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ASPECTOS ANATÔMICOS, CITOGENÉTICOS
E PALINOLÓGICOS DE ESPÉCIES DE Solanum
LETÍCIA VESZ CATTELAN
2008
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LETÍCIA VESZ CATTELAN
ASPECTOS ANATÔMICOS, CITOGENÉTICOS E
PALINOLÓGICOS DE ESPÉCIES DE Solanum
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas, para a obtenção do
título de "Mestre".
Orientadora
Profa. Dra. Giovana Augusta Torres
LAVRAS
MINAS GERAIS-BRASIL
2008
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ii
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Cattelan, Letícia Vesz.
Aspectos anatômicos, citogenéticos e palinológicos de espécies de
Solanum / Letícia Vesz Cattelan. -- Lavras : UFLA, 2008.
30 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Giovana Augusta Torres.
Bibliografia.
1. Citogenética. 2. Pólen. 3. Solanum. 4. Tricoma. I. Universidade
Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 583.790487322
iii
LETÍCIA VESZ CATTELAN
ASPECTOS ANATÔMICOS, CITOGENÉTICOS E
PALINOLÓGICOS DE ESPÉCIES DE Solanum
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas, para a obtenção do
título de "Mestre".
Aprovada em 22 de fevereiro de 2008
Prof. Dr. Juscélio Clemente de Abreu UNINCOR
Profa. Dra. Lisete Chamma Davide UFLA
Profa. Dra. Giovana Augusta Torres
UFLA
(Orientadora)
LAVRAS
MINAS GERAIS-BRASIL
iv
Dedico
A Deus, pela proteção e iluminação
Aos meus pais Regina Vesz Cattelan e Moacir João Cattelan
Meus irmãos Fábio e Anderson
Aos meus amigos de Pelotas, Santa Maria e Lavras
Aos colegas que sempre estiveram ao meu lado
A todos que participaram desses momentos de trabalho
v
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos.
À Giovana Augusta Torres, pela orientação, amizade e contribuição na
minha formação profissional.
À Lisete Chamma Davide, pela co-orientação e incentivo.
Ao Departamento de Biologia, seus professores e funcionários, em
especial à Irondina por seu carinho, dedicação e torcida em todos os momentos.
Às amigas de Santa Maria Ariane Martins, Maria Fernanda Silveira,
Rina Berro e Lucinda Machado, pela sincera amizade de muitos anos apesar da
distância.
Aos amigos de Pelotas, que mesmo longe sempre se fizeram presentes,
em especial Vera Bobrowski e Leila Macias pelos ensinamentos, amizade e
incentivo a buscar meus objetivos. Aos colegas e amigos de Pelotas Sérgio
Alessandro, Laura, Daiane, Vanessa, Miriam, João, Gustavo, Angélica, Roberta
e Rachel pelo companheirismo e auxílio ao longo desses anos.
A todos os amigos que fiz em Lavras, em especial aos colegas Jeanne,
Rafaela e Raoni e esposa, Juliana, pelo companheirismo nos momentos de
estudo, diversão, pelo apoio nos momentos difíceis e sincera amizade e
dedicação. Obrigada à Juliane e Kátia pela amizade e auxílio dentro e fora do
laboratório. Aos amigos Caio, Fabrício, Lívia, Soraya e Aninha pela amizade.
À D. Carminha e Seu Tadeu, Josy e Peterson, Juliana e Ju e o mais novo
membro Davi, por terem se tornado minha família mineira que me acolheu com
tanto carinho.
Obrigada as amigas Gleyce, Simone e Flavinha pela profunda amizade e
imensuráveis momentos de alegria juntas, e em especial a amiga/irmã Louise
pelos ensinamentos, carinho e dedicação em todas as horas.
A todos, enfim, o meu reconhecimento.
vi
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................
i
ABSTRACT..........................................................................................
ii
1 INTRODUÇÃO.................................................................................
01
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................. 03
2.1 Aspectos botânicos e importância econômica do gênero Solanum
03
2.2 Uso de hibridação interespecífica em Solanum..............................
05
2.3 Caracterização e manipulação do genoma no gênero Solanum......
05
2.4 Aspectos meióticos e polínicos......................................................
08
3 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................
11
3.1 Material biológico..........................................................................
11
3.2 Caracterização dos tricomas foliares..............................................
11
3.3 Análise cariotípica..........................................................................
12
3.4 Análise meiótica e polínica.............................................................
13
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................
15
4.1 Observação dos tricomas foliares...................................................
15
4.2 Avaliação cariopica................................................................................
17
4.3 Avaliação meiótica e polínica........................................................
21
5 CONCLUSÕES.................................................................................
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................
26
vii
RESUMO
CATTELAN, Letícia Vesz. Aspectos anatômicos, citogenéticos e
palinológicos de espécies de Solanum. 2008. 30p. Dissertação (Mestrado em
Genética e Melhoramento de plantas) – Universidade Federal de Lavras, Lavras,
Minas Gerais, Brasil.
*
O gênero Solanum é considerado o mais complexo da família
Solanaceae, apresentando grande variação fenotípica. Possui representantes
importantes economicamente, como batata, berinjela e jiló, utilizados na
alimentação humana e joá-bravo, importante espécie invasora que causa prejuízo
às culturas de interesse comercial. Este trabalho foi realizado com o objetivo de
caracterizar duas espécies cultivadas de Solanum, berinjela (Solanum melongena
L.) e jiló (S. gilo L.), e uma espécie selvagem, joá-bravo (S. viarum Dunal), com
base no cariótipo e em aspectos reprodutivos e anatômicos. Em berinjela, foi
observada a presença de tricomas do tipo simples e glandular captado, em jiló e
joá-bravo, observaram-se tricomas simples, glandular captado e estrelado com
diferentes números de braços, demonstrando as diferentes propriedades de
adaptação ambiental entre espécies cultivadas e selvagens. O comprimento total
de cada cromossomo de berinjela, jie joá-bravo variou entre 1,44 - 4,15 µm,
2,04 - 4,24 µm e 2,41 - 5,06 µm, respectivamente. A meiose mostrou-se regular,
com formação de 12 bivalentes normais. Os pólens das três espécies são 3-
colporados, foram classificados como prolato esferoidais e apresentam
diferentes espessuras da exina.
*
Comitê Orientador: Giovana Augusta Torres UFLA (Orientadora); Lisete
Chamma Davide – UFLA (Co-orientadora).
i
viii
ABSTRACT
CATTELAN, Letícia Vesz. Anatomical, cytogenetical and palinological
aspects of Solanum species. 2008. 30p. Dissertation (Master in Plant Genetics
and breeding) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.
*
The genus Solanum is considered the most complex of the Solanaceae
family, presents great phenotipic variation. It possesses important economic
crops such as potato, eggplant and scarlet eggplant used in the human feeding
and tropical soda apple, important weed species that causes damage to
commercial crops. The purpose of this work was to characterize two cultivated
species of Solanum, eggplant (Solanum melongena L.) and scarlet eggplant (S.
gilo L.), and a wild specie, tropical soda apple (S. viarum Dunal) based on the
karyotype and in reproductive and anatomical aspects. In eggplant the presence
of simple and captate glandular trichomes was observed, in scarlet eggplant and
tropical soda apple simple, captate glandular and star trichomes was observed
with different numbers of arms, demonstrating different properties of
environmental adaptation between cultivated and wild species. The total length
of each chromosome of eggplant, scarlet eggplant and tropical soda apple had
varied between 1.44 4.15 µm, 2.04 4.24 µm and 2.41 5.06 µm,
respectively. The meiosis was regular, with 12 normal bivalents. The pollen of
the three species are 3-colporate and they were classified as prolate spheroidal,
presenting different thickness of the exine.
*
Guidance Committe: Giovana Augusta Torres - UFLA (Advisor); Lisete
Chamma Davide – UFLA (Co-advisor).
ii
1
1 INTRODUÇÃO
A família Solanaceae contém cerca de 90 gêneros com,
aproximadamente, 3.000 espécies, sendo muitas delas de importância
econômica, como a batata (Solanum tuberosum L.), o tomate (S. lycopersicum),
o tabaco (Nicotiana tabacum L.), a berinjela (S. melongena L.) e o jiló (S. gilo
L.).
Solanum é um dos mais importantes gêneros dessa família, estando entre
os mais numerosos do mundo em número de espécies. Além das espécies
cultivadas, são relatadas cerca de 200 selvagens, algumas nativas do Brasil.
Essas espécies selvagens também apresentam relevância comercial, na medida
em que podem constituir plantas invasoras de culturas ou apresentar potencial
medicinal (Silva et al., 2003).
Apesar de apresentar ampla variação de ploidia, o número básico x=12 é
uniforme no gênero, o que favorece a possibilidade de cruzamento
interespecífico. Essa possibilidade constitui importante fonte de alelos de
interesse para os programas de melhoramento das espécies cultivadas,
especialmente da batata, nos quais essa estratégia é usada de forma eficiente.
(Olatunji, 2005).
Nesse sentido, o conhecimento do cariótipo e do comportamento
meiótico das espécies traz subsídios importantes para a produção e
caracterização destes híbridos interespecíficos. Além disso, as informações
citogenéticas de espécies de Solanum constituem material bastante informativo,
uma vez que os arranjos cromossômicos tiveram um papel importante na
especiação, com a conservação do número cromossômico (Obute et al., 2006). O
estudo de espécies como joá-bravo também é importante para esclarecer o
2
comportamento cromossômico dessa espécie selvagem ainda sem caracterização
cariotípica na literatura.
Ainda na abordagem taxonômica e evolutiva, estudos anatômicos e
palinológicos têm dado considerável contribuição para o conhecimento de
diferentes grupos de plantas. Nesse sentido, o objetivo da realização deste
trabalho foi caracterizar duas espécies cultivadas de Solanum, berinjela
(Solanum melongena L.) e jiló (S. gilo L.), e uma espécie selvagem, joá-bravo
(S. viarum Dunal), com base no cariótipo e em aspectos reprodutivos e
anatômicos.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos botânicos e importância econômica do gênero Solanum
Dentro da família Solanaceae, o gênero Solanum é o maior em número
de espécies. Dentre as mais de 1.500 espécies que o compõem, muitas são
economicamente importantes. Destacam-se as plantas comestíveis, como batata
(Solanum tuberosum L.), jiló (S. gilo L.) e berinjela (S. melongena L.), e
também o joá-bravo (Solanum viarum Dunal), por ser uma invasora que causa
prejuízos às demais culturas de interesse comercial (Kashyap et al., 2002;
Bryson & Byrd Jr., 2007).
Uma das espécies mais estudadas, principalmente para o melhoramento
genético, é a batata (Solanum tuberosum L.), visando à obtenção de cultivares
mais resistentes a pragas e doenças, adaptadas às condições de cultivo e com
características de tubérculos que satisfaçam aos consumidores. Porém, a falta de
utilidades conhecidas para algumas espécies deste grupo conduziu à negligência
de pesquisas e à erosão genética subseqüente. A depreciação rápida destes
recursos indica uma necessária reavaliação de exploração do germoplasma e de
conservação das espécies pouco estudadas de Solanum (Obute et al., 2006).
A grande importância econômica de batata e do tomate na agricultura
tornou o gênero alvo de intensivos estudos genômicos. Com a integração de
taxonomia, filogenia e genômica em Solanum,é esperado que a família
Solanaceae seja a mais entendida entre todas as famílias de plantas que
contribuem para o bem-estar humano (The Natural History Museum, 2008).
As espécies de Solanum exibem grande variação fenotípica,
particularmente nas características vegetativas, como hábito da planta, tamanho
de folha e forma (Obute et al., 2006).
4
Espécies cultivadas, como berinjela, originária da Índia, perene,
arbustiva, com caule semilenhoso e jiló, originária da Índia e África, herbácea,
de clima tropical, são utilizadas na alimentação humana (Fonseca, 2005).
Estatisticamente, a berinjela é a terceira mais importante espécie cultivada de
Solanaceae, atrás apenas da batata e do tomate. É um grande componente da
dieta de muitas pessoas, principalmente na China e na Índia, onde é considerada
o “rei dos vegetais” (Doganlar et al., 2002).
Jiló é uma solanácea tropical próxima da berinjela, principalmente
encontrada na Nigéria. Sua cultura foi implantada no Brasil central e sulista,
onde se tornou uma cultura secundária (Hill, 2003).
Plantas daninhas, como joá-bravo, originária da América do Sul,
presente em grande parte do Brasil infestando lavouras, pomares e jardins,
apresentam frutos tóxicos e são hospedeiras de nematóides. Acarretam prejuízo,
principalmente em lavouras de soja, devido à rápida proliferação da espécie
(Lorenzi, 2000). Uma planta de joá-bravo pode produzir entre 41.000 a 50.000
sementes com, pelo menos, 75% de germinação (Pereira et al., 1997).
Análises detalhadas das estruturas anatômicas fornecem importantes
ferramentas para a classificação taxonômica, bem como a caracterização
evolutiva e hibridação entre plantas cultivadas e selvagens. Plantas que, ao longo
do processo evolutivo, se estabeleceram em ambientes com disponibilidade de
água restrita (plantas xeromórficas), desenvolveram adaptações anatômicas e
fisiológicas que, integradas, resultaram no sucesso adaptativo às condições
hostis que tais ambientes oferecem (Fahn & Cutler, 1992).
De acordo com Silva et al. (2003), correlação entre o tipo de tricoma
e o grau de complexidade dos flavonóides existentes nas plantas. Tricomas
simples apresentam flavonóides com estruturas mais simples e tricomas
estrelados, ou estrelados-glandulares, apresentam flavonóides com
características mais derivadas.
5
Gamarra et al. (1998) observaram que, dentre as espécies com resistência
ao pulgão, a batata silvestre Solanum berthaultii tem se destacado por seus altos
níveis de resistência, devido à presença de tricomas glandulares. Esses tricomas
capturam os pulgões por meio dos exsudatos liberados por suas glândulas. Esse
mecanismo de resistência pode ser não seletivo, afetando também os inimigos
naturais.
No ensaio com a liberação dos diferentes instares e adultos do predador
nas plantas de batata com e sem tricomas, observaram-se diferenças
significativas (P<0,05) para mortalidade do predador entre as duas espécies de
batata, nos períodos de 24 e 48 horas. No período de 24 horas observou-se
mortalidade apenas no (58,3%), no (30,2%) e no (15,6%) instares do
predador na batata resistente com tricomas S. berthaultii (Gamarra et al., 1998).
No período de 48 horas, verificou-se aumento na mortalidade larval no
instar, atingindo quase 85% em S. berthaultii, valor próximo àquele
verificado (89%) no primeiro experimento. Este aumento também foi constatado
no 2º instar (45,8%) e 3º instar (23,9%). Após 48 horas, não ocorreu mortalidade
do predador apenas na fase adulta. Em todos os instares e adulto de S.
argentinicus, não se observou mortalidade em S. tuberosum (Gamarra et al.,
1998).
2.2 Caracterização e manipulação do genoma no gênero Solanum
Características citogenéticas, como número e morfologia cromossômica,
padrão de condensação e marcadores específicos, têm proporcionado
informações importantes no estudo das alterações cromossômicas (Guerra,
1988). A família Solanaceae apresenta uniformidade cariotípica dentro do
mesmo gênero, principalmente em relação ao número e à forma dos
cromossomos (Fregonezi et al., 2006).
6
Os números cromossômicos em espécies de Solanum mais reportado é
2n = 24 e 48. Poucas variações têm sido encontradas, como aneuplóides com 2n
= 54, 56, 60 e 66. Esse último aumenta a especulação com o exato vel de
ploidia das espécies em suas inter-relações e posição evolutiva (Olatunji, 2005).
Pesquisa com S. indicum, S. torvum, S. aethiopicum e S. melongena,
todos diplóides, demonstrou variação na posição centromérica e reduzido
tamanho dos cromossomos destas espécies. Um alto nível de
heterocromatinização foi maior em S. indicum, S. torvum, S. melongena e no
colchiplóide de S. indicum do que no diplóide e colchiplóide de S. aethiopicum.
Cromossomos de S. indicum assemelham-se em tamanho e posição
centromérica; todos são metacêntricos. Nenhuma constrição secundária foi
observada em quaisquer destes cromossomos (Obute et al., 2006).
Cromossomos de S. torvum apresentaram com comprimentos muito
similares, quatro pares exibiram morfologia submetacêntrica, enquanto os outros
se apresentaram metacêntricos. Os cromossomos de S. melongena eram bastante
semelhantes em tamanho entre si. Em quatro pares foram observados
centrômeros submedianos e dois pares apresentaram constrições secundárias.
Para S. aethiopicum, os cromossomos apresentaram aproximadamente o mesmo
tamanho e não havia nenhuma constrição secundária. Já as constrições primárias
eram metacêntricas. Tais variações entre espécies diplóides surgem por causa de
diferenças nas sucessões de DNA repetitivo que eventualmente ocorrem no
genoma (Obute et al., 2006).
Em estudo desenvolvido com Solanum, na Nigéria, a contagem
cromossômica revelou n=12, 24 e 2n=24, 48 para espécies diplóides e
tetraplóides, respectivamente (Olatunji, 2005).
Do ponto de vista evolutivo, as solanáceas apresentam um sistema
atrativo para o estudo de rearranjo cromossômico.
7
Pesquisa com híbridos entre Solanum lycopersicoides Dun. e
Lycopersicon esculentum Mill (2n = 2x = 24) demonstrou incompatibilidade
genômica. Foi observada variação no número de cromossomos de 46 para 53.
Nas metáfases investigadas, foram observados 51 cromossomos em 59,3% das
metáfases. O satélite dos cromossomos de L. esculentum era alongado na
constrição secundária nas metáfases. Este alongamento também foi revelado nas
metáfases de parentais de L. esculentum (Kulawiec et al., 2003).
Critérios importantes para se obter híbridos, geralmente, são
primeiramente avaliados em relação ao ponto de vista citogenético, para
identificar o potencial de cruzamento de duas espécies poderem ser cruzadas. O
comportamento dos cromossomos do híbrido durante a meiose deve ser
observado. Esses parâmetros indicam a compatibilidade genética e revelam
afinidades sinápticas e homeologias, bem como diferenças na organização
estrutural de cromossomos que significam a relação de cruzamento entre as
espécies (Behera & Singh, 2002).
A incorporação do genoma selvagem às cultivares de Solanum
possibilita a obtenção de híbridos interespecíficos vigorosos, com pareamento
normal de cromossomos, o que lhes assegura fertilidade e ocorrência normal de
permuta genética, viabilizando a introgressão de genes ou segmentos
cromossômicos (Gavrilenko et al., 2001).
Observações de fusão de híbridos envolvendo espécies de gêneros
diferentes, como Solanum e Lycopersicon, mostram que o número esperado de
cromossomos não é encontrado em 79% dos bridos somáticos entre batata e
tomate analisados (Wolters et al., 1994). Garriga-Calderé et al. (1997) também
analisaram três híbridos somáticos entre batata e tomate, com a técnica de GISH
e observaram a ausência de um ou dois cromossomos em dois desses híbridos.
No cruzamento entre S. tuberosum e S. brevidens, o conhecimento
citológico é de grande importância para detectar hibridações somáticas por meio
8
de marcadores e hibridização in situ, podendo, assim, auxiliar no
desenvolvimento de resistência na batata (Dong et al., 2005).
Em híbridos somáticos de duas espécies geneticamente distantes, a
eliminação de cromossomos somáticos é freqüente, mas híbridos de tomate e S.
etuberosum foram relativamente estáveis em termos de seus complementos
cromossômicos somáticos. De cinco híbridos analisados, dois tiveram os
genomas parentais intactos e três haviam perdido ou ganhado somente um
cromossomo de tomate ou de S. etuberosum (Gravilenko et al. 2001).
2.3 Aspectos meióticos e polínicos
De acordo com Olatunji (2005), a análise das fases da meiose, bem
como a caracterização da mitose, auxilia na elucidação das características
evolutivas do gênero Solanum. A observação de anormalidades ao longo da
divisão celular serve como um indicativo para avaliar a capacidade de
reprodução daquela espécie.
Todo o processo de meiose é regulado por um grande número de alelos.
A seqüência precisa das etapas envolvidas no processo de meiose,
eventualmente, é interrompida pela ação de alguns alelos mutantes. Tais alelos
intervêm de forma a alterar o comportamento normal dos cromossomos e,
conseqüentemente, os produtos finais da meiose. Existe grande diversidade de
alelos mutantes que podem atuar desde a síntese de DNA, pré-meiótica, até o
estágio pós-meiótico (Singh, 2003).
Perdas cromossômicas são o resultado de migração precoce e, de acordo
com Utsunomiya et al. (2002), geralmente, consistem em cromossomos
univalentes formados no final da prófase I por terminalização precoce dos
quiasmas, ou pode ser o resultado, até mesmo, de baixa freqüência de quiasma
ou da presença de genes assinápticos ou dessinápticos (Pagliarini, 2000).
9
A análise meiótica em S. tuberosum L. cv. Morfana mostrou falha no
pareamento dos homólogos. Multivalentes e univalentes foram observados além
dos bivalentes e a citocinese prematura causou não redução dos grãos de pólen
(Ünal & Alp, 2002).
Os eventos meióticos são precisamente corrigidos de forma a assegurar a
integral ocorrência de cada etapa da divisão celular. Entretanto, mutantes
sinápticos podem afetar o pareamento normal dos cromossomos na prófase I. Tal
acontecimento pode interferir de forma que não haja pareamento dos homólogos
no paquíteno. Na observação citogenética, é perceptível maior freqüência de
cromossomos univalentes na diacinese e na metáfase I, e, por meio destes, pode-
se inferir a atuação de mutantes assinápticos. Este tipo de comportamento foi
descrito, no milho, por Beadle, em 1930 (Singh, 2003).
A não-orientação ou cromossomos retardatários podem produzir
micronúcleos se eles não alcançarem os pólos a tempo de serem incluídos no
núcleo na telófase (Utsunomiya et al., 2002), conduzindo à formação de
micropólen e, provavelmente, para gametas com número cromossômico
desequilibrado, como aneuplóides (Souza et al., 2006). Apesar de
irregularidades na meiose, Kenton et al. (1988) declararam que um período de
instabilidade cromossômica pode conduzir ao estabelecimento de um novo
equilíbrio e pode representar uma fonte importante de variabilidade em espécies
com reprodução vegetativa.
Na microsporogênese normal da batata, formam-se bivalentes na placa
equatorial, que segregam, de forma balanceada, na anáfase I. Na anáfase II,
forma-se um ângulo de, aproximadamente, 60 graus entre um complemento
haplóide e outro, levando à formação de quatro micrósporos reduzidos (Mok &
Peloquin, 1975). No entanto, variantes meióticos que conduzem à formação de
pólens não reduzidos foram encontrados nas espécies e nos bridos de batata e
têm sido empregados em métodos alternativos de melhoramento genético da
10
cultura (Oliveira et al., 1995). Esses mutantes causam pareamento anormal ou
reduzem a formação de quiasmas, afetando a recombinação dos cromossomos na
meiose.
Os mecanismos citológicos que conduzem à formação de gametas 2n são
controlados por alelos recessivos. No entanto, a sua herança nem sempre é
simples e a sua expressão fenotípica é altamente influenciada por alterações
ambientais (Sebastiano et al., 2001).
A caracterização polínica das espécies tem o objetivo de auxiliar na
classificação e na determinação de espécies correlacionadas. As análises da
morfologia do pólen podem diferenciar espécies com características vegetativas
muito próximas e com morfologia cromossômica difícil de identificar. As
espécies ao longo do gênero Solanum são predominantemente de
autopolinização ou naturalmente autógamas, entretanto, podem ocorrer
cruzamentos (Edmonds, 1979).
11
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material biológico
Foram utilizadas sementes comerciais de duas espécies cultivadas:
Solanum gilo Raddi (jiló) variedade “tinguá verde-claro” e Solanum melongena
L. (berinjela) variedade “preta comprida”. Frutos da espécie selvagem Solanum
viarum (joá-bravo) foram coletados no município de Lavras, no campus da
UFLA, entre os meses de maio a agosto de 2007, para a obtenção de sementes.
As espécies foram cultivadas em casa de vegetação, para análise dos
tricomas foliares e obtenção de botão floral para análise meiótica.
3.2 Caracterização dos tricomas foliares
A descrição do tricoma foliar das três espécies de Solanum em estudo foi
feita por meio de microscopia eletrônica de varredura. As amostras frescas das
três espécies, depois de coletadas, foram lavadas em água corrente, cortadas em
pedaços com, no máximo, 2 cm de largura e altura máxima de 3 cm. Os
espécimes foram fixados em Karnovsky modificado (Karnovsky, 1965), pH 7,2,
por um período de 24 horas, lavados em tampão cacodilato (três vezes de 10
min), pós-fixados em tetróxido de ósmio (OsO
4
) 1% e tampão cacodilato por 4
horas, em temperatura ambiente em capela.
Posteriormente, foram lavadas três vezes em água destilada (AD) e
desidratadas em série crescente de acetona (25%, 50%, 75%, 90% e 100%), por
10 minutos, sendo a de 100% três vezes. Em seguida, foram submetidas ao
aparelho de secagem ao ponto crítico Balzers CPD 030, montadas em stubs e
submetidas à metalização com banho de ouro em aparelho Balzers SCD 050.
12
Para a observação dos espécimes, foi utilizado o microscópio eletrônico de
varredura Leo Evo 40 do LME.
3.3 Análise cariotípica
Sementes foram colocadas para germinar sobre papel de germinação
(GERMILAB), constantemente umedecido com água destilada, a cerca de 29
o
C,
em estufa. Após a germinação, as radículas, com cerca de 0,5cm, foram tratadas
com solução de 8-hidroxiquinoleína 3mM e ciclohexamida 25mg/mL (1:1), a
8ºC, por 12 horas, para berinjela e jiló e 19 horas, para joá-bravo. Após o pré-
tratamento, as raízes foram fixadas em solução gelada de metanol:ácido acético,
na proporção 3:1, na qual permaneceram armazenadas a -20
o
C, até o momento
do uso.
No método de dissociação celular e secagem ao ar, realizou-se a
digestão enzimática da parede celular e a fixação das raízes por meio da mesma
metodologia aplicada para o método de esmagamento. O isolamento do
meristema foi realizado em solução fixadora, em que os meristemas foram
transferidos para o topo de uma lâmina de vidro inclinada cerca de 45
o
. A
dissociação celular foi feita com o auxílio de um bisturi, para espalhar as células
ao longo da mina, bem como propiciar a expulsão de núcleos e cromossomos.
Em seguida, as lâminas foram secadas, em movimentos rápidos contra o ar, para
propiciar o espalhamento das placas metafásicas.
Lâminas preparadas conforme resultados obtidos nos ajustes descritos
acima foram coradas com solução de Giemsa 10% (tampão fosfato pH 6,8), por
10 minutos, à temperatura ambiente. A análise das lâminas foi feita sob
microscópio Olympus BX 60, equipado com microcâmera digital Optronics
acoplada a microcomputador, para a captura direta das imagens de interesse.
13
Para a descrição do cariótipo foram feitas contagem do número
cromossômico e medição dos cromossomos, por meio de software de análise de
imagem SIGMA SCAN PRO v. 2.0, utilizando 10 metáfases por espécie. Foram
obtidos o comprimento total de cada cromossomo (Cti), o comprimento relativo
do cromossomo i (CR = (Cti/CTLH) x 100) e o comprimento total do lote
haplóide (CTLH= Cti).
3.4 Análise meiótica e polínica
Anteras de botões florais com diferentes tamanhos foram coletadas para
determinar o estágio em que apresentam meiócitos para a análise. Foram
retiradas as anteras do botão e colocadas em microtubos Eppendorf adaptado, o
qual foi mergulhado em tubo maior contendo enzima Pectinex Ultra-SP-L
®
,
permanecendo em banho-maria, a 34
o
C, por 4 horas, para joá-bravo e jiló, e 9
horas, para berinjela. Em seguida, as anteras foram fragmentadas
mecanicamente em água destilada, centrifugadas em três baterias de 3 minutos, a
2000 rpm, para jiló e joá-bravo e 7 minutos, a 2.500 rpm, para berinjela, sendo a
última bateria em fixador Carnoy. Para o preparo da lâmina, foi gotejada a
suspensão celular sobre a lâmina, com posterior secagem ao ar e coloração em
Giemsa 10% (tampão fosfato pH 6,8), por 3 minutos (Viccini et al., 2005).
A análise das lâminas foi feita sob microscópio Olympus BX 60,
equipado com microcâmera digital Optronics acoplada a microcomputador, para
a captura direta das imagens de interesse. Foram avaliadas todas as fases e as
diacineses para a caracterização do pareamento cromossômico.
Para o estudo em microscopia fotônica, o material polínico foi
preparado segundo o método acetolítico de Erdtman (1960). As lâminas foram
avaliadas em microscópio de campo claro (Olympus BX60), equipado com
microcâmera (Optronics) para digitalização das imagens de interesse. Foram
14
mensurados, aleatoriamente, 35 grãos de pólen, utilizando o programa Sigma
Scan Pro v. 2.0.
Foi calculada a média aritmética baseada na medida do eixo polar (P) e
do eixo equatorial (E), sempre que os grãos de pólen se apresentaram em vista
equatorial (25 grãos), e do diâmetro equatorial (D) e do lado do apocolpo (d),
quando em vista polar (10 grãos). E espessura da ectoexina (ec) e endoexina (ec)
foi mensurada em 10 grãos, sendo cinco na vista equatorial e cinco na polar de
cada espécie.
15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Observação dos tricomas foliares
Nas espécies cultivadas como berinjela, observaram-se tricomas do tipo
tector simples e glandular captado (Figura 1). Em folhas de jiló foram
evidenciados tricomas do tipo tector simples, glandular captado e também
estrelado com três braços horizontais (Figura 1). Na espécie selvagem joá-bravo,
foram observados, novamente, tricomas tectores simples, glandulares captados e
tricomas do tipo estrelado (Figura 1). Entretanto, essa espécie selvagem
apresentou tricomas como estrelado com três a sete braços horizontais e um
braço vertical, o que não foi visualizado nas espécies cultivadas. Essa
característica denota grande função protetora contra agentes externos que
possam prejudicar o desenvolvimento dessa espécie nos diversos ambientes que
ela é encontrada.
Uma possível explicação para a alta densidade de tricomas nas folhas
está no mecanismo de defesa contra a locomoção e a ovoposição de insetos.
Pode-se inferir que as plantas cultivadas possuem menor necessidade de
desenvolver tricomas, principalmente do tipo estrelado, com inúmeros braços,
devido ao cultivo com acompanhamento do homem e em ambientes controlados
(Leite et al., 2002, 2003).
Nas espécies daninhas, devido à sua adaptação a ambientes inóspitos,
encontram-se grande número de tricomas estrelados. Esta característica denota
maior capacidade de defesa contra ataque de parasitas, bem como interfere na
capacidade hídrica da planta. O gênero Solanum tem a característica de possuir
tricomas do tipo glandular, o que foi confirmado neste trabalho. Essa
característica morfológica foi observada nas três espécies analisadas.
16
FIGURA 1 Tricomas do tipo tector simples (a) e glandular captado (b) na
superfície foliar de berinjela; tector simples (c), glandular
captado (d) e estrelado em jiló (e); tricoma tector simples (f),
glandular captado (g) e estrelado (h) na superfície foliar de joá-
bravo, observados em microscópio eletrônico de varredura.
f
g
h
e
d
c
a
b
f
g
h
e
d
c
a
b
17
Estudos com anatomia das folhas das plantas daninhas Nicandra
physaloides (joá-de-capote), Solanum viarum (joá-bravo), Solanum americanum
(maria-pretinha) e Raphanus raphanistrum (nabiça), visando obter melhor
entendimento sobre as barreiras que cada espécie impõe à penetração dos
herbicidas, observou-se que o principal obstáculo foliar à penetração de
herbicidas constatado em N. physaloides foi a alta densidade tricomática. Já em
relação a S. viarum, baixa densidade estomática na face adaxial, alta densidade
tricomática, presença de placas de cera epicuticular e grande espessura das
cutículas foram as principais barreiras detectadas (Ferreira et al., 2007).
Os tricomas não glandulares podem atuar diretamente sobre os insetos,
afetando sua ovoposição, alimentação, locomoção ou seu comportamento em
relação ao abrigo, por meio de sua densidade e tamanho. Os tricomas
glandulares podem, também, ser complementos na defesa química, devido à
secreção de terpenos, alcalóides, substâncias fenólicas e outras que podem ser
repelentes olfatórias ou gustatórias (Aragão et al., 2000).
4.2 Avaliação cariotípica
Para as três espécies berinjela, jiló e joá-bravo, observou-se o número
cromossômico 2n = 24 (Figura 2), estando de acordo com o encontrado na
literatura (Choudhuri, 1975; Rao et al., 1976; Coleman, 1982). Foi observada
variação média no comprimento dos cromossomos de berinjela entre 1,87 e 4,02
µm; em jiló, observou-se variação entre 2,06 e 3,17 µm e os cromossomos de
joá-bravo variaram no comprimento entre 2,78 e 5,13 µm (Tabela 1).
O CTLH dos cromossomos de joá-bravo mostrou-se 35% maior quando
comparado com o CTLH de berinjela e 20% maior que o CTLH de jiló (Tabela
1 e Figura 3). Entretanto, pelo Teste de Scott-Knott, foi possível observar que
não ocorre diferença significativa entre as três espécies, analisadas a 5% de
probabilidade, por meio do programa estatístico Sisvar (Ferreira, 2000).
18
tendência geral de posição mediana do centrômero, mas sem possibilidade de
classificação dos cromossomos, em função da indefinição da região
centromérica devido ao tamanho reduzido e à alta condensação dos
cromossomos.
FIGURA 2 Cromossomos metafásicos de berinjela (a), jiló (b) e joá-bravo (c)
(Barra = 10 µm).
a
b
c
19
TABELA 1 Valores médios, em micrômetros (µm), das variáveis
cromossômicas de berinjela, jiló e joá-bravo (C= cromossomo;
Cti = comprimento total do cromossomo; Cr = comprimento
relativo; CTLH = comprimento total do lote haplóide). n = 10
metáfases.
berinjela jiló joá-bravo
C Cti Cr Cti Cr Cti Cr
I
4,02 11,24 4,24 10,57 5,13 10,63
II
3,66 10,23 4,05 10,10 5,03 10,42
III
3,57 9,98 3,94 9,83 4,95 10,26
IV
3,44 9,62 3,87 9,65 4,49 9,30
V
3,17 8,86 3,59 8,95 4,24 8,78
VI
3,01 8,41 3,44 8,58 4,12 8,54
VII
2,93 8,19 3,38 8,43 3,99 8,27
VIII
2,81 7,85 3,25 8,11 3,74 7,75
IX
2,65 7,41 3,08 7,68 3,46 7,17
X
2,42 6,76 2,76 6,88 3,22 6,67
XI
2,21 6,18 2,42 6,03 3,10 6,42
XII
1,87 5,23 2,06 5,14 2,78 5,76
CTLH
35,76 - 40,08 - 48,25 -
20
FIGURA 3 Cariograma de berinjela (a), jiló (b) e joá-bravo (c) (Barra = 10
µm).
Olatunji (2005) observou cromossomos das variedades “inerme” e
“bomo” de Solanum melongena, as quais apresentaram tamanho de 2,70 a 4,12
µm e 1,99 a 4,23 µm, respectivamente. O autor também avaliou cromossomos
de S. gilo, os quais variaram, em tamanho, de 0,96 a 1,88 µm. Esses resultados
diferiram dos encontrados neste trabalho, provavelmente devido à diferença de
condensação dos cromossomos nas metáfases analisadas nas duas pesquisas.
Obute et al. (2006) compararam o cariótipo de S. indicum, S. torvum, S.
aethiopicum e S. melongena, todas espécies com 2n=24. Estes autores
observaram um nível mais alto de heterocromatinização em S. indicum, S.
a
b
c
I
II III IV V VI
VII VIII IX X XI XII
I
II III IV V VI
VII VIII IX X XI XII
I
II III IV V VI
VII VIII IX X XI XII
21
torvum, S. melongena e o colchiplóide de S. indicum do que no diplóide e no
colchiplóide de S. aethiopicu.
Esse mesmo autor encontrou os cromossomos de S. melongena bastante
semelhantes em tamanho, apresentando quatro pares com centrômero
submediano e dois pares, além desses, com constrições secundárias, o que não
pôde ser observado no presente trabalho.
4.2 Avaliação meiótica e polínica
Em berinjela, jiló e joá-bravo, foram observadas anormalidades, como
assincronia, bem como na telófase de jiló e joá-bravo também foram
visualizadas anomalias. No entanto, a freqüência foi muito baixa, tratando-se,
portanto, de processos meióticos regulares nas três espécies.
As diacineses observadas se mostram regulares durante a divisão
meiótica, formando bivalentes (Figura 4). Tal comportamento meiótico revela
que a evolução dessas espécies convergiu para a possibilidade de ocorrerem
hibridações interespecíficas.
FIGURA 4 Meiócitos em diacinese com 12 bivalentes normais em jiló (a) e
joá-bravo (b).
b
a
22
Na análise polínica das três espécies, com a razão do eixo polar sobre o
diâmetro equatorial na vista equatorial (P/E) variando de 1,00-1,14 µm, os grãos
de pólen podem ser classificados como prolato-esferoidais, quando as medidas
polínicas se encontram dentro desse intervalo. Os grãos o 3-colporados e área
polar grande área entre os ápices dos colpos determinada pelo índice da área
polar – IAP de acordo com Punt et al. (1999) (Figura 5 e Tabela 2).
FIGURA 5 Grãos de pólen de berinjela, exemplificando a vista equatorial em
“a”; traço em verde corresponde à medida do eixo polar (P) e em
azul-escuro, o diâmetro equatorial (E). Vista polar em “b”; traço
rosa corresponde à medida do diâmetro equatorial (D) e, em
preto, o lado do apocolpo (d); em vermelho, correspondente à
espessura da ectoexina (ec) e, em azul-claro, a espessura da
endoexina (ed).
b
a
23
TABELA 2 Medidas (µm) dos grãos de pólen de berinjela, jiló e joá-bravo,
em vista equatorial (n = 25), em vista polar (n = 10) e dos
tegumentos endoexina e ectoexina (n = 10). m = média
aritmética.
VISTA EQUATORIAL
Diâmetro equatorial
(E)
Eixo polar (P)
Faixa de
variação
m
Faixa de
variação
M
P/E
1
S. melongena
38,86–51,82 44,10 38,81–54,58 47,53 1,07
S. gilo
33,38–42,64 39,00 39,4–47,59 43,84 1,12
S. viarum
40,85–45,02 43,47 40,85–51,23 47,00 1,08
VISTA POLAR
Diâmetro equatorial
(D)
Lado do apocolpo
(d)
Faixa de
variação
m
Faixa de
variação
m
IAP
2
S. melongena
36,48–45,57 41,98 16,38–25,28 20,67 0,49
S. gilo
33,70–42,75 38,17 13,01–25,77 18,65 0,48
S. viarum
39,31–44,25 41,35 16,15–29,11 23,69 0,57
TEGUMENTO
Endoexina (ed) Ectoexina (ec)
Faixa de
variação
m
Faixa de
variação
m
Exina
(ed + ec)
S. melongena
1,14–4,07 2,55 0,5–1,67 1,05 3,60
S. gilo
1,70–2,71 2,50 0,65–1,54 1,08 3,58
S. viarum
1,51–4,23 3,05 0,80–1,36 1,13 4,18
1
P/E: Razão do eixo polar sobre o diâmetro equatorial da vista equatorial.
2
IAP: Razão da distância entre os ápices de dois colpos (d) sobre o diâmetro
equatorial (D) da vista polar.
24
A ectoexina, camada externa do tegumento exina, é mais espessa do que
a endoexina, camada interna, de acordo com a análise estatística, a 5% de
probabilidade no Teste de Scott-Knott. Foi possível observar que os grãos de
pólen provenientes de plantas de joá-bravo apresentam a camada de exina mais
espessa que berinjela e jiló.
Luna-Cavazos e García-Moya (2002) realizaram análise multivariada
para diferenciar morfologicamente as populações de batatas selvagens Solanum
cardiophyllum spp cardiophyllum e S. cardiophyllum spp ehrenbergii. Os
resultados da análise morfométrica indicaram que ambas as subespécies o
fenotipicamente diferentes em relação ao tamanho e à forma do grão de pólen
em S. cardiophyllum spp, diferenciando populações do norte e do sul do México.
Baseado nestes resultados, os autores sugerem que esses taxas sejam
considerados como duas espécies separadas.
O presente trabalho sugere que, por meio de estudos mais avançados,
como a utilização de microscopia eletrônica para a descrição da superfície dos
grãos de pólen, podem-se elucidar aspectos taxonômicos e de reprodução das
três espécies estudadas.
25
5 CONCLUSÕES
Solanum melongena L., S. gilo L. e S. viarum Dunal apresentam
características muito próximas quanto à morfologia dos tricomas foliares.
Joá-bravo destaca-se por apresentar tricomas estrelados com até sete braços
horizontais, denotando maior poder de proteção contra parasitas.
Os cariótipos de Solanum melongena L., S. gilo L. e S. viarum Dunal
similares em forma e tamanho, com mesmo número cromossômico (2n=24)
e tamanho reduzido dos mesmos. S. viarum Dunal (joá-bravo) mostrou-se
com maior genoma entre as três espécies estudadas, entretanto, não diferem
estatisticamente entre si.
A meiose em Solanum melongena L., S. gilo L e S. viarum Dunal é
um processo regular, sendo a diacinese com 12 bivalentes.
Joá-bravo apresentou maior espessura da exina, que diferiu
estatisticamente, a 5%, de berinjela e jiló.
26
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Genome 37, 726-735. 1994.
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