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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CRISTINA MARIA SCHMITT MIRANDA
EMPREENDEDORISMO FEMININO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE
BLUMENAU
BLUMENAU
2007
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CRISTINA MARIA SCHMITT MIRANDA
EMPREENDEDORISMO FEMININO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE
BLUMENAU
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração – PPGAd, do Centro
de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Regional de Blumenau FURB, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Administração.
Profa. Dra. Amélia Silveira – Orientadora
BLUMENAU
2007
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EMPREENDEDORISMO FEMININO NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE
BLUMENAU
Por
CRISTINA MARIA SCHMITT MIRANDA
Dissertação apresentada à Universidade Regional
de Blumenau, Programa de Pós-Graduação em
Administração - PPGAd, para obtenção do grau
de Mestre em Administração, aprovada pela
banca examinadora formada por:
__________________________________________________________
Presidente: Prof
a
. Dr
a
. Amélia Silveira – Orientadora, FURB
__________________________________________________________
Membro: Prof. Dr. Mauricio Fernandes Pereira, UFSC
__________________________________________________________
Membro: Prof
a
. Dr
a
. Marianne Hoeltgebaum, FURB
__________________________________________________________
Coord. PPGAd: Profa. Dr
a
. Maria José Carvalho de Souza Domingues
Blumenau, novembro de 2007.
Às mulheres empreendedoras deste país, que com
determinação, garra e paixão estão construindo a
sua marca e colaborando para o desenvolvimento
do Brasil.
AGRADECIMENTOS
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, registro
aqui a minha imensa gratidão:
Primeiramente, àquele que durante toda esta etapa foi o meu porto seguro: Jonas Antônio
Miranda;
Às pessoas que estão comigo diariamente e compartilham minhas alegrias e crises: Margarida
Schmitt, Antônio Nicodemos Schmitt, Isabel Czaplinski, Rosane Regina Schmitt, Antônio
Marcos Schmitt, Jardél Evandro da Silva, Christina Assad, Nilceu e Joice Weber, Raquel e
Ivo Censi;
Àqueles que souberam compreender a minha ausência e me apoiaram: Fabrícia Durieux
Zucco, Julio César Gernhard, Michelle Vinotti, Maribel Gonçalves, Carla Schmitt e Lívia
Rocha;
À Profa. Dra. Amélia Silveira, por ser uma fonte inesgotável de inspiração;
Ao prof. Dr. Cláudio Loesch pelas expressivas contribuições no procedimento estatístico
deste estudo;
À Profa. Dra. Maria José Carvalho de Souza Domingues, pela primeira publicação Qualis;
À Profa. Dra. Marianne Hoeltgebaum pelas sugestões a este trabalho;
Ao professor Dr. Mauricio Fernandes Pereira, pela honra concedida em participar da banca
examinadora e sugestões ao estudo;
Aos professores do PPGAD da FURB, Mohamed Amal, Gérson Tontini, Denise Del Pra
Netto Machado, Pedro Paulo Wilhelm, e demais professores do mestrado, pelos
conhecimentos construídos ao longo do tempo;
À secretária Rosane de Almeida e à estagiária Ana Paula de Castilho, pela dedicação;
Aos colegas Emerson Wagner Mainardes e Marcelo Deschamps, pela parceria em tantas
publicações;
Aos demais colegas do mestrado, que ao longo destes quase dois anos foram importantes em
tantas horas.
Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem
com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
(ANTOINE DE SAINT EXUPÉRY)
RESUMO
O empreendedorismo é tema que emergiu nos meios acadêmicos com maior intensidade nos
últimos vinte anos, tendo conquistado cada vez mais a atenção dos pesquisadores. Entre as
diversas abordagens de pesquisa nesta temática, está a participação das mulheres no mercado
de trabalho. Nas Instituições de Ensino Superior (IES), as mulheres são hoje a maioria na
docência, mas são ainda poucas as que têm ocupado cargos mais elevados. Assim, essa
pesquisa teve por objetivo caracterizar as gestoras quanto aos aspectos pessoais e
profissionais, assim como o perfil empreendedor. Identificou ainda o entendimento destas
gestoras quanto ao empreendedorismo em uma IES, onde predomina o ambiente
essencialmente intraempreendedor. A população foi composta por 53 mulheres que atuam na
gestão da IES, situada no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, Brasil, em funções ligadas à
Administração Acadêmica e à Administração Superior. A amostra intencional considerou toda
esta população, sendo o estudo censitário. O estudo foi transversal, em 2007. Em sua primeira
fase a pesquisa foi exploratória, com método qualitativo, e técnica documental, quando
caracterizou as gestoras da IES, com base na consulta aos Currículos Lattes e aos documentos
da instituição. No segundo momento, de caracterização do perfil empreendedor, utilizou-se
questionário estruturado, com base em Miner (1998). Esta fase foi descritiva, com método
quantitativo. Em um momento posterior, a partir da identificação das gestoras com
características de comportamento empreendedor mais evidente, realizou-se estudo com a
técnica do focus group, por meio de pesquisa exploratória, com método qualitativo. Os
resultados mostraram que a maioria das gestoras (77%) encontra-se na sua primeira ou
segunda gestão, são mestres (51%) ou doutoras (26%), têm entre 36 e 55 anos de idade (77%)
e até 15 anos de experiência na IES (77%). Os perfis empreendedores de maior
predominância são supervendedor e realizador. Algumas características comportamentais
tiveram maior ênfase nas respostas das gestoras como: necessidade de realizar, forte
comprometimento com a instituição, desejo de obter feedback, determinação e crença de que
os processos sociais são muito importantes, e a necessidade de manter relacionamentos
sólidos e positivos com os demais. E, outras, com menos ênfase, como: desejo de obter poder
e desejo de competir. O entendimento sobre empreendedorismo em uma IES destacou, por
excelência, que o empreendedorismo está ligado, entre outros aspectos, ao desprendimento,
relacionamento, preocupação social e conhecimento. Para se empreender em uma IES, de
forma geral, no entendimento das gestoras, é fundamental ter autonomia e visão do macro
ambiente.
Palavras-chave: Empreendedorismo feminino. Intraempreendedorismo. Instituição de Ensino
Superior.
ABSTRACT
The entrepreneurship is an emerged theme in the academic means with larger intensity in the
last twenty years, having conquered the researchers' attention more and more. Among the
several research approaches in this thematic one, it is the women's participation in the market
place. Nowadays, in the Higher Education Institutions (IES), women are the most in lecturing,
but they are still minority among the ones that have been occupying higher positions. In this
manner, this research had for purpose to characterize the personal and professional aspects
from women managers, as well as the entrepreneur profile. Neverthless, it identified these
women managers' understanding to the entrepreneurship in an IES, where the atmosphere
prevails essentially intrapreneurship. The population was composed by 53 women who act in
the administration of IES, located in Vale do Itajaí, Santa Catarina, Brazil, in functions linked
to the Academic Administration and the Superior Administration. The intentional sample
considered this whole population, being a censitary study. The study was transversal in 2007.
In its first phase the research was exploratory, with qualitative method, and documental
technique, when it characterized the women managers of IES, with basis on consultation to
the Curriculum Lattes and documents of the institution. In the second moment, of
characterization of the entrepreneur profile, it was used a structured questionnaire, with base
in Miner (1998). This phase was descriptive, with quantitative method. In a subsequent
moment, from women managers' identification with characteristics of more evident behavior
entrepreneur, took place a study with the technique of the focus group, through exploratory
research, with qualitative method.The results showed that the majority of the women
managers (77%) are in their first or second administration, which are Masters (51%) or
Doctors (26%), have between 36 and 55 years old (77%) and until 15 years of experience in
IES (77%). The entrepreneur profiles of larger predominance are superseller and
accomplisher. Some behavior characteristics had larger emphasis in the women managers'
answers as: need to accomplish, strong compromising with the institution, desire to obtain
feedback, determination and faith that the social processes are very important, and the need to
maintain solid and positive relationships with the others. And, others, with less emphasis, as:
desire of getting power and desire to compete. The understanding on entrepreneurship in an
IES, highlighted, per excellence, that the entrepreneurship is connected, among other aspects,
to the detachment, relationship, social concern and knowledge. To entrepreneur in an IES, in a
general way, in the women managers' understanding, it is fundamental to have autonomy and
macro vision of the environment.
Keywords: Women Entrepreneurship. Intrapreneurship. Higher Education Institutions.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Organograma da administração superior da FURB ................................................88
Figura 2 – Distribuição das gestoras por tipo de administração...............................................92
Figura 3 – Tipo de administração e titulação das gestoras.......................................................94
Figura 4 – Tipo de administração e área de formação das gestoras. ........................................95
Figura 5 – Tipo de administração e área de formação das gestoras .........................................96
Figura 6 – Mapa fatorial das variáveis de caracterização do perfil social................................97
Figura 7 – Dendograma das variáveis de caracterização do perfil social das gestoras. ...........98
Figura 8 – Perfil empreendedor predominante entre as gestoras. ..........................................103
Figura 9 – Perfil empreendedor predominante entre as gestoras, por tipo de administração. 104
Figura 10 - Mapa fatorial das variáveis de caracterização do perfil empreendedor das gestoras
..............................................................................................................................105
Figura 11 - Dendograma das variáveis de caracterização do perfil empreendedor das gestoras
..............................................................................................................................106
Figura 12 – O entendimento das mulheres gestoras da FURB acerca do empreendedorismo.
..............................................................................................................................114
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Características empreendedoras ............................................................................26
Quadro 2 – Grupos de empreendedores identificados por Miner (1998).................................29
Quadro 3 – Diferenças entre as características dos empreendedores e empreendedoras. ........43
Quadro 4 – Diferenças entre gerentes tradicionais, empreendedores e intraempreendedores .67
Quadro 5 – Detalhamento das características do Realizador (Miner, 1998)............................83
Quadro 6 – Detalhamento das características do Supervendedor (Miner, 1998).....................84
Quadro 7 – Detalhamento das características do Autêntico Gerente (Miner, 1998)................85
Quadro 8 – Detalhamento das características do Gerador de Idéias (Miner, 1998).................86
Quadro 9 – Competências hierárquicas na administração acadêmica, na FURB.....................90
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização dos cargos da IES pesquisada. .......................................................91
Tabela 2 – Distribuição dos cargos por gênero, na Administração Acadêmica (1) e Superior
(2) da IES pesquisada. ............................................................................................91
Tabela 3 – Caracterização das gestoras por faixa etária, titulação acadêmica e área de
formação. ................................................................................................................93
Tabela 4 – Caracterização das gestoras por tempo de trabalho na IES, tempo de trabalho até
conquistar pela primeira vez a função gestora e número de gestões exercidas......94
Tabela 5 - Distribuição das gestoras por tipo de administração e faixa etária, freqüência
relativa sobre o total. ..............................................................................................95
Tabela 6 - Pontuação mínima e máxima na determinação de cada perfil empreendedor ........99
Tabela 7 - Perfil Empreendedor das Gestoras da IES pesquisada..........................................100
Tabela 8 - Perfil Empreendedor Predominante nas Gestoras da IES pesquisada, segundo
Miner (1998).........................................................................................................102
Tabela 9 - Comparativo entre os perfis identificados nas Gestoras da Administração
Acadêmica e Gestoras da Administração Superior. .............................................103
Tabela 10 – Freqüência de respostas das gestoras para cada característica empreendedora..107
LISTA DE SIGLAS
ANPAD – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DGDP – Divisão de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas
GEM – Global Entrepreneurship Monitor
IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IES – Instituições de Ensino Superior
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação e do Desporto
MPME – Micro, Pequenas e Médias Empresas
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
PPGAd – Programa de Pós-Graduação em Administração
SEBRAE – Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................15
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA..................................................................................20
1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................20
1.2.1 Geral .........................................................................................................................20
1.2.2 Específicos................................................................................................................21
1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA .....................................................21
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................22
2 REFERENCIAL TEÓRICO-EMPÍRICO...........................................................24
2.1 O EMPREENDEDORISMO....................................................................................24
2.2 O EMPREENDEDORISMO FEMININO ...............................................................30
2.3 O INTRAEMPREENDEDORISMO........................................................................65
2.3.1 O Ambiente Complexo e Intraempreendedor das IES .............................................71
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA.........................................................77
3.1 DESENHO DA PESQUISA.....................................................................................77
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ..................................................................................79
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E DE ANÁLISE DOS DADOS......................80
3.4 DEFINIÇÃO DOS PERFIS E CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
SEGUNDO MINER (1998)......................................................................................82
3.4.1 O Realizador.............................................................................................................83
3.4.2 O Supervendedor......................................................................................................84
3.4.3 Autêntico Gerente.....................................................................................................85
3.4.4 O Gerador de Idéias..................................................................................................86
3.5 CARACTERIZAÇÃO DA IES ESTUDADA .........................................................87
14
3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...............................................................................91
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .....................................92
4.1 RESULTADOS DO PERFIL SOCIAL DAS GESTORAS.....................................92
4.2 RESULTADOS PERFIL EMPREENDEDOR (MINER, 1998)..............................99
4.3 RESULTADOS DO FOCUS GROUP...................................................................108
5 CONCLUSÃO.......................................................................................................115
5.1 CONCLUSÕES......................................................................................................115
5.2 RECOMENDAÇÕES.............................................................................................120
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................121
APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO (MINER, 1998) ..............136
APÊNDICE B - ROTEIRO DE DISCUSSÃO DO FOCUS GROUP..............................137
15
1 INTRODUÇÃO
Fazer da idéia, oportunidade, correr riscos e buscar a realização pessoal, são alguns
componentes de um combustível poderoso que move o ato de empreender. O
empreendedorismo é um tema que emergiu nos meios acadêmicos com maior intensidade nos
últimos vinte anos. Mas sua importância para o desenvolvimento econômico, foi tema de
estudos de autores como Cantillon (1939); Say (1983); McClelland (1987, 1972); Schumpeter
(1988); Timmons (1985); Gartner (1985); Degen (1989); Kuratko e Hodgetts (1989); Pinchot
(1989); Filion (1993); Miner (1998); Dolabela (1999); Dornelas (2003); Hisrisch e Peters
(2004), entre outros pesquisadores em todo o mundo. No Brasil, o tema ganhou maior
importância a partir da abertura da economia ao comércio internacional, na década de 1990, o
que fez com que as micro e pequenas empresas crescessem, de uma forma mais dinâmica,
além de adquirirem importância jamais vista em períodos anteriores, não no Brasil, mas
também em todo o mundo.
Um dos primeiros autores a referenciar o termo empreendedor, foi Joseph Alois
Schumpeter, por volta de 1911, atribuindo grande importância às “novas combinações de
meios de produção” ou “empreendimento” e ao “empresário”.
De acordo com Schumpeter (1988), o empreendedorismo pode ser compreendido como
um agente de inovação e mudança capaz de influenciar no crescimento econômico. Sobre a
relevância de tais sujeitos, alguns autores concluem que as pessoas que empreendem possuem
determinadas características comportamentais e de personalidade, que as diferenciam dos
demais (MCCLELLAND, 1987, 1972; CARLAND; HOY; BOULTON, 1984; MINER,
1998). As considerações apontadas mostram os empreendedores como profissionais
perseverantes, que fazem do fracasso uma oportunidade de aprendizado. Entre as
características apontadas nos mais variados estudos estão a capacidade de assumir riscos e
reconhecer oportunidades, a tenacidade, a energia, a flexibilidade, a orientação para os
resultados, a autoconfiança, otimismo, persistência, comprometimento, iniciativa, desejo de
competir, necessidade de realizar, entre outras.
Mas, o que leva homens e mulheres a empreender? A assumir riscos? É possível
empreender sem ser o proprietário do negócio? Para Dolabela (1999) e Filion (1999) os
empreendedores possuem características de personalidade e comportamento que os
diferenciam das demais pessoas. Para Degen (1989) nem todas as pessoas têm disposição para
16
assumir riscos, característica fundamental para o empreendedor. No entanto, este mesmo
autor atribui ao que ele chama de “capital social” parte da responsabilidade pelo ser
empreendedor. Ou seja, aquele que se desenvolve num ambiente empreendedor tem mais
motivação para abrir o seu próprio negócio. O pioneiro no estudo do comportamento
empreendedor foi McClelland (1987), que apontou três necessidades básicas de quem tem o
espírito empreendedor, que são: a necessidade de realização, a necessidade de afiliação ou
relações emocionais positivas e a necessidade de poder.
Ao longo dos anos, outros estudos também se destacaram como o de Schumpeter (1982),
que aborda o empreendedorismo a partir da inovação e criação de algo: o de Timmons (1985)
que trata do processo de criação de novos negócios, o de Degen (1989) e de Kuratko e
Hodgetts (1989) que discorrem acerca do perfil empreendedor e o de Miner (1998), que
classifica em quatro perfis de empreendedor: o realizador; o supervendedor; o autêntico
gerente e o gerador de idéias. Mas também o estudo do comportamento empreendedor
dentro das organizações, o que Pinchot III (1989, p. ix) definiu como intrapreneur ou
intraempreendedor. Ele pode ser o criador ou o inventor, mas é acima de tudo o sonhador que
concebe uma idéia em uma realidade lucrativa. Ou seja, ele é um empreendedor, que carece
de uma estrutura e de um ambiente que lhe proporcione estímulo para empreender.
Neste caso, além de fornecer os recursos necessários para o desenvolvimento da
inovação, a empresa ainda lhe pagará por isso (RICHARDSON, 2005). De maneira geral,
poucas pesquisas abordaram o intraempreendedorismo (GAPP, FISHER, 2007). As que
tratam do assunto, abordam o papel do intraempreendedor no desempenho organizacional, a
avaliação e desenvolvimento de equipes intraempreendedoras, a relação entre ambiente,
características organizacionais e intraempreendedorismo, entre outros assuntos (GUILHON;
ROCHA, 1999; RODRIGUEZ-POMEDA; NAVARRETE; MORCILLO-ORTEGA;
RODRIGUEZ-ANTON, 2003; FATTAL, 2003; WOODILLA, 2003; LEVENT, 2005;
EESLEY; LONGENECKER, 2006; BOSTJAN, 2007). Neste campo de pesquisa do
intraempreendedorismo, ao que tudo indica, do ponto de vista do gênero, ainda não se
formalizaram estudos, notadamente quanto ao estudo de mulheres gestoras em IES. A questão
de gênero é abordada na temática do empreendedorismo, tanto nas literaturas internacional e
nacional, mais especialmente, relacionado ao estudo de empresas de pequeno e médio porte.
Neste contexto das empresas de pequeno e médio porte, a maioria dos estudos realizados se
voltou para o conhecimento do perfil empreendedor ou comportamental de mulheres e
homens empreendedores. No Brasil, as produções científicas voltadas ao empreendedorismo,
constantes no banco de teses e dissertações da CAPES (2007), somam cerca de 787. As que se
17
dedicam a estudar a mulher empreendedora se limitam a 15 dissertações e três teses. Na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT, 2007), apenas uma dissertação aborda a mulher empreendedora,
especificamente na área do turismo rural, enquanto a temática do empreendedorismo está
presente em outras 76 teses e dissertações, das quais uma menciona a atuação de homens e
mulheres empreendedores. Entre as publicações dos eventos realizados pela Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD) nos últimos dez anos,
foram identificados 23 artigos que tratam da mulher empreendedora.
Entre os temas abordados nestes artigos encontram-se estudos relacionados ao estilo
gerencial feminino (Machado, 1999; Munhoz, 2000; Boscarin; Grzybovski; Migott, 2001;
Machado; Janeiro; Martins, 2003; Pessoa; Vieira; Sampaio, 2003; Lindo et al, 2004;
Brunstein; Coêlho Jr., 2006), além de outros aspectos, como por exemplo, identificação do
perfil empreendedor feminino (Betiol, 2000; Machado; Barros; Palhano, 2003; Takahashi;
Graeff; Teixeira, 2005); a mulher na empresa familiar (Boscarin; Grzybovski; Migott, 2001;
Macêdo et al, 2004; Mancini; Santos, 2005; Machado, 2006), dificuldades e conflitos
(Quental; Wetzel, 2002; Machado; Barros; Palhano, 2003; Jonathan, 2003; Rodrigues;
Santos, 2004), características comportamentais femininas (Pelisson et al, 2001; Cramer et al,
2001; Tóffolo, 2001; Dias et al, 2006), motivações para empreender (Rodrigues; Wetzel,
2003), políticas públicas (Machado, 2001) e a produção científica sobre empreendedorismo
feminino (Cassol, Silveira, Hoeltgebaum, 2007).
Em busca no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior do Ministério da Educação (CAPES/MEC), onde estão cadastrados 11.419
periódicos de todo o mundo, doze apresentam seu título relacionado ao termo empreendedor
ou empreendedorismo. Quando se trata da mulher, foram localizados 52 periódicos. Três
abordam a mulher nas áreas de administração, contábeis e turismo. Sobre empreendedorismo
feminino, especificamente, não há nenhum periódico.
Este resultado, no entanto, não deve permanecer por muito tempo, visto que as
mulheres estão assumindo cada vez mais postos de comando, e não é só como proprietárias ou
gerentes de empresas. Elas estão administrando países. Observou-se, nos últimos cinco anos,
a liderança de doze presidentas ou chefes de Estado em todo o mundo. Inclusive, em países
desenvolvidos, como é o caso da Alemanha e da Suíça. Na França, as mulheres chegaram ao
segundo turno nas últimas eleições e perderam por muito pouco. No Brasil, menos de 10%
dos acentos parlamentares são ocupados por mulheres. Quando se trata do empreendedorismo
por gênero, o Brasil é o sexto em empreendedorismo feminino e o 13º no empreendedorismo
18
masculino, entre os países integrantes do GEM (2006). Isso significa que as mulheres
brasileiras empreendem mais que os homens. Considerando apenas o contexto nacional, as
mulheres atuam menos em empreendimentos estabelecidos do que os homens. Dados
levantados no período entre 2001 e 2005 revelam que, à frente de negócios com mais de 42
meses, dois homens para cada mulher. Para o mesmo período, a taxa de empreendedores
iniciais revelada é de 14,6% para os homens e 10,9% para as mulheres. Esses dados mostram
a importância das mulheres na economia brasileira, assim como uma tendência no
crescimento do número de mulheres empreendedoras no país.
Apesar dos homens serem a maioria na população até os 20 anos de idade, a mulher
tem se mostrado mais resistente em todas as fases da vida, tanto que aos 90 anos de idade,
dez mulheres para cada homem no mundo. As mulheres estão mais ativas e participantes.
Acredita-se que o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho seja um dos
principais fatores que contribuiu para o avanço dos estudos na área do empreendedorismo
feminino. Nos estudos, de acordo com o INEP (2006), as mulheres são a maioria a partir da 5ª
série do ensino fundamental, são a maioria a ingressar na universidade na faixa etária de 18 a
24 anos, e também são a maioria a deixar os campi universitários com o diploma na mão. No
ingresso no curso superior elas representam 56,4% das vagas, e na formatura, 63,4% (INEP,
2006). Na docência superior, no entanto, elas ainda são minoria. Mas, a sua participação
cresce anualmente 5% a mais do que a participação masculina. Isso significa segundo Ristoff
(2005) que, se mantida esta taxa de crescimento, a o ano de 2010 elas também serão a
maioria no exercício da docência superior.
Assim, aumentam a curiosidade e as especulações acerca das características pessoais e
comportamentais não só das mulheres que estão à frente de negócios, mas em funções
estratégicas e de liderança, o que se traduz em questões de pesquisa e estudos junto ao público
empreendedor feminino.
Com o aumento da participação da mulher na economia e nos negócios, também se
tornam expressivos os movimentos desenvolvidos pelas mulheres ligadas às atividades
empreendedoras. As mulheres empreendedoras vêm se organizando em sociedade, criando
associações e promovendo eventos representativos. Exemplo disso foi o XIV Congresso
Ibero-Americano de Mulheres Empresárias (CIME), realizado em 2003 no Brasil, organizado
pela Federação Ibero-Americana de Mulheres Empresárias, e que reuniu cerca de 600
empresárias do Brasil, Argentina, Colômbia, México, Paraguai, Porto Rico, Uruguai, Espanha
Portugal dentre outros países. No mesmo ano, a ExpoManagement debateu o perfil feminino
na gestão, inclusive com a participação Luiza Helena Trajano, presidente da rede de lojas
19
Magazine Luíza, que está sendo objeto de estudo pela Harvard Business School em virtude do
seu crescimento incomum verificado nos últimos anos.
Na área governamental, o empreendedorismo feminino também tem sido alvo de atenção em
todo o mundo. No Brasil, o exemplo mais concreto é o Programa Mulher e Ciência,
desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em conjunto com o Ministério da
Educação, cujo objetivo principal é oferecer recursos e incentivos para a produção de
pesquisas e estudos sobre a desigualdade entre homens e mulheres no país.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2007) no estado do Ceará, o
Projeto Movimento das Mulheres Empreendedoras, promovido pelo governo estadual desde
1999, resgata a auto-estima das mulheres menos favorecidas, numa iniciativa que vai além da
geração de emprego e renda, visando acima de tudo o resgate da cidadania. Em 2007, em
Recife, foi lançado o projeto Oficinas de Gênero em Microfinança e Microcrédito, cujo
objetivo é treinar mulheres de baixa renda para melhorar seus empreendimentos e criar
competências internas para multiplicar as ações nas agências do crédito. Em Pernambuco,
59% dos clientes das Agências de Crédito são mulheres. No Brasil, mais da metade dos
clientes de agências de crédito são mulheres, com apenas 46% de homens tomadores de
pequenos empréstimos. Dados divulgados na pula Global de Microcrédito, realizada em
2006, no Canadá, revelam que até 2005, das 113 milhões de pessoas atendidas no sistema de
microfinanças, 84,2% eram mulheres. Entre os resultados esperados pelo projeto está a
qualificação da gestão dos empreendimentos; aumento da valorização do trabalho da mulher
na família e na comunidade, assim como a geração de trabalho, renda e cidadania; aumento da
permanência das crianças na escola e redução do trabalho infantil. (MTE, 2007).
Nas universidades, a participação das mulheres na docência é maior, e na gestão, tem
conquistado cada vez mais espaços. As IES são caracterizadas, em sua maioria, como
ambientes de administração complexa, (HARDY; FACHIN, 1996; MEYER JR; MURPHY,
2000; ANDRADE 2006; MEYER JR.; MANGOLIN, 2006), o que denota certa dificuldade de
se empreender. Neste sentido, poucos são os estudos que tratam do empreendedorismo nas
IES, destacando-se os de Rodrigues e Tontini (1997), Brito Filho (1999); Rothenbühler
(2000); Novo e Melo (2004), Fischborn (2004) e Riedi (2004). O intraempreendedorismo na
IES, mais especificamente, foi estudado por Schenatto e Lezana (2001).
Assim, esta pesquisa se voltou para este ambiente de administração complexa de uma IES, em
que as decisões são colegiadas, as unidades administrativas dispõem de certa autonomia, e
onde os gestores que desempenham a função intraempreededora na IES são parte eleitos
pela comunidade acadêmica ou por seus pares, e parte nomeados pelo Reitor. O período de
20
gestão é variável: para alguns cargos, dois anos, para outros, quatro anos e, para outros ainda
são indeterminados, dependendo da avaliação do Reitor quanto ao desempenho do gestor.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
As IES apresentam-se como ambientes conservadores, nos quais a atuação feminina foi,
historicamente, restrita. Porém, com o advento das mulheres no mercado de trabalho, elas
também foram conquistando seu espaço não somente nos bancos universitários, como alunas,
mas também como docentes, e cada vez mais como gestoras. Sendo assim, esta pesquisa
pretende identificar as características pessoais, profissionais e empreendedoras das gestoras,
assim como seus entendimentos acerca do empreendedorismo no âmbito da IES.
No entanto, como se pode perceber, são ainda incipientes os conhecimentos acerca do
empreendedorismo feminino, nesta área mais específica de IES. Esta problemática conduz,
assim, às questões que norteiam a pesquisa, sendo estas:
a) Qual o perfil pessoal e profissional das gestoras da Universidade Regional de Blumenau?
b) Quais são as características empreendedoras apresentadas por estas gestoras, no
desempenho de suas funções?
c) Qual o entendimento das gestoras sobre a temática do empreendedorismo, especialmente
no ambiente da Universidade Regional de Blumenau?
Com base nestes três questionamentos, apresentam-se os objetivos da pesquisa.
1.2 OBJETIVOS
Fundamentado no exposto, a seguir, são apresentados os objetivos geral e específicos de
pesquisa.
1.2.1 Geral
Estudar as características pessoais, profissionais e empreendedoras de gestoras e seu
entendimento sobre empreendedorismo no contexto da Universidade Regional de Blumenau,
localizada no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, região sul do Brasil.
21
1.2.2 Específicos
a) Caracterizar as gestoras da Universidade Regional de Blumenau, quanto aos
aspectos pessoais e profissionais;
b) Identificar a existência de comportamento empreendedor nestas gestoras;
c) Verificar o entendimento destas gestoras sobre o empreendedorismo da
Universidade Regional de Blumenau.
1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
Esta pesquisa torna-se relevante na medida em que pretende contribuir para a produção
de conhecimento sobre gênero no aporte do empreendedorismo, em um ambiente
intraempreendedor de uma IES, para a melhor compreensão da atuação de mulheres gestoras,
bem como para o intercâmbio de experiências para a transformação de realidades excludentes.
Do ponto de vista teórico, os estudos sobre empreendedorismo não revelam, em sua maioria, a
distinção de gênero. De forma específica, este trabalho oportuniza analisar não aspectos
relacionados ao empreendedorismo feminino, como também ao intraempreendedorismo em
uma IES, contribuindo na medida em que o tema é pertinente na atualidade, por seu caráter
interdisciplinar, sua importância para a sociedade e crescente interesse da comunidade
acadêmica. O desenvolvimento desta pesquisa justifica-se ainda, pela produção de
conhecimento que se está promovendo na medida em que se socializam os resultados e se
integram às descobertas e estudos internacionais. O crescente interesse relacionado à
atividade empreendedora das mulheres fez com que os estudos voltados a essa temática
obtivessem maior visibilidade e se desenvolvessem com maior intensidade em todo o mundo.
Por isso, conhecer mais profundamente os fatores que afetam o desempenho das mulheres
como empreendedoras, assim como suas percepções em diferentes ambientes, como é o caso
das IES, pode contribuir para a sociedade, o governo e o desenvolvimento de forma geral,
além de novas formas de gestão.
Importante mencionar que, embora a mulher tenha desempenhado ao longo da sua
história um importante papel na sociedade, seja na educação dos filhos ou na administração
do lar, atualmente sua atuação está mais voltada para fora do seio familiar, sugerindo maior
prestígio em função de sua atuação ativa e crescente à frente da condução de negócios,
22
podendo ser chamada de “força econômica do futuro” (O’MEALLY, 2000). O crescente
número de mulheres não como discentes nas IES, mas também como docentes e gestoras,
acompanha a sua crescente participação no mercado de trabalho. Chama a atenção que
embora a pedagogia tenha se tornado um campo de atuação predominantemente feminino, a
docência superior ainda é um campo de atuação dos homens. Assim, os estudos relacionados
ao empreendedorismo feminino revestem-se de importância cada vez maior no mundo todo e
nos mais variados campos.
Justifica-se também o interesse pessoal da pesquisadora, uma vez que sua atividade
profissional como docente e gestora em órgão público tem estreita ligação com o assunto,
além do fato de ser membro integrante do Grupo de Pesquisa em Gestão de Instituições de
Ensino Superior, credenciado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e desenvolvido no PPGAd da FURB. Assim, reveste-se de importância a
idéia central desta pesquisa, de analisar o entendimento acerca do empreendedorismo e do
intraempreendedorismo no ambiente das IES pelas gestoras, visto que a produção científica
existente ainda é insipiente. Desta forma, a realização desta pesquisa poderá contribuir para
diminuir a lacuna existente na temática analisada, uma vez que os resultados podem servir de
parâmetro para o desenvolvimento de novas pesquisas. O artigo de Miranda, Cassol e Silveira
(2006) que aborda o empreendedorismo feminino em IES foi parte anterior desta pesquisa.
Desta forma, justifica-se o desenvolvimento do estudo e apresenta-se a estrutura definida para
este trabalho.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação de mestrado está estruturada em cinco capítulos, quais sejam:
O primeiro capítulo que apresenta o tema a ser pesquisado com introdução,
oportunidade de pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa para o estudo do
assunto e a estrutura do projeto de pesquisa.
O capítulo dois contém a revisão da literatura que fundamenta teórica e empiricamente
as abordagens acerca do empreendedorismo, do empreendedorismo feminino e do
empreendedorismo em IES, assim como do intraempreendedorismo.
O terceiro capítulo aborda os métodos e as técnicas de pesquisa utilizados para o
desenvolvimento desta dissertação. Aqui consta a definição da população de estudo, os
procedimentos de coleta e de análise dos dados, entre outros pontos.
23
O capítulo quarto apresenta a análise e interpretação dos resultados das etapas da
pesquisa.
No quinto capítulo estão as conclusões e as recomendações do estudo.
Integram esta pesquisa as referências e os apêndices.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO-EMPÍRICO
Neste capítulo, em que se apresenta a fundamentação teórica e empírica que serve de
base para o estudo, foram abordadas as temáticas do empreendedorismo, do
empreendedorismo feminino, do intraempreendedorismo e do empreendedor no ambiente
intraempreendedor das IES.
2.1 O EMPREENDEDORISMO
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2006) o mais importante
órgão que monitora a atividade empreendedora no mundo - o Brasil é uma das nações onde
mais se criam negócios. O país ocupa a sétima posição dentre os 35 países que integraram a
pesquisa, no ano de 2005, registrando uma taxa de empreendedores iniciais de 11,3%. No
ranking do empreendedorismo por oportunidade, o Brasil ocupa a 15ª posição, mas quando se
fala no empreendedorismo por necessidade, o país ocupa a posição, evidenciando uma
característica dos países considerados em desenvolvimento.
O empreendedorismo, conforme Carland; Hoy; Boulton (1984) está ligado ao conceito
de competência, pois na formação do empreendedor deve-se procurar a aquisição de
conhecimentos, habilidades, experiências, capacidade criativa e inovadora. Para Schumpeter
(1988) a essência do empreendedorismo está na percepção e na exploração de novas
oportunidades, no âmbito dos negócios, utilizando recursos disponíveis de maneira inovadora,
onde empreendedor e inovação interagem totalmente. Segundo Degen (1989), o
empreendedor é o agente do processo de destruição criativa.
Conforme Dolabela (1999) o termo empreendedorismo se refere a uma área de
abrangência que se ocupa da criação de empresas, da geração do auto-emprego, do
intraempreendedorismo, do empreendedorismo comunitário e das políticas públicas. Assim
nota-se a amplitude de conceitos relacionados ao tema originados a partir do empreendedor.
Ao longo do tempo, diversas características foram atribuídas ao empreendedor, mas foi
Dornelas (2001, p.27) que identificou cinco pontos históricos da evolução do conceito e do
termo empreendedorismo:
a) primeiro uso do termo empreendedorismo: foi creditado a Marco Pólo,
quando estabeleceu uma rota comercial para o Oriente. Na época, o aventureiro
25
assinou um contrato para vender mercadorias do Oriente, assumindo o risco pelo
transporte;
b) idade média: o termo foi utilizado para definir aquele que gerenciava
grandes projetos de produção; não assumia grandes riscos; apenas gerenciava projetos
geralmente provenientes do governo do país;
c) século XVII: surgem os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e
empreendedorismo, assim o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o
governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Com preços pré-fixados,
qualquer lucro ou prejuízo era exclusivo do empreendedor.
d) século XVIII: o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no
mundo. Richard Cantillon (1680-1734), identificou como empreendedores os
comerciantes que adquiriam matéria-prima a um preço certo, processavam-na e
vendiam a um preço incerto, o que pressupunha oportunidade vislumbrada e risco,
assim como os diferenciava dos capitalistas (DORNELAS, 2001, p.27);
e) culos XIX e XX: estabeleceu-se a confusão, que dura até os dias atuais,
entre os termos empreendedores e gerentes ou administradores.
Filion (1999) identificou três diferentes linhas de pensamento entre os pesquisadores do
empreendedorismo: a dos economistas, representada especialmente por Cantillon, Say e
Schumpeter; a dos comportamentalistas ou behavioristas, cujo principal representante foi
McClelland; e outra que agrupa diversos aspectos do empreendedorismo, estudados a partir da
década de 80. Na linha de pensamento dos economistas, o empreendedor é caracterizado pela
predisposição a inovar e assumir riscos, ligado à dinâmica do sistema econômico. Na
behaviorista, a necessidade de realização destaca-se também com a predisposição a correr
riscos. Na terceira linha identificada por Filion (1999), encontram-se aspectos como a
perseverança, a busca por informações, o comprometimento, entre outros.
Conforme Drucker (1986), empreendedor é aquele que inicia um negócio e tem
características específicas a fim de desenvolver, na atividade, um diferencial que o destaque
no mercado e faça com que cresça no segmento da atividade, não bastando, porém, ser dono e
assumir riscos para ser considerado empreendedor.
Segundo Filion (1999), o significado da palavra empreendedor pode variar de acordo com o
país e a época. Para o autor, o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza
visões. Dornelas (2001) afirma que para uma pessoa ser considerada empreendedora, deve
possuir, além de capacidades técnicas, facilidade de captar informações, ter liderança,
26
capacidade de oratória, saber trabalhar em equipe, disciplina, persistência, habilidade de
correr riscos, inovar etc (DORNELAS, 2001).
Entre as várias definições de empreendedorismo, Hisrich e Peters (2004) destacam que
um consenso de que existe um padrão de comportamento das pessoas empreendedoras que
se refere à iniciativa, organização e reorganização de processos e métodos e à aceitação do
risco para obter sucesso ou fracasso baseado na dedicação pessoal.
Sujeito de diversos estudos desde a sua origem, o empreendedor foi caracterizado sob
diferentes pontos de vista. Conforme afirmam Carland; Hoy; Boulton (1984), no estudo sobre
as diferentes características de empresários em pequenos negócios, os autores compuseram o
quadro 1, que apresenta diferentes abordagens sobre as características empreendedoras.
Data Autor Características
1948 Mill Tolerância ao risco.
1917 Weber Origem da autoridade formal.
1934 Schumpeter Inovação, iniciativa.
1954 Sutton Busca de responsabilidade.
1959 Hartman Busca de autoridade formal.
1961 McClelland Corredor de risco e necessidade de realização.
1963 Davids Ambição, desejo de independência, responsabilidade e
autoconfiança.
1964 Pickle Relacionamento humano, habilidade de comunicação,
conhecimento técnico.
1971 Palmer Avaliador de riscos.
1971 Hornaday e Aboud Necessidade de realização, autonomia, agressão, poder,
reconhecimento, inovação, independência.
1973 Winter Necessidade de poder.
1974 Borland Controle interno.
1974 Liles Necessidade de realização.
1977 Gasse Orientado por valores pessoais.
1978 Timmons Autoconfiança, orientado por metas, corredor de riscos
moderados, centro de controle, criatividade, inovação.
1980 Sexton Energético, ambicioso, revés positivo.
1981 Welsh e White Necessidade de controle, assume responsabilidades,
autoconfiança, corredor de riscos moderados.
1982 Dunkelberg e Cooper Orientado ao crescimento, profissionalização e
independência.
Quadro 1 – Características empreendedoras
Fonte: BOULTON, W. R; CARLAND, J.; HOY, F. Differentiating entrepreneurs form small business owners: a
conceptualization. Academy Management Reviews, v.9, n.2, p. 356-359, 1984.
As características empreendedoras, no entanto, não se esgotam neste quadro. Outros
pesquisadores agregaram novas características ao longo do tempo. Hornaday (1982)
identificou como características de empreendedores a inovação; liderança; riscos moderados;
independência; criatividade; energia; tenacidade e a originalidade. Meredith, Nelson e Neck
(1982) mencionaram em seus estudos o otimismo; a orientação para resultados; a
27
flexibilidade; a habilidade para conduzir situações; a necessidade de realização; a
autoconsciência; a autoconfiança e o envolvimento em longo prazo.
Um dos mais expressivos estudos sobre as características empreendedoras, no entanto,
foi realizado por Timmons (1985), que sintetizou os resultados encontrados em mais de
cinqüenta pesquisas sobre os atributos e comportamento dos empreendedores. Assim,
concluiu que os empreendedores apresentam características comportamentais como: total
comprometimento, determinação e perseverança; guiados pela auto-realização e crescimento;
senso de oportunidade e orientação por metas; capacidade de tomar iniciativas por
responsabilidades pessoais; persistência na resolução de problemas; conscientização e senso
de humor; buscam feedback; controle racional dos impulsos; tolerância ao stress,
ambigüidade e incerteza; procuram correr riscos moderados; pouca necessidade de status e
poder; íntegros e confiáveis; decididos, urgentes e pacientes; lidam bem com o fracasso; e são
formadores de equipes.
Azevedo (1992) analisou as características empreendedoras especificamente em
negócios de sucesso e concluiu que os empreendedores possuem capacidade de assumir
riscos; habilidade para identificar oportunidades; conhecimento do ramo empresarial; senso
de organização; disposição para tomar decisões; faculdade de liderar; talento para
empreender; independência pessoal; otimismo; e tino empresarial.
Harrel (1994), num estudo que relacionou o perfil empreendedor e o comportamento
organizacional, identificou dois perfis básicos de empreendedores: o buccaneer e o settler. O
primeiro é imaginativo, arrojado, mas não sistemático com o próprio negócio. O segundo,
respectivamente, não é tão arrojado, mas por outro lado é sistemático. Harrel (1994) também
descreveu o ciclo de vida do perfil empreendedor em quatro fases: gênio, ditador benevolente,
diretor dissociado e líder visionário.
Santos (1995) afirmou que um empreendedor bem sucedido é normal, como qualquer
outra pessoa. Porém suas ações são focadas no sucesso, na realização de seus sonhos e
objetivos. As principais características comportamentais de um empreendedor apresentadas
pelo autor foram observadas em pessoas motivadas pelo desejo de realizar; que correm riscos
viáveis e possíveis; têm capacidade de análise; precisam de liberdade para agir e para definir
suas metas e os caminhos para atingi-las. Além disso, sabem aonde querem chegar; confiam
em si mesmos; são tenazes, firmes e resistentes ao enfrentar dificuldades; são flexíveis sempre
que preciso; são corajosos, porém, temerários; mantém a auto-motivação, mesmo em
situações difíceis; são capazes de recomeçar; têm facilidade e habilidade para as relações
interpessoais; são capazes de exercer liderança, de motivar e orientar outras pessoas com
28
relação ao trabalho; são criativos na solução de problemas de todos os tipos; procuram sempre
a qualidade; têm prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento
empresarial; não buscam, exclusivamente, posição ou relacionamento social; são
independentes, seguros e confiantes na execução de sua atividade profissional; e têm desejo
de poder, consciente ou inconsciente.
Little e Iverson (1996) constataram que o empreendedor de sucesso é um sujeito
paciente e perseverante; econômico e habilidoso em gerenciar dinheiro; flexível; que trabalha
duramente; tem disposição ao sacrifício; senso de humor; habilidade para agir e é detentor de
um ponto de vista otimista.
Longen (1997) se propôs a elaborar um modelo conceitual que explicasse o
comportamento humano de maneira geral e, a partir dele, identificou características
comportamentais que diferenciam os empreendedores de sucesso dos demais sujeitos. A
pesquisa foi aplicada em 600 empresas de pequena dimensão do setor têxtil e moveleiro de
Santa Catarina. A autora concluiu que os empreendedores possuem características que os
tornam diferentes dos demais, que se referem às necessidades, às habilidades, aos
conhecimentos e aos valores.
Fundamentado em mais de vinte anos de estudos sobre o êxito empresarial e motivado
pela curiosidade em saber o que determina o sucesso ou fracasso dos empresários, Miner
(1998) passou sete anos analisando cem empresários estabelecidos, por meio de visitas,
entrevistas, questionários e conversas pessoais. Posteriormente, aplicou o mesmo método a
150 alunos do mestrado em administração, e pôde então concluir que não existe apenas um
tipo de empreendedor assim como os bem sucedidos apenas conhecem seus talentos e seguem
caminhos exatos. Miner (1998) identificou quatro grupos de empreendedores: o Realizador; o
Supervendedor; o Autêntico Gerente e o Gerador de Idéias, que são apresentados no quadro 2.
29
Grupos de Empreendedores Características
Realizador
Necessidade de realizar;
Desejo de retroalimentação;
Desejo de planejar e estabelecer metas;
Forte iniciativa pessoal;
Forte comprometimento pessoal com sua organização;
Crença de que uma pessoa pode fazer a diferença;
Crença de que o trabalho deveria ser guiado por objetivos
pessoais.
Supervendedor
Capacidade de entender e sentir com o outro (empatia);
Desejo de ajudar os outros;
Crença de que os processos sociais são muito importantes;
Necessidade de manter relacionamentos sólidos e positivos
com os outros;
Crença de que a importância das vendas é crucial para
cumprir a estratégia da companhia.
Autêntico gerente
Desejo de ser um líder corporativo;
Determinação;
Atitudes positivas com a autoridade;
Desejo de competir;
Desejo de poder;
Desejo de sobressair-se no grupo.
Gerador de idéias
Desejo de inovar;
Paixão por idéias;
Crença de que o desenvolvimento de um novo produto é
crucial para cumprir a estratégia da companhia;
Bom nível de inteligência;
Desejo de evitar correr riscos.
Quadro 2 – Grupos de empreendedores identificados por Miner (1998)
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo dos
negócios. São Paulo: Futura, 1998.
Bateman e Snell (1998) identificam que um empreendedor deve buscar oportunidades,
ter iniciativa, persistência; disposição para correr riscos calculados; exigência de qualidade e
eficiência; deve ser comprometido; buscar informações; estabelecer metas; planejamentos e
monitoramento sistemáticos; ter poder de persuasão de rede e contatos; independência e
autoconfiança.
Com base nos estudos realizados sobre as características empreendedoras, o SEBRAE
- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - em parceria com o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD e com a - Agência Brasileira de
Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores ABC/MRE desenvolveu um programa
de capacitação empreendedora denominado EMPRETEC. Este objetivou identificar e
desenvolver o potencial empreendedor dos micro e pequenos empresários. As características
empreendedoras consideradas pelo EMPRETEC resumem-se na iniciativa na busca de
oportunidades; capacidade de correr riscos variáveis; persistência; comprometimento;
objetividade no estabelecimento de metas; capacidade para planejar e monitorar; capacidade
30
para buscar e valorizar a informação; capacidade de persuasão e formação de rede de
contatos; independência e autoconfiança; exigência de qualidade e eficiência.
Sobre as características empreendedoras, Dolabela (1999, p. 44) afirma, de forma
geral, que ser empreendedor não é somente uma questão de acúmulo de conhecimento, mas a
introjeção de valores, atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si
mesmo voltados para atividades em que o risco, a capacidade de inovar, perseverar e de
conviver com a incerteza são elementos indispensáveis.
2.2 O EMPREENDEDORISMO FEMININO
A atuação da mulher no mercado de trabalho e, mais especificamente, na
administração dos seus próprios negócios, como também conquistando altos cargos nas
organizações e nas nações pelo mundo, tem recebido especial atenção pelos pesquisadores.
Em levantamento realizado nas principais bases de dados referenciais do Portal de
Periódicos da CAPES, como Proquest, Emerald, Ebsco, ISI, Blackwell, Sage, Oxford,
Cambridge, Gale, Springer, Wilson e Science, em março de 2007, em publicações na área de
administração e sem limitação de datas, foi constatada a existência de 90 títulos diferentes
sobre empreendedorismo feminino, entre livros, artigos, notas e citações. Dentre outros,
destacam-se a seguir, os que apresentam maior representatividade para o embasamento desta
pesquisa.
Uma das primeiras publicações sobre empreendedorismo feminino foi o artigo de
Schwartz (1976). Nesta publicação, a autora abordou os aspectos relacionados à motivação da
mulher empreendedora, características de personalidade, operações, crédito e discriminação.
No que se refere à motivação, Schwartz (1976) atribui a necessidade de ter um trabalho e
satisfazer-se com ele, necessidades econômicas e desejo de independência. Entre as principais
características de personalidade estão a auto-estima e o desejo de realização. Outro aspecto de
destaque é o fato das mulheres assistirem e controlarem de perto as operações empresariais de
seus negócios. Schwartz (1976) constatou dificuldade na concessão de crédito por parte das
empreendedoras, assim como uma discriminação quanto à lucratividade de seus negócios. A
autora afirma que as diferenças entre homens e mulheres são pequenas, e que ambos têm
qualidades empreendedoras que podem ser desenvolvidas.
Outro estudo inicial, foi desenvolvido em 1979, por De Carlo e Lyons. Essa pesquisa
contribuiu para identificar, descrever e comparar perfis de grupos de mulheres empresárias e
31
assim, alcançar o objetivo de identificação do potencial empreendedor feminino. No entanto,
os autores concluíram que ainda seria necessária a realização de mais pesquisas para se chegar
a conclusões válidas em relação ao estabelecimento de um perfil do empresariado feminino.
Stevenson (1986) ao constatar que os negócios femininos estavam em ascensão, muito
rapidamente, se dedicou ao estudo das diferenças entre mulheres e homens empreendedores e
percebeu que as mulheres diferem no nível educacional e nos fundos para abertura do
negócio. Além disso, Stevenson (1986), afirmou que é mais difícil a mulher ter o apoio total
do cônjuge no seu empreendimento. Apesar das dificuldades em conciliar o papel de
empresária, de mãe e a limitação de apoio, os negócios administrados por mulheres parecem
ter altas taxas de sobrevivência.
Neider (1987) desenvolveu seu estudo na Flórida, com 52 empresárias, com o intuito
de identificar características de personalidade e dos negócios possuídos por mulheres.
Utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas, testes psicológicos e observações na
organização, a autora identificou características típicas de ambição e liderança, personalidade
ativa, persistência e inclinação a influenciar os outros. Foram constatadas também duas
dificuldades: delegar autoridade e conflito entre vida pessoal e profissional.
Outro estudo relevante foi o desenvolvido por Gosselin e Grisé (1990), intitulado
“Estão as mulheres empreendedoras desafiando nossas definições de empreendedorismo?”. A
pesquisa foi realizada na cidade de Quebec, com 400 mulheres donas/gerentes de negócio no
setor industrial, que responderam a um questionário detalhado, em que as principais
dimensões exploradas eram as características das empresárias e de suas empresas, a
experiência anterior em iniciar um negócio, os critérios de sucesso usados e a visão para o
futuro de suas empresas. Como resultados, os autores perceberam que para as mulheres é
importante a existência de um modelo de negócio pequeno e estável. Além disso, as mulheres
não reconheceram a fase empreendedora como transitória em suas vidas e buscavam
constantemente o reconhecimento para o que faziam. Este resultado desafia seriamente os
conceitos existentes acerca de empreendedorismo e negócios na medida em que parece
representar uma adaptação inovadora à demanda profissional, familiar, social, e pessoal destes
profissionais (CASSOL, 2006).
O estudo de Moore (1990) analisou as pesquisas existentes na década de 1990 sobre a
mulher empreendedora e mostrou a pesquisa do empreendedorismo feminino ainda num
estágio inicial de desenvolvimento de paradigmas. Para Moore (1990), os estudos aparecem
de forma fragmentada, além de descrever apenas pequenos segmentos da população
empreendedora feminina, em comparação com a aplicação de teorias desenvolvidas em outras
32
áreas. O estudo ainda examinou o número de pesquisas e variáveis metodológicas empregadas
até então e apresentou uma análise descritiva da mulher empreendedora tradicional e
moderna.
Fischer, Reuber e Dyke (1993) argumentaram que os estudos já realizados ainda não
conseguiram apontar e explicar as diferenças entre homens e mulheres do ponto de vista do
empreendedorismo. De acordo com as autoras, o liberalismo feminista e o feminismo social é
que podem contribuir para organizar e interpretar as pesquisas realizadas, e orientar as
pesquisas futuras. Para as autoras, o liberalismo feminista sugere que as mulheres estão em
desvantagem em relação aos homens em função da discriminação e/ou influências de
contingências que as privaram de recursos essenciais como educação e experiência na área de
negócios (FISCHER; REUBER; DYKE, 1993). A teoria do feminismo social defende que as
diferenças entre as mulheres não indicam que elas são inferiores, mas que podem se
desenvolver de maneiras diferentes e alcançar resultados parecidos em termos de atividade
empresarial.
Dolinsky, Caputo e Pasumarty (1994) realizaram um estudo para conhecer a diferença
na taxa de empreendedorismo entre mulheres negras e brancas, no período entre 1967 a 1989,
nos Estados Unidos. O estudo empregou uma metodologia de decomposição analisando a
diferença nos padrões longitudinais das taxas de emprego próprio entre mulheres negras e
brancas. Os resultados indicaram uma diferença de 90% entre as taxas de emprego das
mulheres brancas sobre as negras, o que permitiu afirmar que as mulheres negras estavam
mais distantes do empreendedorismo. Entre os motivos que possam ter levado a esta
diferença, os autores comentaram a dificuldade histórica de acesso ao crédito por parte dos
negros. Outro fator que dificultaria, também, o acesso ao crédito refere-se ao fato de que, na
amostra pesquisada, a taxa de mulheres negras casadas apresentou-se 15% inferior a de
mulheres brancas. Sobre este aspecto as autoras afirmaram que casais teriam maior renda do
que apenas dependendo do pai, o que facilitaria o acesso ao crédito.
Em 1995, Gatewood, Shaver e Gartner publicaram o resultado de uma importante
pesquisa em que buscaram determinar a influência de certos fatores cognitivos na persistência
de empresários no início das atividades empresariais e sucesso do negócio. Os autores
testaram a hipótese de que (HI) Empresários potenciais que oferecem explicações internas e
estáveis para seus planos de entrada em novos negócios (por exemplo, “eu sempre quis
possuir meu próprio negócio”) seriam mais persistentes em ações que conduzem a começar
um negócio prosperamente; e (H2) Empresários potenciais com contagens de alta eficácia
pessoal seriam mais persistentes em ações que conduzem a começar um negócio
33
prosperamente. A pesquisa envolveu 142 clientes (47 mulheres, 95 homens) de um Centro de
Desenvolvimento da Pequena Empresa, cujo questionário listava separadamente 29 atividades
envolvidas no início de um negócio, que se agruparam em cinco categorias de atividades
principais: informação de mercado, calculando potencial de lucros, terminando a base para
estruturar a companhia, a montagem do negócio, operações.
A medida de sucesso na entrada em um novo negócio era operacionalizada pela
pergunta: "Você completou a primeira venda (definida como tendo entregado o produto ou
serviço e recebido o pagamento de seu cliente)?". Os resultados não comprovaram a segunda
hipótese assim como não revelaram nenhuma diferença significante nos tipos de negócios que
são contemplados para mulheres e homens. Por outro lado, homens e mulheres têm razões
diferentes por iniciar um negócio, o que parece ser um indicador relevante de sua habilidade
futura para começar um negócio prosperamente. Assim, os autores acreditam que o
desenvolvimento de medidas que se voltem detalhadamente aos atributos (habilidades,
percepções de habilidades, dificuldade da tarefa, sorte, e o valor da oportunidade) conduzirá
para uma concepção mais inclusiva e precisa dos fatores que influenciam a persistência
empresarial.
Outro importante estudo também com o objetivo de saber mais sobre o perfil da
mulher empreendedora foi realizado na Polônia, por Zapalska (1997). Neste estudo, a autora
procurou saber se as mulheres empresárias polonesas possuíam as características
empreendedoras requeridas para obterem desempenho como empreendedoras. Os resultados
apontam não haver expressiva diferença significante entre as tendências psicológicas de
mulheres e homens bem sucedidos nos negócios.
A pesquisa foi realizada com 150 homens e mulheres nos três maiores centros urbanos
na Polônia (Pozan, Cracóvia e Varsóvia) entre dezembro de 1994 e janeiro de 1995, e foi
dividida em três partes: 1) características demográficas dos empreendedores (idade, educação,
conhecimento, habilidades administrativas, experiência empresarial e apoio familiar; 2) razões
e motivos para começar um novo negócio; 3) tipos de negócios iniciados por eles/elas,
estratégias empresariais, e objetivos a curto prazo e a longo prazo.
Para as mulheres polonesas, a abertura de um novo negócio se por necessidade de
realização, de ser independente, de satisfação no cargo, econômica, de dinheiro como uma
medida de sucesso e necessidade de controlar seu próprio destino, bem como o desejo de
evitar uma relação de subordinação a outros. Os resultados mostraram que as mulheres
empreendedoras têm características masculinas e femininas identificadas na literatura de
pesquisa de empreendedores prósperos. As empreendedoras indicaram características de
34
agressividade, positividade, determinação, forte comportamento de liderança, habilidades de
comunicação altamente desenvolvidas e objetivas e pensamento analítico (ZAPALSKA,
1997).
De acordo com a pesquisa, os fatores chaves para o sucesso das empreendedoras são a
busca constante por melhor qualidade, custos decrescentes, movendo-se do mercado nacional
para mercados externos, disponibilizando novos produtos e serviços e obtendo materiais de
novas fontes. Os negócios iniciados por mulheres, conforme Zapalska (1997) apresentam
grande potencial para crescimento econômico, uma vez que empreendedorismo com tomada
de risco é fundamental para a inovação numa economia que se esforça para ficar competitiva.
Sullivan, Halbrendt, Wang e Scannell (1997) realizaram um estudo exploratório na
região de Vermont, com mulheres menos favorecidas da área rural. O estudo buscou explorar
as potencialidades empreendedoras das mulheres para o desenvolvimento da auto-suficiência
econômica.
Kourilsky e Walstad (1998) desenvolveram um estudo que explorou o conhecimento
e as atitudes empreendedoras de alunos e alunas do ensino secundário dos EUA, buscando a
existência de diferenças significativas entre os adolescentes, entre 14 e 19 anos, nesta área. Os
resultados mostram que os estudantes desejam aprender sobre o empreendedorismo e início
de novos negócios; têm pouco conhecimento nesta área, mas têm consciência desta falta de
conhecimento; eles limitam suas atitudes empreendedoras. De acordo com os autores, as
adolescentes se mostraram significativamente menos interessadas sobre a abertura de um
negócio, menos confiantes nas suas habilidades empresariais, e menos entusiasmadas em
relação à dinâmica de mercado.
Deal e Stevenson (1998) realizaram uma pesquisa com o intuito de analisar a
percepção sobre homens e mulheres de negócios. Os resultados mostram que alguns
preconceitos relativos às mulheres na liderança de organizações ainda persistem.
Duas alternativas de reflexão para o melhoramento das pesquisas acerca do
empreendedorismo feminino foram apontadas por Mirchandani (1999): 1) na essência de
muitas interpretações sobre a categoria da mulher empreendedora (as quais priorizam sexo
acima de outras dimensões de estratificação) e 2) na forma pela qual as conexões entre sexo,
ocupação e estrutura da organização afetam diferentemente homens e mulheres de negócios.
O autor analisou as pesquisas sobre o empreendedorismo feminino, especialmente as
baseadas na teoria feminista e nas discussões sobre trabalho e gênero, explorando as formas
por meio das quais muitas das pesquisas envolvendo experiências de mulheres
35
empreendedoras se voltaram para as explicações sobre as semelhanças e diferenças
identificadas entre mulheres e homens proprietários de negócios.
Assim, Mirchandani (1999) percebeu a exclusão das mulheres nos primeiros estudos
voltados aos proprietários de negócios, embora isto não explique porque e como o
empreendedorismo tem sido definido e entendido somente como um comportamento
masculino.
Desta forma, o autor argumentou que é necessário assumir uma visão crítica sobre a
história de exclusão acidental da mulher nas pesquisas sobre empreendedorismo. Esta
omissão, segundo o autor, poderia ser corrigida por meio da replicação de estudos que
abordam homens empreendedores incluindo mulheres proprietárias de negócios.
O estudo realizado por O’Meally (2000) retratou a questão da educação, treinamento e
valores sociais, e constatou que nos EUA as mulheres estão iniciando negócios duas vezes
mais rápido que os homens, conquistaram um terço dos pequenos negócios no Canadá e
possuem um quinto dos pequenos negócios na França.
O’Meally (2000) abordou aspectos sobre como e por que as mulheres começaram a
entrar no mundo dos negócios, seus objetivos e medos focando áreas como educação,
treinamento e valores sociais. Conclui ressaltando que as mulheres de negócios de amanhã
precisam começar hoje a preparar elas próprias o ambiente de negócios. Esta tendência ou
fenômeno pode ser observado em todo mundo, tanto que as mulheres são chamadas de “força
econômica do futuro”.
Ylinenpää e Chechurina (2000) desenvolveram uma pesquisa que contribui para
aumentar o conhecimento sobre a atividade empreendedora em países pós-socialistas,
investigando especificamente as condições que prevaleceram na Rússia pós-socialista para
mulheres que começam suas próprias aventuras de possuir e administrar um negócio.
Foram utilizados dados quantitativos de 670 respondentes e dados qualitativos de dois
grupos-foco realizados com mulheres empresárias recentemente estabelecidas, investigando
atitudes gerais para mulheres nos negócios e as oportunidades específicas e problemas que
elas estavam enfrentando no país. O estudo conclui estabelecendo comparações entre a
situação da mulher empresária na Rússia e as mulheres de negócios no Hemisfério Ocidental.
Na Turquia, um estudo realizado por Ufuk e Ozgen (2001) investigaram o status do
trabalho, as razões para iniciar um empreendimento e os tipos de negócios desenvolvidos por
mulheres. Foram entrevistadas 220 mulheres empreendedoras casadas da cidade de Ankara,
para identificar seu comportamento empreendedor. Além disso, também foram examinadas as
dificuldades enfrentadas por estas mulheres para iniciar e manter o negócio, os riscos
36
envolvidos, os salários, as características empreendedoras e o planejamento futuro. Entraram
em questão também as regras governamentais, bem como a disposição das mulheres em
participar de programas de treinamento. Aspectos como a idade, o nível educacional e a
experiência destas mulheres também foram analisados. O estudo foi concluído apresentando
algumas sugestões de ações que podem contribuir para favorecer a atividade empreendedora
da mulher.
Também na Turquia, Baycan Levent, Masurel e Nijkamp (2002) realizaram um estudo
de caso com 25 empresárias turcas de Amsterdã para responder ao seguinte questionamento:
A mulher empresária turca é uma mulher especial ou uma empresária turca de comportamento
empreendedor especial? Os resultados mostraram que o perfil empreendedor das mulheres
turcas é um “perfil feminino especial” e aquelas que são empresárias possuem um perfil
empresarial feminino especial, particularmente em termos de características pessoais e
empresariais, convergindo forças e motivações. As empreendedoras parecem combinar suas
oportunidades étnicas com suas características pessoais no mercado urbano, e obter um ótimo
desempenho. Entre as características destas mulheres estão o espírito empreendedor otimista,
auto-motivação, positivismo e autoconfiança.
Na Irlanda, Colette e Kennedy (2002) realizaram uma pesquisa com o intuito de
conhecer e mensurar a atividade empreendedora das mulheres. Uma das contribuições do
estudo diz respeito ao estabelecimento de uma comparação entre mulheres empreendedoras
do norte e do sul da Irlanda, em que se procura identificar os setores industriais onde as
mulheres mais estão presentes, assim como identificar as barreiras e os fatores que mais
afetam ou limitam as decisões das mulheres em iniciar negócios. O trabalho foi realizado
aplicando entrevistas semi-estruturadas com mulheres empreendedoras e consultando
agências de suporte, com o intuito de identificar elementos que possam desenvolver um
modelo orientado a promover a atividade empreendedora na ilha da Irlanda.
As principais conclusões apontam para uma empreendedora relativamente bem
educada, que possui boa experiência de trabalho, conta com apoio da família e amigos e
agências locais de suporte técnico e financeiro para iniciar a empresa, assim como dividem
sua atenção entre os filhos e a gestão da empresa, ocasionando certo nível de estresse. A
maioria delas empreendeu como alternativa à falta de boas oportunidades de emprego em sua
área de atuação, e reclamam que sentem mais dificuldades para abrir um negócio do que os
homens. Estes fatores podem explicar o baixo nível de empreendedorismo existente na
Irlanda.
37
Nos países industrializados ocidentais, os homens empreendem cerca de duas vezes
mais do que as mulheres (WAGNER, 2004). De acordo com estudo realizado na Alemanha,
com o objetivo de analisar a decisão de homens e mulheres para se tornar um empreendedor,
Wagner (2004) testou as diferenças entre eles em relação a várias características e atitudes,
partindo-se do princípio de que se tornar um empresário é fenômeno raro. A análise
comparativa mostrou que homens e mulheres possuem características e atitudes muito
semelhantes. No entanto, uma pequena diferença em função do gênero é percebida na
tendência de se tornar autônomo. De acordo com o estudo, especialmente para as mulheres, o
medo do fracasso pode ser uma razão para não começar o próprio negócio.
Schildt e Sillanpää (2004) realizaram uma análise bibliométrica das referências mais
citadas nos artigos sobre o empreendedorismo feminino, usando um algoritmo especialmente
desenvolvido para o estudo, que permitiu identificar e descrever os quinze grupos mais
citados e os principais fluxos teóricos. Os resultados revelaram um nível de cooperação
variável entre as universidades, porém o nível de colaboração tende a ser relativamente
modesto.
Na África do Sul, Mitchell, (2004), pesquisou a motivação de empresários no início de
um negócio no ambiente socio-econômico daquela região. A pesquisa teve como objetivo
identificar semelhanças e diferenças nos perfis de motivação de homens e mulheres
empreendedores. Foram avaliados, a partir de questionários semi-estruturados, os fatores de
motivação e ‘razões para começar um negócio’.
O estudo identificou que homens e mulheres empresários se motivam especialmente
pela necessidade de independência, pelos incentivos materiais e pela realização. A
necessidade para contribuir com a comunidade não se apresenta como uma razão importante.
Entre os homens empresários prevaleceu a motivação pela necessidade de prover segurança
familiar e fazer uma diferença no negócio. Entre as mulheres empresárias a motivação se dá
pela necessidade de manter aprendizagem e por mais dinheiro para sobreviver.
Na Alemanha, de acordo com Welter (2004), o governo direcionou sua atenção ao
tema do empreendedorismo feminino como um importante meio para elevar o nível global de
empreendedorismo. Políticas de apoio mais pertinentes concentram-se em estender e
estabilizar a base financeira de novas iniciativas femininas. A consultoria parece fazer um
papel menos importante, porém, o gênero parece implicitamente influenciado pela
popularização do acesso.
Na Grécia, Sarri e Trihopolou (2004) realizaram uma pesquisa que buscou explorar as
características pessoais e motivação, das empresárias, no período de 1990 a 2000. O resultado
38
mostra que as empresárias femininas na Grécia motivam-se a empreender principalmente por
fatores que se relacionam às razões econômicas e satisfação pessoal, inclusive às necessidades
para criatividade, autonomia e independência.
No caso da Grécia, “as razões que motivam as mulheres para se tornarem empresárias
formam um sistema complexo de motivações que se interagem” (SARRI, TRIHOPOLOU,
2004, p. 32). No entanto, se forem considerados os motivos mais importantes que estimulam
as mulheres a se tornarem empresárias, pode-se afirmar que entre as mulheres gregas
prevalecem os fatores relacionados às necessidades de emprego, financeiras, razões
econômicas ligadas renda familiar inadequada, descontentamento com ser empregado, ou a
necessidade de conciliar trabalho e atividades domésticas simultaneamente.
Verheul, Stel e Thurik (2004) desenvolveram um estudo, baseado no relatório do
GEM, buscando apontar e explicar a atividade empreendedora de homens e mulheres em 29
países. Foram analisadas variáveis relativas ao empreendedorismo geral, à participação da
mão-de–obra feminina no mercado de trabalho e à atividade empreendedora feminina.
De acordo com o estudo realizado, mulheres e homens são largamente influenciados a
empreender pelos mesmos fatores, exceto no que diz respeito à satisfação de vida, que é um
impacto positivo percebido nas mulheres e não nos homens.
Lituchy e Reavley (2004) descreveram as experiências e motivação das mulheres
donas de empresas internacionais na Polônia e na República Tcheca e as comparam à
literatura sobre as mulheres empresárias da América do Norte. Os resultados mostraram que
as empresárias mulheres compartilham muitas motivações para iniciar um negócio e
experimentam desafios semelhantes para torná-los prósperos.
Outro importante estudo também tomando por base o relatório GEM, foi realizado por
Minniti, Arenius e Langowitz (2005) que analisou mulheres de 34 países focando três
objetivos principais: mensurar o nível de atividade empresarial das mulheres por país;
entender porque as mulheres se envolveram em atividades empresariais e sugerir políticas
capazes de aumentar a participação das mulheres em atividades empreendedoras.
Os resultados apontam que:
- o aumento no envolvimento de mulheres na criação de novos negócios está
condicionado a políticas públicas dirigidas a apoiar a educação; ajuda
financeira e desenvolvimento de redes.
- os homens são mais ativos em comércio que as mulheres em todos os países
estudados;
39
- a oportunidade é a principal motivação para o empreendedorismo entre
homens e mulheres, - a falta de alternativas ou oportunidades de trabalho
motiva mais mulheres que homens a empreenderem, especialmente em
países de baixa renda;
- a atividade empreendedora é influenciada por ambos os fatores: pessoais e
sócio-econômicos;
- a idade, experiência de trabalho, educação, experiência de outros empresários
são influências importantes no comportamento empresarial de mulheres.
- os fatores sócio-econômicos são influenciadores da vontade de mulheres de
abraçar a paisagem empresarial de risco e recompensa.
Outras constatações do estudo mostram que:
- em países de baixa e média renda, as mulheres mais jovens, entre 25-34 anos,
e sem o segundo grau completo, se envolvem com as atividades
empresariais, enquanto nos países de alta renda a idade média é de 35-44; e
as mulheres com educação secundária é que são mais propensas a iniciar um
negócio novo;
- assim como os homens, a maioria das mulheres envolvidas em novos
negócios abandonou outros trabalhos;
- foi identificada uma forte correlação positiva entre o fato de as mulheres
envolvidas na criação de novos negócios terem conhecimento de outros
empresários, isto pode ser um indicativo que as deixa mais propensas a
iniciar novos negócios. Estas mulheres tendem a possuir melhor nível
educacional, além de serem mais velhas;
- fatores com as percepções acerca de oportunidades ambientais e a auto-
confiança em suas próprias capacidades podem ser decisivos para predispor a
mulher ao comportamento empresarial;
- correlações positivas foram verificadas entre a percepção de oportunidade e a
probabilidade de uma mulher começar um negócio novo, assim como entre o
fato de mulheres terem convicção de possuírem conhecimento, habilidade e
experiência requeridos para começar um negócio novo e a probabilidade de
iniciar um.
- uma correlação negativa e forte foi constatada entre o medo do fracasso e a
probabilidade de uma mulher começar um negócio novo.
40
- o capital inicial e tecnologia empregados em negócios iniciados por mulheres
é menor em relação aos negócios começados por homens;
- as mulheres freqüentemente iniciam seus negócios orientados para os
serviços, cujo custo inicial tende a ser mais baixo, e tendem a apresentar um
crescimento mais lento.
- a expectativa da maioria das mulheres que começam um novo negócio é de
criar cinco empregos ou menos num período de 5 anos. Nos países de baixa
renda, só 1% dos negócios criados por mulheres apresentam alto potencial de
emprego, subindo esta taxa para 1.6% em países de alta renda.
- mulheres tendem a começar negócios com tecnologia conhecida e em
mercados estabelecidos.
A maior contribuição do estudo de Minniti, Arenius e Langowitz (2005) refere-se ao
apontamento da necessidade de serem desenvolvidas políticas voltadas para as mulheres
empreendedoras, customizadas ao contexto de diferentes países ou até mesmo para sub-
regiões.
Um estudo de Welter et al (2005), fez uso de uma perspectiva institucional, na medida
em que compara dois países em diferentes fases no processo de transformação: a Lituânia e a
Ucrânia. Este estudo mostrou que, embora haja importantes diferenças entre os dois países, as
mulheres empresárias da Lituânia e Ucrânia compartilham muitas características e problemas
comuns. Ou seja, é necessário reconhecer a diversidade existente entre países em transição,
assim como as diferenças no ritmo de mudança durante o período de transição.
Valencia e Lamolla (2005) procuraram verificar o “estado-da-arte” da pesquisa na área
de empreendedorismo feminino. Neste trabalho foram consideradas todas as publicações
sobre empreendedorismo feminino desde o ano de 1990 até o ano de 2004 em artigos
acadêmicos, livros, congressos e conferências, nas publicações dos principais jornais da área
de empreendedorismo do mundo, além da base de dados e estudos do GEM, a partir de 1999,
quando foi criado. A análise e classificação dos estudos averiguados nesta pesquisa
obedeceram ao framework de criação de novos negócios, proposto por Gartner (1985) cuja
estrutura é composta por quatro dimensões: a) individual (o empreendedor); b) a organização
(o negócio criado); c) o processo (atividades prévias anteriores ao startup) e d) o meio-
ambiente (fatores externos).
Desta forma, Valencia e Lamolla (2005) concluíram que: Na dimensão individual, as
mulheres têm menor experiência anterior do que os homens; que a educação tem impacto
positivo no desempenho inicial do negócio por mulheres; que elas são mais preocupadas com
41
os riscos do que os homens e percebem o empreendedorismo de forma mais positiva,
valorizando os relacionamentos interpessoais. As dimensões: organização, processo e meio
ambiente foram pouco estudadas, embora tenha sido possível constatar que as mulheres usam
mais fontes de financiamento e menos capital na abertura do negócio; que a similaridade entre
gêneros no início bem sucedido do empreendimento não é mantida durante a sobrevivência,
sendo que os negócios criados por mulheres têm vida menor; e que a decisão de tornar-se
empreendedora é fortemente influenciada por aspectos socioculturais.
Ao longo do desenvolvimento dos estudos em empreendedorismo feminino, as
finanças se apresentaram como um fator crítico para as mulheres. Assim, Marlow e Patton
(2005) desenvolveram um estudo que contribui para o enriquecimento das discussões sobre as
relações existentes entre empreendedorismo, finanças e gênero. De maneira geral, a
disponibilidade e acesso aos recursos financeiros é um fator crítico para o início e posterior
desempenho de qualquer empreendimento. Marlow e Patton (2005) tomam como ponto inicial
os resultados de pesquisas que apontam que mulheres empresárias enfrentam desvantagens
nos financiamentos em função do gênero. O estudo sugere que implicações acerca de gênero
podem limitar ou impedir realizações e o alcance do potencial pleno dos negócios.
Entre as conclusões, os autores enfatizam a importância do papel dos governos no
sentido de viabilizar programas e incentivos à criação de empreendimentos iniciados por
mulheres. Tendo em vista que as mulheres enfrentam desvantagens adicionais associadas às
atribuições de gênero, com influências nas limitações das habilidades para acumular
poupanças pessoais, gerar histórias atraentes a fornecedores formais de crédito, ou atrair o
interesse de capitalistas de investimentos.
Gray e Finley-Hervey (2005) se dedicaram ao empreendedorismo praticado por
mulheres marroquinas. O artigo examina as mulheres empresárias de Marrocos, iniciando
com a descrição de estereótipos negativos de mulheres em países islâmicos, exemplificando
práticas sociais diferentes entre Arábia Saudita, Irã e Marrocos. São estudados brevemente
alguns casos de empreendedoras marroquinas. Os resultados mostram que a auto-suficiência é
a principal motivação para empreender.
Bruin, Brush e Welter (2006) propõem uma reflexão sobre o estudo do
empreendedorismo feminino e afirmam que a pesquisa ainda está na adolescência. Para as
autoras, o desafio não é produzir mais pesquisas, mas conectar e complementar essas
pesquisas para que se tenha um incremento significante na literatura. Para isso, no entanto, é
importante que os pesquisadores constituam uma rede para compartilhar novos
42
conhecimentos. As autoras afirmaram que o Projeto Diana Internacional, fundado por
pesquisadores de 20 países, é um importante passo nesta direção.
Lewis (2006) argumentou que, embora alguns estudos sobre empreendedorismo têm
se dedicado a verificar as diferenças entre homens e mulheres, as empresárias têm se
mostrado preocupadas em não transparecer diferenças entre gênero. O estudo foi baseado na
análise de emails e entrevistas com 19 empresárias. A autora afirma que as empresárias,
buscando padrões empresariais neutros, estão tentando ignorar qualquer prática que venha a
se constituir na sua exclusão ou marginalização. Por outro lado, a pesquisadora constata que
as mulheres têm escondido o nero com o intuito de obter vantagens. As empresárias
pesquisadas reconhecem que a avaliação de mulheres empreendedoras está fortemente
influenciada pelo comportamento e que existe uma inabilidade para se distanciar do que elas
julgam de comportamento questionável, o que acaba gerando conflitos entre elas.
O esforço claro que alguns empresários femininos fazem para manter o gênero fora do
foro empresarial demonstra a consciência subjetiva de que o gênero é central nas avaliações
do desempenho destas empresárias.
Hisrisch e Peters (2004) compararam algumas características entre mulheres e homens
empreendedores, que podem ser visualizadas no quadro 3.
43
Características Empreendedores Empreendedoras
Motivação
Realização: lutam para fazer as
coisas acontecerem;
Independência pessoal: auto-
imagem relacionada ao status
obtido por seu desempenho na
corporação não é importante;
Satisfação no trabalho advinda do
desejo de estar no comando.
Realização: conquista de uma meta
Independência: interesse em fazer
as coisas sozinha.
Ponto de partida Insatisfação com o atual emprego;
Atividades extras na faculdade, no
emprego atual ou progresso no
emprego atual;
Dispensa ou demissão;
Oportunidade de aquisição.
Frustração no emprego;
Interesse e reconhecimento de
oportunidade na área;
Mudança na situação pessoal.
Fontes de fundos
Bens e economias pessoais;
Financiamento bancário;
Investidores;
Empréstimos de amigos e
familiares.
Bens e economias pessoais;
Empréstimos pessoais.
Histórico profissional Experiência na área de trabalho;
Especialista reconhecido ou que
obteve um alto nível de realização
na área;
Competente em área de funções
empresariais.
Experiência na área de negócios;
Experiência em gerência
intermediária ou administração;
Histórico ocupacional relacionado
com o trabalho.
Características de personalidade
Dá opiniões e é persuasivo;
Orientado por metas Inovador e
idealista;
Alto nível de autoconfiança;
Entusiasmado e enérgico;
Tem que ser seu próprio patrão.
Flexível e tolerante;
Orientada para metas;
Criativa e realista;
Nível médio de autoconfiança;
Entusiasmada e enérgica;
Habilidade para lidar com o
ambiente social e econômico.
Histórico
Idade no início do negócio: 25-35;
O pai é profissional autônomo;
Educação superior: administração
ou área técnica (geralmente
engenharia);
Primogênito.
Idade no início do negócio: 35-45;
O pai é profissional autônomo;
Educação superior: artes liberais;
Primogênita.
Grupos de apoio
Amigos, profissionais conhecidos
(advogados, contadores)
associados ao negócio, cônjuge.
Amigos íntimos, cônjuge, família,
grupos profissionais femininos,
associações comerciais.
Tipo de negócios
Indústria ou construção.
Relacionado à prestação de
serviços: serviço educacional,
consultoria ou relações públicas.
Quadro 3 – Diferenças entre as características dos empreendedores e empreendedoras.
Fonte: HISRICH, Robert D; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2004, p. 86.
Entre os autores nacionais na temática do empreendedorismo feminino, Hilka Vier
Machado certamente é a de maior destaque e relevância para o desenvolvimento das pesquisas
nesta área. No entanto, outros estudos também se mostraram importantes no desenvolvimento
de referenciais acerca do empreendedorismo feminino. Num levantamento realizado no Banco
de Teses e Dissertações da CAPES, foram localizadas 15 dissertações e três teses que
abordam o empreendedorismo feminino.
44
Guedes (1997) analisou os fatores importantes para o sucesso da mulher
empreendedora, a partir de uma amostra de 22 mulheres empreendedoras da Paraíba.
Inicialmente, a autora realizou a caracterização do perfil da empreendedora para
posteriormente analisar 10 fatores, frutos de uma pesquisa que investigou a personalidade de
vários homens de negócios bem sucedidos. Os resultados mostraram que todos os fatores
apontados por homens de sucesso, são também importantes para o sucesso da mulher
empreendedora, variando apenas a ordem de importância com relação ao sexo oposto.
Marin (1999) analisou a temática das competências empresariais, apoiado numa
investigação quanto-qualitativa de um grupo de micro e pequenos empreendedores da
indústria de confecção de Fortaleza. A partir da aplicação de questionários com 75 micro e
pequenos empreendedores e da realização de entrevistas abertas com quatro micro e pequenos
empreendedores, dois homens e duas mulheres, foram colhidas informações a respeito da vida
e do trabalho destes empreendedores no intuito de identificar qual a sua percepção com
relação às competências gerenciais e pessoais, segundo as categorias de McClelland e na
perspectiva de ampliá-las com novas categorias identificadas no estudo qualitativo.
A partir de uma análise das principais competências apontadas pelos micro e pequenos
empreendedores e através de esforço analítico, o autor, construiu um modelo ideal de
competências empresariais que poderão contribuir para a sobrevivência e o desenvolvimento
dos empreendedores entrevistados.
Tavares (2000) teve como objetivo elaborar o perfil da mulher empreendedora de
microempresa da cidade de João Pessoa, na Paraíba, através do conhecimento dos seus
valores e condições sócio-econômicas. O estudo de caráter puramente descritivo e
exploratório foi constituído por uma amostra de 50% do total da população de mulheres
empreendedoras e a coleta de dados foi realizada por meio de um questionário. O tratamento
dos dados foi realizado através de um pacote estatístico. Em seguida, efetuou-se a análise
estatística através da construção de tabelas de freqüências e cruzamento das variáveis
pertinentes. Procedeu-se a análise exploratória das variáveis constantes concernentes à
dimensão dos valores da empreendedora.
Tóffolo (2002) analisou o comportamento de um grupo de mulheres agropecuaristas
identificando a postura adotada por elas na condução dos negócios, seu modo de trabalho,
suas origens e a empresa em si, assim como a percepção tida em relação ao sucesso e
sugestões dadas a quem deseja iniciar um negócio. As 10 mulheres analisadas faziam parte de
um grupo de 72 mulheres da Sociedade Rural do Paraná, em Londrina-PR e que
desempenhavam a atividade agropecuária. O instrumento adotado para coleta de dados foi um
45
questionário estruturado com questões abertas, onde as entrevistadas puderam expor sua
maneira de pensar e seu modo de atuação nos negócios. Na análise, buscou-se compreender a
identidade da mulher agropecuarista, tendo como base a(o): 1) Origem e Visão; 2) Conceito
de si; 3) O trabalho como empreendedora; 4) Percepção; e 5) A empresa.
Neste estudo, constatou-se que as entrevistadas são oriundas em grande parte de
famílias que mantiveram vínculos com a atividade agropecuarista, ou seja, são mulheres cujos
pais, tios, avós e, em alguns casos, maridos se dedicavam à atividade. Algumas características
de comportamento, assim como os valores terminais que conduzem a vida e o modo de
trabalho das entrevistadas, foram analisados e comparados com outras pesquisas, a fim de
identificar similaridades ou diferenças do modo de atuação. A auto-avaliação das
agropecuaristas quanto a oportunidades, erros, criatividade, imaginação, liderança, entre
outros também se encontram neste estudo além de alguns fatores que propiciam com que a
atividade seja algo prazeroso.
Nascimento (2002) se propôs a conhecer o potencial da educação tecnológica na
produção e geração de renda, desenvolvidas por mulheres no âmbito do trabalho informal, em
Curitiba e Região Metropolitana. Usando-se de metodologia qualitativa, com entrevista semi-
estruturada, a autora analisou como se manifesta o nexo entre educação e tecnologia. Como
resultados, a pesquisadora afirmou que é potencialmente possível a parceria entre a educação
tecnológica e a produção e geração de renda. A educação tecnológica teria dupla finalidade:
constituir cidadãs e empreendedoras (NASCIMENTO, 2002).
A pesquisa evidenciou os seguintes aspectos: a) as experiências desenvolvidas
resgatam o papel tradicional da mulher no que se refere à reprodução social da família que é o
de prover alimentação e vestuário para si própria e outras pessoas da família; b) bens de uso
passam a ser produzidos e negociados como bens de troca em função da deterioração do
orçamento familiar; c) as entrevistadas, no exercício cotidiano do aprender fazendo,
aperfeiçoaram as técnicas de trabalho que deram origem à diversificação e melhor qualidade
dos produtos; d) existem nexos entre os trabalhos desenvolvidos e a dinâmica familiar
interferindo no primeiro; e) as práticas de produção e geração de renda desenvolvidas na
informalidade são multifragmentadas, f) a educação tecnológica teria o papel de, numa
perspectiva comunicativa, unir profissionais da mediação e mulheres em práticas geradoras de
renda para potencializar as referidas experiências e firmar uma postura crítica frente à
realidade social.
Inácio Jr. (2002) desenvolveu um estudo com o objetivo de analisar o potencial
empreendedor e de liderança criativa dos proprietários-gerentes das micro e pequenas
46
empresas, nas Incubadoras Tecnológicas do Estado do Paraná, que se dedicavam aos
seguintes campos de atuação: automação de escritório, desenvolvimento de software,
agrobusiness, produtos químicos, entretenimento eletrônico, consultoria para Internet e
sistemas gerenciais para a área de saúde. O autor verificou a relação existente entre
empreendedorismo e liderança criativa bem como a confiabilidade e validade da versão em
português dos instrumentos Carland Entrepreneurship Index - CEI e Team Factors Inventory -
TFI.
O estudo teve como pressupostos cinco hipóteses: H1: Os proprietários-gerentes
possuem uma forte tendência ao comportamento empreendedor; H2: Os proprietários-gerentes
possuem uma forte tendência ao comportamento criativo; H3: Existe uma associação positiva
entre o nível de empreendedorismo e de liderança criativa dos proprietários-gerentes; H4: A
variável sexo não tem associação com o vel de empreendedorismo (H4.1) e de liderança
criativa (H4.2) dos instrumentos propostos; e H5: As variáveis grau de instrução e idade têm
associação positiva com o nível de empreendedorismo (H5.1) e de liderança criativa (H5.2).
A metodologia abrangeu a revisão da literatura acerca de empreendedorismo e do
modelo de liderança criativa. A tradução dos instrumentos pelo método de backtranslation, a
definição do tamanho da amostra pelo uso de fórmulas estatísticas para pequenas populações
e a análise dos dados utilizando-se da estatística descritiva, testes de hipóteses, análise fatorial
e análises de confiabilidade, a partir do software Statistics, obtiveram níveis suficientes de
validade e confiabilidade, apesar de evidenciar a necessidade de algumas alterações.
Os resultados apontaram para uma distribuição normal dos índices de
empreendedorismo e liderança criativa, sendo a média das pontuações alcançadas alta, dando
assim suporte a H1 e H2. A diferença das pontuações entre homens e mulheres não foi
estatisticamente significativa, corroborando com H4.1 e H4.2. Indicou também uma
associação positiva e estatisticamente significativa do índice de empreendedorismo com as
variáveis idade e grau de instrução, aceitando-se H5.1 e parcialmente com o índice de
liderança criativa, que levou a aceitação com restrições de H5.2. A associação entre as duas
medidas foi positiva e estatisticamente significativa, contribuindo para H3. Por fim, análises
estatísticas indicaram que as versões em português dos instrumentos obtiveram veis
suficientes de validade e confiabilidade, apesar de evidenciar a necessidade de algumas
alterações.
Gurovitz (2003) estudou o caso do Movimento das Mulheres Empreendedoras,
desenvolvido no Ceará pelo governo estadual desde 1999, e que resgata a auto-estima das
mulheres menos favorecidas, numa iniciativa que vai além da geração de emprego e renda,
47
promovendo acima de tudo, o resgate da cidadania. A pesquisa teve por objetivo analisar o
papel a ser desempenhado pelas políticas públicas, na superação dessa problemática da
pauperização da mulher. A autora afirma que os homens também devem ser vistos como
parceiros para a “desconstrução” das identidades de gênero construídas socialmente ao longo
do tempo.
Gomes (2003), buscou conhecer o perfil empreendedor de mulheres que montaram seu
próprio negócio na cidade de Vitória da Conquista região sudoeste da Bahia. Para alcançar
os objetivos da pesquisa foram estabelecidas cinco variáveis e os atributos ligados a elas, com
base na revisão de literatura. Foram utilizados questionários semi-estruturados como
instrumento de coleta de dados.
A análise dos dados coletados permitiu verificar que as características do perfil
empreendedor propostas na literatura estão alinhadas, parcialmente, às características das
mulheres que conduzem seus próprios empreendimentos.
Assim, conclui-se, com este trabalho, que não existe um perfil ideal e definitivo e
modelos de análise podem e devem ser propostos, entretanto, sua aplicação e análise deve
levar em conta as peculiaridades do contexto.
Os atributos “integridade”, “comprometimento”, “exigência de qualidade e eficiência”,
“identificação com o trabalho”, “visão ampliada do negócio” e “bom senso” foram os mais
pontuados pelas informantes. Apesar de atributos como “busca por novos desafios”,
“pioneirismo”, “administração participativa”, “perseverança”, “rede de contatos” e
“sensibilidade empresarial” ficarem entre as últimas colocações e serem considerados pelos
autores da área como igualmente importantes, não se pode, por isso, desclassificá-las da
denominação de empreendedoras, pois ainda assim esses atributos obtiveram um percentual
acima de 64% dos pontos possíveis. Portanto, não são tão fortes mas também não podem ser
classificados como fracos.
Rodriguez (2003) procurou conhecer as formas de minimização dos efeitos do conflito
entre maternidade e atividade profissional para as mulheres empresárias. Seu estudo foi
desenvolvido na cidade de Criciúma (SC). Para a contextualização da pesquisa, foi feita uma
revisão bibliográfica que abrange a história da mulher no Brasil e no mundo, a mulher no
mercado de trabalho e empreendedorismo. Neste contexto, foram abordados alguns aspectos
sobre a relação da maternidade e a atividade profissional e alguns desafios da mulher no
mercado de trabalho. A autora analisou os efeitos do conflito entre maternidade e atividade
profissional para a mulher empresária, a interferência da maternidade no trabalho e do
trabalho na maternidade; como são tratados os conflitos das funcionárias nas empresas
48
pesquisadas e propôs algumas medidas para a minimização dos efeitos do conflito entre
maternidade e atividade profissional.
Quental (2003) estudou as questões relativas ao equilíbrio entre vida profissional e
vida pessoal a partir das percepções de mulheres que praticam atividades empreendedoras. Os
resultados sugerem que o empreendedorismo pode oferecer certas características de trabalho,
com autonomia e horário flexível, que potencialmente facilitam um melhor equilíbrio entre
trabalho e família. Porém, tais benefícios tendem a ser compensados pelo aumento do
envolvimento com a profissão e do comprometimento de tempo com o trabalho demonstrado
por pessoas donas de seus negócios.
Com o objetivo de analisar o impacto do microcrédito na trajetória sócio-ocupacional
das mulheres empreendedoras, Geraldo (2004) estudou o caso da Blusol - Instituição
Comunitária de Crédito Blumenau Solidariedade, de Blumenau/SC. A hipótese inicial era de
que a condição de empreendedora modifica a relação das mulheres com o trabalho, uma vez
que proporciona maior autonomia nas decisões e independência financeira em relação aos
parceiros, facilitando o seu empoderamento. Os resultados da pesquisa sugerem que, apesar
de alguns limites, o microcrédito tem impactos bastante positivos no empreendimento e,
consequentemente, na qualidade de vida dessas mulheres e de suas famílias. O processo de
empoderamento decorrente das suas atuações como empreendedoras, pode também
desencadear conflitos nas relações de gênero.
Leal (2004) estudou o trabalho feminino, cujos referentes encontram-se na mídia dos
anos 1990, mais precisamente em revistas que se direcionam às mulheres empreendedoras. A
pesquisadora examinou, analisou e comparou nas publicações, as representações sociais de
mulheres que alcançaram sucesso profissional no meio empresarial, como executivas,
gerentes e chefes de departamentos, assim como de mulheres que investiram toda sua
experiência em negócios próprios, sozinhas ou com sócios, familiares ou não. O cenário
neoliberal e as políticas globais de mercado norteiam esta reflexão interdisciplinar que tem
por marco um conjunto de discursos confluindo para uma possível feminização do mercado
de trabalho: a auto-sustentabilidade justifica o discurso do empreendedorismo e do mercado
único, onde a idéia da rede produtiva se impõe em forma de terceirização e, muitas vezes,
de precariedade das condições de trabalho.
Os estudos feministas, segundo a autora, são de importância central para o debate que
envolve relações de gênero, questões de poder, disputas, perdas e ganhos em torno de
matrizes de sentidos que insistem em naturalizar e perpetuar imagens de mulheres, olhar ainda
atual. A racionalidade binária sob a égide do masculino guia esse olhar e suas interpretações.
49
A Análise do Discurso e a Teoria das Representações Sociais fornecem-nos os instrumentos
para desvendar os discursos e o imaginário produzidos sobre o trabalho feminino. Ao
relacionar autores como Foucault, Teresa de Lauretis e Nancy Fraser com o material
analisado - revistas e jornais, chegamos às matrizes discursivas e suas condições de produção
que permitiram-nos, em sua rede identificar a tese da feminização do trabalho.
Uller (2005) ressaltou a importância do papel feminino nas atividades do agro turismo,
concluindo em seu estudo que a mulher agricultora obteve destaque enquanto empreendedora,
entretanto, este acontecimento não melhorou suas condições de vida e nem diminuiu sua
sobrecarga de trabalho na tríade lar lavoura pousada/ quartos coloniais. Seu estudo foi
desenvolvido com o objetivo identificar as características e singularidades da hospedagem
familiar no agro turismo em Santa Rosa de Lima SC. Para isso, a autora usou o método
qualitativo do tipo exploratório, com a pesquisa bibliográfica e coleta de dados em que foi
utilizada a técnica das entrevistas semi-estruturadas, observação participante e direta e
registros fotográficos. Os dados foram analisados a partir da metodologia de análise do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), com apoio de referencial teórico. Os resultados mostram
que o agro turismo de SRL se diferencia dos demais, visto o mesmo ter sua concepção
primária a partir de um trabalho participativo entre a AGRECO, Acolhida na Colônia e
agricultores. Todavia, foi identificada a necessidade de um maior acompanhamento do
processo, para que este modelo de agro turismo não perca estas características e
singularidades.
Souza (2006) teve como objetivo principal analisar como os empreendedores, gestores
de micro e pequenas empresas, representam e vivenciam os processos de formação em
empreendedorismo, como utilizam os conhecimentos adquiridos em suas práticas, quais as
suas demandas de qualificação e como valorizam as novas competências. A pesquisa empírica
se concentra no município de Tobias Barreto, no interior de Sergipe, onde está sendo
realizado um projeto de desenvolvimento de Arranjo Produtivo Local, capitaneado pelo
SEBRAE e que tem como um dos alicerces o fortalecimento da capacidade empreendedora
através de processos educacionais.
Utilizando o Estudo de Caso como procedimento metodológico, a análise se
concentrou em uma amostra específica de micro-empresários que participaram do
EMPRETEC, um curso que trabalha no reforço de características comportamentais
consideradas ideais no empreendedor. Os resultados da pesquisa empírica demonstram que a
educação empreendedora, que trabalha especificamente com conteúdos que interessam e têm
valor de uso para os empreendedores, é extremamente valorizada por eles, não porque traz
50
resultados financeiros à empresa mas, principalmente, porque fortalece sua independência,
autoconfiança e sentimento de realização, especialmente no caso das mulheres.
Em sua dissertação, Lunaradi (2006) estudou o papel da mulher no desenvolvimento
da atividade turística no meio rural na região de Campos de Cima da Serra/RS, que
compreendeu os municípios: Bom Jesus, Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Com o
intuito de analisar as mulheres com maior precisão, foram aplicadas entrevistas em que foram
verificados os seguintes aspectos: perfil da mulher empreendedora; caracterização da
propriedade e da atividade turística; relações econômicas e de trabalho; educação; relações
sociais; políticas públicas. Os resultados mostraram que o turismo rural em Campos de Cima
da Serra é tido pelas mulheres empresárias como subsídio para o desenvolvimento econômico,
social e cultural do meio onde está inserido. Além de ser considerado como condição para a
socialização da mulher rural, ele contribui para a economia familiar e da comunidade, e ainda
é considerado como um pressuposto para a melhoria da qualidade de vida de todos os
envolvidos.
Machado (2006) estudou o gênero nas empresas familiares. Seu objetivo foi verificar
no ambiente brasileiro como ocorre a preparação para a tomada de poder pelas mulheres,
como elas sentiam a criação de sua identidade como sucessoras e como percebiam as
principais questões abordadas pela literatura mundial sobre o tema. Por meio de dados
qualitativos obtidos em entrevistas em profundidade com sete herdeiras de empresas de
setores diversos, todas localizadas na cidade do Rio de Janeiro, foi possível levantar
importantes questões ligadas ao estágio inicial da sucessão pela mulher nos negócios
familiares. Resultados indicaram a falta de um planejamento antecipado de ingresso na
empresa, dificuldade e demora na criação de identidade, angústia pela ausência de perfil
empreendedor, perda nas redes sociais de contato, excesso de proteção pelo pai e saudável
equilíbrio vida-trabalho, entre outros.
Cassol (2006) realizou uma análise da produção científica sobre empreendedorismo
feminino veiculado na base de dados do Scientific Information for Science (ISI), em negócios
e administração, no período de 1997 a 2006. De cunho exploratório, com método qualitativo,
o estudo analisou e classificou os artigos relacionados ao empreendedorismo feminino, de
acordo com o modelo desenvolvido por Gartner (1985). Os periódicos científicos das áreas de
administração e de negócios foram identificados, sendo caracterizados quanto ao título,
periodicidade, local de publicação, área, fator de impacto, endereço eletrônico e ISSN. Quanto
aos artigos, além da serem identificados quanto ao título, autor, título específico do periódico,
volume, número e ano, as características pessoais e profissionais dos autores também foram
51
analisadas. Assim como Lamolla e Valência (2005), Cassol (2006) realizou as análises
segundo as dimensões previstas pelo modelo de Gartner (1985). Os resultados mostraram a
predominância das dimensões individual e ambiental nos estudos da base de dados do ISI.
Quanto às características pessoais e profissionais dos autores dos artigos, a análise mostrou
que são professores com alto nível de formação, quase a totalidade de doutores.
Cruz (2006) inspirou-se nas metamorfoses do mundo do trabalho e desenvolveu uma
tese que teve como objetivo refletir sobre o papel social das mulheres empreendedoras
solidárias. O intuito da pesquisa foi responder a seguinte questão: Qual o papel das mulheres
no processo de geração de alternativas à crise atual do trabalho e como, ao mesmo tempo, tais
iniciativas se constituem em campos para a geração de vínculos sociais e econômicos? O
estudo foi desenvolvido com dois grupos de artesãs do Distrito Federal: o Apoena (Vila
Estrutural - DF) e a Cooperativa 100 Dimensão (Riacho Fundo II - DF).
Os resultados mostram que, entre a casa e a rua, é cada vez maior o número de
mulheres que estão buscando reescrever suas trajetórias de socialização de forma a não
sucumbir à exclusão e à invisibilidade social. Em consonância com o pressuposto de que o
trabalho não é apenas gerador de mercadorias, mas, sobretudo, de sociabilidades e identidades
positivamente reconhecidas pelos agrupamentos sociais, explicitamos a existência de um tipo
contemporâneo de trabalhadoras: as mulheres-empreendedoras solidárias. Por fim, a autora
destaca a existência de uma economia popular solidária, que favorece o reconhecimento do
trabalho das mulheres, especialmente daquelas que vivem em situação de vulnerabilidade,
mas empreendem sua força de trabalho na produção e reprodução social.
Forte (2006) apontou os impactos gerados na vida socioeconômica das mulheres das
cidades de Bogotá e Recife, que eram atendidas pelos programas de microcrédito do Banco
Caja Social (Colômbia) e Banco do Nordeste Brasileiro (Brasil). A autonomia gerada pela
criação e desenvolvimento de negócios, que tem por objetivo o sustento da família, são alguns
dos impactos mais importantes observados na pesquisa. Utilizou-se de metodologia
qualitativa de pesquisa, realizando um estudo comparativo entre as duas amostras, que
compreendeu a entrevista com 100 mulheres em cada cidade. O instrumento utilizado foi o
questionário hibrído, contendo perguntas fechadas e abertas, o que possibilitou a análise
estatística e de conteúdo de todas as entrevistas.
O estudo apontou para a necessidade de aperfeiçoamento das tecnologias de micro
crédito, bem como a priorização de programas que envolvam a garantia grupal e a inserção
das mulheres, cujos dados revelados na pesquisa as posicionam como altamente
empreendedoras e dotadas da capacidade de atuarem como agentes ativas da mudança.
52
Na revisão realizada nos anais de eventos científicos como o Congresso
Latinoamericano de Escolas de Administração CLADEA; Encontro de Estudos sobre
Empreendedorismo e Gestão EGEPE, e os promovidos pela Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Administração – ANPAD (Enanpad, Eneo e 3Es) foram localizados
23 artigos.
Machado (1999), teve como objetivo averiguar se a mulher empreendedora possui um
estilo gerencial próprio, analisou as características mais salientes do gerenciamento feminino.
Para tanto, fez uso da análise documental e organizou os dados em quatro categorias: processo
decisório e estilo de liderança; postura face ao risco e comportamento financeiro; estilo
estratégico; e escolhas estratégicas e estrutura organizacional. O comportamento gerencial das
mulheres, conforme mostraram os resultados, seguem uma tendência, que pode ser
caracterizada pela presença de objetivos claros, estruturas simples, comportamento estratégico
inovativo, estilos cooperativos de liderança e grande ênfase em qualidade.
Betiol (2000) preocupou-se em descrever e analisar os perfis de empreendedores
homens e mulheres. Para tanto, construiu algumas considerações sobre a inserção da mulher
administradora no mercado de trabalho. Em sua pesquisa, foram considerados aspectos
relativos à qualificação, estilo de liderança e remuneração das mulheres comparativamente a
seus pares, egressos da mesma instituição de ensino.
Para tais objetivos, utilizou-se como método de pesquisa a aplicação de entrevistas
estruturadas com proprietários/gerentes de pequenas empresas, distribuídas nos seguintes
setores: indústria alimentícia, construção civil, lojas de confecção, empresas de comunicação,
farmácias e escolas privadas. Dados como estilo de liderança, ambiente competitivo e escolha
estratégica foram formatados por perguntas que utilizaram uma escala tipo Likert. Os
resultados mostraram semelhanças no comportamento empreendedor de homens e mulheres
na maioria dos aspectos tratados neste trabalho. No entanto, algumas diferenças significativas
foram encontradas, principalmente associadas com características de estilo administrativo,
relação com o mercado e estratégia adotada pelos empreendedores.
Na pesquisa realizada por Munhoz (2000) foi feita uma análise das abordagens sobre o
estilo de liderança feminino, a partir dos conceitos de feminismo e masculinismo. Nesse
contexto, o autor justifica o fato das mulheres terem que galgar seu espaço como
empreendedoras ou intraempreendedoras para poderem exercer seu estilo natural de liderança,
que diferentemente do estilo tradicional, prima pela inovação. Como resultado se verificou
que as mulheres possuem como principal benefício do seu estilo a sua “não pretensão em
substituir o estilo masculino tradicional, mas, sim, em atuar lado a lado, pois a associação dos
53
estilos de liderança feminino e masculino tenderá a promover tomadas de decisões de melhor
qualidade, maior integração e interação das equipes de trabalho, propiciando a valorização de
uma cultura organizacional onde a diversidade é respeitada”. (MUNHOZ, 2000, p.11).
A questão da comparação entre o estilo gerencial de homens e mulheres é novamente
tema de estudos, desta vez por Pelisson et al. (2001). Com o objetivo de identificar diferenças
por gênero no comportamento empreendedor, foi realizada uma pesquisa nas cidades de
Londrina e Maringá, interior do Paraná. A pesquisa abrangeu o estudo de: a) a história de vida
do empreendedor; b) características pessoais; c) organização; e d) relação indivíduo x
organização. Os resultados apontaram diversas semelhanças no estilo gerencial de homens e
mulheres, contudo diferenças significativas foram encontradas, principalmente associadas
com o estilo administrativo, no qual os homens demonstram uma preferência pela hierarquia e
estrutura formal, enquanto as mulheres articulam a visão da sua empresa de forma partilhada
com os seus subordinados; uma maior valorização do planejamento estratégico se deu por
parte dos homens em comparação com as mulheres. No que tange às diferenças de estratégias,
estas não foram muito significativas, indicando uma orientação maior de eficiência dos
homens em oposição a uma maior preocupação com inovação pelas mulheres.
No estudo desenvolvido por Cramer et al. (2001) o objetivo foi entender as
representações sociais de empresárias sobre o significado de ser mulher no mundo dos
negócios. Para tanto, utilizaram como constructo as representações sociais para apontar como
ocorre a interpretação da realidade dessas mulheres, assim foram elaboradas categorias de
pensamento. Os resultados indicaram que as empresárias possuem características como a
preocupação com as pessoas, administração intuitiva, sensibilidade, percepção do micro sem
perder a visão do macro, maior versatilidade e facilidade de se relacionar, bem como soluções
criativas para os problemas colocados.
Machado (2001) discorreu sobre a atitude de poderes públicos para de inserir mulheres
em pequenos negócios, ampliando as discussões sobre a superação das barreiras arrostadas
por mulheres na condição empreendedora, como as barreiras culturais, as dificuldades em
conciliar trabalho e família e até mesmo restrições na concessão de crédito.
Boscarin, Grzybovski e Migott (2001) investigaram o estilo gerencial da mulher
executiva nas empresas familiares de Passo Fundo (RS). Por meio de questionário
exploratório e de entrevista semi-estruturada, foram pesquisadas 26 executivas das empresas
familiares passo-fundenses. Os resultados mostraram que essas mulheres cultivam valores
como a honestidade, a valorização do ser humano e o companheirismo. Também ficou
evidenciado que elas apresentam um estilo de liderança mais voltado para as pessoas do que
54
para as tarefas, porém são muito orientadas para o poder, assumindo um posicionamento
gerencial mais baseado no modelo masculino de gestão.
Tóffolo (2001) com o objetivo de identificar e analisar o comportamento da mulher
que se dedica à atividade agropecuária, realizou uma pesquisa qualitativa, utilizando o
método do estudo de caso, com mulheres integrantes da Sociedade Rural do Paraná, cujas
propriedades se localizam neste estado e também no Mato Grosso. O estudo abordou a
história de vida da empreendedora agripecuarista a fim de identificar os fatores pessoais,
sociológicos, experiência de vida e profissional que contribuíram para que se tornasse
empreendedora no setor tradicionalmente masculino. Os resultados mostram que a idéia de se
tornar empreendedora está relacionada diretamente a herança recebida por parte dos pais e/ou
do marido.
Quental e Wetzel (2002) buscaram conhecer as questões relativas ao equilíbrio entre
vida profissional e vida pessoal, a partir das percepções de mulheres empreendedoras. Para
tanto foram utilizadas entrevistas em profundidade, o que permitiu a obtenção das
perspectivas relativas ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional de cada entrevistada. As
mulheres pesquisadas estabeleceram seu negócio próprio, consistindo na sua atividade
principal, no estado do Rio de Janeiro, sem possuir outra atividade profissional, podendo ser
as únicas proprietárias do negócio ou possuir sócias também mulheres. Segundo as autoras, as
entrevistadas foram encorajadas a entrar em detalhes, a exprimir sentimentos e crenças e a
relatar características e experiências pessoais. Essa pesquisa constitui-se como uma parte
inicial da pesquisa de Quental (2003). Da mesma forma, os resultados sugerem que o
empreendedorismo pode oferecer certas características de trabalho, como autonomia e horário
flexível, que potencialmente facilitam um melhor equilíbrio entre trabalho e família. Porém,
tais benefícios podem ser compensados pelo aumento do envolvimento com a profissão e do
comprometimento de tempo com o trabalho demonstrado por pessoas donas de seus negócios.
Machado, Janeiro e Martins (2003) com o intuito de identificar as principais
características do estilo gerencial de empreendedoras e a associação entre o estilo gerencial e
o desempenho das empresas, realizaram uma pesquisa com 30 mulheres empresárias, em três
setores diferentes de atividade (10 em indústria, 10 em comércio e 10 em serviço). Os dados
foram obtidos por meio de questionários, sendo que o estilo gerencial foi verificado utilizando
uma escala tipo Likert e a existência de correlação entre estilo e desempenho, através do teste
de Spearman.
Os resultados obtidos destacaram a ênfase na qualidade dos produtos e a preferência
por uma situação financeira sem dívidas, além de confirmarem características do
55
comportamento gerencial de empreendedoras, apontadas em outros estudos. Com relação ao
estilo decisório, a maior preferência apontou para estilos mais racionais, em detrimento de
participativos, que foram mais comumente encontrados em estudos desta natureza. No que se
refere à associação entre estilo e desempenho, diversas associações foram constatadas, no
entanto, a estratégia de valorização de produtos de superior qualidade foi a variável de estilo
que maior número de associações apresentou com as variáveis de desempenho.
Machado, Barros e Palhano (2003) desenvolveram um estudo exploratório,
quantitativo, em cinco cidades do norte do Paraná, com 182 empreendedoras. Neste estudo, as
autoras objetivaram investigar a atuação de empreendedoras brasileiras a partir das seguintes
variáveis: perfil da empresária, porte das empresas e dificuldades de atuação. Os dados foram
obtidos a partir de um questionário e o tratamento estatístico consistiu na análise descritiva
dos dados. Os resultados evidenciaram a contribuição destas empresas para a família e a
carência na oferta de treinamentos em níveis gerenciais, assim como a necessidade de linhas
de financiamento para abertura e desenvolvimento de pequenas empresas, o que pode ser
resumido como a privação de políticas voltadas para a atuação da mulher empreendedora.
Rodrigues e Wetzel (2003) buscaram um melhor entendimento sobre o desconhecido
universo das empreendedoras brasileiras, a partir de três dimensões: as pequenas empresas, as
mulheres trabalhadoras e o setor de serviços. Para tanto, empregaram uma metodologia
qualitativa baseada em entrevistas em profundidade, que envolveu sete mulheres, donas de
serviços de bufês, atendendo à classe média e dia alta do Estado do Rio de Janeiro. A
atividade foi selecionada por ligar-se mais tradicionalmente às mulheres e ao lar. Neste
estudo foram coletados dados relativos às características pessoais, ambiente pessoal, ambiente
de negócios e objetivos pessoais das empreendedoras. Ao final, constatou-se que os aspectos
mais decisivos na motivação das mulheres entrevistadas para o início de seu negócio podem
ser agrupados em três grandes eixos: a cozinha, a decoração e o gosto em lidar com as
pessoas.
Pessoa, Vieira e Sampaio (2003) realizaram um estudo com o intuito de discutir sobre
gênero nos processos de liderança empresarial. O artigo discute o estilo de liderança da
mulher, suas características de atuação, os fatores que o influenciam, nível de reprodução do
modelo masculino de liderar e os possíveis reflexos na dinâmica organizacional. Foram
entrevistadas 118 mulheres ocupantes de cargos de liderança nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil. Os autores elaboraram um quadro de características relativas ao estilo de liderança
feminino, que apresenta algumas divergências em relação a pesquisas anteriores. Os
resultados obtidos mostram que as mulheres ocupantes de postos estratégicos de liderança
56
apresentam uma dinâmica de atuação diferenciada em relação ao modelo de liderança
masculino, apresentando um elenco de características que tendem para o estilo democrático e
direcionado para as pessoas.
Jonathan (2003) empreendeu uma pesquisa em ambientes de produção de
conhecimento, com o intuito de aprofundar a compreensão da dimensão de gênero no
contexto do empreendedorismo brasileiro, analisando o discurso de empreendedoras de
biotecnologia e de tecnologia de informação. Foram entrevistadas 16 proprietárias: dez
mulheres da área de tecnologia da informação e seis da área de biotecnologia, por meio de
questionários semi-estruturados em que foram abordados sete tópicos: 1) motivação e
trajetória empreendedora; 2) facilidades e dificuldades encontradas; 3) definição e medidas de
sucesso; 4) visão de crescimento do negócio; 5) percepção de financiamento do negócio e
capital de risco; 6) redes sociais; 7) significado do papel de empreendedora, em análise
transversal e vertical.
As empreendedoras de alta tecnologia destacaram problemas relativos ao
financiamento de seus negócios, à competição no mercado e à busca de autonomia. No âmbito
pessoal, elas vivenciam certa discriminação de gênero e de idade, além do desafio de buscar o
equilíbrio entre as demandas pessoais, familiares e profissionais. A busca de qualidade e de
crescimento gradual orienta sua forma de gestão empresarial que tende a se caracterizar pelo
exercício de uma liderança interativa bem como pela construção de uma rede social fundada
em parcerias internas e externas.
Macêdo et al (2004), abordaram o processo sucessório em organizações familiares,
com foco na exclusão da mulher neste processo. O estudo foi baseado em organizações
familiares do estado de Goiás, e utilizou-se de entrevistas semi-estruturadas com diretores(as),
gerentes e trabalhadores(as). A análise dos dados deu-se a partir da técnica de análise gráfica
do discurso de Lane (1985). As conclusões apontaram para a exclusão da mulher no processo
sucessório de organizações familiares, motivado pelos traços da cultura brasileira e da cultura
das organizações pesquisadas. O estudo identificou duas formas de exclusão: desconsiderando
desde o início a possibilidade de promover mulheres para cargos de cúpula, ou mesmo
considerando-as no início, mas descartando-as em etapas posteriores. Foram encontradas
algumas mulheres em cargos diretivos nas organizações pesquisadas, no entanto, elas
ocupavam funções consideradas femininas, como marketing e recursos humanos.
Lindo et al (2004) procuraram analisar as estratégias utilizadas por dois grupos de
empreendedoras do Rio de Janeiro como forma de lidar com os conflitos existentes entre a
57
família e o trabalho. A metodologia utilizada foi qualitativa, com vinte entrevistas em
profundidade, sendo dez com donas de creches e outras dez com donas de bufês que atuam na
zona sul da cidade do Rio de Janeiro, atendendo a clientes de classe média e média alta desta
mesma região. Os resultados mostram que algumas características específicas das atividades
exercidas pelas empreendedoras também se constituem em variáveis adicionais interferindo
nesta relação e, conseqüentemente, nas estratégias utilizadas por elas para alcançar este
equilíbrio ou minimizar o conflito.
Rodrigues e Santos (2004) realizaram uma pesquisa com o intuito de identificar e
comparar as principais dificuldades encontradas pelas empreendedoras de serviços de bufês e
de creches da Cidade do Rio de Janeiro na condução de suas atividades, por representarem os
principais fatores condicionantes da mortalidade dos empreendimentos. Utilizando-se de um
roteiro semi-estruturado, as pesquisadoras realizaram 25 entrevistas, durante os anos de 2002
e 2003, sendo 15 delas com donas de serviços de bufês localizados em sua maioria na zona
sul da cidade do Rio de Janeiro e atendendo a clientes de classe média e média alta; e outras
10 com donas de creches com as mesmas características. A análise dos dados foi feita a partir
do software Atlas.Ti.
A principal conclusão refere-se à existência de dois eixos distintos de dificuldades
identificadas pelas empreendedoras: um mais genérico – que estaria mais relacionado ao porte
da empresa (micro e pequenas); e outro mais específico determinado mais diretamente pela
atividade exercida pelas empreendedoras.
Esses dois eixos, por sua vez, se inter-relacionam e interferem na percepção final das
empreendedoras sobre o grau de importância das dificuldades encontradas. As autoras
comentaram que as mulheres empreendedoras brasileiras precisam de ajuda e apoio tanto
antes quanto depois de iniciarem os seus negócios e que, como parte desse apoio, é importante
que sejam desenvolvidos materiais, modelos teóricos e mecanismos de suporte visando
reduzir as desigualdades e desequilíbrios identificados na revisão de literatura (discriminação
financeira, desconhecimento maior de negócios, etc.).
Takahashi, Graeff e Teixeira (2005) delinearam o perfil das dirigentes e analisaram o
planejamento estratégico em escolas particulares de ensino fundamental, em micro e pequenas
empresas na cidade de Curitiba-PR, a partir de um focus group com participação de 13
gestoras de escolas. Os resultados do perfil apontam para conclusões semelhantes aos
identificados em pesquisas anteriores e os dados sobre estratégia demonstram que um
interesse crescente em gestão escolar e uma significativa dificuldade em refletir
sistematicamente sobre as informações em questão, principalmente na análise ambiental.
58
Desta forma, embora limitado em função da amostra, o estudo contribuiu para a formação de
um banco de dados sobre a questão de gênero em empreendedorismo, ressaltando o perfil e os
estilos das mulheres dirigentes.
Mancini e Santos (2005) investigaram as barreiras e os fatores que contribuíram para o
sucesso profissional de mulheres acadêmicas, empresárias e executivas brasileiras. Foram
aplicados 210 questionários para mulheres graduadas e pós-graduadas em posição de
liderança, com o intuito de mensurar as características pessoais e como aconteciam os
processos mentais, a partir dos seguintes aspectos: auto-eficácia, necessidade de realização,
locus de controle e mentoria, com uso da escala Lickert. Os resultados apontaram que essas
mulheres apresentam um alto grau de auto-eficácia, forte necessidade de realização e locus de
controle interno para lidar com barreiras organizacionais e atingir objetivos. Os fatores que
mais contribuíram para o sucesso profissional das mulheres entrevistadas foram: motivação
interna para superar os obstáculos e processo de mentoria como apoio psicológico.
Dias et al (2006) analisaram as representações sociais do sujeito feminino nas
publicações na Revista Exame, vinculado ao espaço social simbolicamente masculino da
empresa. A pesquisa foi feita através do levantamento e análise de reportagens da revista
Exame, que focam a mulher empreendedora”. As autoras sugerem o resgate de uma imagem
tradicional feminina, a produção de uma identidade sincrética da mulher empresária, uma
estratégia discursiva particular que adota uma linguagem tipicamente literária, e a produção e
difusão de modelos ideais de conduta apropriados às exigências da Nova Era do Capital.
Machado (2006) analisou a formação de sucessoras em empresas familiares, a fim de
compreender a inserção de mulheres no processo gerencial da empresa familiar e
conseqüentemente as perspectivas para essas futuras gestoras e para as empresas. O estudo foi
qualitativo, baseado em quatro casos de sucessoras que estão em processo de formação,
atuando em empresas da família. De acordo com a autora, a autonomia é um problema
comumente mencionado em estudos de sucessão, independente do gênero. Porém, os
resultados mostraram que há barreiras relativas à ocupação de determinadas funções na
empresa pelas sucessoras, tanto no aspecto cultural, quanto pela priorização dos herdeiros do
sexo masculino na escolha do papel.
Tendo em vista evidências que se apresentaram com relação a possíveis dificuldades
para as que têm sua família constituída, torna-se interessante o desenvolvimento de estudos
que investiguem comparativamente herdeiras solteiras e casadas. Estudos dessa natureza
podem reforçar a necessidade de adoção de programas de equilíbrio entre trabalho e família
para herdeiros e herdeiras. Do ponto de vista da atuação gerencial, os casos estudados, com
59
exceção de um, resultaram em um envolvimento de tipo profissional, com esforços para
aumentar a visibilidade e se realizar no papel destinado. Mesmo não sendo a área que
gostariam de atuar, elas se esforçam para se preparar para a função a ser desempenhada.
Brunstein e Coêlho Jr. (2006) procuraram analisar as estratégias de que mulheres
executivas utilizam na construção de suas trajetórias profissionais. O estudo foi realizado por
meio de entrevistas em profundidade com mulheres executivas, de uma empresa brasileira da
região sudeste. Os resultados evidenciaram que os mecanismos adotados pelas mulheres para
ascender em um universo de trabalho predominantemente masculino refletem uma forma
peculiar de lidar com a relação de gênero, a qual expressa um jeitinho da cultura brasileira.
Estes estilos referem-se a um comportamento reservado, humilde, mais social ou mesmo
masculinizado.
Cassol, Silveira e Hoeltgebaum (2007) apresentaram a análise dos artigos publicados
nos periódicos científicos nas áreas de administração e de negócios, na base de dados do
Institute for Scientific Information (ISI), no período de 1997 a 2006. A pesquisa caracterizou-
se como exploratória, com método qualitativo, do tipo documental e bibliográfica. Os artigos
localizados foram categorizados e classificados quanto às dimensões: a) individual (o
empreendedor); b) a organização (o negócio criado); c) o processo (atividades prévias
anteriores ao startup) e d) o ambiente (fatores externos), de acordo com o modelo selecionado
na literatura da área, sendo este o de Gartner (1985). As autoras relataram que as dimensões
individual e ambiente o as mais constantes na produção científica analisada, seguida das
dimensões ambiente e processo. Apresentaram uma série de características empreendedoras
relacionadas ao gênero feminino, fruto dos trabalhos revisados nesta literatura internacional.
Outros estudos desenvolvidos por Hilka Vier Machado também apresentam relevância
para esta pesquisa e devem ser mencionados, de forma mais destacada.
A concepção de valores relacionados à função empreendedora da mulher empresária
foi a temática de uma pesquisa desenvolvida por Machado (2000a). Neste estudo qualitativo,
realizado em cinco cidades do Paraná, foram entrevistadas nove mulheres com tempo de
atividade empreendedora variável. Os resultados mostram que para as mulheres com menor
tempo de atividade, o sucesso está relacionado ao dinheiro e aos objetivos atingidos. Já para
as mulheres com maior tempo de atividade, o equilíbrio entre vida familiar, trabalho e amigos
é determinante para o sucesso.
Outro resultado refere-se à auto-percepção que está mais concentrada em aspectos
relacionados ao sucesso, sendo que elas se dizem detentoras de intuição, ousadia e
praticidade, e entre os ensinamentos que gostariam de transmitir para novos empreendedores,
60
constam aspectos como persistência, postura realista diante do empreendimento, entusiasmo,
dedicação intensa, busca contínua de informação, pesquisa de mercado, fazer o que gosta e
cuidar da auto-estima. Outros dois aspectos, relacionados à concepção positiva e negativa do
papel empreendedor foram levantados. No aspecto positivo contam: justiça, força,
perseverança, honestidade, ponderação, companheirismo, coragem, liberdade, ousadia,
criatividade, fraternidade, lealdade, vontade, garra, equilíbrio pessoal e afetividade. Já a
concepção negativa revela atitudes como: enganar, roubar, prejudicar alguém, impulsividade,
inveja e falta de autocontrole.
Em outro estudo, realizado com sete mulheres empreendedoras também no estado do
Paraná, Machado (2000b) analisou o comportamento empreendedor das mulheres a fim de
compreender as dificuldades enfrentadas por elas no desempenho deste papel. Os resultados
mostraram que elas possuem forte interação com o trabalho que realizam, e buscam suporte
emocional dos maridos, dos amigos ou na religião, para manter o equilíbrio necessário para o
desenvolvimento adequado de suas atividades, e por conseqüência, das empresas. As
experiências das entrevistadas como empreendedoras variou de 5 a 20 anos e elas
confirmaram que para promover o crescimento de suas empresas, tiveram que fazer algumas
renúncias pessoais como por exemplo o acompanhamento do crescimento dos filhos, os
cuidados com a saúde e com o corpo. O estudo concluiu ainda que o “preço do sucesso” está
relacionado à grande dedicação por parte destas mulheres, o que representou necessidade de
afeto e de barganhas na vida pessoal.
Machado et al (2002) também procuraram identificar diferenças significativas no
comportamento de mulheres e homens empreendedores na gestão de empresas. O estudo
realizado no Paraná e intitulado “Female and Male Entrepreneurs’ Managerial Behavior: a
Brazilian Study”, analisou um número maior de variáveis, de modo que os resultados
puderam representar uma contribuição maior para os estudos na área, uma vez que os estudos
até então realizados empregam um pequeno número de variáveis. Os resultados mostraram
similaridade de comportamento para a maioria das variáveis, embora algumas diferenças
tenham sido associadas ao estilo de gestão, a relação com o mercado e as estratégias adotadas
pelos empresários. As autoras concluíram que as variáveis contextuais como cultura,
economia, valores e processo cognitivo provavelmente interferem na determinação do estilo e
comportamento empreendedor adotado por homens e mulheres.
Em outro estudo, Machado e Rouleau (2002) compararam a identidade social de
mulheres empreendedoras brasileiras e canadenses, buscaram saber a quais grupos sociais elas
pertenciam, quais os valores, as convicções e os símbolos que traziam no coração de sua
61
identidade social e identificar possíveis diferenças entre empreendedoras brasileiras e
canadenses quanto a estes aspectos.
Para tanto, foram analisados ao todo oito casos, dos quais quatro em cada país, e
concluíram que, genericamente, as empreendedoras são semelhantes nos dois países. No
entanto, foram constatadas interpretações diferentes quanto ao sucesso ou fracasso de suas
práticas empresariais. Ambas mostraram uma visão positiva de si mesmas como
empreendedoras. As mulheres procuram equilibrar o papel de mãe e o papel de
administradora, tanto no Brasil como no Canadá, representando a busca de integração do
universo pessoal ao mundo de trabalho. Brasileiras e canadenses, preocupam-se com a
satisfação das outras pessoas envolvidas no empreendimento. Para as brasileiras, o
empreendimento parece muito importante e tem alto valor emocional. As diferenças mais
significativas entre os dois países referem-se à concepção de sucesso e fracasso. A concepção
de sucesso para a brasileira é mais emocional que para a canadense, para esta, o sucesso está
associado mais à administração eficiente. Os resultados mostram ainda que a cultura está
associada à identidade social da empreendedora e que os espaços sociais de ação são
fundamentais na construção das representações sociais.
Machado et. al. (2003) realizaram estudo voltado para a questão da criação de
empresas por mulheres. A análise partiu da constatação de que muitas das pesquisas sobre o
empreendedorismo feminino não têm aprofundado aspectos acerca da criação de empresas por
mulheres, explorando apenas perfil geral e gerencial das mulheres ou de suas empresas. Por
meio de pesquisa exploratória, o estudo se propôs a investigar o processo de criação de
empresas por mulheres empreendedoras, a partir da análise de 90 empresas, sendo 30 em cada
um dos países: Brasil, Canadá e França.
O estudo discute o processo de criação de empresas, a partir das razões para iniciar os
negócios, os fatores antecedentes à empresa e as formas de criação, ou seja, as origens do
capital inicial e constituição jurídica. Os resultados indicam que a razão predominante para
criação da empresa foi a realização pessoal, seguida da visão de oportunidade de mercado e
insatisfação no emprego. O tempo médio de experiência profissional prévia ficou em torno de
9 anos, e para 41% das empreendedoras estudadas, verificou-se a existência dos pais como
modelos de empreendedores. Quanto à constituição jurídica das empresas, a forma
predominante foi a sociedade, principalmente com o marido ou pessoas da família.
Por fim, Machado (2003) se preocupou em mensurar aspectos relacionados às
questões de gênero na sucessão familiar e respectivas implicações para estudos sobre
empresas familiares, o que foi mais especificamente estudado em Machado (2006).
62
Outros estudos também podem ser destacados nesta revisão, como o de Bonilha e
Ichikawa (2003), Jonathan (2005), Lages (2005a, 2005b), Schenatto; Lezana (2001) e
Miranda, Silveira e Cassol (2006).
Buscando saber mais sobre as questões de gênero, Bonilha e Ichikawa (2003)
realizaram estudo voltado a analisar o perfil de mulheres cientistas que trabalham num
ambiente tipicamente masculino: o da pesquisa agropecuária. Tomou-se como objeto de
estudo o IAPAR Instituto Agronômico do Paraná, responsável pela geração e adaptação de
novas tecnologias na busca pela melhoria do processo de produção agropecuária do estado. A
metodologia adotada foi o estudo de caso, com caráter exploratório. O instrumento de
pesquisa utilizado foi o questionário, aplicado à 19 pesquisadoras, das quais 13 responderam.
Os resultados da pesquisa apontaram que as mulheres representam cerca de 15% do
total de pesquisadores do IAPAR, sendo 37% delas casadas, 37% solteiras, 21% desquitadas e
5% viúvas. Das entrevistadas, apenas duas possuíam experiências anteriores na pesquisa
agropecuária e 11 declararam ter exercido cargo de chefia dentro do IAPAR. Todas as
entrevistadas declararam que não existem áreas mais apropriadas para homens ou mulheres
pesquisadores, embora nove das 13 declarasse ter sofrido discriminação no trabalho pelo
fato de ser mulher e sete declararam que as mulheres são mais cobradas em termos de
produtividade. Acreditam que a maternidade não compete com o trabalho científico, mas
acreditam que os homens recebem mais convites para consultorias externas do que as
mulheres. De forma geral e conclusiva, grande parte das pesquisadoras acha que a questão de
gênero não é relevante no meio científico, porém sentem preconceito de seus pares nas
atividades cotidianas e percebem que os cargos-chave no mundo da ciência são ocupados por
homens.
Jonathan (2005) pesquisou os aspectos psicológicos envolvidos no empreendedorismo
feminino brasileiro, analisando as inquietações e o bem-estar subjetivo de mulheres
empreendedoras. Foram entrevistadas em suas empresas, 49 mulheres (proprietárias de
variados negócios) do Rio de Janeiro. Foi empregada uma medida de auto-avaliação
Inventário de Qualidade de Vida - Quality of Life Inventory QOLI de Frisch (1992, apud
JONATHAN, 2005).
Os resultados mostraram que as empreendedoras compartilhavam uma boa qualidade
de vida, fundamentada principalmente na satisfação com o trabalho, com os filhos e com o
auto-respeito. Os dados evidenciaram que os múltiplos papéis desempenhados pelas
empreendedoras possuem relevância semelhante. A análise qualitativa das entrevistas revelou
que as empreendedoras são destemidas e autoconfiantes, embora preocupadas com questões
63
financeiras e com o crescimento das empresas. Auto realizadas, apaixonadas e identificadas
com seus empreendimentos, as empreendedoras se percebem num processo contínuo de
conquistas. Dificuldades relativas à discriminação de gênero e à multiplicidade de papéis,
bem como os demais dados, são discutidos à luz da literatura sobre empreendedorismo
feminino.Também foram identificadas fontes de insatisfação relacionadas à ação cívica,
recreação e ação social, qualificação dos funcionários, retorno financeiro e ações
governamentais, dimensões estreitamente ligadas ao espaço vital das empreendedoras.
Lages (2005a) retratou os desafios do empreendedorismo feminino, especificamente
no que tange às dificuldades das mulheres menos favorecidas na condução de projetos
geradores de renda. Segundo a autora, o desejo por um projeto profissional e pela
emancipação feminina, o desemprego do cônjuge ou a necessidade de aumentar a renda
familiar têm levado a mulher para o mercado de trabalho. No entanto, esta inserção não é
rápida, nem sem empecilhos. Todavia, se as mulheres mais favorecidas economicamente
encontram meios para vencer as barreiras aos seus projetos de dirigirem seu próprio negócio,
a situação se agrava e se torna mais complexa quando diz respeito às iniciativas das mulheres
menos favorecidas em efetivar sua emancipação social e independência econômica, através de
negócios de geração de renda.
É neste aspecto que se concentra o estudo de Lages (2005b), propondo uma reflexão
sobre as dificuldades encontradas por mulheres em vencer a pobreza através de atitudes
empreendedoras. Esta reflexão acerca das práticas que possibilitam a integração das mulheres
pobres ao mercado de trabalho, através de iniciativas empreendedoras, passa por uma série de
transformações, a maioria delas, sob influência de aspectos culturais. Estes aspectos, que
500 anos colocam a mulher brasileira desempenhando papéis sociais ligados à área doméstica,
como a responsabilidade pela educação dos filhos, saúde e equilíbrio familiar, cuidados com a
redução das despesas, com a alimentação, com a higiene, com o vestuário e outras tarefas
domésticas. Estes estereótipos, além de outras conseqüências, dificultaram as iniciativas das
mulheres pobres em empreender atividades geradoras de renda e emprego, frente à uma
cultura patriarcal brasileira e limitações impostas pelo próprio Estado, que atrelado às relações
de poder masculino, cria empecilhos para o avanço destas iniciativas. A autora propõe ações
de reflexão como fundamentais para o avanço do empreendedorismo feminino.
Quanto às comunidades empobrecidas, propõe mudanças, tanto nos canais que
reproduzem de forma estereotipada os papéis femininos na sociedade, como nas políticas
econômicas, que devem adequar seus planejamentos de crédito de forma a estarem
64
condizentes com a realidade destas mulheres. A autora acredita que somente dessa maneira é
possível pensar em mulheres pobres e desenvolvimento sustentável
No que se refere ao intraempreendedorismo em IES, apenas um artigo foi localizado.
Schenatto; Lezana (2001) publicaram um artigo no Congresso Brasileiro de Ensino de
Engenharia, em que eles discutiram sobre as características empreendedoras de professores
em uma instituição de ensino, denominada Unidade de Pato Branco do Centro Federal de
Educação Tecnológica do Paraná CEFET-PR. Baseados em uma abordagem
comportamental, os autores buscaram identificação dos aspectos subjacentes ao processo
comportamental da ação empreendedora, enfocando sua incidência e formas de manifestação
nos profissionais da educação superior de instituições públicas federais, considerando sua
relevância para a sobrevivência dessas organizações, bem como os aspectos causais do
“status” empreendedor apresentado pelos entrevistados.
Os resultados mostram que os docentes entrevistados apresentam as habilidades
necessárias à ação empreendedora, mas não são providos de ambição e necessidade de poder e
status para exercer a plenitude de sua capacidade empreendedora. Foram encontrados níveis
intermediários de necessidade de independência e autonomia e altos níveis de flexibilidade e
criatividade, respectivamente, mas a identificação de novas oportunidades e a capacidade de
persuasão não se mostraram como pontos fortes entre os docentes pesquisados.
Miranda, Silveira, Cassol (2006), publicaram um artigo que é parte integrante de um
projeto maior, no qual estudou as mulheres gestoras em uma IES da região do Vale do Itajaí,
em Santa Catarina, Brasil. A pesquisa foi exploratória, com método qualitativo, realizada por
meio de entrevista, com um roteiro básico, sendo respondida por 46 gestoras da IES
pesquisada. Os resultados mostram que estas gestoras caracterizam-se, em sua maioria, como
mulheres com mais de 40 anos, tituladas como mestres e/ou doutoras, tendo até dez anos de
trabalho na instituição. As gestoras foram questionadas também em relação aos fatores de
sucesso em uma IES, em que consideram necessários, principalmente, a educação continuada
e a busca de informação e de conhecimento.
Com base nos principais trabalhos revisados é possível afirmar que, ao que tudo indica,
o tema do empreendedorismo feminino em instituições de ensino superior, não foi ainda
suficientemente tratado, apesar da importância deste tipo de organização para a sociedade, e
do número crescente de instituições voltadas para o ensino superior bem como do crescente
número de mulheres nestas instituições. Da mesma, forma esta fundamentação, ao mesmo
tempo em que justifica o interesse por esta pesquisa, reforça o entendimento de que o
65
empreendedorismo feminino é tema relevante para todos os tipos de organização, e não
somente para as pequenas e médias empresas, ampliando o contexto de estudo, nesta temática.
2.3 O INTRAEMPREENDEDORISMO
Um aspecto relacionado ao empreendedorismo diz respeito ao empreendedor que não
é proprietário do negócio, sendo denominado como empreendedor corporativo ou
intraempreendedor.
A palavra intraempreendedorismo foi usada pela primeira vez por Pinchot III, na
década de setenta. O termo refere-se a este empreendedor interno, ou seja, aquele que é capaz
de empreender, mesmo não sendo proprietário do negócio. (PINCHOT III, 1989). Embora o
termo tenha quase 20 anos, pouco se tem pesquisado sobre o assunto. Numa busca realizada
em 12 bases no Portal de Periódicos da CAPES, apenas sete delas reconhecem o termo
“intrepreneurship”. Entre os estudos selecionados, destacam-se os que seguem.
Filion (2004) desenvolveu uma pesquisa de campo divida em duas etapas. A primeira
propõe um modelo de desenvolvimento da visão para que os intraempreendedores se tornem
mais inovadores. A segunda etapa propõe práticas administrativas como o estabelecimento de
critérios de seleção a serem usados durante o recrutamento, assim como um contrato
psicológico no qual o comportamento intraempreendedor esperado deverá estar claramente
definido. Para Filion (2004) “a ação empreendedora é visionária enquanto a ação
intraempreendedora é visionista, podendo ser adotada e até mesmo incentivada por
administradores visionários, o que facilita o progresso ou a ampliação da visão central”. De
acordo com o autor, a adoção do visionismo faz com que as organizações desenvolvam uma
cultura na qual todos estejam comprometidos e progridam, contribuindo, portanto, para o
progresso da organização em si.
Pinchot III (1989, p. 17) destaca dez mandamentos para o intraempreendedor ser
atuante e produzir resultados efetivos tanto para si quanto para a organização, características
que contemplam o objetivo de que o intraempreendedor deve demonstrar sua atividade na
organização:
I. Vá para o trabalho a cada dia disposto a ser demitido.
II. Evite quaisquer ordens que visem interromper seu sonho.
III. Execute qualquer tarefa necessária fazer seu projeto funcionar, a
despeito de sua descrição de cargo.
IV. Encontre pessoas para ajudá-lo.
66
V. Siga sua intuição a respeito das pessoas que escolher e trabalhe
somente com as melhores.
VI. Trabalhe de forma clandestina o ximo que puder a
publicidade aciona o mecanismo de imunidade da corporação.
VII. Nunca aposte em uma corrida, a menos que esteja correndo nela.
VIII. Lembre-se que é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão.
IX. Seja leal à suas metas, mas realista quanto às maneiras de atingi-
las.
X. Honre seus patrocinadores.
Para Filion (2004, p.65), os intraempreendedores são pessoas que podem gerar
mudanças nas organizações. Nesse contexto, Pinchot III (1989) abordou as características dos
intraempreendedores, afirmando que eles também são visionários, sentem necessidade de agir,
são dedicados, estabelecem metas, determinam altos padrões internos, superam erros e
fracassos, admitem riscos, possuem lealdade aos objetivos em longo prazo do negócio,
embora estejam fazendo parte de uma organização como gerentes, funcionários, etc.
Pinchot III (1989, p.44) conclui suas considerações sobre as características do
intraempreendedor assim se expressando:
A maior parte das peculiaridades da personalidade do intrapreneur
pode ser entendida considerando-se as pressões de se combinar, em
uma pessoa, um forte visionário e um executor insaciável, que não
pode descansar até que sua visão esteja manifestada na Terra assim
como o está em sua mente.
No entanto, Guilhon e Rocha (1999) afirmam que o ambiente é fundamental para que
se desenvolva o intraempreendedorismo. Os autores defendem que a empresa deve prover de
estímulo e apoio ao empregado, por meio de recursos colocados à sua disposição, para que as
idéias se transformem em produtos e serviços bem sucedidos.
Dornelas (2003, p.66), ao traçar uma diferenciação entre gerentes tradicionais e
intraempreendedores, aponta as seguintes características para o intraempreendedor:
motivação, horizonte de tempo, modo de agir, habilidades, atitude sobre seu destino
autocontrole, foco, atitude sobre assumir riscos, uso de pesquisa de mercado, atitude sobre
status, atitudes sobre falhas e erros, estilo de tomada de decisão, serve a si, aos clientes e aos
superiores, atitude em relação ao sistema, estilo de resolução de problemas, relações
interpessoais.
Hisrich e Peters (2004, p. 61) também se dedicaram à organização das diferenças entre
o gerente tradicional, o empreendedor e o intraempreendedor, que podem ser visualizadas no
quadro 4. Para os autores, o intraempreendedor pode ser considerado um “meio termo” entre
67
o empreendedor e o gerente tradicional. Embora ele integre a estrutura de uma empresa, o
aspecto da realização está muito mais presente na dinâmica das suas atividades do que para o
gerente tradicional. Enquanto o gerente tradicional tenta evitar erros, preocupa-se com o
status e busca realizar os objetivos de terceiros para assim prover o seu sustento, o
intraempreendedor assume riscos moderados, quer independência e procura realizar o seu
sonho, contando com a estrutura de terceiros, que são os que provêem o seu sustento.
Gerente Tradicional Empreendedor Intra-Empreendedor
Motivações
principais
Promoções e outras compensações
coorporativas tradicionais, como
escritório, auxiliares e poder.
Independência,
oportunidade de criar e
dinheiro.
Independência e capacidade de
avançar nas compensações
coorporativas.
Orientação
de tempo
Curto prazo: atingir cotas e
orçamentos semanais, mensais e
trimestrais, além do planejamento
anual.
Sobrevivência e
crescimento do negócio
em cinco ou dez anos.
Meio-termo entre gerentes
tradicionais e empreendedores,
dependendo da urgência em atingir
o cronograma cooperativo auto-
imposto.
Atividade Delega e supervisiona mais do que
se envolve diretamente.
Envolvimento direto. Mais envolvimento direto do que
delegação de tarefas.
Risco Cuidadoso. Assume riscos
moderados.
Assume riscos moderados.
Status Preocupação com símbolos de
status.
Nenhuma preocupação
com símbolos de status.
Sem preocupação com símbolos de
status tradicionais deseja a
independência.
Falhas e
erros
Tenta evitar erros e surpresas. Lida com erros e falhas. Tenta esconder projetos arriscados
até que estejam prontos.
Decisões Geralmente concorda com os que
têm cargo na administração
superior.
Segue o sonho com
decisão.
Capaz de fazer com que os outros
concordem em ajudar a realizar
seu sonho.
A quem
serve
Aos outros. A si e aos clientes. A si, aos clientes e aos
patrocinadores.
História
familiar
Membros da família trabalham em
grandes organizações.
Experiência empresarial
em pequena empresa,
profissional ou em
fazendas.
Experiência empresarial em
pequena empresa, profissional ou
em fazendas.
Relaciona-
mento com
os outros
Hierarquia como relacionamento
básico.
Transações e acordos
como relacionamento
básico.
Transações dentro da hierarquia.
Quadro 4 – Diferenças entre gerentes tradicionais, empreendedores e intraempreendedores
Fonte: HISRICH, Robert D; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2004, p. 61.
Finger Junior (2005) afirma que o intraempreendedorismo depende do ambiente, ou
seja, da situação criada pela organização para que haja a ação inovadora do
intraempreendedor. Filion (2004) destaca duas ações fundamentais das pessoas para serem
intraempreemdedoras: comprometidas com o que fazem e capazes de sustentar a continuidade
das suas ações.
68
Assim como Dornelas (2001) apresentou uma forma seqüencial e estruturada para o
processo empreendedor, Pinchot e Pellman (2004, p.43) abordaram as características que
devem constar em um programa de intraempreendedorismo:
a) compartilhamento de estratégia de negócios que requer inovação e a orienta;
b) criação de canais de implementação para intraempreendedores com idéias
alinhadas com a estratégia;
c) apoio à criação de intra-empresas com patrocinadores, treinamento e
supervisão;
d) diagnóstico e aperfeiçoamento do clima para inovação.
Para Finger Junior (2005, p. 56), o verdadeiro espírito intraempreendedor consiste em
não apenas “assumir o risco pela ação a ser desenvolvida, mas também é fundamental
coordenar e integrar a equipe que fará parte do projeto”.
O intraempreendedorismo também é um tema pouco pesquisado, embora esteja em
ascensão, suas publicações apresentam-se ainda de maneira bastante tímida. Entre as
publicações do Portal de Periódicos da Capes, destacam-se algumas.
Com base no estudo de três casos, Richardson (2005) discutiu o que é necessário para
ser um intraempreendedor de sucesso. A autora argumenta que, embora o intraempreendedor
tenha características muito semelhantes às de um empreendedor, ele tem a segurança de saber
que a empresa proverá os recursos necessários para suas realizações e ainda lhe paga um
salário, mesmo que a iniciativa não seja tão próspera quanto o previsto. No entanto,
Richardson (2005) destaca que mesmo assim riscos, uma vez que uma iniciativa
malsucedida poderá prejudicar drasticamente a carreira do intraempreendedor. O legado
deixado na empresa, mesmo após a saída do intraempreendedor, parece um grande motivador
para que os riscos sejam assumidos, além das recompensas financeiras.
Num estudo que se desenvolveu ao longo de cinco anos, entre 1995 e 2000, Brunåker
e Kurvinen (2006), analisaram o processo de mudança organizacional de uma empresa
multinacional, e concluíram que o intraempreendedor possui um papel pró-ativo neste
processo. Ou seja, ele não atua como um agente de mudança, mas inicia e dirige o processo de
criar interpretações acerca de tal evento.
Longnecker e Eesley (2006) afirmam que quando os líderes organizacionais
começarem a criar e desenvolver um local de trabalho que motive criatividade, inovação,
autorização, ação e responsabilidade por desempenho melhor, muitas coisas positivas podem
acontecer. Um destes resultados positivos pode ser um aumento do nível de
intraempreendedorismo, que para os autores pode ser entendido como a prática de criar
69
produtos empresariais novos e oportunidades em uma organização por autorização pró-
atividade. Ou seja, a organização deve estar sustentada numa cultura de autorização de mão-
de-obra e ação; recompensar as idéias que geram resultados e progresso, promover acesso às
informações de clientes e correntes e comunicações internas; apoio e compromisso aos
empregados de todos os níveis, e o encorajamento contínuo à geração de novas idéias e às
ações de risco.
Os autores afirmam que numa atmosfera de confiança nutrida por altos níveis de
comunicação e cooperação, gerentes podem criar oportunidades internas para empregados
aplicarem seu conhecimento em contextos diferentes, desenvolvendo novas habilidades,
aumentando o comprometimento com a empresa, possivelmente oportunizando o
intraempreendedorismo.
Kenney e Mujtaba (2007) discutiram empreendedorismo, intraempreendedorismo e
empreendedorismo corporativo sob vários aspectos da literatura, além de uma entrevista com
um experiente intraempreendedor e o know how dos autores. A partir do cruzamento destas
informações foi possível concluir que o maior desafio para as corporações consiste no
desenvolvimento de uma cultura empresarial, que seja colaboradora e cooperadora e, por
conseqüência, intraempreendedora.
Entre os estudos brasileiros que abordam especificamente o intraempreendedorismo,
destacam-se Uriarte (2000), Finger Junior (2005), Machado (2005), Pereira (2006), Silva
(2006), Souza (2006) e Hartman (2006).
Uriarte (2000) propôs um modelo de avaliação de perfil intraempreendedor, embasado
pela psicologia. Este modelo, conforme o autor, foi elaborado a partir da teoria em
empreendedorismo, intraempreendedorismo e comportamento humano e é composto por 50
questões que avaliam o índice e intraempreendedorismo do respondente.
Finger Junior (2005) abordou o intraempreendedorismo na gestão pública. Seu estudo
teve como objetivo geral estudar o perfil dos gestores públicos intraempreendedores dos
municípios que integravam a Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense
(AMAUC) e da Associação dos Municípios do Meio Oeste Catarinense (AMMOC), na
Região Oeste de Santa Catarina. Os gestores foram estudados a partir das suas ações
intraempreendedoras que tiveram reflexo no desenvolvimento econômico e social de seus
municípios. Assim, foram identificadas, nas duas microrregiões estudadas, quatro ações:
Projeto Frango Verde, Construção do Complexo Turístico Thermas de Itá, Projeto de
Irrigação e Projeto de Criação de Agroindústrias.
70
Primeiramente, a pesquisa utilizou-se de uma abordagem qualitativa por meio do
método multicaso e, posteriormente, no momento da coleta de dados, numa abordagem
quantitativa. Os resultados revelaram que as ações estudadas possuem como balizador o
reflexo socioeconômico nos municípios que desenvolveram essas ações. Outro aspecto
importante foi que os gestores públicos envolvidos nas ações abordadas possuem o perfil do
gestor intraempreendedor ou que se aproximam das características intraempreendedoras.
Machado (2005) investigou a relação entre os fatores críticos de sucesso indicados
pelos teóricos referenciais do intraempreendedorismo e os aplicados pelas organizações ditas
de gestão intraempreendedora. Para tanto, fez um levantamento em organizações que
aplicavam o processo de empreendedorismo corporativo para saber quais foram os diversos
caminhos que as organizações iniciaram para a implantação de uma gestão
intraempreendedora. Os resultados obtidos demonstraram a aplicação dos fatores de sucesso
considerados mais importantes para a maior participação dos indivíduos por meio de uma
gestão intraempreendedora, seus fatores positivos e limitadores para sua implantação.
Pereira (2006) constatou maior incidência de atitudes intraempreendedoras do que
empreendedoras num grupo de estudantes do curso de Administração em uma IES no Paraná.
Durante o curso, os alunos tendem a apresentar atitudes mais voltadas à gestão e à
persistência do que às atitudes de inovação e prospecção (PEREIRA, 2006). O objetivo do
estudo foi verificar as contribuições do curso de graduação em administração nas atitudes
empreendedoras dos discentes. Os dados foram coletados primeiramente por meio de uma
survey aplicada a uma amostra de 378 alunos do curso de Administração de Empresas. A
partir dos dados coletados, foi organizado um questionário com perguntas semi-estruturadas
realizadas com a direção, a coordenação e professores do curso. E, por fim, foi realizada a
análise de conteúdo do projeto pedagógico e das ementas das disciplinas.
Silva (2006) teve como objetivo principal investigar as possíveis diferenças de perfil
entre empreendedores (proprietários de franquias) e intraempreendedores (gestores
corporativos), de uma empresa distribuidora de produtos para a saúde. Os dois grupos foram
comparados quanto às Características Comportamentais Empreendedoras de McClelland. A
metodologia utilizada foi um estudo de caso descritivo, que utilizou as técnicas quantitativa e
qualitativa. Foram também examinadas as diferenças entre os grupos quanto à percepção de
seus níveis de empreendedorismo e os significados de empreendedorismo e
intraempreendedorismo. Os resultados mostraram que não diferenças comportamentais
significativas entre os dois grupos. No entanto, os gestores corporativos apresentaram uma
tendência a um maior nível de ‘exigência de qualidade e eficiência’ e ‘planejamento e
71
monitoramento sistemáticos’, em relação aos franqueados. Ambos também atribuíram mais
significados ao conceito de empreendedorismo do que ao de intraempreendedorismo, o que
sugere uma maior compreensão do primeiro conceito.
Souza (2006) apresentou as principais características intraempreendedoras, e alguns
fatores relacionados à criação e sustentação de uma cultura empreendedora dentro das
empresas. Inicialmente, foi realizado um levantamento das características
intraempreendedoras com o grupo de atendimento ao cliente de uma empresa de energia do
Rio de Janeiro, que comprovou a teoria de que tais características podem estar presentes em
qualquer pessoa da empresa, independente do trabalho que executa. A autora também
concluiu que a existência de um ambiente intraempreendedor na empresa é fundamental para
viabilizar a atuação dos intraempreendedores.
Hartman (2006) procurou desenvolver e testar uma metodologia para avaliar o nível de
cultura intraempreendedora das organizações. O trabalho foi desenvolvido através de uma
pesquisa de campo, realizada em cinco empresas industriais manufatureiras, as quais se
encontravam entre as maiores em nível de faturamento da cidade de Ponta Grossa-PR, com o
intuito de testar e validar a metodologia desenvolvida. Os resultados mostraram ser possível
avaliar o nível de cultura intraempreendedora de uma organização por meio do modelo
adotado. Como resultados secundários, a pesquisa constatou que as empresas da amostra, em
sua maioria, ainda não possuem um nível de cultura intraempreendedora adequado.
2.3.1 O Ambiente Complexo e Intraempreendedor das IES
As IES, de maneira, geral são classificadas como organizações complexas. Para se
compreender a complexidade da gestão universitária, os pesquisadores que abordam esta
temática enfatizam aspectos como, por exemplo, o alto grau de autonomia dos professores, a
dependência de habilidades individuais, a falta de planejamento, a diversidade e a falta de
clareza nos objetivos, a improvisação das ações, entre outros (BALDRIGE, 1971; 1982;
MINTZBERG 1991; 1993; HARDY; FACHIN, 1996; LANZILLOTTI, 1997; SILVA 2002;
SILVA; MORAES, 2002; ANDRADE, 2002; MARRA; MELO, 2003; KANAN; ZANELLI,
2003; RIZZATTI; DOBES, 2004; ANDRADE 2006; MEYER JR.; MANGOLIN, 2006).
Hardy e Fachin (1996), num estudo com seis IES sobre gestão estratégica na
universidade brasileira, encontraram na literatura quatro modelos de “governança” no sentido
72
do processo decisório, que por sua vez definem o tipo de gestão. Os modelos apresentados
são: o burocrático caracterizado pela padronização de habilidades e procedimentos;
autonomia das subunidades; organização burocrática e organização acadêmica; o colegiado
baseado na burocracia profissionalizada, na qual o poder centralizado é colocado contra o
poder descentralizado da especialização e do conhecimento; o político – que enfatiza o
conflito e a negociação de grupos de interesse; e a anarquia organizada que se constitui no
poder disperso, objetivos ambíguos, desinteresse, falta de meios efetivos de controle e
atividade política ineficaz.
Predominantemente, percebe-se que, até pouco tempo atrás, as universidades
adotavam basicamente os modelos estruturais criados a partir da reforma universitária de
1968, que eram destinados às Instituições Federais de Ensino Superior – IFES e que acabaram
sendo seguidos por IES municipais, estaduais e até privadas. (HARDY; FACHIN, 1996).
Dougherty (1998) explicou que a falta de inovação no campo das organizações complexas
pode ser atribuída a uma característica específica destas organizações, uma vez que estas têm
dificuldade de inovar em virtude das tensões geradas e que são difíceis de serem acomodadas.
Nas novas instituições, no entanto, pressupõe-se que maior agilidade para inovações, uma
vez que estas instituições parecem estar mais voltadas ao mercado, visando a lucratividade do
negócio, e não possuem os “vícios” das instituições historicamente consolidadas. Por outro
lado, o conservadorismo não necessariamente é o inibidor da inovação. Nos EUA, de acordo
com Meyer (2000, p. 141), “as instituições mais bem sucedidas na área de marketing são as
cristãs conservadoras, que possuem uma especialidade definida, e que conseguem, assim,
atrair bons alunos”.
Andrade (2002, p. 15) sintetiza a complexidade das IES quando diz que:
- as universidades possuem, geralmente, suas metas institucionais definidas de uma
maneira muito ampla, o que dificulta a definição e a operacionalização de
objetivos;
- seus profissionais possuem um elevado grau de autonomia sobre suas atividades;
- a complexidade de sua tecnologia impede que esta seja desenvolvida de uma
forma padronizada e racional,;
- sua estrutura é fragmentada e pouco sujeita a controles formais e está à mercê de
conflitos de diferentes naturezas; e
- seus processos de tomada de decisões estão disseminados ao longo de um grande
número de unidades e atores.
Bertucci (1999) concluiu que os decisores, em todos os veis, aparecem como
intermediários entre o ambiente e a organização. Assim, a performance da organização será
diretamente influenciada pela forma como os decisores/gestores percebem e compreendem a
73
universidade, como articulam e iniciam processos e a maneira como incentivam e gerenciam
as unidades organizacionais.
Silva, Cunha e Possamai (2001) constataram que os gestores universitários não estão
preparados para administrar e carecem de formação específica. Silva e Moraes (2002)
corroboram com este entendimento e esclarecem que, de maneira geral, os gestores em IES
aprendem fazendo, ou seja, ao longo da gestão, os coordenadores vão acumulando
conhecimento do que é a gestão de universidade. Da mesma forma, Meyer e Mangolim
(2006) concluíram, no estudo da gestão de IES privadas, que as decisões são tomadas a partir
de situações emergentes, ou seja, fora de um planejamento, sendo que as estratégias não são
programadas e o que predomina é o amadorismo gerencial.
Estudos realizados por Walter et al (2005; 2006) em IES de Santa Catarina e Oeste do
Paraná, revelaram que os gestores estão, na maioria dos casos, mais focados nas ações
internas, como, por exemplo, no atendimento de alunos e professores, e não no Projeto
Político Pedagógico, fato que deveria ser objeto de reflexão nas IES. Para Walter et al (2006),
é necessário integrar, por meio de pessoas, os objetivos, ações e resultados na IES, uma vez
que, conforme Meyer (2000) as responsabilidades, competências, recursos, tecnologias e a
demanda oriunda da sociedade encontram-se distribuídos pela sua estrutura organizacional.
Sobre este aspecto, comumente se diz que as universidades são formadas por guetos, o que
Andrade (2006, p. 6) chama de “células autônomas livremente unidas”. Neste sentido,
Mintzberg (1991; 1993) destaca a autonomia do professor, na medida em que cada um adota
uma estratégia própria e procura atender o seu público conforme a sua percepção.
Andrade (2006) propôs um modelo de gestão universitária baseado na teoria de
recursos e capacidades, o qual afirma ter maior probabilidade de êxito em relação a gestão
com enfoque externo. Segundo o autor, a estratégia focada nos recursos, que apresentam
determinadas características e capacidades, é o que poderá garantir vantagens competitivas às
IES e, consequentemente, garantir uma posição mais significativa no mercado. Pertschy
(2006) defende que a gestão eficaz e competitiva de uma IES está ligada a diversos fatores
internos e externos que dificultam enormemente o seu desempenho conforme a expectativa da
sociedade.
Este cenário, no entanto, foi se alterando e se tornando mais competitivo com a criação
da Lei n. 9.394, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que possibilitou
maior acesso ao ensino superior no país, a partir da abertura de novas IES. Com esta nova
realidade, as tradicionais organizações do ensino superior tiveram que se adaptar, criar novas
formas de captação de recursos, inovar nas suas metodologias para atrair alunos. Essa
74
mudança fez com que os ambientes se tornassem mais empreendedores. Um exemplo a ser
citado o as pesquisas realizadas em parceira com a iniciativa privada e outros órgãos e
associações, que geram patentes às IES e lucro, advindos dos royalties, não à instituição,
como também à iniciativa privada e aos pesquisadores.
O ambiente complexo, e ao mesmo tempo intraempreendedor de uma IES, também
pode ser caracterizado na argumentação de Murphy (2000, p. 162) quando disse que as
“universidades fomentam costumes, visão, compromisso e conhecimento, tentando ser,
simultaneamente, fornecedoras e consumidoras”.
Assim, pode-se afirmar que as IES são, notadamente, um ambiente intraempreendedor
por excelência. Se por um lado a relativa autonomia das suas células caracteriza um ambiente
complexo, por outro, esta mesma autonomia é responsável por sustentar o ambiente
intraempreendedor, em que as pessoas dispõem de liberdade para criar. Os professores
especialmente, são motivados pela busca de espaços e alternativas para empreender. Seja por
meio de um programa de extensão ou pela concorrência, junto aos órgãos de fomento à
pesquisa, na busca por mais horas de pesquisa e mais bolsistas para colaborar na realização de
seus projetos.
Elford e Hemstreet (1996) afirmam que no contexto de instituições educacionais, os
intraempreendedores são pró-ativos e líderes educacionais inovadores, que trabalham como
empresários dentro da instituição. Para assegurar o sucesso de metas de instituição baseada no
intraempreendedorismo, os líderes acadêmicos m que superar: (1) a estrutura burocrática
das IES que conduzem à comunicação e ao corporativismo; (2) competição interna entre
várias divisões; (3) ausência de uma missão clara para a IES; (4) planejamento estratégico
limitado; e (5) ausência de uma filosofia voltada para o marketing.
Fischborn (2004) constatou que os gestores das IES catarinenses acompanham a
tendência da gestão inovadora e criativa. Entre outros indicativos, os gestores afirmam que o
empreendedorismo é essencial como forma de gestão para as IES. Além disso, no
relacionamento das características empreendedoras com o entendimento sobre
empreendedorismo, a autora observou que das oito características detectadas como pontos
fortes nos pesquisados, cinco delas faziam parte constante do discurso dos mesmos, a saber:
busca de oportunidades e iniciativa, persistência, correr riscos calculados, comprometimento e
planejamento. O estudo foi realizado com parte dos gestores de 16 IES de SC, utilizando-se
como instrumento de coleta de dados um questionário com questões abertas e fechadas.
Para Novo e Melo (2004) a universidade que se diz empreendedora possui cursos
voltados ao estudo do empreendedorismo, disciplinas voltadas ao ensino do
75
empreendedorismo em todos os cursos, incentivo à criação de empresas juniores e pré-
incubadas, um sistema de consultoria que agrupe professores da ativa e aposentados de cada
Unidade ou Fundação Universitária.
Meyer (2000, p. 155-157) discorreu sobre as habilidades críticas do administrador
universitário para enfrentar os novos desafios, quais sejam: visão de futuro, disposição para
mudança, domínio e uso da tecnologia, visão estratégica, capacidade de decisão,
empowerment, empreendedorismo, gerenciar informações e participação.
Garcia (2006) pesquisou a questão do gerenciamento da inovação pelo
intraempreendedor em uma instituição de ensino reconhecida na comunidade como
empreendedora. Esta pesquisa focou, por meio de um estudo de caso, o discurso oficial sobre
a inovação e práticas acadêmicas desenvolvidas e seu objetivo foi caracterizar a relação entre
o discurso oficial sobre o papel da inovação do desenvolvimento da instituição e as práticas
acadêmicas, no período de 2004 a 2006. O estudo foi realizado de maneira qualitativa com
coleta de dados primários por meio de entrevistas semi-estruturadas, que posteriormente
foram complementadas com dados secundários provenientes de relatórios, publicações e sites,
bem como observação direta, garantindo a triangulação dos dados. Os resultados mostraram
um forte e coeso discurso sobre inovação e uma ação intraempreendedora orientada para o
que foi denominado como processo de produção da inovação. Foi constatado também que
na instituição um conjunto de ações que conduzem a certa flexibilidade da estrutura
burocrática, o que resultou na agilidade administrativa e rápido processo decisório.
Como se pode perceber, o intraempreendedorismo nas IES tem sido notado, de
maneira ainda muito tímida pelos pesquisadores. No entanto, a presença da mulher na gestão
universitária, ainda tem sido ignorada. Nas universidades, foram conquistando o seu espaço
ao longo dos anos. Ao que se sabe, conforme Barelli (2002), a primeira chefia acadêmica de
uma universidade brasileira foi conquistada em 1954 por Alice Canabrava, primeira diretora
da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Este
cargo, só foi ocupado novamente por uma mulher em 2002, por Maria Tereza Leme Fleury.
Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), as mulheres chegaram ao cargo
máximo em 1976, com Nadir Kfouri, que permaneceu na gestão até 1984. Mais tarde, na
mesma IES, Leila Bárbara assumiu a reitoria no período de 1988 a 1992. Na região sul, mais
especificamente em três universidades federais, as mulheres conquistaram a reitoria na década
de 90: Maria Amélia Zainko e Wrana Panizzi como reitoras da Universidade Federal do
Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), respectivamente; e
Nilcéia Lemos Palandré, como vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina
76
(UFSC). Isso demonstra que, aos poucos, as mulheres têm buscado novos espaços e maior
participação nos níveis decisórios em diversos setores da economia e das organizações.
77
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
Este capítulo apresenta os procedimentos utilizados para a realização desta pesquisa. Assim, o
detalhamento dos passos deste estudo consta, a seguir, dividido em cinco tópicos, buscando
assegurar o entendimento do percurso metodológico.
3.1 DESENHO DA PESQUISA
A pesquisa caracterizou-se como teórico-empírica visto tomar como base o referencial teórico
e fundamentos da área de empreendedorismo, e ter sido realizada em um ambiente específico
de uma IES.
A primeira parte da pesquisa foi exploratória, com método qualitativo, sendo a técnica
de coleta de dados, documental. Esta parte buscou o entendimento sobre a natureza geral do
problema (AAKER; KUMAR; DYA, 2001; SAMARA; BARROS, 2004). Esta etapa foi
realizada por meio de consulta ao sitio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), mais precisamente na Plataforma Lattes. Complementando, foi
realizada uma consulta aos documentos da Divisão de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas
(DGDP) da IES pesquisada. Por meio deste procedimento, foram caracterizados os aspectos
pessoais e profissionais das gestoras.
De acordo com Pope e Mays (1995), os métodos qualitativos são capazes de
proporcionar uma melhor compreensão de fenômenos, uma vez que misturam procedimentos
de cunho racional e intuitivo. Da mesma forma, Godoy (1995) afirma que quando o objetivo
refere-se à compreensão de um fenômeno, a análise qualitativa é a mais apropriada.
A segunda parte do estudo foi descritiva, com método quantitativo, do tipo levantamento ou
survey, buscando identificar as características comportamentais empreendedoras das gestoras
que atuam no ambiente da IES.
Silveira et al (2004), sugerem a empregabilidade simultânea de métodos qualitativo e
quantitativo. Os autores apontam benefícios para o uso dos métodos conjugados:
a) controlar vieses;
b) complementar a pesquisa quantitativa com uma visão da natureza
dinâmica da realidade pela pesquisa qualitativa;
c) enriquecer as constatações obtidas sob condições de controle, no
caso da pesquisa quantitativa, com dados obtidos dentro de um
contexto natural de ocorrência pela pesquisa qualitativa;
d) confirmar a validade e confiabilidade dos resultados pelo emprego
de técnicas diferenciadas. (Silveira et al, 2004, p. 109)
78
Para tanto, nesta etapa, foi adotado o modelo de Miner (1998). Justifica-se esta opção
metodológica por três motivos: a) ser um modelo consagrado e que dispensa pré-teste; b)
considerar o sujeito dentro do contexto empresarial, e não individualmente como o modelo de
McClelland (1972) e Timmons (1985); c) por considerar o sujeito social dentro de um
contexto universitário, que caracteriza um ambiente intraempreendedor, considerando a
tipologia desta organização.
O instrumento de coleta de dados desta segunda fase foi um formulário de auto-avaliação,
estruturado em quatro partes, e com classificação de respostas em três níveis, do tipo
escalograma, permitindo maior liberdade aos respondentes. O modelo utilizado para
identificar os perfis comportamentais empreendedores das gestoras da IES, encontra-se no
APÊNDICE A. Cada conjunto de características possui uma pontuação mínima para a
determinação do perfil empreendedor. As respostas estão qualificadas em três níveis muito,
considerável e pouco, com diferentes pesos. O vel muito recebe peso dois; o considerável
recebe peso um e o pouco recebe peso zero. Estes pesos também determinam uma pontuação
máxima para cada conjunto de perguntas. Buscando melhor entendimento do modelo adotado,
apresentou-se ainda, neste capítulo de método, a definição dos perfis e características
empreendedoras segundo Miner (1998). Este modelo foi adotado em pesquisas anteriores
como Lenzi (2002), Riscarolli (2002), Debastiani (2003), entre outros.
Na terceira parte, a pesquisa voltou a ser exploratória, com método qualitativo, sendo adotada
a técnica de coleta de dados denominada focus group, ou seja, sendo realizada por meio de
uma discussão gerada no contexto de um grupo de respondentes (FLICK, 2004). Nesta
terceira etapa foram considerados alguns dos sujeitos sociais respondentes na segunda parte
da pesquisa. A escolha destes participantes foi definida em função da classificação em nível
alto das características empreendedoras apontadas por Miner (1998). Sendo estas: Realizador,
Supervendedor, Gerador de Idéias e Autêntico Gerente, tendo obtido um nivel elevado em
uma ou mais de uma característica.
Freitas e Oliveira (2006) argumentam que a discussão em grupo deve ser utilizada quando “o
objetivo é explicar como as pessoas consideram uma experiência, uma idéia ou um evento,
visto que a discussão durante as reuniões é efetiva em fornecer informações sobre o que as
pessoas pensam ou sentem ou, ainda, sobre a forma como agem”. (FREITAS; OLIVEIRA,
2006, p. 236). Vergara (2005) afirma que o método é apropriado para conclusões acerca de
um tópico específico.
79
Justifica-se a escolha dos métodos tendo em vista o interesse em qualificar e quantificar a
temática do empreendedorismo em relação às mulheres gestoras de uma IES.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Para definição da população de estudo foi realizado, primeiramente, um levantamento
dos cargos de gestão das IES dirigidas por mulheres, em maio de 2007. Conforme informado
pela IES, encontravam-se na função de gestoras acadêmicas 38 mulheres e 17 na função de
gestoras administrativas. É importante destacar que, entende-se por funções acadêmicas
aquelas que são diretamente ligadas às atividades de ensino de uma IES, ou seja, que são
obrigatoriamente ocupadas por um docente.
A definição desta população de pesquisa foi intencional ou não-probabilística, estando
de acordo com os objetivos deste estudo, ou seja, as que desempenham funções onde as
características empreendedoras podem estar presentes. Para o estudo considerou-se assim,
uma população de 53 gestoras. O estudo foi censitário. Isto é, a amostra considera o todo da
população. Justifica-se tal procedimento, uma vez que o todo dos sujeitos sociais a serem
pesquisados foi relativamente pequeno. Esta população foi considerada nas duas primeiras
fases da pesquisa.
Para a terceira parte da pesquisa, onde se utilizou a técnica de focus group, os
participantes foram em menor número. Para tanto, foram definidos segundo o critério também
intencional de considerar somente os sujeitos sociais respondentes da segunda parte da
pesquisa classificados com tendências de nível alto quanto às proposições de Miner (1998),
sendo estas Realizador, Supervendedor, Gerador de Idéias e Autêntico Gerente.
Tal procedimento teve como base a necessidade de discussão aprofundada acerca do
entendimento de questões específicas do empreendedorismo como: a) O que entendem por
empreendedorismo?; b) O que entendem por empreendedorismo feminino?; c) O que é ser
uma mulher empreendedora?; d) O que é uma mulher que não é empreendedora?; e) O que é
uma empreendedora bem sucedida?; f) Pode existir uma empreendedora fracassada?; g) O que
entendem por intraempreendedorismo?; h) É possível empreender em uma IES?; i) Vocês se
vêem como mulheres empreendedoras na IES?; j) Quais os fatores que influenciam para
tornar as mulheres empreendedoras na IES?; k) Quais os fatores que dificultam para que as
mulheres se tornem empreendedoras na IES?; l) Que atitudes consideram fundamentais para
estimular o empreendedorismo na IES?; m) Que atitudes consideram fundamentais para
estimular o empreendedorismo feminino na IES?.
80
Esta discussão foi orientada por meio de um roteiro, elaborado por meio da
fundamentação teórica na área.
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E DE ANÁLISE DOS DADOS
A coleta inicial de dados foi realizada por meio de análise documental. Para tanto, os
dados colhidos do sitio do CNPq e dos registros constantes na DGDP da IES, foram
analisados quanto aos seguintes aspectos: a) em que administração atua (superior ou
acadêmica); b) grau de instrução; c) idade, área de atuação; d) tempo de trabalho na IES; e)
gestão que está exercendo; f) tempo que levou para chegar ao exercício do cargo; g) função
que exerce atualmente.
Estes dados foram digitados na base do software LHStat (LOESCH, HOELTGEBAUM,
2005), que constitui-se em uma ferramenta de análises estatísticas básicas e multivariadas,
tendo um local definido para este procedimento.
Os dados coletados foram organizados em um único arquivo em que se constatou o grau
de instrução das gestoras, idade, tempo de IES, e as funções exercidas na instituição. Os
dados coletados foram evidenciados, nos resultados, por meio de tabelas e gráficos, com
contagem simples de freqüência.
Em seguida, foi desenvolvida a coleta de dados sobre as características
comportamentais destas gestoras, por meio de um formulário baseado nos perfis
empreendedores de Miner (1998), constante no APÊNDICE A. Este formulário foi
encaminhado, inicialmente por correio eletrônico para as gestoras, com a proposição de uma
agenda para o preenchimento do mesmo. Em alguns casos, as gestoras responderam o
formulário imediatamente, e o devolveram também por correio eletrônico. Em outros casos,
as gestoras solicitaram esclarecimentos sobre o formulário via correio eletrônico, sem que
houvesse a necessidade do encontro presencial para o preenchimento. Para a maioria delas, no
entanto, a aplicação foi presencial. Estes dados, depois de coletados, foram também digitados
na base de dados do software LHStat (LOESCH, HOELTGEBAUM, 2005) tendo sido
analisados por meio de estatística descritiva. Este software possibilitou o desenvolvimento das
análises descritivas, como sendo: a) análises básicas de variáveis categóricas; b) cruzamentos
entre duas variáveis categóricas; c) análise fatorial de correspondências múltiplas e de
agrupamentos hierárquicos. Esta fase correspondeu à segunda parte da pesquisa.
81
A partir da identificação das características comportamentais das respondentes na
segunda fase da pesquisa, foi definido o grupo de foco para as discussões da terceira fase da
pesquisa, correspondendo às gestoras que apresentavam de forma mais acentuada, as quatro
características comportamentais empreendedoras indicadas por Miner (1998).
Para Freitas e Oliveira (2006, p. 326)
O focus group é recomendado para orientar e dar referencial à
investigação ou à ação em novos campos; gerar hipóteses baseadas na
percepção dos informantes; avaliar diferentes situações de pesquisa ou
populações de estudo; desenvolver planos de entrevistas ou
questionários; fornecer interpretações dos resultados dos participantes a
partir dos estudos originais; gerar informações adicionais a um estudo
em larga escala.
Durante a realização do focus group, foi adotado um roteiro com questões abertas,
sendo o mesmo distribuído às seis participantes. Este roteiro consta no APÊNDICE B.
O registro dos dados foi feito por meio de anotações durante as discussões e por
registro de câmera filmadora. Antes de iniciar a discussão, o grupo foi informado de que,
segundo o que prevê a técnica adotada, este procedimento seria gravado e filmado. Todas as
participantes concordaram.
Gates e McDaniel (2003) ressaltam que a finalidade da discussão em grupo é descobrir
o que os participantes sentem em relação a um conceito, uma idéia ou uma organização. Para
os autores a contribuição desta metodologia dá-se não apenas no nível individual, mas
especialmente no coletivo, uma vez que a interação proporcionada pelas respostas estimula a
participação dos demais membros do grupo.
De maneira geral, os autores sugerem que o grupo tenha entre seis e 12 pessoas, e que
os participantes tenham perfis homogêneos (MATTAR, 1996, TRUJILLO, 2001, McDANIEL
JR.; GATES, 2003; VERGARA, 2005; FREITAS; OLIVEIRA 2006,). Morgan (1997), no
entanto, sugere que sejam no máximo dez membros, pois o registro e moderação podem ser
prejudicados com um número maior de participantes. Com relação ao tempo médio
recomendado, há uma pequena variação entre os autores, sendo consenso que tenha o mínimo
de uma hora e trinta minutos e divergência no tempo máximo de duas ou três horas. Mattar
(1996) comenta que cabe ao moderador reconhecer o melhor momento para encerrar a
discussão para que não se torne cansativa.
Quanto ao moderador, deverá ter domínio do assunto para poder conduzir a discussão.
Este papel, segundo Vergara (2005), poderá ser desempenhado pelo próprio pesquisador.
Como a pesquisa foi desenvolvida em um único ambiente, as seis participantes do grupo se
82
conheciam. Mattar (1996), Motta (1999), McDaniel Jr. e Gates (2003), afirmam que os
relacionamentos preexistentes podem atrapalhar a discussão e, por isso, sugerem que se
evitem pessoas conhecidas num mesmo grupo. Kerslake e Goulding (1996) discordam deste
argumento, ressaltando que o fato das pessoas se conhecerem pode contribuir na medida em
que torna a interação entre os participantes mais rica e estimulante.
Na análise dos dados, o conteúdo da discussão foi codificado por meio de palavras-
chave, com o apoio do software Atlas.ti (MUHR, 1995). Este programa tem como objetivo
facilitar a codificação e a classificação dos dados qualitativos e, consequentemente, facilitar o
cruzamento e análise dos dados. Neste software as entrevistas foram codificadas, trecho a
trecho e os códigos atribuídos têm relação com os temas abordados. O principal objetivo desta
codificação foi efetuar comparações e congregar semelhanças para facilitar a explicação do
fenômeno estudado. A partir da codificação, o pesquisador poderá selecionar trechos que
poderão ser transcritos e que servirão para ilustrar o estudo. Além de entrevistas gravadas, o
software comporta também imagens fotográficas ou em vídeo e textos.
As três fases da pesquisa foram analisadas de forma conjunta. A primeira e a segunda
etapas foram consideradas e tratadas por meio de estatística descritiva e multivariada. A
terceira parte, complementar, foi considerada para agregar maior valor e proporcionar a
ampliação do conhecimento sobre o empreendedorismo feminino em IES e o
intraempreendedorismo neste ambiente de pesquisa.
O período de tempo considerado para a coleta de dados na IES foi transversal, ou seja,
no momento de sua realização, sendo este em 2007. A primeira etapa ocorreu entre maio e
junho de 2007. A segunda etapa, em julho de 2007. A terceira e final, em agosto de 2007.
3.4 DEFINIÇÃO DOS PERFIS E CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
SEGUNDO MINER (1998)
Como foi mencionado, na segunda etapa desta pesquisa os dados foram coletados por
meio da replicação do modelo de Miner (1998). Este modelo apresenta 23 características, que
divididas em sub-grupos, formam os perfis propostos. As características e os perfis foram aqui
descritos, para um melhor entendimento do modelo adotado, sendo que este fez parte do
método de pesquisa definido e dos resultados posteriormente apresentados.
83
3.4.1 O Realizador
O perfil denominado por Miner (1998) como Realizador constitui o empreendedor
clássico que confere muita energia ao seu local de trabalho, é dotado de forte iniciativa e
compromisso com empresa e se dedica inúmeras horas no desempenho das suas funções. A
pessoa deste perfil gosta de planejar e estabelecer metas para as suas realizações, acredita que
controla sua vida por meio de suas ações, e não que é controlada pelas circunstâncias ou pelas
atitudes de terceiros. Da mesma forma, acredita que deve ser orientada por metas próprias, e
não pelos objetivos de terceiros. O detentor deste perfil possivelmente terá mais sucesso
seguindo o percurso da realização, ou seja, resolvendo problemas constantemente e lidando
com crises, adequando-se para enfrentar a crise do momento e tentando ser bom em tudo.
Este perfil possui em evidência as seguintes características: Necessidade de realizar,
desejo de obter feedback, desejo de planejar e estabelecer metas, forte iniciativa pessoal, forte
comprometimento pessoal com a empresa, crença de que uma pessoa pode mudar
significativamente os fatos e a crença de que o trabalho deve ser orientado por metas pessoais
e não por objetivos de terceiros. O quadro 5 apresenta o entendimento de Miner (1998) sobre
cada uma das características.
Característica Entendimento
Necessidade de realizar; Procura sempre atingir o sucesso e, por isso, ele analisa cuidadosamente
as probabilidades de êxito das diferentes alternativas e, para garantir que
qualquer resultado positivo seja conferido aos seus esforços, prefere
opções com responsabilidades bem definidas e individuais.
Desejo de obter feedback; Precisa obter feedback para saber se estão tendo êxito ou falhando. Esse
feedback é o que mantém as baterias dos realizadores carregadas e a
energia fluindo.
Desejo de planejar e estabelecer
metas;
Pensa no futuro e é estimulada pelas perspectivas de futuras realizações.
Gosta de planejar e estabelecer metas pessoais importantes para as
realizações e traças caminhos para atingi-las.
Forte iniciativa pessoal; Age sem qualquer estímulo ou apoio de terceiros. Não precisa de um
superior ou de colegas para começar uma tarefa ou ajuda-los, pois tal
atitude prejudicaria seu valor e senso de realização pessoal.
Forte comprometimento pessoal
com a empresa;
Acredita firmemente em suas metas e valores, está disposto a trabalhar
arduamente para a empresa, na qual quer permanecer por muito tempo.
A dedicação ao aprendizado e a busca de informações é constante e
acima da média.
Crença de que uma pessoa pode
mudar significativamente os fatos;
Acredita que controla sua vida em vez de ter sua vida controlada por
outra pessoa ou por algo que se encontra fora de seu alcance.
Crença de que o trabalho deve ser
orientado por metas pessoais e não
por objetivos de terceiros.
É individualista e prefere trabalhar sem superiores.
Costuma evitar a participação em atividades de grupo que possa coagi-
lo a agir ou tomar decisões por eles.
Quadro 5 – Detalhamento das características do Realizador (Miner, 1998)
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo
dos negócios. São Paulo: Futura, 1998.
84
3.4.2 O Supervendedor
O Supervendedor é um especialista em satisfazer a necessidade dos clientes, dando
grande ênfase ao atendimento. Todas as características do supervendedor se relacionam de
uma maneira ou de outra à ênfase que ele ao atendimento. Os relacionamentos são muito
importantes para ele, que gosta de reuniões sociais e de participar de grupos. Possue uma
grande sensibilidade em relação a outras pessoas e desejam ajudá-las de qualquer maneira
possível. Ele considera as vendas como um elemento essencial para o sucesso de sua empresa.
O trabalho em grupo o atrai, e ser apreciado e reconhecido por realizar um bom trabalho são
motivadores-chave.
Este perfil possui em evidência as seguintes características: Capacidade de
compreender e compartilhar sentimentos com o outro; Desejo de ajudar os outros; Crença de
que os processos sociais são muitos importantes; Necessidade de manter relacionamentos
sólidos e positivos com os outros; Crença de que uma força de vendas é crucial para colocar
em prática a estratégia da empresa. O quadro 6 apresenta o entendimento de Miner (1998)
sobre cada uma das características.
Característica Entendimento
Capacidade de compreender e
compartilhar sentimentos com o
outro;
Enfatiza a interação humana, os sentimentos e as emoções. É
espontâneo, persuasivo, enfático, leal, inquisitivo e introspectivo;
compreende valores tradicionais e estimula as pessoas a expor seus
sentimentos. Costuma mostrar um alto grau de concordância e adaptar-
se aos demais. É bom ouvinte, prestativo, caloroso e receptivo a
sugestões. Personaliza cada situação enfatizando sua singularidade e o
modo como um indivíduo irá reagir a uma decisão. Estabelecer e manter
relações amigáveis pode ser mais importante do que a realização, a
eficiência e a tomada de decisões precisas.
Desejo de ajudar os outros; Possui uma necessidade calorosa e sensível de ser útil. Quer ajudar as
pessoas a resolverem seus problemas, motivado pelo reconhecimento de
que ele é forte o bastante para oferecer ajuda, em vez de ter de recebê-la.
Crença de que os processos sociais
são muitos importantes;
Valoriza aspectos como contribuir para a sociedade, ter colegas de
trabalho simpáticos e agradáveis, ser valorizado como pessoa e assim
obter a estima dos outros, ter oportunidade de conhecer pessoas e
interagir com elas e ser reconhecido por realizar um bom trabalho.
Necessidade de manter
relacionamentos sólidos e positivos
com os outros;
Aprecia as boas relações que mantém com as pessoas. Sua auto-estima
depende, em geral, do modo como é visto pelos outros. Encorajar
aqueles com quem trabalha a participar da tomada de decisões e oferecer
novas idéias ou uma abordagem diferente a um problema é fácil para
eles. Há uma tendência de ver o que há de melhor nos outros.
Crença de que uma força de vendas
é crucial para colocar em prática a
estratégia da empresa.
Considera a força de vendas como um meio importante de
implementar as estratégias da empresa.
Quadro 6 – Detalhamento das características do Supervendedor (Miner, 1998)
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo
dos negócios. São Paulo: Futura, 1998.
85
3.4.3 Autêntico Gerente
O Autêntico Gerente gosta de assumir responsabilidades, é competitivo e
frequentemente apresenta bom desempenho em cargos de liderança nas empresas. A pessoa
deste perfil é decidida e possue uma atitude positiva em relação àqueles que têm autoridade.
Gosta do poder, de desempenhar uma função e utilizam uma persuasão lógica e eficaz. Seu
bom desempenho dentro das organizações tem motivado crescimentos significativos, o que
lhe é conferido como um ponto forte. Para estes profissionais, o caminho ideal para ser
seguido é o de gerenciamento.
O autêntico gerente pode apresentar até seis características, cuja combinação pode
variar para cada pessoa, quais sejam: Desejo de ser um líder na empresa, determinação,
atitudes positivas em relação à autoridade, desejo de competir, desejo de obter poder e desejo
de se destacar entre os demais. O quadro 7 apresenta o entendimento de Miner (1998) sobre
cada uma das características.
Característica Entendimento
Desejo de ser um líder na empresa; Quer chegar a altos cargos de sucesso profissional e ele encara subir na
empresa como algo muito positivo. Quer ser
criativo usando suas habilidades e tem a forte convicção de que elas não
devem ser desperdiçadas. Acredita em suas habilidades e tem uma forte
autoconfiança.
Determinação;
Toma decisões rápidas e é confiante. Acredita que é melhor tomar uma
decisão do que fugir à questão.
Atitudes positivas em relação à
autoridade;
Apresenta atitude positiva em relação aos que ocupam posições
superiores a sua.
Desejo de competir; Esforça-se para obter vitórias para ele e sua unidade para aceitar
desafios. À medida que a situação exige, assume o comando, influencia
decisões, estabelece a disciplina e protege aqueles por quem se sente
responsável.
Desejo de obter poder; Precisa dar ordens, quando necessário, aos que se encontram em níveis
inferiores ao seu e deve reforçar suas palavras com o uso
adequado de recompensas e punições. Costuma ter orientação prática e
enfatiza o ‘aqui e agora’, buscando rapidez, eficiência e resultados. É
impessoal, enérgico e normalmente tem aversão a tomada de decisão em
grupo.
Desejo de se destacar entre os
demais.
Deseja destacar-se dos demais de seu grupo, assumindo posição de
grande visibilidade. Por vezes afasta-se dos demais para realização de
um trabalho e aparecer como destaque posteriormente, necessitando de
habilidades de ator em algumas situações.
Quadro 7 – Detalhamento das características do Autêntico Gerente (Miner, 1998)
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo
dos negócios. São Paulo: Futura, 1998.
86
3.4.4 O Gerador de Idéias
A pessoa que possue esse perfil é inovadora e pode agregar verdadeira vantagem
competitiva. São fortemente atraídas para o mundo das idéias, inventam novos produtos,
encontram novos nichos, desenvolvem novos processos e, frequentemente, encontram uma
forma de superar a concorrência. De maneira geral, se voltam para empreendimentos de alta
tecnologia e podem assumir riscos que não foram suficientemente calculados.
Os Geradores de Idéias são caracterizados pelo desejo de inovar, apego às idéias,
crença de que o desenvolvimento de novos produtos é crucial para colocar em prática a
estratégia da empresa, bom nível de inteligência e pelo desejo de evitar riscos. O quadro 8
apresenta o entendimento de Miner (1998) sobre cada uma das características.
Característica Entendimento
Desejo de Inovar; Aprecia conceber e colocar novas idéias em prática, com qualidade e
originalidade. um pouco do profissional realizador neste contexto,
pois as idéias devem ser transformadas em negócios.
Apego a idéias; É entusiasta e preocupa-se com a opinião dos outros e se dá bem com as
pessoas. Na realização de tarefas é de fácil adaptação e flexível com
disposição de ceder e partilhar o poder. Deseja independência e não
gosta de obedecer às regras. É perfeccionista e obstinado, podendo ser
comparado a sonhadores idealistas em alguns momentos. Seu raciocínio
é de longo alcance e voltado para o futuro. Considera e descarta
alternativas com rapidez. Pode ser valioso à sociedade, gerando novos
serviços e novos conceitos de negócios.
Crença de que o desenvolvimento de
novos produtos é crucial para
colocar em prática a estratégia da
empresa;
Acredita nesta idéia como forma de alavancar novas vantagens
competitivas para o empreendimento.
Bom nível de inteligência; Considerando-se inteligência como habilidade de discernimento,
raciocínio e capacidade de lidar com abstrações, conceitos e idéias, faz-
se muito presente nestes profissionais tais características. Apesar de a
inteligência estar presente também nos outros estilos, para o gerador de
idéias é primordial um nível elevado de aprendizado constante.
Desejo de evitar riscos. Por estar criando situações novas constantemente para atingir o sucesso,
é essencial que evite riscos, neutralize o entusiasmo, contenha-se, espere
e esteja absolutamente certo de que a idéia irá funcionar. É mais
propenso ao risco do que outros tipos empresariais, precisando, portanto
de um aspecto em suas personalidades que se oponha a essa tendência
mais do que os outros empresários.
Quadro 8 – Detalhamento das características do Gerador de Idéias (Miner, 1998)
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo
dos negócios. São Paulo: Futura, 1998.
87
3.5 CARACTERIZAÇÃO DA IES ESTUDADA
A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Regional de Blumenau FURB, cujas
características principais foram aqui reunidas, no sentido de ampliar a compreensão do contexto
onde se realizou o estudo.
A FURB iniciou suas atividades oficialmente em 1964, com o curso de Ciências
Econômicas. Sua origem se deu por meio de intensa mobilização popular dos moradores e
políticos de Blumenau, que vislumbraram a necessidade e a possibilidade de uma instituição de
ensino que atendesse a região de Blumenau. Hoje, a FURB é uma das maiores universidades do
Estado de SC, contando com aproximadamente 15 mil alunos, 800 professores, 300 técnico-
administrativos, 39 cursos de graduação, 40 cursos de especialização, sete mestrados, uma das
maiores bibliotecas universitárias do Brasil, três institutos de pesquisa, TV e Rádio Universitárias,
Escola Técnica e uma incubadora tecnológica.
Embora seja uma instituição que cobra mensalidades dos seus acadêmicos, o Estatuto da
sua Fundação (1995) a define como “uma entidade de fins não lucrativos, de finalidade
filantrópica, pessoa jurídica de direito público, sendo regida pelo Estatuto próprio e
Legislação pertinente”. Como na maioria das instituições de ensino brasileiras, sua
administração é caracterizada por certa complexidade, uma vez que as células administrativas
possuem relativa autonomia. Conforme consta no endereço eletrônico da IES, dois tipos de
administração: a Acadêmica e a Superior. A Administração Acadêmica é compreendida como
aquela ligada às atividades de ensino, como coordenação de curso, chefia de departamento e
direção de centro. a Administração Superior é entendida como aquela vinculada às atividades
administrativas gerais e também às burocráticas, como Reitoria, Pró-Reitorias, chefias de seção,
etc.
Na figura 1 apresenta-se o organograma da IES, relativo à sua Administração Superior.
Este organograma apresenta os Centros dos Cursos vinculados à linha dorsal, que os conecta
diretamente com a Reitoria. No entanto, na prática, os Centros possuem vínculo maior com a Pró-
Reitoria de Ensino de Graduação, uma vez que esta é a célula responsável pelo desenvolvimento
de políticas e ações relativas ao ensino de graduação. Isto porque o ensino de graduação ainda
constitui-se a atividade geradora de maior volume de operações e recursos financeiros para a IES.
88
Figura 1 – Organograma da administração superior da FURB
FONTE: UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU. Organograma. Blumenau, 2007. Disponível em:
<www.furb.br>. Acesso em: 20 abr 2007.
Na Administração Superior, o Reitor e Vice-Reitor são definidos por meio de eleição, para
mandato de quatro anos, sendo permitida a reeleição por um período subseqüente, com voto
secreto, e respeitando-se as proporções determinadas pela Lei no 9.394/96 (Lei de Diretrizes e
Base da Educação). Os demais cargos/funções possuem lideranças indicadas pela Reitoria. Ou
seja, são pessoas de confiança do Reitor da IES, gratificadas financeiramente pelo exercício da
função/chefia. Observando o organograma da Administração Superior, descartados os Conselhos,
chega-se ao número de 38 cargos de confiança que somados aos dois eletivos, de Reitor e Vice-
Reitor, totalizam 40 cargos.
Para fins de análise de dados, essas funções foram divididas em dois grupos: a) Unidades
ligadas diretamente à Reitoria, e b) Divisão/Seção de Unidades ligadas diretamente à Reitoria.
Neste caso, entende-se por Unidades ligadas diretamente à Reitoria: Gabinete da Reitoria,
Procuradoria Geral, Coordenadoria de Comunicação e Marketing, Coordenadoria de
Planejamento, Coordenadoria de Apoio ao Estudante, Assessoria de Relações Internacionais,
Núcleo de Pesquisa e Extensão Universitária, Biblioteca Universitária, Pró-Reitoria de Ensino de
Graduação, Pró-Reitoria de Administração e Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão.
89
As divisões ou seções ligadas a essas Unidades, são: Secretaria Executiva, Secretaria de
Expediente e Documentação, Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau, Instituto de
Pesquisas Sociais, Instituto de Pesquisas Ambientais, Seção de Seleção e Aquisição, Seção de
Processamento Técnico e Encadernação, Seção de Serviço ao Usuário, Seção de Documentação e
Automação, Divisão de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Divisão de Administração de
Materiais, Divisão de Administração Financeira, Divisão de Administração Contábil e
Patrimonial, Divisão de Administração do Campus, Divisão de Tecnologia da Informação, Seção
de Obras e Manutenção, Seção de Conservação e Serviços Gerais, Seção de Desenvolvimento de
Sistemas, Seção de Suporte Técnico, Seção de Apoio ao Usuário, Divisão de Políticas
Educacionais, Divisão de Modalidades de Ensino, Divisão de Registros Acadêmicos, Divisão de
Apoio à Pesquisa, Divisão de Apoio à Extensão, Divisão de Pós-Graduação e Secretaria Geral da
Pró-Reitoria de Administração. Na Administração Superior, o tempo de permanência na função
gestora é variável, podendo durar toda a gestão de uma determinada Reitoria, como pode encerrar-
se em menos de um ano.
A Administração Acadêmica, por sua vez, está mais diretamente ligada às atividades de
ensino, pesquisa e extensão dentro da IES. Nesta estrutura encontram-se os Centros dos Cursos,
os Departamentos e os Colegiados de Curso. A Direção de Centro, composta por diretor e vice-
diretor, é definida também por eleição, seguindo a mesma regra aplicada à Reitoria, em que votam
professores, servidores técnico-administrativos e acadêmicos vinculados àquela unidade. Embora
o Regimento Geral da Universidade estabeleça o Departamento como a menor fração da
estrutura universitária, para todos os efeitos da organização administrativa, didático-científica
e da distribuição de pessoal”, o Colegiado de Curso também apresenta um personagem à sua
frente, remunerado pelo desempenho da função: Trata-se do Coordenador de Colegiado de
Curso. Tanto a chefia de departamento como a coordenação do colegiado de curso são eleitas
diretamente pelos seus pares, em que os mandatos são de dois anos, e não limites para a
reeleição. No quadro 9 constam as competências de cada nível hierárquico da Administração
Acadêmica.
90
Diretor de Centro
I - dirigir, coordenar, fiscalizar e superintender as atividades do Centro;
II - convocar e presidir as reuniões do Conselho de Centro;
III - fiscalizar a execução do regime didático, zelando pela observância rigorosa dos horários, programas e
atividades dos professores e discentes;
IV - cumprir e fazer cumprir as decisões dos órgãos superiores da Universidade e do Conselho de Centro;
V - propor ou determinar ao órgão competente a abertura de inquéritos administrativos;
VI - fiscalizar o cumprimento da legislação de ensino, no âmbito do Centro;
VII - baixar atos normativos decorrentes das decisões do Conselho de Centro e delegar competência, nos limites
de suas atribuições;
VIII - exercer o poder disciplinar, no âmbito do Centro;
IX - apresentar ao Reitor, no prazo fixado e após apreciação pelo Conselho de Centro, o plano de atividades do
ano letivo seguinte e o relatório do ano que se encerra;
X - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto,
por este Regimento ou por delegação superior.
Chefe de Departamento Coordenador de Colegiado de Curso
I - superintender as atividades do Departamento;
II - convocar e presidir as reuniões do Departamento;
III - propor a distribuição das tarefas de ensino,
pesquisa e extensão entre os docentes em exercício, de
acordo com os planos de trabalho aprovados;
V - indicar, entre os professores do Departamento, os
que devem exercer tarefas docentes em substituição;
V - apresentar ao Diretor de Centro relatório anual das
atividades do Departamento.
I – convocar e presidir as reuniões do Colegiado de
Curso;
II - acompanhar, avaliar e controlar a execução e
integralização das atividades curriculares, zelando
pela manutenção da qualidade e adequação do curso;
III - informar, semestralmente, as disciplinas do
respectivo curso a serem oferecidas no semestre
subseqüente;
IV – colaborar na confecção de horários do curso,
elaborados pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
- PROEN;
V - analisar pedidos de transferência, equivalência e
outros requerimentos de alunos, respeitando os prazos,
trâmites e atribuições previstos no Calendário
Acadêmico, Regimento Geral da Universidade e
Estatuto da Universidade;
VI - orientar a matrícula dos alunos;
VII - coordenar a elaboração e reavaliação do projeto
pedagógico do curso;
VIII – propor ao Colegiado as providências cabíveis
para os casos de avaliações institucionais
insatisfatórias, quanto ao desempenho dos professores
do curso;
IX – participar diretamente na elaboração do projeto
de reconhecimento, do relatório para avaliação das
condições de oferta do curso e dos procedimentos de
participação dos alunos nos de avaliação externa;
X - atuar em todas as questões que envolvem
discentes e docentes do respectivo curso,
encaminhando-as ao Colegiado quando a situação
assim o requerer.
Quadro 9 – Competências hierárquicas na administração acadêmica, na FURB.
FONTE: UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU. Resolução nº 129/2001. Blumenau, 2007.
A estrutura acadêmica da IES conta, atualmente, com sete Centros, 29 Departamentos, 39
Colegiados de Cursos de Graduação e sete Colegiados de Programas de Pós-Graduação. Esta
estrutura soma 90 pessoas em cargos de chefia, que adicionados aos cargos da Administração
91
Acadêmica totalizam 130 cargos de gestão/liderança na IES, dos quais 53 são ocupados por
mulheres. Destes 130 cargos, 92 são eletivos e 38 são indicados, conforme apresentado na tabela
1.
Tabela 1 – Caracterização dos cargos da IES pesquisada.
Administração Origem Gênero
No. %
No. %
No. %
Superior 40 31 Eleição 92 71 Homens 77 59
Acadêm. 90 69 Indicação 38 29 Mulheres 53 41
Total 130 100 Total 130 100 Total 130 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Dos 53 cargos ocupados por mulheres gestoras, 17 pertencem à Administração Superior e
36 à Administração Acadêmica. Ao todo, são 52 mulheres que compõem a gestão visto que uma
delas ocupa uma função eletiva e uma indicada, simultaneamente. A tabela 2 apresenta um
panorama geral da distribuição de gênero nas funções gestoras da IES, em que é possível observar
que na maioria dos cargos, mais homens do que mulheres exercendo a função gestora. Exceto
nas Diretorias de Unidades vinculadas diretamente à Reitoria. Este é o único caso, na instituição
pesquisada, em que mais mulheres do que homens. Este pode ser um indicativo de que a
mulher não necessariamente procura o poder, mas a realização pessoal por meio da profissão.
Tabela 2 Distribuição dos cargos por gênero, na Administração Acadêmica (1) e Superior (2) da IES
pesquisada.
Cargos Homens Mulheres Total
Direção de Centro (1) 09 05 14
Chefia de Departamento (1) 19 10 29
Coordenação de Colegiado de Curso de Graduação (1) 21 18 39
Coordenação de Colegiado de Programa de Pós-Graduação (1) 05 03 08
Reitoria (2) 02 00 02
Diretoria de Unidades vinculadas diretamente à Reitoria (2) 05 06 11
Chefia de Divisão/Seção Unidades vinculadas diretamente à Reitoria (2) 16 11 29
77 53 130
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Podem ser considerados como limitações a esta pesquisa a aplicação do modelo de
Miner (1998), por se tratar de um questionário de cunho subjetivo e, também, a literatura , que
é essencialmente empresarial, tendo sido aplicada em um contexto diferenciado, um em
modelo específico de organização que é uma IES.
92
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os dados apresentados nesse capítulo têm por finalidade responder aos questionamentos
propostos no estudo e responder aos objetivos definidos para a pesquisa. Desta forma, os
resultados foram apresentados na mesma ordem da definição dos objetivos.
4.1 RESULTADOS DO PERFIL SOCIAL DAS GESTORAS
A primeira etapa da pesquisa consistiu no levantamento do perfil pessoal e profissional das
gestoras, isto é, a caracterização social das gestoras e a análise de sua trajetória no ambiente da
IES. Para tanto, foram categorizados os termos encontrados na análise documental, sendo que esta
foi desenvolvida com a utilização do Atlas.Ti, para o registro das incidências no Curriculum
Lattes e dos registros acadêmicos na instituição. O LHStat foi adotado para as análises estatísticas
das variáveis, depois da categorização dos termos pesquisados.
A seguir, são apresentadas as análises de freqüência das variáveis categóricas, com nível de
confiança 95%. As variáveis analisadas nesta etapa foram: tipo de administração (ADM), titulação
acadêmica (TITULAÇÃO), faixa etária (IDADE), área de formação (ÁREA), tempo (em anos) de
trabalho na IES (TEMPOIES), número de funções gestoras que exerceu na IES, incluindo a
atual (GESTÃO), tempo de trabalho na IES quando assumiu pela primeira vez um cargo de gestão
(FUNÇÃO1), função gestora que exerce atualmente (FATUAL).
Inicialmente foi realizada a distribuição das gestoras por tipo de Administração na qual a
função que exercem está enquadrada. A figura 2 apresenta esta distribuição:
68%
32%
ACADEMICA
SUPERIOR
Figura 2 – Distribuição das gestoras por tipo de administração.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
93
A figura 2 mostra um maior número de mulheres na Administração Acadêmica do que na
Administração Superior. uma tendência natural para esta análise, visto que mais funções
acadêmicas do que administrativas na IES pesquisada.
Na seqüência, foram analisadas as variáveis: faixa etária, titulação e área de formação, em
que a tabela 3 apresenta os resultados.
Tabela 3 – Caracterização das gestoras por faixa etária, titulação acadêmica e área de formação.
Faixa Etária Titulação Acadêmica Área de Formação
Faixa
Etária
Número
Respostas
% Titulação Número
Respostas
% Área de
Formação
Número
Respostas
%
26 a 35 9 17 Grad. Inc. 2 4 Humanas 21 40
36 a 45 19 36 Graduação 3 6 Saúde 9 17
46 a 55 22 41 Especialização 7 13 Sociais Apl. 6 11
56 a 65 3 6 Mestrado 27 51 Tecnológica 4 8
Doutorado 14 26 Exatas 6 11
Educação 7 13
Total 53 100 Total 53 100 Total 53 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Nesta tabela, pode-se verificar que a maioria das mulheres gestoras, 41%, encontra-se na
faixa etária entre os 46 e 55 anos. Da mesma forma, com 51% das respostas, maior
concentração de gestoras na titulação mestre. Quando a análise volta-se para a área de formação, é
possível perceber que 40% das mulheres gestoras têm formação na área de humanas, nos cursos
de história, serviço social, direito, comunicação social, secretariado executivo, ciências da religião
e sociologia.
Embora o ambiente em análise seja uma IES, onde se pressupõe que haja maior grau de
escolaridade entre os gestores, foi constatado que aproximadamente 10% das gestoras têm como
formação máxima o terceiro grau ou nível superior.
Seguindo a seqüência da caracterização, a tabela 4 expõe, detalhadamente, um
agrupamento de informações que descrevem as gestoras por tempo de trabalho na IES, tempo
de trabalho até conquistar pela primeira vez uma função gestora, e número de gestões
exercidas. Nesta tabela é possível verificar que há uma predominância de 54% de mulheres na
gestão, com tempo de trabalho na IES variando entre seis e 15 anos. Das 53 gestoras da IES,
85% delas conquistaram sua primeira função com, no máximo, dez anos de experiência na
IES. Outro dado a ser comentado é que 77% das mulheres que se encontram atualmente na
administração estão vivendo a primeira ou segunda experiência como gestoras. Guardadas as
devidas proporções, visto tratar-se de ambientes diferenciados, Machado et al (2003)
encontraram o tempo médio de experiência em empresas de nove anos, que antecedem a
abertura de um negócio por mulheres.
94
Tabela 4 Caracterização das gestoras por tempo de trabalho na IES, tempo de trabalho até conquistar
pela primeira vez a função gestora e número de gestões exercidas.
Tempo na IES Tempo 1ª. Função Número de Gestões
Anos Número
Respostas
% Anos Número
Respostas
% Número
Gestões
Número
Respostas
%
0-5 11 22 0-5 22 42 Primeira
20
37
6-10 15 28 6-10 23 43 Segunda
21
40
11-15 14 26 11-15 5 9 Terceira
8
15
16-20 6 11 16-20 3 6 Quarta
0
0
21-25 6 11 Quinta
2
4
26-30 0 0 Sexta
1
2
31-35 1 2 Sétima
1
2
Total 53 100 Total 53 100 Total 53 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Duas gestoras da área de tecnológicas chamam a atenção por apresentarem maior
incidência (5 e 6) no número de gestões exercidas, sendo esta área de atuação,
predominantemente, masculina. As outras duas gestoras, com cinco e sete gestões exercidas, são
da área de humanas.
Partindo para o cruzamento destas variáveis categóricas, inicialmente, procurou-se avaliar
e estabelecer a independência das variáveis ao tipo de administração que as gestoras exercem. A
hipótese de independência foi rejeitada para as variáveis titulação, área de formação e função
atual. Ao que tudo indica, a Administração Acadêmica está associada somente a uma titulação
mais elevada, como mostra a figura 3.
Figura 3 – Tipo de administração e titulação das gestoras.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
95
Da mesma forma, parece haver maior predisposição das mulheres da área de humanas
para assumir uma função gestora e, também, de mulheres com formação na área da saúde para
assumir funções da gestão acadêmica, como mostra a figura 4.
Figura 4 – Tipo de administração e área de formação das gestoras.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
A variável “função atual” foi caracterizada de acordo com o tipo de administração, assim a
dependência entre estas variáveis foi condicionada nesta determinação. A partir da análise de
dados, pode-se afirmar que a maioria das mulheres da Administração Acadêmica ocupa função de
coordenadora de curso de graduação, seguido de chefia de departamento, direção de centro e
coordenação de programa de pós-graduação. Entre as mulheres da Administração Superior, o
maior número delas ocupa função gestora como chefe de divisão ou seção de unidade
administrativa ligada diretamente à Reitoria, seguido de diretoras/coordenadoras destas unidades.
Embora não apresentem dependência, foram realizados alguns outros cruzamentos entre
variáveis, que oportunizam agregar mais conhecimento à temática em questão. No que se refere à
idade, constatou-se que a Administração Acadêmica concentra um maior número de mulheres
com idade entre 46 e 55 anos. Na Administração Superior, a maior concentração de mulheres é
percebida na faixa etária dos 36 aos 45 anos, conforme consta na tabela 5.
Tabela 5 - Distribuição das gestoras por tipo de administração e faixa etária, freqüência relativa sobre o
total.
Tipo / Idade 26-35 36-45 46-55 56-65 TOTAL
ACADEMICA 9,4 20,8 32,1 5,7 67,9
SUPERIOR 7,5 15,1 9,4 0,0 32,1
TOTAL 17,0 35,8 41,5 5,7 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
96
Outro cruzamento realizado refere-se à área de formação e o tempo de trabalho na IES.
Conforme apresentado na figura 5, é possível afirmar que as mulheres com formação na área de
humanas e saúde concentram-se em maior número na faixa etária dos 36 aos 45 anos. As
mulheres com formação na área da educação, exatas, sociais aplicadas e tecnológicas apresentam
maior representatividade na faixa etária dos 46 aos 55 anos.
Figura 5 – Tipo de administração e área de formação das gestoras
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Aplicando-se as análises multivariadas previamente selecionadas (análise de
componentes principais e agrupamentos hierárquicos), refinou-se os dados obtidos. A análise
de componentes principais teve por objetivo encontrar correlações entre as sete variáveis de
caracterização das gestoras: titulação acadêmica (TITULAÇÃO), faixa etária (IDADE), área de
formação (ÁREA), tempo (em anos) de trabalho na IES (TEMPOIES), número de funções
gestoras que exerceu na IES, incluindo a atual (GESTÃO), tempo de trabalho na IES quando
assumiu pela primeira vez um cargo de gestão (FUNÇÃO1), função gestora que exerce
atualmente (FATUAL). A variável tipo de administração foi descartada desta análise por
apresentar dependência com outras variáveis. Para esta análise, gerou-se o mapa fatorial, que
mostra as correlações entre as variáveis (Figura 6).
97
Figura 6 – Mapa fatorial das variáveis de caracterização do perfil social.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2007.
O mapa fatorial gerado, demonstrou uma forte correlação entre alguns dados,
especificamente:
a) A primeira função gestora ter sido conquistada entre seis e dez anos de trabalho na
IES e estar exercendo pela primeira vez a função gestora;
b) A área de formação “humanas” e a titulação “especialização”;
c) A área de formação “saúde” e o tempo de trabalho na IES entre 31 e 35 anos.
A figura 7 demonstra o agrupamento hierárquico por meio de um dendograma,
calculado pela Medida da Distância Euclidiana com o Método do Vizinho Mais Próximo. As
variáveis são ligadas com base nas características que elas possuem, iniciamente de forma
isolada, depois formando os grupos que se interligam até formar um grande agrupamento
onde constam todas as variáveis analisadas.
98
Figura 7 – Dendograma das variáveis de caracterização do perfil social das gestoras.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2007.
Com base no dendograma apresentado, observando os primeiros agrupamentos, é
possível afirmar que as mulheres que atualmente são coordenadoras de curso de graduação,
têm titulação de mestrado, estão exercendo a sua primeira gestão e possuem no máximo cinco
anos de trabalho na IES. O dendograma gerado permite a análise de pequenos agrupamentos
de variáveis. Por exemplo, para as mulheres com titulação máxima de graduação, numa IES, a
perspectiva é que sua função gestora não ultrapasse a chefia de seção ou divisão de unidade
administrativa ligada diretamente à Reitoria. As mulheres que coordenam os programas de
pós-graduação da IES têm como área de formação as ciências sociais aplicadas. O
dendograma formou pequenos grupos de variáveis, indicando que não homogeneidade
entre as variáveis.
99
4.2 RESULTADOS PERFIL EMPREENDEDOR (MINER, 1998)
Todas as gestoras da IES responderam ao questionário proposto por Miner (1998). Não
houve perda amostral. Este instrumento foi composto por 23 questões, divididas em quatro
grupos, que corresponderam aos perfis: Realizador, Supervendedor, Autêntico Gerente e
Gerador de Idéias.
O primeiro conjunto de características, composto por sete questões, aponta uma tendência
maior para o comportamento Realizador. O segundo conjunto, de cinco questões, refere-se à
tendência do comportamento Supervendedor. O terceiro grupo de questões, formado por seis
perguntas, identifica o comportamento empreendedor determinado como Autentico Gerente. E o
quarto, também com cinco questões, determina a tendência ao comportamento do perfil Gerador
de Idéias. Miner (1998) considerou, também, a combinação de mais de um perfil por uma mesma
pessoa. Essa combinação de perfis determina o “empreendedor complexo”, que se mostra quando
a soma das respostas dos quatro conjuntos de características for igual ou maior que 18 pontos. A
tabela 6 apresenta a pontuação mínima para a determinação do perfil e a pontuação máxima para
cada conjunto de respostas.
Tabela 6 - Pontuação mínima e máxima na determinação de cada perfil empreendedor
Perfil Pontuação Mínima Pontuação Máxima
Realizador 8 14
Supervendedor 5 10
Autêntico Gerente 4 12
Gerador de Idéias 5 10
Complexo 18 46
Fonte: MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo
dos negócios. São Paulo: Futura, 1998.
É importante destacar que não um padrão único de respostas para a determinação de
um perfil empreendedor.
Na análise do perfil empreendedor das gestoras da IES pesquisada, pode-se verificar
uma predominância nos perfis complexos, pois apontaram uma somatória final acima de 18
pontos. No entanto, assim como em Lenzi (2002), para fins de análise, foram consideradas as
sub-tendências individuais, ou seja, o perfil de maior predominância A tabela 7, identifica a
pontuação de cada gestora pesquisada, nos quatro perfis empreendedores de Miner (1998).
Miner (1998, p. 217) percebeu que as mulheres têm uma tendência maior do que os homens a
combinarem dois perfis, ou seja, a complexidade pode ser mais representativa entre as
100
mulheres. Apesar da combinação de diversos de perfis, Miner (1998) também constatou que o
“Gerador de Idéias” é o menos freqüente entre elas. Entre as gestoras da IES o perfil Gerador
de Idéias apresenta incidência predominante igual a cinco. Sendo que quatro vezes ele aparece
combinado com outros perfis e uma vez como predominância individual. De maneira geral, a
menor incidência entre as gestoras de IES é o Autêntico Gerente.
Tabela 7 - Perfil Empreendedor das Gestoras da IES pesquisada
G1 G2 G3 G4 G5
Gestoras
Perfil
Pontos
Máximos
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14 10
71,4
8
57,1
12
85,7
11
78,6
11
78,6
SUPERVENDEDOR
10 6
60,0
6
60,0
9
90,0
9
90,0
5
50,0
AUTÊNTICO GERENTE
12 2
16,7
5
41,7
6
50,0
4
33,3
7
58,3
GERADOR DE IDÉIAS
10 4
40,0
6
60,0
6
60,0
7
70,0
5
50,0
COMPLEXO
46 22
47,8
25
54,3
33
71,7
31
67,4
28
60,9
G6 G7 G8 G9 G10
Gestoras
Perfil
Pontos
Máximos
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14 11
78,6
14
100,0
11
78,6
11
78,6
11
78,6
SUPERVENDEDOR
10 9
90,0
10
100,0
7
70,0
10
100,0
6
60,0
AUTÊNTICO GERENTE
12 4
33,3
11
91,7
9
75,0
3
25,0
10
83,3
GERADOR DE IDÉIAS
10 8
80,0
9
90,0
7
70,0
6
60,0
7
70,0
COMPLEXO
46 32
69,6
44
95,7
34
73,9
30
65,2
34
73,9
G11 G12 G13 G14 G15
Gestoras
Perfil
Pontos
Máximos
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14 10
71,4
12
85,7
7
50,0
11
78,6
9
64,3
SUPERVENDEDOR
10 9
90,0
8
80,0
6
60,0
10
100,0
8
80,0
AUTÊNTICO GERENTE
12 7
58,3
4
33,3
6
50,0
9
75,0
6
50,0
GERADOR DE IDÉIAS
10 7
70,0
6
60,0
7
70,0
6
60,0
5
50,0
COMPLEXO
46 33
71,7
30
65,2
26
56,5
36
78,3
28
60,9
G16 G17 G18 G19 G20
Gestoras
Perfil
Pontos
Máximos
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14 11
78,6
13
92,9
11
78,6
14
100,0
10
71,4
SUPERVENDEDOR
10 9
90,0
9
90,0
7
70,0
9
90,0
9
90,0
AUTÊNTICO GERENTE
12 2
16,7
5
41,7
10
83,3
9
75,0
6
50,0
GERADOR DE IDÉIAS
10 8
80,0
9
90,0
7
70,0
10
100,0
5
50,0
COMPLEXO
46 30
65,2
36
78,3
35
76,1
42
91,3
30
65,2
Continua na próxima página....
101
G21 G22 G23 G24 G25
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
12
85,7
11
78,6
12
85,7
11
78,6
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
6
60,0
6
60,0
9
90,0
9
90,0
9
90,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
10
83,3
5
41,7
6
50,0
9
75,0
2
16,7
GERADOR DE IDÉIAS
10
4
40,0
5
50,0
6
60,0
6
60,0
8
80,0
COMPLEXO
46
32
69,6
27
58,7
33
71,7
35
76,1
31
67,4
G26 G27 G28 G29 G30
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
12
85,7
10
71,4
13
92,9
7
50,0
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
10
100,0
8
80,0
10
100,0
9
90,0
9
90,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
10
83,3
4
33,3
9
75,0
2
16,7
7
58,3
GERADOR DE IDÉIAS
10
9
90,0
4
40,0
7
70,0
5
50,0
9
90,0
COMPLEXO
46
41
89,1
26
56,5
39
84,8
23
50,0
37
80,4
G31 G32 G33 G34 G35
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
6
42,9
10
71,4
7
50,0
12
85,7
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
7
70,0
7
70,0
8
80,0
4
40,0
4
40,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
4
33,3
2
16,7
3
25,0
5
41,7
5
41,7
GERADOR DE IDÉIAS
10
4
40,0
7
70,0
7
70,0
7
70,0
7
70,0
COMPLEXO
46
21
45,7
26
56,5
25
54,3
28
60,9
28
60,9
G36 G37 G38 G39 G40
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
10
71,4
12
85,7
13
92,9
12
85,7
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
6
60,0
9
90,0
9
90,0
7
70,0
7
70,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
4
33,3
5
41,7
9
75,0
7
58,3
6
50,0
GERADOR DE IDÉIAS
10
7
70,0
7
70,0
5
50,0
7
70,0
8
80,0
COMPLEXO
46
27
58,7
33
71,7
36
78,3
33
71,7
33
71,7
G41 G42 G43 G44 G45
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
10
71,4
11
78,6
10
71,4
8
57,1
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
8
80,0
7
70,0
4
40,0
4
40,0
9
90,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
4
33,3
7
58,3
6
50,0
8
66,7
6
50,0
GERADOR DE IDÉIAS
10
6
60,0
7
70,0
7
70,0
6
60,0
6
60,0
COMPLEXO
46
28
60,9
32
69,6
27
58,7
26
56,5
33
71,7
Continua na próxima página....
102
G46 G47
G48
G49
G50
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
%
%
REALIZADOR
14
10
71,4
12
85,7
9
64,3
13
92,9
12
85,7
SUPERVENDEDOR
10
5
50,0
9
90,0
6
60,0
6
60,0
5
50,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
3
25,0
6
50,0
5
41,7
4
33,3
3
25,0
GERADOR DE IDÉIAS
10
5
50,0
9
90,0
5
50,0
9
90,0
5
50,0
COMPLEXO
46
23
50,0
36
78,3
25
54,3
32
69,6
25
54,3
G51
G52
G53
Gestoras
Perfil
Pto.
Máx.
%
%
%
REALIZADOR
14
8
57,1
13
92,9
7
50,0
SUPERVENDEDOR
10
8
80,0
10
100,0
8
80,0
AUTÊNTICO GERENTE
12
4
33,3
5
41,7
3
25,0
GERADOR DE IDÉIAS
10
6
60,0
5
50,0
7
70,0
COMPLEXO
46
26
56,5
33
71,7
25
54,3
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
A tabela 7 identifica a pontuação de cada gestora pesquisada, nos quatro perfis
empreendedores de Miner (1998). Observa-se que todas as gestoras apresentaram pontuação
como “Empreendedores Complexos”, optou-se por, assim como em Lenzi (2002), para fins de
análise, considerar as sub-tendências individuais, ou seja, o perfil de maior predominância. A
tabela 8 apresenta esses dados.
Tabela 8 - Perfil Empreendedor Predominante nas Gestoras da IES pesquisada, segundo Miner (1998)
Perfil Empreendedor Quantidade de
Gestoras
%
Realizador 20 37,7%
Supervendedor 24 45%
Autêntico Gerente 3 5,8
Gerador de Idéias 1 1,9
Realizador+Supervendedor 1 1,9
Realizador+Gerador de Idéias 1 1,9
Supervendedor+Gerador de Idéias 3 5,8
Total 53 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Os dados da tabela 8 mostram os perfis predominantes apontados na pesquisa com as
gestoras. Pode-se observar que 45% das gestoras apresentaram uma sub-tendência para o
perfil Supervendedor e 37,7% para o perfil Realizador.
Analisando todos os perfis de maneira individualizada, pode-se identificar a
freqüência com que eles aparecem. Assim, o perfil Supervendedor ainda é o de maior
predominância, com 52,8% e o Realizador, com 41,5%, conforme apresentado na figura 8.
103
28
22
5
3
0
5
10
15
20
25
30
Supervendedor Realizador Gerador de Idéias Autêntico Gerente
Gestoras
Supervendedor
Realizador
Gerador de Idéias
Autêntico Gerente
Figura 8 – Perfil empreendedor predominante entre as gestoras.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Esses dados permitem constatar que, entre as gestoras da IES, o perfil Supervendedor
além de ser o de maior predominância, é o que apresenta o maior índice de combinação com
outro perfil.
Estabelecendo um comparativo entre Gestoras da Administração Acadêmica e
Gestoras da Administração Superior, pode-se verificar que as variações mais acentuadas em
percentuais se referem aos perfis complexos, autêntico gerente e gerador de idéias, conforme
apresentado na tabela 9.
Tabela 9 - Comparativo entre os perfis identificados nas Gestoras da Administração Acadêmica e
Gestoras da Administração Superior.
Administração Acadêmica Administração Superior
Perfil Qtidade. % Qtidade. %
Realizador (RE) 13 36% 07 41%
Supervendedor (SV) 16 44,4% 08 47%
Autêntico Gerente (AG) 02 5,6% 01 6%
Gerador de Idéias (GI) 01 2,8% 00 0
RESV 00 0 01 6%
REGI 01 2,8% 00 0
SVGI 03 8,4% 00 0
Total 36 100 17 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
De maneira individualizada, a análise do perfil predominante de acordo com o tipo de
administração, apresenta-se na figura 9, havendo destaque para o perfil Realizador, mais
freqüente entre as gestoras da Administração Superior, e para o perfil Gerador de Idéias,
presente de modo mais freqüente entre as gestoras da Administração Acadêmica.
104
47%
36,0%
53%
53,0%
6%
5,5%
0
13,5%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Realizador (RE)
Supervendedor (SV)
Autêntico Gerente
(AG)
Gerador de Idéias
(GI)
Administração Acadêmica
Administração Superior
Figura 9 – Perfil empreendedor predominante entre as gestoras, por tipo de administração.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Os Supervendedores apresentam uma grande sensibilidade em relação a outras pessoas
e possuem um forte desejo ajudá-las.
Presença significativamente maior, em termos percentuais, do perfil Gerador de Idéias
entre as Gestoras da Administração Acadêmica do que entre as Gestoras da Administração
Superior.
Aplicando-se as análises multivariadas previamente selecionadas (análise de
componentes principais e agrupamentos hierárquicos), refinou-se os dados obtidos. A análise
de componentes principais teve por objetivo encontrar correlações entre as 23 características
analisas e que compõem os quatro perfis empreendedores. O mapa fatorial gerado para esta
análise (figura 10) apresenta fortes aproximações de algumas características:
a) Desejo de obter feedback (R2) e Desejo de planejar e estabelecer metas (R3) em
níveis elevados e Desejo de evitar riscos (R23) em nível considerável;
b) Crença de que o trabalho deve ser orientado por metas pessoais e não por objetivos
de terceiros (R7) e Desejo de competir (R16) em baixos níveis e Crença de que o
desenvolvimento de novos produtos é essencial para colocar em prática a estratégia da
empresa (R21) em níveis elevados;
c) Crença de que uma pessoa pode modificar significativamente os fatos (R6) e
Necessidade de manter relacionamentos sólidos e positivos com os outros, ambos em níveis
elevados (R11);
d) Capacidade de compreender e compartilhar sentimento com o outro (R8), em baixo
nível e Desejo de se destacar entre os demais (R18), em nível considerável;
105
e) Crença de que uma força de vendas é essencial para colocar em prática a estratégia
da empresa (R12) e Apego às idéias (R20), ambos em nível considerável;
f) Crença de que uma pessoa pode modificar significativamente os fatos (R6) e
Atitudes positivas em relação à autoridade (R15), ambos em nível considerável;
g) Necessidade de realizar (R1) e Desejo de ser um líder na instituição (13), ambos em
nível elevado;
h) Forte comprometimento com a instituição (R5) e Atitudes positivas em relação à
autoridade (R15), ambos em nível elevado.
Figura 10 - Mapa fatorial das variáveis de caracterização do perfil empreendedor das gestoras
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
A figura 11 demonstra o agrupamento hierárquico da variáveis, por meio de um
dendograma, calculado pela Medida da Distância Euclidiana com o Método do Vizinho Mais
Próximo. O dendograma formou pequenos grupos de variáveis, indicando uma forte
heterogeneidade entre elas.
106
Figura 11 - Dendograma das variáveis de caracterização do perfil empreendedor das gestoras
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
107
Aplicando-se a análise de freqüência de respostas para todas as características
empreendedoras de maneira individualizada, obteve-se a tabela 10.
Tabela 10 – Freqüência de respostas das gestoras para cada característica empreendedora.
Característica Empreendedora Natureza Categórica
Muito Considerável Pouco
1. Necessidade de realizar 81% 15% 4%
2. Desejo de obter feedback 72% 28% ---
3. Desejo de planejar e estabelecer metas 60% 40% ---
4. Forte iniciativa pessoal 58% 42% ---
5. Forte comprometimento com a instituição 89% 11% ---
6. Crença de que uma pessoa pode modificar
significativamente os fatos
43% 46% 11%
7. Crença de que o trabalho deve ser orientado por
metas pessoais e não por objetivos de terceiros
21% 51% 28%
8. Capacidade de compreender e compartilhar
sentimento com o outro
53% 41% 6%
9. Desejo de ajudar os outros 64% 32% 4%
10. Crença de que os processos sociais são muito
importantes
70% 28% 2%
11. Necessidade de manter relacionamentos sólidos e
positivos com os outros
72% 28% ---
12. Crença de que uma força de vendas é essencial para
colocar em prática a estratégia da empresa
34% 43% 23%
13. Desejo de ser um líder na instituição 23% 45% 32%
14. Determinação 74% 26% ---
15. Atitudes positivas em relação à autoridade 51% 43% 6%
16. Desejo de competir 11% 36% 53%
17. Desejo de obter poder 2% 36% 62%
18. Desejo de se destacar entre os demais 8% 52% 40%
19. Desejo de inovar 68% 32% ---
20. Apego às idéias 21% 66% 13%
21. Crença de que o desenvolvimento de novos
produtos é essencial para colocar em prática a
estratégia da empresa
46% 43% 11%
22. Bom nível de inteligência 41% 57% 2%
23. Desejo de evitar riscos 19% 66% 15%
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
No primeiro conjunto de características pode-se destacar o forte comprometimento
com a IES e a forte necessidade de realizar (na instituição), declarada pelas gestoras. Também
podem ser consideradas de elevada importância o desejo de obter feedback, o desejo de
planejar e estabelecer metas, e a forte iniciativa pessoal.
No segundo conjunto de características, as gestoras declararam uma forte necessidade
de manter relacionamentos sólidos e positivos com os outros e a crença de que os processos
sociais são muito importantes. Mas também são destaque o desejo de ajudar os outros e a
capacidade de compreender e compartilhar sentimentos com o outro. No terceiro conjunto de
características chamam a atenção quatro variáveis: a forte determinação declarada por 74%
108
das gestoras, o pouco desejo de obter poder e de competir, declarado, respectivamente, por
62% e 53% das mulheres, ao mesmo tempo em que 52% declararam considerável desejo de se
destacar entre os demais.
No quarto grupo de características, chama a atenção o percentual de declarações
“considerável”, que são a maioria para o apegos às idéias, ao bom nível de inteligência e ao
desejo de evitar riscos. O Desejo de inovar, no entanto, foi declarado como forte por 68% das
gestoras. É importante registrar também que algumas características não obtiveram nenhum
registro de pouca importância, quais sejam: Desejo de obter feedback, desejo de planejar e
estabelecer metas, forte iniciativa pessoal, necessidade de manter relacionamentos sólidos e
positivos com os outros, determinação e desejo de inovar.
4.3 RESULTADOS DO FOCUS GROUP
O focus group reuniu as seis gestoras com as características comportamentais
empreendedoras mais acentuadas. A discussão foi realizada na sala de reuniões do Programa
de Pós-Graduação em Administração da IES pesquisada, e o registro foi feito por anotação da
moderadora e por filmadora. O roteiro de discussão vislumbrou conseguir respostas para os
seguintes questionamentos: o que entendem por empreendedorismo; o que entendem por
empreendedorismo feminino; o que é ser uma mulher empreendedora; o que é uma mulher
que não é empreendedora; o que é uma empreendedora bem sucedida; pode existir uma
empreendedora fracassada; o que entendem por intraempreendedorismo; é possível
empreender em uma IES; vocês se vêem como mulheres empreendedoras na IES; quais os
fatores que influenciam para tornar mulheres empreendedoras na IES;quais os fatores que
dificultam para que as mulheres se tornem empreendedoras na IES; que atitudes vocês
consideram fundamentais para estimular o empreendedorismo na IES; que atitudes vocês
consideram fundamentais para estimular o empreendedorismo feminino na IES. No que se
refere ao entendimento das gestoras sobre empreendedorismo, a associação do termo com as
características empreendedoras foi imediata. As gestoras definiram o empreendedor como
“alguém que tem visão de futuro e pensa muito, antes de tomar atitudes”, referindo-se
primeiramente à visão e ao risco calculado, conforme abordado na literatura por Hornaday,
(1982); Timmons, (1985); Azevedo, (1992); Santos, (1995); Dornelas, (2001), Filion, (2004).
Na seqüência, outras características foram se evidenciando, como o dinamismo, a
capacidade de relacionamento, a confiança no sentido de delegar responsabilidades, o
109
conhecimento, o desprendimento, a inovação, a busca por oportunidades, a ousadia e a
responsabilidade. Durante a discussão foi comentada a preocupação social que o
empreendedor deve ter no sentido da geração de emprego. As gestoras discutiram tomando
como exemplo uma confeitaria próxima à universidade. Segundo elas, o empreendedorismo
não consiste apenas na “abertura do negócio”, e sim, na inovação, na busca constante por
novos clientes e na confiança, que permite que o empreendedor se cerque de pessoas que
disponham das habilidades que ele não possua. Neste sentido, as gestoras afirmaram “um
empreendedor, por exemplo, pode não saber gerir o seu empreendimento, mas se ele se cerca
de pessoas que dominam, se ele tem consciência destes aspectos, o negócio vai bem”.
Quando questionadas sobre o entendimento acerca do empreendedorismo feminino, a
resposta foi unânime: “são as mesmas características, que em mulheres”. Uma das
respondentes (R1) discordou, argumentando: “não, para as mulheres é diferente! Pra começar,
homens são de Marte e mulheres são de Vênus”. Outra respondente (R2) complementou: “é,
para as mulheres o dinamismo tem que ser ainda maior, porque elas têm que dar conta de
mais coisas ao mesmo tempo”, referindo-se à educação dos filhos. Em seguida, R3 afirmou
que o empreendedorismo não é uma questão de gênero. No entanto, de acordo com a
respondente 3, “há características que as mulheres possuem de maneira mais acentuada, em
função da sua multiplicidade de papéis”. Para R1 a capacidade de relacionamento também é
uma característica que se manifesta de maneira mais intensa nas mulheres. Essa característica,
porém, foi ponto de discordância entre o grupo quando a R4 argumentou que “o
relacionamento ainda está restrito ao grupinho da cerveja e do churrasco, ou seja, em função
do machismo existente ele é superficial em relação às mulheres”. A R1 ressaltou os aspectos
culturais envolvidos nesta questão, visto que, na sua percepção, as mulheres da região sul têm
que lutar mais para ser empreendedoras, seja como proprietária ou numa empresa, e que na
região sudeste, por exemplo, as mulheres estão numa situação de igualdade com os homens.
Para as gestoras, a mulher empreendedora é aquela que “se coloca perante os desafios,
toma atitudes e faz acontecer” (R5). Para a R4, a mulher empreendedora tem o
empreendedorismo como filosofia, não apenas no seu trabalho profissional, mas também na
sua casa, na sua família, onde os filhos serão mais independentes porque eles também
aprendem a se virar, desde pequenos, como por exemplo, vestindo a sua própria roupa. a
mulher que não é empreendedora é aquela que não toma a frente de processos, que se
acomoda perante as situações e que não faz a diferença. Quando questionadas sobre o que é
ser uma empreendedora de sucesso, inicialmente houve discordâncias entre as gestoras. A R2
110
afirmou que é quando “ela conseguiu realizar as coisas que ela planejou”. A R6, por sua vez,
gerou polêmica quando argumentou que:
...pra mim uma empreendedora bem sucedida é aquela que evoluiu a um
ponto que ela começa a delegar pra poder começar a ter a vida dela mesma
como pessoa. Isso é uma empreendedora bem sucedia. Porque o que a gente
percebe, é que tudo é muito centralizado. Não se tem tempo de nada. Pra eu
ser bem sucedida na minha profissão, sendo uma gestora ou proprietária de
uma empresa, se coordena alguma coisa em algum local, pra ser bem
sucedido tem que saber delegar. Se ele não sabe, segura tudo pra si, a
doença vem a galope mesmo, então pra mim ser bem sucedido é chegar num
estágio X que começa a delegar pra ter uma mais tempo livre para si.
Neste momento, a R4 contra argumentou dizendo que “centralização não combina
com empreendedorismo”. A R1, então, complementa dizendo que a empreendedora é bem
sucedida
quando ela começa a ser respeitada e olhada diferente no círculo em que ela
atua. Então a partir do momento em que ela é respeitada, que as pessoas
escutam, querem a opinião, ela é bem sucedida. Não é aquele respeito
imposto. É aquele respeito conquistado pelo reconhecimento ao seu trabalho.
A R2 complementou afirmando que “ela tem que se sentir feliz”. A R5 ainda frisou
que a empreendedora bem sucedida “é respeitada, se sente feliz, mas isso não vem a ser o seu
limite. Ela não pára porque se tornou bem sucedida.”
A questão que se refere ao empreendedor fracassado gerou dúvidas entre as gestoras.
Inicialmente elas concordaram que não empreendedor fracassado e sim, “um
empreendimento que não deu certo”. A R1 sugeriu que o empreendedor fracassado é aquele
que “tem todas as características de empreendedor, mas não consegue empreender”. Mas o
grupo logo repudiou a idéia dizendo que, se ele não empreendeu, ele não foi empreendedor. A
dúvida, no entanto persistiu e, por fim, a R4 sintetizou afirmando que o “empreendedor
fracassado é aquele que desistiu dos seus planos, por alguma circunstância”. O grupo
novamente argumentou dizendo que “se ele desistiu, não era empreendedor, porque o
empreendedor é persistente”. A R4 reuniu novamente a idéia do grupo dizendo que é possível
que ele desista, pois “as pessoas mudam ao longo da vida, ao longo das circunstâncias. E o
empreendedor também pode vir a deixar de ser empreendedor”. Embora, aparentemente, o
grupo tenha concordado com a R4, esta questão, poderia ser retomada.
Na abordagem sobre o intraempreendorismo, a primeira manifestação coletiva do
grupo foi no sentido de afirmar que “se não houver empreendedores dentro da IES ela fecha
as portas”, ou seja, no entendimento das gestoras, o intraempreendedorismo ou seja, o sentido
empreendedor no seio da IES, é condição fundamental para a sobrevivência desta instituição.
111
O grupo compreendeu o intraempreendedorismo como a ação de empreendedores dentro de
um negócio que não lhes pertence. O empreendedorismo, assim, está na IES.
Para a R3, mais especificamente, “para que haja empreendedorismo dentro das
instituições, a condição primordial é a autonomia para tomada de decisões”. A R6
complementa dizendo que “se não houver espaço para empreender, o intraempreendedor cai
fora, vai procurar outra instituição”. A respondente 3, no entanto, argumenta que, “numa
instituição pública, em que há um bom salário e uma condição estável, ele acaba se
acomodando e por fim, adoecendo”.
De maneira geral o grupo concorda que, a dificuldade de se empreender num ambiente
interno está vinculado ao tamanho da organização e ao tempo de trabalho das pessoas nessa
organização. Por exemplo, numa grande instituição torna-se mais difícil empreender porque
se terá mais pessoas envolvidas no processo, podendo haver maior grau de resistência,
inclusive em virtude da distância de relacionamento entre as pessoas. Também numa
instituição pública, em virtude da chamada estabilidade de emprego, as pessoas têm mais
“tempo de casa” do que na iniciativa privada. Isso, segundo as gestoras, pode ser fonte de
resistência uma vez que “o funcionário sempre fez o seu trabalho da mesma maneira e alguém
tenta alterar sua zona de conforto”. A R4 ainda argumentou que para ser intraempreendedor é
“necessário que se tenha a visão do todo da organização, não somente a célula em que você
está inserido. Tem que entender o processo inteiro.” A respondente 3 complementa dizendo
que “você tem que gerir como se o negócio você seu”.
Quando questionadas sobre o seu auto-conceito no âmbito da IES, a R5 afirmou
categoricamente que se considera empreendedora na IES porque “encara os desafios, tem
atitude e faz acontecer”. Comentou ainda que às vezes pensa na sua vida profissional.
....e eu vejo que eu estou coordenando um curso e tem gente dentro do meu
curso que tem mais tempo do que eu. Se você for analisar o tempo, eu
conquistei esse espaço. Além do mais, eu tenho um sonho de ser uma
empresária de produção. Eu já tinha um comércio, mas eu quero na
produção.
A R3 também afirmou que se considera uma empreendedora pela sua “persistência,
iniciativa, jogo de cintura e luta” durante a sua trajetória na IES. Para ilustrar as
características, ela citou algumas das conquistas que resultaram desta atuação empreendedora.
A R2, por sua vez, afirmou que se dispôs ao que apareceu, que encarou os desafios que lhe
foram colocados, mas que não almejou e também não tem pretensões a mais, como a R5. No
entanto, ela se considera uma empreendedora interna pela persistência e conquistas que se
112
concretizaram ao longo do tempo. A R1 apresentou-se confusa nas suas argumentações ao
dizer que não se considera empreendedora, e afirmou:
eu sinceramente não sei se eu vou me chamar de empreendedora. Eu acho
que tenho algumas características empreendedoras. Acho que são bem claras.
Não me imagino fazendo a mesma coisa sempre. Então pra mim, mudar é
muito bom. Então quando a coisa certo então eu tenho que inventar outra
coisa pra fazer. Então tenho sempre que estar inventando. Eu tenho outros
planos que eu gostaria de fazer. Mas eu nunca, em nenhum plano, falei assim
como com você, eu quero ter o meu negócio. Nunca me imaginei tendo um
negócio e perpetuar aquilo. Nunca me imaginei dona do meu negócio. Então
por isso não sei se eu seria empreendedora. Eu sou muito inquieta. É um fato
isso que eu acho que é uma característica muito direta do empreendedor. Ao
mesmo tempo, eu acho que a empreendedora luta mais por um negócio
próprio. Mas eu sou muito feliz em trabalhar para os outros. Eu não tenho
aquela coisa assim: nossa, eu quero ter o meu negócio!
Esta respondente, antes de trabalhar na IES, tinha um negócio próprio, na área de
consultoria. A R6 também não se diz empreendedora, mas concorda que é muito persistente e
assim vai conseguindo as coisas que almeja. A R4, por sua vez, afirmou ser empreendedora.
“Tenho uma inquietação muito grande e vou me envolvendo com as coisas. Quero ver
acontecer. Por isso acho que sou empreendedora na IES.”
Sobre as atitudes que consideram fundamentais para estimular o empreendedorismo na
IES, a R5 afirmou que “a própria instituição é um estímulo ao empreendedorismo, é uma
universidade, com inúmeras possibilidades”. E a R6 complementou “é o que eu sempre digo
aos meus alunos: busquem as oportunidades desta IES, que são muitas. Vocês precisam
transitar por esses espaços. E, normalmente, os que transitam são os que se saem bem.” A R5,
então, levantou a bandeira da desburocratização, e foi apoiada pela R1. No entanto, a R6
alegou que “também burocracia para abrir uma empresa. O que precisa é agilizar o trâmite
das decisões, porque atualmente é muito lento”. As demais participantes concordaram. A R1
ainda comentou que “descobrir novas oportunidades de financiamento para IES” também se
constitui numa forma de estimular o empreendedorismo interno.
Para finalizar, o grupo foi questionado sobre quais os fatores que influenciam e quais
dificultam para que as mulheres sejam empreendedoras do ambiente da IES. A R3
inicialmente afirmou que “a mulher tem que mostrar competência”. A R1, no entanto, acha
que “a IES é um ambiente menos machista. se torna mais fácil de a mulher aparecer. É
uma organização que trabalha com o intelectual”. De maneira geral, elas acreditam que não há
diferença entre homem e mulher na IES. A R4 afirmou “trata-se especialmente de cargo
eletivo, e a iniciativa parte do próprio empreendedor para se colocar a disposição, no sentido
de assumir uma função gestora. Então, vai depender da trajetória dela. Além do mais, você
113
não precisa ter um cargo para ser empreendedor na IES”. Em se tratando das dificuldades, as
gestoras concordam que o que mais dificulta é a conciliação entre a vida pessoal (família,
filhos) e a vida profissional. A R6 argumentou dizendo “porque assumir uma gestão te toma
mais tempo, pois a responsabilidade é maior. Ainda mais numa IES: você tem atribuições
durante todo o dia, e à noite ainda leciona”. A R3 também levantou o aspecto do “medo do
desconhecido”, no sentido de não assumir uma função gestora por não ter conhecimento de
como as coisas funcionam.
Para ilustrar o entendimento destas gestoras acerca do empreendedorismo, a partir do
focus group e da categorização das respostas, apresenta-se a figura 12. Esta figura foi obtida
por meio da análise de conteúdo da discussão, relacionando, com o auxílio do software
Atlas.Ti, os termos mencionados e a sua relação com o empreendedorismo.
Assim, pode-se afirmar que, no entendimento das gestoras, o empreendedorismo está
relacionado à inovação, ao planejamento e aos riscos calculados. A ligação do
empreendedorismo com o “negócio próprio” também é percebida pelas mulheres, no entanto,
elas também entendem que é possível empreender trabalhando para uma Organização que não
seja de sua propriedade. Em ambos os casos, no entanto, é necessário que o sujeito tenha
iniciativa, dinamismo, confiança, ousadia, preocupação social, visão de futuro,
responsabilidade, senso de oportunidade, conhecimento, desprendimento e relacionamento.
Este último, por sua vez, é concebido como fundamental para a existência do
intraempreendedor, que é a base para a prática do intraempreendedorismo, que é possível
num ambiente favorável, chamado de ambiente empreendedor. Este ambiente é conseqüência
da autonomia proporcionada na gestão e pode ser considerado necessário para que haja o
empreendedorismo feminino.
O empreendedorismo feminino, o intraempreendedorismo e o empreendedorismo em
IES são propriedades do empreendedorismo. No contexto das IES, o empreendedorismo
feminino, por sua vez, faz parte do empreendedorismo. O intraempreendedorismo constitui-se
também em propriedade do empreendedorismo em IES. Para as gestoras, entretanto, a visão
do todo é necessária no intraempreendedorismo e também, para que se sustente o
empreendedorismo em IES. Em contradição ao empreendedorismo está a acomodação que, na
concepção das gestoras, é a causa do fracasso e que caracteriza o sujeito não-empreendedor.
114
Figura 12 – O entendimento das mulheres gestoras da FURB acerca do empreendedorismo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
115
5 CONCLUSÃO
Para a abordagem final desta pesquisa, este capítulo foi dividido em duas seções distintas.
A primeira traz as conclusões das análises apresentadas e suas respectivas interpretações.
Na seqüência, são feitas algumas recomendações com o intuito de melhorar, aprofundar e
ampliar os estudos sobre empreendedorismo feminino e intraempreendedorismo em IES.
5.1 CONCLUSÕES
O levantamento teórico realizado para o desenvolvimento deste trabalho mostrou uma
relativa carência de pesquisas relacionadas ao empreendedorismo feminino, muito embora o
estudo desta temática tenha se intensificado nos útlimos anos. No Brasil, os Programas de
Pós-Graduação em Administração têm se mostrado como principais motivadores das
investigações acerca deste tema, fomentando a publicação científica sobre o assunto.
No contexto das instituições de ensino, o estudo de Takahashi, Graeff e Teixeira (2005), ao
que tudo indica, foi o primeiro a abordar a gestão feminina. No âmbito das IES mais
especificamente, as mulheres gestoras foram percebidas por Miranda, Silveira e Cassol
(2006), numa etapa inicial deste trabalho, em que foi constatado que elas atribuem à educação
continuada e à busca de informação e de conhecimento, o sucesso em uma IES. O aspecto
intraempreendedor da IES foi tema de estudo de Schenatto e Lezana (2001) que buscaram as
características comportamentais empreendedoras, mas não abordaram a questão de gênero. Os
pesquisadores identificaram aspectos subjacentes ao processo comportamental da ão
empreendedora, no ambiente de IES, revelando que os docentes apresentam as habilidades
necessárias à ação empreendedora, mas não são providos de ambição e necessidade de poder e
status para exercer a plenitude de sua capacidade empreendedora.
Esta pesquisa procurou, no contexto intraempreendedor de uma IES do Vale do Itajaí, em
Santa Catarina, região sul do Brasil, estudar as características pessoais, profissionais e
empreendedoras de gestoras e seu entendimento sobre empreendedorismo,
intraempreendedorismo e empreendedorismo feminino. Assim, os resultados foram analisados
de maneira sistematizada, buscando um maior detalhamento e compreensão dos aspectos
abordados.
116
Inicialmente é possível concluir que a maioria das gestoras faz parte da Administração
Acadêmica (68%); encontra-se na sua primeira ou segunda gestão (77%), são mestres (51%)
ou doutoras (26%), conquistaram sua primeira função gestora em até dez anos de atuação na
instituição (85%), têm entre 36 e 55 anos de idade (77%) e até 15 anos de experiência na IES
(77%). Duas gestoras, da área tecnológica, chamam a atenção por terem sido eleitas e reeleitas
várias vezes numa área predominantemente masculina. Uma delas possui tulo de mestre,
conquistou sua primeira gestão no período em que tinha entre 6-10 anos de experiência na IES
e está na sua sexta gestão. A outra, conquistou sua primeira gestão antes de completar cinco
anos de experiência na IES, é doutora, e está na quinta gestão na IES.
A titulação acadêmica das gestoras que integram a Administração Acadêmica
apresentou-se mais elevada visto que estas mulheres são obrigatoriamente docentes e, com
responsabilidade de publicações, produção científica, entre outros aspectos inerentes à
atividade docente.
Embora as variáveis idade e titulação não sejam dependentes, pode-se afirmar que há
uma associação entre o grau de instrução, a faixa etária, o tempo de trabalho na IES e a pré-
disposição para assumir uma função gestora visto que elas concentram-se entre mestres e
doutoras e nas faixas etárias intermediárias, mas em maior número entre 46 e 55 anos (41%).
Este percentual cai consideravelmente a partir dos 56 anos (6%). Na faixa etária dos 11 aos 15
anos de experiência na IES tem-se 26% das gestoras, na faixa etária seguinte, dos 16 aos 20
anos, esse percentual cai para 11%. Apesar de ser um ambiente essencialmente acadêmico,
em que se pressupõe que maior titulação entre os gestores, quase 10% das gestoras possui,
no máximo, a graduação.
Na análise multivariada das variáveis categóricas relacionadas ao perfil pessoal e
profissional das gestoras, em que foram gerados o mapa fatorial e o dendograma, pode-se
perceber a independência e heterogeneidade das variáveis. Ambas as figuras (figura 6 e 7)
demonstraram alguma correlação válida, entre aspectos específicos, porém não significativos.
No que se refere à caracterização do perfil Empreendedor, inicialmente contatou-se a
predominância dos perfis complexos, assim como em Lenzi (2002) num estudo realizado com
empresários do setor de serviços de Balneário Camboriú. Mas, considerando as sub-
tendências individuais, percebeu-se que a maioria das gestoras apresentou perfil
Supervendedor (45%), seguido do perfil Realizador (37,7%). A combinação de dois perfis
ainda se manifestou em 9,6% dos casos estudados. Miner (1998) já havia percebido que a
combinação de perfis é mais incidente nas mulheres do que nos homens. O perfil Autêntico
Gerente registrou 5,8% das respostas e Gerador de Idéias apenas 1,9%. Os perfis Gerador de
117
Idéias e Supervendedor apresentaram maior freqüência de combinação entre si (5,8%), e
também foram combinados com o Realizador, numa incidência de 1,9% com cada um. Para o
perfil Autêntico Gerente não houve combinação que resultasse em perfil de Empreendedor
Complexo.
Analisando de maneira isolada os perfis, ou seja, desmembrando os Perfis Complexos,
pode-se concluir que a presença do perfil Realizador foi proporcionalmente maior entre as
gestoras da Administração Superior, talvez porque o dia-a-dia destas gestoras exija ações mais
voltadas ao cumprimento de metas, especialmente das que não estão ligadas às atividades
docentes. Entre as gestoras da Administração Acadêmica houve um equilíbrio entre os perfis
Supervendedor e Realizador, em que se pressupõe uma preocupação maior neste grupo, com
as relações sociais. O perfil Gerador de Idéias foi encontrado apenas entre as gestoras da
Administração Acadêmica.
De maneira geral, pode-se afirmar que a gestora de uma IES “veste a camisa”, no sentido da
sua doação por completo à atividade profissional, seja como gestora ou como professora.
Independentemente de se estar numa função gestora, o ambiente de IES, especialmente a que
mantém o tripé do ensino, pesquisa e extensão, possibilita um leque de oportunidades de
empreender. O aspecto da necessidade de realizar e a persistência ficam bastante claros nestas
IES, na medida em que uma competição interna para agregar mais horas-atividade à sua
grade de horários, assim como mais bolsistas de pesquisa e, consequentemente, mais
produção científica.
Outro fato a ser considerado e que, por sua vez estimulou aspectos do
empreendedorismo na IES, foi o ambiente externo competitivo. A Lei n. 9394 de 1996, Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, oportunizou a abertura de uma série de IES de
caráter privado no Brasil, e contribuiu para este novo contexto. Neste período em que
inúmeras IES foram criadas, houve a necessidade de que estas organizações
profissionalizassem a sua estrutura, inclusive compatibilizando o tamanho de suas estruturas
administrativas ao tamanho da instituição, entre outros pontos.
A questão da avaliação do ensino superior, em suas amplas vertentes, também um
marco na administração das IES, e uma forma de regulamentação por parte do governo
brasileiro, a partir dos anos 90, contribuiu para esta nova fase do ambiente universitário.
Fischborn (2004) confirmou que os gestores de IES catarinenses seguiam a tendência da
gestão inovadora e criativa, para assim proporcionar o ambiente empreendedor necessário
para que as oportunidades fossem administradas.
118
Nesta pesquisa, por meio da análise multivariada das variáveis categóricas relacionadas
ao perfil empreendedor, foi confirmada a heterogeneidade do que tange ao empreendedor em
uma instituição de ensino. A partir desta confirmação realizou-se a análise de freqüência das
respostas para todas as características empreendedoras de maneira individualizada. Nesta
análise percebeu-se uma necessidade de realizar muito forte, declarada por 81% das mulheres.
Outra característica que se destacou é o forte comprometimento com a instituição, declarado
por 89% da gestoras. Ambas as características podem ter uma relação direta com a atividade
docente, visto que na docência há o aspecto de doação integral, conforme já foi mencionado.
Outras características declaradas muito fortes, mas em menor freqüência que as
anteriores, foram determinação (74%), necessidade de manter relacionamentos sólidos e
positivos com os outros (72%) e a crença de que os processos sociais são muito importantes
(70%). Essas características também estão diretamente ligadas à atividade docente. A última,
por sua vez, também pode ser atribuída a um grande número de gestoras com formação em
ciências humanas.
No entendimento sobre empreendedorismo em uma IES destacou, por excelência, que o
empreendedorismo está ligado, entre outros aspectos, ao desprendimento, relacionamento,
preocupação social e conhecimento. As gestoras também citaram as características
empreendedoras mais difundidas como o risco calculado, a visão, dinamismo, confiança,
inovação, busca de oportunidade, ousadia e responsabilidade.
No entendimento sobre o empreendedorismo feminino em IES, no entanto, não houve
consenso no grupo. Mas as discussões e a discussão permitiram concluir que, assim como no
estudo de Bonilha e Ichikawa (2003), com as mulheres cientistas do IAPAR, as gestoras da
IES estudada consideraram que a questão de nero não é relevante no meio acadêmico, mas
que as mulheres têm que demonstrar maior competência no desempenho das suas atividades.
Confirmando outros estudos realizados como o de Stenvenson (1986); Machado (2001);
Machado e Rouleau (2002); Quental (2003); Lindo et al (2004) e Machado (2006), a conciliação
entre família e vida profissional se constitui na maior dificuldade para que as mulheres gestoras de
uma IES se tornem empreendedoras, não diferindo dos resultados evidenciados na MPME, de
modo geral. Em decorrência desta multiplicidade de papéis, no entanto, as gestoras percebem a
mulher como um sujeito social mais dinâmico no ambiente da IES.
Sobre a mulher não empreendedora, com base na discussão, é possível concluir que a
acomodação é o aspecto de maior relevância nas suas características. Por sua vez, a
concepção empreendedora bem sucedida tem a ver com o reconhecimento do trabalho.
Segundo as afirmações das gestoras estudadas, é o momento que a mulher passa a ser
119
reconhecida pelo que ela fez. Esse entendimento também coincide com o revelado por
Machado e Roulleau (2002), entre empresárias brasileiras.
A concepção de empreendedora fracassada, segundo as respondentes, houve consenso,
sem esgotar a discussão, de que esse “sujeito” não existe. No entendimento do grupo, um
negócio ou uma idéia que não deu certo.
No aspecto do entendimento sobre empreendedorismo, a mulheres gestoras reconhecem o
ambiente intraempreendedor e privilegiado das IES, que, embora seja diferente das micro,
pequenas e médias empresas (MPME) brasileiras, propicia ambiente para que as pessoas
também empreendam.
O intraempreendedorismo foi discutido entre as gestoras como condição primordial para o
funcionamento de uma IES. As gestoras também concordaram que autonomia é uma condição
fundamental para o ambiente intraempreendedor de uma IES, e que a dificuldade de se
empreender em uma instituição de ensino está relacionada com o tamanho da IES e com a
motivação das pessoas (tempo de serviço na casa). Ações como o financiamento da iniciação
científica, no ambiente da IES, pode ser considerado uma forma de apoio e de estímulo aos
sujeitos sociais para que se desenvolva o intraempreendedorismo neste local, conforme
defenderam Guilhon e Rocha (1999).
Com relação ao auto-conceito, a maioria das gestoras se considera empreendedora em
virtude da persistência e da coragem para enfrentar os desafios. Da mesma forma, as gestoras
consideram que para a mulher se tornar empreendedora, é necessário que ela se disponha a
isso: Empreender. o estímulo ao empreendedorismo no ambiente da IES pode ser visto
como presente, e realizado por meio da agilização dos processos. No entendimento das
gestoras, para se empreender em uma IES, de forma geral, é fundamental ter autonomia e
visão do macro ambiente.
Assim, este estudo permitiu responder aos questionamentos iniciais sobre o perfil pessoal
e profissional das gestoras de uma IES, como identificar as suas características
empreendedoras, segundo o modelo de Miner (1998). Oportunizou, além disto, conhecer o
entendimento destas mulheres acerca do empreendedorismo e do intraempreendedorismo em
uma IES. Deste modo, as questões de pesquisa foram respondidas e os objetivos alcançados,
dentro da proposição do método e das técnicas de adotados.
120
5.2 RECOMENDAÇÕES
As experiências adquiridas a partir desta pesquisa permitem fazer recomendações para
novos estudos. Continuar esta pesquisa com os mesmos sujeitos sociais como respondentes,
utilizando-se o questionário padrão de McClelland (1972), entre outros, é forma de
aprofundar o que aqui foi estudado, possibilitando uma comparação entre os perfis
encontrados, em uma nova fase de investigação. Da mesma forma, a aplicação da
metodologia aqui empregada pode ser realizada em estudo com os homens gestores no
ambiente desta IES, é outro estudo a ser realizado. Este estudo vai permitir comparações,
ampliando o aqui encontrado. Outro estudo que poderá ser realizado, volta-se para a
ampliação desta pesquisa para outras IES, oportunizando a confirmação ou não dos resultados
até agora alcançados. A adoção de outros métodos e tecnicas de pesquisa é um caminho a ser
percorrido para ampliar e aprofundar o conhecimento em contextos especificos como os de
uma IES, sendo também recomendado para continuidade de estudos nesta área de interesse.
121
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136
APÊNDICE A - FORMULÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO (MINER, 1998)
A avaliação a seguir pretende identificar algumas características referentes às suas atividades
como gestora. Sendo assim, é extremamente importante a sua sinceridade nas respostas
evitando supervalorização ou sub valorização. Pense conscientemente no seu comportamento
e responda calmamente anotando um “X” na opção escolhida.
SEÇÃO DE CLASSIFICAÇÃO
Natureza da Categoria
1. Necessidade de realizar Muito Considerável Pouco
2. Desejo de obter feedback
3. Desejo de planejar e estabelecer metas
4. Forte iniciativa pessoal
5. Forte comprometimento com a instituição
6. Crença de que uma pessoa pode modificar
significativamente os fatos
7. Crença de que o trabalho deve ser orientado por
metas pessoais e não por objetivos de terceiros
8. Capacidade de compreender e compartilhar
sentimento com o outro
9. Desejo de ajudar os outros
10. Crença de que os processos sociais são muito
importantes
11. Necessidade de manter relacionamentos sólidos
e positivos com os outros
12. Crença de que uma força de vendas é essencial
para colocar em prática a estratégia da empresa
13. Desejo de ser um líder na instituição
14. Determinação
15. Atitudes positivas em relação à autoridade
16. Desejo de competir
17. Desejo de obter poder
18. Desejo de se destacar entre os demais
19. Desejo de inovar
20. Apego às idéias
21. Crença de que o desenvolvimento de novos
produtos é essencial para colocar em prática a
estratégia da empresa
22. Bom nível de inteligência
23. Desejo de evitar riscos
137
APÊNDICE B - ROTEIRO DE DISCUSSÃO DO FOCUS GROUP
ETAPA 1 - INTRODUÇÃO
a) SAUDAÇÃO AOS PARTICIPANTES. APRESENTAÇÃO DE CADA UM,
INDIVIDUALMENTE, POR NOME E CARGO NA IES.
b) APRESENTAÇÃO AOS PARTICIPANTES DO TEMA E DOS OBJETIVOS DO
ESTUDO QUE ESTÁ SENDO REALIZADO, COMO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (PPGAd) DA
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB).
c) EXPLICAR O QUE É FOCUS GROUP.
d) DAR A CONHECER AS REGRAS ESTABELECIDAS PARA DESENVOLVIMENTO
DO FOCUS GROUP, NESTA PESQUISA.
ETAPA 2 – DESENVOLVIMENTO
a) PROVOCAR DISCUSSÕES ENTRE OS PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP,
POR MEIO DAS SEGUINTES QUESTÕES:
1) O que entendem por empreendedorismo?
Defina.
2) O que entendem por empreendedorismo feminino?
Defina.
3) O que é ser uma mulher empreendedora?
Comente. Exemplifique.
3) O que é uma mulher que não é empreendedora?
Comente. Exemplifique.
4) O que é uma empreendedora bem sucedida?
Comente. Exemplifique.
5) Pode existir uma empreendedora fracassada?
Como? Por quê? Comente. Exemplifique.
6) O que entendem por intraempreendedorismo?
Defina.
7) É possível empreender em uma IES?
Como? Por quê? Comente. Exemplifique.
8) Vocês se vêem como mulheres empreendedoras na IES?
Como? Por quê? Comente. Exemplifique.
138
9) Quais os fatores que influenciam para tornar mulheres empreendedoras na IES? Enumere
os mais importantes.
10) Quais os fatores que dificultam para que as mulheres se tornem empreendedoras na IES?
Enumere os mais importantes.
11) Que atitudes vocês consideram fundamental para estimular o empreendedorismo na IES?
Comente. Exemplifique.
12) Que atitudes vocês consideram fundamental para estimular o empreendedorismo feminino
na IES?
Comente. Exemplifique.
ETAPA 3 – CONCLUSÃO
a) RESUMIR O QUE FOI MAIS SIGNIFICATIVO NAS DISCUSSÕES ENTRE OS
PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP.
ETAPA 4 – ENCERRAMENTO
a)AGRADECER AOS PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP.
b) ENTREGAR UM FOLDER E UM LIVRO ORGANIZADO PELA PROFA. DRA.
AMÉLIA SILVEIRA E PELA PROFADRA. MARIA JOSÉ CARVALHO DE SOUZA
DOMINGUES, LIDER E VICE-LIDER DO GRUPO DE PESQUISA EM GESTÃO DE
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO CNPq, COM OS RESULTADOS DAS
PESQUISAS REALIZADAS EM 2006, NO PPGAd/FURB, A CADA UM DOS
PARTICIPANTES DO FOCUS GROUP.
c) CONVIDAR PARA O COFFEE-BREAK NO PPGAd/FURB.
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