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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas – PCM
AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS p16
INK4a
E FHIT NO
PAPILOMA E CARCINOMA ESCAMOCELULAR DA CAVIDADE ORAL
Apresentado por:
Maria Clara Diniz de Oliveira
Rio de Janeiro
2008
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2
II
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Maria Clara Diniz de Oliveira
“AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS p16
INK4a
E FHIT NO
PAPILOMA E CARCINOMA ESCAMOCELULAR DA CAVIDADE ORAL”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre na área de
Ciências Morfológicas – Programa MINTER.
Orientadora: Profa. Cristina Maeda Takiya
Co-orientadora: Profa. Conceição Maria Passos de Queiroz
Rio de Janeiro
2008
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3
III
FICHA CATALOGRÁFICA
Oliveira, Maria C. D.
“Avaliação da expressão das proteínas p16
INK4a e
FHIT no papiloma e
carcinoma escamocelular da cavidade oral”.
Rio de Janeiro, UFRJ, ICB, 2008.
82 P.
Dissertação de Mestrado em Ciências Morfológicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
1. P16
INKa
; 2. FHIT; 3. Carcinoma Escamocelular Oral; 4. Papiloma; 5. HPV
4
IV
Banca Examinadora:
__________________________________ - Orientadora
Profa. Cristina Maeda Takiya (Instituto de Ciências Biomédicas - UFRJ)
__________________________________ - Co-orientadora
Profa. Conceição Maria Passos de Queiroz (Faculdade de Medicina - UFBA)
__________________________________ - Examinador
Prof. Dr.
Radovan Borojevic (Instituto de Ciências Biomédicas - UFRJ)
____ - Examinador
Prof. Dr. Marcos Farina (Instituto de Ciências Biomédicas - UFRJ)
___________________________________ - Examinadora
Profa. Dra. Luciana Ramalho (Faculdade de Odontologia - UFBA)
_______________ - Suplente e revisor
Profa.
Dra. Maria Eugenia Duarte (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
__________________________________ - Suplente
Profa. Dra. Fabiana Paim (Instituto de Ciências da Saúde - UFBA)
5
V
AGRADECIMENTOS
A Deus
Por ter me concedido o dom da vida, da saúde e a força necessária que me permitiram
galgar mais um degrau na minha caminhada profissional.
Ao meu filho, Matheus
Agradeço por ter me proporcionado a maior alegria da minha vida: a inexplicável e
maravilhosa experiência de ser MÃE!! Lhe agradeço também, por me ter feito descobrir a
força necessária que me fez transformar as dificuldades em aprendizado. AMO VOCÊ!!
À Prof
a
Cristina Takiya
Agradeço pela confiança em ter me aceito como sua orientanda e assim tornar possível a
realização deste sonho! Obrigada pela orientação e pelos conhecimentos adquiridos.
À Prof
a
Conceição Queiroz
Pela incansável disponibilidade, esforço, incentivo e dedicação para a realização desta
dissertação. Sem a sua ajuda, o caminho pelo qual percorri durante a elaboração desse
trabalho, com certeza teria sido muito mais difícil! Que Deus lhe abençoe.
Aos meus pais
Pelo irrestrito apoio em todos os momentos da minha vida! Esta é mais uma realização
NOSSA. Amo vocês!!
Aos meus irmãos: Graça e Toni, sobrinhos: Xande e Celo, e familiares
Por fazerem parte da minha vida. Vocês são um presente de Deus para mim!
Aos meus amigos
Pelo apoio e compreensão durante o afastamento e ausência em momentos especiais
Ao Laboratório Silvany Studart e ao Prof. Eduardo Studart
Por colaborar com o desenvolvimento desta dissertação, cedendo as amostras, além da
enorme contribuição na leitura das lâminas de imuno-histoquímica.
Aos amigos e colegas desta etapa
Karina Serravalle, Leila Queiroz, Caroline Dieder, Esther Milena por dividirem comigo
momentos nesta rica caminhada.
A colega e amiga, Patrícia Neiva Lemos de Santana
Pela grande colaboração e incentivo para a conclusão deste trabalho.
A colega e amiga, Karina Serravalle
Pelo enorme esforço e dedicação para a realização do PCR
À Tatiana Cheto
Pela paciência e disponibilidade em transmitir conhecimentos acerca da técnica de Imuno-
histoquímica. Uma contribuição sem tamanho para a realização deste trabalho!
Aos Professores do Programa Minter
Pelos conhecimentos adquiridos
6
VI
“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre
começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que
seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho
novo, fazer de cada queda um passo de dança, do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro”.
Fernando Pessoa.
7
VII
RESUMO
O carcinoma escamocelular da cavidade oral (CCEO) tem patogênese multifatorial e
diversos fatores etiológicos têm sido apontados. As proteínas supressoras de tumor,
FHIT (fragile histidine triad) e p16
ink4a
estao envolvidas com a carcinogênese de
diversos tumores malignos, dentre os quais o CCEO. Este estudo teve como objetivo
detectar a expressão da FHIT e p16
ink4a
no CCEO e no papiloma da cavidade oral,
avaliando a relação entre a expressão destas proteínas e os aspectos
histopatológicos. Foram selecionadas 60 biópsias da cavidade oral com os
diagnósticos de CCEO (n=32), papilomas (n=19) e mucosa oral macroscopicamente
sem alterações (n=9). De acordo com a intensidade da imuno-expressão de FHIT e
p16
ink4a
foram atribuídos os seguintes escores: 0-ausência, 1-fraco, 2-moderado e 3-
forte. Em relação a p16
ink4
, 37,5% das amostras foram positivas com intensidade
variável da imuno-marcação, sendo que 50,1% mostraram expressão forte. Em
relação a FHIT, houve imunoexpressão em 65,6% dos carcinomas, 89,5% dos
papilomas e 100% das amostras de tecido normal. Nossos resultados demonstraram
que a redução da expressão da FHIT e o aumento da expressão da p16
ink4a
nos
carcinomas podem estar envolvidos no desenvolvimento de CCEO.
Palavras-chave: P16
INKa
, FHIT, Carcinoma Escamocelular Oral, Papiloma, HPV
8
VIII
Abstract
Oral squamous cell carcinoma (OSCC) has a multifactorial pathogenesis, and
several etiological factors have been identified. The suppressing proteins of tumor,
like FHIT (fragile histidine triad) and p16ink4a, have been involved in carcinogenesis
of various malignant tumors, including OSCC. This study aimed to detect the
expression of FHIT and p16ink4a in the OSCC and in the oral cavity papilloma,
evaluating the relationship between the expression of these proteins and the
histopathological aspects. Sixty samples from oral biopsies diagnosed as OSCC
(n=32), papilloma (n=19) and normal oral mucosa (n=9) were investigated regarding
the expression of FHIT and p16
ink4a
proteins. The following scores were given
according to the intensity of the immunoexpression of both proteins: 0-absence, 1-
weak, 2-moderate and 3-intense. The expression of p16ink4 was positive in 37.5% of
the samples and in 50.1% the immunostaining was considered intense. The
expression of FHIT was detected in 65.6% of the oral carcinomas, 89.5% in the
papillomas and 100% of the normal tissue samples. Our results demonstrated that
the reduced expression of FHIT and the increased expression of p16ink4a in
carcinomas may be involved in the development of OSCC.
Keywords: P16INKa, FHIT, Oral Squamous Cell Carcinoma, papilloma, HPV.
9
IX
LISTA DE ABREVIAÇÕES
G1 - gap 1
S - Síntese
G2 - gap 2
M - Mitose
CDK - quinase dependente de ciclina
CDKI - Inibidores de quinases dependentes de ciclina
D-CDK2 - Complexo ciclina – quinase dependente de ciclina 2
D-CDK4 - Complexo ciclina – quinase dependente de ciclina 4
D-CDK6 - Complexo ciclina – quinase dependente de ciclina 6
pRb - Proteína Retinoblastoma
UV - Ultravioleta
E2F - Fator de Transcrição
PCNA - Antígeno Celular de Células Proliferativas
CCEO - Carcinoma Escamocelular Oral
HPV - Papilomavírus Humano
PCR - Reação de Cadeia em Polimerase
DAB - Diaminobenzidina
PBS - Salina Tamponada com Fosfato
µm - micrômetros
IgG – imunoglobulina G
pH – potencial hidrogênionico
DNA – ácido desoxiribonucléico
10
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: As fases do ciclo celular – Adaptação: DIAS Cancer Research, v. 65, p.
2260 – 2268, 2005.
Figura 2: O ciclo celular e o processo de regulação, – Adaptação: DIAS Cancer
Research, v. 65, p. 2260 – 2268, 2005.
Figura 3: Aspecto clínico do carcinoma escamocelular em língua – BORAKS, p. 304,
1996
Figura 4: Aspecto histológico do carcinoma escamocelular oral – COTRAN, KUMAR
& COLLIBORAKS, 1996.
Figura 5: Aspecto clínico do papiloma em língua – BORAKS, p. 271, 1996.
Figura 6: O genoma do HPV-16 – Adaptado GUTIÉRREZ, E.I.C.; GARZA, C.H.L.
Revista Salud Publica y Nutricion, v. 2, n 2, 2001.
Figura 7: Imuno-histoquímica para p16
INK4a
de acordo com o diagnóstico
histopatológico.
Figura 8: Imuno-histoquímica para FHIT de acordo com o diagnóstico
histopatológico.
Figura 9: Imuno-histoquímica para p16
INK4a
de acordo com o grau de diferenciação
do carcinoma.
Figura 10: Imuno-histoquímica para FHIT de acordo com o grau de diferenciação do
carcinoma.
Figura 11: Teste de Kruskal-wallis – grau de diferenciação do carcinoma x para
p16
INK4a
e FHIT.
Figura 12: Caso 26 (A. fotomicrografia do epitélio normal visto na HE; B. Imuno-
histoquímica negativa para a p16
INK4a
; C. Imuno-histoquímica positiva para FHIT).
Figura 13: Caso 12 (A. Fotomicrografia de papiloma oral na HE; B. Imunoistoquímica
negativa para p16
INK4a
; C. Imunoistoquímica positiva para FHIT).
Figura 14: Caso 36 (A. Coloração pela HE de carcinoma escamocelular bem
diferenciado; B. Ausência de reatividade para p16
INK4a
; C. Imunoistoquímica FHIT
negativa).
Figura 15: Caso 10 (A. Carcinoma escamocelular pouco diferenciado. Células
epiteliais tumorais intensamente reativas para o p16
INK4a
; B. Ausência de reatividade
para FHIT nas células tumorais).
11
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Perfil das amostras selecionadas
Tabela 2. Freqüência da imunoexpressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT de acordo
com o diagnóstico histopatológico.
Tabela 3. Freqüência da imunoexpressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT de acordo
com o grau de diferenciação do carcinoma.
12
XII
SUMÁRIO
Resumo.......................................................................................................
Abstract…………………………………………………………………………..
Lista de Abreviações……………………….....………………………………..
Lista de Figuras………………………………………………………………….
Lista de Tabelas…………………………………………………………………
I – Introdução…………………………………………………………………….
II – Revisão da Literatura
2.1 O ciclo celular…………………………………………………………...
2.1.1 Proteínas regulatórias do ciclo celular e supressoras de tumor...
2.2 Carcinoma escamocelular oral………………………………………..
2.2.1 Epidemiologia…………………………………………………………
2.2 Etiologia………………………………………………………………….
2.2.3 Aspectos moleculares da carcinogênese oral…………………….
2.3 Papiloma bucal e HPV ………………………………………………..
III – Objetivos
3.1 Objetivo Geral…………………………………………………………..
3.2 Objetivos Específicos………………………………………………….
IV - Materiais e Métodos
4.1 Seleção das amostras………………………………………………….
4.2 Aspectos éticos…………………………………………………………
4.3 Imuno-histoquímica
4.3.1 Detecção das proteínas p16
INK4a
e FHIT………………………
4.3.2 Quantificação da expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT…
4.4 Análise estatística ……………………………………………………..
V – Resultados………………………………………………………………….
VI – Discussão…………………………………………………………………..
VII – Conclusões………………………………………………………………..
VIII – Referências bibliográficas
VII
VIII
IX
X
XI
13
17
18
26
29
30
33
41
49
49
50
51
51
51
52
53
61
66
13
I. INTRODUÇÃO
O câncer oral é um dos dez tumores malignos mais freqüentes,
correspondendo a 6,5% dos casos de câncer no mundo (HAFKAMP et al., 2003;
PARADISO et al., 2004). Noventa e cinco por cento dos casos de câncer oral é
representado pelo carcinoma de células escamosas (CCEO), que vem apresentando
nas últimas décadas aumento significativo em sua incidência, chegando a ser
considerada uma das mais altas do mundo (DEDIVITIS, 2004; CARVALHO, 2003;
NEVlLLE et al., 2004). No Brasil, o câncer de boca representa cerca de 3% dos
casos de neoplasias malignas, sendo o quinto e o sétimo tipo de câncer mais
comum, em homens e mulheres respectivamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Estudos epidemiológicos relatam que a incidência do câncer de boca varia de
acordo com a idade, sexo, ocupação, raça e localização anatômica. As faixas etárias
mais atingidas pela doença são aquelas acima dos 50 anos, sendo o sexo masculino
o mais atingido. A proporção de casos entre homens e mulheres é de 3:1, no
entanto, a literatura relata que essa proporção entre os sexos deverá diminuir
consideravelmente com o passar do tempo, devido ao fato das mulheres terem
modificado seus hábitos e costumes, principalmente com relação ao uso do fumo e
álcool, principais fatores de risco para o desenvolvimento desta forma de câncer. Em
relação à exposição ocupacional, atividades que envolvem oportunidades de
consumo de álcool, como garçons e empregados de cervejarias, têm sido
associados a um maior risco de desenvolver esta neoplasia (BLOT et al., 1996).
Exposições à radiação solar em atividades ocupacionais de pesca e agricultura,
principalmente em pessoas de pele clara, têm sido relacionadas particularmente ao
câncer de lábio (JITOMIRSKI, 2000). No que concerne à raça os indivíduos brancos
14
são os mais afetados, representando cerca de noventa e dois por cento dos casos
de câncer de boca. Quanto à localização anatômica o lábio inferior, a borda lateral
da língua e assoalho bucal são os sítios mais freqüentemente acometidos
(TAVARES & NOMA, 1997; TOMMASI, 2002; ELIAS et al, 2002; NEVILLE, 2004).
Para que ocorra neoplasia maligna é necessário que aconteça uma série de
eventos acumulados durante anos, resultantes do desequilíbrio entre a proliferação
celular (ciclo celular) e morte celular programada (apoptose). Estes eventos são
regulados por múltiplos genes, que, quando sofrem mutações podem ter seus
produtos expressos de forma alterada, iniciando a formação do tumor. Na grande
maioria dos cânceres humanos observa-se que a perda do controle do ciclo celular é
essencial para que haja transformação maligna, ocorrendo mutações, deleções e/ou
alterações na expressão em pelo menos um dos quatro reguladores chaves do ciclo
celular: p16
INK4a
, ciclina D, CDK4 e Rb. A proteína p16
INK4a
exerce sua ação no ciclo
celular como proteína inibitória ao se ligar às proteínas das famílias CDK4 e CDK6
(quinases dependentes de ciclina), impedindo a associação destas com a ciclina D1.
A inibição do complexo ciclina D1/CDK4/6 impede a fosforilação da pRb,
interrompendo desta forma o ciclo celular (HUNTER, 1997; CONTRAN et al, 2005).
As chances de desenvolver câncer aumentam com a exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos que provocam mutações e alterações epigenéticas no
DNA. Entre os agentes químicos envolvidos no carcinoma oral, o uso do tabaco em
todas as suas formas é o fator de risco principal para o desenvolvimento desta
neoplasia, particularmente quando associado ao álcool. Entre os agentes físicos,
estão a exposição aos raios ultra-violetas e raios X. Os fatores biológicos incluem
alguns fungos e vírus. Entre estes vírus, o papiloma vírus humano (HPV) tem sido
detectado com frequência crescente no epitélio oral, displásico e carcinomatoso, em
15
comparação com a mucosa oral normal (FRANCESCHI, 2000; MILLER, 2001;
KANSKY, 2003; VIDAL, 2004).
Alterações na expressão da proteína do ciclo celular p16
INK4a
está descrita em
muitos cânceres, incluindo melanoma, gliomas, retinoblastoma, osteossarcoma,
câncer da mama, pulmão, próstata e carcinoma do colo uterino (KLAES, 2002). A
superexpressão da p16
INK4a
, em lesões malignas da cérvice uterina estão
associados com HPV de alto risco, que através da inativação da pRb promovem a
superexpressão da p16
INK4a
(QUEIROZ et al, 2006).
Nos últimos anos, o gene FHIT tem sido muito estudado como um importante
gene supressor tumoral, envolvido com o crescimento, proliferação celular e
apoptose. Este gene foi identificado na região frágil comum indutível FRA3B no
cromossomo 3p14.2 e parece ser inativado por deleções nas linhagens celulares
derivadas do câncer, sendo associado à progressão tumoral e ao pior prognóstico
da doença. O gene FHIT codifica uma pequena proteína citoplasmática que tem uma
atividade de adenosina trifosfato hidrolase. Diversos trabalhos na literatura têm
demonstrado que a proteína FHIT, está ausente ou reduzida nos carcinomas
cervicais, de pulmão, mama, estômago, esôfago e rim, o que é compatível com sua
função supressora de tumores (OHTA et al, 1996; HAYASHI et al, 1997; SOZZI et al,
1997; KIM et al, 2004; D'AGOSTINI et al, 2006).
Alterações na expressão deste gene também têm sido estudadas em
linhagens celulares derivadas de cânceres da cabeça e pescoço, incluindo o
carcinoma escamocelular da cavidade oral (MAO et al, 1996; VIRGÍLIO et al, 1996).
Entre as diversas alterações genéticas encontradas nas lesões de carcinomas
escamocelulares orais, observa-se a perda de heterozigose do cromossomo 3, onde
se localiza o gene FHIT (MAESTRO et al, 1993; AH-SEE et al, 1994), e ausência ou
16
baixa expressão dessa proteína nestas lesões (KISIELEWSKI et al, 1998; VAN
HEERDEN et al, 1999; GUERIN et al, 2006). Estudos recentes têm sugerido que a
diminuição na expressão da FHIT correlaciona-se com o uso excessivo de cigarros
e/ou álcool em tumores de esôfago (MORI et al, 2000) e de pulmão (SOZZI et al,
1997; KIM et al, 2004; D'AGOSTINI et al, 2006).
O papiloma da cavidade oral é uma neoplasia epitelial benigna. Sua etiologia
está associada ao HPV não oncogênico, particularmente tipos 6 e 11, embora
subtipos oncogênicos, tal como o HPV-16, também possam estar a ela relacionados
(BORAKS, 1996; CONTRAN et al, 2005). São tumores benignos, que ocorrem
principalmente entre os 30 e 50 anos. Usualmente, afeta o palato mole, a língua, o
freio da língua e o lábio inferior, exibindo uma doença proliferativa, parece não ter
relação com o câncer (PIGNATARI et al, 1995). Clinicamente manifesta-se como
uma lesão nodular globosa, única ou múltipla, filiforme, pediculada, de coloração
avermelhada ou esbranquiçada, superfície opaca e textura áspera, com pequena
dimensão (BORAKS, 1996).
O objetivo do presente estudo foi avaliar a expressão das proteínas p16
INK4a
e
FHIT em lesões neoplásicas malignas e benignas da cavidade oral. Para tanto, se
analisou através da técnica de imuno-histoquímica, biópsias de mucosa oral normal,
papiloma e CCEO, visando contribuir para melhor compreensão do papel destas
proteínas nestas lesões, para que possam vir a ser utilizadas como marcadores
moleculares que auxiliem no diagnóstico desses tipos de tumores.
17
II. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O ciclo celular
O ciclo celular compreende uma seqüência de processos nucleares e
citoplasmáticos perfeitamente coordenados, sendo a maneira fundamental pela qual
todos os seres vivos são reproduzidos. As células eucarióticas realizam o seu ciclo
de divisão duplicando seu conteúdo e dividindo-se em duas células idênticas.
Durante esse processo o material genético precisa ser fielmente replicado e
segregado em duas células. O ciclo celular é composto de 4 estágios: G1, S, G2 e
M. Para que cada fase aconteça de forma organizada, os eventos são controlados
separadamente e regulados por diversos “pontos de checagem”, não avançando no
ciclo se a fase anterior não estiver completa. Na fase G1 (gap 1) há um aumento de
tamanho celular e a célula se prepara para a replicação do material genético. Após
essa fase, há uma primeira parada do ciclo (checkpoint R), quando é verificada a
integridade genômica. Durante este evento qualquer anormalidade da informação
genética que seja detectada, interrompe a progressão do ciclo até que o reparo seja
realizado. A replicação, propriamente dita, ocorre na fase S (síntese) e permite que a
célula duplique precisamente seus cromossomos. Após a replicação cromossômica
inicia-se a fase G2 (gap2), durante a qual a célula se prepara para a fase M (mitose),
quando a célula-mãe, aumentada, finalmente divide-se, para produzir duas células-
filhas, com igual número de cromossomos (ALBERTS et al, 2002) (Figura 1).
Figura 1: Fases do ciclo celular (DIAS, 2005).
18
Para que o processo de divisão ocorra, alguns eventos seqüenciados
necessitam ocorrer. O primeiro passo é a ligação de um fator de crescimento a um
receptor específico na membrana plasmática que, através de seus domínios
internos, ativa proteínas transdutoras de sinais presentes no citoplasma. A
transmissão de sinais pelas proteínas transdutoras até o núcleo ativam proteínas
regulatórias nucleares, dando início à progressão do ciclo celular. São conhecidas
aproximadamente 50 proteínas que atuam como fatores de crescimento, liberadas
por vários tipos celulares, de acordo com as necessidades do organismo. As células
que possuem o receptor específico para um determinado fator de crescimento serão
iniciadas no ciclo, enquanto as que não expressam este receptor em sua superfície
permanecerão inativas (ALBERTS et al, 2002; CONTRAN et al, 2005; ZAHA et al,
2005).
2.1.1 Proteínas Regulatórias do ciclo celular e Supressoras de Tumor
A progressão através do ciclo celular constitui-se em uma seqüência de
eventos dirigidos por um “sistema de controle”, composto por uma variedade de
proteínas que permitem o correto ordenamento dos processos essenciais da
reprodução celular, tais como eventos de reparo, duplicação e separação
cromossômica (Figura 2). Esse “sistema de controle” é baseado em uma família de
proteínas ativadoras especializadas denominadas de ciclinas que se ligam a uma
família de proteínas denominadas quinases dependentes de ciclina (CDKs),
controlando sua habilidade de fosforilar proteínas alvos específicas (ALBERTS et al,
2002). O complexo CDK/ciclina coordena os eventos do ciclo celular através da
fosforilação de proteínas, processo este que pode determinar a progressão do ciclo.
A proteína pRb, por exemplo, que no estado ativo se encontra hipofosforilada, pode
19
ser fosforilada pelo complexo CDK/ciclina permitido a progressão do ciclo. A
quantidade das ciclinas varia periodicamente durante o ciclo celular, sendo
sintetizadas somente em fases específicas do ciclo, de acordo com as necessidades
celulares, sendo degradadas após sua utilização (NICULESCU et al, 1998;
BRUGAROLAS et al, 1999; ALBERTS et al, 2002).
A progressão da fase G1 para fase S depende da atividade das ciclinas dos
tipos D e E. A ciclina D atinge o nível máximo de expressão e forma complexos com
as CDK4 ou CDK6 durante o meio da fase G1, enquanto a ciclina E é expressa e
associada com a CDK2 próximo à passagem de G1 para a fase S (SHINTANI et al,
2002; VICENTE et al, 2002). O complexo ciclina-CDK4/6 faz a fosforilação da
proteína do retinoblastoma (pRb), com subseqüente liberação do fator de transcrição
E2F que codifica diversos promotores que iniciam a replicação do DNA e conduzem
o ciclo celular para entrada na fase S (PANDE et al, 1998; LEE, 2001; KRESTY et al,
2002; MATSUMOTO et al, 2003; PIENTONG et al, 2003).
A regulação da formação do complexo CDK/ciclina é realizada por inibidores
de ciclinas dependentes de quinases (CDKIs), que através do bloqueio da atividade
das quinases, promovem a parada do ciclo celular. Existem duas sub-famílias de
CDKIs baseadas nas semelhanças de suas seqüências e no espectro de CDKs que
eles inibem. O primeiro grupo é constituído pelas proteínas p21, p27 e p57 e o
segundo grupo pelas p15, p16, p18 e p19 (PAPADIMITRAKOPOULOU et al, 1997).
As CKI da família p21, como as p21
wap1/cip1
, p27
kip1
, p57
kip2
são inespecíficas,
atuando sobre diversos tipos de complexos CDK/ciclina. Já as CKI da família INK4,
como as p16
ink4a
, p18
ink4c
, p19
ink4d
, são específicas sobre os complexos
CDK/ciclina dos tipos D-CDK4 e D-CDK6, que atuam em G1. Outras proteínas de
controle negativo do ciclo celular são as fosfatases, que atuam na fosforilação de
20
CDK e desfosforilação dos complexos CDKs/ciclinas, tornando-os inativos e as
proteínas do complexo ubiquitina, que degradam as ciclinas e outras proteínas e
assim, impedem a progressão do ciclo celular. A ação dessas proteínas repercute na
atividade de proteínas inibitórias do ciclo celular ou proteínas supressoras de tumor
(De ROBERTIS, 2001; ALBERTS et al, 2002; ZAHA et al, 2003; DIAS, 2005).
Muitas proteínas supressoras de tumor têm sido estudadas com relação a sua
importância na regulação do ciclo celular. A proteína p53 desempenha um papel
fundamental na manutenção da integridade genômica (ZHANG et al, 1993; SMITH et
al, 1995). Exercendo um papel muito importante no crescimento e proliferação das
células através de ações de controle do ciclo celular (WHYTE et al, 2002; BRENNA
& SYRJÄNEN, 2003). O gene TP53 é ativado em resposta a sinais de stress celular,
especialmente induzido por danos ao DNA (radiação UV, gama ou X, carcinógenos,
depleção de ribonucleotídeos), hipóxia e rompimento de adesão celular (PLUQUET
& HAINAUT, 2001). A ação da p53 promove a parada do ciclo celular na fase G1,
permitindo, desta forma o reparo do DNA danificado. Além disso, em casos nos
quais o reparo do DNA não é possível, a p53 induz a apoptose, através da
sinalização para proteínas indutoras de apoptose, como o bax, bcl-2 e c-myc,
resultando na eliminação de células com informações genéticas inapropriadas
(JUAN et al, 2000; CADWELL & ZAMBETTI, 2001).
Figura 2: O ciclo celular e o processo de regulação (DIAS, 2005).
21
Outra proteína supressora de tumor bastante estudada é a fosfoproteína
nuclear, denominada Proteína pRb ou p105Rb. No estado ativo, a pRb se encontra
hipofosforilada e atua como repressor da progressão das células da fase G1 para a
fase S do ciclo celular. No início da fase G1 ocorre a síntese da ciclina D, que se liga
as CDK4 e CDK6, formando dois complexos. Mais tardiamente, ocorre a síntese da
ciclina E, que se liga a CDK2. Estes três complexos irão atuar na fosforilação da
proteína pRb. Ao entrar na fase S a forma fosforilada da proteína se torna mais
abundante, o que persiste durante as fases S, G2 e M (ALBERTS et al, 2002; ZAHA
et al, 2005).
A pRb, na fase G1, encontra-se em quantidade elevada no núcleo das células
de mamíferos na forma ativa, estando ligada a uma série de proteínas regulatórias
que favorecem a progressão do ciclo, como o fator de transcrição E2F. Quando a
célula é estimulada a se dividir, a pRb é fosforilada pelos complexos CDKs/ciclina,
torna-se inativa e libera o fator E2F. A proteína de regulação gênica E2F é
responsável pela transcrição de vários genes cujos produtos são necessários para
que a célula progrida para a fase S. (ALBERTS et al, 2002; CONTRAN et al, 2005;
DIAS, 2005; ZAHA et al, 2005).
A E2F foi a primeira proteína celular identificada ligada à pRb. Existem 6
membros da família E2F como fator de transcrição, E2F-1 a E2F-6. As proteínas
E2F regulam a atividade de promotores contendo sítios de ligação E2F e controlam
diretamente a transcrição de genes envolvidos na replicação do DNA e no controle
de crescimento celular, incluindo os genes c-myc, b-myc, cdc-2, genes codificadores
das ciclinas A e E e de proteínas, como os da DNA polimerase, PCNA e
ribonucleotideo redutase (ALBERTS et al, 2002; CONTRAN et al, 2005; DIAS, 2005;
ZAHA et al, 2005).
22
Inibidores de CDK como a p16
Ink4a
também é considerada uma importante
proteína supressora de tumor. No ciclo celular normal esta proteína possui
capacidade bioquímica de ligação ao complexo ciclina D-CDK4/6, inibindo a
fosforilação da proteína pRb e retornando a formação do complexo pRb/E2F. Com
isso, temos a finalização dos processos do “ponto de checagem” G1-S do ciclo
celular, impedindo que a célula saia do estágio G1 (ALBERTS et al, 2002; VON
KNEBEL DOEBERITZ, 2002; Al et al., 2003; MATSUMOTO et al., 2003; ZAHA et al,
2005).
A proteína a p16
Ink4a
, produto do gene quinase dependente de ciclina nº2
(CDKN2), também conhecido como gene supressor tumoral múltiplo n°1 (MTS1),
localizado no cromossomo 9p21, possui lócus INK4a/ARF. Nos últimos anos a
literatura vem apresentando estudos envolvendo o cromossomo 9p21 e seu lócus,
demonstrando que é freqüente a ocorrência de anormalidades nos genes, assim
como alterações na expressão da proteína p16
INK4a
nas células de diversos tumores
humanos, tais como melanomas, gliomas, retinoblastomas, osteossarcomas,
leucemias, linfomas e carcinomas de mama, pulmão, próstata, cérvice uterina e da
cabeça e pescoço (CAIRNS et al, 1995; CHEN et al, 1999; SAITO et al, 1999;
KEATING et al, 2001; KLAES et al, 2002; MORTIER et al, 2002).
Visto que a p16
INK4a
inibe a proliferação celular somente nas células com pRb
funcional, alterações na pRb, cíclica D ou de CDKs devem predispor a célula a
apresentar uma progressão anormal do ciclo celular. Uma relação recíproca tem sido
vista entre expressão da p16
INK4a
com a pRb, sugerindo a presença de uma alça de
controle de retroalimentação (“feedback”) negativa que permite a pRb limitar a
concentração da p16
INK4a
(MURPHY et al, 2003).
23
A inativação desses genes deve interferir com a diferenciação terminal e levar
a uma proliferação irrestrita e processo tumoral. Desta forma, é esperado que a
ausência ou inativação da p16
INK4a
, na expressão gênica, estrutura ou função da
proteína, resulte em rompimento do controle do ciclo celular, com conseqüente
desenvolvimento do tumor, o que está associado com carcinogênese de tumores
que mostram deficiência da p16
INK4a
(PAPADIMITRAKOPOULOU et al, 1997;
MORTIER et al, 2002; WING YUEN et al, 2002; Al et al, 2003).
Nos últimos anos, o gene humano da tríade frágil da histidina (FHIT) tem sido
estudado como um importante gene supressor tumoral, envolvido com o
crescimento, proliferação celular e apoptose. Este gene foi identificado no
cromossomo 3 humano, particularmente na região 3p14.2, e contém um dos sítios
frágeis mais importantes do genoma humano, o FRA3B. A região 3p14.2 é, de fato,
considerada o local mais ativo e frágil do genoma humano, sendo muito suscetível à
deleções homozigóticas e perda de heterozigotia (SMEETS et al, 1986; OHTA et al,
1996; DRUCK et al, 1997). Os sítios frágeis subdividem-se em dois tipos: sítios
frágeis raros - encontrados em uma pequena proporção de indivíduos, menos de 5%
da população, herdados de forma mendeliana codominante, e sítios frágeis comuns
- importantes por constituírem “hotspots” para quebras cromossômicas e talvez sítios
de integração de DNA estranho, e que são encontrados em todos os indivíduos.
O sítio FRA3B, considerado um sítio frágil comum, é uma região alvo de
deleções homozigóticas em muitas linhagens de células humanas cancerosas.
Esses dados somam-se aos achados de experimentos nos quais o gene FHIT
parece ser inativado por deleções nas linhagens celulares derivadas do câncer,
sendo associado à progressão tumoral e ao prognóstico ruim da doença, pois a
perda deste gene parece estimular a síntese e proliferação de DNA (OHTA et al,
24
1996; HAYASHI et al, 1997; SOZZI et al, 1997). A prova da função supressora de
tumor do FHIT vem de observações realçadas pela suscetibilidade espontânea ao
desenvolvimento de tumores malignos em ratos knockout. Outros estudos
identificam o gene FHIT como supressor tumoral, devido ao fato do aumento de
expressão deste gene do tipo selvagem inibir o crescimento de células tumorais,
somado ao fato destes autores terem consiguido suprimir significantemente o
crescimento tumoral através da transfecção do gene FHIT para linhagens de células
tumorais que apresentavam deleção deste gene. Neste estudo constatou-se que a
re-expressão do gene FHIT nestas células levou à indução da apoptose, parada no
ciclo celular e supressão da atividade tumoral (JI et al, 1999). Todos esses achados,
compatíveis com função supressora de tumores, evidenciam o gene FHIT como um
importante gene supressor tumoral alvo de diversos estudos (NAWROZ et al, 1994;
KISIELEWSKI et al, 1998; VAN HEERDEN et al, 1999).
Diversos relatos da literatura têm demonstrado que a proteína FHIT se
expressa em baixos níveis na maioria dos tecidos adultos, porém está ausente ou
reduzida à níveis indetectáveis em alguns tumores sólidos tais como carcinomas
cervicais, de pulmão, mama, estômago, rim e de cabeça e pescoço (ISHWAD et al,
1996; DRUCK et al, 1997; GONZALEZ et al, 1998; KISIELEWSKI et al, 1998;
PARTRIDGE et al, 1999; GOTTE et al, 2000; PATEROMICHELAKIS et al, 2000;
SUNG et al, 2000; TANIMOTO et al, 2000; ISHII et al, 2001; LEE et al, 2001).
Estudos evidenciam que a proteína FHIT exerce atividade hidrolítica sobre a
diadenosina trifosfato (Ap3A) liberando moléculas de adenosina difosfato (ADP) e
adenosina monofosfato (AMP). No entanto esta atividade hidrolítica não é atribuída à
função supressora de tumores desta proteína (BARNES et al, 1996).
25
Estudos de cristalografia têm demostrado que ligar substratos nucleotídeos
com a proteína FHIT altera a superfície molecular desta proteína, e que talvez, seja
o complexo FHIT-substrato a forma ativa envolvida nas vias de sinalização e
progressão do ciclo celular (LIMA et al, 1997; BRENER et al, 1999). Além disso, tem
sido relatado que o estado normal do FHIT é um complexo FHIT-PPi, e que o nível
de diadenosina 5’,5’’’- P
1
,P
n
polifosfato desloca o PPi, e que a formação deste novo
complexo sinaliza a morte celular (VARTANIAN, 1996). Conhecidos substratos do
FHIT são a Ap3A e Ap4A, e alterações nos níveis de Ap3A e Ap4A tem sido
associados à indução de apoptose em cultura de células humanas (VARTANIAN,
1997). Estudos recentes sugerem que o Ap4A seja o substrato mais estável
requerido pelo complexo FHIT para que este exerça a função de supressão tumoral,
enquanto o Ap3A seja o reflexo da atividade enzimática do FHIT (MURPHY et al,
2000).
Até o presente momento a literatura mostra que a perda da proteína FHIT é
muito importante na transformação maligna, pois leva à instabilidade genética,
através da perda do controle do ciclo celular, apoptose ou à falha nas vias de
sinalização (SIPRASHVILI et al, 1997; KISSELEV et al, 1999). Contudo, os
mecanismos através dos quais a proteína FHIT exerce suas atividades anti-tumorais
ainda permanece em grande parte desconhecida (OHTA et al, 1996; SIPRASHVILI
et al, 1997; PACE et al, 1998; SARD et al, 1999; CHANG et al, 2002).
Diferentemente de outras enfermidades, o câncer é resultante de um
processo de proliferação descontrolada de uma única linhagem celular, que escapou
do complexo sistema de controle regulatório do ciclo celular. As proteínas envolvidas
no controle do ciclo celular e as proteínas supressoras de tumor, tais como a p16
Ink4a
e FHIT, respectivamente, são extremamente importantes nos processos
26
carcinogênicos de diversos tumores malignos, icluindo o carcinoma escamocelular
da cavidade oral. Qualquer mutação em seus respectivos genes ou alterações
nessas proteínas pode resultar em um descontrole do processo de proliferação
celular, culminando no desenvolvimento de uma neoplasia maligna (LOEB & LOEB,
2000).
2.2 Carcinoma Escamocelular Oral
Entre as neoplasias malignas que afetam a cavidade bucal, o carcinoma
escamocelular é responsável por noventa e cinco por cento do total de casos. Os
outros cinco por cento são representados por melanomas, sarcomas e neoplasias
das glândulas salivares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
O carcinoma escamocelular oral, também denominado carcinoma
epidermóide ou carcinoma espinocelular, é uma neoplasia maligna epitelial que tem
a sua origem em células próximas a camada basal que, devido a agentes etiológicos
diversos, passaram a ter uma capacidade de expansão anormal e acabam por
substituir o epitélio normal (NAPGAL & DAS, 2003).
Clinicamente, o Carcinoma escamocelular apresenta nas fases iniciais
aspecto variado assemelhando-se a leucoplasia, eritroplasia ou eritroleucoplasia
(SOUSA et al, 2004). Com a evolução da doença, o carcinoma escamocelular pode
tornar-se uma lesão endofítica ou exofítica, dependendo do seu padrão de
crescimento, ambas possuindo um caráter infiltrativo, que resulta em uma lesão mal
delimitada, endurecida e de superfície granulosa (Figura 3) (TOMMASI, 2002). Os
sítios mais afetados são lábio, língua e assoalho da boca, podendo também afetar
trígono retro-molar, mucosa jugal, rebordo alveolar e palato duro. Essa patologia
pode levar à destruição do osso subjacente levando a uma radiotransparência com
27
margens indefinidas. Apesar dessas lesões se localizarem em áreas de fácil acesso
ao exame, a maioria delas possui diagnóstico tardio devido à ausência de dor
(NEVILLE et al, 2004).
Figura 3: Aspecto clínico do Carcinoma escamocelular em língua. (BORAKS, 1996).
Histopatologicamente, o carcinoma escamocelular é caracterizado por ilhas e
cordões invasivos de células epiteliais malignas que assemelham-se às células da
camada espinhosa. As células neoplásicas apresentam, em geral, citoplasma
abundante com núcleos grandes e um aumento da relação núcleo/citoplasma. Graus
variados de pleomorfismo celular e nuclear são também frequentemente observados
(Figura 4) (NEVILE et al, 2004).
Figura 4: Aspecto histológico do Carcinoma escamocelular oral. CONTRAN et al, 2005.
28
Inúmeros fatores influenciam o prognóstico da doença, no entanto, o
estadiamento clínico da lesão é o melhor indicador de prognóstico, sendo realizado
pelo sistema TNM, onde o T significa extensão da lesão primária, N linfonodos
envolvidos e M metástases a distância. Os vários aspectos de TNM são reunidos,
para que se determine o estágio apropriado (I, II, III e IV). Quanto maior a
classificação do estágio, pior o prognóstico, pois significa o envolvimento de
linfonodos e a constatação de metástases (NEVILLE et al, 2004; UICC, 2004).
O carcinoma escamocelular oral é muito heterogêneo nos sítios acometidos,
no comportamento biológico e na resposta ao tratamento. Na prática clínica o
planejamento do tratamento e o prognóstico desta forma de câncer são baseados
principalmente na classificação TNM, embora existam evidências crescentes que
esta forma de classificação, apesar de sua grande importância no que tange ao
planejamento terapêutico, é insuficiente para predizer o prognóstico dos pacientes
(JAYASURYA et al, 2005).
O tratamento do câncer de boca é preferencialmente cirúrgico, podendo ou
não ser complementado pela radioterapia, dependendo do local e extensão do tumor
primário e do status dos linfonodos cervicais. Desde que as lesões sejam
diagnosticadas o mais precocemente possível, o tratamento pode ser efetuado com
maior possibilidade de sucesso, alcançando-se, assim, um prognóstico favorável
(PARISE JR, 2000; NEVILLE et al, 2004).
No entanto, ainda se observa um número crescente de pacientes que chegam
aos serviços com a doença já em fase avançada; aproximadamente, 60% chegam
aos hospitais especializados com o câncer de boca nos estágios III e IV, cujo
tratamento torna-se mais difícil, causando nos casos de sobrevivência desfiguração,
29
disfunção e trauma psicológico, interferindo, dessa forma, na qualidade de vida do
indivíduo (KERDPON & SRIPLUNG, 2001).
2.2.1 Epidemiologia
De acordo com dados da OMS, as neoplasias malignas da boca ocupam a 8ª
posição entre as mais freqüentes no mundo, no entanto a sua incidência é
extremamente variável. Em alguns países da Ásia hábitos locais, como mascar
folhas de bétele e tabaco, fazem com que a taxa de incidência de câncer de boca
seja muito superior em relação a outras áreas do mundo. Na Índia, por exemplo, a
taxa de incidência de câncer de boca para cada cem mil habitantes é de 12,6 -
número superior à média mundial que varia entre 1 à 10 (WORLD HEALTH
REPORT, 2003).
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou que no ano de 2006
surgiriam 13.470 novos casos de neoplasias malignas de boca, sendo 10.060 no
sexo masculino e 3.410 no sexo feminino. Esses números colocam o câncer de boca
como o quinto tipo de câncer mais freqüente entre os homens e o sétimo entre as
mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Nos Estados Unidos, foram esperados
para o ano de 2005, 29.370 novos casos de câncer de boca, com 19.100 casos
entre os homens e 10.270 entre as mulheres (JEMAL et al, 2005).
A taxa de mortalidade para neoplasias malignas de boca, no período de 1979
a 1998 no Brasil, variou de 2,16 para 2,96 a cada 100.000 homens e de 0,48 para
0,70 a cada 100.000 mulheres, representando aumento dessas taxas em 37% e
46,8%, respectivamente para homens e mulheres. No ano de 2003 o INCA estimou
3245 óbitos por câncer de boca no país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Nos
Estados Unidos, foram estimados para o ano de 2005, 5190 mortes devido a
30
neoplasias malignas da boca, sendo 3420 entre os homens e 1770 entre as
mulheres (JEMAL et al, 2005).
Com relação à sobrevida, os pacientes em geral apresentam uma taxa de
cinco anos isentos de recidiva da doença em apenas 20 a 30% dos casos,
principalmente para os tumores de língua e assoalho de boca. Nas lesões labiais, a
taxa de cinco anos isentos de recidiva é em torno de 90% (CONTRAN et al, 2005).
Estudos epidemiológicos relatam que a incidência do câncer de boca varia de
acordo com a idade, sexo, raça e localização anatômica. As faixas etárias mais
atingidas pela doença são aquelas acima dos 50 anos, sendo o sexo masculino o
mais atingido. A proporção de casos entre homens e mulheres é de 3:1, no entanto,
a literatura relata que essa proporção entre os sexos deverá diminuir
consideravelmente com o passar do tempo, devido ao fato das mulheres terem
modificado seus hábitos e costumes, principalmente com relação ao uso do fumo e
álcool, principais fatores de risco para o desenvolvimento desta forma de câncer
(JITOMIRSKI, 2000). No que concerne à raça os indivíduos brancos são os mais
afetados, representando cerca de noventa e dois por cento dos casos de câncer de
boca. Quanto à localização anatômica o lábio inferior, a borda lateral da língua e
assoalho bucal são os sítios mais freqüentemente acometidos (TAVARES & NOMA,
1997; ELIAS et al, 2002; TOMMASI, 2002; NEVILLE, 2004).
2.2.2 Etiologia
A etiologia do Carcinoma escamocelular oral ainda não está completamente
estabelecida. Acredita-se que, assim como nas outras formas de câncer, exista uma
interação de diversos fatores etiológicos, genéticos e ambientais. Os fatores
31
etiológicos ambientais subdividem-se em agentes químicos, físicos e biológicos
(NEVILLE, 2004; SOUSA et al, 2004).
De acordo com TODD et al, (1997), as alterações cromossômicas mais
frequentemente relacionadas ao carcinoma oral de células escamosas são
encontradas nos cromossomos 1, 3, 9, 11, 13, 14, 15 e 18. CALIFANO, et al (1996)
propuseram a perda do braço curto do cromossomo 9, no epitélio caracterizado
morfologicamente como hiperplásico, como um evento inicial da carcinogênese. Os
mesmos autores relacionaram a perda do braço curto dos cromossomos 3 e 17 com
a transição do epitélio hiperplásico para displásico. Perdas adicionais dos braços
longos dos cromossomos 11, 13 e 14 foram detectadas no carcinoma in situ,
enquanto a perda do braço curto do cromossomo 6, de todo o cromossomo 8 e do
braço longo do cromossomo 4 promoveria a invasão da lesão maligna nos tecidos.
Ainda não se conhece o exato significado dessas alterações na carcinogênese
bucal, entretanto acredita-se que levariam à mutações de genes responsáveis pela
proliferação, crescimento e morte das células.
Em relação aos fatores ambientais, entre os agentes químicos, o tabaco
destaca-se como um dos principais fatores etiológicos, devido ao fato de possuir
entre as 2500 diferentes substâncias presentes em sua composição, 300
substâncias consideradas carcinógenos. Entre as quais se destacam as
nitrosaminas específicas do tabaco e os hidrocarbonetos policíclicos. Essas
substâncias quando metabolizadas dão origem a compostos hidrofílicos reativos
capazes de produzirem danos ao DNA das células (JOHNSON, 2001; DAS &
NAGPAL, 2002; KUPER et al, 2002).
A freqüente ingestão de bebidas alcoólicas também é um fator etiológico
importante, no entanto não existe um consenso sobre sua ação. Acredita-se que o
32
álcool leve a deficiências nutricionais e imunológicas que permitam que o organismo
seja mais suscetível à ação de carcinógenos, assim como aumente a
permeabilidade das células aos carcinógenos presentes, principalmente, no tabaco
(DAS & NAGPAL, 2002). Alguns estudos mostraram que o etanol é transformado em
acetaldeído por bactérias da flora bucal e essa substância é capaz de produzir
danos ao DNA das células (HOMANN et al, 1997).
O sinergismo entre tabaco e álcool aumenta em muito o risco de desenvolver
uma neoplasia maligna da boca. Alguns estudos mostram que a associação entre
essas duas substâncias aumenta em 50 vezes a chance de desenvolver câncer de
boca, enquanto o tabaco isolado é responsável por um aumento de 20 vezes, e o
álcool 5 vezes (HUNTER et al, 2005).
Em relação aos fatores biológicos, alguns fungos e vírus têm sido detectados
em associação com o câncer oral. Entre esses vírus, o papiloma vírus humano
(HPV) tem sido detectado com frequência crescente no epitélio oral carcinomatoso,
em comparação com a mucosa oral normal (MILLER, 1994; MILLER & WHITE,
1996; FRANCESCHI, 2000; ZUR HAUSEN, 2000; MILLER, 2001; KANSKY, 2003;
HERMANN et al, 2004; VIDAL, 2004). Entretanto, o papel deste vírus na
carcinogênese oral ainda é controverso, com alguns estudos demonstrando a
presença viral e sua correlação com a carcinogênese (MILLER & WHITE, 1996;
MCGLENNEN, 2000; SCULLY et al, 2000; MILLER & JOHNSTONE, 2001; TINOCO
et al, 2004; BOY et al, 2006), enquanto outros estudos não consideram sua
participação no câncer oral (MIGUEL et al, 1998; CHANG et al, 2002; PATRICK et
al, 2002). No entanto, a presença na mucosa oral dos subtipos anogenitais, HPV
6/11 e 16/18, podem significar transmissão oro genital, o que torna este vírus um
importante co-fator no desenvolvimento do câncer oral assim como é considerado no
33
carcinoma de cérvice uterino (SYRJANEN et al, 1987; PALEFSK et al, 1995;
WALBOOMERS, 1999; MILLER & JOHNSTONE, 2001).
2.2.3 Aspectos Moleculares da Carcinogênese Oral.
O câncer é considerado uma doença genética que resulta do acúmulo de
alterações sucessivas no DNA levando a formação de uma célula com capacidade
de proliferação e crescimento autônomos. O desenvolvimento do CCEO é um
evento de múltiplas etapas tanto em nível fenotípico quanto genotípico. Durante este
processo, há um rompimento dos padrões regulatórios normais que regem as
funções celulares básicas, como divisão, diferenciação e morte celular, resultando
em aumento do tempo de vida celular, imortalização e transformação tumoral
(JEFFRIES et al, 1999; DE ROBERTS, 2001; CONTRAN et al, 2005).
As alterações genéticas que levam a formação de neoplasias malignas
alteram ao menos quatro categorias de genes. A primeira delas é a dos proto-
oncogenes, cujos produtos são importantes para o crescimento celular fisiológico e a
sua expressão aumentada ou mutação podem levar ao crescimento celular
desordenado e oncogênese, sendo nesse caso chamados de oncogenes. Os genes
supressores de tumor estão relacionados ao controle da divisão celular e caso
detectem alguma alteração durante o processo, promovem a parada da divisão
celular. Uma outra categoria de genes que pode estar alterada é a dos reguladores
de apoptose. Eles são necessários para levar à morte celular quando algum erro
genético não foi reparado. A quarta categoria de genes que pode estar alterada é a
dos genes de reparo do DNA. A alteração nessa família de genes predispõe à novas
mutações afetando a proliferação e sobrevivência celular de forma indireta, pois
influencia a habilidade do organismo em reparar danos não letais ocorridos em
34
proto-oncogenes, genes supressores de tumor e genes reguladores de apoptose
(DAS & NAPGAL, 2002; CONTRAN et al, 2005).
No entanto, duas classes de genes estão diretamente associadas ao processo
de carcinogênese: os genes supressores de tumor e os oncogenes (DE ROBERTS,
2001). A inativação de genes supressores de tumor, através de mutações pontuais,
amplificações, rearranjos e deleções e a ativação de oncogenes por amplificação
estrutural, amplificação gênica, rearranjo cromossômico ou infecção viral, são
fenômenos biológicos fundamentais na transformação de uma célula normal em uma
célula neoplásica. Os oncogenes estão inativos ou são expressos em baixas
quantidades nas células normais, sendo denominados proto-oncogenes.
Entre os oncogenes associados ao desenvolvimento do carcinoma
escamocelular da cavidade oral os mais estudados são os bcl-2, CCND, ERBB2,
FGF3, HRAS e myc. (ZHANG et al, 1993; SMITH et al, 1995; SOUSA et al, 2004;
CONTRAN et al, 2005). Destacam-se, também, a atuação do EGFR que apresenta
seu RNAm aumentado em 69 vezes em 92% das neoplasias malignas e do TGF-a
que tem um aumento de 5 vezes em 87,5% em comparação com tecido normal de
pacientes que não possuem a neoplasia. Foi observado, que taxas elevadas desses
dois oncogenes estão relacionadas a uma redução do tempo livre de doença
(GRANDIS & TWEARDY, 1993; RUBIN GRANDIS et al, 1998). A amplificação dos
genes da família ras (K-ras, H-ras e N-ras) está associada a pacientes com CCEO
relacionados ao hábito de mascar folhas de tabaco. Os genes C-myc e N-myc
apresentam superexpressão em 20 a 40% dos casos (DAS & NAPGAL, 2002).
Em relação aos genes supressores de tumor que destacam-se nos estudos
das bases moleculares da carcinogênese da cavidade oral, o gene p16
(CDKN2a/INK4a), sobressai como um importante gene supressor de tumor, que
35
codifica a proteína a p16
INK4a
envolvida com a via de controle do ciclo celular
p16
INK4a
/ciclina-CDK4-6/pRb; sendo considerada um regulador negativo desta via.
Desde que foi descoberta em 1993, os estudos vêm demonstrando que a expressão
da proteína p16
INK4a
está frequentemente alterada em diversas neoplasias humanas,
incluindo os carcinomas epidermóides da cabeça e pescoço (HEICHMAN &
ROBERTS, 1994; DE PAULA et al, 2006).
Os trabalhos na literatura demonstram que anormalidades no gene p16
ocorrem por deleção (33%), metilação (20%) ou mutação (10%) (PANDE et al, 1998;
SHAHNAVAZ et al, 2001; TSAI et al, 2001). Nos carcinomas escamocelulares da
cabeça e pescoço, REED et al, (1996) demonstraram que a inativação do gene da
p16 está presente em quase 80% dos casos, sendo a deleção responsável por
quase 50% dos casos.
Tem-se estabelecido a idéia de que a perda de função da p16
INK4a
ocorre nas
etapas iniciais da carcinogênese (REZENIKOFF et al, 1996; GUAN et al, 1999), com
alguns estudos indicando que a perda da p16
INK4a
é a primeira anormalidade
genética detectável no carcinoma escamocelular oral (VAN DER RIET et al, 1994;
CALIFANO et al, 1996). Além dos tumores malignos, a inativação do gene p16
também tem sido freqüentemente reportada em lesões bucais pré-malignas,
reforçando o papel precoce desse gene no desenvolvimento do carcinoma
escamocelular da cabeça e pescoço (PANDE et al, 1998; KRESTY et al, 2002).
Estes resultados demonstram que essas lesões pré-malignas já possuem
aberrações genéticas comumente encontradas nos estágios finais do carcinoma
escamocelular oral, indicando a proteína p16
INK4a
como marcador de
acompanhamento preditivo do risco para desenvolvimento do câncer desses
pacientes (PAPADIMITRAKOPOULOU et al, 1997).
36
Em acordo com os resultados das análises genéticas nos carcinomas
escamocelulares da cabeça e pescoço, a expressão da proteína p16
INK4a
também se
mostrou anormal. A ausência da expressão da proteína pelo método da imuno-
histoquímica nesses tumores variou de 55% a 90%, com média de 74% nos estudos
avaliados (Al et al, 2003). Outros estudos na literatura também relatam ausência
e/ou acentuada perda de expressão desta proteína no carcinoma escamocelular oral
(REED et al, 1996; BOVA et al, 1999; GRUTTGEN et al, 2001; MORTIER et al,
2002; WING YUEN et al, 2002; LINGBAO et al, 2003). Uma análise imuno-
histoquímica, confirmado por Western Blot, da expressão de ciclinas, CDKs e CDKIs
da fase G1-S em mucosa normal, displasia epitelial e carcinoma escamocelular oral
foi realizado por SHINTANI et al, (2002). Neste estudo, a p16
INK4a
foi detectada em
todas as mucosas normais e nas displasias de grau leve. Nas displasias com grau
moderado a severo, a p16
INK4a
não foi detectada em 7% e 30% dos casos,
respectivamente, aumentando para quase 70% nos casos de carcinoma
escamocelular oral.
PANDE et al, (1998) analisaram por imuno-histoquímica as proteínas p16
INK4a
e pRb em amostras de carcinoma escamocelular da cabeça e pescoço, em lesões
pré-malignas e em amostras de tecidos bucais normais, procurando correlação com
o processo de tumoração bucal. Para a p16
INK4a
, a ausência foi observada em 63%
dos carcinomas epidermóides e 59% das lesões pré-malignas. Além disso, a
ausência na expressão da p16
INK4a
foi significativa quanto à correlação com
estadiamento tumoral mais avançado. Estes achados reforçam a idéia de que
anormalidades no gene da p16
INK4a
são eventos comuns no carcinoma
escamocelular oral, sendo que os índices dessas anormalidades aumentam de
37
forma progressiva do grau histológico bem diferenciado para o pouco diferenciado
(TSAI et al, 2001).
KRESTY et al, (2002) avaliaram alterações no lócus INK4/ARF pela técnica
da reação em cadeia da polimerase (PCR) em 28 amostras bucais com diagnóstico
de displasia epitelial bucal severa, para verificar a existência de correlação entre a
presença de anormalidades cromossômicas com o risco de transformação maligna.
Segundo os autores, perda de heterozigosidade no braço curto do cromossomo 9p é
o defeito mais comum relatado nos carcinomas escamocelulares de cabeça e
pescoço, e também em lesões pré-malignas, encontrando correlação positiva dessa
perda de heterozigosidade com a progressão histológica, desenvolvimento e
recorrência do câncer bucal. Neste estudo, perda de heterozigosidade foi a alteração
molecular mais freqüente (42,1%), significativa nas lesões do assoalho bucal.
Metilação no gene da p16 esteve presente em 57,7% dos casos, sendo que os
maiores índices ocorreram nos casos de língua e assoalho bucal. Deleção ou
mutação ocorreram em 15% e 7,7%, respectivamente. Estes resultados
demonstraram que essas lesões pré-malignas já possuem aberrações genéticas
comumente encontradas nos estágios finais de carcinoma escamocelular oral,
indicando a p16
INK4a
como marcador de acompanhamento preditivo do risco desses
pacientes.
CHEN et al, (1999) analisaram por imuno-histoquímica a expressão da
p16
INK4a
na cavidade bucal em 10 casos de hiperceratose, 30 lesões pré-malignas
(displasia leve, moderada e severa) e 15 carcinomas escamocelulares sendo a
marcação para p16
INK4a
positiva em 82% dos pacientes. De uma forma geral, houve
marcação positiva da p16
INK4a
com superexpressão progressiva, a partir dos casos
de tecidos normais, hiperceratóticos, displásicos até os carcinomas epidermóides
38
sem metástases. Os autores também identificaram maior expressão da p16
INK4a
nos
casos com estádio e grau avançado do tumor.
Com o objetivo de elucidar os padrões de expressão de diversas proteínas
associadas com o ciclo celular, SAITO et al, (1999) analisaram a p16
INK4a
em lesões
da cavidade bucal (10 mucosas normais, 23 displasias leves, 23 moderadas, 11
severas, 44 carcinomas escamocelulares) por imuno-histoquímica. O resultado para
p16
INK4a
foi progressivo a partir da mucosa normal (2,0%), displasia leve (2,65%),
displasia moderada (5,35%), displasia severa (5,09%) até carcinoma escamocelular
(11,3%). Os autores fizeram uma importante análise a respeito da superexpressão
da p16
INK4a
nos casos de carcinomas. Com base na revisão da literatura feita
afirmam que, etiologicamente, o HPV consiste em um importante fator de risco para
o carcinoma da cavidade oral, e associam os resultados encontrados com estudos
que demonstram a superexpressão da p16
INK4a
em lesões malignas da cérvice
uterina associadas com HPV de alto risco.
FREGONESI et al, (2003) pesquisaram a p16
INK4a
e suas correlações com o
HPV em lesões bucais abrangendo hiperplasias, papilomas, lesões pré-malignas e
carcinomas escamocelulares. Para os autores a presença focal da p16
INK4a
(>10 a
30% das células marcadas) ou difusas (>30%) era preferencialmente encontrada em
lesões pré-malignas e malignas, enquanto o padrão esporádico (5 a 10%) era
associado com lesões benignas. Observaram forte associação entre a
superexpressão da proteína p16
INK4a
com as lesões bucais que eram malignas ou
com alto potencial de malignização. Um dado interessante foi que a lesão de
hiperplasia bucal infectada com HPV 16/18 produziu um padrão difuso de marcação
da p16
INK4a
. Por outro lado, algumas lesões pré-malignas e malignas, negativas para
o HPV de alto risco, foram p16
INK4a
negativas ou tiveram marcações esporádicas.
39
Estes resultados indicariam uma íntima associação entre a infecção de HPV de alto
risco e os padrões imuno-histoquímicos da p16
INK4a
.
Outra proteína supressora de tumor também muito estudada na
carcinogênese do carcinoma escamocelular da cavidade oral é a FHIT. Estudos
recentes têm revelado que a perda de expressão do gene FHIT tem sido observado
em vários tipos de tumores malignos, inclusive no carcinoma escamocelular oral.
Estes achados sugerem que anormalidades no FHIT desempenham um importante
papel na carcinogênese (OTHA et al, 1996).
O método da imunohistoquímica parece ser o mais sensível na detecção das
alterações de expressão da proteína FHIT, quando comparado a outros métodos
(SOZZI et al, 1997; VAN HEERDEN et al, 2001). Análises por imunohistoquímica
demonstram que existe uma significante perda de expressão desta proteína em
pacientes com carcinoma escamocelular da cabeça e pescoço, nestes trabalhos a
perda de expressão do FHIT variou entre 17% a 68% (GOTTE et al, 2000; LEE et al,
2001).
Segundo MINETA et al, (2002), embora a baixa expressão da proteína FHIT
seja frequentemente encontrada no carcinoma escamocelular oral, indicando que
esta proteína exerce um papel importante no desenvolvimento desta neoplasia;
ainda permanece incerto se a expressão da FHIT está relacionada ou não com
características clínico-patológicas e prognóstico deste tipo de tumor. Em seus
experimentos foi encontrado alterações na expressão da proteína FHIT em 53% dos
casos de carcinoma escamocelular oral, confirmando a idéia de que esta proteína
exerce ação na carcinogênese do CCEO. Os autores identificaram que as células
tumorais que exibiam baixa expressão da FHIT apresentavam alta proliferação,
contribuindo desta forma para o comportamento tumoral agressivo. Os resultados
40
encontrados pelos autores mostraram que a expressão da proteína FHIT não está
relacionada com as características clínico-patológicas e prognóstico desse tipo de
tumor. Contudo, outros trabalhos na literatura associam a baixa expressão do FHIT
a um mau prognóstico (BURKE et al, 1998; TOMIZAWA et al, 1998; SEGAWA et al,
2000).
Em seus estudos KISIELEWSKI et al, (1998), relatam ter identificado em suas
amostras de carcinoma escamocelular oral 66% de ausência de expressão da
proteína FHIT, e concluem afirmando que as alterações na expressão da proteína
FHIT nas amostras de CCEO, em comparação com a expressão desta mesma
proteína em amostras de tecidos bucais normais, sugerem que as alterações do
gene FHIT desempenham atividade na carcinogênese oral.
VAN HEERDEN et al, (1999) encontraram ausência ou redução dos níveis de
expressão desta proteína em 41% das amostras de carcinoma escamocelular oral e
nas áreas de displasia adjacentes às lesões malignas, os autores com base em seus
achados sugerem que a inativação do FHIT deve ocorrer nas fases iniciais da
carcinogênese oral e concluem afirmando que anormalidades na expressão deste
gene exercem um importante papel na carcinogênese oral. Achados semelhantes
foram relatados por CHANG et al, (2002). Em consonância com as conclusões dos
trabalhos de VAN HEERDEN (1999) & CHANG (2002), TANIMOTO et al, (2000)
recomendam a análise da expressão do gene FHIT em biópsias da cavidade oral de
lesões pré-malignas, para que possamos identificar entre essas lesões, aquelas que
realmente possuem potencial para transformação maligna.
O estudo das proteínas p16
INK4a
e FHIT, seja na expressão das proteínas ou
nas anormalidades cromossômicas, vêm sendo indicados como mais uma
ferramenta a ser aplicada na pesquisa do processo carcinogênico em diversas
41
neoplasias humanas, especialmente nas lesões da cérvice uterina, nas quais têm
sido amplamente difundidas. Nas lesões da cavidade bucal, malignas e pré-
malignas, os estudos relatam diminuição progressiva nas expressões destas
proteínas do tecido normal, passando pelas displasias e para o carcinoma.
Atualmente, o diagnóstico das neoplasias malignas, que guiará as decisões
terapêuticas, é realizado com base na morfologia da lesão, no entanto, sabe-se que
tumores com características morfológicas semelhantes não apresentam,
necessariamente, o mesmo curso clínico e resposta terapêutica. Essas diferenças
encontradas levam a necessidade de uma nova classificação das neoplasias, com
base nas características moleculares da lesão, na tentativa de realizarmos um
diagnóstico mais preciso, melhorando o tratamento e prognóstico do paciente (KIM &
CALIFANO, 2004; CUPERLOVIC-CULF et al, 2005).
Para o câncer escamoso da cavidade oral ainda não existe um perfil
molecular definido, devido a sua complexa patogênese e às inúmeras alterações nos
diversos sistemas de controle celular necessários para que esta neoplasia maligna
se estabeleça (SCHLIEPHAKE, 2003).
2. 3 Papiloma bucal e HPV
O papiloma escamoso da cavidade oral é uma neoplasia epitelial benigna que
pode ocorrer em qualquer idade. Clinicamente manifesta-se como uma lesão
nodular globosa, única ou múltipla, filiforme, pediculada, de coloração avermelhada
ou esbranquiçada, quando queratinizada, superfície opaca e textura áspera, com
pequena dimensão (Figura 5). Os sítios mais comumente acometidos são o dorso da
língua, mucosa labial e palato duro. Histopatologicamente, o papiloma apresenta-se
como uma papilomatose, podendo ser definida como projeções epiteliais finas e
42
digitiformes sustentadas por eixos fibrovasculares centrais e recobertas por epitélio
escamoso estratificado ordenado e típico (SHAFER et al, 1987; REGEZI, 1993;
BORAKS, 1996; TOMMASI, 2002; CONTRAN et al, 2005).
Figura 5 - Aspecto clínico do papiloma em língua (BORAKS, 1996).
Sua etiologia pode estar associada a traumatismo crônico de baixa
intensidade, com alguns casos de origem virótica associada ao HPV, sendo os
subtipos 6 e 11 os mais frequentemente associados a essa forma benigna de
neoplasia, embora subtipos oncogênicos, tal como o HPV-16, também possam estar
a ela relacionados. Demonstrando, nesses casos, um risco potencialmente maligno
desta lesão. Principalmente quando a esse fator etiológico viral somam-se outros
fatores de risco para o câncer oral, já citados anteriormente (SYRJANEN et al, 1987;
BORAKS, 1996; TOMMASI, 2002; CONTRAN et al, 2005).
Devido à sua importância médica, o HPV tem sido extensivamente estudado,
estando associado a uma variedade de patologias, sendo capaz de causar lesões
em mucosas urogenitais e bucorespiratórias produzindo proliferações epiteliais
características no sítio de infecção. São espécies, e quase sempre tecido e sítio
43
específicos, sendo cada tipo associado a processos histopatológicos distintos
(DESAINTES et al, 1997; FONSECA & CARMO, 2000).
A associação entre lesões malignas e infecção pelo HPV no epitélio genital
masculino e feminino já é conhecida, sendo considerado como agente causal
inequívoco do câncer de colo uterino (SYRJANEN et al, 1987; XAVIER et al, 2005).
Na cavidade oral, esses vírus estão associados ao desenvolvimento de lesões como
a verruga vulgar, papiloma, condiloma acuminado e a hiperplasia epitelial focal e seu
interesse cresceu enormemente a partir do momento em que foram associados a
lesões malignas orais, especialmente ao carcinoma oral de células escamosas
(CHANG et al, 1991; REGEZI & SCIUBBA, 1991; MILLER & WHITE, 1996;
SNIJDERS et al, 1997; SHIMA et al, 2000; ZUR HAUSEN, 2000; SCULLY, 2001;
OLIVEIRA et al, 2003; CASTRO et al, 2004).
Os papilomas vírus (PV) são membros da família Papovaridae, que também
inclui o vírus polioma. São vírus pequenos não envelopados medindo 45-55 nm de
diâmetro e com genoma de aproximadamente 7200-8000 pares de base (pb).
Possuem capsídeo icosaédrico composto de 72 capsômeros, envolvendo DNA
genômico circular de fita dupla (PFISTER & FUCHS, 1994; BOUDA et al, 2000;
SCULLY, 2001; TERAI & TAKAGI, 2001; ROSENBLATT, 2005).
O genoma do Papilomavírus é constituído por dois segmentos principais,
sendo cada um constituído por uma série de regiões ou openning reading frame
(ORFs), que codificam as proteínas virais. Este genoma pode ser dividido em três
regiões; as regiões precoces “early” (E: E1 - E7), e tardias “later” (L: L1 e L2),
responsáveis pelos processos iniciais e finais de replicação, respectivamente, e a
região LCR (região longa de controle), que compreende 10% do seu genoma
(KIRNBAUER et al, 1993; ZUR HAUSEN, 1996; TERAI & TAKAGI, 2001).
44
As regiões E são expressas logo no início da infecção, sendo responsáveis
pelos mecanismos de regulação da síntese de DNA. Essas regiões E são
expressas em células infectadas, além de células transformadas. Já as regiões L
expressas nos estágios posteriores da infecção codificam as proteínas do capsídeo
viral. As proteínas L1 e L2 são utilizadas na adesão celular entre o vírus e as
diversas células teciduais (ZUR HAUSEN, 1996). A LCR, ou região não codante,
varia de tamanho entre os papilomavírus, sendo esta região responsável pelo
controle da expressão genética e processos como transcrição e replicação viral
(ZUR HAUSEN, 1996; ROSENBLATT, 2005) (Figura 6).
O HPV é um vírus que se multiplica exclusivamente no núcleo das células
infectadas (SARRUF & DIAS, 1997; TERAI et al, 2001). Os receptores pelos quais
os papilomavirus se ligam e penetram nas células ainda não foram completamente
identificados. Estudos recentes indicam que a expressão de integrinas, presentes na
superfície de células basais seriam candidatos a receptores do vírus do papiloma. O
genoma do HPV, nas células basais e parabasais se estabelece como epissoma,
replicando-se, como acontece nas lesões benignas e pré-invasivas em baixo padrão
(DOORBAR, 2005; ROSENBLATT et al, 2005) e apenas genes envolvidos nos
processos iniciais da infecção são transcritos, como o E5, E6 e E7. Multiplicação
extensiva do DNA viral e transcrição de todos os genes, bem como a formação do
capsídeo viral (L1 e L2) ocorre apenas nas camadas suprabasais. Partículas virais
maduras estão, portanto, ausentes nas células basais, e a replicação produtiva do
DNA está restrita às células do estrato espinhoso e granuloso (CHANG et al, 1991).
45
Figura 6: Genoma do HPV-16 (GUTIERREZ & GARZA, 2001).
As lesões causadas pelo HPV dependem do tipo do vírus, além da região da
camada epitelial em que ele permanece. Os HPV de baixo risco, geralmente
replicam-se apenas nas camadas inferiores do epitélio estratificado, enquanto os
ceratinócitos estão passando por divisão celular. Em contraste, os HPVs de alto
risco tem o seu genoma integrado ao DNA e se replicam nas camadas mais altas do
epitélio, quando os ceratinócitos entram completamente no processo de
diferenciação terminal. Desta forma, os tipos virais de alto risco podem estimular as
células a replicar o DNA em meios não-habituais em maiores proporções do que os
tipos de baixo risco (TOMAS et al, 1999; ROSENBLATT et al, 2005).
As proteínas E6 e E7 são as principais responsáveis pela transformação
celular mediada pelos HPVs de alto risco que atuam na modulação de atividades de
proteínas celulares que regulam o ciclo celular (SYRJÄNEN & SYRJÄNEN, 1999;
SOUTHERN & HERRINGTON, 2000; ROSENBLATT et al, 2005). O gene L1 regula
os níveis de expressão das proteínas virais E6 e E7, importantes na tumorigênese,
devido a interação e inativação das funções supressoras das proteínas p53 e pRb
(ZUR HAUSEN, 1996).
46
A propriedade de imortalização não se verifica nas infecções causadas pelo
HPV de baixo risco. Os genes E6 e E7 dos HPVs de alto risco são juntos
necessários e suficientes para imortalização de células epiteliais escamosas
primárias, enquanto que as E6 e E7 codificadas pelos HPVs de baixo risco estão ou
inativas ou fracamente ativadas na mesma amostra . Os genes E6 e E7 estão
invariavelmente expressos em lesões malignas cervicais HPV positivas (FRANCIS et
al, 2000).
Mais de 100 tipos de HPV já foram identificados, sendo na cavidade oral, 24
tipos (HPVs-1, 2, 3, 4, 6, 7, 10, 11, 13, 16, 18, 30, 31, 32, 33, 35, 45, 52, 55, 57, 59,
69, 72 e 73) associados com lesões benignas e 12 tipos (HPVs-2, 3, 6, 11, 13, 16,
18, 31, 33, 35, 52 e 57) com lesões malignas. Entre esses subtipos os HPV-6 e
HPV-11 têm um baixo risco de associação com malignidade e são chamados de
benignos ou de baixo risco, enquanto outros tais como HPV-16 e HPV-18 são
fortemente associados com malignidade e são chamados de malignos ou
oncogênicos ou de alto risco, sendo comprovadamente carcinogênicos estando
associados à produção das oncoproteínas E6 e E7 produzidas pelos mesmos
(TERAI & BURK, 2001; TERAI & TAKAGI, 2001).
O E6 é um dos principais genes expressos na infecção pelo HPV e este
possui um papel importante na imortalização celular. A atividade transformadora da
oncoproteina E6 é dependente da sua ligação com a proteína supressora de tumor
p53. A E6 liga-se, seqüestra e degrada fisiologicamente a p53 por uma via
ubiquitina-dependente (CROOK & VOUSDEN, 1994; SUGERMAN & SHILLITOE,
1997). Esse fenômeno interfere de maneira relevante nos mecanismos de apoptose
e reparo de DNA (RAPP & CHEM, 1998). A formação do complexo E6-p53 é
fundamental para a inativação das funções supressoras da p53. Essa parece ser
47
uma atividade específica dos HPVs de alto risco, pois os HPVs de baixo risco
codificam E6 que não inativam a p53 pelo mesmo mecanismo (WERNESS et al,
1990).
Por outro lado a E7 se liga e seqüestra a pRb, induzindo a sua degradação,
fato observado devido à redução da meia-vida desta proteína em células
expressando HPVs de alto risco. A E7 ligada a pRb, preferencialmente na forma
ativa, facilita a liberação de E2F, promovendo, desta forma, a progressão do ciclo
celular, atuando nas fases G1 e S, o que pode eventualmente propiciar o
desenvolvimento do câncer (BOYER et al, 1996). A E7 dos HPVs de baixo risco
ligam-se a pRb com baixa afinidade, enquanto a E7 dos HPVs de alto risco ligam-se
com alta afinidade a pRb (LEE et al, 1998).
Os subtipos HPV oncogênicos 16, 18, 31 e 33 são os mais fortemente
associados ao carcinoma oral de células escamosas (KUI et al, 2003; SUGIYAMA et
al, 2003; SMITH et al, 2004; ZHANG et al, 2004). No papiloma, os subtipos não
oncogênicos 6 e 11 são os mais frequentemente envolvidos. Embora subtipos
oncogênicos, tais como HPV-16 HPV-18, também estejam associados a essa lesão,
porém em menor frequência (SYRJANEN et al, 1987; SARRUF & DIAS, 1997;
OLIVEIRA et al, 2003; CHEN et al, 2006).
Alguns tumores benignos induzidos pelo HPV apresentam regressão
espontânea, enquanto outros persistem ou sofrem transformação maligna. O mesmo
tipo de HPV pode determinar lesões benignas ou malignas, dependendo das
condições imunológicas (outras) do hospedeiro (JACYNTHO et al, 1994). Os
papilomas, apesar de serem considerados tumores benignos, e ter na maioria dos
casos um prognóstico bom, fazem parte das lesões com potencial de malignização,
principalmente nos casos de etiologia viral pelo HPV, sobretudo quando recidivados
48
ou quando ulcerados, independente do tamanho, volume, localização ou idade
(ZEGARELLI, 1982; LITTLE, 1988). PAZ (1997), identificou a presença do HPV-6,
considerado um subtipo de baixo risco para o desenvolvimento do câncer, em 50%
dos carcinomas de tonsilas e em 15% por cento dos carcinomas de língua. Portanto,
o potencial maligno de lesões benignas, nas quais é identificado a presença de
subtipos de HPV de baixo risco, deve ser considerado.
49
III. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
- Avaliar a expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT no papiloma e no
carcinoma escamocelular da cavidade oral.
3.2 Objetivo Específico
- Avaliar a expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT no carcinoma oral de
células escamosas e a sua relação com o grau de diferenciação histológica.
50
IV. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Seleção das amostras
Foram selecionadas 60 biópsias em blocos parafinados dos arquivos do
laboratório de Anatomia Patológica e Citopatologia Silvany Studart do Hospital
Português (Salvador, Bahia, Brasil), obtidas entre janeiro de 2002 e dezembro de
2005. Trinta e dois casos com diagnóstico de carcinoma escamocelular, 19
papilomas e 9 amostras de tecido normal, foram utilizados para a realização da
técnica de imunoistoquímica. O diagnóstico histológico foi feito pela coloração
hematoxilina e eosina.
Dos casos de carcinoma escamocelular, 7 (21,9%) eram pouco diferenciados,
10 (31,3%) moderadamente diferenciados e 15 (46,8%) bem diferenciados (tabela
1).
Tabela 1. Características das amostras
Variáveis n = 60
%
Diagnóstico histopatológico
Epitélio normal 9 15
Papiloma 19 31,7
Carcinoma 32 53,3
Grau de diferenciação do Carcinoma
1
Pouco diferenciado 7 21,9
Moderadamente diferenciado 10 31,3
Bem diferenciado 15 46,8
n = número da população do estudo.
1
Refere-se apenas aos 32 pacientes diagnosticados com carcinoma.
51
4.2 Aspectos Éticos
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Português (registro n
o
19/07) tendo sido analisado e aprovado.
4.3 – Imuno-histoquímica
4.3.1 - Detecção das proteínas p16
INK4a
e FHIT
Cortes histológicos de tecido incluídos em parafina, com 5µm de espessura
foram desparafinizados em xilol e rehidratados em álcool (100 a 70%). Em seguida,
as amostras foram aquecidas em tampão citrato (90 – 95
º
C), pH 6.0 por 20 minutos.
A seguir foram incubadas em metanol contendo H
2
O
2
a 0.3% para inibir a atividade
da peroxidase endógena e incubadas overnight com anticorpo anti-FHIT (Dako,
S3022) diluído 1:250 e anticorpo anti-p16
INK4a
(MTM Laboratories, Clone E6H)
diluído 1:100 em diluente da DAKO (53022). Após lavagem em PBS, as lâminas
foram incubadas por 30 minutos em IgG mouse DP (DAKO Envision) e reveladas
com Diaminobenzidina (DAB). Foram utilizados como controle positivo da p16
INK4a
amostras de carcinoma escamocelular invasivo do colo uterino e da FHIT, epitélio
de amígdala normal.
4.3.2. Quantificação da expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT
O exame das lâminas de imunoistoquímica para as proteínas p16
INK4a
e FHIT
foi realizado separadamente por dois patologistas e quando havia discordância era
consultado um terceiro especialista. A reação foi considerada positiva para p16
INK4a
quando era observada coloração castanha no núcleo e do citoplasma e para FHIT a
coloração castanha no citoplasma. De acordo com a intensidade da imuno-
52
expressão foi atribuído os seguintes escores: 0 (ausência), 1 (reação fraca), 2
(reação moderada) e 3 (reação forte).
4.4 Análise Estatística
O teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis foi aplicado para verificar se os
diferentes diagnósticos histopatológicos diferem com relação à imunoexpressão das
proteínas p16
INK4a
e FHIT considerando-se como significativos valores de p<0.05.
Como o teste de Kruskal-Wallis apenas verifica se pelo menos um dos grupos
histológicos difere de algum outro e não aponta qual ou quais seriam estes grupos,
nas comparações com p<0.05 foi aplicado o procedimento de Holms para identificar
qual(is) par(es) de grupo(s) é(são) diferente(s).
53
V. RESULTADOS
Das 32 amostras de carcinoma escamocelular analisadas, 20 (62,5%) foram
negativas (escore=0) e 12 (37,5%) foram consideradas positivas; sendo que apenas
1 amostra (3,1%) apresentou reação fraca (escore=1), 5 (15,6%) apresentaram
reação moderada (escore=2), e 6 (18,8%) apresentaram reação forte (escore=3).
Nos papilomas escamosos, de um total de 19 amostras, 100% foram consideradas
negativas (escore=0). Entre as 9 amostras de tecido normal, em 8 (88,9%) não
houve imunoexpressão da p16
INK4a
(escore=0), com apenas 1 amostra (11,1%)
apresentando reação moderada (escore=2).
Em relação ao FHIT, das 32 amostras de carcinoma, 11 (34,4%) não
apresentaram imunoexpressão (escore=0), enquanto 21 amostras (65,6%)
apresentaram resultado positivo, sendo que 13 (40,6%) apresentaram reação fraca
(escore=1), 4 (12,5%) apresentaram reação moderada (escore=2) e outras 4
amostras (12,5%) apresentaram reação forte (escore=3). Nos papilomas, 2
amostras (10,5%) não apresentaram imunoexpressão (escore=0), enquanto 6
(31,6%) apresentaram reação fraca (escore=1), 10 (52,6%) reação moderada
(escore=2) e 1 amostra (5,3%) apresentou reação forte (escore=3). Entre as
amostras de tecido normal, 2 (22,2%) apresentaram reação fraca (escore=0), 1
(11,1%) apresentou reação moderada (escore=2) e 6 (66,7%) apresentaram reação
forte (escore=3) (Tabela 2 e figuras 7 e 8).
54
Tabela 2 – Imunoexpressão das proteínas p16INK4a e FHIT.
Diagnóstico histopatológico
Epitélio normal Papiloma Carcinoma
Total
Imunohistoquímica
n = 9 % n = 19 % n = 32 % n = 60 %
p16INK4a
Ausência 8 88,9 19 100,0 20 62,5 47 78,3
Fraco 0 --- 0 --- 1 3,1 1 1,7
Moderado 1 11,1 0 --- 5 15,6 6 10,0
Forte 0 --- 0 --- 6 18,8 6 10,0
FHIT
Ausência 0 --- 2 10,5 11 34,4 13 21,7
Fraco 2 22,2 6 31,6 13 40,6 21 35,0
Moderado 1 11,1 10 52,6 4 12,5 15 25,0
Forte 6 66,7 1 5,3 4 12,5 11 18,3
O grupo com carcinoma apresentou escores mais elevados para a expressão
de p16
INK4a
, seguido do epitélio normal e de papiloma. No que se refere à expressão
de FHIT, a mucosa normal apresentou escores mais elevados, seguida pelo
papiloma e carcinoma respectivamente.
88,9
10 0 , 0
62,5
0,0 0,0
3,1
11, 1
0,0
15 , 6
0,0 0,0
18 , 8
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Epitélio normal Papiloma Carcinoma
Diagnóstico histopatológico
Percentagem (%)
Ausência
Fraco
Moderado
Forte
Figura 7. Imunohistoquímica para p16
INK4a
de acordo com o diagnóstico histopatológico.
55
0,0
10 , 5
34,4
22,1
31,6
40,6
11, 1
52,6
12 , 5
66,7
5,3
12 , 5
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Epitélio normal Papiloma Carcinoma
Diagnóstico histopatológico
Percentagem (%)
Ausência
Fraco
Moderado
Forte
Figura 8. Imunohistoquímica para FHIT de acordo com o diagnóstico histopatológico.
De acordo com o teste de Kruskal-Wallis os resultados proporcionam
evidência, ao nível de 5% de significância, de que existe diferença entre os
pacientes no que refere ao diagnóstico histológico, quanto à imunohistoquímica para
p16
INK4a
(p = 0,0053) e FHIT (p = 0,0013).
Teste Kruskal-Wallis - Diagnóstico histopatológico x p16
INK4a
e FHIT
Ranks
9 27,06
19 24,00
32 35,33
60
9 46,67
19 33,32
32 24,28
60
Diagnóstico
Epitélio normal
Papiloma
Carcinoma
Total
Epitélio normal
Papiloma
Carcinoma
Total
p16INK4a
FHIT
N Mean Rank
Test Statistics
a,b
10,489 13,252
2 2
p16INK4a FHIT
Chi-Square
df
Asymp. Sig.
,0053 ,0013
Kruskal Wallis Test
a.
Grouping Variable: Diagnóstico histopatológico
b.
56
De acordo com o procedimento de Holms, no que se refere à
imunohistoquímica para o p16INK4a somente os grupos histológicos Papiloma e
Carcinoma apresentaram diferença. Quanto à imunohistoquímica para o FHIT, todos
os pares de grupos histológicos (normal e papiloma, normal e carcinoma, papiloma e
carcinoma) diferiram entre si.
De acordo com o grau de diferenciação do carcinoma e a imunoexpressão da
p16
INK4a
, das 32 amostras 7 eram pouco diferenciadas, sendo duas (28,6%)
negativas e 5 (71,4%) fortemente positivas para p16
INK4a
. Nenhum dos carcinomas
pouco diferenciados apresentou reação fraca ou moderada.
Das 10 amostras de lesões moderadamente diferenciadas, sete (70%) eram
negativas e 3 (30%) apresentaram reação moderadamente positiva para p16
INK4a
.
Nenhuma das lesões moderadamente diferenciadas apresentou reação fraca ou
forte.
Em relação aos carcinomas bem diferenciados, a expressão da proteína
p16
INK4a
foi negativa em onze amostras (73,3%), fracamente positiva em uma
amostra (6,7%), moderadamente positiva em duas amostras (13,3%) e fortemente
positiva em uma amostra (6,7%) (Tabela 3 e figura 5).
A relação entre a intensidade da imunoexpressão do FHIT e o grau de
diferenciação do tumor mostrou que as sete amostras de carcinoma pouco
diferenciado (28,6%) não expressaram a proteína, em uma amostra (14,2%) a
expressão foi fraca, em duas (28,6%) foi moderada e em duas amostras (28,6%) foi
forte.
Nos carcinomas moderadamente diferenciados, duas amostras (20%) não
expressaram FHIT, sete (70%) apresentaram reação moderada e em uma amostra
57
(10%) a reação foi forte. Nenhum dos carcinomas moderadamente diferenciados
apresentou reação moderada.
Entre os carcinomas bem diferenciados, sete (46,7%) não apresentaram
imunoexpressão de FHIT, cinco (33,3%) apresentaram reação fraca, em dois
(13,3%) a reação foi moderada e em um (6,7%) a reação foi forte (Tabela 3 e figuras
9 e 10).
Tabela 3- Imunoexpressão de p16
INK4a
e FHIT em relação ao grau de diferenciação do
carcinoma.
Grau de diferenciação do carcinoma
Pouco Moderadamente Bem
Total
Imunohistoquímica
n = 7 % n = 10 % n = 15 % n = 32 %
p16
INK4a
Ausência 2 28,6 7 70,0 11 73,3 20 62,5
Fraco 0 --- 0 --- 1 6,7 1 3,1
Moderado 0 --- 3 30,0 2 13,3 5 15,6
Forte 5 71,4 0 --- 1 6,7 6 18,8
FHIT
Ausência 2 28,6 2 20,0 7 46,7 11 34,4
Fraco 1 14,2 7 70,0 5 33,3 13 40,6
Moderado 2 28,6 0 --- 2 13,3 4 12,5
Forte 2 28,6 1 10,0 1 6,7 4 12,5
58
28,6
70,0
73,3
0,0 0,0
6,7
0,0
30,0
13 , 3
71,4
0,0
6,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Pouco Moderadamente Bem
Grau de diferenciação do carcinoma
Percentagem (%)
Ausência
Fraco
Moderado
Forte
Figura 9. Imunohistoquímica para p16
INK4a
de acordo com o grau de diferenciação do carcinoma.
28,6
20,0
46,7
14 , 2
70,0
33,3
28,6
0,0
13 , 3
28,6
10 , 0
6,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Pouco Moderadamente Bem
Grau de diferenciação do carcinoma
Percentagem (%)
Ausência
Fraco
Moderado
Forte
Figura 10. Imunohistoquímica para FHIT de acordo com o grau de diferenciação do carcinoma.
O teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis foi aplicado para verificar se os
pacientes que apresentaram diferenças no que se refere ao grau de diferenciação
do carcinoma diferiam com relação à imunohistoquímica para p16
INK4a
e FHIT.
De acordo com o teste de Kruskal-Wallis os resultados evidenciaram diferença
(p= 0,0199) entre os pacientes, no que refere ao grau de diferenciação do
carcinoma, quanto à imunohistoquímica para p16
INK4a
. As lesões pouco
59
diferenciadas apresentaram os maiores escores para a p16
INK4a
, seguido das lesões
moderadamente diferenciadas e bem diferenciadas (Figura 11).
O teste de Kruskal-Wallis não detectou diferença entre os três graus de
diferenciação do carcinoma no que se refere à imunohistoquímica para FHIT
(p=0,3056).
Figura 11. Teste de Kruskal-Wallis - Grau de diferenciação do Carcinoma x p16
INK4a
e FHIT
Ranks
7 24,07
10 14,55
15 14,27
32
7 20,57
10 16,85
15 14,37
32
Grau de diferenciação
Pouco diferenciado
Moderadamente
diferenciado
Bem diferenciado
Total
Pouco diferenciado
Moderadamente
diferenciado
Bem diferenciado
Total
p16INK4a
FHIT
N Mean Rank
Test Statistics
a,b
7,830 2,371
2 2
p16INK4a FHIT
Chi-Square
df
Asymp. Sig.
,0199 ,3056
Kruskal Wallis Test
a.
Grouping Variable: Grau de
diferenciação do carcinoma
b.
Visando identificar os pares de grau de diferenciação do carcinoma que
diferem entre si no que diz respeito à expressão do p16INK4a, utilizou-se o
procedimento não-paramétrico de Holms. Verificou-se através deste procedimento,
que os pares pouco e moderadamente diferenciados e também os pares pouco e
bem diferenciados diferiram quanto à expressão da p16INK4a.
60
Figura 12. Caso 26. A: Fotomicrografia do epitélio normal visto na HE. Aumento original: 10 X; B.
Imunoistoquímica para p16
INK4a
. Ausência de reatividade no epitélio normal. Aumento original: 20X; C.
Imunoistoquímica para FHIT – imunoreatividade epitelial. Aumento original: 20X.
Figura 13. Caso 12. A. Fotomicrografia de papiloma oral. HE. Aumento original: 4X; B.
Imunoistoquímica p16
INK4a
. Ausência de reatividiade no epitélio do papiloma. Aumento original: 20X;
C. Imunoistoquímica para FHIT. Leve reatividade das células epiteliais basais e suprabasais.
Aumento original: 4X.
Figura 14. Caso 36. A. Coloração pela HE de carcinoma escamocelular bem diferenciado. Ninhos
epitleiais contendo pérolas córneas. Aumento original: 40X; B. Ausência de reatividade para p16
INK4a
em ninhos de invasão. Imunoistoquímica. Aumento original: 40X; C. Imunoistoquímica FHIT negativa.
Aumento original: 40X.
Figura 15. Caso 10. A. Carcinoma escamocelular pouco diferenciado. Células epiteliais tumorais
intensamente reativas para o p16
INK4a
- imunoistoquímica. Aumento original: 40X; B. Ausência de
reatividade para FHIT nas células tumorais e córion, reatividade vista em glândulas (controle interno).
Aumento original: 4X.
61
VI. DISCUSSÃO
Avanços recentes na área da biologia celular e molecular têm elucidado
mecanismos do sistema de controle do ciclo celular, demonstrando que a
desregulação em algumas de suas vias são eventos comuns encontrados em
tumores de várias partes do organismo. Nos últimos anos, diversos marcadores
moleculares vêm sendo identificados e empregados na tentativa de avaliar melhor o
diagnóstico e prognóstico desses pacientes.
Neste estudo foi avaliada a expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT através
da técnica de imunoistoquímica em sessenta amostras de biópsias da cavidade oral,
visando avaliar a expressão destas proteínas em papilomas e carcinoma escamoso.
Sessenta e dois e meio por cento dos casos de carcinoma escamocelular oral
não apresentaram expressão da p16
INK4a
, o que está de acordo com outros estudos.
AI e colaboradores (2003) encontraram ausência da expressão da p16
INK4a
entre
55% a 90%. Nos casos de carcinoma em que houve expressão variada da p16
INK4a
(18,8% forte, 15,6% moderada e 3,1% fraca), possivelmente podem indicar que
nestas amostras a p16
INK4a
está livre (detectável), consequentemente não exercendo
sua função de supressão tumoral. Estes casos poderiam estar relacionados à
infecção pelo HPV, assim como ocorre nos casos de carcinoma escamocelular de
colo uterino de acordo com o estudo de CHEN e colaboradores (1999).
O HPV tem sido implicado na patogênese de vários tipos de tumores
malignos. FREGONESI e colaboradores (2003) pesquisaram a expressão da
p16
INK4a
e sua correlação com o HPV em lesões bucais, tais como hiperplasias,
papilomas, lesões pré-malignas e carcinomas escamocelulares. Para estes autores,
62
a presença focal da p16
INK4a
(>10 a 30% das células marcadas) ou difusa (>30%)
era preferencialmente encontrada em lesões pré-malignas e malignas, enquanto o
padrão esporádico (5 a 10%) era associado com lesões benignas. Um dado
interessante foi que a lesão de hiperplasia bucal infectada com HPV 16/18 produziu
um padrão difuso de marcação da p16
INK4a
. Estes resultados indicam associação
estreita entre a infecção por HPV de alto risco e expressão da p16
INK4a
. Estudos a
respeito da presença do DNA-HPV, em especial os de alto risco, no carcinoma
escamocelular oral fazem-se necessários para melhor estabelecimento se os
resultados da expressão da p16
INK4a
nestas lesões possam ser devido à inativação
da pRb pela oncoproteína E7 do HPV de alto risco.
Os resultados de diversos estudos na área de cabeça e pescoço são
discrepantes, revelando um complexo panorama para p16
INK4a
(PANDE et al, 1998;
CHEN et al, 1999; SAITO et al, 1999; KRESTY et al, 2002; MORTIER et al, 2002;
SHINTANI et al, 2002). PAPADIMITRAKOPOULOU e colaboradores (1997)
demonstraram expressão negativa da p16
INK4a
em maior quantidade em grupos de
lesões bucais com displasias epiteliais, comparadas com o grupo sem alteração
celular, o que indica que a proteína diminui a sua expressão conforme aumenta o
grau da displasia. MORTIER e colaboradores (2002) em seus estudos mostram
dados que indicam que a progressão maligna de lesões pré-neoplásicas requer
inativação da p16
INK4a
. Sendo assim, sugerem o estudo da expressão da p16
INK4a
para verificar o grau de inativação desta proteína nos protocolos de tratamento de
lesões com potencial de transformação maligna.
Em relação ao grau de diferenciação do carcinoma e a expressão da p16
INK4a
,
observou-se que os casos moderadamente e bem diferenciados foram negativos em
70% e 73,3% dos casos, respectivamente. Setenta e um vírgula quatro por cento
63
dos casos de carcinoma pouco diferenciados apresentaram forte expressão desta
proteína. CHEN e colaboradores (1999) identificaram maior expressão da p16
INK4a
nos casos em grau avançado do tumor.
Quanto aos papilomas, 100% apresentaram ausência de marcação para a
p16
INK4a
, significando que nesta patologia não há interferência no ciclo celular.
Este estudo mostra ausência de expressão da proteína FHIT em 34,4% dos
casos de carcinoma e expressão fraca em 40,6%, o que está de acordo com os
achados de VAN HEERDEN e colaboradores (1999), que em 32 casos de CCEO
demonstraram perda ou redução na expressão da FHIT em 66% dos casos. Em
relação à expressão da proteína FHIT nos casos de carcinoma, este estudo
encontrou resultados semelhantes aos relatados na literatura. Análises por
imunoistoquímica demonstram que existe uma significante perda de expressão
desta proteína em pacientes com carcinoma escamocelular da cabeça e pescoço,
variando entre 17% a 68% (KISIELEWSKI et al, 1998; VAN HEERDEN et al, 1999;
GOTTE et al, 2000; LEE et al, 2001; CHANG et al, 2002). Dentre os casos de
papiloma 89,5% expressaram FHIT e todas as amostras de tecido normal foram
positivas para este marcador.
Diversos trabalhos na literatura têm demonstrado que a proteína FHIT está
expressa em baixos níveis na maioria dos tecidos normais, porém está ausente ou
reduzida em níveis indetectáveis em alguns tumores sólidos, tais como os
carcinomas de cabeça e pescoço (GOTTE et al, 2000; LEE et al, 2001). Os autores
revelam que a perda desta proteína é importante na transformação maligna, pois
leva à instabilidade genética, através da perda do controle do ciclo celular, apoptose
ou à falha nas vias de sinalização (SIPRASHVILI et al, 1997; KISSELEV et al, 1999).
Contudo, os mecanismos através dos quais a proteína FHIT exerce seu papel ainda
64
permanece em grande parte desconhecida (OHTA et al, 1996; CHANG et al, 2002).
Um estudo recente em tumores de esôfago sugere que a diminuição na expressão
da FHIT correlaciona-se com o uso excessivo de cigarros e/ou álcool (MORI et al,
2000). No entanto, PARADISO e colaboradores (2004) não encontraram correlação
da FHIT com o uso de tabaco ou álcool. Esta divergência entre os dois estudos,
pode ser devido ao número limitado de casos no segundo trabalho.
MINETA e colaboradores (2002), relatam a perda da expressão da proteína
FHIT em 53% dos casos de carcinoma escamocelular oral, confirmando a hipótese
de que esta proteína exerce atividade carcinogênica no CCEO. Os resultados
encontrados pelos autores mostraram que a expressão da proteína FHIT não está
relacionada com as características clínico-patológicas e prognóstico desse tipo de
tumor. Contudo, outros trabalhos na literatura associam a baixa expressão da FHIT
a um prognóstico mais reservado (BURKE et al, 1998; TOMIZAWA et al, 1998;
SEGAWA et al, 2000).
Os resultados do estudo de KISIELEWSKI e colaboradores (1998) mostram
que 66% dos carcinomas de cabeça e pescoço não expressam a proteína FHIT.
Este estudo também investigou a expressão da proteína FHIT pela análise de
western blot e mostrou que todos os tumores expressam baixos níveis da FHIT.
Estes autores discutem o fato de que níveis baixos da proteína FHIT e sua detecção
por PCR podem indicar que a expressão desta proteína está realmente ausente,
sendo que a detecção da expressão corresponderia a células estromais infiltradas.
Em relação ao grau de diferenciação do carcinoma e a expressão da FHIT os
grupos pouco, moderadamente e bem diferenciados dos casos de carcinoma não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas em relação à expressão da
proteína, o que está de acordo com os achados de VAN HEERDEN e colaboradores
65
(1999). Estes autores observaram coloração heterogênea com expressão fortemente
positiva em áreas de tumor bem diferenciado e fraca intensidade foi notada em
áreas pouco diferenciadas. Entretanto, não houve correlação estatisticamente
significativa entre a expressão da FHIT e diferenciação tumoral.
Em relação aos papilomas, apenas 10,5% apresentaram ausência de
imunoexpressão para a FHIT, e 31,6% apresentaram expressão fraca. TANIMOTO e
colaboradores (2000) recomendam a análise da expressão do gene FHIT em
biópsias da cavidade oral de lesões pré-malignas, para identificar entre essas
lesões, aquelas que realmente possuem potencial para transformação maligna.
Da mesma forma, em relação à FHIT, observa-se que alguns casos de
carcinoma foram negativos para este marcador, o que poderia estar relacionado com
o uso do tabaco. Entretanto, não se dispõe de dados epidemiológicos sobre o hábito
de fumar e/ou uso de álcool nestes casos.
Apesar de se observar alteração na expressão das proteínas p16
INK4a
e FHIT,
diferente do que acontece no carcinoma cervical, a via p16
INK4a
não parece ser
importante na carcinogênese oral. Em estudo futuro pretendemos avaliar, por meio
da técnica do PCR, a presença do DNA-HPV, em especial nas amostras com alta
positividade para p16
INK4a
.
66
VII. CONCLUSÕES
Os resultados deste estudo permitiram concluir que:
A p16
INK4a
está expressa no carcinoma escamoso oral (CCEO), enquanto
que no papiloma esta proteína está ausente.
A imunoexpressão de p16
INK4a
está correlacionada com o grau de
diferenciação do carcinoma escamoso.
A proteína FHIT é expressa nas lesões orais benignas (papilomas) e
mucosa oral normal.
A imunoexpressão da proteína FHIT não está correlacionada ao grau de
diferenciação do carcinoma.
67
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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