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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGAD
ALOISIO VICENTE SALOMON
ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO AGLOMERADO DE EMPRESAS DE
APOIO DO SETOR DE SAÚDE DE BLUMENAU - SC
BLUMENAU
2008
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ALOISIO VICENTE SALOMON
ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO AGLOMERADO DE EMPRESAS DE
APOIO DO SETOR DE SAÚDE DE BLUMENAU - SC
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração do Centro Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Regional de
Blumenau - FURB, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Administração.
Prof. Dr. Pedro Paulo Hugo Wilhelm - Orientador
BLUMENAU
2008
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ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO AGLOMERADO DE EMPRESAS DE
APOIO DO SETOR DE SAÚDE DE BLUMENAU - SC
Por
ALOISIO VICENTE SALOMON
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração - PPGAd do Centro
de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA - da
Universidade Regional de Blumenau, para a
obtenção do grau de Mestre em Administração,
pela banca examinadora formada por:
___________________________________________________________________
Presidente: Prof. Pedro Paulo Hugo Wilhelm, Dr., Orientador, PPGAd/FURB
___________________________________________________________________
Membro: Profa. Maria José Carvalho de Souza Domingues, Dra., PPGAd/FURB
___________________________________________________________________
Membro: Prof. Valmir Emil Hoffmann, Dr., UNIVALI
___________________________________________________________________
Membro: Profa. Marialva Tomio Dreher, Dra., FURB
___________________________________________________________________
Coord. PPGAd: Profa. Maria José Carvalho de Souza Domingues, Dra.
Blumenau, 30 de abril de 2008
À minha esposa Grasiela.
À minha filha Maria Júlia.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade.
À minha família, em especial à Grasiela e à Maria Júlia, pela compreensão, paciência
e incentivo neste período importante da minha vida.
Ao Professor Doutor Pedro Paulo, pela dedicação, presteza, incentivo e paciência na
orientação do trabalho.
Aos professores, colegas e funcionários do Programa de Mestrado em Administração
da FURB, pela colaboração, dedicação e apoio.
Aos colegas do SEBRAE-SC, pelo apoio e incentivo.
A todos que, de alguma forma, auxiliaram-me na realização deste sonho.
Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina.
Cora Coralina
RESUMO
Apesar de os estudos sobre as vantagens decorrentes da localização e dos aglomerados
produtivos não ser recente, no Brasil esta temática passou a ser tratada de forma explícita com
a nova política industrial. Em agosto de 2004 foi realizada a primeira Conferência Brasileira
sobre Arranjos Produtivos Locais (APLs), que tratou da organização e articulação das
instituições governamentais com o objetivo de estabelecer o papel que cada uma destas
entidades deveria assumir para apoiar um processo sistemático de fortalecimento de arranjos
produtivos em todo território brasileiro. Estas ações estimularam rias organizações a
realizar esforços no sentido de apoiar estudos e projetos de desenvolvimento de APLs. O
Mestrado de Administração da FURB, desde 1999, vem estimulando a pesquisa sobre o
assunto, sendo que os estudos realizados até então trataram principalmente de casos de
aglomerados industriais. O presente trabalho dedicou esforços para identificar as
características de um aglomerado do setor de serviços: o aglomerado de empresas de apoio do
setor de saúde de Blumenau. Para este propósito, o estudo considerou três aspectos chaves: a
situação dos indicadores do Quociente Locacional - QL; a percepção dos dirigentes destas
empresas sobre as vantagens da localização e formas de articulação para ações conjuntas; e a
possibilidade de caracterizar o aglomerado conforme parâmetros de enquadramento de APLs
segundo o BNDES e SEBRAE/PROMOS. Os resultados dos indicadores QL evidenciaram
que existe um importante grau de concentração de empresas no aglomerado de serviços de
saúde na região de Blumenau em comparação com cidades como Joinville e Florianópolis, e
também em relação à dia brasileira. De fato, especialmente nos indicadores de empregos e
renda, os graus de concentração são significativos. Contudo, este aglomerado ainda está em
fase de desenvolvimento e reúne significativo potencial para se tornar um APL, pois existe
uma variedade muito grande de organizações correlatas e de apoio, bem como, instituições de
ensino e pesquisa voltadas para o setor de saúde. O estudo também evidenciou que existem
restrições à questão do relacionamento entre os atores, e que ações isoladas ainda se
sobrepõem às coletivas. Por último, a pesquisa verificou que a imagem e reputação das
empresas, sob a percepção dos empresários e usuários, são positivas. Este fato está atraindo
cada vez mais participantes e aumentando o potencial do aglomerado.
Palavras chave: Competitividade. Organizações. Aglomerados. Pequenas empresas.
ABSTRACT
In spite of studying about derived advantages on localization and on productive agglomerated
have not been recent, in Brazil this thematic had been treated in an explicit form with a new
industrial politics. In August of 2004 it was realized the first Brazilian Conference about
Local Productive Arranges (APL’s), that treated the organization and articulation of
governmental institutions with the purpose to establish the function which one of these
entities should take over to help a systematic process of support the productive arranges all
over the Brazilian territory. These options stimulate several organizations to do efforts for
stay studying and projects of development for the APL’s. The Mastership on Management
from FURB, since 1999, is stimulating the search on the subject, and the realized studying
then on treat mainly about the industrial agglomerated cases. This present work dedicated
efforts to identify the characteristics on an agglomerated sector of services: the companies’
agglomerated to support the healthy sector in Blumenau. For this purpose, the studying had
considered three main aspects: the situation of indicators on locational quotient - QL; the
manager’s perception of these companies about the advantages on the localization and the
articulation ways for united actions; and the possibility to characterize the agglomerated as
framing’s measure of the APL’s according to BNDES and SEBRAE/PROMOS. The
indicators’ results QL made evident there is an important companies’ concentration degree at
the agglomerated of services in the region’s healthy of Blumenau comparing with Joinville
and Florianopolis and also with the Brazilian average. In fact, especially on the job’s
indicators and lace, the concentration’s degrees are significative. But this agglomerated is yet
in the development’s phases and unite significative potential to become an APL, because
there is a very big variety of correlate and support organizations, as well as teaching
institutions and researching to the healthy sector. The studying showed, too there are
restrictions on the relationship question among the actors, and the separated actions still upon
the united one. By the end, the search found out that the companies’ image and reputation, on
the managers and usuary’s perception, on are positive. This fact is attracting each time more
partners and enlarging the agglomerate’s potential.
Key Words: Competitivity. Organizations. Agglomerated. Small Companies.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Diferenças entre modelos de organização ...............................................................24
Figura 2 - Mix-Estratégico .......................................................................................................46
Figura 3 - Curva “U” proposta por Porter ................................................................................46
Figura 4 - Curva “U” e estratégias competitivas genéricas ampliadas.....................................47
Figura 5 - Redes Topdown........................................................................................................48
Figura 6 - Rede Flexível de Empresas......................................................................................49
Figura 7 - Matriz Produto/Mercado..........................................................................................50
Figura 8 - Sistema Produtivo Local..........................................................................................52
Figura 9 - Evolução do processo de formação de um cluster...................................................56
Figura 10 - Matriz metodológica de desenvolvimento de APL’s - SEBRAE/Promos/BID.....66
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 - Visão para Blumenau.............................................................................................15
Quadro 2 - Características dos aglomerados ............................................................................32
Quadro 3 - Características predominantes de cada tipo de aglomerado de empresa................33
Quadro 4 - Dados gerais sobre o Município de Blumenau ......................................................71
Quadro 5 - Construto da pesquisa.............................................................................................78
Quadro 6 - Variáveis do estudo proposto pela pesquisa...........................................................82
Quadro 7 - Quadro comparativo com resultados dos requisitos do BNDES para caracterização
de arranjo local .......................................................................................................99
Tabela 1 - CNES - Relatório por Unidade - Blumenau - Santa Catarina 76
Tabela 2 - CNES - Estabelecimentos por Tipo - Santa Catarina..............................................77
Tabela 3 - Concentração relativa de empresas no setor - Blumenau........................................85
Tabela 4 - Concentração relativa de empresas no setor - Joinville ..........................................85
Tabela 5 - Concentração relativa de empresas no setor - Florianópolis...................................86
Tabela 6 - Concentração relativa de empregos no setor - Blumenau.......................................86
Tabela 7 - Concentração relativa de empregos no setor - Joinville..........................................86
Tabela 8 - Concentração relativa de empregos no setor - Florianópolis ..................................87
Tabela 9 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Blumenau............................87
Tabela 10 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Joinville............................87
Tabela 11 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Florianópolis.....................88
Tabela 12 - Classificação do porte das empresas: pessoas ocupadas.......................................89
Tabela 13 - Quantidade de empresas: relações com fornecedores e disponibilidade de
produtos e serviços locais.......................................................................................93
Tabela 14 - Quantidade de empresas: importância das instituições de apoio ..........................94
Tabela 15 - Quantidade de empresas: relacionamento entre empresas concorrentes...............95
Tabela 16 - Quantidade de empresas: avaliação da imagem do setor ......................................97
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA...................................................................................14
1.3 QUESTÕES DA PESQUISA....................................................................................16
1.4 OBJETIVOS..............................................................................................................17
1.4.1 Objetivo Geral ...........................................................................................................17
1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................................17
1.5 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA ......................................................17
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO..............................................................................19
2 REVISÃO DA LITERATURA ..............................................................................20
2.1 AGLOMERADOS LOCAIS.....................................................................................26
2.1.1 Tipologias de aglomerados de empresas...................................................................32
2.1.1.1 Tipos de aglomerado segundo Zawislak e Ruffoni (2001) .......................................33
2.1.1.2 Tipos de aglomerado segundo Lastres e Cassiolato (2003) ......................................34
2.1.1.3 Tipos de aglomerado segundo RedeSist (2003)........................................................34
2.1.1.4 Tipos de aglomerado segundo SEBRAE (2004).......................................................40
2.1.2 Aglomerados de empresas como fator de competitividade.......................................42
2.1.3 Fomentos e atuação em APL - Análise da proposta do BNDES...............................62
2.1.4 Análise da Metodologia de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais -
SEBRAE / PROMOS / BID ......................................................................................65
3 MÉTODO DE PESQUISA .....................................................................................70
3.1 SETOR DE SAÚDE DE BLUMENAU....................................................................70
3.1.1 Histórico do setor de saúde de Blumenau .................................................................71
3.1.2 Indicadores do setor de saúde de Blumenau..............................................................73
3.1.3 Infra-estrutura do setor de saúde de Blumenau.........................................................75
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA...................................................................................76
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS................................77
3.3.1 Cálculo do grau de aglomeração - Quociente Locacional (QL)................................78
3.3.2 Questionário ..............................................................................................................81
3.3.3 Parâmetros para enquadramento em APLs................................................................83
4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................84
11
4.1 IDENTIFICAÇÃO DO AGLOMERADO DE SAÚDE DE BLUMENAU (SC).....84
4.1.1 Grau de concentração de empresas no setor..............................................................84
4.1.2 Grau de concentração de empregos no setor.............................................................86
4.1.3 Grau de concentração de geração de renda no setor..................................................87
4.2 PERCEPÇÃO DOS EMPRESÁRIOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO
AGLOMERADO.......................................................................................................88
4.2.1 Perfil das empresas....................................................................................................88
4.2.2 Análise das relações pela percepção dos empresários...............................................92
4.2.2.1 Relações com fornecedores e disponibilidade de produtos e serviços locais............92
4.2.2.2 Instituições de suporte empresarial............................................................................93
4.2.2.3 Relacionamento entre empresas concorrentes...........................................................94
4.2.2.4 Avaliação da imagem do setor...................................................................................96
4.2.3 Percepção de futuro...................................................................................................98
4.3 CLASSIFICAÇÃO DO AGLOMERADO DE SAÚDE DE BLUMENAU
NUMA PERSPECTIVA DE ARRANJO PRODUTIVO..........................................99
4.3.1 Condições necessárias para caracterização de APL segundo o BNDES.................100
4.3.2 Condições necessárias para caracterização de APL segundo o
PROMOS / SEBRAE:.............................................................................................102
4.3.2.1 Indicadores setoriais do aglomerado relativos à dinâmica de distrito.....................102
4.3.2.2 Indicadores setoriais do aglomerado relativos ao desenvolvimento
empresarial e organização da produção:..................................................................103
4.3.2.3 Indicadores setoriais do aglomerado relativos à informação e acesso a mercados .103
4.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA..............................................................................103
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...........................................................105
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................109
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA.........................................................118
APÊNDICE B - ESTATÍSTICA DAS RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO ................124
ANEXO 1 - CICLOS DA VIDA DE UM AGLOMERADO (CLUSTERS).....................126
ANEXO 2 - APLS PRIORITÁRIOS GTP APL 2008-2010 - ESTADO SC....................128
ANEXO 3 - CONJUNTO DE CONDIÇÕES PARA DEFINIÇÃO DE APL..................132
ANEXO 4 - PESQUISA DE DEMANDA SANTUR - TURISMO DE SAÚDE..............134
12
1 INTRODUÇÃO
A década de 1990 tornou-se, para rias nações, um momento de inflexão da
economia. razões para acreditar que este fenômeno está significativamente relacionado
com a denominada “globalização”. O economista Eduardo Gianetti da Fonseca (1997)
considerou uma idéia didática de como este fenômeno aconteceu:
“O fenômeno da globalização resulta da conjunção de três forças poderosas: 1) a
terceira revolução tecnológica (tecnologias ligadas à busca, processamento, difusão
e transmissão de informações; inteligência artificial; engenharia genética); 2) a
formação de áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados (como o
Mercosul, a União Européia e o Nafta); 3) a crescente interligação e
interdependência dos mercados físicos e financeiros, em escala planetária.”
(FONSECA, 1997, p. 2)
Estas forças formaram as bases para a mudança no paradigma dos negócios: a
produção em massa, padronizada, inflexível e definida pela vontade da oferta, passou a ceder
lugar à produção customizada, flexível e definida pela demanda. Contudo, deve-se observar
que foram os mercados que se globalizaram e não a produção. O que tem ocorrido é que os
processos produtivos estão cada vez mais regionalizados, no modelo de clusters (conhecidos
no Brasil como Arranjos Produtivos), possibilitando a geração de produtos de alta qualidade
(especialização) a preços competitivos. Esta tendência simultânea de globalização dos
mercados e da regionalização da produção parece ser duradoura, senão permanente.
Nas economias industrializadas esta mudança de paradigma aconteceu ao longo da
década de 1980. Nas economias em desenvolvimento, este fenômeno ocorreu mais tarde, a
partir de 1990 (no Brasil, o protecionismo, que inicialmente foi considerado necessário,
prolongou-se demasiadamente trazendo acomodação e letargia empresarial).
De fato, a economia brasileira como um todo (de modo especial à indústria), também
passou a enfrentar esta mudança, a partir do programa de abertura comercial, proposto no
inicio de 1990. De súbito, os paradigmas da indústria brasileira tornam-se ultrapassados, em
razão da inserção no novo cenário globalizado. A adoção do programa de estabilização
macroeconômica, vinculado ao Plano Real (1994), tornou a pressão ainda mais intensa,
através das restrições impostas pelas políticas fiscal, monetária e cambial.
A cidade de Blumenau, centro de uma região denominada Vale do Itajaí, com
significativa participação no cenário econômico catarinense e no cenário têxtil nacional,
13
principalmente como pólo têxtil no setor de cama e mesa, sofreu de modo crucial o impacto
desta nova ordem econômica.
De fato, em 1997, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau -
ACIB concedeu um depoimento revelador:
É preciso dar a mão à palmatória: fomos pouco criativos. Colocamos todos os ovos
em uma única cesta, concentrando nossas atividades no setor têxtil. Em seguida,
quando este ramo de atividade estava num estágio de maturidade, foram poucos os
empresários que anteveram (sic) seu declínio natural” (PRAYON, 1997, p. 59).
Este contexto estimulou o estabelecimento de uma nova ordem e foco nos estudos e
pesquisas sobre competitividade e desenvolvimento regional. Neste período, o esforço dos
pesquisadores (como por exemplo: LASTRES E CASSIOLATO, 1997; ROSENFELD, 1997;
MEYER-STAMER, 1999a, b; AMATO NETO, 2000; BRITTO, 2000) estavam concentrados
principalmente na difusão das vantagens dos conceitos relativos aos aglomerados produtivos,
critérios de identificação, mapeamento e análise das características de aglomerados industriais
brasileiros.
Observando esta tendência, pesquisadores do Mestrado de Administração de
Negócios da Universidade Regional de Blumenau (FURB) passaram a se dedicar a este tema,
a partir de 1999, através do grupo de pesquisa sobre estratégia e competitividade, estimulando
e promovendo estudos sobre o potencial de reorganização de determinados aglomerados
industriais em cluster, no estado de Santa Catarina.
Dentre os vários estudos realizados pelo Grupo de Estudos em Estratégias e
Competitividade de Organizações, do programa de Mestrado em Administração - Gestão de
Organizações - da Universidade Regional de Blumenau - FURB podem ser destacadas as
pesquisas como a contribuição de Bloedorn (1999), com uma proposta de projeto de
diagnóstico da situação competitiva do setor de saúde de Blumenau; Borges (2000) com o
estudo sobre a importância do processo de negociação para um posicionamento co-opetitivo
competente; Ferreira (2000) ao analisar uma alternativa de estratégia competitiva para o
segmento cama/ mesa/ banho da região de Blumenau; Zuanazzi (2004) que avaliou as
possibilidades de desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Agroindústrias no Oeste de
SC; Arruda (2005) que investigou a viabilidade e os requisitos para transferência coletiva de
riscos em Arranjos Produtivos Locais; Guaragna (2005) quando analisou as iniciativas
14
regionais no Vale do Itajaí orientadas para Arranjos Produtivos Locais; Frizzo (2007) ao
pesquisar o potencial de transformação do aglomerado de produtores de vinhos no município
de Pinheiro Preto - SC, em um Arranjo Produtivo Local; e Paul (2007) com o estudo sobre o
desempenho da governança através da medida da expectativa dos serviços num sistema de
redes de empresas.
Todos estes estudos evidenciaram que, além da existência de um elevado grau de
concentração de empresas de um mesmo segmento numa região, é necessário também
verificar a capacidade de articulação e de ação conjunta dos atores chave, bem como a
prioridade que os dirigentes dedicam aos fatores externos (sistêmicos) de competitividade, o
clima de confiança e a disposição para assumir um papel ativo na articulação.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
Foi realizado nos dias 03 a 05 de novembro de 1999, no salão Heidelberg do
Himmelblau Palace Hotel em Blumenau, um workshop de planejamento sistêmico
participativo, com o objetivo de elaborar um plano de ações estratégicas para o município de
Blumenau, estabelecendo diretrizes para um desenvolvimento sócio econômico integrado,
sustentável e socialmente justo e que preserve raízes culturais.
Os resultados deste workshop estabeleceram uma visão e respectivas metas a curto,
médio e longo prazo. Resumem-se as várias dimensões da visão e respectivas metas. Os
resultados permitem algumas conclusões importantes:
I. a conservação da vocação têxtil, contudo, redirecionada para um pólo de
referência em moda e marcas;
II. claro estímulo para a diversificação econômica e redução no predomínio têxtil
no setor industrial: neste sentido forma estabelecidas novas ênfases como o pólo
elétrico e de cristais;
III. claro estímulo para a diversificação econômica em direção ao setor de serviços
como: pólo de saúde, turístico, de gestão ambiental e educacional.
15
VISÃO
CURTO
3-5 anos
MÉDIO
10 anos
LONGO
20 anos
Consolidação da indústria
têxtil como pólo de moda e
marcas
Consolidação da feira têxtil Pólo têxtil e moda
Consolidação de um centro
médico e odontológico de
referência nacional
Hospital Regional
Pólo Turístico: eventos,
gastronomia, ecologia, lazer,
compras, cultura, terceira
idade
- Eventos: 1 por mês
- Museu Têxtil
- Infra-estrutura para viabilizar
turismo ecológico
- Pólo regional de compras
(comércio)
- Inclusão na rota do turismo
ecológico
- Centro de convenções para
5000 pessoas
- Hotel ecológico
- Centro cultural
- Centro gastronômico
- Aumentar número de leitos,
no mínimo 50% nos hotéis
- Eventos: dois por mês
-Eventos: 4
por mês
-Blumenau:
centro de
eventos
Pólo nacional do cristal
Pólo Regional de tecnologia
(inf, autom.)
Indústria voltada à informática e
telefonia e parque tecnológico
consolidado
Pólo Gestão ambiental
Consolidação das entidades
empresariais
Centro empresarial consolidado
Pólo de distr. industriais
específicos
Produção de transformadores:
maior pólo até 50kwa
Centro de referência do
saber
Plano diretor regional;
tornar o Rio Itajaí-Açu
navegável
Quadro 1 - Visão para Blumenau
Fonte: Workshop Planejamento Participativo. “Blumenau: Vitrine Nacional”, 1999.
Portanto, desenvolver um pólo de saúde em Blumenau constituiu uma das
perspectivas de reestruturação da economia, o que determinou várias ações e estimulou
iniciativas. Contudo, as instituições que atuavam no segmento de saúde, via de regra, eram
comandadas por voluntários da comunidade, religiosas, médicos e/ou enfermeiras. Tais
profissionais, em virtude da característica de sua formação técnica, religiosa ou voluntária,
normalmente não traziam consigo a visão de condução de um “negócio”. Por isto, a ênfase se
concentrava apenas no aperfeiçoamento dos aspectos da técnica médica. Após as mudanças
no cenário econômico, os aspectos de gestão e iniciativa privada têm merecido maior atenção
em relação à necessidade de busca de novos conceitos (BLOEDORN, 1999).
Apesar da existência da Associação dos Hospitais do Estado de Santa Catarina
(AHESC), Federação dos Hospitais do Estado de Santa Catarina (FEHOESC), Sindicatos de
Classe e outros órgãos, que agregam as diversas categorias, não existiam formas
sistematizadas de troca de conhecimentos. Tal situação dificultava soluções para problemas
comuns e não permitia ganhos de escala e o aumento de competitividade do segmento.
16
Em 2003, um grupo de profissionais e empresários do ramo de saúde de Blumenau
reuniu-se para, através do associativismo empresarial, trocar experiências e buscar soluções
para seus problemas comuns (ACIB, 2007). Surge assim o Núcleo de Saúde, reunindo
empresas do setor de saúde de Blumenau, usando a metodologia do “Projeto Empreender”.
Este projeto consiste na implantação de núcleos setoriais dentro das Associações
Comerciais e Industriais (ACI), formados por empresários de Médias e Pequenas Empresas
(MPE) de um mesmo setor de atividade, que discutirão problemas comuns e buscarão
soluções, apoiados por um consultor. Este projeto surgiu no Brasil através de uma parceria
entre a Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina (FACISC), a
Handwerkskammer für München und Oberbayen (Câmara de Artes e Ofícios de Munique e
Alta Baviera - HWK) e o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa
(SEBRAE), com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).
As organizações do setor de saúde são, em geral, identificadas como instituições
conservadoras, com grande dificuldade na implementação dos processos de mudança, onde
imperam o imobilismo e as relações de poder conflituosas entre corpo administrativo e
técnico (PICCHIAI, 1998). Essas características são atribuídas à origem de boa parte dessas
instituições, principalmente as mais antigas, que foram constituídas por grupos religiosos,
congregações de colônias estrangeiras ou associações de profissionais de saúde. Focalizavam
o empreendimento, muitas vezes filantrópico, na sua área assistencial, e a gestão era relegada
ao segundo plano. A natureza e complexidade da atividade destes estabelecimentos também
são apresentadas como fatores restritivos à mudança (BLOEDORN, 1999).
O setor de saúde de Blumenau obteve um significativo desenvolvimento. Representa
10,29% do PIB do município
(SEDEC, 2006). Entretanto, vários aspectos sobre o
desenvolvimento deste setor ainda são desconhecidos, especialmente àqueles relacionados às
características do aglomerado e às perspectivas de evolução para uma condição de Arranjo
Produtivo Local (APL).
1.3 QUESTÕES DA PESQUISA
O setor de saúde da cidade de Blumenau vem passando por significativa expansão,
especialmente no segmento das empresas de apoio, chaves para o fortalecimento dos hospitais
e respectivas especialidades médicas. Este segmento envolve grande número de empresas
17
privadas, de vários portes e especializações. Por isso, foram estabelecidas as seguintes
questões de pesquisa:
Quais são as características do aglomerado de empresas de apoio do setor de
saúde de Blumenau?
Qual a percepção dos seus administradores sobre as relações entre as empresas
do setor?
Quais são as perspectivas para a transformação do aglomerado à condição de
Arranjo Produtivo Local (APL)?
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
Analisar as características do aglomerado de empresas de apoio do setor de saúde de
Blumenau e as perspectivas de evolução para a condição de Arranjo Produtivo Local (APL).
1.4.2 Objetivos Específicos
Avaliar a situação dos indicadores de concentração das empresas do setor de saúde
e comparar às outras cidades do Estado;
Avaliar a importância e a atratividade do aglomerado como fator de localização de
empresas de apoio e suporte, segundo a perspectiva de seus dirigentes;
Classificar a situação do aglomerado de empresas do setor de saúde de Blumenau
conforme parâmetros de enquadramento em APL´s.
1.5 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
No ambiente internacional, as experiências de aglomerados começaram a chamar
mais a atenção dos estudiosos a partir da discussão de Piore e Sabel (1984) acerca do conceito
de especialização flexível. Já foram constatadas experiências bens sucedidas de redes de
empresas na Itália, França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, dentre outras. Todavia, os
casos de sucesso internacional contrastam com as dificuldades encontradas no Brasil para a
implantação deste tipo de iniciativa. Segundo Amato Neto (2000), apesar de a formação de
18
redes de cooperação se apresentar como uma tendência universal e irreversível, ainda haveria
no Brasil muitas barreiras e restrições a este processo. Ele cita como exemplo os entraves de
ordem político-institucional, os problemas de infra-estrutura e as dificuldades culturais.
Diante desse quadro, a necessidade de ampliar o conhecimento sobre o tema no contexto
brasileiro tornou-se uma questão de grande relevância.
Ao mesmo tempo, este trabalho possibilita ao autor a oportunidade de aprofundar
conhecimentos em conceitos recentes sobre aglomerados de empresas, maior compreensão ao
processo de criação e consolidação de aglomerados e a vivência prática das teorias estudadas.
A economia de Blumenau, município localizado no Estado de Santa Catarina baseia-
se, historicamente, no desenvolvimento quase exclusivo de setores manufatureiros
tradicionais, principalmente no setor têxtil e de confecção.
Porém, este quadro vem mudando. Nos últimos anos o setor de serviço, composto
principalmente por um numeroso grupo de pequenas empresas, se consolidou como um
segmento de crescente significado na economia do município, representando 50,31% das
empresas (SEDEC, 2006).
O uso da tecnologia e o desenvolvimento local, com base na mobilização de seus
recursos endógenos, transformaram Blumenau em um pólo de desenvolvimento que, com sua
infra-estrutura, vínculos socioeconômicos ligados à saúde, educação e comércio,
oportunizaram a oferta de empregos, produtos, serviços e lazer.
Hoje, a região aumenta seu grau de auto-suficiência oferecendo à rede urbana do
Médio Vale do Itajaí serviços de saúde mais complexos, aumentando as especialidades
médicas e preocupando-se com a qualidade da estrutura hospitalar.
Portanto, a realização deste trabalho é relevante por: (1) desenvolver estudos sobre
temas atuais, importante para meios acadêmicos e empresariais; (2) envolver aspectos da
competitividade em âmbito organizacional e regional; (3) identificar fatores-chave que
sustentem o funcionamento e a competitividade atual deste aglomerado, oportunizando a
formulação de políticas de promoção local, tanto para Blumenau como para outras cidades;
(4) demonstrar a importância econômica e seu referencial em saúde, pois o município de
Blumenau constitui-se (para a região do Médio Vale do Itajaí) em um pólo de atendimento
nesta área, principalmente na medicina de alta complexidade. Segundo dados da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico de Blumenau, o segmento de saúde representa 10,29% do PIB
do município (SEDEC, 2006).
19
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho foi estruturado da seguinte forma:
No Capítulo 1, a introdução faz uma breve contextualização do assunto a ser
abordado. O problema e as questões para a pesquisa justificam a origem do estudo. Os
objetivos, pressupostos, justificativa do tema e a divisão da estrutura completam o capítulo.
O Capítulo 2 apresenta uma revisão da literatura, através de um levantamento dos
trabalhos realizados por estudiosos relacionando aglomerado de empresas e modelos inter-
organizacionais.
O Capitulo 3 apresenta a metodologia de pesquisa utilizada no desenvolvimento do
trabalho, os delineamentos das etapas da pesquisa, o modelo de investigação e a análise dos
dados.
O Capítulo 4 traz a apresentação dos resultados das pesquisas de campo, sua análise
e interpretação. Busca-se, nesta etapa, responder a cada um dos objetivos propostos no
Capítulo 1.
O Capítulo 5 contém as conclusões do estudo, limitações encontradas,
recomendações para pesquisas futuras e considerações finais.
20
2 REVISÃO DA LITERATURA
Por causa da concorrência cada vez mais acirrada e dos efeitos da globalização, em
que as empresas não têm mais nação e os mercados perdem fronteiras, a pequena empresa tem
encontrado cada vez mais dificuldades para sobreviver. Diante disso, vem surgindo novos
modelos organizacionais para proporcionar a estes segmentos condições de competitividade
perante o mercado. Essas modalidades normalmente congregam empresas de um mesmo setor
com características semelhantes e problemas comuns. Iniciou-se o Século XXI em alta
velocidade. As mudanças que a sociedade presencia e vive tem ocorrido com intensidade cada
vez maior. O ambiente das organizações vem sendo constantemente avaliado e revisto.
Como resultado da globalização, o concorrente, muitas vezes não esta ao lado, no
vizinho, mas sim do outro lado do mundo, através da internet e de facilidades no processo de
importação/exportação.
Dentro desse novo cenário, faz-se necessário que o empresário crie alternativas para
sobreviver. Conceitos como qualidade, que nos anos 1980 criavam um diferencial às
empresas, hoje são pré-requisitos. As empresas estão buscando eficiência, frutos do fácil
acesso que os empresários têm para obter modernas ferramentas de gestão. Com isso, as
organizações estão se igualando, fazendo com que somente a eficiência, de forma isolada, não
seja fator de competitividade.
Os novos modelos organizacionais como “cluster”, conglomerados empresariais,
redes de empresas e alianças estratégicas tornam-se comuns, tanto no ambiente empresarial
quanto acadêmico. Assim como os países derrubam fronteiras e se aliam através de blocos
econômicos, as empresas também têm tido este tipo de iniciativa.
A tentativa de entender as razões que levaram ao surgimento de aglomerados de
firmas eficientes e competitivas em certas localidades — como o Vale do Silício, nos EUA e a
Terceira Itália, na Itália reabriu nas últimas décadas, as discussões sobre a eficiência das
aglomerações econômicas em um determinado espaço.
Esta discussão é realizada em um momento em que o sistema produtivo mundial
passa por profundas e importantes transformações. Associadas à convicção de uma nova
ordem, vêm implicando em importantes adaptações e reestruturações produtivas.
21
Em seu livro “A Sociedade em Rede” (2000), Castells apresenta um ensaio sobre as
transformações em curso na sociedade mundial, tendo como foco, a transição da era industrial
para a era pós-industrial, onde o autor cunha o termo “era informacional”.
Para Castells (2000), no novo mundo informacional - que se encontra em
desenvolvimento - a fonte de produtividade está na tecnologia de geração de conhecimentos,
processamento da informação e comunicação de símbolos. Da mesma forma que os fatores
clássicos de produção: recursos naturais, energia e máquinas modelaram as empresas da
economia industrial; as pessoas, o conhecimento e a infra-estrutura de comunicação são a
base da economia informacional. São consideradas novas fontes para o aumento do
crescimento econômico, pois impactam a produtividade do trabalho e são meios de
valorização do capital nos empreendimentos comerciais, ou seja, proporcionam maior
competitividade para as empresas.
Para Castells (2000) o surgimento da economia informacional se caracteriza pelo
desenvolvimento de uma nova lógica organizacional que está relacionada ao processo atual de
transformação tecnológica. São a convergência e a interação entre um novo paradigma
tecnológico e uma nova lógica organizacional que constituem o fundamento histórico da
economia informacional. Contudo, essa lógica manifesta-se sob diferentes formas em vários
contextos culturais e institucionais. O autor apresenta seis tendências de evolução
organizacional:
- Transição da produção em massa para a produção flexível. Identifica-se que há uma
mudança no processo decisório que define o produto no mercado. No início, as empresas
especificavam todas as características do produto ao consumidor. Atualmente, cada vez mais
o cliente ganha espaço e assume uma postura pró-ativa em definir o produto que quer
comprar. Do automóvel à massa italiana, o cliente tem a opção de definir as especificações de
acordo com sua conveniência.
- A crise da grande empresa e a flexibilidade das pequenas empresas como agentes
de inovação e fontes de criação de empregos. Hoje, diversos autores têm destacado a
importância das pequenas empresas nas economias de diversos países, entre os quais: Piore e
Sabel (1994), que descrevem sobre a importância das pequenas empresas na economia italiana
e Friedman (1998) que apresenta estudo sobre as pequenas empresas japonesas. No Brasil as
micro e pequenas empresas, de acordo com o SEBRAE (2006) representam cerca de 98% do
22
total das empresas formalmente constituídas, geram 44% dos empregos formais e contribuem
com 20 % para o Produto Interno Bruto (PIB).
- Os novos métodos de gerenciamento. As empresas japonesas foram pioneiras em
desenvolver modernas práticas gerenciais, entre as quais se destacam: o sistema de
fornecimento just-in-time (mudança na relação cliente-fornecedor, através deste sistema os
estoques são reduzidos e o fornecedor entrega o produto diretamente na produção, no exato
momento da solicitação); a gestão pela qualidade total (foco na satisfação total dos clientes e
“zero defeito”, ou seja, produzir certo da primeira vez, visando à eliminação de desperdícios
com matéria-prima, hora-máquina, hora-homem, etc.); e o envolvimento dos trabalhadores no
processo produtivo (maior autonomia e poder de decisão dos operadores de chão-de-fábrica).
- A formação de redes entre empresas para maior alcance de flexibilidade e
competitividade. Destacam-se aqui dois modelos organizacionais que desempenharam papel
considerável no crescimento econômico de rios países, nas últimas duas décadas: o modelo
de redes multidirecionais, posto em prática por empresas de pequeno e médio porte, também
denominadas de redes horizontais; e o modelo de licenciamento e subcontratação de
produção, sob o controle de uma grande empresa, que resultam nas redes verticais;
- Um sexto modelo organizacional que está surgindo nos últimos anos refere-se à
interligação de empresas de grande porte e passou a ser conhecido como aliança corporativa
estratégica. Este modelo é muito diferente das formas tradicionais de cartéis e outros acordos
oligopolistas, porque diz respeito a épocas, mercados, produtos e processos específicos e não
exclui a concorrência em todas as áreas (algumas áreas não são cobertas pelos acordos). A
grande empresa, nessa realidade, não é - e o será - autônoma e independente. Suas
operações são conduzidas para/com outras empresas: centenas ou milhares de empresas
subcontratadas e auxiliares, dezenas de parceiras relativamente iguais, com as quais, ao
mesmo tempo cooperam e competem.
Essas diferentes tendências na transformação organizacional da economia
informacional são relativamente independentes. A formação de redes de subcontratação
centralizadas em empresas de grande porte constitui um fenômeno diferente da formação de
redes horizontais de pequenos e médios negócios. Interagem entre si, influenciam-se, mas são
dimensões diferentes de um processo fundamental: a desintegração do modelo organizacional
de burocracias racionais e verticais, típicas da grande empresa sob condições de produção
padronizada e mercados oligopolistas (CASTELLS, 2000).
23
Para ilustrar as diferenças entre o modelo clássico fordista e a produção sendo
realizada toda pela empresa de forma integrada e integral, a figura 1 apresenta o exemplo das
fases do desenvolvimento da produção de calçados, através do modelo de empresa em rede,
tipicamente verticalizada; e o modelo horizontal, formando redes de empresas que se inter-
relacionam.
Castells (2000), por sua vez, ao abordar a crise fordista e suas principais
conseqüências, propõe-se a estudar a emergência de uma nova estrutura social, que se
manifesta de formas distintas, a depender da diversidade de culturas e instituições. Essa nova
estrutura social, no seu entender, associa-se à manifestação de um novo modo de
desenvolvimento, historicamente moldado pela reestruturação capitalista do fim do século
XX.
Segundo Piore e Sabel (1984), estas dificuldades estariam associadas, por um lado, à
emergência de choques externos ao sistema econômico e seus impactos sobre a atividade
produtiva, transmitidos por meio das instituições macrorregulatórias. Por outro, à
incapacidade da estrutura institucional de acomodar a expansão das tecnologias de produção
em massa estaria levando ao esgotamento do modelo de desenvolvimento industrial vigente,
uma vez que a divisão de trabalho, a padronização e a mecanização teriam alcançado os seus
limites técnicos e sociais, frente à saturação dos mercados de bens de consumo nos países
industrializados (PIORE; SABEL, 1984).
Gurizatti (2002) aborda a importância de possuir uma rede flexível de empresas no
lugar de verticalições (fordistas) ou empresas-rede (aquelas que formam redes topdown). A
figura 1 apresenta uma comparação hipotética para os três casos na indústria italiana de
calçados.
Explicando o significado da figura 1, vê-se que nas três situações se tem o mesmo
número de empregados e a mesma produção de calçados. Para a região, no entanto, a empresa
verticalizada representa um risco de fechamento e perda de empregos e impostos. No caso da
empresa-rede, existe a hipótese de trabalho com fornecedores de fora da região, onde a mão-
de-obra seja mais em conta. No terceiro caso (rede flexível), o risco é menor, pois se uma
pequena empresa fecha suas portas, logo é substituída por outra. Além disso, distribuição
de renda e geração de empreendedorismo. A região deve estar ciente de que precisa de
mecanismos de apoio informativo e tecnológico para a sustentabilidade da rede. As empresas
do topo da cadeia, que “puxam” a produção, devem ser estimuladas a formarem redes de
empresas.
24
Figura 1 - Diferenças entre modelos de organização
Figura 1 - Fase do desenvolvimento da produção de calçados
Fonte: SEBRAE, 2006
É percebida a evolução do modelo fordista, focada em desenvolver internamente
todo o processo. Num segundo momento, observamos o processo de terceirização, fortemente
desenvolvido nas organizações nos anos 1990, com forte dependência das pequenas empresas
criadas a partir da empresa principal. Estas pequenas empresas buscam através da cooperação
juntarem força para se tornarem mais competitivas no mercado (SEBRAE, 2006).
25
Atuando de forma compartilhada, não as grandes e médias empresas estão se
tornando mais competitivas, mas, micro e pequenas empresas também vêm se fortalecendo
para competir e aumentar progressivamente sua participação no mercado, tanto nacional,
quanto internacional.
O significado dos termos competição, cooperação e competitividade devem ser
esclarecidos. Enquanto a competição refere-se a repartir; cooperação significa criar e expandir
o bolo dos negócios. a competitividade possibilita que indivíduos e empresas entendam o
real significado da palavra competência, percebendo seus limites e as conseqüências de seus
atos (AMOROSO, 2000).
A competência faz com que a competitividade deixe de ser algo predatório e passe a
ser uma atividade verdadeiramente social. Segundo Mariotti (2007), não significa que não
deva existir concorrência, mas não é indispensável que ela seja predatória. Ser competente,
pois, não quer dizer evitar o êxito, nem deixar de visar lugar vantajoso no mundo dos
negócios.
Barry J. Nalebuff e Adam M. Bandenburger (1996) cunharam o termo co-opetição,
conceituando-o como sendo uma colaboração competitiva. De um lado, tem-se o desafio de
desenvolver estratégias e mecanismos práticos para orientar os negócios entre as empresas
relacionadas. De outro, o desafio de criar condições propícias para ajudar cada membro da
organização e comprometer-se com seu trabalho criativo: encorajar cada indivíduo a descobrir
novas possibilidades estratégicas para a organização e para as entidades de seu
relacionamento (AMOROSO, 2000).
Segundo pesquisas do SEBRAE, de cada dez problemas que pequenas empresas
possuem, nove são comuns a todos. Logo, 90% dos problemas podem ser resolvidos através
de ações conjuntas, através da cooperação (SEBRAE, 2006).
A cooperação está crescendo e veio para ficar, transformando o mundo dos negócios.
Segundo Lewis (1992, p. 26), “em todas as indústrias, em todas as nações, as empresas têm
adquirido poder real através da cooperação. Por todo o mundo, esses esforços aumentaram de
forma significativa na última década. Entramos na era das alianças estratégicas”.
Surgem assim, várias formas de associativismo empresarial. A cooperação é o
caminho para tornar as pequenas empresas mais competitivas, possibilitando sua permanência
no mercado.
26
2.1 AGLOMERADOS LOCAIS
É atribuído ao economista Alfred Marshall (1920), o conceito de “distritos
industriais”. De fato, a partir da publicação de: Industry and Trade, em 1920, Marshall
defende que é possível aumentar a produção com redução de custo, através de economias
externas. Estas ocorreriam por efeito da aglomeração de negócios variados, a partir da
concepção de compartilhamento pelos produtores locais, serviços especializados, capacitação
de trabalhadores e segredos de produção. Neste caso, poderia haver a especialização por
faixas de operação e subdivisão de demanda de produtos do mesmo gênero. Ainda em
Industry and Trade, Marshall (1920) verificou que instituições e condicionantes históricos são
importantes para desenvolvimentos nacionais.
Muitos pesquisadores em administração e economia, como Saxenian (1989); Best
(1990); Brusco (1992, 1999); Pyke e Sengenberger (1992); Pyke, Becattini e Sengenberger
(1990); Azais (1992); Schmitz (1997, 1998, 2000); Nadvi (1995, 1999); Lipparini e Lomi
(1999); Porter (1999, 2002); Haddad (2002), Lorenzen e Foss (2003), Suzigan et al.(2004),
entre outros, vêm destacando a importância econômica da concentração de organizações, os
chamados clusters, aglomerados ou, ainda, distritos industriais. Esta aglomeração espacial
econômica formulada por Alfred Marshall, em 1890, originariamente, foi caracterizada a
partir dos desdobramentos da análise dos distritos industriais, notadamente, na Inglaterra do
século XIX e início do século XX. Posteriormente, as concentrações de empresas passaram a
ser vistas como sistemas flexíveis de produção, estruturadas em vel local (AMATO NETO,
2000).
Para que se possa entender melhor a origem dos aglomerados, é necessário traçar um
delineamento conceitual do assunto. Na análise de Marshall, a aglomeração de pequenas
empresas traz uma série de vantagens econômicas, com economias de escala e oportunidades
que dificilmente podem ser atingidas por empresas isoladas. Segundo Dei Ottati (1994), na
teoria de Marshall, não é a dependência entre empresas que caracteriza os distritos
industriais, mas também a rede entre economia e sociedade num mercado comum. Diferentes
agentes, como o sistema de negócios, valores culturais, e instituições locais, em mútuo
esforço, acabam por realizar a consistência do sistema em distritos industriais.
Bianchi (1994, p. 25) ênfase ao conceito de distritos industriais com a seguinte
observação:
27
A característica de um distrito industrial deve ser entendida como um conjunto
econômico e social. Isto quer dizer que uma inter-relação entre esferas políticas,
econômicas e sociais, e a funcionalidade de uma esfera, é moldada pela
funcionalidade e organização das outras. O sucesso dos distritos não está somente
relacionado ao aspecto econômico, Os aspectos social e institucional são igualmente
importantes.
Estas observações permitem concluir que Marshall, de certa forma, ampliou o
conceito de divisão de trabalho, pois a organização industrial de empresas em distritos
industriais, é na verdade, uma divisão de trabalho entre empresas. De fato, empresas que
seguiram a opção de “verticalizar” várias etapas produtivas dentro de uma única organização,
acabaram encontrando muitas dificuldades para desenvolver a especialização em
competências-chave e forçaram uma pulverização do capital em diferentes competências e
recursos produtivos.
As observações de Marshall sobre os fatores externos diziam notadamente respeito
aos aspectos estáticos e tangíveis de uma região, como disponibilidade de matéria prima,
proximidade a um centro de distribuição, ou conhecimento tácito sobre determinado trabalho
qualificado. Contudo, a produtividade também é influenciada por outros fatores externos, de
natureza dinâmica e intangível.
A formação ou organização de conjuntos de empresas encontra-se geralmente
associada a trajetórias históricas de construção de identidades e de formação de vínculos
territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e econômica
comum. São mais propícios a desenvolverem-se em ambientes favoráveis à interação,
cooperação e confiança entre os atores. A ação de políticas tanto públicas como privadas pode
contribuir para fomentar e estimular tais processos históricos de longo prazo.
Segundo Villela (2005), a concepção de aglomerados de empresas vem do século
XVIII, das regiões de Lyon, na França, e Birminghan, na Inglaterra, quando ainda eram
somente distritos industriais, numa era pré-fordismo, antes de se tornarem grandes zonas
industriais dentro do modelo fordista.
Baseado em Gilly e Pecquer (2002), Villela (2005) apresenta em seus textos que
grupos de pequenas unidades produtivas artesanais desenvolveram naquelas regiões uma
prática de trocarem, de forma intensiva, informações sobre as especializações que emergiam
na época, como é o caso da tecelagem e a serralheria. Com isso, ocorreu a criação de um
seleto grupo de profissionais, decorrente da proximidade e da disseminação da cultura de
cooperação, com conseqüente ganho de produtividade.
28
A especialização de um grupo de estabelecimentos em um estágio específico de
produção ou serviço, complementando os demais no aglomerado, gera um tipo de
interdependência orgânica, substituindo a competição predatória por um ambiente de
competição cooperativa (PYKE et al, 1990).
A existência de fortes networks de produtores engajados em cooperação interfirma,
através de especialização e subcontratação representam uma mudança explícita na
organização social da produção e se reflete em mudança tecnológica, sem necessariamente
envolver mudança nos meios físicos de produção (PYKE et al, 1990).
Para Galvão (1999) uma aglomeração significa especialização em um determinado
ramo da indústria, com a inclusão de todos os setores industriais.
Para Vilela (1999), um aglomerado é a forma mais ampla de atuação em rede, na
qual a proximidade das empresas e instituições assegura certas formas de ações em comum e
incrementa a freqüência e o impacto das interações.
Ainda sobre o conceito de aglomerado, Venturi (2008, p. 62) discorre que “pode ser
utilizado como uma metodologia de desenvolvimento regional, ou seja, uma estratégia de
industrialização local com base em agrupamentos”. Em uma determinada localidade pode-se
identificar oportunidades de investimentos e de crescimento econômico.
A consolidação de um aglomerado produtivo envolve o estabelecimento de ligações
de cooperação entre firmas, sustentadas por normas sociais que inibem a competição de preço
e salário dentro do setor. Canaliza a competição em direção à inovação de produto, liderança
de design e nichos especializados.
Apesar de existir um claro reconhecimento dos ganhos de eficiência associados com
relações interfirmas, a cooperação não é necessariamente uma característica presente em
todos os arranjos produtivos. A cultura de cooperação é produto de interdependências
materiais entre indivíduos ou um histórico de benefícios emergindo a partir da cooperação.
O suporte institucional representado pelo governo e associações interfirmas deve
buscar o estabelecimento de uma visão compartilhada na aglomeração, e a consolidação de
uma identidade coletiva formalizada capaz de prover a trama social que sustentará a
cooperação em um aglomerado industrial. Pois, as normas que sustentam a cooperação
estarão sujeitas à erosão, pelas ações oportunistas de indivíduos (free-riders) que gozam dos
benefícios da ação conjunta, mas não observam as regras que sustentam esta ação (PYKE et
al, 1990).
29
O desenvolvimento de um suporte institucional, a partir e com permanente interface
com a comunidade, pode levar à criação de salvaguardas contra a erosão da responsabilidade
individual. Quando as instituições de apoio representam um eficiente sistema de
monitoramento, os indivíduos observam as normas de reciprocidade porque são forçados
pelos demais indivíduos na comunidade. Cabe ressaltar que, apesar de não ser
necessariamente inata, a cooperação é não planejada, quase espontânea, no sentido de que as
iniciativas, redes e grupos agregados não podem ser especificados com antecedência, mas
devem ser desenvolvidos em processos de ajuste mútuo (BEST, 1990).
Existem, adicionalmente, inúmeras questões técnicas e econômicas envolvendo o
fomento das relações interfirmas no interior do aglomerado. Primeiro: as firmas se
empenhariam em cooperação em áreas onde nenhuma vantagem competitiva individual
poderia ser alcançada, mas não em áreas onde a competição é mais acirrada. Segundo: as
firmas e os vários agentes do cluster se beneficiariam igualmente da crescente eficiência
econômica, ou seja, o benefício traria um crescimento igualitário de desenvolvimento sem
exacerbar diferenças. Terceiro: os mecanismos sócio-culturais (categorias sociais, valores
sociais dominantes e estrutura familiar), não poderiam facilitar ou obstruir a criação de
confiança e atitudes cooperativas. A quarta questão se relaciona à organização interna da
produção; deve-se verificar se a divisão interna do trabalho está baseada em tarefas isoladas
ou multi-tarefas; se o estilo de gestão é hierárquico, paternalístico ou participativo; se o tipo
de comunicação entre staff técnico e administrativo está acontecendo (SPÄTH, 1994).
Lemos (1997) apresenta algumas características comuns aos aglomerados:
a) atores: grupos de pequenas empresas nucleadas por grande empresa; associações;
instituições de suporte; serviços; ensino e pesquisa; fomento; financeiras, etc.;
b) características: intensa divisão de trabalho entre firmas; flexibilidade de produção
e de organização; especialização e mão-de-obra qualificada; competições entre
empresas e demais agentes; relação de confiança entre agentes;
complementaridades e sinergias.
Resende e Gomes (2003), dizem que a literatura econômica que estuda a
aglomeração geográfica de empresas, pode ser dividida em dois grupos:
a) o primeiro grupo diz baseado em Krugman (1998) e Porter (1998), que
aglomerado é um resultado natural das forças de mercado e não há espaço para
políticas públicas além da correção das imperfeições de mercado.
30
b) o segundo grupo, por sua vez, defende o apoio do governo por meio de medidas
específicas para que se obtenha a cooperação entre empresas no aglomerado.
Por sua vez Britto (2000), sugere que os aglomerados não devem ser concebidos
como mera aglomeração espacial de atividades industriais presentes em determinados setores,
mas sim como arranjos produtivos onde predominam relações de complementaridade e
interdependência entre diversas atividades localizadas num mesmo espaço geográfico
econômico.
Sobre esse propósito, Casarotto e Pires (2001) afirmam que essas empresas terão
dificuldades se não atuarem de forma conjunta:
A globalização cada vez mais acentuada dos mercados e da produção está pondo em
questionamento a competitividade das pequenas empresas. Sem dúvida, a não ser
que a pequena empresa tenha um bom nicho de mercado local, dificilmente terá
alcance globalizado se continuar atuando de forma individual.
Cunha (2003, p. 35), quando trata do ciclo de vida dos aglomerados industriais,
frisa que “há dois outros pontos que merecem destaque na apreciação dos aglomerados: um
deles é o grau de desenvolvimento alcançado; o outro é o do tempo para seu
amadurecimento”.
Desde os estágios em que predomina a informalidade até o nível máximo de
eficiência em que imperam os sistemas inovativos, o autor destaca também que os ciclos
evolutivos, desde sua emergência, desenvolvimento, maturidade até seu declínio e
reorientação necessitam ser levados em conta, pois se, de um lado, estão intimamente
relacionados às especializações produtivas e à capacidade de abrir espaços para formas
inovativas, de outro lado, podem aumentar ainda mais a imprecisão conceitual e a
classificação das ocorrências de aglomerações de empresas.
Porter (1999) relata a experiência no desenvolvimento de aglomerados e indica que,
pode levar dez anos ou mais para adquirir plenitude competitiva (uma das prováveis causas de
resultados negativos de programas de fomento a aglomerados, patrocinados por governos).
Cunha (2003) faz um alerta a todos os que operam no desenho e implantação de
políticas de desenvolvimento local e regional tendo como vetor os aglomerados industriais.
Ele afirma que as intervenções sob forma de políticas não podem ser transitórias e de curto
prazo.
Quanto à evolução dos aglomerados, Porter (1999, p. 33) observa que: “os
aglomerados em diferentes localidades freqüentemente evoluem para sub-especializações
31
exclusivas”, sobretudo em termos de cobertura de segmentos de produtos, aparato de
fornecedores, setores complementares e quanto às formas de competição predominante, o que
segundo Cunha (2003, p. 36) “implica na não-linearidade no desenvolvimento dos
aglomerados em geral”.
Analisando as fases evolutivas da experiência italiana de aglomerados industriais,
Cunha (2003, p. 36) indica que:
Ao longo do tempo, os distritos industriais passam por mudanças, ou por serem
alimentados por um sem número de pequenos fornecedores, como também por não
seguirem a trajetória considerada normal, que passa pela formação de um complexo
de pequenas e médias empresas, entrelaçadas com instituições de diversas categorias
e com forte envolvimento local.
Para melhor se visualizar o desenvolvimento e o ciclo da vida dos aglomerados foi
incluído o modelo desenvolvido a partir do trabalho da Eurada (1999). Ele mostra a evolução
sob formato circular, (anexo 1), sobressaindo-se os estágios da evolução: emergente;
crescente; estabilização e declinante e os aspectos e as causas que podem se constituir em
pontos críticos determinantes da inflexão e das rupturas nas trajetórias dos aglomerados.
Sua contribuição destaca-se pela proposta de referencial analítico voltado para a
discussão da cooperação interindustrial no interior de redes de firmas e pelos critérios para
identificar a diversidade institucional das redes e os mecanismos de operações de modelos
estilizados.
Toda e qualquer avaliação de aglomerados industriais necessita levar em conta a fase
de vida das ocorrências reais de aglomerações de empresas, até para poder avaliar a trajetória
dos fenômenos de aglomeração produtiva.
Sendo assim, para um melhor entendimento do conceito de aglomerado e suas
diferentes manifestações, Cunha (2003) observa que é essencial observar dois pontos:
a) a geração e a apropriação de economias externas, partindo dos dois grandes
grupos: as estáticas ou passivas (decorrentes do mero efeito da aglutinação de
empresas especializadas, em determinado espaço geográfico, tais quais as
reveladas por Marshall, 1920) e as planejadas ou ativas que decorrem de ação
conjunta e deliberada;
b) os efeitos resultantes de cooperação técnico-produtiva, interorganizacional e
tecnológica em aglomerados e em redes de empresas.
Segundo Peres (2000), os aglomerados podem apresentar as seguintes características:
32
CARACTERÍSTICAS ABORDAGEM
Especialização flexível
Em um determinado ramo da indústria, considerando todos os setores industriais
e jusante a montante, bem como a produção de diversos produtos para diferentes
mercados consumidores;
Divisão do trabalho Entre as empresas em todas as fases do processo produtivo;
Cooperação Entre as organizações;
Presença de capacidade
empresarial
De uma força de trabalho especializada nas atividades produtivas pertinentes a
um determinado distrito industrial;
Grau de inserção
Das atividades econômicas no meio social, cultural e territorial, o que possibilita
a existência de um sistema de valores de confiança e de atitudes de cooperação
que são partilhadas pela comunidade dos distritos industriais;
Densidade institucional
Baseada na presença de uma rede de informações e de produção entre empresas,
representada por organização de trabalhadores ou sindicatos, associações, grupos
comunitários de interesses específicos, autoridades regionais e locais e
instituições de apoio especializado ou de serviços.
Quadro 2 - Características dos aglomerados
Fonte: Pires (2000, p. 34).
Para o autor, as empresas em um aglomerado, podem compartilhar seus
investimentos, promover transferências de tecnologias e informações.
2.1.1 Tipologias de aglomerados de empresas
Rodrigues (2004) comenta que o sucesso da organização em aglomerados depende
do desenvolvimento de uma relação de confiança entre os parceiros. A confiança, segundo
Harris; Wheeler (2005) se estabelece na base das negociações da rede, sustentando os acordos
estabelecidos entre as partes. Ela surge a partir da troca social e dos contatos pessoais como
aspectos importantes de relações no processo de internacionalização. As relações pessoais
representam, então, a relação dos recursos entre as empresas, provendo o conhecimento de
novos mercados.
Além da confiança, outras características do aglomerado organizacional se destacam
como a qualidade dos fluxos de informação e a interdependência dos membros com atividades
coordenadas, visando à eficiência; adquirida em longo prazo (PLA BARBER; LEÓN
DARDER, 2004).
Quanto à atmosfera industrial, a aglomeração deve ter bem definido que o
conhecimento de tecnologias específicas, a mobilidade dessa informação, a preocupação em
se criar uma identidade industrial comum, que tenha estratégias coletivas específicas, efeitos
de aprendizagem, capacitação e inovação, mão-de-obra adaptada e adequada às necessidades
33
da rede, (específicas ou não - estabelecida e conhecida de fornecedores, subcontratação ou de
prestação de serviços e clientes específicos) pode trazer significativas contribuições.
2.1.1.1 Tipos de aglomerado segundo Zawislak e Ruffoni (2001)
Zawislak e Ruffoni (2001) apresentam como características das aglomerações de
empresas: a atmosfera industrial específica, a infra-estrutura disponível (do tipo institucional,
pública e privada, ou baseada em organizações de apoio científico e tecnológico) e a
localização geográfica definida (se próximas ou distantes). A forma de interação e
complementaridade entre as empresas (direta ou indireta) e a existência de um padrão de
coordenação (se fornecedoras ou subfornecedoras de uma empresa-mãe, ou estabelecimento
formal de um objetivo comum na forma de um comitê gestor) também são características
neste segmento.
Para melhor relacionar os tipos de aglomerações com as características apresentadas,
Zawislak e Ruffoni (2001) apresentam:
CARACTERÍSTICAS
PREDOMINANTES
ATMOSFERA
INDUSTRIAL
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA
INFRA
-
ESTRUTURA
FORMA DE
INTERAÇÃO
COMPLEMENTAR
IDADE NA CADEIA
DE VALOR
TIPO DE
COORDENAÇÃO
Cadeia de
Suprimentos
Específico
Distante /
Próximo
Institucional
Vertical
Produção,
Distrib. e
Venda
Empresa-
mãe
Sistema de
Conhecimento
Específico Distante - Horizontal
P&D e
Produção
Empresa-
mãe
Clusters
Genérico Próximo
Público e
Privado
-
Produção e
Distribuição
-
Parque
Científico
Tecnológico
Genérico Próximo
Instit. Públ.
e Apoio
C&T
Horizontal
P&D,
Produção
Comitê
Gestor
Distrito
Específico Próximo
Instit.
Públ.,
Privado
Horizontal
e Vertical
Produção,
Distrib. e
Venda
-
TIPO DE AGLOMERADOS
Pólo Tecnológico
Específico Próximo
Instit.
Publ.,
Privado
Horizontal
e Vertical
Produção,
Distrib. e
Venda
Empresa
- mãe
Quadro 3 - Características predominantes de cada tipo de aglomerado de empresa
Fonte: Zawislak; Ruffoni (2001, p. 45)
34
2.1.1.2 Tipos de aglomerado segundo Lastres e Cassiolato (2003)
Como principal traço de abordagens análogas segundo Lastre e Cassiolato (2003)
destacam-se:
Cadeia produtiva - Refere-se ao conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam
e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produção,
distribuição e comercialização de bens e serviços. Implica em divisão de trabalho, em que
cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do processo produtivo. Não se
restringe, necessariamente, a uma mesma região ou localidade. Não contempla
necessariamente outros atores além de empresas como instituições de ensino, pesquisa e
desenvolvimento, apoio técnico, financiamento, promoção, entre outros.
Cluster - Refere-se à aglomeração territorial de empresas com características
similares. Em algumas concepções, enfatiza-se mais o aspecto da concorrência, do que o da
cooperação, como fator de dinamismo. Algumas abordagens reconhecem a importância da
inovação, que é vista, porém, de uma maneira simplificada (como aquisição de equipamentos,
por exemplo).
Distrito industrial - Refere-se a aglomerações de empresas com elevado grau de
especialização e interdependência, seja de caráter horizontal (entre empresas de um mesmo
segmento, ou seja, que realizam atividades similares) ou vertical (entre empresas que
desenvolvem atividades complementares em diferentes estágios da cadeia produtiva). No
Brasil, freqüentemente utiliza-se a noção de distrito industrial para designar determinadas
localidades ou regiões definidas para a instalação de empresas, muitas vezes contando com a
concessão de incentivos governamentais.
2.1.1.3 Tipos de aglomerado segundo RedeSist (2003)
A Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist), de pesquisa
interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - apresentou em 2003, um conjunto de conceitos e definições gerais
associados à análise e promoção de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Tem-se
como base a conceituação desenvolvida no escopo dos trabalhos de pesquisadores da
RedeSist, bem como contribuições de um conjunto de autores que vêm servindo de referência
na estruturação do arcabouço teórico-conceitual. Procura-se assim avançar na construção de
35
um glossário de termos que permita homogeneizar o entendimento dos técnicos sobre os
principais termos adotados na caracterização deste formato de aglomeração produtiva:
Aglomeração - O termo aglomeração - produtiva, científica, tecnológica e/ou
inovativa - tem como aspecto central a proximidade territorial de agentes econômicos,
políticos e sociais (empresas e outras instituições e organizações públicas e privadas). Uma
questão importante, associada a esse termo, é a formação de economias de aglomeração, ou
seja, as vantagens oriundas da proximidade geográfica dos agentes, incluindo acesso a
matérias-primas, equipamentos, mão-de-obra e outros. A aglomeração de empresas vem
efetivamente fortalecendo suas chances de sobrevivência e crescimento, constituindo-se em
importante fonte geradora de vantagens competitivas. Isto é particularmente significativo no
caso de micro e pequenas empresas. Em uma definição ampla, é possível incluir os diferentes
tipos de aglomerados referidos na literatura a esta definição: distritos e pólos industriais,
clusters, arranjos produtivos e inovativos locais, redes de empresas, entre outros. Geralmente,
essas aglomerações envolvem algum tipo de especialização produtiva da região em que se
localizam. Na realidade, cada tipo de aglomeração pode envolver diferentes atores, além de
refletir formas diferenciadas de articulação, governança e vinculação. Do mesmo modo, uma
região pode apresentar diferentes tipos de aglomerações; assim como cada empresa pode
participar de diferentes formas de interação, por exemplo, fazendo parte ao mesmo tempo de
um distrito industrial e inserindo-se em uma cadeia produtiva global. O ressurgimento da
região ou localidade como foco central de vantagens competitivas e inovativas, a partir da
década de 1970, foi largamente ilustrado pelo sucesso de algumas experiências de economias
regionais e distritos industriais; cujo dinamismo encontrava-se fundamentado extensivamente
em ativos locais, tais como os distritos industriais na região da Terceira Itália, o Vale do
Silício na Califórnia, Baden-Wurttemberg, na Alemanha, entre outras (LASTRES et al. 1998;
LASTRES E CASSIOLATO 1999; VARGAS 2002 apud REDESIST, 2003).
Cadeia produtiva - É o encadeamento de atividades econômicas pelas quais passam e
vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos, incluindo desde as matérias-
primas, máquinas e equipamentos, produtos intermediários até os finais, sua distribuição e
comercialização. Resulta e implica em crescente divisão de trabalho, em que cada agente ou
conjunto de agentes especializa-se em etapas distintas do processo produtivo. Uma cadeia
produtiva pode ser de âmbito local, regional, nacional ou mundial. Cadeias produtivas podem
ser identificadas a partir da análise de relações interindustriais expressas em matrizes insumo-
produto (por exemplo, a partir da análise das transações de compra e venda em um
36
determinado ramo industrial). Um arranjo produtivo pode conter uma cadeia produtiva
estruturada localmente ou fazer parte de uma cadeia de maior abrangência espacial (por
exemplo, de âmbito nacional ou mundial). Com o processo de globalização, identifica-se uma
maior dispersão espacial das cadeias produtivas (DANTAS, KERTSNETZKY e PROCHNIK,
2002; BRITTO, 2002 apud REDESIST, 2003).
Cluster - O termo cluster associa-se à tradição anglo-americana e, genericamente,
refere-se a aglomerados territoriais de agentes econômicos, desenvolvendo atividades
similares. Ao longo do desenvolvimento do conceito, ganhou nuances de interpretação sobre
o que melhor caracteriza e distingue essa forma de aglomeração produtiva. Michael Porter
(1999), por exemplo, em seus trabalhos sobre competitividade, utilizou o conceito de cluster
para destacar a importância da proximidade geográfica, não apenas de fornecedores, mas
também de empresas rivais e clientes para o desenvolvimento empresarial dinâmico,
argumentando que as vantagens competitivas na economia global derivam de uma constelação
de fatores locais que sustentam o dinamismo das empresas líderes. O autor destacou o aspecto
de rivalidade (concorrência) entre empresas como estimulador da competitividade, em
declínio à idéia de cooperação. Cluster é definido por Porter (1999, p. 31) como sendo uma:
“concentração geográfica e setorial de empresas e instituições que em sua interação geram
capacidade de inovação e conhecimento especializado”. O conceito de cluster foi também
adotado por outros autores, no âmbito da geografia econômica, para explicar o sucesso da
industrialização em pequena escala na Terceira Itália, assim como de aglomerações espaciais
de firmas em áreas hi-tech, especialmente no Vale do Silício. Um grupo de pesquisadores do
Institute of Development Studies na Universidade de Sussex (IDS - UK), liderados por Hubert
Schmitz (1997), analisando experiências de países em desenvolvimento, definiu clusters
como concentrações geográficas e setoriais de empresas. O autor introduziu a noção de
eficiência coletiva que descreve os ganhos competitivos associados à interação entre empresas
em nível local, além de outras vantagens derivadas da aglomeração. Algumas dessas
abordagens sobre cluster reconhecem a importância da tecnologia e da inovação, que são
vistas, porém, de maneira simplificada (como mera aquisição de equipamentos) (PORTER,
1990; SCHMITZ, 1997; LASTRES et al 1998; CASSIOLATO e SZAPIRO, 2002; VARGAS,
2002 apud REDESIST, 2003).
Distrito industrial - O conceito de distritos industriais foi introduzido pelo
economista inglês Alfred Marshall (1985), em fins do século XIX. Tal conceito deriva de um
padrão de organização comum à Inglaterra do período, onde pequenas firmas concentradas na
37
manufatura de produtos específicos como: têxtil, gráfica e cutelaria, aglomeravam-se em geral
na periferia dos centros produtores. As características básicas dos modelos clássicos de
distritos industriais, caracterizados a partir da análise original de Marshall (1985), indicam em
vários casos: alto grau de especialização e forte divisão de trabalho; acesso à mão-de-obra
qualificada; existência de fornecedores locais de insumos e bens intermediários; sistemas de
comercialização e troca de informações técnicas e comerciais entre os agentes. Argumenta-se,
nesse sentido, que a organização do distrito industrial permite às pequenas empresas obter
ganhos de escala, reduzindo custos, bem como gerando economias externas particularmente
significativas (como por exemplo: acesso a mão de obra qualificada), ressaltando a eficiência
e competitividade das pequenas firmas de uma mesma atividade localizadas em um mesmo
espaço geográfico. A literatura recente sobre distritos industriais focalizou-se, inicialmente, na
chamada Terceira Itália (centro e nordeste italiano) e, posteriormente, em outros países
europeus e nos Estados Unidos (LASTRES et al, 1998; CASSIOLATO e SZAPIRO, 2002
apud REDESIST, 2003).
Pólo e parque científico e tecnológico - Parques tecnológicos são definidos como
áreas, geralmente ligadas a algum importante centro de ensino ou pesquisa, com infra-
estrutura necessária para a instalação de empresas produtivas baseadas em pesquisa e
desenvolvimento tecnológico. Pela limitação da área física, própria dos parques tecnológicos,
estes se adaptam melhor às necessidades de pequenas empresas que têm na pesquisa ou
desenvolvimento tecnológico seu principal insumo (definição adotada pela Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas -
ANPROTEC). Os parques científicos e tecnológicos contam com espaço, estrutura predial e
infra-estrutura para as firmas, de uso individual ou coletivo. Geralmente envolvem: (a) laços
formais e operacionais entre empresas, universidades e outras instituições de ensino e P&D;
(b) estímulo à transferência de tecnologia e à participação de firmas baseadas em tecnologia e
outras instituições de suporte; e (c) a existência de uma função administrativa e a oferta de
serviços de suporte, tais como promoção das firmas e apoio para obtenção de financiamentos
e de capital de risco. Além das empresas de base tecnológica, podem também incluir
incubadoras de empresas, laboratórios e centros de pesquisa. Pólos tecnológicos ou tecnópolis
são definidos como grandes áreas com infra-estrutura necessária para unidades produtivas que
realizam atividades de baixa ou grande escala, baseadas em pesquisa e desenvolvimento
tecnológico. Nestas áreas, são oferecidos serviços que facilitam a obtenção de recursos
tecnológicos e humanos de alto nível, acesso a centros de investigações, bibliotecas e serviços
38
de documentação especializada e de contratação de projetos tecnológicos. As tecnópolis
combinam, em uma área pré-estabelecida, os seguintes grupos de elementos: instituições de
pesquisa e ensino; empresas avançadas tecnologicamente e inovativas, (geralmente pequenas
e médias empresas); instituições e agências públicas e privadas, com missão de garantir e
fomentar o estabelecimento de acordos colaborativos entre os agentes, de forma a maximizar
criatividade e atividades inovativas, assim como elevar a competitividade da região. Alguns
utilizam o termo pólo tecnológico como sinônimo de parques tecnológicos. Essas
experiências difundiram-se mais rapidamente nos anos de 1980, em torno de uma base local
ou regional e o interesse de envolver instituições de P&D e ensino com o setor produtivo.
Embora algumas diferenças marcantes possam ser destacadas nestas experiências, os
objetivos finais tenderam a ser similares: intensificar as perspectivas do território local e
abrigar firmas tecnologicamente intensivas. Esse processo de criação de parques e pólos
tecnológicos gerou uma variedade de formatos institucionais e organizacionais que tornaram
difícil o estabelecimento de uma categoria mais rígida para sua definição, variando
grandemente dentro de um mesmo país, e entre países (LASTRES et al., 1998 apud
REDESIST, 2003).
Pólo de crescimento e de desenvolvimento - As noções de pólos de crescimento e
pólos de desenvolvimento foram difundidas, nas décadas de 1960 e 1970, com os trabalhos do
economista francês François Perroux (1955), tendo sido largamente adotadas nas práticas de
planejamento regional em várias partes do mundo. Segundo o autor (1955, p. 53) “o
crescimento não surge em toda a parte ao mesmo tempo; manifesta-se com intensidades
variáveis em pontos ou pólos de crescimento; propaga-se segundo vias diferentes e com
efeitos finais variáveis no conjunto da economia.” Perroux (1955) trabalhou com a idéia de
que as economias nacionais compõem-se de zonas ativas, ou seja, pólos capazes de dinamizar
setores relacionados; e de zonas passivas, cujo dinamismo decorre de condições externas. Nos
pólos de crescimento (englobando um conjunto de agentes, empresas ou segmentos),
determinadas atividades econômicas dominantes - que podem ser associadas à noção de
indústria motriz - têm a capacidade de alavancar a expansão de outros conjuntos de atividades
em determinadas regiões. Já o lo de desenvolvimento, segundo Perroux (1955), tem a
capacidade de engendrar uma mudança qualitativa nas estruturas econômicas e sociais.
Perroux (1955) reconhecia então que o comportamento econômico está incrustado em
instituições, normas e valores, territorialmente moldados, reconhecendo o fato de que uma das
39
características mais importantes das interações no mercado é a assimetria de relações de poder
entre atores (PERROUX, 1955 apud REDESIST, 2003).
Rede de empresa - Para efeito de representação gráfica, rede é um conjunto de pontos
ou nós conectados entre si por segmentos, arcos, que viabilizam o intercâmbio de fluxos - de
bens, pessoas ou informações - entre os diversos pontos da estrutura. Redes podem ser
abstratas (redes sociais) ou concretas (redes de comunicação); visíveis (rodovias e ferrovias)
ou invisíveis (redes de telecomunicações). No campo da literatura de economia industrial, as
redes constituem uma forma organizacional passível de ser identificada em diversos tipos de
aglomerações produtivas e inovativas; seu enfoque revela, fundamentalmente, a forma de
interação entre os diversos agentes. É possível estabelecer uma diferenciação entre os
conceitos de firmas em rede, indústrias em rede e redes de firmas. O conceito de empresa em
rede refere-se a mudanças na organização interna, decorrentes da evolução da firma
estruturada em múltiplas divisões independentes entre si (multidivisional), para um novo
padrão de articulação entre as diferentes instâncias produtivas e organizacionais, possibilitado
pelo desenvolvimento das tecnologias de informação-telecomunicação. O conceito de
indústria (ou setor industrial) em rede está associado, em geral, a setores de infra-estrutura
(telecomunicações, energia, saneamento etc.), baseando-se no estabelecimento de um padrão
de interconexão e compatibilidade entre tecnologias e características técnicas de processos
produtivos realizados nas diferentes unidades produtoras daquela atividade. Nesse caso, a
eficiência da organização da indústria em pauta está intimamente associada ao formato em
rede. Finalmente, o conceito de rede de empresas refere-se a arranjos inter-organizacionais
baseados em vínculos sistemáticos entre firmas formalmente independentes, dando origem a
um padrão particular de governança que é capaz de promover uma coordenação mais eficaz
de atividades complementares realizadas por estas diversas empresas. Essas redes nascem
através da consolidação de vínculos sistemáticos entre firmas, os quais assumem diversas
formas: aquisição de partes de capital, alianças estratégicas, externalização de funções da
empresa, etc. Estas redes podem estar relacionadas a diferentes elos de uma determinada
cadeia produtiva (conformando redes de fornecedor-produtor-usuário), bem como estarem
vinculadas a diferentes dimensões espaciais (a partir das quais se formam redes locais,
regionais, nacionais ou supranacionais). As redes de empresas traduzem-se no agrupamento
formal ou informal de empresas autônomas, com o objetivo de realizar atividades comuns,
permitindo que as empresas participantes se concentrem apenas em suas atividades principais
(core business). A atuação em redes vem sendo considerada uma alternativa eficaz para
40
enfrentar o processo acelerado de mudanças nas relações econômicas, sendo uma das
modalidades do movimento de especialização flexível do setor produtivo. Tal forma de
atuação inclui-se também nas estratégias atuais de grandes empresas confrontadas com a
exigência de maior capacidade inovativa, especialização e flexibilidade produtiva. No caso
das redes de fornecedores, geralmente as pequenas firmas se concentram em torno de grandes
empresas para o fornecimento de insumos ou componentes específicos. A participação em
redes pode proporcionar um largo conjunto de experiências, estimulando diversas formas de
aprendizado e gerando um conhecimento coletivo que amplifica a possibilidade de geração e
difusão de inovações tecnológicas e organizacionais (FREEMAN, 1991; BRITTO, 2000 e
2002; AXELSSON e EASTON, 1993; GRABHER, 1993; ECONOMIDES, 1996 apud
REDESIST, 2003).
2.1.1.4 Tipos de aglomerado segundo SEBRAE (2004)
Em 2004, foi publicado um trabalho intitulado “Metodologia de desenvolvimento de
arranjos produtivos locais: Projeto PROMOS/SEBRAE/BID - Versão 2.0”, fruto da parceria
do SEBRAE com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Agência PROMOS,
da Câmara de Comércio, Indústria e Artesanato de Milão. Este estudo apresenta conceitos
para auxiliar na identificação dos vários tipos de conjuntos de empresas:
Aglomeração - Uma população de empresas. O conceito remete para as relações
físicas e sociais existentes entre as empresas em termos geográficos, de densidade e de tipo de
interação.
Arranjo produtivo local (APL) - Constitui um tipo particular de cluster, formado por
pequenas e médias empresas agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio, onde se
enfatiza o papel desempenhado pelos relacionamentos - formais e informais - entre empresas
e demais instituições envolvidas. As firmas compartilham uma cultura comum e interagem
como um grupo com o ambiente sociocultural local. Essas interações, de natureza cooperativa
ou competitiva, estendem-se além do relacionamento comercial, e tendem a gerar, afora os
ganhos de escala, economias externas, associadas à socialização do conhecimento e à redução
dos custos de transação. Nota-se que, nesses sistemas, as unidades produtivas podem ter
atividades similares e/ou complementares, em que predomina a divisão do trabalho entre os
seus diferentes participantes: empresas produtoras de bens e serviços, centros de pesquisa, de
capacitação e treinamento e unidades de pesquisa e desenvolvimento, públicas e privadas.
41
Cadeia produtiva - É um conjunto de atividades (elos) que se articulam
progressivamente desde os insumos básicos até o produto final, incluindo bens de capital,
bens intermediários, distribuição e comercialização.
Clusters - Concentrações geográficas de empresas similares, relacionadas ou
complementares, que atuam na mesma cadeia produtiva auferindo vantagens de desempenho
por meio da locação e, eventualmente, da especialização. Essas empresas partilham, além da
infra-estrutura, o mercado de trabalho especializado e confrontam-se com oportunidades e
ameaças comuns.
Distrito industrial - Sistemas locais de produção caracterizados pela existência de um
conjunto de pequenas e médias empresas em torno de uma indústria dominante, em que as
firmas, freqüentemente, se especializam em diferentes etapas do processo produtivo. Essas
firmas, em geral pertencentes à comunidade local, se integram à industria dominante por meio
de uma extensa teia de relacionamentos. Tais sistemas caracterizam-se, ainda, pela existência
de um fluxo de comércio substancial entre as empresas e pelo fato de partilharem diferentes
serviços especializados, o mesmo mercado de trabalho e estoques de conhecimentos.
Pólo - É conjunto de empresas de um determinado setor em um território.
Rede de empresas - Forma institucionalmente estruturada de organização das
atividades econômicas, baseada na coordenação de relacionamentos cooperativos sistemáticos
que se estabelecem entre agentes.
As empresas associam-se para juntar seus recursos e esforços e/ou interligar seus
sistemas de várias formas, criando capacidades maiores para alcançarem a sinergia interna e
externa. Clegg e Hardy (1998) mostram que a mais nova fluidez constatada na aparência
externa das organizações fundamenta-se na suposição de que as relações interorganizacionais
são mais importantes do que as capacidades e características internas como tamanho ou
tecnologia e que, como resultado, a colaboração entre as organizações têm se tornado motivo
para a realização de diversos estudos e pesquisas. Alguns destes estudos são as metodologias
para o desenvolvimento de estratégias coletivas, arranjos corporativos como as joint ventures,
alianças estratégicas e organizações em rede.
A partir dos conceitos dos autores, pôde-se confirmar que o conjunto das
características das empresas modernas tem como fatores predominantes aspectos relacionados
à cooperação, alianças, parcerias, além de formas de sistemas de cooperação em rede
(networks), entre produtores, fornecedores, usuários, consumidores e até mesmo empresas
42
concorrentes. Embora ninguém negue a relevância e a existência das burocracias na vida
organizacional, poucos deixariam de reconhecer o surgimento de novas formas de
organização. A maioria dos autores dentro da teoria das organizações aponta a inequívoca
obsolescência do modelo vertical hierarquizado das organizações, e o surgimento de um novo
tipo de relação: intra e interempresarial, mais horizontalizada, democrática e participativa, que
precisa ser estimulada (CLEGG; HARDY, 1998).
2.1.2 Aglomerados de empresas como fator de competitividade
Enquanto que o significado do termo competição refere-se a repartir, a palavra
cooperação tem o objetivo de criar e expandir os negócios (AMOROSO, 2000). A cooperação
em redes é bastante usual para os iniciantes no mercado internacional, que as estratégias
isoladas dificilmente conduzem à obtenção de informações e de recursos financeiros que
permitem a exploração de novos mercados, principalmente em se tratando de pequenas e
médias empresas (RODRIGUES, 2004).
Silva Júnior (2007), baseado em Barringer e Harrison (2000), apresenta as vantagens
e desvantagens do relacionamento cooperativo. Destaca como benefícios: acesso a recursos
particulares, economias de escala, compartilhamento de risco e custo, acesso a mercados
externos, desenvolvimento de produtos e/ou serviços, aprendizado, velocidade ao mercado,
flexibilidade, lobby coletivo, neutralização ou bloqueio de competidores. No que se refere às
desvantagens, indica: escala e perda de informação proprietária, gerenciamento das
complexidades, riscos financeiros e organizacionais e de tornar-se dependente de um parceiro,
perda parcial de autonomia de decisão e de flexibilidade organizacional, e implicações
antitrustes.
Mas, além da competição e da cooperação, tem-se a competitividade. Esta, diz
respeito ao entendimento da palavra competência, em que os indivíduos e empresas
desenvolvem ações conscientes de seus limites e da consequência de seus atos (AMOROSO,
2000). A competência faz com que a competitividade deixe de ser algo predatório e passe a
ser uma atividade verdadeiramente social. A competência, segundo Mariotti (2007), não
significa que não deva existir concorrência, mas que não é necessário haver predatoriedade.
Tem-se então, a colaboração competitiva, significado do termo co-opetição, cunhado por
Barry J. Nalebuff e Adam M. Bandenburger (1996). Co-opetição implica que, se de um lado
tem-se o desafio de desenvolver estratégias e mecanismos práticos para orientar os negócios
43
entre as empresas relacionadas, do outro, o desafio é de criar condições propícias para ajudar
cada membro da organização a comprometer-se com seu trabalho criativo e encorajar cada
indivíduo a descobrir novas possibilidades estratégicas para a organização e para as entidades
de seu relacionamento (AMOROSO, 2000).
Barnett; Mischke; Ocasio (2000)
comentam que as organizações se unem
coletivamente quando a busca das razões organizacionais para a cooperação é satisfeita por
objetivos coletivos organizacionais. Os autores acreditam que duas razões para que o
processo de união das ações coletivas contagie as organizações: (1) a ambigüidade que cerca
o processo organizacional e a decisão eleita coletivamente, pois quando a organização se abre
surge a necessidade de se reunir em uma associação específica, e não se sabe como essa nova
ação social afetará a distribuição do poder e os vários processos que o conduzem. (2) O
contágio das organizações em se envolverem em ações coletivas, pois a eficácia coletiva
dependerá da união de outras organizações ao sistema.
Como resultado, a estratégia de colaboração competitiva de alta cooperação cria uma
visão compartilhada que desperta a percepção de padrões e tendências, possibilitando intuir e
descobrir novas possibilidades de evolução e desenvolvimento dos negócios. Implica
construir uma visão compartilhada direcionada para o futuro, pautada por ações responsáveis
no presente. A organização depara-se, portanto, com um processo de aprendizagem
englobando características que envolvem: visão sistêmica do processo; domínio pessoal dos
indivíduos envolvidos; modelo mental capaz de conceber a lógica do processo;
estabelecimento de um objetivo comum negociando parâmetros para decisão, padrões de
qualidade, critérios e modelo delineado de aprendizagem em grupo (AMOROSO, 2000).
Para Langford e Male (1991), dois pontos de vista distintos emergem: um modo de
planejamento e outro de evolução. No primeiro, a estratégia é explícita e os gerentes
desenvolvem um planejamento sistemático e estruturado para alcançar os objetivos. Na
segunda visão, a estratégia não é planejada cuidadosamente, mas sim uma corrente de
decisões significativas capazes de promover o crescimento e a lucratividade da empresa.
Para Ansoff (1990), existem tipos diversos de conjuntos de regras. Como padrões
qualitativos: os objetivos, e quantitativos: as metas; segundo as quais o desempenho da
empresa possa ser medido. Também cita as regras para o desenvolvimento das relações
externas da empresa (estratégias de negócios) e para as relações internas (estratégias
administrativas, regras para condução do dia-a-dia e políticas operacionais).
44
Para Oliveira (1995), estratégia é definida como um caminho, maneira ou ainda a
ação estabelecida e adequada para alcançar os desafios e objetivos da empresa.
Segundo Porter (1999) o objetivo da estratégia é a construção de um potencial de
sucesso através do uso de vantagens competitivas. Essas vantagens poderiam ser obtidas por
uma das três estratégias básicas: custos mínimos, diferenciação ou foco.
Langford e Male (1991) fazem ainda uma diferenciação entre missão, objetivos e
estratégia. A missão deve ser claramente articulada e permitir a definição de ações, ou seja,
deve ser precisa; indicar como os objetivos serão executados e qual o componente principal
da estratégia. Os objetivos provêm da missão em termos quantificáveis e têm quatro funções:
facilitam a comparação do desempenho atual com a projetada, podem ser priorizados,
associados a uma linha de tempo e criar um foco de mercado. A estratégia da empresa pode
ter quatro componentes distintos: escopo do negócio, utilização dos recursos, vantagem
competitiva e sinergia.
Meyer-Stamer (1999) propõe o modelo de competitividade sistêmica para o
desenvolvimento socioeconômico (em níveis municipal, regional, estadual ou nacional).
Neste modelo, o sistema econômico é compreendido em quatro níveis:
a) nível micro - compõe as unidades eficientes das empresas: inovações, engenharia
simultânea, eficiência coletiva e redes de inovação (consórcios, condomínios,
núcleos setoriais e estruturas de apoio entre outras);
b) nível macro - relacionado às questões políticas e econômicas envolve
estabilidade econômica, sistema jurídico, políticas comerciais, fiscal,
orçamentária, monetária, etc.;
c) nível meta - está relacionado às questões cio-culturais da população: direciona
o modelo competitivo da organização econômica, orienta a sociedade ao
desenvolvimento, habilita para formular estratégias e políticas, identifica a
memória coletiva, grau de aprendizado, conhecimento e coesão social;
d) nível meso - compõe as condições de fatores de Porter (1993): estrutura
industrial, infra-estrutura regional para importação e exportação, políticas para o
fortalecimento da competitividade de determinados setores, meio ambiente,
condições de tecnologia, educação e trabalho.
45
Segundo Casarotto e Pires (2001), a cadeia de valor consiste de modo amplo, em
pesquisa e desenvolvimento, logística de aquisição e distribuição, produção, tecnologia de
gestão e marketing. Os autores defendem a integração entre esses níveis para o alcance da
vantagem competitiva sustentável ou, como denominada por eles, competitividade sistêmica.
O modelo geral de rede para o desenvolvimento de um sistema econômico local,
utilizado como base do modelo italiano (CASAROTTO; PIRES, 2001) apresenta uma
configuração aproximada do modelo de competitividade sistêmica, incluindo: a) atores
diversos - grandes empresas, bancos, institutos de pesquisa e governo (nível meso e macro);
b) instrumentos de integração (nível meta); c) pequenas e médias empresas (nível micro).
Além de o modelo necessitar de sistemas de gestão e produção internos muito
desenvolvidos, o relacionamento entre si (organização em consórcios, condomínios,
cooperativas, empresas de participação comunitária ou núcleos setoriais) e destes com o meio.
O meio também deverá oferecer condições para a formação de redes (CASAROTTO; PIRES,
2001).
Portanto, sustenta-se que, para o desenvolvimento do sistema econômico local, o
município deverá buscar a sua vocação, utilizando as empresas como agentes da
competitividade.
Por sua vez, as empresas deverão buscar competitividade através de redes de
desenvolvimento, integrando os quatro níveis da competitividade sistêmica.
Em Casarotto e Pires (2001), estratégia empresarial é a definição dos objetivos da
empresa e a maneira como vai atingi-los, em função da análise dos ambientes externo e
interno.
O papel principal do estrategista é composto pelos seguintes tópicos:
monitorar, analisar e diagnosticar o meio ambiente para antecipar oportunidades
e tendências;
avaliar o grau de risco associado a cada oportunidade;
avaliar os pontos fortes e fracos da empresa;
combinar as oportunidades presentes no meio aos pontos fortes, minimizando os
pontos fracos e dificultando o surgimento de possíveis ameaças;
decidir entre alternativas e alocação de recursos que permitam a seleção da
estratégia a ser empregada;
46
monitorar os resultados e propor ações corretivas via feedback.
A figura 2 apresenta o Mix-Estratégico proposto por Casarotto e Pires (2001),
constituindo-se num conjunto de políticas e estratégias mínimas para orientar as empresas em
seus investimentos.
Figura 2 - Mix-Estratégico
Legenda: 1- Definição do Negócio-UEN; 2-Estratégia Competitiva; 3-Estratégia de Produto Mercado; 4-
Estratégia de Utilização dos Meios; 5- Políticas de Negócios e de Gestão; e 6- Estratégia de Produção
Fonte: Casarotto e Pires (2001, p. 28)
Destas, a mais importante em relação às pequenas e médias empresas, é a estratégia
de como competir, baseada na curva “U” de Porter (1999).
Figura 3 - Curva “U” proposta por Porter
Fonte: Cassarotto e Pires (2001, p. 29)
47
A curva de rentabilidade x fatia de mercado apresenta duas possibilidades de
sucesso: ou a empresa possui um nicho de mercado, compete por diferenciação com produtos
sob encomenda ou de alta nobreza ou produz em larga escala com baixo preço final e compete
por liderança de custo. Normalmente, as pequenas empresas situam-se no lado esquerdo na
curva, e as grandes do lado direito. As localizadas no meio da curva seriam pouco flexíveis
para competir por diferenciação e sem a devida escala para competir por liderança de custo.
A partir da parceria, terceirização, subcontratação, facção e outras formas de repasse
da produção, criaram-se redes topdown, ou seja, uma grande empresa passa a trabalhar com
diferentes empresas menores que, na função de seus fornecedores, produzem parte de seu
produto com o objetivo final de competirem por liderança de custos.
Outra forma de associação de pequenas empresas são as chamadas redes flexíveis,
onde cada empresa contribui com uma parte do produto final e todas são responsáveis pelo
resultado. Neste caso situam-se os consórcios que promovem competitividade internacional a
empresas que sozinhas estariam fadadas ao insucesso. Esta forma de organização confere ao
conjunto uma boa relação entre flexibilidade e custo.
Assim, a curva “U” proposta por Porter (1999) apresentaria uma nova possibilidade
para as redes de empresas, o que pode ser verificado na figura 4.
Figura 4 - Curva “U” e estratégias competitivas genéricas ampliadas
Fonte: Casarotto e Pires (2001, p. 31)
48
As pequenas empresas não estariam mais restritas à participação no mercado por
diferenciação. Uma vez associadas poderiam competir por liderança de custos, participando
de uma rede topdown ou por flexibilidade/custos em uma rede flexível de empresas.
Assim a formação de aglomerados, segundo Santos e Varvakis (1999), além de
garantir a sobrevivência das pequenas empresas, as tornam capazes de competir com as
grandes, sem perder as características que as valorizam como flexibilidade e agilidade.
Na figura 5 observa-se uma rede topdown. Neste caso o fornecedor normalmente não
tem poder de influência nos destinos da rede e tem pouca flexibilidade.
Redes Topdown
Empresas
2ª linha
Empresas
1ª linha
EMPRESA
EMPRESA
MÃE
MÃE
Figura 5 - Redes Topdown
Fonte: Casarotto e Pires (2001, p. 36)
Apresenta-se como exemplo deste tipo de rede a indústria automobilística e as
agroindústrias e seus produtores integrados.
As empresas também podem reunir-se em torno de um negócio ou projeto específico
por um tempo determinado. Esta reunião pode acontecer sem a formalização de uma empresa
49
gerente ou que tenha grau de influência significativo nas decisões do conjunto. Este tipo de
rede de empresas é dito flexível e pode ser visualizado na figura 6.
Como exemplo destas redes flexíveis tem-se no Brasil, vários pólos de pequenas
confecções envolvendo fabricantes de tecidos, teares planos e malhas; unidades de confecção,
acabamentos têxteis, etc., todas com fortes relações comerciais entre si, mas sem uma
formalização.
Rede Flexível:
Empresas
Consórcio
(EV)
Relaciona-se
com:
-Mercado
-Inst.pesq.
-Univ.
-Assoc.Ind.
-Bancos,
-Observ., etc...
Figura 6 - Rede Flexível de Empresas
Fonte: Casarotto e Pires (2001, p. 36)
Nas redes flexíveis, as empresas podem unir-se num consórcio com objetivos amplos
ou restritos formalizando a relação. As possibilidades de negócios dos consórcios são
inúmeras, tais como: fabricação, valorização do produto e da marca, desenvolvimento de
produtos, comercialização, exportações, padrões de qualidade, obtenção de crédito.
As empresas reunidas num consórcio ganham em flexibilidade de atendimento a
pedidos diferenciados e assim agregam mais valor ao produto.
50
Ao mesmo tempo, ganham em escala em muitas das funções da cadeia produtiva
conseguindo manter uma boa relação flexibilidade x custos ou, em outras palavras, uma boa
relação valor/preço, que lhes permite competir num espectro bem maior que nas simples
opções de liderança de custos ou diferenciação de produto.
A justificativa é uma só, para a cooperação e a base das redes: juntar esforços em
funções em que se necessita uma escala maior de capacidade inovativa para sua viabilidade
competitiva.
Pequenas empresas normalmente são mais flexíveis e ágeis nas funções produtivas
do que as grandes empresas. Se essas pequenas empresas puderem agregar vantagens de
grandes empresas, em funções como logística, marca ou tecnologia, elas terão grandes
chances de competição.
Das outras estratégias citadas por Casarotto e Pires (2001), em seu Mix-estratégico
(figura 2), vale ressaltar para explicar a necessidade de união das empresas a Estratégia de
Produto/Mercado, proposta por Ansoff (1990) (figura 7).
Figura 7 - Matriz Produto/Mercado
Fonte: Ansoff (1990, p. 5)
51
Ansoff (1990) propôs o modelo que relaciona a atualidade dos produtos com as
situações atual e futura dos mercados. Esse cruzamento resulta em seis opções estratégicas:
A - Penetração de mercado (com expansão horizontal)
B - Desenvolvimento do Mercado (com expansão horizontal)
C - Desenvolvimento do Produto/Processo
D - Diversificação Lateral (ou expansão lateral)
E - Integração Vertical a Montante
F - Integração Vertical a Jusante.
Além dessas há as opções de concentração (contraposta à diversificação) e
desverticalização (contraposta à integração vertical).
Para a pequena empresa são importantes as estratégias de novos produtos e a análise
dos prós e contras para verticalizar e diversificar. Nas redes de empresas, o consórcio
normalmente abrange as funções iniciais da cadeia de valor: desenvolvimento do produto, e
finais: distribuição/ marca/ exportação. E as empresas dedicam-se à etapa de produção.
É difícil para pequenas empresas adotarem estratégias de diversificação
(variabilidade de produtos) ou de desenvolvimento de produtos (profundidade do mercado)
com maior valor agregado. A união pode propiciar a escala necessária para a agregação de
valor e diversificação.
Ganhar novos mercados, especialmente no exterior, também depende de escala de
marca e logística, que a união entre as empresas pode propiciar.
A desverticalização de grandes empresas sempre representa uma oportunidade para
as pequenas e médias atuarem como fornecedores.
O modelo italiano de Sistema Econômico Local prevê uma série de instrumentos de
integração para garantir a competitividade da região.
Conforme Casarotto e Pires (2001), da grande rede de desenvolvimento fazem parte
o Fórum Local de Desenvolvimento, Observatório Econômico, Associação de Pequenas
Empresas, Centro Tecnológico, Cooperativa de Garantia de Crédito, Consórcios de
Valorização dos Produtos da Região e os rios outros consórcios (de marca, de exportação,
de produção etc.). As Instituições de Pesquisa, Grandes Empresas, Bancos e órgãos ligados ao
governo participam como auxiliares ao processo:
52
Sistema Produtivo local estruturado
Sistema Produtivo local estruturado
F
F
ó
ó
rum de
rum de
Desenvolvimento/Agência
Desenvolvimento/Agência
Observatório
Econômico
Associações
PME’s
Centro de
Tecnologia
Governos
Locais/Estaduais
Instituições
de pesquisa
Rede Grandes
Empresas
Consórcios
PME’s
Consórcios
PME’s
Coop.
Garantia
Crédito
Bancos
comerciais/
desenvolv.
Instituições
suporte
E E EE
E
E
E E
Figura 8 - Sistema Produtivo Local
Fonte: Casarotto e Pires (2001, p. 137)
Uma das formas encontradas para gerar uma melhor distribuição de renda, valorizar
todos os atores de uma cadeia produtiva, aumentar a eficiência da produção de uma região e
potencializar sua divulgação é trabalhar o sistema de desenvolvimento econômico embasado
nos Arranjos Produtivos Locais.
2.2 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS - APL
Devido à forte competição existente entre as empresas nos últimos anos, estas
passaram a buscar novas formas para superar as adversidades, sendo que na maioria das vezes
buscam o relacionamento cooperativo com outras empresas, como forma de aumentar a
competitividade.
Sachs (2003) afirma que os aglomerados comportam diferentes graus de integração e
que sua forma mais elaborada é representada pelos arranjos produtivos locais. Nem todas as
aglomerações industriais podem ser consideradas arranjos. A mera concentração geográfica
de empresas de um mesmo setor não determina o tipo de relações de produção e de redes de
colaboração existentes entre elas, nem permitem avaliar a intensidade dos conflitos sociais
presentes.
53
O Arranjo Produtivo Local (APL) pode ser descrito como um grande complexo
produtivo, geograficamente definido, caracterizado por um grande número de firmas
envolvidas nos diversos estágios produtivos e, de várias maneiras, na fabricação de um
produto. A coordenação das diferentes fases e o controle da regularidade de seu
funcionamento é submetida ao jogo do mercado e a um sistema de sanções sociais aplicados
pela comunidade. A contigüidade espacial permite ao sistema territorial de firmas viabilizar
externalidades produtivas e tecnológicas sem perder sua flexibilidade e adaptabilidade
(BECATTINI, 1999).
Para Melo Neto e Froes (2002): interatividade entre as empresas; sinergia obtida por
meio de suas atividades, produtos e serviços; concentração de tais empresas num único pólo;
investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e economia de escala são fatores
determinantes na formação de um arranjo.
Britto (2000) sugere que os APL’s não devem ser concebidos como mera
aglomeração espacial de atividades industriais presentes em determinados setores, mas sim
como arranjos produtivos onde predominam relações de complementaridade e
interdependência entre diversas atividades localizadas num mesmo espaço geográfico
econômico. “Os aglomerados estão presentes em economias grandes e pequenas, em áreas
rurais e urbanas e em vários níveis geográficos - países, estados, regiões metropolitanas e
cidades” (PORTER, 1999, p. 211).
Na visão de Bergman e Feser (1999), identificar um agrupamento que pode tornar-se
um APL ou cluster é mais importante do que identificar um cluster já desenvolvido. A
identificação de APL’s emergentes associada à concentração de esforços pode acelerar seu
desenvolvimento e, conseqüentemente, o desenvolvimento da região.
Lastres e Cassiolato (2003) apresentam conceitos diferenciando arranjo e sistema
produtivo local:
Arranjos produtivos locais: são aglomerações territoriais de agentes econômicos,
políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que
apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a
interação de empresas, que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até
fornecedoras de insumos e equipamentos.
Sistemas produtivos e inovativos locais: são aqueles arranjos produtivos em que
interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e
54
aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da
competitividade e do desenvolvimento local.
Diversos enfoques procuram ressaltar a importância da articulação de empresas,
parte dos quais incorporam a dimensão territorial. A abordagem dos arranjos e sistemas
produtivos locais caracteriza-se, particularmente, por ressaltar a importância do aprendizado
interativo, envolvendo diferentes conjuntos de atores em âmbito local, como elemento central
de dinamização do processo inovativo (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).
Conforme Porter (1999, p. 214): “Os empreendedores são atraídos para os
aglomerados, pelas baixas barreiras de entrada, pelo potencial para criar maior valor
econômico ou para operar de forma mais produtiva, a partir de suas idéias e habilidades”.
Complementa que o arranjo é a representação nítida da combinação de competição e
cooperação entre empresas. O autor apresenta pressupostos básicos necessários para o
surgimento dos arranjos:
a) disponibilidade de fatores (qualificações especializadas, proficiência na pesquisa
universitária, boa localização e infra-estrutura básica);
b) demanda local incomum e sofisticada;
c) existência anterior de setores fornecedores, correlatos ou todo um aglomerado
relacionado;
d) ação fomentadora por uma ou duas empresas inovadoras;
e) existência de fatores aleatórios, embora não totalmente ao acaso.
Para Cunha (2003, p. 40), arranjos produtivos, cujo significado semântico do termo
inicial expressa ordem, acordo e governo, “têm sido empregados como ‘sinônimo’ de cluster
ou aglomerado”, para ser fiel ao seu significado o arranjo deveria destinar-se ao
enquadramento de aglomerados industriais mais avançados, nos quais há a percepção clara
dos atores que assumem a governança e boa definição das responsabilidades no interior da
aglomeração.
Contudo, este não é o entendimento de Cassiolato e Szapiro (2002, p. 5). Para eles:
“Arranjos produtivos locais referenciam aquelas aglomerações produtivas, cujas interações
entre os agentes não são suficientemente desenvolvidas para caracterizá-los como sistema”.
Segundo Cassiolato e Lastres (1999) e Tironi (2000), existem vários tipos de
agrupamentos locais, dos quais se podem destacar:
55
a) agrupamento potencial: que se dá quando existe, na região, uma concentração de
atividades produtivas que apresentem alguma característica comum, como uma
tradição de uso de determinadas técnicas, contudo, sem que esteja ocorrendo uma
organização ou uma ão conjunta entre os agentes econômicos da atividade
existente;
b) agrupamento emergente: quando passa a ocorrer, no local, a presença de
empresas de vários tamanhos, tendo como características comuns o
desenvolvimento de ações de interação entre os agentes existentes na
região/setor. Nesse tipo de arranjo pode ocorrer mesmo de forma incipiente, a
presença de instituições de apoio, porém com uma pequena e débil articulação;
c) agrupamento maduro: que tem por característica uma concentração local de
atividades e como identificação comum à existência de uma base tecnológica
significativa, observando-se a existência de relacionamento mais intenso entre os
agentes produtivos e com os demais agentes e instituições locais. Verificam-se
conflitos de interesse, indicando um pequeno grau de coordenação entre agentes
econômicos para que se possa impulsionar um crescimento sustentado em longo
prazo;
d) agrupamento avançado: cuja principal característica é um alto vel de coesão
interna de organização entre os agentes internos e externos, resultando no melhor
aproveitamento das externalidades geradas pelos participantes deste entorno
produtivo;
e) agrupamento tipo cluster: que apresenta características de agrupamento maduro
quanto à coesão interna. No entanto, tem um grau menor de organização, porque
envolve um número maior de localidades ou áreas urbanas dentro de uma região
geograficamente delimitada, vindo a constituir um espaço econômico pouco
diferenciado em termos de atividades produtivas;
f) pólo tecnológico: definido como o local em que estão reunidas empresas
intensivas em conhecimento ou com base em tecnologia comum, tendo como
fonte do desenvolvimento as universidades e outros centros de tecnologia e de
pesquisa. Uma de suas características é que, normalmente também representam
um tipo de agrupamento maduro;
56
g) redes de subcontratação: compostas por empresas nem sempre instaladas na
mesma área geográfica, mas que normalmente atendem à demanda de grandes
empresas. Nem sempre os sub-contratados constituem um agrupamento formal e
procura seguir um padrão de organização emanada da empresa núcleo.
Sendo assim, Venturi (2008, p. 64) conclui: “pode-se dizer que os arranjos
produtivos locais surgem como contrapartida da formação de cluster, seria como uma etapa
inicial de amadurecimento e criação de raízes para galgar desenvolvimentos mais sustentáveis
a médio e longo prazo”.
O processo de clusterização implica em gestão integrada de empresas e
empreendimentos voltados para objetivos comuns, sendo que para vencer este desafio, torna-
se fundamental uma gestão da cadeia produtiva do setor, de modo a reduzir custos, otimizar o
processo e ganhar competitividade (MELO NETO; FROES, 2002).
Este processo geralmente é um pouco lento. Eurada (1999) apresenta uma divisão
deste processo em quatro etapas, que podem ser identificadas na figura 9:
Figura 9 - Evolução do processo de formação de um cluster
Fonte: Eurada (1999, p. 14).
a) pré-cluster: quando apenas a existência de empresas e indústrias
independentes em uma determinada área geográfica;
b) cluster emergente: existência de um agrupamento interempresas e concentração
da indústria;
c) cluster em expansão: onde se identificam as ligações interempresas;
57
d) cluster independente: com alto nível de interligações interempresas e massa
crítica intensa entre os participantes.
Alguns fatores são essenciais quando da formação de arranjos produtivos, segundo
Meyer-Stamer (1999b):
a) A estrutura do arranjo, caracterizada por três elementos básicos: relações mais
horizontais que hierárquicas; acordo com as redes de relacionamentos
interorganizacionais; interações entre os atores no arranjo envolvendo
relacionamentos abertos;
b) Arranjos são fenômenos de sociedades policêntricas nas quais não pode existir
por muito tempo algum ator hegemônico crucial centralizador;
c) Os atores são cada vez menos capazes de segmentar todos os recursos
necessários dentro de suas próprias organizações;
e) As políticas de arranjos são caracterizadas pelas suas funções de formular e
implementar; a política de arranjos é formada por atores autônomos com
diferentes interesses embora reciprocamente dependentes;
i) A estrutura de arranjos pode contribuir para o alcance de metas e soluções
comuns nos casos em que os recursos de governança são distribuídos por
diversos atores;
j) A inovação social, ou sua lógica de interação consiste na combinação de
elementos derivados de um modelo organizacional de mercado e hierarquia;
k) O funcionamento dos arranjos pressupõe a capacidade por parte dos atores
envolvidos de serem organizados, eficientes e terem ação.
Sachs (2003) salienta que nos arranjos é possível testemunhar sinergias
extremamente benéficas entre os empreendimentos, que são o resultado entre cooperação e
concorrência. O fato de empreendedores de um mesmo ramo competir entre si não exclui
iniciativas e ações compartilhadas, voltadas à solução de problemas comuns.
Também de acordo com esta afirmação, Porter (1999) comenta que um arranjo
acentua as oportunidades de coordenação e aprimoramento das empresas, em áreas de
interesse comum, sem ameaçar ou distorcer a competição ou restringir a intensidade da
rivalidade. Para ele, o arranjo proporciona um foro construtivo para o diálogo entre empresas
58
correlatas e seus fornecedores, governo e outras instituições. Neste contexto, Lastres e
Cassiolato (2003) afirmam que a sinergia gerada pelas interações das empresas de um APL, e
destas para com o ambiente em que estão localizadas, vem efetivamente fortalecendo suas
chances de sobrevivência e crescimento, constituindo-se em significativa fonte de vantagens
competitivas.
Segundo o termo de referência elaborado pelo Grupo de Trabalho Permanente para
Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL, 2005), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, um APL deve ter a seguinte caracterização:
a) ter um número significativo de empreendimentos no território e de indivíduos
que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante;
b) compartilhar formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de
governança. Pode incluir pequenas, médias e grandes empresas.
Cassarotto e Pires (2001) identificaram as principais características dos APL’s:
a) especialização flexível em um determinado ramo da indústria, considerando
todos os setores industriais a jusante e a montante, bem como a produção de
diversos produtos para diferentes mercados consumidores;
b) divisão do trabalho entre as empresas em todas as fases do processo produtivo;
c) cooperação entre as organizações;
d) presença de capacidade empresarial e de uma força de trabalho especializada nas
atividades produtivas pertinentes a um determinado distrito industrial;
e) grau de inserção das atividades econômicas no meio social, cultural e territorial,
o que possibilita a existência de um sistema de valores de confiança e de atitudes
de cooperação que são partilhadas pela comunidade dos distritos industriais;
f) densidade institucional baseada na presença de uma rede de informações e de
produção entre as empresas, representada por organizações de trabalhadores ou
sindicatos; associações, grupos comunitários de interesses específicos,
autoridades regionais e locais e instituições de apoio especializado ou de
serviços.
Os arranjos influenciam a competição de maneira intensa. Porter (1999) apresenta
três maneiras amplas dessa influência:
59
a) pelo aumento da produtividade das empresas ou setores componentes;
b) pelo fortalecimento da capacidade de inovação, e em conseqüência, pela elevação
da produtividade;
c) pelo estímulo à formação de novas empresas, que reforçam a inovação e ampliam
o arranjo.
Ele complementa afirmando que essas três influências dependem dos
relacionamentos pessoais, da comunicação face a face e da interação entre as redes de
indivíduos e as instituições. Sachs (2003) apresenta algumas vantagens da formação dos
APL’s para o desenvolvimento econômico. São elas:
a) a aglomeração de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas e destas
com o meio ambiente vêm efetivamente fortalecendo suas chances de
sobrevivência e crescimento, constituindo-se em importante fonte geradora de
vantagens competitivas duradouras;
b) os processos de aprendizagem coletiva, cooperação e dinâmica inovativa desses
conjuntos assumem importância fundamental frente aos desafios da sociedade na
era do conhecimento, crescentemente globalizado;
c) auxilia empresas de todos os tamanhos, e particularmente PME, a ultrapassarem
barreiras de crescimento, produzirem eficientemente e comercializarem seus
produtos em mercados nacionais e internacionais.
Uma leitura pormenorizada dos pontos referenciados sobre aglomerados industriais
expostos no livro Competição - On Competition - do autor Michael E. Porter (1999), permite
identificar um conjunto de fatores essenciais para o processo de formação, funcionamento,
consolidação e manutenção desta estrutura organizacional, que podem ser assim
sistematizados:
a) Visão compartilhada da competitividade e do papel dos aglomerados na
vantagem competitiva: produtividade e inovação, e não salários baixos, impostos
reduzidos e moeda desvalorizada, são os elementos que definem a
competitividade. Os participantes precisam compreender as influências que
afetam a produtividade e a contribuição do agrupamento para o seu
aprimoramento. A comunicação e as discussões preliminares e contínuas educam
os participantes dos aglomerados sobre a competitividade e contribuem para a
60
mudança das atitudes mentais. Além de empresas e governo, outros grupos de
interesse precisam compartilhar a mesma visão acerca da competitividade como:
associações, sindicatos de trabalhadores e empresários, setores do governo que
tenham uma postura de ceticismo em relação a esta forma de competitividade e
na forma de atuação do agrupamento.
b) Amplo envolvimento dos participantes dos aglomerados e das instituições
associadas: as iniciativas em relação aos aglomerados devem incluir empresas de
todos os tamanhos, assim como representantes de todos os grupos de interesse. A
exclusão de pessoas é um convite à oposição. Embora qualquer iniciativa tenha
de enfrentar a sua cota de ceticismo, paroquialismo, interesses próprios e
oportunismo, as iniciativas mais bem sucedidas em relação aos aglomerados
empreendem um grande esforço para alcançar e educar os possíveis dissidentes.
Assim, os que optarem pela não participação terão menos fundamentos para a
crítica ou oposição às recomendações. Em última instância, as iniciativas em
relação aos aglomerados devem prosseguir com aqueles que se mostrarem
dispostos a trabalhar para a melhoria das condições gerais.
c) Muita atenção aos relacionamentos pessoais: a existência de um aglomerado
estabelecido ou emergente não assegura a atuação dos elos entre as partes
componentes. Muitos dos seus benefícios derivam dos relacionamentos pessoais
que facilitam os vínculos, promovem a comunicação aberta e reforçam a
confiança. A informação é essencial para a produtividade e os relacionamentos
que melhoram o fluxo de informação perdurarão e, até mesmo se fortalecerão,
após o término do projeto do aglomerado. A atuação de facilitadores neutros é em
geral muito importante para essa finalidade, quando se constatam falta de
confiança e insuficiência nos relacionamentos. Desde o início, é imprescindível
que se empreendam os maiores esforços para assegurar a comunicação eficiente e
regular, tanto interna como externa. Os êxitos devem ser amplamente divulgados.
d) Viés para a ação: as ões em relação aos aglomerados precisam ser motivadas
pelo anseio de auferir resultados; em vez de induzidas por instituições
acadêmicas, centros de altos estudos ou órgãos governamentais que encaram a
pesquisa como um fim em si mesmo. O prognóstico e a visão ampla do futuro
precisam conjugar-se com medidas ativas e concretas. O governo e o setor
61
privado devem contar com a participação de paladinos vigorosos em posição de
destaque.
e) Institucionalização: o aprimoramento dos aglomerados é um processo em longo
prazo que deve sobreviver ao esforço inicial. Seu êxito exige a institucionalização
de conceitos, relacionamentos e elos entre os grupos de interesse. No setor
privado, as associações comerciais novas ou revitalizadas geralmente assumem
papéis de liderança no contínuo aprimoramento dos aglomerados. No governo,
seu desenvolvimento se institucionaliza através da constituição de órgãos
governamentais apropriados para o levantamento e disseminação de estatísticas
econômicas, mediante o controle da estrutura e composição de grupos
consultivos.
Obrigam-se a inovar, para fazer pressão junto à competição existente dentro do
aglomerado.
Conforme Souza (1995) as principais contribuições de um APL são:
a) estímulo à livre iniciativa e à capacidade empreendedora;
b) relação capital/trabalho mais harmonioso;
c) geração de novos empregos e absorção de mão-de-obra;
d) efeito amortecedor das conseqüências do desemprego;
e) potencial de assimilação, adaptação, introdução, e algumas vezes, geração de
novas tecnologias de produtos e processos.
Outro aspecto fundamental dos APL’s é enfatizado por Casarotto Filho e Pires
(2001), afirmando que estas estruturas são consideradas um novo mecanismo para o
desenvolvimento local e regional, proporcionando vantagem competitiva para as empresas
que nele estão inseridas.
Pelo valor que agregam às empresas e aos seus integrantes, os APL’s merecem
prioridade na agenda dos protagonistas do desenvolvimento territorial integrado e sustentável
e das instituições que participam das estratégias locais (SACHS, 2003).
62
2.1.3 Fomentos e atuação em APL - Análise da proposta do BNDES
Um arranjo produtivo necessita de incentivos e financiamentos para sustentar seu
desenvolvimento. Em países onde APL’s foram e ainda são foco substancial de
desenvolvimento, a atuação governamental tem grande participação tanto no incentivo às
práticas de cooperação e confiança essenciais ao bom desenvolvimento, quanto na criação de
condições e políticas públicas que incentivem o desenvolvimento de um APL. Em seminário
sobre implementação e fomento a APL’s no Brasil, nos dias 26 e 27 de Outubro de 2004, o
BNDES (2008) promoveu um foro de discussões sobre possíveis políticas públicas e privadas.
Um dos itens discutidos foi quanto a condições prioritárias para formação dos APL’s.
Conforme Santos, Diniz e Barbosa (2004, p. 38), uma premissa básica apresentada é que:
A confiança e a cooperação podem ser construídas em uma velocidade muito maior
do que normalmente se imagina, principalmente nos APL’s. Tal afirmação baseia-se
na proposição de Locke (2003) que considera que a confiança pode ser construída
em um processo seqüencial a partir da necessidade e do auto-interesse dos
envolvidos. Nesse processo, o governo pode tomar a dianteira participando da
criação das instituições referenciais da confiança e desincentivar posições
oportunistas, se, respectivamente, oferecer benefícios adicionais para a ação
cooperada e se impuser condições universalistas e participativas para acesso a estes
benefícios.
Uma das bases de discussão remete à condição de que, no Brasil, nem todas as
aglomerações existentes podem ser consideradas potenciais APL’s. A condição para atingir
esta definição é a existência de vantagens competitivas locais de abrangência setorial, o que
limita em parte a classificação dos potenciais APL’s.
Algumas iniciativas estão sendo implantadas pelo BNDES para construir
instrumentos de apoio aos APL’s no Brasil. É importante considerar a participação de
pequenas e médias empresas no arranjo, uma vez que estas têm grande potencial de
beneficiamento. O BNDES (2008) desenvolveu uma estratégia de atuação em frentes como
sistema de informações, com banco de dados para comparação de APL’s de um mesmo setor
de atividades em locais diferentes; estrutura geograficamente referenciada por cinco
dimensões, como demográficas, empreendedoras, institucional, ambiental e interativa; além
de um mapeamento para identificação de aglomerados que tenham características potenciais
para tornarem-se APL’s.
Dentre os critérios estabelecidos para caracterização de APL’s as aglomerações
produtivas devem ser detentoras dos seguintes atributos:
a) Elevado grau de especialização setorial;
63
b) Elevada participação conjunta na produção nacional do setor em que se
encontram especializadas;
c) Potencial de cooperação interinstitucional entre agentes produtivos sociais;
d) Cooperação interinstitucional sujeita a algum mecanismo de coordenação e /ou
governança institucionalizado.
É importante salientar que o BNDES (2008) também atribuiu alguns indicadores para
identificação de um APL entre as aglomerações setoriais:
a) Existência na região de escolas profissionalizantes, centros técnicos e /ou
instituições afins, com ocorrência de treinamento conjunto (mais de uma firma);
b) Existência de associação de empresários, sindicato ou outra forma de
representação que associe as empresas locais e que atue como animador do APL;
c) Presença de fornecedores especializados de insumos e serviços;
d) Presença de fornecedores de máquinas e equipamentos;
e) Compartilhamento de equipamentos entre as firmas;
f) Ocorrência de alianças ao longo da cadeia de valor.
g) Para o caso de APL’s mais dinâmicos, adicionam-se os seguintes indicadores:
h) Ocorrência de transbordamentos tecnológicos, dada maior facilidade e rapidez da
difusão de informações;
i) Desenvolvimento conjunto de componentes e insumos por produtores e usuários.
O BNDES (2008) ainda ressalta a importância da participação dos atores localmente,
com indicadores de qualidade das relações estabelecidas, a atuação do poder público local,
bem como das associações e redes locais.
A definição, e caracterização de um APL, na visão do BNDES (2008) é:
Para a caracterização de um APL é necessário encontrar uma concentração espacial
de micro, pequenas ou médias empresas ligadas a um determinado setor, que
realizam parte da cadeia de um produto ou serviço exportável (para outras regiões).
Outra característica de um APL é a ocorrência de cooperação multilateral, visando
ganhos de escala ou escopo na produção, vendas ou desenvolvimento, onde as
empresas se beneficiam de externalidades positivas advindas da proximidade entre
elas e com as instituições locais.
64
A adoção de atividades conjuntas como prática permite que o APL tenha maiores
ganhos de escala e vantagens de uma grande empresa, sem, contudo, ter os problemas da
verticalização. Aqui fica bem caracterizada a necessidade de uma boa governança entre os
atores, uma vez que quanto maior for a capacidade conjunta de desenvolvimento de produtos
e processos, maior a capacidade do APL em produzir novos produtos e ser mais competitivo.
Ainda segundo o estudo do BNDES (2008), dois indicadores permitem avaliar o
avanço do APL em termos de coordenação e competitividade, ou seja, a eficácia de sua
governança. Os indicadores são de escala de desenvolvimento e comercialização conjunta de
produtos (nos quais inclui: grau de divisão de trabalho e compartilhamento de equipamentos,
desenvolvimento de instituições coletivas e presença de grandes empresas como concorrentes
das pequenas na mesma fase da cadeia produtiva); e de proximidade cognitiva do
desenvolvimento de produtos com o de processos e insumos (o qual inclui presença dos
fornecedores de máquinas e insumos customizados, desenvolvimento de instituições coletivas,
e o tamanho do APL em relação aos seus congêneres mundiais).
Em termos de ação de fomento, inicialmente o BNDES (2008) considera um
primeiro estágio de crescimento espontâneo, para mais tarde, adotar políticas de apoio.
Recentemente, em novembro de 2007, foi realizada a Conferência Brasileira de
Arranjos Produtivos Locais, em Brasília/DF. Na oportunidade, estiveram presentes
aproximadamente 750 participantes entre empresários, líderes setoriais, acadêmicos, gestores
de APL’s, representantes dos Núcleos Estaduais e de instituições governamentais.
A Conferência contemplou a realização de dois painéis com o tema “APLs como
Estratégia de Desenvolvimento” e 8 mesas redonda setoriais: turismo; base agrícola; móveis;
calçados; tecnologia da informação; biotecnologia; base mineral; e base animal.
Os temas abordados foram: acesso ao mercado interno e externo; formação e
capacitação; tecnologia e inovação; crédito e financiamento; governança e cooperação.
Os debates estiveram concentrados nos desafios das políticas públicas para o
desenvolvimento dos APL’s, com ênfase no planejamento integrado e sustentável da
localidade e do setor produtivo, associando-o à valorização das identidades histórico-
culturais, à preservação do meio ambiente e ao incremento do capital social.
O evento contou, também, com apresentações das instituições do Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), sobre as ações de apoio
65
desenvolvidas, além de mostra de pôsteres dos APLs prioritários, indicados pelos núcleos
estaduais.
Segue abaixo os APL’s de Santa Catarina:
APL Têxtil e Confecções - Blumenau
APL de Metalmecânico - Joinville
APL de Móveis - São Bento do Sul
APL de Calçados - São João Batista
APL de Madeira e Móveis - Chapecó
APL de Leite no Oeste - Chapecó
APL de Frutas e Vinhos de Altitude - Florianópolis
APL de Tecnologia da Informação e Comunicação - Florianópolis
APL de Cerâmica Vermelha - Tubarão
APL de Malacocultura - Florianópolis
Para o período 2008-2010, cada núcleo estadual apresentou uma lista com a
indicação de até 5 (cinco) outros APL’s a serem priorizados, além daqueles definidos em
2005, refletindo as especificidades produtivas das regiões e a diversidade setorial.
Aproximadamente 1.000 municípios foram abrangidos pelos APL’s selecionados.
Envolvendo outros de base agrícola, animal, mineral, turismo, industriais, de indústrias
tradicionais, intensivas em mão-de-obra ou capital, além de setores inovadores. Priorizou os
seguintes setores para o estado de Santa Catarina (Anexo 3): leite do oeste; frutas e vinhos de
altitude; tecnologia da informação e comunicação; cerâmica vermelha; e malacocultura.
Durante o ano de 2004, o SEBRAE publicou uma metodologia de desenvolvimento
de arranjos produtivos locais, em parceria com o PROMOS (Câmara de Comércio de Milão) e
o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que tem sido adotada para o
desenvolvimento de arranjos produtivos no Brasil.
2.1.4 Análise da Metodologia de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais -
SEBRAE / PROMOS / BID
A metodologia foi desenvolvida em conjunto pelo SEBRAE / PROMOS / BID,
utilizando como base o conceito de distritos industriais, e a experiência italiana, com foco
direcionado às pequenas e médias empresas. A metodologia foi concebida a partir de três
66
grandes eixos (Figura 10), vistos como linhas simultâneas e convergentes de trabalho, e não
como etapas sucessivas de um programa.
Segundo publicação do SEBRAE (2004b), a dinâmica utilizada foi matricial,
justamente pela necessidade de simultaneidade de atuação. Esse princípio é o ponto de
partida da metodologia matricial. Foi ele o caminho para a definição dos seguintes eixos:
Eixo 1: dinâmica de distrito.
Eixo 2: desenvolvimento empresarial e organização da produção.
Eixo 3: informação e acesso a mercados.
Figura 10 - Matriz metodológica de desenvolvimento de APL’s - SEBRAE/Promos/BID
Fonte: SEBRAE (2004b, p. 75)
67
A intensidade de trabalho em cada eixo deve variar de acordo com o planejamento,
os diagnósticos elaborados pelos executores do programa, e pela demanda dos agentes
locais.
No eixo dinâmica de distrito trabalha-se os fundamentos de natureza interativa do
desenvolvimento do setor atingindo, de forma ampla, o contexto social e institucional do
território. As empresas que atuam sob a inspiração de fundamentos técnicos, em áreas como:
formação de mão-de-obra, regulação da base legal das empresas, organização da sociedade
civil, e poder público devem envolver-se de alguma maneira.
O trabalho nesse eixo visa gerar iniciativas de aperfeiçoamento dessa interação social
nos diversos vetores conectados com o setor empresarial em questão. Aborda-se então o tema
da boa governança.
O trabalho em dinâmica de distrito garante conteúdo institucional ao programa, com
a criação de um fórum distrital de gestão do arranjo, composto por representantes do setor
produtivo, público, entidades de classe, ONGs e demais instituições representativas da região.
Esse fórum permite construir, paulatinamente, uma consciência coletiva com o objetivo de
estabelecer o reconhecimento e a visualização do território do APL, definindo a atuação e a
importância dos seus diversos atores, fomentando sua organização e definindo os critérios e as
rotinas de participação coletiva. O planejamento participativo é o principal instrumento social
para seu desenvolvimento, incluindo no processo todos os atores capazes de assegurar uma
representatividade ampla.
O eixo, desenvolvimento empresarial e organização da produção abrange os temas
mais conhecidos e desenvolvidos teoricamente: os assuntos relativos à produção e à
produtividade, em termos quantitativos e qualitativos. Trabalha-se o que constitui o
fundamento da produtividade física da empresa. Entram em cena as questões da eficiência
tecnológica, qualidade, design e da logística, requisitos essenciais à geração de uma relação
qualidade/preço que viabilize o crescimento de mercado. Trabalhar esse eixo é trabalhar o
gerenciamento das empresas de forma ampla. Custos, recursos humanos, produção, fluxo de
caixa, tecnologia e finanças estão entre os problemas em questão.
O eixo informação e acesso a mercados inclui o que está relacionado à venda. Aqui,
aloja-se o problema da agregação de valor ao faturamento das empresas, de forma individual e
coletiva. O que impõe a necessidade de conhecer: (1) o mercado, seu modus operandi, os
interesses dominantes, secundários e emergentes; (2) as avaliações sobre a qualidade do
produto vendido e do pós-venda das empresas do APL; e (3) os concorrentes, seus interesses e
68
sua capacidade em termos de produtos, preços e serviços. Trata-se, portanto, de construir uma
visão do posicionamento competitivo do arranjo. Trabalhar esse eixo significa aperfeiçoar, de
forma permanente, o conhecimento de tudo aquilo que está fora do arranjo e que resume seu
objetivo final: vender a produção.
Em Santa Catarina, o SEBRAE tem desenvolvido um trabalho forte de apoio à
formação e desenvolvimento de APL’s.
O primeiro passo para a formação de um Arranjo Produtivo Local é a avaliação de
alguns critérios:
1. Apresentação de no mínimo vinte estabelecimentos vinculados a uma mesma
cadeia produtiva;
2. Ocupação de no mínimo cem pessoas nesses estabelecimentos;
3. Que o produto final produzido pelo APL apresente características mínimas de
homogeneidade;
4. Que o APL possa contribuir efetivamente para o aumento das exportações ou
produção que possa substituir as importações e, ainda, ter potencialidade de
mercado e capacidade de geração de trabalho e renda.
Para formar o APL são necessárias algumas ações iniciais para que haja o
entrosamento e a aproximação do grupo de empresas. As ações desse segundo passo podem
ser agrupadas em três grandes dimensões:
A - Governança;
B - Identidade territorial;
C - Interação e cooperação.
Em Santa Catarina, atualmente estão em andamento diversos programas de
desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais, são eles:
APL da Agricultura sustentável nos Municípios de Lindeiros até a Barragem de
Campos Novos;
APL da Apicultura da Região de Curitibanos;
APL da Apicultura da Região de Videira;
APL da Apicultura da Região do Extremo Oeste;
69
APL da Bananicultura da Região de Luiz Alves;
APL da Bananicultura na Região Norte de SC;
APL da Cachaça;
APL de Calçados de São João Batista;
APL de Cerâmica Vermelha;
APL das Empresas de Base Tecnológica do Oeste Catarinense;
APL das Indústrias de Confecção do Oeste;
APL das Indústrias de Confecção do Sul de SC;
APL das Indústrias de Confecção e Têxtil do Vale do Itajaí;
APL das Indústrias de Confecção do Vale do Itapocu;
APL das Indústrias de Madeira e Móveis do Alto Vale do Rio Negro;
APL das Indústrias de Móveis do Oeste;
APL de Leite e Derivados do Oeste Catarinense;
APL da Indústria de Metalmecânica de Joinville;
APL da Indústria de Metalmecânica do Oeste;
APL da Indústria de Plástico de Joinville;
APL Rota da Amizade ;
APL Rota dos Tropeiros;
APL do Setor de Automecânicos e Metalmecânicos do Extremo Oeste;
APL de Turismo Costa Esmeralda;
APL de Turismo da Grande Florianópolis;
APL de Turismo da Serra Catarinense.
70
3 MÉTODO DE PESQUISA
Para a consecução dos objetivos deste trabalho, optou-se pelo estudo descritivo, que
relata a característica de um fenômeno (RICHARDSON, 1999). Os planos de pesquisa
descritiva são normalmente criados para medir as características identificadas em uma questão
de pesquisa (HAIR et al., 2005). Neste trabalho, as características a serem descritas abordarão
as relações entre organizações ligadas ao setor de saúde do Município de Blumenau.
Caracterizada por uma análise quantitativa dos dados que, de acordo com Richardson
(1999), envolve o uso da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados por
meio de estatísticas. Representa, inicialmente, a intenção de garantir a precisão dos resultados
e evitar distorções de interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de
segurança quanto às interferências (RICHARDSON, 1999).
No que se refere ao controle das variáveis pelo pesquisador, o estudo caracteriza-se
como ex post facto, pois se deseja relatar o que aconteceu e está ocorrendo na relação entre os
atores, sem manipular ou controlar as variáveis (BLACK, 1999).
3.1 SETOR DE SAÚDE DE BLUMENAU
O município de Blumenau localiza-se na região Sul do Brasil, no Estado de Santa
Catarina, na região metropolitana do Vale do Itajaí, ao longo do Rio Itajaí-Açú, distante 40
km do mar. A atual área do município é de 519,8 km2, sabendo-se que a área original contava
com mais de 10.000 km2. O município é quase todo montanhoso. O limite leste, a parte baixa,
está a poucos metros acima do nível do mar, porém a oeste eleva-se a 800 metros.
O clima é temperado e úmido. A temperatura média anual urbana é de 21º graus Celsius,
chegando a picos de 45 graus no verão (SEPLAN, 2008).
Os principais acessos são: a BR 470 que corta o município no sentido leste/oeste e
liga, para leste, com os municípios de Luís Alves, Navegantes, Itajaí e BR 101 e para oeste
com Pomerode, Indaial, Timbó e demais municípios do Vale do Itajaí e com o planalto; a SC
470 - Rodovia Jorge Lacerda, que liga Blumenau à Gaspar, Ilhota, Itajaí, BR 101; a SC 474 -
Guilherme Jensen, que liga Blumenau à Massaranduba, Guaramirim e Jaraguá do Sul.
71
DADOS GERAIS
População Total: ( IBGE 2007 ) 292.972 habitantes
Projeção IPS/Furb para ano 2010: 331.671 habitantes
Projeção IPS/Furb para ano 2020: 420.176 habitantes
Densidade demográfica: (Censo IBGE 2006) 579,7 Habitantes por k
Habitação (Censo IBGE 2000): 83.089 residências
Esperança de Vida: 74,44 anos
Habitantes acima nível pobreza (2000): 79,7%
Taxa de natalidade (P/1000 hab.): 19,25
Taxa mortalidade infantil (P/1000 Nascidos vivos - 1ano):
10,98
Ligação de rede de água e esgoto- SAMAE (2006) população atendida: 295.306 (98,0%)
IDH (2000) / Posição SC / Posição Brasil 0,855 / 5º / 19º
PIB per capita (2004) R$ / Posição região 13.602,64
Crescimento % PIB per capita 2000/2004 12,6%
Índice de Gini (2000) 0,51
Renda familiar per-capita média (2000) R$ 462,28
Quadro 4 - Dados gerais sobre o Município de Blumenau
Fonte: SIGAD (2004) e SEPLAN (2008)
Blumenau conta com um grande número de empresas do setor de saúde, de várias
atividades específicas como: hospitais, laboratórios de análise clínicas e patológicas, clínicas
especializadas (ginecologia, clínica geral, oftalmologia, otorrinolaringologia, acupuntura,
psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e odontologia etc.), clínicas de diagnóstico e imagem,
farmácias, banco de sangue e postos municipais de saúde entre outras.
3.1.1 Histórico do setor de saúde de Blumenau
A história da saúde terciária no município de Blumenau revela ao longo dos anos um
desenvolvimento paralelo a outros que marcaram época na história da colonização do
município.
Em 1850, o filósofo alemão Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, obteve do governo
Provincial uma área de terras de duas léguas, em quadro, para nela estabelecer uma colônia
agrícola, com imigrantes europeus. Toda a região era habitada por silvícolas das tribos
Kaigangs, Xoklengs e Botocudos. Mesmo antes da fundação da Colônia Blumenau, havia
colonos estabelecidos na região de Belchior, à margem do Ribeirão Garcia e margem
esquerda do Rio Itajaí-Açú.
Em 02 de setembro daquele ano, chegaram ao local onde hoje se ergue a cidade de
Blumenau, os primeiros colonos, em número de 17. Aquela data foi depois consagrada como
a fundação do município. Várias levas de imigrantes seguiram-se aos primeiros. Blumenau
72
desmembrou-se do município de Itajaí, tornou-se Distrito de Paz em 1858; foi elevado à
categoria de Vila (município) em 04 de fevereiro de 1880 e à cidade em 28 de julho de 1894.
No contexto histórico a ser apresentado, observa-se que desde o início da
colonização houve uma preocupação com o desenvolvimento da região, tanto na saúde dos
que aqui estavam à medida que a população ia crescendo, bem como na exploração de
pequenas propriedades de produção agrícola.
O crescimento da saúde no Médio Vale ocorreu em duas etapas: antes de 1919, com
o desbravamento e construção da colônia, apresentando em comum os surtos de doenças
decorrentes do processo de exploração da região, e depois de 1919, no que diz respeito à
saúde com mais tecnologia e a admissão de leigos (imigrantes da colônia) para trabalhar nos
hospitais junto aos enfermos (GALVÃO, 2003).
A primeira fase foi marcada pelo desmatamento, agricultura de subsistência e a
preservação da saúde dos imigrantes como fator fundamental para o desenvolvimento da
Colônia. Os fatos marcantes do período foram: a chegada do primeiro médico em 1858, Dr.
Bernhard Von Knoblauch, formado em Jena (Alemanha); a fundação da Kranken
Unterstuetzungsverein ou Kranken-Unterstutzungs Verrein (Sociedade de Assistência Mútua
em Enfermidades), instituída no dia 22 de agosto de 1860, por um grupo de imigrantes
(ADRIANO, 2002). Nessa época, a colonização da região era, em grande parte, constituída
por imigrantes alemães e italianos provenientes de regiões industrializadas da Europa. Os
associados pagavam uma mensalidade de 500Rs [Réis] tendo direito a tratamento médico e a
remédios com abatimento. A construção de dois hospitais também se deu nesta fase: o
primeiro, em 1874, era um barracão localizado no bairro Vorstadt, que desabou após um
temporal. O novo hospital, construído em 1876, com parte frontal em alvenaria, coberto
com telhas, contando com um pequeno necrotério, além de quartos individuais e enfermarias
foi denominado Hospital de Caridade, hoje, Hospital Santo Antônio. Um segundo
empreendimento também foi realizado em 1874. Uma casa para abrigar doentes mentais, que
por falta de vagas não podiam ser internados no manicômio de Florianópolis foi construída
pelo Dr. Blumenau. Posteriormente, essa casa foi reformada e serviu de asilo para idosos
(KORMANN, 1994, apud GALVÃO, 2003).
O segundo hospital deu-se com a vinda das irmãs da Divina Providência em 1895,
Ana, Rufina e Paula que, paralelamente às atividades educacionais, se dedicaram à
enfermagem ambulante. As atividades do hospital tiveram início na modesta casa daquelas
freiras, num quarto para dois leitos. Em 1909, foi inaugurado um pequeno prédio contíguo ao
73
convento com capacidade para 15 a 20 leitos, tendo como médico diretor o Dr. Sappelt. No
mesmo ano houve um surto de varíola em Itajaí, cabendo ao médico tomar as necessárias
providências em Blumenau, procurando uma casa apropriada para servir de hospital.
Nessa retrospectiva, salienta-se a importância da sociedade civil e das relações
sociais para o desenvolvimento regional. “Uma das chaves do desenvolvimento local reside
na capacidade de cooperação entre seus atores. Também é conveniente particularizar a análise
das formas de cooperação institucional ou voluntária que se produzem entre eles contanto que
o objetivo seja o desenvolvimento local” (GODARD et al, 1987, apud GALVÃO, 2003).
Na Segunda fase, ou seja, após 1919, a saúde foi palco de melhorias, graças à
iniciativa dos colonizadores e principalmente dos imigrantes que aqui chegavam. A
tecnologia médica proveniente da Alemanha foi trazida para Blumenau pela Irmã Aluysianis -
diplomada em enfermagem, e que trabalhara em Berlin. Ela instalou no Hospital Santa Isabel
o primeiro aparelho de Raio-X do Estado, considerado o mais moderno da época e que ela
mesma operava, pois havia feito um curso de especialização na Alemanha. O hospital contava
também com moderníssimos aparelhos de diatermia, ultravioletas e outros.
O crescimento populacional, o conhecimento cnico e comercial dos imigrantes,
possibilitou a rápida utilização de equipamentos e de novas máquinas industriais para a
exploração local. Permitiu a constituição de uma comunidade mais dinâmica e homogênea e
apresentou crescente melhoramento na infra-estrutura e comunidades de apoio.
3.1.2 Indicadores do setor de saúde de Blumenau
Em 2003 a taxa de mortalidade do município era de 3,72 pessoas por 1000
habitantes, a mortalidade infantil atingia 10,98 pessoas por 1000. O número de nascidos vivos
por residência vem caindo nos últimos anos. De 4.710 nascimentos em 1994, caiu para 3.871
sobreviventes em 2004 (SIGAD, 2004).
A principal causa de morte no município são as doenças do aparelho circulatório,
34,10% das 1.472 mortes registradas em 2004, (eram 26,9% em 1996). A ocorrência de morte
por esta doença cresceu 49,4% no período. A neoplasia (tumores), segunda causa de morte,
responde por 20,24% dos óbitos em 2004, (eram 17,37% em 1996), a ocorrência da
enfermidade cresceu 37,3% no período. Em terceiro são as causas externas. Este número caiu
2,4% (de 13,37% em 1996, para 9,36% em 2004). Em quarto lugar aparecem as doenças do
74
aparelho respiratório. A enfermidade cresceu 3,0% no período, (representava 10,57% dos
casos em 1996). Os acidentes de transporte são a principal fonte de mortes por causas
externas (93 mortes em 1996; 59 ocorrências em 2001 e novo aumento do número chegando a
84 mortes em 2004).
As lesões provocadas voluntariamente (suicídios) de 15 em 1996 passaram para 23
em 2004, atingindo o maior pico em 1997, com 28 mortes.
Para apresentar os coeficientes de mortalidade (por 100.000 habitantes) para algumas
causas selecionadas, usou-se a média dos anos de 1997 a 2003, os resultados foram os
seguintes:
Aids - 11,00 mortes por 100.000 habitantes;
Neoplasia maligna da mama - 14,2 mortes por 100.000 mulheres;
Neoplasia maligna do colo do útero - 6,1 mortes por 100.000 mulheres;
Infarto agudo do miocárdio - 38,2 mortes por 100.000 habitantes;
Doenças cérebro-vasculares - 52,7 mortes por 100.000 habitantes;
Diabetes Melitus -15,0 mortes por 100.000 habitantes;
Acidentes de transporte - 28,3 mortes por 100.000 habitantes;
Agressões - 5,6 mortes por 100.000 habitantes;
Suicídios - 8,1 mortes por 100.000 habitantes;
Mortalidade total - 488 mortes por 100.000 habitantes
A cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) atingiu em 2005 48,2% da
população do município, ou seja, 141.324 pessoas. Em 1999 a cobertura era de 28,3%.
As principais causas de internação hospitalar para o ano de 2005 foram pela ordem:
gravidez, parto e puerpério (18,9%); doenças do aparelho circulatório (14,3%); doenças do
aparelho respiratório (12,4%); e doenças do aparelho digestivo (11,9%).
Em 2005 foram registradas 18.904 internações a um custo total de R$ 19.454.223,00,
média de R$ 1.029,11 por internação (R$ 220,00 por dia), com um tempo de permanência de
4,7 dias e uma taxa de mortalidade de 4,7% (47,3 mortes por 1000 internações). As
internações por especialidade mostram que a clínica cirúrgica representava 43,2% das
internações, um valor médio de R$ 1.635,02, com uma média de permanência de 4 dias e uma
75
taxa de mortalidade de 4,5%. As internações por clínica médica representavam 30,6% dos
casos, um valor médio de R$ 583,05, um tempo de permanência de 5,8 dias e um índice de
mortalidade de 8,6%. A obstetrícia representava 17,6% das internações, um valor médio de
R$ 446,87, permanência média de 2,9 dias e mortalidade 0%.
No ano de 2005 foram gastos R$ 17.963.149,38 em atendimentos ambulatoriais.
Foram realizados 3.252.639 procedimentos, resultando em um valor médio de R$ 5,52 por
procedimento.
Na atenção básica foram realizados 1.670.567 procedimentos, (51,36% do total);
especializados 1.421.820 procedimentos, (43,71% do total); e assistenciais de alta
complexidade 160.252 procedimentos, (4,93% do total).
Os procedimentos especializados tiveram um custo médio de R$ 6,52 por
procedimento, os assistenciais de alta complexidade R$ 54,21. Os de maior custo foram:
hemodinâmica R$ 504,43; quimioterapia (custo mensal) R$ 393,31; ressonância magnética
R$ 268,75 e; medicina nuclear (in vivo) R$ 205,64. A média de procedimentos básicos por
habitante foi de 6,1 em 2004 e de 5,7 em 2005. O valor dos procedimentos especializados por
habitante foi de R$ 30,10 em 2004 e de R$ 31,66 em 2005. Os de alta complexidade foram de
R$ 28,28 em 2004 e R$ 29,65 em 2005.
Em 2005 as despesas totais com saúde por habitante foram de R$ 247,96. (Com
recursos próprios R$ 107,19 e transferências do SUS R$ 140,27). As despesas com pessoal
representaram 32,25% do total e o investimento apenas 2,4%. A despesa total com saúde
aumentou de R$ 33.972.387,33 em 2000 para R$ 69.255.923,45 em 2004, um crescimento
nominal de 103,86%. As transferências do SUS aumentaram (em valores nominais/correntes)
84%, de R$ 21.496.644,07 em 2000 passaram para R$ 39.555.739,01 em 2004. (Tabela
4.1.18). Pelo conceito de período de competência os recursos federais do SUS de 1997 a 2005
cresceram, em valores nominais, 144,96%, em valores reais 34,89% (deflator: IVGP/FURB),
de R$ 16.358.295,00 subiram para R$ 40.072.355,00. Em valores per-capita os recursos do
SUS passaram de R$ 88,94 em 2002 para 142,10 em 2005, um aumento real de 16,93%.
3.1.3 Infra-estrutura do setor de saúde de Blumenau
Avaliando os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde percebe-se que em
dezembro de 2007 havia em Blumenau quatro hospitais. Pelos dados do cadastro nacional de
76
estabelecimentos de saúde, atualizados para 2007, constavam 691 leitos, dos quais 370 SUS e
321 não SUS (CNES, 2008).
Por dificuldade de se obter dados dos profissionais de saúde por município
apresenta-se as informações para o Estado de Santa Catarina no ano de 2003. No Estado havia
7.001 profissionais médicos, 1,23 por mil habitantes (era de 0,78 por mil em 1990); 5.336
odontólogos, 0,94 por mil; 760 nutricionistas, 3,014 por mil; 2.449 veterinários, 0,45 por mil;
3.441 farmacêuticos, 0,63 por mil; 3.234 enfermeiras, 0,57 por mil; 5.251 técnicos de
enfermagem, 0,92 por mil e; 13.136 auxiliares de enfermagem, 2,31 por mil (SIGAD, 2004).
Os dados do Ministério da Saúde também apontavam para dezembro de 2007, 575
unidades de saúde, conforme Tabela 1.
Tabela 1 - CNES - Relatório por Unidade - Blumenau - Santa Catarina
UNIDADE
Centro de atencão psicossocial
Unidade móvel de nível pré-hosp. - urgência/emergência
Policlínica
Unidade de apoio diagnose e terapia (sadt isolado)
Consultório isolado
Central de regulação de serviços de saúde
Pronto socorro especializado
Clínica especializada/ambulatório de especialidade
Hospital/dia - isolado
Hospital geral
Unidade de vigilância em saúde
Hospital especializado
Centro de saúde/unidade básica
3
2
4
43
362
1
1
86
3
4
1
1
64
TOTAL 575
Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
População entende-se como um conjunto de elementos que possui as características
desejáveis para o estudo (SILVEIRA et al, 2004). A população a ser pesquisada será das
empresas privadas de apoio ao setor de saúde de Blumenau. O trabalho tem como foco o
Município de Blumenau, em razão de concentrar um aglomerado de empresas do setor de
saúde. As empresas participantes deste trabalho foram identificadas a partir de uma pesquisa
primária junto ao Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES, do
77
Ministério da Saúde, e cadastro das Secretárias Estadual e Municipal de Saúde. Foi usada
também a relação de empresas credenciadas à UNIMED - Blumenau, pois continha dados
completos como o nome do responsável, por exemplo, para encaminhamento do questionário.
Numa pesquisa preliminar, os dados do Ministério da Saúde davam conta que em
dezembro de 2007 havia em Blumenau 139 empresas privadas ou congêneres no setor de
saúde, sendo que destes, 125 eram de apoio. Definindo este número como a população a ser
estudada, define-se a amostra. Segundo Silveira et al (2004), amostra é uma parte escolhida,
segundo critérios de representatividade na população. Foi definida a amostra em 75
empresas. A amostragem foi selecionada por intencionalidade e representa 60% da população
em estudo, demonstrando um nível de 95% de confiança e um erro de amostra de 7%.
Tabela 2 - CNES - Estabelecimentos por Tipo - Santa Catarina
Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Para analisar as características do aglomerado de empresas de apoio do setor de
saúde de Blumenau e as perspectivas de evolução para uma condição de um arranjo produtivo
local, é necessário realizar os seguintes procedimentos:
TIPO DE ESTABELECIMENTO BLUMENAU
TOTAL 139
Centro de saúde/unidade básica de saúde 2
Clinica especializada/ambulatório especializado 83
Hospital especializado 1
Hospital geral 4
Hospital dia 3
Policlínica 2
Pronto socorro especializado 1
Unidade de serviço de apoio de diagnose e terapia 42
Unidade móvel de nível pré-hosp.-urgência/emergência 1
Quantidade por Microrregião segundo Tipo de Estabelecimento
Município: Blumenau
Natureza: Empresa Privada, Fundação Privada, Cooperativa, Serviço Social Autônomo, Entidade Beneficente
sem fins lucrativos, Economia Mista, Sindicato.
Período: Dez/2007
78
I. Calcular o grau de concentração do aglomerado de saúde de Blumenau, considerando
o setor de serviços catarinense e brasileiro; e compará-lo ao grau de concentração de
Joinville e Florianópolis;
II. Adequar o questionário para a realidade do setor em estudo.
Quadro 5 - Construto da pesquisa
Fonte: o autor
3.3.1 Cálculo do grau de aglomeração - Quociente Locacional (QL)
Não existe uma metodologia única ou um padrão para identificação de um
aglomerado (LEVEEN, 1998; PORTER, 1999; AMATO NETO, 2000; SHAVER e FLYER,
2000; DEBIASI, 2001; BRITTO e ALBUQUERQUE, 2002). A dificuldade existe porque a
literatura sobre o assunto não tem um conceito definido do que seja aglomerado. Desde Alfred
Marshall, em 1890, até os autores contemporâneos, têm-se várias definições sobre
aglomerado. Segundo Amato Neto (2000), acredita-se que isso se deva à complexidade do
assunto e dos muitos arranjos organizacionais que eles assumem.
OBJETIVO INSTRUMENTO DE TRATAMENTO OBSERVAÇÕES
- Avaliar a situação dos
indicadores de
concentração das
empresas do setor de
saúde e comparar com
outras cidades do Estado.
- Cálculo do grau relativo de concentração sobre a
atividade industrial em estudo - Quociente Locacional
(QL) = (Setor Saúde da Cidade/Total Serviços da
Cidade) / (Setor Saúde em SC/Total Serviços em SC).
- Dados
quantitativos:
FONTE: RAIS
2006, Ministério
do Trabalho e
Emprego.
- Avaliar a importância e a
atratividade do
aglomerado como fator
de localização de
empresas de apoio e
suporte, segundo a
perspectiva dos
dirigentes destas
empresas.
- Percepção dos dirigentes sobre a importância do setor
para a economia da região (Apêndice A);
- Grau das inter-relações no aglomerado: entre
empresas; das empresas com fornecedores e com
empresas de suporte e apoio (Apêndice A).
- Questionário,
com questões
objetivas.
- Classificar a situação do
aglomerado de empresas
do setor de saúde de
Blumenau conforme
parâmetros de
enquadramento em
APLs.
- Utilização de quadro desenvolvido pelo BNDES e
modelo sistematizado desenvolvido pelo projeto
Promos / SEBRAE / BID como fonte comparativa,
com o objetivo de verificar o que o setor de saúde de
Blumenau desenvolveu até aqui em termos de
vantagem competitiva, e o que falta para atingi-la.
- Os dados foram
confrontados com
os requisitos
tanto do BNDES,
como do projeto
Promos /
SEBRAE / BID.
79
Por outro lado, segundo LeVeen (1998), a maioria dos estudos sobre aglomerado se
preocupa muito com a definição do que é aglomerado, mas negligenciam abordar, em
profundidade, a discussão sobre as diferentes estruturas, metodologia de identificação,
relacionamentos entre empresas e outros aspectos.
Existem na literatura vários métodos de identificação de aglomerados. Nesta
pesquisa, serão utilizados três métodos: quociente locacional, questionário e matriz
comparativa.
Segundo LeVeen (1998), o método quantitativo, principalmente o quociente locacional
(location quocient), é uma boa ferramenta para identificar possíveis aglomerações de empresas.
Esse tipo de análise disponibiliza uma forma inicial de identificar agrupamentos potenciais e
indica a presença relativa de empresas diferentes na região estudada. Porém, a mesma autora
recomenda a sua aplicação associada a métodos qualitativos, para maior segurança dos resultados.
Tal recomendação se deve ao fato de que a análise quantitativa o leva em conta alguns fatores,
como a relação entre as empresas e os indivíduos participantes; não identifica os fluxos de
informações e a existência de colaboração entre elas.
Para Bergman e Feser (1999) existem dois tipos sicos de abordagem para análise
de aglomerados de empresas: bottom-up e topdown. Na abordagem bottom-up, o pesquisador
parte de um determinado setor e busca a relação de interdependência entre ele e os demais
setores e organizações existentes. Na abordagem topdown, o pesquisador utiliza técnicas de
redução de dados para identificar os aglomerados. Essa abordagem é mais apropriada para
regiões em que existe uma grande diversidade de setores, sendo difícil o estudo dos setores
individualmente.
Em função destas dificuldades, adotar-se-á o roteiro para identificação e análise de
aglomerado de empresas sugerido por Bergman e Feser (1999). Segundo os autores, são cinco
os passos necessários: Definir o setor; determinar qual a abordagem mais apropriada, topdown
ou bottom-up; identificar os métodos de análises; coletar dados; analisar e interpretar os
dados.
O setor em estudo é o da saúde. De um modo geral, ele é composto de empresas
como: hospitais, clínicas médicas, de diagnóstico, odontológicas, de psicologia, fisioterapia,
fonoaudiologia, farmácias, laboratórios de análises clínicas e de patologia clínica, indústrias
farmacêuticas, indústrias de equipamentos hospitalares e de uso médico, indústrias de
equipamentos odontológicos e operadoras de planos de saúde, entre outras.
80
Na cidade de Blumenau - SC, o setor de saúde tem participação significativa na
economia local, representando 10,29% do PIB do município
(SEDEC, 2006). Este estudo está
concentrado nas empresas de apoio do setor de saúde de Blumenau - SC.
Segundo Bergman e Feser (1999), a abordagem mais recomendada neste tipo de
pesquisa é a bottom-up, pois busca relações com outros setores e com as demais organizações
e instituições da economia regional. Portanto, esta foi a abordagem adotada neste estudo.
Parte-se do setor de saúde para entender a relação de interdependência entre este e os demais
setores e organizações existentes no aglomerado de saúde de Blumenau - SC.
Segundo Bergman e Feser (1999); Debiasi (2001); e Puga (2003), apesar das suas
limitações como identificar uma concentração de empresas do mesmo setor e não identificar
os relacionamentos entre elas, o método do quociente locacional - QL - também é muito
utilizado para identificação dos aglomerados. O QL é um índice que compara a participação
percentual de uma região em um setor particular, com a participação percentual da mesma
região, no total da variável-base da economia nacional (HADDAD, 1989). Quociente
Locacional do setor i na região j é dada pela seguinte fórmula:
Segundo os mesmos autores, em países com grandes áreas geográficas, em lugar dos
dados do território nacional, pode ser utilizada outra área como referencial. Da mesma forma,
por outras medidas de atividades econômicas, como substituídos por número de
estabelecimentos ou qualquer outra medida. Para o SEBRAE (2002) e para Britto e
Albuquerque (2002), a medida utilizada no QL é a participação relativa da atividade
econômica em número de estabelecimentos. A fórmula utilizada pelo SEBRAE (2002) é:
81
Participação relativa da atividade “X” (em número de estabelecimentos)
Para o total de estabelecimentos industriais no município
QL= -----------------------------------------------------------------------------------------------
Participação relativa da atividade “X” (em número de estabelecimentos)
Para o total de estabelecimentos industriais no Brasil
De acordo com o SEBRAE (2002), um QL > 1 significa uma grande participação do
setor em estudo no município, em relação ao mesmo setor no País. Este resultado significaria
certo grau de especialização do município analisado. Quanto maior o QL, maior o grau de
especialização do município.
Para efeito desta pesquisa, utilizar-se-á a fórmula do SEBRAE (2002), alterando a
relação do município com o Brasil, para a relação do município com o estado de Santa
Catarina.
3.3.2 Questionário
O instrumento de coleta de dados é apresentado no Apêndice A e está dividido em
três partes: 1) Perfil da empresa; 2) Atributos e contextos; e 3) Sobre o futuro da empresa.
A primeira parte tem como objetivo caracterizar as empresas do setor identificando
aspectos como: localização, tempo de existência, tipo de sociedade e de gestão, tamanho da
empresa através do número de funcionários, entre outros.
Será usada uma escala contínua de cinco pontos. Utiliza a escala de 1 (um) a 5
(cinco) para indicar o grau de concordância para cada afirmativa. A escala contínua de
concordância varia de 1 (um) para o menor grau (discordo plenamente) e 5 (cinco) para o
maior grau (concordo plenamente). Esta escala foi articulada por Hoffmann (2002) ao tratar
de aglomerações territoriais e constituiu-se das variáveis do estudo e das técnicas de pesquisa.
As questões foram organizadas de modo a atingir o objetivo específico de avaliar a
importância e atratividade do aglomerado como fator de localização de empresas de apoio e
suporte, segundo a perspectiva dos dirigentes das empresas, com a intenção de: verificar as
relações com os fornecedores (disponibilidade de produtos e serviços locais); identificar as
instituições de apoio e sua relevância; verificar o relacionamento entre empresas concorrentes
e avaliar a imagem do setor.
82
SUBSEÇÕES QUESTÕES
1. Verificar as relações
com fornecedores e
disponibilidade de
produtos e serviços
locais.
1. Utilizam-se também conhecimentos, tecnologias e serviços desenvolvidos por
concorrentes locais?
2. É fácil o acesso a linhas de financiamento específicas ao setor?
3. As informações institucionais disponíveis sobre produtos e serviços são
consistentes e úteis?
4. É fácil encontrar na região (Vale do Itajaí), todos os produtos e serviços de que se
necessita?
5. A localização da região facilita o acesso privilegiado a recursos - como
conhecimento, tecnologia, mão de obra entre outros?
2. Identificar a
importância das
instituições de suporte
empresarial.
11. Instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da região.
12. As Instituições de Ensino e Formação locais.
13. A Associação Comercial e Industrial (ACI).
14. A Associação de pequenas e micro empresas (AMPE).
15. O SEBRAE.
16. A Associação Médica Brasileira (AMB), Assoc. Catarinense de Medicina e
Associação Médica de Blumenau.
17. O Poder Público Municipal.
18. O Poder Público Estadual.
19. O Poder Público Federal.
3. Verificar o
relacionamento entre
empresas concorrentes.
6. É fácil estabelecer contato social com dirigentes que atuam em empresas
concorrentes da região?
7. Terceiriza-se atividades para empresas parceiras locais, quando possível?
8. Procura-se fazer acordos de cooperação com empresas locais, como instituições,
associações, fornecedores e competidores, sempre que possível?
9. Quando se necessita de pessoal especializado, pessoa que está atuando em empresa
do setor (concorrente ou não) costuma-se consultar a empresa e verificar se está de
acordo?
10. Para obter novidades costuma-se usar canais informais de comunicação como
eventos, palestras, conferências, congressos, encontros festivos, etc?
21. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor sobre materiais,
serviços e tecnologia?
22. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor sobre as
necessidades do mercado e do consumidor?
29. A localização é importante para cooperar e formar parcerias estratégicas?
30. A empresa está aberta para realizar ações conjuntas com outras empresas do setor
de saúde?
31. Para manter uma relação de confiança com as outras empresas do setor, é
necessário existir boas relações pessoais entre os proprietários das empresas?
32. A relação de confiança que se tem com as outras empresas do setor é função das
vantagens econômicas decorrentes das ações conjuntas?
33. A empresa participa de reuniões e encontros periódicos com outras empresas do
setor de saúde?
4. Avaliar a imagem
do setor.
23. Os clientes de outras regiões m uma IMAGEM única sobre a capacidade e
qualidade das empresas do setor de saúde de Blumenau?
24. O setor de saúde de Blumenau é considerado como REFERÊNCIA no Estado?
25. Nos clientes de outras regiões percebe-se um sentimento que se pode chamar de
ESTIMA em relação aos serviços de saúde realizados no município?
26. A reputação positiva de empresas blumenauenses tem um efeito positivo sobre a
imagem da empresa?
27. Existe vantagem para a empresa se manter localizada onde está em função da
infra-estrutura local disponível?
28. Apesar da concorrência, existe vantagem para a empresa se manter localizada
onde está em função da imagem e reputação positiva do setor?
Quadro 6 - Variáveis do estudo proposto pela pesquisa
Fonte: Adaptado de Hoffmann (2002)
83
A pesquisa de campo foi realizada nos meses de janeiro a março de 2008, aplicada
pelo pesquisador e por acadêmicos. A pesquisa foi limitada ao município de Blumenau, e
iniciada do centro para os bairros. Foi intensificada nos centros clínicos próximos aos
hospitais, principalmente ao Hospital Santa Isabel e Santa Catarina.
3.3.3 Parâmetros para enquadramento em APLs
Neste caso, foram utilizadas as respostas do questionário aplicado junto aos
proprietários e dirigentes das empresas pesquisadas. A escolha por estes dados ocorreu pela
necessidade de se comparar ações regionais e inserir estas ações nos modelos adaptados do
BNDES (Anexo 3) e SEBRAE para classificação de arranjos produtivos locais.
84
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Apresentam-se os resultados da coleta de dados obtidos através de pesquisas e da
aplicação de questionários junto aos empresários das empresas de apoio do setor de saúde do
município de Blumenau - SC.
Os resultados são apresentados em três etapas distintas. A primeira retrata o
aglomerado através de indicadores que evidenciam as características e o grau relativo de
concentração de atividades do setor de saúde no município de Blumenau - SC. A segunda
apresenta os resultados obtidos através da aplicação de questionários, onde se buscou a
percepção dos empresários do setor de saúde sobre a importância do aglomerado local através
de:
a) Apresentação do perfil das empresas pesquisadas;
b) Avaliação das relações das empresas com fornecedores e concorrentes, bem
como seu relacionamento com instituições de apoio;
c) Análise da percepção do empresário sobre o futuro de sua organização.
d) E a terceira etapa consiste em situar o aglomerado de empresas do setor de saúde
de Blumenau, conforme parâmetros de enquadramento em APL´s.
4.1 IDENTIFICAÇÃO DO AGLOMERADO DE SAÚDE DE BLUMENAU (SC)
Após identificar a existência de uma concentração de empresas do setor de saúde na
cidade de Blumenau, Santa Catarina, e apresentar a sua estrutura, faz-se necessário uma
avaliação desta concentração para identificar características que possam constatar a existência
de um aglomerado de empresas.
4.1.1 Grau de concentração de empresas no setor
A tabela 3 possibilita um comparativo entre as diversas possibilidades de coeficientes
de localização, considerando bases de comparação em nível estadual e nacional. No cálculo
do grau de concentração de empresas, foram usados, além dos dados da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) de número de estabelecimentos, os dados do Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Desta forma, o QL1 refere-se
85
ao número de estabelecimentos de saúde e assistência social da RAIS, e o QL2 ao número de
estabelecimentos do setor de saúde. A base de ambos foi o número total de empresas de
serviço da RAIS. Blumenau apresentou um quociente locacional QL1 de 1,23, para o setor de
saúde e assistência social, no âmbito estadual, que significa especialização desse setor no
município. Esse número indica a concentração de empresas de saúde em Blumenau, o que
significa o primeiro sinal de que existe um aglomerado no município. Porém, na análise em
nível nacional, o coeficiente fica extremamente próximo ao 1 (0,98), mostrando uma
proporcionalidade com o índice nacional.
Na análise do QL2, com dados do subsetor saúde do CNES, fica mais caracterizada a
proporcionalidade do número de estabelecimentos do município com os níveis estadual e
nacional.
Tabela 3 - Concentração relativa de empresas no setor - Blumenau
QUANTIDADE - Nº EMPRESAS COEFICIENTE
Empresas
(1)
Saúde e Serviços sociais
(2)
Saúde Total Serviç QL(1) QL(2)
Blumenau
706 570 8.426
SC
9.417 9.562 138.532 1,23 0,98
Brasil
223.326 177.784 2.606.345 0,98 0,99
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego (1) e CNES, 2007 - Ministério da Saúde (2)
No comparativo entre as tabelas 3, 4 e 5 (Blumenau, Joinville e Florianópolis),
observa-se que no QL1 Blumenau tem coeficientes superiores aos das outras cidades.
Ressalta-se que todas apresentaram coeficiente superior a 1 no âmbito estadual; e coeficiente
abaixo, principalmente Florianópolis (0,85) em vel nacional. O que chama a atenção são os
coeficientes do QL2 de Joinville, que apresentam, tanto em nível estadual, quanto nacional,
índices acima de 1.
Tabela 4 - Concentração relativa de empresas no setor - Joinville
QUANTIDADE - Nº EMPRESAS COEFICIENTE
Empresas
(1)
Saúde e Serviços sociais
(2)
Saúde
Total Serviç QL(1) QL(2)
Joinville
799
787 9.964
SC
9.417
9.562 138.532
1,18 1,14
Brasil
223.326
177.784 2.606.345
0,94 1,16
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego (1) e CNES, 2007 - Ministério da Saúde (2)
86
Tabela 5 - Concentração relativa de empresas no setor - Florianópolis
QUANTIDADE - Nº EMPRESAS COEFICIENTE
Empresas
(1)
Saúde e Serv. sociais
(2)
Saúde Total Serviç QL(1) QL(2)
Florianópolis
1.180
674 16.212
SC
9.417
9.562 138.532
1,07 0,60
Brasil
223.326
177.784 2.606.345
0,85 0,61
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego (1) e CNES, 2007 - Ministério da Saúde (2)
4.1.2 Grau de concentração de empregos no setor
A tabela 6 também confirma que o município de Blumenau apresenta um grau
elevado de concentração relativa na variável emprego, tanto em relação à Santa Catarina
quanto em relação ao Brasil.
Tabela 6 - Concentração relativa de empregos no setor - Blumenau
QUANTIDADE - Nº. EMPREGO COEFICIENTE
Emprego Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Blumenau
3.841 38.338
SC
38.652 660.440 1,71
Brasil
1.345.828 19.166.372 1,43
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
No comparativo da tabela 6 com as tabelas 7 e 8, percebe-se que o coeficiente
empregatício de Blumenau é bem superior aos coeficientes das cidades de Joinville e,
principalmente de Florianópolis. Joinville também apresenta um coeficiente acima de 1,
apresentando características de aglomerado, através deste índice.
Tabela 7 - Concentração relativa de empregos no setor - Joinville
QUANTIDADE - Nº. EMPREGO COEFICIENTE
Emprego Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Joinville 4.336 52.426
SC 38.652 660.440 1,41
Brasil 1.345.828 19.166.372 1,18
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
87
Tabela 8 - Concentração relativa de empregos no setor - Florianópolis
QUANTIDADE - Nº. EMPREGO COEFICIENTE
Emprego Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Florianópolis
5.270
184.996
SC
38.652
660.440 0,49
Brasil
1.345.828
19.166.372 0,41
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
4.1.3 Grau de concentração de geração de renda no setor
A tabela 9 completa o conjunto de indicadores e reforça a evidência de que o setor de
saúde do município de Blumenau está associado a um grau elevado de concentração na
variável renda do trabalho, tanto em relação à Santa Catarina quanto ao Brasil.
Tabela 9 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Blumenau
QUANTIDADE - RENDA (R$ MIL) COEFICIENTE
Renda Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Blumenau 3.733
46.290
SC 35.251
855.851 1,96
Brasil 1.431.961
25.555.390 1,44
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
Porém, na análise comparativa com Joinville, esta apresentou coeficientes superiores,
nos dois níveis (estadual e nacional).
Tabela 10 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Joinville
QUANTIDADE - RENDA (R$ MIL) COEFICIENTE
Renda Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Joinville
5.255 61.073
SC
35.251 855.851 2,09
Brasil
1.431.961 25.555.390 1,64
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
comparado a Florianópolis, os números apresentados nos dois níveis são bem
inferiores aos apresentados por Blumenau.
88
Tabela 11 - Concentração relativa de geração de renda no setor - Florianópolis
QUANTIDADE - RENDA (R$ MIL) COEFICIENTE
Renda Saúde e Serviços sociais Total Serviço QL1
Florianópolis
5.623 352.223
SC
35.251 855.851 0,39
Brasil
1.431.961 25.555.390 0,33
Fonte: RAIS, 2006 - Ministério do Trabalho e Emprego
Porém, é importante destacar que um QL< 1 não descarta a existência de um
aglomerado. “É interessante observar não os QL's altos, mas também os que estão
crescendo com o passar do tempo. Mesmo não estando acima de 1, um QL que apresenta uma
alta taxa de crescimento pode estar sinalizando um cluster emergente” (DEBIASI, 2001,
p.49).
Assim, segundo a mesma autora, pode-se perceber que os QL's não avaliam clusters,
mas, sim, concentração de setores, uma vez que, dentro de um cluster, podem existir vários
setores. “Por meio dos resultados dos QL, pode-se identificar a concentração geográfica de
setores e isto pode ser uma evidência de um cluster” (DEBIASI, 2001, p. 50).
Segundo Bergman e Feser (1999), os QL's são técnicas baseadas em setores, não
avaliando a relação de interdependência entre eles. Assim, para se considerar a existência de
um aglomerado ou cluster, faz-se necessária a utilização de outros métodos de avaliação.
4.2 PERCEPÇÃO DOS EMPRESÁRIOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DO
AGLOMERADO
Resultados obtidos através da aplicação de questionários. Buscou-se a percepção dos
empresários do setor de saúde sobre a importância do aglomerado local.
4.2.1 Perfil das empresas
Analisando os questionários das empresas que responderam à pesquisa, observa-se
que o nível de escolaridade dos respondentes é alto, com 76% deles possuindo pós-graduação
completa. O percentual de 14% restante dos respondentes possui grau completo. Quanto ao
tipo de gestão que é adotado pela empresa 59% responderam que possui uma administração
89
profissionalizada, 29% se identificaram como sendo uma gestão familiar e os que se
classificam como mista representam os 12% remanescentes.
Pode-se observar, no Gráfico 1, que 40% das empresas que responderam ao
questionário surgiram nos últimos 12 anos, mostrando um índice de longevidade
representativo.
Gráfico 1 - Ano de abertura da empresa
Fonte: Pesquisa de campo
Para classificar as empresas quanto ao número de colaboradores, usou-se como
critério a classificação adotada pelo SEBRAE para denominar o porte da empresa pelo
número de pessoas ocupadas (Tabela 12).
Tabela 12 - Classificação do porte das empresas: pessoas ocupadas
Fonte: SEBRAE
Segundo o SEBRAE, o conjunto das micro e pequenas empresas respondem por
99,2% do número total de empresas formais estabelecidas no Brasil. Analisando o gráfico 2,
constata-se que significativos 85% das empresas pesquisadas são de micro e pequenas
empresas. Em análise comparativa entre os dados apresentados no gráfico 2 e tabela 12,
observa-se o número representativo de empresas de médio porte.
PORTE COMÉRCIO E SERVIÇO
Microempresa Até 9 pessoas
Empresa de pequeno porte De 10 a 49 pessoas
Média empresa De 50 a 99 pessoas
Grande empresa Acima de 100 pessoas
2
%
12
%
26
%
27%
20
%
13
%
2006/2007
2001/2005
1997/2000
1987/1996
1977/1986
< ou = 1976
90
Gráfico 2 - Porte da empresa - Número de pessoas ocupadas
Fonte: Pesquisa de campo
As empresas pesquisadas, em sua maioria, têm como principal origem dos recursos
financeiros para remuneração pelos serviços prestados, os convênios médicos estabelecidos
com cooperativas, seguradoras e empresas privadas em geral, totalizando, em média, 58% do
faturamento. Os recursos públicos repassados através do Serviço Único de Saúde (SUS)
representam, em média, 6% do faturamento das empresas respondentes (Gráfico 3). Ressalta-
se casos extremos apresentados na pesquisa, como a empresa que possui 100% de
faturamento na modalidade particular; uma segunda empresa com 99% de seu atendimento
por convênios; e ainda outra empresa em que 60% do que fatura é através do SUS.
Gráfico 3 - Tipo de faturamento
Fonte: Pesquisa de campo
46%
39%
13%
2%
Até 9
10 a 49
50 a 99
> ou =
36%
58%
6
%
Particular
Convênio
SUS
91
Segundo a pesquisa de campo, 77,8% dos usuários das empresas de saúde
pesquisadas são residentes em Blumenau. Ou seja, para cada cinco usuários, somente um não
é residente em Blumenau. Vale ressaltar que 7% dos usuários não residem em Municípios
abrangentes da região do Vale do Itajaí.
Gráfico 4 - Local de origem dos usuários
Fonte: Pesquisa de campo
Questionou-se às empresas pesquisadas se são associadas a algum núcleo ou rede de
cooperação e qual seria este núcleo. 16% das empresas responderam positivamente. Além do
Núcleo de Saúde da Associação Empresarial de Blumenau (ACIB), com cinco citações, foi
apontado também o Hospital Santa Catarina, com duas citações; e a UNIMED e
UNICÁRDIO, com uma indicação cada.
Com referência às empresas que informaram serem associadas a algum núcleo ou
rede de cooperação, 75% responderam que seu faturamento aumentou depois que ingressaram
no sistema. Os outros 25% informaram que o faturamento permaneceu constante. Este dado
chama a atenção quando defrontado com a questão direcionada a todas as empresas
pesquisadas: o que aconteceu com o faturamento no período entre 2002 a 2007? Segundo a
pesquisa, 86% das empresas tiveram aumento do faturamento no período; enquanto que para
os 14% restantes o faturamento permaneceu constante.
77,8%
15,0%
6,9%
0,3%
0,01%
0,29%
Blumenau
Vale de Itajaí
Outras SC
PR e RS
Outros
92
4.2.2 Análise das relações pela percepção dos empresários
Apresenta-se os resultados obtidos através da aplicação de questionários. Buscou-se
a percepção dos empresários do setor de saúde sobre a importância do aglomerado local.
4.2.2.1 Relações com fornecedores e disponibilidade de produtos e serviços locais
Conforme Porter (1999), a localização de um aglomerado no interior proporciona
disponibilidade e fácil acesso a insumos e pessoal especializado de melhor qualidade ou de
menor custo em comparação ao mercado individual, criando desta forma, vantagens
competitivas.
As empresas consultadas pouco usam os conhecimentos, tecnologia e serviços
desenvolvidos por concorrentes locais. A pesquisa apontou uma média de 2,47 (menor média
de todas as respostas), de empresas que raramente ou às vezes usam este recurso.
Quanto à facilidade de acesso a linhas de crédito, 54,66% dos respondentes disseram
ser geralmente fácil, apontando uma tendência de uso.
Sobre a facilidade de encontrar na região todos os produtos e serviços que
necessitam, as opiniões ficaram divididas: 32% tem facilidade na maioria das vezes e 29,33%
raramente tem facilidade em encontrá-los, mostrando que este item deve ser melhorado, para
trazer benefícios ao aglomerado.
Sobre a localização, no que se refere ao acesso privilegiado a recursos, foi percebido
como ponto positivo pelos dirigentes. 70,66% deles responderam que sempre, ou pelo menos,
a maioria das vezes, este item contribui para com a empresa.
A literatura também atribui aos fatores geográficos o motivo da expansão ou
crescimento dos clusters. Para alguns autores, como Marshall (1985), Best (1990), Pyke e
Sengenberger (1992), Feser e Sweeney (2000) e Haddad (2002), a facilidade de acesso,
condições de infra-estrutura, localização, proximidade com fornecedores, concorrentes e
clientes, entre outros fatores, são importantes para desenvolvimento dos APL’s.
93
Tabela 13 - Quantidade de empresas: relações com fornecedores e disponibilidade de
produtos e serviços locais
QUESTÕES
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria das vezes
5 Sempre
1. Utiliza-se conhecimentos, tecnologias e serviços desenvolvidos por
concorrentes locais.
18 26 19 4 8
2. É fácil o acesso a linhas de financiamento específicas do nosso setor. 10 19 41 5
3. As informações institucionais disponíveis sobre produtos e serviços
são consistentes e úteis.
10 32 31
4. É fácil encontrar na região (Vale do Itajaí), todos os produtos e
serviços dos quais se necessita.
22 17 24 12
5. A localização da região facilita o acesso privilegiado a recursos -
como conhecimento, tecnologia, mão de obra entre outros.
4 18 31 22
Fonte: Pesquisa de campo
4.2.2.2 Instituições de suporte empresarial
Segundo Hoffmann e Molina-Morales (2002), instituições de suporte empresarial ou
apoio local são definidos como organizações que fornecem um conjunto de serviços coletivos
de apoio para empresas da região. As instituições de suporte empresarial de Blumenau
participantes são: institutos de pesquisa e desenvolvimento, instituições de ensino, ACI,
AMPE, SEBRAE, associações médicas e os poderes públicos municipal, estadual e federal.
A tabela 14 apresenta uma situação de pouco relevância das instituições de apoio em
Blumenau, segundo a percepção dos representantes das empresas e retratadas nesta pesquisa.
A exceção das associações médicas e instituições de ensino, as demais organizações tiveram
mais de 50% na posição neutra. Ou seja, não está atrapalhando, mas também não está
trazendo benefícios.
94
Tabela 14 - Quantidade de empresas: importância das instituições de apoio
NEGATIA
POSITVIVA
As Instituições e organizações de apoio listadas a seguir e que atuam
na região, afetam o seu desenvolvimento e desempenho de forma:
1 Muito
2 Às vezes
3 Neutra
4 Às vezes
5 Muito
11. Instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da região: 50 10 15
12. As Instituições de Ensino e Formação locais: 25 25 25
13. A Associação Comercial e Industrial (ACI): 6 37 23 9
14. A Associação de pequenas e micro empresas (AMPE): 5 59 11
15. O SEBRAE : 59 16
16. A Assoc. Médica Brasileira (AMB), Assoc. Catarinense de Medicina
e Assoc. Médica de Blumenau:
10 20 35 10
17. O Poder Público Municipal: 5 15 35 15 5
18. O Poder Público Estadual: 11 53 6 5
19. O Poder Público Federal: 5 5 60 5
Fonte: Pesquisa de campo
4.2.2.3 Relacionamento entre empresas concorrentes
Segundo Porter (1999), empresas correlatas são aquelas que ao competir podem
coordenar ou partilhar atividades na cadeia de valor; ou aquelas que envolvem produtos
complementares. A participação conjunta ou ao mesmo tempo, em atividades, pode ocorrer de
diversas maneiras. No desenvolvimento de produtos, manufatura, distribuição,
comercialização e outras.
O setor de saúde de Blumenau tem muitas empresas correlatas e de apoio. A
estrutura física do setor de saúde de Blumenau mostra que existem organizações hospitalares,
clínicas médicas, de diagnóstico e imagem, odontológicas, centros de saúde, de reabilitação,
farmácias, laboratórios de análises clínicas e patológicas entre outras. As relações entre as
empresas são informais, mas de forma interdependente. O hospital, para realizar uma cirurgia
precisa de exames da clínica de diagnóstico, laboratório de análise clínica, do banco de
sangue. Da mesma forma, as clínicas encaminham pacientes para serem internados nos
hospitais ou para sofrerem procedimentos cirúrgicos. O médico encaminha tratamentos para o
fisioterapeuta. Assim, parece evidente a existência de uma situação de interdependência ou
complementaridade entre as organizações de saúde do município.
95
Por fim, nos aspectos estratégia, estrutura e rivalidade do modelo de Porter (1999), a
aglomeração é composta de empresas de pequeno porte, segundo os critérios adotados pelo
SEBRAE. Elas são gerenciadas pelos próprios proprietários e, praticamente, sem adoção de
métodos profissionais de gestão.
Tabela 15 - Quantidade de empresas: relacionamento entre empresas concorrentes
QUESTÕES
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria das vezes
5 Sempre
6. É fácil estabelecer contato social com dirigentes que atuam em
empresas concorrentes da região.
10 27 28 9
7. Terceiriza-se atividades para empresas parceiras locais, quando
possível.
4 30 14 13 14
8. Procura-se fazer acordos de cooperação com empresas locais, como
instituições, associações, fornecedores e competidores, sempre que
possível.
3 13 22 29 8
9. Quando se necessita de pessoal especializado: pessoa que está
atuando em empresa do setor (concorrente ou não) costuma-se consultar
a empresa e verificar se está de acordo.
5 8 23 25 13
10. Para obter novidades costuma-se usar canais informais de
comunicação como eventos, palestras, conferências, congressos,
encontros festivos, etc.
17 30 28
21. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor
sobre materiais, serviços e tecnologia.
9 22 38 6
22. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor
sobre as necessidades do mercado e do consumidor.
32 24 14 5
29. A vantagem da localização decorre da disposição das empresas para
cooperar e formar parcerias estratégicas.
9 20 22 18 4
30. A empresa está aberta para realizar ações conjuntas com outras
empresas do setor de saúde.
6 11 23 33
31. Para manter uma relação de confiança com as outras empresas do
setor, é necessário existir boas relações pessoais entre os proprietários
das empresas.
16 33 24
32. A relação de confiança que se tem com as outras empresas do setor é
em função das vantagens econômicas decorrentes das ações conjuntas.
7 10 35 21
33. A empresa participa de reuniões e encontros periódicos com outras
empresas do setor de saúde.
3 5 33 20 12
Fonte: Pesquisa de campo
96
Segundo Brusco (1992) e Pyke e Sengenberger (1992), normalmente os clusters são
compostos de muitas pequenas e microempresas, algumas médias e poucas grandes
companhias. Porém, a proporção ou a composição do tamanho de empresas pode variar de
cluster para cluster. Amaral Filho (2002) considera importante a participação das micro e
pequenas empresas, principalmente no sentido de dar estabilidade ao cluster como um todo,
ou seja, dar continuidade às atividades do todo, independentemente de uma ou outra empresa
parar de produzir.
Diante do exposto, percebe-se na aglomeração de saúde de Blumenau algumas
características importantes para um cluster, que é a existência de cooperação e competição
entre empresas, a difusão de conhecimento, a existência de empresas correlatas e de apoio,
presença de mão-de-obra especializada e boa infra-estrutura.
Nas palavras de Porter (1999, p. 240) “as raízes dos aglomerados geralmente podem
ser atribuídas a partes do diamante presentes numa localidade, devido a circunstâncias
históricas”.
4.2.2.4 Avaliação da imagem do setor
Segundo a literatura sobre aglomerações de organizações, a existência de demanda é
um fator de bastante significância. Para Best (1990), Pyke e Sengenberger (1992), Porter
(1999, 2002), Shaver e Flyer (2000), Cândido e Abreu (2000), Lins (2000), Garcia (2001) e
outros, na economia moderna, a demanda influencia uma maior competência das empresas na
qualidade dos produtos e serviços prestados, o que contribui para a criação de um círculo
retroalimentador entre a grande demanda e a oferta de serviços de qualidade.
Essa influência atua nos cluster de forma mais significativa, pois as empresas estão
num mesmo local. No caso específico do APL de saúde de Blumenau, a grande procura pelos
serviços favoreceu a expansão da rede de saúde, principalmente por meio de spin-offs dos
primeiros serviços, o que gerou maior competição e especialização, ocasionando
investimentos para a melhora da qualidade dos produtos e serviços prestados.
Conforme a percepção dos gestores, este conjunto de questões foi o que obteve o
índice mais positivo entre as perguntas aplicadas, com grande tendência para “maioria das
vezes” e “sempre” no questionário.
97
Tabela 16 - Quantidade de empresas: avaliação da imagem do setor
QUESTÕES
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria
das vezes
5 Sempre
23. Os clientes de outras regiões têm uma IMAGEM única sobre a
capacidade e qualidade das empresas do setor de saúde de Blumenau.
5 13 56
24. O setor de saúde de Blumenau é considerado como REFERÊNCIA
no Estado.
21 37 16
25. Nos clientes de outras regiões percebe-se um sentimento que se pode
chamar de ESTIMA em relação aos serviços de saúde realizados no
município.
16 36 21
26. A reputação positiva de empresas da região tem um efeito positivo
sobre a imagem de cada empresa.
3 7 45 18
27. Existe vantagem para a empresa em se manter localizada onde está
em função da infra-estrutura local disponível.
4 6 29 34
28. Apesar da concorrência, existe vantagem para a empresa em se
manter localizada onde está em função da imagem e reputação positiva
do setor.
4 23 47
Fonte: Pesquisa de campo
Neste aspecto relacionado à imagem de Blumenau como referência em saúde,
observa-se uma percepção positivamente forte por parte dos empresários e lideranças locais
(Quadro 1). Fora do aglomerado, as pessoas não têm apresentado esta preferência, pois
somente 7% dos usuários não residem em municípios abrangentes da região do Vale do Itajaí
(Gráfico 4). Segundo pesquisas da SANTUR (2008), órgão oficial de turismo do Estado de
Santa Catarina, o turismo para tratamento de saúde representa em torno de 1,8% da demanda
do município, semelhante aos demais municípios (Anexo 4).
Paralelamente a este trabalho, o Instituto de Pesquisas Sociais da FURB (IPS)
realizou uma pesquisa de opinião sobre a percepção do usuário quanto à imagem e reputação
do setor de saúde. Disponível em: (http://www.acib.net/hpn/arquivos_diversos/453.pdf).
Numa situação hipotética, com o objetivo de conferir o nível de confiança que a
população deposita nos serviços locais, metade dos respondentes (51%) ficaria em Blumenau
para qualquer tipo de situação emergencial, independentemente dos custos incorridos e das
condições financeiras envolvidas.
98
Em termos de experiências externas, isto é, consultas e/ou tratamentos fora dos
limites de Blumenau, o estudo revelou que a grande maioria (80,21%) não recorre a outras
regiões. Dentre a minoria que procurou serviços médicos em outros municípios, quase 1/3
(30,26%) alegou como motivo principal ter maior confiança nos profissionais, seguido da
conveniência ou qualquer outra facilidade. Aproximadamente 3 em cada 4 blumenauenses
(73,96%) recomendariam a algum conhecido os serviços de saúde prestados na cidade, o que
revela um ótimo nível de aprovação.
Diante dos dados apresentados, a imagem das empresas do setor de saúde de
Blumenau é percebida pelos usuários locais e por seus dirigentes como positiva. Se de um
lado isto incentiva o usuário local a não buscar serviços fora da abrangência do aglomerado,
também não tem gerado demandas externas expressivas para as empresas do aglomerado.
Percebe-se pelas atas do Núcleo de Saúde (ACIB, 2008) uma preocupação no sentido de
trabalhar para que Blumenau se torne local de referência na área de saúde e apresente
resultados positivos para as empresas do setor.
4.2.3 Percepção de futuro
Encerrando o questionário, procurou-se conhecer, sobre a percepção do dirigente,
como a empresa planeja se comportar em relação ao futuro em alguns aspectos: capacidade de
correr riscos, pró-atividade, inovação e rede de relacionamentos. De acordo com a pesquisa de
campo, 79% respondeu que manterá o nível atual de riscos nas operações. Somados aos 7%
dos que pretendem correr riscos menores nas operações, caracteriza-se um alto grau de
conservadorismo por boa parte das empresas consultadas.
Quando consultados sobre pró-atividade, ocorreu quase que uma unanimidade, 93%
dos respondentes disseram que procuram investir mais tempo, recursos e pesquisas na
antecipação dos problemas, procurando evitar que a empresa possa correr o risco de sofrer
desgastes. Ou outros 7% responderam que os problemas são muito diversificados; é mais
interessante esperar os problemas acontecerem para buscar a melhor solução.
Aumentar os investimentos com inovação dos produtos e processos é o objetivo de
79% das empresas pesquisadas; que somados aos 21% que pretendem manter os mesmos
níveis de investimentos demonstram uma preocupação pela busca de novidades em suas áreas
de atuação.
99
Segundo Barnett; Mischke; Ocasio (2000) a estratégia de colaboração competitiva de
alta cooperação cria uma visão compartilhada que desperta a percepção de padrões e
tendências, possibilitando intuir e descobrir novas possibilidades de evolução e
desenvolvimento dos negócios. Implica construir uma visão compartilhada, direcionada para
o futuro, pautada por ações responsáveis no presente. Dentro desta percepção, a visão dos
dirigentes sobre redes de relacionamentos é de expandir as parcerias, com uma preocupação
em eliminar parceiras ineficazes e substituir por outras mais eficazes; ou apenas aumentar o
número de parcerias que efetivamente contribuam com a competitividade da empresa no
mercado.
4.3 CLASSIFICAÇÃO DO AGLOMERADO DE SAÚDE DE BLUMENAU NUMA
PERSPECTIVA DE ARRANJO PRODUTIVO
Descreve-se e classifica-se o posicionamento do aglomerado em função dos
requisitos estabelecidos pelo BNDES e pelo projeto PROMOS do SEBRAE.
Aglome-
rado
Arranjo
Potencial
Arranjo
Produtivo
Local
Setor de
saúde de
Blumenau
Centro empresarial X X
Pequena e incipiente aglomeração setorial, não
possui uma relação cooperativa institucionalizada.
X
Aglomeração de tamanho relativamente grande
com importante participação de pequenas ou
médias empresas.
X
X
Aglomeração de tamanho relativamente grande
que exige atividade criativa, desenvolvimento
tecnológico ou decisões estratégicas.
X
Aglomeração de tamanho relativamente grande
que necessita de proximidade para
desenvolvimento ou adaptação conjunta de
produtos e fornecimento.
X X
Aglomeração com tamanho relativamente grande
de atividades de pesquisa e ensino técnico de alta
especialização, com pesquisa tecnológica de fim
comercial.
X
Aglomeração que se beneficia de vantagens
competitivas ligadas à imagem regional de
mercado
X X
Configuração
Pequena e incipiente aglomeração setorial que
possui relação cooperativa institucionalizada entre
si ou com entidades públicas capazes de fornecer
serviços complementares ou atrair investimentos
que gerem ganhos coletivos
X
Continua
100
Continuação
Logística de transporte. X X X
Logística de serviços. X X
Fácil acesso à mão de obra especializada em
atividades de uso difuso.
X X X X
Fácil acesso à mão de obra especializada em
atividades de uso específico.
X X X X
Conhecimento tácito específico compartilhado
entre as empresas, fornecedores, clientes e/ou mão
de obra.
X
Acesso a produtos, serviços ou ativos
complementares específicos.
X X
Capacidade das empresas locais obterem ganhos
pela boa imagem regional e cooperarem para
conseguir investimentos públicos e evitar atitudes
oportunistas.
X
Cooperação institucionalizada com capacidade de
induzir a reação coletiva a ameaças e
oportunidades; e capaz de mobilizar entidades
governamentais e recursos de forma a oferecer e
planejar vantagens competitivas para as firmas
associadas.
X
Proximidade cognitiva com fornecedores de
serviços sofisticados.
X
X
Proximidade cognitiva cliente-fornecedor. X
X
Proximidade cognitiva c/ mercado consumidor e
formadores de tendências.
X
X
Conhecimento tácito. X
X
Vantagens
competitivas
locacionais
na
configuração
Capacidade das empresas locais obterem ganhos
significativos advindos da boa imagem regional no
mercado e cooperarem para conseguir
investimentos públicos e evitarem atitudes
oportunistas que possam comprometer a imagem
regional.
X
Quadro 7 - Quadro comparativo com resultados dos requisitos do BNDES para
caracterização de arranjo local
Fonte: elaborado pelo autor
A partir desta caracterização e classificação pode-se verificar as condições atendidas
pelos critérios do BNDES e SEBRAE:
4.3.1 Condições necessárias para caracterização de APL segundo o BNDES
O BNDES (2008) estabeleceu algumas condições mínimas para classificação da
situação industrial regional a fim de adequar ao conceito de Arranjos Produtivos (alguns não
se encaixam perfeitamente com o presente estudo por se tratar do setor de serviços), quais
sejam:
101
a) Concentração espacial de produção de bem ou serviço exportável para outras
regiões; ou produto ou serviço que atende a atividades que exportam para outras
regiões. Trazendo para a realidade do setor de serviço, mais precisamente ao de
saúde, seria o potencial que o setor tem de atrair usuários de outras regiões,
inclusive de fora do país, para a cidade de Blumenau. Dentro deste critério, e
levando-se em conta o gráfico 4 deste trabalho, somente 7% dos usuários dos
serviços de apoio do setor de saúde de Blumenau são de municípios fora da
abrangência do Vale do Itajaí, assim, este critério fica prejudicado.
b) A localização é uma fonte de vantagem competitiva importante para firmas ou
subunidades de firmas localizadas. Blumenau atende esta condição. A
qualidade de vida da cidade (IDH de 0,855 quadro 4) e o poder aquisitivo
atraem bons profissionais para a cidade. O município conquistou uma marca
fortemente ligada à qualidade e confiança.
c) Essas vantagens competitivas de origem locacional tendem a atrair empresas ou
subunidades de empresas ou mesmo produtores autônomos, ou faze-los crescer e
manter competitivas as empresas instaladas, se o ambiente de concorrência for
crescente com empresas de outras regiões. Blumenau não atende esta condição
integralmente, uma vez que não a caracterização de atração de outras
empresas para a região devido ao arranjo. Além disso, não há evidência, no
estágio atual, de que as empresas se manterão competitivas em caso de ameaça
de empresas de outras regiões.
d) Essas vantagens não são apenas indiscriminadas, difusas ou genéricas. Elas
possuem efeitos especialmente importantes para setores ou cadeias específicas.
Blumenau não atende esta condição no setor de saúde. As vantagens ainda são
genéricas e difusas.
e) As vantagens competitivas principais da região não se resumiriam a especiais
custos de transporte, fiscais, alfandegários ou de acesso a insumos básicos. Ou
seja, são vantagens que se realimentam com o crescimento do APL. A
aglomeração ainda não atende esta condição, uma vez que vantagens não são
realimentadas pelo crescimento do APL.
Uma vez adequado aos critérios estabelecidos pelo BNDES (2008), é possível
caracterizar o setor de saúde de Blumenau - SC como um aglomerado, tanto quanto a sua
102
configuração, quanto às vantagens competitivas locais. O aglomerado tem as condições
mínimas necessárias para ser considerado um arranjo produtivo potencial, mas ainda não pode
ser considerado um arranjo produtivo local pelos critérios do BNDES (2008), uma vez que
itens como: relação cooperativa institucionalizada, atração de investimentos com geração de
ganhos coletivos, pesquisa tecnológica com fim comercial, conhecimento tácito
compartilhado entre empresas/fornecedores/clientes e mão-de-obra, cooperação para gerar
investimentos públicos e evitar atitudes oportunistas, não são evidentes no aglomerado.
4.3.2 Condições necessárias para caracterização de APL segundo o PROMOS / SEBRAE:
Uma vez caracterizado o setor de saúde de Blumenau como um aglomerado, com
potencial quanto à caracterização como um arranjo produtivo, passar-se-á a analisar o
aglomerado quanto às características que o indicam como arranjo potencial, quais fatores
estão atualmente concretizados, e quais ainda são necessários. Seguir-se-á nesta análise os
critérios estabelecidos no projeto PROMOS / SEBRAE (2004b).
4.3.2.1 Indicadores setoriais do aglomerado relativos à dinâmica de distrito
O SEBRAE (2004b) analisa o aglomerado em relação à dinâmica do distrito e
considera três perspectivas:
a) Desenvolvimento de fórum distrital: no arranjo em desenvolvimento, existem
fóruns de discussão, como é o caso do núcleo de Saúde da ACIB. reuniões de
freqüência mensal, com pauta organizada e definida pelo grupo.
b) Fortalecimento da cultura associativa: a cultura associativa, conforme o modelo
PROMOS, abrange atividades de integração. O Núcleo de Saúde da ACIB está
caminhando nesta direção. Atualmente seu foco é mais institucional.
c) Criação de centro de serviços: o Núcleo de Saúde da ACIB, que desponta como
gestor do projeto, ainda não está formatado nos moldes do projeto PROMOS. O
conselho, entretanto, não é formado por agentes governamentais, nem agências
de fomento, embora não de maneira organizada e oficial, suprimento à
demanda de serviços como capacitação de mão de obra, mas, somente por órgãos
que não participam do arranjo.
103
4.3.2.2 Indicadores setoriais do aglomerado relativos ao desenvolvimento empresarial e
organização da produção:
Esta análise considera três parâmetros:
a) Melhoria da gestão empresarial: Não há evidências destas ações no arranjo
blumenauense.
b) Melhoria da qualidade dos produtos e serviços. Ações são realizadas de forma
isolada.
c) Aumento da produtividade. Não há evidências destas ações no arranjo.
4.3.2.3 Indicadores setoriais do aglomerado relativos à informação e acesso a mercados
Algumas ações têm sido tomadas com relação à informação. Os profissionais da
saúde participam constantemente de congressos e outros eventos de qualificação e
(re)qualificação técnica, ainda que de forma isolada.
Quanto ao acesso a mercados externos ao aglomerado, não ações conjuntas, nem
evidências neste sentido.
Uma vez adequado aos critérios estabelecidos pelo PROMOS / SEBRAE (2004b), é
possível caracterizar o setor de saúde de Blumenau - SC como um aglomerado, tanto em sua
configuração, quanto nas vantagens competitivas locais. O aglomerado tem as condições
mínimas necessárias para ser considerado um arranjo produtivo potencial, mas ainda não pode
ser considerado um arranjo produtivo local pelos critérios do PROMOS / SEBRAE (2004b).
4.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Um fator importante que merece destaque diz respeito ao número da amostra,
podendo apresentar algum viés em função dos parâmetros adotados. Além disso,
considerando-se este um estudo qualitativo, os aspectos relativos às crenças e valores pessoais
podem influenciar nas respostas.
Dadas às características próprias e o desenho que se propôs, a pesquisa não se aplica,
em princípio, a outros setores da atividade econômica. As limitações estão nas nuances das
especificidades do setor de saúde.
104
O foco principal deste estudo foi direcionado à pesquisa de empresas privadas de
apoio ao setor de saúde de Blumenau. Portanto, os consultórios médicos isolados,
caracterizados como pessoas físicas, não foram considerados. Assim como estabelecimentos
de natureza pública, direta ou indireta, conforme classificação do Ministério da Saúde (CNES,
2008).
O retorno dos questionários enviados às empresas pesquisadas estava ocorrendo via
e-mail. Marcaram-se então, visitas pessoais para a coleta dos questionários respondidos.
Outra limitação de pesquisa refere-se ao envolvimento somente de responsáveis por
empresas, não tendo sido ampliada aos funcionários, profissionais liberais, setor público,
instituições de apoio e outros agentes que por ventura pudessem colaborar. Algumas empresas
não responderam todas as questões, seja por falta de tempo ou entendimento das perguntas,
prejudicando alguns dados.
105
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Que os resultados desta pesquisa possam contribuir para os estudos sobre Arranjos
Produtivos Locais - APL, uma vez que a grande maioria das pesquisas sobre o assunto
envolve empresas de setores industriais e, muito raramente, prestadoras de serviços, como
neste caso. Ao mesmo tempo, esta pesquisa pode ajudar aos empresários e profissionais de
saúde no planejamento de ações futuras.
Dentro da perspectiva econômica e com base no levantamento bibliográfico é
possível identificar e mapear o APL de saúde de Blumenau. Para isto, foi utilizado o método
de quociente locacional - location quocients - recomendado por Bergman e Feser (1999),
Debiasi (2001) e Britto e Albuquerque (2002) - em que Blumenau apresentou um quociente
locacional QL de 1,23 para o setor de saúde e assistência social, em âmbito estadual, que
significa especialização desse setor. O número indica a concentração de empresas de saúde, o
que significa o primeiro sinal para a existência de um aglomerado no município. Porém, na
análise em nível nacional, o coeficiente fica extremamente próximo ao 1 (0,98), mostrando
uma proporcionalidade entre os níveis municipais e federais. O QL de empregos do setor de
saúde de Blumenau apresenta coeficiente de 1,71 no âmbito estadual e 1,43 no nacional. na
geração de renda, o setor apresenta um QL de 1,96 na comparação estadual e 1,44 se
comparado ao coeficiente nacional.
Segundo o SEBRAE (2002), um LQ > 1 significa certo grau de especialização do
município. Constata-se, portanto, que Blumenau apresenta um grau de especialização
indicado pelo SEBRAE (2002), no setor de saúde.
No que se refere à situação das relações com fornecedores e concorrentes, fica claro
de que é vantajoso estarem localizados onde existe um aglomerado de empresas do mesmo
setor, com reputação local conquistada. Além de apresentar elementos que constatam a
existência do aglomerado.
Sobre a relevância das instituições de suporte empresarial na região, observa-se que,
geralmente, se posicionaram como neutras com tendência a positivas. As exceções foram
encontradas entre as associações médicas em geral e as instituições de ensino, que obtiveram
uma classificação bem positiva.
Sobre a imagem e reputação do setor de saúde de Blumenau, pode-se perceber que
dentro do aglomerado apresenta aspecto extremamente positivo. Porém, externamente isto
106
não é percebido, não gerando uma atração de usuários externos, fator que determinaria uma
vantagem competitiva. Neste sentido, indica-se um trabalho de marketing, integrando os
atores.
Como foi recomendada a associação do quociente locacional a outros métodos,
foram utilizadas as metodologias do BNDES e do SEBRAE. O aglomerado tem as condições
mínimas necessárias para ser considerado um arranjo produtivo potencial, mas ainda não pode
ser considerado um arranjo produtivo local pleno pelos critérios do BNDES e do SEBRAE,
uma vez que não o evidentes no aglomerado itens como: relação cooperativa
institucionalizada, atração de investimentos com geração de ganhos coletivos, relação com
pesquisa tecnológica comercial, conhecimento tácito compartilhado entre
empresas/fornecedores/clientes e mão-de-obra e cooperação para gerar investimentos públicos
e evitar atitudes oportunistas. Conclui-se, pelos resultados encontrados nos dois métodos
empregados que, em Blumenau, existe um aglomerado de organizações centrais do setor de
saúde, sendo os hospitais e clínicas responsáveis por manterem a integração e a atratividade
das atividades complementares ou de apoio. Percebe-se, ainda, que o aglomerado pode ser
considerado, conforme o modelo de EURADA (Anexo 2), em fase de desenvolvimento, mas
tendendo a se tornar um APL, pois apresenta uma variedade muito grande de organizações
correlatas e de apoio. Além disso, possui uma universidade com cursos voltados para o setor
de saúde.
A multiplicação das organizações de saúde e a grande procura por esse tipo de
serviço na região foi o fator responsável pela expansão do aglomerado de saúde de Blumenau.
A grande demanda estimulou a multiplicação de hospitais e a migração de médicos
(SAXENIAN,1989; BEST, 1990; DAHLSTRAND, 1997; SEDAITIS, 1998).
Outro fator importante para a expansão foi a localização do município. Sua posição
geográfica dentro da região e a infra-estrutura de estradas facilitaram o acesso das pessoas aos
serviços (PORTER, 1999).
Foram percebidas algumas características importantes para um aglomerado, que é a
existência de cooperação e competição entre empresas; difusão de conhecimento; existência
de empresas correlatas e de apoio; presença de mão-de-obra especializada e boa infra-
estrutura.
Os quocientes locacionais (QL) de número de empresas, empregos e geração de
renda caracterizam o aglomerado de empresas. Na comparação dos números com Joinville e
107
Florianópolis, Blumenau apresentou números ligeiramente superiores a Joinville, e
consideravelmente superiores a Florianópolis.
A percepção dos administradores sobre as relações entre as empresas do setor é de
que existem muitas ações isoladas e pouca confiança entre os atores. As relações entre as
empresas não têm contrato formal. Seu relacionamento é informal e interdependente. Porém, a
imagem e reputação são fortes indicadores de aglomerado.
As empresas do setor de saúde, conforme parâmetros de enquadramento em APLs do
BNDES e SEBRAE, podem ser consideradas um aglomerado em fase de desenvolvimento.
Reúnem condições mínimas necessárias para serem consideradas um arranjo produtivo
potencial, mas ainda não podem ser consideradas um arranjo produtivo local.
Conclui-se que os objetivos: geral e específicos, propostos por esta pesquisa foram
alcançados.
Para as recomendações a serem dadas ao setor de saúde, esta pesquisa basear-se-á no
conjunto de fatores essenciais para o processo de formação, funcionamento, consolidação e
manutenção de aglomerados, reunidos e expostos no livro Competição - On Competition do
autor Michael E. Porter (1999):
Visão compartilhada da competitividade e do papel dos aglomerados na
vantagem competitiva: Produtividade e inovação, e não salários baixos, impostos
reduzidos e moeda desvalorizada, são os elementos que definem a
competitividade. Os participantes precisam compreender as influências que
afetam a produtividade e a contribuição do agrupamento para o seu
aprimoramento. Pode-se observar uma preocupação com inovação e tecnologia,
mas de forma isolada.
Amplo envolvimento dos participantes dos aglomerados e das instituições
associadas: As iniciativas em relação aos aglomerados devem incluir empresas de
todos os tamanhos, assim como representantes de todos os grupos de interesses.
Percebe-se um distanciamento das entidades de apoio empresarial.
Muita atenção aos relacionamentos pessoais: Desde o início, é imprescindível
que se empreendam os maiores esforços para assegurar a comunicação eficiente e
regular, tanto interna como externamente. Os êxitos devem ser amplamente
divulgados. A atuação de facilitadores neutros é em geral muito importante
quando se constata falta de confiança e insuficiência nos relacionamentos.
108
Viés para a ação: As ações em relação aos aglomerados precisam ser motivadas
pelo anseio de auferir resultados. Daí da importância da identificação de líderes
no setor, com credibilidade, para tomar frente às ações. Deve-se alcançar o
envolvimento de todos.
Institucionalização: O aprimoramento dos aglomerados é um processo de longo
prazo que deve sobreviver ao esforço inicial. Seu êxito exige a
institucionalização de conceitos, relacionamentos e elos entre os grupos de
interesse. Um exemplo é o cleo de Saúde da (Associação Comercial e
Industrial de Blumenau) ACIB, como idéia de institucionalização.
Considerando que existem vários aglomerados produtivos importantes em Santa
Catarina, é possível avaliar as características da configuração do aglomerado e seu potencial
de desenvolvimento para uma condição de APL, antes de realizar ações específicas,
desperdiçando investimentos.
109
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118
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - REDES DE EMPRESAS
Obs.: caso alguma questão não possa ser respondida por falta de informações ou por
serem informações confidenciais, basta deixar a questão em branco.
1) Perfil da Empresa
Nome da empresa: __________________________________________________________
Endereço: _________________________________________________________________
Telefone: (__) __________________ E-mail ____________________________________
Nome e cargo da pessoa que preencheu o questionário: _____________________________
Escolaridade completa do entrevistado: ( ) 1º Grau ( ) 2º Grau ( ) 3º Grau ( ) Pós-graduação
Tipo de Organização (assinale com X):
( ) Limitada ( ) Capital aberto ( ) Capital fechado ( ) Pública
Tipo de serviço que oferece: __________________________________________________
Especialização: ____________________________________________________________
Tipo de gestão: ( ) Familiar ( ) Profissional ( ) Mista
Ano de abertura da empresa: ______ Número de sócios que trabalham na empresa: ______
Número de empregados da empresa: _______
Percentual de tipo de faturamento: ____% Particular ____% Convênios ____% SUS
Local de origem dos clientes/usuários?
REGIÃO GEOGRÁFICA
% DE
PACIENTES/USUÁRIOS
Blumenau
Vale do Itajaí
Outras regiões de SC
PR e RS
Outros
120
A empresa está associada a algum núcleo ou rede de cooperação?
( ) Não ( ) Sim. Qual: ____________________ ( ) Desde quando? ____/____/_____
Caso esteja associada a uma rede ou núcleo. O que aconteceu com o faturamento após o
ingresso na rede/núcleo?
( ) Diminuiu ( ) Permaneceu constante ( ) Aumentou
O que aconteceu com o faturamento, entre 2002 e 2007?
( ) Diminuiu ( ) Permaneceu constante ( ) Aumentou
2) Atributos e contextos:
QUESTÕES
Avalie cada uma das afirmativas a seguir, de acordo com os critérios
ao lado, levando em conta a realidade atual da empresa.
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria das vezes
5 Sempre
1. Utiliza-se conhecimentos, tecnologias e serviços desenvolvidos por
concorrentes locais.
2. É fácil o acesso a linhas de financiamento específicas do setor.
3. As informações institucionais disponíveis sobre produtos e serviços
são consistentes e úteis.
4. É fácil encontrar na região (Vale do Itajaí), todos os produtos e
serviços dos quais se necessita.
5. A localização da região facilita o acesso privilegiado a recursos -
como conhecimento, tecnologia, mão de obra entre outros.
6. É fácil estabelecer contato social com dirigentes que atuam em
empresas concorrentes da região.
7. Terceiriza-se atividades para empresas parceiras locais, quando
possível.
8. Procura-se fazer acordos de cooperação com empresas locais, como
instituições, associações, fornecedores e competidores, sempre que
possível.
9. Quando se necessita de pessoal especializado, pessoa que está
atuando em empresa do setor (concorrente ou não) costuma-se
consultar a empresa e verificar se está de acordo.
10. Para obter novidades prefere-se usar canais informais de
comunicação como eventos, palestras, conferências, congressos,
encontros festivos, etc.
121
NEGATIA
POSITVIVA
As Instituições e organizações de apoio listadas a seguir e que atuam
na região, afetam o seu desenvolvimento e desempenho de forma:
1 Muito
2 Às vezes
3 Neutra
4 Às vezes
5 Muito
11. Instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da região:
12. As Instituições de Ensino e Formação locais:
13. A Associação Comercial e Industrial (ACI):
14. A Associação de pequenas e micro empresas (AMPE):
15. O SEBRAE:
16. A Assoc. Médica Brasileira (AMB), Assoc. Catarinense de Medicina
e Assoc. Médica de Blumenau:
17. O Poder Público Municipal:
18. O Poder Público Estadual:
19. O Poder Público Federal:
Avalie cada uma das afirmativas a seguir, de acordo com os critérios
ao lado, levando em conta a realidade atual da empresa.
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria
das vezes
5 Sempre
20. É fácil o acesso a informações institucionais sobre produtos/serviços
e mercados do setor.
21. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor
sobre materiais, serviços e tecnologia.
22. É fácil o intercâmbio de informações entre as empresas do setor
sobre as necessidades do mercado e do consumidor.
23. Os clientes de outras regiões têm uma IMAGEM única sobre a
capacidade e qualidade das empresas do setor de saúde de
Blumenau.
24. O setor de saúde de Blumenau é considerado como REFERÊNCIA
no Estado.
25. Nos clientes de outras regiões percebe-se um sentimento que se pode
chamar de ESTIMA em relação aos serviços de saúde realizados em
Blumenau.
26. A reputação positiva de empresas da região tem um efeito positivo
sobre a imagem desta empresa.
27. Existe vantagem para a empresa se manter localizada onde está em
função da infra-estrutura local disponível.
28. Apesar da concorrência, existe vantagem para a empresa em se
manter localizada onde está em função da imagem e reputação
positiva do setor.
29. Outra vantagem importante da localização em Blumenau decorre da
disposição das empresas para cooperar e formar parcerias
estratégicas.
122
Avalie cada uma das afirmativas a seguir, de acordo com os critérios
ao lado, levando em conta a realidade atual da empresa.
1 Nunca
2 Raramente
3 Às vezes
4 Maioria
das vezes
5 Sempre
30. A empresa está aberta para realizar ações com outras empresas do
setor de saúde.
31. Para manter uma relação de confiança com as outras empresas do
setor, é necessário existir boas relações pessoais entre os
proprietários das empresas.
32. A relação de confiança que se tem com as outras empresas do setor é
função das vantagens econômicas decorrentes das ações conjuntas.
33. A empresa participa de reuniões e encontros periódicos com outras
empresas do setor de saúde.
3) Sobre o futuro
Para o futuro, como a empresa planeja se comportar em relação às seguintes
características:
Correr riscos:
( ) correr menos riscos nas operações
( ) manter o mesmo nível atual de riscos nas operações
( ) aumentar os riscos das operações em busca de resultados melhores e mais rápidos
Pró-atividade:
( ) os problemas são muito diversificados, é mais interessante esperar os problemas
acontecerem para buscar a melhor solução.
( ) procurar investir mais tempo, recursos e pesquisas na antecipação dos problemas. A
empresa não pode correr o risco de sofrer desgastes.
( ) não se pretende mudar a atitude a este respeito.
Inovação dos produtos e processos:
( ) diminuir os investimentos com inovação
( ) manter os mesmos investimentos atuais
( ) aumentar os investimentos com inovação
123
Rede de relacionamentos (quantidade):
( ) reduzir as parcerias e agir mais por conta própria
( ) manter as parcerias atuais
( ) expandir as parcerias
Rede de relacionamentos (qualidade):
( ) procurar eliminar parcerias ineficazes e substituir por outras mais eficazes
( ) apenas cortar parcerias que não estão atingindo as expectativas
( ) apenas aumentar o número de parcerias que efetivamente contribuam com a
competitividade da empresa
( ) as parcerias atuais estão adequadas, não há necessidade de mudanças
( ) Outros:________________________________________________________________
Data: ______________________________________________________________________
Nome Respondente: ________________________________________________________
Fone:_____________________________________________________________________
Obs.: Agradecemos a sua atenção e tempo gastos na resposta deste questionário. Sua participação é importante
para o desenvolvimento da ciência. Todas as informações prestadas permanecerão em absoluto sigilo e são de
grande utilidade para as pesquisas da comunidade científica.
APÊNDICE B - ESTATÍSTICA DAS RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO
ESTATÍSTICA DAS RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO
RESUMO DOS RESULTADOS
Número de casos 75
Número de itens 33
Variância dos escores dos casos 848,368
Soma da variância dos itens 54,6471
Alfa de Cronbach 0,9648
ESTATÍSTICAS DOS ITENS
Item Média Desvio
Q1 2,47059 1,28051
Q2 3,11765 1,409
Q3 3,11765 1,0537
Q4 3,35294 1,11474
Q5 3,94118 0,899346
Q6 3,29412 1,21268
Q7 3 1,27475
Q8 3,29412 1,1048
Q9 3,23529 1,39326
Q10 4,11765 0,781213
Q11 3,35294 1,16946
Q12 3,82353 1,28624
Q13 3,35294 1,11474
Q14 2,82353 0,882843
Q15 2,94118 0,899346
Q16 3,35294 1,22174
Q17 2,94118 1,19742
Q18 2,94118 1,02899
Q19 2,76471 0,970143
Q20 3,41176 1,17574
Q21 3,11765 1,409
Q22 2,58824 1,32565
Q23 3,23529 1,34766
Q24 3,47059 1,46277
Q25 3,58824 1,50245
Q26 3,58824 1,54349
Q27 3,76471 1,64048
Q28 4 1,62019
Q29 2,52941 1,46277
Q30 3,70588 1,64942
Q31 3,64706 1,53872
Q32 2,52941 1,32842
Q33 2,94118 1,47778
ANEXO 1 - CICLOS DA VIDA DE UM AGLOMERADO (CLUSTERS)
CRESCENTE
DECLINANTE
CICLOS DA VIDA DE UM AGLOMERADO (CLUSTER)
EMERGENTE
Inicio
de
um
necio.
Emergência
de
novo
mercado.
Queda
da
demanda
devido
à
adoção
de
tecnologias
superadas
ou
pela
competição
por
outros
produtos.
Queda
dos
lucros,
enquanto
algumas
empresas
deixam
o
aglomerado.
Novos
empreendimentos
orientam-se
para
a
mesma
área
dos
aglomerados
produtivos
Estabilização
do
crescimento
do
aglomerado.
Redução
do
crescimento
de
lucros,
enquanto
a
concorrência
aumenta.
ESTABILIZAÇÃO
Fonte: EURADA, 1999.
128
ANEXO 2 - APLS PRIORITÁRIOS GTP APL 2008-2010 - ESTADO SC
129
APL SETOR
CIDADE
PÓLO
IDH CIDADE
PÓLO
POPULAÇÃO MUNICÍPIOS
Leite no Oeste
Chapecó
0,848
324.779
Águas de Chapecó
Águas Frias
Anchieta
Bandeirante
Barra Bonita
Belmonte
Bom Jesus do Oeste
Caibi
Campo Erê
Caxambu do Sul
Chapecó
Cordilheira Alta
Coronel Freitas
Coronel Martins
Cunha Po
Cunhatai
Descanso
Dionísio Cerqueira
Flor do Sertão,
Formosa do Sul
Galvão
Guaraciaba
Guarujá do Sul
Guatambu
Iporã do Oeste
Iraceminha
Irati
Itapiranga
Jardinópolis
Jupiá
Maravilha
Modelo
Mondai
Nova Erechim
Nova Itaberaba
Novo Horizonte
Palma Sola
Palmitos
Paraíso
Pinhalzinho
Planalto Alegre
Princesa
Quilombo
Riqueza
Romelândia
S. Carlos
S. Miguel do Oeste
S.João do Oeste
Saltinho
Santa Helena
Santa Terezinha do
progresso
Santiago do Sul
São Bernardino
São José do Cedro
São Lourenço do
Oeste
São Miguel da Boa
130
Vista
Saudades
Serra Alta
Sul Brasil
Tigrinhos
Tunápolis
União do Oeste
Frutas e Vinhos de
Altitude
CIDADE PÓLO
IDH da Cidade Pólo
POPULA ÇÃO
São Joaquim
0,766
739.268
Arroio Trinta
Bocaina do Sul
Bom Jardim da Serra
Bom Retiro
Caçador
Calmon
Curitibanos
Florianópolis
Fraiburgo
Frei Rogério
Iomerê
Lages
Lebon Regis
Macieira
Matos Costa
Painel
Pinheiro Preto
Ponte Alta do Norte
Rio das Antas
Rio Rufino
Salto Veloso
Santa Cecília
São Cristóvão do Sul
São Joaquim
Tangará
Timbó Grande
Urubici
Urupema
Videira
Tecnologia da Informação e
Comunicação
Florianópolis
0,875
1.293.181
Araquari
Biguaçú
Blumenau
Florianópolis
Gaspar
Itapoá
Joinville
Palhoça
Pomerode
Santo Amaro da
Imperatriz
São Francisco do Sul
São Jo
Cerâmica vermelha
Itajaí
0,825
625.645
Agrolândia
Agronômica
Apiúna
Atalanta
Aurora
Braço do Trombudo
Chapadão do Lageado
Dona Ema
Ibirama
Imbuia
Ituporanga
131
José Boiteux
Laurentino
Lontras
Petrolândia
Presidente Getúlio
Presidente Nereu
Rio do Oeste
Rio do Sul
Trombudo Central
Vidal Ramos
Vitor Meireles
Witmarsun
Malacocultura
Florianópolis
0,875
81.541
Biguaçu
Florianópolis
Governador Celso
Ramos
Palhoça
São Jo
132
ANEXO 3 - CONJUNTO DE CONDIÇÕES PARA DEFINIÇÃO DE APL
133
Fonte: BNDES
134
ANEXO 4 - PESQUISA DE DEMANDA SANTUR - TURISMO DE SAÚDE
135
BLUMENAU
12 - PRINCIPAIS ATRATIVOS TURÍSTICOS
ATRATIVO 2005 2006 2007
VISITA A AMIGOS/PARENTES 53,26% 45,89% 28,62%
ATRATIVOS HIST. CULTURAIS 28,26% 23,08% 31,51%
ATRATIVOS NATURAIS 13,77% 21,49% 36,34%
EVENTOS 1,09% 6,37% 0,96%
TRATAMENTO DE SAÚDE 1,81% 1,85%
MANIFESTAÇÕES POPULARES 1,81% 1,32% 2,57%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00%
fonte: SANTUR/GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO
http://www.sol.sc.gov.br/santur/FrameDemanda2007.asp?Link=Blumen.htm
FLORIANÓPOLIS
12 - PRINCIPAIS ATRATIVOS TURÍSTICOS
ATRATIVO 2005 2006 2007
ATRATIVOS NATURAIS 73,52% 70,17% 68,86%
VISITA A AMIGOS/PARENTES 16,77% 19,68% 13,30%
ATRATIVOS HIST. CULTURAIS 5,39% 2,81% 13,60%
EVENTOS 2,58% 5,13% 3,79%
MANIFESTAÇÕES POPULARES 0,91% 0,87% 0,30%
TRATAMENTO DE SAÚDE 0,83% 1,34% 0,15%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00%
fonte: SANTUR/GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO
ITAJAÍ
12 - PRINCIPAIS ATRATIVOS TURÍSTICOS
ATRATIVO 2005 2006 2007
VISITA A AMIGOS/PARENTES 54,23% 68,18% 44,22%
ATRATIVOS NATURAIS 40,27% 26,68% 50,49%
ATRATIVOS HIST. CULTURAIS 2,75% 2,37% 3,14%
TRATAMENTO DE SAÚDE 1,14% 1,98% 0,17%
EVENTOS 0,92% 0,59% 1,98%
136
MANIFESTAÇÕES POPULARES 0,69% 0,20%
----
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00%
fonte: SANTUR/GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO
JARAGUA DO SUL
12 - PRINCIPAIS ATRATIVOS TURÍSTICOS
ATRATIVO 2005 2006 2007
VISITA A AMIGOS/PARENTES 73,37% 83,16% 58,82%
ATRATIVOS NATURAIS 18,71% 12,76% 28,68%
ATRATIVOS HIST. CULTURAIS 4,68% 0,51% 5,88%
EVENTOS 1,80% 2,55% 4,41%
MANIFESTAÇÕES POPULARES 1,08% 0,51% 2,21%
TRATAMENTO DE SAÚDE 0,36% 0,51%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00%
fonte: SANTUR/GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO
SÃO BENTO DO SUL
12 - PRINCIPAIS ATRATIVOS TURÍSTICOS
ATRATIVO 2006 2007
VISITA A AMIGOS/PARENTES
64,74% 43,04%
ATRATIVOS NATURAIS
16,84% 21,20%
ATRATIVOS HIST. CULTURAIS
12,63% 16,14%
TRATAMENTO DE SAÚDE
2,63% 0,95%
EVENTOS
2,11% 11,39%
MANIFESTAÇÕES POPULARES
1,05% 7,28%
TOTAL
100,00% 100,00%
fonte: SANTUR/GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO
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