RESUMO
As infecções nosocomiais constituem uma das maiores causas de mortalidade entre
os pacientes hospitalizados, configurando um grave problema de saúde pública.
Neste contexto, Acinetobacter baumannii destaca-se como um dos principais
patógenos oportunistas no ambiente hospitalar, ocupando o 2º lugar entre os
principais microrganismos causadores de pneumonias hospitalares, além de outras
infecções. O uso extensivo de terapia antimicrobiana nos hospitais tem contribuído
para a seleção e aumento no número de isolados de A. baumannii resistentes a uma
ampla variedade de antimicrobianos, inclusive aos carbapenêmicos. As opções
terapêuticas em isolados de A. baumannii multirresistentes limitam-se a colistina e
polimixina B. O presente trabalho teve como objetivo principal caracterizar o perfil
genotípico de 227 amostras de A.baumannii multirresistentes isoladas de pacientes
do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC–UFPR), no período
de outubro de 2002 a maio de 2005. Foram avaliados os principais testes de
detecção fenotípica de metalo-β-lactamase (MβL), dentre estes, teste de duplo-disco
difusão, disco combinado e Etest® MβL. A presença dos genes bla
SPM-1
e bla
IMP-1
foi
confirmada por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A suscetibilidade dos
isolados frente à tigeciclina e ampicilina-sulbactam foi determinada pelos métodos
de disco difusão e diluição em ágar. O teste de disco combinado utilizando
imipenem com EDTA mostrou melhor desempenho, e foi positivo em três das 227
amostras. Uma destas apresentou produto de PCR para gene bla
IMP-1
. Os valores
de CIM
50
e CIM
90
para a tigeciclina foram de 16 µg/ml, sendo todos os isolados de
A. baumannii resistentes a este antimicrobiano. Os resultados comparativos entre os
métodos de disco difusão e ágar diluição para ampicilina-sulbactam apresentaram
discrepâncias que não recomendam o teste de disco difusão. Através da
Eletroforese em Gel de Campo Pulsado (PFGE) as 227 amostras analisadas foram
classificadas em oito perfis e 31 subtipos diferentes. Os oito perfis foram nomeados
como A a H. Dentre estes A, C, F, G e H correspondem aos isolados resistentes aos
carbapenêmicos produtores de β–lactamase OXA-23, enquanto que B, D e E aos
isolados sensíveis a imipenem e/ou meropenem. A presença de apenas três clones
entre 96% das amostras de A. baumannii resistentes aos carbapenêmicos sugere
transmissão cruzada como principal mecanismo de disseminação destes isolados,
evidenciando a necessidade de melhorar as estratégias de controle de infecção no
hospital.
Palavras-chave: Acinetobacter baumannii, resistência aos carbapenêmicos, PFGE,
metalo-β-lactamases, oxacilinases.