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culturais, na perspectiva dos Estudos Culturais
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, dos Estudos Feministas
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e Pós-
Estruturalistas
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. Acredito ter sido capturada por esses referenciais, então comecei a trajetória
com leituras sobre infância, criança, Educação Infantil e gênero.
Nessas leituras, deparei-me com referências de pesquisas realizadas em grandes
centros populacionais e econômicos, como as realizadas pela Fundação Carlos Chagas, entre
1951 a 1970, na cidade de São Paulo; pesquisa sobre a luta por creches, em 1970, com viés
feminista realizada por Fúlvia Rosemberg e Sílvia Cavasin; Sonia Kramer, em 1980,
pesquisou a política do pré-escolar no Brasil. E, além dessas, também ocorreram algumas
pesquisas na região de Porto Alegre. A escolha de tais leituras não foram por acaso. Acredito
que foram intencionais no sentido de buscar subsídios para construir o objeto de pesquisa que
me propus a fazer. A opção por realizar a pesquisa, aproximando-me pelo viés etnográfico, foi
a partir da disciplina cursada no Mestrado: Infância, Sociedade e Cultura, na qual
aprofundamos estudos sobre trabalhos realizados na perspectiva de ouvir as vozes dos sujeitos
infantis, a partir dos campos da Sociologia e da Antropologia. Pesquisas realizadas neste
campo através da escuta de vozes infantis revelam que este poderá ser um recurso
metodológico privilegiado para a investigação de temáticas que se referem às identidades
culturais.
As leituras realizadas provocaram o desejo e a necessidade de aprofundar o
conhecimento sobre a história da infância e trazer para o campo acadêmico o trabalho
desenvolvido no município de Ijuí, no sentido de investigar os sujeitos envolvidos que
constituem parte da nossa história local, através do cotidiano de uma escola. As informações
obtidas na escola, através da coleta de dados para a pesquisa, ampliaram o tema, não só
pesquisando com as crianças, mas também com as professoras. O tema central a que me
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Os Estudos Culturais, com objetivo de definir a movimentação intelectual no panorama político pós-guerra,
provocaram uma reviravolta na teoria cultural, atravessando o terreno de noções e concepções extremamente
complexas como cultura e popular. Desta forma, os Estudos Culturais não vêm desvelar, mas duvidar,
questionar, apontar diferentes possibilidades, ferramentas conceituais e saberes que emergem das leituras de
mundo, principalmente no campo da educação (COSTA, 2003, 2004).
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Os Estudos Feministas foram consolidados, principalmente, por mulheres que buscam os direitos de igualdade
entre homens e mulheres, lutam por melhores salários e condições de trabalho, entre tantos outros, como foi a
luta pelo direito ao voto. Além de ajudar a entender a desigualdade entre homens e mulheres e ampliarem seus
direitos civis e políticos, ajudaram a expressar questões como relações de gênero. Na dimensão do Feminismo
como dos Estudos Culturais, ambos querem questionar e transformar o que é dado como “verdade”.
“Questionar e transformar não significa destruir.” (AUD, 2003, p. 59).
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Os estudos Pós-Estruturalistas provocaram a “virada lingüística”, afirmando que a linguagem não seria
propriamente uma representação da realidade feita pelos sujeitos, mas sim constituidora dos sujeitos e da
realidade. O Pós-Estruturalismo traz a proposta da desconstrução, principalmente em relação à oposição
binária como homem/mulher, masculino/feminino, entendido como natural e imutável (LOURO, 1995, p.
110).