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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPÛS DE JABOTICABAL
ESTIMATIVAS DE COMPONENTES DE (CO) VARIÂNCIA DE
CARACTERISTICAS DE CRESCIMENTO NA RAÇA NELORE,
UTILIZANDO INFERÊNCIA BAYESIANA
FRANCISCO RIBEIRO DE ARAÚJO NETO
Orientador: Prof. Dr. HENRIQUE NUNES DE OLIVEIRA
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Genética e
Melhoramento Animal.
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL
Julho de 2008
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iii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
FRANCISCO RIBEIRO DE ARAUJO NETO – nascido a 30 de julho de 1983,
na cidade de Rio Verde - Goiás, é formado em Zootecnia pela FESURV - Universidade
De Rio Verde – GO, em julho de 2005. Em agosto de 2006, iniciou o mestrado em
Genética e Melhoramento Animal, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
UNESP, Campus de Jaboticabal, sob a orientação do Prof. Dr. Henrique Nunes de
Oliveira.
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iv
Dedico.....
À Deus
À meus pais.
À meus irmãos.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, uma vez que sem sua vontade nada é
possível e por acreditar que nenhum homem seja capaz de superar obstáculos sem fé,
seja qual for a sua crença.
À meus pais, Jerônimo Vieira de Araújo e Terezinha Ferreira dos Anjos, cujos
sonhos e objetivos sempre estiveram ligados à mim e a meus irmãos, demonstrando
alegria nos momentos felizes, esperança e apoio em momentos difíceis.
À meus irmãos, Stefane Ferreira de Araújo e Jerônimo Vieira de Araújo Filho,
que apesar de nossas diferenças, sempre estiveram a meu lado seja com palavras de
incentivo, ou com apenas um ombro amigo.
Ao professor Dr. Henrique Nunes de Oliveira, pelos ensinamentos e orientação
À professora Drª. Lúcia Galvão de Albuquerque e Drª. Maria Eugênia
Mercadante, por comporem as bancas de qualificação e defesa, contribuindo com
sugestões que aprimoraram este trabalho.
Àos colegas de pós-graduação: Agmar, Tammya, Severino, Dimas, Carla, Davi,
Roberta, Joseane, Lilian, Lina Maria, Henrry, Raul, Otávio, Breno, Arione, Mônica,
Juana, Leonardo, André e Iara pelo companheirismo.
Aos funcionários, professores e alunos do departamento de nutrição e
melhoramento animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu,
dentre os quais Carlão, Rogério, Marco e o professor Dr. Marcilio.
Ao programa de pós-graduação em genética e melhoramento animal da
UNESP, pela possibilidade oferecida de desenvolver o mestrado.
A ANCP pela cessão dos dados, e Capes pela concessão de bolsas.
A todos que possibilitaram de forma direta ou indireta o desenvolvimento deste
trabalho.
vi
EPIGRAFE
“Quem conhece a sua ignorância
Revela a mais alta sapiência.
Quem ignora a sua ignorância
Vive na mais profunda ilusão.
Não sucumbe a ilusão
Quem conhece a ilusão como ilusão.
O sábio conhece o seu não-saber,
E essa consciência do não-saber
O preserva de toda ilusão.”
(Lao-Tsé)
vii
SUMÁRIO
Pág.
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................... 1
...................................................................................................................... 1 1.1 – Introdução
........................................................................................................................ 3 1.2 – Objetivos
.................................................................................................... 4 1.3 – Revisão de literatura
.............................................. 4 1.3.1 – Componentes de variância: princípios e aplicação
.......... 8 1.3.2 – Inferência bayesiana: princípios e aplicação em melhoramento animal
.................................................................................................. 9 1.3.2.1 - Teorema de Bayes
1.3.2.2 – Métodos de Monte Carlo e o Algorítmo de Amostragem de Gibbs (Gibbs
sampling).................................................................................................................................. 12
1.3.3 - Características a serem consideradas como critérios de seleção em bovinos
de corte..................................................................................................................................... 14
........................................................ 15 1.3.3.1 – Características indicativas do crescimento
.................................... 17 1.3.3.2 – Indicativos de precocidade sexual: perímetro escrotal
........................................................................................... 181.4 – Referências Bibliográficas
CAPÍTULO 2 – ESTIMAÇÃO DE COMPONENTES DE (CO)VARIÂNCIA DE
CARACTÉRISTICAS DE CRESCIMENTO NA RAÇA NELORE, UTILIZANDO –
SE DE ABORDAGEM BAYESIANA................................................................................... 30
.............................................................................................................................. 30 RESUMO –
........................................................................................................................ 32 INTRODUÇÃO
.................................................................................................... 34 MATERIAIS E MÉTODOS
......................................................... 34 Métodos de amostragem e consistência dos dados
............................................................................... 35 Modelo e análise genético-quantitativa
............................................................................................ 38 RESULTADOS E DISCUSSÃO
....................................................................................................................... 56 CONCLUSÕES
.................................................................................... 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE .............................................................................................................................. 65
viii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Pág.
Figura 1 Evolução do rebanho bovino brasileiro de 1997 - 2005. ............................ 1
Figura 2 Evolução da produção de carne bovina no Brasil, entre os anos de 1997
a 2005 (equivalente - caracaça)................................................................. 2
CAPÍTULO 2
Pág.
Figura 1 Incremento da estimativa de herdabilidade com relação à idade do
animal......................................................................................................... 43
Figura 2 Densidades a posterioris” das estimativas para a herdabilidade direta
(h
2
), materna (h
2
d m
) e porção do efeito permanente materno (c) nas
características pesos padronizados aos 120 e 210 dias, e o ganho de
peso neste intervalo. .................................................................................. 45
Figura 3 Densidades a posteriori” das estimativas para a herdabilidade direta
para pesos padronizados as idades de 365, 450 e 550 dias e ganhos de
peso entre estes períodos.......................................................................... 46
Figura 4 Densidades “a posteriori” das estimativas para a herdabilidade direta
para medidas de circunferência escrotal padronizadas a idades de 365,
450 e 550 dias e crescimento entre estes períodos................................... 47
Figura 5 Representação gráfica das correlações genéticas entre as
características ponderais e de perímetro escrotal...................................... 51
Figura 6 Ganhos genéticos esperados (Dg) nos pesos dos animais de acordo
com a idade, em função da característica a utilizada como critério de
seleção.
...................................................................................................... 52
Figura 7 Representação gráfica das correlações ambientais entre as
características ponderais ede perímetro escrotal....................................... 55
ix
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Pág.
Tabela 1 Estimativas de herdabilidade apresentadas na literatura para pesos
mensurados em varias idades e raças..................................................... 16
Tabela 2 Estimativas de herdabilidade apresentadas na literatura para perímetro
escrotal nas mais diversas idades e raças ............................................... 18
CAPÍTULO 2
Pág.
Tabela 1 Descrição do banco de dados utilizado para as análises genéticas......... 35
Tabela 2 Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos
componentes de variância e parâmetros genéticos referentes aos
ganhos de peso entre as idades de 120 e 210 (GP1), 210 e 365 (GP2),
365 e 450 (GP3) e 450 e 550 dias (GP4)................................................. 39
Tabela 3 Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos
componentes de variância e parâmetros genéticos referentes aos
pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365), 450
(P450) e 550 (P550) dias de idade........................................................... 40
Tabela 4 Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos
componentes de variância e parâmetros genéticos referentes a
mensurações de perímetro escrotal nas idades padrão de 365 (PE365),
450 (P450) e 550 (P550) dias; e para o crescimento apresentado entre
estes períodos: 365 e 450(CP1) e 450 e 550 dias (CP2)......................... 42
Tabela 5 Estimativas das medias “a posteriori” e desvio-padrões (entre
parênteses) das correlações genéticas (triangular superior) e
ambientais (triangular inferior) entre características de crescimento e
reprodutivas na raça Nelore
.............................................................................. 48
x
ESTIMATIVA DE COMPONENTES DE (CO) VARIÂNCIA DE CARACTERISTICAS
DE CRESCIMENTO NA RAÇA NELORE, UTILIZANDO INFERÊNCIA BAYESIANA
RESUMO:
Neste trabalho objetivou-se avaliar a aplicação de método bayesiano na análise de
dados de crescimento, em um modelo multi-características. Dados de 54.182 animais
da raça Nelore foram utilizados na estimação de componentes de variância de: a)
pesos padronizados as idades de 120 (P20), 210 (P210), 365 (P365), 450 (P450) e
550 (P550) dias; b) perímetro escrotal as idades-padrão de 365 (PE365), 450 (PE450)
e 550 (PE550) dias; c) ganhos de peso entre as idades 120/210 (GP1), 210/365 (GP2),
365/450 (GP3) e 450/550 (GP4) e; d) crescimento escrotal nos intervalos de 365/450
(CP1) e 450/550 (CP2). As análises foram realizadas empregando-se o software
GIBBS2F90, assumindo um modelo animal para oito características: P120, PE365 e
ganhos de peso e perímetro escrotal. As demais foram obtidas mediante propriedades
da soma de variâncias. As herdabilidades diretas estimadas foram 0,17; 0,19; 0,13;
0,15; 0,33; 0,19; 0,23; 0,24; 0,35; 0,37; 0,39; 0,52; 0,56; e;0,48 para GP1, GP2, GP3,
GP4, CP1, CP2, P120, P210, P365, P450, P550, PE365, PE450 e PE550,
respectivamente. Os valores de correlação genética variaram de -0,025 (GP3/PE550)
a 0,97 (PE450/PE550). Verificou-se que as características em idades padrão
apresentam maior variabilidade genética que as medidas intervalares, o que as indica
como critérios de seleção que possibilitaria uma melhor resposta a seleção. Com
relação à implementação do método bayesiano em modelo multi-características,
verificou-se eficiente apesar do pequeno número de amostras efetivas geradas em
alguns parâmetros, indicando a necessidade de um maior número de interações.
Palavras – chaves: análise multi-características, amostrador de Gibbs, raça Nelore,
peso, perímetro escrotal
xi
ESTIMATION OF VARIANCE COMPONENTS FOR GROWTH TRAITS IN NELLORE
CATTLE, USING BAYESIAN INFERENCE
ABSTRACT:
This work, the objective is to evaluate application of Bayesian methods in multiple-trait
animal models. Records from 54.182 Nellore males were used for estimation of
variance components for: a) weight standardized ages of 120 (W120), 210 (W210), 365
(W365), 450 (W450) and 550 (W550) days; b) scrotal circumference at age-standard
from 365 (EC365), 450 (EC450) and 550 (EC550); c) weight gains between the
standardized ages of 120/210 (WG1), 210/365 (WG2), 365/450 (WG3) e 450/550
(WG4)e; d) scrotal growth in the intervals 365/450 (EG1) and 450/550 (EG2). Analyses
were performed using the GIBBS2F90, assuming a multiple-trait animal model. The
direct heritability estimates were 0,17; 0,19; 0,13; 0,15; 0,33; 0,19; 0,23; 0,24; 0,35;
0,37; 0,39; 0,52; 0,56; e;0,48 for WG1, WG2, WG3, WG4, EG1, EG2, W120, W210,
W365, W450, W550, EC365, EC450 and EC550, respectively. The correlations values
was ranging from -0,025 (between WG3 and EC550) to 0,97 (between EC450 and
EC550) to genetics. It was found that the standard features in ages show greater
genetic variability that measures interval, which indicates how the criteria of selection
that would better meet the selection. Regarding the implementation of the Bayesian
method in multi-model features, there was efficient despite the small number of
effective samples generated in some parameters, indicating the need for a greater
number of interactions.
Key-word: multiple-traits analysis, gibbs sample, Nellore cattle, weigts, escrotal
circunference
1
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 – Introdução
Dentro do contexto econômico brasileiro, a bovinocultura tem apresentado papel
de fundamental importância. Mesmo considerando o período colonial, cuja atividade
principal era a produção de cana-de-açúcar, a criação de bovinos era vital para o
desenvolvimento dos centros urbanos e expansão das fronteiras do país, sendo
empregada não somente para produção de alimentos, como para trabalho e
transporte.
Como o Brasil apresenta condições ótimas para a prática de atividades
agropastoris – extensão territorial, clima e mercado consumidor – pode-se notar um
grande desenvolvimento da bovinocultura, como atividade econômica, contribuindo
atualmente com grande parte do Produto Interno Bruto brasileiro. Tal situação é
resultante da ampliação do mercado consumidor, proporcionada pelo aumento das
exportações, ocasionando um crescimento considerável não somente no rebanho
(Figura 1), como na produção de carcaças (Figura 2), o que confere ao Brasil o titulo
de maior produtor mundial de carne.
Figura 1 - Evolução do rebanho bovino brasileiro de 1997 - 2005.
Fonte: AgroFNP (2006)
2
Figura 2 - Evolução da produção de carne bovina no Brasil, entre os anos de 1997 a 2005 (equivalente -
carcaça).
Fonte: AgroFNP (2006)
Pode-se verificar que as taxas de produção são superiores ao crescimento do
próprio rebanho, evidenciando uma melhora dos índices de produtividades,
proporcionados por uma modernização da pecuária nacional, como resposta às
pressões do mercado internacional. Dentro deste cenário, a busca por sistemas de
produção mais eficientes é de vital importância para que o produtor se mantenha
competitivo. Esta eficiência somente é possível, mediante a adoção de técnicas
zootécnicas modernas, o que possibilitou, apesar do principal sistema de produção
continue sendo a pasto, a diminuição do tempo de abate, da idade à primeira parição e
aumento na fertilidade e melhora na qualidade da carne bovina produzida no Brasil.
De uma maneira geral estas mudanças no ambiente, resultantes da adoção de
novas tecnologias, são acompanhadas por mudanças genéticas nos rebanhos de
produção, promovidas pela seleção de animais, que nos últimos anos tem adquirido
caráter mais técnico, especialmente no que se refere às raças zebuínas, dentre as
quais se destaca a Nelore. Correspondendo a 80% do rebanho zebuíno (OLIVEIRA,
MAGNABOSCO & BORGES, 2002), estes animais apresentam vantagens
competitivas resumidas pela capacidade de produção em sistemas com baixo nível e
má distribuição da oferta de nutrientes, e condições climáticas e sanitárias adversas.
3
Tendo em vista a importância desta raça e a necessidade crescente de
obtenção de reprodutores de mérito genético comprovado, tem-se verificado nos
últimos anos, o desenvolvimento de um grande número de programas de seleção, que
empregam a principio como critérios de seleção pesos a idades padrão, ou taxas de
ganhos entre estes períodos. Mesmo não apresentado valor econômico direto,
ressalva-se também a inclusão do perímetro escrotal como critério de seleção em
grande parte destes programas de forma a complementar a seleção realizada sobre
medidas ponderais.
Na gênese desses programas de melhoramento, a decisão sobre quais animais
selecionar se fundamenta na predição dos valores genéticos para os critérios de
seleção adotados, sendo necessário para tanto o desenvolvimento de métodos que
possibilitem a estimação acurada dos componentes de variância e dos parâmetros
genéticos. O aumento na precisão das estimativas é proporcional ao número de fonte
de informações, sendo assim interessante a utilização de métodos de características
múltiplas ou multi-características. Estes além de utilizar informações de desempenho
individual e de parentes, agregam outras provindas de outras características, através
das correlações genética e residual. Entretanto a adesão de tais métodos implica em
aumento da complexidade de modelos, e, portanto das exigências computacionais,
tornando rara a utilização de modelos para análise conjunta de mais de três
características.
Assim torna-se necessário o desenvolvimento e aplicação de metodologias
estatísticas, que tornem viável a utilização de modelos para análise de várias
características simultaneamente, de forma a aumentar a acurácia das avaliações, a
melhor compreensão dos mecanismos genéticos envolvidos e a escolha dos critérios
de seleção a serem empregados.
1.2 – Objetivos
1) Estimar componentes de (co)variância para pesos padronizados às idades de 120,
210, 365, 450 e 550 dias de idade; ganhos de peso entre as idades padrão
4
consideradas; perímetro escrotal a idades padrão de 365, 450 e 550 dias e, o
crescimento escrotal entre as idades padrão, buscando o estudo genético e
comparação entre critérios de seleção em animais da raça Nelore;
2) Verificar a eficiência na utilização de métodos bayesianos na estimação de
componentes de (co)variância em modelos de análise conjunta envolvendo oito
características;
1.3 – Revisão de literatura
1.3.1 – Componentes de variância: princípios e aplicação
Todas as técnicas utilizadas em genética quantitativa e áreas afins encontram-
se fundamentadas na decomposição do valor fenotípico do indivíduo em componentes
genotípico e ambiental. Tal consideração já há muito tem sido mencionada na
literatura cientifica (DARWIN, 2005), entretanto, no que concerne sua aplicação,
destaca-se os trabalhos de JOHHANSEN (1902), citado por BULMER (1985),
envolvendo melhoramento vegetal. Posteriormente, FISHER (1918), citado por
LOWRY (1955), apresentou a decomposição do componente genotípico, em valores
atribuídos às ações aditiva, de dominância e epistasia desempenhadas pelos genes.
Destes últimos, maior atenção é dedicada ao componente aditivo, que é o responsável
pela semelhança entre indivíduos aparentados e também determinante dos resultados
da seleção.
Desta forma considerando os pontos acima referidos, e desconsiderando uma
possível interação genótipo ambiente, tem-se que uma dada observação y do animal
pode ser assim decomposta:
*EGy
+
=
*)( EGGGy
eda
+
+
+
=
5
EGy
a
+
=
[1]
onde: G, G , G e G
a d e
, representam os componentes genotípicos, aditivo, de
dominância e epistasia, respectivamente; E*, figura como efeito ambiental puro e; E
como efeito ambiental mais os componentes genéticos não aditivos. Como os
componentes acima são considerados como variáveis aleatórias, pressupõe-se que
seu comportamento seja determinado por uma distribuição normal de probabilidade,
partindo do pressuposto apresentado no Teorema do Limite Central. Considerando tais
variáveis como desvios – e portando apresentando média 0 –, desconsiderando-se
possíveis efeitos de interação genótipo X ambiente, e a propriedade da soma de
variâncias, temos:
[2]
222
egay
σσσ
+=
2
em que, σ
y
, σ
2
, σ
2
ga e
simbolizam a variação fenotípica; variação genética e ambiental,
na mesma ordem.
Entretanto, mesmo que o modelo [2] descreva a variação apresentada pela
maioria das características de forma satisfatória, nos últimos anos tem sido
referenciada a inclusão de componentes de efeito materno, em caracteres pré-
desmame. Tais efeitos são determinados pela influência do ambiente uterino,
produção de leite e capacidade de defesa, sendo denominados por habilidade
materna. Empiricamente, verifica-se que tal característica, constitui-se em um efeito
ambiental extra, influindo sobre a cria, que apresenta origem genética e ambiental
(BIJMA, 2006). Em suma, trata-se de uma característica da mãe expressa através do
desempenho da cria e, portanto, avaliada a partir dos dados deste. Assim, o modelo
pode ser estendido:
6
[3]
22222
egmpmmagay
σσσσσσ
++++=
de forma que, σ
2 2
ma
, σ
pm
correspondem à variância dos efeitos aditivo materno e de
ambiente permanente e σ
gm
corresponde à covariância entre os efeitos genéticos
materno e direto. Quando da avaliação de mais de uma característica, outra
importante estatística a ser considerada é a covariância existente entre elas. Assim
como na variância, temos fontes de co-variâncias aditivas e residuais.
Dentre as principais utilidades do emprego de estimativas de componentes de
variância em melhoramento animal destaca-se a estimação acurada do valor genético
e dos parâmetros genéticos populacionais (HENDERSON, 1986). A partir dos últimos,
torna-se possível a descrição da estrutura genética de uma população e a
compreensão dos mecanismos hereditários envolvidos na expressão de determinada
característica. De forma generalizada, tais parâmetros compõem-se de interpretações
matemáticas das relações entre os componentes de variância, descritos em [3]. Em
genética quantitativa, os principais parâmetros genéticos referem-se a razões entre um
determinado componente de interesse e a variância fenotípica, onde temos: a)
herdabilidade restrita direta (variância aditiva); b) herdabilidade restrita materna e; c)
porção atribuída ao efeito permanente materno. Além destas, quando da avaliação
conjunta de mais de uma característica, tem-se a necessidade do conhecimento de
correlações genéticas e ambientais, baseadas na co-variância entre elas.
É de vital importância o desenvolvimento e aplicação de métodos que
possibilitem maximizar a acurácia das estimativas dos componentes de variância
apresentados no modelo genético. Assim, inúmeros tem sido os métodos
desenvolvidos para tal finalidade, dentre os quais: métodos I, II e III de Henderson
(HENDERSON, 1953); método de estimação quadrática não-viesada de norma mínima
– MINQUE (RAO, 1971a); método de estimação quadrática não-viesada de variância
mínima – MIVQUE (RAO, 1971b); método de máxima verossimilhança – ML
(HARTLEY & RAO, 1967) e de máxima verossimilhança restrita – REML
7
(PATTERSON & THOMPSON, 1971). Verifica-se de uma forma geral que a evolução
dos métodos de estimação é determinada pelo avanço computacional. No que
concerne ao escopo desta revisão, não serão apresentadas minúcias destes métodos,
sendo disponíveis vários textos-referências, onde se encontram descrições
pormenorizadas e comparações entre eles (LOPES et al., 1993; RAO, 1997). No
entanto, algumas considerações serão realizadas sobre o último método, já que na
atualidade é o que vem sendo comumente empregado na obtenção dos componentes
de variância necessários à predição dos valores genéticos dos animais.
O método de máxima verossimilhança restrita (REML) tem sido preferido pelos
pesquisadores da área para estimação de componentes de variância em modelos
lineares mistos, por permitir a inclusão das informações da matriz de parentesco e
proporcionar, em geral, estimativas menos viciadas que os métodos anteriores,
quando os dados são provenientes de rebanhos sob seleção baseada na
característica estudada ou em alguma característica correlacionada. Entretanto, os
resultados da estimação de componentes de variância por este método, assim como
em todos os métodos freqüentistas de estimação, são pontuais, e não permitem que
outras inferências, além daquelas proporcionadas pelo valor da estimativa e de sua
variância sejam feitas. Além disto, o custo computacional cresce exponencialmente
com o número de componentes estimados em cada análise, tornando praticamente
inviável a sua utilização em análises que envolvam mais de três características,
quando o número de dados é grande.
Em vista das limitações dos métodos freqüentistas, tem-se verificado o
desenvolvimento de uma concepção bayesiana para a estimação de componentes de
variância. HARVILLE (1974) e SUN et al. (1996), demonstram que a inferência
bayesiana é uma alternativa de grande flexibilidade tanto em relação aos modelos que
podem ser utilizados nas análises, quanto às inferências que podem ser realizadas a
partir dos resultados, com menor custo computacional.
8
1.3.2 – Inferência bayesiana: princípios e aplicação em melhoramento animal
A análise bayesiana consiste em uma metodologia de inferir, no qual os
parâmetros são tidos como variáveis aleatórias detentoras de distribuições “a priori
que refletem o estágio de conhecimento sobre eles, antes mesmo de se obterem os
dados (GIANOLA & FERNANDO, 1986; BEAUMONT & RANNALA, 2004). Neste
contexto, objetiva-se descrever toda a informação sobre o valor de determinado
parâmetro, utilizando-se da probabilidade como uma medida condicional da incerteza
(BLASCO, 2001; BERNARDO, 2002).
Uma das principais características da metodologia Bayesiana, que a diferencia
da clássica, é a abordagem no momento de se fazer inferência estatística sobre os
parâmetros, a partir de uma amostra. Nos procedimentos freqüentistas assume-se que
os parâmetros do modelo probabilístico são valores fixos ou constantes, embora
desconhecidos, podendo existir vários estimadores. Na técnica Bayesiana, todavia, os
parâmetros são vistos como variáveis aleatórias existindo, a princípio, um único
estimador o qual conduz a estimativas que maximizam uma função densidade de
probabilidade “a posteriori” (RESENDE et al., 2001; TORRES et al., 2007).
Outra diferença é com respeito a alguns conceitos rotineiros em estatística, que
não apresentam interpretação bayesiana. Em um contexto bayesiano não existe ”viés”,
uma vez que repetições de um experimento não são consideradas. Com relação à
categorização dos efeitos, a princípio, todos são considerados aleatórios, tornando
inócua a denominação de modelos mistos. No entanto, essa distinção requerida na
genética quantitativa, é providenciada pela atribuição de “prioris” distintas entre os
efeitos ditos “fixos” e “aleatórios” (GIANOLA & FERNANDO, 1986; BLASCO, 2001).
No que tange ao emprego de tais métodos em melhoramento animal, estes
surgiram, inicialmente, como uma solução para a avaliação genética em
características de limiar (GIANOLA, 1982; GIANOLA & FOLLEY, 1983); sendo essa
teoria posteriormente, expandida para características de manifestação contínua
(GIANOLA & FERNANDO, 1986), e empregada em diversos estudos para estimação
de componentes de variância e valores genéticos, nas mais diversas espécies
9
domésticas (MAGNABOSCO et al., 2000; MAGNABOSCO et al., 2001; NOGUEIRA et
al., 2003; BARBOSA, 2005; GARA et al., 2006; MASCIOLI et al., 2006; MELLO et al.,
2006; WINTER et al., 2006; YAMAKI, 2006; TORAL et al., 2007).
1.3.2.1 - Teorema de Bayes
Os métodos bayesianos encontram-se fundamentados no teorema desenvolvido
pelo reverendo Thomas Bayes, em 1761, o qual se compõe em uma forma matemática
de resumir toda a informação disponível sobre um determinado evento, com a
finalidade de realizar a melhor decisão possível (BERNARDO & SMITH, 1993).
Para sua demonstração, deve-se recorrer aos princípios de probabilidade
conjunta e condicional. Dessa forma, como demonstrado por BOX E TIAO (1973) e
GELMAN et al. (2004), considerando um vetor de parâmetros não observáveis θ’=
(θ
,..., θ ) e, outro y’= (y ,..., y
1 k 1 n
) de n observações (dados), temos a seguinte expressão
da distribuição de densidade de probabilidade conjunta p(y, θ):
)()|()()|()|( ypyppypyp
θ
θ
θ
θ
=
=
[4]
onde, p(
θ
) e p(y) são as densidades de probabilidade marginais de
θ
e y,
respectivamente. A partir das equações apresentadas em [4], obtemos a distribuição
condicional do parâmetro (
θ
) dado o vetor de dados (y),:
)(
)()|(
)|(
yp
pyp
yp
θ
=
[5]
em que, sob normalidade de θ, p(y) é obtida por:
==
θθθθ
dpypyEpyp )()|()|()(
[6]
10
Como, a função p(y) não depende de θ, ela é considerada como uma constante
normalizadora de p(θ|y), podendo ser omitida (GELMAN et al, 2004; EHLERS, 2008).
Com base neste argumento, a igualdade apresentada em [5], pode ser substituída pela
seguinte proporcionalidade:
)()|()|(
θ
θ
θ
pypyp
[7]
em que, p(θ) é a densidade de probabilidade “a priori” de θ, a qual reflete o grau de
conhecimento acumulado sobre os possíveis valores de θ, antes da obtenção de
informações contidas em y; p(y|θ) corresponde a uma função de verossimilhança de y,
que representa a contribuição dos dados ao conhecimento do parâmetro; e p(θ|y) é a
densidade de probabilidade “a posteriori” de θ, sobre a qual são realizadas as
inferências sobre determinado parâmetro de interesse, através da determinação de
estimadores pontuais (média, mediana e moda) e por intervalares (intervalos de
credibilidade bayesiano e de alta densidade).
Por intermédio da expressão [7], pode-se verificar uma atualização das
informações contidas na distribuição “a priori” de θ, pela função de verossimilhança.
Deste modo, a distribuição “a posteriori” contempla o grau de conhecimento prévio
sobre o parâmetro p(θ) e também as informações adicionais propiciadas pelo
experimento p(y|θ) (RESENDE, 2000; BEAUMONT & RANNALA, 2004). Um ponto de
relevância, comentado por GIANOLA E FERNANDO (1986) e CARNEIRO JUNIOR et
al. (2005), é a influência do volume de dados, sobre a ponderação da informação “a
priori” e da verossimilhança na determinação da “posteriori”. Em geral, atribui-se uma
maior importância a primeira quando a quantidade (n) de dados experimentais atuais é
pequena. À medida que o tamanho da amostra aumenta, a p(θ|y) tende a se
assemelhar a distribuição representada pela verossimilhança.
Freqüentemente, a distribuição dos dados (y) depende não somente de um
conjunto de parâmetros de interesse
θ
, mas também de outros parâmetros incidentais
1
11
ou nuisance
θ
2
. Nestes casos, tem-se a seguinte distribuição posterior conjunta
p(
θ
1,
θ
2
y):
),(),|()|,(
212121
θ
θ
θ
θ
θ
θ
pypyp
[8]
Inferências e a obtenção de estimativas envolvendo θ
1
são geralmente
realizadas com base na distribuição posterior marginal de θ
1
, obtida mediante
processo de integração:
[9]
=
2
2211
)|,()|(
θ
θθθθ
R
dypyp
Alternativamente, a função p(θ |y) pode ser decomposta em:
1
[10]
=
2
22211
)|(),|()|(
θ
θθθθθ
R
dypypyp
em que, a distribuição marginal posterior do parâmetro de nuisance atua como uma
função de ponderação multiplicando a distribuição condicional p(
θ
1
⎪θ
2
,y) dos
parâmetros de interesse (BOX & TIAO, 1973; GELMAN et al, 2004), sendo a fórmula
apresentada em [10], interessante em estudos de robustez (GIANOLA & FERNANDO,
1986).
De acordo com SORENSEN (1996), uma das maiores dificuldades técnicas na
implementação de métodos bayesianos tem sido a “marginalização” expressa em [9],
sendo que a obtenção destas distribuições marginais por processos analíticos, ou
mesmo pelo emprego de métodos usuais de integração numérica, é impossível.
Inúmeras alternativas foram testadas, como aproximação a normal multivariada,
método de Laplace e quadratura interativa (RIBEIRO, 2001). Todavia, recentemente,
os métodos de Monte Carlo baseados em cadeias de Markov - denominados MCMC
12
(do inglês Markov Chain Monte Carlo) - surgiram como opção para viabilizar a análise
bayesiana (SORENSEN, 1996), dentre os quais, ressalta-se a amostragem de Gibbs.
1.3.2.2 – Métodos de Monte Carlo e o Algorítmo de Amostragem de Gibbs (Gibbs
sampling)
O desenvolvimento sistemático do método de Monte Carlo data de 1944, no
entanto seus princípios já há muito são relatados na literatura. Em 1899, Lord Rayleigh
demonstrou que uma variável aleatória satisfaz sem problemas uma solução
aproximada para uma equação diferencial parabólica. No inicio da década de 30,
Kolmogorov expôs a relação entre o processo estocástico de Markov e certas
equações diferenciais (MESSETTI & QUEIROZ, 2002).
A abordagem original Monte Carlo foi desenvolvida por físicos com intuito de
gerar números aleatórios para avaliação de integrais. Suponha que se objetiva calcular
a integral de uma função g(x) no intervalo (a,b):
[11]
b
a
dxxg )(
Decompondo g(x) em um produto de uma função f(x) e uma função densidade
de probabilidade p(x) definida sobre o intervalo acima (WALSH, 2008), temos que:
b
a
dxxg )(
b
a
dxxpxf )()(
[12]
)]([
)(
xfE
xp
13
Assim a integral passou a ser expressa como uma esperança de f(x) sobre uma
densidade p(x), ou seja, toda a problemática envolvida na avaliação da integral é
convertida na estimação de uma média (EHLERS, 2003). Existem inúmeras variações
dos métodos de Monte Carlo, entretanto a que tem ganhado notória importância nos
últimos anos, tem sido a que mescla princípios markovianos para geração das
variáveis.
Os métodos MCMC constituem uma família de processos iterativos para
aproximar a geração de amostras de distribuições multivariadas (em processos Monte
Carlo, em propriedades das cadeias de Markov). O amostrador de Gibbs se apresenta
como uma técnica para a obtenção indireta de variáveis aleatórias de uma distribuição
(marginal), sem ter que calcular sua densidade de probabilidade (CASELA &
GEORGE, 1992), sendo um caso particular do algoritmo de Metropolis-Hastings.
GEMAN e GEMAN (1984) o definem a amostragem de Gibbs como um método
de amostragem condicional alternada definido em termos de subvetores de
θ
.
Suponha que o vetor
θ
possa ser dividido em r componentes ou subvetores, ou seja,
θ
= (
θ
,
θ
, ...,
θ
1 2 r
)’. Cada iteração do Amostrador de Gibbs consiste em simular valores
de cada subvetor de
θ
, condicionalmente aos valores de todos os outros subvetores,
totalizando k simulações para cada iteração completa do ciclo.
Pode-se demonstrar que, sob condições normais (GEMAN & GEMAN, 1984)
após um grande número de iterações, a seqüência de valores gerados pelo
Amostrador de Gibbs converge para uma distribuição estacionária igual a p(
θ
y), ou
seja, cada valor de
θ
obtido pelo Amostrador de Gibbs após convergência, é um valor
simulado da distribuição conjunta de seus elementos.
Suponha que se tenha interesse na distribuição marginal de determinada função
dos parâmetros
φ
= g (
θ
) = g(
θ
,
θ
, ...,
θ
1 2 r
). Depois de obtida a convergência do
Amostrador de Gibbs, a avaliação de g(.) para cada valor de
θ
simulado fornece
amostras de
φ
, as quais podem ser utilizadas para estimação de densidade utilizando-
se, por exemplo, algum método de estimação por meio de núcleo (Kernel).
14
Esse tipo de aproximação, evidentemente, será tanto melhor quanto maior for o
número de amostras utilizadas nos cálculos. Ainda, por se tratar de um processo de
Markov, amostras sucessivas são dependentes entre si, e por essa razão a utilização
de amostras obtidas a partir do descarte de algumas iterações intermediárias, pode
também ser recomendada no sentido da obtenção de amostras independentes. Desta
forma, num processo de Amostragem de Gibbs, o número total de iterações a partir de
valor inicial
θ
(0)
é determinado a partir do número de iterações necessárias para a
convergência, do número de iterações descartadas entre cada amostra utilizada nos
cálculos e do número total de amostras que se deseja para as aproximações de Monte
Carlo.
Uma abrangente apresentação de critérios de convergência para sequências de
Amostragem Gibbs pode ser obtida em RAFTERY e LEWIS (1992) e CHEN et al.
(2000). Estratégias para se acelerar esse processo, bem como para a obtenção de
amostras de Gibbs independentes em modelos lineares mistos são discutidas por
CHIB e CARLIN (1998).
VAN TASSEL et al. (1995) sumarizam as seguintes vantagens do uso do
método da Amostragem de Gibbs em relação aos métodos usuais que empregam
teoria BLUP: a) não requer soluções para as equações de modelo misto; b) permite a
análise de conjunto de dados maiores do que quando se usa REML com técnicas de
matrizes esparsas; c) propicia estimativas diretas e acuradas dos componentes de
(co)variância, valores genéticos e intervalos de confiança para essas estimativas, e d)
pode ser usado sem problemas em microcomputadores e estações de trabalho.
1.3.3 - Características a serem consideradas como critérios de seleção em
bovinos de corte
O sucesso de um programa de melhoramento animal é dependente da definição
dos objetivos e critérios a serem utilizados. Segundo EUCLIDES FILHO (1999), o
objetivo do empreendimento é o negócio da empresa, enquanto objetivo-fim é a
combinação de atributos de importância econômica que se busca nos indivíduos, ou
15
seja, aquilo que se deseja melhorar. Por outro lado, entende-se por critério de seleção
a característica ou conjunto de características que serão medidas nos indivíduos e, a
partir das quais, faz-se a escolha daqueles que se destinarão a serem pais da próxima
geração. Portanto, há uma relação estreita entre objetivo-fim de um programa de
melhoramento genético e critério de seleção, mas esses não são, todavia, sinônimos.
Podemos sumariar os seguintes atributos, que uma característica deve
apresentar para ser utilizada como critério de seleção: a) ser herdável, ou seja, parte
do valor fenotípico do animal deve ser atribuída à ação aditiva dos genes; b) coerente
com o objetivo de seleção em questão; c) correlacionada com outras características
utilizadas no programa e; d) possível de mensuração. Assim, medidas de peso e
perímetro escrotal à idades padronizadas tornaram-se atrativas em programas de
melhoramento de bovinos de corte, por apresentarem vários destes atributos.
1.3.3.1 – Características indicativas do crescimento
Definido como aumento de massa tecidual, oriundo da atividade hiperplásica
(multiplicação) e hipertrófica (aumento) das células (OWENS et al., 1993), o
crescimento é considerado como um fenômeno biológico de grande importância na
produção animal, uma vez que, além de influir decisivamente sobre as demais funções
exploradas pelo homem, caracteriza-se como um processo de desenvolvimento
corporal de alta eficiência econômica (PEIXOTO, 1993). Em geral, as características
relacionadas com ele são as primeiras a serem obtidas e avaliadas em programas de
melhoramento.
Por serem determinantes da quantidade de produto final por animal em gado de
corte, por terem herdabilidade de moderada a alta, e também por serem mais fáceis de
obter e analisar, a grande maioria, ou talvez mesmo a totalidade, dos programas de
melhoramento de gado de corte no Brasil inclui, entre as características avaliadas,
pesos em idades padrão ou ganhos de peso em determinados períodos, sendo que
entre os programas que utilizam índices empíricos para a classificação dos animais, a
ênfase dada a estas características é sempre bastante elevada.
16
Herdabilidades de características de crescimento como pesos, do nascimento
até os 550 dias, estimadas em Nelore são moderadas a altas. GIANOTTI et al. (2005),
realizaram um extenso levantamento envolvendo 186 trabalhos e 896 estimativas de
herdabilidade e, por meio de meta-análise, obtiveram valores de 0,23 a 0,31 para
estimativas combinadas de herdabilidades de efeitos diretos de pesos do nascimento
aos 550 dias; para os efeitos maternos as herdabilidades combinadas variaram de
0,05 a 0,13; e para a correlação entre eles, de -0,20 a -0,16. MERCADANTE (1994),
através de revisão de artigos e ponderando as estimativas pelos seus erros padrão,
obteve coeficientes de herdabilidade que variaram de 0,23 – 0,34, para pesos à idades
padronizadas e ;0,21-0,57 para medidas de ganho de peso. Na Tabela 1, são
apresentadas estimativas de herdabilidade obtidas em diversos estudos envolvendo
raças zebuínas.
Tabela 1 - Estimativas de herdabilidade apresentadas na literatura para pesos mensurados em varias
idades e raças
Autor (es) Raça Idade h
2
205 0,09-0,25
365 0,27-0,31
MAGNABOSCO et al. (2000) Nelore
550 0,35-0,38
100 0,08
205 0,13
365 0,19
MARQUES et al. (2000) Simental
550 0,24
120 0,29-0,58
455 0,50-0,53
SIQUEIRA et al. (2003) Nelore
550 0,44-0,49
SOUZA et al. (2004) Nelore Mocho 205 0,16
120 0,35
210 0,49
365 0,39
450 0,32
FARIA (2006) Brahman
550 0,31
365 0,49
FARIA et al. (2007) Nelore
450 0,52
205 0,20
365 0,21
RIBEIRO et al. (2007) Tabapuã
550 0,16
17
Valores mais altos de h
2
para caractersiticas de crescimento têm sido estimados
com modelos de regressão aleatória (NOBRE et al., 2003). Empregando esses
modelos, ALBUQUERQUE e MEYER (2001), mostraram que as estimativas de h
2
do
efeito direto decrescem do nascimento até 120 a 180 dias, ocorrendo incrementos
menores ate 270 dias. Por outro lado, as estimativas de h
2
do efeito materno
aumentam do nascimento até em torno dos quatro meses de idade, decrescendo a
seguir. Desta forma, seleção para habilidade materna será mais eficiente se realizada
com base em pesos pré-desmama.
1.3.3.2 – Indicativos de precocidade sexual: perímetro escrotal
Nos últimos anos, a maioria dos programas de melhoramento animal tem
incluído entre seus critérios de seleção, medidas de perímetro escrotal. Apesar de não
possuir valor econômico direto, torna-se uma característica atrativa por ser de fácil
mensuração, alta repetibilidade, e com valores de herdabilidade de média a alta
magnitude (Tabela 2)
Além disso, o perímetro escrotal encontra-se correlacionado com volume de
produção espermática e com a qualidade do sêmen, como evidenciado em estudos
com animais Gir e Nelore (MARTINEZ et al., 2000; SILVA et al, 2002). SARREIRO et
al. (2002) em estudo com animais da raça Nelore, obteve correlações genéticas
favoráveis entre perímetro escrotal com motilidade, vigor, concentração e
anormalidade: 1,00; 0,99; 0,99 e -0,14, respectivamente. Entretanto, reporta-se que
selecionando para perímetro escrotal, o ganho genético correlacionado seria
inexpressivo, em vista da herdabilidade para as características de qualidade seminal
apresentar baixa magnitude (0,01-0,07).
Adicionalmente ressalta-se na literatura a existência de correlação genética
entre esta característica e outras de caráter reprodutivo, mensuradas em fêmeas.
PEREIRA et al. (2000) e BOLIGON et al. (2007) relataram correlações entre o
perímetro escrotal com o peso ao primeiro parto (0,3-0,32); a idade ao primeiro parto (-
18
0,15 - -0,22); dias para parto (-0,04 - -0,21); o intervalo de parto (0,10) e a duração da
gestação (-0,04 – 0,14).
Tabela 2 - Estimativas de herdabilidade apresentadas na literatura para perímetro escrotal nas mais
diversas idades e raças
Autor (es) Raça Idade h
2
MARTINS FILHO e LÔBO (1994) Nelore 20 0,36
18 0,77
QUIRINO e BERGMANN (1998) Nelore
24 0,60
VARGAS et al (1998) Brahman 18 0,28
PEREIRA et al. (2002) Nelore 18 0,47
GIANLORENÇO et al. (2003) Canchim 12 0,52
MARTÍNEZ-VELÁZQUEZ et al. (2003) Multiracial 12 0,41
OLIVEIRA et al. (2004) Hereford 14 0,45
SILVEIRA et al. (2004) Nelore 18 0,39
KEALEY et al (2006) Hereford 18 0,57
SILVA et al. (2006) Nelore 18 0,457
12 0,25
BOLIGON et al. (2007) Nelore
18 0,33-0,35
12 0,68
FARIA et al. (2007) Nelore
15 0,66
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30
CAPÍTULO 2 – ESTIMAÇÃO DE COMPONENTES DE (CO)VARIÂNCIA DE
CARACTÉRISTICAS DE CRESCIMENTO NA RAÇA NELORE, UTILIZANDO –SE DE
ABORDAGEM BAYESIANA
RESUMO –
Em vista da importância da bovinocultura, torna-se imprescindível a utilização de
novas tecnologias, dentre as quais se encontra o melhoramento genético dos animais.
Para tanto torna-se necessário o emprego de métodos que viabilizem o aumento da
precisão das estimativas. Assim, utilizando informações de medidas de peso e
perímetro escrotal de animais da raça Nelore, objetivou-se avaliar a implementação de
um modelo multi-característica sob enfoque bayesiano, para se estimar componentes
de (co)variância e parâmetros populacionais genéticos e ambientais. Uma amostra de
54.182 animais foi utilizada para estudar as seguintes características: a) pesos
padronizados às idades de 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365), 450 (P450) e 550
(P550) dias; b) perímetro escrotal às idades padrão de 365 (PE365), 450 (PE450) e
550 (PE550) dias; c) ganhos de peso entre as idades 120/210 (GP1), 210/365 (GP2),
365/450 (GP3) e 450/550 (GP4) e; d) crescimento escrotal nos intervalos de 365/450
(CP1) e 450/550 (CP2). As análises foram realizadas empregando-se o software
GIBBS2F90, assumindo um modelo animal para oito características: P120, PE365 e
ganhos de peso e perímetro escrotal. Os efeitos fixos considerados foram o grupo de
contemporâneos e a idade da vaca ao parto em classes (para P120 e GP1), e como
aleatórios os efeitos aditivos diretos, aditivo materno e de ambiente permanente
materno, sendo os dois últimos utilizados apenas para P120 e o GP1. Os
componentes de (co)variância das demais características foram obtidos mediante
propriedades da soma de variâncias. As herdabilidades diretas estimadas foram 0,17;
0,19; 0,13; 0,15; 0,33; 0,19; 0,23; 0,24; 0,35; 0,37; 0,39; 0,52; 0,56; e;0,48 para GP1,
GP2, GP3, GP4, CP1, CP2, P120, P210, P365, P450, P550, PE365, PE450 e PE550,
respectivamente. Os valores de correlação genética variaram de -0,025 (GP3/PE550)
a 0,97 (PE450/PE550). Verificou-se que as características a idades padrão
apresentam maior variabilidade genética que as medidas intervalares, o que as indica
31
como critérios de seleção que possibilitaria uma melhor resposta a seleção.
Entretanto, os ganhos de peso surgem como uma alternativa uma vez que apresentam
menores correlações com diferentes pesos, indicando que a seleção baseada em seu
aumento não acarretará grandes incrementos no peso ao nascer e adulto destes
animais. Com relação a implementação do método bayesiano em um modelo multi-
características, verificou-se eficiente apesar do pequeno número de amostras efetivas
geradas em alguns parâmetros, indicando a necessidade de um maior número de
interações.
Palavras-chaves: análises multi-características, amostrador de Gibbs, raça Nelore,
peso, perímetro escrotal
32
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, cujo
efetivo é composto, em sua maioria, por animais zebuínos (Bos indicus), dentre os
quais se destaca a raça Nelore. As vantagens competitivas destes animais no país são
sobejamente conhecidas e podem ser sumariadas pela capacidade de produção em
sistemas com baixo nível e má distribuição da oferta de nutrientes, sob condições
climáticas e sanitárias adversas. Sustentado na importância dessa raça, tem-se
verificado nos últimos anos, um número crescente de programas de melhoramento,
visando o aumento do potencial produtivo.
O sucesso de um programa de melhoramento animal está relacionado com a
escolha de critérios de seleção que condizem com o objetivo a que se pretende
alcançar (EUCLIDES FILHO, 1999). Por serem determinantes da quantidade de
produto final por animal em gado de corte e também por serem mais fáceis de obter e
analisar, a grande maioria, ou talvez mesmo a totalidade, dos programas de
melhoramento de gado de corte no Brasil inclui, entre as características avaliadas,
pesos em idades padrão ou ganhos de peso entre essas idades (PEIXOTO, 1993;
EUCLIDES FILHO, 1999). Estas características, além de apresentarem variabilidade
genética que possibilite consideráveis ganhos por seleção – visto os valores de
herdabilidade moderados a altos (GARNERO et al., 2001; SIQUEIRA et al., 2003;
ALBUQUERQUE & EL FARO, 2008; YOKOO et al., 2008) – apresentam também
considerável correlação com outras características de importância econômica.
Como critério indicativo de precocidade sexual, os programas de melhoramento
genético em gado de corte têm adotado o perímetro escrotal. Apesar de não possuir
valor econômico direto, é de fácil obtenção, tem correlação com o volume de produção
espermática e com a qualidade do sêmen (MARTINEZ et al., 2000; SARREIRO et al.,
2002; SILVA et al, 2002), com características de crescimento (PEÑA et al., 2001;
MAIWASHE et al., 2002; FARIA et al., 2007), e com características reprodutivas em
fêmeas (BOLIGON et al., 2007).
33
A seleção em qualquer programa de melhoramento genético se baseia na
estimação acurada dos valores genéticos para as características utilizadas como
critérios de seleção. Quando mais de uma característica é considerada – situação esta
necessária, visto que a produção de carne não se resume apenas ao peso do animal-
deve-se desenvolver um índice, onde os valores genéticos são ponderados por sua
importância econômica, determinada mediante forma empírica ou por análises
financeiras. Seja qual for a forma de ponderação, para uma utilização racional do
índice, deve-se conhecer de forma acurada as correlações entre as características.
Partindo desta necessidade, um grande avanço nos procedimentos de
estimação de (co)variâncias foi a implementação de modelos de características
múltiplas (MEYER, 1991) que possibilitam, através da incorporação de informações
provindas da correlação entre as características, aumentar a acurácia das avaliações,
minimizando o efeito da seleção (POLLAK et al., 1983), sendo tal habilidade
dependente das correlações genéticas e ambientais entre as características avaliadas
(SCHAEFFER, 1983).
O método da máxima verossimilhança restrita – REML, descrito por
PATTERSON e THOMPSON (1971), vem sendo comumente utilizado para a obtenção
dos componentes de variância necessários à predição dos valores genéticos de
bovinos. Entretanto, os resultados da estimação de componentes de variância por este
método, assim como em todos os métodos freqüentistas de estimação, são pontuais, e
não permitem outras inferências, além daquelas proporcionadas pelo valor da
estimativa e de sua variância. Além disto, o custo computacional cresce
exponencialmente com o número de componentes estimados em cada análise,
dificultando o emprego de modelos com mais de três características. Assim, de forma
a possibilitar estimações mais acuradas e o emprego de modelos multi-características
mais complexos, tem-se notado nos últimos anos o emprego de métodos bayesianos
de estimação de componentes de variância. Tida inicialmente como uma solução para
a avaliação genética em características de limiar (GIANOLA, 1982; GIANOLA &
FOLLEY, 1983). Teve, posteriormente sua aplicação direcionada para características
34
de manifestação contínua (GIANOLA & FERNANDO, 1986), motivada pelo surgimento
de métodos computacionais intensivos, como o Amostrador de Gibbs.
O objetivo deste trabalho é, utilizando-se modelos lineares mistos em análises
conjuntas de até oito características - via inferência bayesiana – obter a matriz de
variâncias e covariâncias completa para as diferentes fases de crescimento corporal e
testicular até os 550 dias de idade na raça Nelore.
MATERIAIS E MÉTODOS
Métodos de amostragem e consistência dos dados
Foram utilizados registros de mensurações ponderais e circunferência escrotal
de animais da raça Nelore, coletados pelo Programa de Melhoramento Genético da
Raça Nelore (PMGRN), desenvolvido pela ANCP (Associação Nacional de Criadores e
Pesquisadores). As características de desenvolvimento ponderal estudadas foram os
pesos padronizados às idades de 120 (P120), 205 (P205), 365 (P365), 450 (P450) e
550 (P550) dias e os ganhos de peso nos intervalos entre as idades: 120/210 (GP1),
210/365 (GP2), 365/450 (GP3) e 450/550 (GP4) dias. Para o perímetro escrotal
utilizaram-se de medidas nas idades padronizadas de 365 (PE365), 450 (PE450) e
550 (PE550) dias, e o crescimento nos intervalos de 365/450 (CP1) e 450/550 (CP2)
dias.
Inicialmente, o banco de dados possuía informações de aproximadamente
400.000 animais, entretanto uma pré-analise mostrou a impossibilidade de utilização
do banco de dados completo, devido a limitações computacionais. Assim, optou-se por
realizar uma aleatorização para escolha das propriedades que iriam ser analisadas,
resumindo-se o banco de dados a 54.182 animais, de 18 propriedades, e uma matriz
de parentesco com 82.692 animais.
Procedeu-se então a análise exploratória dos dados com o objetivo de verificar
a consistência dos dados. Eliminaram-se do arquivo animais cujos registros se
apresentavam a três e meio desvios padrão da média do grupo de contemporâneos
35
(GC). Além disso, excluiu-se do banco de dados os GC que eram formados pela
progênie de um único touro e também aqueles com menos de cinco animais. Para a
formação dos GC, utilizaram-se das seguintes variáveis: fazenda atual, ano e bimestre
de nascimento, sexo e grupos de manejo aos 120, 210, 365, 450 e 550 dias de idade.
Tais lotes eram compostos por animais que receberam o mesmo manejo do
nascimento até a data de realização da mensuração. Os principais parâmetros para
descrição do banco de dados estão na Tabela 1.
Tabela 1- Descrição do banco de dados utilizado para as análises genéticas
Característica N
1
Média D.P. Mín. Máx. N.G.C.
2
N.P
3
N.M
4
GP1 (kg) 45.139 57,74 14,09 -2,00 130,00 1.238 1.061 19.936
GP2 (kg) 35.237 52,37 25,27 -41,00 183,00 890 988 16.925
GP3 (kg) 31.917 40,73 16,03 -37,00 128,00 833 979 15.805
GP4 (kg) 20.738 46,88 20,15 -23,00 133,00 622 765 12.084
P120 (kg) 50.956 127,60 19,07 57,00 199,00 1.150 1.090 21.576
P210 (kg) 47.772 185,64 27,88 78,00 312,00 1.238 1.097 20.723
P365 (kg) 39.588 238,83 40,14 101,00 452,00 852 1.064 1.439
P450 (kg) 36.540 278.84 47,66 118,00 559,00 719 1.023 17.402
P550 (kg) 23.146 319,82 53,69 142,00 606,00 177 808 13.158
PE365 (cm) 12.428 20,26 2,02 12,10 30,30 362 713 8.665
PE450 (cm) 14.715 23,43 2,81 12,70 36,30 298 736 9.640
PE550 (cm) 7.896 26,51 3,22 13,50 38,60 176 533 6.013
CP1 (cm) 10.241 3,20 1,30 -1,50 8,90 298 652 7.403
CP2 (cm) 6.717 3,44 1,34 -1,40 9,10 205 486 5.216
1 2
número de animais com informações; número de grupos de contemporâneos;
3
número de pais;
4
número de mães
Modelo e análise genético-quantitativa
Procedeu-se uma análise multi-características, sob enfoque bayesiano,
envolvendo, simultaneamente, o P120, o PE365, os ganhos de peso (GP1, GP2, GP3
e GP4) e os crescimentos do perímetro escrotal (CP1 e CP2) entre as idades
padronizadas, totalizando oito características. Posteriormente, as estimativas dos
componentes de variância para as demais características estudadas foram obtidas
mediante os princípios de soma de variâncias e co-variâncias, como descrito a seguir:
),(2)()()( yxCovyVarxVaryxVar
+
+
=
+
36
),(),(),( zxCovyxCovzyxCov
+
=
+
Em termos matriciais, o modelo completo utilizado para análise pode ser
representado por:
eWcmZaZXy
+
+
+
+
=
21
β
em que, y, β, a, m, c e e são, respectivamente, os vetores de observações dos efeitos
fixos, dos valores genéticos aditivos diretos, valores genéticos aditivos maternos,
efeitos de ambiente permanente materno e dos efeitos residuais aleatórios; X, Z , Z
1 2
e
W são, respectivamente, as matrizes de incidência que associam β, a, m e c às
observações. Os efeitos maternos – tanto o genético aditivo quanto o de ambiente
permanente materno – foram limitados aos P120 e GP1 (e, posteriormente a P210),
uma vez que a influência materna é maior nestas características. Consideraram-se
como efeitos fixos o grupo de contemporâneos, além da idade da vaca ao parto em
classes, para as características pré-desmama.
Sobre o modelo estabelecem-se as seguintes pressuposições:
),0(~ VN
e
c
m
a
=
n
n
IR
IEp
AG
V
em que, G, A, Ep, R e I, são nesta mesma ordem, as matrizes de co-variâncias de
efeitos genéticos aleatórios, de coeficientes de parentesco, diagonal de variância de
efeitos de ambiente permanente materno, co-variâncias residuais e uma matriz
identidade, e
é o operador do produto direto entre matrizes. Para G, temos que:
37
=
m
d
G
G
G
0
0
sendo G e G
d m
, representações das matrizes de efeitos genéticos aditivos diretos e
maternos respectivamente, lembrando-se que no referido estudo, não foi considerada
a co-variância entre tais efeitos.
A não inclusão deste ultimo efeito, se deve as discordâncias apresentadas na
literatura, sendo encontrados frequentemente valores negativos (ELER et al., 1995;
FERREIRA et al., 1999), e em menor freqüência positivos (DODENHOFF et al., 1999)
e as justificativas para a ocorrência do antagonismo entre o efeito direto e materno são
controversas. Adicionalmente em diversas pesquisas, tem-se verificado que a inclusão
da covariância nos modelos tem apresentado nenhum ou pouco impacto sobre as
estimativas de componentes de (co)variância e classificação dos animais pelos valores
genéticos (MALHADO et al., 2004; GUTERRES et al., 2007).
Os vetores β, a, m e c, são parâmetros de locação de uma distribuição
condicional y| β, a, m, c. Foi assumido “a priori” para β uma distribuição uniforme, que
reflete um conhecimento prévio vago sobre este vetor. Para os demais componentes,
lhes foram atribuídas distribuições Wishart. Assim, a distribuição de y, dados os
parâmetros de locação e escala, foi assumida como (CANTET et al., 1992; VAN
TASSEL & VAN VLECK, 1996):
],[~,,,,|
21
RIWcmZaZXNRcmay
n
+
+
+
β
β
Empregou-se o programa GIBBS2F90 (MISZTAL, 2007), sendo gerada uma
cadeia com comprimento de 1.131.500 ciclos, após um período de burn-in de 30.000
ciclos. As amostras foram armazenadas a cada 100 ciclos. Tanto o período de burn-in,
quanto o intervalo de amostragem, foram estabelecidos empiricamente. A inspeção
pós-gibbs foi realizada utilizando-se o programa Gibanal (VAN KAAM, 1997), para
verificar a convergência e o número de amostras significativas.
38
Os parâmetros populacionais foram calculados a partir das amostras vetor a
vetor, sendo estimados a média, mediana e moda das distribuições “a posteriori”.
Estimaram-se também os intervalos de alta densidade (IAD), como sugerido por CHEN
et al. (2000). Para seu cálculo, as amostras eram ordenadas, e sendo estabelecido um
intervalo de 95%, procedia-se à análise do menor intervalo que continha esta
porcentagem das amostras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da análise das cadeias geradas pelo amostrador de Gibbs, com o
programa Gibanal, pode-se constatar que o período de descarte inicial assumido
(30.000 amostras) foi suficiente para determinar a convergência da cadeia. Contudo,
devido ao grande número de parâmetros envolvidos nas análises, ficou evidente
grande correlação serial entre as amostras, reduzindo significativamente seu número
efetivo, que variou de 101 a 1614. O número reduzido de amostras tomadas em
alguns casos pode dificultar a obtenção de estimativas precisas da distribuição
posterior das amostras, mas parece suficiente para obtenção das medidas de
tendência central e variação utilizadas neste trabalho. Pôde-se verificar poucas
diferenças entre as médias, modas e medianas indicando uma possível simetria na
maioria das distribuições “a posteriori” dos parâmetros. Assim, para fins de
apresentação dos resultados e discussão, apenas a média como medida de tendência
central da distribuição posterior do parâmetro.
De uma forma geral constatou-se grande variação nas estimativas de
herdabilidade das várias características estudadas, sendo obtidos valores de baixa a
alta magnitude. Tanto para peso como para a circunferência escrotal, as medidas nas
idades padrão apresentaram estimativas de herdabilidade superiores às dos ganhos.
Os ganhos de peso (Tabela 2) apresentaram estimativas de herdabilidade de
baixa magnitude, inferiores às apresentadas por PANETO et al. (2002), para a raça
Nelore. Naquele trabalho, os autores, empregando o método REML em análises uni-
características, obtiveram herdabilidades de 0,32, 0,16, 0,21 e 0,23 para GP120-240,
39
GP240-365, GP365-455 e GP455-550, respectivamente. Entretanto, as estimativas
aqui obtidas se mostraram superiores às relatadas por CUCCO (2008), na raça Pardo-
Suiça de Corte: 0,12 (GP120-205), 0,12 (GP205-365), 0,13 (365-450) e 0,05(GP450-
365).
Tabela 2 - Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos componentes de
variância e parâmetros genéticos referentes aos ganhos de peso entre as idades de 120 e
210 (GP1), 210 e 365 (GP2), 365 e 450 (GP3) e 450 e 550 dias (GP4).
Carac. Parâmetros
1
A.E.
2
Média Moda Mediana D.P.
3 4
IAD(95%)
σ
2
566 18,21 18,20 18,20 1,36 15,67-20,71
a
σ
2
754 79,76 79,43 79,76 1,01 77,94-81,62
e
σ
2
147 4,47 4,58 4,46 0,67 3,31-5,76
m
GP1
σ
2
101 5,89 5,89 5,87 0,68 4,51-7,16
pm
2
h 566 0,17 0,17 0,17 0,01 0,15-0,19
d
2
h 147 0,04 0,04 0,04 0,01 0,03-0,05
m
c
2
101 0,05 0,05 0,05 0,01 0,04-0,07
σ
2
565 40,54 39,57 40,52 2,77 34,78-45,66
a
GP2
σ
2
471 170,58 170,81 170,55 2,41 164,10-174,6
e
2
h
565 0,19 0,19 0,19 0,01 0,17-0,22
d
σ
2
377 16,56 16,50 16,53 1,53 13,79-19,52
a
GP3
σ
2
707 115,51 115,29 115,5 1,44 112,5-118,10
e
2
h
377 0,13 0,12 0,13 0,01 0,11-0,15
d
σ
2
323 25,96 25,56 25,82 2,63 20,59-30,26
a
σ
2
566 152,87 152,80 152,80 2,35 148,00-157,40
GP4
e
2
323 0,15 0,14 0,15 0,01 0,12-0,17
h
d
1
σ
2
a
:variância aditiva direta; σ
2
e
: variância residual; σ
2
: variância aditiva materna; σ
2
m pm
: variância devida
ao efeito permanente materno ; h
2
d
: herdabilidade restrita direta; h
2
: herdabilidade restrita materna; c
2
m
:
porção da variância fenotípica atribuída ao efeito de ambiente permanente materno.
2
número de amostras efetivas;
3
Desvio-padrão;
4
Intervalo de alta densidade
Com relação aos pesos padronizados, as estimativas de herdabilidade
apresentaram valores de magnitude moderada (Tabela 3), indicando que parte
substancial da variação nestas características é determinada pela ação aditiva dos
genes, e que podem responder de forma satisfatória ao processo de seleção. Os
valores obtidos para estas características encontram-se dentro dos limites das
estimativas de herdabilidade relatadas na literatura para a raça Nelore: 0,19-0,29;
0,19-0,26; 0,20-0,45; 0,33-0,48 e 0,34-0,49 para P120, P210 (ou idades próximas: 205
e 240 dias), P365, P450 e P550, respectivamente (GARNERO et al., 2001; GUNSKI et
40
al., 2001; MAGNABOSCO et al., 2001; SIQUEIRA et al., 2003; ALBUQUERQUE & EL
FARO, 2008; YOKOO et al., 2008). Com relação a outras raças zebuínas, os valores
foram superiores aos relatados para animais Tabapuã (FERRAZ FILHO et al., 2002) e
Guzerá (SILVA, 2004).
Tabela 3 - Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos componentes de
variância e parâmetros genéticos referentes aos pesos padronizados aos 120 (P120), 210
(P210), 365 (P365), 450 (P450) e 550 (P550) dias de idade.
Carac. Parâmetros
1
A.E.
2
Média Moda Med. D.P.
3 4
IAD(95%)
σ
2
754 50,75 50,82 50,73 3,10 44,55-56,58
a
σ
2
942 121,53 122,01 121,50 1,94 117,2-125,20
e
σ
2
377 23,42 23,00 23,27 2,23 19,54-27,70
m
σ
2
P120
210 25,72 25,75 25,71 1,84 22,25-29,32
p
h
m
2
754 0,23 0,23 0,23 0,01 0,20-0,26
d
2
h 377 0,11 0,11 0,11 0,01 0,09-0,13
m
c
2
283 0,12 0,12 0,12 0,01 0,10-0,13
σ
2
707 102,28 102,98 102,39 6,38 90,59-114,70
a
σ
2
943 226,56 227,04 226,65 4,08 218,92-234-47
e
σ
2
404 41,64 40,50 41,73 4,02 34,40-49,66
m
σ
2
453 54,64 53,41 54,59 3,48 48,10-61,39 P210
pm
2
h 566 0,24 0,24 0,24 0,01 0,21-0,27
d
2
h 404 0,10 0,10 0,10 0,01 0,08-0,12
m
c
2
453 0,13 0,13 0,13 0,01 0,11-0,15
σ
2
941 173,01 175,61 173,01 9,27 154,40-190,80
a
σ
2
P365
1.414 322,38 321,17 322,28 6,44 310,74-335,26
e
2
h 706 0,35 0,35 0,35 0,02 0,32-0,38
d
σ
2
1.614 234,88 236,54 234,76 12,11 211,84-258,46
a
σ
2
P450 1.414 409,15 413,70 409,49 8,33 392,12-424,36
e
2
h 942 0,37 0,36 0,36 0,02 0,34-0,40
d
σ
16,43
302,32-367,68
2
1.615 336,42 332,64 336,06
a
σ
2
P550
1.413 533,29 534,18 533,46 11,94 509,29-556,40
e
2
h
1.413 0,39 0,38 0,39 0,02 0,35-0,42
d
1
σ
2
a
:variância aditiva direta; σ
2
e
: variância residual; σ
2
: variância aditiva materna; σ
2
m pm
: variância devida
ao efeito permanente materno; h
2
d
: herdabilidade restrita direta; h
2
: herdabilidade restrita
m
2
materna; c
: porção da variância fenotipica atribuída ao efeito de ambiente permanente materno.
2
número de amostras efetivas;
3 4
Intervalo de alta densidade Desvio-padrão;
Com relação aos efeitos maternos (Tabelas 2 e 3), as estimativas apresentaram
baixa magnitude, tanto para a herdabilidade (h
2
m
) quanto para a porção atribuída ao
efeito de ambiente permanente (c
2
). É interessante notar que o peso aos 120 dias
apresentou o maior valor em ambos os parâmetros, e que após os 120 dias a
importância dos efeitos maternos reduz-se consideravelmente na raça Nelore.
41
2 2
GUNSKI et al (2001) obtiveram valores de h e c
m
de 0,16 e 0,11, para peso aos 120
dias; e 0,10 e 0,09 para peso aos 240 dias. Trabalhando com as mesmas
características, GARNERO et al. (2001) obtiveram valores similares aos autores
citados anteriormente: 0,12 e 0,06; 0,095 e 0,10, para h
2 2,
e c
m
. Ambos trabalhos
mostram redução na importância dos efeitos maternos após os 120 dias, concordando
com o presente trabalho. Entretanto, para ganho de peso entre 120 e 240 dias,
PANETO et al. (2000) obtiveram estimativa de herdabilidade de 0,13, bem superior ao
valor encontrado neste estudo para um período semelhante (GP 120 – 210). A
discrepância apresentada com o resultado deste último estudo pode ser atribuída ao
fato de que os autores citados não incluíram no modelo o efeito de ambiente
permanente materno, o que pode ter inflado a estimativa da variância aditiva materna.
Para o crescimento escrotal (Tabela 4), excetuando o CP2, as características
apresentaram valores moderados para a herdabilidade. Para o crescimento escrotal, a
literatura apresentou valor inferior para CP1 e similar para CP2, na raça Nelore
(PANETO et al., 2002). Para as medidas de perímetro escrotal às idades padrão, tem-
se uma grande variedade de resultados para PE365 e PE450, sendo raros os
trabalhos com PE550. As estimativas obtidas foram superiores as reportadas por
GRESSLER et al. (2000) e BOLIGON et al. (2007): 0,24-0,26 para PE365, e 0,31-0,37
para PE450. Todavia, valores de 0,57-0,68 e 0,53-0,66 para PE365 e PE450,
respectivamente, foram relatados por ELER et al. (2006) e FARIA et al. (2007). Em
estudo que envolveu as três medidas, YOKOO et al. (2008), para raça Nelore, e
FARIA (2006) na raça Brahman, encontraram valores da ordem de 0,48 e 0,37; 0,53 e
0,27 e; 0,42 e 0,19 para PE365, PE450 e PE550, respectivamente.
42
Tabela 4 - Estatísticas descritivas das amostras das distribuições posteriores dos componentes de
variância e parâmetros genéticos referentes a mensurações de perímetro escrotal nas
idades padrão de 365 (PE365), 450 (P450) e 550 (P550) dias; e para o crescimento
apresentado entre estes períodos: 365 e 450(CP1) e 450 e 550 dias (CP2).
Carac. Parâmetros
1
A.E.
2
Média Moda Med. D.P.
3 4
IAD(95%)
629 0,10
σ
2
1,52 1,52 1,52 1,34-1,70
a
PE365
σ
2
754 1,41 1,41 1,41 0,07 1,26-1,52
e
2
h 629 0,52 0,51 0,52 0,03 0,47-0,57
d
σ
2
313 0,04
0,44 0,45 0,44 0,36-0,53
a
σ
2
CP1
322 0,91 0,92 0,90 0,04 0,84-0,98
e
2
h 313 0,33 0,33 0,31 0,03 0,27-0,38
d
629 0,19
σ
2
2,98 3,01 2,99 2,61-3,34
PE450
σ
2
628 2,36 2,29 2,36 0,14 2,12-2,63
e
2
h 628 0,56 0,57 0,56 0,03 0,50-0,61
d
140 0,05
σ
2
0,26 0,25 0,25 0,18-0,36
a
CP2
σ
2
147 1,14 1,15 1,14 0,05 1,05-1,22
e
2
h 113 0,19 0,18 0,18 0,03 0,13-0,25
d
470 0,26
σ
2
3,82 3,71 3,81 3,33-4,32
a
PE550
σ
2
268 4,07 4,06 4,06 0,18 3,72-4,43
e
2
h 628 0,48 0,49 0,49 0,02 0,44-0,52
d
1
σ
2
a
: variância aditiva direta; σ
2
e
: variância residual; h
2
d
: herdabilidade restrita direta;
2
número de amostras efetivas;
3 4
Intervalo de alta densidade Desvio-padrão;
É possível notar também (Figura 1), que as estimativas de herdabilidade para
os pesos as idades padrão, tendem a aumentar com a idade do animal. Isto tem sido
notado por diversos autores e se justifica pelo fato de que grande parte dos genes que
atuam sobre o peso em uma idade atua também sobre o peso nas idades posteriores,
enquanto os efeitos aleatórios de ambiente que atuam sobre os pesos em idades
subseqüentes tendem a se cancelar.
43
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
120 210 365 450 550
idade (dias)
herdabilidade
peso
perimetro
ganhos de peso
PE365
PE450
PE550
GP1
GP2
GP3 GP4
P120 P210
P365
P450
P550
Figura 1 - Incremento da estimativa de herdabilidade com relação à idade do animal.
No entanto, este fenômeno não pode ser observado quando considerado os
perímetros escrotais a idades padronizadas ou os ganhos de peso em intervalos. Para
os primeiros o crescimento da herdabilidade é notório até os 450 dias, a partir de então
ocorre uma queda; enquanto para os segundos, temos um pico de no GP2, o que não
era esperado em função de ser esta a fase em que os animais sofrem com a
desmama e com a estiagem (na maior parte dos rebanhos), sendo a fase em que os
animais apresentam a menor taxa de ganho médio diário. É interessante notar que
para os quatro períodos, considerando-se o número de dias em cada uma deles, a
variância residual teve aumento linear, enquanto a variância genética oscilou
aleatoriamente. A queda observada em GP3 pode talvez ser justificada pelo
crescimento compensatório, que pode ter ocasionado uma maior uniformidade entre
os animais reduzindo a variância genética. No que se refere ao PE550 verificou-se que
44
o crescimento da variância aditiva direta se realizou a taxas menores que a da
variância ambiental, o que culminou com uma queda na estimativa da herdabilidade.
Isto pode ser conseqüência do menor número de registros disponíveis para análise
nesta idade.
Visto as estimativas de herdabilidade obtidas, a seleção baseada em medidas
nas idades padrão (peso e perímetro escrotal) se mostra mais interessante, uma vez
que parte substancial das diferenças entre indivíduos é atribuída ao efeito médio dos
genes. Assim, poder-se-ia obter uma reposta a seleção mais rápida, quando
comparado às medidas de crescimento intervalar. Entretanto, a escolha de um critério
de seleção não depende somente do quanto a característica é passível de transmissão
à progênie, deve-se considerar também sua correlação com outras características e
sua importância econômica.
Para um exame mais detalhado das estimativas dos parâmetros genéticos –
diretos e maternos – das características estudadas são mostradas as densidades das
distribuições “a posteriori” (Figura 2, 3 e 4). Por exame visual, verifica-se que estas
distribuições apresentam-se próximas da normalidade, fato este a se considerar uma
vez que utilizado um grande número de ciclos. Mas, nota-se que em alguns casos –
herdabilidade direta para PE450, P450 e CP2; e porção de efeito de ambiente
permanente materno para P210 – apresentou uma forma bimodal, o que indica que o
número de amostras foi ainda pequeno para a realização das inferências.
45
0
2
4
6
0,17 0,22 0,27 0,32
P120 – h
2
d
0
2
4
6
0,06 0,11 0,16
P120 – h
2
m
0
2
4
6
0,08 0,13 0,18
P120 – c
0
2
4
6
0,10,150,20,25
GP1 – h
2
d
0
2
4
6
0,01 0,03 0,05 0,07
GP1 – h
2
m
0
2
4
6
0 0,04 0,08 0,12
GP1 – c
0
2
4
6
0,18 0,23 0,28 0,33
P210 – h
2
d
0
2
4
6
8
0,04 0,09 0,14 0,19
P210 – h
2
m
0
2
4
6
0,1 0,13 0,16
P210 – c
Figura 2 - Densidades “a posterioris” das estimativas para a herdabilidade direta (h
2
d
), materna (h
2
m
) e porção do efeito permanente materno
(c) nas características pesos padronizados aos 120 e 210 dias, e o ganho de peso neste intervalo.
46
0
1
2
3
4
5
0,13 0,18 0,23 0,28
0
1
2
3
4
5
0,29 0,34 0,39 0,44
GP2
P365
0
2
4
6
0,06 0,11 0,16 0,21
0
2
4
6
0,30,350,40,45
P450
GP3
0
1
2
3
4
5
0,08 0,13 0,18 0,23
0
1
2
3
4
5
6
0,3 0,35 0,4 0,45
GP4
P550
Figura 3 - Densidades “a posteriori” das estimativas para a herdabilidade direta para pesos
padronizados as idades de 365, 450 e 550 dias e ganhos de peso entre estes períodos.
47
No tocante às correlações genéticas, (Tabela 5), verifica-se a existência de
grande variação nos valores, inclusive alguns negativos (próximos de zero), variando
de -0,03 (GP3/PE550) a 0,96 (PE450/PE550). Primeiramente serão feitas
considerações sobre as correlações dentro de cada grupo de características - as
ponderais e as escrotais - e, posteriormente, entre elas.
PE365
CP1
PE450
0
1
2
3
4
0,07 0,17 0,27 0,37
CP2
PE550
Figura 4 - Densidades “a posteriori” das estimativas para a herdabilidade direta para medidas de
circunferência escrotal padronizadas a idades de 365, 450 e 550 dias e crescimento entre
estes períodos.
Tabela 5 – Estimativas das medias “a posteriori” e desvio-padrões (entre parênteses) das correlações genéticas (triangular superior) e
ambientais (triangular inferior) entre características de crescimento e reprodutivas na raça Nelore
P120 P210 P365 P450 P550 GP1 GP2 GP3 GP4 PE365 PE450 PE550 CP1 CP2
P120
-
0,94
(0,01)
0,78
(0,02)
0,73
(0,02)
0,69
(0,02)
0,55
(0,04)
0,12
(0,05)
0,24
(0,05)
0,29
(0,06)
0,49
(0,04)
0,41
(0,04)
0,40
(0,04)
0,16
(0,06)
0,13
(0,09)
P210
0,81
(0,004)
-
0,88
(0,01)
0,82
(0,01)
0,81
(0,01)
0,81
(0,02)
0,24
(0,05)
0,25
(0,05)
0,42
(0,05)
0,56
(0,03)
0,49
(0,04)
0,48
(0,04)
0,24
(0,06)
0,17
(0,09)
P365
0,58
(0,01)
0,70
(0,01)
-
0,97
(0,004)
0,95
(0,01)
0,80
(0,02)
0,66
(0,03)
0,43
(0,05)
0,47
(0,05)
0,53
(0,03)
0,49
(0,03)
0,49
(0,04)
0,28
(0,05)
0,24
(0,08)
P450
0,52
(0,01)
0,61
(0,01)
0,85
(0,003)
-
0,97
(0,004)
0,73
(0,03)
0,70
(0,02)
0,63
(0,04)
0,48
(0,06)
0,44
(0,03)
0,41
(0,03)
0,42
(0,04)
0,25
(0,05)
0,22
(0,09)
P550
0,49
(0,01)
0,59
(0,01)
0,73
(0,006)
0,85
(0,004)
-
0,76
(0,03)
0,67
(0,03)
0,60
(0,04)
0,68
(0,04)
0,42
(0,04)
0,38
(0,04)
0,41
(0,04)
0,22
(0,05)
0,27
(0,08)
GP1
0,13
(0,01)
0,69
(0,01)
0,47
(0,01)
0,39
(0,01)
0,39
(0,01)
-
0,36
(0,05)
0,18
(0,06)
0,52
(0,06)
0,50
(0,04)
0,47
(0,04)
0,46
(0,05)
0,31
(0,06)
0,16
(0,10)
GP2
-0,14
(0,01)
-0,19
(0,01)
0,57
(0,01)
0,46
(0,01)
0,33
(0,01)
-0,15
(0,01)
-
0,50
(0,05)
0,31
(0,06)
0,22
(0,05)
0,23
(0,04)
0,23
(0,04)
0,19
(0,06)
0,24
(0,09)
GP3
0,01
(0,01)
-0,02
(0,01)
-0,07
(0,012)
0,47
(0,01)
0,37
(0,01)
-0,05
(0,01)
-0,08
(0,01)
-
0,27
(0,07)
-0,07
(0,05)
-0,03
(0,05)
-0,03
(0,06)
0,04
(0,07)
0,02
(0,11)
GP4
0,07
(0,01)
0,11
(0,01)
-0,02
(0,014)
-0,06
(0,01)
0,48
(0,01)
0,09
(0,01)
-0,15
(0,01)
-0,08
(0,01)
-
0,18
(0,06)
0,15
(0,06)
0,22
(0,06)
0,05
(0,07)
0,32
(0,10)
PE365
0,32
(0,02)
0,39
(0,02)
0,52
(0,019)
0,49
(0,02)
0,44
(0,02)
0,27
(0,02)
0,26
(0,02)
0,06
(0,02)
0,02
(0,02)
-
0,96
(0,01)
0,91
(0,01)
0,63
(0,05)
0,26
(0,08)
PE450
0,29
(0,02)
0,36
(0,02)
0,48
(0,022)
0,53
(0,02)
0,52
(0,02)
0,25
(0,02)
0,24
(0,02)
0,21
(0,02)
0,09
(0,03)
0,79
(0,01)
-
0,97
(0,01)
0,83
(0,02)
0,33
(0,08)
PE550
0,27
(0,02)
0,33
(0,02)
0,40
(0,025)
0,44
(0,03)
0,50
(0,03)
0,22
(0,02)
0,21
(0,02)
0,15
(0,02)
0,21
(0,02)
0,50
(0,03)
0,69
(0,03)
-
0,83
(0,03)
0,54
(0,07)
CP1
0,08
(0,02)
0,09
(0,02)
0,13
(0,022)
0,25
(0,02)
0,28
(0,02)
0,06
(0,02)
0,07
(0,02)
0,26
(0,02)
0,12
(0,02)
0,02
(0,03)
0,64
(0,02)
0,49
(0,03)
-
0,36
(0,09)
CP2
0,08
(0,02)
0,10
(0,02)
0,07
(0,023)
0,06
(0,02)
0,20
(0,02)
0,06
(0,02)
-0,02
(0,02)
-0,01
(0,02)
0,27
(0,02)
-0,19
(0,04)
-0,14
(0,04)
0,43
(0,04)
0,01
(0,03)
-
Ganhos de peso: GP1(120-210 dias); GP2 (210-365 dias); GP3 (365-450 dias); GP3 (450-550 dias) Crescimento escrotal: CP1 (365-
450 dias); CP2 (450-550 dias).
48
49
Entre os pesos padronizados, observaram-se valores entre 0,69 (P120/P550) à
0,97 (P365/P450 e P450/P550). Valores maiores de correlação entre pesos as idades
de 210, 365, 450 e 550 foram relatados por YOKOO et al. (2007), estando todos acima
de 0,90. As magnitudes das estimativas encontradas corroboram os resultados de
ALBUQUERQUE & EL FARO (2008), que utilizando de modelos de dimensão finita e
infinita, obtiveram valores de 0,87-0,97, 0,71-0,81, 0,55-0,69, 0,87-0,95, 0,75-0,86 e
0,98-0,99, para as correlações entre os pesos 120/205, 120/365, 120/550, 205/365,
205/550 e 365/550 dias, respectivamente. Magnitudes similares às deste estudo foram
também reportadas para a raça Guzerá (MACHADO et al. 2002; MUCARI &
OLIVEIRA, 2003) e Tabapuã (DIAS et al., 2006).
Entre os ganhos de peso, porém, observaram-se valores menores de
correlação, variando de 0,18 (GP1/GP3) a 0,52 (GP1/GP4). FERNANDES &
FERREIRA (2000), utilizando-se de sete diferentes modelos estatísticos, encontraram
valores de menor magnitude (-0,19 a 0,00) para correlações entre ganhos de peso do
nascimento à desmama e ganho pós-desmama. SARMENTO et al. (2003) relatam
correlações de ordem semelhantes às do presente estudo, para ganho médio diário:
0,44 (GP do nascimento à desmama/ GP desmama-365 dias), 0,22 (GP nascimento –
desmama e GP 365 – 550 dias) e 0,30 (GP desmama-365 dias e GP 365-550 dias).
Quando consideradas as correlações genéticas entre as medidas ponderais
intervalares e as padronizadas, estas apresentaram valores positivos e magnitude
bastante variável, desde 0,12 (GP2/P120) até 0,81 (GP1/P210). De uma forma geral,
para GP1, GP2, GP3 e GP4, as menores correlações foram com o P120. Analisando
dados referentes a ganhos de peso em animais da raça Pardo-Suiço, CUCCO (2008)
obteve valores de correlação de magnitudes semelhantes às do presente estudo: 0,31
(GP120/205) a 0,99 (GPnasc-120/P120). MASCIOLI et al. (2000), em análise genética
de peso ao nascimento, 240, 365, 550 e 730 dias e os ganhos de peso entre eles, em
bovinos da raça Canchim, obtiveram valores de magnitudes diversas, inclusive
negativos entre P550 e o ganho de peso entre esta idade e 730 dias (-0,26). Os
demais valores variaram de 0,36 a 0,97.
50
Para as mensurações escrotais em idades padrão, verificam-se valores de
correlação de alta magnitude, estando todos acima de 0,90. Entre as taxas de
crescimento escrotal, no entanto, a correlação genética foi de 0,36. Altas correlações
podem ser observadas entre CP1 e as medidas a idades padrão (0,63 - 0,83), o que
não foi constatado para CP2. Valores semelhantes de correlação entre medidas
escrotais a idades padrão foram encontradas por YOKOO et al. (2007): 0,96 (PE365 e
PE450), 0,76 (PE365 e PE550) e 0,91 (PE450 e 550). Corroborando com estes
resultados, SESANA et al. (2007) relataram valores que variaram de 0,79-0,97 entre
medidas de perímetro escrotal aos 9, 12, 15, 18 e 21 meses de idade.
Com relação às correlações genéticas entre os grupos de características, é
possível verificar baixos valores entre as mensurações de GP e CP (0,04 -0,32); entre
os GP e os PE (inclusive negativas quando considerado o ganho de peso entre 365 e
450 dias) e entre os pesos e CPs, (excetuando-se a correlação entre P210 e CP2). Já
entre os pesos e PEs em idades padrão, os valores foram moderados e positivos
(entre 0,382 e 0,557). Dentre os pesos o que apresentou-se altamente correlacionada
com as medidas escrotais foi o P210.
Deve-se ressaltar que muitas das correlações genéticas entre as características
apresentam algum tipo de estrutura reconhecível, fato este também observado em
outros estudos. Na figura 5, temos que a magnitude das correlações é proporcional ao
diâmetro das esferas, sendo para valores negativos é atribuído textura diferenciada.
Primeiramente, entre as medidas padronizadas, verifica-se que quanto mais próximas
são duas características, maior a correlação entre elas apresentadas. Com relação
aos ganhos de peso, não é possível verificar uma estrutura clara das correlações,
entretanto, parece que são menores entre medidas mais próximas. Os GP sempre
apresentam correlações maiores com os pesos ajustados para a idade do limite
superior do intervalo que determina o GP e, para cada GP, as maiores correlações são
com os pesos nos quais ele está incluído. Estas considerações podem ser estendidas
para as medidas escrotais, embora sua visualização seja menos evidente.
51
Figura 5 - Representação gráfica das correlações genéticas entre as características ponderais e de perímetro escrotal.
52
Como as correlações entre os pesos as idades padrão são maiores do que
entre os ganhos de peso, e ainda considerando-se as herdabilidades dos dois grupos
de características, conclui-se que a seleção com base em pesos padrão possibilita
maiores ganhos diretos e indiretos. A Figura 6 apresenta o ganho genético por
geração por idade, quando a seleção é praticada para cada um dos pesos
considerados, com intensidade de seleção de uma unidade. Verifica-se primeiramente
que, exceto para o P210, a seleção direta é sempre a forma mais eficiente de se
aumentar o peso em determinada idade. E segundo lugar, pode-se observar que a
seleção para o peso em uma idade, é quase tão eficiente para aumentar os pesos nas
idades anteriores, quanto a seleção direta para a idade anterior. Como conseqüência
disto, a seleção para P550 parece ser a maneira mais eficiente de selecionar todos os
pesos. Observa-se ainda que a utilização de qualquer um dos pesos pós desmama
como critério de seleção traria respostas bem semelhantes, mas a seleção com base
em pesos pré-desmama poderia reduzir significativamente a resposta.
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
12,00
100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
Idade (dias)
Dg (kg)
P120
P210
P365
P450
P550
Figura 6 – Ganhos genéticos esperados (Dg) nos pesos dos animais de acordo com a idade, em função
da característica a utilizada como critério de seleção.
53
Deve ser lembrado que embora o P550 seja mais eficiente como critério de
seleção, a escolha deve levar em conta a importância das características para o
criador e o custo de manutenção dos animais até a idade de mensuração.
Em função da sua menor correlação genética com pesos em longo prazo, os
ganhos de peso, mesmo apresentando taxas de ganho genético menores, poderiam
ser interessantes para seleção em razão da necessidade de não se aumentar o peso
ao nascer e adulto dos animais, que acarretaria aumento de distocia e do custo de
manutenção de matrizes e reprodutores. Entretanto, é necessário a coleta de dados
para se chegar a esta opção.
Considerando a alta correlação genética apresentada entre as medidas de
perímetro escrotal nas idades padrão, recomenda-se a inclusão de apenas uma para
compor um índice de seleção. Mesmo que o PE450 apresente maior resposta à
seleção – em virtude da maior influência da ação aditiva dos genes – o PE365 se
constitui estrategicamente uma opção, uma vez que possibilita a escolha de
reprodutores em idade mais precoce. Além disto, como o perímetro escrotal não
apresenta valor econômico direto, é importante considerar a correlação entre estas
medidas e as medidas reprodutivas de importância econômica para se obter os
resultados. O CP1 pode ser adotado como critério por expressar de forma mais
acurada a precocidade sexual dos animais, além de apresentar ganhos de seleção
satisfatórios, em virtude da magnitude de sua estimativa de herdabilidade e
correlações com as medidas escrotais nas idades padrão. Assinala-se, entretanto, a
necessidade da realização de outros estudos que quantifiquem a correlação entre o
CP1 com outras características reprodutivas, tanto de machos (volume e qualidade de
sêmen) como de fêmeas (intervalos de partos, dias ao parto).
Com relação às correlações residuais (Tabela 5) os maiores valores observados
foram entre pesos padronizados (0,49-0,84) e entre perímetros (0,5-0,79), sendo
compatíveis com os achados por MACHADO et al. (1999), FERRAZ FILHO et al.
(2002) e YOKOO et al.(2008). Entre as medidas intervalares (GP e CP), as
correlações residuais foram de baixa magnitudes, sendo freqüentemente encontrados
valores negativos entre mensurações subseqüentes. Valores negativos e de baixa
54
magnitude foram também verificados entre GP e pesos (-0,14 a 0,69) e entre CP e
perímetros (-0,19 a 0,64).
Na figura 7, seguindo o mesmo sistema proposto na Figura 5, podemos
visualizar uma possível estrutura entre as correlações residuais. Entre os pesos e
medidas escrotais a idades padrão, percebe-se uma maior correlação ambiental com
medidas próximas, indicando que quanto mais distantes são realizadas duas medidas,
mais distintas são as condições ambientais e os efeitos genéticos não aditivos que
influenciam estas. Uma estrutura não pode ser verificada, quando se consideram os
ganhos de peso entre si, más quando se consideram as correlações entre os ganhos e
os peso à idades padrão, nota-se que semelhante ao contexto genético, a maior
correlação é observada entre o GP e a medida padrão de seu limite superior. Além
disso, as menores correlações são estabelecidas com medidas anteriores, inclusive
estimativas negativas. Pode-se notar também, que as maiores correlações residuais
entre as medidas padrão de peso e perímetro escrotal, ocorrem nas idades em que
ambos são medidas.
55
Figura 7 - Representação gráfica das correlações ambientais entre as características ponderais ede perímetro escrotal.
56
Os valores negativos apresentados indicam que ambientes favoráveis a
algumas medidas podem ser desfavoráveis a outras. O fato de isso ocorrer,
principalmente entre medidas cronologicamente próximas, pode indicar que as
mudanças climáticas ao longo do ano são as principais responsáveis, apesar de os
grupos de contemporâneos incluírem o efeito de época de nascimento. Em especial o
GP2, referente ao período imediatamente pós-desmama apresenta as correlações
mais negativas com as outras medidas, portanto, animais que apresentaram condições
ótimas no período entre 210 e 365 dias de idade, tiveram desempenho prejudicado em
outros períodos. Estas baixas correlações negativas podem ser decorrentes de ganhos
compensatórios seguindo os períodos de maior restrição. Assim, por exemplo, o
período em que a maioria dos animais sofre maior restrição alimentar é imediatamente
após a desmama, que normalmente ocorre no final das águas. Apesar disto, as
correlações genéticas apresentam valores positivos, sugerindo que a maioria dos
genes atua no mesmo sentido em ambientes diversos.
As maiores herdabilidades dos pesos e PEs tomados em idades padrão,
quando comparados com os ganhos de pesos e crescimento do perímetro escrotal
parece ser também decorrente dos menores valores das correlações residuais em
comparação às correlações genéticas entre os ganhos. Este fato também explica o
crescimento das herdabilidades dos pesos e perímetros com o aumento da idade dos
animais.
CONCLUSÕES
Por meio dos resultados aqui apresentados, verifica-se que as características
estudadas apresentam variabilidade genética, o que torna possível sua inclusão em
um processo seletivo, e resposta a seleção considerável. Dentre as medidas
ponderais, verificou-se que os pesos padronizados, são mais interessantes que as
taxas de ganhos em virtude não somente de suas maiores herdabilidades, assim como
pelas correlações genéticas, entre elas apresentadas. As medidas de perímetro
escrotal encontram parâmetros de alta magnitude, sendo que entre as medidas de
57
perímetro a idades padronizadas, a inclusão de apenas uma delas em programa de
melhoramento genético se faz necessária, visto a alta correlação entre as mesmas.
A utilização de pesos pós-desmama seria mais interessante em função da
maior resposta observada em todo o período.
Com relação a utilização da inferência bayesiana, no desenvolvimento de
avaliações multi-caracteristicas com modelos complexos – acima de 3 atributos – esta
se mostrou eficiente visto que as análises pós-gibbs, mesmo em alguns casos com
pequeno numero de amostras efetivas, se mostrou eficiente uma vez que não somente
a convergência foi atingida mas, muitos dos valores se assemelham aos apresentados
na literatura.
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65
APÊNDICE
66
APÊNDICE A – Distribuição dos valores para características de peso e perímetro
escrotal a idades padrão
55 70 85 100 115 130 145 160 175 190
c1
0
0.01
0.02
D
e
n
s
i
t
y
78 102 126 150 174 198 22 2 246 270 294
p210
0
0.005
0.01
D
e
n
s
i
t
y
P120 P210
99 135 171 207 243 279 31 5 351 387 423
p365
0
0.005
0.01
D
e
n
s
i
t
y
116 164 212 260 308 356 404 45 2 500 548
p450
0
0.002
0.004
0.006
0.008
D
e
n
s
i
t
y
P365 P450
140 188 236 284 332 380 428 476 524 572
p550
0
0.002
0.004
0.006
D
e
n
s
i
t
y
11.85 14.55 17.25 19.95 22.65 25.35 28.05
c6
0
0.1
0.2
D
e
n
s
i
t
y
P550 PE365
12.6 15.4 18.2 21.0 23.8 26.6 29.4 32.2 35.0
pe450
0
0.05
0.1
D
e
n
s
i
t
y
13.25 16.85 20.45 24.05 27.65 31.25 34.85 38.45
pe550
0
0.05
0.1
D
e
n
s
i
t
y
PE450 PE550
67
APÊNDICE B – Distribuição de valores de características de ganho de peso e
crescimento de perímetro escrotal.
-3.75 20.25 44.25 68.25 92.25 116.25
c2
0
0.01
0.02
0.03
D
e
n
s
i
t
y
-42 -21 0 21 42 63 84 105 126 147 168
c3
0
0.005
0.01
0.015
D
e
n
s
i
t
y
GP1 GP2
-39 -21 -3 15 33 51 69 87 105 123
c4
0
0.01
0.02
D
e
n
s
i
t
y
-24 -9 6 21 36 51 66 81 96 111 126
c5
0
0.01
0.02
D
e
n
s
i
t
y
GP3 GP4
-1.6 -0.1 1.4 2.9 4.4 5.9 7.4 8.9
c7
0
0.1
0.2
0.3
D
e
n
s
i
t
y
-1.4 0.0 1.4 2.8 4.2 5.6 7.0 8.4
c8
0
0.1
0.2
0.3
D
e
n
s
i
t
y
CP1 CP2
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