ponto mais polêmico das atividades educativas da Educação Física. Isso porque se
pode perder o significado humano do movimento e, além disso, o esporte pode ser
dominado pelos princípios de alto rendimento, perdendo as perspectivas da
atividade lúdica e da compreensão da corporeidade humana. Ainda mais, as práticas
esportivas podem se tornar conflitantes porque, em lugar de ser educativas, podem
se transformar em instrumentos de controle social, vinculados a interesses
econômicos ou a explorações ideológicas (G
ALLARDO
, 1998, p. 28).
Além disso, a Educação Física escolar, para os PCN´s (1997), possibilita, também, aos
alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais a partir da sistematização de situações
de ensino e aprendizagem. Porém, para que isso aconteça, é fundamental a mudança da ênfase
na aptidão física e no rendimento padronizado, que caracterizava a Educação Física, para uma
concepção mais ampla, que consiga contemplar todas as dimensões envolvidas nas práticas
corporais. É importante, também, diferenciar os objetivos da Educação Física escolar e os
objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois, embora seja uma
referência, o profissionalismo não pode ser o ideal almejado pela escola. A Educação Física
escolar deve proporcionar a todos os alunos situações para que desenvolvam suas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu melhoramento como seres
humanos.
Segundo o que nos traz o Coletivo de Autores (1992), na perspectiva da reflexão sobre
a cultura corporal, a dinâmica curricular, no âmbito da Educação Física, busca desenvolver
uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem
tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças,
lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros que
podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo
homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas.
Nesse sentido, segundo os PCN’s, na Educação Física,
[...] independentemente de qual seja o conteúdo escolhido, os processos de ensino e
aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas
dimensões, sejam elas cognitivas, corporais, afetiva, ética, estética, de relação
interpessoal e inserção social. Sobre o jogo da amarelinha, o voleibol ou uma dança,
o aluno deve aprender para além das técnicas de execução, a discutir regras e
estratégias, apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los
eticamente, ressignificá-los e recriá-los.
É tarefa da Educação Física escolar, portanto, garantir o acesso dos alunos às
práticas da cultura corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de
exercê-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las
criticamente.
A prática da Educação Física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos
para monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas,
conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo distinguir situações de
trabalho corporal que podem ser prejudiciais (1997, p. 28-29).