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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-
GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
POTENCIALIDADES E ESTRATÉGIAS
SUSTENTÁVEIS PARA O APROVEITAMENTO DE
REJEITOS DE COCO (COCUS NUCIFERA L.)
DANIELA VENCESLAU BITENCOURT
ABRIL – 2008
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
POTENCIALIDADES E ESTRATÉGIAS
SUSTENTÁVEIS PARA O APROVEITAMENTO DE
REJEITOS DO COCO (COCUS NUCIFERA L.)
Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente.
Autora: DANIELA VENCESLAU BITENCOURT
Orientador: Prof. Dr. ALCEU PEDROTTI
ABRIL – 2008
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
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iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
POTENCIALIDADES E ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS
PARA O APROVEITAMENTO DE REJEITOS DO COCO
(COCUS NUCIFERA L.)
Dissertação de mestrado defendida por Daniela Venceslau Bitencourt e aprovada em 05 de
maio de 2008 pela banca examinadora constituída pelos doutores:
_______________________________________________
Prof. Dr. Alceu Pedrotti – Orientador
Universidade Federal de Sergipe - DEA/NESA/NEREN
________________________________________________
Prof. Dr. Mário Jorge Campos dos Santos
Universidade Federal de Sergipe – NEF/NEREN
________________________________________________
Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza
Universidade Federal de Sergipe – DEQ/ NESA
iv
Este exemplar corresponde à versão final da dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente.
_______________________________________________
Prof. Dr. Alceu Pedrotti
Universidade Federal de Sergipe
v
É concedido ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal de Sergipe, permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta
dissertação, emprestar ou vender tais cópias.
_____________________________________
Daniela Venceslau Bitencourt
Universidade Federal de Sergipe
___________________________________
Prof. Dr. Alceu Pedrotti
Universidade Federal de Sergipe
vi
À minha filha Luana
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus e à espiritualidade que sempre estiveram me enviando muita paz, conforto e
perseverança.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Alceu Pedrotti, pela sua imensa paciência, sabedoria e
profissionalismo.
Aos Professores do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal de Sergipe, pelas reflexões e contribuições feitas a minha formação
acadêmica.
Aos colegas do curso de mestrado turma 2006: Aline, Daniella Dutra, Danielle Thaís, Isabel,
Emerson, Fernanda, Joyce, Karla, Kelly, Marcus, Patrícia, Rodrigo, Rosimeire, Sérgio, Túlio,
Valéria e Wirlan, pelo carinho, união, respeito mútuo e espírito de solidariedade da turma,
indispensáveis ao crescimento pessoal e profissional.
As meninas da secretaria do NESA pela ajuda, disponibilidade e atenção.
Aos gestores dos órgãos públicos, distribuidores de coco, vendedores de coco e todos aqueles
que mim ajudaram com as informações cedidas para a elaboração desta pesquisa.
Ao meu esposo Luiz Carlos por entender a necessidade dos inúmeros momentos de ausência.
A minha mãe Arlete, meu irmão Pedro, pelo carinho e amizade sempre presentes em minha
vida.
A minha vovozinha que mim ensinou muito.
Aos amigos, pela presença e apoio.
Ao amigo Manu pelo apoio e carinho em todas as fases deste trabalho.
Meu agradecimento a todos que contribuíram para a concretização deste trabalho.
viii
RESUMO
O consumo de água de coco verde no Brasil é crescente e significativo. A grande demanda é
suprida, principalmente pela extração da água in natura. O problema, no entanto, é que o
aumento do consumo da água-de-coco esta gerando um problema ambiental, uma vez que as
cascas, subproduto do uso e da industrialização da água de coco, são levadas para lixões e
outras áreas consideradas inadequadas, contribuindo para ampliar os problemas de resíduos
sólidos urbanos. Principalmente porque é um material de difícil decomposição, levando cerca
de oito anos. Por isso, a utilização da casca de coco como matéria-prima para obtenção de
produtos é de grande importância na luta pela minimização dos resíduos sólidos gerados nos
diferentes processos industriais e comerciais do coco. Nesta perspectiva, propõe-se aqui
analisar as estratégias sustentáveis para o aproveitamento de rejeitos de casca de coco,
visando à redução de impactos ambientais e à verificação do tipo e do nível de benefícios
econômicos, sociais nas condições de Sergipe e do Nordeste. Desta forma, o presente estudo
valida a hipótese de que o aproveitamento do resíduo do coco através de uma cadeia
agroindustrial, voltada para a geração de novos produtos contribui para o desenvolvimento
local, estabelecendo um equilíbrio entre a preservação ambiental e as necessidades
econômicas e sociais do seres humanos. Metodologicamente, partiu-se de um estudo
exploratório-descritivo, sustentado num levantamento documental e bibliográfico, bem como
numa pesquisa de campo que permitiu vislumbrar no real a dinâmica do coco e da geração de
resíduos orgânicos oriundos de sua exploração no contexto sergipano. A amostra levou em
consideração produtores, distribuidores e consumidores de modo a diversificar o olhar acerca
do fenômeno estudado. Por isso, empregaram-se diferentes instrumentos de coletas de dados:
a entrevista com registro em diário de campo e questionários. A análise fora dividida eixos
que permitiram delinear o quadro de produção de coco e sua destinação, bem como as
percepções dos fornecedores envolvidos quanto à problemática da casca do coco e sua relação
com a questão ambiental. Além de analisar o impacto ambiental desta produção não só no que
se refere ao volume de lixo em Aracaju, mas também no potencial de reaproveitamento desta
casca na fabricação de fibra e pó. A análise revelou que o uso dos rejeitos da casca de coco
como matéria-prima é uma alternativa viável tanto na perspectiva ambiental, quanto social e
econômica e que é possível materializar ações que promovam a preservação do meio
ambiente somada à capacidade de gerar emprego e renda, fortalecendo o associativismo e os
mecanismos para que os indivíduos possam efetivar o exercício pleno da cidadania, numa
proposta capaz de proporcionar um equilíbrio entre meio ambiente e desenvolvimento.
Palavras-chaves: casca de coco, reaproveitamento, viabilidade sócio-econômico-ambiental
ix
ABSTRACT
The coconut water consumption in Brazil is increasing and significant. The great demanding
is mainly supplied by the extraction of in natura water. The trouble, however, is that the
coconut water consumption’s increase is causing an environmental problem, since the shells,
byproduct of coconut water industrialization and use, are taken to landfills and other areas
considered inadequate, contributing to the increase of urban solid residue problems, mostly
because this is a material of difficult decomposition, taking around eight years to complete.
Therefore, the use of coconut shell as raw material to obtain products has great importance in
the struggle for the minimization of solid residue produced in the different industrial and
commercial processes of coconut. In this perspective, it is proposed to analyze sustainable
strategies for the coconut shells use, aiming at the environmental impacts reduction and the
verification of kind and level of economic and social benefits in Sergipe and Northeast
conditions. Thus, this research validates the hypothesis that the coconut residue use through
an agroindustrial chain directed to the generation of new products contributes to the local
development as well as establishes balance between the environmental preservation and the
human social and economic needs. Methodologically, this research started from exploratory
and descriptive study, supported by documental and bibliographical examination as well as a
field research which really provided it with the coconut dynamics and the generation of
organic residue originated from its exploration in the state of Sergipe context. The sample
took into account producers, distributors and consumers in order to diversify the perspective
around the studied phenomenon. Therefore, different resources of data collection were used:
interviews with diary entries and questionnaires. The analysis was divided into axes which
allowed outline the coconut production board and its destination as well as the perception of
the suppliers in relation to the coconut shell problem and its relation with the environmental
matter, besides analyzing the production environmental impacts not only towards the garbage
amount in Aracaju, but also the potential of coconut shell reuse in the fiber and powder
manufacturing. The analysis revealed that the use of coconut shell as raw material is a viable
alternative both in the environmental, social and economic perspective. It also showed that it
is possible to materialize actions that promote the environmental preservation added to the
capacity of creating jobs and income, strengthening the associateship and mechanisms for the
individual to exercise and get full advantage of citizenship, in a proposal able to provide him
with balance between the environment and development.
Keywords: coconut shell, reuse, social-economic-environmental viability.
x
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 02
1.1 Justificativa 03
1.2 Objetivo Geral 06
1.3 Objetivo Específico 06
1.4 Estrutura do trabalho
06
CAPÍTULO 2 – PRODUÇÃO DE COCO 09
2.1 O Coco e seus componentes
2.2 Implantação e manejo da cultura do coco
09
13
2.3 A Produção de coco no Brasil 18
2.4 A Cultura e a produção do coco em Sergipe 26
2.5 Viabilidade técnica e impacto econômico
2.6 O Coco e o desenvolvimento local
32
34
CAPÍTULO 3 – IMPACTOS PROVOCADOS PELA CASCA DE COCO 43
3.1 A problemática dos resíduos sólidos urbano 43
3.1.1 Os caminhos do lixo 47
3.2 As formas de tratamento 48
3.2.1 Aterro Sanitário 48
3.2.2 Incineração 51
3.2.3 Compostagem 51
3.2.4 Biogasificação 55
3.2.5 Reciclagem 56
3.3 Resíduos do coco 57
3.4 Patogênese 59
CAPÍTULO 4 – POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DA CASCA DO
COCO
63
4.1 Processo de reaproveitamento da casca do coco 63
4.2 Potencialidades 67
4.2.1Utilização do coco verde na produção de mantas e telas para proteção
do solo
69
4.2.2 Utilização da fibra de coco verde na biotecnologia e agricultura 70
4.2.3 Utilização da fibra de coco na produção de papel 71
4.2.4 Utilização da fibra de coco verde na engenharia de alimentos e
zootecnia
72
4.2.5 Utilização da fibra de coco na engenharia civil e de materiais 74
4.2.6 Vasos de fibra de coco 77
4.2.7 A fibra de coco na indústria automobilística 78
xi
CAPÍTULO 5 – METODOLOGIA 80
5.1 Caracterização da pesquisa 80
5.1.1 Quanto ao levantamento bibliográfico 80
5.1.2 Quanto ao objeto 80
5.1.3 Quanto à abordagem dos dados 81
5.1.4 Quanto ao universo da amostra 81
5.2 Técnicas e Instrumentos de coleta de dados 82
5.3 Análise dos dados 82
CAPÍTULO 6 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 84
6.1 Produção, destinação e percepção 84
6.1.1 Origem do coco consumido em Sergipe 84
6.1.2 Quantidade mensal de coco da amostra 85
6.1.3 Emprego da casca do coco 86
6.1.4 Conhecimento do impacto na casca do coco no meio ambiente 87
6.1.5 Processo de coleta da casca do coco 88
6.2 Impacto da casca de coco em Aracaju 89
6.2.1 Os resíduos sólidos urbanos de Aracaju 89
6.2.2 Geração da casca do coco verde em Aracaju 93
6.3 Viabilidades do aproveitamento da casca de coco 94
6.3.1 Planejamento Financeiro
94
6.3.2 Avaliação dos investimentos
6.3.3 Avaliação de projeção dos resultados
6.3.3.1 Análise das receitas
6.3.3.2 Análise dos custos
6.3.4 Análise de retorno de investimentos – payback analysis
6.3.5 Ponto de equilíbrio.
6.3.6 Índice de lucratividade
95
96
97
99
101
102
103
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
104
7.1 Conclusões 105
7.2 Sugestões 106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
109
ANEXOS
117
xii
NOMENCLATURA
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASBRACOCO – Associação Brasileira dos Produtores de Coco
ASCONDIR – Associação dos Concessionários do Distrito de Irrigação do Platô de Neópolis.
FCM – Fator de Correção de Metano
GEE – Gases de Efeito Estufa
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IL – Índice de Lucratividade
IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
OMC – Organização Mundial do Comércio
ONU – Organização das Nações Unidas
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RSU – Resíduo Sólido Urbano
SINDICOCO- Sindicato dos Produtores de Coco
VBPA- Valor Bruto da Produção Agrícola
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Estrutura botânica do coco 10
Figura 2.2 Área da cocoicultura em Sergipe.
29
Figura 2.3 Urgência e importância no planejamento do desenvolvimento local 40
Figura 4.1 Fluxograma operacional da reciclagem do coco 65
xiv
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 Problemas decorrentes da geração de lixo 48
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1
Caracteres de fruto de cinco populações de coqueiro do Brasil.
11
Tabela 2.2
Peso (g) e composição (%) dos frutos de ‘Anão Verde’ de jequi em
diferentes idades. Aracaju, 2000.
11
Tabela 2.3
Peso (g) e composição (%) média dos componentes dos frutos de
coqueiro-anão m diferentes idades. Aracaju, 2000.
12
Tabela 2.4
Peso (g) e composição (%) média dos componentes dos frutos de
coqueiro – híbrido em diferentes idades. Aracaju, 2000.
12
Tabela 2.5
Frutos e área plantada.
19
Tabela 2.6
Produção de frutos, área colhida e rendimentos de coqueiros nas regiões
maiores produtoras do Brasil em 2006.
20
Tabela 2.7
Evolução da produção de coco no Nordeste.
21
Tabela 2.8
Rendimento da produção de coco no Nordeste.
22
Tabela 2.9
Procedência do coco - Ceasa/MG.
23
Tabela 2.10
Coco verde em Sergipe.
30
Tabela 2.11
Ranking de culturas agrícolas em Sergipe.
31
Tabela 3.1
Classificação do lixo.
45
Tabela 3.2
Natureza dos serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo (RSU)
prestados pelos municípios do Brasil
47
Tabela 6.1
Prognóstico da produção de resíduo sólido domiciliar gerado na cidade
de Aracaju 2002-2020.
93
Tabela 6.2
Aspecto técnico do processamento de fibras da casca do coco
95
Tabela 6.3
Máquinas e equipamentos empregados no processamento de resíduos da
casca de coco.
96
Tabela 6.4
Previsão de produção e receita a ser empregada numa unidade de
reciclagem de casca de coco.
98
Tabela 6.5
Previsão de matéria-prima a ser empregada numa unidade de reciclagem
de casca de coco.
99
Tabela 6.6
Previsão de mão de obra a ser empregada numa unidade de reciclagem
de casca de coco.
100
Tabela 6.7
Previsão de despesas operacionais de uma unidade de reciclagem de
casca de coco.
100
Tabela 6.8
Previsão de despesas administrativas de uma unidade de reciclagem de
casca de coco.
101
Tabela 6.9
Demonstrativo do primeiro ano de uma unidade de reciclagem de casca
de coco.
102
xvi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 6.1 Origem do coco consumido em Sergipe 84
Gráfico 6.2 Origem do coco da amostra 85
Gráfico 6.3 Conhecimento acerca do uso da casca de coco 86
Gráfico 6.4
Conhecimento acerca do impacto da casca de coco no Meio
Ambiente
87
Gráfico 6.5 Coleta da casca de coco 88
Gráfico 6.6 Local de descarte da casca de coco 89
Gráfico 6.7 Composição dos resíduos sólidos urbanos de Aracaju 91
Gráfico 6.8 Fração da casca de coco no total do lixo de Aracaju 94
Gráfico 6.9 Produtos reciclados da casca de coco 97
Gráfico 6.10 Vantagens da reciclagem da casca de coco 98
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
2
Capítulo 1 – Introdução
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, especial atenção vem sendo dada para minimização ou
reaproveitamento de resíduos gerados nos diferentes processos industriais. Os resíduos
provenientes da indústria e comércio de alimentos envolvem quantidades apreciáveis de
casca, caroço e outros elementos. Esses materiais, além de fonte de matéria orgânica, servem
como fonte de proteínas, enzimas e óleos essenciais, passíveis de recuperação e
aproveitamento, como o caso do coco.
O padrão de consumo atual da sociedade brasileira vem estabelecendo um
relacionamento de transferência de bens sem que o produto tenha concluído o seu ciclo de
vida, conferindo-lhe um correto método de obsolescência esquematizada. Junto com este fato
acrescenta-se o valor de compra instituído aos produtos, que não reflete com fidelidade a
tecnologia e a insuficiência dos materiais que os compõem.
O resíduo orgânico originário das atividades agrícolas, comerciais e industriais,
quando colocadas em aterros sob condições anaeróbicas tem como resultado a origem de
metano, que é um dos mais terríveis gases culpados pelo aquecimento global, com a segunda
maior centralização no mundo. Em regra, no Brasil não existe o aproveitamento do metano
produzido, que é difundido in natura no ar. Quando existe disposição dos resíduos em
vazadouros pode acontecer, além disso, o contágio de solos e corpos d’água.
O problema, no entanto, é que o aumento do consumo da água-de-coco esta
gerando um problema ambiental, uma vez que as cascas são levadas para lixões e outras áreas
consideradas inadequadas, contribuindo para ampliar os problemas de resíduos sólidos
urbanos.
Por isso, cresce o número de pesquisas que buscam processos que visam à
fabricação de produtos e substâncias a partir da biomassa vêm encontrando mercado e sendo
desenvolvida, apesar de que muito mais por ser economicamente viável do que por questões
sociais e/ou ambientais. Saídas existem, basta que se confie no potencial das respostas.
3
Capítulo 1 – Introdução
Atualmente, vários produtos agrícolas são reciclados, porém outros resíduos da agricultura
permanecem sem aplicação ou com baixos índices de emprego.
As cascas de coco verdes são restos da agricultura com elevado potencial de
aproveitamento, contudo, infelizmente, com raras ações praticadas no Brasil. São
rotineiramente designadas aos aterros e vazadouros sendo, como toda matéria orgânica,
potencialmente emissora de metano, e, além disso, contribuem para que a vida útil desses
depósitos seja diminuída. É um resíduo que uma fibra com peculiaridades que pode, por
exemplo, ser empregada na formulação de compósitos de amplo valor ambiental, como os
bioplásticos ou prover matéria-prima para aquisição de resinas naturais.
Diante destes pressupostos, o que fazer para diminuir o impacto provocado pelo
consumo do coco verde? Que alternativas emergem como ações viáveis do ponto de vista
econômico, social e ambiental para tratar o problema da casca do coco?
1.1 JUSTIFICATIVA
Desde o momento em que o homem se agrupou e se tornou sedentário, a
produção de resíduos, fruto de suas atividades agropecuárias. Todavia a constituição de uma
sociedade de ordem capitalista centrada no consumo veio intensificar ainda mais este
processo provocando dois fortes impactos no que se refere ao meio ambiente. De um lado o
consumo desenfreado dos bens naturais como matéria-prima, levando ao sucateamento dos
recursos naturais. Por outro, o acúmulo dos resíduos provenientes desta atividade provoca o
surgimento de lixões a céu aberto e com eles centenas de doenças e outros problemas quer de
ordem da saúde, quer de ordem social, econômica e ambiental.
O crescimento acelerado da população, aliado a um consumo excessivo e a uma
economia globalizada, tem trazido grandes preocupações por parte de ambientalistas,
sociólogos, ecologistas, dentre outros setores. O planeta está no seu limite de suporte e seu
capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos socioambientais
vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego à reações adversas da
natureza que por sua vez vêm castigando varias regiões a nível global.
4
Capítulo 1 – Introdução
Tais fatores foram desencadeados por uma desordem econômica e social, devido a
um modelo predatório que continua ocorrendo de forma heterogênea, tornando difícil
qualificá-los. Entretanto, a falta de percepção por parte da humanidade, que por sua vez cria e
recria seu espaço as custas da apropriação da natureza, impede de visualizar a complexa
relação homem x meio ambiente. Tendo em vista que muitas cidades já se encontram com sua
capacidade de suporte superado, configurando um quadro de degradação transnacional, é de
se imaginar que precisaríamos de um planeta 30 % maior para acomodar o modelo social
vigente.
O capital natural da terra vem sendo ameaçado a cada dia devido aos avanços de
fronteira econômica, expansão agrícola, assentamentos humanos desordenados,
desmatamentos e especulações imobiliárias que, por falta de projeto de prevenção, acabam
remediando os danos depois de fragmentá-los. E o custo para inverter o problema é tão alto
que fica impossível reconstruir os ecossistemas agredidos. Nessa abordagem, o modo como
nos inserimos no ambiente resulta em um conjunto de relações sociais que, por sua vez,
constrói um tipo específico de relacionamento com a dimensão natural. Relação essa, que se
encontra em total descompasso em virtude do padrão societário atual.
O planeta atingiu em 2006 a marca de seis bilhões de pessoas (Andrade, 2007). E
esse enorme contingente humano terá que procurar sobrevivência em um mundo em que a
deterioração do meio ambiente é um fato presente e uma realidade dolorosa. A degradação da
condição humana é constatada, sobretudo, nas grandes cidades. Estará o homem do terceiro
milênio, da era da modernidade, preparado para o desafio de resolver os desequilíbrios
ambientais e assegurar uma qualidade nima de vida? Estará ele capacitado para realizar
tarefas aparentemente simples como a de dar destinação adequada ao lixo produzido por todos
os cantos do mundo?
A administração dos resíduos é hoje uma das grandes preocupações na
organização urbana. As instituições e entidades ambientalistas têm divulgado números
astronômicos sobre o assunto. De acordo com os dados mais freqüentemente utilizados, no
Brasil, cada pessoa gera, em média, um quilo de lixo por dia. Por ano, assevera Prandini et al
(2002), são produzidos 55 trilhões de quilos. O lixo brasileiro é tido como um dos mais ricos
do mundo.
5
Capítulo 1 – Introdução
Além disso, observa-se a existência de problemas sérios causados pela precária
disposição final do lixo dentre eles: a disseminação de doenças, a contaminação do solo e de
águas subterrâneas pelo chorume, a poluição pelo s metano (gerado na decomposição da
matéria orgânica presente no lixo), a falta de espaço para o armazenamento, entre outros. O
teor de matéria orgânica (C, H, O, N) do lixo brasileiro é de 60% conferindo-lhe bom
potencial energético. É interessante destacar que a casca de coco insere-se no lixo orgânico e
por isso sua decomposição produz o gás metano que polui o ambiente.
Cada copo com 250 ml de água de coco que despreocupadamente se bebe na praia
gera aproximadamente um quilo de lixo (Senhoras, 2003). Levando em consideração que as
regiões litorâneas do país vivem do turismo regional e o consumo do coco é intenso tanto por
turistas quanto pelos nativos. O destino deste lixo são os lixões que crescem
assustadoramente, principalmente nos grandes centros urbanos do país e mais especificamente
em Sergipe. É bom lembrar que o custo do manejamento desses restos também não são nada
baratos, além disso, a decomposição da casca de coco leva por volta de dez anos. O que, sem
dúvida, deixa grandes conseqüências para o meio ambiente.
Embora o panorama possa aparecer assustador, existem projetos voltados para o
reaproveitamento da casca de coco que desenvolvem um trabalho voltado não só para a
problemática do meio ambiente, mas também com questões que envolvem a inclusão social.
Tais soluções parecem crescer, principalmente nos grandes centros urbanos onde o problema
tem dimensões alarmantes. Os empreendimentos que se voltam para a reutilização ou
reciclagem da casca do coco produzem novos produtos como vasos, placas, tutores, vasos de
parede, substratos, adubo orgânico, dentre outros. Além disso, o processo torna-se um
poderoso gerador de emprego e renda, criando postos de trabalho e oportunidades de uma
vida melhor para todos.
Nesta perspectiva, ao se propor analisar as estratégias sustentáveis para o
aproveitamento de rejeitos de casca de coco, visando à redução de impactos ambientais e à
verificação do tipo e do nível de benefícios econômicos, sociais e ambientais pretende-se
lançar novos olhares sobre a busca de soluções que permitam o desenvolvimento humano e a
preservação ambiental.
6
Capítulo 1 – Introdução
1.2 OBJETIVO GERAL
Analisar as estratégias para o aproveitamento de rejeitos de casca de coco, visando
à redução de impactos ambientais e à verificação do tipo e do nível de benefícios econômicos
e sociais nas condições de Sergipe e Nordeste.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar as potenciais formas de reciclagem a serem empregadas em Sergipe e
região Nordeste para a casca de coco.
Avaliar o nível de impacto ambiental dos resíduos do coco.
Analisar a viabilidade econômica e social do processo de reciclagem da casca do coco.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação está estruturada em sete capítulos, além da introdução contendo a
problemática, objetivos e justificativa, bem com, das considerações finais. No segundo
capítulo pretende-se num primeiro momento fornecer orientações para compreender a cadeia
produtiva do coco, tanto na fase de pré-colheita quanto na pós-colheita. Em seguida se
delineará o panorama da produção do coco no Brasil, analisando o mercado não no que se
refere à atualidade, mas também ao potencial e perspectivas para o coco brasileiro; da mesma
forma esboçar-se á o contexto da produção do coco em Sergipe.
O terceiro capítulo analisará os impactos provocados pela casca do coco. Para
tanto, discutir-se-á a problemática do lixo e o lugar dos resíduos do coco no aumento do
volume dos resíduos sólidos urbanos, bem como a produção do gás metano proveniente do
processo de decomposição da casca nos lixões.
7
Capítulo 1 – Introdução
O quarto capítulo apresentará alternativas sustentáveis para a reciclagem e o
reaproveitamento dos resíduos do coco. Está reflexão partirá do debate acerca do potencial de
aproveitamento da casca de coco seja como fibra, seja como pó, além de apresentar aspectos
legislativos que favorecem aqueles que desejam investir na exploração da fibra do coco como
matéria-prima nacional.
O quinto capítulo apresenta os enfoques metodológicos que nortearam a pesquisa.
Inicialmente, fizeram-se algumas considerações sobre métodos e técnicas de pesquisa
científica, apontando elementos que caracterizam a pesquisa adotada, bem como, os tipos de
instrumentos de coleta de dados, a demarcação do espaço e principalmente de que modo os
dados foram analisados.
O sexto capítulo se debruçará acerca da análise dos dados e conseqüente discussão
dos resultados encontrados. Por fim apresentar-se-á as considerações finais, bem como anexos
e apêndices que complementam o trabalho desenvolvido, enriquecendo com detalhes o
processo de pesquisa.
E último e sétimo capítulo: são descritas as conclusões, sugestões e consideração
final da pesquisa.
CAPÍTULO 2
PRODUÇÃO DE COCO
9
Capítulo 2 – A Produção de Coco
2. A PRODUÇÃO DE COCO
A cultura do coqueiro representa importante fonte de renda, na alimentação e na
produção de produtos e vários países localizados na zona intertropical. O coqueiro, Cocus
mucifera L., pertencente à família Palmae, uma das mais importantes da classe
Monocotyledonea é uma das plantas arbóreas mais úteis do mundo. Conhecida como a
“árvore da vida” por produzir o ano todo (cultura perene) e apresenta aptidão para ser
utilizada na recuperação do ecossistema, pois possui a capacidade de gerar um sistema auto-
sustentável.
No Brasil, o coqueiro, variedade gigante, foi introduzido por volta de 1553 no
litoral, pela colonização portuguesa, oriundo da ilha de Cabo Verde que por sua vez foram
originadas de plantações indianas. Desde então, a sua produção passou a ser desenvolvida em
áreas litorâneas das regiões Norte, Nordeste e até mesmo Sudeste, devido às condições geo-
climáticas favoráveis ao seu cultivo, tais como: taxa pluviométrica média entre 1500 a 1700
mm anuais; ocorrência de solos arenosos; e temperatura média anual em torno de 22° e 27° C.
o coqueiro variedade anã foi introduzido no Brasil pelos doutores Artur Neiva e Miguel
Calmon, quando retornavam de uma viagem ao oriente em 1921, estimulados pela
precocidade na produção e facilidade de colheita de frutos (Aragão, 2002).
A cultura do coqueiro tornou-se uma atividade agrícola de grande importância na
economia de mais de 86 países. Em 1999, a produção mundial atingiu 47,8 milhões de
hectares, sendo que a Indonésia foi o país que mais se destacou, respondendo por 26% da
produção. Nesse contexto, o Brasil contribuiu com 2% deste total mundial, sendo a produção
de coco é consumida internamente, de forma integral, seja in natura (água de coco) ou de
forma industrializada. (Warwick, 1998).
2.1 O COCO E SEUS COMPONENTES
Segundo Passos (1998), o fruto do coqueiro é botanicamente uma drupa
monosperma, formada por uma epiderme lisa ou epicarpo de cor amarela, verde, vermelha ou
10
Capítulo 2 – A Produção de Coco
ainda marrom, de acordo com a variedade considerada que envolve o mesocarpo espesso e
fibroso e bem no interior, o endocarpo que é uma camada dura. A semente, envolvida pelo
endocarpo, é constituída por uma camada fina de cor marrom – o tegumento – que fica entre o
endocarpo e o albúmen sólido. Este por sua vez, é uma camada carnosa, branca, muito oleosa,
principalmente no fruto seco. A semente forma uma grande cavidade, onde se encontra o
albúmen líquido, conhecido como água-de-coco.
Figura 2.1 – Estrutura botânica do coco
Fonte: Ricardo, 2000.
O nero cocus é constituído apenas pela espécie cocus nucifera L., a qual é uma
espécie diplóide com 32 cromossomos. Essa espécie, por sua vez, é composta por algumas
variedades, entre as quais as mais importantes, do ponto de vista agronômica, socioeconômico
e agro-industrial, são as variedades: Typica, chamada de variedade gigante e Nana, variedade
anã. Os híbridos de coqueiro mais empregados atualmente são resultantes dos cruzamentos
entre essas variedades (Aragão, 2002).
A variedade gigante é bastante explorada pelos pequenos produtores de coco.
Representa atualmente em torno de 70% da exploração do coqueiro no Brasil. É uma
variedade rústica de sistema produtivo alógamo, que cresce até 35 metros de altura. Segundo
Persley (1992), além do crescimento rápido e da longa fase vegetativa, inicia o florescimento
entre cinco e sete anos, em condições ecológicas ideais, chegando a florescer, no entanto, até
10 anos, sem aplicação de tecnologias. Essa variedade pode viver até aproximadamente 90
11
Capítulo 2 – A Produção de Coco
anos. Produz em média de 60 a 80 frutos/planta/ano, de formato variado de médio a grande e
com vida útil econômica em torno de 60 anos. Para Ribeiro et al (1997), o peso e a
composição do fruto variam em função da população de coqueiros gigantes, como se pode
observar na tabela abaixo:
Tabela 2.1 - Caracteres de fruto de cinco populações de coqueiro do Brasil.
Populações
Pacatuba/SE
Praia do
Forte/AL
Merepe/PE
Santa
Rita/PB
São José do
Mipibu/RN
Peso Fruto
1659,40 1737,60 1926,90 1294,30 1531,00
Casca +
Fibra
57,85 59,29 58,40 56,34 54,87
Coque (%)
14,38 14,73 12,93 15,32 14,82
Albúmen
Sólido (%)
19,05 18,69 18,54 21,10 21,42
Albúmen
Líquido (%)
8,77 7,29 10,13 7,24 8,88
Fonte: Ribeiro et al., 1997.
O coqueiro anão é uma planta normalmente autógama, apresenta crescimento
vegetativo lento, é precoce, iniciando a produção em média com dois a três anos com
aplicação de tecnologias, produz um grande número de frutos pequenos de 150 a 200
frutos/planta/ano e atinge a estabilidade de produção em torno dos oito anos. Apresenta vida
útil entre 30 e 40 anos. A variedade anã é composta das cultivares amarelo, verde, vermelho
de Camarões e vermelho da Malásia, sendo que no Brasil a demanda de plantio é de cultivar
verde (Aragão, 2002).
Tabela 2.2 - Peso (g) e composição (%) dos frutos de Anão Verde’ de jequi em diferentes
idades.
Mês
Peso (g)
Fruto
Composição fruto (%)
Casca e
Fibra
Coque Albúmen
Sólido
Albúmen
Líquido
6
1616,27 64,73 5,74 5,10 24,41
7
1759,70 66,35 9,54 7,99 16,08
12
830,10 49,23 12,50 27,65 10,61
Fonte: Aragão, 2002.
Os híbridos iniciam a emissão de inflorescências com 3 a 4 anos de idade. A
produção média é de 150 frutos/planta/ano, podendo, no entanto, atingir produções mais altas
12
Capítulo 2 – A Produção de Coco
de acordo com a aplicação de tecnologias. A estabilidade de produção ocorre entre 08 e 10
anos e sua vida econômica útil é de quatro anos (Aragão, 2002).
Após os fenômenos da polinização, fecundação e fertilização, os frutos do
coqueiro iniciam o crescimento e o desenvolvimento, atingindo o peso máximo entre o sexto e
o sétimo mês de idade, independente de serem bridos ou das variedades anão e gigante.
Segundo Santos et al (1996), se este fenômeno não ocorrer, as flores caem ainda no primeiro
mês. O peso do fruto mantém-se estável até próximo ao nono mês, a partir do qual ocorre
normalmente uma queda natural no seu peso decorrente da perda de umidade por evaporação
e da absorção do albúmen líquido pelo sólido.
Tabela 2.3 - Peso (g) e composição (%) média dos componentes dos frutos de coqueiro-anão
em diferentes idades.
Mês
Peso (g)
Fruto
Composição fruto (%)
Casca e
Fibra
Coque Albúmen
Sólido
Albúmen
Líquido
6
1358,92 61,43 8,72 5,77 24,07
7
1558,97 64,30 7,52 9,12 19,04
12
770,34 44,16 12,83 27,85 15,15
Fonte: Aragão, 2002.
Tabela 2.4 - Peso (g) e composição (%) média dos componentes dos frutos de coqueiro
híbrido em diferentes idades.
Mês
Peso (g)
Fruto
Composição fruto (%)
Casca e
Fibra
Coque Albúmen
Sólido
Albúmen
Líquido
6
2662,28 66,82 7,36 6,10 19,72
7
3287,14 69,14 6,44 6,32 18,1
12
1918,50 57,28 11,72 12,18 18,82
Fonte: Aragão, 2002.
A água de coco começa a se formar, em média, aos dois meses, depois da abertura
natural da inflorescência, independentemente, e atinge seu valor máximo nos frutos com
idades entre seis e sete meses. Nesta época, a água de coco apresenta maior quantidade de
açúcares não-redutores (frutose), chegando a 30g de açúcar e 2g de potássio. São mais
saborosas, sendo este período o ideal de para a colheita do fruto, principalmente os destinados
à exploração do fruto verde para a extração da água de coco. A partir deste período ocorre a
redução do volume do albúmen líquido e conseqüentemente, uma dos teores de açúcar não-
redutores, influindo, portanto na palatabilidade e no aumento dos açucares nos teores de
13
Capítulo 2 – A Produção de Coco
açúcar redutor, principalmente, gordura. Isso torna o produto impróprio para consumo
humano (Passos, 1998).
A água de coco é uma solução estéril, levemente ácida que contém sais minerais,
proteínas, açúcares e vitaminas, fatores de crescimento e gorduras neutras. Segundo Aragão
(2002), o fruto com seis ou sete meses contém cerca de 300 a 600 ml de água, de acordo com
o tipo de cultivo.
2.2 IMPLANTAÇÃO E MANEJO DA CULTURA DO COCO
A produção de mudas de coqueiro pode ser realizada utilizando-se os métodos
tradicional e alternativo. Segundo Fontes (2008), no primeiro caso utiliza-se germinadouro e
viveiro onde a muda fica pronta para ser levada ao campo entre 10 a 12 meses de idade,
quando apresenta em torno de oito folhas vivas podendo ser produzidas em raízes nuas e /ou
em sacos plásticos. No sistema alternativo, as mudas são transplantadas diretamente do
germinadouro para o campo, sem passar portanto pela fase de viveiro, e levam em média 4 a 6
meses para serem produzidas, quando apresentam 3 a 4 folhas vivas. recidas pelo método
alternativo, será dado ênfase a este método por ser atualmente o mais utilizado entre
produtores de mudas de coqueiro.
As sementes devem ser coletadas de plantações legítimas tanto para as variedade
Gigante quanto para a variedade Anã. As plantas matrizes a serem selecionadas para
fornecimento de sementes devem apresentar legitimidade e estarem livres de ataques de
pragas e doenças; apresentar estipe reto, cicatrizes foliares pouco espaçadas, grande número
de folhas (30 a 35), cachos com muitos frutos, os quais devem ser bem apoiados sobre a base
das folhas, com pedúnculo curto e numerosas flores femininas. Os frutos devem ser de
tamanho médio e grande para coqueiro gigante e pequeno para o coqueiro anão (Fontes,
2008).
As sementes a serem utilizadas para produção de mudas devem ser colhidas
completamente secas com aproximadamente 11 a 12 meses de idade e posteriormente
estocadas para completar a maturação. Recomenda-se, conforme assegura Fontes (2008) um
14
Capítulo 2 – A Produção de Coco
período de estocagem de 10 dias para sementes de coqueiros anões e 21 dias para coqueiros
gigantes. Deve-se selecionar sementes de tamanho médio, arredondadas, livres da ação de
pragas e doenças e que apresentem sinais de presença de água no seu interior.
Fontes (2008) argumenta que os germinadouros devem ser abertos com largura de
aproximadamente 1 m, 20 cm de profundidade e comprimento variável em função do número
de mudas que se quer produzir As sementes são distribuídas na posição horizontal e/ou
vertical nos canteiros observando uma densidade de 10 a 15 sementes/m
2
permitindo assim
que, após germinadas, permaneçam no germinadouro até que apresentem desenvolvimento
suficiente para que sejam levadas ao campo. A limpeza da área deve ser realizada
regularmente, inclusive na área externa, abrangendo uma faixa mínima de 10m. A adubação
nesta fase embora proporcione melhoria do estado nutricional e do aspecto geral das plantas,
não interfere no desenvolvimento das mudas, considerando-se que as estas são repicadas
muito jovens para o campo.
A utilização por alguns viveiristas, de uma adubação orgânica de lastro nos
germinadouros, associada a uma cobertura morta das sementes, tem-se constituído numa
excelente opção para obtenção de mudas de muito boa qualidade sem a utilização de
fertilizantes químicos. Esta prática, garante Fontes (2008), além de reduzir os custos com
capinas manuais, eliminou o problema de perda de mudas decorrente da queima do broto
terminal, normalmente observada em solos arenosos, a qual pode ser atribuída ao
aquecimento excessivo da camada superficial do solo. A cobertura morta, além de reduzir a
sua amplitude térmica, proporciona um aumento da retenção de água, favorecendo, assim, o
processo germinativo. A utilização de uma adubação foliar à base de uréia (2%) pode ser
empregada como fonte de nitrogênio, com o objetivo de melhorar a coloração das folhas.
A irrigação do germinadouro é de fundamental importância para acelerar a
velocidade de germinação das sementes. Fontes (2008), a necessidade de água nesta fase é de
6 a 7 mm/dia ou seja, 6 a 7 litros de água/m², que corresponde a 60.000 a 70.000
litros/água/ha/dia. Recomenda-se a aplicação da irrigação em dois turnos: início da manhã e
final da tarde.
A transferência das mudas para o campo é realizada, em média, a partir do quinto
mês de instalação do germinadouro, quando estas são levadas diretamente para o local
15
Capítulo 2 – A Produção de Coco
definitivo de plantio com 3 a 4 folhas vivas em média. Nesta oportunidade as raízes devem ser
podadas devendo as mudas permanecerem à sombra até o momento do plantio, o qual deverá
ser o menor possível evitando desidratação das mesmas. Além do menor custo, a utilização de
mudas mais jovens apresenta vantagens, em função do maior índice de pega observado em
campo, maior teor de reservas das sementes e menor área foliar da muda.
Conforme defende Fontes (2008), a marcação da área deve ser realizada
observando-se o sentido norte-sul, para estabelecimento da linha principal de plantio, com o
objetivo de proporcionar maior período de insolação às plantas. O plantio das mudas deve ser
realizado preferencialmente no início do período chuvoso, garantindo assim bom suprimento
de água às plantas. Quando realizado em condição de sequeiro, em regiões com déficit hídrico
elevado, deve-se dar preferência à utilização de mudas mais jovens, com três a quatro folhas
em média, as quais apresentam menor área foliar e maior teor de reserva no endosperma,
possibilitando menores perdas em campo. No caso de plantios irrigados, a utilização de mudas
mais desenvolvidas produzidas em sacos plásticos de polietileno, podem proporcionar maior
precocidade de produção e desenvolvimento das plantas em campo. Deve-se observar, no
entanto, a relação custo/benefício, para que o produtor possa tomar a melhor decisão em
relação ao padrão da muda a ser utilizada.
A abertura de covas para plantio tem como objetivo principal, proporcionar à
jovem planta, condições favoráveis no que se refere a umidade e fertilidade do solo,
favorecendo assim o desenvolvimento e o aprofundamento das raízes do coqueiro.
Segundo Fontes (2008, p.34):
A depender do tipo de solo, as covas devem ser abertas com dimensões que variam
entre 0,60 m x 0,60 m x 0,60 m a 0,80 m x 0,80 m x 0,80 m, devendo ser preparadas
preferencialmente um mês antes do plantio. No caso de solos arenosos, onde deve
ser maior a preocupação com a retenção de umidade, o terço inferior da cova deverá
ser preenchido com material que favoreça a retenção de água. Quando se utiliza
casca de coco, deve-se observar que estas devem ser dispostas com a cavidade
voltada para cima, com camadas de solo entre estas, evitando-se a formação de
espaços vazios O restante deve ser preenchido com solo de superfície e adubo
orgânico, misturados homogeneamente ao fertilizante fosfatado. Recomenda-se o
uso de 3kg de torta de mamona ou o equivalente em esterco ou outra fonte orgânica.
Como fonte de fósforo, deve-se dar preferência ao superfosfato simples (800g/cova)
em virtude da presença do enxofre na sua composição.
16
Capítulo 2 – A Produção de Coco
As mudas em raízes nuas devem ser imediatamente plantadas após o arranquio, ou
devem permanecer à sombra durante um período o mais curto possível, evitando perda de
umidade do material. Recomenda-se a poda das raízes, efetuando-se o plantio no centro da
cova, tendo-se o cuidado de evitar o enterramento da muda abaixo do nível do solo.
Segundo Fontes (2008), os espaçamentos tradicionalmente recomendados para a
cultura do coqueiro, utilizam o sistema de plantio em triângulo equilátero possibilitando assim
um aumento de 15% do número de plantas por área. São os seguintes os espaçamentos
utilizados de acordo com a cultivar a ser implantada: 9 m x 9 m x 9 m (142 plantas por
hectare) para a variedade de coqueiro-gigante, de 7,5 m x 7,5 m x 7,5 m (205 plantas por
hectare) para a variedade de coqueiro anão e de 8,5 m x 8,5 m x 8,5 m (160 plantas por
hectare) para o coqueiro híbrido.
No entanto, a utilização de novos plantios em quadrado e/ou retângulo, ou mesmo
em triângulo, adotando-se maiores espaçamentos, além de facilitar o manejo do coqueiral,
constitui-se numa alternativa que pode ser seguida entre pequenos produtores de coco, os
quais dependem da utilização das entrelinhas para plantio de culturas de subsistência. Por
isso, afirma Fontes (2008), recomenda-se, portanto, independentemente do sistema de plantio
utilizado, espaçamentos com 8,5 e 9,0 m para coqueiros anões e híbridos respectivamente, em
função do maior número e da disposição das folhas destas cultivares, o mesmo não ocorrendo
em relação a variedade Gigante. Neste caso, apesar do menor número de plantas por área, o
produtor tem a opção de ocupar de forma mais eficiente o espaço disponível no coqueiral,
utilizando outras culturas nas entrelinhas ou mesmo nas faixas de plantio do coqueiro,
aumentando conseqüentemente a eficiência do seu sistema de produção.
Para Aragão (2002), o ponto ideal de colheita do fruto está associado a diversos
indicadores relacionados à planta, ao fruto e às características de produção. Depende também
de determinadas propriedades química e sensorial, ligadas aos aspectos nutritivos, alimentares
e de saúde humana. Os frutos dos coqueiros anão e híbrido, destinados ao consumo in natura
de água de coco, devem ser colhidos, principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a
abertura natural da inflorescência. Nessa idade ocorrem os maiores valores para peso de fruto
e produção de água de coco, teores de frutose, glicose e grau brix e sais minerais,
principalmente potássio, os quais conferem melhor sabor à água de coco. A água proveniente
de frutos com idade em torno de cinco meses, é menos doce (menores teores de glicose e
17
Capítulo 2 – A Produção de Coco
frutose e menor grau brix), enquanto na dos frutos com oito meses de idade, ocorrem
quedas nos teores de glicose e frutose e no grau brix, e aumento no teor de sacarose e
provavelmente no de gordura, ocasionando um sabor rançoso a água de coco.
Apesar de existirem outros métodos, o processo mais comum para se colher os
frutos verdes nas idades de seis a sete meses é a contagem do número de folhas. Segundo
Aragão (2002, p.53):
Os cachos com frutos nas idades de seis e sete meses estão normalmente nas folhas
17 a 19 na época do verão (época seca com temperaturas elevadas) e 18 a 20 na
época do inverno (época de chuva com temperaturas mais amenas), respectivamente.
Isto porque o intervalo de abertura das inflorescências do coqueiro é menor no verão
(Ex. anão-intervalo médio de 18,4 dias) em relação ao período do inverno (Ex. anão-
intervalo médio de 23,9 dias).
O coco, para consumo in natura na culinária ou para uso agroindustrial na
fabricação de alimentos, deve ser colhido com onze a doze meses quando é considerado
maduro. Normalmente apresenta cor castanha, com manchas verdes e pardas irregulares, com
peso inferior ao coco verde.
Geralmente, assegura Aragão (2002) os cachos de coco verde são colhidos
manualmente com o auxílio de um facão, uma corda contendo um gancho, utilizado para
amarrar e descer o cacho, e uma escada, quando os cachos se encontram na parte alta da
planta. A colheita é feita com o auxílio de dois operadores, um para cortar e outro para
segurar e descer o cacho. Deve-se evitar o impacto do fruto verde sobre o solo, tendo em vista
os problemas relacionados com a rachadura do seu endocarpo, comprometendo assim a
qualidade da água de coco. No caso de coqueiros da variedade gigante, a colheita do coco
seco é realizada trimestralmente, sendo em média colhido três cachos por planta, podendo um
homem colher em 60 plantas/dia. O operador deve subir até a copa do coqueiro, utilizando
peias de couro e/ou nylon, e com o auxílio de um facão, cortar o pedúnculo do cacho
deixando com que o mesmo caia sobre o solo, uma vez que, em se tratando do coco seco, não
tem se verificado o problema de rachadura do endocarpo como ocorre no caso do coco anão.
18
Capítulo 2 – A Produção de Coco
2.3 A PRODUÇÃO DE COCO NO BRASIL
A cultura do coco caracteriza-se como atividade agrícola situada geograficamente em
áreas intertropiciais. As atribuições naturais do coco para o consumo remontam milhares
de anos e em torno dessa atividade formou-se, segundo Bondar (1939, p.33), uma espécie de
“gênero de vida” cuja base de sustentação das sociedades era a exploração dos coqueirais.
No Brasil, a história do coco coincide como o processo de ocupação territorial e toda
ela concentrada na porção oriental do litoral nordestino. Iniciada a partir do Recôncavo
baiano, a cultura do coco expandiu-se na direção norte, margeando apenas essa faixa da
região, formando vastos coqueirais onde a prática da agricultura era primitiva e a produção
voltada ao autoconsumo das populações pobres residentes nesta região.
Em linhas gerais, pode-se pensar a história da atividade do coqueiro, segundo Costa e
Gebara (2001), a partir de quatro momentos: o primeiro, fase extrativista, corresponde ao
período marcado pela simples exploração dos frutos para o consumo humano e na utilização
de partes da planta para a construção de habitações. O segundo, fase de domesticação
produtiva, caracteriza-se pelo desenvolvimento do coco como atividade humana, voltada para
um mercado interno e externo em expansão. O terceiro, fase de expansão, abrange o período
de consolidação do coco no plano mundial, articulado com a agroindústria de baixo padrão
tecnológico, como esclarece França (1988, p.32), “nos fins do século XIX, a industrialização
do coco para a produção de manteiga e óleo incrementaram o desenvolvimento de plantações
nos trópicos”. O quarto momento, fase de maturidade, que teve início na década de 60 e
abrange o interstício até a contemporaneidade.
O acréscimo da produção de coco está fortemente correlacionado ao avanço do
consumo e, por imediato, ao aumento da geração de resíduos. O Quadro 2.5 apresenta um
aumento de cerca de 160% na produção de coco no Brasil de 1990 a 2002 e a partir até 2006 a
produção mantém equilibrada. Admitindo-se que todo coco tem, em média, 1,5 Kg de massa,
o acréscimo verificado no período 1996 a 2006 foi cerca de 2,55 milhões de toneladas de
coco.
19
Capítulo 2 – A Produção de Coco
O avanço da área plantada que conseguiu cerca de 30%, entre os anos de 1990 a
2002 e a partir daí começa a se estabilizar, foi responsável pelo aumento da produção. Mais
um fator responsável pelo desenvolvimento na produção deveu-se ao melhor aplicação da
terra, ocasionando uma apreciável melhoria da produtividade. Em 1990, eram produzidos
cerca de 3.400 frutos/hectare sendo que em 2002 foram obtidos aproximadamente 6.900
frutos/hectare em regiões chegando a mais de 14.000 frutos/hectare.
Tabela 2.5 – Quantidade de frutos e área plantada no Brasil
ANO QUANTIDADE
(Mil frutos)
ÁREA PLANTADA
(hectare)
1990 734.418 215.652
1991 851.031 231.960
1992 891.023 247.028
1993 837.459 232.827
1994 918.822 239.668
1995 966.677 244.935
1996 956.537 219.434
1997 967.313 231.485
1998 1.026.604 239.893
1999 1.206.644 251.908
2000 1.301.411 266.577
2001 1.420.547 275.551
2002 1.928.236 280.835
2003 1.985.661 281.630
2004 2.078.226 288.142
2005 2.079.291 292.200
2006 1.985.478 294.161
Fonte: IBGE, 2007.
A produção de coco constitui-se numa das mais importantes culturas praticadas na
maioria dos estados brasileiros, principalmente, por ser uma planta tropical, de baixas
altitudes, o coqueiro requer um clima quente, com grande intensidade solar e necessita de
bastante cálcio e fósforo, isso explica a sua grande produção nas areias da praia, ricas em
cálcio devido à presença de resíduos de conchas marinhas. “A condição ideal de plantio para
o coqueiro é ter solo leve, permeável, silicoso ou argiloso, com camada nima enxuta de 60
cm a 1m. A água subterrânea, próxima da superfície, lhe é desfavorável. Tolera menos ainda
águas estagnadas na superfície. Águas em movimento, ricas em oxigênio, lhe são benéficas e
o coqueiro pode ser plantado na beira do mar e na beira dos córregos” (Senhoras, 2003, p.13).
20
Capítulo 2 – A Produção de Coco
De todas as regiões produtoras, a que mais se destaca é a Nordeste, representando 80%
da área colhida e 66% da produção brasileira. Entretanto, a participação do Nordeste nos
rendimentos por hectare colhido é a menor, devido a diversos fatores, tais como: senilidade
dos plantios, baixo nível de adoção das tecnologias, baixos preços do produto,
descapitalização do produtor, dificuldades de escoamento entre outros.
Tabela 2.6 - Produção de frutos, área colhida e rendimentos de coqueiros nas regiões maiores
produtoras do Brasil
Regiões
Produção
(1000
frutos)
Área colhida
(ha)
Participação na
produção no
Brasil (%)
Participação na
área colhida no
Brasil (%)
Rendimentos
(frutos/ ha)
Nordeste 1.320.933 233.838 66,53 80,69 5.648
Norte 280.705 28.369 14,14 9,79 9.894
Sudeste 336.802 23.571 16,96 8,13 14.288
Sul 1.503 189 0,08 0,07 7.952
Centro-
Oeste
45.535
3.848
2,29 1,33 11.833
Total/Brasil 1.985.478 289.815 100 100 6.850
Fonte: IBGE, 2006.
A cultura do coco tem grande importância na formação do Valor Bruto da Produção
Agrícola (VBPA) do Nordeste e sua participação chegou, em 1999 a 4% do valor gerado por
toda a agricultura nordestina (Cuenca et al, 2002). Outro fator de destaque é a geração de
emprego e renda, uma vez o produto além de ser vendido para as indústrias, é comercializado
também no mercado informal, com a venda tradicional da água-de-coco e do coco ralado.
Contudo, como demonstra a tabela 2.6, observa-se que o Nordeste apesar de possuir a
maior área plantada, apresenta um baixo rendimento se comparado a demais regiões do país.
Como, por exemplo, a região Centro-oeste que vem se destacando no cenário nacional.
A evolução da produção dos Estados Nordestinos no período compreendido entre
1990 a 2006 é apresentada na Tabela 2.7. Observar-se que a Bahia, um dos principais
produtor de coco no Brasil, foi quem mais cresceu no nordeste nesse período, apresentando
21
Capítulo 2 – A Produção de Coco
um acréscimo em números percentuais em torno de 430%. O Piauí apesar de uma produção
pequena neste período foi o segundo que mais cresceu em números percentuais, tornando-se
um dos estados do nordeste com melhor índice de rendimento frutos/hectare, conforme Tabela
2.8. Os estados de Alagoas e Sergipe apresentaram um decréscimo na produção nesse
período, de 25% e 1,8% respectivamente.
Tabela 2.7 – Evolução da Produção de coco no Nordeste
ANO
Quantidade de coco-da-baía produzida (Mil frutos)
SE AL BA CE MA PB PE PI RN
1990
99.053
67.050
188.516
133.880
6.168
29.407
38.492
2.654
54.478
1991
102.229
63.228
204.496
140.909
7.468
29.528
38.899
2.692
108.418
1992
100.562
59.000
221.158
160.758
7.521
29.011
43.389
3.005
107.352
1993
99.029
54.141
208.883
120.611
7.388
27.814
43.777
2.654
101.016
1994
98.270
52.996
242.197
137.714
7.991
31.140
44.419
4.083
111.731
1995
96.057
52.171
268.775
143.444
9.344
31.399
43.814
4.194
111.882
1996
92.113
52.385
262.573
85.557
5.705
26.147
50.726
2.259
110.647
1997
97.106
49.785
320.466
104.346
6.789
29.452
55.702
2.082
92.206
1998
88.903
52.529
359.590
115.935
5.298
26.633
45.501
4.860
88.362
1999
91.708
48.077
426.673
187.045
4.865
47.316
31.160
4.892
88.990
2000
91.985
56.118
402.937
193.729
3.705
54.105
35.643
6.797
87.941
2001
90.413
50.757
424.444
203.769
4.140
61.517
27.554
9.672
88.303
2002
98.298
43.040
731.208
202.366
4.333
66.754
152.266
10.077
90.609
2003
119.166
49.422
684.016
217.610
4.704
71.285
182.667
12.256
91.866
2004
122.547
51.324
705.732
228.818
6.704
70.067
187.323
14.306
81.001
2005
124.119
48.830
713.571
237.968
6.589
62.018
143.030
14.832
81.254
2006
97.190
50.233
628.376
243.513
6.585
61.559
138.449
13.872
81.156
Fonte: IBGE, 2006.
22
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Tabela 2.8 – Rendimento médio da produção no Nordeste
ANO
Rendimento médio da produção (Frutos por Hectares)
SE AL BA CE MA PB PE PI RN
1990
2.110
4.238
3.882
3.783
3.567
2.785
3.301
5.540
2.027
1991
2.145
4.159
3.968
3.682
3.847
2.785
3.259
5.561
3.098
1992
1.972
4.000
4.068
3.779
3.726
2.793
3.617
5.523
3.088
1993
1.987
3.977
3.934
3.152
3.553
2.732
3.606
5.622
2.948
1994
1.988
3.944
4.208
3.569
3.638
3.769
3.599
5.288
3.186
1995
1.895
3.998
4.666
3.560
3.891
3.383
3.626
5.209
3.180
1996
2.266
3.915
4.354
4.080
2.529
4.530
3.731
7.240
3.167
1997
1.934
3.797
5.085
4.105
3.029
5.241
4.196
7.154
2.593
1998
1.993
3.798
5.200
3.900
2.769
3.066
3.633
9.067
2.602
1999
2.023
3.542
5.956
5.202
2.642
4.839
3.036
9.009
2.627
2000
2.011
3.705
5.248
5.191
2.644
5.394
3.758
9.062
2.597
2001
1.995
3.597
5.282
5.339
2.690
5.821
3.077
9.193
2.688
2002
2.326
3.177
9.646
5.215
2.740
5.757
10.682
8.293
2.728
2003
2.979
3.512
8.970
5.513
2.738
6.012
12.532
8.383
2.744
2004
3.073
3.848
8.989
5.711
3.325
5.773
11.658
9.594
2.673
2005
3.136
3.709
8.810
5.884
3.195
5.111
9.739
10.207
2.676
2006
2.505
3.879
7.708
5.990
3.126
5.228
9.677
9.366
2.682
Fonte: IBGE, 2006.
A análise do desempenho histórico da oferta de coco verde no mercado explica o
expressivo crescimento dos plantios nos últimos dez anos. Conforme dados do IBGE (2002),
a área assentada no Brasil com a variedade Anão, reservada à água-de-coco, aumentou para
aproximadamente 57 mil hectares, dos quais cerca de 30 mil localizam-se no Nordeste do
Brasil. Entretanto, observa-se um contraste entre a evolução da produção e a rentabilidade
(tabelas 2.7 e 2.8), visto que apesar de o Nordeste possuir uma grande área de produção, não
está havendo investimentos na manutenção e desenvolvimento destas áreas o que vem
provocando a queda da produção nordestina, principalmente em Sergipe, outrora grande
produtor de coco, que apresenta atualmente, segundo a tabela 2.8, o pior rendimento de
frutos/hectare na região; ao contrário de outras áreas do país que vêm se fortalecendo no
cenário nacional.
23
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Esse baixo rendimento já pode ser observado na quantidade de frutos que saem do
nordeste para o Ceasa de Minas Gerais
Tabela 2.9 – Procedência do coco verde – CEASA Minas Gerais
Estado
Procedência do Coco Verde - Ceasa Minas Gerais
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
AL
46.000
2.000
2.800
30.000
11.000
17.000
2.400
BA
2.079.085
8.560.827
9.329.930
8.623.455
7.934.825
5.876.895
3.937.019
CE
4.709.900
2.987.900
964.800
617.000
1.647.400
1.661.380
1.958.300
ES
2.009.259
1.751.751
3.751.788
3.810.683
8.666.963
4.830.436
6.848.205
GO
5.000
36.000
18.000
17.000
21.750
MG
1.449.606
1.777.340
3.114.774
3.810.683
4.556.565
2.793.128
3.034.513
PA
51.000
43.000
PB
58.001
59.850
3.000
19.250
PR
2.500
PE
6.439.865
1.511.200
100.300
228.000
95.000
1.083.356
3.004.450
PI
14.000
RJ
10.800
22.280
24.710
12.320
9.990
3.650
11.400
RN
2.490
32.000
RS
6.300
5.250
SC
4.000
SP
2.375
12.432
11.770
21.130
14.271
21.428
15.100
SE
806.000
1.869.300
189.650
699.000
181.350
298.550
156.250
TO
7.500
35.750
Total
17.618.381
18.596.030
17.647.372
17.852.271
23.123.664
16.615.823
19.049.637
Fonte: CEASA/MG, 2008
Nota-se que ao longo dos anos houve uma diminuição na quantidade de coco
nordestino destinado ao mercado mineiro. No entanto, outras áreas do país, que até então não
possuíam tradição de cocoicultura, ganham impulso como o caso do Espírito Santo. No que se
refere a Sergipe a situação é ainda mais alarmante, visto que em 1999, 10% do coco verde que
ali chegava era sergipano, em 2001, esse percentual caiu para 4,57% e para 0,82% em 2007.
Para Andrade (2007) essa queda se graças ao crescimento de áreas plantas nas regiões
sudeste, bem como a falta de investimento nos coqueirais do nordeste; onde as áreas
litorâneas, na sua maioria, apresentam coqueirais com idade avançada, baixa produtividade e
uma exploração extrativista, servindo mais para compor a beleza da paisagem das praias
nordestinas do que pelo valor econômico.
24
Capítulo 2 – A Produção de Coco
A exploração de coqueiro que mais tem crescido no Brasil é a de coqueiro anão
para a produção de água de coco, especialmente sob o regime de irrigação, que pode produzir
o ano todo. Apesar de se tratarem, de fato, de duas culturas bastante distintas a do coco seco e
do coco de água, pelas especificações dos seus mercados, as estatísticas oficiais do país ainda
não retratam essa realidade, referindo genericamente a área de produção de coco-da-baia.
Essa deficiência reduz a utilidade desses dados como subsídios a formulação de estratégias
mercadológicas.
Convém destacar que a produção de coco seco, no Brasil, concentra-se na região
litorânea do Nordeste, cultivado de forma extensiva e/ou semi-extensiva, sendo o fruto
comercializado in natura ou vendido para indústrias de alimentos que produzem o leite de
coco e/ou coco ralado como principais produtos.
No Brasil, a cocoicultura gera emprego e renda para mais de 500 mil pessoas
envolvidas diretamente no processo, além dos inúmeros empregos indiretos gerados ao longo
da cadeia produtiva, nos setores secundário e terciário da economia (comércio, transportes,
indústria de alimentos, insumos, têxtil, máquinas e equipamentos, embalagens, etc.) A cultura
também é importante na formação do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) do
Nordeste, sendo que a sua participação vem evoluindo positivamente nas últimas três décadas;
de 1,77% em 1977, para 2,65% em 1989 (Cuenca, 1997). Em 2000 a cocoicultura chegou a
representar 5% do valor gerado por toda agricultura nordestina. Se considerarmos apenas o
VBPA gerado pelas fruteiras perenes, a cocoicultura respondeu, em 2000, por 20% do total
(IBGE, 2002). Nessa região a cocoicultura gera emprego e renda para mais de 220.000
produtores, sendo que mais de 85% deles são pequenos produtores familiares, localizados
principalmente nas regiões litorâneas, com propriedades inferiores a 10 ha (IBGE, 2002).
Segundo Cuenca (2002), a demanda de matéria-prima por parte das indústrias
processadoras, para atender o mercado interno, é de aproximadamente 26.000 toneladas/ano
de coco seco ralado (desidratado). As importações crescentes durante a década de 90,
chegaram em 1996 ao pico máximo de 17.000 toneladas, colocando em xeque a sobrevivência
dos cocoicultores, tendo em vista, a falta de mercado para comercialização de sua produção e
a queda nos preços em função das importações. Essa diminuição de preços causou uma
descapitalização dos produtores, deixando-os sem condições de aplicar as mínimas práticas de
25
Capítulo 2 – A Produção de Coco
manejo, pois a receita obtida, na maioria das vezes, era insuficiente para cobrir os custos
operacionais.
Em julho de 2002, o Sindicato dos Produtores de Coco (SINDCOCO) conseguiu
sensibilizar as autoridades do Ministério da Indústria e Comércio que através do Grupo
Executivo de Comércio Exterior (GECEX) aprovou a Medidas de Salvaguarda do Coco, que
limitou as importações do coco seco em até 3.957 toneladas para os 12 meses seguintes, 4.154
toneladas no segundo ano, 4.353 no terceiro ano e 4.550 no quarto ano. Esta medida poderá
ser estendida por mais quatro anos e em seguida por mais dois. Isto seguramente irá beneficiar
os cocoicultores, os quais terão garantia da colocação do seu produto para atender a demanda
cada vez mais crescente de coco seco.
Em função das perspectivas favoráveis de mercado, a implementação de um plano
de recuperação e renovação do coqueiral brasileiro, constitui-se portanto como de maior
importância, sendo necessário para suprir o mercado interno de matéria-prima e
consequentemente a manutenção das medidas de salvaguarda impostas pelo governo
brasileiro que limitam provisoriamente a importação de coco.
O aumento significativo da demanda por água de coco, observado nos últimos
anos, gerou uma rápida expansão do plantio com coqueiros da variedade Anã, os quais
passaram a ocupar áreas não tradicionais de cultivo com esta cultura. Cuenca (2002) afirma
que atualmente mais de 57.000 ha encontra-se implantados com esta cultura distribuída entre
as regiões Sudeste, Norte, Centro-Oeste, Semi-Árido do Nordeste etc.
Estes plantios encontram-se principalmente localizados em pólos de irrigação,
sendo a produção voltada para atender o mercado de frutos verdes in natura para consumo da
água de coco. Esta rápida expansão gerou um excedente de produção que se refletiu na queda
de preço do produto, proporcionando em algumas situações, um deslocamento de parte desta
produção para o segmento de coco seco, destinado à indústria onde atualmente é melhor o
preço em relação ao coco verde.
A região Sudeste, principalmente os Estados do Espirito Santo e Rio de Janeiro,
apresenta vantagens de localização em relação à região Nordeste, quando se considera as
questões relacionadas com proximidade do mercado consumidor, possibilitando assim a oferta
26
Capítulo 2 – A Produção de Coco
do produto a preços mais baixos. Além disto, esta região apresenta maior renda per capita
favorecendo inclusive o estabelecimento de indústrias processadoras.
Segundo Cuenca (2002), no Espirito Santo, a expansão da área plantada passou de
1275 ha, em 1990, para cerca de 8 mil ha em 1999, enquanto a produção de cerca de 3,6
milhões de frutos, em 1990, passou para mais de 73,9 milhões em 1999. No Rio de Janeiro, a
área de plantio e a produção de frutos passaram de 603 ha e 4 milhões de frutos,
respectivamente, em 1990, para 6 mil ha e mais de 25 milhões de frutos em 1999 (Rego Filho
et al.,1999). Também no Estado de São Paulo, em 1996/97, existiam um total de 2052 ha
plantados, dos quais apenas 308 encontram-se em produção. No Centro-Oeste o Estado do
Mato Grosso, pela sua proximidade com os países do Mercosul e pela possibilidade do
escoamento fluvial da produção, apresenta grande potencial para a cocoicultura irrigada.
2.4 A CULTURA E A PRODUÇÃO DO COCO EM SERGIPE
A atividade comercial do coco desenvolveu-se a partir da segunda metade do
século XIX, em função de sua valorização no plano internacional, quando da ampliação dos
conhecimentos das qualidades do fruto na alimentação humana e do processo de
aproveitamento industrial do óleo, seu principal derivado. É dentro deste quadro, Sergipe
destacou-se não apenas como área de expansão de novos coqueirais a partir das velhas
plantações do litoral baiano, mas também no pioneirismo de desenvolver, pela primeira vez
no Brasil, as primeiras experiências industriais no aproveitamento do fruto (Almeida, 1984).
A primeira fábrica de coco de Sergipe surge nos idos de 1916 em Barra dos
Coqueiros, pelas mãos do sergipano Jardelino Porto, e é também neste período de 1932-1934
que o estado sai da condição de importador para tornar-se exportador da fibra do coco, através
da firma E Porto & Irmãos, dirigida por Euclides e Irineu Porto. Também é nesse período que
início da produção do leite de coco, graças a visão do empresário Álvaro Sampaio e do
químico Antônio Tavares Bragança (Passos Sobrinho, 1987).
27
Capítulo 2 – A Produção de Coco
É evidente que a comercialização através da exportação dos frutos, fortaleceu a
capacidade de buscar a diversidade da atividade econômica do coco, principalmente no que se
refere à economia sergipana inserida, segundo Almeida (1984) chamar-se-ia “satélite de
outros satélites nacionais”, fruto do subdesenvolvimento interno e no período em que o
complexo nordestino perderia a hegemonia, incapaz de concorrer em uma longa fase de
decadência econômica.
Entretanto, é dentro dessa contraditória realidade de crise do complexo nordestino
que o coco opera como elo fundamental de montagem paulatina de beneficiamento em
Sergipe. Assim, assegura Passos Sobrinho (1987), a crise açucareira nordestina e a efêmera
febre do algodão em Sergipe, a partir da segunda metade do século XIX serviram de base para
a expansão da cocoicultura e conseqüentemente na possibilidade de experimentar tentativas
de produzir, mesmo que rusticamente, os derivados básicos do fruto.
Nesse aspecto, a história do coco em Sergipe pode se demarcado por dois
períodos bem definidos. O primeiro, pela prática quase que extrativista, formando desde o
período de colonização brasileira, voltado ao auto consumo necessário das populações
litorâneas. E no segundo pela expansão e juventude dos coqueirais em função do crescimento
das exportações e principalmente pelo aparecimento de unidades beneficiadoras que, a partir
da segunda década do século XX, já era uma realidade, onde produtos como o leite e a farinha
de coco eram produzidos e comercializados regionalmente e vendidos para outras regiões
brasileiras. Afirma Costa e Gebara (2001, p.182):
Sempre consideramos o coco o produto de maior futuro para a economia sergipana...
estamos na dianteira da industrialização do coco no Brasil. Enquanto nas Filipinas
dedicam-se à exploração do óleo, das natas desidratadas e doces, em Sergipe
estamos mais adiantados.
Se as décadas de 70 e 80 uma queda na cocoicultura sergipana, a década de 90
tenta-se injetar novo animo através da implantação de coqueirais no projeto Platô de
Neópolis, situado no Estado de Sergipe na margem direita do Rio São Francisco, no baixo
vale, envolvendo os municípios de Neópolis, Japoatã, Pacatuba, e Santana do São Francisco.
Sua área de influência direta, num total de 10.432 há, dispõe de área irrigável de 7.230
hectares.
28
Capítulo 2 – A Produção de Coco
De conformidade com os objetivos e a concepção de planejamento, foram
selecionados os cultivos de manga, acerola, abacaxi, mamão, maracujá, banana, uva, figo,
tâmara, kiwi, coco-anão, caju, e citros. Nesta definição, levou-se em conta a orientação do
Governo do Estado, traduzida na: Implantação da fruticultura voltada para a agroexportação
não excluindo a possibilidade de optar-se por culturas rentáveis com bom potencial no
mercado interno. Promoção de modelos empresarias, visando o desenvolvimento da
fruticultura, com alta tecnologia, integrando a agroindústria, e com eficiente gestão.O Projeto
está dividido em 33 módulos empresarias de exportação, cada um com uma superfície que
varia, segundo o cultivo proposto, de 20 a 720 hectares.
Trata-se de um modelo de parceria entre Estado e empresários que tem sido uma
iniciativa vitoriosa em várias partes do mundo, principalmente em países desenvolvidos,
como no oeste dos Estados Unidos (Califórnia e Arizona por exemplo). Trata-se de uma
fórmula pioneira no Brasil, que esta é a primeira vez que se utilizará a prática no País. A
concepção do Projeto é binacional, Peru e Brasil, com assessoria mercadológica do Chile,
para que se utiliza também a valiosa experiência de Peru e Chile na área da fruticultura
irrigada de exportação. O Projeto foi concebido visando a utilização eficiente dos recursos
disponíveis, a diversificação da produção agrícola e agroindustrial, o incremento a níveis reais
de produção, produtividade e rentabilidade e a contribuição à geração de empregos e da renda
das famílias rurais (Brazilian National Tourism Mart, 1998).
O modelo institucional, é chamado "Misto", com o poder público responsável pelo
planejamento e construção da infra-estrutura de irrigação fora das parcelas ou módulos de
produção, cabendo a iniciativa privada as inversões nas parcelas e a implementação dos
processos de produção e comercialização. A estrutura administrativa implantada no Projeto é
do tipo "Condomínio", organizada pelos próprios beneficiários e sem a participação do
Estado. Este Condomínio se encontra constituído através de uma associação denominada
ASCONDIR – Associação dos Concessionários do Distrito de Irrigação do Platô de Neópolis.
(Brazilian National Tourism Mart, 1998).
Os municípios sergipanos, produtores e potenciais produtores de coco, área
compreendida desde o litoral norte, expandindo-se por todo o litoral sul do Estado de Sergipe,
correspondente às unidades de passagem tabuleiros costeiros e baixada litorânea,
29
Capítulo 2 – A Produção de Coco
contemplando 19 (dezenove) municípios, abrangendo uma área aproximada de 5.053 km²,
conforme discriminado no mapa de sito-localização geográfica abaixo.
Figura: 2.2 – Área de cocoicultura em Sergipe
Fonte: Andrade, 2007.
O cultivo do coco em Sergipe ainda é um elemento importante para a economia
do estado. Dentre as regiões sergipanas produtoras de coco, destacam-se as que possuem
condições edafoclimáticas favoráveis, como as microrregiões de Propriá, Baixo Cotinguiba,
Contiguiba, Japaratuba e Aracaju. Em função da rentabilidade financeira e do crescente
consumo da água de coco nos grandes centros urbanos, tem havido interesse de produtores
pela cultura. Aliado aos aspectos positivos do mercado, o coqueiro, dependendo da tecnologia
utilizada, pode florescer com, aproximadamente, dois anos de idade e atingir, em função dos
30
Capítulo 2 – A Produção de Coco
tratos culturais dispensados, mais de 200/frutos/pé/ano, o que proporciona maior rapidez dos
investimentos realizados (Aragão, 2002).
Tabela 2.10 – Produção de coco verde em Sergipe
Fonte: IBGE, 2007.
Convém destacar que nos últimos anos está havendo uma queda da produção em
virtude dos baixos preços do coco no mercado. Considerando-se o preço do coco verde de R$
0,20, o valor pago ao produtor em junho/2000, e o frete cobrado de Sergipe a São Paulo de R$
1.000,00 para um caminhão com 7.000 frutos e de R$ 1.500,00 para uma carreta que
transporta 14.000 frutos, teríamos um custo de R$ 0,15 e R$ 0,11 por fruto respectivamente,
no preço final do produto. (Cuenca & Siqueira, 2003).
O preço do coco seco variou, ao longo dos últimos anos, entre R$ 0,55/kg e R$
0,65/kg, o que corresponderia a uma faixa de preço entre R$ 0,33/fruto a R$ 0,39/fruto. Neste
intervalo de tempo houve períodos em que a unidade foi comercializada a menos de R$ 0,20,
ou mesmo deixou de ir ao mercado, por falta de comprador. Em alguns meses do corrente ano
o preço do coco seco chegou a superar R$ 1,00/kg, alcançando atualmente R$ 1,80/kg, tendo
em vista a intervenção da Secretaria de Comércio Exterior, que reduziu as importações de
coco ralado situadas acima das cotas estabelecidas. Estima-se que o preço mínimo suportável
pelo produtor esteja em torno de R$ 0,70/kg ou de R$ 0,40/fruto, o qual atenderia a demanda
atual da indústria e do mercado in natura. (Fontes & Wanderley, 2006). Isso vem suscitando
dois fenômenos: a pouca aplicação de capital, novas tecnologias e recursos nas áreas de
produção e o investimento na produção do coco seco, considerado mais rentável. Segundo
Nunes (2008), muitos produtores, inclusive no Platô de Neópolis, estão preferindo deixar o
coco secar a comercializá-lo verde. Em que pese o cenário para os próximos anos, sinaliza-se
uma diminuição crescente da produção.
Microrregiões
Produção
(t)
Rend.
Médio
(Kg/Ha)
Preço
Médio
R$
Própria 18208 22760 250,00
Cotinguiba 150 25000 500,00
Japaratuba 13633 23424 250,00
Baixo
Cotinguiba
792 19800 500,00
Aracaju 60 30000 500,00
31
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Contudo, segundo Andrade (2007), das culturas perenes desenvolvidas em
Sergipe, mesmo diante da crise que se abateu pelo setor, ainda assim o coco representa no
segmento agrícola o segundo lugar em área plantada no Estado e em valor de produção,
conforme dados registrados pelo IBGE, vide quadro 2.11. Ademais, registre-se que os
atributos técnicos agronômicos requisitados pelo coqueiro, estão plenamente identificados
com as condições edafo-climáticas predominantes no Estado de Sergipe, fator que levou a
cultura do coco a apresentar desde o princípio, plena adaptabilidade e ensejar todo o seu
potencial produtivo.
Tabela 2.11 - Volume de Produção Estadual das Principais Culturas Agrícolas em Sergipe
Produtos
Agrícolas
Valor da produção
(R$ 1,00)
% em relação
ao total
Ranking
no estado
Laranja 72.654.000,00
15,96
Coco 68.112.000,00
14,96
Cana de Açúcar 63.624.000,00
13,98
Mandioca 63.053.000,00
13,85
Milho 39.212.000,00
8,61
Outras Lav. Temp. 73.494.000,00
16,15
Outras Lav. Perm. 75.047.000,00
16,49
Total 455.196.000,00
100,00
Fonte IBGE - Anuário Estatístico de Sergipe/2004 (Elaboração e Cálculos
EMDAGRO/ASPLAN/NUESDI).
Não obstante todo esse panorama favorável, ao longo dos anos, conforme já
descrito no corpo deste estudo, a cultura do coco vem experimentando um processo de
decadência quase que anunciada, acarretando conseqüentemente reduções significativas no
coeficiente de rentabilidade da cultura, que associado as oscilações de preços impostos pela
instabilidade de mercado tem levado o produtor a uma situação de empobrecimento crescente,
endividamento, determinando em muitos casos a desilusão, ao abandono da cultura.
Segundo Andrade (2007), este cenário de decadência e desprestígio econômico foi
sendo desenhado paulatinamente, fruto da ocorrência de uma sucessão de fatos que iniciaram-
se pela desqualificação e falta de competitividade do parque produtivo industrial de
processamento do coco, passando pela falta de uma política agrícola específica para o setor,
determinando por conseqüência, a falta de investimento e de uma política de crédito rural
32
Capítulo 2 – A Produção de Coco
adequada a atividade, a falta de capacitação, levando a desqualificação técnica do agricultor, a
especulação imobiliária, transferindo a cultura do coco como sendo a que mais sofreu com a
ocupação humana e urbana, tendência ocorrida fortemente em algumas áreas, sobretudo nas
baixadas litorâneas, notadamente nas áreas mais próximas da capital do Estado. A falta de
renovação dos coqueirais, a baixa qualidade do material genético, a desnutrição e a falta de
adoção de práticas culturais adequadas, a ocorrência de pragas e doenças em nível econômico,
a falta de organização dos produtores, determinaram a derrocada progressiva da atividade,
chegando ao atual estágio, sem que se fizesse algo consistente e duradouro para se interpor
aos fatos.
Em contrapartida a esta situação, o cenário nacional mostra uma mudança radical
na geografia econômica do coco, na medida em que Estados não tradicionais estão se
inserindo de forma agressiva, com investimentos vultosos e como conseqüência o Estado de
Sergipe, com toda a sua tradição e potencial agro-econômico, vem perdendo terreno e espaço
no mercado crescente e competitivo do coco. Por esta razão, assegura Andrade (2007), no
ranking da produção de coco nacional, Estados como o Pará (2ª colocado), Espírito Santo (5º
colocado) e o próprio São Paulo, ocupam posição de destaque, não obstante o Estado de
Sergipe ser o em área plantada/colhida, em função dos índices de produtividade baixos,
ocupa apenas a posição, com apenas 6 % da produção nacional. Conforme se verifica, este
cenário tende a se agravar se não for tomada alguma providência, caso não seja adotado uma
nova postura de política agrícola.
2.5 VIABILIDADE TÉCNICA E IMPACTO ECONÔMICO
O Brasil possui condições especiais que favorecem o desenvolvimento da cultura
do coco. Dentre as principais regiões brasileiras produtoras, o Nordeste destaca-se gerando 80
% de toda a produção nacional. É notadamente no Nordeste que o coqueiro, encontra
condições de solo e clima favoráveis, constituindo-se no ambiente ideal em função das
condições de pluviosidade, proximidade do lençol freático, temperaturas favoráveis, efeito
benéfico da brisa marinha e ventos constantes. O Estado de Sergipe apresenta todos esses
atributos potenciais ao desenvolvimento da cultura do coqueiro, sobremaneira nas áreas de
baixadas litorâneas e tabuleiros costeiros.
33
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Conforme assegura Andrade (2007), atualmente, a atividade de exploração do
coco no Estado de Sergipe passa por momentos difíceis que tende a se agravar com o fim do
Acordo de Salvaguarda concedido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), postulado
pelo governo brasileiro, através do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
estabelecendo restrições as importações do coco ralado, considerando o efeito danoso
restritivo deste ao espaço do coco seco no mercado industrial, limitando o mercado
importador ao atendimento de cotas anuais definidas pela própria salvaguarda. Em
contrapartida às medidas impostas, nós que fazemos o setor agrícola estadual, somos por uma
questão óbvia e natural, estimulados a desenvolver um conjunto de ações que venham a
ensejar um aumento de competitividade da cadeia produtiva do coco, impondo-nos
conseqüentemente toda um conjunto de responsabilidades frente a necessidade de
implementação de políticas agrícolas voltadas a modernização e incremento da produção de
coco no país.
Entende-se que é viável o incremento econômico da produção de coco, não
obstante a limitação imposta pelo reduzido espaço agrícola territorial de nosso Estado, fato
que oferece restrição natural a significativa expansão de áreas novas com a cultura.
Complementa Andrade (2007), no entanto, é plenamente possível e viável aumentar-se
significativamente a produção do Estado, mediante o incremento da produtividade da cultura,
através ações de Renovação e Fortalecimento, incorporando ao setor produtivo 20.000,0 ha
(12.000,0 ha de áreas renovadas, 7.000,0 ha de áreas recuperadas e 1.000,0 ha de áreas
novas), revitalizando uma área que hoje encontra-se reconhecidamente com índice de
produtividade insignificante, abrindo e viabilizando a fronteira agrícola do nosso Estado a
captação de novos investimentos, e por conseqüência promovendo o crescimento da
economia pela expansão da produção agrícola, estimulando o crescimento da economia
pela expansão da produção agrícola, fomentando a geração de emprego e renda,
incrementando a geração de divisas, a arrecadação de impostos, conduzindo a exploração da
cocoicultura ao patamar econômico dos idos de 60, onde certamente nunca deveria ter saído.
Durante a fase de implantação dos pomares, até o início da produção comercial, os
produtores, especialmente os pequenos, serão estimulados a adotar o uso de cultivos
intercalares, utilizando-se espécies frutíferas ou alimentares, como: abacaxi, maracujá, milho,
feijão, mandioca e outras culturas, visando senão permitir uma fonte alternativa de renda, mas
certamente possibilitar a subsistência das famílias, além de ser seguramente uma fonte
34
Capítulo 2 – A Produção de Coco
supridora de receita alternativa, objetivando cobrir os custos de manutenção do
estabelecimento dos coqueirais durante os primeiros anos, considerando o período de carência
da cultura.
Segundo os dados levantados pelo IBGE - 2004, demonstrado em Tabela 2.11 -
Volume de Produção Estadual das Principais Culturas Agrícolas - Ranking, abaixo, o valor da
produção hoje alcançado pela cultura do coco, representa algo em torno de R$ 68.112.000,00,
situando-se no ranking da produção agrícola estadual em quarto lugar. Diante dessa
conjuntura, com o advento do Programa de Fortalecimento da Cocoicultura em Sergipe.
Segundo Andrade (2007) o estudo de evolução de impacto econômico (Área Plantada,
Índices de Produção e Produtividade), delinear uma projeção estimativa para o ano de
2020/2021, período de estabilização econômica da atividade, atingindo-se um quantitativo de
área plantada equivalente a 47.876,0 ha, correspondendo a um incremento de 20 % em relação
a área atualmente existente, estimando-se uma produção total de 326.562.000 frutos,
correspondente a um incremento de 165 % em relação a produção atual, o que nos leva a
projetar uma elevação do Valor de Produção da Cultura na ordem de R$ 124.000.000,00, o
que redundará na maior expressividade da produção de coco em relação a outras atividades
agrícolas, possibilitando um incremento de divisas com a cultura para o Estado da ordem de
82 %. Em decorrência desse volume de produção delineado, projeta-se para esse mesmo
período um incremento significativo no número de empregos gerados pela atividade,
passando dos atuais 40.000 para algo em torno de 80.000 empregos.
2.6 COCO E O DESENVOLVIMENTO LOCAL
Segundo Benko (1999), a globalização da economia metropolitana na economia
regional caminha junto com o estabelecimento de uma nova organização territorial que
aparece, ao mesmo tempo, como um efeito e como uma causa do desenvolvimento geral. Ela
se caracteriza por sua estrutura estratificada e pela emergência de uma territorialidade
regional.
35
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Ao cabo dessa globalização econômica, um meio regional inovador emerge. Não
substitui os locais nem a soma destes. Compõem-se de todos os atores que têm uma
representação e uma concepção convergente daquilo que a organização regional traz
ao integrar as capacidades dos sistemas locais e que valorizam pela maior
criatividade sócio-econômica que daí resulta (Benko,1999, p.79).
O processo de integração econômica acelerado desde 1950 leva a um aumento
crescente da vinculação dos condicionantes internos das economias em desenvolvimento a
fatores externos aos espaços nacionais.
Ao mesmo tempo em que integra os mercados e a economia mundial, a
globalização provoca uma fragmentação do espaço, gerando uma certa
desterritorialização das economias. Integração e fragmentação do espaço levam a
uma redução do peso unificador dos Estados-nação, aumentando a autonomia
relativa e as possibilidades de os microespaços interagir e articular com outras
regiões e localidades, para além da sua vizinhança e entorno institucional,
(Buarque, 1999, p.14).
Os sistemas econômicos globais, hoje interligados, demandam uma abordagem
integrada para promover um crescimento responsável de longa duração, ao mesmo tempo em
que assegurem que nenhuma nação ou comunidade seja deixada para trás. Emerge o desafio
da construção de um novo paradigma, pautado por uma agenda de inclusão, que seja capaz de
assegurar um desenvolvimento sustentável, mais igualitário e democrático, nos planos local,
regional e global.
(...) a elevação do nível de vida material, expressa pelo aumento no padrão de
consumo, não determina necessariamente um enriquecimento da vida como um
todo, representa antes, com freqüência, um aumento do desperdício de certas faixas
de consumo, o qual não se diversifica por toda sociedade. Com a globalização da
economia, isto se acirra, estabelecendo um universo de desigualdades, tensões e
antagonismos, aumentando ainda mais a distância entre ricos e pobres, significando
que a expansão das forças produtivas não necessariamente se traduz em recursos
que poderiam ser empregados para o crescimento da sociedade (Assis, 2003, p.84)
Nesse sentido, passa-se a questionar a relação entre o local e o global.
Desdobram-se daí teorias sobre o desenvolvimento regional, visando a inserção da região ao
novo contexto global. Surge, então, o conceito de desenvolvimento endógeno, que pode ser
entendido como um processo interno para o aumento contínuo da agregação de valor à
produção, bem como a capacidade de absorção da região frente ao excedente gerado na
própria economia local ou mesmo na absorção do excedente externo. (Amaral, 1996).
O desenvolvimento local pode ser entendido como um processo endógeno de
mudança capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da
36
Capítulo 2 – A Produção de Coco
população em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos. Para ser consistente e
sustentável deve mobilizar e explorar as potencialidades locais e contribuir para elevar as
oportunidades sociais e a viabilidade e competitividade da economia local; bem como
assegurar a conservação dos recursos naturais. Esse processo de transformação requer
mobilização e organização da sociedade local, explorando as suas capacidades e
potencialidades próprias, de modo que se traduza em efetivo desenvolvimento da matriz
sócio-econômica e cultural da localidade (Buarque, 1999).
Ao passar de um nível global de aplicação da noção de sustentabilidade para um
nível mais local, os problemas tornam-se mais concretos, a demanda social faz-se mais
precisa e exigente e os embates econômicos e políticos mais acirrados. Tanto nos países
industrializados quanto nos países em desenvolvimento, as discussões sobre a
sustentabilidade são intensamente influenciadas pela visão de uma natureza intocada, que
dispensa benefícios, hoje ameaçada pela danosa ação do homem (Raynaut; Zanoni; Lana,
2002).
Observa-se, entretanto, que as experiências bem-sucedidas de desenvolvimento
local decorrem, quase sempre, de uma mobilização política e social, e, principalmente, de
convergência importante dos atores sociais da localidade em torno de determinadas
prioridades e orientações básicas de desenvolvimento (Buarque, 1999).
Dentro do contexto de globalização e interno processo de transformação, o
desenvolvimento local consiste também numa forma de integração econômica com o cenário
regional e nacional, que gera e redefine oportunidades e ameaças (Buarque, 1999). Não
obstante, o desenvolvimento local está quase sempre ligado à descentralização, mesmo sendo
processos distintos. Uma relativa independência é apresentada por Buarque na análise do
conceito formulado por André César Médici e Marco Cícero M. P. Maciel:
a descentralização representa a distribuição das responsabilidades pela implantação
das ações dos órgãos centrais para suas agências e representações em subespaços
territoriais – processo interno à instância centralizada – sem envolvimento das
instâncias descentralizadas autônomas. (Buarque, 1999, p.17)
A interpretação de Buarque é a de que mesmo sendo processos distintos, o
desenvolvimento local e a descentralização são complementares. Para ele, na visão de Médici
37
Capítulo 2 – A Produção de Coco
e Maciel a descentralização pode representar uma base importante para facilitar e estimular o
desenvolvimento local, criando condições institucionais para a transferência da autoridade e
do poder de decisão das instâncias centrais para as instâncias estaduais e municipais.
A distinção entre desconcentração e descentralização é apontada por Buarque
para uma melhor compreensão da relevância da transferência de responsabilidade e poder
político-institucional. De acordo com o autor, na desconcentração não transferência de
autoridade e autonomia decisória, apenas a distribuição da responsabilidade executiva de
atividades, programas e projetos. Enquanto que a descentralização representa a transferência
de autonomia e efetivo poder decisório entre instâncias, independente de ser dentro da mesma
unidade local ou entre instâncias diferentes.
Este mesmo autor destaca ainda que a descentralização é dividida em dois
grandes blocos, conforme apresentado no gráfico a seguir: a descentralização autônoma
assume responsabilidades com base em recursos próprios, portanto, independente da vontade
da instância centralizada; e, descentralização dependente, associada ao repasse de recursos
das instâncias superiores para unidades hierarquicamente inferiores, por vontade e decisão
das primeiras.
A descentralização dependente se tutelada se o repasse de recursos for
acompanhado apenas da distribuição de responsabilidades executivas de projetos; quando
acompanhada da delegação de algum poder de decisão para as instâncias espacialmente
inferiores, tem lugar uma descentralização dependente vinculada, com alguma forma de
parceria (Buarque, 1999).
Diante do exposto, tem-se que a descentralização é um processo que tende a
fortalecer os municípios e a desconcentração das políticas e programas nacionais,
representando uma alternativa para ampliação dos espaços e formas de participação da
sociedade. Contudo, observa-se que
as formas de participação e de representação dos atores sociais no processo
decisório dependem da abrangência espacial e temática do objeto do planejamento;
quanto menor a unidade espacial (município ou comunidade) e mais simples os
segmentos planejados, maiores os espaços para a democracia direta e menores as
mediações de representação dos atores.(Buarque, 1999, p.27)
38
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Com os processos de globalização e incidência de novos modelos tecnológicos,
observam-se modificações tanto na intervenção do governo, quanto nos processos teóricos
que apóiam às políticas de desenvolvimento local.
Para Buarque (1999) o desenvolvimento local é um processo de mudança que leva
a um continuado aumento da qualidade de vida da sociedade, apoiado numa economia
eficiente e competitiva, com relativa autonomia das finanças públicas, combinado a
conservação ambiental. Esse processo é também uma meta a ser alcançada no médio e longo
prazos, consiste numa transição para um novo estilo de organização da economia e da
sociedade e das suas relações com o meio ambiente. Esta transição demanda mudanças no
padrão de consumo da sociedade, na base tecnológica dominante no processo produtivo e na
estrutura de distribuição de rendas, seja na sua própria lógica e autonomia seja de forma
combinada.
Segundo Assis (2003) o principal fator a determinar ou restringir o
desenvolvimento em uma determinada região, a partir de uma ação local, é a competência
técnica de seus habitantes, competência que deve ser desenvolvida visando os interesses
locais. Isto, porém, somente será possível, através de investimentos públicos em educação,
ciência e tecnologia.
Percebe-se que o desenvolvimento estável e equilibrado demanda mudanças de
valores e atitudes, nos diferentes segmentos sociais, o que implica na educação como parte
vital e indispensável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de
suas metas: a participação da população.
Enquanto não se pode contar com todo o conhecimento necessário, a
sustentabilidade de uso dos recursos passa pelo planejamento, pela utilização
racional e pela participação dos usuários na definição de responsabilidades, de modo
a viabilizar a conservação desses recursos (Novaes, 2000, p.44).
Um instrumento de grande utilidade para o organização da ão dos atores sociais
é o planejamento do desenvolvimento. O planejamento contribui para a orientação de
iniciativas e gera uma convergência e articulação das diversas formas de intervenção na
realidade.
39
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Para desatar um processo de transformações que leve ao desenvolvimento
sustentável da comunidade, é necessário o planejamento de uma visão estratégica
que não se deixa dominar pelas emergências e urgências de curto prazo, mas
estrutura as prioridades numa perspectiva de construção de novo estilo de
desenvolvimento no médio e longo prazos. Para tanto, é preciso identificar, na
análise da realidade, os fatores e os componentes mais relevantes e determinantes
dos problemas e potencialidades que condicionam o futuro (Buarque, 1999, p.18).
O planejamento é um instrumento relevante na tentativa de minimizar possível
desequilíbrio regional causado na maior parte dos casos pelas políticas e ações centradas em
modelos econômicos capitalistas e consumistas. A planificação com vistas à sustentabilidade
ambiental devem ser regida e deve atender aos princípios e compromissos ambientais,
considerados como elementos orientadores e limitadores da política e dos programas de
gestão ambiental.
Utilizando-se a região como padrão de intervenção para planejamento (não
importando seu tamanho físico territorial), deve-se ter em conta estudos acurados,
que resultem na identificação e avaliação das suas características físicas-bióticas e
sócio-econômicas, que respaldarão as condicionantes das atividades econômicas
pretendidas. (Pinheiro, 2000, p.20)
O que se pretende enfatizar quando se alerta para a necessidade de planejamento,
se relaciona, portanto, a um processo técnico-político de construção de uma proposta
convergente dos atores e agentes que organizam as ações na perspectiva do desenvolvimento
sustentável.
Técnico porque é um processo ordenado e sistemático de decisão que expressa uma
relação e uma estrutura de poder na organização da sociedade. Político porque toda
decisão e definição de objetivos passam por interesses e negociações entre atores
sociais. O processo de trabalho para o planejamento, na visão técnica e política, deve
articular e combinar, desde o início, o tratamento e a análise técnica com as
formulações, negociações e deliberações política, com suas lógicas diferenciadas
confrontando a racionalidade e os interesses. (Buarque, 1999, p.44)
Nesse sentido, o planejamento deve assumir uma visão estratégica a fim de que se
identifique, na realidade, os elementos mais relevantes e determinantes dos problemas e
potencialidades que condicionam o futuro, classificando e ordenando os dados reais,
distinguindo o que é urgente do que é importante. Essa distinção é expressa no gráfico a
seguir.
40
Capítulo 2 – A Produção de Coco
Figura 2.3 – Urgência e Importância no planejamento do desenvolvimento local
Fonte: Buarque, 1999
A figura 2.3 apresenta a combinação do grau de urgência e importância de cada
componente da realidade (problema). O objetivo é visualizar a característica de cada
problema, orientando os gestores para a seleção das prioridades e iniciativas entre os
problemas. Os problemas situados no Quadrante I – alto grau de importância e pouca urgência
devem ser enfrentados com tranqüilidade, de modo que as ações estratégicas criem as bases
para a reestruturação sócio-econômica da realidade e evite o acúmulo e a formação de novos
problemas no futuro. Os problemas do Quadrante II alto grau de importância e também alta
urgência são resultantes da falta de iniciativas no passado e exigem ações imediatas e
prioritárias para evitar o estrangulamento de curto prazo e os desdobramentos de médio e
longo prazos. No Quadrante III encontram-se os problemas de baixa importância e baixa
urgência que devem ser ignorados na definição das prioridades de ação.
Por fim, os problemas do Quadrante IV têm baixa importância e alta urgência,
representando fatores indesejáveis e graves da perspectiva da sociedade local, porém que não
são resultantes de outros problemas. Decorrem, em geral, de distorções do modelo
desenvolvimento, portanto, demandam iniciativas imediatas, de forma compensatória e
transitória.
Conclui-se que o Desenvolvimento Local deve ser considerado como uma via
possível para a melhoria da qualidade de vida das populações e para a conquista de modos de
I II
Centrando no
Estratégico
Administrando Crises
III IV
Atuando no
supérfluo
Correndo atrás do
prejuízo
IMPORTANTE
URGENTE
41
Capítulo 2 – A Produção de Coco
vida mais sustentáveis. Constitui-se um novo modo de promover o desenvolvimento humano
e social que possibilita o surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de suprir
suas necessidades imediatas, de descobrir ou despertar suas vocações locais, de desenvolver
suas potencialidades específicas e de fomentar o intercâmbio externo aproveitando-se de suas
vantagens comparativas locais. Por isso, a importância de se pensar não a produção de
coco, mas também do emprego da casca de coco como matéria-prima a partir desta
perspectiva, uma vez que oferecem condições para impulsionar a economia local,
promovendo a geração de emprego e renda e a preservação do meio ambiente.
CAPÍTULO 3
IMPACTOS PROVOCADOS PELA CASCA DO COCO
43 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
3. IMPACTOS PROVOCADOS PELA CASCA DO COCO
3.1 A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
A palavra lixo, deriva do termo latim lix, significa “cinza”. Segundo Aurélio
(2000), ela é definida como sujeira, imundice, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo,
na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos.
A história do lixo se confunde com a história do ser humano; no inicio dos
tempos, os primeiros homens eram nômades. Morava em cavernas, sobreviviam da caça e da
pesca; quando a comida começava a ficar escassa, eles se mudavam para outra região e seus
lixos deixados sobre o meio ambiente, eram logo decompostos pela ação do tempo. Depois da
descoberta que podia plantar sementes de trigo, cevada e outros vegetais. O nomadismo foi
dando lugar ao sedentarismo, o homem foi civilizando-se passou a produzir peças para o seu
conforto, além de fixar de forma permanente em um local. O desenvolvimento foi se
acentuando naturalmente com o passar dos anos e conseqüentemente foi aumentando a
produção de lixo (James, 1992).
Durante a Idade Média o acumulo de pessoas nas cidades foi aumentando,
gerando ambientes propícios ao progresso, ampliando o domínio do homem sobre a natureza.
As cidades representam o cenário ideal para o consumo dos mais variados produtos. E, quanto
mais se consome, mais volume dos resíduos que continham, além de restos de comida,
grandes quantidades de excremento animal e humano. Surgindo assim ambiente ideal para a
proliferação de ratos e a manifestação de doenças e epidemias. A mais grave foi a peste negra,
que entre 1347 e 1351 causou 25 milhões de mortes compreendendo um terço da população
européia. (Nova Escola, 2003)
A partir de 1750, com a revolução industrial, as fábricas começaram a produzir
objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado,
aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas
urbanas. Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas
44 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas. A sujeira acumulada no ambiente
aumenta a poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde em todo o mundo.
Entretanto, a partir da segunda metade do século XX iniciou-se uma reviravolta.
A humanidade passou a preocupar-se com o planeta. Mas não foi por acaso: fatos como o
buraco da camada de ozônio e o aquecimento global da terra despertam a população mundial
sobre o que estava acontecendo com o meio ambiente. Nesse despertar a questão da geração e
destinação final foi percebida (James, 1992).
Mas o que vem a ser lixo? Segundo Consoni et al (2002, p.29), “denomina-se lixo
os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou
descartáveis”. Normalmente, apresenta-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com
conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir livremente).
A Norma Brasileira NRB 10004 (ABNT, 1987, a:1) define resíduos sólidos
como:
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades da
comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível
.
Na mesma norma a periculosidade de um resíduo é definida como a característica
apresentada por ele em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas e
por isso pode apresentar segundo ABNT (1987, a:2):
a)
risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um
aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou;
b)
riscos ao ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma
inadequada.
45 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
Segundo, Gonçalves (2003,p.19):
Todos os processos geram resíduos, desde o mais elementar processo metabólico de
uma célula ate o mais complexo processo de produção industrial. Por outro lado, a
lata de lixo não é um desintegrador mágico. A humanidade vive em ciclos de
desenvolvimento e neste momento estamos vivendo um ápice de desperdício e
irresponsabilidade na extração dos recursos naturais esgotáveis
.
Considerando que o lixo é constituído por uma parcela de materiais recicláveis,
podemos considerar que o lixo não é apenas tudo aquilo que não presta. Que no lixo a valores
a serem resgatados através do não desperdício, da separação na fonte e do fomento à cadeia
produtiva da reciclagem. Segundo Bojadsen (1997), para determinar o melhor aproveitamento
ou destinação final do lixo é necessário conhecer a sua origem e classificação.
Tabela 3.1 - Classificação do Lixo
Fonte: baseado em Consoni et al. (2002)
Na concepção técnica o lixo deve ainda ser visto e analisado sob o prisma
biológico, sendo classificado como orgânico, inorgânico e tóxico. O lixo orgânico é todo lixo
que tem origem animal ou vegetal, ou seja, que recentemente fez parte de um ser vivo. Numa
linguagem mais técnica e moderna, aborda-se os resíduos sólidos, sendo seu componente
biológico a matéria orgânica, mas da mesma forma oriundos dos seres vivos, animais e
vegetais. Neles pode-se incluir restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos,
papéis, madeiras etc. (Bojadsen, 1997). Mesmo na atualidade esse tipo de lixo é considerado
poluente devido aos componentes oriundos de seu processo de decomposiçao que além de ser
altamente inatrativo, mal-cheiroso, cria um ambiente propício ao desenvolvimento de
microorganismos, grandes agentes causadores de doenças.
Lixo Domiciliar Resíduos sólidos de atividades residenciais.
Lixo Comercial Resíduos sólidos das áreas comerciais.
Lixo Público Resíduos sólidos de produto de limpeza pública.
Lixo de Serviços de Saúde
Resíduos hospitalares, ambulatoriais e farmácias.
Lixo Industrial Resíduos produzidos pela indústria.
Lixo Agrícola Resíduos das atividades agrícolas e da pecuária.
Lixo Entulho Resíduos da construção civil.
46 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
O principal componente do lixo orgânico é o lixo humano, composto pelos
resíduos produzidos pelo corpo humano, tais como fezes e urina. O lixo humano pode ser
altamente perigoso, uma vez que pode abrigar e transmitir com facilidade uma grande
variedade de vermes, bactérias, fungos e vírus causadores de doenças. Uma realização
primária da civilização humana tem sido a redução da transmissão de doenças através do lixo
humano, graças à higiene e o saneamento básico. O lixo orgânico pode ser seletivizado e
usado como adubo a partir da compostagem ou utilizado para a produção de certos
combustíveis como biogás, que é rico em metano – a partir da biogasificaçao – (James, 1992).
Os Resíduos inorgânico inclui todo material que não possui origem biológica, ou
que foi produzida através de meios humanos, como plásticos, metais e ligas, vidro, etc.
Considerando a conformação da natureza, os materiais inorgânicos são representados pelos
minerais. Muito do lixo inorgânico possui um grande problema: quando jogado diretamente
no meio ambiente, sem tratamento prévio, demora muito tempo para ser decomposto. O
plástico por exemplo, é constituído por uma complexa estrutura de moléculas fortemente
ligadas entre si, o que torna difícil a sua degradação e posterior digestão por agentes
decompositores (Bojadsen, 1997).
O Resíduo tóxico é o material descartado, geralmente na forma química, que pode
causar a morte ou danos à seres vivos. Normalmente são resíduos vindos da indústria ou
comércio, porém também pode ter resíduos residenciais, da agricultura, militar, hospitais,
fontes radioativas bem como lavanderias e tinturarias. Como muitos outros problemas de
poluição, os resíduos tóxicos começam a ser um problema significativo durante a revolução
industrial (James, 1997) .
Ao se considerar a caracterização do lixo é importante lembrar que suas
características variam ao longo de seu percurso pelas unidades de gerenciamento do lixo
desde a geração até o destino final, bem como ao longo do tempo.
47 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
3.1.1 Os caminhos do lixo
O IBGE (2000/2002) define “coleta de lixo” como:
Retirada de material sólido resultante das atividades domiciliares, comerciais e
publicas, industriais, das atividades de saúde etc., acondicionados em sacos
plásticos e/ou recipientes, ou mesmo quando colocados nas calçadas ou logradouros
e destinados a vazadouro, aterro etc
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE 2000/2002),
dos 5507 municípios do Brasil, 5475 tem serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo,
representando 99,41% do total. Os dados contidos na tabela 3.2 sintetizam a forma de como o
Resíduo Sólido Urbano é coletado no país, e retratam os percentuais baixíssimos de
municípios com serviço de coleta seletiva e de reciclagem, cerca de 8% e 6,5%,
respectivamente.
Tabela 3.2 - Natureza dos serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, prestado pelos
municípios do Brasil.
Municípios com Serviços de Limpeza Urbana ou Coleta de lixo
Total de
municípios
Total
Natureza do serviço
Limpeza
urbana
Coleta
de lixo
Coleta
seletiva
Reciclagem
Remoção
de
entulho
Coleta
de lixo
especial
5507 5475 5461 5471 451 352 4690 3567
Fonte: IBGE, 2002
Até hoje no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é
simplesmente jogada em lixões. A quantidade de unidades de lixões a céu aberto (59,03%),
frente às de aterro controlado (16,76%) e às de aterro sanitário (12,57%), demonstra o quanto
é preocupante e incipiente o saneamento básico no Brasil (Consoni, 2002). Normalmente os
lixões estão localizados em áreas de menor desenvolvimento econômico e social, retratando a
miséria, e muitas vezes, as condições subumanas de sobrevivência e de atendimento às
necessidades básicas da população. No caso de Sergipe o fato é ainda mais grave, uma vez
que 90% do lixo produzido acabam em lixões a céu aberto, contribuindo para ampliar a série
de problemas (Ver quadro 3.1) decorrentes da geração de lixo.
48 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
Quadro 3.1: Problemas decorrentes da geração de lixo
Aspectos sanitários e ambientais Contaminação da água pelo chorume;
Contaminação do solo;
Poluição do ar;
Disseminação de doenças;
Risco de acidentes aéreos com aves;
Desabamentos;
Enchentes
Aspecto social
Aparecimento de catadores
Catadores expostos a várias doenças;
qualidade de vida dos catadores e da
comunidade em geral.
Aspecto econômico
Elevados investimentos para a recuperação de
áreas degradadas;
Altos custos de implementação e operação de
aterros;
Pesados gastos em tratamentos de doenças
ocasionadas pelo lixo.
Fonte: Reis, 2005.
3.2 AS FORMAS DE TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS
3.2.1 Aterro Sanitário
Um aterro sanitário é uma forma para a deposição final de resíduos sólidos
gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domiciliares, comerciais, de
serviços de saúde, da indústria de construção, ou dejetos sólidos retirados do esgoto
(D´Almeida, 2002).
Segundo a Associaçao Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) os aterros
sanitários de resìduos sólidos urbanos:
49 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar
danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais,
método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos
ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão
de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se
for necessário
.
Os aterros sao adequados para a recepção de resíduos de origem doméstica,
varrição de vias públicas e comércios. Os resíduos industriais devem ser destinados a aterro
de resíduos sólidos industriais (enquadrado como classe II quando não perigoso e não inerte e
classe I quando se tratar de resíduo perigoso, de acordo com a norma técnica da ABNT
10.004/04 - "Resíduos Sólidos - Classificação").
A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de
efluentes líquidos percolados (chorume) acima de uma camada impermeável de polietileno de
alta densidade - PEAD, sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de
material líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O chorume
deve ser tratado e/ou recirculado (reinserido ao aterro) causando assim assim uma menor
poluição ao meio ambiente. Seu interior deve possuir um sistema de drenagem de gases que
possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico(CO2) e água
(vapor), entre outros, e é formado pela decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser
queimado ou beneficiado. Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados
para geração de energia. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização
do biogás pode ter como recompensa financeira a compensação por créditos de carbono ou
CERs do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conforme previsto no Protocolo de Quioto
como é efetuado por diversos aterro sanitários no Brasil: aterro de Nova Iguaçu, aterros
Bandeirantes e São João em São Paulo, Embralixo-Arauna em Bragança Paulista, entre
outros.
Sua cobertura é constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais, que
não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro. Com a compactação de
residuos no aterro é possivel a produção de gás, podendo assim diminuir a exploração de
combustiveis fosseis. Este processo de produção é utilizado em Portugal na zona de Leiria,
"Projecto - Residuos + Petróleo.
Um aterro sanitário deve também possuir um sistema de monitoramento ambiental
(topográfico e hidrogeológico) e pátio de estocagem de materiais. Para aterros que recebem
50 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
resíduos de populações acima de 30 mil habitantes é desejável também muro ou cerca
limítrofe, sistema de controle de entrada de resíduos (ex. balança rodoviária), guarita de
entrada, prédio administrativo, oficina e borracharia (D´Almeida, 2002).
Quando atinge o limite de capacidade de armazenagem, o aterro pode ser alvo de
um processo de monitorização especifico, e se reunidas as condições, pode albergar um
espaço verde ou mesmo um parque de lazer, eliminando assim o efeito estético negativo. Uma
das principais vantages é o facto de poder ser deslocado de um lugar para outro sem
prejudicar a vida animal. Recentemente foi encontrada uma celula produzida em aterros que
contribui para o fortalecimento do sistema himunitario, podendo assim contribuir para a cura
de muitas doenças (D´Almeida, 2002).
Convém ressaltar que há critérios de distância mínima de um aterro sanitário e um
curso de água, uma região populosa e assim por diante. No Brasil, recomenda-se distância
mínima de um aterro sanitário para um curso de água deve ser de 400m.
A recepção dos resíduos inicia-se com a entrada do veículo de transporte de
resíduos no aterro sanitário e a pesagem na balança. Depois de feito o controle na entrada e
efetuada a pesagem, o veículo desloca-se até à zona de deposição, avança até à frente de
trabalho, procedendo à descarga dos resíduos. Em seguida, o veículo passa pela unidade de
lavagem dos rodados (quando houver) e é novamente pesado para a obtenção da tara, de
forma a ficar registado o peso líquido da quantidade de resíduo transportada (D´Almeida,
2002).
A operação segura de um aterro sanitário envolve empilhar e compactar os
resíduos sólidos e cobrí-lo diariamente com uma camada de solo. A compactação tem como
objetivo reduzir a área disponível prolongando a vida útil do aterro, ao mesmo tempo que o
propicia a firmeza do terreno possibilitando seu uso futuro para outros fins. A cobertura diária
do solo evita que os resíduos permaneçam a céu aberto, com possível contato com animais
(pássaros) e sujeito a chuva, e também para diminuir a liberação de gases mal cheirosos, bem
como a disseminação de doenças (D´Almeida, 2002).
51 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
3.2.2 Incineração
Um incinerador elimina resíduos, domésticos, industriais ou hospitalares, através
do uso de altas temperaturas (que variam entre 800 e três mil °C). Um incinerador gera
enorme quantidade de poluição atmosférica, especialmente dióxido de carbono, agente
causador do efeito estufa (Consoni, 2002).
Para D´Almeida (2002), a incineração é um processo de combustão controlada
dos resíduos. A finalidade principal é a eliminação total dos resíduos tóxicos ao meio
ambiente, onde não deverá ocorrer a emissão de gases tóxicos para a atmosfera. Para tanto,
deverão ser empregados precipitadores de partículas, filtros eletrostáticos, lavadores de gases,
etc.
3.2.3 Compostagem
Segundo Silva (2000) a compostagem é um conjunto de técnicas aplicado para
controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor tempo
possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais; com atributos físicos,
químicos e biológicos superiores (sob o aspecto agronômico) àqueles encontrados na(s)
matéria(s) prima(s).
Encontrar um destino sustentável para o lodo de esgoto (ou biossólido) ainda é um
desafio para as empresas geradoras e seus colaboradores. Muitas vezes, o envio do resíduo
para um aterro sanitário torna-se a maneira mais prática de solucionar a questão do destino,
mas esta via nem sempre se mostra a mais econômica, a mais segura ou a melhor escolha do
aspecto ambiental.
O uso agronômico do lodo de esgoto (biossólido), como fonte de matéria orgânica
e nutrientes para as culturas, respeitando-se as exigências normativas estabelecidas pelos
órgãos fiscalizadores, o tem desapontado seus geradores nem tampouco seus receptores
(D´Almeida, 2002).
52 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
No processo de compostagem, que se completa após a formação do húmus,
assegura Silva (2000), pode-se reconhecer três fases distintas:
a) rápida decomposição de certos constituintes pelos microrganismos.
b) síntese de novas substâncias criadas pelos microrganismos.
c) formação de complexos resistentes em razão dos processos de condensação e
polimerização. Resíduos vegetais e animais não são igualmente atacados, nem se decompõem
inteiramente de uma só vez; seus diversos constituintes são decompostos em diferentes
estágios, com diferentes intensidades e por diferentes populações de microrganismos. Os
açúcares, os amidos e as proteínas solúveis são decompostos em primeiro lugar, seguindo-se
de algumas hemiceluloses e demais proteínas. Celulose, certas hemiceluloses, óleos, gorduras,
resinas e outros constituintes das plantas são decompostos mais demoradamente. As ligninas,
certas graxas e taninos são os materiais considerados mais resistentes à decomposição.
Enquanto houver decomposição aeróbia, o carbono será liberado como gás
carbônico, entretanto, se o processo tornar-se anaeróbio, eliminar-se-ão, além do CO2,
metano, álcool e ácidos orgânicos. As proteínas, por decomposição, são primeiramente
hidrolisadas por enzimas proteolíticas produzidas pelos microrganismos, gerando
polipeptídios, aminoácidos e outros derivados nitrogenados; o nitrogênio orgânico é
convertido à forma amoniacal. Ao final do processo obtém-se o húmus, ou seja, uma
substância escura, uniforme, amorfa, rica em partículas coloidais, proporcionando a este
material, propriedades físicas, químicas e físico-químicas diferentes da matéria-prima
original. O tempo médio para que a pilha original se decomponha até a bioestabilização é de
30 a 60 dias. Para a completa humificação, serão necessários mais 30 a 60 dias. Desta forma,
para completar-se o processo na pilha, serão necessários aproximadamente 90 dias (Silva,
2000).
Para aplicação no solo, a utilização do material bioestabilizado é justificada por
três motivos: ao passar pela fase termófila haverá a destruição de ovos, larvas e
microrganismos patogênicos que, porventura puderem existir na massa inicial; ao apresentar
relação C / N abaixo de 20 ainda haverá atividade biológica, mas não haverá o “seqüestro” do
nitrogênio do solo para completar o processo; a temperatura não é alta o suficiente para causar
danos às raízes ou às sementes (D´Almeida, 2002).
53 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
Segundo Silva (2000), a velocidade e o grau de decomposição dos resíduos
orgânicos pode ser medido de várias maneiras:
1. Quantidade de CO
2
desprendido
2. Diminuição da relação C/N
3. Ciclo da temperatura
4. Elevação e estabilização do pH
Sendo um processo biológico, as transformações ocorrem de acordo com os
princípios mencionados. No entanto, os métodos variam de sistemas particularmente
artesanais, até sistemas complexos, onde os fatores interferentes são monitorados e
controlados com relativa precisão. Os sistemas de compostagem, segundo Fernandes (2000),
agrupam-se em três categorias:
a) Sistemas de leiras revolvidas (Windrow): A mistura de resíduos é disposta em
leiras, sendo a aeração fornecida pelo revolvimento dos materiais e pela convecção do ar na
massa do composto.
b) Sistema de leiras estáticas aeradas (Static pile): A mistura é colocada sobre
tubulação perfurada que injeta ou aspira o ar na massa do composto. Neste caso não
revolvimento mecânico das leiras.
c) Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel): Os materiais são
colocados dentro de sistemas fechados, que permitem o controle de todos os parâmetros do
processo de compostagem.
Kiehl (1985) classificou os sistemas de compostagem também quanto ao tempo.
Neste caso os processos são lentos ou acelerados. Consideram-se lentos, aqueles os quais a
matéria prima é disposta em montes nos pátios de compostagem após sofrer separação de
materiais não decomponíveis, como é o caso dos resíduos domiciliares, recebendo
revolvimentos periódicos para arejar e ativar a fermentação. Os processos acelerados são os
que proporcionam tratamento especial à matéria-prima, melhorando as condições para
fermentação, principalmente o arejamento e o aquecimento. A compostagem em pátio, com
54 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
injeção de ar nas pilhas de composto ou exaustão de seus gases, é um exemplo de processo
acelerado.
No Brasil, o fertilizante composto, quando considerado um produto
comercializável, estará sujeito à legislação federal brasileira, sob a jurisdição do Ministério da
Agricultura, que regulamenta o estabelecimento produtor, as matérias primas e o insumo
gerado. O Decreto 86.955 de 18 de fevereiro de 1982 dispõe sobre a inspeção e a fiscalização
da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou
biofertilizantes destinados à agricultura.
Destacam-se, em seu conteúdo, alguns comentários sobre os fertilizantes
orgânicos:Capítulo II, parágrafo 4: instrui-se as pessoas físicas e jurídicas que produzem e
comercializam fertilizantes, a promover o registro de estabelecimento no Ministério da
Agricultura. Parágrafo 10, artigo 4: define-se o controle de qualidade por meio de laboratório
próprio ou de terceiros, desde que devidamente registrado no Ministério da Agricultura. Neste
caso, apresentar-se-á, para efeito de registro, o contrato de prestação de serviços entre o
estabelecimento produtor e o laboratório de terceiros. Capítulo 7: faz-se referência à
assistência técnica à produção. É exigida a contratação de profissional habilitado e
devidamente identificado junto ao Ministério da Agricultura, para assumir a função de
Responsável Técnico pela produção. (DECRETO 86.955, 1982)
Na portaria 84, de 29 de março de 1982, que dispõe sobre exigências, critérios e
procedimentos a serem utilizados pela inspeção e fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura;
são relevantes para a categoria de produtor de fertilizante composto, os seguintes aspectos: O
capítulo 1, artigo 1, classifica os produtores em categorias e atividades. No caso da
compostagem, cadastra-se o estabelecimento na categoria II, atividade D, que significa
“produtor de fertilizante composto” No capítulo 3, especificam-se as instalações e
equipamentos de produção necessários ao empreendimento: unidade de armazenamento da
matéria prima; equipamento de movimentação da matéria-prima; unidade industrial; unidade
embaladora; unidade de armazenamento do produto acabado. Ainda no capítulo 3, os artigos
7, 8 e 9 orientam para a necessidade de registro do produto e das matérias-primas. Este
registro é feito em formulário próprio, onde especificam-se os integrantes do composto. Após
55 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
a aprovação da solicitação de registro, o composto receberá um número que será reproduzido
nas embalagens e nas notas fiscais. (PORTARIA 84, 1982)
A portaria número 1 de 04 de março de 1983, que dispõe sobre as especificações,
garantias, tolerâncias e procedimentos para coleta de amostras de produtos, e os modelos
oficiais a serem utilizados pela inspeção e fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura,
apresenta alguns aspectos que merecem comentário; No capítulo 1, encontram-se as
referências quanto à natureza física dos fertilizantes, sendo farelado quando 100 % das
partículas passam através de peneira ABNT 4 (4,8 mm) e 80 %, através de peneira ABNT 7
(2,8 mm); farelado grosso quando 100 % das partículas passam através de peneira de 38 mm e
98 % através de peneira 25 mm. No capítulo 2, são dadas as instruções de como coletar
amostras dos fertilizantes orgânicos. No caso do fertilizante composto, em cada lote de 100 t
coletam-se porções em no mínimo 20 pontos de profundidades diferentes, até obter-se entre
50 e 100 kg do produto. Homogeneíza-se e por meio de quarteamentos obtém-se amostras
finais de 1,5 kg. Desde 08 de setembro de 2005, as especificações da produção de fertilizantes
orgânicos submetem-se aos dispositivos da Instrução Normativa 23 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (PORTARIA 01, 1983).
3.2.4 Biogasificação
Para D´Almeida (2002), a biogasificação ou metanização é um tratamento de
resíduos orgânicos por decomposição ou digestão anaeróbica que gera biogás, que é formado
por cerca de 50%-60% de metano e que pode ser queimado ou utilizado como combustível. O
resíduos sólido da biogasificação pode ser tratado aerobicamente para formar composto.
Segundo Gunnerson (1986), a digestão anaeróbica é o processo de decomposição
orgânica onde as bactérias anaeróbicas, que apenas sobrevivem na ausência de oxigénio,
conseguem rapidamente decompor os resíduos orgânicos. Quatro estagios da digestão
anaeróbica são reconhecidos:
56 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
2 Hidrólise: estágio no qual as moléculas orgânicas complexas são quebradas em açúcares,
amino-ácidos, e ácidos graxos com a adição de grupos hidroxila.
3 Acidogênese: continuação de quebra em moléculas menores ocorrendo formação de
ácidos graxos voláteis (ex. acético, propiônico, butírico, valérico) e produção de amônia,
dióxido de carbono e H
2
S como subprodutos.
4 Acetogênese: moléculas simples da acidogênese são digeridas produzindo dióxido de
carbono, hidrogênio e ácido acético.
5 Metanogênese: ocorre formação de metano, dióxido de carbono e água.
3.2.5 Reciclagem
A reciclagem é o reaproveitamento dos materiais como matéria-prima para um
novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel,
o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da
utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de
resíduos que necessita tratamento final, como aterramento, ou incineração. O conceito de
reciclagem não deve ser confundido com o de reutilização (James, 1997).
Conforme relata Ferreira (1994), a palavra reciclagem difundiu-se nos media a
partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras
matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de
espaço para a disposição de lixo e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês
recycle (re = repetir, e cycle = ciclo) .
Em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso
acontece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas
minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de
celulose. Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por
exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser
reciclado continuamente (Ferreira, 1994).
57 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
A partir da análise acerca das formas de tratamento de resíduos sólidos urbanos,
observa-se que a Reciclagem é ideal para se lidar com a casca de coco. Segundo Vilhena &
Wells (1998), no Brasil, as empresas já despertam a atençao para o potencial da reciclagem de
coco. Além disso, empresas e pequenos agricultores que queimam as fibras de coco com
oobjetivo de obter energia para a geraçao de vapor cada tonelada de biomassa produz em
média 1840 kilowatts/hora de energia. As cinzas geradas pela queima sao ricas em óxido de
potássio, sendo usadas como adubo para manutençao e plantio dos coqueiros, proporcionando
uma reduçao de até 25% nos gastos com fertilizantes. Esse material também é empregado em
fornos de tijolos substituindo a lenha.
Por isso, reforça Vilhena & Wells (1998), a reciclagem é o meio mais barato e
inteligente de reaproveitar o coco e evitar o seu acúmulo nos aterros sanitários, uma vez que
os resíduos do coco leva oito anos para se decompor.
3.3 OS RESÍDUOS DO COCO
Os impactos discutidos neste capítulo são decorrentes do não emprego das cascas de
coco após o consumo da água e do fruto e fazem referência à geração de cascas e à
conseqüente emissão do metano, quando esses resíduos são destinados a aterros, vazadouros
ou queimados.
Torna-se importante destacar que iniciativas para aplicação de resíduos e de CH
4
gerados pelos Resíduos Sólidos Urbanos são elogiáveis e devem ser impulsionadas para que
possam ser empregadas como opção quando um emprego mais digno não for possível. O RSU
é uma das formas aproveitáveis como fonte alternativa de energia térmica e elétrica. Oliveira
(2000) aponta o potencial da biomassa residual, RSU e resíduos da agricultura, para a geração
de energia com custo negativo, pois tais insumos teriam custos de tratamento caso não fossem
usados e a vantagem por estarem à disposição para uso localmente, não precisando, por
exemplo, de grandes investimentos adicionais em linhas de transmissão
Tem de se enfatizar, porém, que a hierarquia para a destinação final do RSU,
avaliando critério de resíduo final ínfimo, deve ser: diminuição da geração na fonte;
58 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
reemprego do material produzido; reciclagem; recuperação de energia e aterro sanitário
(Oliveira, 2000).
Em se tratando das cascas de coco verde a diminuição da produção na fonte e seu
reuso não se aplicam, entende-se aqui a reutilização como reuso que tende a acatar aos
mesmos pré-requisitos de uso existentes anteriormente ao descarte, enquanto a reciclagem é
avaliada como método de mudança que permite a aplicação do material em usos múltiplos.
De acordo com Oliveira (2000) os materiais caracterizados como recicláveis são os
não contaminados formados por papel, plástico, vidro e metais. Os materiais de origem
orgânica, como restos de alimentos, madeira, papel e podas de jardim, habitualmente quando
passam por método de aproveitamento são destinados a compostagem. As cascas de coco
verde têm um enorme potencial de aproveitamento e estão presentes no RSU, entretanto são
pouco usadas para gerar energia ou para obter-se adubo ou na utilização de metano formado
nos aterros pela decomposição.
O emprego de resíduos recicláveis pode ocasionar reduções da demanda de energia e
de emissão de GEE. Em pesquisa sobre a quantidade de energia e emissão de CO
2
impedidas
devido à reciclagem de resíduos (alumínio, papel, plástico, aço e vidro) no Brasil, Pimenteira
et al. (2004) avaliaram que se todo o resquício gerado no país em 1996 fosse reciclado seria
impedida a emissão de cerca de 18,3 Mt de CO
2
entre os anos de 2000- 2007, para um cenário
muito conservador. Fazendo uso de um cenário um pouco menos conservador, tal emissão
seria da ordem de 28,4 Mt de CO
2.
Os cálculos foram fundamentados na emissão poupada
como implicação da diminuição na geração de energia proporcionada pelo processo de
reciclagem.
Oliveira & Rosa (2003) em estudo sobre a potencialidade de uso do resíduo nacional,
com abordagem dos aspectos energético, ambiental, social e econômico, afirmaram que a
coleta seletiva poderia impedir a emissão de 10 milhões de toneladas iguais de carbono
quando conferida à coleta convencional.
A produção de cascas de coco é papel direto do consumo do fruto, cuja produção no
Brasil cresceu cerca de 100% no período de 1997 a 2002, conforme visto anteriormente. Para
59 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
a quantificação do resíduo de coco produzido, adotou-se como base de cálculo a produção do
fruto no país (IBGE PAM, 2002). Admitindo-se que cada coco produz, em média, um
resíduo de cascas de 1,5 Kg e que todo fruto é consumido ainda verde, a produção agrícola no
Brasil em 2002, perto de 1,928 bilhões de frutos, produziu, 2,892 milhões de toneladas de
casca de coco verde. (IBGE, 2002)
Entre 1997 e 2002, o aumento da produção e produtividade, permitiu estabelecer que
a geração potencial de cascas de coco chegará a 5,2 milhões de toneladas/ano em 2012, o que
representará um aumento de 80% na quantidade potencial de cascas de coco produzida, em
relação a 2002. O número potencial de cascas de coco produzidas em relação a todo o lixo
coletado no Brasil no ano de 2000, que foi de 157.708 t/dia, [IBGE-PNSB-2000 (2002)
equivalência particular fornecida pela Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e
Indicadores Sócios, corrigindo o valor constante do PNSB-2000 (2002), que era de 228.413
t/dia], seria de 3,4%, o que exprimia, àquela época, a importância de se procurar um
aproveitamento sustentável das cascas de coco verde.
3.4 PATOGÊNESE
Os resíduos orgânicos, dentre eles a casca de coco, contêm nutrientes e
umidade que, associados a temperatura favorecem o desenvolvimento de rias
espécies de micróbios. Advindos do ar, da água e do solo, estes microrganismos
presentes no lixo, entre os quais muitos podem ser patogênicos, são os responsáveis
pela decomposição da matéria orgânica, sendo, portanto, fundamentais para a
manutenção do ciclo da vida. Segundo James (1992), os principais microrganismos
encontrados nos resíduos sólidos são bactérias, fungos, protozoários, actinomicetos,
algas e vírus.
Embora neste caso a inter-relação das populações microbianas não esteja
muito bem compreendida, que o grau de heterogeneidade do lixo é muito grande, o
conhecimento de suas características possibilita uma escolha mais adequada dos
métodos de tratamento e de disposição final dos resíduos.
60 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
O lixo é um componente importante do perfil epidemiológico de uma
comunidade, exercendo influência, ao lado de outros fatores, sobre a incidência das
doenças. Do ponto de vista sanitário, assegura James (1992), não se pode afirmar que o
lixo é causa direta de doenças. No entanto, está comprovado o seu papel na transmissão
de doenças provocadas por macro e microrganismos que vivem ou são atraídos pelo
lixo. Estes organismos encontram abrigo e alimento nos resíduos de natureza biológica,
como fezes ou restos de origem vegetal, e podem ser agentes responsáveis por
enfermidades transmitidas ao homem e a outros animais.
O lixo mal acondicionado significa poluição ambiental, risco à segurança da
população. Porcos, aves, insetos (moscas, mosquitos, baratas, etc), ratos e
microorganismos permitem o aparecimento de doenças tais como: dengue, febre
amarela, disenterias, febre tifóide, cólera, leptospirose, giardíase, peste bubônica,
tétano, hepatite A ou infecciosa, malária, esquistossomose, entre outras doenças (Leuw
& Lock, 2000).
O chorume, define Consoni (2002), é líquido de cor escura, odor
desagradável e elevado poder de poluição, é resultante da decomposição (atividade
enzimática) natural dos resíduos orgânicos, se não for drenado e devidamente tratado
pode penetrar no subsolo e contaminar águas subterrâneas com metais pesados e outras
substâncias danosas à saúde.
O lixo, segundo D´Almeida (2002) pode provocar efeitos maléficos através de
Agentes físicos como é o caso do lixo acumulado às margens de curso d’água ou de canais de
drenagem e em encostas, provocando o seu assoreamento e deslizamentos; Agentes químicos
caracterizado pela poluição atmosférica causada pela queima de lixo a céu aberto, a poluição
do solo e a contaminação de lençóis d’água por substâncias químicas presentes na massa de
resíduos; Agentes biológicos que ocorre quando o lixo é mal acondicionado ou depositado em
local inadequado constituindo um foco de proliferação de vetores transmissores de doenças.
Segundo Zeuw & Lock (2000), existem quatro riscos principais para a saúde
relacionados à reutilização de resíduos orgânicos:
61 Capítulo 3 – Impactos Provocados pela Casca do Coco
1. Os patógenos podem não ser destruídos (especialmente ovos de helmíntos) se o
composto não for preparado adequadamente (a temperatura não se eleva o
suficiente), permitindo a proliferação dos patógenos.
2. As pilhas de composto não adequadamente cuidadas podem atrair roedores (que
podem ser reservatórios de doenças) e insetos (que podem ser vetores de
doenças).
3. Fragmentos não-biodegradáveis podem causar ferimentos, infecções de pele,
problemas respiratórios, e outros problemas ocupacionais nos catadores de lixo,
selecionadores e outras pessoas envolvidas no processo, seja de compostagem,
seja de reciclagem.
4. Contaminação por metais pesados devida à mistura de materiais orgânicos com
lixo industrial (resultante do descarte de lixo industrial em espaços abertos dentro
de áreas residenciais, entre outros).
Esses fatores tornam ainda mais problemática a quantidade de casca de coco que
vem compondo, cada vez mais em larga escala, os resíduos sólidos urbanos.
CAPÍTULO 4
POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DA CASCA DE COCO
63
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
4. POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DA CASCA DO
COCO
4.1 PROCESSO DE REAPROVEITAMENTO DA CASCA DO COCO
Conforme assegura Nunes (2007) o aumento do volume da casca de coco levou a
construir uma tecnologia que permitisse a biodegradação da casca de coco no menor tempo
possível, transformando-a em matéria-prima para a confecção de produtos ou ainda na
fabricação de adubos orgânicos como alternativa agroecológica para os sistemas de produção
agrícola e, como nova fonte de renda para as comunidades rurais. Essa tecnologia pode
empregada tanto no reaproveitamento da casca do coco seco quanto a do coco verde.
Borges (2005) estrutura o processo de reciclagem nas seguintes etapas:
1. Coleta de Matéria prima
Estabelecer a sistemática diária de coleta nos pontos de geração de casca de maneira que esta
não demore mais de 24 h da extração da água até o processamento. Esse procedimento visa
elevar a qualidade dos produtos finais (pó e fibra), pois a desidratação da casca prejudica as
etapas seguintes do processamento.
2. Recepção da matéria prima
O caminhão devedespejar a carga de cascas de coco na moega de recepção ou em locais de
armazenamento. A moega tem uma declividade que conduz a matéria prima para esteira de
alimentação, que a elevará para a entrada da linha de processamento. Neste momento deve ser
feita a retirada de material estranho ao processamento como, canudos, plásticos, pedras,
cascas ressecadas podres, entre outros. É importante também que seja mantido um fluxo
uniforme de alimentação da linha de processamento para garantir a eficiência da prensagem.
3. Trituração
Nesta etapa a casca de coco é cortada e triturada por um rolo de facas fixas. Este
procedimento possibilita a realização da etapa de seleção e prensagem.
64
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
4. Prensagem
A casca de coco tem alta concentração de sais em níveis tóxicos para o cultivo de várias
espécies vegetais. A casca do coco verde têm 85% de umidade e a maior parte dos sais se
encontra em solução. A extração desta umidade via compressão mecânica possibilita a
extração conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é de importância fundamental para a
perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível de
salinidade do pó obtido no processamento.
5. Seleção
Após a prensagem são separadas as fibras do na máquina selecionadora que é equipada
com um rolo de facas fixas e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do
eixo da máquina, o que faz com que o caia pela chapa perfurada e a fibra saia no fim do
percurso.
6. Peneiramento
A fibra que sai da selecionadora ainda vem com alguns restos do endocarpo do coco e com
um pouco de pó. Para conferir a qualidade final para a comercialização é necessário que seja
feito um peneiramento da fibra, separando-a das impurezas. Para tanto será utilizada uma
peneira grossa.
7. Tratamento Térmico
O da casca do coco verde é utilizado principalmente como substrato agrícola. Para tal uso
o material deve estar isento de microorganismos fitopatogênicos, devendo ser submetido a um
tratamento térmico, 80 graus durante 20 minutos. Este tratamento é feito num forno rotativo.
8. Prensagem
Tanto o pó quanto a fibra são muito pouco densos. Para reduzir os custos com seu transporte é
feita a compactação do material em uma prensa hidráulica horizontal. Após a compactação
são obtidos blocos de 40 x 40 x 40 cm de pó ou fibra.
9. Embalagem
Os blocos prensados serão embalado em sacos plástico de 15 micras com as dimensões de 90
x 90 x 90cm. Os sacos poderão ser selados ou amarrados com fitas de nylon.
65
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
10. Armazenamento
Após embalados os produtos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando o
contato com o solo que poderia transferir umidade ao material.
Estas etapas podem ser visualizadas na figura abaixo:
Figura 4.1 – Fluxograma operacional da reciclagem do coco
Fonte: Borges, 2005
As fibras são preparadas em máquinas desintegradoras/trituradoras de forragem, que
é um equipamento encontrado na maioria das propriedades e de preço acessível. A casca é
fragmentada para diminuir o embuchamento do sistema de alimentação da trituradora e após o
desfibramento, as fibras longas passam pelo processo de secamento ao sol por cerca de 4 dias
ou até atingirem 15-20% de umidade (Vilhena, 1998).
66
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
O teor de umidade e tamanho das partículas finais influencia o desempenho do
equipamento (Rosa et al., 2001) . A trituração causa elevada concentração de poeira, sendo,
pois recomendável que o operador se utilize de equipamento de proteção individual como
máscaras, óculos e luvas. Quanto menos o tamanho de fibras, maior será a capacidade de
retenção de umidade.
Contudo, quanto menor o tamanho da fibra mais complicado e demorado se torna o
método de trituração. A Embrapa Hortaliças tem utilizado, na trituradora, peneiras com furos
de 3 mm ou 4 mm de diâmetro, com adequados resultados para o cultivo sem solo, mas para a
produção de mudas é recomendável substrato com granulometria ainda mínimo. A casca de
coco verde pode proporcionar níveis tóxicos de tanino, de cloreto de potássio e de sódio, cujos
teores podem ser reduzidos com lavagem em água corrente de boa qualidade, livre de
substâncias químicas e patógenos. Para diminuir a perda de fibras de granulometria pequena,
realizar a lavagem das fibras longas, antes da trituração (Borges, 2005).
Um método de com postagem do substrato da fibra de coco por cerca de 90 dias é
indispensável quando o objetivo é a fabricação de mudas. Os substratos feitos a partir das
fibras de coco não possuem os nutrientes fundamentais para as plantas. Assim sendo é preciso
fornecê-los de acordo com as indigências da espécie a ser desenvolvida adicionando-se
adubos em pré-plantio ou, sobretudo, em fertirrigação (Rosa et al 2001).
As características físico-químicas da fibra de coco se modificam bastante em função
da fonte de matéria prima e do seu processamento. Sanches (1999) proporciona resultados de
diversos autores onde pode ser considerada essa grande variabilidade. As características
físico-químicas da fibra oferecem os seguintes valores medianos: pH = 5,4; condutividade
elétrica (CE) =1,8 dS/m; capacidade de troca catiônica (CTC) = 92; relação C/ N=132; d =70
g/L; porosidade total = 95,6%; retenção de água=538 ml/L; capacidade de aeração = 45,5% e
água naturalmente assimilável = 19,8%. Um substrato ideal deve ter, entre diversas
características, uma porosidade superior a 85%, uma capacidade de aeração entre 10 e 30% e
água facilmente assimilável de 20 a 30%. Assim sendo, as propriedades da fibra de coco
atribuem ao seu substrato características de boa qualidade.
67
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
Desse modo, afirma Nunes (2007, p. 02):
As cascas, na forma de “briquetes” ou “blocos prensados” podem ser aproveitadas
como carvão vegetal em substituição ao carvão de madeira, com grandes vantagens
ecológicas e rendendo um valor calórico entre 3.000 e 4.000 kcals/Kg. O mesocarpo
do fruto, constituído por aproximadamente 30% de fibra e 70% de consiste,
basicamente, em lignina e celulose de lenta biodegradação, levando de oito a dez
anos para se decompor na natureza. A fibra tem grande utilidade na industria de
carpetes, estofamento de carros, escovas, placas usadas como isolantes térmicos e
acústico, placas de conglomerados, aditivo de gesso na construção civil, cordas,
biomantas para contenção de erosão laminar, vasos e placas para cultivo de plantas
ornamentais. O originado da trituração da casca pode ser denominado de
“Vermiculita vegetal” por apresentar características físicas semelhantes à
vermiculita e constituir excelente matéria-prima infinita e renovável para fabricação
de substratos. É hidrofílico, retendo de oito a dez vezes o seu peso em água e
apresenta alta porosidade. Destaca-se como melhorador das características físicas e
biológicas do meio de cultivo das mais diversas espécies vegetais, constituindo em
um excelente estimulador de enraizamento de plantas.
A possibilidade de emprego do resíduo causado após o consumo da água de coco, no
fruto verde, ou da parte comestível do fruto maduro, tem despertado amplo interesse de
pesquisadores no mundo, que procuram soluções mais sublimes do que a simples disposição
das cascas dos cocos em aterros, como acontece em larga escala no Brasil.
4.2 POTENCIALIDADES
Entre os componentes do coco, a casca parte fibrosa e espessa que constitui o
mesocarpo representa em torno de 50% do fruto. O mesocarpo é formado por densas fibras
que pela sua resistência à salinidade, são próprias para produção de cordoaria naval, tapetes,
escovas, etc. O da casca de coco constitui o material de enchimento dos espaços entre as
fibras. “No Brasil, são produzidos anualmente 1.116.969.000 frutos, um rendimento médio
de aproximadamente 30% de fibra e 70% de pó no processo industrial”(Nunes, 2002, p.66).
De acordo com Senhoras (2003, p.15) as principais características técnicas da
fibra da casca de coco que lhe garantem vantagens para a utilização industrial são as
seguintes:
68
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
- Inodora;
- Resistente à umidade;
- Não é atacada por roedores;
- Apresenta lenta decomposição;
- Não produz fungos;
- Condutividade térmica: 0,043 a 0,045 W/mk;
O consumo de água de coco representa 1,4% deste mercado ou seja 140 milhões
de litros. Este volume é considerado ainda muito pequeno pela Associação Brasileira dos
Produtores de Coco (ASBRACOCO) que pretende atingir 5% deste mercado, ou seja, 500
milhões de litros/ano (Brasil, 1998). A casca de coco verde, subproduto do uso e da
industrialização da água de coco, é depositada em lixões e às margens de estradas. É um
material de difícil decomposição levando mais de oito anos para se decompor.
Portanto, a utilização da casca do coco verde processada, além da importância
econômica e social, é também importante do ponto de vista ambiental. Segundo Rosa et al.
(2007) 80% a 85% do peso bruto do coco verde é considerado lixo.
Assim, o aproveitamento da casca de coco verde vem sendo estudado como
alternativa de promover uma tecnologia ambiental e socialmente apropriada para a solução
dos problemas ambientais, para o desenvolvimento econômico e para a criação de
condições reais de inclusão social. Na verdade, diz Leff (2000, p.175)
os princípios ambientais do desenvolvimento promovem a conservação e ampliação
da capacidade produtiva dos ecossistemas, baseados na produtividade primária dos
mesmos, na inovação de tecnologias ecologicamente sustentáveis e nos valores
culturais das comunidades locais.
Em seu estudo, Senhoras (2003) apresentou as variadas formas de aplicação da
casca do coco, que até recentemente seguiam para o lixo, alertando para as suas
características, necessariamente multidimensionais, do pós-colheita.
69
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
4.2.1 Utilização do coco verde na produção de mantas e telas para proteção
do solo
A fibra do coco verde ou maduro pode ser empregada na área agrícola como
matéria-prima para a proteção de solos, no controle da erosão e na recuperação de áreas
degradadas. A fibra, tecida em forma de manta é um excelente material para ser usado em
superfícies sujeitas à erosão provocada pela ação de chuvas ou ventos, como em taludes nas
margens de rodovias e ferrovias, em áreas de reflorestamento, em parques urbanos e em
qualquer área de declive acentuado ou de ressecamento rápido (Aragão, 2002). Como pode
ser observado no estudo realizado por Gomes (2005) ao demonstrar a bioengenharia como
ferramenta para restauração ambiental das margens do rio São Francisco, através do uso do
biotêxtil fabricado com 100% de fibra de coco.
As mantas e telas utilizadas na bem sucedida recuperação de áreas degradadas têm
lenta decomposição, protegem o solo diminuindo a evaporação aumentando a retenção de
umidade, protegendo e aumentando a atividade microbiana do solo e, conseqüentemente,
criando as condições favoráveis ao desenvolvimento vegetal. O sistema de telas e mantas
biodegradáveis tem a vantagem de proporcionar a rápida recuperação do solo e a um baixo
custo, se comparado com outros sistemas. Tem ainda a vantagem de ser incorporado ao
terreno com o passar do tempo, diminuindo o impacto gerado sobre o meio ambiente. Pode-se
salientar também os ganhos estéticos para a paisagem logo após a instalação dos mesmos
(Senhoras, 2003) .
As mantas podem também trazer as sementes de gramíneas incorporadas às fibras,
as quais germinarão o logo sejam fixadas no solo e regadas regularmente. Segundo
Senhoras (2003) existem ainda redes orgânicas tecidas com fibra de coco verde, em cujas
malhas é feito o plantio da espécie vegetal desejada.
70
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
4.2.2 Utilização da fibra de coco verde na biotecnologia e agricultura
O resíduo da fibra de coco verde como substrato de cultivo tem sido utilizado com
êxito. As razões de sua utilização são suas extraordinárias propriedades físicas, sua facilidade
de manejo e sua característica ecológica. A fibra de coco é uma matéria-prima para elaborar
substratos que se destaca por elevada estabilidade e capacidade de retenção de água, assim
como uma boa aeração. Concretamente para a técnica hidropônica é comprovado que a fibra
de coco verde tem necessidades nutritivas inferiores aos tecidos minerais que normalmente se
empregam para este tipo de cultivo. A fibra de coco utilizada como componente de substratos
a base de turfa proporciona uma alta capacidade de retenção de água, uma elevada aeração do
sistema radicular, assim como uma grande estabilidade dos valores de pH e condutividade
elétrica do meio (Gurgel, 2005).
Os resíduos do coqueiro, assegura Nunes (2007, p. 01), constituem também
excelentes matérias-primas para produção de substratos e adubos orgânicos de grande
importância agronômica, social e econômica sem desvantagens ecológicas, podendo
contribuir, de maneira significativa, para o aumento da produção e melhoria da qualidade dos
alimentos. Esse fato se deve aos efeitos benéficos do adubo orgânico na recuperação e
manutenção das características físicas e biológicas do solo, como conseqüência do aumento
na retenção de água, porosidade, pH do solo e da infiltração de água, redução de temperatura,
melhoria da estruturação do solo com a formação de grumos, diminuição da compactação,
aumento da penetração das raízes e redução dos danos causados pela enxurrada.Esses efeitos
são de extrema importância na redução dos efeitos da seca, economia da água de irrigação e a
melhoria das condições ambientais para os microrganismos benéficos que vivem associados
às raízes das plantas (Rhizobium e Micorriza).Tais atributos, caracterizam aspectos
fundamentais da produção de alimentos.
A utilização da fibra de coco verde como substrato para o crescimento de plantas
tem sido pesquisada e os resultados mostram que as plantas que crescem em substratos
contendo fibra de coco apresentam altas produções e qualidade em relação a outros substratos
como areia, ou xaxim, portanto tratando-se de um produto ecológico. Para tanto, afirma
Nunes (2007, p 04):
71
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
O composto ou adubo orgânico produzido, pode ser aplicado no solo quando atingir
50% da humificação, ou seja, quando apenas a metade do material fibroso
decompôs. Para ser utilizado como substrato na produção de mudas ou em
recipientes para o cultivo de plantas, é recomendado o composto estabilizado, com
humificação acima de 80%, ou seja, quando a maior parte do material fibroso está
decomposto e, com relação C/N de, no máximo, 18:1 com faixa ideal de 8 a 10:1.
Essa relação C/N é avaliada pela análise química do composto.
A transformação da casca do coco verde em é também uma alternativa
ecologicamente correta e adequada a um substrato agrícola. O do coco usado pela
agricultura como substrato no mercado internacional chega a custar US$ 250 a tonelada
(Senhoras, 2005).
4.2.3 Utilização da fibra de coco na produção de papel
O consumo de papel derivado da indústria madeireira é uma das causas de
deflorestamento no mundo, o que ilustra a preocupação de encontrar alternativas não-
madeireiras, tal qual o retorno de resíduos agrícolas como fonte primária para a fabricação de
papel. Estima-se que os países em desenvolvimento têm um papel fundamental neste
processo, pois neles se encontram disponíveis uma cifra de 2.500 milhões de toneladas de
resíduos da produção agrícola e agroindustrial (Senhoras, 2003).
Diante dessa preocupação, a utilização da casca do coco verde pode representar
uma considerável porcentagem de matéria-prima para a indústria de papel e celulose, haja
vista que dentro dos padrões industriais, se considera que um material vegetal é apto para a
produção de papel quando, segundo D`Almeida (2002), apresenta uma porcentagem de 33%
de celulose, componente básico na elaboração deste produto.
Segundo Senhoras (2003) a celulose presente na casca do coco verde é ao redor de
35%. A fibra principal, da qual se extrai a polpa, chama-se comumente cuauá, ou Ananas
erectifolius e ela é muito curta, o que impossibilita a sua utilização como matéria-prima única
para a produção de papel. Ela deve ser mesclada com outro tipo de polpa que possua fibras
cumpridas, que são as que dão a resistência e flexibilidade do papel. Dessa maneira, associada
72
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
com outros materiais, obtém-se uma ampla gama de papéis, com diferentes cores, texturas,
espessuras e aparências.
Utilizando-se como fonte de fibra celulósica a casca de coco verde, a mescla de
polpa permite a utilização de menor quantidade de polpas extraídas de madeiras como
pinheiros e eucaliptos, reduzindo assim o tempo de corte das árvores e por conseguinte,
ampliando a quantidade de papel produzido ou diminuindo a área de plantio (Senhoras, 2003).
Não obstante, existem limitações quanto ao planejamento e a gestão logística,
uma vez que devem ser trabalhados conforme as diferentes regiões a serem adotados os
projetos de integração entre a indústria de papel e celulose e a cadeia agroindustrial do coco
verde. Dessa maneira, fatores como a dispersão dos resíduos, coleta e transporte causam
impactos que devem ser minimizados ou racionalizados.
Indubitavelmente, a prospecção tecnológica na indústria de papel e celulose pode
produzir excelentes resultados à curto e médio prazos, quando utilizado o aproveitamento da
casca do coco verde, que atualmente causa graves problemas ambientais.
4.2.4 Utilização da fibra de coco verde na engenharia de alimentos &
zootecnia
Como o desenvolvimento tecnológico mundial avança cada vez mais no caminho
dos processos biotecnológicos, devido à irreversível tendência de prevalência das políticas
ambientais, a substituição de processos químicos convencionais por processos enzimáticos
torna o desenvolvimento e o aprimoramento desta tecnologia de suma importância. O
aumento das técnicas de imobilização de enzimas em substratos permitiu que os processos
obtidos por esta técnica alcançassem preços mais competitivos.
Uma das alternativas para a casca de coco verde é o seu aproveitamento em
processos fermentativos, com a produção de enzimas. Como a maioria dos rejeitos
agroindustriais, estes materiais contêm grande quantidade de compostos como celulose,
hemicelulose, pectina e outros, não havendo necessidade de grandes complementações
73
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
nutricionais para o adequado desenvolvimento microbiano. Estes compostos funcionam como
indutores para a produção de enzimas extracelulares, tais como celulases, xilanases,
pectinases e outras (Coelho et ali., 2001).
No campo da comercialização de enzimas, o Brasil é ainda, basicamente
consumidor de produtos importados, o que insere o potencial do coco verde, como uma arma
estratégica para o aproveitamento de suas fibras e como alavanca para o desenvolvimento de
uma indústria de enzimas nacional. Portanto, investir no aproveitamento da casca de coco
verde para a produção de enzimas significa se inserir em um mercado de tecnologia
enzimática que movimenta, anualmente, cerca de dois bilhões de dólares (Senhoras, 2003).
Tal montante justifica-se pelo interesse gerado por processos que envolvem tecnologia de
baixo custo energético, com menor impacto ambiental e que utiliza matérias-primas
renováveis, adequando-se ao reaproveitamento de sub-produtos da agroindústria.
Além disso, o Brasil como país tropical, apresenta excelentes condições para a
exploração de ruminantes em pastagens, porém em determinados períodos do ano, a
dificuldade de adquirir alimentos volumosos em regiões áridas e semi áridas, em épocas
secas, torna-se uma árdua e difícil tarefa para muitos produtores rurais. Neste contexto,
aparecem os resíduos e os subprodutos agropecuários, como as palhas, o bagaço de cana-de-
açúcar e a fibra do coco verde. que podem oferecer excelente opção como alimentação
alternativa para os ruminantes, que sendo animais poligástricos, possuem um aparelho
digestivo especial, capaz de converter resíduos e subprodutos agropecuários sem utilidade
alguma na alimentação humana, em carne, leite, lã, etc. (Simões, 1996). Segundo pesquisas,
em nível mundial o coco é mais conhecido por suas propriedades oleaginosas. Depois de
extraído o óleo da polpa, ou copra, o resíduo, também chamado de torta, é empregado na
alimentação de animais, por ser uma ração rica, com 20 por cento de proteína. (Simões,
1996).
Porém, existe um alerta sobre a utilização dos cocos verdes, esses alimentos
podem apresentar uma baixa digestibilidade, possuem freqüentemente pouca palatabilidade,
razão pela qual sua ingestão voluntária é limitada. Isto dificulta o atendimento das
necessidades dos animais que as consomem, quando administradas como fonte única de
nutrientes. Materiais lignocelulósicos, mesmo o coco sendo verde, quando são administrados
na alimentação animal, sem um prévio tratamento, proporcionam insuficientes quantidades de
74
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
minerais, energia e proteínas para manter sequer o peso corporal dos animais (Senhoras,
2003).
Existem algumas maneiras práticas de melhorar o aproveitamento da fibra do coco
verde na alimentação animal. O tratamento químico é uma delas. A técnica é de fácil
manuseio, relativamente barata e bastante acessível aos produtores. Ao longo desses anos,
diversas entidades governamentais e não governamentais, quer seja por iniciativa própria, ou
mesmo recomendados por organizações como a ONU buscam incansavelmente soluções
sistemáticas quanto ao aproveitamento desses subprodutos e resíduos na alimentação animal.
Na verdade, esses materiais, quando adequadamente tratados e tecnicamente orientados na
alimentação animal podem representar um enorme benefício à população mundial (Simões,
1996).
4.2.5 Utilização da fibra de coco na engenharia civil e de materiais
Compósitos reforçados com fibras naturais podem ser uma alternativa viável em
relação aqueles que usam fibras sintéticas como as fibras de vidro. As fibras naturais podem
conferir propriedades interessantes em materiais poliméricos, como boa rigidez dielétrica,
melhor resistência ao impacto e características de isolamento térmico e acústico.Na indústria
de embalagens existem projetos para a utilização da fibra de coco como carga para o PET,
podendo gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações práticas e
resultando em contribuição para a resolução de problemas ambientais, ou seja, reduzindo o
tempo de decomposição do plástico (Senhoras, 2003).
A indústria da borracha é receptora também de grande número de projetos
envolvendo produtos ecológicos diversos, desde a utilização da fibra do coco maduro e verde
na confecção de solados de calçados, até encostos e bancos de carros, estofamentos e
colchões. Dessa forma é possível diminuir o preço do produto final, à medida que se aumenta
a quantidade de utilização do resíduo do coco verde. A fibra de coco verde tem sido muito
estudada para a utilização na composição de novos materiais (biocompostos) com polímeros
tais como polietileno, poliéster, polipropileno. Neste caso, a utilização da fibra de coco para a
obtenção de biocompostos é importante por ser um processo barato, natural e renovável. A
75
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
maioria destes biocompostos apresenta um aumento de biodegradação. A fibra de coco verde
age como um componente reforçador da matriz dos polímeros. Assim, altera as propriedades
mecânicas destes compostos tais como resistência em relação à tensão, tração e elongação na
ruptura (Senhoras, 2003).
A fibra de coco verde, em especial, necessita sofrer um processo de modificação
química superficial, de forma a proporcionar maior compatibilidade com os polímeros
empregados. Esses processos dependem do tipo de polímero que vai compor o biopolímero e
as características finais desejadas do produto. Os exemplos de processos disponíveis para o
tratamento superficial da fibra de coco são: tratamento com base, ácidos, acetilação,
cianoetilação e inserções de vinil. As modificações superficiais da fibra de coco otimizam a
adesão da fibra à matriz de polímero. Os biopolímeros compostos com fibras tratadas tanto
por base quanto por ácido, apresentam uma maior facilidade de biodegradação. Portanto, a
produção de diversos artefatos derivados da fibra do coco verde para a indústria é
tecnicamente viável, uma vez os produtos obtidos com a adição da fibra de coco maduro ou
verde têm propriedades semelhantes aos compostos originais, ou até mesmo melhores.
(Senhoras, 2003)
Com o surgimento dos eco-materiais para revestimentos, pinturas, e tubulações
entre outros, o processo de reciclagem aplicado à construção teve um progresso considerável.
A incorporação de fibras em materiais pouco resistentes à tração materiais frágeis tem
sido usada milênios. Ademais, a crise energética mundial das últimas duas décadas tem
motivado o desenvolvimento de pesquisas sobre o fibro-cimento ou fibro-concreto devido ao
fato de a fabricação de cimento exigir menor demanda de energia comparada com a
necessária à fabricação do aço ou dos plásticos (Vilhena, 1998).
Assim, no Brasil, a utilização da fibra de coco verde na construção civil pode criar
possibilidades no avanço da questão habitacional, através da redução do uso e do custo de
materiais, envolvendo a definição de matrizes que inter-relacionam aspectos políticos e sócio-
econômicos.
A fibra de coco verde tem um excelente potencial para uso na construção civil
através de pranchas pré-moldadas, por suas características de resistência e durabilidade, ou na
utilização do fibro-cimento. No caso da construção civil, a fibra de coco verde deve ser usada
76
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
com cimento especial, de baixo teor de alcalinidade. A alcalinidade do cimento normal destrói
as fibras, fazendo com que a parede apresente rachaduras e fraca resistência. Em testes feitos
pelo IPT, pranchas pré-moldadas de 2,6 metros de comprimento por 40 centímetros de largura
e peso de 100 quilos apresentaram excelente resultado em termos de resistência ao impacto
(Senhoras, 2003). Para produzir as pranchas, é necessário recorrer a uma prensa.
É possível utilizar a fibra de coco verde, depois de seca e desfiada em um sistema
parecido com o duratex, no qual a fibra é misturada a uma resina e depois prensada. Portanto,
vários fatores justificam o desenvolvimento de pesquisas quanto a aplicação das fibras do
coco verde no fibro-cimento e no concreto-fibra, pois além de viabilizar soluções econômicas
para problemas de cobertura, equipamentos sanitários, placas e painéis, introduzindo novas
alternativas no mercado de construção, o aproveitamento das fibras traria grande incentivo ao
reaproveitamento do resíduo da cadeia comercial e agroindustrial do coco verde (Vilhena,
1998).
Desperdícios ou subprodutos, antes considerados desinteressantes para serem
reaproveitados, são agora tidos como fontes valiosas para reprocessamento e outras
utilizações. Como a economia brasileira se caracteriza pelo elevado nível de desperdício de
recursos naturais e energéticos, a redução desses desperdícios constitui verdadeira reserva de
desenvolvimento e fonte de bons negócios para empresas decididas a enfrentar essa
oportunidade, dado o extraordinário potencial de recursos subutilizados da produção do coco
verde.
Segundo Andrade (1998), no mundo dos negócios, o lucro é o fim último de todo
o empreendimento, e depende de como é traçado o caminho que conduz a esse fim, que é o da
eco-eficiência. Assim, a eco-eficiência consiste num instrumento de desenvolvimento
sustentável, ou seja, uma política duplo ganhadora (win-win): ganha a cadeia agroindustrial do
coco verde e a sociedade, onde se procura produzir mais e melhor, associado à elevação
contínua dos predicados do produto, utilizando-se menos insumos, provocando menos
poluição, redução do desperdício e contabilizando-se os menores custos possíveis.
Embora o objetivo seja econômico, desdobra-se em variações, onde o sentido
social surge com força de expressão própria, em diversos planos de tempo, estendendo-se até
um horizonte, no prazo mais longo, em que estará contribuindo para a melhoria da qualidade
77
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
de vida da sociedade/comunidade, com redução progressiva do uso de recursos, e redução
proporcional dos impactos ambientais. Quando se faz referência ao meio ambiente, o
empresário imediatamente pensa em custo adicional. Dessa maneira passam despercebidas
oportunidades de negócios ou redução de custos. Sendo os resíduos do coco verde um
potencial de recursos ociosos ou mal aproveitados, sua inclusão no horizonte de negócios
rurais pode resultar em atividades que proporcionem lucro através da criação de novos
produtos com valor agregado, além da possibilidade de efeito positivo no que concerne à
inclusão social e à sustentabilidade. (Senhoras, 2003).
De acordo com Mayer (2004), o aproveitamento dos resíduos do coco verde
oferece vantagens, tais como:
- Extensão da vida útil dos aterros sanitários, que não há fácil decomposição destes
resíduos;
- Geração de empregos sem necessidade de mão de obra qualificada;
- Preservação da Mata Atlântica;
- Redução de 60 % do valor gasto atualmente no tratamento destes resíduos;
- Geração de impostos diretos e indiretos;
- Assegura os atuais empregos nas lavouras do coco verde;
- Estimulação à continuidade do crescimento da produção de coco;
- Liberação de novos pontos de venda da água de coco, o que assegura e facilita à população o
acesso a um produto natural e saudável;
- Consolidação do perfil político em relação à preservação do meio ambiente
.
4.2.6 Vasos de fibra de coco
Os vasos de fibra de coco vieram para substituir os antigos e tradicionais vasos de
Xaxim, estes que eram feitos a partir do tronco de uma planta chamada samambaia-açu. Tal
comércio predatório fez com essa planta, que demora cerca de 100 anos para atingir o porte
adulto, entrar em extinção.
78
Capítulo 4 – Potencial de Aproveitamento da Casca do Coco
Por esta razão, afirma Gurgel (2005), existem hoje leis que protegem e proíbem o
uso e comercialização do xaxim, fato que levou este a ser substituído pela fibra de coco seco.
O processo de produção desses vasos tem início colocando as cascas de coco seco em uma
batedeira de porte industrial para ser obtida a fibra, estas que são enfardadas logo após. Esse
fardo vai para um misturador de alta potência, no qual as fibras são “penteadas”, ou seja,
melhor separadas, resultando em um manto de fibra de coco.
Essa manta é pulverizada com cola natural e biodegradável proveniente do látex
da seringueira e água para dar consistência. E por fim, após secagem esse produto se torna
numa espécie de placa que poderá ser moldada ou recortada a fim de se obter diversos
modelos de vasos (Gurgel, 2005).
4.2.7 A fibra do coco na indústria automobilística
A fibra de coco é utilizada na fabricação de peças como encostos de cabeça, pára-
sol interno, assentos e encostos de bancos, que equipam os veículos da marca Mercedes-Benz
produzidos no Brasil. A utilização dessa fibra natural nos veículos foi possível graças ao
projeto Poema Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, numa parceria entre a
DaimlerChrysler, Universidade Federal do Pará e Unicef. Desenvolvido desde 1992, em
Belém, no Pará, o projeto atingiu simultaneamente os propósitos de conter a devastação dos
ecossistemas amazônicos, fixar e dar trabalho à população local e promover a utilização de
matérias-primas renováveis (Costa, 2005).
Em março de 2001, assegura Costa (2005) inaugurou-se a fábrica Poematec Ltda.
- Fibras Naturais da Amazônia -, que possibilitou o aproveitamento das fibras naturais do
coco como matéria-prima para a indústria automobilística e outros segmentos industriais. Do
ponto de vista social, o projeto Poema ajudou a combater a pobreza e a melhorar as condições
de vida da população rural, contribuindo, ao mesmo tempo, para a preservação da floresta
amazônica, uma vez que propõe a utilização sustentável dos recursos naturais.
CAPÍTULO 5
METODOLOGIA
Capítulo 5 – Metodologia 80
5. METODOLOGIA
5.1 CARACTERIZAÇAO DA PESQUISA
O estudo caracteriza-se por ser exploratório-descritivo, pois, assegura Marconi e
Lakatos (2005, p.190), “são estudos exploratórios que tem como objetivo descrever
completamente determinado fenômeno, como, por exemplo, o estudo de um caso para o qual
são realizadas análises empíricas e teóricas”. Sendo assim, buscar-se-á não só apresentar
potencialidades do uso da casca de coco como matéria-prima, mas também analisar a
viabilidade de rentabilidade econômica dos produtos derivados do processo de reciclagem.
5.1.1 Quanto ao levantamento bibliográfico
Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes. O
levantamento de dados, primeiro passo para qualquer pesquisa científica, é feito de duas
maneiras: pesquisa documental e pesquisa bibliográfica. A primeira restringe-se a
documentos escritos quer estatísticos dados obtidos no IBGE, quer copilados pelo autor
após o acompanhamento dos entrevistados e visitas no Diário de campo. A segunda abrange
toda a bibliografia tornada pública em relação ao objeto de estudo. Para Marconi e Lakatos
(2005, p.185), “a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que foi dito ou escrito, sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob o novo enfoque ou abordagem, chegando
a conclusões inovadoras”.
5.1.2 Quanto ao objeto
A documentação direta constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio
local onde os fenômenos ocorrem. Para tanto, fez-se uma pesquisa de campo que segundo
Capítulo 5 – Metodologia 81
Marconi e Lakatos (2005, p.188), “consiste na observação de fatos e fenômenos tal como
ocorrem espontaneamente na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que
se presume relevantes, para analisá-los”.
5.1.3 Quanto à abordagem dos dados
O campo científico aponta uma tendência para o surgimento de um novo
paradigma metodológico. Um modelo que consiga atender plenamente as necessidades dos
pesquisadores. Essa dicotomia positivista x interpretativo, quantitativo x qualitativo, parece
estar cedendo lugar a um modelo alternativo de pesquisa, o chamado quanti-qualitativo, ou o
inverso, quali-quantitativo, dependendo do enfoque do trabalho. Parte-se do pressuposto,
segundo Bauer e Gaskell (2002) de que não quantificação sem qualificação, da mesma forma
que não estatística sem interpretação. Por isso, optou-se, aqui por uma pesquisa
quantiqualitativa.
5.1.4 Quanto ao universo e amostra
Para Marconi e Lakatos (2005, p. 225), “O Universo ou população é o conjunto de
seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.”
Para o estudo em foco, foi adotado, como universo, o Centro de Abastecimento de Aracaju
CEASA, O centro da cidade, a praia de Atalaia e a empresa água de coco engarrafada.
a amostra, Marconi e Lakatos (2005, p. 165) diz ser uma parcela
convenientemente selecionada do universo, é uma espécie de subconjunto. Sergipe seja um
grande produtor do coco verde, com destaque para as microrregiões de Propriá, Japaratuba,
Cotinguiba, Baixo Cotinguiba e Aracaju, fez-se necessário limitar a amostra de modo a
facilitar a colheita dos dados e sua respectiva análise. Por esta razão em nome da delimitação
reduziu-se o espaço à cidade de Aracaju, tomando como referência duas categorias: a Central
de Abastecimento de Sergipe S/A - CEASA e o grupo de fornecedores autônomos que serão
Capítulo 5 – Metodologia 82
denominados aqui de Fornecedores Independentes. A pesquisa foi efetuada com uma amostra
de 04 fornecedores independentes, os mais significativos, 01 administrador do CEASA, 04
vendedores no CEASA, 03 vendedores de quiosque na praia e 01gerente de empresa
engarrafadora de água de coco.
5.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
A realização das entrevistas deu-se a partir das seguintes etapas: contato inicial em
que se estabeleceu um ambiente capaz de estimular os informantes a se sentirem à vontade,
falando de modo espontâneo e natural; formulação de perguntas não-padronizadas dando
liberdade para que os informantes falassem. A mediação do entrevistador consistiu em ajudar
os informantes com outras perguntas, aprofundando os detalhes. Como os informantes não
permitiram a gravação, optou-se pelo diário de campo como ferramenta para o registro das
entrevistas, não no que diz respeito às respostas, mas também no que concerne os
elementos extralingüísticos. O fim da entrevista reproduziu o mesmo tom de cordialidade do
início. Esse processo durou três meses – de janeiro a março de 2008.
Com o objetivo de analisar a receptividade de possíveis consumidores de produtos
oriundos da reciclagem da casca de coco verde, aplicou-se um questionário de perguntas
fechadas do tipo sim ou não a pessoas em floriculturas e supermercados do centro da cidade.
O objetivo era sentir a percepção da população acerca da compra e do uso de produtos
reciclados.
5.3 ANÁLISE DOS DADOS
Em termos práticos, a análise e a interpretação partiram da leitura do corpus das
entrevistas que constituíram o diário de campo. À medida que se ia lendo buscaram-se
padrões e conexões que permitiram a compreender as nuances sobre a questão da casca do
coco em Sergipe, seus impactos para o meio ambiente e as potencialidades de uso deste
material como matéria-prima para a fabricação de uma infinidade de coisas.
Capítulo 5 – Metodologia 83
A análise fora dividida em três eixos. O primeiro que delineará o quadro de
produção de coco e sua destinação, bem como as percepções dos fornecedores envolvidos
quanto à problemática da casca do coco e sua relação com a questão ambiental. O segundo
eixo analisará o impacto ambiental desta produção não no que se refere ao volume de lixo
em Aracaju. O último eixo mostrará as viabilidades econômicas, sociais e ambientais do
reaproveitamento dos resíduos de casca de coco verde.
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Capítulo 6 –
Resultados e Discussões
6
. RESULTADOS E DISCUSS
6.1 PRODUÇÃO, DESTINAÇÃO E PERCEPÇÕES
Os parâmetros empregados para a avaliação da produção, destinação e fatores
relacionados são apresentados no
realidade sergipana no que se refere ao coco e a produção de resíduos oriundos do seu
con
sumo, seja na indústria, seja na extração e consumo de água de coco.
6.1.1 Origem
do coco consumido em Ser
Observa-se
que apesar de Sergipe possuir uma boa produção de coco, ainda
absorve a produção de outros estados. No que se refere ao CEASA, todo o coco é oriundo de
Sergipe, mais especificamente do Platô de Neópolis. Já no que diz respeito aos Fornec
independentes observou-
se como reforça o gráfico
coco sergipano (92%), existe a aquisição de coco de outros estados como Pernambuco (6%) e
Bahia (2%). Isso acontece devido à constituição da água, pois segundo os
água do coco produzido em Sergipe é salobra enquanto a dos outros estados é mais doce.
Gráfico 6.1 –
Origem do coco consumido em Sergipe
Fonte: Dados colhidos pela autora
Quantidade(Mil frutos/mês)
Resultados e Discussões
. RESULTADOS E DISCUSS
ÕES
6.1 PRODUÇÃO, DESTINAÇÃO E PERCEPÇÕES
Os parâmetros empregados para a avaliação da produção, destinação e fatores
relacionados são apresentados no
decorrer deste capítulo de modo que permita visualizar a
realidade sergipana no que se refere ao coco e a produção de resíduos oriundos do seu
sumo, seja na indústria, seja na extração e consumo de água de coco.
do coco consumido em Ser
gipe
que apesar de Sergipe possuir uma boa produção de coco, ainda
absorve a produção de outros estados. No que se refere ao CEASA, todo o coco é oriundo de
Sergipe, mais especificamente do Platô de Neópolis. Já no que diz respeito aos Fornec
se como reforça o gráfico
6.1
que embora haja predominância do
coco sergipano (92%), existe a aquisição de coco de outros estados como Pernambuco (6%) e
Bahia (2%). Isso acontece devido à constituição da água, pois segundo os
água do coco produzido em Sergipe é salobra enquanto a dos outros estados é mais doce.
Origem do coco consumido em Sergipe
Fonte: Dados colhidos pela autora
Bahia
2%
Pernambuco
6%
Sergipe
92%
Quantidade(Mil frutos/mês)
84
Os parâmetros empregados para a avaliação da produção, destinação e fatores
decorrer deste capítulo de modo que permita visualizar a
realidade sergipana no que se refere ao coco e a produção de resíduos oriundos do seu
sumo, seja na indústria, seja na extração e consumo de água de coco.
que apesar de Sergipe possuir uma boa produção de coco, ainda
absorve a produção de outros estados. No que se refere ao CEASA, todo o coco é oriundo de
Sergipe, mais especificamente do Platô de Neópolis. Já no que diz respeito aos Fornec
edores
que embora haja predominância do
coco sergipano (92%), existe a aquisição de coco de outros estados como Pernambuco (6%) e
Bahia (2%). Isso acontece devido à constituição da água, pois segundo os
fornecedores a
água do coco produzido em Sergipe é salobra enquanto a dos outros estados é mais doce.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 85
6.1.2 Quantidade mensal de coco da amostra
Dentro do quadro geral da amostra analisada verificou-se que, conforme o gráfico
6.2, 73% referem-se aos Fornecedores Independentes que corresponde a cerca de 678.000
cocos/mês, enquanto o CEASA corresponde a 27%, o equivalente a 252.000 cocos/mês.
Convém ressaltar que no que diz respeito ao CEASA, o valor encontrado é a média anual de
entrada do produto referente ao ano de 2007.
Convém ressaltar que um volume maior de casca de coco dos Fornecedores
Independentes, uma vez que seu campo de abrangência é bem maior. Sua atuação abarca
todos os carrinhos que vendem água de coco no centro da cidade, além de fornecer água
engarrafada para eventos, festas, lojas de conveniências dentre outros.
Gráfico 6.2 – Origem do coco empregado na amostra
Fonte: Dados colhidos pela autora
Distribuidor
Independente
73%
Ceasa
27%
Origem do coco da amostra
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 86
6.1.3 Emprego da casca do coco
Segundo Senhoras (2003,p.05),
Os “eco-produtos” são um mercado promissor para as empresas rurais, pois a
modificação do conceito de qualidade de vida e do produto, que agora deve ser
ecologicamente viável, tem influenciado as novas preferências dos consumidores
por “produtos verdes”. Diante disso, o aprofundamento das mudanças estruturais
pelo desenvolvimento da cadeia agroindustrial do coco verde passa pela
intensificação da utilização dos recursos produtivos, de modo que a fronteira
disponível para esse incremento situa-se dentro da própria estrutura produtiva já
implementada, aprimorando processos e, principalmente, transformando em
oportunidades as ameaças, como é o caso representado pelos resíduos
agroindustriais.
No entanto, como demonstra o gráfico 6.3, quando questionados sobre o
conhecimento do uso da casca de coco, a grande maioria 62% alegou que desconhece o
emprego da casca de coco para outros fins, por isso seu destino final é o lixão. Apenas 38%
dizem conhecer as potencialidades de seu uso.
Gráfico 6.3 – Conhecimento acerca do uso da casca do coco
Fonte: Dados colhidos pela autora
SIM
38%
NÃO
62%
Conhecimento acerca do uso da casca de coco
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 87
6.1.4 Conhecimento do impacto na casca de coco no meio ambiente
Como demonstra o gráfico 6.4, para 69% dos entrevistados a casca do coco não
constitui problema para o meio ambiente, pois acreditam que pelo fato de ser da natureza ela é
facilmente absorvida pelo ambiente. Apenas 31% consideram que a casca de coco é um
problema ambiental. Isso reforça a necessidade de se implantar estratégias de Educação
ambiental capazes de conscientizar esta população acerca dos problemas proporcionados pela
casca de coco no meio ambiente. Pois, assegura a Lei N° 9.795 Lei da Educação Ambiental
(1999)
A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações
de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as
atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres
humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a
melhora da qualidade de vida.Entendem-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.
Gráfico 6.4 - Conhecimento acerca do impacto da casca de coco no meio ambiente
Fonte: Dados colhidos pela autora
SIM
31%
NÃO
69%
Título do Gráfico
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 88
6.1.5 Processo de coleta da casca de coco
A diversidade de consumidores que são atendidos tanto pelo CEASA, quanto
pelos Fornecedores independentes gera diferentes fontes de coleta. Uma que se realiza nas
próprias distribuidoras, aqui denominada de Fácil recolhimento, e outras que se dajunto a
populaçao consumidora que exige uma dinamica mais ampla que dificulta o processo de
recolhimento. Diante disso, observa-se no gráfico 6.5 que do total da amostra 523.500 é de
difícil coleta devido a existencia de uma coleta seletiva precária que não consegue dar a
dinamica necessária para um recolhimento eficiente da casca de coco. Somente 406.500
apresentam fácil recolha uma vez que possuem uma logistica de armazenamento e coleta.
Gráfico 6.5 - Coleta da casca do coco
Fonte: Dados colhidos pela autora
Levando em consideração o montante de casca de coco produzido na cidade e as
dificuldades de coleta observa-se, tomando como referência a quantidade de material de fácil
recolha (406,5 mil frutos/mês) que, conforme demosntra o gráfico 6.6, 61% da casca de coco
de fácil recolhimento é proveniente dos fornecedores independentes, enquanto 27% seria do
CEASA e 5% da empresa engarrafadora e 7% quiosque.
O que aqui se denominou fácil recolhimento é explicado pelo fato de que os
fornecedores independentes, a empresa engarrafadora e os quiosques possuem uma estrutura
com toneis nos quais a casca é descartada, sendo recolhida pelo caminhao da prefeitura.
406,5
coletado
523,5
perdido
Coleta (quantidade: mil frutos/mês)
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 89
Enquanto o CEASA possui uma logistica interna de armazenamento e recolha em caminhao
alugado deste material. Em todos os casos a casca de coco não é misturada com outros
resíduos sólidos urbanos, o que facilita o processo acima descrito.
Gráfico 6.6 - Local de descarte da casca de coco
Fonte: Dados colhidos pela autora
6.2 IMPACTO DA CASCA DE COCO EM ARACAJU
6.2.1 Os resíduos sólidos urbanos de Aracaju
A produção de resíduos sólidos nas cidades é um fenômeno inevitável que ocorre
diariamente em quantidades e composições que variam conforme o nível de desenvolvimento
sócio-econômico da população. As aglomerações urbanas consomem quantidades de água,
energia, alimento, matérias-primas e produtos industrializados e geram significativas
Distribuidores
Independentes
61%
Ceasa
27%
Empresa
engarrafadora
5%
Quiosque 7%
Quantidade(Mil frutos/mês)
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 90
quantidades de resíduos sólidos que precisam ser dispostos de forma adequada visando à
preservação da saúde pública e do meio ambiente, em geral.
Em geral, a composição do RSU em locais menos desenvolvidos sócio-
economicamente apresenta-se com maior porcentagem de matéria orgânica quando
comparada com locais mais desenvolvidos. Dessa forma, para implantação de qualquer tipo
de tratamento (disposição, incineração, compostagem) para o resíduo faz-se necessário o
conhecimento das principais características qualitativas e quantitativas dos mesmos.
A composição física do resíduo gerado na cidade de Aracaju foi obtida a partir de
separação manual de cada componente seguida de pesagem. Para que fosse possível obtenção
de uma amostra representativa, agrupou-se os setores de coleta existentes conforme
características das edificações, densidade populacional e poder aquisitivo; e destes setores
foram selecionados alguns caminhões para estudo. Inicialmente, o caminhão previamente
escolhido foi descarregado sobre uma lona e a amostra total foi quarteada, isto é, dividida em
quatro partes iguais (quartis), sendo tomados dois quartis opostos para constituir uma nova
amostra, descartando-se os dois restantes. As partes selecionadas foram novamente
misturadas e o quarteamento foi repetido até obter o volume final desejado.
Em seguida, foram separados manualmente componentes como madeira, plástico,
vidro, metais, trapo, papel/papelão, borracha, material orgânico e materiais perigosos (pilhas,
bateria de celular, etc). Os resultados obtidos estão apresentados no gráfico 6.7, os quais
permitem obter valores médios de 57,7% de material orgânico, 17,6% de plástico, 15,2% de
papel/papelão, 2% de vidro, 1,2% de metais, 1,2% de madeira, 4% de trapo, 1% de borracha e
0,2% de materiais perigosos (pilhas e baterias). É Importante salientar que os aspectos de
sazonalidade não foram levados em consideração, pois as amostras analisadas não foram
coletadas sistematicamente durante o ano.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 91
Gráfico 6.7 - Composição do Resíduo Sólido Urbano de Aracaju
Fonte: BARBOSA, 2001.
A partir de dados populacionais e taxa de crescimento populacional obtidos do
IBGE, foi possível fazer um prognóstico da quantidade de lixo gerada na cidade de Aracaju
para o intervalo de tempo entre 2002 a 2020, período considerado como tempo de vida útil do
empreendimento.
Segundo dados do IBGE, a cidade de Aracaju apresenta taxa de crescimento
populacional crescente. Em 2007, a população atingiu 520.207hab. A geração per capita atual
de resíduo domiciliar, isto é a taxa de geração de resíduo por habitante num período de tempo
especificado (kg/hab.dia), foi obtida a partir de dados de coleta da EMSURB. Para o ano de
2000, a geração per capita de resíduo domiciliar foi da ordem de 0,86kg/hab.dia, isto
considerando que toda a população foi atendida pelo serviço de coleta. Segundo Barbosa
(2001), a geração per capita obtida para Aracaju situa-se acima da média nacional que é
0,70kg/hab.dia, e apresenta uma taxa de crescimento em função da industrialização e da
melhoria do nível de vida da população, seguindo uma progressão geométrica. Estima-se que
para o ano 2020 a geração per capita de resíduo deve ser da ordem de 1,00kg/hab.dia
58%
1%
15%
0%
5%
0%
2%
18%
1%
Título do Gráfico
M. Orgânico Borracha Papel M.Perigosos Trapo
Metais
Vidro
Plástico
Madeira
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 92
Acrescenta Barbosa (2001), para tanto, obteve-se a partir da equação 4.1, uma
taxa de crescimento da produção de lixo de 1,0076 referente ao período de 2000 - 2020. A
partir da taxa de crescimento calculada estimou-se a geração per capita de resíduo ano a ano
(tabela 6.1). Multiplicando a geração per capita encontrada pela população no respectivo ano
pôde-se calcular a massa de lixo gerada por dia e conseqüentemente obter o volume de
resíduo gerado durante um ano. Considerou-se que após compactado com o rolo compactador
o lixo terá uma densidade média de 1t/m
3
. Conforme pode ser visto na tabela 4.2 a cidade de
Aracaju produzirá cerca de 3.293.198m
3
de resíduo sólido urbano no período entre 2002 -
2020.
Quadro 6.1 - Prognóstico da produção de resíduo sólido domiciliar gerado na cidade de
Aracaju. 2002-2020 (m3):
Ano
Taxa
Cresc.
População
População
(hab)
Taxa
Cresc.
Produção
Geração
Per capita
(kg/hab.dia)
Lixo
gerado
(Kg/dia)
Lixo
gerado
(ton/ano)
2000 1,26641 455417 1,0076 0,86 391659 142955,4
2001 1,26641 461184 1,0076 0,87 399621 145861,6
2002 1,26641 467025 1,0076 0,87 407745 148826,9
2003 1,26641 472939 1,0076 0,88 416034 151852,5
2004 1,26641 478929 1,0076 0,89 424492 154939,6
2005 0,95373 484994 1,0076 0,89 433122 158089,5
2006 0,95373 489619 1,0076 0,9 440563 160805,3
2007 0,95373 494289 1,0076 0,91 448131 163567,8
2008 0,95373 499003 1,0076 0,91 455830 166377,8
2009 0,95373 503762 1,0076 0,92 463660 169236
2010 0,60107 508567 1,0076 0,93 471626 172143,3
2011 0,60107 511624 1,0076 0,93 478052 174488,9
2012 0,60107 514699 1,0076 0,94 484566 176866,5
2013 0,60107 517793 1,0076 0,95 491168 179276,5
2014 0,60107 520905 1,0076 0,96 497861 181719,3
2015 0,30536 524036 1,0076 0,96 504645 184195,3
2016 0,30536 525636 1,0076 0,97 510017 186156,3
2017 0,30536 527241 1,0076 0,98 515447 188138,2
2018 0,30536 528851 1,0076 0,99 520935 190141,2
2019 0,30536 530466 1,0076 0,99 526481 192165,5
2020 0,30536 532086 1,0076 1 532086 194211,4
Total: 3293198,19
Fonte: Barbosa, 2001
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 93
6.2.2 Geração de casca de coco verde em Aracaju
A geração de cascas de coco está diretamente ligada ao consumo do fruto, cuja
produção é gigantesca como bem demonstra os dados analisados no primeiro eixo deste
trabalho. Para a quantificação do resíduo de coco gerado, adotou-se como base de cálculo a
produção do fruto em Aracaju, a partir dos dados fornecidos pelo CEASA e pelos
Fornecedores Independentes, categorias com as quais esta pesquisa tem sustentado sua
amostra.
Admitindo-se que cada coco gera, em média, um resíduo de casca de 1,5kg e que
todo o fruto é consumido ainda verde, a produção em Aracaju, que é de 930.000 frutos mês,
geraria, potencialmente, 1 395 t/mês de casca de coco verde.
Com relação ao impacto da casca de coco na quantidade de resíduo sólido urbano
em Aracaju, cuja produção, segundo a EMSURB em 2007, gira em torno de 25. 665,48t/mês,
a fração da casca do coco representa, como se observa no gráfico 6.8, 5% da composição total
do lixo. Cerca de 1395 t/mês de casca de coco.
Gráfico 6.8 - Fração de casca de coco no total do lixo de Aracaju
Fonte: Dados colhidos pela autora
Lixo Aracaju
95%
Rejeitos coco
5%
Fraçao de casca de coco no total do lixo
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 94
6.3 VIABILIDADES DO APROVEITAMENTO DA CASCA DE COCO
6.3.1 Planejamento Financeiro
O Planejamento financeiro trata-se de um instrumento útil na verificação dos
investimentos necessários, custos existentes e receitas exigidas. Para se realizar um bom
planejamento financeiro, deve-se conhecer todos os processos envolvidos, pois estes dados
permitirão uma definição dos investimentos necessários para a operacionalização do projeto.
O quadro Aspecto Técnico do Processamento, servirá de base para os demais cálculos de
viabilidade.
Tabela 6.2: Aaspecto técnico do processamento de fibra da casca do coco
Aspecto técnico do processamento
1. Capacidade de trituração/hora (Und.) 2.300
2. Peso médio de um coco verde (Kg) 1,5
3. Média de trabalho/dia (Horas) 8
4. Capacidade de produção diária (Iten 1 x 3 x 2) (ton) 27,6
5. Produção estimada por ano (Ton) 7.286
6. Produtividade (iten 5 x % referente) - 75% = água e 25% subprodutos 1.822
7. Subprodutos retirados
Fibra (25%) 455
Pó (75%) 1.366
8. Produção estimada no 1º ano (80% da capacidade instalada)
Fibra 364
1093
(Adaptação do Modelo de Análise e Viabilidade Econômica da Unidade de Reciclagem da
Fibra da casca do coco verde – Fortaleza-CE, 2004).
Com base nisso, analisar-se-á a viabilidade econômica da implantação de uma
unidade de reciclagem de fibra de casca de coco verde com base na avaliação dos
investimentos, avaliação de Projeção dos Resultados.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 95
6.3.2 Avaliação dos Investimentos
Ao iniciar um empreendimento, deve-se levar em conta vários fatores como:
localização, processo produtivo, equipamentos e instalações, além dos recursos necessários
para custear os gastos com o funcionamento da empresa.
Segundo Sanvicente (1987) os investimentos podem ser divididos em dois grupos:
os investimentos fixos e os investimentos financeiros. Este último trata do montante de
recursos circulantes que afiançam o desempenho das atividades operacionais da empresa
(capital de giro). Os investimentos fixos são compostos pelos itens que não são consumidos
no processo de produção, com vida útil mais longa.
Para assegurar a decisão do empreendedor, é importante garantir um controle
permanente da qualidade dos dados que estão sendo levantados, pois ao se realizar uma
decisão de investimento, deve-se minimizar problemas como o risco e a incerteza. Para isto, a
realização de análises é de fundamental importância. Experiências passadas, valores
informados por fornecedores, uso de firmas de consultoria, projeções, técnicas de previsão e
pesquisa de mercado, entre outros, são informações nas quais o empreendedor se baseia
(Kassai, 2000 & Woiler, 1996). No caso dos investimentos fixos para a reciclagem da casca
do coco verde e do coco seco ter-se-á os seguintes valores:
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 96
Tabela 6.3: Máquinas e equipamentos empregadas no processamento de resíduos do coco.
Máquinas e equipamentos
Discriminação Unidade
Quantidade Valor unitário Valor total
Desintegrador Unid 1 10.000,00 10.000,00
Classificador Unid 1 10.000,00 10.000,00
Prensa Unid 1 10.000,00 10.000,00
Forno para tratamento térmico Unid 1 7.500,00 7.500,00
Enfadadeira Unid 1 15.000,00 15.000,00
Embaladora Unid 1 15.000,00 15.000,00
Móveis escritório Unid 1 2.000,00 2.000,00
Total
69.500,00
(Adaptação do Modelo de Análise e Viabilidade Econômica da Unidade de Reciclagem da
Fibra da casca do coco verde – Fortaleza-CE, 2004).
As máquinas e equipamentos utilizados para a reciclagem dos dois tipos de coco
são praticamente as mesmas a única diferença é a utilização da prensa que é apenas para o
coco verde.
6.3.3 Avaliação de Projeção dos Resultados
As projeções têm por objetivo quantificar os resultados do empreendimento. Estes
resultados avaliam os valores necessários para a sobrevivência da empresa, mostrando os
valores de produção suficientes para um balanceamento das despesas e receitas (ponto de
equilíbrio).
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 97
6.3.3.1 Análise das Receitas
A projeção das receitas decorre de um estudo de mercado. É a partir da análise de
mercado e das projeções de vendas que se determina às quantidades e o preço unitário do
produto que se pretende vender (Sanvicente, 1987).
Para analisar a aceitação dos produtos no mercado foi realizada uma pesquisa de
avaliação do mercado consumidor entre 40 empresas na capital que comercializam produtos
que podem ser substituídos por produtos reciclados da casca do coco.
Como se pode analisar a partir do gráfico 6.9, dentre os entrevistados 45%
ouviu falar da reciclagem da casca do coco, mas 92,5% nunca consumiu nenhum produto
derivado desta reciclagem. Quando questionados se comprariam produtos reciclados da
casaca de coco 95% respondeu positivamente. Quanto aos produtos o xaxim foi o produto
mais mencionado pelos entrevistados 50% responderam que comprariam xaxim de casaca de
coco, o segundo produto seria o papel (30%), seguindo da manta de proteção do solo (12,5%).
Gráfico 6.9 - Produtos reciclados da casca do coco
Fonte: Dados coletados pela autora
Manta de
Proteção do
Solo
13%
Xaxim
52%
Papel
32%
Outros
3%
Produtos reciclados da casca de coco
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 98
Quanto as vantagens do consumo de produtos reciclados da casca do coco o
gráfico 6.10 revela que o principal motivo apontado refere-se ao fato de se tratar de um
produto ecológico (30% dos entrevistados), o segundo motivo mais mencionado foi o fato de
diminuir a quantidade de lixo (casca de coco) na cidade (30%), seguido por se tratar de um
produto bom para as plantas (22,5%).
Gráfico 6.10 – Vantagens da reciclagem da casca de coco
Fonte: Dados coletados pela autora
A tabela abaixo demonstra a previsão de produção e receita para a reciclagem da
casca do coco em Sergipe. Estes valores estão de acordo com a capacidade de produção da
empresa em 80%, para o primeiro ano.
Tabela 6.4 - Previsão de produção e receita do processamento de resíduos do coco.
Previsão de produção e receita
Discriminação Unidade Quantidade Valor unit Valor total
Fibra do coco ton 364 800 291.200,00
Pó da casca do coco ton 1093 600 655.800,00
Total
947.000,00
Valores adaptados do projeto em Fortaleza ( 2004)
Produto
Ecologico
34%
Bom para o
Desenvolvimento
das Plantas
23%
Diminui a
Quant. Lixo
30%
Nenhuma
10%
Outras
0%
Não Respondeu
3%
Vantagens da reciclagem da casca de coco
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 99
6.3.3.2 Análise dos Custos
Os custos de uma empresa avaliam, em unidade monetária, todos os bens
materiais e imateriais, trabalho e serviços consumidos pela empresa na produção, bem como
consumos em manutenção e instalações. Os custos de produção de uma empresa podem ser
divididos em custos fixos, custos variáveis e custos semivariáveis ou semifixos.
Os custos fixos são aqueles que permanecem inalterados, independente do grau de
ocupação da capacidade da empresa. São custos gerados pela própria empresa, sem considerar
se ela está produzindo ou não (aluguéis, juros, instalações, etc). (Sandroni, 1999) Os custos
variáveis são aqueles que variam de acordo com o grau de ocupação da capacidade produtiva
da empresa (custo com matéria prima, salários, etc). (Sandroni, 1999)
Os custos semivariáveis ou semifixos apresentam um comportamento misto, ou
seja, possui uma parte que varia com o volume e outra que é fixa, variando de forma linear e
crescente à medida que ultrapassa limites ou intervalos de volume.
Observa-se pela análise sintetizada no quadro abaixo que o custo da matéria-prima
para a produção não é alto, uma vez que a coleta de casca de coco seria realizada objetivando
a reciclagem.
Tabela 6.5 - Previsão matéria-prima a ser empregada numa unidade de reciclagem de casca de
coco.
Previsão matéria prima
Produto Discriminação Unidade
Quantidade Valor
Embalagem Embalagem unit 27.500
0,70
19.250,00
Valores adaptados do projeto em Fortaleza ( 2004)
Na tabela a seguir demonstra a previsão de mão-de-obra, para operar as máquinas
seria necessário 27 funcionários, teria 1 gerente para administrar a empresa. Os valores
apresentados têm como base o salário mínimo de R$ 415, 00 e os cálculos possuem todos os
encargos cobrados para pagamento de funcionário.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 100
Quadro 6.6: Previsão de mão de obra empregada numa unidade de reciclagem de casca de
coco.
Previsão de mão de obra
Discriminação Quantidade Salário / ano + encargos Valor total
Operadores 27 6.896,52 186.206,04
Gerente 1 8.118,24 8.118,24
Total 28
194.324,28
Valores adaptados do projeto em Fortaleza ( 2004)
A previsão de despesas operacionais como energia elétrica e combustível para as
máquinas foi feita de acordo com as informações de fornecedoras das máquinas e
equipamentos. Água, material de limpeza, manutenção das máquinas e a depreciação das
máquinas, os cálculos foram baseados nos valores informados no projeto de análise e
viabilidade econômica da unidade de reciclagem da casca de coco verde de Fortaleza, sendo
que os valores foram atualizados.
Tabela 6.7 - Previsão de despesas operacionais de uma unidade de reciclagem de casca de
coco.
Previsão de despesas operacionais
Discriminação Unidade Quantidade Valor unitário Valor total
Energia elétrica kw/h 71808 0,18 12.925,44
Água mês 12 200 2.400,00
Aluguel caminhão l 12 3.500 42.000,00
Material de limpeza mês 12 150 1.800,00
Aluguel mês 12 600 7.200,00
Manutenção diversos 12 250 3.000,00
Depreciação
máquinas 12 270 3.240,00
móveis 12 12 144,00
Total
72.709,44
Valores adaptados do projeto em Fortaleza ( 2004)
As despesas administrativas para implantação e manutenção da empresa são com
um auxiliar administrativo, um telefone e com material de expediente, este auxiliar
administrativo será também responsável pelas vendas.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 101
Quadro 6.8 - Previsão das despesas administrativas de uma unidade de reciclagem de casca de
coco.
Previsão das despesas administrativas
Discriminação Unidade
Quantidade Valor unitário Valor total
Auxiliar administrativo ano 1 6.896,52
6.896,52
Telefone mês 12 150,00
1.800,00
Material de expediente mês 12 100,00
1.200,00
Total
9.896,52
Valores adaptados do projeto em Fortaleza (2004)
6.3.4 Análise de Retorno de Investimento – Payback Analysis
O payback refere-se ao tempo de recuperação do capital, este tem como função
calcular o tempo de retorno de um investimento. Ele demonstra o período necessário para que
o investimento inicial do projeto seja recuperado. O payback é mais uma análise do risco do
que simplesmente um retorno de capital, pois quanto menor o payback menor o grau risco do
investimento (Sandroni, 1999).
A fórmula de cálculo do payback de uma projeto é custos do projeto
(investimentos) dividido pelos resultados previstos, obtém-se o números de anos para o
retorno do investimento. No projeto em questão o valor investido seria R$ 375.202,38 (custos
totais) dividido por R$ 410.807,62 (resultado previsto) que daria um retorno do investimento
em menos de um anos. Como podemos analisar no quando a seguir, o qual demonstra os
resultados para o primeiro ano de funcionamento da empresa, visualizamos que mesmo não
operando com sua capacidade plena, apenas 80%, esta daria um lucro considerável, o retorno
do investimento seria consideravelmente rápido.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 102
Tabela 6.9 - Demonstrativo do primeiro ano de uma unidade de reciclagem de casca de coco.
Quadro demosntrativo dos resultados - ano 1
SEQ
Discriminação Valores %
1 Receita bruta 947.000,00
100
2 Impostos e taxas 160.990,00
17
3 Receita líquida 786.010,00
83
4 Custos totais 375.202,38
39,62
4.1- Matéria prima 19.250,00
4.2- Mão de obra operacional 194.324,28
4.3- Despesas operacionais 72.709,44
4.4- Despesas administrativas 9.896,52
4.5- Despesa de implantação 69.500,00
4.6- Outros 3% sobre soma acima 9.522,14
5 Lucro bruto 410.807,62
43,38
6 Lucro líquido 410.807,62
43,38
Valores adaptados do projeto em Fortaleza (2004)
6.3.5 Ponto de Equilíbrio
Este é calculado para avaliar o nível de produção que o resultado operacional é
nulo, ou seja, receitas operacionais são iguais aos custos operacionais. Este indicador refere-se
ao nível de produção (vendas) necessário para recuperar os valores dos custos fixos e
variáveis em um determinado nível de produção. O valor do ponto de equilíbrio é obtido
através da fórmula:
______ Custo Fixo_______
Receita – Custo Variável
Aplicando ao trabalho em questão temos R$ 276.346,42 (custo fixo) dividido por
R$ 947.000,00 (receita) menos R$ 98.855,96 (custo variável), efetuando os cálculos obtemos
um resultado positivo a partir da vende de 33% dos produtos.
Capítulo 6 – Resultados e Discussões 103
6.3.6 Índice de Lucratividade (IL)
Estes dois indicadores têm como finalidade demonstrar a aceitação ou rejeição de
um projeto. O IL é medido pela razão entre o lucro líquido e a receita. No caso aqui analisado
o Índice de lucratividade é igual a 43,38%.
No Brasil, existem bricas de reaproveitamento da casca do coco no Ceará,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo, São Paulo, Goiás e Mato Grosso. Um
mercado que gera lucro, afirma Matos (2007).
Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical (2007), a partir de 5 mil cocos
processados, o empreendedor cobre as despesas e começa a lucrar - 5% deste total vira
fibra, outros 15% viram substratos (pó). Com a venda desses dois produtos, fibra e pó, o
produtor fatura cerca de R$ 1 mil, sendo que R$ 200, em média, é lucro.
Além dos ganhos econômicos, observa-se, ainda, que a tecnologia de
aproveitamento dos resíduos do coqueiro tem grande valor para a preservação ambiental,
tanto pela utilização de matéria-prima infinita e renovável como pela redução da poluição
atmosférica oriunda da queima desses resíduos e, a redução do volume de lixo depositado no
meio ambiente.
Quanto ao impacto social, o processamento dessa matéria-prima poderá se
constituir em uma nova fonte de emprego e renda, em média para cada 1 tonelada de casca de
coco, emprega-se 01 pessoa na produção da fibra e de seus subprodutos. Também contribui
com a saúde pública ao reduzir focos de multiplicação de insetos vetores de doenças.
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Capítulo 7 - Conclusões e sugestões
105
7.1 CONCLUSÕES
É chegada a hora de apresentar os resultados concernentes as questões de pesquisa
que guiaram e orientaram a caminhada as estratégias para o aproveitamento de rejeitos de
casca de coco seriam realmente econômico, social e ambientalmente viáveis? projeção
destas potencialidades nas condições de Sergipe e Nordeste? e que ganharam forma ao
longo da dissertação, voltando aqui para guiar o leitor nestas considerações finais.
Apesar de haver uma queda na cocoicultura em Sergipe e no Nordeste, o incentivo
ao turismo, associado ao clima quente contribui para que haja o aumento do consumo do
coco, principalmente a água in natura. Conseqüentemente tal processo gera um crescimento
no volume de lixo e de doenças. Por essa razão o aproveitamento de rejeitos de casca de coco
como matéria prima apresenta-se como potencialidade não só para dirimir a questão dos
resíduos sólidos urbanos, mas também como um mecanismo de manejo social e
economicamente viável para a população.
Do ponto de vista econômico, as fibras são mais baratas e apresentam maior
resistência, além de ser uma fonte renovável, reciclável e biodegradável. Socialmente,
desenvolvem-se oportunidades de geração de emprego e renda, já que a cada 15t de casca de
coco, cria-se 10 novos empregos diretos, contribuindo para a fixação da população local e
melhoria dos índices de desenvolvimento humano.
O manejo adequado dos resíduos contribui para diminuir o volume de lixo do gás
metano, conseqüentemente dos fatores patogênicos a ele ligados; aumentando a vida útil dos
aterros sanitários. Além disso, proporciona a otimização de recursos naturais, bem como a
recuperação de espécies em vias de extinção como a ameaça do xaxim, por exemplo.
Capítulo 7 - Conclusões e sugestões
106
7.2 SUGESTÕES
O desenvolvimento das cidades e o crescimento do consumo contribuíram para a
geração e o acumulo de resíduos sólidos urbanos, com grande destaque para os resíduos
orgânicos que, segundo Naumoff e Peres (2002), no contexto brasileiro corresponde a cerca
de 50% do lixo municipal, aumentando em cidades litorâneas com o consumo do coco e
conseqüentemente o descarte de sua casca. Consoni (2002) define lixo orgânico como todo
resíduo de componente biológico de origem animal e vegetal. Seu acúmulo é altamente
perigoso, pois seu mal armazenamento cria uma ambiente propício ao desenvolvimento de
microorganismos, em sua maioria, causadores de doenças.
Embora seja um material que possa ser reutilizado, principalmente na agricultura,
observa-se, segundo Flores (2003), que muita desinformação e falta de participação entre
os moradores e autoridades municipais para a implantação de sistemas de reciclagem e
aproveitamento dos resíduos sólidos orgânicos. Por isso é imprescindível fomentar a educação
ambiental e a participação cidadã; desenvolver tecnologias apropriadas para incentivar o
tratamento e o aproveitamento.
Sendo assim, com base no estudo realizado e das diretrizes e eixos propostos por
Flores (2003) se estabelecerá algumas orientações para o desenvolvimento de políticas
públicas, direcionadas para o manejo de resíduos sólidos orgânicos em Sergipe.
1. Incorporação de gestão integral de gerenciamento do lixo municipal
Desenvolver um plano de gerenciamento de lixo, levando em consideração a origem e
a composição dos resíduos sólidos urbanos em Sergipe;
Verificar a percentagem de Resíduos sólidos orgânicos no lixo municipal em Sergipe;
Criar estratégias para o acondicionamento e coleta dos resíduos sólidos orgânicos.
Capítulo 7 - Conclusões e sugestões
107
2. Separação a partir da fonte
Implementar estratégias de comunicação e educação de modo a sensibilizar a
população não para a questão da coleta seletiva, mas também das potencialidades
da reciclagem dos resíduos sólidos orgânicos e dentre eles a casca do coco;
Desenvolver programas e campanhas municipais de coleta e reciclagem envolvendo a
população, os órgãos públicos e as organizações ligadas ao gerenciamento dos
resíduos sólidos urbanos e, em especial, os orgânicos.
3. Desenvolvimento de tecnologias apropriadas
Aproveitamento produtivo dos resíduos sólidos orgânicos para a compostagem,
gerando adubo que será empregado na produção agrícola e na manutenção de áreas
verdes;
Aproveitamento dos resíduos da casca do coco, cuja reciclagem origina fibras e
matéria-prima na fabricação de numa infinidade de produtos como fora
demonstrado neste trabalho.
4. Geração de recursos
Contabilizar dos benefícios econômicos, sociais e ambientais, proporcionados pelo
melhor aproveitamento dos resíduos sólidos orgânicos;
Envolver o setor público e privado no financiamento da gestão integral de resíduos
sólidos orgânicos, definindo mecanismos de acesso a ações capazes de assegurar a
inclusão social de populações carentes;
Promover a construção de associações, eleitas como ferramentas de gestão das
unidades de beneficiamento de resíduos sólidos orgânicos, de modo que possam
atingir a auto-sustentabilidade financeira.
Diante do exposto acima e como forma de implementar as propostas de políticas
públicas para o aproveitamento de resíduos sólidos orgânicos, infere-se que Sergipe tem
potencial para abrigar uma unidade de beneficiamento de casca de coco, visando o
processamento da fibra para a fabricação de artefatos e do para a utilização com substrato
agrícola. Como é o caso do Ceará que vem desde 2005 aplicando esta tecnologia numa
Capítulo 7 - Conclusões e sugestões
108
unidade de beneficiamento da casca de coco em Fortaleza, do Rio de Janeiro através do
projeto Coco verde que desde 2004 trabalha com produtos derivados do e da fibra, além de
comercializar equipamentos e acessórios para a venda do coco, distribui a fruta e promove a
coleta do resíduo.
A unidade de processamento terá capacidade para processar 2300 cocos/hora, em
turno efetivo de oito horas, totalizando uma média de 27,6 toneladas de casca de coco verde
por dia, perfazendo cerca de 7.286t durante o ano. Essa dinâmica gerará 1.822t de subproduto,
sendo destes 30% fibra e 70% pó. Gerando uma receita anual de R$ 947.000,00, sendo R$
291.200,00 com fibra e R$ 655.800,00 com o pó da casca. Ter-se-á um índice de lucratividade
de 43,38% com previsão de retorno de investimento em menos de um anos. O projeto gerará
vinte e oito empregos diretos que atenderá as comunidades mais carentes de Aracaju.
Ambientalmente, a cidade de Aracaju teria uma redução de 3% no volume de seu lixo,
obtendo uma economia mensal no valor pago no serviço de coleta de mais de R$ 80.000,00.
O sucesso pleno da unidade empreendedora estará na estrutura de co-gestão
desenvolvida a partir da criação de uma associação que conduzirá de forma participativa o
gerenciamento do projeto em busca da sustentabilidade e do fortalecimento. Assim, como se
pode observar ao longo deste trabalho, o uso dos rejeitos da casca de coco como matéria-
prima se apresentou como alternativa viável tanto na perspectiva ambiental, quanto social e
econômica.
Essas medidas reforçam que é possível materializar ações que promovam a
preservação do meio ambiente somada à capacidade de gerar emprego e renda, fortalecendo o
associativismo e os mecanismos para que os indivíduos possam efetivar o exercício pleno da
cidadania, numa proposta capaz de proporcionar um equilíbrio entre meio ambiente e
desenvolvimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referência Bibliográfica 110
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ANEXOS
Anexo 118
ANEXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ESTRATÉGIAS PARA O APROVEITAMENTO DE REJEITOS DE CASCA DE COCO
Orientador: Prof. Dr. Alceu Pedrotti.
Mestranda: Daniela Venceslau Bitencourt.
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR
O Sr.(a) já ouviu falar da reciclagem da casca de coco verde? Sim ___ Não ___
O Sr.(a) já consumiu algum produto de casca de coco verde? Sim ___ Não ___
O Sr.(a) compraria um produto de casca de coco verde? Sim ___ Não ___
Que tipo de produto reciclado com casca de coco verde o Sr. (a) consumiria?
Manta de Proteção do solo
Sim ___ Não ___
Xaxim
Sim ___ Não ___
Papel
Sim ___ Não ___
Outros (especificar) __________________________
Sim ___ Não ___
Que tipo de vantagens o Sr. (a) veria nesse tipo de produto?
Produto ecológico
Sim ___ Não ___
Bom para o desenvolvimento das plantas
Sim ___ Não ___
Diminui a quantidade de lixo (cascas de coco) na cidade
Sim ___ Não ___
Nenhuma
Sim ___ Não ___
Outras vantagens (especificar) ________________________
Sim ___ Não ___
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