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Isis Rodrigues Toledo Renhe
EXTRAÇÃO E ESTABILIDADE DO CORANTE AZUL
DE JENIPAPO (Genipa americana L.)
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
Viçosa
Minas Gerais Brasil
2008
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ii
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Renhe, Isis Rodrigues Toledo, 1981-
R412e Extração e estabilidade do corante azul de jenipapo
2008 (Genipa americana L.) / Isis Rodrigues Toledo Renhe.
Viçosa, MG, 2008.
xi, 49f.: il. (algumas col.) ; 29cm.
Orientador: Paulo César Stringheta.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 46-49.
1. Alimentos - Aditivos. 2. Jenipapo - Corantes.
3. Extração (Química) - Corantes. 4. Genipa americana L.
I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 664.06
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iii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
vi
LISTA DE FIGURAS
viii
RESUMO
ix
ABSTRACT
xi
1.
Introdução Geral
2.
Revisão Bibliográfica
2.1.
Cor no Alimento
2.2.
A cor e sua Avaliação Instrumental
2.3.
Jenipapo
10
2.3.1.
Caracterização
Físico
-
Química
do Fruto
13
2.3.2.
Extração de Corante de Jenipapo
17
Capítulo 1
E
feito do
pH, T
emperatura e Solventes
S
obre a
E
xtração de
C
orante
de Jenipapo
1.
Introdução
2.
Material e Mé
todos
3.
Resultados e Discussão
4.
Conclusão
30
Capítulo 2
I
nfluência de
pH, O
xigênio e Luz na
E
stabilidade da Cor dos
E
xtratos
1.
Introdução
31
2.
Material e Métodos
3.
Resultados e discussão
35
3.1.
Estabilidade dos Extratos Obtidos com Etanol 50%
3.2.
Est
abilidade dos Extratos Obtidos com Etanol 95%
40
4.
Conclusão
43
CONCLUSÃO GERAL
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGR
ÁFICAS
46
iv
LISTA DE TABELAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFIC
A
Tabela 1
-
Composição química dos frutos de jenipapo verde, “de vez” e
maduro 15
CAPÍTULO 1
EFE
ITO DO
p
H, TEMPERATURA E SOLVENTES SOBRE A
EXTRAÇÃO DE CORANTE DE JENIPAPO
Tabela 1
-
Média dos valores quantitativos para características de cor dos
extratos obtidos nas diferentes condições de pH e temperatura
utilizados na extração 26
CAPÍTULO 2
INFLUÊNCIA DE
pH, OXIGÊNIO E LUZ NA
ESTABILIDADE DA COR DOS EXTRATOS OBTIDOS
Tabela 1
-
Médias dos desvios dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes
pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença
e ausência)
38
Tabela 2
-
Médias de croma ou saturação da cor dos tratamentos ao longo do
tempo de armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para
diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz
(presença e ausência)
39
Tabela 3
-
Médias de
tonalidade
da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes
pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença
e ausência)
40
Tabela 4
-
Médias de desvio da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes
pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença
e ausência)
41
Tabe
la 5
-
Médias de croma e saturação da cor dos tratamentos ao longo do
tempo de armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para
diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz
(presença e ausência)
42
Tabela 6
-
Médias de t
onalidade da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes
pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença
e ausência)
43
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFIC
A
Figur
a 1
-
Sólido de Hunter
Figura 2
-
Estrutura química do ácido geniposídico
(A)
e do geniposídeo
(B)
12
Figura 3
-
Estrutura química da genipina
12
Figura 4
-
Reações cruzadas envolvendo genipina
20
CAPÍTULO 1
EFEITO DO
H, TEMPERATURA E SOLVENTES SO
BRE A
EXTRAÇÃO DE CORANTE DE JENIPAPO
Figura 1
-
Extratos de corante de jenipapo obtidos em diversas condições
25
Figura 2
-
Curva de superfície de resposta do desvio do extrato para as
variáveis pH e temperatura
27
Figura 3
-
Comportamento da coloração expressa em desvio na extração com
solvente etanol 50% em relação à temperatura 28
Figura 4
-
Comportamento da coloração expressa em desvio na extração com
solvente etanol 95% em relação à temperatura 28
Figura 5
-
Comportam
ento da coloração expressa em desvio na extração com
solvente água em relação à temperatura 29
Figura 6
-
Fruto verde de jenipapo normal
(A)
e com formação prévia de coloração
azul (B)
30
CAPÍTULO 2
INFLUÊNCIA DE
pH, OXIGÊNIO E LUZ NA ESTABILIDADE
DA COR DOS EXTRATOS OBTIDOS
Figura 1
-
Fluxograma representativo do experimento do estudo da estabilidade
dos extratos
34
Figura 2
-
Comportamento do desvio em relação ao padrão dos tratamentos
ao longo do tempo de armazenamento em semanas, em solvente
etanol 50%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e
atmosfera inerte) e luz (presença e ausência) 36
Figura 3
-
Comportamento do desvio em relação ao padrão dos tratamentos ao
longo do tempo de armazenamento em semanas, em solvente etanol
95%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera
inerte) e luz (presença e ausência)
36
vi
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que sempre me incentivaram, serviram de exemplo e que
compartilharam dos meus sonhos. Tudo que sou devo a vocês.
À minha família, em especial à minha irmã e avós, que sempre acreditaram que eu
podia ir além e que estão sempre torcendo por mim.
Ao Rafael pelo amor, companheirismo, apoio e paciência incondicionais, sem os
quais seria muito mais difícil chegar até aqui. Obrigada por fazer parte da minha vida.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Tecnologia de Alimentos
pela oportunidade de realização desse mestrado.
Ao Professor Paulo César Stringheta, por toda orientação e pela confiança
depositada em mim.
Ao Professor Fabyano Fonseca e Silva, pela prontidão com que sempre me atendeu
e pela ajuda na parte estatística, tornando sólida toda a discussão desse trabalho.
À Professora Nilda de Fátima Ferreira Soares por todas as críticas e sugestões, por
ajudar a enriquecer e melhorar esse trabalho.
À Aline Manke Nachtigall pela companhia e conselhos durante a execução desse
trabalho e, em especial, por todas as sugestões e correções apresentadas antes e durante a
defesa.
À Taila, que sempre esteve disposta a me ajudar e se comprometeu com essa tese
como se fosse sua. Obrigada pela companhia e amizade.
À Pollyanna por todas as dicas e pela amizade e a Priscila pela companhia e ajuda
no laboratório.
Ao Valério que sempre que possível me ajudou na execução desse trabalho e pela
disponibilidade em resolver todos os imprevistos e contratempos.
À Andréia que entendeu minha dificuldade e à sua mãe que se prontificou a
conseguir jenipapo para que essa tese se realizasse.
Ao Celso e o pessoal do horto que se empenharam em conseguir frutos para meus
primeiros testes.
A tantos amigos que fizeram parte da minha história em Viçosa e àqueles que
mesmo de longe sempre torceram por mim. Em especial aqueles que estiveram presentes no
vii
decorrer do mestrado: ao Dudu BQI e a Ana Carol por toda força e companhia, a Gabi, a
Marina e a Nathi pela acolhida na nossa velha república, a Aline que me deu paz quando
precisei, ao Tofe que sempre “tira o meu sossego”, e àqueles que sempre estiveram
presentes, como a Júnia, a Talita, a Vanessa, a Fafá, o Fellipe, o Jorginho, o Denis e o Fred.
Obrigada a todos que de alguma forma contribuíram para a execução e o
desenvolvimento dessa tese. Espero não ter esquecido ninguém.
viii
BIOGRAFIA
ISIS RODRIGUES TOLEDO RENHE, filha de Sylvio Renhe Júnior e Ione
Rodrigues Toledo Renhe, nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 13 de janeiro de 1981.
Em 1999 formou-se Técnica em Laticínios pelo Instituto de Laticínios “Cândido
Tostes” em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Graduou-se Engenheira de Alimentos em janeiro de 2005, pela Universidade
Federal de Viçosa, Minas Gerais.
Em outubro de 2007 ingressou no curso de mestrado em Ciência e Tecnologia de
Alimentos, na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, defendendo tese em abril de
2008.
ix
RESUMO
RENHE, Isis Rodrigues Toledo, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, abril de 2008.
Extração e estabilidade do Corante azul de Jenipapo (Genipa americana L.).
Orientador: Paulo César Stringheta. Co-orientadores: Nilda de Fátima Soares e Tânia
Toledo de Oliveira.
O presente trabalho teve por objetivo a avaliação da potencialidade do fruto do jenipapo
como fonte de corante azul natural, objetivando torná-lo tecnicamente viável, bem como
identificar o solvente adequado para a extração dos pigmentos do jenipapo, avaliar o efeito
do pH e da temperatura na produção do corante, e estudar a estabilidade dos pigmentos
obtidos por diferentes solventes. Para a obtenção do corante o experimento foi conduzido
para três níveis de solvente (água, solução aquosa de etanol 50% e álcool etílico 95%); seis
níveis de pH (4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0); e cinco níveis de temperatura (35; 45; 55; 65 e
75°C), totalizando 90 tratamentos. Os corantes obtidos foram avaliados por colorimetria
quanto ao desvio em relação ao padrão sintético azul de indigotina, sendo considerados
melhores aqueles que apresentaram menor desvio. Visualmente observou-se um maior
escurecimento do azul, com tendência ao preto, quando a temperatura foi aumentada, sem,
entretanto, descaracterizar a cor. As melhores condições obtidas foram em pH 4,0 a 75°C.
O mesmo valor de temperatura foi considerado ótimo para os solventes etanólicos, porém o
ótimo para água foi de 55°C. Para os testes de estabilidade foram feitas extrações com os
solventes etanólicos (50% e 95%), pois foram os que apresentaram visualmente maior
poder extrator, originando extratos com maior intensidade da cor azul. A escolha dos
solventes alcoólicos em detrimento da água foi também fundamentada na viabilidade
econômica da obtenção dos corantes, uma vez que a eliminação de água torna o processo
demorado e caro. As extrações foram efetuadas nas condições ótimas definidas nos testes
de extração no capítulo 1: pH 4,0 e 75°C. Os parâmetros avaliados foram pH, oxigênio e
luz. Os extratos foram adicionados de solução tampão e anti-fúngico, colocados em vidros
fechados, e armazenados. As amostras foram divididas em duas soluções-tampão de pH
distintos (4,0 e 6,0) e as amostras foram novamente divididas em outros dois grupos, sendo
um das amostras que foram simplesmente lacradas e outro que recebeu nitrogênio antes de
ser lacrado. Antes do armazenamento houve uma nova divisão para avaliar o parâmetro luz,
onde um grupo foi protegido de qualquer luminosidade e outro ficou diretamente exposto a
luz UV. Para a solução de etanol 50%, o tratamento nas condições de pH 4,0 / oxigênio /
escuro foi aquele que apresentou melhor manutenção da cor e maior saturação. Para o
solvente etanol 95% observou-se uma menor estabilidade nos tratamentos em maior pH
(6,0), com pior desempenho quando o pH 6,0 estava associado à presença de oxigênio e
luz. Na saturação da cor o inverso foi observado, com melhor desempenho dos tratamentos
em pH 6,0 e destaque para as condições de pH 6,0 / oxigênio / escuro. Com esse trabalho
foi possível observar que o jenipapo é uma fonte potencial para a obtenção de corante azul
natural, apresentando inúmeras variações de tonalidade que podem ser obtidas alterando-se
as condições de extração, e exploradas de acordo com a intenção de aplicação. A obtenção
desse corante azul complementa a disponibilidade das cores primárias na forma de corantes
naturais, permitindo a combinação para obtenção das demais colorações para alimentos.
xi
ABSTRACT
RENHE, Isis Rodrigues Toledo, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, April, 2008.
Extraction and estability of blue colorant from Jenipapo (Genipa americana L.).
Advisor: Paulo César Stringheta. Co-advisors: Nilda de Fátima Soares and Tânia Toledo
de Oliveira.
The aim of this present study was to evaluate the jenipapo fruit as a natural blue
colorant source to make it technical viable, as well as identify the best solvent to extract
jenipapo’s pigment, evaluate the pH and temperature effects on colorant production and
colorant stability obtained from different solvents. The colorant was obtaining using three
different solvents (water, alcohol water solution 50%, and alcohol 95%), six different pHs
(4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0); and five different temperatures (35; 45; 55; 65 e 75°C) in a
total of 90 treatments. These colorants were analyzed for color measurement. The best
condition of extraction was pH 4,0 at 75°C. The same temperature was the best to extract in
alcohol solvents but not to water. The best temperature to water extraction was 55°C. The
best conditions (pH 4,0 a 75°C) was used to obtain alcohol extracts and then analyzed the
stability. It was chose the alcohol extracts because they showed the best colors and it is less
expansive eliminated alcohol than water. The extracts were added with buffer and
antifungical solutions and then they were storage in recipients to observe the effect of pH,
oxygen and light. Samples were divided in two different pH buffer solution (4,0 and 6,0)
then it was split in two groups, one of them receiving nitrogen before be sealed and the
other still with the local atmosphere. After that another split was done and one group was
put out of light and the other was put directly into UV light to evaluate light influence.
There was a significant influence between conditions and time of storage in both of extract
solutions alcohol 50% and 95%. On alcohol 50%, the best conditions were pH 4,0 / oxygen
/ dark and was that one who was the best to maintain the color and saturation. On alcohol
95%, the smallest stability was observed in pH 6,0 and the worse condition was identified
when occurred presence of oxygen and light. It was observed the opposite in saturation
with the best saturation in pH 6,0. It was possible observe with this study that jenipapo is an
xii
interesting natural source of blue pigment because it is possible to obtain a lot of different
blue colors changing the extractions conditions.
1. INTRODUÇÃO GERAL
Os corantes vêm sendo empregados milhares de anos. Em 5.000 a.C. há relatos
do uso de corantes em cosméticos e a partir de 1500 a.C os corantes naturais como a
cúrcuma, a páprica e o açafrão passaram a ser utilizados para colorir alimentos
(MASCARENHAS, 1998). Os corantes naturais foram os pioneiros na arte de colorir,
adquirindo maior poder tintorial e durabilidade pela adição de sais de alumínio e ferro.
A partir do século XIX passou-se a extrair e produzir corantes sintéticos, sendo
denominados também de artificiais, e utilizados nos alimentos para conferir cor ou repor a
cor natural perdida durante os processos de industrialização e/ou estocagem. A aparência e
a cor de um alimento estão relacionadas com a aceitação e o desejo do consumidor em
consumir um produto, afetando a reação inicial. Ela também está relacionada com a
qualidade de um alimento.
Os corantes podem ser adicionados ao alimento com o objetivo de reforçar a cor
presente no alimento, uniformizar a cor, restaurar a aparência original do alimento cuja cor
foi afetada pelo processamento e ainda, para colorir alimentos que normalmente não
possuem cor, como açúcar e refrigerante (HENRY, 1996).
Os corantes sempre geraram muita controvérsia entre os pesquisadores, órgãos
governamentais e consumidores. Há linhas que defendem a utilização dos corantes
sintéticos, outras defendem a sua substituição pelos corantes naturais e, ainda, há aqueles
que acham desnecessária sua aplicação. No entanto, há um consenso geral de que a busca
por alimentos mais saudáveis, por parte dos consumidores, tem levado a uma substituição
dos corantes sintéticos pelos naturais. Em alguns países o emprego dos corantes sintéticos é
até mesmo proibido como é o caso da Noruega e Suíça.
A busca por qualidade de vida e o desejo de uma vida saudáve l resultam na procura
por alimentos naturais. Os corantes naturais vão de encontro com esse desejo porque além
de conferirem cor aos alimentos, podem contribuir com propriedades sensoriais, além de
ser uma fonte importante de compostos antioxidantes e substâncias antimicrobianas. Dentre
os corantes naturais utilizados na indústria de alimentos, os principais são urucum,
cúrcuma, carmim, pápricas, antocianinas e clorofila (MASCARENHAS, 1998).
Nos últimos anos, a inocuidade dos corantes sintéticos começou a ser questionada,
levando à proibição de alguns deles em função da descoberta de suas toxicidades. Devido a
essa limitação e à tendência mundial de consumir produtos chamados “naturais”, o
interesse pelos corantes naturais tem crescido substancialmente (ROSA, 2004).
As indústrias que utilizam corantes sintéticos usam como justificativa o fato de os
corantes naturais apresentarem aplicação limitada devido a fatores como a reduzida
estabilidade à luz; estabilidade a uma faixa restrita de pH e temperatura; baixa
uniformidade entre os diferentes lotes; necessidade de purificação do extrato, que leva à
produção em quantidades bem menores do que as necessidades do mercado, e baixo poder
tintorial, quando comparados aos corantes sintéticos (HENRY, 1996).
Entretanto, os corantes naturais como as betalaína s, o carmim o β-caroteno, a
norbixina e a curcumina, por exemplo, muito utilizados pela indústria alimentícia, possuem
cores intensas e seu uso em alimentos, geralmente, resulta em doses ínfimas para obtenção
do efeito desejado. Henry (1996) faz uma comparação interessante entre as absortividades
de alguns corantes naturais com os corantes azo que possuem matizes bem similares. O
autor verificou que alguns corantes naturais, em condições idênticas de análise, são
consideravelmente mais intensos que os corantes sintéticos em questão.
Com a necessidade de substituir vários corantes artificiais, a indústria de alimentos
recorreu a uma série de pigmentos naturais, que vão desde partes comestíveis de animais e
insetos, sucos vegetais e até substâncias extraídas e purificadas. Uma enorme variedade de
novas fontes tem sido descoberta e pesquisada na natureza. Destacando-se a grande
biodiversidade das matas tropicais, o Brasil, com a Mata Atlântica e a Amazônia, consiste
em um país com grande potencial para pesquisas nesse campo.
No entanto, o grande problema da indústria alimentícia é encontrar uma fonte
natural de corante azul. Por se constituir de uma cor primária, conjuntamente com o
amarelo e o vermelho permite a produção de cor em todas as tonalidades requeridas pelas
indústrias de alimentos. Na natureza somente as antocianinas apresentam essa tonalidade
em determinadas substâncias, porém, não são estáveis. Por isso o uso de corantes sintéticos
se faz necessário em produtos onde se deseja a cor azul ou necessite desta cor pra dar
origem a outras tonalidades, como o roxo e o violeta. Isso gera outro problema, pois na
maioria das vezes esse corante sintético é utilizado em confeitos para crianças, agravando
as possibilidades de efeitos indesejáveis, como alergia e intoxicação. Essa dificuldade leva
a necessidade de pesquisas em cima de possíveis fontes para a produção de um corante azul
natural, que tendem a ser menos tóxicos, mas que também demandam pesquisas quanto a
sua segurança alimentar.
Uma dessas possíveis fontes que vem sendo pesquisada é o Streptomyces coelicolor,
um tipo de actinomiceto, que é capaz de sintetizar pigmentos azuis. Além do pigmento
azul, observou-se a presença de outro composto, denominado “actinorhodim”, um
antibiótico capaz de inibir bactérias gram positivas como Staphylococcus aureus (ZHANG
et al., 2006). O pigmento extraído deste microorganismo foi classificado como substância
não tóxica (LD
50
> 15.000 mg.kg
-1
). As boas características deste pigmento são um
indicativo de seu potencial como corante para ser empregado na indústria de processamento
de alimentos, notadamente em bebidas e bolos. Entretanto, por limitações culturais, alguns
povos podem se mostrar não favoráveis ao uso de um corante proveniente de
microrganismo. Além disso, o fato do microrganismo produzir um antibiótico pode gerar
discussões quanto a sua segurança.
Uma alternativa possível é a busca de matéria-prima vegetal capaz de fornecer um
corante azul. Apesar de haver relatos em literatura do uso de jenipapo como fonte de
corante azul, esse nunca foi explorado em relação a sua viabilidade técnica. Sendo assim, o
presente trabalho teve por objetivo a avaliação da potencialidade do fruto do jenipapo como
fonte de corante azul natural, objetivando torná-lo tecnicamente viável, bem como
identificar o solvente adequado para a extração dos pigmentos do jenipapo, avaliando o
efeito do pH e da temperatura na produção do corante, e estudar a estabilidade dos
pigmentos obtidos por diferentes solventes.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. COR NO ALIMENTO
A primeira característica observada em um alimento é a cor, e essa pré-determina
expectativas de sabor e qualidade. A cor é um importante fator na escolha de um alimento.
Quando cor e sabor são corretamente correlacionados, isto é, a cor é característica do
produto, o sabor é imediatamente identificado na maioria dos casos (HENRY, 1996). A
memória leva, por exemp lo, à rejeição de alimentos que fogem do padrão como morangos
azuis, carne amarela e beterraba verde.
Desde sempre, corantes naturais, especiarias, ervas e vegetais têm feito parte da
dieta diária do homem. Eles vêm sendo consumidos por gerações, auxiliando a
identificação de alimentos e a avaliação do seu paladar. A cor define o valor estético do
alimento, determina a expectativa do consumidor quanto ao sabor e textura e regula o
apetite (STINTZING & CARLE, 2004). Para a indústria de alimentos a manutenção da
aparência do alimento o mais próxima do natural é o maior desafio, admitindo-se, que a cor
pode ser alterada pela ação da luz, temperatura, oxigênio, íons metálicos e enzimas
endógenas. Além disso, a cor de frutas e vegetais varia com as estações e condições de
cultivo, colheita e tratamentos pós-colheita. Consequentemente há uma necessidade
tecnológica de colorir o alimento com o objetivo de restaurar a cor natural do mesmo, e
compensar as variações naturais do produto e as alterações que ocorrem durante a produção
industrial (STINTZING & CARLE, 2004).
Não há dúvidas de que é tecnologicamente viável obter corantes naturais de plantas
e mic rorganismos, uma vez que há na natureza uma enorme quantidade de pigmentos que
não foram suficientemente estudados. Porém, deve-se avaliar a viabilidade para a sua
produção industrial. Assim, o cultivo deve ser em larga escala, de fácil colheita e
estocagem, e a extração tem que ser viável economicamente.
A cultura de tecidos tem sido colocada como uma boa alternativa para os cultivos
tradicionais. Porém essa técnica tem a desvantagem de não ser interessante
economicamente para a produção de pigmentos porque a taxa de crescimento celular da
planta é lenta. Em contrapartida, a produção microbiana tem a vantagem de produzir
grandes rendimentos, mas pode não ser aceita em sociedades não habituadas com seu
consumo em alimentos.
A grande variedade de cores nas plantas é devido à combinação de um número
relativamente pequeno de pigmentos. Na alimentação humana eles são consumidos em
grande quantidade proveniente do consumo direto das plantas e vegetais, mas são pouco
significativos quando vindos de adição em alimentos.
Várias espécies podem ser consideradas plantas corantes, como as especiarias
(urucum e cúrcuma), as hortaliças (beterraba e espinafre), plantas ornamentais (“mary-
gold”) frutíferas (uva e jenipapo), plantas fibrosas (vinagreira), dentre outras (KATO,
1998).
Como exemplo das possibilidades que grandes ecossistemas apresentam em termos
de biodiversidade, podemos citar algumas plantas da região amazônica que são utilizadas
para a obtenção de corantes ou que estão em estudo para avaliar seu potencial de uso e as
características de seus corantes. Dentre essas estão o urucum, a cúrcuma, o dendê, o cacau,
o açaí, o cará-roxo e o jenipapo. Há ainda algumas que necessitam estudos profundos, tais
como: anil verdadeiro, bartimão, baruti, carajuru, cumatê, guaraná, mucajá, pau terra,
pequi, pupunha, tajuba, tua, tucumã, umari e vinagreira (KATO, 1998).
Um aspecto importante a ser avaliado, e que deve evoluir com o uso dos corantes
naturais, são as embalagens. Há uma interação muito grande dos produtos com as
embalagens. O uso de embalagens ativas com barreiras a condições deletérias aos corantes
naturais torna o emprego desses mais viável, devido ao fato dos corantes naturais serem na
sua maioria degradáveis e sensíveis à luz, calor, oxigênio e a microrganismos (FURTADO,
2006). O aprimoramento nas embalagens complementa uma tendência de uso dos corantes
naturais em produtos de maior valor agregado, voltados para um público com poder
aquisitivo superior. Nesse caso, o consumo atinge praticamente toda a gama de corantes
naturais, da bixina do urucum, ao carmim de cochonilha, de coloração vermelha
(FURTADO, 2006).
2.2. A COR E SUA AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL
Os objetos são coloridos porque absorvem mais certos comprimentos de onda da
radiação visível, enquanto outros são transmitidos ou refletidos. Um objeto azul, por
exemplo, apresenta tal cor porque, quando a luz branca composta do vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul e violeta em definidas proporções, incide sobre o mesmo, a cor azul é
muito pouco ou nada absorvida, enquanto que as outras cores são essencialmente retidas,
ocorrendo assim, um distúrbio no equilíbrio de cores, e a solução adquire a coloração azul.
Quando ocorre a absorção de certo comprimento de onda de forma mais pronunciada que
em outros temos o que o observador humano reconhece como cor, fisicamente como o
comprimento de onda dominante ou fisiologicamente como tonalidade (PONTES, 2004).
Das cores que compõe a cor branca, algumas são ditas primárias enquanto outras
são denominadas complementares. Cores primárias (vermelho, azul e amarelo) são aquelas
que, por combinação adequada, rendem as demais cores do espectro do visível. Assim, a
combinação do azul com o amarelo produz o verde, do vermelho com o azul produz o
violeta, etc. Cores complementares por sua vez, são aquelas que, por mistura binária,
originam a cor branca. São cores complementares: o vermelho com o verde, o azul com o
laranja e o amarelo com o violeta. Todas as cores existentes no espectro podem ser
visualizadas pela adição e subtração de diferentes quantidades das cores amarela, azul,
vermelha, verde, laranja e violeta.
Quando se adiciona branco a qualquer uma das cores primárias, elas recebem mais
luz. Já a adição do preto subtrai sua luz. A combinação das cores primárias com
secundárias em partes iguais dá origem à cor cinza, que funciona como ponto médio de
todas as outras cores (MASCARENHAS, 1998).
A percepção das cores vai muito além da estrutura do pigmento, do comprimento de
onda e da subtração e adição dos raios luminosos. A percepção de cor pelos olhos depende
bem mais de fatores intrínsecos ao ser humano como a fisiologia do olho e do córtex
cerebral e a psicologia humana.
A visão é um processo complexo que envolve a passagem de luz pelas diversas
partes do olho, como a córnea, humor aquoso, pupila e humor vítreo, até que chega à retina
e às células fotossensíveis, gerando um processo que contribui para a sensação de visão.
Por isso, algumas vezes a cor não é considerada uma propriedade intrínseca do objeto, nem
da luz; ela corresponde ao efeito que um estímulo provoca na retina e no nervo ótico,
quando chega ao cérebro.
Todas as cores existentes no espectro podem ser criadas por subtração ou adição de
diferentes quantidades das cores amarela, azul, vermelha, verde, laranja e violeta, em graus
diferentes de intensidade. Já as cores dos pigmentos, presentes em flores, árvores, frutos,
etc, possuem sua estrutura química correspondente. Pode-se concluir que cada pigmento
possui ressonância própria e um determinado comprimento de onda correspondente a sua
cor, que são obtidos por subtração ou absorção de certas partes do espectro
(MASCARENHAS, 1998).
A principal diferença entre um corpo azul, iluminado por luz branca, e uma fonte
emissora de azul é que o corpo azul está absorvendo o verde e o vermelho refletindo apenas
azul enquanto que a fonte emissora de luz azul emite efetivamente apenas azul. Se o objeto
fosse iluminado por essa luz ele continuaria a parecer azul. Mas, se pelo contrário, ele fosse
iluminado por uma luz amarela (luz Vermelha + Verde) o corpo pareceria negro.
A colorimetria tricromática se baseia na suposição de que existe na visão um
sistema trireceptor. Não importa qual a composição espectral da radiação que chega na
retina, sua resposta será analisada segundo três parâmetros (LOZANO, 1978). Isso implica
num processo de integração. Quando o observador vê uma cor, ele pode discriminar sua
claridade, tonalidade e saturação, não podendo dizer nada sobre sua composição espectral.
A tonalidade é uma grandeza que caracteriza a qualidade da cor, como vermelho,
verde e azul dentre outros, permitindo que elas sejam diferenciadas e que está associada a
certo comprimento de onda do espectro visível. A saturação descreve a intensidade ou
quantidade de uma tonalidade, indicando a proporção em que ela está misturada com o
preto, branco ou cinza. Também chamada de pureza ou intensidade da cor, é a qualidade
que nos permite distinguir cores fortes de fracas. Luminosidade, por sua vez, é a qualidade
que caracteriza o grau de claridade da cor e está associada à sensação produzida por uma
superfície com essa cor, indicando se as cores são claras ou escuras. A luminosidade vai do
preto ao branco (PONTES, 2004; RAMOS & GOMIDE, 2007).
O princípio fundamental da colorimetria foi enunciado por Newto n em 1672, que
afirmou que qualquer cor pode ser igualada pela soma das três cores primárias
convenientemente escolhidas. Como existem infinitas nuances das cores primárias, é
necessário especificar quais são em cada caso. Por isso temos os estímulos de referência
(LOZANO, 1978). Dessa forma, para que se tenha uma representação numérica satisfatória
da cor, a curva espectrofotométrica deve ser reduzida a três números denominados valores
triestímulos ou valores cromáticos-padrão. O Comitê Internacional em Iluminação (CIE)
recomenda o uso do sistema-padrão fundamentado em um “observador-padrão”, que simula
o olho humano e consiste em três filtros primários de cor. A curva espectrofotométrica é
especificada em termos de X, Y e Z, em que X está relacionado com a cor vermelha, Y com
a Luminosidade e cor verde e Z com a cor azul.
Os valores de X, Y e Z foram calculados a partir das curvas-padrão observadas do
espectro visível. Várias escalas de cores foram desenvolvidas tendo como base o sistema
CIE XYZ e todas criadas para simular a resposta humana aos estímulos das cores. Em cada
sistema, a cor é alocada em um sólido de cor tridimensional, onde é quantificada. Deve-se
ressaltar que todas as escalas usualmente empregadas representam um sólido tridimensional
de cor e são matematicamente interconversíveis (PONTES, 2004).
Hunter desenvolveu um colorímetro fotoelétrico triestímulo que ganhou bastante
aceitação na indústria de alimentos. O equipamento consiste basicamente de três circuitos
separados, filtros cuidadosamente selecionados e fotocélulas que fornecem estreitas
aproximações de X, Y e Z, que são funções do sistema CIE. A coordenada L
(luminosidade) de Hunter está relacionada à grandeza Y do sistema CIE (Equação 1). A
coordenada a é mensurável em termos de intensidade de vermelho e verde (Equação 2), e a
coordenada b está relacionada com a intensidade de amarelo e azul (Equação 3). A Figura 1
mostra um sólido de Hunter, onde a coordenada a é função de X e Y, e a coordenada b, de
Z e Y.
n
YYxL /100= (1)
n
nn
a
YY
YYXX
Ka
/
//
=
(2)
n
nn
b
YY
ZZYY
Kb
/
//
=
(3)
Em que:
X, Y, Z são os valores triestímulos;
X
n
, Y
n
, Z
n
são valores triestímulos de padrões de iluminantes;
K
a
e K
b
são os coeficientes de cromaticidade para o iluminante usado;
Figura 1 Sólido de Hunter.
De acordo com PONTES (2004) juntas, as coordenadas a e b podem gerar
parâmetros relacionados à tonalidade (h) (Equação 4) e saturação ou croma (c) (Equação 5).
As equações a seguir mostram as relações entre tais grandezas:
22
bac += (4)
)/arctan( abh =
o
(5)
Em que:
c é o índice de saturação da cor. Corresponde ao comprimento da projeção da localização
da cor no plano (a, b), ou seja, o comprimento do vetor.
h é o ângulo de tonalidade da cor. Utilizado para estimar a posição de uma amostra no
sólido de cor.
10
Por convenção, o ângulo 0° é fixado no eixo horizontal com +a (vermelho),
aumentando no sentido anti-horário. O sólido de cor é dividido em quadrantes, e a
interpretação das diferenças de tonalidade, no sólido como um todo, pode ser feita da
seguinte forma : vermelho (330° a 25°), laranja (25° a 70°), amarelo (70° a 100°), verde
(100° a 200°), azul (200° a 295°) e violeta (295° a 330°) (RAMOS & GOMIDE, 2007).
Entretanto, o valor obtido a partir da equação do ângulo de tonalidade encontra-se
no intervalo de -90 < h < 90, que representa posições no primeiro (valores positivos) e
quarto quadrantes (valores negativos). Para obter as posições nos demais quadrantes é
necessária uma observação conjunta com os valores de a e b. Quando a é negativo é
necessário soma r 180 ao valor de h. Da mesma forma, quando a amostra se encontra no
quarto quadrante (a positivo e b negativo), é necessário somar 360 ao valor de h (RAMOS
& GOMIDE, 2007).
Como descrito, os instrumentos foram desenvolvidos para reproduzir a resposta das
cores observadas pelo olho humano. São os sistemas de cores usados para descrevê-las em
termos matemáticos, numa linguagem sistematizada e aceita universalmente, que tem o
objetivo de uniformizar esse atributo, tornando mais objetiva sua aplicação industrial.
2.3. JENIPAPO
O jenipapo é o fruto do jenipapeiro, uma árvore da família das Rubiáceas,
pertencente à mesma família do café, e chamado cientificamente de Genipa americana. É
uma espécie nativa bastante comum em grande parte do Brasil, em várias formações
florestais situadas em várzeas úmidas ou encharcadas (LORENZI, 1998). As variedades
mais comuns de jenipapeiro são: jenipapeiro-pequeno, médio e grande, jenipapeiro com
caroço, jenipapeiro sem caroço, jenipapeiro sempreflorens (produz frutos o ano todo),
jenipapeiro macho e jenipapeiro fêmea (XAVIER & XAVIER, 1976; EPSTEIN, 2001). A
árvore floresce durante os meses de outubro a dezembro. Os frutos amadurecem nos meses
de novembro a dezembro, quase simultaneamente com a nova florada (LORENZI, 1998).
Fruteira indígena, o jenipapeiro tem importância ecológica para o repovoamento de
animais da fauna brasileira, sendo muito útil para plantio em áreas brejosas degradadas,
crescendo com mais facilidade em regiões de clima quente, como os Estados do Nordeste e
11
do Norte do Brasil (LORENZI, 1998; EPSTEIN, 2001). Devido às características
adaptativas ao ambiente ciliar, combinadas com o rápido crescimento e abundante produção
de sementes, a G. americana tem sido muito recomendada e utilizada na recuperação de
áreas degradadas (SEBBENN, 1997).
Na cultura popular o jenipapo tem indicações medicinais e, em alguns lugares, é
considerado afrodisíaco. Sua polpa é usada contra icterícia, afecções do estômago, baço e
fígado. Há referências de que a goma extraída do tronco do jenipapeiro tem efeito
antidiarréico e propriedades antigonorréicas. O chá de suas raízes é utilizado como
purgativo; as sementes esmagadas como vomitório; o chá das folhas como antidiarréico; o
fruto verde ralado é para asmáticos; as brotações são desobstruinte; e o suco do fruto
maduro é tônico para estômago e diurético (SANDRI, 1998; EPSTEIN, 2001).
Algumas dessas aplicações medicinais são reportadas e pesquisadas também
cientificamente. Gottlieb & Mors (1980) em um levantamento sobre o uso potencial de
extratos de árvores brasileiras cita alguns iridóides presentes em G. americana como
compostos ativos. Os ácidos genipico e genipinico foram considerados antimicrobianos
enquanto geniposídeos e ácido geniposídico apresentaram atividade purgativa (Figura 2).
Os iridóides são substâncias monoterpenoídicas formadas em plantas por uma ciclização
alternativa do pirofosfato de geranila. A estrutura química dessas substâncias é baseada no
esqueleto ciclopentano-[C]-pirano, iridóides carbocíclicos, e a clivage m oxidativa da
ligação 7,8 do anel ciclopentano fornece os chamados secoiridóides. Em
quimiossistemática, os iridóides representam um marcador importante em classificação
vegetal, filogenia e evolução (SAMPAIO-SANTOS & KAPLAN, 2001).
12
HO
O
COOH
O
H
H
O
OH
HO
HO
HO
O
OH
HO
HO
HO
O
COOCH
3
O
H
H
HO
a
b
Figura 2 Estrutura química do ácido geniposídico (A) e do geniposídeo (B).
Ono et al. (2005) identificaram quatro novos iridóides glicosídicos de jenipapo, os
quais foram chamados de genamesídeos A-D, além dos já conhecidos ácido geniposídico,
geniposídeo, gardenosídeos e genipina-gentiobiosídeo. Na avaliação da atividade anti-
promotora de tumores dos iridóides de jenipapo, todos apresentaram essa atividade. O
geniposídeo foi menos ativo do que o ácido geniposídico, entretanto sua aglicona ge nipina
teve efeito notável. A genipina (Figura 3) além de ótima atividade também teve toxicidade
insignificante (UEDA & IWAHASHI, 1991). Esse composto também está relacionado com
a formação do corante azul. Segundo Butler et al. (2003) o geniposídeo, que dá origem a
genipina via hidrólise enzimática com ß-glicosidases, representa 4 a 6% do fruto seco.
O
OH
CO
2
Me
HO
Figura 3 Estrutura química da genipina.
Na alimentação do homem, o fruto é comestível ao natural e empregado no preparo
de compota, doce cristalizado, refresco, suco, polpa, xarope, licor, vinho, álcool, vinagre e
aguardente. Já na indústria de madeira, a madeira de cor branca (marfim) é mole e elástica,
13
flexível, racha com facilidade, recebe bem o verniz e tem longa duração. É empregada em
construção naval e em construção civil, em marcenaria de luxo, em tanoaria, em fundições
(moldagem de peças) e em xilogravura, entre outros (EPSTEIN, 2001).
Outra aplicação é na alimentação de animais, onde folhas e frutos são cortados em
pedaços pequenos para alimentar bovinos, caprinos e suínos, e o curtimento de couros, pois
a casca do caule (cor cinza-claro) e o fruto verde são ricos em tanino (SANDRI, 1998;
EPSTEIN, 2001).
2.3.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO FRUTO
O jenipapo, como é conhecido na maior parte do território brasileiro, também é
chamado de jenipá ou jenipapinho no Pará, huito na fronteira entre Brasil e Peru, genipa na
Guiana Francesa, guayatil no Panamá, nandipáguazú na Argentina e jagua em outros países
de língua espanhola (SANDRI, 1998).
O jenipapo é uma baga ovóide com 5-12 cm de diâmetro, carnuda e comestível.
Quando verde é adstringente. Contém boa quantidade de açúcar e acidez pronunciada,
variando com a espécie e dependendo do clima e solo. Sua casca é mole e rugosa, de cor
amarelo-pardacenta, castanho-escura ou esverdeada. A polpa é aromática, vinosa, mole e
envolve numerosas sementes de consistência dura e fibrosa (XAVIER & XAVIER, 1976;
SANDRI, 1998; EPSTEIN, 2001).
Os frutos do jenipapeiro são comestíveis e muito apreciados. Qua ndo ainda verde
fornecem suco de cor azulada que é utilizado como corante. Deve ser colhido no ponto
certo de maturação para que possa ser aproveitado. Após a maturação fornece polpa
comestível aproveitada ao natural e na forma de doces. O suco fermentado transforma-se
em vinho e licor (LORENZI, 1998).
O jenipapo é caracterizado na literatura por sabor ácido e aromas frutais. Borges &
Rezende (2000) detectaram como voláteis majoritários os ácidos octanóico (34,1%), 2-
metilbutírico (9,1 %), hexanóico (18,2%) e os ésteres 2-metil- 2-(E)-butenoato de metila
(4,1%), octanoato de etila (3,2%) e 2-propilfurano (2,5%), sendo os ácidos butírico, 2-
metilbutírico e hexanóico responsáveis pelas notas pungente e ácida, e a característica frutal
foi atribuída à presença dos ésteres 2- e 3-metilbutirato de etila.
14
Alves (2004) encontrou resultados parecidos com os de Borges & Rezende (2000),
sendo as amostras caracterizadas pelo elevado número de ésteres e álcoois. Além disso,
foram identificados pela primeira vez em jenipapo vários álcoois, como etanol, 2-
metilpropanol, 2-pentanol, butanol, 2-metilbutanol, 3-metilbutanol, 2-heptanol, hexanol, 2-
butoxietanol, 2-nonanol e octanol, assim como alguns compostos carbonílicos como 2-
pentanona, 4-metil-2- pentanona, acetofenona, além dos ésteres 2-metilbutanoato de metila,
butanoato de metila, 2-metilenobutanoato de metila, (Z)-3-hexenoato de metila, (Z)-3-
octenoato de metila, benzoato de metila, 4-decenoato de etila e salicilato de metila, uma
lactona (capralactona) e um hidrocarboneto (ciclooctatetreno). O mesmo trabalho
determinou 27 compostos importantes para o aroma característico de jenipapo. O ácido
hexanóico, 2- metilbutírico, uma mistura de 2- e 3-metilbutanol e um composto não
identificado foram responsáveis pelo aroma ácido, de fermentado e queijo e também por
notas desagradáveis como chulé. Os compostos 2-metilbutanoato de metila, linalol,
octanoato de metila, e um outro composto não identificado foram responsáveis pelas notas
“frutal” e adocicada da fruta (ALVES, 2004).
O fruto apresenta quantidade considerável de polpa, sendo a relação de 12,05% de
casca, 47,81% de polpa e 40,61% de caroço (CRUZ & PEREIRA, 1985). A polpa do
jenipapo apresenta baixa acidez, alto conteúdo de umidade, baixo percentual de proteína e
lipídio, alto conteúdo de açúcares, regular teor de ferro, boa taxa de cálcio e fósforo, alto
conteúdo de taninos, e apenas traços de vitamina C e pectina (FIGUEIREDO et al., 1986a).
A Tabela 1 apresenta a composição dos frutos de jenipapo em diferentes estágios de
maturação.
15
Tabela 1: Composição química dos frutos de jenipapo verde, “de vez” e maduro
Determinações
Estágio de maturação
Verde “De vez” Maduro
pH 4,2 4,00 4,00
Acidez titulável total (% ácido cítrico) 0,93 0,98 0,94
Sólidos solúveis (°Brix) 14,00 20,00 20,00
Vitamina C (mg.100g
-1
) Traços Traços Traços
Taninos (mg.100g
-1
) 609,55 280,00 254,55
Umidade (%) 74,67 74,14 74,81
Cinza (%) 1,02 0,86 0,85
Proteína (% N x 6,25) 0,74 0,62 0,68
Lipídios (%) 0,27 0,32 0,35
Fibra (%) 1,8 2,03 2,03
Glicídios redutores (%) 8,46 8,00 11,39
Glicídios não redutores (%) 5,27 7,23 4,33
Amido (%) 6,44 5,62 4,62
Pectina (mg.100g
-1
) Traços Traços Traços
Cálcio (mg Ca.100g
-1
) 46,33 33,40 45,82
Ferro (mg Fe.100g
-1
) 0,79 0,73 0,80
Fósforo (mg P
2
O
5
.100g
-1
) 47,70 41,40 33,50
Fonte: FIGUEIREDO et al. 1986 (a)
Figueiredo et al. (1986a) avaliaram as características físicas e químicas do jenipapo
em diversos estágios de maturação. O teor de proteínas encontrado na polpa do fruto verde
foi superior aos encontrados para o fruto “de vez” e maduro, provavelmente devido às
diferenças no grau de reorganização de sistemas celulares no período climatérico. No teor
de amido houve uma diminuição à medida que o fruto amadureceu, provavelmente porque
muitos carboidratos solúveis, ao lado do amido, são completamente metabolizados com o
amadurecimento do fruto.
A polpa do fruto verde apresentou maior quantidade de cálcio e fósforo, enquanto a
do maduro mostrou-se superior em ferro. O teor de tanino diminui à proporção que o fruto
amadurece, pois durante o amadurecimento do fruto vários taninos monoméricos são
16
sintetizados, os quais se polimerizam durante o curso de seu desenvolvimento
(FIGUEIREDO et al., 1986a). O fruto do jenipapo absorve água facilmente e sua
durabilidade quando maduro é de no máximo 2 dias (CRUZ & PEREIRA, 1985).
Quanto à composição de ácidos graxos na fração lipídica da polpa do fruto, tem-se a
seguinte concentração: palmítico 37,20%; oléico 25,65%; esteárico 5,36 %; mirístico
5,26%; láurico e cáprico ambos com 2,25%. Com base nestes valores, dos ácidos graxos
identificados, verifica-se uma predominância dos ácidos graxos saturados (52,32%) sobre
os ácidos graxos insaturados (25,65%). Alguns ácidos graxos não foram identificados no
trabalho de Figueiredo et al. (1991). A farinha da polpa desengordurada de jenipapo
apresenta valores elevados de ácido aspártico, ácido glutâmico e leucina. Também é rica
em argina, aminoácido essencial para a engorda de frangos (CRUZ & PEREIRA, 1985).
Com relação à semente, a análise cromatográfica revelou 20,03% de ácidos graxos
saturados, palmítico e esteárico, e 79,97% de insaturados, oléico e linoléico, sendo esse
último predominante (FIGUEIREDO et al., 1991). Convém destacar o elevado percentual
de ácido linoléico (60,49%) presente no óleo da semente, uma vez que este se apresenta
superior ao encontrado em outros óleos vegetais considerados ricos em relação ao referido
ácido, como por exemplo, milho (55,00%), soja (53,00%), semente de algodão (51,50%) e
amendoim (26,00%) (FIGUEIREDO et al., 1991).
A exemplo da maioria das frutas tropicais, o jenipapo é altamente perecível,
deteriorando-se em poucos dias, fato que dificulta a sua comercialização, aumentando as
perdas. A industrialização surge, portanto, como alternativa para reduzir as perdas,
principalmente no pico da safra quando alcançam menores preços pelo excesso de oferta e
pela concorrência de outras frutas. O trabalho de Andrade et al. (2003) estudou a
viabilidade do uso de desidratação osmótica do jenipapo como um processo capaz de
contribuir tanto na conservação do produto, como nas características organolépticas do
mesmo. O estudo demonstrou um efeito benéfico do processamento sobre a conservação,
no que diz respeito à contagem de bolores e leveduras. Nesse trabalho, o uso de açúcar
como agente osmótico além de aumentar a aceitação do produto pelos consumidores,
também aumentou o valor energético do fruto.
Silva et al. (1998) observaram que os frutos de jenipapo perdem grande quantidade
de água durante o armazenamento, tanto em condições ambientais quanto sob refrigeração,
17
concomitantemente com o aumento no teor de sólidos solúveis totais. Porém, a refrigeração
se mostrou mais eficaz na manutenção da vitamina C em níveis comerciais, bem como na
manutenção da integridade física dos frutos durante o armazenamento, refletindo na
firmeza da polpa. De modo geral, a refrigeração a 10°C retarda acentuadamente as
alterações físico-químicas características do amadurecimento.
Numa avaliação de diferentes tipos de métodos de conservação de néctares de
jenipapo, empregando baixa temperatura (congelamento), alta temperatura (100°C por 15
minutos) e aditivos químicos (benzoato de sódio e metabissulfito de sódio), a conservação a
baixa temperatura apresentou melhor estabilidade durante 150 dias de estocagem. Os
néctares que foram preservados pelo calor e por aditivos químicos apresentaram
escurecimento gradual quando comparados com os mesmos produtos conservados por
congelamento. Com base nos resultados das análises microbiológicas, todos os métodos
aplicados foram eficientes. O néctar conservado por congelamento revelou maior grau de
aceitabilidade por parte da equipe de provadores, muito embora, estatisticamente ao nível
de 1% de significância, não tenha sido detectada diferença significativa entre os valores
atribuídos à cor e sabor dos diferentes tipos de tratamentos dados aos néctares
(FIGUEIREDO et al., 1986b).
2.3.2. EXTRAÇÃO DE CORANTE DE JENIPAPO
Desde épocas remotas os indígenas utilizam o suco do jenipapo obtido após
mastigação do fruto em pinturas corporais, de utensílios e no tingimento de tecidos,
imprimindo-lhes coloração negra (PENALBER et al., 1996). Penalber et al. (1996),
determinaram que o fruto de jenipapo ainda verde produz por oxidação um corante azul
escuro solúvel em água e etanol. Segundo Nazaré (1998), os frutos maduros submetidos à
extração com vários solventes fornecem um extrato amarelo cristalino, enquanto que a
extração com soluções diluídas de hidróxido de sódio resulta em um extrato de coloração
azul, cujo pigmento principal é um geniposídeo. Esse geniposídeo é semelhante à genipina,
corante natural usado em alimentos em países da Ásia. Os frutos de Gardênia jasminóides
fornecem extratos amarelos (geniposídeos), os quais quando submetidos à hidrólise em
18
presença de beta-glucosidase, reagem posteriormente com aminoácidos, dando formação ao
pigmento azul (NAZARÉ, 1998).
Segundo Penalber et al. (1996), o suco apenas retirado do fruto apresenta cor citrina,
que passa pouco a pouco ao verde, ao azul-violáceo, ao azul e, finalmente, ao azul-escuro,
atingindo o negro-verdoengo por envelhecimento. As cuias utilizadas pelos indígenas são
tingidas de um negro profundo, retirado do suco de jenipapo, que em contato com urina
durante vários dias, fermenta e fornece, por desdobramento da uréia, o carbonato de
amônio, facilitando a transformação da matéria corante e imprimindo-lhe maior intensidade
no colorido.
Penalber et al. (1996) fizeram uma avaliação da extração de corante de jenipapo e
verificaram que água e etanol extraíram corante de coloração azul intensa, que passou a
negro, principalmente em temperaturas superiores a 80°C. Não houve extração com
hexano, o que levou a conclusão de que o corante é polar. O trabalho também concluiu que
há variações quanto ao tamanho dos frutos e variações de cor em função do pH, e que o
extrato deve ser mantido protegido da ação do ar visando aumentar a estabilidade do
mesmo (PENALBER et al., 1996).
A importância dos compostos nitrogenados é melhor descrita por Touyama e
colaboradores (1994a) que descreveram a reação espontânea de aminas primárias, incluindo
proteínas, com genipina, um dos iridóides constituintes do jenipapo, formando um
pigmento azul. Essa reação não ocorre com aminas secundárias e terciárias, e o oxigênio é
indispensável para a formação de cor azul.
A reação da genipina com metilamina, uma amina primária simples, em meio
hidroalcóolico na presença de oxigênio atmosférico gera uma mistura de polímeros de alto
peso molecular, com coloração azul. Quando a mesma reação foi conduzida sob atmosfera
de nitrogênio, a mistura da reação primeiro ficou amarela e depois vermelho-amarronzada,
chegando finalmente a azul na presença de oxigênio no meio de reação (TOUYAMA et al.,
1994a). Nessas condições obtém-se um pigmento azul constituído por uma mistura de
polímeros de alto peso molecular que é solúvel em água, metanol e etanol, mas insolúvel
em outros solventes orgânicos como o clorofórmio. Essas observações quanto a
solubilidade corroboram as observações feitas por Penalber et al. (1996). Os compostos
amarelos foram considerados precursores dos compostos vermelho-amarronzados, e ambos
19
se mostraram como sendo intermediários da reação de formação dos pigmentos azuis
(TOUYAMA et al., 1994b). A formação desses pigmentos intermediários ocorre sob
atmosfera inerte e eles apresentam uma estrutura básica de 2-metil-4-carbometoxi-2-
piridine como esqueleto. A substância amarela isolada se mostrou altamente instável,
tornando-se facilmente vermelha durante os processos de isolação (TOUYAMA et al.,
1994b).
Considerando a formação do pigmento azul a partir de produtos intermediários com
a passagem de oxigênio pela solução de reação e a partir de genipina e metilamina em
solução hidroalcóolica, mesmo sob exclusão de oxigênio, sob irradiação ultra-violeta, o
pigmento azul deve ser formado através de polimerização induzida por um radical de
oxigênio e dehidrogenação dos pigmentos intermediários (TOUYAMA et al., 1994a).
Butler et al. (2003) descrevem a formação de reações cruzadas entre genipina e
biopolímeros contendo grupos de aminas primárias em duas etapas. Primeiramente, há uma
reação de substituição nucleofílica S
N
2, que envolve a substituição de um grupamento éster
na molécula de genipina por uma amida secundária. O nucleofílio nesse caso é um grupo de
amina primária. A segunda reação é a substituição nucleofílica do grupamento éster, que
ocorre tardiamente na reação. Na segunda parte, a reação começa com um ataque
nucleofílico inicial do carbono C3 da genipina, pelo grupo amino primário, formando um
grupo aldeído intermediário. A abertura do anel dihidropirano é seguida pelo ataque da
amina secundária formada na primeira etapa, ao grupo aldeído formado. Além dessas
reações cruzadas, há indícios de que a formação de pigmentos azuis envolve outras reações
mais complexas. A figura a seguir apresenta o esquema de reação da formação de reações
cruzadas envolvendo a genipina (Figura 4).
20
O
OH
CH
2
OH
C
O
OCH
3
H
2
N
R
R
OCH
3
O
OHCH
2
OH
C
O
H
2
N
O
O
OHCH
2
OH
C
OCH
3
RH
2
N
RN
H
O
O
OHCH
2
OH
C
CH
3
OH
Esquema da reação 1
Esquema da reação 2
OCH
3
O
O
OH
CH
2
OH
C
H
2
N R
O
C
CH
2
OH
C
O
OCH
3
NH R
H
OCH
3
O
CH
2
OH
C
N
OH
R R
N
C
CH
2
OH
O
OCH
3
Figura 4 Reações cruzadas envolvendo genipina (Adaptado de BUTLER et al. 2003).
21
CAPÍTULO 1 EFEITO DO p
H, TEMPERATURA E SOLVENTES SOBRE A
EXTRAÇÃO DE CORANTE DE JENIPAPO
1. INTRODUÇÃO
O comportamento humano é influenciado pela aparência e a cor dos alimentos é um
considerável atributo de qualidade, não só servindo de base para a identificação e a
aceitação de grande variedade de produtos, mas também influenciando negativa ou
positivamente na percepção dos demais atributos sensoriais.
Os corantes naturais são um grupo variado de compostos, sendo difícil fazer
comentários gerais sobre sua natureza e desempenho. Apesar da grande variedade de cores
nas plantas, essa é devido à combinação de um número relativamente pequeno de
pigmentos. Na alimentação humana eles são consumidos em grande quantidade proveniente
do consumo direto das plantas e vegetais, mas são pouco significativos quando vindos de
adição em alimentos processados.
Dentre as desvantagens dos corantes naturais estão a sua baixa estabilidade
apresentada nos alimentos quando comparados com os sintetizados. São sensíveis ao calor,
pH e luz, mas para a maioria dos pigmentos e em determinadas condições é possível
minimizar esses efeitos. O conhecimento dos mecanismos existentes nas plantas que
naturalmente protegem a degradação das moléculas é a chave para se desenvolver métodos
para a manutenção da estabilidade dos pigmentos.
A busca por fontes alternativas leva a identificação de plantas pouco conhecidas na
biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento de novas tecnologias de obtenção e
processamento. A estabilização depende da molécula a ser utilizada e das características
físico-químicas do alimento em que vai ser adicionado. Algumas descobertas recentes ainda
não são viáveis economicamente.
Na busca por novas fontes de corantes naturais, um aspecto importante é o estudo da
toxicidade destes compostos o que requer grandes investimentos em pesquisas. Mesmo
assim, acredita-se que nos próximos anos haverá uma expansão na lista dos corantes
naturais permitidos para uso em alimentos processados. Para o emprego efetivo desses
22
corantes deve-se considerar a necessidade de ajustes na legislação, bem como a informação
adequada do consumidor e a questão econômica.
Sob o ponto de vista técnico, são inegáveis as facilidades do emprego dos corantes
sintéticos nas indústrias de alimentos, considerando que os mesmos possuem baixo custo,
melhor poder tintorial, boa estabilidade e que fornecem grande faixa de coloração,
proporcionando infinita variação de tons e garantindo aos processadores de alimentos a
tonalidade adequada ao produto que se pretende colorir (MASCARENHAS, 1998).
O uso de pigmentos obtidos de vegetais como aditivos corantes para alimentos
industrializados não é mais uma aplicação potencial e sim uma realidade comercial. A
busca de matérias-primas para a produção de corantes naturais com propriedades adequadas
para uso na indústria de alimentos processados tem levado pesquisadores a investigar
praticamente toda a biosfera. Esses pigmentos são encontrados, principalmente, em
vegetais considerados componentes da dieta humana e incluem flores, frutos, folhas,
tubérculos e cereais.
Para que essas plantas sejam fontes de corante natural, são necessárias algumas
características desejáveis. O fato das atuais fontes de corantes serem frutas e suas cascas,
sementes ou raízes implica em uma variação da matéria prima e de seu fornecimento.
Deve-se salientar que as características do pigmento obtido de fontes naturais são afetadas
pelo procedimento de extração empregado.
Apesar da tendência de substituição dos corantes sintéticos pelos naturais, esses
ainda são bastante utilizados por questões econômicas e tecnológicas. Entretanto, há um
aumento dos questionamentos da segurança no consumo desses corantes, alegando-se sérias
conseqüências na saúde e a possibilidade do seu uso indiscriminado originar intoxicações.
Outro ponto muito criticado é o uso desses corantes apenas por questões culturais,
valorizando apenas a aparência do alimento. Essa atitude atinge principalmente o público
infantil, que é mais atraído pelas cores, sendo mais vulnerável a sua exposição.
Novas fontes de corantes estão surgindo e aumentando o número de opções para uso
e aplicação em alimentos. Porém, para se assegurar a sua utilização, é necessário o
desenvolvimento de estudos que investiguem seus aspectos toxicológicos associado a
outras características como: ser inócuo à saúde humana, de preferência ser consumido
desde longa data por alguma população; estabilidade à luz, ao pH, à oxidação; alto poder
23
corante; ter elevada concentração de pigmentos; ser matéria prima com elevada produção
por área a preços compatíveis; de fácil cultivo e colheita; baixo custo de extração e
purificação e capacidade de associação com outros compostos, como no caso da
copigmentação (KATO, 1998).
Como resposta aos riscos, que leva a crescente restrição aos sintéticos, os corantes
naturais ganham espaço. Trata-se, portanto, de uma conquista gradual. A definitiva
consolidação do uso de corantes naturais em alimentos passa por novas fontes e novos
métodos de extração dos pigmentos produzidos pelas plantas. A sua competitividade
depende, portanto, de investimentos em tecnologia e prospecção.
Com base nessa busca por novas alternativas, o objetivo deste experimento foi
estudar a influência de solventes hidro-alcoólicos e aquosos, considerando diferentes pHs e
diferentes temperaturas sobre a qualidade do corante azul extraído de frutos de jenipapo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no laboratório de Pigmentos Naturais do
Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa-MG.
Foram utilizados frutos verdes de jenipapo (G. americana). Os frutos foram
colhidos na fazenda Sempre-Viva, no município de Camacan - BA. A obtenção dos frutos
foi feita diretamente no pé e a caracterização do estágio de maturação dos frutos se deu por
avaliação do tamanho e rigidez, uma vez que quando maduros são inadequados. Os frutos
foram colhidos nos meses de novembro e dezembro de 2006 e mantidos em freezer durante
todo o período de pós-colheita e realização da pesquisa. Foi feita uma seleção e
padronização do tamanho dos frutos para reduzir uma possível fonte de erro.
Nas extrações utilizou-se o envoltório polposo do jenipapo, que é a parte da polpa
que envolve as sementes, juntamente com as sementes, pois testes preliminares mostraram
que essa era a fração com maior intensidade de cor. A mesma fração foi utilizada nos
experimentos de Penalber et al. (1996).
O envoltório polposo e as sementes dos frutos verdes foram triturados na presença
dos solventes (água, solução aquosa de etanol 50% e álcool etílico 95%) com pH
previamente ajustado (4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0), na proporção de 1:2 (uma parte de fruto
24
para duas de solvente), e levados a aquecimento em chapas aquecedoras, sob agitação.
Quando atingida a temperatura desejada (35; 45; 55; 65 e 75°C), os frutos eram mantidos
na temperatura de análise por trinta minutos. Cada fruto representou uma unidade
experimental e a combinação de um solvente com um nível de pH e um nível de
temperatura caracterizou um tratamento de interesse. O ajuste de pH das soluções
extratoras foi feito com a adição de HCl e NAOH, fazendo uso de pHmetro Digimed,
Modelo DM20 (São Paulo, Brasil). A temperatura foi controlada por meio de termômetro e
o aquecimento sob agitação realizado em chapas aquecedoras com dispositivo para agitação
magnética Fisatom, Modelo 703A (São Paulo, Brasil).
O extrato obtido foi analisado por colorimetria em um colorímetro HunterLab,
modelo ColorQuest XE (Reston, USA), após ser filtrado com o auxílio de um dessorador e
ser estabilizado por cerca de 24 horas. Durante esse período de estabilização os extratos
foram armazenados sob refrigeração, em frascos âmbar com tampas. As condições de
análise no colorímetro foram iluminante D65 e Observer 10*. Os corantes obtidos foram
comparados a um padrão sintético, o corante azul de indigotina, por ser um dos mais
utilizados na indústria, juntamente com o azul brilhante, obtendo-se a leitura do desvio no
colorímetro. O padrão preparado foi indigotina 0,05%, solubilizada em cada um dos três
solventes utilizados para extração (água, solução aquosa de etanol 50% e álcool etílico
95%), resultando na obtenção de 3 padrões.
A variável analisada foi o desvio da cor em relação ao padrão azul de indigotina. O
desvio é a diferença total dada pela Equação 1, porém os valores foram obtidos diretamente
do aparelho.
222
DbDaDLDE ++= (1)
Em que:
DL = L
amostra
L
padrão
Da = a
amostra
a
padrão
Db = b
amostra
b
padrão
Utilizou-se um delineamento casualizado com 3 repetições em esquema fatorial
3x6x5, sendo três níveis de solvente (água, solução aquosa de etanol 50% e álcool etílico
25
95%), seis níveis de pH (4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0), e cinco níveis de temperatura (35; 45;
55; 65 e 75°C), totalizando 90 tratamentos.
As análises foram realizadas no software estatístico SAS
®
(SAS, 1996) utilizando
um nível de 5% de significância.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura a seguir ilustra a amplitude de cores obtidas pelo corante de jenipapo
(Figura 1). A Tabela 1 mostra a média dos valores quantitativos para características de cor
dos extratos obtidos nas diferentes condições de extração.
Figura 1 Extratos de corante de jenipapo obtidos em diversas condições.
26
Tabela 1 Média dos valores quantitativos para características de cor dos extratos obtidos
nas diferentes condições de pH e temperatura utilizados na extração
pH
Temperatura
Água
Etanol 50%
Etanol 95%
L
a
L
a
L
a
4
35°C
45.28
-
2.07
2.53
43.68
-
2.72
-
3.18
45.33
-
2.92
-
7.26
45°C
41.76
-
2.9
-
0.71
34.48
-
2.04
-
6.99
47.95
-
2.66
-
5.44
55°C
43.86
-
1.32
1.34
39.09
-
0.83
-
5.50
46.12
-
2.10
-
7.63
65°C
37.39
-
1.42
-
0.95
35.49
-
0.34
-
7.94
45.91
-
3.02
-
7.55
75°C
34.25
-
1.12
-
0.50
31.19
0.39
-
5.95
41.51
-
1.24
-
6.01
5
35°C
43.19
-
3.84
-
0.95
43.91
-
2.86
-
2.18
46.54
-
2.76
-
6.40
45°C
45.32
-
3.64
-
0.97
36.51
-
2.39
-
6.70
39.94
-
2.55
-
7.83
55°C
43.30
-
1.63
0.32
42.41
-
1.71
-
3.88
47.83
-
2.2
-
5.44
65°C
39.86
-
1.75
-
0.59
39.95
-
1.33
-
5.04
45.44
-
1.76
-
7.85
75°C
42.23
-
1.12
5.32
37.90
-
0.53
-
3.19
43
.79
-
2.13
-
3.09
6
35°C
47.97
-
1.23
4.86
46.09
-
2.74
-
2.31
53.04
-
3.54
-
5.74
45°C
46.79
-
2.88
0.25
38.02
-
2.33
-
5.19
46.35
-
3.08
-
6.66
55°C
40.35
-
2.72
-
1.23
35.17
-
0.97
-
7.40
50.49
-
2.41
-
4.21
65°C
41.22
-
2.18
-
0.77
39.08
-
0.52
-
3.79
43.75
-
1.67
-
7.
58
75°C
38.88
-
0.37
3.94
34.39
-
0.13
-
3.62
37.14
-
1.10
-
5.69
7
35°C
41.98
-
3.92
-
2.01
47.97
-
3.62
-
2.31
42.47
-
2.60
-
8.65
45°C
41.44
-
3.82
-
1.76
43.47
-
2.33
-
2.90
47.56
-
3.00
-
5.76
55°C
41.73
-
2.30
0.44
43.25
-
1.88
-
4.85
48.22
-
2.19
-
5.97
65°C
41.
85
-
2.57
-
0.24
32.48
-
0.12
-
6.49
42.26
-
1.70
-
7.29
75°C
38.01
-
1.04
2.36
36.56
-
0.74
-
3.39
36.81
-
0.39
-
6.52
8
35°C
47.68
-
2.03
1.8
46.20
-
2.41
-
0.63
46.96
-
3.06
-
5.91
45°C
44.56
-
3.73
-
0.56
39.64
-
2.77
-
4.58
46.15
-
3.62
-
7.76
55°C
36.96
-
2.61
-
3.27
40.37
-
2.52
-
5.01
44.17
-
1.88
-
8.06
65°C
46.40
-
1.42
3.97
36.70
-
0.41
-
5.82
41.5
-
1.10
-
6.17
75°C
38.56
-
0.62
3.54
34.04
-
0.18
-
5.04
43.50
-
1.87
-
5.64
9
35°C
49.83
-
1.48
4.72
46.44
-
2.34
-
0.92
52.28
-
3.01
-
5.91
45°C
44.28
-
2.50
0.77
41.43
-
1.74
-
2.
96
42.88
-
2.96
-
6.55
55°C
46.62
-
0.58
3.35
33.11
-
1.16
-
6.94
46.68
-
1.59
-
6.06
65°C
41.02
-
2.12
-
1.46
35.98
-
0.32
-
5.73
44.89
-
1.60
-
8.24
75°C
40.17
-
1.94
0.93
34.36
0.62
-
3.36
33.10
-
0.62
-
7.11
Pela análise de variância não foi verificada interação tripla entre os fatores solvente,
pH e temperatura (p 0,05), mostrando interação significativa apenas entre pH e
temperatura e entre solvente e temperatura. O desdobramento da interação pH e
temperatura através de uma superfície de resposta (Figura 2) indica uma tendência geral de
menor desvio em maior temperatura e menor pH, ou seja, nas condições de extração de pH
4,0 e temperatura de 75°C. O menor desvio significa uma maior proximidade com a cor do
padrão.
27
Figura 2 Curva de superfície de resposta do desvio do extrato para as variáveis pH e
temperatura.
Esses resultados são coerentes com os encontrados por Penalber et al. (1996), que
relatam a variação de cor com o pH. Visualmente observou-se um maior escurecimento do
azul, com tendência ao preto, quando a temperatura foi aumentada, sem, entretanto,
descaracterizar a cor. Apesar disso, o desvio diminuiu, pois o azul de indigotina tem uma
cor bem escura e saturada, ou seja, à medida que se aumentava a temperatura, a intensidade
da cor também aumentava e essa ficava mais próxima do padrão, refletindo num menor
desvio. Esse resultado justifica-se pelo fato dos extratos não terem atingido o limite de
temperatura (80°C), o que possibilitou a manutenção da cor (PENALBER et al., 1996).
Os resultados são contraditórios aos relatados por Nazaré (1998) no que diz respeito
ao pH, que menciona o uso de solução diluída de NaOH, para a extração de corante de
jenipapo. Entretanto, como não há nenhuma avaliação das características da cor obtida ou
comparação com algum outro corante sintético, não é possível fazer comparações entre os
trabalhos.
No desdobramento da interação entre solvente e temperatura, os extratos etanólicos
tanto a 50% quanto a 95% apresentaram um comportamento similar (Figuras 3 e 4). Ambos
os solventes apresentaram diminuição linear do desvio em relação ao padrão azul de
indigotina quando a temperatura foi aumentada. O decréscimo do desvio significa que o
28
corante obtido está com as características de tonalidade e saturação mais próximas do
padrão. Dessa forma os resultados indicam que os corantes produzidos nas temperaturas
mais elevadas assemelham-se mais ao padrão. Esse resultado sugere que a reação é
acelerada pelo aumento da temperatura.
Figura 3 - Comportamento da coloração expressa em desvio na extração com solvente
etanol 50% em relação à temperatura.
Figura 4 - Comportamento da coloração expressa em desvio na extração com solvente
etanol 95% em diferentes temperaturas.
29
Em relação ao solvente água, notou-se um comportamento diferente. Enquanto as
soluções de etanol 50% e 95% mantiveram o comportamento obtido com o desdobramento
da interação pH x temperatura, com ótimo em temperatura de 75°C, a água apresentou um
comportamento de parábola, com ótimo em torno de 55°C (Figura 5). Além disso, a
amplitude da variação foi menor do que para os extratos etanólicos. Essa variação pode ser
justificada pelo padrão utilizado, uma vez que o azul de indigotina apresenta coloração
menos intensa quando dissolvido em água. A observação visual mostra um aumento na
intensidade da cor com o aumento da temperatura. Dessa forma, em temperaturas mais
baixas não se tem uma formação satisfatória de cor, e em temperaturas mais elevadas a cor
afasta-se do padrão em água, aumentando novamente o desvio.
Figura 5 - Comportamento da coloração expressa em desvio na extração com solvente água
em relação à temperatura.
Verificou-se visualmente uma grande variação no experimento de uma unidade
experimental para outra. Apesar de ter sido feita uma padronização do tamanho dos frutos
para evitar uma possível fonte de erro, uma vez que Penalber et al. (1996) já haviam
relatado a variação da intensidade do corante em função do tamanho dos frutos verdes, essa
não foi uma medida suficientemente eficaz na minimização do erro experimental. A
variação de fruto para fruto era muitas vezes percebida já no momento que esse era aberto,
quando alguns já apresentavam coloração azul (Figura 6). Essa variação talvez seja mais do
momento de maturação do fruto e/ou pela ocorrência de injúrias não perceptíveis, pois em
30
outra avaliação visual dos frutos percebeu-se que quando amassados esses apresentaram cor
azul na região injuriada.
Figura 6 Fruto verde de jenipapo normal (A) e com formação prévia de coloração azul
(B).
4. CONCLUSÃO
Conforme relatado na literatura, o jenipapo mostrou-se fonte de corante azul. Foi
possível obter o corante tanto em água, como em solução aquosa de etanol a 50% e 95%,
sendo observada uma coloração mais intensa e escura nas soluções com etanol.
A extração foi afetada tanto pelo pH da solução solvente utilizada, quanto pela
temperatura empregada. Os corantes obtidos foram se aproximando dos padrões a medida
que o pH diminuía e a temperatura aumentava, sendo o ótimo em pH 4,0 e temperatura de
75°C. A temperatura ótima para as soluções etanólicas também foi a 75°C. O mesmo não
foi observado para a água, que apresentou melhor extração em 55°C.
B A
31
CAPÍTULO 2 INFLUÊNCIA DE pH, OXIGÊNIO E LUZ NA ESTABILIDADE DA
COR DOS EXTRATOS
1. INTRODUÇÃO
A utilização dos corantes naturais requer o conhecimento químico de suas
moléculas para adaptá-las às condições de uso em processos, embalagens e distribuição.
Atualmente, permite-se o uso de sete corantes artificiais por diversas razões técnicas:
estabilidade, pureza, disponibilidade e superioridade tecnológica com relação aos corantes
naturais. Por outro lado, a utilização dos artificiais é limitada por diversos fatores:
imposições legais, publicidade adversa e interesse do consumidor por produtos naturais.
Vários fatores afetam a estabilidade da cor em alimentos pigmentados durante a
preparação, o processamento e a estocagem. Estes fatores incluem calor, pH, luz, presença
ou ausência de oxigênio, metais e outros químicos e atividade de água.
Com base no crescente interesse pelos corantes naturais em função dos possíveis
riscos associados aos sintéticos, elevou-se consideravelmente o volume de pesquisas em
pigmentos naturais, sua estrutura química, reações e estabilidade. Grande parte dessas
investigações foi voltada para a estabilização de pigmentos naturais mediante tratamentos
físicos ou químicos (PIMENTEL, 1995).
Essa tendência é ainda mais forte no exterior e aos poucos vem crescendo no Brasil.
Isso obriga as principais indústrias e centros de pesquisa a desenvolverem estudos para
permitir o uso mais intenso de corantes naturais. É um esforço concentrado e que se
aproveita da cautela mundial com os corantes sintéticos, contra os quais vários estudos ao
longo dos anos vêm apontando problemas de alergia e outros malefícios à saúde, como
hiperatividade, entre outros. A notoriedade que os corantes naturais vêm assumindo deve-se
não só à tendência mundial de consumo de produtos naturais, mas também às propriedades
funcionais atribuídas a alguns desses pigmentos. O apelo mercadológico estimula cada vez
mais o desenvolvimento de novos estudos com o intuito de superar as limitações
tecnológicas existentes.
A legislação brasileira, quanto à adoção de corantes e outros aditivos, está
respaldada nas recomendações do JECFA (Comitê FAO/OMS “Joint Experts in Food
32
Additives”), que elaborou, ao lado das especificações de identidade e pureza, as condutas a
serem observadas no trato dos estudos toxicológicos e as decisões sobre avaliações
toxicológicas.
Para os corantes naturais, a avaliação toxicológica deve ser considerada para três
grupos: a) corante isolado quimicamente inalterado de um alimento e usado no produto em
níveis normalmente nele encontrados, este corante é aceito como se fosse ingrediente
próprio do alimento, não sendo necessários dados toxicológicos; b) corante isolado
quimicamente inalterado de um alimento usado no produto em níveis superiores aos
normalmente nele encontrados, este corante deve ser avaliado como se fosse artificial; e c)
corante isolado de um alimento, porém quimicamente modificado durante a sua obtenção,
ou, então, extraído de outra fonte não-alimentar; este corante deve ser avaliado
toxicologicamente como se fosse corante artificial (PIMENTEL, 1995).
A instabilidade inerente aos pigmentos naturais não impede a sua utilização em
alimentos, uma vez que se tem demonstrado a sua viabilidade na indústria, em virtude de
certas modificações no processamento de determinados produtos, como por exemplo, a
adição do corante no final do processamento de doces cozidos e, acondicionamento em
embalagens adequadas para retardar o efeito da luz, principalmente em produtos líquidos
(PIMENTEL, 1995). A estabilidade inferior dos corantes naturais, em detrimento aos
artificiais, não é um fator que inviabilize sua utilização em produtos alimentícios, face às
adaptações no processamento e embalagem dos produtos, adotados pelas indústrias. Com
os avanços tecnológicos, a susceptibilidade à oxidação e a insolubilidade são problemas
superáveis (SILVA, 2001). Porém, as informações a respeito da toxicidade e de atividades
funcionais tanto de corantes naturais quanto artificiais são contraditórias, de certa forma, e
merecem maiores pesquisas.
Os pigmentos naturais são sensíveis a temperatura, luz, pH e oxigênio, os quais
interferem na estabilidade dos mesmos. Isso tem incentivado inúmeros estudos visando
detectar os limites de suscetibilidade a esses parâmetros que, se definidos, certamente
contribuirão para a sua aplicação em produtos alimentícios, farmacêuticos e outros
(SILVA, 2001).
33
Sendo assim, o presente experimento objetivou avaliar a influência do pH do meio,
da atmosfera parcialmente inerte e do efeito da luz na estabilidade dos pigmentos de
jenipapo obtidos por diferentes solventes.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no laboratório de Pigmentos Naturais do
Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa-MG.
Frutos verdes de jenipapo foram colhidos na fazenda Sempre-Viva, no município de
Camacan - BA. A coleta dos frutos foi feita diretamente no pé e a caracterização de fruto
como verde se deu por avaliação do tamanho e rigidez dos frutos, uma vez que quando
maduros são inadequados para a produção de pigmentos. Os frutos foram colhidos nos
meses de novembro e dezembro de 2006 e mantidos em freezer durante todo o período de
pós-colheita e realização da pesquisa.
Para os testes de estabilidade foram feitas extrações com os solventes etanólicos
(50% e 95%), pois foram os que apresentaram visualmente maior poder extrator,
originando extratos com maior intensidade da cor azul. A escolha dos solventes alcoólicos
em detrimento da água foi também fundamentada na viabilidade econômica da obtenção
dos corantes, uma vez que a eliminação de água torna o processo demorado e caro. As
extrações foram efetuadas nas condições ótimas definidas no s testes de extração no capítulo
1: pH 4,0 e 75
o
C.
Os extratos obtidos foram submetidos a diferentes condições de armazenamento,
visando avaliar o efeito dos parâmetros pH (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e atmosfera
inerte) e luz (presença e ausência) na estabilidade dos mesmos. Dessa forma foram obtidos
8 tratamentos distintos, caracterizados pela combinação dos parâmetros a serem avaliados.
Os tratamentos são descritos a seguir e ilustrados na Figura 1: T1? pH 4,0 / oxigênio / luz;
T2? pH 4,0 / oxigênio / escuro; T3? pH 4,0 / nitrogênio / luz; T4? pH 4,0 / nitrogênio /
escuro; T5? pH 6,0 / oxigênio / luz; T6? pH 6,0 / oxigênio / escuro; T7? pH 6,0 /
nitrogênio / luz; T8? pH 6,0 / nitrogênio / escuro.
34
Figura 1 Fluxograma representativo do experimento do estudo da estabilidade dos
extratos.
Para avaliar o efeito do pH diluíram-se 15 mL do extrato em 30 mL de solução
tampão de ácido cítrico (C
6
H
8
O
7
) / bifosfato de sódio (Na
2
HPO
4
) em pH 4,0 e 6,0. Os
valores de pH foram definidos por representarem a faixa utilizada em alimentos.
Para o estudo da estabilidade à luz foram utilizados frascos de cor âmbar e frascos
transparentes de 60 mL, providos de tampa de borracha auto-selante e lacre de alumínio. A
cada frasco foram adicionados 45 mL da solução do extrato de jenipapo com a solução
tampão. Aos extratos foi adicionado sorbato de potássio, na concentração de 0,01%, para
evitar o crescimento fúngico.
Uma parte desses frascos foi colocada em um suporte de madeira posicionado entre
duas lâmpadas fluorescentes de 40 w, 2.500 lux, correspondente à luz do dia, a uma
distância de 40 cm dos frascos em temperatura ambiente. O restante dos frascos
permaneceu, à mesma temperatura, porém no escuro. Metade dos frascos antes de serem
lacrados, foi submetida a um fluxo de nitrogênio, para a redução do oxigênio residual.
O extrato obtido foi analisado por colorimetria em um colorímetro HunterLab,
modelo ColorQuest XE (Reston, USA). As condições de análise no colorímetro foram
iluminante D65 e Observer 10*. As leituras colorimétricas dos desvios em relação ao
padrão foram feitas a cada 7 dias por um período de 6 semanas. Os padrões eram as
amostras no tempo zero, ou seja, lo go após a extração. Dessa forma foram estabelecidos
quatro padrões, pois o parâmetro luz não tinha como ser aplicado previamente.
35
As variáveis analisadas foram o desvio da cor em relação ao padrão, a tonalidade e a
saturação, sendo essas últimas obtidas a partir dos valores de a e b fornecidos pelo
colorímetro e aplicados nas fórmulas de c e h (Equações 1 e 2).
22
bac += (1)
)/arctan( abh =
o
(2)
Em que:
c é o índice de saturação da cor.
h° é o ângulo de tonalidade da cor.
Utilizou-se um delineamento casualizado com 3 repetições em esquema fatorial
8x6, sendo oito níveis de tratamentos (T1? pH 4,0 / oxigênio / luz; T2? pH 4,0 / oxigênio
/ escuro; T3? pH 4,0 / nitrogênio / luz; T4? pH 4,0 / nitrogênio / escuro; T5? pH 6,0 /
oxigênio / luz; T6? pH 6,0 / oxigênio / escuro; T7? pH 6,0 / nitrogênio / luz; T8? pH
6,0 / nitrogênio / escuro) e seis níveis de tempo (1, 2, 3, 4, 5 e 6 semanas).
As análises foram realizadas no software estatístico SAS
®
(SAS, 1996) utilizando
um nível de 5% de significância.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As Tabelas 1 e 4 apresentam os testes de comparação de médias para a variável
desvio, considerando os solventes etanol 50% e 95%, respectivamente. Neste caso foi
adotado o teste de Tukey, embora os tratamentos sejam identificados por níveis
quantitativos (tempos). Este procedimento foi adotado porque não era de interesse avaliar o
efeito de tempos intermediários não estudados, ou seja, não era de interesse realizar análise
de regressão. Além disso, o comportamento das variáveis analisadas ao longo do tempo não
permitiu o ajuste de nenhum modelo de regressão (Figuras 2 e 3).
36
Figura 2 Comportamento do desvio em relação ao padrão dos tratamentos ao longo do
tempo de armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes pHs (4,0 e
6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Figura 3 Comportamento do desvio em relação ao padrão dos tratamentos ao longo do
tempo de armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes pHs (4,0 e
6,0), oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
37
Todos os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 4 indicam que existem diferenças
entre os tempos considerados, embora a amplitude dos valores das médias seja pequena.
De forma geral, para obtenção de resultados de ordem técnica e laboratorial, mesmo
a amplitude dos desvios sendo de pequena magnitude, é interessante discutir as diferenças
significativas entre as médias, pois as mesmas podem ser usadas para aprimorar a
elaboração de experimentos futuros.
3.1. ESTABILIDADE DOS EXTRATOS OBTIDOS COM ETANOL 50%
A análise de variância para o solvente etanol a 50 % mostrou interação significativa
entre tratamentos e tempo, o que significa que houve diferença entre os tratamentos durante
o tempo de estocagem.
De modo geral os tratamentos apresentaram comportamento bem similar, alterando-
se apenas as intensidades dos desvios em relação ao padrão, com picos de máximo no
tempo 2 e no tempo 5, que correspondem a duas e cinco semanas de estocagem
respectivamente. O tratamento 5 (pH 6,0 / oxigênio / luz) apresentou um comportamento
um pouco diferente dos demais.
Aplicando-se o teste de Tukey ao nível de 5% de significância para comparar os
tratamentos em cada tempo, não houve diferença significativa entre os tratamentos na
primeira semana, tempo 1 (Tabela 1). Com o passar do tempo, de modo geral, o tratamento
1 (pH 4,0/ oxigênio/ luz) foi o que apresentou pior desempenho, tempos 2, 3, 4 e 5,
caracterizado por maior desvio, e o tratamento 2 (pH 4,0/ oxigênio/ escuro) foi o que
apresentou menor desvio na maior parte do tempo, tempos 3, 4 e 6, ou seja, uma menor
variação da cor durante a estocagem. Em alguns momentos, tempos 2 e 5, T5 (pH 6,0 /
oxigênio / luz) apresentou menor desvio, mas quando isso foi observado, não houve
diferença significativa entre as médias de T5 (pH 6,0 / oxigênio / luz) e T2 (pH 4,0 /
oxigênio / escuro), permitindo assim apontar T2 como o melhor.
38
Tabela 1 Médias dos desvios dos tratamentos ao longo do tempo de armazenamento em
semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e
atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2
Tempo 3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo
6
T5
1.90
a
T1
1.85
a
T1
1.62
a
T1
1.71
a
T1
1.84
a
T4
2.31
a
T4
1.14
a
T7
1.73
ab
T4
1.46
ab
T3
1.48
ab
T8
1.77
ab
T3
2.23
ab
T1
1.10
a
T3
1.66
ab
T3
1.41
T4
1.29
abc
T7
1.76
ab
T1
1.38
bc
T6
1.06
a
T8
1.51
abc
T5
1.13
c
T5
1.27
abc
T4
1.68
ab
T8
.23
c
T3
1.03
a
T4
1.45
abc
T7
1.05
c
T7
1.05
bcd
T3
1.65
abc
T5
0.99
c
T7
0.41
a
T6
1.32
abc
T6
0.85
T6
0.89
cd
T2
1.44
bcd
T7
0.85
c
T2
0.37
a
T2
1.28
bc
T8
0.82
de
T8
0.89
cd
T6
1.27
cd
T6
0.63
c
T8
0.31
a
T5
1.09
c
T2
0.66
e
T2
0.76
T5
1.08
T2
0.57
c
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Apesar da diferença entre T1 (pH 4,0 / oxigênio / luz) e T2 (pH 4,0 / oxigênio /
escuro) indicar uma melhor conservação em ambiente sem luz, o mesmo não se observa
quando analisadas as médias dos outros tratamentos cuja diferença é somente a presença ou
ausência de luz, como é o caso dos tratamentos T3 e T4, T5 e T6, T7 e T8. Esses
tratamentos apresentaram comportamentos bem similares ao longo do tempo e sem
diferença significativa (p > 0,05). Essa não diferenciação dos tratamentos no claro e no
escuro também foi observada no trabalho de Butler et. al (2003), que não observaram
diferenças qualitativas entre misturas de quitosana e genipina deixadas no escuro ou sob
luz. Esse comportamento justifica-se principalmente se considerarmos que essa é uma
reação de polimerização e que, uma vez iniciada, tem seu desenvolvimento contínuo.
Os resultados sugerem uma relação entre o pH e a presença ou ausência de
oxigênio, com tendência ao favorecimento do desvio pela presença de oxigênio. Quando
observados separadamente os tratamentos que estavam sob oxigênio atmosférico dos que
receberam nitrogênio, os tratamentos em maior pH (pH 6,0) apresentaram os menores
desvios. Nos tempos 2 e 5 não houve diferença significativa (p > 0,05) pelo teste de Tukey
entre os tratamentos. Nos outros tempos verificaram-se diferenças entre os grupos de maior
39
e menor pH, com menor desvio nos de maior pH. A presença de hidroxilas na molécula de
genipina pode ser a responsável por essa diferença, uma vez que em menor pH as hidroxilas
devem estar mais desprotonadas e isso pode afetar na coloração do pigmento. O trabalho de
Butler et al. (2003) também relata uma influência significativa da exposição ao ar da
mistura de quitosona e genipina no desenvolvimento da coloração azul, com maior
formação de cor próxima à superfície. Entretanto, vale ressaltar que quando usados outros
agentes para a formação de géis, a formação da cor foi uniforme. Esse fato demonstra a
importância de outros fatores na formação e manutenção da cor, como o substrato.
Ao se utilizar o teste de Tukey para comparar a saturação de cor dos tratamentos em
cada tempo, confirma-se a superioridade do tratamento 2 (pH 4,0 / oxigênio / escuro ), uma
vez que este mostra-se estatisticamente diferente dos demais nos tempos 1, 3, 4 e 6. Porém,
nos tempos 2 e 5 este tratamento apresentou o mesmo efeito que T4 (pH 4,0 / nitrogênio /
escuro) (p > 0,05) (Tabela 2). Esse resultado sugere a importância do pH 4,0 e do escuro na
obtenção de um corante com boa estabilidade e maior saturação, bem como a pouca
interferência da aplicação de nitrogênio. Isso ressalta o indício de que o oxigênio atua
apenas como catalisador da reação de formação do pigmento.
Tabela 2 Médias de croma ou saturação da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0),
oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2
Tempo 3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo 6
T
2
3.03
a
T
2
2.74
a
T
2
2.48
a
T
2
2.33
a
T
2
2.37
a
T
2
2.
49
a
T
3
2.07
T
4
2.44
ab
T
3
1.
70
T
4
1.
77
T
4
1.
96
ab
T
4
2.
00
T1
2.05
bc
T3
1.
96
c
T
4
1.
60
c
T
3
1.
64
bc
T
3
1.
85
c
T
3
1.
99
T6
2.02
bc
T
1
1.
87
c
T
1
1.
c
T
1
1.
44
bc
T
1
1.6
c
T
1
1.
c
T
4
2.02
bc
T
6
1.
83
c
T
6
1.
51
c
T
6
1.
bc
T
6
1.
50
bc
T
6
1.54
c
T
5
2.00
bc
T
8
1.
78
c
T
8
1.44
e
T
8
1.35
c
T
8
1.4
bc
T
8
1.52
c
T
8
1.90
cd
T
5
1.
69
c
T
5
1.34
e
f
T
7
1.23
c
T
7
1.
36
c
T
7
1.46
c
T
7
1.83
T
7
1.
65
c
T
7
1.27
f
T
5
1.18
c
T5
1.
34
c
T
5
1.35
c
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
40
No que se refere à tonalidade da cor, o comportamento dos tratamentos também foi
similar, com picos observados nos tempos 3 e 4. Os tratamentos 5 (pH 6,0 / oxigênio / luz )
e 1 (pH 4,0 / oxigênio / luz) apresentaram as maiores tonalidades, alternando o melhor
desempenho entre eles e em alguns momentos não apresentando diferença significativa
(p<0,05) (Tabela 3). Entretanto, esses maiores valores podem não ser muito interessantes,
uma vez que estão muito próximos ao final da faixa da tonalidade azul (200° a 295°) e
entrando na tonalidade violeta, saindo em alguns momentos da tonalidade azul.
Tabela 3 Médias de tonalidade da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 50%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0),
oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2 Tempo 3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo 6
T
1
288
a
T
1
86
a
T
5
96
a
T
5
98
a
T
5
92
a
T
5
94
a
T
5
285
T
5
T
7
295
a
T
1
294
T
1
289
ab
T
7
89
T
3
284
bc
T3
284
T
1
294
a
T
7
94
bc
T
7
289
a
T
1
288
c
T
7
283
bc
T
7
283
T
3
290
T
6
291
bc
T
6
286
bc
T
6
288
bc
T4
81
c
T6
281
c
T6
289
T
3
290
c
T
3
285
bc
T
8
287
cd
T
6
80
T
2
280
cd
T8
289
T8
289
de
T8
284
bc
T
3
284
cd
e
T
2
280
T
8
279
T
4
287
bc
T
4
286
ef
T
4
283
c
T
4
283
e
T
8
279
T
4
279
T
2
284
c
T
2
284
f
T
2
281
T
2
281
e
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
3.2. ESTABILIDADE DOS EXTRATOS OBTIDOS COM ETANOL 95%
Assim como para o etanol 50%, verificaram-se diferenças entre os tratamentos ao
longo do tempo de estocagem para a variável desvio, com detalhe para uma menor
uniformidade dos comportamentos.
Nos tempos 1 e 5 não houve diferença significativa entre as médias ao nível de 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey. De modo geral não foi verificado um tratamento que
tenha se destacado como melhor, entretanto, o tratamento 5 (pH 6,0/ oxigênio/ luz)
41
apresentou maior média na maior parte do tempo, tempos 2, 3, 4 e 5, o que indica um maior
desvio e conseqüentemente uma maior alteração da cor durante o armazenamento (Tabela
4).
Não se verificou diferenças significativas ao longo do tempo (p<0,05) entre os
tratamentos armazenados em pH 4,0 (T1, T2, T3 e T4).
Tabela 4 Médias de desvio da cor dos tratamentos ao longo do tempo de armazenamento
em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0), oxigênio (presença e
atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2
Tempo
3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo 6
T7
1.86
a
T
5
1.
98
a
T
5
2.09
a
T
5
2.51
a
T
5
1.
92
a
T
7
2.
64
a
T5
1.63
a
T
4
1.7
T
7
1.
ab
T
7
2.09
ab
T
1
1.
81
a
T
6
2.
37
ab
T6
1.41
a
T
1
1.6
T
8
1.4
a
c
T
8
1.
96
abc
T7
1.
81
a
T
5
2.34
a
T1
1.16
a
T
3
1.
T
1
1.
36
c
T
6
1.
54
bc
T
8
1.
74
a
T8
1.
48
ab
c
T4
1.10
a
T
2
1.
58
T
2
1.
34
c
T
1
1.
30
cd
T3
1.6
a
T
4
1.16
c
T3
1.06
a
T
8
1.
55
T6
1.17
c
T
2
1.28
cd
T2
1.
58
a
T
2
0.
c
T2
0.91
a
T
7
1.
46
T
3
0.
99
c
T
4
1.01
T
4
1.
49
a
T
1
0.
77
c
T8
0.73
a
T
6
1.0
c
T
4
0.
99
c
T
3
0.
99
T
6
1.
29
a
T
3
0.
48
c
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Comparando os tratamentos armazenados na ausência e presença de oxigênio
percebeu-se menor estabilidade naqueles estocados em maior valor de pH (pH 6,0),
resultado contrário ao obtido em etanol 50%. No grupo dos submetidos à atmosfera com
oxigênio, o tratamento 5 (pH 6,0/ oxigênio/ luz) foi o que apresentou pior desempenho.
Nesse caso, a presença maior de álcool pode contribuir para a alteração do pH e
conseqüentemente da estabilidade.
Já no grupo dos tratamentos armazenados em atmosfera inerte verificou-se uma
separação nos tempos 3 e 4 entre os tratamentos de pH iguais: T3 (pH 4,0 / nitrogênio / luz)
e T4 (pH 4,0 / nitrogênio / escuro); T5 (6,0 / oxigênio / luz) e T6 (pH 6,0 / oxigênio /
42
escuro), com melhor desempenho, ou seja maior estabilidade verificada nos tratamentos
submetidos a valores inferiores de pH: T3 (pH 4,0 / nitrogênio / luz) e T4 (pH 4,0 /
nitrogênio / escuro).
No que se refere à saturação de cor dos tratamentos, num primeiro momento há um
melhor desempenho dos tratamentos de maior pH (6,0), com destaque para o tratamento 6
(pH 6,0/ oxigênio/ escuro), como mostrado na Tabela 5. A partir do tempo 5 não há mais
essa nítida distinção entre os tratamentos, e a diferença estatística entre os mesmos passa a
ser não significativa (p > 0,05), mesclando os dois grupos de pH.
Tabela 5 Médias de croma e saturação da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0),
oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2
Tempo 3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo 6
T
6
.86
a
T
6
.
41
a
T
6
2.
23
a
T
6
2.
26
a
T
6
.
a
T
3
.
97
a
T
8
.
76
a
T
8
.
32
a
T
8
.
ab
T
8
.
93
T
4
1.
92
a
T
1
.
94
a
T
7
.
68
a
T
7
.
15
c
T
7
1.
71
bc
T
7
1.
49
c
T
8
1.
90
a
T
8
.
92
a
T
5
.
42
a
T
4
.
03
cd
T
5
1.
54
c
T
3
1.4
c
T
3
1.
89
a
T
4
.
92
a
T
2
.
bc
T2
.
00
cd
T
3
1.
c
T1
1.
48
c
T
2
1.
84
a
T
2
1.
88
ab
T
4
1.
bc
T
3
1.
99
cd
T
4
1.
53
c
T
4
1.4
c
T
1
1.
74
T
6
.
74
ab
T
3
.
87
c
T
1
1.
88
de
T
2
.
52
c
T
2
1.
46
c
T
7
1.
68
T
7
.
59
c
T
1
.
87
c
T
5
1.
78
e
T
1
.
48
c
T
5
.
T
5
1.
60
T
5
.
39
c
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
A Tabela 6 apresenta a variação da tonalidade de cor ao longo do tempo de
armazenamento. Os comportamentos são similares, com exceção do tratamento 6 (pH 6,0 /
oxigênio / escuro) que apresenta uma curva menos acentuada e com menores valores, e de
T5 que apresenta um comportamento diferente. Esse comportamento similar é confirmado
pelo teste Tukey que não apresentou grandes grupos de diferença de médias não
significativas (p < 0,05) nos tempos 2 e 4, onde T5 apresentou maior tonalidade, mas, do
43
mesmo modo que no solvente a 50%, essa maior tonalidade não é interessante pois saiu da
faixa de tonalidade do azul.
Tabela 6 Médias de tonalidade da cor dos tratamentos ao longo do tempo de
armazenamento em semanas, em solvente etanol 95%, para diferentes pHs (4,0 e 6,0),
oxigênio (presença e atmosfera inerte) e luz (presença e ausência).
Tempo 1
Tempo 2
Tempo 3
Tempo 4
Tempo 5
Tempo 6
T
1
285
a
T5
287
a
T5
293
a
T5
303
a
T
1
287
a
T
5
291
a
T
3
283
a
T
1
283
T
1
292
a
T
1
29
T
5
283
a
T
7
288
a
T
5
282
a
T
3
280
c
T
2
290
a
T
3
289
bc
T7
283
a
T
1
284
a
T
2
282
a
T
2
280
c
T
3
289
ab
T
2
289
bc
T
2
283
a
T
2
284
a
T4
281
a
T
4
279
cd
T
4
288
ab
T
4
287
cd
T3
282
a
T
8
284
a
T
8
278
a
T8
279
cd
T
7
284
ab
T
7
286
cd
T
4
281
a
T
3
283
a
T
7
277
a
T7
276
T
8
282
ab
T
8
283
T
8
280
a
T
4
280
a
T
6
268
T6
271
e
T
6
271
T
6
270
e
T6
270
T
6
270
a
*Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não apresentam diferença significativa ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Esses dados sugerem uma homogeneidade de tonalidade ao longo do tempo de
armazenamento, ao empregar etanol 95% como solvente extrator dos pigmentos de
jenipapo.
4. CONCLUSÃO
Houve interação significativa entre tratamentos e tempo, o que significa que houve
diferença entre os tratamentos durante o tempo de estocagem.
Para a solução de etanol 50%, o tratamento nas condições de pH 4,0 / oxigênio /
escuro foi aquele que apresentou menores desvios, caracterizando como o de melhor
desempenho. Este mesmo tratamento foi o que apresentou maior saturação da cor. o
tratamento em pH 4,0 / oxigênio / luz foi o que teve os maiores desvios, conseqüentemente
44
aquele de pior desempenho. No entanto, foi o que apresentou a maior tonalidade,
juntamente com o tratamento nas condições de pH 6,0 / oxigênio / luz, mas que em alguns
momentos sairam da faixa de tonalidade do azul.
Para o solvente etanol 95% observou-se uma menor estabilidade nos tratamentos em
maior pH (6,0), com pior desempenho quando o pH 6,0 estava associado à presença de
oxigênio e luz. Na saturação da cor o inverso foi observado, com melhor desempenho dos
tratamentos em pH 6,0 e destaque para as condições de pH 6,0 / oxigênio / escuro. Houve
ainda uma tendência de uniformização da tonalidade.
Os resultados indicam que houve alterações mais intensas nos tratamentos quando
utilizada solução de etanol 50% como solvente extrator.
45
CONCLUSÃO GERAL
O jenipapo mostrou-se fonte de corante azul, sendo possível obter o corante tanto
em água, como em solução aquosa de etanol a 50% e 95%, sendo observada uma coloração
mais intensa e escura nas soluções com etanol.
A extração foi afetada tanto pelo pH da solução solve nte utilizada, quanto pela
temperatura empregada, obtendo-se melhor extração em pH 4,0 e temperatura de 75°C.
Entretanto, a água apresentou melhor extração em 55°C.
Houve interação significativa entre os tratamentos e o tempo de armazenamento nas
soluções extraídas em etanol 50% e 95%. Para a solução de etanol 50%, o tratamento nas
condições de pH 4,0 / oxigênio / escuro foi aquele que apresentou melhor manutenção da
cor e maior saturação. Já o tratamento em pH 4,0 / oxigênio / luz foi o que teve pior
desempenho.
Para o solvente etanol 95% observou-se uma menor estabilidade nos tratamentos em
maior pH (6,0), com pior desempenho quando o pH 6,0 estava associado à presença de
oxigênio e luz. Na saturação da cor o inverso foi observado, com melhor desempenho dos
tratamentos em pH 6,0 e destaque para as condições de pH 6,0 / oxigênio / escuro.
46
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