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Sandra Cristina Schüler
INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Tecnologia Ambiental
Mestrado,Universidade de Santa Cruz do Sul
UNISC, como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Tecnologia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Diosnel Antonio Rodriguez
Lopez
Santa Cruz do Sul, junho de 2008
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Sandra Cristina Schüler
INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DE SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL
Esta dissertação foi submetida ao Programa de
Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental,
Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC,
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Tecnologia Ambiental.
Dr. Diosnel Antonio Rodriguez Lopez
Professor Orientador
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3
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Dr. Diosnel Antônio Rodriguez Lopez, pela
orientação, acompanhamento e revisão deste trabalho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental
- Mestrado (UNISC), por todos os ensinamentos.
Ao Sr. Ricardo Muradás da empresa Conesul, pela contribuição com
informações para realização deste estudo.
À Analise Sulzbacher da Secretaria de Transportes e Serviços Públicos da
Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul, pela colaboração com a pesquisa.
À minha família, pela ajuda e incentivo em todos os momentos.
Ao meu namorado, Eder Gassen, pelo amor, carinho, motivação e ajuda
nas horas mais difíceis.
A Deus por permitir chegar até aqui.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste
trabalho.
4
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
1 Distritos com serviço de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por unidades de
destinação final de lixo coletado, segundo as Grandes Regiões Metropolitanas
e Municípios das capitais (Brasil) .....................................................................17
2 Composição física dos resíduos coletados no município de Santa Cruz do
Sul-RS...............................................................................................................41
3 Composição física do material triado na usina de resíduos do município de
Santa Cruz do Sul..............................................................................................41
4 Balanço de custos relativo ao sistema de gerenciamento dos
resíduos.............................................................................................................42
5 Balanço de consumo de combustíveis e energia pelo sistema de
gerenciamento de lixo atual...............................................................................43
6 Balanço final dos resíduos sólidos para o atual sistema de gerenciamento de
resíduos.............................................................................................................44
7 Emissões à água no cenário atual.................................................................46
8 Emissões atmosféricas no cenário atual.......................................................48
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 As fases de uma avaliação de ciclo de vida (modificado de ISO
14040:1997)...................................................................................... .......... .......... 28
2 Comparativo de gastos realizados pelos Cenários 1, 2 e 3.................... .......... 54
3 Comparativo de rendimento proveniente das vendas do material triado e do
adubo orgânico advindo da compostagem da matéria orgânica nos Cenários 1, 2
e 3.................................................................................................... ................... 54
4 Comparativo do total de gastos e retornos com o sistema de gerenciamento de
resíduos nos Cenários 1, 2 e 3.............................................................................. 55
5 Comparativo de consumo de energia nos Cenários 1, 2 e 3.............................. 56
6 Comparativo da recuperação de energia nos Cenários 1, 2 e 3.............. .......... 57
7 Comparativo da economia de energia através da reciclagem de resíduos nos
Cenários 1, 2 e 3.................................................................................................... 57
8 Comparativo do balanço total da energia consumida, energia gerada e energia
poupada nos Cenários 1, 2 e 3.................................................................. .......... 58
9 Comparativo do total de resíduos sólidos não perigosos nos Cenários 1, 2 e
3............................................................................................................................. 59
10 Comparativo da geração de chorume nos Cenário 1, 2 e 3................... .......... 60
11 Comparativo do crédito de reciclagem nos Cenários 1,2 e 3........................... 60
12 Comparativo do total de volume de resíduos nos Cenários 1, 2 e 3................ 61
13 Comparativo de emissão de material particulado nos Cenários 1, 2 e 3.......... 62
14 Comparativo de emissão de CO nos Cenários 1, 2 e 3.................................... 63
15 Comparativo de emissão de CO
2
nos Cenário 1, 2 e 3.................................... 63
16 Comparativo de emissão de CH
4
nos Cenários 1, 2 e 3...................................64
17 Comparativo de emissão de NO
x
nos Cenários 1, 2 e 3........................ .......... 65
18 Comparativo do índice de Potencial de Aquecimento Global (GWP) nos
Cenários 1, 2 e 3 em kg equivalentes de CO
2
por ano.......................................... 66
19 Comparativo de emissão de SO
x
nos Cenários 1, 2 e 3....................... .......... 67
20 Comparativo de emissão de Hidrocarbonetos totais nos Cenários 1, 2 e
3.................................................................................................................. .......... 67
21 Comparativo de taxa de DBO nos Cenários 1, 2 e 3............................. .......... 68
22 Comparativo de taxa de DQO nos Cenários 1, 2 e 3............................. .......... 69
6
23 Comparativo de emissão de COT nos Cenários 1, 2 e 3................................. 70
24 Comparativo de emissão de NH
3
nos Cenários 1, 2 e 3.................................. 71
25 Comparativo de emissão de NO
2
nos Cenários 1, 2 e 3................................... 71
26 Comparativo de emissão de fosfato nos Cenários 1, 2 e 3.................... .......... 72
7
LISTA DE ABREVIATURAS
ACV Análise de ciclo de vida
COT Carbono orgânico total
DBO Demanda bioquímica de oxigênio
DQO Demanda química de oxigênio
GWP Índice de potencial de aquecimento global, do inglês Global
Warming Potential)
ICV Inventário de ciclo de vida
NO
x
Óxidos de nitrogênio
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
SCS Santa Cruz do Sul
SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SO
x
Óxidos de enxofre
Total HC Total de hidrocarbonetos
USEPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos do inglês
United States Enviromental Protection Agency
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 15
2.1 Problemática dos resíduos sólidos no Brasil................................................... 15
2.2 O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos........................................... 18
2.3 Créditos de carbono......................................................................................... 24
2.3.1 Mercado internacional de carbono................................................................ 24
2.4 Análise de ciclo de vida................................................................................... 25
2.4.1 Definição do objetivo e escopo..................................................................... 28
2.4.2 Análise de inventário..................................................................................... 28
2.4.3 Avaliação de impactos.................................................................................. 29
2.4.4 Interpretação................................................................................................. 29
2.5 ACV de sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.................. 30
2.5.1 Exemplos de ACV de sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos no Brasil e no mundo............................................................................... 31
2.6 O Inventário de ciclo de vida (ICV).................................................................. 33
2.6.1 Modelos de ICV............................................................................................ 34
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 36
3.1.Coleta de dados............................................................................................... 36
3.2 Modelo IWM 2.5............................................................................................ 37
3.3 Cenários analisados........................................................................................ 38
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 39
4.1 Resultados da caracterização do sistema de gerenciamento de resíduos
atual....................................................................................................................... 40
4.1.1 Custos........................................................................................................... 42
4.1.2 Balanço de uso de combustível e energia.................................................... 43
4.1.3 Resíduo sólido final....................................................................................... 44
4.1.3.1 Total de resíduos não perigosos................................................................ 44
4.1.3.2 Chorume.................................................................................................... 45
4.1.3.3 Créditos de reciclagem.............................................................................. 45
4.1.3.4 Volume....................................................................................................... 45
4.1.4 Emissões à água.......................................................................................... 45
4.1.5 Emissões para o ar....................................................................................... 47
4.2 Análise comparativa dos cenários simulados.................................................. 53
4.2.1 Custos........................................................................................................... 53
4.2.2 Energia.......................................................................................................... 55
4.2.3 Resíduo sólido final....................................................................................... 58
4.2.3.1 Total de resíduos sólidos não perigosos................................................... 58
4.2.3.2 Chorume.................................................................................................... 59
4.2.3.3 Créditos de reciclagem ............................................................................. 60
4.2.3.4 Volume de resíduos .................................................................................. 61
4.2.4 Emissões à atmosfera.................................................................................. 61
4.2.4.1 Material particulado.................................................................................... 62
4.2.4.2 CO.............................................................................................................. 62
4.2.4.3 CO
2
..........
................................................................................................. 63
9
4.2.4.4 CH
4.
............................................................................................................ 64
4.2.4.5 NO
x
........................................................................................................... 65
4.2.4.6 GWP.......................................................................................................... 65
4.2.4.7 SO
X
............................................................................................................ 66
4.2.4.8 Total HC..................................................................................................... 67
4.2.5 Emissões à água.......................................................................................... 68
4.2.5.1 DBO........................................................................................................... 68
4.2.5.2 DQO........................................................................................................... 68
4.2.5.3 Emissão de COT........................................................................................ 69
4.2.5.4 Amônia....................................................................................................... 70
4.2.5.5 Nitrato........................................................................................................ 70
4.2.5.6 Fosfato....................................................................................................... 71
5. CONCLUSÕES.................................................................................................. 73
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 76
10
RESUMO
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia importante pois
permite uma equalização ambiental, onde são consideradas as retiradas de
recursos naturais e energia da natureza e as ―devoluções‖ para a mesma,
permitindo avaliar os impactos ambientais potenciais gerados nos processos
produtivos ou serviços avaliados. O conhecimento do ciclo de vida de um produto,
processo ou serviço é o primeiro passo na busca do desenvolvimento
sustentável. O objetivo deste trabalho foi usar o Inventário de Ciclo de Vida (ICV)
como uma ferramenta para simular e comparar diferentes cenários de um sistema
de gerenciamento de resíduos domiciliares e determinar o sistema com menor
impacto ambiental para Santa Cruz do Sul. Para isso, foi analisado o cenário
atual (Cenário 1) do gerenciamento dos resíduos do município e foram simulados
outros dois diferentes cenários (Cenários 2 e 3), e esses três foram comparados
utilizando-se o software Integrated Waste Management Model (IWM versão 2.5)
baseado na metodologia do Inventário de Ciclo de Vida, proposta pela ISO
14040. O Cenário 2 foi baseado no Cenário 1 com a inclusão de um sistema de
compostagem de 50% de matéria orgânica e um sistema de coleta e queima de
50% de gás de aterro. Já no Cenário 3 foram introduzidos aumentos para 80% na
compostagem da matéria orgânica, 30% na quantidade de material triado para
reciclagem e 80% na coleta e tratamento de gás de aterro. Os resultados
mostraram que o terceiro cenário apresentou um importante ganho econômico e
uma grande contribuição ambiental em relação às emissões atmosféricas e à
emissão de algumas substâncias às águas, além de apresentar uma significativa
economia de energia e redução na quantidade de resíduos dispostos no aterro.
Então, após as simulações realizadas para o município de Santa Cruz do Sul, fica
clara a importância do processo de reciclagem e tratamento biológico no sistema
de gerenciamento, pois reduzem os custos, a emissão de poluentes, a
quantidade de resíduos dispostos no aterro, bem como contribuem para
economia de energia. Os resultados obtidos nas simulações reforçam a idéia de
que estas técnicas ou ferramentas são de grande valia para as municipalidades,
auxiliando em tomadas de decisões nos sistemas de gerenciamento de resíduos
11
sólidos urbanos. Isso contribui não apenas para o meio ambiente, mas para toda
a população que as cidades mais limpas, seus recursos naturais preservados
e os recursos que seriam utilizados nessa atividade serem aplicados em outras
áreas.
12
ABSTRACT
The Life Cycle Assessment (L.C.A.) is an important methodology as it
provides an environmental equalization, where energy and natural resources
withdraws and returns are taken into account, allowing the establishment of
potentially generated environmental damage. The knowledge of a product or
service life cycle is the first step on the search for sustainable development. This
study goal was to use the L.C.A. as a tool for comparing different waste
management systems and find out the most applicable system to the city of Santa
Cruz do Sul. In order to reach this, the actual city waste management scenario
was evaluated (Scenario 1) and 2 other different scenarios were simulated
(Scenarios 2 and 3) and these 3 were compared using the Integrated Waste
Management Model 2 software (IWM 2, version 2.5), based on the Life Cycle
Inventory methodology, proposed on ISO 14040. Scenario 2 was relied on
Scenario 1 with added 50% organic material composting and a 50% landfill gas
collection and treatment system. In Scenario 3, increases to 80% of the
composting of organic material, 30% of the amount of material sorted to recycling
and 80% of landfill gas collection and treatment were inserted. The results show
that the third scenario presented great environmental contribution related to the
atmospheric emissions and to emissions of some substances to aquatic sub-
systems, as a significant energy economy and reduced waste quantity on the
landfill. So, after all the simulations were run for the city of Santa Cruz do Sul, it
becomes clear the significance of the recycling and biological treatments on the
management system, as they decrease the costs, pollution emissions and amount
of waste disposed on landfills although contribute to energy saving. The obtained
results enforce the idea that this tools or techniques are of great value to
municipalities, helping on decision making for urban solid waste management
systems. This contributes not only for the environment, but for all the population
that sees their cities cleaner, their natural resources preserved and the capital that
would be used in this activity being applied on other areas.
13
1. INTRODUÇÃO
A quantidade de resíduos sólidos gerada pela atividade humana aliada a
diminuição de locais adequados para a disposição final tem se apresentado como
um dos grandes desafios a serem enfrentados não só pelas administrações
municipais, como também, por toda a comunidade geradora de resíduos
(MASSUKADO e ZANTA, 2006).
Além do expressivo crescimento da geração de resíduos sólidos,
sobretudo nos países em desenvolvimento, observam-se, ainda, ao longo dos
últimos anos, mudanças significativas em suas características. Essas mudanças
são decorrentes principalmente dos modelos de desenvolvimento adotados e da
mudança nos padrões de consumo.
No Brasil, o sistema atual de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos
continua visando o ―final de tubo‖ e a forma mais empregada na maioria dos
municípios do país se baseia em coleta, transporte e disposição final em lixões.
A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta que poderia ajudar os
administradores municipais na tomada de decisões para solucionar muitos
desses problemas do gerenciamento do lixo, já que a ACV permite a simulação e
comparação de cenários destes materiais.
A ACV e o Inventário de Ciclo de Vida (ICV) são ferramentas de gestão
que fazem parte da série ISO 14000 e servem para analisar os impactos de todas
as etapas de produção de um bem de consumo ou de alguma atividade ou
serviço. Seus resultados analisam a carga ambiental associada a um produto ou
atividade por meio de um balanço de massa (efluentes, resíduos e emissões
atmosféricas) e energético, permitindo desta maneira comparar cenários
associados a esta atividade.
O presente trabalho foi desenvolvido no município de Santa Cruz do Sul
(SCS), localizado na região central do Estado do Rio Grande do Sul, utilizando a
14
ferramenta do Inventário de Ciclo de Vida, que faz parte da ACV, para
caracterizar os sistemas de gerenciamento de resíduos desta cidade.
O objetivo desse estudo foi usar a ACV como uma ferramenta para
comparar diferentes sistemas de gerenciamento de resíduos e determinar,
através de dados quantitativos, aquele que traz menor gasto econômico e,
principalmente, menor impacto ambiental. Para esta finalidade, três diferentes
cenários do sistema de gerenciamento de resíduo sólido municipal que inclui
diferentes métodos de processamento e/ou disposição de resíduos sólidos
urbanos foram simulados e, então, comparados com respeito a seus impactos
ambientais e custos usando o Modelo IWM versão 2.5 desenvolvido por
McDougall (2001).
15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Problemática dos resíduos sólidos no Brasil
A questão dos resíduos sólidos no Brasil tem sido amplamente discutida na
sociedade, a partir de vários levantamentos da situação atual brasileira e
perspectivas para o setor. De uma forma geral este assunto permeou por várias
áreas do conhecimento, desde o saneamento básico, meio ambiente, inserção
social e econômica dos processos de triagem e reciclagem dos materiais, e mais
recentemente, ainda de forma incipiente, o aproveitamento energético dos gases
provenientes dos aterros sanitários (www.abge.com.br/resid04).
Historicamente, a questão dos resíduos lidos vem sendo tratada sob o
ponto de vista exclusivo da coleta e do transporte de lixo, destinando-o a áreas
afastadas dos centros urbanos, persistindo na maioria das cidades brasileiras a
utilização de lixões. O enfoque ambiental do problema dos resíduos no Brasil é
recente. São variados os problemas ambientais associados aos resíduos sólidos,
desde problemas de natureza estética, como a presença de resíduos nas ruas,
até a destruição de ecossistemas e a contaminação de águas superficiais e
subterrâneas causada pelo carreamento e percolação do chorume, oriundo dos
lixões (TEIXEIRA et al, 2004).
.
A coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos urbanos
constituem-se em um dos grandes problemas das cidades brasileiras. A
acelerada urbanização e industrialização, de um lado, e políticas públicas de
saneamento desvinculadas, de outro, mostram-se ineficazes para evitar
problemas que afetam diariamente a qualidade de vida humana e do meio
ambiente. Além disso, o crescimento populacional, a diversificação de bens e
serviços e o intenso consumo têm levado a uma geração de volumes maiores de
resíduos e também a uma mudança significativa na composição desses resíduos,
com a crescente elevação do percentual de material inerte e diminuição de
material orgânico e biodegradável.
16
Segundo o IBGE (2002), o Brasil gerava, naquele ano, 162 mil toneladas
de resíduos sólidos por dia, sendo que 47,1% desses resíduos eram dispostos
em aterros sanitários, 22,3% em aterros controlados e apenas 30,5% em lixões,
ou seja, mais de 69% de todo o lixo coletado no Brasil estava tendo um destino
final adequado em aterros sanitários e/ou controlados. Porém, devemos destacar
aqui que muitos dos aterros declarados como controlados por seus gerentes não
passam apenas de lixões com coberturas diárias e sem nenhuma outra medida
de engenharia que ajude a controlar o seu impacto negativo sobre o meio
ambiente. Analisando esta estatística desde as perspectivas do mero de
municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6% utilizam lixões e 32,2%,
aterros adequados (13,8% sanitários, 18,4% aterros controlados), sendo que 5%
não informaram o destino dos seus resíduos (Tabela 1)
Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de municípios que
dispunham seus resíduos de forma adequada era de apenas 10,7%. Como as
fontes das informações coletadas pelos pesquisadores do IBGE são os órgãos
responsáveis pela execução dos serviços de limpeza urbana, na grande maioria a
própria prefeitura da cidade (88% dos municípios), alguns informantes podem ter
sido demasiadamente otimistas de modo a evitar a exposição de deficiências do
sistema.
De acordo com o Atlas Econômico do Rio Grande do Sul, o estado está
entre os sete estados que apresentam as maiores taxas de atendimento do
serviço de coleta de resíduos. Dos 3.042.039 domicílios, 2.558.120 contam com
sistema de coleta, correspondendo a 84,09%, uma taxa de atendimento superior
a brasileira. Entre os 467 municípios do Estado, 91 apresentam percentuais de
atendimento igual ou superior ao do Estado, podendo atingir até 99,38% de
atendimento deste serviço, como é o caso do município de Porto Alegre
(http://www.seplag.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=552).
17
Tabela 1 Distritos com serviço de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por
unidades de destinação final de lixo coletado, segundo as Grandes Regiões
Metropolitanas e Municípios das capitais (Brasil)
Unidades de destinação final do lixo
coletado
Grandes Regiões, Unidades da
Federação, Regiões Metropolitanas, e
Municípios das capitais (Brasil)
Total
8381
Vazadouro a céu aberto
5993
Vazadouro em áreas alagadas
63
Aterro controlado
1868
Aterro sanitário
1452
Aterro de resíduos especiais
810
Usina de compostagem
260
Usina de reciclagem
596
Incineração
325
Fonte: IBGE (2002)
Dos 5.507 municípios brasileiros, 4.026, ou seja, 73,1% têm população
até 20.000 habitantes. Nestes municípios, 68,5% dos resíduos gerados são
dispostos em lixões e em alagados. Entretanto, se fosse tomada como
referência a quantidade de lixo por eles gerada, em relação ao total da produção
brasileira, a situação é menos grave, pois em conjunto coletam somente 12,8%
do total brasileiro (20.658 t/dia). Isto é menos do que o gerado pelas 13 maiores
cidades brasileiras, com população acima de 1 milhão de habitantes. estas
coletam 31,9 % (51 635 t/dia) de todo o lixo urbano brasileiro, e têm seus locais
de disposição final em melhor situação: apenas 1,8% (832 t/dia) é destinado a
lixões, o restante sendo depositado em aterros controlados ou sanitários
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2002).
Há uma tendência de aumento da geração informada do lixo domiciliar per
capita em proporção direta com o número de habitantes. Nas cidades com até
18
200.000 habitantes, pode-se estimar a quantidade coletada, variando entre 450
e 700 gramas por habitante/dia; acima de 200 mil habitantes, essa quantidade
aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante/dia (IBGE, 2002).
A PNSB (IBGE, 2002) informa que, na época em que foi realizada a pesquisa,
eram coletadas 125.281 ton/dia de lixo domiciliar em todos os municípios
brasileiros. Trata-se de uma quantidade expressiva de resíduos, para os quais
deve ser dado um destino final adequado, sem prejuízo à saúde da população e
sem danos ao meio ambiente.
Segundo a Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul, a coleta de resíduos
sólidos é estendida a toda a área urbana e à grande maioria da área rural. O lixo
coletado é processado em uma usina de separação de lixo, sendo que a parte
aproveitável é, após, vendida para reciclagem, sendo o restante encaminhado a
um aterro sanitário no município de Minas do Leão. Há, também, na região
central da cidade, um projeto em andamento para coleta seletiva de lixo, com
separação prévia pelos usuários, com objetivo de tornar mais eficiente o
processo.
Segundo dados do IBGE (2002), no Brasil, aproximadamente 13 milhões
de pessoas residentes em área urbana não são atendidas pelo serviço de coleta
de lixo. Nos municípios de grande e médio porte onde o sistema convencional de
coleta poderia atingir toda a produção diária de resíduos sólidos, esse serviço não
atende adequadamente os moradores das favelas, das ocupações e dos bairros
populares, por conta da precariedade da infra-estrutura viária naquelas
localidades. E em muitos municípios pequenos sequer serviço de limpeza
pública minimamente organizado.
2.2 O Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
O resíduo sólido tornou-se um grande problema, que por muito tempo
não foi lhe dado a devida importância. Devido à sua inevitabilidade, à sua
crescente multiplicação e às condições cada vez mais limitantes para seu
descarte final, houve uma mudança no grau de preocupação por parte da
19
sociedade e, hoje, gestão e gerenciamento são as duas palavras mais citadas
quando se discute sobre esse tema. De acordo com Fiorucci et al., (2003), o
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos é um problema complexo,
multidisciplinar, envolvendo as questões de aspectos econômicos e técnicos,
restrições à respeito de questões de requerimentos mínimos para a reciclagem e
desenvolvimento sustentável.
Conforme o IPT/CEMPRE (2000), o gerenciamento de resíduos sólidos
domésticos, do ponto de vista municipal, é o conjunto articulado de ações
normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração
desenvolve, baseado em critérios sanitários, ambientais e econômicos para
coletar, tratar e dispor esse tipo de resíduo sólido em uma cidade. Gerenciar o
resíduo sólido doméstico significa limpar o município (com um sistema de coleta e
transporte adequado) e tratar esse material utilizando as tecnologias mais
compatíveis com a realidade local, dando-lhe um destino final ambientalmente
correto e seguro, tanto no presente como no futuro. Cada município deve buscar
o seu próprio modelo de gestão, sabendo que a quantidade e a qualidade do
resíduo gerado são, principalmente, função do número de habitantes e de suas
características sócio-econômicas e culturais, do grau de urbanização e dos
hábitos de consumo vigentes.
Atualmente o gerenciamento de resíduo sólido é um problema de grande
relevância para todas as sociedades (FIORUCCI et al., 2003). Porém, encontrar
estratégias aceitáveis para lidar com tais problemas tem-se tornado uma tarefa
difícil, devido à crescente sensibilização das questões ambientais pela população
e autoridades. Em geral, essa consciência levou ao desenvolvimento do controle
de poluição e tecnologias para uma legislação mais rigorosa sobre manipulação e
eliminação de resíduos, para minimizar o impacto ambiental associado com
resíduos sólidos. De acordo com o autor, a legislação européia, por exemplo,
recomenda a elaboração de planos de gestão integrada locais, que dão
prioridade à prevenção, redução e valorização de resíduos, e permite o uso de
aterro exclusivamente para eliminação de recursos que não podem ser
recuperados.
20
O conceito de prevenção de resíduos está centrado principalmente no
setor de produção. Na maioria dos casos, o direcionamento para evitar a
produção de resíduos é fornecido por políticas governamentais e da indústria,
com o principal objetivo de evitar os custos associados ao manejo e
gerenciamento dos resíduos. Por exemplo, indústrias estão muito conscientes da
otimização da produção e da redução dos recursos para se tornarem mais
competitivas no mercado de hoje. Isso inclui adotar métodos mais eficientes de
fabricação, a fim de minimizar requerimento de matérias-primas (daí gerando
menos resíduos), bem como minimizar o peso e volume das embalagens,
mantendo simultaneamente a integridade do produto durante o transporte
(SAKAI, et al., 1996).
Para Teixeira (1999), a redução na fonte e/ou na origem, em termos de
resíduo sólido domiciliar, pode ser obtida pela sua não geração, através de
alterações de hábitos, processos e/ou materiais ou, ainda, através de opções ao
adquirir produtos. Aliado a estes, deve-se ter um gerenciamento adequado que
valorize a segregação dos resíduos na fonte produtora, minimizando, desta
forma, os resíduos que necessitem de um manejo e/ou disposição especial e,
conseqüentemente, minimizando os riscos a eles inerentes.
No Brasil, o sistema atual de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos
continua visando o ―final de tubo‖, ou seja, apresenta avanços limitados na
questão da minimização da geração dos resíduos, pois a preocupação maior das
administrações municipais ainda se concentra na destinação final dos resíduos e
não na prevenção da poluição gerada por estes (LOPEZ, 2003).
Tal como em muitos países emergentes e em desenvolvimento, a gestão
dos resíduos no Brasil está estreitamente relacionada com o desenvolvimento
econômico e industrial. Isto está também ligado ao forte movimento populacional
de áreas rurais para centros industriais (MÜNNICH et al., 2006).
Segundo De Deus et al. (2004), especificamente no Estado do Rio Grande
do Sul, os serviços de limpeza urbana são atribuições das administrações
21
municipais. A maioria destas desconhece as variáveis ambientais correlacionadas
com os resíduos sólidos urbanos, importantes para administrar com eficiência e
eficácia o setor. Sendo assim, propõem-se um conjunto de indicadores,
estruturados e sistematizados, ligados à geração de resíduos sólidos urbanos que
serão a base para a estruturação e formulação de um índice que relaciona
resíduos sólidos urbanos, doenças e o ser humano, com o intuito de permitir uma
hierarquização de atitudes e investimentos dentro da área de gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos.
A ocorrência de lixões, que se proliferam principalmente nas periferias dos
centros urbanos, é fruto do atendimento inadequado feito às populações, no que
se refere a serviços de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos. A
ineficiência desses serviços vem promovendo sérios desequilíbrios ambientais
não nas áreas urbanas mal servidas, como também nas áreas próximas aos
aterros ou lixões, com a poluição de lençóis freáticos, rios e lagoas contribuindo,
junto com os efluentes sanitários e industriais, para o comprometimento do
aproveitamento desses mananciais, da vida aquática e de importantes
ecossistemas. Esse processo promove, também, o agravamento do quadro de
saúde pública, em especial com o aumento da incidência de doenças infecciosas
como cólera, dengue, leptospirose, leishmaniose, toxoplasmose e etc. (TEIXEIRA
et al, 2004).
Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
(MONTEIRO, 2001), apesar desse quadro, a coleta do lixo é o segmento que
mais se desenvolveu dentro do sistema de limpeza urbana e o que apresenta
maior abrangência de atendimento junto à população, ao mesmo tempo em que é
a atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por parte da
municipalidade. Esse fato se deve à pressão exercida pela população e pelo
comércio para que se execute a coleta com regularidade, evitando-se assim o
incômodo da convivência com o lixo nas ruas. Contudo, essa pressão tem
geralmente um efeito seletivo, ou seja, a limpeza urbana, as etapas de geração,
acondicionamento, administração municipal, quando não tem meios de oferecer o
22
serviço a toda a população, priorizam os setores comerciais, as unidades de
saúde e o atendimento à população de renda mais alta.
As formas utilizadas no gerenciamento dos resíduos sólidos são variadas e
podem ser agrupadas nas seguintes etapas: Coleta transporte disposição final
em lixões: na maioria dos municípios brasileiros esta é a forma mais empregada.
Os resíduos gerados pelos habitantes são coletados da forma mais econômica
possível e levados geralmente até o lixão por caminhões caçamba ou
compactadores de baixa capacidade de carga, que realizam a coleta. O lixo
descarregado no lixão pode ou não ser re-acondicionado no local, sendo que na
maioria das vezes fica exposto a u aberto. Este lixão constitui um meio de
disposição final sem tratamento prévio e sem nenhum tipo de separação de
materiais, sendo que de todos os sistemas empregados é o mais impactante ao
meio ambiente (LOPEZ, 2003).
A outra forma de gerenciamento utilizada é a que emprega as etapas de
coleta - transporte e descarte do lixo em um aterro sanitário. Segundo a SEMA
(2007) desde a implantação da Central de Resíduos Sólidos de Recreio - RS
(aterro sanitário construído numa antiga cava da mina de carvão), cerca de 140
municípios utilizam estas instalações como destino final dos seus resíduos. A
coleta realizada (pela prefeitura ou terceirizada) utiliza muitas vezes o mesmo tipo
de caminhão descrito anteriormente, sendo o destino final dos resíduos coletados
um aterro sanitário que nada mais é do que uma obra de engenharia destinada a
acomodar os resíduos sobre o solo, minimizando os impactos ambientais e os
riscos à saúde.
Com características em comum ao sistema apresentado anteriormente,
porém mais completas, algumas municipalidades empregam o sistema que
envolve também coleta seletiva, usina de triagem, reciclagem e compostagem.
em países de Primeiro Mundo, a realidade do sistema de
gerenciamento dos resíduos é diferente. Segundo Sakai et al. (1996), a maioria
dos países industrializados tem adotado a filosofia do "Waste Management
23
Hierarchy" (Prevenção/minimização, recuperação materiais, incineração e aterro),
como guia para o desenvolvimento de estratégias de gestão de resíduos sólidos
urbanos (RSU).
De acordo com Nunesmaia (2001), na França, as leis definem as seguintes
prioridades: prevenir ou reduzir a produção ou nocividade dos produtos; organizar
o transporte de resíduos limitando sua distância e volume; valorização dos
resíduos por reutilização, reciclagem ou qualquer outra ação, visando a obtenção
a partir de resíduos de materiais reutilizáveis ou de energia; não permitir que
sejam eliminados resíduos com todas as possibilidades de valorização.
Nunesmaia (2001) também cita que na Áustria a política de gestão de
resíduos destaca a obrigatoriedade da coleta seletiva de resíduos domésticos
perigosos, além de ser obrigatório o recolhimento de pilhas usadas, tubos de
néon e outros. Seus princípios de hierarquização do modo de gestão de resíduos
sólidos são os seguintes: prevenção qualitativa e quantitativa; valorização
(quando justificado do ponto de vista ambiental e econômico); se a valorização
não é justificada, eliminação por via biológica, térmica ou químico-física; somente
os resíduos que não podem ser mais reciclados são encaminhados para o aterro
sanitário.
Esta mesma autora (Nunesmaia, 2001), cita que na Alemanha se prioriza a
prevenção qualitativa e quantitativa; reciclagem de materiais; valorização rmica;
eliminação (tratamento final). Já a política da Dinamarca estabelece uma
hierarquia para a gestão dos seus resíduos: prevenção, reciclagem, incineração
com recuperação de energia e aterro sanitário.
24
2.3 Créditos de carbono
2.3.1 Mercado internacional de carbono
Foi principalmente a partir da década de 1980 que as questões relativas a
mudanças climáticas, aquecimento global e efeito-estufa passaram a ocupar lugar
de destaque no rol de ameaças ambientais que mais colocam em risco a
integridade do planeta. E, desde então, a cada ano evidências científicas cada
vez mais fortes indicam que são as atividades humanas (as chamadas ações
antrópicas), decorrentes do modelo de produção em vigor, um dos fatores mais
decisivos para o agravamento dessas ameaças (CEBDS, 2002).
De acordo com Scarpinella (2002), por causa das evidências do
aquecimento global, a preocupação com o clima ganhou importância a partir da
década de 1980. Ocorreram, desde então, inúmeras reuniões de ordem
internacional, cuja pauta era as mudanças climáticas, em que foram discutidas as
possíveis soluções para evitar ou, pelo menos, reduzir a emissão desses gases
causadores do efeito-estufa.
O Encontro de Quioto talvez tenha sido a mais importante dessas reuniões.
Segundo Scarpinella (2002), ele foi palco da criação do Protocolo de Quioto. Ele
estabelece a necessidade de redução da emissão dos Gases de Efeito-Estufa
(GEE), não controlados pelo Protocolo de Montreal, em 5,2% por parte dos
países desenvolvidos, considerados grandes emissores desses gases e
relacionados como partes constituintes do Anexo I (países industrializados) do
Protocolo, até o período de 2008 a 2012, com base nas emissões do ano de
1990.
O comércio de reduções de emissões, como determinado no artigo 17 do
Protocolo de Quioto, permite que países do Anexo I adquiram unidades de
redução de emissões de carbono ou carbono equivalentes de outros países do
Anexo I, usando as unidades compradas para cumprir seu objetivo de emissão
dentro do Protocolo de Quioto. Isto permite que as partes consigam reduzir suas
25
emissões a um custo de oportunidade mais baixo, independente de onde as
oportunidades existam (UNFCCC, 2005)
Apenas participantes do Anexo I do Protocolo de Quioto, com
comprometimentos de redução e limitação determinados no Anexo B do protocolo
podem participar de tais negociações. A transferência de unidades de redução
podem então ser feitas quando eles não mais necessitarem de tais unidades para
cumprirem seus objetivos de redução de emissão (UNFCCC, 2005). O
Anexo B apresenta conceitos e valores numéricos de compromisso dos países
poluentes em diminuir suas emissões.
Os ônus e os bônus dos contratos internacionais de compra e venda de
carbono são inúmeras. As dificuldades, que devem ser mitigadas pelos cnicos
juntamente com os profissionais da área jurídica, por meio da análise dos fatores
externos e internos envolvidos são: a delimitação da quantidade correta e real de
créditos gerados pelo projeto, a questão de futuros créditos (surplus), as datas
das entregas dos créditos, a transferência da propriedade, a mitigação do risco,
as eventuais garantias, a rescisão contratual, a previsão de auditoria, o preço e
as condições de pagamento (GRA, 2005).
De acordo com Greiner (2005), a venda de créditos de carbono por parte
dos administradores de aterro sanitários está tornando um negócio atrativo,
aumentando os esforços para captação e tratamento do CH
4
, o que por sua vez
está se revertendo num benefício para o meio ambiente uma vez que essa
atividade reduz a emissão deste gás causador de efeito estufa.
2.4 Análise de Ciclo de Vida
A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia que analisa os
impactos ambientais associados a um produto, processo ou serviço ao longo da
vida (do berço ao túmulo) a partir da produção de matérias-primas até a sua
disposição final.
26
Segundo Arena et al. (2003), a metodologia da avaliação de ciclo de vida
(ACV) é um método internacionalmente padronizado que foi desenvolvido a partir
de princípios de engenharia química e análise de energia.
De acordo com Rebitzer et al. (2004), a ACV é um quadro metodológico
para estimar e avaliar os impactos ambientais imputáveis ao ciclo de vida de um
produto, tais como as alterações climáticas, esgotamento de ozônio
estratosférico, criação do ozônio troposférico ("smog"), a eutrofização,
acidificação, estresse toxicológico em saúde humana e ecossistemas, o
esgotamento dos recursos, uso da água, utilização do solo, ruído entre outros.
Para Özeler et al. (2005), a ACV foi desenvolvida com intuito de considerar
questões que não são consideradas por outras ferramentas de gerenciamento
ambiental e se mostrou particularmente útil como uma técnica para comparar
duas ou mais alternativas, considerando seus impactos ambientais potenciais e
sustentabilidade ecológica.
De acordo com Finnveden et al. (2000), é de interesse observar dois
aspectos importantes da ACV, o que torna esta ferramenta única. O primeiro é o
foco nos produtos, ou nas funções que os produtos oferecem. Produtos podem
incluir não somente produtos materiais, mas também funções de serviço, por
exemplo, eliminando uma determinada quantidade de resíduos lidos ou
produzindo certa quantidade de calor ou eletricidade. Trata-se de uma
perspectiva adequada quando se compara diferentes opções para o tratamento
dos resíduos ou métodos de geração de calor e eletricidade. O segundo aspecto
da ACV é a perspectiva berço ao túmulo. Ao comparar produtos diferentes
cumprindo uma função similar, pode ser importante considerar o ciclo de vida
completo. Isso ocorre porque os impactos ambientais e os benefícios podem
ocorrer em diferentes fases do ciclo de vida (FINNVEDEN, et al, 2000).
De acordo com Finnveden et al. (2000), um estudo de ACV pode ser uma
sustentação valiosa para vários tipos de decisões ambientais como projeto ou a
melhoria dos produtos e dos processos, o desenvolvimento de projetos de
27
negócios, o ajuste de critérios de rotulação ecológica, o desenvolvimento de
estratégias políticas, e ao tomar decisões de compra.
O foco de um ACV pode estar tanto em um produto, tal como um carro, ou
em uma função, tal como transporte de uma pessoa do ponto A ao ponto B. A
ACV é sempre baseada na chamada unidade funcional. A unidade funcional é a
unidade de referência para quantificar o desempenho de um sistema do produto.
Ao comparar, por exemplo, lavar com as mãos com usar uma máquina de lavar
louça, a unidade funcional seria a quantidade de lavagem necessária em um
domicílio de quatro pessoas durante um ano (FINNVEDEN et al. 2000).
Executar um ACV é um processo interativo, onde informações reveladas
durante o estudo podem impor uma revisão de resultados anteriores, por
exemplo, quando processos mais importantes são identificados, o escopo do
estudo pode ter que ser alterado. O processo é repetido até o objetivo de o
estudo estar cumprido (FINNVEDEN et al. 2000).
Segundo a ISO 14040, uma Avaliação do Ciclo de Vida consiste em quatro
fases diferentes, mas relacionadas:
- definição de objetivo e escopo;
- análise de Inventário;
- avaliação de Impactos;
- interpretação.
Estas fases estão ilustradas na Figura 1.
28
Figura 1 - As fases de uma avaliação de ciclo de vida (modificado de ISO 14040:1997).
2.4.1 Definição do objetivo e escopo
Na etapa de definição de objetivo e escopo do trabalho (etapa de
planejamento) são consideradas as principais razões para a realização do estudo.
O objetivo definido determina o escopo necessário ao estudo para que seja
atingido o tal objetivo. No escopo, as funções do sistema em estudo são
especificadas e a unidade funcional, na qual o estudo deve se basear, é definida
(FINNVEDEN, et al. 2000).
2.4.2 Análise de inventário
Após a definição clara do objetivo e escopo do estudo, o próximo passo é
a análise do inventário, quando são efetuadas a coleta e a quantificação de todas
as variáveis envolvidas durante o ciclo de vida do produto, processo ou atividade.
OBJETIVO E
ESCOPO
ANÁLISE DO
INVENTÁRIO
AVALIAÇÃO
DE IMPACTO
INTERPRETAÇÃO
29
Conforme Prado (2007), a forma com que as entradas de materiais serão
realizadas deve ser selecionada durante a definição do escopo, sendo que todas
as suposições usadas para fazer as escolhas devem ser identificadas, de forma
que apenas os fluxos de materiais mais significativos sejam estudados.
2.4.3 Avaliação de impactos
A proposta da avaliação dos impactos é compreender e avaliar o tamanho
e significância dos impactos ambientais baseada na análise do inventário
realizada. Nesta etapa são feitas a classificação, caracterização e valoração dos
dados coletados.
De acordo com ISO 14040 (1997), a fase de avaliação de impacto da ACV
é direcionada a avaliar a significância dos impactos ambientais potenciais usando
os resultados da análise de inventário de ciclo de vida. Em geral, esse processo
envolve associar dados do inventário com impactos ambientais específicos e com
tentativas de entender esses impactos. O nível de detalhe, escolha dos impactos
avaliados e metodologia utilizada dependem do objetivo e escopo dos estudos.
2.4.4 Interpretação
Na etapa de interpretação são feitas a identificação e análise dos
resultados obtidos nas fases de inventário e/ou avaliação de impacto de acordo
com o objetivo e o escopo previamente definidos para o estudo de maneira que
se possa chegar a conclusões e recomendações. Esta etapa pode também
envolver a revisão dos objetivos e escopo do estudo assim como do tipo e
qualidade dos dados coletados (ISO 14040).
30
2.5 ACV de Sistemas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos
ACV tem muito para oferecer em termos de seleção e aplicação de
técnicas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, de tecnologias, e de
programas apropriados para conseguir objetivos específicos no gerenciamento
dos resíduos. Assim, diversos estudos na literatura usaram o ACV como uma
ferramenta para o gerenciamento dos resíduos sólidos municipais (BARTON et
al.,1996; ÖZELER, et al., 2005; FINNVEDEN et al., 2000; DIAZ e WARITH, 2005;
FINNVEDEN et al., 2005).
Segundo Finnveden et al (2000), a mesma metodologia geral de ACV pode
ser aplicada em sistemas de gerenciamento de resíduo, embora aspectos
diferentes da metodologia possam ser abordados. Também é importante verificar
que, embora melhorias possam ser feitas na metodologia de ACV, há ainda
alguns problemas não resolvidos que necessitam de atenção, como por exemplo,
a avaliação de impacto de ciclo de vida de sistema integrado de resíduos sólidos.
Visto que em ACV não como definir os impactos atuais, e sim, se restringe em
analisar impactos potenciais, quando aplicado a gerenciamento de resíduos
sólidos, este problema torna-se ainda mais evidente tornando-se eventualmente
necessário fixar um tempo limite para avaliação dependendo do objetivo do
estudo.
De acordo com McDougall et al. (2001), a ACV é geralmente considerada a
melhor ferramenta de gerenciamento ambiental que pode ser usada para obter
um bom entendimento e uma quantificação objetiva de todos os impactos
ambientais relacionados com diferentes cenários de gerenciamento de resíduo
sólido. O termo Ciclo de Vida indica que todo estágio de ciclo de vida do serviço,
desde a extração do recurso até o tratamento final, é levado em conta.
31
2.5.1 Exemplos de ACV de sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos no Brasil e no mundo
Existem vários trabalhos já desenvolvidos utilizando a ferramenta ACV
para Sistemas de Gerenciamento de RSU. Barlaz e Weitz. (1995) descreveram
um sistema global que foi utilizado para realizar o ciclo de vida e análises de
custo de alternativas de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos. O sistema
foi dividido em uma série de processos distintos de manejo de resíduos sólidos,
incluindo geração de resíduos, redução de fontes, recolhimento e transferência,
recuperação de materiais, compostagem, produção e combustão de combustíveis
a base de resíduos, digestão anaeróbia, e aterro.
Barton et al. (1996) relatam aspectos de um estudo recente encomendado
pelo Ministério do Ambiente do Reino Unido para avaliar como a metodologia de
ACV pode ser desenvolvida e aplicada para auxiliar em tomada de decisões em
gerenciamento de resíduos.
Um estudo foi desenvolvido por Finnveden et al. (2000) para avaliar
diferentes estratégias para tratamento de resíduos sólidos baseadas em uma
perspectiva de ciclo de vida, onde identificou-se vantagens e desvantagens de
diferentes métodos de tratamento de resíduo sólido.
Em um trabalho desenvolvido na cidade de São Paulo, por Mendes et al.
(2003), foi empregada a ACV para comparar os impactos ambientais de aterro
sanitário, compostagem, e tratamento biológico de resíduos sólidos. O consumo
de energia, recursos recuperados, e emissões para água e atmosfera foram
quantificados e analisados em termos da contribuição potencial deles/delas para
o efeito estufa, acidificação, e impacto de enriquecimento de nutrientes.
Beigl e Salhofer (2004) compararam diferentes sistemas de
gerenciamento de resíduos através de uma avaliação de ciclo de vida (ACV) e
uma comparação de custo.
32
Por exemplo, Finnvenden et al. (2005) avaliaram diferentes estratégias
para tratamento de resíduo sólido na Suécia baseado em uma perspectiva de
ciclo de vida.
Özeler et al. (2005) determinaram para Ancara um Sistema de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos Municipais ambientalmente mais amistoso.
Em seu estudo, Moberg et al. (2005) testaram a validade da hierarquia de
resíduos para tratamento de resíduos sólidos. Para isso, utilizaram a ferramenta
de avaliação de ciclo de vida em reciclagem, incineração com recuperação de
calor e disposição de resíduos recicláveis na Suécia.
Alguns trabalhos desenvolvidos no Brasil foram realizados por López et al.
(2003, 2007). Nesses trabalhos foram avaliados os impactos das diferentes
etapas de sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos dos
municípios de Venâncio Aires, São Luiz Gonzaga, Santo Ângelo e Santa Cruz do
Sul, todos no RS. De todos os componentes avaliados, o aterro foi sempre aquele
com maior impacto sobre o meio ambiente.
Com relação ao uso desta ferramenta no Brasil, deve ser destacado que os
resultados obtidos com os modelos existentes subestimam os verdadeiros
impactos que as operações produzem. Isso se deve principalmente a que os
bancos de dados utilizados pelos modelos importados não condizem com as
realidades do Brasil, onde o próprio lixo apresenta características diferentes
daquele utilizado pelo modelo para estimar as emissões e os impactos derivados
deste.
33
2.6 O Inventário de Ciclo de Vida
Segundo Bovea e Powell (2004), o Inventário de Ciclo de Vida (ICV)
constitui uma compilação detalhada de todas as entradas (material e energia) e
saídas (emissões para ar, água) durante cada estágio de ciclo de vida do resíduo.
De acordo com os mesmos autores, um ICV completo deve incluir todas as
atividades requeridas para gerenciar o lixo desde o momento em que ele deixa as
casas até a sua disposição final: as bolsas e sacolas necessárias para o
armazenamento do lixo, o transporte do lixo do ponto de geração até o destino
final, o gerenciamento do lixo na estação de transferência (ST) e/ou na estação
de triagem, o gerenciamento do lixo no aterro, a coleta e tratamento do biogás
gerado (cenários com recuperação de energia), a compostagem da fração
putrescível e os processos de reciclagem das frações separadas. Os ganhos de
energia pelo uso do biogás, compostagem (uso de fertilizantes) e do material
reciclado também devem ser incluídos no modelo.
Após a compilação, tabulação e análise preliminar de todas as trocas
ambientais (emissões, consumos dos recursos, de energia, etc.), no Inventário de
Ciclo de Vida (ICV), muitas vezes é necessário calcular, bem como interpretar, os
indicadores dos impactos potenciais associados a essas trocas com o meio
natural. Esta etapa é denominada Análise de Inventário de Ciclo de Vida
(REBITZER et al., 2004) Em outras palavras, a fase de Inventário de Ciclo de
Vida visa identificar e quantificar as intervenções ambientais que cruzam os
limites do sistema. Isso resulta em uma tabela de inventário, isto é, uma lista de
matérias-primas e fontes de energia e de emissões individuais para o ar e água, e
geração de resíduos sólidos, que é então utilizada na fase de Análise de
Inventário de Ciclo de Vida (ARENA, 2003).
34
2.6.1 Modelos de ICV
Bovea e Powell (2004) citam que diferentes softwares de ICV foram
propostos para facilitar a aplicação desta ferramenta no gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos. Entre eles podem ser citados: Integrated Solid Waste
(ISW) desenvolvido por White et al. (1999) e melhorado por McDougall et al.
(2001); o USEPA também desenvolveu uma ferramenta de suporte
computadorizada para avaliar estratégias de gerenciamento integrado de
resíduos sólidos urbanos (WEITZ et. al, 1999); ORWARE (Organic Waste
Research) é um modelo que avalia a fração orgânica e inorgânica do lixo
municipal (ERIKSSON, et al., 2002). A seguir são detalhados alguns dos
softwares aqui citados.
O modelo IWM Model 1 foi utilizado por Özeler et al. (2005). O objetivo
desse modelo é dar aos municípios uma indicação geral dos efeitos ambientais e
implicações econômicas das decisões sobre gestão dos resíduos, bem como
apontar estratégias que podem melhorar o desempenho ambiental do seu
sistema de gestão de resíduos. No estudo, cinco diferentes cenários de Sistemas
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Municipais que incluem diferentes
métodos de transformação e/ou eliminação dos resíduos sólidos urbanos foram
desenvolvidos e, em seguida, comparados com relação aos seus impactos
ambientais. E então, o modelo foi executado para cada cenário com base nos
dados recolhidos na fase de análise de inventário. Os resultados das simulações
realizadas revelaram informações detalhadas sobre os aspectos econômicos e
ambientais dos cenários.
Eriksson et al. (2005) realizaram um estudo com diferentes opções de
tratamento de resíduos. Para isso, desenvolveram cenários que envolviam
combinações que continham processos como incineração, reciclagem de
materiais, tratamento biológico (digestão anaeróbica e compostagem). Estes
processos foram estudados e comparados ao aterro sanitário. A avaliação cobriu
o uso de recursos de energia, do impacto ambiental e de custos financeiros e
ambientais. Para isso, o modelo ORWARE foi executado em três municípios
35
suecos para quantificar emissões, utilização de energia e custos financeiros. Esse
modelo é baseado em números, suposições e equações gerais e foi adaptado
para cada um dos municípios.
Diaz e Warith (2005) utilizaram em seu estudo o Modelo WASTED que foi
desenvolvido para estimar os impactos ambientais das alternativas do
gerenciamento de resíduo. Ele leva em conta os aspectos típicos de fluxo de
gerenciamento de resíduos sólidos municipais, desde a coleta dos resíduos à
disposição final, e se baseia em submodelos para calcular o consumo de energia
(ou geração) e emissões de cada operação de gerenciamento de lixo.
O Modelo SIMGERE foi desenvolvido por Zanta e Massukado (2005) para
auxiliar as Administrações Públicas Municipais na gestão dos resíduos sólidos
domiciliares por meio da simulação de cenários, mostrando os efeitos que
poderão ocorrer a partir de possíveis mudanças nas estratégias da gestão.
36
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho está dividido em três etapas principais. A primeira
etapa foi desenvolvida por meio de coleta de dados na Secretaria de Transportes
e Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul, na empresa
Conesul, responsável pela coleta dos resíduos, e em bibliografias específicas
(BETAT, (2005); IBGE (2002)).
A segunda etapa foi a transferência desses dados obtidos para o software
IWM Versão 2.5, com o qual foi analisada a situação atual do sistema de
gerenciamento de resíduos do município (definido como Cenário 1) através dos
efeitos ambientais e implicações econômicas. A terceira etapa foi a simulação de
outros dois cenários (denominados de Cenários 2 e 3) que incluem diferentes
atividades de gerenciamento para os resíduos sólidos municipais.
O software IWM 2.5 foi o escolhido entre outros modelos para a
execução deste trabalho devido à facilidade de operação. Além disso, ele é
bastante citado nas bibliografias internacionais, facilitando comparações.
3.1 Coleta de dados
A coleta de dados e informações necessárias para o desenvolvimento
deste estudo foi realizada através de consulta na Secretaria de Transportes e
Serviços Públicos, por meio de um questionário (Quadro 1) enviado à empresa
Conesul, responsável pela coleta de resíduos no município, e consulta
bibliográfica em trabalhos já realizados no município de Santa Cruz do Sul.
37
Quadro 1 Questionário enviado à empresa Conesul para coleta de dados.
3.2 Modelo IWM 2.5
Nesse estudo, foi utilizado o programa IWM-2 (Integrated Waste
Management Model 2) versão 2.5, desenvolvido por MC Dougall et al. (2001).
Esse modelo é um software baseado na ISO 14040, que permite que sejam
modeladas as etapas da coleta, tratamento, compostagem, incineração,
reciclagem e disposição final dos resíduos sólidos municipais. O modelo prediz
cargas ambientais totais do sistema de gerenciamento do resíduo municipal e
inclui o modelo econômico paralelo. O mesmo foi projetado como uma ferramenta
de suporte de decisão para gerenciadores de resíduo nos governos e na
indústria, que precisam decidir entre várias opções diferentes de gerenciamento
de resíduo.
O fluxo dos resíduos sólidos através do seu ciclo de vida é seguido no
modelo. Cada uma das fases do ciclo de vida de resíduos é representado por
uma caixa contendo perguntas de entrada a partir das quais define o sistema de
Tipo de coleta de resíduos:
Tipo de caminhão utilizado na coleta:
Consumo de combustível dos caminhões:
Composição física do lixo:
Massa coletada:
Percentual triado:
Caracterização do material triado:
Distância entre usina em Santa Cruz do Sul e aterro em Minas do Leão:
Meio de transporte utilizado para transportar os resíduos até Minas do Leão:
Consumo de combustível dos meios de transporte citado acima:
38
gestão de resíduos sólidos considerado. O modelo é alimentado com informações
sobre o lixo, energia (combustíveis e energia elétrica) e outras matérias primas
utilizadas. O modelo então totaliza o consumo de energia, produção de energia,
emissões ao ar, emissões à água, volume da disposição final, recuperação de
materiais e material composto para produzir o inventário de ciclo de vida para o
resíduo da região escolhida.
3.3 Cenários analisados
Três diferentes cenários que incluem diferenças na porcentagem de
resíduos coletados e triados, inclusão de tratamento biológico dos resíduos e
coleta de biogás foram desenvolvidos e, então, comparados com respeito aos
seus impactos ambientais. Os impactos ambientais dos sistemas de
gerenciamento de resíduos foram avaliados considerando suas emissões à água,
emissões ao ar, resíduo sólido final produzido, consumo de energia e gastos.
O Cenário 1 é o cenário base e representa a situação atual dos resíduos
do Município de Santa Cruz do Sul, que consiste de coleta, transporte, triagem e
aterro, sem tratamento biológico dos resíduos e coleta de 20% de gás de aterro
gerado, além da coleta e tratamento de 100% do chorume gerado.
O segundo cenário inclui, além dos parâmetros do Cenário 1, um sistema
de compostagem, onde 50% da matéria orgânica sofre esse processo, além de
um sistema de coleta e queima de 50% do biogás gerado no aterro.
O terceiro e último cenário se baseia no Cenário 2 porém introduz
aumentos na porcentagem da compostagem (80%), no material triado para
reciclagem (30%) e na coleta e tratamento do biogás (80%).
39
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Modelo IWM 2.5 foi utilizado para cada cenário com base nos dados
recolhidos na fase de análise de inventário. Os resultados das simulações
realizadas revelaram informações detalhadas sobre os aspectos econômicos e
ambientais dos cenários, assim como utilização de energia, emissões de gases
responsáveis pelo efeito estufa e emissões à água.
É importante ressaltar neste ponto que os dados emitidos pelo software
IWM-2.5 podem ser bem menores aos que realmente podem ser obtidos em
estudos no Brasil. Isso se deve principalmente a que este software se baseia em
banco de dados europeus e americanos para realizar os cálculos de emissões,
consumo de energia e eficiência de equipamentos. Esses dados podem ser bem
diferentes aos dos sistemas de gerenciamento de resíduos no Brasil. Por
exemplo, segundo McDougall et al. (2001), o modelo utiliza para o cálculo da
geração de metano uma média de 250 Nm³/t de lixo aterrado. No Brasil, de
acordo com o trabalho de Ensinas (2003), são emitidos de 260-320 Nm³/t de lixo
aterrados. Essas diferenças estão associadas às características do lixo no Brasil,
que normalmente possui uma maior quantidade de matéria orgânica na sua
composição física.
Outra grande diferença que este software pode produzir diz respeito à
quantidade de chorume gerado. De acordo com McDougal et al. (2001), o modelo
parte do princípio de que apenas 13% da precipitação pluvial anual se transforma
em chorume, sendo que o modelo considera a precipitação média anual de 700
mm. no Brasil, se considerarmos apenas o RS, a precipitação média é de
1.600 a 2.000 mm por ano. Todavia, poucos aterros no Brasil possuem um
sistema de cobertura final tão eficiente como o considerado pelo modelo. Em
alguns casos, até 30% da precipitação pluvial penetra dentro do aterro e se
transforma em chorume (AGUIAR, 2004).
40
4.1 Resultados da caracterização do sistema atual de gerenciamento de
resíduos
O sistema atual de gerenciamento dos resíduos do município de Santa
Cruz do Sul foi definido como Cenário 1 e consiste da coleta, separação,
reciclagem e disposição final.
Segundo o IBGE (2002), o município de Santa Cruz do Sul possui hoje um
total de 119.803 habitantes e 32.379 domicílios o que representa uma média de
3,7 habitantes/domicílio.
No município a coleta de resíduos é gerenciada por uma empresa
contratada, a Conesul. A mesma, coleta com caminhões
coletores/compactadores, diariamente, cerca de 80 toneladas de resíduos através
de um sistema de coleta porta a porta implantado no ano de 2007. Estes
caminhões consomem cerca de um litro de combustível para cada dois
quilômetros percorridos.
A composição física dos resíduos é de papel/papelão, vidro, plástico,
metais e lixo orgânico (Tabela 2). Esses resíduos são encaminhados até a Usina
de Resíduos do município, aonde são separadas 14,8 toneladas por dia do
material como: plástico filme, PET, plástico duro, vidro, papel, papelão, metais
não-ferrosos e metais ferrosos. A composição média deste material separado se
encontra detalhada na Tabela 3.
41
Tabela 2 Composição física dos resíduos coletados no município de Santa Cruz
do Sul- RS
Composição física do material
coletado
Porcentagem do material coletado
Papel/papelão
16%
Vidro
4%
Plástico
17%
Metal
4%
Lixo orgânico
59%
Fonte: BETAT, (2005)
Tabela 3 Composição física do material triado na usina de resíduos do
município de Santa Cruz do Sul.
Composição física do material triado
Porcentagem do material triado
Plástico filme
38,0%
PET
13,3%
Plástico duro
8,8%
Vidro
14,6%
Papel
8,8%
Papelão
11,1%
Metais não-ferrosos
0,5%
Metais ferrosos
4,9%
Fonte: BETAT, (2005)
O material triado é vendido para reciclagem e o restante é levado, com
carretas, para um aterro sanitário no município de Minas do Leão RS, localizado
a 100 km de Santa Cruz do Sul. Estas carretas têm capacidade para carregar em
torno de 70m
3
de resíduos e consomem um litro de combustível para cada 1,8
quilômetros rodados.
42
A seguir serão apresentados os resultados do cenário atual do Município
de Santa Cruz do Sul, como custos, balanço de combustível e energia, resíduo
sólido final, emissão à atmosfera e à água. E é interessante notar que alguns
resultados apresentam valores negativos, o que significa que ganhos
ambientais (reduções nas emissões e economias de custos e de energia). os
impactos ambientais (emissões para ar/água e uso de energia) são indicados
com sinais positivos.
4.1.1 Balanço de custos
De acordo com o balanço de custos apresentado na Tabela 4, o município
gasta anualmente R$ 2.624.364 com coleta e aterro, e os R$ 512.773 da triagem
são de responsabilidade da empresa Conesul. O rendimento com a venda dos
materiais não retorna aos cofres municipais, ficando em poder da empresa citada
anteriormente. Se a prefeitura municipal assumisse também a triagem e
comercializasse os resíduos, ela teria um gasto de R$ 3.137.137,00 e R$
1.566.205 de retorno com o valor da venda dos materiais, o que totalizaria um
custo de R$ 1.570.932,00, ou seja, uma economia de 40% em relação ao valor
pago atualmente.
Em relação ao custo/domicílio, o município gasta, por ano, R$ 81,00/t com
coleta e aterro. Se ela assumisse também a triagem, o custo ficaria em R$
49,00/t, que essa traz um retorno de R$ 33,00/t com a venda dos resíduos.
Atualmente, esse valor é de posse da empresa Conesul.
Tabela 4 Balanço de custos relativo ao sistema de gerenciamento dos resíduos
atual
Unidade
Coleta
Triagem
Aterro
Reciclagem
Total
Custos
R$
1.925.831
512.773
698.533
Zero
3.137.137
Rendimento
R$
Zero
-1.566.205
Zero
Zero
-1.566.205
Total
R$
1.925.831
-1.053.432
698.533
Zero
1.570.932
Custo/domic.
R$
59
-33
22
Zero
49
Custo/hab.
R$
16
-9
6
Zero
13
Fonte: tabela elaborada com base nos resultados obtidos pelo Modelo IWM -2
43
4.1.2 Balanço de uso de combustível e energia
Para gastos com energia (Tabela 5), tem-se como resultado um consumo
na usina de resíduos de 55.595 kWh/ano de energia elétrica na triagem dos
materiais. Mas a reciclagem dos materiais triados produz uma economia de
energia de 19.697 MWh/ano. Isso se deve ao fato de que, na reciclagem, uma
economia muito grande de energia em relação à produção primária, como, por
exemplo, o alumínio que economiza 95% de energia na sua reciclagem, se
comparado com a quantidade de energia necessária para a produção primária
deste material. Esse valor é importante para as indústrias geradoras de energia,
já que estão poupando um valor energético bastante significativo anualmente.
Em relação ao combustível, os caminhões gastam 99.645 l/ano de diesel
na coleta dos resíduos e 157.733 l/ano para levar os resíduos da triagem até o
aterro no município de Minas do Leão. Somando-se à quantidade gasta na
triagem e no transporte até os centros de reciclagem (assume-se aqui que esta
atividade se realiza na Região Metropolitana de Porto Alegre, distante a 160 km
de Santa Cruz do Sul), o valor chega a 315.694 litros de diesel anualmente.
Tabela 5 Balanço de consumo de combustíveis e energia pelo sistema de
gerenciamento de lixo atual.
Unidade
Coleta
Triagem
Aterro
Reciclagem
Total
Energia
consumida
kWh
Zero
55.595
Zero
n/a
55.595
Energia na
reciclagem
MWh
n/a
n/a
n/a
-19.697
-19.697
Diesel
Litros
99.645
3.892
157.733
54.424
315.694
Total
GJ
5.007
465
7.925
-95.550
-79.418
Fonte: tabela elaborada com base nos resultados obtidos pelo Modelo IWM -2
Após a análise dos processos, observam-se na Tabela 4, os gastos com
combustíveis e energia. A energia elétrica total consumida foi de 55.595kWh,
sendo esta utilizada somente na triagem dos resíduos. Quanto aos combustíveis,
foi utilizado apenas óleo Diesel, para o transporte dos resíduos até o aterro,
44
157.733 litros e para a coleta, 99.645 litros. Na reciclagem e na triagem foram
consumidos, respectivamente, 54.424 e 3.892 litros do combustível.
Porém, é importante ressaltar aqui que uma economia de 19.697 MW/h
de energia elétrica com a reciclagem dos materiais triados.
Fazendo um balanço total da coleta, triagem e aterro, e convertendo todas
as fontes de energia em GJ, tem-se um gasto de 13.397 GJ de energia na coleta,
triagem e aterro dos resíduos. Porém, com a reciclagem de materiais, poupa-se
95.550 GJ, fazendo com que o sistema tenha uma economia de 79.418 GJ de
energia. Este ganho de energia é muito importante para a matriz energética do
Estado e do Brasil, uma vez que o setor energético está perto do seu limite
máximo de oferta.
4.1.3 Resíduo sólido final
4.1.3.1 Total de resíduos não perigosos (urbanos)
Do total de 27.375.000 Kg/ano de resíduos que são produzidos no
município, 5.398.000 Kg/ano são triados, e dos resíduos resultantes da triagem,
4.842.000 Kg são vendidos para reciclagem, e o restante, 556.000 kg
depositados no aterro juntamente com os 21.977.000 Kg que não sofreram
separação (Tabela 6).
Tabela 6 - Balanço geral dos resíduos sólidos não perigosos gerenciados
Unidade
Coleta
Triagem
Aterro
Reciclagem
Total
Resíduos não
perigosos
kg
n/a
556.000
21.977.000
n/a
22.533.000
Chorume
kg
n/a
n/a
53.000
n/a
53.000
Créditos de
reciclagem
kg
n/a
n/a
n/a
-5.148.000
-5.148.000
Total
kg
1.000
557.000
22.031.000
-5.679.000
16.910.000
Volume
m
3
0
682
31.421
-6.148
25.956
Fonte: tabela elaborada com base nos resultados obtidos pelo Modelo IWM -2
45
4.1.3.2 Chorume
Em relação ao chorume, de acordo com a Tabela 6, observa-se que o
aterro produz, anualmente, 53.000 kg do mesmo. Esse chorume é proveniente da
degradação da matéria orgânica contida no lixo e de parte da precipitação pluvial
que penetra no aterro. Como foi citado anteriormente, este valor pode estar
aquém do que realmente acontece nos aterros do Brasil.
4.1.3.3 Créditos de reciclagem
Em relação aos créditos de reciclagem, considera-se a economia de
materiais relacionada à produção primária dos resíduos. No cenário atual,
conforme Tabela 6, o valor da economia é de 5.148.000 kg/ano.
4.1.3.4 Volume de Resíduos
O volume total de resíduos gerados por ano chega a 32.103 m
3
, mas a
reciclagem elimina 6.148 m
3
de lixo, totalizando, assim, 25.956 m
3
, o que
representa uma redução de 20% no volume (Tabela 6).
4.1.4 Emissões à água
O Modelo IWM 2.5 considera vários elementos para emissão à água,
mas neste trabalho serão apresentados apenas os principais.
Os dados sobre a quantidade de lixiviados produzidos pelos aterros não
são comumente relatados, mas IFEU (1992) apud McDougall et al. (2001) estima
que cerca de 13% das chuvas em um aterro surge como lixiviados. De acordo
com o citado anteriormente, no Brasil, esse valor chega a 30% (AGUIAR, 2001).
Por isso, deve-se considerar o valor para DBO e DQO bem maiores do que os
apresentados na Tabela 7. Para locais na Alemanha, com uma precipitação
média anual de 750 milímetros, esta iria produzir cerca de 100 litros de lixiviados
por metro quadrado do aterro por ano. no RS, a precipitação média anual é de
46
1.600 2.200 mm/ano, o que levaria a uma produção de um volume muito maior
de chorume.
Na Tabela 7, encontram-se detalhados os valores para DBO e DQO.
Segundo o modelo IWM-2, os resultados para esses dois parâmetros no aterro
são de 3.318,796 kg e 3.318,817 kg por ano, respectivamente, mas esses valores
são baseados em dados de países onde a quantidade de matéria orgânica
presente no lixo é menor do que no Brasil. Então, se deve considerar que esses
valores podem ser mais altos devido à maior quantidade de matéria orgânica no
nosso lixo. Na reciclagem, produção de DBO (3.805,871 kg) devido à lavagem
dos materiais que gera uma carga orgânica, para a DQO, o valor se torna
negativo (-30.772,456 kg) devido à redução da matéria inorgânica e também
orgânica decorrente da reciclagem dos materiais.
Tabela 7- Emissões à água no cenário atual
Unidade
Coleta
Separação
Aterro
Reciclagem
Total
DBO
kg
0
0
3.318,796
3.805,871
7.124,667
DQO
kg
0,013
0,008
3.318,817
- 30.772,456
-27.453,618
COT
kg
0,042
0,276
2,260
2.312,894
2.315,472
Amônia
kg
1,205
0,050
24,940
-12,267
13,928
Nitrato
kg
0,003
0,039
0,005
644,086
644,133
Fosfato
kg
0
0,104
0
-7,852
-7,748
Fonte: tabela elaborada com base nos resultados obtidos pelo Modelo IWM -2
em relação ao teor de carbono orgânico total (COT), verifica-se, de
acordo com a Tabela 7, que 2.315,472 kg de COT são liberados pelo Cenário 1 e
a reciclagem é o fator que mais contribui com a emissão desse poluente. E é
necessário estar atento aos valores dos parâmetros de DBO, DQO e COT, pois
somente a relação dos dois primeiros pode nos indicar se o lixiviado que está
sendo emitido possui ou não biodegradabilidade para ser decomposto, a
relação de COT/DBO também nos permite verificar se a matéria orgânica
presente no lixiviado é ou não pouco biodegradável. Os três parâmetros aqui
citados estão sempre associados à carga orgânica do chorume. o valor do
DBO fornece uma noção sobre o grau de contaminação associado com o
47
efluente. Nesse ponto, em forma de comparação, o esgoto urbano possui uma
carga de DBO~350 1500 mg/L (von Sperling, 2001).
Os valores para amônia encontram-se descritos na Tabela 7. Esse
parâmetro é um fator importante que contribui para a toxicidade do chorume. Ele
é um componente que consome oxigênio dissolvido dos corpos de água onde é
descartado. Este consumo se deve a que este nitrogênio amoniacal pode oxidar
para nitrato na presença do oxigênio, contribuindo também na depleção deste
elemento nos corpos d'água.
Para os poluentes nitrato e fosfato, são gerados 644,086 kg /ano de nitrato
na reciclagem devido ao uso de produtos de limpeza na lavagem dos materiais.
Já em relação ao fosfato, há uma redução de 7,852 kg /ano (Tabela 7).
Essas substâncias são muito importantes, pois estão diretamente
relacionadas com o processo de eutrofização dos corpos hídricos. Os efeitos da
eutrofização artificial provocam a quebra do equilíbrio ecológico, pois passa a
haver mais produção de matéria orgânica do que o sistema é capaz de
decompor.
4.1.5 Emissões para o ar
Assim como para emissão à água, o modelo IWM-2 também considera
vários elementos para emissão à atmosfera, mas nesse estudo apenas os
principais serão apresentados. Os resultados das simulações destas emissões
estão resumidos na Tabela 8.
48
Tabela 8 Emissões atmosféricas no cenário atual.
Unidade
Coleta
Separação
Aterro
Reciclagem
Total
Material
particulado
kg
123,879
7,796
200,718
-3.435,609
-3,103,216
CO
g
1.648,925
64,638
3.524,138
-4.874,897
362,804
CO
2
kg
300.489,462
14.221,412
6.389.580,052
-4.045.517,503
2.658.773,423
CH
4
kg
365,777
23,348
1.690.279,514
-1.865,083
1.688.803,555
NOx
kg
5.407,136
217,038
8.666,765
-16.642,490
-2.351,551
GWP
kg
308.173,026
14.716,856
41.885.453,397
-4.057.919,768
38.150.423,512
SOx
kg
452,827
24,685
743,685
-6.482,119
-5.260,923
Total HC
kg
-
-
8.666,564
-
8.666,564
Fonte: tabela elaborada pela autora com base nos resultados obtidos pelo Modelo IWM -2.5
GWP: Greenhouse Warming Potencial ou Índice de Potencial de aquecimento global (em kg equivalentes de CO
2
).
48
49
Na Tabela 8, encontram-se detalhados os valores para material particulado
que o partículas sólidas ou líquidas emitidas por fontes de poluição do ar ou
mesmo aquelas formadas na atmosfera e, quando dispersas no ar, formam os
chamados aerossóis.
Durante a coleta, separação e disposição final dos resíduos emissão
de material particulado em decorrência da queima de combustíveis pelos
veículos de transporte. Durante a separação dos materiais, a quantidade chega
a pouco mais de 7 kg. Esta emissão está associada ao uso de carvão mineral
na matriz energética do RS, cuja queima emite material particulado. Já na coleta
e na disposição final, esse valor chega a 123 e 200 kg respectivamente. Porém,
assim como nas etapas anteriores, a reciclagem dos resíduos evita que 3.435
kg de material particulado sejam emitidos à atmosfera (Tabela 8).
em relação ao CO, como observado na Tabela 8, 1.648 kg desse
poluente são emitidos durante a coleta dos resíduos. Essa emissão está
associada à queima incompleta dos combustíveis pelos caminhões da coleta.
Em relação ao aterro, observa-se que este é um importante agente
impactante no que diz respeito à emissão de CO à atmosfera (3.524 kg). Este
CO do aterro provém de duas fontes. A primeira está associada à putrefação da
matéria orgânica no aterro e a segunda da queima dos gases de aterro. A
emissão deste gás é sempre preocupante, não somente pela sua capacidade de
efeito estufa, mas também pela sua toxicidade. Esta última pode representar
grandes perigos aos operadores do aterro.
Por outro lado, a reciclagem dos materiais evita que 4.874 kg /ano de
monóxido de carbono sejam liberados à atmosfera. A sua contribuição faz com
que o sistema todo emita apenas 362 kg, ou seja, a reciclagem traz consigo um
importante ganho ambiental, que CO contribui para o efeito estufa e
destruição da camada de ozônio.
50
Depois de dispostos nos aterros sanitários, os resíduos sólidos urbanos,
que contêm uma significativa parcela de matéria orgânica biodegradável,
passam por um processo de digestão anaeróbica. Assim, a matéria orgânica é
transformada em um gás conhecido como Biogás. Esse Biogás contém uma
concentração muito elevada de dióxido de carbono e metano, contribuindo,
então, para o efeito estufa que vem contribuindo para o aquecimento do planeta.
No Município de Santa Cruz do Sul, o CO
2
é emitido em grande
quantidade durante a coleta dos resíduos sólidos urbanos (300.489 kg) em
decorrência da queima de combustíveis sseis utilizados pelos caminhões
coletores. Deve-se ressaltar que o modelo considera emissões de caminhões
com maior eficiência de combustão que os veículos utilizados no Brasil, uma vez
que os mesmos devem passar por revisões periódicas para atender as
legislações sobre emissões atmosféricas de veículos nos seus países de
origem. no Brasil, a frota de coleta de lixo não passa por estas avaliações
periódicas. Além disso, o nosso combustível apresenta uma menor qualidade
que os utilizados no modelo. Dessa forma, os valores aqui simulados podem
estar muito aquém dos realmente emitidos durante a coleta, de forma que os
valores aqui apresentados podem ser considerados como valores de referência
mínima que podem ser esperados.
O aterro sanitário também contribui significativamente com a emissão de
CO
2
, emitindo 6.389.580 kg anualmente. Esta emissão decorre da putrefação ou
degradação biológica da matéria orgânica dentro do mesmo. Durante a
separação dos materiais, a emissão fica em torno de 14.221 kg/ano. Somando-
se esses valores, tem-se que 6.403.801 kg de dióxido de carbono são emitidos
anualmente à atmosfera, mas a pequena porcentagem de material que é
reciclado evita que 60% desse gás sejam liberados ao meio ambiente.
Por maior que seja a quantidade de CO
2
liberada pelo aterro ao meio
ambiente, esse gás entra no ciclo natural do carbono, não sendo, então, muito
preocupante, uma vez que os alimentos, constituídos na sua maioria por
51
vegetais, o retiram da atmosfera por meio da fotossíntese. Logo, a sua geração
e emissão forma parte do ciclo biogeoquímico deste elemento.
Como resultados para CH
4
, têm-se que, anualmente, no município de
Santa Cruz do Sul, os caminhões liberam 365 kg de gás metano à atmosfera
durante a coleta dos resíduos, a separação emite 23 kg e o aterro, 1.690.279 kg.
A reciclagem dos resíduos evita que 1.865 kg de CH
4
sejam lançados à
atmosfera.
As emissões de CH
4
, decorrente da degradação anaeróbia do lixo no
aterro, mesmo sendo menores do que CO
2
possuem um impacto maior no meio
ambiente, devido ao fato de a molécula do CH
4
absorver 21 vezes mais energia
do que o CO
2
, além de não entrar no ciclo do carbono.
Embora os gases coletados no aterro sejam queimados no local, é
importante ressaltar que apenas 20% de todo o metano gerado no aterro é
coletado a tratado atualmente.
Esse metano poderia ser comercializado na forma de créditos de
carbono, que 80% desse gás equivalem a carbono. Como o aterro do
município de Santa Cruz do Sul emite 1.690.279 kg de CH
4
, tem-se, então,
1.352.223 kg de C. A tonelada desse elemento vale, no mercado de carbono,
cerca de R$ 30,00, podendo a sua venda render ao município cerca de R$
40.000,00.
Em relação ao NO
x
são emitidos 5.407 kg desse gás durante a coleta de
lixo anualmente. Desse total, 217 kg são liberados na separação dos mesmos e
8.666 kg pelo aterro sanitário. Esses dois gases são derivados da queima do
gás de aterro. Com a reciclagem dos materiais, 16.642 kg desse gás deixam de
ser liberados à atmosfera, como verificado na Tabela 8. Esse é um importante
ganho ambiental, que, de acordo com Mota (2000), o NO
x
misturado com
substâncias como compostos voláteis orgânicos, dióxido de enxofre, aerossóis
52
ácidos e gases, bem como o material particulado, formam o ―smog‖, que é um
denso nevoeiro formado pela mistura química desses gases.
os resultados para SO
x
mostram que, anualmente, o aterro sanitário
libera 743 kg desse gás à atmosfera. Durante a coleta de lixo, são emitidos 452
kg e, na separação dos resíduos, 24 kg. Com a reciclagem dos resíduos, 6.482
kg desse gás deixarão de ser lançados à atmosfera.
Segundo Mota (2000), os óxidos de enxofre e nitrogênio reagem com
vapor de água (umidade do ar) produzindo ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) e ácido
nítrico (HNO
3
), dando origem a precipitações ácidas. Esse tipo de chuva,
quando freqüente, provoca a acidificação do solo, prejudicando também plantas
e animais, a vida dos rios e florestas. Em muitos modelos de análise de ciclo de
vida esses dois gases são incluídos dentro do parâmetro potencial de
acidificação para avaliação do seu impacto ambiental.
O somatório da emissão dos gases CO
2
, CH
4
e NO
2
é conhecido como
Índice GWP e indica o potencial de aquecimento global referente à emissão
destes gases. É classificado como uma categoria de impacto através de um
acordo internacional.
De acordo com os dados da Tabela 8, o sistema de gerenciamento de
resíduos atual apresenta um potencial de aquecimento global de 38.150.423 kg
de CO
2
equivalente/ano, o que representa um valor relativamente alto. Dentre
as atividades que mais contribuem para este parâmetro, se destaca o aterro
sanitário, o qual é responsável por 99% das emissões equivalentes. Essas
emissões estão diretamente relacionadas com a baixa captação e tratamento do
metano gerado no aterro (20%). Embora a reciclagem contribua com um valor
significativo, ele não se sobrepõe ao emitido pelo aterro.
Para valores relacionados ao Total HC, tem-se que o aterro sanitário
libera, anualmente, 8.666 kg de hidrocarbonetos totais. Esses componentes,
como Benzeno e Tolueno são preocupantes porque o carcinogênicos. Alguns
53
desses gases também são considerados como destruidores da camada de
ozônio.
4.2 Análise comparativa dos cenários simulados
Seguidamente serão apresentados os resultados comparativos dos
cenários 2 e 3 simulados, em forma de gráficos, sempre comparando-os com os
valores do Cenário 1, já analisado.
4.2.1 Custos
Para analisar este tópico, são apresentados os gastos com coleta,
triagem, tratamento biológico e disposição final e o rendimento/retorno destes
para cada cenário considerado. Para analisar estes custos foi considerado um
valor de R$ 200,00/ton de húmus comercializado.
Para os gastos, tem-se como resultado que o Cenário 1 foi o que menos
apresentou gastos, chegando a pouco mais de 3 milhões de reais, como
mostrado na Figura 2. o terceiro cenário foi o que apresentou maior custo.
Isso aconteceu porque nesse cenário a quantidade de material triado era maior
do que nos outros cenários, assim como o tratamento biológico, onde a
porcentagem dos resíduos enviados a compostagem também era maior,
gerando, assim, um custo mais elevado.
54
Figura 2 - Comparativo de gastos realizados pelos cenários 1, 2 e 3.
Mas, com a venda desses materiais separados e o adubo orgânico
proveniente da compostagem (húmus), tem-se um retorno de cerca de 3,5
milhões de reais ao município (Figura 3).
Figura 3 - Comparativo de rendimento proveniente das vendas do material triado e do adubo
orgânico advindo da compostagem da matéria orgânica nos cenários 1, 2 e 3
55
Assim, totalizando os gastos e os retornos para os três cenários, o lucro
com o último é de mais de 165.000 reais, enquanto no primeiro apenas
gastos num valor acima de 1 milhão de reais (Figura 4).
Figura 4 Comparativo do total de gastos e retornos com o sistema de gerenciamento de
resíduos nos cenários 1, 2 e 3
A comparação dos resultados simulados para os três cenários mostra
claramente que se o sistema de triagem e venda de materiais recicláveis fosse
administrada pela prefeitura, ela poderia se tornar uma fonte de recursos para
paliar suas necessidades financeiras no que diz respeito a fundos para o
gerenciamento de lixo.
Por outro lado, considerando o processo de compostagem, fica claro que
a introdução desta etapa traz reduções nos custos com aterramento, uma vez
que parte do material orgânico é desviada para a compostagem. Mesmo que
não seja considerada a venda deste material, a compostagem da matéria
orgânica reduziria os custos finais do sistema de gerenciamento de resíduos
(Figura 4).
4.2.2 Energia
Para consumo de energia, são apresentados dados em relação à energia
consumida, energia gerada e energia poupada com a reciclagem.
56
Como pode ser observado na Figura 5, o maior consumo de energia seria
no Cenário 3, principalmente porque a presença de um processo de
compostagem, que requer um uso maior da energia. Segundo Finnveden
(2000), o consumo de energia durante o processo de compostagem é devido a
eletricidade (54,4 MJ/ton) e consumo de diesel do maquinário (5.555 MJ/ton).
No Cenário 2 também um tratamento biológico, mas a quantidade de
resíduos que é submetido a esse processo é menor do que no cenário citado
anteriormente. No primeiro cenário, então, a quantidade de energia gasta foi
menor devido à ausência de um processo de tratamento biológico de resíduos.
Em relação à energia gerada, somente o Cenário 3 recuperaria energia
devido ao gás coletado no aterro, o que não é feito nos outros cenários (Figura
6).
Figura 5 Comparativo de consumo de energia nos cenários 1, 2 e 3
57
Figura 6 Comparativo da recuperação de energia nos cenários 1, 2 e 3
Através da reciclagem dos materiais, pode-se observar na Figura 7 que
nos três cenários uma economia de energia. Nos Cenários 1 e 2, a
quantidade de energia economizada é a mesma, pois se considera que a
mesma quantidade de material é separada na usina de triagem. no Cenário
3, a quantidade de energia economizada aumenta pelo fato de que neste
cenário a quantidade de material reciclado é maior do que os outros dois.
Figura 7 Comparativo da economia de energia através da reciclagem de resíduos nos cenários
1, 2 e 3 .
58
Fazendo um balanço do consumo, geração de energia e energia
poupada, percebe-se, pelos valores negativos, que houve uma contribuição
ambiental por parte dos três cenários, relacionados principalmente à introdução
de um sistema de reciclagem, o qual evitou o consumo de energia de mais de
90.000 GJ nos Cenários 1 e 2 e de mais de 140.000 GJ no Cenário 3 (Figura 8).
Figura 8 - Comparativo do balanço total da energia consumida, energia gerada e energia
poupada nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.3 Resíduo sólido final
4.2.3.1 Total de resíduos não perigosos
Como pode ser observado na Figura 9, o Cenário 1 é o que deposita
maior quantidade de lixo no aterro (21,9 mil ton), pois não tratamento
biológico para os resíduos, apenas a triagem de cerca de 19% de material
reciclável. No Cenário 2, apenas metade dos resíduos dispostos acima vão para
o aterro, o restante passa por um processo de tratamento biológico de onde
restam 2.500 toneladas de resíduos, que também são dispostos no aterro.
Como no Cenário 3 um aumento de 30% na quantidade de material
reciclável e 80% no tratamento biológico e coleta de biogás, apenas 3.681 ton
59
são depositadas diretamente no aterro sem tratamento. A esse valor, são
acrescentados 2.769 ton que restaram do tratamento biológico mais 781 kg
restantes da triagem.
Figura 9 Comparativo do total de resíduos sólidos não perigosos nos Cenários 1, 2 e 3
4.2.3.2 Chorume
De acordo com a Figura 10, observa-se que o aterro do Cenário 1 é o que
mais produz chorume, seguido do Cenário 2 e, após, o Cenário 3. Isso acontece
porque no aterro do Cenário 1 maior quantidade de resíduos orgânicos do
que nos outros dois em função da falta de compostagem para os mesmos, como
acontece nos outros cenários.
O Cenário 3, então, é o que menos produz chorume porque a quantidade
de matéria orgânica que sofre compostagem é maior do que no Cenário 2.
60
Figura 10 Comparativo da geração de chorume nos Cenário 1, 2 e 3
4.2.3.3 Créditos de reciclagem
De acordo com os resultados apresentados na Figura 11, os três cenários
apresentaram créditos de reciclagem, sendo que o Cenário 3 apresentou um
valor maior devido à maior quantidade de materiais separados para reciclagem.
Figura 11 Comparativo do crédito de reciclagem nos Cenários 1, 2 e 3
61
4.2.3.4 Volume de Resíduos
De acordo com a Figura 12, verifica-se que o Cenário 1 é o que
apresenta maior volume de resíduos destinados ao aterro. Por sua vez, o
Cenário 3 apresenta volume negativo o que demonstra que o volume de
material separado para reciclagem, somada à quantidade de material enviado
para compostagem, são maiores que os enviados para aterramento.
Figura 12 Comparativo do total de volume de resíduos nos Cenários 1, 2 e 3
4.2.4 Emissões à atmosfera
A seguir, serão comparados os resultados das emissões atmosféricas dos
três cenários. Assim como foi destacado anteriormente, deve-se considerar
que no Brasil os valores das emissões podem ser bem superiores aos
apresentados aqui, uma vez que a percentagem de matéria orgânica presente
nos resíduos urbanos é bem superior àquele considerado pelo modelo, que
utiliza informações de países de Primeiro Mundo onde a produção de lixo
orgânico é menor que a de lixo seco.
62
4.2.4.1 Material particulado
Em relação à emissão de material particulado, observa-se na, Figura 13,
que nos 3 cenários a reciclagem tem uma contribuição expressiva com o meio
ambiente, pois evita que mais de 3.500 kg desses materiais sejam lançados à
atmosfera.
Fig. 13 Comparativo de emissão de material particulado nos Cenários 1, 2 e 3.
Esse comportamento está diretamente associado à redução de emissões
no processamento de materiais secundários.
4.2.4.2 CO
Fazendo um somatório das emissões de CO na coleta, separação,
tratamento biológico, aterro e reciclagem, tem-se que praticamente não
danos ambientais. No Cenário 1, o valor total para a emissão é de um pouco
mais de 300 kg positivos de CO. para os outros dois cenários, o valor é
negativo, sendo que o maior ganho ambiental está relacionado ao Cenário 3
onde uma maior quantidade de materiais reciclados (Figura 14). Em relação
às emissões na coleta dos resíduos, seria interessante a utilização de veículos
que minimizam a queima de combustíveis para diminuir as emissões de CO.
63
Figura 14 Comparativo de emissão de CO nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.4.3 CO
2
De acordo com os resultados obtidos, tem-se que, no total, o Cenário 1 é
o que mais contribui para o aquecimento global, que libera à atmosfera mais
de 6 milhões de kg de CO
2
. No Cenário 3, devido ao aumento da quantidade
dos materiais reciclados, e coleta e tratamento de uma maior quantidade do gás
do aterro, a emissão de dióxido de carbono se tornou negativa, o que representa
uma importante descarga ambiental (Figura 15).
Figura 15 Comparativo de emissão de CO
2
nos Cenário 1, 2 e 3.
64
4.2.4.4 CH
4
Em relação aos resultados obtidos para emissão de CH
4
, observa-se na
Figura 16 que a maior contribuição para o índice GWP está no Cenário 1, com
emissão de mais de 1.600.000 kg de metano. no Cenário 2 essa emissão é
um pouco menor e no Cenário 3 é quase nula. Isso acontece porque no Cenário
1 todo o resíduo orgânico é depositado no aterro, com coleta de apenas 20% do
gás, enquanto no Cenário 2 a disposição da matéria orgânica é menor devido a
compostagem de 50% desses resíduos e uma coleta de 50% do gás do
aterro. no Cenário 3, o valor da compostagem é maior ainda (80%), assim
como a coleta de biogás, que chega também a 80%.
Figura 16 - Comparativo de emissão de CH
4
nos Cenários 1, 2 e 3.
Logo, a introdução do processo de compostagem e o aumento da
reciclagem, além de trazerem vantagens econômicas, podem se traduzir
também em ganhos ambientais muito importantes. Embora esses ganhos
ambientais não tragam vantagens econômicas para a prefeitura, eles são muito
importantes para o meio ambiente e para a sociedade de uma forma geral.
65
4.2.4.5 NO
X
Totalizando-se os resultados para coleta, triagem, tratamento biológico,
aterro e reciclagem, observa-se, na Figura 17, que o valor para a emissão desse
gás é negativo para os três cenários, por causa da introdução de um sistema de
reciclagem. O redução mostrada pelo Cenário 3 é maior porque, conforme
explicado anteriormente, a quantidade de resíduos sólidos triados e coleta de
biogás é maior do que nos outros cenários. Assim, o aterro emite menos
quantidade desse gás. É importante salientar aqui que o processo de
compostagem tem sua contribuição positiva na emissão deste gás uma vez que
se precisa de maquinaria para o processo de compostagem.
Figura 17 Comparativo de emissão de NO
x
nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.4.6 GWP
A contribuição dos cenários para o potencial de aquecimento global pode
ser observada na Figura 18. Verifica-se que uma redução muito significante
de GWP no Cenário 3, até mesmo apresentando um valor negativo, o que
mostra que este cenário está evitando de emitir poluentes à atmosfera que
contribuem para o aquecimento global. Isso acontece porque a fração
66
biodegradável sofre um processo de compostagem, além de haver uma coleta
de 80% de biogás.
A maior contribuição para o aquecimento global foi originado no Cenário
1, porque a emissão de CO
2
e CH
4
foi maior nesse cenário devido à ausência de
um tratamento biológico para os resíduos e a coleta de biogás atingir apenas
20% do gerado.
Observa-se, ainda, que o aterro tem a maior contribuição para o GWP
devido ao metano gerado pela degradação biológica.
Figura 18 Comparativo do índice de Potencial de Aquecimento Global (GWP) nos Cenários 1,
2 e 3 em Kg equivalentes de CO
2
por ano
4.2.4.7 SO
x
A emissão de SO
x
, pode ser observado na Figura 19. O balanço mostra
que nos três cenários o valor total da emissão desse gás é negativo devido à
contribuição do sistema de reciclagem.
67
Figura 19 Comparativo de emissão de SO
x
nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.4.8 Total HC
De acordo com a Figura 20, o maior valor para emissão de
hidrocarbonetos totais é verificado no Cenário 1, pois coleta de apenas 20%
do biogás no aterro. Nos outros cenários, o valor da emissão é menor porque a
porcentagem da coleta de biogás é maior, principalmente no terceiro cenário,
como já foi explicado anteriormente.
Figura 20 Comparativo de emissão de Hidrocarbonetos totais nos Cenários 1, 2 e 3.
68
4.2.5 Emissões à água
4.2.5.1 DBO
De acordo com a Figura 21, observa-se que nos três cenários a
reciclagem contribui para a taxa de DBO, por causa da carga orgânica liberada
com a lavagem dos materiais. O aterro também contribui para o aumento da
taxa de DBO, mas apenas nos Cenários 1 e 2, pois no Cenário 3 pouca
quantidade de matéria orgânica é disposta no aterro. Então, no total, tem-se que
o Cenário 1 é o que mais contribui para DBO.
Figura 21 Comparativo de taxa de DBO nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.5.2 DQO
Em relação ao DQO, nos 3 cenários sua produção é negativa devido à
introdução de um sistema de reciclagem que reduz as emissões tanto da
matéria orgânica como da inorgânica em relação à produção primária dos
materiais (Figura 22).
69
Figura 22 Comparativo de taxa de DQO nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.5.3 Emissão de COT
De acordo com a Figura 23, nos 3 cenários a reciclagem emite COT por
causa da lavagem dos materiais triados que serão encaminhados para este fim.
É necessário estar atento aos valores dos parâmetros de DBO, DQO e
COT, pois somente a relação dos dois primeiros pode nos indicar se o lixiviado
que está sendo emitido possui ou não biodegradabilidade para ser decomposto,
a relação de COT/DBO também nos permite verificar se a matéria orgânica
presente no lixiviado é ou não pouco biodegradável.
70
Figura 23 - Comparativo de emissão de COT nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.5.4 Amônia
Em relação à amônia, verifica-se, na Figura 24, que o tratamento
biológico, ou seja, a compostagem da matéria orgânica tem a maior contribuição
para emissão de amônia. Como no Cenário 3 uma porcentagem maior de
resíduos orgânicos sofre processo de compostagem, este cenário é o que mais
contribui para a emissão de NH
3
,
apesar de ser uma quantidade pequena. No
caso do aterro, a quantidade de amônia presente nos Cenários 2 e 3 é menor
devido à redução na quantidade de resíduos ali dispostos.
4.2.5.5 Nitrato
Como se observa na Figura 25, o Cenário 3 é o que mais contribui para
emissão de nitrato e apenas o parâmetro reciclagem emite essa substância à
água. Isso acontece devido a lavagem dos materiais que são destinados à
reciclagem, e no Cenário 3 a quantidade de material triado para esse fim é
maior.
71
Figura 24 - Comparativo de emissão de NH
3
nos Cenários 1, 2 e 3.
Figura 25 - Comparativo de emissão de NO
2
nos Cenários 1, 2 e 3.
4.2.5.6 Fosfato
O fosfato proveniente do tratamento biológico nos Cenários 2 e 3 é
decorrente do chorume do processo de compostagem. Através da reciclagem,
evita-se que nos três cenários esse poluente seja emitido (Figura 26).
72
Figura 26 - Comparativo de emissão de fosfato nos Cenários 1, 2 e 3.
Esses resultados mostram que a contribuição da reciclagem se em
todos os âmbitos em um gerenciamento de resíduos urbanos. Os danos
ambientais causados por diferentes poluentes caem a níveis muito baixos, além
de contribuir na economia de energia e na preservação de recursos naturais.
Além disso, o volume de resíduos a ser disposto em um lixão (ou aterro) diminui,
reduzindo também a emissão de poluentes.
73
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que o processo de
reciclagem contribui negativa e positivamente com a produção de efluentes. Em
relação ao lado negativo, observou-se que a reciclagem coopera, mesmo que
em quantidades pequenas, com a geração de DBO, COT e NO
x
, devido a
lavagem de materiais. Porém, estas emissões podem ser controladas de forma
eficiente com a introdução de sistemas de tratamento de efluentes que permitem
a eliminação da carga orgânica dos mesmos e a oxidação dos compostos
nitrogenados. E, seria importante que houvesse a implantação da coleta seletiva
em todo o município e que a população se conscientizasse e aderisse a esse
sistema, pois assim não haveria mistura dos materiais recicláveis com o resíduo
orgânico, evitando-se, então, a contaminação das águas com matéria orgânica
durante as lavagens.
em relação ao lado positivo, notou-se que a reciclagem contribui para
que seja evitada a emissão de DQO, amônia, fosfato e sólidos suspensos (nos
Cenários 1 e 2).
Fazendo-se uma avaliação dos cenários, concluiu-se que o Cenário 1 é o
que apresentou os maiores custos e impactos ambientais à atmosfera, com um
potencial de aquecimento global de aproximadamente 40 milhões de kg
equivalentes de CO
2,
trazendo conseqüências como efeito estufa, chuvas ácidas
e destruição da camada de ozônio. Também é o cenário que deposita maior
volume de resíduos no aterro (22,53 milhões de kg ao ano), e, por
conseqüência, produz maior quantidade de chorume. Em relação às emissões
de efluentes, este e o segundo cenário são os que apresentam menores danos
ambientais, pois a quantidade de materiais triados para reciclagem é menor que
no Cenário 3, assim, menos quantidade de matéria orgânica é liberada durante
a lavagem dos mesmos.
74
o Cenário 2 apresentou-se em segundo lugar na contribuição com o
meio ambiente, não emitindo tantos poluentes como o Cenário 1 e o evitando
tantas emissões como o Cenário 3.
No Cenário 3, fazendo-se um balanço de gastos e retornos, verificou-se
que foi o único cenário a apresentar lucro, sendo este um valor de R$
165.000,00 . No caso do balanço energético, assim como nos outros cenários,
também se economizou energia, mas em uma quantidade maior, chegando a
mais de 140.000 GJ.
Este foi o cenário que menos dispôs resíduos no aterro, contribuindo para
economia do espaço físico, e reduções na quantidade de chorume e emissões à
atmosfera.
Em relação às emissões à atmosfera, concluiu-se que o Cenário 3 foi o
que mais contribuiu com o meio ambiente, pois foi o que menos emitiu
poluentes, até mesmo aqueles responsáveis pelo potencial de aquecimento
global, que apresentou um valor negativo.
De acordo com resultados para emissões de efluentes, o terceiro cenário
foi o que menos produziu DBO, DQO e fosfato, entretanto apresentou as
maiores produções de sólidos suspensos, COT, amônia e NO
x
, mas todos em
quantidades pequenas.
Após todas as simulações realizadas no município de Santa Cruz do Sul,
fica claro que o Cenário 3 é o que mais contribui com o meio ambiente, pois é o
que mais evita a emissão de poluentes. Isso acontece porque nesse cenário
houve um aumento, em relação aos outros cenários, da reciclagem, da
compostagem dos resíduos orgânicos e coleta de biogás do aterro.
Verificou-se a importância do processo de reciclagem e tratamento
biológico no sistema de gerenciamento, pois reduzem os custos, a emissão de
poluentes à atmosfera, a quantidade de resíduos dispostos no aterro, bem como
75
contribuem para economia de energia. Os resultados obtidos reforçam a idéia
de que estas técnicas ou ferramentas são de grande valia para as
municipalidades, auxiliando em tomadas de decisões nos sistemas de
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.
76
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