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“Vendas não tem, marketing também não. Eles focam mais em P&D porque
marketing tem custo. O problema dos chefes é que eles acham que a venda,
se não der o retorno em um mês, não está funcionando. É uma coisa que tu
não vês no curto prazo. Tu tens que esperar um ano ou dois para ter o retorno
disto ali. E, muitas vezes, o pessoal não quer esperar este um ano ou dois.
Eles acham que tu estás investindo, jogando um dinheiro por um período tão
longo e não tem um retorno no curto prazo e é dinheiro jogado fora. Aí, uma
parte da empresa não investe nesta área. Acaba, quando tem um dinheiro a
mais ou quando sobra, ou quando tem uma pessoa específica só para isto
acaba investindo. Aí tem que ter uma outra mentalidade para entrar nesta
área, na parte de propaganda e vendas, mas por enquanto, não quiseram
entrar. Até chegaram a entrar várias vezes, contrataram vendedor, mas o
vendedor fica dois, três ou quatro meses e quando ele está começando a
fazer alguma coisa, às vezes começava a vir e não notava muito o efeito
dele. Mas eles achavam que o vendedor não estava certo e acabavam tirando
o vendedor. Só que em um ano depois, começava a aparecer as vendas que
aquele vendedor tinha feito. Precisa um tempo. Eles não queriam esperar
este tempo e acabavam tirando o vendedor. “Não vou botar dinheiro aqui,
vou botar em P&D”. E acabavam deixando de lado, já que o boca-a-boca
está vendendo. Não vende muito; vende uma ou outra coisinha. Mas eles
preferem não gastar nesta área e gastar em P&D” (colaborador, quando
questionado sobre a área menos desenvolvida da empresa).
“Quanto ao marketing e às vendas, nós somos comprados. Nós não somos
atuantes, não buscamos clientes. Os clientes atuais nos indicam. O pessoal
liga para lá e pede informações. Aí tem a auxiliar administrativa que atende
as ligações, ela faz toda a parte inicial de contato com o cliente, passa o
orçamento. A partir disso, se o cliente passou por esta fase, a gente agenda
uma demonstração. Sou eu que vou ao cliente, conversar com ele, ver as
necessidades. Então, não existe uma pessoa destinada a estar buscando
cliente. Os clientes novos vêm de indicação dos atuais e de parcerias. Como
a gente trabalha com relógio-ponto, a gente tem parceria com o pessoal que
trabalha com folha de pagamento. Então, este pessoal nos indica. A maior
fonte de novos clientes é a indicação de parceiros. Nós já tivemos muitas
tentativas, mas nós gastamos muito e não tivemos retorno, porque o produto
que a gente oferece é mais caro. Então, o cliente compra quando tem a
necessidade de comprar. Primeiro, o mais comum, é ele avaliar preço, então
ele compra do concorrente. Aí, ao longo do tempo, o concorrente não
funciona direito e, então, ele corre aqui. Então, a gente ir de porta em porta,
nós não vamos vender, porque não é um produto de venda em massa. Esses
outros concorrentes que vendem por causa do preço, batem de porta em
porta e pegam o cliente no momento em que estão com problemas no relógio
mecânico e já botam o eletrônico. O próprio cara que arruma já oferece. Só
que ele é um cara que conserta relógio mecânico e começou a trabalhar com
o eletrônico para substituir. Nós não. Nós começamos a trabalhar com
software e o relógio para oferecer uma solução completa. O foco é diferente”
(diretor administrativo).