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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
SANDRA LÚCIA NOGUEIRA
ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS, ESTRUTURAIS E
ELÉTRICAS DO COMPÓSITO MEH-PPV/SWNT
UBERLÂNDIA 2008
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SANDRA LÚCIA NOGUEIRA
ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS, ESTRUTURAIS E
ELÉTRICAS DO COMPÓSITO MEH-PPV/SWNT
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Física do Instituto de Física da
Universidade Federal de Uberlândia, como
requisito parcial para a obtenção do título de
mestre em Física.
Orientadora: Profa. Dra. Raigna Augusta da
Silva Zadra Armond.
Co-orientadora: Dra. Clascídia Aparecida
Furtado – CDTN/CNEN
Área de Concentração: Física da Matéria
Condensada
Uberlândia 2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N778e
Nogueira, Sandra Lúcia, 1981-
Estudo das propriedades ópticas, estruturais e elétricas do compósito
MEH_PPV/ SWNT / Sandra Lúcia Nogueira. - 2008.
157 f. : il.
Orientadora: Raigna Augusta da Silva Zadra Armond.
Co-orientadora: Clascídia Aparecida Furtado.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progra-
ma de Pós-Graduação em Física.
Inclui bibliografia.
1. Física - Teses. 2. Polímeros condutores - Teses. I. Armond, Raigna
Augusta da Silva. II. Furtado, Clascídia Aparecida. III. Universidade Fe-
deral de Uberlândia. Programa de Pós-
Graduação em Física. III. Título.
CDU: 53
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
“Ante os fatos, nem rir nem chorar, mas compreender”.
Espinosa
À minha família e especialmente à minha filha
Giovanna, razão da minha vida!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar no mundo.
À minha família, agradeço todo o amor, carinho, e respeito, principalmente de minha
avó Nenzinha, meu marido Marcelo e minha filha Giovanna. Obrigada pela compreensão de
minha ausência.
À Profa Raigna, minha orientadora, agradeço o incentivo, confiança e oportunidade
de termos trabalhado juntas e principalmente pela paciência em mim depositadas.
À Dra Clascídia (Cacá) minha co-orientadora, pessoa sem a qual uma grande parte
dos nossos trabalhos não seria possível. Um muito obrigado especial por seu apoio, carinho e
principalmente sua amizade.
Aos Profs. Alexandre Marletta e Newton, que são pessoas com uma forma toda
especial de ser e incentivar e que compartilharam entusiasticamente de várias idéias.
Aos Profs. Bernardo, Cristiano Fantini e Luiz Cury da UFMG pelas preciosas ajudas
na pesquisa.
Ao Grupo de Polímeros Benhard Gross da USP de São Carlos pela colaboração.
À Capes, CNPq, FAPEMIG e MCT/IMMP pelo suporte financeiro.
Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem
cruzado o nosso caminho. Meus agradecimentos aos amigos: Karyne, Marcia, Silésia,
Wesley, Bebel, Erasto, Roney, Neiva, Ricardo, Ernesto, Adriano, Paulo, Edimar, Danillo,
Sorandra, Edu.
Um especialíssimo obrigado à amiga Lúcia Batista, por sua credibilidade, incentivo e
estímulo constante.
Aos funcionários do Instituto de Física da UFU, André, Agrenor, Jussara, Lúcia,
Edimar e Rui.
À todos que contribuíram para a realização deste trabalho, fica expresso aqui a minha
gratidão.
RESUMO
O presente trabalho consiste no estudo e optimização das propriedades ópticas e
elétricas de um material compósito de polímero conjugado/ nanotubo de carbono com a
finalidade de aplicação em dispositivos eletro-ópticos, especialmente células fotovoltaicas.
Os materiais escolhidos foram o polímero conjugado semicondutor poli (2-metóxi-5-(2-
etilhexiloxi)-p-fenilenovinileno)), o MEH-PPV, e uma amostra comercial de nanotubos de
carbono de paredes simples (SWNT), denominada CoMoCAT®. Esse nanotubo é sintetizado
pelo método de deposição química da fase vapor (CVD), através do desproporcionamento de
monóxido de carbono em presença dos catalisadores cobalto e molibdênio, suportados em
matriz cerâmica [6]. A decomposição é geralmente realizada em temperaturas abaixo de
1000ºC e em atmosfera inerte. As amostras de CoMoCAT® contém aproximadamente 90%
de nanotubos semicondutores, caracterizados por espectroscopia Raman [26]. Através dos
estudos realizados constatou-se que o polímero conjugado MEH-PPV absorve e emite na
região do espectro visível, é luminescente e, o mais importante, produz filmes [45]. os
nanotubos têm o papel neste trabalho, de reforçar mecanicamente, estabilizar termicamente e
aumentar a condutividade desses polímeros, quando da preparação de materiais compósitos,
fator essencial para produção do dispositivo. Foram realizados estudos espectroscópicos de
absorção e emissão, Raman, infravermelho, impedância complexa, morfológico (AFM) e
elétrico (DC e DC). Nossos resultados sugerem que os SWNTs não afetam as propriedades
ópticas do MEH-PPV, enquanto a condutividade elétrica do compósito MEH-PPV/SWNT
aumenta em relação ao polímero puro. A utilização destes materiais como camada ativa,
através de seu processamento na forma de filmes finos, permite a fabricação de dispositivos
eletroluminescentes que vão desde os diodos emissores de luz (LED) às células fotovoltaicas
[3].
Palavras-chave: polímero conjugado, nanotubo de carbono, compósito.
ABSTRACT
In this work, we have performed studies on optical and electrical properties of a
conjugated polymer/carbon nanotubes composite with the purpose of further obtaining
electro-optic devices, in special a photovoltaic cell. The chosen materials were the
semiconductor conjugated polymer poly(2-methoxi-5-(2-etylhexyloxi)-p-
phenylenevinylene)), MEH-PPV, and the comercial single-walled carbon nanotubes (SWNT)
CoMoCAT® sample. This carbon nanotube is sintetized by chemical vapor deposition
(CVD), through carbon monoxide disproportionation under 1000°C and inert atmosphere, in
the presence of cobalt and molybdenium catalyst supported on ceramic matrix [6]. This
CoMoCAT® sample is composed by about 90% of semiconductor tubes, characterized by
Raman spectroscopy [26]. We have characterized here that the conjugated polymer MEH-
PPV has absorption and emission in the visible spectrum region, it is luminescent and, more
important, it produces films [45]. With the introduction of carbon nanotubes, the obtaining of
composite materials with enhanced mechanical, thermal and conducting properties for the
production of optical devices is expected. Here, the MEH-PPV/SWNT system was
characterized by optical absorption and emission spectroscopy, Raman spectroscopy, FTIR,
complex impedance, morphological (AFM) and electrical (DC) analysis. Our results
evidence a polymer-SWNT interaction, which does not change significantly the optical
properties of the luminescent polymer. Besides, the electrical conduction of the composite
material is increased when compared to the neat polymer. The use of these materials as thin
active layer, allows the manufacture of electroluminescent devices as light-emitting diodes
and light-emitting electrochemical cells [3].
Keywords: conjugated polymer, carbon nanotube, composite.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exemplo de monômeros ou unidades de repetição de algumas moléculas de
polímeros conjugados e suas respectivas energias de gap [15-38]. ...................................... 23
Tabela 2 - Especificações da variação de concentração da solução de MEH-PPV. ............. 81
Tabela 3 - Resultados da deconvolução dos espectros de emissão do MEH-PPV em solução
de THF/NMP (1:1) e valor do fator Huang-Rhys S. ............................................................... 84
Tabela 4 - Especificações para variação da concentração do compósito. ............................ 87
Tabela 5 - Resultados da deconvolução dos espectros de emissão do compósito MEH-
PPV/SWNT em solução de THF/NMP (1:1) ........................................................................... 89
Tabela 6 Parâmetros de deconvolução e fator S para o MEH-PPV e compósito em filmes.
................................................................................................................................................. 92
Tabela 7 - Cálculo de energia de gap para o MEH-PPV e compósito: solução e filme. ....... 94
Tabela 8: Atribuição das bandas dos espectros na região do infravermelho para o MEH-
PPV[39, 43]. ......................................................................................................................... 101
LISTA DE FIGURAS
Figura 2-1: Monômero do polímero conjugado derivado do PPV, o MEH-PPV. ................. 24
Figura 2-2: a) Representação da hibridização sp2 de um átomo de carbono da cadeia
principal de um polímero conjugado; b) Representação da formação dos orbitais
moleculares ligantes e anti-ligantes para os elétrons de valência de dois átomos de
carbono[5]. ............................................................................................................................. 25
Figura 2-3 Esquema de um pólaron negativo em um polímero com o estado fundamental
não-degenerado: a) PPV; b)PPP. Abaixo encontram-se os diagramas de bandas
representando os níveis eletrônicos intermediários no gap criados pelos defeitos: c) pólaron
negativo; d) bipólaron negativo; e) pólaron positivo; f) bipólaron positivo; g) éxciton-
pólaron singleto[5]. ................................................................................................................ 26
Figura 2-4 Transições energéticas envolvidas nos processos de absorção e emissão de um
polímero fotoluminescente, e seus respectivos espectros[8]. ................................................. 27
Figura 2-5 - Configuração zigzag, armchair e chiral em (a) e em (b) principais vetores que
caracterizam os nanotubos de carbono a partir de um plano hexagonal de carbono. .......... 29
Figura 2-6 - Densidade de estados eletrônicos para SWNTs semicondutores (a) e metálicos
(b). Os estados preenchidos (orbitais π) estão localizados abaixo do nível de Fermi e os
estados vazios (orbitais π*) acima do nível de Fermi (retirado em [12]). ............................. 32
Figura 2-7 Esquema do aparato expertimental de descarga por arco elétrico (retirado em
[11]) ........................................................................................................................................ 34
Figura 2-8 – Esquema do aparato expertimental de ablação por laser (retirado em [11]). . 34
Figura 2-9 – Esquema de uma célula fotovoltaica e níveis de energia, retirado em[16]. ..... 35
Figura 3-1 Representação esquemática dos aspectos fundamentais relacionados ao
processo de PL ........................................................................................................................ 41
Figura 3-2 - (a-d) Recombinação radiativa: a) banda a banda, b) Doador para banda de
valência, c) Banda de condução para aceitador, d) Doador para aceitador e e)
Recombinação não-radiativa. ................................................................................................. 42
Figura 3-3 - Diagramas de Franck-Condon e espectros de absorção correspondentes: à
esquerda o estado excitado não altera a geometria molecular; à direita a alteração na
geometria molecular influencia as intensidades relativas dos picos [18]. ............................ 43
Figura 3-4: Esquema da montagem experimental de um Microscópio de Força Atômica. ... 45
Figura 3-5 Esquemas de mecanismos de espalhamento em a) Stokes, b) Rayleigh e em c)
anti-Stokes. .............................................................................................................................. 48
Figura 3-6 – Representação gráfica do plano complexo de impedância. .............................. 51
Figura 4-1 – Fotografias da solução de MEH-PPV em a) e do filme formado em b). .......... 53
Figura 4-2 - Análise termogravimétrica do polímero conjugado MEH-PPV. ....................... 54
Figura 4-3 Fotografia ilustrando as dispersões em NMP em a), DMF em b) e NMP/THF
em c). ....................................................................................................................................... 55
Figura 4-4 - Espectro de absorção óptica da solução de nanotubos CoMoCAT® após
dispersão em DMF a) e dispersão em NMP b)..................................................................... 56
Figura 4-5- Esquema de transferência do protótipo interdigitado para o FTO. ................... 60
Figura 4-6 – Representação esquemática do dispositivo interdigitado. ................................ 61
Figura 4-7 Representação esquemática do processo de obtenção de filmes por Casting. . 62
Figura 4-8 - Representação esquemática do processo de obtenção de filmes por “spin-
coating” .................................................................................................................................. 63
Figura 4-9 – Montagem experimental para absorção óptica. 1- fonte; 2- detector; 3-espelhos
e 4- amostra. ........................................................................................................................... 64
Figura 4-10 – Montagem experimental para Fotoluminescência .......................................... 65
Figura 4-11 – Equipamento AFM........................................................................................... 66
Figura 4-12 – Foto do equipamento Impedancímetro. ........................................................... 68
Figura 4-13 – Foto do equipamento KEITHLEY. .................................................................. 68
Figura 5-1 – Espectro de absorção óptica da solução de CoMoCAT® e de solução de HiPco
em surfactante NaDDBS (dodecilbenzenossulfonato ácido de sódio) retirado em[28]. ........ 70
Figura 5-2 – Estrutura química dos solventes utilizados. ...................................................... 71
Figura 5-3 Espectro de absorção óptica para o CoMoCAT® na mistura de solventes
THF/NMP na proporção de 1:1. ............................................................................................ 71
Figura 5-4 – Espectro das dispersões nos diferentes solventes: NMP/THF, NMP e DMF. .. 72
Figura 5-5 - Espectro de absorção óptica de uma amostra de nanotubos de carbono
CoMoCAT®, mostrando a banda ressonante e o background não ressonante, retirado em
[28] ......................................................................................................................................... 73
Figura 5-6 Esquema representando o modelo físico para um polímero conjugado
envolvendo segmentos conjugados de diferentes tamanhos separados por segmentos não-
conjugados. ............................................................................................................................. 74
Figura 5-7 – Espectro de absorção do MEH-PPV e compósito MEH-PPV/SWNT . ............. 75
Figura 5-8 – Espectro de absorção do polímero e do compósito MEH-PPV /SWNT na
mistura de solventes THF/NMP (1:1) ..................................................................................... 76
Figura 5-9 Espectros de absorção em filmes do MEH-PPV, SWNT e compósito em a) e
comparativo da solução e filme de MEH-PPV em b). ............................................................ 77
Figura 5-10 Espectro normalizado de fotoluminescência para o MEH-PPV em três
comprimentos de onda de excitação. ...................................................................................... 79
Figura 5-11 Espectros de emissão para o MEH-PPV variando a concentração,
normalizados em a) e em intensidade em b). .......................................................................... 80
Figura 5-12 – Espectro de absorção e emissão para solução de MEH-PPV em THF/NMP. 83
Figura 5-13 Gráfico do fator Huang Rhys (S) em função da concentração da solução de
MEH-PPV (a linha contínua entre os pontos serve apenas de guia para olhos). .................. 85
Figura 5-14 Espectro de PL normalizada do MEH-PPV para diferentes geometrias de
excitação. ................................................................................................................................ 86
Figura 5-15 – Espectro de emissão do compósito para diferentes concentrações. ............... 88
Figura 5-16 Gráfico do fator Huang Rhys (S) em função da concentração de SWNT na
solução de MEH-PPV (a linha contínua entre os pontos serve apenas de guia para olhos). 90
Figura 5-17 Espectros de emissão normalizada em filmes, para o MEH-PPV e compósito
em a) e seus respectivos ajustes com gaussianas em b) e c). ................................................. 91
Figura 5-18 - Espectros de emissão para o MEH-PPV e compósito, em solução e em filme.
................................................................................................................................................. 93
Figura 5-19 - Espectro de absorção e emissão para solução de compósito MEH-PPV/SWNT
em THF/NMP. ......................................................................................................................... 94
Figura 5-20 Imagens de AFM 1.5µm x 1.5µm topográficas de filmes de a) MEH-PPV e c)
compósito MEH-PPV/SWNTs e os histogramas das imagens em b) e d) respectivamente. ... 96
Figura 5-21 Imagens 300nm x 300nm de fase para MEH-PPV em a), SWNT em b) e
compósito MEH-PPV/SWNT em c). ........................................................................................ 96
Figura 5-22 – Espectro de infravermelho para o MEH-PPV, SWNT e compósito em a) e seus
respectivos ajustes em b) e c)................................................................................................ 100
Figura 5-23 Espectro Micro-Raman para filmes de MEH-PPV, SWNTs e compósito MEH-
PPV/SWNT num intervalo de 1200 a 1800cm
-1
em a) e ajustes lorentziano em b) para o
MEH-PPV, SWNTs em c) e compósito MEH-PPV/SWNT em d) num intervalo de 1500 a
1750cm
-1
. ............................................................................................................................... 102
Figura 5-24 – Exemplificação dos modos mais característicos de vibração. ...................... 104
Figura 5-25 - Comportamento das curvas I-V para o MEH-PPV em a), SWNT em b) e
compósito em c). ................................................................................................................... 106
Figura 5-26 Espectros de impedância para o MEH-PPV em a), SWNT em b) e Compósito
em c). ..................................................................................................................................... 109
Figura 5-27 – Espectros para MEH-PPV, SWNT e compósito de Z’ vs freqüência em a) e Z”
em b)...................................................................................................................................... 109
LISTA DE ABREVIATURAS
GEM: Grupo de Espectroscopia de Materiais
INFIS: Instituto de Física
UFU: Universidade Federal de Uberlândia
IFSC-USP: Insituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo
LED: Diodo emissor de luz (Light Emitting Diode)
HOMO: Orbital Molecular mais alto ocupado (Highest Occupied Molecular Orbital)
LUMO: Orbital Molecular mais baixo não ocupado (Lowest Unoccupied Molecular Orbital)
PL: Fotoluminescência (Photoluminescence)
AO: Absorção Óptica
MEH-PPV: poly [2-methoxy-5-(2-ethylhexyloxy)-1,4-phenylenevinylene]
PPV: poly [p-phenylenevinylene]
SWNT: Single walled carbon nanotubes
CoMoCAT®: Cobalto Molibdênio Catalytic
CVD: Chemical Vapor Deposition
AFM: Atomic Force Microscopy
AC: Corrente alternada
DC: Corrente contínua
FFT: Fourier Function Transformed
PPP: poli (p-phenylenevinylene)
LB: Langmuir Blodgett
NTC: nanotubos de carbono
NMP: N-dimetilpirrolidona
DMF: dimetilformamida
FTO: óxido estanho-flúor
NH
4
OH: hidróxido de amônio
H
2
O
2
: peróxido de hidrogênio
TG: Termogravimetria
CDTN: Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
CNEN: Comissão Nacional de Energia Nuclear
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
FTIR: Fourier Transform Infrared
FWHM: Full width at half maximum
LISTA DE SÍMBOLOS
π
ππ
π
: orbital molecular ligante
π
ππ
π
*
*: orbital molecular antiligante
σ
σσ
σ
: ligação atômica entre átomos de carbono
π
ππ
π
π
ππ
π
*
*: banda de energia dos estados ligantes
A (
λ
λλ
λ
): Absorbância
a(
λ
λλ
λ
): coeficiente de absorção
ε
εε
ε
(
λ
λλ
λ
): coeficiente de absorção molar
α
αα
α
(
λ
λλ
λ
): coeficiente de absorção neperiano
σ
σσ
σ
(
λ
λλ
λ
): seção de choque da absorção molar
T: temperatura
λ
λλ
λ
: comprimento de onda
I, I
o
: intensidade de emissão
n: grau de conjugação
15
SUMÁRIO
1
CAPÍTULO ..................................................................................................................... 19
1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19
2
CAPÍTULO ..................................................................................................................... 22
2.1 POLÍMEROS CONJUGADOS: ESTRUTURA E PROPRIEDADES ........................ 22
2.2 NANOTUBOS DE CARBONO: ESTRUTURA ATÔMICA E ELETRÔNICA ........ 28
2.3 NANOTUBOS DE CARBONO: PROPRIEDADES VIBRACIONAIS E ÓPTICAS 31
2.4 MÉTODOS DE OBTENÇÃO ...................................................................................... 33
2.5 COMPÓSITOS PARA APLICAÇÃO EM CÉLULAS FOTOVOLTAICAS ............. 34
3
CAPÍTULO ..................................................................................................................... 38
3.1 TÉCNICAS EXPERIMENTAIS .................................................................................. 38
3.1.1
ABSORÇÃO ÓPTICA .................................................................................. 38
3.1.2
FOTOLUMINESCÊNCIA (PL) ................................................................... 40
3.1.3
MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM) ....................................... 44
3.1.4
ESPECTROSCOPIA RAMAN ..................................................................... 46
3.1.5
CONDUTIVIDADE AC E DC - ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA E
ANÁLISE CORRENTE-VOLTAGEM.......................................................................... 49
4
PARTE EXPERIMENTAL ............................................................................................ 52
4.1 MATERIAIS DE PARTIDA ........................................................................................ 52
4.2 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................................ 52
4.2.1
MEH-PPV ..................................................................................................... 52
4.2.2
SWNT............................................................................................................ 54
4.2.3
COMPÓSITO (MEH-PPV + SWNT) ........................................................... 56
4.3 PRODUÇÃO DE FILMES ........................................................................................... 57
4.3.1
LAVAGEM DOS SUBSTRATOS ............................................................... 57
4.3.1.1
Método RCA de hidrofilização de Substratos ........................................... 57
4.3.1.1.1
Preparação dos eletrodos interdigitados ................................................ 58
4.3.1.2
Lavagem com Ácido Sulfúrico .................................................................. 61
4.4 TÉCNICA CASTING ................................................................................................... 61
4.4.1
TÉCNICA SPIN-COATING......................................................................... 62
4.5 TÉCNICAS PARA CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS .................................. 63
16
4.5.1
CARACTERIZAÇÕES ÓPTICAS ............................................................... 64
4.5.1.1
Absorção Óptica ........................................................................................ 64
4.5.1.2
Fotoluminescência ..................................................................................... 65
4.5.2
CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICAS ................................................ 65
4.5.2.1
Microscopia de Força Atômica (AFM, do inglês, microscopy Force
Atomic)...... ............................................................ .....................................................65
4.5.3
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL ....................................................... 66
4.5.3.1
Infravermelho ............................................................................................ 66
4.5.3.2
Espectroscopia Raman ............................................................................... 67
4.5.4
CARACTERIZAÇÕES ELÉTRICAS .......................................................... 67
4.5.4.1
Impedância ................................................................................................. 67
4.5.4.2
Corrente x Tensão ...................................................................................... 68
5
CAPÍTULO ..................................................................................................................... 69
5.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 69
5.1.1
ABSORÇÃO ÓPTICA .................................................................................. 69
5.1.1.1
Soluções ..................................................................................................... 69
5.1.1.2
Filmes ........................................................................................................ 76
5.1.2
FOTOLUMINESCÊNCIA ............................................................................ 78
5.1.2.1
Soluções ..................................................................................................... 78
5.1.2.2
Filmes ........................................................................................................ 90
5.1.3
AFM .............................................................................................................. 95
5.1.4
INFRAVERMELHO ..................................................................................... 98
5.1.5
ESPECTROCOPIA RAMAN ..................................................................... 101
5.1.6
MEDIDAS ELÉTRICAS ............................................................................ 105
5.1.6.1
Condutividade DC ................................................................................... 105
5.1.6.2
Impedância ............................................................................................... 107
6
CONCLUSÕES ............................................................................................................ 110
7
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 112
8
ANEXOS ...................................................................................................................... 116
8.1 Ajustes gaussiânicos do MEH-PPV ............................................................................ 116
8.2 Ajustes gaussiânicos do compósito MEH-PPV/SWNT .............................................. 120
9
APÊNDICE ................................................................................................................... 123
9.1 Artigos aceito e submetidos ........................................................................................ 123
17
9.1.1
Artigo aceito no Journal of Non-crystalline solids...................................... 123
9.1.2
Artigo submetido ao JNN – Journal of Nanoscience and Nanotecnology. . 133
9.1.3
Artigo submetido ao Synthetic Metals ........................................................ 149
9.2 Produção científica...................................................................................................... 156
9.2.1
Trabalhos Apresentados .............................................................................. 156
9.2.1.1
Conferências Internacionais .................................................................... 156
9.2.1.2
Conferências Nacionais ........................................................................... 156
9.2.1.3
Certificado recebido ................................................................................ 157
18
PREFÁCIO
O objetivo de um prefácio é colocar em destaque o tema abordado no trabalho em
questão e se faz necessário para uma melhor compreensão do mesmo. Nosso trabalho tem
como objetivo estudar o compósito MEHPPV/SWNT no que diz respeito às propriedades
ópticas, elétricas e morfológicas, optimizando-as para futura aplicação em célula
fotovoltaica. Apesar de não chegarmos ao final desta dissertação com estudo de uma célula
específica, procuramos evidenciar o estudo dos materiais a serem aplicados para tal fim.
Busca-se apresentar então as bases fundamentais para a compreensão deste trabalho para
uma futura elaboração de um dispositivo fotovoltaico. Assim, em um primeiro momento, o
texto descreve e explicita os princípios básicos e gerais de cada um dos materiais estudados e
apresenta, de forma um pouco detalhada, assuntos os quais fornecerão as bases fundamentais
para a compreensão do estudo realizado, destacando-se os tópicos relacionados aos
princípios ópticos.
19
1 CAPÍTULO
1.1 INTRODUÇÃO
Polímeros são moléculas longas cuja estrutura é resultado do processo químico de
polimerização de unidades estruturais menores e idênticas chamadas monômeros [1,2]. A
polimerização é a síntese que acontece através de reações de grupos funcionais de
monômeros. Polímeros são então macromoléculas e, freqüentemente, são compostos de
átomos de carbono e hidrogênio. Eventualmente ligados a esses átomos também estão
heteroátomos, como o nitrogênio, oxigênio ou mesmo outros átomos. Já os polímeros
conjugados são aqueles que têm ligações duplas não-saturadas e separadas alternadamente
por ligações simples saturadas na cadeia principal [3]. Estes são, geralmente, denominados
semicondutores orgânicos com um grande potencial de aplicação tecnológica. O
desenvolvimento dos polímeros representa um importante avanço da tecnologia moderna. A
razão dos polímeros terem se tornado tão relevantes advém da maleabilidade de suas
propriedades ópticas, elétricas e mecânicas. Uma simples modificação estrutural transforma
o polímero num material com propriedades diferentes, tornando-o útil para uma faixa ampla
de aplicações [3].
Em 2000, o Prêmio Nobel de Química foi atribuído a Alan Heeger, Alan McDiarmid
e Hideki Shirakawa, pela descoberta dos polímeros condutores. Estes são polímeros
conjugados, como o poliacetileno, que se tornam muito condutores quando são dopados
(reduzidos ou oxidados). Mais recentemente, em 1990, foi descoberta uma família de
polímeros conjugados especial, os polímeros electroluminescentes, quer dizer, polímeros que
emitem luz quando colocados entre dois eletrodos e a estes se aplica um campo elétrico
[4,5,6]. Dessa forma, os materiais poliméricos e suas propriedades mecâncias e/ou isolantes
têm sido praticamente o maior interesse da pesquisa científica envolvendo esses tipos de
materiais.
Por outro lado, em 1991, Sumio Iijima [7] apresentou um novo tipo de estrutura fina
de carbono, a qual chamou de nanotubo de carbono (NTC), devido a sua morfologia tubular
com dimensões nanométricas. Dessa forma, os NTC são nanoestruturas cilíndricas com
20
diâmetros da ordem de poucos nanômetros e comprimentos da ordem de micros e é, hoje, um
dos materiais de maior potencial para aplicação em nanotecnologia. Estes materiais
apresentam grande estabilidade química, alta resistência mecânica e propriedades elétricas,
que podem ser semicondutoras ou metálicas, dependendo apenas de fatores geométricos
(diâmetro e quiralidade) do tubo. Estas características tornam o material um forte candidato à
aplicação em dispositivos químicos, compósitos estruturais, materiais de emissão de campo,
suporte catalítico, dispositivos eletrônicos, etc. Isso acontece devido à combinação de sua
dimensionalidade, estrutura e topologia [7].
Baseando nestes dois tipos de materiais é que propomos o estudo de uma combinação
de polímeros conjugados com nanotubos de carbono. Essa combinação é chamada de
compósito e consiste basicamente de um material em cuja composição entra dois ou mais
tipos de materiais diferentes; no caso do trabalho em estudo, um polímero conjugado
semicondutor e um nanotubo de carbono de parede simples. Esse é um estudo de interesse
bastante amplo, pois se espera que os nanotubos de carbono reforçem mecanicamente e
estabilizem termicamente os polímeros, aumentando a densidade de corrente nos dispositivos
eletroluminescentes, aumentando a condutividade e agindo como nanodissipadores térmicos.
A introdução dos nanotubos dentro da matriz polimérica conjugada faz com que os
nanotubos forneçam “caminhos” de alta mobilidade dentro do dispositivo. Apesar de recente,
a pesquisa na área é extremamente numerosa e dinâmica, sendo a aplicação para os
compósitos polímeros/nanotubos imensa, abrangendo desde a área governamental até a
comercial.
Um tópico de bastante interesse abordado neste trabalho é a aplicação destes
compósitos em dispositivos eletrônicos, como as células fotovoltaicas. Estes dispositivos
apresentam uma resposta elétrica em função da excitação com luz. O funcionamento deles é
baseado no princípio de que a absorção de luz pode dar origem a pares elétrons-buracos que
podem ser separados por um campo elétrico, externo ou interno, e coletados em um circuito
externo [5].
Neste contexto, este trabalho encontra-se organizado em cinco capítulos. No Capítulo
2 é apresentada uma rápida revisão bibliográfica abordando aspectos sobre estrutura e
propriedades dos materiais analisados, em seguida no capítulo 3 são apresentados os detalhes
experimentais e as metodologias usadas neste trabalho; no capítulo 4 é relatada a parte
experimental, especificando a preparação das amostras, dos substratos e os detalhes das
técnicas para caracterização. Diferentes métodos espectroscópicos foram utilizados no
21
estudo das propriedades ópticas dos filmes produzidos neste trabalho. Dentre eles destacam-
se a espectroscopia de absorção e a fotoluminescência (PL) que podem identificar de modo
seletivo, estados eletrônicos excitados e diferentes canais de relaxação energética intrabanda
e transições radiativas interbandas [3]. Para estudar as propriedades estruturais destes
materiais e analisar diretamente os diferentes estados vibracionais foi utilizada a técnica de
espectroscopia por infravermelho e micro-Raman. Caracterizações morfológicas foram
realizadas no sentido de inferir sobre a qualidade da superfície e composição dos filmes
produzidos, assim como as medidas elétricas foram realizadas para estudar a possibilidade de
aplicação desse compósito em dispositivos. No capítulo 5 são abordadas as conclusões
acerca das análises feitas e logo após as referências utilizadas.
Desta forma, este trabalho se baseia no estudo das propriedades eletro-ópticas e
estruturais de misturas do derivado do PPV, o MEH-PPV, com nanotubos de carbono de
parede simples para uma possível utilização em células fotovoltaicas.
22
2 CAPÍTULO
2.1 POLÍMEROS CONJUGADOS: ESTRUTURA E PROPRIEDADES
O Poli (p-fenilenovinileno), o PPV, foi um dos primeiros polímeros
eletroluminescentes aplicados na fabricação de dispositivos poliméricos [8] e, devido à sua
estrutura química simples, é até hoje um dos polímeros mais estudados. Mas o PPV tem
desvantagem de apresentar baixa solubilidade em solventes orgânicos comuns e, portanto,
menor versatilidade de processamento, principalmente na forma de filmes. Para resolver este
problema e facilitar a construção de dispositivos orgânicos, grupos laterais foram
adicionados ao PPV, dando origem a uma grande família de polímeros conhecidos como
derivados do PPV. Dentre eles, (o poli (2-metóxi-5-(2-etilhexiloxi)-p-fenilenovinileno)),
MEH-PPV, é um dos mais famosos e aplicados na indústria de dispositivos, apresentando
boa solubilidade na maioria dos solventes orgânicos. Assim como o PPV, ele possui
alternância de ligações simples e duplas na cadeia principal conjugada, o que confere suas
ótimas propriedades fotoluminescentes e eletroluminescentes. Este polímero será um dos
nossos materiais de estudo neste trabalho. A Figura 2-1 mostra a estrutura deste polímero em
estudo.
Abaixo, encontram-se os principais polímeros conjugados com gap variando de
1.5eV (poliacetileno), 2.30eV (PPV) a 3.2eV (polianilina) que são da ordem de energia dos
semicondutores inorgânicos.
23
Tabela 1 - Exemplo de monômeros ou unidades de repetição de algumas moléculas de polímeros conjugados e
suas respectivas energias de gap [9[10].
Nome
Fórmula estrutural
E
gap
(eV)
Polyacetilene
(CH)
x
1,50
Polythiophene
(PT)
S
2,00
Polypyrrole (PPy)
N
3,10
Polyparaphenylene
vinylene
(PPV)
2,30
Poly (3,5 dialkoxy)
paraphenylene vinylene
(MEH-PPV)
OR
1
R
2
O
2,10-2,20
Polyparaphenylene
(PPP)
3,00
Polyethylene
dioxythiophene
(PEDOT)
S
OO
2,13
Polianiline
(PANI)
N N N N
H H
3,20
Em polímeros comumente designados por isolantes, os carbonos de suas cadeias
principais estão, de uma forma em geral, completamente saturados, isto é, cada carbono está
ligado a outros quatro átomos através de quatro ligações simples, devido à hibridização sp
3
de
seus orbitais moleculares. Isto implica em uma estrutura na qual os carbonos que constituem
a cadeia principal fazem unicamente ligações
σ
com seus vizinhos. Mas transições
eletrônicas de um orbital
σ
ligante para um orbital
σ
*
anti-ligante, geralmente requerem
24
energias superiores a 6 eV [5]. Assim, a população de portadores de carga livres nesses
níveis é extremamente baixa à temperatura ambiente, resultando nos baixos valores de
condutividade observados nestes materiais. Além disso, levando-se em consideração que os
elétrons dos orbitais
σ
ligantes são essenciais para a coesão da cadeia polimérica, a
promoção de elétrons (excitados, por exemplo, por radiação ultravioleta) para os orbitais
σ
*
anti-ligantes, geralmente acontece ao custo da degradação, muitas vezes irreversível, do
polímero. Portanto, polímeros “saturados”, de uma forma geral, são materiais poucos visados
para aplicações em dispositivos optoeletrônicos.
Por outro lado, polímeros conjugados, como comentados anteriormente, são
caracterizados por uma alternância de ligações duplas e simples entre os carbonos adjacentes
da cadeia principal (Figura 2-1).
Figura 2-1: Monômero do polímero conjugado derivado do PPV, o MEH-PPV.
Essa configuração decorre da hibridização sp
2
dos átomos de carbono, o que faz com
que três dos elétrons de valência ocupem orbitais moleculares ligantes
σ
que cada átomo
forma com seus vizinhos e, o quarto elétron de valência ocupe um orbital p
z
delocalizado.
Estes orbitais p
z
dos carbonos da cadeia superpõem-se em um plano perpendicular ao plano
da cadeia (Figura 2-2a), dando origem a bandas que podem estar semi-preenchidas,
caracterizando um material metálico, ou então, completamente preenchidas caracterizando
material semicondutor.
25
Figura 2-2: a) Representação da hibridização sp2 de um átomo de carbono da cadeia principal de um
polímero conjugado; b) Representação da formação dos orbitais moleculares ligantes e anti-ligantes para os
elétrons de valência de dois átomos de carbono[5].
Em uma cadeia polimérica conjugada infinita, a interação entre os orbitais irá fazer
com que o elétron fique totalmente delocalizado na cadeia, ou seja, o elétron pode estar em
qualquer ponto da cadeia. Assim, aparecerá uma distribuição contínua de estados e o
resultado da interação entre sistemas irá produzir um diagrama de bandas contínuas. A
interação entre orbitais ligantes (ocupados) produzirá uma banda de valência (HOMO,
do
inglês Highest Occupied Molecular Orbital, orbital molecular mais alto ocupado.) e a
interação entre orbitais antiligantes (desocupados) irá produzir uma banda de condução
(LUMO, do inglês Lowest Unoccupied Molecular Orbital, orbital molecular mais baixo
desocupado
.
). A diferença entre os valores do topo da banda de valência e o fundo da banda
de condução irá fornecer o valor de energia da banda proibida do material “gap”. A maior
parte dos polímeros conjugados possui essa diferença de energia entre 1,5 eV e 3,5 eV (que é
muito maior que a energia relacionada à excitação térmica), e são freqüentemente chamados
semicondutores orgânicos [6].
Por meio de espectroscopia de absorção óptica, para o MEH-PPV, foi encontrado um
gap igual a 2,2eV. No entanto, é a presença de defeitos estruturais nas cadeias (defeitos na
alternância das ligações simples e duplas, ou o surgimento aleatório de torções entre as
unidades monoméricas adjacentes, diminuindo o comprimento de conjugação) que origina tal
gap, pela introdução de barreiras que separam regiões de energias diferentes. Esses defeitos
são chamados de sólitons e são acompanhados por uma segunda espécie chamada antisóliton
(de constituição inversa ao defeito que originou o sóliton). Pode-se pensar nesses dois
defeitos como análogos ao par elétron-buraco dos semicondutores inorgânicos. À formação
26
de pares sólitons/antisólitons dá-se o nome de larons, como esquematizado na Figura 2-3
para as moléculas de PPV e PPP.
Figura 2-3 Esquema de um pólaron negativo em um polímero com o estado fundamental não-degenerado: a)
PPV; b)PPP. Abaixo encontram-se os diagramas de bandas representando os níveis eletrônicos intermediários
no gap criados pelos defeitos: c) pólaron negativo; d) bipólaron negativo; e) pólaron positivo; f) bipólaron
positivo; g) éxciton-pólaron singleto[5].
Desta forma, pode-se gerar pólarons de várias configurações: neutros, de cargas
negativas ou positivas e possuindo ou não momento de spin. Isto se deve ao tipo de sóliton
que os originou, visto que o tipo de defeito sempre envolve uma deformação estrutural e a
presença ou não de elétrons. Na Figura 2-3 na parte superior é notável que na cadeia do PPV
vê-se um defeito causado por um sóliton de carga negativa (-) e outro neutro (). Ainda na
Figura 2-3, mas na parte inferior, é representado um esquema das bandas de energias para os
pólarons (p) e bipólaron (bp) possíveis. O estado chamado de éxciton-singleto foi formado a
partir da junção de dois sólitons de cargas opostas e com momento de spin da forma
mostrada. Esse tipo de defeito, quando formado, se propaga na rede, podendo decair
radiativamente. Este é um processo envolvido na luminescência do material, cuja radiação,
deverá estar centrada na região do visível.
A fotoluminescência pode ser dividida em três etapas: fotoexcitação do polímero,
formação do éxciton-singleto e relaxação/emissão, sendo suas características determinadas
pelas energias dos níveis envolvidos nas transições. Esses níveis são representados na Figura
2-4 na forma de potenciais chamados de S
0
e S
1
para a excitação, e S
0
* e S
1
* para a emissão.
27
S
0
S
1
S
1
S
0
*
*
Figura 2-4 Transições energéticas envolvidas nos processos de absorção e emissão de um polímero
fotoluminescente, e seus respectivos espectros[8].
Através desses níveis pode-se ver suas progressões devidas aos estados vibracionais
das moléculas e da rede. Transições são possíveis em todos esses níveis, caracterizando
vários estados que pode decair tanto radiativamente (transições inter banda), quanto não-
radiativamente (transições intra banda). Além disso, podem-se notar também os espectros de
absorção e de emissão radiativa características de um polímero fotoluminescente.
Ainda na Figura 2-4, o estado simbolizado pelo “0” é o estado fundamental, enquanto
o de número “1” é o primeiro estado vibracional excitado. O máximo nas curvas de absorção
e emissão representa as máximas probabilidades de transição possíveis que podem ocorrer
entre os estados S
0
S
1
na absorção e S
1
*S
0
* na emissão, cuja radiação terá comprimento
de onda definido pelos valores dessas transições. A diferença observada entre os
comprimentos das ondas absorvidas e emitidas é devida a um fenômeno chamado de
deslocamento de Stokes. Este fenômeno se deve às perdas não-radiativas (calor, vibração,
etc. ) ocorridas durante o processo de relaxação.
28
Dentre os processos radiativos, o de maior importância é o chamado fluorescência.
Ele se caracteriza pela ocorrência de transições a partir do primeiro estado eletrônico do
primeiro estado excitado, decaindo aos demais estados vibracionais do estado fundamental.
A transição radiativa de emissão de maior energia, devida a processos intracadeias, é
chamada de transição 0-0 (corresponde ao pico de maior energia mostrado na Figura 2-4),
sendo a transição 0-1 (segundo pico de maior energia) devida, além de processos
intracadeias, também a processos intercadeias. Em geral, os processos intercadeias causam
um deslocamento espectral de emissão para regiões de comprimento de onda de menor
energia, chamado de red-shift (deslocamento para o vermelho), e decorre da agregação e
formação de excímeros, que são estruturas formadas por duas moléculas ligadas, uma no
estado fundamental e outra no estado excitado.
A forma como os filmes são preparados influencia fortemente suas propriedades
fotoluminescentes e o solvente tem um papel muito importante, pois ele pode induzir
distorções no comprimento médio da conjugação e alterar sua morfologia. Desta forma, as
diferentes técnicas de preparação de filmes, como spin-coating, casting e Langmuir-Blodgett
(LB), também alteram a conformação do polímero, alterando fatores como o rendimento
quântico da fotoluminescência através da promoção dos processos intercadeias ou alterando
o comprimento da conjugação[8].
2.2 NANOTUBOS DE CARBONO: ESTRUTURA ATÔMICA E
ELETRÔNICA
Os nanotubos de carbono são constituídos basicamente de ligações covalentes C-C,
como nas camadas do grafite e são encontrados em duas categorias: (i) nanotubos de paredes
única ou simples, os SWNT (em inglês, single-walled nanotubes) e (ii) nanotubos de paredes
múltiplas, os MWNT (em inglês, multi-walled nanotubes), estes por sua vez constituídos de
vários cilindros concêntricos de grafite, espaçados aproximadamente de 3,4 Å um do outro
[11]. Neste trabalho focaremos nosso estudo nos SWNT.
Os nanotubos de carbono são definidos ou modelados então, a partir de uma camada
de grafite que se enrola produzindo cilindros perfeitos. Teoricamente, isso pode ser feito
29
enrolando a folha de grafite (grafeno), uma rede hexagonal bidimensional, e determinando
assim a sua estrutura através de vários caminhos, como mostra a Figura 2-5.
Figura 2-5 - Configuração zigzag, armchair e chiral em (a) e em (b) principais vetores que caracterizam os
nanotubos de carbono a partir de um plano hexagonal de carbono.
Define-se o vetor quiral
h
C
r
como sendo uma combinação dos vetores de base
(
1
a
r
e
2
a
r
) da rede do grafeno. O vetor quiral conecta dois pontos cristalograficamente
equivalentes da rede hexagonal, sendo definido como:
m) (n, am + an =C
21h
r
r
r
(2-1)
onde n e m são inteiros. Os vetores
1
a
r
e
2
a
r
possuem módulos iguais sendo
0
2/12/1
21
46,242,133 Α===
=cc
aaa
rr
(2-2)
onde
cc
a
é a distância da ligação carbono-carbono na folha de grafite. Desprezando os
efeitos de curvatura no comprimento das ligações
cc
a
, o diâmetro do nanotubo pode ser
(a)
(b)
30
determinado a partir do módulo do vetor quiral
h
C
r
. O comprimento da circunferência do
nanotubo é
1
dC
h
π
=
r
. O módulo de
h
C
r
é facilmente determinado em termos de
cc
a
e dos
índices n e m:
(
)
ππ
2/1
22
1
nmmna
C
d
h
++
==
r
(2-3)
Nota-se que o cálculo do diâmetro do nanotubo a partir da equação 2-3 não considera
os efeitos da curvatura no comprimento das ligações C-C e é válido para nanotubos com
diâmetros maiores que 1,0nm. Para os nanotubos com diâmetro menor, portanto, o cálculo de
d
1
usando a equação (2-3 não é uma boa aproximação[12].
O cálculo do ângulo quiral (θ) também pode ser obtido a partir dos índices n e m:
++
+
=
22
1
2/
cos
mnmn
mn
θ
(2-4)
Dessa forma, os nanotubos com θ=0º e 30º são aquirais e denominados de “zig-zag
(n,0) e “armchair” (n,m), respectivamente e os nanotubos com 0º <
θ
< 30º são denominados
de quirais[12].
As propriedades eletrônicas dos nanotubos de carbono dependem do seu diâmetro e
da sua quiralidade. É sabido que um SWNT pode ter caráter metálico ou semicondutor e esta
propriedade está diretamente ligada com os parâmetros estruturais n e m (n-m), e com o tipo
de configuração estrutural. Se n-m for múltiplo de 3 (três) o nanotubo é semimetal e, se n-m
não for múltiplo de 3 (três), o nanotubo é semicondutor. No caso especial onde n=m, o
nanotubo é metálico [12].
Como foi mencionado anteriormente, o modelo para a estrutura eletrônica dos
nanotubos de carbono surge do modelo do enrolamento de uma folha de grafeno e isso faz
com que os nanotubos sejam materiais com propriedades bastante particulares, com as
características eletrônicas da folha de grafeno combinadas com as características únicas de
uma estrutura unidimensional (1D). Ou seja, a estrutura de bandas eletrônicas do nanotubo é
31
similar à do grafeno, fazendo apenas as considerações relativas às condições cíclicas de
contorno impostas ao longo do diâmetro do tubo.
2.3 NANOTUBOS DE CARBONO: PROPRIEDADES VIBRACIONAIS E
ÓPTICAS
Devido ao confinamento quântico dos elétrons nos nanotubos, suas propriedades
ópticas e vibracionais são pronunciadas e unicamente determinadas pela estrutura atômica.
Uma das técnicas mais utilizadas no estudo de nanotubos de carbono e que permitiu um
grande avanço no entendimento das propriedades eletrônicas é a espectroscopia Raman
ressonante [12]. A versatilidade dessa técnica permite o estudo dos mais variados tipos de
amostras de nanotubos de carbono (feixes de SWNT e MWNT, nanotubos em solução,
nanotubos isolados, dispersos em compósitos etc...).
O volume de informação obtido com a espectroscopia Raman é considerável e é
fundamental para o entendimento das propriedades eletrônicas e ópticas dos nanotubos. O
espectro Raman é caracterizado por vários picos, sendo que associado a cada um deles existe
uma grande riqueza de fenômenos agregados à estrutura eletrônica e vibracional do
nanotubo. Os modos vibracionais mais estudados são [12]: (a) modo radial de respiração
(ocorre na região de baixo número de onda, em ~168 cm
-1
). O número de onda está
relacionado com o diâmetro do nanotubo, ν
RBM
=A/dt+B, onde A e B variam dependendo do
tipo de amostra; (b) a banda G, que ocorre entre 1400 e 1650 cm
-1
, está associada ao
estiramento da ligação C-C, nas direções tangenciais à superfície do tubo e fornece
informações sobre o caráter metálico ou semicondutor do nanotubo; (c) a banda D (~1350cm
-
1
) é o modo induzido pela desordem estrutural e aparece devido à quebra de simetria
translacional do nanotubo, a qual pode ser originada pela presença de um defeito ou de uma
ligação com alguma molécula. O deslocamento em número de onda da banda G e a
intensidade da banda D fornecem informações importantes sobre as mudanças na estrutura
eletrônica dos nanotubos, quando interagem com espécies químicas. As freqüências desses
modos são também bastante sensíveis ao processo de transferência de carga entre os
nanotubos e espécies químicas ligadas aos nanotubos ou intercaladas entre os tubos. As
32
técnicas de absorção e emissão ótica também foram muito importantes no entendimento das
propriedades dos nanotubos e foram fundamentais para o entendimento das propriedades
eletrônicas dos nanotubos em feixes [12]. Os picos observados no espectro de absorção ótica
correspondem às transições entre cada par de singularidades de Van Hove mostrado nos
gráficos da densidade de estados eletrônicos na Figura 2-6 - . As energias observadas no
espectro de absorção são: E
11
=E
1
(c)-E
1
(ν), E
22
=E
2
(c)-E
2
(ν),... . Os valores das energias de
absorção são usados para se estudar os efeitos da funcionalização nas propriedades
eletrônicas dos nanotubos. A dispersão de nanotubos em surfactantes possibilitou um estudo
detalhado das propriedades ópticas dos nanotubos e a correlação com a estrutura atômica.
Quando envoltos por micelas, os nanotubos semicondutores emitem luz cujo comprimento de
onda está principalmente no infravermelho próximo. O espectro de emissão
(fotoluminescência) é associado com a separação em energia dos dois primeiros picos (E
11
),
sendo observado apenas em nanotubos semicondutores. Essa técnica é muito importante para
o estudo de nanotubos funcionalizados, pois pequenas mudanças no meio produzem efeitos
mensuráveis no espectro de emissão de luz[12].
Figura 2-6 - Densidade de estados eletrônicos para SWNTs semicondutores (a) e metálicos (b). Os estados
preenchidos (orbitais π) estão localizados abaixo do nível de Fermi e os estados vazios (orbitais π*) acima do
nível de Fermi (retirado em [12]).
33
2.4 MÉTODOS DE OBTENÇÃO
Os nanotubos de carbono são produzidos através de diferentes métodos em
laboratório e em indústria. As técnicas mais comuns são a deposição química da fase de
vapor (CVD), do inglês chemical vapor deposition, descarga por arco elétrico e ablação por
laser.
O método de deposição química da fase de vapor, CVD envolve a decomposição de
gases contendo átomos de carbono, geralmente hidrocarbonetos, sobre um substrato,
geralmente em presença de partículas de metais catalisadores como Co, Fe e Mo, em
atmosfera inerte. Esse método vem sendo largamente aplicado na obtenção dos NTC e
oferece rotas nos quais os principais parâmetros são mais fáceis de serem controlados. É
usado para produção em larga escala. Pode-se produzir SWNTs com diâmetros da ordem de
0,6-4nm e MWNTs com 10-20nm.
A descarga por arco elétrico é uma técnica que se baseia na descarga de um arco
elétrico entre dois eletrodos de grafite, sob atmosfera inerte (Argônio ou Hélio). Este método
atinge altas temperaturas (~3000ºC) e produz uma mistura de componentes, incluindo
fulerenos e carbono amorfo [13]. Os nanotubos precisam ser separados da fuligem e dos
metais catalíticos presentes no produto. Dependendo da variação de parâmetros como
temperatura, pressão e natureza das partículas catalisadoras, é possível selecionar o
crescimento dos NTC, como sendo SWNT ou mesmo MWNT. Entretanto a descarga por
arco elétrico é um método de obtenção de NTCs com baixo controle dos diâmetros e
comprimentos do tubo. Ela oferece NTCs com diâmetros entre 1,2 –3 nm[13].
34
Figura 2-7 – Esquema do aparato expertimental de descarga por arco elétrico (retirado em [11])
Na ablação por laser, o grafite é vaporizado pela irradiação de um laser, sob
atmosfera de gás inerte e à alta temperatura. É um processo oneroso e a produção em larga
escala não é favorecida. Produz SWNTs de 5 – 10µm de comprimento e 1 – 2nm em
diâmetro[13].
Figura 2-8 – Esquema do aparato expertimental de ablação por laser (retirado em [11]).
2.5 COMPÓSITOS PARA APLICAÇÃO EM CÉLULAS
FOTOVOLTAICAS
A tecnologia fotovoltaica atual baseia-se no silício, embora estejam em
desenvolvimento células fotovoltaicas mais eficientes com base em outros materiais
35
inorgânicos. O silício é um elemento químico muito comum na superfície terrestre,
representando hoje cerca de 25,7%, em massa, mas o custo de purificação é muito elevado,
essencialmente pelo alto consumo energético [14]. Atualmente, a procura de silício para a
fabricação de painéis solares excede a capacidade de produção instalada. Os painéis
fabricados com este material são rígidos, impedindo, por exemplo, a fabricação de painéis
que possam adaptar-se a várias formas arquitetônicas [15].
Os polímeros conjugados estão também sendo usados para a fabricação de células
fotovoltaicas. Estas células, como o nome indica, convertem fótons em carga elétrica [16]. O
efeito fotovoltaico envolve, assim, a criação de carga, elétrons e buracos ou lacunas
eletrônicas, por iluminação de um material semicondutor contido numa célula e a sua
subseqüente coleta pelos eletrodos da célula. Como se ilustra na Figura 2-9, um polímero é
excitado por absorção de luz acima de uma determinada energia (ou menor do que um
determinado comprimento de onda), ou seja, um elétron é promovido dos orbitais
moleculares ocupados para os vazios [16]. A menor energia de excitação corresponde à
passagem de um elétron do orbital molecular ocupado de energia mais elevado, HOMO, para
a orbital molecular vazio de menor energia, LUMO. Neste processo de excitação, que ocorre
por absorção de um fóton, o LUMO fica assim com um elétron (carga negativa) e o HOMO,
por ter perdido o elétron, fica com uma carga positiva (buraco). Após um curto período de
tempo, da ordem de nanosegundos, o elétron pode regressar ao HOMO (regressando o
polímero ao estado fundamental), com a liberação de calor ou de fóton que é o caso dos
polímeros luminescentes acima referidos[16].
Figura 2-9 – Esquema de uma célula fotovoltaica e níveis de energia, retirado em[16].
36
Para se obter energia elétrica a partir deste sistema excitado é necessário que o
elétron, em vez de regressar ao HOMO sem que espacialmente se desloque, seja obrigado a
circular por um circuito exterior antes de regressar ao HOMO. Este processo é semelhante ao
que se observa numa pilha ou célula galvânica, em que os elétrons circulam de um pólo para
o outro da pilha (corrente elétrica) passando por um circuito exterior. De modo equivalente,
numa célula fotovoltaica criam-se condições para que o elétron que foi excitado para a
LUMO seja retirado da molécula (ou mais corretamente do segmento de polímero onde se
deu a excitação, que, para comprimentos de cadeia muito elevados, diferentes segmentos
podem comportar-se, do ponto de vista de uma excitação eletrônica, de forma quase
independente) para um circuito exterior. No caso das células de polímero, este é colocado
entre dois eletrodos (um transparente, para deixar passar a luz, e condutor, habitualmente o
óxido misto de índio e estanho, ITO) e um eletrodo metálico, como o alumínio[16].
A diferença entre as funções trabalho destes dois eletrodos favorece o trajeto dos
elétrons do polímero excitado para o Al. O elétron circula pelo polímero condutor, passa
através do fio/circuito exterior para o ITO e deste para o HOMO do polímero de onde tinha
sido removido por absorção de luz. Alternativamente, o fluxo de carga pode ser descrito
como um elétron saindo do LUMO através do alumínio e um buraco saindo do HOMO
através do ITO. Este “sanduíche” permite assim gerar uma corrente elétrica devido aos
processos de excitação do polímero por absorção de fótons. No entanto, quando se tem
apenas um polímero nesta estrutura, a probabilidade do elétron do LUMO se movimentar
para o Al é pequena. Ele é atraído, eletrostaticamente, para o HOMO onde falta o elétron.
Assim como se referiu acima, formalmente o HOMO fica positivo e associa-se a esta carga
positiva ao buraco ou lacuna eletrônica, que se trata como uma partícula. Para facilitar esta
remoção do elétron, mistura-se com o polímero um material que tenha enorme afinidade
eletrônica, capturando assim o elétron promovido ao LUMO do polímero excitado[16].
Entre os vários materiais estudados até hoje, os fulerenos demonstraram serem os
mais eficientes. Neste caso, ou mesmo para os nanotubos de carbono, para permitir uma
mistura íntima do fulereno com o polímero, de forma que o fulereno esteja próximo do
segmento do polímero onde se a promoção do elétron, os fulerenos são modificados para
torná-los solúveis num solvente comum ao polímero. Prepara-se assim uma solução comum,
a partir da qual, por evaporação do solvente, se obtém um filme fino deste compósito que se
coloca depois em uma estrutura tipo sanduíche. O fato destes compósitos se apresentarem
sob a forma de filmes flexíveis permite a fabricação de painéis solares flexíveis, logo
37
adaptáveis a rias formas arquitetônicas, desde que os eletrodos sejam feitos de material
flexível (por exemplo, ITO sobre plástico e um filme fino de Al). Sendo estes filmes
preparados a partir de soluções, podem-se utilizar tecnologias de solução em que se podem
facilmente fabricar filmes e painéis contínuos de grandes dimensões (com área de vários m
2
).
O custo de fabricação, a falta de flexibilidade e a dificuldade em preparar grandes áreas, são
aspectos em que os semicondutores inorgânicos poderão abrir lugar para a implantação desta
nova tecnologia. Do ponto de vista da eficiência da conversão de energia solar em energia
elétrica, enquanto que as células solares com base em silício cristalino atingem valores da
ordem de 20% [14], as lulas solares com base em compósitos de polímeros conjugados e
em fulerenos, por exemplo, atingem valores da ordem de 6%. Há, pois um significativo
trabalho de investigação a desenvolver nestes sistemas de base polimérica para se aumentar
esta eficiência de conversão energética [16].
Nesse intuito, estudaremos neste trabalho um polímero conjugado com nanotubos de
paredes simples para aplicação neste tipo de dispositivo.
38
3 CAPÍTULO
3.1 TÉCNICAS EXPERIMENTAIS
3.1.1
ABSORÇÃO ÓPTICA
As propriedades ópticas da matéria podem ser modificadas através de inclusões ou
exclusões de agentes modificadores, como dopantes e/ou íons modificadores ou imperfeições
na rede cristalina, no caso de cristais. Esse fenômeno pode ser observado em materiais e
substâncias orgânicas e inorgânicas, como também em sólidos cristalinos e amorfos.
O espectro de absorção óptica de um determinado material, nas regiões do
infravermelho, visível e ultravioleta pode identificar os agentes modificadores (dopantes e/ou
íons modificadores, impurezas e imperfeições) da matéria responsável pelas bandas de
absorção como também responsáveis pela coloração da matéria.
Sólidos cristalinos e amorfos têm sido estudados particularmente no que se refere à
absorção da luz por dopantes ou impurezas de íons modificadores e defeitos que existam
naturalmente na matéria ou que possam ser intencionalmente introduzidos nos sólidos.
O espectro de absorção óptica na região do infravermelho é capaz de identificar
grupos moleculares constituintes da matéria ou a presença de elementos estranhos, via modos
vibracionais. Esse é um dos métodos de identificar a presença da molécula de água e sua
quantidade. Já na região do visível e ultravioleta, os fótons incidentes são capazes de
provocar excitações eletrônicas dos constituintes intrínsecos e extrínsecos da matéria. Essas
excitações eletrônicas, como também as vibrações e torções nas ligações interatômicas dos
constituintes intrínsecos e extrínsecos da matéria, podem ser detectadas através do espectro
de absorção óptica.
Os espectros de absorção óptica de uma determinada amostra são obtidos através de
espectrofotômetros apropriados para cada região espectral de interesse. A maioria destes
registra diretamente a grandeza absorbância ou densidade óptica em função do comprimento
39
de onda dos fótons incidentes na amostra. A absorbância ou densidade óptica representa o
decréscimo de intensidade de fótons ao atravessar a matéria. Segundo a Lei de Beer, o
decréscimo da intensidade dos fótons ao atravessar uma amostra de espessura x é
diretamente proporcional à intensidade dos fótons incidentes, dada por:
dI/dx = -αI ( 3-1)
onde I é a intensidade da luz incidente. Então,
I = I
o
e
-αx
,
(3-2)
onde α é definido como sendo o coeficiente de absorção óptica que tem a dimensão
[distância]
-1
.
A absorbância A (ou densidade óptica) tem como definição: A =logI
o
/I,
conseqüentemente, sua relação com o coeficiente de absorção óptica α é dada por:
A
x
x
x
303,2
I
Io
log
303,2
I
Io
ln
1
===
α
(3-3)
Na absorção óptica, pode-se ter a absorbância ou densidade óptica A em função do
comprimento de onda ou em função da energia dos fótons incidentes. A energia está
relacionada com o comprimento de onda pela seguinte fórmula:
E (eV) = 1239,8/λ (nm)
(3-4)
40
3.1.2
FOTOLUMINESCÊNCIA (PL)
A emissão de luz por certos materiais, quando iluminados, é um fenômeno conhecido
muito tempo. O uso dessa propriedade possibilitou o desenvolvimento de uma técnica
espectroscópica, denominada fotoluminescência (PL), a qual por não ser destrutiva, vem
sendo largamente utilizada para a caracterização de materiais semicondutores. Consiste na
análise das características da radiação emitida por um material, da qual obtém-se uma série
de informações como, por exemplo, estrutura eletrônica, processos envolvidos na
recombinação de portadores, qualidade de interface, entre outros [17].
Na fotoluminescência o material é iluminado por uma luz de uma certa freqüência e
emite luz de freqüência diferente. Dessa forma, basicamente o nome fotoluminescência
significa: emissão de luz (luminescência) induzida por fótons. Esse processo pode ser
resumido em outros três processos “elementares”:
(a) Excitação (absorção de um fóton incidente)
(b) Termalização (relaxação para o estado de equilíbrio térmico)
(c) Recombinação radiativa.
A Figura 3-1 resume esses três processos relacionados à PL. Seja um fóton com
energia hν
exc
superior à do gap de um semicondutor qualquer, incidindo sobre o material e
sendo absorvido. A absorção se pela geração de um par elétron-buraco (e-h). Como se
exige a conservação do vetor de onda k, esta transição se verticalmente no espaço dos
momentos. Por este processo o semicondutor é levado a um estado excitado [17]. Tanto o
elétron gerado na banda de valência (BV) ou LUMO, quanto o buraco gerado na banda de
condução (BC) ou HOMO, possuem um excesso de energia em relação ao estado
fundamental das respectivas bandas.
41
Figura 3-1 Representação esquemática dos aspectos fundamentais relacionados ao processo de PL
O primeiro passo na busca do equilíbrio é a relaxação intrabanda por emissão de
fônons, que se dá até o momento no qual o elétron atinge o fundo da BC e o buraco o topo da
BV. O passo final corresponde à perda do excesso de energia correspondente ao gap do
semicondutor, que se dá pela recombinação radiativa do par e-h ou por processos não
radiativos [17]. Essa recombinação se dará verticalmente em
k
e poderá ocorrer,
diretamente, entre portadores ocupando o mínimo de energia das respectivas bandas, ou
precedida da captura do portador por estados que, eventualmente, estejam presentes, por
influência de impurezas e/ou defeitos no
gap
proibido do material. No primeiro caso, obtém-
se uma medida do
gap
fundamental como indicado na Figura 3-2 (a), e no segundo caso,
pode-se obter informação da energia de ligação dos estados gerados por impurezas e/ou
defeitos.
42
Figura 3-2 - (a-d) Recombinação radiativa: a) banda a banda, b) Doador para banda de valência, c) Banda de
condução para aceitador, d) Doador para aceitador e e) Recombinação não-radiativa.
Assim, nos processos de PL, podem-se distinguir alguns tipos de emissão (via
recombinação radiativa), como por exemplo, banda-a-banda, através de níveis
doadores/aceitadores, entre outros.
A movimentação dos elétrons é muito mais rápida do que a movimentação dos
núcleos atômicos, ou seja, vibrações moleculares. A promoção de um elétron para LUMO
(elétrons nos orbitais antiligantes tendem a afastar os núcleos atômicos) por excitação leva
aproximadamente 10
-15
s, o qual é muito rápido quando comparado com o tempo
característico para uma vibração molecular (10
-10
10
-12
s). Esta observação é a base do
princípio de Franck-Condon: as transições eletrônicas são sempre verticais, como dito
anteriormente e conforme ilustra o diagrama de energia da
Figura 3-3. A transição pode se valer do fato de que algumas moléculas, no estado
fundamental, com maior quantidade de energia do que outras, possuem núcleos mais
afastados e esta será a transição mais favorável. O estado resultante é chamado de estado
Franck-Condon e a transição ocorrida denominada transição vertical [18].
(a) (b)
(c)
(d) (e)
D
A
D
A
E
i
Fóton
Fônon
Fóton
Fóton
Fóton
Fônon
43
Figura 3-3 - Diagramas de Franck-Condon e espectros de absorção correspondentes: à esquerda o estado
excitado não altera a geometria molecular; à direita a alteração na geometria molecular influencia as
intensidades relativas dos picos [18].
Do ponto de vista puramente qualitativo, a existência de uma forte sobreposição entre
os espectros de absorção e de emissão exige que não ocorra uma grande alteração de
geometria molecular entre os dois estados envolvidos. Conseqüentemente, este é um dado
experimental que permite avaliar alterações de geometria com o processo de excitação
eletrônica. Nos casos em que esta alteração é pequena, os dois espectros se sobrepõem e se
obtém espectros que são imagens especulares. Esta condição é atingida por muitos
hidrocarbonetos aromáticos condensados, que o moléculas com alguma rigidez e que, por
isto, não sofrem grandes alterações de geometria com a excitação [18].
44
3.1.3
MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)
A microscopia de força atômica (MFA, AFM “atomic force microscopy”), também
conhecida como microscopia de varredura de força, tem sido utilizada largamente no estudo
de polímeros [19]. Por conseguir obter imagens de superfície de materiais sob as mais
variadas condições (ar, vácuo e em meio líquido), tornou-se a técnica mais completa para
estudo morfológico de materiais em micro e nano escalas. Apresenta várias vantagens em
relação às microscopias eletrônicas (ME) de varredura e de transmissão para o estudo de
polímeros, dentre elas: dispensar o uso de vácuo ou de recobrimento da amostra; a
possibilidade de se realizar medidas diretas de altura e rugosidade; além de, para estruturas
ordenadas, poder obter imagens com resolução atômica.
Na microscopia de força atômica, a superfície de uma amostra é analisada por meio
de uma ponteira muito fina. A topografia da superfície é traçada à medida que a ponteira a
percorre. Quanto mais fina a ponteira, mais alta a resolução da informação tri-dimensional. A
ponta de prova é montada numa haste que pode mover livremente. Na parte superior da haste
é colocado um espelho que reflete a luz de um feixe de laser. Após a reflexão, a luz do laser
passa por uma lente e incide sobre um fotodetector. A incidência do feixe de laser no
fotodetector provoca o aparecimento de uma diferença de potencial (ddp) em suas
extremidades. Esta ddp depende da área iluminada pelo feixe de laser, que por sua vez
depende da altura da ponta de prova. A posição da ponta de prova varia na direção z (normal
à superfície) conforme o relevo da superfície em estudo e, com isso, a ddp gerada pelo
fotodetector traduz os deslocamentos da ponta durante a varredura. Estes deslocamentos são
medidos com a amplificação da ddp gerada no fotodetector [19], como mostra a Figura 3-4.
45
Figura 3-4: Esquema da montagem experimental de um Microscópio de Força Atômica.
Os métodos usados em AFM para adquirir imagens podem ser explícitos em dois
grupos: o modo contato (quase-estático) e o semi-contato (oscilatório). No modo contato a
ponta é em contato direto com a superfície, e a força (atrativa ou repulsiva) agindo entre os
átomos e a amostra é contrabalanceada por uma força elástica produzida pela deflexão do
cantilever (ponteira). Cantilevers usados no modo contato têm relativamente uma rigidez
menor devido à alta sensibilidade e para descartar influência indesejável excessiva na
amostra. O modo contato pode ser realizado à força constante ou à distância média constante
entre a ponta de prova e a amostra.
A formação da imagem de AFM no modo semi-contato é feito através de oscilações
do cantilever a uma freqüência
ω
e amplitude
A
ω
. A luz de um laser incide sobre a superfície
do cantilever e, por reflexão, esta luz alcança um fotodetector. Este por sua vez mede as
variações na freqüência de oscilação do cantilever causadas pelas rugosidades da amostra
quando é varrida pela ponta. Os resultados dessas medidas são transferidos para um
computador através de um software que transforma a informação em uma imagem da
superfície da amostra [20].
O uso do AFM para estudo de polímeros tem se difundido muito, uma vez que o
custo e manutenção do equipamento são bem inferiores ao dos microscópios eletrônicos
modernos, além de permitir a obtenção de novas informações sobre a superfície de
polímeros, tais como: morfologia, distribuição de fases em blendas e compósitos,
conformação de cadeias poliméricas, entre outras aplicações [21].
46
3.1.4
ESPECTROSCOPIA RAMAN
Uma técnica muito utilizada no estudo da estrutura de sistemas moleculares é a
espectroscopia Raman. À nível molecular, a radiação pode interagir com a matéria por
processos de absorção ou de espalhamento, e este último pode ser elástico ou inelástico. O
espalhamento elástico de fótons pela matéria é chamado de espalhamento Rayleigh, enquanto
o espalhamento inelástico, relatado pela primeira vez em 1928 pelo físico indiano
Chandrasekhara Vankata Raman, é chamado de espalhamento Raman. No espalhamento
inelástico de luz, a componente de campo elétrico do fóton incidido perturba a nuvem
eletrônica da molécula e pode ser entendido como um processo de excitação do sistema para
um nível “virtual” de energia [22].
Mas, de modo geral, os movimentos vibracionais dos átomos pertencentes às
moléculas poliatômicas são muito complexos. Os átomos não movimentam em fase
sincronizada e nem mostram movimento ciclicamente repetitivo. Entretanto, as vibrações
podem ser expressas como superposição das vibrações normais, as quais são representadas
pelas ondas estacionárias e possuem suas devidas freqüências vibracionais.
Como dito, o espectro Raman é devido ao espalhamento inelástico de uma radiação
monocromática que incide numa molécula. Embora, como resultado a molécula possa passar
de um estado vibracional para outro, o fenômeno é fisicamente diferente da absorção de
radiação. No Raman, o efeito está ligado ao momento dipolo induzido na molécula pelo
campo elétrico da radiação.
Classicamente, o vetor do momento de dipolo induzido oscila com sobreposição de
freqüências e pode ser escrito como
EP
r
r
α
=
, sendo α a polarizabilidade da molécula e
E
r
o
vetor do campo elétrico da radiação incidente. Dessa forma, α pode ser escrito num
desenvolvimento em série da coordenada interna q (única coordenada normal do sistema em
estudo) [6], como a equação a seguir:
(3-5)
Supondo que a coordenada q e o campo
E
r
sejam descritos por:
47
(
)
tqq
v
πν
2cos
0
= (3-6)
e
(
)
tEE
00
2cos
πν
v
r
=
(3-7)
onde ν
v
e ν
0
são, respectivamente, a frequência vibracional do υ-ésimo modo e a frequência
da radiação incidente, o momento de dipolo induzido ficará:
( ) ( ) ( )
ttEq
dq
d
tEP
0000
0
000
2cos2cos2cos
πνπν
α
πνα
rrr
+= (3-8)
( ) ( )
[ ]
( )
[ ]
{ }
ttEq
dq
d
tEP
vv
ννπννπ
α
πνα
+
+=
0000
0
000
2cos2cos
2
1
2cos
rrr
(3-9)
Lembrando apenas que os termos de ordem mais alta podem ser desprezados para
pequena variação da coordenada q e que cos(a)cos(b)=1/2[cos(a+b)+cos(a-b)].
O primeiro termo contém somente a freqüência da radiação incidente e corresponde
ao espalhamento Rayleigh (espalhamento elástico). No segundo termo, aparecem radiações
espalhadas com freqüência ν
0
-ν
v
(espalhamento Raman Stokes) e ν
0
+ν
v
(espalhamento
Raman anti-Stokes). Para os dois últimos termos terem contribuição é necessário que
(dα/dq)
0
0, ou seja, que haja variação da polarizabilidade com o pequeno deslocamento da
coordenada q em torno da posição de equilíbrio.
No efeito Raman, tanto moléculas diatômicas heteronucleares e homonucleares
apresentam atividade, pois em ambos os casos ocorrem a variação da polarizabilidade com a
vibração. No espectro teremos simetricamente em relação à linha Rayleigh (em escala de cm
-
1
) uma banda na região de freqüências mais baixas, a Stokes, e uma na região de freqüências
mais altas, a anti-Stokes. Classicamente, as duas deveriam ter mesma intensidade, mas
observa-se que a Stokes é mais intensa do que a anti-Stokes.
Os mecanismos de espalhamento podem ser representados pelos esquemas da Figura
3-5.
48
Figura 3-5 – Esquemas de mecanismos de espalhamento Rayleigh, Stokes e anti-Stokes
.
No espalhamento Raman Stokes, a molécula no estado fundamental sofre
colisão com o fóton de energia hν
0
, passa para um estado intermediário (ou virtual), que
não precisa ser um estado estacionário da molécula, e decai, em seguida, para um estado
vibracionalmente excitado, de energia e
v.
O fóton espalhado hν
0
- e
v
terá energia menor
do que o incidente no espalhamento Rayleigh. Após a interação do fóton com a molécula,
esta volta ao mesmo nível de energia inicial e o fóton é espalhado sem modificação de
freqüência. No espalhamento Raman anti-Stokes, o fóton encontra a molécula num
estado excitado e, após a interação, a molécula decai para o estado fundamental. Esta
diferença é cedida ao fóton, que é espalhado com energia hν
0
+ e
v.
Como a população dos estados excitados segue a distribuição de Boltzmann,
deve-se esperar para as bandas anti-Stokes menor intensidade do que para as Stokes. Isto
se verifica experimentalmente e a relação entre as intensidades anti-Stokes/Stokes é dada
por:
49
+
=
kT
e
I
I
v
v
v
S
A
exp
4
0
0
νν
νν
(3-10)
Para freqüências baixas e para temperaturas altas as intensidades Stokes e anti-Stokes
são comparáveis, mas para freqüências vibracionais muito altas, torna-se difícil observar
as bandas anti-Stokes.
3.1.5
CONDUTIVIDADE AC E DC - ESPECTROSCOPIA DE
IMPEDÂNCIA E ANÁLISE CORRENTE-VOLTAGEM
A caracterização elétrica de um material consiste na aplicação de uma tensão V na
amostra a ser analisada e observação da corrente elétrica que atravessa o sistema ou, até
mesmo, a aplicação de uma corrente elétrica e observação da tensão. As medidas podem ser
feitas em corrente contínua ou alternada, lembrando que essa última nos permite separar
efeitos de eletrodo e interface da resistência do material e ainda observar fenômenos de
polarização [24]. Essa correpondência é possível devido à utilização de medidas de
condutividade total em corrente alternada
AC
em uma ampla faixa de freqüência. Como
resultado, é possível separar as propriedades elétricas e dielétricas específicas do material e,
também, obter informações adicionais acerca dos mecanismos de condução e de polarização
dielétrica que as medidas de condutividade em corrente continua
DC
não seriam capazes de
fornecer. Medidas
DC
fornecem apenas o valor da condutividade total, não permitindo
informações sobre as diferentes contribuições e mecanismos de relaxação que podem existir
em um material.
Impedância elétrica, ou simplesmente impedância, é a relação entre o valor eficaz da
diferença de potencial entre dois pontos do circuito em consideração e o valor eficaz da
corrente resultante no circuito.
Em geral, é expresso por um fasor, que da forma de número complexo possui uma
parte real, equivalente à resistência R, e uma parte imaginária, dada pela reatância X. A
impedância é expressa em ohms e designada pelo símbolo Z; e indica, portanto, a oposição
50
total que um circuito oferece ao fluxo de uma corrente elétrica variável no tempo.
Matematicamente, é expressa em:
θ
j
ZeZ =
( 3-11)
onde a magnitude Z a mudança na amplitude de voltagem para uma dada amplitude de
corrente, enquanto o argumento θ a diferença de fase entre a voltagem e a corrente. A
impedância é, então por definição, uma quantidade complexa sendo real apenas quando θ=0
e assim,
Z
(ω) = Z, isto é, para um comportamento puramente resistivo [24].
Há também diversas outras quantidades derivadas relacionadas à impedância, às quais
frequentemente possuem importante função em espectroscopia de impedância. A primeira é a
admitância, definida como o inverso da impedância:
"'
1
jYY
Z
Y +==
(3-12)
onde a componente real Y* é denominado de condutância e está relacionado diretamente
com a condutividade da seguinte forma:
( )
( )
2
2
Z
"Z
A
l
"Y
A
l
"
Z
'Z
A
l
'Y
A
l
'
==ωσ
==ωσ
(3-13)
Tanto
σ
quanto
σ
possuem uma componente ligada à resposta dielétrica do material
que, em alguns casos, não pode ser completamente desprezada. Isso decorre do fato de não
poder se separar, experimentalmente, a corrente proveniente da parte condutiva da
proveniente da parte dielétrica.
Na forma cartesiana:
jXRZ +=
( 3-14)
51
onde a parte real da impedância é a resistência R e a parte imaginária é reatância X. A
dimensão de impedância é a mesma da reatância, no SI (Sistema Internacional de Medidas) é
ohm ().
Z
Z
Figura 3-6 – Representação gráfica do plano complexo de impedância.
É notado através da Figura 3-6 que enquanto a reatância X pode ser positiva ou
negativa, a resistência R é sempre positiva.
52
4 PARTE EXPERIMENTAL
4.1 MATERIAIS DE PARTIDA
O nosso trabalho consiste no estudo e optimização das propriedades ópticas e
elétricas de compósitos poliméricos. Desta forma, os materiais escolhidos consistem de um
polímero conjugado semicondutor denominado MEH-PPV (poli [2-metóxi-5-(2-etilhexilóxi)-
1,4-fenilenevinilene]) e uma amostra bruta de nanotubos de carbono de paredes simples
(SWNT) chamado CoMoCAT® (catálise com cobalto e molibdênio) [25].
O polímero MEH-PPV da marca Aldrich® é adquirido comercialmente e tem uma
massa molar de 40000-70000 daltons. o CoMoCAT® é sintetizado através da técnica
CVD e sua síntese foi desenvolvida por um grupo de pesquisa da Universidade de Oklahoma
(EUA) e hoje é adquirido comercialmente através da Southwest NanoTechnologies. A
amostra de SWNT também é predominantemente semicondutora (~90% de tubos
semicondutores), confirmada por espectroscopia Raman [26], o que nos garante a
conservação das propriedades semicondutoras do polímero, ideais para aplicação em
dispositivos fotovoltaicos.
Os dois materiais têm a forma sólida e para produção de filmes foram preparadas
soluções/dispersões. Serão feitas análises dos materiais puros e da mistura, antes
supostamente um compósito.
4.2 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS
4.2.1
MEH-PPV
A solução do polímero foi preparada diluindo-se uma massa de 0,002g em 5mL do
solvente tetrahidrofurano (THF). Este solvente foi escolhido devido à boa solubilização do
53
polímero no mesmo, que foi previamente testada. Para uma maior homogeneidade da solução
foi necessário que a mesma fosse mantida por alguns minutos sob agitação magnética ou por
sonificação. Deve-se ter também um controle da concentração da solução, uma vez que o
solvente é bastante volátil.
A partir dessa solução foram preparados os filmes, como mostra a
Figura 4-1, e houve a necessidade de uma análise termogravimétrica do polímero
MEH-PPV. Este estudo foi importante para determinar a temperatura limite de estabilidade
do polímero e avaliar sua temperatura de degradação, uma vez que amostras na forma de
filmes precisam ser submetidas à certa temperatura para secagem em estufa à vácuo.
Figura 4-1 – Fotografias da solução de MEH-PPV em a) e do filme formado em b).
A Figura 4-2 mostra o perfil da curva de perda de massa da amostra de MEHPPV em
função da temperatura e em associação à derivada primeira dessa curva. A curva lida
representa o processo de perda de massa (termogravimetria - TG), numa taxa de aquecimento
a 5ºC/min, sob atmosfera de ar seco com fluxo de 100mL/min., enquanto a curva pontilhada
representa sua derivada (DTG, dm/dT), evidenciando as temperaturas onde a cinética de
decomposição ocorre com maior velocidade. As maiores perdas de massa foram vistas em
~307 ºC e 468ºC. Após 600ºC, o resíduo de ~5% em massa corresponde à presença de
impurezas inorgânicas. A temperatura de início de degradação a ~200ºC limita a temperatura
de secagem da amostra sob vácuo até ~150ºC.
A medida termogravimétrica foi feita em um equipamento de análises simultâneas
TG/DTA (DTA, em inglês, Differencial thermogravimetry analysis), modelo SDT 2960 da
TA Instruments, no Laboratório de Química de Nanoestruturas do CDTN/CNEN em Belo
Horizonte.
a)
b)
54
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
dm/dT (%/°C)
Massa(%)
Temperatura (ºC)
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Figura 4-2 - Análise termogravimétrica do polímero conjugado MEH-PPV.
4.2.2
SWNT
Como dito anteriormente, nanotubos de carbono vêm sendo bastante estudados
devido às suas propriedades mecânicas, elétricas e térmicas únicas [27]. Entretanto, SWNTs
isolados são mais difíceis de serem avaliados por experimentalistas, pois eles tendem a
agregar na forma de feixes contendo dezenas de nanômetros de diâmetro e muitos
micrômetros de comprimento, fazendo com que suas propriedades sejam inferiores àqueles
isolados, em nível de aplicação [27]. ainda dificuldade em separar SWNTs a partir desses
feixes e é por essa razão que inúmeros estudos têm sido realizados na tentativa de isolar estes
tubos para melhor aplicação deste material.
Dispersão então é qualquer disseminação de uma substância ao longo de todo o
volume de outra substância. Dessa forma uma dispersão é formada pela combinação de um
dispersante com um disperso e assim estamos considerando disseminação de nanotubos de
carbono em solventes orgânicos como dispersão. Um largo estudo tem focado sua atenção na
tentativa de dispersar SWNTs em solventes orgânicos. Este é um importante passo para
55
produzir tubos individuais, pois dispersar nanotubos de carbono tem impacto significante
sobre a concentração, estabilidade e fração individual de tubos na suspensão final do SWNT
[28].
Usamos neste trabalho SWNTs previamente purificados produzidos pelo método
CoMoCAT®, desta forma, a dispersão foi testada primeiramente em dois solventes
orgânicos: dimetilformamida (DMF) e N-metil-2-pirrolidona (NMP). Segundo a literatura
[29], estes solventes são bons dispersantes de nanotubos de carbono em baixas
concentrações. Baseado em FURTADO et al. [29], a dispersão da amostra foi feita numa
concentração máxima de nanotubo de 0,02mg de massa adicionada em cada mL de solvente.
Assim, foram preparadas 3 mL de solução de cada solvente como mostra a Figura 4-3.
Figura 4-3 – Fotografia ilustrando as dispersões em NMP em a), DMF em b) e NMP/THF em c).
A Figura 4-4 (a) e (b) mostra, por sua vez a banda de absorção do CoMoCAT® da
solução em DMF e NMP, respectivamente. Fica evidenciada a presença de nanotubos
dispersos em ambas as soluções, assim como referido na literatura [28,29].
Mas, de acordo com análises feitas previamente, fez-se necessário também a
dispersão do nanotubo adquirido comercialmente em uma mistura de solventes N-metil-2-
pirrolidona (NMP) e tetrahidrofurano (THF) na proporção de 1:1 devido à compatibilidade
dos solventes utilizados com o polímero. A Figura 4-4(b) mostra que a melhor dispersão do
CoMoCAT® foi em NMP submetido à sonificação no ultrassom de ponta e que nos apontam
maior intensidade do pico de absorção; ou seja, as bandas ficaram melhores evidenciadas,
indicando um maior número de tubos isolados em solução. A partir desse nosso resultado, foi
escolhida a solução a ser trabalhada nos filmes compósitos.
a)
b)
c)
56
As soluções foram levadas a sonificação tipo ponta (Ultrassonic Tip, mod. Sonics,
vibra-cell vcx-500). Foram usados acessórios de titânio, ou seja, uma ponta de 3 mm de
diâmetro e 159mm de comprimento, de alta intensidade e para volumes de 1 10 mL. A
sonificação foi feita durante 1 (uma) hora com alternâncias de 10 em 10 minutos e controlada
a temperatura com banho de gelo com potência de aproximadamente 8W. Logo após, a
mistura foi submetida ao banho de ultrassom e centrifugada (Eppendorf 5417C) por 60
minutos, a uma velocidade de 20800g. O líquido sobrenadante foi retirado e o precipitado
descartado para posteriores análises. Outros testes de dispersão foram realizados, mas por
meio de análises de absorção óptica o melhor resultado foi o relatado.
300 400 500 600 700 800
0,000
0,055
0,110
0,165
0,220
0,275
0,330
0,385
0,440
0,495
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
CoMoCat em DMF
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
a)
~580nm
300 400 500 600 700 800
0,000
0,125
0,250
0,375
0,500
0,625
0,750
0,875
1,000
1,125
1,250
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
CoMoCat em NMP
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
b)
~580nm
Energia (eV)
Figura 4-4 - Espectro de absorção óptica da solução de nanotubos CoMoCAT® após dispersão em DMF a) e
dispersão em NMP b).
4.2.3
COMPÓSITO (MEH-PPV + SWNT)
Para que se obtivesse solução homogênea de compósito, primeiramente foi testada a
compatibilidade do polímero MEH-PPV com os solventes das dispersões de nanotubos de
carbono, ou seja, DMF e NMP. Houve uma parcial dissolução do polímero em NMP e quase
57
não houve em DMF. Dessa forma, foi feita uma solução compósito a partir da solução de
MEH-PPV na mistura de solventes THF/NMP, já que nestes solventes a dissolução foi
facilitada tanto para a dispersão da solução de SWNT em NMP quanto a solubilização do
polímero em THF. Para ficar mais claro, a dispersão de SWNT tem uma concentração menor
que 0,02 mg/mL e a solução de MEH-PPV de 0,4 mg/mL. A solução resultante, compósito,
está na proporção de até 1:1 respectivamente.
Verificou-se previamente se houve formação de precipitado na mistura; em seguida,
esta foi então levada à agitação magnética durante aproximadamente 4 horas.
4.3 PRODUÇÃO DE FILMES
4.3.1
LAVAGEM DOS SUBSTRATOS
Os filmes foram depositados sobre diferentes substratos, dependendo da
caracterização a ser feita. Dessa maneira, foi necessário que cada substrato fosse tratado
diferentemente, antes da deposição do filme. A limpeza do substrato é de extrema
importância e devem, portanto ser limpos de modo rigoroso e criterioso.
4.3.1.1 Método RCA de hidrofilização de Substratos
Para análise de medidas elétricas, foi necessário o uso do substrato FTO, que consiste
de vidro BK7 com uma fina camada de óxido de estanho dopado com flúor.
58
O material utilizado para lavar o substrato de FTO foi hidróxido de amônia (NH
4
OH),
peróxido de hidrogênio 30% em volume (H
2
O
2
), água deionizada, suporte para substrato e
béquer. Foram utilizadas as seguintes etapas:
Etapa: lavagem dos substratos, suporte de vidro e do béquer com água abundante e
detergente.
2ª Etapa: montagem dos substratos no suporte de vidro dentro do béquer.
3ªEtapa: lavagem dos substratos com bastante água destilada.
4ªEtapa: banho térmico a 80° C dos substratos em solução de água deionizada,
peróxido de hidrogênio e hidróxido de amônia (H
2
O: H
2
O
2
: NH
4
OH) na proporção 5:1: 1,
respectivamente, durante 1 hora, para hidrofilização do substrato. Este método é conhecido
como limpeza padrão RCA[30].
5ª Etapa: os substratos ficam imersos em água destilada.
Todos os substratos foram lavados posteriormente com bastante água destilada e
secos com ar limpo. Desta forma, estão prontos para serem depositados os filmes. Este
procedimento é recomendado para substratos que são recobertos por finas camadas de óxidos
como os de estanho dopados com índio ou flúor ou mesmo metais, como ouro, prata ou
alumínio.
4.3.1.1.1 Preparação dos eletrodos interdigitados
Em algumas análises feitas neste trabalho usou-se um substrato de FTO recoberto por
trilhas que facilitam o transporte eletrônico. Será descrito aqui, portanto, o processo pelo qual
é submetido este substrato para formação do eletrodo interdigitado.
Inicialmente, o padrão do eletrodo interdigitado é desenhado em escala, através de um
editor de desenho vetorial. Em seguida, o mesmo desenho é impresso em alta resolução em
um papel transfer, comercialmente encontrado em lojas especializadas para a confecção de
circuitos integrados. Posteriormente, o papel transfer é colocado sobre o substrato de FTO,
conforme mostra a Figura 4-5, previamente lavado. A transferência é processada com o
auxílio de uma prensa, HT3020 Ferragini Design, obtendo assim o eletrodo interdigitado. O
material utilizado foi: béquer, acetona, zinco em fino, substrato FTO, água deionizada,
59
pinça, solução de HCl 1mol/L e multímetro digital. O procedimento segue as seguintes
etapas:
a. Lavar substrato com acetona.
b. Enxaguar bastante com água destilada.
c. Secar bem.
d. Verificar FTO com multímetro.
e. Colocar papel transfer (lado FTO) como mostra Figura 4-5.
f. Levar conjunto para a prensa aquecida (~180° C). O FTO + transfer
ficam voltados para cima. A prensa deve descer paralela à base para
evitar que o transfer se desloque da base. Assim que o tempo de
imprensão (t ~ 45s) terminar o apito irá soar e o substrato deverá, com
cuidado ser retirado imediatamente.(Obs. a pressão é ajustada
manualmente).
g. Passar pasta de zinco no sentido das trilhas (catalisador do ácido que irá
corroer o FTO não protegido pela tinta). Foi utilizado 0,4580g do zinco
para 0,5 ml de água destilada para fazer a pasta.
h. Mergulhar em ácido clorídrico 1 mol/L (não se deve deixar a amostra por
mais de 30s na solução para evitar que o HCl+Zn venha corroer o FTO
protegido).
i. Enxaguar abundantemente com água.
j. Repete-se os três itens anteriores novamente.
k. Enxaguar e limpar com acetona (para retirar o restante de tinta).
l. Enxaguar novamente com água.
m. Secar.
n. Verificar os contatos com multímetro.
o. Se as trilhas após corrosão não ficarem bem resolvidas o tempo e a
pressão devem ser reajustadas.
60
Fita adesiva
FTO
Transfer
Fita adesiva
FTO
Transfer
Figura 4-5- Esquema de transferência do protótipo interdigitado para o FTO.
O eletrodo de óxido de estanho (TO) tem como principal vantagem a sua estabilidade
química, baixa rugosidade, alta condutividade elétrica e transparência para a faixa do
espectro visível. O filme de óxido de estanho é depositado sobre substratos de vidro do tipo
BK7. Os eletrodos transparentes condutores (TO) podem ser fabricados com óxido de
estanho puro ou dopado com Flúor (FTO) conferindo uma maior condutividade ao
material[31]. O filme condutor transparente pode ser adquirido pela empresa Flexitec
consistindo em óxido de estanho dopado com flúor, com resistência de 10
-20
/cm
2
. A
concentração do dopante é da ordem de 0,5% em massa e foi escolhida de modo a permitir
ótimas características de transmitância e resistência do filme. Para este trabalho foram
utilizados substratos de FTO com dimensão de 18mm x 18mm x 1mm e resistência entre 10
e 40/cm
2
, espessura da camada condutora de 450 nm e contendo cerca de 24 interdigitados
de 1mm de comprimento por 350 µm de largura.
A Figura 4-6 mostra de forma esquemática o protótipo deste dispositivo interdigitado,
construído sobre substrato de FTO. Desta forma, o filme polimérico será depositado sobre o
interdigitado para o estudo de sua condutividade. Este layout foi escolhido uma vez que a
resistividade dos polímeros semicondutores é da ordem de 10
6
; neste caso teremos um
efeito de multiplicação de corrente proporcional ao número de canais. Ou ainda, nesta
estrutura a resistência total do sistema é equivalente a uma associação em paralela de
resistores, o que facilitará a medida de corrente elétrica a baixos valores de tensão (<100
volts).
61
Figura 4-6 – Representação esquemática do dispositivo interdigitado.
4.3.1.2 Lavagem com Ácido Sulfúrico
Consiste no uso de soluções diluídas de ácido sulfúrico H
2
SO
4
para lavagem dos
substratos que não contenham metais ou mesmo óxidos na superfície, uma vez que o ácido
oxida os metais. Este procedimento é usado para os substratos tipo quartzo ou mesmo o vidro
BK7 puro, para retirar toda e qualquer impureza do substrato, que depois é enxaguado com
bastante água destilada e posteriormente seco em ar limpo.
4.4 TÉCNICA CASTING
Para que se possam obter bons filmes poliméricos e resultados reprodutivos, é
necessário que se tenha o domínio da técnica para a preparação dos mesmos. Desta forma,
após a preparação dos substratos, a etapa seguinte consiste na deposição seletiva da solução
investigativa sobre os substratos. No caso deste trabalho, o método de deposição usado foi o
casting. Esta técnica consiste na deposição da solução no substrato na forma de gotejamento
como mostra a Figura 4-7.
É a técnica mais simples de deposição de filmes. Consiste no gotejamento da solução
polimérica sobre o substrato que é evaporada formando o filme. Esta tem a vantagem de ser
possível processar filmes com grandes espessuras (>1µm) para estudos do material numa
e=
450nm
FTO
62
configuração típica de bulk. Entretanto, estes filmes não são muito homogêneos e apresentam
alto grau de desordem estrutural com grande interação entre moléculas.
Figura 4-7 Representação esquemática do processo de obtenção de filmes por Casting.
4.4.1
TÉCNICA SPIN-COATING
O método de "spin-coating" resume-se em depositar gotas da solução inicial do
polímero sobre um substrato que apresenta um movimento de rotação [32].
É
também
denominada de spin-cast, e é um dos processos mais bem sucedidos na produção de filmes
finos uniformes. Utilizando um rotor (spinner) para substrato os filmes poliméricos da ordem
de 100 a 200 nm podem ser obtidos com alto grau de uniformidade e homogeneidade, através
do controle de aceleração e velocidade angular (ω). Entretanto esta técnica dependente de
fatores tais como: volatilidade do solvente, viscosidade e concentração do solvente-soluto,
tempo e velocidade angular de rotação. A produção dos filmes é feita pelo gotejamento em
excesso de material no centro do substrato que colocado a girar com velocidade angular e
tempo de rotação pré-definidos [3]. Nossos filmes foram preparados com deposição de um
volume de 150µL da solução de polímero, nanotubo e compósito sobre substrato, submetido
a uma velocidade de 1700rpm em um tempo de 180s de rotação.
63
Figura 4-8 - Representação esquemática do processo de obtenção de filmes por “spin-coating”
4.5 TÉCNICAS PARA CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS
Neste trabalho, técnicas de absorção óptica e fotoluminescência foram utilizadas para
a caracterização óptica e determinação de parâmetros essenciais do polímero, como energia
de gaps e comprimento de conjugação. Por espectroscopia de infravermelho e Raman, foram
feitas caracterizações estruturais dos materiais. As técnicas de estabilidade térmica e a
microscopia de força atômica foram utilizadas para a caracterização da morfologia, bem
como da determinação qualitativa da composição e pureza da amostra. Para análises elétricas
foram utilizadas as técnicas de impedância e estudo corrente-voltagem, o que nos permitiu
inferir sobre a condutividade e resistividade das amostras.
O conjunto de resultados obtidos através de todas essas técnicas nos permitiu analisar
cada propriedade e optimizá-las a partir dos procedimentos experimentais utilizados, bem
como avaliar conjuntamente as propriedades elétricas, ópticas, morfológicas e estruturais,
para a possível construção de uma célula fotovoltaica. Neste sentido, serão apresentados a
seguir, detalhes experimentais de cada uma das técnicas de caracterização utilizadas neste
trabalho.
64
4.5.1
CARACTERIZAÇÕES ÓPTICAS
4.5.1.1 Absorção Óptica
As medidas de absorção óptica foram realizadas no INFIS da UFU, no nosso
Laboratório de Análises Ópticas do Grupo de Espectroscopia de Materiais, em um aparato
experimental composto por uma fonte de excitação, uma lâmpada de deutério-tungstênio da
Ocean Optics (modelo Dtmini), operando numa faixa de comprimento de onda de 200 a 800
nm, e um conjunto de espelhos e lentes para colimar e focar o feixe de luz na amostra que é
lido em um espectrômetro e um detector CCD da Ocean Óptics (modelo USB 2000). O
esquema experimental é apresentado na Figura 4-9.
Figura 4-9 – Montagem experimental para absorção óptica. 1- fonte; 2- detector; 3-espelhos e 4- amostra.
Para medidas em solução foi usado cubeta de quartzo. A amostra foi preparada
também sob forma de filme através da técnica “casting” e medidas em substrato de quartzo.
Foi aplicada cerca de 3 (três) gotas da solução a ser medida, evaporando o solvente em estufa
à vácuo, a uma temperatura de 60
o
C, até completa secura.
65
4.5.1.2
Fotoluminescência
As medidas de fotoluminescência foram realizadas em um equipamento da Ocean
Optics do nosso laboratório, equipado com um detector CCD, modelo USB 2000, e a fonte
foi um laser de argônio (Ar) em 3 comprimentos de onda (456, 488 e 514 nm) de excitação,
com potência ajustada para aproximadamente 30 mW como mostra a Figura 4-10. Para a
realização das medidas, foram preparadas amostras mais espessas que as de AO, mas feito
através da mesma técnica. Nas mesmas soluções analisadas na AO foram também medidas
sua emissão.
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensity (a.u.)
wavelength (nm)
543nm
633nm
microcomputador
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensity (a.u.)
wavelength (nm)
543nm
633nm
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
L
1
L
2
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nm
C
detector
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
Laser Ar
+
criostato
Laser Ar
+
criostato
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
Laser Ar
+
criostato
porta amostra
filtro < 475nmfiltro < 475nm
C
detectordetector
L
1
L
2
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensity (a.u.)
wavelength (nm)
543nm
633nm
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Intensity (a.u.)
wavelength (nm)
543nm
633nm
microcomputador
espectrômetro
Figura 4-10 – Montagem experimental para Fotoluminescência
4.5.2
CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICAS
4.5.2.1 Microscopia de Força Atômica (AFM, do inglês,
microscopy Force Atomic).
As medidas de AFM foram realizadas utilizando um equipamento HALCYONICS-
MOD 1M PLUS, como mostra a Figura 4-11, do laboratório de AFM do Departamento de
66
Física da UFMG, em colaboração com o Prof. Bernardo Ruegger Almeida Neves. As
amostras produzidas para as medidas de AFM foram depositadas sob a forma de filme fino
em um substrato de FTO com dimensão aproximada de 5 mm de lado. Foram aquisicionadas
imagens de fase e distribuição de alturas de várias regiões da amostra.
Figura 4-11 – Equipamento AFM.
4.5.3
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL
4.5.3.1 Infravermelho
As medidas de espectroscopia na região do infravermelho por transformada de
Fourier FTIR (do inglês, Fourier Transform Infrared), foram realizadas no Laboratório de
Polímeros do Grupo Benhard Gross no Instituto de Física da USP de São Carlos IFSC-USP.
Utilizou-se um equipamento espectrômetro de FTIR Nicolet (Nexus 470). Espectros de FTIR
foram coletados no modo reflexão e adquiridos com 64 médias.
Desta forma, as amostras foram preparadas a partir da solução e depositadas sobre um
substrato de silício puro (não dopado) que é altamente transparente na região do
67
infravermelho. Foi aquecido a uma temperatura de aproximadamente 60ºC até obtenção de
um filme fino da amostra, livre de solvente.
4.5.3.2 Espectroscopia Raman
As medidas de miscroscopia Raman foram realizadas utilizando o equipamento
DILOR XY do Laboratório de Espectroscopia Raman do Departamento de Física da UFMG
em colaboração com o Prof. Dr. Cristiano Fantini Leite. Este equipamento é um triplo
monocromador, tendo acoplado um microscópio confocal (Olympus BH-2) e detector CCD.
A fonte utilizada foi um laser de Ar:Kr (excitação em 568nm=2.19eV) com potência de
1mW. Para as medidas de espectroscopia Raman foram produzidos filmes finos por spin-
coating em substratos de vidro revestido com uma fina camada de óxido de estanho, dopado
com flúor (FTO).
4.5.4
CARACTERIZAÇÕES ELÉTRICAS
4.5.4.1 Impedância
As medidas de impedância foram realizadas em um equipamento HEWLETT 4194.A
PACKARD – IMPEDANCE/GAIN-PHASE ANALYSER da Faculdade de Mecânica da
UFU. Foram capturados dados sobre impedância real e imaginária em escala linear que
compreende a faixa de 10 Hz a 100KHz, num total de 401 pontos para 64 médias. Filmes
finos foram preparados sobre substrato de FTO interdigitado.
68
Figura 4-12 – Foto do equipamento Impedancímetro.
4.5.4.2 Corrente x Tensão
Para análise em corrente contínua, foram feitos estudos de corrente-tensão através do
equipamento KEITHLEY 2400 SOURCE METER, mostrado na Figura 4-13, do grupo de
Polímeros Bernhad Bross do Instituto de Física de São Carlos, variando a tensão de 0 a 100
V. Esta técnica foi realizada em amostras sobre substrato interdigitado FTO, o que facilita o
transporte eletrônico no material. As medidas foram repetidas no nosso laboratório, sendo
reprodutíveis.
Figura 4-13 – Foto do equipamento KEITHLEY.
69
5 CAPÍTULO
5.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo, são apresentados os resultados da caracterização óptica, através dos
espectros de absorção e de emissão (PL), do polímero conjugado MEH-PPV, SWNT e
compósito conforme descrito no capítulo anterior, tanto em soluções como na forma de
filmes.
5.1.1
ABSORÇÃO ÓPTICA
5.1.1.1 Soluções
De acordo com a literatura [28], a amostra de nanotubos de carbono, o CoMoCAT®,
em solução aquosa de surfactante, tem predominantemente dois picos de absorção em 567 e
978nm, correspondendo principalmente às transições E22 e E11 para o nanotubo
semicondutor (6,5), com diâmetro ~1nm, de maior concentração na amostra, embora
contribuições de outros nanotubos estejam presentes nesses bandos com menores
intensidades, como mostra a Figura 5-1. A região marcada corresponde à região de medida
em nossas amostras.
Da Figura 5-4 podemos perceber que as energias de transição ópticas E22 não são,
neste caso, influenciadas pelo ambiente criado pelos solventes. Estudos nesse sentido
demonstram que medidas ópticas em vários solventes e surfactantes revelam que a transição
E22 de SWNTs desloca para menores energias com o aumento médio da constante dielétrica
70
ε [33]. Os solventes utilizados DMF (ε = 37) e NMP (ε = 33) apresentam um valor próximo
de ε [34], desta forma os SWNTs sofrerão influências semelhantes nos solventes analisados.
Figura 5-1 Espectro de absorção óptica da solução de CoMoCAT® e de solução de HiPco em surfactante
NaDDBS (dodecilbenzenossulfonato ácido de sódio) retirado em[28].
Uma vez escolhido o solvente a ser trabalhado com os nanotubos fez-se necessário
verificar a compatibilidade ou poder de dissolução dos mesmos com o polímero. Partindo
desse pressuposto, foram realizados ensaios de solubilidade, dissolvendo-se pequenas
quantidades de MEH-PPV nos solventes DMF e NMP. Consideramos então a partir deste
teste que, pode ser considerado um bom solvente, aquele que dissolve completamente a
amostra após um tempo aproximado de 5 minutos. O solvente moderado dissolve o polímero
parcialmente com turbidez avermelhada da solução formando uma espécie de precipitado,
levando um tempo maior para dissolver o polímero; e uma não solubilização caracteriza o
mau solvente. Diante dessa classificação nota-se uma boa solubilização do polímero em
THF, anteriormente comentado neste trabalho e confirmado pela literatura [35];
solubilização em DMF e solubilização moderada em NMP.
71
O
THF
N
O
NMP
H N
O
DMF
Figura 5-2 – Estrutura química dos solventes utilizados.
A Figura 5-2 mostra as estruturas químicas dos solventes utilizados e comprova com
base na literatura [35] que o polímero MEH-PPV é insolúvel em solventes alifáticos (cadeia
aberta) e apresenta solubilidade em solventes aromáticos baseado no teste de solubilidade
realizado para este trabalho; e que embora NMP e DMF sejam da família dos solventes
dipolares apróticos (ausência de H+ dissociável), a cadeia alifática do DMF impede a
solubilização do MEH-PPV.
Desta forma, pensando em uma boa interação do polímero com nanotubo foi
escolhida uma mistura dos solventes THF/NMP, levando-se em conta, o alto poder de
solubilização do THF para o polímero e do NMP para dispersar o nanotubo. O intuito para
tal é de facilitar o estudo fotofisico em solução e facilitar o processamento dos filmes. A
proporção dessa mistura é de 1:1 e o espectro resultante apresentado na Figura 5-3 é
comparável àqueles feitos em solução única de solventes.
300 400 500 600 700 800
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
CoMoCat em THF:NMP (1:1)
Figura 5-3 Espectro de absorção óptica para o CoMoCAT® na mistura de solventes THF/NMP na
proporção de 1:1.
72
400 500 600 700
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
Absorção normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
CoMoCAT em NMP/THF
CoMoCAT em NMP
CoMoCAT em DMF
Figura 5-4 – Espectro das dispersões nos diferentes solventes: NMP/THF, NMP e DMF.
Este resultado ainda não foi apresentado na literatura, mas é comparável a qualquer
outra dispersão feita em surfactantes ou mesmo em solventes amidas. O que se trata é da
dispersão de nanotubos nesses dois solventes, THF e NMP, separadamente, como indicado
nas referências [25,41,42]. A mistura ainda não havia sido testada e comprovada na
literatura, apresentando neste trabalho os primeiros resultados. O espectro na Figura 5-4
mostra que essa mistura de solventes proporcionou uma maior intensidade do pico de
absorção em 567nm. A qualidade da dispersão pode ser analisada a partir do que se chama de
razão da ressonância, do inglês, resonance ratio [28]. Este é um método desenvolvido para
quantificar a dispersabilidade das amostras a partir do espectro de absorção óptica em termos
do quociente da área da banda ressonante e seu background, como ilustrado na Figura 5-5.
Então, nas mesmas condições de concentração e do tipo de dispersão, a intensidade dos picos
de ressonância comparados com o background podem providenciar uma indicação da fração
de nanotubos suspensos para os solventes estudados. Por isso a razão da ressonância, pode
ser usada para quantificar a qualidade da dispersão [28]. As razões de ressonância
encontradas foram de 0,042 para o DMF, 0,071 para o NMP e 0,102 para THF/NMP. Esses
valores então, nos garantem tubos mais isolados em solução para a mistura de solventes
THF/NMP.
73
Figura 5-5 - Espectro de absorção óptica de uma amostra de nanotubos de carbono CoMoCAT®, mostrando a
banda ressonante e o background não ressonante, retirado em [28]
Entre outras coisas, as medidas de absorção óptica nos permitem inferir acerca do
grau de conjugação do polímero analisado, dos grupos laterais, da concentração das soluções
e da composição dos filmes nas propriedades ópticas do derivado substituído do PPV, o
MEH-PPV. Assume-se primeiramente uma diferença básica entre o comprimento de
conjugação de polímeros e o comprimento de cadeia. O primeiro é definido como o
comprimento da deslocalização dos elétrons π na cadeia polimérica e pode ser menor que o
comprimento de cadeia, o qual é definido pelo número de meros presentes na cadeia. Desta
forma, segmentos conjugados mais longos possuem energia de Gap menor, logo absorvem
em comprimentos de onda maiores. Por outro lado, os segmentos que absorvem em
comprimentos de onda pequenos são os de menor conjugação, possuindo mais alta energia de
Gap. Podemos relacionar essa informação com poços quânticos unidimensionais, mostrando
a diferença de energia necessária para confinar os portadores de carga num comprimento
finito, assim como é mostrado no esquema na Figura 5-6.
74
Figura 5-6 Esquema representando o modelo físico para um polímero conjugado envolvendo segmentos
conjugados de diferentes tamanhos separados por segmentos não-conjugados[3].
Na Figura 5-7 é apresentado o espectro de absorção para o MEH-PPV em solução de
THF. Observa-se que o espectro de MEH-PPV é bastante largo, característico de espectros
de absorção de polímeros. O motivo pelo qual estes polímeros têm uma banda de absorção
larga é porque ao longo da cadeia polimérica tem-se uma distribuição de segmentos
conjugados que absorvem em regiões espectrais distintas; e juntamente a isto, temos o efeito
de acoplamento dos estados eletrônicos com as vibrações da rede (os fônons), devido às
oscilações das cadeias poliméricas em torno da posição de equilíbrio [3]. Esse efeito é
aleatório e provoca uma variação na energia de Gap podendo-se aproximar este processo a
uma Gaussiana. Todos esses efeitos somados nos resultam em uma banda larga abrangendo
boa parte do espectro visível eletromagnético. O espectro apresentado na Figura 5-7
apresenta, basicamente, duas bandas de absorção: uma bem larga, com um máximo em
aproximadamente 500nm atribuída à transição π-π* entre estados delocalizados e uma
segunda, menos intensa, com máximo em torno de 330nm causada pela quebra de simetria da
cadeia quando houve a inserção dos dois grupos substituintes [5], característicos do MEH-
PPV. Este polímero é derivado do PPV (poli–p-fenilenovinileno), diferindo apenas pela
presença dos grupos laterais alcóxi. Desta forma, segundo a literatura [5], o PPV tem uma
larga banda de absorção centrada em 439nm e no MEH-PPV como tratado aqui, em solução
está em 500nm. Esse deslocamento para o vermelho, ou essa diferença nos espectros se deve
75
exatamente aos grupos laterais. Isso pode estar relacionado com o aumento da constante
dielétrica do material, devido ao maior número destes grupos na cadeia polimérica.
300 400 500 600
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
Absorção normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
MEHPPV em THF
Compósito em THF
498nm
Figura 5-7 – Espectro de absorção do MEH-PPV e compósito MEH-PPV/SWNT .
No mesmo espectro da Figura 5-7 é apresentado o espectro da solução compósito
preparada a partir da dispersão de nanotubos em NMP e da solução do polímero em THF.
Em condições normais, as moléculas estão no estado vibracional de menor energia do estado
eletrônico fundamental. A absorção de um fóton de radiação irá excitar as moléculas para um
estado eletrônico de energia maior, e para os diversos níveis vibracionais deste estado
eletrônico. O espectro de absorção será, portanto, composto por um conjunto de bandas
associadas às diversas transições vibracionais possíveis dos dois estados eletrônicos
envolvidos na transição, como já dito, anteriormente. Sua banda principal de absorção
também é larga e centrada em aproximadamente 488nm; e esta representa a diferença de
energia, entre os estados eletrônicos HOMO e LUMO. Como é notada, a banda do polímero
é superposta pela banda do compósito. Na Figura 5-8 também é mostrado o espectro para o
MEH-PPV e compósito na mistura de solventes. Nota-se também uma superposição das
bandas e ausência de deslocamento. Isto pode ser entendido como se os nanotubos de
carbono não influenciassem na absorção óptica do polímero; ou seja, este não quebra a
conjugação da cadeia e não altera a estrutura do MEH-PPV. Assim, se existe interação em
76
solução dos dois materiais esta pode estar sendo promovida através do solvente, que existe
em maior quantidade na solução.
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
MEHPPV em THF:NMP (1:1)
Compósito em THF:NMP (1:1)
Absorção normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500nm
Figura 5-8 Espectro de absorção do polímero e do compósito MEH-PPV /SWNT na mistura de solventes
THF/NMP (1:1)
5.1.1.2 Filmes
A Figura 5-9 mostra o espectro de absorção óptica para filmes de MEH-PPV, SWNT
e compósito MEH-PPV/SWNT numa faixa de comprimento de onda de 200-800 nm. A
banda correspondente a 567 nm não apareceu no espectro dos SWNT para os filmes, esses
picos são mostrados na Figura 5-1. Isso pode decorrer devido ao fato da concentração de
nanotubos na solução preparada ser pequena, (menor que 0,02mg/mL), e de ser usada uma
quantidade bastante pequena dessa solução para a produção de filmes. O pico de 978 nm [28]
é de maior intensidade, mas também não foi possível observá-lo, uma vez que o limite do
equipamento utilizado é de 800nm. Observam-se na mesma figura que as bandas dos
espectros de MEH-PPV e do compósito são bastante largas, características de espectros de
absorção de polímeros com um máximo centrado em 514 nm (2,41eV). A banda referente
77
aos grupos laterais do espectro do polímero é mais evidente e está posicionada em
aproximadamente 335 nm.
A Figura 5-9 mostra também o efeito causado no polímero pela inserção do nanotubo
de carbono no espectro de absorção. Pode-se perceber que a forma do espectro não muda e
que houve um alargamento na banda de absorção do polímero, indicando que houve absorção
em mais comprimentos de onda em relação ao polímero puro; ou seja, o comprimento médio
de conjugação do polímero é menor no compósito. Desta forma fica evidenciado que houve
realmente interação dos SWNT com o polímero, formando o compósito. Pôde-se verificar
também que esse alargamento não foi causado pelo solvente que absorve na região do
ultravioleta, uma vez também que o filme estava completamente seco.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
6 5 4 3 2
Energia (eV)
Absorção Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
MeHPPV
Compósito
SWNT
a)
300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
Absorção Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
MEHPPV em solução THF
MEHPPV filme casting
b)
Figura 5-9 Espectros de absorção em filmes do MEH-PPV, SWNT e compósito em a) e comparativo da
solução e filme de MEH-PPV em b).
Outra característica observada nos espectros de absorção foi um efeito solvatocrômico
quando comparamos os espectros em filme e em solução de THF. Os espectros em solução
são mais estreitos, com uma menor largura a meia altura, e ligeiramente deslocados em
relação à banda central de absorção, como se pode observar na Figura 5-9b. Isso evidencia
uma heterogeneidade do sistema pela maior distribuição de conformação de cromóforos,
levando a uma distribuição larga de tamanhos de segmentos conjugados que podem absorver
em diferentes comprimentos de onda. Verifica-se, portanto, nos espectros das soluções, uma
78
banda de absorção com um máximo centrado em aproximadamente 490nm enquanto que em
filmes esse máximo encontra-se em 520 nm. Além disso, esse deslocamento em
comprimento de onda para o vermelho nos filmes indica um aumento no comprimento médio
de conjugação no sistema; evidenciando uma possível interação entre os nanotubos de
carbono e o MEH-PPV.
Para análises da absorção óptica em soluções, possibilidades de ocorrer alguns
fatores consideráveis. Dependendo da concentração da solução, esta forma de espectro não é
observada, pois a densidade óptica da solução torna-se muito alta. Experimentalmente, um
espectro aconselhável é aquele onde a AO máxima é 1.
5.1.2
FOTOLUMINESCÊNCIA
5.1.2.1 Soluções
Da mesma forma que a absorção, um espectro de emissão poderá ou não ter uma
progressão vibracional que corresponde às transições do estado vibracional de menor energia
do primeiro estado eletrônico excitado, para os vários estados de menores energias
(comprimentos de onda maiores) dos estados vibracionais no estado eletrônico fundamental.
Serão apresentados os espectros de fotoluminescência em solução e em filmes.
Como comentado anteriormente, na absorção óptica um fóton é absorvido e passa do
HOMO para o LUMO, gerando assim um par elétron-buraco. Desta forma, tanto o buraco
gerado na banda de valência (BV) ou HOMO, quanto o elétron gerado na banda de condução
(BC) ou LUMO, possuem um excesso de energia em relação ao estado fundamental das
respectivas bandas. Pela busca de equilíbrio haverá uma relaxação intrabanda por emissão
de fônons até o fundo da banda de condução para emissão desse elétron radiativamente. Essa
energia é perdida na forma de vibração e corresponde a processos chamados não radiativos.
A Figura 5-10 abaixo mostra o espectro de fotoluminescência à temperatura ambiente
em solução de THF para o polímero MEH-PPV em três comprimentos de onda de excitação
79
457, 488 e 514 nm. O estudo desta dependência do espectro de PL com o comprimento de
onda de emissão permite inferir uma provável diferença espectral, devido à presença de
agregados em solução. Observamos então, a existência de dois picos característicos, que
representam a emissão de zero fônon em 555nm e a primeira réplica de fônon à 598nm.
Nota-se que a forma de linha do espectro não muda com o comprimento de onda de
excitação o que demonstra que o cromóforo emissor que está sendo excitado está
completamente solvatado e implica na inexistência de interação entre cadeias poliméricas
formando agregados exciméricos.
400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
457
488
514
Figura 5-10 – Espectro normalizado de fotoluminescência para o MEH-PPV em três comprimentos de onda de
excitação.
Os espectros de emissão do MEH-PPV para diferentes concentrações estão
apresentados na Figura 5-11 obtidos com um comprimento de onda de excitação de 488nm,
escolhido devido estar fora do centro da banda de absorção.
80
400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
a)
Diminuição da
concentração
400 500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
Intensidade PL
Comprimento de onda (nm)
Aumento da
concentração
b)
Figura 5-11 Espectros de emissão para o MEH-PPV variando a concentração, normalizados em a) e em
intensidade em b).
Estes espectros foram obtidos a partir do aumento da concentração do polímero que
estão especificados na Tabela 2.
A concentração foi variada da seguinte maneira: o espectro 0 indica primeira
concentração e foram adicionados 50µL da solução mãe (que é a qual foram preparados os
filmes) de MEH-PPV em 2 ml de THF. O espectro 1 indica uma gota a mais da solução mãe
e assim sucessivamente. A partir da medida 11 foram adicionadas 3 gotas da solução de
MEH-PPV e a medida 17 é a concentração original da solução mãe (~0,4mg/mL).
81
Tabela 2 - Especificações da variação de concentração da solução de MEH-PPV.
Nº da amostra
Volume (µL) da solução
gotejada de MEH-PPV
Nº da amostra
Volume (µL) da solução
gotejada de MEH-PPV
0 14 9 140
1 28 10 182
2 42 11 224
3 56 12 266
4 70 13 308
5 84 14 350
6 98 15 392
7 112 16 434
8 126 17 C 0,4mg/mL
Apesar da similaridade da progressão vibrônica da banda de PL, as intensidades
relativas entre as bandas vibrônicas 0-0 e 0-1 diminuem à medida que se aumenta a
concentração. A ocorrência do segundo pico de emissão ou primeira réplica de fônon que
corresponde a uma menor energia está relacionada com o grau de acoplamento elétron-
fônon, que pode ser estimado através do cálculo do fator Huang-Rhys, representado por S.
Este fator relaciona a energia de relaxação do meio a uma dada temperatura com a
freqüência do acoplamento elétron-fônon, ou seja, corresponde ao número médio de fônons
que estão envolvidos quando a molécula absorve um fóton no estado eletrônico fundamental
e adquire uma nova configuração no estado eletrônico excitado [35]. Para obter-se esse fator
é necessário determinar parâmetros que descrevem as curvas dos espectros. Cada curva
correspondente foi ajustada baseada em três gaussianas, determinando parâmetros como
posição (λ), largura à meia altura (ω) e área de cada gaussiana (A). Todos os espectros
ajustados se encontram no anexo 8.1 e na Tabela 3 estão presentes os parâmetros para as
bandas deconvoluídas.
Estes parâmetros foram obtidos no ajuste de uma função multi-gaussiana dada por:
( 5-1
)
82
Sendo que ω é a largura a meia altura, A é a área, x
c
a posição do máximo e y
0
a linha de
base.
A partir desses dados, calcula-se o fator Huang-Rhys dado pela equação 5-1:
( 5-2)
onde A
1
, A
2
,
1
e ω
2
correspondem a área e a largura dos picos de zero non e da primeira
réplica de fônon, respectivamente. Os valores de S
10
e S
20
estão expressos também na Tabela
3.
Como é observado no espectro de PL da Figura 5-11 não deslocamento ou mesmo
um alargamento significativo quando analisamos os espectros variando a concentração da
solução de MEH-PPV, indicando que não houve mudança no comprimento médio efetivo de
conjugação da cadeia polimérica. Por outro lado, verifica-se uma variação ou aumento no
valor do fator de Huang-Rhys – S, devido às diferenças nas intensidades relativas das bandas
0-1 e 0-0. Esse aumento indica, portanto o aumento do acoplamento elétron-fônon sem
mudança no comprimento médio de conjugação.
A concentração do polímero em solução, portanto, é um importante fator de alteração
da razão entre as alturas da primeira e da segunda banda (0-0/0-1) do espectro de emissão do
MEH-PPV. Isto ocorre porque a emissão é proporcional à concentração somente para
soluções diluídas. Quando a concentração da espécie fluorescente é alta, ocorre um efeito
chamado de efeito do filtro interno de emissão. Ele é causado pelo overlapping do espectro
de absorção com o de emissão, como mostrado na Figura 5-12, reduzindo a intensidade da
fluorescência, pois os fótons emitidos acabam sendo novamente reabsorvidos por outra
espécie de menor comprimento de conjugação presentes, no nosso caso no MEH-PPV;
caracterizando assim um fenômeno de transferência radiativa de energia [18].
83
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
Energia (eV)
PL Normalizada (u.a.)
Absorção Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
AO
PL
Figura 5-12 – Espectro de absorção e emissão para solução de MEH-PPV em THF/NMP.
A elevada concentração da espécie emissora não afeta somente a intensidade de
emissão, mas afeta também a forma da linha espectral. À medida que a concentração
aumenta, o espectro tende a ficar menos estruturado, como indica a Figura 5-11 para a
amostra 17. Quanto maior a sobreposição entre os espectros de absorção e emissão das
espécies fluorescentes envolvidas, maior será a distorção provocada no espectro com o
aumento da concentração.
84
Tabela 3 - Resultados dos ajustes dos espectros de emissão do MEH-PPV em solução de THF/NMP (1:1) e valor do fator Huang-Rhys S.
Amostra
λ
1
(nm)
ω
1
(nm) A
1
(nm
2
)
λ
2
(nm) ω
2
(nm) A
2
(nm
2
) λ
3
(nm)
ω
3
(nm)
A
3
(nm
2
) λ
4
(nm)
ω
4
(nm)
A
4
(nm
2
)
S
10
S
20
0 552,87
24,91 28,23 589,81 37,79 14,96 616,18 81,92 12,07 - - - 0,349 0,130
1 553,13
24,40 27,59 589,90 37,09 14,76 616,00 77,59 11,66 - - - 0,353 0,133
2 553,61
23,89 26,40 589,92 38,30 15,47 615,00 89,05 14,01 - - - 0,366 0,142
3 553,57
23,83 26,46 589,84 38,33 15,69 614,77 89,24 14,08 - - - 0,369 0,142
4 553,82
23,55 25,85 589,73 38,12 15,57 614,50 89,06 14,47 - - - 0,372 0,148
5 553,93
23,36 25,79 589,62 38,52 16,29 615,59 88,43 14,12 - - - 0,383 0,145
6 554,20
22,88 24,80 589,02 39,44 17,08 616,07 89,07 14,11 - - - 0,389 0,146
7 554,43
22,71 24,70 588,91 38,83 16,81 616,00 82,12 13,24 - - - 0,398 0,148
8 554,45
22,52 24,35 588,79 40,14 18,10 617,87 88,07 13,89 - - - 0,417 0,146
9 554,61
22,18 23,62 588,51 40,74 18,74 618,43 90,24 13,80 - - - 0,432 0,144
10 554,81
21,93 23,31 588,39 40,80 19,13 619,00 88,76 13,76 - - - 0,441 0,146
11 555,24
21,42 22,78 588,00 39,40 18,24 616,00 80,34 13,57 - - - 0,435 0,159
12 555,30
21,26 22,47 588,10 41,55 20,77 622,52 86,01 13,04 - - - 0,473 0,143
13 556,14
20,33 21,05 587,65 39,57 19,24 616,00 80,79 14,50 - - - 0,470 0,173
14 558,38
18,07 18,01 587,51 37,69 20,80 616,00 75,10 16,55 - - - 0,554 0,221
15 559,39
17,05 16,78 587,63 36,93 22,21 617,00 75,15 18,37 - - - 0,611 0,248
16 558,46
14,50 13,00 570,45 19,39 8,14 593,93 35,05 23,42 634,47 76,79 16,09 0,745 0,234
17 602,45
0,11 0,06 565,67 15,57 12,04 592,69 35,35 37,14 63,29 63,37 20,83 1,36 1,93
85
No caso do MEH-PPV existem 3 níveis vibrônicos, porém somente dois são de
intensidade significativa: a banda relativa à transição 0-0 e a relativa à transição 0-1. Existe,
portanto uma função de onda que descreve o porquê da intensidade da banda 0-0 ser maior
que da banda 0-1. Nesta função de onda consideram-se diferentes contribuições vibrônicas do
princípio de Franck-Condon para cada transição. Essa relação entre as intensidades mostra a
relação entre as probabilidades de transição entre os níveis vibrônicos e a probabilidade de
criação do fônon com a transição eletrônica. O comportamento desse fator S
10
em função da
concentração da solução de MEH-PPV está expresso na Figura 5-13.
1 10
0,1
1
0,1
1
S
20
(A
2
ω
0
/A
0
ω
2
)
S
20
S
10
(A
1
ω
0
/A
0
ω
1
)
Volume (
µ
L)
S
10
Figura 5-13 Gráfico do fator Huang Rhys (S) em função da concentração da solução de MEH-PPV (a linha
contínua entre os pontos serve apenas de guia para olhos).
Na Figura 5-13 foi utilizada uma escala logarítmica para melhor analisar o gráfico
obtido de S em função da concentracão na solução. Nota-se um ligeiro aumento no fator S
conforme aumenta a concentração de MEH-PPV. O aumento do fator S pode estar
relacionado com alguns fatores como a mudança do número de defeitos estruturais ao longo
da cadeia polimérica, aumentando suavemente o grau de conjugação da cadeia ou até mesmo
aumento de interação entre unidades da cadeia polimérica [38]. Podemos notar também que a
variação no S ocorre de maneira exponencial, sendo bem suave para concentrações mais
86
baixas ( 10 gotas) e acima desta concentração, a variação é mais rápida, aumentando o fator
S em cerca de ~3 vezes para a solução mais concentrada. A diferença entre os valores de S
10
e
S
20
indica que dois fônons efetivos se acoplam diferentemente com os estados eletrônicos.
Além disso, os valores baixos de S (S<1) indicam que o MEH-PPV apresenta-se altamente
conjugado, ou seja, com uma baixa desordem estrutural, para concentrações inferiores a ~0,4
mg/mL.
Foi analisado também o espectro de emissão do MEH-PPV em solução em função da
geometria de excitação da amostra para que se retirasse qualquer dúvida a respeito da forma
de linha do espectro de emissão. Este espectro é apresentado na Figura 5-14 e foi obtido
bombeando-se a amostra frontalmente e variando-se os ângulos de bombeio aleatoriamente
em relação à excitação frontal (θ
0
). Podemos observar que não existe nenhuma alteração
significativa no espectro de emissão em função da geometria de coleta do sinal da PL. Assim,
escolhemos a linha de excitação de 488nm do laser de argônio para realizarmos todas as
medidas de PL.
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
Excitação frontal
θ
0
θ
1
θ
2
θ
3
θ
4
θ
5
Intensidade PL
Comprimento de onda (nm)
λ
exc
=488nm
Figura 5-14 – Espectro de PL normalizada do MEH-PPV para diferentes geometrias de excitação.
Na Figura 5-13, foram apresentados os espectros de AO e PL para o MEH-PPV na
forma de filme. Podemos observar um deslocamento para o vermelho do espectro de emissão
(~ 62 nm) em comparação com o espectro de absorção óptica. Esse deslocamento, chamado
87
de Stokes Shift[18] pode ser entendido como na AO, temos um espectro óptico
correspondente às todos os comprimentos de conjugação presentes no filme, absorvendo na
região UV-Vis; porém, na emissão, somente os maiores comprimentos de conjugação é que
emitem nessa região estudada [18]. Além disso, como os dois espectros não são iguais, fica
evidente que as espécies emissoras são diferentes daquelas presentes na absorção.
Todo esse estudo feito acerca do polímero foi realizado no intuito de analisar
coerentemente os espectros do compósito para que se possa inferir com certeza sobre
interação entre polímero e nanotubo de carbono.
Desta forma, o espectro da Figura 5-15 apresenta a emissão do compósito para várias
concentrações de nanotubos de carbono na solução do polímero puro apresentado juntamente
com o do MEH-PPV puro para efeito de comparação, excitando a amostra em 488nm. A
concentração foi aumentada de acordo com o número de gotas de solução de nanotubos de
carbono dispersos em NMP/THF acrescentadas na solução do polímero em mesmo solvente
como mostra a Tabela 4.
Tabela 4 - Especificações para variação da concentração do compósito.
Nº da amostra
Volume (µL) da solução
de nanotubos
adicionados
Nº da amostra
Volume (µL) da solução
de nanotubos
adicionados
1 14 6 84
2 28 7 98
3 42 8 112
4 56 9 126
5 70 10 140
88
400 500 600 700 800
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
MEHPPV
Compósito
Intensidade PL
Comprimento de onda (nm)
Aumento da
concentração
de SWNT
Figura 5-15 Espectro de emissão do compósito para diferentes concentrações.
Nota-se que a forma de linha do espectro de PL para o compósito não é influenciada
pelo aumento da concentração de nanotubos de carbono na solução do polímero e que as
intensidades relativas do pico 0-0 e 0-1 não são significativamente modificadas se comparado
ao espectro do MEH-PPV puro sem solução.
Seguindo o mesmo procedimento adotado para o cálculo de S para o MEH-PPV foi
obtido o fator de Huang-Rhys S para o compósito variando a concentração de nanotubos na
solução do polímero, inicialmente numa concentração de 0,1mg/mL no mesmo solvente,
conforme especificado como mostra a Tabela 4.
Cada espectro de emissão ajustado para o compósito é apresentado no anexo 8.2. Os
parâmetros foram retirados, como pode ser visto na Tabela 5, e calculado o fator de Huang-
Rhys S.
89
Tabela 5 - Resultados dos ajustes dos espectros de emissão do compósito MEH-PPV/SWNT em solução de THF/NMP (1:1)
Amostra λ
1
(nm) ω
1
(nm) A
1
(nm
2
) λ
2
(nm) ω
2
(nm) A
2
(nm
2
) λ
3
(nm) ω
3
(nm) A
3
(nm
2
)
S
10
S
20
MEH-PPV 555,29 27,18 67138,92 590,15 46,13 51963,80 620,78 88,56 42136,76 0,456 0,193
Compósito 1 555,44 27,11 65790,42 590,33 46,13 50771,74 620,30 89,91 42523,42 0,454 0,195
Compósito 2 555,28 27,15 66828,96 590,09 46,35 52225,20 620,56 89,56 42595,26 0,458 0,193
Compósito 3 555,46 27,12 65154,25 590,38 46,18 50364,97 620,39 90,01 42067,77 0,454 0,195
Compósito 4 555,46 27,11 64285,67 590,35 46,19 49640,73 620,29 89,94 41674,16 0,453 0,195
Compósito 5 555,36 27,11 63875,44 519,19 46,50 50133,79 620,50 90,10 41300,29 0,458 0,195
Compósito 6 555,37 27,13 63069,52 590,26 46,22 48789,01 620,28 90,03 40884,13 0,454 0,195
Compósito 7 555,69 27,15 63211,36 590,31 46,22 48716,51 620,19 90,17 41024,31 0,452 0,195
Compósito 8 555,39 27,13 61655,44 590,31 46,24 47494,72 620,05 90,20 40112,77 0,452 0,196
Compósito 9 555,41 27,11 60810,86 590,28 46,36 47197,63 620,35 90,02 39310,00 0,454 0,195
Compósito 10 555,40 27,14 59644,48 590,26 46,39 46262,73 620,36 89,90 38604,23 0,454 0,195
90
A Figura 5-16 mostra o comportamento de S
10
em função da concentração da solução
dispersa de SWNT. O que se observa é que o valor de S não apresenta variação significativa
em relação ao aumento de nanotubos de carbono em solução. É interessante notar que a
presença dos SWNTs mantém os valores de S quase constantes indicando que a interação
entre os nanotubos de carbono e cadeia polimérica se dá sem alteração no comprimento médio
de conjugação do polímero.
0 2 4 6 8 10
0,430
0,435
0,440
0,445
0,450
0,455
0,460
0,465
0,470
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
S
20
(
ω
0
A
2
/
ω
2
A
0
)
S
10
(
ω
0
A
1
/
ω
1
A
0
)
Volume (
µ
L)
Figura 5-16 Gráfico do fator Huang Rhys (S) em função da concentração de SWNT na solução de MEH-PPV
(a linha contínua entre os pontos serve apenas de guia para olhos).
5.1.2.2 Filmes
Os espectros de emissão para o polímero MEH-PPV e compósito na forma de filmes
são apresentados na Figura 5-17. Para os filmes são observadas duas bandas de emissão na
região do visível que correspondem à transição puramente eletrônica 0-0 em um comprimento
de onda de 595nm e uma réplica de fônon em 630nm. Outra banda, centrada em 660nm está
presente, mas com intensidade muito baixa em relação às outras duas bandas como mostra o
espectro ajustado com gaussianas na Figura 5-17- ( b e c).
91
550 600 650 700 750
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7
Energia (eV)
Comprimento de onda (nm)
MEHPPV
COMPOSITO
PL Normalizada (u.a.)
595nm
630nm
a)
500 550 600 650 700 750
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2,4 2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6
Energia (eV)
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
MEHPPV
b)
500 550 600 650 700 750
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2,4 2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6
Energia (eV)
Compósito
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
c)
Figura 5-17 Espectros de emissão normalizada em filmes, para o MEH-PPV e compósito em a) e seus
respectivos ajustes com gaussianas em b) e c).
92
Para os espectros apresentados em filmes um ligeiro aumento da largura à meia
altura para o compósito em relação ao polímero puro e uma diminuição da intensidade
relativa das bandas de transição I
0-0
/I
0-1;
como conseqüência, um aumento no valor do fator S.
Este resultado indica um aumento na interação elétron-fônon do compósito e sugere a
existência de uma interação eletrônica entre os nanotubos de carbono e o MEH-PPV. Devido
à esse fato, fez-se necessário o ajuste dos espectros e o cálculo do fator Huang-Rhys S para
essa comprovação. Esses ajustes são mostrados na Figura 5-17 (b e c) e os parâmetros seguem
na Tabela 6.
Tabela 6 – Parâmetros dos ajustes e fator S para o MEH-PPV e compósito em filmes.
MEH-PPV Compósito
λ
1
(nm) 593,54 595,63
ω
1
(nm) 40,48 40,18
A
1
(nm
2
) 31,72 33,46
λ
2
(nm) 634,26 634,02
ω
2
(nm) 37,63 37,52
A
2
(nm
2
) 12,57 16,56
λ
3
(nm) 660,33 660,09
ω
3
(nm) 55,09 61,40
A
3
(nm
2
) 7,18 14,10
S
0-1
0,426 0,530
S
0-2
0,166 0,276
Dentro das nossas análises, apresentaremos agora uma comparação dos espectros de
emissão em solução e filme para os sistemas polímero puro e compósito. A emissão no filme
mostra um deslocamento de aproximadamente 30nm no espectro do polímero e do compósito,
para o infravermelho mais próximo se comparado com a solução, como é mostrado na Figura
5-18, indicando um aumento do comprimento de conjugação médio do polímero em solução
ocasionado, provavelmente, pela mudança de estado físico e ausência do solvente (efeito do
empacotamento das cadeias), ou seja, um aumento da desordem estrutural desses materiais
em filme comparativamente à solução.
93
500 550 600 650 700 750 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Energia (eV)
PL normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
MEHPPV filme
Compósito filme
MEHPPV solução
Compósito solução
558 595
688
630
600
Figura 5-18 - Espectros de emissão para o MEH-PPV e compósito, em solução e em filme.
Na análise dos espectros de emissão do MEH-PPV com o aumento da concentração da
solução Figura 5-11- não se nota o surgimento ou um maior pronunciamento dos picos
relativos às transições nas regiões de menor energia do espectro, o que seria um indicativo da
ocorrência da formação de excímeros e/ou exciplexos. Todavia, um leve ombro em 688nm
torna-se mais pronunciado na emissão do filme conforme indica a Figura 5-18, indicando,
portanto, a formação de espécies exciméricas, como observado na AO.
A diferença de energia entre as transições 0-0 dos espectros de absorção e emissão
como mostram as Figura 5-12 e Figura 5-19 é conhecida como deslocamento de Stokes e
ocorre devido a um processo de reorientação das moléculas de solvente ao redor da molécula
excitada (devido à excitação, a molécula altera o seu momento dipolo e/ou sua
polarizabilidade). Como esta reorientação dissipa energia, na forma de calor ou vibração, a
emissão correspondente à transição 0-0 será de menor energia [18].
94
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
AO normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
AO Compósito
PL Compósito
Energia (eV)
PL normalizada (u.a.)
Figura 5-19 - Espectro de absorção e emissão para solução de compósito MEH-PPV/SWNT em THF/NMP.
No caso do compósito, o deslocamento Stokes é um pouco menor (~55 nm) do que
para o MEH-PPV puro (~ 62 nm). Esta diferença corrobora com as nossas indicações de que
há interação eletrônica entre os nanotubos de carbono e o MEH-PPV.
Esta comprovação pode também ser feita, se observamos a variação do ‘gap de
energia desses sistemas, retirados dos espectros de AO e PL para o MEH-PPV e o compósito
MEH-PPV/SWNT.
A Tabela 7 mostra os valores da energia de gap referentes aos materiais estudados que
é facilmente encontrada pela equação (3-4).
Tabela 7 - Cálculo de energia de gap para o MEH-PPV e compósito: solução e filme.
E
gap
Absorção (eV)
E
gap
Emissão (eV)
Solução
MEH-PPV 2,48 2,22
Compósito 2,48 2,22
Filme
MEH-PPV 2,41 2,09
Compósito 2,41 2,07
95
Podemos observar que o gap óptico é maior para as soluções comparativamente aos
filmes, indicando para estes uma maior desordem estrutural. Comparando os valores obtidos
de “gap” para os filmes com os valores apresentados para o PPV na tabela 1, observamos uma
diminuição desse valor devido à presença dos grupos laterais alcóxi na cadeia polimérica do
MEH-PPV, tornando mais condutor esse derivado. Assim, podemos concluir que a presença
dos nanotubos de carbono (SWNT) não afeta as propriedades ópticas do MEH-PPV.
5.1.3 AFM
As imagens de AFM indicam a morfologia, a qualidade da superfície e a composição
dos filmes depositados sobre os substratos de FTO, numa forma qualitativa. As Figura 5-20 e
Figura 5-21 mostram a superfície dos filmes produzidos para o MEH-PPV, e compósito,
respectivamente.
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
% Number of events
Height (nm)
MEHPPV
b)
a)
96
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
% Number of events
Height (nm)
Composite
d)
Figura 5-20 Imagens de AFM 1.5µm x 1.5µm topográficas de filmes de a) MEH-PPV e c) compósito MEH-
PPV/SWNTs e os histogramas das imagens em b) e d) respectivamente.
Figura 5-21 Imagens 300nm x 300nm de fase para MEH-PPV em a), SWNT em b) e compósito MEH-
PPV/SWNT em c).
Os filmes foram preparados através da técnica casting e em seguida depositados sobre
substratos de FTO numa área de varredura de 1,5µm x 1,5µm.
A mudança de cor de branco para preto nas imagens da Figura 5-20 representa a
distribuição de alturas na superfície do filme. De acordo com a literatura [39] estas são
imagens características de filmes de MEH-PPV em THF. A imagem do compósito tem
estrutura similar ao MEH-PPV o que nos indica que morfologicamente o polímero não é
fortemente afetado pela presença dos SWNTs. Estes por sua vez não aparecem na superfície
dos filmes, nos levando a acreditar que se encontram provavelmente em pequenos
aglomerados no interior do filme.
300nm300nm 300nm
a)
b)
c)
c)
97
Para caracterização quantitativa das imagens uma análise estatística da distribuição de
alturas foi feita e plotada à direita da Figura 5-20. Como a superfície destes filmes é formada
por um conjunto de partículas de alturas diferentes, faz-se necessário entender como essas
alturas estão distribuídas ao longo da área depositada. A análise visual das imagens não nos
permite obter essas informações, por isso através do cálculo da rugosidade quadrática média
(σ
RMS
), que é um parâmetro físico que fornece o valor médio da rugosidade da superfície, é
que podemos observar as diferenças entre a superfície do compósito e do MEH-PPV.
A descrição deste parâmetro [38] é feita através de uma estatística de primeira ordem
onde existe uma função h= h(
r
r
) que descreve matematicamente uma superfície rugosa, sendo
h a altura da superfície em relação a uma referência, a altura média, por exemplo, e
r
r
(x,y) o
vetor posição na superfície. Como a superfície é distribuída aleatoriamente é necessária uma
função distribuição de alturas, p(h) que fornecerá a probabilidade da altura da superfície estar
entre h e h+ dh em relação a algum ponto da superfície. Essa função de distribuição é
facilitada se utilizarmos uma função gaussiana, já que essa é uma função matematicamente
simples [38].
A rugosidade quadrática média será dada então pelo momento de segunda ordem dessa
função h expresso na equação (5-3).
(
)
dh
hhA
hh
RMS
RMS
RMS
+
=
2
2
2
2
2
exp
2
)(
σ
σ
σ
( 5-3)
onde A é a área total sob a curva Gaussiana,
h
é o valor médio da altura da superfície e σ
RMS
é a rugosidade quadrática média.
Os valores encontrados de σ
RMS
para o filme de MEH-PPV e compósito são ~ 0,09 e
0,07nm, respectivamente. Estes valores são próximos e sugerem que a memória do material
polimérico é retida no compósito e este comportamento é refletido na sua superfície. Este
resultado corrobora a existência de interações entre SWNTs e MEH-PPV observados em
todos os nossos estudos apresentados até então.
Imagens de fase foram obtidas pelo modo tapping ou contato intermitente, para que
não se danificassem as amostras. Nessas imagens (Figura 5-21) podemos observar que os
filmes são bastante heterogêneos, como era esperado, uma vez que a técnica de deposição é
98
a casting. Além disso, podemos observar a presença de bastante solvente nos filmes, mesmo
após o procedimento de secagem adotado, que são as regiões mais escuras nas imagens.
5.1.4
INFRAVERMELHO
A espectroscopia no infravermelho (espectroscopia IV) é um tipo de espectroscopia de
absorção na região do infravermelho do espectro eletromagnético. Os espectros na região do
infravermelho são úteis para caracterizar a presença de grupos químicos funcionais que
constituem o material. Esse tipo de espectroscopia se baseia no fato de que as ligações
químicas das substâncias possuem freqüências de vibrações específicas, as quais
correspondem a níveis de energia da molécula, chamados nesse caso de níveis vibracionais.
Tais freqüências dependem da forma da superfície de energia potencial da molécula, da
geometria molecular, das massas dos átomos e eventualmente do acoplamento vibrônico [23].
Se a molécula receber luz com exatamente a mesma energia de uma dessas vibrações, então a
luz será absorvida desde que sejam atendidas as regras de seleção. Para que uma vibração
apareça no espectro IV, a molécula precisa sofrer uma variação no seu momento dipolar
durante essa vibração. A espectroscopia de infravermelho então é uma espectroscopia
vibracional, que mede diferentes tipos de vibração entre átomos de acordo com suas ligações
interatômicas.
A Figura 5-22 mostra o espectro de infravermelho para o MEH-PPV, SWNT e
compósito, na região espectral de 1200 a 2500cm
-1
. O espectro relacionado ao SWNT não
apresenta modos vibracionais intensos nessa região analisada. Essas intensidades relativas
fracas estão de acordo com o esperado de uma amostra bruta de nanotubos de carbono, uma
vez que o momento de dipolo gerado neste tipo de amostra, livres de maiores defeitos
estruturais ou de algum tipo de modificação química, é bastante fraco, ou mesmo inexistente.
Sua atividade no infravermelho está relacionada aos dipolos elétricos gerados pela
deformação dos orbitais devido à geometria particular do sistema [40]. Por isso, seus modos
são muito difíceis de serem observados na prática, por espectroscopia na região do
infravermelho.
Podemos observar na Figura 5-22-a os espectros vibracionais do MEH-PPV, SWNT e
compósito MEH-PPV/SWNT. Para números de ondas abaixo de 1400 cm
-1
, temos um
99
espectro correspondente às vibrações dos grupos C-C e C-H presentes nos materiais. Para
valores superiores a 1800 cm
-1
temos vibrações de estiramento das ligações químicas
presentes nos grupos CH, CH
2
e CH
3
. Assim, analisaremos a região espctral de 1400 a 1800
cm
-1
, cujos modos vibracionais são afirmados na tabela 8. Esta região corresponde às
vibrações de maiores energias das ligações C-C e C=C existentes nos nossos materiais.
Podemos observar no espectro do MEH-PPV Figura 5-22-b uma banda larga ajustada com
duas Lorentzianas, centradas em 1539cm
-1
e 1660cm
-1
afirmada como um modo de
estiramento simétrico - ν (C=C) da ligação dupla entre os carbonos do grupo vinil e fenil,
respectivamente [35]. O ajuste com Lorentzianas foi feito da seguinte maneira: ajustava-se o
espectro do polímero puro e em seguida, os parâmetros posição e largura à meia altura do
modo vibracional eram ajustados no compósito. Observamos um deslocamento em número de
onda para o compósito da primeira Lorentziana, mantendo-se constante a sua largura e os
dados da segunda Lorentziana. O estiramento C=C nos nanotubos em ~ 1590cm
-1
[41] não foi
visto nos espectros devido sua baixa intensidade, aumentada somente com a criação de
desordem estrutural nos tubos [41].
A interação MEH-PPV-SWNT no material compósito é confirmada pela mudança na
banda vibracional do polímero entre 1500cm
-1
e 1700cm
-1
que corresponde à vibração C = C
dos grupos constituintes, na Figura 5-22. Esta banda foi fitada no espectro do polímero puro
com duas Lorentzianas, centradas em 1539cm
-1
(grupo vinil) e 1660cm
-1
(grupo fenil). Depois
da introdução de SWNT no polímero, a primeira banda é deslocada para um valor de
aproximadamente 1556cm
-1
. Esse deslocamento para valores maiores número de onda sugere
o encurtamento da ligação C=C do grupo vinil por transferência de carga para o polímero,
evidenciando a interação MEH-PPV-SWNT.
100
1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
0
5
10
15
20
25
30
35
Transmitância (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
MEHPPV
COMPÓSITO
SWNT
a)
1300 1400 1500 1600 1700 1800
27
28
29
30
31
32
1660
Transmitância (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
1539
MEHPPV
b)
1300 1400 1500 1600 1700 1800
19,5
20,0
20,5
21,0
21,5
22,0
22,5
23,0
1660
Transmitância (u.a.)
mero de onda (cm
-1
)
1556
COMPÓSITO
c)
Figura 5-22 – Espectro de infravermelho para o MEH-PPV, SWNT e compósito em a) e seus respectivos ajustes
em b) e c).
Algumas das vibrações no IR detectadas em amostras puras de MEH-PPV são
identificadas na Tabela 8.
101
Tabela 8: Atribuição das bandas dos espectros na região do infravermelho para o MEH-
PPV[35, 43].
ν (cm
-
1
) Atribuição ν (cm
-
1
) Atribuição
772 δ (fenila) 1504, 1582
r
ν (C-C aromático)
859 δ (CH fenila) 1520, 1282
r
C=C (vinil)
968 β(CH trans – vinila) 1596 ν
a
(C-C aromático)
1040 ν(alquil – oxigênio) 1623
r
C=C (fenil)
1116, 1112
r
ν (fenil – oxigênio) 2859
ν (vinila – CH2),
C-C (vinil)
r
1355
β
s
(CH2) 2928 ν (CH)
1413 ν (fenila) 2957 ν
a
(CH3)
1463 ν
a
(fenila) 3058
ν (vinila – CH)
β = deformação no plano, δ= deformação fora do plano, ν= estiramento de ligação, a=
antissimétrica, s= simétrica;
r
= atribuição no Raman
5.1.5
ESPECTROCOPIA RAMAN
No espalhamento Raman, uma radiação interage com uma molécula e é espalhada com
freqüência modificada. Esta variação na freqüência corresponde à diferença de dois estados
vibracionais. Desta forma, a espectroscopia Raman permite-nos obter sobre algumas
propriedades físicas, especialmente àquelas relacionadas com as freqüências vibracionais.
O intuito principal do uso dessa técnica neste trabalho é de caracterização estrutural
complementar à análise feita no infravermelho, para poder inferir também através dos
espectros vibracionais sobre a interação entre nanotubos de carbono e a cadeia polimérica,
que nesta técnica os modos vibracionais dos nanotubos de carbono são fortemente ativos
nessa região espectral analisada.
102
1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
400
600
800
1000
1200
SWNT
COMPOSITO
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
MEHPPV
a)
1500 1550 1600 1650 1700 1750
930
940
950
960
970
980
990
1000
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
MEHPPV
ω = 1594 cm
-1
ω = 74 cm
-1
b)
1500 1550 1600 1650 1700 1750
500
525
550
575
600
625
650
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
ω =1594 cm
-1
ω =15 cm
-1
SWNT
c)
1500 1550 1600 1650 1700 1750
600
625
650
675
700
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
ω =1589 cm
-1
ω =15 cm
-1
COMPOSITOd)
Figura 5-23 Espectro Micro-Raman para filmes de MEH-PPV, SWNTs e compósito MEH-PPV/SWNT num
intervalo de 1200 a 1800cm
-1
em a) e ajustes lorentziano em b) para o MEH-PPV, SWNTs em c) e compósito
MEH-PPV/SWNT em d) num intervalo de 1500 a 1750cm
-1
.
A Figura 5-23 mostra o espectro micro-Raman obtido no intervalo de 1200-1800 cm
-1
para filmes dos componentes individuais e para o compósito. Devido ao fato do espalhamento
103
Raman em nanotubos de carbono estar associado a processos ressonantes, os modos
vibracionais mais intensos, como os modos tangenciais (nomeado banda G) e radiais (banda
R) são facilmente observados. Mesmo sendo a concentração de nanotubos na amostra
pequena, o espectro representado na Figura 5-23-c mostra a banda tangencial G centrada em
1594 cm
-1
, confirmando dessa forma a presença de nanotubos nos filmes preparados. A banda
G esstá associada ao modo de vibração em materiais grafíticos (hibridização sp
2
) em que dois
átomos na folha de grafeno movem-se tangencialmente um contra o outro [40].
Pode-se fazer uma analogia da dispersão Raman em polímeros, de forma simplificada,
com o problema de uma partícula na caixa, onde o elétron estaria confinado em uma “caixa”
cuja dimensão seria o comprimento de conjugação da cadeia polimérica. Os diferentes
comprimentos de conjugação (ou as caixas de diferentes tamanhos) resultariam em energias
diversas para as transições eletrônicas, pois a solução da equação de Schrödinger para uma
partícula na caixa leva a valores de energia proporcionais a L
-2
, onde L é o tamanho da caixa.
Cada radiação excitante entrará em ressonância com uma determinada transição e, portanto,
os espectros observados para diferentes radiações excitantes serão referentes a diferentes
comprimentos de conjugação, que, por sua vez, têm diferentes freqüências vibracionais, pois
uma maior conjugação significa um enfraquecimento das constantes de força [43]. Assim
sendo, os espectros Raman obtidos com diferentes radiações excitantes, apresentarão bandas
com diferentes números de onda. O espectro da Figura 5-23-a, para o MEH-PPV, mostra uma
banda na mesma região espectral que a do nanotubo de carbono, associada ao modo
vibracional de estiramento C=C dos grupos constituintes do polímero. Os ajustes com
Lorentzianas podem ser observados na Figura 5-23-b. Baseado no espectro Raman para o
MEH-PPV, os principais grupos característicos se encontram em 1112cm
-1
(para uma mistura
de C – C stretching e C – H no plano bending), 1282cm
-1
(C = C stretching do fenil), 1582cm
-
1
(C – C stretching do fenil), 1623cm
-1
(C = C stretching do grupo vinil) e 2859cm
-1
(C – C do
grupo vinil)[ 44]. A Figura 5-24 ilustra como são estes modos de vibração.
104
SIMÉTRICO
A
S
SIMÉTRICO
+
+
+
-
FORA DO PLANO
NO PLANO
TESOURA
ROTAÇÃO
TWIST WAG
MODOS DE DEFORMAÇÃO (
BENDING
)
MODOS DE
ESTIRAMENTO (
STRETCHING
)
Figura 5-24 – Exemplificação dos modos mais característicos de vibração.
Para o compósito, a forma da banda é similar ao do espectro do SWNT, provavelmente
porque a linha de excitação do laser (568nm) é próxima da extremidade da emissão dos
nanotubos de carbono, que caracteriza uma condição quase-ressonante com um conseqüente
aumento da linha Raman dos SWNTs no compósito. As bandas são centradas em 1594cm
-1
com largura à meia altura (FWHM), FWHM= 74cm
-1
para o MEH-PPV, 1594cm
-1
com
FWHM = 15cm
-1
para o SWNT e 1589cm
-1
com FWHM = 15cm
-1
para o compósito. O
deslocamento para menores frequências da banda G do SWNT indica um amolecimento
(softening) da ligação C=C dos tubos, sugerindo assim, uma transferência de carga dos
nanotubos de carbono para o polímero. Este resultado corrobora com o que foi obtido na
absorção óptica, emissão e espectroscopia no infravermelho, sugerindo interação eletrônica
entre SWNTs e MEH-PPV.
O espectro Raman permite-nos também inferir sobre o modo de vibração determinante
na primeira réplica de fônon do espectro de emissão. Através das medidas de
fotoluminescência verificamos que a emissão correspondente ao pico de zero-fônon para os
filmes está centrada em 595nm (2,08eV) e sua primeira réplica se encontra em 630nm
(1,97eV). A diferença de energia entre a transição puramente eletrônica e a primeira réplica é
de 110meV ou de 35nm. Baseados nesta diferença de energia pela fotoluminescência e pelos
valores de energia do modo vibracional do espectro Raman podemos assim então determinar
qual o modo de vibração predominante nas transições ópticas do MEH-PPV.
105
A diferença em energia no espectro de emissão do filme MEH-PPV puro para a
transição 00-01 é de ~110 meV, que corresponde a 887 cm
-1
, e para a transição 00-02 é de
~200meV, que corresponde a 1613cm
-1
. As bandas vibracionais nos espectros de
infravermelho e Raman nos indicam o deslocamento em cm
-1
proporcional à energia de
vibração. Assim, se comparados com os modos ativos apresentados na Tabela 8, bem como
com os ajustes presentes nas Figura 5-22 e 5-22, podemos assinalar tais energias de PL
respectivamente aos modos vibracionais de deformação fora do plano da ligação C-H do
grupamento químico fenil e de estiramento da ligação C-C do mesmo grupo, presente na
estrutura do MEH-PPV. Podemos afirmar neste caso, portanto, que o acoplamento elétron-
fônon presente na estrutura do polímero é devido à combinação dos modos normais de
vibração δ (CH fenil) e ν (C-C fenil) presentes no MEH-PPV. Este resultado comprova a
nossa observação na PL a respeito do acoplamento eletron-fônon envolver dois fônons
efetivos.
Foi comentado anteriormente, na análise dos dados de AO e PL, sobre o deslocamento
espectral dos filmes em relação às soluções de MEH-PPV para maiores comprimentos de
onda. Uma das coisas que isto indica nesse caso é um aumento do comprimento de
conjugação e não quer dizer, por exemplo, que outros tipos de fônons interagem. O aumento
da concentração aumenta o número populacional de fônons e estes, por sua vez, interferem
nos modos uns dos outros, interagindo e provocando diferenças nas intensidades relativas
entre o pico 0-0 e 0-1, como foi mostrado pela variação no fator S de Huang-Rhys.
5.1.6
MEDIDAS ELÉTRICAS
5.1.6.1 Condutividade DC
O comportamento da corrente (I) no estado estacionário em função da voltagem
aplicada (V) é uma das características elétricas mais importantes a serem determinadas em
dispositivo. Nosso sistema se baseia em uma camada dos materiais (MEH-PPV, SWNT e
compósito) depositada sobre um eletrodo interdigitado de FTO (especificado na seção
106
4.1.1.1). O levantamento da curva de corrente vs voltagem (I-V) permite não somente a
determinação dos intervalos de operação, mas também a investigação sobre os mecanismos
que regem os processos de injeção e transporte de carga do dispositivo.
A Figura 5-25 mostra o comportamento das curvas do MEH-PPV, SWNT e compósito
no estudo corrente-tensão.
-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
-18
-16
-14
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
a) MEHPPV
Corrente (
µ
A)
Voltagem (V)
-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Corrente (
µ
A)
Voltagem (V)
b) SWNT
-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Corrente (
µ
A)
Voltagem (V)
c) COMPÓSITO
Figura 5-25 - Comportamento das curvas I-V para o MEH-PPV em a), SWNT em b) e compósito em c).
107
Através da caracterização I x V para os sistemas polímero conjugado, nanotubo de
carbono e compósito, pode-se observar que a tensão de disparo do SWNT e compósito é
elevada em aproximadamente +20V. Além disso, para um mesmo valor de tensão, podemos
observar um aumento da corrente no compósito relativo ao polímero neutro de ~ 10 vezes;
indicando a presença de cargas no compósito, que são diferentes das cargas relativas ao MEH-
PPV e cerca de 2% de diferença entre os valores de corrente para os nanotubos e o compósito;
corroborando com resultados de estudos espectroscópicos que indicam uma transferência de
carga dos nanotubos para o polímero. O mesmo comportamento da curva característica do
compósito, semelhante à do nanotubo, é visto quando tensão reversa é aplicada nas amostras.
5.1.6.2 Impedância
De um modo geral, o estudo do comportamento da impedância complexa por circuitos
equivalentes é uma maneira simples e usual para descrever as características elétricas de uma
amostra entre dois eletrodos em uma estrutura plana e paralela. Capacitores e resistores
associados de diversas maneiras têm sido usados como sistemas equivalentes na descrição do
comportamento de condução e armazenamento de cargas em materiais não condutores.
Resistores são usualmente utilizados para representar a resistividade de um dado material ou a
resistência da interface entre dois materiais à passagem da corrente. Capacitores, por sua vez,
são usados para representar o acúmulo de cargas nessas interfaces, definindo tempos de
relaxação característicos das estruturas estudadas. Entretanto, muitos podem ser os circuitos
equivalentes para representar a impedância complexa de um dado sistema, porém, a
simplicidade do circuito e a consistência dos elementos escolhidos com os processos físicos
envolvidos devem sempre ser levadas em consideração.
As Figuras 5-26 e 5-27 mostram resultados preliminares obtidos a partir da
espectroscopia de impedância no intervalo de freqüência entre 10 e 0,1MHz. A técnica de
medição para essa medida ainda deverá ser aprimorada, mas um resultado importante que
pode ser retirado dessa análise é que os valores da parte real da impedância (Z’), em baixas
freqüências, para os nanotubos de carbono são predominantemente semicondutores (~2,0 x
10
5
), na mesma ordem de grandeza dos valores para o polímero conjugado (~5,2 x 10
5
).
O material compósito resultante apresenta valores intermediários entre os dois materiais puros
108
(~3,5 x 10
5
), ou seja, a introdução do nanotubo no polímero aumenta a condutância do
sistema, e consequentemente, a corrente elétrica. Além disso, a parte imaginária da
impedância (Z”) nos indica como ocorrem os processos de relaxação dos sistemas. Como
podemos observar, os processos de relaxação no compósito são ~ 2 vezes maior do que no
polímero puro, indicando uma maior interação eletron-fônon nesse sistema. Além disso,
podemos observar que o espectro do compósito tem a mesma forma que o espectro de
impedância dos nanotubos de carbono, sugerindo a existência de transferência de carga do
SWNT para o MEH-PPV. Este resultado corrobora com nossos resultados ópticos e de análise
elétrica DC, sugerindo uma interação eletrônica entre SWNT e MEH-PPV.
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
0
200M
400M
600M
800M
Z' & Z" (
)
Frequência (Hz)
MEH-PPV
Z'
Z"
a)
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
0
50M
100M
150M
200M
Z' & Z" (
)
Frequência (Hz)
SWNTs
Z'
Z"
b)
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
0
100M
200M
300M
400M
500M
Z' & Z" (
)
Frequência (Hz)
MEH-PPV/SWNTs
Z'
Z"
c)
109
Figura 5-26 – Espectros de impedância para o MEH-PPV em a), SWNT em b) e Compósito em c).
10 100 1000 10000 100000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
MEHPPV
SWNT
Compósito
Z' (M
)
Frequência (Hz)
10 100 1000 10000 100000
0
200
400
600
800
MEHPPV
SWNT
Compósito
Z" (M
)
Frequência (Hz)
Figura 5-27 – Espectros para MEH-PPV, SWNT e compósito de Z’ vs freqüência em a) e Z” em b).
110
6 CONCLUSÕES
Neste trabalho, apresentamos o estudo das propriedades ópticas, estruturais e elétricas
do compósito MEH-PPV/SWNT. A principal motivação foi optimizar as propriedades do
material compósito entre o polímero conjugado MEH-PPV e nanotubos de carbono de parede
simples estudando suas interações. Soluções destes materiais foram analisadas juntamente
com filmes casting preparados a partir das mesmas. As caracterizações ópticas foram obtidas
através da absorção óptica e fotoluminescência, que nos permitiram obter informações sobre a
estrutura eletrônica dos materiais separados e em conjunto formando um compósito.
Como um dos nossos objetivos futuros é a confecção de um dispositivo fotovoltaico,
tornou-se necessário optimizar a construção do compósito para podermos elaborar filmes.
Assim, uma nova solução foi proposta para a dispersão dos SWNT no MEH-PPV, a partir da
combinação de dois solventes relatados na literatura, o THF e a NMP; sendo o primeiro,
um bom solvente para o polímero e o segundo caracterizado por nós como um bom
dispersante para os nanotubos de carbono. Assim, optimizamos a dispersão numa razão
THF/NMP de 1:1.
As medidas de absorção apresentaram espectros com bandas características das
transições dos estados delocalizados dos segmentos conjugados de MEH-PPV, a qualidade de
dispersão dos nanotubos de carbono e a variação não significativa do espectro óptico com a
formação do compósito. Estes resultados sugerem que a presença dos nanotubos de carbono,
embora interagindo com o polímero luminescente, não afeta consideravelmente as suas
propriedades ópticas.
As medidas de PL mostraram que o MEH-PPV emite na região visível do espectro
eletromagnético, onde o primeiro pico em ~595nm representa a emissão zero fônon,
representando a transição puramente eletrônica, e o segundo pico em ~630nm representa a
emissão da primeira réplica de fônon. Foram realizadas medidas de emissão variando a linha e
a geometria de excitação e a concentração de MEH-PPV, no intuito de concluir acerca das
interações dos dois materiais analisados. Verificamos então a independência da emissão do
polímero com a linha de excitação (no solvente estudado) e da geometria de excitação, pois os
espectros de PL apresentaram a mesma forma de linha e também posição dos máximos da
banda. Já com o estudo da concentração, ocorre uma diminuição das intensidades relativas das
bandas 0-0/0-1 e um deslocamento dessas bandas quando comparadas com filmes, o que pôde
111
ser explicado pela influência do filtro interno da auto-absorção adicionado. Neste estudo, o
parâmetro Huang-Rhys se mostrou um eficiente método para averiguar a contribuição
vibrônica das relaxações radiativas em soluções e filmes.
A microscopia de força atômica (AFM) não nos forneceu uma imagem clara de
nanotubos na superfície dos filmes analisados, mas nos permitiu inferir acerca das
distribuições de altura dos filmes, mostrando que o compósito tem superfície similar à do
polímero.
A espectroscopia Raman e a absorção na região do infravermelho nos auxiliaram na
análise das propriedades estruturais dos filmes de MEH-PPV e compósito. Observamos um
aumento da largura da banda quando comparamos o polímero e o compósito. Esses espectros
foram ajustados, nos permitindo inferir que o espectro vibracional é modificado pela interação
entre nanotubos de carbono e polímero.
Análises elétricas prévias foram feitas através de levantamento de curvas
características I x V, nas medidas DC, no intuito de avaliarmos a aplicação do compósito na
elaboração de dispositivos. Pudemos observar que a corrente elétrica no compósito aumenta
em relação ao polímero puro, quando SWNT é introduzido no MEH-PPV. Espectros de
impedância foram obtidos para os materiais e pudemos notar que, em baixas freqüências, a
componente real da impedância complexa diminui no compósito comparativo ao polímero.
Além disso, a componente imaginária da impedância nos indicou um aumento nos processos
de relaxação do compósito em relação ao MEH-PPV. Todas as observações das medidas
elétricas nos levam a um aumento na corrente elétrica do sistema bem como uma mudança na
relaxação do sistema, indicando interação entre SWNT e MEH-PPV.
Nesse trabablho, todos os nossos estudos indicam que interação entre SWNT e
MEH-PPV, sem perda das propriedades ópticas do polímero conjugado, com um ligeiro
aumento na corrente elétrica resultante do número de cargas superiores no compósito e um
aumento na interação eletron-fônon, proveniente das mudanças nos processos de relaxação do
compósito, cujo espectro é similar ao espectro dos nanotubos de carbono.
Em conclusão, todas as nossas caracterizações levaram ao indicativo da utilização
desse compósito na aplicação de dispositivo fotovoltaico.
112
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116
8 ANEXOS
8.1 Ajustes gaussiânicos do MEH-PPV
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
0
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
3
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
117
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
4
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
5
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
6
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
7
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
118
500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
8
Comprimento de onda (nm)
PL Normalizada (u.a.)
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
9
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
10
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
11
Comprimento de onda (nm)
PL Normalizada (u.a.)
119
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
12
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
13
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
14
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
15
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
120
500 600 700 800
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
16
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
17
PL Normalizada (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
8.2 Ajustes gaussiânicos do compósito MEH-PPV/SWNT
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
MEHPPV
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 1
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
121
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 2
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 3
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 4
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 5
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
122
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 7
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 8
Comprimento de onda (nm)
PL (u.a.)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 9
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
500 600 700 800
0
500
1000
1500
2000
2500
composito 10
PL (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
123
9 APÊNDICE
9.1 Artigos aceito e submetidos
9.1.1 Artigo aceito no Journal of Non-crystalline solids.
Absorption and emission properties of LBL-PPV films deposited on ITO
electrodes
L. C. Poças
1
, K. R. Campos
1
, S. L. Nogueira
1
, E. Piovesan
2
, R. A. Silva
1
, M. L. Vega
3
,
Alexandre Marletta
*1
1
Instituto de Física, Universidade Federal de Uberlândia, CP 593, 38400-902 Uberlândia - MG,
Brazil
.
2
Instituto de Física de São Carlos - Universidade de São Paulo, CP 369, 13560-970
São Carlos - SP, Brazil.
3
Departamento de Física - Universidade Federal do Piauí, 64049-690 Teresina - PI, Brazil.
Abstract
*
Corresponding author: Tel.: +55 34 32394190; fax: +55 34 32394190. e-mail:
124
In this work we studied the properties of absorption and emission line shape of layer-by-
layer (LBL) poly(p-phenylene vinylene) (PPV) on indium-tin oxide (ITO) electrode. To
minimize the PPV thermal conversion effects during the polymer processing, we used a less
aggressive leaving group in the precursor polymer; minimizing electrode degradation. LBL
ITO/PPV films showed the same absorption and emission line shape compared with LBL
PPV films deposited on non-metallic substrates (glass). With this analysis we indirectly
observe the decrease in the ITO degradation. Atomic force microscopy (AFM) technique was
used to analyze quantitatively the microscopic morphology of the film surface. Results
indicated that the substrate topology is not affected, to a large extent, by the use of
dodecylbenzensulfonate (DBS) ion.
PACS: 72.80.Le; 78.20.-e; 78.40.Me; 78.66.Qn;
Keywords: poly(p-phenylene vinylene), layer-by-layer, indium-tin oxide, AFM.
1. Introduction
Conjugated polymers with non-localized π electrons have been investigated as possible
candidates for optoelectronic applications as active layers in polymer light emission diodes
(PLEDs) [1]. Experimentally, the electronic characteristics of the polymer/electrode interface
have been investigated as a physical-chemistry problem [2-4]. In the case of poly (p-
phenylene vinylene) (PPV), the interaction at the junction (metal/polymer) depends on the
polymer synthesis route. The principal effects on transparent electrode (hole-injector electrode
(indium-tin oxide ITO)) were observed by XPS experiment [3,5]. The degradation of the
ITO electrode decreases the charge injection efficiency and the electroluminescence quantum
125
yield [2,6]. During the PPV thermal conversion process via a soluble non-conjugated
precursor polymer, the poly(xylylidene tetrahydrothiophenium) (PTHT), chemical sub-
products (HCl) react with ITO, resulting in a new chemical product: indium chloride (InCl
3
).
This sub-product diffuses into the ITO/PPV interface and introduces an oxidative process in
the polymer [3]. This non-intentional doping sets up the interface as a Schottky barrier,
forming a hetero-layer device, independently of the work function of the hole injector metal
[2]. As an alternative process, the degradation on the electrode during the PPV conversion
process is minimized by using less aggressive leaving groups. This is of interest to the
development of PLEDs which require high efficiency, long lifetime and low operating
voltage.
The layer-by-layer (LBL) technique has been used as an alternative process to produce
polymer thin films [7-9]. Recently, the physical adsorption of PPV precursor, the PTHT, was
demonstrated in an alternative scope with LBL technique using the dodecylbenzenesulfonate
(DBS) ion as counter-ion. In this route, the chloride anion of PTHT is exchanged by DBS
during the deposition [10]. The PTHT+DBS multilayers were deposited in the non-self
limited process [11] which control the DBS incorporation and layer thickness (about 0.5 nm
per layer). Infrared measurements showed the permanence of the DBS molecule in the PPV
film [12]. In comparison with the conventional method, at high temperatures (>200°C), the
LBL PPV+DBS films presents less carbonyl groups (C=O), increasing the quantum
luminescence efficiency [10]. In addition, the exchange of the counter-ion Cl by DBS reduces
the final sub-product (HCl) during the synthesis.
In this letter, we use this new chemical route to investigate the effect on the optical
properties of PPV layer, deposited on ITO-substrate, when a less aggressive leaving group,
the DBS ion, is used as counter-ion for PTHT. For comparison, the LBL films were also
deposited on inert and non-metallic glass substrate (BK7). The morphology of the films
126
surface is an important parameter for the development of PLEDs; in this way, the influence on
the surface quality due to the mixed PTHT+DBS precursor was studied using the Atomic
Force Microscopy (AFM) technique.
2. Experimental procedures
PPV films were deposited on either hydrophilic glass substrates (BK7) or glass coated
with ITO (ITO-substrates). The substrates were submitted to a RCA procedure [13] (chemical
cleaning that allows to obtain hydrophilic substrates) on a solution containing H
2
O (Milli-Q),
H2O2 mixed with NH4OH in the proportion of 5:1:1 (v/v) at 80°C for 30 min and washed
with ultrapure water (Milli-Q) to remove the chemical residues. The PPV precursor (PTHT)
was synthesized by using the chemical route as developed by Bradley [14]. The LBL
PTHT+DBS films were deposited by dip coating on hydrophilic substrates with 5 and 20
layers following procedures in reference 10 and LBL PPV+DBS films were thermal
converted (T
conv
) at 230°C for 2 hrs. under vacuum (10 mbar). The ultraviolet-visible (UV-
Vis) absorption measurements were performed using a Hitachi U-2001 spectrophotometer.
The photoluminescence (PL) spectra were obtained at room temperature using the 458 nm
line of an Ar
+
laser as the excitation source with a power density of
20 mW/cm
2
. Spectral
analysis of the PL was carried out by a spectrometer DIGIKROM DK480 and the detection
was made by a Hamamatsu R446 photomultiplier, using standard lock-in technique. The
samples were closed in a cryostat under vacuum (1.3 10
-5
mbar). AFM experiments were
performed with a Nanoscope IIIa Multimode
TM
from Digital Instruments. The images were
obtained under ambient conditions in tapping mode. We used the commercial Si cantilever
127
probe with a spring constant in the range from 20 to 100 N/m and free oscillation in a range
between 250 and 300 KHz [15]. The scan area was 10x10 µm
2
and the scan rate was 0.7 Hz.
3. Experimental results
To investigate the effect on the optical properties of the PPV layer and possible PPV
degradation at the ITO/PPV interface, when a less aggressive leaving group is used as
counter-ion for PTHT, we take advantage of the LBL process of PPV films combined with
DBS. Figures 1a and 1b show the absorbance spectra of PPV+DBS with 5 and 20 layers on
the ITO and glass substrate (BK7), respectively. The ITO-substrate absorption is also shown
(Fig. 1c). This spectrum is used to obtain the corrected spectra of the PPV layer on the ITO-
substrate.
After absorption, energy transfer and/or charge diffusion occurs and the radiative
processes (photoluminescence - PL) take place on PPV segments with the highest conjugation
degree (highest occupied molecular orbital (HOMO) lowest unoccupied molecular orbital
(LUMO) transition). PL spectra of LBL PPV+DBS films with 5 and 20 layers on both ITO
and glass substrates are shown in Figs. 2a and 2b, respectively. The quantitative analysis of
the PL spectra was carried out using multi-peak Gaussian functions and the fitting parameters
are listed in Table I.
Figure 3 shows the 10x10 µm
2
AFM images of PPV+DBS LBL film with 20 layers on
ITO-substrate. In order to analyze quantitatively the AFM images shown in Fig. 3 we
obtained the height distribution for the images (Fig. 4). These histograms were analyzed using
a Gaussian distribution function (solid line in Fig. 4); and the parameters obtained are shown
in Table II.
128
4. Discussion
LBL PPV+DBS films with 20 layers (Fig. 1a) show a good spectral definition in the
gap region for both substrates. It is interesting to note that by applying the correction due to
ITO absorbance (Fig. 1a), the resultant spectra (labeled as corrected) does not change
significantly. This can be explained by the fact that the absorption maximum of the ITO and
the polymer layer coincide. Figure 1a also shows that, below 450 nm, the absorption line of
LBL PPV+DBS films presents a tendency of reduction in its intensity (between 350 and 450
nm). Considering the molecular orbital theory [16,17], the decrease in intensity in the blue
side of the absorption line can be associated with the reduction in the concentration of PPV
segments with low conjugation degree. The reduction in the effective conjugation length in
the PPV layer on ITO is generally associated to the conjugation break via structural defects
incorporated during the conventional thermal conversion process [18]. From this result, we
can conclude that by using the DBS as a counter-ion of PPV precursor, the influence of the
thermal conversion process on electronic structure of PPV, in the interface ITO/PPV, is
considerably reduced, decreasing the degradation of the ITO-substrate. Moreover, the
absorption line shape of PPV+DBS films are identical on both ITO and glass substrates,
indicating that, in this case, the conjugation length distribution does not depend on the
substrate.
The PL peak located in the lower energy range in Figs. 2a and 2b is related to the
electronic transition [16,17] and the difference in energy between this peak (λ
1
~515 nm) and
the first vibrational mode (λ
2
~550) nm is about 1235 cm
-1
; which can be observed by Infrared
and/or Raman spectroscopy [18].
129
Huang-Rhys parameter S, related to the vibronic intensity in the emission curves and the
relaxation energy of excited state, can be approximated by the Franck-Condon factor in the
emission spectra as:
!
0
2
m
Se
m
mS
=
(1)
where 0 denotes HOMO state and m is the m-th vibrational mode coupled to the LUMO state
[19]. In this approach, the parameter S of the vibrational mode with energy of about 1100
1500 cm
-1
is not affected significantly at room temperature. Using the intensities a
i
from the
multi-peak Gaussian fitting in Table I and Expression 1, the Huang-Rhys parameter can be
written as:
12
a/aS
.
No significant changes on the parameters can be observed for the different substrates; in
other words, the fitted parameters indicate again, as in the case of the absorption (Fig. 1), that
the PL line shape does not depend on the substrate. It is possible to conclude that using the
DBS in LBL PPV films, the spectral characteristics of both absorption and PL, on ITO or
inert substrates are similar. However, significant differences can be observed with the number
of layers in the spectral position of zero-phonon peak (λ
1
). PL spectra of LBL films with 5
layers are blue shifted relative to the films with 20 layers, independently of the substrate. In
the case of the films on ITO, the shift is equal 1.5 nm and on Glass is 2.6 nm. This spectral
displacement is consistent with the absorbance spectra shown in Fig. 1. This change with the
number of layers is a polymer/substrate effects.
From the technological point of view, the morphology of the polymer surface is an
important parameter for the development of PLEDs [20]. In this way, the effect on the surface
quality of PPV films due to the mixing of the precursor (PTHT) with DBS was studied using
the AFM technique. The qualitative analysis of Fig. 3 shows that the film presents a globular
topography and the number of peaks greater than 20 nm is high. This feature is reflected in
130
the root mean square roughness parameter (σ
rms
) [21,22]; σ
rms
is 8.0 nm for the LBL film with
20 layers. For the LBL case, the physical adsorption of the PPV precursor (polyelectrolyte) on
the substrate is a thermodynamic process where clusters grows up following the substrate
profile and the subsequent layers depend on the proceeding ones. This process is usually
controlled by dipole-dipole and/or Van der Waals interactions [23,24].
The results obtained in the Fig. 4 indicate that the films have normal surface height
distribution [25] with the width, w; in accordance with value of σ
rms
. The number of peaks
greater than 20 nm represents approximately only 0.6%, consequently, the center of the
distribution h
c
is near the reference (h=0).
5. Conclusion
In this work we have studied the effect on the PPV absorption and emission line shape
when a new route, which employs less aggressive chemical leaving groups in the polymer
matrix, is adopted to obtain PPV films. The results showed that the spectral characteristics of
both absorbance and PL, from LBL PPV+DBS films, do not depend on the substrate (glass or
ITO) and also, showed a good spectral definition in the gap region. From this result we can
conclude that, when this new route is used, the influence of the thermal conversion process on
electronic structure of PPV, in the interface ITO/PPV is, in fact, considerably reduced,
indicating a week reaction of DBS with ITO and a reduction in the ITO electrode degradation.
Analysis of AFM measurements indicated that the substrate topology is not affected, to a
large extent, by the use of DBS ion.
Acknowledgements
131
The authors would like to acknowledge the financial support granted by the Brazilian
agencies: Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) and Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). We also thank to Dr. Angel A. Hidalgo
for the manuscript revision.
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133
9.1.2 Artigo submetido ao JNN Journal of Nanoscience and
Nanotecnology.
Optical and Structural characterization of MEH-PPV/SWNTs
composite films
S. L. Nogueira
1
, C. A. Furtado
2*
, N. M. Barbosa Neto
1
, B. R. Neves
3
, C. Fantini
2
, A. P.
Santos
2
,
A. Marletta
1
and R. A. Silva
11
1
Instituto de Física, Universidade Federal de Uberlândia, CP 593, 38400-902, Uberlândia -
MG, Brazil
2
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – CDTN/CNEN
Belo Horizonte – MG – Brazil
3
Departamento de Física, ICEx, Universidade Federal de Minas Gerais, CP 702, Belo
Horizonte, MG, Brazil
Abstract: Composite films of conjugated polymer poly [2-methoxy-5-(2`- ethyl-hexyloxy)-p-
phenylene-vinylene] (MEH-PPV) and single-walled semiconductor carbon nanotubes
(CoMoCAT®) have been prepared by spin-coating and its optical absorption, emission,
1
Corresponding authors: 1-Raigna Augusta da Silva Zadra Armond
Instituto de Física – Universidade Federal de Uberlândia
Tel.: +55 – 34 – 32394190
Fax: +55 – 34 – 32394106
e-mail: [email protected]u.br
2-Clascídia Aparecida Furtado
CDTN/CNEN
e-mail:
clas@cdtn.br
134
structural and morphological properties were investigated. All spectroscopic techniques
evidence interaction between MEH-PPV and SWNTs and AFM images show different
morphologies from neat polymer to composite films.
Keywords: MEH-PPV, SWNTs, optical properties, structural characterization, AFM.
135
Introduction
Organic semiconductors are currently regarded as promising candidate for application in the
field of energy conversion, such as large-area photodetectors
1,2
and solar cells.
3,4
Recently, the
introduction of the bulk heterojunction concept, where the donor and acceptor materials are
blended in a nanometric scale, has shown to allow the production of devices with enhanced
efficiency. Hence, an extensive investigation on the excited charge transfer properties
between hybrids of conjugated polymers and initially fullerenes
5
and later carbon nanotubes
6
has been carried out in the last years.
The majority of the conjugated polymers, such as poly (phenylene vinylene) (PPV) and its
derivatives, has been known as a hole transport material because its hole mobility is one to
three orders of magnitude higher than its electron mobiliy.
7,8
For example, poly [2-methoxy-
5-(2`- ethyl-hexyloxy)-p-phenylene-vinylene] (MEH-PPV) is a hole transporting material in
which the high density of electron traps, such as oxygen impurities and conjugational defects,
inhibits the electron transport.
9
Thus, an imbalance of electron and hole mobilities results in a
lowers efficiency of the device. As single-walled carbon nanotubes SWNTs have been
demonstrated to be efficient oxygen-capturing materials
10
, blending MEH-PPV with SWNTs
may decrease the oxygen trap density and, thus, increase the electron mobility that is a
limitation in developing photovoltaic devices. In comparison with fullerenes, the high aspect
ratio (> 10
3
) for SWNTs allows the establishment of ultralow percolation thresholds in
nanocomposites, proving the means for high carrier mobility and efficient charge transfer for
loading as low as 0.01 wt%
11
. Besides, SWNTs are extremely strong reinforcing materials due
to their unique high mechanical strength.
12,13
In this context, the combination of carbon nanotubes with π-conjugated polymers is of
particular interest
14
. In the present work, we report the optical, structural and morphological
characterization of composite films between MEH-PPV and CoMoCAT®
15
SWNTs. The
136
presence of mainly (~ 90%) of semiconducting tubes in CoMoCAT® samples is an issue in
avoiding short circuit solar cell devices.
Experimental details
Samples
MEH-PPV conjugated polymer purchased from Aldrich and comercial Single-Walled carbon
nanotubes (SWNT) CoMoCAT®
15
samples were used in this work. The CoMoCAT®
samples are composed by ~ 90% of semiconductoing tubes, characterized by Raman
spectroscopy.
16
Dispersion of CoMoCAT®
CoMoCAT® nanotubes were dispersed in a (1:1) solution of N-methyl-2-pyrrolidone (NMP)
and tetrahidrofuran (THF) in a concentration of 0.02 mg/mL
17,18
. The dispersion was
produced by sonication, using an ultrassonic tip processor (Sonics, Vibra-cell VCX-500), for
1 hour with cooling-off periods each 10 minutes, and subsequent centrifugation (Eppendorf
Inc., model 5417C) at 13.900 rpm during 30 min. The supernatant liquid was used to fabricate
the films studied.
Composite films preparation
MEH-PPV/SWNTs composite dispersion was prepared by blending the 0.02 mg/mL SWNT
dispersion and a 2mg/mL MEH-PPV solution in (1:1) THF:NMP, under magnetic stirring. All
SWNT, MEH-PPV and composite films were fabricated by spin- coating technique onto
quartz substrate for optical measurements, Thin-Oxide Fluorate (FTO) glasses substrate for
atomic force microscopy (AFM) images and silicon substrate for structural studies by infrared
and micro-Raman spectroscopies.
Experimental measurements
137
UV-Vis absorption and photoluminescence (PL) spectra were measured in the range of 200 -
900 nm. In UV-Vis measurements, a deuterium- tungsten lamp was used while in PL
experiments the 514.5 nm line of Ar
+
ion laser was used as excitation source. The
correspondent signals were acquired with a USB 2000 spectrometer from Ocean Optics Inc.
Infrared spectra were obtained in a Nexus – 470 FT-IR spectrometer, using a reflection
accessory, in the wavenumber range of 400 4000 cm
-1
. Raman spectra were recorded in a
triple-monochromator spectrometer (Dilor XY) equipped with a N
2
-cooled CCD detector. A
microscope (Olympus BH-2) was coupled to the spectrometer, allowing a Raman analysis
with spatial resolution at about 1 µm (micro-Raman technique). Argon laser was used
operating in the green line (λ = 514.5 nm = 2.41 eV) with a power of ~50mW. The spectra
were obtained in the range of 100 to 1800 cm
-1
at room temperature.
AFM images were acquired with a NT-MDT Solver Pro SPM operating in intermittent
contact mode using conventional silicon cantilevers (resonant frequency ~ 200kHz, spring
constant ~ 10 N/m). Phase contrast and topographic images were acquired simultaneously.
Although phase images are not sensitive to height differences, they are very sensitive to
topographic features like borders and also so to compositional differences, enabling the
differentiation of SWNTs within the materials.
Results and Discussion
1- Optical properties
1.1- Absorption - Figure 1 shows the UV-Vis spectra for the MEH-PPV, SWNTs and MEH-
PPV/SWNTs composite films in the 250 800 nm wavelength range. For the SWNTs film,
intense absorbance increasing from 400 to 250 nm is related to the surface π-plasmon
absorption. Vibronic structures are observed in the MEH-PPV spectrum and its absorbance
maximum is centered at 514 nm (2.41 eV). The band centered at 330 nm can be related to
138
optical transitions of small segments less isolated in the polymeric matrix. The introduction of
SWNTs affects the broad band of the polymer. The absorption spectrum of the composite was
found to be the sum of the spectra for each component, except for a slight blueshift (23 nm) of
the main band of the MEH-PPV, evidencing that the effective π-conjugation length for the
MEH-PPV is shortened in the composite system. We speculate that the local nanoscopic
structure of the MEH-PPV is modified by the interaction with SWNTs, leading to more
intrachain disorder in the composite. Inset of figure 1 shows the absorption spectrum for the
SWNTs dispersed in THF:NMP solution. The band centered at 575 nm is mostly related to
semiconductor carbon nanotubes (6,5) of CoMoCAT® as ascribed in reference 18.
1.2 - Emission - Emission spectra in the range of 525 760 nm for the materials were
presented in the Figure 2 for E
l
= 514,5 nm line excitation. The SWNTs films showed no
photoluminescence (PL) signal. For the MEH-PPV film, two emission bands were observed at
around 595 and 630 nm, which respectively correspond to the pure electronic transition (0-0
phonon transition) and the first vibronic peak (0-1 phonon replica). The shoulder band at 630
nm is attributed to inter-chain interaction. After introducing SWNTs, a widening in FWHM
for the first band (0-0) and a decrease in the relative intensity for the first vibronic peak were
observed in the spectrum for the composite film. The decrease of the photoluminescence
relative intensity among the peaks can be interpreted as a consequence of electronic
interaction between MEH-PPV and SWNTs, increasing therefore the structural disorder in the
composite. The same blueshift observed in the absorption spectrum for the composite system,
in comparison with the spectrum for MEH-PPV, was not observed in the PL spectrum. The
same behavior has been observed by Hago and cols..
19
139
2 - Structural Characterization
2.1 InfraRed - Figure 3 shows the infrared spectra for the MEH-PPV, SWNTs and MEH-
PPV/SWNTs composite films in the range from 1200 to 1800 cm
-1
. The formation of the
MEH-PPV/SWNTs composite was confirmed by the change in the wrap of the vibrational
band of the polymer in the 1500 - 1700 cm
-1
range, which corresponds to C = C vibration of
the constituent groups, vinyl and phenyl. As shown in the figure 4 (left), this band was fitted
with two Lorentzians, centered at 1539 and 1660 cm
-1
, associated to C=C stretching modes in
vinyl and phenyl groups, respectively. For the composite film, the first band that corresponds
to the vibrational frequency of vinyl groups is shifted by 17 cm
-1
to higher energy value,
suggesting a preferential interaction between this group and the SWNTs. Changes in
frequency for the infrared-active C=C stretching mode in SWNTs, centered at ~ 1590 cm
-1 20
,
could not be evaluated due to its lower intensity compared to that for the polymer systems.
2.2 Micro-Raman Figure 5 shows the Raman spectra obtained in the 1200-1800 cm
-1
range for the individual components and MEH-PPV/SWNT composite films. For the SWNTs
spectrum, we have observed the carbon nanotube tangential G-band centered at 1594 cm
-1
.
21
For the MEH-PPV, the band in the same spectral region, associated with C = C stretching
vibrational mode of the constituent groups, is broad. Lorentzian adjusts for these bands can be
observed in Figure 6. The band shape in the composite system is similar to that in the SWNT
spectrum, probably because the excitation laser line (514,5 nm) is close to the emission edge
of carbon nanotubes, which characterizes a quasi-resonant condition with a consequent
increasing of the SWNTs Raman lines. The bands are centered at 1594 cm
-1
with FWHM =
74 cm
-1
for the MEH-PPV, 1594 cm
-1
with FWHM = 15 cm
-1
for the SWNT and 1589 cm
-1
with FWHM = 15 cm
-1
for the composite system. The downshift in frequency for the SWNT
G-band indicates a softening of its C=C stretching mode. These results corroborate with that
140
obtained by optical absorption, emission and infrared spectroscopy, suggesting an interaction
between SWNTs and MEH-PPV.
3 - Morphological Characterization
AFM images were carried out to characterize topographic surface of MEH-PPV, SWNT and
composite films. The films were prepared by casting the solution onto a FTO substrate. Phase
images has obtained and we could observe that many dark domains were seen and such
domains are related to air bubbles originated during solvent evaporation. In figure 7 (left) it is
clearly shown that the films present different topographies. The color change in the images
from black to white represents a height distribution in the films surface. MEH-PPV images
has a surface morphology characteristic of its films cast from THF.
22
In our composite film
we find the similar structures to MEH-PPV indicating that the polymer was not strongly be
affected by the presence of SWNTs. The SWNTs image figure 7 (b) - did not indicated
anyone carbon nanotube on the surface. Through the statistic distribution of height plotted to
right of the figure 7 (a), 7 (b) and 7 (c) we can observe differences between the composite
surfaces and the surface of individual components. Quantitatively, we can observe that the
composite surface is most soft than the MEH-PPV surface since the roughness calculated to
MEH-PPV is ~ 0.09 nm, to SWNTs is 0.05 nm and to composite is 0.07 nm. The features
suggest that some memory of the bulk polymer is retained into composite and this behavior is
reflected in its surface. This result corroborate the existence of interaction between SWNTs
and MEH-PPV observed in all our studies presented in this paper.
Conclusion
MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs composite films have been characterized by UV-
vis, PL, infrared, micro-Raman and AFM. The interaction between MEH-PPV and SWNTs,
suggesting a slight reduction of the
π conjugation in the MEH-PPV and a softening of the
141
C=C bond in the SWNTs, was evidenced by all spectroscopic techniques. Infrared
spectroscopy suggests that the mainly interaction occured between SWNTs and the vinyl
segments of the MEH-PPV. We suggesting that the local nanoscopic structure of the MEH-
PPV is modified by the interaction with SWNTs and it induces a small change in the surface
of the composite.
Acknowledgements
The authors thank the Brazilian agencies CAPES, CNPq, FAPEMIG and MCT/IMMP to
financial support.
References:
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142
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14 Granstron, M., Petritsch, K., Arias, A. C., Lux, A., Andersson, M. R., Friend, R. H.;
Nature, 1998, 395, 257.
15 http://www.ou.edu/engineering/nanotube/comocat.html
16 Jorio, A.; Santos, A. P.; Ribeiro, H. B.; Fantini, C.; Souza, M.; Vieira, J. P. M.;
Furtado, C. A.; Saito, R.; Balzano, L.; Resasco, D. E., Physical Review B - Condensed
Matter and Materials Physics, 2005, 72, 075207.
17 Furtado, C. A.; Kim, U. J.; Gutierrez, H. R.; Pan, L.; Dickley, E. C.; and Eklund, P.
C.; J. Am. Chem. Soc., 2004, 126(19), 6095.
18 Tan, Y. and Resasco, D. E.. J. Phys. Chem. B, 2005, 109(30), 14454.
19 Hago, H., Petritsch, K., Shaffer, M. S. P., Windle, A. H., Friend, R. H., Adv. Mater.,
11, 1999, 1281.
20 Kim, U. J.; Liu, X. M., Furtado, C. A., Chen, G., Saito, R., Jiang, J., Dresselhaus, M.
S., Eklund, P. C., Physical Review Letters, 2005, 95, 157402.
21 Jório, A.; Souza Filho, A. G.; Dresselhaus, G.; Dresselhaus, M. S.; Swan, A. K.;
Ünlü, M. S., Goldberg, B. B.; Pimenta, M. A.; Hafner, J. H.; Lieber, C. M; Saito, R.;
143
Physical Review B - Condensed Matter and Materials Physics, 2002, 65, 155412.
22 T.-Q. Nguyen, I. B. Martini, J. Liu and B. J. Schwartz, J. Phys. Chem. B, 104 (2), 237
(2000).
144
Figure Captions
Figure 1 Optical absorption spectra of MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs
composite films. Inset shows the absorption spectrum for the SWNTs dispersed in THF:NMP
solution.
Figure 2 Photoluminescence spectra of MEH-PPV and MEH-PPV/SWNTs composite
films.
Figure 3 Vibrational Infrared spectra of MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs
composite films.
Figure 4 – Lorentzian adjust for MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs composite
infrared spectra in the range from 1300 to 1800 cm
-1
.
Figure 5 Micro-Raman spectra of MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs composite
films in the range from 1200 to 1800 cm
-1
.
Figure 6 - Lorentzian adjust of MEH-PPV, SWNTs and MEH-PPV/SWNTs composite
Raman spectra in the range from 1500 to 1750 cm
-1
.
Figure 7 AFM topographic images of a) MEH-PPV, b) SWNTs and c) MEH-PPV/SWNTs
composite films with 1um x 1um scale at left side. Right side correponds to histograms of the
topographic images respectively.
145
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
40 0 450 5 00 5 50 600 6 50 7 00
0, 20
0, 25
0, 30
0, 35
0, 40
Ab sor ban ce
W a ve le ng th ( nm )
S W NT in TH F: NM P
Normalized absorption (a.u.)
Wavelength (nm)
MEHPPV
SWNTs
COMPOSITE
550 600 650 700 750
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
MEHPPV
COMPOSITE
595nm
630nm
Wavelength (nm)
Normalized PL (a.u.)
Figure 1 - S. L. Nogueira et al. Figure2 - S. L. Nogueira et al.
1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
0
5
10
15
20
25
30
35
Transmittance Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
MEHPPV
COMPOSITE
SWNT
Figure 3 – S. L. Nogueira et al.
146
1300 1400 1500 1600 1700 1800
19,5
20,0
20,5
21,0
21,5
22,0
22,5
23,0
1660
Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
1556
COMPOSITE
1300 1400 1500 1600 1700 1800
27
28
29
30
31
32
1660
Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
1539
MEHPPV
Figure 4 – S. L. Nogueira et al.
1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
400
600
800
1000
1200
SWNT
COMPOSITE
Intensity (a.u.)
Wavenumber(cm
-1
)
MEHPPV
Figure 5 - S. L. Nogueira et al.
147
1500 1550 1600 1650 1700 1750
930
940
950
960
970
980
990
1000
Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
MEHPPV
ω = 1594 cm
-1
ω = 74 cm
-1
1500 1550 1600 1650 1700 1750
500
525
550
575
600
625
650
Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
ω =1594 cm
-1
ω =15 cm
-1
SWNT
1500 1550 1600 1650 1700 1750
600
625
650
675
700
Intensity (a.u.)
Wavenumber (cm
-1
)
ω =1589 cm
-1
ω =15 cm
-1
COMPOSITE
Figure 6 - S. L. Nogueira et al.
148
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
% Number of events
Height (nm)
MEHPPV
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
% Number of events
Height (nm)
Composite
Figure 7 – S. L. Nogueira et al.
149
9.1.3 Artigo submetido ao Synthetic Metals
The influence of functionalization on a MEH-PPV/SWNT composite
S. L. Nogueira
1
, C. A. Furtado
2
, N. M. Barbosa Neto
1
, A. Marletta
1
A P Santos
2
and
R. A. Silva
12
1
Instituto de Física, Universidade Federal de Uberlândia, CP 593, 38400-902 Uberlândia -
MG, Brazil
2
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – CDTN/CNEN
Belo Horizonte – MG – Brazil
Abstract: Solution of MEH-PPV/functionalized Single-Walled carbon nanotubes (SWNT)
CoMoCAT® composite was prepared based on oxidation of carbon nanotubes process and
characterized by photoluminescence spectroscopy. The emission spectrum carries information
of all materials present in the solution.
Keywords: MEH-PPV/SWNT composite, photoluminescence, functionalization
Introduction
2
Corresponding author: PhD. Raigna Augusta da Silva Zadra Armond
Instituto de Física – Universidade Federal de Uberlândia
Tel.: +55 – 34 – 32394190
Fax: +55 – 34 – 32394106
e-mail:
150
The chemical modifications and solubilization of carbon nanotubes are very important in the
research on nanotubes-based materials. Several groups have reposted functionalizing
reactions for single walled (SWNT) and multi walled (MWNT) carbon nanotubes.
1-4
These
reactions may be divided into two categories: a direct attachment of functional groups to the
graphitic surface and the use of nanotube-bound carboxylic acids. In the second case of
functionalization reactions, the nanotube-bound come from intrinsic or induced defects. We
will focus on the emission of composite performed of poly [2-methoxy-5-(2`- ethyl-
hexyloxy)-p-phenylene-vinylene] - MEH-PPV mixed with dispersed SWNTs that are
obtained from the functionalization of nanotube-bound carboxylic acids.
Experimental details
The chosen materials are commercials samples Single-Walled carbon nanotubes (SWNT)
CoMoCAT®
5
and MEH-PPV conjugated polymer from Aldrich®. The CoMoCAT®
samples are composed of 90% of semiconductor tubes, characterized by Raman
spectroscopy
6
.
The functionalization of pristine CoMoCAT® nanotubes was performed using
carboxilic (-COOH) groups. This functionalization was performed based on oxidation of
carbon nanotubes process and it was adapted of Tchoul et al
8
. In our case, SWNTs is
dispersed in N,N-dimethylformamide (DMF) organic solvent at a concentration of 0.5mg mL
-
1
. The solution was placed in ultrasonic bath during 30min at 40-50°C. Upon dispersion the
solution was filtered and washed on the filter with 50mL of methanol and 200mL of water at
about 50º C of temperature. The solid was transferred into 20mL of 8M HNO
3
in a glass vial,
and the mixture was sonicated in a bath at 40-50°C for 1h. The mixture was filtered using a
0.45 µm polymeric membrane polytetrafluoroethylene (PTFE) filter. The solid was washed
with abundance water at room temperature, until the filtrate was neutral, washed with NaOH
solution pH 11 to neutralize the solution. After that neutral was added 10mL methanol. The
residue was dried in vacuum oven for 2h at 120°C until the residue was dried, completely. A
151
concentration of the 0.02mg mL
-1
was carried out from residue, according to authors
7
to
optimize the dispersion of SWNTs, and it was placed on ultrasonic tip for a time from 1h and
after the solution was centrifuged. After the functionalizing procedures we begin the
dispersion of the CoMoCAT®. This dispersion of carbon nanotubes was prepared in a
mixture of solvents N-methyl-2-pirrolidone (NMP) and tetrahidrofuran (THF) in the
proportion 1:1 from SWNT´s solution to 0.02 mg mL
-1
. The dispersion was produced by
sonicating of the SWNTs solutions during 1h using an ultrasonic tip processor. It was to insert
between 10min in cooling-off period due to heating. The solutions were then immediately
centrifuged during 30 min. The supernatant liquid obtained by process was used in ours
emission measurements. MEH-PPV/SWNTs composite dispersion was prepared by blending
the 0.02 mg mL
-1
SWNT dispersion
7
and a 0.4mg mL
-1
MEH-PPV solution in (1:1) THF:
NMP.
Experimental measurements
In the photoluminescence (PL) experiments the 488 nm line of Argon ion laser was used as
excitation source. The correspondent signals were acquired with a USB 2000 spectrometer
from Ocean Optics Inc., in order to study the influence of the functionalized nanotubes in the
MEH-PPV/SWNT composite. The solution was placed into quartz cell for PL measurements.
Results and Discussion
Figure 1 shows PL spectra of functionalized and non-functionalized SWNT /MEH-PPV
composite Figure 1 a - and Figure 1 b - in NMP/THF (1:1) solution. We observe in the
SWNT spectra the presence of one peak centered at about 555 nm with width at half height at
27nm approximately. Upon functionalizing of SWNTs with –COOH we did not observe any
difference on the emission spectrum. Because of this result an adjustment of the peaks were
carried out in the PL spectra. The emission spectra for pure MEH-PPV and composites were
adjusted using Gaussians function and its parameters are placed in table 1. Through
152
parameters obtained we can calculate the Huang-Rhys factor – S. This factor is directly
related to the effective conjugation length of the polymer system
9
. We can observe that the S
slight increases to SWNT functionalized/MEH-PPV composite in comparison with both
SWNT non-functionalized/ MEH-PPV composite and neat MEH-PPV. This result indicates
an increase of the electron-phonon coupling into composite. Our results suggest an
improvement interaction between polymer and functionalized carbon nanotubes without
change in the average length of MEH-PPV conjugation.
Conclusion
We have investigated composites carried out with MEH-PPV and non- functionalized and
functionalized SWNTs in solution by PL measurements. In ours studies we observed that the
interaction between MEH-PPV and SWNT is reinforced with a functionalization of tubes.
Acknowledgements
The authors thank the Brazilian agencies CAPES, CNPq, FAPEMIG and MCT/IMMP to
financial support.
References
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8652. b) H. Bassler, B. Schweitzer, Acc. Chem. Res. 32, (1999), 173.
Figure caption
Figure 1 Emission spectra of a) MEH-PPV/non functionalized SWNTs composite and b)
MEH-PPV/functionalized SWNTs composite with its adjustment.
Table caption
Table 1 Gaussians parameters
a
for MEH-PPV, MEH-PPV/non-functionalized SWNT and
MEH-PPV/non-functionalized SWNT composites.
154
400 500 600 700 800
0
450
900
1350
1800
2250
2700
3150
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Intensity PL
Wavelength (nm)
a)
MEHPPV/non-functionalized
SWNT composite
Energy (eV)
400 500 600 700 800
0
450
900
1350
1800
2250
2700
3150
3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6
Intensity PL
Wavelength (nm)
b)
MEHPPV/functionalized
SWNT composite
Energy (eV)
Figure 1 - S L Nogueira et al.
155
1
st
Gaussian 2
nd
Gaussian 3
th
Gaussian
S
λ
1
(nm) ω
1
(nm) A
1
(nm) λ
2
(nm) ω
2
(nm)
A
2
(nm)
λ
3
(nm) ω
3
(nm) A
3
(nm)
MEH-PPV
555 27 66696 590 47 53363 621 89 41576 0,47±0,07
MEH-PPV/non-
func SWNT
composite
555 27 59447 590 47 47329 621 90 37735 0,46±0.06
MEH-PPV/func
SWNT composite
555 27 89404 589 48 80428 623 88 56645 0,51±0.07
a
Gaussian function:
( )
( )
=
2
2
2
ω
λλ
π
ω
λ
c
e
A
PL
Table 1 – S L Nogueira et al.
156
9.2 Produção científica
9.2.1 TRABALHOS APRESENTADOS
9.2.1.1 Conferências Internacionais
1. 07/2008 Participação e apresentação no International Conference on Science and
Technology of Synthetic Metals, intitulado “Study of MEH-PPV/SWNT composites for
application in photovoltaic cell”.
2. 04/2008 Apresentação no International Meeting on the Chemistry of Nanotubes:
Science and Applications intitulado, Study of conjugated polymer/carbon nanotube
composites for application in photovoltaic cell”.
3. 10/2007 Participação e apresentação no IV International Symposium on Non-
Cristalline Solids and VIII Brazilian Symposium on Glass and Related Materials
intitulado, “Electro-optical properties of polymers and carbon nanotubes for
application in devices” , “Study of the optical properties of LbL-PPV films on the ITO
electrode”e “Circular emission from organic semiconductor”.
4. 06/2007 Participação e apresentação no Eighth International Conference on the
Science and Application of Nanotubes intitulado, “Electro-optical properties of
polymers and carbon nanotubes for application in devices”.
9.2.1.2 Conferências Nacionais
1. 05/2008 Apresentação no XXXI Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada
entitulado, Characterization of conjugated polymer/carbon nanotube composites for
157
application in devices” e “Structural characterization of polymeric blends: MEH-
PPV/PE-b-PEO/LiClO
4
”.
2. 11/2007 Participação e apresentação no XXI Encontro Regional SBQ-MG intitulado,
“Propriedades eletro-ópticas de compósitos polímeros conjugados/nanotubos de
carbon para aplicação em dispositivos fotovoltaicos” e “Optimização de blendas
poliméricas para aplicação em dispositivos”.
3. 05/2007 Apresentação no XXXI Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada
entitulado, Propriedades eletro-ópticas de polímeros e nanotubos de carbono para
aplicação em dispositivos”.
9.2.1.3 Certificado recebido
1. 06/2008 Mini-curso ministrado entitulado “Compósitos baseados em nanotubos de
carbono e polímeros conjugados”
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