Discussão
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mesmo estudo, vitaminas e minerais foram utilizados por 10,2 % e 4,2 % das mulheres
e dos homens, respectivamente (Lucas, Lunet, Carvalho e cols., 2007).
Em Bela Vista de Minas, no ano de 2006, os AINEs mais prescritos foram
paracetamol (20,11 % das prescrições contendo antibacterianos), dipirona (14,31 %) e
diclofenaco (3,97 %). Em um estudo realizado em Blumenau, SC, visando avaliar as
prescrições geradas pelo PSF, foi verificado que os medicamentos mais prescritos foram
diclofenaco e paracetamol, ambos com indicência de 11,3 %. A dipirona ocupou a sexta
posição, com freqüência de 2,7 % nas prescrições avaliadas (Colombo, Santa Helena,
Agostinho e cols., 2004). Em inquérito realizado em Araraquara, SP, demonstrou-se que
grande parte dos entrevistados utiliza medicamentos contendo dipirona, para o
tratamento de cefaléia (41,0 % dos entrevistados) e febre (17,0 %), dentre outras
condições (Serafim, del Vecchio, Gomes e cols., 2007).
De particular interesse é o paracetamol, largamente utilizado no tratamento de
febre e dor (Helgadottir e Wilson, 2008). Seu uso é seguro, porém têm sido reportados
casos de hepatotoxicidade em crianças, mesmo quando utilizado nas doses
recomendadas (Russell, Shann, Curtis e cols., 2003). Além disso, não há indícios de que
leve a anormalidades congênitas, quando utilizado durante a gestação (Rebordosa,
Kogevinas, Horvath-Puho e cols., 2008). Um estudo realizado na Islândia demonstrou
que o paracetamol é utilizado, em 95,0 % dos casos, para redução da febre, e que o
alívio da dor corresponde a 53,0 % dos casos de administração do mesmo (Helgadottir e
Wilson, 2008). Entretanto, embora o processo que leve à febre possa ser prejudicial, não
há evidências de que a hipertermia, por si mesma, tenha esse efeito danoso (Russell,
Shann, Curtis e cols., 2003). Além disso, o paracetamol, em doses terapêuticas, oferece
poucos benefícios em processos infecciosos virais (Russell, Shann, Curtis e cols., 2003;
Anônimo, 2003).
O diclofenaco também merece destaque. Estudos recentes demonstram que este
antiinflamatório não esteroidal foi capaz de proteger camundongos da infecção
experimental com bactérias virulentas do gênero Salmonella, tanto isoladamente, quanto
em combinação com o antibacteriano estreptomicina (Dutta, Annadurai, Mazumdar e
cols., 2007). Em outro estudo, também utilizado concomitantemente à estreptomicina, o
diclofenaco causou a redução da carga microbiana de camundongos infectados com
Mycobacterium tuberculosis (Dutta, Mazumdar, Dastidar e cols., 2007). Esses achados