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CÂNDIDA MARIA RODRIGUES DOS SANTOS
Fatores relacionados à prática do aleitamento
materno entre multíparas e intervenções
dirigidas a sua promoção
Recife
2008
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Cândida Maria Rodrigues dos Santos
Fatores relacionados à prática do aleitamento
materno entre multíparas e intervenções
dirigidas a sua promoção
Dissertação apresentada ao Colegiado da Pós-
Graduação em Saúde da Criança e do
A
dolescente do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
em Saúde da Criança e do Adolescente.
Orientadora
Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho
RECIFE
2008
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Santos, Cândida Maria Rodrigues dos
Fatores relacionados à prática do aleitamento
materno entre multíparas e intervenções dirigidas a
sua promoção / Cândida Maria Rodrigues dos Santos.
– Recife: O Autor, 2008.
72 folhas: il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Saúde da Criança e do
Adolescente, 2008.
Inclui bibliografia e anexos.
1.Aleitamento materno Avaliação de eficácia.
2. Aleitamento materno – Efetividade de intervenção
. I.Título.
613.953 CDU (2.ed.) UFPE
649.33 CDD (22.ed.) CCS2008-104
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDENADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS
Profa. Dra. Célia Maria Machado Barbosa de Castro
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
COLEGIADO
Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora)
Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima
Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho
Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira
Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira
Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho
Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho
Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque
Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann
Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima
Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta
Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz
Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli
Paula Andréa de Melo Valença (Representante discente - Doutorado)
Luciano Meireles de Pontes (Representante discente -Mestrado)
SECRETARIA
Paulo Sergio Oliveira do Nascimento
Clarissa Soares Nascimento
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Dedicatória
Dedicatória
A meus pais, Silvia e Fernando, pela confiança, incentivo e
apoio em todos os momentos de minha vida, possibilitando-me o crescimento
e desenvolvimento profissional.
Aos meus filhos,
Álvaro, que dentro de suas possibilidades, soube entender meus
momentos de ausência e o mais importante, fez-me reviver o ser mãe/nutriz,
lançando-me à maternidade em toda sua plenitude e compartilhando comigo
as delicias e dificuldades da experiência da amamentação.
Paulinha, que me fez entender: as ausências não se justificam,
mas se sentem.
Amo vocês.
A Luiz, grande parceiro e incentivador dos meus sonhos,
impulsionando-me a enfrentar novos desafios.
Às minhas irmãs Fernanda e Cristina pelo apoio e incentivo nos
momentos difíceis.
A Rose Mary, meus sinceros agradecimentos pelo amor, carinho
e dedicação com que cuida do meu filho, proporcionando-me tranqüilidade e
a certeza de seu bem-estar.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Agradecimentos
Agradecimentos
Ao meu DEUS, força maior.
À Profª. Drª. Sônia Bechara Coutinho, pelo exemplo de pessoa e
profissional, pela dedicação e competência com que me orientou durante a
realização deste trabalho, e pela oportunidade de crescimento, confiança,
atenção e respeito concedidos a mim durante este tempo que trabalhamos
juntas.
Aos Professores Pedro Lira e Marília Lima, pelos seus
ensinamentos e preciosa contribuição na construção deste trabalho.
Às professoras Mônica Osório e Maria Gorete por suas valiosas
considerações durante a qualificação e pré-banca deste estudo.
Aos meus amigos e familiares, pelo apoio, carinho, incentivo e
compreensão, indispensáveis para minha vida. Amo vocês.
Às amigas do centro de estudo do Hospital Agamenon
Magalhães, Cenira e Conceição, pela oportunidade de desfrutar de bons
momentos durante a elaboração deste estudo.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Agradecimentos
À Aparecida Lacerda, exemplo de profissional meus sinceros
agradecimentos por ceder o espaço do centro de estudos, o qual tornou-se
meu ambiente de estudo e trabalho.
À professora Ana Márcia, pelo companheirismo e incentivo
durante a realização deste trabalho.
Aos professores da Pós-Graduação em Saúde da Criança e do
Adolescente-UFPE, por terem contribuído na minha formação.
Aos colegas do mestrado, pelos momentos inesquecíveis
compartilhados e vínculos formados.
À Keise e Carmem pela disponibilidade e valiosa contribuição em
muitas etapas deste trabalho
Aos funcionários da Pós-Graduação, Paulo, Fátima, Aline e
Clarissa, pela paciência e atenção.
Aos colegas de trabalho, por suportarem meus períodos de
ausência e, ainda assim, apoiarem a realização deste projeto.
A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização
deste trabalho, meu sincero agradecimento.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Epígrafe
Se você está percorrendo o caminho dos seus sonhos, comprometa-se
com ele. Mesmo à custa de passos incertos, ou ainda que saiba que
pode fazer melhor do que está fazendo. Se aceitar suas
possibilidades no presente, certamente vai melhorar no futuro. Por
outro lado, se negar suas limitações, jamais se verá livre delas.
Enfrente seu caminho com coragem, sem medo das críticas e,
sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria crítica.
Tenha certeza de que assim, Deus estará com você nas noites
insones e enxugará com amor as lágrimas que você ocultar do
mundo. Deus lhe dará forças, recobrará seu ânimo, velará pelo seu
sono e iluminará sua caminhada.
Como fez comigo.
Denise Ricieri
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Sumário
Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................... 09
LISTA DE TABELAS ..................................................................................... 10
RESUMO ........................................................................................................ 11
ABSTRACT .................................................................................................... 13
1 - APRESENTAÇÃO .................................................................................... 15
2 – CAPÍTULO DE REVISÃO DA LITERATURA .......................................... 18
Fatores relacionados à prática do aleitamento materno
Introdução .............................................................................................. 19
Práticas e atitudes para promoção do aleitamento materno ................... 21
Amamentação e desmame: a experiência materna ............................... 29
Considerações finais ............................................................................... 32
Referências ............................................................................................. 33
3 – ARTIGO ORIGINAL ............................................................................... 42
Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia
e de uma intervenção pós-natal em aleitamento materno
Resumo .................................................................................................... 43
Abstract .................................................................................................... 45
Introdução ............................................................................................... 46
Método ..................................................................................................... 49
Resultados .............................................................................................. 54
Discussão ............................................................................................... 61
Referências ............................................................................................. 63
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÃO ................................ 68
5 – ANEXOS .................................................................................................. 71
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Lista de abreviaturas e siglas
9
Lista de abreviaturas e siglas
ACS Agentes Comunitários de Saúde.
AM Aleitamento materno
AME Aleitamento materno exclusivo.
CS Centros de Saúde
IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança.
IUBAAM Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação.
MS Ministério da Saúde.
OMS Organização Mundial de Saúde.
PAISC
Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança.
PESN
Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição
PNDS Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde.
PNIAM Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno.
PSF Programa de Saúde da Família
SES Secretaria Estadual de Saúde
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância.
USF Unidade de Saúde da Família.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Lista de figura e tabelas
10
Lista de figura e tabelas
Artigo Original
Figura - 1
Desenho do estudo ...................................................................
51
Tabela - 1
A
leitamento materno exclusivo (AME) do filho atual de
multíparas do grupo controle* segundo a prática do AME
vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional de
Pernambuco, 2001 .....................................................................
55
Tabela - 2
A
leitamento materno (AM) do filho atual de multíparas do
grupo controle* segundo a prática do AM vivenciada com o
filho anterior. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2001 ..
56
Tabela - 3
A
leitamento materno exclusivo (AME) do filho atual de
multíparas do grupo de intervenção* com relação a prática
do AME vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata
Meridional de Pernambuco, 2001. .............................................
57
Tabela - 4
A
leitamento materno (AM) do filho atual de multíparas do
grupo de intervenção* com relação à prática do AM
vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional de
Pernambuco, 2001. ...................................................................
58
Tabela - 5 Comparação da prática de aleitamento materno exclusivo
vivenciada por Multíparas segundo sua experiência anterior
em amamentar e após um projeto de intervenção* para
incentivo e apoio a amamentação, na Zona da Mata Meridional
de Pernambuco – 2001 ..............................................................
59
Tabela - 6 Comparação da prática de aleitamento materno vivenciada por
multíparas segundo sua experiência anterior em amamentar e
após um projeto de intervenção* para incentivo e apoio a
amamentação, na Zona da Mata Meridional de Pernambuco –
2001 ..........................................................................................
60
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Resumo
11
Resumo
Esta dissertação foi apresentada em dois capítulos. O capítulo de revisão da
literatura, que teve por objetivo descrever a influência de fatores que interferem no
sucesso da amamentação e estudar o impacto das intervenções em nível
comunitário na promoção e incentivo ao aleitamento materno. Realizou-se uma
busca sistemática na literatura, a partir de artigos científicos indexados nos bancos
de dados Lilacs, Medline , Scielo e Capes, utilizando-se descritores em Ciências da
Saúde. O artigo original intitulado “Amamentação entre multíparas: influência da
experiência prévia e de uma intervenção pós-natal” procurou avaliar a influência da
experiência prévia de multíparas e a efetividade de uma intervenção domiciliar para
promoção do aleitamento materno sobre as práticas da amamentação do filho
subseqüente. Estudo comparativo elaborado a partir do banco de dados de um
projeto de intervenção pós-natal, em aleitamento materno exclusivo, realizado na
Zona da Mata Meridional do Estado de Pernambuco, Brasil. Uma sub-amostra foi
selecionada a partir de 350 mulheres da coorte original, das quais foram excluídas
154 primíparas, perfazendo um total de 196 multíparas. Foram selecionados dados
referentes ao aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno do filho anterior
e do filho nascido no período da intervenção e acompanhado durante os seis meses
de vida. A experiência prévia em amamentar apresentou um impacto sobre a prática
do aleitamento materno para o filho atual. Aquelas com experiência apresentaram
maiores freqüências de aleitamento materno para o filho atual durante os primeiros
seis meses 94,1% versus 72% no segundo mês; no quarto mês 62,4% e 36%
respectivamente. Contudo, a experiência anterior em amamentar não influenciou a
prática do aleitamento exclusivo em todos os períodos analisados. Na avaliação da
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Resumo
12
intervenção, constatou-se que as mães do grupo de intervenção apresentaram
maiores freqüências de amamentação exclusiva, independente da sua experiência
prévia (p<0,05). Com relação à prática do aleitamento materno as mães
pertencentes ao grupo de intervenção e com experiência apresentaram maiores
freqüências de aleitamento materno quando comparadas com as do controle, com
percentuais de 93,9% versus 81,2% aos 60 dias; 86,2% versus 69,6% aos 90 dias e
67,2% versus 46,9% aos 180 dias. Na região do estudo há necessidade de
desenvolver ações que promovam a prática da amamentação exclusiva.
Palavras-chave: aleitamento materno, avaliação de eficácia, efetividade de
intervenção.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Abstract
13
Abstract
This thesis was presented in two chapters. The chapter reviewing the literature that
aimed to describe the influence of factors involved in the success of breastfeeding,
and study the impact of the in the promotion and encouragement of breastfeeding.
There was a systematic literature from scientific papers indexed in databases Lilacs,
Medline, Scielo and Capes, using descriptors in Health Sciences The original article
entitled "Breastfeeding among multiparous: influence of previous experience and
intervention of a post-Christmas "attempted to assess the influence of previous
experience of multiparous and effectiveness of an intervention home to promotion of
breastfeeding on the practice of breastfeeding the child's subsequent. Comparative
study compiled from the database of an intervention project in postnatal exclusive
breastfeeding held in the Zona da Mata of the southern state of Pernambuco, Brazil.
A sub-sample was selected from 350 original cohort of women, of whom 154 were
excluded primiparous, a total of 196 multiparous. We selected data on exclusive
breastfeeding and breastfeeding the child and the previous child born during the
intervention and followed for six months of life. The previous experience in nursing
had an impact on the practice of breastfeeding for the child present. Those with
experience had higher rates of breastfeeding for the current child during the first six
months 94.1% vs. 72% in the second month, the fourth month 62.4% and 36%
respectively. However, previous experience in breastfeeding did not influence the
practice of exclusive breastfeeding in all periods analyzed. In assessing the speech it
was found that mothers in the intervention group had higher rates of exclusive
breastfeeding, regardless of their previous experience (p <0.05). Regarding the
practice of breastfeeding mothers belonging to the intervention group and had
experienced higher rates of breastfeeding when compared with those of control, with
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Abstract
14
rates of 93.9% versus 81.2% at 60 days; 86.2% versus 69.6% at 90 days and 67.2%
versus 46.9% in 180 days. In the region of the study there is a need to develop
initiatives that promote the practice of exclusive breastfeeding.
Keywords: breastfeeding, evaluation of efficiency, effectiveness of intervention.
1 - APRESENTAÇÃO
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados a prática do aleitamento materno . . .
Apresentação
16
1 - Apresentação
Nos últimos anos, muitos países, entre eles o Brasil, têm elaborado
estratégias de promoção, apoio e incentivo ao aleitamento materno, principalmente
onde são desenvolvidas as ações da atenção básica de saúde, por ser este o local
que presta assistência à maior parte das gestantes durante o pré-natal e no
acompanhamento após a alta hospitalar.
Apesar do maior apoio ao início do estabelecimento da lactação nas
maternidades brasileiras, a alta é precoce e as mães necessitam deste apoio nas
dificuldades da amamentação ao chegarem a suas residências, com a finalidade de
reduzir o desmame precoce. Diversos fatores interferem na instalação e
continuidade da lactação, entre eles a experiência prévia em amamentar.
Estudo realizado na Zona da Mata Meridional de Pernambuco
demonstrou que visitas domiciliares de incentivo e apoio ao manejo da lactação,
realizadas precocemente após o parto, reduziram o uso de água e chás e
aumentaram a duração do aleitamento materno exclusivo
1
.
Sabendo-se da importância do aleitamento materno para a saúde e
sobrevivência infantil, a partir do referido estudo, realizou-se um trabalho de
pesquisa para avaliar a influência da experiência prévia de multíparas em
amamentar e a efetividade da intervenção de apoio e incentivo ao aleitamento
1
Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the
promotion of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados a prática do aleitamento materno . . .
Apresentação
17
materno sobre as práticas da amamentação do filho nascido durante o período da
intervenção.
Esta dissertação é constituída por dois capítulos: O primeiro diz
respeito à revisão da literatura, a partir de artigos científicos indexados nos bancos
de dados Lilacs, Scielo e Medline, livros e teses. Utilizaram-se os descritores em
Ciências da Saúde (DECS), aleitamento materno, avaliação de eficácia, efetividade
de intervenções. O segundo capítulo consiste de um artigo original intitulado:
Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia em amamentar e de
uma intervenção pós-natal em aleitamento materno, e será submetido ao The
Journal of Human Lactation.
A elaboração dessa pesquisa se justifica frente ao conhecimento de
que intervenções a nível comunitário têm demonstrado ser possível melhorar a
prática do aleitamento materno e aumentar a prevalência da amamentação
exclusiva. Além disso, são poucos os estudos que abordam a questão da
experiência prévia como fator interveniente na prática do aleitamento materno.
2 – CAPÍTULO DE
REVISÃO DA
LITERATURA
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
19
2 - Fatores relacionados à prática do aleitamento
materno
Introdução
A amamentação é um dos principais determinantes da condição de
saúde da criança, principalmente no primeiro ano de vida. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) preconiza o aleitamento materno exclusivo (AME) nos seis primeiros
meses de vida e após este período recomenda associar a prática da amamentação à
inserção gradativa de novos alimentos
1, 2
.
Sabe-se que a complementação com água, chás, sucos e outros leites
repercutem de forma nociva no manejo da amamentação, interferem na duração do
aleitamento materno e contribuem para os baixos índices dessa prática em todo o
mundo
3, 4,5
.
Vários estudos relacionam os índices elevados de morbidade e
mortalidade em países desenvolvidos e em desenvolvimento com a introdução
precoce de outros alimentos em substituição ao leite materno
6, 7,8
.
Segundo a série Child Survival, publicada no periódico The Lancet,
aproximadamente 10,8 milhões de crianças ainda morrem a cada ano devido às
causas preveníveis, principalmente nos países pobres, onde ambientes sem higiene
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
20
e sem segurança, associados às práticas alimentares inadequadas, colocam as
crianças em risco
9
.
As vantagens conferidas ao aleitamento materno têm sido amplamente
divulgadas em inúmeros trabalhos científicos. No que se refere ao lactente, o leite
materno oferece proteção contra desnutrição e doenças infecciosas
10, 11,12
. De outro
modo, exerce um papel importante na prevenção da obesidade infantil e nas
doenças crônico degenerativas
13, 14,15
.
Outro importante aspecto relacionado à amamentação é a capacidade
do desenvolvimento do vínculo afetivo entre a mãe e seu bebê, constituindo a base
da saúde mental da criança
16
. Amamentar, também traz benefícios à saúde da
mulher, favorece a involução uterina precoce com conseqüente redução do
sangramento e da anemia após o parto, aumentando o intervalo interpartal,
diminuindo a incidência de câncer de mama
17
.
Apesar das vantagens acima mencionadas para a saúde da mãe e da
criança, comprovadamente embasadas através de evidências científicas, as taxas
de aleitamento materno exclusivo ainda estão aquém do que recomenda a OMS,
declinando logo após a alta da maternidade. No âmbito mundial, menos da metade
das crianças são aleitadas exclusivamente ao seio nos primeiros quatro meses de
vida. Na América Latina apenas 20% das crianças recebem leite materno de forma
exclusiva
18
.
No Brasil, estudos populacionais revelaram significativa melhora na
duração mediana da amamentação, de 2,5 meses em 1975, para 5,5 meses, em
1989
19
. Os dados apresentados pela Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde
(PNDS), realizada em 1996, evidenciam uma elevação na duração mediana do
aleitamento materno para sete meses
20
.
Porém a amamentação exclusiva ainda é pouco praticada, conforme
pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, pelo Ministério da
Saúde em 1999, para avaliar a prevalência do aleitamento materno no Brasil. Foi
verificado que apenas 53,1% das mulheres aleitavam seus filhos exclusivamente
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
21
durante os 30 dias de vida. Contudo, a taxa de amamentação exclusiva diminuiu
para 9,7% aos seis meses de vida
21
.
No Estado de Pernambuco, duas pesquisas de base populacional
foram realizadas com o objetivo de avaliar a situação de saúde e nutrição da
população. A I Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN) realizada em 1991
verificou que 22% das crianças eram amamentadas exclusivamente no primeiro mês
de vida, e 1,8% aos seis meses
22
. Os resultados da II Pesquisa realizada em 1997
revelaram que o aleitamento materno exclusivo manteve-se baixo com 20,8% aos 30
dias e 1,9% aos seis meses de idade
23
.
Nesta perspectiva, observa-se que a prática da amamentação sofre
influência de vários fatores, os quais poderão assumir papéis complicadores para
sua continuidade. Caldeira e Goulart
24
sugerem que as variáveis que afetam ou
influenciam o desmame precoce ou a extensão da amamentação podem ser
divididas em cinco categorias: variáveis demográficas, socioeconômicas, associadas
à assistência pré-natal, relacionadas à assistência pós-natal imediata e tardia e após
a alta hospitalar.
Neste sentido, a elaboração dos programas de incentivo ao
aleitamento materno deve levar em conta, além das variáveis citadas, o contexto
familiar onde a nutriz esta inserida, a influência de crenças, mitos e tabus que
permeiam a prática da amamentação. Outro ponto importante destes programas é a
identificação das mulheres que apresentam maior risco para o desmame precoce,
tais como mães adolescentes, primíparas idosas e multíparas com experiência
prévia negativa relacionada à prática da amamentação
25, 26,27
.
Práticas e atitudes para promoção do aleitamento
materno
Até o início do século XX, o aleitamento materno se prolongava por
dois anos de idade ou mais, porém com o advento da revolução industrial, no final
desse mesmo século, várias transformações sociais, econômicas e culturais levaram
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
22
a um declínio nas taxas de aleitamento materno em todo o mundo inclusive no
Brasil
28
.
Este quadro de descaso em relação à amamentação, o crescimento
das indústrias de leite, a falta de conhecimento das vantagens do aleitamento
materno e do manejo da lactação por parte dos profissionais de saúde foram
responsáveis pelas altas taxas de desnutrição e morbi-mortalidade infantil
29
.
Na década de 70, a prática do aleitamento materno atingiu seus níveis
mais baixos, tanto no âmbito mundial quanto no nacional
30
. A falta de políticas que
coibissem a propaganda indiscriminada das fórmulas lácteas em substituição ao
aleitamento materno, o uso de água, chás, sucos e outros alimentos após 30 dias de
vida, contribuiu de forma efetiva para o desmame precoce
19.
No final dessa década, surgiu um movimento mundial visando resgatar
a cultura da amamentação. No Brasil, vários setores da sociedade se mobilizaram
em prol do aleitamento materno. Neste período, foram realizados vários trabalhos
científicos evidenciando a importância do leite materno, em detrimento às fórmulas
lácteas amplamente distribuídas entre os profissionais de saúde
29
.
A partir da década de 80 houve um incremento das políticas na área
materno infantil focando o aleitamento materno como estratégia fundamental para a
sobrevivência das crianças no primeiro ano de vida. As atividades de incentivo e
apoio à amamentação tiveram início com a criação do Programa Nacional de
Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM)
31
, em 1981, e do Programa de Atenção
Integral à Saúde da Criança (PAISC), em 1994 constituído por cinco ações
programáticas, entre as quais incluía estratégias de promoção e incentivo à
amamentação e orientação para o desmame
32
.
Em 1990, o Brasil participou de um encontro realizado na cidade de
Florença, Itália, promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Neste encontro foi elaborada e adotada
a Declaração de Innocent, visando à promoção, proteção e apoio ao aleitamento
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
23
materno. As medidas adotadas para atingir estas metas denominaram-se “Dez
Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”. A partir de então foi instituída a
Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) com o objetivo de incentivar a
amamentação através da mobilização e capacitação dos profissionais de saúde e
funcionários das maternidades, proporcionando mudanças nas rotinas e condutas
com vistas à prevenção do desmame precoce
33
.
Neste sentido, os estabelecimentos credenciados como amigos da
criança passaram a oferecer às mulheres informações sobre os benefícios da
amamentação e o manejo correto do aleitamento materno, garantindo desta forma,
durante o período hospitalar, a possibilidade de alimentar seu filho exclusivamente
com leite materno
34
.
No entanto, Caldeira e Gonçalves ressaltam a importância de se
implementar os passos da IHAC que exigem maior envolvimento extra-hospitalar.
São eles: a educação durante o pré-natal e o acompanhamento da díade mãe-bebê
após a alta hospitalar
35
.
Partindo-se dessa premissa, as intervenções em aleitamento materno
devem contemplar os vários momentos da lactação. A educação e o preparo das
mulheres para amamentar devem ocorrer antes da gravidez. Durante o pré-natal, as
gestantes deverão receber orientações sobre os benefícios e técnicas da
amamentação, minimizando as possíveis dificuldades no seu estabelecimento após
o parto
36
.
Uma revisão sistemática da literatura, realizada em 2001, sobre a
eficácia das estratégias utilizadas para elevar as taxas de aleitamento materno e
duração da amamentação mostrou que as visitas domiciliares realizadas nos
períodos pré e pós-natal que utilizam a educação, apoio e orientação das mães e o
envolvimento de familiares demonstraram ser mais efetivas
37
.
De acordo com Neifert et al.
38
é no período gestacional que a mulher
irá decidir a forma de alimentar seu filho, ao avaliar a influência de vários fatores
sobre a duração da amamentação em 244 gestantes adolescentes. Os autores
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
24
perceberam que antes do terceiro trimestre da gestação, 83% já haviam decidido
amamentar.
Desta forma, os profissionais de saúde têm papel importante como
agentes disseminadores da prática e incentivo ao aleitamento materno durante a
gestação. Nas consultas do pré-natal, as gestantes devem ser acolhidas e
orientadas quanto às vantagens do aleitamento materno e manejo da lactação
39
.
Alguns autores relatam a importância das ações educativas durante o
pré-natal, principalmente no que diz respeito às visitas domiciliares
40, 41,42
. Em um
ensaio clínico aleatorizado foi avaliada a efetividade de visitas domiciliares
realizadas para gestantes de baixa renda e seu impacto sobre a amamentação. Das
mães que amamentaram seus filhos, 45% eram do grupo de intervenção e tomaram
a decisão logo no início das visitas pré-natais realizadas pelo pediatra, comparando
com 14% das pertencentes ao grupo controle. No entanto, não houve diferença nos
dois grupos com relação ao início e duração da amamentação
43
.
Estudo realizado no México avaliou a promoção do aleitamento
materno exclusivo através de visitas domiciliares realizadas por conselheiros
recrutados e treinados pela Leche League durante a gravidez e logo após o parto.
As 136 díades mãe-bebê foram selecionadas por amostra randômica e os resultados
apontaram um aumento significativo nos índices de aleitamento materno exclusivo e
maior duração da amamentação entre as mulheres que receberam visitas
domiciliares.
44
O conhecimento das mães em aleitamento materno de acordo com a
orientação recebida no período pré e pós-natal, relacionando-as com a prevalência
da amamentação aos três meses de vida, foi estudado por Giugliani et al.
constatando que mães com maior escolaridade e que informaram ter recebido
orientação sobre amamentação e realizaram cinco consultas pré-natais,
demonstraram ter maior conhecimento quando comparadas com as mulheres que
receberam orientação, apenas no pós-parto. Com relação à prevalência do
aleitamento materno, o conhecimento das mães não influenciou na redução das
taxas de desmame precoce
45
.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
25
Estudo realizado em Pernambuco
46
procurou avaliar a duração do
aleitamento materno em uma corte transversal com 852 crianças menores de 24
meses de idade que fizeram parte da amostra de 2078 menores de cinco anos,
selecionadas para ll Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição. Os autores concluíram
ser o pré-natal um fator de oportunidade para orientar e incentivar as mães a
aleitarem seus filhos. Mulheres que realizaram seis ou mais consultas no pré-natal
apresentaram uma duração mediana do aleitamento materno de 129 dias, mulheres
com número inferior a seis consultas e aquelas que não realizaram o pré-natal,
apresentaram uma mediana de amamentação de 115 e 91 dias respectivamente.
O apoio do companheiro também demonstrou exercer uma influência
positiva na duração do aleitamento materno, verificado em um estudo transversal
realizado com 268 pares de gestantes e pais que freqüentaram um curso de
promoção ao aleitamento materno durante o pré-natal. Houve uma intenção em
amamentar seu filho por parte das mulheres, cujos companheiros demonstraram
uma atitude positiva em adotar o aleitamento materno exclusivo como a melhor
forma de alimentar seu filho, em comparação com as gestantes que pretendiam
oferecer fórmula láctea
47
.
Como foi abordado nos parágrafos anteriores, o estímulo e orientação
ao aleitamento materno são muito importantes durante a gestação, contudo os
primeiros dias após o parto são momentos de grande labilidade emocional
vivenciados pela mulher, tenha ela vivido tal experiência, anteriormente ou não.
Desta forma, necessita de apoio por parte dos profissionais que vão assisti-la, pois é
nesse período que a amamentação se instala, propiciando maiores chances de
sucesso no seu estabelecimento. Ao contrário do que se espera, amamentar não é
um ato totalmente instintivo e como tal deve ser aprendido. Portanto, uma formação
adequada desses profissionais, é fundamental para o sucesso da amamentação
48
.
Alguns estudos relatam uma deficiência nos currículos dos
profissionais médicos com relação ao manejo clínico da lactação e soluções de
problemas
49 50
. No Estado do Mississipi, foi desenvolvido um estudo para avaliar as
condutas desenvolvidas por profissionais médicos do sexo feminino com relação ao
manejo clínico da lactação e soluções dos problemas. Constituíram a amostra 215
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
26
médicas (obstetras, pediatras, médicas da família e medicina interna), que
prestavam cuidados primários de saúde. Os autores concluíram que se faz
necessário incluir na formação médica a aprendizagem e a prática de ajudar e
prevenir problemas mais comuns no aleitamento materno, já que 70% dessas
profissionais referiram não ter recebido nenhuma informação sobre amamentação na
graduação e na residência médica
51
.
Pesquisas realizadas revelam que os profissionais focam sua
assistência de modo reducionista sem levar em conta o contexto sociocultural em
que a amamentação encontra-se inserida, desenvolvendo na nutriz sentimentos de
medo e insegurança
52, 53
. Deste modo, pode-se inferir que, prestar cuidados em
aleitamento materno, requer profissionais que utilizem competências adequadas de
comunicação, compreendendo como essas mulheres se sentem, e ajudando-as a
identificar práticas que apóiem ou interfiram no aleitamento materno.
Marinho e Leal
54
investigaram as atitudes de profissionais de saúde em
relação ao aleitamento materno, em uma amostra composta por 64 enfermeiros e 43
médicos que desenvolviam atividades relacionadas à amamentação, a nível
hospitalar, na atenção primária de saúde e na área de ensino em enfermagem. Os
resultados revelaram uma atitude positiva entre os profissionais, em relação ao
aleitamento materno. Entretanto, foram encontradas diferenças nas atitudes dos
profissionais quanto à profissão, local de trabalho e especialidade. Os enfermeiros
apresentaram atitudes mais positivas quando comparados com os médicos, bem
como os docentes da escola de enfermagem, frente aos profissionais que
trabalhavam nos centros de saúde. Os resultados também evidenciaram que
enfermeiros especialistas lidam melhor com a decisão da mulher em aleitar seu filho
ou não do que os enfermeiros generalistas.
A presença de profissionais treinados em amamentação, segundo os
critérios da IHAC, é importante para atenção imediata ao parto e durante o período
em que a puérpera encontra-se internada na maternidade para o estabelecimento da
lactação. Um dos passos para o sucesso do aleitamento materno é a formação de
uma rede de grupos que apóiem as mulheres quando estas retornam a sua
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
27
comunidade, já que a alta da maternidade ocorre de modo precoce, quando a
amamentação ainda não se encontra totalmente estabelecida
35
.
As intervenções desenvolvidas no período pós-natal são importantes
para evitar o desmame precoce e promover o aumento da duração do aleitamento
materno exclusivo. Alguns estudos descrevem o impacto positivo dessas estratégias
na duração e manutenção do aleitamento materno
25, 39,55
.
Um estudo prospectivo randomizado, realizado na França, avaliou o
apoio oferecido por médicos que prestavam assistência nos cuidados primários de
saúde. Participaram 226 pares de mãe e filho, sendo 112 para o grupo de
intervenção e 114 para o grupo controle e todas as mães foram acompanhadas
durante os seis primeiros meses de vida, através de visitas ambulatoriais. As mães
que receberam a intervenção mostraram-se mais propensas em praticar a
amamentação exclusiva aos 30 dias, (83,9% vs 71,9%). No entanto, não houve
diferença entre os dois grupos quanto ao aleitamento materno em relação à
satisfação das mães em amamentar
56
.
Os efeitos de uma intervenção baseada na implantação dos Dez
Passos para uma Alimentação Saudável: Guia Alimentar para Crianças Menores de
Dois Anos sobre as condições nutricionais e de saúde dos lactentes de famílias de
baixa renda da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, foram avaliados por
Vitolo et al. Os achados revelaram que a intervenção aumentou a duração da
amamentação exclusiva e a freqüência do aleitamento materno aos 12 meses de
idade e também houve menor ocorrência de morbidades
57
.
Albernaz e Victora, em uma revisão de literatura, avaliaram 19 estudos
sobre intervenções com aconselhamento face a face para promoção e incentivo ao
aleitamento materno. Foram utilizadas as bases de dados MDLINE, LILACS e
Cochrane Library no período de 1990 a 2001. Os achados evidenciaram um
aumento significativo nas taxas de amamentação exclusiva após orientações face a
face realizadas no pré e pós-natal. Os autores sugerem que o apoio às mães deve
ser prolongado, após a alta da maternidade, através do incentivo ao aleitamento
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
28
materno, conhecimentos da fisiologia, técnica de amamentação, bem como
prevenção e resoluções dos problemas
58.
Estudo realizado na Zona da Mata Meridional de Pernambuco
utilizando visitas domiciliares de estímulo e apoio no manejo da amamentação às
mulheres, no pós-natal e durante os primeiros seis meses de vida, demonstrou um
aumento na duração do aleitamento materno exclusivo e redução de práticas
prejudiciais à amamentação. Os autores propõem que as primeiras visitas
domiciliares sejam iniciadas no terceiro dia, após o nascimento, concentrando-as no
primeiro mês de vida, visando oferecer apoio e segurança à mulher minimizando os
riscos do desmame precoce e aumentando a duração do aleitamento materno
exclusivo
59
.
Ancorada neste tipo de intervenção, os Programas de Saúde da
Família (PSF) de todo país, através do Agente Comunitário de Saúde, desenvolve
ações de assistência materno-infantil que contemplam a promoção e o manejo do
aleitamento materno. Entretanto, alguns estudos relatam a falta de habilidade no
manejo da lactação por parte dos profissionais de saúde que atuam nestes
programas
60, 61,62
.
Os centros de lactação têm se mostrado efetivos na promoção do
aleitamento materno e redução da morbidade infantil. O impacto desses
estabelecimentos sobre a amamentação, morbidade e nutrição, foram avaliados
concluindo-se que 55% das crianças atendidas nos centros de lactação mamavam
exclusivamente no primeiro mês de vida, contra 31% das que não freqüentavam.
Aos seis meses foram evidenciadas taxas de aleitamento materno exclusivo de 15%
e 6% respectivamente. Os efeitos positivos do programa, também foram observados
na menor prevalência de diarréias (10% contra 17%) e melhor ganho de peso entre
as crianças que freqüentaram os centros
63
.
Iniciativas voltadas para o sucesso da amamentação na rede básica de
saúde tem sido um investimento constante e unânime a nível global. A Iniciativa
Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM) tem como objetivo apoiar e
incentivar o aleitamento materno através da adoção dos passos para serem
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
29
cumpridos por essas unidades. Contudo, esta iniciativa ainda não foi implantada a
nível nacional. O Ministério da Saúde vem investindo na viabilização e implantação
dessa iniciativa por todo o país, tendo sido iniciada a capacitação dos profissionais
de saúde
64
.
Amamentação e desmame: a experiência materna
O retorno da mulher e seu bebê ao lar representam uma nova fase de
adaptações ao convívio familiar, muitas vezes permeada de insegurança quanto aos
cuidados com o bebê e o manejo da lactação, no caso das primíparas por falta de
experiência e nas multíparas por experiência anterior negativa em amamentar. No
bojo dessas incertezas, encontram-se familiares e amigos oferecendo ajuda, que
muitas vezes, poderão contribuir para o desaleitamento, mediante a introdução de
substitutos do leite materno e práticas inadequadas da lactação.
Almeida
65
afirma que a escolha da mulher em aleitar seu filho se
desenvolve dentro de um contexto sociocultural, e que sua prática pode ser
influenciada por crenças e tabus. Desta forma, algumas mulheres valorizam a
experiência prévia em amamentar ou têm contato com outra mulher que esteja
amamentando
66
. Entretanto, essa experiência pode não representar um estimulo à
amamentação, levando-se em conta que uma vivência negativa por parte da mulher
ou de outra pessoa poderá interferir na sua decisão de amamentar
48
. Porém,
Arantes observa que o ato de amamentar é uma experiência que a mulher vivencia
de maneira diferente a cada filho
30
. Alguns estudos descrevem a falta de experiência
ou vivência negativa como um fator de risco para o desmame precoce
67, 68.
Carrascoza et al. buscando identificar os fatores que influenciam a
ocorrência do desmame precoce e do aleitamento prolongado entre 80 mães
residentes na cidade de Piracicaba, São Paulo, revelaram que as mães com
sucesso em aleitar um filho anteriormente apresentaram mais chances de estender a
amamentação (45%), quando comparadas com aquelas que nunca tiveram essa
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
30
experiência (17%), as quais apresentaram maior probabilidade de desmamar
precocemente seu filho
67
.
Estudo realizado no Alabama procurou avaliar não só o início e
duração do aleitamento materno, mas também, como a influência da família e de
experiências pessoais interferem na escolha da alimentação de seus filhos. O início
e duração da amamentação foram positivamente associados com a mãe, que foi
amamentada, ter amamentado um filho anteriormente ou ter parentes próximos que
amamentaram. A chance de uma mulher iniciar a amamentação aumentou em sete
vezes, caso tenha sido amamentada, e se a mãe amamentou um filho anterior, a
probabilidade aumentou em 10 vezes. A experiência materna em amamentar um
filho aumentou a duração da amamentação em cerca de sete semanas
69
.
A duração do aleitamento materno foi investigado em um estudo
longitudinal prospectivo. Nele 366 mães foram acompanhadas até três anos após a
alta hospitalar. Aos 30 dias, 93% das mães praticavam o aleitamento materno, aos 6
meses, 52% e por mais de três anos, apenas 1%. As mães que amamentaram um
filho anteriormente, por um determinado período amamentarão seu próximo filho em
período semelhante
70
.
Uma pesquisa de base populacional realizada em sete hospitais da
Grécia, para avaliar os índices de aleitamento materno exclusivo e as possíveis
mudanças nas práticas alimentares dos lactentes, demonstrou que a prática da
amamentação exclusiva não é facilmente alcançada durante a permanência das
mães gregas nas maternidades, sendo apontado como fator desencadeante para
este fato o uso de fórmulas lácteas nestes serviços. No entanto, a experiência
anterior em amamentação foi relacionada, não só como fator positivo para o início da
amamentação, mas também para o estabelecimento do aleitamento na residência
71
.
A prevalência do aleitamento materno, até o sexto mês de vida, foi
avaliada em um estudo transversal. Os resultados apontaram que a prevalência do
aleitamento materno aos 4 e 6 meses foi de 60,3% e 54,9% respectivamente. No
mesmo período, para o aleitamento materno exclusivo, a prevalência foi de 14,2% e
9,5% aos 4 e 6 meses. Foi encontrada uma associação significativa entre a
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
31
amamentação exclusiva no 4.
o
mês de vida e experiência anterior em
amamentação
72
.
A experiência prévia em amamentar foi apontada como um preditor de
sucesso para o aleitamento materno por Stage et al., ao investigar a freqüência do
aleitamento materno em longo prazo e os possíveis preditores para uma
amamentação bem sucedida em 107 mulheres dinamarquesas
73
.
Diversas e diferentes estratégias têm sido utilizadas para aumentar a
incidência e duração da amamentação
67, 74,75
. Porém prestar assistência em
aleitamento materno é um desafio para o profissional de saúde, já que o manejo da
lactação requer habilidade e sensibilidade, uma vez que o ato de amamentar
envolve questões subjetivas, principalmente psicossociais.
Em estudo observacional com objetivo de analisar se os fatores
psicossociais estão relacionados com a duração da amamentação, Kronborg e
Vaeth
76
, concluíram que a experiência anterior em amamentação, tem importância
significativa na duração do aleitamento materno. O estudo demonstrou que mulheres
multíparas conseguiram amamentar por um maior período de tempo e seus filhos
receberam menos substitutos do leite materno após o nascimento. Das mães que
amamentaram seu filho anterior por menos de cinco semanas, 59% interromperam
novamente a amamentação no mesmo período. Ainda de acordo com estes autores,
a experiência prévia em aleitamento materno tem importância significativa, na
amamentação do filho subseqüente, corroborando com os achados de outros
estudos
59, 77
.
Pesquisa de DiGirolamo et al. identificaram que mulheres com sucesso
em amamentar um filho anterior, apresentaram maiores chances em prolongar à
amamentação, quando comparadas com aquelas que não tiveram tal experiência
apresentando maiores chances em realizar o desmame precoce
78
. No entanto, em
uma pesquisa comparando a extensão da amamentação entre um grupo de 194
primíparas e outro de 294 multíparas suecas até que seus filhos completassem três
meses de vida não verificou diferença entre os grupos
79
.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
32
Os fatores associados à amamentação exclusiva foram avaliados, na
Inglaterra, em uma coorte de 856 díades mãe-bebê, na primeira semana e aos seis
meses após o parto. Os autores concluíram que entre as multíparas a experiência
prévia em amamentar foi apontada como marcador de risco para o abandono do
aleitamento materno exclusivo, e questionam que tais resultados se devam ao fato
de como a variável experiência prévia em amamentar tenha sido mensurada ou
ainda não ter sido investigado o tempo de aleitamento materno do filho anterior
80
.
Em consonância com os autores supracitados, a influência da
experiência anterior em amamentação, sobre a duração do aleitamento materno é
controversa, necessitando de estudos que avaliem a qualidade dessas experiências
e os motivos que levam algumas dessas mulheres a não amamentar, principalmente
as que cuidam de outras crianças, sugerindo que estas multíparas recebam apoio e
informação com vistas a prolongar a duração da amamentação.
Considerações Finais
Nesta revisão de literatura, foram abordados os fatores relacionados à
prática do aleitamento materno, e as diversas intervenções elaboradas para
melhorar o início e duração da amamentação exclusiva.
Apesar de comprovada a importância da amamentação natural, faz-se
necessário investigações mais precisas sobre os reais motivos que levam as
mulheres a desmamarem seus filhos de modo precoce, ou seja, antes dos seis
meses de vida.
Em sua maioria, as pesquisas desenvolvidas no Brasil têm procurado
identificar fatores sócio-demográficos associados de modo positivo ou negativo com
a duração do aleitamento materno. Entretanto a influência dos atores psicossociais
vem sendo pouco estudada.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Fatores relacionados à prática do aleitamento materno . . .
Capítulo de Revisão
33
Os resultados desta revisão demonstram que os programas de
incentivo e apoio à amamentação são formas economicamente viáveis de elevar as
taxas de aleitamento materno exclusivo. No entanto, é necessário que os
profissionais de saúde estejam aptos para identificar e solucionar os possíveis
problemas, com os quais a mulher pode se deparar durante a amamentação. Outro
aspecto importante seria investigar como intenções e experiências anteriores podem
afetar a duração do aleitamento materno.
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3 – ARTIGO
ORIGINAL
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
43
3 – Amamentação entre multíparas: influência
da experiência prévia e de uma intervenção
pós-natal
Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da experiência prévia de
multíparas em amamentar e a efetividade de uma intervenção domiciliar para
promoção do aleitamento materno sobre as práticas da amamentação do filho
subseqüente. Estudo comparativo elaborado a partir do banco de dados de um
projeto de intervenção pós-natal em aleitamento materno exclusivo, realizado na
Zona da Mata Meridional do Estado de Pernambuco, Brasil. Uma sub-amostra foi
selecionada a partir de 350 mulheres da coorte original, das quais foram excluídas
154 primíparas, perfazendo um total de 196 multíparas. Foram selecionados dados
referentes ao aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno do filho anterior
e do filho nascido durante a intervenção e acompanhado durante os seis meses de
vida. Os percentuais de amamentação exclusiva para o filho atual foram
semelhantes entre as mães com e sem experiência anterior em todos os períodos
analisados. A experiência prévia em amamentar apresentou um impacto sobre a
prática do aleitamento materno para o filho atual. Aquelas com experiência
apresentaram maiores freqüências de aleitamento materno para o filho atual durante
os primeiros seis meses 94,1% versus 72% no segundo mês; no quarto mês 62,4%
e 36% respectivamente. As mães do grupo de intervenção apresentaram maiores
freqüências de amamentação exclusiva, independente da sua experiência prévia
(p<0,05). Com relação à prática do aleitamento materno as mães pertencentes ao
grupo de intervenção e com experiência apresentaram maiores freqüências de
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
44
aleitamento materno quando comparadas com as do controle, com percentuais de
93,9% versus 81,2% aos 60 dias; 86,2% versus 69,6% aos 90 dias e 67,2% versus
46,9% aos 180 dias. Na região do estudo há necessidade de desenvolver ações que
promovam a prática da amamentação exclusiva.
Palavras-chave: aleitamento materno. Avaliação de eficácia. Efetividade de
intervenção.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
45
Abstract
The objective of this study was to evaluate the influence of previous experience of
multiparous to nurse and effectiveness of an intervention to promote home of
breastfeeding on the practice of breastfeeding the child thereafter. Comparative
study compiled from the database of a project of assistance in post-natal exclusive
breastfeeding held in the Zona da Mata of the southern state of Pernambuco, Brazil.
A sub-sample was selected from 350 original cohort of women, of whom 154 were
excluded primiparous, for a total of 196 multiparous. We selected data on exclusive
breastfeeding and breastfeeding the child and the previous child born during the
intervention and monitored during the six months of life. The percentage of exclusive
breastfeeding for the current child were similar among mothers with and without
previous experience in all periods analyzed. The experience prior to nurse made an
impact on the practice of breastfeeding for the child present. Those with experience
showed higher rates of breastfeeding for the child present during the first six months
94.1% versus 72% in the second month, the fourth month 62.4% and 36%
respectively. The mothers of the intervention group showed higher rates of exclusive
breastfeeding, regardless of their previous experience (p <0.05). Regarding the
practice of breastfeeding mothers belonging to the group of intervention and with
experience showed higher rates of breastfeeding when compared with those of
control, with percentage of 93.9% versus 81.2% at 60 days; 86.2% versus 69.6% for
90 days and 67.2% versus 46.9% for 180 days. In the region of the study is needed
to develop actions that promote the practice of exclusive breastfeeding.
Key-words: breastfeeding, evaluation of the efficacy, effectiveness of interventions.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
46
Introdução
O leite humano é considerado o alimento ideal para o crescimento e
desenvolvimento das crianças, devendo ser exclusivo nos seis primeiros meses de
vida e complementado com outros alimentos até o segundo ano de vida ou mais
1, 2
.
O aleitamento materno (AM) proporciona benefícios sobre a saúde da mãe e do
bebê, contribuindo para a redução da morbimortalidade infantil, em países do
terceiro mundo
3,4,5
.
Apesar dos benefícios apontados na literatura, o hábito de aleitar
exclusivamente os filhos não se encontra bem estabelecido entre as mulheres,
levando ao desmame precoce, tornando-se um sério problema de saúde pública e
tema para pesquisas e discussões entre a comunidade científica.
Na década de 90, foram realizadas duas pesquisas de base
populacional no estado de Pernambuco, visando avaliar a saúde e nutrição da
população, o perfil do aleitamento materno e as causas do desmame precoce. A I
Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN) realizada em 1991 demonstrou que
apenas 22% dos lactentes eram amamentados de forma exclusiva no primeiro mês,
e 1,8% aos seis meses de vida
6
. Os índices revelados na II Pesquisa realizada em
1997 evidenciaram que o aleitamento materno exclusivo (AME) era de 20,8%, no
primeiro mês e 1,9% no sexto mês de vida
7
.
Posteriormente, um estudo de coorte realizado na zona da Mata
Meridional de Pernambuco em 1998, identificou a baixa prevalência do aleitamento
materno exclusivo, pois nesta região, a cultura do uso de chás, água e outros
alimentos introduzidos precocemente era uma prática comum. Ao nascimento, 91%
das mães já haviam oferecido chupetas e mamadeiras aos seus filhos
8
.
A estratégia da Iniciativa Hospital Amigo da Criança vem contribuindo
de forma efetiva para o aumento da prática da amamentação em todo o mundo.
Entretanto, no Brasil, a alta das puérperas internadas nas maternidades ocorre
precocemente, antes da amamentação estar bem estabelecida, desta forma o apoio
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
47
à mulher deve ocorrer logo após o parto, com o objetivo de minimizar as possíveis
dificuldades que possam surgir no estabelecimento da lactação
9
.
Por outro lado, as intervenções realizadas na comunidade focando a
integralidade e o acolhimento da nutriz é fundamental para aumentar a incidência e
duração do aleitamento materno exclusivo. Alguns estudos relatam que os
benefícios das visitas domiciliares durante o período pós-natal, o contato direto entre
o profissional de saúde e a díade mãe-bebê no contexto familiar, favorece a
identificação e esclarecimento de dúvidas que venham a interferir no manejo da
amamentação
10, 11,12
.
Uma revisão sistemática da literatura realizada para avaliar as
estratégias utilizadas com a finalidade de aumentar os índices do aleitamento
materno e sua duração revelou que as intervenções realizadas nos períodos pré e
pós-natal através de visitas domiciliares contendo componentes combinados de
educação, apoio e orientação às mães, bem como aconselhamento face a face
envolvendo os familiares, foram efetivos na promoção da amamentação
13
.
Em Manitoba, Canadá um estudo de base comunitária foi realizado
para avaliar a efetividade de duas iniciativas para promoção da amamentação,
através de instruções pré-natais realizadas por uma enfermeira comunitária e visitas
domiciliares realizadas por conselheiros em amamentação. Foram analisadas as
histórias clínicas no período entre 1992 e 1997. Os resultados demonstraram que as
mulheres que receberam as visitas dos conselheiros estavam mais satisfeitas,
confiantes e com menos problemas em amamentar suas crianças
14
.
Alguns autores consideram que a prática da amamentação é complexa
e envolve uma gama de fatores, principalmente os psicossociais e estes podem ser
mais fáceis de influenciar a duração do aleitamento materno do que os fatores
demográficos, constituindo um alvo para apoio e intervenção
15, 16
.
Neste sentido, estudos realizados com o intuito de conhecer as
vivências das mulheres com relação à prática do aleitamento materno, sugerem que
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
48
entre elas o sucesso em aleitar o filho anterior pode levar a maiores chances de
amamentar seu próximo filho
17, 18
.
Um estudo realizado na região de Sudbury, Canadá, avaliou os fatores
que influenciam a duração da amamentação, em um grupo de 350 mães e
encontrou maior prevalência de aleitamento materno em mulheres multíparas
19
.
Achados semelhantes foram encontrados por Hill et al
20,
em uma
amostra de 120 mães com o objetivo de comparar a duração da amamentação com
a paridade, a experiência prévia em amamentar e as causas do desmame. Os
autores concluíram que a experiência anterior em aleitamento materno influencia de
modo positivo a prática da amamentação do filho subseqüente.
Um projeto de intervenção realizado na Zona da Mata Meridional de
Pernambuco com o objetivo de modificar as práticas da amamentação e aumentar a
duração do aleitamento materno exclusivo, através de visitas domiciliares no pós-
parto, foi efetivo em melhorar as práticas do aleitamento materno retardando a
introdução de água, chás, chupetas e mamadeiras. Entretanto, neste estudo não foi
avaliado se houve mudança de atitude entre as multíparas com relação às práticas
do aleitamento materno e sua duração
12
.
Portanto, a partir do estudo referido anteriormente, a presente pesquisa
tem por objetivo avaliar a influência da experiência prévia de multíparas em
amamentar e a efetividade de uma intervenção domiciliar para promoção do
aleitamento materno sobre as práticas da amamentação do filho subseqüente.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
49
Método
Estudo comparativo elaborado a partir do banco de dados da pesquisa
intitulada “Comparation of the two systems for the promotion of the exclusive
breastfeeding”
12
realizada nas cidades de Água Preta, Catende, Joaquim Nabuco e
Palmares, localizadas na Zona da Mata Meridional do Estado de Pernambuco, a
cerca de 120Km da capital, Recife, Brasil. Esta região é pobre, a mortalidade infantil
é elevada (76,5/1000 nascidos vivos)
21
, tem como atividade econômica principal a
produção e industrialização da cana de açúcar e possui uma população em torno de
135.000 habitantes.
A pesquisa constitui-se de um estudo de intervenção de base
comunitária, randomizado, controlado, objetivando intervir nas práticas do
aleitamento materno, através de visitas domiciliares, no período pós-natal, até o
sexto mês de vida.
Durante o período de março a agosto de 2001, foram recrutadas 350
puérperas em duas maternidades da cidade de Palmares. A primeira entrevista do
estudo foi realizada através de questionários estruturados aplicados às mães,
durante as primeiras 24-48 horas do puerpério, contendo dados sobre o perfil sócio-
econômico e demográfico das famílias, e dados obstétricos das mães.
Após o recrutamento era realizada a randomização dos grupos de
estudo em blocos de dez pares, compostos pelo binômio mãe-bebê, para cada uma
das cidades participantes do estudo, utilizando-se a tabela dos números randômicos
do Epi-Info 6.04.
O grupo sorteado randomicamente como de intervenção recebeu dez
visitas domiciliares de estímulo e apoio ao aleitamento materno que se iniciaram no
terceiro dia de vida, seguindo-se no 7.
o
, 15.
o
, 30.
o
e 45.
o
dias de vida
subsequentemente, passando, então, a ocorrerem mensalmente, a partir do 60.
o
dia
após o parto até os seis meses de idade. O conteúdo das orientações prestadas,
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
50
durante as visitas, estava relacionado às orientações referentes ao manejo e à
prática do aleitamento materno exclusivo.
As visitas domiciliares foram realizadas por cinco mulheres da
comunidade que além de participarem do treinamento do curso de 18 horas da
“Iniciativa Hospital Amigo da Criança”
22
, acrescido de 2 horas de “Aconselhamento
em amamentação: um curso em treinamento”
23
recebeu um reforço com a inclusão
de temas sobre o manejo da lactação (apoio, estímulo, prevenção e tratamento das
intercorrências a curto e em longo prazo). Foi utilizada uma cartilha contendo
informações a respeito da prática, estímulo e manutenção do aleitamento materno
exclusivo, durante os seis primeiros meses de vida das crianças.
Todas as crianças eram avaliadas quanto à dinâmica de
amamentação, uso de chás, água, outros líquidos e outros leites, quando das visitas
de avaliação nos 10. º, 30. º, 90. º, 120. º, 150. º e 180. º dias de vida, perfazendo
um total de sete visitas.
Os dados obtidos através dos questionários foram submetidos à
revisão diária. O banco de dados foi construído com dupla entrada para validação
com utilização do programa Epi-Info, versão 6.04.
Para a realização do presente estudo, foi selecionada uma amostra a
partir dos casos recrutados nas maternidades perfazendo um total de 350 mulheres
(da coorte original), sendo excluídas 154 primíparas, chegando-se a um total de 196
multíparas, das quais 98 fizeram parte do grupo de intervenção e 98 do grupo
controle, todas com história de filho anterior nascido vivo. A distribuição dos
participantes do estudo encontra-se distribuída na figura 1.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
51
Mães - bebês recrutados na coorte
original
Excluídas as primíparas da coorte original
n 154
Multíparas do estudo atual
n=196
Randomização
175
Com visitas domiciliares
Com visitas domiciliares
n=98
Visitas de avaliação (dias)
10 30 60 90 120 150 180
175
Sem visitas domiciliares
Figura 1 - Desenho do estudo
Sem visitas domiciliares
n=98
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
52
As variáveis independentes foram constituídas por dados
socioeconômicos e demográficos (idade, escolaridade, capacidade de ler e trabalho
materno, número de filhos vivos, coabitação paterna, realização do pré-natal para o
filho anterior e o filho atual, renda familiar, presença de água e saneamento na
residência e posse de bens de consumo (televisor e geladeira), além da experiência
prévia das mães em amamentar (AME e AM), colhidas no momento da entrevista
com a mãe internada na maternidade).
As variáveis dependentes foram: a prática do aleitamento materno e do
aleitamento materno exclusivo relacionadas ao filho nascido durante o projeto de
intervenção domiciliar e acompanhado durante os seis primeiros meses de vida. Os
dados sobre a amamentação foram colhidos durante todas as sete visitas
domiciliares de avaliação.
Com o objetivo de avaliar o tipo de alimentação da criança foram
utilizadas as definições da Organização Mundial de Saúde
2
:
Aleitamento materno exclusivo – uso do leite materno diretamente
da mama ou extraído sem a utilização de nenhum outro líquido, como água, chá,
suco e sólidos, com exceção de gotas ou xaropes de vitaminas, minerais ou
medicamentos.
Aleitamento materno - quando a criança recebe leite materno
diretamente do seio ou extraído, independentemente de estar recebendo qualquer
alimento ou líquido, incluindo leite não humano.
AME e AM do filho anterior - mulheres que vivenciaram a prática ou
não da amamentação no filho anterior. Foram considerados o AME e o AM nos seis
primeiros meses de vida. As mães que amamentaram por seis meses ou mais foram
incluídas no grupo de 180 dias.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
53
As informações para análise dos dados foram selecionadas a partir dos
protocolos utilizados no projeto inicial, composto por dados pertinentes às variáveis
deste estudo.
Processamento e análise dos dados
O programa utilizado para formação do banco de dados original foi o
software Epi-Info, versão 6.04. A análise do estudo verificou a associação entre a
freqüência do AME do filho atual em vários pontos nos primeiros seis meses de vida,
entre os grupos de intervenção e controle. Para esta associação realizou-se uma
análise estratificada controlando-se pela experiência materna prévia em amamentar
exclusivamente o filho anterior. O mesmo procedimento foi realizado para a prática
do AM. Como medida de associação utilizou-se a razão de prevalência, sendo a
diferença entre os grupos avaliada através do teste qui-quadrado ou teste de Fisher,
quando indicado. Adotou-se como nível de significância estatística o valor de p<0,05.
Considerações éticas
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Agamenon Magalhães – SES/PE, sob o nº. 311/06.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
54
Resultados
Ao serem analisadas a característica socioeconômica e demográfica
das multíparas estudadas verificou-se que 16,3% das mães eram adolescentes,
34,6% tinham até quatro anos de estudo. Apenas 37,2% trabalhavam fora do
domicílio, a maioria, 86,7% coabitava com o pai da criança e 88,8% delas tinham
três filhos. Entre as famílias estudadas 71,6% recebiam menos de meio salário
mínimo per capita, 40,3% das residências não possuíam sanitário em casa ou
quando tinham não possuíam descarga. A quase totalidade dos domicílios era
abastecida com água provinda da rede geral com canalização interna, 80,0% das
famílias possuíam televisor e apenas 58,2% geladeira.
Ao serem comparadas as variáveis pertencentes aos dois grupos de
estudo (intervenção e controle) observou-se distribuição semelhante, entre os
grupos o que evidenciou a homogeneidade da amostra estudada.
Para a análise da influência apenas da experiência anterior das
multíparas sobre as práticas do AME para o filho atual foram excluídas as mulheres
que receberam intervenção, ficando apenas as mães pertencentes ao grupo
controle. A partir dos dados apresentados na tabela 1, observa-se que os
percentuais de AME foram semelhantes entre as crianças de mães com e sem
experiência anterior para todos os períodos analisados.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
55
Tabela 1 - Aleitamento materno exclusivo (AME) do filho atual de multíparas do grupo controle*
segundo a prática do AME vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional de
Pernambuco, 2001.
GRUPO CONTROLE
Aleitamento Materno Exclusivo (AME) do filho anterior
NÃO SIM
AME
(Filho atual)
TOTAL
n % n % RP IC p§
10 dias 98
Sim
18 30,0 15 39,5 1,41 (0,89-2,25) 0,22
Não
42 70,0 23 60,5
30 dias 93
Sim
8 14,5 6 15,8 1,06 (0,55-2,05) 0,90
Não
47 85,5 32 84,2
60 dias 94
Sim
8 14,3 9 23,7 1,41 (0,83-2,39) 0,37
Não
48 85,7 29 76,3
90 dias 93
Sim
5 8,9 6 16,2 1,44 (0,79-2,65)
0,34
ןן
Não
51 91,1 31 83,8
120 dias 92
Sim
7 12,5 3 8,3 0,75 (0,28-1,99)
0,73
ןן
Não
49 87,5 33 91,7
150 dias 89
Sim
4 7,4 2 5,7 0,84 (0,26-2,68)
1,00
ןן
Não
50 92,6 33 94,3
180 dias 89
Sim 3 5,6 1 2,9 0,63 (0,11-3,48)
1,00
ןן
Não 51 94,4 34 97,1
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the
promotion of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência
; ‡ Intervalo de confiança; § Significância;
ןן
Fischer
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
56
No entanto, em relação ao aleitamento materno, verificou-se que a
experiência anterior em amamentação apresentou um impacto sobre a prática do
AM para o filho atual. Entre as mulheres com experiência prévia em amamentar, as
freqüências de AM para o filho atual foram maiores em todos os períodos do estudo,
quando comparado ao grupo de mulheres sem experiência prévia. Os dados foram
estatisticamente significantes entre os 30 e 120 dias de vida (tabela 2).
Tabela 2. Aleitamento materno (AM) do filho atual de multíparas do grupo controle* segundo a
prática do AM vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2001.
GRUPO DE CONTROLE
Aleitamento Materno (AM) do filho anterior
NÃO SIM
AM
(Filho atual)
Total
n % N % RP IC p§
10 dias 98
Sim
23 92,0 71 97,3 1,51 (0,56-4,05)
0,27
ןן
Não
2 8,0 2 2,7
30 dias 93
Sim
18 72,0 64 94,1 2,15 (0,97-4,73)
0,007
Não
7 28,0 4 5,9
60 dias 94
Sim
13 52,0 56 81,2 1,56 (1,05-2,31)
0,01
Não
12 48,0 13 18,8
90 dias 93
Sim
10 41,7 48 69,6 1,38 (1,03-1,85)
0,03
Não
14 58,3 21 30,4
120 dias 92
Sim
9 36,0 42 62,7 1,35 (1,02-1,78)
0,04
Não
16 64,0 25 37,3
150 dias 89
Sim
8 32,0 30 46,9 1,18 (0,92-1,53) 0,30
Não
17 68,0 34 53,1
180 dias 89
Sim 8 32,0 30 46,9 1,18 (0,92-1,53) 0,30
Não 17 68,0 34 53,1
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the
promotion of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência; ‡ Intervalo de confiança; § Significância;
ןן
Fischer; p<0,01
Para a análise da intervenção sobre as práticas do AME para o filho
atual, entre as multíparas com e sem experiência anterior, foram excluídas as
mulheres do grupo controle. Na comparação não se observaram diferenças entre os
dois grupos (com e sem experiência anterior) para todas as idades em relação ao
AME (tabela 3).
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
57
Tabela 3. Aleitamento materno exclusivo (AME) do filho atual de multíparas do grupo de
intervenção* com relação à prática do AME vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional
de Pernambuco, 2001.
GRUPO INTERVENÇÃO
Aleitamento Materno Exclusivo (AME) do filho anterior
NÃO SIM
AME
(Filho atual)
TOTAL
n % n % RP
IC p§
10 dias 96
Sim
50 74,6 20 69,0 1,09 (0,80-1,50) 0,75
Não
17 25,4 9 31,0
30 dias 95
Sim
49 73,1 19 67,9 1,08 (0,80-1,47) 0,79
Não
18 26,9 9 32,1
60 dias 94
Sim
33 50,0 16 57,1 0,92 (0,71-1,19) 0,68
Não
33 50,0 12 42,9
90 dias 92
Sim
29 45,3 13 46,4 0,99 (0,75-1,29) 0,90
Não
35 54,7 15 53,6
120 dias 91
Sim
19 30,2 11 39,3 0,88 (0,64-1,20) 0,54
Não
44 69,8 17 60,7
150 dias 91
Sim
17 27,0 6 21,4 1,09 (0,81-1,46) 0,76
Não
46 73,0 22 78,6
180 dias 93
Sim 13 20,0 7 25,0 0,91 (0,64-1,30) 0,79
Não 52 80,0 21 75,0
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the
promotion of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência
; ‡ Intervalo de confiança; § Significância
Para a análise da intervenção sobre as práticas do AM para o filho
atual entre as multíparas com e sem experiência anterior, também foram excluídas
as mulheres do grupo controle. Entre as mães que tinham experiência anterior os
percentuais de AM foram maiores em todo o período estudado quando comparadas
com as multíparas que não tinham experiência prévia. Contudo, não houve
diferenças estatisticamente significante entre os grupos (tabela 4).
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
58
Tabela 4. Aleitamento materno (AM) do filho atual de multíparas do grupo de intervenção* com
relação à prática do AM vivenciada com o filho anterior. Zona da Mata Meridional de Pernambuco,
2001.
GRUPO INTERVENÇÃO
Aleitamento Materno (AM) do filho anterior
NÃO SIM
AM
(Filho atual)
TOTAL
n % n % RP
IC p§
10 dias 97
Sim
30 96.8 65 98,5 0,63 (0,15 – 2,61) 0,54
Não
1 3,2 1 1,5
30 dias 96
Sim
28 93,3 66 100,0 0,30 (0,22 – 0,41) 0,09
Não
2 6,7 0 0
60 dias 95
Sim
23 79,3 62 93,9 0,45 (0,24 – 0,83) 0,06
Não
6 20,7 4 6,1
90 dias 93
Sim
19 67,9 56 86,2 0,51 (0,28 – 0,93) 0,08
Não
9 32,1 9 13,8
120 dias 92
Sim
19 67,9 50 78,1 0,70 (0,37 – 1,33) 0,43
Não
9 32,1 14 21,9
150 dias 92
Sim
13 46,4 43 67,2 0,56 (0,30 – 1,03) 0,10
Não
15 53,6 21 32,8
180 dias 94
Sim 14 48,3 39 60,0 0,72 (0,39 – 1,32) 0,40
Não 15 51,7 26 40,0
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the
promotion of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência
; ‡ Intervalo de confiança; § Significância; p<0,10
A tabela 5 compara a prática do aleitamento materno exclusivo em
multíparas segundo sua experiência prévia (filho anterior) com a do filho atual que
participou no projeto de intervenção. Independente da prática anterior as
prevalências de AME foram maiores nas que receberam visitas domiciliares de
incentivo e apoio ao AME. Os dados foram estatisticamente significantes em todos
os períodos estudados, exceto aos 150 dias no grupo de mães que tinham
amamentado o filho anterior.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
59
Tabela 5 – Comparação da prática de aleitamento materno exclusivo vivenciada por multíparas
segundo sua experiência anterior em amamentar e após um projeto de intervenção* para incentivo
e apoio à amamentação, na Zona da Mata Meridional de Pernambuco – 2001
Aleitamento Materno Exclusivo (AME) do filho anterior
NÃO SIM
AME
(filho atual)
TOTAL Intervenção
%
Controle
%
RP IC TOTAL Intervenção
%
Controle
%
RP IC
10 dias 127 2,55** (1,67 – 3,91) 67
2,37
ןן
(1,67 – 3,37)
Sim 68 74,6 30,0 35 69,0 39,5
Não 59 25,4 70,0 32 31,0 60,5
30 dias 122 3,1** (2,07 – 4,66) 66 3,46** (1,87 – 6,42)
Sim 57 73,1 14,5 25 67,9 15,8
Não 65 26,9 85,5 41 32,1 84,2
60 dias 122 1,98** (1,46 – 2,67) 66 1,98¶ (1,46 – 2,67)
Sim 41 50,0 14,3 25 57,1 23,7
Não 81 50,0 85,7 41 42,9 76,3
90 dias 120 2,1** (1,57 – 2,80) 65
2,10
ןן
(1,25 – 3,51)
Sim 34 45,3 8,9 19 46,4 16,2
Não 86 54,7 91,1 46 53,6 83,8
120 dias 119
1,54
ןן
(1,13 – 2,12) 64 2,31¶ (1,44 – 3,71)
Sim 26 30,2 12,5 14 39,3 8,3
Não 93 69,8 87,5 50 60,7 91,7
150 dias 117 1,69¶ (1,26 – 2,27) 63 1,88§ (1,12 – 3,14)
Sim 21 27,0 7,4 8 21,4 5,7
Não 96 73,0 92,6 55 78,6 94,3
180 dias 119
1,61
ןן
(1,19 – 2,18) 63
2,29§
ןן
(1,50 – 3,51)
Sim 16 20,0 5,6 8 25,0 2,9
Não 103 80,0 94,4 55 75,0 97,1
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the promotion
of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência; ‡ Intervalo de confiança; § Teste de Fisher;
ןן
p<0,05; p<0,01; ** p<0,001
Na tabela 6, verifica-se que a maioria das mães iniciou a lactação para
seus filhos nos dois grupos. As mães pertencentes aos grupos de intervenção
mostraram maiores freqüências do aleitamento materno quando comparadas com os
grupos controle durante os seis primeiros meses. Entretanto, aquelas que além de
pertencerem ao grupo de estímulo e apoio ao aleitamento materno tinham
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
60
experiência prévia em amamentar apresentaram maiores freqüências de AM para o
filho atual durante todo o período estudado. Houve diferenças estatisticamente
significante aos 60, 90 e 150 dias.
Tabela 6 – Comparação da prática de aleitamento materno vivenciada por multíparas segundo sua
experiência anterior em amamentar e após um projeto de intervenção* para incentivo e apoio à
amamentação, na Zona da Mata Meridional de Pernambuco – 2001
Aleitamento Materno (AM) do filho anterior
NÃO SIM
AM
(filho atual)
TOTAL Intervenção
%
Controle
%
RP IC TOTAL Intervenção
%
Controle
%
RP IC
10 dias 56 139
Sim 53 96,8 92,0 1,70§ (0,34 – 8,56) 136 98,5 97,3 1,43§ (0,29 – 7,17)
Não 3 3,2 8,0 3 1,5 2,7
30 dias 55 134
Sim 46 93,5 72,0
2,74§
ןן
(0,79 – 9,50) 130 100,0 94,1
Não 9 6,7 28,0 4 0,0 5,9
60 dias 54 135
Sim 36 79,3 52,0
1,92§
ןן
(0,95 – 3,85) 118 93,9 81,2 2,19¶ (1,25 – 3,83)
Não 18 20,7 48,0 17 6,1 18,8
90 dias 52 134
Sim 29 67,9 41,7 1,67 (0,94 – 2,97) 104 86,2 69,6 1,79¶ (1,01 – 3,19)
Não 23 32,1 58,3 30 13,8 30,4
120 dias 53 131
Sim 28 67,9 36,0 1,88¶ (1,05 – 3,37) 92 78,1 62,1
1,51
ןן
(0,96 – 2,40)
Não 25 32,1 64,0 39 21,9 37,3
150 dias 53 128
Sim 21 46,4 32,0 1,32 (0,80 – 2,17) 73 67,2 46,9 1,54¶ (1,05 – 2,27)
Não 32 53,6 68,0 55 32,8 53,1
180 dias 54 129
Sim 22 48,3 32,0 1,36 (0,84 – 2,21) 69 60,0 46,9 1,3 (0,19 – 1,86)
Não 32 51,7 68,0 60 40 53,1
* Fonte: Coutinho SB, Lira PIC, Lima MC, Ashworth A. Comparison of the effect of two systems for the promotion
of exclusive breastfeeding. Lancet 2005; 36:1094-100.
† Razão de Prevalência
; ‡ Intervalo de confiança; § Teste de Fisher;
ןן
p<0,10; p<0,05
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
61
Discussão
O fato de uma mulher ter ou não uma experiência prévia com
aleitamento é uma questão bastante discutível na literatura, com alguns estudos
referindo que as mulheres com experiência prévia positiva em amamentar, terão
mais facilidade em praticar o aleitamento materno para o filho subseqüente
17, 18
.
No presente estudo foi analisado a contribuição da experiência em
amamentar exclusivamente ou não, sobre a prática da amamentação do filho atual,
não tendo sido verificada sua influência com relação ao AME. Embora a prática do
AM seja comum na região do estudo, existe o hábito cultural da introdução de água
e chás nos primeiros dias de vida para todas as crianças
8
, e poucas mulheres
tinham a experiência em amamentar exclusivamente o filho anterior.
Corroborando com nossos resultados alguns autores relatam que
multíparas com experiência prévia em amamentar mostraram-se mais propensas em
não praticar o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida,
como preconiza a OMS
24, 25
.
Pesquisa realizada no Canadá
26
concluiu que entre as multíparas a
experiência prévia em amamentar foi um marcador de risco para a interrupção do
AME durante os primeiros meses de vida do bebê. Entretanto, outros estudos
encontraram uma associação positiva entre o AME no quarto mês de vida e
mulheres com experiência prévia em amamentar
27, 28
.
Resultados semelhantes foram encontrados por Carrascoza et al.
29
, ao
estudar os fatores que influenciam o desmame precoce e duração do aleitamento
materno. Foram encontrados percentuais de aleitamento materno de 45,0% entre as
mulheres que aleitaram um filho anteriormente, quando comparado com as que não
o fizeram (17, 5%).
O início e duração da amamentação, segundo alguns autores, estão
fortemente relacionados com o fato de a mulher ter vivenciado o aleitamento em um
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
62
filho anterior. Contudo, algumas experiências negativas podem influenciar na
redução do tempo da amamentação, levando a introdução de substitutos do leite
materno e conseqüente desmame precoce
30, 31
.
A experiência anterior em amamentar, é uma questão bastante
controversa e pouco estudada no meio científico. Independente de terem vivenciado
uma experiência prévia positiva ou negativa, as mulheres devem receber orientação
e apoio adequado, favorecendo dessa forma, uma maior duração do aleitamento
materno.
Em se tratando de ter experiência em amamentação, alguns trabalhos
sugerem que a experiência pessoal do profissional ou de seu cônjuge com
aleitamento materno possibilita melhor abordagem e manejo clínico com suas
clientes
32, 33
.
Os resultados do presente estudo confirmam a importância das
intervenções que utilizam a visita domiciliar no contato face a face como estratégia
para aumentar a duração do aleitamento materno e modificar a prática da
amamentação. Tal fato foi comprovado em várias pesquisas, evidenciando que o
apoio prestado à mulher e sua família, nos primeiros dias após o parto, diminuem os
fatores de risco que levam ao desmame precoce e aumentam a freqüência do
aleitamento materno
12, 34, 35
.
O apoio por parte de mulheres da comunidade, a díade mãe-bebê após
a alta da maternidade mostraram-se efetivas, em aumentar a duração do
aleitamento materno exclusivo
12, 36.
Entretanto, a literatura aponta que as
intervenções no período pós-parto são mais efetivas quando utilizam o contato face
a face entre a mulher e o profissional que presta apoio
37
.
No presente estudo, quando comparadas às freqüências do
aleitamento materno exclusivo entre as multíparas de cada grupo com e sem
experiência em amamentar, constatou-se um aumento dessa prática nos grupos que
receberam a intervenção, independente das mulheres terem experiência prévia em
aleitar ou não.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Artigo original
63
Outro aspecto encontrado foi a associação da experiência prévia, como
fator importante para aumentar a prevalência do aleitamento. Desta forma, urge que
se ampliem pesquisas, ainda escassas, sobre a questão da experiência prévia uma
vez que a prática da amamentação envolve uma gama de fatores, principalmente os
psicossociais.
A decisão de como alimentar um bebê é complexa e encontra-se
relacionada com múltiplos fatores, os quais podem interferir de modo positivo ou
negativo no inicio e duração da amamentação. A efetividade das visitas domiciliares
na promoção e incentivo ao aleitamento materno exclusivo foi comprovada na
literatura e confirmada no presente estudo com relação às multíparas
independentemente da experiência anterior em amamentar. Por outro lado,
constatou-se que a prática de iniciar o aleitamento com outros líquidos ou alimentos
está estabelecida na região do estudo, mas a intervenção aumentou a prevalência
do aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno.
O apoio à mulher e sua família logo após o parto é de suma
importância, para o sucesso da amamentação. As intervenções durante o período
pós-natal devem ser estimuladas e apoiadas pelos gestores públicos, garantindo o
aumento do aleitamento materno exclusivo, possibilitando uma melhor qualidade de
vida das crianças.
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Lact 2004; 20(4): 389-96.
36. Haider R, Kabir I, hotly SR, Ashworth A. Training peer conseiors to promote and
support exclusive breastfeeding in Bangladesh. J Hum Lact 2002; 18 (1): 7-12.
37. Albernaz E, Victora CG. Impacto do aconselhamento face a face sobre a duração
do aleitamento materno exclusivo: um estudo de revisão. Pan Am J Public
Health 2003; 14 (1): 17-24.
4 –
CONSIDERAÇÕES
FINAIS E
RECOMENDAÇÃO
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Considerações finais e Recomendação
69
4 – Considerações Finais e
Recomendação
O leite materno é recomendado como a melhor forma de nutrir as
crianças nos primeiros seis meses de vida e complementado com outros alimentos
até os dois anos ou mais. Diferentes estratégias têm sido desenvolvidas para
aumentar a prevalência do aleitamento materno. Contudo, para a manutenção da
lactação se faz necessário o apoio à mulher que amamenta quando do seu retorno à
comunidade.
Com base na literatura, observa-se que pesquisas procuram investigar
os fatores relacionados ao desmame precoce, cujos índices ainda continuam
elevados em todo o mundo, apesar das diversas intervenções adotadas para
promover, incentivar e apoiar amamentação.
Constata-se que, prestar assistência em aleitamento materno é um
grande desafio para o profissional de saúde, exigindo por parte desses atores
sensibilidade e habilidade no manejo da lactação. A atividade de orientação em
amamentação deve perceber a nutriz de forma holística, levando-se em
consideração os inúmeros fatores que permeiam a prática da amamentação.
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Considerações finais e Recomendação
70
Portanto, os profissionais de saúde devem levar em conta as
experiências vivenciadas pelas mulheres em relação á amamentação, com vistas a
reduzir os problemas que dificultam o início da lactação e manutenção do
aleitamento materno exclusivo como preconizado pela OMS.
Recomenda-se, um redirecionamento nas políticas públicas apoiando
os programas que promovam e incentivem o aleitamento materno exclusivo.
5 – ANEXOS
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexos
72
5 – Anexos
ANEXO I
Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos
do Hospital Agamenon Magalhães - SES/PE
ANEXO II
QUESTIONÁRIO DA MATERNIDADE: INFORMAÇÕES
BÁSICAS (MATER)
ANEXO III
QUESTIONÁRIO - 1
a
VISITA DOMICILIAR (10
0
dia):
Avaliação do apoio na maternidade (AVMAT)
ANEXO IV
QUESTIONÁRIO DOMICILIAR - PARA TODAS AS VISITAS
DE AVALIAÇÃO (AVCRI)
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo I
Anexo IComitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos do Hospital
Agamenon Magalhães SES/PE
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
PROJETO INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
UFPE/LSHTM/SES/SUDENE/SOC.PED.PE
QUESTIONÁRIO DA MATERNIDADE: INFORMAÇÕES BÁSICAS (MATER)
1. No. da criança:_______________
2. Nome da Mãe: ________________________________________________
3.Nome de Maternidade (1) Menino Jesus (2) Santa Rosa
SEÇÃO I - DADOS DEMOGRÁFICOS
4. Há quanto tempo você vive em Palmares, Água Preta,
Catende ou Joaquim Nabuco ?
(1) Menos de 1 ano
(2) 1 - 5 anos
(3) 6 -10 anos
(4) Mais de 10 anos
(8) Sempre viveu em Palmares, Água Preta, Catende ou Joaquim Nabuco
(9) Não sabe
SEÇÃO II - DADOS OBSTÉTRICOS E DE PRÉ-NATAL
5. Quantas vezes você ficou grávida?
(Incluir abortos, natimortos e a gravidez atual)
(99) Não sabe
6. Teve quantos filhos (Não incluir a gravidez atual):
a. Nascidos vivos
b. Vivos atualmente
c. Mortos após o nascimento
d. Nascidos mortos (>28 semanas/gestação)
e. Abortos (<28 semanas/gestação)
(88) 1a. Gravidez
N
UMERO
MATER1
MIGRA
GRAVI
N
ATIVIV
VIVO
MORTO
N
ATIMO
R
ABORTO
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
┌───────────────────────────────────────────────────────────┐
SE ESTA GRAVIDEZ NÃO É A PRIMEIRA:
7. Qual a data do seu último parto,natimorto ou aborto?
(excluir o parto atual) dia mês ano
(08 08 1908) 1a. Gravidez (09 09 1909) Não sabe
└─────────────────────────────────────────────────────
┌───────────────────────────────────────────────────────────┐
8. Na sua última gravidez seu filho nasceu:
(perguntar à mãe uma das três alternativa abaixo)
(1) Vivo
(2) Morto
(3) Aborto
(8) 1a. Gravidez (9) Não sabe
9. Qual foi o Peso ao Nascer do seu último filho
nascido vivo?
(8888) 1a. Gravidez
(7777) Aborto ou Natimorto
(9999) Não sabe / não lembra
└───────────────────────────────────────────────────────────┘
OBS:SE NÃO TEM FILHOS VIVOS ANTERIORES, PASSAR PARA A PERGUNTA 37
10. Qual é a data de nascimento do seu último filho nascido vivo?
(perguntar o nome)
(1ª gravidez) 08 08 1908
não sabe 09 09 1909
1
O
filho nascido vivo 07 09 1907
11. Fez pré-natal na gravidez do último filho nascido vivo? (dizer o nome)
(1) Sim (2)Não (8)Não se aplica-(1
0
filho) (9) Não lembra
12.Se sim, em que mês iniciou ?
________ meses (77) Não fez pré-natal
(88) Não se aplica – (1
0
filho) (99) Não lembra
13. Quantas consultas ?
_______Número de consultas
(77) Não fez pré-natal
(88) Não se aplica (1
0
filho)
(99) Não lembra
14. Durante a gravidez anterior
,
a Sra. recebeu orientação para amamentar ?
(1) Sim (2)Não (8) Não se aplica (1
0
filho) (9) Não lembra
DATAULT
ULTGRAV
ULTPESO
DATAUF
PN1
PNTEMP1
PNCONS1
PNORT1
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
15. Onde seu filho anterior (dizer o nome) nasceu ?
(1)Maternidade Santa Rosa
(2)Maternidade Menino Jesus
(3)Hospital Regional (SES)
(4)Residência
(5)Outros
(8) Não se aplica (1
0
filho)
(9) Não lembra
16. Quando seu filho anterior nasceu,(dizer o nome do bebê) ficou em contato
com a sua pele na sala de parto ? (dentro dos 1
os
30 minutos)
(1)Sim (2)Não (8)Não se aplica(1
0
filho) (9)Não lembra
17. Se sim, por quanto tempo ?
(1) Mais de 30 minutos (2) Menos de 30 minutos
(3) Não teve contato (8) Não se aplica (1
0
filho)
(9) Não lembra
18. Alguém na sala de parto ajudou a Sra a amamentar seu bebê
anterior (dizer o nome) ?
(1) Sim (2) Não (8) Não se aplica (1
0
filho) (9) Não lembra
19. Depois que nasceu, seu bebê anterior (dizer o nome), ao sair
da sala de parto, para onde foi encaminhado ?
(1) Saiu junto com a mãe para o alojamento conjunto
(enfermaria ou quarto )
(2) Foi levado para o berçário
(8) Não se aplica-(1
0
filho)
(9) Não lembra
20. Logo depois que nasceu, seu filho anterior (dizer o nome)
ficou longe da Sra?
(1) Sim (2) Não (8) Não se aplica (1
o
filho) (9)Não lembra
21.Se sim, qual foi o motivo?
_____________________________ (7) Não foi afastado
(8) Não se aplica (1
o
filho) (9) Não lembra
22. Depois que o bebê anterior (dizer o nome) veio para o alojamento
conjunto/enfermaria, foi afastado por algum motivo ?
(1) Sim (2) Não (8) Não se aplica (1
o
filho) (9)Não lembra
SONMAT
SONPELE
SONTEMP
SONSALA
SONLOC
SONDIS
SONMOT1
SONAFAST
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
23. Se sim, qual foi o motivo?
(7) Não foi afastado
(8) Não se aplica (1
o
filho)
(9) Não lembra
24. A Sra teve alguma dificuldade para amamentar seu filho anterior (dizer
o nome), durante o tempo em que estava na maternidade ?
(1) Sim (2) Não (3) Não mama (8)Não se aplica (9) Não lembra
25. Alguém ajudou ou orientou a Sra como amamentar seu filho anterior
( dizer o nome), enquanto estava internada na maternidade ?
(1) Sim (2)Não (8)Não se aplica (1
0
filho) (9) Não lembra
26. Na maternidade, o bebê anterior(dizer o nome)usou mamadeira?
(0) Não usou
(1) Sim, com água
(2) Sim, com chá
(3) Sim com soro glicosado
(4) Sim, com outro leite
(8) Não se aplica (1
0
filho)
(9) Não lembra
27. Ao sair da maternidade, como ele (dizer o nome do filho anterior) estava
sendo alimentado ?
(1) Só com leite materno
(2) Só com mamadeira
(3) Com leite materno e mamadeira
(4) Outro
(8) Não se aplica-(1
0
filho)
(9) Não lembra
28. Se o aleitamento materno foi Exclusivo(sem água, chás, outros leites, ou
alimentos,pergunte à mãe: por quanto tempo ?
_______ dias (000) Nunca mamou
(777) Não foi exclusivo
(888) Não se aplica-(1
0
filho)
______ mês(es) (999) Não lembra
Obs:codificar o resultado em DIAS
29. Até que idade ele mamou no peito ?
_________ dias (0000) Nunca mamou
_________ mês(es) (7777) Ainda mama
_________ ano(s) (8888) Não se aplica-(1
0
filho)
(9999) Não lembra
Obs:codificar o resultado em DIAS
SONMOT2
SONDIF
SONORI
SONBOT
SONCOME
SONEXC
SONDURA
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
30. A Sra teve alguma dificuldade para amamentar seu filho anterior, quando
estava em casa?
(1) Sim (2) Não (0) Nunca amamentou
(8) Não se aplica-(1
0
filho) (9) Não lembra
31. Se sim, qual foi a dificuldade ?
(00) Não amamentou (88) Não se aplica-(1
0
filho)
(77) Não teve dificuldade (99) Não lembra
32.Em casa, recebeu ajuda para amamentar ?
(1) Sim (2) Não (0) Nunca amamentou
(8) Não se aplica-(1
0
filho) (9) Não lembra
33.Se sim, quem ofereceu ajuda ?
(1)Pai da criança (6)Profissional de saúde
(2)Avó (7)Outro___________________________
(3)Vizinha/amiga (8)Não se aplica-(1
0
filho)
(4)Outro parente (9)Não lembra
(5)Agente comunitário (0)Não recebeu ajuda
(88) Nunca amamentou
34.Seu filho anterior (dizer o nome) usou ou usa chupeta ?
(0) Não usou
(1) Usou
(2) Ainda usa
(8) Não se aplica-(1
0
filho)
(9) Não lembra
35. Se usou ou usa, com que idade iniciou ?
(0) Não usou
(1) No primeiro dia de vida
(2) No 1
o
mês de vida
(3) Outro__________________________________
(8) Não se aplica-(1
0
filho)
(9) Não lembra
36. Se usou ou ainda usa, por quanto tempo?
___________ano(s) ________ mês(es)
(9999) Não lembra
(0000) Não usou
(8888) Não se aplica – (1º filho)
Codificar em dias
SONCASA
SONCASA1
SONCASA2
SONCASA3
SONDUM
SONAGE1
SONAGE2
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
SESSÃO III DADOS REFERENTES À GRAVIDEZ ATUAL
37. Você fez alguma consulta de pré-natal, durante a gravidez atual?
(1) Sim (2) Não
SE FEZ PRÉ-NATAL:
38. Quantas consultas de pré-natal você fez, durante a
gravidez atual?
(88) Não fez pré-natal (9
9
) Não lembra
39. Você estava com quantos meses de gravidez, quando
começou a fazer o pré-natal?
_______ Em meses
(88) Não fez pré-natal (99) Não lembra
40.Onde a Sra fez pré-natal ?
(1)Hospital Regional (7)Em mais de um lugar
(2)Posto de Palmares (8)Outros________________________
(3)Posto de Água Preta (9)No mesmo local do nascimento
(4)Posto de Joaquim Nabuco (88)Não fez pré-natal
(5)Posto de Catende (99)Não lembra
(6)Médico Particular
41.Alguma pessoa do hospital/posto falou sobre aleitamento
materno ou orientou a Sra a amamentar, durante o pré-natal ?
(1) Sim (2) Não
(8) Não fez Pré-natal (9)Não lembra
42. A Sra pode citar 2 vantagens do aleitamento materno ?
(9) Não sabe
43.A Sra pretende amamentar este bebê ?
(1) Sim
(2) Sim e já comecei
(3) Não
(9) Não sabe
PN2
PNCONS2
PNTEMP2
PNLOC
PNORI2
VANT1
VANT2
PRETEN
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
44. Se sim, por que a Sra pretende amamentá-lo ?
(88) Não pretende (99) Não sabe
45. Se não, por que a Sra não pretende amamentá-lo ?
(88) Pretende (99) Não sabe
46. A Sra trouxe chupetas para a maternidade ?
(0) Não trouxe
(1) Trouxe e já deu para o bebê
(2) Trouxe, mas não deu ao bebê
(9) Não lembra
47. Trouxe mamadeiras ou chuquinhas para a maternidade ?
(0) Não trouxe
(1) Trouxe e já deu para o bebê
(2) Trouxe, mas não deu ao bebê
(9) Não lembra
SEÇÃO IV - ATIVIDADES NO TRABALHO
48. Você trabalhou durante esta gravidez ?
(1) Sim (2) Não
┌───────────────────────────────────────────────────────────┐
SE TRABALHOU:
49. Qual o tipo de trabalho (ocupação) que você teve
durante esta gravidez?
(1) Empregada doméstica
(2) Trabalhadora Rural
(3) Estudante
(4) Outro: ___________________________
(8) Dona de Casa
└───────────────────────────────────────────────────────────┘
SEÇÃO V - DADOS SOCIOECONÔMICOS
A. PERGUNTAS SOBRE EDUCAÇÃO:
50. A Sra pode ler uma carta ou revista ?
(1) Com facilidade
(2) Com dificuldade
(3) Não
PRETS
PRETN
MATCHUP
MATBOT
TRAB
OCUP
LEMAE
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
51. Qual foi a última série que a Sra completou na escola?
(1) 1o. grau menor 1 2 3 4
(2) 1o. grau maior 1 2 3 4
(3) 2o. grau 1 2 3
(4) Universidade 1 2 3 4 5 6
(88) Nunca foi à escola (99) Não sabe
52. O pai do seu filho pode ler uma carta ou revista?
(1) Com facilidade
(2) Com dificuldade
(3) Não
(9) Não sabe
53. Qual foi a última série que ele completou na escola?
(1) 1o. grau menor 1 2 3 4
(2) 1o. grau maior 1 2 3 4
(3) 2o. grau 1 2 3
(4) Universidade 1 2 3 4 5 6
(88) Nunca foi à escola (99) Não sabe
B. PERGUNTAS SOBRE OS MEMBROS DA FAMÍLIA E RENDA FAMILIAR:
54. A Sra está vivendo com o pai desta criança?
(1) Sim
(2) Não
55. Quantas pessoas moram na casa com a Sra ?
Total: (incluindo você e excluindo o RN)
No. de crianças menores de 5 anos (excluindo o RN)
56. No mês passado, quanto ganhou cada pessoa que mora na sua
casa e trabalha ou é aposentado/pensionista?
1a. pessoa: R$ _____ _____ _____ _____ _____ /mês
2a. pessoa: R$ _____ _____ _____ _____ _____ /mês
3a. pessoa: R$ _____ _____ _____ _____ _____ /mês
Total: R$ _____ _____ _____ _____ _____ /mês
(00000) Sem renda (99999) Não sabe
ESMAE
LEPAI
ESCPAI
MORA
TOTMORA
CINCO
RENDA
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
C. PERGUNTAS SOBRE HABITAÇÃO E SANEAMENTO:
57. Regime de ocupação da residência:
(1) Própria (4) Invadida
(2) Alugada (5) Outro:____________
(3) Cedida
58. Quantos cômodos (vãos) tem a sua casa?
No. Total de cômodos: (incluir cozinha, banheiro)
59. Vocês dormem em quantos cômodos (vãos)?
No. de cômodos:
60. De que material são feitas as paredes da sua casa?
(1) Alvenaria/tijolo
(2) Taipa
(3) Tábuas, papelão, latão
(4) Outro: ____________________________________
61. De que material é feito o piso (chão) da sua casa?
(1) Cerâmica (3) Terra(barro)
(2) Cimento/Granito (4) Tábua
(5) Outro:_________________________
62. De que material é feito o teto da sua casa?
(1) Laje de concreto
(2) Telha de barro
(3) Telha de cimento-amianto(Eternit)
(4) Outro:_____________________________
63. De onde vem a água que a Sra usa em casa?
Com canalização interna Sem canalização interna
(1) Rede geral (5) Rede geral
(2) Poço ou nascente (6) Poço ou nascente
(3) Chafariz (7) Chafariz
(4) Outro:____________ (8) Outro:_____________
64. Como é o sanitário da sua casa?
(1) Sanitário com descarga
(2) Sanitário sem descarga
(3) Não tem
65. Destino do lixo:
(1) Coleta direta (4) Queimado
(2) Coleta indireta (5) Colocado em terreno baldio
(3) Enterrado (6) Outro:_________________
66. Sua casa tem iluminação elétrica?
(1) Sim (2) Não
REGIME
COMODO
DORME
PAREDE
PISO
TETO
AGUA
SANIT
LIXO
LUZ
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo II
67. A Sra tem algum desses aparelhos funcionando em casa?
Geladeira (1) Sim (2) Não
Rádio (1) Sim (2) Não
Toca Fita/Disco (1) Sim (2) Não
Televisão (1) Sim (2) Não
Fogão a gás (1) Sim (2) Não
68. Entrevistador:
69. ObservaçÕes: _______________________________________________
Supervisão
GELAD
RADIO
FITA
TV
FOGAO
ASSISP
SUP
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo III
PROJETO DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
UFPE/SES/ LSHTM SUDENE/SOC. PED. PE.
1
a
VISITA DOMICILIAR (10
0
dia): Avaliação do apoio na maternidade (AVMAT)
NOME DA MÃE: _______________________________________________________
N
O
DA CRIANÇA:
DATA DA AVALIAÇÃO
Cumprimentar a mãe
Nome da MATERNIDADE: (1) Menino Jesus (2) Sta. Rosa
1. Quanto tempo a Sra. ficou na maternidade com o seu bebê ?
(1) Até 24 horas (2) Entre 24-48 horas
(3) Mais de 48 horas (9) Não lembra
2. Quando seu bebê (dizer o nome do bebê) nasceu, ficou em contato com a sua pele,
na sala de parto ? (dentro dos primeiros 30 minutos)
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
3 Se SIM, por quanto tempo ?
(1) Mais de 30 minutos (2) Menos de 30 minutos
(8) Não ficou em contato (9) Não lembra
4. Alguém na sala de parto ajudou a Sra a colocar seu bebê para mamar ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
5. Depois que seu bebê nasceu, onde ele ficou ?
(1) No quarto/enfermaria (2) No berçário (9) Não lembra
6. Em algum momento, durante o tempo em que ficou na maternidade,
o seu bebê ficou longe da Sra ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
7. Se SIM, quanto tempo ele ficou longe ?
Cerca de horas (77) Mais de 72 horas
(88) Não ficou longe (99) Não lembra
N
UMERO
DATAVAL
MATER2
TMATER
SALA
TSALA
AJUSALA
LOCMAT
LONGE
TLONGE
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo III
8. Depois que o bebê veio para a Sra, foi afastado por algum motivo ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
9. Se SIM, qual o motivo ?
________________________________________________________
(88) Não foi afastado (99) Não lembra
10. A Sra. amamentou seu bebê enquanto estava na maternidade ?
(1) Sim (2) Não (9) Não sabe
11. Na maternidade, alguém orientou a Sra sobre a forma de segurar o bebê para
amamentar e o jeito dele pegar o peito ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
12. Se SIM, quanto tempo após o parto esta orientação foi oferecida ?
(00) Na sala de parto Menos de 24 horas: horas
(77) 24 h e mais (88) Não recebeu orientação (99) Não lembra
13. Quem ofereceu a orientação ?
(1) Aux. de enfer. (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada. (9) Não lembra
(2) Médico. (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
(3) Copeira/Serv.. (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
(4) Outro __________ (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
14. Alguém da maternidade mostrou como tirar leite do peito ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
15. A Sra. sabe como tirar leite do peito ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
16. A Sra viu algum cartaz ou frases sobre amamentação, na maternidade ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
17. A Sra assistiu alguma orientação, palestra ou vídeo de como amamentar, na
maternidade ?
AFAST
MOTAFAS
MAMAMAT
ORISEG
TORISEG
ORIMAT1
ORIMAT2
ORIMAT3
ORIMAT4
TIRALEI
SABELEI
CARTAZ
ASSIST
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo III
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
18. Alguém na maternidade falou quantas vezes e por quanto tempo se deve amamentar ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
19. A Sra ou alguém da maternidade deu água para seu filho
(1) Sim (2) Não (9) Não sabe
20. A Sra. ou alguém da maternidade deu chá para seu bebê ?
(1) Sim (2) Não (9) Não sabe
21. A Sra. ou alguém da maternidade deu mamadeira com leite para seu bebê ?
(1) Sim (2) Não (9) Não sabe
22. A Sra recebeu algum material escrito, na maternidade, sobre a forma de alimentar o seu
bebê ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
23. Se SIM, qual o material ?
(1) Sobre a amamentação (2) Sobre a mamadeira (8) Não recebeu (9) Não lembra
24. Seu bebê usou chupetas na maternidade ?
(1) Sim (2) Não (9) Não sabe
25. A Sra recebeu alguma orientação, na maternidade, sobre o uso de chupetas ?
(1) Sim, para não usar (2) Sim, para usar (3) Não (9) Não lembra
26. A Sra recebeu alguma orientação, na maternidade, sobre o uso de mamadeiras ?
(1) Sim, para não usar (2) Sim, para usar (3) Não (9) Não lembra
27. A Sra recebeu orientação para procurar alguém, caso tenha alguma dificuldade
com a amamentação, depois da alta da maternidade ?
(1) Sim (2) Não (9) Não lembra
28. Se SIM, quem orientou ?
(1) Aux de enfer (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
(2) Médico. (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
(3) Copeira/Serv (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
(4) Outro __________ (1) Sim (2) Não (8) Não foi orientada (9) Não lembra
ORITEMP
AGUAMAT
CHAMAT
LEITEMAT
ORIESC
ORITIPO
CHUPETA
ORICHU
ORIMAMA
ORIALTA
ORIALTA1
ORIALTA2
ORIALTA3
ORIALTA4
AVAL
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo III
29. Avaliadora _________________________________________
30 Supervisora__________________________________________
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo IV
PROJETO DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
UFPE/ SES/ LSHTM /SUDENE/ SOC. PED. PE.
QUESTIONÁRIO DOMICILIAR - PARA TODAS AS VISITAS DE AVALIAÇÃO (AVCRI)
NOME DA MÃE: _______________________________________________________
NOME DA CRIANÇA____________________ N
O
DA CRIANÇA:
ENDEREÇO: ____________________________________________________________
_____________________________________________________________
DATA DO NASCIMENTO: ______/ ______/ 2001
VISITA N
O
. (1 a 7 visitas).
DATA DA VISITA
Como você está alimentando o seu bebê nas últimas 24 horas ? – Esperar
resposta
1. Leite materno (1) Sim (2) Não
2. Água (1) Sim (2) Não
3. Chá (1) Sim (2) Não
4. Suco (1) Sim (2) Não
5. Outro leite (1) Sim (2) Não
6. Outros alimentos (1) Sim (2) Não Qual (s)________________
7. Uso de chupetas (1) Sim (2) Não
8. Se usa chupeta (SIM), com que freqüência ?
(1) Só durante o dia (2) Só à noite
(3) Quando chora (4) Durante o dia e noite
(5) De vez em quando (0) Não usa (9) Não lembra
9. Está com dificuldades com a amamentação ?
(1) Sim (2) Não (8) Não mama
NUMERO
VISITAM
DATAVIM
MAMADA
AGUA
CHA
SUCO
LEITE
OUTROAL
DUMMY
FREQDUM
DIFMAMA
Se a questão 1 for SIM, perguntar as questões de 9 a 21
Se a questão 1 for NÃO, marque com 8 as questões de 9 a 23 e siga para a questão 24
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo IV
10. Ingurgitamento (1) Sim (2) Não (8) Não mama
11. Fissuras (1) Sim (2) Não (8) Não mama
12. Mastite (1)Sim (2) Não (8) Não mama
13. Abcesso mamário (1) Sim (2) Não (8) Não mama
14. Obstrução de ducto (1) Sim (2) Não (8) Não mama
15. Outras dificuldades (1) Sim (2) Não (8) Não mama
___________________________________
Se TEVE dificuldade, pergunte:
16. Quando a sra sentiu dificuldade para amamentar, a sra procurou ajuda de alguém?
(1) Sim (2) Não (7) Não teve dificuldade
(8) Não mama (9) Não lembra
Se SIM, pergunte:
17. A quem a sra pediu ajuda? OBS: Para não mama, colocar o n
o
3 em todos os itens
1. Pai da criança (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific (9)Não lembra
2. Avó (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
3. Amiga/vizinha (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
4 . Médico (1) Sim (2) Não (8) Não teve dific. (9)Não lembra
5. Enfermeira (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
6.Agente de saúde (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
7.Visitadora / pesquisa (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
8. Outro (1) Sim (2) Não (8)Não teve dific. (9)Não lembra
18. Como você acha que seu bebê se sente em relação à amamentação ?
(1) Satisfeito (2) ± Satisfeito (3) Insatisfeito (8) Não mama
19.Como a sra se sente em relação à amamentação ?
(1) Satisfeita (2) ± Satisfeita (3) Insatisfeita (8) Não mama
CHEIO
FISSURA
MASTITE
ABCESSO
DUCTO
OUTDIF
AJUDADIF
AJUDA1
AJUDA2
AJUDA3
AJUDA4
AJUDA5
AJUDA6
AJUDA7
AJUDA8
BEBESAT
MAESAT
SE SIM, per
g
unte qual é a dificuldade que ela está tendo -
(
questões de 10 a
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo IV
20, A sra vem recebendo ajuda nas suas tarefas ou no cuidado com o bebê para
amamentar?
(1) Sim (2) Não (3) Às vezes (8) Não mama
21. Se SIM, quem está ajudando?
OBS: Para não mama, colocar o n
o
3 em todos os itens
1. Pai da criança (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
2. Avó (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
3. Amiga/vizinha (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
4 Médico (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
5 Enfermeira (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
6.Agente de saúde (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
7.Visitadora / pesquisa (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
8, Outro (1) Sim (2) Não (8)Não pediu ajuda (9)Não lembra
Observar ou pedir à mãe para amamentar o bebê e preencher as questões 22 e 23
22 Registrar como está a posição no peito
(1) Adequada (2) Inadequada (3) Não observado (8) Não mama
23 Registrar como está a pega
(1) Adequada (2) Inadequada (3) Não observado (8) Não mama
Observações: _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
24. A sra vem recebendo orientação sobre amamentação?
(1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
Se SIM, quem está orientando ?
25 A visitadora da pesquisa (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
26 O agente comunitário (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
27 Vizinha /amiga (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
28 Parente (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
29 Profissional de saúde (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
30 Outro_________________ (1) Sim (2) Não (8) Não mama (9) Não lembra
MAEAJU
QAJUD1
QAJUD2
QAJUD3
QAJUD4
QAJUD5
QAJUD6
QAJUD7
QAJUD8
POSICAO
PEGA
ORIMAE
ENTREV
AGENTE
AMIGA
PARENTE
PROFIS
OUTRORI
SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos Amamentação entre multíparas: influência da experiência prévia . . .
Anexo IV
31.Qual a orientação dada ?
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
32.A sra vem usando chuquinha ou mamadeiras?
(1) Sim (2) Não
33. Com o que utiliza a chuquinha/ mamadeira?
Com água (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com chá (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com leite materno ordenhado (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com suco (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com outro leite (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com mingau (1) Sim (2) Não (8) Não usa
Com sopa (1) Sim (2) Não (8) Não usa
34. Com que freqüência utiliza a chuquinha/ mamadeira?
(1) Uma vez ao dia (2) Duas vezes ao dia
(3) Três vezes ao dia (4) Em todas as refeições
(5) Outro _________________ (8) Não usa
35. Alguém sugeriu começar a usar a chuquinha/mamadeira ?
(1) Pai da criança (2) Avós (3) Outro parente
(4) Vizinha (5) Profissional de saúde (6) Decisão da mãe
(7) Outros__________________________ (8) Não usa (9) Não lembra
36. Por que a Sra. decidiu usar a chuquinha/mamadeira ?
36. Avaliadora: ____________________________________________________
37. Supervisor ____________________________________________________
CHUCA
BAGUA
BCHA
BLM
BSUCO
BLEITE
BMINGAU
BSOPA
BFREQ
BQUEM
AVAL
SUP
Se NÃO, o questionário está encerrado e preencha as respostas abaixo com (8) NÃO USA
Se SIM, pergunte:
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