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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO AÇO-CARBONO ABNT
1006 EM MEIO ETANÓLICO NA PRESENÇA DE CAFEÍNA
Dissertação de Mestrado
Letícia Guerreiro da Trindade
Porto Alegre, Agosto de 2008.
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Letícia Guerreiro da Trindade
Química Industrial
COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO AÇO-CARBONO ABNT
1006 EM MEIO ETANÓLICO NA PRESENÇA DE CAFEÍNA
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Química
Prof. Dr. Reinaldo Simões Gonçalves
Orientador
Porto Alegre, Agosto de 2008.
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III
IV
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Reinaldo Simões Gonçalves, pela orientação,
pelo auxílio,
disponibilidade de tempo e material
.
Ao programa de pós-graduação em química (PPGQ) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), pela oportunidade de execução deste trabalho.
A CAPES pela bolsa concedida.
A banca examinadora, em especial a Profa. Emilse Maria Agostini Martini.
Aos colegas e amigos do laboratório de eletroquímica, em especial a Viviane
Dalmoro pela amizade e pelos esclarecimentos prestados e, a Katiúscia Machado Nobre
pela amizade.
De um modo especial aos meus pais, pessoas que sempre foram exemplos de
coragem, amor, determinação e perseverança.
A minha irmã e a minha prima Laura, pelo imenso apoio, incentivo, paciência e
amor.
V
LISTA DE TRABALHOS GERADOS A PARTIR DOS RESULTADOS
DESCRITOS NA DISSERTAÇÃO
-Trindade, L. G; Nobre, K. M; Gonçalves, R. S., Evidências da viabilidade do uso da
cafeína como inibidora sobre os processos de corrosão do aço carbono, XVI Simpósio
Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica, Águas de Lindóia, 2007.
-Trindade, L. G; Nobre, K. M; Gonçalves, R. S., Caracterização da ação inibidora da
cafeína nos processos corrosivos em meio etanólico: I-Estudos com aço carbono ABNT
1005, 30° Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, 2007.
-Corrosio Science, Evidence of caffeine adsorption on low-carbon steel surface in ethanol,
submetido.
-Química Nova, Uso da cafeína como inibidora de corrosão em ambiente etalico, em
preparação.
VI
Sumário
Agradecimentos....................................................................................................................IV
Lista de trabalhos gerados a partir dos resultados descritos na Dissertação..........................V
Lista de Figuras.....................................................................................................................IX
Lista de Tabelas...................................................................................................................XV
Lista de Símbolos.............................................................................................................XVII
Resumo............................................................................................................................XVIII
Abstract..............................................................................................................................XIX
1–Introdução...........................................................................................................................1
2–Revisão Bibliográfica..........................................................................................................5
2.1–Mecanismos de dissolução e deposição do ferro.............................................................5
2.2–Processos corrosivos em meio etanólico..........................................................................7
2.3–Inibidores naturais e inibidores que são ambientalmente aceitáveis..............................10
2.4–Estudos anteriores com a cafeína...................................................................................15
3–Parte Experimental............................................................................................................18
3.1–Eletrodo de Trabalho......................................................................................................18
3.2–Eletrodo Auxiliar............................................................................................................19
3.3–Eletrodo de Referência...................................................................................................19
3.4–Tratamento prévio dos eletrodos....................................................................................19
3.5–Soluções.........................................................................................................................19
3.6–Instrumental....................................................................................................................20
3.7–Metodologia...................................................................................................................20
3.7.1–Variáveis Exploradas............................................................................................20
3.7.2–Ensaios de perda de massa....................................................................................21
3.7.3–Voltametria Cíclica...............................................................................................22
3.7.4–Curvas de polarização...........................................................................................23
3.7.5–Cronoamperometria..............................................................................................23
3.7.6–Espectroscopia de Impedância Eletroquímica......................................................24
4–Resultados e Discussão.....................................................................................................26
VII
4.1–Caracterização do comportamento eletroquímico do metal no meio etanólico.............26
4.1.1
Efeito da presença de água...................................................................................27
4.1.2–Efeito da presença de quantidades controladas cloreto no meio com perclorato..29
4.1.3
Efeito da presença de ácido atico......................................................................30
4.2Efeito da presença da cafeína.........................................................................................31
4.2.1–Ensaios de perda de massa....................................................................................31
4.2.1.1–Ensaios de perda de massa não acelerados em etanol p.a...............................32
4.2.1.2–Ensaios de perda de massa acelerada em etanol p.a.......................................33
4.2.2
Espectroscopia de impedância eletroquímica.......................................................35
4.2.2.1–Estudos com ácido acético..............................................................................39
4.3–Determinação dos parâmetros que afetam os processos de adsorção............................42
4.3.1–Voltametria cíclica......................................................................................................42
4.3.1.1–Determinação do potencial de adsorção (E
ads
)...................................................42
4.3.1.1.1–Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.............................42
4.3.1.1.2
Estudo com LiClO
4
0,10 molL
-1
como eletrólito suporte............................44
4.3.1.2–Determinação do tempo de adsorção.................................................................46
4.3.1.2.1–Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.............................46
4.3.1.2.2
Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.........................47
4.3.1.3–Efeito da concentração de cafeína......................................................................48
4.3.1.3.1–Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.............................48
4.3.1.3.2–Estudos com LiClO
4
0,10mol L
-1
como eletrólito suporte..........................49
4.3.1.4–Efeito da adição de contaminastes.....................................................................51
4.3.1.4.1–Efeito da presença de água..........................................................................51
4.3.1.4.1.1–Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte..........................51
4.3.1.4.1.2–Estudos com LiClO
4
0,10 molL
-1
como eletrólito suporte.......................52
4.3.1.5–Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte................................53
4.3.1.5.1–Efeito da adição de ácido acético.................................................................53
4.3.1.5.2–Efeito da adição de quantidades controladas de cloreto..............................54
4.3.2–Curvas de Tafel...........................................................................................................54
4.3.2.1–Estudos com etanol p.a. com LiClO
4
0,10mol L
-1
.............................................55
VIII
4.3.2.2–Estudos com Etanol p.a. com LiCl 0,10mol L
-1
como eletrólito suporte...........58
4.3.2.3- Curvas de polarização – Estudos com adição de contaminantes.......................60
4.3.2.3.1–Adição de 4% de água (v/v) – Estudos com cloreto de lítio........................60
4.3.2.3.1.1–Adição de 4% de água (v/v) – Estudos com perclorato de lítio................62
4.3.2.3.2–Adição de ácido atico – Estudos com perclorato de lítio.........................64
4.3.2.3.3–Adição de cloreto em quantidades controladas – estudos...........................65
com perclorato de lítio
4.3.3–Cronoamperometria.....................................................................................................66
4.3.3.1–Estudos com LiCl 0,10 molL
-1
como eletrólito suporte.....................................66
4.3.3.2–Estudos com LiClO
4
0,10 molL
-1
como eletrólito suporte.................................67
4.3.3.3–Estudos com adição de água..............................................................................68
4.3.3.3.1–Estudos com LiCl como eletrólito suporte......................................................68
4.3.3.3.2
Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte.................................................69
4.3.3.4–Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte....................................................70
com adição controlada de cloreto.
4.3.3.5–Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte....................................................71
com adição de ácido atico
5–Conclusões........................................................................................................................75
6–Referências Bibliográficas................................................................................................78
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fórmula estrutural da cafeína (1,3,7-trimetilxantina)............................................19
Figura 2:Experimento de cronoamperometria: a) forma de onda do...................................24
sinal de excitação e b) resposta do sistema para este tipo de excitação.
Figura 3: Curva ciclovoltamétrica obtida para o eletrodo de aço-carbono,..........................26
em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s.
Figura 4: Curva ciclovoltamétrica obtida para o eletrodo de aço-carbono,..........................26
em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20 mV/s.
Figura 5: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono,......................27
em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 10 mV/s; a) em etanol
p.a. e, b) em etanol p.a. com adição de 4 % de água (v/v).
Figura 6: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono,......................28
em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem água. e,
b) com adição de 4 % de água (v/v).
Figura 7: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono,......................29
em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem adição de cloreto,
b) com adição de 100 ppm de cloreto, c) com adição de 500 ppm de cloreto e,
d) com adição de 1000 ppm de cloreto.
Figura 8: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono,......................30
em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem ácido atico,
b) com adição de 10 ppm de ácido acético e, c) com adição de 50 ppm de ácido acético.
X
Figura 9: Diagrama de Nyquist para o aço-carbono em etanol p.a.......................................36
com LiClO4 0,10mol L
-1
a) na ausência e, b) na presença de cafeína 30,0 mmol L
-1
.
Figura 10: Isoterma de adsorção de Langmuir da cafeína....................................................39
sobre a superfície do aço-carbono em etanol p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
,
determinada por EIE.
Figura 11:Diagrama de Nyquist para o aço-carbono em etanol............................................40
com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, contaminado com 50 ppm de ácido atico a) na ausência, b) na
presença de cafeína 0,20 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Figura 12: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................43
de aço-carbono, em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20 mV/s. a) na
ausência e, b) na presença de cafeína 0,10 mmol L
-1
.
Figura 13: Variação dos valores de ûMGHWHUPLQDGRVDSDUWLU
dos voltamogramas no potencial de –0,10 V em função do potencial de adsorção.
Figura 14: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................45
de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
de, registradas a 10 mV/s; a) na
ausência e, b) na presença de cafeína 0,10 mmol L
-1
.
Figura 15: Variação dos valores de ûMGHWHUP LQDGRV
a partir dos voltamogramas no potencial de –0,10 V em função do potencial de adsorção.
Figura 16: Efeito do tempo de adsorção sobre os valores.....................................................46
GH ûMSDUDDFDIH ína sobre o eletrodo de aço-carbono em etanol, com LiCl
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
Figura 17: Efeito do tempo de adsorção para a cafeína sobre...............................................47
o eletrodo de aço-carbono em etanol p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
XI
Figura 18: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................48
de aço-carbono, em etanol com LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20 mV/s; a) na ausência, b)
na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e, c) na presea de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Figura 19: Variação de j em função da concentração.........................................................49
de cafeína adicionada no meio etanólico contendo LiCl 0,10 mol L
-1
.
Figura 20: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................50
de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, registradas a 10 mV/s; a) na ausência,
b) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Figura 21: Variação de j em função da concentração.........................................................50
de cafeína adicionada no meio etanólico contendo LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito.
Figura 22: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................51
de aço-carbono, em etanol com LiCl 0,10 mol L
-1
contaminado com 4 % de água(v/v),
registradas a 20 mV/s; a) na ausência, b) na presença de cafeína 0,10mmol L
-1
e, c) na
presença de cafeína 1,0 mmol L
-1
.
Figura 23: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................52
de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, contaminado com 4 % de água (v/v),
registradas a 10 mV/s; a) na ausência, b) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e, c) na
presença de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Figura 24: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................53
de aço-carbono, em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem
ácido acético, b) com adição de 50 ppm de ácido acético e, c) com adição de 50 ppm de
ácido acético e cafeína 0,50 mmol L
-1
.
XII
Figura 25: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo..............................................54
de aço-carbono, em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem
cloreto, b) com adição de 1000 ppm de cloreto, c) com adição de 1000 ppm de cloreto e
cafeína 0,50mmol L
-1
.
Figura 26:Curvas de Tafel para o aço-carbono em etanol p.a...............................................55
com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, v = 1,0 mV s
-1
; a) na ausência e, b) na
presença de cafeína 0,20 mmol L
-1
.
Figura 27:Isoterma de adsorção de Langmuir.......................................................................57
da cafeína sobre a superfície do aço-carbono em etanol p.a. contendo LiClO
4
0,10 mol L
-1
.
Figura 28:Curvas de Tafel para o aço-carbono em etanol p.a...............................................58
com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, v =1,0mV s
-1
; a) na ausência e, b) na
presença de cafeína 5,0 mmol L
-1
.
Figura 29: Isoterma de adsorção de Langmuir da adsorção..................................................60
da cafeína sobre a superfície do aço-carbono em etanol p.a. contendo LiCl 0,10 mol L
-1
.
Figura 30: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono,.....................................61
em etanol p.a.,com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de
água (v/v), registradas a 1,0mV/s, a) na ausência e, b) na presença de cafeína 0.50
mmol L
-1
.
Figura 31: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono......................................63
em etanol p.a. com perclorato de lítio como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de
água (v/v), registradas a 1,0mV/s; a) na ausência e, b) na presença de cafeína 1,0 mmol L
-1
.
XIII
Figura 32: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo................................................................65
de aço-carbono em etanol p.a. com perclorato de lítio como eletrólito suporte, registradas a
1,0mV/s, contaminada com 50ppm de ácido acético; a) na ausência e, b) na presença de
cafeína 0,50 mmol L
-1
Figura 33: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de...........................................................66
aço-carbono em etanol p.a. com perclorato de lítio como eletrólito suporte, contaminada
com 1000 ppm de cloreto, registradas a 1,0mV/s; a) na ausência e, b) na presença de
cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Figura 34: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de....................................67
aço-carbono, em etanol com LiCl 0,10 mol L
-1
, com o valor de potencial fixo em –0,10 V
por 600 segundos, a) na ausência, b) na presença de cafeína 5,0 mmol L
-1
e c) na presença
de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Figura 35: Curvas cronoamperométricas obtidas para o.......................................................68
eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, em um potencial fixo de 0,30
V por 600 segundos, a) na ausência, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e c) na
presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Figura 36: Curvas cronoamperométricas obtidas para o.......................................................69
eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiCl
0,10 mol L
-1
, e adição de 4 % de água (v/v),
com o valor de potencial fixo em –0,10 V por 600 segundos; a) ausência, b) na presença de
cafeína 5,0 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Figura 37: Curvas cronoamperométricas obtidas para o.......................................................70
eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, e adição de 4 % de água
(v/v), com o valor de potencial fixo em 0,30 V por 600 segundos: a) ausência, b) na
presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
XIV
Figura 38: Curvas cronoamperométricas obtidas para o.......................................................71
eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
, 0,10 mol L
-1
e adição de 1000 ppm de
cloreto, com o valor de potencial fixo em 0,30 V por 600 segundos, a) na ausência, b) na
presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Figura 39: Curvas cronoamperométricas obtidas para o.......................................................72
eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, e adição de 50 ppm de ácido
acético, com o valor de potencial fixo em 0,30 V por 600 segundos; a) na ausência, b) na
presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
XV
LISTA DE TABELAS
Tabela IComposição química média da chapa de aço carbono...........................................18
Tabela IIValores de perda de massa por unidade de área e................................................33
de eficiência de proteção (SDUDRVHQVDL RVGHFRUURV ão por longo tempo de imersão, para
o aço-carbono em etanol p.a., na presença e ausência de cafeína, sem adição de eletrólito
suporte.
Tabela IIIValores de perda de massa por unidade de área e...............................................34
de eficiência de proteção ( SDUD RV HQVDLRV GH FRUURV ão acelerados sob polarização
anódica no potencial de 0,00 V (Ag/AgCl), para o aço-carbono em etanol p.a. com LiCl
0,10mol L
-1
como eletrólito suporte na presença de cafeína.
Tabela IVValores de perda de massa por unidade de área e...............................................35
de eficiência de proteção ( SDUD RV HQVDLRV GH FRUURV ão acelerados sob polarização
anódica no potencial de 0,00 V (Ag/AgCl), para o aço-carbono em etanol p.a.com LiClO
4
0,10mol L
-1
como eletrólito suporte, na presença de cafeína.
Tabela VParâmetros de impedância para a corroo..........................................................37
do aço-carbono em etanol p.a. na ausência e na presença de cafeína com LiClO
4
0,10 mol
L
-1
de como eletrólito suporte.
Tabela VIParâmetros de impedância para a corrosão.........................................................41
do aço-carbono em etanol p.a. na ausência e na presença de cafeína, contaminado com 50
ppm de ácido atico e com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
Tabela VIIParâmetros de Tafel e a correspondente eficiência............................................56
de inibição para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como
eletrólito suporte, na ausência e na presença de cafeína.
XVI
Tabela VIIIParâmetros de polarização e correspondente....................................................59
eficiência de inibição para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na presença de cafeína.
Tabela IXParâmetros de polarização e a correspondente....................................................62
eficiência de inibição para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), na ausência e na presença de
cafeína.
Tabela XParâmetros de polarização e correspondente........................................................64
eficiência de inibição para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol
L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), na ausência e na presença
de cafeína.
Tabela XITabela comparativa das cargas de.....................................................................73
oxidação obtidas através das curvas cronoamperométricas, com LiCl como eletrólito
suporte.
Tabela XIITabela comparativa das cargas de.....................................................................74
oxidação obtidas através das curvas cronoamperométricas, com LiClO
4
como eletrólito
suporte.
XVII
LISTA DE SÍMBOLOS
C
IN
-Concentração de inibidor
C -Concentração
E
ads
-Potencial de adsorção
t
ads
-Tempo de adsorção
I -Corrente
t -Tempo
E -Potencial
E
i
-Potencial inicial
E
f
-Potencial final
E
corr
-Potencial de corrosão
ûP$9DULD ção de massa por unidade de área exposta
(ILFL ência de proteção
EIE -Espectroscopia de impedância eletroquímica
R
tc
-Resistência a transferência de carga
C
dl
-Capacitância da dupla camada
θ -Fração da superfície coberta pelas moléculas adsorvidas
EI -Eficncia de inibição da corrosão
j -Densidade de corrente
ûM'HFU éscimo da densidade de corrente
I
corr
-Densidades de correntes de corrosão
v -Velocidade de varredura de potencial
K -Constante de equilíbrio
G
o
ads
-Variação da energia livre de adsorção de Gibbs
pH -Potencial hidrogeniônico
ppm -Partes por milhão
XVIII
RESUMO
COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO AÇO-CARBONO ABNT 1006 EM MEIO
ETANÓLICO NA PRESENÇA DE CAFEÍNA
Neste trabalho foi investigado o efeito inibidor da cafeína nos processos corrosivos
do aço-carbono em etanol p.a., utilizando como eletrólito suporte LiCl ou LiClO
4
. Avaliou-
se também o efeito inibidor do composto sobre o comportamento do metal em soluções
mais agressivas, com adição de água, cloreto e ácido atico, na presença e na ausência de
cafeína. As propriedades inibidoras da cafeína foram avaliadas por ensaios de perda de
massa, espectroscopia de impedância eletroquímica, voltametria cíclica, curvas de Tafel e
cronoamperometria. As curvas de Tafel mostraram tratar-se de um inibido anódico. As
diferentes técnicas utilizadas tiveram um resultado similar, mostrando que a cafeína é um
bom inibidor para o aço-carbono em etanol, inclusive quando se aumenta a agressividade
do meio, com adição de contaminantes. As medidas mostraram que o primeiro passo da
interação entre a cafeína e a superfície do metal é através do processo de adsorção. Os
valores encontrados para a variação da energia livre de adsorção de Gibbs sugerem um
processo de adsorção químico e espontâneo. Em alguns casos constatou-se a diminuição da
eficiência de proteção para valores de concentrações maiores de cafeína. Este resultado foi
relacionado ao efeito quelante do composto. Alguns dos métodos utilizados mostraram que,
mesmo no meio onde se simulou a presença de ácido atico como contaminante, a cafeína
participa no sentido de melhorar a eficiência de inibição. A presença de cloreto, analisado
como contaminante, também não impediu a cafeína de atuar como inibidora dos processos
corrosivos do metal.
XIX
ABSTRACT
ELECTROCHEMISTRY BEHAVIOR OF LOW-CARBON STEEL ABNT 1006 IN
ETHANOLIC MEDIUM IN THE PRESENCE OF CAFFEINE
In this work it was determined the inhibitory effect of caffeine on the corrosion
processes of low-carbon steel in pure ethanol, using Lithium chloride or Lithium
perchloride as supporting electrolyte. More aggressive solutions containing water, chloride
and acetic acid were tested also in absence and in the presence of caffeine. The inhibitory
ability of caffeine was confirmed by weight loss experiments; cyclic voltammetry;
polarization curves; chronoamperometric tests and electrochemical impedance
spectroscopy studies. It is presented experimental evidences by Tafel curves that caffeine
has an ability to block anodic charge transfer reactions on the electrode surface. Despite of
the different methodologies used it was unequivocal the conclusion that caffeine may be
considered an excellent corrosion inhibitor for the low-carbon steel in ethanol even at more
aggressive conditions. It was unequivocal from the measurements to conclude that the first
step of the interaction between the electrode surface and caffeine started with the
adsorption process. The values of free adsorption Gibbs energy determined suggest a
chemical and spontaneous process. However, in some experiments it was clear the
chelating effect of the caffeine. The addition of acetic acid as contaminant it was observed a
kind of synergism between caffeine and acetate anion. The inhibitory effect of the caffeine
was visible even in the presence of a controlled amount of chloride as contaminant.
XX
1-INTRODUÇÃO
O termo “corrosãopode ser definido como a reação do metal com os elementos de
um determinado meio, na qual o metal é convertido a um estado não metálico. Quando isto
ocorre, a superfície metálica perde suas qualidades essenciais, tais como resistência
mecânica, elasticidade, ductilidade e o produto de corrosão formado torna-se extremamente
pobre em termos destas propriedades
(1)
.
Considerações de ordem termodinâmica explicam a relativa facilidade com que
ocorre a deterioração dos metais não nobres. Sabe-se que a obtenção de um metal faz-se às
custas de uma grande quantidade de energia fornecida pelos processos metalúrgicos como
mostra a expressão
(2)
:
A maioria dos metais é encontrada na natureza na forma combinada, como minerais,
e reduzidos ao estado metálico pela introdução de energia suficiente para o processo. Logo
após a redução, o metal tende a reverter para um estado não metálico
(1)
.
Mesmo que a termodinâmica faça uma previsão da possibilidade de uma
determinada reação ocorrer espontaneamente, ela nada diz a respeito da velocidade com
que tal reação vai ocorrer. É exatamente esse fator, ou seja, a velocidade com que ocorre a
maior parte dos processos de corrosão, que permite utilizar metais na vida diária.
Uma vez obtido o metal, sendo esse posto em contato com o meio ambiente, forma-
se um sistema termodinamicamente instável, pois os metais, de um modo geral, possuem
grande afinidade pelo oxigênio, enxofre e água, reagindo com eles, liberando energia e
retornando, algumas vezes, ao seu estado inicial.
De todos os metais, o ferro é o mais utilizado. Como é muito abundante e de fácil
obtenção através de seus minérios, o ferro se tornou indispensável para a manufatura de
qualquer material.
Composto + Energia Metal
Metalurgia
Corrosão
Composto + Energia Metal
Metalurgia
Corrosão
XXI
A importância de se estudar os fenômenos de corrosão reside nos fatos de que os
problemas causados por ela são freqüentes e ocorrem em várias atividades, como por
exemplo, na industria química, petrolífera, petroquímica, da construção civil,
automobilística, nos meios de transporte aéreo, ferroviário, marítimo, nos sistemas de
telecomunicação, na odontologia e na medicina
(2)
. Outros fatores importantes que
justificam os estudos relativos à corroo são o econômico e o da conservação das reservas
minerais.
No que diz respeito aos métodos de controle e prevenção da corrosão podem ser
citados como mais utilizados: o uso de metais e ligas resistentes à corrosão, modificação do
projeto, especificação e processo construtivo, modificação do meio corrosivo, uso de
inibidores, uso de revestimentos, entre outros
(3)
.
Em muitos casos, é mais econômico modificar o meio corrosivo do que o metal,
principalmente quando se tem pouco volume de solução e em sistemas fechados. Em
particular, nesses casos, a adição de inibidores permite associar a eficiência de proteção ao
baixo custo do método
(2)
.
Os inibidores de corrosão atuam diretamente sobre as reações catódicas e/ou
anódicas, diminuindo a velocidade de corrosão do metal no meio agressivo.
Os inibidores de corrosão podem ser classificados de diferentes maneiras
(2,3)
:
a)quanto ao mecanismo de ação:
-oxidantes
-não oxidantes
-anódicos
-catódicos
-de adsorção
b)quanto à composição
-orgânicos
-inorgânicos
c)quanto à forma de aplicação
-solução
-dispersão
-volátil
2
XXII
Os inibidores classificados como de adsorção controlam a velocidade de corrosão,
influenciando tanto as reações anódicas, como as catódicas
(3)
. Nesse grupo, estão incluídas
as substâncias orgânicas, que se adsorvem na superfície metálica, formando uma película e
inibindo as reações eletroquímicas.
As camadas delgadas, formadas pelos inibidores de corrosão e que protegem o
metal do meio agressivo, são afetadas por diversos fatores, entre os quais velocidade do
fluido, volume e concentração do inibidor usado para o tratamento, temperatura do sistema,
tipo de substrato. Estudos anteriores mostraram que as condições ideais que favorecem a
adsorção da substância orgânica e, conseqüentemente, aumentam a sua eficiência de
proteção, dependem do potencial aplicado ao eletrodo (E
ads
), do tempo necessário para se
atingir o máximo de recobrimento (t
ads
) e da pureza do inibidor.
Presentemente existe uma preocupação ambiental no sentido de minimizar danos ao
ambiente ou utilizar produtos não tóxicos e compatíveis com o meio ambiente evitando
impactos e passivos ambientais. Daí a necessidade de criar tecnologias limpas direcionadas
aos inibidores de corrosão.
A pesquisa por novos compostos mais aceitáveis do ponto de vista ambiental,
levaram a estudos de inibidores como heptanoato de sódio
(4)
derivados da ftalazina
(5)
derivados imidazólicos não tóxicos
(6)
e do ácido ascórbico
(7)
.
A cafeína atua como a maior parte dos inibidores orgânicos não tóxicos, por
formação de uma camada adsorvida sobre uma superfície do metal
(8)
o que pode ser
comprovado por estudos anteriores da ação inibidora da cafeína nos processos corrosivos
do cobre
(9)
.
O presente trabalho apresenta os resultados obtidos por diferentes metodologias
eletroquímicas como medida do potencial de circuito aberto (PCA), medidas
potenciodinâmicas (Voltametria Cíclica e Curvas de Polarização), medidas de perda de
massa acelerada e por longo tempo de imersão e medidas de impedância eletroquímica,
com os quais se obteve evidências da atuação da cafeína como inibidor de corrosão do aço-
carbono em meio etanólico.
A escolha do eletrodo de trabalho baseou-se na aplicabilidade do aço-carbono nas
mais variadas atividades como constituinte principal de praticamente todas as estruturas
metálicas.
3
XXIII
O meio etanólico foi escolhido por se tratar de um combustível não fóssil, cujo uso
tende a se expandir em todo o mundo. O armazenamento e transporte desse combustível
o feitos, normalmente, em recipientes confeccionados com metais de baixo custo (aço-
carbono), porém pouco resistentes à ação corrosiva do meio. A adição de inibidores de
adsorção tende a favorecer o tempo de vida útil destes metais.
4
XXIV
2-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1-MECANISMOS DE DISSOLUÇÃO E DEPOSIÇÃO DO FERRO
Os estudos relacionados à corrosão objetivam caracterizar e, quando possível,
controlar os processos envolvidos no desgaste de peças metálicas em contato com
diferentes meios.
Segundo Sculli
(10)
, o meio que contém água pode provocar diferentes formas de
corrosão. No entanto, todas estas se baseiam fundamentalmente em reações anódicas e
catódicas que ocorrem simultaneamente sobre a superfície do metal, isto é, o mecanismo
que envolve as reações eletroquímicas é o mesmo.
Os processos eletroquímicos envolvendo o ferro, em meio aquoso ácido, citados por
Fontana e Greene envolvem as seguintes reações
(11)
:
Fe :)H
2+
+ 2e
-
(reação anódica) (1)
O
2
+ 2H
2
O + 4e
-
:2+
-
(reação catódica) (2) e/ou
2H
+
+ 2e
-
:+
2
(reação catódica) (3)
De acordo com os autores
(11)
, a velocidade de uma reação eletroquímica é limitada
por vários fatores químicos ou físicos e pode ser polarizada ou retardada por estes. A
polarização por ativação refere-se aos processos eletroquímicos que podem ser controlados
pela seqüência de reações na interface metal-solução. A polarização por concentração
refere-se às reações eletroquímicas que são controladas pela difusão de alguma espécie
eletroativa no eletrólito.
A maioria dos trabalhos experimentais publicados procura enquadrar o
comportamento do ferro em diferentes eletrólitos no modelo proposto por Heusler
(12)
ou no
proposto por Bockris
(13)
.
Heusler
(12)
propôs um mecanismo para explicar a resposta transitória de um ânodo
de ferro em meio ácido observada sob condições galvanostáticas e que depois ele próprio
confirmou por meio de medidas potenciostáticas.
A primeira etapa seria a adsorção e posteriormente a descarga de hidroxilas na
superfície do ânodo para formar o catalisador (FeOH)
ads
:
Fe + OH
-
<)H2+
ads
+ e
-
(4)
Fe + OH
-
+ Fe(OH)
ads
:)H2+
ads
+ FeOH
+
+ 2e
-
(5)
5
XXV
(FeOH)
+
+ H
+
<)H
2+
+ H
2
O (6)
Sob condições estacionárias a velocidade da reação global é a da etapa (5).
Deve-se observar que a espécie (FeOH)
ads
não é consumida (por isso o nome
catalítico) e que a velocidade da reação é proporcional a concentração de (FeOH)
ads
.
Bockris, Drazic e Despic
(13)
discutiram a cinética envolvida na reação de deposição
e dissolução do eletrodo de ferro em diferentes meios, com base em dados levantados a
partir de medidas de transientes galvanostásticos. Os autores consideraram o fato da
velocidade de deposição e/ou dissolução do ferro em soluções ácidas ser uma função do
pH. Os resultados experimentais obtidos foram explicados em função de dois caminhos
para a reação anódica:
Mecanismo 1:
Fe + OH
-
<)H2+H
-
(7)
FeOH
:)H2+
+
+ e
-
(8) e.d.r.
FeOH
+
<)H
2+
+ OH
-
(9)
Mecanismo 2:
Fe
2+
+ H
2
O
<)H2+
+
+ H
+
(10)
FeOH
+
+ e
-
:)H2+HGU
FeOH + H
+
+ e
-
<)H+
2
O (12)
Onde e.d.r. é a etapa determinante da reação.
Em outro trabalho, os mesmos autores
(14)
determinaram, por medidas
potenciostáticas e galvanostáticas, que impurezas contidas no ferro não provocam nenhuma
alteração no mecanismo e na cinética das reações no eletrodo. Entretanto, no ferro puro, a
velocidade de desprendimento de hidrogênio é bem menor (reação catódica).
O mecanismo da dissolução anódica do ferro, pode ocorrer de duas maneiras,
dependendo da subestrutura do sólido
(15)
: pelo mecanismo de reações não catalisados
proposto por Bockris
(13)
ou através do mecanismo proposto por Heusler
(12)
, envolvendo
reações catalisadas, que dependem da atividade superficial do sólido.
Mecanismo da reação de dissolução do ferro proposto por Hilbert, Miyoshi, Eickorn
e Lorenz envolve as seguintes etapas
(15):
Fe + H
2
O
<)H+
2
O)
ads
(13)
6
XXVI
Fe(H
2
O)
ads
<)H2+
-
)
ads
+ H
+
(14)
Fe(OH
-
)
ads
<)H2+
-
)
ads
+ e
-
(15)
Mecanismo catalisado:
(FeOH)
ads
< FeOH
+
+ e
-
(16)
FeOH
+
+ H
+
:)H
2+
(aq)
+ H
2
O (17)
Mecanismo não-catalisado:
Fe + (FeOH
-
)
ads
<>)H)H2+
-
)] (18)
[Fe(FeOH
-
)] + OH
-
<)H2+
+
+ Fe(OH
-
)
ads
+ 2e
-
(19)
FeOH
+
+ H
+
<)H
2+
(aq)
+ H
2
O (20)
Os mesmos autores, em outros trabalhos
(16)
, observaram que a reação de deposição
catódica do ferro em soluções ácidas segue mecanismos diferentes, dependendo do pH. Em
pH<2,8, os dados cinéticos mostram que o mecanismo seguido corresponde ao não
catalisado, enquanto que em pH>2,8 ocorre o catalisado.
Outro trabalho
(17-18)
confirma, por medidas de impedância faradaica, que a
dissolução do ferro na zona ativa ocorre em dois estágios eletroquímicos ligados pela
espécie (FeOH)
ads
.
Mais tarde Lorenz e colaboradores
(19-21)
confirmaram a presença da espécie
[Fe(OH)
n
]
ads
(n=1,2,3) em soluções que apresentavam concentrações diferentes de oxigênio
na faixa de pH entre 3 e 6.
2.2–PROCESSOS CORROSIVOS EM MEIO ETANÓLICO
A crise provocada pelos elevados custos do petróleo originou a necessidade da
utilização do etanol como combustível nos motores à combustão interna, em substituição à
gasolina. Devido a sua natureza, o etanol apresenta alguns aspectos de corrosão diferentes
dos apresentados pela gasolina.
No Brasil, o uso de etanol como combustível em veículos automotores,
principalmente a partir de 1975 com o Pró-álcool (Programa Nacional do Álcool),
despertou grande interesse no estudo da resistência à corrosão dos materiais em contato
com esse meio, como motores a álcool, sistemas de transporte e de armazenamento desse
combustível. Trabalhos publicados na década de 80 revelaram que a corrosão dos diversos
7
XXVII
metais e ligas está relacionada com as impurezas provenientes do processo de fabricação do
etanol combustível, tais como água, cloreto, ácido acético, sulfato, aldeído e de éster.
D´Alkaine, Rúvolo Filho e Bulhões
(22)
utilizaram técnicas potenciostáticas e
galvanostáticas, para analisar o comportamento do o 1020 em etanol 96 %. Pelas técnicas
utilizadas observaram que o o 1020 em soluções etalicas pode apresentar ataque
localizado e a importância desse ataque depende das condições de preparação superficial e
também, que a corrente de redução do oxigênio sobre o aço1020 em etanol foi muito alta
devendo ser esta a causa fundamental dos processos de corrosão em etanol até potenciais de
–1100 mV. Após esse potencial até –2000 mV a única reação importante demonstrou ser a
da reação de hidrogênio.
Carbonel e Sathler
(23)
estudaram a influência da concentração de íons cloreto em
soluções alclicas sobre a corrosão do aço-carbono, na presença e na ausência de água e
na presença e na ausência de oxigênio, à temperatura ambiente. Em álcool p.a. com adições
de cloreto não foi observada corrosão evidente, por outro lado, com adição de 6% de água e
com adições de cloreto, o o corrói e a corrosão aumenta com a concentração de cloreto e
do tempo de imersão. Em etanol p.a. na ausência de oxigênio não foi observada corrosão e
isso se deve à ausência de agentes agressivos ao meio. A presença de oxigênio em soluções
alcoólicas resulta no aumento da corrosão do o, que é mais acentuada quando se tem
simultaneamente água e cloreto no álcool.
Englert e Muller
(24)
utilizaram como inibidores do aço-carbono do tipo AISI-1020
em etanol, trietanolamina e um aditivo comercial (“Proal”, marca registrada da Bardahl).
Os resultados obtidos por curvas de polarização anódica e catódica não mostraram qualquer
inibição importante com a adição de inibidor comercial. Porém, com a adição de
trietanolamina há uma fraca inibição, que desaparece com a agitação do meio.
Gonçalves e Coradini
(25)
estudaram os processos de corroo que ocorrem sobre o
aço-carbono em soluções de etanol, utilizando álcool propargílico como inibidor. A
eficiência do inibidor foi avaliada por medidas de condutividade elétrica da solução,
variando-se a quantidade de água, a concentração de ácido acético e a concentração de
álcool propargílico. Os resultados mostraram que a condutividade elétrica da solução muda
proporcionalmente com as espécies de Fe(II) ou Fe(III) que são formadas durante o
processo de corrosão. Esta mudança depende da concentração de água e de ácido acético no
8
XXVIII
meio. Os produtos de corrosão são formados, diminuindo os valores da condutividade da
solução. Isto pode ser considerado como uma evidencia de que espécies iônicas estão
desaparecendo com estes compostos. O álcool propargílico mostrou-se eficiente como
inibidor neste meio, porém sua eficiência de proteção depende da concentração de ácido
acético no meio.
Gonçalves, Coradini e Olivera
(26)
estudaram o efeito inibidor do íon acetato na
corrosão do aço-carbono em etanol hidratado, através de medidas da condutividade da
solução, medidas potenciodinâmicas e por perda de massa. Os resultados experimentais
mostraram que a taxa de perda de massa diminui proporcionalmente com o aumento da
concentração de água em 0,10 mol L
-1
de ácido atico. Um efeito similar foi observado
nas medidas de condutância das soluções. Voltamogramas cíclicos indicaram que a
interação depende da concentração de íons acetato. A carga relacionada com a oxidação
anódica do eletrodo diminui com o aumento da concentração do íon acetato, e o potencial
de corrosão desloca-se para valores mais anódicos, indicando que um processo anódico é
inibido. Todas essa considerações levam a conclusão de que o íon acetato adsorvido é a
espécie mais provável envolvida no processo da inibição da corrosão do aço-carbono.
Gonçalves e Olivera
(27)
pesquisaram a eficiência de proteção do furfural nos
processos corrosivos do aço-carbono em meio etanólico. Os parâmetros estudados foram:
concentração de furfural, concentração de ácido acético, potenciais de adsorção e
concentração de oxigênio. Pelos resultados obtidos chegou-se a conclusão de que a
eficiência de inibição do furfural depende da concentração do inibidor. Medidas de perda
de massa mostraram que com 1,0 mmol L
-1
do inibidor obtém-se a melhor eficiência de
inibição, chegando a 90 % de proteção. Em um meio mais agressivo, com adição de ácido
acético 0,10 mol L
-1
, a presença de furfural diminui a corrosão do metal em 90 %. O
processo de formação do filme na superfície do metal não é instantâneo, dependendo do
potencial aplicado no eletrodo. As densidades de corrente, catódica e anódica, diminuem
com o aumento da concentração de furfural. Em solução aerada, somente a densidade de
corrente anódica diminui com a presença do inibidor. Isto pode ser relacionado com a
influência do oxigênio na formação do filme na superfície metálica.
9
XXIX
Pelos trabalhos citados acima, observa-se que as 1993, não houve ou não foram
encontrados trabalhos, que tivessem como objetivo o estudo do aço-carbono em meio
etanólico.
2.3-INIBIDORES NATURAIS E INIBIDORES QUE SÃO AMBIENTALMENTE
ACEITÁVEIS
Uma das formas de tentar controlar a corrosão é via adição de inibidores, que são
substâncias que, quando adicionadas a um meio corrosivo em pequenas quantidades,
provocam um decréscimo na taxa de corrosão do metal ou liga. Funcionam por adsorção
dos íons ou moléculas sobre a superfície do metal, reduzindo a taxa de corrosão por
(28)
,
Aumentando ou diminuindo a reação anódica e/ou catódica;
Diminuindo a taxa de difusão de reagentes para a superfície do metal;
Diminuindo a resistência elétrica da superfície do metal;
Inibidores são freqüentemente fáceis de se aplicar e tem como vantagem a aplicação
in-situ sem causar perturbações significativas para o processo. Contudo, existem várias
considerações para se escolher um inibidor:
Custo do inibidor, às vezes pode ser muito alto quando o material envolvido é caro
ou quando se necessita de uma grande quantidade;
Toxicidade, o inibidor pode causar danos sobre os seres humanos ou outras espécies
vivas;
Disponibilidade, o inibidor pode tornar-se caro, se a sua disponibilidade no mercado
for baixa;
Ecologicamente aceitável.
Atualmente, devido ao aumento da consciência ambiental e da necessidade de
desenvolver processos ecológicos, tem aumentado a pesquisa das propriedades inibidoras
de produtos naturais originados de plantas e de produtos sintéticos ambientalmente
aceitáveis.
A pesquisa com inibidores naturais tem aumentado, pois, além de serem produtos
ecologicamente aceitáveis, são oriundos de fontes renováveis, baratos e prontamente
disponíveis.
10
XXX
Praticamente são inexistentes trabalhos em que se utilizam inibidores de corrosão
em meio etanólico. Sendo que a maioria dos trabalhos fazem referência à utilização de
inibidores orgânicos em meio aquoso, contendo ou não alguma das impurezas encontradas
no etanol combustível, sendo o metal de interesse o aço-carbono.
Oguzie
(29)
estudou o efeito inibidor do extrato de occimum viridis na corrosão do
aço-carbono em HCl 2,0 mol L
-1
e H
2
SO
4
1,0 mol L
-1
utilizando
técnica gasométrica. Os
resultados mostraram que a taxa de corrosão diminui na presença do extrato e que quanto
maior a concentração de occimum viridis, maior é a eficiência de proteção. Porém,
aumentando-se a temperatura de 30°C para 60°C, a eficiência de proteção diminui. A
eficiência de inibição ficou acima de 90% para ambos os ácidos a 30°C.
Gunasekaran e Chauhan
(30)
estudaram a inibição da corrosão do aço-carbono
exposto a 20, 50 e 88% de ácido fosfórico, com diferentes concentrações do extrato de
Zenthoxylum-alatum (planta da família das dicotiledôneas). Através do método de perda de
massa, curvas de polarização potenciodinâmica, espectroscopia de impedância
eletroquímica e análise da superfície, observaram que a eficiência de inibição aumenta com
o aumento da concentração do extrato da planta, e que a eficiência de proteção é maior no
meio que contém 88 % de ácido fosfórico, neste caso chegando a 98 % de eficiência de
inibição.
El-Etre e Abdallah
(31)
estudaram a ação inibidora de diferentes concentrações do
mel natural na corrosão do aço-carbono em contato com água com alta salinidade. A
eficiência de inibição foi calculada usando medidas de perda de massa e a técnica de
polarização potenciostática. A eficiência de proteção aumenta com o aumento da
concentração de mel, que variou de 100 ppm a 400 ppm, chegando a 87% com 400 ppm de
mel.
Orubite e Oforka
(32)
estudaram a inibição da corrosão no o carbono por extrato de
folhas de Nypa fruticans Wurmb em soluções de seis diferentes concentrações de ácido
clorídrico. Perda de massa e a técnica de redução de hidrogênio foram usadas para verificar
a eficiência desse extrato. Verificaram que com o aumento da concentração do extrato
aumentava-se a eficiência de inibição e, com aumento da temperatura, aumentava-se a
perda de massa, a maior eficiência encontrada foi de 75 % a 30 °C.
11
XXXI
Bouyanzer, Hammouti e Majidi
(33)
pesquisaram a ação inibidora de um óleo
extraído da menta Pennyroyal na corrosão do aço em soluções de HCl 1,0 mol L
-1
. As
curvas de polarização mostraram que a adição da substância natural diminui somente as
correntes catódicas. Há maior diminuição da corrente com o aumento da concentração do
inibidor, ficando a eficiência de inibição em 78 %. Conseqüentemente, o óleo é um bom
inibidor e atua essencialmente como um inibidor catódico. Estudos de impedância
eletroquímica confirmaram os resultados obtidos com as curvas de polarização, mostrando
que o valor da resistência a transferência de carga (R
p
)
aumenta com o aumento da
concentração do inibidor, aumentado também à eficiência de proteção, chegando a 72 %.
Okafor, Osabor e Ebenso
(34)
estudaram a eficiência de proteção do extrato das
sementes de Garcinia Kola para o o em solução H
2
SO
4
5,0 mol L
-1
em diferentes
temperaturas usando técnica gasométrica. A taxa de corrosão do o nesse meio diminui
significativamente na presença do extrato, sendo que quanto maior for à concentração do
inibidor e menor a temperatura, maior a inibição. A melhor eficiência de inibição foi de
85 % a 30 °C com uma concentração de inibidor de 2,0 g L
-1
. A menor eficiência devido ao
aumento da temperatura foi atribuída ao fato de que moléculas fitoquímicas são fisicamente
adsorvidas na superfície do metal, e um aumento na temperatura resulta na dessorção delas.
Chauhan e Gunasekaran
(35)
estudaram as propriedades inibidoras do extrato
alcoólico de Zenthoxylum alatum (planta da família das dicotiledôneas), variando a
concentração do extrato de 100 a 2800 ppm, para o aço-carbono em soluções de 5 e 15 %
de HCl. Ensaios de perda de massa para soluções com HCl 5 % mostraram que a taxa de
corrosão diminui com aumento da concentração do extrato, e na temperatura de 30 °C,
porém, a 80 °C, a eficiência de proteção máxima encontrada foi de 89 % em solução
contendo 2800 ppm do extrato. Isto mostra que o extrato da planta é capaz de reduzir a taxa
de corrosão do aço em temperaturas entre 30-80 °C em HCl 5 %. Já para soluções com HCl
15 %, aumentando-se a temperatura, aumenta-se a taxa de corrosão e diminui-se a
eficiência de inibição. A eficiência de corrosão para o aço em HCl 15 % contendo 2800
ppm do extrato nas temperaturas de 60 e 80 °C são de 75 % e 45 %, respectivamente.
Estudos de espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) realizados a 30 °C
mostraram que com aumento da concentração do inibidor há um aumento da resistência em
XXXII
baixas freqüências e também um aumento da eficiência de inibição, para ambos os meios,
com HCl 5 % e 15 %.
Martinez e Stern
(36)
estudaram a corrosão do o em soluções de ácido sulfúrico
com e sem adição de varias concentrações de mimosa tanino em diferentes temperaturas.
As medidas de perda de massa mostraram que a taxa de corrosão diminui com aumento da
concentração de inibidor e aumenta com o aumento da temperatura.
El-Etre, Abdallah e El-Tantawy
(37)
estudaram a inibição da corrosão do aço pelo
extrato de lawsonia (henna) em soluções neutras e alcalinas utilizando a técnica de
polarização. Por esta técnica observou-se que, aumentando a concentração do inibidor,
aumentava-se a eficiência de inibição independentemente do meio, porém o extrato
mostrou-se mais eficiente em soluções ácidas. Em HCl 0,10 mol L
-1
com 800 ppm de
inibidor obteve 96 % de eficiência, diminuindo a eficiência com aumento do pH. No
entanto em NaOH 0,10 mol L
-1
com 800 ppm de inibidor obteve apenas 70 % de eficiência.
Os valores das correntes catódicas e anódicas das curvas de Tafel mudaram sensivelmente
com adição do extrato, mostrando que o extrato atua em ambas as reações catódica e
anódica, podendo-se concluir que o extrato de lawsonia atua como um inibidor misto.
Raja e Sethuraman
(38)
pesquisaram a inibição da corroo do o em ácido sulfúrico
1,0 mol L
-1
pelo sulfato de atropina. Pelas curvas de polarização observaram que com
aumento da concentração do inibidor aumentava-se a eficiência de inibição, e que com
adição de 2,40 10
4
mol L
-1
de sulfato de atropina obteve-se uma eficiência de inibição de
92 %. As curvas de polarização evidenciaram que o sulfato de atropina atua como um
inibidor misto. Das medidas de impedância obteve-se o valor da resistência de transferência
de carga (R
p
), o qual aumenta com o aumento da concentração de inibidor, indicando um
aumento da inibição da corrosão, e o máximo da eficiência de inibição 92 % foi obtido com
o máximo da concentração do inibidor. A diminuição nos valores da capacitância da dupla
camada (C
dl
) pode ser devido à adsorção do inibidor na superfície do metal conduzindo a
formação de um filme insolúvel da solução ácida. A análise dos espectros de infravermelho
(IR) mostram que a inibição da corrosão é devido à formação de um complexo entre
inibidor e o o.
Wang, Liu e Xin
(39)
investigaram o efeito inibidor de alguns derivados de
mercapto-triazol na corroo do o em HCl 1,0 mol L
-1
. Medidas de perda de massa
13
XXXIII
mostraram pelo valor da eficiência de inibição qual dos quatro compostos estudados era
mais eficiente. Com base nesta informação o que obteve melhor desempenho, fenil
mercapto-triazol, foi escolhido para realizar medidas de polarização. Essas mostraram que
com aumento da concentração do inibidor há um aumento na eficiência de inibição, sendo
que a maior eficiência, 97,5 %, foi obtida com adição de 0,40 g L
-1
de inibidor. Observou-
se que os valores das correntes anódicas e catódicas foram alterados com adição do inibidor
indicando tratar-se de um inibidor misto. Medidas de impedância (EIE) mostraram que o
valor da resistência de transferência de carga (R
p
) aumenta com o aumento da concentração
do inibidor, indicando um aumento da eficiência da inibição da corrosão. Os diagramas de
impedância (EIE) obtidos tem uma aparência quase semicircular, indicando que um
processo de transferência de carga controla a corroo do aço. A diminuição do valor da
capacitância da dupla camada (C
dl
) pode ser devido à adsorção do inibidor na superfície do
metal conduzindo para a formação de um filme barreira insolúvel.
Lebrini, Lagrenée, Vezin, Gengembre e Bentiss
(40)
estudaram uma nova classe de
derivados de tiadiazol, como possíveis inibidores de corrosão para o o em HCl 1,0
mol L
-1
. Os estudos de perda de massa mostraram que com aumento da concentração de
inibidor há um aumento na eficiência de proteção e que o inibidor 1,3,4-tiadiazol tem uma
maior eficiência. Estudos de polarização mostraram que os inibidores testados são do tipo
de inibidor misto e que a eficiência aumenta com aumento da concentração de inibidor. A
eficiência de inibição calculada através das medidas de impedância mostra a mesma
tendência das medidas de polarização e perda de massa.
Lebrini, Traisnel, Lagrenée, Mernari, e Bentiss
(41)
estudaram a inibição da corrosão
do o em HClO
4
1,0 mol L
-1
a 30 ºC por 3,5-bis(n-piridil)-4-amino-1,2,4-triazois (n-PAT,
n=2,3 e 4). As propriedades inibidoras aumentam com aumento da concentração do
inibidor de acordo com a seguinte ordem: 3-PAT>4-PAT>2-PAT, sendo de 95, 92 e 65 %
respectivamente. A habilidade das moléculas do inibidor de se adsorverem na superfície do
metal varia com a posição do átomo de nitrogênio no substituinte peridíneo. Os resultados
obtidos com as medidas de perda de massa e de impedância estão em concordância. A
adsorção do n-PAT é descrita pelo modelo da isoterma de Langmuir.
El-Naggar
(42)
estudou a inibição da corrosão de quatro compostos de drogas de
sulfa na corroo do o em HCl 1,0 mol L
-1
. Estes compostos foram escolhidos por serem
14
XXXIV
de baixo custo e não perigosos do ponto de vista ambiental para a proteção de metais contra
corrosão. Medidas de polarização galvanostática mostraram que os compostos reduzem a
corrosão e se comportam como um tipo de inibidor misto com efeitos predominantemente
catódicos. Esses inibidores apresentaram maior eficiência com aumento da concentração do
inibidor. Os resultados experimentais mostraram que o mecanismo para ação desses
compostos é devido principalmente a adsorção.
2.4-ESTUDOS ANTERIORES COM A CAFEÍNA
A cafeína, o terceiro alcalóide associado às Guerras do Ópio, também é uma droga
psicoativa, mas pode ser adquirida sem restrições praticamente em qualquer lugar do
mundo, e o seu consumo é tão livre que bebidas incrementadas com quantidades extras de
cafeína são fabricadas e anunciadas como tal. É encontrada naturalmente em grãos de café,
folhas de chá e em menor medida, na semente do fruto do cacaueiro. Também pode ser
encontrada na noz-de-cola e outras fontes vegetais, sobretudo na América do Sul, como
folhas de mate, sementes de guaraná e casca de yoco.
A cafeína, poderoso estimulante do sistema nervoso central, é uma das drogas mais
estudadas no mundo. Usada medicinalmente para aliviar e prevenir a asma, tratar
enxaquecas, aumentar a pressão sanguínea, como diurético e para um grande número de
outras afecções.
Mas a cafeína é tóxica em grandes concentrações. Estima-se que uma dose de cerca
de 10 g ingerida oralmente por um adulto de estrutura mediana seria fatal. Como o
conteúdo de uma xícara de café varia entre 80 e 180 mg, dependendo do método de
preparo, seria preciso tomar algo em torno de 55 a 125 xícaras ao mesmo tempo para
receber uma dose letal. É obvio que o envenenamento por cafeína é extremamente
improvável, senão impossível
(43)
.
Em contraste com os inúmeros estudos na área médica, há poucos trabalhos
publicados utilizando a cafeína como inibidor de corrosão, entre eles:
Saba, Brown e Omanovic
(44)
estudaram o comportamento interativo da cafeína na
superfície do eletrodo de platina. A solução de cafeína era dissolvida em solução 0,10
mol L
-1
de fosfato (KH
2
PO
4
dissolvido em água deionizada com adição de 0,10 mol L
-1
de
15
XXXV
hidróxido de sódio, para ajustar o pH da solução em 7). Estudos com Voltametria cíclica e
modelação de polarização com espectroscopia de infravermelho reflexão-adsorção (PM-
IRRAS) mostraram que a densidade de carga da superfície resultante da adsorção da
cafeína e a oxidação para teofilina é diretamente proporcional a quantidade de cafeína
adsorvida. A comparação entre os resultados experimentais e teóricos revelaram que a
baixas temperaturas, uma monocamada de moléculas adsorvidas é formada em uma
orientação fixa na superfície da platina. Com o aumento da temperatura, alterações
conformacionais ocorreram, resultando na inclinação de moléculas adsorvidas e isso
permitiu que uma grande quantidade de cafeína seja adsorvida na superfície em altas
temperaturas. Os processos de adsorção foram modelados usando a isoterma de adsorção de
Langmuir. Com o valor calculado da energia de Gibbs (-57,0 kJ mol
-1
) concluiu-se que a
cafeína tem uma alta afinidade pela superfície da platina. Este estudo é importante para o
desenvolvimento de métodos eletroquímicos para oxidação da cafeína para produzir
teofilina e teobromina, drogas farmaceuticamente importantes, descafeinização de bebidas
que contém cafeína, e possível tratamento de águas residuais que contenham cafeína.
Fallavena, Antonow e Gonçalves
(9)
estudaram a cafeína como inibidor para o cobre
em soluções aquosas com nitrato de potássio como eletrólito suporte. Alguns experimentos
foram repetidos na ausência e na presença de cloreto como íon agressivo. A influência do
eletrólito suporte foi verificada com alguns experimentos com perclorato de potássio. A
interação entre o composto orgânico e a superfície do metal foi primeiramente caracterizada
por medidas de potencial de circuito aberto. A capacidade de inibição da cafeína foi
confirmada por voltametria cíclica, cronoamperometria, curvas de polarização e
experimentos de perda de massa induzida. Pelos métodos eletroquímicos empregados
concluiu-se que a interação entre o composto orgânico e a superfície do eletrodo ocorre
independentemente do potencial do eletrodo. Contudo, o máximo de interação foi
observado em 0,0 V (Ag/AgCl) em soluções aeradas, e –0,25 V (Ag/AgCl) em soluções
desaeradas. Correntes anódicas nos estudos de voltametria cíclica diminuíram
consideravelmente com a presença da cafeína e esse efeito foi observado em soluções com
cloreto de potássio dissolvido em soluções com outros eletrólitos suportes. Experimentos
de cronoamperometria e curvas de polarização foram conclusivos para provar a capacidade
inibidora da cafeína na corrosão do cobre.
16
XXXVI
Grosser, Nobre e Gonçalves
(45)
pesquisaram a ação inibidora da cafeína nos
processos corrosivos do zinco em etanol. Os resultados a partir dos ensaios envolvendo
diferentes técnicas eletroquímicas foram conclusivos no que diz respeito à interação entre o
composto orgânico e a superfície do eletrodo. A interação entre a cafeína e a superfície do
zinco envolve um processo de adsorção que desloca o potencial de corrosão do metal para
valores mais positivos. Além disso, diminui o processo de eletrooxidação do zinco. Os
valores das correntes anódicas diminuíram na presença do inibidor, mesmo o meio estando
aerado e na presença de grande quantidade de cloreto.
17
XXXVII
3-PARTE EXPERIMENTAL
3.1–ELETRODO DE TRABALHO
Os corpos de prova foram cortados em peças retangulares a partir de uma chapa de
aço-carbono ABNT 1006 sem qualquer tratamento térmico, cortados de forma retangular
com dimensões aproximadas (1,0 x 0,5 x 0,1) cm. Estes foram conectados (sem solda) a um
fio de cobre. A área aproximada em cada ensaio foi delimitada a lápis.
Um dos fatores que tem influência significativa sobre a velocidade de corrosão dos
metais é sua composição química
(3)
. Por este motivo, é importante o conhecimento de
todos os elementos químicos que compõem o metal.
A composição química média encontrada na análise das amostras, conforme
resultados de análise fornecidos pelo LAMEF, através do método quantitativo de
Espectroscopia de Emissão Óptica, é apresentada na Tabela I.
Tabela I
- Composição química média da chapa de aço-carbono
*
A média é de três análises
Composição Química (% em massa)
C Si Mn P S Cr Mo Ni Al
Média 0,06 <0,005 0,31 0,0104 0,0114 <0,001 <0,005 0,0051 0,0332
Co Cu Nb Ti V W Pb Sn B
Média <0,001 <0,001 0,0034 <0,001 <0,001 <0,001 <0,002 <0,001 <0,0001
18
XXXVIII
3.2-ELETRODO AUXILIAR
O eletrodo auxiliar era um fio de platina conectado a um fio de cobre, o qual
permitia o contato elétrico.
3.3-ELETRODO DE REFERÊNCIA
Como eletrodo de referência utilizou-se o prata/cloreto de prata (Ag/AgCl) em KCl
saturado, cuja diferença de potencial em relação ao eletrodo de hidrogênio é 0,1989V
(25°C).
3.4-TRATAMENTO PRÉVIO DOS ELETRODOS
Antes de cada experimento os eletrodos de trabalho eram previamente polidos com
lixas 600 e 1200, desengraxados com uma mistura de solventes (acetona-clorofórmio) e
secos. Então eram imersos em ácido sulfúrico 0,10 mol L
-1
com a finalidade de retirar toda
a camada de óxido (decapagem), água deionizada e álcool, tendo cada uma destas etapas
um tempo máximo de imersão de 30 segundos.
3.5-SOLUÇÕES
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) utilizada era da Acros-Organics, com 98,5 % de
pureza. Sua fórmula estrutural é apresentada na Figura 1. As soluções de trabalho utilizadas
foram preparadas a partir do etanol p.a. da Nuclear, perclorato de lítio anidro p.a. da Vetec,
como eletrólito suporte na concentração de 0,10 mol L
-1
. Nos experimentos onde houve
contaminação com água, usou-se água deionizada. No caso dos contaminantes cloreto de
sódio e ácido acético glacial, utilizou-se os reagentes puros das marcas VETEC e Synth,
respectivamente. Nenhum reagente sofreu qualquer processo de purificação.
N
N
N
N
O
O
C
H
C
H
C
H
3
3
3
Figura 1: Fórmula estrutural da cafeína (1,3,7-trimetilxantina)
XXXIX
3.6-INSTRUMENTAL
As medidas potenciodinâmicas foram feitas no potenciostato Autolab modelo
PGSTAT30. As medidas de perda de massa foram realizadas utilizando-se uma balança
analítica Sartorius modelo BL2105. A perda de massa foi induzida por polarização anódica
(0,00 V), utilizando o bipotenciostato EG&G da PAR modelo 366. Foi utilizada uma célula
eletroquímica era de vidro para três eletrodos.
3.7-METODOLOGIA
O monitoramento da interação do eletrodo de aço-carbono com a cafeína em
soluções de etanol (p.a.) foi observado por diferentes técnicas tais como: ensaios de perda
de massa acelerada e por longo tempo de imersão; voltametria cíclica; curvas de
polarização; cronoamperometria e espectroscopia de impedância eletroquímica.
Os ensaios de perda de massa foram feitos em triplicata sem desarejamento e os
resultados apresentados representam uma média dos valores.
Para os ensaios eletroquímicos, foram feitos no mínimo em quadruplicata e os dados
apresentados representam o melhor resultado (definido como o mais reprodutível) do
número total de ensaios feitos.
3.7.1-Variáveis exploradas
A metodologia eletroquímica envolveu a utilização da voltametria cíclica, curvas de
polarização, cronoamperometria e espectroscopia de impedância eletroquímica, onde foram
exploradas as seguintes variáveis:
a)Voltametria cíclica:
1.Efeito do potencial de adsorção (E
ads
);
2.Efeito do tempo de adsorção (t
ads
);
3. Efeito da concentração de inibidor, C
IN;
4. Efeito da presença de contaminantes: água, ácido acético e cloreto.
XL
b)Curvas de polarização:
1.Efeito da concentração de inibidor, C
IN;
2. Efeito da presença de contaminantes: água, ácido acético e cloreto.
c)Cronoamperometria:
1.Efeito da concentração de inibidor, C
IN;
2. Efeito da presença de contaminantes: água, ácido acético e cloreto.
d)Espectroscopia de impedância eletroquímica:
1.Efeito da concentração de inibidor, C
IN;
2. Efeito da presença de contaminantes: ácido atico.
A análise conjunta destas variáveis possibilitou um conhecimento detalhado do
composto orgânico com referência a sua aplicação como inibidor de corrosão no metal
estudado.
3.7.2- Ensaios de perda de massa
Esses ensaios tiveram por objetivo comparar a eficiência de proteção do inibidor
utilizado, quanto à diminuição da velocidade de corrosão do aço-carbono, em diferentes
condições agressivas.
A taxa de corrosão do aço-carbono foi acompanhada pesando o corpo de prova em
intervalos de 30 minutos para perda de massa acelerada e, 22 ou 44 dias para ensaios não
acelerados.
Os corpos de prova sofreram uma ativação química, de modo a se obter uma maior
reprodutibilidade dos valores de perda de massa, conforme descrito anteriormente. Após
eram lavados com água, etanol, acetona, secos com ar quente, pesados e imersos em
seguida na solução.
Nos ensaios de perda de massa acelerada o corpo de prova era preso a um fio de
cobre, e nos ensaios de perda de massa por longo tempo de imersão os corpos de prova
eram presos por um fio de nylon. A área nos ensaios de perda de massa por longo tempo de
21
XLI
imersão era a área total da plaquinha, já nos ensaios acelerados a área imersa foi delimitada
a lápis. A massa total de cada plaquinha era em torno de 3,0 gramas.
3.7.3-Voltametria cíclica
Esta técnica eletroquímica é uma extensão da técnica polarográfica, onde o
potencial do eletrodo de trabalho é controlado externamente e variado a uma velocidade
constante
(46)
.
O método da varredura triangular de potencial aplica-se às reações que são
parcialmente controladas por difusão e é muito útil no estudo da adsorção de intermediários
eletroquímicos ativos, ou seja, espécies que podem ser formadas na superfície dos metais
ou removidas por etapas que envolvem transferência de carga. Essa técnica tem sido usada
amplamente para estudos de adsorção e formação de intermediários adsorvidos sobre
eletrodos de metais nobres
(47)
, sendo o gás carbônico, os hidrocarbonetos em geral e os
álcoois o alvo de muitos estudos
(48-49)
. Este método também pode ser aplicado a sistemas
que exijam altas ou baixas velocidades de varredura para estudos de adsorção de
substâncias orgânicas sobre metais, com a finalidade de inibir os processos de oxidação do
metal. A voltametria cíclica foi aplicada com sucesso em estudos de corrosão e
determinação da eficiência de proteção de inibidores
(50-51)
.
Pela comparação dos voltamogramas (curvas I(E)) obtidos sob as mesmas
condições de trabalho, é possível determinar-se o potencial ótimo de adsorção, avaliar se a
adsorção é física ou química e se houve dessorção ou readsorção. Além disso, pode-se
otimizar o processo de adsorção do composto sobre a superfície do metal e analisar a
eficiência de proteção do inibidor, tanto na região onde o metal está catodicamente
protegido como na faixa ativa de sua dissolução. Neste trabalho, programou-se uma
varredura de potencial variando-se do potencial inicial mais catódico (mais negativo) em
direção ao potencial mais anódico (mais positivo).
Antes de cada experimento, o eletrodo foi ciclado dez vezes e a cada registro, foi
aplicado um programa de potencial, de modo a partir de uma superfície reprodutível. Feito
isso, deixava-se o sistema por um determinado tempo, fixado como tempo de adsorção (t
ads
)
sendo polarizado no potencial inicial de trabalho e imediatamente após, iniciava-se o
22
XLII
experimento. Todos os ensaios de voltametria cíclica fora feitos sob condições estáticas e,
sem a retirada do oxigênio dissolvido no etanol.
O sinal registrado representa os processos de transferência de carga que ocorrem
através da superfície do eletrodo durante a varredura de potencial. Foram feitos ensaios na
ausência e na presença da cafeína.
3.7.4-Curvas de polarização
Os métodos para determinar a velocidade de corrosão de um metal a partir dos
dados de polarização são conhecidos há muito tempo
(52-53)
. As curvas de polarização
potenciostática, quando aplicadas a estudos de corrosão, objetivam a obtenção de dados
cinéticos das reações envolvidas nesse processo. Vários métodos foram desenvolvidos com
base na teoria desenvolvida por Wagner e Taud
(52)
, mas, sem dúvida, o de maior
importância e aplicabilidade foi desenvolvido por Stern e Geary
(53)
, que utiliza a parte
linear das curvas de polarização para determinar a corrente e, conseqüentemente, a
velocidade de corrosão dos metais.
O dado cinético mais importante obtido a partir desse método refere-se à velocidade
de corrosão, determinada pelas curvas de polarização anódica e catódica
(54-55)
.
As curvas de polarização foram obtidas as a aplicação de uma pré-ativação,
decapagem, (idêntico às técnicas anteriores) e de um programa de potencial ao eletrodo
(idêntico às técnicas anteriores), para obter uma melhor reprodutibilidade dos dados. Estas
foram obtidas fazendo-se a leitura das correntes durante a aplicação de um programa de
potencial, em um intervalo que compreendia processos catódicos e anódicos, a uma
velocidade de varredura de 1,0 mV s
-1
.
3.7.5-Cronoamperometria
Cronoamperometria é um método onde se faz o potencial do eletrodo mudar
instantaneamente de um valor inicial E
i
para um valor final E
f
, monitorando-se o transiente
i-t, que resulta à medida que o sistema relaxa ao estado estacionário. Em
cronoamperometria o transiente i-t é registrado diretamente e analisado em sua forma. Na
23
XLIII
Figura 2 é mostrado a forma do sinal de excitação e a resposta do sistema eletroquímico a
este tipo de excitação.
Figura 2: Experimento de cronoamperometria: a) forma de onda do sinal de excitação e, b) resposta
do sistema para este tipo de excitação.
Técnicas de salto de potencial não são muito eficientes para investigação do
mecanismo de reações químicas homogêneas na superfície do eletrodo. Por outro lado, se o
mecanismo é conhecido, esta técnica oferece um método simples para obter dados
quantitativos. O método tem vantagem sobre a voltametria cíclica naqueles estudos que são
experimentalmente mais simples
(56)
.
Nesta técnica deve-se ter o cuidado de escolher os potenciais entre os quais será
realizado o salto. O potencial inicial deve ser suficientemente negativo para que nenhuma
reação ocorra e que exista em solução e no eletrodo somente as espécies reduzidas. Por
outro lado, o potencial final deve ser suficientemente positivo para que a reação de
oxidação do metal seja máxima. Nos nossos experimentos a área sob a curva corrente x
tempo, que representa a carga associada ao processo oxidativo do metal, foi utilizada como
parâmetro de comparação para a avaliação da capacidade inibidora da cafeína, após a sua
adsorção na superfície do metal.
3.7.6-Espectroscopia de impedância eletroquímica
Impedância eletroquímica é um método no qual se aplica um salto de potencial
alternado com diferentes valores de freqüência. Esta apresenta diversas vantagens com
relação às técnicas de corrente connua, destacando-se as seguintes
(57)
:
a)Utilização de sinais de pequena amplitude que não perturbam as propriedades do
eletrodo;
24
XLIV
b)Possibilidade de estudar reações de corrosão e medir taxas de corrosão em meios de baixa
condutividade;
c)A resistência de polarização e a capacitância da dupla camada ou do sistema eletródico
podem ser determinadas numa mesma medida.
Uma das limitações do método é a de que ele determina somente resistências de
polarização; o declive de Tafel tem que ser determinado por um outro método.
A técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica envolve a aplicação de
uma pequena perturbação de potencial e/ou de corrente a um sistema eletroquímico.
A resposta à perturbação aplicada, que é geralmente senoidal, pode diferir em fase e
amplitude do sinal aplicado. Assim, se uma onda senoidal de potencial dada por
E = ü sen +t (21)
é sobreposta à polarização de um sistema em um ponto dado pelas coordenadas (E,I), a
corrente resultante também terá uma forma senoidal com o valor dado por
I = ü (sen +W - (22)
onde A é a amplitude da onda, + a freqüência angular e -é o ângulo de diferença de fase
entre as ondas de potencial e de corrente. A relação entre o potencial aplicado e a corrente
resultante é denominada impedância senoidal definida por
(57)
Z = E/I (23)
Medidas de impedância que apresentem diferenças de fase e amplitude entre o sinal
aplicado e o sinal de resposta permitem a análise de processos na superfície do eletrodo
relacionados a fenômenos de difusão, adsorção, cinética da dupla camada, reações
homogêneas acopladas, entre outros.
Os experimentos foram realizados no potencial de circuito aberto após 30 minutos
de imersão em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, com uma
amplitude de 10 mV e freqüências entre 20 kHz e 0,01 Hz.
25
XLV
4-RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1-CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO
METAL NO MEIO ETANÓLICO
Esta caracterização foi feita exclusivamente com a técnica da voltametria cíclica
com o objetivo de determinar os processos catódicos e anódicos envolvidos no
comportamento eletroquímico do metal, nesse meio. A estratégia adotada neste item foi
planejada no sentido de se verificar o efeito de espécies que normalmente são consideradas
contaminantes do meio etanólico, sobre o comportamento eletroquímico do metal. Nesse
sentido foram explorados os seguintes efeitos: a) efeito da presença de água; b) efeito da
presença de cloreto e c) efeito da presença de ácido atico.
As Figuras 3 e 4 apresentam o efeito da escolha do eletrólito suporte sobre o
comportamento eletroquímico do aço-carbono em etanol (p.a.). Nela são apresentados,
comparativamente, os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-carbono em etanol
contendo cloreto de lítio e perclorato de lítio, respectivamente. Nelas são apresentados
também o potencial de corrosão (Ecorr), retirado da curva quando a densidade de corrente é
igual a zero.
-2,0
-1,8
-1,6
-1,4
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
-1,40
-1,20
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
E = -0,790V
j/mAcm
-2
E/V(Ag/AgCl)
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
Ecorr = -0,148 V
j/mAcm
-2
E/V(Ag/AgCl)
Figura 3: Curva ciclovoltamétrica obtida para
o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com LiCl
0,10 mol L
-1
, registrada a 20 mV/s.
Figura 4: Curva ciclovoltamétrica obtida para o
eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
registrada a 20 mV/s.
26
XLVI
Uma primeira diferença notável que se destaca comparando-se os dois meios,
refere-se ao intervalo de potencial. No meio mais agressivo (Fig. 3), observam-se correntes
catódicas na faixa de potencial catódico e correntes anódicas que se iniciam em
E = -0,790 V (potencial de corrosão, E
corr
), enquanto que em um meio menos agressivo
(Fig. 4) este processo se inicia apenas em E
corr
= -0,148 V. Em solução contendo LiCl 0,10
mol L
-1
como eletrólito suporte, a agressividade do meio sobre o metal aumenta
significativamente, visto que as correntes anódicas chegam a ser duas vezes maiores. Esse
aumento de agressividade pode ser atribuído a grande presença de cloreto no meio,
proveniente do eletrólito suporte.
4.1.1-Efeito da presença de água
As Figuras 5 e 6 apresentam o efeito da adição de 4 % de água (v/v) sobre o
comportamento eletroquímico do aço-carbono em etanol (p.a.). Nelas são apresentados,
comparativamente, os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-carbono em etanol
contendo cloreto de lítio e perclorato de lítio, respectivamente.
-0.3
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
E
corr
,
b
= -0,240V
E
corr
,
a
= -0,139V
b)
a)
j/m Acm
-2
E/V(Ag/AgC l)
Figura 5: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
, registradas a 10 mV/s; a) em etanol p.a. e, b) em etanol p.a. com adição de 4 %
de água (v/v).
27
XLVII
Na Figura 5 a primeira diferença que se destaca, é que há um aumento da
agressividade do meio pela adição desta quantidade de água, não só pelo deslocamento do
potencial de corrosão (E
corr
) que passa de -0,139 V para -0,240 V, como também pelo
aumento das correntes anódicas.
-2.0
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0.0
-1.40
-1.20
-1.00
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
0.20
0.40
E
corr, b
= -0,888 V
E
corr, a
= -0,761 V
b)
a)
j/m Acm
-2
E/V(Ag/AgC l)
Figura 6: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20 mV/s; a) sem água e, b) com adição de 4 % de água (v/v).
Na Figura 6 a primeira diferença que também se destaca, é que há um aumento da
agressividade do meio pela adição desta quantidade de água, não só pelo deslocamento do
potencial de corrosão (E
corr
) que passa de -0,761 V para -0,888 V, como também pelo
aumento das correntes anódicas. O efeito da adição de água já foi analisado por Souza e
Sathler
(58)
através de medidas de perda de massa e do potencial do eletrodo. Eles
analisaram o comportamento do ferro em soluções de etanol contendo 6, 20 e 50 % de água
respectivamente. Os resultados mostraram que o potencial do eletrodo diminui com
aumento da concentração de água, enquanto que a perda de massa aumenta.
28
XLVIII
4.1.2-Efeito da presença de quantidades controladas de cloreto no meio com
perclorato
A Figura 7 apresenta o efeito da adição de cloreto sobre o comportamento
eletroquímico do aço-carbono em etanol (p.a.). Nela são apresentados, comparativamente,
os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-carbono em etanol contendo perclorato de
lítio como eletrólito suporte, na ausência e na presença de quantidades crescentes de
cloreto.
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
-1 ,0
-0 ,5
0 ,0
0 ,5
1 ,0
1 ,5
2 ,0
2 ,5
3 ,0
d )
c )
b )
a )
j/m A c m
-2
E /V (A g /A g C l)
Figura 7: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem adição de cloreto. b) com adição de 100 ppm de
cloreto, c) com adição de 500 ppm de cloreto e, d) com adição de 1000 ppm de cloreto.
Pela análise da figura observa-se que o aumento da concentração de cloreto aumenta
significativamente as correntes anódicas, bem como afeta o potencial de corrosão
deslocando para valores mais negativos. Nos experimentos realizados não foi encontrada
corrosão localizada, porém encontrou-se corrosão por pites. Este resultado está de acordo
com o encontrado na literatura
(58-59)
tendo sido atribuído, inclusive, a capacidade de
corrosão localizada dessa espécie.
O efeito da presença de cloreto no meio não foi estudado utilizando-se o LiCl como
eletrólito suporte pois, a adição desse ao meio já contribui com aproximadamente 3550
ppm de cloreto.
XLIX
4.1.3-Efeito da presença de ácido acético
A presença deste contaminante foi escolhida em função da possibilidade da
ocorrência da reação de oxidação do etanol. A Figura 8 apresenta o efeito da adição de
ácido acético sobre o comportamento eletroquímico do aço-carbono em etanol p.a.. Nela
o apresentados, comparativamente, os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-
carbono em etanol contendo perclorato de lítio como eletrólito suporte na ausência e na
presença de quantidades crescentes de ácido acético glacial.
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
-240,0
-210,0
-180,0
-150,0
-120,0
-90,0
-60,0
-30,0
0,0
30 ,0
60 ,0
c)
b)
a)
j/
µ
A c m
-2
E /V (A g/A gC l)
Figura 8: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem ácido acético, b) com adição de 10 ppm de ácido
acético e c) com adição de 50 ppm de ácido acético.
Pela análise da figura observa-se que com a adição de ácido acético o potencial de
corrosão varia muito pouco, e que com o aumento da concentração de ácido atico há uma
redução nas correntes anódicas. Este efeito inibidor do ácido acético foi observado por
Gonçalves, Coradini e Olivera
(26)
em meio etanólico contendo ácido acético 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
30
L
4.2-EFEITO DA PRESENÇA DE CAFEÍNA
Caracterização dos processos interativos
4.2.1-Ensaios de perda de massa
Conforme discutido anteriormente os ensaios de perda de massa envolveram o
acompanhamento, por pesagens sucessivas da variação da massa do corpo de prova, em
tempos pré-determinados. Os resultados são expressos na forma:
ûm/A
= (m
i
- m
t
) / A (24)
onde:
ûP$ YDULD ção relativa da perda de massa
m
i
= massa inicial do corpo de prova
m
t
= massa do corpo de prova no tempo t
A = área geométrica do corpo de prova
A eficiência de proteção ( QD SUHVHQ ça de cafeína, foi calculada a partir da
relação
(60)
:
>ûP$
(CFN)
ûP$
(branco)
]x100 (
25
)
onde:
ûP$
(CFN)
é a variação da massa do corpo de prova na presença do inibidor
ûP$
(branco)
é a variação da massa do corpo de prova na ausência do inibidor.
O aparecimento de alguns pites visíveis sobre a superfície do corpo de prova após
os ensaios de perda de massa caracterizaram o processo de corrosão localizada, no entanto
a presença do inibidor no meio agressivo reduziu este tipo de ataque permitindo uma
análise comparativa das variações de perda de massa nas condições estudadas
31
LI
4.2.1.1- Ensaios de perda de massa não acelerados em etanol p.a.
A estratégia adotada nos ensaios de perda de massa convencional consistiu em
adotar dois períodos de tempo de contato entre o metal e o meio agressivo durante 22 e 44
dias, na ausência e na presença de cafeína e na ausência e na presença de água. Neste caso,
nenhum eletrólito suporte foi adicionado ao etanol (p.a.).
Antes de cada experimento os corpos de prova, com dimensões aproximadas de (2,5
x 2,0 x 0,1) cm, eram polidos, imersos no ácido sulfúrico 0,10 mol L
-1
, tratados com água
deionizada e álcool, tendo cada uma destas etapas de imersão 30 segundos de duração, e,
posteriormente secos com ar quente. Então eram amarrados com fio de nylon, pesados e
mergulhados em número de três, em um único recipiente com 50 ml de solução. Ao final do
ensaio os corpos de prova foram imersos no álcool, água, ácido sulfúrico 0,10 mol L
-1
,
álcool, tendo cada uma destas etapas a duração de 30 segundos, desengraxados com uma
mistura de solvente acetona/clorofórmio, secos e pesados.
A Tabela II apresenta os dados referentes à variação de massa por unidade de área
ûP$GRFRUSRGHSURYDH[SRVWRDRPHLRHWDQ ólico contendo água e/ou cafeína. O efeito
inibidor é analisado quanto á eficiência de proteção () calculada como definida
anteriormente.
32
LII
Tabela II
: Valores de perda de massa por unidade de área e de eficiência de proteção (
ensaios de corrosão por longo tempo de imersão, para o aço-carbono em etanol p.a., na presença e
ausência de cafeína, sem adição de eletrólito suporte.
Pela análise dos dados da Tabela II observa-se que, para tempos curtos, uma
concentração maior de cafeína ofereceu uma maior eficiência de proteção. O decréscimo da
perda de massa para tempos mais longos pode ser atribuído a quatro possibilidades:
a) Formação de um composto quelato entre a cafeína e os íons Fe
2+
em solução,
impossibilitando a oxidação do Fe
2+
a Fe
3+
, tornando a solução menos agressiva;
b) Formação de óxidos-hidróxidos de ferro, em tempos longos de imersão, que
formam uma camada passivante sobre a superfície metálica;
c) Produtos originários da decomposição da cafeína, que atuariam de maneira mais
eficiente nos processo de inibição da corrosão do metal;
d) O ataque localizado nos experimentos sem a cafeína pode estar afetando os
resultados de eficiência de proteção.
4.2.1.2-Ensaios de perda de massa acelerada em etanol p.a.
A estratégia de utilizar ensaios acelerados se justifica pela baixa agressividade do
meio, o que acarretaria ensaios longos de perda de massa. A polarização do eletrodo de
C
CFN
(
mmol L
-1
) Pureza do álcool 22 dias 44 dias
ûP$JFP
-2
 ûP$JFP
-2

0
Puro 1,0x10
-3
--- 1,1x10
-4
---
4% de H
2
O 4,4x10
-4
--- 4,3x10
-3
---
0,10 Puro 2,4x10
-4
76 0 100
4% de H
2
O 1,2x10
-4
72 8,8x10
-6
99
0,50 Puro 1,2x10
-4
88 0 100
4% de H
2
O 8,1x10
-5
82 2,7x10
-5
99
33
LIII
trabalho em um potencial onde os processos corrosivos são intensificados reduz
sensivelmente o tempo de avaliação da eficiência do inibidor.
Antes de cada experimento o corpo de prova sofreu o tratamento mecânico e
químico conforme discutido anteriormente. Com um fio de cobre fez-se o contato elétrico,
mergulhava-se o eletrodo em aproximadamente 40 ml de solução, utilizando-se como
eletrodo de referência o eletrodo de Ag/AgCl e como auxiliar um fio de platina. O
experimento foi realizado no potencial de oxidação do metal 0,0 V (veja Figura 3), tendo a
duração de 30 minutos. Após este tempo, o eletrodo era imerso no álcool, água, ácido
sulfúrico 0,10 mol L
-1
e álcool, tendo cada uma destas etapas a duração de 30 segundos,
desengraxado com uma mistura de solventes acetona/clorofórmio, seco e pesado. Cada
ensaio foi realizado três vezes, trocando-se a solução a cada novo experimento.
A Tabela III apresenta os dados comparativos da variação de massa por unidade de
área exposta (ûP$GRVFRUSRVGHSURYDHPIXQ ção da presença ou ausência de água e /ou
cafeína. Nela também são apresentados os valores da eficiência de proteção (FDOFXODGRV
conforme a equação 24.
Tabela III:
Valores de perda de massa por unidade de área e de eficiência de proteção (
ensaios de corrosão acelerados sob polarização anódica no potencial de 0,00V (Ag/AgCl), para o
aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte na presença de cafeína.
Pelos dados apresentados observa-se uma melhor eficiência de proteção quando a
concentração do composto é da ordem de 0,10 mmol L
-1
, chegando a 65 % em etanol e
C
CFN
(
mmol L
-1
) Pureza do álcool ûP$gcm
-2

0 Puro 5,2x10
-4
---
4% de H
2
O 4,9x10
-4
---
0,10 Puro 1,8x10
-4
65
4% de H
2
O 1,9x10
-4
61
0,50 Puro 3,4x10
-4
35
4% de H
2
O 3,8x10
-4
23
34
LIV
61 % em etanol contaminado com água, mesmo na presença de uma grande quantidade
de cloreto dissolvido no meio. A diminuição da eficiência de proteção para valores
maiores de cafeína pode estar relacionada ao efeito quelante do composto
(8)
.
Porém ao se repetir estes experimentos utilizando-se como eletrólito suporte o
perclorato de lítio, tem-se uma melhor eficiência de proteção que se manifesta
proporcional à concentração de cafeína, conforme se observa na Tabela IV.
Tabela IV:
Valores de perda de massa por unidade de área e de eficiência de proteção (
ensaios de corrosão acelerados sob polarização anódica no potencial de 0,00 V (Ag/AgCl), para o
aço-carbono em etanol p.a.com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na presença de cafeína.
Esta diferença na eficiência de proteção pode estar associada à menor agressividade
do meio, visto que o ânion perclorato não é tão agressivo quanto o cloreto. Porém cabe
destacar que neste meio não se observaram sinais de corrosão localizada e, que mesmo na
presença de água o inibidor bloqueou em 60 % o processo de perda de massa do metal.
4.2.2-Espectroscopia de impedância eletroquímica
A mesma estratégia com relação as variáveis estudadas, foi adotada neste segmento,
ou seja, procurou-se determinar o efeito da presença de cafeína em diferentes ambientes
etanólicos. Os experimentos de espectroscopia de impedância eletroquímica foram feitos no
potencial de circuito aberto após 30 minutos de imersão em etanol p.a. na ausência e na
presença de cafeína, com adição de eletrólito suporte, com uma amplitude de 10 mV e
C
CFN
(
mmol L
-1
) Pureza do álcool ûP$JFP
-2

0 Puro 1,0x10
-4
---
4% de H
2
O 1,9x10
-4
---
0,10 Puro 2,7x10
-5
73
4% de H
2
O 8,0x10
-5
58
0,50 Puro 1,4x10
-5
86
4% de H
2
O 7,6x10
-5
60
35
LV
freqüências entre 20 kHz e 0,01 Hz. Os dados obtidos referem-se a determinação do efeito
da inclusão da cafeína na estrutura do óxido que se forma durante o tempo de imersão. Os
diagramas de impedância plotados em Nyquist, mostrados na Figura 9.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
79,5 mHz
32,7 mHz
b)
a)
-Z"/k
.
cm
2
Z'/k
.cm
2
Figura 9: Diagrama de Nyquist para o aço-carbono em etanol p.a. com LiClO
4
0,10mol L
-1
; a) na
ausência e, b) na presença de cafeína 30,0 mmol L
-1
.
Pelos diagramas observa-se o um comportamento distinto na ausência e na presença
do inibidor, o diâmetro do semicírculo aumenta com adição do inibidor em comparação
com o branco. Isto significa que a taxa de corrosão diminui na presença da concentração de
inibidor testada. Conclui-se portanto que o inibidor está sendo incorporado na estrutura do
óxido.
Os principais dados obtidos a partir destes diagramas referem-se a resistência a
transferência de carga R
p
, obtido da diferença entre a impedância da baixa e de alta
freqüência
(61)
e, a capacitância da dupla camada C
dl
. Os dados de R
p
foram utilizados para
se determinar os valores da capacitância da dupla camada C
dl
, bem como os valores de
eficiência de proteção (EI%) de acordo com as equações abaixo
(62)
:
36
LVI
C
dl
=
&R
1
p
(26)
RQGH &I
max
; f
max
refere-se a freqüência máxima da parte imaginária.
EI % = (1 -
inib
p,
brancop,
R
R
) x 100 (27)
onde R
p,inib
é o valor da resistência de transferência de carga na presença do inibidor e
R
p,branco
é o valor da mesma na ausência do inibidor.
Verificou-se que a resistência à transferência de carga, R
p
, aumenta com o aumento
da concentração de cafeína. Por outro lado, os valores da capacitância da dupla camada,
C
dl
, diminuem com o aumento da concentração da cafeína, a diminuição dos valores de C
dl
pode ser devido à adsorção do inibidor na superfície do metal
(61, 63-65)
, como pode ser
observado na Tabela V.
Tabela V
: Parâmetros de impedância para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. na ausência e
na presença de cafeína com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
C
cafeína
(mmol L
-1
) R
p
(k
cm
2
) C
dl
(µF/cm
2
) EI*(%)
0 4,21 85,8 -
5,0 5,33 67,9 21
10,0 6,81 53,1 38
20,0 7,66 47,2 45
30,0 8,26 43,7 49
*EI = eficiência de inibição
A diminuição dos valores da C
dl
e o aumento nos valores da R
p
podem ser devido à
troca gradual das moléculas de água ou etanol pela adsorção de moléculas da cafeína na
superfície do metal
(66- 69)
. Como mostrado na tabela, a eficiência de inibição aumenta com
o aumento da concentração de cafeína. Para um tempo de imersão de 30 minutos o valor da
eficiência de inibição ficou em torno de 49 %.
37
LVII
Levando-se em consideração que a capacitância da dupla camada é proporcional a
superfície não coberta pelo inibidor, a fração da superfície coberta pelas moléculas
adsorvidas foi determinada de acordo com a equação 26:
θ = (1 -
o
dl
i
dl
C
C
) (28)
onde C
o
dl
é a capacitância da dupla camada medida na ausência de inibidor e, C
i
dl
na
presença
(70)
.
A relação linear entre C/θ versus a concentração de inibidor C, representa uma
isoterma de adsorção
(71)
.
A isoterma de adsorção foi calculada utilizando-se a equação:
C
=
K
1
+ C (
29
)
onde K é a constante de equilíbrio do processo que permite determinar a variação da
energia livre de Gibbs,
G
o
ads
, pela equação:
K =
13.17
1
exp (-
RT
G
o
ads
) (
30
)
onde 17,13 é a concentração de etanol em solução em mol L
-1
.
A relação entre C/
H&FRQFHQWUD ção do inibidor) é mostrada na Figura 10.
38
LVIII
5
10
15
20
25
30
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
C x 10
3
/
θ
mol L
-1
C x 10
3
/mol L
-1
Figura 10: Isoterma de adsorção Langmuir da cafeína sobre a superfície do aço-carbono em etanol
p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, determinada por EIE.
O gráfico C/YHUVXV&PRVWUDXPDOLQKDUHWDSURYDQGRTXHDDGVRU ção da cafeína
no meio etanólico sobre a superfície do aço-carbono obedece a isoterma de adsorção de
Langmuir.
O cálculo da constante de equilíbrio K da reação de adsorção foi de 73,4 com o qual
obteve-se um G
o
ads
= -17,5 kJ mol
-1
. O valor negativo sugere um processo de adsorção
espontâneo
(72-74)
. A adição de um eletrólito suporte no meio permitiu visualizar melhor a
participação da cafeína no processo de crescimento do óxido.
4.2.2.1-Estudos com ácido acético
A Figura 11 mostra os diagramas de impedância plotados em Nyquist realizados no
potencial de circuito aberto após 30 minutos de imersão em etanol p.a. com LiClO
4
0,10
mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 50 ppm de ácido acético, com uma
amplitude de 10 mV e freqüências entre 20 kHz e 0,01 Hz.
39
LIX
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
59 mHz
32,7 mHz
18,1 mHz
c)
b)
a)
-Z"/k
.
cm
2
Z'/k
.cm
2
Figura 11: Diagrama de Nyquist para o aço-carbono em etanol (p.a.), com LiClO
4
0,10 mol L
-1
contaminado com 50 ppm de ácido acético; a) na ausência, b) na presença de cafeína 0,20 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Pelos diagramas observa-se o um comportamento distinto na ausência e na presença
do inibidor. Os diagramas de impedância obtidos não são semicírculos perfeitos, isto pode
ser atribuído a freqüência de dispersão
(75-77)
.
A Tabela VI apresenta os parâmetros de impedância para a corrosão do aço-carbono
em etanol p.a. na ausência e na presença de cafeína com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como
eletrólito suporte, contaminado com ácido atico.
40
LX
Tabela VI
: Parâmetros de impedância para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. na ausência e
na presença de cafeína, contaminado com 50 ppm de ácido acético e com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como
eletrólito suporte.
C
cafeína
(mmol L
-1
) R
p
(kcm
2
) C
dl
(µF/cm
2
) EI*(%)
0 6,7 97,7 -
0,10 6,7 97,4 0,3
0,20 8,3 78,6 20
0,40 12,1 29,9 45
0,50 14,7 33,1 55
*EI = eficiência de inibição
Pelos dados de impedância da tabela VI, calculados a partir das equações anteriores,
observa-se que o valor da resistência a transferência de carga, R
p
, aumenta com o aumento
da concentração de cafeína, isto se reflete no aumento na eficiência de inibição da corrosão
(EI). A diminuição dos valores da capacitância da dupla camada, C
dl
, pode ser devido à
adsorção do composto na superfície do metal
(66- 69)
.
Partindo-se da mesma estratégia discutida anteriormente, procurou-se determinar os
parâmetros termodinâmicos associados ao processo de adsorção da cafeína neste meio.
Plotando-se o gráfico C/YHUVXV&REWHYHVHXPDOLQKDUHWDSRU ém esta linha não obedece
a isoterma de Langmuir. Este efeito pode estar relacionado com a presença do ânion
acetato, que contribui para a diminuição dos processos corrosivos.
41
LXI
4.3-DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS QUE AFETAM OS
PROCESSOS DE ADSORÇÃO
4.3.1-Voltametria cíclica
4.3.1.1-Determinação do potencial de adsorção (E
ads
)
A adsorção de uma substância orgânica sobre a superfície de um metal depende de
alguns fatores, como a natureza da superfície metálica, o potencial eletroquímico na
interface metal-solução, a composição química da solução e a estrutura química da
molécula que se adsorve
(48, 78-81)
.
A determinação de um potencial em que o inibidor tem uma maior adsorção é
importante para obter uma melhor caracterização da interação entre a cafeína e o metal,
principalmente se essa interfere durante a formação do filme na superfície da peça metálica.
Para determinar o potencial ótimo de adsorção da cafeína variou-se o potencial inicial (E
i
)
de varredura. Conforme descrito anteriormente, nestes ensaios os voltamogramas iniciavam
no potencial catódico e variavam em direção ao potencial anódico. Nesse potencial inicial o
eletrodo permanece polarizado por um tempo determinado (t
ads
), onde ocorre a adsorção do
inibidor sobre a superfície do eletrodo.
O potencial inicial imposto ao eletrodo de trabalho foi fixado em 60 segundos. Em
seguida, o voltamograma era registrado na ausência e, comparativamente, na presença de
cafeína. Nesse sentido, procurou-se acompanhar o decréscimo da densidade de corrente ûM
= (j
branco
- j
CFN
) na condição mais agressiva, ou seja, no potencial mais anódico, em função
GRSRWHQFLDOLQLFLDODSOLFDGR ûM[(
ads
). A quantidade de cafeína foi mantida constante e no
menor valor para evitar o efeito da saturação do eletrodo.
4.3.1.1.1- Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 12 apresenta os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-carbono em
etanol p.a. contendo LiCl 0,10 mol L
-1
, na ausência e na presença de cafeína 0,10 mM.
42
LXII
-2.0
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0.0
-1.00
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
0.20
0.40
b)
a)
j/mAcm
-2
E/V(Ag/AgCl)
Figura 12: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20 mV/s; a) na ausência e, b) na presença de cafeína 0,10 mmol L
-1
.
Na Figura 12 observa-se que: a) o potencial de corrosão, E
corr
, não se desloca,
provavelmente devido à baixa concentração de cafeína; b) ocorrem pequenas reduções nas
densidades de correntes catódicas e, c) ocorrem reduções das correntes anódicas, a partir de
–0,80 V, ficando visível em –0,10 V. Essas reduções confrontadas na forma de ûM j
branco
-
j
CFN
) versus potencial permitiu identificar o melhor potencial de adsorção.
A Figura 13 apresenta as variações de ûM j
branco
- j
CFN
) obtidas no potencial mais
anódico E= -0,10 V em função dos potenciais de adsorção para o eletrodo de aço-carbono,
em etanol p.a., utilizando LiCl como eletrólito suporte.
43
LXIII
Figura 13: Variação dos valores de
–0,10 V, em função do potencial de adsorção.
Na Figura 13, observa-se que existe uma faixa de potencial onde se observam os
maiores decréscimos de corrente, sendo significativo no potencial de –1,80 V para este
meio.
4.3.1.1.2- Estudo com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A mesma estratégia descrita anteriormente foi aplicada sobre o sistema, onde se
utilizou o LiClO
4
como eletrólito suporte.
A Figura 14 apresenta os voltamogramas cíclicos do eletrodo de aço-carbono na
ausência e na presença de cafeína.
44
LXIV
- 0 .3
- 0 .2
- 0 .1
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
- 0 .20
- 0 .15
- 0 .10
- 0 .05
0 .0 0
0 .0 5
0 .1 0
b )
a )
j/m A c m
-2
E / V ( A g /A g C l)
Figura 14: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10mol L
-1
, registradas a 10 mV/s; a) na ausência e b) na presença de cafeína 0,10 mmol L
-1
.
Na Figura 14 observa-se que também o potencial de corrosão não sofreu qualquer
deslocamento, porém houve reduções mais significativas nos valores das correntes
anódicas. No entanto, a adsorção da cafeína ocorreu em potenciais mais anódicos conforme
se observa na Figura 15.
Figura 15:
Variação dos valores de
–0,10 V, em função do potencial de adsorção.
2 PHOKRU HIHLWR VREUH ûM IRL REVHUYDGR QR YDORU GR SRWHQFLDO GH DGVRU ção de
–0,30 V. Esta diferença de potencial de adsorção quando comparado com o meio anterior
45
LXV
está relacionado diretamente com o meio. Pois, quando se utiliza LiCl como eletrólito
suporte, a grande quantidade de cloreto presente no meio favorece a corrosão do metal,
enquanto que ao utilizar-se LiClO
4
temos uma maior proteção sobre a superfície metálica já
que este se adsorve sobre ela.
4.3.1.2-Determinação do tempo de adsorção
Determinado o potencial ótimo de adsorção (E
ads
), partiu-se para determinação do
tempo de adsorção (t
ads
). Este é o tempo necessário para a cafeína recobrir a maior parte da
superfície do eletrodo de aço-carbono. Após a aplicação de um programa de potencial,
polarizou-se o eletrodo no potencial ótimo de adsorção, em vários tempos, fazendo-se o
registro dos voltamogramas em cada um deles, na ausência e na presença de cafeína 0,10
mmol L
-1
, com velocidade de varredura de 20mV/s. O recobrimento do eletrodo se
PDQLIHVWDQRVYDORUHVGH ûM
4.3.1.2.1-Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 16 apresenta um estudo do efeito tempo de adsorção sobre os valores de ûM
para o eletrodo de aço carbono em etanol, utilizando cloreto de lítio como eletrólito suporte.
Figura 16:
Efeito do tempo de adsorção sobre os valores de
ína sobre o eletrodo de
aço-carbono em etanol, com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
46
LXVI
Observa-se que o melhor tempo de adsorção é de 120 segundos. O perfil da curva
VXJHUHTXHHPWHPSRVPDLRUHVRVYDORUHVGH ûMGLPLQXHPGHYLGRDRSURFHVVRGHGHVVRU ção
da cafeína da superfície do eletrodo. A partir dessas observações, o tempo de adsorção
ótimo onde ocorre a maior adsorção da cafeína, nas soluções de etanol p.a., foi fixado em
120 segundos.
4.3.1.2.2- Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 17 apresenta um estudo do melhor tempo de adsorção para o eletrodo de
o carbono em etanol, utilizando perclorato de lítio como eletrólito suporte.
Figura 17:
Efeito do tempo de adsorção para a cafeína sobre o eletrodo de aço-carbono em etanol
p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
Observa-se que o melhor tempo de adsorção é 5 segundos. A partir dessas
observações, o tempo de adsorção ótimo onde ocorre a maior adsorção da cafeína, nas
soluções de etanol p.a., foi fixado em 5 segundos.
A diferença de comportamento, com a mudança de eletlito suporte, pode estar
associada à baixa agressividade do meio, bem como ao efeito de dessorção da cafeína com
o tempo de polarização. Grandes tempos de polarização favorecem o ânion perclorato na
competição com a cafeína pela superfície metálica.
47
LXVII
4.3.1.3-Efeito da concentração de cafeína
4.3.1.3.1- Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 18 apresenta curvas ciclovoltamétricas para o eletrodo de aço carbono em
etanol, com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e presença de inibidor.
Utilizou-se o potencial ótimo de adsorção e o tempo ótimo de adsorção, previamente
determinados.
-2,0
-1,8
-1,6
-1,4
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
-1,40
-1,20
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
c)
b)
a)
j/m Acm
-2
E/V(Ag/AgCl)
Figura 18: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol (p.a.) com
LiCl 0,10 mol L
-1
, registradas a 20mV/s; a) na ausência, b) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e,
c) na presença de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com o aumento da concentração de cafeína o potencial de corrosão,
E
corr
, é deslocado para valores mais positivos, assim como há uma diminuição das correntes
associadas ao processo de oxidação do eletrodo.
Essa diminuição proporcional nas correntes anódicas com a concentração pode ser
observada na Figura 19.
48
LXVIII
0
5
10
15
20
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
j/m A cm
-2
C
CFN
/m M
Figura 19: Variação de
j em função da concentração de cafeína adicionada no meio etanólico
contendo LiCl 0,10 mol L
-1
.
Concentrações maiores de cafeína foram testadas e observou-se que as a
concentração de 20,0 mmol L
-1
de inibidor presente no meio, o decréscimo das correntes
anódicas não é proporcional a quantidade de cafeína. A partir desta concentração, essa
proporção passa a ser constante, independente do aumento da quantidade de cafeína no
meio. Este comportamento sugere que a partir desta concentração a superfície do eletrodo
está saturada em relação à cafeína adsorvida.
4.3.1.3.2- Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 20 apresenta as curvas ciclovoltamétricas para o eletrodo de aço carbono
em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, na ausência e presença de inibidor.
Utilizou-se o potencial ótimo de adsorção e o tempo ótimo de adsorção, previamente
determinados.
49
LXIX
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
c)
b)
a)
j/m Acm
-2
E/V(Ag/AgCl)
Figura 20: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, registradas a 10 mV/s; a) na ausência, b) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e, c) na
presença de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com o aumento da concentração de cafeína o potencial de corrosão,
E
corr
, é deslocado para valores mais positivos, assim como há uma diminuição das correntes
associadas ao processo de oxidação do eletrodo. Essa diminuição proporcional nas
correntes anódicas com a concentração de inibidor pode ser observada na Figura 21.
0
5
10
15
20
0 , 0 2
0 , 0 2
0 , 0 2
0 , 0 3
0 , 0 3
0 , 0 3
0 , 0 3
j/m A c m
- 2
C
C F N
/m M
Figura 21: Variação de
j em função da concentração de cafeína adicionada no meio etanólico
contendo LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte.
50
LXX
Concentrações maiores de cafeína foram testadas e, observou-se que as a
concentração de 20,0 mmol L
-1
de inibidor presente no meio, o decréscimo das correntes
anódicas também não é proporcional a quantidade de cafeína. A partir desta concentração,
os valores de j passam a ser constantes independentes do aumento da quantidade de
cafeína no meio.
4.3.1.4-Efeito da adição de contaminantes
O estudo da adição de contaminantes é importante, pois, estes são contaminantes
naturais do álcool, e uma das preocupações é determinar até que ponto a cafeína consegue
atuar como inibidora da agressividade dos mesmos sobre o metal.
4.3.1.4.1-Efeito da presença de água
4.3.1.4.1.1- Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 22 apresenta curvas ciclovoltamétricas para o eletrodo de aço-carbono, em
etanol, com LiCl como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), na presença
de duas concentrações de cafeína.
- 2 ,0
- 1 ,8
- 1 ,6
- 1 ,4
- 1 ,2
- 1 ,0
- 0 ,8
- 0 ,6
- 0 ,4
- 0 ,2
0 , 0
- 1 ,00
- 0 ,80
- 0 ,60
- 0 ,40
- 0 ,20
0 , 0 0
0 , 2 0
0 , 4 0
c )
b )
a )
j/ m A c m
- 2
E / V ( A g / A g C l)
Figura 22: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol (p.a.) com
LiCl 0,10 mol L
-1
contaminado com 4 % de água (v/v), registradas a 20 mV/s; a) na ausência, b) na
presença de cafeína 0,10 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 1,0 mmol L
-1
.
51
LXXI
Observa-se que com o aumento da concentração do inibidor há uma pequena
redução nas correntes anódicas, mesmo em um meio mais agressivo, e o potencial de
corrosão é deslocado para valores mais positivos. Conforme se observa, a presença da água
no meio não interfere no processo de adsorção da cafeína sobre o eletrodo. Os corpos de
provas as estes ensaios apresentaram corrosão por pites.
4.3.1.4.1.2- Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 23 apresenta as curvas ciclovoltamétricas para o eletrodo de aço carbono,
em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), na
presença de duas concentrações de cafeína.
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
-0 ,32
-0 ,24
-0 ,16
-0 ,08
0 ,0 0
0 ,0 8
0 ,1 6
0 ,2 4
c )
b )
a )
j/m A c m
-2
E /V ( A g /A g C l)
Figura 23: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com LiClO
4
0,10 mol L
-1
, contaminado com 4 % de água (v/v), registradas a 20 mV/s; a) na ausência, b) na
presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 20,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com o aumento da concentração do inibidor há uma redução nas
correntes anódicas e catódicas. Porém o aumento subseqüente da concentração de cafeína
o afetou significativamente o comportamento do eletrodo. Este efeito sugere que já na
presença de 10,0 mmol L
-1
de cafeína, a superfície do eletrodo está praticamente saturada
em relação a espécie adsorvida. Da mesma forma, cabe destacar que a presença de água não
interferiu na interação do composto orgânico com a superfície do eletrodo.
52
LXXII
4.3.1.5 – Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
4.3.1.5.1-Efeito da adição de ácido acético
A Figura 24 apresenta as curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-
carbono, em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na
presença de ácido atico e, na ausência e na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0 ,0
0 ,1
0 ,2
0 ,3
0 ,4
-2 0 0 ,0
-1 5 0 ,0
-1 0 0 ,0
-5 0 ,0
0 ,0
5 0 ,0
c )
b )
a )
j/
µ
A cm
-2
E /V (A g /A g C l)
Figura 24: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem ácido atico, b) com adição de 50 ppm de ácido
acético e, c) com adão de 50 ppm de ácido acético e cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Na Figura 24 observa-se que com a adição de ácido acético o potencial de corrosão
varia muito pouco, e que com a adição de cafeína 0,50 mmol L
-1
juntamente com 50 ppm
de ácido atico há uma maior redução nas correntes anódicas. Este efeito sugere que pode
estar ocorrendo uma espécie de sinergismo entre o anion acetato e a cafeína, no sentido de
proteção contra a corrosão.
53
LXXIII
4.3.1.5.2-Efeito da adição de quantidade controlada de cloreto
A Figura 25 apresenta curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-
carbono, em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na
presença de cloreto e, na ausência e na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0,0
0,1
0,2
0,3
-0 ,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
b)
c)
a)
j/m A cm
-2
E/V (A g/A gC l)
Figura 25: Curvas ciclovoltamétricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
registradas a 20 mV/s; a) sem cloreto, b) com adição de 1000 ppm de cloreto e,
c) com adão de 1000 ppm de cloreto e cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Pela análise da Figura 25 observa-se que com adição de cloreto o potencial de
corrosão é deslocado para valores mais negativos, há um aumento nas correntes anódicas,
porém com adição de 0,50 mmol L
-1
de cafeína, as correntes anódicas diminuem. É
evidente a confirmação da participação da ação inibidora da cafeína, mesmo na presença
desta quantidade de cloreto.
4.3.2-Curvas de Tafel
A polarização linear em baixas velocidades de varredura pode caracterizar um
processo quase-estacionário. Esta estratégia permite avaliar a influência da presença de
cafeína tanto na região de potencial onde se manifestam os processos redutivos como na
LXXIV
região de eletrooxidação do metal. A energia de adsorção da cafeína sobre a superfície do
aço-carbono foi determinada por extrapolação anódica e catódica das curvas de Tafel. Esses
dados foram calculados dos valores da corrente de corrosão.
4.3.2.1-Estudos com etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
As curvas de polarização anódica e catódica do aço-carbono em etanol p.a. feitas a
uma velocidade de 1,0 mV/s, na ausência e na presença de cafeína são mostradas na Figura
26.
-0,40
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,20
-7,00
-6,50
-6,00
-5,50
-5,00
-4,50
-4,00
-3,50
log(I/Acm
-2
)
E/V(Ag/AgCl)
a)
b)
Figura 26: Curvas de Tafel para o aço-carbono em etanol p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como
eletrólito suporte, v = 1,0 mV s
-1
; a) na ausência e, b) na presença de cafeína 0,20 mmol L
-1
.
Pela figura observa-se o deslocamento do potencial de corrosão para valores mais
anódicos na presença desta pequena quantidade de cafeína. O deslocamento do potencial de
corrosão para valores mais positivos e a sobreposição das correntes catódicas na ausência e
na presença do inibidor evidenciaram, claramente, a atuação do inibidor nos processos
anódicos.
LXXV
A ação inibidora ficou evidente pela redução das correntes anódicas observadas
num amplo intervalo de potencial, apesar da concentração muito baixa de inibidor.
Uma melhor visualização da ação inibidora é apresentada, comparativamente, em
três concentrações de cafeína utilizando todos os parâmetros possíveis de serem extraídos
das curvas de Tafel. A Tabela VII apresenta os parâmetros de polarização e a
correspondente eficiência de inibição para a corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na presença de três
concentrações de cafeína. A eficiência de inibição, E.I., foi calculada com a equação:
E.I. = θ x 100 (31)
Seguindo a teoria de que a ação inibidora pode ser atribuída à adsorção do composto
orgânico sobre a superfície do metal, a fração de superfície coberta pelas moléculas
adsorvidas foi determinada por:
θ = ( 1 -
o
corr
cf
corr
I
I
) (32)
onde I
o
corr
and I
cf
corr
são a corrente sem inibidor e com inibidor, obtidas dos parâmetros de
Tafel.
Tabela VII
: Parâmetros de Tafel e a correspondente eficiência de inibição para a corrosão do
aço-carbono em etanol p.a., com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na
presença de cafeína.
*EI = eficiência de inibição
C
cafeína
(mmol L
-1
) E
corr
(mV) I
corr
(nA/cm
2
) EI* (%)
0 -194 571 -
0,10 -178 252 56
0,20 -168 205 64
0,30 -162 208 63
56
LXXVI
Como se observa na Tabela VII, o valor das correntes anódicas (I
corr
), diminuem na
presença da cafeína. O potencial de corrosão, E
corr
, é deslocado para valores mais positivos
na presença do inibidor. A eficiência de inibição aumenta com aumento da concentração de
cafeína, chegando a 64 % com uma concentração de 0,20 mmol L
-1
de inibidor. Esses
valores obtidos foram aplicados na equação 29, tendo por objetivo a determinação da
energia livre de adsorção da cafeína, por esta metodologia.
A Figura 27 mostra isoterma de adsorção de Langmuir da adsorção da cafeína sobre
a superfície do aço-carbono em etanol p.a. contendo LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito
suporte.
0 ,00
0 ,20
0 ,40
0 ,60
0 ,80
1 ,00
0 ,60
0 ,80
1 ,00
1 ,20
1 ,40
1 ,60
1 ,80
C x 10
3
/
θ
m o l L
-1
C x 10
3
/m o l L
-1
Figura 27:Isoterma de adsorção de Langmuir para cafeína sobre a superfície do aço-carbono em
etanol p.a. contendo LiClO
4
0,10 mol L
-1
.
A correlação linear (R = 0,90352) mostra que a cafeína é adsorvida sobre a
superfície do aço-carbono de acordo com a isoterma de Langmuir
(37)
(veja equações 32 e
29).
O cálculo da constante de equilíbrio K da reação de adsorção foi de 1893,9 com o
qual obteve-se um
G
o
ads
= -25,7 kJ mol
-1
. O valor negativo sugere que a cafeína é
adsorvida espontânea e quimicamente sobre a superfície do metal.
LXXVII
4.3.2.2-Estudos com etanol p.a. com LiCl 0,10mol L
-1
como eletrólito suporte
As curvas de polarização anódica e catódica do aço-carbono em etanol p.a. feitas a
uma velocidade de 1,0 mV/s, na ausência e na presença de cafeína são mostradas na Figura
28.
-1 ,0
-0 ,8
-0 ,6
-0 ,4
-0 ,2
-7 ,0
-6 ,5
-6 ,0
-5 ,5
-5 ,0
-4 ,5
-4 ,0
-3 ,5
-3 ,0
b )
a )
lo g (I/Acm
-2
)
E /V (A g/A gC l)
Figura 28: Curvas de Tafel para o aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito
suporte, v = 1,0 mV s
-1
; a) na ausência e, b) na presença de cafeína 5,0 mmol L
-1
.
Comparativamente ao meio anterior (veja figura 26), o potencial de corrosão
determinado por esta técnica é cerca de 200 mV mais catódico na ausência de inibidor. Isto
confirma a maior agressividade do meio sobre o metal. No entanto, a presença de cafeína
foi suficiente para deslocar o potencial corroo para valores mais anódicos e diminuir as
densidades de correntes anódicas em um amplo intervalo de potencial. Os parâmetros de
Tafel também foram determinados neste meio. A Tabela VIII apresenta os parâmetros de
Tafel a partir das curvas de polarização e, a correspondente eficiência de inibição para a
corrosão do aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na
ausência e na presença de cafeína.
58
LXXVIII
Tabela VIII
: Parâmetros de polarização e correspondente eficiência de inibição para a corrosão do
aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, na ausência e na
presença de cafeína.
*EI = eficiência de inibição
Como se observa na Tabela VIII, o potencial de corrosão, E
corr
, é deslocado para
valores mais positivos, e a corrente, I
corr
, diminui na presença do inibidor. A eficiência de
inibição aumenta com aumento da concentração de cafeína, chegando a quase 47 % com
uma concentração de 5,0 mmol L
-1
de inibidor.
Seguindo a mesma estratégia descrita anteriormente, procurou-se determinar a
energia livre de adsorção da cafeína sobre a superfície deste metal aplicando as equações
29, 30 e 32.
A Figura 29 mostra a isoterma de adsorção de Langmuir da cafeína sobre a
superfície do aço-carbono em etanol p.a. contendo LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito
suporte.
C
cafeína
(mmol L
-1
) E
corr
(mV) I
corr
$FP
2
) EI* (%)
0 -408 891 -
0.5 -403 665 25
1,0 -372 644 28
5,0 -367 472 47
LXXIX
0 ,0
1 ,0
2 ,0
3 ,0
4 ,0
5 ,0
2 ,0
4 ,0
6 ,0
8 ,0
10,0
12,0
C x 10
3
/
θ
m o l L
-1
C mol L
-1
Figura 29: Isoterma de adsorção de Langmuir para cafeína sobre a superfície do aço-carbono em
etanol p.a. contendo LiCl 0,10 mol L
-1
.
O cálculo da constante de equilíbrio K da reação de adsorção foi de 724,6 com o
qual obteve-se um
G
o
ads
= -23,3 kJ mol
-1
. O valor negativo também sugere que a cafeína é
adsorvida espontânea e quimicamente sobre a superfície do metal.
4.3.2.3- Curvas de polarização – Estudos com adição de contaminantes
4.3.2.3.1-Adição de 4% de água (v/v) – Estudos com cloreto de lítio
A Figura 30 apresenta as curvas de Tafel para o eletrodo de aço-carbono em etanol
p.a., com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v),
na ausência e presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
LXXX
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
-6,0
-5,5
-5,0
-4,5
-4,0
-3,5
-3,0
-2,5
b)
a)
log(I/A cm
-2
)
E/V (A g/A gC l)
Figura 30: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono, em etanol p.a., com LiCl 0,10
mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), registradas a 1,0 mV/s, a) na
ausência e, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
O reflexo do aumento da agressividade do meio, pela adição de água e sem a
presença de cafeína, pode ser visualizado pelo deslocamento do potencial de corrosão do
metal de aproximadamente 50 mV para valores mais negativos, quando comparado na
ausência de água (veja Figura 28).
Apesar do aumento da agressividade, ainda se observa o efeito inibidor da cafeína
pelo deslocamento do potencial de corrosão para valores mais positivos com a adição do
inibidor e uma pequena redução das correntes anódicas. Os parâmetros de Tafel são
apresentados na tabela IX.
LXXXI
Tabela IX
: Parâmetros de polarização e a correspondente eficiência de inibição para a corrosão do
aço-carbono em etanol p.a. com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 %
de água (v/v), na ausência e na presença de cafeína.
*EI = eficiência de inibição
Pela tabela observa-se que ocorre o deslocamento do potencial de corrosão (E
corr
)
para valores mais positivos, uma diminuição das densidades de correntes de corrosão (I
corr
)
e, conseqüentemente um aumento da eficiência de inibição, com o aumento da
concentração de inibidor. Os dados apresentados sugerem ou uma saturação da superfície
do eletrodo, ou um ataque quelante da cafeína, tendo em vista a diminuição da eficiência de
inibição.
4.3.2.3.1.1-Adição de 4% de água (v/v) – Estudos com perclorato de lítio
A Figura 31 apresenta as curvas de Tafel para o eletrodo de aço-carbono em etanol,
utilizando perclorato de lítio como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v),
na ausência e presença de cafeína 1,0 mmol L
-1
.
C
cafeína
(mmol L
-1
) E
corr
(mV) I
corr
$FP
2
) EI* (%)
0 -485 17,2 -
0,5 -483 12,9 25
1,0 -465 7,8 55
5,0 -457 9,5 45
LXXXII
-0 ,5
-0 ,4
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0,0
0,1
0,2
-6 ,5
-6 ,0
-5 ,5
-5 ,0
-4 ,5
-4 ,0
-3 ,5
-3 ,0
b)
a)
log(I/Acm
-2
)
E/V(A g /A g C l)
Figura 31: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono em etanol p.a. com perclorato de
tio 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 % de água (v/v), registradas a 1,0
mV/s; a) na ausência e, b) na presença de cafeína 1,0 mmol L
-1
.
Ao se comparar os resultados obtidos sem água (veja Figura 26) com os resultados
obtidos pela adição de 4 % de água, observa-se um aumento da agressividade do meio pelo
deslocamento do potencial de corrosão em quase 100 mV para valores mais negativos, sem
a presença de cafeína.
Neste meio observa-se que com a adição do inibidor, há um deslocamento do
potencial de corrosão para valores mais positivos e redução das correntes catódicas e
anódicas.
Da mesma forma que nos meios anteriores, os parâmetros de Tafel também foram
obtidos e, são apresentados na tabela X.
LXXXIII
Tabela X
: Parâmetros de polarização e correspondente eficiência de inibição para a corrosão do
aço-carbono em etanol p.a. com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte, contaminado com 4 %
de água (v/v), na ausência e na presença de cafeína.
*EI = eficiência de inibição
Pela tabela observa-se que ocorre o deslocamento do potencial de corrosão (E
corr
)
para valores mais positivos, uma diminuição das densidades de correntes de corrosão (I
corr
)
e, conseqüentemente um aumento da eficiência de inibição, com o aumento da
concentração de inibidor.
4.3.2.3.2- Adição de ácido acético – Estudos com perclorato de lítio
A Figura 32 apresenta as curvas de Tafel para o eletrodo de aço-carbono em etanol
p.a., utilizando perclorato de lítio como eletrólito suporte, contaminado com 50 ppm de
ácido acético, na ausência e presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
. O efeito inibidor é
analisado quanto á eficiência de proteção calculada como definida anteriormente.
C
cafeína
(mmol L
-1
) E
corr
(mV) I
corr
$FP
2
) EI* (%)
0 -282 5,6 -
0,1 -274 3,8 33
0,5 -272 3,2 44
1,0 -267 2,6 53
LXXXIV
-0 ,4
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0 ,0
0 ,1
0 ,2
-7 ,0
-6 ,5
-6 ,0
-5 ,5
-5 ,0
-4 ,5
-4 ,0
-3 ,5
b )
a )
lo g (I/Acm
-2
)
E /V (A g /A g C l)
Figura 32: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono em etanol p.a. com perclorato de
tio como eletrólito suporte, registradas a 1,0 mV/s, contaminada com 50 ppm de ácido acético;
a) na ausência e, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Um efeito importante de se salientar refere-se ao deslocamento do potencial de
corrosão para valores mais positivos, sem a adição do inibidor, porém ao se adicionar o
ácido acético (veja Figura 26). Este efeito caracteriza uma atuação inibidora do ânion
acetato sobre os processos corrosivos do metal, já descrito na literatura
(26)
. Coerentemente,
pela análise da figura observa-se que o potencial de corrosão é deslocado para valores mais
positivos e há uma redução das correntes anódicas com a presença da cafeína, ficando a
eficiência de inibição em torno de 47 % para cafeína 0,50 mmol L
-1
.
4.3.2.3.3- Adição de cloreto em quantidades controladas – estudos com perclorato de
lítio
A Figura 33 apresenta as curvas de Tafel para o eletrodo de aço-carbono em etanol
p.a., utilizando perclorato de lítio como eletrólito suporte, contaminado com 1000 ppm de
cloreto, na ausência e presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
. O efeito inibidor é analisado
quanto à eficiência de proteção calculada com a equação descrita anteriormente.
LXXXV
-0 ,4
-0 ,3
-0 ,2
-0 ,1
0 ,0
0 ,1
0 ,2
-7 ,5
-7 ,0
-6 ,5
-6 ,0
-5 ,5
-5 ,0
-4 ,5
-4 ,0
-3 ,5
b )
a )
lo g(I/A c m
-2
)
E /V (A g /A g C l)
Figura 33: Curvas de Tafel obtida para o eletrodo de aço-carbono em etanol p.a. com perclorato de
tio como eletrólito suporte, contaminada com 1000 ppm de cloreto, registradas a 1,0 mV/s; a) na
ausência e, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
.
Pela análise da Figura 33 observa-se que o potencial de corrosão é deslocado para
valores mais positivos e há uma significativa redução das correntes anódicas, ficando a
eficiência de inibição em torno de 71 %, para uma concentração de cafeína de 0,50
mmol L
-1
, mesmo nessa concentração de cloreto.
4.3.3-Cronoamperometria
4.3.3.1-Estudos com LiCl 0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 34 apresenta as curvas cronoamperométricas para o eletrodo de
aço-carbono, em etanol, com LiCl
como eletrólito suporte, na presença de diferentes
concentrações de cafeína, e realizadas em um potencial anódico fixo de –0,10 V por 600
segundos. Estas curvas foram registradas as a adsorção da cafeína no potencial ótimo de
-1,80 V durante 120 segundos.
LXXXVI
0
100
200
300
400
500
600
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
c)
b)
a)
I/mA
tempo/s
Figura 34: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiCl 0,10 mol L
-1
, com o valor de potencial fixo em –0,10 V por 600 segundos, a) na ausência, b)
na presença de cafeína 5,0 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
Observa-se que com o aumento da concentração do inibidor, há uma redução nas
correntes associadas ao processo de oxidação do eletrodo, ou seja, a carga associada à
oxidação resultante da integração da área abaixo das curvas, diminui na presença do
inibidor. É importante destacar que mesmo em um potencial agressivo (veja Figura 12), a
cafeína conseguiu manter o efeito inibidor durante todo o tempo do ensaio.
4.3.3.2- Estudos com LiClO
4
0,10 mol L
-1
como eletrólito suporte
A Figura 35 apresenta curvas cronoamperométricas para o eletrodo de aço-carbono,
em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, na presença de diferentes concentrações de
cafeína, e realizadas em um potencial fixo de 0,30 V por 600 segundos, após a adsorção da
cafeína no potencial ótimo (-0,30 V) durante 5 segundos.
67
LXXXVII
0
100
200
300
400
500
600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
c)
b)
a)
I/m A
te m po/s
Figura 35: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
, em um potencial fixo de 0,30 V por 600 segundos; a) na ausência, b) na
presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com o aumento da concentração do inibidor, há uma redução nas
correntes associadas ao processo de oxidação do eletrodo, ou seja, a carga associada à
oxidação diminui na presença do inibidor. Cabe destacar que a presença de cafeína na
concentração de 10,0 mmol L
-1
quase inibiu totalmente o processo de corrosão do metal
neste potencial extremamente agressivo (veja Figura 14)
4.3.3.3- Estudos com adão de água
4.3.3.3.1-Estudos com LiCl como eletrólito suporte
A Figura 36 apresenta as curvas cronoamperométricas para o eletrodo de
aço-carbono, em etanol, com LiCl
como eletrólito suporte, na presença de diferentes
concentrações de cafeína, e com adição de 4 % de água, realizadas em um potencial
anódico fixo de –0,10 V por 600 segundos. Estas curvas foram registradas as a adsorção
da cafeína no potencial ótimo de -1,80 V durante 120 segundos.
LXXXVIII
0
100
200
300
400
500
600
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
c)
b)
a)
I/m A
tem po/s
Figura 36: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiCl
0,10 mol L
-1
, e adição de 4 % de água (v/v), com o valor de potencial fixo em –0,10 V por 600
segundos; a) ausência, b) na presença de cafeína 5,0 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína 10,0
mmol L
-1
.
Observam-se reduções das cargas associadas à oxidação do metal, na presença de
cafeína. Porém cabe destacar que, devido à presença desta quantidade de água e a uma
grande quantidade de cloreto, o processo de crescimento do óxido não pode ser totalmente
inibido durante o tempo do experimento. Uma possível explicação refere-se à competição
entre a molécula de cafeína e a molécula de água pelo sítio de adsorção.
4.3.3.3.2-Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte
A Figura 37 apresenta curvas cronoamperométricas para o eletrodo de aço carbono,
em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, na presença de diferentes concentrações de
cafeína, e com adição de 4 % de água, realizadas em um potencial fixo de 0,30 V por 600
segundos, após a adsorção da cafeína no potencial ótimo (-0,30 V) durante 5 segundos.
69
LXXXIX
0
100
200
300
400
500
600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
c)
b)
a)
I/mA
te m po/s
Figura 37: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiClO
4
0,10 mol L
-1
, e adição de 4 % de água (v/v), com o valor de potencial fixo em 0,30 V por
600 segundos; a) ausência, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína
10,0 mmol L
-1
.
Neste meio também se observam reduções das cargas associadas à oxidação do
metal, na presença de cafeína nos primeiros 200 segundos. Porém cabe destacar que, devido
à presença desta quantidade de água, o processo de crescimento do óxido não pode ser
totalmente inibido durante o tempo do experimento. Uma possível explicação refere-se à
competição entre a molécula de cafeína e a molécula de água pelo sítio de adsorção.
4.3.3.4- Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte com adição controlada de cloreto
A Figura 38 apresenta as curvas cronoamperométricas para o eletrodo de
aço-carbono, em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, na presença de diferentes
concentrações de cafeína, e com adição de 1000 ppm de cloreto, realizadas em um
potencial fixo de 0,30 V por 600 segundos, após a adsorção da cafeína no potencial ótimo
de -0,30 V durante 5 segundos.
70
XC
0
100
200
300
400
500
600
0 ,2
0 ,4
0 ,6
0 ,8
1 ,0
1 ,2
1 ,4
c )
b )
a )
I/m A
te m p o /s
Figura 38: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiClO
4
, 0,10mol L
-1
e adição de 1000 ppm de cloreto, com o valor de potencial fixo em 0,30 V por
600 segundos; a) na ausência, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de cafeína
10,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com o aumento da concentração do inibidor, há uma redução nas
correntes associadas ao processo de oxidação do eletrodo, ou seja, a carga associada à
oxidação diminui na presença do inibidor. Cabe destacar que a presença de cafeína na
concentração de 10,0 mmol L
-1
inibiu significativamente o processo de corrosão do metal
neste meio.
4.3.3.5- Estudos com LiClO
4
como eletrólito suporte com adição de ácido acético
A Figura 39 apresenta curvas cronoamperométricas para o eletrodo de aço-carbono,
em etanol, com LiClO
4
como eletrólito suporte, na presença de diferentes concentrações de
cafeína, e com adição de 50 ppm de ácido acético, realizadas em um potencial fixo de
0,30 V por 600 segundos, após a adsorção da cafeína no potencial ótimo (-0,30 V) durante
5 segundos.
71
XCI
0
100
200
300
400
500
600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
c)
b )
a )
I/m A
tem p o/s
Figura 39: Curvas cronoamperométricas obtidas para o eletrodo de aço-carbono, em etanol com
LiClO
4
0,10mol L
-1
, e adição de 50 ppm de ácido acético, com o valor de potencial fixo em 0,30 V
por 600 segundos; a) na ausência, b) na presença de cafeína 0,50 mmol L
-1
e, c) na presença de
cafeína 10,0 mmol L
-1
.
Observa-se que com adição do inibidor, há uma redução nas correntes associadas ao
processo de oxidação do eletrodo, ou seja, a carga associada à oxidação diminui na
presença do inibidor. Cabe destacar que a presença de cafeína na concentração de 10,0
mmol L
-1
inibiu totalmente o processo de corrosão do metal neste meio.
Os dados obtidos por esta técnica foram tabelados de modo a se visualizar
comparativamente os meios. Nesse sentido, foram confrontados os resultados obtidos nos
respectivos potenciais de oxidação, em função das variáveis que as afetam, na ausência e na
presença de cafeína, conforme mostram as tabelas XI e XII.
A
Tabela XI apresenta as cargas de oxidação obtidas através das curvas
cronoamperométricas com LiCl como eletrólito suporte e a respectiva eficiência de
proteção.
72
XCII
Tabela XI
: Tabela comparativa das cargas de oxidação obtidas através das curvas
cronoamperométricas, com LiCl como eletrólito suporte.
*EI = eficiência de inibição
A eficiência de inibição foi calculada com a seguinte equação:
(33)
onde Q
cf
é a carga de oxidação na presença do inibidor e Q
o
é a carga de oxidação na
ausência do inibidor.
Observa-se que em etanol p.a. a eficiência de proteção aumenta com o aumento da
concentração de cafeína, chegando a 28 % na presença de 10,0 mmol L
-1
de cafeína. Com
adição de 4 % de água no meio a eficiência de inibição aumenta de 8,5 % com 5,0 mmol
L
-1
para quase 15 % com 10,0 mmol L
-1
, mostrando que mais uma vez a cafeína se mostra
eficiente mesmo em um meio agressivo.
A
Tabela XII apresenta as cargas de oxidação obtidas através das curvas
cronoamperométricas com LiClO
4
como eletrólito suporte e a respectiva eficiência de
proteção.
73
XCIII
Tabela XII
: Tabela comparativa das cargas de oxidação obtidas através das curvas
cronoamperométricas, com LiClO
4
como eletrólito suporte.
*EI = eficiência de inibição
Observa-se que em etanol p.a. a eficiência chega a 83 % com a adição de 10,0 mmol
L
-1
, contaminando-se o meio com 4 % de água, obtém-se uma eficiência de 26 % com
apenas 0,50 mmol L
-1
de inibidor, chegando a 47 % com adição de 10,0 mmol L
-1
de
cafeína. No meio com adição de 50 ppm de ácido acético há um aumento da eficiência de
proteção comparando-se com etanol p.a., esse aumento é atribuído ao sinergismo da cafeína
e do ânion acetato favorecendo a proteção do metal, porém, no meio contaminado com
1000 ppm de cloreto a eficiência de proteção é de 58 % para ambas as concentrações de
cafeína estudadas.
74
XCIV
5-CONCLUSÕES
As principais conclusões que se pode chegar dos estudos da ação inibidora da
cafeína, composto natural e abundante na natureza e com características ambientalmente
aceitáveis sobre os processos de corrosão do aço-carbono em soluções de etanol (p.a.)
foram abordadas em duas etapas; quanto à caracterização da agressividade do meio sobre o
metal e quanto à performance da cafeína nessas condições:
Caracterização da agressividade do meio
Em etanol p.a contendo LiCl como eletrólito suporte a agressividade do meio
aumenta em relação ao etanol sem o sal, deslocando o potencial para valores mais
negativos e com aumento das correntes anódicas, devido à presença de grande quantidade
de cloreto neste meio (aprox. 3550 ppm). Estudos simulando a presença de contaminantes
normalmente presentes no etanol também foram testados com relação ao aumento da
agressividade do meio sobre o metal. A presença de água no meio torna o meio mais
agressivo tanto com LiCl como com LiClO
4
. A presença de quantidades controladas de
cloreto (100, 500 e 1000 ppm) no meio etanólico com LiClO
4
como eletrólito suporte
mostra que o aumento da concentração de cloreto aumenta significativamente as correntes
anódicas, bem como afeta o potencial de corrosão, que é deslocando para valores mais
negativos. Porém com a adição de quantidades controladas de ácido atico (10 e 50 ppm),
o potencial de corrosão permanece quase inalterado, entretanto há uma redução das
correntes anódicas, atribuídas à atuação do ânion acetato como inibidor de corrosão do aço-
carbono neste meio.
Caracterização da cafeína como inibidora
a) Ensaios de perda de massa por longo tempo de imersão mostraram que a
eficiência de proteção aumenta com a concentração da cafeína e, também, com o aumento
do tempo de imersão, sendo quase a mesma para as duas concentrações de cafeína
estudadas tanto para um meio sem, como para o meio com adição de água.
b) Ensaios de perda de massa acelerados apresentaram uma melhor eficiência de
proteção, com LiCl como eletrólito suporte, quando a concentração do composto é da
ordem de 0,10 mmol L
-1
, tanto para o meio sem, como para o com água. A diminuição da
eficiência de proteção para valores de concentrações maiores de cafeína esta relacionada ao
efeito quelante do composto. Porém ao se utilizar LiClO
4
como eletrólito suporte,
75
XCV
observou-se que a eficiência de proteção é proporcional à concentração de cafeína,
independentemente da presença de água no meio. Esta diferença na eficiência de proteção
pode estar associada à menor agressividade do meio, visto que o ânion perclorato não é tão
agressivo quanto o cloreto.
c) Espectroscopia de impedância eletroquímica realizada apenas utilizando-se
LiClO
4
como eletrólito suporte em etanol, observa-se que a resistência à polarização
aumenta significativamente. Este é proporcional à concentração de cafeína dissolvida.
Com relação à capacitância da dupla camada, observa-se uma diminuição dos valores à
medida que aumenta a concentração de cafeína. Estes efeitos confirmam a inclusão da
cafeína na estrutura do óxido formado. Estes resultados também foram observados na
presença de ácido atico como contaminante do meio. A partir das informações obtidas
por esta metodologia, observou-se que a adsorção da cafeína obedece à isoterma de
adsorção de Langmuir. Os parâmetros termodinâmicos obtidos, como a variação da energia
livre de adsorção de Gibbs, confirmaram tratar-se de um processo espontâneo. Os
resultados na presença de quantidades controladas de cloreto e de água e, onde se utilizou o
LiCl como eletrólito suporte, não foram conclusivos por esta técnica.
d) A voltametria cíclica mostrou que com a adição de cafeína tanto em etanol puro
como em etanol contaminado (com água, cloreto ou ácido atico), o perfil das curvas
potenciodinâmicas varia. As correntes anódicas são reduzidas, sendo esta redução
proporcional à concentração de cafeína. Ficou evidente, também, que a interação entre o
composto orgânico e a superfície do aço-carbono depende do potencial imposto. Neste
caso, encontrou-se um potencial ótimo de adsorção para cada eletrólito. A dependência do
tempo de espera no potencial inicial (E
ads
) sobre a diminuição dos valores de correntes
anódicas também ficou inequivocamente comprovada. Concluiu-se, portanto, que o
recobrimento da superfície do metal pela cafeína depende do tempo de adsorção.
e) Pelas curvas de polarização (curvas de Tafel) observou-se que o potencial de
corrosão é deslocado para valores mais anódicos quando na presença de cafeína, em todos
os meios. Este efeito caracteriza a inibição dos processos anódicos que estejam ocorrendo
sobre a superfície do metal, quando na presença do composto. A análise dos dados nos
diferentes meios estudados mostrou que a eficiência de proteção é dependente da
concentração de cafeína exceto para o meio com LiCl como eletrólito suporte, contaminado
76
XCVI
com 4 % de água (v/v). Os parâmetros de Tafel confirmaram o processo de adsorção, como
a etapa inicial de interação entre o composto e a superfície do metal, concordando com uma
isoterma de Langmuir. Comprovou-se se tratar de um processo espontâneo, com uma
adsorção química.
f) A
cronoamperometria mostrou que para todos os meios estudados há uma redução
nas correntes associadas ao processo de oxidação do eletrodo, com a adição do inibidor, ou
seja, a carga associada à oxidação, obtida pela integração da área abaixo das curvas
corrente x tempo, diminui na presença do inibidor. Este fato caracteriza uma atuação
importante da cafeína, pois a inibição dos processos corrosivos está sendo feita em um
potencial inapropriado para uma efetiva adsorção do composto. A presença de pequena
quantidade de cafeína é suficiente para uma disputa quantitativa com a molécula de água,
pelo sítio de adsorção. É importante salientar que em todos os meios estudados (cruzando-
se eletrólitos e contaminantes) observou-se este efeito.
Portanto, as técnicas eletroquímicas experimentais utilizadas, foram conclusivas
quanto à ação inibidora da cafeína sobre os processos corrosivos do aço-carbono em etanol
(p.a.). A adição de pequenas quantidades desse composto orgânico diminuem as correntes
associadas aos processos de oxidação do metal neste meio, apesar da presença do oxigênio
dissolvido, da adição de contaminantes, bem como da presença de significativa quantidade
de cloreto.
77
XCVII
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