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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
USO DA METODOLOGIA ÁRVORE DE CAUSAS NA
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE RURAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Daniel Biazus Massoco
Santa Maria, RS, Brasil.
2008
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Uso da metodologia Árvore de Causas na
investigação de acidente rural
por
Daniel Biazus Massoco
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Área de Concentração em
Mecanização Agrícola, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Agrícola
Orientador: Prof. Dr. Airton dos Santos Alonço
Santa Maria, RS, Brasil.
2008
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
Aprova a Dissertação de Mestrado
Uso da metodologia Árvore de Causas na
investigação de acidente rural
elaborada por
Daniel Biazus Massoco
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Agrícola
COMISSÃO EXAMINADORA:
.
Prof. Dr. Airton dos Santos Alonço
(Presidente/Orientador)
.
Prof. Dr. Marcos Alves dos Reys (UFSM)
.
Prof. Dr. Leonardo Nabaes Romano (UFSM)
Dedicatória
A minha família que me apoiou em todos os momentos desta
caminhada, sem medir esforços para que eu pudesse alcançar os
meus objetivos.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós – Graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal
de Santa Maria pela oportunidade.
Ao professor orientador Airton dos Santos Alonço, pela orientação, dedicação e
pelos conselhos durante o curso de mestrado;
Aos meus pais, Francisco Renato Massoco e Maria Helena Biazus Massoco e meu
irmão Rafael Biazus Massoco pelo incentivo, apoio e força para ultrapassar mais
uma etapa;
À amada Daniele Muscopf Pedron, pelo afeto, carinho e pelo apoio em todos os
momentos;
Aos colegas de mestrado Fabrício Medeiros, Mônica Balestra, Wilson Costa Neto,
Danilo Franchini, Alessandro Franceschi, Camila Medeiros, Eduardo Fiorin, Vilnei
Dias, Ulisses Benedetti e, aos estagiários do Laboratório de Segurança e Ergonomia
Rolnei Coradini, Gustavo Bonotto, Guidiane Moro, Mario Landerdhal, Paula
Comasseto, Jaider Catelan, Samira Sabo pela colaboração para o desenvolvimento
desta dissertação e sobre tudo pela amizade;
A todos, que de uma forma ou de outra, contribuíram para essa conquista.
“De tudo ficam três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto, devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...”
Fernando Pessoa
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Santa Maria
USO DO MÉTODO ÁRVORE DE CAUSAS NA
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE RURAL
AUTOR: DANIEL BIAZUS MASSOCO
ORIENTADOR: AIRTON DOS SANTOS ALONÇO
Local e Data de Defesa: Santa Maria, 21 de janeiro de 2008.
Os acidentes de trabalho causam milhares de mortes diariamente pelo mundo e o
Brasil é considerado um dos campeões de ocorrências. Eles são causados por
inúmeros fatores sendo de conotações humanas, organizacionais, de máquinas e
equipamentos inadequados, no entanto, para facilitar a busca os fatores que
realmente provocam esses eventos foram criadas várias metodologias de
investigação de acidentes utilizadas em diferentes áreas e eficiências. Essas podem
ser denominadas proativas, ou seja, são utilizadas antes da ocorrência do evento ou
então métodos reativos que são aplicados após a ocorrência do incidente, e o
utilizados como base de informação para prevenir novos acontecimentos. No Brasil
foi adotado o Método Árvore de Causas de origem francesa que é utilizado para
investigar as causas dos acidentes sem buscar os culpados, mas sim encontrar os
fatores que provocaram o mesmo sendo muito utilizado na investigação de
acidentes ocorridos nos setores secundários e terciários. Como o objetivo deste
trabalho foi testar a aplicação do método ADC em um acidente de trabalho rural e
avaliar sua eficiência frente as variabilidades e peculiares encontradas neste setor
da economia, com a sua utilização foi possível a constatação dos fatores
causadores do acidente que ficaram evidentes na construção da árvore de causas.
Essa demonstrou que os fatores causadores do acidente estavam ligados ao
comportamento do operador de trator frente as variações ocorridas durante a
execução da atividade e, também, com as características próprias do ambiente de
trabalho. Constatou-se que o método é aplicável em acidentes do trabalho rural e de
grande utilidade para profissionais ligados a área de segurança sendo uma
importante ferramenta para melhorar as condições organizacionais do trabalho, pois
o mesmo permite que algumas medidas de controle sejam criadas a partir das
informações levantadas durante todo o processo investigatório.
Palavras-chaves: fatores de acidente, segurança e trabalho.
ABSTRACT
Master Science Dissertation
Graduate Program in Agricultural Engineering
Universidade Federal de Santa Maria
USE OF CASUAL TREE METHOD
INVESTIGATE IN RURAL ACCIDENT
AUTHOR: DANIEL BIAZUS MASSOCO
ADVISOR: AIRTON DOS SANTOS ALONÇO
Santa Maria, 21 de january de 2008.
The accidents at work cause thousands of deaths every day around the world and
Brazil is considered one of the champions of occurrences. They are caused by many
factors of being human, organizational, machinery and equipment inappropriate;
however, to facilitate the search for the factors that really cause these events were
prepared methodologies used for investigation of accidents in different areas and
efficiencies. These can be called proactive, they are used before the occurrence of
the event or reactive methods that are applied after the occurrence of the incident,
and are used as a basis of information to prevent further events. In Brazil was
adopted the Tree Causes Method that is used to investigate the causes of accidents
without pursue the culprits, but find the factors that caused it being widely used in the
investigation of accidents. The objective of this study was to test the application of
the method CTM in an accident at work in agriculture evaluate its efficiency front and
the special found in this sector of the economy, with its use was possible the
observation of the factors causing the accident that became evident in the
construction of the tree causes. This showed that the factors causing the accident
were linked to the behavior of the operator front variations occurred during the
execution of the activity and also with the characteristics of the work environment.
The method is applicable in accidents of the work and very useful for professionals
connected the area of security is an important tool for improving the conditions of the
organizational work, because it allows some measures of control are taken from the
information raised during the whole process.
Keywords: factors of accidents, safety and work.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Emborcamento e capotamento lateral. .................................................33
FIGURA 2 – Tempos necessários para ocorrência do emborcamento. ....................34
FIGURA 3 – Diagrama de Ishikawa comum..............................................................40
FIGURA 4 – Possibilidades de configuração da árvore. ...........................................51
FIGURA 5 – Configurações que não podem acontecem. .........................................52
FIGURA 6 – Imagem do quadro demonstrativo de medidas preventivas..................52
FIGURA 7– Croqui do local de acidente. ..................................................................56
FIGURA 8 – Croqui demonstrando o trajeto realizado pelo trator.............................57
FIGURA 9 – Descrição da rota 1...............................................................................66
FIGURA 10 – Descrição da rota 2............................................................................67
FIGURA 11 – Densidade da vegetação área adjacente ao local do acidente um dia
após o ocorrido..........................................................................................................68
FIGURA 12 – Descrição da rota 3.............................................................................69
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Causas acidentes com tratores (%)......................................................32
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Estudos realizados no trabalho no Brasil entre 1994 -2004 sobre
acidentes do trabalho. ...............................................................................................29
QUADRO 2 – Ferramentas para investigação e prevenção de acidentes ................39
QUADRO 3 – Principais características do “Fenômeno Acidente” fases de controle
do risco......................................................................................................................43
QUADRO 4 – Fluxograma das etapas de investigação ............................................48
QUADRO 5 – Organização dos fatos Habituais () e Variações ()......................51
QUADRO 6 – Nível de dificuldade de execução. ......................................................53
QUADRO 7 – Nível de dificuldades para aplicação da metodologia.........................54
QUADRO 8 – Documento com as informações coletadas do acidente.....................61
QUADRO 9 – Medidas preventivas sugeridas. .........................................................71
QUADRO 10 – Avaliação do nível de dificuldade para execução da investigação ...72
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
Siglas Denominações
ADC Árvore de Causas
AEB Accident Evolution and Barrier Function Method
ANDEF Associação Nacional de Defesa Vegetal
CAT Comunicações dos Acidentes de Trabalho
CECA Comunidade Européia do Carvão e Aço
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CM Coeficiente de Mortalidade
ECFC Events and causal factors charting
ERCAP Event root cause analysis procedure
EUA Estados Unidos da América
FMEA Failure Mode and Effect Analysis
FMEACA Failure Mode, Effects, and Criticality Analysis
FTA Fault Tree Analysis
HSE Health and Safety Executive
HPES Human performance evaluation systems
HPIP Human Performance Investigation Process
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICAM Incident Cause Analysis Method
INRS Institut National de Recherche et de Sécurité
MES Multilinear events sequencing;
MORT Management oversight and risk tree;
MORT Management oversight and risk tree;
MPS Ministério da Previdência Social
NBR Associação Brasileira de Normas Técnica
NR Norma Regulamentadora
NTOF National Traumatic Occupational Fatalities
OIT Organização Internacional do Trabalho
PHA Preliminary Hazard Analysis
PIB Produto Interno Bruto
QFD Quality Function Deployment
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SACA Systematic accident cause analysis.
SCAT Systematic cause analysis technique;
SIM Sistema de informações de Mortalidade
SINAIT Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho
STEP Sequentially timed events plotting;
TDP Tomada de Potência
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS .................................................................................................10
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16
1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................17
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................17
1.3 HIPÓTESE ..........................................................................................................17
1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA.........................................................................18
2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................19
2.1 Introdução ...........................................................................................................19
2.2 Definição de Acidente .........................................................................................19
2.3 Teorias sobre acidentes ......................................................................................20
2.4 Modelos de acidentes..........................................................................................23
2.5 Considerações e termos utilizados na investigação de acidentes.......................24
2.6 Definição das tipologias de acidente ...................................................................25
2.7 Indicadores importantes sobre Acidentes de Trabalho (AT)................................26
2.9 Causas Humanas, psicológicas e fisiológicas na investigação de acidentes......34
2.10 Metodologias para Investigação e prevenção de acidentes..............................35
2.11 Investigação de acidentes no Brasil ..................................................................44
3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................45
3.1 Objeto de estudo.................................................................................................45
3.2 Materiais utilizados no estudo .............................................................................45
3.3 Procedimentos para obtenção de resultados positivos na ADC..........................46
3.4 Princípios e aplicações........................................................................................47
3.5 Trabalho de campo .............................................................................................48
3.6 Descrição da coleta de dados .............................................................................49
3.7 Descrição do acidente.........................................................................................50
3.8 Organização e análise dos dados .......................................................................50
3.9 Construção da árvore..........................................................................................51
3.10 Identificação de medidas preventivas ...............................................................52
3.11 Avaliação da aplicabilidade da metodologia......................................................53
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................55
4.1 Caracterização do local de acidente ...................................................................55
4.2 Descrição das máquinas .....................................................................................57
4.3 Descrição do operador ........................................................................................58
4.4 Elaboração da redação descritiva do acidente....................................................59
4.5 Elaboração do quadro de organização dos fatos ................................................61
4.6 Construção da Árvore de Causas .......................................................................62
4.7 Descrição da árvore ............................................................................................64
4.8 Medidas preventivas para evitar novos acidentes...............................................70
4.9 Avaliação do emprego do método ADC no estudo de caso ................................72
5 CONCLUSÕES ......................................................................................................76
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..........................................77
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................78
16
1 INTRODUÇÃO
Milhares de trabalhadores morrem ou mutilam-se todos os anos no Brasil e no
mundo em decorrência de acidentes de trabalho, onde as causas vão desde a
precariedade das condições físicas do ambiente onde se realiza o trabalho às
diversas formas de organização do mesmo e comportamentos inadequados dos
trabalhadores. A inclusão do comportamento dos trabalhadores nas causais de
acidentes de trabalho, quando cabível, de forma alguma devem ser responsáveis
pela causa/culpa dos mesmos ou danos provenientes do ocorrido.
A modernização da agricultura ampliou a mecanização da lavoura e acabou
provocando aumento potencial de alguns riscos de acidentes, por sua vez também
provocou aumento da sua gravidade, porém ao mesmo tempo proporcionou a
diminuição de outros.
Os gastos que envolvem os acidentes abrangem outros custos que não
apenas o acontecido, um somatório de custos econômicos como a recuperação das
máquinas danificadas, perdas decorrentes de dias parados, tratamento para o
acidentado e seus familiares, tratamento das seqüelas deixadas, o tempo perdido
envolvido com o acidente e/ou acidentado entre outros também colaboram para
esse somatório.
As buscas pelas causas dos acidentes muitas vezes encontram apenas
culpados, o que mostra a falta de conhecimento sobre o ocorrido deixando de se
analisar mais profundamente um sistema complexo que sofre interação de diversos
fatores. No entanto, investigações de acidentes mais elaboradas levaram os
pesquisadores a identificar cinco estágios que desencadeiam os mesmo nos
ambientes de trabalho até culminar em lesões, doenças ou mortes. Esses fatores
são os pessoais, as condições de trabalho, os atos inseguros, as condições
inseguras e o pior, os acidentes.
As atividades agrícolas, diferentemente de outras atividades, em sua grande
maioria, expõem os trabalhadores a condições insalubres. Os fatores potenciais de
riscos são também os mais diversos: falta de conhecimento, falta de atenção, de
consciência sobre perigo, hábitos, métodos equivocados de trabalho, uso de
equipamentos inadequados, estresse e ausência de equipamentos de proteção
individual.
17
Devido a problemática existente no meio rural e as dificuldades de
investigação para descobrir fatores que potencializam a ocorrência de acidentes a
inserção de uma metodologia investigativa como o Método de Investigação de
Acidentes de Trabalho – Árvore de Causas certamente contribuirá para melhor
avaliar o ambiente de trabalho e todos os elementos que estão presentes nestes
espaços, sejam eles, agentes físicos, químicos, biológicos que de alguma forma
podem causar prejuízos aos envolvidos na atividade agrícola.
1.1 OBJETIVO GERAL
Testar o Método Árvore de Causas
_
ADC para diagnosticar e melhor
compreender os riscos que os trabalhadores rurais estão expostos quando sofrem
acidentes fazendo uso de máquinas e equipamentos agrícolas e, com isso fornecer
subsídios aos profissionais envolvidos nas atividades agrícolas para melhorar as
condições de segurança.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a eficiência do método ADC como ferramenta para auxiliar na
investigação de acidentes no meio rural frente às dificuldades existentes para sua
implantação e desenvolvimento através da aplicação do mesmo em um acidente
rural;
Verificar se os resultados e observações obtidos pelo método através da
investigação possibilitam que sejam melhoradas as condições organizacionais de
trabalho rural minimizando com isso lesões, contusões, acidentes, etc.
1.3 HIPÓTESE
Se os acidentes que envolvem máquinas agrícolas são provocados pelo
operador (muitas vezes despreparado intelectualmente, com distúrbios psíquicos,
físicos; fisiológicos, entre outros), pelas próprias máquinas (devido a falhas de
concepção, desgaste natural, falta de manutenção, etc.) e também por agentes do
ambiente, então, para minimizar a ocorrência desses seria necessário identificar
quais fatores o provocam. Assim, a investigação com o método ADC permitiria
identificar quais fatores provocaram o acidente e também quais ações seriam
18
necessárias para melhorar as condições de trabalho para promover avanços
significativos na organização do mesmo.
1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
Frente à inexistência de trabalhos de investigação utilizando-se da
metodologia Árvore de Causas em acidentes de trabalho rural essa pode ser
considerada uma oportunidade para verificar a aplicabilidade para investigar
acidentes em um ambiente completamente diferente dos encontrados até o
momento na literatura observada.
Também devemos considerar a busca dos pesquisadores que atuam na área
de saúde e segurança dos trabalhadores, em descobrir as causas dos acidentes.
Sendo assim, o uso de um método que tem como razão fundamental a busca de tais
fatores é um importante avanço para contribuir com esses estudiosos na procura
dessas causas e também na redução do número de acidentes.
Sabendo que as investigações de acidentes no ambiente rural são ineficientes
ou inexistentes devido as dificuldades de se realizar tal tarefa a metodologia torna-se
uma ferramenta disponível para melhor compreender e organizar todos os
acontecimentos que provocaram o mesmo. Com isso o estudo torna-se uma forma
de divulgação do método de investigação para acidentes dessa natureza
contribuindo para futuras investigações.
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Introdução
A realidade brasileira em termos de segurança do trabalho é extremamente
heterogênea, algumas atividades são extremamente fiscalizadas e cobradas no que
diz respeito a segurança dos trabalhadores enquanto em outras não existe nenhuma
preocupação quanto a isso. Sendo assim, a preocupação com a saúde e segurança
dos trabalhadores muitas vezes não abrange a todas as atividades realizadas pelas
pessoas.
É notório que parte dos estudos relacionados a investigação de acidentes do
trabalho são realizados em sua maioria nos setores econômicos secundário
(indústrias) e terciário (serviços) devido a fatores como: proximidade dos institutos
de pesquisa, das delegacias regionais do trabalho, de universidades, etc., e
também a facilidade de acesso aos locais de ocorrência dos acidentes. Este capítulo
demonstra algumas peculiaridades que poderão ser encontradas sobre relatos de
acidentes do trabalho e sua investigação.
2.2 Definição de Acidente
A palavra acidente segundo Michaelis (2000) quer expressar acontecimento
fortuito; percalço; desastre; infelicidade, revés; acesso repentino; síncope; desmaio;
variação de terreno. a expressão “acidente de trabalho” representa toda a lesão
ou perturbação funcional que por motivo de trabalho, resulta na morte ou
incapacidade, temporária ou permanente do empregado. Apesar de tantas
definições para a palavra acidente, ela pode variar conforme um grupo de
profissionais prefere determinar seu significado.
Acidentes de trabalho são eventos complexos e permitem inúmeras
interpretações dependendo como é conduzida e realizada sua investigação. A
investigação e a análise de acidentes de trabalho constituem matéria complexa e
são múltiplas as possibilidades de abordagem passíveis de utilização pelos
profissionais que atuam na área de segurança e saúde no trabalho. Sendo assim, a
multiplicidade das possibilidades de avaliação do acidente permite a utilização de
inúmeras ferramentas de análise (PANDAGGIS, 2003).
20
Acidente rural é aquele que ocorre na chamada Zona Rural e pode ser melhor
definido conforme Companhia Brasileira de Tratores (apud ALONÇO 2004), como
sendo aquele que ocorre na realização do trabalho rural, provocando lesão corporal,
perturbação funcional ou doença que cause a morte ou redução temporária ou
permanente da capacidade de trabalho.
2.3 Teorias sobre acidentes
A história da segurança do trabalho é rica em teorias que tentam explicar a
casualidade dos acidentes. Sendo assim, algumas das principais teorias serão
descritas com o propósito de demonstrar a evolução do tema com o passar dos
anos.
Uma das mais antigas controvérsias e persistentes crenças da humanidade
envolve a idéia de que existem pessoas ou grupos que mais frequentemente sofrem
acidentes e outros tipos de desgraça (DELA COLETA, 1989). No entanto, três
hipóteses para ocorrência de acidentes do trabalho, em uma fábrica inglesa de
munições, foram abordadas por Greenwood e Woods (1919 apud DELA COLETA,
1989):
a) os acidentes são devido puramente ao acaso,
b) não existem diferenças individuais ligadas à ocorrência dos acidentes,
entretanto a probabilidade pode ser influenciada pela existência ou não de
outros acidentes na vida do sujeito,
c) existem certos sujeitos predispostos a sofrerem acidentes.
Resultados de pesquisas confirmaram a última alternativa como, por exemplo,
Farmer; Chambers (1926 apud DELA COLETA, 1989) onde acreditavam que certas
pessoas teriam predisposição aos acidentes e, que essa característica se manteria
por toda sua existência como um traço característico desse sujeito. No entanto,
estudos posteriores não encontraram os mesmos resultados sugeridos pelos
autores, segundo estudos realizados por Dela Coleta (1989).
Benner (1978), relatou cinco teorias e suas implicações para a pesquisa e
investigações dos acidentes. A primeira é a teoria do evento único, em que os
acidentes podem ser explicados por um simples evento que tem uma causa definida,
21
e desta forma a prevenção seria realizada da seguinte forma: solucione o problema
que tudo esta resolvido. Esta forma de raciocínio é a mais primitiva e promove
uma análise incompleta do acidente. O autor faz relata que em muitos casos, a
causa não é claramente definida, o que direciona o ocorrido a falha ou culpa de
alguém, o que o autor chama de “bode expiatório”. Mesmo sendo essa teoria
desacreditada pela comunidade científica, a influência que a mesma exerce sobre
documentos técnicos é muito forte em procedimentos de investigação de acidentes
(ALMEIDA e BINDER, 2000).
A segunda teoria é da cadeia de eventos, ou “Teoria Dominó”. Esta tem como
idéia principal um conjunto de condições inseguras que estariam alinhadas como em
uma fileira de dominós verticalmente posicionados um frente ao outro e a ocorrência
de um ato inseguro pode levar ao início da queda na seqüência dos mesmos. Esta
teoria busca reconstruir a série de eventos que constituem o acidente. No entanto,
as ditas condições inseguras carecem de definições claras, assim como os atos
inseguros. Estes termos representam muito mais as conclusões do investigador do
que as observações reais do fenômeno, permitindo que distintas interpretações
sejam feitas por diferentes investigadores em conseqüência da falta de critérios
previamente estabelecidos. Mendes (1995) descreve a teoria como responsável pela
introdução das figuras de ato inseguro e condições inseguras. Raouf (1998) em seu
estudo descreve que a Teoria Dominó previa a ocorrência de acidentes devido ao
ato inseguro em 88%, a condições inseguras 10% e 2% por “vontade de Deus”.
A terceira teoria relatada é a da variável determinante. Esta sugere pela
primeira vez uma visão multifatorial do acidente e a tendência de se analisar o
acidente sob o ponto de vista estatístico, ou seja, a partir da definição de uma
variável independente (fator), os dados podem ser analisados de forma a estimar as
probabilidades de um acidente com base nas influências das variáveis.
A teoria das ramificações dos eventos também é citada por Benner (1978).
Ela surgiu da necessidade de se prever acidentes no programa militar americano de
desenvolvimento de mísseis. A partir desta teoria foi desenvolvida a árvore de falhas
para analisar a segurança do lançamento. A teoria se baseia no fato de que um
acidente pode ocorrer segundo uma probabilidade se uma série de eventos ocorrer.
Os eventos podem estar encadeados a partir da origem até o acidente. O método
mostra a cadeia de eventos que podem culminar em acidente e constitui uma
ferramenta de previsão adequada de forma que os eventos possam ser visualizados
22
de forma clara e prontamente compreendida. O método possibilita que os eventos
sejam testados quanto à seqüência gica e assim, proporcionem uma identificação
dos dados necessários para evitar a falha de um sistema. Diferente da teoria
anterior, ela define claramente a necessidade de dados e informações que facilitem
a previsão das ocorrência de um acidente em um dado sistema. Proporcionando,
segundo Benner (1978), um guia para a fase de investigação.
Em estudos publicados por Mendes (1995) e Raouf (1998), foi citada a teoria
do “Puro Acaso”, onde relatam que todas as pessoas expostas aos mesmos riscos,
têm igual condicionamento de sofrer o acidente, sendo que este ocorre ao acaso,
atendendo a “vontade de Deus”. Os mesmos autores citam ainda a teoria da
propensão tendenciosa, ou seja, o fato de um indivíduo se envolver em um acidente
poderia aumentar ou diminuir suas chances para um novo acidente.
As teorias chamadas Propensão Inicial Desigual” e “Propensão ao Acidente”
representam uma fase significativa das pesquisas sobre acidentes, e pode ser
dividida em duas versões: A primeira é a de que algumas pessoas são mais
predispostas a acidentes do que outras em função de suas características pessoais.
Desta forma a ocorrência do acidente é vista como característica do indivíduo,
independentemente da tarefa por ele realizada, das condições de trabalho, etc. Na
segunda visão o acidente está associado a acontecimento difíceis na vida do
indivíduo mais do que a riscos situacionais, ela parte da premissa de que toda a
população está submetida aos mesmos riscos ocupacionais (MENDES, 1995;
RAOUF, 1998).
Teorias psicanalíticas ou da motivação inconsciente são relatas por Mendes
(1995), onde os acidentes são resultados de processos inconscientes, como atos de
autopunição, iniciados por sentimento de culpa, ansiedade e conflitos motivacionais
gerados na infância.
O trabalho realizado por Vidal (1991 apud MENDES ,1995) apresenta a teoria
do ajuste/estresse ou da Acidentabilidade. Conforme essa teoria os indivíduos não
ajustados ou não integrados às suas situações de trabalho seriam mais propensos a
sofrer acidentes quando submetidos a tensões e estresses físicos e psicológicos.
Devido as inúmeras teorias existentes sendo algumas mais conhecidas ou
com maior interferência nos estudos para descobrir as causas que provocaram os
acidentes de trabalha surgiram então posteriormente a essas teorias os modelos de
acidentes. Modelos esses que foram elaborados através de investigações de
23
acidentes que de alguma forma possuíam características semelhantes e
representavam as condições descritas pelas teorias anteriormente citadas.
2.4 Modelos de acidentes
Iida (1990), afirma que os acidentes resultam da interação inadequada entre o
homem, a tarefa e o seu ambiente. Os acidentes poderiam ser explicados por
modelos seqüenciais e fatoriais. Os modelos seqüenciais são representados por
uma cadeia de eventos que levam ao acidente, conforme a Teoria Dominó. Já o
modelo seqüencial citado foi proposto por Ramsey (1978 apud IIDA, 1990), segundo
o qual uma pessoa exposta a uma condição insegura, poderia apresentar os
seguintes componentes seqüenciais: a) percepção do perigo (órgãos sensoriais); b)
identificação do perigo (processamento da informação); c) decisão de evitar o perigo
(escolha de alternativa); d) habilidade para evitar o perigo (habilidade motora, forças,
tempo de reação). Assim, qualquer falha em uma dessas etapas contribui para
aumentar a probabilidade de acidente.
Iida (1990) cita o modelo proposto por Leplat e Rasmussen (1984), ou seja, a
árvore de falhas. Os modelos fatoriais seriam mais atuais, pois partem da premissa
de que existe um conjunto de fatores que interagem entre si, continuamente que
pode conduzir a um acidente. Os fatores que devem ser observados são: a tarefa,
as máquinas e ferramentas, o trabalhador, a personalidade, a sonolência, a estrutura
organizacional e o ambiente físico.
Embrey (1992), apresenta um modelo chamado MACHINE” (Model of
Accident Causation using Hierarchical Influence Network), onde afirma que as
causas diretas dos acidentes são uma combinação de erros humanos, falhas de
equipamentos e eventos externos ao sistema. Os erros humanos compreendem
falhas ativas e latentes. As falhas dos equipamentos ocorrem ao acaso e também
induzidas pelo homem nos aspectos de manutenção, montagem e aos erros de
projeto. Os eventos externos são característicos do meio ambiente no qual o sistema
opera, tais como terremotos, colisões dentre outros. O método tenta aplicar os
conceitos da avaliação probabilística, incorporando fatores de gerenciamento e
organizacionais.
24
Os acidentes de trabalho segundo Hollnagel ((s.d) apud ALONÇO 2004) têm
sido analisados por três grupos de modelos: Seqüencial, Epidemiológico e
Sistêmico. Nos modelos seqüenciais os acidentes o tratados como resultado de
uma seqüência de eventos (Teoria Dominó). Nos modelos epidemiológicos os
acidentes são tratados como se fossem “doenças”, ou seja, ocorrem devido à
interação de diversos fatores, sendo que alguns podem estar manifestados no
sistema e outros na forma latente esses caracterizam a saúde geral de um sistema.
Os modelos sistêmicos tentam descrever as características de desempenho do
sistema como um todo, mais do que no mecanismo de “causa e efeito”.
2.5 Considerações e termos utilizados na investigação de acidentes
Clarke (2003), verificou que nas últimas décadas ocorreu uma mudança na
visão da natureza das causas dos acidentes, ou seja, a busca por falhas e erros foi
substituído pela busca de fatores sistêmicos. Kletz (2001), por sua vez foca que as
organizações devem se preocupar em mudar as situações com potencial de geração
de acidentes e não tentar mudar as pessoas, assim, não adianta tentar mudar a
natureza humana, mas sim incorporar sistemas capazes de eliminar as
oportunidades, minimizar e evitar os erros. O autor sintetiza este ponto de vista da
seguinte forma: “dizer que o acidente é devido à falha humana é tão útil quanto dizer
que uma queda é devida à ação da gravidade” (pág. 2).
Gerenciar os fatores de risco humano nunca será amplamente efetivo. As
falhas humanas podem ser controladas, mas nunca eliminadas. O processo de
gerenciamento do erro é tão importante quanto o próprio produto ou serviço
considerado. Diferentes tipos de erros com variados mecanismos de sustentação
ocorrem nas organizações e requerem métodos de gerenciamento específicos. O
grande desafio é o de propiciar condições para que sejam eliminadas as condições
que potencializam os erros, aumentando as chances de detecção e de recuperação
das falhas humanas que inevitavelmente ocorrerão (REASON, 2002).
A diferença básica entre os deslizes, lapsos, tropeços e falhas na execução e
os equívocos é que os primeiros correspondem à interpretação habitual de erro e os
equívocos tratam de questões como conhecimento, objetivos, raciocínio do operador
entre outros. Vidal (2003), denomina os primeiros como enganos ou erros
25
superficiais, que podem ser exemplificados como um erro em acionar um comando
de um dispositivo parecido com o que deveria ser acionado, e os equívocos como
erros profundos, que representam falhas no planejamento ou na solução de
problemas. Erros representam problemas de manipulação de informações e
violações problemas motivacionais. Os problemas de fatores humanos são um
produto de uma cadeia de causas na qual os fatores psicológicos individuais, falta
de atenção momentânea, esquecimentos, etc., representam a última barreira no
processo de gerenciamento (REASON, 1995).
O erro humano conforme Groeneweg (1998 apud CORREA e CARDOSO Jr.
(2007) pode ser visto como uma falha em se atingir uma meta que tenha sido
planejada, devido a comportamento intencional e não intencional. As ações
planejadas podem falhar na busca dos objetivos por uma das quatro razões: a) as
ações não ocorrem conforme planejadas; b) as ações não são executadas e
correspondem a um comportamento não intencional; c) inadequação do plano; d)
ocorrência de desvios do plano original (violações).
2.6 Definição das tipologias de acidente
As diferentes formas de caracterizar e descrever um acidente, os fatos que
levaram a ocorrência do mesmo e os locais onde aconteceram esses acidentes
provocaram a busca de caracterizar os acidentes conforme o local em onde
aconteceu, ou seja, a tipificação dos acidentes. Como os acidentes com
trabalhadores ocorre no ambiente de trabalha e também durante o percurso até o
trabalho no Brasil eles estão divididos em três tipos sendo típico, de trajeto e
profissional ou do trabalho.
Os acidentes do trabalho são classificados, no Brasil, segundo Ministério da
Previdência Social – MPS (2007) como:
Acidente típico: acidente decorrente da característica da atividade
profissional desempenhada pelo acidentado;
Acidente de trajeto: acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o
local de trabalho do segurado, e vice-versa;
Doença profissional ou do trabalho: entende-se por doença profissional
aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinado ramo de atividade constante do Anexo II do Regulamento da
26
Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 6 de maio de 1999; e
por doença do trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, desde
que constante do Anexo citado anteriormente.
Através dessa tipificação instituições como o Ministério da Previdência Social
consegue identificar onde estão ocorrendo os acidentes e a partir disso atuar na
investigação das condições de trabalho, do transporte, formas de prevenção de
doenças.
2.7 Indicadores importantes sobre Acidentes de Trabalho (AT)
O primeiro trabalho de estatística vital que se tem registro, datado de 1603 na
Inglaterra, registrava o AT como principal causa das mortes violentas, sem que isso
constituísse uma preocupação específica (LIEBER e LIEBER 2004).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima perdas próximas a 4%
do Produto Interno Bruto (PIB) mundial com custos relativos a lesões, mortes e
doenças ligadas ao trabalho. Considerando que o PIB brasileiro é da ordem de 1,8
trilhões de reais, seriam gastos, anualmente, cerca de 73 bilhões com mortes,
lesões e doenças do trabalho relatados por Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
do Trabalho (SINAIT) e segundo mesmo sindicato anteriormente citado, esse é o
prejuízo para um país que não investe em prevenção, para empresários que ainda
vêm a prevenção como custo. Estudos mostram que para cada R$ 1,00 que a
previdência gasta com benefícios por incapacidade causada por acidente ou doença
profissional, mais R$ 3,00 de gastos são gerados por custo social, falta de trabalho,
redução da produtividade e por todos os trabalhadores que param diante de um
acidente (SINAIT, 2007). Segundo mesmo autor, o patamar de 4% do PIB pode ser
superior em países em desenvolvimento, como o Brasil. Em alguns países da
América Latina este número pode chegar a 10% do PIB.
Entidades ligadas ao controle de saúde e segurança, afirmam que as
empresas brasileiras notificam apenas 20% dos acidentes ocorridos no trabalho. Os
dados da OIT dão conta de que 2,2 milhões de trabalhadores morrem no mundo
todos os anos, vítimas de acidentes de trabalho e no Brasil, segundo a OIT, são 53
mil mortes por ano (SINAIT, 2007).
27
No ano de 2004 no Anuário Estatístico da Previdência Social foram
registrados 489.524 acidentes de trabalho no Brasil. Desses, 80,9% foram acidentes
típicos, 13,1% acidentes de trajeto e 6% foram ocasionados por doenças do
trabalho. Do total de acidentes, 77,5% ocorreram com homens e 22,5% com
mulheres. De acordo com informações do mesmo Anuário, a distribuição etária dos
acidentados mostra que os acidentes registrados ocorrem principalmente entre os
trabalhadores mais jovens. Dos acidentados no ano de 2004, 41,9% eram
trabalhadores com até 29 anos. Outra informação muito importante relatada pelo
documento diz respeito ao ramo de atividade dos trabalhadores que sofreram
acidentes registrados no ano de 2004, revela que o setor com o maior número de
acidentes é o industrial, com 46,1%, seguido pelo de serviços, com 44,1% e, com
8,1% dos registros está o setor da agricultura e 1,7 outros (BRASIL, 2004).
No Brasil, os gastos decorrentes dos acidentes no ambiente de trabalho são
responsáveis pelo impacto de aproximadamente R$ 8,2 bilhões, valores esses
referentes ao ano de 2003, decorrentes de benefícios assistenciais e de
aposentadorias especiais. O montante representa 30% da necessidade de
financiamento do Regime Geral da Previdência Social é o que relata Schwarzer
(2004). Oliveira (2004), descreve que a cada duas horas de trabalho ocorrem três
mortes e a cada minuto acontecem três acidentes isso apenas com os trabalhadores
do mercado formal.
O Brasil, segundo Tancredo (2007) está entre os campeões mundiais em
acidentes de trabalho e à massa de incapacitados e familiares de vítimas fatais que
produz recebe pouca assistência das instituições responsáveis. Também cita
estimativas de que o "Custo Brasil" com os acidentes de trabalho abrangem valores
próximos de R$ 32,8 bilhões por ano e que ainda geramos um exército de inválidos,
estimulando, com isso, o déficit da Previdência Social.
As terminologias utilizadas como taxa de mortalidade e de letalidade são
expressas pelas fórmulas 2.1 e 2.2 servindo para elucidar os valores referentes a
acidentes do trabalho (BRASIL, 2004).
Taxa de Mortalidade mede a relação entre o número total de óbitos decorrentes
dos acidentes do trabalho verificados no ano e a população exposta ao risco de se
acidentar. Pode ser calculada pela seguinte fórmula:
28
N
o
óbitos decorrentes de acidentes do trabalho X 1.000 (2.1)
N
o
médio anual de vínculos
Taxa de Letalidade é a capacidade maior ou menor que o acidente tem de
conseqüência a morte do trabalhador acidentado. É um indicador para medir a
gravidade do acidente. O coeficiente é calculado pelo número de óbitos decorrentes
dos acidentes do trabalho e o número total de acidentes, conforme descrito abaixo.
N
o
óbitos decorrentes de acidentes do trabalho X 1.000 (2.2)
N
o
de acidentes do trabalho registrados
Estudo realizado por Santana; Nobre e Waldvogel (2005) demonstrou dados
epidemiológicos de acidentes do trabalho fatais e não fatais entre os anos de 1994 e
2004. Constatou que embora o coeficiente de mortalidade por acidentes de trabalho
foi elevado durante muitos anos, entre 1990 e 2003 ocorreu uma queda de 56,5%.
Todavia, a letalidade que em 1970 era de 0,18% aumentou para 1,07% até 1999,
mas a partir deste passou a declinar (0,70% em 2003). A incidência cumulativa de
acidentes de trabalho não-fatais também vem reduzindo, discretamente, em
especial, para os menos graves e não houve alteração para os acidentes
incapacitantes.
Pesquisas populacionais mostram que a incidência cumulativa anual varia
entre 3% e 6%. Trabalhadores rurais têm o dobro do risco, em comparação aos de
área urbana segundo mesmo autor. No Quadro 1, podem ser observados valores
encontrados sobre acidentes de trabalho no período de 1994 e 2004.
29
Fonte: Adaptado de Santana; Nobre; Waldvogel (2005).
Quadro 1 Estudos realizados no trabalho no Brasil entre 1994 -2004 sobre
acidentes do trabalho.
2.8 Acidentes no ambiente rural
Nos trabalhos analisados para verificar os valores que norteiam os
acidentes de trabalho nos ambientes rurais diferentes estatísticas foram
encontradas.
Autores
Local /
Período
População estudo /
Fonte dados
Principais resultados
Machado ;
Gómez,
1994.
Brasil e 9
capitais
1979-1991
Dados da Previdência Social
para óbitos e segurado, e do
Sistema de informações de
Mortalidade, SIM.
O coeficiente de mortalidade anual,
(CM), variou de 30,64/100.000 em
1970 a 19,84em 1991.
A letalidade diminuiu de 18,3% em
1970 a 7,05% em 1991
Salerno,
1998
Região de
Campinas
1990-1995
Comunicações dos Acidentes
de Trabalho (CAT) e Relação
Anual de Informações Sociais
(RAIS).
CM=20,2/100.000 trabalhadores em
1990; 11,3/100.000 em 1995.
O CM/100.000 foi maior entre
motoristas (6,8), eletricistas (40,1),
mestres de obra (39,8),
trabalhadores da construção civil
(30,0), trabalhadores braçais (25,8),
respectivamente.
Os setores de atividade de maior
CM/100.000 foram a construção
(43,0), serviços (24,0) e transporte
(10,0). O CM foi duas vezes maior
entre os terceirizados em
comparação com os demais, em
1995.
Wünsch
Filho, 1999
Brasil
1970-1995
Dados da Previdência Social,
óbitos e número de segurados.
CM=31/100.000 em 1970,
declinando para 14/100.000 em
1994.
A letalidade cresceu mais de 4
vezes , variando de 0,18% em 1970
a 0,84% em 1994.
Waldvogel,
2002 / 2003
São Paulo
(capital e
interior)
1991-1992
1997-1999
Estudo ecológico de série
temporal . Dados da
Previdência Social, óbitos, e
informações de mortalidade,
SIM, complementada com a
população economicamente
ativa ocupada, com base no
IBGE.
CM=11,24/100.000, maior entre os
homens (16,86) do que entre as
mulheres (2,08), eleva-se com a
idade até os 30 anos, quando então
permanece estável até as idades
mais velhas.
Os ramos de atividade de maior
CM/100.000 foram transporte e
comunicação ( 37,1) , indústria e
construção civil (16,5), serviço e
comércio (16,3), ex tração mineral
(14 ,4), administração, tecnologia,
cultura e artes (2,7), e por último
agropecuária (2,0).
30
Field (s.d.), em sua pesquisa mostra que na Europa e nos Estados Unidos,
40% dos acidentes de trabalho na agricultura envolvem máquinas agrícolas e,
desses acidentes, 50% tem como coadjuvante o trator agrícola. Márquez (1990),
relata que os tratores agrícolas estão ligados a grande parte dos acidentes devido
a substituição do trabalho manual pela mecanização.
Kumar; Mohan; Mahajan (1998), expõem que na Índia os acidentes de
trabalho, envolvendo máquinas agrícolas totalizavam 32,5% do total. Descrevem
que a participação de tratores agrícolas nos índices de acidentes está ligada à
mecanização da região ou país considerado.
Em nações industrializadas, 20% dos acidentes na agricultura são devidos
ao uso de tratores (DEBIASI, 2002). Em países como a África do Sul segundo
Schierhout (1997 apud DEBIASI, 2002), os tratores são responsáveis por 9% dos
acidentes envolvendo máquinas agrícolas.
A pesquisa realizada por Pratt; Kinser; Helmkamp (1996), relata que os
acidentes envolvendo máquinas entre os anos de 1980 e 1989, provocaram 8.505
mortes nos EUA. A taxa de fatalidade média para tratores e máquinas agrícolas
ficou em 7,47/ 100.000 trabalhadores, sendo que os dados utilizados como base
foram adquiridos do National Traumatic Occupational Fatalities (NTOF).
Dados relativos a vítimas não fatais, considerando todos os acidentes de
trabalho, têm como resultado um caso em cada sete envolvendo máquinas
agrícolas, (MÁRQUEZ, 1990).
A idade dos acidentados também é um fator de estudo para alguns
pesquisadores. Desta forma, podem ser caracterizadas as pessoas que fazem
uso de máquinas agrícolas. Kisner; Pratt (1997) relatam que a idade avançada é
tida como um problema especialmente na operação de tratores e máquinas
agrícolas. Pratt; Kinser; Helmkamp (1996) em trabalho realizado nos Estados
Unidos da América concluiu que, em acidentes envolvendo tratores e máquinas
agrícolas a taxa de fatalidade dia foi 17 vezes maior, para operadores com
idade igual ou superior a 65 anos. Relatam ainda que de cada 10 fatalidades, 9
ocorreram com tratores e máquinas agrícolas, onde pessoas com idade igual ou
superior a citada anteriormente estavam presentes.
Resultados obtidos por Janicak (2000), no período entre 1992 e 1998 nos
EUA mostram que 45% dos casos vitimaram pessoas com 65 anos ou mais. O
31
autor enfatiza que tempos de resposta mais lento, menor capacidade de
coordenação motora e visão, são características que podem contribuir para
ocorrência de acidentes. Também relata o que trabalhadores entre 20 e 24 anos
tiveram índice de 2% de mortes.
As vítimas de acidentes podem ser tanto os operadores como outras
pessoas envolvidas nas atividades, por exemplo, durante o acoplamento ou
desacoplamento de implementos ou até mesmo curiosos (FMO, 1974). Os
autores Bernhardt; Langley (1992 apud DEBIASI, 2002) em trabalho realizado na
Carolina do Norte relatam que a idade média das pessoas que morreram em
virtude de acidentes resultantes do capotamento de tratores (59,4 anos) é maior
do que as de outros acidentes (43,5 anos).
Dos acidentes de trabalho registrados no setor agrário, metade desses não
faz parte das estatísticas oficiais na Suécia, segundo Erikson (1996 apud
DEBIASI, 2002), o autor ainda relata que a situação é ainda mais drástica em
países subdesenvolvidos. Schierhout (1997), que também é citado, relata que na
África de todos os acidentes fatais ocorridos em áreas rurais a grande maioria, ou
seja, 85% não são registrados.
Dessa forma Iida (1990), ressalta que o uso de estatísticas e registros de
acidentes, entre esses, os de menor gravidade não podem ser analisados devido
a falta de confiabilidade das informações.
1
.
Dois fatores são extremamente importantes quanto as estatísticas sobre
acidentes do trabalho: primeiramente, o fato de uma parcela dos acidentes
ocorridos não serem registrados, e aqueles ocorridos na zona rural nem sempre
são reflexos reais dos acontecimentos, que as informações contidas nos
relatórios oficiais não são suficientemente detalhadas para servirem de
informação para discutir as causas dos mesmos. O segundo fator limitante diz
respeito aos relatos em pesquisas que possuem como foco apenas analisar onde,
quando e como ocorreu o acidente. Isso não permite descobrir as causas do
mesmo (DEBIASI, 20002). Como forma de minimizar esses fatores, Zócchio
(1965) e Almeida (2002) sugerem que os trabalhadores acidentados, colegas e
1
Todas as informações referentes às características, números, índices, atividades, etc. provém de
acidentes relatados e registrados nos mais variados órgãos e instituições que se alimentam
desses dados, de diferentes formas e eficácia para manterem-se atualizadas.
32
seus superiores imediatos podem ser fontes de informação para facilitar o
entendimento do fato esclarecendo com isso possíveis distorções sobre o
ocorrido.
O acidente de trabalho é considerado por Zócchio (1965), como ato
inseguro, é a maneira como uma pessoa reage ou se expõem, consciente ou
inconscientemente a riscos de acidentes. Os atos inseguros o quase sempre
originados de fatores humanos.
Atitudes e condições inseguras o considerados como causas genéricas
de acidentes de trabalho, pois cada uma delas conglomeram diversas causas
(SCHLOSSER e DEBIASI, 2002). Ainda neste estudo os autores constataram as
causas de acidentes graves e leves na Depressão Central do RS na Tabela 1
onde podem ser observadas algumas atitudes e condições.
Tabela 1 – Causas acidentes com tratores (%).
Tipo de acidente
Causas Graves Leves
Falta de atenção 40,8 12,1
Pressa 14,8 06,6
Cansaço 00,0 09,1
Equipamento inadequado 14,8 54,0
Falta de conhecimento 18,5 15,2
Embriaguez 03,7 00,0
outros 07,4 03,0
Total 100 100
Fonte: Adaptado de SCHLOSSER e DEBIASI, 2002
A investigação da ocorrência de acidentes realizada por Fehlberg; Santos e
Tomasi (2001), entrevistando 580 trabalhadores da zona rural de Pelotas
constatou que 63 (11%) desses sofreram pelo menos um acidente durante o
período de doze meses. Observaram que os fatores de risco estão associados na
maioria das ocorrências a pessoas pertencentes à classe social mais baixa, a cor
não-branca e a insatisfação com o trabalho realizado.
Características de acidentes de trabalho no meio rural muito peculiar são
relatadas por outros pesquisadores. Kumar; Mohan e Mahajan (1998), avaliando
outros trabalhos verificaram que o capotamento com trator oscilavam entre 42 a
52% do total de acidentes, os atropelamentos com taxas entre 12 e 17% e as
33
colisões 5% a 14%, o contato com a TDP e outras partes ativas do trator de 3 a
10%. Esse grande percentual de capotamentos também é citado por Alonço
(2004), relatando em seu trabalho dados estatísticos americanos que demonstram
acidentes mortais em 60% dos casos em um número de 800 acidentes.
Observando a Figura 1 é possível distinguir o emborcamento e capotamento.
Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/ambiente.htm
Figura 1 – Emborcamento e capotamento lateral.
O fato de ocorrerem tantos acidentes ocasionados por emborcamento ou
capotamento está relacionado ao centro de gravidade dos tratores, pois segundo
Alonço (2004), este se encontra demasiadamente elevado provocando a perda de
muitas vidas. As mortes ocorrem devido ao fato de o movimento ocorrer
rapidamente e com isso impossibilitar qualquer reação dos operadores como
pode ser observado na Figura 2.
34
Fonte: Alonço (2004).
Figura 2 Tempos necessários para ocorrência do emborcamento.
Levantamento realizado em diversos estados do Brasil entre 1983 e 1987
de um total de 66.484 casos de acidentes registrados mostraram que em 60,79%
dos acidentes ocorreram em lavouras e 41,34% durante a colheita e, 31,86% com
pessoas com idade variando entre 18-25 anos (ALONÇO, 2000). A revista
Proteção (2000), publicou estudo realizado em alguns estados brasileiros no ano
de 1983 utilizando como base de dados as Comunicações de Acidentes de
Trabalho englobando 41.612 casos onde foi constatado que em 82,2% das
comunicações ocorreram com pessoas entre 13-45 anos de idade.
2.9 Causas Humanas, psicológicas e fisiológicas na investigação de
acidentes.
Algumas considerações sobre o comportamento humano são abordadas
para demonstrar como as alterações do organismo, sejam elas, psicológicas e
físicas podem de alguma forma ser responsáveis pelo desencadeamento de
outras ações capazes de provocar acidentes.
Cada uma das emoções, medo, raiva, ansiedade, alegria, amor, felicidade,
imprimem uma disposição e uma direção para a ação de uma pessoa. Essa é
uma tendência do ser humano baseada na aprendizagem com as experiências
passadas, ou seja, nosso repertório ou bagagem emocional (GOLEMAN, 1995).
Mesmo apresentando elevado potencial intelectual, as pessoas correm
sérios riscos como alcoolismo, criminalidade, isolamento, depressão etc., a
deficiência de controle emocional pode provocar a tomada de decisões erradas e
35
o resultando na perda do acesso ao aprendizado emocional, sendo que este pode
enviar sinais que facilitariam a adoção de decisão, conclui-se desta forma que a
faculdade emocional pode trabalhar junto com a mente racional ou de forma
contrária, incapacitando-a (GOLEMAN, 1995).
Segundo Moraes; Pilatti e Kovaleski (2005), as causas dos acidentes
dividem-se em humanas, materiais e fortuitas. As humanas assentam em ações
perigosas criadas pelo homem, cuja origem pode residir em diversos fatores tais
como, incapacidade física ou mental, falta de conhecimento, experiência,
motivação, stress, não cumprimento de normas, regras e modos operatórios,
dificuldade em lidar com a figura de autoridade, dentre outras.
Os mesmos autores descrevem que fator humano é condicionado pelo
meio ambiente interno de uma empresa afetando o comportamento dos indivíduos
isoladamente ou em grupo. Questões técnicas e físicas perigosas, apresentadas
pelo ambiente, quer natural ou construído, ou defeitos dos equipamentos podem
provocar nos trabalhadores atitudes indevidas provocando com isso riscos aos
mesmos.
A afirmação anteriormente citada pode ser exemplificada por Dela Coleta
(1989), onde estudos referentes à diferença dos diversos níveis de exigência de
produção no número de acidentes ocorridos como Vernon (1928) relatava que o
aumento da produção acarretava em elevação do número de acidentes e, Theil
(1953) acreditava na hipótese de que pagamento salarial por produção acelerava
o ritmo de trabalho e a não realização de pausas necessárias tenderiam a elevar
o número de acidentes. As atitudes que os trabalhadores tomavam para melhorar
seu desempenho provocavam alterações comportamentais e fisiológicas que
aumentavam as chances de ocorrência de acidentes.
2.10 Metodologias para Investigação e prevenção de acidentes.
Inúmeros são os métodos de investigação de acidentes sendo alguns de
domínio privado necessitando com isso de pagamento para sua utilização e
outros são de domínio público, com o seu emprego não oneroso. Diferentes
nações têm desenvolvido os seus próprios métodos de investigação de acidentes,
36
com aplicação nas mais variadas áreas com níveis de eficiência e qualidade muito
distintos.
Outro aspecto sobre os métodos de investigação que devemos considerar
está relacionado ao momento em que ocorre a sua aplicação frente a
investigação do acidente. Os métodos são divididos em proativos e reativos, os
primeiros investigam a possibilidade de ocorrência do acidente antes de ocorrer,
ou seja, analisa as possibilidades de falhas durante o projeto e desenvolvimento
de um novo produto evitando, a principio, a ocorrência. Os métodos chamados
reativos são aqueles que investigam o acidente após este ter ocorrido e são
utilizados para descobrir as causas que o provocaram e com essas informações
evitar novas ocorrências.
Benner Jr.(2003), afirma que o produto resultante de cada método de
investigação de acidente é diferente, pois produzem distintas percepções,
produtos e recomendações. Isso está relacionado a diferença de percepção que
os investigadores possuem frente a condução da investigação. Sklet (2004) relata
que no domínio da investigação de acidente não uma padronização de termos
utilizados pelos investigadores o que prova alguma confusão entre esses. No
entanto, a utilização de termos diferentes em um mesmo método é possível,
porém as suas conclusões sobre o acontecido e o que pode ser feito para evitar
futuros acidentes deverão ser muito semelhantes.
Alguns métodos serão descritos para melhor compreensão dos mesmos,
chamando a atenção para a existência de semelhanças entre eles, devido ao fato
de muitos se originarem da evolução ou da associação desses. No entanto,
características e peculiaridades não são possíveis de descrição devido ao fato de
serem métodos privados e que estão protegidos por patentes ou informações
sigilosas. A descrição dos métodos realizada nesta seção foram através de outros
trabalhos publicados ou pelos sítios e hipertextos das empresas detentoras
desses onde estão descritos dados com conotação comercial sem maiores
indagações a respeito.
MORT– MANAGEMENT OVERSIGHT AND RISK TREE
É um método analítico que busca determinar as causas que contribuem
para a ocorrência de grandes incidentes. Pode ser utilizado como ferramenta para
37
avaliar a qualidade de programa de segurança existente. Foi elaborado para
prevenir acidentes em usinas nucleares nos Estados Unidos. È um método
reativo, pois utiliza como base de investigação Árvores de Falhas pré-concebidas.
Sua utilização é de domínio público.
SRP– SAVANNAH RIVER PLANT
A estrutura SRP é similar à MORT, utilizando-se de uma árvore de causas
pré-definida onde a investigação é focada em aspectos relacionados ao
desempenho humano em centrais nucleares. A dificuldade de utilização está no
fato de essa ter sido criada especificamente para um centro de transformação de
materiais nucleares, Savannah River Plant, incorporando as formas organizativas
da empresa. No entanto, pode ser adaptado para atender outras estruturas
organizacionais.
TapRooT
TM
É uma técnica que está baseada no sistema SRP e difere ligeiramente
porque em vez de usar uma estrutura de árvore completa, primeiramente utiliza
um diagrama lógico do acidente, orientando o investigador na busca de causas
básicas para a ocorrência e, então, a partir dessas informações, a estrutura
completa pré-existente é utilizada. TapRooT é um sistema integrado que inclui
processos de investigação das causas e é analisado com o auxilio de um
software. O método é concebido especificamente para ajudar os investigadores a
identificar as causas que alteraram o desempenho normal do homem.
HPIP– HUMAN PERFORMANCE INVESTIGATION PROCESS
Consiste em seis ferramentas que podem ser utilizadas no processo de
investigação do acidentes sendo elas para planejar, coletar os dados, identificar
as dificuldades envolvendo o homem, identificar as fragilidades organizacionais,
organizar e compreender as causas e entender o evento como um todo para
garantir a completa percepção dos fatos que provocaram o acidente. A sua
formação se deve a união dos três métodos anteriormente citados onde foram
utilizadas as melhores características de cada criação do mesmo.
38
REASON
®
É um software desenvolvido no ano de 1997 pela Decision Systems Inc. É
um sistema que ajuda a classificar as informações sobre o acidente
individualmente e analisando modelos para obtenção de medidas de controle para
evitar novos acidentes. O processo inicia com a formação de uma árvore de
causas pela ação do programa que se utiliza das informações fornecidas, criando
diversas análises gráficas que produzem um relatório descritivo do acidente,
identificando as causas e realizando a análises das ações corretivas mais
adequadas e eficazes.
ERCAP– EVENT ROOT CAUSE ANALYSIS PROCEDURE
Foi desenvolvido por ENCONET Consulting Ges.mbH (Áustria) sendo sua
utilização voltada para investigação e análise das causas diretas que contribuíram
para o acontecimento do acidente. Utiliza as interações entre os aspectos
técnicos e humanos sendo originalmente uma adaptação do HPIP acrescentando
a ele a gestão dos fatores de segurança.
SACA– SYSTEMATIC ACCIDENT CAUSE ANALYSIS
Desenvolvido para a análise de estatísticas de acidentes em instalações
oceânicas reconhecendo todos os acidentes com múltiplas causas. Tem como
objetivo analisar e produzir estatísticas para identificar áreas de ação. SACA
identifica dois tipos de falhas que não sejam possível de os dirigentes evitar. As
falhas de pessoas que os diretores não são responsáveis, por exemplo,
fabricantes, fornecedores, e as falhas dos trabalhadores terceirizados.
AEB– ACCIDENT EVOLUTION AND BARRIER FUNCTION METHOD
O método foi desenvolvido na Suécia, nas usinas de energia nuclear. É um
método fortemente influenciado pelos princípios incorporados no MORT e é
especificamente destinado a investigar quase acidentes, tanto em usinas quanto
em indústrias, concentrando a interação existente entre os sistemas técnicos e
humanos.
Em um levantamento sobre metodologias de investigação de acidentes
foram apresentados alguns elementos quanto propriedade das mesmas e a
39
recomendação de aplicação dessas (HSE, 2001). Sendo assim, algumas foram
citadas anteriormente e outras podem ser observadas no Quadro 2.
Métodos Domínio Aplicação
MORT Público Nuclear
SRP Desconhecido Nuclear
TapRooTTM Privado Geral
HPIP Desconhecido Nuclear
HPES Privado Nuclear
SCAT Privado Geral
SACA Público Instalações marítimas
AEB Desconhecido Nuclear
Fonte: Adaptado de HSE (2001).
Quadro 2 – Ferramentas para investigação e prevenção de acidentes
Conforme relato de Alonço (2004), em conseqüência dos custos elevados
(econômicos, sociais) ocorridos devido às falhas e acidentes, com produtos e
sistemas aeroespaciais, iniciou-se a busca por equipamentos com alto nível de
segurança. Paralelamente foram criadas técnicas que permitissem avaliar a
segurança de novos projetos antes mesmo de serem utilizados. Esses métodos
chamados pró-ativos são utilizados para anteverem possíveis falhas durante
desenvolvimento de novos produtos, ou seja, durante o projeto conceitual e
melhorar assim, os níveis de segurança.
PHA Preliminary Hazard Analysis: é utilizado para diagnosticar perigos que
possam estar presentes em sistemas onde não existem concepções semelhantes
e que não apresentam históricos de perigos, são inovadores. Aumentando-se a
complexidade do sistema é necessária a utilização de outros métodos. O PHA
realiza uma revisão superficial de segurança.
FMEA – Failure Mode and Effect Analysis: é uma ferramenta que permite detalhar
as falhas dos componentes de um equipamento e estimar a taxa dessas
ocorrências. Pode analisar qualitativamente ou quantitativamente determinando
os efeitos de cada falha sobre todo o sistema.
40
FMECA Failure Mode, Effects, and Criticality Analysis: é a extenção do FMEA
em conjunto com uma avaliação da probabilidade de ocorrência e do grau de
criticidade das falhas. O método consegue detalhar a causa raiz que é identificada
como mais critico para o sistema.
FTA – Fault Tree Analysis: é uma técnica utilizada na área de confiabilidade, para
melhorar a confiabilidade de produtos e processos através da análise sistemática
de possíveis falhas e suas conseqüências, orientando na adoção de medidas
corretivas ou preventivas permitindo obter informações como as causas, o grau
da falha, o índice de ocorrências, etc. Utiliza-se para análise global do sistema.
Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta de fácil utilização que aborda
problemas simples e complexos de diversas áreas. Ele apresenta a relação
existente entre característica de qualidade (efeitos) e os seus fatores (causas).
Para melhor exemplificar observe a figura a seguir:
Fonte: Sakurada (2001).
Figura 3 – Diagrama de Ishikawa comum.
41
Brainstorming é um método intuitivo de geração de soluções onde um grupo
de pessoas de diferentes formações reúne-se para discutir e encontrar soluções
de determinado problema. Não havendo nenhuma forma de discriminação frente
as soluções encontradas, pode ser utilizado a qualquer momento, mas não deve
ser aplicado para solucionar problemas muito especializados devido ao fato de
ser um método que busca respostas de diferentes formações profissionais o que
possibilita surgimento de respostas diversas sem a busca de uma única resposta
mas sim do grupo.
QFD Quality Function Deployment: A metodologia está estruturada de forma a
levar em consideração pontos de vista dos clientes, da organização, das áreas de
produção e de setores de desenvolvimento segundo as necessidades
tecnológicas. A técnica apresenta resultados através de gráficos facilmente. Pode
determinar quais o as aspirações que necessitam a introdução de itens de
segurança como prioridade em determinado projeto de novos produtos.
Listas de verificação e questionários estruturados: permite aos projetistas não
incorporar ao produto características indesejadas ou então promover alterações
que os satisfaçam. Segundo Alonço (2004), estas listas e questionários servem
como meios de ativação da memória do projetista e servem de guia para boas
técnicas de engenharia, especificações, etc.
Após avaliar alguns dos métodos de investigação sendo eles proativos e
reativos e verificando que em muitos sua utilização é possível com a aquisição
de software ou do pagamento de taxas para utilização, bem como, a necessidade
de pessoal altamente especializado para desenvolvimento da investigação, partiu-
se para o estudo do método Árvore de Causas. Sua utilização é de domínio
público e com treinamento e estudo permite que pessoas com escolaridade média
possam investigar, visto que o método faz parte do programa de alguns cursos
técnicos em segurança do trabalho.
Uma observação a respeito da metodologia, diz respeito a mesma ser
empregada pelo Ministério do Trabalho e Emprego para investigação de
acidentes no território brasileiro sendo recomendado para os membros das
CIPA’s avaliação de acidentes nas empresas.
42
Um breve histórico sobre o método ADC e suas aplicações será descrito
para demonstrar algumas características peculiares do mesmo sendo que todas
as etapas terão sua descrição mais profunda no decorrer do tópico Material e
Métodos.
O método Árvore de Causas foi criado no início dos anos 70, pelo Institut
National de Recherche et de Sécurité (INRS) na França. Ele surgiu através de
pesquisas patrocinadas pela Comunidade Européia do Carvão e Aço (CECA)
onde começaram os estudos buscando conhecimentos sobre fatores causais
envolvidos na gênese dos acidentes de trabalho. Seus primeiros fundamentos
foram apresentados no texto de Cuny e Krawsky de 1970 intitulado Pratique de
l’analyse d’accidents du travail dans la perspective sócio-technique de l’ergonomie
dês systémes. (Prática de análise de acidentes de trabalho na perspectiva sócio-
técnica da ergonomia de sistemas). Em 1983 a publicação dos fundamentos do
método é difundida internacionalmente pela Encyclopaedia of Occupational Health
and Safety e, em meados dos anos 80 torna-se de domínio público (BINDER;
ALMEIDA e MONTEAU (2000).
Alguns aspectos devem ser considerados para uma correta implantação do
método, como necessidade de treinamento e disponibilidade de recursos, em
particular humanos, as indicações onde o método poderá ser utilizado e impactos
que o mesmo proporcionará no interior das empresas relatam Binder; Almeida;
Monteau (2000).
O método não é recomendado para investigação de qualquer tipo de
acidente, algumas características dos desse devem ser levadas em conta para
que não ocorram erros na aplicação do mesmo. Monteau no ano de 1992 criou
um quadro onde descreve as fases evolutivas das taxas de freqüência dos
acidente de trabalho, as respectivas estruturas predominantes dos acidentes e
alguns aspectos da situação acidentogênica que podem ajudar na escolha dos
métodos investigação de acidentes (BINDER; ALMEIDA e MONTEAU (2000).
O Quadro criado por Monteau demonstra a configuração dos acidentes que
estão divididos em três fases e em diferentes estruturas sendo linear, conjunção e
numerosas conjunções. Sendo assim, configurações de acidente como os da fase
linear segundo os autores estão relacionados a situação precária das empresas,
no que diz respeito à segurança do trabalho como máquinas e equipamentos mal
43
desenhados, desprovidos de meios de proteção, mecanismos de acionamento
imperfeitos, postos de trabalho mal concebidos e modos operatórios inadequados
e inseguros, configurando situações de perigo facilmente constatados. Então,
essas características não são indicadas para utilização do ADC, que seriam
sanadas com medidas técnicas como melhoria de segurança das máquinas e de
concepções.
As estruturas das fases 2 e 3 são de difícil identificação das causas dos
acidentes que podem ser facilitadas com o uso do método Árvore de Causas
indicando as atividades que melhor auxiliariam na investigação onde existam
dificuldades de identificação da origem dos problemas.
Fonte: Fenômeno Acidente Binder; Almeida; Monteau (2000).
Quadro 3 – Principais características do “Fenômeno Acidente” fases de controle do
risco.
44
2.11 Investigação de acidentes no Brasil
Predomina no Brasil a concepção de acidente que ratifica a concepção de
fenômeno decorrente de falhas humanas e ou técnicas, traduzida pelas
expressões ato inseguro/condição insegura. A grande responsável por esta
concepção é a Norma Regulamentadora 5 e seu anexo II Portaria N
o
33 de 27 de
outubro de 1983, que induziam a investigações extremamente superficiais e,
considerava o acidente como fenômeno monocausal (BINDER; ALMEIDA ;
MONTEAU, 2000). Estudo realizado pelos autores no estado de São Paulo
revelou que as investigações realizadas utilizando como base os preceitos da
norma de 1983 passavam pelo caminho do descuido, da negligência,
imprudência, exposição desnecessária ao perigo e em 70% dos casos a
responsabilização do fato indicavam o trabalhador. Esses resultados apontaram
para a inadequação dos formulários de investigação baseados na antiga NR-5, e
seu anexo II.
No ano de 1994, texto publicado pelo Diário Oficial da União em 2 de
janeiro, torna obrigatório o uso do Método Árvore de Causas para investigação de
acidente do trabalho pelos membros das CIPA’s (BRASIL, 1994). A nova redação
propõe a mudança dos termos ato inseguro e condição insegura e a substituição
da busca por culpados por identificação de fatores causais de acidentes.
A nova redação também propõe a concepção de que o acidente de
trabalho não é um acontecimento de natureza monocausal e sim, pluricausal
demonstrando um avanço em relação a investigação de acidentes.
O tópico Material e Métodos a seguir, demonstra como deve ser conduzido
o estudo de caso e a importância de aplicar corretamente a Metodologia Árvore
de Causas.
45
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Objeto de estudo
O objeto de estudo para aplicação e desenvolvimento do método ADC foi
um acidente de trabalho rural com um operador de trator durante a realização da
pulverização de uma área de pesquisa da UFSM. O uso da metodologia se
justifica frente à inexistência de trabalhos científicos sobre investigação de
acidentes rurais utilizando-se do mesmo na bibliografia consultada e devido ao
método ser oficialmente aplicado pelos órgãos governamentais responsáveis pela
integridade dos trabalhadores brasileiros.
3.2 Materiais utilizados no estudo
Os materiais utilizados na realização da atividade foram os seguintes:
Máquina fotográfica: utilizada para registrar imagens relativas ao acidente e que
posteriormente serviram para elucidar eventuais dúvidas.
Trena: sua função foi determinar as medidas do local do acidente para não
ocorrerem erros de proporcionalidade no momento de confecção do croqui.
Folhas de papel para anotação e tabulação dos dados: onde ocorreram os
registros de todas as informações relativas ao acidente, acidentado, superiores,
testemunhas, etc.
Computar juntamente com auxilio de programas para redação de textos,
formatação e elaboração de imagens, croquis e de fluxogramas.
46
3.3 Procedimentos para obtenção de resultados positivos na ADC
A coleta de dados foi uma fase crucial, uma boa coleta deve possibilitar a
compreensão de como o acidente ocorreu e deve ser realizada no próprio local da
ocorrência. A sistematização da coleta de dados facilitou esta tarefa, além de
ajudar a evitar que aspectos importantes deixassem de ser investigados.
A obtenção dessas informações exigiu a realização de entrevistas com
vários interlocutores: acidentado, testemunhas do ocorrido, colegas de trabalho,
chefias e outros que tenham sofrido acidentes semelhantes etc. Durante a coleta
evitou-se algumas atitudes para que o fosse prejudicada aquisição de
informações sobre o ocorrido sendo que estão relacionadas a seguir algumas
dessas:
Interrupções precoces na coleta de dados, particularmente quando se tratava
de comportamentos adotados durante a execução de tarefas e a importância
de se investigar suas origens pois isso permitia que o entrevistado relatasse
os fatos naturalmente conforme ele lembrava.
Considerar prescrições ou normas como equivalentes à tarefa habitual e
padrão de referência para identificação de variações ou mudanças no
sistema assim, não limitaria a investigação a falta de cumprimento das
mesmas como causa do ocorrido.
Aceitar como verdade informações sem verificar sua veracidade.
Durante as entrevistas, expressões como "foi um descuido", "acho que não
prestei muita atenção", "fiz uma bobagem", utilizadas pela vítima do acidente para
descrever o episódio foi imprescindível indagar, como o tal "descuido", a "falta de
atenção", qual o verdadeiro sentido da expressão utilizada pelo trabalhador.
Investigações cuidadosas, geralmente, permitem identificar se os limites das
capacidades humanas foram ultrapassados (ALMEIDA; BINDER, 2000).
47
3.4 Princípios e aplicações
A investigação do acidente não se resume à aplicação de questionários,
mas sim, a criação de uma representação que mostre de forma sistematizada e
lógica os antecedentes que se dividem em dois tipos.
Antecedentes-estado: são condições permanentes na situação de trabalho,
como por exemplo, ausência de proteção de máquinas, barulho,
temperatura elevada, postura inadequada, etc.
Antecedentes-variação ou Variações: são condições não habituais ou
modificações que ocorrem durante o trabalho, como por exemplo, um
incidente técnico, falta de energia elétrica.
Uma noção importante de ser aqui explicada refere-se à Atividade que é a
unidade de análise do sistema. A atividade corresponde à parte do trabalho
desenvolvida por um individuo no sistema de produção. Para exemplificar os
autores anteriormente citados descrevem que, um indivíduo que se machuca
durante a execução de uma tarefa com um material em um determinado meio é
um conjunto composto por quatro elementos (individuo-tarefa-material-meio) que
definem uma unidade de análise que é denominada Atividade.
O método de análise dos acidentes visa sobre tudo o estudo do
funcionamento interno de uma empresa, sendo um instrumento de uso dos
serviços de segurança das mesmas com a finalidade de fundamentar ações de
prevenção.
Para compreensão de como ocorre a investigação do acidente até a
determinação das melhores medidas preventivas a Quadro 4 pode ser observada
a seguir.
48
Quadro 4 – Fluxograma das etapas de investigação
3.5 Trabalho de campo
Para melhor representar e caracterizar o acidente foram realizadas
algumas atividades importantes:
Registros através de fotografias;
Construção de esquemas do cenário onde ocorreu acidente (croqui);
Identificação da máquina envolvida no acidente;
Descrição das instalações físicas, posição de máquinas, equipamentos etc.;
Identificação das condições de trabalho habitual (trabalho real), isto é, sem
ocorrência de acidente, o que mudou /alterou /variou, investigando as origens das
alterações / mudanças / variações ocorridas. É importante identificar as condições
Acidente
Coleta de dados
Quadro de dados
Construção da
Árvore de
Causas
Interpretação e
Medidas
preventivas
Registro das
variações e
componentes
Classificação
das variações
(I, T, M, MT)
Análise lógica
do acidente
Pesquisa dos
modos de
prevenção e
adaptações
49
do sistema que permitiram o aparecimento dessas mudanças (ou variações), pois
permite visualizar quais as conseqüências que essas mudanças provocaram;
Descrição detalhada das mudanças que provocaram perturbações;
A confirmação para todas as afirmações colhidas nas entrevistas visando
descrever o acidente com a maior fidelidade possível foi uma constante.
Durante a coleta teve importância a descrição de fatos passíveis de
constatação. Por exemplo, descrevendo como ocorreu a pulverização, a que
velocidade estava sendo realizada.
Para que a descrição do acidente fosse objetiva e precisa, foi necessário se
abster da emissão de juízos de valor, de interpretações, e de conclusões. Para
isso ocorrer ter sempre em mente a busca das "causas das causas" do
acidente visando a prevenção, e não a identificação de responsáveis e ou
culpados é o que relatam os autores Binder, Almeida e Monteau, 2000.
3.6 Descrição da coleta de dados
Para a coleta de dados é importante o conhecimento prévio da forma
como a tarefa é realizada, ou seja, familiarização com a atividade. Essa
necessidade se deve aos princípios que a metodologia emprega devendo o
investigador além de treinado e capacitado para exercer a investigação também
ser conhecedor da área onde ocorreu o acidente. Uma boa coleta deve
possibilitar a compreensão de como o acidente ocorreu e deve ser realizada no
próprio local de ocorrência.
O método de Árvore de Causas realiza a coleta de dados com auxílio de
suas categorias de análise, ou seja, atividade em desenvolvimento, desdobrada
nos componentes. São quatro os componentes que formam a atividade e
definem-se da seguinte forma:
Indivíduo (I): é a pessoa física e psicológica trabalhando em seu meio
profissional e trazendo consigo o efeito de fatores extraprofissionais, ou
seja, tima do acidente ou pessoa cujas atividades estejam relacionadas
mais ou menos com a da vítima (companheiro de equipe, chefe, etc.).
50
Tarefa (T): designa de maneira geral as ões do indivíduo que participa
da produção parcial ou total de um bem ou serviço (chegar ao ambiente de
trabalho, usar um torno, etc.).
Material (M): Compreende todos os meios técnicos, a matéria prima e os
produtos colocados a disposição do trabalhador para efetuar alguma tarefa
(um caminhão, um produto a utilizar, etc.).
Meio de Trabalho (MT): é o ambiente físico e social no qual o indivíduo
executa sua tarefa.
3.7 Descrição do acidente
A descrição está intimamente ligada a etapa anterior, pois ela define a
redação da história do acidente de forma objetiva, utilizando frases curtas onde se
registram fatos ou fatores de acidente, ressaltando que não deverá constar a
emissão de juízo de valor ou interpretações. Nesta estará descrito todos os
acontecimentos até culminar no acidente propriamente dito.
3.8 Organização e análise dos dados
Os dados coletados foram organizados de forma que ocorresse a descrição
coerente do acidente, isso permitiu ao investigador visualizar de maneira mais
completa, como tudo aconteceu. Somente após elaborar a descrição do acidente
é que se deve analisar e interpretar as informações registradas que vão orientar a
prevenção.
A organização dos fatos foi realizada através da classificação dos mesmos,
de forma simplificada, listados em componente de atividade (Indivíduo, Tarefa,
Material e Meio de trabalho). Para demonstrar a organização observe o Quadro 5.
Os fatos habituais () o aqueles característicos da atividade efetuada
pelo acidentando, configurando como rotineiros. Os fatos Variações () são os
que de alguma forma interferiram na rotina da atividade causando mudanças
imprevistas que alteram o compasso de trabalho.
51
Fato Componente
O Sr. X sofre fratura do fêmur esquerdo Indivíduo
O portão atinge o membro inferior esquerdo Tarefa
(...................................................................)
O portão pesa 90 Kg Material
Há um temporal Meio de trabalho
Fonte: Adaptado de (Binder; Almeida; Monteau, 2000).
Quadro 5 – Organização dos fatos Habituais (
) e Variações (
).
3.9 Construção da árvore
A representação do acidente foi demonstrada através da construção da
ADC. A mesma representou a seqüência gráfica e lógica do acidente. Sendo
assim, para que ocorra a elaboração correta da árvore é necessário que as
informações obtidas e a descrição do acidente sejam precisas, permitindo com
isso sua reconstituição efetivamente real.
Para não ocorrerem erros de construção da árvore algumas configurações
da mesma que podem ocorrer. Como exemplo dessas são apresentadas na
Figura 4 alguns exemplos.
Fonte: Adaptado de (Binder, Almeida ; Monteau, 2000)
Figura 4 – Possibilidades de configuração da árvore.
52
No entanto, não devem existir configurações onde variações originem fatos
habituais e, formas habituais promovam variações. Para melhor exemplificar
observe a Figura 5.
Fonte: Adaptado de (Binder; Almeida; Monteau, 2000).
Figura 5Configurações que não podem acontecem.
3.10 Identificação de medidas preventivas
A partir da eliminação ou neutralização de fatos representados na árvore
não ocorreriam acidentes. Para isso acontecer o necessárias à identificação de
medidas preventivas para que esses fatos não se repitam. Então, a elaboração de
um quadro semelhante ao da Figura 6 foi utilizado como recomendação futura
para minimizar os riscos no local onde ocorreu o acidente investigado.
Fator acidente Medida preventiva possível
Figura 6 – Imagem do quadro demonstrativo de medidas preventivas
53
3.11 Avaliação da aplicabilidade da metodologia
Adotadas todas as recomendações anteriormente citadas, o caminho a
seguir será a avaliação do método inserido no ambiente rural, que foi aplicado
diferentemente daquele onde a literatura demonstrou. Sabendo-se das
dificuldades apresentadas pela métodologia será realizada uma análise da
aplicabilidade do dessa e avaliação da sua utilização especifica em acidentes de
trabalho rural. Essa avaliação será através de três níveis de dificuldades baixo,
médio e alto (Quadro 5). Para baixo não poderá ultrapassar o valor avaliativo
superior a três, para médio entre quatro e sete e para alto superior a sete.
Essas dificuldades são validas para a avaliação do investigador e para o
caso estudado sendo essa avaliação referente as percepções e indagações
realizadas pelo investigante no decorrer de todas as atividades.
Para cada avaliação serão apresentadas justificativas que servirão para
melhorar e orientar futuros estudos que se utilizarão da metodologia ADC.
Nível de dificuldade
Baixo
Pouco problema de execução, apresentando pouca dificuldade
de aplicação com avaliação de 0 a 3 .
Médio Alguns problemas de execução sendo o variando entre 4 e 7
Alto
Extremamente difícil execução dependência de fatores além do
estudo propriamente dito sendo superior a 7
Quadro 6 – Nível de dificuldade de execução.
Para a avaliação, alguns itens considerados importantes serão listados no
Quadro 7 e classificados de acordo com a dificuldade encontrada para realização
dos mesmo com as justificativas para tal avaliação.
Itens Avaliados Dificuldade Justificativas
Facilidade de encontrar um acidente recente para
investigar.
Autorização para avaliação do acidente.
Facilidade para deslocamento até local do
acidente.
Facilidade de entrevistar testemunhas do ocorrido.
Percepção de alterações no local do acidente.
54
Dificuldades relativas à linguagem utilizada durante
as investigações.
Possibilidade de utilização de medidas
preventivas.
Ocorrência de emissão de juízo de valor
Conhecimento dos envolvidos em relação a
metodologia utilizada.
Quadro 7 – Nível de dificuldades para aplicação da metodologia.
55
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização do local de acidente
Para a correta caracterização do local onde ocorreu o acidente foi
necessário a realização de duas visitas que possibilitaram o registro de fotos e o
levantamento de algumas medidas. A primeira visita foi realizada em companhia
do acidentado que descreveu como ele realizava a operação de pulverização.
Durante essa visita foi possível a realização da primeira entrevista com o
operador, que solicitamente respondeu todos os questionamentos e descreveu
em detalhes como tudo havia acontecido.
Com a realização da segunda visita e, as informações recebidas na
primeira, foram diagnosticadas as peculiaridades existentes no local como, a
existência de uma área demarcada onde não poderia ocorrer a pulverização,
presença de uma área de banhado, um construção em alvenaria, estradas e o
buraco onde o trator caiu.
Para melhor visualizar o local foi elaborado um croqui que permitiu
identificar as particularidades do mesmo. Este pode ser observado na Figura 7.
Com o croqui do lugar foi possível perceber o trajeto que o operador estava
realizando até culminar em acidente. Para facilitar a observação do caminho
percorrido durante a operação foi representado no croqui a direção e a posição do
trajeto realizado pelo trator através da utilização de uma linha tracejada e esta
representa a linha mediana de aplicação pois, para cada lado havia uma distância
de 7 metros representando a metade do comprimento da barra de aplicação.
Essas informações foram sobrepostas no croqui original e, assim, foi possível
identificar de forma gráfica o trajeto durante a operação. Esta nova concepção do
croqui pode ser observada na Figura 8.
56
Figura 7– Croqui do local de acidente.
57
.
Figura 8 – Croqui demonstrando o trajeto realizado pelo trator.
4.2 Descrição das máquinas
O conjunto mecanizado envolvido no acidente era composto de um trator
marca Valtra, modelo 800 com 86 cv, massa 3455 Kg, equipado com tração
dianteira auxiliar (TDA), cabine envidraçada e condicionador de ar. Completando o
conjunto, um pulverizador com forma de acoplamento montado da marca Jacto
Falcon Vortex que caracterizou-se pelo comprimento da barra de pulverização de 14
m e capacidade do reservatório de água de 600 litros, peso 730 Kg e velocidade de
trabalho recomendada pelo fabricante de até 10 Km/h (Figura 9).
58
Figura 9 – Sistema de pulverização acoplado ao trator agrícola.
Na Figura 9 está representado o conjunto mecanizado que sofreu acidente,
no entanto, as rodas presentes na figura não são as que equipavam o trator no
momento em que ocorreu o acidente (pneu Pirelli TM 95 18.4-34 traseiro e TM 95
14.9-24 dianteiro), pois a captação da imagem com rodados originais não foram
possível devido ao fato de o equipamento ter sido levado após o ocorrido para o
concerto e voltando do mesmo equipado com os presentes na imagem.
4.3 Descrição do operador
Algumas características foram levantadas para descrever o operador entre
essas foi constatada a experiência na operação de tratores durante 15 anos sendo
que recebeu capacitação para operação de diversos modelos de tratores e
colhedoras através de cursos específicos. O operador não apresentou objeções
relacionadas a sua capacidade visual relatando que apenas sente dificuldades para
leituras como, por exemplo, jornais e revistas. No entanto, ele não apresenta
dificuldades para visualizar objetos distantes, pois quando questionado se
59
visualizava um recipiente de óleo com capacidade para 5 litros a aproximadamente
50 m de distância não teve dificuldades para ver.
Para a regulagens do pulverizadores o operador possui capacitação para isso
sendo que descreveu a forma como deve ser realizada a mesma relatando as
mesmas recomendações da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) em
seu manual (ANDEF, 2004). Contudo, ele não respeitou a premissa de que a
regulagem deve ser realizada no local onde ocorrerá a pulverização observando as
peculiaridades do local. Relatou que a aplicação ocorreu com velocidade de 10 Km/h
devido ao fato de ter realizado a atividade em área próxima a da ocorrência do
acidente uma vez que considerava ambas semelhantes o que o levou a manter a
mesma velocidade de deslocamento.
4.4 Elaboração da redação descritiva do acidente
Para a realização da redação descritiva as informações prestadas pelo
operador e por terceiros foram importantes, pois essas pessoas estavam presentes
no momento do acidente. Todas as informações prestadas foram compiladas no
formato de um texto e este serviu de base para a construção do quadro onde estão
relacionados os fatos habituais e variações ocorridas durante a realização da tarefa
de pulverização. A redação pode ser observada a seguir.
60
Acidente durante a pulverização
O operador do trator é responsável pela operação do mesmo sempre que
solicitado e realiza a tarefa a aproximadamente 15 anos. O trator utilizado durante a
pulverização é da marca Valtra modelo 800 com 86 cv, com TDA e com cabine. O
pulverizador possuía uma barra de aplicação de 14 metros e capacidade do reservatório de
600 litros.
O operador recebeu as instruções para a aplicação, de forma verbal, onde ele
deveria fazer a aplicação de um dessecante em uma área de 7 ha com a presença de
vegetação alta e densa. A operação foi realizada para que, posteriormente, ocorresse a
semeadura da cultura da soja. No entanto, a área em que ocorreu a dessecação apresenta
algumas subdivisões onde se encontram parcelas de experimentos que não deveriam sofrer
a aplicação de herbicida pelo pulverizador.
Durante o trabalho o operador era orientado através de gestos de terceiros sobre
a localização das parcelas e, para não aplicar ele utilizou-se de um recurso que o
equipamento possui de interromper até cinco secções da barra de pulverização
independentemente. Durante a atividade o operador relatou que se sentia incomodado, pois
as pessoas que realizavam a sinalização das áreas o deixavam irritado.
O trabalho de pulverização foi realizado em condições de solo com ondulações e
rugosidades que causavam algum desconforto ao operador durante a atividade em algumas
partes da área. Quando o operador trabalhava na área de maior rugosidade percebeu que a
velocidade de aplicação (10 Km/h) não era a mais indicada, no entanto, continuou a tarefa.
Com velocidade imprópria, para o local devido as características de solo e
vegetação densa e alta e também com a atenção desviada para observação de terceiros
ocorreu a queda do trator em um buraco, pois o operador não visualizou o mesmo
ocorrendo um forte solavanco que provocou o deslocamento do pulverizador provocando um
choque contra a cabine provocando o estilhaçamento do vidro traseiro e o arremesso
desses sobre as costas do operador provocando-lhe alguns cortes. Também ocorreram
contusões na região do tórax devido ao choque do operador com o volante do trator. No
momento do acidente o operador não utilizava o cinto de segurança existente na cabine do
trator.
O acidente resultou além dos ferimentos considerados leves nas costas e no
tórax em danos materiais no maquinário.
61
4.5 Elaboração do quadro de organização dos fatos
A elaboração do quadro está ligada as informações presentes na redação que
descreveu o acidente. Os fatos foram editados de forma simples e de fácil
compreensão. Esta forma de redação é recomendada pelos autores da metodologia
ADC devido a importância de se evitar interpretações duvidosas. A forma de
elaboração da redação e do quadro de informações (Quadro 7) poderá variar de
acordo com cada investigador, pois deve-se levar em conta as diferenças de
experiência de cada um durante a investigação, portanto, a elaboração deve ser
semelhante quanto ao contexto.
A configuração do quadro de organização proposto neste trabalho pode ser
observada a seguir, resumido em frases curtas e em ordem cronológica do acidente,
relatando os envolvidos, as características do local, condições de trabalho, etc.
Fato Componente
O operador sofre escoriações e bate o tórax I
O vidro traseiro da cabine estilhaçou M
O pulverizador chocou-se contra a cabine do trator M
O operador é arremessado sobre o volante do trator I
Ocorreu solavanco M
O trator cai dentro do buraco MT
O operador localizou o buraco I
Existia um buraco entre a vegetação MT
Á área estava com vegetação alta e densa MT
O operador continua a pulverização I
O operador percebeu que a velocidade estava alta T
Velocidade de aplicação 10 Km/h T
As ondulações causavam desconforto ao operador I
Área de aplicação possuía ondulações e rugosidades MT
O operador observava as pessoas sinalizando I
O operador sentia-se perturbado com a sinalização de terceiros I
Pessoas sinalizavam os locais onde não ocorreria aplicação T
O pulverizador possui recurso para interromper a aplicação M
Subdivisões não podem sofrer aplicação T
A área de aplicação apresenta subdivisões MT
O operador esta realizando pulverização I
Não usava o cinto de segurança MT
Regulagem do pulverizador inadequada para a tarefa T
FATOS HABITUAIS I INDIVIDUO T TRABALHO
FATOS VARIAÇÕES M MATERIAL MT MEIO DE TRABALHO
Quadro 8 – Documento com as informações coletadas do acidente.
62
4.6 Construção da Árvore de Causas
A construção lógica e coerente da árvore foi alcançada através de inúmeras
tentativas de montagem que foram surgindo devido a busca de ligação entre os fatos
relacionados no Quadro 7. A construção de diversas árvores ocorreu devido à
preocupação que existiu em seguir todas as exigências requeridas pelo método.
Algumas recomendações como as constatadas na Figura 4 e Figura 5 referentes as
ligações possíveis e a preocupação de que fatos habituais não poderiam gerar
variações e variações não podem gerar habituais e, habituais juntamente com
habituais só podem gerar fatos habituais foram constantes para a correta construção
da árvore.
Algumas conformações que surgiram durante a construção direcionaram a
conjunção de fatos variações formando fatos habituais. Mas isso era corrigido
através da recolocação dos mesmos, pois havia a percepção de que isso não
poderia ocorrer, pois acarretaria em erro de construção semelhante aos encontrados
por Almeida (2001) e, também devido a não correspondência da seqüência natural
que causou ao acidente.
A maior dificuldade encontrada para construção deveu-se a pouca
experiência na utilização do método, o que tornou um tanto complexa a sua
elaboração, mas com o exercício continuo na elaboração da árvore e a observação
dos erros de concepção do arranjo dos fatores estimulou a busca da perfeita
construção. Essa busca foi ocorrendo com a familiarização do método tornando sua
aplicação mais facilitada. Esse tipo de dificuldade foi relatado por Almeida (2001),
devido a falta de experiência e familiarização dos investigadores em outros
trabalhos.
Após a construção de inúmeras árvores, a composição correta da
investigação do acidente durante a pulverização pode ser observada na Figura 10.
63
Figura 10 – Árvore de causa acidente durante pulverização.
64
4.7 Descrição da árvore
Com a construção da árvore partiu-se para a investigação dos fatores que a
tornaram mais perceptível graças à elaboração do fluxograma e a leitura da mesma.
A forma de leitura foi feita retrospectivamente, ou seja, a partir das lesões (BINDER;
ALMEIDA; MONTEAU, 2000). Seguindo esse princípio foi feita a leitura da árvore
demonstrando os caminhos que levaram ao acontecimento.
A leitura da árvore revela algumas características:
O componente Indivíduo (I), esteve presente em 9 ocasiões, sendo que em 8
foram variações e apenas uma habitual, demonstrando que o operador estava
realizando as atividades com muitas variações e que apenas a atividade de
pulverização foi considerada habitual.
Quanto aos componentes Material (M) esses apareceram 4 vezes e dessas
apenas uma vez ele é considerado habitual, onde percebeu-se que o operador
estava familiarizado com os comandos do pulverizador. Nos demais casos
ocorreram interferências nas características naturais dos mesmos, por exemplo, pela
quebra do vidro traseiro da cabine.
Os componentes Trabalho (T) estavam representados em 4 momentos, sendo
que desses ocorreu apenas um fato habitual, representado pela velocidade de
aplicação de 10 Km/h considerado como sendo um deslocamento possível de
acontecer durante a execução da pulverização em terrenos planos e sem
obstáculos. As variações são representadas pelas alterações no ambiente onde
ocorreu a aplicação, como a existência de subdivisões, presença de pessoas e a
percepção do operador frente ao excesso de velocidade percebido nas ondulações
do terreno.
Os componentes do Meio de Trabalho (MT) estavam divididos em 2 variações
e em 4 habituais. As variações apresentaram características do terreno como
subdivisão da área e ocorrência do solavanco, causado pelo buraco existente no
local. Os fatos considerados habituais caracterizaram as condições normais no
momento da aplicação de herbicidas, ou seja, presença de vegetação e
peculiaridades do terreno. O não uso de cinto de segurança foi considerado habitual,
pois era corriqueiro não usá-lo, no entanto o Código de Transito Brasileiro (1997)
65
esta sendo desrespeitado juntamente com a Norma Regulamentadora 31 (2005)
onde o uso é obrigatório.
Descritos os fatores habituais e as variações, foram encontradas três rotas
que levaram a ocorrência do acidente. As rotas foram descritas para demonstrar
como os componentes interagiram e formaram a cadeia complexa de eventos que
culminaram no acidente de trabalho.
Rota 1:
A relação existente entre três fatos habituais como: a realização da
pulverização, com uma velocidade de 10 km/h e a presença de rugosidade natural
da área, juntamente com a regulagem imprópria do volume aplicado causaram no
operador um desconforto (uma variação) permitindo ao mesmo notar que a atividade
não poderia ser executada daquela forma, pois a regulagem prévia realizada para
melhorar a eficiência de aplicação estava caracterizada para um terreno que
distinguiu-se do local onde ocorreu o acidente, pela ausência de ondulações e
rugosidades, mesmo percebendo essas variações o trabalhador continuou a
atividade o que caracterizou uma mudança na forma de agir.
A continuidade da aplicação e a existência de um buraco entre a vegetação
levaram a queda do trator, que causou um movimento brusco, um solavanco,
provocando o choque do pulverizador na cabine e a quebra do vidro traseiro onde
estilhaços causaram pequenos cortes no operador. Também o não uso do cinto de
segurança provocou o arremesso do operador sobre o volante causando-lhe
contusão no tórax. A rota pode ser observada na Figura 9.
66
Figura 9 – Descrição da rota 1.
67
Rota 2:
A existência de um buraco entre a vegetação alta e densa (componente
habitual) nas proximidades do mesmo, a não observação da localização do buraco
com a atenção voltada para a sinalização realizada por terceiros mostrando onde
deveria ser evitada a aplicação de herbicida provocaram a queda do trator, na Figura
10 pode ser observada esta rota. Essa provocou um solavanco que direcionou a
dois caminhos para o acidente. O primeiro caminho foi o choque do pulverizador e o
estilhaçamento do vidro, o outro arremessou o operador sobre o volante
ocasionando contusão no tórax por não usar o cinto de segurança.
Na Figura 11, é possível observar como a vegetação estava no momento em
que o operador realizava a atividade de pulverização, ficando claro que a
visualização do buraco era bastante difícil. No entanto, este panorama é facilmente
encontrado em locais onde durante o inverno ocorre o cultivo de pastagens.
Figura 10 – Descrição da rota 2.
68
Figura 11 – Densidade da vegetação área adjacente ao local do acidente um dia
após o ocorrido.
Rota 3:
A existência de subdivisões na área onde ocorreu a aplicação de herbicidas
foi considerado um fator variação, uma vez que a aplicação de um produto como
Glifosato (N-(fosfonometil) glicina, C3H8NO5P) que é um herbicida sistêmico não
seletivo (que provoca a morte de qualquer tipo de planta) não poderia em hipótese
alguma ser absorvido por plantas que não eram consideradas alvo. Assim, a
subdivisão existente juntamente com a impossibilidade de contato entre produto e
plantas existentes na área levaram a presença de pessoas que sinalizavam para o
operador onde se encontravam. Mas, devido ao nível mais elevado em que se
encontrava o trabalhador na cabine do trator, a visualização era facilitada desses
locais e com a alternativa de interrupção da aplicação com o recurso existente no
comando do pulverizador, o operador sentiu-se perturbado com a presença de
terceiros, ao manobrar a máquina acabou caindo no buraco e iniciando toda a
seqüência que resultando no acidente, (Figura12).
69
Figura 12 – Descrição da rota 3.
70
Realizada a investigação foi possível a observação da representação gráfica
e lógica do acontecido, observou-se através da árvore de causas que as três rotas
levaram a queda do trator no buraco. A partir dai, desencadeou-se uma seqüência
linear de fatos, descritas anteriormente que provocaram escoriações no operador.
Além disso, ocorreu a interação de dois fatores o solavanco provocaram e o
arremesso do operador sobre o volante do trator, pois o mesmo não utilizava o cinto
de segurança.
A construção da árvore permitiu a visualização dos fatores (causas) que
ocasionaram o acidente e através da observação no fluxograma foi possível
identificá-los. Com esse diagnóstico sugeriu-se algumas medidas preventivas para
que não ocorram novos acidentes. No entanto, as medidas citadas podem variar de
investigador para investigador. Assim, algumas foram relacionadas como sugestão
sendo relatadas no próximo tópico.
4.8 Medidas preventivas para evitar novos acidentes.
Essas medidas não são originadas da metodologia ADC, mas sim sugeridas
para que sirvam de alguma forma para minimizar ou evitar novas ocorrências de
acidentes, uma vez que não necessitariam de grandes investimentos sendo elas na
sua maioria de fácil implantação. Seriam importantes não apenas para o operador
envolvido no acidente, mas para as pessoas envolvidas de alguma forma com a
atividade investigada.
71
Fatos Medidas preventivas
Regulagem inadequada do
pulverizador
Para não ocorrer futuros acidentes é
necessário realizar a regulagem, verificando
as condições para se empregar determinadas
velocidades de aplicação, observando as
características do solo e da vegetação
presente.
Solo ondulado e rugoso Sendo estas características intrínsecas da
formação do solo é recomendado que se faça
uma correção deste relevo nos locais mais
prejudiciais, através de plainas ou similares
capazes de realizar tal tarefa, pois além de
minimizar o desconforto do operador também
otimiza as operações com máquinas e
equipamentos.
Informações da atividade
realizada
É de grande valia se todas as atividades que
os operadores fossem ordenados a realizar,
forem transmitidas não apenas de forma
verbal, mas também, de forma escrita pelos
seu superiores, descrevendo em detalhes
quais as condições de trabalho e
peculiaridades da atividade.
Subdivisões existentes na área Para localizar as áreas onde não deveria
ocorrer a pulverização uma medida fácil de
torná-las visíveis pelo operador é sinalizá-las
com bandeiras. Também a atividade poderia
ser planejada anteriormente com o operador e
os demais envolvidos evitando assim, que o
operador se depare com informações novas
somente no local.
Não uso do cinto de segurança Para que o uso torne-se rotineiro seria
aconselhável que a informação sobre a
utilização e importância do mesmo fosse
passada ao operador mostrando-lhe que é
para a sua própria segurança e que faz parte
da legislação de transito o uso obrigatório do
mesmo (Código de Trânsito, 1997, NR 31,
2005).
Buraco existente Como o buraco está presente no local de
atividade e não poderá ser tapado devido a
função de captar as águas superficiais das
chuvas é recomendado que ocorra a
sinalização do mesmo.
Quadro 9 – Medidas preventivas sugeridas.
72
4.9 Avaliação do emprego do método ADC no estudo de caso
Os itens relacionados neste tópico fazem parte da proposta de avaliar o
método ADC aplicado na investigação de acidente de trabalho rural. A avaliação de
alguns itens foi realizada com o intuito de fornecer subsídios para novas
investigações, no entanto, esses julgamentos podem não servir completamente para
futuros trabalhos.
A dificuldade de execução dos itens propostos para avaliação foram
classificados de acordo com o nível de dificuldade para executar a atividade. Os
critérios foram divididos baixo, médio e alto de acordo com a descrição presente no
tópico material e métodos Quadro 6.
Esse nível de dificuldade pode variar de acordo com a experiência do
investigador sendo essa avaliação reflexo das dificuldades encontradas durante a
investigação do acidente para o contexto em que o estudo estava inserido. O
número de dificuldades encontrado foi percebido durante as diferentes etapas de
desenvolvimento da atividade e são descritos justificando o nível de dificuldade.
Itens Avaliados Valor
Dificuldade
Facilidade de encontrar um acidente recente para investigar. 6 Média
Autorização para avaliação do acidente. 1 Baixa
Facilidade para deslocamento até local do acidente. 5 Média
Facilidade de entrevistar testemunhas do ocorrido. 6 Média
Percepção de alterações no local do acidente. 2 Baixa
Dificuldades relativas à linguagem utilizada durante as investigações.
5 Média
Possibilidade de utilização de medidas preventivas. 2 Baixa
Ocorrência de emissão de juízo de valor 5 Média
Conhecimento dos envolvidos em relação a metodologia utilizada. Sem avaliação
Média avaliativa
4 Média
Quadro 10 – Avaliação do nível de dificuldade para execução da investigação
Como pode ser observado no Quadro 10 o nível de dificuldade para
aplicação do método foi avaliado com média geral 4 o que demonstra uma
investigação com dificuldade mediana para execução das atividades conforme
avaliação pretendida.
73
As justificativas para execução das atividades ligadas a investigação estão
descritas a seguir:
Ocorrência de um acidente recente para investigação
Média Devido às distâncias existentes entre o campo e a cidade muitas
vezes a ocorrência de acidentes não são notificadas, dificultando a busca
das mesmas. Mas, no decorrer das atividades, através de terceiros, foi
descoberta a existência do acidente investigado em uma área pertencente
a Universidade Federal de Santa Maria e a partir dessa informação foi
iniciada a investigação.
Autorização para investigação do acidente
Baixa Com a descoberta do acidente partiu-se em busca da autorização
do acidentado para que se permitisse que a investigação fosse realizada.
A única restrição feita pelo entrevistado foi de que sua identidade e a
localização exata do ocorrido fossem preservadas. Isso se deve ao receio
de sofrer retaliações ou pré-julgamentos de seus superiores.
Facilidade de deslocamento até local do acidente
Média A distância que foi percorrida para chegar até o local do acidente
não é considerada extensa, pois o percurso feito era de aproximadamente
4 Km. Foram realizadas duas visitas ao local do acidente percorrendo 16
km. Esse valor foi reduzido devido o acidente ter ocorrido em área da
UFSM.
Facilidades de entrevista com testemunhas
Média Todas as entrevistas realizadas com testemunhas foram
efetuadas nos mesmos dias em que eram feitas com o acidentado. O
grande empecilho era o dispêndio de tempo necessário para esperar as
pessoas chegarem até o local onde estava acontecendo a entrevista.
74
Ocorreu receio dos entrevistados na possibilidade de prejudicar o
acidentado através do relato, que por ventura poderia ser utilizado para
penalizar o colega ou a si próprio.
Percepção de alterações no local do acidente
Baixa As alterações foram percebidas devido ao dessecamento da
vegetação realizado no dia anterior à investigação e o acamamento dos
restos vegetais que dificultaram a percepção da altura que as plantas
estavam no dia da ocorrência do acidente. Através das entrevistas foi
possível fotografar a vegetação semelhante próxima a que havia sido
dessecada.
Dificuldades quanto a linguagem empregada durante a investigação
Média A linguagem utilizada durante a investigação muitas vezes
esbarrava em terminologias utilizadas pela área médica e era necessário a
busca da significação desses termos em dicionário especifico. Outras
dificuldades ocorreram nos termos utilizados pelos entrevistados, esses
eram usados no cotidiano das suas atividades e para a familiarização foi
necessário saber qual o significado desses para a sua compreenção.
Dificuldades de utilização de medidas preventivas
Baixa As medidas preventivas sugeridas são de fácil aplicabilidade e não
necessitam grandes gastos para implantação. O que seria necessário para
utilizá-las sem grandes transtornos consistiria em um tempo para
planejamento da execução das mesmas.
Ocorrência de emissão de juízo de valor
Média Durante a investigação tomou-se o cuidado de não julgar as
atitudes realizadas pelo operador durante a atividade, porém, ao
entrevistar as testemunhas em alguns momentos suas respostas emitiam
75
reprovações e/ou opiniões de como deveria ser realizada a execução da
tarefa. Notou-se em alguns momentos que os entrevistados emitiam
valores de juízo indicando ser a culpa pela ocorrência do acidente do
operador pelas mais variadas atitudes durante a realização do trabalho.
Conhecimento dos investigados quanto ao método ADC
Sem avaliação - Neste item o se encontrou nível de dificuldade pelas
características percebidas durante a elaboração do trabalho. As pessoas ligadas
diretamente com a investigação do acidente mostraram-se surpresas pelo modo
como se processou a busca por fatores causadores do acidente. O que
impressionou a todos foi a busca somente dos fatores que provocaram o acidente e
não a busca de culpados. Isso mostrou que as investigações que essas pessoas
tiveram conhecimento, provavelmente apontaram apenas os responsáveis pelo
evento. Os autores da metodologia citam comportamento igual em estudos
realizados por eles.
As dificuldades de execução da investigação foram mais elevadas e
preocupantes devido ao fato de não se ter conhecimento de acidentes recentes, isso
era preciso para que a investigação ocorresse logo após a notificação de um. Essa
necessidade era para a correta aplicação do método ADC.
76
5 CONCLUSÕES
Levando-se em consideração o que foi estudado neste trabalho, pode-se
concluir que:
A metodologia pode ser utilizada perfeitamente na investigação do acidente
de trabalho rural.
O método possibilitou a visualização dos fatores que contribuíram para a
ocorrência do acidente
Através da utilização do método foi possível fornecer subsídios para melhorar
as condições de segurança no trabalho
Com o uso da metodologia foi possível diagnosticar melhorias nas condições
organizacionais do trabalho
O método é muito semelhante aos citados na revisão bibliográfica, no
entanto, a comparação com outros esbarrou na aplicabilidade dos mesmos,
pois esses tinham sua utilização especifica;
77
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Seria importante para os profissionais preocupados com a segurança durante
o trabalho que fosse criado a cultura de avaliar os acidentes rurais como fator de
prevenção mesmo que essas ocorrências não fossem consideradas graves.
Como forma de aperfeiçoamento deste estudo seria importante que a
avaliação ocorresse em mais de um acidente, no entanto, as dificuldades para
investigar acidentes desta natureza devem ser superadas.
Também poderia ocorrer a comparação entre diferentes métodos de
investigação para poder diagnosticar qual seria o mais indicado ou que se adaptou
melhor com o caso estudado.
Estimular profissionais de distintas áreas de atuação para investigar acidentes
como forma de prevenção.
78
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