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FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA AREA DE EMPREENDEDORISMO FEMININO:
ANÁLISE DOS ESTUDOS INDEXADOS NA BASE DE DADOS DO INSTITUTE FOR
SCIENTIFIC INFORMATION (ISI)
NEIDI KREWER CASSOL
BLUMENAU
2006
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NEIDI KREWER CASSOL
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA AREA DE EMPREENDEDORISMO FEMININO:
ANÁLISE DOS ESTUDOS INDEXADOS NA BASE DE DADOS DO INSTITUTE FOR
SCIENTIFIC INFORMATION (ISI)
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Administração do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Regional de
Blumenau, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em
Administração.
Orientadora Profª. Dra. Amélia Silveira
BLUMENAU
2006
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A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE EMPREENDEDORISMO FEMININO:
ANÁLISE DOS ESTUDOS INDEXADOS NA BASE DE DADOS DO INSTITUTE FOR
SCIENTIFIC INFORMATION (ISI)
por
NEIDI KREWER CASSOL
Dissertação apresentada à Universidade
Regional de Blumenau, Programa de Pós-
Graduação em Administração - PPGAd, para
obtenção do grau de Mestre em
Administração, aprovada pela banca
examinadora formada por:
___________________________
____________________
Presidente: Profa. Amélia Silveira, Dra. – Orientadora, FURB
________________________________________________
Membro: Profa. Marianne Hoeltgebaum, Dra. , Co-orientadora, FURB
________________________________________________
Membro: Prof. Marcos Mueller Schlemm, Dr. , PUC - PR
________________________________________________
Membro: Profa. Maria José C. de Souza Domingues, Dra., FURB
_____________________________________________
Coord. PPGAd: Profa. Denise Del Prá Netto Machado, Dra.
Blumenau, 15 de dezembro de 2006.
Dedico este trabalho aos dois grandes faróis de
minha vida, meus queridos filhos Luísa e Gabriel.
Incondicionalmente, derramam luz sobre os meus
dias.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela dádiva de gozar de perfeitas faculdades físicas e mentais,
oportunizando esta realização;
Ao meu marido Adelar, pela inestimável ajuda e apoio, assumindo papel de pai e
mãe em minha ausência;
Aos meus dois filhos, Luísa e Gabriel, por terem suportado e compreendido minha
ausência, sempre oferecendo carinho;
À minha irmã do coração, Ângela, pelo carinho e suporte aos meus filhos na
minha falta;
À professora orientadora Dra. Amélia Silveira, agora também uma grande amiga,
que conduziu a pesquisa com sabedoria, revelando-se além de excelente mestra, uma pessoa
maravilhosa;
À professora Dra. Marianne Hoeltgebaum, pelas contribuições na banca de
qualificação e preciosa ajuda nos ajustes finais;
À professora Maria José Carvalho de Souza Domingues, pelo carinho acolhedor
enquanto coordenadora do Programa de Pós-graduação em Administração (PPGAD) da
Universidade Regional de Blumenau (FURB) e pelas contribuições oferecidas na banca de
qualificação;
À professora Denise Del Pra Netto Machado, então na coordenação do PPGAD da
FURB;
Aos demais professores do PPGAD da FURB, pelas contribuições ao
aprimoramento pessoal, acadêmico e profissional;
Aos colegas do curso de mestrado, pela amizade, coleguismo e os bons momentos
compartilhados;
À Rosane, na Secretaria do PPGAD da FURB, pela pronta assistência e auxílio;
À Universidade o Oeste de Santa Catarina (UNOESC), especialmente nas pessoas
dos dirigentes do campus de São Miguel do Oeste, por oportunizar e apoiar minha busca por
crescimento profissional;
Aos amigos e amigas, aos colegas de trabalho, pelo incentivo;
Aos que, embora não nomeados, contribuíram de alguma forma para a conclusão
desta etapa.
Quando morremos, nada pode ser levado conosco, com exceção das
sementes lançadas por nosso trabalho e por nosso conhecimento....
(Dalai Lama)
RESUMO
Tendo em vista o crescimento do interesse pelas pesquisas sobre o empreendedorismo
feminino no mundo e a necessidade de se conhecer o que está sendo pesquisado, neste
assunto, apresenta-se uma análise da produção científica sobre empreendedorismo feminino
veiculada na base de dados do Scientific Information for Science (ISI). A escolha da base de
dados do ISI deu-se em função desta ser uma das mais importantes do mundo, indexando os
periódicos científicos que apresentam o maior fator de impacto, ou seja, os que mais influem a
literatura em termos de citação. Assim, o objetivo da pesquisa voltou-se para o estudo da
produção científica sobre empreendedorismo feminino publicada nos periódicos da base de
dados do ISI, em administração e em negócios, de 1997 a 2006. A pesquisa foi exploratória,
com método qualitativo. Os artigos relacionados ao empreendedorismo feminino, recuperados
nos periódicos da base de dados do ISI foram avaliados de acordo com o modelo
desenvolvido por Gartner (1985) para analisar e classificar pesquisas na área do
empreendedorismo. Os periódicos científicos das áreas de administração e de negócios foram
identificados, sendo caracterizados quanto ao título, periodicidade, local de publicação, área,
fator de impacto, endereço eletrônico e ISSN. Os artigos foram identificados quanto ao título,
autor, título específico do periódico, volume, número e ano. As características pessoais e
profissionais dos autores dos artigos foram analisadas. Esta análise mostra que a maioria dos
autores são professores, com alto nível de formação. Os resultados mostram as dimensões
sobre as quais predominam os enfoques dos estudos da base de dados do ISI, com destaque
para as dimensões Individual e Ambiente, segundo as dimensões adotadas no estudo. A
conclusão apresenta considerações acerca dos principais achados nos artigos analisados, as
implicações para a área de pesquisa do empreendedorismo feminino e sugestões para novos
estudos.
Palavras-chave: Produção Científica. Empreendedorismo Feminino. Base ISI. Modelo
Gartner.
ABSTRACT
Considering the growth of the interest for the researches on the woman entrepreneurship in
the world and the need of knowing what is being researched in relation to this subject, the
current study presents an analysis of the scientific production on woman entrepreneurship
transmitted in the Scientific Information for Science (ISI) Database. The Database of ISI was
chosen for being one of the most important of the world, indexing the scientific newspapers
that present the largest impact factor; in other words, the ones that more influence the
literature in citation terms. So, the objective of the research turned to the study of the
scientific production on woman entrepreneurship published in the newspapers of the Database
of ISI, in administration and businesses, from 1997 to 2006. The research was exploratory,
with qualitative method. The articles related to the woman entrepreneurship, recovered in the
newspapers of the Database of ISI, were appraised in agreement with the model developed by
Gartner (1985) to analyze and classify researches in the entrepreneurship area. The scientific
newspapers of the administration and businesses areas were identified, being characterized as
for the title, periodicity, publication place, area, impact factor, e-mail address and ISSN. The
articles were identified as for the title, author, specific title of the newspaper, volume, number
and year. The personal and professional characteristics of the articles’ authors were analyzed.
This analysis shows that most of the authors are teachers with high instruction level. The
results show the dimensions on which the focuses of the studies of the database of ISI prevail,
with prominence for the Individual and Ambient dimensions, according to the dimensions
adopted in the present study. The conclusion presents considerations concerning the main
discoveries of the analyzed articles, the implications for the research area of the woman
entrepreneurship and suggestions for new studies.
Key words: Scientific production. Female entrepreneurship. ISI Base. Gartner Model.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Evolução dos empreendedores de negócios, por gênero, no Brasil,
2001 – 2005 ............................................................................................
30
Quadro 2 - Periódicos da área Administração, na base de dados do ISI .................. 77
Quadro 3 - Periódicos da área Negócios, na base de dados do ISI ...........................
78
Quadro 4 - Periódicos comuns às áreas de Administração e Negócios na base de
dados do ISI ............................................................................................
79
Quadro 5 - Título do periódico, periodicidade, local de publicação, área, fator de
impacto e título do artigo publicado na base de dados do ISI ...............
81
Quadro 6 - Título do artigo publicado, autor do artigo, volume, número, ano e
endereço eletrônico .................................................................................
83
Quadro 7 - Periódicos da área de Administração e ISSN ......................................... 84
Quadro 8 - Periódicos da área de Negócios e ISSN ................................................. 85
Quadro 9 - Periódicos comuns às áreas de Administração e Negócios e respectivo
ISSN ......................................................................................................
86
Quadro 10 -
Relação dos artigos sobre empreendedorismo feminino encontrados na
base de dados do ISI ..............................................................................
91
Quadro 11 -
Dados referentes aos autores dos artigos sobre empreendedorismo
feminino encontrados na base de dados ISI ...........................................
96
Quadro 12 -
Classificação dos artigos sobre empreendedorismo feminino
encontrados na base de dados do ISI, segundo o modelo de Gartner
(1985) .....................................................................................................
103
Quadro 13 -
Categorização dos estudos analisados por Valencia e Lamolla, 2005,
segundo modelo de Gartner (1985) ........................................................
118
Quadro 14 -
Dimensões enfocadas pelos estudos sobre empreendedorismo
feminino da base de dados do ISI, segundo modelo de Gartner (1985)..
119
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Presença dos estudos sobre empreendedorismo e empreendedorismo
feminino, por ano, na área de administração na base de dados do ISI ......
87
Gráfico 2 -
Representatividade dos estudos em empreendedorismo feminino na área
de Administração na base de dados do ISI ................................................
88
Gráfico 3 - Presença dos estudos sobre empreendedorismo e empreendedorismo
feminino, por ano, na área de Negócios na base de dados do ISI ..............
89
Gráfico 4 -
Representatividade dos estudos em empreendedorismo feminino na área
de Negócios na base de dados do ISI .........................................................
89
LISTA DE SIGLAS
PPGAD Programa de Pós-Graduação em Administração
ISI
ENANPAD Encontro Nacional da ANPAD
ANPAD Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração
AOM
Meeting of the Academy of Management
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
GEM Global Entrepreneurship Monitor
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SOFTEX Sociedade para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro
GENESIS Geração de Novas Empresas de Software, Informação e Serviços
EMPRETEC Programa de Empreendedorismo
TPFT Taxa de Participação Feminina no Mercado de Trabalho
PED- RMPA
Pesquisa de Emprego e Desemprego
da Região Metropolitana de Porto
Alegre
PEA População Economicamente Ativa
IAPAR Instituto Agronômico do Paraná
EGEPE Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas
Empresas
MEC Ministério da Educação
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................12
1.1
PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 19
1.2
QUESTÕES DE PESQUISA ..................................................................................... 19
1.3
OBJETIVOS ............................................................................................................... 20
1.3.1
Geral .......................................................................................................................... 20
1.3.2
Específicos ................................................................................................................. 20
1.4
JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA ....................................................... 21
1.5
ESTRUTURA DA PESQUISA .................................................................................. 23
2
REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................25
2.1
CONCEITOS E EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO ................................. 25
2.2
O BRASIL EMPREENDEDOR E A EVOLUCÃO DO
EMPREENDEDORISMO FEMININO ..................................................................... 28
2.3
ESTUDOS NACIONAIS EM EMPREENDEDORISMO FEMININO .................... 37
2.4
ESTUDOS INTERNACIONAIS EM EMPREENDEDORISMO FEMININO ........ 49
2.5
ESTUDOS VOLTADOS PARA A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM
EMPREENDEDORISMO .......................................................................................... 60
3
MÉTODO DE PESQUISA ......................................................................................68
3.1
POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 71
3.2
PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS ................................. 72
4
RESULTADOS .........................................................................................................76
4.1
ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO INDIVIDUAL ..... 104
4.2
ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO AMBIENTE ........ 111
4.3
ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO ORGANIZAÇÃO 113
4.4
ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO PROCESSO ......... 115
4.5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 116
5
CONCLUSÃO .........................................................................................................120
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................123
12
1 INTRODUÇÃO
muito tempo se fala na importância do empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico das nações, mas nunca se deu tanta importância ao tema quanto
no momento atual. As mudanças significativas que ocorreram na dinâmica produtiva mundial
e o crescimento vertiginoso do número de pequenos empreendimentos contribuíram para o
aumento da importância atribuída ao fenômeno do empreendedorismo em todo o mundo. Esta
importância e valorização crescente do interesse sobre o tema podem ser percebidas no
crescimento das pesquisas e estudos relacionados ao assunto em todo o mundo.
À medida que cresce o número de estudos e pesquisas, cresce também a literatura
gerada na maioria das vezes como produto de pesquisas nesta área. Os programas de pós-
graduação e institutos de pesquisa em todo o mundo têm apresentado aporte substancial.
Deste cenário, surge como conseqüência a preocupação em analisar o que está sendo gerado
em termos de produção científica em empreendedorismo na literatura internacional, tanto em
termos gerais, como em um tema mais específico, como por exemplo, o relacionado com o
empreendedorismo feminino.
Cabe ressaltar que a produção científica em empreendedorismo, começou a ser
objeto de estudo mais sistemático, também no Brasil. Um dos exemplos é o da Universidade
Regional de Blumenau (FURB), que possui estudos formalizados em seu Programa de Pós-
Graduação em Administração (PPGAd). Estes estudos estão sendo desenvolvidos no projeto
de pesquisa denominado Análise do Ensino e da produção Científica em Empreendedorismo.
Este projeto foi aprovado pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Administração,
congregando os estudos de dois grupos de pesquisa: o de Empreendedorismo, Inovação e
Competitividade e o de Gestão de Instituições de Ensino Superior. Anteriormente,
respondendo ao Edital 02/2005/DADP/PROPEP/FURB, parte deste projeto foi realizada,
envolvendo o estudo da literatura brasileira em termos de anais de eventos e de periódicos
científicos na área de administração, tendo sido contemplados com Bolsa PIBIC/CNPq, para
iniciação científica, alunos de graduação. Cabe ressaltar, que além destes projetos, pesquisas
sobre o ensino e as tendências do ensino de empreendedorismo nos Cursos de Graduação em
Administração e Turismo, assim como em Programas de Pós-Graduação em Administração
no Brasil, foram concluídas, como dissertações de mestrado, no PPGAd da FURB. O estudo
da produção científica em empreendedorismo no Academy of Management (AOM), foi
13
concluído como dissertação de mestrado em 2006, ainda no PPGAd da FURB. Desta forma,
cabe mencionar também os estudos realizados pela FURB na área do empreendedorismo,
com diferentes enfoques, como os de Lenzi (2002), Riscarolli (2002), os de Marcarini (2003),
Silva (2003), Debastiani (2003), Riedi (2004), Fontenelle (2004), Batista (2004), Lazzarotti
(2004), Tezza (2004), Fischborn (2004), Vargas (2004), D’Alberto (2005), Della Giustina
(2005), Finger Junior (2005) e Camargo (2005). Até o momento, no entanto, este enfoque de
estudo voltado para a produção científica em empreendedorismo, não contemplou ainda os
aspectos referentes ao empreendedorismo feminino, de forma mais específica. Sendo assim,
este trabalho visa contribuir para preencher esta lacuna, analisando estudos específicos na área
de empreendedorismo feminino, em sintonia com uma tendência mundial de crescente
importância dispensada a este assunto.
Em termos de produções científicas na área do empreendedorismo feminino,
somente no Brasil, o banco de teses/dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - CAPES (2006) compreende hoje cerca de cento e trinta
dissertações e teses defendidas sobre o tema empreendedorismo em mestrados acadêmicos
recomendados, dissertações de mestrados profissionalizantes e teses de doutorados
recomendados. Em empreendedorismo feminino ao que tudo indica, até 2006, constam
quatorze dissertações defendidas em mestrados acadêmicos recomendados e três teses de
doutorados recomendados. Igualmente, em bases de dados internacionais, cresce
vertiginosamente o número de estudos e pesquisas publicadas cuja temática tem como ponto
central o empreendedorismo e o empreendedorismo feminino.
Diante deste panorama, evidencia-se a pertinência da realização de uma pesquisa
mais abrangente que analise o que está sendo pesquisado e publicado na literatura
internacional e que verifique qual o conhecimento científico que está sendo gerado e
disseminado em empreendedorismo feminino, de maneira específica. Assim, propôs-se esta
pesquisa, com uma vertente voltada para o estudo do empreendedorismo feminino, ainda
como parte integrante do projeto de Análise do Ensino e da Produção Científica em
Empreendedorismo desenvolvido pelo PPGAd da FURB. Da forma como foi realizada, a
pesquisa contemplou o estudo da literatura internacional oportunizando a avaliação
quantitativa da produção em empreendedorismo feminino, na medida em que analisou os
estudos indexados na base de dados do Institute for Scientific Information (ISI), permitindo
ainda a identificação das tendências predominantes nesta produção. Para tanto, foram levadas
em conta associações dos múltiplos aspectos da literatura gerada e disseminada, assim como
as características dos periódicos estudados e dos autores dos artigos publicados sobre
14
empreendedorismo na base de dados do ISI, proporcionando uma reflexão sobre o documento
no contexto da produção científica.
Importante considerar que a escolha pela base de dados do ISI, como objeto de
estudo para a produção científica em empreendedorismo feminino, deve-se, principalmente,
ao fato de que é a base de dados mais conceituada, sendo também a que publica o Science
Citation Index, que serve de referência mundial para o índice de citação nas ciências. Os
periódicos científicos indexados pelo ISI estão entre os que possuem os mais altos fatores de
impacto e, por isso mesmo, constam da lista dos melhores periódicos do mundo. Para autores
como Targino; Garcia (2000), a base de dados do ISI tem a maior repercussão entre as bases
de dados internacionais, cobrindo os periódicos científicos na área das ciências puras, sociais,
artes e humanidades. Desta forma, neste estudo, ao se analisar os artigos referentes ao tema de
pesquisa nos principais jornais e revistas indexados na base de dados do ISI, oportunizou-se
realizar uma sistematização do assunto na literatura internacional com maior fator de impacto
do mundo.
Para ilustrar a relevância da base de dados do ISI, cabe ressaltar que recentemente,
a CAPES, editou documento que descreve os critérios gerais de classificação de periódicos
científicos, editados no exterior e no Brasil, de interesse de programas de pós-graduação em
Administração, Contabilidade e Turismo, em decorrência de reavaliação realizada em 2005,
pelo sistema QUALIS de periódicos científicos referentes ao triênio 2004 2006. O sistema
Qualis é o resultado do processo de classificação dos veículos utilizados por programas de
pós-graduação para a divulgação da produção intelectual de seus docentes e alunos. Tal
sistema foi concebido pela Capes para atender as necessidades específicas de avaliação da
pós-graduação. Os periódicos científicos são enquadrados em categorias indicativas da
qualidade - A, B ou C e do âmbito de circulação dos mesmos (internacional, nacional ou
local). De acordo com este documento, a Comissão de Administração, Contabilidade e
Turismo adota como critério de classificação de periódicos estrangeiros o Fator de Impacto da
base de dados Journal Citation Reports (JCR), para os níveis A e B, sendo nível A os
periódicos com fator de impacto igual ou superior a 0,5 e nível B os periódicos com fator de
impacto inferior a 0,5 (CAPES, 2006). Importante notar que para um estudo desta natureza,
estes fatos justificam e reiteram o interesse por esta base de dados.
Na base de dados do ISI, na área de Administração, são relacionados 43 títulos de
periódicos científicos na categoria de negócios e 52 na categoria de administração. Destes
títulos 22 são coincidentes, ou seja, constam nas duas áreas temáticas, o que perfaz um total
de 117 periódicos analisados, conferindo ao estudo o caráter de análise de produção científica.
15
Assim, vale salientar que um estudo como este, caracterizado como análise da produção
científica existente em determinado assunto é uma prática largamente adotada no meio
acadêmico, e independente do assunto analisado, justifica-se à medida que contribui para a
socialização dos resultados encontrados por diferentes autores e torna comum o conhecimento
a respeito do estágio em que se encontram as pesquisas acerca de um determinado tema.
Exemplo de estudo desta natureza, é o estudo de Valencia e Lamolla (2005), voltado à área do
empreendedorismo feminino, que analisou e classificou estudos nesta temática, de acordo
com o framework desenvolvido por Gartner (1985). Nos aspectos relacionados à temática
analisada e a metodologia adotada, o estudo realizado por Valencia e Lamolla (2005)
assemelha-se à esta pesquisa, diferindo, no entanto, quanto ao objeto de estudo, que esta
pesquisa toma como objeto de estudos uma base de dados internacional de grande relevância.
Na área de administração brasileira, vários trabalhos denotam interesse em
analisar a produção científica. Desta forma, cabe ressaltar alguns deles, como o de Machado;
Cunha e Amboni (1990), que com o objetivo de oferecer uma visão panorâmica da área de
estudos organizacionais em administração, analisaram 142 artigos selecionados das principais
revistas brasileiras de administração no período de 1985 a 1989. Entre as conclusões do
estudo, percebe-se que a situação da área não é das melhores e que embora tenha havido um
crescimento do número de artigos publicados, a qualidade da produção não aumentou na
mesma proporção, sendo que percentual significativo dos artigos é de área duvidosa. Foram
identificados onze temas principais para os artigos, dos quais os referentes à gestão e
planejamento e à mudança e inovação, foram os de maior incidência.
Estudos como o de Bertero e Keinert (1994), também denotava a preocupação
em analisar origem, evolução e tendências na área de análise organizacional no Brasil. Para
isto, os autores tomaram como objeto de estudo as publicações da Revista RAE, considerada
representativa da produção na área de análise organizacional. Foram analisados os estudos
publicados na revista no período de 1961 até 1993 referentes ao assunto, num total de 184
artigos. O principal objetivo do estudo era analisar o conteúdo dos artigos e classificá-los
segundo três indicadores: a perspectiva teórica utilizada pelo autor ao escrever o artigo; as
variáveis organizacionais analisadas pelos artigos e os autores referidos com maior freqüência
pelos que escreveram na RAE. Entre outras constatações, o estudo concluiu que a produção
brasileira é grande repetidora de idéias produzidas alhures, com predominância da americana;
que a produção existente é predominantemente acadêmica e que a produção nacional é de
reduzida originalidade.
16
Em estudo similar, também Vergara e Carvalho (1995) buscaram analisar até que
ponto a produção científica brasileira em organizações estava calcada em referencial
estrangeiro, especialmente o americano e quais as razões para isto. A pesquisa estendeu-se aos
artigos científicos em administração de empresas publicados no Brasil entre 1989 e 1993,
num total de 165 artigos. Igualmente, os resultados mostraram que a produção científica
brasileira no momento em que o estudo foi realizado, estava fortemente calcada em
referencial estrangeiro, sobretudo americano, com igual destaque para um grupo de quatro
nacionalidades: francesa, inglesa, alemã e canadense, as referências brasileiras eram a
minoria.
os autores Perin et al (2000) tiveram como objetivo em seu estudo levantar as
pesquisas empíricas do tipo survey publicadas na década de 90 nos anais dos ENANPADs na
área de marketing. O estudo permitiu, entre outros, classificar as pesquisas de acordo com a
sua natureza: exploratória, descritiva ou causal e concluiu, principalmente, que falta rigor
científico aos estudos analisados em muitos aspectos.
Bignetti e Paiva (2002) procuraram analisar as linhas de pensamento
predominantes nos estudos de pesquisadores brasileiros na área de administração estratégica.
Foram analisados os estudos apresentados no ENANPAD dos anos de 1997 a 2001. Para
tanto, utilizou-se referencial teórico que classifica os principais autores da área, desde os
clássicos até os mais recentes. Os resultados apontam pouca importância dada aos trabalhos e
modelos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e uma predominância da visão
determinística do ambiente, em que Porter é um dos autores mais citados.
Tonelli et al (2003) desenvolveram estudo voltado para a análise da produção
científica em recursos humanos na década de 1990 publicados nos principais periódicos
científicos brasileiros e no ENANPAD. Os estudos foram analisados quanto à temática, base
epistemológica, orientação metodológica e demografia de autoria e os resultados mostraram
além de outros aspectos, um significativo crescimento da produção científica na área de
administração tendo como tema dominante o comportamento organizacional e a baixa
diversidade de origem dos estudos.
Em estudo realizado por Arkader (2003) buscou-se acompanhar a evolução
histórica da pesquisa científica em gerência de operações no país, buscando traçar a trajetória
das preocupações, dos métodos e da relevância teórica e prática desta pesquisa, nos principais
veículos de publicações da área. À exemplo do que constataram Bignetti e Paiva (2002),
também neste estudo ficou evidenciada a incipiência da produção nacional na área de gerência
de operações. Alguns aspectos apontam para a restrição dos recursos destinados pelas escolas
17
de negócios do país ao desenvolvimento da pesquisa científica e a falta de estudos e pesquisas
de caráter colaborativo entre os autores da área, indicando que ainda se busca uma identidade
própria nesta área de pesquisa.
Quintella (2003)
desenvolveu estudo com o objetivo de traçar linhas de
comparação entre o maior evento acadêmico na área de Administração da América do Norte,
o Meeting of the Academy of Management (AOM) e seu equivalente brasileiro, o encontro da
ENANPAD, no ano de 2002. Foram analisados os aspectos relativos ao tamanho dos eventos,
áreas temáticas, custos de participação nos eventos, processos internos e de seleção dos
participantes, formatos das apresentações e interdisciplinaridade, internacionalização e
qualidade dos eventos e das produções. Os resultados apresentam além de outros aspectos,
desafios a serem vencidos pelos dois eventos como, por exemplo, a manutenção da qualidade
e busca da aplicabilidade prática dos trabalhos apresentados no AOM, a elevação da
qualidade e a conquista da internacionalização para o ANPAD. Este conclui que ambos os
eventos ainda se encontram em pleno processo de crescimento, o que suscita discussões a
respeito dos papéis e contribuições destes eventos à democracia e à sociedade como um todo.
Também com a preocupação de analisar a produção científica em uma
determinada área, mais especificamente o perfil da pesquisa em finanças públicas no Brasil,
Leal; Oliveira e Soluri (2003) analisaram uma amostra de 551 artigos da área de finanças
publicados entre 1974 e 2001 nas principais revistas da área de administração e economia,
além do ENANPAD. O levantamento mostrou vários aspectos, como por exemplo, que a
pesquisa em finanças parece ser bem menos produtiva no Brasil do que nos EUA, que a
maioria dos artigos apresenta somente um autor, a produtividade dos autores nacionais está
concentrada em poucos indivíduos e mais de 70% dos autores publicou apenas um artigo.
Vieira (2003) também realizou estudo com a intenção de analisar a influência da
publicação científica brasileira em marketing sobre a produção acadêmica no Brasil. A análise
concentrou-se em 272 artigos publicados nos principais periódicos brasileiros de
administração investigando a temática, o número de autores, a filiação acadêmica dos autores
dos artigos, o número total de citações por artigo, o número total de citações por periódico e o
número de citações relativas a periódicos internacionais e brasileiros por artigo publicado.
Constatou-se que a publicação científica brasileira na área de marketing não tem servido
como referência para a produção acadêmica nesta área, os temas das pesquisas estão
concentrados em comportamento do consumidor, marketing de serviços, comunicação e
propaganda e sistemas de informação e pesquisa de mercado. Ainda, ficou constatado que o
pesquisador brasileiro de marketing utiliza largo escopo de livros e periódicos, dando
18
preferência para os autores e trabalhos internacionais, o que impede-lhe de ver-se a si mesmo
e outros pesquisadores brasileiros como autores nesta área de pesquisa.
Mais recentemente, Mendonça Neto et al. (2005) com idêntica preocupação de
mapear as produções científicas de determinada área, analisou a distribuição, características
metodológicas, a evolução e a temática das publicações científicas em contabilidade,
veiculadas nas revistas nacionais com conceito “A” pela CAPES, no período de 1990 a 2003.
O levantamento apontou 2.037 artigos publicados, dos quais 60 foram identificados como de
contabilidade, apontou também as instituições com maior número de publicações, onde se
destaca a USP e revelou menor produtividade dos autores nacionais em relação à
produtividade de outras áreas no Brasil e em relação aos autores internacionais no referido
período.
Com relação à área de empreendedorismo feminino, cujo tema constitui o
interesse central deste trabalho, merece menção o estudo realizado por Valência e Lamolla
(2005), que teve como foco central os estudos e pesquisas realizadas acerca da atuação das
mulheres no ramo de negócios. As autoras realizaram uma revisão bibliográfica sobre
empreendedorismo feminino do ano de 1990 até 2004, em artigos acadêmicos, livros,
congressos e conferências, nas publicações dos principais jornais da área de
empreendedorismo do mundo, além da base de dados e estudos do GEM. Valencia e Lamolla
(2005) analisaram e classificaram os estudos a partir do framework de criação de novos
negócios proposto por Gartner (1985), cuja estrutura é composta por quatro dimensões: a)
individual; b) a organização; c) o processo e; d) o meio-ambiente, apresentando as principais
conclusões encontradas nos estudos para os quatro níveis propostos no modelo de Gartner
(1985).
Como se pode perceber, os estudos de análise da produção científica possuem
inegável relevância e têm sua contribuição reconhecida pelo mundo acadêmico, no entanto,
embora de igual relevância e crescente importância, as pesquisas relacionadas ao
empreendedorismo feminino no mundo ainda carecem de estudos mais aprofundados e
específicos, capazes de indicar o estágio atual das pesquisas voltadas a esta temática. Neste
sentido, esta pesquisa é pertinente e relevante, à medida que contribui para o conhecimento e
disseminação entre a comunidade cien tífica de informações acerca das pesquisas científicas
sobre o empreendedorismo feminino publicadas numa das bases de dados referenciais para a
área de Administração, a base de dados do ISI.
19
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
É inegável o crescimento dos estudos e pesquisas relacionados ao
empreendedorismo em todo o mundo, da mesma forma que se constatou que a análise da
produção científica em determinadas áreas temáticas é uma prática usual. Percebe-se, no
entanto, que embora muitos estudos voltados para a análise da produção científica tenham
sido realizados, se desconhece o que está sendo publicado e disseminado em periódicos
científicos internacionais, de alto fator de impacto na literatura da área, e indexados na base
de dados do ISI, uma referência no mundo científico. Até onde se tem conhecimento, existem
poucos estudos de revisão bibliográfica sobre o empreendedorismo feminino. Assim, cabe
ressaltar que os estudos existentes desta natureza, como por exemplo, o de Valencia e
Lamolla (2005), apesar da incontestável relevância, no entanto, não contemplaram, ainda,
como objeto de estudo os periódicos científicos da área de administração e negócios,
indexados na base de dados de maior importância internacional, como é a base de dados do
ISI, que tem a maior repercussão entre as bases de dados internacionais, constando da lista
dos melhores periódicos do mundo (TARGINO; GARCIA, 2000).
Considerando que a análise da produção científica em uma determinada área
temática contribui para o aumento do conhecimento e a socialização dos resultados
encontrados por diferentes autores, evidenciando o estágio em que se encontram as pesquisas
acerca desta temática, também para o empreendedorismo feminino esta assertiva tem
validade.
1.2 QUESTÕES DE PESQUISA
Com este entendimento, a seguinte questão de pesquisa norteou o estudo:
Qual é o estágio da produção científica em empreendedorismo feminino, nos
últimos dez anos considerando os periódicos científicos da área de administração e negócios,
indexados na base de dados do ISI?
Com base neste questionamento inicial, outras questões mais específicas foram
levantadas, tais como:
a) Quais as características dos periódicos científicos indexados na base de dados do
ISI, da área de administração e negócios, que publicam sobre empreendedorismo
feminino, quanto ao título do periódico, periodicidade, local de publicação, área,
20
fator de impacto, título do artigo publicado, autor do artigo, volume, número, ano,
endereço eletrônico e ISSN?
b) Quais os aportes constantes na literatura publicada e disseminada nestes periódicos
científicos, em termos de assuntos e locais ?
c) Como pode ser classificada esta literatura à luz do modelo de criação de novos
empreendimentos, desenvolvido por Gartner (1985)?
1.3 OBJETIVOS
Buscando responder a estes questionamentos, enunciam-se os seguintes objetivos
de pesquisa.
1.3.1 Geral
Estudar a produção científica sobre empreendedorismo feminino veiculada nos
periódicos científicos indexados na base de dados do ISI, em negócios e administração, no
período compreendido entre 1997 a 2006.
1.3.2 Específicos
a) Identificar os periódicos científicos indexados na base de dados do ISI, que
publicam sobre empreendedorismo e empreendedorismo feminino, nas áreas de
administração e de negócios.
b) Caracterizar estes periódicos científicos quanto ao título do periódico,
periodicidade, local de publicação, área, fator de impacto, título do artigo
publicado, autor do artigo, volume, número, ano, endereço eletrônico e ISSN.
c) Identificar os artigos sobre empreendedorismo feminino, publicados nestes
periódicos quanto ao título e autor do artigo.
d) Conhecer características pessoais e profissionais dos autores dos artigos sobre
empreendedorismo feminino publicados nos periódicos da base de dados do ISI
e) Classificar estes artigos segundo a estrutura de criação de novos
empreendimentos proposta por Gartner (1985).
21
1.4 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
Uma pesquisa desta natureza justifica-se em termos teóricos e práticos.
Teoricamente, os estudos sobre a produção existente em áreas específicas são válidos na
medida em que oportunizam medir e analisar determinada área do saber. De forma específica,
este trabalho também caracterizado como estudo de produção científica, oportunizou analisar
estudos na área do empreendedorismo feminino, contribuindo na medida em que o tema é
relevante na atualidade, por seu caráter interdisciplinar, sua importância para a sociedade e
crescente interesse da comunidade acadêmica. A prática desta pesquisa justifica-se ainda,
pelos benefícios que seus resultados trazem para o assunto em si, à medida que socializa os
achados de pesquisas internacionais de alta relevância, tornando comuns os indicadores de
pesquisa acerca de determinada temática em uma importante base de dados internacional,
como é a base de dados do ISI, aumentando desta forma, o conhecimento existente sobre o
tema, já que os estudos até então publicados são ainda pouco freqüentes.
Importante notar também, que o interesse por estudos relacionados à atividade
empreendedora das mulheres tem crescido no mundo todo, na mesma proporção em que tem
crescido a participação das mulheres na geração de emprego e renda. Nos quatro cantos do
planeta, a sociedade como um todo, volta-se para o novo papel desempenhado pela mulher na
dinâmica econômica e social, governos de muitos países têm reconhecido a importante
colaboração oferecida pelas mulheres à frente da gestão de empresas e como colaboradoras no
mercado de trabalho. Tanto a sociedade como o governo tem demonstrado interesse em
conhecer mais profundamente o perfil do público empreendedor feminino, suas necessidades
e desejos, na intenção de contribuir para a geração e consolidação de um meio ambiente não
somente mais propício, mas também capaz de fomentar a atuação das mulheres como
empreendedoras. Conhecer mais profundamente os fatores que afetam o desempenho das
mulheres como empreendedoras como educação, renda, aspirações, perfil, motivos que levam
a empreender, suas concepções de empreendedorismo, dificuldades de conciliar jornada de
trabalho; família e filhos, discriminação, acesso ao crédito, fatores que promovem satisfação,
principais áreas de atuação entre outros, podem contribuir muito com o governo e a sociedade
nesta jornada. Neste sentido, os estudos na área do empreendedorismo feminino podem
contribuir à medida que seus resultados podem ser utilizados como norteadores da ação da
sociedade e dos governos no sentido de fomentar o empreendedorismo feminino. Assim,
estudos como o de Verheul; Van Stel e Thurik (2004) mostraram, por exemplo, que um fator
de extrema importância para as mulheres empreendedoras é o índice de satisfação de vida
22
como fator de impacto positivo sobre os negócios. Outros estudos, como o de Marlow e
Patton (2005) e de Jonathan (2005) sugerem que as mulheres enfrentam desvantagens e
dificuldades em função do gênero. Gomez; Santan e Silva (2005) e Machado, Barros e
Palhano (2003) apresentam algumas dimensões e implicações das dificuldades enfrentadas
pelas mulheres na condução dos negócios, sugerindo ações específicas como desenvolvimento
de políticas públicas, oferecimento de ferramentas de suporte e capacitação, acesso ao crédito,
educação e etc., como forma de aumentar o índice de satisfação e qualidade de vida das
mulheres, fomentando sua atividade empreendedora. A partir destes exemplos, fica evidente
que os estudos voltados às mulheres enquanto empreendedoras revestem-se de relevância à
medida que constituem uma importante ferramenta capaz de apresentar indicadores
importantes retratando a atuação feminina à frente de negócios, sua forma de trabalhar,
desafios e dificuldades enfrentadas, resultados e expectativas.
Vale notar ainda, que embora a mulher sempre desempenhasse papel importante
na sociedade, atualmente este papel adquiriu nova conotação e ainda maior relevância em
função de sua atuação ativa e crescente nas mais variadas áreas, especialmente à frente da
condução de negócios, podendo ser chamadas de “força econômica do futuro” (O’MEALLY,
2000). Cabe destacar, que de acordo com o último boletim publicado pelo GEM (2006), a
atividade empreendedora das mulheres cresceu no mundo todo, sendo que o Brasil ocupa a
sexta posição no ranking do empreendedorismo feminino. Também em outros países do
mundo, a atividade empreendedora das mulheres sofreu sensível aumento em muitos setores,
as mulheres estão alcançando posição de destaque em empresas de alta tecnologia, serviços
profissionais e construção, sendo que nos EUA atualmente, as mulheres são responsáveis por
38% dos novos negócios que são abertos (COLETTE; KENNEDY, 2002) ao mesmo tempo
em que começam negócios duas vezes mais rapidamente que os homens (O’MEALLY, 2000).
Assim, os estudos relacionados ao empreendedorismo feminino revestem-se de importância
cada vez maior no mundo todo.
Em termos metodológicos, o proposto por Gartner (1985) como modelo de
estrutura para analisar estudos na área de empreendedorismo, foi testado e aprovado como
sendo um modelo útil e prático para analisar pesquisas nesta área, especialmente para o
empreendedorismo feminino, conforme afirmam Valencia e Lamolla (2005). Desta forma,
pode servir de base para novas pesquisas, no mesmo tema ou em temas correlatos,
oportunizando estudos comparativos que possam contribuir para caracterização da produção
científica internacional. De maneira ainda mais ampla, pode constituir um indicador ou
parâmetro de estudo para a avaliação de produção científica em empreendedorismo feminino,
23
uma vez que até então nenhum estudo como este foi realizado, tendo como objeto de estudos
a base de dados do ISI.
Justifica-se também o interesse pessoal da pesquisadora por esta pesquisa, uma
vez que sua atividade profissional como docente tem estreita ligação com o assunto, além do
fato de ser membro integrante de um grupo de estudo mais amplo de avaliação do ensino e da
produção científica em empreendedorismo nos cursos de graduação e de pós-graduações
brasileiros, da área de administração, no PPGAd da FURB. Desta forma, reveste-se de
importância a idéia central desta pesquisa, de analisar os estudos relacionados ao
empreendedorismo feminino indexados nas bases de dados do ISI, visto constituir-se no que
se acredita ser de melhor qualidade em termos de produtividade científica neste assunto, no
mundo, e publicado nos mais conceituados periódicos científicos da área de administração e
de negócios. A realização deste trabalho amplia ainda o foco dos estudos que vêm sendo
desenvolvidos no PPGAd da FURB, sendo que o grupo de pesquisa estabelecido constitui-se,
atualmente, em ponto de convergência e de referência sobre o ensino e a produção científica
em empreendedorismo.
É importante ressaltar ainda, que a análise da produção científica existente em
determinados assuntos é uma prática largamente adotada no meio acadêmico, e independente
do assunto analisado, justifica-se à medida que contribui para a socialização dos resultados
encontrados por diversos autores acerca de um determinado tema. Na área do
empreendedorismo feminino, este estudo, também caracterizado como de análise de produção
científica, contribui para minimizar a carência de estudos e indicadores na área, sob o enfoque
proposto. Assim, a realização desta pesquisa contribui para diminuir a lacuna existente na
temática analisada, sendo que seus resultados podem servir de parâmetro para traçar um
cenário atual desta área de pesquisas no mundo e nortear a realização de novas pesquisas.
1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA
A pesquisa está estruturada em cinco capítulos distintos, a saber:
O primeiro capítulo contém a introdução, as questões e os objetivos de pesquisa, a
justificativa e relevância do estudo;
O segundo capítulo apresenta a revisão de literatura. Inicialmente, resumindo um
apanhado conceitual do empreendedorismo e um panorama do empreendedorismo no mundo.
24
Em seguida, mostrando os principais estudos nacionais e internacionais sobre o
empreendedorismo feminino;
O terceiro capítulo aborda o método, detalhando as técnicas adotadas para o
desenvolvimento da pesquisa científica, a população e a amostra, a análise dos dados e o
modelo adotado para esta análise dos dados;
O quarto capítulo evidencia os resultados específicos em termos de estudos,
discussões e considerações;
O quinto capítulo apresenta as conclusões do estudo.
Complementando o trabalho estão as referências do material citado.
25
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nesta parte do estudo, apresenta-se a evolução conceitual do tema, alguns
indicadores e conceitos de autores renomados na área, um panorama do empreendedorismo no
Brasil e no mundo e a evolução do empreendedorismo feminino. A seguir, são mencionados
importantes estudos nacionais e internacionais relacionados ao empreendedorismo feminino.
2.1 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO
Um dos primeiros autores a referenciar o termo empreendedor foi o economista
austríaco Joseph Alois Schumpeter, em sua obra “Teoria do Desenvolvimento econômico”
onde atribui grande importância às “novas combinações de meios de produção” ou
“empreendimento”, e ao “empresário”, cuja principal função no ponto de vista do autor, seria
a realização de tais combinações, não pela posse dos meios de produção, mas sim, pela
constante implementação de inovações (SCHUMPETER, 1982). Mais tarde, Schumpeter
(1988) refere-se à essência do empreendedorismo como sendo a percepção e a exploração de
novas oportunidades, no âmbito dos negócios, utilizando recursos disponíveis de maneira
inovadora, onde empreendedor e inovação interagem, totalmente.
Segundo Carland; Hoy; Boulton (1984), o empreendedorismo está ligado ao
conceito de competência, pois na formação do empreendedor deve-se procurar a aquisição de
conhecimentos, habilidades, experiências, capacidade criativa e inovadora. Para Degen
(1989), com base na visão econômica do empreendedorismo, o empreendedor é o agente do
processo de destruição criativa, definido por Joseph A. Schumpeter como o impulso
fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando
novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente,
sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros.
Conforme Dolabela (1999a) o termo empreendedorismo corresponde a uma livre
tradução da palavra entrepreunership e designa uma área de abrangência que se ocupa, além
da criação de empresas, dos seguintes tópicos: geração do auto-emprego,
intraempreendedorismo, empreendedorismo comunitário e políticas públicas. Esta definição
26
permite ver a amplitude de conceitos relacionados ao tema originados em diversas pesquisas
que tiveram como foco o empreendedor.
Filion (1999) depois de extensa análise bibliográfica verificou que os
pesquisadores tendem a perceber os empreendedores e defini-los de acordo com as premissas
de suas próprias disciplinas e identificou três diferentes correntes de pensamento entre os
autores: a dos economistas, a dos behavioristas e outra, que conjuga diversos aspectos. Para os
economistas, o empreendedor caracteriza-se pela predisposição a inovar e assumir risco,
estreitamente ligado à dinâmica do sistema econômico. Mais tarde, nas décadas de setenta e
oitenta as ciências do comportamento influenciaram os trabalhos que tinham por objetivo
descobrir “quem é o empreendedor”. A partir dos anos noventa, estudos contemporâneos
buscavam resposta à outra pergunta: “o que faz um empreendedor”.
Para Dolabela (1999b, p.25), o que faz um empreendedor de sucesso é “um
conjunto de atitudes e comportamentos que o predispõe a ser criativo, identificar a
oportunidade e saber agarrá-la, e a encontrar e gerenciar os recursos necessários para
transformar a oportunidade em um negócio lucrativo”. O empreendedor é um ser social,
produto do meio em que vive, ou seja, vivendo em um ambiente onde ser empreendedor é
algo positivo, terá motivação para criar seu próprio negócio.
Filion (1999, p.19), usando uma síntese das várias teorias da literatura define o
empreendedor como “uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Qualquer pessoa
pode ser inovadora e a maioria dos produtos inovadores foi criada por indivíduos que
queriam achar uma maneira mais prática de resolver um problema ou transformar a própria
vida e a vida dos outros. Na concepção de Filion (1999) existem diferenças envolvendo a
definição de empreendedor. O significado da palavra empreendedor pode variar de acordo
com o país e a época. Para o autor, o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e
realiza visões.
Para uma pessoa ser considerada empreendedora, deve possuir além de
capacidades técnicas, outras gerenciais e pessoais. Quanto às capacidades técnicas, deve ser
capaz de captar informações, ter liderança, capacidade de oratória, saber trabalhar em equipe,
etc. As habilidades gerenciais capacitam o empreendedor para lidar com marketing, finanças,
logística, produção, tomada de decisão e negociação. As características pessoais incluem
disciplina, persistência, habilidade de correr riscos, inovar etc. (DORNELAS, 2001).
Os motivos que levam homens e mulheres a empreender e a criar novos negócios,
a curiosidade acerca das características comportamentais e do perfil das pessoas consideradas
empreendedoras, têm suscitado o surgimento de pesquisas em todo o mundo nos últimos anos.
27
Alguns autores como Dolabela (1999a) e Filion (1999) acreditam que as pessoas que
empreendem possuem alguns traços comuns entre si, que as diferenciam das demais em
termos de personalidade e comportamento empreendedor. Estes autores consideram que estes
profissionais possuem perseverança e tenacidade, usam o fracasso como fonte de aprendizado
e desenvolvem forte intuição como resultado de um profundo conhecimento do ramo em que
atuam.
Também no intuito de buscar respostas para estas questões, Filion (1999) realizou
pesquisas junto à empreendedores de todo o mundo, resumindo da seguinte forma o perfil do
empreendedor: é um ser social, produto do meio em que vive (época e lugar). Assim, se uma
pessoa vive em ambiente empreendedor, isso como algo positivo e tem motivação para
criar o seu próprio negócio, o que Degen (1989) chama de capital social. Desta forma, pode-
se afirmar que, quanto mais empreendedores uma sociedade tem e quanto maior o valor dado
aos modelos empresariais, maior será o número de jovens que procurarão imitar modelos
empreendedores como opção de carreira. Estas idéias estão em conformidade também com as
de McClelland (1961), de que o ser humano é um produto social e que se pode ver o
empreendedorismo como um fenômeno cultural, fruto dos hábitos, práticas e valores dos
grupos sociais.
Muitos autores destacam a capacidade de assumir riscos, como característica
típica dos empreendedores. Degen (1989) diz que nem todas as pessoas têm disposição para
assumir riscos. O empreendedor sim, tem de assumir riscos, e o seu sucesso está na
capacidade de conviver e sobreviver a eles. Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é
preciso aprender a administrá-los. Os empreendedores são ainda, competentes em buscar,
utilizar e controlar recursos possui iniciativa, autonomia, autoconfiança e otimismo. São
líderes e buscam tecer redes de relações, que utilizam como suporte para o alcance de seus
objetivos.
Pode-se perceber que as características relacionadas ao comportamento
empreendedor e o movimento do empreendedorismo, tem sido tema de estudos realizados em
todo o mundo, por autores renomados, nesta área, como Filion (1993); Dornelas (2003);
Dolabela (1999b); Schumpeter (1982), McClelland (1953, 1972), Timmons (1985), Degen
(1989); Hisrisch e Peters (2004), Kuratko e Hodgetts (1989).
28
2.2 O BRASIL EMPREENDEDOR E A EVOLUCÃO DO EMPREENDEDORISMO
FEMININO
Embora até os anos oitenta o setor secundário da economia tenha representado
uma fonte significativa de emprego para trabalhadores especializados, a partir de meados da
década de oitenta e início da década de noventa, fortes mudanças aconteceram na nova
dinâmica produtiva mundial. Estas mudanças trouxeram a integração de mercados e a abertura
da economia brasileira ao comércio internacional, a explosão do setor de serviços, o aumento
do trabalho informal e o crescimento vertiginoso dos pequenos empreendimentos.
Em sintonia com este movimento econômico, nos últimos anos, micro e pequenas
empresas adquiriram importância inédita e crescente na dinâmica da economia mundial e
também no Brasil. Dados recentes permitem quantificar esta realidade. De acordo com o
último relatório publicado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2006), que é um dos
órgãos que monitora a atividade empreendedora no mundo, o Brasil continua, em 2006, entre
as nações onde mais se criam negócios. O País
registrou uma taxa de empreendedores iniciais
de 11,3%, situando-se na sétima colocação entre os países participantes da pesquisa, subindo
uma posição em relação ao ano anterior. Os dados mostram ainda que o Brasil ocupa a 15ª
posição no ranking do empreendedorismo por oportunidade e a posição no ranking de
empreendedorismo por necessidade, evidenciando cada vez mais a influência do
empreendedorismo por necessidade no Brasil em relação aos demais países.
Com relação a atividade empreendedora segundo o gênero nos países pesquisados
pelo GEM (2006) o Brasil é o sexto no empreendedorismo feminino e o 13º no
empreendedorismo masculino. As mulheres, aqui, são menos atuantes em empreendimentos
estabelecidos do que os homens. Dados acumulados de 2001 a 2005 revelam haver dois
homens para cada mulher à frente de negócios com mais de 42 meses, e, também, a taxa de
empreendedores homens iniciais é de 14,6%, enquanto entre as mulheres esta taxa é de
10,9%. Esses dados indicam, por um lado, uma tendência à igualdade dos gêneros no que se
refere ao empreendedorismo e, por outro lado, que elas são fundamentais para a posição de
destaque do Brasil no ranking internacional do empreendedorismo. Em 2005, por exemplo,
segundo o relatório do GEM (2006), entre os empreendedores iniciais, praticamente um
homem para cada mulher no Brasil, o que dá ao país a segunda maior prevalência de
mulheres, atrás apenas da Hungria, onde as empreendedoras constituem praticamente o dobro
dos empreendedores
.
29
Crescendo a atividade empreendedora, automaticamente cresce o número de
empresas criadas por estes empreendedores. Segundo o SEBRAE (2006), é indiscutível no
Brasil a importância das micro e pequenas empresas. Conforme o órgão, criado no Brasil com
o objetivo de oferecer apoio à criação e desenvolvimento de pequenas empresas, elas são
hoje responsáveis por 60% dos empregos da população economicamente ativa, constituem
98% das empresas existentes e geram 42% da renda do setor industrial. Este segmento da
economia é composto por 3,5 milhões de pequenas empresas que representam 98,3% das
empresas registradas.
A importância do empreendedorismo e das pequenas empresas vem sendo
reconhecido há bastante tempo, especialmente nos países desenvolvidos, pelo papel que
desempenham na geração de empregos e de riquezas. No Brasil, constituem ponto chave para
acelerar o desenvolvimento na atual conjuntura econômica. Isto explica algumas ações
brasileiras no sentido de disseminar e apoiar ações empreendedoras. Como exemplo podem
ser citados programas como o SOFTEX e Geração de Novas Empresas de Software,
Informação e Serviços (GENESIS), que oferece apoio ao desenvolvimento de atividades de
empreendedorismo em software, ações voltadas a capacitação de empreendedores como o
Programa de capacitação para empreendedores (EMPRETEC), o Jovem Empreendedor do
SEBRAE, diversos programas e cursos que estão sendo criados na área do
empreendedorismo, além das incubadoras que ocupam lugar de destaque cada vez maior,
sendo que o Brasil possui 207 incubadoras em operação e em torno de 71 em fase de
implantação.
De acordo com o último relatório publicado pelo GEM, o Brasil continua em
2006,
entre as nações onde mais se criam negócios, ocupando a sétima colocação no ranking
mundial, subindo uma posição em relação ao ano anterior. Cresceu também a taxa de
participação das mulheres na criação de negócios.
No quadro 1 é possível perceber a evolução da participação feminina nos negócios
no período de 2001 a 2005, conforme relatório publicado pelo GEM (2006). Importante notar
que a razão homem/mulher na abertura de negócios modificou-se sensivelmente no período
analisado, sendo que atualmente, existe praticamente uma mulher para cada homem que
empreende no Brasil.
30
Quadro 1 Evolução dos empreendedores de negócios, por gênero, no Brasil, 2001
2005
Fonte: Pesquisa de campo – GEM Brasil 2001, 2002, 2003, 2004, 2005
Os dados mostram ainda, que a atividade empreendedora segundo o gênero no
Brasil, coloca o país como o sexto no empreendedorismo feminino em relação aos demais
países do mundo. Segundo o relatório, as mulheres, aqui, são menos atuantes em
empreendimentos estabelecidos do que os homens. No entanto, segundo o relatório, entre os
empreendedores iniciais, praticamente um homem para cada mulher no Brasil, o que ao
país a segunda maior prevalência de mulheres, atrás apenas da Hungria, onde as
empreendedoras constituem praticamente o dobro dos empreendedores. Desta forma, fica
evidenciada a crescente participação das mulheres na atividade econômica brasileira, o que
faz crescer também o interesse em conhecer mais a respeito do comportamento das mulheres
à frente dos negócios. Consequentemente, os estudos e pesquisas relacionados a participação
das mulheres enquanto gestoras de empreendimentos têm crescido significativamente, não só
no Brasil, mas em todo o mundo.
Neste contexto, onde é visível o crescente interesse pelo empreendedorismo
feminino por parte da sociedade e dos governos, também é crescente o interesse pelo tema
junto à comunidade científica, resultando num número também crescente de estudos
realizados voltados à esta temática. No cenário nacional, um número crescente de trabalhos
tem sido apresentado, principalmente nos últimos cinco anos, ou seja, de 2001 a 2006, em
eventos como os promovidos pela Associação Nacional dos Cursos de Graduação em
Administração (ANGRAD) e pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Administração (ANPAD), que figuram e são pontuados na Lista Qualis da CAPES. Da
mesma forma, no evento brasileiro mais específico sobre empreendedorismo, o Encontro de
Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE), também
integrante e pontuado no Qualis da CAPES, trabalhos sobre esta temática vêm sendo
apresentados (D’ALBERTO; SILVEIRA, 2005).
31
Este interesse pode ser justificado, segundo Dornelas (2001), em função do
contexto atual, que se mostra propício ao surgimento de um número cada vez maior de
empreendedores. No Brasil, as instituições de ensino superior (IES), notadamente as
universidades, vêm demonstrando crescente interesse e preocupação pelo assunto, o que se
percebe por meio do aumento de disciplinas específicas sobre empreendedorismo em cursos
de administração, ao mesmo tempo em que o ensino e pesquisa na área de empreendedorismo
tornaram-se alvo da atenção de estudiosos e pesquisadores, aparecendo como tema central de
inúmeros trabalhos científicos.
Acredita-se que um dos fatores que contribuiu significativamente para o aumento
da importância que vem sendo dada aos estudos na área do empreendedorismo feminino, está
relacionado ao aumento da participação da mulher no mercado de trabalho. Neste contexto,
crescem também a curiosidade e as especulações acerca das características pessoais e
comportamentais das mulheres frente aos negócios, traduzindo-se em questões de pesquisa e
estudos junto ao público empreendedor feminino.
No Brasil, ilustram este contexto alguns estudos desenvolvidos na última década,
como a pesquisa realizada pelo Instituto Catarinense de Estudos Sociais, Políticos e
Econômicos (2000), que mostrou que um terço das empresárias catarinenses é chefe de
família, pertencentes às classes sociais A/B, na maioria com idade até 40 anos, possuem curso
superior - ou, no mínimo, o segundo grau completo. Segundo a pesquisa, as principais razões
apontadas para estabelecer negócio próprio, foram a identificação de oportunidades,
experiência anterior e disponibilidade de capital e tempo para dedicar-se à vida executiva
(LOETZ, 2000).
Outra pesquisa junto ao público empreendedor feminino foi realizada pela
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), em Joaçaba, no ano de 2005, com o
objetivo de diagnosticar o perfil das mulheres empresárias dos municípios de Joaçaba, Herval
d´Oeste e Luzerna. Vinculada ao programa de iniciação científica da UNOESC, a pesquisa
visou identificar as principais deficiências para a gestão do negócio apontadas pelas mulheres
entrevistadas, para, a partir dos resultados promover a realização de cursos de formação
profissional orientados a sanar as
deficiências levantadas, visando melhor desempenho da
administração empresarial protagonizada por estas mulheres. Estes e outros estudos permitem
verificar a crescente participação da mulher na ocupação de diversos postos de trabalho, tidos
até então como exclusivos do público masculino, bem como em atividades de criação, gestão
e desenvolvimento de empresas nos mais diversos setores (COORDENADORIA DE
MARKETING E COMUNICAÇÃO, 2005).
32
A ascensão da mulher no mercado de trabalho fez suscitar não somente pesquisas
no intuito de mapear sua evolução, mas também o surgimento de obras específicas, como o
livro publicado no Brasil pela autora chinesa Chin-Nig Chu intitulado "A Arte da Guerra Para
Mulheres” que aplica os conceitos da arte da guerra para o comportamento feminino, com
foco específico no desenvolvimento de estratégias de negociação (CHU, 2003).
À medida que cresce a participação da mulher na economia e nos negócios,
também os movimentos desenvolvidos pelas mulheres ligadas às atividades empreendedoras,
vêm adquirindo crescente destaque e importância. A classe de mulheres ligadas as atividades
empreendedoras vem organizando-se cada vez mais, ela estão criando associações e
promovendo eventos de grande repercussão, como é o caso da Federação Ibero-Americana de
Mulheres Empresárias, que promoveu em outubro de 2003, o XIV Congresso Ibero-
Americano de Mulheres Empresárias (CIME). O evento realizado pela primeira vez no Brasil,
reuniu cerca de 600 empresárias do Brasil, Argentina, Colômbia, México, Paraguai, Porto
Rico, Uruguai, Espanha Portugal e outros países. “Apesar de discutir negócios em geral, o
evento teve como principal enfoque a importância da presença da mulher no cenário
empresarial de todos os países”, conforme afirmou Maria Auxiliadora Chaer Lopes,
presidente do Conselho Nacional da Mulher Empresária, ligado à CACB- Confederação das
Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (UOL ON-LINE, 2006).
Outro exemplo de projeção da mulher na área de negócios e empreendimentos,
pôde ser conferido num dos maiores eventos da área de gestão e administração de negócios no
Brasil, a ExpoManagement, edição de 2003, congresso que reúne anualmente em São Paulo
os maiores nomes da administração nacional e mundial. Uma das novidades do evento foi
uma mesa redonda, que debateu o perfil feminino na gestão, reunindo nomes como Chieko
Aoki, presidente da rede Blue Tree Hotels, Eneida Bini, presidente da Avon Brasil e Luiza
Helena Trajano, presidente da rede de lojas Magazine Luíza (HSM ON-LINE, 2006).
Mais recentemente, o empreendedorismo feminino tem sido alvo de atenção
também dos governos de todo o mundo, inclusive do brasileiro, que desenvolve iniciativas
diversas visando ampliar o conhecimento nesta área. Exemplo disso é o programa
desenvolvido e lançado em 2005, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, em conjunto com
o Ministério da Educação, que por meio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
lançaram o Programa Mulher e Ciência, com o objetivo principal de oferecer recursos e
incentivos para a produção de pesquisas e estudos sobre a desigualdade entre homens e
mulheres no Brasil (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2006).
33
De forma semelhante, também no estado do Ceará, o Projeto Movimentos das
Mulheres Empreendedoras (LOTTA, 2003), promovido pelo governo do Ceará resgata a auto-
estima das mulheres pobres, desde o ano de 1999, numa iniciativa que vai além da geração de
emprego e renda. A iniciativa partiu da pressão exercida por mulheres sobre o governo no
sentido de fomentar o desenvolvimento de iniciativas de geração de emprego e renda e dos
resultados de uma pesquisa de diagnóstico realizada pela Secretaria Estadual do Trabalho e
Assistência Social, que constatou que muitas das mulheres que se formava em cursos
profissionalizantes tinham dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. Assim, e
inspirado no movimento desencadeado no bairro de Goiabeiras, nasceu o projeto. As
mulheres do bairro de Goiabeiras encontravam-se semanalmente em um dos Centros
Comunitários mantidos pelo Estado para discutir os problemas da comunidade e realizar
trabalhos em grupo, aprendendo novas técnicas artesanais e ajudando-se mutuamente para
aumentar a produtividade. Por meio desse Projeto, o Estado do Ceará promove a auto-estima,
oferece capacitação gerencial para egressas de cursos profissionalizantes, apóia a
comercialização do artesanato e de outros produtos e estimula o associativismo. Focalizando
as questões de gênero, o Projeto trabalha não apenas sobre os aspectos relacionados à
produção, mas também sobre a inserção social e o cotidiano das mulheres. A integração das
beneficiárias e o fortalecimento da identidade feminina transformam-se rapidamente em
movimentos organizados de mulheres. O resgate da cidadania é considerado o primeiro passo
para promover sua autonomia financeira. Atualmente são beneficiadas quase 400 mulheres,
em dez Centros Comunitários de Fortaleza. As ações incluem a oferta de cursos
profissionalizantes, o ensino de técnicas artesanais, a capacitação gerencial e reuniões
semanais denominadas “Encontros Marcados”. As reuniões são conduzidas por técnicos do
governo e agentes multiplicadores da comunidade capacitados pelo Projeto Amor à Vida, uma
iniciativa das secretarias de Trabalho e Assistência Social, de Educação Básica e de Saúde,
com o apoio da Organização das Nações Unidas. Alguns grupos aproveitam os “Encontros
Marcados” para discutir também a construção de um Plano de Desenvolvimento Local
Sustentável, com a assessoria de especialistas da Universidade Federal do Ceará, do Sebrae e
da organização não-governamental Instituto de Revitalização para o Trabalho (IRT). Também
são realizadas oficinas que atuam no resgate da auto-estima e de valores relacionados à
cidadania e aos direitos fundamentais, além de oficinas de criatividade e eventos festivos.
Quanto à capacitação profissional, as beneficiárias aprendem noções de gerenciamento,
marketing e plano de negócios. Para promover a capacitação, o Projeto Movimento das
Mulheres Empreendedoras conta com o apoio do Sebrae. Os cursos mensais, num total de 80
34
horas-aula, tratam de aspectos básicos da auto-sustentabilidade econômica dos pequenos
negócios. O aprendizado possibilitou maior organização produtiva para os grupos de
mulheres, que dessa forma obtiveram ganhos de escala na compra de insumos e acesso ao
crédito em condições especiais.
Percebe-se que, neste contexto, as discussões acerca de gênero e
empreendedorismo já foram por diversas vezes contempladas em estudos e pesquisas no
mundo todo e começaram a despontar e ganhar corpo à medida que mais e mais mulheres
aventuraram-se pelos caminhos do empreendedorismo. Consequentemente, tentativas de
compreender as diferenças básicas e fundamentais entre homens e mulheres à frente de
empreendimentos, foram ganhando a atenção de pesquisadores, fazendo surgir um grande
número de estudos acerca deste tema. Conforme Takahashi e Graeff (2004), em um contexto
em que os pequenos e médios empreendimentos assumem um papel importante para a
economia, onde cresce também a participação das mulheres como empreendedoras, emergem
estudos objetivando desenhar seu perfil psicológico ou comportamental.
Considerando este contexto, e tendo em vista que o empreendedorismo feminino
constitui-se em assunto de interesse geral da sociedade e dos governos, surge a preocupação
de analisar mais atentamente as produções relacionadas ao empreendedorismo feminino.
Assim, neste trabalho, as publicações relacionadas ao empreendedorismo feminino são
analisadas e categorizadas tomando como base as quatro dimensões propostas por Gartner
(1985) em seu modelo criado para classificar estudos na área de empreendedorismo. A
escolha pelo modelo de Gartner (1985) deve-se ao fato de que, ao que tudo indica; é o modelo
mais apropriado, mais prático e o mais usado para classificar pesquisas na área de
empreendedorismo feminino. O modelo proposto por Gartner (1985) compreende quatro
dimensões distintas para descrever a criação de organizações: a) a dimensão individual e as
características do empreendedor; b) a organização criada; c) o ambiente que influencia esta
organização e d) o processo adotado pelo empreendedor. Uma das grandes vantagens do
modelo proposto por Gartner (1985), é que as quatro dimensões conceituais propostas para
análise de estudos na área de empreendedorismo, oferecem uma forma de analisar pesquisas e
estudos passados, ao mesmo tempo em que permitem ao investigador voltar sua atenção
distintamente para cada uma das quatro dimensões.
A figura a seguir, apresenta o modelo desenvolvido originalmente por Gartner
(1985) e as variáveis compreendidas em cada uma das dimensões propostas no modelo.
35
Figura 1 - Variáveis das dimensões do modelo de Gartner (1985)
Fonte: Gartner (1985)
Gartner (1985) desenvolveu este modelo após extensa revisão bibliográfica dos
trabalhos sobre empreendedorismo, o que o levou a perceber que todas as pesquisas e
trabalhos assemelhavam-se em alguns aspectos e apresentavam pontos comuns entre si.
Assim, propôs uma estrutura útil e prática para analisar as pesquisas e trabalhos na área de
36
empreendedorismo, onde as quatro dimensões propostas compreendem aspectos específicos a
serem analisados nas pesquisas, conforme segue:
a) a dimensão individual: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes ao
empreendedor como, por exemplo, aspectos pessoais e psicológicos, características
demográficas, idade, educação, experiência profissional (experiência prévia em negócios
similares, experiência em gestão de pessoas, experiência em gestão de negócios), ocupação
anterior, motivações para tornar-se um empreendedor (necessidade de realização, satisfação
no trabalho, desejo de ser independente financeiramente e no trabalho, flexibilidade para
gerenciar as obrigações familiares, reconhecimento social), histórico familiar (pais
empreendedores), fatores cognitivos (empatia, relações sociais, disposição em servir,
disposição para correr riscos), percepções e atitudes (habilidades para apresentações orais e
motivacionais, qualidade das relações com clientes, colaboradores e outros profissionais)
papéis e funções.
b) a dimensão organização: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes à
organização criada como liderança de custo, diferenciação, foco de atuação, produto ou
serviço inovador, concorrentes competidores, franquias, fundos de provisão, contratos de
parceria, empreendimentos conjuntos (joint ventures), licenças, terceirização de divisões ou
departamentos, favorecimentos obtidos por meio do governo e influências de mudanças
regidas pelo governo, a organização interna, sua estrutura, características (flexibilidade)
financiamentos, práticas gerais (controle de qualidade, trabalho em equipe, liderança)
problemas organizacionais (equilibrar família e trabalho, incidência de taxas e impostos,
habilidades e experiência para o negócio) sobrevivência do negócio (taxas de crescimento,
uso ou não de financiamento, volume de capital inicial) práticas gerais de controle do risco e
avaliação do desempenho do negócio, práticas e estilos de empreender (número de sócios,
presença de familiares trabalhando no negócio).
c) a dimensão processo: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes à forma
por meio da qual a organização foi criada, a identificação de uma oportunidade de mercado, o
volume de recursos próprios, natureza da atividade como comercialização de produtos e
serviços, a produção dos produtos comercializados, como a organização foi construída, como
o empreendedor responde ao governo e a sociedade, como são formadas as equipes de
trabalho, quais as atividades de início da empresa e percentual de lucro percebido.
d) a dimensão ambiente: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes aos
ambientes interno e externo que permeiam a organização, como mão de obra técnica e
especializada, disponibilidade de capital de risco, acesso à fornecedores, empreendedores
37
experientes, acessibilidade à clientes ou novos mercados, proximidade de universidades,
disponibilidade de sede própria ou instalações próprias e adequadas, acessibilidade ao
transporte, reação da população local, disponibilidade de serviços de suporte, condições de
vida, diferenciação profissional e industrial, base industrial, número de imigrantes, grandes
áreas urbanas, disponibilidade de recursos financeiros e acesso ao capital e ao crédito (se
discriminação em relação ao sexo, se a qualidade do relacionamento com a instituição de
crédito afeta as condições do crédito), barreiras de entrada, rivalidade entre competidores
existentes, pressão por produtos substitutos, poder de barganha de fornecedores e
compradores,
Oferecendo a possibilidade de análise destas quatro dimensões, o modelo proposto
por Gartner (1985) é o primeiro a combinar a análise das quatro dimensões da criação de
novas organizações de forma conjunta, ao mesmo tempo em que permite que sejam analisadas
apenas uma ou mais dimensões de forma distinta, como já fizeram muitos autores que
empregaram a análise combinada de duas ou mais dimensões. Assim, em consonância com os
objetivos deste trabalho, por meio de revisão bibliográfica, são analisados a seguir
importantes estudos retratando a crescente participação das mulheres na dinâmica econômica
mundial, especialmente na área de economia e negócios. Os estudos são analisados em duas
etapas, primeiro, os realizados no Brasil, em seguida, alguns estudos internacionais com
destaque para esta temática.
2.3 ESTUDOS NACIONAIS EM EMPREENDEDORISMO FEMININO
Dos estudos nacionais, cabe destacar alguns como o de Petersen (1999) que
buscou reconstituir a problemática da trajetória da mulher gaúcha na carreira de bancária em
quatro bancos gaúchos e discutir as relações de gênero que foram desenvolvidas no mundo
bancário rio-grandense. A partir de uma revisão crítica de conceitos e categorias
fundamentais, tais como: invisibilidade e silenciamento das mulheres, feminismo, patriarcado,
gênero e mercado de trabalho feminino, é estudado o conjunto de fatores que condicionaram a
formação e o desenvolvimento das relações de gênero na história gaúcha. Procura reconstituir
a história das primeiras mulheres que ingressaram nos bancos tomados como objeto de
estudo, no período entre 1920 e 1945, as admitidas entre 1943 e 1945 e as que conquistaram
relativa importância, discutindo as relações de gênero desenvolvidas até por volta de 1960. O
estudo concluiu que enquanto as mulheres acomodaram-se a posições subalternas, as relações
38
entre homens e mulheres foram cordiais e amistosas, mas quando as mulheres passaram a
disputar espaços de poder com os homens as relações de gênero tornaram-se tensas e
conflituosas.
Em seu estudo, Chequer (2002) procurou investigar a condição da mulher na
sociedade mineira, depois de tornar-se viúva, no período de 1750 a 1800. O estudo considerou
como ponto de partida a seguinte questão: “ao tornar-se viúva a mulher enquadrar-se-ia nos
padrões de uma sociedade dominada pelo homem ou encontraria no seu novo estado civil uma
brecha para se tornar um agente de significativa atuação na sociedade mineira colonial?”
Assim, inicialmente, o estudo considerou um diálogo com a historiografia brasileira, com
alguns autores que estudaram a condição feminina e a família mineira no período colonial,
apontando os enfoques que têm recebido mais atenção. Também foram exploradas as leis, os
discursos e as práticas que regiam o universo das mulheres, mães e viúvas bem como a forma
com que o Estado disponibilizava a justiça para que elas fossem amparadas. A parte final do
estudo foi destinada à análise das possibilidades de atuação das viúvas, observando o papel
destas senhoras enquanto tutoras ou responsáveis pelos negócios da família, esclarecendo até
que ponto estas mulheres tiveram controle sobre os espólios e a sua unidade doméstica. Em
suas considerações finais, o estudo faz algumas observações acerca da situação das viúvas,
procurando esclarecer que, dadas às condições presentes na sociedade mineira à época,
existiram espaços de manobras passíveis de utilização por parte destas senhoras e se através
deles elas puderam obter vantagens para si e para sua família.
Com o objetivo de compreender a inserção de algumas mulheres no mercado de
trabalho como empresárias, Porto (2002) realizou pesquisa na cidade de Patos de Minas, com
vinte e quatro mulheres empresárias que iniciaram suas atividades nas décadas de 1980 e
1990, em áreas diversificadas, quais sejam, no comércio, na prestação de serviços e na
indústria. A idade das mulheres empresárias variou de 37 anos a 71 anos, sendo doze casadas,
cinco divorciadas, quatro solteiras e três viúvas. A pesquisa buscou recuperar a formação,
educação, valores e cultura dessas mulheres, partindo do entendimento de que a entrada de
mulheres no mercado de trabalho, inclusive em áreas antes restritas aos homens, remete a
questões referentes a mudança de comportamentos, os fatores responsáveis por essa
transformação e suas conseqüências. As discussões em torno das questões femininas
acarretaram, nos últimos anos, a descoberta da identidade das mulheres, que passaram a
procurar mais autonomia, liberdade e emancipação. A pesquisa procurou recuperar a
existência, permanência e/ou superação de preconceitos, discriminações e barreiras existentes
quanto à posição sócio-econômica ocupada por essas mulheres, bem como mudanças
39
ocorridas, ou não, no âmbito familiar, nas relações com os filhos, marido, companheiro, a
partir do trabalho assumido. O trabalho tenta mostrar que mulheres e homens foram educados
diferentemente, dentro de uma hierarquia, em um relacionamento de poder, enraizado nos
fundamentos do cristianismo, possibilitando relações de mando e submissão, criando
mecanismos para o adestramento e normatização da mulher através de sua sexualidade,
impondo limites ao seu comportamento e corpo. O estudo parte da premissa de que discutir
questões em torno da condição feminina permite vislumbrar outras práticas sociais, onde as
surgem como sujeitos sociais, históricos, dando significado às suas emoções, sentimentos,
experiências, tradições, valores e como agentes que tentam uma transformação.
Também voltado à temática da inserção feminina no mercado de trabalho,
Scorzafave (2001) vem ao encontro da discussão com seu estudo que buscou traçar um
cenário da evolução da mulher no mercado de trabalho, enfocando distintamente dois
aspectos: primeiro, a identificação e análise da evolução da participação feminina em função
de fatores como educação, idade, raça e segundo, a identificação dos fatores determinantes
nesta trajetória. O período analisado compreendeu os anos entre 1982 e 1997 tendo como
objeto de estudo mulheres e homens que compõe a TPFT Taxa de Participação na Força de
Trabalho, segundo micro dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. Os
resultados da pesquisa deixam evidente a forte ascensão da mulher no mercado de trabalho
brasileiro no período estudado evidenciando a influência existente entre a educação e este
crescimento. Mais tarde, em outro estudo do gênero, Scorzafave (2004) buscando caracterizar
o processo de inserção feminina no mercado de trabalho brasileiro, também no período de
1982 e 1997, buscou identificar o que explica o crescimento da atividade feminina: a mudança
de tamanho dos grupos sócio-econômicos ou a incidência de participação em cada grupo.
Constatou que a maior incidência de participação dentro dos grupos é responsável por quase
todo o crescimento da taxa de participação da força de trabalho no período. O trabalho
analisou ainda a evolução de uma série de variáveis como desemprego, educação, salário, etc
das mulheres casadas de acordo com a posição dos maridos na distribuição de salários
masculina. Os principais resultados destacam a relação negativa entre o salário do marido e a
probabilidade da mulher entrar no mercado de trabalho bem como o forte crescimento do
desemprego observado entre as mulheres casadas.
De forma bastante evidente, cabe menção para a produção brasileira de Hilka Vier
Machado, que no Brasil, tem contribuído, especificamente, para o estudo do
empreendedorismo feminino, tendo seus estudos e achados adquirido relevância e importância
internacional. Assim, cabe destaque para os seguintes estudos:
40
Em importante trabalho desta pesquisadora brasileira, Machado (2000b) estudo
qualitativo foi realizado com sete mulheres empreendedoras em cinco cidades do estado do
Paraná, denominado “Empreendedoras e o preço do sucesso”, cujo objetivo era estudar o
comportamento empreendedor destas mulheres e compreender as dificuldades enfrentadas por
elas no desempenho deste papel. Para a coleta das informações foi utilizada a técnica da
entrevista semi estruturada. Os resultados mostraram que a experiência das entrevistadas
como empreendedoras varia de 5 a 20 anos e possuem grande interação com o trabalho que
realizam, buscando suporte emocional dos maridos, de amigos ou na religião, a fim de manter
o equilíbrio necessário para o desenvolvimento adequado de suas atividades, especialmente
nos momentos de crescimento das empresas. As mulheres declararam que para promover o
crescimento de suas empresas elas renunciaram à alguns aspectos pessoais, como o
acompanhamento do crescimento dos filhos, os cuidados com a saúde e o corpo. Foi possível
concluir que o momento de crescimento das empresas demandou grande dedicação por parte
destas mulheres, representando necessidade de afeto e de barganhas na vida pessoal, que pode
ser traduzido como “o preço do sucesso”.
Outro estudo parecido, foi desenvolvido por Machado (2000a) também no estado
do Paraná, entrevistando 9 mulheres de cinco importantes cidades paranaenses. Em estudo
qualitativo, usando o todo do estudo de caso, objetivou-se estudar a concepção de valores
ligadas ao papel empreendedor de mulheres empresárias buscando levantar os juízos éticos
que orientam os pressupostos gerenciais nestas mulheres. As conclusões do estudo apontam
achados interessantes. Para as mulheres analisadas, existe uma relação entre o tempo de
atividade e a percepção de sucesso ou fracasso nos negócios. Para as de menor tempo de
atividade, o dinheiro e os objetivos atingidos são sinônimos de sucesso. Para as de maior
tempo de atividade, o sucesso está mais relacionado ao equilíbrio entre vida familiar, trabalho
e amigos. Constatou-se ainda uma valorização da dedicação intensa ao trabalho e a busca da
integração entre trabalho e família. Machado (2000a) constatou que quanto aos ensinamentos
que gostariam de transmitir para novos empreendedores, predominaram entre as mulheres
alguns como: persistência, postura realista diante do empreendimento, entusiasmo, dedicação
intensa, busca contínua de informação, pesquisa de mercado, fazer o que gosta e cuidar da
auto-estima. Quanto à sua personalidade, as mulheres se auto-percebem como possuidoras de
intuição, ousadia e praticidade, os depoimentos concentraram-se mais no sucesso do que no
fracasso. Quanto à concepção do papel do empreendedor, as mulheres possuem uma
concepção positiva, com valores como: justiça, força, perseverança, honestidade, ponderação,
companheirismo, coragem, liberdade, ousadia, criatividade, fraternidade, lealdade, vontade,
41
garra, equilíbrio pessoal e afetividade. A concepção negativa do papel do empreendedor
engloba as seguintes atitudes: enganar, roubar, prejudicar alguém, impulsividade, inveja e
falta de autocontrole.
Ainda com a preocupação de mensurar aspectos relacionados ao
empreendedorismo feminino, Machado (2001) falou sobre as questões de gênero e políticas
públicas, uma vez que na sociedade contemporânea a participação da mulher nas atividades
econômicas está sendo cada vez mais ativa. No que se refere à abertura de empresas, os
estudos têm demonstrado que existem dificuldades limitando a expansão de pequenos
negócios iniciados por mulheres, como as barreiras culturais, as dificuldades em conciliar
trabalho e família e até mesmo restrições na concessão de crédito. Desta forma, a autora
procurou abordar sobre a atitude de poderes públicos no sentido de inserir mulheres nos
pequenos negócios, contribuindo para o debate que visa a superação das barreiras enfrentadas
por mulheres na condição empreendedora.
Buscando identificar diferenças significativas no comportamento de homens e
mulheres empreendedoras na gestão de empresas no estado do Paraná, Machado et al (2002)
realizaram estudo denominado “Female and Male Entrepreneurs’ Managerial Behavior: a
Brazilian Study”, partindo da realidade de que a maioria dos estudos já realizados para
analisar as relações de gênero com as atividades empresariais tem analisado um número
pequeno de variáveis e por isto mesmo, seus resultados não têm sido muito relevantes para
analisar diferenças no comportamento empreendedor de homens e mulheres. Assim, o estudo
emprega um número maior de variáveis, de modo que os resultados possam representar uma
contribuição maior para os estudos na área. Os resultados mostram que na maioria das
variáveis estudadas, os resultados indicam similaridades no comportamento empresarial de
homens e mulheres, embora tenham sido observadas algumas diferenças significativas
associadas ao estilo de gestão, a relação com o mercado e as estratégias adotadas pelos
empresários. De maneira geral, o estudo permite concluir que as variáveis contextuais como
cultura, economia, valores e processo cognitivo provavelmente interferem na determinação do
estilo e comportamento empreendedor adotado por homens e mulheres.
Outro estudo importante realizado por esta autora em conjunto com pesquisadora
canadense merece menção. Com a intenção de comparar a identidade social de mulheres
empreendedoras brasileiras e canadenses, Machado e Rouleau (2002) buscaram saber a qual
grupos sociais elas pertenciam, quais os valores, as convicções e os símbolos que traziam no
coração de sua identidade social e identificar possíveis diferenças entre empreendedoras
brasileiras e canadenses quanto à estes aspectos. Para tanto, foram analisados ao todo oito (8)
42
casos, dos quais quatro (4) em cada país. De maneira geral, as empreendedoras são
semelhantes nos dois países. Porém, perceberam-se interpretações diferentes quanto ao
sucesso ou fracasso de suas práticas empresariais. Ambas mostraram uma visão positiva de si
mesmas como empreendedoras. As mulheres procuram equilibrar o papel de mãe e o papel de
administradora, tanto no Brasil como no Canadá, representando a busca de integração do
universo pessoal ao mundo de trabalho. Ambas, brasileiras e canadenses, preocupam-se com a
satisfação das outras pessoas envolvidas no empreendimento, para as brasileiras o
empreendimento parece muito importante e tem alto valor emocional. As diferenças mais
significativas entre os dois países referem-se à concepção de sucesso e fracasso. A concepção
de sucesso para a brasileira é mais emocional que para a canadense, para estas, sucesso está
associado mais à administração eficiente. Os resultados mostram ainda que a cultura está
associada à identidade social da empreendedora e que os espaços sociais de ação são
fundamentais na construção das representações sociais.
Em parceira com pesquisadoras estrangeiras da França e do Canadá, Machado et.
al. (2003) realizaram estudo voltado para a questão da criação de empresas por mulheres.
Partindo da constatação de que atualmente, muitas das pesquisas sobre o empreendedorismo
feminino exploram aspectos ligados ao perfil geral e gerencial das mulheres ou de suas
empresas, sem, no entanto, terem realizado análise mais profunda acerca da criação de
empresas por mulheres. Este aspecto constitui uma lacuna nos estudos disponíveis. À medida
que se procura entender a criação de empresas e suas implicações, envolvendo os motivos e
outros fatores que contribuíram para a decisão de iniciar a empresa, como por exemplo, as
formas de obtenção de recursos, existem poucas informações disponíveis. Tendo em conta o
impacto deste processo no rumo da organização, o estudo propôs-se a investigar o processo de
criação de empresas por mulheres empreendedoras no Brasil, Canadá e França, por meio de
pesquisa exploratória. Em cada país, foram selecionadas 30 mulheres que iniciaram suas
empresas, totalizando 90 empreendedoras. O estudo discute o processo de criação de
empresas, a partir das razões para iniciar os negócios, os fatores antecedentes à empresa e as
formas de criação, ou seja, as origens do capital inicial e constituição jurídica. Contatou-se
que a razão predominante para criação da empresa foi a realização pessoal, seguida da visão
de oportunidade de mercado e insatisfação no emprego. O tempo médio de experiência
profissional prévia ficou em torno de 9 anos e para 41% das empreendedoras estudadas
verificou-se a existência dos pais como modelos de empreendedores. Quanto à constituição
jurídica das empresas, a forma predominante foi a sociedade, principalmente com marido ou
pessoas da família.
43
Merece menção também a pesquisa realizada por Machado; Barros e Palhano
(2003) com o objetivo de conhecer o perfil da empreendedora norte-paranaense.
Considerando que embora o crescimento do número de mulheres empreendedoras e sua
atuação no mercado seja um fenômeno reconhecido, ainda poucas estatísticas sobre este
fenômeno estão disponíveis, especialmente no contexto brasileiro. Em outros países, alguns
estudos apontam traços do perfil das mulheres empresárias, indicando, por exemplo, elevado
nível de escolaridade e evidenciando que as empresas iniciadas e geridas por mulheres são em
geral de pequeno porte e enfrentam dificuldades relacionadas à obtenção de crédito. Assim, a
pesquisa buscou investigar a atuação de empreendedoras brasileiras e mensurar algumas
variáveis: perfil da empresária, porte das empresas e dificuldades de atuação. O estudo foi
exploratório, quantitativo, realizado com 183 empreendedoras em cinco municípios do norte
do Paraná. Os dados foram obtidos a partir de um questionário e o tratamento estatístico
consistiu na análise descritiva dos dados. Nas conclusões do estudo ficaram evidenciadas a
contribuição destas empresas para o ambiente familiar e a necessidade de programar políticas
voltadas para a atuação da mulher empreendedora, como por exemplo, a oferta de
treinamentos gerenciais e linhas de financiamento para abertura e desenvolvimento de
pequenas empresas.
Machado (2003) também se preocupou em mensurar aspectos relacionados às
questões de gênero na sucessão familiar e respectivas implicações para estudos sobre
empresas familiares. A autora tomou como ponto de partida o fato de que as empresas
familiares são importantes nos aspectos econômico, social e cultural e sua sobrevivência
encontra-se ameaçada por diversos fatores, dentre eles, problemas ligados à sucessão. De
forma geral, a representação social em torno de sucessores para essas empresas corresponde à
um herdeiro do sexo masculino. No entanto, as alterações sociais e econômicas imprimidas
pela sociedade contemporânea requerem novos parâmetros para esta questão, implicando em
considerar a participação de sucessoras nas empresas familiares. Assim, o estudo propõe uma
reflexão sobre possíveis implicações de gênero nos estudos de sucessão em organizações
familiares, embasadas nas diferentes possibilidades de relacionamentos entre sucessores e
sucedidos, que podem resultar em diferentes combinações para a transferência dos negócios.
Galeazzi et al (2003), constatou que embora tenha sido crescente, a inserção
das mulheres no mercado de trabalho tem sido acompanhada de segregações e discriminações
que as colocam em condições menos favoráveis no campo cio-profissional, em função de
um conjunto de fatores, econômicos, socioculturais e institucionais. Paralelamente às
mudanças estruturais na economia, devem ser consideradas as modificações comportamentais,
44
a conscientização das mulheres e suas lutas direcionadas à construção de uma situação mais
igualitária na sociedade, na família e no trabalho. Neste contexto, a autora procurou analisar
as características evidenciadas entre as mulheres trabalhadoras e sua evolução no mercado de
trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre, com base nos dados da Pesquisa de
Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA), abarcando o
período entre 1993 e 2002. Dentre os principais resultados do estudo, cabe destacar que, no
mercado de trabalho metropolitano, as mudanças seguiram padrão semelhante ao observado
em nível nacional, caracterizado por baixo crescimento do nível geral de ocupação, com
queda nas modalidades de inserção assalariadas mais formalizadas e protegidas e aumento
daquelas mais precarizadas, elevação dos rendimentos reais do trabalho e expressivo
crescimento do desemprego. Sobressaiu-se o intenso crescimento da participação feminina na
População Economicamente Ativa (PEA) no período analisado, ao lado de maior e melhor
inserção laboral e aumento dos rendimentos do trabalho.
Observou-se que entre as mulheres ocupadas, além de o incremento no nível de
ocupação ter sido superior ao observado para os homens, registraram-se melhores condições
de inserção no trabalho, maior índice de escolaridade uma parcela maior logrou ocupar-se
como assalariadas regulamentadas, especialmente no setor privado e, secundariamente, no
público e elevação relativamente mais acentuada nos rendimentos do trabalho. Não
obstante essa evolução mais favorável às mulheres, constatou-se que ainda permanece um
quadro de dificuldades à sua entrada no mercado de trabalho, que se manifestam em aspectos
tais como a maior exposição ao risco do desemprego, a segregação ocupacional e a
discriminação nos rendimentos. As taxas femininas de desemprego cresceram mais e
permanecem mais elevadas do que as dos homens, e as mulheres despendem um tempo mais
prolongado na procura por trabalho. Quanto à segregação ocupacional, as mulheres ainda se
ocupam, em maior medida, em atividades relacionadas a seu papel tradicional de responsáveis
pelos cuidados domésticos, e a parcela das trabalhadoras inseridas na ocupação através de
formas mais precárias é superior à registrada para os homens. Complementando o quadro, a
remuneração auferida pelas mulheres permanece, em média, inferior à dos trabalhadores
masculinos. Em âmbito geral, cabe ainda salientar que o maior incremento das taxas de
participação das mulheres na força de trabalho é, um fato positivo, pois significa ampliação de
oportunidades de trabalho e de independência financeira, dimensões estas que estão na base
do efetivo exercício da liberdade. Em relação às desigualdades de gênero tradicionalmente
expressas no mercado de trabalho, a análise dos dados revelou que elas têm diminuído em
alguns aspectos e se aprofundado e/ou diversificado em outros. Tais resultados sugerem que a
45
feminização do mercado de trabalho, evidenciada no período analisado, tem vindo
acompanhada de um aprofundamento das desigualdades sociais no interior da própria
categoria feminina.
Ainda sobre as discussões de gênero, Johnatan (2003) realizou trabalho buscando
aprofundar a compreensão da dimensão de gênero no contexto do empreendedorismo
brasileiro. Desta forma, descobriu que a análise do discurso de empreendedoras de
biotecnologia e de tecnologia de informação revela sua assertividade ao enfrentarem grande
diversidade de dificuldades. As empreendedoras de alta tecnologia enfatizam problemas
relativos ao financiamento de seus negócios, à competição no mercado e à busca de
autonomia. Na esfera pessoal, elas experimentam certa discriminação de gênero e de idade,
além do desafio de buscar o equilíbrio entre as demandas pessoais, familiares e profissionais.
A busca de qualidade e de crescimento gradual orienta sua forma de gestão empresarial que
tende a se caracterizar pelo exercício de uma liderança interativa bem como pela construção
de uma rede social fundada em parcerias internas e externas. Os dados são discutidos à luz da
literatura sobre empreendedorismo feminino e são analisadas suas implicações para o
desenvolvimento nacional.
Em seu estudo sobre o empreendedorismo feminino e na intenção de caracterizar
o perfil e comportamento de mulheres empreendedoras de sucesso, Mota; Santos e Silva
(2004) realizaram pesquisa com mulheres em casos de sucesso, extraindo para o estudo uma
amostra dos oitenta casos brasileiros citados no livro “Histórias de Sucesso: experiências
empreendedoras”. O estudo, realizado pelo método do estudo de caso, concluiu que as
mulheres possuem a maioria das características empreendedoras apontadas pelas variáveis de
medição, estão ambiciosas e exigentes nos aspectos financeiro, pessoal e profissional. Várias
características empreendedoras foram confirmadas, como conhecimentos, necessidades,
habilidades ou valores, suas habilidades são seu maior potencial, atrelado à capacidade de
diversificação.
Em estudo realizado por Takahashi e Graeff (2004) sobre a questão do
empreendedorismo feminino, foram analisados aspectos relacionados à gestão feminina e o
planejamento estratégico em empresas de pequeno e médio porte do setor educacional de
Curitiba-Pr. O estudo teve como objetivo delinear o perfil das empreendedoras proprietárias
dirigentes das micro e pequenas escolas particulares do setor educacional e compará-lo com
aqueles identificados em estudos que relacionam empreendedorismo, gênero feminino e
estratégias adotadas por mulheres empreendedoras. O estudo partiu de revisão bibliográfica
sobre os temas de empreendedorismo e gênero, e sobre o planejamento estratégico para
46
MPEs, seguida de um levantamento dos estudos realizados e apresentados nos congressos
do Enanpad e Egepe entre 1998 e 2003. Os dados foram coletados por meio de questionários
aplicados às quatorze proprietárias-dirigentes participantes de um curso de “Planejamento
Estratégico para Organizações Educacionais”, viabilizado através de uma parceria com o
Sindicato das Escolas Particulares, por meio de questionários. Os dados foram analisados
estatisticamente, demonstrando que as proprietárias-dirigentes das micro e pequenas escolas
não possuíam planejamento estratégico e seu perfil corresponde aquele indicado nas pesquisas
anteriores. Desta forma, embora limitado em função da amostra, o estudo contribuiu para a
formação de um banco de dados sobre a questão de gênero em empreendedorismo,
ressaltando o perfil e os estilos das mulheres dirigentes.
Também Gueiros (2004) tenta estudar o empreendedor, suas características
pessoais e comportamentais, reconhecendo sua importância como gerador de
desenvolvimento sócio-econômico. Assim, são estudados quatro empreendedores do estado
de Pernambuco, escolhidos por intencionalidade e acessibilidade. Os resultados do estudo
mostram os principais fatores dificultadores e facilitadores na trajetória do negócio de cada
um dos entrevistados, a definição de cada individual de sucesso. O estudo constatou algumas
similaridades entre os empreendedores que participaram da pesquisa, como a simplicidade
nos sentimentos e desejos, a valorização da família, funcionários e amigos e a vontade de
crescer através do próprio esforço.
Buscando saber mais sobre as questões de gênero, Bonilha e Ichikawa (2003)
realizaram estudo voltado a analisar o perfil de mulheres cientistas que trabalham num
ambiente tipicamente masculino: o da pesquisa agropecuária. Tomou-se como objeto de
estudo o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), responsável pela geração e adaptação de
novas tecnologias na busca pela melhoria do processo de produção agropecuária do estado. A
metodologia adotada foi o estudo de caso, com caráter exploratório. O instrumento de
pesquisa utilizado foi o questionário, aplicado à dezenove pesquisadoras, das quais treze
responderam. Os resultados da pesquisa apontaram que as mulheres representam cerca de
quinze por cento do total de pesquisadoras do IAPAR, sendo 37% delas casadas, 37%
solteiras, 21% desquitadas e 5% viúvas. As pesquisadoras estão concentradas nas áreas de
Proteção de Plantas, Ecofisiologia e Fitotecnia. Das entrevistadas, apenas duas possuíam
experi6encias anteriores na pesquisa agropecuária e onze declararam ter exercido cargo de
chefia dentro do IAPAR. Todas as entrevistadas declararam que não existem áreas mais
apropriadas para homens ou mulheres pesquisadores, embora nove das treze declarasse ter
sofrido discriminação no trabalho pelo fato de ser mulher e sete declararam que as mulheres
47
são mais cobradas em termos de produtividade. Acreditam que a maternidade não compete
com o trabalho científico, mas acreditam que os homens recebem mais convites para
consultorias externas do que as mulheres. De forma geral e conclusiva, grande parte das
pesquisadoras acha que a questão de gênero não é relevante no meio científico, porém sentem
preconceito de seus pares nas atividades cotidianas e percebem que os cargos-chave no
mundo da ciência, são ocupados por homens.
Ainda sobre a discussão crescente acerca do papel da mulher enquanto
empreendedora, também Gomez; Santan e Silva (2005) reconhecem que a criação de
pequenas empresas por mulheres está sendo importante econômica e socialmente para muitos
países, especialmente para o Brasil. Porém, pouco se sabe sobre o modo de gerir das mulheres
empreendedoras e suas competências. Tendo em vista a crescente participação das pequenas
empresas na economia brasileira e, particularmente, de empreendimentos conduzidos por
mulheres, os autores escrevem o artigo com o objetivo de provocar algumas discussões e
reflexões sobre os desafios enfrentados por mulheres que trabalham por conta própria e as
competências que mulheres empreendedoras utilizam/necessitam para gerir micro e pequenas
empresas no atual contexto. O estudo conclui que as transformações sociais e econômicas
mudam o foco e a dinâmica das organizações na atualidade, as questões de gênero destacam-
se ao influenciar de forma marcante todos os modelos de organização e o mundo produtivo,
desde as grandes empresas às micro e pequenas empresas. Ressalta que o campo de estudo do
empreendedorismo feminino está ainda em construção, o estudo do gênero e das empresas de
micro e pequeno porte ainda é visto de forma limitada e marginal pelas instituições de
pesquisas no campo dos estudos organizacionais. Somente a partir do desenvolvimento e
consolidação deste campo de estudo é que ficará mais claro o impacto da atuação do gênero
nas questões organizacionais e na gestão de MPE’s. Estes resultados permitirão a formulação
de políticas públicas voltadas para solução dos desafios e entraves na atuação das mulheres
empreendedoras, seja através do fomento e desenvolvimento dos seus negócios, pela
disseminação de uma cultura empreendedora, facilitação ao acesso de linhas de crédito,
formação/capacitação de pessoal, promoção e acesso a novas tecnologias, seja através de
outras ações que possam brotar do mapeamento da realidade em questão. Os autores
salientam também que é preciso aprofundar os estudos sobre as competências necessárias para
que a mulher possa atuar de forma mais consistente na construção de organizações adaptadas
ao contexto e às culturas das diferentes localidades e que respeitem sua diferença.
Em sintonia com a ânsia de saber mais sobre as mulheres empreendedoras, em seu
estudo, Jonathan (2005) busca analisar as inquietações e o bem-estar subjetivo das mulheres
48
empreendedoras entrevistando quarenta e nove donas de variados negócios no Rio de Janeiro.
Foi empregada uma medida de auto-avaliação Inventário de Qualidade de Vida - Quality of
Life Inventory QOLI de Frisch (1992, apud JONATHAN, 2005) que proporciona uma
mensuração de qualidade de vida expressa pela média de todas as avaliações de satisfação em
relação às diversas dimensões do espaço vital, consideradas importantes pelos respondentes.
A aplicação do instrumento mostrou que as empreendedoras compartilhavam uma boa
qualidade de vida, fundamentada principalmente na satisfação com o trabalho, com os filhos e
com o auto-respeito. Os dados evidenciaram que os múltiplos papéis desempenhados pelas
empreendedoras possuem relevância semelhante. A análise qualitativa das entrevistas revelou
que as empreendedoras são destemidas e autoconfiantes, altamente comprometidas com seus
empreendimentos embora preocupadas com questões financeiras e com o crescimento das
empresas. A experiência de ser empreendedoras proporciona alto grau de satisfação às
mulheres, através da auto-realização e auto-estima, apaixonadas e identificadas com seus
empreendimentos, as empreendedoras se percebem num processo contínuo de conquistas, mas
ainda sentem dificuldades relativas à discriminação de gênero e à multiplicidade de papéis,
que geram ambivalência, como sentimentos de vitória e realização e angústia e frustração.
Também foram identificadas fontes de insatisfação relacionadas à ação cívica, recreação e
ação social, qualificação dos funcionários, retorno financeiro e ações governamentais,
dimensões estreitamente ligadas ao espaço vital das empreendedoras. A dimensão saúde
também mostrou-se produtora de muita insatisfação para algumas mulheres, as observações
sugerem que as empreendedoras ganhariam em qualidade de vida com um melhor
atendimento destas dimensões.
Assim, também Lages (2005a) retrata os desafios do empreendedorismo feminino,
especificamente no que tange às dificuldades das mulheres pobres na condução de projetos
geradores de renda. Segundo a autora, o desejo por um projeto profissional e pela
emancipação feminina, o desemprego do cônjuge ou a necessidade de aumentar a renda
familiar têm levado a mulher para o mercado de trabalho. No entanto, esta inserção não é
rápida, nem sem empecilhos. Todavia, se as mulheres mais favorecidas economicamente
encontram meios para vencer as barreiras aos seus projetos de dirigirem seu próprio negócio,
a situação se agrava e se torna mais complexa quando diz respeito às iniciativas das mulheres
pobres em efetivar sua emancipação social e independência econômica, através de negócios
de geração de renda. É neste aspecto que se concentra o estudo de Lages (2005b), propondo
uma reflexão sobre as dificuldades encontradas por mulheres em vencer a pobreza através de
atitudes empreendedoras. Esta reflexão acerca das práticas que possibilitam a integração das
49
mulheres pobres ao mercado de trabalho, através de iniciativas empreendedoras, passa por
uma série de transformações, a maioria delas, sob influência de aspectos culturais. Estes
aspectos, que 500 anos colocam a mulher brasileira desempenhando papéis sociais
atrelados à área doméstica, como a responsabilidade pela educação dos filhos, saúde e
equilíbrio familiar, cuidados com a redução das despesas, com a alimentação, com a higiene,
com o vestuário e outras tarefas domésticas. Estes estereótipos, além de outras conseqüências,
dificultaram as iniciativas das mulheres pobres em empreender atividades geradoras de renda
e emprego, frente à uma cultura patriarcal brasileira e limitações impostas pelo próprio
Estado, que atrelado às relações de poder masculino, cria empecilhos para o avanço destas
iniciativas. A autora propõe ações de reflexão como fundamentais para o avanço do
empreendedorismo feminino. Quanto às comunidades empobrecidas, propõe mudanças, tanto
nos canais que reproduzem de forma estereotipada os papéis femininos na sociedade, como
nas políticas econômicas, que devem adequar seus planejamentos de crédito de forma a
estarem condizentes com a realidade destas mulheres. A autora acredita que somente dessa
maneira é possível pensar em mulheres pobres e desenvolvimento sustentável.
2.4 ESTUDOS INTERNACIONAIS EM EMPREENDEDORISMO FEMININO
Ao mesmo tempo em que cresce a atividade empreendedora das mulheres, cresce
também a produtividade científica nesta área, da mesma forma que aumenta a discussão
acerca da carência de estudos capazes de analisar o que tem sido produzido e publicado em
relação a este assunto. Embora o crescimento das produções seja perceptível, ainda são
incipientes os estudos e levantamentos acerca da análise em profundidade destas produções,
especialmente sobre o empreendedorismo feminino. Assim, cabe mencionar os estudos
desenvolvidos por alguns autores internacionais com a preocupação de analisar o
empreendedorismo feminino, sob vários aspectos, conforme segue.
O interesse em conhecer aspectos inerentes ao comportamento da mulher à frente
de negócios, desperta o interesse de pesquisadores à longa data. Um dos primeiros estudos
realizados com a intenção de saber mais a respeito do comportamento da mulher como
empreendedora, foi realizado por De Carlo; Lyons (1979) com o propósito de identificar e
descrever perfis de grupos de mulheres empresárias e comparar estes perfis com os de outros
grupos de mulheres de modo geral. Os resultados da investigação renderam muita informação
nova sobre o perfil das mulheres empresárias, oferecendo um começo para futuras pesquisas
50
adicionais. A investigação contribuiu para alcançar o objetivo de identificação do potencial
empreendedor, mas os autores concluíram o estudo constatando que muita pesquisa adicional
ainda seria necessária para se chegar a conclusões úteis em relação ao estabelecimento de um
perfil do empresariado feminino.
Outro estudo importante, procurando repensar conceitos de empreendedorismo,
foi o desenvolvido por Gosselin e Grisé (1990). No estudo, cujo título apresenta-se em forma
de pergunta: “Estão as mulheres empreendedoras desafiando nossas definições de
empreendedorismo?”, os autores realizaram pesquisa na cidade de Quebec, com 400 mulheres
donas/gerentes de negócio no setor industrial. Elas responderam à um questionário detalhado,
cujas dimensões principais exploradas eram as características dos empresários e de suas
empresas, a experiência anterior em iniciar um negócio, os critérios de sucesso usados e a
visão para o futuro de suas empresas. Os resultados mostraram a importância, para as
mulheres entrevistadas, de um modelo de negócio pequeno e estável e a busca do
reconhecimento pelo que faziam. Este modelo parece representar uma adaptação inovadora a
demanda profissional, social, familiar e pessoal destes profissionais, desafiando seriamente as
definições existentes acerca de empreendedorismo e negócios.
Moore (1990) realizou uma investigação intensiva nas pesquisas existentes na
década de 1990 sobre a mulher empreendedora. Descobriu que as pesquisas disponíveis nesta
área constituem um fenômeno relativamente recente. Os resultados das pesquisas encontradas
nos últimos cinco anos da década de 1990, demonstram de forma dramática, que a área está
num estágio inicial de desenvolvimento de paradigmas. Os estudos aparecem de forma
fragmentada e parecem descrever somente pequenos segmentos da população empreendedora
feminina mais frequentemente do que a aplicação de teorias desenvolvidas em outras áreas. O
estudo examina o número de pesquisas e variáveis metodológicas empregadas e apresenta
uma análise descritiva da mulher empreendedora tradicional e moderna, sugere novos focos
de pesquisa na área orientados para o estabelecimento de tipologias e desenvolvimento de
teorias e modelos.
Para Fisher; Reuber e Dyke (1993), embora abundantes, os estudos realizados
ainda não conseguiram mapear e explicar as diferenças entre homem mulher na problemática
da relação entre gênero e empreendedorismo. As autoras apontam duas perspectivas que
podem contribuir para organizar e interpretar as pesquisas realizadas nesta área temática,
bem como orientar pesquisas futuras: o liberalismo feminista e o feminismo social. A
primeira perspectiva, ou seja, a teoria do liberalismo feminista sugere que as mulheres estão
em desvantagem em relação aos homens em função de discriminação e/ou influências de
51
contingências que as privaram de recursos essenciais como educação e experiência na área de
negócios. A segunda perspectiva, a teoria do feminismo social, sustenta que, embora possam
ser constatadas diferenças entre a mulher e o homem, estas diferenças não indicam que as
mulheres são inferiores aos homens, e sim, que embora se desenvolvendo de maneira
diferente, mulheres e homens podem apresentar resultados semelhantes em termos de
atividade empresarial.
Mais tarde, Gatewood, Shaver e Gartner (1995), tiveram como propósito em seu
estudo explorar se certos fatores cognitivos de empresários potenciais (como os mensurados
por uma escala de eficácia pessoal e os tipos de razões que levam as pessoas a decisão de
começar um negócio) podem ser usados para prever a persistência subseqüente destes
empresários no início das atividades empresariais e no sucesso da criação de um novo
negócio. Duas hipóteses foram testadas: HI: Empresários potenciais que oferecem explicações
internas e estáveis para seus planos de entrada em novos negócio (por exemplo, “eu sempre
quis possuir meu próprio negócio”) seriam mais persistentes em ações que conduzem a
começar um negócio prosperamente; H2: Empresários potenciais com contagens de alta
eficácia pessoal seriam mais persistentes em ações que conduzem a começar um negócio
prosperamente. A pesquisa envolveu 142 clientes (47 mulheres, 95 homens) de um Centro de
Desenvolvimento da Pequena Empresa, entre outubro de 1990 e fevereiro de 1991. Para todos
os indivíduos foram solicitadas explicações acerca da decisão de iniciar um negócio. Estas
respostas foram codificadas com base em um modelo detalhado de análise de atributos
desenvolvido por Weiner (1985). Os empreendedores potenciais também responderam ao
questionário de Paulhus (1983) (GATEWOOD; SHAVER E GARTNER, 1995). Em fevereiro
de 1992, à todas as 142 pessoas foi enviado um segundo questionário, projetado para avaliar a
extensão da atividade de desenvolvimento do novo negócio deles/delas naquele ano. Foram
obtidas 85 respostas. O questionário listava separadamente 29 atividades envolvidas no início
de um negócio, que se agruparam em cinco categorias de atividades principais: informação de
mercado, calculando potencial de lucros, terminando a base para estruturar a companhia, a
montagem do negócio, operações. A medida de sucesso na entrada em um novo negócio era
operacionalizada pela pergunta: "Você completou a primeira venda (definida como tendo
entregado o produto ou serviço e recebido o pagamento de seu cliente)?". A análise dos
resultados mostrou que a hipótese H1 (“sempre quis ser meu próprio chefe”) foi apoiada por
potenciais empresárias femininas, e que atribuições externas ("eu tinha identificado uma
necessidade de mercado”) eram significantes para empresários potenciais masculinos. Os
resultados não revelaram nenhuma diferença significante nos tipos de negócios que são
52
contemplados por mulheres e homens. A hipótese H2 (eficácia pessoal) não foi comprovada.
Os autores acreditam que uma das características importantes desta pesquisa é o seu caráter
longitudinal. Medindo atribuições antes de empresários potenciais terem começado (ou não
começado) seus negócios, é possível fazer estabelecer uma relação causal entre atribuições
iniciais e o sucesso ou fracasso subseqüente de cada indivíduo em iniciar um negócio. Dados
os eventos e atividades que influenciam o início de um novo negócio e as atribuições de um
indivíduo, os atributos de empresários homens e de empresárias mulheres têm implicações
importantes para a futura prática da pesquisa. Homens e mulheres têm razões diferentes por
entrar em um negócio, o que parece ser um indicador significante de sua habilidade futura
para começar um negócio prosperamente. Desta forma, os autores acreditam que o
desenvolvimento de medidas que focalizem detalhadamente os atributos (percepções de
habilidades, habilidades, a dificuldade da tarefa, sorte, e o valor da oportunidade) conduzirá
provavelmente para uma concepção mais inclusiva e precisa dos fatores que influenciam a
persistência empresarial. Os autores oferecem ainda algumas sugestões de como o uso de um
modelo de atributos poderia influenciar a seleção, aconselhamento e treinamento de
empresários potenciais.
Com enfoque especifico para análise de estudos sobre o empreendedorismo
feminino, merece destaque o estudo de Mirchandani (1999), que discute as pesquisas
realizadas na área de empreendedorismo feminino em conjunto com a teoria feminista e as
discussões acerca de trabalho e gênero. O autor explorou as formas através das quais muitas
das pesquisas envolvendo experiências de mulheres empreendedoras focaram as semelhanças
e diferenças identificadas entre mulheres e homens proprietários de negócios e as explicações
apresentadas para as diferenças identificadas. Deste modo, enquanto a identificação de
semelhanças e diferenças é muito útil nesta área de pesquisas, percebeu-se a exclusão das
mulheres nos primeiros estudos voltados à proprietários de negócios, embora isto não
explique porque e como o empreendedorismo tem sido definido e entendido somente como
um comportamento masculino. O autor argumenta que existem conhecimentos acerca da
mulher proprietária de negócios que poderiam ser enriquecidos através da reflexão em duas
questões: primeiro: na essência de muitas interpretações sobre a categoria da mulher
empreendedora (as quais priorizam sexo acima de outras dimensões de estratificação) e
segunda, na forma pela qual as conexões entre sexo, ocupação e estrutura da organização
afetam diferentemente homens e mulheres de negócios. O autor conclui seu estudo
argumentando que é necessário assumir uma visão crítica sobre a histórica exclusão da mulher
nas pesquisas sobre empreendedorismo. Assumindo que esta exclusão foi uma omissão
53
acidental, ela poderia ser corrigida através da replicação de estudos sobre homens
empreendedores incluindo mulheres proprietárias de negócios, isto poderia ser útil para
entender o empreendedorismo como atividade para ambos os sexos.
Em estudo realizado por O’Meally (2000) retratando a questão da educação,
treinamento e valores sociais, constatou-se que na América do Norte, o fenômeno crescente
de mulheres empreendedoras é bem documentado. As mulheres estão começando negócios
duas vezes mais rápido que os homens nos EUA, ganharam um terço dos pequenos negócios
no Canadá e possuem um quinto dos pequenos negócios na França. Este fenômeno se repete
por todo o mundo. Da mesma forma que as mulheres são consumidoras e produtoras de saúde
e de vida, elas agora, movem capital de forma a serem chamadas de “força econômica do
futuro”. O estudo fala sobre como e por que as mulheres começaram a entrar no mundo dos
negócios, seus objetivos e medos enfatizando áreas como a educação, treinamento e valores
sociais. Conclui ressaltando que as mulheres de negócios de amanhã precisam começar a
preparar elas próprias o ambiente de negócios que terão amanhã. Tendo em vista o que está
acontecendo, é preciso que seja criado um ambiente sensível às necessidades femininas,
aberto à novas formas de pensar sobre treinamento e educação e novas formas de iniciar
negócios, ao mesmo tempo em que é importante encorajar as mulheres a avaliar suas próprias
necessidades, aspirações e visões de si mesmas.
À medida que a participação feminina na área de negócios tornou-se mais intensa,
muitas iniciativas de governos e países no sentido de auxiliar a mulher que pretende
empreender vêm sendo registradas pelo mundo afora. Um exemplo desta iniciativa é o SBA
Women’s Business Center Program, fundado no ano de 2000, um centro de negócios voltad
o
às mulheres, projetado para ajudar as mulheres a começar e desenvolver pequenas empresas,
representado por uma rede de mais de 100 centros espalhados em vários estados do território
americano, oferecendo recursos educacionais e operando com a missão de atenuar as
dificuldades enfrentadas por mulheres empresárias no mundo dos negócios.
Outras iniciativas são percebidas no sentido de reunir as pesquisas existentes na
área de empreendedorismo feminino em pontos ou locais comuns ao acesso dos interessados,
como o site International Entrepreneurship.com, que reúne pesquisas de vários centros de
referência nesta temática, como o Report on Women and Entrepreneurship (MINNITI;
ARENIUS; LANGOWITZ, 2005), SBA Online Woman's Business Center, Womenbiz.gov,
Asian Women in Business - A One Stop for Entrepreneurs, Europe's Entrepreneurial
Women's Network, GlobeWomen.com, e American Business Women's.
54
Percebe-se que o surgimento de um número cada vez maior de centros, institutos e
sites específicos sobre o empreendedorismo feminino, como os citados acima, estão voltados
especialmente para o objetivo de reunir, organizar e sistematizar as informações disponíveis
sobre o assunto, cujo volume cresce sensivelmente nos últimos anos. A maioria dos estudos
que retratam a temática do empreendedorismo feminino apresenta enfoques voltados as
dificuldades da mulher à frente dos negócios, suas características empreendedoras e sua
crescente participação na disputa por uma vaga no mercado de trabalho, entre outros
(INTERNATIONAL ENTREPRENEURSHIP, 2006).
Estudo desenvolvido por Ylinenpää e Chechurina (2000) contribui para aumentar
o conhecimento acerca da atividade empreendedora em países pós socialistas, investigando
especificamente as condições que prevalecem na Rússia para mulheres que começam suas
próprias aventuras de possuir e administrar um negócio. Construído a partir de pesquisa
prévia na área de empreendedorismo baseado no gênero, o estudo aplica conceitos teóricos
que emergem de pesquisas realizadas em economias ocidentais apresentando dados que
descrevem a presente situação na Rússia pós-socialista. São utilizados dados quantitativos
relativos a 670 respondentes e dados qualitativos obtidos em entrevistas com dois grupos-foco
de mulheres empresárias recentemente estabelecidas, investigando atitudes gerais para
mulheres nos negócios e as oportunidades específicas e problemas que elas estão enfrentando
atualmente na Rússia. O estudo conclui estabelecendo comparações entre a situação da
mulher empresária na Rússia e as mulheres de negócios no Hemisfério Ocidental.
Com a intenção de apresentar uma análise detalhada das pesquisas e da literatura
popular sobre mulheres empreendedoras, Carter; Anderson e Shaw (2001) revisaram as
pesquisas realizadas na área do empreendedorismo feminino, em pesquisas acadêmicas,
literatura popular e informações da internet. O estudo apresenta os achados por área e
respectivas variáveis analisadas em cada estudo.
Com o objetivo de investigar o aspecto étnico do empreendedorismo feminino na
vida econômica urbana na Turquia, Baycan Levent; Masurel e Nijkamp (2002) realizaram
pesquisa cujo foco recaiu sobre a atitude e comportamento empreendedor de mulheres
empresárias em Amsterdã, partindo da seguinte pergunta principal: A mulher empresária turca
é uma mulher especial ou uma empresária turca de comportamento empreendedor especial? O
estudo apresenta uma resposta a esta pergunta baseado nas pesquisas de campo existentes
nesta área de estudos. Os resultados do estudo de caso com 25 empresárias turcas de
Amsterdã mostram que o perfil empreendedor das mulheres turcas é um “perfil feminino
especial” e aquelas que são empresárias possuem um perfil empresarial feminino especial,
55
particularmente em termos de características pessoais e empresariais, canalizando forças e
motivações. Elas parecem combinar suas oportunidades étnicas com suas características
pessoais (e outras oportunidades) no mercado urbano, e obter um ótimo desempenho. Isto
também se deve ao fato de que elas tornaram-se provedoras de serviços não somente para os
seus próprios grupos étnicos, mas também para outros grupos na cidade. Estas mulheres
também tem servido de modelo ao passo que apresentam espírito empreendedor otimista,
auto-motivação, positivismo e autoconfiança.
Também Colette e Kennedy (2002) realizaram pesquisa na Irlanda direcionada a
conhecer e mensurar a atividade empreendedora das mulheres, considerando que muitas
pesquisas recentes apontam que os negócios de mulheres são capazes de contribuir
significativamente para a economia dos países. Por todo o mundo, as mulheres estão
alcançando posição de destaque em empresas de alta tecnologia, serviços profissionais e
construção, para citar apenas alguns setores. Sabe-se que nos EUA atualmente, as mulheres
são responsáveis por 38% dos novos negócios que são abertos, ao passo que na Irlanda, não se
tem conhecimentos acerca de dados como estes, sendo que a abertura de novos negócios por
mulheres é uma área de pesquisa ainda virtualmente inexplorada. Assim, o estudo apresenta
uma contribuição sobre como esta área de pesquisa pode ser mais bem explorada,
estabelecendo uma comparação entre mulheres empreendedoras do norte e do sul da Irlanda,
procurando identificar os setores industriais onde as mulheres mais estão presentes, bem como
identificar as barreiras e os fatores que afetam ou limitam as decisões das mulheres em iniciar
negócios. A base empírica do trabalho é construída aplicando entrevistas semi-estruturadas
com mulheres empreendedoras e consultando representantes de agências de suporte, visando
identificar elementos que possam desenvolver um modelo orientado a promover a atividade
empreendedora na ilha da Irlanda. As principais conclusões do estudo mostram que a maioria
das mulheres entrevistadas que empreendeu, fez esta opção como alternativa à falta de boas
oportunidades de emprego em sua área de atuação. A maioria das mulheres entrevistadas
reclama que sente mais dificuldades em abrir um negócio do que os homens. A típica mulher
de negócios pesquisada é relativamente bem educada, possui boa experiência de trabalho,
conta com suporte da família e amigos e agências locais de suporte técnico e financeiro para
iniciar a empresa. Muitas das entrevistadas declararam dividir sua atenção entre os filhos
pequenos que dependem de seus cuidados e a gestão da empresa, o que gera certo nível de
stress. Estes e outros fatores apontados pelo estudo podem contribuir para explicar o baixo
nível de empreendedorismo entre as mulheres na Irlanda.
56
Conforme estudo realizado na Alemanha por Wagner (2004), nos países
industrializados ocidentais a presença dos homens nos negócios pode ser percebida em média
duas vezes mais do que a presença de mulheres. Baseado em dados de uma recente pesquisa
sobre a representatividade da população adulta na Alemanha, o autor usa um modelo empírico
para analisar a decisão de homens e mulheres para se tornar um empreendedor, testando as
diferenças entre eles em relação a várias características e atitudes, levando em conta que o
fato de se tornar um empresário é fenômeno de natureza rara. Através de uma análise
comparativa, o autor mostra que homens e mulheres são muito semelhantes em relação às
características e atitudes, mas uma pequena diferença é percebida na tendência de se tornar
autônomo em função do gênero. Um achado significativo do estudo aponta uma diferença
entre homens e mulheres em relação às conseqüências de se tornar dono do seu próprio
negócio. O medo do fracasso pode ser uma razão para não começar o próprio negócio,
especialmente para as mulheres, que mostraram maior aversão ao risco menor disposição de
emprestar capital financeiro para incrementar o crescimento de seu negócio. Fatores como
estes contribuem para explicar a abertura de negócios em função do gênero.
Outro importante estudo foi o realizado por Lituchy e Reavley (2004) com o
objetivo de entrevistar mulheres empresárias em dois países europeus com economias de
mercado relativamente novas para este tipo de pesquisa. Os autores descrevem as experiências
e motivação destas mulheres donas de empresas internacionais na Polônia e na República
Tcheca e os comparam à literatura em mulheres empresárias da América do Norte. O
cruzamento dos dados mostrou que empresárias mulheres compartilham muitas das mesmas
motivações para começar um negócio e experimentam desafios semelhantes para tornar
prósperos seus empreendimentos. Modelos norte-americanos de empreendedorismo também
são examinados. Os resultados sugerem um modelo universal de empreendedorismo. Os
autores oferecem sugestões para políticas de governo e apresentam implicações
administrativas e teóricas, sugerindo novas direções para a pesquisa com mulheres
empresárias.
Quanto à participação das mulheres em atividades empresariais, importante estudo
foi desenvolvido por Minniti, Arenius e Langowitz (2005) que tomando como base o relatório
do GEM do ano de 2004 analisou mulheres de 34 países enfocando três objetivos principais:
mensurar o nível de atividade empresarial das mulheres por país; entender porque as mulheres
se envolveram em atividades empresariais e sugerir políticas capazes de aumentar a
participação das mulheres em atividades empreendedoras. O estudo tentou traçar um cenário
atualizado da participação das mulheres no mercado de negócios, partindo da realidade de que
57
as mulheres executam papel importante em economias em desenvolvimento e
desenvolvidas, são detentoras de um terço dos negócios formais em todo o mundo e estima-se
que esta participação é ainda maior em setores informais. Os resultados deste estudo sugerem
que políticas públicas dirigidas a apoiar a educação; ajuda financeira e desenvolvimento de
redes; aumentariam o envolvimento de mulheres na criação de novos negócios. Analisou
também fatores sócio-econômicos que influenciam a vontade de mulheres de abraçar a
paisagem empresarial de risco e recompensa. Em todos os países estudados pelo GEM,
constatou-se que os homens são mais ativos em comércio que as mulheres. Constatou-se que a
oportunidade é a motivação dominante para o empreendedorismo entre homens e mulheres,
no entanto, muito mais mulheres que homens empreendem pela falta de alternativas ou
oportunidades de trabalho, especialmente em países de baixa renda. A atividade
empreendedora é influenciada por ambos os fatores: pessoais e sócio-econômicos; idade,
experiência de trabalho, educação, experiência de outros empresários são influências
importantes no comportamento empresarial de mulheres. Algumas constatações do estudo:
a) em países de baixa e média renda, a idade mais comum para as mulheres se
envolverem em atividades empresariais é de 25-34, já em países de alta renda, a idade média
passa para 35-44;
b) em países de baixa renda, a maioria das empreendedoras ativas (54%) não possui
segundo grau completo. Nos países de alta renda, as mulheres com educação secundária são
mais propensas a começar um negócio novo;
c) similarmente aos homens a maioria das mulheres envolvidas em novos negócios
abandonou outros trabalhos;
d) identificou-se forte correlação positiva entre o fato de as mulheres envolvidas na
criação de novos negócios terem conhecimento de outros empresários, indicando que isto as
deixa mais propensas a iniciar novos negócios, estas mulheres tendem a ser mais velhas e
possuírem melhor nível educacional. As percepções acerca de oportunidades ambientais e a
auto-confiança em suas próprias capacidades são fatores poderosos para predispor a mulher
ao comportamento empresarial;
e) em todos os países, verificou-se uma correlação positiva entre a percepção de
oportunidade e a probabilidade de uma mulher começar um negócio novo.
f) em todos os países, verificou-se uma correlação positiva entre o fato de mulheres
terem convicção de possuírem o conhecimento, habilidades e experiência requeridas para
começar um negócio novo e a probabilidade de começar um. Reciprocamente, uma correlação
negativa e forte entre o medo do fracasso e a probabilidade de uma mulher começar um
58
negócio novo. A maioria dos negócios começados por mulheres requereu menor emprego de
capital inicial e tecnologia, comparado os negócios iniciados por homens.
g) em média, negócios começados por homens requerem maior capital inicial, talvez
porque os homens comecem mais frequentemente negócios orientados ao consumidor
enquanto as mulheres mais frequentemente iniciam empreendimentos orientados a serviços,
onde o custo inicial tende a ser mais baixo. Empreendimentos criados por mulheres tendem a
ter trajetórias de crescimento mais lentas. A maioria das mulheres que começam um negócio
novo, esperam criar cinco (5) ou menos empregos adicionais dentro de um período de 5 anos.
Em países de baixa renda, só 1% dos negócios criados por mulheres apresentam alto potencial
de emprego, subindo esta taxa para 1.6% em países de alta renda.
h) mulheres tendem a começar negócios com tecnologia conhecida e em mercados
estabelecidos. A maior implicação oferecida pelo estudo de Minniti, Arenius e Langowitz
(2005) diz respeito necessidade de serem costuradas políticas específicas ao contexto de
diferentes países e, talvez, até mesmo para sub-regiões. Isto é particularmente importante para
as mulheres, uma vez que elas tendem a ser muito mais sensíveis às condições do ambiente do
que os homens.
As melhores práticas universais orientadas a estimular o empreendedorismo
referem-se à necessidade de reformar o ambiente social onde atua o empreendedor,
implicando na criação de lideranças, eliminação de barreiras de competição, redução de
barreiras regulatórias, alfabetização, assistência financeira, orientação para administração,
treinamento e oferecimento de serviços mais eficientes para empresas novas ou em
desenvolvimento, de modo que essas políticas possam beneficiar todos os indivíduos
interessados em iniciar um negócio.
O estudo de Minniti, Arenius e Langowitz (2005) conclui salientando que grandes
oportunidades existem para que os governos de todo o mundo utilizem o potencial
empreendedor da mulher. Igualmente, por todo o mundo, um número cada vez maior de
mulheres vem demonstrando interesse em expressar seu espírito empreendedor, embora ainda
muitas mulheres relutem em transformar suas idéias de negócios em ação. Embora muitas
razões existam para esta hesitação, a pesquisa do GEM constatou que a falta de confiança
aparece como uma das causas mais importantes para o baixo envolvimento da mulher na
atividade empreendedora, comparada ao homem. Indiferentemente de quão generosas sejam e
embora importantes especialmente em países pobres, políticas de apoio por si não são
suficientes para aumentar a participação da mulher nas atividades empreendedoras, mentoring
e redes de apoio são tidas como fatores cruciais para o desenvolvimento de lideranças e
59
criação de novos negócios. Quando as mulheres não desenvolvem totalmente seu potencial
econômico, a economia inteira sofre. Um melhor entendimento da potencial contribuição das
mulheres para a paisagem empresarial permitirá o desenvolvimento de políticas e programas
mais satisfatórios, aumentando o envolvimento delas no mercado. Além de prover valioso
conhecimento sobre o processo empreendedor, entender e apoiar o comportamento
empreendedor das mulheres terá repercussões positivas num país bem como em seu
patrimônio líquido social.
Conforme estudo de Welter et al (2005), até então ainda pequenas pesquisas
focalizaram o empreendedorismo feminino em países num contexto de transição. Usando
uma perspectiva institucional, o estudo compara dois países em diferentes fases no processo
de transformação. A Lituânia, que seguiu um caminho transitivo rápido conduzindo a
sociedade de EU, e a Ucrânia, ainda em caminho de desenvolvimento muito mais lento. O
estudo mostrou que enquanto as empresárias mulheres na Lituânia e Ucrânia compartilham
muitas características comuns e problemas, diferenças importantes entre os dois países.
Isto indica a necessidade de reconhecer a diversidade que existe entre países de transição,
heranças diferentes refletindo o passado soviético, como também diferenças no ritmo de
mudança durante o período de transição.
Também recentemente, Filion e Rogers (2006), o primeiro, importante
pesquisador mundial na área do empreendedorismo, em visita ao Brasil, falaram sobre os
resultados de suas pesquisas na área do empreendedorismo feminino. Apresentaram um
panorama da área, uma síntese dos resultados das pesquisas realizadas em todo o mundo
acerca do comportamento, perfil, atitudes e atividade empreendedora da mulher,
especialmente à frente da criação de novos empreendimentos de risco. Abordaram sobre as
principais diferenças entre a atividade empreendedora de homens e mulheres, a
predominância de homens e mulheres nas diferentes sociedades, nas carreiras e nos negócios,
apresentando as principais características empreendedoras das mulheres a partir de pesquisas
literárias e resultados encontrados a partir das próprias pesquisas e de achados de diversos
outros pesquisadores. A palestra foi concluída apresentando sugestões acerca de ações
capazes de fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo feminino, mencionando
centros de suporte e fomento à ação empreendedora feminina entre outros.
60
2.5 ESTUDOS VOLTADOS PARA A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM
EMPREENDEDORISMO
Complementando esta revisão de literatura convém ainda fazer referência aos
estudos realizados de forma a mapear a área de pesquisa do empreendedorismo, e que
analisaram publicações científicas.
Dentre outros autores, cabe mencionar a contribuição oferecida pelo trabalho
desenvolvido por Bechard (1996), na intenção de conhecer um pouco mais sobre a área de
pesquisa do empreendedorismo, buscando identificar, analisar e resumir as principais
descobertas e considerações feitas pelos pesquisadores da área. O pesquisador tomou como
base de estudos os 30 trabalhos mais citados nas publicações Journal of Business Venturing,
Entrepreneurship Theory and Practice, e Journal of Small Business Management, com um
período de corte de 10 anos. Primeiramente, Bechard (1996) classificou os trabalhos em três
níveis distintos de conhecimento, sendo eles: o nível praxeológico, o nível disciplinar e o
nível epistemológico. No vel praxeológico, classificou os trabalhos voltados às práticas de
gestão e desenvolvimento do empreendedorismo. No nível disciplinar, estabeleceu relação
entre as diferentes contribuições trazidas pelas diferentes teorias econômicas, psicológicas,
sociosculturais e as teorias de organização do campo do empreendedorismo. No nível
epistemológico, voltou-se para as tentativas de definição, de modelização, de classificação e
de avaliação do campo do empreendedorismo por outros autores relacionados.
Chandler e Lyon (2001) por sua vez, desenvolveram estudo voltado a analisar a
metodologia aplicada nos artigos publicados em Jornais da área do empreendedorismo na
década compreendida entre os anos de 1989 e 1999. Os nove jornais analisados foram
Entrepreneurship Theory and Practice; Journal of Business Venturing, Strategic
Management Journal; Journal of Management; Academy of Management Journal; Academy
of Management Review; Organization Science; Management Science and Administrative
Science Quarterly. Depois de analisados sistematicamente os artigos publicados nestes
jornais, os resultados indicaram uma tendência para maior mutivariedade estatística e algum
crescimento na ênfase de confiança e validade na década analisada. A análise indicou que de
maneira crescente, metodologias suficientemente robustas e sofisticadas vêm sendo
empregadas nas pesquisas da área do empreendedorimo.
Davidsson e Wilklund (2001) desenvolveram estudo procurando saber quais
níveis de análise as pesquisas de empreendedorismo normalmente usam, buscaram também
descrever exemplos de progresso empregados na década entre 1988 e 1998 em pesquisas
61
relacionadas ao empreendedorismo em diferentes níveis de análise. Constatou-se
predominância do nível de análise de firmas individuais e vários exemplos de progresso foram
encontrados, entretanto, constatou-se que a área de pesquisas do empreendedorismo é ainda
jovem e a porta está aberta para novas pesquisas que possam oferecer contribuições.
No Brasil, o estudo exploratório de Paiva Jr. e Cordeiro (2002) que tomou como
base de análise os trabalhos publicados nos Encontros Anuais da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD) durante o período compreendido entre
os anos de 1998 e 2001, buscou descrever a trajetória histórica e as dimensões conceituais do
empreendedorismo, procurando compreender o tema empreendedorismo e espírito
empreendedor no contexto cultural brasileiro. O estudo conclui que o empreendedorismo
representa um assunto emergente no cenário de publicações científicas nacionais; no entanto,
os estudiosos de administração ainda desenvolvem estudos de caráter exploratório sobre esse
tema.
Também buscando analisar a área acadêmica emergente do empreendedorismo
para melhor entender seu progresso e potencial, Busenitz et al (2003) examinaram 97 artigos
sobre emprendedorismo publicados nos principais jornais de administração no período de
1985 à 1999. Foram encontradas algumas evidências de que o número de artigos relacionados
ao empreendedorismo publicados nos jornais apresentou tendência de crescimento, embora o
número de artigos publicados seja baixo. Os autores discutem que os limites altamente
permeáveis do empreendedorismo facilitam a troca intelectual com outras áreas da
administração, mas às vezes desencoraja o desenvolvimento da teoria do empreendedorismo.
Guimarães (2004) em seu trabalho buscou fazer uma análise epistemológica do
campo do empreendedorismo, procurando analisar a influência das correntes epistemológicas
sobre os trabalhos desenvolvidos nesta temática. Constatou grande diversidade de visões
sobre o empreendedorismo e sobre a figura do empreendedor, sendo que o empreendedorismo
é hoje visto como um fenômeno heterogêneo, complexo e multidimensional. Ficou
evidenciada a diversidade dos pesquisadores interessados no campo do empreendedorismo,
que por sua vez, desperta também o interesse de outros agentes: governo e iniciativa privada,
que também apresentam interesses em assuntos relacionados ao fenômeno do
empreendedorismo. O comportamento da literatura analisada com relação as diferentes
correntes de pensamento mostrou a influência de vários paradigmas epistemológicos como a
dominância quase total dos pensamentos racionalistas, funcionalistas e positivas,
principalmente no início dos trabalhos, mas também uma forte presença de trabalhos seguindo
a corrente dialética, cibernética e da complexidade.
62
Em estudo realizado por Schildt e Sillanpää (2004) foi vasculhada a área de
estudo do empreendedorismo na intenção de contribuir para a compreensão geral do
empreendedorismo como um campo científico de pesquisa. O estudo aconteceu por meio de
análise bibliométrica das referências mais citadas nos artigos sobre o tema, que por meio de
um algoritmo especialmente desenvolvido para o estudo, permitiu identificar e descrever os
quinze grupos mais citados, representando os principais fluxos teóricos. As relações entre os
grupos são exploradas. Os resultados revelam que o nível de colaboração entre as
universidades tende a ser relativamente modesto, embora o nível de co-operação varia
grandemente.
Merece menção especial o estudo realizado por Valencia e Lamolla (2005) com a
preocupação de verificar o estado em que se encontra a pesquisa na área de
empreendedorismo feminino. O trabalho valeu-se de uma ampla pesquisa vasculhando tudo o
que foi publicado sobre empreendedorismo feminino desde o ano de 1990 até o ano de
2004 em artigos acadêmicos, livros, congressos e conferências, nas publicações dos principais
jornais da área de empreendedorismo do mundo como o Frontiers of Entrepreneurship, jornal
com maior número de publicações na área, o Journal of Business Venturing,
Entrepreneurship, e o Journal Theory & Practice, jornal americano de pequenos negócios,
além da base de dados e estudos do GEM, criado no ano de 1999.
As autoras Valencia e Lamolla (2005) iniciaram a pesquisa levando em
consideração as seguintes questões principais: a) será o crescimento das atividades
profissionais das mulheres, assim como o empreendedorismo, é resultado da evolução social
em detrimento da percepção do papel feminino? b) fatores sócio-culturais terão influenciado
positivamente o incremento da presença da mulher no mundo do empreendedorismo? c)
mudanças em fatores institucionais como políticas econômicas conduziram mulheres para a
atividade empreendedora? Esta pesquisa foi realizada utilizando como critério para análise e
classificação dos estudos o framework de criação de novos negócios, proposto por Gartner
(1985) cuja estrutura é composta por quatro dimensões: a) individual (o empreendedor); b) a
organização (o negócio criado); c) o processo (atividades prévias anteriores ao startup) e d) o
meio-ambiente (fatores externos).
As conclusões do estudo de Valencia e Lamolla (2005) são apresentadas a seguir,
por dimensão:
a) A dimensão Individual: não foram encontradas distinções demográficas
significativas entre empreendedores masculinos e femininos, constatou-se comportamento
empreendedor comum a ambos, exceto pela experiência profissional. Estudos recentes
63
exploram aspectos genéticos básicos das mulheres e atributos como habilidade de relacionar-
se e empatia e seu uso na criação de empresas. A teoria do feminismo social deveria antes ser
estudada para então determinar como a experiência social das mulheres influencia sua
atividade empreendedora. O nível de educação tem impacto positivo no desempenho inicial
do negócio. Resultados contraditórios foram encontrados sobre o nível educacional da mulher.
Alguns encontraram diferenças significativas entre mulheres e homens empreendedores e
outros estudos sustentam que existem poucas diferenças no campo da educação. As mulheres
têm menos experiência que homens nas atividades relacionadas a gerenciamento e
experiências em indústrias. Um achado comum nos estudos revela que a experiência anterior
é uma chave estrutural básica que tem um forte impacto nas habilidades das mulheres em
iniciar um negócio próprio e para melhorar seu desempenho nos negócios. Alguns estudos
sustentam que as mulheres são mais empáticas, em competências e adaptabilidades sociais. E
esses aspectos são positivos em relação ao sucesso nos negócios. Aversão a riscos. Com
relação ao desejo de crescimento dos negócios, as mulheres são mais preocupadas com os
riscos que os homens, além de vangloriarem-se em lidar com pessoas, e em competências de
apresentações orais e motivacionais. As mulheres percebem o empreendedorismo mais
positivamente que homens. E consideram uma boa relação com empregados, clientes e outros
profissionais como vitais para o sucesso nos negócios.
b) A dimensão Organização. Estudos futuros deveriam destinar especial atenção
para setores ou indústrias nas quais as mulheres criam negócios e focar nos indicadores
usados por mulheres em seus próprios negócios para mensurar desempenho. A maioria dos
estudos considera somente elementos econômicos para avaliar performance, enquanto
deveriam ser considerados também outros elementos, como nível de satisfação, uma vez que
para as mulheres é de grande importância. Poucos estudos dedicaram-se a analisar as
estratégias e a forma estrutural das organizações criadas por mulheres. As mulheres usam
menos capital para o financiamento do startup, mas não existe consistência nas pesquisas para
provar uma relação consistente entre o financiamento do startup e a sobrevivência do
negócio. As taxas de sobrevivência e de crescimento de negócios pertencentes a mulheres são
menores que os negócios pertencentes aos homens, têm menores taxas de crescimentos e
receitas por funcionários. As mulheres que conseguem ter acesso a capital de risco tem em
comum o fato das suas empresas serem grandes em vendas ou essas mulheres possuem um
grande conhecimento/treinamento em finanças ou são ex-executivas. Os negócios de alto
crescimento dirigido por mulheres utilizam uma forma de organização baseada em times. Elas
64
possuem uma alta preocupação com a reputação, uma forte liderança. E uma ampla gama de
fontes diversas de recursos para o financiamento do empreendimento.
c) A dimensão Processo. É o nível menos estudado, embora ainda seja necessário
para explorar e identificar variáveis-chave bem como atividades específicas desenvolvidas por
mulheres na criação de novos negócios, dando especial atenção para networking e capital
social. Devido à familiaridade como mecanismo social, eles preferem iniciar um novo
negócio com alguém que tenha alguma identificação comum ou que tenham laços anteriores.
A variedade de atividades empreendedoras executadas durante o startup é bastante diferente
entre os gêneros. Embora tenha sucessos similares em iniciar o negócio, o mesmo não
acontece em sua sobrevivência, sendo que negócios criados por mulheres têm menores taxas
de sobrevivência que negócios iniciados por homens.
d) A dimensão Meio-ambiente. Ficou demonstrado que a área do empreendedorismo
é uma área conceitual e para as mulheres aspectos socioculturais tem grande influência, o
suporte familiar, sexo e outros fatores socioculturais como a percepção da sociedade sobre o
negócio criado e a imagem da mulher empreendedora exercem muita influencia sobre sua
escolha e decisão de tornar-se uma empreendedora. Embora estes significantes fatores tenham
sido identificados na revisão bibliográfica, poucos estudos concentraram-se na análise destes
fatores. Não foram encontradas provas de discriminação com relação a acessos básicos a
empréstimos bancários nem com relação à diferenciação de taxas cobradas. Porém existe
muita resistência de investidores de capital de risco em relação a aporte de capital. Porém
evidencia-se que mais estudos são necessários nestas áreas. Ambos os sexos estão
compromissados com as tendências criadas pelas forças industriais. Um dos problemas
possíveis apresentados é a experiência de negócios derivada da natureza dos setores da
indústria em que operam.
Tomando como base o trabalho desenvolvido por Silveira (1993), que realizou
extenso trabalho de análise de citação em revisão de literatura, também os trabalhos de Della
Giustina (2005); Della Giustina; Silveira e Hoeltgebaum (2006a; 2006b) utilizaram-se dos
parâmetros metodológicos e dos indicadores bibliométricos para indicar o grupo de elite, o
fator de impacto e a vida média da literatura científica gerada em onze programas de pós-
graduação reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), no sul do Brasil. O estudo, de cunho qualitativo, adotou pesquisa documental e
bibliográfica e analisou as produções científicas destes programas no período compreendido
entre 1972 até maio de 2005. Os resultados mostram uma diversidade de trabalhos e autores
citados, com predominância da língua portuguesa e certo grau de elitismo.
65
Recentemente, importante estudo voltado a mapear a área de pesquisa referente ao
empreendedorismo foi desenvolvido por Grégoire et al (2006). Os autores partem de uma
indagação central: existe um conceito convergente na pesquisa de empreendedorismo?
Através de uma análise das co-citações das pesquisas relacionadas ao empreendedorismo a
partir do ano de 1981 até o ano de 2004, o estudo pretende contribuir para a busca da resposta
à questão de pesquisa. Considerando que até então poucas pesquisas empíricas tem focado
mais especificamente a extensão e a natureza desta convergência, o enfoque do estudo recai
sobre a análise das redes de conexões entre as 20,184 referências listadas nos 960 artigos
sobre empreendedorismo publicados no Frontiers of Entrepreneurship Research Séries, no
período de 1981 até o ano de 2004. Os resultados do estudo apresentam evidências para níveis
variados de convergência que caracterizaram a pesquisa na área do empreendedorismo ao
longo dos últimos 25 anos, bem como a evolução dos temas conceituais que atraíram a
atenção dos estudantes nos diferentes períodos. Como complementação, os autores
apresentam evidências de que o campo do empreendedorismo, de forma crescente, confia em
sua própria literatura, contribuindo significativamente para as ciências da área de
administração. Ainda que tenham sido constatadas algumas comunidades de pesquisa
diferentes no meio, as pesquisas em empreendedorismo não estão fragmentadas nem
dissociadas, demonstrando que os pesquisadores não estão rendidos ao conformismo nem são
fiéis à um único paradigma.
Ainda os trabalhos de Gartner, Davidsson e Zahra (2006) buscaram entender a
estrutura científica da pesquisa na área do empreendedorismo. O estudo mostra que a área de
pesquisa do empreendedorismo contém: temas múltiplos, mas desconectados; temas
dominantes que refletem a lente, ou seja, a ótica dos pesquisadores e considerável nível de
dinamismo, que implica na mudança constante dos termos-chave de pesquisa. A pesquisa
oferece ricas oportunidades de identificar insight, influências e nichos de pesquisa criativos na
área do empreendedorismo.
Cornelius, Landstron e Persson (2006) procuraram entender o desenvolvimento da
área do empreendedorismo, as motivações e os interesses dos vários autores. Esta
compreensão foi buscada por meio da análise bibliométrica de artigos de pesquisa citados
entre os anos de 1986 e 2004. Constatou-se que o empreendedorismo tem se desenvolvido
como uma subdisciplina da área de administração. Embora ainda não totalmente madura, a
área do empreendedorismo apresenta sinais de maturidade, com orientação
predominantemente interna e estabelecimento de áreas-chave de pesquisa com adoção de
linguagem profissional própria.
66
Schild, Zahra e Sillanpaa (2006) debatem em seu estudo sobre as características
do empreendedorismo como uma área de pesquisas fragmentadas e não cumulativas,
dificultando a evolução desta área temática como uma disciplina escolar respeitável. O estudo
apresenta análise bibliométrica de artigos publicados sobre o empreendedorismo durante os
anos de 2000 e 2004, nos principais jornais relacionados à área do empreendedorismo, tendo
como base de dados a Social Sciences Citation Index, foram analisados 733 artigos com
21.000 referências. O artigo, de natureza descritiva, aplica análise quantitativa para identificar
e analisar diferentes grupos de artigos conectados identificando 25 diferentes fluxos de
pesquisa mais freqüentes e centrais na área do empreendedorismo. Embora muitos países
possuam forte representatividade em determinados fluxos de pesquisa, os EUA caracterizam-
se como sendo o país de maior representatividade em número de estudos.
Trabalho desenvolvido por Reader e Watkins (2006) explora a grande área do
empreendedorismo de dois modos relacionados entre si. Primeiro, a análise de co-citação de
autores estabelece uma visão coletiva da estrutura da literatura do empreendedorismo. Foram
analisadas as freqüências de co-citação de 78 importantes pesquisadores da área do
empreendedorismo, utilizando variáveis técnicas. Os pesquisadores foram agrupados de modo
a reunir trabalhos em áreas semelhantes. A análise fatorial foi usada para identificar os temas
subjacentes e definir os campos. Finalmente, foram aplicados questionários individualizados
para explorar interações sociais, ou o suporte intelectual. O estudo ofereceu apoio empírico
para várias convicções pré-existentes sobre o empreendedorismo como um campo de estudo,
como: (1) ocorrência de fragmentação em uma fase precoce de seu desenvolvimento; (2)
dificuldade de categorizar subáreas na grande área do empreendedorismo (3) limitação de
bolsas de estudos e (4) evolução dentro do meta-campo de diferenças nacionais nos tópicos
estudados. Além disso, o estudo demonstra que existem reais e fortes redes sociais e
colaboradoras que estão por baixo da geração do trabalho, e que a pesquisa do
empreendedorismo é mostrada como uma atividade essencialmente social.
Borba (2006) realizou estudo procurando analisar a área de estudo do
empreendedorismo e da produção científica com base nos artigos apresentados no Academy
of Management Meeting (AOM). A pesquisa foi exploratória empregando método qualitativo
e quantitativo. Observou-se que os estudos estão pulverizados entre dez temas, dos quais se
destacam a administração de pequenas empresas, empreendedorismo e inovação, e psicologia.
Notou-se, ao longo do corte de tempo analisado, o período entre 1954 - 2005, uma mudança
do interesse do ator do fenômeno empreendedorismo para a ação do processo de empreender.
67
Todos estes autores analisaram a produção científica quanto ao
empreendedorismo. Estes trabalhos foram reunidos em maio de 2006, no periódico
internacional Entrepreneurship, Theory & Practice. Percebe-se que dos principais estudos que
revisam a literatura em empreendedorismo, buscando averiguar seu comportamento sob
diversos enfoques, o estudo desenvolvido por Valência e Lamolla destaca-se por voltar-se
para o empreendedorismo feminino.
68
3 MÉTODO DE PESQUISA
A pesquisa caracteriza-se como sendo de natureza empírica, uma vez que parte de
uma fundamentação teórico-empírica e verifica seu comportamento em um contexto mais
específico. Neste estudo, o contexto mais específico é a base de dados internacional do
Institute for Scientific Information (ISI). A base de dados do ISI é a mais conceituada do
mundo, cobrindo os periódicos científicos nas ciências puras, sociais, artes e humanidades. A
escolha pela base de dados do ISI deu-se em função de sua representatividade e relevância de
seus estudos, uma vez que publica o Science Citation Index e o Journal Citation Reports
(JCR), que serve de referência mundial para o índice de citação nas ciências. Os periódicos
científicos indexados pelo ISI têm o fator de impacto entre os considerados mais altos,
ficando entre os melhores periódicos do mundo.
Segundo sua caracterização, este estudo apresenta-se como pesquisa exploratória,
com método qualitativo, do tipo bibliográfico e documental.
O estudo de algum objeto geral, a respeito do qual pouco se sabe, ou fenômenos
que até certo ponto, ainda não foram estudados, incluem-se nos estudos exploratórios. Nesta
pesquisa, buscou-se saber mais a respeito do comportamento de determinada literatura quanto
à produção científica, um tema de pesquisa de relevância crescente no meio acadêmico
científico que ainda não é de todo conhecido.
Segundo Trivinos (1987) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como
fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave, existe a escolha de um
assunto ou problema, uma coleta e análise das informações, que pode acontecer
simultaneamente. As informações que se recolhem, podem gerar novas exigências de buscas
de dados. Quanto ao pesquisador, será eficiente e altamente positivo para os propósitos da
investigação, se possuir amplo domínio do estudo que está sendo realizado e embasamento
teórico-geral que lhe serve de apoio. Neste caso, a pesquisadora proponente da pesquisa conta
com este tipo de embasamento. As pesquisas qualitativas, por meio de narrativas ou relatos,
elucidam as situações onde se passam os fatos. Evidenciam o que, como, quando, entre outros
aspectos, estes fatos ocorrem, se justapõe e se interrelacionam (MOREIRA, 2001).
Constitui-se em uma pesquisa bibliográfica ao classificar e analisar determinada
literatura. Conforme Ruiz (2002, p. 58) a natureza da pesquisa bibliográfica remete-se à
bibliografia, constituída pelas produções humanas guardadas em livros, artigos e documentos.
69
A “pesquisa bibliográfica consiste no exame deste manancial, para levantamento e análise do
que se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa
científica”. Para Salvador (1986 p. 10) “a pesquisa feita em documentos escritos é chamada
de pesquisa bibliográfica, quando se utiliza de fontes, isto é, de documentos escritos originais
primários, chama-se consulta bibliográfica”. “A finalidade da pesquisa bibliográfica é colocar
o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”
(LAKATOS 1986, p.166). Macedo (1996, p 13) conceitua a pesquisa bibliográfica como “a
busca de informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam com o
problema de pesquisa e o respectivo fichamento das referências para que sejam
posteriormente utilizadas”. Ainda sobre a pesquisa bibliográfica, Cervo e Bervian (2002, p.
65) afirmam que “a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de
referências teóricas publicadas em documentos”, busca conhecer e analisar as contribuições
culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou
problema.
Assim, este estudo compreende a análise documental, que segundo Richardson
(1989) consiste em uma série de operações que visam estudar e analisar um ou vários
documentos para descobrir as circunstâncias sociais e econômicas com as quais podem estar
relacionados. Para Cervo e Bervian (2002, p. 66) “a pesquisa documental é uma das várias
formas que pode assumir a pesquisa descritiva”. Na pesquisa documental são investigados
documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e
outras características. Estuda a realidade presente, e não o passado, como ocorre com a
pesquisa histórica.
Quanto aos tipos de documentos, Salvador (1986, p. 87) salienta que “os artigos
são estudos normalmente menos extensos do que aqueles que aparecem em forma de livros. O
artigo é o meio mais indicado para descrever as investigações em curso e apresentar seus
resultados, para propor uma teoria, provocar uma troca de impressões etc...”. Para Cunha
(2001, p 16) “as publicações periódicas constituem um dos mais eficientes meios de registro e
divulgação de pesquisas, estudos originais e outros tipos de trabalho intelectual”. Vale
lembrar que a expressão periódico designa um tipo de documento que possui como
características a periodicidade, a publicação em partes sucessivas, a continuidade e variedade
de assuntos e autores. “Ao periódico é atribuído um número único internacional, o ISSN
(International Standard Serial Number) que evita ambigüidades ou problemas derivados de
títulos homônimos” (CUNHA, 2001, p. 17).
70
Salvador (1986, p. 83) salienta ainda que “as principais publicações periódicas são
o jornal e a revista, sendo que nos periódicos encontra-se a presença do recente e do atual”, na
revista, predominam os artigos, sobretudo nas revistas científicas. Inclui ainda estudos
críticos, recensões, boletins, crônicas e, às vezes, uma relação de bibliografia corrente. As
revistas, ao mesmo tempo em que desempenham um papel importante na elaboração de
doutrinas, constituem-se em um meio de informação constante e regular para tudo o que se
relaciona com o campo científico (SALVADOR, 1986).
Desta forma, neste estudo, ao se analisar os artigos referentes ao tema de pesquisa
nos principais jornais e revistas indexados na base de dados do ISI, oportunizou-se fazer uma
sistematização do assunto na literatura internacional com maior fator de impacto do mundo.
Inicialmente, foram desenvolvidas ações por meio do acesso à base de dados ISI,
para situar o contexto de estudo e levantar as áreas que continham títulos relacionados ao
tema. Foram ainda identificados estes títulos e verificada a representação em relação ao todo
do assunto empreendedorismo e da área de interesse de estudos: o empreendedorismo
feminino. Com o intuito de melhorar o entendimento sobre a literatura gerada e publicada
neste período em empreendedorismo feminino, para todos os periódicos indexados na base de
dados do ISI analisados, identificou-se, de forma sistemática, o periódico o ISSN, o fator de
impacto do periódico, a procedência do periódico, local de edição ou publicação, o autor,
origem do autor e o assunto em termos de palavras-chave.
Em sua continuidade, na segunda parte do estudo, foram analisados e classificados
os artigos recuperados em sua íntegra segundo o que propõe o estudo de Gartner (1985).
Caracteriza-se este tipo de estudo como pesquisa documental no que se refere ao estudo
realizado quanto à base ISI, sendo um tipo de fonte documental secundária. Os artigos de
periódicos constituem-se, por sua vez, em documentos primários (SILVEIRA et al., 2004).
Fez parte deste estudo, a intenção de interpretar o cenário, os autores e o processo
evolutivo dos acontecimentos na área de estudos referente ao empreendedorismo feminino,
por meio da análise de documentos, procurando tomar conhecimento de seu conteúdo pela
análise interna, bem como da natureza dos textos, sua autenticidade e originalidade. Conforme
afirmam Cervo e Bervian (2002) estes procedimentos relacionados à pesquisa bibliográfica,
constituem os meios pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado
tema.
71
3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Neste estudo, compreendendo a população e amostra da pesquisa, foram
analisadas as produções científicas relacionadas ao empreendedorismo feminino indexadas na
base de dados do ISI, nos periódicos científicos nas ciências sociais, quanto a parte de
administração e de negócios, de 1997 a 2006, sendo este um corte transversal, o mais atual
nos últimos anos. Para Cunha (2001, p.35) “bases de dados é a expressão utilizada para
indicar a coleção de dados que serve de suporte a um sistema de recuperação de
informações”, incluem entre outros, textos completos de artigos de periódicos.
Para identificação dos dados analisados, foram desenvolvidas ações de
mensuração a partir do acesso a base de dados ISI, em página na internet, iniciando-se em
julho levantamento das áreas que continham títulos relacionados ao tema, coleta destes títulos
e respectiva quantificação e representação em relação ao todo e em relação à área de interesse
de estudos.
Assim, constatou-se que os periódicos indexados na base do ISI, correspondentes
às áreas de administração e de negócios totalizam 117 periódicos, distribuídos nas seguintes
categorias:
a) administração: 52 periódicos;
b) negócios: 43 periódicos;
c) administração e negócios: 22 periódicos.
Estas três categorias de periódicos constituem a população e a amostra da
pesquisa. Com relação à população e à amostra, vale salientar que num estudo como este, de
natureza qualitativa, a escolha da amostra, conforme afirma Trivinos (1987), pode-se dar em
função da procura por representatividade dos sujeitos que participam do estudo. Ao invés de
aleatoriedade, o pesquisador decide intencionalmente pela amostra, considerando uma série
de condições, como por exemplo, sujeitos que sejam essenciais segundo o investigador, para o
esclarecimento do assunto em foco. Neste estudo, igualmente, a escolha pela base de dados do
ISI deu-se em função de sua representatividade e relevância dos estudos publicados. Este
conjunto de publicações compõe uma amostra intencional, ou seja, não-probabilística,
escolhidos por estarem vinculados a uma das bases de dados de maior impacto e maior
representatividade para a área de administração e negócios, da atualidade. Na pesquisa
qualitativa, a amostra é geralmente pequena, intencional, tendo como uma das ferramentas
mais usadas, a análise documental (SILVEIRA et al., 2004). Desta forma, os resultados desta
72
pesquisa podem servir como parâmetros representativos do estado em que se encontra a
produção científica na área de empreendedorismo feminino em âmbito internacional.
3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS
“Com o advento da internet, surgiu a possibilidade de consultar na web os
periódicos técnico-científicos armazenados na forma eletrônica ou digital” (CUNHA, 2001, p.
21). Desta forma, a totalidade dos estudos sobre empreendedorismo feminino foi coletada
através da internet, em página específica da base de dados internacional do Institute for
Scientific Information (ISI), eleita como objeto de estudo desta pesquisa.
Depois de coletadas,
foram contadas as publicações relacionadas ao empreendedorismo feminino indexadas, de
modo a identificar o percentual que representam no universo de produções científicas desta
base de dados na área de Administração e Negócios.
A segunda etapa da pesquisa, depois de identificados todos os aspectos de
interesse na base de dados do ISI, compreendeu a análise e o tratamento dos estudos
encontrados sobre o empreendedorismo feminino para classificá-los segundo o modelo
proposto por Gartner (1985). Nesta parte, as palavras-chave se constituíram em categorias. As
categorias, por sua vez, convergiram para as dimensões preconizadas por Gartner (1985).
Adotou-se ainda, nesta fase, a análise de conteúdo (BARDIN, 1970). Para Richardson (1989),
no tratamento dos dados para os resultados por meio da análise de conteúdo, o essencial está
em como codificar o material analisado. A codificação é um processo por meio do qual os
dados brutos são sistematicamente transformados e agrupados em unidades que permitem
uma descrição exata das características relevantes do conteúdo.
Para tanto, as publicações relacionadas ao empreendedorismo feminino, ou seja,
os artigos identificados nos periódicos indexados na base de dados do ISI foram lidos de
forma crítica e analítica. Salvador (1986, p. 83) ressalta que “a leitura crítica supõe dupla
capacidade: saber escolher e saber diferenciar” os elementos essenciais para os objetivos do
pesquisador, perceber as ligações que as unem e a sua seqüência ao longo de um raciocínio. A
leitura pressupõe a capacidade de diferenciar estes elementos e sua classificação segundo os
critérios eleitos pelo pesquisador. A leitura analítica envolve as fases de diferenciação, de
compreensão e de julgamento. Nada se pode julgar sem antes entender. Entender significa ir
ao interior das idéias, compreende-las, descobrir as características que as definem e as
relações que possuem. Entendidas as idéias, passa-se ao seu julgamento. Julgar é atribuir
73
valor, determinar utilidade, descobrir importância. Para julgar necessita-se de critérios. Os
critérios de julgamento são os propósitos de estudos ou de trabalho, em função dos objetivos e
propósitos do pesquisador (SALVADOR, 1986).
Neste estudo, os critérios usados para análise, julgamento e classificação dos
dados, ou seja, das publicações relacionadas ao empreendedorismo feminino, foram as quatro
dimensões propostas por Gartner (1985) em seu modelo criado para classificar estudos na área
de empreendedorismo. Embora muitos autores tenham utilizado diferentes modelos para
descrever e analisar as pesquisas na área de empreendedorismo, nas últimas décadas, é
possível constatar similaridades entre as dimensões analisadas pelos vários modelos propostos
por diferentes autores como: Veciana (1999); Bull e Willard (1993); Low e MacMillan
(1998); e Gartner (1985); Valencia e Lamolla (2005). A escolha pelo modelo de Gartner
(1985) deve-se ao fato de que, ao que tudo indica; é o modelo mais apropriado, mais prático e
o mais usado para classificar pesquisas na área de empreendedorismo feminino. O modelo
proposto por Gartner (1985) compreende, conforme constam na revisão de literatura que
embasa a fundamentação teórica deste projeto de pesquisa, quatro dimensões distintas para
descrever a criação de organizações: a) a dimensão individual e as características do
empreendedor; b) a organização criada; c) o ambiente que influencia esta organização e d) o
processo adotado pelo empreendedor. As quatro dimensões conceituais propostas pela
estrutura de Gartner (1985) constitui-se numa forma de analisar pesquisas e estudos passados,
ao mesmo tempo em que permite ao investigador voltar sua atenção distintamente para cada
uma das quatro dimensões.
O modelo criado por Gartner (1985) surgiu após extensa revisão bibliográfica dos
trabalhos sobre empreendedorismo. O autor percebeu que todas as pesquisas e trabalhos
assemelhavam-se em alguns aspectos e apresentavam pontos comuns entre si. Assim, propôs
uma estrutura útil e prática para analisar as pesquisas e trabalhos na área de
empreendedorismo, capaz de descrever a criação de novos negócios levando em consideração
quatro dimensões distintas: a individual a pessoa envolvida no início de uma nova
organização, a organização – o tipo de firma que é criado, o ambiente fatores que envolvem
e influenciam a organização criada, e o processo as ações desenvolvidas pelo empreendedor
para iniciar a empresa. Cada uma das dimensões compreende aspectos específicos a serem
analisados nas pesquisas, conforme segue:
a) a dimensão individual: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes ao
empreendedor como, por exemplo, aspectos pessoais e psicológicos, características
demográficas, idade, educação, experiência profissional (experiência prévia em negócios
74
similares, experiência em gestão de pessoas, experiência em gestão de negócios), ocupação
anterior, motivações para tornar-se um empreendedor (necessidade de realização, satisfação
no trabalho, desejo de ser independente financeiramente e no trabalho, flexibilidade para
gerenciar as obrigações familiares, reconhecimento social), histórico familiar (pais
empreendedores), fatores cognitivos (empatia, relações sociais, disposição em servir,
disposição para correr riscos), percepções e atitudes (habilidades para apresentações orais e
motivacionais, qualidade das relações com clientes, colaboradores e outros profissionais)
papéis e funções.
b) a dimensão organização: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes à
organização criada como liderança de custo, diferenciação, foco de atuação, produto ou
serviço inovador, concorrentes competidores, franquias, fundos de provisão, contratos de
parceria, empreendimentos conjuntos (joint ventures), licenças, terceirização de divisões ou
departamentos, favorecimentos obtidos por meio do governo e influências de mudanças
regidas pelo governo, a organização interna, sua estrutura, características (flexibilidade)
financiamentos, práticas gerais (controle de qualidade, trabalho em equipe, liderança)
problemas organizacionais (equilibrar família e trabalho, incidência de taxas e impostos,
habilidades e experiência para o negócio) sobrevivência do negócio (taxas de crescimento,
uso ou não de financiamento, volume de capital inicial) práticas gerais de controle do risco e
avaliação do desempenho do negócio, práticas e estilos de empreender (número de sócios,
presença de familiares trabalhando no negócio).
c) a dimensão processo: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes à forma
por meio da qual a organização foi criada, a identificação de uma oportunidade de mercado, o
volume de recursos próprios, natureza da atividade como comercialização de produtos e
serviços, a produção dos produtos comercializados, como a organização foi construída, como
o empreendedor responde ao governo e a sociedade, como são formadas as equipes de
trabalho, quais as atividades de início da empresa e percentual de lucro percebido.
d) a dimensão ambiente: nesta dimensão são analisados aspectos inerentes aos
ambientes interno e externo que permeiam a organização, como mão de obra técnica e
especializada, disponibilidade de capital de risco, acesso à fornecedores, empreendedores
experientes, acessibilidade à clientes ou novos mercados, proximidade de universidades,
disponibilidade de sede própria ou instalações próprias e adequadas, acessibilidade ao
transporte, reação da população local, disponibilidade de serviços de suporte, condições de
vida, diferenciação profissional e industrial, base industrial, número de imigrantes, grandes
áreas urbanas, disponibilidade de recursos financeiros e acesso ao capital e ao crédito (se
75
discriminação em relação ao sexo, se a qualidade do relacionamento com a instituição de
crédito afeta as condições do crédito), barreiras de entrada, rivalidade entre competidores
existentes, pressão por produtos substitutos, poder de barganha de fornecedores e
compradores,
Por meio da análise destas quatro dimensões, o modelo proposto por Gartner
(1985) é o primeiro a combinar a análise das quatro dimensões da criação de novas
organizações de forma conjunta, ao mesmo tempo em que permite que sejam analisadas
apenas uma ou mais dimensões de forma distinta, como já fizeram muitos autores que
empregaram a análise combinada de duas ou mais dimensões.
Justifica-se a escolha do modelo de Gartner (1985) em detrimento dos modelos de
Vésper (1977), Kuratko; Hodgetts (1989), Hisrisch; Peters (2004), entre outros, uma vez que
este foi adotado em estudo semelhante realizado anteriormente por Valencia e Lamolla
(2005), e que também previlegia o empreendedorismo feminino. Desta forma, a adoção do
modelo de Gartner (1985) nesta pesquisa possibilita uma comparação entre dois estudos, ou
seja, o atual, aqui desenvolvido e o de Valencia e Lamolla (2005).
76
4 RESULTADOS
Após acesso on-line à página da base ISI, foi possível coletar os dados necessários
para atender os objetivos de pesquisa. Conforme previsto nos objetivos específicos do
trabalho, especificamente o primeiro deles, buscou-se identificar quais os periódicos
científicos indexados à base de dados do ISI publicam sobre empreendedorismo e
empreendedorismo feminino, nas áreas de administração e de negócios. Os resultados das
buscas identificaram um total de 117 periódicos, distribuídos da seguinte forma:
a) área de administração: 52 periódicos;
b) área de negócios: 43 periódicos;
c) área de administração e negócios: 22 periódicos
Assim, atendendo à este objetivo de estudo, o quadro 2 mostra a relação dos
periódicos encontrados na base de dados do ISI da área de Administração contendo
publicações na área do empreendedorismo e empreendedorismo feminino.
Título do periódico
Academy of Management Executive
Academy of Management Learning & Education
Advances in Strategic Management: a Research
Corporate Governance – An International Review
Decision Sciences
European Journal of Work and Organizational Psychology
Group & Organization Management
Group Decision and Negotiation
Human Relations
Human Resource Management
Information & Management
Interfaces
International Journal of Forecasting
International Journal of Human Resource Management
International Journal of Management Reviews
International Journal of Manpower
International Journal of Operations & Production Management
International Journal of Selection and Assessment
International Journal of Service Industry Management
International Journal of Technology Management
Journal of Economics & Management Strategy
Journal of Forecasting
Journal of Information Technology
Journal of Management Information Systems
Journal of Management Inquiry
Journal of Organizational Behavior Management
Journal of Organizational Change Management
Continua…
77
Título do periódico
Journal of Small Business Management
Journal of the Operational Research Society
Leadership Quarterly
Management Learning
Management Science
Mis Quarterly
Negotiation Journal
New Technology Work and Employment
Omega – International Journal of Management Science
Organization
Organization Science
Organization Studies
Organizational Behavior and Human Decision Processes
Organizational Dynamics
Organizational Research Methods
Public Management Review
Research Policy
Review of Industrial Organization
Service Industries Journal
System Dynamics Review
Systemic Practice And Action Research
Systems Research And Behavioral Science
Technology Analysis & Strategic Management
Total Quality Management & Business Excellence
Tourism Management
Quadro 2 – Periódicos da área Administração, na base de dados do ISI
Fonte : SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/products/ evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
O quadro 3 mostra os periódicos encontrados na base de dados do ISI, contendo
publicações na área de empreendedorismo e empreendedorismo feminino relacionados à área
de negócios.
Título do periódico
Advances in Consumer Research
American Business Law Journal
Business Ethics Quarterly
Business History
Business History Review
Emerging Markets Finance and Trade
Enterprise & Society
Entrepreneurship and Regional Development
Entrepreneurship Theory and Practice
Family Business Review
Fortune
International Journal of Electronic Commerce
International Journal of Market Research
International Journal of Research In Marketing
International Marketing Review
International Small Business Journal
Journal of Advertising
Continua...
78
Título do periódico
Journal of Advertising Research
Journal of Business
Journal of Business And Psychology
Journal of Business And Technical Communication
Journal of Business Ethics
Journal of Business Research
Journal of Business Venturing
Journal of Consumer Affairs
Journal of Consumer Research
Journal of Environmental Economics and Management
Journal of International Marketing
Journal of Marketing
Journal of Marketing Research
Journal of Productivity Analysis
Journal of Public Policy & Marketing
Journal of Retailing
Journal of Service Research
Journal of the Academy of Marketing Science
Journal of World Business
Marketing Letters
Marketing Science
Organizational Dynamics
Psychology & Marketing
Public Relations Review
Review of Agricultural Economics
Technological Forecasting and Social Change
Quadro 3 – Periódicos da área Negócios, na base de dados do ISI
Fonte : SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/products/ evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005
.
O quadro 4 apresenta os títulos dos periódicos da base de dados do ISI, que são
comuns às duas áreas: de administração e de negócios.
Título do periódico
Academy of Management Journal
Academy of Management Review
Administrative Science Quarterly
Advances in Services Marketing and Management
Betriebswirtschaftliche Forschung und Práxis
British Journal of Management
alifórnia Management Review
Canadian Journal of Administrative Sciences – Revue Canadienne des Sciences de la Administration
Harvard Business Review
Ieee Transactions on Engineering Management
Industrial and Corporate Change
Industrial Marketing Management
Journal of International Business Studies
Journal of Management
Journal of Management Studies
Journal of Product Innovation Management
Continua…
79
Título do periódico
Long Range Planning
Mit Sloan Management Review
R & D Management
Research – Technology Management
Strategic Management Journal
Supply Chain Management – an International Journal
Quadro 4 Periódicos comuns às áreas de Administração e Negócios na base de dados
do ISI
Fontes: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
O segundo objetivo específico de pesquisa buscava caracterizar estes periódicos
científicos quanto ao título do periódico, periodicidade, local de publicação, área, fator de
impacto, título do artigo publicado, autor do artigo, volume, número, ano, endereço eletrônico
e ISSN. Estes resultados foram desdobrados para melhor visualização e são demonstrados nos
quadros 5, 6, 7, 8 e 9, a seguir, apresentando respectivamente primeiramente os periódicos,
sua periodicidade, local de publicação, área, fator de impacto e título do artigo publicado na
base de dados do ISI. Mais a frente, o quadro 6, apresenta o título do artigo publicado, autor
do artigo, volume, número, ano e endereço eletrônico. Em seguida, os quadros 7, 8 e 9
mostram a relação dos periódicos encontrados nas áreas de administração e negócios da base
de dados do ISI e os respectivos ISSN.
Título do Periódico Periodicidade
Local de
Publicação
Área
Fator de
Impacto
Título do Artigo
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US:
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
The dilemma of
growth:
Understanding
venture size
choices of women
entrepreneurs
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US :
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
Female
entrepreneurs,
work-family
conflict, and
venture
performance:
New insights into
the work-family
interface
Continua…
80
Título do Periódico Periodicidade
Local de
Publicação
Área
Fator de
Impacto
Título do Artigo
Journal Of
Organizational
Change
Management
Bimestral Bradford,
Inglaterra, GB:
Mcb University
Press
Administração
de empresas
0.237 (JCR-
2004)
Entrepreneur-
mentality, gender
and the study of
women
entrepreneurs
Journal Of
Organizational
Change
Management
Bimestral Bradford,
Inglaterra, GB:
Mcb University
Press
Administração
de empresas
0.237 (JCR-
2004)
New meanings
for entrepreneurs:
from risk-taking
heroes to safe-
seeking
professionals
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US :
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
Women's
organizational
exodus to
entrepreneurship:
Self-reported
motivations and
correlates with
success
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US :
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
A profile of
woman
entrepreneurs and
enterprises in
Poland
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US:
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
Supporting
women
entrepreneurs in
transitioning
economies
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US:
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
Entrepreneurs
and motherhood:
Impacts on their
children in South
Africa and the
United States
Journal Of Small
Business
Management
Trimestral
Morgantown,
Wa. Va., US :
National Council
For Small
Business
Management
Development
Administração
e Negócios
0.291 (JCR-
2004)
Health and
female self-
employment
Enterprise &
Society
Trimestral Oxford
University Press
2001 Evans Rd
Cary NC 27513
Negócios e
Economia
Náo foi
analisado
pelo JCR de
2004
Civic beauty:
Beauty culturists
and the politics of
African American
female
entrepreneurship,
1900-1965
Continua…
81
Título do Periódico Periodicidade
Local de
Publicação
Área
Fator de
Impacto
Título do Artigo
Entrepreneurship
And Regional
Development
Bimensal 4 Park Square,
Milton
ParkAbingdon,
Oxon, OX14
4RN United
Kingdom
Negócios Náo foi
analisado
pelo JCR de
2004
Explaining
female and male
entrepreneurship
at the country
level
Entrepreneurship
Theory And
Practice
Bimensal Commerce Place
350 Main St
Malden
Negócios,
Pequenos
Negócios e
Economia
Náo foi
analisado
pelo JCR de
2004
All credit to men?
Entrepreneurship,
finance, and
gender
International Small
Business Journal
Bimestral
1 Oliver's Yard,
55 City Rd
London, EC1
1SP United
Kingdom
Negócios Não foi
analisado
pelo JCR de
2004
Similarities and
differences across
the factors
associated with
women's self-
employment
preference in the
Nordic countries
Journal Of Business
Ethics
Bimensal Van
Godewijckstraat
30 Dordrecht,
3311 GX
Netherlands
Negócios,
Economia e
Leis
0.457 (JCR-
2004)
Interaction
between the
business and
family lives of
women
entrepreneurs in
Turkey
Journal Of Business
Research
Mensal Elsevier Inc. 360
Park Ave. S New
York
Negócios,
Sistemas e
Teorias sobre
gerenciamento
s.
0.607 (JCR-
2004)
How market
orientation affects
female service
employees in
Thailand
Journal Of Business
Venturing
Bimenstral 360 Park Ave. S
New York NY
10010
Negócios e
Pequenos
Negócios
1.231 (JCR-
2004)
Israeli women
entrepreneurs: An
examination of
factors affecting
performance
Quadro 5 - Título do periódico, periodicidade, local de publicação, área, fator de
impacto e título do artigo publicado na base de dados do ISI
Fontes: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
Na seqüência, o quadro 6 mostra os demais elementos que atendem ainda ao
segundo objetivo específico do trabalho, ou seja, o título do artigo publicado, autor do artigo,
volume, número, ano e endereço eletrônico.
82
Título do
Periódico
Título do Artigo
Autor do
Artigo
Volume mero Ano Endereço Eletronico
Journal Of
Small
Business
Management
The dilemma of
growth:
Understanding
venture size
choices of women
entrepreneurs
Morris, MH,
Miyasaki,
NN,
Watters, CE,
Coombes,
SM
44 2 2006 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Small
Business
Management
Female
entrepreneurs,
work-family
conflict, and
venture
performance: New
insights into the
work-family
interface
Shelton, LM 44 2 2006 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Organizational
Change
Management
Entrepreneur-
mentality, gender
and the study of
women
entrepreneurs
Bruni A,
Gherardi S,
Poggio B
17 3 2004 http://www.emeraldinsi
ght.com/Insight/viewC
ontainer.do?containerT
ype=Journal&container
Id=192
Journal Of
Organizational
Change
Management
New meanings for
entrepreneurs: from
risk-taking heroes
to safe-seeking
professionals
Hytti U
18 6 2005 http://www.emeraldinsi
ght.com/Insight/viewC
ontainer.do?containerT
ype=Journal&container
Id=192
Journal Of
Small
Business
Management
Women's
organizational
exodus to
entrepreneurship:
Self-reported
motivations and
correlates with
success
Buttner EH,
Moore DP
35 1 1997 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Small
Business
Management
A profile of woman
entrepreneurs and
enterprises in
Poland
Zapalska A
35 4 1997 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Small
Business
Management
Supporting women
entrepreneurs in
transitioning
economies
Bliss RT,
Garratt NL
39 4 2001 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Small
Business
Management
Entrepreneurs and
motherhood:
Impacts on their
children in South
Africa and the
United States
Schindehutt
e M, Morris
M, Brennan
C
41 1 2003 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Journal Of
Small
Business
Management
Health and female
self-employment
Dolinsky
AL, Caputo
RK
41 3 2003 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=jsbm
Continua…
83
Título do
Periódico
Título do Artigo
Autor do
Artigo
Volume mero Ano Endereço Eletronico
Enterprise &
Society
Civic beauty:
Beauty culturists
and the politics of
African American
female
entrepreneurship,
1900-1965
Gill TM 5 4 2004 http://es.oxfordjournals
.org/
Entrepreneursh
ip And
Regional
Development
Explaining female
and male
entrepreneurship at
the country level
Verheul I,
Van Stel A,
Thurik R
18 2 2004 http://www.eim.net/pdf
-ez/N200403.pdf
Entrepreneursh
ip Theory And
Practice
All credit to men?
Entrepreneurship,
finance, and gender
Marlow S,
Patton D
29 6 2005 http://www.blackwell-
synergy.com/servlet/us
eragent?func=showIssu
es&code=etap
International
Small
Business
Journal
Similarities and
differences across
the factors
associated with
women's self-
employment
preference in the
Nordic countries
Arenius P,
Kovalainen
A
24 1 2006 http://isb.sagepub.com/
Journal Of
Business
Ethics
Interaction between
the business and
family lives of
women
entrepreneurs in
Turkey
Ufuk H,
Ozgen O
31 2 2001 http://www.springerlin
k.com.w10095.dotlib.c
om.br/(njntjwzwoj53zb
qizmflkw55)/app/home
/journal.asp?referrer=p
arent&backto=linkingp
ublicationresults,1:100
281,1
Journal Of
Business
Venturing
Israeli women
entrepreneurs: An
examination of
factors affecting
performance
Lerner M,
Brush C,
Hisrich R
12 4 1997 http://www.sciencedire
ct.com/science?_ob=Jo
urnalURL&_cdi=5983
&_auth=y&_acct=C00
0049832&_version=1
&_urlVersion=0&_use
rid=984977&md5=025
a880abd6dc9acbce0c0
7971924b9d
Quadro 6 - Título do artigo publicado, autor do artigo, volume, número, ano e endereço
eletrônico
Fontes: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
Atendendo ainda ao segundo objetivo específico do trabalho, o quadro 7 mostra a
relação dos periódicos da área de administração e o respectivo ISSN.
84
Título dos periódico da área de Administração ISSN
Academy of Management Executive 0896-3789
Academy of Management Learning & Education 1537-260X
Advances in Strategic Management: a Research 0742-3322
Corporate Governance – An International Review 0964-8410
Decision Sciences 0011-7315
European Journal of Work and Organizational Psychology 1359-432X
Group & Organization Management 1059-6011
Group Decision and Negotiation 0926-2644
Human Relations 0018-7267
Human Resource Management 0090-4848
Information & Management 0378-7206
Interfaces 0092-2102
International Journal of Forecasting 0169-2070
International Journal of Human Resource Management 0958-5192
International Journal of Management Reviews 1460-8545
International Journal of Manpower 0143-7720
International Journal of Operations & Production Management 0144-3577
International Journal of Selection and Assessment 0965-075X
International Journal of Service Industry Management 0956-4233
International Journal of Technology Management 0267-5730
Journal of Economics & Management Strategy 1058-6407
Journal of Forecasting 0277-6693
Journal of Information Technology 0268-3962
Journal of Management Information Systems 0742-1222
Journal of Management Inquiry 1056-4926
Journal of Organizational Behavior Management 0160-8061
Journal of Organizational Change Management 0953-4814
Journal of Small Business Management 0047-2778
Journal of the Operational Research Society 0160-5682
Leadership Quarterly 1048-9843
Management Learning 1350-5076
Management Science 0025-1909
Mis Quarterly 0276-7783
Negotiation Journal 0748-4526
New Technology Work and Employment 0268-1072
Omega – International Journal of Management Science 0305-0483
Organization 1350-5084
Organization Science 1047-7039
Organization Studies 0170-8406
Organizational Behavior and Human Decision Processes 0749-5978
Organizational Dynamics 0090-2616
Organizational Research Methods 1094-4281
Public Management Review 1471-9037
Research Policy 0048-7333
Review of Industrial Organization 0889-938X
Service Industries Journal 0264-2069
System Dynamics Review 0883-7066
Systemic Practice And Action Research 1094-429X
Systems Research And Behavioral Science 1092-7026
Technology Analysis & Strategic Management 0953-7325
Total Quality Management & Business Excellence 1478-3371
Tourism Management 0261-5177
Quadro 7 – Periódicos da área de Administração e ISSN
Fonte: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/products/ evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
85
O quadro 8, por sua vez, aponta os periódicos da área de negócios e o respectivo
ISSN.
Título dos periódicos da área de negócios ISSN
Advances in Consumer Research 0098-9258
American Business Law Journal 0002-7766
Business Ethics Quarterly 1052-150X
Business History 0007-6791
Business History Review 0007-6805
Emerging Markets Finance and Trade 1540-496X
Enterprise & Society 1467-2227
Entrepreneurship and Regional Development 0898-5626
Entrepreneurship Theory and Practice 1042-2587
Family Business Review 0894-4865
Fortune 0015-8259
International Journal of Electronic Commerce 1086-4415
International Journal of Market Research 1470-7853
International Journal of Research In Marketing 0167-8116
International Marketing Review 0265-1335
International Small Business Journal 0266-2426
Journal of Advertising 0091-3367
Journal of Advertising Research 0021-8499
Journal of Business 0021-9398
Journal of Business And Psychology 0889-3268
Journal of Business And Technical Communication 1050-6519
Journal of Business Ethics 0167-4544
Journal of Business Research 0148-2963
Journal of Business Venturing 0883-9026
Journal of Consumer Affairs 0022-0078
Journal of Consumer Research 0093-5301
Journal of Environmental Economics and Management 0095-0696
Journal of International Marketing 1069-031X
Journal of Marketing 0022-2429
Journal of Marketing Research 0022-2437
Journal of Productivity Analysis 0895-562X
Journal of Public Policy & Marketing 0743-9156
Journal of Retailing 0022-4359
Journal of Service Research 1094-6705
Journal of the Academy of Marketing Science 0092-0703
Journal of World Business 1090-9516
Marketing Letters 0923-0645
Marketing Science 0732-2399
Organizational Dynamics 0090-2616
Psychology & Marketing 0742-6046
Public Relations Review 0363-8111
Review of Agricultural Economics 1058-7195
Technological Forecasting and Social Change 0040-1625
Quadro 8 – Periódicos da área de Negócios e o ISSN
Fonte: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/products/ evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005
.
O quadro 9 evidencia os periódicos comuns às áreas de administração e de
negócios e o respectivo ISSN.
86
Título do periódico ISSN
Academy of Management Journal 0001-4273
Academy of Management Review 0363-7425
Administrative Science Quarterly 0001-8392
Advances in Services Marketing and Management 1067-5671
Betriebswirtschaftliche Forschung und Praxis 0340-5370
British Journal of Management 1045-3172
California Management Review 0008-1256
Canadian Journal of Administrative Sciences Revue Canadienne des Sciences de la
Administration
0825-0383
Harvard Business Review 0017-8012
Ieee Transactions on Engineering Management 0018-9391
Industrial and Corporate Change 0960-6491
Industrial Marketing Management 0019-8501
Journal of International Business Studies 0047-2506
Journal of Management 0149-2063
Journal of Management Studies 0022-2380
Journal of Product Innovation Management 0737-6782
Long Range Planning 0024-6301
Mit Sloan Management Review 1532-9194
R & D Management 0033-6807
Research – Technology Management 0895-6308
Strategic Management Journal 0143-2095
Supply Chain Management – an International Journal 1359-8546
Quadro 9 – Periódicos comuns às áreas de Administração e Negócios e respectivo ISSN
Fontes: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 nov. 2005.
O terceiro objetivo específico da pesquisa pre a identificação e análise dos
artigos encontrados na base de dados do ISI sobre empreendedorismo feminino, em cada um
dos periódicos analisados. Atendendo este objetivo, são apresentados os achados em termos
de estudos relacionados ao empreendedorismo, de forma mais geral e mais especificamente ao
empreendedorismo feminino na base de dados do ISI, por área analisada.
O gráfico 1, mostra o encontrado em termos de pesquisa, na área de
Administração até agosto de 2006.
87
Gráfico 1 Presença dos estudos sobre empreendedorismo e empreendedorismo
feminino, por ano, na área de administração da base de dados do ISI
Fonte: dados primários da pesquisa
O gráfico 1 mostra o número de artigos sobre empreendedorismo geral (184) e o
número de artigos sobre empreendedorismo feminino (9), em cada ano do período de tempo
analisado, na área de Administração. Por exemplo, em 1997, o número total de artigos
encontrados sobre empreendedorismo foi 12, sendo que dez se referiam ao empreendedorismo
no geral e dois falavam sobre empreendedorismo feminino. Pode-se perceber que o ano de
maior produção científica referente ao assunto empreendedorismo, de forma geral, é o ano de
2005. O interesse pelo assunto aumentou, significativamente, a partir de 2001.
A seguir, o gráfico 2 apresenta análise comparativa da representação dos estudos
relacionados ao empreendedorismo feminino em relação aos estudos sobre o
empreendedorismo de forma geral, na área de Administração, da base de dados do ISI.
88
95%
5%
Feminino Não Fem inino
Gráfico 2 - Representatividade dos estudos em empreendedorismo feminino na área de
Administração na base de dados do ISI
Fonte: Dados primários da pesquisa
No gráfico 2, verifica-se o percentual que representa a presença dos estudos
relacionados ao empreendedorismo feminino, em relação ao total dos estudos, na área de
Administração, da base de dados do ISI. Percebe-se que, embora sendo uma literatura ainda
pouco explorada, é um assunto de importância emergente, sendo que se pode verificar a
evolução da presença e representatividade dos estudos relacionados ao empreendedorismo
feminino ao longo dos últimos anos.
Pode-se verificar ainda, que embora sendo o empreendedorismo uma literatura de
importância crescente, os estudos específicos sobre o empreendedorismo feminino ainda são
pouco explorados e representam a minoria (5%) das publicações na base de dados do ISI, no
período analisado.
Os gráficos 3 e 4 a seguir, respectivamente, mostram os estudos encontrados em
termos de empreendedorismo geral e empreendedorismo feminino na área de negócios, da
base de dados do ISI, até agosto de 2006.
89
Gráfico 3 Presença dos estudos sobre empreendedorismo e empreendedorismo
feminino, por ano, na área de Negócios na base de dados do ISI
.
Fonte: Dados da pesquisa
2%
98%
Feminino Não Feminino
Gráfico 4 - Representatividade dos estudos em empreendedorismo feminino na área de
Negócios na base de dados do ISI
Fonte: Dados da pesquisa
14
23
6
14
18
19
29
40
55
28
1
0
0
0
1
0
0
1
1
1
0
10
20
30
40
50
60
1997 1998 1999 2000 2001
2002
2003
2004
2005
2006
Não Feminino
Feminino
90
Também na área de Negócios da base de dados do ISI, percebe-se que a presença
dos estudos relacionados ao empreendedorismo de forma geral (246) cresceu sensivelmente,
especialmente nos últimos anos do período analisado. Os estudos relacionados ao
empreendedorismo feminino (5), no entanto, de forma análoga ao que foi constatado na área
de Administração, representam a minoria (2%) dos estudos.
Com relação aos periódicos que pertencem à área comum de Administração e
Negócios, foram encontrados 148
artigos relacionados ao empreendedorismo, de forma geral,
e nenhum artigo referente ao empreendedorismo feminino.
Assim, os estudos relacionados ao empreendedorismo feminino encontrados na
base de dados do ISI nas áreas de Administração e de Negócios, como resultado das buscas
compreendem ao todo 15 estudos que foram analisados e classificados segundo o modelo de
Gartner (1985). Os estudos, de maneira geral, voltam-se para análise das variáveis que
envolvem o universo feminino no campo do empreendedorismo, sob vários enfoques,
desenvolvidos por diferentes autores, quais são: Zapalska (1997), Lerner; Brush e Hisrich
(1997), Buttner e Moore (1997), Ufuk e Ozgen (2001), Bliss e Garrat (2001), Schindehute;
Morris e Brennan (2003), Dolinsky e Caputo (2003), Gill (2004), Bruni; Gherardi e Poggio
(2004), Verheul; Van Stel e Thurik (2004); Marlow e Patton (2005), Hytty (2005), Shelton
(2006), Arenius e Kovalainen (2006) e Morris (2006).
A relação dos 15 artigos relacionados ao empreendedorismo feminino encontrados
na base de dados do ISI estão apresentados no quadro 10, com o ano de publicação e os
respectivos autores.
Título do Artigo Autor do Artigo Ano
A profile of woman entrepreneurs and enterprises in Poland Zapalska A 1997
Israeli women entrepreneurs: An examination of factors
affecting performance
Lerner M, Brush C, Hisrich
R
1997
Women's organizational exodus to entrepreneurship: Self-
reported motivations and correlates with success
Buttner EH, Moore DP 1997
Interaction between the business and family lives of women
entrepreneurs in Turkey
Ufuk H, Ozgen O 2001
Supporting women entrepreneurs in transitioning economies Bliss RT, Garratt NL 2001
Entrepreneurs and motherhood: Impacts on their children in
South Africa and the United States
Schindehutte M, Morris M,
Brennan C
2003
Health and female self-employment Dolinsky AL, Caputo RK 2003
Civic beauty: Beauty culturists and the politics of African
American female entrepreneurship, 1900-1965
Gill TM 2004
Entrepreneur-mentality, gender and the study of women
entrepreneurs
Bruni A, Gherardi S,
Poggio B
2004
Explaining female and male entrepreneurship at the country
level
Verheul I, Van Stel A,
Thurik R
2004
Continua…
91
Título do Artigo Autor do Artigo Ano
All credit to men? Entrepreneurship, finance, and gender Marlow S, Patton D 2005
New meanings for entrepreneurs: from risk-taking heroes to
safe-seeking professionals
Hytti U
2005
Female entrepreneurs, work-family conflict, and venture
performance: New insights into the work-family interface
Shelton, LM 2006
Similarities and differences across the factors associated with
women's self-employment preference in the Nordic countries
Arenius P, Kovalainen A 2006
The dilemma of growth: Understanding venture size choices of
women entrepreneurs
Morris, MH, Miyasaki, NN,
Watters, CE, Coombes, SM
2006
Quadro 10 – Relação dos artigos sobre empreendedorismo feminino encontrados na
base de dados do ISI
Fontes: SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Business: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 de julho 2006.
SOCIAL SCIENCES CITATION INDEX. Management: journal list. Disponível em:
<http://www.isinet.com/ products/evaltools/jcr>. Acesso em: 26 julho 2006.
O quarto objetivo específico da pesquisa prevê o levantamento de informações
acerca dos autores dos artigos sobre empreendedorismo feminino, publicados na base de
dados do ISI, visando conhecer características pessoais e profissionais destes autores. Para os
achados da pesquisa em termos específicos neste sentido, é importante salientar que embora
se saiba que os estudos acerca da atuação da mulher como empreendedora ainda sejam
relativamente novos e em número não muito expressivo no mundo, o pequeno número de
estudos encontrados na Base ISI, isto é, 15 estudos ao todo, embora expressivos em termos de
análise, suscitaram o surgimento de uma nova curiosidade que foi incorporada à pesquisa na
forma de mais um objetivo específico. Esta nova curiosidade está relacionada aos autores dos
artigos encontrados, ou seja, entendeu-se relevante procurar saber quem são os autores das
pesquisas sobre o empreendedorismo feminino publicadas numa das mais importantes bases
de dados do mundo, a base de dados do ISI, especialmente, no que diz respeito à aspectos
como sua formação, universidade em que atua, cargo que ocupa e país de origem.
Quanto à origem ou local de procedência, as pesquisas variam bastante e são
oriundas de vários locais do mundo como Nova York, Itália, Finlândia, EUA, Polônia, África
do Sul, Zoetermeer, UK, Países nórdicos (Noruega, Dinamarca, Finlândia e Suécia), Turquia
e Israel.
Percebe-se destaque para os EUA, com o maior número de pesquisas
apresentadas, totalizando 6 dos 15 estudos encontrados na base de dados do ISI,
representando 40% dos estudos encontrados. Autores como Lerner, Brusch e Hisrich (2006)
constataram que as pesquisas sobre a atividade empreendedora da mulher são extensas e
fartas em países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos e Canadá, e são
comparativamente escassas em países em desenvolvimento. Este resultado não surpreende,
92
considerando que as atividades das mulheres enquanto empreendedoras pode contribuir
sensivelmente para o desenvolvimento das sociedades como um todo, fica evidente que em
países onde atividade empreendedora feminina é mais intensa e onde existe mais interesse em
pesquisar sobre o assunto, a sociedade toda pode ser beneficiada. O segundo local mais
representativo em relação ao número de estudos, é a Polônia, de onde se originam dois dos
estudos encontrados, representando 13,3% dos estudos.
As buscas realizadas mostraram que os autores que respondem pelos artigos são
oriundos de vários países, perfazendo um total de 32 autores. Embora não tenha sido possível
encontrar as informações desejadas sobre todos os autores em função de não se dispor até o
momento de uma plataforma internacional onde se pudesse estar buscando as informações
pretendidas, à exemplo da plataforma Lattes, uma inovação brasileira, os resultados
encontrados sobre os autores podem ser visualizados no quadro 11 e permitem fazer algumas
constatações importantes.
Artigo Ano Autor Formação Cargo Instituição
The dilemma
of growth:
Understandin
g venture size
choices of
women
entrepreneurs
2006 Michael H.
Morris
Ph.D. em Marketing
pela Virginia Tech
(1983).
Professor e diretor do
Departamento de
Empreendedorismo &
Empresas Emergentes.
Editor do Jornal
Empreendedorismo e
Desenvolvimento de
Nova York
Escola de
Administração
Whitmann,
Universidade de
Siracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Nola N.
Miyasaki
Diretora executiva do
Michael J. Falcone
Centro de
Empreendedorismo na
Martin J. Whitman
School of
Management of
Syracuse University
Universidade de
Syracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Craig E.
Watters
PhD em Engenharia
pela Northwestern
University
MBA is pela Kellogg
Graduate School of
Management
e Bacharel em
Contabilidade e
Economia pela
Macquarie
University, na
Austrália.
Professor de Prática
em
Empreendedorismo no
Departamento de
Empreendedorismo &
Empresas Emergentes.
Diretor sênior de
desenvolvimento no
centro de
desenvolvimento,
Ciência e tecnologia
da universidade de
Syracuse, Nova York.
Escola de
Administração
Whitmann,
Universidade de
Siracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Continua…
93
Artigo Ano Autor Formação Cargo Instituição
Susan M.
Coombes
Cursando Ph.D. no
Departamento de
Empreendedorismo &
Empresas Emergentes,
na universidade de
Siracusa, Nova York.
Professora na
Universidade de
Siracusa, New York,
EUA
Universidade de
Siracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Female
entrepreneur,
work-family
conflict, and
venture
performance:
New insights
into the
work-family
interface
2006 Lois M. Shelton
Ph.D. em Economia e
Negócios na Escola de
Artes e Ciências da
Universidade de
Harvard, MBA pela
Escola de
Administração e
Negócios da
Universidade de
Harvard, e Bacharel
em Economia pela
Radcliffe College.
Professora assistente
de administração na
Escola de Economia e
Negócios George L.
Argyros, na
Universidade
Chapman, Orange,
California, EUA
Universidade
Chapman, Orange,
California, EUA.
Entrepreneur-
mentality,
gender and
the study of
women
entrepreneurs
2004 Attila Bruni Ph.D. em Sociologia e
Pesquisa Social, pós-
doutorado emérito
pela Universidade de
Trento.
Professor no
Departamento de
Sociologia e Pesquisa
Social.
Universidade de
Trento, Trento, Itália.
Silvia Gherardi Bacharel em
Sociologia
Professora de
Sociologia da
Universidade de
Trento.
Universidade de
Trento, Trento, Itália.
Barbara Poggio Ph.D. em Sociologia e
Pesquisa Social e
Bacharel em
Sociologia pela
Universidade de
Trento.
Professora de
Sociologia.
Universidade de
Trento, Trento, Itália.
New
meanings for
entrepreneurs
: from risk-
taking heroes
to safe-
seeking
professionals
2005 Ulla Hytti Diretora de Pesquisa
no Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento de
Negócios.
Escola de Economia
e Administração de
Negócios Turku.,
Universidade de
Turku, Finlândia.
Women's
organizationa
l exodus to
entrepreneurs
hip: Self-
reported
motivations
and correlates
with success
1997 Eleanor H.
Buttner
Ph.D., pela
Universidade da
Carolina do Norte em
Chapel Hill; M.B.A.,
Universidade da
Pensilvania; M.B.A.,
pela Universidade
Hollins.
Professora Associada
de Administração de
Negócios.
Universidade da
Carolina do Norte,
Greensboro, North
Carolina, EUA.
Dorothy Perrin
Moore
Ph.D. em
Administração de
Negócios pela Escola
de Negócios Moore.
Professora e
historiadora
Escola de Economia
e Negócios,
Faculdade de
Charleston,
Charleston, South
Carolina, EUA.
Continua…
94
Artigo Ano Autor Formação Cargo Instituição
A profile of
woman
entrepreneurs
and
enterprises in
Poland
1997 Alina M.
Zapalska
Ph.D. em Economia
na Universidade de
Kentucky; M.B.A. em
Economia pela
Universidade de
Kentucky; M. Sc. em
Economia Agrícola
pela Universidade de
Kentucky; M.Sc. Em
Química Industrial
pela Universidade
Agrícola de Krakow e
Bacharel em Física e
Matemática pela
Krakow College.
Professora de
Economia na Divisão
de Economia e
Finanças.
Faculdade de
Negócios Lewis,
Universidade
Marshall,
Huntington.
Supporting
women
entrepreneurs
in
transitioning
economies
2001 Richard T.
Bliss
Ph.D. e M.B.A.
Universidade de
Indiana, B.S. e M.B.A.
pela Universidade
Rutgers.
Professor Adjunto de
Finanças na Faculdade
Babson, Babson Park,
Massachussets, EUA. .
Faculdade Babson,
Babson Park,
Massachussets,
EUA.
Nicole L.
Garratt
Entrepreneur
s and
motherhood:
Impacts on
their children
in South
Africa and
the United
States
2003 Minet
Schindehutte
Ph.D. em Química
pela Universidade de
Pretoria.
Professor Associado
de Empreendedorismo
e Empresas
Emergentes.
Escola de
Administração
Whitmann,
Universidade de
Siracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Catriona
Brennan
Michael H.
Morris
Ph.D. em marketing
pela Virginia Tech
Professor e diretor do
Departamento de
Empreendedorismo &
Empresas Emergentes.
Editor do Jornal
Empreendedorismo e
Desenvolvimento de
Nova York
Escola de
Administração
Whitmann,
Universidade de
Siracusa, Syracuse,
New York, EUA.
Health and
female self-
employment
2003 Arthur L.
Dolinsky
PhD, pela Fairleigh
Dickenson University,
College of Business
Administration, de
Madison, Nova Jersey.
Professor Associado. Faculdade de
Administração de
Negócios na
Universidade
Fairleigh Dickenson,
Madson, New Jersey,
EUA.
Richard K.
Caputo
Ph. D. pela University
of Pennsylvania,
School of Social
Work, Philadelphia.
Professor Assistente. Escola do Trabalho
Social, na
Universidade da
Pensilvânia,
Pensilvânia, EUA.
Continua…
95
Artigo Ano Autor Formação Cargo Instituição
Civic beauty:
Beauty
culturists and
the politics of
African
American
female
entrepreneurs
hip, 1900-
1965
2004 Tiffany M. Gill Ph. D. Professora Assistente
no Centro para
Estudos Africanos e
Afro-Americanos e no
Centro para Estudos
da Mulher e do
Gênero.
Departamento de
História,
Universidade do
Texas, Austin,
Texas, EUA.
Explaining
female and
male
entrepreneurs
hip at the
country level
2004 Ingrid Verheul Mestre pela Erasmus
University Rotterdam
e EIM Business and
Policy Research
Zoetermeer
Pesquisadora em
Empreendedorismo e
Pequenos Negócios
Faculdade de
Economia, na
Universidade
Erasmus School of
Economics de
Rotterdam,
Rotterdam, Holanda.
Andre van Stel
vanstel@few.eu
r.nl
Mestre em Economia
Estatística pela
Universidade Erasmus
de Rotterdam.
Departamento de
economias aplicadas
da Erasmus School of
Economics
Faculdade de
Economia, na
Universidade
Erasmus School of
Economics de
Rotterdam,
Rotterdam, Holanda.
Roy Thurik Mestre em Estratégia
de Empreendedorismo
e Economia
Organizacional
Professor de
Economia e
Empreendedorismo
Universidade
Erasmus School of
Economics de
Rotterdam,
Rotterdam, Holanda.
All credit to
men?
Entrepreneur
ship, finance,
and gender
2005 Susan Marlow Ph.D. e Mestre em
Relações Industriais
Professora de
Pequenos Negócios e
Empreendedorismo
Escola de Negócios
Leicester, Leicester,
Reino Unido.
Dean Patton Diretor do Mestrado
Profissional em
Projeto de Negócios.
Universidade de
Southampton,
Southampton, Reino
Unido.
Similarities
and
differences
across the
factors
associated
with women's
self-
employment
preference in
the Nordic
countries
2006 Pia Arenius Helsinki University of
Technology
Department of
Industrial Engineering
and Management
Institute of Strategy
and International
Business
P.O. Box 9500
FIN-02015 HUT,
Finland
Tel. +358-9-4 513 090
Fax. +358-9-4 513
095
Email
pia.arenius@hut.fi
Internet
http://www.tuta.hut.fi/
isib
Professora. Universidade de
Lausanne, Lausanne,
Suíça.
Continua…
96
Artigo Ano Autor Formação Cargo Instituição
Anne
Kovalainen
Professora. Escola de Economia
e Administração de
Negócios Turku.,
Universidade de
Turku, Finlândia.
Interaction
between the
business and
family lives
of women
entrepreneurs
in Turkey
2001 Hatun Ufuk Pesquisadora
Assistente de
Economia Doméstica.
Universidade de
Ankara, Turquia.
Özlen Özgen Professora Assistente
de Economia
Doméstica no
Department of Family
and Consumer
Sciences, School of
Home Economics,
University
of Ankara, Ankara
Turkey; atua também
no Department of
Field Crops, Faculty
of Agriculture,
University of Ankara,
Turkey
School of Home
Economics,
Universidade de
Ankara, Turquia.
Israeli
women
entrepreneurs
: An
examination
of factors
affecting
performance
1997 Miri Lerner
Professora. Faculdade de
Administração da
Universidade de Tel
Aviv, Tel Aviv,
Israel.
Candida Brush D.B.A. pela
Universidade de
Boston e M. B. A.
pela Faculdade de
Boston.
Professora de
Empreendedorismo.
Faculdade Babson,
Babson Park,
Massachussets,
EUA.
Robert Hisrich Ph.D. e M.B.A. pela
Universidade de
Cincinnati.
Professor de
Empreendedorismo
Universidade Case
Western Reserve.
Cleveland, Ohio,
EUA.
Quadro 11 - Dados referentes aos autores dos artigos sobre empreendedorismo feminino
encontrados na base de dados do ISI
Fonte: Dados primários da pesquisa, 2006.
Assim, analisando os dados apresentados no quadro 11, é possível constatar que
dos trinta e dois autores que respondem pelos artigos publicados, a maioria são americanos,
consequentemente também a maioria dos artigos.
Dos trinta e dois autores que respondem pela autoria dos artigos, vinte deles, ou
seja, a maioria é do sexo feminino. Este pode ser um indicador de que as mulheres estão
conscientes e igualmente preocupadas em mapear a atividade empreendedora feminina,
reconhecendo a importância deste evento na sociedade atual.
97
Importante notar ainda que quase a totalidade dos autores, tanto homens quanto
mulheres, são professores em universidades ou faculdades. Isto comprova o que diz Filion
(2006), que o empreendedorismo está sendo reconhecido como tema de extrema importância
nas academias.
É possível constatar o alto nível de formação dos autores dos artigos, 17 possuem
Ph.D. Correspondendo a um percentual de 53%. São mestres apenas 3, ou seja 9 % dos
professores. Apenas uma autora possui somente o título de bacharel.
Quanto às escolas de procedência destes autores, pressupunha-se que muitos dos
estudos publicados sobre empreendedorismo feminino na base de dados do ISI, em função da
importância e prestígio da base, fossem oriundos das escolas tradicionalmente importantes na
área de Administração e Negócios, onde se insere a temática de pesquisa, como por exemplo,
a Babson College e a Universidade de Harward. Os resultados mostram, no entanto, que
apenas dois artigos são oriundos de autores vinculados à Babson Park. Da universidade de
Harward nenhum estudo é oriundo. Isto não significa, porém, que estas universidades não se
interessem nem publiquem sobre o tema. Muito provavelmente também dispensam atenção
crescente à esta temática, acompanhando uma tendência mundial.
O quinto e último objetivo específico da pesquisa contemplava a análise e a
classificação dos artigos encontrados na base de dados do ISI sobre empreendedorismo
feminino, segundo o critério de classificação de estudos relacionados ao empreendedorismo
desenvolvido por Gartner (1985).
O critério de Gartner (1985) prevê a categorização dos estudos em quatro
dimensões, a saber:
a) a dimensão individual e as características do empreendedor;
b) a organização criada;
c) o ambiente que influencia esta organização e;
d) o processo adotado pelo empreendedor.
O modelo de quatro dimensões conceituais proposto por Gartner (1985) constitui
uma forma de analisar pesquisas e estudos passados na área do empreendedorismo,
permitindo concentrar a investigação em todas as dimensões, em apenas uma ou em mais de
uma das quatro dimensões.
Para atender este objetivo específico da pesquisa, os artigos encontrados foram
analisados por meio de leitura e interpretação criteriosa para, a partir deste entendimento
proceder a sua classificação segundo as quatro dimensões do modelo de Gartner (1985).
Assim, foi desenvolvido o quadro 12, que demonstra a classificação destes artigos segundo o
98
critério de Gartner (1985) indicando as dimensões enfocadas pelos estudos. O quadro aponta
ainda outros aspectos dos estudos que foram incluídos por serem considerados importantes
para a interpretação e análise dos resultados num contexto mais geral, como os objetivos de
cada estudo, a metodologia utilizada, os resultados e as conclusões, a amostra pesquisada e o
local de realização ou aplicação da pesquisa.
A partir deste quadro se pode constatar que a maioria dos estudos, ou seja, 9
estudos, que correspondem a 60% dos estudos analisados, concentrou seu foco de
investigação em mais de uma das quatro dimensões propostas por Gartner (1985). Os estudos
restantes, em número de seis estudos, que representam 40% dos artigos analisados,
concentram sua investigação em apenas uma dimensão.
A dimensão Individual foi a de maior freqüência nos estudos, analisada em treze
dos quinze estudos, ou seja 86% dos estudos analisados concentraram sua investigação nesta
dimensão.
A segunda dimensão mais analisada foi a dimensão Ambiente, na qual 9 dos
quinze estudos concentraram sua investigação, correspondendo à 60% dos estudos analisados.
Em terceiro lugar, aparece a dimensão Organização, na qual 6 dos quinze estudos,
ou seja, 40% dos artigos analisados concentraram sua análise.
A dimensão menos analisada nos quinze artigos é a dimensão Processo, na qual
apenas dois artigos, ou seja, apenas 13,3% dos artigos concentraram seu enfoque de
investigação. Estas constatações podem ser mais bem visualizadas no quadro 12.
99
Título do Artigo Ano
Autor do
Artigo
Dimensão
avaliada
Método Amostra Objetivos
Local de
aplicação/
realização
Resultados
A profile of
woman
entrepreneurs and
enterprises in
Poland
1997 Zapalska A
Individual
Organização
Quantitativa
e qualitativa
Entrevista
por telefone
150
empreendedores
(homens e
mulheres) de três
centros urbanos da
Polônia
Saber se as empresárias
polonesas possuíam as
características
empreendedoras
requeridas para
apresentarem
desempenho efetivo
como empreendedoras
Polônia
As mulheres polonesas demonstram possuir o
perfil e as habilidades empreendedoras
requeridas para o sucesso e são muito
semelhantes aos homens em relação à aspectos
motivacionais e características pessoais.
Israeli women
entrepreneurs: An
examination of
factors affecting
performance
1997 Lerner M,
Brush C,
Hisrich R
Individual
Quantitativa 200
empreendedoras
israelenses donas
de negócios
Examinar os fatores
individuais que afetam
o desempenho da
mulher israelense como
empreendedora.
Israel Sugere que fatores individuais afetam
diferentemente o desempenho em
conseqüência de variações na estrutura social,
de trabalho e familiar.
Os resultados mostram que afiliações em rede,
motivação (realização, independência e
necessidade econômica), capital humano
(educação, experiência prévia e habilidades
para negócios) e fatores ambientais afetam
diferentes aspectos do desempenho, conforme
outras pesquisas já indicaram.
Women's
organizational
exodus to
entrepreneurship:
Self-reported
motivations and
correlates with
success
1997 Buttner EH,
Moore DP
Individual
Qualitativa e
quantitativa
Telefone
mais
entrevista
129 mulheres Analisar os fatores que
influenciam a
motivação das mulheres
e como elas avaliam o
sucesso de seus
negócios;
EUA A motivação das mulheres é influenciada por
fatores pessoais e organizacionais. Além da
realização pessoal, o sucesso de seu negócio é
avaliado também pelo lucro. As mulheres
tendem a se concentrar em negócios de varejo
e da área de serviços, que normalmente são
intensivos de mão-de-obra e menos rentáveis.
Continua…
100
Título do Artigo Ano
Autor do
Artigo
Dimensão
avaliada
Método Amostra Objetivos
Local de
aplicação/
realização
Resultados
Interaction
between the
business and
family lives of
women
entrepreneurs in
Turkey
2001 Ufuk H,
Ozgen O
Individual Quantitativa 220 mulheres
empreendedoras
casadas da cidade
de Ankara - Turkia
Determinar a interação
entre negócio e vida
familiar das mulheres
empreendedoras na
Turkia
Ankara -
Turkia
As mulheres entrevistadas acreditam que
empreender afeta negativamente sua vida
familiar e positivamente sua vida social,
econômica e individual. Sofrem conflitos
buscando equilibrar os papéis de
empreendedora, mãe, esposa e dona de casa.
Foram identificados fatores causadores de
stress como demanda insuficiente de mercado,
expectativa excessiva dos membros da família,
fadiga física e mental e a constante tentativa de
equilibrar família e empresa.
Supporting women
entrepreneurs in
transitioning
economies
2001 Bliss RT,
Garratt NL
Ambiente Qualitativa,
levantament
o.
Doze organizações
existentes na
Polônia e em
outros países
voltadas à prestar
suporte à mulher
empreendedora
Apresentar modelos de
suporte para a atividade
empreendedora das
mulheres na Polônia
Polônia O estudo sugere um conjunto de práticas
consideradas ideais para serem adotadas por
uma associação de mulheres empresárias no
sentido de contribuir para superar fatores
culturais e históricos e levar as mulheres a ver
e usufruir dos benefícios de uma associação de
empreendedoras.
Entrepreneurs and
motherhood:
Impacts on their
children in South
Africa and the
United States
2003 Schindehutt
e M, Morris
M, Brennan
C
Individual
Organização
Qualitativa/
quantitativa
Uso de
entrevistas e
questionários
Na África: dez
famílias,
compreendendo
dez mulheres,
nove adolescentes
e cinco crianças
crescidas (adultas).
Nos EUA: treze
famílias,
compreendendo
treze mulheres,
cinco adolescentes
e nove crianças
crescidas
Analisar o impacto dos
negócios conduzidos
por mulheres nas
experiências da
infância, percepções
referentes à negócios e
decisões profissionais
de seus filhos
Estados
Unidos e
África do
Sul
Embora mães e filhos sintam que o negócio
limita as relações e o tempo destinado à
família, os filhos vêem as experiências
empreendedoras das mães de maneira positiva,
vêem a mãe como modelo e acreditam que ser
empreendedor oferece vantagens como maior
liberdade, realização, autonomia e
independência financeira. O estudo comprova
a habilidade das mulheres em equilibrar
família e trabalho.
Continua…
101
Título do Artigo Ano
Autor do
Artigo
Dimensão
avaliada
Método Amostra Objetivos
Local de
aplicação/
realização
Resultados
Health and female
self-employment
2003 Dolinsky
AL, Caputo
RK
Individual
Ambiente
Quantitativa
e qualitativa
Participantes da
pesquisa nacional
NLSLME no
período de 1976 e
1995
Identificar os efeitos da
condição de emprego
sobre a saúde
EUA Os resultados sugerem que mulheres que
trabalham como assalariadas aparentam ter
mais saúde do que as que são autônomas ou
que não estão trabalhando. O desemprego
parece influenciar negativamente a saúde ao
passo que o emprego parece influenciar
positivamente
Civic beauty:
Beauty culturists
and the politics of
African American
female
entrepreneurship,
1900-1965
2004 Gill TM Ambiente Levantament
o
Análise
qualitativa
Estudos sobre
negócios voltados
à beleza negra
existentes em
Nova York no
período de 1900 à
1965.
Avaliar a influência da
indústria e dos negócios
voltados a beleza sobre
a vida das mulheres
negras
Nova
Jersey -
EUA
Empreendimentos e negócios voltados a beleza
tornaram-se uma plataforma para mulheres
negras escaparem das limitações econômicas
impostas pelo racismo e contribuíram para a
construção de instituições sociais e políticas
que modificaram o discurso a respeito das
comunidades de cor.
Entrepreneur-
mentality, gender
and the study of
women
entrepreneurs
2004 Bruni A,
Gherardi S,
Poggio B
Individual
Ambiente
Processo
Organização
Qualitativa
Pesquisas
modernas sobre
mulher
empreendedora
Investigar como as
suposições implícitas
das relações de gênero
guiaram a pesquisa e a
produção de
conhecimento científico
sobre mulheres
empreendedoras
Trento-
Itália
Estereótipos de inferioridade associados à
mulher e referências à mulher como o segundo
sexo limitam a atividade empreendedora
feminina.
Explaining female
and male
entrepreneurship at
the country level
2004 Verheul I,
Van Stel A,
Thurik R
Individual
Ambiente
Organização
Qualitativa e
quantitativa
Dados da pesquisa
GEM do ano de
2002, incluindo 29
países.
Explanar sobre a
atividade
empreendedora de
homens e mulheres de
vários países sob três
perspectivas: o
empreendedorismo em
geral, a participação da
força de trabalho
feminina e o
empreendedorismo
feminino.
Zoetermee
r-Holanda
A atividade empreendedora de homens e
mulheres é influenciada por fatores similares
nos vários países analisados, como por
exemplo, a importância da família. Poucas
diferenças foram encontradas, mas constatou-
se maior efeito positivo da satisfação com a
atividade empreendedora sobre a vida das
mulheres.
Continua…
102
Título do Artigo Ano
Autor do
Artigo
Dimensão
avaliada
Método Amostra Objetivos
Local de
aplicação/
realização
Resultados
All credit to men?
Entrepreneurship,
finance, and
gender
2005 Marlow S,
Patton D
Individual
Ambiente
Qualitativa Pesquisas
contemporâneas
que discutem as
relações de gênero
e
empreendedorismo
Discutir as
desvantagens
enfrentadas pelas
mulheres no acesso a
níveis adequados de
recursos financeiros em
função do gênero
U. K –
Reino
Unido
Apresentam evidências de que as mulheres
enfrentam desvantagens no campo do
empreendedorismo em função ao gênero,
enfrentando estereótipos de inferioridade em
relação aos homens especialmente no acesso a
recursos financeiros, o que limita seu
desempenho como empreendedoras.
New meanings for
entrepreneurs:
from risk-taking
heroes to safe-
seeking
professionals
2005 Hytti U
Individual
Ambiente
Processo
Organização
Qualitativa
Entrevista e
estudo de
caso
Uma
empreendedora
Evidenciar que a
análise do
empreendedorismo no
contexto da sociedade
contemporânea oferece
novas lentes para
analisar a identidade
empreendedora e o
caráter emergente dos
empreendedores
Sudoeste
da
Finlândia
Sugere a existência de uma relação entre
tempo e lugar das investigações para as
concepções oferecidas pelos estudos sobre o
empreendedorismo.
Female
entrepreneurs,
work-family
conflict, and
venture
performance: New
insights into the
work-family
interface
2006 Shelton,
LM
Individual
Ambiente
Qualitativa
Pesquisas
relacionadas à
mulher
empreendedora
publicadas nas
edições anteriores
a 2005 do Journal
of Business
Management
Examinar estratégias
adotadas por mulheres
empreendedoras para
reduzir os conflitos de
papéis entre trabalho e
família
EUA Sugere que mulheres empreendedoras cujas
empresas obtêm alto crescimento adotam
estratégias de gestão que requerem menor
envolvimento pessoal como administração
participativa, delegação de tarefas e
disseminação da visão.
Continua…
103
Título do Artigo Ano
Autor do
Artigo
Dimensão
avaliada
Método Amostra Objetivos
Local de
aplicação/
realização
Resultados
Similarities and
differences across
the factors
associated with
women's self-
employment
preference in the
Nordic countries
2006 Arenius P,
Kovalainen
A
Individual Quantitativa 0,05% do total da
população adulta
de mulheres dos
quatro países
nórdicos:
1004 mulheres
empreendedoras
na Finlândia, 1020
na Suécia, 1182 na
Dinamarca e 1455
na Noruega,
totalizando 4661
mulheres
entrevistadas
Analisar a relação e a
importância de fatores
que afetam a atividade
econômica das
mulheres e comparar
semelhanças e
diferenças entre os
países nórdicos
Países
nórdicos
(Noruega,
Dinamarca
, Finlândia
e Suécia).
Foram identificadas semelhanças e diferenças
quanto aos fatores que afetam a atividade
empreendedora das mulheres nos quatro
países. A percepção individual de habilidades é
um dos mais importantes fatores nos quatro
países analisados. As mulheres que se
percebem como possuidoras dos
conhecimentos e habilidades necessárias estão
mais propensas a iniciar novos negócios nos
quatro países. A percepção de uma
oportunidade de mercado influencia
positivamente a decisão de empreender
enquanto que em alguns países o nível
educacional mais alto não induz à decisão de
empreender, ao contrário do pressuposto.
The dilemma of
growth:
Understanding
venture size
choices of women
entrepreneurs
2006 Morris,
MH,
Miyasaki,
NN,
Watters,
CE,
Coombes,
SM
Individual
Organização
Ambiente
Primeira
etapa:
quantitativa,
uso de
questionário
Segunda
etapa:
qualitativa,
uso de
entrevista
1 etapa:
questionários
enviados para 500
empreendedoras
(21% de resposta)
2 etapa: entrevista
com 50 das
empreendedoras
que responderam o
questionário
Identificar aspirações
de crescimento das
mulheres
empreendedoras e suas
causas
Nova York
-EUA
Sugere que o crescimento das empresas
gerenciadas por mulheres é conseqüência de
suas escolhas e que elas possuem consciência
dos custos e benefícios do crescimento,
buscando tomar decisões equilibradas.
Quadro 12 - Classificação dos artigos sobre empreendedorismo feminino encontrados na base de dados do ISI, segundo o modelo de Gartner (1985)
Fontes: Dados da pesquisa, 2006.
104
A seguir, são apresentadas principais constatações dos estudos analisados da base
ISI, conforme a dimensão à qual se referem, segundo o proposto por Gartner (1985).
4.1 ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO INDIVIDUAL
A análise dos estudos da base de dados do ISI que concentraram suas
investigações na dimensão Individual permite auferir, de maneira geral, que as mulheres têm
consciência da influência de seu papel como empreendedoras na vida pessoal, na família e na
sociedade.
A pesquisa desenvolvida por Buttner e Moore (1997) indica que a motivação das
mulheres é afetada tanto por fatores pessoais como por fatores organizacionais e que a mulher
considera o lucro como um dos fatores usados para julgar se sua organização é bem sucedida
ou não. A pesquisa aponta ainda que as mulheres tendem a criar organizações em segmentos
como os negócios de varejo e da área de serviços, que normalmente requerem menor capital
inicial, são intensivos de mão-de-obra e menos rentáveis.
Lerner; Brush; Hisrich (1997) constataram que os fatores individuais incluindo a
estrutura de trabalho e a estrutura familiar com suas variações, afetam de forma diferente o
desempenho da mulher enquanto empreendedora, fatores motivacionais como a busca de
realização pessoal, a busca por independência financeira ou mesmo a necessidade econômica
também afetam o desempenho. O nível educacional da mulher, o fato de possuir experiência
prévia em atividades ligadas à gestão de empresas e as habilidades que possui para negócios
também afetam seu desempenho.
Zapalska (1997) investigando o perfil da mulher empreendedora na Polônia,
realizou estudo buscando saber se as empresárias polonesas possuíam as características
empreendedoras requeridas para apresentarem desempenho efetivo como empreendedoras.
Constatou que as mulheres polonesas possuem as características e o perfil requeridos para o
sucesso na atividade empreendedora, assemelhando-se aos homens nos aspectos
motivacionais e características pessoais. Os resultados sugeriram não haver diferença
significante entre as tendências psicológicas de mulheres bem sucedidas nos negócios e
empreendedores homens. O estudo explorou também os tipos de negócios começados por
mulheres polonesas, seus objetivos empresariais e a relação entre o panorama de
empreendedorismo e a decisão para começar um novo negócio. Após 1990 na Polônia,
mudanças políticas e econômicas provocaram a criação de mercados livres. Esta combinação
de fatores econômicos, sociais e culturais também influenciou o papel de mulheres nos
105
negócios, cuja participação no empreendedorismo floresceu porque encontraram
oportunidades no novo mercado. A população pesquisada foi de 150 homens e mulheres
empreendedores nos três maiores centros urbanos na Polônia (Pozan, Cracóvia e Varsóvia)
entre dezembro de 1994 e janeiro de 1995, e buscou levantar três pontos principais: a)
características demográficas dos empreendedores (idade, educação, conhecimento,
habilidades administrativas, experiência empresarial e apoio familiar; b) razões e motivos
para começar um novo negócio; c) tipos de negócios iniciados, estratégias empresariais, e
objetivos em curto e longo prazo. Os resultados apontaram que as mulheres empreendedoras
apresentam características masculinas e femininas identificadas na literatura de pesquisa de
empreendedores prósperos. Em geral, os resultados mostram que os aspectos motivacionais e
as características pessoais de empreendedoras polonesas são semelhantes às masculinas.
Zapalska (1997) observou que as empreendedoras mulheres indicaram posse de agressividade,
positividade, determinação, forte comportamento de liderança, habilidades de comunicação
altamente desenvolvidas e objetivas e pensamento analítico. Elas acreditam que possuem um
conjunto de habilidades de liderança e atributos que incluem um alto nível de controle interno,
autonomia, ambição, energia, responsabilidade, inovação e criatividade. Elas indicaram alta
tendência para correr riscos e prontidão para a mudança, habilidades sociais fortes como
persuasão, baixa necessidade de apoio, falta de sentimentalismo e alto vel de habilidade
para inspirar outros. Embora elas tenham se avaliado como mais emocionais que os homens,
não nenhuma diferença significante em atributos de personalidade que caracterizam
homens empreendedores e mulheres empreendedoras. Com relação à motivação, mulheres e
homens indicaram que suas principais razões eram: ter mais controle sobre suas vidas, aliviar
os problemas de descontentamento com emprego anterior (normalmente público), encontrar
um trabalho e obter melhor situação financeira que no setor estatal. Os fatores chaves para o
sucesso das empreendedoras incluíram a busca constante por melhor qualidade, custos
decrescentes, movendo-se do mercado nacional para mercados externos, introduzindo novos
produtos e serviços e obtendo materiais de fontes novas.
Na visão de Zapalska (1997) os negócios iniciados por mulheres apresentam
grande potencial para crescimento econômico, contanto que as condições que promovem o
empreendedorismo inovador continuem melhorando. A presença de empreendedorismo com
tomada de risco é vital para a inovação numa economia que se esforça para ficar competitiva.
Quanto às razões que os entrevistados apontaram como motivos para iniciar um novo
negócio, para as mulheres, emergiram várias razões, inclusive a necessidade de realização, o
desejo de ser independente, a necessidade de satisfação no cargo, necessidade econômica, a
106
necessidade por dinheiro como uma medida de sucesso, enquanto que a criação de uma
organização poderia inspirar, motivar e recompensar psicológica e financeiramente, a
necessidade de controlar seu próprio destino, o desejo de evitar uma relação de subordinação
à outros, e necessidades do ego. Embora muitas destas motivações também tenham sido
apontadas pelos homens, entre as mulheres freqüentemente observou-se a repugna aos chefes
anteriores e elas sentiam que poderiam fazer um trabalho melhor que seus supervisores
anteriores, o que as levou a procurar situações que desafiaram suas habilidades, lhes permitiu
executar melhor, ganhar confiança, e serem bem sucedidas profissionalmente.
As empreendedoras polonesas iniciaram uma grande variedade de mudanças
qualitativas e quantitativas nas práticas de seus negócios. Entre os tipos mais comuns de
mudanças iniciadas estavam: criação de novos produtos e mercados de serviços: inovações de
produto e métodos novos de produção e tecnologia; novas fontes de inovações e
implementação de novas formas de organização e administração. Em alguns casos, as ações
das empreendedoras mulheres incluíram mais de uma destas mudanças. A maioria das
inovações de produção eram inovações tecnológicas (informatização), a criação ou invenção
de técnicas novas de produção, estratégias novas de administração, novos mercados de
produtos e inovações organizacionais. Mercado e inovação de produtos envolveram bens,
produtos e serviços antes da sua produção; ou melhorando a qualidade ou reduzindo o custo
de produção de um produto. A descoberta de mercados que previamente não tinham sido
explorados não incluiu áreas geográficas novas ou categorias novas de consumidores, mas
linhas completamente novas de produtos e serviços que nunca tinham sido oferecidos à
consumidores poloneses. A autora conclui o estudo, apresentando sugestões de áreas a serem
melhoradas através de políticas públicas no campo do empreendedorismo.
No estudo desenvolvido por Ufuk e Ozgen (2001) sobre o comportamento da
mulher empreendedora na Turquia, foram entrevistadas 220 mulheres empreendedoras
casadas da cidade de Ankara, com o objetivo de identificar seu comportamento
empreendedor. O estudo investigou o status do trabalho, as razões para iniciar um
empreendimento e os tipos de negócios envolvidos, as dificuldades experimentadas por estas
mulheres para iniciar e manter o negócio, os riscos envolvidos, salários, as características
empreendedoras e o planejamento futuro. As regras governamentais também foram
analisadas, bem como a disposição das mulheres em participar de programas de treinamento.
Fatores como a idade, o nível educacional e a experiência das mulheres entrevistadas também
foram examinados. Dentre as principais conclusões do estudo estão algumas sugestões de
ações que podem contribuir para fomentar a atividade empreendedora da mulher.
107
O estudo de Schindehutte, Morris e Brennan (2003) aponta características
pessoais da dimensão individual que afetam a atividade empreendedora das mulheres, como a
indiscutível habilidade feminina em conciliar família e trabalho; embora sintam os efeitos
estressantes da constante busca de equilíbrio entre os diversos papéis de mãe, dona-de-casa,
esposa e empreendedora e afetadas pela limitação de tempo para destinar aos filhos, as
mulheres acreditam que empreender oferece vantagens como maior liberdade, realização
pessoal, autonomia e independência financeira, além dos efeitos positivos da satisfação com a
atividade empreendedora sobre suas vidas.
O estudo desenvolvido por Dolinsky e Caputo (2003) nos EUA, buscou identificar
as conseqüências das diferentes condições de emprego sobre a saúde da mulher. A partir de
uma comparação entre mulheres assalariadas, desempregadas e autônomas, constatou-se que
as mulheres assalariadas apresentam melhores condições de saúde do que as autônomas ou as
desempregadas.
Bruni; Gherardi e Poggio (2004) em seu estudo voltado a analisar as influências
dos estereótipos associados ao gênero sobre a atividade empreendedora feminina, constataram
que os estereótipos de inferioridade associados à mulher e as menções à mulher como sendo o
sexo frágil, afetam negativamente seu desempenho como empreendedora.
O estudo desenvolvido por Verheul; Van Stel e Thurik (2004) buscou definir e
explicar a atividade empreendedora de homens e mulheres em 29 países constantes do
relatório do GEM. As variáveis analisadas no estudo referem-se às mencionadas nos três
fluxos de literatura corrente sobre empreendedorismo, ou seja; empreendedorismo geral, a
participação da mão-de–obra feminina no mercado de trabalho e a atividade empreendedora
feminina. Os resultados mostraram que mulheres e homens são largamente influenciados
pelos mesmos fatores. Uma exceção notável refere-se à satisfação de vida como um impacto
positivo percebido nas mulheres e não nos homens. Os autores concluem o estudo fazendo
algumas considerações acerca da atividade empreendedora de homens e mulheres e apontando
alguns aspectos que poderiam ser observados pelos governos no sentido de estimular e
facilitar a atividade das mulheres no mercado de negócios.
Hytti, (2005) em estudo realizado na Finlândia, mostra como as conexões
existentes entre tempo e lugar, afetam as concepções existentes para o empreendedorismo,
especialmente para as concepções individuais.
Embora ainda em discussão, Marlow e Patton (2005) partem de resultados de
pesquisas que apontam que mulheres empresárias enfrentam desvantagens em função do
gênero. O estudo não sugere que todos os negócios de mulheres estejam condenados ao
108
fracasso, mas que implicações acerca de gênero podem impedir muitas realizações e o alcance
do potencial pleno dos negócios. Nas conclusões, os autores ressaltam que as mulheres
enfrentam desvantagens adicionais associadas às atribuições de gênero, com implicações em
limitações nas habilidades de mulheres para acumular poupanças pessoais, gerar histórias
atraentes a fornecedores formais de crédito ou atrair o interesse de capitalistas de
investimentos. A combinação destes fatores contribui para uma tendência entre as mulheres
de estabelecer empresas em segmentos pobres do setor de serviço, lutando para sobreviver em
uma posição de desvantagem e reforçando a imagem negativa de mulheres em
empreendimentos, ressaltando os estereótipos negativos que retratam o feminino como
inferior ao masculino. Muitas mulheres na sociedade contemporânea desejam iniciar
empreendimentos, assim, os autores enfatizam a importância que tem o papel dos governos no
sentido de viabilizar programas e incentivos à criação de empreendimentos iniciados por
mulheres, capazes de contribuir com a economia do país, mas que também satisfaçam
necessidades individuais. Os autores entendem que o debate acerca das discrepâncias de
gênero deve continuar, de forma que esta categoria de influências sobre a atuação feminina na
área de negócios seja mais claramente entendida.
O estudo de Arenius e Kovalainen (2006) indica que a percepção individual de
habilidades é um importante fator para empreender. As mulheres que se percebem como
possuidoras dos conhecimentos e habilidades necessárias para empreender estão mais
propensas a iniciar novos negócios. Outra constatação importante deste estudo e de certa
forma, surpreendente, é que o nível educacional mais alto de algumas mulheres não afeta
positivamente a decisão de empreender.
O estudo de Schelton (2006), por sua vez, mostrou que as mulheres enfrentam
uma luta interna constante buscando equilibrar as demandas da vida familiar e dos negócios,
muitas vezes adotando estratégias de administração participativa, delegação e disseminação
da visão entre os colaboradores, o que pode contribuir sensivelmente para o crescimento de
suas empresas e diminuir a sobrecarga sobre a gestora.
Morris et al (2006) buscam compreender o dilema experimentado por mulheres
empreendedoras em relação às suas escolhas, que afetam diretamente o crescimento de suas
empresas. O estudo sugere que muitas das decisões tomadas por mulheres visam o
crescimento ou não do empreendimento, em função de sua necessidade e vontade de dispor de
tempo também para as atividades familiares. Assim, as mulheres entendem que quanto maior
a empresa, maior se a demanda de tempo e esforço nas atividades de gestão, assim,
ponderam e buscam tomar decisões equilibradas, que beneficiem a empresa e a família. Os
109
principais motivos que estas mulheres declararam ter para empreender é a crença de que é
capaz de realizar aquilo a que se propõe, o desejo de expressão e realização pessoal, liberdade
profissional e o desejo de ajudar outras pessoas e a comunidade. Morris et al (2006)
caracterizaram a típica mulher empreendedora como possuindo os seguintes aspectos
predominantes: idade superior a 36 anos de idade e possuidora do nível superior. Sobre
experiência empreendedora, 40,8% das entrevistadas declarou possuir alguém como modelo,
28,2% declarou que possui parentes empreendedores, 22,3% declarou possuir experiência de
trabalho em pequenas empresas e 16,5% declarou que possui pai ou mãe empreendedor.
A partir da categorização dos estudos sobre empreendedorismo feminino que
foram analisados da base de dados do ISI, de acordo com as dimensões propostas por Gartner
(1985), fica evidenciada a predominância de concentração dos estudos (86% dos artigos) na
dimensão Individual. Um dos fatores que pode contribuir para explicar esta maior
concentração na dimensão individual é justamente o crescimento da atividade empreendedora
entre as mulheres. Uma vez que as contribuições do empreendedorismo feminino são
reconhecidamente importantes para o desenvolvimento das nações, conhecer aspectos como
os revelados pelas pesquisas analisadas adquirem relevância na medida que vem ao encontro
do interesse dos governos de quase todo o mundo: fomentar o empreendedorismo feminino.
Neste sentido, estes resultados podem contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento de
políticas públicas adequadas para oportunizar e viabilizar capacitações voltadas a estimular e
desenvolver as capacidades femininas para empreender, uma vez que os estudos constataram
que as mulheres que se percebem possuidoras dos conhecimentos e habilidades necessárias
para empreender estão mais propensas a iniciar novos negócios.
Corrobora este ponto de vista a autora de um dos estudos analisados, Zapalska
(1997), que acredita que a curiosidade e relevância de se conhecer aspectos acerca da
dimensão individual das empreendedoras será cada vez maior. A autora salienta que na
medida em que cresce o número de mulheres que iniciam negócios, cresce também a
importância do papel destas mulheres na economia e na sociedade, o que torna relevante
conhecer suas características psicológicas, motivos para empreender, objetivos, e,
especialmente, as diferenças entre o comportamento empreendedor de homens e mulheres.
Em relação a estes aspectos, Zapalska (1997), por sua vez, concluiu que não existem
diferenças significantes entre homens e mulheres empreendedores na Polônia, mas sim, que
um empreendedor atinge o êxito se possui as características em termos de atitudes e
temperamentos requeridos para empreender com sucesso, independente de gênero. No
entanto, a autora ressalta que numerosos estudos associam mais frequentemente as
110
características do empreendedor de sucesso com o comportamento masculino do que com o
feminino, sugerindo que as mulheres só terão sucesso como empreendedoras se exibirem estas
características, apontando a mulher como mais frágil e mais emocional do que os homens.
Para a amostra pesquisada por Zapalska (1997), no entanto, os resultados mostraram que as
empreendedoras mulheres possuem as características requeridas para o sucesso, como posse
de agressividade, positividade, determinação, forte comportamento de liderança, habilidades
de comunicação e pensamento analítico, habilidades de liderança e controle interno,
autonomia, ambição, energia, responsabilidade, inovação e criatividade, tendência para correr
riscos, prontidão para a mudança, habilidades sociais fortes como persuasão, baixa
necessidade de apoio, falta de sentimentalismo, e alto nível de habilidade para inspirar outros.
Embora as mulheres estudadas tenham se avaliado como mais emocionais que os homens, não
nenhuma diferença significante em atributos de personalidade que caracterizam homens
empreendedores e mulheres empreendedoras.
Cabe aqui mencionar que de forma semelhante aos resultados encontrados por
Zapalska (1997), com relação à dimensão Individual e aos resultados desta pesquisa exibidos
no quadro 12, também o estudo de Valencia e Lamolla (2005), que analisou as produções
científicas na área do empreendedorismo feminino utilizando como critério de classificação o
framework desenvolvido por Gartner (1985), encontrou similaridades no comportamento de
homens e mulheres empreendedoras. Os resultados dos artigos indexados à base de dados do
ISI exibidos no quadro 12 demonstram que não existem diferenças demográficas
significativas entre empreendedores masculinos e femininos, mas sim, comportamento
empreendedor comum a ambos, exceto pela experiência profissional. A pesquisa de Valencia
e Lamolla (2005) aponta que o nível educacional de mulheres e homens empreendedores
exerce impacto positivo na fase inicial dos negócios e posterior desempenho como
empreendedores. Um achado comum nos estudos analisados por estas autoras, revela que a
experiência anterior é uma chave estrutural básica que tem um forte impacto nas habilidades
das mulheres em iniciar um negócio próprio e melhorar seu desempenho, no entanto
indícios de que as mulheres têm menos experiência que homens nas atividades relacionadas a
gerenciamento e experiências em indústrias. Alguns estudos analisados por Valencia e
Lamolla (2005) sustentam que as mulheres são mais empáticas, em competências e
adaptabilidades sociais e esses aspectos são positivos em relação ao sucesso nos negócios.
Com relação ao desejo de crescimento dos negócios, as mulheres são mais preocupadas com
os riscos que os homens, além de vangloriarem-se em lidar com pessoas e em competências
de apresentações orais e motivacionais. As mulheres percebem o empreendedorismo mais
111
positivamente que os homens e consideram uma boa relação com empregados, clientes e
outros profissionais como vitais para o sucesso nos negócios.
4.2 ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO AMBIENTE
A segunda dimensão mais avaliada pelos estudos sobre empreendedorismo
feminino da base de dados do ISI, segundo as quatro dimensões propostas por Gartner (1985)
é a dimensão Ambiente, na qual 60% dos estudos focaram suas investigações.
Em relação aos fatores do ambiente que podem influenciar o desempenho da
mulher como empreendedora, Bliss e Garrat (2001) desenvolveram estudo analisando vários
modelos de organizações que se voltam ao objetivo de prestar suporte às mulheres
empreendedoras na Polônia e em outros países. Concluíram que fatores ambientais como
entidades de classe e organizações em rede podem fomentar e favorecer a atuação da mulher
na criação e condução de negócios. O estudo sugere algumas práticas que podem contribuir
para que a mulher supere estereótipos de inferioridade arraigados cultural e historicamente e
fazer com que pense e veja de maneira mais positiva a decisão de empreender. O estudo
sugere também que as mulheres podem ser beneficiadas pelas associações de
empreendedoras, uma vez que poderiam trocar experiência e know-how entre si, apontando
que as associações de mulheres empresárias podem adotar práticas no sentido de contribuir
para superar fatores culturais e históricos e levar as mulheres a ver e usufruir dos benefícios
de uma associação de empreendedoras. O estudo mostrou ainda, que as mulheres sentem as
influências do ambiente de forma particular e muito mais intensa do que os homens.
Dolinsky e Caputo (2003) constataram que as condições ambientais,
especialmente as de trabalho podem afetar a saúde da mulher. O estudo sugere que as
mulheres que trabalham como assalariadas apresentam melhores condições de saúde do que
as desempregadas e as autônomas, da mesma forma que o estudo evidencia que o desemprego
afeta negativamente a saúde da mulher e o emprega afeta positivamente.
Gil (2004) realizou estudo em Nova Jersey voltado a investigar como se a
influência de negócios e indústrias de produtos voltados à beleza feminina sobre a vida de
mulheres negras. O estudo aponta que as mulheres negras fizeram de empreendimentos
voltados à beleza uma plataforma para escaparem das limitações econômicas impostas pelo
racismo e contribuíram culturalmente para a construção de instituições sociais e políticas que
modificaram o discurso à respeito das comunidades de cor.
112
Bruni; Gerardi e Póggio (2004) investigaram as relações existentes entre a
mentalidade empreendedora, gênero e as concepções existentes na área de estudo da mulher
empreendedora. Concluíram, por sua vez, que os estereótipos de inferioridade associados à
mulher limitam sua atividade empreendedora e influenciam a literatura existente sobre o
assunto. As barreiras ambientais enfrentadas pelas mulheres entrevistadas concentram-se em
status de inferioridade da mulher na cultura social, dificuldade de acesso à informação e
assistência especializada e acesso ao capital.
Verheul, Van Stel e Thurik (2004), demonstraram que aspectos socioculturais do
ambiente exercem grande influência sobre a escolha e decisão das mulheres de tornar-se uma
empreendedora. Entre estes aspectos está o suporte familiar, sexo e outros fatores
socioculturais que incluem a percepção da sociedade sobre o negócio criado pela mulher e a
imagem que goza a mulher empreendedora junto a sociedade.
O estudo de Marlow e Patton (2005) mostra que existem evidências de que as
mulheres enfrentam desvantagens no campo do empreendedorismo em função do gênero,
enfrentando estereótipos de inferioridade em relação aos homens, especialmente no acesso a
recursos financeiros, o que limita seu desempenho como empreendedoras. Marlow e Patton
(2005) contribuem para o enriquecimento das discussões acerca das relações existentes entre
empreendedorismo, finanças e gênero, uma vez que, considerando-se que a disponibilidade e
acesso aos recursos financeiros é um elemento crítico para o início e posterior desempenho de
qualquer empreendimento, qualquer barreira ou impedimentos para acessar recursos terá
impacto negativo no desempenho de empresas afetadas por estas barreiras.
No estudo de Hytti (2005), por sua vez, foi comprovada e existência de uma
relação entre tempo e lugar das investigações para as concepções oferecidas pelos estudos
sobre o empreendedorismo, sendo que essas concepções e definições se alteram em função do
tempo e lugar de aplicação das pesquisas.
O estudo de Schelton (2006) por sua vez, sugere que o crescimento das
organizações está intimamente ligado às estratégias de gestão escolhidas pelas mulheres e que
muitas vezes, obtêm alto crescimento as empresas cujas empreendedoras adotam estratégias
de gestão que requerem menor envolvimento pessoal como administração participativa,
delegação de tarefas e disseminação da visão. Foram apontadas evidências de que as mulheres
cuja organização obtém maior crescimento desfrutam de maior satisfação em relação a
empreender, embora elas não considerem a mensuração de sucesso somente pelos indicadores
de lucro auferido, mas também pelos índices de satisfação pessoal, sendo que para as
mulheres é muito importante o amplo envolvimento das pessoas na organização criada, elas
113
valorizam muito as relações com os colaboradores da organização, especialmente se estas
pessoas são do círculo familiar, desta forma, normalmente adotam estratégias de gestão
compartilhada e trabalho em equipe dentro das organizações.
Morris et al (2006) buscou identificar as aspirações de crescimento das mulheres
empreendedoras e suas causas. O estudo sugere que o tamanho das organizações geridas por
mulheres muitas vezes está relacionado às suas escolhas, isto é, as mulheres sabem que
quanto maior for a organização, maior será a demanda de esforço nas atividades de gestão.
Em relação às dificuldades enfrentadas no ambiente para empreender, as entrevistadas
declararam, de modo mais enfático, enfrentar dificuldades relacionadas à finanças, como
dificuldades de conseguir investidores, parceiros, empréstimos bancários. Em menor
intensidade foram citadas as dificuldades de conseguir fornecedores, colaboradores, obter
licenças e aprovações e conseguir clientes.
A análise dos estudos que concentraram sua investigação na dimensão Ambiente
demonstra que a mulher responde diferentemente do homem aos estímulos externos,
especialmente em relação a fatores culturais, imagem, limitadores e estereótipos enfrentados.
Desta forma, o investimento em aspectos culturais como a divulgação de histórias de sucesso,
a disseminação da imagem da mulher como empreendedora em potencial e plenamente capaz
poderia contribuir para fomentar iniciativas empreendedoras. Um dos caminhos para isso,
conforme apontam os estudos, pode ser oferecido pelas associações de mulheres empresárias,
que podem adotar práticas no sentido de contribuir para superar fatores culturais e históricos e
levar as mulheres a ver e usufruir dos benefícios de uma associação de empreendedoras. As
evidências de que as mulheres enfrentam uma posição de desvantagem em relação ao acesso
ao crédito, deveria ser mais bem investigada, uma vez que este fator tem estreita relação com
o desempenho e até mesmo com a sobrevivência das empresas.
4.3 ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO ORGANIZAÇÃO
Sobre a dimensão Organização 40% dos artigos analisados concentrou sua
investigação, sendo esta a terceira dimensão mais analisada nos estudos.
Em relação aos achados dos estudos nesta dimensão, Zapalska (1997) colcluiu que
os negócios iniciados por mulheres apresentam grande potencial de crescimento econômico,
especialmente se contarem com condições favoráveis ao empreendedorismo inovador. Os
tipos de organizações criadas por mulheres são bastante variados, incluindo negócios criados
em áreas tradicionalmente masculinas como também negócios em áreas tipicamente
114
femininas. A maioria dos empreendimentos criados por mulheres inclui atividades
personalizadas, computação, consultoria e vendas. Quase todos os negócios foram criados
tendo como base produtos novos ou propostas de inovações em produtos existentes. A
maioria dos negócios é relativamente jovem, sendo que mais de 50% dos negócios havia
iniciado quatro anos ou menos e para a maioria das mulheres entrevistadas, este era seu
primeiro empreendimento. As mulheres entrevistadas acreditam que seus empreendimentos
superaram o estágio inicial (start up) em função de que elas procuraram criar negócios em
áreas nas quais possuíam ao menos um pouco de experiência, advinda, normalmente de
empregos anteriores, esta experiência ofereceu força capaz de contribuir sensivelmente para o
desenvolvimento dos negócios iniciados. As áreas mais frequentemente mencionadas como
fontes de experiências passadas recentes em trabalhos anteriores incluíram programação,
vendas, administração, marketing e consultoria.
Schindehutte, Morris e Brennan (2003) concluíram em seu estudo, que as
mulheres escolhem montar empreendimentos que lhes permitam manter a família em primeiro
plano, neste sentido, as organizações criadas também são vistas pelas empreendedoras como
uma oportunidade de obter maior grau de liberdade sobre sua vida pessoal.
Bruni, Gherardi e Póggio (2004) constataram que as organizações criadas por
mulheres apresentam geralmente uma estrutura informal de organização de trabalho e são
coordenadas baseadas no envolvimento afetivo com os funcionários, tendem a apresentar
desenvolvimento gradativo e presença clara de liderança transformadora.
Verheul, Van Stel e Thurik (2004) concluíram em seu estudo que homens e
mulheres empreendedores são influenciados basicamente pelos mesmos fatores, sendo que a
família é um dos pontos de maior interesse para ambos. Na vida da mulher empreendedora, no
entanto, o nível de satisfação com o negócio exerce um impacto positivo mais forte do que no
homem. Com relação às organizações, os autores constataram que novas tecnologias oferecem
grande potencial para desenvolver novos produtos e serviços, criando oportunidades de início
de novos negócios. Pequenas empresas são beneficiadas pelas novas tecnologias de forma
direta (produzindo novos produtos) e indireta (utilizando-se de novos produtos ou novas
técnicas de comunicação).
Hytti (2005) demonstra em seu estudo que as organizações sofrem extrema
pressão em função da competitividade enfrentada no ambiente de atuação, esta pressão
transforma-se em insegurança quando a organização enfrenta dificuldades financeiras e afeta
inclusive as relações e os contratos de trabalho.
115
Morris et al (2006) constataram que as estratégias adotadas pelas mulheres têm
influência direta no desempenho das organizações, que elas possuem consciência dos custos e
benefícios do crescimento de suas empresas e buscam tomar decisões equilibradas. A maioria
das respondentes possui empresas com até 20 funcionários, com tempo de operação oscilando
predominantemente entre 4 e 9 anos, a maioria são firmas individuais e privadas, criadas com
recursos próprios cujas atividades concentram-se predominantemente no atacado, varejo e
indústria.
É necessário aprofundar as investigações referentes à dimensão Organização,
considerando especialmente aspectos bastante específicos da maneira feminina de perceber,
avaliar e gerir a organização. Estudos como o de Valencia e Lamolla (2005) havia
constatado que as taxas de sobrevivência e de crescimento de negócios pertencentes a
mulheres são menores que os negócios pertencentes aos homens, o acesso a capital de risco
normalmente se para empresas grandes em vendas ou para mulheres que possuem
conhecimento/treinamento em finanças ou que são ex-executivas. As evidências encontradas
por Buttner e Moore (1997) de que as mulheres concentram os investimentos em empresas do
setor de varejo e serviços, normalmente intensivos de mão-de-obra e menos rentáveis, talvez
seja um indicador de que as mulheres podem não almejar empresas grandes, em função de
que sabem que a demanda de tempo e dedicação seria ainda maior, o que implicaria em
sacrificar mais tempo da família, o que já é motivo de conflito e angústia para muitas
mulheres. As sugestões de que as mulheres valorizam e enfatizam mais as relações com os
colaboradores influenciando seu modelo de gestão, apontadas por Schelton (2006), vem ao
encontro das constatações de Valencia e Lamolla (2005), que sustentam que as mulheres são
mais empáticas, mais competentes em adaptabilidades sociais e que estes aspectos, por sua
vez, influenciam positivamente o sucesso nos negócios.
4.4 ACHADOS DOS ESTUDOS DA BASE ISI NA DIMENSÃO PROCESSO
A dimensão Processo foi a menos analisada nos quinze artigos, sendo que apenas
dois artigos, que correspondem a 13,3% do total de artigos analisados, concentraram seu
enfoque de investigação nesta dimensão.
Dos artigos que analisaram a dimensão processo, o estudo de Bruni, Gherardi e
Poggio (2004) indica que as ações desenvolvidas pelas mulheres ao montar suas empresas
tendem a não seguir um curso ou uma sucessão de ações conhecidas e racionais, como se
convencionou identificar as ações de iniciar uma empresa, comumente entre os homens, que
116
são: a identificação de uma oportunidade de mercado, a definição de objetivos, a obtenção de
recursos, a comercialização de produtos e serviços e a estruturação da empresa. Além disso, o
estudo aponta que as mulheres tendem a adotar um estilo de liderança administrativa que visa
nutrir as relações positivas e de confiança com os subordinados, compartilhar poder e
informação.
O estudo desenvolvido por Hytti (2005), aponta que o empreendedorismo é um
processo social e desta forma, também afetado por modificações sociais, por fatores como a
globalização e até mesmo pelos reflexos como das ações da China sobre a instabilidade do
mercado internacional.
Embora seja o nível menos estudado, os resultados sugerem que a mulher
empreendedora tem uma forma particular de agir e interagir com o mercado de negócios,
adotando formas próprias e não convencionais de iniciar organizações. Caberia desenvolver
investigações complementares capazes de melhor explorar e identificar variáveis importantes
de atividades específicas desenvolvidas por mulheres na criação de negócios, como por
exemplo, networking e formação do capital social. Vale notar que em sua investigação,
Valencia e Lamolla (2005) também encontraram poucos estudos com enfoque para a
dimensão Processo, sendo este o nível menos estudado nos estudos analisados por estas
autoras.
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe salientar que o modelo das quatro dimensões proposto por Gartner (1985),
também foi utilizado por Valencia e Lamolla (2005), para analisar estudos na área do
empreendedorismo feminino. Os resultados encontrados por Valencia e Lamolla (2005), na
utilização deste critério, são demonstrados no quadro 13, que apresenta os nomes dos autores
dos estudos analisados e as respectivas dimensões enfocadas, segundo o modelo de Gartner
(1985).
117
Dimension Empirical support
Individual Amit, 1994
Anna et al., 1999
Baron and Markman, 2003
Baron-Cohen, 2003
Boden and Nucci, 2000
Brush and Bird, 1996
Brush, 1992
Caputo and Dolinsky, 1998
Carter et al., 1997
Catley and Hamilton, 1998
Chaganti and Parasuraman, 1996
Cliff, 1998
DeMartino and Barbato, 2003
Dolinsky, et al., 1993
Fagenson and Marcus, 1991
Fagenson, 1993
Fischer et al., 1993
Gatewood et al., 1995
Glas and Petrin, 1998
Greene et al., 1999
Hisrich et al., 1996
Hisrich et al., 1997
Kamau, 1999
Kourilsky and Walstad, 1998
Kyro, 2001
Leahy and Eggers, 1998
Lerner et al., 1997
Marlow, 1997
Sexton and Bowman-Upton, 1990
Shabbir and Di Gregorio, 1996
Organization
Allen and Carter, 1996
Barrett, 1995
Boden and Nucci, 2000
Brush and Bird, 1996
Brush et al., 2000
Carter et al., 1997
Chaganti and Parasuraman, 1996
Gundry and Welsch, 2001
Hokkanen et al., 1998
Rosa and Hamilton, 1994
Sexton and Robinson, 1989
Srinivasan et al., 1994
Watson and Robinson, 2003
Watson, 2002
Process
Aldrich, et al., 2002
Alsos and Ljunggren, 1998
Carter et al., 1997
Gatewood, 1995
Lerner et al., 1997
Srinivasan, 1994
Continua...
118
Dimension Empirical support
Environment Allen and Carter, 1996
Alvarez and Meyer, 1998
Barrett, 1995
Carter, 2002
Coleman, 1998
Fabowale, et al., 1995
Fay and Williams, 1993
Greene, et al., 1999
Hisrich et al., 1997
Hokkanen, 1998
Holmquist, 2001
Huq and Richardson, 1997
Kourilsky and Walstad, 1998
Lerner et al., 1997
Moore and Buttner, 1997
Read, 1994
Rosa and Hamilton, 1994
Shabbir and Di Gregorio, 1996
Quadro 13 Categorização dos estudos analisados por Valencia e Lamolla, 2005,
segundo modelo de Gartner (1985)
Fonte: Valencia e Lamolla (2005)
Pode-se perceber que a maioria dos estudos analisados por Valencia e Lamolla
(2005) concentrou sua investigação nas dimensões Individual e Ambiente, enquanto que as
dimensões Processo e Organização foram menos contempladas pelos estudos.
De forma semelhante, para esta pesquisa, também os estudos da base de dados do
ISI concentraram seu foco de investigação predominantemente nas dimensões Individual e
Ambiente, em detrimento das demais: as dimensões Organização e Processo. Estes resultados
podem ser visualizados no quadro 14, que apresenta a relação dos autores dos estudos
analisados e as respectivas dimensões analisadas segundo o modelo de Gartner (1985).
Dimensão Estudos da base de dados do ISI
Individual Zapalska, 1997
Lerner; Brush; Hisrich, 1997
Buttner ; Moore, 1997
Ufuk; Ozgen, 2001
Schindehutte ; Morris ; Brennan, 2003
Dolinsky; Caputo, 2003
Bruni; Gherardi ; Poggio, 2004
Verheul, Van Stel; Thurik, 2004
Marlow; Patton, 2005
Hytti, 2005
Shelton, 2006
Morris et al, 2006
Arenius; Kovalainen, 2006
Continua...
119
Dimensão Estudos da base de dados do ISI
Organização
Zapalska, 1997
Schindehutte ; Morris ; Brennan, 2003
Bruni; Gherardi ; Poggio, 2004
Verheul, Van Stel; Thurik, 2004
Hytti, 2005
Morris et al, 2006
Processo
Bruni; Gherardi ; Poggio, 2004
Hytti, 2005
Ambiente
Bliss; Garratt, 2001
Dolinsky; Caputo, 2003
Gill, 2004
Bruni; Gherardi ; Poggio, 2004
Verheul, Van Stel; Thurik, 2004
Marlow; Patton, 2005
Hytti, 2005
Shelton, 2006
Morris et al, 2006
Quadro 14 - Dimensões enfocadas pelos estudos sobre empreendedorismo feminino da
base de dados do ISI, segundo modelo de Gartner (1985)
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Os dados apresentados no quadro 14 permitem constatar a predominância de
enfoque dos estudos sobre empreendedorismo feminino da base de dados do ISI, para as
dimensões Individual e Ambiente, assemelhando-se aos resultados encontrados por Valencia e
Lamolla (2005). A concentração de muitos autores na dimensão Individual pode ser explicada
pelo fato de que esta dimensão comporta curiosidades acerca das diferenças oriundas de
gênero e muitos fatores considerados influentes sobre a atividade empreendedora, assim,
muitos estudiosos tem se dedicado a investigar diferenças entre homens e mulheres na
atividade empreendedora.
Com relação à metodologia adotada para os estudos, predominou a análise
qualitativa para 80% dos estudos, ou seja, em doze dos quinze artigos analisados. A
metodologia quantitativa foi adotada em nove estudos, ou seja, 60% dos estudos. Importante
salientar que seis estudos, ou seja, 40% dos artigos analisados adotaram as duas metodologias
de maneira simultânea. A predominância da característica da pesquisa qualitativa em muitos
dos estudos sobre empreendedorismo feminino não é surpresa, especialmente quando se trata
de estudos de caso, muito freqüentes nas pesquisas desta temática.
120
5 CONCLUSÃO
A partir dos dados coletados, leitura dos artigos encontrados sobre o tema de
pesquisa, análise criteriosa e classificação destes artigos conforme o critério de Gartner (1985)
que prevê a classificação dos estudos na área de empreendedorismo conforme framework
compreendendo quatro dimensões, é possível apresentar um raio x da produção científica da
base de dados do ISI sobre o empreendedorismo feminino. A análise dos quinze artigos
encontrados sobre empreendedorismo feminino na base de dados do ISI, permitiu constatar
que a maioria deles concentra suas investigações nas dimensões Individual e Ambiente, tal
como já haviam constatado outros autores como Valencia e Lamolla (2005); Arenius e
kovalainen (2006) e Lerner, Brusch e Hisrich (2006). Dos quinze artigos analisados, 86%
contemplam a dimensão Individual, 60% concentram o enfoque dos estudos na dimensão
Ambiente, 46,6% concentram as duas dimensões de forma simultânea, ou seja, a dimensão
Individual e a dimensão Ambiente, e em alguns estudos são acrescidas ainda outras
dimensões além destas duas. A dimensão Organização é foco de investigação em 40% dos
artigos analisados e a dimensão Processo, a menos enfocada nos quinze artigos analisados,
corresponde a 13,3% do total dos artigos.
A dimensão Individual comporta curiosidades acerca das diferenças oriundas de
gênero e desperta a atenção de muitos pesquisadores, muitos dos quais tem se dedicado a
investigar diferenças entre homens e mulheres na atividade empreendedora, como Arenius e
kovalainen (2006). Já Lerner, Brusch e Hisrich (2006) que realizaram sua pesquisa em Israel
ponderam que, embora variáveis demográficas sejam analisadas em muitos estudos, e que por
sua vez estão compreendidas na dimensão Individual, estas variáveis sofrem influência da
cultura onde a pesquisa é realizada. Por exemplo, em Israel, a maioria das mulheres
empreendedoras é casada, sendo que estas mulheres empreenderam depois de suas crianças
terem crescido. Os autores acreditam que isto se deve à forte orientação para a família que
prevalece na cultura israelense e à prioridade dada pelas mulheres às obrigações familiares, o
que explica também a diferença nos índices de 15% de empreendedores homens para apenas
5,1% de empreendedoras mulheres.
A acentuada curiosidade de muitos autores em relação à dimensão Individual pode
ser creditada ainda ao fato de que muitos dos fatores individuais têm poder de afetar o
desempenho do empreendedor nos negócios, especialmente no caso das mulheres. Os fatores
121
que notadamente podem exercer esta influência têm sido analisados em muitos estudos,
incluindo variáveis como: experiência, educação, ocupação dos pais, sexo, raça, idade e
motivações para empreender. Autores como o próprio Gartner (1985), concluíram através de
suas investigações, que negócios bem sucedidos são mais frequentemente iniciados por
homens que possuem motivos para empreender, possuem propensão ao risco e realizam
planejamento sistemático.
Lerner, Brusch e Hisrich (2006) dizem ainda que os estudos acerca do
desempenho da mulher como empreendedora ainda são poucos e a maioria das pesquisas não
têm comparado grupos de homens com grupos de mulheres. Entretanto, as variáveis
pertencentes à dimensão Individual que explicam o desempenho empreendedor feminino em
países como os EUA, de onde provém a maioria dos estudos, são frequentemente as mesmas
observadas em estudos realizados com homens: experiência prévia, competências e
habilidades para negócio, nível de educação, motivações e o fato de possuir um mentor.
A maioria dos estudos encontrados na base de dados do ISI é de origem
americana, o que pode indicar maior consciência por parte dos países desenvolvidos em
reconhecer a importante contribuição oferecida pelas mulheres para o desenvolvimento
econômico das sociedades, e, por isso mesmo, a demonstração de maior interesse por parte
destes países em pesquisar aspectos relativos ao empreendedorismo feminino.
A metodologia predominante nos estudos sobre empreendedorismo feminino da
base de dados do ISI é a metodologia qualitativa. A presença constante de muitos estudos de
caso nesta área temática, com análises mais aprofundadas, pode contribuir para explicar esta
tendência.
Em relação aos autores dos artigos sobre empreendedorismo feminino
encontrados na base de dados do ISI, a maioria absoluta são professores em Faculdades ou
Universidades e possuem alto vel de qualificação (Ph.D.), o que denota a preocupação da
elite da comunidade acadêmica com as pesquisas relacionadas a este tema.
Embora o número de artigos sobre empreendedorismo feminino encontrado na
base de dados do ISI seja relativamente pequeno, os resultados oferecidos pela análise destes
artigos são extremamente relevantes e expressivos em termos qualitativos, uma vez que
contribuem para aumentar o conhecimento disponível acerca do empreendedorismo feminino
junto à comunidade científica, na medida em que os achados podem ser interpretados como
indicadores gerais para os estudos acerca desta temática no mundo. Estes indicadores se
constituem na visão geral das dimensões em que as pesquisas da base de dados do ISI têm se
122
concentrado, a maneira como são realizadas, os principais resultados encontrados e
intensidade com que as dimensões são mais ou menos avaliadas até então nos estudos.
Assim, a partir dos achados dos estudos, são sugeridos a seguir, alguns focos de
investigação que poderiam ser contemplados por novas pesquisas na área temática do
empreendedorismo feminino, envolvendo problemáticas relevantes, tais como:
a) Existem evidências de que a mulher enfrenta uma posição de desvantagem em
relação ao acesso ao crédito. Será este um fator real e influente nas decisões femininas para
empreender?
b) Os estudos analisados apontam que as associações de mulheres empresárias
podem adotar práticas no sentido de contribuir para superar fatores culturais e históricos e
levar as mulheres a ver e usufruir dos benefícios de uma associação de empreendedoras.
Como têm agido estas associações em relação a estes aspectos? É possível adotar práticas
específicas no sentido de potencializar os resultados?
c) Existem evidências de que as mulheres concentram os investimentos em
empresas do setor de varejo e serviços, normalmente intensivos de mão-de-obra e menos
rentáveis. Quais fatores contribuem para explicar esta tendência? Estarão as mulheres
almejando empresas menores, talvez em função do desejo de conseguir atender também as
demandas familiares?
d) Alguns estudos sugerem que as mulheres desenvolvem passos e atividades
específicas para a criação de negócios diferentemente dos homens, como por exemplo,
networking e formação do capital social. O que explica estas diferenças?
e) Os estudos analisados indicam que a maioria das pesquisas concentra suas
investigações nas dimensões Individual e Ambiente. Novas investigações poderiam enfocar as
dimensões Processo e Organização, que, embora menos enfocadas pelos estudos, não são
menos relevantes, no sentido de aumentar o conhecimento disponível sobre os fatores que
afetam estas duas dimensões.
Espera-se que a proposição destas problemáticas como sugestões para enfoques de
novas pesquisas, possam ser vistas como contribuições à área temática do empreendedorismo
feminino, de relevância crescente em nível mundial e cujo conhecimento carece de todo tipo
de contribuição, uma vez que, embora não de todo desconhecido, ainda está sendo construído.
123
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