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ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA
NEOSPOROSE BOVINA EM REBANHOS
LEITEIROS DE MINAS GERAIS
RAQUEL RIBEIRO DIAS SANTOS
2008
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RAQUEL RIBEIRO DIAS SANTOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA
NEOSPOROSE BOVINA EM REBANHOS
LEITEIROS DE MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação “Stricto Sensu” em Ciências
Veterinárias, para obtenção do título de “Mestre”.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Marcos Guimarães
LAVRAS
MINAS GERAIS-BRASIL
2008
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Santos, Raquel Ribeiro Dias.
Aspectos epidemiológicos da neosporose bovina em rebanhos leiteiros
de Minas Gerais / Raquel Ribeiro Dias Santos. – Lavras : UFLA, 2008.
82 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Antônio Marcos Guimarães.
Bibliografia.
1. Bovino. 2. Epidemiologia. 3. Neospora. 4. Transmissão. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 636.2089696
RAQUEL RIBEIRO DIAS SANTOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA
NEOSPOROSE BOVINA EM REBANHOS
LEITEIROS DE MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação “Stricto Sensu” em Ciências
Veterinárias, para obtenção do título de “Mestre”.
Aprovada em 05 de março de 2008.
Dr
a
Christiane M. B. M. Rocha UFLA
Dr. Christian Hirsch UFLA
Dr. Múcio Flávio Barbosa Ribeiro UFMG
Orientador. Prof. Dr. Antônio Marcos Guimarães
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
Dedico este trabalho ao meu avô Gonzaga, pelo amor e
carinho dedicado a nossa família, pelo exemplo
de honestidade, alegria e humildade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força, saúde e perseverança.
Ao André, que esteve sempre ao meu lado, pelo amor, companheirismo,
paciência e tolerância.
Ao papai pelo apoio, incentivo e confiança e pelo exemplo de caráter, trabalho e
honestidade.
À mamãe pelo incentivo, carinho e dedicação e compreensão mesmo de longe.
A Sarah pelo amor, amizade e carinho.
A minha família e amigos. Em especial a vovó Eny, vovó America e ao vovô
Júlio.
A Raquelzinha pela amizade e carinho.
Ao Prof. Antônio Marcos pela orientação, pelos conselhos, pela amizade e
atenção.
À Prof.ª Christiane pela amizade, pelas sugestões e pela grande ajuda nas
análises estatísticas.
Ao Prof. Christian pelo treinamento no laboratório de Cultivo Celular e pelas
sugestões e orientações.
Ao Prof. Tarcísio de Moraes Gonçalves pela ajuda com as análises estatísticas.
Ao Prof. João Chrysostomo pela atenção, orientação e por ter ajudado com os
dados da Fazenda Pinheiros.
À Profª Dr
a
Solange Maria Gennari (FMVZ/USP) por ter cedido os taquizoítos
de N. caninum.
A Glei, amiga de todas as horas, por escutar as minhas dúvidas e lamentações,
pelo carinho.
Ao Antonio pelo carinho e pelo exemplo de dignidade e perseverança.
A Cris, Marquinhos, Letícia pela companhia sempre agradável no Laboratório
de Parasitologia, DMV/UFLA.
2
A Dircéia pela ajuda na manipulação dos equipamentos de laboratório.
Ao Médico Veterinário Carlos Gleison pela ajuda na escolha da Fazenda Ponte
Alta.
Ao Sr. Hugo Andrade, proprietário da Fazenda Ponte Alta pela utilização dos
animais e a todos os funcionários pela ajuda nos dias de coleta, principalmente,
ao Sr. Chico.
Ao Sr. Wilson proprietário da Fazenda Pinheiros pela utilização dos animais.
A Hilda J. Pena pelo treinamento em cultivo celular no Laboratório de Doenças
Parasitárias na FMVZ/ USP.
A minha amiga Silvana pela acolhida durante estada em São Paulo.
À Universidade Federal de Lavras pela oportunidade.
À CAPES pela bolsa de estudos.
À FAPEMIG pelo financiamento do projeto de pesquisa.
Aos amigos do Curso de Mestrado em Ciências Veterinárias.
3
SÚMARIO
Página
ÍNDICE DE TABELAS........................................................................... i
INDICE DE FIGURAS........................................................................... ii
RESUMO.................................................................................................. iv
ABSTRACT.............................................................................................. v
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 01
2 OBJETIVOS.......................................................................................... 04
2.1 Objetivo Geral...................................................................................... 04
2.2 Objetivos Específicos.......................................................................... 04
3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 05
3.1 Neospora caninum...................................................................... 05
3.2 Transmissão................................................................................ 07
3.3 Sinais Clínicos............................................................................ 10
3.4 Freqüência de bovinos infectados por N. caninum no Brasil e no
mundo.................................................................................................
11
3.4.1 Fatores de risco........................................................................ 17
3.5 Diagnóstico Sorológico e Histológico.......................................... 22
3.6 Controle da neosporose bovina................................................... 24
4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................. 26
4.1 Delineamento epidemiológico..................................................... 26
4.2 Caracterização das regiões estudadas.......................................... 27
4.3 Estudo 1 - Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em bezerras e
novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras, MG.........
29
4.3.1 Características da área da microrregião de Lavras ................... 29
4.3.2 Amostras de soros bovinos....................................................... 30
4.3.3 Coleta das amostras de soros bovinos na microrregião de Lavras... 31
4.3.4 Coleta de soros de cães da zona rural dos municípios de Carrancas
e Lavras, microrregião de Lavras......................................................
32
4.3.5 Cultivo de células .................................................................... 32
4.3.6 Reação de imunofluorescência indireta ................................... 33
4.3.7 Análise Estatística do Estudo I.................................................. 34
4.4 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e, efeitos do N. caninum sobre a produção
leiteira e alterações reprodutivas.......................................................
35
4.4.1 Coleta de amostras de soros de bovinos leiteiros da fazenda Ponte
Alta, localizada no município de Bom Sucesso, microrregião de
Oliveira...............................................................................................
35
4.4.1.1 Características do município de Bom Sucesso....................... 35
4.4.1.2 Características do sistema de produção da Fazenda Ponte Alta.... 36
4.4.2 Coleta de amostras de soros de bovinos leiteiros na Fazenda
i
Pinheiros, no município de São João Del Rei, microrregião de São João
Del Rei..............................................................................................
37
4.4.2.1 Características da microrregião de São João Del Rei............. 37
4.4.2.2 Características do sistema de produção leiteira da Fazenda
Pinheiros...........................................................................................
38
4.4.3 Freqüência de infecção congênita nas fazendas Ponte Alta e
Pinheiros ..........................................................................................
39
4.4.4 Análise estatística do Estudo II................................................ 40
5 RESULTADOS............................................................................... 41
5.1 Estudo 1 - Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum em
bezerras e novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras,
MG....................................................................................................
41
5.1.1 Caracterização das 18 propriedades leiteiras na microrregião de
Lavras...............................................................................................
41
5.1.2 Freqüência de bovinos soropositivos e fatores de risco............ 44
5.1.3 Freqüência de cães soropositivos da zona rural dos municípios de
Lavras e Carrancas, microrregião de Lavras......................................
45
5.2 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e efeitos do N. caninum sobre a produção leiteira
e parâmetros na reprodução..............................................................
47
5.2.1 Freqüência de infecção congênita e transmissão horizontal em
bovinos das fazendas Ponte Alta e Pinheiros....................................
47
5.2.2 Efeito da soropositividade sobre a produção leiteira e os
parâmetros reprodutivos em bovinos das fazendas Ponte Alta e
Pinheiros ..........................................................................................
49
6 DISCUSSÃO................................................................................... 53
6.1 Estudo 1 - Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em bezerras e
novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras, MG.........
53
6.1.1 Freqüência de bovinos soropositivos e fatores de risco........... 53
6.2 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e efeitos do N. caninum sobre a produção leiteira
e parâmetros na reprodução..............................................................
58
6.2.1 Infecção congênita e transmissão horizontal de N. caninum em
bovinos das Fazendas Ponte Alta e Pinheiros...................................
58
6.2.2 Efeitos da soropositividade sobre a produção leiteira e os
parâmetros reprodutivos em bovinos das Fazendas Ponte Alta e
Pinheiros...........................................................................................
62
7 CONCLUSÕES..............................................................................
66
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 67
ii
INDICE DE TABELAS
Página
TABELA 1 Valores de ocorrência de anticorpos anti-N. caninum em
bovinos de diferentes estados brasileiros, respectivas técnicas
e autores..............................................................................
14
TABELA 2 Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em bovinos
no mundo, segundo o país, freqüência de soropositivos,
técnica utilizada, autor e ano..............................................
16
TABELA 3 Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em cães no
Brasil, pela técnica de imunofluorescência indireta (RIFI),
freqüência de soropositivos, autor e ano............................
21
TABELA 4 Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em cães de
área rural, no Mundo, freqüência de soropositivos, técnica,
autor e ano..........................................................................
22
TABELA 5 Municípios e número de amostras (absoluto e relativo) de
soros coletados em propriedades leiteiras da microrregião de
Lavras, Sul de Minas Gerais................................................
31
TABELA 6
Parâmetros descritivos de 18 propriedades leiteiras da
microrregião de Lavras - MG por grupo de produção, 2004.....
42
TABELA 7 Caracterização das 18 propriedades leiteiras dos Grupos A
(<1.000 litros de leite/dia) e B (>1.000 litros de leite/dia) da
microrregião de Lavras, MG, 2004.....................................
43
TABELA 8 Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em fêmeas bovinas
menores de 24 meses de idade de propriedades leiteiras dos
grupos A (< 1.000 litros de leite/dia) e B (> 1.000 litros de
leite/dia) da microrregião de Lavras, MG, 2004........................
45
TABELA 9 Municípios e freqüência de anticorpos anti-N. caninum em
fêmeas bovinas menores de 24 meses de idade de
propriedades leiteiras da microrregião de Lavras, MG..............
46
TABELA 10 Freqüência (%) dos parâmetros reprodutivos analisados nas
fazendas Ponte Alta e Pinheiros em função da
soropositividade dos bovinos para N. caninum, março a junho
2007............................................................................................
50
TABELA 11 Características descritivas das propriedades leiteiras Ponte
Alta e Pinheiros, março a junho 2007........................................
51
TABELA 12 Valores de P para as variáveis independentes testadas pelo
teste de qui-quadradro. ..............................................................
52
i
INDICE DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 Mapa com as 12 mesorregiões do estado de Minas Gerais......... 28
FIGURA 2 Árvores genealógicas dos rebanhos das Fazendas Ponte Alta e
Pinheiros em que foi verificada a transmissão horizontal para
N. caninum, 2007........................................................................
48
ii
RESUMO
SANTOS, Raquel Ribeiro Dias. Aspectos epidemiológicos da neosporose
bovina em rebanhos leiteiros de Minas Gerais. 2008. 97 p. Dissertação
(Mestrado em Ciências Veterinárias) - Universidade Federal de Lavras, Lavras,
MG.
*
A neosporose bovina é uma doença parasitária causada pelo protozoário Neospora
caninum, atualmente uma das principais causas de aborto em bovinos leiteiros e de corte
em todo o mundo. O objetivo principal deste estudo foi determinar a freqüência de
infecção por N. caninum em bezerras e novilhas de rebanhos leiteiros da microrregião de
Lavras e relacionar os fatores de risco ao status sorológico dos animais. Para tanto foram
realizados dois estudos, o primeiro teve como objetivo determinar a freqüência de
anticorpos anti-N. caninum e os fatores de risco associados a soropositividade, em 18
rebanhos leiteiros da microrregião de Lavras, sul de Minas Gerais. Para isso, 534
amostras de soros, coletadas de bezerras (maiores de três meses idade) e novilhas (até 24
meses de idade), foram divididas em dois grupos de acordo com a produção de leite da
fazenda: Grupo A (<1.000 litros de leite/dia) e B (>1.000 litros de leite/dia). A sorologia
foi realizada por meio da reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e como ponto de
corte o título de 1:200. A freqüência nos rebanhos foi de 100% (18/18). A freqüência
média global de animais infectados por N. caninum foi de 46,25% (247/534) e, 43,66%
(93/213) para fazendas do grupo A, e de 47,97% (154/321) para o grupo B; e não foi
observada diferença significativa (p>0,05) entre os dois grupos. Não foi verificada
associação significativa (p>0,05) entre os fatores de risco e a soropositividade para N.
caninum em ambos estudos. O segundo estudo foi realizado em dois rebanhos leiteiros e
cujo objetivo foi relacionar a infecção por N. caninum com os parâmetros reprodutivos e
produtivos e quantificar as taxa de transmissão vertical e investigar a ocorrência de
transmissão horizontal. A freqüência de animais por N. caninum nos rebanhos foi de
39,4% (93/236) para o rebanho da fazenda Ponte Alta e de 28,6% (32/102) para a
fazenda Pinheiros. A freqüência média global dos dois rebanhos foi de 36,68%
(124/338). A transmissão vertical foi de 29% no rebanho da Fazenda Ponte Alta e de 9
% no rebanho na Fazenda Pinheiros. A taxa global de transmissão vertical foi de
23,72%. Em relação aos efeitos do N. caninum sobre a produção e reprodução nos dois
rebanhos, não houve diferença significativa entre a produção leiteira, o intervalo de
partos, a ocorrência de abortos e outros problemas reprodutivos. Os resultados deste
estudo demonstram que a infecção por N. caninum está amplamente distribuída entre
bezerras e novilhas da microrregião de Lavras, sul de Minas Gerais; e confirmam a
importância da transmissão vertical na epidemiologia da neosporose bovina e sua
contribuição para manutenção da infecção no rebanho. Embora não seja a rota principal
de infecção, a transmissão horizontal foi identificada nas duas fazendas e deve ser levada
em consideração para a realização da prevenção e controle da doença nesses rebanhos.
*
Comitê Orientador: Dr. Antônio Marcos Guimarães - UFLA - (Orientador); Dr
a
Christiane M. B.
M. Rocha - UFLA - (Co-orientadora);Dr. Christian Hirsch- UFLA - (Co-orientador).
iii
ABSTRACT
SANTOS, Raquel Ribeiro Dias. Epidemiology of bovine neosporosis in dairy
herds of the Minas Gerais state 2008. 97 p. Dissertation (Master in Veterinary
Sciences) - Federal University of Lavras, Lavras, MG.
*
Neosporosis is a major cause of abortion in dairy and cattle worldwide. The
global objective of this study was determined the frequency of infection in
calves and heifers from dairy herds of Lavras, MG. For than two studies were
carried, the first one was to establish the frequency of infection and to analysis
risk factors to Neospora caninum in calves and heifers from 18 dairy herds of
Lavras, Minas Gerais State. Five hundred and thirty and four samples were
screened by indirect immunofluorescence antibody test (IFAT) using cut off
dilution of 1:200. The dairy herds were classified in two groups: group A) herds
produced more than 1,000 lid of milk/day and group B) herds produced less than
1,000 lid of milk/day. The herd prevalence was 100% (18/18). The overall
frequency of N. caninum infection was 46.25% (247/534) such as 43.66%
(93/213) and 47.97% (154/321) in group A and B, respectively. There was no
statistically significant difference between the groups (p>0.05). There was no
significant association between risk factor and serology for N. caninum
(p>0.05).The second one, was to establish the frequency of transplacental
transmission and to analysis reproductive factors to N. caninum in calves and
heifers from two dairy herds of Minas Gerais State. Three hundred and sixty and
nine samples were screened by indirect immunofluorescence antibody test
(IFAT) using cut off dilution of 1:200. The frequency of N. caninum infection
was 39, 4 % (93/236) and 31, 37 % (32/102) in farms Ponte Alta and Pinheiros,
respectively. Transplacental transmission was 29% in Ponte Alta and 9 % in
Pinheiros. The global of transplacental transmission were 23, 72%. In both
farms was determined post-natal transmission. There was no significant
association between milk production, reproductive factors and serology for N.
caninum (p>0.05).The results indicate that the infection for N. caninum appears
to be widespread between calves and heifers of dairy herds in micro region of
the Lavras, south of Minas Gerais State, and even so post-natal transmission
does not the major route of transmission, this route was identified on two farms
and this route was important to do the control for this illness in this dairy herds.
*
Guidance Commitee: Dr. Antônio Marcos Guimarães - UFLA - (Adviser); Dr
a
Christiane M. B.
M. Rocha- UFLA - (Co-adviser); Dr. Christian Hirsch- UFLA - (Co-adviser)
iv
1 INTRODUÇÃO
O Brasil cada vez mais se consolida como o país de grande importância
na produção agropecuária mundial. O agronegócio, cuja maior transformação
ocorre nas fazendas brasileiras, impulsiona a economia e gera empregos. A
localização do país no globo, assim como sua topografia são fatores favoráveis
para produção agropecuária. O efetivo de bovinos em 2004 manteve a posição
de maior rebanho comercial do mundo, com mais de 204 milhões de animais. A
produção total de leite no país em 2005 foi de 25 bilhões de litros de leite, sendo
ordenhadas 21 milhões de vacas.
Minas Gerais é o maior produtor de leite no país. Em 2005, produziu
6.629 milhões de litros. Para que o país e Minas Gerais continuem se destacando
na produção leiteira, alguns desafios terão que ser alcançados, como melhorar a
produtividade dos animais e a sanidade dos rebanhos com destaque para o
controle das doenças reprodutivas.
A neosporose bovina é uma doença parasitária causada pelo protozoário
do Filo Apicomplexa Neospora caninum, parasito coccídio, formador de cistos,
que foi descrito e caracterizado pela primeira vez em cães nos EUA (Dubey et
al., 1988). Desde a sua descoberta, este parasito tem emergido como um
patógeno significante, acometendo várias espécies animais como a bovina,
sendo apontado em algumas regiões, como uma das maiores causas de abortos
nessa espécie animal (Mayhew et al., 1991).
Os abortamentos induzidos pelo parasito acometem rebanhos de corte e
leite, sendo relatados em vários países, determinando um grande impacto
econômico e gerando enormes prejuízos para a pecuária (Dubey, 1999a). Na
Califórnia, EUA, as perdas anuais estão estimadas em 35 milhões de dólares
(Anderson et al., 1995). Na Austrália, o valor encontra-se em torno de 85
milhões de dólares/ano para a indústria leiteira e 25 milhões de dólares para a
1
pecuária de corte (Dubey, 1999a). As perdas não se limitam apenas aos
abortamentos. Devem ser considerados os custos indiretos associados ao aborto,
tais como infertilidade, repetições de cios, assistência veterinária e possível
queda na produção leiteira.
O descarte prematuro de matrizes e os gastos com mão-de-obra também
devem ser incluídos no cálculo do custo da doença. Em rebanhos de corte, N.
caninum tem sido associado à redução significativa no ganho de peso de
bezerros após a desmama e na produção de carcaças leves (Barling et al., 2000).
O protozoário está amplamente distribuído no território brasileiro e a
transmissão transplacentária (vertical) é considerada a principal via de infecção
para os bovinos, podendo acontecer com uma freqüência de até 95% (Davision
et al., 1999). É a rota de transmissão mais importante e responsável pela
manutenção ou expansão da infecção no rebanho por sucessivas passagens de
geração para geração (Dubey, 1999). Além disso, infecções pós-natal têm sido
observadas, provavelmente causadas por consumo de alimento e água
contaminados com oocistos eliminados dos hospedeiros definitivos: cães e
coiotes (McAllister et al., 1998; Gondim et al., 2004).
Métodos sorológicos são utilizados para detectar anticorpos anti-N.
caninum em amostras de soros sanguíneos, fluido cérebro-espinhal, colostro ou
leite (Barber & Trees, 1998), fornecendo informações a respeito da ocorrência
do agente. Testes tais como a reação de imunofluorescência indireta (RIFI),
ensaio imunoenzimático (ELISA) utilizando extrato de taquizoítos, antígenos
incorporados a imunocomplexos estimulantes, ou ainda anticorpos de captura e
teste de aglutinação (NAT) têm sido envolvidos em estudos epidemiológicos
para detectar a presença de anticorpos anti-N. caninum em infecções naturais,
além de serem amplamente utilizados no monitoramento de infecções
experimentais (Jenkins et al., 2000).
2
Muitos fatores relacionados ao N. caninum continuam sem respostas
(Pérez-Zaballos et al., 2005; Dubey et al., 2006) e para realizar o controle da
neosporose esses fatores precisam ser estabelecidos. Para tanto, é necessário
identificar os fatores de risco associados à epidemiologia desse parasito nas
diferentes áreas (Warleta et al., 2008).
Em função dos prejuízos econômicos provocados pela neosporose
bovina e do número limitado de estudos sobre esta enfermidade no Sul de Minas
Gerais, é importante que se estabeleça a freqüência de rebanhos infectados e as
vias de transmissão do N. caninum em rebanhos leiteiros nesta área como
medida preliminar de futuras ações que visem ao seu controle.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo principal deste estudo foi determinar a freqüência de infecção
por N. caninum em bezerras e novilhas de rebanhos leiteiros da microrregião de
Lavras e relacionar os fatores de risco ao status sorológico dos animais, bem
como avaliar o efeito deste protozoário sobre a reprodução e a produção de leite.
2.2 Objetivos Específicos
Determinar a freqüência de N. caninum em bezerras e novilhas de
rebanhos leiteiros.
Determinar os fatores zootécnicos e sanitários envolvidos com a
freqüência de N. caninum em rebanhos leiteiros.
Determinar a freqüência de anticorpos anti- N. caninum em cães criados
em área rural dos municípios de Carrancas e Lavras.
Avaliar o efeito da infecção por N. caninum sobre as alterações
reprodutivas e a produção em dois rebanhos leiteiros.
Quantificar as taxa de transmissão vertical e investigar a ocorrência de
transmissão horizontal em dois rebanhos leiteiros.
4
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Neospora caninum
N. caninum é um protozoário descrito em cães desde 1988 e
posteriormente em bovinos. O parasito está relacionado estrutural e
morfologicamente com o Toxoplasma gondii, sendo a sua classificação
taxonômica, segundo Dubey & Lindsay (1999) assim descrita:
Filo: Apicomplexa
Classe: Sporozoasida
Ordem: Eucoccidiorida
Família: Sarcocystidae
Gênero: Neospora
Espécie: N. caninum
O ciclo de vida apresenta três estágios infecciosos: bradizoítos,
taquizoítos e esporozoítos. Taquizoítos e cistos teciduais são estágios
encontrados nos hospedeiros intermediários. Os bradizoítos representam o
estágio de proliferação lenta, no qual os parasitas formam cistos teciduais,
principalmente no sistema nervoso central (Dubey, 2006).
Os cistos teciduais apresentam-se arredondados ou elípticos, com até
107 μm de diâmetro e são encontrados em células do sistema nervoso, como
cérebro, medula espinhal, nervos e retina (Dubey et al., 1988). A parede do cisto
é lisa, medindo até 4 μm de espessura, dependendo do tempo de infecção.
No interior dos cistos, encontram-se os bradizoítos, os quais são
delgados, medindo 6-8 μm de comprimento por 1-1,8 μm de largura e contendo
as mesmas organelas dos taquizoítos, exceto por um menor número de roptrias e
maior número de grânulos (Dubey et al., 2006).
5
Sob certas circunstâncias, como prenhez e imunodeficiência, os
bradizoítos, após o rompimento do cisto tecidual, podem converter-se em
taquizoítos, que se proliferam assexuadamente, promovendo a infecção fetal ou
então causar lesões nesses animais imunossuprimidos.
Os taquizoítos de N. caninum medem aproximadamente 7,5μm x 2 μm,
podendo variar de tamanho conforme o estágio de divisão (Lindsay et al., 1996).
Apresentam a forma ovóide, semilunar ou globular e uma célula infectada pode
conter mais de 100 taquizoítos. Os oocistos esporulados medem 11,7μm de
comprimento por 11,3μm de diâmetro, contém dois esporocistos com quatro
esporozoítos cada um (Mcallister, 1998; Dubey et al., 2002).
A ingestão oral de cistos que contêm bradizoítos por hospedeiros
carnívoros promove a diferenciação sexual do parasito nos tecidos intestinais,
com formação de oocistos não esporulados que são excretados nas fezes. No
ambiente, nesses oocistos se desenvolvem os esporozoítos, por um processo
chamado de esporulação. Os oocistos esporulados são, oralmente, infectantes
para carnívoros e herbívoros, sendo de importância vital na epidemiologia da
neosporose devido à contaminação ambiental (Dubey et al., 2002).
O N. caninum tem como hospedeiros definitivos o cão e coiote que
eliminam oocistos após a ingestão de tecidos ou órgãos dos hospedeiros
intermediários (Gondim et al., 2004). Os oocistos após a esporulação no
ambiente dentro de 48-72 h, em condições favoráveis, podem ser ingeridos pelos
hospedeiros intermediários.
A neosporose está amplamente distribuída em vários estados brasileiros,
sendo relatada a ocorrência do parasito ou de anticorpos séricos anti-N. caninum
nos bovinos, caprinos, ovinos e caninos (Dubey & Lindsay, 1996).
6
3.2 Transmissão
N. caninum é transmitido de forma muito eficiente nos rebanhos
bovinos. Os três estágios infectantes estão envolvidos na transmissão do parasito
(Dubey et al., 2007).
De acordo com Dubey et al. (2006), a transmissão horizontal ocorrerá
quando os bovinos ingerirem oocistos esporulados de N. caninum. A
transmissão vertical é responsável pela propagação da infecção de uma fêmea
persistentemente infectada para sua prole durante a gestação. Transmissão pós-
natal e congênita recebem denominações alternativas na literatura tais como
rotas horizontal e vertical e transmissão transplacentária exógena e endógena,
estas duas últimas mais recentes com a finalidade de descrever com mais
precisão a origem e a rota de infecção do feto (Innes et al., 2001).
A transmissão transplacentária exógena é definida como a infecção fetal
que ocorre com o resultado da infecção primária, pela ingestão de oocistos, da
vaca durante a gestação. Já a transmissão transplacentária endógena é definida
como a infecção do feto de uma vaca persistentemente infectada (adquirida antes
da prenhez e provavelmente congênita) depois de recrudescência ou reativação
da infecção durante a gestação (Dubey et al., 2006; Trees & Williams, 2005).
A transmissão vertical contribui significativamente para a persistência
do N. caninum no rebanho e para a propagação da infecção, sendo que os
animais infectados assim permanecem durante toda a vida, podendo transmitir a
infecção para suas gerações de forma consecutiva ou intermitente (Dubey et al.,
2006).
Anderson et al. (1997) observaram a transmissão vertical de N.caninum
em novilhas que se infectaram por via transplacentária. Estas se apresentavam
saudáveis quando jovens, porém, quando adultas transmitiram o parasito para o
feto, caracterizando com isso, os efeitos negativos da manutenção do N. caninum
no rebanho.
7
A infecção por N. caninum em fetos não pode ser simplesmente
descartada devido à ausência de anticorpos em soros ou fluidos fetais. A
presença de anticorpos é determinada pela condição imunológica do feto que,
por sua vez, depende da idade do mesmo, da dose infectante e da resposta imune
da mãe (Dubey et al., 1998).
O aborto é a principal manifestação clínica da neosporose tanto em gado
de corte ou de leite (Anderson et al., 1991). Abortos podem ser epidêmicos,
endêmicos e esporádicos. Geralmente abortos epidêmicos ocorrem pela infecção
horizontal primária por meio da ingestão de oocistos presentes em alimentos ou
água, enquanto abortos endêmicos ocorrem em animais persistentemente
infectados (transmissão vertical), devido à recrudescência da infecção durante a
gestação (Dubey & Schares, 2006).
De acordo com Dubey et al. (2006), a transmissão horizontal pode
resultar em uma alta taxa de abortos. Em outros casos a transmissão horizontal
em rebanhos leiteiros não resulta no aumento de incidência de abortos, por estes
rebanhos estarem infectados com uma amostra de N. caninum com baixa
virulência. A incidência de infecção horizontal subclínica ainda não foi
determinada.
Rebanhos soropositivos, tanto leiteiros como de corte, têm maior
probabilidade de ocorrência de abortos e até 95% dos bezerros nascidos de mães
soropositivas podem ser infectados congenitamente, mas nascem clinicamente
normais (Dubey et al., 2006).
Alguns autores descrevem que ocorre um decréscimo na proporção de
bezerros infectados congenitamente em vacas com maior número de partos, o
que pode ser explicado pelo aumento da imunidade protetora contra a
transmissão transplacentária, ou seja, a transmissão vertical é mais eficiente em
fêmeas mais jovens. O desenvolvimento de imunidade protetora contra novos
8
abortos em vacas após a primo-infecção com N. caninum tem sido indicado por
outros pesquisadores (Dubey et al., 2006).
Evidências da eficiência da transmissão vertical são demonstradas pela
comparação do status sorológico das vacas e sua progênie (Dubey et al., 2007).
Até o presente momento, a transmissão de animal para animal de N.
caninum não foi descrita. Uggla et al. (1998) demonstraram que a infecção por
N. caninum via colostro poderia ser uma possível rota de transmissão vertical
resultante da infecção de recém-nascidos com poucas horas de vida. Embora
outro estudo realizado por Dubey et al. (1998) indicou que os taquizoítos de N.
caninum não são resistentes ao HCl.
Davison et al. (2001) concluíram que o N.caninum presente no leite e no
colostro pode ser transmitido para bezerros jovens, não infectados
congenitamente, por meio do pool de colostro realizado nas fazendas leiteiras
tecnificadas do Reino Unido.
Moskwa et al. (2007), sintetizaram que em algumas situações bezerros
podem ser infectados via colostro, se, por exemplo, um grande número de
taquizoítos estiver presente no colostro ou leite de um animal individualmente.
Poucos estudos sugerem que o sêmen de touros infectados podem ser
potenciais vetores da transmissão venérea da neosporose bovina (Gay et al.,
2006). De qualquer modo, o DNA de N. caninum pode ser encontrado no sêmen
de touros naturalmente expostos. Resultados sugerem que a viabilidade desses
organismos, quando presentes, é pequena e infreqüente (Dubey et al., 2007).
Baillargeon et al. (2001) e Landmann et al. (2002) demonstraram que a
transferência de embriões é uma técnica segura e eficiente de controle da
transmissão vertical, uma vez que os embriões provindos de doadoras positivas,
se transferidos para receptoras negativas, rompem o ciclo da infecção congênita.
Porém, o contrário pode acontecer: se ocorrer a transferência de embriões de
doadoras, tanto negativas como positivas, para receptoras positivas ao N.
9
caninum, estas são capazes de transmitir a infecção ao feto. No estudo de
Baillargeon et al. (2001), o índice de transmissão vertical foi de 75% quando
embriões foram implantados em receptoras positivas.
3.3 Sinais clínicos
A neosporose bovina tem sido relatada como uma das maiores causas de
aborto e de falhas reprodutivas nos rebanhos em todo mundo (Dubey & Lindsay,
1996). Vacas infectadas com esse parasito têm de três a sete vezes mais chances
de abortarem quando comparadas a animais não infectados (Innes et al., 2005).
O aborto é o sinal clínico mais freqüente em vacas adultas e pode
ocorrer em qualquer estágio da infecção, sendo, mais freqüente entre o 5° e 6°
mês de gestação (Dubey, 2003). Fetos abortados antes de cinco meses de
gestação podem estar mumificados e ficarem retidos no útero por vários meses,
a infecção no início da gestação geralmente resulta em reabsorção (Anderson et
al., 1991).
O estágio da gestação durante a qual ocorre a infecção por N. caninum é
importante no resultado da doença. Infecções adquiridas no início da prenhez,
antes de o feto desenvolver o sistema imune, comumente causam morte fetal e
reabsorção. Infecções no meio da gestação podem resultar em aborto ou no
nascimento de um bezerro persistentemente infectado. Contudo, no período final
da gestação, quando o feto é imunocompetente, ocorre o parto normal, porém o
bezerro pode ser congenitamente infectado (Collantes Fernandez et al., 2006).
A neosporose em bezerros neonatos apresenta sinais clínicos como os
membros posteriores e/ou anteriores flexionados ou hiperestendidos, ataxia,
diminuição do reflexo patelar, perda da consciência, exoftalmia, assimetria
ocular e deformidades associadas com lesões de células nervosas e, na fase
embrionária, geralmente, esses estão abaixo do peso da média e têm poucas
chances de sobrevivência (Dubey & Lindsay, 1996).
10
O aparecimento dos sinais clínicos em bezerros nascidos de mães
infectadas ocorre cerca de cinco dias após o parto. (Barr et al. 1993; Dubey.
1989) observaram ainda mielite, miocardite e encefalite associadas ao N.
caninum em bezerros infectados.
Dubey (1989) observou que bezerros podem nascer com distúrbios
neurológicos ou desenvolvê-los alguns dias após o nascimento e, além disso,
vacas com histórico de neosporose podem abortar novamente ou gerar bezerros
infectados em próximas gerações. Barr et al. (1993) verificaram ainda que a
infecção e abortamentos ocorrem em gestações consecutivas ou não.
Infecções em bovinos leiteiros têm sido associadas a abortos,
mortalidade neonatal com um decréscimo de 3% a 4% na produção leiteira
(Hernández et al., 2001). É importante salientar que há um significante aumento
no intervalo entre partos nas vacas soropositivas. Vacas reagentes, comparadas
às soronegativas, podem apresentar maior número de inseminações por prenhez,
evidenciando o baixo desempenho reprodutivo (Hall et al., 2005). Em estudo
realizado na Argentina, em gado de corte, Moore et al. (2002) concluíram que
ocorrem perdas na reprodução devido à infecção por N. caninum incluindo
aborto, baixo ganho de peso nos bezerros e produção de carcaças de baixa
qualidade.
Em rebanhos leiteiros na Costa Rica, Romero et al. (2005) concluíram
que o status sorológico não afetou de modo significativo a produção leiteira das
vacas e os parâmetros reprodutivos; não havendo diferença entre o intervalo
entre partos e o número de serviços por concepção.
3.4 Freqüência de bovinos infectados por N. caninum no Brasil e no mundo
O primeiro inquérito sorológico para N. caninum no Brasil foi relatado
por Brautigam et al. (1996) em bovinos criados no Mato Grosso do Sul e São
Paulo. Uma indicação de que a neosporose poderia ser uma significativa causa
11
de abortos em bovinos no país foi observada em estudo com vacas leiteiras com
histórico de abortamento em São Paulo (Gondim et al., 1999).O primeiro caso
confirmado da infecção por N. caninum foi publicado por Gondim et al. (1999)
em bovinos no Estado da Bahia.
Nesse mesmo ano, ocorreu o primeiro isolamento de N. caninum no país
(Gondim et al., 1999), em um cão da raça Collie, com sete anos de idade, que
apresentava neuropatia, com incoordenação e paresia de membros posteriores. O
título sérico de 1: 1.600 para N. caninum foi determinado pela
imunofluorescência indireta.
Levantamentos sorológicos no Brasil apontam ocorrências de anticorpos
anti-N. caninum que variam de 8,0 % a 67,8 % Gennari (2004). Essa diferença é
decorrente do tipo de amostragem utilizada, como as provenientes de animais
que sofreram abortamentos ou de uma amostra simplesmente casualizada.
Influencia também o índice de soro-reatividade e a sensibilidade do método de
diagnóstico utilizado (Tabela 1).
A ocorrência de animais positivos pode variar com o tipo de exploração, manejo
do rebanho e a presença de hospedeiros definitivos. Rebanhos leiteiros mostram
maior ocorrência de anticorpos (35,9%) quando comparados aos de corte
(17,9%) (Pituco et al., 1998). Entretanto, outros autores apontam semelhanças
nas taxas, conforme Sartor et al. (2003), que constataram 15,9 % em rebanhos
leiteiros e de 15,5% em gado de corte em São Paulo.
Em Minas Gerais, anticorpos anti-N. caninum foram relatados
inicialmente por Melo & Leite (1999). Em um estudo retrospectivo, a freqüência
de anticorpos para o parasito no Estado, em 1997, foi de 18,66% para fêmeas de
sete a 18 meses, 17,94% para animais de 19 a 30 meses e 20,63% para vacas
com idade a partir de 31 meses (Melo et al., 2001).
Melo et al. (2001) analisaram, pelo teste de Elisa, amostras de soros de
bovinos pertencentes a 18 rebanhos que foram agrupados em duas categorias, de
12
acordo com o tipo de leite produzido nas propriedades: 1) rebanhos produtores
de leite tipo A/B e 2) rebanhos produtores de leite tipo C, constatando
freqüências diferentes de infecção por N. caninum, de 27,31% (65/238) para o
sistema leiteiro do tipo A/B e de 12,72% (44/346) para o sistema leiteiro do tipo
C. Também houve diferença entre as mesmas faixas etárias quando comparados
os dois sistemas leiteiros, mas a idade não diferiu dentro de um mesmo sistema
produtivo.
Em estudo analisando 18 rebanhos leiteiros oriundos de 14 municípios
de Minas Gerais, a freqüência variou de nenhum animal positivo em Lavras a
72,73% em Caeté (Melo & Leite, 2001). Nesse estudo, os animais foram
divididos em três faixas etárias, sendo a freqüência de animais positivos de sete
a 18 meses foi de 7,69% (5/65) em rebanhos produtores de leite C e 30,77%
(16/52) em rebanhos produtores de leite A/B. Em relação aos animais de 19 a 30
meses, a freqüência de positivos variou de 12,33% (9/73) no grupo produtor de
leite C a 32,08% (17/53) no grupo produtor de leite A/B. Nos animais com idade
acima de 31 meses, a freqüência variou de 14,42% (30/208) nos produtores de
leite C e 24,06% (32/132) nos produtores de leite A/B.
Em estudo realizado em soros bovinos provenientes de seis estados
brasileiros (Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do
Sul e Rio Grande do Sul), a freqüência de soropositivos conforme a idade foi de
12,5% para animais de 0 a 24 meses, 20,2% para animais de 24 a 48 meses e
25,6% para 48 a 72 meses e 24,1% para animais de 72 a 181 meses de idade
(Ragozzo et al., 2003).
Em ensaio para determinar a taxa de infecção por N. caninum em vacas
e fetos provenientes da microrregião de Lavras, MG, a freqüência global média
dos rebanhos leiteiros foi de 91,2% (510/559), indicando que o parasito está
amplamente distribuído em bovinos leiteiros da região (Guedes, 2006).
13
A freqüência de N. caninum varia dependendo do país e da região
estudada (Tabela 2) (Warleta et al., 2008). Em um estudo comparativo realizado
por Bartels et al. (2006), a freqüência em rebanhos leiteiros na Europa variou de
0,5% na Suíça a 16,2% na Espanha. A freqüência tem sido estimada entre 14,1%
a 40,4% nas Américas (Paré et al., 1996; Chi et al., 2002; Moore. 2005), 5,7 % a
35,6% na Ásia (Hur et al., 1998; Koiwai et al., 2005) e 6,0% a 21,1% na
Oceania (Hall et al., 2006).
TABELA 1 Valores de ocorrência de anticorpos anti-N. caninum em bovinos de
diferentes estados brasileiros, respectivas técnicas e autores.
Estado
Amostras
analisadas
Ocorrência
(%)
Técnica Autor(es)
SP 40 15,0 ELISA Brautigam(1996)
SP 102 34,3 ELISA Pituco et al.(1998)
BA 447 14,0 RIFI Gondim et al.(1999)
MS 91 7,7 ELISA Andreooti et al.(1999)
SP 28 67,8 RIFI Belo et al.(1999)
SP 521 16,3 RIFI Sartor et al.(1999)
MG 39 7,7 ELISA Melo & Leite (1999)
PR 385 11,7 RIFI Ogawa et al.(1999)
SP 777 15,5 RIFI Hasegawa (2000)
MG 584 18,7 ELISA Melo et al. (2001)
PR 172 34,8 ELISA Locatelli-Dietrich et
al. (2001)
SC 29 65,5 ELISA Corbellini et al.
(2001)
MG 88 6,8 RIFI Costa et al. (2001)
... continua...”
14
“Tabela 1, cont.”
BA 391 10,3 RIFI Jesus et al. (2002)
PE 469 34,7 RIFI
Silva et al. (2002)
RJ 140 33,6 ELISA Munhoz et al. (2002)
MS 110 28,2 RIFI Ragozo et al. (2003)
MG 162 29,0 RIFI Ragozo et al. (2003)
PR 90 22,2 RIFI Ragozo et al.(2003)
RJ 150 14,7 RIFI Ragozo et al.(2003)
RS 140 20,0 RIFI Ragozo et al.(2003)
RO 2109 8,7 RIFI Aguiar (2004)
SP
408 35,5 ELISA Sartor et al. (2005)
RO 2109 10,4 RIFI * Aguiar et al. (2006)
RJ 563 23,2 ELISA** Munhoz et al. (2006)
MG 91,2 RIFI Guedes (2006)
Fonte: Adaptado de Gennari (2004)
*Reação de imunofluorescência indireta
** Ensaio Imunoenzimático
15
TABELA 2 Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em bovinos no
mundo, segundo o país, freqüência de soropositivos, técnica utilizada, autor e
ano.
*Reação de imunofluorescência indireta
Local
Freqüência
(%)
Técnica Autor (es) e ano
USA
34,0% RIFI* Paré et al. (1994)
França
26,0% ELISA** Klein et al. (1997)
Chile
15,7 % RIFI Patitucci et al. (2000)
Argentina 13,3% RIFI Moore et al. (2002)
USA
16,0% ELISA Rodrigues et al. (2003)
Portugal
46% NAT *** Canada et al.(2004)
Canadá
12.0% ELISA Hobson et al. (2005)
Itália 30,8% ELISA Rinaldi et al. (2005)
Costa Rica 43,3% ELISA Romero et al. (2005)
Austrália 21,1%
ELISA Hall et al. (2006)
Uruguai
11,3% ELISA Banãles et al. (2006)
Espanha
15,7% ELISA Warleta et al. (2008)
China
17,2% ELISA Yu et al. (2007)
Nova Zelândia
33,6% RIFI Reitt et al. (2007)
**Ensaio imunoenzimático
***Teste de aglutinação Neospora
16
3.4.1 Fatores de risco
Diversos fatores de risco para a infecção por N. caninum em bovinos
têm sido relatados na literatura. A determinação dos fatores de risco para que os
rebanhos adquiram N. caninum e a associação da infecção ao aborto são etapas
fundamentais para o desenvolvimento e a implementação de medidas de controle
da neosporose bovina (Dubey et al., 2007).
Muitos pesquisadores têm realizado estudos para identificar os fatores
de risco nos rebanhos e nos animais em individual, comparando o status
sorológico às diversas variáveis. Os resultados desses estudos podem ser
influenciados pela sensibilidade e especificidade do teste sorológico utilizado,
flutuações nos níveis de anticorpos durante a gestação, estágio da prenhez ou
número de partos (Dubey et al., 2007).
De qualquer modo, a repetição de estudos para a identificação do mesmo
fator de risco ou fator de proteção em diferentes regiões, aumenta a evidência de
um fator ser realmente um verdadeiro fator de risco ou de proteção frente à
infecção ou a doença (Dubey et al., 2007).
Na Holanda, Bartels et al. (1999) realizaram um estudo com o objetivo
de analisar fatores de risco para N. caninum associado a surtos de abortamento e
apontaram como fatores significantes a presença de cães e aves na propriedade,
além da alimentação com silagem de milho úmida, durante o verão. Em estudo
realizado por Otranto et al. (2003), em rebanhos de corte e leite na Itália, a
presença de aves nas fazendas foi caracterizada como fator de risco para
infecção por N. caninum. Os autores acreditam que as aves podem ser vetores
mecânicos para os oocistos, ou os cães podem adquirir a infecção após ingerirem
aves infectadas.
Realmente, as aves foram consideradas, experimentalmente, como
susceptíveis a neosporose e podem ser consideradas como potenciais
hospedeiros intermediários (Mc. Guire et al., 1999).
17
Barling et al. (2001), no Texas, realizaram estudo para verificar se
práticas de manejo estavam associadas à prevalência de N. caninum em rebanhos
de corte. Nesse estudo, constituíram-se fatores de risco: período de nascimento
dos bezerros, densidade animal, manutenção dos animais em uma única área e
canídeos selvagens terem acesso à ração. O uso de cães no manejo de bovinos e
comedouros protegidos funcionou como fator de proteção.
Com o objetivo de determinar os fatores de risco envolvidos no
aparecimento da infecção por N. Caninum, Corbellini et al. (2002), em estudo
realizado em fazendas leiteiras no Sul do Brasil, concluíram que o número de
cães na fazenda é um fator de risco para a infecção. O mesmo resultado foi
encontrado por Rinaldi et al. (2005) na Itália. Essa associação se deve ao fato
que os cães liberam oocistos nas áreas de pastagem, levando ao aumento de
animais infectados no rebanho (Schares et al., 2003).
Há várias indicações de que a soroprevalência para N. caninum pode
variar de acordo com a raça dos animais (Bartels et al., 2006). Esses resultados
precisam ser interpretados com cautela já que as diferenças encontradas podem
estar relacionadas ao sistema de produção e não à susceptibilidade à infecção por
determinada raça (Dubey et al., 2007).
Um exemplo claro para isso são as raças nativas de touros da Espanha
serem consideradas mais resistentes à infecção quando comparadas às raças
puras ou cruzamentos industriais. Isso pode ser explicado pelo fato de que as
raças nativas sofrem menos pressão e a intensidade do manejo é menor, os
animais são criados em pastagens com densidade animal menor quando estas são
comparadas às outras raças (Bartels et al., 2006).
A alta densidade tem sido associada a uma maior soropositividade para
N. caninum, (Sanderson et al. 2000; Otranto et al. 2003). Entretanto, Aguiar et
al. (2006) em estudo realizado em Rondônia não encontraram associação entre a
taxa de densidade animal e aumento da freqüência de animais soropositivos para
18
N. caninum. No entanto, autores observaram uma grande associação entre o
tamanho do rebanho e a presença de vacas soropositivas, sendo nove vezes
maior a chance de terem animais reagentes os rebanhos com mais de 25 bovinos
adultos.
Em estudo realizado por Guedes (2006), na região sul de Minas Gerais,
o tamanho da propriedade foi descrito como um fator de risco para infecção por
N. caninum. Animais oriundos de fazendas com área menor que 100 ha
apresentaram maior probabilidade de serem soropositivos. Provavelmente,
devido a maior chance de os bovinos se infectarem através da ingestão de
oocistos eliminados por cães nas pastagens.
Sanderson et al. (2000) observaram que a compra de bovinos foi
associada ao aumento da soroprevalência de N. caninum em rebanhos. A
aquisição de novos bovinos, principalmente novilhas para promover a melhoria
genética dos animais tem sido associada à entrada de novos agentes infecciosos
nos rebanhos.
Em rebanhos leiteiros e de corte na Itália, resultado semelhante foi
encontrado por Otranto et al. (2003), onde a aquisição de novos animais foi um
forte fator de risco e fazendas que realizavam reposição dos animais com seus
próprios bezerros tiveram menor freqüência de animais positivos quando
comparadas àquelas que realizavam a reposição com aquisição de animais de
outros rebanhos.
Corbellini et al. (2006) descreveram que a região e a umidade podem ser
fatores de risco para N. caninum, assim, em regiões com umidade relativamente
alta os oocistos podem esporular e permanecer viáveis no ambiente por mais
tempo.
O risco de ser soropositivo é maior com o aumento da idade e o número
de gestações, tanto em rebanhos de leite como de corte. Sugerindo que a
19
transmissão horizontal é particularmente importante em alguns rebanhos.
(Dubey et al., 2007).
Rinaldi et al. (2005) observaram que vacas e novilhas apresentavam
maior soroprevalência que bezerros. Já em estudo realizado por Corbellini et al.
(2006), a soropositividade não diferiu significativamente de acordo com a idade
do animal. Esse resultado sugere que nos rebanhos estudados no Sul do Brasil a
transmissão vertical continua a ser a principal rota de transmissão da neosporose
bovina.
Pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram que a presença e o
número de cães nas propriedades constituem um importante fator de risco para a
infecção e a ocorrência de abortos nos bovinos, indicando uma associação entre
a infecção em ambas as espécies.
Sawada et al. (1998) & Wouda et al. (1999) observaram que cães
criados em propriedades leiteiras apresentavam maior freqüência de infecção por
N. caninum que cães mantidos em áreas urbanas, fato também observado por
Sanchez et al. (2003) em pesquisa semelhante realizada na região de Tizayuca,
México.
Gennari et al. (2002) observaram soroprevalência de 40,1% em cães de
rua (25/61) e de 20%, em cães com domicílio fixo. Cães de áreas periurbanas
apresentaram freqüência mais alta do que os de áreas urbanas (Fernandes et al.,
2004). Os animais com acesso à rua ou contato com outras espécies animais
podem ser mais freqüentemente infectados com N. caninum (Gennari et al.,
2002; Fernandes et al., 2004). Patitucci et al. (2001) observaram diferenças no
percentual de cães positivos que comiam carne crua (29,5%). Também Cañón-
Franco et al. (2003) mencionaram que a proporção de cães soropositivos sob
dieta caseira foi maior do que a de cães alimentados com comida comercial.
20
Trees et al. (1993), por meio da RIFI, observaram uma freqüência de
13% de cães soro reagentes ao N. caninum. Não relataram correlação entre os
níveis de anticorpos e raça, sexo, idade, tipo de alimentação.
No Brasil, a infecção por N. caninum em cães foi relatada em
Uberlândia, MG (Fernandes et al., 2004), no Paraná (Souza et al., 2002), em São
Paulo, SP (Gennari et al., 2002), e em Monte Negro, RO (Cañón-Franco et al.,
2003). Diversos estudos têm sido realizados no Brasil e no mundo para
determinar a importância dos cães na epidemiologia da neosporose. (Tabelas 3 e
4)
TABELA 3 Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em cães no
Brasil, pela técnica de imunofluorescência indireta (RIFI), freqüência de
soropositivos, autor e ano.
Local Número de
amostras
Freqüência
(%)
Técnica Autor(es) e ano
São Paulo 295 8,4 RIFI * Varandas et al.
(2001)
Paraná 134 21,6 RIFI Gennari et al.
(2002)
Rondônia 157 8.3 RIFI Canón-Franco et
al. (2003)
Mato Grosso
do Sul
345 27,2 RIFI Andreotti et al.
(2004)
Minas Gerais 300 10,7 RIFI Fernandes et al.
(2004)
Bahia 415 12 RIFI Jesus et al. (2006)
Maranhão 100 45,0 RIFI Teixeira et al.
(2006)
Paraíba 286 8,4 RIFI Azevedo et al.
(2006)
*Reação de imunofluorescência indireta
21
TABELA 4. Levantamento soroepidemiológico de N. caninum em cães de área
rural, no Mundo, freqüência de soropositivos, técnica, autor e ano.
Local Número de
amostras
Freqüência
(%)
Técnica Autor(es) e ano
Japão 48 31,3 RIFI* Sawada et
al.(1998)
Taiwan 13 23 RIFI Ooi et al.(2000)
Argentina 125 48 RIFI Basso et
al.(2001)
Chile 81 25,9 RIFI Patitucci et
al.(2001)
França 22 22,7 RIFI Pitel et al.(2001)
México 27 51 ELISA** Sanchez et
al.(2003)
Itália 162 26,5 ELISA Paradies et
al.(2007)
Áustria 433 5,3 RIFI Wanha et
al.(2005)
Iran 50 20,0 RIFI Malmasi et
al.(2006)
*Reação de imunofluorescência indireta
** Ensaio imunoenzimático
3.5 Diagnóstico Sorológico e Histológico
Igualmente ao T. gondii, infecções por N. caninum expressam repostas a
anticorpos que podem ser demonstradas por diferentes testes. A presença de
anticorpos nos animais indica que este está ou foi infectado pelo parasito
(Bjorkman et al., 1999).
A partir do primeiro isolamento de N. caninum, testes sorológicos como
a reação de imunofluorescência indireta (RIFI), teste de aglutinação de
Neospora (TAN) e vários ELISAs foram desenvolvidos para o diagnóstico em
cães, bovinos e outros animais potencialmente hospedeiros (Atkinson et al.,
22
2000). A RIFI foi o primeiro teste utilizado para demonstração de anticorpos
anti-N. caninum, sendo considerada de referência quando outros ensaios são
comparados (Uggla et al., 1998).
Como os antígenos, na RIFI são utilizados taquizoítos íntegros e o teste
detecta anticorpos direcionados para antígenos presentes na superfície do
parasita. Nas espécies do filo Apicomplexa, os antígenos de membrana são
considerados mais específicos que os componentes intracelulares (Bjorkman et
al., 1999). Normalmente, o valor do ponto de corte (“cut-off”) para RIFI difere
de um laboratório para outro, mas freqüentemente os títulos situam-se na faixa
de 1: 160-1: 640 para os ensaios com os soros bovinos e 1:50 em estudos com
soros de cães (Bjorkman et al., 1999).
As técnicas histológicas são muito utilizadas no diagnóstico do aborto
por N. caninum. Juntamente com a placenta, o feto deve ser remetido ao
laboratório e, se possível, com o soro sangüíneo da mãe. Os órgãos fetais de
eleição para o diagnóstico histopatológico são cérebro, coração e fígado (Silva,
2004).
A identificação do parasito utilizando técnicas de histopatologia é difícil,
pois as lesões macroscópicas são pouco freqüentes (Anderson et al., 2000) e o
número de protozoários também é escasso.
As técnicas de imunoistoquímica permitem localizar e identificar os
parasitos nos cortes de tecido, utilizando soro policlonal ou anticorpo
monoclonal anti- Neospora (Dubey et al., 1989).
Em geral, fetos infectados no útero por N. caninum contém anticorpos
específicos contra o parasito. Sorologia pode ser usada para examinar um feto
abortado, utilizando soro fetal contendo anticorpos anti-N. caninum,
constituindo um método de diagnóstico interessante, pois é a técnica mais rápida
entre todas usadas para exame do feto bovino (Jenkins et al., 2002).
23
3.6 Controle da neosporose bovina
Devido à inexistência de tratamento e de vacinação eficazes frente à
neosporose bovina, os esforços para o controle devem ser dirigidos ao
estabelecimento de medidas higiênico-sanitárias com o intuito de evitar a
propagação do agente e reduzir o nível de infecção. Tendo em conta o ciclo
biológico do parasito e suas possíveis vias de transmissão, as práticas de manejo
que devem ser instauradas são divididas em função da transmissão vertical e
horizontal (Collantes-Fernandez, 2003).
A medida mais indicada para controlar a infecção congênita é a redução
do número de animais infectados mediante o descarte e a reposição seletiva
(Jensel et al. 1999). As medidas de controle devem atingir todo o rebanho,
sempre em função das taxas de soroprevalência e aborto. A eliminação das vacas
soropositivas pode ser a medida mais adequada se a soroprevalência for baixa,
porém, se for elevada, as medidas a serem tomadas não devem ser tão drásticas
(Oliveira, 2007).
Nos animais soropositivos podem ser observados diferentes tipos de
manifestações, que influirão na decisão a ser tomada. Vacas que abortaram uma
ou mais vezes devem ser consideradas casos de descarte. Todavia, vacas
soropositivas sem antecedentes de aborto podem atuar como portadoras da
infecção, devendo-se evitar a utilização de sua descendência para reposição
(Oliveira, 2007).
Medidas higiênicas devem ser tomadas com os objetivos de prevenir
contra a infecção dos animais soronegativos e de reduzir a possível
contaminação ambiental pelas diferentes fases do parasito. Deve-se evitar a
ingestão de fetos, fluidos e restos de placentas por cães, bem como o acesso dos
mesmos aos locais de comida (pastagens, currais de alimentação) e água,
mantendo sempre os alimentos em lugares fechados ou silos. Além do controle
24
da população de cães, indica-se o controle de roedores, principalmente nos
estábulos (Dubey et al., 2007).
25
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Delineamento epidemiológico
Este trabalho foi dividido em dois estudos. O primeiro, constituiu-se de
um “estudo epidemiológico transversal”, também denominado “estudo de
prevalência”. Esse delineamento se caracteriza pela observação direta das
variáveis de estudo em uma única oportunidade e sua análise considera que
todas as observações foram feitas num mesmo instante, ignorando o espaço de
tempo decorrido para a coleta dos dados do primeiro ao último indivíduo.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram selecionadas propriedades
rurais de forma aleatória da Cooperativa Agropecuária do Alto Rio Grande
(CAARG), Lavras, MG, onde foram realizadas visitas e, na oportunidade,
aplicou-se questionário para coletar dados relacionados ao manejo, sistema de
produção, histórico de problemas reprodutivos e presença de cães na
propriedade. Essas constituíram as variáveis independentes do estudo. A
variável dependente caracterizou-se pelo resultado do diagnóstico laboratorial
para pesquisa de anticorpos para N. caninum.
O segundo estudo foi realizado em dois rebanhos leiteiros, previamente
selecionados por possuírem histórico de problemas reprodutivos, dados de
produção e árvores familiares de três gerações. Constituiu-se de um estudo para
quantificar a taxa de infecção congênita e investigar a ocorrência de transmissão
horizontal, bem como avaliar os efeitos da soropositividade para N. caninum
sobre a produção leiteira e alguns parâmetros reprodutivos.
26
4.2 Caracterização das regiões estudadas
O
estado de Minas Gerais, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística
(IBGE), é dividido em 12 mesorregiões, que por sua vez são
subdivididas em 66 microrregiões. O Campo das Vertentes é uma das
mesorregiões, sendo formado pela união de 36 municípios agrupados em três
microrregiões (a de Barbacena, Lavras e São João Del Rei).
A mesorregião do Oeste de Minas é formada pela união de 44
municípios agrupados em cinco microrregiões, entre estas a de Oliveira.
Participaram deste estudo oito municípios das microrregiões de Lavras e
Oliveira e um distrito da microrregião de São João Del Rei.
27
Fonte: www.wikipédia.com. br
1. Campo das Vertentes 2. Central Mineira
3. Jequitinhonha 4. Metropolitana de Belo Horizonte
5. Noroeste de Minas 6. Norte de Minas
7. Oeste de Minas 8. Sul e Sudoeste de Minas
9. Triângulo Mineiro 10. Vale do Mucuri
11. Vale do Rio Doce 12. Zona da Mata
FIGURA 1 Mapa com as 12 mesorregiões do estado de Minas Gerais.
28
4.3 Estudo 1 - Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em bezerras e
novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras, MG
4.3.1 Características da área da microrregião de Lavras
A microrregião de Lavras é uma das
microrregiões do estado brasileiro
de
Minas Gerais pertencente à mesorregião Campo das Vertentes. Sua
população foi estimada em
2006 pelo IBGE em 145.075 habitantes e está
dividida em nove
municípios. Possui uma área total de 3.430,728 km².
A microrregião possui clima do tipo Cwa clima subtropical/clima
tropical de altitude (chuvas no verão), segundo a classificação de KOPPEN, com
duas estações bem definidas durante o ano. A estação chuvosa geralmente
começa em outubro e se estende até março, com o mês de janeiro apresentando a
maior média de precipitação pluvial. Nesse período, as temperaturas média,
mínima e máxima variam entre 16,5°C e 22,6°C (Antunes, 1986).
A microrregião de Lavras caracteriza-se como importante pólo de
produção leiteira no Sul de Minas Gerais, com um total de 42.070 vacas
ordenhadas e uma produção de 108.040 litros por ano (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, IBGE, 2005).
Segundo o Instituto Brasileiro Geografia e Estatística, nos sete
municípios pesquisados, um total de 33.270 vacas foram ordenhadas e 84.790
mil de litros de leite foram produzidos em 2006. Em cada município o efetivo de
rebanho em 2006 foi 13.603 cabeças em Luminárias, 20.105 em Carrancas,
20.091 em Ijaci, 13.362 em Ingaí, 28.455 em Lavras, 21.901 em Nepomuceno, e
3.056 em Ribeirão Vermelho.
29
4.3.2 Amostras de soros bovinos
As amostras de soros deste estudo foram selecionadas de um banco de
soro bovino do Laboratório de Virologia Departamento de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Lavras (DMV/UFLA). Esse banco possui amostras
de soros coletados em 18 propriedades produtoras de leite, distribuídas em sete
municípios, na microrregião de Lavras, sul de Minas Gerais.
Para este estudo foram utilizadas amostras de soros de bezerros com
quatro meses de vida até novilhas com 24 meses de idade, que foram então
subdivididas em dois grupos de acordo com a produção de leite das
propriedades: A) fazendas que produziam abaixo de 1.000 litros de leite/dia (n=
8) e B) fazendas que produziam acima de 1.000 litros de leite/dia (n= 10). Os
municípios, a quantidade de fazendas envolvidas e o número de amostras de
soros coletadas por propriedade, constam na tabela 5.
30
TABELA 5 Municípios e número de amostras (absoluto e relativo) de soros
coletados em propriedades leiteiras da microrregião de Lavras, sul de Minas
Gerais.
Município N° de
propriedades
N° de amostras Freqüência
coletadas (%)
Carrancas 2 59 11,04
Ijaci 1 25 4,68
Ingaí 7 218 40,82
Lavras 3 95 17,79
Luminárias 1 32 5,99
Nepomuceno 3 79 14,79
Ribeirão
Vermelho
1 26 4,86
Total
18 534 100
4.3.3 Coleta das amostras de soros bovinos na microrregião de Lavras
A coleta das amostras de sangue (10 mL) ocorreu por meio da punção da
veia jugular de cada animal, utilizando tubos a vácuo sem anticoagulante. As
coletas foram realizadas uma única vez em cada animal. Durante a coleta das
amostras de soros bovinos, foi aplicado um questionário contemplando os
principais aspectos zootécnicos e sanitários de cada rebanho, com objetivo de
caracterizar as propriedades estudadas e as variáveis que seriam utilizadas para
este estudo: tamanho da propriedade, tamanho e padrão racial do rebanho, tipo
de sistema de produção (semi-intensivo ou intensivo), sistema de ordenha, total
31
de vacas em lactação, produção total da propriedade, tipo de leite produzido (B
ou C), freqüência de aquisição de animais, ocorrência e freqüência de abortos e
intervalo entre partos. No laboratório de virologia do DMV/UFLA, o material
foi centrifugado a 1.400g por 5 minutos. Os soros coletados, após serem
transferidos para criotubos de 2 ml, foram identificados e armazenados a -20°C,
até a realização da reação de imunofluorescência indireta (RIFI) no Laboratório
de Protozooses do DMV/UFLA.
4.3.4 Coleta de soros de cães da zona rural dos municípios de Carrancas e
Lavras, microrregião de Lavras
As amostras de soros de cães do município de Lavras (n= 85) foram
coletadas de animais criados em propriedades leiteiras, durante a campanha de
vacinação contra raiva em agosto/07. Já as 128 amostras de soros de cães de
propriedades leiteiras de Carrancas foram gentilmente cedidas pelo Dr. Lívio
Martins Costa Júnior do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da
Universidade Federal do Maranhão (CCAA/UFMA) e foram coletadas entre
abril de 2004 e março de 2005. Durante a coleta de soro, foi registrada a raça,
idade, porte e sexo do animal.
4.3.5 Cultivo de células
O antígeno utilizado na reação de imunofluorescência indireta (RIFI)
constitui-se de taquizoítos de N. caninum, gentilmente cedidos pela Dr
a
Solange
Maria Gennari da Faculdade de Medicina e Zootecnia da Universidade de São
Paulo (FMVZ/USP) e mantidos em cultivo de células Vero no Laboratório de
Virologia do DMV/UFLA.
O meio de cultura utilizado para o crescimento celular foi o RPMI
(Sigma), suplementado com 5% de soro fetal bovino e antibióticos. Havendo
necessidade, foi substituído a cada três ou cinco dias conforme confluência
32
(aderência) das células e fechamento da monocamada celular. Para cultivo do
parasito, foi utilizado o mesmo meio, mas sem soro fetal bovino. As garrafas
foram inoculadas quando a confluência estava entre 80% e 100%. Após a
ruptura de pelo menos 80% da monocamada, esta foi removida com o auxílio de
raspadores celulares (cell scrapers), o conteúdo foi homogeneizado e submetido
à analise mecânica das células Vero por meio da passagem em seringa 10 ml e
agulhas calibre 21 X 7, ambas estéreis. Após isto, o material foi transferido para
tubo tipo Falcon 15,0ml, centrifugado por 10 minutos a 4°C e 500g. Desprezou-
se o sobrenadante e o material precipitado foi ressuspendido em solução tampão
PBS (pH 7,2-7,4) e lavado por três vezes.
A seguir, as cavidades das lâminas foram preenchidas com 20 μL de
suspensão e deixadas para secar à temperatura ambiente. Depois de fixadas com
metanol, as lâminas foram mantidas em caixas de polipropileno a -20°C até o
momento do uso.
4.3.6 Reação de imunofluorescência indireta
A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) foi utilizada para
pesquisa de anticorpos IgG circulantes, específicos para antígenos de N.
caninum. Como antígeno de N. caninum, foram utilizadas lâminas adquiridas do
Laboratório Imunodot (Jaboticabal, SP) e as produzidas no Laboratório de
Virologia do DMV/UFLA.
As reações que ocorreram de forma apical ou parcial foram consideradas
negativas, enquanto as reações positivas foram aquelas em que os taquizoítos
apresentavam fluorescência periférica total.
As amostras de soros foram homogeneizadas e diluídas em solução de
PBS e distribuídas nas lâminas (sendo 1 μL de soro para 199 μL de PBS) e foi
considerado positivo o soro que apresentou título na diluição de 1:200 para
bovinos (Dubey & Schares, 2006) e 1:50 para os cães mostras (Silva et al.,
33
2007). O material foi incubado em estufa a 37°C por 30 minutos e em seguida
realizou-se duas lavagens de 5 minutos com PBS e duas lavagens de 5 minutos
com água destilada.
Após a secagem a temperatura ambiente, acrescentou-se o conjugado
SIGMA (F-7887) - imunoglobulina G anti-bovina marcada com isotiocianato de
fluoresceína (FITC), previamente diluindo em PBS Tween (1:200), na
quantidade de 10 μL por cavidade nas lâminas. As lâminas foram novamente
incubadas por 30 minutos, seguindo-se de duas lavagens de 5 minutos com PBS
e duas lavagens de 5 minutos com água destilada, secaram em temperatura
ambiente e foram cobertas com glicerina tamponada a 10%. A leitura foi
realizada em microscópio epifluorescente utilizando objetiva de 40x. Soros
controles positivos e negativos foram incluídos em cada lâmina.
4.3.7 Análise Estatística do Estudo I
Para a análise do questionário e resultados da sorologia em rebanhos
leiteiros da microrregião de Lavras, foi formado um banco de dados no
programa EPIDATA 3.1. As análises descritivas de todas as variáveis deste
estudo foram realizadas no programa SPSS 12.0 for Windows. Em seguida,
buscou-se a associação entre níveis de positividade nos rebanhos com as
variáveis coletadas pelo questionário por meio do Teste Exato de Fisher e razão
de prevalências pelo programa EPIINFO 6.04. Para testar a diferença de médias,
foi utilizado o Teste T Student, com o teste de igualdade de variâncias. Para
todos os cálculos considerou-se a grau de significância de 95%.
Para a análise das variáveis observadas durante a coleta de sangue dos
cães e o resultado da sorologia, foi formado um banco de dados no programa
EPIDATA 3.1. As análises descritivas de todas as variáveis deste estudo foram
realizadas no programa SPSS 12.0 for Windows. Foi analisada a associação da
34
positividade nos cães com as variáveis coletadas por meio do Teste Exato de
Fisher. Para todos os cálculos considerou-se a grau de significância de 95%.
4.4 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e efeitos do N. caninum sobre a produção leiteira e
as alterações reprodutivas
4.4.1 Coleta de amostras de soros de bovinos leiteiros da fazenda Ponte
Alta, localizada no município de Bom Sucesso, microrregião de Oliveira
As amostras de sangue foram coletadas de todo o rebanho (n= 260) por
meio da punção da veia coccígea, em tubos de 10 mL, sem anticoagulante.
As amostras foram centrifugadas a 3.500 rpm por 5 minutos, transferidas
para criotubos de 2 mL e armazenados a -20°C até serem submetidos à RIFI, no
Laboratório de Protozooses do DMV/UFLA.
4.4.1.1 Características do município de Bom Sucesso
A microrregião de Oliveira caracteriza-se por possuir nove municípios
com um efetivo de 60.259 vacas ordenhadas e 130.444 litros de leite (IBGE,
2005). Entre esses, o município de Bom Sucesso possui uma área de 708,1 km² e
temperatura média anual de 19,9°C e precipitação média anual de 1.597,6 mm.
Possui um efetivo de 39.481 bovinos e 13.000 vacas ordenhadas por ano, com
uma produção de 33.000 mil litros/ano (IBGE, 2004).
4.4.1.2 Características do sistema de produção da Fazenda Ponte Alta
A propriedade foi escolhida por apresentar características semelhantes às
fazendas selecionadas da microrregião de Lavras. Durante a coleta das amostras
de soros, foi aplicado um questionário contemplando os principais aspectos
zootécnicos e sanitários do rebanho (número de animais, tamanho da
35
propriedade, tipo de alimentação, manejo sanitário, presença de cães, parâmetros
reprodutivos como o intervalo entre partos e freqüência de repetição de cio)
A propriedade apresenta sistema de produção semi-intensivo, sendo
alimentado em pista de trato com silagem de milho e ração e com pastos de
Brachiaria brizanta e uma área total de 408 hectares.
A propriedade apresenta média diária de 1.740 litros, 85 animais em
lactação com uma média de 20,47 litros/dia. A ordenha é mecânica de tipo duplo
4x4, realizada duas vezes ao dia.
Os bezerros são criados em piquete com área para suplementação e são
separados da mãe três dias após o parto, recebendo cuidados básicos como
colostragem individual e cura do umbigo.
Os animais são da raça holandesa (PO) e a propriedade possui
assistência veterinária constante. Os animais são vacinados anualmente para
IBR, leptospirose, raiva e clostridiose. Além das vacinas obrigatórias de febre
aftosa e brucelose, recebem anti- helmínticos quatro vezes ao ano.
Embora a propriedade possua controle de pragas e realize limpeza dos
pastos, foi relatada a presença de roedores, provavelmente em função da
armazenagem dos alimentos que ocorre em local coberto, mas não fechado e de
fácil acesso.
Em relação há presença ou criação de outros animais, foi relatada a
criação de dois eqüinos destinados ao trabalho, mantidos separados dos bovinos.
Há a criação de três cães que têm acesso aos bovinos, bem como à água e aos
alimentos destes, que são alimentados com ração e pães. Porém, também foi
relatada a presença de cães selvagens. A aquisição de animais ocorre de forma
esporádica e a a fazenda utiliza água de mina. Embora exista o procedimento de
enterrar os restos placentários, fetos natimortos, restos de abortos e animais
mortos, é comum os cães terem acesso a estes materiais.
36
A fazenda possui registro de variáveis como: intervalo entre partos,
freqüência e ocorrência de abortos, problemas reprodutivos, vacinação e
produção leiteira, além de possuir árvore genealógica de três gerações.
4.4.2 Coleta de amostras de soros de bovinos leiteiros na Fazenda Pinheiros,
no município de São João Del Rei, microrregião de São João Del Rei
As amostras de soro (n= 109) foram coletadas de uma propriedade
localizada no distrito de São Sebastião da Vitória no município de São João Del
Rei. As amostras de sangue foram coletadas de todo rebanho por meio da
punção da veia coccígea, em tubos de 10 ml, sem anticoagulante.
As amostras foram centrifugadas a 3.500 rpm por 5 minutos, transferidas
para criotubos de 2 ml e armazenadas a -20°C até serem submetidas à RIFI, no
Laboratório de Protozooses do DMV/UFLA.
4.4.2.1 Características da microrregião de São João Del Rei
São João Del Rei é uma das
microrregiões de Minas Gerais pertencente
à mesorregião
Campo das Vertentes. Posui 15 municípios com uma população
estimada em 82.954 habitantes no ano de 2006 (IBGE, 2006). A produção de
leite dessa microrregião foi de 113.536 litros de leite/ano com um total de
58.116 vacas ordenhadas (IBGE, 2006).
4.4.2.2 Características do sistema de produção leiteira da Fazenda
Pinheiros
A propriedade foi escolhida por apresentar características semelhantes às
fazendas selecionadas da microrregião de Lavras. Durante a coleta das amostras
de soros bovinos, foi aplicado um questionário contemplando os principais
aspectos zootécnicos e sanitários do rebanho (número de animais, tamanho da
37
propriedade, tipo de alimentação, manejo sanitário, presença de cães, parâmetros
reprodutivos como intervalo entre partos e freqüência de repetição de cio).
A propriedade apresenta sistema de produção semi-intensivo, com
pastos formados por capim braquiária. A área total da fazenda é de 280 hectares.
Os animais são alimentados em pista de trato com silagem de milho e
ração à base de fubá, soja e caroço de algodão. A propriedade apresenta média
diária de 1.100 litros, possui 50 animais em lactação com uma média de 22
litros/dia. O tipo de ordenha é mecânica, realizada duas vezes ao dia.
Os bezerros são criados em sistema de casinhas individuais, com
aleitamento até 100 dias de vida, após o parto são mantidos com a mãe por 24
horas e recebem cuidados básicos como colostragem individual e cura do
umbigo.
Os animais são mestiços (holandês x zebu), a propriedade possui
assistência veterinária e agronômica constante. Os animais foram vacinados no
ano de 2007 para leptospirose, IBR e BVD, após um surto de abortos. As
respectivas vacinas já haviam sido utilizadas em outra época e seu uso estava
suspenso, sendo aplicadas apenas as vacinas de brucelose e febre aftosa.
Embora a propriedade possua controle de pragas e realize limpeza dos
pastos, foi relatada a presença de roedores, provavelmente em função da
armazenagem dos alimentos que ocorre em local coberto, mas não fechado e de
fácil acesso.
Em relação há presença ou criação de outros animais, foi relatada a
presença de cães que variam em quantidade de três a oito animais, sendo
considerados errantes, pois não se conhece sua origem. Devido à proximidade da
fazenda a povoados e ao distrito de São Sebastião da Vitória, os cães ficam
próximos aos bovinos leiteiros e não há procedimento de descarte dos restos
placentários, fetos natimortos, restos de abortos e animais mortos. É comum os
38
cães terem acesso a esses materiais. Não foi relatada a presença de cães
selvagens.
A fazenda possui registro de variáveis como: intervalo entre partos,
freqüência e ocorrência de abortos, problemas reprodutivos, vacinação e
produção leiteira, além de possuir árvore genealógica de três gerações. Não há
aquisição de animais para reposição e os animais não têm acesso a leilões e
exposições.
4.4.3 Freqüência de infecção congênita nas fazendas Ponte Alta e Pinheiros
Para determinar a freqüência da transmissão vertical e da horizontal
foram selecionados dois rebanhos que possuíam histórico de aborto e árvore
genealógica de três gerações.
O estudo genealógico para cada animal foi traçado por meio de
diagramas, metodologia similar à utilizada por Schares et al. (1998) e Bergeron
et al. (2000).
Para determinação da ocorrência de transmissão horizontal, foi
considerada esta rota de infecção quando uma vaca ou novilha positiva, nascida
de mãe negativa, possuía no mínimo duas irmãs soronegativas. Para
determinação da transmissão vertical, foi calculado a proporção de filhas
soropositivas nascidas de mães soropositivas. Quando um animal possuía mais
de uma cria (par de mãe/filha) foi considerado apenas um par de mãe/filha,
conforme Schares et al. (1998) e Bergeron et al. (2000).
Foram utilizados apenas animais acima de três meses de idade com
intuito de evitar possíveis erros devido à imunidade passiva.
39
4.4.4 Análise estatística do Estudo II
Para a análise das variáveis produtivas, reprodutivas e zootécnicas
(intervalo entre partos, ocorrência de problemas reprodutivos gerais, idade dos
animais, produção de leite, persistência da lactação) e resultados da sorologia,
foram formados dois bancos de dados no programa Excel: um banco contendo
os dados reprodutivos dos animais (n= 103) e outro com a produção leiteira dos
mesmos, dias em lactação e data do parto (n= 39). Os animais que possuíam
idade inferior a 23 meses não foram utilizados para as análises por não estarem
em idade produtiva e reprodutiva. Também foram excluídos animais que não
possuíam pesagens de leite periódicas, a fim de evitar erros ao traçar a curva de
lactação destes.
As análises descritivas de todas as variáveis deste estudo foram
realizadas no programa SAS. Para todos os cálculos, considerou-se o grau de
significância de 95%. Para avaliar os problemas reprodutivos (natimortos,
retenção de placenta, abortos, prolapso uterino, perda embrionária, cisto
ovariano e intervalo entre partos irregulares) os mesmos foram categorizados.
Como o aborto é o sinal clínico mais observado em vacas adultas, realizou-se
uma categorização onde os animais que já haviam abortado foram dispostos em
um grupo e os animais restantes, em outro grupo. Em seguida, buscou-se a
associação entre a soropositividade dos bovinos para N. caninum com as
variáveis coletadas por meio do Teste Qui-quadrado. Para todos os cálculos,
considerou-se o grau de significância de 95%.
Para avaliar os efeitos da soropositividade sobre a produção leiteira, as
pesagens de leite de cada animal foram utilizadas para traçar a curva de lactação
dos mesmos e corrigir a produção de leite para 305 dias. Após a correção da
lactação, foi realizada a análise de variância.
40
5 RESULTADOS
5.1 Estudo 1 - Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum em
bezerras e novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras, MG
5.1.1 Caracterização das 18 propriedades leiteiras na microrregião de
Lavras
As Tabelas 6 e 7 apresentam as características das propriedades dos
grupos A (< 1.000 litros de leite/dia) e B (> 1.000 litros de leite/dia). A área da
propriedade, número médio de vacas em lactação e produção média de leite por
fazenda por dia apresentaram diferença estatisticamente significativa (p<0,05),
para propriedades do grupo B em comparação com aquelas do grupo A.
Embora as propriedades do grupo B apresentem uma área (ha) maior
que as do grupo A, em relação à media de produção de litros de leite por
vaca/dia, observou-se uma pequena variação que reflete mais um crescimento
horizontal em função de um número maior de vacas em lactação nos rebanhos
com produção acima de 1.000 litros por dia, (grupo B).
Em relação às características zootécnicas das propriedades, observou-se
uma grande similaridade entre os dois grupos. Nas propriedades do grupo B,
predomina a produção de leite tipo B com 100% dos animais sendo ordenhados
mecanicamente.
41
TABELA 6 Parâmetros descritivos de 18 propriedades leiteiras da microrregião
de Lavras, MG, por grupo de produção, 2004.
Média ± dp
(Mínimo - Máximo)
Característica
Grupo A
Grupo B
(<1.000 l/dia)
(>1.000 l/dia)
Área da propriedade (ha) 108,8 ± 85,5 * 490,4 ± 530,1
(21 - 300) (110 - 1500)
Número médio de vacas em lactação 32,8 ± 12,3 * 128,5 ± 45,1
(20 – 62) (50 - 205)
Produção total média leite fazenda/dia 557,8 ± 212,8* 1.988,2 ± 721,0
(250 - 850) (1.250 - 3.800)
Produção média por vaca/dia 16,7 ± 4,8* 17,6 ± 4,9
(8 – 23) (9 - 26)
Intervalo médio de partos (meses) 13,2 ± 1,5* 14,0 ± 1,4
(12 – 16) (12 - 17)
*Não foi encontrada associação significativa (p>0,05).
42
TABELA 7 Caracterização das 18 propriedades leiteiras dos Grupos A (<1.000
litros de leite/dia) e B (>1.000 litros de leite/dia) da microrregião de Lavras,
MG, 2004.
Freqüência (%)
Grupo A Grupo B
Característica
Tipo de leite produzido
Tipo B 62,5 90,0
Tipo C 37,5 10,0
Tipo de ordenha
Manual 12,5 0,0
Mecânica 87,5 100,0
Composição racial do rebanho
Puro 77,8 54,5
Mestiço 22,2 18,2
Ambos 0,0 27,3
Tipo de criação dos animais
Semi-intensivo 75,0 70,0
Intensivo 25,0 30,0
Tipo de alimentação do rebanho
Pasto + concentrado 77,8 54,5
Confinado (concentrado + volumoso no cocho) 22,2 45,5
Modo de reposição dos animais de descarte
Com animais do próprio rebanho 88,9 90,9
Compra de novos animais
11,1 9,1
“... continua...”
43
“ Tabela 7, Cont. ”
Histórico de aborto
Sim 75,0 90,0
Não 25,0 10,0
Intervalo entre partos
Até 14 meses 75,0 80,0
Acima de 14 meses 25,0 20,0
Presença de cães
Sim 100,0 100,0
Não 0,0 0,0
5.1.2 Freqüência de bovinos soropositivos e fatores de risco
Nas Tabelas 8 e 9 constam as freqüências de anticorpos anti-N. caninum
observada em bovinos das propriedades dos grupos A e B. A freqüência média
global nos bovinos foi de 46,25% (247/534) e 100% das propriedades
apresentaram animais soropositivos.
Nas oito propriedades pesquisadas no grupo A, a freqüência média
global foi de 43,66% (93/213). A menor prevalência foi de 32,0% encontrada
em duas fazendas dos municípios de Ijaci e Lavras. E a maior freqüência foi de
72,22%, observada em uma propriedade do município de Lavras.
No grupo B, as dez propriedades apresentaram freqüência média global
de 47,97% (154/321), sendo a menor freqüência de 25,0% no município de Ingaí
e a maior freqüência de 77,77% no município de Carrancas.
Não foi encontrada associação significativa (p>0,05) entre os fatores de
risco e a freqüência de bovinos positivos para N. caninum nos rebanhos leiteiros
da microrregião de Lavras. A média de freqüência de soropositividade foi menor
nos rebanhos que apresentaram intervalo entre partos menores que 410 dias.
Em ambos os grupos, os bovinos descartados eram repostos quase
exclusivamente por animais da própria fazenda. A maioria das propriedades
44
possuía histórico de aborto, entretanto, não houve associação significativa
(p>0,5) com a freqüência de animais soropositivos. Não foi possível verificar a
associação entre a infecção por N. caninum em bovinos e a presença de cães nas
fazendas, já que em 100% das propriedades foi registrada a presença destes
animais.
TABELA 8. Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em fêmeas bovinas
menores de 24 meses de idade de propriedades leiteiras dos grupos A (< 1.000
litros de leite/dia) e B (> 1.000 litros de leite/dia) da microrregião de Lavras,
MG, 2004.
Grupos Propriedades
N
o
de
animais
testados
N
o
de Freqüência
(%) Positivos
1 18 13 72,22
2 25 8 32,00
3 32 16 50,00
A 4 29 13 44,82
5 29 13 44,82
6 32 13 44,82
7 28 8 32,00
8 20 9 45,00
Subtotal A 8 213 93 43,66
9 49 26 53,06
10 31 11 35,48
11 32 8 25,00
12 32 12 37,50
“... continua...”
45
B 13 26 8 30,76
14 27 21 77,77
15 32 21 65,62
16 30 16 53,33
17 32 14 43,75
18 30 17 56,66
Subtotal B 10 321 154 47,97
Total A+B 18 534 247 46,25
TABELA 9 Municípios e freqüência de anticorpos anti-N. caninum em fêmeas
bovinas menores de 24 meses de idade de propriedades leiteiras da microrregião
de Lavras, MG.
5.1.3 Freqüência de cães soropositivos da zona rural dos municípios de
Lavras e Carrancas, microrregião de Lavras
Em 213 amostras de soros, coletadas de cães criados em fazendas
localizadas nos municípios de Carrancas (n= 128) e Lavras (n= 85), 7,0% foram
Município
N° de
propriedades
N° de positivos Freqüência (%)
Carrancas 2 35 59,3
Ijaci 1 8 32,0
Ingaí 7 98 44,9
Lavras 3 47 49,4
Luminárias 1 13 40,6
Nepomuceno 3 37 46,8
Ribeirão
Vermelho
1 9 34,6
Total
18 247 46,2
“ Tabela 8, Cont. ”
46
positivas para N. caninum. Não houve diferença significativa (p>0,05) entre a
soropositividade para N. caninum e a idade, raça e sexo dos animais.
A freqüência de cães caracterizados como sem raça definida (SRD) foi
de 69,9%, a idade dos animais variou de dois meses a sete anos de idade, com
61,8% de machos e 38,2% de fêmeas.
5.2 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e efeitos do N. caninum sobre a produção leiteira e
as alterações reprodutivas
5.2.1 Freqüência de infecção congênita e transmissão horizontal em bovinos
das fazendas Ponte Alta e Pinheiros
A freqüência de N. caninum nos rebanhos foi de 39,4 % (93/236) para a
Fazenda Ponte Alta e 31,37 % (32/102) para a Fazenda Pinheiros. A freqüência
média global dos rebanhos foi de 36,98% (125/338). Para calcular a transmissão
vertical foram utilizadas 98 famílias (68 do rebanho Fazenda Ponte Alta e 30 da
Fazenda Pinheiros) e 118 pares de mães/filhas.
A transmissão vertical foi de 29% na Fazenda Ponte Alta e de 9 % na
Fazenda Pinheiros. A taxa média de infecção congênita nas duas fazendas foi de
23,72%. Em ambos os rebanhos, foi verificada a ocorrência da transmissão
horizontal, ocorrendo em duas famílias na Fazenda Ponte Alta e uma família na
Fazenda Pinheiros (Figura 2).
47
Fazenda Ponte Alta
Família 1 Família 2
Fazenda Pinheiros
1
2
3 4 5
6
7
8
9 10
1211
1
2
3
4
Testado soropositivo
Testado soronegativo
N
ão testado
Figura 2 Árvores genealógicas dos rebanhos das Fazendas Ponte Alta e Pinheiros em
que foi verificada a transmissão horizontal para N. caninum, 2007.
48
5.2.2 Efeito da soropositividade sobre a produção leiteira e as alterações
reprodutivas em bovinos das fazendas Ponte Alta e Pinheiros
Na Tabela 10, constam as alterações reprodutivas analisadas nas
fazendas Ponte Alta e Pinheiros, quanto à soropositividade para N. caninum.
Verificou-se que 72,81% (75/103) dos animais apresentavam parâmetros
reprodutivos normais. Em relação as alterações reprodutivas, as que mais se
destacaram foram a ocorrência de abortos 7,76% (8/103) e a retenção de
placenta 11,65% (12/103).
A Tabela 12 apresenta as características zootécnicas e produtivas das
duas fazendas. A idade dos animais variou de 23-157 meses em ambas as
propriedades. Em relação ao intervalo entre partos, a média do rebanho da
Fazenda Ponte Alta foi de 390 dias e da Fazenda Pinheiros de 369 dias.
49
TABELA 10. Freqüência (%) das alterações reprodutivas analisadas nas
fazendas Ponte Alta e Pinheiros em função da soropositividade dos bovinos para
N. caninum, MG, 2007.
Alterações
reprodutivas
Animais
negativos (%)
Animais
positivos (%)
Total
Normal 71,01(49) 76,47 (26) 72,81(75)
Natimortos 4,34 (3) (0) 2,91 (3)
Retenção de
placenta
11,59 (8) 11,76 (4) 11,65 (12)
Abortos 10,14 (7) 2,94 (1) 7,76 (8)
Prolapso Uterino 1,45 (1) (0) 0,97 (1)
Perda embrionária 1,45 (1) 2,94 (1) 1,94 (2)
Cisto ovariano (0) 2,94 (1) 0,97 (1)
Intervalo de
partos irregular
(0) 2,94 (1) 0,97 (1)
50
TABELA 11 Características descritivas das propriedades leiteiras Ponte Alta e
Pinheiros, MG, 2007.
Características Fazenda Ponte Alta Fazenda Pinheiros
Tipo de ordenha Mecânica Mecânica
Composição Racial do
Rebanho
Holandês Mestiço
Tipo de alimentação Pasto e concentrado Pasto e concentrado
Tamanho da fazenda 408 280
Número de vacas em
lactação
85 50
Produção média de leite
dos animais (L/dia)
20,47 22,0
Histórico de aborto Sim Sim
Presença de cães Sim Sim
Número de cães 3 3-8
Presença de cães
selvagens
Sim Não
Presença de cães errantes Não Sim
Cães têm acesso à
alimentação dos bovinos
Sim Sim
Intervalo médio de
partos
13 meses 12 meses
Como observado na tabela 12, não houve diferença significativa
(p>0,05) entre os parâmetros reprodutivos avaliados, a idade dos animais e a
soropositividade para N. caninum. Como o aborto é o sinal clínico mais
observado em vacas adultas, realizou-se uma categorização, onde os animais que
51
já haviam abortado foram dispostos em um grupo e os animais restantes em
outro grupo. Assim, buscou-se a associação entre a ocorrência de aborto e a
soropositividade. Não houve, no entanto, diferença significativa (p>0,05) entre a
ocorrência de abortos e a soropositividade.
TABELA 12 Valores de P para as variáveis independentes testadas pelo teste de
qui-quadradro.
Variáveis Valores de P
Problemas reprodutivos 0, 3409
Idade 0, 3984
Intervalo de partos 0, 3127
Aborto 0, 1990
Em relação à produção de leite e a persistência da lactação, não houve
associação significativa (p>0,05) entre estas variáveis e a infecção por N.
caninum.
52
6 DISCUSSÃO
6.1 Estudo 1 – Freqüência de anticorpos anti-N. caninum em bezerras e
novilhas de rebanhos leiteiros na microrregião de Lavras, MG
6.1.1 Freqüência de bovinos soropositivos e fatores de risco
O resultado deste estudo indica que a infecção por N. caninum está
presente em rebanhos leiteiros da microrregião de Lavras numa freqüência maior
que a observada por outros pesquisadores em Minas Gerais, em porcentagens
que variaram de 6,8% (Costa et al., 2001) a 29,0% (Ragozo et al., 2003);
entretanto, esteve próxima dos níveis relatados em estudos sorológicos
realizados em outros países (Dubey, 1999b).
As diferenças na freqüência de soropositividade entre os 18 rebanhos
podem ter ocorrido devido ao pequeno número de amostras testadas nestas
fazendas. Além disso, é difícil a comparação entre estudos de soroprevalência, já
que o tipo de amostra utilizada influencia nos resultados, como as provenientes
de animais que sofreram abortamentos ou de uma amostragem simplesmente
casualizada. Influencia também no índice de soro-reatividade a sensibilidade do
método de diagnóstico utilizado e os valores de pontos de cortes conforme o
teste sorológico escolhido e a população estudada (Sartor et al., 2003).
A freqüência média global de animais infectados por N. caninum neste
estudo foi de 46,25% (247/534) para bezerras e novilhas. Guedes (2006)
observou que a freqüência média global de vacas soropositivas para N. caninum,
oriundas das mesmas propriedades envolvidas no presente estudo, foi de 91,23%
(510/559). Houve diferença significativa entre os grupos (p<0,05) (bezerros e
novilhas versus vacas). Esse fato evidencia a ocorrência de transmissão
horizontal e sugere a presença de oocistos esporulados de N. caninum no
ambiente (Dijkstra et al., 2002).
53
Hietal & Thurmond (1999b) relataram que os níveis de anticorpos
podem apresentar flutuações com a idade. Animais entre 13 e 24 meses
apresentam tendência de baixas soroprevalência em relação a outras faixas
etárias. Esses autores sugeriram que isto se deve ao declínio de anticorpos em
bovinos congenitamente infectados. Essas informações apontam as dificuldades
e o cuidado que merecem as interpretações da soroepidemiologia do N. caninum.
Em estudo realizado no Mato Grosso, quando comparadas as faixas
etárias dos bovinos relativamente à presença de anticorpos, observou-se que
houve diferença significativa (p<0,05) entre as faixas de 0 a 24 meses e de 24 a
48 meses, apontando maior prevalência de bovinos soropositivos com a maior
faixa etária (Benetti, 2006).
Davison et al. (1999), Dyer et al. (2000) e Sanderson et al. (2000)
observaram aumento significativo (p<0,05) da soroprevalência com o avanço da
idade dos bovinos, sugerindo a ocorrência de infecção pós-natal em rebanhos
nos EUA. No norte do Paraná, Guimarães et al. (2004) observaram que a
soroprevalência para N. caninum foi significativamente (p<0,05) menor em
fêmeas bovinas com idade inferior a 24 meses e concluíram que a idade constitui
um fator de risco para a presença de neosporose bovina no rebanho.
Estudo em 18 rebanhos leiteiros oriundos de 14 municípios de Minas
Gerais, a freqüência variou de nenhum animal positivo em Lavras a 72,73% dos
animais em Caeté (Melo et al., 2001). Nesse ensaio, os animais foram divididos
em três faixas etárias. A freqüência de animais positivos entre 7 e 18 meses foi
de 7,69% (5/65) em rebanhos produtores de leite C e de 30,77% (16/52) em
rebanhos produtores de leite A/B. Em relação aos animais entre 19 e 30 meses, a
freqüência de positivos variou de 12,33% (9/73) no grupo produtor de leite C a
32,08% (17/53) no grupo produtor de leite A/B. No grupo de animais com idade
acima de 31 meses, a freqüência variou de 14,42% (30/208) nos produtores de
leite C e 24,06% (32/132) nos produtores de leite A/B.
54
Em outro estudo realizado em bovinos provenientes de seis estados
brasileiros (Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do
sul e Rio Grande do Sul), a freqüência de soropositivos conforme a idade foi de
12,5% para animais entre 0 e 24 meses; de 20,2% para animais entre 24 e 48
meses; de 25,6% para animias entre 48 e 72 meses e de 24,1% para animais
entre 72 e 181 meses de idade (Ragozzo et al., 2003).
Em estudo realizado por Rinaldi et al. (2005), em relação aos fatores de
risco para a infecção por N. caninum, adultos e novilhas mostraram maior
soroprevalência que bezerros. Já em estudo realizado por Corbellini et al.
(2006), a soropositividade não diferiu de modo significativo de acordo com a
idade dos animais.
Diante das divergências entre os resultados obtidos sobre a correlação
entre a idade dos bovinos e a presença de anticorpos contra N. caninum, nos
diferentes estudos, conclui-se, baseando-se também em citações de Schares et al.
(1998), que as diferenças entre rebanhos podem estar relacionadas com o tempo
de exposição ao parasito e à forma de transmissão do mesmo. O descarte e a
reposição de animais do rebanho também podem interferir nos resultados.
No presente estudo, não houve associação significativa (p>0,05) entre a
freqüência de animais soropositivos nos rebanhos testados e a quantidade diária
de leite produzido nas fazendas dos grupos A e B. Na Espanha, Quintanilla-
Gozalo et al. (1999) observaram que o tamanho do rebanho leiteiro não
apresentou associação significativa (p>0,05) com a infecção por N. caninum.
Em rebanhos leiteiros no norte do Paraná, Ogawa et al. (2005) também
não observaram diferença significativa (p>0,05) entre a freqüência de bovinos
positivos para N. caninum e a produção de leite. No Rio Grande do Sul,
Corbellini et al. (2006), analisando os fatores de risco em vacas leiteiras, não
encontraram associação significativa (p>0,05) entre o tamanho da propriedade e
a freqüência de animais soropositivos para N. caninum.
55
Embora a presença de anticorpos anti-N. caninum em vacas
individualmente só indique a exposição ao parasito em algum momento da sua
vida, a probabilidade de aborto em bovinos soropositivos é duas vezes maior em
relação aos soronegativos (Thurmond et al. 1997a; Wolda et al., 1999). No
México, García-Vasquez et al. (2002) encontraram associação estatisticamente
significativa (p<0,05) entre soropositividade e freqüência de abortos em
rebanhos leiteiros. No entanto, no presente estudo não houve diferença
significativa (p>0,05) entre o histórico de abortos nos rebanhos leiteiros e a
freqüência de bovinos positivos para N. caninum. Fato similar foi relatado por
Sadrebazzaz et al. (2004), em estudo realizado com bovinos leiteiros no Irã.
Na análise de fatores de risco do presente estudo, nenhum apresentou
associação significativa com a soropositividade para N. caninum (p<0,05).
Embora a freqüência média de soropositividade fosse maior nos rebanhos que
apresentaram intervalo entre partos maior que 410 dias quando comparada aos
outros rebanhos.
Waldner et al. (1998) no Canadá e Thurmond et al. (1997b) nos EUA
verificaram associação estatisticamente significativa (p<0,05) entre a
positividade para N. caninum e uma maior freqüência de abortos e natimortos
em vacas leiteiras. Entretanto, Aguiar et al. (2006) não encontraram associação
significativa (p>0,05) entre a prevalência de N. caninum e a ocorrência de
problemas reprodutivos em bovinos leiteiros na Amazônia.
Não foi possível verificar a associação entre a infecção por N. caninum
em bovinos e a presença de cães nas fazendas, já que em 100% das propriedades
foi registrada a presença destes animais. Em estudo realizado na região sudoeste
do Estado de Mato Grosso, a presença de cães soro-reagentes nas propriedades
pesquisadas levou a uma correlação positiva fraca em relação à ocorrência de
anticorpos anti-N. caninum em bovinos (Benetti, 2006). De acordo com Wolda
56
et al.(1999), a presença de cães portadores de anticorpos anti-N. caninum nas
fazendas está associada à prevalência desta infecção em bovinos.
A escassez de informações sobre a freqüência da infecção no hospedeiro
definitivo, o cão, em fazendas da microrregião de Lavras, não permite
estabelecer qual método de transmissão (horizontal ou vertical) é a principal rota
de infecção na microrregião.
Entretanto, nas 213 amostras de soros coletadas de cães criados em
fazendas do município de Carrancas e Lavras, a freqüência de anticorpos anti-N.
caninum foi de 7,0 %. A freqüência de soropositivos como podemos observar na
tabela 3 está abaixo da média da freqüência encontrada nos estudos
epidemiológicos no Brasil. Neste levantamento, não houve associação entre
machos e fêmeas e a soropositividade. Resultado similar foi encontrado por
Jesus et al. (2006) na Bahia, corroborando outros estudos prévios que não
relacionaram a ocorrência preferencial da infecção a um determinado sexo
(Azevedo et al., 2006). Também não foi observada predisposição racial para a
infecção por N.caninum, fato similar encontrado por Jesus et al. (2006).
Embora seja uma amostragem pequena, o resultado deste estudo
demonstra a presença de cães infectados por N. caninum em propriedades
leiteiras da microrregião de Lavras, o que reforça a necessidade de novos
estudos epidemiológicos para se estabelecer a relação de casualidade e verificar
o papel da transmissão horizontal na epidemiologia da neosporose bovina nessa
região. Outro aspecto importante a ser discutido é a presença de cães errantes
nas propriedades, que podem participar no ciclo do N. caninum, sendo que eta
informação se baseia em fatos citados em estudos realizados por Corbellini
(2002).
57
6.2 Estudo 2 - Freqüência de infecção congênita e investigação da
transmissão horizontal e efeitos do N. caninum sobre a produção leiteira e
as alterações reprodutivas
6.2.1 Infecção congênita e transmissão horizontal de N. caninum em bovinos
das Fazendas Ponte Alta e Pinheiros
N. caninum é um dos mais eficientes parasitas transmitidos de forma
transplacentária entre todos os microorganismos que afetam os bovinos (Dubey
et al., 2007). Em certos rebanhos, todos os bezerros nascem infectados, mas
assintomáticos. Evidências sobre a eficácia da transmissão transplacentária vêm
de diferentes fontes: árvores familiares, comparação entre o status de anticorpos
nas vacas e suas progênies e experimentalmente (Dubey et al., 2007).
No presente estudo, ao quantificar a taxa de transmissão vertical em
bovinos leiteiros de dois rebanhos, foi encontrada uma taxa média global de
23,72%, sendo de 29% no rebanho da Fazenda Ponte Alta e de 9% no rebanho
da Fazenda Pinheiros. As taxas observadas estão entre os valores descritos na
literatura. Bergeron et al. (2000), em Quebec no Canadá, pesquisando a
transmissão vertical em 23 rebanhos leiteiros encontraram valores que variaram
de 0% a 85,7%, obtendo uma taxa média global de 44,4%.
Embora os valores deste estudo estejam entre os resultados descritos na
literatura, a taxa de transmissão vertical pode ser considerada baixa, já que a
maioria dos trabalhos relatam taxas que variam de 41% (Paré et al., 1994) a 95%
(Davison et al., 1999). Esse fato pode ser explicado em parte pelo baixo número
de rebanhos pesquisados no presente estudo (dois) e pela metodologia
empregada.
Diversos estudos têm procurado quantificar a taxa de transmissão
vertical e horizontal. Paré et al. (1996) e Wouda et al. (1998) ao realizarem
estudos com o objetivo de determinar essas taxas, utilizaram rebanhos onde a
58
coleta de sangue dos bezerros para a determinação do status sorológico foi
realizada antes que estes ingerissem o colostro. O mesmo procedimento foi
adotado por Davison et al. (1999), ao estimarem a transmissão vertical e
horizontal em rebanhos leiteiros no Reino Unido.
Apenas animais acima de três meses de idade foram utilizados para o
presente estudo (Bergeron et al., 2000). Essa precaução foi tomada a fim de
evitar possíveis erros decorrentes da imunidade passiva. Há dificuldades em
trabalhar com rebanhos de propriedades particulares objetivando a coleta de
sangue de bezerros antes de estes ingerirem o colostro.
Para determinar a taxa de transmissão vertical, foi calculada a proporção
de filhas positivas nascidas de mães soropositivas. Assim, o status sorológico do
dia da coleta de sangue é que foi utilizado para calcular a taxa de transmissão
vertical conforme recomendado por Bergeron et al.(2000).
É importante ressaltar que os resultados deste estudo podem conter
pequenas falhas ao estimar a transmissão vertical. Por exemplo, uma vaca que
no momento da coleta de sangue foi considerada soropositiva, pode ter sido
negativa no momento da parição e pode ter gerado uma filha soronegativa.
Entretanto, a vaca pode ter adquirido a infecção após a parição pela rota
horizontal. Falhas similares foram descritas por Bergeron et al. (2000) e Romero
et al. (2003) em estudos para a quantificação da infecção congênita. Em estudos
observacionais, essas falhas ocorrem e podem subestimar a transmissão
horizontal e subseqüentemente, superestimar a infecção congênita.
Em um estudo de corte, realizado por Davison et al. (1999), ambas as
mães e filhas foram amostradas no momento do parto/nascimento e
acompanhadas a fim de e verificar se ocorreu a soroconversão e quando esta
ocorreu. Em pesquisa realizada por Bartels et al. (2007), a soroconversão não foi
acompanhada, mas os autores realizaram cálculos para ajustar as taxas de
59
transmissão vertical e horizontal, a fim de evitar falsos positivos e falsos
negativos.
Além do pequeno número de rebanhos e da metodologia aplicada, no
presente estudo outros fatores podem explicar a baixa taxa de transmissão
vertical encontrada. Entre esses, estão o descarte de vacas com baixa
performance reprodutiva e baixa produção leiteira que poderiam ser animais
soropositivos, reduzindo dessa forma a taxa de transmissão vertical. Esta
hipótese foi também citada em estudos observacionais sobre a taxa de
transmissão vertical, ao encontrarem valores abaixo da média de outras
pesquisas. Além disso, esses autores concluíram que o manejo, tamanho do
rebanho e clima da região também podem ter influenciado na baixas taxas de
transmissão congênita.
Esses fatores já haviam sido discutidos na literatura, o pequeno tamanho
do rebanho poderia facilitar o contato entre os cães e os bovinos leiteiros e
aumentar a exposição ao parasita. O clima também poderia facilitar a
esporulação dos oocistos (Mainar-Jaime et al. 1999; Bergeron et al. 2000).
Secundariamente, a baixa probabilidade de transmissão vertical pode ser
explicada pela continua estimulação do sistema imune materno em rebanhos
com infecção endêmica (Paré et al., 1996).
A transmissão horizontal ocorreu nos dois rebanhos estudados, em duas
famílias na Fazenda Ponte Alta e em uma família na Fazenda Pinheiros. Foi
adotado como critério para determinação da transmissão horizontal, quando um
animal (vaca ou novilha) positivo, nascida de mãe negativa, possuía no mínimo
duas irmãs soronegativas. Quando uma vaca possuía mais de uma cria (par de
mãe/filha), foi considerado apenas um par de mãe/filha, metodologia similar a
adotada por Schares et al. (1998) e Bergeron et al. (2000). Assim, um número
limitado de famílias foi encontrado nessa situação. Por essa razão,
60
provavelmente a ocorrência da transmissão horizontal pode ser mais freqüente
do que a estimada no presente estudo.
Não foi possível realizar a sorologia para N. caninum nos cães das
propriedades leiteiras, mas as fazendas possuíam de três a oito animais, além da
presença de cães errantes na Fazenda Pinheiros e cães selvagens na Fazenda
Ponte Alta. Segundo os responsáveis pelas propriedades, os cães além de
manterem contato com os bovinos leiteiros e seus alimentos, ingeriam restos
placentários, fetos abortados e bezerros natimortos. Esses fatores reforçam o
risco de transmissão horizontal do N. caninum nessas propriedades.
Os resultados deste estudo confirmam a importância da transmissão
vertical na epidemiologia da neosporose bovina e sua contribuição para
manutenção da infecção nos rebanhos. Demonstra ainda que, embora não seja a
rota principal de infecção, a transmissão horizontal foi identificada nas duas
fazendas e deve ser levada em consideração na adoção de medidas de controle
desta parasitose nesses rebanhos leiteiros.
61
6.2.2 Efeitos da soropositividade sobre a produção leiteira e as
alterações reprodutivas em bovinos das Fazendas Ponte Alta e Pinheiros
A neosporose constitui uma das principais causas de problemas
reprodutivos em bovinos leiteiros de todo mundo (Dubey, 2003). Animais
infectados com o N. caninum têm de duas a sete vezes mais chances de
abortarem se comparados a animais negativos (Romero et al., 2005). Outros
possíveis efeitos da infecção por N. caninum incluem descarte de animais
soropositivos, perdas reprodutivas e redução na produção de leite (Trees et al.,
1999). Vários estudos investigaram o efeito da soropositividade para N. caninum
sobre o descarte de animais (Cramer et al., 2002), performance reprodutiva
(Romero et al., 2005) e a produção de leite em rebanhos leiteiros (Hernandez et
al., 2001). Entretanto, os resultados desses estudos não foram conclusivos,
especialmente para os efeitos da infecção sobre o descarte de animais e a
produção de leite (Bartels et al., 2006).
No presente estudo, não foi observado efeito da soropositividade para N.
caninum sobre a produção de leite, a ocorrência de abortos, o aumento de
intervalo entre partos e outros problemas reprodutivos que constam na tabela 10.
Resultado semelhante foi encontrado por Romero et al. (2005) quando
verificaram os efeitos do N. caninum sobre a reprodução e produção em
rebanhos leiteiros na Costa Rica. Bjorkman et al. (1996) e Jensen et al. (1999)
também relataram resultados similares, pois não encontraram diferença
significativa (p > 0,05) entre animais soropositivos e soronegativos em relação
ao intervalo entre partos.
Na Espanha Warleta e colaboradores (2008) avaliaram o efeito do N.
caninum sobre a reprodução de bovinos leiteiros e observaram um aumento do
intervalo entre partos em vacas soropositivas. Infecções por N. caninum não têm
demonstrado um decréscimo na fertilidade (López-Gatius et al., 2005) e, até o
momento, o aborto tem sido descrito como único sinal clínico em vacas adultas.
62
Em relação aos efeitos do N. caninum sobre o número de serviços por
concepção, Romero et al., (2005) não encontraram diferença significativa em
vacas soropositivas ou não. Poucos estudos têm documentado o efeitos do N.
caninum sobre o número de serviços por concepção. Em estudo realizado por
Munhoz-Zanzi et al. (2004), houve associação entre a infecção por N. caninum e
o número de serviços por concepção. Neste estudo, essa variável não pode ser
avaliada devido à falta de dados para realização das análises estatísticas
É importante ressaltar que a reprodução é um componente complexo na
produção leiteira e pode ser influenciada por vários fatores como genética,
nutrição, inseminação artificial, presença de outras doenças, práticas de manejo
e ambiente. É difícil estimar o real efeito de uma doença específica sobre a
performance reprodutiva. Sendo assim, outros estudos são necessários para
determinar o efeito do N. caninum na reprodução bovina (Romero et al., 2005).
Em relação à associação da ocorrência de abortos e à soropositividade,
no presente estudo, não houve diferença significativa (p>0,05) entre estas
variáveis. Romero et al. (2005) não conseguiram estabelecer uma forte
associação entre a probabilidade de abortos e vacas soropositivas, porém houve
uma tendência ao aumento da taxa de aborto em vacas positivas. Em estudo
realizado em rebanhos leiteiros na Espanha, vacas infectadas por N. caninum
demonstraram um risco cinco vezes maior de abortarem em relação às
soronegativas (Warleta et al., 2008). Bartels et al. (2006) observaram que a
ocorrência de abortos foi de 1,88 vezes maior em vacas soropositivas se
comparadas a um animal soronegativo.
Em estudo realizado para avaliar os efeitos do N. caninum sobre a
fertilidade em animais de alta produção na Espanha, López-Gatius et al. (2005)
concluíram que a infecção não afeta a fertilidade em vacas de alta produção.
Resultado semelhante ao relatado por Bjorkman et al. (2003) e López-Gatius
(2003), que concluíram que as técnicas de manejo empregadas em rebanhos de
63
alta produção (melhoramento genético, de inseminação artificial e rações
balanceadas) possibilitam efeitos benéficos sobre a fertilidade dos mesmos. Essa
justificativa pode ser empregada nos rebanhos utilizados neste estudo, já que
ambos rebanhos possuíam assistência técnica veterinária e utilizavam técnicas
de manejo que beneficiam a reprodução dos animais.
Para este estudo, é importante destacar que o tamanho da amostra pode
ter influenciado a falta de associação entre a soropositividade e os parâmetros
reprodutivos devido ao pequeno número de rebanhos pesquisados. Para análise
estatística dos dados reprodutivos, o número total de animais utilizados, nos dois
rebanhos, foi de 103 bovinos.
Em relação à produção leiteira, alguns estudos têm demonstrado que
pode ocorrer um decréscimo de 3% a 4% na produção de leite em animais
soropositivos (Hernadez et al. 2001). Segundo Romero et al. (2005), vacas
soronegativas para N. caninum produzem aproximadamente 84,7 kg de leite a
mais por lactação. No presente estudo, não houve diferença significativa entre a
produção leiteira e a soropositividade. Não houve diferença estatística entre a
persistência da lactação e a infecção por N. caninum. Resultado similar foi
descrito por López-Gatius et al. (2005) que, por meio de análises de regressão
linear, observaram não ocorrer efeitos significativos da infecção por N. caninum
sobre produção de leite em vacas de alta produção.
Bartels et al. (2006) concluíram que a produção de leite é afetada pelo
status sorológico dos animais. Resultado similar ao de Thurmond & Hietala
(1997) que observaram que há um decréscimo de 1,4 kg leite /dia em animais
soropositivos quando comparados aos soronegativos. Hernandez et al. (2001)
reportaram que ocorreu um decréscimo de 1,2 kg leite/dia na produção dos
animais soropositivos. E difícil estabelecer o efeito negativo do N. caninum na
produção leiteira, mas de qualquer modo sabe-se que toda infecção causa lesões
e consome energia dos animais infectados (Hobson et al., 2002). Entretanto,
64
como a produção de leite depende de muitos fatores, é um risco concluir que
apenas um parâmetro foi capaz de influenciar a produção de leite, como por
exemplo, a infecção por N. caninum. A capacidade leiteira do animal está
associada a aspectos genéticos, manejo, ambiente, entre outras variáveis. Assim,
é difícil concluir sobre os efeitos da infecção por N. caninum na produção
leiteira (Romero et al., 2005).
65
7 CONCLUSÕES
A infecção por N. caninum está amplamente distribuída entre bezerras e
novilhas de rebanhos leiteiros da microrregião de Lavras, sul de Minas
Gerais.
Nos rebanhos leiteiros da microrregião de Lavras não foram observados
fatores de risco associados à infecção por N. caninum.
A presença de cães infectados por N. caninum na zona rural da
microrregião de Lavras demonstra o risco de ocorrência de transmissão
horizontal em rebanhos leiteiros desta região.
A infecção congênita é a principal rota de transmissão do N. caninum
entre os bovinos leiteiros das fazendas Ponte Alta e Pinheiros.
A transmissão horizontal foi identificada nos bovinos das fazendas
Ponte Alta e Pinheiros e deve ser levada em consideração na adoção de
medidas de controle do N. caninum nestas propriedades.
A infecção por N. caninum não produziu efeitos negativos sobre a
produção leiteira e as alterações reprodutivas nos rebanhos das fazendas
Ponte Alta e Pinheiros.
66
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