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REGINA PAOLUCCI EL DIB
ESTUDO COMPARATIVO DA PREVALÊNCIA DE PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA ELEVADOS
EM PROFISSIONAIS E NÃO-PROFISSIONAIS DO SOM
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutor em Ciências.
SÃO PAULO
2008
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REGINA PAOLUCCI EL DIB
ESTUDO COMPARATIVO DA PREVALÊNCIA DE PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA ELEVADOS
EM PROFISSIONAIS E NÃO-PROFISSIONAIS DO SOM
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutor em Ciências.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Virgínia Fernandes Moça Trevisani
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Edina Mariko Koga da Silva
SÃO PAULO
2008
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Paolucci El Dib, Regina
Estudo comparativo da prevalência de perda auditiva induzida por
níveis de pressão sonora elevados em profissionais e não-profissionais
do som./Regina Paolucci El Dib.--São Paulo, 2008.
xvi, 83f.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola
Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Medicina Interna
e Terapêutica.
Título em inglês: Comparative study of the prevalence of hearing
loss induced by high sound pressure levels among people working with
sound systems and general population.
1. Perda auditiva. 2. Perda auditiva provocada por ruído. 3.
Estudos transversais.
iii
DADOS DO ALUNO
Regina Paolucci El Dib
E-mail: re.lucci@terra.com.br ou eldi[email protected]
2 – ATIVIDADE PROFISSIONAL EXERCIDA
¾ Clinical Trial Research Coordinator e Clinical Research Associate, McMaster Institute of Urology (St. Joseph’s
Healthcare, Hamilton, Canadá) (2007- presente).
¾ Pesquisadora Científica do Centro Cochrane do Brasil (2004 – 2007).
¾ Autora dos artigos da sessão ‘Nossa Saúde’ do site da UNIMED, junto com Dra. Edina Koga e Dr. Álvaro Atallah, e
tradutora de resumos de revisões sistemáticas do Centro Cochrane do Brasil (artigos e traduções disponíveis no site
www.unimeds.com.br) (2005 – 2006).
3 – FORMÃO ESCOLAR E ACADÊMICA (continuing education, strictu senso, latu senso e graduação)
3.0 - EDUCAÇÃO CONTINUADA
¾ Certified Clinical Research Associate e Clinical Trial Research Coordinator, pela McMaster University,
Canadá (2007 – 2008).
3.1 - EDUCAÇÂO SUPERIOR – PÓS-GRADUAÇÃO (strictu senso)
¾ Doutoranda em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Bolsista da CAPES
– Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2006 – presente).
¾ Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo /Escola Paulista de Medicina. Bolsista da CAPES –
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2004 - 2006).
3.2 - EDUCAÇÃO SUPERIOR – PÓS-GRADUAÇÃO (latu senso)
¾ Especialização em Fonoaudiologia em Reabilitação Neurológica pela Universidade Federal de São Paulo (2003).
3.3 - GRADUAÇÃO
¾ Fonoaudióloga formada pela Universidade Bandeirante de São Paulo (1999 – 2002).
4 – PUBLICAÇÕES RELEVANTES
¾ El Dib RP, Silva EK, Morais JF, Trevisani VFM. Prevalence of high frequency hearing loss consistent with
noise exposure among people working with sound systems and general population in Brazil: a cross-
sectional study. BMC Public Health 2008; 8:151.
¾ El Dib RP, Pastores MG. Laronidase for treating Mucopolysaccharidosis type I. Genetics and
Molecular Research 2007; vol.6(3): 667-674.
¾ El Dib RP, Pastores GM. Enzyme replacement therapy for Fabry disease (Protocol of Review). In: The
Cochrane Library, Issue 3, 2007. Oxford: Update Software.
¾ El Dib RP, Atallah AN, Andriolo RB, Soares BGO. A systematic review of the interventions to
promote the wearing of hearing protection. o Paulo Medical Journal 2007; 125(6).
¾ El Dib RP, Atallah NA, Andriolo RB. Mapping the Cochrane evidence for decision-making in health care.
Journal of Evaluation in Clinical Practice 2007; 13(4):689-92.
¾ El Dib RP. Como praticar a medicina baseada em evidências [editorial]. Jornal Vascular Brasileiro 2007;
6(1):1-4.
¾ El Dib RP, Atallah AN. Como utilizar a Cochrane Library e incorporar as informações preciosas nela
contidas à sua prática clínica. Universo UNIMED 2005; 14:42-43.
¾ El Dib RP, Atallah AN. Cochrane Library: como pesquisar? Diagn & Tratamento 2005; 10(1):31-4.
¾ El Dib RP, Verbeek J, Atallah AN, Andriolo RB, Soares BGO. Interventions to promote the wearing of hearing
protection (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 3, 2005. Oxford: Update Software.
¾ El Dib RP, Atallah AN. Cochrane Library: como pesquisar? Agenda Guia Médico da Associação
Paulista de Medicina (Mesa, Diária), edição 2006, editora Maranata, editores André Luís Martins Bettini e
Lucenilde de Sousa Dias Martins Bettini, conteúdo médico: artigo.
¾ El Dib RP, Atallah AN. Evidence-based speech, language and hearing therapy and the Cochrane Library’s
systematic reviews. São Paulo Medical Journal [editorial] 2006, v.124(2):51-54.
¾ El Dib RP, Atallah AN. Fonoaudiologia baseada em evidências e o Centro Cochrane do Brasil. Diagn &
Tratamento 2006; 11(2):103-6.
¾ Andriolo RB, El Dib RP. Aerobic exercise training programmes for improving physical and psychosocial health
in adults with Down syndrome (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2005. Oxford: Update
Software.
¾ Beletate V, El Dib RP, Atallah AN. Zinc supplementation for the prevention of type 2 diabetes mellitus
(Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 4, 2005. Oxford: Update Software.
¾ Guimarães MF, El Dib RP, Atallah AN. Incentive spirometer for prevention of postoperative pulmonary
complications in upper abdominal surgery (Protocol of Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2006.
Oxford: Update Software.
¾ Yoshida WB, El Dib RP, Yoshida RA, Maffei FHA. Ximelagatran versus warfarin for prophylaxis of venous
thromboembolism in major orthopedic surgery: systematic review of randomized controlled trials. São Paulo
Medical Journal 2006; 124(6):355-61.
¾ Bassi A, Milani WR, El Dib RP, Atallah AN, Matos D. Intravenous versus inhalation anaesthesia for one-lung
ventilation (Protocol of Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2007. Oxford: Update Software.
¾ Mathew JL, El Dib R, Mathew PJM, Boxall EH, Brok J. Hepatitis B immunization in persons not previously
exposed to hepatitis B or with unknown exposure status (Protocol of Review). In: The Cochrane Library,
Issue 2, 2007. Oxford: Update Software.
¾ Saconato H, El Dib R, Atallah AN. Imatinib mesylate for gastrointestinal stromal tumours (GISTs)
(Protocol of Review). In: The Cochrane Library, Issue 3, 2007. Oxford: Update Software.
¾ Conti PD, Atallah AN, Arruda H, Soares BGO, El Dib RP, Wilt TJ. Intermittent versus continuous androgen
suppression for prostatic cancer (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 3, 2007. Oxford:
Update Software.
OBS.: Currículo Lattes disponível no site www.cnpq.br
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE MEDICINA
Chefe do Departamento:
Prof
a
. Dr
a
. Emilia Inoue Sato
Coordenador do Programa de Pós-Graduação:
Prof. Dr. Álvaro Nagib Atallah
v
REGINA PAOLUCCI EL DIB
ESTUDO COMPARATIVO DA PREVALÊNCIA DE PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA ELEVADOS EM
PROFISSIONAIS E NÃO-PROFISSIONAIS DO SOM
Presidente da Banca: Prof
a
. Dr
a
. Virgínia Fernandes Moça Trevisani
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Adriano Dias, Universidade Estadual Paulista, UNESP
Prof. Dr. Cyrillo Cavalheiro Filho, Universidade de São Paulo, USP
Prof. Dr. David Salomão Lewi, Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP
Prof
a
. Dr
a
. Denise de Freitas, Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP
Suplentes:
Prof. Dr. Humberto Saconato, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN
Prof. Dr. Winston Bonetti Yoshida, Universidade Estadual Paulista, UNESP
Aprovada em:___/___/___
vi
“O desenvolvimento da medicina nas últimas décadas vem ocorrendo em
grande parte pelo suporte que lhe é ofertado pelo avanço tecnológico e
científico das demais áreas do conhecimento humano. Este progresso trouxe
consigo um mundo muito mais dinâmico, onde as máquinas vêm rapidamente
auxiliando o trabalho humano... Nosso ouvido não está preparado para esta
nova situação, sofrendo danos pela exposição a estes ruídos. É preciso que
pessoas compromissadas e preocupadas com a saúde da população façam um
trabalho de conscientização. Não basta apenas dar alertas, é preciso mostrar o
caminho e, se necessário, conduzir as pessoas pelas mãos para que estes
danos sejam evitados.”
Pontes PAL, 2003
vii
Dedicatória
Dedico este trabalho, com muito carinho, a meus
queridos pais, Roger El Dib e Cláudia Paolucci El Dib, a quem amo muito e
sempre estiveram a meu lado;
E, ainda, homenageio a todos os profissionais do som,
que tanto têm contribuído para a música popular brasileira e,
conseqüentemente, para o deleite musical.
viii
Agradecimentos
À orientadora, Dr
a
. Virgínia Trevisani Moça, e co-orientadora, Dr
a
. Edina Koga
da Silva, queridas amigas, por aceitarem fazer parte deste trabalho e pelos
ensinamentos durante a condução desta tese de doutorado.
Aos caros amigos do Centro Cochrane do Brasil, pelo apoio na realização de
mais uma etapa em minha vida e, a Vanessa Pedrosa, pela ajuda durante a
coleta de dados.
Aos sempre amigos, Dr. Reinaldo Corrêa e Dr. Joseph L. Mathew, que me
forneceram apoio, carinho e compreensão, sempre presentes, independentemente
da situação que nos cercam.
Às minhas queridas irmãs, Cristina Paolucci El Dib Maesano e Renata Paolucci
El Dib Camargo; aos cunhados, Juliano Mayor Maesano e Marcelo Camargo, e
à princesinha Isabela El Dib Maesano, que sempre acompanharam minha
trajetória profissional;
Ao meu querido tio Abelardo Paolucci, mais que um tio, um patrocinador,
pessoa maravilhosa e de enorme sabedoria para os negócios, orientando de
forma correta seus filhos e sua sobrinha, por ter acreditado e investido em meu
talento profissional;
Ao meu querido avô Nicola Paolucci, que sempre olha por mim e que continua
criando oportunidades para meu desenvolvimento profissional e pessoal,
independente do lugar em que esteja. Aos sempre especiais vovó Olga
Bochinni Paolucci, vovó Angélè Mardo El Dib, vovô Issa Ibrahim El Dib e tio
João El Dib. Amo muito vocês!
ix
À FAPESP
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em 2005, número do
projeto aprovado: 04/10655-5, pelo financiamento da compra do audiômetro digital
AD229, cabine acústica portátil e otoscópio clínico utilizados nesta pesquisa.
À CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela contribuição
no investimento e financiamento durante os meses da realização deste estudo.
x
Sumário
Lista de figuras................................................................................................................ xii
Lista de tabelas............................................................................................................... xiii
Lista de abreviaturas das unidades, sistemas e das entidades de
padronização citadas.....................................................................................................
xiv
Lista de abreviaturas e símbolos................................................................................ xv
Resumo............................................................................................................................ xvi
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................
1
1.1 Considerações sobre som, audição e perda auditiva................................... 7
1.1.1 Som............................................................................................................... 7
1.1.2 O que é um bom som? ............................................................................. 8
1.1.3 Audiômetro................................................................................................... 8
1.1.4 Cabine acústica........................................................................................... 9
1.1.5 Audiometria tonal........................................................................................ 10
1.1.6 Audiometria vocal....................................................................................... 10
1.1.7 Detecção auditiva....................................................................................... 11
1.1.8 Tipos de perdas auditivas......................................................................... 11
1.2 Objetivos................................................................................................................ 14
1.3 Hipótese................................................................................................................. 14
2. REVISÃO DA LITERATURA
..................................................................................
15
3. MÉTODO
.....................................................................................................................
21
3.1 Tipo de estudo...................................................................................................... 22
3.2 Local do estudo.................................................................................................... 22
3.3 Critérios de inclusão............................................................................................ 22
3.4 Critérios de exclusão........................................................................................... 23
3.5 Consentimento livre e esclarecido.................................................................... 23
3.6 Definições dos desfechos analisados (variáveis).......................................... 23
3.7 Variável primária mensurada............................................................................. 24
3.7.1 Proporção de perda auditiva
........................................................................ 24
3.8 Variáveis secundárias mensuradas.................................................................. 25
3.8.1 Hábitos auditivos e queixas correlatas
......................................................... 25
xi
3.9 Amostra..................................................................................................................
26
3.9.1 Profissionais do som..................................................................................
26
3.9.2 Seleção da amostra...................................................................................
27
3.10 Método estatístico..............................................................................................
27
3.10.1 Cálculo do tamanho da amostra...........................................................
27
3.10.2 Análise estatística.....................................................................................
28
3.11 Como os dados foram colhidos.......................................................................
29
4. RESULTADOS..........................................................................................................
30
5. DISCUSSÃO..............................................................................................................
44
6. CONCLUSÕES..........................................................................................................
55
7. ANEXOS.....................................................................................................................
57
8. REFERÊNCIAS.........................................................................................................
74
xii
Lista de figuras
Figura 1 –
Distribuição conjunta da idade segundo os grupos estudados............... 32
Figura 2 –
Distribuição dos profissionais do som segundo a profissão.................... 33
Figura 3 –
Distribuição dos participantes segundo a presença de zumbido............ 35
Figura 4 –
Distribuição conjunta dos participantes em relação à média diária de
exposição sonora segundo os grupos estudados...................................
37
Figura 5 –
Distribuição conjunta dos participantes em relação à presença de
hábitos auditivos e presença de dificuldade de compreensão auditiva
segundo os grupos estudados................................................................
38
Figura 6 –
Distribuição conjunta dos participantes em relação à freqüência de horas
de trabalho por dia e ao tempo de trabalho como profissional do som.........
41
Figura 7 –
Distribuição conjunta dos profissionais em relação ao uso de protetor
auricular e repouso auditivo de 14h no grupo profissionais do som.......
41
Figura 8 –
Distribuição dos participantes segundo a presença de perda auditiva... 43
Figura 9 –
Protetor auricular chamado ‘earplugs’..................................................... 51
Figura 10 –
Protetor auricular chamado ‘earmuffs’.................................................... 52
xiii
Lista de tabelas
Tabela 1 Distribuição dos participantes segundo idade e sexo nos grupos
estudados.............................................................................................
31
Tabela 2 Distribuição dos profissionais do som segundo a profissão.................. 32
Tabela 3 Distribuição dos participantes segundo presença de queixa auditiva,
sintomas, antecedentes familiares, zumbido e
exposição à agentes
ototóxicos nos grupos em estudo.........................................................
34
Tabela 4 Distribuição dos participantes segundo tipo de exposição sonora,
média diária de exposição sonora, hábitos auditivos e dificuldade de
compreensão auditiva nos grupos em estudo......................................
36
Tabela 5 Antecedentes pessoais relatados pelos indivíduos dos dois grupos
estudados............................................................................................
39
Tabela 6 Caracterização dos pacientes do grupo de profissionais do som
segundo freqüência de horas de trabalho por dia, tempo de trabalho,
uso de protetor auricular e repouso auditivo de 14h.............................
40
Tabela 7 Distribuição dos participantes segundo presença de alteração
auditiva, tipo e grau de perda auditiva..................................................
42
Tabela 8 Distribuição dos participantes segundo presença de perda
auditiva.................................................................................................
43
xiv
Lista de abreviaturas das unidades, sistemas e
das entidades de padronização citadas
A Área
ANSI American National Standards Institute
ASA American Standards Association
c Ciclo
dB Decibel ou decibéis
dBNA Decibel em nível de audição
dBNPS Decibel em nível de pressão sonora
E Energia
f Freqüência
Hz Hertz
I Intensidade
ISSO International Standards Organization
s Segundo
t Tempo
xv
Lista de abreviaturas e símbolos
AASI Aparelho de amplificação sonora individual
ABPAudio Áudio Associação brasileira dos profissionais de áudio
DP Desvio padrão
DJs Dance music disc jockeys
EPI Equipamento de proteção individual
EPM Escola Paulista de Medicina
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa Científica do Estado de SP
h hora ou horas
IPRF Índice percentual de reconhecimento de fala
IAV Instituto de áudio e vídeo
LDV Limiar de detecção de voz
Máx Máxima
Mín Mínima
min Minuto
NA Nível de audição
NP Nível de pressão sonora
OE Orelha externa
OM Orelha média
OI Orelha interna
OD Orelha direita
OE Orelha esquerda
PAIRO Perda auditiva induzida por ruído ocupacional
PAINPSE Perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados
Q Quartil
SNAC Sistema nervoso autônomo central
SC Santa Catarina
SP São Paulo
SRT Speech reception threshold
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
VA Via aérea
VO Via óssea
VT Videotape
xvi
Resumo
Contexto: A música sempre fez parte das diversas culturas da humanidade,
estabelecendo um link entre o ser humano e as sensações e prazeres sentidos
através da melodia e do ritmo. Porém, com o abuso na duração, intensidade e/ou
freqüência da música, o ruído pode transformar-se em um problema para a
audição. Os profissionais do som constituem o elo entre os músicos e as
audiências ou consumidores. Recentemente, vem surgindo uma preocupação
geral com a ocorrência de perdas auditivas induzidas por ruído, causadas por
atividades sonoras excessivamente amplificadas nos ambientes de lazer e
profissional. As atividades dos profissionais do som os expõem a riscos de perdas
auditivas expondo, conseqüentemente, sua qualidade de vida, a qualidade do
produto musical e a audição dos consumidores. Objetivo: Aferir a prevalência de
perda auditiva em profissionais e não-profissionais do som. Método: Estudo
transversal comparativo entre dois grupos. O tamanho da amostra compreendeu
177 participantes, sendo 82 profissionais do som e 95 não-profissionais do som.
Foi solicitado aos profissionais do som, repouso auditivo de 14 horas. Para ambos
grupos, foi aplicado questionário sobre os hábitos auditivos, queixas correlatas,
presença de zumbido e levantamento de dados sobre o número de horas de
trabalho por dia dos profissionais do som. Foi realizada inspeção visual do meato
acústico externo dos participantes mediante uso de otoscópio. Avaliação
audiológica foi realizada com o audiômetro portátil AD 229 E digital, financiado
pela FAPESP. Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos de profissionais e de não-profissionais do som quanto à idade e
sexo, tornando a amostra do trabalho homogênea e sem a ocorrência de
possíveis vieses em seus resultados. Em relação à perda auditiva, foi observada
uma diferença estatisticamente significante entre os grupos estudados, com
prevalência de 50% de perda no grupo de profissionais do som e de apenas
10,5% no outro grupo. Essa diferença pode ter ocorrido em virtude da exposição
excessiva a níveis elevados de som. Conclusão: Os profissionais do som
apresentam uma maior prevalência de perda auditiva induzida por níveis de
pressão sonora elevados quando comparada à população geral (não-profissionais
do som), embora a possibilidade de fatores de confusão residuais devido a
desfechos não mensurados, como status socioeconômico, não deva ser
descartada.
Palavras-chave: perda auditiva, perda auditiva provocada por ruído, estudos
transversais.
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
A música sempre fez parte das diversas culturas da humanidade,
estabelecendo um link entre o ser humano e as sensações e prazeres sentidos
através da melodia e do ritmo. A natureza da música e sua verdadeira beleza
podem ser percebidas sem estudo prévio, pois o prazer musical, ou, se desejar,
a “compreensão” da música, não está subordinado à aquisição de
conhecimentos técnicos. A “compreensão” se ampliará à medida que se
aprofundar o conhecimento das estruturas musicais, de forma e gêneros, por um
lado, e a depuração em relação aos diversos estilos, por outro lado
(1)
.
A palavra música origina-se do grego - mousiké ou mousichá – e do
latim – musica - podendo ser definida como a arte e a ciência de combinar os
sons de modo agradável ao ouvido
(2)
.
Porém, se usada de forma errônea – abuso na duração, intensidade
e/ou freqüência - seu ruído pode transformar-se em um problema para a
audição.
A audição é um sentido de alerta que nos auxilia em nossa própria
defesa. Por meio dela podemos ouvir a buzina de um automóvel ou um alarme
de incêndio. Além disso, a audição é o principal canal de desenvolvimento da
linguagem e da fala
(3)
.
O aparelho auditivo é uma das primeiras estruturas a se formar no
feto, responsável pela detecção das ondas sonoras e conversão em sinais
elétricos até o cérebro. Por volta da 22ª semana de gestação, começa a
funcionar, e o feto já começa a ouvir no útero materno, mesmo com toda a
quantidade de líquido amniótico que o isola, respondendo a certos estímulos
sonoros, como, por exemplo, aumento da freqüência cardíaca quando exposto
ao ruído
(4-5)
.
Numa audição normal, o som é captado pela orelha que o conduz
para dentro do ouvido através do canal auditivo e dirigido à membrana
timpânica, que conduz a vibração por meio dos três ossículos (martelo, bigorna
e estribo) para a cóclea. A cóclea é um órgão sensorial composto de pequenas
células, que convertem esses sinais em impulsos elétricos. Impulsos elétricos
que serão interpretados pelo cérebro
(5-6)
.
Introdução
3
O sistema de audição compreende o aparelho receptor periférico, as
vias nervosas e as áreas do sistema nervoso central. Desta forma, podem ser
distinguidas duas subdivisões principais: a parte periférica (orelhas externa,
média e interna e, o nervo auditivo com as divisões coclear e vestibular) e, a
parte central (vias centrais de audição, áreas auditivas subcortical e cortical e o
mecanismo de equilíbrio central)
(5,7-8)
.
A deficiência auditiva, que pode ser definida como qualquer distúrbio
no processo de audição normal, seja qual for sua causa, tipo ou gravidade,
constitui uma alteração auditiva e deve ser evitada. As causas são inúmeras e
compreende desde as alterações de origem congênita, adquirida até
alterações por exposições prolongadas num ambiente ruidoso
(3)
.
A perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados
(PAINPSE), excluindo-se casos de trauma acústico, caracteriza-se pela perda
gradual e progressiva da acuidade auditiva. A PAINPSE ocupa o segundo lugar
entre as doenças mais freqüentes do aparelho auditivo, sendo superada
apenas pela presbiacusia (degeneração auditiva pela idade)
(9-10)
.
A primeira referência específica a respeito do efeito do ruído na
audição foi uma observação de um sábio romano que viveu no primeiro século
da era cristã, chamado Caius Plinius Secundus. Ele observou que muitas
pessoas que viviam perto de uma das maiores cataratas do rio Nilo tinham
audição diminuída. Caius foi a primeira pessoa a relatar a associação entre
exposição ao ruído e perda auditiva
(11)
.
Júlio César, preocupado e irritado com o barulho entre os romanos,
foi o pioneiro da legislação anti-ruído, proibindo o tráfego de viaturas à noite
(11)
.
Por volta de 1730, as autoridades de Berna, Suíça, proibiram as saídas de
carruagens a partir das 21 horas, prescrevendo multas pesadas a quem não
respeitasse a lei, incomodando o silêncio e a tranqüilidade da população
(12)
.
No Brasil, o ruído foi reconhecido como poluidor ambiental apenas
em 1991
(13)
. Entretanto os dados epidemiológicos sobre perda auditiva no
Brasil são escassos e referem-se a determinados ramos de atividades, não
havendo, portanto, registros epidemiológicos que caracterizem a real situação
dos profissionais do som. Os dados disponíveis sobre as ocorrências fornecem
Introdução
4
uma idéia parcial da situação de risco relacionada à perda auditiva. Estima-se
que 25% da população trabalhadora exposta ao ruído seja portadora de perda
auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados em algum grau.
Apesar de ser o agravo mais freqüente à saúde dos trabalhadores, ainda são
pouco conhecidos seus dados de prevalência no Brasil
(14)
.
Nos Estados Unidos, cerca de dez milhões de trabalhadores têm
perda auditiva induzida por ruído
(15)
.
No Reino Unido, a PAINPSE foi a segunda doença mais frequente
relacionada com o trabalho, registrada oficialmente nos anos de 1990 e 1991
(16)
.
Além disso, 28% dos trabalhadores entrevistados em uma pesquisa referiram
estar expostos a ruído ocupacional suficientemente elevados em pelo menos 1/4
de seu tempo, e que precisavam aumentar a intensidade da voz para manterem
uma conversação num ambiente com ruído entre 85 e 90 dB
(15)
.
Baseado na World Health Organization (WHO), cerca de 16% da
população mundial tem perda auditiva induzida por exposição ocupacional ao
ruído, ou seja, aproximadamente 30 milhões de pessoas são expostas ao ruído
durante o trabalho
(16)
.
Em relação à prevalência de perda auditiva (maior ou igual a 25
decibel ou decibéis - dB) entre os percussionistas, esta está estimada em 39%,
enquanto que, na população geral, está em torno de aproximadamente 9%
(17)
.
Para se ter uma idéia da relevância do ruído, o Departamento do
Comércio dos Estados Unidos estima que 1/3 dos operários naquele país estão
expostos a níveis de ruído potencialmente prejudiciais, e o custo anual dos
efeitos do ruído industrial gira em torno de 4 bilhões de dólares, levando-se em
consideração acidentes, indenizações, faltas ao trabalho e diminuição da
eficiência
(18)
.
A PAINPSE é neurossensorial, bilateral, simétrica e irreversível. O
paciente deve ter história prolongada de exposição a níveis elevados de ruído
(> 85 dB/8 horas/dia), suficientes para causar perda no nível e configuração
observados nos testes audiológicos. A perda auditiva deve desenvolver-se
gradualmente num período de, geralmente, cinco a 20 anos de exposição
(7,19)
.
Introdução
5
A curva timpanométrica é de configuração descendente com perda
maior na região de freqüências altas do que nas baixas e médias. O grau do
dano é progressivo e o audiograma, geralmente, mostra uma perda nas
freqüências entre 3.000 e 6.000 Hertz (Hz)
(7,19)
.
Os resultados de inteligibilidade de fala (Índice Percentual de
Reconhecimento da Fala - IPRF) variam a depender das freqüências testadas
pela perda auditiva, ou seja, quando um dano na audição está limitada às
freqüências acima de 3.000 Hz, os valores de inteligibilidade máxima de fala
geralmente diminuem de acordo com o grau de comprometimento
(7,19)
. A perda
auditiva deve estabilizar-se, quando a exposição ao ruído for eliminada
(19)
.
Por atingir a cóclea, o trabalhador com PAINPSE pode desenvolver
intolerância a sons mais intensos (recrutamento), perda da capacidade de
reconhecer palavras, presença de zumbido, que, somada ao déficit auditivo
propriamente dito, prejudicarão o processo de comunicação.
A nocividade do ruído depende de alguns fatores: freqüências que
compõem o ruído, intensidade (acima de 85 dB), duração da exposição, tempo do
repouso acústico e presença de agentes ototóxicos ou circunstâncias
agravantes
(5)
.
Para se ter uma idéia, um indivíduo exposto a um nível de ruído de
85 dB, possui máxima exposição média diária permissível de oito horas, ao
passo que um indivíduo exposto a um nível de ruído de 105 dB possui máxima
exposição média diária permissível de apenas 30 minutos
(19)
.
Para diagnosticar a PAINPSE, devemos analisar
(9)
:
o gráfico audiométrico;
a história clínica e ocupacional do indivíduo;
o tempo de exposição ao ruído;
a exposição a agentes ototóxicos;
outras doenças e traumatismos.
Introdução
6
Recentemente, vem surgindo uma preocupação geral com a
ocorrência de PAINPSE causada por atividades sonoras excessivamente
amplificadas nos ambientes de lazer. Entre essas pode-se citar a exposição de
músicos, técnicos de som, sonoplastas, operadores de áudio, operadores e
editores de videotape (VT), e operadores de microfone à música intensa e de
longa duração.
Considerando os milhões de anos da evolução, o desenvolvimento e
a tecnologia trouxeram avanços e o progresso acompanhou-se de fatores
danosos ao ambiente e aos organismos. Assim é que, na natureza, raramente
encontram-se ruídos de intensidade comparável à das máquinas industriais,
eletrodomésticos, veículos automotores, aparelhos de som e brinquedos
infantis. Há um limite para a proteção da orelha contra ruídos intensos
(5)
.
Em se tratando de profissionais do som que iniciam precocemente
suas carreiras, e conseqüentemente, estão sempre expostos a sons de elevada
intensidade sonora, pode-se questionar o nível de audição desses indivíduos.
Os profissionais do som são os agentes do transporte aos
consumidores de um dos melhores produtos do país, a música popular
brasileira. Cuidar desse processo de vinculação tem grande relevância social
para a saúde, cultura e economia da nação.
Conforme avança a tecnologia e a ciência na construção e criação
de aparelhos e máquinas a serviço do homem, deve avançar também nosso
conhecimento sobre o funcionamento de nosso corpo e as possibilidades de
prevenção e proteção contra esses mesmos elementos, frutos do contínuo e
desejado desenvolvimento
(5)
.
Além disso, a deterioração da função auditiva compromete a
qualidade de vida do indivíduo, a comunicação, a educação e o lazer, com
conseqüências econômicas
(5)
.
À medida que se detectar a perda auditiva nessa população e se
tomam as devidas providências - evitar futuro tratamento com a inserção de
aparelho de amplificação sonora individual (AASI), e impedir gastos vultosos
das empresas com possíveis indenizações -, o custo desses benefícios é
evitado, além de prevenir perdas funcionais e financeiras para o país. A
Introdução
7
comunidade científica tem-se preocupado muito em estudar essas eventuais
ocorrências e procurado meios de preveni-las.
Desta maneira, este estudo foi parte de uma estratégia de
desenvolvermos massa crítica de pesquisadores para a criação da
Fonoaudiologia Baseada em Evidências, além de ter como objetivo detectar a
prevalência de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados
em profissionais do som e em indiduos eventualmente não expostos à
música, ou seja, indivíduos que não possuem o som ou a música como o
principal veículo de trabalho (não-profissionais do som).
1.1 Considerações sobre som, audição e perda auditiva
1.1.1 Som
O som é uma modificação de pressão que ocorre em meios
elásticos, propagando-se em formas de ondas ou oscilações mecânicas,
longitudinais e tridimensionais. As ondas sonoras são mecânicas, pois
necessitam de um meio material para se propagarem; são longitudinais, pois a
direção da perturbação é a mesma de sua propagação, e tridimensionais, pois
se propagam no espaço. O som resulta de um movimento ordenado e
vibratório de partículas materiais, gerando compressões e rarefações
sucessivas nos meios sólido, líquido e gasoso. Desta forma, o som não se
propaga no vácuo
(7, 20-26)
.
As características fundamentais do som são
(7,21-26)
:
A) Freqüência – é o número de vibrações por unidade de tempo ou o
número de ciclos que as partículas materiais se realizam em um
segundo (ciclos/segundo). Essa unidade recebe o nome de Hertz (Hz),
ou seja, f = c/s (Hz).
B) Intensidade – é a energia que atravessa uma área num intervalo de
tempo, ou seja, I = E/A.t
Introdução
8
Relacionada à freqüência, há a altura, que permite classificar o som
em uma escala que varia de grave a agudo. Quanto mais alta for a freqüência,
mais agudo será o som; quanto mais baixa, mais grave ele será. Já a
intensidade relaciona-se a sons fortes e fracos
(21-22,24,26)
.
O timbre não é uma qualidade do som, mas da fonte sonora. Através
dele pode-se diferenciar a mesma nota musical produzida por instrumentos ou
fontes sonoras diferentes. Essa diferenciação é possível graças à contribuição
de cada freqüência harmônica que compõe o som complexo, uma vez que a
freqüência fundamental é a mesma
(7,22,24)
.
Tom puro é o som constituído por uma única freqüência. Na
natureza, o som que mais se lhe assemelha é aquele produzido pelo diapasão.
Em Audiologia, ele é muito importante, pois a medida da acuidade auditiva é
realizada através de tons puros
(22,24)
.
A ocorrência de mais de uma freqüência relacionada harmonicamente
entre si denomina-se superposição de som complexo. A voz humana e os sons
dos instrumentos musicais são exemplos desse tipo de som que é composto pela
freqüência fundamental e pelos sons harmônicos, que são múltiplos desta
(10,21,24)
.
A superposição de várias freqüências sem relação harmônica entre
elas constitui um ruído
(22,24-26)
.
1.1.2 O que é um bom som?
Do ponto de vista técnico, um bom som é aquele que apresenta um
bom registro, uma boa modulação e uma boa relação entre a acústica do lugar e
as vozes ou ruídos do ambiente. Por exemplo, o trabalho do operador de áudio
em uma equipe de filmagem pode parecer simples, porém dependendo das
condições ambientais de uma locação e do equipamento disponível, o som pode
ser aceitável, mesmo sem apresentar uma qualidade descrita como perfeita
(27)
.
1.1.3 Audiômetro
O audiômetro é um aparelho eletroacústico utilizado na pesquisa dos
limiares tonais e vocais.
Introdução
9
O audiômetro clínico possui dois canais de forma a gerar e controlar
dois sinais independentes. Seus componentes são: interruptor ON/OFF
(liga/desliga do equipamento); atenuadores (potenciômetros graduados desde
–10 a 110 dB), variando a intensidade em nível de audição (NA) de cinco em
cinco dB; osciladores de freqüências, variando de 125 a 8.000 Hz; seletores
para fones e vibrador ósseo; gerador de ruídos ou circuito de mascaramento
(ruído de banda larga – white noise e pink noise) para mascarar os sons da
fala, e um ruído de banda estreita (narrow band) para mascarar os tons puros;
circuito de fala para logoaudiometria; interruptores para a apresentação do
sinal, fones e vibrador ósseo e microfones. Todo som gerado por esse
equipamento deve ser calibrado segundo padrão internacional
(28-30)
.
Ao se anotarem os limiares de audibilidade do paciente, para cada
freqüência, no audiograma, deve-se também marcar o padrão de calibração ao
qual o audiômetro foi submetido, visto que há valores de pressão sonora
diferentes para o zero dBNA (decibel em nível de audição) em cada padrão. Os
mais utilizados atualmente são: ANSI-69 e ISSO-64; padrões de calibração:
ASA – American Standards Association, ISO – International Standards
Organization e ANSI – American National Standards Institute
(29-30)
.
O resultado é anotado em um gráfico conhecido como audiograma
(Anexo 1). Nesse gráfico encontram-se as freqüências que variam de 250 a
8.000 Hz em intensidades desde zero a 110 dB
(22)
.
1.1.4 Cabine acústica
Para reduzir o nível de ruído na sala de teste, uma cabine acústica
se faz necessária. Esta deverá ter paredes duplas, revestidas externamente
por um material isolante, a fim de dificultar a passagem do som de fora para
dentro. O material de revestimento interno deverá ser absorvente, para dissipar
as ondas sonoras em seu interior. A cabine acústica deverá estar situada em
local menos exposto a ruídos, longe de ruas movimentadas, elevadores,
ventiladores etc
(22)
.
O local onde se faz a determinação dos limiares de audibilidade é
revestido por material isolante externamente, e de material absorvente
Introdução
10
internamente, embora deva haver um mínimo de ruído interno com o intuito de
mascarar a percepção de ruídos provenientes do próprio corpo do indivíduo
(não maior que 30 dB)
(31)
.
1.1.5 Audiometria tonal
O objetivo da audiometria tonal é a determinação dos limiares
auditivos, isto é, o estabelecimento do mínimo de intensidade sonora
necessária para provocar a sensação auditiva e a comparação desses valores
ao padrão de normalidade, usando-se como referência o tom puro
(22,29,32-34)
.
1.1.6 Audiometria vocal (logoaudiometria)
A logoaudiometria ou audiometria vocal é uma técnica na qual amostras
padronizadas de linguagem oral são apresentadas através de um sistema calibrado
para medir aspectos da capacidade auditiva, estabelecendo-se uma porcentagem
de palavras entendidas corretamente em função da intensidade, para que sejam
medidas e expressas em decibel ou decibéis
(22,32-33)
.
Os limiares logoaudiométricos mais empregados na rotina audiológica
é o limiar de recepção da fala (Speech Reception Threshold - SRT) (Anexo 2),
também denominado limiar de inteligibilidade e, o limiar de discriminação ou IPRF
– Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (Anexo 3)
(22,32)
.
Após a realização da anamnese, audiometria tonal (via aérea e,
quando necessário, a via óssea) e logoaudiometria (SRT e IPRF) é aplicado o
mascaramento somente quando realmente se faz necessário, ou seja, apenas
quando os limiares da via aérea e via óssea são assimétricos (quando ocorre
uma diferença igual ou maior que 35 dB, em uma ou mais freqüências), como
nos casos de perdas unilaterais ou bilaterais assimétricas. O mascaramento é
o processo no qual o limiar de audibilidade para um som é elevado pela
presença de um outro som (mascarador). O mascaramento na prática é
utilizado para elevar o limiar da orelha com melhor acuidade auditiva evitando,
assim, sua participação na avaliação da orelha pior
(22,33)
.
Introdução
11
1.1.7 Detecção auditiva
A detecção ocorre quando pelo menos um dos componentes tonais
encontra-se na faixa de freqüências entre 20 e 20.000 Hz e tem amplitude
suficiente para provocar um efeito significativo nos modelos de estimulação
elétrica no nervo auditivo. Este é o limiar de audição, o som mais fraco que o
ouvido humano pode detectar, medido através de um tom puro; varia com a
freqüência e foi designado para equipamentos de testagem auditiva um valor
de zero como referente à média dos limiares de audição de indivíduos adultos
otologicamente normais
(32)
.
Todo trabalhador exposto a ruído deve ser submetido a um processo de
rastreamento da PAINPSE, sendo que um indivíduo só será considerado exposto
ao risco de adquirir um dano auditivo devido a ruído, quando o tempo de exposição
diário ultrapassar o limite proposto para cada nível de pressão sonora
(9,28)
.
Os valores dos limiares auditivos aéreos e ósseos de indivíduos
otologicamente normais encontram-se menores ou iguais a 25 dBNA em todas
as freqüências examinadas
(28)
.
1.1.8 Tipos de perdas auditivas
As perdas auditivas podem ser divididas em condutivas, neurossensoriais,
mistas, centrais ou funcionais
(3,22,29,33-34)
.
São consideradas perdas auditivas condutivas aquelas que resultam
de patologias que atingem o ouvido externo e ou médio, reduzindo, dessa forma,
a quantidade de energia sonora a ser transmitida para o ouvido interno.
Na
maioria dos casos, essas perdas costumam ser reversíveis, após tratamento
medicamentoso ou cirúrgico. Um exemplo é a perda auditiva causada por
infecções de ouvidos (otites). O quadro de sinais e sintomas apresenta as
seguintes características: história de infecção de ouvido com secreção;
sensação de líquido no ouvido ou perda auditiva; possível presença de zumbido;
perda auditiva por via aérea, estando normais os limiares tonais por via óssea. O
gap entre as vias aérea e óssea deve ser de, no mínimo, 15 dB e, de no
Introdução
12
máximo, 60 dB sem o paciente apresentar dificuldade para discriminar a fala
durante a logoaudiometria
(3,22,29,33-34)
.
As perdas auditivas neurossensoriais são as resultantes de
distúrbios que comprometem a cóclea ou o nervo coclear (VIII par). Esse tipo é
geralmente irreversível. Um exemplo é a deficiência auditiva causada pela
meningite ou a própria PAINPSE. O quadro de sinais e sintomas apresenta as
seguintes características: história de perda progressiva, com causa
desconhecida ou determinada; antecedentes familiares ou associação da
deficiência auditiva com outras alterações orgânicas; presença de zumbido, e
queixa de tontura ou vertigem. Quando a perda auditiva é bilateral, o paciente
pode apresentar alteração da qualidade vocal e de seu padrão articulatório; a
perda auditiva atinge a via aérea e a via óssea, sendo que, na maioria dos
casos, não há presença de gap entre os limiares das vias aérea e óssea no
mesmo ouvido ou este é de, no máximo, 10 dB. O indivíduo com essa perda
neurossensorial pode apresentar dificuldade durante a logoaudiometria,
mesmo quando essa é suficientemente intensa para que a ouça
(3,22,29,33-34)
.
As perdas auditivas mistas são aquelas em que aparecem
componentes condutivos e neurossensoriais em um mesmo ouvido. A alteração
está localizada no ouvido externo e/ou médio e no ouvido interno. Esse tipo de
deficiência auditiva pode ocorrer devido a fatores genéticos, tendo o indivíduo
uma malformação nos ossículos do ouvido médio e na cóclea. O quadro de
sinais e sintomas apresenta as seguintes características: geralmente o
componente neurossensorial aparece depois de um problema condutivo crônico;
nos casos de traumas cranianos, pode também apresentar o contrário, ou seja,
o paciente primeiro apresenta uma patologia neurossensorial e, depois de algum
tempo, um problema condutivo. A audiometria tonal pode apresentar gaps entre
as vias aérea e óssea em algumas freqüências, estando ambas acopladas a
outras; o gap é variável, dependendo do grau de comprometimento condutivo ou
neurossensorial; a discriminação vocal pode não estar comprometida, se o
componente condutivo predominar
(3,22,29,33-34)
.
A perda auditiva central atinge a via auditiva central, ou seja, a porção
do nervo coclear e de suas conexões, que se encontram entre o núcleo coclear
Introdução
13
e o córtex do lobo temporal, apresenta nível de audição normal e dificuldade na
compreensão da mensagem. Podem estar presentes componentes neurológicos
associados
(21,28,33)
.
Por fim, as perdas funcionais são decorrentes de alterações como
trauma emocional e psicogênico. Nesse tipo de deficiência auditiva, o paciente
não apresenta alteração orgânica no aparelho auditivo periférico ou central
(33)
.
Recentemente, o termo perda auditiva induzida por ruído (PAIR) ou
perda auditiva induzida por ruído ocupacional (PAIRO) tem sido melhor
substituído por perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados
(PAINPSE). A justificativa para a utilização dessa nova terminologia é o fato de
que, independentemente de a exposição estar relacionada a ruído ou a
música, o que vai definir a ocorrência da lesão auditiva é o nível de pressão
sonora elevado. Dessa forma, a NR-7- Portaria nº19 de abril de 1998 utiliza
essa terminologia para incluir também os trabalhadores expostos à música
elevada na metodologia de controle audiométrico
(28)
. Vale ressaltar que
utilizamos uma terminologia diferente no artigo publicado na revista BMC
Public Health (High frequency hearing loss consistent with noise exposure),
devido às sugestões de seus revisores (Anexo 4).
Introdução
14
1.2 Objetivos
Geral
Aferir a prevalência de perda auditiva em profissionais e não-
profissionais do som.
Específicos
Comparar a prevalência de perda auditiva entre ambos os grupos
estudados;
Conhecer os hábitos auditivos e queixas relatadas pelos participantes
por meio de questionário;
Correlacionar com supostos fatores que possam interferir mais em um
grupo do que em outro, como, por exemplo, uma diferença ocorrida em
virtude da exposição excessiva a níveis elevados de som.
Pergunta
Qual é a prevalência de perda auditiva em profissionais e não-
profissionais do som?
1.3 Hipótese
Os profissionais de som apresentam uma maior prevalência de perda
auditiva quando comparada aos não-profissionais de som.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Revio da Literatura
16
Em revisão da literatura realizada no Medical Subject Heading of US
National Library of Medicine – Medline (1966-2007), Literatura Latino-
Americana do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS (1982-2007), Excerpta
Médica – EMBASE (1980-2007) e Cochrane Central Register of Controlled
Trials – CENTRAL (Cochrane Library issue 1, 2007) em abril de 2007,
localizamos 153 artigos com a seguinte estratégia de busca:
((hearing loss) OR (hearing impairment) OR hypoacusis OR hypoacuses OR (pitch
discrimination) OR (pitch discriminations) OR earplugs OR earplug OR earmuffs OR
earmuff OR (ear protective devices) OR (ear protective device) OR (hearing
protective devices) OR (hearing protective device)) AND ((sound technician) OR
(sound technicians) OR musicians)
Além disso, pesquisamos assuntos relevantes em jornais e sites
instrutivos, como, por exemplo, Google.
Porém, em nenhum desses 153 artigos encontrados, foram
localizados artigos sobre aferição do nível de audição em profissionais do som
como, por exemplo, em técnicos de som, operadores de áudio, operadores de
microfone, editores de VT, sonoplastas etc. Assim sendo, citaremos alguns
artigos realizados com outra população de estudo (músicos, trabalhadores em
indústrias, adolescentes que freqüentam discotecas, entre outros), com a
finalidade de embasar nossa pesquisa, já que também esses indivíduos estão
expostos à níveis elevados de som.
Vários estudos com músicos de diversos ritmos populares, como, por
exemplo, músicos de blocos carnavalescos (frevo e maracatu) e de trios
elétricos de Salvador, dance music disc jockeys (DJs), músicos de orquestra
sinfônica, música pop e estilo rock, demonstraram uma alteração na
configuração da curva audiométrica sugestivas de PAINPSE, com uma média
de 108 a 119 dB, sendo o nível máximo de pressão sonora mensurada durante
a realização dos ensaios e apresentações dos trabalhadores como músicos. As
queixas mais frequentemente relatadas foram zumbido e tontura. Os hábitos
auditivos mais citados foram freqüência a discotecas e uso de walkman
(35-46)
.
Revio da Literatura
17
Andrade et al, (2002)
(35)
relataram que indivíduos expostos às mesmas
intensidades de ruído podem apresentar respostas diferentes. Além dos níveis de
pressão sonora (NPS) e do tempo de exposição, a ocorrência de perda auditiva
em músicos pode estar associada à ocorrência de outros fatores referidos em
conseqüência dessa exposição: zumbido, tontura, sensação de plenitude
auricular, alterações nos aparelhos cardiológico, gástrico e muscular, mudanças
de humor, estresse e irritabilidade. Além disso, idade e tempo de trabalho como
músico são fatores que influenciam a ocorrência das alterações auditivas.
Alguns estudos realizados com trabalhadores de manufaturas que se
submetem diariamente ao ruído das máquinas constataram que a maioria dos
indivíduos não utiliza o protetor auricular, ou seja, a maioria dos funcionários
está exposta ao risco de ocorrência de perda auditiva em virtude da exposição
intensa aos ruídos das máquinas
(47-49)
.
Outro estudo relacionado com a audição de percussionistas
demonstrou que o limiar auditivo dessa população é pior do que o de
indivíduos sem história de exposição ao ruído rotineira em torno de cinco até
11 dB. Embora os percussionistas estejam cientes dos perigos da exposição
repetida à música alta e dos benefícios do uso de equipamento de proteção
individual (EPI), sua disposição em usá-lo é decepcionante
(17)
.
Laitinen et al, (2005)
(50)
realizaram um estudo transversal para analisar
as atitudes de músicos de orquestras em relação ao uso de protetores
auriculares. Foi-lhes solicitado o preenchimento de um questionário com
perguntas sobre EPI, sintomas da orelha, incluindo zumbido e perda auditiva.
Além disso, foram realizadas perguntas a respeito de estresse e ambientes de
trabalho. Daqueles que responderam, somente 6% dos músicos reportaram a
utilização freqüente dos dispositivos auriculares. Sensação de perda auditiva foi
bem comum entre os entrevistados, sendo que 31% dos músicos relataram
alguma perda na audição. O zumbido temporário foi ainda mais comum em 37%.
Hiperacusia (aumento anormal na sensação de intensidade do som em resposta a
estímulos auditivos de volume normal) foi referido por 43% dos músicos. Os
protetores auditivos foram usados mais freqüentemente entre os músicos que
reportaram mais sintomas no ouvido (20%) do que aqueles que não relataram
qualquer sintoma (6%).
Revio da Literatura
18
Em relação à implantação de Programa de Conservação Auditiva
(PCA), a maioria dos estudos realizados, tanto com músicos quanto com
trabalhadores em fábricas e em agricultura, sugeriu a aplicação desse programa
pela falta de consciência dos indivíduos expostos ao ruído dos riscos inerentes de
instalação de perda auditiva decorrente da exposição à música intensa
(35, 45, 49-57)
.
Em relação aos adolescentes que freqüentam discotecas, Weichbold et
al, (2003)
(58)
investigaram a efetividade de campanhas de educação para
utilização de protetor auricular com intuito de impedir o risco de ocorrência de
perda auditiva pela permanência desses indivíduos em discotecas. Os autores
concluíram que a campanha proporcionou pequeno efeito para os adolescentes
frequentadores assíduos de discotecas utilizarem o protetor auricular.
Foram realizados outros estudos sobre o efeito do ruído na audição
de freqüentadores de discotecas. Os resultados obtidos demonstraram que a
maioria dos voluntários que participaram do estudo achou a música muito alta.
A prevalência de zumbido também se mostrou muito alta para aqueles que
freqüentam casas noturnas. Além disso, os autores sugeriram que, para evitar
a ocorrência de perda auditiva, os freqüentadores de casas noturnas deveriam
diminuir suas visitas às mesmas ou ir a discotecas que possuem um nível
sonoro mais baixo e, portanto, mais adequado à audição
(59-60)
.
Uma de nossas buscas de pesquisa no Google recuperou um site
sobre técnicos de som, em que uma enquete online questionava o público
sobre a qualidade de som dos shows no Brasil. O resultado dessa pesquisa
mostrou que 39,08% dos participantes acham que a qualidade de nosso som é
boa, 31,03% consideram satisfatória, e apenas 11,49% dos votados reputam o
som de qualidade excelente
(61)
.
Segundo nota publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, existe a
possibilidade de a cidade ter lei que limita ruídos de estabelecimentos como
bares, obras civis e trânsito sem um estudo com dados técnicos sobre o
barulho produzido por eles. Além disso, especialistas criticam estudos sobre
barulho na cidade terem sido realizados apenas nos anos 70. A prefeitura
garante que pretende fazer estudo ambiental de ruídos, mas alega falta de
verbas. Só o software custa 70 mil reais, além dos aparelhos para captar
variações de ruídos
(62)
.
Revio da Literatura
19
Outra matéria publicada no mesmo jornal mostrou um administrador que
gastou cerca de 10 mil reais para reduzir o ruído em 10 dB em sua casa no Bom
Retiro, São Paulo (SP). Após anos de convívio com o barulho dos carros, o
morador decidiu blindar sua casa contra ruídos, revestindo desde o telhado até
janelas e portas
(62)
.
Em relação às evidências existentes quanto à efetividade do protetor
auricular, encontramos uma revisão sistemática na Cochrane Library sobre
intervenções para promover o uso de protetores auriculares em trabalhadores
expostos ao ruído acima de 85 dB. Os autores da revisão concluíram que, até
o momento, as evidências disponíveis não demonstram que o uso de
informações personalizadas (informações gerais baseadas em preditor teórico
do uso de EPI, mas ajustadas para os resultados obtidos no questionário
específico sobre o uso de protetores auriculares) para motivar os trabalhadores
a utilizar os protetores auriculares, seja melhor do que informações gerais,
como, por exemplo, oferecer apenas vídeo comercial educativo
(63)
.
Há também alguns ensaios clínicos que verificaram a eficiência de
campanhas para o uso de protetores auriculares em trabalhadores de indústrias
expostos ao ruído, estudantes freqüentadores de discotecas e adolescentes
trabalhadores na agricultura. Os resultados desses estudos mostraram que há um
pequeno efeito em relação às campanhas para a utilização do protetor auricular,
principalmente em se tratando de adolescentes. Porém os autores recomendam
futuras pesquisas, para entenderem a resistência (barreira) ao uso dos protetores
auriculares e para maximizar os benefícios dessa intervenção
(47,52,58)
.
Outrossim, por meio da base de dados Cochrane Library, localizamos
um ensaio clínico com o objetivo de determinar se a atenuação do ruído com o uso
de dispositivos de proteção das orelhas pode ser melhorada por meio de
informações sobre a inserção adequada dos protetores auriculares nos
participantes do estudo. Cinqüenta e quatro homens foram randomizados e
divididos em dois grupos. O grupo treinado (29 participantes) recebeu orientações
de como inserir os protetores auriculares e foram autorizados a praticar o
procedimento, enquanto o segundo grupo (25 participantes) não recebeu qualquer
Revio da Literatura
20
orientação (grupo-controle). Os resultados indicaram que o treinamento da inserção
dos protetores auriculares é importante para diminuir a atenuação do ruído
(64)
.
Park et al, (1991)
(65)
verificaram a efetividade dos protetores
auriculares em trabalhadores de indústrias. Os autores também concluíram
que a eficácia dos protetores auriculares era significante apenas quando os
participantes eram treinados para utilizá-los e conscientizados da importância
do mesmo.
Deus et al, (2006)
(66)
avaliaram os efeitos da exposição à música em
professores de academia em ginástica. A amostra foi colhida da prefeitura da
cidade de Florianópolis, Santa Catarina (SC), perfazendo um total de 14
academias e 40 professores. Dos 40 professores avaliados, 11 apresentaram
alteração em pelo menos um limiar de uma orelha (acima de 25 dB). Dos 11
professores com alterações, 10 obtiveram alteração entre 3.000 Hz e 6.000 Hz,
com configuração de curva audiométrica sugestiva de PAINPSE.
3 MÉTODO
Método
22
Este estudo recebeu financiamento da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, sob o número de projeto
aprovado 04/10655-5, para a compra do audiômetro digital AD229, cabine
acústica portátil e otoscópio clínico, utilizados nesta pesquisa. Além disso, este
trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São
Paulo - Escola Paulista de Medicina (Anexo 5).
3.1 Tipo de estudo
Estudo transversal comparativo entre dois grupos: profissionais e
não-profissionais do som (indivíduos sem história de exposição ao ruído
contínuo).
3.2 Local do estudo
As avaliações e questionários foram aplicados no Centro Cochrane
do Brasil, na Rede Record de Televisão e na Rede Cultura de Televisão (TV
Cultura). Para a realização dos exames audiométricos, utilizamos cabine
acústica portátil. Consideramos como sala silenciosa um ambiente com níveis
de ruído variando entre 55 a 60 dB, conforme Norma Técnica da Portaria 3214
do Ministério do Trabalho e Secretária de Segurança do Trabalho
(67)
.
O nível de pressão sonora no local da realização dos exames foi
aferido com um aparelho de medição de acordo com American National
Standards Institute (ANSI) S1.4-1983. Isso nos permitiu verificar se o ambiente
que acomodou a cabine foi adequado para a realização da audiometria.
3.3 Critérios de inclusão
Adultos (> 19 anos) sem distinção de sexo e etnia.
Grupo de profissionais do som: técnicos de som, sonoplastas,
operadores de áudio, operadores e editores de VT e operadores de
microfone, em ambientes fechados e ou abertos, com, no mínimo, cinco
anos
(7,19)
de exposição a atividades sonoras;
Método
23
Grupo de não-profissionais do som: indivíduos sem história de exposição
ao ruído contínuo (não-profissionais de som), ou seja, participantes expostos
eventualmente à música, não possuindo esta como instrumento de trabalho.
Trabalhadores expostos a altos níveis de ruído industrial, como, por
exemplo, operários de manufaturas, motoristas de ônibus, operadores de
britadeiras etc, foram excluídos deste grupo.
3.4 Critérios de exclusão
Relacionamos abaixo os critérios de exclusão para ambos os grupos de
estudo:
indivíduos usuários de aparelhos de amplificador sonoro individual
(AASI), popularmente conhecidos como próteses auditivas;
indivíduos com deficiência auditiva congênita diagnosticada
(genética ou adquirida);
indivíduos com presença de colabamento do meato acústico
externo e ou excesso de cerúmen (otorréia);
3.5 Consentimento livre e esclarecido
Todos os participantes do estudo assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido (Anexo 6).
3.6 Definições dos desfechos analisados (variáveis)
Os eventos foram mensurados apenas uma única vez num
determinado período de tempo.
Método
24
Casos com alterações auditivas diagnosticadas durante o exame, ou
obstruções foram encaminhados ao ambulatório do Serviço de
Otorrinolaringologia do Hospital São Paulo, Universidade Federal de São
Paulo/Escola Paulista de Medicina, para avaliação detalhada e demais
procedimentos necessários.
3.7 Variável primária mensurada
3.7.1 Proporção de perda auditiva
Verificamos o nível de audição dos participantes nas seguintes
freqüências: 250 Hz, 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz, 3.000 Hz, 4.000 Hz, 6.000 Hz e
8.000 Hz, além de realizar a logoaudiometria (SRT e IPRF)
(33)
.
Foram considerados como perda auditiva induzida por níveis de pressão
sonora elevados (PAINPSE) os casos cujos audiogramas, nas freqüências de
3.000 e/ou 4.000 e/ou 6.000 Hz, apresentaram limiares auditivos acima de 25
dBNA e mais elevados do que nas outras freqüências testadas (isto é, 250 Hz, 500
Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 8.000 Hz), estando estas comprometidas ou não, tanto no
teste da via aérea quanto no da via óssea, em um ou em ambos os ouvidos
(28)
.
Em relação ao grau da perda auditiva, consideramos como
parâmetro a classificação de Merluzzi (1979)
(68)
, que se baseia na análise
gráfica do audiograma, considerando os limiares auditivos de cada freqüência
(500 a 8.000 Hz) isoladamente (Quadro 1):
Quadro 1: Classificação das perdas auditivas em relação ao grau*.
Grau 0
Limiares auditivos até 25 dB.
Grau 1**
Limiares maiores ou iguais a 30 dB em 4, 6 ou 8 KHz.
Grau 2
Limiares maiores ou iguais a 30 dB, também em 3 KHz.
Grau 3
Limiares maiores ou iguais a 30 dB, também em 2 KHz.
Grau 4
Limiares maiores ou iguais a 30 dB, também em 500 Hz.
Grau 5
Perda em altas freqüências atribuídas ao ruído associado à perda
atribuída a outra causa.
Grau 6
Perda por outras causas (ototoxidade, presbiacusia, infecções, etc).
Fonte: Merluzzi F
(66)
*Tipo de perda auditiva, segundo classificação de Merluzzi (1979) – Grau 0 : Normal; Graus 1, 2, 3 e 4: perda de audição
induzida por ruído; Grau 5: perda por causa mista (ruído e outra causa); Grau 6: perda por causa diversa de ruído.
**Indivíduos com alterações apenas nas freqüências de 250 Hz e/ou 500 Hz e/ou 1 KHz, também consideramos como grau
de perda auditiva o nível 1 do quadro apresentado segundo Merluzzi (1979), embora não classificamos estes mesmos
pacientes com perda de audição induzida por ruído.
Método
25
3.8 Variáveis secundárias mensuradas
3.8.1 Hábitos auditivos e queixas correlatas
O questionário foi previamente realizado pela pesquisadora principal,
levando em consideração os principais itens para realizar uma anamnese
voltada para a prática audiológica (Anexo 7). Em cada questionário, foi
identificada a data da última aferição acústica do audiômetro, a fim de a
calibração manter-se atualizada.
A anamnese antecedeu a avaliação e abordou os seguintes aspectos
(29)
:
identificação (nome, idade, sexo e profissão);
queixa auditiva (ocorrência ou não);
sintomas auditivos (zumbido, desconforto a sons intensos, sensação de
ouvido tapado etc.);
sintomas vestibulares (tonturas, náuseas etc.);
antecedente pessoal (doenças que podem comprometer o sistema
auditivo, como meningite bacteriana, rubéola, caxumba, sarampo, sífilis,
diabetes, pressão alta, traumas cranianos, perfuração da membrana
timpânica, otalgia, otorréia etc.);
antecedentes familiares de deficiência auditiva (congênita);
dificuldade do indivíduo em compreender o que as pessoas dizem
(exclusão de relatos comuns, como dificuldade de audição em
ambientes ruidosos ou enunciação baixa do interlocutor);
exposição a sons/música atual e prévia, ocupacional e/ou por lazer (a
referência à exposição a sons de cada participante do grupo não-
profissionais do som restringe-se àqueles provindos de atividades de
lazer, como, por exemplo, uso de walkman, iPod);
utilização de EPI nos participantes do grupo profissionais do som (casos
em que o indivíduo relatou a utilização do mesmo por, no mínimo, 20%
do total de tempo de trabalho como profissional do som);
hábitos auditivos/tempo de cada exposição (freqüência de discotecas e
ou uso de walkman, iPod, no mínimo uma vez por semana, prévia e/ou
atualmente);
informações complementares (exposição a agentes ototóxicos, como, por
exemplo, solventes e metais, em ambos os grupos).
Método
26
3.9 Amostra
3.9.1 Profissionais do som
Consideramos em nossa amostra do grupo de profissionais os técnicos
de som, profissionais de sonoplastia, operadores de áudio, operadores de VT,
editores de VT e operadores de microfone (boo man).
Segue abaixo a definição de cada profissão relacionada ao som:
O profissional da família dos técnicos de som deve ser capaz de
proceder à manutenção de toda a aparelhagem de áudio, além de efetuar
montagens e testes de equipamentos de áudio, mantendo-os dentro dos padrões
estabelecidos.
Os sonoplastas devem ser capazes de ajustar as freqüências de
uma música ou de instrumentos, fazer mixagens e encarteamento de sons
como efeitos sonoro. Além disso, são responsáveis pela realização e execução
de efeitos especiais e fundos sonoro solicitados pela produção ou direção dos
programas
(69)
.
Os operadores de áudio devem estar habilitados a modular os níveis
de intensidade (projetar ou diminuir a voz de um indivíduo) entre duas ou mais
pessoas, ou, então, níveis diferentes de intensidade entre dois ou mais
instrumentos. Além disso, operam mesa de áudio durante gravações e
transmissões, respondendo por sua qualidade
(69)
.
Os operadores de VT operam as máquinas de gravação e
reprodução dos programas em videotape, mantendo responsabilidade direta
sobre os controles indispensáveis à gravação e reprodução
(69)
.
Os editores de VT editam os programas gravados em videotape;
manejam as máquinas operadoras durante a montagem final e edição; ajustam
as máquinas; determinam, conforme orientação do diretor de programa, o
melhor ponto de edição
(69)
.
Método
27
Os operadores de microfone cuidam da transmissão através de
microfones dos estúdios ou externas de televisão, até as mesas controladoras,
sob as instruções do diretor de imagens ou do operador de áudio
(69)
.
3.9.2 Seleção da amostra
Os participantes do grupo de não-profissionais do som foram
recrutados para a pesquisa por meio de convite, dentre médicos, funcionários e
alunos da UNIFESP/EPM, sem conhecimento de uma suposta alteração
auditiva. Incluíram-se, ainda, trabalhadores de restaurantes e lojas das
redondezas da UNIFESP/EPM, situada no bairro Vila Clementino, SP.
Os participantes do grupo de profissionais do som foram
selecionados através do site www.paginadosom.com.br e, contatados por
telefone. Além disso, recrutamos funcionários da Rede Record de Televisão e
da Rede Cultura de Televisão (TV Cultura), bem como deixamos anúncio no
site online da Associação Brasileira dos Profissionais de Áudio (ABPAudio) e
no Instituto de Áudio e Vídeo (IAV) para possível contato com a pesquisadora.
Todos os participantes do estudo assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da UNIFESP (Anexo 6).
3.10 Método estatístico
3.10.1 Cálculo do tamanho da amostra
Para o cálculo do tamanho da amostra a ser utilizada na
comparação da prevalência de perda auditiva no grupo de profissionais do som
(P
PE
) e no grupo de não-profissionais do som (P
PNE
), considerou-se a
comparação de duas proporções por meio da relação referida por
Pocock,1983
(70)
:
Método
28
2
2
)(
)1()1((
Θ
+
=
PEPNE
PEPEtPNEPNE
PP
PPPP
n
Em que
βα
ZZ +=Θ
sendo Z
α
e Z
β
respectivamente os escores de confiança
ligados aos intervalos de confiança (IC) (1-α) x 100% e (1-β) x 100%.
Considerando-se a prevalência de perda auditiva no grupo de
percussionistas e na população geral (estimada por Cunningham, 2006
(17)
,
respectivamente, em P
PE
= 0,39 e P
PNE
= 0,9) e dada a intenção de realizar-se
a comparação a um nível de significância α de 5% com poder estatístico 1-β de
95% e um teste de hipótese bicaudal, temos que
94,265,1 =+=
+
=
βα
ZZ
, o
que recomenda a utilização de, no mínimo, 50 participantes em cada grupo.
3.10.2 Análise estatística
Com o propósito de realizar uma análise descritiva dos dados
coletados, estes foram organizados em tabelas, figuras e medidas-resumo
(média, mediana, mínimo, máximo, desvio-padrão e quartis). Essencialmente o
estudo comparou dois grupos (profissionais e não-profissionais do som) por meio
de variáveis. Na parte inferencial do estudo, utilizamos o Independent Sample t-
Test with homogeneity sempre que a variável de comparação (variável de
desfecho) foi contínua, além de apresentar distribuição normal ou
aproximadamente normal (avaliada pelo Kolmogorov-Smirnov Test) e apresentar
variâncias iguais (avaliada pelo Levene’s Test). Quando a variável de comparação
se apresentou nominal ou foi contínua com distribuição anormal, utilizamos o
teste de Mann-Whitney (U-Test). Na comparação de proporções, utilizamos o chi-
square test ou o Fisher’s Exact Test de acordo com as condições estabelecidas
por Cochran, 1954
(71)
. As tabelas e os cálculos estatísticos foram realizados no
software SPSS for windows versão 13.0. Valores de p menores que 0,05 foram
considerados estatisticamente significantes.
Método
29
3. 11 Como os dados foram colhidos
Foi solicitado aos profissionais do som, repouso auditivo de 14
horas, segundo Norma Técnica da Portaria 19 do Ministério do Trabalho e da
Secretária de Segurança do Trabalho, de 22 de abril de 1998
(28)
. Aplicamos um
questionário (Anexo 7) sobre os hábitos auditivos, queixas correlatas, sintomas
(tontura, zumbido etc) e levantamos dados do participante (história clínica,
história familiar, tempo de exposição aos sons etc). Foi realizada inspeção
visual do meato acústico externo dos participantes, por meio do otoscópio,
para eliminar presença de obstruções que alterassem o resultado do exame
(67)
.
Foi realizada avaliação audiológica (Anexos 1, 2 e 3) e, para tal
objetivo, utilizamos o audiômetro portátil AD229 E Digital, calibrado segundo o
padrão ANSI S3.6 (1989)
(28,32,34)
. Além disso, utilizamos uma cabine acústica
para a realização do exame.
4 RESULTADOS
Resultados
31
Parte I – Dados demográficos dos participantes do estudo
A tabela 1 e a figura 1 apresentam a distribuição dos participantes
segundo idade e sexo nos grupos estudados.
Tabela 1 – Distribuição dos participantes segundo idade e sexo nos grupos
estudados
Profissionais do som
Não-profissionais do
som
Variáveis
n=82 % n=95 %
p
Idade
<25
8 9,8 9 9,5 0,949
a
25 a 35 33 40,2 52 54,7 0,054
a
36 a 45 23 28,0 21 22,1 0,316
a
>45
18 22,0 13 13,7 0,149
a
Média ± DP 37,38 ± 9,98 35,09 ± 9,56
0,122
b
Mín-Máx 20-65 22-65
Sexo
Feminino 4 4,9 4 4,2
Masculino 78 95,1 91 95,8
0,718
a
a
Chi-Square Test
b
Independent Sample t- Test with homogeneity
DP = desvio padrão
Mín = minima
Máx = máxima
A tabela 1 mostra uma predominância de indivíduos dentro da faixa
etária entre 25 e 35 anos no grupo de profissionais do som (40,2%) e no grupo
de não-profissionais do som (54,7%), sem diferença estatisticamente
significante entre as freqüências das faixas etárias (todas as faixas apresentam
p>0,05) e, entre a média das idades (p=0,122). Em relação à proporção de
participantes do sexo feminino nos grupos em estudo, não houve diferença
estatisticamente significante (p=0,718).
Resultados
32
Freq = frequência
Prof. = profissionais
Figura 1 – Distribuição conjunta da idade segundo os grupos estudados.
A figura 1 demonstra a homogeneidade em relação à idade entre os
grupos estudados nas diversas faixas etárias. Tal resultado é corroborado pelo
chi-square test (p>0,05).
A tabela 2 e a figura 2 demonstram a distribuição dos participantes do
grupo de profissionais do som segundo a profissão (técnico de som, sonoplasta,
operador de áudio, operador e editor de VT e, operador de microfone).
Tabela 2 – Distribuição dos profissionais do som segundo a profissão
Profissão Freqüência %
Técnico de som 30 36,59
Sonoplasta 24 29,27
Operador de Áudio 10 12,20
Operador de VT 7 8,54
Editor de VT 5 6,10
Operador de microfone 6 7,32
Total
82 100,00
VT = videotape
0
10
20
30
40
50
60
<25 25 a 35 36 a 45 >45
Freq
Prof. Som
Não-Prof. Som
Resultados
33
Na tabela 2, observa-se um predomínio de técnicos de som
(36,59%), seguido dos sonoplastas (29,27%), operadores de áudio (12,20%),
operadores de VT (8,54%) e operadores de microfone (7,32%) e, por último, os
editores de VT (6,10%).
36,59%
29,27%
12,20%
8,54%
7,32%
6,10%
Técnico de som Sonoplasta Op. Áudio
Op. VT Op. Microfone Editor de VT
Op. = operador
VT = videotape
Figura 2 – Distribuição dos profissionais do som segundo a profissão.
A figura 2 evidencia um predomínio da profissão técnico de som (36,59%).
Resultados
34
Parte II – Dados demográficos em relação às condições auditivas
relatadas pelos participantes do estudo durante aplicação do questionário
A Tabela 3 exibe a distribuição dos participantes segundo presença
de queixa auditiva, sintomas, antecedentes familiares, zumbido e exposição a
agentes ototóxicos nos grupos em estudo.
Tabela 3 – Distribuição dos participantes segundo presença de queixa auditiva,
sintomas, antecedentes familiares, zumbido e exposição a agentes ototóxicos
nos grupos em estudo
Profissionais do
som
Não-profissionais do
som
Variáveis
n=82 % n=95 %
p
Queixa auditiva
Não 60 73,2 84 88,4
Sim 22 26,8 11 11,6
0,009
a
Sintomas
1= Três ou mais 6 7,3 11 11,6
2= Exatamente dois 15 18,3 9 9,5
3= Exatamente um 23 28,0 19 20,0
4=Nenhum 38 46,3 56 58,9
Mediana(Q1-Q3) 3(2-4) 4(3-4) 0,192
b
Antecedentes familiares
Não 79 96,3 85 89,5
Sim 3 3,7 10 10,5
0,081
a
Zumbido
Não 52 63,4 84 88,4
Sim 30 36,6 11 11,6
<0,001
a
Exp. a agentes ototóxicos
Não 72 87,8 84 88,4
Sim 10 12,0 11 11,6
> 0,05
a
Chi-Square Test
b
Mann Withey U test
Exp. = exposição
Na tabela 3, observa-se uma diferença estatisticamente significante
(p=0,009) entre a proporção de queixas auditivas no grupo de profissionais do
Resultados
35
som e a proporção no outro grupo. Os dados evidenciam uma maior proporção
de queixas no primeiro grupo (26,8%) quando comparado com a proporção no
segundo grupo (11,6%).
Na tabela 3, observamos que 28% dos indivíduos do grupo de
profissionais do som apresentaram exatamente um sintoma; cerca de 18,3%
dos indivíduos do mesmo grupo apresentaram dois sintomas; e cerca de 46,3%
dos indivíduos deste mesmo grupo apresentaram nenhum sintoma. Oportuno
observar que o teste de Mann Whitney acusou ausência de associação
estatisticamente significante entre o número de sintomas e os grupos
estudados (p = 0,192).
Em relação ao zumbido, houve uma diferença estatisticamente
significante entre os grupos estudados (p<0,001), com maior proporção de
zumbidos no grupo de profissionais do som quando comparado com o outro
grupo (36,6% contra 11,6%). Em relação aos antecedentes familiares e
exposição a agentes ototóxicos, não foi encontrada diferença estatisticamente
significante entre os grupos estudados (p>0,05).
36,6%
11,6%
63,4%
88,4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Sim Não
Presença de zumbido
Profissionais do som Não-profissionais do som
Figura 3 – Distribuição dos participantes segundo a presença de zumbido.
Resultados
36
A tabela 4 exibe a distribuição dos participantes segundo tipo de
exposição sonora, média diária de exposição sonora, hábitos auditivos e
dificuldade de compreensão auditiva nos grupos em estudo.
Tabela 4 – Distribuição dos participantes segundo tipo de exposição sonora,
média diária de exposição sonora, hábitos auditivos e dificuldade de
compreensão auditiva nos grupos em estudo
Profissionais do
som
Não-profissionais do
som
Tipo de exposição sonora
n=82 % n=95 %
p
Prévia e lazer 0 0,0 5 5,3
Atual e lazer 0 0,0 1 1,1
Prévia, atual e lazer 0 0,0 80 84,2
Prévia, atual e ocupacional 82 100,0 0 0,0
Não exposição 0 0,0 9 9,5
Média diária de exposição sonora
0=Não se expõe a sons 0 0,0 8 8,4
1= 30 min
0 0,0 48 50,5
2=31 min até 2 h 10 12,2 29 30,5
3=2h01min até 4h 16 19,5 7 7,4
4=4h01 min até 6h 24 29,3 1 1,1
5=6h01 min até 8h 17 20,7 0 0,0
6= 8h01 min
15 18,3 2 2,1
Mediana(Q1- Q3) 4(3-5) 1(1-2) <0,001
a
Presença de hábitos auditivos
Não 57 69,5 70 73,7 0,539
b
Sim 25 30,5 25 26,3
Presença de dificuldade de
compreensão
Não 73 89,0 87 91,6 0,565
b
Sim 9 11,0 8 8,4
a
Mann-Whitney
b
Chi-Square Test
min = minuto Q = quartil
h = hora
Na tabela 4, observa-se que o teste de Mann-Whitney acusou
associação estatisticamente significante entre a média diária de exposição
sonora e os grupos estudados (p<0,001). Os dados evidenciam que o grupo de
profissionais do som tende a apresentar uma faixa de tempo mediano de
Resultados
37
exposição superior ao do grupo de não-profissionais do som. Nesta mesma
variável, pode-se notar que não há indivíduos do grupo de profissionais do som
com uma média diária de exposição igual ou inferior a 30 minutos. Quanto a
proporção de indivíduos que relataram dificuldade de compreensão auditiva e
presença de hábitos auditivos, não se verificou diferença estatisticamente
significante (p>0,05). Oportuno observar que de acordo com os dados exibidos
na tabela 4, todos os indivíduos (100,0%) do grupo profissionais do som
apresentaram uma prévia, atual e ocupacional exposição sonora, enquanto que
no grupo de não-profissionais do som, a maioria dos indivíduos (84,2%)
apresentaram uma exposição sonora do tipo prévia, atual e de lazer.
A figura 4 exibe a distribuição conjunta dos participantes em estudo
segundo a média diária de exposição sonora segundo os grupos estudados.
min = minuto
h = hora
Figura 4 – Distribuição conjunta dos participantes em relação à média diária de
exposição sonora segundo os grupos estudados.
A figura 4 ilustra perfeitamente o desequilíbrio entre os grupos
estudados no que concerne à média diária de exposição sonora.
2,0%
18 , 3 %
0,0%
20,7%
1, 1%
29,3%
7,4%
19 , 5 %
30,5%
12 , 2 %
50,5%
0,0%
8,4%
0,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Freqüência
>
8h
0
1
m
i
n
6
h
0
1
m
i
n
a
t
é
8
h
4
h
0
1
m
i
n
a
t
é
6
h
2
h
0
1
m
i
n
a
t
é
4
h
3
1
m
i
n
a
t
é
2
h
<
3
0
m
i
n
N
ã
o
s
e
e
x
p
õ
e
Não profissionais do som
Profissionais do som
Resultados
38
A figura 5 apresenta a distribuição conjunta dos participantes em
relação à presença de hábitos auditivos e presença de dificuldade de
compreensão auditiva segundo os grupos estudados.
Figura 5 – Distribuição conjunta dos participantes em relação à presença de hábitos
auditivos e presença de dificuldade de compreensão auditiva segundo os grupos estudados.
30,5%
26,3%
69,5%
73,7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Freq
Sim Não
Presença de hábitos auditivos
Profissionais do som
Não-profissionais do som
11,0%
8,4%
89,0%
91,6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Freq
Sim Não
Dificuldade de compreensão
Profissionais do som
Não-profissionais do som
Resultados
39
A tabela 5 demonstra os antecedentes pessoais relatados pelos
indivíduos dos dois grupos estudados.
Tabela 5 – Antecedentes pessoais relatados pelos indivíduos dos dois grupos
estudados
Profissionais do som
(n=82)
Não-profissionais do
som (n=95)
Antecedentes pessoais
Ocorrências
%
Ocorrências
%
p
Caxumba 45 54,9 44 46,3 0,256
a
Catapora 46 56,1 46 48,4 0,308
a
Sarampo 30 36,6 38 40,0 0,641
a
Rubéola 14 17,1 10 10,5 0,204
a
Toxoplasmose 1 1,2 1 1,1 0,778
b
Neurocisticercose 0 0,0 1 1,1 0,536
b
Meningite 0 0,0 2 2,1 0,286
b
Diabetes 3 3,7 2 2,1 0,431
b
Pressão alta 20 24,4 15 15,8 0,151
a
Doença de Meniére 1 1,2 0 0,0 0,463
b
Perfuração da membrana
timpânica
4
4,9 3 3,2
0,418
b
Traumatismo craniano 6 7,3 3 3,2 0,181
b
Dor de cabeça 0 0,0 1 1,1 0,537
b
Cirurgia de ouvido 0 0,0 2 2,1 0,286
b
Hipoglicemia 1 1,2 0 0,0 0,463
b
Asma 1 1,2 0 0,0 0,463
b
Nenhum 9 11,0 19 20,0 0,263
a
a
Chi-Square Test
b
Teste exato de Fisher
Nº = número
Na tabela 5, não se observa qualquer diferença estatisticamente
significante em relação aos antecedentes pessoais relatados entre os grupos
de profissionais e não-profissionais do som (p>0,05).
Resultados
40
Parte III – Dados demográficos em relação às condições auditivas
relatadas pelos participantes do grupo de profissionais do som durante
aplicação do questionário
A tabela 6 e as figuras 6 e 7 exibem a distribuição dos participantes
do grupo de profissionais do som segundo freqüência de horas de trabalho por
dia, tempo de trabalho, uso de protetor auricular e repouso auditivo de 14h.
Tabela 6 – Caracterização dos pacientes do grupo de profissionais do som
segundo freqüência de horas de trabalho por dia, tempo de trabalho, uso de
protetor auricular e repouso auditivo de 14h
Distribuição dos participantes do
grupo de profissionais do som
Variáveis
Freq %
Freqüência de horas de trabalho/dia
< 6h 24 29,3
6 a 12h 47 57,3
> 12h 11 13,4
Tempo de trabalho como profissional do som
5,0 a 14,9 39 47,6
15,0 a 24,9 30 36,6
25,0 a 34,9 11 13,4
35,0 a 45,0 2 2,4
Média ± DP 15,9 ± 8,8
Uso de protetor auricular
Não 70 85,4
Sim 12 14,6
Repouso auditivo de 14h
Não 29 35,4
Sim 53 64,6
Freq = frequência
h = horas
DP = desvio padrão
Na tabela 6, observa-se um predomínio de profissionais do som que
trabalham entre 6 e 12h por dia (57,3%). A maioria dos participantes possui como
tempo de trabalho entre cinco e 14,9 anos. Entretanto nota-se que a maioria dos
profissionais do som não faz uso de protetores auriculares (85,4%). A maioria dos
profissionais do som (64,6%) realizou previamente o repouso auditivo de 14h
solicitado pela pesquisadora para a realização da audiometria.
Resultados
41
Figura 6 – Distribuição conjunta dos participantes em relação à freqüência de horas
de trabalho por dia e ao tempo de trabalho como profissional do som.
Na figura 6, observa-se o predomínio de profissionais do som que
trabalham entre 6 e 12h por dia, além de, em sua maioria, possuir como tempo
de trabalho entre cinco e 14,9 anos.
Figura 7 – Distribuição conjunta dos profissionais em relação ao uso de protetor
auricular e repouso auditivo de 14h no grupo de profissionais do som.
A figura 7 ilustra que 85,4% dos profissionais do som não utilizam o
protetor auricular e, 64,6% deles cumpriram o repouso auditivo prévio de 14h.
29,3%
57,3%
13,4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Frequência
< 6 horas 6h01 min a 12 horas > 12 horas
Horas trabalhadas
Freqüência de horas de trabalho/dia
47,6%
36,6%
13,4%
2,4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Freqüência
5 a 14,9 15 a 24,9 25 a 34,9 35 a 45
Tempo (anos)
Tempo de trabalho como profissional do som
Uso de protetor auricular
14,6%
85,4%
Sim o
Repouso auditivo de 14 h
64,6%
35,4%
Sim o
Resultados
42
Parte IV – Avaliação das variáveis que descrevem presença ou ausência de
perda auditiva
A tabela 7 exibe a distribuição dos participantes segundo presença
de alteração auditiva, tipo e grau de perda auditiva.
Tabela 7 – Distribuição dos participantes segundo presença de alteração
auditiva, tipo e grau de perda auditiva
Profissionais do
som
Não-profissionais
do som
p
Variáveis
N=82 % n=95 %
Presença de alteração auditiva
Não 35 42,7 80 84,2 <0,001
a
Sim 47 57,3 15 15,8
Tipo de perda auditiva
Condutiva 0 0,0 1 1,1 0,536
c
Neurossensorial 27 32,9 8 8,4 <0,001
a
Mista 1 1,2 1 1,1 0,786
c
Não classificável 54 65,9 85 89,5 <0,001
a
Grau de perda auditiva
d
0 35 42,7 80 84,2
1 34 41,5 7 7,4
2 7 8,5 3 3,2
3 4 4,9 2 2,1
4 2 2,4 2 2,1
5 0 0,0 1 1,1
6 0 0,0 0 0,0
Mediana(Q1-Q3) 1(0-1) 0(0-0) <0,001
b
a
Chi-Square Test
b
Mann-Whitney
c
Fisher’s Exact Test
d
grau de perda auditiva segundo Merluzzi, 1979
(66)
Na tabela 7, observa-se uma diferença estatisticamente significante em
relação à presença de quaisquer alterações auditivas no grupo de profissionais do
som em comparação ao outro grupo (p<0,001). Há um predomínio de perda
neurossensorial no grupo de profissionais do som (32,9%) quando comparado ao
grupo-controle (8,4%) com uma diferença estatisticamente significante (p<0,001).
Em relação ao grau de perda auditiva, pode-se observar que 34 participantes do
grupo de profissionais do som foram classificados com grau 1 segundo
Merluzzi
(66)
, e 80 participantes do grupo de não-profissionais do som estão
classificados com grau 0 (limiares auditivos até 25 dB, ou seja, audição normal).
Resultados
43
A tabela 8 e a figura 8 exibem a distribuição dos participantes
segundo presença de perda auditiva.
Tabela 8 – Distribuição dos participantes segundo presença de perda auditiva
Variável
Profissionais do
som
Não-profissionais
do som
Presença de perda auditiva
n=82 % n=82 %
p
Não 41 50,0 85 89,5
Sim 41 50,0 10 10,5 <0,001
a
50,0%
10,5%
50,0%
89,5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Freqüência
Sim Não
Presença de perda auditiva
Profissionais do som Não profissionais do som
Figura 8 – Distribuição dos participantes segundo a presença de perda auditiva
Em relação à presença de perda auditiva, observa-se uma diferença
estatisticamente significante no grupo de profissionais do som (50%) quando
comparado ao grupo de não-profissionais do som (10,5%), demonstrado pelo
chi-square test (p<0,001). Em outras palavras, há um predomínio de
profissionais do som que apresentaram perda auditiva quando comparados aos
participantes do grupo de não-profissionais do som.
5 DISCUSSÃO
Discuso
45
Utilizando os critérios de exclusão, 19 indivíduos do grupo de
profissionais do som foram excluídos do estudo - 11 deles haviam sido
expostos a atividades relacionadas com o som por menos de cinco anos, e oito
indivíduos eram menores de 19 anos de idade. No grupo de não-profissionais
do som, sete indivíduos foram excluídos do estudo: seis não preencheram os
critérios de inclusão em relação à idade e um, devido à presença de excesso
de cera no ouvido.
Os níveis de pressão sonora nos locais onde se realizaram as
audiometrias foram medidos com o aparelho TES 1350A Sound Level Meter.
No estúdio da Rede Record de Televisão, o aparelho aferiu um mínimo de 57
dBNP. Na TV Cultura e no Centro Cochrane do Brasil, foram estimados
mínimos de 41,6 dBNP e 57,8 dBNP, respectivamente. Os três locais que
acomodaram a cabine acústica atendiam às normas propostas pela Norma
Técnica da Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho e Secretaria de Segurança
do Trabalho (entre 55 e 60 dBNP)
(67)
.
Além disso, foram aferidos os valores mínimos dos níveis de pressão
sonora de cada ambiente de trabalho dos profissionais do som nas unidades
internas da TV Cultura para efeito de ilustração de quão expostos ao ruído
estão os trabalhadores. No estúdio do operador de áudio, foi detectado um
índice de 101 dBNP. No ambiente de trabalho do sonoplasta, operador de VT e
operador de microfone foram aferidos 91,1 dBNP; 90,7 dBNP e 94,2 dBNP,
respectivamente. Já no local de trabalho do editor de VT e do técnico de som
constataram-se 89,1 dBNP e 86,6 dBNP, respectivamente.
Segundo Nudelmann et al, (2001)
(19)
, um trabalhador exposto a um
nível de ruído de 85 dB possui máxima exposição média diária permissível de
apenas oito horas, e um trabalhador exposto a um nível de ruído de 105 dB
possui máxima exposição média diária permissível de apenas 30 minutos.
Entretanto, a maioria dos participantes do grupo profissionais do som da TV
Cultura ultrapassou o nível sonoro permitido para oito horas, sendo que 57,3%
dos trabalhadores examinados neste estudo possuem uma freqüência de horas
de trabalhado/dia entre seis e 12 h. Além disso, 13,4% (Tabela 6) trabalham
mais que 12h por dia em um local comprovadamente inapropriado para a
Discuso
46
audição, pois o nível de pressão sonora está acima do permissível por dia.
36,59% da amostra do grupo de profissionais do som eram técnicos de som
(Tabela 2 e Figura 2) que se expõem a um nível sonoro de 86,6 dBNP/dia,
segundo os profissionais avaliados da TV Cultura. Estudos com diferentes
populações expostas ao som também demonstraram uma média de nível
sonoro inapropriada (entre 108 e 110 dBNP)
(35-46)
.
Por meio da anamnese, obtivemos informações valiosas para a
avaliação audiológica, como também para o levantamento de uma possível
hipótese diagnóstica.
Consideramos como audição normal casos cujos audiogramas
apresentaram limiares auditivos menores ou iguais a 25 dBNA em todas as
freqüências examinadas, conforme a interpretação dos resultados do exame
audiométrico que segue os parâmetros da Secretaria de Segurança do Trabalho
(28)
.
De acordo com Santos & Morata, (1999)
(72)
, variáveis como o sexo e
idade têm sido descritos como agravantes da perda auditiva induzida pelo
ruído. Entretanto, em nosso estudo, estes possíveis fatores de confusão foram
controlados, pois não houve diferença estatisticamente significante em relação
à idade e ao sexo entre os grupos de profissionais e não-profissionais do som,
tornando, assim, a amostra do trabalho homogênea e sem a ocorrência de
possíveis vieses nos resultados do estudo. Além do mais, houve um
predomínio de indivíduos na faixa etária entre 25 e 35 anos em ambos os
grupos de estudo, ou seja, adultos fora da margem de risco de desenvolverem
presbiacusia (Tabela 1).
Em relação às condições auditivas relatadas pelos participantes do
estudo, houve uma diferença estatisticamente significante (p=0,009) quanto à
presença de queixa auditiva relatada pelos indivíduos do grupo profissionais do
som quando comparado aos indivíduos do grupo de não-profissionais do som
(Tabela 3). Em outras palavras, houve mais queixa auditiva no grupo de
profissionais do som quando comparado ao outro grupo, sendo o zumbido o relato
mais freqüente. Este resultado já era previsto e corrobora os resultados de vários
estudos realizados com músicos de blocos carnavalescos, DJs, músicos de
Discuso
47
orquestra sinfônica e outros, que descreveram como queixas relatadas mais
freqüentes zumbido e tontura
(35-46)
. Entretanto, embora foi observada uma
diferença estatisticamente significante quanto à presença de queixa auditiva,
ainda pode-se notar que muitos profissionais do som não reportaram dificuldade
auditiva alguma (73,2%) (Tabela 3). Como a perda auditiva resultante de
exposição ao ruído afeta inicialmente as altas frequencias e, frequencias estas
acima daquelas necessárias para perceber e discriminar a fala em 3, 4 e 6 KHz,
isto implica que a perda inicial não terá efeito algum na percepção da fala
(73)
e,
poderia explicar o motivo de a maioria dos profisisonais não ter reportado
dificuldade auditiva e de compreensão.
Outrossim, como a maioria dos participantes do grupo de profissionais
do som reportou não utilizar o protetor auricular durante as longas horas de
trabalho (85,4%) (Tabela 6), podemos hipotetizar que estes profissionais não
percebam a importância do uso destes aparelhos, pois não possuem dificuldade
auditiva e de compreensão na fase inicial da perda.
Quanto às variáveis antecedentes familiares e hábitos auditivos, não
houve nenhuma diferença estatisticamente significante entre os grupos
estudados (p>0,05) (Tabelas 3 e 4). Entretanto os hábitos auditivos mais
citados nos estudos que recuperamos na literatura e, também, constatados em
nosso trabalho foram freqüência a discotecas e uso de walkman
(35-46)
.
O zumbido é um sintoma que pode ser encontrado no trabalhador
portador de PAINPSE e, de acordo com Ferreira Júnior (1998)
(74)
, o trabalhador
pode referir que tem esse sintoma nos momentos de repouso auditivo. Foi
verificado em nosso estudo uma diferença estatisticamente significante em
relação à presença de zumbido no grupo de profissionais do som quando
comparado ao grupo de não-profissionais do som (p<0,001), ou seja, houve
mais relato de zumbido no primeiro grupo (Tabela 3).
As perdas auditivas também podem estar associadas às otites e
meningites, além do ruído, e podem ser potencializadas pelo uso de solventes e
metais pesados em ocupações pregressas
(74)
. Outrossim, as informações
disponíveis na literatura em 1991 indicam a possibilidade de relações
Discuso
48
epidemiológicas plausíveis entre a prevalência de hipertensão arterial sistêmica
(140 mmHg) e pressão arterial diastólica ( 90 mmHg)
(75)
– e a prevalência de
perda auditiva induzida por ruído e fatores associados, exposições
concomitantes e histórias clínicas individuais de exposição a fatores de risco
(76)
.
Não foi possível, no entanto, observar diferença estatisticamente significante em
relação aos antecedentes pessoais reportados pelos participantes de ambos os
grupos estudados nesta pesquisa (p>0,05) (Tabela 5).
Em relação à média diária de exposição sonora dos indivíduos dos
grupos estudados, houve uma diferença estatisticamente significante na mediana
dos indivíduos do grupo de profissionais do som, quando comparados aos
indivíduos do outro grupo (p<0,001) (Tabela 4). Em outras palavras, houve um
predomínio de profissionais do som expostos ao ruído durante um período de
4h01min e 6h (29,3%), ao passo que a maioria dos indivíduos do grupo de não-
profissionais do som relatou estar exposta ao som durante apenas 30 min por dia
(50,5%). Existe um consenso na literatura de que o tempo em que se atua em
ocupações de exposição a ruído está associado ao aparecimento da perda
auditiva. Devido a este motivo, preconizamos utilizar, neste estudo, a terminologia
PAINPSE
(28)
. No estudo realizado por Cordeiro et al, (1994)
(77)
com motoristas de
ônibus em Campinas, foi encontrada associação entre a PAINPSE e o tempo
acumulado de trabalho.
Outrossim, em relação à freqüência de horas de trabalho por dia
entre os profissionais do som, a maioria dos indivíduos relatou trabalhar entre
6 e 12 h (57,3%) (Tabela 6). Quanto ao tempo de trabalho como profissional do
som, a maioria dos participantes do grupo expostos ao som, referiu trabalhar
entre cinco e 14,9 anos (47,6%) (Tabela 6).
Podemos citar como exemplo dessa situação de exposição ao ruído
durante um longo período de tempo por vários anos o guitarrista e cantor
britânico Eric Clapton, de 61 anos, que desenvolveu zumbido depois de passar
anos de sua carreira tocando diante de caixas de som com alto volume. O
cantor afirmou que, se pudesse voltar no tempo, teria pedido para baixarem o
volume das caixas durante suas apresentações. O cantor reportou que ouve
‘assovios’ constantemente
(78)
. Outro exemplo que ilustra a situação dos
Discuso
49
cantores populares brasileiros é o vocalista do Jota Quest, Rogério Flausino,
de apenas 35 anos de idade, que revelou em um documentário presente no
novo DVD da banda ter perdido 30% da audição por causa de anos convivendo
com sons altos
(79)
. Andrade et al, (2000)
(35)
e Cordeiro et al, (1994)
(77)
confirmam, em seus estudos, essa possível associação entre tempo de
trabalho como músico e a ocorrência de alterações auditivas.
Em relação à presença de alteração auditiva de qualquer natureza, ou
seja, de qualquer tipo (condutiva, neurossensorial ou mista), encontramos 57,3%
no grupo de profissionais do som e 15,8% no grupo de não-profissionais. Esta
diferença foi estatisticamente significante (p<0,001) (Tabela 7). 32,9% das perdas
auditivas foram classificadas como do tipo neurossensorial no grupo dos
profissionais do som e, 8,4% das mesmas no outro grupo, com uma diferença
estatisticamente significante entre ambos (p<0,001). Quanto às perdas auditivas
dos tipos condutiva e mista, não foi encontrada diferença estatisticamente
significante entre os participantes dos dois grupos (p>0,05) (Tabela 7).
Consideramos a classificação adotada neste trabalho ‘não
classificável’ durante a realização da análise estatística, para a categoria de
tipo de perda auditiva conforme se pode notar na tabela 7, casos cujos
audiogramas apresentaram alteração no limiar auditivo das freqüências 250
Hz, 6 KHz e 8 KHz, pois não é possível a realização da via óssea nessas
freqüências. Além disso, atribuímos essa mesma classificação (‘não
classificável’) a casos com audiogramas normais (<25 dB). Obviamente não há
como classificar os participantes em relação ao tipo de perda auditiva nessas
duas situações descritas anteriormente; por este motivo, encontramos 65,9%
de perdas auditivas com a classificação ‘não classificável’ no grupo de
profissionais do som, e 89,5% no grupo de não-profissionais do som, sendo
considerada uma diferença estatisticamente significante (Tabela 7).
Em relação ao grau da perda, 41,5% dos profissionais do som foram
classificados com grau 1 (Tabela 7), ou seja, a maioria desses participantes
apresentou limiares maiores ou iguais a 30 dB em 4, 6 ou 8 KHz. Isto corrobora
o efeito da faixa de tempo de trabalho como profissional do som – entre 5 e
14,9 anos – apresentado pela maioria dos profissionais (47,6%) (Tabela 6). Em
Discuso
50
outras palavras, o tempo de trabalho a que se está exposto ao ruído afeta
diretamente o grau de perda auditiva.
Em relação ao desfecho principal deste estudo - presença de perda
auditiva - foi observada uma diferença estatisticamente significante (p<0,001)
entre ambos os grupos, sendo 50% de perda auditiva no grupo de profissionais
do som contra apenas 10,5% no grupo de não-profissionais do som (Tabela 8).
Tal fato revela uma ocorrência de PAINPSE aproximadamente cinco vezes
maior no primeiro grupo.
O efeito da música/som na audição dos profissionais do som foi
verificada ser alto neste estudo quando comparado com os resultados de
outros artigos, como, por exemplo, no de Cunningham (2006)
(17)
, talvez porque
a maioria dos profissionais do som aqui entrevistados trabalha e/ou trabalhou
em ambientes abertos, ou seja, em locais onde o som é extremamente mais
alto e intenso.
Outra limitação do estudo pode talvez incluir a possibilidade de fatores
de confusão residuais como, por exemplo, diferenças no status sócio-econômico
entre os dois grupos estudados. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a deficiência auditiva varia em relação as condições sócio-econômicas e
cultura regional, como, por exemplo, estado nutricional, ocupação profissional, e
principalmente o grau de informação sobre a prevenção
(80)
. Outrossim, Reuben et
al, (1998)
(81)
relataram em seu artigo que a presbiacusia possui maior incidência
entre os homens e nas classes sócio-econômicas mais baixas
. Isso poderia
explicar parcialmente a presença de níveis altos de perda auditiva entre os
profissionais do som.
Não há tratamento efetivo para perda auditiva permanente
resultante da exposição excessiva aos níveis de ruído. Todavia a condição
pode ser prevenida por meio de medidas, geralmente combinadas em um
programa contra perda auditiva (também chamado de programa de
conservação auditiva). Medidas de protetores auriculares individuais (i.e.
‘earplugs’ ou ‘earmuffs’) (Figuras 9 e 10) sempre formam uma parte do
programa de prevenção de perda auditiva
(82)
. Mesmo que a eficácia dessas
Discuso
51
medidas para proteger o ouvido do ruído seja determinada por testes
realizados em laboratórios, sua efetividade para prevenir perda auditiva de
exposição ao ruído acumulativo depende, principalmente, do quão regular seja
sua utilização pelos trabalhadores. Estudos têm demonstrado que, se os
trabalhadores não utilizarem os protetores auriculares em 100% do tempo de
trabalho, a efetividade dos aparelhos irá diminuir rapidamente. Por exemplo,
utilizar os protetores auriculares por apenas 90% do tempo irá diminuir sua
eficácia para menos de um terço
(83)
. Intervenções educacionais ou
comportamentais para promover o uso de protetores auriculares são, dessa
maneira, uma medida preventiva importante.
Figura 9 – Protetor auricular chamado ‘earplugs’.
Discuso
52
Figura 10 Protetor auricular chamado ‘earmuffs’.
A maioria dos participantes do grupo de profissionais do som reportou
não utilizar o protetor auricular durante as longas horas de trabalho (85,4%)
(Tabela 6). Isto parece ser bem comum, pois a maioria dos trabalhadores de
manufaturas, percussionistas e músicos entrevistados em diversas pesquisas
também referiu não fazer uso do EPI, expondo-se ao risco de ocorrência de perda
auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados
(17,47-50)
.
Os equipamentos sonoros produzem níveis excessivos de ruído, alguns
atingindo 101 dBNA como foi apresentado anteriormente no estúdio do operador
de áudio da TV Cultura. Baseado nestes dados é óbvio que algumas medidas
devem ser implementadas para proteger a audição dos indivíduos que trabalham
nestas áreas.
Uma revisão sistemática teve como objetivo avaliar a efetividade dos
programas de intervenções para promover o uso de protetores auriculares em
trabalhadores expostos ao ruído acima de 85 dB. Os autores do estudo
concluíram que há poucas evidências da eficácia dos programas divulgados a
Discuso
53
longo prazo em escolas, com o intuito de induzir os estudantes à utilização de
protetores auriculares
(63)
.
Programas para prevenção de perda auditiva em indústrias vêm sendo
amplamente defendidos. A legislação da Saúde e Segurança Ocupacional obriga
os empregados a adotar medidas preventivas na maioria dos países
(84)
. Eles
parecem ser efetivos em alguns países, como, por exemplo, na Finlândia, onde a
incidência de casos de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevados diminuiu entre os anos de 1987 e 2002
(82)
. Na Europa e nos EUA, a
verificação da exposição ao ruído é obrigatória, sendo realizados exames
periódicos dos trabalhadores expostos a certos níveis de ruído. Os empregados
são, também, obrigados a seguir uma “hierarquia de controle de riscos”. Dessa
forma, isso é preconizado para eliminar a exposição ao perigo no ambiente de
trabalho de forma a que se estabeleçam controles da fonte à exposição ao perigo
antes de se usarem medidas preventivas individuais para o trabalhador (nesse
caso, o uso de equipamento protetor individual). Outrossim, regulamentações do
Departamento de Segurança Ocupacional do Trabalho e Saúde Administrativa
dos EUA (the U.S. Department of Labor’s Occupational Safety and Health
Administration – OSHA) exigi o uso de protetor auditivo para funcionários
expostos a níveis 85 dBNA
(85)
.
Um recente estudo demonstrou que os equipamentos de proteção
individuais são ainda a medida de controle mais abrangente
(86)
. Por meio de
estudos em laboratórios, é reconhecido que esses equipamentos são efetivos
em reduzir a exposição ao ruído, embora, conforme descrito anteriormente,
sua efetividade dependa de certas condições
(87)
.
Estudos nos EUA indicaram que há um aumento no uso de protetores
auriculares, mas há ainda muito que melhorar em relação a essa situação
(88)
.
Vários fatores reportados influenciam no uso dos protetores auriculares, como a
percepção da probabilidade do risco e conforto ao utilizá-los
(83,89-91)
. Baseados
nesses modelos, vários ensaios clínicos vêm sendo conduzidos para estudar a
efetividade das intervenções que influenciam na utilização dos protetores
auriculares e consequente diminuição da exposição ao ruído
(47,92-95)
.
Discuso
54
O trabalhador deve ser orientado a usar EPI, devendo ser advertido
em caso de intransigência, e, até, ser demitido por justa causa. Cabe lembrar
também que o EPI deve estar em boas condições de uso e ser adequado à
situação para o qual é destinado
(96)
.
A importância da implantação de um Programa de Conservação
Auditiva nessa população é fundamental não apenas para o próprio bem-estar
do indivíduo, mas também para enriquecer a música popular brasileira, já que
esta é um dos melhores produtos de nosso país. A percepção auditiva
relaciona-se com limiar auditivo, tendo como conseqüências melhores
profissionais trabalhando para valorizar ainda mais os músicos brasileiros.
Para que isso seja definitivamente preconizado e inserido na cultura
do profissional do som, o desenvolvimento de novas estratégias para aumentar
o uso de protetores auriculares continua sendo de extrema relevância para a
saúde pública.
6 CONCLUSÕES
Conclusões
56
Os profissionais do som apresentam uma maior prevalência de perda
auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados quando
comparados aos não-profissionais do som, embora a possibilidade de
fatores de confusão residuais devido a desfechos não mensurados,
como status socioeconômico, não deva ser descartada;
Os profissionais do som apresentam uma maior proporção de queixas
auditivas e zumbido quando comparados ao grupo de não-profissionais
do som.
6.1 Implicações para a pesquisa científica
Há urgência de realização de estudos voltados à implantação de um
Programa de Conservação Auditiva, com objetivo de reduzir o nível de
pressão sonora e, conscientizar os profissionais do som da importância
do uso de protetores auriculares e da adoção de medidas preventivas.
7 ANEXOS
Anexos
58
Anexo 1 - Audiograma
Anexos
59
Anexo 2 - Speech Reception Threshold (SRT)
Lista de palavras trissilábicas e polissilábicas utilizadas para SRT. Russo, Santos (1994).
Pacote Farofa Bicicleta
Parede Sapato Televisão
Paletó Cenoura Campainha
Boneca Soldado Telefone
Tapete Chinelo Empregada
Tamanho Chuveiro Farmácia
Travessa Xícara Enceradeira
Caneta Varanda Geladeira
Caderno Vontade Aspirador
Cozinha Valeta Batedeira
Camisa Casaco Jabuticaba
Banana Asilo Carruagem
Bondade Brinquedo Papagaio
Azeite Gemada Elefante
Donzela Gelada Hipopótamo
Dinheiro Janela Maravilha
Dúvida Lâmpada Aviador
Galinha Cabelo Aparelho
Guloso Maleta Alfaiate
Gostoso Letrado Plantação
Macaco Toalha Abacate
Mordida Molhado Abacaxi
Melado Coração Tangerina
Novela Girafa Padaria
Namoro Barulho Açucareiro
Número Relógio Cozinheiro
Canhoto Torrada Aparelho
Montanha Terraço Dentadura
Favela Fósforo Aeronave
Anexos
60
Anexo 3 - Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF)
LISTA D1 LISTA D2 LISTA D3 LISTA D4
1. til 96% 1.chá 1.dor 1.jáz
2. jaz 92% 2.dor 2.boi 2.cão
3. rol 88% 3.mil 3.til 3.cal
4. pus 84% 4.tom 4.rol 4.nú
5. faz 80% 5.zum 5.gim 5.boi
6. gim 76% 6.mel 6.cal 6.faz
7. rir 72% 7.til 7.nhá 7.gim
8. boi 68% 8.gim 8.chá 8.seis
9. vai 64% 9.dil 9.tom 9.pus
10. mel 60% 10.nu 10.sul 10.nhá
11. nu 56% 11.pus 11.tem 11.mil
12. lhe 52% 12.chá 12.pus 12.tem
13. cal 48% 13.sul 13.nu 13.zum
14. mil 44% 14.jaz 14.cão 14.til
15. tem 40% 15.rol 15.vai 15.lhe
16. dil 36% 16.tem 16.mel 16.sul
17. dor 32% 17.faz 17.rir 17.chá
18. chá 28% 18.lhe 18.jaz 18.rol
19. zum 24% 19.boi 19.zum 19.mel
20. nhá 20% 20.cal 20.mil 20.dor
21. cão 16% 21.rir 21.lhe 21.vai
22. tom 12% 22.cão 22.ler 22.dil
23. seis 8% 23.ler 23.faz 23.tom
24. ler 4% 24.vai 24.seis 24.rir
25. sul 0% 25.seis 25.dil 25.ler
Anexo 4 – Artigo publicado na BMC Public Health
Anexos
62
Anexos
63
Anexos
64
Anexos
65
Anexos
66
Anexos
67
Anexos
68
Anexos
69
Anexo 5 – Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa da UNIFESP
Anexos
70
Anexo 6 - Termo de consentimento livre e esclarecido
1 – Título do projeto: Estudo comparativo da prevalência de perda auditiva induzida
por níveis de pressão sonora elevados em profissionais e não-profissionais do som.
2 – Desenho do estudo e objetivo(s): Estas informações estão sendo fornecidas
para sua participação voluntária neste estudo, que visa a reconhecer os níveis de
audição de técnicos e não técnicos de som, mediante avaliação audiológica realizada
pela Fonoaudióloga responsável pelo estudo.
3 – Descrição dos procedimentos: Será aplicado um questionário sobre os hábitos
auditivos, supostas queixas e levantamento de dados dos participantes (evolução
geral, história clínica, história familiar, número de horas de trabalho por dia, exposição
aos sons, etc). Será realizada inspeção visual do meato acústico externo mediante
otoscópio. Após, será realizada uma avaliação audiológica que permite determinar o
diagnóstico topográfico da deficiência auditiva. A avaliação audiológica consiste em
audiometria tonal (via aérea e via óssea) e audiometria vocal (SRT – Speech
Reception Threshold e IPRF – Índice Percentual de Reconhecimento de Fala).
4 – Relação dos procedimentos rotineiros e como são realizados: Aplicação do
questionário e avaliação audiológica do participante. O procedimento tem como
duração uma sessão de, aproximadamente, meia hora (30’).
5 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados: Não há risco algum nem
procedimentos invasivos a serem realizados, e o desconforto será mínimo (entrevista,
inspeção do meato acústico e avaliação audiológica tonal e vocal).
6 – Benefícios para o participante: Não há benefício direto para o participante.
7 – Garantia de acesso: Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos
profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
O principal investigador é a Fga. Regina Paolucci El Dib, que pode ser encontrada no
endereço Rua Pedro de Toledo, 598 – Vila Clementino, São Paulo – SP. CEP 04039-
001 Telefone(s): 5575-2970 / fax. 5579-0469 – Centro Cochrane do Brasil. Se você
tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com
o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 – 1º andar – cj 14, 5571-
1062, FAX: 5539-7162 – E-mail: cepunifesp@epm.br
8 – É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo.
9 – Direito de confidencialidade: As informações obtidas serão analisadas em
conjunto com outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhum
paciente;
Anexos
71
10 – Direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das
pesquisas, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do
conhecimento dos pesquisadores;
11– Despesas e compensações:o há despesas pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há
compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa
adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
12 – Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou
tratamentos propostos neste estudo, o participante tem direito a tratamento médico na
Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas.
13 - Compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o material coletado
somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Estudo comparativo da prevalência de
perda auditiva em técnicos e não técnicos de som.” Eu discuti com a Fga. Regina
Paolucci El Dib sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros
para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados,
seus desconfortos e riscos, a garantia de esclarecimentos permanentes. Ficou claro
também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso
a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou
durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que
eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
-------------------------------------------------
Assinatura do participante Data / /
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
-------------------------------------------------------------------------
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /
Anexos
72
Anexo 7 – Questionário
Anamnese
Data: __/__/__
Modelo do Aparelho Audiométrico: _______
Data da última aferição acústica do audiômetro: __/__/__
O questionário será aplicado pela Investigadora Principal.
I – IDENTIFICAÇÃO
Nome:_________________________________________________________________
Data de nascimento: ___/___/___ Idade: ______ Sexo: M ( ) F ( )
Telefone:____________________ Profissão:________________
0.Utiliza AASI: ( )Sim ( )Não
DA congênita diagnosticada: ( )Sim ( )Não
1.Tempo de repouso auditivo cumprido de 14h para a realização do exame
audiométrico?
( )Sim ( )Não
II - QUESTIONÁRIO
2. Queixa e Duração (se
houver):________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Sintomas (zumbido, sensação de ouvido tapado, cefaléia, purgação (otites), tontura,
vertigem, desconforto a sons, náuseas
etc):___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4. Possui dificuldade de comunicação para compreender o que as pessoas dizem? Em
que situação?___________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Antecedentes pessoais (cirurgias do ouvido, infecções congênitas – TORCHS,
meningite bacteriana, sarampo, diabetes, traumatismo craniano, caxumba, perfuração
da membrana timpânica, otalgia, otorréia, pressão alta)__________________________
______________________________________________________________________
6. Antecedentes familiares de deficiência auditiva_____________________________
______________________________________________________________________
7. Dados ocupacionais
Exposição a sons (música):
( )Prévia ( )Atual ( )Ocupacional ( )Lazer ( ) Nada
Número de horas de trabalho por dia?_______Média diária de exposição ao som:_____
Anexos
73
8. Há quanto tempo você trabalha como profissional de som? __________
9. Faz uso de EPI (protetor auricular)?
( )Sim ( )Não
Há quanto tempo utiliza o EPI?_______
10. Hábitos auditivos (freqüência a discotecas, uso de walkman etc.)/ Tempo de cada
exposição______________________________________________________________
______________________________________________________________________
11. Informações complementares (exposição à agentes ototóxicos,
etc)___________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Fonoaudióloga Responsável
CRFa:
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empresas: audiologia ocupacional. São José dos Campos: Pulso, 2003.
Abstract
Background: Music is ever present in our daily lives, establishing a link between
humans and the arts through the senses and pleasure. Sound technicians are the
link between musicians and audiences or consumers. Recently, general concern
has arisen regarding occurrences of hearing loss induced by noise from excessively
amplified sound-producing activities within leisure and professional environments.
Sound technicians’ activities expose them to the risk of hearing loss, and
consequently put at risk their quality of life, the quality of the musical product and
consumers’ hearing. The aim here was to measure the prevalence of hearing loss
induced by elevated sound pressure levels among sound technicians in Brazil and
compare this with a control group without occupational noise exposure. Methods:
This was a cross-sectional study comparing 177 participants in two groups: 82
sound technicians and 95 controls. A questionnaire on music listening habits and
associated complaints was applied, and data were gathered regarding the
professionals’ numbers of working hours per day and both groups’ hearing
complaint and presence of tinnitus. The participants’ ear canals were visually
inspected using an otoscope. Hearing assessments were performed (tonal and
speech audiometry) using a portable digital AD 229 E audiometer funded by
FAPESP. Results: There was no statistically significant difference between the
sound technicians and controls regarding age and gender. Thus, the study sample
was homogenous and would be unlikely to lead to bias in the results. A statistically
significant difference in hearing loss was observed between the groups: 50% among
the professionals and 10.5% among the controls. The difference could be
addressed to high sound levels. Conclusion: The sound technicians presented a
higher prevalence of high frequency hearing loss consistent with noise exposure
than did the general population, although the possibility of residual confounding due
to
unmeasured factors such as socioeconomic status cannot be
ruled out.
Key words: hearing loss, hearing loss caused by noise, cross-sectional studies.
Bibliografia Consultada
Rother ET, Braga ME. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. 2ª ed.
rev. e amp. São Paulo; 2005. 122 p.
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