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Flávia Campos de Queiroz Cópio
A CAPACIDADE FUNCIONAL DA CRIANÇA
RESPIRADORA ORAL AVALIADA PELO TESTE DE
CAMINHADA DE SEIS MINUTOS
Belo Horizonte
2008
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Flávia Campos de Queiroz Cópio
A CAPACIDADE FUNCIONAL DA CRIANÇA
RESPIRADORA ORAL AVALIADA PELO TESTE DE
CAMINHADA DE SEIS MINUTOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências da Saúde, da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do Grau de Mestre em
Ciências da Saúde.
Área de Concentração: Saúde da Criança e do
Adolescente
Orientadora: Profª. Maria Jussara F. Fontes
Universidade Federal de Minas Gerais
Co-orientador: Prof. Marco Antônio Duarte
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Faculdade de Medicina da UFMG
2008
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Cópio, Flávia Campos de Queiroz.
C783c A capacidade funcional da criança respiradora oral avaliada pelo teste
de caminhada de 6 minutos [manuscrito]. / Flávia Campos de Queiroz
Cópio. - - Belo Horizonte: 2008.
72f.
Orientador: Maria Jussara Fernandes Fontes.
Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente.
Linha de pesquisa: Asma e Pneumonias e Distúrbios Imunológicos
Congênitos e Adquiridos (AIDS), Alergia.
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina.
1. Respiração bucal. 2. Teste de esforço. 3. Transtornos respiratórios.
4. Caminhada/classificação.. 5. Criança. 6.
Dissertações acadêmicas. I.
Fontes, Maria Jussara Fernandes. II. Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina. III. Título.
NLM : WS 280
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor: Prof. Ronaldo Tadeu Pena
Vice Reitor: Profa. Heloísa Maria Murgel Starling
Pró Reitor de Pós Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez
FACULDADE DE MEDICINA
Diretor: Prof. Francisco José Penna
Vice Diretor: Prof. Tarcizo Afonso Nunes
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE – ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Coordenador: Prof. Joel Alves Lamounier
Subcoordenador: Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Profa. Ana Cristina Simões e Silva
Prof. Francisco José Penna
Profa. Ivani Novato Silva
Prof. Lincoln Marcelo Silveira Freire
Profa. Regina Lunardi Rocha
Rute Maria Velasquex Santos (Rep. Discente)
Ao meu querido, Zé,
que me inspira e me dá força.
Este trabalho é a realização de
apenas mais um dos nossos sonhos
compartilhados.
AGRADECIMENTOS
À Querida Profa. Jussara, pela confiança, disponibilidade, orientações e constantes
incentivos.
Ao Prof. Marco Antônio, pelas sugestões e colaborações.
Às amigas do Ambulatório do Respirador Oral do HPM, Kátia, Tarcimara, Lílian,
Cristina, Juliana, Patrícia, Márcia e Denise, pelo incentivo, amparo e inspirações
durante essa longa caminhada.
Aos colegas do HPM, pelo apoio constante.
Às crianças participantes deste estudo, pela grande contribuição.
Aos meus familiares, pela paciência e compreensão nos momentos em que precisei estar
ausente. Em especial: aos meus avós, Cidinha e Odilon, exemplos de vida, trabalho e
dignidade, sempre me apoiando em todas as minhas escolhas; à minha mãe, Raquel,
pelo amor incondicional em todos os momentos da minha vida; ao meu pai, Délio, pelos
conselhos e ajuda nas escolhas do melhor caminho a seguir; à Andréia, por sua amizade
e pelos estímulos durante toda essa trajetória.
Ao Prof. Marcelo Militão, pela disponibilidade, auxílio e sugestões, muito além de suas
obrigações durante a análise estatística.
Ao amigo Waldeir, pela disponibilidade e carinho.
À Dani, minha querida irmã, pela ajuda e apoio constante.
Às amigas Betânia, Cris, Simone e Adriana, por estarem por perto e me animarem a
prosseguir.
Enfim, a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a conclusão deste
trabalho,
o meu carinho
“Todo ímpeto é cego, salvo quando há conhecimento;
Todo conhecimento é vão, salvo quando há trabalho;
E todo trabalho é vazio, salvo quando há amor.
O trabalho é o amor tornado visível.”
Kahlil Gibran
NOTA EXPLICATIVA
A apresentação da presente dissertação foi organizada sob a forma de artigos, um
formato alternativo, de acordo com o regimento do Programa de Pós Graduação em
Ciências da Saúde, Área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente, da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. O primeiro artigo
consiste numa revisão da literatura sobre aspectos da respiração oral na infância. Já o
segundo visa contribuir para o esclarecimento dos fatores intervenientes que poderiam
repercutir na capacidade funcional de crianças respiradoras orais.
RESUMO
A alteração do padrão respiratório nasal fisiológico é uma adaptação do sistema
estomatognático a algum fator obstrutivo ou funcional que leva a inúmeras alterações
estruturais. A revisão da literatura teve a finalidade de abordar subsídios teóricos para
alguns tópicos que compõem o estudo proposto, como a atualização do conceito de
respirador oral, os fatores etiológicos da respiração oral e suas repercussões na
qualidade de vida da criança. Sabe-se que a respiração oral pode ser decorrente de
diversas causas: obstruções mecânicas, alterações músculo-esqueléticas, maus-hábitos e
disfunções neurológicas. E a manutenção deste padrão patológico de respiração durante
a infância pode ocasionar inúmeras conseqüências nos sistemas estomatognático,
músculo-esquelético, respiratório, alteração da posição da cabeça e da postura corporal
como um todo. Além de alterações comportamentais e de aprendizagem que são
detectadas em alguns casos de obstrução. Portanto, o respirador oral pode apresentar
uma série de distúrbio locais e sistêmicos, influenciando significativamente sua
qualidade de vida. Considerando esta diversidade de causas e manifestações é
importante a integração dos profissionais de saúde, visando assim um melhor resultado
no tratamento do respirador oral.
O artigo “A Capacidade funcional da criança respiradora oral avaliada pelo
teste de caminhada de seis minutos” analisa os fatores intervenientes que poderiam
repercutir na capacidade funcional de crianças respiradora orais. Quarenta e seis
crianças respiradoras orais de ambos os sexos foram examinadas por uma equipe
transdisciplinar. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade (meses), gênero, peso
(kg), altura (cm), IMC (kg/m
2
), fator etiológico da respiração oral, força da musculatura
respiratória, volumes pulmonares e alterações posturais. A capacidade funcional foi
medida pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6’), de acordo com o guidelines
estabelecido pela ATS. Os resultados obtidos ao utilizar a análise univariada
encontraram correlação positiva entre a distância percorrida no TC6’e o desvio da
coluna inferior (p=0,04). Já a análise multivariada apresentou significância para a
capacidade vital (p=0,022), o ângulo de alinhamento da coluna superior (p=0,025) e
inferior (p=0,022), o ângulo da relação cabeça e maléolo lateral esquerdo (p=0,049) e o
ângulo de nivelamento dos ombros (p=0,019). Concluiu-se que as alterações posturais e
a capacidade vital podem influenciar na capacidade funcional de crianças respiradoras
orais.
ABSTRACT
The alteration of the physiological nasal breathing pattern is an adaptation of the
stomatognathic system to an obstructive or functional factors. It can lead to many
structural alterations. The literature review aimed at approaching theoretical subsidies
for some topics which are part of this study, as the updating of the mouth breathing
concept, its etiologic factors and repercussions for children’s quality of life. It is known
that the mouth breathing can have several causes: mechanical obstructions, muscle-
skeletal alterations, bad habits and neurological dysfunctions Thus, the maintenance of
this pathological breathing pattern during childhood can lead to countless consequences
in the following systems: stomatognathic, muscle-skeletal and respiratory. It can also
lead to alteration of the head position and the body posture as a whole. Moreover,
behavior and learning alterations can also be detected in some obstructive cases.
Therefore, the mouth breathing children can present several local and systemic disorders
that really life quality. Taking into account this diversity of causes and manifestations
and aiming at a best treatment for the mouth breathing disorder, the integration of the
health professionals is very important.
The article "The functional capacity of the mouth breathing child assessed by
the six minute walk test” analyzes the intervening factors that could reflect in the
functional capacity of mouth breathing children. Forty-six mouth breathing children of
both sexes were examined by a transdisciplinary team. The variables analyzed were: age
(months), sex, weight (kg), height (cm), IMC (kg/m2), etiologic factor of the mouth
breathing, the breathing muscle strength, lung capacities and postural alterations. The
functional capacity was measured by the six minute walk test (6MWT), according to the
guidelines established by the ATS. This study has found positive correlation between
the distance walked in the 6MWT and the lower spine (p=0,04) in the univariate
analysis. The multivariate analysis was significant for the vital capacity (p=0,022), for
the alignment angle of the upper (p=0,025) and lower spine (p=0,022), for the angle of
the head and left lateral malleolus relation (p=0,049) and the leveling angle of the
shoulders (p=0,019). It was, then, concluded that the postural alterations and the vital
capacity may influence the functional capacity of mouth breathing children.
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1: Características dos sujeitos do estudo..............................................................45
Tabela 2: Distribuição da freqüência da faixa etária da amostra.....................................45
Tabela 3: Medidas de tendência central e variabilidade das variáveis intervenientes
relacionadas à função pulmonar......................................................................................46
Tabela 4: Análise da cinemática angular da postura.......................................................46
Tabela 5: Coeficiente de correlação das variáveis quantitativas com a variável
resposta............................................................................................................................48
Tabela 6: Comparação entre as médias das variáveis
qualitativas.......................................................................................................................49
Tabela 7: Modelo de regressão final................................................................................51
Gráfico 1: Comparação das distâncias percorridas pelos sexos feminino e
masculino.........................................................................................................................47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARO – Ambulatório do Respirador Oral
ATS – American Thoracic Society
cm – centímetros
COEP – Comitê de Ética e Pesquisa
CV – capacidade vital
FC – freqüência cardíaca
FR – freqüência respiratória
Hip. – hiperplasia
HPM – Hospital da Polícia Militar
ICF – índice de custo fisiológico
IMC – índice de massa corporal
Kg – kilogramas
m – metros
O
2
– oxigênio
PE- Pernambuco
PEmáx – pressão expiratória máxima
PImáx – pressão inspiratória máxima
RA- rinite alérgica
SatO
2
– saturação de oxigênio
TA – teste alérgico
TC6’ – teste de caminhada de seis minutos
VO
2
– consumo de oxigênio
SUMARIO
Artigo Revisão da Literatura: A Criança Respiradora Oral: Fatores Etiológicos e
Aspectos Clínicos...........................................................................................................16
1. Introdução....................................................................................................................17
2. Revisão da literatura....................................................................................................18
2.1 Etiologias da Respiração Oral.......................................................................18
2.2 Métodos de Diagnóstico................................................................................21
2.3 Repercussões da Respiração Oral..................................................................25
3. Discussão.....................................................................................................................30
4. Conclusão....................................................................................................................34
5. Referências Bibliográficas...........................................................................................35
Artigo Original: A capacidade Funcional de Crianças Respiradoras Orais
Avaliada pelo Teste de Caminhada de Seis Minutos..................................................39
1. Introdução....................................................................................................................40
2. Casuística e Métodos...................................................................................................41
3. Resultados....................................................................................................................44
4. Discussão.....................................................................................................................52
5. Conclusão....................................................................................................................60
6. Referências Bibliográficas...........................................................................................61
7. Anexos.........................................................................................................................63
7.1 Anexo 1..........................................................................................................64
7.2 Anexo 2..........................................................................................................68
7.3 Anexo 3..........................................................................................................72
REVISÃO DA LITERATURA:
A CRIANÇA RESPIRADORA ORAL: FATORES ETIOLÓGICOS E
ASPECTOS CLÍNICOS
17
1. Introdução
A respiração nasal é o padrão respiratório fisiológico predominante desde o
nascimento e tem um importante papel na umidificação, aquecimento e filtração do ar
inspirado, agindo como protetora das cavidades paranasais, auriculares e das vias aéreas [1-3].
O nariz é o sensor do olfato e o iniciador das respostas imunes para antígenos inalados e
patogênicos. Segundo Filho (1994), o padrão nasal de respiração é essencial, uma vez que
atua como receptor sensorial primário, influencia na oxigenação celular e ajuda a manter a
homeostase nos freqüentes contatos com agentes estranhos [2].
O predomínio da respiração nasal nos lactentes até por volta do quinto ou sexto mês
de vida, pode ser explicado pelo preenchimento da cavidade oral pela língua, pela posição
elevada da laringe e pelos padrões fisiológicos de respiração e deglutição. Com o crescimento,
há um posicionamento mais caudal das estruturas hiolaríngeas, os sistemas respiratório e
digestivo concluem seu desenvolvimento e passam a compartilhar uma via comum: a
orofaringe [1, 4]. A partir deste momento a respiração oral já é possível, apesar da passagem
aérea nasal ainda ser a via preferencial. A integridade funcional e anatômica do trato
respiratório aliada à livre passagem de ar pelas vias aéreas superiores, proporciona essa
preferência à respiração nasal [5].
A alteração do padrão respiratório nasal fisiológico seria uma adaptação do sistema
estomatognático a algum fator obstrutivo ou funcional que leva a inúmeras alterações
estruturais [5, 6]. Dessa forma, a Respiração Oral pode ser definida como uma condição de
suplência, uma vez que a utilização da via aérea nasal esteja impossibilitada. Vários autores
classificam esta condição como Síndrome do Respirador Oral, pois engloba uma variedade de
causas e manifestações [6, 7].
O padrão oral de respiração levará a modificações não só nos órgãos diretamente
envolvidos, mas também na dinâmica corporal do indivíduo como um todo, podendo
18
comprometer a qualidade de vida deste indivíduo [5, 8]. Esse trabalho de revisão aborda
aspectos etiológicos, métodos de diagnóstico e as repercussões da respiração oral na criança.
A pesquisa bibliográfica foi realizada na base de dados Medline/Pubmd, Bireme e
Lilacs, restringindo-se aos últimos 10 anos, sujeitos de 0 a 18 anos e idiomas inglês, espanhol
e português. Foram utilizadas as palavras-chave: mouth breathing, child, adenoid, tonsil,
rhinitis, body posture, craniofacial growth. Pesquisou-se também publicações, monografias e
dissertações sobre o tema.
2 Revisão da Literatura
2.1 Etiologias da Respiração Oral
A respiração oral pode ser decorrente de diversos fatores, como obstruções mecânicas,
alterações músculo esqueléticas, maus-hábitos e disfunções neurológicas. Alguns autores
classificam os respiradores orais em três tipos: (1) orgânicos (2) puramente funcionais e (3)
impotentes funcionais[4, 9].
Os respiradores orais orgânicos seriam aqueles que apresentam obstáculos mecânicos,
impedindo ou dificultando a respiração nasal. Os respiradores orais puramente funcionais
seriam aqueles que possuem o mau-hábito de respirar pela boca, mesmo sem nenhum
obstáculo mecânico ao padrão respiratório nasal. E por fim, os respiradores orais impotentes
funcionais seriam aqueles com disfunções neurológicas [4, 9].
Segundo alguns autores, a obstrução mecânica da passagem aérea e o aumento da
resistência nasal é a causa mais comum de respiração oral [10, 11]. Dentre os fatores
mecânicos responsáveis por essa restrição à passagem do ar pode-se citar a hiperplasia de
adenóide, hiperplasia de amígdalas, hipertrofia de cornetos nasais, rinite alérgica, rinite não-
19
alérgica, rinussinusites, tumores, meningoceles, meningoencefaloceles, doenças infecciosas,
inflamatórias, colapsos da válvula nasal, estenoses e alteração da arquitetura nasal[4, 9, 12].
Portanto, o obstáculo mecânico à passagem aérea superior pode ser nasal, retronasal ou oral,
diagnosticados clinicamente e radiologicamente [13]. A hiperplasia adenoamigdaliana e a
rinite são citadas como as principais responsáveis pela respiração oral na infância [10, 11].
A rinite corresponde a uma inflamação da mucosa nasal que pode ser classificada em
alérgica, não alérgica ou infecciosa [14].
A rinite alérgica é a forma predominante em crianças, podendo afetar de 10 a 30%
dessa população [4, 14, 15]. Ela é mediada por anticorpos da classe IgE e pode ser
classificada como leve, moderada ou grave, e intermitente ou persistente, segundo a
classificação descrita no workshop “Allergic Rhiniris and its impact on Asthma” [14]. A
reação imediata é resultante da união do antígeno às moléculas de IgE, situadas na superfície
de mastócitos, que promove a degranulação destas células e a liberação de mediadores
inflamatórios para o espaço extracelular. Os principais alérgenos descritos na literatura são
ambientais (ácaros, poeira, fungos, epitélio, urina e saliva de animais, barata e pólen) [15].
Barros et al (2006), observaram uma preponderância dos ácaros nos casos de rinite alérgica
em crianças respiradoras orais do centro de referência da região metropolitana de Belo
Horizonte [16]. A sintomatologia da rinite alérgica inclui espirros em salvas (esternutos),
rinorréia, prurido e obstrução nasal [14, 17]. A fase tardia envolve inflamação com infiltrado
eosinofílico. Os sintomas observados são obstrução crônica, hiposmia, liberação de muco pós-
nasal e hiperreatividade nasal [14]. Na rinite alérgica, a mucosa apresenta-se congesta, com a
coloração pálida, os cornetos encontram-se frequentemente hipertrofiados e pode-se observar
ainda a presença de secreção hialina [4]. Como a cavidade nasal possui um sistema de vasos
que durante a congestão expande a mucosa e invade a luz das vias aéreas superiores ocorre a
20
obstrução à passagem do ar durante as crises alérgicas [6]. Esse quadro clínico pode afetar a
qualidade de vida da criança e seu desempenho escolar [14].
As rinites não-alérgicas apresentam teste alérgico negativo, mas podem ser
eosinofílicas (“non-allergic rhinitis with eosinophilia syndrome - NARES”) ou não-
eosinofílicas ao exame do muco nasal. As eosinofílicas geralmente são decorrentes da
sensibilidade à aspirina, com asma e pólipo nasal tardio. As não-eosinofílicas podem
apresentar inúmeras causas: autonômica, drogas, comidas (álcool, pimenta, sulfato), hormonal
(gravidez, puberdade, anticoncepcional), atróficas, defeito primário do muco (fibrose cística),
discinesia ciliar primária (Sindrome de Kartagener e Sjogren, lupus sistêmico eritematoso,
artrite reumatóide, Churg-Strauss), imunodeficiência, tumores malignos (linfoma, melanona,
carcinoma celular escamoso), doenças granulomatosas (sarcoidoses), anormalidades
estruturais (desvio de septo nasal) e idiopática [14].
As rinites infecciosas podem ser causadas por vírus, bactérias ou fungos. As viróticas
apresentarão alteração dos seios da face e são comumente decorrentes de infecções por vírus
da gripe. As bacterianas apresentam sintomas agudos de obstrução nasal, dor na face, muco
espesso e purulento, podendo evoluir para rinossinusites. As fúngicas raramente apresentam
sintomas e são mais comuns em indivíduos imunodeprimidos [14].
A hiperplasia adenoideana corresponde ao aumento do número de células do tecido
linfóide localizado na parede posterior da nasofaringe. Os sintomas associados a este quadro
incluem obstrução nasal, respiração oral, ronco, dor de ouvido recorrente ou redução da
audição, coriza, tosse e alteração da fala [12].
Aqueles pacientes que não apresentam nenhum fator mecânico obstrutivo e mesmo
assim adotam o padrão de respiração oral são chamados respiradores orais funcionais [9].
Alguns pacientes são submetidos a procedimento cirúrgico ou tratamento alérgico para
remoção da obstrução e mesmo após a retirada do impedimento mantêm a boca aberta. Esses
21
sujeitos são chamados respiradores orais habituais, uma vez que mantêm a boca aberta em
função de uma postura viciosa. Entretanto, a manutenção da boca aberta não significa falta de
cooperação da criança, pois as mesmas podem não ter desenvolvido estruturas que
possibilitam o vedamento labial e certos padrões faciais podem reforçar essa dificuldade.
Geralmente esses pacientes têm condições respiratórias para o vedamento labial, mas não têm
estrutura muscular para fazê-lo [9].
Sabe-se que o aleitamento materno promove o correto desenvolvimento da
musculatura facial e das demais estruturas do sistema estomatognático [1, 4]. O estudo de Voi
Trawitzki e col (2005) relaciona o padrão respiratório com o tempo de amamentação materna
e hábitos orais deletérios (sucção digital, uso da chupeta, bruxismo, onicofagia e morder
objetos). Os autores observaram que as crianças respiradoras orais apresentavam um menor
tempo de aleitamento materno e um histórico maior de hábitos orais deletérios. Entretanto,
não apontaram o uso da mamadeira como um fator deletério para o padrão respiratório, desde
que a criança recebesse o aleitamento materno por um período próximo de seis meses de
idade. Os autores justificam os achados sobre os hábitos orais deletérios dizendo que seriam
conseqüência de um desmame precoce, aleitamento não-materno e outros alimentos
“substitutivos”. Portanto, ressaltam que a presença de hábitos de sucção deve estar
relacionada ao desmame precoce e não propriamente ao problema respiratório. Já o hábito de
mordida (bruxismo, onicofagia) poderia estar associado ao comprometimento de vias aéreas
superiores [18].
2.2 Métodos de diagnóstico
O diagnóstico da causa etiológica da respiração oral deve ser concluído em conjunto
por uma equipe transdisciplinar. Entretanto, cabe aos médicos otorrinolaringologistas,
22
pediatras e alergologistas investigar a presença de obstrução mecânica através do exame
clínico detalhado e confirmado pelos exames complementares.
Vários profissionais otorrinolaringologistas e pediatras criticam o exame clínico como
único método para análise da hiperplasia da adenóide, apesar de estar bem estabelecido na
literatura o papel da avaliação clínica no diagnóstico. Entretanto, a tonsila faríngea situa-se
numa região anatômica dinâmica e complexa e sua visualização mesmo através dos métodos
de diagnóstico por imagem ainda é bastante discutida na literatura [19-21].
Existem exames simples, como a radiografia do cavum (RC) e outros mais
dispendiosos e complexos, como a fluoroscopia convencional, rinomanometria, a ressonância
magnética e a endoscopia ou fibronasolaringoscopia. Atualmente, a RC e a
fibronasolaringoscopia são os exames mais comumente pedidos pelos profissionais para
auxiliar no diagnóstico da hiperplasia de adenóide.
A RC apesar de suas limitações, ainda é um exame de imagem amplamente utilizado
para analisar o tamanho da adenóide. Ela constitui um método simples para determinação da
dimensão, forma e posição das adenóides [22]. Existem formas de avaliação objetiva da RC,
mas ainda não há um consenso sobre a técnica mais adequada e o mais utilizado pelos
médicos são as avaliações subjetivas [19, 20]. Samy Elwany (1987) realizou um estudo para
avaliar a confiabilidade e reprodutibilidade da medida da razão entre o tamanho da adenóide e
o espaço nasofaríngeo (razão-AN) na radiografia do cavum. O autor examinou 100 crianças
com indicação de adenoidectomia e 100 crianças normais como grupo controle, com idade
entre 3 e 7 anos. Seu estudo baseou-se na técnica descrita pela primeira vez por Fujioka, em
1979, para medida da razão-AN. Concluiu-se que existe uma correlação significativa entre a
razão-AN, a avaliação clinica da hiperplasia de adenóide e o peso da tonsila faríngea.
Entretanto, a análise subjetiva do RX do cavum não apresentou correlação significativa entre
os achados clinicos e a razão- AN.
23
A radiografia oferece uma reprodução estática e bidimensional da imagem do cavum.
Considerando que o espaço aéreo do palato sofre um estreitamento durante a respiração bucal,
fonação, inspiração, choro e deglutição[21], a RC é um método diagnóstico limitado para
visualização da hiperplasia da adenóide [20]. Além disso, a avaliação dos tecidos moles da
parede posterior da nasofaringe é pobre por meio da radiografia, uma vez que há uma soma de
músculos, fáscias e membrana mucosa com o tecido adenoideano, dificultando a mensuração
da tonsila faríngea [20]. Outra dificuldade encontrada na RC é o mau posicionamento e a
movimentação da criança durante a execução radiográfica [20].
A fibronasolaringoscopia é um método endoscópico que permite a observação visual
direta da nasofaringe, incluindo a tuba auditiva e a fosseta de Rosenmüller, a ação do esfíncter
velofarígeo e consequente avaliação funcional desta região [22]. Num estudo realizado por
Lourenço e col (2005) foi feita a comparação do grau de hiperplasia adenoideana encontrado
no exame radiológico e na avaliação endoscópica por nasofibroscopia flexível em crianças
respiradoras orais. Este estudo observou que as adenóides avaliadas pela nasofibroscopia
foram em média 37,5% maiores em relação às adenóides avaliadas pela RC. Concluiu-se que
a nasofibroscopia flexível é um método diagnóstico excepcionalmente mais fidedigno do que
a RC na análise volumétrica da adenóide. Estes autores ressaltam que crianças com sintomas
clássicos de obstrução respiratória alta, mesmo quando verificada a ausência radiológica de
hiperplasia adenoideana, devem ser submetidas à nasofibroscopia flexível para maior acurácia
diagnóstica. Entretanto, a rinomanometria é um método mais objetivo de mensuração da
permeabilidade nasal, uma vez que afere simultaneamente a pressão e o fluxo respiratório
nasal [23].
A rinomanometria permite a estimação da resistência nasal através da relação entre
fluxo e pressão e é considerada como uma das mais acuradas medidas da patência do fluxo
24
aéreo nasal. Contudo, é uma técnica cara que requer considerável experiência em sua
interpretação [14].
O dignóstico da rinite deve ser realizado através de anamnese detalhada, exame clínico
e confirmada através de exames específicos. É importante colher dados sobre o histórico
familiar de alergia, sazonalidade dos sintomas e sintomatologia. Relato de prurido nasal e
ocular, espirros, rinorréia, obstrução nasal, tosse aos esforços ou sibilância torácica e a
presença de eczema atópico são dados sugestivos de atopia [4, 14, 15]. Outras queixas do
paciente que devem ser pesquisadas são hiposmia ou anosmia, roncos e distúrbios do sono,
gotejamento pós nasal e tosse crônica, sonolência e sintomas típicos de asma e de conjuntivite
[14]. Barros et al (2006) observou forte associação entre asma e respiradores orais atópicos,
entretanto, a prevalência de apnéia do sono apresentou associação negativa com o teste
alérgico positivo [16]. O teste alérgico cutâneo (TA) por técnica de puntura na superfície da
pele (“Skin prick test”) deve ser realizado rotineiramente para determinar quando há rinite
alérgica ou não-alérgica, embora exames laboratoriais (IgE específico e muco total) também
sejam utilizados para auxiliar neste diagnóstico quando não é possível a execução do TA.
É importante ressaltar também o exame de polissonografia nos casos de suspeita de
apnéia do sono. Este é um sintoma freqüente em crianças respiradoras orais, uma vez que o
hábito da respiração oral provoca a rotação da mandíbula em sentido horário, alterando a
posição do músculo genioglosso e a língua move-se em direção a parede posterior da
orofaringe, obstruindo a passagem aérea durante o sono [24]. A polissonografia é o padrão
ouro no diagnóstico desta síndrome [24, 25]. Neste exame avaliam-se vários parâmetros
durante o sono: eletroencefalograma, eletroculografia, eletromiografia tibial anterior e
submentual, eletrocardiograma, esforço respiratório torácico e abdominal, controle do fluxo
aéreo e oximetria [4, 25, 26].
25
Nos casos em que todos os diagnósticos diferenciais de obstrução mecânica à
passagem aérea já foram descartados deve-se pensar na causa puramente funcional. Esses
pacientes mantêm a boca aberta por uma postura viciosa e não apresentam nenhum fator
obstrutivo impedindo o fluxo aéreo nasal. Nestes casos é de extrema importância uma
avaliação fonoaudilógica detalhada [9].
2.3 Repercussões da Respiração Oral
Vários autores apontam a importância do padrão nasal de respiração para o
crescimento e desenvolvimento do complexo crânio-facial e para o funcionamento do sistema
estomatognático [6]. Entretanto, existem muitas teorias e hipótese sobre o controle do
crescimento e desenvolvimento craniofacial que servem apenas como base para entender parte
dos processos biológicos e não como eles acontecem [11].
O crescimento craniofacial é multifatorial, envolvendo uma cadeia de elos reguladores
e interdependentes, intrínsecos e extrínsecos [11]. Ele depende de fatores genéticos e
ambientais [4, 6, 11, 27-29]. Existem inúmeras teorias de crescimento e desenvolvimento
craniofacial: Conceito Genético de Crescimento, Hipótese de Sicher, Hipótese de Scott ou
Teoria do septo nasal, Conceito Funcional de Moss, Teoria dos Servosistemas, sendo as duas
últimas as mais recentes [9].
Segundo a Teoria da Matriz Funcional de Moss (1960), o crescimento ósseo é
influenciado quase que exclusivamente pela função [9]. O tecido esquelético seria um tecido
secundário, sendo guiado por tecidos moles (músculos, ligamentos, pressões hidrodinâmicas,
crescimento de órgãos moles, etc) e o que determinaria o crescimento seriam as influências
biomecânicas e biofísicas [9]. Já a Teoria dos Servosistemas (1972) utiliza-se das várias
outras teorias descritas e cria novas formas de visualização do crescimento do complexo
26
craniofacial. Esta linha de pesquisa descreve a interação entre as estruturas e funções como
responsáveis pelo crescimento do complexo orofacial [9]. Portanto, pode-se afirmar que o
crescimento facial está intimamente associado à atividade funcional dos diferentes
componentes da área da cabeça e pescoço. Ou seja, a respiração nasal associada a outras
funções como a mastigação e a deglutição propiciam um adequado desenvolvimento do
complexo craniofacial [29].
Além disso, a manutenção do padrão de respiração oral durante a infância levará a
inúmeras repercussões nos sistemas estomatognático, músculo-esquelético, respiratório,
alteração da posição da cabeça e da postura corporal com um todo [5-7, 13, 30, 31].
Concomitante ao tratamento da etiologia da respiração oral, deve-se avaliar e tratar as
conseqüências desta alteração respiratória na criança [24].
O ronco primário, a apnéia obstrutiva do sono e a síndrome do aumento da resistência
das vias aéreas são distúrbios do sono que podem ter origem numa obstrução das vias aéreas
superiores. O ronco é freqüente em crianças com processos alérgicos e inflamatórios nasais.
Caracteriza-se por um ruído respiratório, mas não se associa com apnéia, queda de saturação
de O
2
ou distúrbios da arquitetura do sono [4, 24]. Já a apnéia obstrutiva do sono caracteriza-
se pela cessação do fluxo aéreo decorrente de episódios de obstrução das vias aéreas
superiores durante o sono. Este quadro associa-se à redução da saturação da oxihemoglobina
ou à hipercapnia [4, 24]. Em casos extremos, a criança pode desenvolver cor pulmonale [24,
31]. Por fim, a síndrome do aumento da resistência da via aérea superior apresenta sinais e
sintomas semelhantes à apnéia do sono, mas não tem comprovação de apnéia, hipopnéia ou
alterações das trocas gasosas durante a polissonografia. As crianças roncam e apresentam
esforço respiratório que causam despertares, com a fragmentação do sono [4, 24].
Do ponto de vista das alterações estomatognáticas pode-se citar distúrbios de
mastigação, deglutição, mímica expressiva, voz, articulação das palavras e alteração das
27
estruturas odontoestomatognáticas. O paciente pode apresentar uma hipofunção do lábio
superior, hipotonia do lábio inferior, tensão aumentada do músculo mentoniano, tensão
aumentada ou diminuída dos músculos bucinador e do tensor do palato mole [9], hipofunçao
dos músculos elevadores da mandíbula, alteração muscular e postural da língua [6]. Com as
alterações dos músculos elevadores da mandíbula, a mastigação e a deglutição estarão
comprometidas.
Branco et al (2007), pesquisando anormalidades oclusais e variáveis intervenientes,
relata que a oclusão é dependente de três fatores: normalidade morfológica, função normal e
postura adequada. Segundo Carvalho (2003), vários fatores podem inter-relacionar para
produzir mudanças dento-faciais. Nos casos de obstrução mecânica de vias aéreas superiores,
pelo menos um dos seguintes fatores devem estar presentes: (1) alteração da postura
mandibular, com giro para baixo e para trás; (2) alteração da postura de língua, movendo-se
superiormente e projetando-se anteriormente e/ou (3) extensão da coluna cervical, de forma
que a mandíbula parece estar fixada e a cervical e maxila giram para cima [11]. A projeção
anterior da cabeça com hiperextensão cervical, normalmente mantida pelo indivíduo
respirador oral para facilitar a entrada de ar, afetará a musculatura do pescoço e da escápula,
provocando posturas anormais tanto mandibulares como corporais [11]. Além disso, a rotação
da mandíbula no sentido horário e um inadequado posicionamento de língua levarão a um
alongamento da musculatura orofacial e desequilíbrios das forças teciduais [4]. Portanto,
muitos respiradores orais apresentarão má oclusão. A mordida aberta anterior e a protrusão
maxilar são as alterações mais frequentes nestes pacientes [28, 30]. Como as forças
musculares extra-orais são maiores, pode ocasionar alterações na relação entre os arcos
dentários e consequentemente aumento do estreitamento da face inferior, com palato ogival
(atresia de palato), mordida aberta e cruzada, retrognatia, micrognatia e alterações labiais [4,
11, 28].
28
No estudo de Bianchini et al (2007), não foi observado existência de uma relação entre
a respiração oral e o padrão morfológico facial [3]. Outros estudos já relatam uma associação
da respiração oral com a face alta, ou seja, aumento do crescimento vertical [11, 29]. A
posição anteriorizada da cabeça altera a posição de repouso da mandíbula, o contato oclusal e
os planos ópticos e pupilares [5]. Observou-se que a inclinação do plano mandibular é mais
freqüente em respiradores orais quando comparados à respiradores nasais, e essa rotação
horária da mandíbula contribui para um maior crescimento vertical da face [29].
Provavelmente, o posicionamento alterado de cabeça causa tensão nos músculos supra e infra-
hióideos que deprimem e retraem a musculatura da mandíbula. Esses músculos são
antagonistas dos músculos mastigatórios e provocam tensão do músculo orbicular da boca
durante o selamento labial que resulta em retração mandibular [13].
Há relatos que o grau das alterações ortodônticas é dependente do tipo facial, da idade
do paciente no momento da instalação da respiração oral, da gravidade da obstrução nasal e
de associação com hábitos orais deletérios (sucção digital, uso da mamadeira, sucção não-
nutritiva) [4, 9].
A alteração postural corporal mais observada no respirador oral é a freqüente
anteriorização da cabeça, através da flexão da coluna cervical baixa e extensão do occipital
[13, 32]. Essa manobra é realizada pelos pacientes para adaptar o ângulo faríngeo e facilitar a
entrada de ar pela boca [5, 33]. Após essas alterações ocorrem movimentos adaptativos, a fim
de se obter uma postura mais confortável e com um novo equilíbrio corporal [5].
Lima et al (2004), estudando as alterações posturais de crianças respiradoras orais
através da biofotogrametria, observaram uma anteriorização da cabeça, retração mandibular,
tensão cervical ao nível de C2-C7 e alteração da convexidade torácica (T2 e T9)[34]. Ribeiro
et al (2004) também confirmam uma alteração da posição da cabeça em respiradores orais
[35]. Estes autores observaram uma atividade elétrica maior dos músculos
29
esternocleidomastóideo e trapézio superior na posição de repouso em respiradores orais e uma
atividade elétrica menor durante a contração voluntária máxima [35].
Estas alterações posturais têm grande influência na capacidade respiratória do
indivíduo, uma vez que a mesma é dependente de um equilíbrio muscular para um melhor
gasto energético [10]. No estudo de Pires et al (2007), observou-se uma diminuição do
perímetro torácico de crianças respiradoras orais entre 6 e 9 anos quando comparadas ao
grupo controle. Estes autores justificam esta alteração em função de diversos fatores, entre
eles a fraqueza da musculatura respiratória, dificuldade de ganho ponderal e distúrbios do
sono que podem alterar a liberação do hormônio do crescimento [10]. Num outro estudo,
Pires et al (2005) observaram uma redução da força da musculatura inspiratória em crianças
respiradoras orais, justificando este achado pelo menor esforço realizado ao respirar pela
boca, o que contribuiria para o enfraquecimento da musculatura respiratória [31].
Considerando estes relatos, a criança respiradora oral poderia ainda apresentar dificuldades na
sua capacidade funcional, uma vez que pode apresentar uma fraqueza da musculatura
respiratória e menor expansibilidade torácica, prejudicando a ventilação pulmonar durante a
atividade física. Como a capacidade funcional é a resposta ao exercício de forma integrada e
global por parte de todos os sistemas envolvidos na atividade física (circulação sistêmica e
periférica, hemodinâmica, unidade neuromuscular, metabolismo muscular, sistemas pulmonar
e cardiovascular) [36], o respirador oral poderia mostrar prejuízos nesta medida, entretanto
ainda não existem estudos na literatura.
Outras repercussões da respiração oral relacionadas a aspectos comportamentais e da
aprendizagem também podem ser observadas em alguns casos. Segundo Di Francesco et al
(2004), o cansaço diurno, bruxismo, adinamia, baixo apetite, enurese noturna, déficit de
aprendizado e atenção são também características encontradas em crianças respiradoras orais.
Entretanto, estes sintomas diferem de acordo com o fator etiológico da respiração oral.
30
Observou-se que o ronco e a apnéia do sono são mais freqüentes nos casos de hiperplasia
adenoamgdaliana. O bruxismo, enurese, agitação noturna, déficit de atenção e mau
desempenho escolar estão relacionados à apnéia do sono, portanto, também são mais
freqüentes em casos de hiperplasia adenoamigdaliana. A freqüência da sonolência diurna e
cefaléia é semelhante independente da causa da respiração oral, mas não são comuns em
crianças.
Não há relatos de diferenças entre os sintomas comportamentais e de aprendizagem de
acordo com a idade, exceto nos casos de enurese noturna e déficit de aprendizagem que são
mais encontrados em indivíduos mais novos. Observa-se que o pico de incidência de
hipertrofia adenoamigdaliana difere da rinite alérgica, sendo que a primeira é mais freqüente
entre 3 e 6 anos. Esse achado explica-se pelo grau de sintomas da rinite alérgica apresentar-se
mais leve e seu diagnóstico ser feito mais tardiamente.
Considerando que a respiração oral é decorrente de diversas causas, é importante
identificar detalhadamente a sua etiologia e definir quais os sintomas acometem o indivíduo.
Desta maneira, pode-se tratá-lo da melhor forma e proporcionar uma melhor qualidade de
vida a estes pacientes.
3 Discussão
A respiração oral constitui uma condição complexa que pode ser resultante de
inúmeros fatores etiológicos e repercutir em diversos sistemas do organismo. Ela pode ser
definida como uma condição de suplência, uma vez que a utilização da via aérea nasal esteja
impossibilitada [7]. Alguns estudos classificam o respirador oral como o indivíduo que
mantêm os lábios entreabertos durante o dia na posição de repouso, ou mesmo durante a noite.
31
Todavia, alguns casos de vedamento labial parcial não significam respiração oral, uma vez
que se pode utilizar o contato da língua com palato para vedar a cavidade oral [11].
A respiração oral pode ter origem obstrutiva, neurológica, músculo-esquelética ou
funcional e em alguns casos apresenta-se com mais de um fator etiológico associado. Alguns
autores citam a hiperplasia de adenóide, hiperplasia de amígdalas e a rinite alérgica como
fatores etiológicos mais freqüentes [11, 16].
O aumento do volume da adenóide pode ser explicado pelo seu crescimento
progressivo de zero aos 10 anos de idade, sendo que atinge seu maior tamanho em crianças
entre 7 e 10 anos [37]. Entretanto, vale ressaltar a importância da avaliação do tamanho da
adenóide em relação à nasofaringe, mais do que sua dimensão absoluta [12]. Diante de uma
nasofaringe estreita, a massa pequena de tecido adenóideano pode ser suficiente para causar
obstrução importante da passagem aérea [11]. Portanto, a dimensão vertical da face pode
influenciar na relação entre a nasofaringe e a tonsila faríngea [12]. Apesar disso, há casos de
indivíduos com “face longa” que não apresentam respiração oral ou obstrução importante. Em
concordância a essa afirmação, o estudo de Bianchini et al (2007) não observou relação entre
respiração oral e padrão morfológico facial.
A melhor forma de confirmar a obstrução mecânica é através do exame de
rinomanometria, mas é uma técnica cara que requer considerável experiência em sua
interpretação e pouco utilizada pelos médicos para a confirmação do diagnóstico [14].
A rinite alérgica também tem alta prevalência em crianças e deve ser avaliada durante
a investigação da etiologia da respiração oral. O teste alérgico cutâneo por puntura (“skin
prick test”) deveria ser realizado rotineiramente durante o exame clínico do respirador oral
com história de sintomas alérgicos, uma vez que apresenta um alto valor preditivo negativo e
fornece o diagnóstico diferencial entre rinite alérgica e não-alérgica [14].
32
Após o conhecimento do fator etiológico primário da respiração oral deve-se
investigar suas repercussões nos diversos sistemas do organismo que podem estar
contribuindo para sua persistência. O padrão respiratório alterado irá contribuir para
alterações nos sitemas estomatognático, respiratório, crescimento craniofacial e na postura
corporal [3, 5, 7, 10, 11, 24, 27-32, 34, 35, 38].
Dentre as repercussões da respiração oral, destaca-se a síndrome da apnéia obstrutiva
do sono (SAOS) como a mais deletéria, podendo levar em casos mais graves a quadros de cor
pulmonale [24]. O pico de incidência da SAOS é em pré-escolares, faixa etária na qual é mais
comum a hiperplasia adenoamigdaliana [24, 37]. A criança com SAOS pode ter
conseqüências no sistema cardiovascular, crescimento e metabolismo, funções cognitivas,
aprendizado, comportamento e qualidade de vida [8, 24].
O exame padrão ouro para o diagnóstico da SAOS é a polissonografia [24, 25].
Entretanto, tendo em vista seu alto custo, a mão de obra qualificada para sua execução e
interpretação, muitas vezes torna-se difícil sua realização. Zhifei Xu et al (2006) sugerem a
combinação dos sintomas clínicos, incluindo a observação de apnéia durante o sono, enurese
noturna, cochilos durante o dia, respiração oral e hipertrofia de tonsilas ao exame físico,
associados à evidência radiológica da hiperplasia adenoideana como auxiliares no diagnóstico
da SAOS significativa [25]. Contudo, há muitas controvérsias na literatura quanto à análise
objetiva da RC, uma vez que não há um consenso sobre a técnica mais adequada para sua
avaliação e o mais utilizado pelos médicos são as interpretações subjetivas [19, 20]. Deve-se
considerar que a tonsila faríngea situa-se numa região anatômica dinâmica e complexa e sua
visualização mesmo através dos métodos de diagnóstico por imagem ainda é bastante
discutida [19-21]. Além disso, a radiografia oferece uma reprodução estática, bidimensional e
não diferencia tecidos moles da parede posterior da nasofaringe do tecido adenoideano,
dificultando a mensuração da tonsila farígea [20]. Nos casos em que não é possível o exame
33
de polissonografia, a fibronasolaringoscopia ou a rinomanometria são os métodos mais
indicados na avaliação da obstrução de vias aéreas superiores [22, 23].
O crescimento e o desenvolvimento craniofacial também devem ser avaliados em
crianças respiradoras orais. Trata-se de um processo morfogenético que tem a finalidade de
manter o equilíbrio estrutural e funcional dos ossos e de toda a musculatura orofacial,
cartilagens e ligamentos. Entretanto, pode ser desorganizado pelo inadequado padrão de
respiração.
Bianchini et al (2007) afirmam que a respiração oral por si só pode não ser suficiente
para alterar o crescimento facial [3]. Todavia, já está mais do que relatado na literatura as
inúmeras repercussões que ocorrem concomitantemente à respiração oral que podem
influenciar o crescimento e desenvolvimento dos tecidos músculo-esqueléticos da face [6, 11,
18, 27, 28, 30, 33].
Todas as teorias e hipóteses que tentam explicar os mecanismos de controle do
crescimento e desenvolvimento craniofacial são importantes e se complementam. Os
ortodontistas e ortopedistas faciais devem ficar atentos ao fator determinante da alteração da
altura facial anterior, normalmente associada à respiração oral crônica. Em alguns casos, esta
é resultante de uma rotação da mandíbula para baixo e para trás e outra vezes pode ser
decorrente da extensão excessiva da cervical, posicionando a cabeça para trás em relação à
mandíbula. É muito importante o diagnóstico diferencial, pois a ação de diferentes músculos
ocorre em relação à estabilização da posição da língua, mandíbula e pescoço [11].
A capacidade respiratória do respirador oral também pode estar alterada em função da
alteração postural [5, 32-34] observada nesses pacientes. Essas alterações podem influenciar a
função respiratória do indivíduo, uma vez que a mesma é dependente de um equilíbrio
muscular para um melhor gasto energético [10]. Além disso, a respiração oral pode contribuir
para fraqueza dos músculos respiratórios, contribuindo para um menor perímetro torácico e
34
menor ventilação alveolar [10, 31]. Entretanto, existem poucos estudos abordando estes
aspectos.
Outras repercussões importantes da respiração oral são relacionadas a aspectos
comportamentais e da aprendizagem. O cansaço diurno, bruxismo, adinamia, baixo apetite,
enurese noturna, cefaléia, déficit de aprendizado e atenção são também características
encontradas em crianças respiradoras orais [7]. Contudo, estes sintomas diferem de acordo
com o fator etiológico da respiração oral e devem ser abordados pelo profissional da saúde ao
avaliar este paciente.
4. Conclusão
Tendo em vista os inúmeros sintomas e manifestações que podem estar
acompanhando a criança respiradora oral, é de suma importância um tratamento
transdisciplinar, composto por médicos, ortodontistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e em
alguns casos o psicólogo. A respiração oral é uma adaptação patológica que pode desencadear
uma série de distúrbios ao paciente e principalmente afetar sua qualidade de vida. Por isso é
tão importante o conhecimento e a integração por parte dos profissionais da saúde, a fim de se
obter um melhor resultado no tratamento da respiração oral.
35
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54.
ARTIGO ORIGINAL:
A CAPACIDADE FUNCIONAL DE CRIANÇAS RESPIRADORAS ORAIS
AVALIADAS PELO TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS
40
1. Introdução
A respiração oral na criança é uma condição relativamente comum [1], entretanto existem
poucos trabalhos sobre sua prevalência na população brasileira. Segundo Becker et al, em
virtude da grande dificuldade na quantificação, a prevalência da respiração oral varia de 9 a
40% dependendo do método de análise do estudo[2]. No estudo De Menezes et al (2006)
observou-se uma prevalência de 53,3% de crianças respiradoras orais num projeto em Santo
Amaro (PE) [3].
As causas da respiração oral são bastante variadas, podendo-se destacar dentre os
fatores mecânicos responsáveis por essa restrição à passagem do ar: hiperplasia de adenóide,
hiperplasia de amígdalas, hipertrofia de cornetos nasais, rinite alérgica, rinite não alérgica,
rinussinusites, tumores, meningoceles, meningoencefaloceles, doenças infecciosas,
inflamatórias, colapsos da válvula nasal, estenoses e alteração da arquitetura nasal [1, 2, 4].
Além disso, o respirador oral pode ser puramente funcional ou impotente funcional [2, 4]. Os
funcionais seriam aqueles que mesmo com a remoção de todos os obstáculos mecânicos e/ou
patológicos que dificultam a respiração nasal, mantêm a boca aberta por uma postura viciosa.
E os impotentes funcionais seriam aqueles pacientes com alguma disfunção neurológica.
Em concordância aos diversos fatores etiológicos, os aspectos clínicos também são
variáveis. A manutenção da respiração oral durante a infância pode levar a inúmeras
repercussões nos sistemas estomatognático, músculo-esquelético, respiratório, alteração da
posição da cabeça e da postura corporal com um todo [1, 5-9]
. Outras características citadas
são ronco, apnéia, bruxismo, enurese, agitação noturna, cefaléia, déficit de atenção e, em
casos extremos, cor pulmonale [1, 2, 4, 7] . Mediante esses relatos da literatura, o interesse
por essa pesquisa surgiu da hipótese de que crianças respiradoras orais poderiam apresentar
alterações na capacidade funcional submáxima, uma vez que apresentam inúmeras
repercussões em diversos sistemas, inclusive desequilíbrios musculares [6, 10, 11]. Assim,
41
este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade funcional submáxima de crianças
respiradoras orais e contribuir para o esclarecimento dos fatores intervenientes que poderiam
repercutir sobre a mesma.
2. Casuística e Métodos
A amostra foi composta por 46 crianças respiradoras orais, com idades entre 6 e 10
anos, atendidas Ambulatório do Respirador Oral (ARO) do Hospital da Polícia Militar de
Minas Gerais (HPM), no período entre fevereiro e novembro de 2007. Todos os participantes
e seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do HPM e COEP (parecer nº. ETIC 329/06) (Anexos 4 e 5).
As crianças foram avaliadas por uma equipe transdisciplinar composta por médicos
otorrinolaringologista, pediatra e alergologista, ortodontista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
Todos os pacientes foram submetidos ao exame de nasofibroscopia e teste alérgico cutâneo de
leitura imediata (TA) para auxiliar no diagnóstico clínico da etiologia da respiração oral. O
TA empregou os seguintes extratos: Dermatophagoides farinae, Dermaophagoides
pteronyssinus, Blomia tropicalis, Altenaria alternata, Aspergillus fumigatus, Blatella
germânica, Cannis familiaris, Felis domesticus, histamina e controle negativo.
Foram excluídos os pacientes com doenças neuromusculares ou outras alterações do
sistema músculo-esquelético, déficit cognitivo, doenças cardiovasculares, doenças
neurológicas e doenças pulmonares.
Avaliaram-se as seguintes variáveis: idade (meses), gênero, peso (kg), altura (cm),
índice de massa corporal (IMC) (kg/m
2
), diagnóstico etiológico da respiração oral, força da
musculatura respiratória, capacidade pulmonar e alterações posturais.
42
O peso e a altura foram mensurados através de uma balança mecânica da marca Arja
com régua antropométrica acoplada. As crianças usavam roupas leves e encontravam-se
descalças durante este procedimento. Em seguida, calculou-se o IMC através da fórmula
IMC= Peso/ Altura
2
.
O diagnóstico etiológico da respiração oral era concluído após discussão conjunta da
equipe transdisciplinar, que seguiu a classificação criada pelo ARO/HPM. Essa classificação
especifica quatro tipos de fatores etiológicos: (1) obstrutivo (hipertrofia de adenóide,
hipertrofia de amígdalas, desvio de septo, rinite alérgica, rinite não-alérgica, etc), (2)
alterações músculo-esqueléticas (dento-alveolar ou padrão facial), (3) puramente funcional e
(4) impotente funcional. Este último era excluído do estudo, uma vez que envolvia distúrbios
neurológicos.
Realizou-se a avaliação postural através da Análise da Cinemática Angular de
Movimento, utilizando uma câmera fotográfica digital modelo Nikon Coopix 8400®, 8.0
mega pixels ED, 3.5 x Zoom, 6.1-21.6mm, macro 1.2”, com o eixo óptico posicionado a 90º
do plano de movimento e um tripé a uma distância focal de 2,20m, de acordo com as
orientações de Ricieri (2005) [12]. As fotografias eram transportadas para um computador
através de uma interface USB e a análise angular foi realizada pelo software Coreal Draw®-
12.
Na avaliação postural anterior mediu-se o nivelamento de ombros e pelve, e o
alinhamento onfálico. Para o nivelamento de ombros e pelve utilizaram-se marcadores sobre
as seguintes estruturas anatômicas: articulação acrômio-clavicular, espinhas ilíacas ântero-
superiores respectivamente. Para analisar o alinhamento onfálico marcou-se a glabela e a
cicatriz umbilical. Na vista lateral mediu-se o posicionamento da cabeça em relação ao
maléolo lateral. Para isto foi marcado a trágus e o maléolo lateral. Na vista posterior avaliou-
se o nivelamento das escápulas e o alinhamento da coluna espinhal. Foram marcados os
43
ângulos superiores das escápulas e os processos espinhosos de C7, T9 e L5. O paciente
deveria permanecer em ortostatismo com os pés formando um ângulo de 36º de abertura, de
acordo com o ângulo de Piok, citado por Baraúna (2001) para ser fotografado (Anexo 3).
Em seguida à fotografia dos pacientes, procedia-se a avaliação respiratória que se
dividiu em três partes: avaliação estática, dinâmica e testes específicos.
A avaliação estática e dinâmica observou a via de entrada de ar, o ritmo respiratório, a
amplitude, a cinesia diafragmática, a simetria torácica, a expansibilidade torácica e ausculta
respiratória. Nos testes específicos mediu-se a força da musculatura respiratória, ou seja,
PImáx e PEmáx, (manovacuômetro Marshal Town®), a capacidade inspiratória (Voldeyne
2500- Sherwood Medical®), a capacidade pulmonar (respirômetro de Wright- FML Wright®
MK8), o pico de fluxo expiratório (Peak Flow – Mini Wright® AFS – Low Range, Clement
Clarke International) e a capacidade funcional submáxima durante o exercício.
A capacidade funcional é a resposta ao exercício de forma integrada e global por parte
de todos os sistemas envolvidos na atividade física (circulação sistêmica e periférica,
hemodinâmica, unidade neuromuscular, metabolismo muscular, sistemas pulmonar e
cardiovascular).
Neste estudo, a capacidade funcional durante o exercício foi medida pelo teste de
caminhada de 6 minutos (TC6’), de acordo com o guidelines estabelecido pela ATS [13]. O
teste foi realizado na quadra poliesportiva do HPM, com comprimento de 27.2m, marcados de
3 em 3 metros. Não foi permitida a execução do teste para aqueles que haviam feito atividade
física vigorosa nas 2 horas que antecedessem o exame. Repetia-se o teste duas vezes
consecutivas, com um intervalo de 15 minutos entre eles, para prevenir a variabilidade entre
dias e o melhor resultado era escolhido. Caso houvesse uma diferença maior que 10% entre os
dois testes, era realizado uma terceira vez. Mediu-se a freqüência cardíaca (FC), saturação de
44
oxigênio (SatO
2
), freqüência respiratória (FR), grau de dispnéia (escala de Borg) e a distância
caminhada.
Análise Estatística
As variáveis foram descritas por meio de medidas de tendência central (média) e
dispersão (desvio-padrão) quando quantitativas, e através de distribuições de freqüência
quando qualitativas.
Na comparação da variável dependente (distância percorrida) com as variáveis
independentes quantitativas foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. Na
comparação das variáveis quantitativas foi utilizado o teste ANOVA ou Kruskal-Wallis de
acordo com a distribuição gaussiana ou não da variável.
Realizou-se a regressão linear múltipla para medir a influência individual de cada
variável interveniente sobre a distância caminhada. No modelo inicial foram consideradas
todas as variáveis com valor p <0,25. As variáveis foram eliminadas uma a uma segundo o
valor p (retirada variável com maior valor p, ou seja, a variável de menor significância) –
backward elimination, até que o modelo tivesse apenas variáveis significativas (p<0,05).
A elaboração do protocolo e do banco de dados foi feita no SPSS versão 14.0.
3. Resultados
Participaram 46 crianças respiradoras orais, sendo 18 do sexo masculino e 28 do sexo
feminino. Todos aqueles que se propuseram realizar o teste de caminhada de 6 minutos o
completaram sem queixas de qualquer desconforto. As características antropométricas dos
indivíduos participantes deste estudo estão resumidas na Tabela 1.
45
Tabela 1: Características dos sujeitos do estudo
Variável n Mínimo Máximo Média
Desvio Padrão
Idade (anos) 46 6 10 8,04 1,15
Peso (kg) 46 19 52 28,1 5,7
Percentil de peso 46 10 -25 > 95 57 25,5
Altura (cm) 46 99 146 130 8,1
Percentil de altura 46 10 > 95 61 24,2
IMC (kg/m
2
) 46 13 24 16,5 2,3
A idade das crianças apresentou pequena variabilidade, concentrando-se entre 8 e 9
anos de idade conforme mostra a Tabela 2.
Tabela 2: Distribuição de freqüência da faixa etária da amostra
Faixa etária (anos) N
Freqüência (%)
6 a 7 15 32,6
8 a 9 25 54,3
10 6 13,0
Total 46 100
Observou-se entre as causas etiológicas um predomínio da rinite alérgica em 50% dos
casos, sendo que 33% apresentavam rinite alérgica isolada, 13% apresentavam associação
com alteração do padrão de face e 4% apresentaram associação com hiperplasia adenoideana
e alteração do padrão de face.
As medidas de tendência central e dispersão relacionadas à função pulmonar de todos
os participantes estão descritas na tabela 3. Em relação à medida da força da musculatura
respiratória, a PImáx apresentou-se reduzida em crianças com 8 anos de idade de ambos os
sexos; já a PEmáx não apresentou variações significativas [14].
46
Tabela 3: Medidas de tendência central e variabilidade das variáveis intervenientes relacionadas à função
pulmonar
Variável N Mínimo Máximo Média
Desvio Padrão
Capacidade Vital (ml) 46 800 2800 1757 377,5
Pico de Fluxo Expiratório
(ml/min)
46 110 330 202 48,1
Pressão Inspiratória Máxima
(cmH
2
O)
46 36 100 59 17,9
Pressão Expiratoria Máxima
(cmH
2
O)
46 40 108 74 19,2
Capacidade Inspiratória (ml) 46 750 1750 1141 244,8
As médias dos ângulos avaliados na Análise Cinemática Angular não demonstraram
alterações posturais (valor de referência = 90º ± 3º e até 3º para relação cabeça-maléolo)
(Tabela 4). Os desvios do ângulo de nivelamento dos ombros e do ângulo de alinhamento da
coluna superior apresentaram uma freqüência relativa de 24%. Já o ângulo de alinhamento da
coluna inferior teve desvio em 28% dos casos avaliados; e o desvio dos ângulos da relação
cabeça-maléolo lateral D e E apresentaram-se alterados em 54,3% e 63% respectivamente. O
nivelamento escapular demonstrou desvio em 37% das crianças do estudo.
Tabela 4: Análise da Cinemática Angular da Postura
Ângulo (graus) N Mínimo Máximo Média
DP
Alinhamento de Cabeça 46 79,3 94,8 89,1 2,9
Nivelamento dos Ombros 46 83,1 95,5 89,5 2,7
Nivelamento da Pelve 45 85,2 95,2 89,9 2,3
Alinhamento Onfálico 46 86,7 94,7 90,4 1,9
Alinhamento da Coluna Superior 46 81,0 95,0 89,2 2,6
Alinhamento da Coluna Inferior 46 82,0 93,8 88,9 2,7
Alinhamento Escapular 46 83,7 97,6 90,7 3,4
47
Relação Cabeça Maléolo D 46 1,1 6,1 3,3 1,2
Relação Cabeça Maléolo E 46 0,0 6,7 3,3 1,4
A distância média percorrida no Teste de Caminhada de 6 minutos foi 553,97 + 46,2
metros. A distância máxima foi 657,9 metros e a mínima foi 435,1 metros.
O coeficiente de correlação de Pearson e o teste ANOVA demonstraram não haver
correlação entre distância caminhada e a idade das crianças (p= 0,189); peso(p=0,464); altura
(p=0,165); IMC (p=0,847) e sexo (p=0,135). Entretanto, o poder amostral para estas variáveis
foi baixo. A idade apresentou um poder de 27%, o peso teve um poder de 11%, altura 29%,
IMC 5% e sexo 12%.
No gráfico 2 pode-se observar que o sexo feminino apresentou maior variabilidade na
distância caminhada quando comparado ao sexo masculino e sua mediana também foi
superior. Além disso, a amplitude das observações foi maior, indicando uma forte assimetria e
dispersão dos dados, porém sem significância estatística (p>0,05).
Gráfico 1: Comparação das distâncias percorridas pelos sexos feminino e masculino
femininomasculino
Gênero
650.00
600.00
550.00
500.00
450.00
Distância Caminhada
48
No modelo de regressão linear múltipla, considerou-se inicialmente todas as variáveis
com p<0,25, como mostram as tabelas 5 e 6. O modelo foi ajustado pelo método backward
elimination e a cada passo eliminou-se a variável de menor significância. Ao final, obtiveram
relação significativa com a distância caminhada as seguintes variáveis: o desvio do ângulo de
alinhamento da coluna inferior (p=0,022), desvio do ângulo da relação cabeça maléolo lateral
E (p=0,049), desvio do ângulo de alinhamento da coluna superior (p=0,025), desvio do ângulo
de nivelamento dos ombros (p=0,019) e CV (p=0,022) (Tabela 7).
Tabela 5: Coeficiente de correlação das variáveis quantitativas com a variável resposta
Variável R R
2
p
Ângulo de alinhamento da coluna inferior 0,368 0,136 0,012
Desvio do Ângulo de alinhamento da coluna inferior 0,300 0,090 0,043
Desvio do ângulo de alinhamento da cabeça 0,268 0,072 0,071
Freqüência cardíaca final 0,259 0,067 0,082
Relação cabeça maléolo lateral esquerdo 0,239 0,057 0,110
Desvio do ângulo de alinhamento da coluna
superior
0,235 0,055 0,116
Desvio do ângulo de nivelamento dos ombros 0,231 0,053 0,123
Ângulo de alinhamento da cabeça 0,215 0,046 0,151
Altura 0,208 0,043 0,165
Borg Inicial 0,203 0,041 0,176
SatO2 Inicial 0,202 0,041 0,179
Idade 0,197 0,039 0,189
Freqüência respiratória inicial 0,191 0,037 0,203
Ângulo de nivelamento das escápulas 0,183 0,033 0,224
Capacidade vital 0,181 0,033 0,230
Desvio cabeça maléolo 0,136 0,018 0,368
Ângulo de nivelamento dos ombros 0,126 0,016 0,403
SatO2 final 0,122 0,15 0,418
49
Freqüência respiratória final 0,119 0,014 0,431
Freqüência cardíaca inicial 0,113 0,013 0,456
Peso 0,111 0,012 0,464
PImáx 0,110 0,012 0,467
Pico de Fluxo Expiratório 0,092 0,008 0,542
Ângulo de nivelamento da pelve 0,091 0,008 0,550
Cirtometria Umbilical Expiratória 0,085 0,007 0,572
Cirtmetira. Xifóidea Inspiratória 0,079 0,006 0,600
Cirtometria Xifoidéa Expiratória 0,066 0,004 0,661
Borg final 0,054 0,003 0,722
Desvio ângulo de nivelamento escapular 0,053 0,003 0,725
Cirtometria Umbilical Inspiratória 0,052 0,003 0,734
Desvio ângulo de nivelamento da pelve 0,050 0,002 0,746
Cirtometria Axilar Expiratória 0,046 0,002 0,763
Cirtometria Axilar Inspiratória 0,044 0,002 0,770
Capacidade Inspiratória 0,034 0,001 0,824
IMC 0,029 0,001 0,847
Desvio ângulo de alinhamento dos ombros 0,028 0,001 0,853
Ângulo de alinhamento dos ombros 0,015 0,000 0,924
Borg 3 min. 0,014 0,000 0,927
Pemáx 0,014 0,000 0,928
Relação cabeça maléolo lateral direito 0,009 0,000 0,955
Ângulo de alinhamento da coluna superior 0,006 0,000 0,969
Tabela 6: Comparação entre médias das variáveis qualitativas
Variável qualitativa
n Média Dp
Valor-p
Sexo
0,135
Masculino 18 548,1 35,3
Feminino 28 557,7 52,3
Naturalidade
0,562
50
BH 37 551,4 43,3
Interior 9 564,7 58,1
Escolaridade
0,967
Pré 3 554,4 26
1ª série 8 548,0 38
2ª série 17 552,9 46,7
3ª série 11 553,7 49,6
4ª série 5 555,2 75,4
5ª série 2 584,3 4,1
Hipótese diagnóstica
0,485
Rinite alérgica (RA) 15 546,6 38,2
Rinite Não alérgica 1 535,5 -
Hipertrofia de adenóide 4 599,4 33,8
RA + Hipertrofia de adenóide 1 482,4 -
Hip. de adenóide e amígdalas 1 524,3 -
Alteração músculo esquelética 6 546,7 46,9
RA+ alt. músculo esquelética 6 555,4 76,8
RA+ alt. músculo esquelética+ Hip. de adenóide 1 550,8 -
Funcional 11 561,8 38,9
Renda Familiar
0,295
1 a 3 SM 1 482,9 -
3 a 5 SM 23 557,3 46,5
>5 SM 22 553,8 45,3
Escolaridade dos Pais
0,437
Fundamental Completo 2 510,1 42,4
Médio Incompleto 5 568,0 61,7
Médio Completo 30 553,8 37,4
Superior incompleto 2 592,6 57,2
Superior completo 7 546,3 66,9
Simetria torácica
0,615
51
Normal 41 555,2 41,4
Assimétrico 5 544,0 81,9
Tipo Respiratório
0,907
Toraco-abdominal 11 559,0 39,5
Abdominal 12 554,2 35,9
Torácico 23 551,4 54,7
Amplitude
0,813
Normal 34 555,0 47,4
Aumentada 1 524,3 -
Reduzida 11 553,4 45,4
Expansiblidade
0,145
Normal 44 556,1 43,4
Assimétrica 2 507,2 102
Cinesia
0,329
Normal 45 555,0 46,2
Reduzida 1 508,9 -
Tabela 7: Modelo de regressão final
Variável Coeficiente IC 95% P
Mínimo Máximo
Constante 440,737 370,465 511,009 <0,001
Desvio do ângulo de alinhamento da coluna inferior 7,919 1,213 14,626 ,022
Ângulo da Relação Cabeça Maléolo esquerdo 9,256 ,032 18,480 ,049
Desvio do ângulo de alinhamento da coluna superior -8,733 -16,300 -1,165 ,025
Desvio do ângulo de nivelamento dos ombros 8,226 1,434 15,018 ,019
Capacidade vital ,038 ,006 ,071 ,022
52
4. Discussão
A respiração oral é uma condição freqüente na observação clínica, apesar de sua
prevalência na população brasileira ainda não estar bem definida. Várias são suas causas e
existem inúmeros relatos na literatura sobre repercussões nos sistemas estomatognático,
músculo-esquelético, respiratório, alteração da posição da cabeça e da postura corporal com
um todo [1, 5-9]. Contudo, não há informações sobre a influência dessas alterações na
capacidade funcional da criança respiradora oral.
Considerando as inúmeras conseqüências que podem advir da respiração oral, entre as
quais os desequilíbrios musculares, indaga-se sua influência sobre a capacidade funcional da
criança respiradora oral. Para isso, o presente estudo analisou o desempenho de crianças
respiradoras orais no teste de caminhada de seis minutos (TC6’).
O TC6’ é um teste submáximo, amplamente utilizado para avaliação da capacidade
funcional submáxima em várias doenças, incluindo doenças pulmonares, doenças
cardiovasculares, artrites, diabetes, disfunções cognitivas e depressão [15-17]. Entretanto, são
poucos os trabalhos que o utilizam em crianças [16, 18-21] e não há relatos de sua aplicação
em respiradores orais.
O presente estudo avaliou as variáveis peso, altura, IMC, idade e sexo, uma vez que
aparecem como tendo forte correlação com a distância caminhada no TC6’, segundo dados da
literatura recente [15, 18, 21-23]. Além disso, foram analisadas a função pulmonar e
alterações posturais de crianças respiradoras orais para analisar qual a interferência de cada
uma dessas variáveis sobre a capacidade funcional desses sujeitos.
Na análise univariada foi encontrado correlação positiva entre a distância percorrida
no TC6’e o desvio da coluna inferior (p=0,04) (Tabela 5). Entretanto, a idade, sexo, peso,
53
altura, IMC e medidas da função pulmonar não apresentaram correlação significativa
(p>0,05) (Tabelas 5 e 6). Essas variáveis serão discutidas separadamente a seguir.
Observou-se que apesar de a distância caminhada ter aumentado com a idade, não foi
encontrado correlação entre essas duas variáveis (p=0,189) (Tabela 5). Este achado é
discordante da literatura. Há autores que afirmam que a idade apresenta associação positiva
com a distância final no TC6’ realizado por crianças [18, 20, 21, 24]. No entanto, é importante
ressaltar que são poucos estudos utilizando o TC6’ em crianças e nenhum em respiradores
orais.
Geiger et al (2007), em um dos poucos estudos envolvendo crianças, relatam que a
idade explica 50% da variabilidade no TC6’. Estes autores observaram que a distância
percorrida no TC6’ aumentava entre 3 e onze anos de idade em ambos os sexos, entretanto
após onze anos, a distância percorrida aumentou apenas para o sexo masculino e manteve-se
constante no sexo feminino [18]. Oliveira (2007) tem achados concordantes com estes autores
ao realizar uma análise multivariada do TC6’em crianças saudáveis [20]. Já Li et al (2007)
ressaltam a associação existente entre idade da criança e a altura, assim a idade poderia ter
uma influência indireta na distância caminhada no TC6’ [21].
Num estudo envolvendo adultos saudáveis, Enright et al (1998) observaram correlação
negativa entre distância percorrida no TC6’ e a idade; os mais velhos percorriam distâncias
menores. Explicam esse comportamento em função da perda de massa e comprimento
muscular em pessoas com idades mais avançadas, além das limitações por doenças senis,
como artroses, por exemplo. Troosters et al (1999) encontraram resultados semelhantes em
um estudo realizado com adultos hígidos entre 59 e 85 anos [22].
Quanto ao gênero, os resultados da atual pesquisa também não demonstraram
correlação com a distância percorrida no TC6’, discordando de Enrigh et al (1998), Kervio et
al (2003) , Oliveira (2007), Troosters et al(1999), Geiger et al (2007), Li et al (2007) [15, 18,
54
20-22]. Estes autores observaram que o sexo masculino percorria uma maior distância no
TC6’ em relação ao feminino. Li et al (2007), num estudo envolvendo crianças saudáveis,
explicaram este comportamento desigual entre os sexos pela maior massa muscular dos
meninos e consequentemente, maior habilidade em atividades físicas [21]. Já Enright and
Sherrill (1998) justificam em função da menor altura e consequentemente menor
comprimento dos passos no sexo feminino [15].
No presente estudo, as variáveis antropométricas, peso, a altura e o IMC também
apresentaram baixa correlação com a distância percorrida no TC6’ (p=0,467, p=0,165 e p=
0,847 respectivamente). Geiger et al (2007) não encontraram correlação entre o peso de
crianças e a distância caminhada no TC6’. Entretanto, justificaram este achado pelo pequeno
número de crianças com sobrepeso na amostra estudado [18].
Li et al (2007) descreveram a altura como o dado antropométrico de melhor correlação
como o TC6’ [21]. A altura seria determinante da distância caminhada [19]. Indivíduos mais
altos teriam possibilidade de dar maiores passadas, caminhando maiores distâncias dentro de
um intervalo de tempo [19, 21]. Sabendo-se que velocidade do andar é uma função do
comprimento do passo ou cadência, aumentando-se a velocidade do andar, os passos tornam-
se mais longos e o ritmo é elevado [25]. Além disso, tratando-se de crianças, a velocidade
poderia aumentar em função da idade da criança [20, 24].
Oliveira (2007) constatou em crianças saudáveis que o peso, a altura e o IMC teriam
significância com a distância percorrida no TC6’[20]. Esta autora ressalta que a correlação
positiva entre peso e a distância caminhada no TC6’ em crianças comporta-se diferente em
relação aos adultos. Nos adultos quanto maior o peso, menor a distância caminhada, pois a
obesidade aumenta a carga de trabalho [15]. Já nas crianças o ganho ponderal esta associado
ao panículo adiposo e às variações da massa magra corporal, e não à obesidade [20]. O peso
corporal é resultante da somatória de diversos elementos, tecidos e estruturas que compõem o
55
organismo [26]. Além disso, o peso ideal, indicado como o mais freqüente para o indivíduo,
relaciona-se com o gênero e idade [26].
O estudo de Enrigh et al (1998), realizado com adultos hígidos, constatou significância
entre o peso de adultos hígidos e a distância percorrida no TC6’ em ambos os sexos; já a
altura mostrou-se significativa apenas para o sexo masculino [15]. Troosters et al (1999) e
Kervio et al (2003) encontraram correlação na análise univariada entre a idade, altura, índice
de massa corporal e força de quadríceps de adultos hígidos [22, 23]. Entretanto, ao corrigir a
idade, peso, altura e sexo, a força de quadríceps não foi significativa, uma vez que estaria
relacionada à idade e sexo e que todos os indivíduos de sua amostra eram saudáveis [22].
Oliveira (2007) não realizou medida direta da força do quadríceps em crianças, mas sim da
circunferência da coxa principal e não observou correlação entre a mesma e a distância
caminhada[20].
As divergências do presente estudo em relação ao descrito na literatura podem ser
explicadas inicialmente pelo seu baixo poder amostral. A idade, o peso, a altura, o IMC e o
gênero apresentaram poder amostral de 27% (erro tipo II=0,73), 11% (erro tipo II=0,89), 29%
(erro tipo II=0,71), 5% (erro tipo II=0,95) e 12% (erro tipo II=0,88) respectivamente. Além
disso, a amplitude da amostra foi pequena; a idade variou entre 6 e 10 anos, sendo que 54,3%
dos sujeitos tinham entre 8 e 9 anos. Essa pequena variabilidade da idade na amostra irá
refletir na altura, no peso e consequentemente o IMC, uma vez que trata-se de um estudo em
crianças, seres que se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento. Como o ganho
em estatura varia de acordo com a faixa etária, gênero e o estado de saúde da criança [26],
fica fácil perceber que com a idade concentrada entre 8 e 9 anos não apresentaria grande
variabilidade na altura, no peso e no IMC. Outros estudos que encontraram correlação
positiva analisaram amostras maiores, com variabilidade da idade mais extensa [18, 20, 21,
24].
56
Apesar desta pesquisa ter sido realizada com 46 crianças, foi possível demonstrar a
influência da CV e de variáveis relacionadas a alterações posturais sobre a capacidade
funcional submáxima de crianças respiradoras orais. No modelo da análise multivariada
encontrou-se significância para a CV (p=0,022), o ângulo de alinhamento da coluna superior
(p=0,025) e inferior (p=0,022), o ângulo da relação cabeça e maléolo lateral esquerdo
(p=0,049) e o ângulo de nivelamento dos ombros (p=0,019). O ângulo de alinhamento da
coluna inferior já demonstrava correlação positiva com a distância caminhada no TC6’ na
análise univariada (p=0,043) (Tabela5). Considerando-se que o andar é um comportamento
extraordinariamente complexo e envolve todo o corpo, entende-se que requer a coordenação e
eficiência de todos os músculos e articulações [25]. Butler et al (1984) relata que alterações
ortopédicas são acompanhadas de uma redução na performance funcional durante a
caminhada, demonstrada por um maior índice de custo fisiológico (ICF=freqüência cardíaca
durante a caminhada – freqüência cardíaca em repouso/ velocidade média da
caminhada)[24].
Já está descrito na literatura as inúmeras alterações posturais que podem decorrer da
respiração oral [5, 6, 10, 11, 27-29]. A posição anteriorizada da cabeça, caracterizada pela
flexão da coluna cervical baixa e extensão occipital é um achado clínico bastante comum
nesses pacientes [5, 10, 11, 27, 28, 30]. Neste estudo esta alteração pôde ser observada através
da mensuração do ângulo da relação cabeça-maléolo lateral, medido pelo ângulo formado
entre o trágus, o maléolo e uma reta a 90º do plano horizontal. Esta alteração do
posicionamento da cabeça é refletida em toda a postura corporal que vai compensando em
outros segmentos do corpo, uma vez que nossos músculos organizam-se em forma de cadeias
musculares [31]. Os ângulos de alinhamento da coluna superior e inferior e o nivelamento dos
ombros relacionam-se às alterações látero-laterais da postura corporal do indivíduo. Essas
57
alterações posturais no plano sagital também já foram citadas por Krakauer (2000) num
estudo que analisou as relações entre postura e respiração oral [5].
Aragão (1991) afirma que a adoção da anteriorização da cabeça é um artifício para
reduzir a angulação oro-naso-faringe, facilitando a passagem do ar pela cavidade oral [27].
Além disso, a obstrução nasal contribui para um maior esforço inspiratório e,
consequentemente, aumento da atividade elétrica da musculatura acessória da inspiração
(músculos esternocleidomastóideo, peitoral maior e menor, extensores da coluna torácica,
trapézio, grande dorsal, rombóides, elevador da escápula e longo do pescoço) [9, 10, 31].
Dessa forma, a postura de cabeça e ombros pode ser alterada em função da maior exigência da
musculatura respiratória que têm suas inserções em estruturas anatômicas localizadas nestas
articulações.
Ribeiro et al (2002), (2003), (2004) realizaram inúmeros trabalhos analisando o
comportamento dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio superior de crianças
respiradoras orais, através da análise eletromiográfica em diversas situações. Estes autores
escolheram esses músculos em função da localização anatômica superficial e da função que
exercem na postura da cabeça e do pescoço. Através da avaliação eletromiográfica eles foram
capazes de analisar o padrão da atividade destes músculos, fornecendo importantes
informações sobre as repercussões das alterações posturais e do modo respiratório. Num
primeiro estudo, observaram que os respiradores orais apresentavam hiperatividade destes
músculos durante a inspiração nasal; justificada pelo maior esforço solicitado a esses sujeitos
em função da obstrução da via aérea superior [9]. Num outro trabalho, analisaram a atividade
elétrica destes músculos na postura em repouso e durante a postura corrigida [31]. Observou-
se um aumento do padrão de atividade elétrica muscular do esternocleidomastoideo e trapézio
superior no grupo de respiradores orais nas duas situações, quando comparados ao grupo
controle. Esse achado seria decorrente da alteração da postura de cabeça, adquirida durante a
58
respiração oral, necessitando que os músculos extensores do pescoço permaneçam em
constante estado de contração; além da resistência à passagem do ar, que faz com que
demandem mais da musculatura acessória da respiração. Num último estudo, analisaram a
diferença do comportamento da atividade elétrica durante o repouso e a contração voluntária
destes mesmos músculos. Encontrou-se um aumento da atividade elétrica durante o
relaxamento e uma menor atividade elétrica durante a contração voluntária máxima em
respiradores orais, quando comparados a respiradores nasais [10].
A hiperatividade do músculo esternocleidomastóideo e trapézio superior do respirador
oral durante a postura de repouso caracterizam um estado de contração constante em
conseqüência ao posicionamento anteriorizado da cabeça [31]. Dessa forma, esses sujeitos
desenvolvem um encurtamento muscular crônico e consequentemente uma desvantagem na
sua contração. Quando as inserções musculares encontram-se próximas uma da outra, o
músculo tenta contrair-se na porção inferior da curva de comprimento-tensão levando a uma
fraca força contrátil, ou seja, a redução da eficácia de sua contração [32]. Sendo assim, a
criança respiradora oral pode apresentar pressão inspiratória máxima reduzida, uma vez que
seus músculos acessórios da inspiração encontram-se encurtados influenciando na sua
capacidade funcional.
Outra variável descrita na literatura relacionada à respiração foi o perímetro torácico
de respiradores orais. No estudo de Pires et al (2007), observou-se que crianças com aumento
do volume adenoamigdaliano apresentaram menor perímetro torácico, resultado de uma
musculatura respiratória mais fraca e uma menor expansibilidade torácica levando a uma
dificuldade mecânica para respirar [33].
No presente estudo, a pressão inspiratória máxima foi inferior ao esperado nas
crianças com 8 anos de idade de ambos os sexos [14]. Seria previsto que todas as faixas
etárias apresentassem PImáx diminuída, pois conforme descrito anteriormente, a atividade
59
eletromiográfica dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio superior no respirador oral
apresenta-se reduzida durante a contração, e os mesmos são acessórios da inspiração [10].
Entretanto, o tamanho da amostra não foi significativo (erro tipo II=0,89) para análise deste
evento. Já a ocorrência deste achado em crianças com 8 anos pode ser explicada pela maior
concentração dessa idade na composição da amostra (54,3% da amostra).
Com relação a CV, observou-se uma associação positiva com a distância caminhada.
Esse resultado é coerente com o esperado, uma vez que o TC6’ é considerado um teste
submáximo e exige um aumento da capacidade ventilatória na sua realização [16, 22, 23, 34].
Nixon et al (1996), ao avaliarem a tolerância ao exercício em crianças com doenças graves,
observaram que a distância percorrida não relacionou-se à função pulmonar, exceto quando
limitaram a amostra a pacientes com doenças pulmonares obstrutivas. Miyamoto et al (2000),
em um estudo que investigaram o valor prognóstico do TC6’ para pacientes com hipertensão
pulmonar primária comparado com parâmetros clínicos, encontraram correlação positiva entre
a distância caminhada e o débito cardíaco, pico de VO
2
, limiar anaeróbico e oxygen pulse.
Considerando que o pico de VO
2
é determinado pelo débito cardíaco durante o exercício, pela
capacidade ventilatória e pela capacidade de extração de O
2
pelos músculos [34], uma
redução da CV poderia interferir na aptidão para realizar exercício, uma vez que a mesma está
relacionada à ventilação pulmonar do indivíduo.
Portanto, as alterações posturais presentes na criança respiradora oral podem
influenciar o seu desempenho no TC6’, não só devido ao comprometimento da musculatura
respiratória, mas também pela influência na sua coordenação e eficiência durante a
caminhada.
60
5. Conclusão
O modelo final da análise multivariada demonstrou correlação significativa entre a
distância percorrida no TC6’e as variáveis: capacidade vital, desvio da coluna superior, desvio
da coluna inferior, desvio do ângulo de nivelamento dos ombros e ângulo da relação cabeça-
maléolo lateral. Este resultado sugere a influência de alterações posturais e da capacidade
vital na capacidade funcional submáxima de crianças respiradoras orais em idade escolar.
61
6. Referências Bibliográficas
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62
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Cinesiologia Clínica de Brunnstrom, L.K.W. Smith, L.E.; Lehmkuhl, L.D., Editor.
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33. Pires, M.G.; Di Francesco, R.C.; Junior, J. F. M.; Grumach, A. S., Alterações
torácicas secundárias ao aumento de volume de tonsilas palatinas e faríngeas. Int
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34. Miyamoto, S., et al., Clinical correlates and prognostic significance of six-minute
walk test in patients with primary pulmonary hypertension. Comparison with
cardiopulmonary exercise testing. Am J Respir Crit Care Med, 2000. 161(2 Pt 1): p.
487-92.
ANEXOS
64
Anexo1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
A. Informação aos pais ou responsáveis
Informamos aos pais a respeito da pesquisa intitulada Estudo da
Performance Física de Respiradores Orais, desenvolvida no Programa de Pós
Graduação do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Minas
Gerais, como parte das exigências para aquisição do grau de Mestre em
Ciências da Saúde, de autoria da Mestranda Flávia Campos de Queiroz Cópio,
sob a orientação da Professora Drª. Maria Jussara Fernandes Fontes.
O presente estudo tem como objetivo avaliar se existe alguma alteração
na capacidade física de crianças que respiram pela boca de forma que possa
comprometer a qualidade de vida das mesmas.
Serão comparados os desempenhos físicos de crianças entre 6 e 10 anos
de idade que respiram pela boca.
Antes de iniciar a medida do desempenho cárdiopulmonar, seu filho(a)
será submetido(a) a uma avaliação postural. Esta avaliação será realizada por
um fisioterapeuta. Seu filho(a) será fotografado(a) em três posturas: de
frente, de lado e de costas. E através das fotografias, as possíveis alterações
posturais poderão ser detectadas com mais precisão, mais facilidade. Essa
análise da postura tem como objetivo tentar explicar as possíveis alterações
no desempenho físico de crianças que respiram pela boca.
Após a análise das posturas, seu filho(a) será submetido(a) a alguns
testes: Teste da caminhada de 6 minutos, Teste de Força da Musculatura
Respiratória e medidas da capacidade pulmonar. São testes simples, bem
tolerados pela maioria dos pacientes.
A força da musculatura será medida utilizando um aparelho chamado
manovacuômetro, onde a criança terá que soprar e em seguida puxar o ar para
medida da força muscular. A capacidade pulmonar é medida pelo inspirômetro
de incentivo, pedindo para criança puxar o ar até o máximo de sua capacidade
respiratória.
O Teste de caminhada de 6 minutos é realizado num corredor com o
mínimo de 10 metros de comprimento, sem obstáculos. Seu filho(a) será
estimulado(a) com palavras de encorajamento durante todo o teste, para andar
o mais rápido possível. Antes de iniciar a caminhada será medida a freqüência
cardíaca, freqüência respiratória, saturação de oxigênio e será perguntado o
nível de cansaço para seu filho (a). Durante o teste serão feitas medidas de
freqüência cardíaca e perguntado o nível de cansaço da criança. Ao final do
teste, todas essas medidas serão refeitas e será feito o cálculo da distância
que foi percorrida durante os 6 minutos, para análise posterior dos resultados.
Esclarecemos com detalhes as medidas utilizadas na pesquisa:
¾ Freqüência cardíaca: número de batimentos cardíacos por minuto;
¾ Saturação de Oxigênio: grau de concentração de oxigênio no
sangue;
¾ Freqüência respiratória: número de incursões respiratórias por
minuto
¾ Distância percorrida durante o teste
¾ Grau de falta de ar ou cansaço relatado pelo seu filho (a)
65
As medidas não são invasivas, ou seja, todas as medidas serão feitas com aparelhos
que captam os dados através de sensores colocados sobre a pele ou serão contados pelo
examinador.
Durante o teste a criança não estará exposta a nenhum tipo de risco. Caso seu filho (a)
relate muito cansaço durante a realização do teste será interrompido imediatamente.
Os dados colhidos na pesquisa serão divulgados mantendo o sigilo
absoluto da identidade de seu filho (a), de forma que nenhuma criança será
exposta.
Este trabalho é importante para detectar se o respirador oral apresenta
alguma diminuição na capacidade de praticar atividades físicas,
comprometendo assim sua qualidade de vida. Caso seja confirmada esta
hipótese, a criança será tratada com uma abordagem mais completa pela
equipe da fisioterapia, enfocando também o condicionamento físico das
mesmas.
Qualquer dúvida que você venha a apresentar poderá ser imediatamente
esclarecida com a pesquisadora em qualquer momento do estudo.
A criança poderá interromper a participação no estudo sem precisar dar maiores
explicações sobre o motivo da desistência.
Pesquisadoras responsáveis:
Flávia Campos de Queiroz Copio - 32962806 / 97443180
Maria Jussara Fernandes Fontes - 32489772 / 99785953
Comitê de Ética e Pesquisa: Av. Antônio Carlos 6627 – Unidade Administrativa II, 2º
andar - Campos Pampulha. CEP:31270-901 - Tel: 34994592 - Email:
Assinatura do pai ou responsável:.........................................
Assinatura da criança participante:........................................
B.Declaração de termo de consentimento pós-informação
Declaro que fui suficientemente informado (a) a respeito do objetivo da pesquisa, dos
itens avaliados, da natureza do teste e das medidas que serão realizadas.
Declaro ainda que concordo com a participação de meu filho (a) nesta investigação, não
tendo recebido nenhum tipo de pressão para que isso ocorresse.
Estou ciente também que poderei interromper a participação de meu filho(a) sem precisar
dar maiores explicações sobre o motivo da desistência.
Recebi as informações sobre a pesquisa e, depois de ter tirado todas as dúvidas, concordo
com a participação de meu filho(a) no estudo.
Pesquisadoras responsáveis:
Flávia Campos de Queiroz Copio - 32962806 / 97443180
Maria Jussara Fernandes Fontes - 32489772 / 99785953
66
Comitê de Ética e Pesquisa: Av. Antônio Carlos 6627 – Unidade Administrativa II, 2º
andar - Campos Pampulha. CEP:31270-901 - Tel: 34994592 - Email:
Assinatura do pai ou responsável:.........................................
Assinatura da criança participante:........................................
67
Anexo 2: Questionário
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
01. Data: _____ / ______ / ____________ 01 |__|__| / |__|__| /
|__|__|__|__|
02. Nome:
_____________________________________________________
03. Registro IPSM: _____________________________ 03 |__|__|__|__|__|
04. Responsável
_____________________________________________
05. Data de nascimento: _____ / ______ / ____________ 05 |__|__| / |__|__| /
|__|__|__|__|
06. Idade: ________ anos 06 |__|__|
07. Sexo: 1. Masculino 2. Feminino 07 |__|
08. Naturalidade: 1. BH 2. Interior do estado 3.
Outro estado
08 |__|
08.1. Qual estado? ________________________________ 08.1 |__|__|
09. Telefone de contato____________
10. Escolaridade da criança:
1. Analfabeto 2. 1ª série / 1º grau 3. 2ª série / 1º
grau
4. 3ª série / grau 5. série /
1º grau 6. 5ª série / 1º grau 7. 6ª série / 1º grau
8. 7ª série / grau 9. 8ª série / 1º grau 10. 2º
grau incompleto
10 |__|__|
11. HD
1. Rinite Alérgica 2. Rinite Não Alérgica 4. Hipertrofia de Adenóide
8. Hipertrofia de Amígdalas 16. Desvio de Septo 32. Alteração músculo
esquelética
64. Funcional
11 |__|
12. Confirmação: 1. História clínica 2. Fibronaso 3.
Teste alérgico
12 |__|
ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
13. Posto do militar responsável:
_______________________________________________________________
14. Renda familiar:
0. Não sabe 1. Menos de 1 salário mínimo 2. 1 salário
mínimo
3. De 1 a 3 salários mínimos 4. De 3 a 5 salários mínimos
5. Mais que 5 sarios mínimos 7. Sem informação 8.
Não respondeu
14 |__|
15. Grau de instrução do responsável
1. Analfabeto 2. Ensino fundamental incompleto 3. Ensino fundamental
completo
4. Ensino médio incompleto 5. Ensino médio completo 6. Ensino superior
incompleto
7. Ensino superior completo 0. Não sabe
15 |__|
68
DADOS ANTROPOMÉTRICOS
16. Peso: ___________ kg 116 |__|__| ,
|__|
16.1. Percentil ______ 16.1 |__|__|
17. Altura: _______ cm 17
|__|__|__|
17.1. Percentil ______ 17.1 |__|__|
AVALIAÇÃO FUNCIONAL RESPIRATÓRIA
Inspeção A.
18. Morfologia 1. normal 2. assimétrico 3. deformidade B. 18
|__|
19. Tipo respiratório 1. torácoabdominal 2. abdominal
3. torácico
C. 19
|__|
20. Presença de esforço 1. sim. Qual? _______________________________ 2. não
D. 20
|__|
21. Ritmo respiratório 1. regular 2. irregular. Qual?
___________________________
E. 21
|__|
22. Amplitude 1. normal 2. aumentada 3. diminuida
F. 22
|__|
G.
Palpação
H. 23
|__|
23. Expansibilidade 1. simétrica 2. aumentada 3.diminuida
I. 24
|__|
24. Cinesia 1.normal 2. reduzida
J.
24.1 Local______________________________________
K.
L.
Ausculta Pulmonar
M.
25. Sons respiratórios 1. fisiológicos 2. Ruídos adventícios
N. 25
|__|
26. Intensidade 1. normal 2. Diminuído
O. 26
|__|
26.1 Local______________________________________
P.
Q.
69
Cirtometria Insp Exp
Axilar Σ:__________cm
1. >4cm 2. de 2 a 4 cm 3. <2cm
Xifóidea Σ: ________cm
1. >4cm 2. de 2 a 4 cm 3. <2cm
Umbilical Σ:_______cm
1. >4cm 2. de 2 a 4 cm 3. <2cm
Provas Funcionais
Valor
medido
L
(5)
M
(3)
G
(0)
Volumetria (<500ml=grave; 500-1500ml=moderado; >1500=leve
Pico de Fluxo Expiratório (<150ml/min=grave; 150-400ml/min=moderado;
>400ml/min=leve)
PImáx (<60=grave; 60-80=moderado; >90=normal)
PEmáx (<60=grave; 60-80=moderado; >90=normal)
Capacidade Inspiratória
70
TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS
TESTE 1 FC FR SatO2 Borg
Início
3 min X X X
6 min
Distância Percorrida
TESTE 2 FC FR SatO2 Borg
Início
3 min X X X
6 min
Distância Percorrida
TESTE 3 FC FR SatO2 Borg
Início
3 min X X X
6 min
Distância Percorrida
71
AVALIAÇÃO BIOFOTOGRAMÉTRICA:
Marcadores: 11 mm 13 mm 15 mm 19 mm
Vista de
Análise
Ângulo Construção
Angular
Ângulo
Medido
Desvio Fotointerpretação
AAC (Alinhamento da
Cabeça)
V= Glabela
P1=incisura
jugular
P2= eixo positivo
x
Avalia ortogonalidade em relação
à linha do solo
Resultado <87°: inclinação lateral
à D
>93°: inclinação
lateral à E
ANO (nivelamento dos
ombros)
V = acrômio D
P1 = acrômioE
P2 = eixo x
positivo
ACT (nivelamento da
pelve)
V = EIAS D
P1 = EIAS E
P2 = eixo x
positivo
Avalia paralelismo em relação à
linha do solo
Resultado < 87°: supra
nivelamento E
>93°: supra
nivelamento D
Anterior
AAO (alinhamento
onfálico)
V = cicatriz
onfálica
(umbilical)
P1 = incisura
jugular
P2 = eixo x
positivo
Avalia ortogonalidade em relação
à linha do solo
Resultado <87°: inclinação lateral
à E
>93°: inclinação
lateral à D
PCS (Alinhamento da
coluna superior)
V = T9
P1= C7
P2= eixo positivo
x
PCI (Alinhamento da
coluna inferior)
V = T9
P1 = L5
P2 = eixo positivo
x
Avalia a ortogonalidade em
relação à linha do solo
Resultado <87°: inclinação lateral
à D
>93°: inclinação
lateral à E
VR: 87 a 93°
Posterior
PAE (Alinhamento dos
ângulos escapulares)
V = ang escapular
sup D
P1 = ang
escapular sup E
P2 = eixo positivo
Y
Avalia paralelismo em relação à
linha do solo
Resultado <87°:
supranivelamento E
>93°:
supranivelamento D
VR: 87 a 93°
RCM – D (Relação
cabeça-maléolo lateral D)
V = Tragus D
P1 = Maléolo lat
D
P2 = eixo
negativo Y
DCM= RCM
D- RCM E
Lateral
RCM – E (Relação
cabeça-maléolo lateral E)
V = Tragus E
P1 = Maléolo lat
E
P2 = eixo
negativo Y
DCM= RCM
D- RCM E
Avalia relação da cabeça com um
prumo virtual
Interpretação relativa D-E
Anexo 3
Análise Cinemática Angular Postural
88.7
88.1
90.9
91.8
92.7
84.4
90.3
4.4
72
!
!
!
!
!
!
!
!
Ângulo de alinhamento da cabeça
Ângulo de nivelamento dos ombros
Ângulo de alinhamento onfálico
Ângulo de nivelamento pélvico
Ângulo de nivelamento escapular
Ângulo de alinhamento da coluna superior
Ângulo de alinhamento da coluna inferior
Ângulo da relação cabeça maléolo lateral
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