Maria mais uma vez citou a necessidade de respeito entre os participantes, mas
que às vezes é necessário fazermos colocações a fim de ajudar o colega. Ela, como sempre,
entendeu perfeitamente a proposta metodológica de construção do desenho e escolheu uma
folha com apenas uma linha inclinada e, a partir dela, construiu apenas outras linhas com
cores diferentes representando a inconstância da vida de seu irmão que fazia tratamento de
dependência química e ela como espectadora dessa inconstância.
Eu escolhi essa folha porque você pediu que a gente encontrasse algo
que representasse o nosso caminhar, então, aqui tinha um traço
pequeno, que representa um caminho pequeno, que é o início da
caminhada, que foi quando ele disse “sim”, “sim” para o tratamento
e começou a dizer “não” para o uso de drogas, aí aqui começou a
caminhada, que eu não representei assim em forma de altos e baixos
como algumas das colegas, mas que uma hora... a inconstância que
está no discurso de todo mundo, ninguém pode negar que uma hora
vai estar escuro, outra hora vai estar verde, vai estar animado, outra
hora vai ter suspense, e eu penso que vai ser assim, mas que nunca...
eu coloquei aqui até duas setinhas, que sempre vai... vai ser como a
nossa vida mesmo, de altos e baixos, e que a gente não pára, e aqui
no meio eu fiz só um sol, porque eu pensei assim, se a gente vai
caminhando, mas o que vai ser... eu nem pensei que ia passar por
ninguém não. Mas no meu desenho eu não consegui imaginar o que é
que meu irmão irá fazer com a vida dele, além do tratamento, pois ele
não vai viver toda a vida de baixo da minha asa; o quê que ele ia
fazer aqui. O quê que ele vai deixando, vai construindo da vida dele,
ao longo desse caminho que eu representei, mas alguém colocou uma
casa, colocou um jardim com flores e uma pessoa. E receber de volta
esse desenho com essa casa dentro, ah, foi bom, foi positivo, não sei
se coincidência preencheu o vazio que eu deixei aqui, por não querer
me arriscar, a não criar expectativas com relação à vida que é dele,
que ele é que vai ter que decidir o que ele vai fazer.
(Irmã).
Ana escolheu uma folha com apenas uma linha vertical no centro e continuou esse
traçado com linhas em alto e baixo, formando subidas e descidas. Para ela, isso era uma forma
de representar como tem vivido e se enxergado diante dessa condição do filho.
Aqui é o ponto de partida... e sai daqui do grupo, e caminhando,
cheguei aqui, tive assim, uma expectativa muito grande, estava lá em
cima e de repente a vida vem e vai dar aquela... baixa um pouco mais
a bola, a gente vai e caminha, e caminha, e está caminhando legal e
de repente a gente conversa com as pessoas e elas nos colocam para
baixo, pois o meu filho disse assim: eu nunca mais tive vontade de
beber; a mesma pessoa que nos coloca para baixo diz: isso é porque
ele quer te ganhar no bico, ele quer ganhar a tua confiança; eu caio
novamente, vou lá em baixo, eu começo a conversar de novo com meu
filho,eu vou observando o jeito que ele vai indo eu vou subindo mais
um pouquinho, ele vai caminhando a gente tem até a alegria de ver,
que nesse final de semana foi o aniversário dele, ele se comportou