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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
LUCIANE TERESA SALVI
CONTRIBUIÇÕES PARA GESTÃO URBANA:
CORREDORES DE VEGETAÇÃO PARA AVIFAUNA
EM PORTO ALEGRE, RS
CURITIBA
2008
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2
LUCIANE TERESA SALVI
CONTRIBUIÇÕES PARA GESTÃO URBANA:
CORREDORES DE VEGETAÇÃO PARA AVIFAUNA
EM PORTO ALEGRE, RS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão Urbana, do
Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia
da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, como requisito parcial à
obtenção
do título de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Letícia Peret Antunes Hardt
Co-orientadora: Profa. Dra. Carla Suertegaray Fontana
CURITIBA
2008
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3
Dados da Catalogação na Publicação
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR
Biblioteca Central
Salvi, Luciane Teresa
S184c Contribuições para gestão urbana : corredores de vegetação para
2008 avifauna em Porto Alegre, RS / Luciane Teresa Salvi ; orientadora, Letícia
Peret; Antunes Hardt ; co-orientadora, Carla Suertegaray Fontana. -- 2008.
196 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba, 2008
Inclui bibliografia: p. 163-179
1. Arborização urbana. 2. Arquitetura paisagística urbana. 3. Árvores.
4. Ecologia Urbana – Porto Alegre. 5. Meio ambiente. I. Hardt, Letícia Peret
Antunes. II. Fontana, Carla Suertegaray. III. Pontifícia Universidade Católica do
Paraná. Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana. III. Título.
CDD 20. ed. – 715.2
4
Aos meus pais,
Ivo e Maria Lurdes Salvi,
pelo estímulo na jornada pessoal e profissional
5
AGRADECIMENTOS
À professora Letícia Peret Antunes Hardt, que aceitou me orientar neste projeto,
tornando possível o caminho que resultou na elaboração deste trabalho;
À professora Carla Suertegaray Fontana, minha co-orientadora, por se unir a este
projeto de forma incansável e valiosa;
À Cristiano Eidt Rovedder, por conduzir com grande dedicação os levantamentos
referentes à avifauna;
À Tiago Santos da Silveira, Mariana Lopes Gonçalves e Úrsula Brasil Rasquin do
Laboratório de Ornitologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
– PUCRS pelo seu trabalho voluntário nesta pesquisa;
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná PPGTU, em especial a Harry Alberto Bollmann e
Fábio Duarte cujas paixões pela ciência e vida acadêmica servem de inspiração
àqueles que têm o privilégio de tê-los como mestres;
À Eraldo Barboza, do Jardim Botânico de Curitiba, pelo auxílio na identificação de
exemplares vegetais;
Ao professor João Feliz Duarte de Moraes, Coordenador do Departamento de
Estatística da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS, pelo
assessoramento em questões tão significativas;
À professora Lúcia Mascaró, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que,
sem ao menos me conhecer, abriu as portas de sua casa para uma tarde de
orientações;
Ao pesquisador Water Voss que, contando de sua paixão pelas aves, me levou ao
encontro de minha co-orientadora neste trabalho;
Aos professores Udo Mohr e Júlio Celso Vargas, do Centro Universitário Ritter do
Reis, pelas indicações precisas;
Ao professor Carlos Velloso Roderjan, da Universidade Federal do Paraná, pelos
questionamentos e identificação de exemplares vegetais;
À professora Rosane Salvi, pelo suporte tecnológico e olhar crítico e científico de
quem muito conhece a arte da pesquisa;
À Elói Gavronski e Carmen Von Hoonholtz, ambos da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de Porto Alegre – SMAM, por disponibilizarem materiais bibliográficos;
À Carmen Suzana Martins, do laboratório de Botânica da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul PUCRS, pelo empréstimo de bibliografia e
pesquisas diversas sobre fenologia vegetal;
6
Aos professores Ademir Reis (UFSC), Vagner de Araújo Gabriel (UEP), Marco
Aurélio Pizo Ferreira (UNISINOS) e Jameson F. Chace (Villanova University), pelo
envio de seus artigos;
À Edna de Paula Alves, do Instituto Internacional de Gestão Técnica do Meio Urbano
– GTU, pelo auxílio incansável nas questões administrativas do projeto;
À Tahíse Marques, do Curso de Pós-Graduação em Gestão Urbana, pela constante
atenção e por tornar a secretaria do PPGTU um local acolhedor;
À José Eduardo Garcia Trintin e Lucas Sgorla de Almeida, do Laboratório de Design
do Museu de Ciências e Tecnologia MCT da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul PUCRS, pela criação e veiculação (internet) de página com
informações do projeto;
ÀS INSTITUIÇÕES
Fundação O Boticário de Proteção À Natureza FBPN, pelo apoio financeiro que
tornou possível o desenvolvimento desta pesquisa;
Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico do Paraná, pela bolsa
de estudos concedida;
Instituto Internacional de Gestão Técnica do Meio Urbano GTU, pela
representação jurídica do projeto;
Laboratório de Ornitologia do Museu de Ciências e Tecnologia MCT da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS,
Laboratório de Geoprocessamento e Tratamento de Imagens da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS, pelas orientações e
empréstimo de suas dependências e equipamentos para o desenvolvimento de
etapa do trabalho;
À FAMIGLIA E AMIGAS
Às irmãs, Eliane, Rosane e Rejane, pelos auxílios prestados e por acreditarem em
mim;
Ao Artur, que, sem hesitar, me auxiliou em trabalho de campo quando não havia
mais forças;
À Luísa, minha alegria, que me ajudou a tolerar a distância com suas dedicatórias
doces e comoventes; ao Gabriel, que é o anjo que ilumina a todos;
Às amigas que encontrei em Curitiba, em especial à Yumi Yamawaki, Juliana Yumi
Moriya, Letícia Nerone Gadens, Giseli Ferreira da Rocha e Marlene Wedderhoff, que
tornaram minha vida na cidade muito mais feliz;
À amiga Maria Luísa Miranda, pelo apoio incondicional.
7
The main tasks of conservation biology are to provide the intellectual
and technical tools
to enable society to anticipate, prevent, and reduce
ecological damage, and to generate the scientific information on which
effective conservation policies can be designated and implemented.
Michael Soulé and Gordon Orians
As ruas das cidades servem a vários fins além de comportar veículos;
e as calçadas a parte das ruas que cabe aos pedestres servem a
muitos fins além de abrigar pedestres. Esses usos estão relacionados
à circulação, mas não são sinônimos dela, e cada um é, em si, tão
fundamental quanto a circulação para o funcionamento adequado das
cidades.
Jane Jacobs
8
RESUMO
O túnel verde compreende uma estrutura paisagística peculiar da arborização
urbana formada pela união das copas das árvores existentes ao longo das vias. Esta
densa arborização viária constrói, visualmente, um maciço linear suspenso sobre as
ruas, qualificando o ambiente construído por meio das diversas contribuições
geradas pela presença da vegetação. Tomando-se os túneis verdes como
elementos centrais da pesquisa, o presente estudo discute algumas questões
relacionadas à importância das áreas verdes no ambiente urbano e investiga o
possível papel desempenhado por estas estruturas como corredores de
biodiversidade, a partir da formulação da hipótese de que os túneis verdes possuem
a capacidade de constituir corredores urbanos de vegetação para a avifauna. O
objetivo geral do estudo consiste em avaliar a capacidade dos túneis verdes de
constituição de tais corredores. Para seu alcance, o aplicados métodos
descritivos, exploratórios e analíticos sobre a realidade de Porto Alegre, capital do
Estado do Rio Grande do Sul, cidade selecionada como estudo de caso. Na
pesquisa de campo foram realizados levantamentos tanto para a identificação
taxonômica, quantificação e caracterização das espécies vegetais que compõem os
túneis verdes e vias controle, quanto para a identificação das espécies de aves
encontradas junto a estas vias. Verifica-se a possível existência de ligação física
entre os túneis verdes e os espaços de valor ambiental da cidade, estimando-se sua
contribuição na permanência da avifauna em ambiente densamente urbanizado. Os
resultados encontrados demonstram diferenças significativas entre túneis verdes e
vias controle (contatos com as espécies de aves e número de indivíduos)
comprovando a hipótese formulada. Entretanto, a baixa diversidade de espécies de
vegetais e de aves observada nas vias alerta para a necessidade de implantação de
arborização viária mais heterogênea, preferencialmente composta de plantas
nativas, contribuindo para o aumento da complexidade da vegetação, fator
especialmente importante para a criação de novos hábitats para a avifauna. Conclui-
se que os projetos de arborização viária devem incluir vegetais de grande porte,
formadores de túneis verdes, e que a inserção de corredores de vegetação no tecido
urbano pode ocorrer em áreas ainda em expansão ou regiões consolidadas das
cidades, considerando-se, assim, a tipologia de trampolim como alternativa de
projeto. As análises quantitativas e qualitativas da vegetação, assim como o
emprego do elemento avifauna nas pesquisas, o úteis para estudos da realidade
urbana e os procedimentos metodológicos empregados neste trabalho podem ser
repetidos em outras cidades, sem qualquer comprometimento dos resultados. A
confirmação da hipótese formulada representa mais um componente a ser
considerado nas ações de gerenciamento das áreas verdes urbanas e consiste em
exemplo de como a interdisciplinaridade, suas lógicas e procedimentos
metodológicos distintos agregam contribuições relevantes à gestão urbana, à
formação acadêmica e ao fomento de discussões na esfera social, na busca da
construção de sociedades éticas e mais equilibradas.
Palavras-chave: Túneis Verdes. Avifauna. Corredores Urbanos de Vegetação.
Arborização Viária. Interdisciplinaridade. Gestão Urbana.
9
ABSTRACT
The green tunnel is a landscape structure specific to urban arborization, formed by
the joining of the canopies of trees along the roads. This dense arborization of the
roads visually forms a suspended linear mass over the streets, qualifying the
environment constructed by the different contributions generated by the presence of
vegetation. Based upon an ecological look on the city, the present study discusses a
few issues related to the importance of green areas in the urban environment, and
investigates the possible role of green tunnels as biodiversity corridors, formulating
the hypothesis that the green tunnels can constitute urban plant corridors for birds
species. The general objective of the study consists of evaluating the capacity of the
green tunnels to form urban plant corridors for birds species. In order to meet this
objective, descriptive, exploratory and analytic methods are applied to the reality of
Porto Alegre, the capital of Rio Grande do Sul State, the city selected as a case
study. In the field research surveys are performed for the taxonomic identification,
quantification and characterization of the plant species that compose the green
tunnels and control routes, and also to identify the bird species found along these
routes. The possible existence of a physical connection between the green tunnels
and the environmentally valuable spaces in the city is looked at, seeking to estimate
their contribution to the stay of birds in a densely urbanized environment. The results
found showed significant differences between green tunnels and control routes
(contacts with the bird species and number of individuals), proving the hypothesis
formulated. However, the low diversity of plant and bird species observed on the
routes calls attention to the need to implement more heterogeneous planting on the
streets and roads, preferably consisting of native plants, contributing to increase the
complexity of the vegetation, an especially important factor to create new habitats for
the birds. It is concluded that the tree-planting projects for the roads should include
large plants which will form green tunnels and that the insertion of urban plant
corridors in the urban tissue may occur in areas that are still expanding or regions
which have already been consolidated in the cities, and the stepping stones typology
may be considered as an alternative project. The quantitative and qualitative
analyses of vegetation, as well as the use of the bird element in research, are useful
to study urban reality, and the methodological procedures employed in this study can
be repeated in other cities, without compromising the results in any way. The
confirmation of the hypothesis formulated is a further element to be considered in
actions to manage the urban green areas and consists in an example of how
interdisciplinarity, its different logics and methodological procedures add relevant
contributions to urban management, academic training and fostering discussions in
the social sphere, seeking to build more ethical and balanced societies.
Key-words: Green tunnels. Avifauna. Urban plant corridors.
Road arborization. Interdisciplinarity. Urban Management.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Túnel verde existente na Rua Gonçalo de Carvalho, Bairro
Independência, Porto Alegre, RS ..........................................................20
Figura 2 – Esquema dos diferentes níveis de organização biológica......................25
Figura 3 – Representação esquemática dos corredores lineares e de paisagem...37
Figura 4 Representação dos elementos básicos necessários para o
estabelecimento de corredores de avifauna na região Sudoeste de
Ontário – Canadá ...................................................................................39
Figura 5 – Importações e exportações urbanas ......................................................46
Figura 6 – Vista do Jardim de Versalhes, França....................................................51
Figura 7 – Representação do Ring de Viena...........................................................52
Figura 8 – Representação esquemática da distribuição das 30 ruas arborizadas,
15 parques urbanos e 13 vias sem vegetação sobre a malha
urbana de Madri, Espanha, objetos do estudo sobre avifauna...............61
Figura 9 – Esquema da tipologia de áreas verdes urbanas ....................................67
Figura 10 – Fluxograma de planejamento da arborização viária...............................73
Figura 11 – Imagens de satélite de Porto Alegre – RS .............................................83
Figura 12 – Mapa de espécies arbóreas predominantes nos bairros antigos de
Porto Alegre – RS...................................................................................89
Figura 13 – Mapa de macrozonas do município de Porto Alegre – RS.....................91
Figura 14 – Reportagem veiculada em periódico que noticia a elevação de túnel
verde da Rua Gonçalo de Carvalho a status de Patrimônio Cultural,
Histórico e Ecológico de Porto Alegre ....................................................95
Figura 15 – Reportagem veiculada em periódico que noticia a elevação de túnel
verde da Rua Marquês do Pombal a status de Patrimônio Cultural,
Histórico e Ecológico de Porto Alegre ....................................................95
Figura 16 – Imagens dos jacarandás floridos; ao centro, detalhe de flores de
tipuana sobre o passeio .........................................................................96
Figura 17 – Imagem aérea de parte da Macrozona Cidade Radiocêntrica,
Porto Alegre – RS – localização dos túneis verdes e áreas com
expressiva vegetação na cidade ............................................................98
Figura 18 – Macrozona Cidade Radiocêntrica, Porto Alegre – RS............................99
11
Figura 19 – Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na
Rua da República, Bairro Cidade Baixa, Porto Alegre – RS ................100
Figura 20 – Imagem aérea parcial do Bairro Cidade Baixa, Porto Alegre – RS –
com situação das vias de estudo..........................................................101
Figura 21 – Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na
Rua General João Telles, Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS ............103
Figura 22 – Imagem do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na
Rua Tomaz Flores, Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS ......................103
Figura 23 – Imagem aérea parcial do Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS – com
situação das vias de estudo .................................................................104
Figura 24 – Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na
Rua Dona Laura, Bairro Rio Branco, Porto Alegre – RS ......................105
Figura 25 – Imagem aérea parcial dos Bairros Rio Branco e Moinhos de Vento,
Porto Alegre – RS – com situação das vias de estudo.........................106
Figura 26 – Imagem do túnel verde composto por Tipuana tipu na Rua Machado
de Assis, Bairro Partenon, Porto Alegre – RS ......................................107
Figura 27 – Imagem aérea parcial do Bairro Partenon, Porto Alegre – RS – com
situação das vias de estudo .................................................................108
Figura 28 – Imagens de túneis verdes compostos por Platanus acerifolia
presentes no Bairro Boa Vista, Porto Alegre – RS ...............................109
Figura 29 – Imagem aérea parcial do Bairro Boa Vista em Porto Alegre – RS .......110
Figura 30 – Imagens do túnel verde composto por Tipuana tipu na Rua Gonçalo
de Carvalho, Bairro Independência, Porto Alegre – RS .......................111
Figura 31 – Imagem aérea do túnel verde da Rua Gonçalo de Carvalho, Bairro
Independência, Porto Alegre – RS .......................................................112
Figura 32 – Modelo de planilha utilizada para registro de amostras de vegetação
presentes nos túneis verdes.................................................................115
Figura 33 – Modelo de planilha utilizada para registro da avifauna presente nos
túneis verdes ........................................................................................118
Figura 34 – Exemplo do lançamento de pontos colhidos em campo com GPS
(em azul) para avaliação das imagens georreferenciadas no estudo...125
Figura 35 – Representação esquemática da distribuição das áreas de estudo em
Porto Alegre – RS.................................................................................126
Figura 36 – Análise de agrupamento com base na similaridade da abundância
da vegetação........................................................................................131
Figura 37 – Classificação das condições de copa apresentadas pelos vegetais
existentes nos túneis verdes e ruas controle........................................133
12
Figura 38 – Classificação das condições de tronco apresentadas pelos vegetais
existentes nos túneis verdes e ruas controle........................................134
Figura 39 – Classificação das condições de tronco apresentadas pelos vegetais
existentes nos túneis verdes e ruas controle – análise de
exemplares com altura igual ou superior a 6 m....................................136
Figura 40 – Classificação das condições de raiz apresentadas pelos vegetais
existentes nos túneis verdes e ruas controle........................................137
Figura 41 – Número de contatos com as espécies de aves nos três pontos de
cada via de estudo ...............................................................................146
Figura 42 – Números de indivíduos da avifauna registrados nos três pontos de
cada via de estudo ...............................................................................149
Figura 43 – Dendrograma de similaridade de abundância de contatos de aves
entre as vias de estudo ........................................................................152
Figura 44 – Representações da sazonalidade da avifauna encontrada nas vias
de estudo..............................................................................................155
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Exemplos de produtos obtidos da diversidade biológica......................27
Quadro 2 – Exemplos de substâncias obtidas a partir da diversidade biológica
e com emprego na Medicina ................................................................28
Quadro 3 – Categorias de classificação das espécies ameaçadas.........................31
Quadro 4 – Aspectos ambientais estruturais com reflexos sobre a eficiência dos
corredores biológicos ...........................................................................34
Quadro 5 – Alguns impactos negativos possíveis resultantes da implantação de
corredores biológicos ...........................................................................38
Quadro 6 – Conceitos ecológicos no ambiente urbano...........................................44
Quadro 7 – Comparações entre ecossistemas natural e urbano ............................45
Quadro 8 – Benefícios das áreas verdes urbanas ..................................................53
Quadro 9 – Classificação das espécies de avifauna baseada na análise
da sua densidade em ambientes natural e urbano...............................60
Quadro 10 – Espécies de aves com ocorrência em Porto Alegre – RS ....................63
Quadro 11 – Valores estimados dos benefícios gerados pela arborização urbana
nos Estados Unidos da América...........................................................68
Quadro 12 – Espécies vegetais utilizadas em arborização viária..............................75
Quadro 13 – Procedimentos metodológicos relativos aos objetivos específicos
da pesquisa ..........................................................................................80
Quadro 14 – Exemplos de equipamentos urbanos implantados na cidade de
Porto Alegre durante as administrações do Intendente
José Montaury (1897-1924) .................................................................86
Quadro 15 – Exemplos de equipamentos urbanos implantados na cidade de
Porto Alegre durante a administração do Prefeito Loureiro da Silva
(1937-1943)..........................................................................................88
Quadro 16 – Características gerais das macrozonas de Porto Alegre – RS.............92
Quadro 17 – Localização dos pontos de coleta de dados de avifauna presente
nos túneis verdes e controles............................................................120
Quadro 18 – Exemplos de alguns problemas encontrados em túneis verdes de
Porto Alegre – RS...............................................................................138
Quadro 19 – Exemplos de vegetais não parasitas encontrados sobre exemplares
de T. tipu e J. mimosifolia presentes nos túneis verdes .....................140
Quadro 20 – Espécies de aves registradas pelo estudo: suas famílias, número
de contatos e Indivíduos.....................................................................143
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Crescimento das áreas de parques, praças e jardins na cidade
de Porto Alegre nos anos 30 e 40, durante a administração
do Prefeito Loureiro da Silva .................................................................88
Tabela 2 – Parques e unidades de conservação do município de
Porto Alegre – RS..................................................................................93
Tabela 3 – Número de exemplares vegetais alvo de levantamentos e sua
densidade por via ................................................................................128
Tabela 4 – Análise qualitativa da vegetação dos túneis verdes e vias controle
baseada em porcentagens (%) de avaliações negativas de copas
e troncos..............................................................................................135
Tabela 5 – Comparativo de porcentagens (avaliações negativas em troncos –
ruins) em amostras totais e com seleção de vegetais com altura
superior ou igual a 6 m ......................................................................135
Tabela 6 – Número de aves contatadas nas vias de estudo.................................144
Tabela 7 – Porcentagens de contatos com as espécies de aves nos
túneis verdes (n=5)..............................................................................147
Tabela 8 – Abundância (nº indivíduos) e distribuição das espécies de aves
nas vias de estudo...............................................................................148
Tabela 9 – Porcentagens de aves (número de indivíduos) registradas nos
túneis verdes (n=5)..............................................................................150
Tabela 10 – Índice Pontual de Abundância (IPA) nas vias de estudo.....................151
Tabela 11 – Número de contato e Índice Pontual de Abundância (IPA) de cada
uma das espécies de aves nas vias de estudo ...................................151
15
LISTA DE SIGLAS
ACT – Alliance for Community Trees
BITMAP – formato de imagem desenvolvido pela Microsoft no qual todos os pixels
são representados
BR_UTM_22CA_S – sistema de referência Datum Horizontal Córrego Alegre Minas
Gerais
CAP – Circunferência à Altura do Peito
CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
CEMAVE – Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres
CEO – Centro de Estudos Ornitológicos (Organização Não Governamental
cadastrada junto a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo)
CMMAD – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – Rio-92
CNI – Confederação Nacional da Indústria
COMAM – Conselho Municipal do Meio Ambiente (Porto Alegre, RS)
COPESUL – Companhia Petroquímica do Sul
CRSSA – Grant F Walton Center for Remote Sensing & Spatial Analysis
EEU – Estrutura Ecológica Urbana
ENAU – Encontro Nacional sobre Arborização Urbana
FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations
FISRWG – The Federal Interagency Stream Restoration Working Group
FUNDAÇÃO CIDE – Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro
FUPEF – Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná
GGA – Global Amphibian Assessment Cordinating Team
GIS – Sistema de Informações Geográficas
GPS – Global Positioning System
IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
16
IFUFRGS – Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
IHGRGS – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPA – Índice Pontual de Abundância
IPTU – Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana
IUCN – The World Conservation Union
JPEG – Joint Photographic Experts Group
LANDSAT – Land Remote Sensing Satellite
LATLONG – Coordenadas geográficas de latitude e longitude
MCTPUCRS – Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul
MEA – Millennium Ecosystem Assessment
MMA – Ministério do Meio Ambiente
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos
PDAU – Plano Diretor de Arborização Urbana de Porto Alegre
PDDUA – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre
PMPA – Prefeitura Municipal de Porto Alegre
PROAVES – Associação Brasileira para a Conservação das Aves
PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RASTER – matriz bidimensional formada por pontos individuais (pixels)
RGB – Red, Green, Blue
RMS – Root Mean Squared Difference
SMAM – Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Porto Alegre, RS)
UNEP – United Nations Environment Programme
UNILIVRE – Universidade Livre do Meio Ambiente
UTM – Universal Transverse Mercator
WRI – World Resources Institute
WWF – Fundo Mundial para a Natureza
17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................19
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................23
2.1 BIODIVERSIDADE.......................................................................................23
2.1.1 Estudos sobre diversidade biológica ......................................................23
2.1.2 Definição de biodiversidade .....................................................................24
2.1.3 Importância da diversidade biológica ......................................................27
2.1.4 Perda da diversidade biológica.................................................................29
2.1.5 Corredores de biodiversidade...................................................................32
2.2 AMBIENTE URBANO SOB A PERSPECTIVA ECOLÓGICA ......................40
2.2.1 Ecologia urbana .........................................................................................42
2.2.2 Biodiversidade urbana ..............................................................................50
2.2.2.1 Flora – Áreas verdes urbanas .....................................................................50
2.2.2.2 Fauna – Aves no ambiente urbano ..............................................................57
2.3 GERENCIAMENTO DAS ÁREAS VERDES URBANAS .............................67
2.3.1 Arborização viária .....................................................................................71
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .........................................78
3.1 ÁREA DE ESTUDO: A CIDADE DE PORTO ALEGRE ................................83
3.2 SELEÇÃO DAS UNIDADES AMOSTRAIS – TÚNEIS VERDES E SEUS
CONTROLES ................................................................................................97
3.2.1 Rua da República – Bairro Cidade Baixa ...............................................100
3.2.2 Ruas General João Telles e Tomaz Flores – Bairro Bom Fim ..............102
3.2.3 Rua Dona Laura – Bairro Rio Branco .....................................................105
18
3.2.4 Rua Machado de Assis – Bairro Partenon .............................................107
3.3 OBTENÇÃO DE DADOS ...........................................................................113
3.3.1 Obtenção de dados do ambiente urbano ...............................................113
3.3.2 Coleta de dados da vegetação ................................................................115
3.3.3 Coleta de dados da avifauna ...................................................................118
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................................121
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................123
4.1 AMBIENTE URBANO .................................................................................124
4.2 VEGETAÇÃO .............................................................................................128
4.3 AVIFAUNA .................................................................................................142
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................160
REFERÊNCIAS ......................................................................................163
APÊNDICE A – Planilhas números 1 e 2 com dados coletados da
vegetação..........................................................................180
APÊNDICE B – Espécies vegetais nativas e exóticas encontradas nos
túneis verdes e nos controles ............................................182
APÊNDICE C – Listagem geral das espécies vegetais...............................186
APÊNDICE D – Análise de agrupamento com base na similaridade da
abundância da vegetação..................................................188
APÊNDICE E – Dados coletados da avifauna ............................................190
APÊNDICE F – Análise de agrupamento com base na similaridade da
abundância de aves...........................................................194
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................196
19
1 INTRODUÇÃO
Intitulada "cidade das árvores", Porto Alegre possui aproximadamente um
milhão de árvores distribuídas em suas ruas e avenidas, correspondendo a mais de
200 espécies entre nativas regionais e brasileiras, ou ainda originárias de outras
procedências (SANCHOTENE et al., 1998).
A valorização deste elemento vegetal pode ser constatada pela adoção
da árvore como símbolo ecológico do município por meio da promulgação da Lei
Municipal 8.245, de 10 de dezembro de 1998 (PORTO ALEGRE, 1998a) e da
elaboração do Plano Diretor de Arborização de Vias blicas (PORTO ALEGRE,
2000), revisado na edição do Plano Diretor de Arborização Urbana de Porto Alegre
(PORTO ALEGRE, 2007a). Ambos documentos são de autoria da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre SMAM e tratam, entre outros
assuntos, de métodos para a preservação e manejo das árvores nas cidades e da
importância da arborização como valores cultural e ambiental.
De acordo com Sanchotene et al. (1998), desde o século XIX o plantio de
árvores nas vias públicas tem integrado programas de planejamento urbano do
município. Ao longo das décadas, entretanto, a compreensão do papel da vegetação
se transforma, originando diferentes concepções paisagísticas que orientam o
trabalho dos técnicos da prefeitura. O resultado, segundo os autores, é a formação
pela arborização viária de “conjuntos paisagísticos peculiares [...] que caracterizam
estéticas e compreensões de época e determinam a identidade de ruas, avenidas e
até bairros inteiros da cidade” (SANCHOTENE et al., 1998, p.133).
Um exemplo deste tipo de conjunto paisagístico, e objeto de estudo desta
dissertação, é o túnel verde formado pela densa arborização viária que, ao ser
disposta em ambos os lados das vias e com reduzida distância entre espécimes, é
responsável pela geração do efeito túnel. Este efeito é resultante do encontro das
20
copas das árvores que se unificam, formando visualmente um maciço linear
suspenso sobre a via urbana (Figura 1).
Figura 1: Túnel verde existente na Rua Gonçalo de Carvalho, Bairro Independência, Porto Alegre, RS
Este tipo de composição arbórea, que interrompe a uniformidade do
ambiente construído, contribui para o aumento da qualidade de vida nas cidades.
Segundo Mascaró e Mascaró (2002), a vegetação age nos microclimas urbanos e
contribui para a melhora da ambiência urbana de diversos modos. A arborização
ameniza a radiação solar na estação quente e modifica a temperatura, a umidade
relativa do ar e a direção dos ventos, além de atuar como barreira acústica, reduzir a
poluição do ar e, quando em grandes quantidades, interferir na freqüência das
chuvas. Devem ser somados a estes benefícios, os de ordem psicológica, como o
bem-estar gerado pelo sombreamento das árvores nas estações quentes, ou aquele
resultante da apreciação das características paisagísticas.
Os túneis verdes, além de gerarem benefícios como os descritos
anteriormente, podem estar desempenhando outro papel importante: o de conectar
áreas verdes que se encontram dispersas na malha urbana.
Cabe ressaltar que esta função de conectividade é própria dos corredores
de biodiversidade, que agem facilitando a dispersão de animais e vegetais entre
21
ambientes isolados, possibilitando a ocupação de novos nichos e aumento do fluxo
genético entre os indivíduos. Donoso [200-] afirma ainda que os corredores
promovem o crescimento das densidades populacionais em ambientes conectados
devido à elevação das taxas de imigração e recolonização das espécies. No caso
particular da avifauna, neis verdes podem servir como região de descanso,
nidificação, alimentação e abrigo, auxiliando na perpetuação da população de aves
como um todo.
Estudar estes túneis verdes relacionando-os com a avifauna existente é
relevante para a cidade, pois como afirma Fontana (2004, p.13):
comunidades de aves urbanas, além de representarem um meio para
estudos ecológicos e de conservação para pesquisadores e ambientalistas,
têm sido objeto de atenção dos órgãos de gestão, porque ambientes
adequados para aves geralmente são considerados de qualidade alta
também para a população humana, e o contato com espécies nativas é
importante no processo de criação de uma nova consciência sobre a
biodiversidade [...].
Assim, a partir de um olhar ecológico sobre a cidade, o presente estudo
discute algumas questões relacionadas à importância das áreas verdes no ambiente
urbano e à potencialidade dos túneis verdes na constituição de corredores urbanos
de vegetação para a avifauna. Para fundamentar tal discussão, estabelece, a partir
de revisão bibliográfica, referencial teórico que busca promover reflexões sobre os
temas da biodiversidade, do ambiente urbano sob a perspectiva ecológica e do
gerenciamento das áreas verdes no contexto da gestão urbana. A pesquisa analisa
a constituição vegetal presente nos túneis verdes, a diversidade e composição de
espécies de aves que deles se utilizam e elabora, a partir dos resultados obtidos,
uma discussão sobre a importância ecológica dos túneis verdes no meio urbano.
Face ao exposto, tem-se como problema da pesquisa: podem os túneis
verdes constituir corredores urbanos de vegetação para a avifauna, contribuindo
para a permanência de diferentes espécies de aves em ambiente intensamente
urbanizado?
Por decorrência, é formulada a hipótese de que os túneis verdes possuem
a capacidade de constituir corredores urbanos de vegetação para a avifauna.
Assim, o objetivo geral do estudo consiste em avaliar a capacidade dos
túneis verdes de constituir corredores urbanos de vegetação para avifauna,
definindo-se, para a sua concretização, os seguintes objetivos específicos:
22
a) caracterizar, por meio de análise documental, a estrutura da cidade
(macrozonas) e definir a(s) área(s) de estudo a partir da análise de
imagens aéreas;
b) identificar e selecionar os túneis verdes (objeto central da pesquisa)
situados na área mais urbanizada de Porto Alegre, por meio de
imagens aéreas e posterior conferência no local;
c) selecionar os trechos viários de controle (possuem características
urbanas semelhantes às existentes nos túneis verdes, mas o
destituídos de vegetação que produz o efeito de túnel), por meio de
imagens aéreas e posterior conferência no local;
d) caracterizar os tipos vegetais que compõem os túneis verdes e vias
controle a partir de estudos em campo com levantamentos no local;
e) caracterizar, quanto à diversidade e composição, as espécies de
avifauna que se utilizam dos túneis verdes, empregando-se técnicas
de observação e escuta a campo;
f) verificar se os túneis verdes desempenham papel de ligação entre
áreas de relevância ambiental existentes na cidade, a partir da análise
de imagens georreferenciadas das áreas de estudo;
g) avaliar se estas composições vegetais contribuem para promover a
ocupação de ambiente intensamente urbanizado por diferentes
espécies da avifauna.
23
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste trabalho está estruturado em três grandes
tópicos (biodiversidade, ambiente urbano sob a perspectiva ecológica e
gerenciamento das áreas verdes urbanas) com o objetivo de organizar as
informações que são consideradas essenciais para a fundamentação da pesquisa e
para a elaboração das discussões subseqüentes.
2.1 BIODIVERSIDADE
Os temas relacionados à biodiversidade são aqui abordados em seis tópicos
menores, que são individualizados em função da complexidade inerente ao assunto
e da necessidade de sistematizar as informações de acordo com o enfoque da
pesquisa.
2.1.1 Estudos sobre diversidade biológica
A variabilidade existente entre os organismos vivos é, muito tempo,
alvo de observações e estudos. Na Grécia, o filósofo Aristóteles (384 a.C.
322 a.C.) dedicou-se, entre várias ciências, às naturais, tendo sido responsável pelo
desenvolvimento do primeiro sistema de classificação zoológica e pela elaboração
do conceito de organismos inferiores e superiores.
O também grego, e discípulo de Aristóteles, Teofrasto (371 a.C.
286 a.C.) ocupou-se do estudo dos vegetais, tendo publicado as obras
intituladas De Historia Plantarum e De Causis Plantarum, propondo o primeiro
24
sistema de classificação de plantas do mundo ocidental. Estes dois filósofos e
cientistas são hoje considerados, respectivamente, os pais da zoologia e da botânica
(THANOS, 1994).
Na Roma Antiga, o naturalista Plínio (23 d.C. 79 d.C.) foi o nome de
maior destaque entre aqueles voltados às investigações biológicas. Publicou o
tratado zoológico e botânico Naturalis Historia, a mais completa obra da Idade Antiga
sobre os seres vivos e que se constituiu na maior referência da área até o período
medieval.
Com o advento do Renascimento, com o desenvolvimento da ciência
moderna na Europa, houve acelerada produção e distribuição do saber em todas as
áreas. A valorização do homem e a da natureza, somada ao rigor científico,
fomentam também as pesquisas em História Natural. Segundo Lewinsohn (2001),
dois outros acontecimentos significativos impulsionaram os estudos e as atividades
de classificação dos seres vivos: a descoberta de novos continentes, e de uma
grande variedade de organismos até então desconhecidos, e a invenção do
microscópio (início do século XVII).
O aperfeiçoamento dos sistemas de classificação deu-se então com Lineu
(1707-1788), naturalista que publicou, entre outras, a obra Systema Naturae e que
foi o fundador da taxonomia moderna, elaborando a nomenclatura binomial para a
designação de espécies, a qual é utilizada até os dias de hoje. A Taxonomia
estudo, descrição e classificação dos seres vivos origem à respectiva profissão
no século XIX, mesmo período em que a Biogeografia se afirma como área de
investigação. É da reunião destas duas ciências que surge a idéia de diversidade de
espécies (LEWINSOHN, 2001).
2.1.2 Definição de biodiversidade
A palavra biodiversidade possui origem recente, surgindo pela primeira
vez em publicação de 1988, na obra intitulada Biodiversity, a qual é organizada pelo
ecólogo Edward O. Wilson da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos
(LEWINSOHN, 2001). Desde então, o termo científico passa a ser utilizado, não
somente pelos setores acadêmicos, mas também pela mídia em geral, e torna-se
amplamente difundido.
25
A popularização do vocábulo é acompanhada pelo surgimento de novas e
diferentes interpretações, as quais contribuem para dificultar a construção de uma
definição precisa. Em função disto, Haila e Kouki (1994) consideram que
biodiversidade não representa um conceito, mas um termo abstrato que deve ser
analisado de acordo com o contexto em que é empregado, uma vez que adquire
diferentes significados conforme a abordagem construída. Tratando o termo de
modo simplificado, sob o ponto de vista do conservacionismo, implica na proteção de
espécies e ecossistemas; na visão da economia, representa o valor monetário que
os espécimes e seus produtos possuem; sob a ótica da administração, refere-se às
metodologias e estratégias de gerenciamento dos recursos naturais; no enfoque da
ética, envolve as relações do homem com a natureza.
Outro fator que contribui para tornar complexa a elaboração de um
conceito sobre biodiversidade é seu aspecto genérico, uma vez que o termo é
aplicado para descrever a variabilidade entre os diferentes níveis de organização
biológica (Figura 2).
Figura 2: Esquema dos diferentes níveis de organização biológica
Fonte: Elaborada com base em Odum (1988).
Entretanto, as implicações desta variabilidade extrapolam a simples
reunião dos componentes citados. A organização e, principalmente, as interações
que o estabelecidas nestes diferentes níveis são igualmente fundamentais
(HAILA; KOUKI, 1994; LEWINSOHN, 2001).
O termo, além de ser utilizado para referir-se a estes múltiplos níveis de
organização biológica (genes, população, comunidades etc.), pode ainda ser
26
associado a qualquer escala geográfica (local, regional ou global). A importância de
se considerar este aspecto reside no fato de que uma mesma situação poderá ter
repercussões variadas quando analisada nestas diferentes escalas. A introdução de
espécies exóticas em um ecossistema, por exemplo, aumenta a diversidade local,
uma vez que mais espécies irão fazer parte de sua composição. Porém, haverá
diminuição da diversidade global, pois este ecossistema que recebe espécies
exóticas se aproximará em similaridade de composição de espécies aos demais
(MEA, 2005).
Os aspectos abordados explicam as razões da dificuldade de se construir
uma conceituação em torno do termo biodiversidade. Algumas definições,
entretanto, são explicitadas a seguir.
A diversidade biológica refere-se ao número de espécies encontradas em
uma determinada área ou região e inclui a medida da variedade de espécies
dentro de uma comunidade, considerando a abundância relativa de cada
uma delas (RICKLEFS, 1990
1
apud FISRWG, 1998, p.78).
Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas
as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres,
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de
que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,
entre espécies e de ecossistemas (CMMAD, 1992
2
).
Haila e Kouki (1994) definem ainda biodiversidade como uma propriedade
inerente da natureza, a qual mantém a variação natural nas diversas escalas do
sistema ecológico, constituindo-se tanto no material bruto que provê a base para
adaptações ao meio, viabilizando o processo evolutivo, como em um “tampão” que
fomenta a resiliência do sistema contra perturbações e distúrbios inesperados.
É importante ressaltar que distúrbios são fenômenos recorrentes no meio
urbano, o que torna fundamental a relação entre diversidade e resiliência neste
ambiente. Segundo Niemelä (1999), devido a sua importância, a manutenção da
biodiversidade, de populações até ecossistemas, deve se constituir em princípio
condutor do planejamento urbano.
1
Ver RICKLEFS, R. E. Ecology. New York: W. H. Freeman, 1990.
2
Sem paginação.
27
2.1.3 Importância da diversidade biológica
A biodiversidade é a base de todos os serviços prestados pelos
ecossistemas, aos quais o bem-estar humano está intimamente ligado. O ar
respirável, a água potável, a fertilidade dos solos, a fartura dos mares, a regulação
do clima, o controle biológico de doenças e pragas e vários outros serviços
prestados pelos ecossistemas são manifestações da vida sobre a Terra (MEA,
2005). A conservação da diversidade biológica é essencial para a estruturação
destes serviços, para a manutenção da resiliência dos ecossistemas frente às
alterações do ambiente e para o provimento de opções para o futuro por meio do
banco genético que representam os organismos vivos.
Valores culturais também estão associados à biodiversidade, pois
aspectos estéticos, espirituais, educacionais e recreativos compõem igualmente a
gama de serviços prestados pela diversidade biológica.
Sob o ponto de vista econômico, existem muitos produtos que são
extraídos e desenvolvidos a partir dos seres vivos e cujo valor pode ser dividido em
duas categorias (OCDE, 2003): usos extrativos diretos, que incluem alimentos,
plantas e outros produtos de valor comercial (Quadro 1), e usos não-extrativos
diretos, que incluem os serviços proporcionados pela utilização de substâncias
obtidas a partir dos organismos ou da manipulação do seu material genético, como,
por exemplo, para o desenvolvimento de novos fármacos (Quadro 2).
(continua)
TIPO DE ECOSSISTEMA PRODUTO
cultivos para a produção de alimentos
cultivos para a produção de fibras
Agrícolas
outros cultivos (energia, forragem etc.)
De água doce peixes para alimentação
peixes, moluscos e algas para alimentação
farinha de peixe para ração animal
Costeiros
algas para uso industrial
Quadro 1: Exemplos de produtos obtidos da diversidade biológica
Fonte: Organizado com base em OCDE (2003).
28
(conclusão)
TIPO DE ECOSSISTEMA PRODUTO
madeira para construção civil, papel, mobiliário etc.
madeira para combustível
produtos florestais não madeireiros
Florestais
extração de mel, frutos, cogumelos e plantas para alimentação
criação animal para alimento, fornecimento de peles e couros
De pastagens
produção de fibras para uso industrial
Quadro 1: Exemplos de produtos obtidos da diversidade biológica
Fonte: Organizado com base em OCDE (2003).
PRODUTO ORIGEM UTILIZAÇÃO
Citarabina
animal - Cryptotheca crypta
agente indutor de remissão de
Leucemia Mielocítica Aguda
Quinino
vegetal - Cinchona officinalis
base das drogas cloroquina e
mefloquina - antimaláricas
Artemisinim
vegetal - Artemisia annua
agente antimalárico
Morfina
vegetal - Papaver somniferum
desenvolvimento de analgésicos
sintéticos
Taxol
(paclitaxel)
vegetal - Taxus brevifolia
indução de remissão de diversos
tipos de câncer, como o ovariano,
de pulmão, de mama e melanomas
Penicilinas e
Cefalosporinas
fúngica - Penicillium notatum;
Cephalosporium acremonium
ação antimicrobiana (antibióticos)
F
Á
R
M
A
C
O
S
Estreptomicina
bacteriana - Streptomyces griseus
combate à tuberculose
Quadro 2: Exemplos de substâncias obtidas a partir da diversidade biológica e com emprego na
Medicina
Fonte: Organizado com base em Chivian (2001; 2003).
Outro aspecto de grande utilidade da diversidade biológica e de valor
incalculável consiste na sua aplicação em modelos de pesquisa que auxiliam a
elucidar os mecanismos da fisiologia humana e a compreender a dinâmica das
doenças que afetam a humanidade. Chivian (2001) aborda este assunto e trata do
valor do conhecimento dos processos fisiológicos de alguns animais, vertebrados e
invertebrados, e o potencial representado por tais descobertas. Como exemplo, o
autor cita a importância de se compreender o mecanismo que impede a reabsorção
óssea em ursos para o desenvolvimento de novos modelos de prevenção e
29
tratamento da osteoporose em humanos; de se aprender sobre o controle genético
do metabolismo da glicose em nematelmintos como Caenorhabditis elegans para
desenvolver novos tratamentos para doenças como diabetes, obesidade, doenças
auto-imunes e envelhecimento. A perda das espécies representa, sob este ponto de
vista, a extinção da possibilidade de descoberta de novos produtos medicinais e de
modelos para a pesquisa médica, os quais poderiam contribuir de forma substancial
na melhoria e prolongamento da vida humana.
A biodiversidade possui também um valor que lhe é intrínseco, entretanto
subjetivo, e que não pode ser medido sob uma visão meramente econômica ou
utilitária. Ele reside na beleza de seus indivíduos e de suas complexas relações,
bem como na sua raridade, elementos que são próprios do mundo natural.
2.1.4 Perda da diversidade biológica
Nenhum processo na Terra supera em complexidade, variedade e
dinamismo a organização e interação dos seres vivos e nenhum outro elemento vem
experimentando mudanças mais dramáticas em conseqüência das ações humanas
que a biodiversidade do planeta. Atualmente, estima-se que 20% dos recifes de
corais existentes nos mares foram destruídos e outros 20% estão sendo
degradados; que 12% das espécies de aves, 23% de mamíferos, 25% de coníferas
e 32% de anfíbios (número subestimado) estão sob ameaça de extinção,
representando um aumento nas taxas de extinção das espécies por volta de 1.000
vezes aos percentuais até então registrados na história da Terra (MEA, 2005).
Embora a morte de indivíduos menos adaptados frente às mudanças do
meio e processos de competição represente um mecanismo natural, que compõe
parte do processo evolutivo das espécies, não como negar que a interferência
das ações humanas tem intensificado a velocidade com que estas extinções vêm
ocorrendo e que este processo de origem antrópica não é promotor de qualquer tipo
de evolução.
A eliminação de uma espécie, como resultado da supremacia de outra,
mais adaptada em função de seu genótipo, faz surgir novas possibilidades de
interações ecológicas que, no ambiente natural, se auto-regulam. Porém, quando a
origem da força que fomenta o processo de seleção é humana, o que ocorre é a
30
morte pura e simples de indivíduos, populações ou espécies. Nenhum organismo
substitui aquele eliminado e o respectivo nicho ecológico que era anteriormente
ocupado é deixado vago, gerando conseqüências que atuam cumulativamente.
Cabe ressaltar que, no ambiente natural, as espécies desenvolvem interações que,
na grande maioria das vezes, são imperceptíveis aos olhos humanos. Somente os
resultados destas relações são visíveis: o equilíbrio ecológico e a estabilidade dos
ecossistemas são apreciados, mas as relações que promovem este equilíbrio
dinâmico permanecem, em muitos casos, desconhecidas. O desconhecimento, por
sua vez, gera descaso, o que é fatal para espécies vulneráveis.
De acordo com o relatório da Estratégia Global da Biodiversidade (WRI;
IUCN; UNEP, 1992), existem seis fatores principais que promovem a perda da
biodiversidade no planeta:
a) as insustentáveis altas taxas do crescimento demográfico e do
consumo de recursos naturais;
b) a especialização progressiva na comercialização de produtos
agrícolas, florestais e pesqueiros;
c) a existência de sistemas econômicos e políticos que não atribuem o
devido valor ao ambiente e seus recursos;
d) a desigualdade na distribuição da propriedade e na gestão e fluxo dos
benefícios advindos do uso e da conservação de recursos biológicos;
e) as deficiências na compreensão dos ecossistemas naturais e seus
componentes, além das falhas nas aplicações do conhecimento
disponível;
f) as ações de sistemas jurídicos e institucionais que promovem a
exploração insustentável dos recursos naturais.
No ambiente natural, o resultado destas ações se traduz em relevantes
impactos negativos, dentre os quais pode-se citar: a deterioração e fragmentação
dos hábitats, decorrentes, por exemplo, da expansão da agricultura e construção de
barragens; a introdução de espécies exóticas, as quais podem atuar como novos
predadores, competidores ou patógenos; a exploração excessiva de espécies
vegetais e animais com finalidades de consumo, aquisição para estimação, simples
curiosidade ou artigos de coleção; a poluição do solo, água e atmosfera; a
31
transformação das plantações em monoculturas e dos rebanhos em grupos
genéticos homogêneos; e o aquecimento global, que, além de induzir a morte de
indivíduos com menores capacidades de adaptação, promoverá a necessidade de
redistribuição das espécies para novos hábitats, o que não será, na maior parte dos
casos, possível (WRI; IUCN; UNEP, 1992).
Preocupada com a intensidade com que estes fenômenos ocorrem em nível
global e com a rapidez com que os mesmos promovem o desaparecimento de
espécies animais e vegetais, a The World Conservation Union IUCN desenvolveu
a lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, juntamente com um sistema
de classificação claro e objetivo a ser adotado mundialmente para enquadrar as
espécies nas diferentes categorias de risco (IUCN, 2001). Estas categorias de
ameaças e suas definições são apresentadas no Quadro 3.
CATEGORIA CRITÉRIO UTILIZADO
Extinto –
Extinct (EX)
um táxon é considerado extinto quando não existem dúvidas sobre
a morte do último indivíduo
Extinto na Natureza –
Extinct in the Wild (EW)
o táxon só sobrevive em cultivo ou em cativeiro
Criticamente em Perigo –
Critically Endangered (CR)
o táxon sofre risco extremamente alto de ser extinto na natureza
Em Perigo –
Endangered (EN)
o táxon, de acordo com critérios específicos, sofre risco muito alto
de ser extinto na natureza
Vulnerável – Vulnerable (VU)
o táxon, de acordo com critérios específicos, sofre risco alto de ser
extinto na natureza
Quase Ameaçadas
Near Threatened (NT)
o táxon não se enquadra nas categorias anteriores, mas está perto
de se enquadrar, ou num futuro próximo deverá ser enquadrado,
caso não sejam tomadas medidas de conservação
Não Ameaçadas –
Least Concern (LC)
o táxon não se enquadra nas categorias anteriores
Dados Insuficientes –
Data Deficient (DD)
o táxon não possui informações adequadas para que seja possível
estimar seu grau de ameaça; pode ser estudado e ter sua biologia
conhecida, porém faltam informações sobre sua abundância e/ou
distribuição
Não Avaliado –
Not Evaluated (NE)
o táxon ainda não foi avaliado segundo os critérios descritos
Quadro 3: Categorias de classificação das espécies ameaçadas
Fonte: Adaptado de IUCN (2001).
32
2.1.5 Corredores de biodiversidade
O conceito de corredor de biodiversidade, também conhecido como
corredor ecológico ou biológico, foi criado para designar as áreas de vegetação que
ampliam o grau de conectividade entre os hábitats e os ecossistemas em várias
escalas. Podem unir unidades de conservação, reservas, áreas de preservação
permanente ou quaisquer outros espaços que ainda mantenham características
naturais preservadas (ANDERSON; JENKINS; MAY, 2003).
De acordo com a legislação brasileira Lei 9.985 de 2000, artigo 2º,
XIX –, os corredores ecológicos recebem a seguinte definição (BRASIL, 2000):
Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de
conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da
biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para
sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
Na restauração ambiental, os corredores ecológicos podem se estender
desde a escala de pequenos projetos de recomposição florestal, conduzidos por
comunidades locais, até programas de abrangência continental. Esta questão da
escala é particularmente importante e distingue este instrumento de conservação
dos demais, uma vez que as práticas anteriores tendiam a focar exclusivamente as
áreas protegidas, sem considerar a paisagem maior da qual são partes integrantes
(ANDERSON; JENKINS; MAY, 2003). Os corredores surgem, então, como forma de
gestão dinâmica e inovadora, constituindo um instrumento de reconexão entre
hábitats isolados pela ação humana e uma solução estratégica para a conservação
da biodiversidade (PILLOTO, 2003).
Esta ação dos corredores, de aumento de conectividade entre ambientes
isolados, é essencial para permitir o movimento dos organismos entre os fragmentos
e amenizar um dos vários aspectos negativos resultantes da fragmentação dos
ecossistemas: o enfraquecimento das espécies em decorrência de
endocruzamentos. É importante lembrar que os indivíduos da fauna que ocupam
ambientes isolados, e que estão impedidos de se locomover até novas áreas, o
obrigados a se reproduzir com um número restrito de indivíduos, aumentando as
chances de cruzamentos entre animais consangüíneos. Este processo endogâmico
33
(cruzamento entre indivíduos da mesma família) promove o enfraquecimento da
espécie como um todo, uma vez que aumenta a probabilidade da expressão de
genes recessivos causadores de doenças. A diminuição da variabilidade genética,
também resultante deste processo, determina o decréscimo na capacidade de
adaptação das espécies nos diferentes ecossistemas, comprometendo o sucesso da
população de sobreviver às alterações ambientais.
Este enfraquecimento intraespecífico não é exclusivo das espécies
animais. A flora também fica sujeita a endogamia polinizações endogâmicas –,
uma vez que os agentes polinizadores se encontram igualmente ilhados nas
mesmas áreas e o vento possui capacidade dispersora limitada. De forma
semelhante, a dispersão de sementes sofre com esta restrição espacial, ficando
confinada às áreas em que seus dispersores m acesso (PILLOTO, 2003; REIS,
2003a). Assim, os corredores biológicos adquirem importância por permitirem a
migração das espécies e a recolonização de uma população por novos indivíduos, o
que gera a renovação gênica fundamental para reduzir as depressões populacionais
resultantes da consangüinidade (CREEL, 2005). O sucesso da implantação de um
corredor, entretanto, varia de acordo com diversos aspectos relacionados com as
características próprias dos organismos e com os fatores ambientais.
Vários são os elementos intrínsecos dos seres vivos que devem ser
considerados para a realização de uma análise da eficiência do corredor. Questões
fundamentais a serem abordadas o: quais as espécies são objeto de avaliação,
como é a sua capacidade de dispersão, se são especialistas de hábitat e qual é o
seu nível trófico, entre outras. Partindo-se destas considerações, é possível se
observar que um mesmo corredor apresentará vários níveis de eficiência para as
diferentes espécies, pois as populações respondem de modos diversos ao processo
de isolamento. Espécies com baixa capacidade de dispersão, por exemplo, estarão
mais isoladas que aquelas que apresentam grande mobilidade, uma vez que estas
podem perceber a paisagem funcionalmente conectada, mesmo que exista elevado
grau de fragmentação (DONOSO, [200-]).
A avaliação de aspectos ambientais é outro fator igualmente importante
para se estimar a eficiência de um corredor biológico. Entre as características que
devem ser consideradas estão: as dimensões das áreas fragmentadas, seu nível de
isolamento, a heterogeneidade da vegetação, a diversidade de hábitats e o efeito de
borda, este último resultante da interação de ecossistemas adjacentes separados
34
por transição abrupta (GIMENES; ANJOS, 2003). Alguns destes itens são
demonstrados esquematicamente no Quadro 4.
(continua)
descontinuidade do corredor e movimentação das espécies
o impacto da existência
de descontinuidade física
dentro do corredor sobre
os indivíduos irá variar de
acordo com o
comprimento desta
descontinuidade e com a
capacidade de
mobilidade própria da
espécie ocupante deste
hábitat
similaridade estrutural da vegetação versus similaridade florística
é preferível que haja a
maior similaridade
possível entre os
corredores e os
fragmentos (estrutura e
composição vegetais),
embora a similaridade na
estrutura da vegetação
pareça ser, na maioria
dos casos, adequada
para permitir a
movimentação das
espécies entre os
fragmentos
conectividade por meio de trampolins (pequenos fragmentos que viabilizam o
deslocamento entre fragmentos maiores)
tratando-se de nível de
conectividade, uma
seqüência de trampolins
ocupa uma posição
intermediária entre o
corredor e a ausência de
corredor
Quadro 4: Aspectos ambientais estruturais com reflexos sobre a eficiência dos corredores biológicos
Fonte: Elaborado com base em Dramstad, Olson e Forman (1996).
35
(conclusão)
distância entre trampolins
para as espécies que se
movimentam orientando-
se visualmente, a
distância efetiva para a
movimentação entre
trampolins é determinada
pela habilidade de se
visualizar fragmentos
sucessivos
perda de trampolim
a perda de um pequeno
fragmento que funciona
como um trampolim
(promovendo a
movimentação das
espécies entre
fragmentos maiores)
normalmente inibe o
deslocamento das
espécies e aumenta o
isolamento dos
fragmentos
conjunto de trampolins
o arranjo espacial ótimo
de um grupo de
trampolins localizados
entre grandes fragmentos
proporciona rotas
alternativas e
redundantes, ao mesmo
tempo em que mantém
um caminho linearmente
orientado entre estes
fragmentos
Quadro 4: Aspectos ambientais estruturais com reflexos sobre a eficiência dos corredores biológicos
Fonte: Elaborado com base em Dramstad, Olson e Forman (1996).
36
Os corredores podem ser divididos em três categorias distintas conforme
suas ações (FORMAN, 1995
3
apud KARPATI, 2003):
a) corredor de hábitat elemento paisagístico linear que fornece
estrutura para a sobrevivência, natalidade e movimento das espécies,
podendo servir como seu hábitat permanente ou temporário;
b) corredor facilitador de movimento elemento paisagístico linear que
permite a sobrevivência e o movimento das espécies entre
fragmentos, porém não necessariamente oferece condições para a
natalidade;
c) corredor filtro ou de barreira elemento paisagístico linear que
bloqueia (ação de barreira) ou impede seletivamente (ação de filtro) o
fluxo de energia, nutrientes minerais ou espécies; este tipo de corredor
atua diminuindo a conectividade entre fragmentos.
Outra classificação possível relaciona-se com a forma espacial
apresentada pelo corredor, a qual é utilizada como critério para dividi-los em dois
grupos (ANDERSON; JENKINS; MAY, 2003):
a) corredores lineares estabelecem ou mantêm conexões únicas entre
hábitats maiores ao longo de eixos longitudinais, estendendo-se por
distâncias de até 10 km (Figura 3, item a);
b) corredores de paisagem mantêm ou estabelecem conexões
multidirecionais na paisagem e podem estender-se sobre áreas de
milhares de quilômetros (Figura 3, item b).
3
Ver FORMAN, R. T. T. Land mosaics: the ecology of landscapes and regions. Cambridge:
University Press, 1995.
37
a) corredor linear b) corredor de paisagem
Figura 3: Representação esquemática dos corredores lineares e de paisagem
Fonte: Elaborada com base em Anderson, Jenkins e May (2003).
Embora o conceito de corredor biológico e suas classificações tenham
sido desenvolvidos tomando como objeto o meio natural, é crescente a sua
aplicação em ambientes rurais ou urbanizados. Gabriel e Pizo (2005) demonstram
que as cercas-vivas, estreitas faixas de vegetação criadas originalmente para manter
o gado no pasto, realizam o papel de corredores de deslocamento para seis
espécies de aves de bitos florestais ou semiflorestais, mostrando a versatilidade
de aplicação deste conceito. Em cidades, as ruas arborizadas funcionam
potencialmente como corredores, permitindo a certas espécies, especialmente as
aves que se alimentam e nidificam em árvores, uma alternativa de hábitat
(FERNÁNDEZ-JURICIC, 2000).
Hilty, Lidicker Jr. e Merenlender (2006) concordam com estes
pesquisadores ao afirmarem que elementos da paisagem que possuem a
capacidade de promover a conectividade são de fato corredores, mesmo que
tenham sido implementados com outras finalidades, como é o caso da vegetação
presente ao longo das rodovias, das cercas-vivas, dos cinturões verdes e das ruas
arborizadas, entre outros. Entretanto, ressaltam que especial atenção deve ser dada
ao fato de que “constituir” um corredor não é garantia de “funcionar” como corredor.
Vários aspectos devem ser considerados para que estes elementos lineares de
paisagem construídos pelo homem, e que são diferentes do ambiente natural em
38
estrutura, configuração e tamanho, não promovam uma série de efeitos negativos
como os apresentados no Quadro 5.
ASPECTO NEGATIVO EM DECORRÊNCIA DE
Submissão do corredor a efeitos de
borda
condições abióticas adversas
ruídos e iluminação artificial oriundos da matriz adjacente
ausência de potenciais dispersores
aumento do risco de predação
aumento dos riscos de parasitismo ou doenças
competição de espécies exóticas
Declínio da comunidade
eficácia de corredor espécie-específica
hábitat, comprimento, largura inapropriados de corredor
perda de relações de mutualismo
perda de fontes de alimento
estreitamentos e lacunas existentes no corredor
Invasão por espécies exóticas
provenientes da matriz circundante
provenientes de outros fragmentos
Invasão por espécies nativas
deletérias
predadoras
parasitas
competidoras
Impactos demográficos
rota de fuga de dispersores
aumento da exposição à depredação humana
Impactos sociais
inadequação para a dispersão de um grupo social
inibição de movimentação por espécies territorialistas
Impactos genéticos
perda de adaptação local
queda da natalidade
hibridização entre unidades taxonômicas
Conflitos entre objetivos científicos
objetivos de curto prazo X sustentabilidade de longo prazo
estratégias de conservação alternativas
necessidades das espécies alvo X manuteção de
comunidades
Impactos econômicos
custos de aquisição e construção
custos de manutenção
custos de monitoramento
impactos negativos não previstos na matriz adjacente
Quadro 5: Alguns impactos negativos possíveis resultantes da implantação de corredores biológicos
Fonte: Adaptado de Hilty, Lidicker Jr. e Merenlender (2006).
39
O planejamento de corredores em ambientes naturais ou urbanos deve
considerar a possibilidade de ocorrência destes efeitos prejudiciais resultantes de
sua implantação, ao mesmo tempo em que determina o nível de biodiversidade que
se busca preservar, a escala espacial de intervenção e os objetivos que se procuram
alcançar. O nível de biodiversidade compreende os indivíduos de uma espécie em
particular, várias espécies, comunidades ou os elementos de uma paisagem como
um todo; a escala espacial pode ser local, regional ou continental; os objetivos
podem consistir na promoção de movimento diário ou sazonal, na dispersão de
indivíduos e na constituição de condições de hábitat, entre outros (HILTY; LIDICKER
Jr.; MERENLENDER, 2006).
Segundo estes autores, são preferíveis a identificação e a manutenção de
corredores antes da ocorrência do processo de fragmentação; entretanto, isto não é
possível em várias situações, especialmente em áreas urbanizadas. Nestes
ambientes é necessário criar ou restaurar corredores no intuito de manter espécies
ou comunidades na região, devendo-se optar por um processo passivo ou ativo de
recuperação. Neste último, os planejadores devem considerar as necessidades da
fauna e da flora, como as condições para o crescimento dos vegetais, fontes de
alimentos e locais de abrigo e refúgio para os animais (Figura 4).
Legenda
A – duas ou mais linhas de
coníferas
B – uma ou mais espécies de
árvores decíduas
C – variedade de arbustos
D – troncos e ramos horizontais
E – relva ou outra forração
Figura 4: Representação dos elementos básicos necessários para o estabelecimento de corredores
de avifauna na região Sudoeste de Ontário – Canadá
Fonte: Adaptada de Fleury e Brown (1997
4
) apud Hilty, Lidicker Jr. e Merenlender (2006).
4
Ver FLEURY, A. M.; BROWN, R. D. A framework for the design of wildlife conservation corridors with
specific application to southwestern Ontario. Landscape and Urban Planning, Elsevier, v. 37,
p. 163-186, 1997.
40
2.2 AMBIENTE URBANO SOB A PERSPECTIVA ECOLÓGICA
A gestão da cidade do século XXI representa um importante desafio aos
administradores blicos. Isso se deve, em parte, à complexidade dos
agrupamentos urbanos e ao seu acelerado crescimento, acompanhado do aumento
dos problemas de origens estruturais e sociais.
Compreender os fatores que direcionam e estimulam esse crescimento,
analisando necessidades, carências, vocações, objetivos e valores, entre vários
outros aspectos, é fundamental para que seja possível administrar os conflitos
existentes nas cidades e minimizar o surgimento de novos. O adequado processo de
gestão da cidade se torna viável a partir da compreensão das questões urbanas por
meio de estudos que abordem as inter-relações dos tecidos espacial e social,
envolvendo, naturalmente, aspectos multidisciplinares (TSIOMIS, 1994).
Souza (2003) vai um pouco além desta posição, afirmando que um dos
aspectos essenciais ao planejamento e gestão urbanos relaciona-se à
interdisciplinaridade, a qual pressupõe intensa e coordenada cooperação dos
especialistas sobre a base de uma finalidade e problemática comuns. Segundo o
autor, a multidisciplinaridade envolve apenas a união de conhecimentos disciplinares
diversos sem a existência desta cooperação.
Lefebvre (1999, p. 53) fala da dificuldade de se analisar o fenômeno
urbano e da necessidade de se passar "da fenomenologia à análise, bem como da
lógica à dialética" para a realização de estudos na área. O fenômeno urbano se
apresenta como uma realidade mundial, a qual não pode ser apreendida de forma
imediata, e deve ser estudada em níveis sucessivos em direção a um todo global.
O processo de urbanização configura-se, assim, num tema relevante para
estudos interdisciplinares, uma vez que envolve muitos atores e contextos históricos
e culturais diversificados.
A cidade pode e deve ser estudada sob óticas diferentes. As análises
realizadas pelos diversos campos da ciência proporcionam avaliações e conclusões
distintas, ajudando a compor o entendimento sobre as partes de um processo
complexo global. Assim, o meio urbano pode ser visto sob o olhar da sociologia,
que é um ambiente onde têm lugar as relações humanas; da arquitetura, que
compreende os espaços que interferem nestas relações; das engenharias, pois sua
construção e funcionamento envolvem aspectos técnicos; da história, que é um
41
ambiente físico onde a dimensão tempo se manifesta; da ecologia, pois as ações
impactantes deste ambiente construído modificam o meio natural (SALVI et al.,
2007a).
Cada área do conhecimento, de aplicação teórica ou prática, deve manter
seus métodos para estudar a situação urbana; entretanto, este fenômeno não pode
ser descrito ou controlado por lógicas disciplinares. Os resultados satisfatórios serão
possíveis a partir da articulação das diferentes lógicas próprias de cada disciplina,
em função da complexidade inerente ao processo urbano (TSIOMIS, 1994).
John Celecia e Manuel Castells, por exemplo, são autores que discutem o
fenômeno urbano, porém elaboram análises completamente distintas sobre a
questão dos fluxos existentes neste meio.
Celecia (2003) afirma que a cidade é um sistema aberto, em função dos
fluxos, interações e trocas existentes, particularmente em relação a outros
ecossistemas. Faz especial referência às matérias-primas que sustentam o consumo
dos ambientes urbanos, salientando a importância destes fluxos de matéria e trocas
energéticas para a subsistência destes espaços de origem antrópica.
Em contrapartida, Castells (1999) traça considerações sobre a nova forma
da cidade informacional, a qual não representa uma forma propriamente dita, mas
um processo caracterizado pelo predomínio estrutural do espaço de fluxos. A nova
sociedade, segundo o autor, está construída em torno de fluxos de capital,
informação, tecnologia, imagens, sons e mbolos, constituindo “a expressão dos
processos que dominam nossa vida econômica, política e simbólica” (CASTELLS,
1999, p. 436).
Estas abordagens demonstram como o processo de urbanização
representa um amplo tema de estudo, de repercussões e interpretações
diversificadas e complexas. Esta complexidade, por sua vez, exige a cooperação
interdisciplinar para a promoção do entendimento deste fenômeno, mas, como
afirma Lefebvre (1999, p.57), "cada especialidade deve levar a utilização de seus
próprios recursos até o limite para atingir o fenômeno global, mas nenhuma dessas
ciências pode pretender esgotá-lo".
42
2.2.1 Ecologia urbana
A palavra ecologia foi criada pelo biólogo alemão Ernst Haeckel em 1869
e tem origem nos termos gregos oikos e logos, que significam “casa” e “estudo”,
respectivamente. Segundo Odum (1988, p.1), “o estudo do ambiente da casa inclui
todos os organismos contidos nela e todos os processos funcionais que a tornam
habitável”.
O significado do termo ecologia, entretanto, se transformou ao longo dos
anos. A ciência adquiriu novas concepções, as quais, de acordo com Haila e Levins
(1992
5
apud NIEMELÄ, 1999), podem ser organizadas da seguinte maneira:
a) ecologia como ciência;
b) ecologia como natureza;
c) ecologia como idéia;
d) ecologia como movimento.
A ecologia como ciência investiga os fluxos de matéria e energia, a
distribuição e a abundância dos organismos; como natureza, é vista como fonte de
recursos para os seres humanos; como idéia, caracteriza-se como um conceito que
relaciona a existência do homem à ciência Ecologia Humana; como movimento,
diz respeito às atividades políticas ligadas aos fenômenos ambientais.
O conceito de urbano, por sua vez, extrapola as questões territoriais e
espaciais próprias do ambiente construído das cidades, envolvendo, além do meio
físico, as formas e as articulações dos tecidos social e espacial (TSIOMIS, 1994).
Para Lefebvre (1999), o espaço urbano supõe a concentração de tudo que no
mundo (elementos naturais e antrópicos) e no cosmos obras humanas, produtos
derivados da indústria, frutos da terra, objetos, instrumentos, atos, situações, signos
e símbolos, representando um ambiente concentrado e multicêntrico.
Historicamente, a aproximação da ciência ecologia com o fenômeno
urbano se deu em dois campos: o meio ambiente começou a integrar a literatura
destinada aos fenômenos urbanos e as cidades passaram a ser incluídas em
estudos teóricos ambientais (LEITMANN, 1999). Segundo o autor, geógrafos,
5
Ver HAILA, Y.; LEVINS, R. Humanity and nature. London: Pluto Press, 1992.
43
sociólogos e planejadores trataram dos fenômenos naturais no ambiente urbano de
três formas distintas:
a) cidades como sistemas naturais os processos urbanos e as relações
estabelecidas entre as cidades podem ser parcialmente
compreendidas pensando-se a cidade como um organismo vivo;
b) cidades como timas da Revolução Industrial palco do processo de
industrialização, as cidades e suas populações estão expostas aos
efeitos negativos deste processo, como poluição, insalubridade e
problemas sanitários;
c) cidades como parte integrante da natureza – os projetos urbanos
devem incorporar características naturais do ambiente sob risco de
entrarem em colapso se não o fizerem (LEITMANN, 1999).
Na segunda situação, inicialmente as cidades foram vistas como espécies
de parasitas ambientais. Os pesquisadores focavam seus trabalhos no impacto das
atividades humanas sobre o ambiente, inclusive sobre as implicações das atividades
agrícolas sobre o meio natural. Temas como fontes e fluxos de energia,
ecossistemas, crescimento populacional, fontes de alimentos, ciclagem de nutrientes
e biodiversidade, entre outros, foram posteriormente sendo incorporados às
análises.
Segundo Leitmann (1999), a integração definitiva da ecologia e do
ambiente urbano no campo teórico ocorreu no momento em que pensou-se na
possibilidade da aplicação de princípios ecológicos no processo de planejamento
das cidades. Esta união, que pode representar o nascimento da Ecologia Urbana, foi
realizada de forma pioneira por Robert Ezra Park em artigo publicado em 1916 e
intitulado The city: suggestions for the investigation of human behavior in the urban
environment.
Foi necessário que transcorresse mais de meio século para que esta
associação voltasse a ser realizada com a finalidade de elaboração de projetos
urbanos. Em 1969, Ian McHarg publicou a obra Design with nature, na qual analisa a
cidade inserida no seu entorno natural, buscando uma visão ecossistêmica de
planejamento. Neste mesmo trabalho, McHarg demonstra como a técnica de overlay
44
mapping
6
poderia ser utilizada para a análise de questões ambientais nas cidades e
para a identificação de áreas de risco na malha urbana (LEITMANN, 1999).
A partir da década de 1970, vários conceitos de ecologia, elaborados por
Howard Odum em seu livro Ecology, passaram a ser utilizados no estudo de
processos urbanos. O Quadro 6 reúne alguns destes termos e suas respectivas
aplicações no novo contexto.
CONCEITO APLICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO
ambientes de entrada e de saída
a relação da cidade com o meio natural pode ser
parcialmente compreendida pela avaliação dos elementos
que entram e saem deste ecossistema -
fluxos de energia, de alimento, de informação e geração de
resíduos
reciclagem de nutrientes
resíduos urbanos devem ser vistos como fonte de recursos
e serem reaproveitados
relação entre diversidade e resiliência
cidades com maior variedade de sistemas (ex. infra-
estrutura bem diversificada e constituída) terão maior
sucesso em resistir às inflexões urbanas
capacidade de suporte
sistemas urbanos afetam o ambiente natural circundante: a
capacidade do meio de produzir recursos e assimilar
desperdícios se altera, afetando a qualidade de vida nas
cidades
metabolismo urbano
os requerimentos metabólicos de uma cidade podem ser
definidos como todos os materiais, energias e
comodidades necessários para sustentar em sua dinâmica
seus habitantes
Quadro 6: Conceitos ecológicos no ambiente urbano
Fonte: Adaptado com base em Leitmann (1999) e Wolman (1965
7
apud DIAS, 2002).
Nota: Formulados por Howard Odum em seu livro Ecology.
Odum (1988) avaliou a cidade como um sistema incompleto ou
heterotrófico, dependente de grandes áreas externas para obtenção de energia,
alimentos, água e outros materiais. Diferenciou-o, porém, de um sistema natural pelo
seu metabolismo mais intenso, pela significativa necessidade de insumos e pela
maior e mais prejudicial produção de resíduos. Outras análises comparativas entre
os ambientes natural e urbano (Quadro 7) são elaboradas por Dias (1992).
6
Técnica precursora do Sistema de Informações Geográficas – GIS.
7
Ver WOLMAN, A. The methabolism of cities. Scientific American, New York, v. 213, n. 3, 1965.
45
ELEMENTO
DE ANÁLISE
ECOSSISTEMA NATURAL ECOSSISTEMA URBANO
ENERGIA
sustentado por fonte ilimitada de
energia: radiação solar
não há acúmulo de excesso de energia
nas cadeias alimentares cerca de dez
calorias de um organismo são
necessárias para produzir uma caloria
de outro (10:1)
sustentado por fontes finitas de
energia, como os combustíveis fósseis
o elevado consumo de combustíveis
fósseis libera excesso de calor para a
biosfera, provocando alterações na
temperatura
nas cadeias alimentares são
necessárias cem calorias de
combustível fóssil para produzir dez
calorias de alimentos que geram uma
caloria no homem (100:1)
EVOLUÇÃO
a evolução biológica adapta os
organismos e o seu sistema de suporte
ao processos que sustentam a vida
a evolução cultural subordina os
organismos e os sistemas de suporte
da Terra aos processos que sustentam
a tecnologia
POPULAÇÃO
as dimensões populacionais são
mantidas dentro dos limites
estabelecidos pelos processos naturais,
como oferta de alimento, abrigo,
relações de competição, entre outros
as dimensões populacionais crescem
tão rapidamente quanto pode
aumentar a disponibilidade de alimento
e abrigo, embora a carência destes
elementos não seja limitadora ao
crescimento; a seleção natural perde
sua força frente ao uso de
medicamentos e eliminação de
inimigos naturais
COMUNIDADE
apresenta diversidade de espécies que
vivem nos limites dos recursos naturais
do local
tende a apresentar uma dispersão
regular no ecossistema
tende a excluir a maioria das espécies
e é sustentado por recursos
provenientes do meio produtor
circundante
tende à concentração em locais
próximos a grandes corpos d’água,
que apresentam rede de serviços e
oferta de trabalho
INTERAÇÃO
as comunidades organizam-se em
torno das interações e processos
biológicos; os organismos interagem
com grande variedade de outros
organismos
as comunidades são organizadas em
torno de interações de funções e
processos tecnológicos
EQUILÍBRIO
são governados por processos naturais,
de controle e equilíbrio: disponibilidade
de luz, alimentos, água, oxigênio,
hábitat e a presença ou ausência de
inimigos naturais e doenças
são governados por conjunto de
competições de origem antrópica:
cultural, ideológica, religiosa,
econômica e legal; costuma
desconsiderar os requerimentos
necessários para a sustentação da
vida que não seja humana
Quadro 7: Comparações entre ecossistemas natural e urbano
Fonte: DIAS (1992)
46
A cidade pode ser vista como um ecossistema, um ambiente em
desequilíbrio dinâmico frágil que, pela contínua e impactante ação humana,
distancia-se do meio natural. Porém, o processo de urbanização pode ser
interpretado como um experimento ecológico, onde novas características são
introduzidas em uma área restrita, de onde muitas outras originais foram removidas
(EMLEN, 1974
8
apud FONTANA, 2004).
Nos ecossistemas urbanos, os fluxos de energia são parciais e
unidirecionais. Segundo Hardt (2000), as cidades como sistemas abertos
estabelecem fortes vínculos de dependência com outros ecossistemas em seu
entorno, como resultado de interações de fluxos e trocas (Figura 5). O complexo
sistema de importações e exportações urbanas que estabelecem com os demais
ecossistemas é indicativo desta dependência.
ar
modificado
espaço
serviços
água
combustível
e energia
industrial
materiais
gente
desperdícios
alimento
ruído
retroalimentação
retroalimentação
idéias
informação
educação
tecnologia
água
Figura 5: Importações e exportações urbanas
Fonte: Adaptada por Hardt (2000) de Sutton e Harmon (1977
9
apud HARDT, 2000).
A cidade representa um local de consumo, estando normalmente distante
dos centros produtores dos recursos energéticos para o seu sustento. Os acúmulos
8
Ver EMLEN, J. T. An urban bird community in Tucson, Arizona: derivation, structure, regulation.
The Condor, Colorado, n. 76, p. 184-197, 1974.
9
Ver SUTTON, D. B.; HARMON, N. P. Ecology: selected concepts. New York: John Wiley, 1977.
47
de resíduos e os excessos de energia e poluentes provocam a sua transformação,
sob o ponto de vista da termodinâmica, em um sistema em permanente desequilíbrio
(MOTA, 1999). Os distúrbios nas cadeias tróficas, as alterações dos ciclos
biogeoquímicos e a redução da capacidade auto-reguladora transformam o sistema
urbano num ecossistema carente de autonomia (HARDT, 2000).
Embora a urbanização atue de forma severa sobre os diversos
ecossistemas, comunidades, espécies e populações, poucos são os ecologistas que
optam por pesquisar o ambiente construído, preferindo direcionar seus estudos aos
locais preservados, onde é encontrada maior diversidade de fauna e flora (BLAIR,
1996
10
; BEZZEL, 1985
11
apud FONTANA, 2004). Entretanto, o estudo de fatores
ambientais e ecológicos inseridos no ambiente urbano se tornou uma necessidade,
devido ao esgotamento de recursos naturais, ao crescente desequilíbrio dos
ecossistemas e à intensidade, rapidez e complexidade com que estes processos
ocorrem na cidade global. De acordo com Hough (1998), existe, porém, um
paradoxo nas formas de compreensão das crises ambientais urbanas e do meio
natural. Enquanto que a preocupação com os problemas ambientais globais crise
energética, perda da biodiversidade, alterações na camada de ozônio e mudanças
climáticas é crescente, a população, em geral, segue evitando o enfrentamento
das questões ambientais relativas à sua própria cidade. Segundo Ultramari (2003,
p.28), apesar desta dificuldade “visual” de percepção dos problemas ambientais
urbanos, “as cidades são entendidas como uma série ameaça aos recursos
ambientais do planeta”. Assim, a desconsideração das ciências naturais ou
ecológicas no planejamento das cidades faz com que as bases do desenho urbano
da atualidade tenham de ser reexaminadas (HOUGH, 1998).
A aplicação de conceitos da ecologia ao projeto urbano, como um
princípio de planejamento, começou de modo efetivo na década de 1990 e
atualmente tem-se a definição de diversas propostas, como é o caso da estrutura
ecológica urbana EEU. Em países como Portugal, por exemplo, diversos
municípios já acrescentaram a seus planos diretores este novo instrumento de
planejamento, o qual busca reunir e regulamentar os sistemas naturais que, pela sua
raridade ecológica ou pelas exigências decorrentes de sua resiliência, deverão ser
10
Ver BLAIR, R. B. Land use and avian species diversity along an urban gradient. Ecological
Applications, New York, v. 6, p. 506-519, 1996.
11
Ver BEZZEL, E. Birdlife in intensively used rural and urban environments. Ornnis Fennica, n. 62,
p. 90-95, 1985.
48
objeto de normativa específica. Estes são os casos de cidades como Coimbra, Porto
e Lisboa e sua região metropolitana, entre outras (TELLES, 2001).
A estrutura ecológica urbana visa criar um continuum naturale integrado
ao espaço urbano, buscando assegurar maior diversidade biológica e a proteção dos
sistemas fundamentais que contribuem para o equilíbrio das cidades. A estrutura
consiste em um sistema formado por diferentes biótopos e por corredores
estabelecendo ligações entre os mesmos. Estes espaços podem ser naturais, ou
serem criados intencionalmente pelo homem com o objetivo de dar suporte à vida
silvestre (MAGALHÃES, 2001).
As limitações espaciais deste modelo consistem em restrições quanto a
forma e ao volume da estrutura ecológica, uma vez que o estabelecimento do
circuito da malha verde é feito sobre um traçado preexistente na cidade (PILLOTO,
2003). Porém, a implementação deste sistema, mesmo em situações nas quais não
seja possível o estabelecimento de continuidade física de elementos naturais, torna-
se importante para os cidadãos e para a variedade de vegetais e animais que
habitam o ambiente antrópico, como é o caso de espécimes da avifauna urbana. Os
fragmentos de vegetação constituem-se funcionalmente como trampolins e podem
tornar-se locais apropriados para o hábitat, alimentação, repouso, nidificação e
circulação de ampla variedade de espécies.
Magalhães (2001, p.413) acrescenta que um dos objetivos específicos da
implantação da estrutura ecológica urbana é o de criar, em um espaço
predominantemente impermeável, “uma interface entre o subsolo e a atmosfera,
onde as trocas de água, de produtos gasosos e de nutrientes possam ter lugar”. Isto
demonstra outro aspecto da relevância do emprego dos princípios ecológicos na
gestão urbana, uma vez que muitos elementos o também fundamentais para a
administração de questões técnicas relativas à infra-estrutura, como saneamento,
drenagem e controle da poluição do ar nas cidades.
Além de buscar o aumento da quantidade e da qualidade das áreas
verdes, a permanência da biodiversidade e um maior grau de equilíbrio das funções
ecológicas nos ambientes urbanos, a EEU exerce outro papel fundamental, de
natureza ética, que consiste na educação ambiental da comunidade. Desta forma,
parques, praças, jardins, arborização viária e outras áreas que compõem uma rede
verde urbana, passam a desempenhar igualmente um papel social (PILLOTO, 2003).
49
Propostas como esta, que conciliam componentes ecológicos e sistemas
sociais, enfrentam alguns obstáculos que são oriundos dos próprios valores,
algumas vezes contraditórios, envolvidos neste tipo de associação
(preservacionistas, econômicos, culturais, estéticos, entre outros). A manutenção e
gestão do componente natural em ambientes urbanos dependem integralmente dos
valores cultuados pela classe política, pelos tomadores de decisões, pelos
planejadores e demais cidadãos (YLI-PELKONEN; NIEMELÄ, 2005). Segundo estes
autores, a conscientização desta realidade exige que aspectos sociais sejam
associados aos biológicos nos estudos de ecologia urbana, havendo a promoção de
interdisciplinaridade no intuito de se desenvolver teorias e soluções mais adequadas
aos desafios de planejamento e gestão das áreas urbanas.
Yli-Pelkonen e Niemelä (2005) apontam a existência de quatro obstáculos
para o desenvolvimento de estudos interdisciplinares cujas origens residem na
própria tradição acadêmica, na linguagem especializada, nos diferentes métodos de
pesquisa utilizados e na falta de teorias comuns nas várias áreas do conhecimento.
A ausência de comunicação entre ecologistas e os gestores públicos é também
apontada como um dos grandes problemas na integração do conhecimento científico
ao processo de planejamento.
Em situações nas quais a preservação da natureza em ambientes
urbanizados não possa ser justificada exclusivamente por objetivos
conservacionistas, os serviços prestados pelas áreas que abrigam elementos
naturais recreativos, psicológicos, educacionais e ambientais, entre outros
constituem razões suficientes para se considerar a manutenção da biodiversidade no
meio construído. Ecologistas devem, então, buscar adicionar questões de valores
aos seus estudos científicos e estudar a natureza em escalas que possam guiar as
ações de planejamento e gestão. Esforços também devem ser feitos para a
promoção de comunicação entre todas as partes interessadas ecologistas,
gestores, planejadores e demais cidadãos (YLI-PELKONEN; NIEMELÄ, 2005).
50
2.2.2 Biodiversidade Urbana
A biodiversidade urbana é formada por espécies vegetais e animais, nativos
ou exóticos, que ocupam o ambiente construído pelo homem.
2.2.2.1 Flora – Áreas verdes urbanas
As áreas verdes urbanas têm como componentes básicos o espaço
aberto (área livre) e a vegetação, que pode ou não apresentar porte arbóreo. Outros
elementos naturais, como terra, água, rochas e animais, também podem,
eventualmente, ser importantes em sua estruturação (HARDT, 2000). Segundo a
autora, é justamente a proporcionalidade destes elementos naturais (principalmente
a vegetação) em relação aos construídos no espaço aberto que determina sua
classificação como área verde.
Ao longo da sua história, o ser humano atribui diferentes funções às áreas
verdes, porém um fator é constante em todos os períodos: os benefícios da
amenização climática são explorados desde a Pré-história.
O homem da Idade Antiga acrescenta funções plásticas e artísticas às
áreas verdes, visão que persiste no decorrer da Idade Média, mesmo considerando-
se a sua significativa redução no meio urbano neste período (HARDT, 2000).
Foi a partir da Idade Moderna, entretanto, que o homem ocidental passa a
valorizar a inclusão da vegetação no ambiente urbano e começa a inseri-la no
projeto arquitetônico como um elemento compositivo do espaço.
Os jardins europeus renascentistas do século XVI são exemplos da
importância que a vegetação alcança no período, embora seu valor permaneça
exclusivamente ligado às questões estéticas, estruturadas em princípios racionais e
geométricos. Suntuosos, os jardins barrocos representam a expressão xima do
poder de seus nobres proprietários. O jardim do Palácio de Versalhes, França, é
exemplo deste tipo de composição paisagística privada (Figura 6).
51
Figura 6: Vista do Jardim de Versalhes, França
Fonte: VIOTTI (2005)
Nota: Exemplo de valorização da vegetação, porém ainda de utilização exclusiva dos espaços
privados.
Porém, também no Barroco a vegetação deixa de ser de propriedade
exclusiva da nobreza. O elemento “árvore” faz surgir novos espaços na malha
urbana, como o parque, a alameda e o passeio arborizado. É neste período que o
paisagismo se estrutura como um campo específico da arquitetura e do
planejamento urbano (LAMAS, 1992
12
apud FRANCO, 1997) e a paisagem passa a
ser manipulada como um objeto estético de caráter público.
No século XVII, os parques urbanos destinam-se apenas a preencher o
tempo livre dos cidadãos. As cidades crescem em velocidades muito inferiores às
atuais e as questões ambientais estão muito distantes de suscitar qualquer tipo de
debate. Os recursos naturais parecem ilimitados e a natureza, um objeto a ser
dominado.
Os culos XVIII e XIX são caracterizados por novas experiências
urbanas, as quais têm lugar nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Áustria. São
criadas novas tipologias, a então inéditas, como o square e o boulevard (a
exemplo do Ring de Viena).
Até a metade do século XIX, Viena conta com 440.000 habitantes, sendo
a terceira maior cidade da Europa e, ainda assim, se encontra cercada por
fortificações (SCHWANTNER, 2003). A construção do Ring de Viena é resultado de
12
Ver LAMAS, J. M. R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkiam, 1992.
52
um processo de expansão da cidade, a qual promove a derrubada das muralhas
medievais e a construção de uma variedade de edificações institucionais, como
Parlamento, Prefeitura, Universidade, teatro, ópera, museu, galeria e quartel. A Rua
do Anel (Figura 7) é inaugurada em 1885, sendo uma das mais extensas do mundo,
apresentando 4,4 km de extensão e 60 m de largura (SCHWANTNER, 2003).
Segundo o autor, um aspecto relevante e inovador deste projeto é a estruturação de
uma série de parques ao longo do perímetro de intervenção, que contribuem na
diversificação de usos dentro dos bulevares. manutenção de parte da vegetação
preexistente, a qual se destina ao lazer das camadas sociais privilegiadas da época.
Pechman e Kuster (2007) concordam com esta visão no momento em que afirmam
que a construção deste anel representa uma intervenção urbana radical que procura
dificultar o acesso das camadas operárias à área nobre central da cidade.
Legenda: 1. Catedral 4. Museu de História Natural 7. Parque Municipal
2. Prefeitura 5. Museu de História da Arte
3. Parlamento 6. Museu de Artes Aplicadas
Figura 7: Representação do Ring de Viena¹
Fonte: Adaptado de Schwantner (2003).
Nota: ¹Intervenção do século XIX que contempla a permanência de áreas verdes originais na malha
urbana, a partir da sua transformação em parques para o usufruto dos nobres da época.
É a partir da Revolução Industrial, entretanto, com o surgimento dos
processos de industrialização, expansão das ferrovias, concentração populacional e
geração de ambientes urbanos insalubres, que várias questões relacionadas ao
crescimento desordenado das cidades começam a ser alvo de reflexões. Os parques
53
urbanos passam a ser vistos como “uma solução para a desintegração do tecido
físico e social das grandes cidades informes”, ajudando na reforma social por
proporcionar à população urbana oprimida o contato com a natureza (FRANCO,
2001, p. 95). Assim, segundo Hardt (2000), neste período as áreas verdes adquirem
significado mais expressivo, ampliando suas funções para os contextos ambiental e
social, envolvidos especialmente no controle da poluição e lazer, respectivamente.
Nos dias atuais, diversos benefícios proporcionados pela presença de
áreas verdes na malha urbana são conhecidos e podem ser utilizados como
norteadores de processos de planejamento. Algumas destas contribuições são
reunidas no Quadro 8.
(continua)
CONTRIBUÃO CARACTERÍSTICAS
redução da poluição
atmosférica
processo viabilizado por meio da retenção das partículas de poeira na
superfície das folhas (principalmente as pilosas, espinhosas e cerosas)
e absorção e neutralização de gases tóxicos
absorção pela vegetação de gás carbônico e eliminação de oxigênio na
atmosfera a partir do processo de fotossíntese
ação sobre os
microclimas urbanos
a influência da vegetação na temperatura do ar relaciona-se com o
controle da radiação solar, umidade relativa do ar e ventilação
(aceleração das brisas de convecção e as brisas de vale e de encosta)
as árvores, principalmente as de grande porte, acrescentam ao recinto
urbano tanto mais capacidade térmica, quanto maior for sua massa
os vegetais presentes nas áreas urbanas contribuem para a diminuição
dos custos despendidos com energia: a evapotranspiração e a redução
da incidência da radiação solar sobre a superfície promovem a
diminuição da temperatura e o aumento da umidade do ambiente
monitoramento
algumas espécies vegetais são utilizadas como bioindicadoras da
qualidade do ar em ambientes urbanos
Quadro 8: Benefícios das áreas verdes urbanas
Fonte: Elaborado com base em Biondi (2000), Biondi e Althaus (2005), Girling e Kellett (2005),
Magalhães (2001), Mascaró e Mascaró (2002), Molnar e Rutledge (1971), Sanchotene et al.
(1998), Souto (2002) e Trindade [200-].
54
(continuação)
CONTRIBUÃO CARACTERÍSTICAS
sombreamento
as árvores protegem da insolação indesejada, principalmente nos
longos períodos quentes das regiões tropicais e subtropicais
os componentes arbóreos diminuem as temperaturas superficiais das
fachadas das edificações, amenizando a sensação de calor dos
usuários e os custos com a energia gasta para o acondicionamento
térmico artificial
ação sobre a ventilação
a partir das características das espécies arbóreas como porte, forma,
período de desfolhamento e idade, pode-se interferir nas condições de
ventilação de um determinado espaço; o vento pode sofrer deflexão,
quando a vegetação altera a sua direção e velocidade; obstrução,
quando uma barreira de vegetação bloqueia a sua passagem;
canalização, quando a vegetação utilizada é de porte superior à altura
média das edificações e filtragem, quando barreiras de massas
vegetais reduzem a velocidade dos ventos e barram os resíduos
sólidos transportados
melhoria acústica
a vegetação atua aumentando o conforto acústico pela ação
moderadora sobre o ruído através da absorção do som (elimina-se o
som), do desvio (altera-se a direção do som), pela reflexão (o som
refletido volta a sua fonte de origem), pela refração (as ondas sonoras
mudam de direção ao redor de um objeto) ou por ocultamento (cobre-
se o som indesejado com outro mais agradável)
abrigo para diferentes
espécies animais
a vegetação contribui para a manutenção da biodiversidade no
ambiente urbano com a geração de um ambiente mais equilibrado
patrimônio biológico
as áreas verdes atuam na conservação do potencial de adaptação das
espécies ao meio antrópico e desenvolvimento de novas variedades
mais resistentes às condições urbanas
políticos e econômicos
a implementação de novas áreas verdes eleva, consideravelmente, a
categoria de uma cidade, beneficiando aspectos políticos, sociais e
econômicos, servindo de atrativo turístico e promovendo valorização
imobiliária
promoção do equilíbrio
psicossocial do homem
as áreas verdes proporcionam espaços de repouso, de lazer, de
contemplação, de convivência e interações sociais, de proximidade a
alguns elementos do meio natural, contribuindo na redução do
estresse, doença freqüente entre os habitantes dos centros urbanos
proteção das encostas
o uso da vegetação adequada contribui de forma significativa para a
estabilização das superfícies íngremes
Quadro 8: Benefícios das áreas verdes urbanas
Fonte: Elaborado com base em Biondi (2000), Biondi e Althaus (2005), Girling e Kellett (2005),
Magalhães (2001), Mascaró e Mascaró (2002), Molnar e Rutledge (1971), Sanchotene et al.
(1998), Souto (2002) e Trindade [200-].
55
(conclusão)
CONTRIBUÃO CARACTERÍSTICAS
melhoria das condições
do solo
as áreas permeáveis permitem a absorção das águas pluviais; o
aumento das superfícies permeáveis nos ambientes urbanos exerce
grande influência na prevenção de alagamentos; a retenção de água na
massa foliar e a diminuição da força com que a chuva atinge o solo
contribuem para evitar o rápido escoamento superficial da água, o qual
é gerador do processo de erosão, contribuindo para o controle dos
escoamentos hídricos e diminuindo o volume de água que alcança o
sistema de drenagem
paisagística
os espécimes vegetais possuem características intrínsecas,
fenotípicas, as quais são consideradas na composição paisagística:
seu porte, textura, cor, forma, floração, galharia, perfume e densidade
das folhagens são utilizados, por exemplo, para demarcar caminhos,
fortalecer a perspectiva, aumentar o sombreamento, alterar a
percepção da escala das construções com relação ao homem, enfatizar
ou focalizar componentes da paisagem urbana, melhorar a sua
ambiência e promover seu embelezamento
escala para que o homem se sinta confortável em um ambiente é
necessário a presença de elementos com os quais possa estabelecer,
mentalmente, medições, partindo de sua própria escala; na ausência
desta possibilidade, surgem as sensações de confusão e desconforto
Quadro 8: Benefícios das áreas verdes urbanas
Fonte: Elaborado com base em Biondi (2000), Biondi e Althaus (2005), Girling e Kellett (2005),
Magalhães (2001), Mascaró e Mascaró (2002), Molnar e Rutledge (1971), Sanchotene et al.
(1998), Souto (2002) e Trindade [200-].
56
Cestaro (1985
13
apud BIONDI, 2000) e Kendle e Forbes (1997
14
apud YLI-
PELKONEN; NIEMELÄ, 2005) classificam a vegetação existente nas áreas verdes
urbanas de acordo com suas origens e características:
a) vegetação natural primitiva, constituída de espécies nativas e que,
em teoria, conta com maior diversidade de espécies;
b) vegetação introduzida ou plantada plantas ornamentais, geralmente
encontradas em parques, jardins etc., apresentando baixa diversidade
de espécies;
c) vegetação espontânea espécies que se instalam naturalmente no
meio urbano e que apresentam diversidade intermediária aos dois tipos
anteriores, não necessitando de cuidados de manutenção e estando
adaptadas às condições adversas presentes nas cidades.
Reis et al. (2003b) definem critérios para a seleção de espécies vegetais,
buscando o estabelecimento de uma arborização urbana fundamentada em
princípios ecológicos, afirmando haver a necessidade de se constituir paisagens
compostas de vegetação nativa em ambientes urbanos. Este fator também é
considerado relevante por Spirn (1995, p. 207), uma vez que a imagem produzida é
“baseada na herança natural própria da cidade e não naquela de algum outro lugar e
tempo”.
A utilização de vegetação nativa em projetos de arborização não constitui
uma novidade. Sanchotene (1990) comenta que a tendência em arborização de
logradouros públicos em Porto Alegre é a utilização de espécies nativas,
especialmente frutíferas, atrativas da fauna local. Espécies exóticas, mas também
frutíferas para aves, integram as composições vegetais, de modo a intensificar a
diversidade e a oferta de alimentação e abrigo nas quatro estações do ano.
Questões relativas às espécies vegetais utilizadas em projetos de
arborização de ruas são abordadas adiante, na seção 2.3 Gerenciamento das
áreas verdes urbanas, subseção 2.3.1 – Arborização viária.
13
Ver CESTARO, L. A. A vegetação no ecossistema urbano. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE
ARBORIZAÇÃO URBANA, 1., 1985, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Secretaria Municipal do
Meio Ambiente – SMAM, 1985. p. 51-56.
14
Ver KENDLE, T.; FORBES, S. Urban nature conservation. London: E & FN Spon, 1997.
57
2.2.2.2 Fauna – Aves no ambiente urbano
De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO,
2007), o número de espécies de aves com ocorrência no Brasil é de 1801, sendo
1767 espécies pertencentes à lista primária e 34, à lista secundária
15
. Algumas
destas espécies têm sido encontradas no meio urbano, parte devido à contínua
degradação dos ambientes naturais, parte devido a fatores atrativos que podem
estar presentes nas cidades, como: a existência de vegetação frutífera e florífera;
restos de alimentos humanos; instalação de bebedouros e fontes de água; e
disponibilidade de locais alternativos para nidificação (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1996;
FIGUEIREDO [200-?]).
De acordo com Marini e Garcia (2005), as intervenções humanas sobre os
ecossistemas afetam de modo significativo a vida das aves, que respondem de
formas diferentes, existindo desde aquelas que se beneficiam com as modificações
de hábitats, aumentando suas populações – como é o caso do bem-te-vi
(Pitangus sulphuratus), até aquelas, situação mais comum, que sofrem extinção
como a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus).
Os impactos do processo de urbanização sobre as populações de aves
são de diversas ordens, podendo existir ampla gradação de efeitos, que variam de
positivos a negativos de acordo com a espécie analisada. Chace e Walsh (2006)
relacionam entre os mais significativos:
a) alterações na vegetação – existência de correlação fortemente positiva
entre o volume e estrutura da vegetação autóctone e a diversidade de
aves nativas, assim como riqueza de espécies; correlação semelhante
é encontrada entre vegetação não nativa e espécies exóticas de aves;
b) efeitos da fragmentação mesmo que as dimensões de uma floresta
não se alterem com a urbanização, o entorno urbanizado degrada as
manchas florestais, impactando a abundância e a riqueza da
comunidade da avifauna;
15
Pertencem à lista primária aquelas espécies de aves que possuem pelo menos um registro de
ocorrência no Brasil com evidência documental (fotografia, gravação de áudio ou vídeo); na lista
secundária são incluídas as espécies com provável ocorrência no país, que possuem registros
específicos publicados, mas cuja evidência documental não é conhecida ou disponível (CBRO,
2007).
58
c) impactos sobre a fecundidade algumas espécies de aves
apresentam taxas menores de sucesso reprodutivo no meio urbano.
Isto ocorre, em parte, da inabilidade de obtenção de alimento neste
ambiente;
d) impactos na sobrevivência os principais fatores que afetam a
sobrevivência de aves em ambientes urbanos são as colisões com as
edificações, dificuldade de aquisição de alimento, predação e doenças;
e) atividade humana parques e reservas em áreas urbanas recebem
grande número de visitantes, fator que pode desencadear impactos
negativos sobre a comunidade de aves;
f) temperatura áreas urbanas o mais quentes que as rurais
circundantes.
Lira Filho e Medeiros (2006) identificam, ainda, onze impactos de cunho
negativo resultantes, especificamente, da gestão da arborização urbana:
a) redução espacial do hábitat da avifauna, quando da remoção do
espécime arbóreo em degenerescência ou morto;
b) diminuição da capacidade de suporte do meio para avifauna, em
função da remoção de árvores ou da aplicação de podas, durante a
manutenção de árvores urbanas;
c) afugentamento das aves, causado pela proximidade da presença
humana, bem como por ruídos gerados a partir dos equipamentos de
manutenção, ou outras atividades antrópicas como festas e shows;
d) afugentamento das aves frugívoras pela escassez de espécies
frutíferas nas áreas urbanas;
e) afugentamento das aves nectarívoras devido à escassez de espécies
arbóreas que desenvolvem floração abundante;
f) redução da fonte de alimentos da avifauna, pela não opção por
espécies produtoras de frutos e sementes comestíveis;
g) destruição das áreas de nidificação da avifauna, proveniente da
aplicação de podas nas árvores urbanas;
h) contaminação e morte da avifauna, quando da aplicação de produtos
químicos no combate a pragas e doenças nas árvores;
59
i) possibilidade de intoxicação e eventual morte de aves insetívoras pela
ingestão de insetos controlados por via química;
j) morte de indivíduos (filhotes ou adultos) por causas mecânicas,
durante as operações de manutenção;
k) possibilidade de estreitamento da base genética da avifauna, devido
ao afugentamento e morte das aves, em decorrência das atividades de
manutenção e remoção de árvores.
Desta forma, os autores ressaltam a necessidade de que o planejamento
das áreas verdes urbanas considere suas três funções, ecológicas, econômicas e
sociais, de modo a aumentar as chances de manutenção das aves no ambiente.
Esforços neste sentido são fundamentais para que os cidadãos se beneficiem das
contribuições geradas pelas aves, como a polinização de flores, a disseminação de
sementes, o controle de pragas, o embelezamento das paisagens urbanas, a
transmissão de bem-estar a partir da escuta de seu canto e a utilização como
indicadores da qualidade ambiental, entre outras (LIRA FILHO; MEDEIROS, 2006).
Existem, entretanto, situações nas quais o aumento da população de aves
no meio urbano não é desejado, como é o caso do pombo-doméstico
(Columba livia). Este animal é freqüentemente observado em áreas urbanas, às
quais se adapta com facilidade pela presença de três fatores ligados a sua
sobrevivência: oferta abundante de abrigo, ausência de predadores e grande
quantidade de alimentos disponíveis, fator que estimula sua capacidade reprodutiva
(NUNES, 2003). De acordo com esta autora, medidas de controle devem ser
exercidas sobre a proliferação de pombos nas cidades, uma vez que eles são
transmissores de várias doenças como a histoplasmose, toxoplasmose,
criptococose, salmonelose, psitacose, entre outras.
O caso da Columba livia é exemplo de espécie que encontra alimento
dentro do ambiente urbano de forma facilitada e que exibe uma resposta de
crescimento populacional positiva (CHACE; WALSH, 2006), podendo até mesmo a
constituir densidades populacionais maiores que aquelas encontradas nos
ambientes naturais, de onde o originárias. Este gradiente de densidade
populacional pode ser medido, indicando diversos graus de sinantropia, os quais são
reunidos no Quadro 9.
60
AMBIENTE NATURAL AMBIENTE URBANO CLASSIFICAÇÃO
inexistente presente espécie urbana
existente inexistente espécie selvagem
mais densa menos densa espécie resiliente
mesma densidade espécie indiferente
menos densa mais densa espécie sinantrópica
Quadro 9: Classificação das espécies de avifauna baseada na análise da sua densidade em
ambientes natural e urbano
Fonte: FIGUEIREDO [200-?]
Comparadas a outros vertebrados, aves são facilmente monitoradas e
representam um mecanismo para explorar efeitos da urbanização e avaliar a
resposta a diferentes desenhos urbanos. Soma-se a isto o fato de que “as aves são
consideradas ideais indicadores ecológicos para o ambiente terrestre” uma vez que
respondem rapidamente às alterações do meio no qual se inserem (STOTZ et al.,
1996
16
apud GIMENES; ANJOS, 2003, p.392). Segundo Andrade (1993
17
apud LIRA
FILHO; MEDEIROS, 2006), constituem um dos grupos faunísticos mais importantes
em termos de bioindicação da qualidade ambiental, devido à facilidade da obtenção
de dados em pesquisas de campo, parte em função de seus hábitos diurnos, intensa
movimentação e existência de representantes em quase todos os níveis tróficos,
principalmente os terrestres. Por possuírem estas características, foram utilizadas
como indicadoras da poluição atmosférica (SCHILDERMAN et al., 1997) e alertar
sobre concentrações elevadas de monóxido de carbono em minas de carvão
(SCHALIE et al., 1999).
Utilizando-se das aves como bioindicadores, Melles (2005) estabelece
relações entre as condições sociais e econômicas da população que vive na cidade
de Vancouver, British Columbia, Canadá, e a diversidade de aves urbanas,
utilizando estes animais como indicadores da estratificação social existente. Seus
resultados demonstram que bairros considerados mais saudáveis (alta qualidade
ambiental) apresentam um número superior de aves nativas e que a abundância
destes animais aumenta à medida que o status socioeconômico da área de estudo
cresce. Na pesquisa, parte do crescimento da avifauna registrado é atribuído à maior
presença de vegetação existente nos bairros prósperos.
16
Ver STOTZ, D. F. et al. Neotropical birds: ecology and conservation. Chicago: The University of
Chicago Press, 1996.
17
Ver ANDRADE, M. A. A vida das aves: introdução à biologia e conservação. Belo Horizonte:
Líttera Maciel, 1993.
61
Em outro trabalho, Fernández-Juricic (2000) avalia a utilização pela avifauna
de vias arborizadas inseridas na paisagem urbana de Madri, Espanha. As ruas
selecionadas no estudo apresentam densa vegetação de porte arbóreo disposta
linearmente, formando uma cobertura de vegetação contínua sobre as vias e
passeios, efeito conhecido como túnel verde.
Entre os vários elementos abordados na pesquisa estão alguns dos
aspectos que interferem na riqueza e densidade de espécies de aves, como os
distúrbios resultantes da ação humana, a estrutura da vegetação existente e a
localização das vias arborizadas na paisagem. A Figura 8 traz uma representação
esquemática da disposição espacial na malha urbana de Madri dos 15 parques, 30
túneis verdes e 13 vias sem vegetação (controles) definidos pelo autor.
Esc. aprox.: 1:75.000
Legenda:
Figura 8: Representação esquemática da distribuição das 30 ruas arborizadas, 15 parques urbanos e
13 vias sem vegetação sobre a malha urbana de Madri, Espanha, objetos do estudo sobre
avifauna
Fonte: FERNÁNDEZ-JURICIC (2000)
Entre os procedimentos metodológicos empregados na pesquisa estão a
seleção de túneis verdes que possuem de 150 m a 400 m de comprimento e a
condução do estudo por um período de dois anos consecutivos. Nos parques, o
registro da avifauna é feito por meio de observações e escutas realizadas no turno
da manhã, de quatro a cinco vezes ao ano, determinando-se a riqueza de espécies
Parques urbanos
Ruas arborizadas
(túneis verdes)
Ruas sem vegetação
(controle)
62
e a densidade de cada uma; nas vias, os dados da avifauna são obtidos por meio de
observações e escutas de pelo menos 20 minutos de duração, realizadas de seis a
sete vezes ao ano, sendo apenas registradas as aves que se encontram a uma
altura de 20 m do solo.
O trabalho demonstra que o número de espécies de aves encontrado na
malha urbana obedece a um gradiente que se eleva do elemento menos adequado
(matriz urbana representada pelas vias sem cobertura vegetal) ao mais favorável
(parque urbano), estando os túneis verdes situados de modo intermediário aos dois.
Constata também que a conexão física das ruas arborizadas aos parques urbanos
afeta de modo positivo o número de espécies registrado nos túneis verdes, havendo
inclusive aumento na densidade e permanência temporal das aves nestas vias. De
forma oposta, os distúrbios resultantes de ações antrópicas circulação de
pedestres e tráfego de veículos produzem influência negativa sobre as mesmas
variáveis. Por fim, a pesquisa sugere que as ruas arborizadas podem ser
consideradas como corredores em potencial e que o melhoramento destas vias, com
o aumento da complexidade da vegetação e a redução do distúrbio humano, pode
fomentar a conectividade do sistema de áreas verdes nas cidades, permitindo novas
possibilidades de hábitats para a avifauna que encontra nestas ruas densamente
vegetadas novas fontes de alimento e áreas de nidificação e descanso.
A partir do estudo da estrutura de uma comunidade de aves na cidade de
Porto Alegre, RS, também Fontana (2004) demonstra que a riqueza de aves na
cidade sofre influência da arborização existente e da densidade populacional
humana do local. Outras variáveis que interferem nas contagens das aves efetuadas
na pesquisa são: o horário de coleta dos dados, as estações do ano e o ruído do
ambiente. Neste trabalho sugere-se um protocolo de pesquisa padronizado para o
estudo continuado da avifauna em cidades. Para a realização de um levantamento
adequado de aves em Porto Alegre, entre outros procedimentos metodológicos, a
autora determina a contagem por pontos com oito minutos de duração, realizadas
antes das 10 horas da manhã, e a definição de 100 pontos de amostragem
distribuídos sobre a malha urbana.
O Quadro 10 ilustra algumas espécies de aves que, segundo bibliografia
especializada, são encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e que, conforme
Fontana (2005), integram um grupo formado por 169 espécies consideradas
habitantes regulares da cidade de Porto Alegre, nos séculos XX e XXI.
63
(continua)
Nome da espécie¹
comum / científico
Imagem Família Generalidades
Andorinha-do-campo
Progne tapera
Hirundinidae
tamanho - 17,5 cm
aves migratórias com
reprodução no RS
Andorinha-doméstica-grande
Progne chalybea
Hirundinidae
tamanho - 19,5 cm
alimentação - insetos
capturados em vôo (cupins,
moscas, pequenas
formigas, etc.)
Andorinha-pequena-de-casa
Notiochelidon cyanoleuca
Hirundinidae
tamanho - 12,0 cm
alimentação - insetos
capturados em vôo
Andorinhão-do-temporal
Chaetura meridionalis
Apodidae
tamanho - 11,5 cm
nidificam em árvores ocas
e, nos ambientes
construídos, em chaminés
Anu-branco
Guira guira
Cuculidae
tamanho - 38,0 cm
alimentação - insetos e
pequenos vertebrados
Beija-flor-dourado
Hylocharis chrysura
Trochilidae
tamanho - 10,5 cm
alimentação - néctar
importante polinizador
Beija-flor-preto-de-rabo-branco
Melanotrochilus fuscus
Trochilidae
tamanho - 12,6 cm
alimentação - néctar
importante polinizador,
especialmente gravatás
(Bromeliaceae)
Bem-te-vi
Pitangus sulphuratus
Tyrannidae
tamanho - 22,5 cm
alimentação - insetos,
pequenos peixes de água
doce e frutos
Cambacica
Coereba flaveola
Coerebinae
tamanho - 11,0 cm
insetívoros, preferência por
néctar e pequenas larvas
de insetos
Quadro 10: Espécies de aves com ocorrência em Porto Alegre – RS
Fonte: Elaborado com base em Efe, Mohr e Bugoni (2001), Fontana (2005), Salvi et al. (2007b),
Scherer et al. (2005) e Sick (1997).
Nota: ¹Espécies listadas em ordem alfabética de nome popular.
64
(continuação)
Nome da espécie¹
comum / científico
Imagem Família Generalidades
Carrapateiro
Milvago chimachima
Falconidae
tamanho - 40,0 cm
espécie resiliente;
alimentação - artrópodos,
cobras, pequenos
mamíferos e frutos
Caturrita
Myiopsitta monachus
Psittacidae
tamanho - 30,0 cm
alimentação - grãos, brotos
e frutos; única espécie da
família que faz ninho de
gravetos em árvores altas
Corruíra
Troglodytes musculus
Troglodytidae
tamanho - 12,0 cm
onívoros; nidificação em
cavidades de árvores e
ninhos abandonados de
joão-de-barro e pica-pau
Fim-fim
Euphonia chlorotica
Thraupidae
tamanho - 9,5 cm
frugívoro, disseminador de
ervas-de-passarinho
(Viscaceae)
Garça-branca-grande
Casmerodius albus
Ardeidae
tamanho - 88,0 cm
alimentação - peixes, rãs,
cobras, moluscos;
espécie associada a
ambientes aquáticos
Guaracava-de-barriga-amarela
Elaenia flavogaster
Tyrannidae
tamanho - 16,0 cm
insetívoro, frugívoro
oportunista;
habita capoeiras, campos
de cultivo, quintais
João-de-barro
Furnarius rufus
Furnariidae
tamanho - 19,0 cm
onívoros, preferência por
artrópodes e minhocas;
ninho constituído de barro,
esterco e palha
Maçarico-de-cara-pelada
Phimosus infuscatus
Threskiornithidae
tamanho - 54,0 cm
alimentação - moluscos e
insetos aquáticos; vistos
em campos alagados,
banhados, arrozais
Mariquita
Parula pitiayumi
Parulidae
tamanho - 10,0 cm
alimentação - insetos e
larvas; habitam estratos
superiores das árvores
Quadro 10: Espécies de aves com ocorrência em Porto Alegre – RS
Fonte: Elaborado com base em Efe, Mohr e Bugoni (2001), Fontana (2005), Salvi et al. (2007b),
Scherer et al. (2005) e Sick (1997).
Nota: ¹Espécies listadas em ordem alfabética de nome popular.
65
(continuação)
Nome da espécie¹
comum / científico
Imagem Família Generalidades
Papagaio-verdadeiro
Amazona aestiva
Psittacidae
tamanho - 35,0 cm
alimentação - frutos
procurado para servir de
animal de cativeiro por ser
“falador”
Pardal
Passer domesticus
Passeridae
tamanho - 15,0 cm
onívoros; espécie urbana,
introduzida no Brasil no
século XVIII
Pica-pau-verde-barrado
Colaptes melanochloros
Picidae
tamanho - 26,0 cm
arborícola
alimentação - insetos e
pequenos frutos
Pomba-de-bando
Zenaida auriculata
Columbidae
tamanho - 21,0 cm
espécie sinantrópica,
alimentação - frutos e
sementes
Pombo-doméstico
Columba livia
Columbidae
tamanho - 38,0 cm
onívoros; espécie urbana,
introduzida no Brasil no
século XIX
Quero-quero
Vanellus chilensis
Charadriidae
tamanho - 37,0 cm
alimentação - insetos
vivem em campos e
pastagens; encontrados
sobre o solo
Quiriquiri
Falco sparverius
Falconidae
tamanho - 25,0 cm
alimentação - insetos,
lagartixas, camundongos,
pequenas cobras; vivem
em campos e lavouras
Risadinha
Camptostoma obsoletum
Tyrannidae
tamanho - 10,5 cm
espécie arborícola
chama a atenção pela voz
alegre “risadinha”
Rolinha-picuí
Columbina picui
Columbidae
tamanho - 16,0 cm
alimentação - grãos e
pequenos frutos
Quadro 10: Espécies de aves com ocorrência em Porto Alegre – RS
Fonte: Elaborado com base em Efe, Mohr e Bugoni (2001), Fontana (2005), Salvi et al. (2007b),
Scherer et al. (2005) e Sick (1997).
Nota: ¹Espécies listadas em ordem alfabética de nome popular.
66
(conclusão)
Nome da espécie¹
comum / científico
Imagem Família Generalidades
Rolinha-roxa
Columbina talpacoti
Columbidae
tamanho - 17,0 cm
granívoros, preferência por
frutos e sementes
Sabiá-barranco
Turdus leucomelas
Turdinae
tamanho - 23,0 cm
alimentação - frutos e
invertebrados
voz múltipla para cantos e
chamados
Sabiá-laranjeira
Turdus rufiventris
Turdinae
tamanho - 25,0 cm
onívoros, preferência por
frutos e invertebrados
voz múltipla para cantos e
chamados
Sanhaçu-cinzento
Thraupis sayaca
Thraupidae
tamanho - 17,5 cm
alimentação - frutos, folhas,
flores e insetos
Sanhaçu-do-coqueiro
Thraupis palmarum
Thraupidae
tamanho - 18,0 cm
presença ligada à
existência de palmeiras
Sanhaçu-papa-laranja
Thraupis bonariensis
Thraupidae
tamanho - 18,0 cm
alimentação - frutos, flores,
brotos e insetos
Suiriri
Tyrannus melancholicus
Tyrannidae
tamanho - 21,5 cm
alimentação - insetos e
frutos; aves migratórias
com reprodução no RS
Tico-tico
Zonotrichia capensis
Emberizidae
tamanho - 15,0 cm
alimentação - insetos e
sementes; movimentam-se
sobre o solo aos saltos
Vira-bosta
Molothrus bonariensis
Icteridae
tamanho - 16,5 a 21,5 cm
alimentação - sementes e
insetos; vivem em bandos;
colocam ovos em ninhos de
outras espécies de aves
Quadro 10: Espécies de aves com ocorrência em Porto Alegre – RS
Fonte: Elaborado com base em Efe, Mohr e Bugoni (2001), Fontana (2005), Salvi et al. (2007b),
Scherer et al. (2005) e Sick (1997).
Nota: ¹Espécies listadas em ordem alfabética de nome popular.
67
2.3 GERENCIAMENTO DAS ÁREAS VERDES URBANAS
Hardt (2000) afirma que as áreas verdes urbanas consistem em um
conjunto formado por duas categorias distintas de espaços: de domínio público ou
privado. As áreas públicas compreendem a arborização viária e os espaços verdes
que desempenham funções de lazer e recreação (parques e praças), de
conservação ambiental (áreas de preservação permanente e unidades de
conservação) ou especiais (a exemplo de cemitérios-parque). Estes espaços estão
sujeitos, basicamente, a um enfoque técnico da administração municipal. As áreas
privadas são formadas pelos espaços verdes voltados ao lazer (jardins e quintais), à
conservação ambiental (áreas de preservação permanente e unidades de
conservação), ou a funções especiais (a exemplo de determinados câmpus de
universidades particulares) e estão subordinadas a um enfoque político e legal,
principalmente pelo fato de serem de propriedade privada sem a acessibilidade
pública e pela facilidade de supressão da cobertura vegetal (HARDT, 2000). A
organização destes elementos é mostrada na Figura 9.
SISTEMA DE ÁREAS VERDES URBANAS
ESPAÇOS VERDES ARBORIZAÇÃO DE RUAS
PÚBLICAS
PRIVADAS
LAZER
CONSERVAÇÃO
AMBIENTAL
ESPECIAL
Figura 9: Esquema da tipologia de áreas verdes urbanas
Fonte: HARDT (2000)
Para o gerenciamento destas áreas verdes urbanas, tanto públicas como
privadas, a autora recomenda a adoção de duas abordagens distintas, que devem
se adequar às diretrizes gerais de gestão ambiental urbana:
a) tratamento de espaços individuais envolve soluções tradicionais ou
inovadoras para espaços situados às margens de elementos urbanos
68
como rodovias, aeroportos, aterros sanitários e espaços
funcionalmente alijados do processo de estruturação urbana como
vazios urbanos;
b) tratamento geral engloba um sistema de áreas verdes com funções
de melhoria de qualidade ambiental e de recuperação de áreas
degradadas, por meio de um conjunto de soluções integradas para a
cidade (HARDT, 2000).
Além dos benefícios gerados pelo sistema de áreas verdes urbanas
abordados por este trabalho na seção Flora Áreas verdes urbanas, Quadro 8 –,
existem questões que envolvem o valor monetário destes benefícios e que devem
ser considerados por aqueles que detêm a responsabilidade de gerenciamento
destas áreas. Embora os ambientes urbanos sejam complexos, tornando difícil a
especificação das contribuições econômicas dos elementos naturais, são crescentes
as evidências que justificam investimentos constantes na conservação e no
gerenciamento das áreas verdes neles inseridos (WOLF, 2004). A Alliance for
Community Trees ACT fornece informações em seu site que demonstram alguns
benefícios proporcionados pela arborização urbana associados ao seu valor
econômico (Quadro 11).
(continua)
TIPO DE BENEFÍCIO VALOR ECONÔMICO ESTIMADO
Limpeza do ar
40 árvores possuem a capacidade de remover do ar 80 libras de
poluentes por ano (aproximadamente 36,3 quilos), o que significa
que 4 milhões de árvores economizam 20 milhões de dólares a cada
ano em processos de controle da poluição atmosférica
Economia de energia
3 a 4 árvores no entorno de uma edificação podem reduzir os custos
com refrigeração de ar por volta de 30 a 50%; isto representa, para um
conjunto de um milhão de árvores, uma economia de energia no valor
de 10 milhões de dólares
Atração de negócios
estudos demonstram que a arborização viária estimula o aumento da
permanência de clientes no comércio de rua, promovendo maior
estabilidade econômica na comunidade, com crescimento de 11% no
volume de negócios
Valorização do mercado
imobiliário
os preços dos imóveis residenciais inseridos em paisagens arborizadas
são da ordem de 5-20% superiores aos valores apresentados por
residências destituídas de vegetação
Quadro 11: Valores estimados dos benefícios gerados pela arborização urbana nos Estados Unidos
da América
Fonte: Adaptado de ACT (2006).
69
(conclusão)
TIPO DE BENEFÍCIO VALOR ECONÔMICO ESTIMADO
Redução dos danos
causados pelas águas de
chuvas torrenciais
as raízes das árvores estabilizam o solo, diminuindo a erosão e o
assoreamento dos rios; uma única árvore é capaz de reduzir a
formação de correntes (formadas de precipitações pluviométricas) na
ordem de 4.000 galões de água por ano (aproximadamente 15.142
litros); logo, 4 milhões de árvores promovem uma economia de 14
milhões de dólares anuais investidos em controle das águas das
chuvas
Quadro 11: Valores estimados dos benefícios gerados pela arborização urbana nos Estados Unidos
da América
Fonte: Adaptado de ACT (2006).
Segundo Wolf (2004), os benefícios gerados pelas florestas urbanas o
riquezas públicas que, em parte das situações, são intangíveis, mas enriquecedoras
à vida dos cidadãos de modo geral. Outro aspecto relevante é que estes benefícios
são bens considerados não-rivais, uma vez que podem ser experimentados
indefinidamente por muitas pessoas, de forma simultânea e imediata (FONSECA,
2001; WOLF, 2004).
Cabe ressaltar que a expressão “floresta urbana” é utilizada por alguns
autores para descrever o somatório de toda a vegetação existente em ambientes
urbanos, dentre os quais se incluem o centro da cidade, as áreas residenciais, os
subúrbios e a periferia (MOCK, 2004). Para Girling e Kellett (2005), o conceito reúne,
além da vegetação, o solo e seus microorganismos, insetos, seres humanos e
demais formas de vida existentes neste espaço que combina elementos naturais e
construídos. A floresta urbana possui três componentes essenciais que devem ser
considerados pelos profissionais envolvidos nos projetos de arborização: vegetação
saudável, manejo abrangente e apoio comunitário (MOCK, 2004). O fator
vegetação saudável inclui, entre outros elementos, a qualidade dos exemplares
utilizados nos projetos de arborização, a heterogeneidade de idades e a combinação
de espécies, de modo que se obtenha proteção contra eventos climáticos ou
ataques de pragas e doenças. A floresta urbana deve buscar a diversidade, evitando
a geração de grandes extensões de vegetação homogênea. Sua composição deve
se constituir por, no máximo:
a) 10% de cada espécie;
b) 20% do mesmo gênero;
c) 30% da mesma família (MOCK, 2004).
70
A utilização de um percentual mínimo de 70% de espécies nativas
regionais também é recomendável, conforme diretrizes estabelecidas pela Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre SMAM para a promoção da
biodiversidade e preservação da floresta urbana (PORTO ALEGRE, 2007a).
Por manejo abrangente entende-se um conjunto de atividades
diversificadas, como o manejo individual de cada árvore, e também de seus grupos,
a educação ambiental da comunidade e a coordenação das instituições
responsáveis pela manutenção das florestas urbanas, de forma a promover a
integração de suas ações e a inclusão das questões ambientais nos processos de
planejamento. Estas ações, entretanto, não possuem sobrevida se o terceiro item, o
apoio da comunidade, não for obtido, uma vez que é a opção dos cidadãos pela
manutenção das florestas e ecossistemas urbanos o elemento essencial para o
estabelecimento de novas práticas, políticas e formas de gerenciamento (MOCK,
2004).
Torna-se fundamental, portanto, que os cidadãos e os órgãos
governamentais considerem todo o capital natural de uma cidade como parte da
infra-estrutura urbana, sendo gerenciadas de modo planejado e integrado, da
mesma forma como acontece com os sistemas de saneamento, transporte, energia
etc. (GIRLING; KELLETT, 2005; WOLF, 2004). Senna (2002) concorda com este
pensamento quando afirma ser necessária a existência de infra-estrutura específica
no município para a gestão das áreas verdes urbanas e que as cidades,
independentemente de seu porte, devem possuir um serviço municipal de
administração que seja capaz de realizar ações de planejamento, implementação e
gestão destas áreas.
Importante frisar que a ação do município é também essencial para
manter a integridade das áreas de preservação permanente inseridas em áreas
urbanas. Tal responsabilidade lhe é atribuída a partir das alterações introduzidas no
art. 22 da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal
Brasileiro (BRASIL, 1965) – por meio da promulgação da Lei Federal nº 7.803, de 18
de julho de 1989 (BRASIL, 1989): “Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo
único do art. 2º desta Lei, a fiscalização é de competência dos municípios, atuando a
União supletivamente”.
Não é por acaso que a administração municipal recebe novas
competências e sua autonomia é reforçada. Mudanças neste sentido acompanham a
71
Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988 (BRASIL, 2002), a qual
apresenta inovações. A Constituição Federal de 1988 inclui, pela primeira vez na
história brasileira, um capítulo específico que trata da política urbana, inserido no
Título VII Da Ordem Econômica e Financeira , que define questões relacionadas
ao plano diretor municipal, à propriedade urbana, às desapropriações de imóveis
nas cidades e ao direito do Poder Público municipal de exigir o adequado
aproveitamento de lotes urbanos pelos seus proprietários.
Os instrumentos municipais buscam garantir o direito à cidade e
assegurar sua função social, assim como da propriedade, resultando na
democratização da gestão urbana. No entanto, o texto constitucional requeria uma
legislação específica e de abrangência nacional, que definisse e viabilizasse a
aplicação dessas medidas por meio de instrumentos adequados. Assim, surge uma
legislação infraconstitucional, a Lei Federal n
o
10.257, de 10 de julho de 2001
Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) –, que estabelece diretrizes gerais da política
urbana, fornecendo aos Municípios as normas balizadoras e indutoras da aplicação
dos instrumentos de política urbana, sem, contudo, interferir na autonomia dos entes
federativos.
A aprovação deste marco legal representa o início de uma nova trajetória
para as cidades brasileiras. O desafio atual consiste em promover sua
implementação, com a aplicação de seus instrumentos no intuito de responder
positivamente à construção da ordem urbanística nacional (SALVI et al., 2007a).
2.3.1 Arborização viária
Segundo Milano (1988
18
apud MILANO, 1990), o processo de
planejamento da arborização viária pelos municípios deve considerar:
a) o ambiente urbano – caracterizado seu clima, solos e qualidade do ar;
b) o espaço físico disponível definido pela largura de ruas e calçadas,
afastamento predial, ocorrência e posicionamento de redes aéreas e
18
Ver MILANO, M. S. Avaliação quali-quantitativa e manejo da arborização urbana: exemplo de
Maringá – PR. 1988. 120 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal)–Setor de Ciências Agrárias
da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1988.
72
subterrâneas;
c) as características das espécies a utilizar avaliada a adaptabilidade
climática, resistência a pragas e doenças, tolerância à poluição e
características morfológicas e fenológicas (forma, porte, raiz, floração
e frutificação, entre outras).
É recomendável que estes elementos integrem os planos de arborização
municipais, que devem ser dinâmicos e capazes de responder a quatro questões
essenciais: o que plantar, onde, quando e como (MILANO, 1987
19
apud MILANO,
1990). A composição de um plano de arborização de ruas deve seguir as seguintes
etapas (BIONDI, 2000):
a) estabelecimento de objetivos podendo ser gerais ou específicos e
envolvendo diversas situações, desde a melhoria da qualidade de vida
nos ambientes urbanos, até o sombreamento de ruas;
b) elaboração de ante-projeto corresponde ao diagnóstico com
detalhada análise das características do local e da vegetação
existente, envolvendo também dados históricos da cidade;
c) desenvolvimento de plano compreende a implantação (quando,
quanto, como e onde plantar); o manejo (ações para a manutenção do
vigor das árvores); e o monitoramento (acompanhamento dos
plantios);
d) organização de banco de dados – comporta o armazenamento de
informações geradas pelos dados colhidos durante o monitoramento;
e) replanejamento engloba a análise e avaliação do plano de
arborização implantado, o qual é alimentado pelas informações
contidas no banco de dados.
Para ilustrar a dinâmica deste processo de planejamento, Milano (1987
20
apud MILANO, 1990) apresenta o fluxograma da Figura 10.
19
Ver MILANO, M. S. Planejamento e replanejamento de arborização de ruas. In: ENCONTRO
NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2., 1987, Maringá. Anais... Maringá: Prefeitura
Municipal de Maringá, 1987. p. 1-8.
20
Ibid., p. 64.
73
P
L
A
N
O
CARACTERÍSTICAS
AMBIENTAIS
CARACTERÍSTICAS
DAS ESCIES
CARACTERÍSTICAS
DO ESPAÇO FÍSICO
IMPLANTAÇÃO
MANEJO /
MANUTENÇÃO
MONITORAMENTO
OBJETIVOS
GERAIS /
ESPECÍFICOS
REPLANEJAMENTO
AVALIAÇÃO E ALISE DO PLANO
ARMAZENAMENTO
DE INFORMAÇÕES
BANCO DE DADOS
Figura 10: Fluxograma de planejamento da arborização viária
Fonte: MILANO (1987
21
apud MILANO, 1990)
De acordo com Biondi (2000), um dos elementos fundamentais para se
elaborar um adequado planejamento de arborização de ruas é a avaliação da
arborização urbana. Entre os objetivos gerais desta avaliação estão o
monitoramento da arborização, o aperfeiçoamento das práticas de manejo, o
diagnóstico para o replanejamento e o apoio para o planejamento de novas áreas
(BIONDI, 2000).
Existem, entretanto, procedimentos distintos que podem ser adotados
nestas avaliações. Segundo Milano e Dalcin (2000), os inventários para avaliação da
arborização de ruas podem possuir caráter quantitativo, qualitativo ou quali-
quantitativo. São as características apresentadas pelas cidades e os objetivos da
avaliação que determinam o melhor sistema a ser adotado. Estes autores afirmam
que a simples avaliação quantitativa das áreas verdes urbanas, seja pela expressão
de percentuais de cobertura vegetal, seja pela formulação de índice de área por
habitante, não implica no real conhecimento da situação da arborização, destacando
a fundamental importância da realização de análises de caráter qualitativo para o
conhecimento do estado da vegetação existente. Entre os vários benefícios deste
tipo de avaliação, estão a identificação de problemas, como incidência de pragas,
doenças e danos provocados por atos de vandalismo, e a reunião de subsídios para
intervenções e manejo desta vegetação.
21
Ibid., p. 64.
74
As avaliações podem ainda ser totais – indicadas quando o objetivo é a
realização de cadastro, ou para avaliações qualitativas em cidades pequenas ou
por amostragem, método que se mostra adequado para levantamentos quantitativos
e também qualitativos (MILANO; DALCIN, 2000). As informações obtidas a partir
destes processos de avaliação são fundamentais para as ões de replanejamento
dos planos de arborização, permitindo a seleção das espécies mais adequadas a
cada situação urbana em particular. Para Biondi (2000), os aspectos qualitativos que
devem ser considerados para a seleção dos exemplares arbóreos utilizados na
arborização viária são:
a) desenvolvimento deve-se optar por espécies que apresentem
desenvolvimento moderado; aquelas que possuem crescimento muito
rápido, demandam maiores custos de manutenção (podas periódicas
ou ocasionais);
b) copa as formas de copa piramidal e pendente são desaconselhadas,
uma vez que competem em espaço com veículos e pedestres; em
climas tropicais recomenda-se a utilização de vegetais de copa densa
e perene e em ambientes frescos e úmidos, espécies de copa rala e
folhas caducas;
c) bifurcação as árvores deverão ter tronco livre de ramificações até a
altura de 1,80 m, especialmente para evitar conflitos com a circulação
de pedestres e veículos;
d) floração e frutificação estes aspectos provocam divergência entre os
autores; em geral, recomenda-se a opção por flores que não exalem
perfume de forma acentuada e frutos pequenos e não carnosos;
e) altura da árvore este fator é determinado pelo espaço urbano
disponível;
f) raízes o sistema radicial deve ser pivotante e profundo para que se
evite conflitos com canalizações, muros e calçadas;
g) resistência à poluição, pragas e doenças é necessária a seleção de
espécies resistentes para a redução dos custos com sua manutenção.
O Quadro 12 reúne espécies vegetais nativas e exóticas, na sua maioria de
porte arbóreo, que são comumente utilizadas na arborização viária.
(continua)
Nome da espécie
comum / científico
Origem
Porte
Forma da
copa
Imagem Folhagem
Atrativo
p/ avifauna
Local adequado para
plantio
Aroeira-vermelha
Schinus terebinthifolius
nativa médio globosa
perene fruto
jardins, parques,
calçadas com ou sem
fiação
Canafístula
Peltophorum dubium
nativa grande umbeliforme
decídua flor canteiros centrais
Caroba
Jacaranda puberula
nativa médio globosa
decídua flor
canteiros centrais,
calçadas sem fiação
Cássia-fastuosa
Cassia leptophylla
nativa médio elíptica
semidecidua flor
jardins, parques,
calçadas com ou sem
fiação
Chuva-de-ouro
Cassia fistula
nativa médio umbeliforme
decídua flor canteiros centrais
Cinamomo
Melia azedarach
exótica grande elíptica
decídua fruto praças e parques
Corticeira
Erythrina falcata
nativa grande elíptica
decídua flor praças e parques
Extremosa
Lagerstroemia indica
exótica pequeno globosa
decídua fruto
jardins, parques,
calçadas com ou sem
fiação
Quadro 12: Espécies vegetais utilizadas em arborização viária
Fonte: Elaborado com base em Argel-de-Oliveira (1990), Biondi e Althaus (2005), Porto Alegre (1998b), Sanchotene (1989) e Sanchotene et al. (1998).
75
76
( continuação)
Nome da espécie
comum / científico
Origem
Porte
Forma da
copa
Imagem Folhagem
Atrativo
p/ avifauna
Local adequado para
plantio
Flamboyant
Delonix regia
exótica grande umbeliforme
decídua flor praças e parques
Hibisco
Hibiscus rosa-sinensis
exótica pequeno globosa
perene
flor
abrigo
jardins, parques,
calçadas com ou sem
fiação
Ipê amarelo
Tabebuia chrysotricha
nativa grande elíptica
decídua flor
canteiros centrais,
calçadas sem fiação
Ipê roxo
Tabebuia avellanedae
nativa grande globosa
decídua flor
canteiros centrais,
calçadas sem fiação
Jacarandá
Jacaranda mimosifolia
exótica grande elíptica
decídua flor
canteiros centrais,
calçadas sem fiação
Jerivá
Syagrus romanzoffiana
nativa grande pendente
perene fruto
jardins, canteiros
centrais, calçadas sem
fiação
Ligustro
Ligustrum lucidum
exótica médio globosa
perene fruto
calçadas com ou sem
fiação
Magnólia-branca
Magnolia grandiflora
exótica médio elíptica
perene sementes
jardins, canteiros
centrais, calçadas sem
fiação
Quadro 12: Espécies vegetais utilizadas em arborização viária
Fonte: Elaborado com base em Argel-de-Oliveira (1990), Biondi e Althaus (2005), Porto Alegre (1998b), Sanchotene (1989) e Sanchotene et al. (1998).
76
77
(conclusão)
Nome da espécie
comum / científico
Origem
Porte
Forma da
copa
Imagem Folhagem
Atrativo
p/ avifauna
Local adequado para
plantio
Malvavisco
Malvaviscus arboreus
exótica pequeno
arbusto
ramificado
perene
flor
abrigo
cercas vivas, jardins,
praças, parques
Paineira
Chorisia speciosa
nativa grande globosa
decídua
flor
fruto
praças, parques e outras
áreas amplas sem fiação
Pata-de-vaca-rosa
Bauhinia variegata
exótica pequeno umbeliforme
perene flor
jardins, parques,
calçadas com ou sem
fiação
Pau-ferro
Caesalpinia ferrea
nativa grande umbeliforme
semidecídua
canteiros centrais,
calçadas largas sem
fiação
Pitangueira
Eugenia uniflora
nativa pequeno elíptica
perene
flor
fruto
praças e parques
Quaresmeira
Tibouchina granulosa
nativa pequeno globosa
perene flor
canteiros centrais,
calçadas com ou sem
fiação
Sibipiruna
Caesalpinia peltophoroides
nativa médio umbeliforme
semidecídua flor
canteiros centrais,
calçadas sem fiação
Tipuana
Tipuana tipu
exótica grande umbeliforme
decídua abrigo praças e parques
Quadro 12: Espécies vegetais utilizadas em arborização viária
Fonte: Elaborado com base em Argel-de-Oliveira (1990), Biondi e Althaus (2005), Porto Alegre (1998b), Sanchotene (1989) e Sanchotene et al. (1998).
77
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Visando atender ao objetivo geral estabelecido por este trabalho, de
analisar a capacidade dos túneis verdes de constituir corredores urbanos de
vegetação para a avifauna, diversas metodologias e técnicas foram empregadas. Os
métodos utilizados por esta pesquisa são o exploratório, o descritivo e o analítico.
O método exploratório procura elevar o grau de familiaridade de um
determinado problema de modo a torná-lo explícito, facilitando a construção de
hipóteses em uma pesquisa. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas e
análise de exemplos que estimulem a compreensão, podendo assumir as formas de
estudo de caso e pesquisa bibliográfica (GIL, 2002).
O método descritivo envolve atividades que visam descrever as
características de uma dada população ou fenômeno, podendo, ou não, estabelecer
relações entre as variáveis encontradas. As cnicas usualmente utilizadas
obedecem à padronização e à sistematização na coleta de dados, assumindo,
freqüentemente, a forma de levantamentos (GIL, 2002).
O método analítico busca elaborar análises sobre os dados coletados,
gerando considerações sobre os fenômenos observados.
As técnicas adotadas, por sua vez, incluem as documentações direta e
indireta.
A técnica de documentação direta consiste no processo pelo qual a
obtenção de dados é realizada no próprio local onde os fenômenos ocorrem,
podendo ser efetuadas por meio de pesquisa de laboratório ou de campo
(LAKATOS; MARCONI, 1992). No caso específico desta dissertação, realizou-se
pesquisa de campo em Porto Alegre, RS, cidade selecionada como estudo de caso.
A escolha da capital gaúcha se deve, principalmente, à importância atribuída à
78
79
arborização viária e à identificação de um de seus elementos peculiares, os túneis
verdes, como um dos vários componentes formadores da imagem da cidade.
Segundo Gil (2002), o estudo de caso envolve estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de modo que seja possível seu amplo e
detalhado conhecimento. Para Martins (2006), esta estratégia de pesquisa consiste
em investigação empírica de determinado fenômeno dentro de seu contexto real,
sobre o qual o pesquisador não possui controle sobre eventos e suas variáveis. O
autor afirma ainda que neste tipo de estudo avaliações qualitativas são essenciais.
As observações realizadas na pesquisa de campo constituem técnicas de
observação direta intensiva, que podem ser caracterizadas como cnica de coleta
de dados para a obtenção de informações que se utiliza dos sentidos para a
apreensão de determinados aspectos da realidade (MARCONI; LAKATOS, 1999).
Na técnica de documentação indireta, os dados utilizados são
coletados por outras pessoas e podem se constituir em material elaborado ou não. O
modo de aquisição das informações divide-se, ainda, em duas categorias de
pesquisa: documental e bibliográfica. A pesquisa documental utiliza-se de fontes
primárias, que são aquelas informações e dados “de primeira mão” oriundos dos
órgãos que realizaram as observações, produzindo, então, documentos como
fotografias, gravações, objetos de arte etc. (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 43). Gil
(2002) acrescenta ainda que materiais que foram processados, mas que podem
receber novas interpretações, como relatórios de empresas, tabelas etc., podem ser
também incluídos neste grupo. A pesquisa bibliográfica reúne fontes secundárias,
que consistem na bibliografia publicada nas mais diferentes formas: livros, revistas,
imprensa escrita, artigos científicos e publicações avulsas, nas formas impressas ou
veiculadas on line. De acordo com Lakatos e Marconi (1992), a pesquisa
bibliográfica pode ser considerada como passo inicial de toda pesquisa científica.
A seguir, o apresentados os objetivos específicos desta pesquisa e os
respectivos métodos, técnicas e atividades desenvolvidas, assim como os resultados
alcançados ao término dos processos (Quadro 13).
80
(continua)
ETAPA 1: estabelecimento, a partir de revisão bibliográfica, do referencial teórico que
promova reflexões sobre os temas da biodiversidade, do ambiente urbano sob a
perspectiva ecológica e do gerenciamento das áreas verdes no contexto da gestão
urbana
MÉTODO Exploratório
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Pesquisa Bibliográfica
Consulta a teses, dissertações, artigos científicos, legislação etc.
Identificação de dados e informações constantes do material impresso,
estabelecendo suas relações com o problema proposto (GIL, 2002)
Resultado: redação das sub-seções integrantes do referencial teórico da dissertação
OBJETIVO ESPECÍFICO 1: caracterizar a estrutura da cidade (macrozonas) e definir
a(s) área(s) de estudo a partir da análise de imagens aéreas
MÉTODOS – Descritivo / Exploratório
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Pesquisa Bibliográfica
estudo e caracterização das macrozonas existentes em Porto Alegre a
partir da literatura que trata sobre o zoneamento da cidade
Documentação Indireta
Pesquisa Documental
(fonte primária)
análise de imagens aéreas obtidas a partir do software Google-Earth
Mapping Service™ com o objetivo de elaborar informações e selecionar
imagens representativas destas macrozonas
Resultado: definição da área de estudo
OBJETIVO ESPECÍFICO 2: identificar e selecionar os túneis verdes na malha urbana
de Porto Alegre, os quais são objeto central da pesquisa
MÉTODOS – Descritivo / Exploratório
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Documentação Indireta
Pesquisa Documental
(fonte primária)
identificação no mapa da cidade das vias que possuem vegetação que
desenvolve o efeito túnel, por meio da interpretação visual de imagens
aéreas obtidas a partir do software Google-Earth, disponível on line
Documentação Direta –
Pesquisa de Campo
realização de conferência no local, obtendo pontos georreferenciados a
partir da utilização de Global Positioning SystemGPS
Resultado: geração de mapas ilustrativos da distribuição dos túneis verdes na cidade
Quadro 13: Procedimentos metodológicos relativos aos objetivos específicos da pesquisa
Fonte: Elaborado com base em Gil (2002) e Lakatos e Marconi (1992).
81
(continuação)
OBJETIVO ESPECÍFICO 3: selecionar trechos viários de controle com características
urbanas semelhantes aos túneis verdes, mas destituídos de densa vegetação
MÉTODOS – Descritivo / Exploratório
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Documentação Indireta
Pesquisa Documental
(fonte primária)
seleção dos trechos viários que servirão de controle no estudo
realizado sobre a observação de aves em ambientes urbanos, por meio
da interpretação visual de imagens aéreas obtidas a partir do software
Google-Earth, disponível on line
Documentação Direta –
Pesquisa de Campo
realização de conferência no local, obtendo pontos
georreferenciados a partir da utilização de Global Positioning System
GPS
Resultado: obtenção de fotografias e geração de mapas ilustrativos
OBJETIVO ESPECÍFICO 4: caracterizar os tipos vegetais que compõem os túneis
verdes e vias controle
MÉTODOS Descritivo / Exploratório
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Documentação Direta –
Pesquisa de Campo
+
Pesquisa Bibliográfica
realização de levantamento de campo para identificação taxonômica,
quantificação e caracterização das espécies vegetais que compõem os
túneis verdes e vias controle
Resultados: elaboração de planilhas a partir dos dados obtidos e construção de banco de dados para
utilização posterior no software Microsoft Office Access
OBJETIVO ESPECÍFICO 5: caracterizar as espécies de avifauna que se utilizam dos
túneis verdes quanto à diversidade e composição
MÉTODO Descritivo
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Documentação Direta –
Pesquisa de Campo
+
Observação Direta
Intensiva Sistemática
realização de levantamento de campo para identificação das
espécies de avifauna encontradas junto aos túneis e aos controles;
técnica aplicada por Fontana (2004) para a observação de aves em
ambientes urbanos – raio fixo de 50 m; tempo 8’ (min)
Análise de Resultados
classificação sistemática das aves observadas
análise da presença e freqüência dos espécimes encontrados
Resultados: elaboração de planilhas a partir dos dados obtidos e construção de banco de dados para
uso posterior junto ao software Microsoft Office Access
Quadro 13: Procedimentos metodológicos relativos aos objetivos específicos da pesquisa
Fonte: Elaborado com base em Gil (2002) e Lakatos e Marconi (1992).
82
(conclusão)
OBJETIVO ESPECÍFICO 6: verificar se os túneis verdes desempenham papel de
ligação entre áreas de relevância ambiental existentes na cidade
MÉTODO – Analítico
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Documentação Indireta –
Pesquisa Documental
(fonte primária)
medição das distâncias entre os túneis verdes e os espaços de
valor ambiental da cidade, verificando a existência ou não de ligação
entre os mesmos. Software utilizado: IDRISI, versão 15.0 The Andes
Edition – com sobreposição de pontos georreferenciados sobre a malha
urbana
elaboração de representação esquemática das distribuições
encontradas de acordo com trabalho de Fernández-Juricic (2000)
Resultado: geração de mapas temáticos
OBJETIVO ESPECÍFICO 7: avaliar se estas composições vegetais contribuem para
promover a ocupação de ambiente intensamente urbanizado por diferentes espécies
da avifauna
MÉTODO Analítico
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Análise de Resultados
realização de estimativas da contribuição dos túneis verdes na
permanência da avifauna em ambiente urbano, por meio da
comparação entre os resultados encontrados nas observações
realizadas nos túneis verdes e nos controles (presença e quantificação
dos espécimes da avifauna)
Resultado: discussão de resultados da dissertação
ETAPA 2: elaborar discussão reflexiva sobre a importância ecológica dos túneis
verdes no meio urbano
MÉTODO – Analítico
Técnica de pesquisa Descrição das atividades
Análise de Resultados
formulação de síntese dos dados levantados, informações geradas
e bibliografia pesquisada, com avaliação do conjunto de conhecimentos
obtidos, buscando a reflexão sobre o tema (hipótese) proposto
Resultados: redação de texto “Discussão de Resultados” da Dissertação; elaboração de subsídios
para a formulação de estratégias para a implantação de corredores urbanos de vegetação para
avifauna; proposição de inclusão no Plano Diretor de Arborização Urbana de Porto Alegre de item
referente à implantação de corredores urbanos de vegetação para avifauna
Quadro 13: Procedimentos metodológicos relativos aos objetivos específicos da pesquisa
Fonte: Elaborado com base em Gil (2002) e Lakatos e Marconi (1992).
83
3.1 ÁREA DE ESTUDO: A CIDADE DE PORTO ALEGRE
Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, localiza-se sob a
latitude de 30°01’59’’S e a longitude de 51°13’48’’W e na altitude de 4 m s.n.m. em
seu marco rodoviário zero, junto a Praça Montevidéu, no centro da cidade
(MENEGAT et al., 1998). A Figura 11 ilustra as situações geográficas de Porto
Alegre na América do Sul e Brasil.
A Município de Porto Alegre na América do Sul B Município de Porto Alegre no Brasil
Figura 11: Imagens de satélite de Porto Alegre – RS
Fonte: Imagem A – IHGRGS (2005)
Imagem B – IFUFRGS (2007)
A ocupação da cidade, segundo Souza e Müller (1997), pode ser
organizada em cinco períodos históricos distintos. De 1680 a 1772, ocorre a
chegada no território de casais provenientes das ilhas dos Açores, Portugal. Nessa
fase, o Rio Grande do Sul é incorporado à Colônia do Brasil, depois de muitas
décadas de disputas entre Portugal e Espanha pelo domínio da região.
A partir de 26 de março de 1772, com a instalação da Capela Curada de
Nossa Senhora da Madre de Deus, a qual conta com um padre permanente para
todos os ofícios religiosos e um limite territorial para a sua jurisdição, nascem os
primeiros cidadãos porto-alegrenses. Neste momento, o núcleo possui 1.500
habitantes e é elevado à categoria de freguesia (MACEDO, 1998).
84
Monteiro (1995, p. 22) afirma que:
apesar de iniciado o povoamento, não se pode falar ainda de um núcleo
urbano, em vista da dispersão dos habitantes, inexistência de ruas e da
demarcação dos lotes. De outra parte, o havia se estabelecido um poder
autônomo e a maior parte da população praticava agricultura de
subsistência.
Segundo dke (1998), as primeiras praças constituídas na cidade datam
da segunda metade do século XVIII e apresentam a configuração de grandes largos
voltados para a celebração de festas populares e religiosas, assim como para a
comercialização de gêneros alimentícios.
O segundo período, de 1772 a 1820, é marcado pela crescente produção
de trigo na região, a qual impulsiona o desenvolvimento portuário. O escoamento
destas safras agrícolas provenientes da região do Jacuí eleva a importância do porto
às margens do Guaíba, provocando a transferência da capital do continente do
arraial de Viamão para Porto Alegre no ano de 1773 (SOUZA DOCCA, 1941
22
apud
MACEDO, 1998). Em 1810, Porto Alegre é elevada à categoria de vila e conta com
12 mil habitantes.
Segundo Monteiro (1995), a construção de fortificações (ano de 1778) foi
significativa na organização do espaço, promovendo a delimitação entre os
ambientes urbano e rural, além da orientação do sentido de crescimento da vila. O
cotidiano do povoado se dá no interior destas fortificações. Protegidos por seus
limites, os estabelecimentos de comércio e as pequenas residências se distribuem
em uma malha urbana constituída por três ruas principais, que partem da ponta da
península, atravessando-a no sentido longitudinal, se encontrando diante do portão
da vila (atual Praça Argentina).
Antes do término do século XVIII, a cidade possui três grandes espaços
públicos: o Largo da Matriz, a Praia do Arsenal e o Largo da Quitanda, os quais
constituem hoje, respectivamente, as praças Marechal Deodoro, Brigadeiro Sampaio
e da Alfândega (LÜDKE, 1998).
22
Ver SOUZA DOCCA, O. Bicentenário da colonização de Porto Alegre. Rio de Janeiro: Biblioteca
Militar, 1941.
85
As residências de Porto Alegre do final do século XVIII são assim
descritas por Weimer (1987, p. 92-93):
[...] foi sendo construído um sem-número de pequenas residências como
eram encontradas por todo o país: exprimidas umas contra as outras em
terrenos de vinte ou trinta palmos (4,40 e 5,50 m) de largura. Em planta
baixa tinham uma sala na frente e outra que servia de copa e cozinha nos
fundos. Um estreito corredor ligava as duas e passava ao longo de algumas
alcovas sem iluminação e ventilação naturais. No fundo havia um pequeno
pátio murado onde eram feitos serviços domésticos e onde ficava a senzala.
A fase de 1820 a 1890 é marcada por diversos fatos relevantes: o declínio
da produção do trigo, a Guerra dos Farrapos (1835 a 1845) e a chegada dos
primeiros alemães (1824) e italianos (1875) que acrescentam à capital diferentes
hábitos e culturas. A população atinge 52 mil habitantes e, em 1822, Porto Alegre é
elevada à categoria de cidade (SOUZA, 1998). Neste período, as famílias açorianas
abandonam a cultura do trigo e passam a se dedicar à pecuária; entretanto, a região
permanece estagnada economicamente. O porto é fechado aos revolucionários
farroupilhas e a cidade é abastecida apenas pela colônia. Essa situação perdura até
1850, quando são retomadas as exportações e importações portuárias.
Até o final da Guerra dos Farrapos, a cidade apresenta apenas
equipamentos indispensáveis à vida urbana, como enfermaria e prédios
administrativos, religiosos e militares. O fim do conflito e a derrubada das muralhas,
que limitavam fisicamente a cidade, permitem a expansão da malha urbana.
A partir da segunda metade do século XIX, vários serviços públicos são
implantados, modernizando o espaço urbano central de Porto Alegre, que recebe
calçamento, iluminação e transporte coletivo com uma linha de bonde de tração
animal.
O primeiro ajardinamento de espaço público ocorre em 15 de maio de
1868 (MACEDO, 1998). As ações de saneamento e plantio de árvores em espaços
públicos, segundo o autor, têm como objetivos sanear as áreas de importância para
a cidade, como as que possuem os chafarizes que são fundamentais para o
abastecimento de água da população, e evitar o surgimento de espaços abertos, os
quais eram utilizados como lixões pelos porto-alegrenses da época.
86
De acordo com Oliveira (1984
23
apud MONTEIRO, 1995), entre os
serviços de relevância implantados no período, pode-se citar: a construção do
Gasômetro (1874), a regularização da coleta do lixo (por lei municipal datada de
1876), o início do saneamento (1878) e a instalação dos serviços telefônicos (1886).
De 1890 a 1945 ocorre a entrada da cidade na era industrial. A classe
burguesa solidifica-se e passa a comercializar suas mercadorias não somente na
capital, mas também no interior. As duas guerras mundiais provocam a diminuição
das importações e a maior aceitação das mercadorias nacionais. Ao final do período,
a cidade possui 275 mil habitantes (SOUZA; MÜLLER, 1997).
O primeiro plano urbanístico de características abrangentes para Porto
Alegre é deste período tendo sido elaborado pelo Arquiteto e Engenheiro João
Moreira Maciel (1914). Denominado "Plano de Melhoramentos", tem caráter viário e
propõe reformas no centro da cidade, as quais consistem no alargamento de várias
ruas e na ligação do centro com a periferia (SOUZA; MÜLLER, 1997). A cidade se
transforma com a implantação de vários equipamentos urbanos, conforme mostrado
no Quadro 14.
(continua)
COMPONENTE ANO
Infra-estrutura
Estrada de ferro para Tristeza 1896
Companhia de Força e Luz Porto-alegrense 1906
Usina elétrica 1908
Bondes elétricos 1908
Iluminação elétrica pública 1908
Ligação ferroviária Porto Alegre - São Paulo 1910
Dragagem e canalização do acesso ao porto 1913/20
Porto: construção e inauguração 1918/21
Educação / Saúde
Faculdade de Farmácia 1896
Escola de Engenharia 1896
Ginásio Júlio de Castilhos 1896
Escola de Medicina 1899
Escola Livre de Direito 1899
Quadro 14: Exemplos de equipamentos urbanos implantados na cidade de Porto Alegre durante as
administrações do Intendente José Montaury (1897-1924)
Fonte: SOUZA; MÜLLER (1997)
23
Ver OLIVEIRA, C. S. de. Porto Alegre: a cidade e sua formação. Porto Alegre: Norma, 1984.
87
(conclusão)
COMPONENTE ANO
Lazer
Bairro Tristeza: veraneio, viagem por trem 1896 -
Velódromo: Sarmento Leite e Redenção 1899
Grêmio Foot-ball Porto-alegrense 1903
Primeiro cinema: "Recreio Ideal" 1907
Sport Club Internacional 1909
Administrativo
Palácio Piratini 1896
Prefeitura (prédio da praça Montevidéu) 1900
Comercial e Industrial
Cia Fiação e Tecidos de Porto Alegre 1891
Fábrica de calçados Companhia Progresso 1892
Companhia Fabril Porto-alegrense 1893
Fábrica de Pregos Ponta de Paris 1893
Cervejaria Ritter 1894
Companhia de Fábrica de Vidro Sul Brasil 1894
Tecelagem Renner / Mentz 1911
Cervejaria Continental 1924
Quadro 14: Exemplos de equipamentos urbanos implantados na cidade de Porto Alegre durante as
administrações do Intendente José Montaury (1897-1924)
Fonte: SOUZA; MÜLLER (1997)
A administração do Intendente Otávio Rocha (1924 a 1928) é marcada
por intervenções do poder público municipal sobre as áreas verdes urbanas,
buscando a transformação estética dos espaços, com a implantação de diversos
elementos, como bancos, fontes e monumentos. Nesta gestão são criados o Serviço
Municipal de Jardins e Arborização de Logradouros Públicos (PORTO ALEGRE,
2000) e um setor na Comissão de Obras Novas chamado "Seção de
Embelezamento", que se encarrega da implantação de novos jardins e praças à
malha urbana, buscando, no viveiro e no horto municipais, flores, arbustos e árvores
para a execução das obras (MONTEIRO, 1995).
São implantados jardins contemplativos, por meio da retirada de árvores
antigas e reordenação dos espaços com o uso de canteiros desenhados
(MONTEIRO, 1995, p. 114). Segundo este autor, as intervenções têm a intenção de
afastar das ruas os cidadãos mal vistos pela sociedade da época (prostitutas,
bêbados e malandros), acrescentando um "tom aristocrático aos hábitos da
sociedade porto-alegrense".
88
Nos anos subseqüentes, a cidade ganha novos componentes, como os
apresentados no Quadro 15.
COMPONENTE ANO
Sistema viário
Avenida Três de Novembro 1938-39
Avenida Farrapos 1939-40
Avenida Salgado Filho 1939-40
Avenida Protásio Alves nd
Saneamento
Canalização do riacho Ipiranga nd
Ampliação da rede de distribuição de água nd
Ampliação das instalações de recalque, tratamento e reservatórios nd
Rede cloacal atingindo os bairros Centro, Floresta, Independência, Moinhos de
Vento, Rio Branco, Cidade Baixa e Menino Deus
nd
Ampliação da rede pluvial nd
Saúde
Hospital de Pronto Socorro Municipal - HPS Início 1941
Centro de Saúde Modelo 1941
Quadro 15: Exemplos de equipamentos urbanos implantados na cidade de Porto Alegre durante a
administração do Prefeito Loureiro da Silva (1937-1943)
Fonte: SOUZA; MÜLLER (1997)
Nota: nd (dado não disponível).
Além destas transformações viárias e de infra-estrutura, diversas intervenções
são realizadas sobre os espaços verdes da cidade, os quais experimentam
significativo aumento em área (Tabela 1).
Tabela 1 Crescimento das áreas de parques, praças e jardins na cidade de Porto Alegre
nos anos 30 e 40, durante a administração do Prefeito Loureiro da Silva
ANO ÁREA VERDE TOTAL (m
2
)
1937 211.001
1938 222.950
1939 237.573
1940 793.613
1941 810.831
Fonte: SOUZA; MÜLLER (1997)
Neste período, a vegetação viária recebe especial atenção. Os bairros da
cidade recebem plantios de tipos específicos de espécies arbóreas, as quais passam
a ser fatores de identificação do local (Figura 12). De acordo com Porto Alegre
89
(2000) e Sanchotene et al. (1998), dentre as árvores extensivamente utilizadas nos
projetos de arborização urbana da época encontram-se: jacarandá
(Jacaranda mimosifolia bairros Bom Fim, Floresta e Rio Branco), cinamomo
(Melia azedarach bairros Petrópolis, Mont Serrat e Higienópolis), ligustro
(Ligustrum lucidum bairros Centro e Cidade Baixa), perna-de-moça
(Brachychiton populneum bairro Moinhos de Vento), plátano (Platanus acerifolia
bairro Boa Vista) e tipuana (Tipuana tipu – conjunto residencial do Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI).
Figura 12: Mapa de espécies arbóreas predominantes nos bairros antigos de Porto Alegre – RS
Fonte: SANCHOTENE et al. (1998)
90
O "efeito túnel" resultante da densa arborização viária, encontrado em
vários bairros da cidade, é resultante de plantios realizados nesta transição das
décadas de 1930 e 1940.
O último período, de 1945 a os dias de hoje, é marcado pela
metropolização, crescimento populacional intenso e deslocamento das indústrias
para a periferia da cidade. O pólo hegemônico do estado não se limita mais à
capital, mas envolve também a sua região metropolitana (SOUZA, 1998).
Nos anos 50, são construídas mais de 60 praças, as quais recebem
equipamentos de recreação infantil e esportivos. O primeiro Plano Diretor de Porto
Alegre, datado de 1954, destina 10% da área total dos loteamentos para a
implantação de praças, percentual que se eleva a 15% no ano de 1966. O Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano de 1979 passa a exigir a doação de 2% da área
total dos loteamentos em terrenos destinados à viabilização da rede de parques do
município (LÜDKE, 1998).
Porto Alegre, ao longo de sua história, sofre profundas transformações
sociais e econômicas, que promovem alterações físicas de impacto sobre o espaço
natural para transformá-lo em urbanizado. A cidade, que nasce desenhada segundo
o padrão das cidades portuguesas orgânicas, irregulares ou espontâneas
(GUERREIRO, 2000
24
apud NEVES, 2005), apresenta, na atualidade, um tecido
urbano heterogêneo resultante deste crescimento.
A partir do estudo da paisagem e das funções das áreas urbanizadas, é
possível a identificação de espaços específicos. Hoje, são reconhecidas no
município dez macrozonas, as quais apresentam, segundo o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre PDDUA (PORTO ALEGRE,
1999):
diferentes padrões de desenvolvimento, espaços públicos de natureza e
funções diversas, tipologias de edificações e estruturação viária distintas,
além de aspectos socioeconômicos, paisagísticos, ambientais e de potencial
de crescimento próprios (HICKEL et al., 1998, p. 107).
Os 83 bairros do município distribuem-se nessas macrozonas (Figura 13 e
Quadro 16) e abrigam uma população estimada, em julho de 2006, de 1.440.939
habitantes (IBGE, 2006).
24
Ver GUERREIRO, M. R. A lógica territorial na gênese e formação das cidades brasileiras: o
caso de Ouro Preto. Lisboa: [s. n.], 2000.
91
Figura 13: Mapa de macrozonas do município de Porto Alegre – RS
Fonte: PORTO ALEGRE (1999)
92
MACROZONAS CARACTERÍSTICAS GERAIS
Centro Histórico
alta densidade de edificações (funções comerciais e de serviços) limitada
pela Primeira Perimetral
Cidade Radiocêntrica
centro Histórico associado à trama radial de vias principais com maior
densidade, e melhores condições de infra-estrutura da cidade. Região de
ocorrência de túneis verdes
Corredor de
Desenvolvimento
grandes vazios urbanos com potencialidade para desenvolvimento de
pólo econômico regional, próximo as BR116 e BR290
Cidade Xadrez
malha viária ortogonal com densificação mais intensa a partir da década
de 1980, mas ainda com muitos lotes vazios
Cidade de Transição
entre a Cidade Xadrez e a Crista de Porto Alegre (morros da Polícia,
Santana, Companhia, Teresópolis e Pedra Redonda), com predomínio
residencial
Cidade Jardim área residencial, com baixas densidades populacionais
Restinga
implantada na década de 1960 pelo Poder Público para abrigar
população de baixa renda
Cidade Rural-Urbana
acentuada produção de hortigranjeiros na região sul do município, com
áreas naturais de importância
Ilhas do delta do Jacuí
importante área de preservação natural de 16 ilhas, com cerca de 4.500
ha, da Província Costeira do Estado
Eixo Lomba do Pinheiro-
Restinga
limite de Porto Alegre e Viamão, onde há o maior número de vilas
populares da cidade
Quadro 16: Características gerais das macrozonas de Porto Alegre – RS
Fonte: Elaborado com base em Hickel et al. (1998) e Porto Alegre (1999).
Atualmente, existem distribuídas nas vias públicas destas macrozonas,
aproximadamente 1 milhão de árvores, correspondendo a mais de 200 espécies,
entre frutíferas, nativas regionais ou brasileiras e exóticas (SANCHOTENE et al.,
1998).
De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente SMAM
(PORTO ALEGRE, 2007b), a cidade possui 712 praças, dentre as quais 539
encontram-se urbanizadas, correspondendo a uma área total de 3.750.887 m
2
.
Somam-se a estas áreas verdes, os parques e as unidades de conservação do
município (Tabela 2).
93
Tabela 2 – Parques e unidades de conservação do município de Porto Alegre – RS
ÁREA VERDE
ÁREA (ha)
ANO DE CRIAÇÃO
Parque Farroupilha (Redenção) 37,51 1935
Parque Moinhos de Vento 11,50 1972
Parque Marinha do Brasil 70,70 1978
Parque Maurício Sirotsky Sobrinho 65,00 1981
Parque Mascarenhas de Moraes 18,30 1982
Parque Chico Mendes 25,29 1992
Parque da Restinga 23,48 1993
Parque Gabriel Knijnik 11,95 2004
Parque Alemanha 15,08 2006
Unidade de Conservação Parque Saint' Hilaire 1.148,62 1947
Unidade de Conservação Reserva Biológica do Lami 179,78 1975
Unidade de Conservação Morro do Osso 127,00 1994
Fonte: Elaborado com base em Porto Alegre (2008).
A totalização das áreas verdes no município compreende 22.169.736 m
2
e
a relação de área verde por habitante é de 16,42 m
2
(PORTO ALEGRE, 2007b).
Para o gerenciamento destes espaços, o Município conta com extensa legislação
ambiental (PORTO ALEGRE, 2004).
Ao longo dos anos, também a arborização das vias passa a ser
considerada como patrimônio natural da cidade, recebendo atenção especial dos
administradores públicos. Entre as condutas adotadas que demonstram a
preocupação do município referente à arborização de ruas estão (PORTO ALEGRE,
1998b, 2000, 2007a):
a) ano de 1985 promoção do Encontro Nacional sobre Arborização
Urbana ENAU, evento que se constitui em uma oportunidade
pioneira de intercâmbio de informações entre pesquisadores e
profissionais de outros estados que se dedicam ao estudo e
gerenciamento da arborização pública;
94
b) ano de 1990 – inserção do tema “Arborização Urbana” na Lei Orgânica
Municipal, no Capítulo VII intitulado Da Política do Meio Ambiente;
c) ano de 1992 elaboração de obra que reúne normas para o
estabelecimento da arborização pública. O documento inclui ampla
variedade de informações, como as espécies vegetais adequadas
para o plantio em diferentes situações, como sob rede aérea, em
calçadas, em canteiros centrais etc., além de aspectos técnicos, como
distanciamentos entre os exemplares, épocas de plantio e dimensões
de covas adequadas, entre outras (PORTO ALEGRE, 1998b);
d) ano de 2000 publicação do Plano Diretor de Arborização de Vias
Públicas (PORTO ALEGRE, 2000) que possui várias informações,
como um inventário da realidade da vegetação urbana existente na
cidade, instruções para manejo, poda e remoções de espécimes e
avaliações de custos, dentre outras orientações úteis à gestão das
áreas verdes urbanas;
e) ano de 2007 lançamento do Plano Diretor de Arborização Urbana de
Porto Alegre PDAU, que se torna um instrumento legal e oficial para
o planejamento, implantação e manejo da arborização da cidade a
partir da publicação da Resolução 5 de 28 de setembro de 2006 do
Conselho Municipal do Meio Ambiente COMAM (PORTO ALEGRE,
2007a). O PDAU possui, entre outros objetivos, “promover a
arborização como instrumento de desenvolvimento urbano e qualidade
de vida; integrar e envolver a população, com vistas à manutenção e à
preservação da arborização urbana” (PORTO ALEGRE, 2007a, p. 11).
Os túneis verdes, estruturas peculiares da arborização urbana e
presentes em diversos bairros de Porto Alegre, também têm sua importância
reconhecida pelos porto-alegrenses e pelo poder público municipal. Recentemente,
em decorrência de mobilização popular, promoveu-se o tombamento de três túneis
verdes na cidade, o situado na Rua Gonçalo de Carvalho, no Bairro Independência,
o da Rua João Mendes Ouriques, no Bairro Ipanema e o presente na Rua Marquês
do Pombal, no Bairro Moinhos de Vento. Todos são elevados a Patrimônio Cultural,
Histórico e Ecológico de Porto Alegre a partir dos decretos municipais n° 15.196, de
2 de junho de 2006 (PORTO ALEGRE, 2006a), 15.585, de 4 de junho de 2007
95
(PORTO ALEGRE, 2007c) e n° 15.666, de 25 de setembro de 2007 (PORTO
ALEGRE, 2007d), respectivamente. As Figuras 14 e 15 ilustram parte da
repercussão destes atos na mídia local.
Figura 14: Reportagem veiculada em periódico que noticia a elevação de túnel verde da Rua Gonçalo
de Carvalho a status de Patrimônio Cultural, Histórico e Ecológico de Porto Alegre
Fonte: (GONÇALO..., 2006, p.16).
Figura 15: Reportagem veiculada em periódico que noticia a elevação de túnel verde da Rua Marquês
do Pombal a status de Patrimônio Cultural, Histórico e Ecológico de Porto Alegre
Fonte: (TÚNEL..., 2007, p.14).
96
Além de considerar a manifestação de interesse público na proteção do
patrimônio natural existente nas referidas vias, o aspecto histórico das composições
arbóreas existentes e os fatores cultural e educativo relacionados à valorização do
meio natural, os decretos municipais citados (PORTO ALEGRE, 2006a, 2007c,
2007d) fazem referência ao relevante papel ecológico e paisagístico dos túneis
verdes na promoção da qualidade de vida na cidade (Figura 16).
Figura 16: Imagens dos jacarandás floridos; ao centro, detalhe de flores de tipuana sobre o passeio
Considerando que os túneis verdes são resultantes de plantios antigos
realizados nos logradouros (boa parte nas décadas de 1930 e 1940) e que danos
podem ser provocados pela eventual queda de árvores, a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, a partir da Lei Municipal 551, de 8 de junho de 2006 (PORTO
ALEGRE, 2006b), estabelece a compensação do crédito tributário do Imposto sobre
Propriedade Territorial Urbana IPTU, resultante de indenização por danos em bem
imóvel localizado nestes logradouros. A regulamentação desta lei representa mais
um elemento que demonstra a identificação da relevância dos túneis verdes para a
cidade, uma vez que é criado um instrumento legal para ser aplicado em eventuais
acidentes, refletindo o interesse da administração pública na perpetuação destas
estruturas paisagísticas na malha urbana.
O somatório destes diferentes aspectos – a preocupação histórica da
administração pública municipal com a arborização viária, a identificação da
singularidade dos túneis verdes na paisagem urbana e a sua valorização pelos
cidadãos e poder público faz com que Porto Alegre seja eleita a área de estudo
desta pesquisa, uma vez que são evidentes o apreço pela arborização urbana
existente e o reconhecimento da importância dos túneis verdes como um dos vários
elementos que compõem a identidade da capital gaúcha.
97
3.2 SELEÇÃO DAS UNIDADES AMOSTRAIS – TÚNEIS VERDES E SEUS
CONTROLES
Elemento fundamental ao desenvolvimento desta pesquisa, a seleção dos
túneis verdes foi feita considerando-se dois aspectos básicos: sua relevância
histórico-cultural e sua situação na malha urbana de Porto Alegre.
Alguns túneis verdes são, reconhecidamente, importantes na identificação
de alguns bairros da cidade, sendo citados no Atlas Ambiental de Porto Alegre
(MENEGAT, 1998) e no Plano Diretor de Arborização de Vias Públicas (PORTO
ALEGRE, 2000).
A seleção dos túneis verdes objetos desta pesquisa leva em consideração
os seguintes aspectos:
a) sua inserção em macrozona plenamente urbanizada;
b) sua composição por, pelo menos, duas quadras consecutivas de densa
vegetação de porte arbóreo (critério arbitrado em função da menor
extensão de vegetação contínua apresentada por três túneis verdes
selecionados pela pesquisa);
c) sua ligação ou proximidade a uma área verde urbana de porte
parque, praça etc.;
d) a existência de rua próxima ao túnel e de mesma direção utilizada
como controle. Além da condição espacial, a rua de controle apresenta
características urbanas semelhantes às do túnel, como fluxo viário,
uso e ocupação do solo, largura de via etc., diferenciando-se,
basicamente, por ser destituída de vegetação que produz o efeito de
túnel.
Obedecendo-se os princípios apresentados, as cinco vias escolhidas para
este trabalho (Figura 17) integram a Macrozona Cidade Radiocêntrica, que se
constitui na área mais urbanizada do município (PORTO ALEGRE, 1999).
98
Legenda 1 – Rua da República 6 – Praça Isabel, a Católica
2 – Rua Tomaz Flores 7 – Parque Farroupilha – “Redenção”
3 – Rua General João Telles 8 – Parque Moinhos de Vento – “Parcão”
4 – Rua Dona Laura 9 – Praça Prof. Jacy C. Monteiro
5 – Rua Machado de Assis
Figura 17: Imagem aérea de parte da Macrozona Cidade Radiocêntrica, Porto Alegre – RS –
localização dos túneis verdes e áreas com expressiva vegetação na cidade
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
Notas: linhas vermelhas – túneis verdes
polígonos verdes – áreas com expressiva vegetação
Segundo Hickel et al. (1998), a Cidade Radiocêntrica, que abrange o
território formado pelo Centro Histórico e sua extensão até a Terceira Avenida
Perimetral (Figura 18), tem a quase totalidade de seus lotes ocupados, possuindo as
mais altas densidades e as melhores condições de infra-estrutura de Porto Alegre.
99
Legenda 1 – Centro Histórico
2 – Avenida Terceira Perimetral
Figura 18: Macrozona Cidade Radiocêntrica, Porto Alegre – RS
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
Em comparação com as demais macrozonas do município, é a que
apresenta a maior variedade de funções urbanas. Diversas são as áreas comerciais
de importância e os prédios institucionais, históricos ou de funções significativas. A
Cidade Radiocêntrica abriga também espaços blicos especiais, como os parques
Farroupilha, Moinhos de Vento, Maurício Sirotsky Sobrinho e Marinha do Brasil
(HICKEL et al., 1998).
É importante ressaltar que a existência de um tecido totalmente
urbanizado é um dos fatores condicionantes para a seleção dos cinco túneis verdes
desta pesquisa, descritos a seguir.
100
3.2.1 Rua da República – Bairro Cidade Baixa
A Rua da República inicia na Avenida João Pessoa e termina na Avenida
Praia de Belas (PMPA, 2007), junto a Praça Isabel, a Católica. De acordo com
Franco (2006), sua origem histórica remonta a 23 de outubro de 1845, quando o
Vereador Dr. Luiz da Silva Flores propõe a abertura de duas vias denominadas Rua
do Imperador e Rua da Imperatriz (atuais ruas da República e Venâncio Aires,
respectivamente). O ato marca a aproximação da visita a Porto Alegre dos monarcas
Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina.
A Câmara Municipal aprova a abertura da Rua do Imperador em 30 de
outubro de 1845 e, em 11 de dezembro de 1889, muda a sua denominação para a
atual, em homenagem à proclamação da República. A estatística predial de 1892
registra nesta via a existência de um total de 81 casas.
Atualmente, a vegetação presente na Rua da República é composta, em
quase toda a sua extensão, por exemplares da espécie Jacaranda mimosifolia, os
quais desenvolvem o efeito de túnel verde devido à proximidade dos plantios
realizados junto aos passeios (Figura 19).
Figura 19: Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na Rua da República, Bairro
Cidade Baixa, Porto Alegre – RS
101
Outro elemento vegetal significativo é o pertencente à espécie
Tipuana tipu, presente na porção oeste da via, próxima a Praça Isabela, a Católica e
que, de modo similar ao anterior, também forma um maciço vegetal que cobre a rua
e as calçadas, promovendo uma continuidade ao túnel de vegetação existente.
Dentre os túneis verdes escolhidos, este constitui o de maior extensão
(Figura 20). A Rua da República é também a única via selecionada para o estudo
que faz ligação entre duas áreas verdes da cidade, embora de características e
dimensões distintas. Esta particularidade é que motiva a realização do levantamento
da vegetação viária em toda a sua extensão de sete quadras.
Legenda 1 – Túnel verde da Rua da República 3 – Praça Isabel, a Católica
2 – Rua Luiz Afonso – controle 4 – Parque Farroupilha – “Redenção”
Figura 20: Imagem aérea parcial do Bairro Cidade Baixa, Porto Alegre – RS – com situação das vias
de estudo
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
102
A Rua Luiz Afonso (ver Figura 20, item 2) é utilizada como controle por
apresentar mesma orientação no tecido urbano e funções de uso e ocupação do
solo semelhantes, além de ser destituída de vegetação que produz o efeito de túnel.
3.2.2 Ruas General João Telles e Tomaz Flores – Bairro Bom Fim
As ruas General João Telles e Tomaz Flores iniciam na Avenida
Independência e terminam na Avenida Osvaldo Aranha (PMPA, 2007). A origem
oficial da Rua General João Telles data de 23 de outubro de 1878, quando recebe
seu primeiro nome, Rua Silveira Martins. A estatística predial de 1892 revela a
existência de 55 casas térreas e um sobrado. O logradouro tem seu nome alterado
para Rua General João Telles em homenagem ao porto-alegrense João Batista da
Silva Telles, general do exército brasileiro, por meio do Ato Municipal nº 21, de 02 de
março de 1892 (FRANCO, 2006).
A abertura da Rua Tomaz Flores ocorre em período próximo, durante a
década de 1890; entretanto, na estatística predial realizada em 1892 não existe
cadastro de edificações. Anos mais tarde, em 1917, o recenseamento municipal
relata a existência de 101 prédios que abrigam 776 habitantes. O nome da via rende
homenagem ao coronel Tomaz Thompson Flores, militar porto-alegrense falecido em
combate durante a Guerra dos Canudos, em 27 de junho de 1897 (FRANCO, 2006).
Além das proximidades espacial e cronológica das ruas, ambas
recebem, entre as décadas de 1930 e 1940, o plantio de árvores da
espécie Jacaranda mimosifolia (PORTO ALEGRE, 2000; SANCHOTENE et al.,
1998), realizado em ambos os lados das vias, produzindo atualmente o efeito de
túnel verde ao longo dos logradouros (Figuras 21 e 22).
103
Figura 21: Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na Rua General João
Telles, Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS
Figura 22: Imagem do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na Rua Tomaz Flores,
Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS
Nota: O maciço vegetal visto ao fundo corresponde ao Parque Farroupilha.
104
Estes conjuntos paisagísticos são importantes na identificação histórico-
cultural do bairro Bom Fim. Somada a este fato, a ligação na malha urbana dos
túneis a uma área verde de relevância para toda a cidade o Parque Farroupilha
(Figura 23), representa importante fator para a sua seleção como objeto desta
pesquisa.
Legenda 1 – Túnel verde da Rua Tomaz Flores
2 – Rua Santo Antônio – controle
3 – Túnel verde da Rua General João Telles
4 – Parque Farroupilha – “Redenção”
Figura 23: Imagem aérea parcial do Bairro Bom Fim, Porto Alegre – RS – com situação das vias de
estudo
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
A Rua Santo Antônio (ver Figura 23, item 2) serve de controle aos dois
túneis, por se localizar praticamente de modo eqüidistante a ambos, possuir
similaridades estruturais e apresentar vegetação arbórea rarefeita dispersa em seus
passeios.
105
3.2.3 Rua Dona Laura – Bairro Rio Branco
A Rua Dona Laura inicia junto a Rua Dr. Miguel Tostes e termina na Rua
Tito Lívio Zambecari (PMPA, 2007). Aparece na planta municipal de 1896, embora
ainda destituída de construções. O Decreto Municipal de 15 de dezembro de 1927
transfere a via da zona suburbana à zona urbana e seu nome rende homenagem a
Laura Mostardeiro, antiga proprietária da área (FRANCO, 2006).
Assim como as ruas General João Telles e Tomaz Flores, a Rua Dona
Laura também recebe o plantio de espécies arbóreas de Jacaranda mimosifolia
(Figura 24).
Figura 24: Imagens do túnel verde composto por Jacaranda mimosifolia na Rua Dona Laura,
Bairro Rio Branco, Porto Alegre – RS
Como os três túneis verdes anteriores selecionados são adjacentes ao
Parque Farroupilha, a escolha do túnel presente na Rua Dona Laura se deve,
principalmente, pela sua proximidade a outra área verde de importância para a
cidade o Parque Moinhos de Vento, ou, como é popularmente conhecido pelos
porto-alegrenses, “Parcão” (Figura 25). O controle, neste caso, apresenta a
particularidade de se situar na mesma via objeto de estudo. Isso é possível graças à
descontinuidade brusca que sofre a vegetação viária nesta rua, a partir do ponto em
que a mesma é interrompida pela Avenida Goethe (Figura 25).
Legenda 1 – Túnel verde da Rua Dona Laura 3 – Parque Moinhos de Vento – “Parcão”
2 – Rua Dona Laura – Trecho controle 4 – Av. Goethe
Figura 25: Imagem aérea parcial dos Bairros Rio Branco e Moinhos de Vento, Porto Alegre – RS – com situação das vias de estudo
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
106
3.2.4 Rua Machado de Assis – Bairro Partenon
A Rua Machado de Assis inicia na Avenida Bento Gonçalves e termina
junto a Rua Felizardo (PMPA, 2007). Seu nome presta homenagem a Joaquim Maria
Machado de Assis, jornalista, poeta e escritor nascido na cidade do Rio de Janeiro
em 1839. Esta via, localizada no Bairro Partenon, possui árvores da espécie Tipuana
tipu junto às calçadas (Figura 26).
Figura 26: Imagem do túnel verde composto por Tipuana tipu na Rua Machado de Assis, Bairro
Partenon, Porto Alegre – RS
O túnel verde da Rua Machado de Assis se destaca sobre seu entorno
imediato. A vegetação das ruas adjacentes é escassa e os lotes são praticamente
destituídos de jardins, embora sejam ocupados, em grande parte, por edificações
térreas e de uso residencial. O túnel torna-se, assim, uma estrutura singular na
paisagem (Figura 27).
107
108
Legenda 1 – Túnel verde da Rua Machado de Assis
2 – Rua Veríssimo Rosa – Trecho controle
3 – Praça Prof. Jacy C. Monteiro
Figura 27: Imagem aérea parcial do Bairro Partenon, Porto Alegre – RS – com situação das vias de
estudo
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
Outro aspecto considerado na análise é a proximidade do túnel a extensa
área verde, a Praça Prof. Jacy C. Monteiro, que apresenta quantidade de vegetação
significativa na paisagem. Obedecendo as mesmas condicionantes exigidas para o
estabelecimento de controles, é selecionada a Rua Veríssimo Rosa, localizada de
modo paralelo ao túnel, conforme demonstra o item 2 da Figura 27, anteriormente
apresentada.
Cabe ressaltar que algumas ruas que apresentam vegetação que
desenvolve efeito de túnel, e que são reconhecidas na cidade por esta
característica, são desconsideradas por este trabalho, por não apresentarem
algumas das condições necessárias anteriormente especificadas. Como exemplo
109
destes túneis, pode-se citar os presentes nas alamedas Coelho Neto e Raimundo
Corrêa (Bairro Boa Vista) e o da Rua Gonçalo de Carvalho (Bairro Independência),
sendo distintas as razões que motivam a não utilização destas vias como objeto da
pesquisa, conforme comentado a seguir.
A espécie vegetal predominante nas alamedas Coelho Neto e Raimundo
Corrêa é o plátano (Platanus acerifolia Figura 28). Vegetal exótico, de origem
indeterminada (possivelmente do Sul da Itália), é freqüentemente utilizado em
arborização urbana, principalmente em regiões de clima temperado (LORENZI et al.,
2003).
Alameda Coelho Neto Alameda Raimundo Corrêa
Figura 28: Imagens de túneis verdes compostos por Platanus acerifolia presentes no Bairro Boa Vista,
Porto Alegre – RS
O fator principal que determina a não utilização destes túneis no trabalho
é a expressiva quantidade de vegetação de porte arbóreo encontrada nos jardins
das residências e ruas próximas (Figura 29). Como um dos objetivos desta pesquisa
consiste em avaliar a importância ecológica dos túneis verdes, analisando-se a
possibilidade de constituírem corredores para a avifauna urbana, são realizadas
observações das espécies de aves que se utilizam dos túneis com diversas
110
intenções: abrigo, alimentação, descanso etc. É preciso, portanto, ser possível
afirmar que o fator atrativo das aves aos locais de estudo é onel e não a
vegetação circundante. Caso contrário, os dados obtidos a partir das observações
de campo podem ser comprometidos pela presença de aves que ocupam a região
pela significativa oferta de área verde dispersa e não em decorrência da vegetação
viária que desenvolve o efeito de túnel.
Legenda 1 – Túnel verde da Alameda Raimundo Corrêa
2 – Túnel verde da Alameda Coelho Neto
3 – Densa vegetação arbórea na Alameda Vicente de Carvalho
4 – Densa vegetação arbórea na Rua Eduardo Guimarães
5 – Vegetação arbórea dispersa em jardins e terrenos do entorno
Figura 29: Imagem aérea parcial do Bairro Boa Vista em Porto Alegre – RS
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
111
A Rua Gonçalo de Carvalho, por sua vez, é especial para a cidade de
Porto Alegre. Recentemente, em 2006, foi tombada e considerada componente do
Patrimônio Histórico, Cultural e Ecológico da Capital. A partir deste ato municipal, as
árvores estão protegidas de cortes e a rua, revestida de paralelepípedos, impedida
de ser asfaltada, permitindo a drenagem das águas pluviais.
O túnel existente na Gonçalo de Carvalho (Figura 30) é formado por
exemplares arbóreos de Tipuana tipu, de aproximadamente 18 m de altura, os quais
desenvolvem livremente suas copas em virtude do uso, desde 1994, de proteção
nos cabos da rede elétrica – rede compacta (SANCHOTENE et al., 1998).
Figura 30: Imagens do túnel verde composto por Tipuana tipu na Rua Gonçalo de Carvalho, Bairro
Independência, Porto Alegre – RS
Apesar da importância deste túnel para a cidade, sua utilização neste
trabalho foi descartada pela inexistência de rua próxima adequada para a realização
de seu controle. As vias paralelas à Rua Gonçalo de Carvalho, Rua André Poente e
Avenida Independência, apresentam algumas condições que não obedecem àquelas
determinadas para as vias controle (Figura 31).
A Rua André Poente (Figura 31, item 2), apesar de possuir altura de
edificações e fluxo viário semelhantes a Rua Gonçalo de Carvalho, orientação
112
paralela e similaridade de uso e ocupação do solo, apresenta densa arborização
viária, fator que inviabiliza a sua utilização.
Legenda 1 – Túnel verde da Rua Gonçalo de Carvalho
2 – Densa vegetação arbórea na Rua André Puente
3 – Avenida Independência
Figura 31: Imagem aérea do túnel verde da Rua Gonçalo de Carvalho, Bairro Independência, Porto
Alegre – RS
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
A Avenida Independência (ver Figura 31, item 3) possui fluxo viário muito
mais intenso que a Rua Gonçalo de Carvalho, constituindo-se em um dos principais
eixos de ligação do centro à região leste da cidade. Por ela trafegam automóveis,
táxis-lotação e linhas de ônibus, trânsito que difere da tranqüilidade característica da
Rua Gonçalo de Carvalho, que abriga, basicamente, circulação veicular de
moradores locais. Portanto, em função dos argumentos apresentados, este túnel,
apesar da importância que representa para a cidade, não foi selecionado para este
estudo.
113
3.3 OBTENÇÃO DE DADOS
Com início em 16 de janeiro de 2007 e término em 27 de dezembro do
mesmo ano, a coleta de dados em campo foi realizada em três áreas distintas,
referentes ao meio construído (ambiente urbano), à vegetação e à avifauna.
3.3.1 Obtenção de dados do ambiente urbano
Nas saídas a campo, foram realizados registros escritos da presença ou
não de rede aérea (energia elétrica, telefonia, etc.), assim como o lado da via em
que está instalada, bem como da largura dos passeios. Estes dados foram coletados
em cada rua analisada neis verdes e controles e repassados para banco de
dados criado no software Microsoft Office Access.
Em campo também foram obtidos pontos georreferenciados (em cada um
dos extremos das vias de estudo), por meio da utilização de Global Positioning
SystemGPS, com o auxílio de aparelho Etrex Garmin modelo Euro, de precisão de
15 m RMS. O lançamento destes pontos sobre as imagens corrigidas
geometricamente possui a finalidade de indicar a exatidão do processo de
georreferenciamento realizado na pesquisa.
As atividades descritas a seguir são referentes a este processo de
correção geométrica de imagens, desenvolvidas junto ao Laboratório de
Geoprocessamento e Tratamento de Imagens da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul – PUCRS em janeiro de 2008.
As imagens de satélite utilizadas neste trabalho foram obtidas a partir do
software Google Earth™ Mapping Service, disponibilizado on line na internet de
forma gratuita no endereço <http://earth.google.com/intl/pt/download-earth.html>. As
áreas de interesse foram selecionadas e salvas em um arquivo digital com extensão
JPEG
25
para sua posterior importação no software IDRISI, versão 15.0 The Andes
Edition. Este segundo software permitiu, entre várias outras ações, a elaboração de
georreferenciamento das referidas imagens. Este processo, assim como o a edição
final de cada imagem, obedeceu as etapas descritas a seguir.
25
JPEG – Joint Photographic Experts Group
114
Cada imagem foi reformatada, importada para o IDRISI em formato
RASTER
26
e separada em três diferentes bandas, pois este software não reconhece
imagens RGB (Red, Green, Blue). Este processo, denominado bipartição, permitiu o
trabalho individualizado de cada uma das bandas geradas.
A imagem contendo a banda nº 1 foi carregada e sobre ela foram
definidos cinco pontos distintos. Para cada um destes pontos gerados no IDRISI foi
criado um correspondente sobre a respectiva imagem fornecida pelo Google Earth,
cuidando-se para que a resolução e a acuracidade dos pontos fosse a melhor
possível. Crosta (1993) denomina este processo, no qual o estabelecimento de
relação entre dois sistemas de coordenadas (mapa e imagem), como correção
geométrica, reamostragem, ou ainda, georreferenciamento.
Para cada ponto obtido no Google Earth, foram registradas suas
coordenadas X (longitude) e Y (latitude), as quais foram, posteriormente, repassadas
a seus correspondentes no IDRISI. De modo semelhante, os pontos X máximo, X
mínimo, Y máximo e Y mínimo também foram obtidos para a definição do retângulo
envolvente. Com estas coordenadas, fez-se o georreferenciamento da banda 1,
em latlong (latitude e longitude); as bandas números 2 e 3 foram corrigidas
geometricamente a partir das mesmas coordenadas utilizadas pela banda inicial.
No passo seguinte, as bandas números 1, 2 e 3 tiveram suas
coordenadas transformadas de latlong para o sistema de projeção Universal
Transverse Mercator UTM, com o sistema de referência Datum Horizontal Córrego
Alegre Minas Gerais (BR_UTM_22CA_S). A composição colorida da imagem, sobre
a qual são possíveis diversas medições, resultou da reunião destas bandas de
números 1, 2 e 3 georreferenciadas em UTM.
A fim de verificar a precisão das análises e produtos cartográficos
deste trabalho, procedeu-se ao lançamento dos pontos coletados com GPS (nas
extremidades das vias de estudo) sobre as imagens que apresentam os respectivos
trechos viários. Verificada a correção do processo de georreferenciamento realizado,
foi executada a edição das imagens, a qual consistiu no acréscimo de escala gráfica,
grid, texto de coordenadas e indicação de norte cartográfico. Por fim, a imagem foi
salva em arquivo digital com extensão de BITMAP
27
, para posterior utilização no
software CorelDraw.
26
RASTER – matriz bidimensional formada por pontos individuais (pixels).
27
BITMAP – formato de imagem (criação Microsoft) onde há a representação de todos os pixels.
115
3.3.2 Coleta de dados da vegetação
Nas saídas de campo, foram utilizados os seguintes materiais: prancheta,
planilhas desenvolvidas em Excel impressas em folhas A4 (Figura 32), trena
metálica de 3 m, sacos plásticos para eventual coleta de amostras, fita adesiva e
máquina fotográfica digital marca Sony, modelo S– 500.
Nº Planilha:
LADO DA VIA EXEMPLAR ALTURA CAP PORTE
CONDIÇÕES
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
( ) E ( ) D C ( ) T ( ) R ( )
Observações: Condições - C:copa; T: Tronco; R: Raiz ; 1-Bom ; 2- Regular ; 3- Ruim
Localização do Túnel:
Data Levantamento:
1
2
3
4
5
6
7
Figura 32: Modelo de planilha utilizada para registro de amostras de vegetação presentes nos
túneis verdes
Este modelo de planilha reúne as seguintes informações:
a) no cabeçalho – localização do túnel, número da planilha e data do
levantamento;
b) no corpo – dados sobre a vegetação distribuídos nas colunas:
1
– Nº – especificação da amostra;
2
– LADO DA VIA – localização da árvore, ao lado direito ou esquerdo
da rua;
3
– EXEMPLAR – nome científico da espécie vegetal;
4
– ALTURA – maior dimensão vertical (m) do espécime;
116
5
– CAP – medida (m) da circunferência à altura do peito (a 1,30 m do
solo);
6
– PORTE – dimensão geral do espécime (pequeno – até 4 m; médio –
de 5 a 7 m; grande – acima de 7 m);
7
– CONDIÇÕES – características físicas e fitossanitárias das estruturas
vegetais, caule (C), tronco (T) e raiz (R), considerando três
categorias: boa (1), regular (2) e ruim (3).
Todos os túneis verdes e vias controle selecionados foram percorridos a
e o início das atividades foi marcado pelo registro da presença ou não de fiação
da rede técnica aérea na via. Em caso positivo, anotava-se o lado da rua onde a
fiação estava implantada (cabeçalho da planilha), junto à localização do túnel.
Para o registro dos dados da vegetação, diversos procedimentos foram
adotados. Cada árvore recebeu um número e foi identificada em nível de espécie.
Os vegetais desconhecidos foram fotografados (imagens de exemplar inteiro e
detalhes de caule e copa) e tiveram um ramo colhido e acondicionado em saco
plástico com a sua respectiva identificação (abreviatura da rua seguida da
numeração atribuída ao exemplar). Este material foi utilizado para sua posterior
classificação, contando-se com o auxílio de chave sistemática proposta por Souza e
Lorenzi (2005) e bibliografia especializada, como Lorenzi (2002a, 2002b) e Lorenzi
et al. (2003), entre outras. Plantas de menor porte, arbustivas ou trepadeiras, que se
encontravam sobre as árvores também foram identificadas, recorrendo-se a Lorenzi
e Souza (2001). Se após este trabalho de classificação a espécie vegetal
permanecesse indeterminada, era solicitado o auxílio de especialistas do Museu
Botânico Municipal de Curitiba ou do Departamento de Botânica da Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
A altura do vegetal também foi registrada, porém esta avaliação foi feita
de forma aproximada, uma vez que para realizá-la tomou-se como referência
aspectos como a altura da edificação mais próxima (considerando-se cada
pavimento com 3 m) e a proximidade às redes aéreas de serviços.
Para a obtenção dos valores relativos ao CAP, o ideal é a utilização de
fita métrica plástica, que envolve o vegetal de forma precisa. Entretanto, uma vez
que a coleta dos dados foi realizada sem o auxílio de um segundo pesquisador,
117
optou-se pela utilização de trena metálica de 3 m, que facilita a realização das
medidas por uma única pessoa. Em situações em que não foi possível envolver o
tronco da árvore com a trena para a obtenção do CAP (neste caso específico, para
árvores com CAP acima de 1,5 m), a extremidade da trena foi colada com fita
adesiva ao caule, de modo que se pudesse circundar a árvore e pegar o início da
trena fixado do outro lado, fechando a circunferência. Cuidado adicional foi tomado
para que, durante o procedimento, a trena não se inclinasse formando uma elipse,
alterando a medida. Por fim, foi realizada a classificação das condições do vegetal
em três categorias estados bom, regular ou ruim a partir dos critérios adiante
descritos.
A copa foi julgada em bom estado quando apresentava coloração
adequada própria da espécie, folhas novas, brotos e aspecto homogêneo ao longo
dos galhos de todo o vegetal. Uma copa regular foi considerada aquela que se
apresentava saudável mesmo sendo parte integrante de uma planta que havia
sofrido várias deformações por podas sucessivas, o que não acontece com as copas
consideradas ruins, que não conseguem se restabelecer destas ações.
Com relação ao caule, o ideal é que seu desenvolvimento tenha ocorrido
livremente (situação pouco comum em arborização viária), ou que possua poucas
podas de correção (para fins deste estudo, definidas, no ximo, duas). Deve ainda
estar íntegro (sem quebras e lesões resultantes do choque com veículos de grande
porte como ônibus, caminhões etc.) e não possuir necroses. Obedecidas estas
condições, o caule foi classificado em bom estado. O tronco de árvore julgado
regular foi aquele que sofreu três podas (para afastá-lo da rede técnica aérea,
marquises, telhados etc.), mas que, apesar disso, apresentava-se saudável,
permitindo o desenvolvimento pleno da copa. A designação de ruim foi atribuída
àqueles que sofreram quatro podas ou mais, apresentando lesões ou quebras
resultantes de choques com veículos, ou possuindo necroses.
A raiz (elemento possível de se avaliar se parcialmente exposto) foi
considerada em bom estado quando se encontrava inteira, sem lesões, possuindo
espaço previsto no calçamento para se desenvolver e sem conflito com redes
subterrâneas de infra-estrutura (abastecimento de água, esgotamento sanitário,
drenagem de águas pluviais, energia elétrica, gás, telecomunicações etc.) ou com
outros elementos, como meio-fio, bases de mobiliários urbanos etc. Este elemento
foi considerado em estado regular quando uma das condições acima não era
118
atendida e ruim quando duas ou mais não o eram. As informações referentes às
coletas iniciais de dados da vegetação encontram-se no APÊNDICE A deste
documento.
3.3.3 Coleta de dados da avifauna
Os dados da avifauna foram coletados a partir de observações e escutas
de vocalização (canto, chamados e pios, entre outros). Estes procedimentos foram
realizados por profissional biólogo, especialista em ornitologia, colaborador do
Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul MCTPUCRS, acompanhado de um auxiliar (alunos de graduação de
Ciências Biológicas da mesma instituição).
Os materiais essenciais utilizados nas saídas a campo foram: binóculo
marca Bushnell, modelo Marine 7x50, gravador portátil, prancheta, planilhas
desenvolvidas em Excel impressas em folhas A4 (Figura 33) e termo higrômetro
digital marca Minipa, modelo MT-241, para registro da temperatura e ambiente.
Data: Rua:
P
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Comportamento: PP=pousado no ponto; EP= entrou no ponto; AP= abandonou o ponto; CP= cruzou o ponto.
1
2
3
4
5 6 7 8
9
Figura 33: Modelo de planilha utilizada para registro da avifauna presente nos túneis verdes
119
Esta planilha possui campos para o preenchimento das seguintes
informações:
a) no cabeçalho data da saída a campo, especificação da rua
(localização do túnel verde ou seu controle), identificação do ponto de
observação, hora inicial e final da coleta de dados, nome dos
observadores que saem a campo, coordenadas e temperatura
ambiente registrada na ocasião;
b) no corpo – dados sobre avifauna distribuídos nas colunas:
1
– HORA – horário (constando de hora e minutos) em que a ave foi
visualizada e/ou escutada;
2
– ESPÉCIE – identificação do nome científico da ave;
3
– NI (Não Identificado) – em caso de não determinação da espécie, foi
feito um sinal nesta célula;
4
– ALTURA – dimensão vertical média (m) em que a ave foi observada;
5
– PP (pousada no ponto) – descreve a situação de pouso da ave;
6
– EP (entrada no ponto) – descreve o movimento de chegada da ave;
7
– AP (abandono do ponto) – descreve o movimento de saída da ave;
8
– CP (cruzamento do ponto) – descreve o movimento de passagem da
ave;
9
– espaço para possíveis observações.
O trabalho realizado em campo buscou estimar a composição e a riqueza
da avifauna nos túneis verdes e controles. Para isso, foram feitas amostragens
pontuais, matutinas (dentro de intervalo das 7h00 às 9h00), de oito minutos de
duração, baseadas em técnica descrita por Fontana (2004). É importante ressaltar
que, nos meses de outubro e fevereiro, o horário descrito acima se referiu ao real
(solar) e não ao “horário de verão”, de modo a padronizar, ao longo de todo o ano, o
período no qual foram feitas as observações, independente da estação vigente.
As observações foram realizadas, no mesmo dia, em três pontos de cada
túnel e igualmente em três pontos em seu respectivo controle nos extremos de
120
cada trecho considerado e num ponto intermediário a eles. A localização dos pontos
de coleta foi registrada tomando-se como referência a numeração predial dos
imóveis urbanos. As localizações dos pontos de observação são mostradas no
Quadro 17.
RUA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3
da República
esquina com beco¹
nº 292
ao lado da Escola
Pão dos Pobres
Luiz Afonso (controle) nº 609 nº 283
nº 133¹
Tomaz Flores nº 97 nº 219
nº 309¹
Santo Antônio (controle) nº 611 nº 733
nº 851¹
João Telles nº 167 nº 301
nº 473¹
Dona Laura
nº 354²
nº 228 nº 78
Dona Laura (controle) nº 785 nº 655
nº 546²
Machado de Assis nº 430 nº 210
nº 53³
Veríssimo Rosa (controle)
nº 67³
nº 225 nº 375
Quadro 17: Localização dos pontos de coleta de dados de avifauna presente nos túneis verdes e
controles
Notas: ¹Ponto mais próximo ao Parque Farroupilha.
²Ponto mais próximo ao Parque Moinhos de Vento.
³Ponto mais próximo à Praça Prof. Jacy C. Monteiro.
Em campo, a presença da avifauna foi registrada de duas formas
distintas, de modo individual e por contato. No primeiro caso, todas as aves foram
contadas de modo a se obter o número total de indivíduos observados. No segundo,
foi feita a anotação do contato com a espécie, independentemente do número de
animais presentes. Assim, de acordo com esta orientação, a observação simultânea
de três aves da espécie Columba livia sobre o solo resultam no registro de três
indivíduos e apenas um contato. Este procedimento é particularmente importante
para a determinação da diversidade, composição e abundância das espécies
existentes nos túneis verdes e controles. A identificação das espécies foi feita
ainda em campo pelo observador e, em caso de indeterminação, utilizado material
bibliográfico especializado como De La Peña e Rumboll (1998) e Narosky e Yzurieta
(1987).
121
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados relativos à vegetação amostrada foram analisados de formas
quantitativa e qualitativa. Ambas as análises utilizaram informações organizadas em
banco de dados criado com o auxílio do software Microsoft Office Access.
O tratamento quantitativo dos dados consistiu no cálculo dos porcentuais
de cada espécie vegetal registrada em cada túnel verde e via controle, com a
definição das totalidades das espécies, famílias e classificação entre exóticas e
nativas, de modo a gerar informações acerca da diversidade de vegetação que
compõe a arborização das ruas estudadas. O “n” total da amostra de vegetação ao
longo de todas as vias estudadas consistiu em 760 registros, mas, em decorrência
da não determinação de dois exemplares (um permaneceu sem ser identificado e
outro foi apenas identificado até o nível de Família), o “n” total final resultante foi de
758 indivíduos (Apêndice B). A partir dos resultados gerados, foi feita a análise de
agrupamento com base na similaridade da abundância da vegetação, utilizando-se o
software Biodiversity Pro 3.2 (McALEECE, 1997). O índice de associação escolhido
para o cálculo da similaridade foi o Bray-Curtis por representar uma das medidas de
distância mais robustas para ordenar correlações lineares, sendo amplamente
utilizado pelas ciências ambientais (FAITH; MINCHIN; BELBIN, 1987).
A análise qualitativa avaliou os aspectos fitossanitários dos vegetais,
formando um panorama do estado geral da arborização existente. Foram analisadas
as condições de copa, tronco e raiz e os resultados, extraídos do banco de dados
anteriormente citado, foram expressos em números absolutos e em porcentagens. A
avaliação dos troncos dos vegetais considerou duas situações: a totalidade das
amostras e a seleção de troncos com altura igual ou superior a 6 m. Neste segundo
caso, procurou-se investigar uma possível relação de conflito entre o estado
apresentado pelos exemplares e o estabelecimento da rede aérea de serviços
implantada nas vias. Os gráficos ilustrativos destes resultados foram gerados a partir
do software Microsoft Office Access e editados em CorelDRAW versão 13.0.
As anotações relativas à avifauna foram armazenadas em banco de dados
criado com o software Microsoft Office Access. Os valores referentes ao número de
contatos com as espécies e número de indivíduos observados (na sua totalidade e
em cada rua de estudo) foram apresentados em números brutos e em porcentagens.
Para padronização dos dados no cálculo das porcentagens, os registros obtidos
122
junto a Rua Santo Antônio foram multiplicados por dois, uma vez que a pesquisa
investigou cinco túneis verdes e apenas quatro vias controle. A Rua Santo Antônio é
a via selecionada neste caso por consistir em controle de dois túneis, os existentes
nas ruas General João Telles e Tomaz Flores.
Os dados brutos referentes ao número de contatos e indivíduos foram
também demonstrados para cada um dos pontos de observação definidos em cada
uma das vias. Os gráficos foram gerados utilizando-se o banco de dados criado com
o software Microsoft Office Access e as imagens foram editadas com o auxílio de um
segundo software, CorelDRAW versão 13.0. As médias dos valores de número total
de contatos e de indivíduos foram comparadas por meio de teste estatístico não
paramétrico de Mann-Whitney, uma vez que a distribuição dos dados não segue
uma distribuição normal, apresentando elevado grau de variabilidade. O teste de
Kruskal-Wallis foi utilizado nas análises das diferenças entre os dados coletados nos
três pontos de cada via. O programa utilizado em ambos os processos foi o SYSTAT
(SPSS, 2000).
Referência especial é feita a Rua Tomaz Flores cujo esforço de
levantamentos final consistiu de uma amostragem a menos do que o obtido junto às
demais vias, situação corrigida no lculo do Índice Pontual de Abundância IPA, o
qual considera a divisão do número de contatos pelo número total de pontos
amostrados em cada via (PRADO, 2008). Assim, os valores obtidos para as
espécies de aves junto a Rua Tomaz Flores foram divididos por 33 (amostragem
total de pontos na via), enquanto que os registros apresentados pelas demais ruas
foram divididos por 36 (total de pontos amostrados). A partir dos resultados gerados
foi feita a análise de agrupamento com base no número de contatos (IPA) por meio
do software Biodiversity Pro 3.2 (McALEECE, 1997). O índice de associação
utilizado no cálculo da similaridade foi o Bray-Curtis.
O software Microsoft Office Access foi utilizado também para o
estabelecimento de relação entre o número de registros de contatos com as aves e a
sazonalidade. No processo, o período de doze meses de levantamentos foi dividido
em quatro trimestres, salientando-se a estação predominante de cada período:
a) trimestre – janeiro, fevereiro e março (verão);
b) trimestre – abril, maio e junho (outono);
c) 3° trimestre – julho, agosto e setembro (inverno);
d) trimestre – outubro, novembro e dezembro (primavera).
123
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o intuito de organizar as informações deste capítulo, os resultados
obtidos foram divididos em três itens: referentes ao ambiente urbano, à vegetação
e à avifauna. Os objetivos específicos descritos na seção 3 Procedimentos
Metodológicos foram tratados dentro destes itens da seguinte forma:
a) ambiente urbano relacionado à caracterização da estrutura da
cidade (macrozonas) e definição das áreas de estudo, identificação e
seleção dos túneis verdes e vias controle e verificação do papel
desempenhado pelos túneis verdes como ligação entre áreas de
relevância ambiental existentes na cidade (objetivos específicos a, b,
c, f);
b) vegetação – voltado à caracterização dos tipos vegetais que compõem
os túneis verdes e vias controle (objetivo d);
c) avifauna referente à caracterização, quanto à diversidade e
composição das espécies de avifauna que se utilizam dos túneis
verdes (objetivo e).
A análise do papel destas composições vegetais na promoção da
ocupação de ambiente intensamente urbanizado por diferentes espécies da avifauna
(objetivo g) foi elaborada a partir da reunião das informações obtidas nos itens
anteriormente descritos.
124
4.1 AMBIENTE URBANO
A utilização de aparelho GPS nesta pesquisa possuía, inicialmente, dois
propósitos distintos. O primeiro deles consistia na obtenção de coordenadas
geográficas, junto aos túneis verdes e seus controles, para o posterior lançamento
destes pontos sobre as imagens de satélite georreferenciadas.
A preocupação em adotar tal procedimento originou-se da impossibilidade
de acesso a imagens de satélite georreferenciadas com precisão, como é o caso de
imagens Landsat
28
, e o único material disponível ter sido obtido por meio do software
gratuito Google Earth™ Mapping Service. Apesar deste software fornecer imagens
com boa resolução para estudos urbanos, o desconhecimento dos elipsóides de
referência utilizados no georreferenciamento de suas imagens impossibilita a
aplicação de fatores de correção sobre possíveis erros. Assim, o lançamento dos
pontos coletados nas vias com o auxílio de aparelho de GPS serviu como uma
medida alternativa para verificação da exatidão do processo de reamostragem de
imagens realizado pela pesquisa (figuras apresentadas na subseção 3.2 Seleção
das unidades amostrais – túneis verdes e seus controles).
A aplicação do procedimento de reamostragem, com o lançamento de
quatro pontos sobre as respectivas imagens contendo as vias de estudo, fez surgir
uma situação recorrente: o deslocamento dos pontos sobre o eixo X, em direção à
esquerda, avançando sobre os lotes edificados. A variação do deslocamento dos
pontos oscilou nas diferentes imagens, porém ficou compreendida num intervalo
entre 9,5 m e 15 m (medidas aproximadas das distâncias dos pontos situados no
interior dos lotes até o passeio, onde as coordenadas foram obtidas). O possível
deslocamento sobre o eixo Y não pôde ser estimado por este critério. A Figura 34
exemplifica esta situação, exibindo o deslocamento dos pontos sobre as vias de
estudo localizadas no Bairro Bom Fim, em Porto Alegre.
28
Landsat – Satélite que orbita a uma altitude de 705 km e velocidade de 7,7 km/s; tempo de captura
de cada cena de 24 segundos e observação de cada área a cada 16 dias (INPE, 2006).
125
Figura 34: Exemplo do lançamento de pontos colhidos em campo com GPS (em azul) para avaliação
das imagens georreferenciadas no estudo
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
Notas: 1 – Túnel verde da Rua Tomaz Flores.
2 – Rua Santo Antônio – controle.
3 – Túnel verde da Rua General João Telles.
4 – Parque Farroupilha – “Redenção”.
Os erros constatados de georreferenciamento no estudo podem ser
resultantes das imagens obtidas junto ao software Google Earth (e aos pontos de
coordenadas por ele definidos), à (im)precisão dos dados colhidos com aparelho
GPS, ou ainda (e mais provável) da combinação destes dois fatores. No trabalho, foi
mantida a utilização das imagens corrigidas geometricamente, uma vez que os erros
observados obedeceram a um mesmo padrão nas diferentes imagens e nenhuma
outra fonte de imagens de satélite tornou-se possível no decorrer da pesquisa.
Após a verificação do grau de exatidão do processo de
georreferenciamento realizado no trabalho, foi selecionada a imagem contendo a
área correspondente à Cidade Radiocêntrica. Os parques, túneis verdes e vias
controle foram identificados e suas distribuições na malha urbana analisadas. A
referida imagem, corrigida geometricamente, foi utilizada para a medição das
distâncias entre as áreas de estudo e na elaboração de representação esquemática
126
de sua espacialidade, conforme a apresentada por Fernández-Juricic (2000). A
Figura 35 ilustra o resultado obtido e indica os quatro trechos que foram alvo de
medições (letras A, B, C e D).
Legenda:
Parques urbanos
Ruas arborizadas (túneis verdes)
Ruas com pouca vegetação (controle)
Distâncias entre túneis verdes
Figura 35: Representação esquemática da distribuição das áreas de estudo em Porto Alegre – RS
Fonte: Adaptada de Google EarthMapping Service (2008).
Os trechos representados pelas letras A, B, C e D (ver Figura 35)
compreendem as seguintes distâncias:
a) trecho A – 382,90 m;
b) trecho B – 437,86 m;
c) trecho C – 2.870,78 m;
d) trecho D – 3.467,07 m.
A representação esquemática dos parques, túneis verdes e vias controle
demonstram a ausência de continuidade física entre estas estruturas. A esperada
127
descontinuidade espacial apresentada e as distâncias registradas, entretanto, não
devem representar obstáculo significativo às aves que utilizam os túneis verdes
como corredores de deslocamento, uma vez que a aptidão ao vôo lhes confere
maior capacidade de movimentação. A inserção, entretanto, de novos túneis verdes
na matriz construída é recomendada, pois deve facilitar a circulação das espécies,
potencializando a ocupação do ambiente urbano pela avifauna.
O segundo propósito da utilização de aparelho GPS no trabalho era o de
se obter a localização geográfica de cada exemplar vegetal presente nos neis
verdes e controles. Estas informações seriam utilizadas na construção de mapas
demonstrativos da distribuição da vegetação nas referidas vias, proposta que foi
descartada após o levantamento de campo e discussões sobre os resultados
parciais até então obtidos. O maior problema enfrentado na coleta destes dados foi a
dificuldade de manter constante os sinais de satélite para o adequado
funcionamento do aparelho GPS, quando a coleta dos pontos avançava para o
interior das quadras. O ambiente urbano da pesquisa apresenta ruas com larguras
que variam, em média, de 7 a 9 m e que, em parte das vezes, o ladeadas por
edificações com mais de quatro pavimentos. Soma-se a isto, o fato de que a leitura
dos pontos era feita junto ao tronco das árvores, sob a copa densa dos vegetais,
tornando ainda mais restrito o acesso à área de céu visível. Com o desaparecimento
de um ou mais sinais de satélite, o aparelho passava a apresentar erro de leitura
superior a 10 m, chegando, em algumas situações, a alcançar 33 m, o que
provocava a sobreposição das coordenadas lidas, inviabilizando a obtenção das
informações. Após várias tentativas, e de terem sido colhidas as coordenadas de
todos os vegetais existentes nas ruas Santo Antônio e General João Telles, optou-se
por não efetuar mais este tipo de levantamento em função da falta de confiabilidade
apresentada por uma parcela significativa dos dados obtidos.
128
4.2 VEGETAÇÃO
A coleta de dados da vegetação ocorreu nos meses de março, abril, maio,
setembro, outubro e dezembro de 2007, totalizando 13 dias de atividades, com 9
horas diárias de levantamentos, perfazendo um total de 117 horas de trabalho. A
coleta destes dados não obedeceu a uma periodicidade, uma vez que este fator não
era relevante para o levantamento das espécies vegetais existentes nas vias
diferentemente do que ocorre com a coleta de dados da avifauna.
Os levantamentos da vegetação realizados abordaram questões de
taxonomia e contemplaram avaliações quantitativas e qualitativas, sugeridas por
Milano e Dalcin (2000). Estes critérios conduziram para uma leitura da situação real
da arborização, reunindo subsídios para possíveis intervenções futuras sobre a
mesma. Como resultado dos levantamentos da composição vegetal de cinco túneis
verdes e quatro trechos controle situados na macrozona Cidade Radiocêntrica em
Porto Alegre, tem-se o registro de 760 exemplares vegetais (Tabela 3).
Tabela 3 – Número de exemplares vegetais alvo de levantamentos e sua densidade por via
VIA ALVO DE
LEVANTAMENTO
A –
Nº EXEMPLARES
VEGETAIS
B –
COMPRIMENTO
DA VIA¹ (m)
DENSIDADE DA
VEGETAÇÃO²
(A / B)
Rua General João Telles 99 573,28 0,17
Rua Tomaz Flores 89 416,31 0,21
Rua Santo Antônio (controle) 23 485,29 0,05
Rua da República 177 911,64 0,19
Rua Luiz Afonso (controle) 57 701,28 0,08
Rua Dona Laura 79 574,01 0,14
Rua Dona Laura (controle) 42 396,90 0,10
Rua Machado de Assis 81 350,54 0,23
Rua Veríssimo Rosa (controle) 113 351,79 0,32
TOTAL
760
Notas: ¹Dados obtidos a partir de imagens georreferenciadas pelo estudo.
²Densidade de vegetação conforme Fernández-Juricic (2000).
De acordo com os dados reunidos no Apêndice B, a flora existente junto
ao nel verde da Rua General João Telles (avaliados 99 exemplares) é composta
129
por 19 diferentes espécies (pertencentes a 14 famílias botânicas), sendo 9 exóticas
(89,9% dos exemplares avaliados); a espécie de maior ocorrência é a
Jacaranda mimosifolia (família Bignoniaceae), tendo sido contabilizadas 73 árvores,
correspondendo a 73,7% dos elementos vegetais presentes na via.
A Rua Tomaz Flores apresenta, conforme demonstrado no Apêndice B,
um total de 89 exemplares vegetais, pertencentes a 9 espécies (6 famílias) das quais
6 são exóticas (freqüência relativa de 94,4% dos indivíduos); a maior incidência é de
vegetais da espécie Jacaranda mimosifolia (família Bignoniaceae) com o registro de
76 árvores, as quais representam 85,4% dos exemplares vegetais existentes nesta
rua.
A Rua da República, túnel de maior extensão estudado na pesquisa (ver
Tabela 3), apresenta um total de 177 exemplares vegetais; entretanto, um destes
elementos foi desconsiderado nesta análise pelo fato ter sido parcialmente
identificado (somente até o grupo sistemático de família), sem haver a definição de
sua procedência, o que resultou numa amostra numérica final de 176 indivíduos.
Estes o integrantes de 24 espécies (16 famílias), sendo 12 exóticas e 12 nativas.
Apesar deste aparente equilíbrio, o número de exemplares registrados nestas
categorias é bastante diverso (148 exemplares exóticos 84,1% contra apenas 28
nativos – 15,9%). De modo idêntico aos túneis verdes anteriores, a espécie de maior
representatividade é a de Jacaranda mimosifolia (família Bignoniaceae) tendo sido
identificados 119 exemplares, ou seja, 67,6% dos espécimes vegetais da Rua da
República – Apêndice B).
O Apêndice B demonstra ainda que os 79 exemplares vegetais presentes
no túnel verde da Rua Dona Laura se distribuem em apenas 7 diferentes espécies
(7 famílias), das quais 4 são exóticas, num total de 74 indivíduos (93,7% dos
exemplares). A espécie vegetal de maior incidência no túnel (70 exemplares –
88,6%) é a Jacaranda mimosifolia (família Bignoniaceae).
Os 81 indivíduos avaliados no túnel verde da Rua Machado de Assis
(Apêndice B) pertencem a 7 espécies (6 famílias), sendo 4 exóticas (78 indivíduos
96,3%) e 3 nativas (3 indivíduos 3,7%). O maior número de registros efetuados
corresponde a exemplares de Tipuana tipu (família Fabaceae), com 72 exemplares,
compreendendo 88,9% das espécies analisadas na via.
A Rua Santo Antônio (controle dos túneis verdes das ruas General João
Telles e Tomaz Flores) apresenta 23 indivíduos, dos quais 16 (69,6%) pertencem a 5
130
espécies exóticas e os 7 indivíduos restantes (30,4%) correspondem a 3 espécies
nativas, num total de 8 diferentes espécies oriundas de apenas 5 famílias botânicas,
sendo Lagerstroemia indica (família Lythraceae) a de maior representatividade na
via, num total de 6 exemplares – 26,1% (Apêndice B).
Conforme o Apêndice B, tem-se na Rua Luiz Afonso (controle da Rua da
República) 57 exemplares vegetais pertencentes a 15 espécies (10 famílias), das
quais 9 (51 indivíduos 89,5%) correspondem a exóticas e 6 (6 indivíduos 10,5%)
a nativas. O vegetal com maior freqüência na via é Lagerstroemia indica (família
Lythraceae), totalizando 25 indivíduos (43,8% dos espécimes registrados).
O trecho controle da Rua Dona Laura apresenta 42 indivíduos,
constituindo uma amostra de 14 diferentes espécies vegetais (10 famílias), sendo 7
exóticas (24 indivíduos 57,1%) e 7 nativas (18 exemplares 42,9%). Quanto à
maior incidência na via, houve duas espécies exóticas que se destacaram: o
Ligustrum lucidum (família Oleaceae, com 8 exemplares 19,0%) e
Lagerstroemia indica (família Lythraceae, com 7 indivíduos – 16,7% – Apêndice B).
A Rua Veríssimo Rosa (controle do túnel verde existente na Rua Machado
de Assis) apresenta elevado número de indivíduos, num total de 113 registros.
Entretanto, em função de não ter sido possível realizar a identificação taxonômica de
uma amostra, o número final de exemplares nesta avaliação se reduziu a 112. Na
via são encontradas 25 espécies de plantas (16 famílias) distribuídas entre 17
exóticas (97 exemplares 86,6%) e 8 nativas (15 exemplares 13,4%). A espécie
Lagerstroemia indica (família Lythraceae, com 36 indivíduos 32,1% das amostras)
é a de maior incidência na via (Apêndice B).
O somatório dos resultados obtidos em todas as vias, túneis verdes e
controles, demonstra a existência de 61 espécies de vegetais, 25 nativas e 36
exóticas, pertencentes a 33 famílias botânicas distintas (Apêndice C).
A análise comparativa destes resultados, considerando a similaridade da
abundância da vegetação encontrada nos corredores verdes e controles, mostra que
os corredores verdes mais semelhantes o os existentes nas ruas Tomaz Flores e
Dona Laura, com 89,7% de similaridade e que, entre os controles, o maior grau de
similaridade é constatado entre as vias Santo Antônio e Dona Laura, com
porcentagem de 61,9% (Figura 36 e Apêndice D). A Figura 36 ilustra a formação de
apenas um grupo de vias com alto grau de semelhança (85,5%), composto pelas
ruas General João Telles, Tomaz Flores e Dona Laura, grupo similar em 62,1% a
131
Rua da República. A Rua Machado de Assis é a que mais se difere, chegando a
apresentar 0% de similaridade com o túnel da Rua Tomaz Flores (Figura 36 e
Apêndice D).
Figura 36: Análise de agrupamento com base na similaridade da abundância da vegetação
Notas: MA - Machado de Assis; SA_C - Santo Antônio; DL_C - Dona Laura controle;
VR_C - Veríssimo Rosa; LA_C - Luiz Afonso; RE - República; JT - General João Telles;
TF - Tomaz Flores; DL - Dona Laura.
A baixa diversidade de espécies vegetais constatada (identificadas
apenas 61 espécies distintas pertencentes a 33 famílias botânicas) é verificada
principalmente entre os túneis verdes, sendo que os existentes nas ruas Dona Laura
e Machado de Assis são os que evidenciam a menor diversidade de espécies entre
todas as ruas analisadas (apenas 7 espécies vegetais em cada trecho pesquisado
Apêndice B). Esta situação tem origem na própria definição do projeto paisagístico
implantado nas ruas que objetivou a formação dos neis verdes nas décadas de
1930 e 1940 (PORTO ALEGRE, 2000 e SANCHOTENE et al., 1998).
As espécies vegetais predominantes nos cinco túneis pesquisados
registram porcentagens que oscilam de 67,6% (Jacaranda mimosifolia na Rua da
República) até 88,9% de ocorrência (Tipuana tipu na Rua Machado de Assis),
valores superiores aos máximos recomendados por Mock (2004) para a constituição
de florestas urbanas (10% de uma mesma espécie e 30% de uma mesma família
botânica). Entre as vias controle, a densidade da vegetação diminui, porém a
heterogeneidade de espécies e famílias botânicas aumenta, possivelmente em
132
decorrência da participação autônoma dos moradores locais no plantio de árvores
junto aos logradouros, o que acaba refletindo sobre a composição da vegetação.
Quanto à origem da vegetação, observa-se uma proporção elevada de
espécies exóticas nas vias, contrariando a orientação atual definida no Plano Diretor
de Arborização de Porto Alegre (PORTO ALEGRE, 2007a), a qual recomenda a
implantação de um percentual mínimo de 70% de espécies nativas. A porcentagem
de espécies exóticas encontrada oscila de 57,1% (Rua Dona Laura controle) até
96,3% (Rua Machado de Assis) sendo que o cálculo da média entre as nove vias
pesquisadas alcança 84,6%. Esses valores elevados chamam a atenção para a
necessidade de se buscar a implantação de vegetação nativa na paisagem urbana,
conforme defendido por Reis et al. (2003b) e Sanchotene (1990), buscando-se a
estabilidade e a preservação da floresta urbana e da biodiversidade (PORTO
ALEGRE, 2007a).
Importante salientar que o aumento do emprego de vegetação nativa não
representa, de forma alguma, a extinção dos túneis verdes. O processo de
implantação destes corredores urbanos de vegetação deve apenas considerar o
incremento da diversidade de espécies implantadas nos logradouros, por meio da
utilização de vegetais nativos de diversos portes. A busca da redução do grau de
similaridade da vegetação existente nas vias, por meio do plantio de ampla gama de
espécies, contribui para o aumento da sua complexidade, fator especialmente
importante para a criação de novos hábitats para a avifauna, conforme citado por
Fernández-Juricic (2000).
Além da questão que envolve elementos quantitativos da vegetação,
aspectos de ordem qualitativa também devem ser alvo de atenção na formação e
manutenção das florestas urbanas, motivando a análise das condições dos vegetais
nas vias de estudo. Os resultados de natureza qualitativa dos túneis verdes e
controles relativos às condições de copa, tronco e raiz das espécies vegetais são
descritos a seguir.
Condições de copa –
Em quatro dos cinco túneis verdes estudados, a classificação de copa
regular é a de maior incidência entre os vegetais (em indivíduos arbustivos foi
analisada a massa foliar). As ruas Tomaz Flores, General João Telles, República e
Machado de Assis apresentaram, respectivamente, 58 (65,2%), 51 (51,5%), 101
133
(57,0%) e 42 (51,8%) indivíduos com copas regulares. A exceção foi o túnel verde
situado a Rua Dona Laura, cuja maioria dos exemplares vegetais (num total de 45
57,0%) tem suas copas avaliadas como boa (Figura 37).
Em todas as vias controle, a avaliação de copa na categoria boa é a de
maior freqüência: ruas Dona Laura 35 (83,3%), Santo Antônio 19 (82,6%), Luiz
Afonso 34 (59,6%) e Veríssimo Rosa 60 (53,1%). O critério de copa em estado
ruim apresenta baixa incidência entre as árvores avaliadas, com uma porcentagem
máxima de 21,2% dos exemplares entre os túneis verdes (Rua General João Telles)
e 14,1% entre os controles (Rua Veríssimo Rosa), não tendo sido feito nenhum
registro na Rua Santo Antônio (Figura 37).
Figura 37: Classificação das condições de copa apresentadas pelos vegetais existentes nos túneis
verdes e ruas controle
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Condições de tronco –
A classificação de tronco em estado regular é a situação de maior
freqüência entre os vegetais existentes nos túneis verdes (quatro em cinco
analisados): Dona Laura 34 (43,0%), Tomaz Flores 49 (55,0%), General João
Telles 50 (50,5%) e Machado de Assis 47 (58,0%). A exceção cabe a Rua da
134
República, onde o maior grupo verificado é o de árvores que têm seus troncos
classificados como ruins (77 – 43,5% – Figura 38).
Entre os controles, as três condições boa, regular e ruim se
destacaram: boa ruas Dona Laura (27 64,3%) e Santo Antônio (14 60,9%);
regular Luiz Afonso (23 40,3%); ruim Veríssimo Rosa (46 40,7%).
Entretanto, na Rua Veríssimo Rosa este resultado quase se iguala às avaliações
positivas (45 exemplares vegetais, ou seja, 39,8% das amostras com troncos em
bom estado – Figura 38).
Figura 38: Classificação das condições de tronco apresentadas pelos vegetais existentes nos túneis
verdes e ruas controle
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Entre os túneis verdes, a maior parte da vegetação apresenta copas e
troncos regulares, enquanto que nas vias controle o predomínio de vegetais com
copas em bom estado. Em relação a avaliação dos troncos da vegetação das vias
controle, as três condições propostas se destacam (bom, regular e ruim).
Enquanto a análise das copas dos vegetais demonstra um baixo índice de
avaliações negativas, a porcentagem de troncos classificados como ruins cresce
significativamente, tanto nos túneis como nas vias controle (Tabela 4).
135
Tabela 4 – Análise qualitativa da vegetação dos túneis verdes e vias controle baseada em
porcentagens (%) de avaliações negativas de copas e troncos
DL DL_C TF JT SA_C RE LA_C MA VR_C
copa 10,1 4,8 16,8 21,2 0,0 7,9 10,5 4,9 14,1
tronco 39,2 16,6 33,7 34,3 13,0 43,5 26,3 13,6 40,7
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
A análise das condições dos troncos dos vegetais numa segunda situação
(selecionados apenas exemplares com alturas iguais ou superiores a 6 m e que por
esta razão podem ter conflitos com redes reas de serviços) resulta numa
expressiva diminuição no tamanho das amostras iniciais nas vias controle, com “n”
total reduzindo-se a menos da metade do valor apresentado inicialmente (Tabela 5).
Tabela 5 – Comparativo de porcentagens (avaliações negativas em troncos - ruins) em
amostras totais e com seleção de vegetais com altura superior ou igual a 6 m
DL DL_C TF JT SA_C RE LA_C MA VR_C
tronco -
amostra
total
%
ruim
79
39,2
42
16,6
89
33,7
99
34,3
23
13,0
177
43,5
57
26,3
81
13,6
113
40,7
tronco -
amostra
h > = 6
%
ruim
72
41,7
19
31,6
77
39,0
88
36,4
7
28,6
146
49,3
14
35,7
75
14,7
36
36,1
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
A Tabela 5 demonstra ainda que, com exceção da Rua Veríssimo Rosa,
as porcentagens de avaliações ruins se elevam nesta situação, sendo o
crescimento mais expressivo entre as vias controle. Estas e demais variações
expressas em números absolutos são ilustradas na Figura 39.
136
Figura 39: Classificação das condições de tronco apresentadas pelos vegetais existentes nos túneis
verdes e ruas controle – análise de exemplares com altura igual ou superior a 6 m
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
De forma geral, as vias controle apresentam indivíduos mais preservados
(copas e troncos), o que pode ser atribuído à menor estatura da vegetação presente.
A seleção de exemplares com porte igual ou superior a 6 m reduz significativamente
a amostra de indivíduos nas vias controle (menos da metade da amostra),
apontando para a existência de uma vegetação de porte inferior àquela existente
nos túneis verdes. Cabe lembrar que a arborização que desenvolve altura superior a
5 m alcança a rede de serviços aérea e está sujeita a podas de condução pelas
concessionárias, processo que deforma os vegetais e, em vários casos, compromete
sua integridade e desenvolvimento. Os dados coletados junto à Rua da República
(túnel verde) corroboram para esta explicação, uma vez que esta é a única via que
possui rede de serviços aérea em ambos os passeios, sujeita a podas freqüentes,
fator que contribui para que a maior parte da vegetação seja classificada com
troncos ruins (ver Figura 38).
Entretanto, a Rua Veríssimo Rosa parece contrariar a associação entre
“porte do vegetal X condições do tronco”, possivelmente em função de podas
realizadas sobre a vegetação independentemente do porte apresentado. Esta
situação é observada em toda a extensão da via e foi, inclusive, objeto de
reclamações de alguns moradores locais durante a execução do trabalho.
137
Condições de raiz –
A análise das condições das raízes dos vegetais existentes nos túneis
verdes e vias controle foi possível nas situações em que estas encontravam-se
parcialmente expostas sobre os passeios. A Figura 40 demonstra que a grande
maioria dos exemplares, tanto nos túneis verdes como nas vias controle, possui
raízes ocultas, ou seja, desenvolveram-se penetrando verticalmente no solo ou sob
o calçamento, mas sem danificá-lo. Nas situações em que as raízes dos vegetais
encontraram espaço adequado para o seu desenvolvimento e não estavam em
conflito com redes subterrâneas de infra-estrutura, não foi aplicada a avaliação
segundo os critérios de boa, regular e ruim. As vias que apresentam o maior número
de indivíduos classificados segundo estas três categorias (apenas 31 avaliações)
são a Rua da República (túnel formado por Jacaranda mimosifolia) e a Rua
Machado de Assis, que consiste em túnel formado, basicamente, por Tipuana tipu.
Figura 40: Classificação das condições de raiz apresentadas pelos vegetais existentes nos túneis
verdes e ruas controle
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; TF - Tomaz Flores; JT - General João Telles;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Cabe comentar que na Rua da República foram efetuados 31 registros de
avaliações de raízes sobre um total de 177 exemplares vegetais e na Rua Machado
de Assis, sobre 81 exemplares. Neste aspecto, a Rua Machado de Assis se destaca
como a via que apresenta a maior proporção de casos de condições inadequadas
138
das raízes dos vegetais, situação que pode ser parcialmente explicada pela maior
necessidade de área disponível para o crescimento das raízes de Tipuana tipu,
espécie de grande porte que compõe 88,9% dos registros de vegetação efetuados
na via.
Alguns dos problemas recorrentes em arborização urbana, como
inadequação de passeios e conflito com rede de serviços, também presentes nos
túneis verdes e nas vias controle, são ilustrados no Quadro 18.
(continua)
Exemplar TF 113 Exemplar RE 317
danos sobre J. mimosifolia provavelmente
causados pelo choque com caminhões
poda radical em exemplar de J. mimosifolia para
liberação de fiação aérea
Exemplar TF 154 Exemplar TF 154
ausência de área disponível para crescimento de
tronco e adequada infiltração de água no solo
proximidade excessiva do vegetal (seta) às redes
de serviços (A – esgoto; B – telefonia)
Quadro 18: Exemplos de alguns problemas encontrados em túneis verdes de Porto Alegre – RS
139
(conclusão)
Exemplar MA 232 Exemplar MA 234
falta de espaço nos passeios para o desenvolvimento adequado de raízes
(nas imagens, exemplares de T. tipu)
Quadro 18: Exemplos de alguns problemas encontrados em túneis verdes de Porto Alegre – RS
Embora a realização de levantamento quali-quantitativo da vegetação
existente sobre as árvores presentes nos túneis verdes não tenha sido definido
como objetivo desta pesquisa, foi possível se observar, durante as saídas de campo,
grande quantidade de vegetais sobre os exemplares de Jacaranda mimosifolia e
Tipuana tipu, ambos tipos arbóreos formadores dos túneis verdes. Todas as árvores
pertencentes a estas duas espécies, com CAP superior a 1 m, apresentam uma ou
mais espécies de vegetais sobre a superfície de seus troncos ou ramos.
Entre a diversidade de plantas encontradas estão as pteridófitas
Microgramma squamulosa (vegetal mais vezes observado), Nephrolepsis sp. e
Rumohra adiantiformis, e as angiospermas Rhipsalis baccifera (cacto-macarrão),
Hylocereus undatus (rainha-da-noite), Tillandsia stricta (cravo-do-mato),
Schefflera arboricola (cheflera-pequena), Ficus pumila (unha-de-gato),
Syngonium angustatum (singônio) e até vegetais de porte arbóreo como
Ficus enormis (figueira). O epifitismo
29
desenvolvido por estas espécies não
representa ameaça à integridade das árvores e torna mais complexa a composição
vegetal dos túneis verdes, criando uma estratificação vertical útil aos pássaros e
artrópodes. Com isso amplia-se a disponibilidade de flores e frutos ao longo do ano,
a oferta de palha para a construção de ninhos e locais para abrigo e refúgio para
várias espécies. O Quadro 19 ilustra algumas das espécies vegetais encontradas
sobre as tipuanas e jacarandás existentes nos túneis verdes visitados.
29
Epifitismo – relação harmônica entre indivíduos na busca de proteção, abrigo ou maior acesso à luz
solar.
140
Exemplar MA 220 Exemplar MA 277
Rhipsalis baccifera sobre T. tipu
cactácea herbácea epífita que produz frutos
brancos e arredondados atrativos à avifauna
T. tipu como suporte a outros vegetais como
Tillandsia stricta (bromélia cujas flores atraem
beija-flores) e Hylocereus undatus (cactácea de
flores noturnas e frutos comestíveis)
Exemplar JT 39 Exemplar JT 98
ramo de J.mimosifolia recoberto por
Microgramma squamulosa (Pteridophyta);
ao centro e pendente, exemplar de
Rhipsalis baccifera
Ficus enormis (seta) sobre J. mimosifolia
figueira cujos frutos amadurecem nos meses de
dezembro e janeiro, atraindo várias espécies de
pássaros
Quadro 19: Exemplos de vegetais não parasitas encontrados sobre exemplares de Tipuana tipu e
Jacaranda mimosifolia presentes nos túneis verdes
141
A altura da vegetação, o formato da copa e as características do sistema
radicial o alguns dos elementos qualitativos dos vegetais que devem ser
considerados na seleção das espécies adequadas à arborização urbana,
principalmente a viária (BIONDI, 2000). É correto afirmar que quanto maior o porte
do exemplar, maior será a chance de interferência sobre os demais serviços
urbanos, considerando-se a arborização como um elemento da infra-estrutura da
cidade (GIRLING; KELLETT, 2005; WOLF, 2004). Entretanto, a utilização apenas de
exemplares de porte reduzido não se constitui na melhor solução, uma vez que
grande parcela dos benefícios gerados pela arborização está diretamente associada
à massa foliar dos vegetais (BIONDI, 2000; BIONDI; ALTHAUS, 2005; GIRLING;
KELLETT, 2005; MAGALHÃES, 2001; MASCARÓ; MASCARÓ, 2002; MOLNAR;
RUTLEDGE, 1971; SANCHOTENE et al., 1998; SOUTO, 2002; TRINDADE [200-]).
É importante ressaltar também que a arborização de grande porte é a que reúne as
condições físicas para suporte a outras espécies vegetais, ampliando a
complexidade da floresta urbana (ver Quadro 19). As contribuições prestadas pela
vegetação em ambientes urbanos devem impulsionar a busca de alternativas para
as situações que representam conflitos entre os diversos serviços de infra-estrutura,
como é o caso, por exemplo, da adoção de rede compacta para distribuição de
energia elétrica, no intuito de reduzir o número de podas, mantendo a integridade
dos vegetais de porte arbóreo que se encontrem nos logradouros sob a fiação.
A adoção de condutas voltadas ao gerenciamento da vegetação urbana
passa, obrigatoriamente, pelo reconhecimento da relevância do elemento vegetal
como componente do espaço urbano, estruturador da paisagem, como agente que
qualifica o ar, o clima, o solo e a ambiência urbana de um modo geral e de igual
importância aos demais serviços de infra-estrutura. A utilização de processos
dinâmicos de planejamento fundamentados em proposta de Milano (1987
30
apud
MILANO, 1990), e adotado parcialmente pela cidade por Porto Alegre, consiste
em exemplo positivo da sistemática a ser implantada nas cidades, elevando a
arborização ao patamar dos demais serviços de infra-estrutura, consolidado seu
papel como um instrumento de gestão urbana.
30
Ver MILANO, M. S. Planejamento e replanejamento de arborização de ruas. In: ENCONTRO
NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2., 1987, Maringá. Anais... Maringá: Prefeitura
Municipal de Maringá, 1987. p. 64.
142
4.3 AVIFAUNA
A coleta de dados da avifauna teve início em janeiro de 2007 e término
em março de 2008, sendo realizada mensalmente nos túneis verdes e controles. As
vias que não puderam ser avaliadas em janeiro, fevereiro e março de 2007 (quando
do início das atividades e estabelecimento do método e equipes) foram visitadas nos
mesmos meses no ano subseqüente, em 2008, de forma a se obter 12 meses de
coleta de dados e contemplando as quatro estações do ano. Cabe ressaltar que a
Rua Tomaz Flores consiste em exceção quanto ao número total de levantamentos
realizados, uma vez que foram possíveis 11 visitas ao local, em decorrência das
freqüentes chuvas registradas no mês de junho de 2007, as quais impossibilitaram o
trabalho nesta via durante o período. Os corredores verdes e vias controle,
organizados em quatro grupos distintos, exigiram um esforço total de 48 manhãs de
atividades.
Uma avaliação preliminar da amostra total de registros obtida ao término
da coleta de dados (3.269 contatos, totalizando 5.645 indivíduos pertencentes a 39
espécies de 20 famílias) demonstra a existência de um elevado número de aves que
se encontravam cruzando os pontos de observação em grandes altitudes. Como não
é possível estabelecer uma relação entre a presença destas espécies (que apenas
sobrevoam as vias de estudo) com a existência dos corredores de vegetação ou
com as vias controle, optou-se pela eliminação de todos os registros referentes às
aves observadas nesta condição, mantendo-se na pesquisa apenas as espécies que
se encontravam sobre o solo, pousadas sobre a vegetação ou em vôos até uma
altura de 30 m e registradas no interior de um raio de a50 m do observador. Entre
as espécies excluídas da amostra inicial citada estão o papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva Psittacidae), o maçarico-de-cara-pelada (Phimosus infuscatus
Threskiornithidae), o quiriquiri (Falco sparverius Falconidae) e o carrapateiro
(Milvago chimachima – Falconidae).
A amostra final, considerada nas análises por esta pesquisa, é formada
por 2.256 contatos, compostos de 3.956 indivíduos pertencentes a 27 espécies de
aves de 13 famílias (Quadro 20).
143
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR
TOTAL
CONTATOS
TOTAL
INDIVÍDUOS
APODIDAE Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal 50 139
COEREBINAE Coereba flaveola cambacica 202 279
Columba livia pombo-doméstico 179 373
Columbina picui rolinha-picuí 21 23
Columbina talpacoti rolinha-roxa 203 297
Zenaida auriculata pomba-de-bando 77 102
CUCULIDAE Guira guira anu-branco 10 25
FURNARIIDAE Furnarius rufus joão-de-barro 104 143
Notiochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa 128 395
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande 8 17
Progne tapera andorinha-do-campo 5 7
PASSERIDAE Passer domesticus pardal 691 1419
PICIDAE Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado 1 1
Euphonia chlorotica fim-fim 33 40
Euphonia sp. gaturamo 1 1
Thraupis bonariensis sanhaçu-papa-laranja 1 2
Thraupis palmarum sanhaçu-do-coqueiro 2 3
Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento 77 114
Hylocharis chrysura beija-flor-dourado 42 42
Melanotrochilus fuscus beija-flor-preto-de-rabo-branco 1 2
TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus corruíra 38 42
Turdus leucomelas sabiá-barranco 1 1
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 281 366
Camptostoma obsoletum risadinha 14 15
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela 2 2
Pitangus sulphuratus bem-te-vi 67 87
Tyrannus melancholicus suiriri 17 19
Total geral 2256 3956
TURDINAE
TYRANNIDAE
COLUMBIDAE
HIRUNDINIDAE
THRAUPIDAE
TROCHILIDAE
Quadro 20: Espécies de aves registradas pelo estudo: suas famílias, número de contatos e indivíduos
As espécies com maior freqüência de contatos, em ordem decrescente, são:
Passer domesticus (691 30,6% dos contatos), Turdus rufiventris (281 12,5%),
Columbina talpacoti (203 9,0%) e Coereba flaveola (202 8,9%), Columba livia
(179 7,9%), Notiochelidon cyanoleuca (128 5,7%) e Furnarius rufus (104 –
4,6% – ver Quadro 20). Tratando-se do número total de indivíduos registrados,
observa-se uma inversão na ordem de freqüência de algumas destas espécies
(quando comparada à ordem estabelecida pelo número de contatos): Passer
domesticus (1.419 35,9% dos indivíduos) permanece na primeira posição, porém
em segundo lugar surge a espécie Notiochelidon cyanoleuca (395 10,0%). Em
seguida, aparecem, com freqüências aproximadas, Columba livia (373 9,4%) e
Turdus rufiventris (366 9,2%), seguidos de Columbina talpacoti (297 7,5%) e
Coereba flaveola (279 7,0%). Furnarius rufus (143 3,6%) ocupa, tanto na análise
do número de contatos como de indivíduos, a sétima colocação em freqüência (ver
Quadro 20).
144
Entre os túneis verdes, o existente na Rua Machado de Assis é o que
evidencia um maior mero de contatos com as espécies, com 361 anotações,
sendo seguido pelas ruas da República (359), Tomaz Flores (305) e General João
Telles (278). A via controle Veríssimo Rosa aparece logo em seguida (271 contatos),
superando até mesmo o número de registros apresentado pelo túnel verde da Rua
Dona Laura (262 – Tabela 6).
Tabela 6 – Número de aves contatadas nas vias de estudo
ESPÉCIE DL DL_C JT TF
(1)
SA_C RE LA_C MA VR_C
TOTAIS
TÚNEIS
TOTAIS
CONTROL.
Passer domesticus
58
39
93
81
68
96
90
69
97
397 294
Turdus rufiventris
54
8
35
38
6
48
2
61
29
236 45
Coereba flaveola
37
3
27
40
5
35
3
36
16
175 27
Columbina talpacoti
24
16
33
39
17
22
7
29
16
147 56
Columba livia
13
1
15
23
13
53
35
12
14
116 63
Furnarius rufus 14 1 10 16 4 15 4 25 15
80 24
Notiochelidon cyanoleuca
17
18
12
13
12
13
12
16
15
71 57
Thraupis sayaca
11
6
10
9
10
2
21
8
61 16
Pitangus sulphuratus
6
3
7
6
1
18
2
17
7
54 13
Zenaida auriculata
12
7
12
10
4
9
6
9
8
52 25
Hylocharis chrysura 1 6 8 15 10 2
40 2
Troglodytes musculus
4
1
8
3
5
13
4
33 5
Euphonia chlorotica
5
3
2
5
15
3
30 3
Chaetura meridionalis
1
6
3
6
5
4
3
8
14
22 28
Camptostoma obsoletum
2
3
8
1
13 1
Columbina picui
1
4
1
1
3
11
9 12
Guira guira 1 1 1 1 5 1
9 1
Progne chalybea
2
1
2
1
2
5 3
Tyrannus melancholicus
1
4
2
2
2
6
5 12
Elaenia flavogaster
2
2 0
Thraupis palmarum
2
2 0
Colaptes melanochloros 1
1 0
Euphonia sp.
1
1 0
Melanotrochilus fuscus
1
1 0
Progne tapera
1
1
3
1 4
Thraupis bonariensis
1
1 0
Turdus leucomelas
1
1 0
TOTAIS CONTATOS
262 114 278 305 136 359 170 361 271 1565 691
TOTAL GERAL
TOTAIS DA DIVERSIDADE 18 14 18 20 11 18 14 22 19
2256
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
(1) Dados referentes a 11 levantamentos.
145
Quanto à diversidade da avifauna presente nas vias, a Tabela 6
demonstra ainda que o túnel existente na Rua Machado de Assis obtém o maior
número de registros de espécies distintas (22), sendo seguido pelas ruas Tomaz
Flores (20), Veríssimo Rosa (19), Dona Laura, General João Telles e República (18),
Dona Laura controle e Luiz Afonso (14) e Santo Antônio (11). Estas informações,
assim como a listagem das espécies de aves observadas (números de contatos e
indivíduos) de cada um dos pontos definidos nas vias de estudo, são encontradas no
Apêndice E deste documento.
A aplicação do teste estatístico de Mann-Whitney sobre o número total de
contatos registrados nos túneis verdes e vias controle (ver Tabela 6) demonstra a
existência de diferença significativa entre os resultados (U = 19; P = 0.027; α 0.05).
A repetição do teste estatístico, porém excluindo-se das amostras as espécies
Columba livia e Passer domesticus, mostra novamente haver significância nas
diferenças entre os resultados (U = 20; P = 0.014; α 0.05).
Os valores totais de contatos compilados na Tabela 6 são resultantes do
somatório de dados obtidos em três diferentes pontos de observação estipulados
para cada uma das vias. Analisando-se os valores encontrados em cada um dos
pontos (tomando-se cada túnel e controle de forma individual), observa-se que os
três pontos da Rua Santo Antônio apresentam número de contatos aproximados, o
que não ocorre com as ruas controles Dona Laura, Luiz Afonso e Veríssimo Rosa,
as quais registram, para o ponto de número 1, valores superiores ao ponto com
menor número de registros (diferenças de 27, 33 e 41 contatos, respectivamente
Figura 41 e Apêndice E). A aplicação do teste de variância de Kruskal-Wallis entre
os pontos por via, entretanto, não indica existir diferença significativa entre os
mesmos.
146
Figura 41: Número de contatos com as espécies de aves nos três pontos de cada via de estudo
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
(1) Dados referentes a 11 levantamentos.
Para se estabelecer as porcentagens de contatos com as espécies nos
túneis verdes foi necessário dobrar os valores registrados em uma das vias controle,
de modo a se obter um equilíbrio entre o número de túneis (originariamente 5) e vias
controle (apenas quatro). Optou-se pela Rua Santo Antônio, uma vez que a mesma
foi controle dos túneis existentes nas ruas General João Telles e Tomaz Flores. A
partir da duplicação de seus registros, foi calculada a freqüência de contatos com a
avifauna nos túneis verdes, observando-se que, com exceção de quatro espécies
(Columbina picui, Chaetura meridionalis, Tyrannus melancholicus e Progne tapera),
todas as demais (23) apresentam uma porcentagem de contatos superior nos túneis
verdes em relação às vias controle (Tabela 7).
A Tabela 7 mostra ainda que sete espécies de aves são exclusivamente
registradas nos túneis verdes e que outras 17 espécies apresentam mais de 70% de
seus contatos nestes corredores de vegetação. Algumas espécies, como
Coereba flaveola e Turdus rufiventris, possuem, inclusive, número elevado de
contatos.
147
Tabela 7 – Porcentagens de contatos com as espécies de aves nos túneis verdes (n=5)
ESPÉCIE
TOTAIS
TÚNEIS
TOTAIS
CONTROL.
SOMATÓRIO
TÚNEIS E
CONTROLES
% DA ESPÉCIE
NOS TÚNEIS
Elaenia flavogaster 2 0 2 100.0
Thraupis palmarum
2 0 2 100.0
Colaptes melanochloros
1 0 1 100.0
Euphonia sp.
1 0 1 100.0
Melanotrochilus fuscus
1 0 1 100.0
Thraupis bonariensis
1 0 1 100.0
Turdus leucomelas
1 0 1 100.0
Hylocharis chrysura 40 2 42 95.2
Camptostoma obsoletum
13 1 14 92.9
Euphonia chlorotica
30 3 33 90.9
Troglodytes musculus
33 5 38 86.8
Coereba flaveola
175 32 207 84.5
Turdus rufiventris
236 51 287 82.3
Guira guira
9 2 11 81.8
Pitangus sulphuratus 54 14 68 79.4
Thraupis sayaca
61 16 77 79.2
Furnarius rufus
80 28 108 74.1
Columbina talpacoti
147 73 220 66.8
Zenaida auriculata
52 29 81 64.2
Progne chalybea
5 3 8 62.5
Columba livia
116 76 192 60.4
Passer domesticus
397 362 759 52.3
Notiochelidon cyanoleuca
71 69 140 50.7
Columbina picui
9 12 21 42.9
Chaetura meridionalis
22 33 55 40.0
Tyrannus melancholicus
5 12 17 29.4
Progne tapera
1 4 5 20.0
TOTAIS
1565
827
2392
Nota: Dados da rua controle Santo Antônio duplicados.
Entre os corredores de vegetação, o existente na Rua Machado de Assis
é o que apresenta o maior número de indivíduos, com 642 registros, sendo seguido
pela Rua da República com 612. A via controle Veríssimo Rosa aparece na terceira
posição (501), novamente superando o número de registros apresentados pelos
túneis verdes das ruas Tomaz Flores (498 dados de 11 levantamentos), General
João Telles (472) e Dona Laura (436 – Tabela 8 e Apêndice E).
148
Tabela 8 – Abundância (nº indivíduos) e distribuição das espécies de aves nas vias de
estudo
ESPÉCIE DL DL_C JT TF
(1)
SA_C RE LA_C MA VR_C
TOTAIS
TÚNEIS
TOTAIS
CONTROL.
Passer domesticus 121 74 172 166 141 204 159 187 195
850 569
Turdus rufiventris 67 8 51 44 7 59 3 92 35
313 53
Coereba flaveola 53 4 39 56 5 47 4 52 19
247 32
Columba livia 24 1 32 40 36 119 68 25 28
240 133
Columbina talpacoti 33 20 50 61 27 32 10 46 18
222 75
Notiochelidon cyanoleuca 51 53 38 29 32 34 36 50 72
202 193
Furnarius rufus 19 1 16 20 6 23 4 37 17
115 28
Thraupis sayaca 18 7 14 15 15 2 31 12
93 21
Pitangus sulphuratus 9 4 11 7 1 22 2 21 10
70 17
Zenaida auriculata 15 8 16 14 8 9 8 14 10
68 34
Chaetura meridionalis 2 15 7 13 19 7 8 18 50
47 92
Hylocharis chrysura 1 6 8 15 10 2
40 2
Euphonia chlorotica 7 4 3 6 17 3
37 3
Troglodytes musculus 4 1 9 3 5 16 4
37 5
Guira guira 5 4 1 1 9 5
24 1
Camptostoma obsoletum 3 3 8 1
14 1
Progne chalybea 5 2 5 2 3
12 5
Columbina picui 1 6 1 1 3 11
11 12
Tyrannus melancholicus 1 5 2 2 2 7
5 14
Thraupis palmarum 3
3 0
Elaenia flavogaster 2
2 0
Melanotrochilus fuscus 2
2 0
Thraupis bonariensis 2
2 0
Colaptes melanochloros 1
1 0
Euphonia sp. 1
1 0
Progne tapera 2 1 4
1 6
Turdus leucomelas 1
1 0
TOTAIS NAS VIAS
436 203 472 498 283 612 309 642 501 2660 1296
TOTAL GERAL
3956
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
(1) Dados referentes a 11 levantamentos.
A aplicação do teste estatístico de Mann-Whitney sobre o número total de
indivíduos registrados nos túneis verdes e vias controle (ver Tabela 8) não mostra a
existência de diferença significativa entre os resultados (U = 17; P = 0.08; α 0.05).
Entretanto, a repetição do teste estatístico, excluindo-se das amostras as espécies
Columba livia e Passer domesticus, demonstra haver significância nas diferenças
entre os resultados (U = 19; P = 0.027; α 0.05).
Os valores totais de indivíduos representados na Tabela 8 resultam do
somatório de dados obtidos nos três diferentes pontos de observação de cada via. A
análise individualizada de cada túnel e controle demonstra uma distribuição quase
uniforme no número de indivíduos observados nos três pontos da Rua Santo
Antônio, o que não ocorre com os pontos do túnel verde da Rua General João Telles
(diferença de 45 indivíduos entre os pontos de maior e menor número de registros) e
149
os controles Luiz Afonso e Veríssimo Rosa, com diferenças de 56 e 44 anotações,
respectivamente (Figura 42 e Apêndice E). A aplicação do teste de variância de
Kruskal-Wallis entre os pontos por via, entretanto, não indica existir diferença
significativa entre os resultados.
Figura 42: Números de indivíduos da avifauna registrados nos três pontos de cada via de estudo
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
(1) Dados referentes a 11 levantamentos.
Para o cálculo das porcentagens do número de indivíduos nos corredores
de vegetação adotou-se o mesmo procedimento descrito para o lculo das
porcentagens dos contatos. Os resultados mostram que 18 espécies de aves (num
total de 27) apresentam porcentagens acima de 70% nos túneis verdes e que
apenas cinco registram maior número de indivíduos nas vias controle (as mesmas
quatro espécies verificadas na análise de contato somadas a
Notiochelidon cyanoleuca Tabela 9). Três espécies pertencentes à família
Columbidae (Columbina talpacoti, Zenaida auriculata e Columba livia) junto com
Passer domesticus compõem um grupo de elevado número de indivíduos (2.403
registros) que possuem porcentagens entre 69% e 50% nos túneis verdes.
A Tabela 9 mostra ainda que outras espécies com elevado número de
indivíduos apresentam registros de altas porcentagens nos neis verdes, como é o
150
caso de Coereba flaveola (247 indivíduos – 87,0%), Turdus rufiventris (313 – 83,9%),
Thraupis sayaca (93 – 81.6%) e Pitangus sulphuratus (70 – 79.5%).
Tabela 9 – Porcentagens de aves (número de indivíduos) registradas nos túneis verdes
(n=5)
ESPÉCIE
TOTAIS
TÚNEIS
TOTAIS
CONTROL.
SOMATÓRIO
TÚNEIS E
CONTROLES
% DA ESPÉCIE
NOS TÚNEIS
Thraupis palmarum 3 0 3 100.0
Elaenia flavogaster
2 0 2 100.0
Melanotrochilus fuscus
2 0 2 100.0
Thraupis bonariensis
2 0 2 100.0
Colaptes melanochloros
1 0 1 100.0
Euphonia sp.
1 0 1 100.0
Turdus leucomelas
1 0 1 100.0
Hylocharis chrysura
40 2 42 95.2
Camptostoma obsoletum
14 1 15 93.3
Euphonia chlorotica
37 3 40 92.5
Guira guira 24 2 26 92.3
Troglodytes musculus
37 5 42 88.1
Coereba flaveola
247 37 284 87.0
Turdus rufiventris
313 60 373 83.9
Thraupis sayaca
93 21 114 81.6
Pitangus sulphuratus
70 18 88 79.5
Furnarius rufus
115 34 149 77.2
Progne chalybea
12 5 17 70.6
Columbina talpacoti
222 102 324 68.5
Zenaida auriculata 68 42 110 61.8
Columba livia
240 169 409 58.7
Passer domesticus
850 710 1560 54.5
Columbina picui
11 12 23 47.8
Notiochelidon cyanoleuca
202 225 427 47.3
Chaetura meridionalis
47 111 158 29.7
Tyrannus melancholicus
5 14 19 26.3
Progne tapera
1 6 7 14.3
TOTAIS
2660 1579 4239
Nota: Dados da rua controle Santo Antônio duplicados.
Apresentados os dados do número de contatos e indivíduos registrados
nas vias de estudo e calculadas suas porcentagens, optou-se pela realização do
cálculo do Índice Pontual de Abundância IPA para a eliminação de eventual erro
relativo ao menor número de amostragens realizadas junto a Rua Tomaz Flores
(11 levantamentos, totalizando 33 pontos, enquanto que nas demais ruas foram
realizados 12 levantamentos num total de 36 pontos). Os valores de IPA nas vias
são reunidos na Tabela 10.
151
Tabela 10 – Índice Pontual de Abundância (IPA) nas vias de estudo
DL DL_C JT TF SA_C RE LA_C MA VR_C
IPA
7.28 3.17 7.72 9.24 3.78 9.97 4.72 10.02 7.53
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Os valores de IPA (contatos) de cada uma das espécies de aves
encontradas nos túneis verdes e vias controle são mostrados na Tabela 11.
Tabela 11 – Número de contato e Índice Pontual de Abundância (IPA) de cada uma das
espécies de aves nas vias de estudo
ESPÉCIE
IPA IPA IPA IPA IPA IPA IPA IPA IPA
Camptostoma obsoletum
2 0.06 3 0.08 8 0.22 1 0.03
Chaetura meridionalis
1 0.03 6 0.17 3 0.08 6 0.18 5 0.14 4 0.11 3 0.08 8 0.22 14 0.39
Coereba flaveola
37 1.03 3 0.08 27 0.75 40 1.21 5 0.14 35 0.97 3 0.08 36 1.00 16 0.44
Colaptes melanochloros
1 0.03
Columba livia
13 0.36 1 0.03 15 0.42 23 0.70 13 0.36 53 1.47 35 0.97 12 0.33 14 0.39
Columbina picui
1 0.03 4 0.12 1 0.03 1 0.03 3 0.08 11 0.30
Columbina talpacoti
24 0.67 16 0.44 33 0.92 39 1.18 17 0.47 22 0.61 7 0.19 29 0.80 16 0.44
Elaenia flavogaster
2 0.06
Euphonia chlorotica
5 0.14 3 0.08 2 0.06 5 0.14 15 0.42 3 0.08
Euphonia sp.
1 0.03
Furnarius rufus
14 0.39 1 0.03 10 0.28 16 0.48 4 0.11 15 0.42 4 0.11 25 0.69 15 0.42
Guira guira
1 0.03 1 0.03 1 0.03 1 0.03 5 0.14 1 0.03
Hylocharis chrysura
1 0.03 6 0.17 8 0.24 15 0.42 10 0.28 2 0.06
Melanotrochilus fuscus
1 0.03
Notiochelidon cyanoleuca
17 0.47 18 0.50 12 0.33 13 0.39 12 0.33 13 0.36 12 0.33 16 0.44 15 0.42
Passer domesticus
58 1.61 39 1.08 93 2.58 81 2.45 68 1.89 96 2.67 90 2.50 69 1.92 97 2.69
Pitangus sulphuratus
6 0.17 3 0.08 7 0.19 6 0.18 1 0.03 18 0.50 2 0.06 17 0.47 7 0.19
Progne chalybea
2 0.06 1 0.03 2 0.06 1 0.03 2 0.06
Progne tapera
1 0.03 1 0.03 3 0.08
Thraupis bonariensis
1 0.03
Thraupis palmarum
2 0.06
Thraupis sayaca
11 0.30 6 0.17 10 0.28 9 0.27 10 0.28 2 0.06 21 0.58 8 0.22
Troglodytes musculus
4 0.11 1 0.03 8 0.22 3 0.09 5 0.14 13 0.36 4 0.11
Turdus leucomelas
1 0.03
Turdus rufiventris
54 1.50 8 0.22 35 0.97 38 1.15 6 0.17 48 1.33 2 0.06 61 1.69 29 0.80
Tyrannus melancholicus
1 0.03 4 0.11 2 0.06 2 0.06 2 0.06 6 0.17
Zenaida auriculata
12 0.33 7 0.19 12 0.33 10 0.3 4 0.11 9 0.25 6 0.17 9 0.25 8 0.22
DL DL_C JT TF VR_CSA_C RE LA_C MA
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Os dados de IPA reunidos na Tabela 11 foram utilizados na determinação
da similaridade da abundância de aves nos túneis verdes e vias controle. Os valores
encontrados são reunidos no Apêndice F deste documento e demonstram a
existência de elevado grau de similaridade entre as ruas com base nas espécies de
aves registradas. Em sete situações as porcentagens de similaridade superam os
80,0% (Rua Dona Laura combinada com as ruas General João Telles, Tomaz Flores
e Machado de Assis; Rua General João Telles comparada a Tomaz Flores,
152
República e Veríssimo Rosa e Rua Tomaz Flores associada à República
Apêndice F).
A análise de agrupamento demonstra a existência de dois grupos maiores
bem distintos (Figura 43). O primeiro deles possui elevado grau de similaridade
(80.19%) e é formado pelos túneis verdes juntamente com a Rua Veríssimo Rosa
(controle). O segundo grupo é composto pelas vias controle, as quais apresentam
69.49% de similaridade.
Figura 43: Dendrograma de similaridade de abundância de contatos de aves entre as vias de estudo
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
A utilização de parâmetros relacionados à análise da avifauna no referido
estudo evidencia, a partir dos resultados, um número significativo de informações. É
constatada baixa diversidade de espécies (apenas 27, pertencentes a 13 famílias),
representando 16,0% de um total de 169 espécies de aves consideradas regulares
na cidade (FONTANA, 2005). A reduzida variação da diversidade de espécies de
aves entre os túneis, oscilando entre 22 (Rua Machado de Assis) e 18 (ruas da
República, Dona Laura e General João Telles – ver Tabela 6), não permite o
estabelecimento de associação entre a composição da vegetação destes corredores
verdes e as espécies de aves encontradas.
Espécies sinantrópicas como Passer domesticus e Columba livia figuram
entre as mais freqüentes, tanto nas avaliações do número de contatos como de
indivíduos, interferindo de modo relevante sobre as análises dos resultados
153
(obtenção ou não de significância estatística entre os registros do número de
indivíduos). Alguns autores, como Fernández-Juricic (2000), excluem estas espécies
de suas análises, devido sua ampla distribuição nos ambientes urbanos. Além disso,
são observadas em grandes quantidades nos locais de estudo, conforme
comprovam os resultados obtidos por esta pesquisa. P. domesticus e C. livia o
espécies urbanas que não possuem a capacidade de dar respostas sobre a
qualidade ambiental e, por essa razão, dependendo do enfoque do trabalho, podem
vir a ser desconsideradas.
Os hábitos alimentares das sete espécies de aves que registram o maior
número de contatos e de indivíduos na pesquisa Passer domesticus,
Notiochelidon cyanoleuca, Columba livia, Turdus rufiventris, Columbina talpacoti,
Coereba flaveola e Furnarius rufus compreendem os grupos onívoros, insetívoros
e granívoros. o predomínio de espécies onívoras, obedecendo à mesma ordem
de freqüências encontrada por Scherer et al. (2005) em pesquisa que investigou a
estrutura trófica da avifauna em oito parques da cidade de Porto Alegre.
No estudo não é constatada influência da proximidade de uma área
verde (parque) sobre a diversidade e abundância das aves nas ruas, uma vez que a
distribuição dos dados coletados não evidencia diferença significativa entre os três
pontos analisados em cada via, resultado que contraria o obtido em estudo de
Fernández-Juricic (2000).
As porcentagens referentes ao número de contatos demonstram que a
grande maioria das espécies de aves é, predominantemente, encontrada junto aos
túneis verdes, situação que se repete quando analisado o número de indivíduos
(ver Tabelas 7 e 9). As espécies Elaenia flavogaster, Thraupis palmarum,
Colaptes melanochloros, Euphonia sp., Melanottrochilus fuscus, Turdus leucomelas
e Thraupis bonariensis são somente registradas nos túneis, sendo que outras cinco
espécies de aves alcançam porcentagens acima dos 85% nestas vias. Duas
espécies em especial Coereba flaveola e Turdus rufiventris apresentam valores
elevados de IPA nos túneis, principalmente quando comparados aos valores
encontrados nas vias controle (ver Tabela 11).
Os dados coletados demonstram a importância da existência da
vegetação para a manutenção das espécies da avifauna no ambiente da pesquisa,
indicando a relevância destas estruturas paisagísticas na malha urbana para a
154
promoção da biodiversidade no ambiente construído. Considerações semelhantes
acerca desta importância foram discutidas por Fontana (2004).
Os resultados obtidos permitem supor que a baixa diversidade de
espécies de aves encontrada pelo estudo seria ainda mais reduzida no caso da
inexistência dos corredores verdes, situação que aumentaria o elevado grau de
similaridade apresentado pela avifauna nas vias (ver Figura 43). O dendrograma
elaborado mostra uma similaridade próxima a 80,0% na abundância de contatos
com aves entre os cinco túneis verdes e de 67,7%, no agrupamento que reúne todos
os túneis verdes e seus controles.
Os gráficos ilustrados na Figura 44 constituem variações do número de
contatos com aves relativas à sazonalidade. Os registros, agrupados em quatro
trimestres, demonstram a existência de tendência na distribuição sazonal de aves
semelhante nas ruas Tomaz Flores, República e Veríssimo Rosa. Nestas vias é
observado um decréscimo de registros de contatos no segundo trimestre (meses de
abril, maio e junho) e um número de contatos clímax no terceiro trimestre,
representado pelos meses de julho, agosto e setembro, consistindo numa variação
que ocorre entre as estações de outono e inverno. A elevação no número de
contatos nos meses que antecedem a primavera corresponde a uma situação
esperada, uma vez que a maioria das aves ocupantes de zonas subtropicais e
temperadas se reproduz neste período, acentuando seu comportamento de exibição,
de conquista e defesa de território, dentre outros. A observação desta realidade no
ambiente da pesquisa corresponde a um aspecto positivo, uma vez que demonstra
que o processo reprodutivo das aves ocorre no meio urbano, junto aos túneis
verdes.
Possuindo características distintas (índice de similaridade da abundância
de vegetação de apenas 6.18 Apêndice D, localização geográfica distante e
números de contatos com as espécies de aves bem diferentes), as vias Santo
Antônio (controle) e Machado de Assis (túnel verde) apresentam distribuições de
aves semelhantes ao longo dos trimestres analisados (Figura 44).
A Figura 44 ilustra ainda que, apesar da variabilidade encontrada, é
possível se observar a existência de um padrão desenvolvido junto às vias Tomaz
Flores, Santo Antônio (controle), República, Machado de Assis e Veríssimo Rosa
(controle), o qual consiste na diminuição do número de contatos no segundo
trimestre (meses de abril, maio e junho).
155
Figura 44: Representações da sazonalidade da avifauna encontrada nas vias de estudo
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
Valores no eixo das abscissas representam os trimestres:
1- janeiro, fevereiro e março (verão).
2- abril, maio e junho (outono).
3- julho, agosto e setembro (inverno).
4- outubro, novembro e dezembro (primavera).
Interessante observar os padrões opostos formados nos dois túneis
verdes das ruas General João Telles e Tomaz Flores (ver Figura 44). A situação
apresentada por estas duas vias surpreende, uma vez que elas são próximas
geograficamente e ambas constituem corredores de vegetação formados por
Jacaranda mimosifolia. O contato com a avifauna, entretanto, demonstra uma
variação antagônica entre os registros (valores máximo e mínimo) no segundo e
terceiro trimestres do ano (estações predominantes de outono e inverno), sugerindo
um papel complementar das vias sobre as espécies de aves. Embora não seja
possível justificar com exatidão tal comportamento, o presente trabalho chama a
atenção para duas questões. Este resultado pode ter sido influenciado por uma
questão de origem metodológica (a ausência de dados referentes ao mês de junho
na Rua Tomaz Flores) e pode também estar relacionado à diversidade de espécies
vegetais existentes nestes neis (19 espécies junto a Rua General João Telles e
nove junto a Rua Tomaz Flores). Cabe ressaltar que maior diversidade de espécies
vegetais pode representar uma maior oferta de flores, frutos e sementes ao longo do
156
ano, consistindo em fator atrativo da avifauna. A realização de novos estudos,
entretanto, faz-se necessária para o melhor entendimento dos resultados obtidos.
A análise dos procedimentos metodológicos empregados por este estudo
(vegetação e avifauna) demonstra que a Rua Veríssimo Rosa não se constituiu em
escolha adequada para o desenvolvimento do trabalho. Esta rua apresenta
resultados que superam os obtidos nas demais vias controle em relação a número
de contatos e indivíduos, diversidade de espécies, IPA e similaridade da abundância
de aves, comportamento que a aproxima dos perfis apresentados pelos túneis
verdes. Este fato pode ser explicado pela alta densidade da vegetação existente na
via (ver Tabela 3). A inclusão da Rua Veríssimo Rosa, entretanto, não compromete o
experimento, uma vez que foi possível a sua identificação como componente
destoante e, mesmo com a utilização dos dados coletados nesta via (número de
contatos e indivíduos da avifauna), são encontradas diferenças significativas entre
túneis verdes e controles.
Tomando como base as considerações sobre avaliações quantitativas e
qualitativas da vegetação e sobre levantamentos de avifauna em túneis verdes da
cidade de Porto Alegre, foi possível avançar para a análise da importância dos
túneis verdes no estabelecimento de corredores de vegetação para avifauna.
A utilização dos neis verdes pelas aves representa o primeiro de dois
componentes relacionados à hipótese proposta, a de que os túneis verdes possuem
a capacidade de constituir corredores urbanos de vegetação para a avifauna. O
segundo elemento corresponde à capacidade destas estruturas paisagísticas de
estabelecer ligações físicas entre fragmentos (áreas verdes) na malha urbana,
promovendo a conectividade (discutido adiante).
Por meio do estudo de caso desenvolvido, demonstra-se que a densa
vegetação que compõe os túneis verdes na cidade de Porto Alegre age como
elemento atrativo da avifauna, incentivando sua permanência no ambiente
construído e atuando como corredores biológicos. Estes fatos são evidenciados
pelas diferenças significativas a favor dos túneis verdes quando comparados a seus
controles, nas análises do número de contatos com as espécies e indivíduos da
avifauna.
A relevância desta comprovação está associada aos diversos benefícios
gerados pela conservação da biodiversidade, a qual representa a base dos serviços
prestados pelos ecossistemas (MEA, 2005) e se constitui na propriedade que
157
fomenta a resiliência dos sistemas contra as perturbações (HAILA; KOUKI, 1994).
Importante lembrar que as cidades compreendem sistemas em permanente
desequilíbrio, essencialmente pelas diferenças que apresentam em relação aos
ecossistemas naturais (DIAS, 1992; MOTA, 1999). Se é correta a afirmação de Dias
(1992), que os ambiente urbanos desconsideram os requerimentos necessários para
o sustento de outras formas de vida que não a humana, então a relação existente
entre diversidade biológica e resiliência do ambiente deve constituir motivo suficiente
para a manutenção da biodiversidade no meio construído, servindo inclusive como
elemento condutor de planejamento urbano, como defendido por Niemelä (1999).
As ações de planejamento que buscam ampliar ou conservar a
biodiversidade em ambientes urbanos devem considerar a arborização viária, em
especial os túneis verdes, como um dos instrumentos adequados para tais
realizações, principalmente nas situações cujo foco principal seja a avifauna.
A inserção destas estruturas paisagísticas no tecido urbano poderá
ocorrer em áreas ainda em expansão ou em regiões consolidadas, buscando-se
uma aproximação ao modelo de estrutura ecológica urbana experimentado em
algumas cidades, como as exemplificadas por Telles (2001). No primeiro caso, a
implementação de vegetação de grande porte e de modo contínuo nos logradouros
deverá ser planejada em conformidade com os demais serviços de infra-estrutura a
serem implantados. Nestas situações será possível se obter, com o desenvolvimento
dos espécimes vegetais, a conectividade entre fragmentos de áreas verdes por meio
da continuidade física da vegetação, elemento importante na construção da própria
definição de corredor ecológico (ANDERSON; JENKINS; MAY, 2003).
Na maior parte dos casos, entretanto, é grande a probabilidade de que a
infra-estrutura estabelecida ofereça um maior número de restrições à
implementação de densa vegetação, de grande porte e de modo contínuo. Porém,
mesmo a eventual descontinuidade espacial da vegetação imposta pelo traçado
preexistente não se constitui em empecilho para o alcance dos objetivos de
reconexão de hábitats isolados. Importante lembrar que o impacto da
descontinuidade física em um corredor será muito variável, dependendo de fatores
como o comprimento desta interrupção, a mobilidade das espécies que dele se
utilizam e da capacidade de visualização dos fragmentos sucessivos pelas espécies
(DRAMSTAD; OLSON; FORMAN, 1996).
158
A implantação de túneis verdes na malha urbana de forma aparentemente
dispersa, porém com localização estrategicamente planejada, pode funcionar como
a inserção de trampolins que facilitem, entre outros aspectos, o deslocamento de
diferentes espécies, especialmente da avifauna. Este estudo demonstra que, mesmo
na inexistência de continuidade física entre todos os túneis verdes e parques, as
aves utilizam os corredores de vegetação, os quais representam locais alternativos
de abrigo, descanso, nidificação, hábitat e alimentação, facilitando a circulação dos
indivíduos (FERNÁNDEZ-JURICIC, 2000; FORMAN, 1995
31
apud KARPATI, 2003;
HILTY; LIDICKER Jr.; MERENLENDER, 2006; PILLOTO, 2003).
As considerações feitas por Hilty, Lidicker Jr. e Merenlender (2006) sobre
os riscos da implantação de corredores biológicos devem ser objeto de análise nas
ações de planejamento que visem ao restabelecimento de conectividade entre áreas
verdes isoladas na malha urbana. Porém, comparativamente, os aspectos negativos
citados pelos autores representam riscos mais elevados nas intervenções humanas
sobre o ambiente natural do que sobre o construído (em princípio, menos
conservado e equilibrado).
A reduzida quantidade de áreas verdes no meio urbano se reflete na
existência de baixa diversidade de espécies animais e vegetais e,
conseqüentemente, numa menor complexidade de relações interespecíficas. Neste
caso, a ação humana na implantação de corredores de vegetação em áreas
urbanas, além de promover conectividade, propicia a redução de diversos fatores
abióticos adversos existentes à vida silvestre, restaurando algumas das condições
necessárias ao seu desenvolvimento.
O corredor urbano de vegetação representa uma nova alternativa a ser
incluída nas ações de planejamento de arborização viária existentes. Estas
propostas exemplificam a contribuição que outras áreas do conhecimento podem
oferecer ao gerenciamento urbano, pela reunião de aspectos interdisciplinares, suas
lógicas e procedimentos metodológicos distintos (SOUZA, 2003; TSIOMIS, 1994). As
dificuldades inerentes a este tipo de integração, apontadas por Yli-Pelkonen e
Niemelä (2005) linguagem especializada, diferentes métodos de pesquisa e falta
de teorias comuns, entre outras são transponíveis, podendo vir a ser superadas
com maior facilidade pelos esforços comuns de comunicação entre os envolvidos,
31
Ver FORMAN, R. T. T. Land mosaics: the ecology of landscapes and regions. Cambridge:
University Press, 1995.
159
por meio da prática continuada e pela formação acadêmica de profissionais com
uma visão inovadora.
A inserção do elemento vegetal de forma densa, na tipologia de corredor
urbano de vegetação, não se constitui em benefício exclusivo às relações ecológicas
que podem ter lugar nas cidades. Sob o ponto de vista antrópico e também
pragmático, trata-se de resgatar a flora para aprimorar a ambiência urbana, nos seus
mais diferentes aspectos – na redução do ruído e da poluição atmosférica; na
melhoria dos microclimas urbanos, da acústica e das condições do solo; e na
valorização econômica resultante da qualificação dos espaços (BIONDI, 2000;
BIONDI; ALTHAUS, 2005; GIRLING; KELLETT, 2005; MAGALHÃES, 2001;
MASCARÓ; MASCARÓ, 2002; MOLNAR; RUTLEDGE, 1971; SANCHOTENE et al.,
1998; SOUTO, 2002; TRINDADE [200-]).
Por fim, e de forma alguma menos relevante, os corredores urbanos de
vegetação agregam ao tecido urbano valores intangíveis que estão associados à
beleza e à sensação de bem-estar que emana da presença da vegetação e das
outras formas de vida a ela associadas. A educação ambiental, viabilizada por um
maior contato com a natureza, é capaz de induzir nos cidadãos o despertar de uma
consciência ética e de respeito a todas as formas de vida, principalmente àquela dos
seus semelhantes.
160
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos metodológicos empregados neste trabalho se
mostraram, em geral, adequados à obtenção dos resultados propostos nos objetivos
específicos. Salienta-se, entretanto, a relevância do desenvolvimento de um
delineamento experimental às atividades de campo para a solução de eventuais
problemas não previstos, passíveis de ocorrer ao longo dos levantamentos, como a
seleção equivocada de uma via controle. Sugere-se também que, nas atividades de
campo, a coleta de dados seja realizada por, no mínimo, uma dupla de
pesquisadores, de modo a agilizar os trabalhos e garantir a segurança dos mesmos
e de seus equipamentos.
As análises quantitativas e qualitativas da vegetação, assim como o
emprego do elemento avifauna nas pesquisas, mostraram-se úteis para estudos da
realidade urbana, uma vez que grande variedade de informações é obtida e os
dados podem ser associados uns aos outros, em um processo sinérgico de geração
de conhecimento. Porto Alegre consistiu em escolha apropriada para estudo de
caso; entretanto, o trabalho não é restritivo, podendo ser repetido em outras cidades,
sem comprometimento metodológico.
A baixa diversidade de espécies de vegetais e de aves encontrada nos
túneis verdes pela pesquisa alerta para a necessidade de se implantar uma
arborização viária mais heterogênea, preferencialmente composta por plantas
nativas, contribuindo para o aumento da complexidade da vegetação, fator
especialmente importante para a criação de novos hábitats para a avifauna.
Os projetos de arborização viária devem incluir vegetais de grande porte,
formadores de túneis verdes, uma vez que os benefícios gerados pela densa
vegetação justificam os esforços empreendidos na compatibilização dos serviços de
infra-estrutura existentes nas cidades. A implantação de novos corredores verdes no
161
tecido urbano poderá ocorrer em áreas ainda em expansão ou regiões
consolidadas, podendo-se considerar a tipologia de trampolim ecológico como
alternativa de projeto. Assim, a inserção destas estruturas paisagísticas na matriz
construída é recomendada, uma vez que auxilia na circulação das espécies,
potencializando a ocupação do ambiente urbano pelas aves.
Importante ressaltar que a presença da avifauna em cidades é um
indicativo da qualidade do meio edificado pelo homem. As aves, especialmente as
espécies não sinantrópicas, dependem diretamente da abundância e diversidade da
vegetação para sobreviver e reproduzir, encontrando na flora suas fontes de
alimento e locais para nidificação, abrigo e descanso. Ambientes tidos como
saudáveis para a avifauna, são igualmente considerados como tal para os seres
humanos. A relação deste grupo faunístico com qualidade ambiental é tão estreita,
que estes animais o utilizados como bioindicadores de diversos tipos de poluição,
inclusive a atmosférica.
Um segundo aspecto relevante da presença destes animais junto ao
ambiente construído é seu papel educativo, na aproximação do homem ao mundo
natural, na valorização da biodiversidade e no despertar da consciência ecológica de
jovens e adultos. O reconhecimento da importância da coexistência com outras
formas de vida auxilia na construção da urbanidade, por meio da formação de
cidadãos capazes de valorizar aspectos que transcendem questões materiais.
Os túneis verdes qualificam a ambiência do meio construído e constituem
corredores urbanos de vegetação para avifauna, agregando valores relacionados à
biodiversidade aos ambientes edificados pelo homem. A confirmação da hipótese
formulada no trabalho representa mais um componente a ser considerado nas ações
de gerenciamento das áreas verdes urbanas.
A partir das informações obtidas no presente estudo, é possível reunir
subsídios capazes de nortear ações de planejamento de arborização viária, divididas
em três esferas: acadêmica, gerencial e social. Atribui-se à área acadêmica atitudes
voltadas ao fomento da interdisciplinaridade nos cursos de graduação de Arquitetura
e Urbanismo. Estas medidas passam pela universalização da linguagem e pela
incorporação de novos conceitos, com abandono de visões parciais e fragmentadas
da realidade urbana em direção à visão do “todo”.
Cabe à esfera gerencial, a criação de novos corredores projetados em
conjunto com os demais serviços de infra-estrutura, com a implantação de
162
vegetação de porte arbóreo, composta por plantas nativas, com grande diversidade
de espécies vegetais que possam ampliar a oferta de alimentos para a avifauna nas
diferentes estações do ano. O formato de trampolim deve ser igualmente
considerado, principalmente nas situações em que exista impossibilidade de se
implantar a estrutura linear contínua de corredor nos logradouros. Outra
possibilidade consiste na implantação destes corredores juntamente com ciclovias,
modelos estes que vêm sendo adotados pelas grandes cidades como soluções
alternativas aos problemas de circulação. Compete igualmente à esfera de
gerenciamento, a inclusão da proposta de corredores de vegetação no Plano Diretor
de Arborização, em caráter suprapartidário.
À esfera social cabe a participação em ações de discussão e manutenção
dos corredores, bem como promoção de atividades educativas pertinentes. As três
áreas, acadêmica, gerencial e social, poderiam formar um sistema de relações que
se alimentaria de forma continuada, por meio de políticas públicas municipais,
participativas e integradas.
A reunião de aspectos interdisciplinares, suas lógicas e procedimentos
metodológicos distintos constituem contribuições relevantes à gestão urbana, à
formação acadêmica e ao fomento de discussões na esfera social, contribuindo para
a construção de uma sociedade ética e mais equilibrada.
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180
APÊNDICE A
Planilhas números 1 e 2 com dados coletados da vegetação
181
Nº Planilha:
01
LADO DA VIA EXEMPLAR ALTURA CAP PORTE
CONDIÇÕES
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
9.0 1.70
G
C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.42 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.63 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.47 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.51 G C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.25
G
C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.63
G
C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 0.98
M
C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
9.0 1.24 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( 2 )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
10.0 1.13 G C ( 2 ) T ( 2 ) R ( 2 )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 1.65 M C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Lagerstroemia indica
6.0 0.54 M C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
013 ( ) E ( x ) D
Platanus acerifolia
11.0 0.83
G
C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
014 ( ) E ( x ) D
Platanus acerifolia
7.0 0.65
M
C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Lagerstroemia indica
5.0 0.49
M
C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
Observações: Coluna Condições - C:copa; T: Tronco; R: Raiz ; 1-Bom ; 2- Regular ; 3- Ruim
009
010
011
012
015
Localização do Túnel: Rua General João Telles
Data Levantamento: 01/03/2007 Obs - sob rede elétrica
001
002
003
004
005
006
007
008
Nº Planilha:
02
LADO DA VIA EXEMPLAR ALTURA CAP PORTE
CONDIÇÕES
( ) E ( x ) D
Lagerstroemia indica
5.0 0.33
M
C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 1.00 M C ( 2 ) T ( 2 ) R ( 2 )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
3.0 0.08 P C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
9.0 1.49 G C ( 2 ) T ( 2 ) R ( 2 )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 0.76 M C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 0.66
M
C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
6.0 0.75
M
C ( 2 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Ligustrum lucidum
6.0 0.57
M
C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 0.86 M C ( 2 ) T ( 3 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Cedrela fissilis
12.0 1.36 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( oc )
026 ( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
12.0 1.37 G C ( 3 ) T ( 3 ) R ( 2 )
027 ( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
12.0 1.62 G C ( 2 ) T ( 2 ) R ( oc )
( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
2.0 0.05 P C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
029 ( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
2.0 0.06 P C ( 1 ) T ( 1 ) R ( oc )
030 ( ) E ( x ) D
Jacaranda mimosifolia
7.0 1.18
M
C ( 2 ) T ( 3 ) R ( oc )
016
017
018
019
020
021
Observações: Coluna Condições - C:copa; T: Tronco; R: Raiz ; 1-Bom ; 2- Regular ; 3- Ruim
025
028
Localização do Túnel: Rua General João Telles
Data Levantamento: 01/03/2007 Obs - sob rede elétrica
022
023
024
182
APÊNDICE B –
Espécies vegetais nativas e exóticas encontradas nos túneis
verdes e nos controles
183
Contagem de Nº ORIGEM
COD_LOCAL
FAMÍLIA
EXEMPLAR - NOME CIENTÍFICO
exótica
nativa
Total geral
DL Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 70 70
Jacaranda mimosifolia morta 1 1
Erythroxylaceae Erythroxylum argentinum 1 1
Lythraceae Lagerstroemia indica 1 1
Myrtaceae Eugenia uniflora 3 3
Oleaceae Ligustrum lucidum 1 1
Rutaceae Citrus sp. 1 1
Sapindaceae Allophylus edulis 1 1
DL Total
74
5
79
DL_C Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 1 1
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 4 4
Tabebuia avellanedae 5 5
Tabebuia chrysotricha 2 2
Bombacaceae Chorisia speciosa 1 1
Fabaceae Bauhinia sp. 1 1
Peltophorum dubium 2 2
Lauraceae Persea americana 1 1
Lythraceae Lagerstroemia indica 7 7
Moraceae Ficus benjamina 1 1
Morus alba 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 8 8
Rhamnaceae Hovenia dulcis 2 2
Verbenaceae Duranta repens 6 6
DL_C Total
24
18
42
JT Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 1 1
Annonaceae Annona squamosa 1 1
Arecaceae Archonthophoenix alexandrae 4 4
Phoenix canariensis 1 1
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 73 73
Tabebuia chrysotricha 1 1
Erythroxylaceae Erythroxylum argentinum 1 1
Fabaceae Caesalpinia echinata 1 1
Caesalpinia peltophoroides 1 1
Lythraceae Lagerstroemia indica 3 3
Meliaceae Cedrela fissilis 1 1
Moraceae Ficus organensis 1 1
Myrsinaceae Rapanea gardneriana 1 1
Myrtaceae Eugenia uniflora 1 1
Psidium guajava 1 1
Syzygium jambos 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 3 3
Platanaceae Platanus acerifolia 2 2
Ulmaceae Celtis australis 1 1
JT Total
89
10
99
LA_C Apocynaceae Nerium oleander 4 4
Arecaceae Archonthophoenix alexandrae 2 2
Syagrus romanzoffiana 1 1
Lythraceae Lagerstroemia indica 24 24
Lagerstroemia indica morta 1 1
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis 2 2
Moraceae Ficus benjamina 1 1
Myrtaceae Eugenia involucrata 1 1
Eugenia uniflora 1 1
Myrcia selloi 1 1
Psidium guajava 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 13 13
Rutaceae Citrus sp. 1 1
Murraya paniculata 2 2
Salicaceae Salix babylonica 1 1
Verbenaceae Duranta repens 1 1
LA_C Total
51
6
57
184
Contagem de Nº ORIGEM
COD_LOCAL
FAMÍLIA
EXEMPLAR - NOME CIENTÍFICO
exótica
nativa
Total geral
MA Boraginaceae Patagonula americana 1 1
Fabaceae Schizolobium parahyba 1 1
Tipuana tipu 72 72
Lauraceae Persea americana 1 1
Moraceae Ficus benjamina 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 4 4
Sterculiaceae Brachychyton populneum 1 1
MA Total
78
3
81
RE Apocynaceae Thevetia thevetioides 1 1
Araliaceae Schefflera arboricola 1 1
Arecaceae Syagrus romanzoffiana 1 1
Begoniaceae Begonia aconitifolia 1 1
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 119 119
Tabebuia avellanedae 13 13
Tabebuia chrysotricha 1 1
Tecoma stans 2 2
Fabaceae Caesalpinia peltophoroides 1 1
Schizolobium parahyba 1 1
Senna multijuga - exemplar morto 1 1
Tipuana tipu 11 11
Liliaceae Yucca elephantipes 4 4
Lythraceae Lagerstroemia indica 3 3
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis 1 1
Moraceae Ficus benjamina 3 3
Morus nigra 1 1
Myrtaceae Eugenia uniflora 4 4
Psidium guajava 1 1
Rosaceae Eriobotrya japonica 2 2
Salicaceae Salix babylonica 1 1
Solanaceae Brunfelsia uniflora 1 1
Ulmaceae Celtis australis 1 1
Verbenaceae Duranta repens 1 1
RE Total
148
28
176
SA_C Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 4 4
Tabebuia chrysotricha 4 4
Tecoma stans 1 1
Lythraceae Lagerstroemia indica 6 6
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis 1 1
Myrtaceae Eugenia uniflora 2 2
Syzigium cumini 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 4 4
SA_C Total
16
7
23
TF Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 76 76
Tabebuia avellanedae 2 2
Tabebuia chrysotricha 1 1
Lauraceae Cinnamomum zeylanicum 1 1
Liliaceae Dracaena fragrans 1 1
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis 4 4
Malvaviscus arboreus 1 1
Myrtaceae Eugenia uniflora 2 2
Theaceae Camellia japonica 1 1
TF Total
84
5
89
185
Contagem de Nº ORIGEM
COD_LOCAL
FAMÍLIA
EXEMPLAR - NOME CIENTÍFICO
exótica
nativa
Total geral
VR_C Apocynaceae Nerium oleander 1 1
Plumeria rubra 1 1
Arecaceae Syagrus romanzoffiana 1 1
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia 18 18
Tabebuia avellanadae 1 1
Tabebuia avellanedae 1 1
Tabebuia chrysotricha 2 2
Fabaceae Bauhinia sp. 1 1
Cassia fistula 3 3
Delonix regia 2 2
Peltophorum dubium 1 1
Schizolobium parahyba 6 6
Lythraceae Lagerstroemia indica 36 36
Magnoliaceae Magnolia grandiflora 1 1
Malvaceae Hibiscus rosa-sinensis 9 9
Meliaceae Melia azedarach 8 8
Moraceae Ficus benjamina 1 1
Morus nigra 1 1
Myrtaceae Eugenia involucrata 1 1
Psidium guajava 1 1
Oleaceae Ligustrum lucidum 11 11
Pinaceae Pinus elliottii 1 1
Rutaceae Citrus sp. 1 1
Solanaceae Brunfelsia uniflora 1 1
Sterculiaceae Brachychyton populneum 1 1
Ulmaceae Celtis australis 1 1
VR_C Total
97
15
112
Total geral
661 97 758
186
APÊNDICE C –
Listagem geral das espécies vegetais
187
FAMÍLIA ESPÉCIE - NOME CIENTÍFICO
ESPÉCIE - NOME
POPULAR
ORIGEM
COPA -
COMPORTAMENTO
1
Anacardiaceae
Schinus terebinthifolius
aroeira-vermelha
nativa
perenifólia
2
Annonaceae
Annona squamosa
fruta do conde exótica caducifólia
3 Apocynaceae
Nerium oleander
espirradeira exótica perenifólia
4 Apocynaceae
Plumeria rubra
jasmim-manga exótica caducifólia
5 Apocynaceae
Thevetia thevetioides
chapéu-de-napoleão exótica semidecídua
6 Araliaceae
Schefflera arboricola
cheflera-pequena exótica perenifólia
7 Arecaceae
Archonthophoenix alexandrae
palmeira-escada exótica perenifólia
8 Arecaceae
Phoenix canariensis
tamareira-das-canárias exótica perenifólia
9 Arecaceae
Syagrus romanzoffiana
jerivá nativa perenifólia
10 Begoniaceae
Begonia aconitifolia
begônia-metálica nativa perenifólia
11 Bignoniaceae
Jacaranda mimosifolia
jacarandá-mimoso exótica caducifólia
12 Bignoniaceae
Tabebuia avellanedae
ipê-roxo
nativa
caducifólia
13 Bignoniaceae
Tabebuia chrysotricha
Ipê amarelo nativa caducifólia
14 Bignoniaceae
Tecoma stans
amarelinha nativa perenifólia
15 Bombacaceae
Chorisia speciosa
paineira nativa caducifólia
16 Boraginaceae
Patagonula americana
guajuvira
nativa
caducifólia
17 Erythroxylaceae
Erythroxylum argentinum
cocão nativa perenifólia
18 Fabaceae
Bauhinia sp.
pata-de-vaca exótica perenifólia
19 Fabaceae
Caesalpinia echinata
pau-brasil nativa semidecídua
20 Fabaceae
Caesalpinia peltophoroides
sibipiruna nativa semidecídua
21 Fabaceae
Cassia fistula
chuva-de-ouro exótica caducifólia
22 Fabaceae
Delonix regia
flamboyant exótica caducifólia
23 Fabaceae
Peltophorum dubium
canafístula nativa caducifólia
24 Fabaceae
Schizolobium parayba
guapuruvu nativa caducifólia
25 Fabaceae
Senna multijuga -
Exemplar morto
aleluia
nativa
caducifólia
26 Fabaceae
Tipuana tipu
tipuana exótica caducifólia
27 Lauraceae
Cinnamomum zeylanicum
canela-da-índia exótica perenifólia
28 Lauraceae
Persea americana
abacateiro nativa perenifólia
29 Liliaceae
Dracaena fragrans
pau-d'água exótica perenifólia
30 Liliaceae
Yucca elephantipes
iuca-elefante exótica perenifólia
31 Lythraceae
Lagerstroemia indica
extremosa exótica caducifólia
32 Magnoliaceae
Magnolia grandiflora
magnólia-branca exótica perenifólia
33 Malvaceae
Hibiscus rosa-sinensis
hibisco exótica perenifólia
34
Malvaceae
Malvaviscus arboreus
malvavisco exótica perenifólia
35 Meliaceae
Cedrela fissilis
cedro-branco
nativa
caducifólia
36 Meliaceae
Melia azedarach
cinamomo exótica caducifólia
37 Moraceae
Ficus benjamina
ficus exótica perenifólia
38 Moraceae
Ficus organensis
figueira de folha miúda nativa semidecídua
39
Moraceae
Morus alba
amoreira-branca exótica caducifólia
40 Moraceae
Morus nigra
amoreira-preta exótica caducifólia
41 Myrsinaceae
Rapanea gardneriana
capororoca nativa caducifólia
42 Myrtaceae
Eugenia involucrata
cerejeira-do-rio-grande nativa semidecídua
43 Myrtaceae
Eugenia uniflora
pitangueira nativa perenifólia
44
Myrtaceae
Myrcia selloi
cambuí
nativa
semidecídua
45 Myrtaceae
Psidium guajava
goiabeira nativa perenifólia
46 Myrtaceae
Syzygium cumini
jambolão exótica perenifólia
47 Myrtaceae
Syzygium jambos
jambo-amarelo exótica perenifólia
48 Oleaceae
Ligustrum lucidum
ligustro exótica perenifólia
49 Pinaceae
Pinus elliottii
pinos exótica perenifólia
50 Platanaceae
Platanus acerifolia
plátano exótica caducifólia
51 Rhamnaceae
Hovenia dulcis
uva-do-japão exótica caducifólia
52 Rosaceae
Eriobotrya japonica
ameixa-amarela exótica perenifólia
53
Rutaceae
Citrus sp.
limoeiro exótica perenifólia
54 Rutaceae
Murraya paniculata
falsa-murta exótica perenifólia
55 Salicaceae
Salix babylonica
chorão exótica caducifólia
56 Sapindaceae
Allophylus edulis
chal-chal nativa perenifólia
57 Solanaceae
Brunfelsia uniflora
manacá-de-cheiro
nativa
perenifólia
58 Sterculiaceae
Brachychiton populneum
perna-de-moça exótica caducifólia
59 Theaceae
Camellia japonica
camélia exótica perenifólia
60 Ulmaceae
Celtis australis
grandiúva exótica caducifólia
61 Verbenaceae
Duranta repens
pingo-de-ouro nativa perenifólia
188
APÊNDICE D –
Análise de agrupamento com base na similaridade
da abundância da vegetação
189
DL DL_C JT LA_C MA RE SA_C TF VR_C
DL
12
85,8824
3,2787
1,2903
59,6639
13,0435
89,7436
23,5294
DL_C
18,3333
25
9,5238
10,6383
61,9048
13,2076
26,6667
JT
11,2676
3,4286
58,9147
17,8571
79,5455
27,3684
LA_C
6,2992
4,7619
25
1,5625
53,5211
MA
9,8765
6,1856
0
6,8571
RE
8,8889
62,2951
20,9302
SA_C
10,2041
21,4286
TF
23,8636
VR_C
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
190
APÊNDICE E –
Dados coletados da avifauna
191
1 2 3
Total
Cont.
sp.
Total Nº
Indiv.
Cod-Local Espécie
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
DL
Chaetura meridionalis
1 2 1 2
Coereba flaveola
9 12 13 21 15 20 37 53
Colaptes melanochloros
1 1 1 1
Columba livia
2 3 6 9 5 12 13 24
Columbina talpacoti
6 8 13 18 5 7 24 33
Euphonia chlorotica
4 6 1 1 5 7
Furnarius rufus
6 9 5 5 3 5 14 19
Guira guira
1 5 1 5
Hylocharis chrysura
1 1 1 1
Notiochelidon cyanoleuca
4 13 3 5 10 33 17 51
Passer domesticus
21 44 18 36 19 41 58 121
Pitangus sulphuratus
3 5 3 4 6 9
Progne chalybea
2 5 2 5
Thraupis sayaca
4 9 4 5 3 4 11 18
Troglodytes musculus
2 2 1 1 1 1 4 4
Turdus rufiventris
19 20 22 28 13 19 54 67
Tyrannus melancholicus
1 1 1 1
Zenaida auriculata
3 3 6 8 3 4 12 15
DL Total
80
129
98
150
84
157
262
436
DL_C
Chaetura meridionalis
1 3 2 8 3 4 6 15
Coereba flaveola
1 2 1 1 1 1 3 4
Columba livia
1 1 1 1
Columbina talpacoti
6 6 3 4 7 10 16 20
Furnarius rufus
1 1 1 1
Notiochelidon cyanoleuca
7 19 5 10 6 24 18 53
Passer domesticus
20 34 8 17 11 23 39 74
Pitangus sulphuratus
2 3 1 1 3 4
Progne chalybea
1 2 1 2
Thraupis sayaca
3 4 3 3 6 7
Troglodytes musculus
1 1 1 1
Turdus rufiventris
6 6 2 2 8 8
Tyrannus melancholicus
2 2 2 3 4 5
Zenaida auriculata
4 5 2 2 1 1 7 8
DL_C Total
53
85
26
48
35
70
114
203
JT
Chaetura meridionalis
1 2 1 2 1 3 3 7
Coereba flaveola
5 8 11 16 11 15 27 39
Columba livia
3 8 5 8 7 16 15 32
Columbina picui
1 1 1 1
Columbina talpacoti
6 11 12 18 15 21 33 50
Euphonia chlorotica
1 1 1 1 1 2 3 4
Euphonia sp.
1 1 1 1
Furnarius rufus
6 10 1 2 3 4 10 16
Guira guira
1 4 1 4
Hylocharis chrysura
2 2 4 4 6 6
Notiochelidon cyanoleuca
2 3 6 16 4 19 12 38
Passer domesticus
36 66 25 39 32 67 93 172
Pitangus sulphuratus
4 6 1 2 2 3 7 11
Thraupis sayaca
3 4 6 8 1 2 10 14
Troglodytes musculus
4 4 2 2 2 3 8 9
Turdus leucomelas
1 1 1 1
Turdus rufiventris
14 20 12 17 9 14 35 51
Zenaida auriculata
6 8 4 5 2 3 12 16
JT Total
95
155
87
136
96
181
278
472
192
1 2 3
Total
Cont.
sp.
Total Nº
Indiv.
Cod-Local Espécie
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
TF
Camptostoma obsoletum
2 3 2 3
Chaetura meridionalis
2 7 1 1 3 5 6 13
Coereba flaveola
14 16 13 20 13 20 40 56
Columba livia
5 6 8 16 10 18 23 40
Columbina picui
1 1 3 5 4 6
Columbina talpacoti
15 24 14 21 10 16 39 61
Euphonia chlorotica
1 1 1 2 2 3
Furnarius rufus
8 9 6 9 2 2 16 20
Guira guira
1 1 1 1
Hylocharis chrysura
1 1 3 3 4 4 8 8
Melanotrochilus fuscus
1 2 1 2
Notiochelidon cyanoleuca
4 8 3 9 6 12 13 29
Passer domesticus
30 55 25 48 26 63 81 166
Pitangus sulphuratus
2 2 1 2 3 3 6 7
Progne chalybea
2 5 2 5
Thraupis bonariensis
1 2 1 2
Thraupis sayaca
2 2 4 7 3 6 9 15
Troglodytes musculus
1 1 1 1 1 1 3 3
Turdus rufiventris
16 20 10 11 12 13 38 44
Zenaida auriculata
3 4 4 7 3 3 10 14
TF Total
106
159
96
159
103
180
305
498
SA_C
Chaetura meridionalis
3 13 2 6 5 19
Coereba flaveola
2 2 1 1 2 2 5 5
Columba livia
4 16 3 7 6 13 13 36
Columbina talpacoti
9 14 3 5 5 8 17 27
Furnarius rufus
1 1 2 4 1 1 4 6
Guira guira
1 1 1 1
Notiochelidon cyanoleuca
3 11 4 8 5 13 12 32
Passer domesticus
24 40 25 50 19 51 68 141
Pitangus sulphuratus
1 1 1 1
Turdus rufiventris
3 4 1 1 2 2 6 7
Zenaida auriculata
2 5 1 2 1 1 4 8
SA_C Total
48
93
44
92
44
98
136
283
RE
Camptostoma obsoletum
3 3 3 3
Chaetura meridionalis
2 4 1 2 1 1 4 7
Coereba flaveola
17 21 7 10 11 16 35 47
Columba livia
17 39 18 42 18 38 53 119
Columbina picui
1 1 1 1
Columbina talpacoti
11 14 6 9 5 9 22 32
Euphonia chlorotica
2 3 3 3 5 6
Furnarius rufus
6 11 3 3 6 9 15 23
Guira guira
5 9 5 9
Hylocharis chrysura
4 4 4 4 7 7 15 15
Notiochelidon cyanoleuca
5 16 5 7 3 11 13 34
Passer domesticus
36 68 34 75 26 61 96 204
Pitangus sulphuratus
6 6 9 12 3 4 18 22
Thraupis sayaca
5 7 4 7 1 1 10 15
Troglodytes musculus
1 1 4 4 5 5
Turdus rufiventris
17 22 16 19 15 18 48 59
Tyrannus melancholicus
2 2 2 2
Zenaida auriculata
3 3 1 1 5 5 9 9
RE Total
132
218
116
204
111
190
359
612
193
1 2 3
Total
Cont.
sp.
Total Nº
Indiv.
Cod-Local Espécie
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
Cont.
sp.
Indiv.
LA_C Chaetura meridionalis 1 2 1 4 1 2 3 8
Coereba flaveola 1 1 1 2 1 1 3 4
Columba livia 18 30 10 26 7 12 35 68
Columbina picui 1 1 1 1
Columbina talpacoti 2 4 2 3 3 3 7 10
Furnarius rufus 3 3 1 1 4 4
Notiochelidon cyanoleuca 7 19 2 7 3 10 12 36
Passer domesticus 41 76 21 30 28 53 90 159
Pitangus sulphuratus 1 1 1 1 2 2
Progne tapera 1 2 1 2
Thraupis sayaca 1 1 1 1 2 2
Turdus rufiventris 2 3 2 3
Tyrannus melancholicus 2 2 2 2
Zenaida auriculata 2 3 3 4 1 1 6 8
LA_C Total
76
139
46
83
48
87
170
309
MA Camptostoma obsoletum 5 5 1 0 2 3 8 8
Chaetura meridionalis 3 9 3 6 2 3 8 18
Coereba flaveola 12 18 12 16 12 18 36 52
Columba livia 8 17 3 7 1 1 12 25
Columbina picui 1 1 2 2 3 3
Columbina talpacoti 8 13 8 12 13 21 29 46
Elaenia flavogaster 2 2 2 2
Euphonia chlorotica 6 6 4 4 5 7 15 17
Furnarius rufus 4 6 11 15 10 16 25 37
Guira guira 1 5 1 5
Hylocharis chrysura 4 4 2 2 4 4 10 10
Notiochelidon cyanoleuca 9 25 5 21 2 4 16 50
Passer domesticus 18 49 27 84 24 54 69 187
Pitangus sulphuratus 6 8 7 8 4 5 17 21
Progne chalybea 1 2 1 2
Progne tapera 1 1 1 1
Thraupis palmarum 1 2 1 1 2 3
Thraupis sayaca 4 5 7 10 10 16 21 31
Troglodytes musculus 3 3 7 8 3 5 13 16
Turdus rufiventris 23 31 13 20 25 41 61 92
Tyrannus melancholicus 2 2 2 2
Zenaida auriculata 5 7 2 5 2 2 9 14
MA Total
121
210
116
227
124
205
361
642
VR_C Camptostoma obsoletum 1 1 1 1
Chaetura meridionalis 5 21 4 18 5 11 14 50
Coereba flaveola 8 10 1 1 7 8 16 19
Columba livia 6 15 3 5 5 8 14 28
Columbina picui 8 8 1 1 2 2 11 11
Columbina talpacoti 2 2 5 5 9 11 16 18
Euphonia chlorotica 3 3 3 3
Furnarius rufus 7 9 3 3 5 5 15 17
Hylocharis chrysura 1 1 1 1 2 2
Notiochelidon cyanoleuca 5 8 7 55 3 9 15 72
Passer domesticus 38 79 26 48 33 68 97 195
Pitangus sulphuratus 4 5 1 2 2 3 7 10
Progne chalybea 2 3 2 3
Progne tapera 3 4 3 4
Thraupis sayaca 6 10 2 2 8 12
Troglodytes musculus 1 1 2 2 1 1 4 4
Turdus rufiventris 7 10 10 11 12 14 29 35
Tyrannus melancholicus 6 7 6 7
Zenaida auriculata 6 7 1 1 1 2 8 10
VR_C Total
110
193
69
159
92
149
271
501
Total geral
821 1381 698 1258 737 1317 2256 3956
194
APÊNDICE F –
Análise de agrupamento com base na similaridade
da abundância de aves
195
DL DL_C JT TF SA_C RE LA_C
MA VR_C
DL
55.6938
80.3464
80.4848
61.2466
77.5912
51.4143
81.5714
73.1081
DL_C
50.7353
47.5344
70.317
43.8356
56.5273
46.2822
57.732
JT
86.5919
64.6956
81.2429
65.7028
75.6483
82.0749
TF
58.1986
83.1683
61.9799
78.4191
78.3493
SA_C
54.5058
76.1457
54.3478
65.899
RE
63.9021
78.1
75.8148
LA_C
47.5932
67.8105
MA
69.595
VR_C
Notas: DL - Dona Laura; DL_C - Dona Laura controle; JT - General João Telles; TF - Tomaz Flores;
SA_C - Santo Antônio; RE - República; LA_C - Luiz Afonso; MA - Machado de Assis;
VR_C - Veríssimo Rosa.
196
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:
informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027:
informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:
informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de
Janeiro, 2002.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724:
informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de
Janeiro, 2002.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724
emenda 1: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação.
Rio de Janeiro, 2005.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Normas
de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.
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