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trabalhar com educação escolar (fundamental) emergiu neste
momento inicial como professora. A possibilidade de fazer da
aprendizagem de crianças um tema de trabalho e de estudo foi se
mostrando a cada dia como parte do viver. Descobri com aquelas
crianças que havia aprendido muito na relação com elas diante do
desafio de ensinar-aprender e, desde então, comecei a produzir um
modo pessoal de entender o ato educativo.
O fazer de professora remete a um processo em que viver-
conhecer se dão juntos, processo este que implica um constante
fazer-estudar, movimento que envolve a escrita-leitura-reflexão
permanente. Ao estarmos em uma situação de conhecimento com
crianças, ocorrem processos de aprendizagem mútua, um
crescimento que podemos observar nas redes de conversação que
produzimos com aqueles que se dispõem a aprender juntos.
Maturana chama de “conversação nossa operação nesse fluxo
entrelaçado de coordenações consensuais de linguajar e emocionar”
(MATURANA, 1997, p. 132).
Mais tarde, em 1994, passei a trabalhar em escolas públicas da
área urbana, quando, por nove anos, atuei como alfabetizadora. A
questão da escrita e da leitura fez e faz parte de minhas reflexões.
Inicialmente meus estudos centravam-se nas análises de
metodologias que proporcionassem um melhor resultado, pois eu
buscava alfabetizar todos os alunos. Não me fixei em nenhum
modelo, permitindo um trabalho criativo, variado, com atividades que
colocavam os alunos frente aos desafios de produzir conhecimento.
Alguns saberes eram importantes para mim, procurava não trazer
respostas prontas, organizava um conjunto de atividades variadas
procurando oportunizar a construção do conhecimento da escrita e
da leitura. A cada ano que recomeçava a questão mais presente era:
O que fazer para que todos pudessem ler e escrever? Como eu
poderia oferecer a todos os alunos situações de aprendizagem?
Aos poucos, passei a adquirir mais confiança em meu trabalho,
pois as crianças aprendiam e eu via melhores resultados. Descobria
um novo sentido de ensinar e de ver meus alunos aprenderem.
Preocupava-me sempre em estabelecer vínculos adequados com
meus alunos e com suas famílias. Neste caminhar, construí alguns
entendimentos, que trarei mais adiante na escrita, nos quais autores
como Jean Piaget e Lev. S. Vygotsky foram importantes.
Minha prática, desde então, sustenta-se na busca por
transformar a sala de aula em espaço onde as crianças descubram,
pensem, inventem, sintam-se bem. Essa prática, de início, era
carregada de tensões, pela fragilidade e inconsistência do que
acreditava saber. Às vezes, quando acreditava que estava indo pelo
caminho correto, algo me mostrava que era hora de refletir sobre as
minhas atitudes, sobre as propostas que organizava.
Paralelo a isso, a minha formação acadêmica, que se iniciou
em 1985, foi em Educação Física e especialização em Educação
Física Escolar, momento em que pesquisei sobre “As contribuições
da educação física na alfabetização”, estudos que enriqueceram a
minha prática. Sempre considerei a educação física como
complemento de minhas práticas pedagógicas. Posteriormente, a
especialização em Psicopedagogia Institucional, no ano de 2000,