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Universidade Federal da Bahia
Escola de Medicina Veterinária
Mestrado em Medicina Veterinária Tropical
AVALIAÇÃO IN VITRO DO SÊMEN CAPRINO RESFRIADO A 4ºC EM DOIS MÉTODOS
E DOIS TIPOS DE DILUIDORES
ANA KARINA DIAS SARAIVA VIANA
Salvador - Bahia
2003
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ii
ANA KARINA DIAS SARAIVA VIANA
AVALIAÇÃO IN VITRO DO SÊMEN CAPRINO RESFRIADO A 4ºC EM DOIS MÉTODOS
E DOIS TIPOS DE DILUIDORES
Dissertação apresentada à Escola de
Medicina Veterinária da Universidade
Federal da Bahia, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária Tropical, na área de Saúde
Animal.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Chalhoub Coelho Lima
Salvador - Bahia
2003
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FICHA CATALOGRÁFICA
ELABORADO PELA BIBLIOTECA DA EMV – UFBA
VIANA, Ana Karina Dias Saraiva
Avaliação in vitro do sêmen caprino resfriado a 4ºC em dois métodos e dois tipos de
diluidores/ Ana Karina Dias Saraiva Viana. - Salvador, Bahia, 2003. 34p. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) - Escola de Medicina Veterinária da
Universidade Federal da Bahia, 2003.
Professor orientador – Prof . Dr. Marcos Chalhoub Coelho Lima
Palavras-chave – Sêmen; caprino; resfriamento; diluidor; centrifugação.
iii
AVALIAÇÃO IN VITRO DO SÊMEN CAPRINO RESFRIADO A 4ºC EM DOIS MÉTODOS
E DOIS TIPOS DE DILUIDORES
ANA KARINA DIAS SARAIVA VIANA
Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária
Tropical.
Salvador, 30 de setembro de 2003.
Comissão Examinadora:
______________________________________________
Prof. Dr. Marcos Chalhoub Coelho Lima - UFBA
Orientador
______________________________________________
Prof. Dr. Antônio de Lisboa Ribeiro Filho - UFBA
______________________________________________
Prof. Dr. Antônio Jorge Del Rei - UESB
iv
Dedico este trabalho aos meus pais e às
minhas irmãs, pelo imenso incentivo e
apoio, e ao meu marido, Ícaro, pela
extraordinária compreensão e dedicação.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus pela inspiração e força.
A minha família, especialmente a meus pais e irmãs, pelo carinho e apoio em todos os momentos,
principalmente naqueles mais difíceis.
Ao meu marido, Ícaro, pelo amor incondicional, compreensão e apoio constante durante a
realização desse trabalho.
Ao Professor Marcos Chalhoub, pela orientação.
Ao Setor de Pós-Graduação da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia
pela oportunidade e apoio na realização deste trabalho.
Aos professores Antônio de Lisboa e José Resende e à Médica Veterinária Mônica, pela ajuda
dispensada.
Em especial, aos alunos da graduação e da pós-graduação da EMV – UFBA, Ana Karine Almeida,
Ana Paula Portela, Rodrigo Bittencourt, Sidney Alves, Aline Quintela, Jaciara Campos e Daniela
Freitas, pela grande colaboração e dedicação durante a realização desse trabalho.
A Professora Ângela Ornelas, em especial, pela solicitude e apoio, e a todos do Laboratório de
Diagnóstico de Doenças Parasitárias, principalmente Sue Fernandez, Érika Viana, Rosângela Uzêda
e Ademilton.
A Professora Thereza Cristina Calmon Bittencourt pela grande ajuda na análise estatística.
À minha querida irmã, Shirleide, pelas traduções e correções realizadas.
Aos colegas de trabalho Liliane Dantas, Gabriela Bicca, Rodrigo Fagundes e Alexandre Luna, e aos
meus alunos, pelo apoio e pela compreensão nos momentos em que precisei estar ausente.
vi
Ao funcionário Biri, que tratou dos animais durante todo o período do experimento.
À amiga Sara Franco, e ao amigo Anselmo Santos, pela ajuda em todos os momentos em que
precisei.
E a todos aqueles que colaboraram para a realização desse trabalho.
vii
“A mente que se abre a uma nova idéia
jamais voltará ao seu tamanho original...”
(Albert Einstein)
viii
ÍNDICE
página
LISTA DE TABELAS....................................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ x
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................... xii
RESUMO........................................................................................................................... xiii
SUMMARY......................................................................................................................... xiv
1 INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... 3
2.1 Características seminais............................................................................................... 3
2.2 Uso de diluidores ricos em lecitinas e fosfolipídeos na preservação seminal............. 4
2.3 Plasma seminal e sua remoção no resfriamento do sêmen.......................................... 6
2.4 Mecanismos envolvidos no processo de resfriamento do sêmen................................ 7
2.5 Resfriamento do sêmen caprino.................................................................................. 8
3 ARTIGO CIENTÍFICO................................................................................................. 10
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................................ 25
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 26
ANEXOS........................................................................................................................... 31
ix
LISTA DE TABELAS
página
TABELA 1 –
Avaliação do sêmen a fresco dos quatro reprodutores caprinos
utilizados durante o experimento........................................................
14
TABELA 2 –
Média (x) e Desvio Padrão (s) da Motilidade total (%) dos
espermatozóides diluídos no meio leite desnatado-glicose sem (LS)
e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio tris-gema sem (GS)
e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h
(T4) e 48h (T5) após o início do resfriamento....................................
15
TABELA 3 –
Média (x) e Desvio Padrão (s) do Vigor (0-5) dos espermatozóides
diluídos no meio leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e do sêmen no meio tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h
(T5) após o início do resfriamento.....................................................
17
TABELA 4 –
Média (x) e Desvio Padrão (s) das Patologias do acrossoma (%)
dos espermatozóides diluídos no meio leite desnatado-glicose sem
(LS) e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio tris-gema sem
(GS) e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h
(T3), 24h (T4) e 48h (T5) após o início do resfriamento...................
18
TABELA 5 –
Média (x) e Desvio Padrão (s) das Patologias de cauda (%) dos
espermatozóides diluídos no meio leite desnatado-glicose sem (LS)
e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio tris-gema sem (GS)
e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h
(T4) e 48h (T5) após o início do resfriamento....................................
19
TABELA 6 –
Média (x) e Desvio Padrão (s) do pH (0-14) do sêmen diluído no
meio leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação, e
do sêmen no meio tris-gema sem (GS) e com (GC) centrifugação,
0h (T0), 24h (T4) e 48h (T5) após o início do resfriamento..............
20
TABELA 7 –
Composição do diluidor leite desnatado-glicose................................ 32
TABELA 8 –
Composição do diluidor tris-gema.....................................................
32
TABELA 9 –
Ficha de colheita e diluição do sêmen................................................
33
TABELA 10 –
Ficha para análise do sêmen nos diferentes tempos........................... 34
x
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 – Curvas de resfriamento da água à temperatura inicial de 34ºC,
contendo as amostras leite desnatado-glicose (LS) e tris-gema (GS)
sem centrifugação, e da água à temperatura inicial de 21º C,
contendo as amostras leite desnatado-glicose (LC) e tris-gema (GC)
com centrifugação, conservada em refrigerador...................................
15
FIGURA 2 – Comparação entre as dias de motilidade total dos
espermatozóides, em função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5)
de resfriamento......................................................................................
16
FIGURA 3 – Comparação entre as dias de motilidade total dos
espermatozóides, em função dos diferentes tempos de avaliação, 0h
(T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento, nos meios leite desnatado-glicose sem (LS) e com
(LC) centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação.........................................................................................
16
FIGURA 4 – Comparação entre as médias do vigor dos espermatozóides, em
função dos métodos de diluição, leite desnatado-glicose sem (LS) e
com (LC) centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação, nos diferentes tempos de avaliação, 0h (T0), 3h (T1),
6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento..........................................................................................
17
FIGURA 5 – Comparação entre as médias do vigor dos espermatozóides, em
função dos diferentes tempos de avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2),
12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) de resfriamento, nos meios leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação.....................................................
17
FIGURA 6 – Comparação entre as médias de patologias de acrossoma dos
espermatozóides, em função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5)
de resfriamento......................................................................................
18
xi
FIGURA 7 – Comparação entre as médias de patologias de acrossoma dos
espermatozóides, em função dos diferentes tempos de avaliação, 0h
(T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento, nos meios leite desnatado-glicose sem (LS) e com
(LC) centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação.........................................................................................
18
FIGURA 8 – Comparação entre as médias de patologias de cauda dos
espermatozóides, em função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5)
de resfriamento......................................................................................
20
FIGURA 9 – Comparação entre as médias de patologias de cauda dos
espermatozóides, em função dos diferentes tempos de avaliação, 0h
(T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento, nos meios leite desnatado-glicose sem (LS) e com
(LC) centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação.........................................................................................
20
FIGURA 10 – Comparação entre as médias de pH do sêmen, em função dos
métodos de diluição, leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC) centrifugação, nos
diferentes tempos de avaliação, 0h (T0), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento..........................................................................................
21
FIGURA 11 – Comparação entre as médias de pH do sêmen, em função dos
diferentes tempos de avaliação, 0h (T0), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento, nos meios leite desnatado-glicose sem (LS) e com
(LC) centrifugação e tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação.........................................................................................
21
FIGURA 12 –
Fluxograma de execução experimental.................................................
31
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
UFBA – Universidade Federal da Bahia
HOSPMEV – Hospital de Medicina Veterinária
EMV – Escola de Medicina Veterinária
IA – Inseminação artificial
MT – Motilidade total
V – Vigor
PA – Patologia de acrossoma
PC – Patologia de cauda
SPTZ – espermatozóide
CBRA – Colégio Brasileiro de Reprodução Animal
x – média
s – desvio padrão
G – tris-gema
L – leite desnatado-glicose
S – sem centrifugação
C – com centrifugação
LS – sêmen diluído em leite desnatado-glicose, sem centrifugação
LC – sêmen diluído em leite desnatado-glicose, com centrifugação
GS – sêmen diluído em tris-gema, sem centrifugação
GC – sêmen diluído em tris-gema, com centrifugação
T0 – início do resfriamento
T1 – 3 horas após início do resfriamento
T2 – 6 horas após início do resfriamento
T3 – 12 horas após início do resfriamento
T4 – 24 horas após início do resfriamento
T5 – 48 horas após início do resfriamento
xiii
VIANA, A.K.D.S. Avaliação in vitro do sêmen caprino resfriado a 4ºC em dois métodos e dois
tipos de diluidores. Salvador, Bahia, 2003. 34p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária
Tropical) - Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2003.
RESUMO
O presente trabalho objetivou comparar in vitro dois métodos e dois diluidores no resfriamento de
sêmen caprino. Para tanto, avaliou-se os seguintes parâmetros, motilidade total, vigor, patologia de
acrossoma, patologia de cauda e pH. O experimento foi realizado no Laboratório de Embriologia do
Setor de Reprodução - HOSPMEV-UFBA, onde o sêmen de 4 bodes das raças Saanen e Pardo
Alpina foi colhido por meio de vagina artificial, 4 vezes por semana durante duas semanas, em
presença de fêmea em estro induzido. Após a colheita o sêmen foi analisado quanti-
qualitativamente e dividido em quatro alíquotas iguais, que foram submetidas a dois diluidores,
tris-gema (G) e leite desnatado-glicose (L), e dois métodos, com (C) e sem (S) centrifugação,
formando os seguintes grupos: (LS) diluída em leite desnatado-glicose e (GS) diluída em tris -gema
de ovo, sem centrifugação, e (LC) diluída em leite desnatado-glicose e (GC) tris-gema, com
centrifugação. O sêmen diluído foi resfriado e conservado a 4º C, e avaliado quanto à motilidade
total, vigor e patologia de acrossoma e patologia de cauda em cada um dos seguintes tempos: (T0)
0, (T1) 3, (T2) 6, (T3) 12, (T4) 24 e ( T5) 48 horas após o início do resfriamento, enquanto que o
pH foi avaliado apenas em T0, T4 e T5. Em relação aos parâmetros motilidade total e vigor, em
todos os tempos avaliados, o diluidor tris-gema foi superior (p<0,05) ao diluidor leite desnatado-
glicose, contudo os métodos com e sem centrifugação não demonstraram diferenças (p>0,05). O
diluidor tris-gema sem centrifugação apresentou menor porcentagem de patologia de acrossoma (p
< 0,05), até 24 horas de resfriamento, a partir daí não houve diferenças, exceto para o diluidor leite
desnatado-glicose com centrifugação, que apresentou a maior (p<0,05) porcentagem de patologias.
A porcentagem de patologias de cauda não diferiu (p<0,05) em ambos os diluidores em todos os
tempos , contudo foi positivamente influenciada pela centrifugação após 24 horas de resfriamento
no tris-gema, e a partir de 6 horas no leite desnatado-glicose. Os diluidores e métodos não alteraram
o pH (p>0,05). Conclui-se que o diluidor tris-gema, quando comparado ao diluidor leite desnatado-
glicose, preservou melhor a motilidade, vigor e patologia de acrossoma. Entretanto, a remoção do
plasma seminal não influenciou as características seminais, em todos os tempos de resfriamento
avaliados, exceto em relação à patologia de cauda.
Palavras-chave – Sêmen; caprino; resfriamento; diluidor; centrifugação.
xiv
VIANA AKDS. Evaluation in vitro of cooled goat semen at 4ºC in different methods and
extenders. Salvador, Bahia, 2003. 34p. Dissertation (Master of Science in Tropical Veterinary
Medicine) – School of Veterinary Medicine, Federal University of Bahia, 2003.
SUMMARY
The objective of this experiment was compare in vitro two methods and two extenders to cool goat
semen, through the following evaluated parameters, motility, vigor, acrosome pathology, tail
pathology and pH. This experiment was performed at the Embryology Laboratory of the
Reproduction Department – HOSPMEV – UFBA. The semen of four Saanen and Pardo Alpina
goats was collected by means of artificial vagina, four times a week during two weeks, in the
presence of female in estrus induced. After the collecting the semen was analysed quant-
qualitatively and divided into 4 equal aliquots, which were submitted to two extenders, skim milk-
glucose (L) and tris-egg yolk (G), and two methods with (C) and without (S) centrifugation,
forming the following groups: (LS) diluted in skim milk-glucose and (GS) diluted in tris-egg yolk,
without centrifugation, and (LC) diluted in skim milk-glucose and (GC) tris-egg yolk, with
centrifugation. The semen diluted was cooled and stored to 4º C, and evaluated according to total
motility, vigor, acrosome pathology and tail pathology in each of the following periods: (T0) 0, (T1)
3, (T2) 6, (T3) 12, (T4) 24 and (T5) 48 hours after the beginning of the cooling, while pH was
evaluated just at T0, T4 and T5. According to the parameters of motility and vigor, in all the periods
of cooling evaluated, the extender tris-yolk was higher (p<0.05) to the extender milk-glucose,
however the methods, with and without centrifugation did not present differences (p>0.05). The
extender tris-yolk without centrifugation showed lower percentage of acrosome pathology (p<0.05),
until 24 hours after the beginning of the cooling. After that moment, there were no differences,
except to the extender milk-glucose with centrifugation, which one presented the higher (p < 0.05)
percentage of acrosome pathology. The percentage of tail pathology did not change (p<0,05) for
both of the extenders, in all the periods, nevertheless it was improved by centrifugation after 24
hours of cooling in the tris-yolk, and after 6 hours in the milk-glucose. The extenders and the
methods didn't modify the pH (p>0.05). It concludes the extender tris-egg yolk, when compared
with the extender milk-glucose, was more efficient in preserving the motility, vigor and acrosome
pathology. Nevertheless, the remotion of the seminal plasma did not influence on the seminal
characteristics, in all the periods of cooling evaluated, except to tail pathology.
Key-words – Semen; goat; cooling; extenders; centrifugation.
1
1 INTRODUÇÃO GERAL
A caprinocultura brasileira, principalmente na região Nordeste, é predominantemente uma
exploração extensiva e pode até, em algumas regiões, ser classificada como atividade extrativista
(MACHADO e SIMPLÍCIO, 1995). Diante da crescente demanda de proteína de origem animal
pelas populações humanas, principalmente por aquelas localizadas nas regiões, onde uma grande
parte dos habitantes vive em estado de pobreza absoluta, - como, por exemplo no Nordeste
brasileiro,- sobrevém a necessidade do aumento da produção e da produtividade dos animais
economicamente exploráveis (SOUZA e FILHO, 1992). Neste contexto, os caprinos podem
desempenhar papel importante, haja visto sua marcante concentração nessas áreas, devido à sua
capacidade de adaptação às condições ambientais adversas de onde são criados. Para isso, é
necessário reverter os atuais níveis produtivos no tocante à produtividade de carne e leite dos
caprinos que ainda são insatisfatórios devido, principalmente, ao mérito genético médio dos
rebanhos (SANTOS et al., 2001).
A inseminação artificial (IA) caprina é um método bastante prático, global e de suma importância,
que aliada a um programa de melhoramento genético, é capaz de viabilizar o aumento da
produtividade em um curto espaço de tempo (NUNES e FELICIANO SILVA, 1984). Desta forma,
a IA pode representar um poderoso instrumento para que se atinjam os objetivos da exploração
racional de caprinos, tais como melhoramento genético, preservação de germoplasma, controle de
doenças sexualmente transmissíveis e controle do ciclo de produção, entretanto, é pouco aplicada à
espécie caprina no Nordeste do Brasil (MACHADO e SIMPLÍCIO, 1995).
O desenvolvimento de programas de IA gerou a necessidade de preservar o sêmen em condições
artificiais com o intuito de possibilitar o seu transporte do local da colheita ao local de inseminação
e também a inseminação de grande número de fêmeas durante extensos períodos ou diferentes
épocas do ano (MAXWELL e SALAMON, 1993). A finalidade de conservar o sêmen é prolongar a
capacidade de fertilização dos espermatozóides ao reduzir ou parar o seu metabolismo, como é feito
na conservação do sêmen líquido, usando a redução da temperatura (resfriamento) ou outro método
que deprima o metabolismo espermático, e no estado congelado, submetendo-o a temperaturas
abaixo de zero (EVANS e MAXWELL, 1987; MAXWELL e SALAMON, 1993). O resfriamento
2
do sêmen pode causar danos ultra-estruturais, bioquímicos e funcionais à membrana plasmática do
espermatozóide, resultando em uma redução da motilidade, viabilidade e fertilidade (ROY, 1957;
IRITANI e NISHIKAWA, 1961).
Várias pesquisas têm sido conduzidas, visando avaliar a viabilidade do sêmen caprino diluído
criopreservado ou não, com o objetivo de determinar qual substância proporciona melhores
condições para sobrevivência espermática e conseqüentemente melhores índices de fertilidade,
tendo em vista que um dos pré-requisitos para o sucesso da IA é o uso de um diluente capaz de
manter a integridade da membrana plasmática (OLLERO et al., 1998 apud MORENO et al., 2001).
Segundo MIES FILHO (1987), independente da espécie animal um bom diluidor deve apresentar as
seguintes características: ausência de toxicidade, osmolaridade igual ou próxima do sêmen, pH
favorável segundo a espécie, preparação simples e ser de baixo custo. Além disso, deve conter
substâncias nutritivas e crioprotetoras para assegurar a sobrevivência dos espermatozóides (EVANS
e MAXWELL, 1987). Os meios biológicos como leite, água de coco e gema de ovo são os mais
utilizados para a conservação do sêmen animal (NUNES, 1998). Porém, o leite e a gema de ovo são
ricos em fosfolipídios, o que servem de substrato para a ação da fosfolipase A (LEBOEUF et al.,
2000), enzima presente no plasma seminal caprino secretada pelas glândulas bulbouretrais, que ao
interagir com os fosfolipídios dos diluidores geralmente utilizados para conservação do sêmen
caprino, causa a liberação de substâncias tóxicas aos espermatozóides (ROY, 1957). MEMON et al.
(1985) reportaram que a remoção do plasma do sêmen caprino é benéfica para a preservação da
integridade do espermatozóide após congelação, independente do diluente utilizado.
Por razões econômicas e práticas, busca-se desenvolver um método mais eficiente para a
conservação do sêmen no estado líquido, isto é, resfriado, superando assim, parte das dificuldades
deste processo. O uso do sêmen líquido como uma alternativa ao sêmen congelado traria vantagens
em sistemas de produção extensivos (LEBOEUF et al., 2000).
Objetivou-se nesse trabalho comparar os diluidores tris-gema e leite desnatado com e sem
centrifugação utilizados no processo de resfriamento e conservação, a 4ºC, do sêmen caprino, por
meio da avaliação dos seguintes parâmetros seminais: motilidade total (MT), vigor (V), patologia
de acrossoma (PA), patologia de cauda (PC) e pH, e desta forma, determinar o método e o diluente
mais eficientes em preservar as características seminais, por até 48 horas.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Características seminais
Segundo EVANS e MAXWELL (1987) o volume do ejaculado da espécie caprina varia de 0,5 a 1,5
mL e a concentração varia de 1,5 a 5,0 milhões de espermatozóides/mL. SOUZA e MIES FILHO
(1986) coletaram sêmen de 2 bodes da raça Saanen, encontrando média do volume do ejaculado
igual a 0,63 ± 0,28 mL, média da motilidade igual a 90,91 ± 2,02% e média de concentração igual a
3,68 ± 0,39 x 10
9
espermatozóides/mL. Entretanto, BORDOLOI e SHARMAN (1983) estudando
as características seminais em diferentes raças de caprinos, obtiveram para a raça Saanen, média de
motilidade de 77,45 ± 2,47% e de patologia total de 8,55 ± 1,06%, e para a raça Beetal média de
83,43 ± 1,60% e 9,22 ± 0,81% para as referidas características respectivamente.
MENDONZA et al. (1989) avaliando os componentes químicos do plasma seminal colheram
sêmen se 11 bodes da raça Angorá em dois anos consecutivos e observaram média de volume do
ejaculado de 0,80 ± 0,30 e 0,98 ± 0,52 mL, as concentrações espermáticas foram 3,33 ± 0,49 e 2,94
± 0,45 x 10
9
/mL, os valores de pH foram 7,01± 0,34 e 7,20 ± 0,17, e nos dois anos o escore de
motilidade foi 4 (escala 0-5). Neste mesmo estudo, estes autores encontraram concentrações (mg/
100mL) de frutose de 875,00 ± 97,00 e ácido cítrico 73,00 ± 17,00 na composição do plasma
seminal, suficientes para manter a motilidade espermática, e obtiveram também concentrações (µL/
mL) de riboflavina de 5,38 ± 2,98; 3,09 ± 0,85 e 1,73 ± 0,88 respectivamente para os ejaculados
amarelo, amarelo claro e branco, concluindo que esta substância é responsável pela cor amarelada
do sêmen caprino.
AZERÊDO et al. (2001) compararam as médias de motilidade e vigor do sêmen fresco com e sem
plasma e encontraram respectivamente, 85,41 ± 4,64 % e 67,50 ± 2,47% de motilidade e 4,55 ±
0,20 e 4,36 ± 0,13 de vigor (0-5).
O plasma seminal dos caprinos pode ser as vezes de cor amarela devido à presença de riboflavina,
proveniente das glândulas vesiculares. A pressão osmótica do sêmen se mantém mais pelos
componentes orgânicos do que pelos inorgânicos, apesar de existirem quantidades consideráveis de
sódio, potássio e cloro. As principais substâncias orgânicas presentes no sêmen caprino são frutose,
4
sorbitol, inositol, ácido cítrico, fosfolipídios, glicerilfosforilcolina, prostaglandinas e proteínas. O
pH se mantém muito próximo a 7,0 por um complexo sistema tampão. Uma característica do
plasma seminal caprino é a presença de uma enzima (fosfolipase A) que se origina das glândulas
bulbouretrais. A energia necessária para manter a motilidade e viabilidade dos espermatozóides
procede dos açúcares especialmente da frutose, presente no plasma seminal. (EVANS e
MAXWELL, 1987)
2.2 Uso de diluidores ricos em lecitinas e fosfolipídeos na preservação seminal
Os diluentes sintéticos mais utilizados para diluir o sêmen de carneiro contêm como tampão o tris e
ou citrato sódico, glicose ou frutose como fonte de energia e gema de ovo para proteger a
membrana espermática contra o choque térmico. Esses diluentes também são utilizados para o
sêmen caprino, mas com menor quantidade de gema de ovo, para evitar a ação da enzima do plasma
seminal caprino sobre a gema de ovo. Este problema pode ser resolvido utilizando menor
concentração de gema de ovo no diluente, utilizando um meio que não contenha gema de ovo ou
retirando o plasma do sêmen por centrifugação, com o que se eliminará a enzima. Quando se
conserva o sêmen caprino deve-se utilizar diluente à base de leite desnatado-glicose a fim de evitar
qualquer possibilidade de reação e coagulação de gema de ovo durante a estocagem (EVANS e
MAXWELL, 1987).
A maioria dos diluidores usa gema de ovo ou leite como componente básico, uma vez que a
proteção do espermatozóide contra o choque térmico é provida por fosfatidil-colinas (lecitinas) e
lipoproteínas da gema e pela caseína do leite (DEN DAAS, 1992).
Em condições de campo, o diluente de sêmen mais facilmente disponível é o leite de vaca, que pode
se utilizar tanto integral, desnatado ou em pó reconstituído. Também se utiliza leite UHT, que tem a
propriedade de conservar melhor. Ao utilizar o leite completo, desnatado ou em pó, deve-se aquecer
entre 92 a 95º C, em banho maria, durante 8 a 10 minutos, para inativar os efeitos tóxicos de sua
fração protéica e não ferver (EVANS e MAXWELL, 1987).
A técnica tradicional para diluição do sêmen caprino deriva da técnica clássica usada para bovinos,
contudo nesse processo os espermatozóides sofrem influência negativa de catalisação e hidrolisação
da lecitina da gema de ovo, pois o plasma seminal de caprinos é rico em fosfolipase A, proveniente
5
das glândulas bulbo uretrais, que interagindo com os fosfolipídeos dos diluidores liberam ácidos
graxos, os quais são espermicidas (ROY, 1957; AAMDAL et al., 1965; CORTEEL, 1974).
O diluidor à base de leite é rico em fosfolipídeos e o acúmulo de ácido lático leva à uma queda do
pH (acidez) que causa a morte dos espermatozóides (TIWARI et al., 1968). Muitos diluidores têm
sido utilizados na conservação do sêmen caprino, porém o leite desnatado continua sendo o
preferido, devido à sua disponibilidade (NUNES e SALLES, 1993).
CHAUHAN e ANAND (1990) diluíram sêmen de caprinos da raça Jaminapari em diluidores à base
de citrato glicose gema, tris gema e leite desnatado gema, e observaram melhores resultados de
motilidade, quantidade de espermatozóides vivos e defeito de acrossoma, durante as etapas do
processo de congelação no meio tris gema. Neste mesmo estudo, por meio de ensaios sobre a
atividade das enzimas fosfolipase e lisofosfolipase sobre as lecitinas contidas na gema de ovo
utilizada no diluente à base de tris, concluíram que não há hidrólise destes fosfolipídeos. Portanto, a
congelação do sêmen em diluente de tris gema sem a remoção do plasma seminal produz altas
taxas de fertilidade.
PELLICER et al. (1997) purificaram a glicoproteína 60 kDa com triglicéride lipase ativa e
identificaram-na como o único componente da glândula bulbouretral, responsável pela deterioração
dos espermatozóides em diluentes à base de leite. Essas glicoproteínas promovem o decréscimo da
percentagem e motilidade espermática, degradação da qualidade do movimento, quebra do
acrossoma e morte celular. Entretanto, desde que o plasma seminal também contém fatores
favoráveis à sobrevivência espermática, acredita-se que, para uma melhor preservação do sêmen
caprino, inibidores específicos de lipases poderiam ser adicionados aos diluidores à base de leite,
sem a eliminação do plasma seminal.
DEKA e RAO (1985) compararam a eficácia de quatro extensores, gema citrato frutose glicerol, tris
gema ácido cítrico frutose glicerol, leite desnatado gema frutose glicerol e rafinose gema glicerol, e
observaram que a motilidade espermática de sêmen congelado foi maior quando utilizou-se o
extensor tris gema ácido cítrico frutose glicerol e leite desnatado gema (68,43 % e 65,86 %), do que
no extensor gema citrato frutose glicerol e rafinose gema glicerol (48,86 % e 47,71 %). A
percentagem de defeito de acrossoma foi menor nos extensores tris gema ácido cítrico frutose
glicerol e leite desnatado gema (13,83 % e 14,09 %) do que no extensor gema citrato frutose
6
glicerol (18.85 %), mas não houve diferença entre gema citrato frutose glicerol e rafinose gema
glicerol.
2.3 Plasma seminal e sua remoção no resfriamento do sêmen
Segundo (CORTEEL, 1977) na espécie caprina a remoção do plasma seminal por centrifugação
imediatamente após a colheita aumenta a percentagem de células vivas e sua motilidade durante a
armazenagem em diluentes de gema de ovo ou leite, mas não demonstra influência sobre a
qualidade de sêmen colhido do epidídimo. Isto significa que os componentes deletérios ao sêmen
armazenado “in vitro” estão presentes no plasma seminal. Entretanto, RITAR e SALAMON (1982),
recomendaram o uso de 1,5% de gema de ovo em um diluente à base de gema de ovo, sem remoção
do plasma seminal, como uma alternativa prática.
A centrifugação é um processo complexo, que consome tempo e pode também causar perda de
espermatozóides no sobrenadante, além da possibilidade de causar estresse físico à célula
espermática devido à força a que é submetida (CORTEEL, 1981; GIL et al., 2002).
Enquanto a maioria dos resultados reportados sobre a viabilidade e fertilidade do sêmen não
centrifugado, resfriado por 5-8h foram satisfatórios, períodos de estocagem maior (12-24h)
reduziram a fertilidade (LEBOEUF et al., 2000).
NUNES (1982) observou que durante o processamento do sêmen as células espermáticas sofrem
efeitos deletérios do plasma seminal não só em temperaturas abaixo de 0ºC como a 37ºC.
Entretanto, a eliminação do plasma seminal a fim de minimizar os efeitos negativos sobre a
conservação do sêmen, pode afetar a capacitação “in vivo” dos espermatozóides, visto que o plasma
seminal possui enzimas e outras substâncias importantes para a fertilidade do sêmen (NUNES,
1986; MAXWELL e JOHNSON, 1999).
ROY (1957), IRITANI e NISHIKAWA (1961) observaram melhor sobrevivência espermática
quando ejaculados de sêmen caprino foram centrifugados uma vez antes da diluição, do que quando
não centrifugado. MEMON et al. (1985) estudaram o efeito da remoção do plasma seminal, por
duas lavagens, sobre a motilidade espermática e encontraram significância positiva. A remoção do
plasma seminal foi benéfica em preservar a integridade espermática após a congelação.
7
ROCA et al. (1997) avaliaram a viabilidade e fertilidade do sêmen centrifugado e não centrifugado,
da raça caprina Murciano-Granadina, diluído em tris gema de ovo, resfriado e conservado a 5ºC, e
constataram que a viabilidade espermática diminui com o tempo de conservação, mas não houve
diferença entre sêmen centrifugado e não centrifugado para os parâmetros de qualidade avaliados.
2.4 Mecanismos envolvidos no processo de resfriamento do sêmen
A primeira descoberta sobre a preservação de espermatozóide mamífero foi feita por
SPALLAZONI em 1776 apud MAXWELL e SALAMON (1993), que resfriou sêmen de sapo,
garanhão e homem em neve e observou que não houve morte de todas as células espermáticas, mas
uma imotilidade temporária e indução de um estado de letargia reversível quando submetidos a
temperaturas mais elevadas.
A conservação do sêmen por períodos curtos é dependente da redução reversível da motilidade e da
atividade metabólica dos espermatozóides a baixas temperaturas. O sêmen caprino é diluído e a
curva de refrigeração deve estar compreendida entre 0,25 e 0,35º C/ min até que seja atingida a
temperatura de 5º C. Neste caso, a motilidade do espermatozóide é mantida, em baixos níveis, por
alguns dias. No entanto, a estocagem do sêmen refrigerado em diluidores à base de citrato-gema e
leite de vaca não deve exceder oito horas, pois a partir deste momento mais de 50% da motilidade é
perdida (SAHNI, 1987). Contudo, NIMBULKAR et al. (1982), relataram vitalidade plena dos
espermatozóides, até quatro dias de estocagem, em meio à base de citrato de sódio gema de ovo,
enriquecidos com ácido acético e ácido capróico.
A conservação do sêmen no estado líquido, por períodos curtos, consiste em resfriar o sêmen
diluído desde 30ºC a 15ºC ou mais freqüentemente, a 5ºC, mantendo-o nesta temperatura até o
momento de utilizá-lo. O resfriamento do sêmen em refrigerador é feito colocando-se os tubos
contendo sêmen em recipiente com água. O ritmo do resfriamento deve ser regulado pelo tamanho
do recipiente e a quantidade de água dentro deste (EVANS e MAXWELL, 1987).
Durante o processo de resfriamento ocorrem mudanças na conformação da membrana plasmática
espermática, que resultam em arranjos anormais dos fosfolipídeos e proteínas, permitindo a rápida
8
passagem de moléculas que normalmente passariam através da membrana vagarosamente
(AMANN e PICKETT, 1987).
O termo choque térmico descreve as mudanças que ocorrem nos espermatozóides quando esses são
resfriados da temperatura corporal até 4ºC (JASKO, 1994). Desta forma, o choque térmico causa
danos irreversíveis ao espermatozóide caracterizados por movimento anormal (circular ou
retrógrado), rápida degradação da motilidade, quebra do acrossoma e da membrana plasmática
(aumento da permeabilidade), diminuição do metabolismo e perda de componentes intracelulares
(GRAHAM, 1996). Estas mudanças ocorrem durante a fase de transição, que se caracteriza pela
passagem da membrana plasmática do estágio líquido para o estágio cristalino, fase de gel, devido a
alterações na forma das moléculas de fosfolipídeos (AMANN e PICKETT, 1987).
A estocagem do sêmen causa danos ultra-estruturais, bioquímicos e funcionais ao espermatozóide
resultando em uma redução da motilidade, viabilidade e fertilidade. Muitas pesquisas têm sido
desenvolvidas no intuito de minimizar estes problemas, mas a fertilidade do sêmen armazenado é
geralmente menor do que a do sêmen fresco (ROY, 1957; IRITANI e NISHIKAWA, 1961).
O choque térmico pode ser minimizado pelo resfriamento lento do sêmen diluído à 4ºC, em uma
proporção de 0,05ºC/ min de 20ºC até 4ºC (PICKETT e AMANN, 1993) e pela adição de proteínas
do leite ou da gema de ovo nos diluidores de sêmen (AMANN e PICKETT, 1987).
A motilidade dos espermatozóides pode ser mantida por vários dias à 5ºC, porém o sêmen declina
em um ritmo de 10-35% por dia de armazenamento. O período máximo de conservação para obter
um nível aceitável de fertilidade para inseminação artificial é de 24h para os ovinos e 48 para
caprinos, considerando que para essa espécie se pode fazer uma inseminação mais profunda
(EVANS e MAXWELL, 1987).
2.5 Resfriamento do sêmen caprino
ROCA et al. (1997) avaliaram as médias de motilidade e de acrossomas normais no sêmen de bodes
da raça Murciano-Granadina, centrifugado e não centrifugado, resfriado a 5ºC em diluidor à base de
tris gema, obtendo valores de motilidade (escala 0-5) de 3,5 e 3,25 respectivamente, e porcentagem
9
de acrossomas normais de 75% e 68% respectivamente, após 96 horas de conservação e concluíram
que não há diferença significativa entre os valores observados.
AZEVÊDO e TONIOLLI (2000) colheram, resfriaram e conservaram a 4ºC, durante 48 horas, o
sêmen de seis caprinos da raça Marota diluídos em meios à base de água de coco, leite desnatado e
leite desnatado adicionado de ácido 3-indol-acético (IAA), e após 48 horas de resfriamento
obtiveram maior porcentagem de espermatozóides vivos normais, 74,2 ± 1,21 %, além de menor
porcentagem de espermatozóides vivos danificados e de mortos, respectivamente 6.9 ± 0.37 % e
18.9 ± 0.98 %, no terceiro diluidor.
Estudando o resfriamento do sêmen caprino a 4º C, FIGUEIRÊDO et al. (2002) compararam
diluidores à base de água de coco, com e sem glicerol, e observaram que a porcentagem de
espermatozóides móveis, após 48 horas de resfriamento e 5 minutos de incubação a 37º C, foi 32,27
± 4,89 e 59,33 ± 6,56 respectivamente, concluindo que não há vantagem no uso do glicerol durante
o processo de resfriamento.
NUNES e FELICIANO (1984) concluíram que o sêmen caprino resfriado a 4º C no diluidor leite
desnatado glicose é viável até 12 horas de resfriamento, apresentando até este momento excelentes
características “in vitro”. Os resultados de porcentagem de espermatozóides vivos e anomalias
espermáticas após 48 horas de incubação a 4º C obtidos neste estudo foram, 35% e 17%
respectivamente.
10
3 ARTIGO CIENTÍFICO
Avaliação in vitro do sêmen caprino resfriado a 4ºC com e sem centrifugação nos diluidores
leite desnatado-glicose e tris-gema.
Evaluation in vitro of washed and unwashed goat semen diluted in Skim milk-glucose and tris-egg
yolk extenders and stored at 4ºC
VIANA, A.K.D.S.
1
; CHALHOUB, M.
2
; RIBEIRO FILHO, A. de L.
2
; ALMEIDA, A.K.
3
; PORTELA, A.P.M.
3
;
BITTENCOURT, R.F.
3
; ALVES, S.G.G
3
; BITTENCOURT, T.C.C.
4
; QUINTELA, A.T.
3
1 Mestranda em Medicina Veterinária Tropical (UFBA) - E-mail: karinasar[email protected]
2 Departamento de Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária (UFBA)
3 Alunos de graduação e pós-graduação da Escola de Medicina Veterinária (UFBA)
4 Departamento de Produção Animal (UFBA)
RESUMO
O objetivo deste experimento foi comparar in vitro dois métodos e dois diluidores para o
resfriamento de sêmen caprino. O sêmen de 4 bodes das raças Saanen e Pardo Alpina foi colhido,
quatro vezes por semana durante duas semanas, analisado quanti-qualitativamente e dividido em
quatro alíquotas, que foram submetidas a dois diluidores, tris-gema e leite desnatado-glicose, e dois
métodos, com e sem centrifugação. Em seguida, o sêmen foi resfriado e conservado a 4º C durante
48 horas, e avaliado quanto a motilidade total, vigor, patologia de acrossoma, patologia de cauda e
pH. Em relação a motilidade total e vigor, em todos os tempos avaliados, o diluidor tris-gema foi
superior (p<0,05) ao diluidor leite desnatado-glicose, contudo os métodos com e sem centrifugação
não demonstraram diferenças (p>0,05). O diluidor tris-gema sem centrifugação apresentou menor
porcentagem de patologia de acrossoma (p < 0,05), até 24 horas de resfriamento; a partir daí não
houve diferenças, exceto para o diluidor leite desnatado-glicose com centrifugação, que apresentou
a maior (p<0,05) porcentagem de patologias. A porcentagem de patologias de cauda não diferiu
(p<0,05) em ambos os diluidores em todos os tempos , contudo foi positivamente influenciada pela
centrifugação após 24 horas de resfriamento no tris-gema, e a partir de 6 horas no leite desnatado-
glicose. Os diluidores e métodos não alteraram o pH (p>0,05). Conclui-se que o diluidor tris-gema,
quando comparado ao diluidor leite desnatado-glicose, preservou melhor a motilidade, vigor e
patologia de acrossoma. A remoção do plasma seminal não influenciou as características seminais,
em todos os tempos de resfriamento avaliados, exceto em relação à patologia de cauda.
Palavras-chave: sêmen; caprino; diluidor; resfriamento.
SUMMARY
The objective of this experiment was compare in vitro two methods and two extenders to cool goat
semen. The semen of four Saanen and Pardo Alpina goats was collected, four times a week during
two weeks, analysed quant-qualitatively and divided into 4 equal aliquots, which were submitted to
two extenders, skim milk-glucose and tris-egg yolk, and two methods with and without
centrifugation. Afterwards, the semen diluted was cooled and stored to 4º C during 48 hours, and
evaluated according to total motility, vigor, acrosome pathology, tail pathology and pH. According
to the parameters of motility and vigor, in all the periods of cooling evaluated, the extender tris-yolk
was higher (p<0.05) to the extender milk-glucose, however the methods, with and without
11
centrifugation did not present differences (p>0.05). The extender tris-yolk without centrifugation
showed lower percentage of acrosome pathology (p<0.05), until 24 hours after the beginning of the
cooling. After that moment, there were no differences, except to the extender milk-glucose with
centrifugation, which one presented the higher (p < 0.05) percentage of acrosome pathology. The
percentage of tail pathology did not change (p<0,05) for both of the extenders, in all the periods,
nevertheless it was improved by centrifugation after 24 hours of cooling in the tris-yolk, and after 6
hours in the milk-glucose. The extenders and the methods didn't modify the pH (p>0.05). It
concludes the extender tris-egg yolk, when compared with the extender milk-glucose, was more
efficient in preserving the motility, vigor and acrosome pathology. Nevertheless, the remotion of the
seminal plasma did not influence on the seminal characteristics, in all the periods of cooling
evaluated, except to tail pathology.
Key-words: semen; goat; extenders; cooling.
INTRODUÇÃO
Várias pesquisas têm sido conduzidas, visando a avaliar a viabilidade do sêmen caprino diluído
criopreservado ou não, com o objetivo de determinar qual substância proporciona melhores
condições para sobrevivência espermática e conseqüentemente melhores índices de fertilidade,
tendo em vista que um dos pré-requisitos para o sucesso da IA é o uso de um diluente capaz de
manter a integridade da membrana plasmática (OLLERO et al., 1998 apud MORENO et al., 2001).
Por razões econômicas e práticas, busca-se desenvolver um método mais eficiente para a
conservação do sêmen no estado líquido, isto é, resfriado, superando assim parte das dificuldades
deste processo. O uso do sêmen líquido como uma alternativa ao sêmen congelado traria vantagens
em sistemas de produção extensivos (LEBOEUF et al., 2000). Contudo, o processo de resfriamento
causa danos irreversíveis ao espermatozóide levando à infertilidade, mas, esse choque térmico pode
ser minimizado pelo resfriamento lento do sêmen diluído, em uma proporção de 0,05ºC/ min até
4ºC (PICKETT e AMANN, 1993) e pela adição de fosfolipídios do leite ou da gema de ovo nos
diluidores de sêmen (AMANN e PICKETT, 1987).
Por outro lado, o plasma seminal de caprinos é rico em fosfolipase A, que interagindo com os
fosfolipídeos dos diluidores liberam ácidos graxos, os quais são espermicidas. Na espécie caprina a
remoção do plasma seminal por centrifugação imediatamente após a colheita aumenta a
‘percentagem de células vivas e sua motilidade durante a armazenagem em diluentes de gema de
ovo ou leite (ROY, 1957; AAMDAL, 1965; CORTEEL, 1974).
O objetivo deste experimento foi comparar dois métodos, com e sem centrifugação, e dois tipos de
diluidores, o primeiro à base de leite desnatado-glicose, e o segundo a base de tris-gema, utilizados
no processo de resfriamento do sêmen caprino, através da avaliação dos seguintes parâmetros
seminais: motilidade total (MT), vigor (V), patologia de acrossoma (PA), patologia de cauda (PC) e
pH, e desta forma determinar o método e o diluente mais eficiente em preservar as referidas
características seminais, durante o resfriamento e conservação a 4ºC por até 48 horas.
ANIMAIS
Neste estudo, foram selecionados 4 reprodutores caprinos, sendo dois da raça Pardo Alpina e dois
Saanen, com base no aspecto zootécnico e sanitário e submetidos previamente a exames clínicos e
andrológicos, e considerados aptos para reprodução, com idade variando entre 3 e 5 anos. Os
animais foram mantidos, durante o período experimental, nas baias do setor de grandes animais do
12
Hospital de Medicina Veterinária, localizado no Campus de Ondina da Universidade Federal da
Bahia (HOSPMEV-UFBA). A alimentação desses animais foi feita em sistema de confinamento,
recebendo capim no cocho, feno, ração balanceada, contendo 24% de Proteína bruta, 2 vezes ao dia,
e água e sal mineral ad libitum.
MATERIAIS E MÉTODOS
O processamento do sêmen e a avaliação das características analisadas foi realizada no Laboratório
de Embriologia do Setor de Reprodução do HOSPMEV-UFBA, nos meses de janeiro a junho de
2003, sendo de janeiro a março os parâmetros analisados imediatamente após a colheita do sêmen, e
de abril a junho os parâmetros analisados posteriormente.
A colheita de sêmen foi por meio de vagina artificial (modelo francês), acoplada a um tubo de vidro
graduado, aquecida com água a 45º C. Para efetuar a colheita por este método foi necessário utilizar
uma cabra, como manequim, com estro induzido pela aplicação de 2mL de estradiol (ECP
:
Cipionato de estradiol, Laboratório TUCCO), por via intramuscular. Foram colhidos oito ejaculados
de cada reprodutor perfazendo um total de 32 amostras. Foram realizadas 4 colheitas por semana,
no período de 15 dias, de cada reprodutor.
Após cada colheita o sêmen foi levado ao laboratório, colocado em banho-maria a 37ºC e avaliado
quanto às características físicas, químicas e microscópicas. O volume do ejaculado foi determinado
imediatamente após a colheita, através da graduação do tubo coletor. A cor e o aspecto foram
analisados pela observação direta (MIES FILHO, 1987) e o pH foi determinado utilizando-se uma
fita colorimétrica apropriada (Neutralit - Laboratório Merk). O turbilhonamento foi avaliado por
meio de uma alíquota de 20 µl de sêmen sobre lâmina em placa aquecida, observada em
microscópio óptico com aumento de 100 vezes, e classificada com base numa escala de zero
(ausência) a cinco (turbilhão máximo), conforme CBRA (1998). A atividade de movimento dos
espermatozóides foi determinada em motilidade total (MT), expressa em percentagem (0 a 100%),
por avaliação microscópica de uma alíquota de 10 µL de sêmen entre lâmina e lamínula, aquecidos
à temperatura de 37º C. O vigor do movimento dos espermatozóides foi classificado utilizando-se
uma escala subjetiva de zero (vigor nulo) a cinco (vigor máximo). As avaliações da motilidade e do
vigor foram realizadas em microscópio óptico com aumento de 100 vezes, conforme CBRA (1998).
Uma alíquota de 0,02 mL de sêmen foi retirada com uma micropipeta de 20 µL, e diluída em 4 mL
de solução formol-salina tamponada (proporção de 1:200), para posterior determinação da
concentração espermática em câmara de Neubauer, em microscópio óptico com aumento de 400
vezes, sendo o número de espermatozóides expresso em mL, conforme CBRA (1998). A
morfologia espermática do sêmen fresco foi avaliada em lâminas contendo esfregaços corados,
segundo KARRAS (1950) apud PAPA et al. (1988), por meio de microscopia comum. Em cada
lâmina foram avaliadas 100 células de diferentes campos e determinada a percentagem de
anomalias totais (EVANS e MAXWELL, 1987). No tempo T0 e nos demais tempos avaliou-se
apenas o acrossoma quanto as seguintes patologias: edema, destacado, deformado e oblíquo; e a
cauda quanto as patologias a seguir: enrolada, dobrada, fraturada e edema de peça intermediária.
Nesse experimento foram testados dois diluidores, sendo um à base de leite desnatado-glicose,
descrito por CORTEEL (1974), e outro à base de tris-gema descrito por EVANS e MAXWELL
(1987). Após a colheita, foram retiradas duas alíquotas de 200µL (0,2 mL) de sêmen. A primeira
alíquota foi dividida em duas partes de 100µL, colocadas em diferentes tubos plásticos de 15 mL
com tampa e pré-diluída com 1,0 mL dos meios diluidores em teste, sem a remoção do plasma
13
seminal: LS (sem centrifugação diluída em leite desnatado - glicose) e GS (sem centrifugação
diluída em tris - gema de ovo). A segunda alíquota de 200µL foi colocada em tubos idênticos aos
utilizados para LS e GS, diluída em meio de centrifugação, solução Ringer com Lactato, na
proporção de 1:9, e centrifugada a 600 G por 10 min (DELL’AQUA JUNIOR e PAPA, 2001), em
seguida foi retirado o sobrenadante, a fim de remover o plasma seminal, e então o “pellet”
ressuspenso em meio de centrifugação foi dividido em duas partes, colocados em tubos plásticos
com tampa e pré-diluído com 1,0 mL dos meios diluidores em teste: LC (com centrifugação diluída
em leite desnatado - glicose) e GC (com centrifugação diluída em tris - gema de ovo), totalizando 4
amostras, LS, GS, LC, GC pré-diluídas numa proporção de 1:10.
Os diluidores foram preparados a 37ºC, e à temperatura ambiente, 21ºC, a fim de diluir
respectivamente as amostras de sêmen sem plasma seminal (LS e GS) e com plasma seminal (LC e
GC), obtendo uma concentração final de 240x10
6
espermatozóides por amostra em um volume final
de 2 mL. A concentração e o volume final da amostra foram determinados com base na dose
inseminante de 60 x 10
6
espermatozóides, segundo EVANS e MAXWELL (1987), CORTEEL e
LEBOEUF (1990), e cada amostra de ejaculado (LS, GS, LC, GC) possuía o equivalente a quatro
doses de 0,5 mL. A taxa de diluição utilizada foi de 1:20, segundo RITAR et al. (1990), que foi
calculada com base na concentração e volume final desejados, a partir da concentração total e
volume total da alíquota utilizada. As amostras LS, GS, LC, GC, foram diluídas com a quantidade
de diluente calculada, a fim de atingir a concentração de 120x10
6
espermatozóides/mL e logo após
o volume excedente foi desprezado até obter 2mL.
As amostras LS, GS, LC e GC, contidas em tubos plásticos fechados e identificados, foram
colocadas, as duas primeiras, dentro de um becker contendo 500 mL de água a 37ºC, as duas
últimas em outro becker contendo 500 mL de água à temperatura ambiente, 21ºC, e levadas a um
refrigerador, o qual submeteu o sêmen a uma curva lenta de resfriamento (0,1ºC/ min) até uma
temperatura constante de 4ºC. Para se determinar a taxa de resfriamento das amostras e a
manutenção da temperatura a 4ºC, foi utilizado um sensor de imersão acoplado a um termômetro
eletrônico digital de leitura instantânea. A temperatura das amostras no interior do refrigerador foi
monitorada a cada dez minutos na primeira hora de resfriamento. Após esse período o
acompanhamento foi feito de 20 em 20 minutos até chegar à terceira hora de resfriamento.
Nos momentos T0 (0h), T1 (3h), T2 (6h), T3 (12h), T4 (24h), T5 (48h) após o início do
resfriamento, foram retiradas alíquotas das quatro amostras de sêmen: LS, GS, LC e GC , aquecidas
a 37ºC e avaliadas quanto à MT, V, PA e PC, enquanto que o pH foi avaliado apenas em T0, T4 e
T5, da mesma forma que se procedeu com o sêmen fresco. As amostras foram retiradas do
refrigerador e colocadas em caixa isotérmica, para que as alíquotas fossem obtidas, já que o
pequeno volume do sêmen caprino impossibilitou a retirada por um sistema fechado, tal qual
através de sondas, onde não houvesse necessidade da abertura do refrigerador para retirada das
amostras deste, pois acarretaria uma grande perda da amostra dentro do sistema de sonda.
Os resultados de todas as características seminais avaliadas, MT, V, PA, PC e pH, nos diferentes
tempos de resfriamento, métodos e diluidores, foram expressos em média e desvio padrão e
submetidos a ANOVA (P<0,05) para a análise estatística, que foi efetuada utilizando-se o Statistical
Package for Social Sciences (SPSS - versão 11.0). As médias foram comparadas pelo Teste de
Tukey (HSD).
14
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes às características do sêmen fresco, média e o desvio padrão do volume,
concentração, motilidade total, vigor, turbilhonamento, pH e patologia total dos quatro reprodutores
caprinos utilizados neste experimento, estão representados na tabela 1.
Os ejaculados apresentaram-se dentro dos padrões normais para a espécie caprina e foram
considerados satisfatórios para serem submetidos ao processo de resfriamento. As características
seminais dos animais foram melhores, baseando-se no limite imposto para a congelação, visto que
até então não existem parâmetros definidos para o processo de resfriamento. Os valores mínimos de
motilidade progressiva, vigor, turbilhonamento e o valor máximo de patologia espermática total
foram estipulados em 70%, 3, 3 e 20%, respectivamente, segundo CBRA (1998).
TABELA 1- Avaliação do sêmen a fresco dos quatro reprodutores caprinos utilizados durante o
experimento.
BODE A
x ± s
BODE B
x ± s
BODE C
x ± s
BODE D
x ± s TOTAL
Freqüência (n) 8 8 8 8 32
Volume (mL) 0,71 ± 0,17 0,99 ± 0,31 1,08 ± 0,30 1,05 ± 0,35 0,96 ± 0,31
Cor/ aspecto
Amarelado /
cremoso
Amarelado /
cremoso
Amarelado /
cremoso
Amarelado /
cremoso
Amarelado /
cremoso
Concentração (x 10
9
sptz/mL) 3,44 ± 1,83 7,42 ± 2,70 4,95 ± 1,60 5,56 ± 1,29 5,34 ± 2,34
Turbilhonamento (0 - 5) 4,88 ± 0,23 4,50 ± 0,00 4,31 ± 0,26 4,31 ± 0,46 4,50 ± 0,36
Motilidade progressiva (%) 84,38 ± 11,16 88,75 ± 3,54 86,88 ± 7,99 83,75 ± 7,44 85,94 ± 7,87
Vigor (0 – 5) 4,50 ± 0,27 4,50 ± 0,00 4,38 ± 0,23 4,63 ± 0,35 4,50 ± 0,25
pH (0 - 14) 7,50 ± 0,00 7,19 ± 0,37 7,25 ± 0,27 7,56 ± 0,18 7,38 ± 0,28
Patologia total (%) 7,75 ± 1,28 12,25 ± 2,12 14,37 ± 1,30 10,62 ± 2,33 11,25 ± 3,01
As curvas de resfriamento foram demonstradas na figura 1 e nota-se que a água do recipiente
contendo as amostras LS e GS, à temperatura inicial de 34ºC e a água do recipiente contendo as
amostras LC e GC, à temperatura inicial de 21ºC se igualaram em torno de 190 minutos após o
início do resfriamento e a partir daí se mantiveram equivalentes até a temperatura de 4ºC, o que
ocorreu a aproximadamente 360 minutos após o início do resfriamento. Após atingirem 4ºC, ambas
as curvas se mantiveram constantes durante todo o tempo em que o sêmen foi armazenado.
Neste experimento, utilizou-se uma curva de resfriamento lenta, onde a temperatura decresceu em
média 0,08ºC/ min., a fim de minimizar os efeitos do choque térmico sobre as células espermáticas,
estando essa velocidade de acordo com a reportada por PICKETT e AMANN (1993), que
sugeriram uma curva de 0,05ºC/ min de 20ºC até 4º C para o sêmen eqüino. Entretanto, SAHNI
(1987) sugeriu para o sêmen caprino, uma curva de refrigeração compreendida entre 0,25 e 0,35º
C/ min até que seja atingida a temperatura de 5º C.
15
0
5
10
15
20
25
30
35
0 20 40 60 120 180 240 300 360 420
Tempo (minutos)
Temperatura (ºC)
Água a 21ºC
Água a 34ºC
FIGURA 1- Curvas de resfriamento da água à temperatura inicial de 34ºC, contendo as amostras
leite desnatado-glicose (LS) e tris-gema (GS) sem centrifugação, e da água à temperatura inicial de
21º C, contendo as amostras leite desnatado-glicose (LC) e tris-gema (GC) com centrifugação,
conservada em refrigerador.
Na tabela 2 estão apresentados os resultados obtidos quanto a motilidade total dos espermatozóides
de acordo com o diluidor e método utilizado.
TABELA 2- Média (x) e Desvio Padrão (s) da Motilidade total (%) dos espermatozóides diluídos
no meio leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) após
o início do resfriamento.
Diluidor e
Método
T0
x ± s
T1
x ± s
T2
x ± s
T3
x ± s
T4
x ± s
T5
x ± s
LS
83,59 ±
9,69 Aa
56,41 ±
27,36 Ab
50,72 ±
31,51 Ab
48,37 ±
33,23 Ab
42,43 ±
34,55 Abc
33,00 ±
31,04 Ac
LC
70,62 ±
15,24 Ba
54,88 ±
20,49 Ab
52,50 ±
19,55 Abc
45,78 ±
20,91 Abc
44,93 ±
22,07 Ac
30,68 ±
18,20 Ad
GS
84,06 ±
8,46 Aa
80,63 ±
11,55 Ba
77,66 ±
13,96 Bab
69,75 ±
23,63 Bb
56,28 ±
29,62 ABc
40,62 ±
29,61 ABd
GC
70,00 ±
17,08 Ba
71,09 ±
17,49 Ba
72,34 ±
19,04 Ba
65,31 ±
18,31 Bab
60,65 ±
25,47 Bbc
46,78 ±
24,75 Bd
Médias dentro de colunas seguidas por diferentes letras maiúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
Médias dentro de linhas seguidas por diferentes letras minúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
No que se refere à motilidade total dos espermatozóides, verificou-se que a centrifugação,
independente do meio utilizado, reduziu significativamente a MT, no início do resfriamento (T0).
Após o início do resfriamento, em T1, T2 e T3 as amostras diluídas em tris-gema apresentaram MT
superior (p<0,05) àquelas diluídas em leite desnatado-glicose, independente da centrifugação. Já
nos tempos T4 e T5 a MT espermática no GC foi semelhante (p>0,05) ao GS e maior (p< 0,05) do
que as apresentadas por LS e LC que por sua vez também foram semelhantes ao GS.
Ao comparar os seis tempos avaliados em função dos diluidores e métodos utilizados, observou-se
que a motilidade total no GC se manteve inalterada até o tempo T3, e que em GS não houve
alteração (p>0,05) até o tempo T2. A partir daí, tanto para GC como para GS, houve diminuição da
MT a cada momento avaliado. Por outro lado, quando se utilizou o leite desnatado-glicose,
independente da centrifugação, houve uma queda brusca da MT de T0 para T1. De T1 a T4 a MT
16
se manteve inalterada, para LS, e o mesmo ocorreu para LC de T1 a T3. A menor MT no LC foi
observada em T5, enquanto que em LS não houve diferença da MT entre T4 e T5.
A maior média de motilidade total após 24 horas de resfriamento foi 60,65% no meio tris-gema
centrifugado, que foi similar ao resultado encontrado por AZEVÊDO e TONIOLLI (2000), onde a
motilidade espermática no diluidor leite desnatado, adicionado de ácido 3-indol-acético (IAA), após
24 horas de resfriamento a 4º C, foi de 61,5%. Após 48 horas de estocagem, o melhor resultado de
motilidade obtido neste estudo foi 46,78%, corroborando com os resultados de AZEVÊDO e
TONIOLLI (2000) e FIGUEIRÊDO et al. (2002). Contudo, os resultados obtidos neste experimento
foram inferiores aos encontrados por ROCA et al. (1997) que avaliaram as médias de motilidade no
sêmen resfriado a 5ºC em diluidor à base de tris gema, centrifugado e não centrifugado, obtendo
valores de motilidade (escala 0-5) de 3,5 e 3,25 respectivamente, após 96 horas de conservação.
De T4 para T5 houve uma redução da MT em todos os diluidores e métodos devido aos danos ultra-
estruturais, bioquímicos e funcionais causados aos espermatozóides, resultando em uma redução da
viabilidade e fertilidade, como descrito por ROY (1957), IRITANI e NISHIKAWA (1961). A
diminuição da motilidade dos espermatozóides declinou em um ritmo de 25% por dia de
armazenamento, concordando com EVANS e MAXWELL (1987) que referem uma taxa de 10 a
35% de redução da motilidade por dia de resfriamento. Desta forma, o período máximo de
conservação para obter um nível aceitável de fertilidade para inseminação artificial é de 48h para
caprinos, considerando que para essa espécie se pode fazer uma inseminação mais profunda.
Na tabela 3 são demonstrados os resultados obtidos quanto ao vigor dos espermatozóides de acordo
com o diluidor e método utilizado.
Observou-se que houve uma redução no vigor dos espermatozóides após a centrifugação para o
sêmen diluído no tris-gema, no T0. Assim como a MT, durante T1, T2 e T3, as amostras diluídas no
tris-gema demonstraram médias de vigor superiores (p<0,05) àquelas diluídas no leite desnatado-
glicose, independente do processo de centrifugação. Entretanto nos tempos T4 e T5 o vigor no GC
20
30
40
50
60
70
80
90
LS LC GS GC
Diluidor e Método
Motilidade total (%)
T0
T1
T2
T3
T4
T5
FIGURA 2- Comparação entre as médias de
motilidade total dos espermatozóides, em
função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h
(T3), 24h (T4) e 48h (T5) de resfriamento.
20
30
40
50
60
70
80
90
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Tempos
Motilidade total (%)
LS
LC
GS
GC
FIGURA 3- Comparação entre as médias de
motilidade total dos espermatozóides, em
função dos diferentes tempos de avaliação, 0h
(T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e
48h (T5) de resfriamento, nos meios leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação.
17
foi semelhante (p>0,05) ao GS e maior (p< 0,05) do que as apresentadas por LS e LC, que por outro
lado foram iguais ao GS.
TABELA 3- Média (x) e Desvio Padrão (s) do Vigor (0-5) dos espermatozóides diluídos no meio
leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio tris-gema sem (GS)
e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h (T5) após o início do
resfriamento.
Diluidor e T0 T1 T2 T3 T4 T5
Método
x ± s x ± s x ± s x ± s x ± s x ± s
LS
4,45 ±
3,28 ±
3,00 ± 2,97 ± 2,50 ± 2,23 ±
0,26 ABa 1,22 Ab 1,36 Abc 1,39 Abc 1,63 Acd 1,53 Ad
LC
4,23 ± 3,37 ± 3,42 ± 3,00 ± 2,95 ± 2,34 ±
0,33 Aa 0,79 Abc 0,74 Ab 0,95 Abc 0,91 ABc 1,17 Ad
GS
4,69 ± 4,34 ± 4,27 ± 4,09 ± 3,50 ± 2,65 ±
0,27 Ba 0,36 Bab 0,56 Bab 0,90 Bb 1,32 BCc 1,67 ABd
GC
4,28 ± 4,31 ± 4,16 ± 4,03 ± 3,84 ± 3,25 ±
0,60 Aa 0,65 Ba 0,68 Bab 0,89 Bab 1,00 Cb 1,29 Bc
Médias dentro de colunas seguidas por diferentes letras maiúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
Médias dentro de linhas seguidas por diferentes letras minúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
O vigor no GC se manteve inalterado até o tempo T3, enquanto que em GS não houve alteração
(p>0,05) até o tempo T2. A partir daí, tanto para GC como para GS, houve diminuição do V a cada
momento avaliado. Por outro lado, quando se utilizou o leite desnatado-glicose, independente da
centrifugação, houve uma queda do V de T0 para T1. De T1 a T4 a MT se manteve inalterada, para
LS, e o mesmo ocorreu para LC de T1 a T3. O menor V no LC foi observado em T5, enquanto que
em LS não houve diferença do V entre T4 e T5.
Constatou-se neste estudo que o vigor espermático apresentou o mesmo comportamento da
motilidade frente ao resfriamento a 4ºC e possivelmente uma correlação positiva. Segundo
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
LS LC GS GC
Diluidor e Método
Vigor (0-5)
T0
T1
T2
T3
T4
T5
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Tempos
Vigor (0-5)
LS
LC
GS
GC
FIGURA 4- Comparação entre as médias do
vigor dos espermatozóides, em função dos
métodos de diluição, leite desnatado-glicose
sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-
gema sem (GS) e com (GC) centrifugação,
nos diferentes tempos de avaliação, 0h (T0),
3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h
(T5) de resfriamento.
FIGURA 5- Comparação entre as médias do
vigor dos espermatozóides, em função dos
diferentes tempos de avaliação, 0h (T0), 3h
(T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h
(T5) de resfriamento, nos meios leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação.
18
MORENO et al. (2001), a motilidade e o vigor espermático não devem ser os únicos critérios de
avaliação após a diluição do sêmen caprino.
Na tabela 4 estão apresentados os resultados obtidos quanto à patologia de acrossoma dos
espermatozóides de acordo com o diluidor e método utilizado.
TABELA 4- Média (x) e Desvio Padrão (s) das Patologias do acrossoma (%) dos espermatozóides
diluídos no meio leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio
tris-gema sem (GS) e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h
(T5) após o início do resfriamento.
Diluidor e
Método
T0
x ± s
T1
x ± s
T2
x ± s
T3
x ± s
T4
x ± s
T5
x ± s
LS
2,41 ±
1,01 Aa
3,78 ±
1,52 ABb
4,63 ±
1,68 ABbc
4,94 ±
2,48 ABc
4,50 ±
2,14 ABbc
5,16 ±
2,24 ABc
LC
3,16 ±
1,22 Ba
4,41 ±
1,72 Ab
5,16 ±
1,55 Bbc
5,81 ±
2,26 Bc
5,38 ±
1,96 Ac
5,94 ±
2,00 Bc
GS
1,78 ±
0,87 Ca
3,28 ±
1,30 Bb
3,56 ±
1,37 Cbc
3,37 ±
1,86 Cb
4,25 ±
2,09 Bc
3,81 ±
1,84 Abc
GC
2,84 ±
1,08 ABa
3,81 ±
1,20 ABb
4,31 ±
1,49 ACbc
4,03 ±
1,66 ACbc
5,06 ±
1,72 ABc
4,47 ±
1,81 Abc
Médias dentro de colunas seguidas por diferentes letras maiúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
Médias dentro de linhas seguidas por diferentes letras minúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
A porcentagem de patologias de acrossoma aumentou logo após a centrifugação (T0) nos dois
diluidores utilizados. Em T2 e T3 o GS apresentou menos PA (p<0,05) que o leite desnatado-
glicose e foi igual ao GC. Enquanto que no último tempo avaliado (T5), o LC apresentou a maior
média (p<0,05) de PA entre os diluidores e métodos avaliados. As amostras centrifugadas não
demonstraram diferenças (p>0,05) em relação às não centrifugadas, independente do diluente
utilizado neste experimento.
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
LS LC GS GC
Diluidor e Método
Patologia de acrossoma (%
)
T0
T1
T2
T3
T4
T5
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Tempos
Patologia de acrossoma (%
)
LS
LC
GS
GC
FIGURA 6- Comparação entre as médias de
patologias de acrossoma dos espermatozóides,
em função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3),
24h (T4) e 48h (T5) de resfriamento.
FIGURA 7- Comparação entre as médias de
patologias de acrossoma dos espermatozóides,
em função dos diferentes tempos de avaliação,
0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e
48h (T5) de resfriamento, nos meios leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação.
19
Em relação ao tempos avaliados, observou-se que houve um aumento das patologias de acrossoma
(p < 0,05) no tempo T1. Contudo, a partir do tempo T2 não houve diferença na porcentagem de
patologias de acrossoma (p > 0,05) em todos os diluidores e métodos testados.
Os resultados de PA obtidos neste estudo são similares aos de DEKA e RAO (1985), que
encontraram valores de PA de 4,42% e 4,48% no sêmen diluído em meios à base de tris-gema
glicerol e leite desnatado gema glicerol, respectivamente, após resfriamento a 5º C. Resultados
semelhantes foram obtidos por DEKA e RAO (1987), que observaram média de 5,30% de PA após
resfriamento do sêmen a 5º C, utilizando uma curva rápida (1º C/ minuto), e quando foi submetido a
uma curva lenta (0,2º C/ minuto), encontraram média de 2,97% de PA. Contudo, AZEVÊDO e
TONIOLLI (2000) encontraram valores superiores aos obtidos neste estudo ao resfriar sêmen
caprino em leite desnatado, de 6,90% e 10,50% após 24 e 48 horas de resfriamento,
respectivamente.
ROCA et al. (1997) avaliaram as médias de acrossomas normais no sêmen de bodes da raça
Murciano-Granadina, centrifugado e não centrifugado, resfriado a 5ºC em diluidor à base de tris
gema, obtendo porcentagens de acrossomas normais de 75% e 68% respectivamente, após 96 horas
de conservação e concluíram que não há diferença significativa entre os valores observados. Em
contrapartida MEMON et al. (1985) concluíram que a remoção do plasma seminal do sêmen
caprino foi benéfica em preservar a integridade de acrossoma após congelamento, independente do
diluidor utilizado.
Na tabela 5 estão apresentados os resultados obtidos quanto à patologia de cauda dos
espermatozóides de acordo com o diluidor e método utilizado.
Após a centrifugação (T0) as amostras diluídas em leite-glicose apresentaram aumento da
percentagem de patologias de cauda, que em T1 se manteve inalterada em ambos diluidores e
métodos. Em T3, LC apresentou maior média (p<0,05) de PC, enquanto que no tempo T4, LS
demonstrou PC superior (p<0,05) às demais amostras. As amostras centrifugadas apresentaram
menor média (p<0,05) de PC do que as não centrifugadas em ambos diluidores em T5.
Em ambos diluidores e métodos as médias de PC não aumentaram (p>0,05) de T0 até T2. De T3
para T4, as amostras diluídas em tris-gema e leite-glicose sem centrifugação demonstraram
aumento da percentagem de PC, enquanto em T5 apenas GS apresentou acréscimo da média.
TABELA 5- Média (x) e Desvio Padrão (s) das Patologias de cauda (%) dos espermatozóides
diluídos no meio leite desnatado-glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação e do sêmen no meio
tris-gema sem (GS) e com (GC) centrifugação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e 48h
(T5) após o início do resfriamento.
Diluidor e
Método
T0
x ± s
T1
x ± s
T2
x ± s
T3
x ± s
T4
x ± s
T5
x ± s
LS
6,69±
3,16 Aa
6,84±
2,24 Aa
6,19±
2,56 ABa
7,91±
4,41 Aa
14,19±
5,17 Ab
16,25±
6,55 Ab
LC
8,13±
3,41 Ba
7,72±
2,63 Aa
7,91±
3,54 ACa
11,59±
5,89 Bc
10,31±
4,97 Bbc
12,38±
6,50 Bc
GS
5,94±
2,40 Aa
6,59±
3,29 Aa
8,22±
5,14 Aa
7,34±
3,40 Aa
12,13±
6,77 BCb
15,34±
5,12 Ac
GC
7,03±
3,20 ABa
7,16±
3,99 Aa
7,22±
2,07 Aa
7,59±
4,32 Aa
9,13±
4,94 BDab
11,47±
7,15 Bb
Médias dentro de colunas seguidas por diferentes letras maiúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
20
Médias dentro de linhas seguidas por diferentes letras minúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
NUNES e FELICIANO SILVA (1984) ao avaliarem o sêmen caprino, diluído em leite desnatado
glicose e resfriado a 4ºC, encontraram porcentagem de patologia de cauda de 8,6%, 11% e 13,6%
respectivamente após 0, 12 e 24 horas de resfriamento, sendo esses valores similares aos obtidos no
presente estudo. Esses resultados confirmam o efeito do resfriamento, causando choque térmico nas
células espermáticas, como foi reportado por GRAHAM (1996). Entretanto, FIGUEIRÊDO et al.
(2002) resfriaram sêmen caprino a 4ºC, diluído em água de côco, e observaram menor porcentagem
de PC após 0, 24 e 48 horas de resfriamento, respectivamente 5,37%, 3,11% e 5,33%.
Os resultados do pH do sêmen, de acordo com o diluidor e método utilizados, são demonstrados na
tabela 6.
TABELA 6- Média (x) e Desvio Padrão (s) do pH (0-14) do sêmen diluído no meio leite desnatado-
glicose sem (LS) e com (LC) centrifugação, e do sêmen no meio tris-gema sem (GS) e com (GC)
centrifugação, 0h (T0), 24h (T4) e 48h (T5) após o início do resfriamento.
Diluidor e
Método
T0
x ± s
T4
x ± s
T5
x ± s
LS
6,51 ± 0,08 Aa 6,48 ± 0,08 Aa 6,46 ± 0,12 Aa
LC
6,54 ± 0,14 Aa 6,5 ± 0,00 Ab 6,5 ± 0,00 Ab
GS
6,48 ± 0,20 Aa
6,46 ± 0,17 Aa 6,46 ± 0,17 Aa
GC
6,53 ± 0,25 Aa 6,46 ± 0,17 Aa 6,45 ± 0,19 Aa
Médias dentro de colunas seguidas por diferentes letras maiúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
Médias dentro de linhas seguidas por diferentes letras minúsculas, diferem estatisticamente (p<0,05).
0
3
6
9
12
15
18
LS LC GS GC
Diluidor e Método
Patologias de cauda (%)
T0
T1
T2
T3
T4
T5
0
3
6
9
12
15
18
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Temp os
Patologias de cauda (%)
LS
LC
GS
GC
FIGURA 8- Comparação entre as médias de
patologias de cauda dos espermatozóides, em
função dos métodos de diluição, leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação, nos diferentes tempos de
avaliação, 0h (T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3),
24h (T4) e 48h (T5) de resfriamento.
FIGURA 9- Comparação entre as médias de
patologias de cauda dos espermatozóides, em
função dos diferentes tempos de avaliação, 0h
(T0), 3h (T1), 6h (T2), 12h (T3), 24h (T4) e
48h (T5) de resfriamento, nos meios leite
desnatado-glicose sem (LS) e com (LC)
centrifugação e tris-gema sem (GS) e com
(GC) centrifugação.
21
Observou-se que o pH diferiu (p < 0,05) apenas para LC, nos tempos T4 e T5. Em relação à
comparação entre LS, LC, GS e GC, não foram observadas diferenças (p > 0,05) em todos os
tempos avaliados. Esses resultados demonstram, que ambos os diluidores foram capazes de manter
o sistema tampão que mantém o PH seminal próximo a 7,0 , mesmo nas amostras em que o plasma
foi removido. Segundo MIES FILHO (1987) e EVANS e MAXWELL (1987), a capacidade em
manter o pH é uma das características de um bom diluidor.
Neste experimento foi utilizado o diluidor à base de tris, adicionado de 2,5% de gema de ovo. Esta
quantidade é muito inferior aos 14% utilizados para o sêmen ovino (EVANS e MAXWELL,1987),
entretanto corrobora com RITAR e SALAMON (1982) que afirmaram que a concentração de 1,5%
de gema de ovo em um diluente à base de tris está na margem de segurança para a criopreservação
do sêmen caprino, pois como foi reportado por ROY (1957), AAMDAL (1965) e CORTEEL
(1974), as fosfolipases A, presentes no plasma seminal desta espécie, degradam os fosfolipídeos da
gema de ovo contida nos diluidores causando uma ação deletéria sobre os espermatozóides.
MEMON et al. (1985) reportaram uma drástica deterioração das células espermáticas pós-
descongelamento quando o sêmen não centrifugado foi diluído em um meio com 11% de gema de
ovo. Discordando destes achados, CHAUHAN e ANAND (1990) mostraram que o sêmen não
centrifugado pode ser eficientemente preservado em baixa temperatura após diluição em meio a
base de tris, com alta concentração de gema de ovo.
Os melhores resultados de motilidade total, vigor e patologias de acrossoma foram demonstrados
quando o sêmen foi diluído no meio tris-gema em comparação ao meio leite desnatado-glicose, o
que demonstra uma boa proteção da gema de ovo, mesmo em pequena quantidade. Os resultados
encontrados vão de encontro aos observados por CHAUHAN e ANAND (1990) que obtiveram
melhores resultados de motilidade, quantidade de espermatozóides vivos e defeito de acrossoma,
durante e após o processo de congelamento no meio tris-gema.
6,0
6,1
6,2
6,3
6,4
6,5
6,6
LS LC GS GC
Diluidor e Método
pH (0-14)
T0
T4
T5
6
6,1
6,2
6,3
6,4
6,5
6,6
T0 T4 T5
Tempos
H
0-14
LS
LC
GS
GC
FIGURA 10- Comparação entre as médias de
pH do sêmen, em função dos métodos de
diluição, leite desnatado-glicose sem (LS) e
com (LC) centrifugação e tris-gema sem (GS)
e com (GC) centrifugação, nos diferentes
tempos de avaliação, 0h (T0), 24h (T4) e 48h
(T5) de resfriamento.
FIGURA 11- Comparação entre as médias de
pH do sêmen, em função dos diferentes tempos
de avaliação, 0h (T0), 24h (T4) e 48h (T5) de
resfriamento, nos meios leite desnatado-glicose
sem (LS) e com (LC) centrifugação e tris-gema
sem (GS) e com (GC) centrifugação.
22
As amostras de sêmen resfriadas apresentaram maior (p<0,05) porcentagem de patologias de
acrossoma e patologia de cauda, independente do diluidor utilizado, quando comparadas com as
amostras de sêmen antes do resfriamento, estando esses resultados de acordo com os encontrados
por RIBEIRO FILHO (1996) ao resfriar sêmen equino.
Observou-se que após a centrifugação houve uma brusca redução da motilidade e do vigor, e um
aumento das patologias de acrossoma dos espermatozóides nos dois diluidores utilizados, o que não
ocorreu com as amostras que não foram centrifugadas. Esses resultados corroboram com
CORTEEL (1981) e GIL et al. (2002) que relataram que o processo de centrifugação pode causar
estresse físico aos espermatozóides, além do que neste trabalho a curva de resfriamento do sêmen
centrifugado foi mais rápida do que a do sêmen não centrifugado nos 190 minutos iniciais de
resfriamento, o que pode ter influenciado negativamente sobre a motilidade e vigor espermáticos.
Entretanto após o início do resfriamento, durante as 48 horas de conservação, não foram
encontradas diferenças significativas entre as amostras, com e sem plasma seminal, o que está de
acordo com aos resultados observados por ROCA et al. (1997) que avaliaram as médias de
motilidade e de acrossomas normais no sêmen resfriado a 5ºC em diluidor à base de tris-gema,
centrifugado e não centrifugado. Estes resultados são discordantes dos obtidos por CORTEEL
(1974) e MEMON et al. (1985), que observaram efeito benéfico da retirada do plasma sobre a
motilidade dos espermatozóides.
O presente estudo demonstrou que até 48 horas de conservação a 4º C, todas as amostras,
independente do diluidor e método utilizado, apresentaram viabilidade, uma vez que o mínimo
aceitável de motilidade e vigor após congelamento é de 30% e 2, respectivamente, como
preconizado pelo CBRA (1998). Foram utilizados parâmetros para o sêmen congelado, visto que até
então não existem limites mínimos definidos para o processo de resfriamento.
CONCLUSÕES
O diluidor tris-gema mostrou-se melhor que o leite desnatado-glicose, em relação à motilidade total,
vigor e patologias de acrossoma espermáticos de 3 até 12 horas de resfriamento, contudo não houve
diferença entre os diluidores quanto à patologia de cauda.
A remoção do plasma, nos diluidores à base de tris-gema e à base de leite desnatado-glicose, não
alterou a motilidade, o vigor, as patologias de acrossoma e o pH espermáticos, entretanto em
relação à patologia de cauda a centrifugação foi benéfica após 24 horas de resfriamento no tris-
gema, e a partir de 6 horas no leite desnatados-glicose.
A centrifugação do diluidor a base de gema , de 24 até 48 horas resultou em maior motilidade total
e vigor em relação ao diluidor a base de leite desnatado centrifugado e não centrifugado;
O resfriamento do sêmen caprino a 4º C, em ambos diluidores e métodos estudados mostrou
viabilidade até 48 horas de conservação. Entretanto, até 24 horas, o sêmen apresentou porcentagem
de motilidade, de vigor, de patologias de acrossoma e de patologias de cauda capazes de garantir
uma maior fertilidade dentro de um período suficiente para transportá-lo a longas distâncias.
23
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25
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Nas condições da realização deste trabalho, e dentro das finalidades a que foi proposto, os
resultados obtidos permitem as seguintes considerações:
- O diluidor tris-gema mostrou-se melhor que o leite desnatado-glicose, em relação à motilidade
total, vigor e patologias de acrossoma de 3 até 12 horas de resfriamento, contudo não houve
diferença entre os diluidores quanto à patologia de cauda;
- A centrifugação do diluidor a base de gema , de 24 até 48 horas resultou em maior motilidade
total e vigor em relação ao diluidor a base de leite desnatado centrifugado e não centrifugado;
- A remoção do plasma, nos diluidores à base de tris-gema e à base de leite desnatado-glicose,
não alterou a motilidade, o vigor, as patologias de acrossoma e o pH espermáticos, entretanto
em relação à patologia de cauda a centrifugação foi benéfica após 24 horas de resfriamento no
tris-gema, e a partir de 6 horas no leite desnatados-glicose.
- Testes complementares são necessários para avaliar o potencial fertilizante dos
espermatozóides, e principalmente trabalhos in vivo que comprovem a fertilidade espermática.
26
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31
ANEXOS
FIGURA 12- Fluxograma de execução experimental
Colheita do sêmen
fracionamento do ejaculado
alíquota 1 alíquota 2
LS GS
refracionamento
centrifugação
LC GC
refracionamento
diluição
Resfriamento a 4ºC
T0=0h
T1=3h
T2=6h
T5=48h
T4=24h
T3=12h
T0=0h
Avaliação:
pH
Avaliações:
Volume
Cor/ aspecto
Motilidade total
Vigor
Turbilhonamento
Concentração
pH
Patologia total
Avaliações:
Motilidade total
Vigor
Patologia de acrossoma
yPatologia
de cauda
32
TABELA 7- Composição do diluidor leite desnatado-glicose (CORTEEL,1974)
COMPONENTES QUANTIDADES
Leite desnatado em pó*
10,000 g
Glicose 0,194 g
Água bidestilada 100,000 mL
Penicilina 100.000 U.I.
Estreptomicina 0,100 g
* O leite deve ser mantido num banho-maria em água fervente durante 10 minutos, e os antibióticos
devem ser adicionados ao leite resfriado a 32º C.
TABELA 8- Composição do diluidor tris-gema (EVANS e MAXWELL,1987)
COMPONENTES QUANTIDADES
Tris (hidroximetilaminometano)
3,634 g
Frutose 0,500 g
Ácido Cítrico 1,990 g
Gema de ovo 2,500 mL
Água bidestilada 100,000 mL
Penicilina 100.000 U.I.
Estreptomicina 0,100 g
33
TABELA 9- Ficha de colheita e diluição do sêmen (ADAPTADO DE RIBEIRO FILHO, 1996)
1.IDENTIFICAÇÃO
NOME:________________________________ Nº DO EJACULADO:_______________________
DATA:________________________________ HORA:___________________________________
2. AVALIAÇÃO DO SÊMEN
VOLUME:____________________________COR / ASPECTO:____________________________
MOTILIDADE (%):____________ VIGOR (0-5):______________ pH (0-14):_______________
CONCENTRAÇÃO:_________ + _________ = __________ x 10 = _________x 10
6
SPTZ / ML
2
3. DILUIÇÃO DO SÊMEN
DOSE INSEMINANTE = 60 x 10
6
SPTZ
VOLUME FINAL = 2 ML
CONCENTRAÇÃO FINAL = 120 x 10
6
SPTZ / ML
CONCENTRAÇÃO TOTAL = ________ x 10
6
SPTZ / ML
VOLUME TOTAL = CONCENTRAÇÃO TOTAL
CONCENTRAÇÃO FINAL
4. QUANTIDADE DE DILUENTE
VOLUME TOTAL - (PRÉ-DILUIÇÃO + SÊMEN) = __________ - _________ = _____________
VOLUME FINAL = VOLUME TOTAL - VOLUME DESPREZADO (2 = ________ - _______)
5. INÍCIO DO RESFRIAMENTO (HORA) ______________________
34
TABELA 10- Ficha para análise do sêmen nos diferentes tempos (ADAPTADO DE RIBEIRO FILHO, 1996)
BODE:___________________COLHEITA (DATA, HORA, Nº):__________________________
T0 (H)________ T1 (H)________ T2 (H)________T3 (H)______T4 (H)_______ T5 (H)_______
VARIÁVEIS LS LC GS GC
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T0 T1 T2 T3 T4 T5 T0 T1 T2 T3 T4 T5 T0 T1 T2 T3 T4 T5
MT (%)
V (0-5)
pH (0-14)
PA (%)
PC (%)
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