arranjos houve elevação da FDN dos 128 dias
pós-plantio até o dia da colheita do milho, com queda nas duas avaliações
seguintes (Figura 02A).
Os arranjos M+1FBEL e BCE não diferiram entre si (P>0,05) em
nenhuma avaliação e, exceto na terceira (174 dias), foram superiores aos
demais em todas as avaliações.
O sombreamento pode modificar o espectro de radiação solar e interferir
no processo de crescimento e morfogênese das plantas forrageiras (Casal et
al., 1987). Variações na morfogênese incluem perfilhamento e ramificações,
elongação internodal, expansão da lâmina foliar e florescimento em espécies
37
sensíveis ao fotoperíodo (Briske, 1991). Essas alterações podem afetar
variáveis bromatológicas como o teor de fibra.
Em geral, gramíneas cultivadas em ambientes com menor incidência de
luz ou apresentam elevação na concentração de fibra da MS ou não sofrem
nenhum efeito. Esse acréscimo no teor de fibra pode estar associado ao
decréscimo no teor dos carboidratos não estruturais, como, amido e açúcares,
devido ao efeito do sombreamento (Alberda, 1965; Deinum, 1971; Deinum,
1984).
Lin et al. (2001) avaliaram o efeito de três níveis de sombreamento (0,
50 e 80%) sobre o teor de FDN de 30 diferentes espécies forrageiras entre
gramíneas e leguminosas, e verificaram aumento nessa variável em seis
forrageiras em função dos níveis crescentes de sombreamento, tendência de
diminuição em duas espécies e, nas demais, não foi verificado efeito
significativo. Esses autores relataram que, de forma geral, a variação no teor
de FDN e FDA das espécies forrageiras estudadas foi pequena,
aproximadamente quatro unidades percentuais.
No trabalho de Norton et al. (1991) onde foram comparadas plantas que
cresceram com 100 ou 50% de luminosidade não foi perceptível o efeito do
sombreamento sobre o teor de FDN da MS das forrageiras. Por sua vez,
Carvalho et al. (2002) trabalharam com diferentes gramíneas tropicais em
pastos sombreados naturalmente e não encontraram efeito significativo do
sombreamento sobre o teor de FDN da MS.
Em estudo onde se utilizaram três níveis de insolação (100, 45 e 20%),
para avaliar o efeito da redução da luminosidade sobre o teor de fibra em sete
espécies de leguminosas, Ladyman et al. (2003) verificaram que ocorreu
elevação no teor de FDN de alfafa e de trevo a 45% de isolação quando
comparado com 100%. Uma das espécies teve aumento linear no teor dessa
variável em função dos níveis crescentes de insolação. Para as outras quatro
espécies o houve efeito significativo sobre o teor de FDN na MS, todavia, os
tratamentos com maior insolação tiveram uma superioridade numérica no teor
dessa variável.
38
Legenda
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-
braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
M+1FBL =
uma fileira do capim-braquiária na linha do milho
M+1FBEL =
uma fileira do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
Figura 02 - Produção de matéria seca, relação folha:colmo, altura do dossel, teores de proteína
na planta inteira e nas frações folha e colmo do capim-braquiária em diferentes épocas de
avaliação e arranjos de semeadura. As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
A
77,98 77,97
77,17
78,18
82,21
85,77
77,27
78,55
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
68
70
72
74
76
78
80
82
84
86
88
90
92
94
Fibra em detergente neutro - FDN (%MS)
B
10,35
11,28 11,28
12,63
8,80
5,39
11,05
13,01
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós-plantio
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Teor de caboidrados não fibrosos - CNF - (%MS)
C
9,15
5,34
7,51
5,43
6,98
4,51
7,11
4,64
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Teor de lignina (% da MS)
D
46,58
52,18
48,47
52,31
46,95
49,30
47,89
54,59
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós-plantio
42
44
46
48
50
52
54
56
58
60
Nutrientes digestíveis totais - NDT - estimado (%MS)
E
1210
1124
1117
1736
305
460
435
1022
3013
3802
3599
5060
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós-palntio
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
Nutrientes digestíveis totais - NDT - estimado (kg.ha
-1
)
F
0,90
0,73
0,82
0,89
0,98
0,92
1,05
1,31
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós-plantio
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
Relação Folha:Comlo (F:C)
39
1.3.7 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das forragens
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos
de semeadura para o teor de carboidratos não fibrosos (CNF). Todavia a
concentração de CNF na MS variou em função da idade das culturas no
período avaliado (Tabela 02). O teor médio dos CNF na MS da forragem
proveniente do arranjo M+2FBEL, praticamente não variou durante o período
estudado, e por ocasião da colheita do milho foi de 11,28%,
superior (P<0,05)
aos demais arranjos, os quais apresentaram queda no teor dessa variável na
segunda avaliação comparativamente à primeira (Figura 02B).
Segundo Buxton & Fales (1994), o sombreamento, normalmente, tem
maior efeito sobre características quantitativas do que sobre a qualidade da
matéria seca produzida, e os aumentos no teor de proteína, se o às custas
de diminuição no teor de carboidratos solúveis (Walgenbach & Marten, 1981;
Eriksen & Whitney, 1981).
CASTRO et al. (1999) trabalharam com seis gramíneas em sistemas
silvipastoris, concluíram que as menores concentrações de CNE (carboidratos
não estruturais) que diferem dos CNF principalmente pela ausência da
pectatos, foram observadas nos tratamentos que receberam sombreamento
mais intenso. Tal resultado está em consonância com Larcher (1975), onde
relata que as variações nos teores de CNE estão associadas à intensidade
luminosa, graças à relação direta entre a fotossíntese líquida e a intensidade
da radiação luminosa que chega às folhas.
Também Hight et al. (1968) avaliaram o efeito do sombreamento sobre
centeio e notaram que o tratamento que recebeu apenas 22% de luminosidade
durante dois ou três dias, apresentou decréscimo de 3,7 unidades no conteúdo
de carboidratos solúveis. Entretanto Norton et al. (1991), ao discutir esse
trabalho, ressaltam que o período de avaliação foi muito curto e que os
resultados podem não ter relevância para interpretações desse efeito em
pastagens tropicais submetidas a longos períodos de sombreamento.
Decréscimo nos teores de CNE também foram relatados em estudos
com diversas gramíneas cultivadas sob luminosidade reduzida (Wong &
Wilson, 1980; Samarakoon et al., 1990a; e Wong & Stür, 1996).
40
1.3.8 Teor de lignina (LIG) na matéria seca total
Não houve interação entre as idades das culturas e os diferentes
arranjos de semeadura para o teor de lignina na matéria seca total. Bem como,
não foi constatado efeito dos arranjos sobre essa variável, entretanto
a idade
das culturas teve influência sobre a mesma (Tabela 02). Observa-se na Figura
02C que todos os arranjos apresentaram queda no teor de lignina na segunda
avaliação em comparação à primeira e elevação desse teor na terceira com
conseqüente queda na última avaliação.
Dechamps (1999) e Balsalobre et al. (2003) comentam elevação no teor
de lignina na MS de forrageiras tropicais com o avanço da maturidade. No
trabalho de Norton et al. (1991), mencionado, os autores constataram que as
variações no teor de lignina das forrageiras em função do sombreamento foram
inconsistentes e o foram verificados efeitos significativos sobre essas
variações. Nesse sentido, Wilson (1998) destaca essa inconsistência no efeito
do sombreamento sobre a concentração de lignina, e sobre componentes da
parede celular e digestibilidade da matéria seca de forrageiras.
O interesse no estudo da lignina na composição de alimentos utilizados
na nutrição de ruminantes, especialmente, na composição de forrageiras, recai
sobre o fato de existirem fortes evidências de que os polissacarídeos da parede
celular (celulose, hemicelulose e pectatos), quando isolados, apresentam
relativa facilidade de degradação pelos microrganismos do rúmen ou por
enzimas (Hatfield, 1989). Porém a degradação destes polissacarídeos na forma
natural, compondo a parede celular, é raramente completa e varia em função
do tecido em questão, da espécie e da idade da planta.
As interações dos componentes da parede celular, particularmente entre
os polifenóis (lignina) e os carboidratos, exercem as maiores restrições à
degradação da parede celular (Hatfield et al., 1999). De acordo com Wilson et
al. (1991) e Hatfield et al. (1999), a lignina é o principal componente químico a
limitar a digestibilidade de forrageiras. Existem indícios que essa inibição se
devido ao seu efeito de barreira física à acessibilidade dos microrganismos a
constituintes potencialmente digestíveis, como a hemicelulose e a celulose, o
que reduz a digestibilidade da forragem (Wilson, 1997; Jung & Deetz, 1993).
41
A lignina e outros compostos fenólicos como, flavonóides e
isoflavonóides, são sintetizados a partir da rota metabólica do ácido shikimico
(Van Soest, 1994). De acordo com Jung & Allen (1995), lignina é um polímero
formado por monômeros de álcool hidroxicinamil depositados na parede
celular. Essa polimerização envolve a formação de radicais livres resultantes
da reação com oxigênio ou peróxidos. Assim, peroxidases, sensíveis à luz
ultravioleta podem induzir a dimerização e polimerização desses monômeros
para a formação da lignina (Van Soest, 1994).
Dessa forma, era esperado que o sombreamento tivesse efeito sobre o
teor de lignina na MS da forragem, consoante duas teorias. Para a primeira,
seria por afetar a formação de precursores (aminoácidos aromáticos) da rota
metabólica do ácido shikimico, oriundo do processo fotossintético. Para a
segunda, seria por afetar o comprimento de onda que chega ao dossel
forrageiro, pois as plantas da cultura do milho poderiam refletir a luz incidente,
o que alteraria os comprimentos de onda na faixa do ultravioleta para maiores
comprimentos. Essa teoria está embasada no fato de que a luz ultravioleta e
radiação azul estimulam a deposição de lignina por aumentar a atividade da
fenilalanina e tirosina amônia-liase (Guerra et al., 1985). Entretanto, Jung &
Russelle, (1991) ressaltam que a resposta a este estímulo pode ser espécie
específica.
Também o avanço da idade promove aumento na lignificação da planta
forrageira (Wilson, 1997), porém, não foi verificado efeito linear ascendente do
128º até o 199º dia pós-plantio. As curvas do teor de lignina tiveram o mesmo
comportamento entre os tratamentos em todos os períodos, observando-se
queda nesse teor aos 144 dias pós-plantio em relação ao 128º, com
conseqüente elevação no 174º dia, e nova queda no 199º dia. Esses resultados
sugerem que houve ciclos de aparecimento e senescência de perfilhos durante
o período compreendido entre o 128º e 199º dia após o plantio.
1.3.9 Nutrientes digestíveis totais da matéria seca total das forragens
Não houve interação entre a idade das culturas e os arranjos de
semeadura para o teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) na MS das
42
forrageiras. Os arranjos também não afetaram essa variável, entretanto, a
variação que ocorreu em função da idade da planta foi significativa (Tabela 02).
De modo geral, observou-se comportamento semelhante entre os
arranjos, com relação ao teor de NDT na MS do capim-braquiária, o qual se
elevou na avaliação realizada aos 141 dias pós-plantio comparativamente a
realizada aos 128 dias, com queda nesse teor aos 174 dias e conseqüente
elevação aos 199 dias pós-plantio.
Por ocasião da colheita do milho (141 dias) os maiores teores (P<0,05)
de NDT foram verificados nos arranjos, M+2FBEL (52,18%), M+BLAN (51,78%)
e M+1FBL (50,56%) que não diferiram entre si (P>0,05), como pode ser
observado na Figura 02D.
O teor de NDT foi estimado fazendo uso da equação proposta por Weiss
(1992) e adotada pelo NRC (2001) para o NDT de mantença (NDT). Apesar da
simplificação nessa equação apresentada na seção 1.2.3; existem outras
variáveis que afetam as variáveis independentes, das quais o NDT é
dependente. São elas: a PB (proteína bruta) e a PIDA (proteína insolúvel em
detergente ácido), membros da função para a estimativa da proteína bruta
digestível (PBD); a FDN e a lignina, membros para a estimativa da
digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína
(FDNcpD); a PIDN (proteína insolúvel em detergente neutro) que juntamente
com a FDN, PB, EE e cinzas é utilizada para estimar o teor dos carboidratos
não fibrosos (CNF) que uma vez multiplicados pela constante 0,98 e por um
fator de ajuste (FAP) têm-se os carboidratos não fibrosos digestíveis (CNFD).
Todas essas variáveis, exceto a PIDA e a matéria solúvel em éter de
petróleo (EE), foram analisadas neste trabalho e, aqui discutidas. Para algumas
delas os efeitos dos tratamentos foram significativos e para outras não. Isso
resultou na não-constatação de efeito significativo dos diferentes arranjos de
semeadura do capim-braquiária sobre o teor final de NDT na MS das
forrageiras.
Não se tem ou são escassos, os relatos de estudos que abordam o
efeito do sombreamento sobre o teor de NDT em forrageiras cultivadas em
sistemas de integração agricultura e pecuária. Contudo, para sistemas
silvipastoris, têm-se vários trabalhos que avaliam indiretamente esse efeito
sobre o valor energético de forrageiras que crescem com certa restrição à
43
luminosidade. Essa avaliação indireta é feita por meio da determinação da
digestibilidade in vitro e in vivo da matéria seca da forragem.
Norton et al. (1991) afirmaram que a diferença entre a digestibilidade in
vitro da MS de forrageiras que cresceram em plena insolação ou com restrição
à luminosidade foi pequena e sem significância estatística. No trabalho
realizado por Hight et al. (1968) foi constatada queda na digestibilidade da MS
de 0,3 a 3,6 unidades, em função do sombreamento. Já, Kephart (1992) e
Kephart & Buxton (1993) relatam aumentos da ordem de 5% na digestibilidade
da MS em função desse efeito. Também Samarakoon et al. (1990b) estudaram
o efeito do sombreamento (50% de redução da luminosidade incidente) por
longo período sobre o valor nutritivo de “capim-búfalo” (Stenotaphrum
secundatum) e de “capim-kikuiu” (Pennisetum clandestinum) para ovinos, e não
encontraram efeito significativo sobre a digestibilidade in vivo e in vitro da MS.
Segundo Lin et al. (2001) existem algumas controvérsias na literatura
quanto a esse tema. Em sua revisão cita que Masuda (1977), relata
decréscimos na digestibilidade da MS de gramíneas e leguminosas em função
da redução da intensidade luminosa. Por outro lado, relata que, Myhr & Saebo
(1969) e Garrett (1987) afirmam que o sombreamento eleva a digestibilidade da
MS das forrageiras. Buxton & Fales (1994) também fazem ressalvas sobre
essas controvérsias e relatam respostas negativas obtidas por WILSOM &
Wong (1982) e respostas positivas obtidas por Samarakoon et al. (1990a).
Todavia esses autores afirmam que apesar da falta de consenso sobre a
positividade ou negatividade desse efeito, sua magnitude é pequena.
1.3.10 Nutrientes digestíveis totais por área
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos
de semeadura para a variável NDT ha
-1
(Tabela 02). O arranjo BCE foi superior
aos demais (P<0,05) em todas as avaliações. Todavia, entre os arranjos em
consórcio, na avaliação efetuada no dia da colheita do milho, o M+BLAN
produziu menor quantidade de NDT por área (460 kg) que os demais arranjos
(P<0,05), os quais não diferiram entre si (P>0,05). E, dentre esses arranjos as
maiores médias numéricas de produção de NDT por área foram obtidas com o
M+2FBEL (Figura 02E).
44
A variável quantidade de NDT produzida por área (NDT ha
-1
) foi obtida
pelo produto da produção de matéria seca por área (PMS ha
-1
) e o teor de NDT
na MS do capim-braquiária, em porcentagem. A análise da Figura 02E revela
que, assim como para o caso da produção PBD ha
-1
, a produção por área tem
maior efeito sobre os NDT ha
-1
do que propriamente o teor de NDT na matéria
seca da forrageira.
1.3.11 Relação folha:colmo
Houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos de
semeadura das culturas para a variável relação folha:colmo (F:C) (Tabela 02).
No período de convivência das culturas, no qual o sombreamento
proporcionado pelo dossel do milho sobre o dossel do capim-braquiária foi mais
intenso, até os 128 dias pós-plantio, a relação F:C de todos os arranjos dos
cultivos em consórcio foi menor que a relação F:C da BCE (P<0,05), como
pode ser observado na Figura 02F.
Essa menor relação significa que houve maior alocação de
fotoassimilados e seus derivados por parte das plantas que cresceram sob
sombreamento proporcionado pelas plantas da cultura do milho, para a
produção de colmos, em detrimento do direcionamento desses compostos para
produção de folhas. Kephart et al. (1992) verificaram que tanto gramíneas
quanto leguminosas destinaram maior quantidade de carboidratos para manter
ou aumentar a área foliar e o comprimento dos colmos em resposta ao
sombreamento, ao passo que diminuíram a alocação desses fotoassimilados
para a produção de raízes. Chen (1993) descreveu efeitos do sombreamento
sobre a morfologia do dossel forrageiro como, redução do perfilhamento, da
produção de folhas, e maior elongação do colmo. Castro (1999); Norton et al.
(1991) e Lin et al. (2001) também constatou efeito do sombreamento sobre o
comprimento médio do colmo.
O aumento do alongamento do colmo em plantas cultivadas em
ambientes sombreados, segundo Skuterud (1984) e Samarakoon et al.
(1990a), se dá para compensar a deficiência em luz.
A BCE teve aumento na relação F:C quase linear ao longo dos períodos
de avaliação. Isso se deu em virtude do maior tempo gasto para a germinação
45
e estabelecimento da forrageira nesse arranjo, além de menor velocidade de
crescimento, constatada pela menor produção de MS. O M+1FBL teve
comportamento semelhante ao da BCE até a avaliação feita no 174º pós-
plantio, na avaliação efetuada no 199º teve queda linear, devido ao maior
crescimento das forrageiras desse arranjo nesse período.
A relação folha:colmo da BCE teve queda do dia 128 para os 141 dias
pós-plantio, leve aumento no dia 174 em relação ao 141, com posterior queda
aos 199 dias pós-plantio. Possivelmente, esse aumento observado na
avaliação realizada aos 174 dias deveu-se a emissão de novos perfilhos pelas
plantas do capim-braquiária nesse período.
Da avaliação realizada no dia da colheita do milho (141 dias), entre os
arranjos, observa-se que, o M+2FBEL teve menor relação F:C (P<0,05) que
aqueles que apresentaram PMS similares à sua, e foi igual apenas ao
M+BLAN, que teve menor PMS.
1.3.12 Conteúdo de proteína bruta na matéria seca das frações folha e
colmo
Houve interação entre a idade e os diferentes arranjos de semeadura
das culturas para o teor de PB na fração folha (Tabela 02). Para todos os
arranjos, dentre as idades avaliadas, o maior teor de PB foi obtido aos 141
dias, que coincidiu com a colheita do milho. Nessa avaliação, o M+2FBEL teve
média de 9,86% de PB na MS, que foi superior (P<0,05) ao dos arranjos
M+1FBEL e BCE, os quais não diferiram entre si (P>0,05). Todavia o
tratamento M+1FBEL foi inferior (P<0,05) aos M+BLAN e M+1FBL, os quais,
também não diferiram entre si (P>0,05) (Figura 03A).
Da mesma forma que para a fração folha, houve interação entre a idade
das culturas e os arranjos de semeadura para o teor de PB da fração colmo
(Tabela 02). Nas avaliações realizadas nos dias 128 e 141 pós-plantio, os
teores de PB da fração colmo do arranjo M+1FBEL foram, respectivamente, de
1,99 e 3,08%, os quais foram inferiores aos demais (P<0,05) nessas mesmas
idades das culturas. Os outros arranjos não diferiram entre si (P>0,05) aos 128
dias pós-plantio, e por ocasião da colheita do milho (141 dias) a BCE com
4,22% e o M+1FBL com 4,25% de PB, foram iguais (P>0,05), que, por vez,
46
foram superiores (P<0,05) aos arranjos M+2FBEL e M+1FBEL, e inferiores ao
M+BLAN que teve nessa ocasião; 4,68% de PB na MS dos colmos (Figura
03B).
Dentro do intervalo de tempo avaliado, o teor de PB na fração colmo do
M+2FBEL teve aumento até a avaliação realizada aos 174 dias, com queda na
avaliação efetuada aos 199 dias após o plantio.
Das variáveis nutricionais qualitativas, o teor de nitrogênio e,
conseqüentemente, da proteína bruta é o mais sensível e responsivo a
variações na intensidade luminosa recebida pelo dossel, sendo esse efeito bem
maior sobre a fração folha do que a fração colmo Buxton & Fales (1994).
Franke et al. (2001) avaliaram o efeito do sombreamento natural de duas
espécies leguminosas arbóreas da família Mimosideae, o bordão-de-velho
(Samanea sp.) e a timbaúba (Enterolobium maximum) sobre o teor de proteína
das frações folha e colmo do capim-elefante cv. Napier (Penisetun pupureum),
e verificaram que esse teor foi mais elevado nas forrageiras que cresceram sob
a copa das árvores em questão. Também Castro et al. (1999) verificaram maior
concentração de PB nas folhas e nos caules de plantas sombreadas quando
comparadas com plantas cultivadas em ambiente de plena insolação.
Resultados semelhantes foram encontrados por Carvalho et al. (1997); Eriksen
& Whitney, (1981); Wilson et al. (1986); Schreiner, (1987) e Samarakoon et al.
(1990a).
47
Legenda
M+2FBEL = duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
M+1FBL = uma fileira do capim-braquiária na linha do milho
M+1FBEL = uma fileira do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-braquiária em cultivo exclusivo
Figura 03 - Produção de matéria seca, relação folha:colmo, altura do dossel, teores de proteína
na planta inteira e nas frações folha e colmo do capim-braquiária em diferentes épocas de
avaliação e arranjos de semeadura. As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
A
6,33
9,86
9,73
8,78
7,15
11,41
10,46
11,13
5,10
8,99
6,99
5,91
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Teor de proteina bruta da fração folha - PB (%MS)
B
2,49
3,74
4,57
4,10
1,99
3,08
3,01
3,37
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
Teor de proteina bruta da fração colmo - PB (%MS)
D
76,05
77,20
67,76
66,27
75,74
73,20
69,14
64,96
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
58
60
62
64
66
68
70
72
74
76
78
80
82
FDN (%MS) da fração folha
D
85,10
84,08
80,45
80,59
83,96
88,17
79,97
83,38
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
74
76
78
80
82
84
86
88
90
92
FDN (%MS) da fração colmo
E
3,32
5,29
5,91
4,79
3,51
3,94
6,38
2,57
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Teor de lignina (% da MS) da fração folha
F
12,76
7,79
11,61
6,15
5,16
3,10
8,63
6,02
128
141 (colheita do milho)
174 199
Dias pós plantio
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Teor de lignina (% da MS) da fração colmo
48
1.3.13 Fibra em detergente neutro das frações folha e colmo
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes arranjos
de semeadura para o teor de FDN da fração folha (Tabela 02). A média dessa
variável praticamente não oscilou dos 128 para os 141 dias pós-plantio, para os
arranjos M+2FBEL, M+1FBL e BCE, que apresentaram queda abrupta aos 174
dias. O M+BLAN apresentou queda quase que linear no teor de FDN ao longo
dos períodos avaliados (Figura 03C).
Também não houve interação entre arranjos de semeadura e idade das
culturas para o teor de FDN da fração colmo, assim como, não teve influência
dos arranjos sobre essa variável. Porém o teor de FDN dessa fração variou em
função da idade das culturas (Tabela 02).
A maior variação ocorreu na avaliação efetuada no dia da colheita do
milho (141 dias), quando o os tratamentos M+2FBEL e NCE apresentaram
picos no teor médio de FDN da fração colmo, sendo esses, respectivamente;
87,07 e 88,17%. Afora isso, os demais arranjos tiveram queda da primeira para
terceira avaliação e, na quarta avaliação mantiveram os mesmos patamares da
terceira, exceto o arranjo M+2FBEL que na última avaliação o teor de FDN foi
maior que na terceira (Figura 03D).
Franke et al. (2001) avaliaram os teores de FDN e FDA das frações folha
e colmo da forrageira e verificaram que tanto para a FDN quanto para a FDA
não houve diferenças significativas entre as forrageiras que cresceram à
sombra das árvores ou em plena insolação.
1.3.14 Teor de lignina nas frações folha e colmo
Houve interação entre idade das culturas e os arranjos de semeadura,
para o teor de lignina na matéria seca da fração folha (Tabela 02). Na avaliação
realizada aos 128 dias pós-plantio das culturas, não se observou diferenças
(P>0,05) no teor médio de lignina na fração folha entre os arranjos. Até a
terceira avaliação, os arranjos M+2FBEL, M+BLAN e BCE tiveram o mesmo
comportamento, e não variaram entre si (P>0,05). Por ocasião da colheita do
milho dos arranjos em consórcio, o M+2FBEL foi o que teve menor teor de
lignina; 3,94% (Figura 03E).
49
Assim como para a fração folha, houve interação entre idade das
culturas e arranjos de semeadura para o teor de lignina na MS da fração colmo
(Tabela 02). Para essa variável, todos os arranjos tiveram o mesmo
comportamento, com queda na segunda avaliação em comparação à primeira,
elevação na terceira com conseqüente queda na última avaliação (Figura 03F).
Os menores teores de lignina tanto na fração folha como na fração
colmos obtidos com os arranjos que receberam maior insolação, BCE e
M+1FBEL, poderiam ser explicados pelos trabalhos de Bubar & Morrison
(1984);
Wong & Wilson, (1980); Eriksen & Whitney, (1981); Samarakoon et al.
(1990a); e Morita et al. (1994), em que os autores afirmaram que as principais
modificações morfofenológicas de forrageiras que crescem em ambiente de
luminosidade reduzida são o aumento do comprimento das folhas e elongação
de caules na busca por maior luminosidade. Assim, para suportar esses
aumentos em tamanho, as plantas “investemna síntese de tecidos de suporte
como, xilênquima e clorênquima, que são mais lignificados.
Esses contrastes deveriam aparecer, também, na composição da
matéria seca total das forrageiras, contudo, não foi observado, o que sugere
mais uma vez que houve ciclos de aparecimento e senescência de perfilhos.
Desse modo, para maior elucidação dessa questão, em sistemas
integrados onde ocorre sombreamento, é necessário estudo minucioso sobre
dinâmica de perfilhamento do dossel forrageiro, acompanhado da análise
bromatológica dos diferentes componentes da planta, como aquele efetuado
por
Martuscello et al., (2006) quando avaliaram o efeito da adubação e
desfolha sobre essa dinâmica.
1.3.16 Produtividade do milho
Para a produtividade do milho, em kg ha
-1
, a análise de variância o
detectou diferenças entre os arranjos de semeadura (Tabela 02). A
comparação entre esses pode ser observada na Figura 04.
50
5380
6080
5677
5994
6192
*M+2FBEL M+BLAN M+1FBL M+1FBEL MCE
4000
4500
5000
5500
6000
6500
7000
7500
Produção de milho grão (kg ha
-1
)
Figura 04 Produção de milho grão por unidade de área em diferentes épocas de avaliação e
tratamentos. As barras representam o intervalo de confiança de 95%. M+2FBEL = duas fileiras
de braquiária nas entrelinhas do milho; M+BLAN = braquiária semeada a lanço nas entrelinhas
do milho; M+1FBL = uma fileira de braquiária na linha do milho; M+1FBEL = uma fileira de
braquiária nas entrelinhas do milho; MCE = milho em cultivo exclusivo.
Kluthcouski & Aidar (2003) trabalharam com consórcio milho e capim-
braquiária no sistema Santa Fé em várias regiões do Brasil e, relatam
produções dias de grãos em 3.012 a 8.788 kg ha
-1
. Segundo esses autores,
em média, não houve redução na produtividade do milho em função do
consórcio comparado ao milho em cultivo exclusivo, representados pela
equação:
83,0;0013,1
2
==
RXY
, de correlação entre a produtividade de grãos
(kg ha
-1
) do milho em consórcio e do milho em cultivo exclusivo. Entretanto,
ressaltam que, num experimento conduzido em Campo Novo de Parecis-MT,
houve redução de 17% na produtividade do milho em função do consórcio.
51
1.4 CONCLUSÕES
Com base nos resultados observados, conclui-se que:
O capim-braquiária em cultivo exclusivo resultou em maior
produção de matéria seca por área que o capim-braquiária
cultivado em consórcio.
A relação folha:colmo do capim-braquiária nos arranjos em
consórcio foi menor do que em cultivo exclusivo, no período em
que o sombreamento proporcionado pelo milho foi mais intenso.
Em média, a fração folha apresentou maiores teores de proteína
bruta, menores teores de fibra em detergente neutro e de lignina
que a fração colmo, independente do arranjo de semeadura.
O consórcio o influenciou o teor de lignina na matéria seca total
das forrageiras.
O teor de proteína bruta do capim-braquiária foi mais elevado nos
arranjos que receberam maior sombreamento.
A o inicio da senescência das plantas de milho o capim-
braquiária nos arranjos que receberam sombreamento mais
intenso apresentaram menores teores de fibra em detergente
neutro.
O consórcio não afetou nem o teor de carboidratos não fibrosos
nem o de nutrientes digestíveis totais na matéria seca do capim-
braquiária, mas a idade da planta teve efeito sobre essas duas
variáveis.
O capim-braquiária em cultivo exclusivo resultou em maior
produtividade de proteína bruta digestível e de nutrientes
digestíveis por hectare.
A produtividade do milho, medida em grãos, não foi afetada pelo
consórcio, em nenhum dos arranjos.
Quando o objetivo for a recuperação de pastagem degrada para a
produção ruminantes, o cultivo de duas fileiras de braquiária nas
entrelinhas do milho parece ser o arranjo mais interessante.
52
1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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concentration on dry-matter production and chemical composition of Lolium
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BALSALOBRE, M.A.A.; CORSI, M.; SANTOS P.M.; et al. Cinética da
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BLENKINSOP, P.G., DALE, J.E. The effects of shade treatment and light
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protein level in the first leaf of barley. Journal of Experimental Botany,
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59
Capitulo II: Consórcio capim-braquiária e milho: Comportamento
produtivo das culturas, características nutricionais e qualitativas das
silagens
RESUMO: Neste trabalho, o objetivo foi avaliar a existência de diferenças entre
silagens oriundas de culturas exclusivas ou do consórcio entre milho e capim-
braquiária além de diferentes arranjos de semeadura do consórcio (duas fileiras
do capim-braquiária nas entrelinhas do milho; semeadura do capim-braquiária a
lanço nas entrelinhas do milho). As análises consistiram na produção de
matéria seca (MS), de proteína bruta (PB), e de nutrientes digestíveis totais
(NDT), bem como, variáveis qualitativas na MS das silagens, dentre as quais,
teores de PB, NDT, FDN, LIG, CNF, nitrogênio amoniacal, ácidos butírico e
lático, e pH. O milho em cultivo exclusivo, semeadura de duas fileiras do capim-
braquiária nas entrelinhas do milho e semeadura do capim-braquiária a lanço
nas entrelinhas do milho, não diferiram com relação à produção de MS, PB e
NDT, e nem com relação a variáveis qualitativas como, teor de PB, NDT, FDN,
lignina, pH, nitrogênio amoniacal, ácido lático e ácido butírico na MS das
silagens, mostrando-se melhores desempenhos que o capim-braquiária em
cultivo exclusivo quanto a essas. Porém a recuperação do dossel forrageiro na
área, após a colheita do material, foi mais rápida no arranjo com duas fileiras do
capim-braquiária nas entrelinhas do milho.
The intercrop between signal grass and corn: productive performance of
the cultures, nutritional characteristics and silage quality
Abstract: In this work the objective was to evaluate the existence of differences
among the silage produced from exclusive cultures of intercropped corn and
signal grass cultures in different sowing arrangements (two lines of signal grass
in the corn inter-lines and hand-sowed signal grass at the corn inter-lines) The
analysis consisted in the production of dry matter (DM), crude protein (CP) and
total digestible nutrients(TDN), as the qualitative variables of DM in the silages
including the concentration of CP, TDN, NDF, LIG, NFC, NH
3
, butyric and lactic
acids and pH. The corn in exclusive culture, signal grass in two lines and hand-
sowed signal grass do not differed in relation to the production of DM, CP and
60
TDN or the qualitative variables as the concentration of CP, TDN, NDF, LIG, pH,
NH
3
, butyric and lactic acid in the silage, showing better behavior than the signal
grass exclusive culture. However, the canopy recovery in the area, before the
harvest was faster in the two lines of signal grass in the corn inter-lines.
2.1 INTRODUÇÃO
Os consumidores de produtos de origem animal se preocupam cada
vez mais com fatores outros, não inerentes somente ao custo de aquisição
desses bens de consumo. A segurança alimentar, a responsabilidade social e,
principalmente, a responsabilidade ambiental vêm conquistando importância na
tomada de decisão por ocasião da aquisição desses produtos. Assim, o alvo da
agropecuária brasileira deve ser a busca por sistemas de produção eficientes e
com flexibilidade para adequar-se a essas exigências, no sentido de assegurar
a competitividade aos produtores e a sustentabilidade sócio-ambiental.
Dentro desse contexto a integração agricultura e pecuária vem se
destacando por ser uma tecnologia moderna e conservacionista, contudo ela
exige que os produtores sejam ao mesmo tempo agricultores e pecuaristas ou
que se associem para gerir esses sistemas. Do ponto de vista da pecuária,
vários o os entraves à produtividade dos sistemas, cite-se a degradação das
pastagens (Miranda et al., 1996; Kichel et al., 1998; Townsend et al., 2000;
Oliveira et al., 2001a), a escassez de alimento volumoso, bem como, a perda
do valor nutritivo desses alimentos para a alimentação de bovinos durante o
período seco do ano (Santos et al. 2004). Alguns dos quais são crônicos e
atormentam esse setor desde o descobrimento do Brasil.
Desse modo, o pecuarista, principalmente o pequeno produtor de leite,
encontra-se diante de um duplo problema: necessidade de recuperação da
produtividade da pastagem e de produzir e armazenar volumoso de boa
qualidade para a época mais crítica do ano (período seco). Ressalta-se, nesse
caso, a necessidade de investimento, contextualizado em panorama crítico:
pequeno produtor, com baixa capacidade de investimento.
Assim, o cultivo simultâneo de milho e braquiária aparece como uma
função bijetora tendo como imagem ou resposta as soluções para os dois
problemas. Quando se trata da conservação de forragem por meio de
61
ensilagem, particular interesse deve ser dispensado para o padrão de
fermentação do material ensilado que, aqui, seria oriundo de culturas
consorciadas (capim-braquiária e milho).
Essa atenção extra se deve ao fato de que o processo fermentativo de
gramíneas perenes, onde se enquadra o capim-braquiária, tem alguns entraves
como os baixos teores de matéria seca e de carboidratos solúveis, e o elevado
poder tampão (Nussio, 2001; Reis & Coan, 2001). o milho é tido como
padrão para ensilagem no que se refere às características fermentativas e
desempenho animal Ferreira, (2001).
Desse modo, teve-se como objetivo neste trabalho avaliar a produção
de MS e de alguns nutrientes por área, além das características qualitativas
das silagens de milho, braquiária e do material oriundo do cultivo dessas duas
culturas em consórcio.
2.2 METODOLOGIA
2.2.1 Estabelecimento das culturas
As culturas utilizadas nesse trabalho foram estabelecidas em plantio
direto sobre Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, em sucessão à pastagem
degradada de capim-gordura (Melinis minutiflora). Essa fase de campo foi
conduzida em Coimbra-MG, área da Estação Experimental do Departamento
de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (DFT/UFV).
Antes da semeadura das culturas foi realizado um levantamento prévio
da comunidade infestante e, posteriormente, realizou-se a dessecação química
das plantas daninhas com herbicidas sistêmicos (glyphosate + 2,4-D). A
semeadura das espécies consorciadas foi realizada com semeadora específica
para plantio direto, sete dias após a dessecação das plantas daninhas.
A calagem e adubação de plantio foram realizadas de maneira
uniforme na área, conforme análise química do solo (Tabela 03), seguindo as
recomendações básicas para a cultura do milho.
62
Tabela 03 – Análise química do solo
MO P K Ca Mg H+Al CTC
pH
dag kg
-1
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
6,1 3,41 7,3 39 2,9 1,0 4,21 6,10
Para a cultura do milho (cultivar AGN 2012), a semeadora foi regulada
para obter população de 50.000 plantas ha
-1
, com espaçamento entre linhas de
1 m. No caso do capim-braquiária, por meio de adaptação da semeadora, o
plantio foi realizado nas entrelinhas do milho, seguindo a recomendação de 2 a
3 kg ha
-1
de sementes puras viáveis de Brachiaria brizantha, cv MG5, e as
parcelas possuíam 12 fileiras com espaçamento de 0,50 m. O plantio das
culturas se deu no dia 23 de Novembro de 2003. As adubações de cobertura e
manejo fitossanitário seguiram as recomendações técnicas para a cultura do
milho (Fancelli e Dourado Neto 2000).
As unidades experimentais (parcelas) tiveram dimensões de 6 m (seis
fileiras) de largura por 18 m de comprimento, resultando numa área com 108
m
2
. E as amostragens para estimativa da produção por unidade de área e para
determinação das variáveis bromatológicas foram realizadas ceifando-se 4 m
lineares das duas fileiras centrais.
2.2.2 Delineamento, tratamentos e manejo experimental das culturas.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, e
a partir da semeadura, estabeleceram-se os arranjos espaciais de ambas
espécies:
Milho em cultivo exclusivo: MCE;
Capim-braquiária em cultivo exclusivo: BCE;
Semeadura de duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas
do milho: M+2FBEL;
Semeadura do capim-braquiária a lanço nas entrelinhas do milho:
M+BLAN.
Cada arranjo de semeadura compôs-se de quatro repetições.
63
O material foi ensilado quando a “linha do leite” encontrava-se numa
posição intermediária dos grãos do milho, o que geralmente corresponde a 28-
34% de MS.
O efeito dos arranjos de semeadura foi avaliado por meio de análise de
variância (ANOVA) de acordo com seguinte modelo:
ijiij
eaY
+
+
=
µ
em que,
=
ij
Y
observação referente à produção do i-ésimo arranjo, na j-ésima
repetição;
=
µ
constante inerente ao modelo;
=
i
a efeito do i-ésimo arranjo de semeadura, com i variando de 1 a
4;
=
ij
e
erro aleatório associado a observação, suposto normal e
independentemente distribuído com média = 0 (zero) e variância
2
σ
, ou
seja,
);0(~
2
σε
N
ij
.
As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Student-
Newman-Keuls, adotando-se o nível de 5% de probabilidade.
2.2.3 Preparo das silagens e análises laboratoriais
As silagens foram preparadas utilizando-se baldes de polivinil carbono,
com capacidade para 5 kg de material fresco, nos quais foram adaptadas
flanges de silicone nas tampas, para permitir o escoamento de gases. Após o
enchimento esses baldes foram hermeticamente lacrados fazendo uso de fitas
adesivas, para evitar a troca de ar com o meio.
Foram determinados os teores de MS, PB, FDN, EE (extrato solúvel em
tratamento com éter), PIDA e LIG, de acordo Silva & Queiroz (2002).
Uma fração de amostra do material de cada arranjo de semeadura foi
prensada para extração do suco e, posteriormente, determinou-se o pH
utilizando-se potenciômetro digital (Digimed), o nitrogênio amoniacal/nitrogênio
total (N-NH
3
/NT) de acordo com as normas do AOAC, (1995), o teor de ácido
butírico, por cromatografia gasosa e de ácido lático por cromatografia líquida de
64
alta performance (HPLC), utilizando coluna de troca catiônica (Polyspher OA
HY 51272; Merck, Amsterdam), onde a fase móvel consistiu de H
2
SO
4
(0,004
mol.L
-1
) a uma taxa de 0,6 mL.min
-1
a 40°C.
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados de acordo a
equação proposta por Weiss (1992) e adotada pelo NRC (2001):
(
)
[
]
725,2
+
+
+
=
CNFDDFDNxAGDPBDNDT
cp
Onde:
(
)
[
]
PBPIDAx
PBxEXPPBD
/2,1
=
;
EEAGD
=
= matéria solúvel no tratamento com éter de petróleo,
se
0;1
=
<
AGEE
;
(
)
[
]
(
)
[
]
667,0
/175,0
cpcpcp
FDNLIGxLIGFDNxDFDN =
, sendo FDN
cp
= FDN
corrigido para cinzas e proteína;
(
)
[
]
{
}
xPAFCINZASEEPBPIDNFDNxCNFD
+
+
+
=
10098,0
, sendo adotado
PAF (fator de ajuste ao processamento) = 1;
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 04 observa-se a análise de variância das variáveis respostas
avaliadas.
65
Tabela 04 - Resultados da análise de variância para o efeito de diferentes arranjos
de semeadura
Fontes de variação F GL p
Matéria seca das forragens em porcentagem da matéria natural total
AS 20,949 3 ***
Resíduo - 12 -
Produção de matéria seca por área
AS 4,429 3 *
Resíduo - 12
Teor de proteína bruta na matéria seca das silagens
AS 8,353 3 **
Resíduo - 12 -
Produção de proteína bruta por hectare
AS 7,092 3 *
Resíduo - 12 -
Teor de fibra em detergente neutro na matéria seca das silagens
AS 4,890 3 *
Resíduo - 12 -
Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das silagens
AS 6,554 3 *
Resíduo - 12 -
Teor de lignina na matéria seca das silagens
AS 11,156 3 **
Resíduo - 12 -
Teor de nutrientes digestíveis totais estimado das silagens
AS 19,400 3 ***
Resíduo - 12
Produção de nutrientes digestíveis totais por unidade de área
AS 9,327 3 **
Resíduo - 12 -
pH das silagens
AS 61,196 3 ***
Resíduo - 12 -
Teor nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
AS 19,620 3 ***
Resíduo - 12 -
Teor de ácido butírico nas silagens
AS 4,107 3 *
Resíduo 12 -
Teor de ácido lático nas silagens
AS 27,138 3 ***
Resíduo - 12 -
GL = graus de liberdade; NS – não significativo; * - P<0,05; ** - P<0,01; *** - P<0,001; AS = arranjos
de semeadura.
66
2.3.1 Produção de matéria seca por área
Pela análise de variância dos dados, verificou-se efeito dos arranjos de
semeadura sobre a produção de silagem em matéria seca (PMS ha
-1
) (Tabela
04). E o teste de dia revelou que os arranjos MCE, M+2FBEL e M+BLAN
não diferiram entre si (P>0,05) e foram superiores (P<0,05) ao BCE. A
comparação da produtividade entre esses arranjos pode ser observada na
Figura 05A.
Melo et al. (1999) avaliaram a produtividade de 30 cultivares de milho
para ensilagem e obtiveram produtividades desde 12.490 até 20.590 kg ha
-1
,
intervalo, esse, que contém as produtividades do MCE, M+2FBEL e M+BLAN,
aqui obtidas.
Henrique et al. (1994), por sua vez, analisaram três cultivares de milho e
obtiveram produtividades de 8.500 a 14.000 kg ha
-1
.
Segundo Ghisi & Pedreira (1987), o potencial produtivo das forrageiras
do gênero de Brachiaria é de 6.000 até 36.000 kg ha
-1
.
Em sistema de produção integrado com citrus, Forli (2003), relatou
produtividades de 4.500 a 7.300 kg de MS ha
-1
para Brachiaria decumbens.
67
A
14265
10961
14669
14321
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
18000
Produção de matéria seca por área (PMS ha
-1
)
a
b
a
a
B
5,93
5,06
5,61
5,60
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
Proteína Bruta (PB) em porcentagem da MS
a
a
a
b
C
843
555
822
806
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
Proteína bruta - PB (kg ha
-1
)
a
b
a
a
D
67,94
77,29
71,39
67,51
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
60
62
64
66
68
70
72
74
76
78
80
82
84
Fibra em detergente neutro (FDN) - % MS
a
b
b
b
E
22,07
11,04
18,89
22,89
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
0
5
10
15
20
25
30
Caboidratos não fibrosos - CNF - (%MS)
a
a
a
b
F
4,21
6,41
4,35
3,69
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
Lignina - LIG - (%MS)
b
a
b
b
Legenda
MCE =
milho em cultivo exclusivo
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-
braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
Figura 05 - Produção de matéria seca, teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro,
carboidratos não fibrosos, lignina na MS das silagens e produção de proteína bruta por hectare.
As barras representam o intervalo de confiança de 95% e letras iguais indicam que os
tratamentos não diferiram entre si (p<0,05).
68
2.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das silagens
Houve efeito dos arranjos sobre o teor de PB na MS das silagens
(Tabela 04). Sendo que, esses teores nas silagens oriundas do MCE,
M+2FBEL e M+BLAN não diferiram entre si (P>0,05) e foram superiores ao do
BCE (Figura 5B).
Numericamente o teor de PB das silagens oriundas das culturas em
consórcio foi menor que aquele das silagens confeccionadas com a cultura do
milho em cultivo exclusivo, contudo, sem significância estatística. Isso se deve
ao fato de ter colhido todo o material de ambas forrageiras consortes, onde se
tinha a “fração capim-braquiária” que possui menor teor de PB que as plantas
de milho.
Ao avaliar trinta híbridos de milho para silagem, Jones et al. (1970)
encontram variações nos teores de proteína de 4,35 a 9,01 (% da MS) da MS.
Melo et al. (1999)
avaliaram o mesmo número de híbridos de milho e obtiveram
silagens com concentração de PB
num intervalo de 5,94 a 8,93 (% da MS).
Em experimento para avaliar o efeito de diferentes inoculantes
bacterianos sobre a preservação de silagens de milho, Gimenes et al. (2006)
relataram teor médio de 7,99% de PB na MS das silagens testadas. Rocha et
al. (2006), também trabalharam com milho e encontraram valor médio de
7,45% de PB nas silagens. Vilela (1985) comenta que o teor de proteína de
silagens de milho com matéria seca entre 28 a 35% variou de 4 a 7% na MS.
No Trabalho de Forli (2003), citado na secção anterior, verificou-se
teores médios de PB de 7,40 a 9,21% da MS. Silva et al. (2005) trabalhou com
animais de corte em confinamento e relatou teor médio de 9% de PB para
silagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Valor esse, que coincide com o
citado por Chizzotti et al. (2005), para silagens dessa mesma forrageira. Para
silagem de capim-tanzânia Corrêa et al. (2001) descreveu teores de 5,5 a 7,0%
de PB na MS.
69
2.3.3 Produção de proteína bruta por hectare
Houve diferenças entre arranjos para PB ha
-1
(Tabela 04). E pelo teste
de média não se constataram diferenças (P>0,05) entre MCE, M+2FBEL e
M+BLAN, os quais foram superiores (p<0,05) ao BCE (Figura 05C).
Na revisão de Evangelista et al. (2003) sobre silagens, encontra-se
dados que o produto entre o teor de PB na MS e produção de MS ha
-1
, resulta
em 727,6 kg de PB ha
-1
oriundos de silagens de milho em cultivo exclusivo.
Fazendo uso dessa mesma metodologia com os dados de Evangelista et al.
(1991), obtém-se, 806 kg de PB ha
-1
.
Esses valores o inferiores, porém próximos, aos 843 kg ha
-1
de PB,
aqui encontrados para as silagens do MCE.
2.3.4 Teor de fibra em detergente neutro na matéria seca das silagens
Houve diferenças entre os arranjos de semeadura quanto ao teor médio
de fibra nas silagens (Tabela 04), sendo que MCE, M+2FBEL e M+BLAN não
diferiram entre si (P>0,05) e foram inferiores ao arranjo BCE (P<0,05), como
pode ser observado na Figura 05D.
A fração FDN indica a quantidade de fibra do alimento e, em alimentos
volumosos, está intimamente associada com a capacidade de consumo de MS
pelo ruminante (Mertens, 1992; Mertens, 1994). Essa relação com o consumo
deve-se ao enchimento do compartimento ruminal. Assim, quanto menor o seu
valor, melhor será a silagem e maior será o consumo de matéria seca. Todavia
o comportamento e a função da fibra no trato gastrintestinal não é tão simplista
como o exposto, entretanto, uma discussão mais detalhada não se inclui no
escopo deste trabalho.
Plantas de braquiária possuem maior teor de fibra do que plantas de
milho no estádio fisiológico em que foram avaliadas. Pois, nesse estádio, além
das distinções entre as características anatômicas dos órgãos dessas
forrageiras, existem as espigas de milho que possuem elevados teores de
carboidratos não fibrosos e diluem esse teor de fibra.
Silva et al. (1994) obtiveram valores de FDN entre 66,95% a 73,13%
para diferentes cultivares de milho. Almeida Filho (1996) encontrou valores
70
de FDN na MS de silagens dessa mesma forrageira que variaram de 46,51% a
52,74%, e Melo et al., (1999) obtiveram silagens de trinta diferentes cultivares
de milho com FDN que variou de 43,45 a 60,99% da MS.
Rosa et al, (2001) trabalharam com quatro cultivares de milho e
obtiveram silagens com, respectivamente, 61,67; 62,34; 66,86 e 72,53% de
FDN na MS. Numa avaliação de 21 cultivares de milho, Silva et al. (1999)
encontraram valores de FDN de 61,05 a 71,18% da MS. Henrique et al. (2005)
laboraram com silagens que tinham 64,71% de FDN na MS.
Silva et al. (2005), por sua vez utilizaram silagem de Brachiaria brizantha
com FDN médio de 75,95% da MS. Chizzotti et al. (2005) obtiveram silagens
dessa mesma forrageira com 74,28% de FDN na MS. Já Cysneiros et al.
(2006) comentam que trabalharam com silagens de capim-braquiária 70% de
FDN. Mari (2003) obteve valores de FDN entre 61,3% e 68,97%, também, com
silagens de braquiária.
Igarasi (2002) lidou com capim-tanzânia e obteve silagens com 61,9% a
68,2% de FDN na MS. E, Corrêa et al. (2001), em revisão, cita silagens de
Cinodon com 77% de FDN na MS.
2.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das silagens
Para os CNF constatou-se diferenças entre arranjos (Tabela 04) e o
teste de dia revelou que o BCE foi inferior (P<0,05) aos demais, os quais
não diferiram entre si (P>0,05), como pode ser observado na Figura 05E.
Participam dos carboidratos não fibrosos, o amido, açúcares
monoméricos, oligossacarídeos solúveis e os pectatos. São frações de elevado
aproveitamento energético para o animal e a maioria destes está associada
com a boa preservação do material ensilado. Pois a fração de carboidratos
solúveis na forrageira a ser ensilada contribui para a pida fermentação com
produção de ácidos orgânicos, principalmente ácido lático, promovendo a
estabilização da silagem (Murdoch et al., 1975; Lopes, 1975).
Pina et al. (2006) trabalharam com silagens de milho com 25,43% de
CNF na MS. Cabral et al. (2006), ao avaliarem a digestibilidade de nutrientes
em volumosos tropicais, relataram silagens de milho com 31,27 % de CNF na
71
MS e silagens de capim-elefante com 11,9%. no trabalho de Pereira et al.
(2005) são descritas silagens de milho com 28,83 % de CNF.
Na validação das equações para estimativa do valor energético de
alimentos nas condições brasileiras, Costa et al. (2005) citam teores de 34,2%
de CNF na MS de silagem de milho e 11,2 e 11,1%, respectivamente, nas
silagens de capim-elefante e de tifton. Soares et al. (2004) trabalharam com
silagens de milho com 22,45% de CNF.
Silva et al. (2005) em seu trabalho com Brachiaria brizantha,
encontraram média de 6,62% de CNF na MS dessas silagens. Valor esse que
corresponde a 73% do aqui encontrado para essa mesma variável no BCE.
Chizzotti et al. (2005) também utilizaram Brachiaria brizantha e encontraram
teor médio de 10,30% de CNF na MS das silagens, ou seja, apenas 6,7%
inferior ao do BCE (Figura 05E).
2.3.6 Teor de lignina na matéria seca das silagens
Pela análise de variância foi constatada diferença entre os arranjos de
semeadura (Tabela 04) e, pelo teste de média, verificou-se que o teor de
lignina na MS das silagens do BCE foi superior (P<0,05) a esse teor nos
demais arranjos, os quais não diferiram entre si (P>0,05), esse comportamento
pode ser observado na Figura 05F.
A lignina está associada com a indigestibilidade dos alimentos,
entretanto, mais importante que seu teor é o seu arranjo estrutural na parede
celular da forrageira (Jung & Deetz, 1993). Todavia, em gramíneas tropicais,
pesquisadores em nutrição animal tem abordado o teor de lignina como fração
depreciativa dos alimentos.
Souza et al. (2006) registraram teores de 5,04% de lignina na MS de
silagens de milho. Já Silva et al. (2005), também para silagem de milho,
apresentam média de 4,2% de lignina. Pina et al. (2006) encontraram 3,2 %,
Chizzotti et al. (2006) 4,73%, e Wernersbach Filho et al. (2006) 4,02% desse
fenilpropano na MS das silagens de milho com que trabalharam. Entretanto,
Cavalcante et al. (2004) relatam teores de 6,0% de lignina em silagens dessa
mesma forrageira e Soares et al. (2004) registraram 6,12%.
72
Pode-se observar na Figura 05F que os teores médios de lignina nas
silagens do MCE, do M+2FBEL e do M+BLAN estão compreendidos no
intervalo dos valores da literatura aqui citada.
para silagens de Brachiaria brizantha Chizzotti et al. (2005) relatam
teor de lignina de 10,08% da MS, 57% superior ao do BCE, que aqui se
constatou 6,41% desse composto. Silva et al. (2005), também trabalharam com
silagens dessa forrageira e encontraram média 5,12% de lignina, valor esse
que representa 80% do encontrado no BCE (Figura 2F). Mari (2003) trabalhou
com silagens de Brachiaria brizantha confeccionadas no verão e no inverno e
obteve teores de lignina de 3,7 a 6,1 e 4,3 a 4,7%, respectivamente, nessas
duas estações do ano.
2.3.7 Matéria seca das forragens em porcentagem da matéria natural total
Houve diferenças entre os arranjos de semeadura para o teor de matéria
seca do material (Tabela 04). O teor de MS da BCE foi inferior (P<0,05) ao dos
demais arranjos. Entretanto esses arranjos não diferiram entre si (P>0,05) com
relação a essa variável (Figura 06A).
O teor de MS da planta para ensilagem está relacionado com as
condições de fermentação do material e com os níveis de perdas no sistema
(Ferreira, 2001). Portanto é usado como baliza para determinar o ponto
adequado para a ensilagem da forrageira. O ponto ideal para a ensilagem, de
forma a combinar a ótima preservação do material com a maximização do valor
nutritivo, é quando o teor de MS da forrageira situa-se numa faixa de 28 a 35%
(McCullough, 1977). Isso é de fácil obtenção quando se trabalha com milho ou
com sorgo, porém, para gramíneas tropicais perenes, como as do gênero
Brachiaria ssp. essa combinação é de difícil obtenção. Pois, para essas
forrageiras, o máximo nutricional é atingido a uma maturidade na qual a planta
possui menor teor de MS que o preconizado (Andrade & Gomide 1971; Silveira
et al., 1975).
Para Brachiaria brizantha cv. Marandu, Silva et al. (2005) relataram um
teor médio de 21,91% de MS em plantas ensiladas com 100 a 110 dias pós-
plantio. Valor esse 20% superior ao aqui encontrado. Forli (2003) para
Brachiaria decumbens descreveu valores de MS que variaram de 17,96 a
73
20,09%. Para Panicum maximum cv. Tanzânia, Corrêa et al. (2001)
encontraram silagem com 20 a 22% de MS. Também, Rosa et al, (2001)
avaliaram quatro diferentes bridos de milho e obtiveram silagens com média
de MS que variou de 26,6 a 36,6%. Ranjit & Kung Jr. (2000), expuseram teores
médios de MS em silagens de milho que variaram de 30,3 a 31,7%, ao
avaliarem o comportamento de diferentes inoculantes bacterianos. Magalhães
et al. (2004) relata média de 28,57% de MS em silagens de milho.
São escassos os trabalhos que abordaram o teor de MS de silagens
confeccionadas com material oriundo de cultivo simultâneo de milho e capim-
braquiária, porém, o teor de MS tanto das plantas de milho quanto das de
braquiária obtidos nesse, estão em consonância com a maioria dos trabalhos
citados na literatura.
74
A
31,92
18,13
29,41
30,61
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
10
15
20
25
30
35
40
Matéria seca das forrageiras (%)
a
a
b
a
B
59,81
50,31
59,22
61,23
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
46
48
50
52
54
56
58
60
62
64
66
NDTm (%MS)
a
a
b
a
C
3,51
4,84
3,56
3,54
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
pH das silagens
b
a
b
b
D
3,69
17,22
3,13
3,30
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
0
3
6
9
12
15
18
21
24
N-NH3/Ntotal
b
a
b
b
E
0,0313
0,2571
0,0757
0,0768
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Teor de ácido butírico (%MS) das silagens
a
b
b
b
F
6,35
1,40
7,55
8,37
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Teor de ácido lático (%MS) das silagens
b
a
a
a
Legenda
MCE =
milho em cultivo exclusivo
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-
braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
Figura 06 – Matéria seca, pH e teres de nutrientes digestíveis totais, nitrogênio amoniacal,
ácidos butírico e lático na MS. As barras representam o intervalo de confiança de 95% e letras
iguais indicam que os tratamentos não diferiram entre si (p<0,05).
75
2.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais das silagens
Houve diferenças entre os arranjos semeadura (Tabela 04) e constatou-
se pelo teste de média que o teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) das
silagens do BCE foi inferior (P<0,05) às dos demais arranjos, sendo que estes
não diferiram entre si (P>0,05) (Figura 06B).
O NDT é um indicativo do conteúdo energético dos alimentos e sua
determinação em silagens ou qualquer alimento é imprescindível para o
balanceamento e a otimização de dietas (Cappelle et al. 2001). A determinação
dessa variável por meio da digestibilidade de cada nutriente é dispendiosa.
Assim, atualmente, tem sido utilizada a equação de Weiss (1992) que também
foi adotada pelo NRC (2001) para essa estimativa. Fazendo uso dessa
metodologia Pina et al. (2006) estimaram NDT em 62,88% da MS de silagens
de milho. Obeid et al. (2006) encontraram 62,28%, e Rocha et al. (2006)
62,65%.
Costa et al. (2006) em seu trabalho para validação das equações do
NRC (2001), em condições brasileiras, encontraram estimativa de 62,5% de
NDT para silagens de milho e o teor médio observado foi 60,20%. Silva et
al. (2006) fizeram uso da equação proposta por Sniffen et al. (1992) e
estimaram NDT de silagens de milho em 61,46 a 65,74% da MS.
Como pode ser observado na Figura 06B, o valor de NDT estimado nas
silagens oriundas do MCE, do M+2FBEL e do M+BLAN, foram iguais ou
próximos aos da literatura supra.
São poucos os trabalhos que abordaram a estimativa do NDT de
silagens de forrageiras do gênero Brachiaria ssp, utilizando-se a metodologia
proposta pelo NRC (2001). Para efeito ilustrativo, Silva et al. (2005) e Chizzotti
et al. (2005), encontram teores de NDT de 51,56 e 48,85%, respectivamente,
para silagens de Brachiaria brizantha, valores muito próximos ao 50,31%
estimado neste trabalho para as silagens do BCE.
2.3.9 pH das silagens
Pela análise de variância, constataram-se diferenças entre os arranjos
de semeadura para a variável pH (Tabela 04). Em média o pH das silagens
76
feitas com o capim-braquiária em cultivo exclusivo foram superiores (P<0,05)
ao dos demais arranjos, os quais, não diferiram entre si (P>0,05) com relação a
essa variável (Figura 06C).
A concentração adequada de carboidratos solúveis (CS) no material
ensilado propicia condições favoráveis para o estabelecimento e crescimento
de bactérias do gênero Lactobacillus, que produzem o ácido lático. Esse ácido
por ser mais “forte” dentre os ácidos graxos produzidos no processo
fermentativo de ensilagem é desejado para proporcionar rápida estabilização
do pH, e, conseqüentemente, melhor conservação do material ensilado
(McDonald et al., 1991).
Assim, o pH final da silagem é um indicativo da qualidade do processo
fermentativo. E seu valor no interior do silo deve se tornar, o mais rápido
possível, suficientemente baixo para inibir o desenvolvimento de bactérias
indesejáveis como aquelas do gênero Clostridium (McDonald et al., 1991).
Segundo Ferreira (2001), silagens de milho e sorgo que passaram por
adequada fermentação devem apresentar valores de pH entre 3,8 a 4,2. Uma
vez que o pH atinge esses patamares, ocorre a inibição do crescimento de
todos os microrganismos e a silagem entra num estado de estabilidade (Rotz &
Muck, 1994).
Ranjit & Kung Jr. (2000) avaliaram o efeito de duas espécies bacterianas
(Lactobacillus buchneri e Lactobacillus plantarum) sobre o processo de
fermentação na ensilagem de milho e registraram pH na faixa de 3,66 a 3,73
em cinco tratamentos estudados. Rodrigues et al. (2004)
também avaliaram o
efeito de inoculantes bacterianos sobre o padrão de fermentação e
preservação de silagens de dois diferentes híbridos de milho e, obtiveram
valores de pH num intervalo de 3,76 a 4,38 com média de 4,05. Rosa et al.
(2001) avaliaram quatro diferentes híbridos de milho e registraram valores de
pH desde 3,2 até 4,1. Souza et al. (2006) obtiveram 3,51 como média de pH
nas silagens de milho com que trabalharam.
Aqui, neste trabalho, o pH médio das silagens dos materiais oriundas do
MCE, do M+2FBEL e do M+BLAN, apresentados na Figura 06C foi inferior a
3,8; indicativo que o material passou por adequada fermentação, preservando
suas características nutricionais.
77
Para silagens de gramíneas perenes, Kung Jr. & Shaver (2001)
preconizam valores de pH de no máximo 4,3 a 4,7. As silagens da braquiária
em cultivo exclusivo apresentaram valor de pH acima do preconizado,
indicativo que a fermentação não foi adequada.
Segundo Reis & Coan (2001) valor de pH acima de 4,7 em silagens
dessas gramíneas pode estar relacionado com a umidade elevada da
forrageira na ocasião da ensilagem, com os baixos teores de carboidratos
fermentescíveis ou com a elevada capacidade tampão dessas forrageiras.
Chizzotti et al. (2005) conseguiram silagens de Brachiaria brizantha com
pH de 5,02; valor esse, 3,58% superior ao das silagens do BCE apresentado
na Figura 29. Mari (2003) encontrou valores de pH num intervalo de 4,7 a 5,6
para silagem de Brachiaria brizantha intervalo em que compreende o 4,84 do
pH das silagens do BCE.
Cysneiros et al (2006) trabalharam com silagens de Brachiaria brizantha
e de Panicum maximum cv. (Tanzânia), e registraram valores médios de 4,44 e
4,61; respectivamente, para a Brachiaria e o Tanzânia. Aguiar (2001) trabalhou
com silagem de capim-tanzânia e encontrou valores de pH de 4,9 a 5,6.
2.3.10 Teor nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
A análise de variância dos dados revelou diferença entre os arranjos
para o teor médio de N-NH
3
/NT (Tabela 04). E pelo teste de média constatou-
se que esse teor foi maior (P<0,05) nas silagens do BCE que nos demais
arranjos de semeadura, os quais não diferiram entre si (P>0,05) (Figura 06D).
O teor de N-NH
3
/NT também é um indicativo de qualidade da silagem e
caracteriza o perfil fermentativo ocorrido no processo. Quanto menor essa
relação, menor foi a proteólise do material ensilado e de melhor qualidade será
a silagem (McDonald et al., 1991). De acordo com Benacchio (1965), uma
silagem é considerada como de muito boa qualidade quando possui uma
concentração de N-NH
3
em relação ao nitrogênio total menor que 10%. Se
essa concentração estiver entre 10 e 15% é considerada adequada, de 15 a
20%, aceitável, e, insatisfatória, quando esse valor ultrapassa os 20%.
Rocha et al. (2006) determinaram valores de N-NH
3
/Ntotal, em silagens
de milho, que variaram de 6,96 a 7,61. Rosa et al. (2001) encontraram silagens
78
dessa mesma forrageira com valores de N-NH
3
/Ntotal desde de 3,69 até 6,80.
Higginbotham et al. (1998) trabalharam com silagens de milho que
apresentaram médias de 6,7 a 8,9% de nitrogênio amoniacal em relação ao
total.
Lado outro, Morais & Boin (1996) relatam silagens de milho com médias
11,65 e 11,76% de N-NH
3
/Ntotal.
Neste trabalho, das silagens oriundas de MCE, M+2FBEL e M+BLAN,
mensuraram-se valores de N-NH
3
/Ntotal, respectivamente, em 3,69; 3,13 e
3,30% do N total. Indicativo de que passaram por adequado processo
fermentativo.
as silagens obtidas com o material do BCE apresentaram média de
17,22 de N-NH
3
/Ntotal. Valor acima do preconizado para uma silagem de boa
qualidade. Este maior teor de nitrogênio amoniacal nas silagens do BCE deve-
se ao menor conteúdo de carboidratos prontamente fermentescíveis, menor
teor de MS e a maior capacidade tampão, característicos em gramíneas
forrageiras perenes.
Bernardes (2003) registrou valores de 22,8% de N-NH
3
/Ntotal em
silagens de Brachiaria brizantha. Chizzotti et al. (2005) utilizaram Brachiaria
brizantha e sorgo e obtiveram valores de N-NH
3
/Ntotal de 21,18 e 6,42%,
respectivamente, para as silagens dessas duas forrageiras. Nesse trabalho, os
autores avaliaram o consumo dessas silagens em separado e em diferentes
relações (33:67 e 67:33 sorgo:braquiária) entre as duas. Verificaram maior
consumo da silagem de sorgo e correlação positiva entre porcentagem dessa
silagem no volumoso total e o consumo de MS.
Em silagens de Tanzânia, sem aditivos, Corrêa & Cordeiro (2000)
obtiveram concentrações de 11 a 19% de N-NH
3
/Ntotal. Tosi et al. (1999)
registraram valores de N-NH
3
/Ntotal em 25,2 e 16,2% para silagens de capim-
elefante, sem e com 24 h de emurchecimento, respectivamente.
2.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens
Houve diferenças entre os arranjos com relação ao teor de ácido butírico
(Tabela 04). Os valores desse ácido nas silagens do BCE, na média, foram
79
superiores (P<0,05) aos dos demais arranjos de semeadura, os quais, não
diferiram entre si (P>0,05), (Figura 06E).
Outrossim, o ácido butírico é um indicativo da qualidade de preservação
do material ensilado. Sua concentração está relacionada com a
fermentação ou fermentação indesejável, produto, principalmente, do trabalho
de bactérias do gênero Clostridium (McDonald et al., 1991). Segundo Silveira
(1975) a concentração desse ácido na MS da silagem deve ser inferior 0,2%.
Ferreira (2001), para silagens de milho e sorgo, preconiza concentração de
0,1% na MS.
Como pode ser observado na Figura 06E, obteve-se com MCE,
M+2FBEL e M+BLAN silagens com teores de ácido butírico abaixo do que o
recomendado por Ferreira (2001). Entretanto na MS das silagens provenientes
do BCE, registrou-se teor médio de 0,26% desse ácido. Valor esse que está
acima até mesmo dos 0,2% sugerido por Silveira (1975).
Ranjit & Kung Jr. (2000) fazendo uso de silagens de milho, encontraram
valores de ácido butírico que variaram entre 0,05 a 0,07% da MS. Possenti et
al. (2005) obtiveram, também com silagens de milho, média de 0,01% desse
ácido na MS. Rodrigues et al. (2002) avaliaram o efeito de diferentes tipos
de silos sobre o perfil fermentativo de silagens de milho e obtiveram
concentrações desse ácido dentro do intervalo 0,07 a 0,20% da MS com média
de 0,014%.
Krizsan & Randby (2006) trabalharam com silagens de pasto composto
por capim-timótio (Phleum pratense), festuca (Festuca pratensis) e trevo
(Trifolium pratense). E obtiveram valores de ácido butírico com média igual a
0,6% da MS, mínimo 0,0 e máximo 2,51%.
Ferrari Júnior & Lavezzo (2001) utilizaram capim-elefante e registraram
silagens com 0,20 e 0,18% de desse ácido na MS, respectivamente, para
capim que passaram ou não por emurchecimento.
2.3.12 Teor de ácido lático nas silagens
Para a variável ácido lático, a análise de variância detectou diferenças
entre os arranjos de semeadura (Tabela 04) e as silagens do BCE, na média,
apresentaram menores concentrações (P<0,05) desse ácido orgânico.
80
Entretanto não houve diferenças entre os outros arranjos (P>0,05) (Figura
06F).
No processo de armazenamento de forragens verdes, por meio da
ensilagem, é desejado que ocorra a proliferação de bactérias homoláticas,
principalmente aquelas do gênero Lactobacillus. Essa busca se dá com o
objetivo de aumentar a concentração de ácido lático no material ensilado e
acelerar a queda do pH no interior do silo, para diminuir as perdas por efluentes
e, também, melhorar o desempenho dos animais (McDonald et al., 1991).
Apesar de todos os ácidos orgânicos resultantes da fermentação
contribuir para a redução do pH, o lático possui maior constante de dissociação
iônica, o que torna seu papel fundamental nesse processo (Moisio & Heikomen,
1994). Assim, a concentração final de ácido lático na silagem é um indicador
qualitativo da fase fermentativa da ensilagem.
Silagens de milho são consideradas como de boa qualidade quando
possuem pelo menos de 6 a 8% de ácido lático na MS (Oliveira, 2001).
Pode-se observar na Figura 06F que nas silagens oriundas de MCE,
M+2FBEL e M+BLAN, mensurou-se, respectivamente, concentrações de 6,35;
7,55 e 8,37% de ácido lático na MS, o que credencia todas, como de boa
qualidade. Entretanto do BCE obtiveram-se silagens com média 1,40% desse
ácido na MS, indicativo de fermentação inadequada do material.
Filya (2003) observou média de 5,29% de ácido lático em silagem de
milho sem inoculante, com quinze dias de fermentação, contra 11,33% em
silagem inoculada com Lactobacillus plantarum. Possenti et al. (2005) relatam
teores de 11,2% de ácido lático em silagem de milho. Todavia Rodrigues et al.
(2002) verificaram, na MS de silagens de milho, média de 9,9% do referido
ácido orgânico, com registro mínimo de 6,5% e máximo de 14,8%.
No trabalho de Krizsan & Randby (2006), sobre silagens de pasto,
mencionado na secção anterior, os autores registraram valores de ácido lático
na MS dessas silagens, com média igual a 4,9%, mínimo de 0,22% e máximo
10,9%. Para silagem de capim-elefante, Ferrari nior & Lavezzo (2001)
relatam concentrações de ácido lático entre 2,35 a 3,52% da MS. Pereira et al.
(1998), também, para capim-elefante, registraram média de 4,74% desse ácido
nas silagens. Andrade & Melotti (2004) trabalharam com essa mesma
gramínea e registraram a média de 2,4% de ácido lático na MS de silagem sem
81
aditivo. E, quando adicionaram uréia ao material, numa proporção de 0,5%,
essa média caiu para 1,05%.
2.3.13 Produção de nutrientes digestíveis totais por unidade de área
Houve diferenças entre os arranjos de semeadura para a produção de
nutrientes digestíveis totais por hectare (NDT ha
-1
) (Tabela 04). E pela
comparação entre esses, por meio do teste de dia, constatou-se que a
produção de NDT ha
-1
do BCE foi menor (P<0,05) que a dos outros, os quais
não diferiram entre si (P>0,05), (Figura 07).
8514
5513
8696
8778
MCE* BCE M+2FBEL M+BLAN
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
NDT(kg ha
-1
)
a
b
a
a
Legenda
MCE =
milho em cultivo exclusivo
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
M+BLAN = capim-
braquiária semeada a lanço nas entrelinhas do milho
Figuras 07 Produção de nutrientes digestíveis totais por hectare (NDT ha
-1
) nos diferentes
arranjos de semeadura. As barras representam o intervalo de confiança de 95% e letras iguais
indicam que os tratamentos não diferiram entre si (p<0,05).
Na literatura, são escassos os trabalhos que tratam da produção de NDT
por área, oriundos de silagens de milho, de braquiária ou consórcio dessas
duas culturas. Entretanto pode-se fazer inferências sobre a produção de
82
energia de alimentos por unidade de área, multiplicando-se a PMS da área pela
digestibilidade dessa matéria seca (DMS) ou pela digestibilidade da matéria
orgânica (DMO).
O produto entre a PMS ha
-1
e a DMS (em %) dos dados de Obeid et al.
(1992a), resulta em 6.449 kg de matéria seca digestível (MSD) por hectare.
Aplicando-se esse produto para os dados de Obeid et al. (1992b) obtém-se
7.139 kg de MSD ha
-1
. Esses autores trabalharam com a metodologia in vitro
para determinação da DMS. Para silagens de sorgo em cultivo exclusivo, Zago
(2001) apresenta dados compilados de Santos (1996), onde a produção de
NDT variou de 4.400 a 10.800 kg ha
-1
.
83
2.4 CONCLUSÕES
Nos cultivos em consórcio, independente, do arranjo de
semeadora, a produção de silagem por área, bem como de
proteína e de nutrientes digestíveis totais, oriundos dessas
silagens foi maior que no cultivo exclusivo do capim-braquiária.
As silagens dos consórcios tiveram melhor comportamento que as
do capim-braquiária em cultivo exclusivo, com relação a variáveis
qualitativas tais como, teor de proteína, nutrientes digestíveis
totais, fibra em detergente neutro, lignina, pH, nitrogênio
amoniacal, ácido lático e ácido butírico.
O consórcio capim-braquiária e milho visando a produção de
silagem pode ser usado com sucesso para recuperar pastagens
degradadas.
84
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92
Capítulo III: Consórcio capim-braquiária e milho: Comportamento
produtivo das culturas, características nutricionais e qualitativas das
silagens feitas com plantas em diferentes idades das culturas
RESUMO: O objetivo com esse trabalho foi avaliar a silagem produzida a partir
do capim-braquiária em consórcio com milho ou em cultivo exclusivo em
diferentes idades das culturas (100; 120; 140 e 160 dias pós-plantio) com
relação a produção de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes
digestíveis totais (NDT), e o teor de variáveis qualitativas na MS dessas
silagens (PB, NDT, CNF, FDN, nitrogênio amoniacal, ácido butírico; ácido lático
e pH). O teor de MS nas forrageiras, independente do tratamento, foi maior nas
avaliações aos 140 e 160 dias após o plantio. Os dois tratamentos diferiram
quanto à produção de MS apenas na avaliação 120 dias pós-plantio, sendo que
cultivo simultâneo de milho com duas fileiras do capim-braquiária nas
entrelinhas foi superior ao capim-braquiária em cultivo exclusivo. Independente
da idade das culturas, o cultivo simultâneo de milho com duas fileiras do capim-
braquiária nas entrelinhas produziu maior quantidade de NDT ha
-1
, bem como,
suas silagens apresentaram maiores teores de NDT e de ácido lático na MS e
menores teores de FDN, de lignina, de nitrogênio amoniacal, de ácido butírico e
menor pH.
The intercrop between signal grass and corn: productive performance of
the cultures, nutritional characteristics and silage quality of different aged
plants
ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the silage produced
from the signal grass intercropped with corn or in exclusive culture at different
culture age (100; 120; 140 and 160 days after sowing) in relation to the
production of dry matter content (DM), crude protein (CP) and total digestible
nutrients (TDN), and the concentration of qualitative variables of DM in these
silages (CP, TDN, NFC, NDF, NH
3
, butyric and lactic acids and pH). The
concentration of DM was higher at 140 and 160 days after sowing independent
of the treatment. The two treatments differed in relation to DM production only
93
at 120 days after sowing, with the intercrop with corn with two lines of signal
grass was superior to signal grass in exclusive culture. Independent of culture
age, two lines intercropped signal grass produced the higher TDN ha
-1
as well
as had larger concentration of TDN and lactic acid in DM and lower of NDF,
Lignin, NH
3
, Butyric acid and pH.
3.1 INTRODUÇÃO
Na maioria dos casos, o ponto ideal para a ensilagem é quando a planta
forrageira atinge 28 a 35% de MS (Ferreira 2001). Essa fase, em espécies
como o milho e o sorgo, coincide com a máxima qualidade nutricional.
Entretanto, Brachiaria spp. e outras gramíneas perenes tropicais, quando
atingem esse ponto, já perderam parte considerável do seu valor nutritivo
(Andrade & Gomide 1971; Silveira et al., 1975).
Assim, para otimizar a colheita de nutrientes dessas forrageiras, o corte
deveria ser feito em idades mais jovens (60 a 70 dias ou menos). Entretanto,
geralmente nesse estádio, estas apresentam baixos teores de MS, o que,
associado aos baixos teores de carboidratos solúveis e elevada capacidade
tamponante, características intrínsecas de gramíneas tropicais, podem
prejudicar o processo de fermentação, comprometendo a qualidade final da
silagem (Nussio, 2001; Reis & Coan, 2001).
Têm sido testadas várias alternativas para contornar ou minimizar os
problemas relacionados à fermentação dessas gramíneas perenes no processo
de ensilagem. São elas: desidratação ou pré-emurchecimento, uso de aditivos
adsorventes de umidade, enzimas, inoculantes bacterianos, ácidos orgânicos e
inorgânicos, uso de substratos ou fontes de nutrientes, tais como, melaço,
polpa cítrica, dentre outros. Entretanto os resultados são variados e nem
sempre satisfatórios.
Embasado nessas premissas e ações, este experimento, teve como
objetivo, avaliar, se o atraso na colheita em relação ao ponto adequado para a
ensilagem da cultura do milho produzido em consórcio estaria com teor de MS
mais elevado. Caso positivo poder-se-ia, assim, contribuir para equilibrar o teor
de MS e de carboidratos solúveis do meio na ensilagem, se comparado à
94
cultura de braquiária em cultivo exclusivo. Também a avaliação da produção de
matéria seca e de alguns nutrientes por área, bem como, de características
qualitativas de silagens de milho e de capim-braquiária, e de capim-braquiária
exclusivo, feitas utilizando-se plantas em diferentes idades, foram alvos nesse
experimento.
3.2 METODOLOGIA
As culturas utilizadas nesse trabalho foram estabelecidas em plantio
direto sobre Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, em Coimbra-MG, área da
Estação Experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal
de Viçosa (DFT/UFV). O plantio das culturas se deu no dia 23 de Novembro de
2003, em sucessão a culturas anuais.
O milho utilizado foi a cultivar AGN 2012 semeado para se obter
população de 50.000 plantas ha
-1
, com espaçamento entre linha de 1 m.
As unidades experimentais (parcelas) tiveram dimensões de 6 m (seis
fileiras) de largura por 18 m de comprimento, resultando numa área com 108
m
2
. E as amostragens para estimativa da produção por unidade de área e para
determinação das variáveis bromatológicas foram realizadas ceifando-se 4 m
lineares das duas fileiras centrais.
Antes da semeadura das culturas foi realizado um levantamento prévio
da comunidade infestante e, posteriormente, realizou-se a dessecação química
das plantas daninhas com herbicidas sistêmicos (glyphosate + 2,4-D). A
semeadura das espécies consorciadas foi realizada com semeadora específica
para plantio direto, sete dias após a dessecação das plantas daninhas.
A calagem e adubação de plantio foram realizadas de maneira
uniforme na área, conforme análise química do solo (Tabela 05), seguindo as
recomendações básicas para a cultura do milho.
Tabela 05 – Análise química do solo
MO P K Ca Mg H+Al CTC
pH
dag kg
-1
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
6,1 3,41 7,3 39 2,9 1,0 4,21 6,10
95
Os procedimentos para o preparo das silagens, bem como, as análises
laboratoriais e a estimativa do NDT, seguiram as descrições da seção 2.2.3.
Os tratamentos avaliados foram:
Cultivo simultâneo de milho com duas fileiras de capim-
braquiária nas entrelinhas: M+2FBEL;
Capim-braquiária em cultivo exclusivo BCE.
Já, para avaliar o efeito da idade das culturas, os resultados obtidos
com as amostras coletadas nos dias, 100, 120, 140 e 160 pós-plantio foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) num esquema de medidas
repetidas no tempo. O modelo de ANOVA de medidas repetidas é considerado
um dos mais poderosos (ou seja, é capaz de identificar efeitos significativos
com um menor tamanho amostral) para análise de dados por permitir o controle
das variações entre as unidades amostrais de forma semelhante ao que ocorre
no teste de “t” pareado (Zar, 1999). A análise foi feita de acordo com seguinte
modelo:
ijijjiij
eabbaY ++++=
µ
em que,
=
ij
Y
observação referente à produção do i-ésimo tratamento na j-
ésima idade das culturas;
=
µ
constante inerente ao modelo;
=
i
a
efeito do i-ésimo tratamento, com i variando de 1 a 2;
=
j
b
efeito da j-ésima idade das culturas, obtidos pelas datas de
coleta, com j variando de 1 a 4;
=
ij
ab
efeito da interação entre os tratamentos e as diferentes idades
das culturas;
=
ij
e
erro aleatório associado a observação, suposto normal e
independentemente distribuído com média = 0 (zero) e variância
2
σ
, ou
seja,
);0(~
2
σ
Ne
ij
.
96
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 06 observa-se a análise de variância das variáveis respostas
avaliadas.
Tabela 06 Resultados da análise de variância de medida repetida para o efeito de
diferentes tratamentos e idade das culturas
Fontes de variação F GL p
Produção de matéria seca
TRAT 13,185 1 *
IC 3,663 3 *
TRAT x IC 0,853 3 NS
Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens
TRAT 30,695 1 **
IC 34,397 3 ***
TRAT x IC 5,397 3 *
Proteína bruta por área
TRAT 20,573 1 **
IC 4,669 3 **
TRAT x IC 0,664 3 NS
Teor de fibra em detergente neutro em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 15,134 1 *
IC 5,002 3 *
TRAT x IC 5,316 3 *
Teor de carboidratos não fibrosos em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 18,413 1 *
IC 6,916 3 **
TRAT x IC 11,201 3 ***
Teor lignina em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 16,632 1 *
IC 19,999 3 ***
TRAT x IC 1,534 3 NS
Matéria seca das forragens
TRAT 44,406 1 **
IC 21,725 3 ***
TRAT x IC 4,054 3 *
Teor de nutrientes digestíveis totais estimado da seca das silagens
TRAT 20,648 1 **
IC 31,142 3 ***
TRAT x IC 15,103 3 ***
pH das silagens
TRAT 190,610 1 ***
IC 1,590 3 NS
TRAT x IC 2,150 3 NS
Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
TRAT 202,857 1 ***
IC 19,920 3 ***
97
TRAT x IC 12,221 3 ***
Teor de ácido butírico nas silagens
TRAT 204,806 1 ***
IC 1,337 3 NS
TRAT x IC 2,220 3 NS
Teor de ácido lático nas silagens
TRAT
261,198
1 ***
IC 4,754 3 *
TRAT x IC 2,438 3 NS
Nutrientes digestíveis totais por área
TRAT 17,621 1 *
IC 0,517 3 NS
TRAT x IC 1,778 3 NS
GL = graus de liberdade; NS não significativo; * - P<0,05; ** - P<0,01; *** - P<0,001; TRAT =
tratamentos; IC = idade das culturas; TRAT x IC = interação entre tratamentos e idade das culturas.
3.3.1 Produção de matéria seca por área
Não houve interação entre idade das culturas e tratamentos com relação
à produção de matéria seca por hectare (Tabela 06). Entretanto, isoladamente,
os tratamentos, afetaram (P<0,05) essa variável, assim como, a idade das
culturas (P<0,05). Na avaliação efetuada aos 120 dias após o plantio, o cultivo
simultâneo de milho com duas fileiras de capim-braquiária nas entrelinhas
(M+2FBEL), produziu maior quantidade de MS (P<0,05) que o capim-braquiária
em cultivo exclusivo (BCE) (Figura 08A).
98
A
14413
16733
13123
17301
12800
13444
11612
14053
100 120 140 160
Dias pós-plantio
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
24000
26000
Produção de matéria seca (kg ha
-1
)
B
5,93
4,47
4,50
4,52
5,00
4,52
3,50
4,14
100 120 140 160
Dias pós-plantio
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
Teor de proteína bruta (PB) % da MS das silagens
C
857
747
717
813
641
606
457
582
100 120 140 160
Dias pós-plantio
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
produção de proteína bruta - PB - (kg ha
-1
)
D
67,94
68,42
73,01
66,02
78,78
72,60
79,26
80,78
100 120 140 160
Dias pós-plantio
55
60
65
70
75
80
85
90
95
Teor de fibra (FDN) % da MS
E
22,07
21,27
15,77
22,07
8,02
16,36
11,77
8,04
100 120 140 160
Dias pós-plantio
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Teor de carboidratos não fibrosos (CNF) % da MS
F
4,16
4,21
4,42
5,96
5,17
5,85
4,93
6,92
100 120 140 160
Dias pós-plantio
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
Teor lignina (LIG) % da MS
Legenda
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
Figura 08 - Produção de matéria seca, teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro,
carboidratos não fibrosos, lignina na MS das silagens e produção de proteína bruta por hectare.
As barras representam o intervalo de confiança de 95%
99
Para a produtividade de milho, além das referências feitas na seção
2.3.1, ressaltam-se os dados citados por Viana & Noce (2004), que avaliaram,
no campo experimental da EMBRAPA/CNPMS, treze diferentes cultivares de
milho para ensilagem, durante as safras 1998/1999 até 2003/2004 e registram
produtividades de 14.420 a 18.480 kg de MS ha
-1
. Também Giardini et al.
(1976) obtiveram a xima produção de matéria seca de silagens de milho por
área, quando a parte vegetativa das plantas de milho estavam com 40% de MS
e os grãos estavam com 60 a 62%. Asamoah-Appiah & Hunter (1997)
encontraram a máxima produção quando as plantas tinham 38,2% de MS.
Na maioria dos trabalhos sobre o tema produtividade de forrageiras do
gênero Brachiaria encontram-se relatos de que essa acomoda-se no intervalo
de 6.000 a 30.000 kg de MS ha
-1
ano
-1
relatado, mas Ghisi & Pedreira (1987)
afirmaram que essas forrageiras podem alcançar produtividades de até 36.000
kg.ha
-1
.
Observa-se que, independente do tratamento, ocorreram dois picos de
produtividade, aos 120 e 160 dias pós-plantio (Figura 08A). A queda na
produção nos dois tratamentos aos 140 dias, pode estar relacionada a ciclos
naturais de senescência do capim-braquiária, o que está de acordo com Gama-
Rodrigues et al. (2002) e Hodgson (1990), os quais afirmaram que o acúmulo
de forragem na pastagem é resultante do fluxo de novos tecidos foliares,
definido como crescimento bruto, e do fluxo de senescência e decomposição
de tecidos foliares mais velhos.
A produção e a composição da matéria seca de silagens de milho são
variantes importantes para a otimização e a maximização do retorno
econômico em sistemas de produção de ruminantes. Entretanto a produção de
biomassa sob condições de temperatura elevada possui relação inversa com
características nutricionais qualitativas (Ferreira 2001). Assim, além da
produção de MS, variáveis nutricionais, como teor de PB e conteúdo energético
(NDT), devem ser consideradas na tomada de decisão em sistemas de
produção de alimentos para criação desses animais.
100
3.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens
Para o teor de proteína, houve interação entre a idade das culturas e os
tratamentos (Tabela 06). Constata-se da análise da Figura 08B que nas
avaliações efetuadas aos 100 e 140 dias após o plantio, as silagens do
M+2FBEL apresentaram maiores médias (P<0,05) de proteína que aquelas
oriundas do BCE.
Variação no teor de PB em silagens de milho tem sido reportada em
diversos trabalhos, tais como, 5,96% (Malafaia et al. 1998); 7,0 a 7,2% (Silva et
al. 2006) e 8,0% (Velho et al. 2006). Todavia, com relação à silagem do capim-
braquiária Evangelista et al. (2004) obtiveram 5,7% de PB trabalhando com
silagens de Brachiaria brizantha com 90 dias de rebrota.
A queda no teor de PB das silagens do M+2FBEL, observada aos 140
dias pós-plantio (Figura 08B), foi, possivelmente, em decorrência do ciclo
natural de senescência das plantas do capim-braquiária, com posterior emissão
de perfilhos jovens e elevação desse teor aos 160 dias. Tal fato pode ser
considerado normal, que o capim em estádio de maturidade avançado
apresenta teores baixos de proteína, e em estádios iniciais de maturidade esse
teor é mais elevado, conforme relatado por Paciullo et al. (2001); Euclides et
al. (1992); Leite & Euclides (1994).
3.3.3 Proteína bruta por área
A variável PB ha
-1
foi calculada pelo produto entre o teor de PB de cada
amostra e suas respectivas PMS ha
-1
.
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes
tratamentos, todavia houve efeito isolado dos tratamentos e da idade das
culturas (Tabela 06). Em todas as avaliações, a produtividade em PB do
M+2FBEL foi superior (P<0,05) a do BCE (Figura 08C).
O contraste desses dados com relatos da literatura não foi possível,
pois, são raros os trabalhos onde se quantificou produção de proteína por área,
em forragens de milho e capim-braquiária cultivados em consórcio.
Todavia, para milho em cultivo exclusivo, Obeid et al. (1992a)
encontraram 499,9 kg ha
-1
de PB. Lempp et al. (2000), em dois anos agrícolas
101
consecutivos, relataram produções de PB para milho em cultivo exclusivo de
678,65 e 479,07 kg ha
-1
,
respectivamente. Também Zago (2001) compilou
dados de Santos (1996) e relatou silagens de sorgo com produção, desde de
200 a 800 kg.ha
-1
de PB.
3.3.4 Teor de fibra em detergente neutro em porcentagem da matéria seca
das silagens
Para a fibra em detergente neutro (FDN), a interação entre a idade das
culturas e tratamentos foi significativa (Tabela 06). Independente da idade das
culturas, as silagens do BCE tiveram média de FDN maior (P<0,05) do que as
do M+2FBEL (Figura 08D).
Os menores valores de FDN das silagens do M+2FBEL em relação às
silagens do BCE, devem-se à presença da fração espiga nas plantas de milho.
De acordo com revisão feita por Nussio (1991), essa fração corresponde a
25,1% da matéria seca em plantas com 22,4% de MS; 42,8% em plantas com
26,1 de MS; 58,3% naquelas com 31,9% de MS; 65,4% nas com 37,5% de MS;
62,1% nas com 46,8% de MS; e, por fim, 64,9%, naquelas plantas em estádio
maduro e com 54,4% de MS.
Já a curva de concentração de FDN nas silagens em função da idade da
das plantas do tratamento BCE, está de acordo com relatos da maioria dos
estudos sobre teor de fibra dessa forrageira (Bertipaglia et al., 2005; Manella et
al. 2003; Silva, et al., 2005; Pires, et al., 2006; Agulhon et al., 2005, dentre
outros).
3.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos em porcentagem da matéria seca
das silagens
Para a variável carboidratos não fibrosos (CNF), houve interação entre a
idade das culturas e os diferentes tratamentos, (Tabela 06).
O teor de CNF das
silagens do BCE foi superior às do M+2FBEL em todas as avaliações, exceto
naquela feita aos 100 dias pós-plantio (Figura 08E). Essa superioridade pode
ser atribuída, em parte, à fração espiga, rica em amido, pois, como citado na
secção 2.3.5, essa fração, compõe parte considerável da MS nesse tratamento.
102
Silva, et al. (2005) e Chizzotti, al. (2005) registraram, respectivamente,
valores de 6,62 e 8,00% de CNF em silagens de Brachiaria brizantha, ensilada
com 100 a 110 dias pós-plantio. Valores, esses, que correspondem a 82,54 e
99,75% daquele observado na Figura 08E, para a silagem da forragem do BCE
confeccionada aos 100 dias pós-plantio.
Para o BCE, o pico superior dessa variável foi registrado na avaliação
dos 120 dias pós-plantio. para as silagens do M+2FBEL, constatou-se
queda acentuada aos 140 dias, ao passo que, nas outras três avaliações, o
comportamento dessa variável não teve grandes alterações.
3.3.6 Teor lignina em porcentagem da matéria seca das silagens
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes
tratamentos para o teor de lignina na MS das silagens. Porém, tanto a idade
das culturas, quanto os tratamentos afetaram esse teor, (Tabela 06). Em todas
as avaliações, exceto naquela efetuada aos 140 dias pós-plantio, o teor de
lignina das silagens do BCE foi superior (P<0,05) ao das do M+2FBEL (Figura
08E).
Apesar das variações entre tratamentos e idades das culturas, todos os
valores médios de lignina registrados estão próximos aos citados na literatura
para silagens de milho e de capim-braquiária em cultivos exclusivos. Para
silagens de milho, Rocha, et al. (2006) relataram 4,0 a 5,4% dessa variável na
MS; Silva et al. (2005) 4,2%; Soares et al. (2004) 6,2%. Por outro lado,
Malafaia, et al. (1998) relatam teores 9,2% de lignina para essa mesma
forrageira.
Silva et al. (2005) e Chizzotti et al. (2005) trabalharam com silagens de
Brachiaria brizantha e registraram concentrações de lignina, respectivamente,
em 5,12 e 10,08% da MS.
3.3.7 Matéria seca das forragens
A interação entre a idade culturas e tratamentos foi significativa (Tabela
06). Para todas as idades avaliadas, a MS do material oriundo do M+2FBEL foi
superior (P<0,05) a do BCE, Figura 09A.
103
São escassos os trabalhos que abordam a confecção de silagens das
culturas, capim-braquiária e milho, em consórcio, mas os 26,74% de MS
mensurados nas forragens do BCE aos 100 dias pós-plantio, apresentado na
Figura 09A são próximos aos 29,41% do tratamento semelhante do
experimento apresentado secção 2.3.7.
O aumento no teor de MS desse tratamento a partir dos 120 dias após o
plantio deve-se, principalmente, a senescência das plantas de milho, as quais
haviam completado seu ciclo biológico, além da maturação da braquiária. A
elevação no teor de MS à medida que a planta amadurece é um fenômeno
fisiológico confirmado em vários trabalhos como em Grieve & Osbourn (1965);
Rocha, (1979).
Nussio (1991), numa compilação de dados sobre os diferentes estádios
de maturidade da planta de milho, relatou teores de 22,4% de MS para o
estádio pré-leitoso; 26,1% leitoso farináceo; 31,9% farináceo; 37,5% farináceo-
duro; 46,8% duro-vítreo, e 54,4% para maduro. Nesse experimento, na coleta
aos 100 dias após o plantio os grãos de milho estavam em estádio leitoso-
farinácio, aos 120 farinácio-duro e a partir dos 140 dias após o plantio esses
grãos estavam completamente maduros, e os teores de MS dos diferentes
tratamentos nessas idades das culturas podem ser observados na Figura 09A.
Costa et al. (2001) avaliaram diferentes idades para a colheita e
ensilagem de milho (87, 94, 101, 108 e 115 dias após a emergência), e
registram as seguintes médias, para a MS das plantas por ocasião da
ensilagem: 24,1; 30,3; 34,1; 38,1 e 42,4%, respectivamente.
Observa-se que aos 115 dias pós-emergência, registrou-se 42,4% de
MS nas plantas de milho, e aqui, para o M+2FBEL registrou-se 33,68; 42,71 e
41,76%, respectivamente aos 120, 140 e 160 dias pós-plantio (Figura 09A).
Esses menores teores de MS, mesmo em idades mais avançadas, se deve a
diluição das plantas de milho com o material oriundo do capim-braquiária que
possui menor teor de MS, e foi colhido simultaneamente neste tratamento.
Ressalta-se que a MS do BCE, a partir dos 120 dias alcançou patamares
próximos aos recomendados para a ensilagem dessa forrageira, que de acordo
com McCullough, (1977) e Igrasi (2002) é de pelo menos 28%. Lavezzo et al.
(1980) encontraram teores de MS em Brachiaria decumbens de 18,5 a 33,4%,
104
quando fizeram avaliações de intervalos de crescimento da forrageira de 28 a
168 dias.
Silva et al (2005) citam valores de 21,91% de MS em plantas de
Brachiaria Brizantha com 101 a 110 dias pós-plantio, e Chizzotti et al (2005),
para a mesma espécie forrageira e mesma idade, 22,02%. Esses valores são
próximos aos 20,84%, aqui obtidos aos 100 dias pós-plantio.
105
A
26,74
33,68
42,71
41,76
20,84
26,04
27,31
28,10
100 120 140 160
Dias pós-plantio
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
Matéria seca das forrageiras
B
59,81
54,63
53,31
53,75
51,21
51,31
51,14
43,20
100 120 140 160
Dias pós-plantio
35
40
45
50
55
60
65
70
Teor de NDT % da MS das silagens
C
3,51
4,05
3,96
4,20
4,74
4,90
4,66
4,59
100 120 140 160
Dias pós-plantio
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
pH das silagens
D
3,69
5,13
3,65
3,64
12,67
11,78
7,47
7,17
100 120 140 160
Dias pós-plantio
0
2
4
6
8
10
12
14
16
N-NH
3
/Ntotal x 100
E
0,0313
0,0652
0,1049
0,1336
0,2527
0,2475
0,2838
0,2171
100 120 140 160
Dias pós-plantio
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
Teor de ácido butírico (%MS) das silagens
F
8,11
6,71
5,52
4,83
2,61
2,46
2,41
1,96
100 120 140 160
Dias pós-plantio
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Teor de ácido lático (%MS) das silagens
Legenda
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
Figura 09 Matéria seca, pH e teres de nutrientes digestíveis totais, nitrogênio amoniacal,
ácidos butírico e lático na MS. As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
106
3.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais estimado da seca das silagens
Para o teor de nutrientes digestíveis totais (NDT), houve interação entre
a idade das culturas e tratamentos (Tabela 06). Em todas as avaliações o teor
médio de NDT das silagens do M+2FBEL foi superior (P<0,05) a esse teor
naquelas do BCE (Figura 09B).
Os 59,81% de NDT, estimados para as silagens do BCE confeccionadas
aos 100 dias pós-plantio, são próximo aos 59,22%, estimados para tratamento
semelhante no experimento discutido na seção 2.3.8.
Citam-se Pina et al. (2006); Obeid et al. (2006); Rocha et al. (2006);
Costa et al. (2005) e Silva et al. (2006) que obtiveram de silagens de milho,
estimativas de NDT próximas das mencionadas.
A avaliação de silagens de milho confeccionadas após o estádio ideal
para ensilagem revelou efeitos de pequena magnitude sobre o consumo e
digestibilidade da matéria orgânica (Russel et al., 1992). Entretanto ressalta-se
que, a partir dos 120 dias após o plantio, o teor de NDT na MS das silagens, foi
mais dependente da fração braquiária do que da fração milho que compõe o
consórcio.
Novamente, faz-se referência à seção 2.3.8, onde, citam-se os trabalhos
de Silva et al. (2005) e Chizzotti et al. (2005), com dados para se estimar NDT
em silagens de Brachiaria brizantha feitas com plantas colhidas aos 100 a 110
dias pós-plantio da ordem de 51,56 e 48,85% da MS.
3.3.9 pH das silagens
Para a variável pH não foi constatada interação entre idade das culturas
e tratamentos, e nem efeito da idade das culturas, contudo, os tratamentos
afetaram de forma significativa essa variável (Tabela 06). Independente da
época de avaliação, as silagens oriundas do BCE apresentaram valores
médios de pH superiores (P<0,05) aos das silagens do M+2FBEL (Figura 09C).
Forli (2003) trabalhou com Brachiaria decumbens e encontrou valores de
pH entre 4,7 a 4,9. Corrêa et al. (2001) obtiveram pH de 4,7 em silagem de
Brachiaria brizantha, confeccionada sem aditivo; pH de 4,2 para silagem dessa
mesma forrageira com inclusão de 8% de polpa cítrica; pH de 4,9 para silagem
107
de capim-tanzânia sem aditivo; e pH de 4,2 para silagem de capim-tanzânia
com inclusão de 6 a 8% de polpa cítrica.
O valor 3,51 do pH das silagens do M+2FBEL, aos 100 dias pós-plantio,
está de acordo com o preconizado por Oliveira (2001) para silagens de milho
de boa qualidade. Ainda, ilustra-se que esse valor é próximo ao 3,56;
encontrado em tratamento semelhante na secção 2.3.9.
3.3.10 Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
Houve interação entre idade das culturas e tratamentos para a variável
N-NH
3
/Ntotal. (Tabela 06). Em todas as épocas avaliadas as silagens do BCE
apresentaram maiores (P<0,05) teores médios de N-NH
3
/Ntotal do que as do
M+2FBEL (Figura 09D).
Como destacado na secção 2.3.10, silagem que possui concentração de
N-NH
3
/NT menor que 10%, é considerada como de muito boa qualidade. Essa
concentração é considerada adequada, quando varia de 10 a 15% da MS;
aceitável, de 15 a 20% e, acima de 20%, considera-se insatisfatória (Benacchio
1965).
Já Kung Jr. & Shaver (2001) sugerem que esse valor deve ser de 5 a 7%
para silagens de milho com 30 a 40% de MS e menor que 10% para silagens
dessa forrageira com 25 a 30% de MS. Para silagens de gramíneas perenes,
esses autores consideram como normal concentração de N-NH
3
/NT entre 8 a
12% da MS.
As silagens do M+2FBEL atendem às recomendações de todos esses
autores citados. E, da mesma forma, aquelas do BCE confeccionadas a partir
dos 120 dias pós-plantio.
Chizzotti et al. (2005) obtiveram 21,18% de N-NH
3
/Ntotal na MS de
silagens de Brachiaria brizantha. Corrêa et al. (2001) citam teores de N-
NH
3
/Ntotal de 10 a 18% na MS de silagens dessa mesma forrageira,
confeccionadas sem aditivo e 11 a 19%, em silagens de capim-tanzânia.
108
3.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens
Não houve interação entre a idade das culturas e tratamentos para o
teor de ácido butírico na MS das silagens. Bem como, não houve efeito da
idade das culturas sobre essa variável, todavia, os tratamentos afetaram o teor
desse ácido nas silagens (Tabela 06). Em todas as avaliações, as silagens do
BCE tiveram maiores (p<0,05) teores médios de ácido butírico do que as do
M+2FBEL (Figura 09E).
Segundo Oliveira (2001), silagens de milho de boa qualidade, devem
conter concentração de ácido butírico menor que 0,1% da MS.
As silagens do M+2FBEL confeccionadas aos 100, 120 e 140 dias pós-
plantio se enquadram nesse nível de exigência. Entretanto ressalta-se que
esse é um parâmetro para silagens de milho, que não deve servir de baliza
para silagens de gramíneas perenes. E, de acordo com Kung Jr. & Shaver
(2001), a concentração típica de ácido butírico em silagens de gramíneas
perenes com 30 a 35% de MS, varia de 0,5 a 1,0% dessa MS. Esse intervalo
acomoda todos os valores de ácido butírico obtidos nas silagens do BCE
(Figura 09E).
Ferrari Jr. & Lavezzo (2001) testaram o efeito do emurchecimento e de
diferentes níveis de inclusão de farelo de mandioca sobre a qualidade final de
silagens de capim elefante e registraram valores de ácido butírico que variaram
de 0,20 a 0,51% da MS dessas silagens. Andrade & Melotti (2004) avaliaram o
efeito de diferentes aditivos em diferentes níveis de inclusão sobre a qualidade
de silagens de capim-elefante e registraram valores desse ácido que variaram
de 0,03 a 1,73% na MS das silagens.
3.3.12 Teor de ácido lático nas silagens
Não houve interação entre a idade das culturas e os diferentes
tratamentos com relação ao teor de ácido tico na matéria seca das silagens.
Por outro lado, houve efeito tanto de tratamentos como da idade das culturas
sobre essa variável (Tabela 06). Independente da época de avaliação, as
silagens oriundas do M+2FBEL tiveram maiores teores médios de ácido lático
na MS (P<0,05) do que aquelas oriundas do BCE. E a análise apenas do
109
M+2FBEL dentro das diferentes idades, revela que houve queda, quase que
linear, no teor desse ácido orgânico ao logo das quatro avaliações (Figura
09F).
O maior teor de ácido lático obtido para as silagens do M+2FBEL aos
100 dias pós-plantio (8,11% da MS), deve-se à maior fração e fermentabilidade
de plantas de milho, contidas no material desse tratamento, nessa ocasião.
Kleinschmit & Kung Jr. (2006) registraram de 6 a 7% de ácido lático na MS, em
silagens de milho com 42 dias de fermentação, valores próximos aos 8,11%
aqui obtidos e dentro da faixa de 6 a 8%, sugerida por Oliveira (2001). Lado
outro, Filya (2003) relata silagens de milho com 2,4 a 5,1% desse ácido na MS.
Os baixos valores de ácido lático obtidos nas silagens do BCE devem-se
aos baixos teores de carboidratos fermentescíveis na braquiária. Na secção
2.3.12, em tratamento semelhante (capim-braquiária em cultivo exclusivo)
verificam-se silagens com 1,40% de ácido lático na MS.
Ferrari Jr. & Lavezzo (2001) trabalharam com diferentes técnicas para
melhorar o armazenamento de capim-elefante na forma de silagem e obtiveram
valores desse ácido que variaram de 2,39 a 3,52% da MS dessas silagens. No
trabalho de Andrade & Melotti (2004), citado na secção anterior, os autores
relatam teores de ácido lático de 1,05 a 5,31% da MS de silagens de capim
elefante com ou sem aditivos.
Kung Jr. & Shaver (2001) relatam que a concentração típica de ácido
lático em silagens de gramíneas perenes com 30 a 35% de MS, varia de 6,0 a
10,0%. Em nenhuma das avaliações as silagens do BCE alcançaram esse
patamar.
3.3.13 Nutrientes digestíveis totais por área
Calculou-se a variável quantidade de NDT produzida por unidade de
área (NDT ha
-1
), por meio do produto entre a produção de matéria seca por
área (PMS ha
-1
) e o teor de NDT (em % da MS) das silagens dos diferentes
tratamentos.
Não houve interação entre idade das culturas e tratamentos para a
produção de NDT ha
-1
. Isoladamente, a idade das culturas também não afetou
essa variável, entretanto, houve efeito dos tratamentos (Tabela 06). A exemplo
110
do teor de NDT na MS das silagens, a quantidade de NDT ha
-1
, do M+2FBEL
foi superior (P<0,05) a do BCE em todas as épocas avaliadas (Figura 10).
8646
9158
8481
9669
6550
6894
6691
6070
100 120 140 160
Dias pós-plantio
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
NDT (kg ha
-1
)
Legenda
M+2FBEL =
duas fileiras do capim-braquiária nas entrelinhas do milho
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo.
Figuras 10 Nutrientes digestíveis totais por área (NDT ha
-1
) nos diferentes tratamentos e
idade das culturas. As barras representam o intervalo de confiança de 95%
Como mencionado na secção 2.3.13, são escassos os trabalhos que
abordam a produção de energia de alimentos por unidade de área. Assim,
ilustra-se aqui, com os dados de Obeid et al. (1992a), 6.449 kg de MSD ha
-1
, e
Obeid et al. (1992b) 7.139 de kg de MSD ha
-1
, citados naquela secção.
Cita-se novamente que, Zago (2001) compilou dados de Santos (1996),
e relatou produção de NDT de 4.400 a 10.800 kg ha
-1
.
111
3.4 CONCLUSÕES
A produção de silagens por unidade de área aos 120 dias após o
plantio foi maior no cultivo simultâneo de milho com duas fileiras
de capim-braquiária nas entrelinhas. Outrossim, as silagens
desse tratamento, feitas aos 100 e 140 dias pós-plantio,
apresentaram maiores teores de PB que as do capim-braquiária
em cultivo exclusivo.
Para as outras variáveis analisadas, independente da idade das
culturas no momento do corte, as silagens oriundas do cultivo
simultâneo de milho com duas fileiras do capim-braquiária nas
entrelinhas apresentaram melhores resultados que aquelas do
capim-braquiária em cultivo exclusivo.
O cultivo do capim-braquiária em consórcio com milho, com
atraso no corte em relação ao ponto ideal de corte das plantas de
milho, pode ser uma alternativa viável para a produção de
silagens de capim sem aditivos.
112
3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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níveis de suplementação para vacas em pastagem de capim-marandu
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ANDRADE, S.J.T.; MELOTTI, L. Efeito de alguns tratamentos sobre a
qualidade da silagem de capim-elefante cultivar Napier (Pennisetum
purpureum, Schum). Brazilian Journal of Veterinary Research and
Animal Science, v.41, n.6, 2004.
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capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.). cv Tawiam A-146.
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117
Capitulo IV: Consórcio capim-braquiária e soja, comportamento produtivo
das culturas, características nutricionais e qualitativas das silagens
RESUMO: Nesse trabalho teve como objetivo avaliar o cultivo de capim-
braquiária e soja em consórcio ou exclusivamente com relação à produção de
matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) por
hectare e, também, os teores de variáveis qualitativas como, PB, FDN, LIG,
CNF, NDT, ácidos butírico e lático; nitrogênio amoniacal, além do próprio teor
de MS e pH, em silagens oriundas do material dessas culturas, colhidas em
diferentes estádios fenológicos (R
6
e R
7
) da cultura da soja. Na maioria das
variáveis avaliadas foi constatada a viabilidade de ensilagem das culturas
estudadas em todos os tratamentos. A produção de MS foi maior para o capim-
braquiária em cultivo exclusivo, independente do estádio vegetativo. O teor de
MS nas silagens desse tratamento foi baixo tanto no R
6
quanto no R
7
(19,55 e
19,49%). Nas silagens oriundas do consórcio capim-braquiária e soja e da soja
em cultivo exclusivo, esse teor foi mais elevado em R
7
que no R
6
.
Independente do estádio, a soja em cultivo exclusivo produziu maior teor de
PB, CNF, LIG, NDT e maior quantidade de PB, seguida pelo consórcio capim-
braquiária e soja, e capim-braquiária em cultivo exclusivo. Esses tratamentos
comportaram-se de forma inversa com relação ao teor de FDN. Para o
consórcio capim-braquiária e soja e, soja em cultivo exclusivo, a quantidade de
NDT aumentou do R
6
para o R
7
e, no capim-braquiária em cultivo exclusivo
diminuiu com avanço da maturidade. Os valores de pH e ácido butírico foram
elevados para todos os tratamentos nos dois estádios e os valores de ácido
lático foram baixos. No R
7
, o teor de nitrogênio amoniacal foi menor que no R
6
The intercrop between signal grass and soybean: cultures productive
performance, nutrional characteristics and silage quality
Abstract: This work had the main objective to evaluate the intercrop between
signal grass and soybean in relation to the production of dry matter (DM), crude
protein (CP) and total digestible nutrients (TDN) and the concentration of
qualitative variables as CP, TDN, NDF, LIG, NFC, NH
3
/NT, butyric and latic acid
in DM and pH of the silage produced from: signal grass exclusive culture; signal
118
grass intercropped with soybean and exclusive culture of soybean in different
physiological stages (R
6
e R
7
). It was determined the viability of the silage for all
treatments for the majority of the variables analyzed. The production of DM was
higher for the signal grass exclusive culture. However, the concentration of DM
in the silage of this treatment was low in R
6
as in R
7
(19.55 and 19.49%,
respectively). Independent of the stage, soybean exclusive culture presented
the higher concentration of CP, NFC, LIG, TDN and higher production of CP,
followed by intercropped signal grass and signal grass in exclusive culture. The
exclusive culture of soybean and in intercropped signal grass the production of
TDN increase from R
6
to R
7
and decrease in comparison to signal grass
exclusive culture. The values of pH and butyric acid was high to all treatments
and the lactic acid presented low values. Also in all treatments the NH
3
/NT was
higher in the R
6
compared to R
7.
119
4.1 INTRODUÇÃO
A menor produção e valor nutritivo das forragens por ocasião do período
seco têm merecido do meio científico, estudos visando proposição e validação
de alternativas alimentares nessa época do ano. Uma das alternativas para
solucionar o problema pode ser a produção de silagem a qual poderá ser
conservada com finalidade de suplementar a dieta de animais durante o
período de escassez (Ferreira 2001).
Entre as culturas com potencial para a ensilagem, a busca pela
utilização da soja, exclusiva ou em associação com gramínea, tem ocorrido
principalmente, em função da sua capacidade de elevação do teor de proteína
do material ensilado (Evangelista, 1991; Obeid, 1992a,b).
De acordo com Evangelista et al. (2003), a soja quando colhida no início
de enchimento de grãos (estádio R
5
), pode apresentar, em média, 18 a 20% de
proteína na matéria seca. Alguns autores afirmam que inclusão de 40 a 50% de
soja ao milho aumentou o teor de PB da silagem em 45 a 50% .
Constam-se sugestões que plantas de soja em cultivo exclusivo teriam,
no estádio fenológico R
5
, o ponto ideal para o corte e ensilagem. Entretanto
existem resultados que indicam o estádio R
7
como sendo o ponto ótimo para a
ensilagem dessa leguminosa (Hintz et al. 1992). Todavia, a soja, como a
maioria das leguminosas, possui fatores que dificultam a conservação na forma
de silagem. Enumeram-se a baixa concentração de matéria seca, elevado teor
de proteína e de matéria mineral, o que promove elevação na concentração de
amônia e na capacidade tamponante e, baixas concentrações de carboidratos
solúveis.
Assim, objetivou-se com esse trabalho avaliar a produção de MS e de
alguns nutrientes por área, bem como, avaliar características qualitativas de
silagens de soja, capim-braquiária e do material oriundo do cultivo dessas duas
culturas em consórcio em diferentes estádios de maturidade.
120
4.2 METODOLOGIA
4.2.1 Estabelecimento das culturas e tratos culturais
O experimento foi conduzido na Fazenda Barra Mansa, localizada no
município de Rio Casca, Zona da Mata do estado de Minas Gerais.
A calagem e adubação de plantio foram realizadas de maneira uniforme
na área, conforme análise química do solo (Tabela 07), seguindo as
recomendações básicas para a cultura da soja.
Tabela 07 – Análise química do solo
MO P K Ca Mg H+Al CTC
pH
dag kg
-1
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
6,2 2,32 1,1 40 2,3 0,7 2,97 6,07
O plantio foi realizado em 01-12-2003, em área de pastagem degradada,
para fins de recuperação da fertilidade do solo e da produtividade de forragem
na área. O estabelecimento das culturas foi via “plantio direto” sobre palhada
da pastagem existente. Antes deste, foi realizado levantamento prévio das
plantas daninhas infestantes e adequada dessecação com herbicida sistêmico
(glyphosate + 2,4-D) para o plantio direto.
A variedade de soja utilizada foi Pioneer DM 339 e a adubação e os
tratos culturais seguiram o manejo da cultura da soja em cultivo exclusivo,
conforme recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas
Gerais: 5
a
aproximação. Viçosa-MG.
4.2.2 Delineamento experimental
O delineamento foi o inteiramente casualizado, utilizando-se três áreas
distintas da propriedade, mas com características edáficas semelhantes, e
distribuídas da seguinte forma:
Área I - cultivo exclusivo de capim-braquiária (BCE);
Área II - cultivo de capim-braquiária em consórcio com soja (BS);
121
Área III - cultivo exclusivo de soja (SCE).
Das três áreas foram retiradas aleatoriamente amostras do material
cultivado. Essas amostragens se deram quando as plantas de soja das áreas I
e II encontravam-se nos estádios fisiológicos R
6
(Pleno enchimento das
vargens) e R
7
(início da maturação dos grãos e 50% da folhação amarelada),
de acordo com classificação de Fehr & Caviness (1977). Esses dois estádios
fisiológicos constituíram-se em parcelas repetidas no tempo no tempo.
As amostragens desses três tratamentos foram realizadas em triplicatas
em cada uma das duas subparcelas, totalizando 18 repetições.
A estimativa de produção de matéria seca das culturas foi feita utilizando
dados coletados em amostras de 0,25 m
2
(0,5 m x 0,5 m) (três repetições por
tratamento) feitas aleatoriamente nas parcelas.
Para avaliar a produção e a qualidade das silagens (efeitos de
tratamentos e dos estádios fenológicos), os resultados foram submetidos à
análise de variância (ANOVA) num esquema de medidas repetidas no tempo.
O modelo de ANOVA de medidas repetidas é considerado um dos mais
poderosos (ou seja, é capaz de identificar efeitos significativos com um menor
tamanho amostral) para análise de dados por permitir o controle das variações
entre as unidades amostrais de forma semelhante ao que ocorre no teste de “t”
pareado (Zar, 1999). A análise foi feita de acordo com seguinte modelo:
ijijjiij
eabbaY
+
+
+
+
=
µ
em que,
=
ij
Y
observação referente à produção do i-ésimo tratamento no j-
ésimo estádio fisiológico;
=
µ
constante inerente ao modelo;
=
i
a
efeito do i-ésimo tratamento, com i variando de 1 a 3;
=
j
b
efeito do j-ésimo estádio fisiológico, obtidos pelas datas de
coleta, com j variando de 1 a 2;
=
ij
ab
efeito da interação entre os tratamentos e estádio fisiológico;
=
ij
e
erro aleatório associado a observação, suposto normal e
independentemente distribuído com média = 0 (zero) e variância
2
σ
, ou
seja,
);0(~
2
σ
Ne
ij
.
122
As médias foram comparadas utilizando-se o teste de Student-
Newman-Keuls, com o nível de 5% de probabilidade.
4.2.3 Preparo das silagens e análises laboratoriais
O preparo das silagens, as análises laboratoriais e a estimativa do NDT
se deram como descrito na secção 2.1.3.
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 08 observa-se a análise de variância das variáveis respostas
avaliadas.
Tabela 08 Resultados da análise de variância de medida repetida para o efeito de
diferentes tratamentos e estádios fenológicos culturas
Fontes de variação F GL p
Produção de matéria seca
TRAT 8,336 2 *
EF 0,001 1 NS
TRAT x EF 0,169 2 NS
Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens
TRAT 2712,430 2 ***
EF 123,510 1 ***
TRAT x EF 26,670 2 ***
Proteína bruta por área
TRAT 729,756 2 ***
EF 210,164 1 ***
TRAT x EF 46,365 2 ***
Teor de fibra em detergente neutro em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 345,450 2 ***
EF 0,170 1 NS
TRAT x EF 2,87 2 NS
Teor de carboidratos não fibrosos em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 49,849 2 ***
EF 1,274 1 NS
TRAT x EF 0,431 2 NS
Teor lignina em porcentagem da matéria seca das silagens
TRAT 73,058 2 ***
EF 20,604 1 **
TRAT x EF 8,767 2 *
Matéria seca das forragens
TRAT 9,068 2 *
EF 18,046 1 **
TRAT x EF 4,960 2 NS
123
Teor de nutrientes digestíveis totais estimado da seca das silagens
TRAT 150,450 2 ***
EF 6,360 1 *
TRAT x EF 23,170 2 **
pH das silagens
TRAT 14,270 2 **
EF 0,001 1 NS
TRAT x EF 0,050 2 NS
Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
TRAT 10,860 2 **
EF 145,235 1 ***
TRAT x EF 17,518 2 **
Teor de ácido butírico nas silagens
TRAT 1,523 2 NS
EF 0,495 1 NS
TRAT x EF 0,096 2 NS
Teor de ácido lático nas silagens
TRAT 0,072 2 NS
EF 2,284 1 NS
TRAT x EF 0,689 2 NS
Nutrientes digestíveis totais por área
TRAT 1,409 2 NS
EF 1,524 1 NS
TRAT x EF 9,917 2 *
GL = graus de liberdade; NS não significativo; * - P<0,05; ** - P<0,01; *** - P<0,001; TRAT =
tratamentos; EF = estádio fenológico; TRAT x EF = interação entre tratamentos e estádio
fenológico
.
4.3.1 Produção de Matéria seca por área
Não houve interação entre tratamentos e estádios vegetativo das
culturas para a produção de matéria seca por hectare (PMS ha
-1
). O fator
estádio vegetativo também não afetou essa variável, entretanto houve
diferenças entre os tratamentos para a PMS ha
-1
(Tabela 08). O BCE foi
superior (P<0,05) aos demais nos dois estádios avaliados. Entre BS e SCE não
se verificou diferença (P>0,05) em nenhum dos estádios fenológicos (Figura
11A).
124
A
7860
7831
6735
6789
6398
6378
R
6
R
7
Estádio vegetativo
5000
5500
6000
6500
7000
7500
8000
8500
9000
Produção de matéria seca - PMS - (kg.ha
-1
)
B
5,07
5,17
8,79
10,67
18,55
20,51
R
6
R
7
Estádio vegetativo
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Teor de proteína (PB) % da MS das silagens
C
398
404
592
724
1186
1307
R
6
R
7
Estádio vegetativo
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
produção de proteína bruta - PB - (kg ha
-1
)
D
72,47
75,59
66,20
64,36
49,16
48,95
R
6
R
7
Estádio vegetativo
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Teor de fibra (FDN) % da MS
E
11,54
10,71
14,87
14,73
19,64
17,35
R
6
R
7
Estádio vegetativo
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Teor de carboidratos não fibrosos (CNF) % da MS
F
4,06
6,01
6,59
6,75
8,41
8,86
R
6
R
7
Estádio vegetativo
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Teor de lignina (LIG) % da MS
Legenda
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
BS = consórcio
capim-braquiária e soja
SCE = soja em cultivo exclusivo
Figura 11 - Produção de matéria seca, teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro,
carboidratos não fibrosos, lignina na MS das silagens e produção de proteína bruta por hectare.
As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
125
Koivisto et al. (2003) trabalharam com duas cultivares de soja com
finalidade para ensilagem, em duas idades ao corte e obtiveram produtividade
de matéria seca de 5910 a 7950 kg ha
-1
. Hoffman et al. (2004) alcançaram, no
estádio R
7
, produtividade aproximada de 4.000 kg.ha
-1
de silagem de soja.
Outrossim, Blount et al. (2006), avaliando silagens de soja, relataram
produtividade de 5.673; 6.187; 7.963; e 6.870 kg ha
-1
, para o material colhido,
respectivamente, com 103; 110; 117 e 124 dias de idade.
Os valores de produtividade, resultados aqui, com as silagens do SCE
nos estádios R
6
e R
7
, aproximam-se do valor médio citado nesses trabalhos.
Por outro lado, Jiménez et al. (2004) obtiveram produtividade média de apenas
3.500 kg de MS ha
-1
de silagens de soja.
Já os 6735 e 6789 kg ha
-1
, obtidos com as silagens do BCE, são
inferiores aos 10.961 e 12.800 kg ha
-1
encontrados para as silagens de
braquiária em cultivo exclusivo nas seções 2.3.1 e 3.3.1. Todavia ressalta-se
que os experimentos foram conduzidos em áreas distintas e a Brachiaria
brizantha utilizada nesse experimento foi a cultivar Marandu, ao passo que a
utilizada naqueles foi a MG5.
4.3.2 Teor de proteína bruta na matéria seca das forragens
Houve interação entre os estádios fenológicos e tratamentos para o teor
de proteína bruta (PB) na MS das silagens (Tabela 08). Para BS e SCE, em
média, o teor de proteína foi maior (P<0,05) no R
7
do que no R
6
(Figura 11B).
Hoffman et al. (2004) apresentaram silagens de soja com 18,5 e 19,5%
de PB, respectivamente, nos estádios R
6
e R
7
. Valores esses que são próximos
aos 18,55 e 20,51% apresentados pelas silagens do SCE (Figura 11B).
Silagens de soja feitas com 110, 117 dias após a emergência da cultura,
tiveram médias de 20,8 e 20,9% de PB, registradas por Blount et al. (2006).
Todavia, Coffey et al. (1995) apresentaram valores médios de 16,0 a 20,6% de
PB na MS de silagens feitas nos estádios R
2
, R
4
e R
6
, em dois anos. Valores
semelhantes foram observados por Evangelista (1986) que trabalhou com duas
cultivares de soja em diferentes estádios de maturidade e obteve silagens que
variaram de 16 a 20% de PB na MS, para a cultivar BOSSIER e de 17 a 24%,
para a UFV – 5.
126
O NRC (2001) cita 17,4% de PB para silagens de soja, sendo, este
valor, média em um universo de 20 trabalhos.
Para silagens de Brachiaria brizantha, Evangelista et al. (2004) relataram
média de 5,7% de PB. Esse valor é próximo aos 5,07 e 5,17%, aqui obtidos
para as silagens de BCE confeccionadas na ocasião em que as plantas de soja
encontravam-se nos estádios R
6
e R
7
, in casu, aos 117 e 124 dias pós-plantio.
Nas silagens de braquiária em cultivo exclusivo da secção 2.3.3, encontrou-se
5,06 % de PB na MS.
Com as silagens do BS, obtiveram-se teores de PB intermediários entre
aquelas do BCE e SCE, o que era esperado com a mistura de forrageiras
dessa natureza, devido à diluição de massas, pois a massa forrageira SCE tem
teores de PB mais elevados que a massa forrageira do BCE.
Na tentativa de elevar o teor de PB da massa ensilada, Obeid et al.
(1992a) testaram vários consórcios e arranjos de semeadura entre milho e
leguminosas, e obtiveram com milho em cultivo exclusivo, silagens com 5,2%
de PB. Nos consórcios 5,9% de PB para milho estabelecido com soja num
arranjo de 6 plantas de milho e 25 plantas de soja por metro linear e, 6,8% PB
para o arranjo 6 plantas de milho e 50 plantas de soja por metro linear. Já em
Obeid et al. (1992b) encontram-se relatos de silagens milho em cultivo
exclusivo com 5,33% de PB e, de silagens de milho em cultivo com soja, num
arranjo de 6 plantas de milho e 20 plantas de soja por metro linear, com 7,79%
de PB.
Carneiro & Rodrigues (1980), também nessa linha de trabalho,
obtiveram silagens de milho com 8,4% de PB, e silagens de milho e soja numa
proporção de massa 60:40, com 13,78% de PB na MS. Ressalta-se que a
proporção de massa das forragens do BS, aqui em estudo, foi de 50,23:49,77,
ou seja, próxima a 1:1
Em Evangelista et al. (2003) encontram-se silagens com as seguintes
relações de massa soja:milho e teores de proteína, 0:100 - 7% de PB; 15:85 -
8% de PB; 30:70 - 11% de PB; 45:55 - 12% de PB; 40:60 - 13% de PB; 75:25 -
14% de PB; 90:10 - 16% de PB; e 110:0 - 18% de PB.
127
4.3.3 Produção de proteína bruta por unidade de área
Para a proteína bruta por hectare (PB ha
-1
), houve interação entre
tratamentos e estádios fenológicos (Tabela 08). Independente do estádio
vegetativo, a SCE teve maior produção de PB ha
-1
que os demais tratamentos
e o BS produziu mais PB ha
-1
que o BCE (Figura 11C).
Poucos são os trabalhos que avaliaram a produtividade de proteína para
o consórcio capim-braquiária e soja, todavia, Blount et al. (2006) registraram
1.101; 1.286; 1.662; e 1.4650 kg ha
-1
de PB, oriundos de silagens de soja em
cultivo exclusivo, feitas, respectivamente, com 103; 110; 117 e 124 dias de
idade. Também, Hoffman et al (2004) relatam produção entre 730 a 750 kg de
PB ha
-1
para silagens de soja confeccionadas nos estádios R
6
e R
7
.
De posse dos dados de Koivisto et al. (2003) sobre teor de PB na MS e
produtividade, em kg ha
-1
, de silagens de soja de diferentes cultivares, obtêm-
se produções de proteína por área de 770 a 1050 kg ha
-1
. Esse maior valor
aproxima-se dos 1106 kg ha
-1
, obtidos para SCE no estádio R
6
.
No trabalho de Lempp et al. (2000), os autores relataram produtividade
média de 720 kg de PB ha
-1
, oriundos de silagens de plantas de soja e milho,
cultivadas em arranjos de uma ou duas linhas de soja nas entrelinhas do milho.
Nessa mesma linha de trabalho, soja consorciada com milho, Obeid et al.
(1992a), relataram, produções de 576,5 e 649,6 kg ha
-1
de PB, oriundos de
cultivos em arranjos de semeadura: 6 plantas de milho e 25 plantas de soja e 6
plantas de milho e 50 plantas de soja por metro linear, respectivamente.
Para o consórcio soja e sorgo, Silva et al. (2003) avaliaram o
comportamento de quatro cultivares de cada uma dessas culturas, com destino
à ensilagem e relataram 1.448 kg de PB por hectare, como média da produção
dos diferentes arranjos e repetições com que trabalharam. Entretanto a
produção média de MS dos consórcios dessas culturas foi de 14.193 kg ha
-1
,
valor bem acima dos aqui encontrados no consórcio soja e capim-braquiária.
Também, Rezende et al. (2000) trabalharam com consórcio soja e sorgo para
silagem e registraram produção média de 1.683 kg de PB ha
-1
, porém, com
produtividade média de 13.190 de MS ha
-1
.
128
4.3.4 Teor de fibra detergente neutro na matéria seca das silagens
Não houve interação entre tratamentos e os dois estádios fenológicos
das culturas com relação ao teor de fibra detergente neutro (FDN) na MS das
silagens. O estádio vegetativo também não afetou essa variável, entretanto,
houve diferenças entre os tratamentos (Tabela 08). Nos dois estádios
fenológicos avaliados, os teores médios de FDN das silagens do BCE foram
superiores (P<0,05) aos das do BS, que por sua vez, foram superiores
(P<0,05) aos da SCE (Figura 11D).
A maior concentração de FDN na MS de gramíneas em relação às
leguminosas é fato consagrado no meio técnico-científico. E como a relação de
massa do BS se aproximou de 1:1 em plantas de capim-braquiária e soja, era
esperado que o teor de FDN do material desse tratamento se situasse num
patamar intermediário ente a BCE e SCE.
Mustafa & McGill (2005), trabalharam com silagens de soja com
concentrações de 44 e 49% de FDN, que são próximas aos 49,16 e 48,95%,
aqui obtidos, para as silagens do BS nos estádios R
6
e R
7
. Também, Coffey et
al. (1995) cometam valores de 38,3 a 48,3% de FDN nessa mesma forrageira e
Undersander et al (2006), por sua vez, relataram como mínimo 33%, média
39% e máximo de 47,5%. Por outro lado, Lima (1992) citou silagem de soja
com 60% em FDN.
Constata-se no trabalho de Blount et al. (2006), queda linear no teor de
FDN em silagens de soja, em função da idade. Onde obtiveram-se teores de
56,7% dessa variável aos 89 dias pós-emergência, passou-se para 50,2% aos
103 dias, e 43% aos 124 dias. Esse fato é explicado pelo aumento de massa
de grãos em relação à planta inteira com o avanço da maturidade.
As concentrações de 72,47 e 75,59% de FDN na MS, obtidas nas
silagens do BCE, estão de acordo com a maioria dos valores revelados na
literatura para essa variável em gramíneas forrageiras. Silva et al. (2005)
comentam silagens de Brachiaria brizantha com 75,91% de FDN. Chizotti et al.
(2005) também trabalharam com silagem dessa forrageira e relatam 74,28%
como teor de FDN. Evangelista et al. (2004) utilizaram silagens de
Brachiaria brizantha com 67,65 a 69,39% de FDN.
129
O conteúdo de fibra em um alimento é indicativo de como esse alimento
se comporta no fornecimento de nutrientes para o animal (Rodrigues & Vieira,
2006). Isso se deve ao fato de que, essa fibra, comumente expressa como
resíduo do tratamento com detergente neutro (FDN) está associada à
indigestibilidade e ao consumo do alimento. Todavia essa associação depende
de outras variáveis, como ligação a outros compostos, por exemplo, lignina, e
arranjo estrutural na parede celular (Van Soest, 1994).
Assim, a concentração de FDN, per si, é indicativo, mas não regra
decisiva para tomada de decisão em qualificação de alimentos.
4.3.5 Teor de carboidratos não fibrosos na matéria seca das silagens
Não houve interação entre o estádio vegetativo das culturas e os
tratamentos para o teor de carboidratos não fibrosos (CNF) na MS das
silagens. O estádio vegetativo também não afetou essa variável, porém, houve
diferenças entre os tratamentos (Tabela 08). Nos dois estádios avaliados o
SCE teve maior (P<0,05) teor de CNF, seguido pelo BS que, por sua vez, foi
superior (P<0,05) ao BCE (Figura 11E). Observa-se, nessa Figura, que a
concentração de CNF nas silagens do BCE não variou entre as duas épocas
avaliadas, o que se justifica pela proximidade entre essas avaliações: sete dias.
Ressalta-se, outrossim, que essas concentrações se aproximam daquela
citada na secção 2.3.5 (11,04%) para tratamento semelhante e, aos 10,30%
encontrados por Chizzotti et al. (2005), quando trabalharam com silagens
dessa mesma forrageira.
A ligeira queda no teor dessa variável nas silagens do SCE no estádio
R
7
, quando comparada às do R
6
, deve-se à elevação no teor de PB e lipídeos
com o avanço da maturidade das plantas de soja.
O comportamento intermediário das silagens do BS com relação a essa
variável deve-se à diluição de massas entre as plantas de soja e do capim-
braquiária.
130
4.3.6 Teor de lignina (LIG) na matéria seca das silagens
Para o teor de lignina na MS, houve interação entre estádios fenológicos
e tratamentos (Tabela 08). Nos dois estádios (R
6
e R
7
) a SCE foi superior ao
BS (P<0,05) que, por sua vez, foi superior ao BCE (Figura 11F). A
superioridade das leguminosas sobre as gramíneas, com relação a
concentração de lignina é fato comentado por vários autores, dentre eles Van
Soest (1994). Uma vez mais, o comportamento intermediário das silagens
oriundas da SB é atribuído à diluição de massas.
Mustafa & McGill (2005) constataram silagens de soja com 6,4 e 8,1%
de lignina na MS, enquanto Coffey et al (1995) relataram teores de 6 a 7,4%
desse fenilpropano na MS. Esses valores são inferiores, porém próximos, aos
8,41 e 8,86%, aqui constatados nas silagens do SCE feitas, respectivamente,
em R
6
e R
7
.
Pereira et al. (1998) trabalharam com inclusões de 0; 10; 20; 30; e 40%
de leucena (leguminosa) na massa de capim elefante (gramínea) e obtiveram
silagens com, 9,28; 9,66; 10,87; 11,65; e 12,87% de lignina na MS. Magalhães
& Rodrigues (2004) obtiveram silagens de alfafa com média de 10,78% de
lignina na MS.
Silva et al. (2005) laboraram com Brachiaria Brizantha e encontraram
5,12% de lignina. Valor esse, intermediário entre os 4,06 e 6,01% apresentados
para o BCE na Figura 11F. Na secção 2.3.6, em tratamento semelhante, cita-se
teor de 6,41% para a MS de silagens de braquiária em cultivo exclusivo e, na
secção 3.3.7, citam-se teores de lignina de 4,16 a 5,96% da MS de silagens
dessa mesma forrageira cultivada da mesma forma.
4.3.7 Matéria seca das forragens
Não foi constatada interação entre tratamentos e os estádios fenológicos
para o teor de MS das forrageiras no momento da ensilagem (Tabela 08).
Apenas o estádio vegetativo influenciou essa variável de forma significativa,
sendo que, as silagens oriundas dos tratamentos soja em cultivo exclusivo
(SCE) e capim-braquiária em consórcio com soja (BS) no estádio R
7
apresentaram maiores médias (P<0,05) para matéria seca (Figura 12A). No
estádio R
6
, não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos.
131
A
19,55
19,49
18,75
25,87
21,42
26,70
R
6
R
7
Estádio vegetativo
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
Matéria seca das forrageiras
B
51,23
47,70
53,20
56,52
60,95
64,94
R
6
R
7
Estádio vegetativo
40
45
50
55
60
65
70
Teor de nutrientes digestíveis totais (NDT
m
) % da MS
C
5,10
5,08
5,44
5,45
5,57
5,59
R
6
R
7
Estádio vegetativo
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
pH das silagens
D
20,70
14,39
30,27
10,48
18,49
9,24
R
6
R
7
Estádio vegetativo
0
5
10
15
20
25
30
35
40
N-NH
3
/Ntotal x 100
E
0,38
0,37
0,35
0,33
0,44
0,40
R
6
R
7
Estádio vegetativo
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
Teor de ácido butírico (%MS) das silagens
F
3,41
3,11
3,16
3,09
3,22
3,16
R
6
R
7
Estádio vegetativo
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
Teor de ácido lático (%MS) das silagens
Legenda
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
BS = consórcio
capim-braquiária e soja
SCE = soja em cultivo exclusivo
Figura 12 Matéria seca, pH e teres de nutrientes digestíveis totais, nitrogênio amoniacal,
ácidos butírico e lático na MS As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
132
Como mencionado na secção 2.3.7, o teor de MS da planta para
ensilagem está relacionado com as condições de fermentação do material e
com os níveis de perdas no sistema, o ideal são teores de MS entre 28 e 35%.
Na Figura 12A observa-se que no estádio R
7
, os teores de MS das forragens
do BS e SCE aproximaram-se dessa faixa.
Koivisto et al. (2003) obtiveram silagens de soja com média de 22,2% a
22,4% de MS. No estádio R
6
.Todavia Hoffman et al. (2004) obtiveram silagens
de soja com 19% de MS, enquanto que, Blount et al. (2006) avaliando silagens
dessa leguminosa feitas com plantas aos 103, 110, 117, e 124 dias pós-
emergência, obtiveram em média 26; 26; 27 e 29% de MS, respectivamente.
Aqui, as plantas de soja que receberam classificação fenológica R
6
, estavam
com 117 dias pós-plantio e aproximadamente 110 dias pós-emergência.
Com relação a elevação no teor de MS da forragem nos tratamentos BS
e SCE do estádio R
6
para o R
7
; 18,75% para 25,87%, deve-se, principalmente,
a senecência das plantas de soja, pois a MS das forragens do BCE nesse
período praticamente não variou.
O teor de MS da forragem do BCE (19,55%) foi próximo daqueles
relatados por Forli (2003) e de Silva et al. (2005). Entretanto foi 6,09% inferior
aos 20,84%, apresentado na seção 3.2.7 para o capim-braquiária em cultivo
exclusivo colhida aos 100 dias pós-plantio.
4.3.8 Teor de nutrientes digestíveis totais em porcentagem da matéria
seca das silagens
Para o teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) na MS das silagens,
houve interação entre os estádios fenológicos e os tratamentos. (Tabela 08).
Houve elevação no teor médio de NDT do estádio R
6
para o R
7
nas silagens do
BS e do SCE, porém, naquelas do BCE, o comportamento foi inverso com
relação a essa variável (Figura 12B).
Poucos são os trabalhos que relatam o teor de NDT de silagens de soja,
média de 59,9% da MS foi o valor considerado pelo NRC (2001) para essa
variável. Valor esse, que se aproxima dos 60,95%, aqui estimado para o teor
de NDT nas silagens do SCE no estádio R
6
. Todavia Carneiro et al. (1982)
avaliaram o teor de matéria seca digestível (MSD) em silagens compostas por
133
40% de soja e 60% de milho e encontraram uma média de 66%. Como citado
na secção 3.1.9; a MSD, assim como a matéria orgânica digestível (MOD),
podem ser indicativos do conteúdo energético dos alimentos.
Evangelista et al. (1983) trabalharam com diferentes arranjos de
semeadura para consórcio milho e braquiária e obtiveram silagens com DMS
entre 52 e 55%. Lima (1992) avaliou, por meio de regressão linear, avaliou o
efeito da inclusão
de plantas de soja em veis crescentes sobre o coeficiente
de digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS) de silagens de capim-
elefante e gerou a seguinte equação:
63,0;1412,04547,46
2
^
=+= RXY
. Se
considerar 100% de soja, tem-se como solução dessa equação 59,57%, ou,
aproximadamente, 0,6 CDAMS. Se considerar 50% de soja e 50% de capim,
tem-se 0,53 como CDAMS.
Os valores intermediários de estimativa do NDT das silagens do BS,
quando comparado com BCE e SCE, tanto no R
6
quanto no R
7
, devem-se à
diluição de massa (soja e capim-braquiária) nesse tratamento.
4.3.9 O pH das silagens
Não houve interação entre estádios fenológicos e tratamentos para o pH
das silagens. Também o fator estádio vegetativo, isolado, não afetou essa
variável, entretanto, os tratamentos sim (Tabela 08). O pH das silagens do BCE
feitas com plantas nos dois estádios fenológicos foi inferior (P<0,05) ao pH das
silagens dos outros dois tratamentos, os quais não diferiram entre si (P>0,05)
(Figura 12C).
Segundo Kung Jr. & Shaver (2001), o pH típico, tanto em silagens de
leguminosas com teor de MS entre 30 e 40%, quanto em silagens de
gramíneas perenes varia de 4,3 a 4,7. Também, Leibensperger & Pitt (1987)
relatam pH de 4,45 para silagens de leguminosas com 25% de MS e 4,26 para
silagens de gramíneas perenes com esse mesmo teor de MS. Outrossim,
resultados semelhantes foram obtidos por Rangrab et al. (2000) trabalharam
com outra leguminosa para ensilagem, a alfafa, e obtiveram pH de 4,57 a 4,81.
E Jiménez et al. (2004), para silagem de soja e milho numa relação de massa
134
1:1, registraram pH em 4,25. Em Evangeslista et al. (2003), encontra-se valor
de pH de 4,8 para silagem de soja.
Observam-se na Figura 12C, valores de pH próximos aos acima citados,
porém, maiores que esses, independente do tratamento e do estádio
vegetativo. Entretanto, assim como para o CDAMS, Lima (1992) avaliou, por
meio de regressão linear, o efeito de níveis crescentes de inclusão de plantas
de soja sobre o pH de silagens de capim-elefante e gerou a seguinte equação:
94,0;017,019,4
2
^
=+= RXY
. A solução dessa equação, quando se considera
50% de inclusão de soja, é pH igual a 5,75. Esse valor á maior que o
apresentado na Figura 12C, independente do tratamento e do estádio
vegetativo.
4.3.10 Teor de nitrogênio-amoniacal em relação ao nitrogênio total
A interação entre estádios fenológicos e tratamentos para a variável (N-
NH
3
/NT) foi significativa (Tabela 08). No estádio R
6
, as silagens do BS
apresentaram maior (P<0,05) média de N-NH
3
/NT que os demais tratamentos,
os quais não diferiram entre si (P>0,05). no R
7
, a média dessa variável no
BCE foi superior (P<0,05) às dos demais, e o foi constatada diferença entre
as silagens do BS e do SCE (Figura 12D).
No trabalho de Kung Jr. & Shaver (2001), citado em secções anteriores,
os autores consideram como normal em silagens de leguminosas,
concentrações de N-NH
3
/NT entre 10 a 15% da MS, e em silagens de
gramíneas perenes 8 a 12%.
Observa-se pela Figura 12D que no estádio R
6
, o teor de médio de N-
NH
3
/NT nas silagens de todos os tratamentos foi maior do que o preconizado.
Já em R
7
, o teor dessa variável nas silagens do BS (10,48%) e do SCE (9,24%)
enquadra-se no intervalo desejado.
Lima et al. (1992) mensurou 15% de N-NH
3
/NT na MS de silagens de
soja. Evangelista et al. (1991b) avaliaram duas variedades de soja cultivadas
em consórcio com milho, em diferentes densidades de semeadura e obtiveram
valores de N-NH
3
/NT que variaram de 11 a 12,7% da MS.
135
Obeid et al. (1992a) estudaram consórcios de milho com diferentes
leguminosas em diferentes densidades de semeadura e não constataram
diferenças para a variável N-NH
3
/NT, entre doze combinações. Para silagem
de milho com soja (6:25 plantas por metro linear), obtiveram 6,3% de N-
NH
3
/NT, 8,5% para silagem de milho com crotalária (6:20 plantas por metro
linear) e 9,1% para silagem de milho com mucuna preta (6:12 plantas por metro
linear).
Broderick et al. (2001) trabalharam com silagens de outras leguminosas
- alfafa, trevo vermelho e mistura dessas duas - e obtiveram na MS dessas
silagens, teores de N-NH
3
/NT, 8,4; 9,8 e 8,0%, respectivamente. Rangrab et al.
(2000) avaliaram o efeito de inoculantes microbianos e enzimas sobre a
conservação de silagens de alfafa e para o tratamento controle, sem aditivo,
obtiveram silagens com 11,03% dessa variável na MS.
Os 20,70 e 14,39% N-NH
3
/NT na MS das silagens de Brachiaria
brizantha são inferiores aos 21,18% encontrados por Chizzotti et al. (2005),
para essa mesma forrageira. Teores dessa variável de 10 a 18% na MS de
silagens de Brachiaria brizantha são citados por Corrêa et al. (2001).
4.3.11 Teor de ácido butírico nas silagens
Para o teor de ácido butírico, não foi constatada interação, nem se
verificou efeito dos tratamentos e dos estádios fenológicos (Tabela 08) (Figura
12E).
De acordo com Kung Jr. & Shaver (2001), silagens de leguminosas em
geral, que passaram por adequado processo fermentativo, possuem, em sua
matéria seca, teores de ácido butírico menor que 0,5%, e as silagens de
gramíneas perenes de teores 0,5 a 1,0%.
Os resultados apresentados na Figura 12E para as silagens do BCE
podem
ser acomodados no intervalo preconizado pelos autores supra, para
silagens de gramíneas. E, aqueles obtidos para as silagens do SCE estão de
acordo com os preconizados para silagens de leguminosas. Também os
valores de ácido butírico obtidos com as silagens do BS estão dentro da
amplitude preconizada, tanto para silagens de leguminosas, quanto para de
gramíneas.
136
Para o consórcio milho e soja, cultivado em diferentes densidades,
desde 46.074 plantas de milho para 115.260 plantas de soja por hectare, até
48.296 para 253.962, com finalidade à ensilagem, Obeid et al. (1985)
registraram teor médio de ácido butírico em 0,19% da MS. na silagem de
milho em cultivo exclusivo (52.889 plantas ha
-1
) foi registrado 0,12% desse
ácido orgânico.
4.3.12 Teor de ácido lático nas silagens
Não houve interação entre estádio vegetativo e tratamentos para o teor
de ácido lático, bem como, não houve efeito individual do estádio vegetativo e
nem dos tratamentos sobre essa variável (Figura 12F).
A concentração típica de ácido lático em silagens de leguminosas com
teor de MS entre 30 e 40% varia de 7 a 8% dessa MS, e em silagens de
gramíneas perenes, de 6 a 10% (Kung Jr. & Shaver 2001).
Observa-se na Figura 12F que os teores de ácido lático das silagens
aqui analisadas não alcançaram esse patamar. Entretanto ressalta-se que os
3,41 e 3,11% de ácido lático mensurados nas silagens do BCE se aproximam
da média dos valores citados por Andrade & Melotti (2004), que encontraram
em silagens de capim-elefante com diferentes inclusões de aditivos,
concentrações desse ácido entre 1,05 a 5,31% da MS. Essas concentrações
são ainda parecidas com os 2,39 a 3,52% citados por Ferrari Jr. & Lavezzo
(2001) para silagens dessa mesma forrageira.
Rodrigues et al. (2005) avaliaram o efeito da adição de 0 a 15% de polpa
cítrica sobre a qualidade da silagem de capim-elefante e obtiveram
concentrações de ácido lático de 3,87 a 6,81% da MS. Já, Lima (1992) relata
silagens de soja com 5,0% de ácido lático e silagens de capim elefante com
concentração de 2,8% desse ácido.
Martin et al. (1983) trabalharam com níveis de 30, 40 e 50% de inclusão
de soja em milho e obtiveram silagens com, respectivamente, 4,85; 5,00 e
5,10% de ácido lático na MS. No trabalho de Obeid et al. (1985), com
diferentes densidades de semeadura no consórcio milho e soja, foram
relatadas silagens com concentração de ácido lático que variou de 1,90 até
2,52% da MS.
137
4.3.13 Produção de nutrientes digestíveis totais por unidade de área nos
diferentes tratamentos e estádios fenológicos das culturas.
Para a variável produção de nutrientes digestíveis totais por área (NDT
ha
-1
), houve interação entre tratamentos e estádios fenológicos das culturas
(Tabela 08) (Figura 13). No tratamento BCE foi constatada queda na produção
de NDT ha
-1
no estádio R
7
com relação à R
6
. o comportamento dos outros
dois tratamentos foi inverso com relação a essa variável nesses dois estádios
fenológicos.
Legenda
BCE = capim-
braquiária em cultivo exclusivo
BS = consórcio
capim-braquiária e soja
SCE = soja em cultivo exclusivo
Figuras 13 – Nutrientes digestíveis totais por área (NDT ha-1) nos diferentes tratamentos e idade das
culturas. As barras representam o intervalo de confiança de 95%.
Poucos são os trabalhos que abordam a produção de energia oriundas
de silagem de soja por unidade área. Blount et al. (2006) no trabalho
mencionado em secções anteriores, obtiveram produções de 3.482; 3.725;
4.842; e 4.190 kg ha
-1
de MODIV (matéria orgânica digestível estimada pelo
método in vitro), oriundos de silagem de soja, respectivamente feitas utilizando
plantas com 103; 110; 117 e 124 dias de idade.
4025
3739
3581
3838
3899
4138
R
6
R
7
Estádio vegetativo
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
Produção de NDT (kg ha
-1
)
138
Como mencionado na secção 2.1.13, a MOD, bem como, a MSD, o
indicativos do conteúdo energético dos alimentos, assim, apesar de se tratarem
de grandezas diferentes, a estimativa de NDT se aproxima da estimativa da
MOD numa quantidade considerável de alimentos para ruminantes.
Desse modo, os 3899 e 4138 kg ha
-1
de NDT, obtidos, respectivamente,
com silagens do SCE confeccionadas nos estádios R
6
e R
7
, estão
compreendidos no intervalo, do menor ao maior valor, relatado por Blount et al.
(2006) para a produção de MOD por área.
4.4 CONCLUSÕES
É possível a utilização de soja cultivada em consórcio com capim-
braquiária para fazer silagens, sendo recomendável a colheita das
culturas no estádio R
7
das plantas de soja.
139
4.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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144
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No cultivo do milho foi destinado à produção de grãos, a fração folha do
capim-braquiária apresentou maiores teores de PB, menor teores de FDN e de
lignina que a fração colmo, independente do tratamento. Nesse experimento, o
consórcio não afetou o teor dos nutrientes digestíveis totais (NDT) na MS do
capim, mas a idade da planta teve efeito sobre essa variável. O cultivo
exclusivo de capim-braquiária resultou em maior produtividade de matéria seca
(MS), proteína bruta digestível (PBD) e de NDT por hectare. Entretanto, em
todos os cultivos em consórcio (milho e capim-braquiária), a produção de grãos
ultrapassou os 5.300 kg ha
-1
, o que gera renda considerável, para custear os
gastos com a recuperação da área.
No experimento em que se realizou o corte das culturas (milho, capim-
braquiária e consórcio milho capim-braquiária) balizando-se, pelo ponto
fisiológico ideal da cultura do milho, a produção de MS, de PB e NDT ha
-1
,
entre tratamentos milho em cultivo exclusivo, cultivo simultâneo de milho com
duas fileiras de capim-braquiária nas entrelinhas e cultivo simultâneo de milho
com capim-braquiária semeada a lanço nas entrelinhas, foram iguais, sendo
superiores ao capim-braquiária em cultivo exclusivo, com relação a todas essas
variáveis. Nesse estudo, o capim-braquiária em cultivo exclusivo teve pior
avaliação para quesitos qualitativos como, teor de PB, NDT, FDN, lignina, pH,
nitrogênio amoniacal, ácido lático e ácido butírico na MS das silagens. Dentre
os tratamentos avaliados, a recuperação do dossel no cultivo simultâneo de
milho com duas fileiras de capim-braquiária nas entrelinhas foi mais rápida do
que nos demais, exceto quando comparado ao capim-braquiária em cultivo
exclusivo.
No estudo, onde se avaliou, a confecção de silagens das culturas
(capim-braquiária, e consórcio milho capim-braquiária), em diferentes estádios
de maturidade, o cultivo simultâneo de milho com duas fileiras de capim-
braquiária nas entrelinhas resultou em maior quantidade de MS, PB e NDT por
área, e apresentou melhores avaliações qualitativas como, teor de PB, NDT,
pH, nitrogênio amoniacal, ácido butírico e ácido lático, que capim-braquiária em
cultivo exclusivo.
145
Quando se colheu as forrageiras em diferentes estádios de maturidade,
as variáveis quantitativas, produção de MS, PB e NDT ha
-1
, revelou que a
melhor opção seria a confecção de silagens aos 160 dias após o plantio. Por
outro lado, as variáveis qualitativas como teor de NDT e ácido butírico na MS
das silagens, credenciou, também a colheita aos 120 dias após o plantio.
No experimento sobre a confecção de silagens de soja, capim-braquiária
e do material oriundo do consórcio entre essas duas culturas, verificou-se que,
as silagens confeccionadas no estádio vegetativo R
6
das plantas de soja
apresentaram baixos teores de MS e elevados teores de nitrogênio amoniacal.
Nesse estudo, para todas as variáveis avaliadas (PB, NDT, em porcentagem
da MS, ou em kg.ha
-1
, bem como, pH, nitrogênio amoniacal, ácidos butírico e
lático), o comportamento das silagens oriundas do tratamento soja cultivada em
consórcio com capim-braquiária, foi intermediário, quando comparado com os
tratamentos soja ou capim-braquiária em cultivos exclusivos.
Finda-se, que, de acordo com as variáveis analisadas nos diferentes
experimentos, o consórcio entre culturas graníferas e forrageiras foi viável.
Todavia para precisar a melhor forma de condução e aproveitamento dessa
ferramenta, como recuperação e manutenção da produtividade em pastagens,
seria interessante, a integração desses dados em modelos matemáticos para a
obtenção da solução com melhor retorno, balizando-se, em variáveis,
produtivas, econômicas, e sócio-ambientais dependentes.
146
ANEXOS
IMAGENS DE ALGUMAS PARCELAS DAS CULTURAS AO LONGO DOS
PERÍODOS EXPERIMENTAIS
147
Imagens da área do experimento do capítulo I: A) M+1FBEL 35 dias pós-plantio; B) M+2FBEL 35 dias
pós-plantio; C) M+1FBEL 100 dias pós-plantio; D) M+2FBEL 100 dias s-plantio; E) M+2FBEL 120
dias pós-plantio; F) espigas do milho 120 dias pós-plantio.
C
D
E
F
A
B
148
Imagens da área experimental do capítulo II: A) vista de área experimental imediatamente antes do corte para a ensilagem;
B) vista de área experimental imediatamente após o corte para a
ensilagem; C) vista de área experimental 20 dias após a
colheita do material dos diferentes tratamentos, para a ensilagem. Na área delimitada encontra-
se uma das parcelas do
M+2FBEL, à direita M+BLAN, à esquerda MCE, e as parcelas com dossel intacto são d
o BCE; D) vista de área experimental
40 dias após a colheita do material dos diferentes tratamentos, para a ensilagem. Na área delimitada encontra-
se uma das
parcelas do M+2FBEL, à direita M+BLAN, à esquerda MCE, e as parcelas com dossel intacto são do BCE.
A B
C
D
149
Imagens da área experimental do capítulo IV: A) vista da área com cultivo de capim-braquiária e soja em
consórcio; B) dossel do capim-braquiária e soja no estádio R
6
, cultivados em consórcio; C) dossel do capim-
braquiária e soja no estádio R
7
, cultivados em consórcio; D) Vista da área de capim-braquiária e soja cultivada
em consórcio, logo após a colheita da forragem para ensilagem.
A B
D
C
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