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um texto que deseja o leitor. Cada palavra não tem um sentido absoluto, as
significações pouco importam. O conjunto da obra foi selecionado de acordo
com o interesse desta pesquisa: as palavras, os espelhos, as ficções e o
cotidiano.
A primeira parte deste texto, Da linguagem, da representação e dos
espelhos, trata da análise de diversas obras de Magritte, tomando como pontos
principais as divagações sobre as primeiras nomeações, os nomes das coisas,
o ato humano de organizar, nomear e colecionar, para se chegar à linguagem
como jogo arbitrário. Logo depois, há uma discussão sobre as relações entre
texto e imagem, entre real
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e representação, real e ficção. A partir de um
diálogo com outras vozes, de Calvino, de Blanchot, de Foucault ou de tantas
outras, o texto deseja penetrar nas pequenas brechas do real, da ficção, dos
olhares cotidianos: penetrar na ordem secreta das coisas. Por fim, os espelhos.
Percorremos, através do texto, algumas imagens de Magritte para refletir
acerca destes espaços dúbios, dentro do espaço virtual, chamando Alice para
o texto, chamando Borges. É preciso entender de que real se sai e em que real
se entra, entender os espaços de multiplicação. Entender a representação
como um jogo do olhar e o real como mero ponto de vista.
A segunda parte, Magritte e os outros, é um texto sobre imagens. Ao
lado de Magritte, outros artistas e fotógrafos são convidados à cena do texto.
Em um momento, são colocadas lado a lado a obra de um artista escolhido e a
obra de Magritte. Então, em poucas palavras, faço uma leitura delas, falo do
meu modo de olhar, somente. Tantas leituras sempre podem ser feitas, para
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Neste texto, a palavra real é utilizada no sentido dicionarizado. Real. [Do b.–lat. reale
< lat. res, rei, ‘coisa, coisas’.] Adj. 2 g. 1. Que existe de fato; verdadeiro. 2. Filos. Diz-se
daquilo que é uma coisa, ou que diz respeito a coisas. [Opõe-se a aparente, fictício, ideal,
ilusório, possível, potencial, etc.] In: FERREIRA. Novo dicionário da língua portuguesa.
p. 1202.