Estrutura de epífitas vasculares e de forófitos em formação florestal ripária do
Parque Estadual do Rio Ivinhema, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil
RESUMO
Com o objetivo de analisar a estrutura de epífitas vasculares e de forófitos em formação
florestal ripária da planície de inundação do alto rio Paraná, foram realizados estudos em
remanescente florestal, denominado Mata da Lagoa Finado Raimundo, localizado no Parque
Estadual do Rio Ivinhema, Município de Jateí, MS (22°47'21''S e 53°32'04''O). O
levantamento florístico das epífitas foi realizado em uma área de aproximadamente 888.500
m
2
, abrangendo todo o remanescente. O levantamento estrutural dos forófitos, com PAP ≥ 15
cm e das epífitas foram efetuados em uma área amostral de 8.100 m
2
,
subdividida em nove
blocos alinhados em três transecções, compreendendo, cada bloco, nove parcelas contíguas de
10 x 10 m. A representatividade dos forófitos foi analisada a partir de comparações com a
categoria não-forofítica a partir de dados oriundos de um levantamento fitossociológico para
indivíduos com PAP ≥ 15 cm, realizado na mesma área amostral. Foram analisados, também,
parâmetros relativos às distribuições vertical e horizontal das epífitas, e o Valor de
Importância Epifítico (VIi), que foi obtido a partir dos valores de freqüência de cada espécie
em relação ao número de indivíduos e estratos (2 m de amplitude cada) forofíticos. O
levantamento florístico das epífitas resultou em 29 espécies que foram reunidas em 20
gêneros e 5 famílias. As famílias de maior riqueza florística foram Orchidaceae e
Bromeliaceae, que reuniram, juntas, 60,0% dos gêneros e 65,5% das espécies. Os forófitos
compreenderam 45 espécies, que foram reunidas em 35 gêneros e 21 famílias. Leguminosae e
Myrtaceae foram as famílias de maior riqueza florística e, juntas, reuniram 31,4% dos gêneros
e 33,2% das espécies. Os indivíduos forofíticos reuniram, respectivamente, 41,73%, 17,2% e
42,2% da freqüência, densidade e dominância relativas, e 33,7% do VI da área amostrada.
Zygia caulifloria (Willd.) Killip ex Record apresentou a maior densidade de indivíduos
forofíticos (34,1%) e de espécies epifíticas (75,0%). O número de espécies epifíticas por
forófito variou de um a dez (média= 1,83 ± 1,38), com Índice de Diversidade de Shannon
igual a 2,24. A colonização nos forófitos foi predominante na região da copa e no intervalo de
2-6 m de altura, com respectivamente, 75,9% e 54,8% das ocorrências epifíticas.
Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. obteve o maior VIi (88,9), à qual se
seguiram Peperomia pereskiaefolia H.B. & K. (22,2), Macradenia multiflora Cogn. (16,2),
Oncidium pumilum Lindl. (13,1) e Rhipsalis baccifera (Mill.) Stearn (13,1). As áreas
próximas à várzea (localização oposta a lagoa) apresentaram-se mais propícias ao epifitismo
do que aquelas as margens da lagoa, provavelmente devido ao menor efeito de borda. Apesar
de não significativa a diferença de diversidade epifítica entre o presente estudo com a de outro
remanescente na planície de inundação do alto rio Paraná, apresentaram baixa similaridade de
espécies, além da altura máxima com ocorrência de epífitas nos forófitos ser
consideravelmente maior na presente área, provavelmente devido as melhores condições de
preservação. Macradenia multiflora, Oncidium pumilum, Peperomia pereskiaefolia e
Rhipsalis baccifera foram as epífitas ressaltadas como possíveis indicadoras de remanescentes
mais preservados na planície de inundação do alto rio Paraná.
Palavras-chave: Epífitas vasculares. Forófitos. Vegetação ripária. Floresta Estacional
Semidecidual. Parque Estadual do Rio Ivinhema. Planície de inundação do alto rio Paraná.